araujo_2004_samba coexistência acadêmica

Upload: marcos-virgilio-da-silva

Post on 07-Apr-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 8/4/2019 Araujo_2004_samba coexistncia acadmica

    1/7

    SAMBA, COEXISTNCIA E ACADEMIA: QUESTES PARA UMAPESQUISA EM ANDAMENTO

    Samuel ArajoLaboratrio de Etnomusicologia UFRJ

    [email protected]

    Resumo: Qual a possvel contribuio da literatura acadmica que se acumulasobre o tema samba no Rio de Janeiro para uma pesquisa participativa emandamento na comunidade da Mar, na rea urbana da mesma cidade?Examinando uma seleo de teses de doutorado defendidas nos ltimos dezanos, busca-se identificar ngulos de relevncia para o projeto e questesainda no exploradas em detalhe pela literatura em questo.

    Palavras-chave: samba; Rio de Janeiro; pesquisa participativa; revisobibliogrfica

    Abstract: Which possible contribution can be given by the growing literature onthe theme samba in Rio de Janeiro to an on-going participatory researchexperience within the Mar community, in that same citys urban area?

    Examining a selection of doctoral dissertations defended during the last decade,one seeks to identify relevant angles to that particular project and issues whichhave not yet been explored by the literature in question.

    Keywords: samba; Rio de Janeiro; participatory research; review of literature

  • 8/4/2019 Araujo_2004_samba coexistncia acadmica

    2/7

    SAMBA, COEXISTNCIA E ACADEMIA:QUESTES PARA UMA PESQUISA EM ANDAMENTO

    1 Anais do V Congresso Latinoamericano daAssociao Internacional para o Estudo da Msica Popular

    De um modo geral, o tema samba tem sido discutido por ngulosdiversos na literatura acadmica: (a) como gnero de msica, poesia e dana,(b) como elemento de articulao de discursos e aes sobre o nacional e opopular, muitas vezes levando ao obscurecimento de significados particularescontrastantes entre si, ou ainda (c) como forma de sociabilidade, suscitandointerpretaes simultneas e eventualmente antagnicas de conformidade ouinconformidade vis--vis os caminhos e descaminhos da formao socialbrasileira, em meio a conjunturas globais variadas. Revises sistemticas eabrangentes dessa literatura tm integrado textos acadmicos publicadossobre o tema1 e se tornam tarefa cada vez mais difcil em virtude da expansocrescente da produo intelectual sobre o campo em questo.

    Portanto, dadas as limitaes de espao e tempo, este trabalho nopoderia se propor a uma reviso exaustiva da literatura sobre o samba, masprocura to somente pensar, a partir de reflexes propostas por quatrotrabalhos acadmicos dos mais relevantes publicados sobre o samba nos

    ltimos dez anos, como essa mesma literatura poderia contribuir para umapesquisa em andamento sobre as formas de sociabilidade engendradas apartir do samba e outras prticas musicais na Mar.2 Sobre esse eixo,buscaremos destacar alguns temas que tm emergido de interaes entre aequipe de pesquisa do Laboratrio de Etnomusicologia da UniversidadeFederal do Rio de Janeiro e indivduos e representantes institucionais dacomunidade em questo, refletindo sobre em que medida o tratamento dessestemas poder se beneficiar da produo acadmica que se acumula sobre osamba, com nfase em teses de doutorado publicadas ou no nos ltimos dezanos.

    SAMBA E COEXISTNCIA NA MAR; UMA PESQUISA PARTICIPATIVA.

    O projeto Samba e Coexistncia prope o mapeamento e interpretaoda produo

    e circulao de msica no Rio de Janeiro, tomando o samba, objeto de amplo eacirrado debate em mbitos nacional e internacional, como eixo no exclusivode um estudo etnomusicolgico. Em outras palavras, ao tomar o samba,estrategicamente, como foco, no se pretendeu excluir a considerao deoutras prticas e gneros que recebem as mais diversas denominaes econtribuem como contrastes fundamentais para que, em conjunturas

    especficas, algumas prticas determinadas sejam rotuladas como samba.Com isso, busca-se no reificar o termo como algo que tenha forma ou sentidoimutvel.

