aquisições dos usuarios do suas monografia-rozana-versao-final

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    Eunpolis/BA2012

    ROZANA MARIA DA FONSECA

    SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADOESPECIALIZAO EM GESTO SOCIAL, POLITICAS PBLICAS,

    REDES E DEFESA DE DIREITOS

    AQUISIES SOCIAIS DOS USU RIOS DO SUAS

    ATRAVS DE UM PROJETO DE RECICLAGEM NO CRASDE EUNPOLIS/BA

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    Eunpolis/BA2012

    AQUISIES SOCIAIS DOS USURIOS DO SUASATRAVS DE UM PROJETO DE RECICLAGEM NO CRAS

    DE EUNPOLIS/BA

    Monografia apresentada Universidade Norte do Paran- UNOPAR, como requisito parcial para a obteno dottulo de Especialista em Gesto Social, PolticasPblicas, Redes e Defesa de Direitos.

    Orientador: Prof. Rodrigo Eduardo Zambon

    ROZANA MARIA DA FONSECA

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    Londrina, _____de ___________de 20___.

    Dedico este trabalho ao meu marido Augusto

    Braga, pela sabedoria imune s iluses

    pregadas pelo sucesso.

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    AGRADECIMENTOS

    Ao Augusto Braga, pelas orientaes, incentivo e reviso deste

    trabalho.

    A tutora presencial Reginalva, pelos esclarecimentos e aprendizado

    proporcionado.

    Aos colegas de curso pela oportunidade de encontro e discusses

    amiga Chris Muniz Baratta, pelo humor, amizade e leveza.

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    FONSECA, Rozana Maria. AQUISIES SOCIAIS DOS USURIOS DO SUASATRAVS DE UM PROJETO DE RECICLAGEM NO CRAS DE EUNPOLIS/BA.2012. . Monografia (Especializao em Gesto Social Polticas Pblicas, Redes eDefesa de Direitos)Sistema de Ensino Presencial Conectado, Universidade Norte

    do Paran, Eunpolis, 2012.

    RESUMO

    O presente trabalho teve como objetivo discorrer sobre as aquisies sociais dos

    usurios do PAIFServio de Proteo e Atendimento Integral Famlia, atravs de

    um projeto de reciclagem denominado RET: Recolher e Transformar. O estudo foi

    realizado atravs de reviso bibliogrfica e anlise obtida de um estudo de caso no

    CRAS. A anlise dos dados foi realizada atravs de observao direta nas reunies

    com os participantes do projeto. Os principais resultados observados foram a

    mudana de percepo em relao ao meio ambiente e a tomada de atitudes pr-

    ambientais. Pudemos observar que uma vez sensibilizado acerca da importncia da

    destinao adequada do lixo, o indivduo permanece com as atitudes pr-

    ambientais. Assim pode-se concluir que o projeto um importante instrumento de

    promoo da autonomia, protagonismo e autogesto. E nos indica um vis pelo qual

    a atuao do psiclogo no CRAS pode perpassar para atuar junto s famlias e

    comunidades, contribuindo para o fortalecimento da cidadania e com a formao de

    subjetividade capaz de se comprometerem com a questo ambiental e com demais

    problemticas que o cercam como, dificuldades de acesso sade, educao,

    assistncia social, cultura, esporte, entre outras. A execuo do projeto demonstrou

    ainda que um grande desafio para o profissional de gesto social promover a

    articulao e a construo de projetos que desenvolvam de fato a comunidade e que

    provoque transformaes no campo da ao e da potencializao das comunidades

    para receber e participar das diversas polticas pblicas ligadas ao bem estar

    individual e social dos cidados.

    Palavras-chave: Gesto Social. Resduo Slido. Psicologia scio-histrica. PolticasPblicas de Assistncia Social. CRAS

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    SUMRIO

    1 INTRODUO .................................................................................................... 7

    2

    FUNDAMENTAO TERICA ........................................................................... 9

    2.1

    Breve contexto da Poltica pblica de Assistncia Social ............................. 9

    2.1.1 Contribuies da Psicologia nos servios de Proteo Social Bsica 11

    2.1.2 Psicologia Ambiental como subsdio para o trabalho com as famliasdo PAIF atravs do Projeto RET: Recolher e Transformar ................................ 12

    2.2 Gesto social: ............................................................................................ 142.3 A questo social na gesto de Resduos Slidos ....................................... 143. O PROJETO RET: RECOLHER E TRANSFORMAR........................................ 173.1 Esquema do funcionamento do Projeto .......................................................... 18

