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Introdução Com o advento do Código Civil de 2002, surgiram expectativas de uma remodelação ideológica e principiológica relativas ao seu campo de atuação, partindo-se do pressuposto de que as determinações legais introduzidas no ordenamento jurídico brasileiro, após a Constituição Federal de 1988, preconizariam uma visão muito mais antropocêntrica e condizente com a nova era jurídica de contemplação a preceitos que visem respeitar e garantir direitos fundamentais, bem como preservar o finalismo jurídico, desatrelando-se de regras positivas engessadoras para atender ao espírito e à real finalidade do que preceitua um determinado dispositivo legal. Entretanto, o Código Civil vigente, em alguns pontos específicos, desconsidera os axiomas atuais e deixa ainda transparecer a velha e tradicional preponderância da proteção patrimonial a determinadas situações que se destina a disciplinar em detrimento de outros valores, ocasionando polêmicas e os mais diversos questionamentos acerca de suas determinações. Isso não é diferente quando o assunto em voga diz respeito à destinação dos proventos pessoais do trabalho de cada cônjuge nos regimes de comunhão parcial e universal de bens. Numa análise prematura dos artigos 1.659, VI e 1.668, V, do Diploma Civil vigente, tem-se por certo que as verbas trabalhistas de cada cônjuge, que concretizou sua união nos moldes da comunhão parcial e universal de bens, não se comunicam ao casal, pertencendo única e exclusivamente ao nubente que as auferiu. Essa determinação tem ensejado reflexos jurídicos de toda ordem por diversos doutrinadores, a fim de assentar a polêmica e definir a melhor forma de aplicação do dispositivo em estudo a cada caso concreto. O Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, por inúmeras vezes, tem decidido com base na interpretação literal do dispositivo em pauta, ou seja, conduz à linha de raciocínio de que os proventos do labor pessoal de cada cônjuge não se comunicam. Tomando como base o contexto da sociedade contemporânea, no qual a pluralidade das pessoas possui patrimônio exclusivamente auferido dos frutos de sua atividade laboral, pode-se concluir que muitos doutrinadores entendem que a aplicação literal dos dispositivos em tela importaria na ausência total de patrimônio comum entre os consortes, mesmo nos regimes de comunhão. A importância da proposição desta pesquisa está consubstanciada na relevância para as ciências jurídicas em assentar a celeuma da incomunicabilidade dos proventos, buscando uma maior segurança jurídica, bem como a certeza dos efeitos patrimoniais que a união marital implicará na vida dos consortes. Ressalta- se, também, que a grande maioria dos matrimônios realizados no nosso País possui como norteadores para disciplinar os aspectos patrimoniais dessa união os regimes de comunhão. Com a ocorrência de tais circunstâncias, ganha especial relevo a preocupação em não confundir o patrimônio exclusivo, normalmente aquele trazido à nova união, com o acréscimo decorrente do crescimento patrimonial pela conjugação de esforços na realização plena da vida em comum dos nubentes. Para o desenvolvimento da presente pesquisa, utilizar-se-á o método dialético e, como embasamento teórico, os princípios da isonomia entre os cônjuges, da liberdade e da razoabilidade e proporcionalidade, sua aplicação no direito de família e nos regimes de bens, e também a sua íntima ligação em diversos aspectos com o tema proposto. Em seguida, buscar-se-á um maior aprofundamento do conteúdo dos artigos do Código Civil que dispõem sobre os regimes de bens, apresentando-se todas as suas distinções, peculiaridades e conseqüências advindas de sua adoção na união conjugal. Ainda, realizar-se-á o levantamento das posições jurisprudenciais do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul e doutrinárias no que concernem à incomunicabilidade dos proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge nos regimes de comunhão, e também apontamentos sobre os principais aspectos das argumentações em defesa de um ou outro ponto de vista, bem como o confronto de suas idéias, buscando assentar a celeuma jurídica que permeia as mesas de discussões relacionadas ao assunto tratado. Por fim, importante ressaltar que, diante da complexidade envolvida no tema ANUNCIANTES

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Artigo - A incomunicabilidade dos proventos do trabalho pessoal decada cônjuge nos regimes de comunhão

1. Introdução

Com o advento do Código Civil de 2002, surgiram expectativas de umaremodelação ideológica e principiológica relativas ao seu campo de atuação,partindo-se do pressuposto de que as determinações legais introduzidas noordenamento jurídico brasileiro, após a Constituição Federal de 1988,preconizariam uma visão muito mais antropocêntrica e condizente com a novaera jurídica de contemplação a preceitos que visem respeitar e garantir direitosfundamentais, bem como preservar o finalismo jurídico, desatrelando-se deregras positivas engessadoras para atender ao espírito e à real finalidade do quepreceitua um determinado dispositivo legal.Entretanto, o Código Civil vigente, em alguns pontos específicos, desconsidera osaxiomas atuais e deixa ainda transparecer a velha e tradicional preponderânciada proteção patrimonial a determinadas situações que se destina a disciplinar emdetrimento de outros valores, ocasionando polêmicas e os mais diversosquestionamentos acerca de suas determinações. Isso não é diferente quando oassunto em voga diz respeito à destinação dos proventos pessoais do trabalho decada cônjuge nos regimes de comunhão parcial e universal de bens.Numa análise prematura dos artigos 1.659, VI e 1.668, V, do Diploma Civil vigente,tem-se por certo que as verbas trabalhistas de cada cônjuge, que concretizousua união nos moldes da comunhão parcial e universal de bens, não secomunicam ao casal, pertencendo única e exclusivamente ao nubente que asauferiu. Essa determinação tem ensejado reflexos jurídicos de toda ordem pordiversos doutrinadores, a fim de assentar a polêmica e definir a melhor forma deaplicação do dispositivo em estudo a cada caso concreto.O Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, por inúmeras vezes, temdecidido com base na interpretação literal do dispositivo em pauta, ou seja,conduz à linha de raciocínio de que os proventos do labor pessoal de cadacônjuge não se comunicam.Tomando como base o contexto da sociedade contemporânea, no qual apluralidade das pessoas possui patrimônio exclusivamente auferido dos frutos desua atividade laboral, pode-se concluir que muitos doutrinadores entendem quea aplicação literal dos dispositivos em tela importaria na ausência total depatrimônio comum entre os consortes, mesmo nos regimes de comunhão.A importância da proposição desta pesquisa está consubstanciada na relevânciapara as ciências jurídicas em assentar a celeuma da incomunicabilidade dosproventos, buscando uma maior segurança jurídica, bem como a certeza dosefeitos patrimoniais que a união marital implicará na vida dos consortes. Ressalta-se, também, que a grande maioria dos matrimônios realizados no nosso Paíspossui como norteadores para disciplinar os aspectos patrimoniais dessa união osregimes de comunhão.Com a ocorrência de tais circunstâncias, ganha especial relevo a preocupaçãoem não confundir o patrimônio exclusivo, normalmente aquele trazido à novaunião, com o acréscimo decorrente do crescimento patrimonial pela conjugaçãode esforços na realização plena da vida em comum dos nubentes.Para o desenvolvimento da presente pesquisa, utilizar-se-á o método dialético e,como embasamento teórico, os princípios da isonomia entre os cônjuges, daliberdade e da razoabilidade e proporcionalidade, sua aplicação no direito defamília e nos regimes de bens, e também a sua íntima ligação em diversosaspectos com o tema proposto.Em seguida, buscar-se-á um maior aprofundamento do conteúdo dos artigos doCódigo Civil que dispõem sobre os regimes de bens, apresentando-se todas as

suas distinções, peculiaridades e conseqüências advindas de sua adoção naunião conjugal.Ainda, realizar-se-á o levantamento das posições jurisprudenciais do Tribunal deJustiça do Rio Grande do Sul e doutrinárias no que concernem àincomunicabilidade dos proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge nosregimes de comunhão, e também apontamentos sobre os principais aspectos dasargumentações em defesa de um ou outro ponto de vista, bem como oconfronto de suas idéias, buscando assentar a celeuma jurídica que permeia asmesas de discussões relacionadas ao assunto tratado.Por fim, importante ressaltar que, diante da complexidade envolvida no tema

ANUNCIANTES

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Por fim, importante ressaltar que, diante da complexidade envolvida no temaproposto, não nos é conveniente a pretensão de esgotamento do assunto, e simapenas a exposição do problema, com todas as suas peculiaridades, e danecessidade de buscar uma solução adequada.

2. Princípios jurídicos aplicáveis aos regimes de bens

2.1. Princípio da isonomia entre os cônjuges

Em decorrência de uma abrupta evolução cultural a partir do século XIX,inúmeros paradigmas, nos mais variados âmbitos societários, vêm demonstrando-se obsoletos e merecedores de reformulações, que por si só já ocorrem àmedida que vão sendo incorporados novos padrões comportamentais à sociedadecontemporânea.No direito de família se vislumbram claramente essas mudanças, especialmenteno que concerne ao tratamento jurídico dispensado aos cônjuges, queestabeleceu com afinco uma isonomia de tratamento de forma a reconhecer aimportância e a capacidade de ambos os consortes na mantença da sociedadeconjugal em todos os seus aspectos, desde a educação da prole até o suportefinanceiro.Isso se deve em grande parte a uma nova postura feminina frente à sociedademarital, encarando juntamente com o cônjuge varão a árdua incumbência nabusca do sustento da família ou, como em muitas oportunidades, chamando parasi a responsabilidade do sustento do lar em decorrência do abandono do maridoou até mesmo do desemprego deste, em virtude das instabilidades na conjunturaeconômica nacional. A independência econômica da mulher se revela como o fator determinante desuas conquistas, traduzindo-se o seu poder aquisitivo num poderoso instrumentocapaz de fazer valer suas opiniões e reivindicações perante todos em caráterdefinitivo e principalmente perante seu cônjuge, assumindo no seio familiar umaposição até então inédita, participativa e colaborativa, em detrimento do antigocomportamento impregnado de submissões.Atento a essa silenciosa revolução, o legislador constitucional somente fezcoroar a mulher moderna oficialmente com a recepção pela Carta Magna dealguns artigos alusivos a essa isonomia, pois, factualmente, as suas conquistas jáhaviam sido mais do que acatadas, reconhecidas e festejadas pela sociedade,consagrando a superação do caráter patriarcal do Direito de Família. É o que refere Cristiano Chaves de Farias:

A Constituição Federal consagrou no caput do art. 5º (ao cuidar dos direitos egarantias individuais) que todos são iguais perante a lei, indicando o caminho aser percorrido pela ordem jurídica. Já no inciso I do referido artigo resolveacentuar as cores da isonomia, explicitando que "homens e mulheres são iguaisem direitos e obrigações". E mais, ao cuidar da proteção jurídica da família, noart. 226, volta a tratar da igualdade entre homem e mulher, deliberando que, "osdireitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmentepelo homem e pela mulher". (2006, p. 66).

