aroma mirantes ed. 01

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SERRA ACIMA, RUMO AOS VINHEDOS Acarajé no Sul da Ilha EDIçãO 01 - JULHO/13

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Com 6 mil exemplares distribuídos gratuitamente, a revista Aroma Mirantes pretende estreitar o relacionamento entre a rede de restaurantes Mirantes e seus públicos. Por meio de reportagens sobre gastronomia, cultura local, educação, bem-estar e alimentação, a Aroma Mirantes vem preencher uma lacuna editorial na região de Florianópolis.

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Page 1: Aroma Mirantes ed. 01

Serra acima, rumo aoS vinhedoS

Acarajé no Sul da Ilha

edição 01 - juLho/13

Page 2: Aroma Mirantes ed. 01
Page 3: Aroma Mirantes ed. 01
Page 4: Aroma Mirantes ed. 01

carta ao leitor

A Aroma Mirantes, como sugere o

nome e reforça a capa, é uma revista do

Mirantes Restaurante, mas é acima de

tudo uma publicação de Florianópolis e

de Santa Catarina.

Criada por seis irmãos manezinhos, a

rede Mirantes nasceu há mais de 20 anos,

e hoje conta com 14 unidades na Grande

Florianópolis. Crescemos junto com a

cidade. Em 1989, quando abrimos a primeira

unidade no Mirante do Morro da Cruz – é

daí que vem o nome – a Ilha era bem

diferente do que é hoje.

Nesses anos todos, vimos a inauguração

da ponte Pedro Ivo, a urbanização de áreas

antes pouco ocupadas e o crescimento

exponencial da fama de Florianópolis

no país inteiro.

Vimos também a cidade de duas décadas

atrás dar lugar ao que é comum em outras

localidades: a paisagem de concreto, as

buzinas, o acelerador no fundo. Motivo para

lástimas? Não cremos.

Entendemos que não se deve lutar contra

a maré. O esforço está, sim, em entender

quem somos e buscar nossa identidade,

tanto pelo resgate e manutenção das raízes

quanto pela consolidação do que vem de

fora para somar.

Esta revista busca estreitar o

relacionamento com o público frequentador

do restaurante, mas também busca mais.

Queremos preencher uma lacuna editorial

em nossa região, falando de gastronomia

e outras dimensões da sociedade, como

cultura, educação, bem estar e alimentação.

Queremos ser, acima de tudo, uma

publicação sobre pessoas e ações positivas,

refletindo Florianópolis e quem aqui mora:

um povo entusiasta da qualidade de vida,

dos hábitos saudáveis, da tecnologia, dos

esportes, da cultura do que é bom e faz bem.

Nessa panela com os mais diversos

temperos e ingredientes, queremos

encontrar o equilíbrio entre os sabores,

para que o resultado seja sutil como as

paisagens da nossa Ilha e estimulante

como o progresso. Uma boa leitura!

Um abraço,

Família mirantes

Consolidando a identidade

DIRETOR GERAL

Thiago Steiner

DIRETOR DE CRIAÇÃO

Bruno Boesche (Cohoo)

DIAGRAMAÇÃO

Estúdio Lobotomáticos

EDITORA CHEFE

Rosielle Machado

REPORTAGEM

Lucas Pasqual

Pollyanna Niehues

Rosielle Machado

COLABORADORES

Isabella David

Ivana Henn

Joi Cletison

Maria Lúcia Gusmão

Thiago Momm

FOTOGRAFIA

Giovanni Bello

FOTO DE CAPA

Thiago Guedert

COMERCIAL

comercial@

revistanaipe.com

IMPRESSÃO

Coan

TIRAGEM

6 mil exemplares

A Aroma Mirantes é uma publicação

da rede de restaurantes Mirantes,

distribuída gratuitamente e

produzida pela Editora Naipe, em

parceria com a Cohoo.

Baixe o aplicativo da Aroma Mirantes

na Apple Store e no Google Play

Page 5: Aroma Mirantes ed. 01

cozinha

No último ano, um detalhe tem chamado a

atenção de quem frequenta os restaurantes

Mirantes: os informativos em cima das mesas.

Com dicas de nutrição, bem-estar e

responsabilidade social, os textos fazem parte

do “Projeto Mirantes: promovendo Saúde &

Longevidade e um Mundo Sustentável”.

A iniciativa só foi possível graças à parceria entre

o restaurante e a médica nutróloga Isabela David,

responsável pela Insight Assessoria e Consultoria

em Nutrologia. Além de realizar palestras e

eventos, é ela quem produz todo o material. A

meta é reforçar a dedicação do Mirantes com o

bem-estar de seus clientes.

Segundo Dra. Isabela, é importante divulgar

alimentos e nutrientes recomendados para manter

a saúde e reduzir o risco de doenças. “Muitas

pessoas se surpreendem porque nunca viram um

restaurante contratar médicos para dar assistência

e informações nutrológicas”, comenta ela, que

considera esse o ponto mais inovador do projeto.

“O importante é envelhecer com qualidade.

A nossa missão é disponibilizar informações

referenciadas pela literatura científica”, explica a

médica. Ela ainda recorre a um famoso provérbio

para definir a essência da proposta: “Não basta

acrescentar anos à vida, e sim dar vida aos anos”.

O projeto é mais uma iniciativa pioneira do

Mirantes, que há duas décadas acompanha o

dia a dia de quem vive na ilha. A empresa se

mostra preocupada em ajudar os clientes a fazer

escolhas alimentares saudáveis e colaborar com a

sustentabilidade do planeta.

Seu restaurante com algo mais“Projeto Mirantes” traz dicas de nutrição Para Melhorar beM-estar de clientes

Page 6: Aroma Mirantes ed. 01

Hortas de apê Plante, cultive e colha verdes na sacada de casa

Com dendê, com afeto Baiana serve acarajé na própria residência, em Florianópolis

Tempo de Pinhão Conheça a versatilidade da semente típica do Sul

o casal do Ceasa Há mais de 40 anos, Longino e Marta vendem hortaliças nas madrugadas

Quanto mais cru melhor Alimentação viva baseia-se em vegetais para melhor bem-estar

16 18 20 2230

16

22

cardápio

30

18

Page 7: Aroma Mirantes ed. 01

+aperitivos

editorial Fotográfico

receitas

Almoço sob medida Combine alimentos no prato e tenha uma refeição mais saudável

SerrA AcImA, rumo AoS vInhedoS

Um roteiro de quatro dias por vinícolas catarinenses

Folclore à mesa Projeto leva arte ilhoa aos restaurantes Mirantes

ShoPPinG de SonhoS Site reúne voluntários para ajudar pessoas carentes

Quem é do mar não enjoa Os 117 anos da banda do Ribeirão da Ilha

36

46

48

50

32

85460

36

5048 54

cardápio

Page 8: Aroma Mirantes ed. 01

aperitivo

Gosto de quê?Frequentadores de restaurantes Mirantes contaM quais aliMentos trazeM MeMórias esPeciais

“minha mãe, de quem tenho muito orgulho, é descendente de árabes e sempre fez quibe. Foi com ela que aprendi a receita que uso até hoje.”

Conceição Mussi Maia, comerciante e cliente

Mirantes há mais de uma década. Sua mãe

Adélia, de 97 anos, é quase patrimônio do

centro da cidade: começou a trabalhar no

comércio de Florianópolis na adolescência

e até hoje não passa um dia sem ir à loja de

bolsas que tem há 60 anos na Rua Deodoro.

“Gosto muito de doces, e no início do casamento minha esposa dalcira sempre

fazia doce de leite. Somos casados há 37 anos. o doce dela é excelente, de comer puro.”

Carlos Alberto de Souza,

funcionário público e cliente Mirantes há 15 anos

8

Page 9: Aroma Mirantes ed. 01

“Quando eu era criança, lembro que minha tia hilda, típica alemã, visitava minha casa e fazia uma espécie de sonho sem recheio que eu chamava carinhosamente de ‘nozinho’. mesmo sendo uma receita simples, o diferencial era o carinho e amor que ela acrescentava.”

Denise Machado Pacheco, publicitária e

cliente Mirantes há 10 anos

“Batata frita é uma coisa que me lembra da infância. eu sempre comia, em casa ou na rua.

É uma comida que até hoje eu adoro.”

Suzana Leonetti, funcionária pública e

cliente Mirantes há 13 anos

“Para mim, o prato mais especial é a carne. alguém já viu peixe puxar carroça? o boi é que puxa.”

Telmo Vaz Pereira, artista

plástico e cliente Mirantes

há dois anos

“meu pai é português, por isso bacalhau é um prato que me lembra muito da

minha infância.”

Naíla Dubiel, bibliotecária e

cliente Mirantes há 10 anos

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Page 10: Aroma Mirantes ed. 01

1 - AventurAs gAstronômicAsA catarinense Flora Refosco vive no caos de São

Paulo, mas encontra tempo para atualizar o É o que

tem pra hoje (ehoquetemprahoje.blogspot.com.br).

No blog, ela compartilha receitas variadas, de queijo

fresco a sopa de tomate, e ainda dá dicas valiosas

sobre como lavar panelas e espantar aquelas

mosquinhas que insistem em sobrevoar as frutas.

2 - BAcAlhAu, orA poisA premissa do site português 1001 Receitas

(1001receitas.com) é interessante: mil e uma

formas diferentes de se preparar a maior iguaria

lusitana, o bacalhau. Até agora o site oferece 364

receitas – o que já é suficiente para experimentar

um prato novo a cada dia, durante um ano. Há ainda

dicas de pratos com arroz e saladas. Tudo, claro,

acompanhado de bacalhau.

PAnelA viRtuAl

cinco sites de culinária que valeM o clique

3 - chá dA tArdeO blog da jornalista Hanny

Guimarães, Rota do Chá

(rotadocha.com.br), traz receitas de

chás e quitutes para acompanhar o

lanche da tarde, ou “chá das cinco”.

Há ainda ensaios fotográficos,

dicas de restaurantes, avaliação de

produtos e promoções.

FLO

RA

REF

OSC

O

FLO

RA

REF

OSC

O

Page 11: Aroma Mirantes ed. 01

4 - culináriA com design Em inglês, o the Kitchn (thekitchn.com) vale a visita.

Dedicado à culinária e ao design de cozinhas, o blog recebe

mais de quatro milhões de leitores por mês. São cerca de

20 artigos diários com receitas, resenhas de utensílios e

conselhos para deixar sua cozinha mais bonita.

5 - lugAr de homem é nA cozinhACriado pelo blogueiro Ricardo Cobra em 2006, o homem na

Cozinha (homemnacozinha.com) pretende ser “uma extensão

do caderno de receitas do autor”. O enfoque inicial era dar

dicas para os homens seduzirem o sexo oposto pelo paladar.