    3.2 Alguns entraves: ............................................................................................. 193.3 Algumas fotos do Projeto Ret: Recolher e Transformar .................................. 21

    4METODOLOGIA E ANLISE E DISCUSSO ..................................................... 23

    5 - CONSIDERAES FINAIS ................................................................................ 27

    Referncias Bibliogrficas .................................................................................... 29Apndice .................................................................................................................. 32

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    1 INTRODUO

    Um dos grandes desafios da sociedade contempornea consiste emconciliar polticas que garantam o desenvolvimento econmico alicerado em

    polticas de gesto social e de manuteno da qualidade ambiental. Neste contexto,

    informar e despertar na sociedade percepes quanto a importncia de polticas e

    prticas pr-ambientais revela-se como uma importante ferramenta de equidade

    social.

    Neste panorama, a linha base para esta discusso ser a Poltica

    Pblica de Assistncia Social, levando em conta os servios da proteo social

    bsico geridos e organizados pelo SUAS Sistema nico de Assistncia Social.

    Desta forma, neste trabalho ser tratada a problemtica das prticas de gesto

    socioambiental como ferramentas para atendimentos dos objetivos do SUAS. Assim,

    o presente trabalho insere-se na linha de pesquisa voltada para a Gesto de Redes

    e Interfaces do Sistema nico de Assistncia Social.

    O presente trabalho tem como objetivo principal discorrer sobre a

    eficcia de se utilizar um projeto voluntrio de reciclagem de resduos slidos como

    instrumento de gesto social com vistas a atingir os objetivos dos servios de

    proteo bsica do SUAS. Seus objetivos especficos so: Analisar o interesse dos

    usurios sobre as questes relacionadas a gesto e reciclagem de resduos slidos;

    Avaliar as interfaces entre as polticas pblicas de assistncia social e de meio

    ambiente; Avaliar a aquisio de autonomia e autogesto por parte do usurio em

    funo da participao no projeto, levando em considerao as contribuies da

    psicologia.

    A realizao desta pesquisa justifica-se pela importncia que as

    questes ambientais em conjuno com uma maior percepo por parte do poder

    pblico sobre a necessidade de aplicao de politicas pblicas sociais como garantia

    da qualidade e dignidade da vida humana.

    A metodologia utilizada no desenvolvimento deste trabalho ser a

    pesquisa bibliogrfica acrescida de uma anlise acerca de um projeto de reciclagem

    implantado em Abril de 2010, no CRAS - Centro de Referncia de Assistncia

    Social, na cidade de Eunpolis/BA intitulado RET: Recolher e Transformar. Trata-sede um Projeto com participao voluntria dos usurios do Servio de Proteo e

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    Atendimento Integral Famlia PAIF da Proteo Social Bsica. Como

    instrumentos sero utilizados reviso bibliogrfica e anlise dos dados obtidos

    atravs de observao e registro dos resultados qualitativos e quantitativos do

    Projeto.

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    2 FUNDAMENTAO TERICA

    2.1 BREVE CONTEXTO DA POLTICA PBLICA DE ASSISTNCIA SOCIAL

    A poltica pblica de assistncia social no Brasil norteada pelo

    documento criado em 2004, denominado Poltica Nacional de Assistncia Social

    PNAS e pelo Sistema nico de Assistncia Social, SUAS, 2005. Trata-se de marcos

    relevantes para a qualificao e universalizao da poltica, pois delineiam

    princpios, diretrizes e objetivos para a consolidao da assistncia social comopoltica pblica e direito social.

    A IV conferncia tornou-se um espao histrico ao deliberar a

    elaborao da PNAS e a construo do sistema de gesto descentralizado e

    participativo - SUAS. A descentralizao e participao j eram previstas desde a

    Constituio Federal de 1988, mas tornaram mais definidas com a Lei Orgnica de

    Assistncia SocialLOAS de 1993, a qual regulamentou a Assistncia Social:

    A forma de gesto no sistema descentralizado e participativo proposto pela

    LOAS, em seu captulo III, artigo 6, implica na participao popular, na

    autonomia da gesto municipal, potencializando a diviso de

    responsabilidades e no co-financiamento entre as esferas de governo e a

    sociedade civil.