Ao passo em que ganhou terreno na seara familiar, a mulher atrai para si, comoconseqüência natural dessa revolução comportamental, o dever recíproco dedireção do lar e de suporte financeiro da família, obrigações anteriormenteatribuídas exclusivamente ao marido. Entretanto, ao contrário do que possaparecer, essas atribuições conferidas à mulher não foram encaradas como umaobrigação imposta, e sim como uma oportunidade de demonstrar sua real eirrefutável capacidade de assumir a direção do lar conjuntamente e de maneiraigualitária com seu companheiro, afastando de modo irreversível um tempodiscriminatório e de submissão, aliando a igualdade e a liberdade comresponsabilidade. Como ressalta Maria Berenice Dias (2006, p. 55) "a organizaçãoe a própria direção da família repousam no princípio da igualdade de direitos edeveres dos cônjuges (cc1511) tanto que compete a ambos a direção dasociedade conjugal em mútua colaboração (cc1567). São estabelecidos deveresrecíprocos e atribuídos igualitariamente tanto ao marido quanto à mulher(cc1566)". Outro aspecto merecedor de destaque, ao se referir sobre o princípio em tela,encontra-se no inciso II, do artigo 1.641, do Código Civil de 2002, que diz que "éobrigatório o regime da separação de bens no casamento da pessoa maior de

sessenta anos". Nas palavras de Washington de Barros Monteiro (2004, p. 216) "aprincipal modificação advinda do Código Civil de 2002 quanto às causas daimposição legal desse regime consistiu em igualar o limite de idade do homem eda mulher, em sessenta anos, em acatamento ao princípio constitucional daplena igualdade (Constituição Federal, art.5º, n. I, e art. 226, § 5º)". Pode-se vislumbrar que o que traz o referido dispositivo em seu contexto dizrespeito à equiparação dos sexos quando estabelece a igualdade quanto aoaspecto cronológico relacionado à imposição do regime de separação obrigatóriade bens, mais uma vez revestindo o princípio da igualdade dos cônjuges com umconteúdo material e concreto capaz de modificar as relações, atribuindo-lhesefeitos jurídicos diversos.

2.2 Princípio da liberdade

Como preceito de grande relevância e fundamento básico para a formação dasociedade conjugal, a "liberdade é o poder do homem para agir numa sociedadepolítico-organizada por determinação própria, dentro dos limites legais e semofensa a direitos alheios". (DINIZ, 1998, p.118 e 119).Considerando juridicamente, tem-se a liberdade como um direito fundamentalgarantido pela Constituição Federal de 1988 em seu artigo 5º, que diz que "todos

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garantido pela Constituição Federal de 1988 em seu artigo 5º, que diz que "todossão iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza garantindo-se aosbrasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito àvida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade". (BRASIL, 2005).Nessa roupagem, consubstancia-se a liberdade como cláusula pétreaconstitucional e, por conseguinte, impossível de modificação, inerente a todo equalquer cidadão. Como afirma Maria Berenice Dias (2006, p.53) "a liberdade e aigualdade, correlacionadas entre si, foram os primeiros a serem reconhecidoscomo direitos humanos fundamentais, integrando a primeira geração de direitosa garantir o respeito à dignidade da pessoa humana".O casamento, como toda a sociedade, provoca conseqüências jurídicas. E aindaque não deva esse instituto possuir um cunho predominantemente patrimonial,faz-se necessário organizar as relações de bens entre os casais, visto que,principalmente após o desfazimento dessa sociedade, advém indefectivelmenteconseqüências jurídicas concernentes ao patrimônio dos consortes.O Código Civil vigente traz em seus dispositivos quatro modalidades de regimespatrimoniais. São eles: comunhão parcial de bens, comunhão universal,participação final nos aqüestos e separação de bens, suprimindo o regime dotal,hoje obsoleto no país, e incluindo o da participação final nos aqüestos. Osregimes não estão dispostos taxativamente no código civil, podendo as partesoptar ou não por tais regimes, caracterizando sua disposição como meramenteexemplificativa.Importante ressaltar aqui a limitação da intervenção estatal, cabendo-lhesomente atribuir o regime da comunhão parcial de bens em caráter supletivo aoscasais que, na ocasião de sua habilitação, silenciaram no que diz respeito aoregime patrimonial. Entretanto, a faculdade de se contratar livremente quanto ao regime de bensnão é de toda absoluta, devendo-se observar os limites da lei quando darealização do contrato, sendo proibidas cláusulas que se contraponham à normalegal, sob pena de nulidade dessas cláusulas ou, dependendo do caso, nulidadedo pacto antenupcial. Como ressalta Carlos Roberto Gonçalves (2002, p. 116) "alivre estipulação deferida aos cônjuges também não é absoluta, pois o artigo1655 do referido diploma declara nula a convenção ou cláusula dela quecontrovenha disposição em lei".Reputam-se da mesma forma inválidas cláusulas que configurem afronta à moral,dispensa a elementos essenciais ao matrimônio, imposição de comportamento ourestrição de direitos a qualquer dos nubentes. Em corroboração a essa assertiva,Arnoldo Wald (2002, p. 108 e 109) escreve que "nos pactos antenupciais, aspartes têm a mais ampla liberdade para incluir as cláusulas e condições quedesejarem, desde que não atentem contra disposições legais imperativas e nãoprejudiquem direitos inerentes à situação ocupada pelas partes na família, comomarido, mulher, ou como pais da prole comum". Outra ressalva a essa liberdade de escolha está no artigo 1.641 e seus incisos, doCódigo Civil, que dizem ser obrigatório o regime da separação de bens nocasamento das pessoas que o contraírem com inobservância das causassuspensivas da celebração do casamento, da pessoa maior de sessenta anos e detodos que dependerem, para casar, de suprimento judicial. Essa imposição tempor escopo evitar eventuais prejuízos que possam ser ocasionados a uma daspartes ou a terceiros em virtude do casamento.Tal dimensionamento jurídico, que coíbe certos atos, não incorre de formaalguma em abalo ao lume de que se reveste o princípio da liberdade. Essascoibições apenas afastam a prática de abusos, que porventura possam sercometidos a pretexto desse direito, em nome de uma segurança jurídicagarantidora dos objetivos e da natureza da união conjugal. No que diz respeito à mutabilidade do regime de bens na constância docasamento, consubstancia-se esta mais uma inovação do Código Civil vigente em

contraponto à legislação de 1916, na qual vigoravam os preceitos daimutabilidade de regime patrimonial após a realização do casamento, a fim deresguardar interesses de uma das partes que pudesse sofrer prejuízo, tendo emvista ser considerada mais frágil na relação conjugal, e evitar o locupletamentoda outra parte.Hodiernamente, visto estar afastada a idéia de fragilidade em virtude do sexo dosnubentes e ser a igualdade conjugal uma realidade fática, a legislação contemplaa idéia da mutabilidade justificada, que consiste na possibilidade de os nubentes,em mútuo consentimento, na constância do matrimônio e sob o controlejurisdicional, modificarem seu regime de bens de acordo com seus interesses,ressalvados os interesses de terceiros interessados.Defensor ferrenho da idéia da mutabilidade dos regimes de bens, Rolf Madalenoacentua:

Considerando a igualdade dos cônjuges e dos sexos, consagrada pela CartaPolítica de 1988, soaria sobremaneira herege aduzir que em plena era deglobalização, com absoluta identidade de capacidade e de compreensão doscasais, ainda pudesse um dos consortes, apenas por seu gênero sexual, serconsiderado mais frágil, mais ingênuo e com menor tirocínio mental que o seuparceiro conjugal. Sob esse prisma desacolhe a moderna doutrina a defesaintransigente da imutabilidade do regime de bens, pois homem e mulher devemgozar da livre autonomia de vontade para decidirem refletir acerca da mudançaincidental do seu regime patrimonial de bens, sem que o legislador possa seguirpresumindo que um deles possa abusar da fraqueza do outro. (2001, p. 173).

São, também, pertinentes estas considerações acerca da liberdade doscônjuges: tal faculdade acarreta, em inúmeras oportunidades, a totalindependência para qualquer dos nubentes no trato com questões patrimoniaisque dizem respeito ao interesse de toda a família. Portanto, adverte-se queesses atos, por não se referirem apenas a direitos próprios, devem ser eivados

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esses atos, por não se referirem apenas a direitos próprios, devem ser eivadosde boa fé e responsabilidade sob o risco de se ocasionar graves e irreversíveisprejuízos que podem comprometer totalmente a estrutura financeira dasociedade familiar.