    Um dos aspectos fundamentais do projeto3 estudar maisprofundamente as formas de coexistncia engendrando e sendo engendradaspor meio de prticas musicais entre populaes marginalizadas da cidade do

    1Ver Arajo (1992a), Sandroni (2001), Lima (2001).2rea residencial do Rio de Janeiro, compreendendo cerca de 120 mil moradores e marcada

    pela violncia do trfico de drogas e da ao policial.2

    3 Que tambm envolve o estudo de acervos da indstria do entretenimento, produofonogrfica, espetculos comerciais etc.

  • 8/4/2019 Araujo_2004_samba coexistncia acadmica

    3/7

    SAMBA, COEXISTNCIA E ACADEMIA:QUESTES PARA UMA PESQUISA EM ANDAMENTO

    http://www.hist.puc.cl/historia/iaspmla.html 2

    Rio de Janeiro em luta pela cidadania. A relao do projeto com a Mar, porexemplo, foi fruto de experincia acumulada anteriormente pelo grupo depesquisa da UFRJ em estudos de pequena escala realizados fora do Rio deJaneiro e o interesse de uma ONG nascida na comunidade, o Centro deEstudos e Aes Solidrias da Mar (CEASM), em meio a aproximaes com

    um conjunto mais amplo ONGs comunitrias sediadas na cidade visando oenvolvimento da universidade em geral com experincias socio-educativas porelas desenvolvidas. O CEASM teve origem e mantm o foco na preparao de jovens residentes da Mar para o exame de admisso s universidades,principalmente pblicas, mas atua intensamente em reas como alfabetizao,reforo escolar e artes (com nfase na msica).

    A nfase do projeto na Mar tem sido a formao de pesquisadoresentre jovens estudantes de escolas de segundo grau residentes na regio.Partindo de referenciais da pesquisa participativa,4 o objetivo inicial5 dapesquisaproduo de conhecimento e constituio de um banco de dados

    local sobre indivduos, espaos e formas associados prtica musicalfoinegociado em discusses com representantes da ONG, enquanto a formaodos pesquisadores locais tem requerido dos pesquisadores universitrios umaatuao como provocadores e mediadores de discusses, atentos formulao, registro e reelaborao de categorias e ferramentas de pesquisaque tenham pertinncia experincia concreta comunitria. Espera-se, atravsdo emprego desse modo alternativo de etnografia, uma mudana qualitativa daabordagem etnomusicolgica em termos dinmicos (tipo de envolvimento dacomunidade), ticos e epistemolgicos, bem como uma mudana de nfase,ressaltando os recursos locais, em relao a outros projetos centrados namsica e outras prticas artsticas.6

    Vale aqui ressaltar que, freqentemente, ao trabalhar em tal contextocom categorias pr-elaboradas em formaes discursivas que ignoraram aperspectiva microscpica das operaes e interaes concretas do dia-a-dia,algumas das categorias aparentemente consensuais registradas na literaturasobre a msica brasileiracomo, por exemplo, a prpria categoria sambaaparecem interpretadas como surpreendentes ou at insignificantes napercepo comunitria, quando estimulada a confrontar a violncia simblicadas categorias acadmicas, por meio de estratgias participativas.

    Assim, nos cerca de trinta encontros realizados at hoje com os jovenspesquisadores em formao, temas como, acima de tudo, violncia, drogas,

    poder, territrio, identidades locais e, em termos bem abrangentes, experinciasonora, num contnuo que vai do silncio mortificante a estampidos e troaresde vrios calibres, em meio a vozes, instrumentos, vozes e alto-falantes, sesobrepem nfase da literatura acadmica na problemtica construo de

    4 Ver Freire (1978) para perspectiva seminal e Impey (2002) para uma aplicao

    etnomusicolgicarecente.5Durante uma pesquisa participativa de se esperar que tanto as questes quanto o foco dasaes possam mudar medida em que novas interpretaes sobre aspectos significativos daprtica musical vo emergindo, o que torna esse tipo de pesquisa simultaneamente maisdinmico e desafiador.6

    Esses projetos so, em geral, propostos por artistas individuais ou por organizaes artsticase procuram apresentar contedos percebidos como uma lacuna na experincia da comunidade(ver Araujo, 2004).

  • 8/4/2019 Araujo_2004_samba coexistncia acadmica

    4/7

    SAMBA, COEXISTNCIA E ACADEMIA:QUESTES PARA UMA PESQUISA EM ANDAMENTO

    3 Anais do V Congresso Latinoamericano daAssociao Internacional para o Estudo da Msica Popular

    identidade nacional, da mediao cultural e negociao simblica, dainstitucionalizao/cooptao ou seu reverso, da posio anti-sistmica dosamba e de sua potencial subverso da ordem, ou da paternidade (etnica,racial etc.) de prticas culturais.

