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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CURSO DE PSICOLOGIA
AUTO-PERCEPÇÃO DAS VARIAÇÕES COMPORTAMENTAIS AO
LONGO DO CICLO MENSTRUAL
ARIANY MAÇANEIRO
Itajaí, SC, 2009
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ARIANY MAÇANEIRO
AUTO-PERCEPÇÃO DAS VARIAÇÕES COMPORTAMENTAIS AO
LONGO DO CICLO MENSTRUAL
Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do titulo de Bacharel em Psicologia da Universidade do Vale do Itajaí Orientador: Prof. Dr. Eduardo José Legal.
Itajaí SC, 2009
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DEDICATÓRIA
Dedico minha monografia a todas as mulheres,
protagonistas deste trabalho.
Em especial, à mulher mais fascinante que já
conheci, a qual é a minha fonte de inspiração: minha
mãe, Laurita. Graças a ela, pude me tornar a mulher
que sou hoje. Mamly, obrigada por tudo!
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AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, Ademar e Laurita, por terem me oferecido a educação que tenho hoje. Foram eles
que me ensinaram muito do que sei. Foi com eles que aprendi a sonhar e a lutar pelos meus
objetivos. Portanto, há muito deles neste trabalho. Agradeço-lhes, também, por todo o apoio que
me deram no decorrer dessa trajetória.
Aos meus padrinhos, Zulma, Maria Salete e Pedro, que estiveram presentes nos principais
momentos da minha vida. Não foi diferente na construção deste trabalho, onde recebi incentivo,
apoio e confiança.
Aos meus amigos, que foram as pessoas que acompanharam de perto os meus momentos de
preocupação e, algumas vezes, de euforia durante a elaboração deste trabalho. Desde o início
estiveram comigo, fazendo jus à palavra “amigos”, a qual tenho muito orgulho de utilizar quando
me refiro à eles.
Ao meu namorado, Artur, a quem “eu encontrei” no período em que concluía este trabalho e que,
desde então, me ofereceu todo o incentivo que eu precisava para finalizar minha pesquisa. Além
disso, me ofereceu o amor que eu não mais esperava receber, o qual me faz ter a certeza de que
o “nós” que estamos vivendo é para toda a vida.
Às dez participantes da minha pesquisa, que tiveram a paciência e a seriedade de responder ao
meu instrumento durante 30 dias e ainda, ao final da coleta de dados, gentilmente aceitaram
participar de uma entrevista. Sem elas, meu trabalho não teria a mesma qualidade.
Ao meu orientador, Eduardo José Legal, por todo o tempo que dedicou ao meu trabalho e por
estar desde o início do meu lado, oferecendo bons conselhos e ensinamentos, os quais levarei
por toda a vida. Suas orientações foram momentos de intensa aprendizagem e, também, de
algumas risadas. Hoje, além de professor, o considero um grande amigo, pelo qual tenho
profunda admiração.
Às professoras, Maria Celina Ribeiro Lenzi e Márcia Ghizi Mezadri, as quais gentilmente
aceitaram participar da minha banca, contribuindo significativamente na concretização de meu
trabalho.
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SUMARIO
RESUMO ............................................................................................................... 6
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 7
2 EMBASAMENTO TEÓRICO ............................. ............................................... 10
2.1 Ciclo menstrual .............................................................................................. 10
2.1.1 Reprodução ..................................................................................... 10
2.1.2 Sistema reprodutor feminino ............................................................ 12
2.1.3 Sistema hormonal feminino ............................................................. 13
2.1.4 Hormônios da hipófise anterior (gonadotrofinas) ............................. 13
2.1.5 Hormônios ovarianos ....................................................................... 14
2.2 Fases do ciclo menstrual ............................................................................... 15
2.3 Alterações comportamentais ao longo do ciclo menstrual ............................ 17
2.3.1 Menstruação .................................................................................... 19
2.3.1.1 Síndrome Pré-Menstrual (SPM) e Transtorno Disfórico Pré-
Menstrual (TDPM) .......................................................................... 21
2.3.1.2 Alterações comportamentais ao longo do ciclo e suas
implicações na rotina diária ............................................................ 22
2.3.1.3 Alterações comportamentais em animais .......................... 23
2.3.2 Alterações no comportamento alimentar ......................................... 24
2.3.3 Alterações no comportamento alimentar em animais ...................... 26
2.3.4 Hormônios e as alterações no comportamento alimentar ............... 27
2.3.5 Ovulação e atratividade ................................................................... 29
2.3.6 Ciclo menstrual e o reconhecimento de faces ................................. 31
3 ASPECTOS METODOLÓGICOS .......................... .......................................... 33
3.1 Participantes da pesquisa ............................................................................. 33
3.2 Instrumentos .................................................................................................. 34
3.3 Coleta de dados ............................................................................................ 36
3.4 Análise dos dados ......................................................................................... 37
3.5 Procedimentos éticos .................................................................................... 38
5
4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ......... ...................... 40
4.1 Apresentação dos resultados ........................................................................ 40
4.1.1 Questionário de Saúde Geral (QSG) ............................................... 40
4.1.2 Diário de Registro do Comportamento durante o Ciclo Menstrual
(DRCCM) .................................................................................................. 41
4.1.3 Entrevistas ....................................................................................... 49
4.2 Discussão dos resultados .............................................................................. 61
4.2.1 Discussão dos resultados do DRCCM ............................................. 61
4.2.2 Discussão dos resultados das entrevistas ....................................... 64
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................ ................................................. 67
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................... .......................................... 71
7 ANEXOS .......................................................................................................... 73
7.1 Anexo 1: Questionário de Saúde Gera de Goldberg – Caderno de resposta – QSG (Adaptação Brasileira) ................................................................................ 74
8 APÊNDICES ..................................................................................................... 79
8.1 Apêndice A: Diário de Registro do Comportamento durante o Ciclo Menstrual
(DRCCM) ............................................................................................................. 80
8.2 Apêndice B: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) .............. 82
8.3 Apêndice C: Comparação das freqüências de respostas nos períodos do ciclo
menstrual ............................................................................................................. 83
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AUTO-PERCEPÇÃO DAS VARIAÇÕES COMPORTAMENTAIS AO LON GO DO CICLO MENSTRUAL
Orientador: Eduardo José Legal Defesa: Novembro de 2009
Resumo: Grande parte das mulheres passa por modificações físicas e psicológicas durante o ciclo menstrual. Atualmente, tem-se constatado que sintomas menstruais afetam negativamente no desempenho de diversas atividades cotidianas das mulheres, como a freqüência escolar e o tempo de estudo. O presente estudo objetivou observar se existem variações comportamentais ao longo do ciclo menstrual, e se tais variações ocorrem em algum período específico do ciclo. Também se verificou se as alterações comportamentais prejudicaram na execução de alguma atividade cotidiana e se o fato de se auto-monitorar diariamente, provocou alguma alteração na auto-percepção das estudantes quanto ao seu ciclo menstrual e no seu comportamento no decorrer do mesmo. Para tanto, 10 estudantes da Universidade do Vale do Itajaí responderam ao Questionário de Saúde Geral (QSG), a fim de verificar os índices de saúde mental geral das participantes. Em seguida, responderam ao Diário de Registro do Comportamento ao longo do Ciclo Menstrual (DRCCM), instrumento construído a fim de verificar variáveis de humor, auto-estima, auto-imagem, ansiedade, sono, auto-eficácia, apetite e as funções cognitivas, durante um período de 30 dias, iniciando no primeiro dia da menstruação até último dia pré-menstrual. Ao final, as estudantes participaram de uma entrevista gravada em áudio, a fim de verificar a sua auto-percepção acerca do ciclo menstrual. Os resultados da aplicação do DRCCM evidenciaram que existem as alterações comportamentais ao longo do ciclo menstrual. As alterações mais proeminentes foram ansiedade, irritabilidade, sonolência e compulsão por doces. Muitas dessas alterações ocorrem no período pré-menstrual do ciclo. Através das entrevistas, as participantes demonstraram terem percebido a existência de alterações comportamentais no decorrer do ciclo e que as mesmas ocorrem mais frequentemente no período pré-menstrual e influenciam a realização de atividades cotidianas. Vale ressaltar que as alterações nem sempre ocorrem em períodos específicos do ciclo, podendo variar de mulher para mulher. O estudo longitudinal foi válido pois pôde observar dez mulheres durante um ciclo menstrual completo, porém sugere-se que novas pesquisas sejam realizadas, as quais possam envolver um maior número de participantes em um período de tempo mais longo, utilizando outros tipos de instrumentos, além dos já utilizados nesta pesquisa. Palavras-chave: .[ciclo menstrual; estudantes de ciência da saúde; s índrome pré-menstrual] Sub-Área de concentração (CNPq): Psicobiologia - 7. 07.03.04-3.
Membros da Banca: Professora convidada ______________________________________ Dra. Márcia Guisi Mezadri
Professora convidada ______________________________________ Maria Celina Ribeiro Lenzi, MSc.
Professor Orientador ________________________________________
Dr. Eduardo José Legal
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1 INTRODUÇÃO
O ciclo menstrual feminino diferencia-se do ciclo estral das demais
espécies por apresentar menstruações e receptividade ao sexo oposto durante e
fora do período ovulatório (FOGLIA; LIBERTUN, 1984).
A menstruação ocorre por aproximadamente metade das vidas das
mulheres. Pode-se afirmar também que os homens que tem alguma interação
com mulheres estão ligados à menstruação (FINGERSTON, 2005; SERRANO;
WARNOCK, 2007).
Os mesmos autores afirmam que aproximadamente 75% das mulheres
que menstruam já experimentaram algum desconforto físico, distúrbio de humor,
ou mudanças comportamentais, ou uma combinação destes, na última fase lútea
dos seus ciclos menstruais. Por este motivo, grande parte das mulheres passa
por modificações físicas e psicológicas durante o ciclo menstrual [(ROSENBLUM,
2001) (THYS-JACOBS et al., 1998) apud SAMPAIO, 2002].
Atualmente, tem-se constatado através de pesquisas sobre o ciclo
menstrual que sintomas menstruais afetam negativamente no desempenho de
diversas atividades cotidianas das mulheres, como a freqüência escolar e o
tempo de estudo (SHARMA; SHARMA, 2008).
Quando essas mudanças comportamentais se tornam desconfortáveis, e
chegam ao ponto de interferir no cotidiano das mulheres, pode-se estar lidando
com a Síndrome Pré-Menstrual (SPM) [(ROSENBLUM, 2001) (THYS-JACOBS et
al., 1998) apud SAMPAIO, 2002].
8
Para Barnhart, Freeman e Sondheimer (1995 apud MONTES; VAZ, 2003),
a SPM é um conjunto de sintomas pré-menstruais, em sua maioria afetivos, que
desorganiza o comportamento rotineiro das mulheres.
Na sua forma mais severa, esse fenômeno é conhecido como Transtorno
Disfórico Pré-Menstrual (TDPM), a qual acomete cerca de 5% das mulheres
(AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 1994 apud REED; LEVIN; EVANS,
2008; GOLD, 1994 apud DYE; BLUNDELL, 1997; STEINER et al., 2006 apud
SERRANO; WARNOCK, 2007).
O objetivo geral desta pesquisa foi observar, junto a dez estudantes
universitárias, se existiram variações comportamentais ao longo do ciclo
menstrual. E os objetivos específicos foram:
• Investigar se tais variações ocorreram em algum período específico do
ciclo menstrual;
• Verificar se as alterações comportamentais ocorridas prejudicaram na
execução de alguma atividade cotidiana das participantes;
• Perceber se, com o auto-monitoramento diário, houve alterações na auto-
percepção das estudantes quanto ao seu ciclo menstrual e quanto ao seu
comportamento no decorrer do mesmo.
A fim de alcançar os objetivos, foram investigados diversos aspectos do
comportamento das participantes durante 30 dias, correspondendo a um ciclo
menstrual completo. Os aspectos investigados foram o humor, a auto-estima, a
auto-imagem, a ansiedade, o sono, a auto-eficácia, o apetite e as funções
cognitivas. Tais alterações são apontadas na literatura como importantes uma
9
vez que podem modificar significativamente a adaptação das mulheres ao seu
cotidiano.
Poucas pesquisas sobre ciclo menstrual têm-se utilizado de uma
perspectiva longitudinal, ou seja, observar o fenômeno ao longo de todo o ciclo
(comparando os períodos). Os que assim o procederam utilizaram amostras de
mulheres diagnosticadas com SPM. Este trabalho, diferente dos demais na área,
investigou o comportamento de mulheres sem diagnóstico de SPM durante um
ciclo menstrual inteiro, sem que fossem priorizados períodos específicos do
mesmo.
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2 EMBASAMENTO TEÓRICO
2.1 Ciclo menstrual
2.1.1 Reprodução
A reprodução dos mamíferos e de outros animais superiores depende da
união dos gametas masculinos e femininos, células produzidas pela gônada
masculina (testículo) e feminina (ovário). A produção de gametas maduros requer
uma adequação dos diversos órgãos envolvidos na reprodução: hipotálamo,
hipófise e gônadas. Em ambos os sexos, o cérebro é fundamental: os neurônios
peptidérgicos hipotalâmicos produzem o hormônio liberador de gonadotrofinas
(GnRH) que, tendo alcançado a adeno-hipófise, estimula a produção e secreção
de duas gonadotrofinas: o hormônio luteinizante (LH) e o hormônio folículo-
estimulante (FSH) (RODRIQUES; FAVARETTO, 1999).
Nas mulheres, o LH e o FSH estimulam o crescimento dos folículos
ovarianos, induzem a ovulação e iniciam a formação do corpo lúteo. As
gonadotrofinas também estimulam a produção de estrógenos, progesterona e
inibina, os quais agem nos órgãos reprodutores femininos e no eixo hipotálamo-
hipofisário (Idem).
A criança do sexo feminino nasce com 300.000-400.000 óvulos imaturos,
chamados nesse período de oócitos primários, os quais permanecem inalterados
até a puberdade. Próximo à puberdade, por volta do 8º ano da menina, a
glândula hipófise anterior começa a secretar hormônios que promovem o
crescimento dos folículos ovarianos, os hormônios gonadotrópicos (GUYTON,
11
1988; 1992). A partir de então, durante o período fértil da mulher, ocorrerá a
liberação de um óvulo a cada mês (GUYTON, 1988).
O período reprodutivo da mulher é caracterizado por alterações rítmicas
mensais da intensidade dos hormônios femininos e por alterações dos órgãos
sexuais. Durante o mesmo, 400 folículos em média (FOGLIA; LIBERTUN, 1984;
GUYTON, 1992) se desenvolvem e expelem óvulos; os demais se degeneram.
Esse padrão rítmico é denominado por alguns autores, como de ciclo menstrual
(RODRIGUES; FAVARETTO, 1999), ou ciclo sexual (FOGLIA; LIBERTUN, 1984;
GUYTON, 1988; 1992). Cada um desses ciclos é acompanhado por diversas
manifestações tanto psíquicas quanto somáticas (FOGLIA; LIBERTUN, 1984).
Nesse trabalho será utilizada a denominação “ciclo menstrual” para se referir ao
padrão rítmico supra-citado.
Segundo Foglia e Libertun (1984) e Guyton (1992), a duração do ciclo é
aproximadamente 28 dias. Guyton (1992) ainda completa afirmando que o ciclo
pode ser mais curto (até 20 dias) ou mais longo (até 45 dias). Vale salientar que,
como comentado anteriormente, apenas um óvulo maduro é liberado pelos
ovários a cada mês e, na época adequada, o endométrio uterino está preparado
para a implantação do óvulo fertilizado.
O ciclo menstrual feminino diferencia-se do ciclo estral das demais
espécies por apresentar menstruações e receptividade ao sexo oposto durante e
fora do período ovulatório (FOGLIA; LIBERTUN, 1984). A menstruação é um
fenômeno próprio da mulher e de alguns primatas. Tanto Guyton (1992) quanto
Foglia e Libertun (1984) afirmam que a menarca (primeira menstruação) ocorre,
geralmente, entre os 11 e 15 anos de idade em humanos.
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2.1.2 Sistema reprodutor feminino
De acordo com Guyton (1988) anatomicamente podemos dividir o sistema
reprodutor feminino em:
1) Vagina: Canal tubular que liga a genitália externa ao útero.
2) Útero: Estrutura muscular onde o feto se desenvolve e cresce.