2.3 Princípio da razoabilidade e da proporcionalidade

A razoabilidade e a proporcionalidade consistem em primados constitucionaisinseridos na Carta Política implicitamente e invocados cada vez com maisfreqüência como norteadores hermenêuticos das normas legais com influênciaem todas as esferas do ordenamento. Atribui-se ampla e profunda inter-relaçãoaos dois institutos, tanto que, em algumas doutrinas como a norte-americana, oprincípio da proporcionalidade é chamado de razoabilidade, e, no nossoordenamento jurídico, razoabilidade constitui uma característica essencial aoprincípio da proporcionalidade, razão pela qual, para o desenvolvimento desseitem e com o escopo de evitar eventuais redundâncias ao se referir a um e apósao outro instituto, ambos serão tratados conjuntamente, sobrepujando-se oprincípio da proporcionalidade por ser este um instrumento de controle deexcesso da atuação estatal frente aos direitos individuais e sociais. Conformeafirma Gilmar Ferreira Mendes (2000, p. 250) "a doutrina constitucional maismoderna enfatiza que, em se tratando de restrições a determinados direitos,deve-se indagar não apenas sobre a admissibilidade constitucional da restriçãoeventualmente fixada (reserva legal), mas também sobre a compatibilidade dasrestrições estabelecidas com o princípio da proporcionalidade".

Tal instituto, desde sua origem, apresenta-se em sua substância eivado devalores inerentes à personalidade humana que asseguram ao homem umaliberdade intangível, oponível a todos, inclusive ao poder estatal. A evolução doordenamento jurídico, por sua vez, começa a atingir grandes proporções, demodo a se insurgirem os questionamentos acerca da sujeição total dos casoscuja prestação jurisdicional era postulada às inflexíveis emoldurações de umalegislação positivada. Destarte, inicia-se um repensar do direito no que concerneà sua finalidade e às necessidades do caso concreto em detrimento da severarealização do que abstrata e genericamente era prescrito em lei. Assim insurge-se o princípio da proporcionalidade, e desde então vem inserindo valores einfluenciando o direito brasileiro em todas as suas esferas de modo irrestrito. Todavia, a despeito do imenso alcance desse instituto de modo a abranger todasas searas do ordenamento pátrio, faz-se mister ressaltar a pertinente relação doprincípio da proporcionalidade com o direito de família, que, por seu caráterespecialmente subjetivo, requer dos juristas e aplicadores do direito um tinomuito mais aprofundado e complexo do que a mera aplicação daquilo que seencontra prescrito na legislação. Como se percebe, nessa esfera do direito,encontram-se os aspectos mais íntimos e sentimentais da pessoa humana, quesão os assuntos inerentes às relações com seus entes queridos, fazendo comque todo e qualquer conjunto de normas positivadas, por mais prolixo ecomplexo que seja, mostre-se insuficiente na resolução dos casos concretos

carentes de uma solução acautelada. Nesse sentido disserta Eduardo CarlosBianca Bittar:

Uma mecânica subsunção do fato à norma criaria uma situação de injustiça paraaquele que é parte em um processo público. Recorre-se, portanto, a um critériode abrandamento da rigidez legislativa fazendo-se o julgador como se o própriolegislador fosse caso este estivesse diante da concretude casuística. O apelo àrazão é o mesmo que o apelo à natureza das coisas que se encontram emprofunda mutação, diante de relativa estabilidade das leis. (2005, p.118).

Consubstanciando-se numa regra cogente importante não apenas no controle dafunção legiferante de normas abstratas, mas também destinado à autoridadejudiciária encarregada de concretamente aplicá-las, o princípio daproporcionalidade, ainda que pertinente a todos os direitos individuais, dispensaao direito à liberdade e ao direito à propriedade uma chancela especial de modoa ser mais incisivo em sua atuação. Para Helenilson Cunha Pontes (2005, p. 241)"o princípio da proporcionalidade talvez represente a mais solene garantiaconstitucional de concretização dos direitos individuais, ao limitar e nortear aatuação estatal em todos os seus níveis, sobretudo no que tange à disciplina dedireitos relativos à liberdade e propriedade". E é neste ponto, o de contrabalanço dos direitos fundamentais em litigância,que se pode inicialmente vislumbrar a estreita relação do referido preceito coma temática abordada nesse trabalho: quando se fala em regime de bens, há areferência sobre as disposições que tutelam toda a relação patrimonial entre osnubentes na constância do matrimônio e, por conseguinte, suas conseqüênciasquando de um possível desfazimento da sociedade conjugal. Sendo o princípio da proporcionalidade um valioso instrumento na busca dasegurança jurídica, na ponderação entre direitos fundamentais e na garantia dodireito de propriedade em todos os seus aspectos, muito relevante e de grandecontribuição se faz a sua relação com o presente trabalho, pois seu objeto deestudo é a destinação patrimonial advinda dos proventos pessoais de cadacônjuge quando do rompimento da relação conjugal (especificamente a relaçãodisciplinada pelos regimes de comunhão). E, por vezes, as indagações econtrovérsias a respeito desses valores são tamanhas que ensejam a busca datutela jurisdicional a fim de dirimir seus conflitos. Nesse caso, representando oEstado, entra em cena o magistrado para desempenhar a árdua tarefa de decidirsobre a partilha desses proventos.O Código Civil atual, em seu artigo 1.659 caput e inciso VI, dispõe que naseparação do casal, cuja união foi regida pela comunhão parcial de bens, osproventos pessoais de cada cônjuge são incomunicáveis. Porém, como referido

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proventos pessoais de cada cônjuge são incomunicáveis. Porém, como referidoanteriormente, no direito de família não basta a simples aplicação do dispositivo.O assunto exigirá do magistrado muito mais do que um simples enquadramentodo caso concreto ao que preceitua a norma, pois, no caso em tela, corre-se ogrande risco de se cometer injustiça, prejudicando uma das partes, visto quetais valores muitas vezes fazem parte de uma vida de economias, talvez décadasde privações, a fim de se alcançar um grande montante e realizar um projeto devida sonhado e que, por conta da separação, vê-se desfeito. O princípio da proporcionalidade vem, nesses casos, em socorro ao magistrado,propiciando um adequado embasamento e trazendo elucidações na persecuçãode uma decisão justa. Pertinente ressaltar que há muito se fala emproporcionalidade relacionada à busca da segurança jurídica, cabendo destacaras brilhantes palavras de Aristóteles:

O justo nesse sentido é, portanto, o proporcional, e o injusto é aquilo quetransgride a proporção. O injusto pode, assim, incorrer no excesso ou nadeficiência (no 'demasiado muito' ou no 'demasiado pouco'), o que é realmente oque percebemos na prática, pois quando a injustiça é feita, aquele que a faz (oagente) detém o excessivo do bem em pauta e a vítima da injustiça, detém odeficiente ou insuficiente desse bem, embora seja vice versa no caso de um mal,porque um mal menor comparado a um maior é tido como um bem, uma vez queo menor de dois males é mais desejável do que o maior; entretanto, o que é(efetivamente) desejável é bom e quanto mais desejável for, maior bem será.(2002, p.142 e 143).

Visando o justo é que o magistrado pode firmar-se na proporcionalidade comoum baluarte a servir diretamente para aplicação de uma decisão que atenda aospreceitos buscados pelo direito. E para ilustrar essa problemática enfrentadapelo magistrado, no sentido de procurar evitar o cometimento do injusto aocaso concreto, pode-se citar algumas indagações oriundas dessa questão:Uma delas seria como determinar a situação patrimonial de um cônjuge que,antes da separação, por consenso familiar, dedicava grande parte de sua vida aoscuidados com a prole, nada percebendo de bens em virtude da inexistência desalário próprio, enquanto o outro provia o sustento comum e adquiria bens comos frutos de seu trabalho, conservando parte de sua remuneração em espécieem alguma aplicação. Seria justo considerar incomunicável o que fora

astutamente reservado, conferindo esse valor somente ao cônjuge que opoupou sem nada atribuir à outra parte?Ou, então, como considerar a incomunicabilidade total dos proventos no casode um cônjuge oportunista, que poupa e investe os rendimentos obtidos com olabor, enquanto o outro suporta total ou quase totalmente a mantença familiar?Ainda, seria adequada a comunicabilidade, desconsiderando o texto legal, para asituação do cônjuge que não mede esforços na boa administração pecuniária,garantindo o sustentáculo patrimonial familiar, enquanto o outro, pródigo,canaliza seus ganhos para seu próprio deleite e superfluidades pessoais?

É, portanto, necessário se inferir que a justiça envolve, ao menos, quatrotermos, ou seja, especificamente: dois indivíduos para os quais há justiça e duasporções que são justas. E haverá a mesma igualdade entre as porções tal comoentre os indivíduos, pois não sendo as pessoas iguais, não terão porções iguais -é quando os iguais detêm ou recebem porções desiguais, ou indivíduos desiguais(detêm ou recebem) porções iguais que surgem conflitos e queixas.(ARISTÓTELES, 2002, p.141).

Aristóteles, em sua grandiosa obra Ética a Nicômaco, referência da literaturajurídica mundial, associa a justiça à proporcionalidade, sendo esta comparada auma razão aritmética de modo a ser estabelecida levando-se em consideração ocontexto no qual um fato está inserido. O fato, por sua vez, é umacontecimento real, e o contexto é o conjunto de circunstâncias que cercamesse acontecimento. Quando se tem a tutela de um conflito, parte-se de umaanálise desse contexto para apurar as relações entre os indivíduos e seestabelecer o que cabe a cada um de acordo com o seu envolvimento, seumerecimento e sua necessidade.Dessa forma, seja-nos permitido aduzir que se tem na proporcionalidade umpoderoso instrumento a serviço da jurisdição das famílias, sendo possível avaliarqual a melhor interpretação casuisticamente considerada, devendo-se recorrera esse preceito sem hesitar para se alcançar uma justiça distributiva de caráterproporcional, dando a exata estimativa para a participação de cada indivíduo nocaso concreto.