Com o crescimento da audiência feminina, o site passou a

se dedicar ao compartilhamento de receitas e experiências

gastronômicas em geral.

Catarinense Flora Refosco compartilha experiências culinárias no blog É o que tem pra hoje

aperitivoFE

LIPE

MA

LHEI

RO

FLO

RA

REF

OSC

O

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Page 12: Aroma Mirantes ed. 01

SentadoO sedentarismo causa mais danos

à saúde que o cigarro. Foi o que

concluíram pesquisadores da

Universidade de Queensland, na

Austrália, no final do ano passado.

A pesquisa aponta que a cada hora

sentada uma pessoa tem sua expectativa

de vida reduzida em 21 minutos, dez

a mais que fumar um cigarro.

A professora do curso de Fisioterapia

da Universidade do Estado de Santa

Catarina (Udesc) Alessandra Martin

confirma que a posição sentada pode

comprometer a coluna vertebral.

“Quando se permanece sentado por

muito tempo, os músculos modificam

seu estado de tensão, as vértebras

são comprimidas e todo o corpo sofre

compensações.” A má postura, explica

Alessandra, pode afetar a maneira

como alguém caminha, aumentando

o esforço sobre quadris, joelhos,

tornozelos e pés.

tRABAlhAR SentAdo ou eM PÉ?segundo esPecialistas, neM uM neM outro. Passar Muito teMPo na MesMa Posição Pode causar hiPertensão, ProbleMas Musculares e dores na coluna

12

Page 13: Aroma Mirantes ed. 01

em péTrabalhar três horas em pé

por dia pode resultar na perda

de até 3,6 kg por ano, de acordo

com John Buckley, pesquisador

da Universidade de Chester,

na Inglaterra. O argumento

é que deixar de trabalhar

exclusivamente sentado melhora

a circulação e ajuda a combater

a obesidade.

A solução, porém, não é

permanecer em pé durante

longos períodos. Segundo o

fisioterapeuta Marcelo Reis

Cezar, que atua nas áreas de

ergonomia, RPG e pilates, quem

trabalha em pé por tempo

prolongado pode desenvolver

hipertensão. “Esta posição

tem mais gasto energético,

aumentando o esforço cardíaco

para levar o sangue até as

extremidades do corpo.”

mexa-se

• Caminhe pelo local de trabalho a cada hora

• Estique as pernas, gire os pés para os

dois lados, alongue braços e pescoço

• Dispense o elevador e use as escadas

• Tenha uma bola de tênis por perto para

massagear pés, pernas, costas, braços e pescoço

• Levante e converse pessoalmente

com um colega ao invés de telefonar

• Invista na qualidade de vida.

o corpo vai responder

melhor se você se mantiver

hidratado, sem stress e com uma

alimentação saudável

13

aperitivo

Page 14: Aroma Mirantes ed. 01

aperitivo

nutraBem

Para quem quer perder peso ou apenas

manter uma alimentação saudável,

qualquer incentivo é sempre bem vindo.

O aplicativo NutraBem não substitui o

acompanhamento de profissionais da

saúde, mas serve como estímulo para quem

quer controlar a dieta.

Descrito como “o primeiro aplicativo

elaborado para os hábitos alimentares dos

brasileiros”, ele mantém um registro diário

de cada refeição. Além disso, aponta as

calorias consumidas versus recomendadas

e permite simular combinações de

alimentos antes do consumo, orientando

as decisões. Há ainda informações sobre

grupos alimentares com equivalência

nutricional e dicas de nutricionistas sobre

escolhas saudáveis.

Autocontrole na tela aPlicativos de celular serveM

coMo eMPurrãozinho Para vida Mais saudável

haBitForGe

Quanto tempo você leva para se apegar a

um novo hábito ou perder um vício? Vinte

e um dias, de acordo com o HabitForge

(habitforge.com). O aplicativo garante que,

após esse período, é possível deixar de comer

determinado alimento ou começar a praticar

exercícios com regularidade.

A ferramenta, em inglês, é simples de usar:

primeiro, você escolhe o hábito que pretende

abandonar ou adotar. Depois, começa a receber

e-mails diários questionando se alcançou as

metas do dia.

É possível conhecer pessoas com objetivos

semelhantes e compartilhar cada progresso.

Outra possibilidade é apostar com um amigo:

caso não cumpra a meta, você pagará um

valor preestabelecido a ele ou a alguma

organização de caridade.

Page 15: Aroma Mirantes ed. 01

O café expresso tem conquistado espaço em casas

e escritórios por ser mais consistente e preservar

o aroma e o sabor do grão por mais tempo. A

Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic)

estima que atualmente existam 850 mil máquinas

em lares brasileiros, número que tende a aumentar.

Fáceis de operar, as máquinas automáticas são

recomendadas para se ter em casa. Além de serem

mais práticas e rápidas que as profissionais, elas

permitem o uso de uma variedade maior de tipos de

café: em sachê, cápsulas, pó ou grãos.

Sem filtro

coM PoPularização das Máquinas de exPresso, caFé ganha novo sabor

Nestlé Dolce Gusto Melody IIProduz: café expresso, com leite, cappuccino e chocolate quentePressão: 15 barCafé em cápsulasCapacidade: 1 xícaraPreço: R$ 349,99

Nespresso Essenza C101Produz: café expressoPressão: 19 barCafé em cápsulasCapacidade: 1 xícaraPreço: R$ 495,00

Philips Senseo HD7811Produz: café expressoPressão: 15 barCafé em sachêCapacidade: 2 xícarasPreço: R$ 299,00

aperitivo

O barista Philipe Glazer garante que o

ideal é optar por um equipamento que

utilize café em grãos, por ter qualidade

superior ao pó e ser mais barato que

sachês e cápsulas. Segundo Glazer, investir

na qualidade do grão é o segredo para

conseguir um sabor semelhante ao dos

cafés feitos em máquinas profissionais.

“Também é importante que a água esteja

na temperatura ideal, 90°C, e que a pressão

de 9 bar seja alcançada.”

15

Page 16: Aroma Mirantes ed. 01

Em certas regiões de Florianópolis onde

poucas casas teimam em persistir, torna-

se cada vez mais incomum ver terra. Há

asfalto, calçada, concreto, quem sabe até

um ou outro gramado. Terra mesmo é

raridade. Mas enquanto perde espaço lá

embaixo, um pouco mais no alto o solo

natural conquista metros quadrados:

nas áreas urbanas, é em sacadas de

apartamentos que o cultivo de hortaliças e

temperos ganha maior número de adeptos.

Além de sustentável, trocar o mouse

do computador pela pá de jardinagem é

hortaS de aPêcoMa o que você MesMo Plantou: eM Pequenos esPaços, é Possível cultivar teMPeros e outros verdes

também uma maneira de cultivar

um novo hobby. Com a professora de

artesanato Bernadete Pereira Pacheco

foi assim. “Mais do que comer, gosto de

ver o desenvolvimento das plantas”,

conta ela, que já colheu até grão de

bico no décimo primeiro andar do

prédio onde mora, em São José.

Dentro de oito vasos, Bernadete tem

tomate cereja, boldo, hortelã, cebolinha,

salsinha e um estimado pé de physalis que

volta e meia dá frutos. “Aqui é só pedra. Se a

gente planta algo, dá um ar de chão”, sorri.

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GIO

VAN

NI B

ELLO

Page 17: Aroma Mirantes ed. 01

Desde a época em que morava em casa, ela

já era mais de horta que de flor. Quando

se mudou para apartamento, há dez anos,

quis levar algum verde para o novo lar – e,

de quebra, orgânicos para a mesa. “O cheiro

e o gosto são totalmente diferentes das

coisas compradas no supermercado.”

Há quem diga que as hortas urbanas

representam uma revolução no sistema

alimentar, por fecharem um ciclo: as

sobras de comida adubam as hortaliças, e

as hortaliças viram comida. Em São Paulo,

recentemente um shopping utilizou quase

um hectare no telhado para o cultivo de

verduras, misturando à terra os restos de

alimentos da praça de alimentação. Em

outras capitais, como Salvador, Curitiba e

João Pessoa, grupos de pessoas organizam

mutirões e fazem pequenas colheitas em

terrenos públicos.

Em Florianópolis, existem projetos

sociais de plantio coletivo em comunidades

carentes, mas fora isso a tendência

das hortas urbanas ainda se restringe

principalmente às residências. Na opinião

da arquiteta e paisagista Bárbara Godeny,

tornou-se moda ter hortaliças, temperos,

chás e até árvores frutíferas na sacada.

“Antigamente isso ficava escondido lá

na lavanderia. Hoje você faz não só pela

função, mas também pela estética”, aponta

a arquiteta. Ela observa que mesmo quem

não tem experiência com plantas costuma

se sair bem após algumas instruções e um

pouco de dedicação.

A professora de Jornalismo da

Universidade Federal de Santa Catarina

(UFSC) Maria José Baldessar reserva de 20

minutos a uma hora por dia para regar,

verificar as folhas e, nos fins de semana,

afofar a terra. Em uma sacada de 3 m²,

ela planta tomilho, alfavaca, alecrim,

manjericão, tomate cereja e pimentas. “É

mais prazeroso do que lucrativo”, constata,

e garante que, para ter bons resultados, é

preciso zelo: “A horta, como tudo, depende

do seu cuidado”. (Rosielle Machado)

• decida o que plantar: os verdes mais

indicados são cebolinha, salsinha, tomilho,

orégano, manjericão, rúcula, repolho, alface,

alecrim e louro.

• escolha o local da casa: para crescerem

bem, as plantas precisam de quatro horas de

sol por dia. Atenção: se você tem animais de

estimação, coloque sua horta em local mais alto.

• tenha um recipiente propício: fáceis de

transportar, vasos são mais indicados que

floreiras. Quanto ao tamanho, os pequenos são

ideais para temperos e chás. Os médios, para

alecrim, louro e manjericão. Os grandes, para

hortaliças como rúcula, alface e repolho.

• prepare o vaso: espalhe uma camada

de argila; coloque por cima a manta de bidim,

que irá segurar a terra em cima e a água

embaixo; encha de terra até um pouco mais

da metade do recipiente.

• plante: para temperos, deixe uma distância

de 15 cm entre as plantas e, para hortaliças,

30 cm. Para um resultado mais rápido, prefira

mudas a sementes.

• regue: para saber se a planta está

precisando de água, coloque um dedo na terra e

sinta se ela está seca ou úmida. Meio copo por

dia é suficiente para um vaso pequeno.

• Colha: utilize uma tesoura ou faca. Cuide

para não misturar o utensílio com os outros da

cozinha, para evitar contaminação.