3) Duas trompas uterinas: Cada uma parte de um canto superior do útero,
curvando-se em torno da cavidade pélvica. É por meio das trompas que o
óvulo passa do ovário ao útero, durante o ciclo mensal.
4) Dois ovários: Cada um é suspenso sobre o terminal de cada trompa
uterina. Durante o período reprodutivo feminino, um dos ovários libera
mensalmente um óvulo, o qual, se fertilizado, origina um feto.
O ovário possui algumas partes que devem ser mencionadas:
a) Estroma ovariano: Tecido conjuntivo constituinte do ovário (maior parte).
Dentro dele, os óvulos e as células secretoras dos hormônios femininos se
formam.
b) Folículos ovarianos: No ovário existem milhares de folículos e cada um
deles contém um óvulo. Os folículos passam por várias etapas até
liberarem o óvulo; esse fenômeno ocorre uma vez a cada mês e é
chamado de ovulação.
c) Corpo lúteo: Quando o folículo maduro já liberou seu óvulo, as células
foliculares formam um órgão hormônio-secretor, o corpo lúteo. Após duas
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semanas, o corpo lúteo degenera e seu espaço é tomado por tecido
fibroso, formando um corpo albicans.
2.1.3 Sistema hormonal feminino
Segundo Guyton (1992), o sistema hormonal feminino consiste em três
classes diferentes de hormônios:
• Hormônio liberador hipotalâmico: O hormônio liberador de gonadotrofinas
(GnRH).
• Hormônios da hipófise anterior (gonadotrofinas): Hormônio folículo-
estimulante (FSH) e hormônio luteinizante (LH), os quais são secretados
em resposta ao GnRH.
• Hormônios ovarianos: Estrogênio e progesterona, secretados pelos ovários
em resposta ao FSH e o LH.
2.1.4 Hormônios da hipófise anterior (gonadotrofina s)
Antes da puberdade, a menina não secreta hormônios gonadotróficos. A
partir dessa idade, a hipófise anterior passa a secretar dois destes hormônios: o
FSH e o LH (GUYTON, 1988). As alterações que ocorrem nos ovários durante o
ciclo menstrual dependem dos hormônios gonadotrópicos. Os ovários que não
recebem estímulos desses hormônios ficam inativos (GUYTON, 1992). Segundo
Rodrigues e Favaretto (1999), o folículo ovariano só se tornará apto para a
ovulação se houver uma associação entre o FSH e o LH.
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O FSH faz com que alguns folículos primários do ovário cresçam a cada
mês. As células foliculares que envolvem o oócito primário começam a se
proliferar e passam a secretar estrogênio (hormônio ovariano) (GUYTON, 1988).
O mesmo autor explica que o LH aumenta ainda mais a secreção das
células foliculares. Isso faz com que o folículo cresça e ovule, expelindo o óvulo
para a cavidade pélvica. Após a ovulação, o LH faz com que as células foliculares
adquirem uma aparência amarelada e passam a ser chamadas de células de
luteína, as quais têm sua massa transformada no corpo lúteo (ou corpo amarelo).
O corpo lúteo continua secretando estrogênio e, além disso, passa a secretar
progesterona.
2.1.5 Hormônios ovarianos
O estrogênio e a progesterona são os hormônios ovarianos que promovem
o desenvolvimento sexual feminino e as alterações sexuais mensais (GUYTON,
1988). Esses hormônios são compostos esteróides e são formados,
principalmente, a partir do colesterol (GUYTON, 1988; RODRIGUES;
FAVARETTO, 1999).
O estrogênio é um conjunto de hormônios: estradiol, estriol e estrona. O
mais importante é o estradiol. Esse hormônio propicia a proliferação das células e
é responsável por desenvolver as características femininas, bem como promover
o alongamento dos ossos na puberdade. A progesterona está relacionada com o
preparo do útero para receber o óvulo fertilizado e com o preparo da mama para
a secreção do leite (GUYTON, 1988; 1992).
15
2.2 Fases do ciclo menstrual
Alguns autores como Foglia e Libertun (1984) e Rodrigues e Favaretto
(1999) subdividem o ciclo menstrual em duas fases: proliferativa e secretora.
Outros preferem se referir à menstruação como sendo uma terceira fase do ciclo,
como é o caso de Guyton (1992). Nesse trabalho, o ciclo menstrual é explicado
em três fases:
1. Fase proliferativa (estrogênica ou folicular): Inicia-se após a menstruação,
sendo que o primeiro dia da menstruação é o primeiro dia do ciclo
(RODRIGUES; FAVARETTO, 1999). A duração dessa fase é de
aproximadamente duas semanas, contados a partir do primeiro dia da
menstruação até o primeiro dia da ovulação (FOGLIA; LIBERTUN, 1984).
A fase proliferativa caracteriza-se pelo desenvolvimento dos folículos
ovarianos e secreção de estrógenos, comandada pelo FSH e pela sua
associação com o LH. Nos primeiros dias (6-7 dias), os níveis de
estrógenos (estradiol e estrona) e progesterona são baixos e constantes.
Do 7º ao 14º dia os níveis estrogênicos (principalmente o estradiol)
elevam-se, atingindo o pico máximo aproximadamente 24 horas antes do
pico do LH (RODRIGUES; FAVARETTO, 1999). No final da fase folicular,
ou seja, aproximadamente no 14º dia do ciclo (GUYTON, 1988), ocorre a
ovulação, a qual é caracteriza pelos seguintes acontecimentos:
rompimento do folículo maduro e liberação do óvulo (RODRIGUES;
FAVARETTO, 1999). Foglia e Libertun (1984) salientam que apenas um
folículo atinge a maturação em cada ciclo. Após a liberação do óvulo, o
mesmo é captado pela Trompa de Falópio, podendo neste momento ser
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ou não fecundado. O restante do folículo forma o corpo lúteo, que pode ser
funcional ou não. As células luteínicas do corpo lúteo funcional secretam
progesterona, e as células da teca interna luteinizada secretam estrógenos
(RODRIGUES; FAVARETTO, 1999). O autor acrescenta que nesse
momento ocorrem algumas modificações funcionais no sistema
hipotálamo-hipofisário, que culminam com o pico do LH. Após a ovulação,
a progesterona aumenta os seus níveis.
2. Fase progestacional (secretora): De acordo com Foglia e Libertun (1984),
nesta fase há as melhores condições para a fertilização. Na segunda
metade do ciclo menstrual, portanto após a ovulação, estrógeno e
progesterona são secretados em maior quantidade pelo corpo lúteo. As
alterações que ocorrem nessa fase tornam o endométrio altamente
secretor, com uma boa reserva de nutrientes (GUYTON, 1992). Assim,
Rodrigues e Favaretto (1999) e Guyton (1992) concordam que nesse
momento o endométrio proporcionará condições apropriadas à
implantação do óvulo fertilizado. A não ocorrência da fecundação e da
implantação faz com que o estroma comece a ficar cheio de leocócitos
provenientes do sistema vascular (chamados de polimorfonucleares)
(RODRIGUES; FAVARETTO, 1999). Sua infiltração anuncia o colapso do
estroma endometrial e o início da menstruação (MEDCURSO, 2003).
3. Menstruação: Apenas as mulheres e algumas espécies de macacos
passam por esse processo (FOGLIA; LIBERTUN, 1984). A menstruação é
causada pela redução súbita de estrógeno e progesterona ao final do ciclo
menstrual (GUYTON, 1992). Durante as 24 horas anteriores à
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menstruação, os vasos sanguíneos que vão para as camadas mucosas do
endométrio ficam vasoespásticos. Esse fato aliado à perda de estimulação
das células endometriais faz com que o endométrio comece a necrosar
(FOGLIA; LIBERTUN, 1984; GUYTON, 1988; 1992; RODRIGUES;
FAVARETTO, 1999). O sangue vasa para a camada vascular do
endométrio e ocorre um aumento das áreas hemorrágicas. As camadas
externas necrosadas se destacam do útero no local das hemorragias, até
que por volta de 48 horas após a menstruação ter iniciado, todas as
camadas superficiais do endométrio estarão desprendidas. O tecido
descamado e o sangue na cavidade uterina produzem contrações que
expelem o conteúdo uterino. Durante a menstruação são perdidos cerca
de 40ml de sangue e 35ml de líquido seroso. Dentro de 4 a 7 dias da
menstruação, a perda de sangue diminui até cessar, pois nesse momento
o endométrio já foi reepitelizado (GUYTON, 1992).
2.3 Alterações comportamentais ao longo do ciclo me nstrual
Alterações mensais nos estrógenos, progesterona e andrógenos
influenciam vários neurotransmissores (JOFFE; COHEN, 1998 apud SERRANO;
WARNOCK, 2007). A ligação entre mudanças hormonais e o desenvolvimento de
transtornos de humor em mulheres é fortemente sugerida pelo fato de haver um
aumento considerável de tais transtornos durante as transições reprodutivas. Ao
longo da sua vida reprodutiva, a mulher provavelmente passará por várias dessas
transições, incluindo menarca, gravidez, o ciclo menstrual, aborto, tratamento de
infertilidade, e a perimenopausa/menopausa. Cada evento está associado com
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uma seqüência de interações neuroendocrinológicas entre o hipotálamo, a
pituitária, o ovário e o endométrio (SERRANO; WARNOCK, 2007).
Grande parte das mulheres passa por modificações físicas e psicológicas
durante o ciclo menstrual, porém só se pode afirmar acerca da existência de
Síndrome Pré-Menstrual (SPM) quando tais mudanças tornarem-se
desconfortáveis, interferindo em seu cotidiano [(ROSENBLUM, 2001) (THYS-
JACOBS et al., 1998) apud SAMPAIO, 2002].
Segundo Andrade, Viana e Silveira (2006), o período perimenstrual
(semana anterior à menstruação até poucos dias após o seu início) é
caracterizado, em algumas mulheres, por sintomas emocionais e desagradáveis
alterações no comportamento. Tais sintomas vão desde a SPM, passando por
exacerbações de outros transtornos preexistentes (como depressão e
ansiedade), alcançando o extremo da gravidade, o Transtorno Disfórico Pré-
Menstrual (TDPM).
De acordo com Barini (1994), os principais sintomas do período pré-
menstrual são alterações de humor, com labilidade emocional, depressão,
agressividade e irritabilidade (componentes psíquicos); aumento do volume e da
sensibilidade mamária, aumento de peso, flatulência, inchaço, obstipação, etc.
(componentes físicos).
As alterações na irritabilidade não são universais, ou seja, existem
mulheres que, antes da menstruação vivenciam pouca ou nenhuma alteração no
humor antes da menstruação. Isso dependerá muito de suas histórias e de seus
temperamentos. Assim, pessoas diferentes poderão responder de forma
diferenciada a um estímulo que lhes seja similar (CARLSON, 2002).
Uma das causas da variação de peso durante o ciclo menstrual é que, com
a oscilação hormonal, há um aumento da ingestão energética, uma vez que o
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apetite se eleva (DYE; BLUNDELL, 1997; KUGA et al., 1999 apud SAMPAIO,
2002).
Dye e Blundell (1997), Kuga et al. (1999, apud, SAMPAIO, 2002) e Rock et
al. (1996, apud SAMPAIO, 2002) concordam que a maior ingestão energética
ocorre na fase lútea, ou seja, período imediatamente anterior ao sangramento.
A sensibilidade por doces é maior quando há elevação do estradiol. Já
quando a progesterona está elevada, a sensibilidade ao amargo é que aumenta
(ALBERTI-FIDANZA, 1998 apud SAMPAIO, 2002).
Muitas mulheres relatam possuir compulsão por chocolates e doces.
Dentre estas, 40-50% possuem tal compulsão no período pré-menstrual
(MICHENER et al., 1999 apud SAMPAIO, 2002). Os autores estudaram a
associação desse comportamento a uma queda de progesterona no período pré-
menstrual ou à tensão pré-menstrual, porém não conseguiram demonstrá-la.
Andrade, Viana e Silveira (2006) afirmam que ainda se desconhece a
etiologia dos sintomas pré-menstruais, porém relatam acerca de evidências de se
tratar de um fenômeno mais biológico do que psicológico ou psicossocial.
Em uma revisão de literatura sobre a influência de hormônios sobre a
agressão, Floody (1983 apud CARLSON, 2002) relata um estudo que mulheres
em instituições apresentavam diminuição das ocorrências de agressão quando
estavam próximas ao período da ovulação, e um aumento antes da menstruação.
2.3.1 Menstruação
Todas as mulheres, se elas menstruam ou não, estão ligadas à
menstruação de uma forma ou de outra. Mulheres que menstruam, o fazem por
aproximadamente metade das suas vidas. Todos os homens que tem alguma
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interação com mulheres, estão ligados à menstruação de uma forma ou de outra.
Aproximadamente 75% das mulheres que menstruam experimentaram algum
desconforto físico, distúrbio de humor, ou mudanças comportamentais, ou uma
combinação destes, na última fase lútea dos seus ciclos menstruais
(FINGERSTON, 2005; SERRANO; WARNOCK, 2007).
Fingerson (2005), através de sua pesquisa realizada com adolescentes
dos EUA de ambos os sexos, constatou que a menstruação oferece a
oportunidade de as garotas interpretarem seu corpo como um agente mediador.
As garotas, em certas ocasiões, utilizam seu corpo como um recurso de poder
em suas interações sociais. O corpo, com a menstruação, não é a única restrição
mas pode ser utilizado para abrir caminhos mediadores. O autor, em sua
pesquisa, descobriu três caminhos em que as garotas, e frequentemente os
garotos, interpretam o corpo da mulher: 1) lidar com as responsabilidades da
menstruação; 2) experimentar um conhecimento sobre menstruação; 3) Reações
criativas para as normas menstruais dominantes.
Muitas garotas do estudo relataram que, por causa da menstruação, elas
aprenderam a lidar com seu corpo, lidar com a dor e planejar o futuro;
expressaram sentimentos diversificados sobre menstruação: não gostam da dor e
a irritabilidade, porém sentem satisfação com o desafio. Com a menstruação, as
mulheres aprendem a suportar o desconforto e a dor; tal aprendizagem é
inacessível aos homens. A menstruação pode, também, oferecer às garotas a
oportunidade de compreender seus ciclos e as mudanças que o corpo sofre com
ele (FINGERSTON, 2005).
E. Martin (1992 apud FINGERSTON, 2005) argumenta que em muitas
culturas a criatividade alcança o seu máximo no período menstrual.
21
Para algumas garotas do estudo realizado por Fengerston (2005),
menstruar, apesar dos seus sentimentos sobre o processo, significa que elas são
membros de um enorme grupo de mulheres. Uma das garotas constatou que
menstruação é um dos degraus para se tornar uma mulher.
2.3.1.1 Síndrome Pré-Menstrual (SPM) e Transtorno D isfórico
Pré-Menstrual (TDPM)
Kaplan (1927) caracteriza a Síndrome Pré-Menstrual (SPM) por alterações
subjetivas cíclicas no humor e no senso de bem-estar físico e psicológico,
correlacionadas ao ciclo menstrual. Os sintomas iniciam após a ovulação, mas
atingem o auge nos cinco últimos dias precedentes à menstruação (fase lútea).
Fatores biopsicossociais têm sido implicados nessa síndrome. Os sintomas são
amenizados logo depois da chegada da menstruação (fase folicular)
(DICKERSON et al., 2003 apud REED; LEVIN; EVANS, 2008; DYE; BLUNDELL,
1997).
Dye e Blundell (1997) e Sharma e Sharma (2008) também definem a
Síndrome Pré-Menstrual (SPM), afirmando que é a mesma é recorrente, com um
aglomerado de sintomas físicos e emocionais, os quais se desenvolvem 7 a 14
dias antes do início da menstruação e diminuem com a menstruação.
Para Barnhart, Freeman e Sondheimer (1995 apud MONTES; VAZ, 2003),
a SPM é um conjunto de sintomas pré-menstruais, em sua maioria afetivos, que
desorganiza o comportamento rotineiro das mulheres.
Freeman et al. (1995) citam os 17 sintomas mais comuns da SPM: tensão
nervosa, oscilação no humor, irritabilidade, ansiedade, sensação de estar fora de
22
controle, fadiga, depressão, choro, insônia, inchaço, sensibilidade mamária, dor
de cabeça, desejos por comida, confusão, má coordenação, dores e cólicas.