    Assim, a PNAS, o SUAS so resultados desta Lei em tela, e vale considerar que

    foram formalizados apenas doze anos aps a sua homologao. O artigo primeiro

    preconiza a essncia da assistncia social:

    A assistncia social, direito do cidado e dever do Estado, Poltica de

    Seguridade Social no contributiva, que prov os mnimos sociais, realizada

    atravs de um conjunto integrado de iniciativa pblica e da sociedade,

    para garantir o atendimento s necessidades bsicas, LOAS, 1993.

    A Poltica Nacional de Assistncia Social conceitua o SUAS como

    instncia de gesto que:

    define e organiza os elementos essenciais e imprescindveis execuo da

    poltica de assistncia social possibilitando a normatizao dos padres nos

    servios, qualidade no atendimento, indicadores de avaliao e resultado,

    nomenclatura dos servios e da rede socioassistencial e, ainda, os eixos

    estruturantes e de subsistemas conforme aqui descritos: Matricialidade

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    Scio-Familiar; Descentralizao poltico-administrativa e Territorializao;

    Novas bases para a relao entre Estado e Sociedade Civil; Financiamento;

    Controle Social; O desafio da participao popular/cidado usurio; A

    Poltica de Recursos Humanos; A Informao, o Monitoramento e a

    Avaliao.

    O SUAS define dois nveis para a Proteo Social, as quais prestam

    servios obrigatrios, programas e projetos, levando em conta as vulnerabilidades

    sociais e os riscos sociais de cada famlia inserida no territrio. Em conformidade

    com a Tipificao Nacional dos Servios Socioassistenciais, a Proteo Social

    Bsica, executada nos Centros de Referncia de Assistncia Social CRAS, tem

    como objetivos prevenir situaes de risco e minimizar e at superar situaes de

    vulnerabilidades sociais, atravs do desenvolvimento de potencialidades, acesso

    aos direitos sociais e fortalecimento da funo protetiva da famlia, contribuindo para

    o fortalecimento de vnculos familiares e sociais. O Principal servio ofertado na

    Proteo Bsica o PAIFServio de Proteo e Atendimento Integral Famlia.

    A Proteo Social Especial dividida em: Mdia e Alta

    Complexidade. Vanzeto, 2005, resume que na Mdia Complexidade so realizados

    atendimentos s famlias com seus direitos violados, mas cujos vnculos familiares e

    comunitrios ainda no foram rompidos. Estes atendimentos so realizados noCentro de Referncia Especializado de Assistncia Social - CREAS, visando a

    orientao e o convvio sociofamiliar e comunitrio.

    A Alta Complexidade definida por servios de Acolhimento

    Institucionais sendo acolhimento em diferentes tipos de equipamentos, destinado a

    famlias e/ou indivduos com vnculos familiares rompidos ou fragilizados, a fim de

    garantir proteo integral. A organizao do servio dever garantir privacidade, o

    respeito aos costumes, s tradies e diversidade de: ciclos de vida, arranjosfamiliares, raa/etnia, religio, gnero e orientao sexual Tipificao, MDS/SNAS,

    2009.

    O SUAS um avano e mostra sinais que a Poltica de Assistncia

    Social tem condies de se tornar uma poltica de qualidade promovendo e

    fortalecendo a participao popular e o controle social. Mas alguns autores pontuam

    que o SUAS ainda est em construo e que no define isoladamente o sucesso da

    poltica em tela.(...) a construo e implementao do SUAS, mesmo sendo tardia no pode

    ser viabilizado com procedimentos apressados e interpretao de que, o

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    sucesso da poltica de assistncia social esta condicionado a implantao

    do sistema, como j comearam a alardear alguns atores localizados nos

    espaos de poder poltico.

    2.1.1 Contribuies da Psicologia nos servios de Proteo Social Bsica

    A Resoluo N 17, de 20 de Junho de 2011 Ratifica a equipe de

    referncia definida pela Norma Operacional Bsica de Recursos Humanos do

    Sistema nico de Assistncia Social NOB-RH/SUAS e reconhece as categorias

    profissionais de nvel superior para atender as especificidades dos serviossocioassistenciais e das funes essenciais de gesto do Sistema nico de

    Assistncia Social SUAS. Com esta resoluo a presena de psiclogos nas

    equipes do SUAS deixa de ser preferencial para de tornar obrigatria.

    Assim, vemos um avano para a rea de psicologia, uma vez que a

    questo social e a relao entre o indivduo e a sociedade so temas discutidos pela

    psicologia no Brasil, de maneira mais significativa desde a dcada de 80 - tendo

    como uma das principais precursoras, a terica e autora Slvia Lane. Avano porquea psicologia se faz presente na elaborao e construo das polticas pblicas no

    Brasil.