Além de sustentável, trocar o mouse do computador pela pá de jardinagem é também um modo de cultivar novo hobby

mãos à terra

tira-gosto

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tira-gosto

Page 18: Aroma Mirantes ed. 01

Com dendê, com afetoacarajé Feito aos sábados Pela baiana Maria Madalena na PróPria casa é uM achado no sul da ilha

A primeira impressão é de estar invadindo uma

festa de família. Vista de fora, a casa localizada em

uma servidão no bairro Rio Tavares não aparenta

ser nada além disto: uma casa. É preciso abrir o

portão de madeira para ver as mesas no quintal,

sentir o cheiro do dendê na fritadeira e perceber

que lá reina, junto do acarajé, a informalidade.

É assim que todo sábado à noite, há seis anos, a

baiana Maria Madalena Soares gosta de receber

amigos e desconhecidos para servir o tradicional

quitute nordestino.

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GIO

VAN

NI B

ELLO

tira-gosto

Page 19: Aroma Mirantes ed. 01

Madá, como é conhecida a cozinheira e anfitriã,

orgulha-se de estar na contramão de quase tudo

o que restaurantes costumam oferecer. Não há

máquina de cartão de crédito ou cardápio para

listar as opções: acarajé, cocada, refrigerante e

cerveja. Também não existem garçons. São as filhas

Andreia e Daniela que atendem os clientes e pegam,

em isopores, as latas de bebida que vão sendo

anotadas num caderno.

Além das oito mesas ocupadas no pátio, outro

indício de que semanalmente a casa se transforma

em reduto de acarajé é um quadro na sala de

televisão com a única reportagem já feita sobre o

local. Madá não procura divulgação e tampouco

pensa em abrir restaurante. “Muito trabalho”, resume

ela, que há 23 anos trocou Salvador por Florianópolis

acompanhando o casal para quem trabalha até hoje

como doméstica.

Curiosamente, Madalena nunca havia preparado

acarajé na Bahia. A primeira tentativa aconteceu

já na Ilha, como maneira de inovar o lanche das

crianças. Incentivada pelos patrões, em 1992 ela

começou a vender em bares e na feira da Lagoa da

Conceição. Há seis anos, aproveitou o nascimento

do neto para diminuir o ritmo de trabalho. Decidiu

limitar a produção de acarajé à própria cozinha, uma

vez por semana. “Naquela época, nem mesa tinha”,

lembra Madalena. “Compramos uma, depois outra, e

assim as pessoas foram vindo e virando amigas”.

O clima de amizade supera de tal forma o de

comércio que mal se sabem quantos acarajés são

vendidos por noite. “É uma comida tão especial que

não é número”, explica Daniela. “A gente não conta,

a gente recebe, e enquanto tem cadeira vamos

recebendo. Se não tiver, servimos em pé, mesmo.”

Vai lá: acarajé da Madá;

Sábados, das 18h30 às 22h; Servidão Paulo Simão Martins, 98,

Rio Tavares, Florianópolis;

Em noites de alta temporada, as mesas são

disputadas. A notícia corre e muitos turistas aparecem.

No inverno o movimento cai, mas a maior parte do

espaço continua ocupado, graças a um grupo de

assíduos que se auto intitulam “fanáticos”.

O servidor público Eduardo Delvalhas é um desses.

Conheceu o acarajé de Madalena há cinco anos e

apaixonou-se de tal forma pelo salgado baiano que o

tatuou na lateral do abdômen. “Fiz inspirado na Madá”,

conta ele, que também estampa no corpo imagens de

churrasco, pimenta e queijo.

Frequentadora há seis anos, a cozinheira Helena

Maria de Araújo não chegou a gravar a paixão por

acarajé na pele, mas garante que só não aparece na

casa de Madalena aos sábados se estiver viajando.

“Na sexta-feira já começa a dar abstinência”, brinca,

e arrisca dizer que o melhor acarajé da Bahia está em

Florianópolis. “Parece que é feito com a alma.”

Tão especial quanto a culinária de Madá, na

opinião de Helena, é o clima singular do local. “O

mundo pode estar acabando lá fora, mas aqui dentro

vai estar tranquilo. É como se fosse a casa da tia da

gente.”(Rosielle Machado)

Local une informalidade no atendimento e

capricho na preparação do quitute nordestino

Culinária de Madá inspirou o servidor público Eduardo Delvalhas

a tatuar quitute no abdômen

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Page 20: Aroma Mirantes ed. 01

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Nada de pétalas coloridas: por fora, com casca verde e grossa em

camadas, a flor da araucária não parece muito apetitosa. O segredo

da pinha está no seu interior. Ali dentro é encontrada a semente

mais famosa do Sul do país, o pinhão.

Colhido entre abril e agosto, ele é presença certa na mesa dos

catarinenses durante o inverno. As opções são variadas – salada,

maionese, farofa, purê, macarrão, nhoque, pizza, truta, panqueca,

pudim, pão... tudo usando pinhão como base. Com 160 calorias

a cada 100 g, a semente é rica em amido, cálcio e fósforo, que

estimulam o equilíbrio da flora intestinal e, segundo estudos

da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária),

colaboram na prevenção de problemas cardiovasculares.

A araucária é árvore protegida por lei e, por isso, a produção

não é feita em escala. “Já existe uma área plantada, de pinhão

nativo”, esclarece Joseli Stradioto Neto, engenheiro agrônomo da

Epagri (Emprea de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de

Santa Catarina). Isso explica a ausência de dados oficiais sobre o

cultivo em Santa Catarina – sabe-se que a Serra concentra a maior

colheita, pois é onde se encontra o maior número de araucárias.

É na região serrana, em Lages, que mora a família da jornalista

Camila Garcia, consumidora voraz de pinhão. “É comida de

inverno, tipo sopa. Lá em casa, fazemos na panela de pressão e

vamos beliscando o dia todo”, conta ela, que utiliza um pequeno

alicate para tirar a casca sem precisar usar os dentes. Nas reuniões

da família, o cardápio é sagrado: entrevero. A tradição já começa

na palavra, que segundo o dicionário Aurélio significa confusão.

Pedaços de carne de boi, porco, frango, calabresa, bacon, cenoura,

cebola e pimentão são misturados em um disco junto com a

semente cozida e descascada.

Tempo de pinhão

versátil na culinária, seMente é ideal Para acoMPanhar carnes, Peixes, soPas e até sobreMesas

Page 21: Aroma Mirantes ed. 01

21

Além dos pratos tradicionais, o pinhão pode ser

servido como acompanhamento para carnes, peixes,

sopas, cremes e em substituição a massas. A chef

Helena Menezes ensina: se adicionado a gratinados,

transformado em farofa ou envolvido em lâminas

de bacon, pode resultar numa entrada saborosa. É

possível prepará-lo até na versão doce, garante Helena.

“Caramelizado, com doce de leite, cocada ou até bolo

de pinhão, que é uma delícia.”

Atualmente, Helena é chef em domicílio na cidade

de Curitiba. Ela já cozinhou para representantes dos

governos japonês e alemão, e deste último partiu

o convite para participar da feira de Stutgartt, na

Alemanha, em 2011. A recepção dos estrangeiros

à semente brasileira foi boa, segundo a chef. “Eles

acharam exótico e se comoveram porque a araucária é

uma árvore muito antiga e em risco de extinção.”

Outro chef que cria pratos diferentes usando pinhão

é Fernando Moniz, dono do restaurante A Taverna, em

Urubici, na Serra Catarinense. Assim como Helena,

Fernando mantém um estoque da semente congelada,

para poder servi-la o ano todo. Uma das especialidades

do chef é a sequência de pinhão. Como entrada, pesto;

em seguida, salada e escondidinho à base da semente;

para a sobremesa, pinhão flambado e caramelizado

com sorvete de creme. “Não tem a sequência de

camarão na Lagoa, aí em Florianópolis? Aqui, a

sequência é outra”. (Lucas Pasqual)

Porção para 5 pessoasIngredIentes

1 peito de frango

cortado em cubinhos

100 g de manteiga

100 g de queijo

mozzarella ralado grosso

1 copo de requeijão cremoso

1 colher de sopa cheia

de amido de milho

1 lata de creme de leite

1 lata de milho

1 lata de ervilha

200 g de pinhão descascado,

cozido com sal

Modo de preparo

Derreta a manteiga na frigideira, salgue o frango e frite até dourar. Misture o creme de leite, o requeijão e a água do milho e da ervilha. Ferva e engrosse com o amido de milho. Num refratário, coloque o frango, o milho, a ervilha e o pinhão. Cubra com o molho, salpique queijo e gratine até dourar. Enfeite com pinhões e sirva acompanhado de arroz branco e salada verde.

Por Chef Helena Menezes

Adicionado a gratinados, transformado em farofa ou envolvido em bacon, alimento permite combinações saborosas

Frango com pinhão

tira-gosto

Page 22: Aroma Mirantes ed. 01

22

tempero

aos oitenta e tantos anos, seu longino e dona Marta continuaM vendendo hortaliças nas Madrugadas

o casal do ceasa

Por rosielle Machado Fotos Giovanni Bello

Page 23: Aroma Mirantes ed. 01
Page 24: Aroma Mirantes ed. 01

24

À uma e meia da madrugada, o cheiro

do café começa a se espalhar pela casa

dos Guesser. Muitas luzes da Grande

Florianópolis ainda nem foram apagadas,

mas Seu Longino e Dona Marta já tiveram

sete horas de sono. Às 2h, embarcam

na Kombi carregada de verduras e

percorrem os 30 km que separam sua

residência, em Antônio Carlos, da Central

de Abastecimento de Santa Catarina

(Ceasa-SC), em São José. Há quase

quatro décadas, é lá que o casal vê o dia

amanhecer, enquanto trabalha das 3h às

8h de segunda a sábado.

Primeiros produtores cadastrados

no Ceasa catarinense, Longino e Marta

são fornecedores de verduras dos

Restaurantes Mirantes desde que a

unidade número um foi aberta, há mais

de vinte anos. Nesse tempo, o casal

pouco mudou. Aos 83 anos, ela continua

só sorrisos. Ele, aos 86, também segue

como sempre: mais risinho de canto,

sobrancelha levantada, vinco na testa.

Juntos, os dois equilibram-se numa

dupla atenta e simpática. Mesmo às 3h30

da manhã não se percebe aquele mau

humor de quem cedo madruga. Enquanto

Longino descarrega as caixas de verduras

da Kombi, costuma cumprimentar

outros produtores e mexer com um ou

outro colega flagrado num bocejo: “Tá

acordando ainda?”

Longino lembra bem da época em que

a venda de hortifrúti acontecia nas ruas.

Na década de 1960, toda semana ele subia

na sua carroça e ia sozinho de Antônio

Carlos até o centro de Florianópolis

vender seus produtos. O que o agricultor

menos gostava naquele tempo era dos

dias de vento sul. Parecia que tudo

sacudia na ponte Hercílio Luz e, sem o

aterro, as ondas do mar respingavam nos

comerciantes no Mercado Público.