Um dilema freqüente que tem sido pensado nos estudos de SPM é saber
se a mesma trata-se de um extremo da experiência normal do ciclo menstrual ou
se é um fenômeno diferente qualitativamente (DICKERSON et al., 2003 apud
REED; LEVIN; EVANS, 2008; DYE; BLUNDELL, 1997).
Na sua forma mais severa, esse fenômeno é conhecido como Transtorno
Disfórico Pré-Menstrual (TDPM), o qual é caracterizado por um aglomerado de
sintomas comportamentais, principalmente depressão, tensão, ansiedade,
irritabilidade, e fadiga, com pelo menos cinco dos sintomas presentes na fase
lútea. Essa forma mais severa de depressão pré-menstrual ocorre em
aproximadamente 5% das mulheres (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION,
1994 apud REED; LEVIN; EVANS, 2008; GOLD, 1994 apud DYE; BLUNDELL,
1997; STEINER et al., 2006 apud SERRANO; WARNOCK, 2007).
A diferença entre SPM e TDPM está na severidade dos sintomas. Ao
contrário da SPM, o TDPM está associado com um prejuízo funcional e a
predominância de sintomas afetivos (DYE; BLUNDELL, 1997; REID, 1991 apud
SERRANO; WARNOCK, 2007).
Pesquisas recentes evidenciam que a serotonina é um componente
fundamental na neuropatologia de TDPM (SERRANO; WARNOCK, 2007).
2.3.1.2 Alterações comportamentais ao longo do cicl o e suas
implicações na rotina diária
Distúrbios menstruais são problemas comuns entre as garotas. Estes
incluem dismenorreia, menorragia, oligomenorreia, ciclos irregulares e alterações
23
no humor ligadas à menstruação. O humor é mais negativo durante a fase lútea
(DERNTL et al., 2008; SHARMA; SHARMA, 2008).
Altos níveis de progesterona têm sido correlacionados ao humor negativo,
e têm sido frequentemente discutido como uma possível causa da Síndrome Pré-
Menstrual (KURSHAN; NEILL EPPERSON, 2006 apud DERNTL et al., 2008).
Sharma e Sharma (2008) realizaram um estudo com estudantes do curso
de medicina da universidade de Delhi, Índia e concluíram que o efeito mais
comum na rotina diária reportado pelos sujeitos do estudo ocorreu no período
lúteo, no qual sentiram a sua necessidade de prolongar suas horas de descanso,
ou seja, horas extras para ficar na cama, mais do que o normal, atribuídas ao
desconforto físico acompanhado pela incapacidade de estudar. A incapacidade
para dormir também foi abordada por algumas das estudantes. Algumas delas,
inclusive, relatam ter perdido palestras devido a esses problemas.
Evidencia-se que sintomas menstruais afetam negativamente a freqüência
escolar e o tempo de estudo entre estudantes de medicina e, presumivelmente,
entre outras estudantes.
2.3.1.3 Alterações comportamentais em animais
Ansiedade dependente do ciclo reprodutivo e comportamentos
semelhantes à depressão podem ser observados em roedores. Ratas mostram
menos ansiedade e depressão no proestro (níveis elevados de estrógeno e
progesterona), comparado a outras fases do ciclo estral [(FRYE; WALF, 2002)
(MARCONDES et al., 2001) (MARVAN et al., 1996) (MORA et al., 1996) apud
SCHNEIDER; POPIK, 2006].
24
2.3.2 Alterações no comportamento alimentar
Oscilações hormonais associadas ao ciclo menstrual influenciam o controle
do apetite e o comportamento alimentar. Condições particulares associadas ao
ciclo menstrual, mais notadamente a SPM, podem predispor as mulheres a
mudanças no controle do apetite. Algumas mudanças induzidas pela oscilação
hormonal do ciclo menstrual ou pela SPM podem ser detectadas em vários
aspectos de alimentação, incluindo mudanças na fome, desejos por certas
comidas, alteração no número de refeições ou lanches, mudanças no consumo
de gorduras ou carboidratos e toda uma mudança no consumo de energia. Em
humanos, quando o consumo de comida tem sido examinado em relação ao ciclo
menstrual, padrões de flutuações têm sido observados. Geralmente, o consumo
de energia é mais alto na fase pós-ovulatória ou pré-menstrual do ciclo do que na
fase pré-ovulatória ou folicular (DYE; BLUNDELL, 1997).
O período da ovulação representa o ponto mais baixo de consumo de
comida durante o ciclo menstrual [(FONG; KRETCH, 1993) (GONG et al., 1989)
(JOHNSON et al., 1994) (LYONS et al., 1989) apud DYE; BLUNDELL, 1997].
Além disso, tem-se sugerido que essas mudanças na alimentação sejam
paralelas às mudanças no ritmo do metabolismo basal durante o ciclo menstrual
[(SALOMON et al., 1982) (WEBB, 1986) apud DYE; BLUNDELL, 1997].
Sugere-se a existência de um aumento significativo no consumo de
carboidratos durante o período pré-menstrual, redução no consumo de
carboidratos e proteínas durante o período ovulatório e aumentos pré-menstruais
no consumo de gorduras ou no consumo de proteínas e gorduras
[(ANANTHARAMEN-BARR et al., 1988) (BRZEZINSKI et al., 1990) (DALVIT-
MCPHILLIPS, 1983) (GALLANT et al., 1987) (HRBOTICKY et al., 1989)
25
(JOHNSON et al., 1994) (LYONS et al., 1989) (TARASUC; BEATON, 1991) apud
DYE; BLUNDELL, 1997].
Christensen (1997 apud SCHNEIDER; POPIK, 2006) afirma que a ingestão
de carboidratos é um fenômeno característico da angústia emocional. Rogers et
al. (1992 apud DYE; BLUNDELL, 1997) sugerem que comidas que são
preferencialmente consumidas no período pré-menstrual tendem a ser mais
saborosas e com altas propriedades hedônicas. Estes autores também
mencionam que tais comidas tendem a ter altos teores de carboidratos e
gorduras. Os desejos por comida são mais freqüentes e mais graves no período
pré-menstrual, mas eles também podem ocorrer, de maneira mais amena, em
outros pontos do ciclo menstrual na mesma mulher (DYE; BLUNDELL, 1997).
A relação entre o ciclo menstrual e a alimentação tem sido pouco
explorada em humanos (CZAJA, 1978 apud DALVIT, 1981). Morton et al. (1953
apud DALVIT, 1981) realizaram um estudo, sobre a variação do padrão alimentar
ou desejos particulares (em relação a alimentos) associados ao ciclo menstrual.
No estudo, uma população prisional foi questionada a fim de que se pudesse
determinar a incidência e severidade dos sintomas pré-menstruais. Um desejo
por doces foi relatado por 37% da população e aumento do apetite por 23%.
Estes resultados foram confirmados (desejo por doces como o fenômenos
mais freqüente do período pré-menstrual) e estendidos por Smith e Sauder (1969
apud DALVIT, 1981), os quais relataram associações entre 1) desejos por comida
ou doces e tensão pré-menstrual; 2) a ocorrência de retenção de líquidos e um
desejo aumentado durante um período específico durante períodos menstruais ou
depressão; 3) comer compulsivamente e tendências a ter depressão mais
freqüentemente. Os resultados indicaram que pode haver uma base fisiológica
26
para o desejo de comer, porém não foram feitos estudos a fim de validar tais
hipóteses.
Alguns estudos indicam que depressão e desejo por comida podem co-
existir no período pré-menstrual [(BANCROTF, et al. 1988) (COHEN et al., 1987)
apud DYE; BLUNDELL, 1997].
Dois estudos mediram efetivamente o consumo de alimentos em mulheres
com e sem SPM enquanto elas estavam internadas para tratamento. Os
alimentos fornecidos às participantes consistiram em alimentos com altos níveis
de carboidratos e proteínas, com teor de gordura constante [(BRZEZINSKI et al.,
1990) (WURTMAN et al., 1989) apud REED; LEVIN; EVANS, 2008]. Em ambos
os estudos, somente as mulheres com SPM demonstraram um aumento
significativo no consumo de alimentos, especificamente carboidratos, durante a
fase lútea, comparada à fase folicular.
Em um de seus estudos, Reed, Levin e Evans (2008) observaram que
mulheres com TDPM em sua fase lútea: 1) possuem aumentos de episódios
disfóricos de humor; 2) apresentaram prejuízos no seu desempenho cognitivo; 3)
sofrem um aumento no desejo por alimentos com elevado teor de gordura (tanto
salgados quanto doces); 4) consomem mais calorias (principalmente gorduras) no
almoço, quando comparado à fase folicular do ciclo e/ou comparadas às
mulheres sem TDPM.
2.3.3 Alterações no comportamento alimentar em anim ais
Fêmeas de primatas também mostram um padrão cíclico no consumo de
alimentos que está associado a mudanças ovarianas durante o ciclo menstrual
[(CZAJA, 1975) (CZAJA, 1978) (CZAJA; GOY, 1975) apud DALVIT, 1981].
27
Quedas no consumo de comida foram notadas no meio do ciclo, um
intervalo caracterizado pela onda pré-ovulatória de estrogênio. O consumo de
comida é significativamente mais alto durante a fase lútea do ciclo menstrual do
que durante o restante do ciclo, e este fato conduziu Gilbert e Gillman (1975 apud
DALVIT, 1981) a hipotetizar que a progesterona, quando aumentada durante esta
fase, atua como um estimulante de apetite. Esses investigadores administraram
progesterona em fêmeas de babuínos durante o meio do ciclo do seu período
estral e constataram que houve um aumento no consumo de alimentos.
Outros estudos não sustentam a noção de que a progesterona atue como
um estimulante de apetite. Czaja (1975 apud DALVIT, 1981) encontrou que a
administração de progesterona em macacas ovarectomizadas não influencia no
seu consumo de alimentos. Este resultado pode sugerir a ligação entre a
produção de óvulos (e possível fertilização) e o consumo de alimentos.
2.3.4 Hormônios e as alterações no comportamento al imentar
O papel dos hormônios ovarianos em mamíferos tem sido amplamente
estudado nos últimos 40 anos, devido aos seus efeitos sobre o comportamento
reprodutivo, atividade, regulação do peso corporal, e padrões de consumo de
alimentos (WADE, 1972 apud DALVIT, 1981).
Muitas pesquisas com humanos têm considerado os hormônios ovarianos
como um dos fatores para a tensão e depressão pré-menstrual (MORTON et al.,
1953 apud DALVIT, 1981).
Em muitos mamíferos tem sido observada uma relação entre os esteróides
sexuais e os padrões de consumo de alimento: há um consumo baixo na
ovulação, quando os níveis de estrogênio estão no seu pico, e se torna lógico
28
supor que um padrão semelhante exista também em humanos. [(BLAUSTEIN;
WADE, 1976) (CZAJA, 1975) (CZAJA; GOY, 1975) apud DALVIT, 1981]
A serotonina também está envolvida nos sintomas físicos e psicológicos
que ocorrem durante o ciclo menstrual (especialmente a SPM). Desta forma, uma
consideração sobre o papel da serotonina pode ajudar no entendimento sobre as
mudanças de apetite relacionadas à SPM (DYE; BLUNDELL, 1997).
A serotonina tem sido implicada como o fator mediador na relação entre
humor e apetite (WURTMAN, 1993 apud DYE; BLUNDELL, 1997). Esta hipótese
se baseia na evidência de que baixos níveis de serotonina induzem ao humor
disfórico. Discute-se, na literatura especializada, que desejos por alimentos
específicos (contendo carboidratos) ocorram para elevar os níveis de serotonina
no cérebro e tem-se sugerido que este pode ser um mecanismo adaptativo para
compensar a falta de serotonina no período pré-menstrual. Portanto, comer
carboidratos é uma forma de auto-medicação a fim de melhorar o humor. No
entanto, existem poucas evidências sobre o desejo seletivo por carboidrato
durante o período pré-menstrual (DYE; BLUNDELL, 1997).
Durante a fase pré-menstrual, a atividade da serotonina é relativamente
baixa, e, por conseguinte, o controle sobre o apetite será mais fraco. Isto pode
fazer com que haja uma alteração na atividade de receptores específicos de
serotonina, os quais modulam a habilidade de resistir a fatores de risco em
excesso e um saldo positivo de energia (BLUNDELL, 1996 apud DYE;
BLUNDELL, 1997).
Consequentemente, durante a fase pré-menstrual, indivíduos estarão mais
suscetíveis a muitos estímulos (internos e ambientais) que facilitam o consumo
de alimentos e eliciam os desejos pelos mesmos. Assim, a fase pré-menstrual do
ciclo pode ser considerada um momento em que as mulheres estão
29
especificamente vulneráveis a excessos no consumo e nos desejos por
alimentos, e também à depressão (devido à baixa atividade de serotonina) (DYE;
BLUNDELL, 1997).
Mulheres com TDPM exibem mudanças normais nos esteróides gonadais;
no entanto, tais mudanças iniciam ou aumentam a resposta anormal de
serotonina. Suportando essa teoria observa-se que as mulheres com TDPM
possuem baixos níveis no limiar de serotonina (RAPKIN et al., 1987 apud
SERRANO; WARNOCK, 2007).
2.3.5 Ovulação e atratividade
Cientistas acreditam que a ovulação humana é algo discreto,
possivelmente até mesmo para as próprias mulheres (BURT, 1992 apud
DURANTE; HASELTON, 2008). Chimpanzés, por exemplo, mostram indicadores
óbvios quando se aproximam da ovulação, como inchaço genital; entretanto, não
há sinais claros para o ciclo de fertilidade em humanos. Ao contrário de muitos
mamíferos, humanos praticam atividades sexuais durante todo o ciclo
(ALEZANDER; NOONAN, 1979 apud DURANTE; HASELTON, 2008).
Fisher (2004 apud DURANTE; HASELTON, 2008) propôs uma hipótese
sobre algumas mudanças na motivação social das mulheres – especificamente,
que as mulheres se tornam mais intra-sexualmente competitivas próximo à
ovulação. Mulheres podem alterar sua aparência durante o ciclo e, portanto, elas
parecem fisicamente mais atraentes quando a fertilidade está em alta.
Há muitas explicações sobre o motivo pelo qual a preferência de roupa das
mulheres muda durante o ciclo. Uma possibilidade é que as mulheres
simplesmente se sentem mais atraentes quando próximas à ovulação
30
(HASELTON; GANGESTAD, 2006 apud DURANTE; HASELTON, 2008) e elas se
esforçam mais para apresentar em uma boa aparência. Mulheres podem também
se vestir para atrair um novo companheiro (GANGESTAD et al., 2002 apud
DURANTE; HASELTON, 2008). Outra possibilidade, como já apontado
anteriormente, é que elas se vestem melhor próximo à ovulação por causa do
aumento da competitividade intra-sexual (FISHER, 2004 apud DURANTE;
HASELTON, 2008).
Mulheres se apresentam mais sensíveis a variações dos níveis hormonais
associados à ovulação, as quais conduzem a mudanças sistemáticas em suas
motivações sociais, desejos e preferências. Há também evidências de que outras
pessoas – possivelmente incluindo pessoas completamente estranhas à mulher –
possam detectar sinais de ovulação (DURANTE; HASELTON, 2008).
Os autores supracitados realizaram um estudo com alunas de cursos de
graduação da Universidade do Texas, no qual investigaram se o ciclo ovulatório
poderia contribuir para as mudanças cotidianas na motivação das mulheres para
parecerem atraentes. O primeiro objetivo do estudo foi detectar as mudanças na
atratividade das mulheres, especificamente a escolha de roupas, durante o ciclo.
Os resultados demonstram que mulheres preferem roupas mais reveladoras e
sensuais próximo ao início da ovulação. É possível que no período de baixa-
fertilidade, próximo à chegada da menstruação e associado aos sintomas pré-
menstruais, as mulheres não se preocupem muito com a aparência, em oposição
ao período próximo à ovulação, no qual elas tendem a ficar mais atentas à
vestimenta. No entanto, não foram encontradas evidências de tal fato
(DURANTE; HASELTON, 2008).