    A psicologia scio-histrica vem ao longo desses anos estudando e

    propondo maneiras possveis de intervir na comunidade e com famlias, tendo como

    fundo, a reflexo acerca das contribuies da profisso. De acordo com Gonalves,

    2009. p. 290,

    a psicologia tem muito a dizer no campo das politicas pblicas (...) no s

    porque as polticas so elaboradas para atender as necessidades de

    indivduos e grupos, mas porque, para que sejam eficazes, devem contar

    com a deciso dos envolvidos.

    Nos mostra ainda que as polticas pblicas envolvem as dimenses

    social e poltica, assim como a dimenso subjetiva de todos os seus atores. Esta

    ltima material norteador de toda prxis da psicologia scio-histrica.

    A autora contribui ainda, trazendo a reflexo de que as polticas

    sociais hoje devem ser polticas pblicas, e aponta uma direo para a atuao a

    partir da psicologia:

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    (...)a da transformao da sociedade, pautada na promoo e garantia dos

    direitos sociais (...)

    Para isso necessrio considerar:

    As demandas da realidade social a partir de uma perspectiva histrica,

    procurando a desnaturalizao dos fenmenos sociais. As situaes sociais

    de excluso, desfiliao, a precariedade da vida, no so naturais, muito

    menos inexorveis. So produzidas e, desta forma, podem ser alteradas.

    Outro ponto terico importante que consideramos como suporte para o

    projeto as teorias de grupo operativo de Pichon Rivire, o qual grande refernciapara trabalhos em grupo. Este terico define grupo como um conjunto de pessoas

    ligadas por objetivos comuns, articuladas por uma mtua representao de se

    constituir como um grupo, e que se prope, de forma explicita ou implcita, a uma

    tarefa, criando para isso regras, papis, e relaes internas ao grupo. Rivire, 2009.

    BASTOS, 2010, sintetiza a tcnica de grupo luz deste autor, demonstrando

    que para Pichon Rivire o grupo apresenta-se como instrumento de transformao

    da realidade, e seus integrantes passam a estabelecer relaes grupais que vo se

    constituindo, na medida em que comeam a partilhar objetivos comuns, a ter uma

    participao criativa e crtica e a poder perceber como interagem e se vinculam. A

    mudana, que o objetivo primordial de todo grupo operativo, envolve todo um

    processo gradativo, no qual os integrantes do grupo passam a assumir diferentes

    papis e posies frente tarefa grupal.

    2.1.2 Psicologia Ambiental como subsdio para o trabalho com as famlias do PAIF

    atravs do Projeto RET: Recolher e Transformar

    A Psicologia Ambiental uma disciplina nova e ainda pouco

    difundida nas universidades do Brasil, ou seja, a maioria das universidades

    brasileiras ainda no incluiu esta disciplina na grade curricular. O que causa

    desconhecimento das contribuies dessa rea para a atuao na rea de

    psicologia comunitria e social. Ao propor o projeto foi identificado que esta

    disciplina poderia nortear a prtica, pois est interessada em como as pessoas se

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    relacionam com as questes ambientais. Tem grandes estudos na temtica de

    urbanismo, paisagismo, arquitetura, mas aqui tomamos como suporte os estudos

    acerca da tomada ou no de comportamentos pr-ambientais pelos cidados.

    Pinheiro, 1997, elabora um Dossi sobre a histria da psicologia Ambiental e

    nos indica que a psicologia chamada para tratar de um problema que Humano-

    ambiental, refletindo no uma crise ambiental, mas uma crise das pessoas-nos

    ambientes. O autor se embasa em Corraliza para expor suas ideias, vejamos:

    Apesar de importantes aproximaes entre disciplinas voltadas para a

    questo ambiental (por exemplo, Ecologia e Economia), a Psicologia precisa

    fazer parte desse esforo, pela necessidade de se compreender o ser

    humano frente ao ambiente. Para a Psicologia os problemas ambientais

    oferecem dupla oportunidade: desenvolver terica e cientificamente

    conhecimentos sobre a forma de agir das pessoas, e influir nos rumos da

    sociedade em um de seus aspectos mais fundamentais (Corraliza, 1997,

    citado por Pinheiro, 1997).

    Um dos autores pioneiros da Psicologia Ambiental no Brasil,

    Hartmut Gnther nos aponta que:

    Os desafios que a Psicologia Ambiental tem a enfrentar na sociedade atualapresentam pelo menos duas dimenses: uma de interveno (gerar

    mudanas no meio ambiente) e outra de gesto (tomar decises a partir de

    uma escala de valores implcita ou explcita), ambas com base nos

    parmetros da sustentabilidade como novo valor social positivo( ...)