No município de Antônio Carlos, os Guesser vivem

em meio às hortaliças

Page 25: Aroma Mirantes ed. 01

25

Foi para facilitar a ligação entre produtor e consumidor que, em 1972, o

Governo Federal criou Centrais de Abastecimento nas capitais brasileiras. Em

Santa Catarina, os papéis foram assinados em 1976, mas o funcionamento

só começou dois anos depois. Pouca gente queria deixar a Praça do Mercado

Público, apesar dos problemas do lugar. Longino foi um dos primeiros a abraçar

a mudança. Tanto que, no dia da inauguração, ajudou a abrir os portões. “Por isso

tenho a carteirinha número um”, orgulha-se.

Hoje, existem mais de 400 espaços de venda e 900 produtores cadastrados

no Ceasa de São José. Por dia, são comercializadas cerca de mil toneladas de

produtos. Responsável por 14% dessa quantia, Antônio Carlos é o segundo maior

fornecedor de frutas e hortaliças do local. A economia do município depende

disso: mais da metade da produção vai parar em um dos seis pavilhões da

Central, onde é vendida para restaurantes, supermercados e outros varejistas.

Aos 83, ela é só sorrisos. Ele, com 86, é mais risinho de canto e

sobrancelha levantada

RO

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LE M

AC

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Page 26: Aroma Mirantes ed. 01

26

Quase 80% das 1800 famílias antônio-carlenses

vivem dos hortifrutigranjeiros. Mesmo com o mar

logo ali, a menos de 50 km, as novas gerações

costumam permanecer no campo para dar

continuidade às atividades da família. Com seu

Longino foi assim. A agricultura também era a

ocupação de seu pai, do pai de seu pai e de quase

todos os pais anteriores. Dos seis filhos que ele e

Dona Marta têm, dois vivem do plantio de verduras.

Até hoje, o casal fica de rosto vermelho ao contar

como se conheceu, na adolescência. Um dia, o pai de

Longino pediu que ele fosse comprar melaço na casa

do pai de Marta. Chegando lá, o rapaz viu de longe

a sorridente garota de cabelos castanhos e, dali em

diante, começou a inventar desculpas para voltar.

Voltou tanto que acabaram namorando e casando.

“Não tivemos nenhuma briga ainda”, diverte-se

Longino, que nos fins de semana gosta da casa cheia

– o que não é difícil com 19 netos e seis bisnetos.

A árvore genealógica dos Guesser se parece

muito com a de outras famílias de Antônio Carlos:

os avós vieram da Alemanha, instalaram-se em

São Pedro de Alcântara e, mais tarde, migraram

para as planícies próximas ao rio Biguaçu em busca

de solo mais fértil. Além da atividade profissional

e do sotaque – “não” quase sempre é pronunciado

como “nom” – Longino e Marta herdaram a saúde.

Antônio Carlos tem a segunda maior expectativa

de vida do Brasil, e reflexo disso são os passos firmes

e a lucidez do casal octogenário. Para cada copo do

vinho tinto que bebe diariamente, Longino parece

tomar dois de vitalidade.

tempero

Entre os 900 produtores cadastrados no Ceasa-SC, Seu

Longino orgulha-se de ter a carteirinha número um

Page 27: Aroma Mirantes ed. 01

27

“Eles têm mais energia que muitas

pessoas jovens”, comenta Rosângela

Guesser, parente de Longino e vizinha

de box no Ceasa há 28 anos. Ela entrega

que, por lá, Longino é conhecido pelo

apelido de Sarney. “É porque tira muita

sarna dos outros”, brinca. “Mas é tudo na

esportiva, ele e a esposa são pessoas muito

humildes. Pela idade deles, ainda estar aqui

trabalhando é muita força de vontade.”

Dona Marta explica que ela e o marido nem

pensam em aposentadoria. “Enquanto a gente

puder andar, vamos continuar. Não quero ficar

parada.” Ela prefere a rotina de acordar à 1h30,

almoçar às 10h30, cochilar, assistir à novela

da tarde e preparar o jantar às 18h. Sempre

que alguém pergunta se não é a hora do casal

aproveitar para dormir até mais tarde e passear

um pouco, a resposta vem junto com o habitual

sorriso: “Eu não gosto de viajar. Só para o Ceasa.”

Page 28: Aroma Mirantes ed. 01

Estamos sempre à procura do segredo para conquistar

a tão sonhada felicidade. No espaço familiar, buscamos

harmonia, cumplicidade e união. Empresas investem no

desenvolvimento das pessoas, em estrutura e recursos

modernos para motivar e reter profissionais talentosos.

Nas relações amorosas, queremos plenitude e troca de

afetos. Mas qual a medida exata para se sentir feliz?

Existe uma receita universal?

De acordo com a Wikipédia, felicidade é “um estado

durável de plenitude, satisfação e equilíbrio físico

e psíquico, em que o sofrimento e a inquietude são

transformados em emoções ou sentimentos que vão

desde o contentamento até a alegria intensa ou júbilo”.

Diferentes estudos já foram realizados tentando

identificar quais fatores incidem na felicidade, mas

nenhum conseguiu respostas exatas.

Na Universidade de Illinois (EUA), uma pesquisa feita

em 123 países analisou o contexto cultural de cada local

em interação com elementos motivacionais, com base

em teorias como a das “Necessidades de Maslow”. O

estudo conseguiu identificar alguns elementos-chave

para que alguém se sinta feliz: necessidades básicas,

relacionamentos sociais, domínio do conhecimento,

autonomia, respeito e segurança. Mas de que maneira

tudo isso leva à conquista de uma vida feliz?

Como ponto de partida, é importante perguntar a si

mesmo: o que eu faço está a serviço do quê? Considere

para onde você está canalizando sua energia e a razão

disto. Dedicar-se a fazer algo sem satisfazer às suas

necessidades pode ser um gasto inútil de energia,

postergando ainda mais a felicidade.

Num segundo momento, identifique suas necessidades

e o grau de satisfação que elas proporcionam a você.

Aquelas que mais o satisfazem são as que demandarão

maior energia, mas equilíbrio é importante: mesmo com

menor grau de satisfação, outras necessidades também

deverão ser atendidas.

Por último, lembre-se sempre de fazer seu “eu”

feliz. A satisfação das necessidades está diretamente

relacionada às suas crenças e valores. Estes, por sua vez,

estão vinculados à sua história e identidade, ainda que

os níveis de satisfação possam variar de acordo com

o momento da vida de cada pessoa. E não se esqueça:

não há cálculos exatos. A medida certa para a felicidade

é customizada para cada um de nós, ou seja, temos

que buscar o equilíbrio satisfazendo o que temos como

necessidade. Seja feliz à sua medida!

À procuraconheciMento, autonoMia, segurança, sociabilização... existe receita Para uMa vida Feliz?

auto

estima:confiança,

afetivo-social:interação com colegas,

segurança: segurança do corpo, do emprego, de recursos,

básicas-fisiológicas: alimentação, moradia, conforto e lazer. Sono,

*Maria Lúcia Gusmão é diplomada em Estudos Avançados de Psicologia Social pela universidade de Barcelona e trabalha como consultora em gestão de pessoas

por Maria Lúcia Gusmão

28

Pirâmide das Necessidades de Maslow

Page 29: Aroma Mirantes ed. 01

29

Page 30: Aroma Mirantes ed. 01

Sementes germinadas, legumes e frutas.

Tudo cru ou apenas morno, fermentado

ou desidratado. No cardápio de quem

segue a culinária viva não entra nada

de origem animal ou que tenha sido

aquecido acima de 37°C. Ainda que a base

dessa alimentação sejam saladas, há

diversidade: é possível preparar massas

de grãos germinados e até queijos de

macadâmia ou amêndoas.

O objetivo de quem segue a alimentação

viva é melhorar a disposição, o bem-

estar e a vitalidade. A presidente da

Sociedade Vegetariana Brasileira, Marly

Winckler, explica que a busca por saúde

é o que costuma impulsionar as pessoas

a adotarem esse tipo de culinária. “Há

muitas vantagens para o organismo, já

que o alimento está na sua potencialidade

máxima, sem manipulação, cheio de

vitaminas e minerais”, esclarece.

QuAnTO MAiS CRu MelhoRcoM base eM vegetais e teMPeratura MáxiMa de 37°c, aliMentação viva teM coMo objetivo Melhorar disPosição e saúdePor Lucas pasqual

entrada

30

Para a engenheira eletricista Lorreine

Laube, a dieta começou como uma

maneira de lidar com a diabetes. “Tive

uma primeira experiência no final de

2011, e senti minha saúde melhorar.

Todos os exames comprovaram isso.

Como tudo estava ok, relaxei e comi

alimentos cozidos”, conta Lorreine, que

voltou à “viva” há dois meses e já sente os

impactos positivos da mudança.

Formada pelo Terrapia, projeto carioca

que é referência nacional no assunto, a

nutricionista Thaisa Navolar garante que

a alimentação viva é uma importante

ferramenta de educação nutricional

e combate ao excesso de alimentos

processados. “As pessoas sabem que têm

que comer frutas e verduras, mas faltam

atrativos. Por que não comer um creme

de manga com linhaça como sobremesa,

no lugar do doce?”

Page 31: Aroma Mirantes ed. 01

Uma das maneiras de adotar a dieta

é por meio de cursos que ensinam a

adaptação à culinária. Nas oficinas

que promove desde 2006, Thaisa tenta

mudar o estereótipo de que comida

saudável não tem gosto. “Eu me

preocupo com o sabor, a aparência

e o preparo, para que as pessoas já

comam com os olhos.” No entanto, ela

não aconselha ninguém a mergulhar

de cabeça na “viva”. “Cada pessoa deve

ser avaliada individualmente por um

profissional.”

Uma receita especial para o

professor Rodrigo Gagliano, adepto

da dieta há quase dois anos, é o pão

essênio. “Primeiro precisa germinar

o grão, deixando-o na água e depois

escorrendo, o que demora de um a

dois dias dependendo do grão”, relata.