Muitos estudos exploram, também, as preferências das mulheres por
traços masculinos em homens, as quais podem mudar ao longo do ciclo
31
menstrual. Preferências aumentadas pela masculinidade facial, masculinidade
vocal, videoclips de comportamento dominante masculino e por homens mais
altos coincidem com o final da fase folicular do ciclo menstrual. Essas mudanças
em preferências por homens “másculos” são potencialmente adaptativas (LITTLE;
JONES; BURRISS, 2007).
Os autores supracitados realizaram um estudo no qual demonstraram que
a preferência feminina por masculinidade em corpos masculinos muda durante o
ciclo menstrual e em relação a outras variáveis conhecidas para influenciar as
preferências pela masculinidade na forma da face. Mulheres preferiram mais os
corpos masculinos com formas másculas quando elas se encontravam no final da
fase folicular, ou seja, a fase fértil do ciclo menstrual.
2.3.6 Ciclo menstrual e o reconhecimento de faces
Vários estudos demonstram que a percepção das mulheres modifica-se
durante o ciclo menstrual (DERNTL et al., 2008). Estes resultados sugerem que a
melhor performance no reconhecimento de faces e expressões faciais ocorre
quando os níveis de progesterona estão mais baixos, representando o primeiro
período do ciclo menstrual.
Pearson e Lewis (2005 apud DERNTL et al., 2008) demonstraram que a
capacidade de reconhecer corretamente faces assustadoras varia durante o ciclo
menstrual: mulheres durante a fase pré-ovulatória (nível mais elevado de
estrogênio) demonstraram uma maior exatidão no reconhecimento de medo.
Os estudos de Marsh et al. (2005 apud DERNTL et al., 2008) indicam que
os níveis elevados de progesterona influenciam tendências comportamentais
32
para a evitação, com o possível objetivo de proteger-se de alguma ameaça ou
perigo (alguma doença, por exemplo).
33
3 ASPECTOS METODOLÓGICOS
3.1 Participantes da pesquisa
Trata-se de um estudo exploratório, de iniciação científica, realizado com
com 10 (dez) estudantes universitárias do sexo feminino do Centro de Ciências
da Saúde da Universidade do Vale do Itajaí, com idades variando entre 20 e 28
anos. A intenção foi escolher participantes que estivessem expostas aos mesmos
estressores e, portanto, priorizou-se um curso (Psicologia), do qual foram
provenientes 9 das 10 participantes.
As participantes da pesquisa foram identificadas pela ordem numérica de 1
a 10 (por exemplo: participante 3), a fim de manter o seu anonimato. Segue a
caracterização das participantes do estudo.
34
Tabela 1. Caracterização das participantes do estudo sobre a auto-percepção das variações comportamentais durante o ciclo menstrual.
PARTICIPANTES IDADE CURSO PERÍODO
Participante 1 21 Psicologia 7º
Participante 2 21 Psicologia 7º
Participante 3 21 Psicologia 7º
Participante 4 21 Psicologia 7º
Participante 5 20 Psicologia 7º
Participante 6 28 Psicologia 7º
Participante 7 21 Psicologia 7º
Participante 8 21 Psicologia 6º
Participante 9 22 Psicologia 7º
Participante 10 22 Fisioterapia 4º
Vale salientar que a participante 10 era estudante de Psicologia quando o
DRCCM lhe foi entregue. A estudante efetuou a mudança de curso durante o
período em que respondia o diário e é por esse fato que a amostra conta apenas
com uma participante fora do curso de Psicologia.
3.2 Instrumentos
Na presente pesquisa, inicialmente, foi utilizado o Questionário de Saúde
Geral (QSG), adaptado para o Brasil por Pasquali et al. (1996), a fim de identificar
o perfil sintomático de saúde mental das estudantes para que, posteriormente, as
mesmas pudessem responder ao segundo instrumento da pesquisa. O QSG tem
como finalidade identificar o perfil sintomático de saúde mental de pessoas com
35
distúrbios psiquiátricos não extremados. De tipo self-report, consta de 60 itens
aos quais o sujeito deve responder através de escala de tipo Likert de 4 pontos.
As alternativas podem variar um pouco em função do teor da pergunta. A
avaliação realizada com a ajuda de um crivo ou de computador se dá inicialmente
através da obtenção do escore bruto de cada um dos cinco fatores (1.stress
psíquico; 2.desejo de morte; 3.desconfiança no desempenho; 4.distúrbios do
sono; 5.distúrbios psicossomáticos), bem como do escore bruto geral do
questionário. A seguir, obtém-se os escores sintomáticos dividindo-se a soma das
respostas que compõem o fator pelo número de itens que o fator tem. Protocolos
com 10% ou mais questões não respondidas são desprezados. Uma tabela de
escores percentílicos indica o perfil dos sintomas de distúrbios de saúde do
sujeito em relação à norma.
O QSG foi traduzido, adaptado e validado no Brasil por Pasquali et al.
(1996) e se encontra no anexo 1 desta monografia.
O segundo instrumento utilizado foi o Diário de Registro do
Comportamento durante o Ciclo Menstrual (DRCCM – Apêndice A), construído
pelos autores da presente pesquisa, a fim de alcançar os objetivos da mesma. O
DRCCM consta de um caderno com 30 páginas, contendo 35 perguntas
relacionadas ao humor, à auto-estima, à auto-imagem, à ansiedade, ao sono, à
auto-eficácia, ao apetite e às funções cognitivas a fim de verificar variações
nestas classes de comportamentos ao longo do ciclo menstrual. As respostas
para as perguntas poderiam ser: concordo totalmente, concordo, discordo ou
discordo totalmente.
Primeiramente, foram elaboradas algumas questões relacionadas a cada
uma das classes descritas acima, as quais haviam sido levantadas na elaboração
36
do projeto através da literatura especializada. Posteriormente, as questões foram
combinadas, a fim de que a divisão das categorias não ficasse explícita para as
participantes do estudo. Totalizaram 35 questões e optou-se por um número par
de opções de respostas (quatro) a fim de que as participantes não tendessem a
responder no grau intermediário, não expressando, muitas vezes, a sua real
situação. Em seguida, foi feita uma validação de face, a fim de verificar a
validade e fidedignidade do instrumento. Nesta etapa, cinco estudantes, as quais
não participaram posteriormente da pesquisa, responderam ao instrumento e
sugeriram algumas alterações, que foram incorporadas para que o mesmo
pudesse tornar-se mais compreensível a quem o fosse responder.
O terceiro e último instrumento utilizado foi uma entrevista sobre Auto-
Percepção das mudanças comportamentais ao longo do ciclo menstrual, a fim de
verificar se, após o preenchimento do DRCCM durante 30 dias, as participantes
modificaram o seu modo de perceber o ciclo menstrual e de que maneira tais
mudanças foram percebidas. Este instrumento também pode evidenciar se as
estudantes notaram mudanças comportamentais em períodos específicos do
ciclo menstrual e se tais mudanças prejudicaram seu desempenho na execução
de atividades cotidianas. Consistiu em uma entrevista semi-aberta, gravada em
áudio, contendo uma única questão norteadora (“Monitorar seus comportamentos
ao longo do ciclo menstrual fez alguma diferença para você?”).
3.3 Coleta dos Dados
Após o contato inicial, quando foram esclarecidos os objetivos da
pesquisa, as voluntárias manifestaram sua concordância com os termos do
37
estudo por meio da assinatura de um Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE – Apêndice B).
De comum acordo (voluntárias e pesquisadores), primeiramente foi
aplicado o QSG acompanhado de um pequeno questionário de identificação
(anexo ao QSG), a fim de verificar os índices de saúde mental geral e se as
mesmas vivenciaram algum evento estressante nos últimos dias precedentes ao
início do estudo.
Em seguida, cada estudante recebeu o DRCCM, e foi instruída a
preenchê-lo diariamente, preferencialmente no período noturno, durante um
período de trinta dias. O DRCCM foi devolvido pelas participantes à pesquisadora
devidamente preenchido, trinta dias após seu recebimento.
Na devolução do instrumento foi feita a entrevista sobre a auto-percepção
das alterações comportamentais ao longo do ciclo menstrual. A partir dessa
questão, surgiram demais questionamentos, através dos quais a pesquisadora
pôde esclarecer quais e como são percebidas as mudanças na auto-percepção.
3.4 Análise dos Dados
Os escores do QSG foram utilizados como linha de base de sintomas de
saúde mental. A avaliação foi realizada com a ajuda de um crivo
computadorizado (planilha de dados ajustada para este fim) e se deu inicialmente
através da obtenção do escore bruto de cada um dos cinco fatores (1. stress
psíquico; 2. desejo de morte; 3. desconfiança no desempenho; 4. distúrbios do
sono; 5. distúrbios psicossomáticos), bem como do escore bruto geral do
questionário. A seguir, obtêm-se os escores sintomáticos dividindo-se a soma das
respostas que compõem o fator pelo número de itens que o fator tem. Protocolos
38
com 10% ou mais questões não respondidas devem ser desprezados, mas no
caso específico deste estudo, nenhum obteve tal critério sendo todos
devidamente preenchidos. Uma tabela de escores percentílicos (já
sistematizada) indica o perfil dos sintomas de distúrbios de saúde do sujeito em
relação à norma.
A análise do DRCCM está descrita na sessão 4.1.2 da sessão de
resultados. Optou-se por esta estratégia a fim de facilitar a leitura do trabalho.
Não foram realizadas análises estatísticas exploratórias por conta do
número reduzido de participantes e por não ser objetivo deste trabalho a
comparação entre grupos.
Por fim, as entrevistas sobre auto-percepção foram transcritas, analisadas
(como pressuposto por Cartwright, 1974) e divididas em categorias já pré-
definidas pelos objetivos do estudo (impressões sobre o estudo do qual
participaram, mudanças percebidas durante o ciclo menstrual, mudanças na
percepção do próprio ciclo, interferências das mudanças comportamentais no
cotidiano).
3.5 Procedimentos Éticos
Antes de iniciar a aplicação, as participantes foram informadas sobre a
pesquisa e esclarecidas de que as informações obtidas eram confidenciais, que
só seriam utilizadas para as finalidades desta pesquisa, que a participação era
voluntária e não remunerada. Também lhes foi esclarecido que, se por qualquer
motivo, quisessem abandonar o estudo eram livres para fazê-lo.
39
A participação das pessoas foi condicionada a assinatura de um Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice B), como indicado nos
procedimentos para coleta de dados.
Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNIVALI
pelo parecer CEP/UNIVALI 32/09.
40
4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Os dados serão apresentados respeitando a seguinte seqüência: 1)
análise do QSG demonstrando a presença/ausência de sintomas antes do início
dos registros no diário; 2) análise dos dados gerados no preenchimento do
DRCCM; e, 3) análise dos relatos obtidos na entrevista.
4.1 Apresentação dos resultados
4.1.1 Questionário de Saúde Geral (QSG)
Antes de serem submetidas a responder o Diário de Registro do Ciclo
Menstrual (DRCCM) no período de 30 dias, as participantes responderam ao
Questionário de Saúde Geral (QSG – ANEXO 1), a fim de verificar seus índices
de saúde mental geral e se as mesmas vivenciaram algum evento estressante
nos últimos dias. Os resultados podem ser visualizados a partir da tabela 2.
41
Tabela 2. Demonstrativo dos percentis do Questionário de Saúde Geral de Goldberg das participantes do estudo.
Participantes Variáveis do QSG
Stress Psíquico
Desejo de morte
Desconfiança no
desempenho
Distúrbios do sono
Distúrbios psicossomáticos
Saúde geral
Participante 1 2,38 1,13 1,82 1,00 1,50 1,68
Participante 2 1,69 1,13 1,82 1,67 1,60 1,63
Participante 3 2,31 1,88** 2,12 2,17** 1,90 2,08**
Participante 4 1,69 1,13 2,00 1,50 1,30 1,67
Participante 5 2,31 1,63 2,76* 1,83 1,70 2,13
Participante 6 2,62** 1,38 2,12 1,67 2,00 1,98
Participante 7 1,85 1,25 1,41 1,33 1,30 1,58
Participante 8 1,92 1,00 1,76 1,33 1,30 1,55
Participante 9 1,62 1,00 1,71 1,00 1,30 1,50
Participante 10 3,15* 2,25* 2,53** 2,33** 2,40** 2,52* * Acima do percentil 90 (sintomático). ** Acima do percentil 75 (quase sintomático)
Evidencia-se que a participante 10 teve todos os escores das variáveis do
QSG elevados. Isso pode ter ocorrido devido ao fato de que, neste período, a
estudante estava prestes a efetuar sua mudança de curso na universidade.
De maneira geral, as participantes não demonstraram alterações
significativas com relação à sua saúde geral. Pode-se perceber que as variáveis
“Desconfiança no desempenho” e “Stress psíquico” foram as mais elevadas para
a maioria das estudantes.
4.1.2 Diário de Registro do Comportamento durante o Ciclo
Menstrual (DRCCM)
O DRCCM têve uma perspectiva longitudinal, ou seja, através dele se
pode observar o ciclo menstrual completo das participantes e não apenas um
42
recorte do mesmo. Para realizar a análise dos dados obtidos foram executados
os seguintes procedimentos listados abaixo:
1) os 30 dias de respostas foram reduzidos aos três períodos do ciclo
menstrual, de acordo com a literatura especializada, uma vez que não foi
possível mensurar o momento específico do ciclo em que se encontrava
cada participante. Deste modo, as freqüências de respostas a cada uma
das 35 questões (quadro 1) foram agrupadas nos três períodos do ciclo
menstrual: pré-ovulatório (1º ao 7º dia), ovulatório (8º ao 14º dia) e lúteo
(15º ao 30º dia). Vale salientar que foi solicitado as participantes que
relatassem os eventos aos quais ficaram expostas ao estresse, uma vez
que as mudanças comportamentais poderiam estar associadas a um
desses eventos e não ao período do ciclo. Porém, as participantes não
registraram momentos de estresse significativo durante o preenchimento
do instrumento.
2) as freqüências de respostas dadas a cada questão pelas participantes
foram somadas por período do ciclo menstrual, gerando um total de 245
respostas para o período pré-ovultório, 245 no ovulatório, e 525 no lúteo
para cada participante. Essas respostas variaram entre “concordo
totalmente”, “concordo”, “discordo” e “discordo totalmente”.
3) as freqüências simples das respostas foram transformadas em proporções
e comparadas entre os períodos do ciclo menstrual (Apêndice C).
4) em um segundo momento, as questões foram divididas por classe de
comportamentos, a fim de que se pudesse visualizar as alterações
comportamentais ocorridas especificamente em cada uma das classes.
5) em cada questão, as respostas “concordo” foram somadas às respostas
“concordo totalmente” e as respostas “discordo” foram somadas às
43
respostas “discordo totalmente, a fim de que se pudesse ter apenas dois
tipos de respostas: as concordantes ou as discordantes.
Quadro 1. Questões do DRCCM.
Questões:
1. Hoje estou de bom humor
2. Hoje não me sinto valorizada
3. Hoje me sinto bonita
4. Hoje me sinto ansiosa
5. Hoje tive uma boa noite de sono
6. Hoje me sinto auto-suficiente
7. Hoje meu apetite foi normal
8. Hoje me sinto angustiada
9. Hoje consegui me concentrar nos estudos
10. Hoje estou preocupada com minha forma física
11. Hoje acredito no meu potencial
12. Hoje estou irritada
13. Hoje senti vontade de comer alimentos doces
14. Hoje passei o dia sonolenta
15. Hoje me sinto preocupada com o futuro
16. Hoje creio que não sou capaz de tomar decisões importantes
17. Hoje não há roupa que fique bem em mim
18. Hoje realizei bem minhas tarefas da universidade
19. Hoje me sinto mais corajosa
20. Hoje senti vontade de comer alimentos amargos
21. Hoje sei que sou importante para meus amigos/meu namorado/minha família
22. Hoje acordei muitas vezes durante a noite
23. Hoje me sinto motivada
24. Hoje consegui me organizar com facilidade
25. Hoje não me vejo pior e nem melhor que as outras garotas
26. Hoje me sinto amada e querida
27. Hoje eu chorei sem motivo aparente
28. Hoje senti facilidade para aprender
29. Hoje senti vontade de comer chocolate
30. Hoje já acordei cansada
31. Hoje eu me sinto esperançosa
32. Hoje me sinto orgulhosa de mim mesma
33. Hoje sinto vergonha do meu corpo
34. Hoje comi além do que deveria
35. Hoje eu me sinto rejeitada
44
Os resultados que seguem são as descrições das comparações das
respostas às 35 questões divididas por classes de comportamentos e por
períodos do ciclo menstrual, como podem ser observadas na tabela 3. Vale
salientar que as respostas “concordo” foram somadas às respostas “concordo
totalmente” e as “discordo” às “discordo totalmente”.