3. Regimes patrimoniais de comunhão

3.1. Comunhão parcial de bens

O regime da comunhão parcial é considerado pela doutrina atual o que melhoratende aos princípios de justiça e às finalidades do casamento. Através dele,realiza-se a divisão dos bens adquiridos no casamento (excetuados alguns bensdispostos no código, que serão vistos adiante) por serem considerados frutos damútua colaboração entre os consortes. Sua regulamentação está disposta entreos artigos 1.658 e 1.666 do Código Civil vigente.Também denominado de regime de comunhão dos aqüestos, foi admitido como oregime oficial do país na ausência de estipulação diversa entre os cônjuges apartir da Lei do Divórcio - n.º 6.515 de 26-12-1977 -, substituindo a comunhãouniversal que até então vigorava. Essa modificação vinha expressa no artigo 50 dareferida lei e foi incluída no Código Civil de 1916 em seu artigo 258, sendomantida pelo Código Civil de 2002 em seu artigo 1640, que diz: "não havendo

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referida lei e foi incluída no Código Civil de 1916 em seu artigo 258, sendomantida pelo Código Civil de 2002 em seu artigo 1640, que diz: "não havendoconvenção, ou sendo ela nula ou ineficaz, vigorará, quanto aos bens entre oscônjuges, o regime da comunhão parcial". (BRASIL, 2005).Dessa forma, se a opção dos cônjuges quanto ao regime de bens for pelacomunhão parcial, basta que se realize uma referência na petição de casamentono processo de habilitação, fazendo-se necessário pacto nupcial por escriturapública nas demais escolhas, conforme o parágrafo único do referido artigo. Acerca do regime da comunhão parcial, Sílvio Rodrigues, citado na obra deArnaldo Rizzardo (2004, p.633) aduz que "este regime, ao estabelecer acomunhão dos aqüestos, estabelece uma solidariedade entre os cônjuges,unindo-os materialmente, eis que seus interesses tornam-se comuns a partir docasamento, o que infunde maior autenticidade nos desideratos que determinama aproximação de um casal. De outro lado, permite conservar a individualidadede cada cônjuge e uma justa divisão dos bens quando da separação judicial". Assim, constitui-se a comunhão parcial numa mescla do regime da comunhãouniversal e da separação de bens, formando, por conseguinte, duas classes debens: uma formada pelo patrimônio exclusivo dos consortes e outra formadapelos bens comuns a ambos, devendo prevalecer a sua comunicabilidade quandodo desfazimento da união.O artigo 1.660, do Código Civil, estabelece os bens comunicáveis na comunhãoparcial. Segundo Sílvio de Salvo Venosa (2005, p. 369) "os dispositivos nãoapresentam maior dificuldade de entendimento".Inobstante a sua fácil compreensão, cabem algumas considerações sobre amatéria.O inciso I, do artigo 1.660, refere-se aos bens adquiridos na constância docasamento por título oneroso, ainda que em nome de um dos cônjuges. Nesse

caso, presume o ordenamento que o patrimônio fora adquirido com acolaboração mútua do casal, nada importando que o bem se transcreva em nomede um ou de outro consorte. A esse respeito, destaca-se a opinião de ArnaldoRizzardo (2004, p. 639) que ensina: "o simples convívio, e mesmo que um doscônjuges não preste a menor colaboração na obtenção dos rendimentos ou emtrabalhos no lar, o patrimônio é comum, o que gera, seguidamente, profundasinjustiças". O inciso II trata dos bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concursode trabalho ou despesa anterior. Pode-se citar como exemplo o que se aufereem virtude de jogos, loterias, disputas e, ainda, descobertas, criações artísticas,entre outros.O inciso III dispensa comentários, já que deixa bem visível a referência adoações, legados ou heranças feitas a ambos os cônjuges, denotando-seclaramente que o autor da liberalidade, ao fugir da regra e atribuir bensexplicitamente ao casal, deseja beneficiar o conjunto familiar e não somente umdos dois.O inciso IV relata a comunicabilidade das benfeitorias em bens particulares decada cônjuge. Se realizadas tais benfeitorias durante o casamento, pressupõe-sesejam estas custeadas com a participação do marido e da mulher, de modo queo valor despendido será pertencente igualitariamente a ambos os consortes.O inciso V, do artigo 1.660 do diploma civil de 2002, refere-se aos frutos dos benscomuns ou dos particulares de cada cônjuge, percebidos na constância docasamento ou pendentes ao tempo de cessar a comunhão. A comunhão parcialtem por natureza excluir o patrimônio anterior e confundir os posteriores àrealização do casamento. Por isso, quaisquer frutos de bens,independentemente se comuns ou particulares, se percebidos na vigência daunião ou nesse tempo se configurar o direito à sua percepção (como porexemplo, aluguéis), são pertencentes ao casal.Vistos os bens comuns, serão expostos agora os bens que ficam excluídos dapartilha quando da separação. Os artigos 1.659 e 1.661 do Código Civil vigente(artigos 269, 270 e 272 do diploma de 1916) trazem a lista completa desses bens.O inciso I, do artigo 1.659, refere-se aos bens que cada cônjuge possuir ao casare aos que lhe sobrevierem, na constância do casamento, por doação ousucessão, e aos sub-rogados em seu lugar. No que concerne aos bens que cadacônjuge possui ao casar, sua exclusão se mostra evidente, pois é da essência dacomunhão parcial que haja comunicabilidade dos bens adquiridos somente apóso matrimônio. Já a segunda parte do inciso (e os que lhe sobrevierem, naconstância do casamento, por doação ou sucessão) merece algumasobservações:No caso da doação, o doador tem a faculdade de eleger o destinatário de sualiberalidade. Se assim o fez, dedicando patrimônio a apenas um dos consortes, ooutro não poderá participar desse benefício, visto que, se fosse da vontade dodoador, expressaria sua intenção de beneficiar o casal. Já no relativo aosauferimentos por sucessão, importante citar as palavras de Sílvio Rodrigues, queexplica:

Figure-se o exemplo do nubente, herdeiro necessário, cujo ascendente é vivopor ocasião do casamento. Embora a legítima a que terá direito por morte doascendente não passe de uma expectativa de direito, a causa de sua aquisição,por subseqüente morte daquele, constitui uma perspectiva cuja probabilidadede ocorrer é imensa. Ademais, trata-se de causa de ganho anterior aocasamento. (2004, p.179).

A causa de ganho do patrimônio por sucessão é o vínculo familiar com oascendente de um dos cônjuges que obviamente se originou muito antes de osnubentes se conhecerem. Por esse motivo, torna-se evidente e justificada aexclusão de tais ganhos. Visivelmente desnecessária se mostra a última parte doinciso que diz "e os sub-rogados em seu lugar", visto que o inciso posterior játrata dessa hipótese com suficiente abrangência.O inciso II trata de bens adquiridos na constância do casamento, com valores

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trata dessa hipótese com suficiente abrangência.O inciso II trata de bens adquiridos na constância do casamento, com valoresexclusivos de um dos cônjuges, substituindo um bem particular por outro. Ao sereferir a esse inciso, Arnaldo Rizzardo (2004, p. 234) refere que "é a aplicação doprincípio da sub-rogação. Vende-se um bem que o cônjuge tinha quando casou,e compra-se outro em negócio celebrado durante a sociedade conjugal. Perduraa manutenção do patrimônio próprio, embora se altere a espécie de bens". Portanto, os bens pertencentes exclusivamente a um dos cônjuges podem servendidos para a aquisição de outros bens que se revestirão com a mesmaincomunicabilidade dos substituídos. Porém, uma ressalva faz-se imprescindível aoabordar essa matéria. Quando se substitui um bem particular por outro bem demaior valor, mediante o pagamento da diferença, o valor referente a essadiferença se comunica aos consortes.As obrigações anteriores ao casamento constam no inciso III do referido artigo.Se o patrimônio anterior à união não deve se comunicar, assim também devemser as dívidas contraídas antes do casamento. Tal dispositivo tem a finalidade desalvaguardar o patrimônio do nubente que nada tem a ver com as dívidas

passadas e particulares de seu par, elidindo, assim, uma possível ação decredores. Todavia, há um ponto controvertido pela doutrina ao abordar esse assunto. Osjuristas contrapõem-se com relação às dívidas contraídas para pagar os aprestosdo casamento ou que se reverteram em proveito comum. De um lado,defendendo a exclusão dessas dívidas em qualquer hipótese, está SílvioRodrigues, que discorre:

Pelo regime da comunhão parcial, destaca-se o patrimônio anterior aocasamento. Assim separado o acervo de cada um previamente existente, tambémas obrigações anteriores são exclusivas do respectivo cônjuge. E nem mesmo asobrigações em função do casamento, se assumidas por apenas um, serãoestendidas ao outro cônjuge, diferentemente do que ocorre no regime dacomunhão universal. (2004, p. 180 e 181).

Ainda nessa mesma linha de pensamento, Sílvio de Salvo Venosa (2005, p. 367)aduz que "na comunhão parcial, não se comunicam as obrigações de cadaconsorte, ainda que contraídas para os aprestos".