“Depois, você tem que triturá-lo com

“Por que não comer um creme de manga com linhaça como sobremesa no lugar do doce?”, questiona nutricionista

Page 32: Aroma Mirantes ed. 01

Porção para 6 pessoasIngredIentes

Massa

500 g de castanha-do-pará

deixadas de molho por 8 horas

3 bananas picadas

Suco de meio limão rosa

sem sementes

Recheio

1 colher de sopa de sementes de chia

deixadas de molho por 30 minutos

2 mangas descascadas e picadas

Meio maracujá pequeno

Cobertura

Meio abacate maduro

100 g de tâmaras sem caroço deixadas

de molho por 10 minutos

torta vivaPor Buena Vibra Quitutes

Modo de preparo

MassaEm um processador, triture as castanhas até que fiquem em pedaços pequenos. Junte as bananas, o suco de limão e bata até formar um creme, mas deixe alguns pedacinhos de banana aparentes. Molde a massa no formato que preferir e leve à geladeira.RecheioBata no liquidificador a chia, os pedaços de manga e o maracujá até que as sementes do maracujá fiquem bem pequenas. Despeje na torta e leve de volta à geladeira.CoberturaTire as tâmaras de molho e deixe a água escorrer por alguns minutos. Depois, coloque no processador junto com o abacate até formar um creme. Use um bico de confeiteiro para espalhar a cobertura pelas bordas da massa. Para decorar, use frutas miúdas da estação.

temperos no liquidificador, e então fazer uma pasta

com um disco e colocar no desidratador”. O pão

demora entre 18 e 24 horas até ficar no ponto certo

para consumo.

Na opinião do professor, o convívio com não

vegetarianos é um dos pontos complicados na

adequação. “Se meus amigos dão uma festa e me

chamam, não significa que eles pensaram em fazer

uma salada pra mim.” Mas, segundo ele,

o esforço vale a pena: “Tem um episódio do

Pica-Pau em que ele acorda super pra baixo e,

pra melhorar, resolve tomar um tônico. Logo

que eu comecei a viva, tive a impressão que também

tomei desse tônico”, brinca. “Mas a

dieta não faz milagres, você está sujeito a

baixas psicológicas normais.”

entrada

Page 33: Aroma Mirantes ed. 01

Um dos temas preferidos de minhas palestras

é “Medicina do Século XXI: Mais Preventiva, Mais

Preditiva, Mais Personalizada”. Escrever para a

revista Aroma Mirantes me dá a oportunidade de

divulgar e esclarecer esta proposta.

Mais preventiva porque podemos atuar cada vez

mais na redução de risco de doenças. Entendendo

longevidade e envelhecimento como dois diferentes

campos de pesquisa, concluímos que, favorecendo

o primeiro e retardando o segundo, estamos

efetivamente contribuindo para um envelhecer

com boa qualidade de vida. Isto nos levou a uma

importante mudança de paradigma: é possível

envelhecer sem ficar doente!

Mais preditiva porque os recursos da medicina

moderna nos permitem predizer – ou seja, dizer

antecipadamente – as predisposições que cada

um de nós apresenta para um número cada vez

maior de doenças. Desta forma, podemos interferir

precocemente e, muitas vezes, impedir que a

doença se manifeste. Isso nos levou a uma segunda

importante mudança de paradigma: não somos

mais reféns da nossa hereditariedade, como nos

propõe a capa da revista americana time, de janeiro

de 2010, intitulada “Por que o seu DNA não é o seu

destino” (Why your DNA isn’t your destiny).

Mais personalizada porque, após o

sequenciamento de nossos genes através do

fantástico Projeto Genoma Humano (PGH), concluído

em 2003, reconhecemos serem necessários cuidados

individualizados tanto na prevenção como no

tratamento de doenças. Por exemplo, através de

testes genéticos podemos identificar mutações que

favorecem a obesidade, mutações estas que podem

estar relacionadas tanto à dificuldade de queimar

gordura (lipólise) como à facilidade de formar

gordura (lipogênese). Reconhecendo-as, podemos

atuar mais objetivamente, interferindo inclusive na

escolha dos alimentos que compõem a dieta usual e

fazendo opções terapêuticas mais direcionadas.

Segundo Paolo Giacomoni, conceituado

pesquisador italiano, devemos entender o

envelhecimento sob o ponto de vista operacional,

que pode ser avaliado quantitativamente, de modo

que um tratamento pode ser capaz de provocar,

acelerar, deter, retardar e até mesmo reverter o

processo. Neste contexto, podemos atuar de modo

individual, familiar, profissional, empresarial,

comunitário, municipal, estadual, federal, enfim, em

vários “níveis de gestão”.

Fico feliz pela oportunidade de coordenar o

“Projeto Mirantes, promovendo Saúde, Longevidade

e Envelhecimento” por ter a oportunidade de atuar

de maneira mais ampla como médica, divulgando o

conhecimento, enquanto o Mirantes, como empresa,

faz o seu papel e deixa um legado de compromisso

social que merece nossa admiração e apreço.

entender a PassageM do teMPo sob a ótica oPeracional ajuda a acelerar, retardar e até reverter o Processo

*Isabela David é médica nutróloga

Saúde, longevidade e envelhecimento

por Dra. Isabela David

33

Page 34: Aroma Mirantes ed. 01

Para quem almoça fora todos os dias,

selecionar o que colocar no prato diante

da variedade disponível no buffet exige

autocontrole. Servir-se de tudo o que se

tem vontade por impulso pode resultar em

uma refeição pouco saudável e com alto

valor calórico, mas seguindo algumas dicas

é possível sair do restaurante satisfeito e

com a consciência tranquila.

“Se a gente tiver que escolher uma

refeição pra comer muito bem, é o almoço.

Ele comporta entre 30% e 35% das calorias

de um dia alimentar”, explica a professora

do curso de Nutrição da Universidade do

Vale do Itajaí (Univali) Sandra Melo, que

considera 1800 calorias diárias a média

recomendada a um adulto de 70 kg. O

planejamento do almoço, segundo ela,

começa pelo tempo. Devem-se reservar ao

menos 30 minutos e comer sem pressa,

para que a comida seja bem digerida.

Quanto à escolha dos alimentos, a

sugestão é dividir o prato em cinco partes:

15% leguminosas (feijão, lentilha, grão de

bico), 15% carboidratos (arroz, massas ou

batatas), 15% carne (vermelha, de porco,

frango ou peixe), 15% legumes (abóbora,

beterraba, berinjela) e 40% verduras

(alface, brócolis, agrião, palmito). Essa

divisão pode variar, já que as necessidades

alimentares mudam de acordo com idade,

Almoço sob medidacoMbinar aliMentos da Maneira certa garante reFeição Mais saudável

entrada

34

Page 35: Aroma Mirantes ed. 01

altura, condições fisiológicas e prática de exercícios. O ideal é

consultar um nutricionista para que haja acompanhamento

personalizado.

Também é importante lembrar que “prato colorido é prato

saudável”: quanto mais uma refeição for formada por alimentos

com cores variadas, mais balanceada será. A variedade de cores

implica diretamente em uma dieta rica em nutrientes.

Misturar vários grupos alimentares é importante porque os

nutrientes se combinam no organismo. Os tradicionais arroz

e feijão, por exemplo, agem de maneira diferente quando

ingeridos juntos. "O carboidrato do arroz é complementado

com a proteína do feijão. Sem o feijão, o arroz acabaria

aumentando os índices de glicose no sangue”, explica Sandra

Melo. A nutricionista também desmente a recomendação de

não ingerir dois carboidratos na mesma refeição. Segundo ela,

é possível colocar purê e macarrão no mesmo prato, desde que

se respeitem os 15% destinados a esse tipo de alimento.

Misturar diferentes grupos alimentares é importante para que os nutrientes se combinem no organismo

15% leguminosas

15% carboidratos

40% verduras

15% proteína: para carne vermelha, suína e frango, as porções devem ser equivalentes ao tamanho das costas da mão fechada. Para o peixe, o tamanho ideal é igual ao da mão aberta

15% legumes

35

Page 36: Aroma Mirantes ed. 01

SeRRA ACIMA, RuMo AoS vinhedoS

Percorra a Serra catarinenSe e deguSte à vontade oS vinhoS daqui

Por pollyanna Niehues Fotos diogo rinaldi

prato principal

Page 37: Aroma Mirantes ed. 01

Estradas com longas margens de pinheiros, frutas exóticas, dias

de clima incomparável e a oportunidade de oferecer um carinho

ao paladar. Sejam tintos, brancos, espumantes ou rosés, os vinhos

locais, em conjunto com a rota dos vinhedos da Serra Catarinense,

destacam-se pela combinação de gastronomia de qualidade,

preços justos e belas tardes de passeio pelas vinícolas da região.

O cenário é de encher os olhos e deixar com água na boca

qualquer apaixonado por vinhos. Boa parte do caminho entre as

vinícolas é costeado por araucárias ou emoldurado por extensas

plantações de uvas, com folhas que variam de tons vivos de verdes,

amarelos dourados e vermelhos quentes.

Para quem não sabe por onde começar a road trip, a Aroma

Mirantes propõe um roteiro de quatro dias. Saindo de Florianópolis,

o trajeto de ida e volta soma cerca de mil quilômetros. Encha o

tanque, solte a dieta e agarre o mapa do estado. Serra acima, rumo

aos pontos mais altos de Santa Catarina.

Page 38: Aroma Mirantes ed. 01

primeiro diaSaindo de Florianópolis, siga sentido Sul pela

BR-282. De Floripa a Joaçaba são 390 km, cerca

de cinco horas de viagem. Chegando lá, siga até

Catanduvas e então vire à direita sentido Água

Doce, cidade de uma das mais belas paisagens do

caminho, a Vinícola Villaggio Grando. Fique para

o fim de tarde e assista ao pôr-do-sol no lago que

há no local. A vista impressiona e garante que se

comece bem a rota dos vinhedos. Se bater a fome,

um lanche caprichado é servido no local, e chama

à atenção a dedicação do atendimento.

Depois, vá em direção à austríaca Treze Tílias para

um belo jantar no Edelweiss Restaurante & Pizzaria,

que também funciona como cervejaria. Prove uma

Bierbaum Vienna para acompanhar o Mignon Mit

Kässpätzle e, se você gosta de doces, não perca a

sobremesa: Apfelstrudel com sorvete de creme.

Para dormir, a dica é o Treze Tílias Park Hotel, com

piscinas aquecidas e cobertas, trilha ecológica e

tarifas que começam em R$ 195.

prato principal

Segundo dia Ao acordar, aproveite para se alimentar

bem no hotel, que oferece um café da

manhã digno de ser desfrutado com calma.

Atenção especial para o pão de milho

com nata e melado quente. De babar. Em

seguida, pegue a estrada rumo à cidade

de Campo Belo do Sul para conhecer a

charmosa e acolhedora Vinícola Abreu

& Garcia, a duas horas de Treze Tílias. O

trajeto não é tão óbvio, por isso preste

atenção. Pela 282 sentido Lages, a entrada

fica um quilômetro antes da saída para

Curitibanos. Ao avistar o aviso para a saída,

vire à direita no quilômetro 266. Na estrada

de chão, não se apresse. Vale a experiência

e a beleza do local.