Tabela 3. Comparação das freqüências de respostas nos períodos do ciclo menstrual por classe de comportamentos (%).
Questões Períodos do Ciclo Mestrual
Pré-ovulatório Ovulatório Lúteo
Discordo Concordo Discordo Concordo Discordo Concordo
Humor e Auto-Estima
Questão 1 23,33 76,66 31,25 68,75 23,9 76,1
Questão 2 80 20 63,75 36,25 70,44 29,56
Questão 12 66,67 33,33 66,25 33,75 53,46 46,54
Questão 19 53,34 46,67 55 45 49,69 50,32
Questão 21 20 80 22,5 77,5 17,61 82,39
Questão 25 18,33 81,67 26,25 73,75 22,01 77,99
Questão 26 21,67 78,33 21,25 78,75 20,76 79,24
Questão 27 90 10 78,75 21,25 81,76 18,24
Questão 31 41,67 58,34 42,5 57,5 39,62 60,38
Questão 32 48,33 51,67 42,5 57,5 41,51 58,49
Questão 35 86,67 13,33 78,75 21,25 79,24 20,66
Auto-Imagem
Questão 3 31,67 68,34 35 65 40,25 59,75
Questão 10 40 60 35 65 20,76 79,25
Questão 17 80 20 73,75 26,25 71,07 28,93
Questão 33 66,67 33,33 68,75 31,25 56,6 43,4
45
Ansiedade
Questão 4 45 55 42,5 57,5 36,47 63,52
Questão 8 60 40 53,75 46,25 53,46 46,54
Questão 15 41,67 58,34 27,5 72,5 28,31 71,69
Sono
Questão 5 45 55 31,25 68,75 44,65 55,35
Questão 14 51,67 48,33 60 40 52,83 47,17
Questão 22 71,67 28,34 80 20 67,3 32,7
Auto-Eficácia
Questão 6 43,33 56,66 48,75 51,25 40,88 59,12
Questão 11 25 75 28,75 71,25 31,45 67,56
Questão 18 43,33 56,66 43,75 56,25 35,85 64,15
Questão 23 35 65 43,75 56,25 39,62 60,38
Questão 24 45 55 50 50 35,85 64,15
Questão 30 41,67 56,66 46,25 53,75 56,6 43,4
Apetite
Questão 7 36,66 63,34 40 60 39,35 61,01
Questão 13 43,33 56,67 51,25 48,75 36,48 63,52
Questão 20 98,33 1,67 93,75 6,25 94,34 5,66
Questão 29 36,67 63,34 47,5 52,5 37,11 62,89
Questão 34 68,33 31,67 72,5 27,5 54,72 45,28
Funções Cognitivas
Questão 9 60 40 60 40 42,14 57,86
Questão 16 50 50 55 45 66,04 33,96
Questão 28 56,67 43,34 57,5 42,5 43,39 56,6
A partir da observação da tabela 3, evidencia-se que nas questões
especificamente relacionadas ao humor e à auto-estima, a maioria das
46
estudantes, em todos os períodos do ciclo, se sente valorizada e de bom humor.
Vale salientar que essa resposta é ainda mais predominante no período pré-
ovulatório, no qual 76,66% das estudantes se consideram de bom humor e 80%
das mesmas se sentem valorizadas. O maior índice de discordância quanto ao
bom humor ocorreu no período ovulatório (31,25%).
A maioria das participantes discordou sentir-se irritada em todos os
períodos, mas no período lúteo o número de estudantes concordantes se
aproximou ao número de discordantes (46,54% e 53,46% respectivamente),
evidenciando que nesse período do ciclo elas estão mais propensas à
irritabilidade.
Nos três períodos a maioria delas concorda ter se sentido com mais
coragem, porém, no período lúteo, a diferença entre “concordo” e “discordo” foi
mínima (50,32% para “concordo” e 49,68% para “discordo”).
Nota-se que em todos os períodos a maioria das estudantes não se sente
rejeitada, expressando sentir que são importantes para as pessoas mais
próximas, amadas e queridas, bem como esperançosas e orgulhosas de si
mesmas. Porém, abordando essa última questão (orgulho de si), a diferença
entre “concordo” e “discordo” foi mínima no período pré-ovulatório (foram 51,67%
para “concordo” e 48,33% para “discordo”), sugerindo que nesse período pode
haver um declínio na auto-estima das estudantes.
A maioria das estudantes, em todos os períodos, relata não chorar sem
motivo aparente, principalmente no período pré-ovulatório, no qual se concentrou
90% das respostas para “discordo”.
Ao se analisar a auto-imagem, percebe-se que em todos os períodos do
ciclo a maioria das estudantes se sente bonita. Porém, no período lúteo elas
podem estar mais vulneráveis a distorcerem tal percepção de si, uma vez que,
47
apesar de que o percentual de concordantes tenha sido maior, o percentual de
discordantes foi mais expressivo no período lúteo, quando comparado aos
demais períodos (40,25%).
Em todos os períodos, a maioria das participantes relata preocupação com
a forma física, a qual é ainda mais incidente no período lúteo (79,25%). A maioria
relatou não sentir vergonha de seu corpo, porém, no período lúteo, o percentual
de estudantes que afirma não sentir vergonha do corpo (56,6%), apesar de maior,
está bastante próximo ao percentual de estudantes que afirma possuir esse
sentimento (43,4%). Tais questões demonstram que nesse período as estudantes
estão mais propensas a apresentarem distorções relacionadas à sua auto-
imagem.
Com relação à ansiedade, evidencia-se que a maioria das estudantes não
expressa sentimentos de angústia, porém relata sentir-se ansiosa em todos os
períodos do ciclo. Tal ansiedade é ainda mais incidente no período lúteo
(63,52%). As participantes relatam possuírem preocupações com o futuro,
principalmente nos períodos ovulatório e lúteo (72,5% e 71,69% das respostas,
respectivamente).
Quanto ao sono, as estudantes relatam terem boas noites de sono, porém,
nos períodos pré-ovulatório e lúteo a incidência dessa resposta é menor (55% e
55,35% respectivamente). Apesar de a maioria das estudantes afirmar não ter
passado o dia sonolenta, nos períodos pré-ovulatório e lúteo, da mesma maneira
que na questão anterior, a incidência dessa resposta é menor (51,67% e 52,83%
respectivamente) evidenciando que em tais períodos as estudantes podem estar
mais propensas a terem dificuldades no sono. Relatam ainda não acordarem
diversas vezes durante a noite, porém, vale ressaltar que no período lúteo 32,7%
das estudantes afirma sofrer desse problema.
48
As questões referentes à auto-eficácia demonstram que a maioria das
estudantes se sente auto-suficiente em todos os períodos do ciclo, apesar de que
no período ovulatório os percentuais das alternativas “concordo” e “discordo”
estiveram muito próximos (51,25% e 48,75% respectivamente).
A maioria das estudantes expressa acreditar em seu potencial e se sente
motivada em todos os períodos do ciclo.
Quando questionadas sobre a sua organização, no período ovulatório as
respostas das participantes oscilaram entre “concordo” e “discordo” (50% das
respostas para cada alternativa). Já nos períodos pré-ovulatório e lúteo a maioria
das estudantes afirma conseguir se organizar com facilidade, sendo que no lúteo
a resposta é ainda mais prevalente (64,15%).
Nos períodos pré-ovulatório e ovulatório, a maioria das estudantes relada
já acordar cansada, enquanto que no período lúteo a maioria (56,6%) discorda do
fato, o que sugere que nesse período as mulheres acordam com mais disposição
do que nos demais.
Com relação ao apetite, a maioria das estudantes afirma que o mesmo foi
normal em todos os períodos, porém evidencia-se que no período lúteo a
preferência por alimentos doces aumenta, considerando que 63,52% das
participantes concorda com a premissa referente a esse fato. Mais específica é a
questão relacionada ao desejo por chocolates, o qual é mais incidente no período
lúteo (62,89%) e no período pré-ovulatório (63,34%). Apesar de que a maioria
das estudantes discorde com o fato de ter comido além do que deveria nos três
períodos, no período lúteo tal discordância é menos acentuada (54,72%) e, dessa
forma, 45,38% das estudantes concordaram com a premissa, sugerindo que,
nesse período, as participantes estão mais propensas a terem algum tipo de
compulsão alimentar.
49
Por fim, abordando as funções cognitivas, percebe-se que no período lúteo
a maioria das participantes relata ter conseguido se concentrar nos estudos,
enquanto que nos períodos pré-ovulatório e ovulatório a maioria delas discorda
com a premissa (60% das estudantes em cada período).
No período pré-ovulatório, as estudantes dividiram suas respostas entre
“concordo” e “discordo” na afirmação sobre a capacidade de tomar decisões
importantes, enquanto que nos períodos ovulatório e lúteo a maioria das
estudantes concorda com a questão, afirmando serem capazes de tal fato. As
concordantes foram mais incidentes no período lúteo (66,04%). Neste período,
também, a maioria das estudantes relata ter facilidade em aprender, enquanto
que nos períodos pré-ovulatório e ovulatório a maioria demonstra possuir maiores
dificuldades (56,67% e 57,5% respectivamente).
4.1.3 Entrevistas
Foram realizadas 10 entrevistas, uma com cada participante, gravadas
individualmente. A entrevista consistia em uma única questão norteadora
(“Monitorar seus comportamentos ao longo do ciclo menstrual fez alguma
diferença para você?”), a partir da qual surgiram alguns questionamentos, a fim
de esclarecer quais e como foram percebidas as mudanças na auto-percepção.
Em seguida, as entrevistas foram transcritas e as respostas das 10
participantes foram divididas em quatro categorias: 1) Avaliação sobre o
preenchimento do DRCCM; 2) Mudanças ocorridas na percepção do ciclo
menstrual; 3) Auto-percepção das mudanças comportamentais ocorridas durante
o ciclo menstrual; 4) Auto-percepção na execução das tarefas diárias.
50
Categoria 1: Avaliação sobre o preenchimento do DRC CM
Consiste em evidenciar qual o conceito das participantes com relação ao
DRCCM, ou seja, qual a sua avaliação sobre o mesmo e quais foram as suas
contribuições.
De modo geral, o preenchimento do diário durante o tempo da pesquisa foi
percebido de maneira positiva pelas participantes. As mesmas o consideraram
importante, uma vez que contribuiu na auto-percepção de determinados
comportamentos que, antes do monitoramento, não eram percebidos. O auto-
conhecimento parece ter sido a principal contribuição do diário, como pode ser
verificado nos relatos das participantes.
Participante 2: “Ajudou! Ajudou a me conhecer melhor” (sic).
Participante 3: “Sim, fez diferença, porque assim né, quando, antes de monitorar,
no caso, tu agia natural, assim, não ficava prestando atenção nas coisas que
ocorrem ou cada detalhe que tava ali. Já com a, é, monitorando, tu já presta mais
atenção, já, ah, eu tive esse comportamento tal, já lembrar, eu tenho que marcar
lá e, faz tu pensar mais no teu dia, pensando pra poder responder, né” (sic).
Participante 4: “Sim, foi através dele que eu pude perceber tudo isso” (sic).
Participante 5: “Fez, eu achei interessante porque, muita coisa a gente começou
a perceber, eu comecei a perceber” (sic).
51
Participante 6: “É uma coisa que se tu não tem o caderninho tu não faz, observar
comportamentos diferentes do que é comum” (sic).
Participante 8: “Foi o caderninho que me ajudou... porque até então eu não tinha
noção de como que era próximo da minha menstruação” (sic).
Evidencia-se que a proposta de auto-observação realizada via DRCCM
passou a fazer parte do cotidiano de algumas participantes como uma forma de
manterem-se conscientes de seus comportamentos durante o ciclo, como é o
caso da participante 9:
“Então, acabou fazendo parte da minha rotina” (sic).
52
Quadro 2. Demonstrativo das respostas constantes na categoria Avaliação sobre o preenchimento do DRCCM.
Categoria 1: Avaliação sobre o preenchimento do DRCCM
Participante 1 “Mas assim, foi normal, foi até legal” (sic)
Participante 2 “Ajudou! Ajudou a me conhecer melhor” (sic)
Participante 3 “Sim, fez diferença, porque assim, né, quando, antes de monitorar, no caso, tu agia natural, assim, não ficava prestando atenção nas coisas que ocorrem ou cada detalhe que tava ali. Já com a, é, monitorando, tu já presta mais atenção, já, ah, eu tive esse comportamento tal, já lembrar, eu tenho que marcar lá e, faz tu pensar mais no teu dia, pensando pra poder responder, né” (sic)
Participante 4 “Sim, foi através dele que eu pude perceber tudo isso” (sic)
Participante 5 “Fez, eu achei interessante porque, muita coisa a gente começou a perceber, eu comecei a perceber” (sic)
Participante 6 “Acho que fez diferença, porque foi importante pra eu poder ver que, cada dia... pra eu poder observar meus comportamentos a cada dia, assim (...) é uma coisa que se tu não tem o caderninho tu não faz, observar comportamentos diferentes do que é comum” (sic)
Participante 7 “Ah, eu gostei da parte do questionário porque eu pude me conhecer” (sic)
Participante 8 “Foi o caderninho que me ajudou... porque até então eu não tinha noção de como que era próximo da minha menstruação” (sic)
Participante 9 “Fez diferença em eu parar pra observar os meus comportamentos, a mudança no dia-a-dia (...) então acabou fazendo parte da minha rotina” (sic)
Participante 10 “Muito! Ajudou sim! Fiquei até preocupada” (sic)
Categoria 2: Mudanças ocorridas na percepção do cic lo menstrual
Consiste em evidenciar se as participantes modificaram o seu modo de
perceber o ciclo menstrual e de que maneira tais mudanças foram percebidas.
As participantes passaram a conceber o ciclo menstrual de maneira
diferente, percebendo comportamentos que, antes, não eram percebidos, como
se pode verificar através do relato da participante 7:
Participante 7: “Pude prestar atenção em algumas coisas assim que eu fazia e
antes eu nem percebia isso” (sic).
53
Uma das participantes, após a percepção dos comportamentos que antes
não eram percebidos, ainda refletiu sobre, e concluiu que precisa modificar
alguns deles.
Participante 5: “Eu notei, nossa, que eu tenho que mudar muita coisa, me notei
muito depressiva, meu Deus do céu!” (sic).
As estudantes observaram determinados tipos de comportamentos em
momentos específicos do ciclo, como se pode perceber a partir de suas falas.
Participante 1: “Aquilo que tu tava, que tu ta passando, que tu ta sentindo, é
diferente em alguns dias... É estranho olhar que num dia tu tava com muita
vontade de comer doce ou, o humor ta diferente” (sic).
Participante 4: “Eu pude perceber que alguns comportamentos são mais
freqüentes durante, perto do ciclo menstrual, quando tá pra vir a menstruação”
(sic).
Participante 6: “Tu pára algum momento, à noite, pra observar qual
comportamento tu teve durante o dia, como comer doces, que é uma coisa que
eu não gosto de comer, mas que em alguns dias do ciclo eu gosto” (sic).
Na fala da participante 10, nota-se que além de as estudantes terem
percebido a alteração comportamental, passaram a associá-la ao ciclo menstrual:
54
“Me fez perceber o quanto tenho alterações de comportamento, e acreditar
que estão correlacionadas com o ciclo menstrual” (sic).
Quadro 3. Demonstrativo das respostas constantes na categoria Mudanças ocorridas na percepção do ciclo menstrual.