    Vemos, portanto que a psicologia ambiental uma rea que j vem

    realizando estudos e intervenes capaz de responder ao esse chamado atual e

    urgente que a questo ambiental, mas a grande contribuio est na perspectivaque Pinheiro defende, que o estudo e a interveno na relao homem-meio

    ambiente. Pois ao mesmo tempo em que o homem transforma o meio, e no caso em

    tela, o territrio, ele tambm transformado. E a contribuio da psicologia est

    ligada na potencializao de transformaes significativas, tanto no mbito individual

    quanto social e comunitrio.

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    condies de vulnerabilidade social so menos comuns, so mais raras. Geralmente

    sendo desenvolvidas por ONGs.

    Tal cenrio pode ser considerado um paradoxo, uma vez que os

    impactos ambientais advindos da falta de gesto de resduos slidos tendem a se

    manifestar com maior intensidade sobre essa camada social.

    Atualmente, diante de um cenrio de crise ambiental, o Brasil conta

    com uma Poltica Nacional de Resduos Slidos, instituda pela Lei n 12.305 de 02

    de Agosto de 2010, a qual tramitou por 30 anos no Congresso Nacional. A Poltica

    institui uma gesto integrada e trata das questes relacionadas aos catadores,

    trabalhadores informais que vivem em condies de extrema vulnerabilidade social,

    principalmente decorrente de baixa renda.A articulao Intersetorial imprescindvel para implantao e

    execuo desta Lei, a qual norteada pela gesto integrada. No captulo II, Seo:

    Definies, temos os conceitos de gerenciamento de resduos slidos e gesto

    integrada:

    Art. 3oPara os efeitos desta Lei, entende-se por:

    (...) X - gerenciamento de resduos slidos: conjunto de aes exercidas,direta ou indiretamente, nas etapas de coleta, transporte, transbordo,tratamento e destinao final ambientalmente adequada dos resduosslidos e disposio final ambientalmente adequada dos rejeitos, de acordocom plano municipal de gesto integrada de resduos slidos ou com planode gerenciamento de resduos slidos, exigidos na forma desta Lei;

    XI - gesto integrada de resduos slidos: conjunto de aes voltadas para abusca de solues para os resduos slidos, de forma a considerar asdimenses poltica, econmica, ambiental, cultural e social, com controle

    social e sob a premissa do desenvolvimento sustentvel; (...).

    Propiciar uma discusso acerca de destinao adequada dos resduos slidos nas

    aes do PAIF, servio da proteo social, considerar a necessidade dessa

    integrao e mais ainda comear a implantar a articulao a nvel municipal. Na

    Rio+20, vimos que o Ministrio do Desenvolvimento Social e Combate Fome -

    MDS, atravs da Secretria ---- indicou e mostrou os caminhos que a poltica social

    deve percorrer para tratar da questo da extrema pobreza e das questes

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    ambientais. Enfatizou que o desenvolvimento sustentvel s ocorrer de forma

    efetiva se estiver atrelado com a questo da superao da pobreza.

    A unio das agendas social e ambiental foi o tema de destaque proposto pelo

    MDS e considerado pelos atores participantes dos debates na Arena Socioambiental

    como uma importante conquista no evento. Abaixo um trecho transcrito da entrevista

    concedida Globo News pela Ministra do MDS, Tereza Campello, onde fala sobre a

    proposta do Piso de Proteo Socioambiental e da importncia da unio das

    agendas, Globo News, 2012

    Desafio atual no separar mais o debate ambiental do debate social, atrasado agente pensar s meio ambiente, ou s pobreza, s tem um jeitode construir um mundo melhor que pensando - como salvar o planeta,como construir formas sustentveis de produo e de consumo quepermitam incluir as pessoas, isso no acontecer naturalmente, isso sacontecer se houver uma deciso do conjunto dos atores, dos governos,dos empresrios, para que agente possa de fato construir um mundo ondeessas agendas se conjuguem

    Temos ento a proposio de que a questo de resduos slidos siga esta

    mesma linha ao unir polticas de diferentes setores, tanto pblico quanto privado.