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38

Page 39: Aroma Mirantes ed. 01

Placas no caminho indicam a direção correta

até a vinícola, que é pequena e surpreendente. A

recepção, feita pelo casal Janaína Abreu e Ernani

Garcia, demonstra o talento para sorrir. Não deixe

de degustar o espumante brut rosé. O brinde é uma

ótima forma de começar o dia. As garrafas são

vendidas a preços justos, entre R$ 45 e R$ 60 cada.

Repare na leveza dos anfitriões e na energia do local,

que tem uma capela construída no topo de um dos

morros ao lado de um hieróglifo, já pesquisado por

diferentes universidades de outros países.

Como a viagem pela manhã exigiu um pouco mais

de tempo, que tal descansar em Lages? Para quem

nunca esteve por lá, a melhor opção para aproveitar

o resto do dia e ter uma boa noite de sono é o Hotel

Fazenda Boqueirão. Uma das principais atrações

noturnas é o fogo de chão, com churrasco e gaiteiros.

O sócio da Abreu & Garcia, Ernani Garcia e, abaixo, a capela dos vinhedos. Na página ao lado, pôr-do-sol e o lago da vinícola Villaggio Grando

Page 40: Aroma Mirantes ed. 01

terceiro diaEspreguice-se à vontade e prepare-se para se

esbaldar no mais que farto piquenique dos Vinhedos

do Monte Agudo, em São Joaquim. Saindo de Lages,

vá pela SC-438. A viagem não dura nem uma hora e

vai garantir o máximo proveito do dia.

A visitação, que custa R$ 70 por pessoa, oferece

vinho à vontade e piquenique com pães, queijos da

região, jamón e outros mimos, como a geleia feita

pela família Ferraz, que administra o local.

A casa tem vinhos premiados internacionalmente

e preza pela afetividade. “Queremos demonstrar aos

visitantes nosso cuidado, por isso fazemos questão

de atender bem quem nos visita, oferecendo o que

temos de melhor e ficando até tarde juntos lá fora”

conta Carol Ferraz, a jovem de 28 anos que sonhou e

hoje administra o lugar com ajuda dos pais.

Após provar as delícias no Monte Agudo e apanhar

algumas maçãs diretamente do pé, permita-se ainda

mais diversão. Bem pertinho do vinhedo, a cerca de

20 minutos de carro, está o Snowvalley Adventure

Park. É uma mistura encantadora de hotel, albergue,

parque de aventuras, restaurante e muita natureza.

As atividades custam em média R$ 40 cada, e para a

hospedagem são R$ 200 por casal.

Os plátanos canadenses emolduram as janelas de

quem se hospeda por lá. Para uma energia a mais

antes de descer a tirolesa, caminhar nas trilhas

ou encarar uma experiência de arvorismo, vale

experimentar o suco de blueberry.

Se você tem filhos, vai adorar a vibe cool do lugar.

Com estilo americano, é quase um pedacinho do

Colorado em São Joaquim. Aproveite as árvores para

experimentar algumas goiabas da serra, exóticas e

de sabor marcante. Importante: não vale comer a

casca. A fruta é daquelas selvagens, de casca ácida.

Vá direto ao recheio.

Cada vez mais voltadas ao turismo, vinícolas de SC oferecem visitas guiadas, almoços e piqueniques em meio a parreiras de uva

Piquenique nos vinhedos Monte Agudo e, abaixo, cabana no Snowvalley Adventure Park

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40

Page 41: Aroma Mirantes ed. 01

Muita coisa mudou na Serra Catarinense

nos últimos anos. Com a chegada de novos

empreendedores, a competividade aumentou

e, junto, cresceram os cuidados de cada casa

na elaboração dos vinhos. O resultado é uma

degustação saborosa e surpreendente, que

convida à comparação dos produtos para

quem visita vinícola por vinícola.

Após a criação da Associação Catarinense

dos Produtores de vinhos Finos de Altitude

(Acavitis), em 2005, passou-se a aliar a

cultura do vinho ao crescimento econômico e

turístico de Santa Catarina. Hoje, já são 32

empreendimentos associados, que somam

mais de 300 hectares de terra nas regiões de

São Joaquim, Campos novos e Caçador.

Entre os vinhos produzidos, alguns

acumulam prêmios, como o Brut Rosé 2012

da Villaggio Grando, escolhido como melhor

espumante nacional na expovinis Brasil

deste ano. Outros dois catarinenses estão na

lista dos dez melhores do país: Suzin Zelindo

2008 e Pericó Basaltino Pinot noir 2012.

O diferencial para a qualidade é a

altitude da região, que vai de 900 a 1400

metros e garante o melhor desenvolvimento

das parreiras. Durante o dia, o calor

faz com que as uvas se desenvolvam

plenamente e, à noite, as baixas

temperaturas permitem que elas durmam,

enquanto cultivam o melhor açúcar

possível: o natural da fruta.

o que há de novo na região

prato principal

41

Page 42: Aroma Mirantes ed. 01

Quarto diaDepois de tudo isso, tire o dia para

aproveitar com tranquilidade a última

parada do roteiro. Bem perto do Snowvalley

está a Villa Francioni, uma das maiores

vinícolas catarinenses. A visitação é realizada

três vezes por dia, então se quiser voltar à

Florianópolis com tranquilidade opte pelo

horário de 10h. O passeio custa R$ 30 por

pessoa e a paisagem é belíssima. Os tanques

de inox da elaboração dos vinhos e os

barris de armazenagem impressionam pelo

tamanho e quantidade.

Na volta, guarde um pouco de energia e

cliques na câmera. O trajeto mais sensível

aos olhos e olhares é o da Serra do Rio do

Rastro, saindo de São Joaquim via SC-438.

O trânsito é lento no trecho mais íngreme,

mas não há motivos para se preocupar. O

visual perfeito que acompanha o roteiro

desde o início reserva uma surpresa final:

beirando o costão, as curvas em “s”, estreitas,

denunciam a imensidão da natureza

preservada que independe de nós.

prato principal

42

Page 43: Aroma Mirantes ed. 01

VinícolasVillaggio Grando: visita com degustação clássica,

R$ 35; com degustação premium, R$ 50. Sem

degustação, entrada gratuita. Agendar antes. Rod.

SC-451, km 56, Herciliópolis, Água Doce; 49 3563

1188; villaggiogrando.com.br

Abreu & Garcia: visita gratuita, com valor da

degustação sujeito a consulta. Agendar antes. Campo

Belo do Sul; 48 3322 3995; abreugarcia.com.br

Monte Agudo: piquenique com vinho à vontade,

R$ 70. Agendar antes. São Joaquim; 48 9933 7679 e 49

9985 1446; monteagudo.com.br

Villa Francioni: Visita com degustação, R$ 30 por

pessoa, que podem ser convertidos em compras.

Agendar antes. Rodovia SC-438, km 70, São Joaquim;

49 3233 3713; villafrancioni.com.br

HospedagemTreze Tílias Park Hotel: diárias a partir de R$ 195.

Rua Videira, 550, Centro, Treze Tílias; 49 3537 0277;

ttph.com.br

Hotel Fazenda Boqueirão: diárias a partir de

R$ 466. BR-282, Km 225, Lages; 49 3289 0700;

fazendaboqueirao.com.br

Snowvalley Adventure Park: diárias a partir de

R$ 200; Rod. SC-438, Km 86; 49 3233 3447;

snowvalley.com.br

eStiQue a eStadia Vinícola Santo Emílio

Localizada no ponto mais alto de Urupema, possui

uma fazenda que recebe turistas para hospedagem

(R$ 180 o casal, com café da manhã; R$ 380 pensão

completa). Há também a opção de visita com

degustação de vinhos e frios (R$ 40) ou almoço (R$

80 com bebidas inclusas ou R$ 50 com bebidas à

parte). Agendar antes. Fazenda Quinta dos Montes,

Urupema, SC; 49 3223 0208; santoemilio.com.br

Vinícola Kranz

Considerada o “atelier dos vinhos finos de altitude”,

é uma das mais modernas do estado e vinifica boa

parte dos vinhos da Acavitis. A visita com degustação

de sucos, vinhos, geleias e espumantes custa R$ 10.

Agendar antes. Rua dos Pioneiros, 220, Centro, Treze

Tílias; 49 3537 0833; vinicolakranz.com.br

Programe-se

43

Page 44: Aroma Mirantes ed. 01

Quatro passos para o bem-estarPequenas Mudanças no dia a dia são caPazes de Melhorar a condição Física e garantir Maior qualidade de vida

alongamento Sabemos o quanto é complicado iniciar um

programa de atividade física. Muitas vezes, essas

dificuldades estão em torno do desconforto

que acumulamos no nosso corpo. Por isso, o

primeiro passo é utilizar exercícios básicos de

alongamento que vão gradativamente soltando o

corpo. Não é necessário muito: cinco minutos por

dia são suficientes para alongar braços, pernas

e coluna, mantendo-se em cada posição por no

máximo 30 segundos. Estabeleça a meta de um

mês e realize os mesmos exercícios diariamente.

caminhadaCom maior motivação, você se sentirá também

apto a iniciar uma rotina mais saudável. Procure

caminhar três vezes por semana durante 30

minutos em intensidade moderada, sem esquecer

o alongamento antes e depois do exercício.

Nesta fase, é importante estabelecer um

horário prático, de acordo com suas atividades

diárias. Por exemplo, acorde uma hora mais cedo

e caminhe no seu bairro, ou no horário do almoço

coloque tênis, calça confortável e caminhe

por locais próximos ao seu trabalho. Faça isso

durante um mês e perceba como você vai se

sentir mais leve. Se não conseguir manter três

vezes de segunda a sexta-feira, faça um dia da

semana e no sábado e domingo.

reSpiraçãoPassados dois meses, vamos nos preocupar

com a sua respiração. É possível utilizar várias

técnicas, mas podemos começar com uma

das mais valiosas. Todos os dias, durante a

caminhada, observe a sua respiração: se você

respira pela boca ou pelo nariz, se falta ar, se você

se sente sufocado, enfim, observe-se e organize

a sua respiração. Inspire pelo nariz, expire pela

boca, não faça força com a musculatura do

rosto para respirar e a cada expiração perceba

seu corpo relaxado enquanto caminha a passos

firmes e seguros.

perSeverançaO último passo é o mais importante, o mais

difícil e o mais complicado de qualquer projeto,

seja ele alimentar, físico ou intelectual: a

perseverança.

Sem isso, não se atingem os objetivos

desejados. É preciso ter em mente aonde se

quer chegar, não importam as dificuldades, os

sacrifícios e o desânimo – que certamente vão

aparecer, pois não há vitória sem luta.