Categoria 2: Mudanças ocorridas na percepção do ciclo menstrual Participante 1 “Assim, é, a gente acha às vezes que tá irritada, assim, ‘ah, não, eu
to irritada por isso’... Mas vi ali que as alternativas correspondem. Que aquilo que tu tava, que tu ta passando, que tu ta sentindo, é diferente em alguns dias... É estranho olhar que num dia tu tava com muita vontade de comer doce ou, o humor ta diferente.” (sic)
Participante 2 “Olha, deu pra descobrir como que eu me sinto na TPM assim, e foi bem legal” (sic)
Participante 3 -
Participante 4 “Eu pude perceber que alguns comportamentos são mais freqüentes durante, perto do ciclo menstrual, quando tá pra vir a menstruação” (sic)
Participante 5 “Eu notei, nossa, que eu tenho que mudar muita coisa, me notei muito depressiva, meu Deus do céu!” (sic)
Participante 6 “Tu pára algum momento, à noite, pra observar qual comportamento tu teve durante o dia, como comer doces, que é uma coisa que eu não gosto de comer, mas que em alguns dias do ciclo eu gosto” (sic)
Participante 7 “Pude prestar atenção em algumas coisas assim que eu fazia e antes eu nem percebia isso” (sic)
Participante 8 “Fez. Fez bastante diferença porque fez, ã, me fez pensar como que é a minha alteração até de humor durante esse meu ciclo menstrual” (sic)
Participante 9 “Eu não re-li assim o questionário, mas eu vi que eu parei pra pensar e hoje, sempre que tipo, eu to no dia-a-dia, fazendo alguma coisa eu penso ‘ai, se eu fosse responder a questão do humor eu responderia isso’” (sic)
Participante 10 “Me fez perceber o quanto tenho alterações de comportamento, e acreditar que estão correlacionadas com o ciclo menstrual” (sic)
Categoria 3: Auto-Percepção das mudanças comportame ntais
durante o ciclo menstrual
Consiste em demonstrar quais foram as mudanças comportamentais que
ocorreram durante o ciclo menstrual, de acordo com a percepção de cada
participante, bem como descobrir se tais mudanças estão relacionadas a algum
período específico do ciclo.
55
A maioria das estudantes acredita que sofre alterações comportamentais
ao longo do ciclo menstrual e as mesmas ocorrem no período pré-menstrual do
ciclo, como se pode perceber a partir das falas.
Participante 1: “Nos dias que, assim, antecediam a menstruação, que antecedeu
a menstruação, eu fiquei um pouco mais irritada” (sic).
Participante 2: “Eu me sentia bem mais irritada, eu tinha muito mais vontade de
comer chocolate, tudo me estressava por nada, sendo que nos outros dias tava
normal, eu acordava mais feliz e tudo mais” (sic).
Participante 3: “Qualquer coisinha, assim, quando que ta chegando, assim, um
pouco antes né, da menstruação mesmo, no dia tu fica, meu, eu pelo menos né,
bem estressada assim” (sic).
Participante 7: “Eu notei que fico diferente antes de menstruar” (sic).
Participante 10: “Fico diferente na etapa pré-menstrual. (...) meu humor fica
muito, muito mesmo, alterado eu perco vontade de fazer muitas coisas, fico
desanimada, muitas vezes triste sem explicação e acabo ficando quieta, e
também intolerante a algumas atitudes de amigos e parentes. É como se meu
limiar de tolerância estivesse alterado (risos). (...) Durante a menstruação
algumas vezes também. Mas elas se intensificam mesmo no período pré-
menstrual” (sic).
56
Participante 5: “Não notei, eu vi que é sempre constante, assim, muda de um dia
pro outro mas não tem nada a ver com o ciclo menstrual” (sic)
A participante 9, apesar de relacionar as mudanças comportamentais ao
período pré-menstrual, acredita que as mesmas também estejam relacionadas à
situação que está vivenciando no momento:
“Eu fico um pouco mais sensível, assim, e um pouco mais carente (...) É
mais na etapa pré-menstrual, assim mesmo, na famosa TPM. Mas depende
também muito do que ta acontecendo na minha vida, que tão... se eu to, não to
com problema nenhum, se eu to organizada e tal, alguma coisa que me tira um
pouco do normal, é, não conseguir os meus compromissos, mas... quando tá tudo
bem, assim, eu não sinto. Mas quando eu, alguma coisa abala eu me sinto muito
sensível” (sic).
57
Quadro 4 . Demonstrativo das respostas constantes na categoria Auto-percepção das mudanças comportamentais durante o ciclo menstrual.
Categoria 3: Auto -percepção das m udanças comportamentais durante o ciclo menstrual
Participante 1 “Nos dias que, assim, antecediam a menstruação, que antecedeu a menstruação, eu fiquei um pouco mais irritada.” (sic). Quando questionada sobre a irritabilidade, a participante afirma que ela aumenta “antes da menstruação e depois também” (sic)
Participante 2 “Eu me sentia bem mais irritada, eu tinha muito mais vontade de comer chocolate, tudo me estressava por nada, sendo que nos outros dias tava normal, eu acordava mais feliz e tudo mais” (sic)
Participante 3 “Sim, sim, principalmente, então, em relação à ansiedade e estresse, assim, qualquer coisinha, assim, quando que ta chegando, assim, um pouco antes né, da menstruação mesmo, no dia tu fica, meu, eu pelo menos né, bem estressada assim” (sic)
Participante 4 “Eu pude perceber que algumas coisas se alteram, a ansiedade aumenta, o nervosismo, cólica” (sic)
Participante 5 “Não notei, eu vi que é sempre constante, assim, muda de um dia pro outro mas não tem nada a ver com o ciclo menstrual” (sic)
Participante 6 “Aí no final do mês deu pra ver que existiam mudanças durante alguns dias.. em alguns dias foi mais, eu fiquei mais irritada ou mais chorona (...) comer doces, que é uma coisa que eu não gosto de comer, mas que em alguns dias do ciclo eu gosto” (sic)
Participante 7 “Eu notei que fico diferente antes de menstruar” (sic)
Participante 8 “Nessa etapa eu fico mais manhosa, mais ansiosa, mais nervosa e mais chorona também, porque eu percebia bem” (sic)
Participante 9 “Eu fico um pouco mais sensível, assim, e um pouco mais carente (...) É mais na etapa pré-menstrual, assim mesmo, na famosa TPM. Mas depende também muito do que ta acontecendo na minha vida, que tão... se eu to, não to com problema nenhum, se eu to organizada e tal, alguma coisa que me tira um pouco do normal, é, não conseguir os meus compromissos, mas... quando tá tudo bem, assim, eu não sinto. Mas quando eu, alguma coisa abala eu me sinto muito sensível” (sic)
Participante 10 “Fico diferente na etapa pré-menstrual (...) meu humor fica muito, muito mesmo, alterado eu perco vontade de fazer muitas coisas, fico desanimada, muitas vezes triste sem explicação e acabo ficando quieta, e também intolerante a algumas atitudes de amigos e parentes. É como se meu limiar de tolerância estivesse alterado (risos) (...) Durante a menstruação algumas vezes também. Mas elas se intensificam mesmo no período pré- menstrual” (sic)
Categoria 4: Auto-Percepção na execução das tarefas diárias
Consiste nos relatos relacionados às mudanças comportamentais
presentes na categoria 3 e sua influência na execução de atividades do cotidiano.
58
As alterações comportamentais ocorridas no período pré-menstrual, de
acordo com as estudantes, dificultam a execução de tarefas diárias, como se
pode notar através das falas:
Participante 1: “Algumas, assim, tipo, principalmente na faculdade, quando tinha
que estudar, que não tava a fim de estudar, não por vadiagem, mas é porque tu
ta irritada e tu não ta a fim de fazer aquilo naquela hora” (sic).
Participante 3: “Às vezes dificulta mais, assim, até às vezes, ai, tu fica mais, não
fica tão disposta de fazer as coisas assim” (sic).
Participante 4: “Claro, são sentimentos que influenciam em tudo, influenciam no
teu dia-a-dia, na faculdade, no teu modo de estudar, de trabalhar” (sic).
Participante 6: “Eu fico mais irritada, ou mais deprimida... então isso vai acabar
afetando o que eu tiver que fazer, porque ou eu vou fazer mais desanimada, né,
ou alguma coisa pode me, me afetar mais do que afetaria se não tivesse naquele
momento do ciclo menstrual” (sic).
Participante 10: “Sem estímulos pra efetuar algumas atividades consideradas
normais” (sic).
Uma das participantes relata que as modificações no comportamento
influenciam, inclusive, nas relações interpessoais:
59
Participante 2: “Tu fica mais irritada, e as pessoas podem perceber isso e não,
não aceitar bem, entendeu... Às vezes no trabalho eu começo a chingar, brigar,
daí eles dizem ‘calma, relaxa e tal’, é que é uma coisa que eu às vezes nem
percebo, entendeu?” (sic).
A maioria das participantes relatou que as alterações comportamentais,
embora prejudiquem o desempenho de algumas atividades diárias, não impedem
a realização das mesmas. Porém, as participantes 1 e 6 afirmam já ter deixado
de executar algum tipo de atividade por conta do seu comportamento naquele
dia, como se pode notar a partir das falas.
Participante 1: “Ah, com certeza. Principalmente exercício físico, que tipo, pela
dor, cólica, etc. Mas por irritabilidade às vezes, tipo, essas coisas assim de
estudar e etc” (sic).
Participante 6: “Ah, já deixei de sair, por exemplo” (sic).
60
Quadro 5 . Demonstrativo das respostas constantes na categoria Auto-percepção na execução das tarefas diárias.
Categoria 4: Auto -Percepção na execução das tarefas diárias Participante 1 “Algumas, assim, tipo, principalmente na faculdade, quando tinha que
estudar, que não tava a fim de estudar, não por vadiagem, mas é porque tu ta irritada e tu não ta a fim de fazer aquilo naquela hora (...) Ah, com certeza. Principalmente exercício físico, que tipo, pela dor, cólica, etc. Mas por irritabilidade às vezes, tipo, essas coisas assim de estudar e etc” (sic)
Participante 2 “É, impedir não impede, mas tu fica, tu fica mais irritada, e as pessoas podem perceber isso e não, não aceitar bem, entendeu... Às vezes no trabalho eu começo a chingar, brigar, daí eles dizem ‘calma, relaxa e tal’, é que é uma coisa que eu às vezes nem percebo, entendeu?” (sic)
Participante 3 “Olha, não me impedem de fazer nada, assim, mas às vezes dificulta mais, assim, até às vezes, ai, tu fica mais, não fica tão disposta de fazer as coisas assim” (sic)
Participante 4 “Claro, são sentimentos que influenciam em tudo, influenciam no teu dia-a-dia, na faculdade, no teu modo de estudar, de trabalhar (...) Não, não deixo de fazer, mas tu, mas modifica, tu fica mais cansada, tu fica mais dispersa” (sic)
Participante 5 -
Participante 6 “Eu fico mais irritada, ou mais deprimida... então isso vai acabar afetando o que eu tiver que fazer, porque ou eu vou fazer mais desanimada, né, ou alguma coisa pode me, me afetar mais do que afetaria se não tivesse naquele momento do ciclo menstrual (...) Ah, já deixei de sair, por exemplo” (sic)
Participante 7 “Eu acho que afeta um pouco, assim, eu fico diferente com as pessoas (...) Não, não impedem, mas prejudicam” (sic)
Participante 8 “A ansiedade às vezes atrapalha um pouco (...) Porque, ah, me deixa muito nervosa e aí eu fico muito agitada, então isso às vezes me atrapalha um pouco (...) Não, nunca deixei de realizar atividades” (sic)
Participante 9 “Não, a questão da TPM não me impossibilita de realizar nada, é mais as questões que acontecem na minha vida. Eu consigo lidar bem com o ciclo. Mas é que acontece é a questão de querer mais tá perto do namorado, esse tipo de coisa de ficar mais carentezinha e tal, mas nada de impedir de fazer alguma coisa” (sic)
Participante 10 “Sem estímulos pra efetuar algumas atividades consideradas normais” (sic)
61
4.2 Discussão dos resultados
4.2.1 Discussão dos resultados do DRCCM
Diversos autores afirmam que o humor é mais negativo durante o período
lúteo (DERNTL et al., 2008; SHARMA; SHARMA, 2008). Através da análise do
DRCCM, verifica-se que o período em que as participantes mais se consideram
de bom humor é o pré-ovulatório. O maior índice de discordância quanto ao bom
humor ocorreu no período ovulatório (31,25%), diferenciando-se da literatura
estudada.
Barini (1994) afirma que os principais sintomas psíquicos do período pré-
menstrual são as alterações de humor, com labilidade emocional, depressão,
agressividade e irritabilidade. Freeman et al. (1995) citam os 17 sintomas mais
comuns da SPM: tensão nervosa, oscilação no humor, irritabilidade, ansiedade,
sensação de estar fora de controle, fadiga, depressão, choro, insônia, inchaço,
sensibilidade mamária, dor de cabeça, desejos por comida, confusão, má
coordenação, dores e cólicas. O preenchimento do instrumento veio a confirmar o
que aponta a teoria, principalmente no que está relacionado à irritabilidade e à
ansiedade. A maioria das participantes do estudo discordaram sentirem-se
irritadas em todos os períodos do ciclo. Contudo, no período lúteo o número de
estudantes concordantes se aproximou ao número de discordantes (46,54% e
53,46% respectivamente), evidenciando que em tal período elas estão mais
propensas à irritabilidade. Quanto à ansiedade, esta é mais freqüente no período
lúteo (63,52%). As participantes, inclusive, relatam possuírem preocupações com
o futuro, principalmente nos períodos ovulatório e lúteo (72,5% e 71,69% das
respostas, respectivamente).
62
As estudantes relatam terem boas noites de sono, porém, nos períodos
pré-ovulatório e lúteo a incidência dessa resposta é menor (55% e 55,35%
respectivamente). Apesar de a maioria das estudantes afirmar não ter passado o
dia sonolenta, nos períodos pré-ovulatório e lúteo, da mesma maneira que na
questão anterior, a incidência dessa resposta é menor (51,67% e 52,83%
respectivamente) evidenciando que em tais períodos as estudantes podem estar
mais propensas a terem dificuldades no sono.
Sharma e Sharma (2008) abordaram tais questões em seu estudo com
acadêmicas da universidade de Delhi-Índia e concluíram que, no período lúteo,
os sujeitos tinham a necessidade de prolongar suas horas de descanso, mais do
que o normal e relataram desconforto físico acompanhado da incapacidade de
estudar. Quanto a essa última questão (desempenho acadêmico), evidencia-se
que a maioria das estudantes que responderam ao DRCCM relata ter conseguido
se concentrar nos estudos no período lúteo, enquanto que nos períodos pré-
ovulatório e ovulatório a maioria delas discorda com a premissa (60% das
estudantes em cada período). Os resultados referentes ao desempenho
acadêmico, portanto, se opõem aos resultados de Sharma e Sharma (2008).
Oscilações hormonais associadas ao ciclo menstrual influenciam o controle
do apetite e o comportamento alimentar Geralmente, o consumo de energia é
mais alto na fase pós-ovulatória ou pré-menstrual do ciclo do que na fase pré-
ovulatória ou folicular (DYE; BLUNDELL, 1997). Essa hipótese é confirmada com
a análise do DRCCM, na qual, apesar de a maioria das estudantes discordar com
o fato de ter comido além do que deveria nos três períodos, no período lúteo tal
discordância é menos acentuada (54,72%) e, dessa forma, 45,38% das
estudantes concordaram com a premissa, sugerindo que, nesse período, estas
participantes estavam mais propensas a terem algum tipo de compulsão
63
alimentar. Evidenciou-se também que no período lúteo a preferência por
alimentos doces aumenta, considerando que 63,52% das participantes
concordam com a premissa referente a esse fato.
Morton et al. (1953 apud DALVIT, 1981) realizaram um estudo abordando
questões semelhantes, no qual uma população prisional foi questionada a fim de
que se pudesse determinar a incidência e severidade dos sintomas pré-
menstruais e verificou que o desejo por doces foi relatado por 37% da população
e aumento do apetite por 23%. Evidencia-se que o estudo deste autor obteve
conclusões semelhantes ao presente estudo no que que se refere ao desejo por
doces.
Mais específica é a questão relacionada ao desejo por chocolates, o qual é
mais incidente no período lúteo (62,89%) e no período pré-ovulatório (63,34%).
Tal fato já fora mencionado na literatura, por Michener et al. (1999 apud
SAMPAIO, 2002), os quais afirmam que muitas mulheres relatam possuir
compulsão por chocolates e doces. Dentre estas, 40-50% possuem tal compulsão
no período pré-menstrual. Da mesma maneira, Dye e Blundell (1997 apud
SAMPAIO, 2002), Kuga et al. (1999 apud, SAMPAIO, 2002) e Rock et al. (1996,
apud SAMPAIO, 2002) também apontam que a maior ingestão energética ocorre
na fase lútea, ou seja, no período imediatamente anterior ao sangramento.