De outra banda, Arnaldo Rizzardo (2004, p. 635) ressalva que a dívida anterior aocasamento "apenas entra na responsabilidade comum se proveniente dedespesas com os aprestos do casamento, ou se reverterem em proveito comum".Parece-nos mais razoável a segunda assertiva, já que, inobstante a causa daobrigação seja anterior ao casamento, a cerimônia pertence a ambos osconsortes, e o benefício proveniente da dívida aproveita os dois.As obrigações decorrentes de atos ilícitos também são excluídas, segundo oinciso IV, salvo se revertidas em proveito do casal. A época em que ocorreu oato ilícito é indiferente, nesse caso, obrigando-se somente o cônjuge causadordo ato. Importante se faz a contribuição de Carvalho Santos, citado na obra deArnaldo Rizzardo, (2004, p. 635) afirmando que "a responsabilidade pelo ato ilícitoé pessoal e, por isso mesmo, como conseqüência, pessoal é a dívida resultantedessa responsabilidade". Com isso, o cônjuge que não deu causa ao ato ilícito se exonera da obrigação derepará-lo, respondendo o causador com seus bens particulares e sua meação nopatrimônio comum. Porém, se ambos obtiverem benefício decorrente do atoilícito, há obrigação recíproca de reparação.Conforme o inciso V, os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos deprofissão também gozam de incomunicabilidade na partilha. Essa exclusão se deveao caráter personalíssimo desses bens, sendo que somente devem pertencer aum dos consortes em sua individualidade ou utilizada para sua profissão. Ainda,tais objetos não devem possuir um valor muito elevado de modo a representaruma grande monta em relação aos bens do casal e não devem ter sido adquiridoscom esforço comum.Nos incisos VI e VII constam os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge eas pensões, meio soldos, montepios e outras rendas semelhantes, matéria muitodiscutida e fruto de inúmeras controvérsias na doutrina e jurisprudência atuais.A incomunicabilidade concernente a esses rendimentos é o tópico dessetrabalho e será minuciosamente analisada no decorrer da pesquisa.Os bens cujo título tenham uma causa anterior ao casamento também sãoincomunicáveis, como refere o artigo 1.661 do Código Civil de 2002. Essadisposição se mostra um tanto óbvia, visto que o artigo 1.659 e seus incisosexaurem as hipóteses de exclusão e em suas entrelinhas já trazem o conteúdodo dispositivo. Entretanto, esse artigo pode ser considerado como um reforçode que as aquisições anteriores ao matrimônio, mesmo que pendentes à épocade sua celebração e percebidas posteriormente, estarão excluídas do rol dosbens comunicáveis.Quanto aos bens móveis, estabelece o artigo 1.662 a presunção de que foramadquiridos na constância do casamento, devendo haver a sua comunicabilidade.Contudo, como expressa o dispositivo, a idéia de que são pertencentes ao casalé presumida, podendo qualquer dos nubentes que deseja reservar para si apropriedade de bens móveis que trouxer à união, guardar documentos quecomprovem sua aquisição exclusiva e anterior ao matrimônio ou elaborar uminventário minucioso sobre tais bens, com o reconhecimento através daassinatura de ambos. Ainda, os documentos a serem utilizados para afastar acomunicabilidade dos móveis devem apresentar sua perfeita descrição eindividualização e a data de sua aquisição.Para concluir, resta dispensar uma explicação acerca da administração dos bensno regime da comunhão parcial, aduzindo que qualquer dos cônjuges podeexercê-la livremente, consoante artigo 1.663 do novo Código Civil, necessitando

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exercê-la livremente, consoante artigo 1.663 do novo Código Civil, necessitandoa anuência expressa de ambos os consortes somente em negócios que envolvamimóveis. Porém, em casos de malversação do patrimônio, a gerência pode seratribuída judicialmente a somente um dos nubentes.

3.2. Comunhão universal de bens

A comunhão universal, com sua origem consuetudinária dos primeiros tempos danação lusitana, era o regime legal do Brasil na ausência de deliberação daspartes, até ser substituída pela comunhão parcial, com o advento da Lei doDivórcio. Sua regulamentação encontra-se nos artigos 1.667 a 1.671 do diplomacivil de 2002 e, em sua essência, todos os bens se comunicam, com poucasexceções, traduzindo-se esses bens numa massa única formada pelo patrimôniode ambos os consortes.Compreendidos nessa massa estão os bens presentes e futuros, inclusive asdívidas do casal, pois, como afirma Washington de Barros Monteiro (2004, p. 198)"não é só o ativo dos cônjuges que se comunica, também o passivo. Acomunicação opera-se igualmente no bom e no mau, no certo e no duvidoso". Além dessa comunicação extremamente abrangente, outra peculiaridade desseregime é considerar todos os bens integrantes da massa insuscetíveis de retornoà propriedade originária quando do desfazimento da união. Conforme asexplicações de Arnaldo Rizzardo (2004, p. 643) "há praticamente umadespersonalização do patrimônio individual, surgindo um patrimônio indivisível ecomum, sem definir, especificar, ou localizar a propriedade nos bens". São requisitos para essa universalização dos bens na sociedade conjugal ocasamento válido e a convenção por instrumento público, reconhecendo-se, apartir daí, quotas partes iguais atribuídas a um e a outro nubente, relativas acada bem integrante dessa comunhão. A esse respeito, Caio Mário da SilvaPereira contribui:

Na constância do casamento, nenhum deles tem direito exclusivo a qualquer dascoisas que se acharem em estado de indivisão. É igualmente vedado a um ououtro apossar-se de qualquer delas, privando o consorte de sua utilização. Aambos, entretanto, compete defender a coisa possuída contra as vias de fato oupretensões de terceiros. Somente com a cessação da sociedade conjugal, eliquidação da comunhão, é que vem a caber a cada um dos consortes (ourespectivos herdeiros) os bens que se comportam na sua meação. (2002, p.135 e136).

E por referirmo-nos ao fato de a liquidação da massa de bens somente ocorrerem casos de cessação da união, devemos frisar que as formas dessa cessaçãoestão estritamente dispostas no artigo 1.571 do diploma civil vigente. São elas: amorte de um dos cônjuges, a separação e o divórcio e a sentença de nulidadeou anulação do casamento.Inobstante a essência da comunhão universal traduzida pela vasta comunicaçãodos bens, há algumas ressalvas que fogem à regra. Essas exceções, segundoWashington de Barros Monteiro, "são ditadas pelo caráter personalíssimo dosefeitos em questão, ou representam natural decorrência de sua própria índole".(2004, p. 198).O jurista Fábio Ulhoa Coelho (2006, p. 75) traz brilhante explicação acerca darazão dessas exceções, aduzindo que "sempre preserva a lei uma margem mínimade incomunicabilidade de bens, em atenção à proteção dos cônjuges, quenormalmente estão embriagados pelo espírito de desprendimento deles exigidoàs vésperas do matrimônio e não têm, por isso, plena isenção para tratar dosassuntos patrimoniais com racionalidade". O artigo 1.668 e seus incisos explicitam de forma taxativa o rol de bens queextravasam o âmbito de comunicabilidade estabelecido pela comunhão universal.O seu inciso I se refere aos bens doados ou herdados com a cláusula deincomunicabilidade e os sub-rogados em seu lugar. Mostra-se de fácilentendimento esse dispositivo, visto que o testador ou doador, ao inserirreferida cláusula, evidentemente objetivou excluir o outro cônjuge daliberalidade ofertada. E para esclarecer um ponto de grande importância quandose aborda essa matéria, Fábio Ulhoa Coelho (2006, p. 76) ressalta que, de igualforma, se gravado o bem com cláusula de inalienabilidade, esta importaimplicitamente sua incomunicabilidade. Por outro lado, a cláusula deincomunicabilidade, por si só, não impede a alienação do bem gravado. No queconcerne à segunda parte do inciso, trata-se mais uma vez de sub-rogação real,como explicado anteriormente ao analisarmos a comunhão parcial.Os bens gravados de fideicomisso e os direitos do fideicomissário, antes derealizada a condição suspensiva, estão explícitos no segundo inciso do artigo emestudo. Ocorre a situação na qual o fideicomitente (autor da liberalidade)designa uma mesma herança ou legado na ordem sucessiva para duas pessoas,condicionando a transferência da propriedade do bem da primeira pessoa para asegunda a um acontecimento futuro. Enquanto não realizada a condiçãodeterminada pelo fideicomitente, a incomunicabilidade da herança ou legadomostra-se óbvia por duas justificativas:Em relação ao fiduciário (primeiro sucessor), porque sua característica deproprietário está condicionada a um acontecimento futuro ou à sua própriamorte, caracterizando-se sua propriedade, segundo Arnaldo Rizzardo (2004, p.645), como "restrita e solúvel", devendo conservar o bem para depois restituí-loou entregar ao fideicomissário.No que concerne ao fideicomissário (segundo sucessor), porque precisa

aguardar a realização da condição ou a morte do fiduciário para se tornar oproprietário do bem, traduzindo-se sua relação com a herança ou legado até aimplementação do evento como mera expectativa de direito, visto que podemorrer antes do fiduciário, ocasionando a caducidade do fideicomisso, caso em

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morrer antes do fiduciário, ocasionando a caducidade do fideicomisso, caso emque se estabelece de forma irrestrita e definitiva a propriedade em favor desteúltimo. Realizando-se o implemento da condição ou ocorrendo a morte dofiduciário, a propriedade consolida-se definitivamente em favor dofideicomissário, passando o bem, a partir daí, a ser comunicável ao seu cônjuge.O inciso III trata da exclusão das dívidas anteriores ao casamento, salvo seprovierem de despesas com seus aprestos ou reverterem em proveito comum. Opassivo contraído anteriormente à união deve ser adimplido pelo cônjugedevedor com seus bens particulares ou com os que trouxer para a sociedade. Adespeito da inexistência de patrimônio exclusivo e do fato de formarem os benscomuns uma massa indissolúvel durante a constância do casamento, injusto seriaver-se o credor impossibilitado de cobrar seu crédito antes do desfazimento daunião. Portanto, a exigibilidade de tal crédito é imediata, e, como ensina SílvioRodrigues (2004, p. 188) "a execução recai somente sobre a meação do devedor,exonerando-se a meação do outro cônjuge". Contudo, se a dívida contraída for revertida em proveito comum, como asdespesas de viagem do casal, ou decorreu para os aprestos matrimoniais, como acompra dos móveis, o débito é de ambos os consortes, devendo ser suportadode forma igualitária.As doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a cláusula deincomunicabilidade também são excluídas da comunhão, consoante inciso IV doartigo 1.668. Essa exclusão se mostra um tanto desnecessária, à medida em que aliberalidade com cláusula de incomunicabilidade é abordada com suficienteamplitude no inciso I do dispositivo em tela. Referindo-se especificamente aoinciso IV, com muita propriedade, Arnaldo Rizzardo (2004, p. 646) chama atençãopara as hipóteses de fraude à execução ou contra credores nas quais um doscônjuges, na tentativa de frustrar o adimplemento de uma dívida própria, doaseus bens ao outro consorte. Neste caso, a liberalidade pode ser consideradaineficaz ou desconstituída por meio de ação pauliana. O inciso V considera como exclusivos os bens referidos nos incisos V a VII doartigo 1.659 do novo Código Civil. Relativo ao inciso V do artigo 1.659, a matéria jáfoi exaurida quando abordada a comunhão parcial. Quanto aos incisos VI e VII,repetindo o já mencionado, serão abordados no decorrer da pesquisa.Por fim, vistos os bens excluídos da comunhão universal, importante lembrar queseus frutos não gozam da mesma incomunicabilidade quando percebidos navigência da união ou pendentes à época da dissolução, tornando-se benscomuns. No que compete à administração de todos os bens comuns, essa serege nos mesmos termos da comunhão parcial, sendo de incumbência de ambosos cônjuges, atribuindo-se, por sua vez, a gerência dos bens particulares ao seurespectivo proprietário, ressalvadas estipulações diversas nos pactosantenupciais.4. A incomunicabilidade dos proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge nosregimes de comunhão