Não esmoreça. Dê o primeiro passo e ele o

levará ao seu objetivo. No nosso caso,a meta é

mais importante do mundo: a sua saúde, o seu

bem-estar e a sua autoestima.

por Ivana Henn

*Ivana Henn é educadora física e coordenadora técnica da Equipe Ivana Henn

44

Page 45: Aroma Mirantes ed. 01
Page 46: Aroma Mirantes ed. 01

Folclore à mesa

Projeto “aliMentando coM cultura” leva arte ilhoa aos restaurantes Mirantes

molho

Page 47: Aroma Mirantes ed. 01

Peças decorativas são criadas por artista plástico da Ilha

Unir sabor e arte. É esta a ideia do projeto

“Alimentando com Cultura”, que leva a 11

unidades da rede Mirantes um pouco da

cultura popular de Florianópolis. Todo mês,

um dos restaurantes recebe peças decorativas

que representam o folclore local e mantêm

viva a ligação entre história e gastronomia.

O artista plástico responsável pelas criações

é Marcio Guimarães. Natural de Florianópolis,

ele passou a infância brincando ao som da

batucada do Boi de Mamão que descia do

Morro do Céu, onde nasceu. Do pai, antigo

pescador da praia dos Ingleses, herdou as

histórias de pescas, bruxas, boitatás e sereias.

Da mãe, absorveu o interesse pelas coisas do

passado enquanto ouvia causos sobre o modo

de vida de outras épocas.

Na adolescência, Marcio aprendeu a

transformar papel em arte por conta própria.

Adepto da técnica da papietagem, começou a

construir brinquedos folclóricos e esculturas

relacionadas à tradição local. Após se formar em

Marketing na Unisul, buscou aliar seu saber às

necessidades do mercado. Desde então, oferece

propostas exclusivas de decorações de interiores

voltadas à temática do folclore regional. No

Mirantes, serão expostos cenários que refletem

um tempo que continua vivo na memória de

quem habita o litoral catarinense.

molho

Page 48: Aroma Mirantes ed. 01

Em junho de 2011, a jornalista Adriana Gabriella

da Silva acordou no meio da noite com uma ideia na

cabeça: um site que reunisse pedidos de pessoas de

baixa renda e conseguisse voluntários para ajudar

a realizá-los. Adriana entrou em contato com uma

agência de publicidade, explicou a proposta e pediu

colaboração para que o projeto tomasse forma. Hoje,

dois anos após ter sido criado, o Shopping de Sonhos

(shoppingdesonhos.com.br) já contabiliza mais de

900 desejos realizados.

ShoPPinG de soNHos site lista desejos de Pessoas de baixa renda e reúne voluntários Para torná-los realidadePor Lucas pasqual Fotos Giovanni Bello

48

Page 49: Aroma Mirantes ed. 01

A proposta é simples: uma equipe, liderada

por Adriana, vai até uma comunidade na

Grande Florianópolis e apresenta o site.

Os moradores são incentivados a escrever

contando suas vidas e pedindo algo que

desejam ou precisam – um “sonho”. Depois,

a carta é digitalizada e divulgada no site e

nas redes sociais, junto de uma foto de

quem a escreveu.

A equipe do Shopping de Sonhos também

ajuda analfabetos e idosos a melhorarem a

escrita. “É a carta que ‘vende’ o sonho, então

é importante que ela reflita a realidade de

quem escreveu”, observa a integrante

Gabriela Linhares.

Quem está interessado em colaborar se

cadastra no site e escolhe um sonho para

tornar realidade. Há pedidos compatíveis com

todos os bolsos: de bolinhas de gude e bonecas

até eletrodomésticos e restaurações dentárias.

Entre os padrinhos, existem também empresas

e organizações responsáveis por determinada

quantidade de cartas por mês.

Para os envolvidos, algumas histórias

são marcantes, como a de André. O sonho

do garoto de 19 anos era conhecer os

sertanejos Munhoz e Mariano. A equipe

conseguiu levá-lo até o camarim após uma

apresentação que a dupla fez em Brusque.

“Quando viu os ídolos, ele se emocionou e

disse que estava com o coração disparado”,

recorda Adriana, que também teve uma

surpresa naquele dia. Durante o show,

Mariano vestiu a camiseta do Shopping de

Sonhos e cantou algumas músicas com a

estampa do projeto no peito.

Equipe vai até comunidades carentes da cidade para entregar presentes. Na página ao lado, garota vê realizado seu desejo de ter um MP3

molho

49

Page 50: Aroma Mirantes ed. 01

Durante os ensaios da Sociedade Musical

e Recreativa Lapa, o vai e vem das ondas é

tão instrumento musical quanto o saxofone,

o clarinete e a percussão. Nem o isolamento

acústico da sede, a 20 passos da praia, é

suficiente para abafar o som da água batendo

na areia do Ribeirão da Ilha. Não que os

músicos se importem. Para eles, o mar é parte

da história: foi em frente a ele que o grupo

nasceu há 117 anos e é lá que até hoje resiste

como uma das últimas bandas centenárias

de Florianópolis.

No começo dos anos 1900, segundo jornais

antigos, existiam quase 20 bandas na cidade.

Sobraram três: Amor à Arte, Filarmônica

Comercial e a Sociedade Musical e Recreativa

Lapa. Com tradição em ensinar música a

Quem é do mAr não enjoAsociedade Musical e recreativa laPa é uMa das últiMas bandas tradicionais eM atividade na ilhaPor rosielle Machado

Alécio Heindenreich tem 83 anos de

idade e 61 de banda

GIOVANNI BELLO

AR

QU

IVO

molho

50

Page 51: Aroma Mirantes ed. 01

alunos de diferentes idades, apresentar-se em festas

de igreja e animar o bloco carnavalesco Zé Pereira, a

banda da Lapa é a mais ativa entre elas.

Um dos motivos, dizem os músicos, é que ela evolui

junto com o Ribeirão da Ilha. Em 1896, quando surgiu,

os restaurantes famosos do bairro não existiam. Nem

o asfalto, a energia elétrica, os carros e a maior parte

das casas. A banda também era diferente. Tinha só

instrumentos de sopro, não admitia mulheres e era

formada principalmente por moradores locais. Agora,

tem integrantes de outras partes da cidade, guitarras,

violões, e um repertório moderno com Queen, Victor e

Léo e Seu Jorge.

Os 30 músicos são todos voluntários. Apenas os

professores, que ensinam teoria e prática musical aos

sábados, recebem salários que variam de R$ 250 a R$

500. As aulas têm como único pré-requisito a idade

mínima de nove anos e são gratuitas. A verba para

remunerar os instrutores vem do programa Pontos

de Cultura, do Governo Federal, que até o final deste

ano terá repassado, em parcelas pagas desde 2010,

o total de R$ 180 mil para compra de instrumentos,

modernização da sede e manutenção da banda.

A maioria dos integrantes tem outra profissão e toca

por hobby, mas de vez em quando acontece de alguém

começar a levar o passatempo a sério. Foi o caso de

Wellinton Carlos Correa, saxofonista da banda por 14

anos e hoje sargento-músico da Aeronáutica: “Eu não

sabia direito o que fazer da vida e a música me ajudou

a encontrar um emprego”.

É o mesmo que diz Alécio Heindenreich, 83 anos de

idade e 61 de banda. “Eu sempre falo para os jovens

se esforçarem, porque ser músico é um ofício”. Para o

ex-funcionário público, o saxofone não chegou a ser

molho

51

Page 52: Aroma Mirantes ed. 01

profissão oficial, mas quase.

“Foi metade da minha vida”,

lembra ele, que por causa da

banda passou 25 anos dormindo

dentro de um Fusca, uma vez

por semana. Todas as quintas-

feiras, após o ensaio, Alécio

levava o maestro até o centro e,

para não voltar ao Sul da Ilha,

dormia na frente da repartição

onde trabalhava.

Faz anos que Alécio deixou

de pernoitar no carro. Há cinco,

parou também com o saxofone,

mas continua sendo quem mais

torce para que a banda da Lapa

realize os planos futuros: construir

um segundo andar na sede e

gravar CD de músicas próprias.

“Quero que eu vá e a banda fique.

Ela é parte da comunidade, é

metade do Ribeirão.”

Grupo tem tradição em ensinar música, tocar nas festas de igreja e animar o bloco de carnaval Zé Pereira

Integrantes e familiares em 1930. Abaixo, formação recente

AR

QU

IVO

AR

QU

IVO

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molho

Page 53: Aroma Mirantes ed. 01

Ponta do Marisco, Pedra do Visual, Furna do Poço,

Tocas do Arco, Morro das Feiticeiras, Promontório da

Joaquina, Cachoeiras do Alto do Castelhano, Buraco

da Encantada, Gruta do Pântano do Sul.

Por aí caminha o filósofo Rodrigo Dalmonin

enquanto fluímos pela Florianópolis de sempre.

A cidade tem cobertura vegetal de 38% a 57%, a

depender da fonte de informação. No Facebook,

Rodrigo já soma mais de trezentos álbuns de

paisagens ilhoas quase sempre ignoradas. Você dirige

pela SC-401, ele perambula por algum ponto remoto

dos morros que ladeiam a rodovia.

Pelo menos as trilhas mais turísticas de

Florianópolis já percorri. Elas mal passam de uma

dúzia, na verdade, mas são as ideais para converter

uma típica alma de apartamento.

Já converti uma ou outra dessas almas. Estamos

no topo do morro que divide as praias da Solidão e

do Saquinho, ou nos bancos do centrinho da Costa

da Lagoa, ou observando a Praia Mole lotada desde

as areias Robinson Crusoé do Gravatá. O sedentário

que me acompanha está bufante e eufórico. “A

meia hora de casa”, diz, “e a gente se esquece de que

existe. Incrível mesmo, vou fazer sempre, da próxima

vez trago a gata.” E faz um não com a cabeça,

rebelado contra tantos sábados frios contemplando o

deslocamento dos filetes de sol no tapete da sala.

Sim, leve a gata. Um programa quase óbvio, e

ela o reverenciará. No Saquinho vocês vão até o

restaurante prosaico, sem hostess, sem cozinha

molecular, sem novilínguas gastronômicas, sem nem

eletricidade, aliás, mas com vista panorâmica da

praia, cervejas geladas à base de refrigeração a gás e

um peixinho frito, eis tudo.

Ela o confunde com o sábado. Ela o confunde com

quem abriu a facão aquele caminho ou com o ente

invisível que criou aquela faixa de areia. Você é o cara.

Mas nem do centro as pessoas usufruem andando.

Há toda uma cidade acontecendo a pé, e não é

abrindo o vidro do carro na Avenida Beira-Mar,

sentindo o bafo da rua e apreciando as nuances

do asfalto que a fruiremos. Por hippie e remoto que

soe, é preciso estacionar, usar as próprias pernas e

ativar a curiosidade.