Ao se analisar a auto-imagem, percebe-se que em todos os períodos do
ciclo a maioria das estudantes se sente bonita. Porém, no período lúteo elas
podem estar mais vulneráveis a distorcerem tal percepção de si, uma vez que,
apesar de que o percentual de concordantes tenha sido maior, o percentual de
discordantes foi mais expressivo no período lúteo, quando comparado aos
demais períodos (40,25%).
64
Em todos os períodos, a maioria das participantes relata preocupação com
a forma física, a qual é ainda mais incidente no período lúteo (79,25%). A maioria
relatou não sentir vergonha de seu corpo, porém, no período lúteo, o percentual
de estudantes que afirma não sentir vergonha do corpo (56,6%), apesar de maior,
está bastante próximo ao percentual de estudantes que afirma possuir esse
sentimento (43,4%). Tais questões demonstram que nesse período as estudantes
podem estar mais propensas a apresentarem distorções relacionadas à sua auto-
imagem.
Uma das explicações para o fato é que as estudantes, nessa fase, podem
não estar satisfeitas com seu corpo por se preocuparem menos com a aparência
nesse período e, assim, se enxergam de maneira diferente, por realmente
estarem diferentes. Durante e Haselton (2008) sugeriram que existe a
possibilidade de no período de baixa-fertilidade, próximo à chegada da
menstruação, as mulheres não se preocuparem muito com a aparência, em
oposição ao período próximo à ovulação, no qual elas tendem a ficar mais
atentas à vestimenta. Estes resultados demonstram que mulheres preferem
roupas mais reveladoras e sensuais próximo ao início da ovulação, o que implica
em maior auto-confiança e estima.
4.2.2 Discussão dos resultados das entrevistas
Evidencia-se, a partir da categoria 3 das entrevistas, que a maioria das
estudantes acredita que sofre alterações comportamentais ao longo do ciclo
menstrual e as mesmas ocorrem no período pré-menstrual do ciclo. Tais
evidências confirmam o que já fora afirmado por Fingerston (2005) e Serrano e
Warnock (2007): aproximadamente 75% das mulheres que menstruam
65
experimentaram algum desconforto físico, distúrbio de humor, ou mudanças
comportamentais, ou uma combinação destes, na última fase lútea dos seus
ciclos menstruais, ou seja, a fase pré-menstrual. Barnhart, Freeman e
Sondheimer (1995 apud MONTES; VAZ, 2003) ressaltam que a SPM é um
conjunto de sintomas pré-menstruais, em sua maioria afetivos, que desorganizam
o comportamento rotineiro das mulheres.
Dentre os 17 sintomas mais freqüentes da SPM, citados por Freeman et al.
(1995), os que foram mais vivenciados pelas participantes, segundo suas falas na
categoria 3, foram: irritabilidade, oscilação no humor, tensão nervosa e desejos
por comida. Assim como Derntl et al. (2008) e Sharma e Sharma (2008)
afirmaram e é confirmado a partir dos relatos das participantes: O humor é mais
negativo durante a fase lútea.
As alterações na irritabilidade não são universais, ou seja, existem
mulheres que, antes da menstruação vivenciam pouca ou nenhuma alteração no
humor antes da menstruação. Isso dependerá muito de suas histórias e de seus
temperamentos. Assim, pessoas diferentes poderão responder de forma
diferenciada a um estímulo que lhes seja similar (CARLSON, 2002).
Duas das participantes do estudo evidenciaram esse fato. Uma delas
(participante 9) relata que as alterações comportamentais recebem grande
influência do ambiente, ou seja, admite que fatores externos também influenciam
seu comportamento. Outra delas (participante 5), observa que as alterações
comportamentais ocorrem de maneira constante, sem que o motivo seja o
período do ciclo menstrual em que se encontra.
A literatura aponta que muitas mulheres relatam possuir compulsão por
chocolates e doces. Dentre estas, 40-50% possuem tal compulsão no período
pré-menstrual (MICHENER et al., 1999 apud SAMPAIO, 2002). Através da
66
categoria 3, verifica-se que algumas das participantes relataram estas
compulsões.
A partir da categoria 4, observa-se que as alterações comportamentais ao
longo do ciclo menstrual prejudicaram a execução de tarefas diárias, como
atividades acadêmicas, trabalho, etc.
O estudo realizado por Sharma e Sharma (2008) obteve as mesmas
conclusões. O efeito mais comum na rotina diária reportado pelos sujeitos do
estudo foi a sua necessidade de prolongar suas horas de descanso, mais do que
o normal, atribuídas ao desconforto físico acompanhado pela incapacidade de
estudar.
67
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Evidenciou-se, através da análise dos diários (DRCCM) que realmente
existem variações comportamentais ao longo do ciclo menstrual.
Vale ressaltar que tais alterações nem sempre ocorrem em períodos
específicos do ciclo, o que pode variar de mulher para mulher, uma vez que,
como afirma Carlson (2002), pessoas diferentes poderão responder de forma
diferenciada a um estímulo que lhes seja similar. Duas das participantes do
estudo evidenciaram esse fato. Uma delas (participante 9) relata que as
alterações comportamentais recebem grande influência do ambiente, ou seja,
admite que fatores externos também influenciam seu comportamento. Outra
delas (participante 5), observa que as alterações comportamentais ocorrem de
maneira constante, sem que o motivo seja o período do ciclo menstrual em que
se encontra.
Porém, pôde-se perceber que diversas variações comportamentais
ocorrem com maior freqüência em períodos específicos do ciclo menstrual. É no
período lúteo que as estudantes estão com um nível maior de ansiedade,
irritabilidade e sonolência, o que vem a confirmar a existência de pelo menos
alguns dos 17 sintomas de SPM citados por Freeman et al. (1995). Este fato faz
com que se considere a possibilidade da existência de SPM em algumas
participantes do estudo, as quais, também durante a entrevista gravada
evidenciaram tal suspeita, afirmando que é no período pré-menstrual, ou seja,
período lúteo do ciclo, que se percebem diferentes: mais irritadas e desanimadas.
Tais evidências confirmam, também, as afirmações de Fingerston (2005) e
Serrano e Warnock (2007): aproximadamente 75% das mulheres que menstruam
68
experimentaram algum desconforto físico, distúrbio de humor, ou mudanças
comportamentais, ou uma combinação destes, na última fase lútea dos seus
ciclos menstruais. Evidencia-se que, com o auto-monitoramento diário, houve
alterações na auto-percepção das estudantes quanto ao seu ciclo menstrual, as
quais afirmam que a utilização diária do DRCCM possibilitou que pudessem
perceber comportamentos que antes não eram percebidos, bem como relacionar
suas alterações comportamentais ao período do ciclo no qual se encontravam. A
maioria das estudantes afirmou, na entrevista, acreditar que possui SPM. Porém,
nenhuma entrevista diagnóstica foi realizada e por isso, apenas hipotetizamos tal
distúrbio com base nos relatórios (diários).
Apesar de alguns autores (DERNTL et al., 2008; SHARMA; SHARMA,
2008) afirmarem que o humor é mais negativo durante o período lúteo, a análise
do DRCCM demonstrou que, para as participantes do estudo, o humor está
rebaixado no período ovulatório. Porém, durante as entrevistas, as estudantes
afirmam que é realmente no período pré-menstrual que ocorrem as alterações de
humor.
As participantes do estudo afirmam que as alterações comportamentais
percebidas durante o período pré-menstrual prejudicam a execução de tarefas
diárias, como atividades acadêmicas, trabalho, etc. As participantes afirmam
também que se sentem menos estimuladas para realizar suas atividades
cotidianas.
Sharma e Sharma (2008) obtiveram resultados similares em sua pesquisa
com estudantes do curso de medicina da universidade de Delhi – Índia, no qual o
efeito mais comum na rotina diária reportado pelos sujeitos do estudo foi a sua
necessidade de prolongar, mais do que o normal, as horas de descanso,
acompanhados de sintomas de desconforto físico e incapacidade de estudar.
69
Vale ressaltar que, neste estudo, não foi no período lúteo que o
desempenho acadêmico encontrou-se mais freqüentemente prejudicado, mas sim
nos períodos pré-ovulatório e ovulatório, diferentemente dos resultados que
apareceram nas entrevistas gravadas (destas mesmas participantes) e nas
pesquisas de Sharma e Sharma (2008).
A literatura aponta que muitas mulheres relatam possuir compulsão por
chocolates e doces. Dentre estas, 40-50% possuem tal compulsão no período
pré-menstrual (MICHENER et al., 1999 apud SAMPAIO, 2002). Morton et al.
(1953 apud DALVIT, 1981) também realizaram um estudo através do qual
constataram que o desejo por doces e o aumento do apetite foram mais
freqüentes no período pré-menstrual.
O presente estudo obteve as mesmas conclusões dos autores
supracitados, uma vez que, tanto através da análise do DRCCM quanto através
da análise das entrevistas o desejo por chocolates e doces apareceu em alta
freqüência na fase lútea do ciclo menstrual.
Evidencia-se que o estudo longitudinal foi bastante válido, uma vez que se
pôde ter uma visão de todo o ciclo menstrual das participantes e não apenas de
um recorte do mesmo.
Obviamente por ter contado com uma pequena amostra e, de certa forma
relacionadas (colegas de sala ou de moradia) não tenha sido possível verificar
com grande precisão as variáveis investigadas. O período de tempo em que
ocorreu a coleta e o instrumento utilizado também podem ter sido insuficientes
para captar outras variáveis importantes, uma vez que variações no ciclo
menstrual ocorrem com freqüência. Contudo, o estudo demonstrou possibilidades
interessantes de trabalho e, mesmo, para algumas variáveis, que estratégias
diferentes de coleta de dados, podem gerar dados contraditórios.
70
Sugere-se que investigações semelhantes sejam realizadas, as quais
tenham uma duração mais longa, a fim de observar as alterações
comportamentais ao longo de mais de um ciclo menstrual e se perceba, então, se
as mesmas são diferentes em cada mês. Além disso, o aumento do tamanho da
amostra, faixas etárias distintas, e outras modalidades de coleta de dados como
análise dos níveis hormonais e entrevistas breves serão de grande importância
na obtenção de dados e compreensão destes fenômenos.
71
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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73
7 ANEXOS
74
7.1 Anexo 1: Questionário de Saúde Gera de Goldberg – Caderno de
resposta – Q S G (Adaptação Brasileira)
POR FAVOR, LEIA COM ATENÇÃO: Neste questionário é apresentada uma série de 60 (sessenta) afirmações sobre o estado de saúde das pessoas em geral. Sua tarefa consiste em dizer se as afirmações se aplicam ou não a você. RESPONDA, por obséquio, A TODAS AS PERGUNTAS nas páginas que seguem, marcando com um X a resposta correspondente à alternativa que você acha que se aplica ou a que mais se aproxima a você na questão que está sendo respondida. É importante que você procure responder a todas as perguntas. LEMBRE-SE que o interesse está em saber como você tem se sentido ultimamente e não como você se sentia no passado. Pode começar. Informações Iniciais: A) Estado Civil ( ) 1= Solteiro 2 = Casado/Amigado 3 = Separado/Divorciado 4 = viúvo Idade: __________ anos. B) Você trabalha? � Sim � Não Se trabalha, quanto tempo você trabalha por dia (em horas)? ___________________ C) Você já teve algum tipo de doença grave? � Sim � Não Se sim, qual? ________________ D) Você tem algum tipo de doença crônica? � Sim � Não Se sim, qual? ________________ E) Você utiliza algum tipo de medicamento? � Sim � Não Se sim, qual? ________________ F) Você possui algum tipo de alergia? � Sim � Não Se sim, qual? _________________ G) Tem ou teve algum problema com a menstruação? � Sim � Não Se sim, que tipo de problema? _______________ H) Possui algum vício? � Sim � Não Se sim, qual? ________________ I) Você está sob algum tratamento psicológico/psiquiátrico no momento? � Sim � Não Você ultimamente: 1. Tem se sentido perfeitamente bem e com boa saúde ?
1. melhor do que de costume 2. como de costume 3. pior do que de costume 4. muito pior do que de costume
2. Tem sentido necessidade de tomar fortificantes ( vitaminas)? 1. não, absolutamente 2. não mais do que de costume 3. um pouco mais do que de costume 4. muito mais do que de costume
3. Tem se sentido cansado (fatigado) e irritadiço? 1. não, absolutamente 2. não mais do que de costume 3. um pouco mais do que de costume 4. muito mais do que de costume
75
4. Tem se sentido mal de saúde? 1. não, absolutamente 2. não mais do que de costume 3. um pouco mais do que de costume 4. muito mais do que de costume
5. Tem sentido dores de cabeça? 1. não, absolutamente 2. não mais do que de costume 3. um pouco mais do que de costume 4. muito mais do que de costume
6. Tem sentido peso (dores) na cabeça? 1. não, absolutamente 2. não mais do que de costume 3. um pouco mais do que de costume 4. muito mais do que de costume
7. Tem sido capaz de se concentrar no que faz? 1. melhor do que de costume 2. como de costume 3. menos do que de costume 4. muito menos do que de costume
8. Tem sentido medo de que você vá desmaiar num lug ar público? 1. não, absolutamente 2. não mais do que de costume 3. um pouco mais do que de costume 4. muito mais do que de costume
9. Tem sentido sensações (ondas) de calor ou de fri o pelo corpo? 1. não, absolutamente 2. não mais do que de costume 3. um pouco mais do que de costume 4. muito mais do que de costume
10. Tem suado (transpirado) muito? 1. não, absolutamente 2. não mais do que de costume 3. um pouco mais do que de costume 4. muito mais do que de costume
11. Tem acordado cedo (antes da hora) e não tem con seguido dormir de novo? 1. não, absolutamente 2. não mais do que de costume 3. um pouco mais do que de costume 4. muito mais do que de costume