    SAMBA, SOCIABILIDADE E CONHECIMENTO: PONTOS PARA UM DEBATE

    A produo acadmica de conhecimento sobre o samba no Rio deJaneiro apresenta, pelo menos primeira vista, focos e abordagens bemdistintas entre si. Tal fato dificilmente surpreenderia dado que h mais de umsculo so registradas em diversos locais da cidade prticas culturais pblicase privadas de variados indivduos ou grupos mais ou menos homogneos, que,sob formas variadas, so auto-percebidas ou simplesmente rotuladas samba.No entanto, ao rever a literatura tomando como referncia um trabalho decunho participativo, com nfase em categorias pertinentes vida cotidiana,verifica-se que h uma grande convergncia, ainda que implcita e paradoxal,7no trabalho de diferentes autores, sendo igualmente notvel a existncia deimportantes lacunas que poderiam vir a fazer parte importante de uma novaagenda de pesquisa do samba.

    Nesse aspecto, parece oportuna uma volta ao conceito de formaodiscursiva, (Foucault, 1972) como um conjunto de prticas discursivashistoricamente circunscritas, interrelacionadas, embora descontnuas, ehierarquizadas. Em minha tese de doutorado (Arajo, 1992a), buscandoinicialmente romper com vises essencialistas acerca do samba e sua prtica,reelaborei o mesmo conceito, ampliando-o em termos do que denomineiformao acstica, com o objetivo de assimilar o carter dinmico e abrangente

    da prtica e representao do samba, entendidas como plos de um contnuode construo e reconstruo de sentido. Assim, boa parte das discussessobre, por exemplo, as origens ou sobre o carter nacional, regional outnico, assim como a expresso sonora, cintica ou social de tais querelas,adquiririam significado no propriamente no estabelecimento de verdades ouinterpretaes inquestionveis, mas principalmente configurando umaformao acstica, o samba, tributrio de sons diversos e eventualmenteconflitantes disputando legitimidade em meio a relaes assimtricas de poder.

    Seguindo esse mesmo raciocnio, algumas posies defendidas emtrabalhos que poderiam parecer sustentar opinies antagnicas cruciais,

    podem vir a ser relativizadas, se analisadas sob o ponto de vista de seuimpacto sobre o cotidiano da vida social na experincia concreta de sujeitossituados no presente. Em outras palavras, tais polmicas teriam dado forma auma espcie de formao discursiva realimentada pela academia, que, noentanto, pode ser reequacionada ou mesmo ter pouca relevncia na vidaprtica das comunidades que tm o samba como prtica viva hoje. Outro pontode suma importncia assinalar que, em contraponto a essa fixao em tornode algumas certas questes, permanecem abertas lacunas significativas naliteratura, cuja ultrapassagem poderia significar um salto qualitativo para acompreenso da prtica e representao do samba.

    7 Posies aparentemente divergentes que, de ponto de vista mais abrangente, de fato no oseriam.

  • 8/4/2019 Araujo_2004_samba coexistncia acadmica

    5/7

    SAMBA, COEXISTNCIA E ACADEMIA:QUESTES PARA UMA PESQUISA EM ANDAMENTO

    http://www.hist.puc.cl/historia/iaspmla.html 4

    LENDO E OUVINDO O SAMBA: NOTAS PARA UMA PESQUISAPARTICIPATIVA

    Como indicado acima, procurar-se- buscar aqui referncias pertinentesa questes suscitadas pelo projeto de pesquisa na leitura de trabalhos recentessobre o samba. O primeiro deles o livro em que Hermano Vianna (1995)reexamina o uso do samba por sambistas e alguns de seus interlocutores(polticos, intelectuais, homens de mdia e outros) como termo de mediao enegociao do espao de cidadania e mobilidade social das classes popularesno Rio de Janeiro.8 Embora se reconhea aqui a relevncia da temtica para apesquisa em andamento, segundo a percepo dos moradores e sambistas daMar, a eficcia das mltiplas formas locais de prtica do samba nesse papelmediador tem sido pelo menos questionvel, se no incua. Vianna chega apropor, em algumas passagens de seu trabalho, que a represso ao samba emseus momentos iniciais no Rio de Janeiro9 no era a atitude exclusiva daselites dominantes, o que elucidaria o que identificou como o mistrio do

    samba

    10

    , ou sua passagem a smbolo nacional

    11

    . Em discusses com osjovens moradores da Mar, constata-se que a violncia, tema constante diretaou indiretamente nas falas dos jovens moradores, embora tambm afete asprticas musicais e a sociabilidade em torno delas, adquire um contornosimultaneamente ambguo e aterrorizador, eventualmente sendo incorporada formao acstica.12