4.1. Esclarecimentos acerca da abrangência da expressão "incomunicabilidadedos proventos trabalhistas"

O presente trabalho tem como objeto principal de estudo dois dispositivos doCódigo Civil de 2002, quais sejam: o artigo 1.659 e seu inciso VI e o artigo 1.668 eseu inciso V. O primeiro dispositivo comporta o enunciado que determina aexclusão dos proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge que concretizouseu casamento escolhendo como regime patrimonial a comunhão parcial debens. Já o segundo trata da exclusão desses mesmos proventos para o cônjugeque se casou elegendo como regime patrimonial a orientar sua união acomunhão universal de bens. Este último, porém, determina tal exclusão deforma indireta, reportando-se ao primeiro dispositivo, que é alusivo à comunhãoparcial de bens, para estabelecer idêntica situação no caso da comunhãouniversal.Presume-se, por conseguinte, que quando se trata da partilha dos auferimentoslaborais, tanto na comunhão parcial de bens como na comunhão universal, osefeitos são os mesmos. Por essa razão, ao se tratar especificamente do assuntoneste capítulo, procurar-se-á referir-se à incomunicabilidade dos proventoslaborais de maneira genérica, de modo a abranger os dois regimes patrimoniais,inobstante alguma citação trazida ao trabalho faça referência específica a um ououtro regime de comunhão.Primeiramente, cabível uma breve conceituação, com o escopo de esclareceralguns pormenores acerca da expressão "a incomunicabilidade dos proventos dotrabalho pessoal de cada cônjuge", que será utilizada.Quanto à expressão "incomunicabilidade", seu sentido no trabalho em tela é defácil compreensão, podendo-se deduzir o significado sem maiores dificuldades. Adespeito da singeleza de seu entendimento e para ilustrar com maiorpropriedade o conteúdo de sua significação, cita-se as palavras de Antonio de

Paulo (2002, p. 166), que diz que incomunicabilidade é o "caráter de certos bensque, por determinação legal ou por disposição de vontade, não entram nacomunhão do patrimônio". Portanto, denomina-se incomunicável todo o bem, móvel ou imóvel, que, por leiou convenção dos nubentes, não ingressa no rol dos bens destinados à partilhaquando da separação conjugal, pertencendo na sua integridade a um sócônjuge.Por sua vez, a palavra "proventos" veio com o Código Civil de 2002 em substituiçãoà expressão "frutos cíveis do trabalho", da qual se utilizava o legislador de 1916para se referir à exclusão das verbas trabalhistas nos regimes de comunhão. Seconsiderado o sentido técnico-jurídico atual da palavra "proventos", exprime aidéia de auferimentos obtidos com a aposentadoria do servidor público ouempregado. No entanto, quando o legislador se utilizou dessa expressão noinciso VI do artigo 1.659, visou uma significação mais abrangente. Veja-se a

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empregado. No entanto, quando o legislador se utilizou dessa expressão noinciso VI do artigo 1.659, visou uma significação mais abrangente. Veja-se aexplicação de Paulo Nader:

Na linguagem técnica, provento significa os rendimentos auferidos pelos inativos;todavia, no inciso VI do artigo 1659, o legislador deu ao vocábulo um sentido maisamplo, a fim de abranger toda a espécie de recebimento em função de emprego,público ou privado (vencimentos, salários), de aposentadoria ou trabalhoprofissional, como honorários e pro labore. (2006, p. 476).

Cabe também ressaltar as palavras de Débora Vanessa Caús Brandão (2007, p.210), que refere que "a lei empregou a palavra 'provento' genericamente, a fimde englobar todas as formas de remuneração por trabalho prestado".Para todos os efeitos, então, ao se referir à expressão em pauta no presentetrabalho, far-se-á de modo que abranja as aposentadorias em geral e tambémtoda a remuneração obtida pelo trabalho prestado, seja o salário mensalmentepercebido, o FGTS, a participação nos lucros, o PIS, entre outros.

4.2 Visão doutrinária e jurisprudencial da incomunicabilidade dos proventos nosregimes de comunhão

Como visto anteriormente, o artigo 1.659, inciso VI, e o artigo 1.668, inciso V,ambos do Código Civil atual, estabelecem a incomunicabilidade dos proventos dotrabalho pessoal de cada cônjuge nos regimes patrimoniais de comunhão noordenamento jurídico brasileiro. Numa análise literal e prematura dos dispositivos(os quais já foram contemplados por inúmeras vezes sob essa ótica pelostribunais brasileiros), dessume-se se constituir a incomunicabilidade comocaracterística inerente à grande maioria dos bens auferidos na constância docasamento, levando-se em conta que no contexto da sociedade contemporâneaquase a totalidade do que se aufere provém da atividade laboral.Por conta disso, insurge-se a celeuma jurídica em razão da incongruência que seestabelece, comparando-se a consideração literal do que determinam osdispositivos com a finalidade da união conjugal regida pelos moldes dascomunhões, visto que, na essência desses regimes, praticamente o todopatrimonial é comunicável.Em suas explanações referentes ao assunto, Débora Vanessa Caús Brandão (2007,p. 210) lança uma dúvida, questionando sobre "como harmonizar a exclusão dosproventos do cônjuge da comunhão com o próprio regime da comunhão parcial,cuja essência é a comunhão do adquirido na constância do casamento". Destarte, enseja-se vultosa discussão sobre o assunto, traduzida pela divergênciade pensamentos jurisprudenciais e doutrinários, fulcrados nos mais diversosargumentos e abordando a problemática sob os mais distintos aspectos,buscando uma resposta adequada, a fim de assentar a celeuma, estabelecendode forma definitiva e uniforme a preponderância de um ou de outroposicionamento. A complexidade que gira em torno da matéria é extremamenteacentuada a ponto de fazer titubear os próprios juristas, influenciados ora poruma, ora por outra corrente. Outros como Sílvio de Salvo Venosa, por exemplo,preferem se reservar à imparcialidade:

O novel legislador foi expresso, encerrando a celeuma, estatuindo que se excluida comunhão os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge (art. 1659, VI).O Projeto nº 6960, porém, exclui esse tópico do rol, adotando posição contrária,para evitar com isso problemas de ordem prática. Na verdade, é difícil precisar omomento exato em que os valores deixam de ser proventos do trabalho e passama ser bens comuns, volatizados para atender as necessidades do lar conjugal.(2005, p. 368).

Em meio aos questionamentos sobre a destinação das verbas trabalhistas, ganhaespecial relevo a preocupação em não confundir o patrimônio exclusivo com oque deve ser partilhado de forma igualitária pelos consortes em virtude daconjugação de esforços na realização plena da vida em comum. E, na ânsia deassentar essa polêmica, as opiniões divergem, baseadas numa gama deargumentos que se multiplicam em função de fundamentar um ou outro

posicionamento, que se revela, em síntese, contra ou a favor daincomunicabilidade dos proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge.Para melhor ilustrar a divergência doutrinária e jurisprudencial que habita asmesas de estudos de grande parte dos civilistas brasileiros no que concerne aessa matéria, serão expostas algumas das mais respeitadas opiniões acerca doassunto, enfatizando-se os principais aspectos e peculiaridades constantes nasexplanações de cada autor. De um lado, entre os que se contrapõem àincomunicabilidade dos proventos nos regimes de comunhão, encontram-senomes de grande peso, como Sílvio Rodrigues, Paulo Nader, Rolf Madaleno, MariaBerenice Dias, Carlos Roberto Gonçalves e Alexandre Guedes AlcoforadoAssunção.Manifestando-se sobre o assunto, Maria Berenice Dias considera a exclusão dosproventos nos regimes de comunhão como absolutamente desarrazoada:

Flagrantemente injusto que o cônjuge que trabalha por contraprestaçãopecuniária, mas não converte as suas economias em patrimônio, seja privilegiadoe suas reservas consideradas crédito pessoal e incomunicável. Tal lógicacompromete o equilíbrio da divisão das obrigações familiares. O casamento geracomunhão de vidas (CC 1511). Os cônjuges têm dever de mútua assistência (CC1566 III) e são responsáveis pelos encargos da família (CC 1565). Assim, se um dosconsortes adquire os bens para o lar comum, enquanto o outro apenas acumulaas reservas pessoais advindas de seu trabalho, os bens adquiridos por aqueleserão partilhados, enquanto o que este entesourou resta injustificadamente

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as reservas pessoais advindas de seu trabalho, os bens adquiridos por aqueleserão partilhados, enquanto o que este entesourou resta injustificadamenteincomunicável. De regra, é do labor pessoal de cada um que advêm os recursosnecessários à aquisição dos bens conjugais. (2006, p. 206).