12. Tem levantado sentindo que o sono não foi sufic iente para lhe renovar as energias?
1. não, absolutamente 2. não mais do que de costume 3. um pouco mais do que de costume 4. muito mais do que de costume
13. Tem se sentido muito cansado e exausto, até mes mo para se alimentar? 1. não, absolutamente 2. não mais do que de costume 3. um pouco mais do que de costume 4. muito mais do que de costume
14. Tem perdido muito sono por causa de preocupaçõe s? 1. não, absolutamente 2. não mais do que de costume 3. um pouco mais do que de costume 4. muito mais do que de costume
15. Tem se sentido lúcido e com plena disposição me ntal? 1. melhor do que de costume 2. como de costume 3. menos lúcido do que de costume 4. muito menos lúcido que de costume
16. Tem se sentido cheio de energia (com muita disp osição)? 1. melhor do que de costume 2. como de costume 3. com menos energia do que de costume 4. com muito menos que de costume
17. Tem sentido dificuldade em conciliar o sono? (p egar no sono) 1. não, absolutamente 2. não mais do que de costume 3. um pouco mais do que de costume 4. muito mais do que de costume
18. Tem tido dificuldade em permanecer dormindo apó s ter conciliado o sono? (após ter pegado no sono) 1. não, absolutamente 2. não mais do que de costume 3. um pouco mais do que de costume 4. muito mais do que de costume
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19. Tem tido sonhos desagradáveis ou aterrorizantes ? 1. não, absolutamente 2. não mais do que de costume 3. um pouco mais do que de costume 4. muito mais do que de costume
20. Tem tido noites agitadas e maldormidas? 1. não, absolutamente 2. não mais do que de costume 3. um pouco mais do que de costume 4. muito mais do que de costume
21. Tem conseguido manter-se em atividade e ocupado ? 1. mais do que de costume 2. como de costume 3. um pouco menos do que de costume 4. muito menos do que de costume
22. Tem gasto mais tempo para executar seus afazere s? 1. mais rápido do que de costume 2. como de costume 3. mais tempo do que de costume 4. muito mais tempo de que de costume
23. Tem sentido que perde o interesse nas suas ativ idades normais diárias? 1. não, absolutamente 2. não mais do que de costume 3. um pouco mais do que de costume 4. muito mais do que de costume
24. Tem sentido que está perdendo interesse na sua aparência pessoal? 1. não, absolutamente 2. não mais do que de costume 3. um pouco mais do que de costume 4. muito mais do que de costume
25. Tem tido menos cuidado com suas roupas? 1. mais cuidado do que de costume 2. como de costume 3. menos cuidado do que de costume 4. muito menos cuidado que de costume
26. Tem saído de casa com a mesma freqüência de cos tume? 1. mais do que de costume 2. como de costume 3. menos do que de costume 4. muito menos do que de costume
27. Tem se saído tão bem quanto acha que a maioria das pessoas se sairia se estivesse em seu lugar? 1. melhor do que de costume 2. mais ou menos igual 3. um pouco pior 4. muito pior
28. Tem achado que de um modo geral tem dado boa co nta de seus afazeres? 1. melhor que de costume 2. como de costume 3. pior do que de costume 4. muito pior do que de costume
29. Tem se atrasado para chegar ao trabalho ou para começar seu trabalho em casa? 1. não, absolutamente 2. não mais atrasado do que de costume 3. um pouco mais do que de costume 4. muito mais do que de costume
30. Tem se sentido satisfeito pela forma pela qual você tem realizado suas atividades (tarefa ou trabalho)? 1. mais satisfeito do que de costume 2. como de costume 3. menos satisfeito do que de costume 4. muito menos satisfeito que de costume
31. Tem sido capaz de sentir calor humano e afeição por aqueles que o cercam? 1. mais do que de costume 2. como de costume 3. menos do que de costume 4. muito menos do que de costume
32. Tem achado fácil conviver com outras pessoas? 1. mais fácil do que de costume 2. tão fácil como de costume 3. mais difícil do que de costume 4. muito mais difícil do que de costume
33. Tem gasto muito tempo batendo papo? 1. mais tempo do que de costume 2. tanto quanto de costume 3. menos do que de costume 4. muito menos do que de costume
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34. Tem tido medo de dizer alguma coisa às pessoas e passar por tilo (parecer ridículo)? 1. não, absolutamente 2. não mais do que de costume 3. um pouco mais do que de costume 4. muito mais do que de costume
35. Tem sentido que está desempenhando uma função ú til na vida? 1. mais do que de costume 2. como de costume 3. menos útil do que de costume 4. muito menos do que de costume
36. Tem se sentido capaz de tomar decisões sobre su as coisas? 1. mais do que de costume 2. como de costume 3. menos do que de costume 4. muito menos do que de costume
37. Tem sentido que você não consegue continuar as coisas que começa? 1. não, absolutamente 2. não mais do que de costume 3. um pouco mais do que de costume 4. muito mais do que de costume
38. Tem se sentido com medo de tudo que tem que faz er? 1. não, absolutamente 2. não mais do que de costume 3. um pouco mais do que de costume 4. muito mais do que de costume
39. Tem se sentido constantemente sob tensão? 1. não, absolutamente 2. não mais do que de costume 3. um pouco mais do que de costume 4. muito mais do que de costume
40. Tem se sentido incapaz de superar suas dificuld ades? 1. não, absolutamente 2. não mais do que de costume 3. um pouco mais do que de costume 4. muito mais do que de costume
41. Tem achado a vida uma luta constante? 1. não, absolutamente 2. não mais do que de costume 3. um pouco mais do que de costume 4. muito mais do que de costume
42. Tem conseguido sentir prazer nas suas atividade s diárias? 1. mais do que de costume 2. como de costume 3. um pouco menos do que de costume 4. muito menos do que de costume
43. Tem tido pouca paciência com as coisas?
1. não, absolutamente 2. não mais do que de costume 3. um pouco mais do que de costume 4. muito mais do que de costume
44. Tem se sentido irritado e mal-humorado? 1. não, absolutamente 2. não mais do que de costume 3. um pouco mais do que de costume 4. muito mais do que de costume
45. Tem ficado apavorado ou em pânico sem razões ju stificadas para isso? 1. não, absolutamente 2. não mais do que de costume 3. um pouco mais do que de costume 4. muito mais do que de costume
46. Tem se sentido capaz de enfrentar seus problema s? 1. mais capaz do que de costume 2. como de costume 3. menos capaz do que de costume 4. muito menos capaz que de costume
47. Tem sentido que suas atividades têm sido excess ivas para você? 1. não, absolutamente 2. não mais do que de costume 3. um pouco mais do que de costume 4. muito mais do que de costume
48. Tem tido a sensação de que as pessoas olham par a você? 1. não, absolutamente 2. não mais do que de costume 3. um pouco mais do que de costume 4. muito mais do que de costume
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49. Tem se sentido infeliz e deprimido? 1. não, absolutamente 2. não mais do que de costume 3. um pouco mais do que de costume 4. muito mais do que de costume
50. Tem perdido a confiança em si mesmo? 1. não, absolutamente 2. não mais do que de costume 3. um pouco mais do que de costume 4. muito mais do que de costume
51. Tem se considerado como uma pessoa inútil (sem valor)? 1. não, absolutamente 2. não mais do que de costume 3. um pouco mais do que de costume 4. muito mais do que de costume
52. Tem sentido que a vida é completamente sem espe rança? 1. não, absolutamente 2. não mais do que de costume 3. um pouco mais do que de costume 4. muito mais do que de costume
53. Tem se sentido esperançoso quanto ao seu futuro ? 1. mais do que de costume 2. como de costume 3. menos do que de costume 4. muito menos do que de costume
54. Considerando-se todas as coisas, tem se sentido razoavelmente feliz?
1. mais do que de costume 2. assim como de costume 3. menos do que de costume 4. muito menos do que de costume
55. Tem se sentido nervoso e sempre tenso? 1. não, absolutamente 2. não mais do que de costume 3. um pouco mais do que de costume 4. muito mais do que de costume
56. Tem sentido que a vida não vale a pena? 1. não, absolutamente 2. não mais do que de costume 3. um pouco mais do que de costume 4. muito mais do que de costume
57. Tem pensado na possibilidade de dar um fim em v ocê mesmo? 1. definitivamente, não 2. acho que não 3. passou-me pela cabeça 4. definitivamente, sim
58. Tem achado algumas vezes que não pode fazer nad a porque está mal dos nervos? 1. não, absolutamente 2. não mais do que de costume 3. um pouco mais do que de costume 4. muito mais do que de costume
59. Já se descobriu desejando estar morto e longe ( livre) de tudo? 1. não, absolutamente 2. não mais do que de costume 3. um pouco mais do que de costume 4. muito mais do que de costume
60. Tem achado que a idéia de acabar com a própria vida tem se mantido em sua mente? 1. definitivamente, não 2. acho que não 3. passou-me pela cabeça 4. definitivamente, sim
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8 APÊNDICES
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8.1 Apêndice A: Diário de Registro do Comportamento durante o Ciclo Menstrual (DRCCM) POR FAVOR, LEIA COM ATENÇÃO: Este diário é composto por 35 (trinta e cinco) afirmações sobre o seu comportamento no dia de hoje. Por favor, RESPONDA A TODAS AS PERGUNTAS que seguem, marcando um X na alternativa (sigla) que você acha que se aplica ou a que mais se aproxima da sua oopinião. As respostas possíveis são:
CT = Concordo Totalmente C = Concordo D = D iscordo DT = Discordo Totalmente
Em seguida, há uma tabela, na qual você deverá listar quais foram os eventos estressantes do seu dia e marcar com um X o grau de gravidade de cada um que pode variar de 0 (nada grave) a 5 (muito grave). Esse procedimento deverá ser repetido durante 30 (trinta) dias a partir do primeiro dia de menstruação. É importante que você procure responder a todas as perguntas. LEMBRE-SE que o interesse está em saber como você se sentiu no dia de hoje. Pode começar.
Questões
Respostas
CT C D DT
1. Hoje estou de bom humor
2. Hoje não me sinto valorizada
3. Hoje me sinto bonita
4. Hoje me sinto ansiosa
5. Hoje tive uma boa noite de sono
6. Hoje me sinto auto-suficiente
7. Hoje meu apetite foi normal
8. Hoje me sinto angustiada
9. Hoje consegui me concentrar nos estudos
10. Hoje estou preocupada com minha forma física
11. Hoje acredito no meu potencial
12. Hoje estou irritada
13. Hoje senti vontade de comer alimentos doces
14. Hoje passei o dia sonolenta
15. Hoje me sinto preocupada com o futuro
16. Hoje creio que não sou capaz de tomar decisões importantes
81
17. Hoje não há roupa que fique bem em mim
18. Hoje realizei bem minhas tarefas da universidade
19. Hoje me sinto mais corajosa
20. Hoje senti vontade de comer alimentos amargos
21. Hoje sei que sou importante para meus amigos/meu namorado/minha família
22. Hoje acordei muitas vezes durante a noite
23. Hoje me sinto motivada
24. Hoje consegui me organizar com facilidade
25. Hoje não me vejo pior e nem melhor que as outras garotas
26. Hoje me sinto amada e querida
27. Hoje eu chorei sem motivo aparente
28. Hoje senti facilidade para aprender
29. Hoje senti vontade de comer chocolate
30. Hoje já acordei cansada
31. Hoje eu me sinto esperançosa
32. Hoje me sinto orgulhosa de mim mesma
33. Hoje sinto vergonha do meu corpo
34. Hoje comi além do que deveria
35. Hoje eu me sinto rejeitada
Eventos Estressantes: Nível de Gravidade
0 1 2 3 4 5
82
8.2 Apêndice B: Termo de Consentimento Livre e Escl arecido (TCLE) APRESENTAÇÃO
Gostaria de convidá-lo (a) para participar
de uma pesquisa cujo objetivo é Identificar
variações no comportamento de estudantes
universitárias ao longo do ciclo menstrual.
Sua tarefa consistirá no preenchimento de um
Questionário de Saúde Geral (no primeiro dia da
menstruação) e de um Diário de Registro do
Comportamento durante o Ciclo Menstrual (por 30
dias, a partir do primeiro dia da menstruação). Após
os 30 dias, será gravada uma pequena entrevista
sobre a sua experiência preenchendo o diário.
Quanto aos aspectos éticos, gostaria de
informar que:
a) seus dados pessoais serão mantidos em sigilo,
sendo garantido o seu anonimato;
b) os resultados desta pesquisa serão utilizados
somente com finalidade acadêmica podendo vir
a ser publicado em revistas especializadas,
porém, como explicitado no item (a) seus
dados pessoais serão mantidos em anonimato;
c) não há respostas certas ou erradas, o que
importa é a sua opinião;
d) a aceitação não implica que você estará obrigado
a participar, podendo interromper sua participação
a qualquer momento, mesmo que já tenha
iniciado, bastando, para tanto, comunicar aos
pesquisadores;
e) você não terá direito a remuneração por sua
participação, ela é voluntária;
f) esta pesquisa é de cunho acadêmico e não
terapêutico;
g) durante a participação, se tiver alguma
reclamação, do ponto de vista ético, você poderá
contatar com o responsável por esta pesquisa.
Muito obrigado!
Pesquisador responsável: Profº. Dr. Eduardo José Legal. Email: [email protected] Pesquisadora: Ariany Maçaneiro E-mail: [email protected] Telefone: (47) 3341-7542 R. 8084 Curso de Psicologia da Universidade do Vale do Itajaí – CCS R: Uruguai, 448 – bloco 25b – Sala 401.
Eu _________________________________________________________________________
Declaro estar ciente dos propósitos da pesquisa e da maneira como será realizada e no que
consiste minha participação. Diante dessas informações aceito participar da pesquisa.
Assinatura: ________________________________________________________
Data de nascimento: __________________
Pesquisador: Prof. Eduardo J. Legal
Assinatura:___________________________________
Acadêmica: Ariany Maçaneiro
Assinatura:___________________________________
83
8.3 Apêndice C: Comparação das freqüências de respo stas nos períodos do ciclo menstrual (%)
Pré_Ovulatório Ovulatório Lúteo DT D C CT DT D C CT DT D C CT Quest 1 3,33 20,00 53,33 23,33 8,75 22,50 58,75 10,00 0,63 23,27 64,78 11,32
Quest 2 18,33 61,67 20,00 0,00 16,25 47,50 32,50 3,75 9,43 61,01 27,67 1,89
Quest 3 0,00 31,67 66,67 1,67 8,75 26,25 61,25 3,75 3,14 37,11 54,72 5,03
Quest 4 10,00 35,00 33,33 21,67 10,00 32,50 36,25 21,25 3,14 33,33 42,77 20,75
Quest 5 21,67 23,33 41,67 13,33 16,25 15,00 55,00 13,75 11,32 33,33 45,91 9,43
Quest 6 5,00 38,33 53,33 3,33 12,50 36,25 50,00 1,25 5,03 35,85 57,23 1,89
Quest 7 13,33 23,33 41,67 21,67 13,75 26,25 45,00 15,00 11,95 27,04 43,40 17,61
Quest 8 16,67 43,33 28,33 11,67 15,00 38,75 30,00 16,25 11,32 42,14 33,33 13,21
Quest 9 16,67 43,33 31,67 8,33 21,25 38,75 28,75 11,25 7,55 34,59 53,46 4,40
Quest 10 6,67 33,33 38,33 21,67 15,00 20,00 46,25 18,75 11,95 8,81 54,72 24,53
Quest 11 6,67 18,33 70,00 5,00 6,25 22,50 65,00 6,25 2,52 28,93 61,01 7,55
Quest 12 21,67 45,00 25,00 8,33 21,25 45,00 22,50 11,25 12,58 40,88 40,88 5,66
Quest 13 15,00 28,33 45,00 11,67 22,50 28,75 32,50 16,25 10,69 25,79 45,28 18,24
Quest 14 10,00 41,67 30,00 18,33 12,50 47,50 31,25 8,75 10,06 42,77 37,11 10,06
Quest 15 5,00 36,67 41,67 16,67 5,00 22,50 57,50 15,00 2,52 25,79 50,94 20,75
Quest 16 10,00 40,00 45,00 5,00 18,75 36,25 38,75 6,25 12,58 53,46 30,19 3,77
Quest 17 16,67 63,33 15,00 5,00 21,25 52,50 20,00 6,25 17,61 53,46 23,90 5,03
Quest 18 8,33 35,00 53,33 3,33 8,75 35,00 46,25 10,00 4,40 31,45 55,97 8,18
Quest 19 1,67 51,67 46,67 0,00 8,75 46,25 41,25 3,75 5,66 44,03 44,03 6,29
Quest 20 45,00 53,33 1,67 0,00 52,50 41,25 6,25 0,00 56,60 37,74 4,40 1,26
Quest 21 3,33 16,67 63,33 16,67 8,75 13,75 63,75 13,75 2,52 15,09 71,70 10,69
Quest 22 41,67 30,00 11,67 16,67 35,00 45,00 12,50 7,50 23,90 43,40 23,27 9,43
Quest 23 1,67 33,33 65,00 0,00 12,50 31,25 48,75 7,50 3,14 36,48 52,20 8,18
Quest 24 6,67 38,33 55,00 0,00 10,00 40,00 43,75 6,25 3,77 32,08 59,12 5,03
Quest 25 5,00 13,33 76,67 5,00 6,25 20,00 67,50 6,25 3,77 18,24 71,07 6,92
Quest 26 1,67 20,00 63,33 15,00 3,75 17,50 61,25 17,50 2,52 18,24 67,92 11,32
Quest 27 53,33 36,67 6,67 3,33 53,75 25,00 11,25 10,00 49,06 32,70 11,32 6,92
Quest 28 10,00 46,67 41,67 1,67 10,00 47,50 37,50 5,00 3,14 40,25 52,20 4,40
Quest 29 20,00 16,67 46,67 16,67 21,25 26,25 41,25 11,25 11,32 25,79 44,65 18,24
Quest 30 10,00 31,67 33,33 23,33 12,50 33,75 38,75 15,00 18,24 38,36 28,93 14,47
Quest 31 6,67 35,00 51,67 6,67 11,25 31,25 51,25 6,25 5,66 33,96 51,57 8,81
Quest 32 5,00 43,33 50,00 1,67 8,75 33,75 50,00 7,50 5,03 36,48 51,57 6,92
Quest 33 20,00 46,67 18,33 15,00 21,25 47,50 21,25 10,00 16,98 39,62 28,93 14,47
Quest 34 28,33 40,00 20,00 11,67 33,75 38,75 23,75 3,75 32,08 22,64 27,67 17,61
Quest 35 40,00 46,67 8,33 5,00 35,00 43,75 16,25 5,00 39,62 39,62 18,24 2,52