    O livro de Carlos Sandroni (2001) remete s relaes entre etnicidade epoltica como evidenciadas musicalmente em sambas gravados entre 1917 e1933, ressaltando em que medida expressam os diferenciais de poderacumulados atravs da formao histrica e social brasileira. Embora tambmcoloque em relevo as estratgias mediadoras dos sambistas, Sandroni diverge

    eventualmente de Vianna quanto aos limites da mediao por este enfatizada,sustentando que, em graus e momentos diferentes, a violncia fsica esimblica da classes dominantes em suas atitudes com relao ao samba sefez e ainda se faz sentir. Tal fato, segundo o autor, pode ser observado emcertos signos importantes da histria do gnero como, por exemplo, a adoopelo samba de certos padres rtmicos menos estranhos experincia musicaleuropia no perodo de maior represso a sua prtica,13 como forma deatenuar a resistncia das elites. No mbito do projeto na Mar, o tema daviolncia fsica e emocional ganha contedos insuspeitos nos estudos deperodos histricos j passados, uma vez que a mesma se alastra de modoauto-predatrio entre a prpria populao local, que muitas vezes se encontrasob o fogo cruzado entre a violncia de estado e a ao no menos violenta dotrfico de drogas, demarcando territrios e desenhando identidades arbitrrias

    8 A mesma temtica j havia sido destacada e debatida anteriormente por Raphael (1980) eArajo (1992a).9 I.e., dcadas finais do sculo XIX e primeiras dcadas do XX.10 Conforme a nota anterior, o mistrioj havia sido, em grande parte, elucidado por outrostrabalhos ainda no publicados como livro.11 Ver tambmo trabalho de Frota (2003), que aprofunda a anlise do papel da mdia naasceno do samba.12

    Por exemplo, rajadas de fuzis-metralhadoras incorporadas paisagem sonora de um bailefunk.13At o final da dcada de 1920.

  • 8/4/2019 Araujo_2004_samba coexistncia acadmica

    6/7

    SAMBA, COEXISTNCIA E ACADEMIA:QUESTES PARA UMA PESQUISA EM ANDAMENTO

    5 Anais do V Congresso Latinoamericano daAssociao Internacional para o Estudo da Msica Popular

    entre a populao civil.14 Tem sido notado tambm, no decorrer dos debatesentre os jovens, que a violncia simblica estereotipadora e discriminatria vemno apenas das classes dominantes, mas muitas vezes de vetores internos prpria comunidade, como reclamam aqueles que no se encaixam nos rtulosatribudos aos jovens da regio.15

    O trabalho de Luiz Fernando Nascimento de Lima (2001) expande ouniverso de mediaes em anlise, destacando o papel da mdia e osprocessos de intertextualidade associados exploso comercial do pagode apartir de meados dos anos 70 e, particularmente, na dcada seguinte. Ele traauma rede de relaes entre expresses comunitrias e comerciais em variadosgneros musicais locais e trans-locais no perodo em questo, lanandoperspectivas originais, influenciadas pela semitica e a crtica bakhtiniana,sobre a complexidade das operaes micro e macroscpicas do mundo dosamba e do pagode, da estrutura de uma cano s grandes artimanhas daindstria do espetculo, passando pelo trajeto de msicos locais alados

    condio de astros nacionais. Mapeamentos preliminares entre os jovenspesquisadores da Mar revelaram forte relevncia de um trabalho conceitualque transcenda as categorias relativamente estanques associadas a gnerosmusicais e outras prticas sociais e que assimile, contrariamente, as mltiplasinteraes entre estilos de msica vividas por eles. Como participante ativo,ouvinte annimo ou voyeur cauteloso, cada um dos pesquisadorescomunitrios fala com conhecimento de causa sobre um nmero variado deestilos musicais que reconhece no seio de sua comunidade, o que pareceindicar, se no a pertinncia, ao menos o potencial do debate em torno deconceitos como intertextualidade, formaes acsticas ou bricolagem (comLvi-Strauss) na pesquisa em questo.