A autora atenta para o caso de quem não tem atividade remunerada, como quemse dedica ao trabalho doméstico, o que na maioria das vezes é feito pela mulher.Ressalta a importância dessa atividade para a constituição do patrimônioconjugal, por possibilitar a ocorrência de sobras orçamentárias.Sob essa mesma ótica se posiciona Rolf Madaleno, censurando a legislação noque se refere à incomunicabilidade de proventos trabalhistas no regime dacomunhão parcial de bens. Entende que tais disposições desestimulam acolaboração mútua dos cônjuges no escopo de formar patrimônio, pois o queassumir a mantença familiar restará lesado, ao passo que o outro, queeconomizou, locupletar-se-á às suas custas. Assevera também o autor que olegislador de 2002, na tentativa de corrigir as falhas do Código Civil de 1916,cometeu flagrante injustiça ao inserir o inciso VI do artigo 1.659 no Diploma Civilatual:

Antes tivesse o legislador abortado a ressalva de incomunicabilidade dosproventos do trabalho pessoal de cada cônjuge, ainda que no regime dacomunhão parcial, quando se sabe que, de regra, é do labor pessoal de cadacônjuge que advém os recursos necessários para a aquisição dos bens conjugaisPremiar o cônjuge que se esquivou de amealhar patrimônio, preferindoconservar em espécie os proventos de seu trabalho pessoal é incentivar umaprática de evidente desequilíbrio das relações conjugais econômico-financeiras,mormente porque o regime matrimonial de bens serve de lastro para amanutenção da célula familiar. (MADALENO, 2005, p. 181).

Há também os que refutam a incomunicabilidade dos proventos, todavia semcriticar os dispositivos em estudo, apenas atribuindo-lhes uma interpretaçãodistinta da literal. Aduzem que a incomunicabilidade a que se reporta o inciso VIdiz respeito apenas ao direito de percepção desses numerários, passando essesa serem comuns a partir de seu recebimento. A esse raciocínio é adepto SílvioRodrigues, que, por sua vez, opta pela manutenção dos dispositivos:

O direito ao recebimento de tais valores, ou seja, à pensão, montepio, meio-soldo, salários etc., não se comunica com o casamento, em virtude de seucaráter personalíssimo. Mas, recebida a remuneração, o valor obtido passa parao patrimônio do casal. Da mesma maneira, os bens adquiridos com o seu produto.Assim, por exemplo, se um dos cônjuges, antes de casar, tinha direito adeterminada pensão, tal direito não se comunica por força do casamentoposterior. Mas o direito que mensalmente receber, após o casamento,comunica-se após o vencimento da prestação. Esse entendimento não frustra aregra do art. 1659, VI e VII, porque, se o casamento, por exemplo, for dissolvidopor separação judicial, o cônjuge separado terá, além de sua meação, o direitoà pensão e salários que não se comunicou. (2004, p.183).

Outro jurista que ataca a incomunicabilidade em moldes interpretativos, sem,contudo, ferir diretamente os dispositivos em tela, é Carlos Roberto Gonçalves:

Deve-se entender, na hipótese, que não se comunica somente o direito aosaludidos proventos. Recebida a remuneração, o dinheiro ingressa no patrimônio

comum. Da mesma forma os bens adquiridos com o seu produto. Em caso deseparação judicial, o direito de cada qual continuar a receber o seu salário nãoé partilhado. Se se interpretar que o numerário percebido não se comunica, massomente o que for com ele adquirido, poderá esse entendimento acarretar umdesequilíbrio no âmbito financeiro das relações conjugais, premiandoinjustamente o cônjuge que preferiu conservar em espécie os proventos de seutrabalho, em detrimento do que optou por converter suas economias empatrimônio comum. (2006, p. 417).

De outra banda, encontram-se doutrinadores que sustentam o entendimento deque as verbas trabalhistas são incomunicáveis e, portanto, não devem entrar napartilha quando da separação conjugal. Essa ótica doutrinária é fundamentadaprincipalmente no fato de possuírem os proventos um caráter personalíssimo, ouseja, por serem destinados esses numerários única e exclusivamente aoprestador do serviço que deu origem ao seu recebimento. Dentre osmantenedores dessa outra lógica pertinente aos proventos se destacam: ArnaldoRizzardo, Virgílio Parnagiotis Stavridis, Fábio Ulhoa Coelho, Orlando Gomes,Eduardo de Oliveira Leite, Silmara Juny Chinelato e Vicente Arruda, e outros.Todos consideram os proventos como incomunicáveis quando do desfazimento dasociedade conjugal, porém advertem que essa exclusão das verbas trabalhistasabrange somente o que se conserva em espécie pelo consorte que as auferiu,seja em sua posse ou aplicado em estabelecimento bancário. As aquisiçõespatrimoniais, mesmo que realizadas exclusivamente com esses valores, entrampara a comunhão, tornando-se, portanto, integrantes do rol de bens que devemser partilhados em decorrência da separação. Essa tendência é corroborada naspalavras de Arnaldo Rizzardo, que ensina:

Por tal disposição, os proventos de trabalho de cada cônjuge não se comunicam.O dispositivo se restringe unicamente aos proventos, salários, vencimentos ourendimentos de atividade pessoal, seja no comércio ou em outros setores, nãoincluindo os bens adquiridos com os proventos. As aquisições, mesmo resultantedos proventos, passam para a comunhão. (2004, p. 636).

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Essa tendência também é explicitada por Virgílio Parnagiotis Stavridis. Explica eleque o legislador corrigiu grande equívoco do Código Civil de 1916, pois esteexcluía os frutos civis do trabalho dos consortes na comunhão universal (art.263, XII) e os incluía na comunhão parcial (art. 271, VI), sendo que o artigo 269,IV, dispunha que tudo que não se comunicasse na comunhão universal não podiase comunicar na comunhão parcial.

No que se refere ao alcance da disposição, parece que não quis o legisladordeixar dúvidas quanto à não comunhão dos rendimentos decorrentes dotrabalho, assalariado ou não, de cada cônjuge. Utilizou a expressão proventos,que, apesar de ter, atualmente, sentido técnico-jurídico de rendimentosdecorrentes da aposentadoria do empregado, ou do servidor público, querexprimir, num sentido mais amplo e comum, salário, vencimentos, subsídio ouqualquer rendimento, seja de trabalho assalariado ou não, e ainda osrendimentos decorrentes da aposentadoria. Assim, entende-se que qualquerverba percebida como ganhos decorrentes de atividade laborativa do cônjugeesteja excluída da comunhão, compondo apenas seu patrimônio particular.(2002, p. 342).

Ainda, impossível discorrer sobre essa seara jurídica sem referir os ensinamentosde Orlando Gomes. Citado na obra de Lydia Neves Bastos Telles Nunes (2005, p.122), o doutrinador assevera que os proventos pessoais de cada cônjuge devemter como destinação primordial a manutenção familiar, proporcionando osuporte para as suas despesas. Os valores que excederem essa responsabilidadeintegram o patrimônio exclusivo de quem os auferiu, se conservada a suaprocedência. Porém, uma vez alterada sua espécie pela compra de bens,integram o patrimônio comum. Vistos alguns dos diversos posicionamentos doutrinários favoráveis e contrários àincomunicabilidade dos proventos, passar-se-á a ilustrar o trabalho com algunsposicionamentos jurisprudenciais que auxiliarão a denotar a dissonância acercada matéria em questão. Tais decisões, assim como os raciocínios doutrinários,apresentam suas variações nos mais diversos aspectos e contêm em suafundamentação os mais diversos argumentos, com a finalidade de justificar suasopiniões.A Sétima Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, em acórdão,se manifestou considerando literalmente o dispositivo que exclui os proventos naunião conjugal, positivados no Código Civil:

DIVÓRCIO DIRETO. ALIMENTOS. DECLARAÇÃO DE DIREITO E PARTILHA DE BENS.CRÉDITOS TRABALHISTAS DO VARÃO. DESCABIMENTO. 1. Considerando que oslitigantes foram casados pelo regime da comunhão parcial de bens, forçosa aexclusão dos créditos trabalhistas reclamados, que constituem apenas frutos

civis do trabalho do varão. Inteligência do art. 269, inc. IV, e art. 263, inc. XIII,do CCB/1916 e art. 1.659, inc. VI, do CCB/2002. 2. Considerando que a ex-mulhersempre se dedicou ao lar, teve e criou os filhos, agora adultos, ficoudesatualizada e sem condições de concorrer no competitivo mercado detrabalho, restando plenamente justificada a manutenção do liame obrigacionalalimentar, como efeito residual do casamento desfeito. Recurso provido emparte.[1]

Fora reformada a parte da sentença que determinava a partilha dos créditostrabalhistas provenientes de reclamatória do marido, conferindo, assim, com oacórdão, a totalidade dos valores ao varão, cumprindo ipsis litteris odeterminado no artigo 1.659, VI, do Código Civil de 2002.Ainda, no referente à Sétima Câmara, faz-se mister destacar um acórdão, cujarelatora é a Desembargadora Maria Berenice Dias, que em seus ensinamentos,como demonstrado anteriormente, defende a todo custo a comunicabilidade dosproventos obtidos na vigência da sociedade conjugal.Trata-se de agravo de instrumento interposto pelo separando contra a decisãointerlocutória que determinou o bloqueio dos valores depositados junto aestabelecimento bancário a pedido da separanda, a fim de se avaliar, nodecorrer do processo, a pertinência de sua partilha. O agravante alegou seremproventos oriundos de rescisão contratual trabalhista e, portanto,incomunicáveis.