Comece pelo centro de Florianópolis. Assim

como as bordas pouco percorridas da ilha guardam

cavernas marinhas, cachoeiras, vistas, pontais,

cumeeiras, areias e piscinas naturais, as portas e ruas

do centro da cidade levam os serendipitosos a uma

biblioteca incrível (Osni Régis), a um samba clássico

(Noel, aos sábados), a um ótimo bar que revitalizou

uma sinuca (Gato Mamado), ao mirante do Morro da

Cruz, a um filme grátis sempre às 19h (Badesc), a um

empório com mais de 200 rótulos de cerveja (Sweet

Home) e assim por diante.

Depois, tente as trilhas turísticas. Mais tarde,

talvez até sábados absurdamente próprios como

os de Dalmonin, mapeando o que nem o Google

mapeia, prestigiando o infinito de uma Florianópolis

solenemente esquecida.

Às almas de apartamentohá toda uMa cidade acontecendo a Pé, Mas Para aProveitá-la é Preciso estacionar, ativar a curiosidade e usar as PróPrias Pernas

*Thiago Momm, jornalista, é um ex-moleque de

apartamento mais ou menos convertido em trilheiro

por Thiago Momm

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Page 54: Aroma Mirantes ed. 01

“A janela é a escápula do lar sem dele

sair, é o conduto da rua sem seus perigos,

é o óculo de alcance para a vida alheia,

é a facilidade, a economia, o namoro, o

amor, o relaxamento”, escreveu o cronista

brasileiro João do Rio em 1912.

As janelas sempre disseram muito

sobre a vida de cada local, e foi por essa

razão que Joi Cletison, fotógrafo e diretor

do Núcleo de Estudos Açorianos da UFSC,

decidiu registrá-las. Ao longo de 10 anos,

ele reuniu imagens feitas em Florianópolis,

Açores e Portugal. O resultado causa

diferentes sensações: leveza, paixão,

imponência, sobriedade, ternura,

simplicidade, angústia. As combinações

de cores e os formatos característicos de

diferentes épocas convidam ao devaneio,

ao percurso histórico e ao questionamento:

quais janelas pertencem a cada local?

Lá fora, aqui dentroFotógraFo esPia Por janelas de FlorianóPolis, açores e Portugal Para retratar seMelhanças arquitetônicas e culturais Fotos Joi Cletison

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lentes

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Page 60: Aroma Mirantes ed. 01

IngredIentes

2 abobrinhas médias

4 dentes de alho picado

1 colher de chá de sal

1 xícara de chá de folhas

de manjericão fresco

1 colher de sobremesa de

alecrim (opcional)

3 colheres de chá de pinoli

ou nozes, sem casca e

moídas grosseiramente

100 g de queijo pecorino ou

parmesão ralado

1/2 xícara de chá de azeite

Pimenta do reino a gosto

ABOBRINHA AO MOLHO PESTO

Modo de preparo

Rale a abobrinha em tiras finas, no sentido de seu comprimento, de todos os lados até a semente. Reserve.Leve o manjericão, o alecrim, o alho, o sal e azeite ao liquidificador e bata por alguns segundos.Passe o molho para um recipiente, acrescente as nozes, a pimenta e misture delicadamente.Coloque a abobrinha em uma travessa apropriada, regue com o molho pesto, decore com folhinhas de manjericão e sirva.

receitas de aroma

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Page 61: Aroma Mirantes ed. 01

IngredIentes

500 g de bacalhau em postas

(substituível por garoupa ou cação)

2 colheres de sopa de suco de limão

1 dente de alho (opcional)

1 cebola grande em rodelas

1 pimentão verde em rodelas

1 pimentão vermelho em rodelas

2 tomates maduros em rodelas

2 colheres de sopa de coentro picado

200 ml de leite de coco

3 colheres de sopa de azeite de dendê

1 pimenta dedo de moça sem semente

Sal a gosto

Modo de preparo

Em um recipiente, tempere as postas de peixe com sal e suco de limão e reserve por cerca de uma hora.Em uma panela de fundo largo, preferencialmente de barro ou ferro, arrume metade das postas e cubra com metade das rodelas de cebola, alho, pimenta, tomates e pimentões.Polvilhe um pouco de coentro.Repita as camadas de postas de peixe, cebola, alho, pimenta, tomate, pimentões e coentro.Acrescente o leite de coco e regue com o azeite de dendê.Tampe a panela e cozinhe em fogo médio por cerca de 20 minutos.

moqueca de Bacalhau

receitas

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Page 62: Aroma Mirantes ed. 01

receitas

Lombo suíno com crosta de pesto e molho de laranja IngredIentes

1 lombo suíno com peso entre 800 g e 1 kg

Marinada

2 cebolas grandes picadas

4 talos de salsão picado

4 folhas de alho poró picadas

2 folhas de louro

Raspas da casca de 2 laranjas

300 ml de cachaça

6 dentes de alho amassados

1 pimenta dedo de moça picada,

sem semente

300 ml de suco de laranja

Sal a gosto

Crosta de Pesto

300 g de pão levemente torrado e moído

(torre o pão por aproximadamente 10

minutos em forno a 190°C e liquidifique

na função pulsar, sem torná-lo farelo)

2 maços de folhas de manjericão bem

picadas

75 g de nozes picadas

6 dentes de alho bem picados

50 ml de azeite de oliva

Sal e pimenta a gosto

Molho de Laranja

100 g de manteiga

1 cebola média ralada

500 ml de suco de laranja coado

250 ml de vinho branco seco

1 colher de sopa de mostarda dijon

Raspas da casca de uma laranja

1 colher de sopa de suco de limão

siciliano

1 colher de chá de mel

Raspas de gengibre (opcional)

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Page 63: Aroma Mirantes ed. 01

IngredIentes:

500 g de arroz arbóreo

150 g de cebola finamente picada

300 ml de vinho branco seco

250 g de funghi secchi

6 dentes de alho bem picados

2 tomates sem pele e sem semente em

cubos pequenos

1 colher de sopa de molho inglês

250 ml de creme de leite

50g de parmesão ralado

150 g de manteiga

1 litro de água ou caldo de carne

Sal e pimenta a gosto

receitas

risoto de

FuNGHi

Modo de preparo

Misture todos os ingredientes da marinada, cubra o lombo e leve à geladeira por 24 horas. Retire o lombo da marinada e asse-o coberto com papel alumínio, em fogo médio, por aproximadamente 40 minutos. A cada dez minutos, coloque um pouco de margarina e do caldo da marinada coado, para que a carne asse sem perder a umidade.Deixe esfriar, fatie na espessura de um a 15 cm e reserve.Em uma bacia, junte todos os ingredientes da Crosta de Pesto até formar uma pasta. Evite amassar muito o pão.Disponha as fatias de Lombo em uma assadeira untada

com manteiga e cubra-os totalmente com a Crosta de Pesto, apertando levemente para que a crosta fique fixa no Lombo.Leve ao fogo alto e deixe que doure por 6 minutos.Molho de Laranja: Em fogo baixo, derreta a manteiga e frite as raspas da laranja e o gengibre por um minuto. Adicione a cebola ralada e mexa até ficar transparente. Coloque o vinho e aumente o fogo. Quando ferver, abaixe o fogo, deixando o molho reduzir de volume em 50%. Acrescente o suco de laranja e repita o processo de redução. Adicione o restante dos ingredientes.

Modo de preparo:

Numa tigela, coloque o funghi e cubra com 1 litro de água para hidratar por uma hora. Escorra bem a água e corte o funghi em tiras não muito finas. Reserve a água da hidratação.Em uma panela, coloque a água ou o caldo de carne em fogo alto. Após ferver, abaixe o fogo e reserve.Em outra panela, derreta a manteiga e frite primeiro o alho e depois a cebola por aproximadamente cinco minutos em fogo médio, até que fiquem bem dourados.Acrescente o arroz e frite por 3 minutos em fogo mais alto, mexendo sempre.Junte o funghi picado (sem a água), adicione o vinho e continue mexendo até evaporar.Vá adicionando alternadamente uma concha da água do funghi e uma do caldo de carne aquecido.Mexa sem parar até obter uma consistência cremosa, com os grãos al dente.Desligue o fogo, acrescente o restante dos ingredientes e sirva junto com o lombo.

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Page 64: Aroma Mirantes ed. 01

IngredIentes

700 g de miolo de

alcatra sem gordura

1 cebola grande picada

6 dentes de alho amassados

1 folha de louro

2 folhas de salsão picadas

2 folhas de alho poró picadas

1 copo de vinho branco seco

Sal e pimenta a gosto

Modo de preparo

Deixe a alcatra de molho no tempero com todos os ingredientes durante oito horas, sob refrigeração.Em uma frigideira de fundo plano, aqueça uma colher de sopa de óleo de soja e frite a carne de todos os lados até que fique dourada. Retire da frigideira com o caldo que se formou e passe tudo para uma forma.Leve por cinco minutos ao forno pré-aquecido em 210°C. Sirva com legumes e champignon salteado na manteiga.

roSBiFe de aLcatra

receitas

Page 65: Aroma Mirantes ed. 01

IngredIentes

Pudim

2 latas de leite condensado

2 medidas da lata de leite

7 ovos

Calda

2 xícaras de açúcar

1 xícara de água

Pudim de leite condensado

Modo de preparo

CaldaEm uma panela de fundo largo, derreta o açúcar até ficar dourado.Adicione a xícara de água e mexa com uma colher de cabo longo.Deixe ferver até dissolver os torrões de açúcar e a calda engrossar.Forre com a calda uma forma com furo central (24 cm de diâmetro) e reserve.

PudimLeve os ingredientes ao liquidificador e despeje na forma untada com a calda. Para um pudim mais aerado, bata no liquidificador, deixe descansar por alguns minutos e volte a bater.Cubra com papel alumínio e leve ao forno médio (180°C), em banho-maria, por aproximadamente uma hora e meia.Depois de frio, coloque para gelar por cerca de 6 horas.Desenforme e sirva.

Page 66: Aroma Mirantes ed. 01

Muita gente que passa por

ali não imagina a história que o

local guarda. Fundada em 1750 e

reformada algumas vezes depois

disso, a Igreja Nossa Senhora

do Rosário e São Benedito conta

muito sobre a exclusão racial

dos séculos passados. Foi erguida

na época da escravidão, para que

os descendentes de africanos

pudessem praticar o cristianismo

sem se misturar aos brancos na

Catedral Metropolitana.

Foi também do alto da

escadaria da igreja que, no século

XIX, o artista Victor Meirelles

pintou um panorama da cidade

com a Baía Sul de fundo.

sobremesa

iGRejA do RoSáRio Foto Giovanni Bello

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Page 67: Aroma Mirantes ed. 01

C

M

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CM

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