    Por fim, a tese de Roberto M. Moura (2003), ainda no publicada,dialoga com a literatura e destaca oportunamente o papel decisivo dasociabilidade propiciada pelo fazer samba16 para que seu papel mediador setorne efetivo. Tal sociabilidade, como deixa entrever Moura (em concordnciacom este autor), no isenta de tenses, e elas sero to mais contundentesquando, como exemplificado no caso da Mar, ocorrem sob marcos de fortespresses rumo desagregao e instabilidade sociais. Pagodes financiadospelo trfico de drogas, restries ao ir-e-vir17 sinalizam apenas algumas dasquestes que poderiam se agregar discusso dos padres de sociabilidadepropiciados pela msica no mundo contemporneo.

    14Digna de nota tambm a recorrncia de referncias a estilos de apologia ao trfico, emgeral rotulados proibido (tanto o pagode quanto o funk, ou mesmo o forr). Ver ainda otrabalho de Letcia C. R. Vianna (1999), sobre a trajetria de Bezerra da Silva e a emergncia erecepo do sambandido.15 Por exemplo, funkeiros ou pagodeiros.16

    Compreendendo msica, dana, relaces de parentesco, vizinhana e muitos outrosinteresses.17 Um direito, na opinio de setores mais privilegiados da sociedade.

  • 8/4/2019 Araujo_2004_samba coexistncia acadmica

    7/7

    SAMBA, COEXISTNCIA E ACADEMIA:QUESTES PARA UMA PESQUISA EM ANDAMENTO

    http://www.hist.puc.cl/historia/iaspmla.html 6

    COMENTRIO FINAL

    O confronto sinttico, esboado acima, entre a literatura acadmicarecente sobre o samba e uma pesquisa participativa em comunidade do Rio deJaneiro, onde categorias como samba e msica aparecem reequacionadassob novos marcos, indica muito incipientemente que fundamental, no estudode prticas sociais concretas, combinar a relativizao de tendncias macro-analticas e ateno s categorias, questes e estratgias que orientam ocotidiano, bem como s situaes muitas vezes ocultas e indizveis que as justificam. As demais comunicaes que integram essa seo procuramexaminar em mais detalhe alguns enfoques de relevncia para o projetoSamba e Coexistncia, embora pouco ou no ainda explorados pela literaturasobre o samba no Rio de Janeiro.

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    ARAJO, Samuel. 1992a Acoustic labor in the timing of everyday life; a socialhistory of samba in Rio de Janeiro (1917-1980). Tese de doutorado emetnomusicologia. Universidade de Illinois em Urbana-Champaign, EUA.

    _______________1992b. Descolonizao e discurso: notas sobre o tempo, opoder e a noo de msica. Revista Brasileira de Msica20:7-14.

    _______________2004. Socioacoustics of violence in the inner city: issuesand challenges to an anthropology of sound. Ms. no-publicado apresentadono Center for Ethnomusicology da Universidade de Columbia, Nova York.

    FREIRE, Paulo. 1987. 17a ed. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz eTerra.

    FROTA, Wander Nunes. 2003. Auxlio luxuoso; samba smbolo nacional,gerao Noel Rosa e indstria cultural. So Paulo: Annablume.

    FOUCAULT, Michel. 1972. A arqueologia do saber. Rio de Janeiro: Forense.

    IMPEY, Angela. 2002. "Culture, conservation and community re-construction:explorations in advocacy ethnomusicology and participatory action research inNorthern KwaZulu Natal.IN Samuel Araujo, ed., Yearbook for Traditional Music34:9-24.

    LIMA, Luiz Fernando Nascimento de. 2001. Live samba; analysis andinterpretation of Brazilian pagode. Acta Semiotica Fennica XI. Helsinqui:

    International Semiotic Society/Semiotic Society of Finland.MOURA, Roberto M. 2003. No princpio era a roda; um estudo sobre samba,partido-alto e outros pagodes. Tese de doutorado em musicologia. UNIRIO, Riode Janeiro.

    RAPHAEL, Alison. 1980. Samba and racial democracy; Tese de doutorado emCincia Poltica. Universidade de Colmbia, EUA.

    SANDRONI, Carlos. 2001. Feitio decente; transformaes do samba no Riode Janeiro (1917-1933). Rio de Janeiro: Zahar/UFRJ.

    VIANNA, Hermano. 1995. O mistrio do samba. Rio de Janeiro: Zahar/UFRJ.

    VIANNA, Letcia C. R. 1999. Bezerra da Silva; produto do morro. Rio deJaneiro: Zahar.