UNIÃO ESTÁVEL. PARTILHA DE BENS. INDENIZAÇÃO TRABALHISTA. A indenizaçãotrabalhista havida, ou não, durante o relacionamento, é fruto civil do trabalho,na definição do Código Civil de 1916, ou provento do trabalho, na novadenominação dada pelo atual Código Civil, e não integra o patrimônio comum, oque afasta a pretensão para bloquear o valor correspondente a tal verba.POR MAIORIA, DERAM PROVIMENTO AO AGRAVO, VENCIDA A RELATORA.[2]

Fora dado provimento ao agravo por maioria, considerando os valores comoincomunicáveis na qualidade de proventos pessoais, sendo vencida a relatora,que votou pela manutenção da decisão proferida pelo juiz. Quanto aoposicionamento da Desembargadora, conveniente expor uma ressalva referenteao FGTS. Os auferimentos oriundos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço,segundo a doutrinadora, são incomunicáveis. Isso porque, consoante seuentendimento (DIAS, 2006, p. 207), o referido crédito possui um caráterpersonalíssimo, em benefício da pessoa do trabalhador, não integrando oconceito de aqüestos, diferentemente dos demais proventos. A doutrinadoracita, para ilustrar sua obra no concernente ao assunto, o seguinte acórdão:

APELAÇÃO CÍVEL. SEPARAÇÃO. PARTILHA DE BENS. FGTS. devem ser excluídos doacervo a ser partilhado os valores recebidos DO FGTS, eis que tais verbas são

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acervo a ser partilhado os valores recebidos DO FGTS, eis que tais verbas sãoindenizatõrias e CONSTITUEM proventos pessoais do trabalhador. art. 263, xiii,DO cÓDIGO CIVIL DE 1916. descabe arbitrar aluguel A SER PAGO PELA separandaEM RAZÃO DA utilização de imóvel do casal, ESPECIALMENTE QUANDO COM ELA SEENCONTRAM LÁ RESIDINDO OS FILHOS. enquanto não ultimada a partilha de bens,tal imóvel é de propriedade COMUM. PROVERAM, PARCIALMENTE. por maioria.[3]

Por último, entende-se ser de grande contribuição destacar este últimoacórdão:

APELAÇÃO CÍVEL. FAMÍLIA. PARTILHA DE BENS. VERBAS TRABALHISTAS recebidaspelo ex-cônjuge. INCOMUNICABILIDADE. arts. 269, IV e 263, XIII, do antigo CódigoCivil, combinados com o art. 2.039 do novo Código Civil.As verbas trabalhistas, ainda que tenham sido auferidas durante o casamento,tanto no regime da comunhão universal, quanto no da comunhão parcial debens, são incomunicáveis e, portanto, não podem ser objeto de partilha,porquanto são "frutos civis" do trabalho do ex-cônjuge.[4]

Nesse caso, a autora ajuizou ação postulando a divisão de valores oriundos dereclamatória trabalhista do ex-marido. O juízo indeferiu de pronto a inicial porimpossibilidade jurídica do pedido e extinguiu a demanda sem o julgamento demérito. A autora, no entanto, apelou, aduzindo serem verbas concernentes aoperíodo de convívio marital. O Tribunal recebeu, porém julgou desprovido pormaioria o recurso, sendo vencido o voto do Relator Rui Portanova, que defendeua comunicabilidade dos créditos. Interessante frisar parte da manifestação do Relator, extraída do acórdão:"Durante algum tempo decidi que créditos trabalhistas eram incomunicáveis. Masmudei minha posição. Hoje penso que verbas oriundas de indenização trabalhistapodem ser patrimônio comum a ser partilhado, se o seu período aquisitivo se deuna vigência do casamento ou da união estável".Com essa última exposição, denota-se que as incertezas relativas à questão daincomunicabilidade das verbas trabalhistas variam tanto de acordo com a pessoados juristas como também à época em que os mesmos explicitam seus pareceres,

defendendo ora uma, ora outra opinião.Em que pese tais contradições, a tendência jurisprudencial do Rio Grande do Sul(ainda que não unânime) se traduz por considerar incomunicáveis os proventosde cada cônjuge nos regimes de comunhão parcial e universal. Porém, adespeito dessa predominância dos Tribunais, insurgem-se questionamentos porparte da doutrina e dos magistrados acerca de tal consideração, que acentuamde modo crescente a celeuma instaurada em razão da matéria, que, ao que sepercebe, está distante de uma solução uniformizada e livre de polêmicas.

5. Conclusão

Com o estudo apresentado, foi possível constatar a abrangência da problemáticaque envolve a destinação das verbas trabalhistas percebidas pelos cônjuges nosregimes de comunhão. Destarte, seja permitido destacar algumas observaçõesque se fazem pertinentes e imprescindíveis ao abordar a matéria.Em caso de consagração dos dispositivos em seu sentido literal, corre-se o riscode ensejar o desvirtuamento da economia individual de cada consorte, quedeseja resguardar para si o produto de seu trabalho como forma de garantir umquinhão exclusivo em caso de separação, implicando redução ou quase ausênciade patrimônio comum, prejudicando o desenvolvimento da família como um todoe destoando absolutamente do que deve ser a essência do matrimônioconstituído nos moldes dos regimes de comunhão. Já, em caso de não atender aos dispositivos, comunicando toda e qualquer verbatrabalhista, enseja a possibilidade de ofensa ao aspecto profissional do nubente,desmerecendo seu esforço particular na busca pelo progresso edesconsiderando suas privações e economias no intuito de alcançar umdeterminado fim. Ocorre, nesse caso, o abalo do caráter pessoal da profissão,destituindo, muitas vezes, o consorte de seu direito de livre destinação de suaseconomias, fruto do trabalho que somente ele realizou, lesando-o plenamenteem sua liberdade e individualidade.A fria opção por uma ou outra corrente, por vezes, conduz ao inevitávelcometimento de irreparáveis prejuízos a uma das partes e, por conseguinte,locupletamento da outra, o que é incessantemente combatido pelo Direito.Oportuniza-se, indefectivelmente nesse caso, uma considerável afronta, nãoapenas ao princípio da isonomia entre os cônjuges, mas à igualdade na sua maisampla acepção, pois o que preceitua referida norma não é uma uniformidadejurídica dispensada à universalidade dos casos, e sim um tratamento igual para osiguais e desigual para os desiguais, estabelecendo tratamentos diferentes, porémadequados ao contexto de cada caso. Por sua vez, a inércia do sistema jurídico, ao não assumir uma postura definitivadiante de tal celeuma, abala o princípio da livre estipulação do regime de bens.Considerando a importância do casamento, por ser este um dos principaispontos de partida para a formação de uma nova família, a maior parte de suasregras são marcadas por um protecionismo e inflexibilidade aos quais cabe aosconsortes apenas aderi-los, exercendo sua autonomia unicamente em relaçãoaos efeitos patrimoniais.E sendo os efeitos patrimoniais o pouco que se pode dispor conforme a vontade,diz-se haver total liberdade quanto à convenção do regime de bens. Todavia, nãose podendo precisar qual a definição do ordenamento quanto à questão em tela,não se podem prever os efeitos de uma união matrimonial norteada pelosregimes de comunhão quanto às percepções auferidas da atividade laboral.Conseqüentemente, não pode um ordenamento ostentar a plena liberdadequanto à convenção do regime de bens se não se pode mensurar os rumos

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quanto à convenção do regime de bens se não se pode mensurar os rumosdessas disposições de vontade, restando a liberdade, nesse âmbito, ferida emsua plenitude.No decorrer da pesquisa, restou evidenciado que toda a discussão gerada emtorno da matéria foi determinada e acentuada pela evolução de dois fatoresprimordiais.O primeiro é a família, cujos valores e objetivos não mais são determinados peladiscricionariedade paternalista, o que ocorria num passado não muito distante.Esse instituto, protegido constitucionalmente em tempos hodiernos, assume umcaráter democrático, consagrando a afetividade como valor máximo e fatoressencial à sua constituição, possibilitando, assim, o reconhecimento daimportância da figura materna e lhe conferindo uma posição de equilíbrio eisonomia em todos os aspectos e decisões que envolvem o contexto familiar.O segundo, por sua vez, é o próprio direito, que adquire uma postura muito maisdinâmica e realista frente aos impasses da sociedade, buscando atender aofinalismo e ao espírito da lei, possuindo nos princípios a estrutura sobre a qualse pode concretizar a justiça, e se desatrelando dos engessamentos e limitaçõesque a regra escrita, outrora, muitas vezes o submetia.A árdua tarefa de disciplinar a problemática exigirá uma temerosa cautela quenão se resume em distorções hermenêuticas ou o falho apoio em merasinterpretações literais. Na trajetória em busca de uma solução adequada,compreendem-se aspectos de extrema relevância que vão desde a valorização daprofissão e do trabalho doméstico até a preservação da dignidade e da

individualidade de cada consorte. Tais aspectos se apresentarão ora se somando,para dar razão a uma das partes, ora se contrapondo, por pertencerem a ladosopostos.A despeito dessa contraposição, todos esses aspectos, sem exceção, sãomerecedores de um profundo respeito e consideração por parte do magistrado,que deverá analisar cuidadosamente o caso concreto com todas ascircunstâncias que o envolvem, lançando mão de um juízo de proporcionalidade,seja para abrandar o rigor da lei, seja para garantir o texto legal, a fim decontrabalançar os vários direitos envolvidos na relação jurídica e que seencontram à espera de justiça.Bibliografia:

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2002.

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[1] RIO GRANDE DO SUL. Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul.Apelação Cível n. 70010990331, Sétima Câmara Cível. Relator: Sérgio Fernando deVasconcellos Chaves. Julgado em 20/04/2005. Disponível em: . Acesso em: 12-03-2008. ANEXO II.[2] RIO GRANDE DO SUL. Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul.Agravo de Instrumento n. 70006870554, Sétima Câmara Cível. Relatora: MariaBerenice Dias. julgado em 01/10/2003. Disponível em: . Acesso em: 13-03-2008.ANEXO III.

[3] RIO GRANDE DO SUL. Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul.Apelação Cível n. 70007191034, Sétima Câmara Cível. Relator:Luiz Felipe BrasilSantos. Julgado em 05/11/2003. Disponível em: . Acesso em: 15-03-2008 ANEXO IV.[4] RIO GRANDE DO SUL. Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul.Apelação Cível n. 70014694574, Oitava Câmara Cível. Relator: Rui Portanova. Julgado em 24/08/2006. Disponível em: . Acesso em: 16-03-2008 ANEXOVI.

Autora: Beatriz Helena Braganholo é Advogada, professora das disciplinas deDireito de Família e das Sucessões da Faculdade de Direito da Universidade dePasso Fundo e sócia do IBDFAM.

Autor: Homero Alvenis Dutra é Bacharel de Direito pela Universidade de PassoFundo.

Fonte : Assessoria de Imprensa

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