    Sabemos que ainda precria essa unio, mas urgente esta articulao, pois sser possvel implantar a gesto de resduos slidos de forma eficaz se incluir a

    populao econmica e socialmente vulnervel, a qual sofre diretamente pela

    degradao do meio ambiente, e est sobrevivendo insalubre e indignamente da

    destinao inadequado do lixo reciclvel. Esta populao pblico prioritrio dos

    servios geridos pelo Sistema nico de Assistncia Social. Assim vimos de extrema

    relevncia que a execuo dos servios de proteo social no esteja alheia s

    questes ambientais.

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    3. O PROJETO RET: RECOLHER E TRANSFORMAR

    A presente experincia ocorreu no CRAS Centro de Referncia de

    Assistncia Social, na cidade de Eunpolis/BA, atravs do Projeto Recolher e

    Transformar implantado em abril de 2010.

    O projeto foi destinado aos usurios participantes dos grupos/oficinas do

    CRAS e aos funcionrios - estes como voluntrios indiretos, com o objetivo de

    implementar um sistema de entrega voluntria de resduos reciclveis; visando

    promover a sensibilizao e responsabilizao a respeito dos processos de consumoe destinao dos resduos; avaliar a percepo das pessoas e as tomadas de

    condutas pr-ambientais atravs de grupo socioeducativo do PAIF Servio de

    Proteo e Atendimento Integral Famlia, facilitar e promover autonomia e

    autogesto.

    A implantao e execuo do projeto se deram atravs da formao do grupo

    com os usurios do CRAS. Cada integrante do projeto destinava o material reciclvel

    domstico para armazenamento e transporte conjunto num local indicado. Aps

    alcanar um volume pr-determinado, o transporte era realizado para o local da

    venda, por uma empresa voluntria, a Engecram Construo Civil, a qual realizou o

    transporte por um ano e meio. Aps a empresa deixar de atuar no Municpio no foi

    possvel continuar com o transporte. Foram realizadas palestras interativas junto ao

    pblico envolvido, com as seguintes temticas: Princpios bsicos da coleta seletiva;

    Impactos socioambientais relacionados disposio inadequada de resduos;

    Classificao dos resduos por origem e tipo e Reciclagem.

    Nos encontros com os participantes do Projeto era trabalhado temas

    referentes ao acesso as direitos sociais, o que preconizado no SUAS. O grupo tem

    encontros semanais onde so discutidos os temas como acesso a informao e

    meios para acessar a rede socioassistencial e intersetorial do Municpio,

    levantamento de demanda e dificuldades no convvio familiar e social, para que

    fosse trabalhado temas pertinentes ao grupo e suas questes, fortalecendo assim o

    convvio familiar e social.

    A mdia de participantes ao longo deste perodo de 26 pessoas. Ainda no foi

    possvel expandir o projeto para atingir mais participantes devido a falta de um local

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    para armazenamento. Mas o transporte foi solucionado atravs de uma articulao

    com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e da Secretaria de Infraestrutura

    atravs do Departamento de Limpeza Urbana. O qual disponibiliza o transporte dos

    materiais reciclveis atualmente.

    3.1 ESQUEMA DO FUNCIONAMENTO DO PROJETO

    Formao do grupo com os usurios do CRAS e funcionrios do CRAS

    como voluntrios; Recolher os resduos domsticos - cada participante separa os resduos

    slidos gerados e leva semanalmente at o local para armazenamento;

    Armazenamento dos resduos casa de uma participante

    Parceria com empresa para transportar (Engecran atualmente prefeitura

    Municipal atravs do Departamento de Limpeza Urbana);

    Destinao para venda;

    O dinheiro arrecadado dividido entre os participantes aps ser acumulado

    por 6 mesesos funcionrios do CRAS no so contabilizados na diviso.

    Palestras sobre a temtica do Meio Ambiente;

    o Princpios bsicos da coleta seletiva;

    o Impactos socioambientais relacionados disposio inadequada de

    resduos;

    o Classificao dos resduos por origem e tipo;

    o Reciclagem;

    Articulao com o curso de Gesto Ambiental da Unopar;

    Articulao com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente;

    Palestras com temas propostos pela poltica de proteo social bsica

    como: Participao popular; cooperao, auto-gesto, incluso produtiva,

    economia solidria; solidariedade, acesso informao, convivncia

    familiar e social.

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    3.2 ALGUNS ENTRAVES:

    A formao dos profissionais de nvel superior, que atuam nos CRAS,

    principalmente Assistente Social e Psiclogo passa a ser uma questo a ser

    trabalhada, pois percebemos que no h responsabilizao e conhecimento

    sobre a questo ambiental. Assim, se os tcnicos atuam com o objetivo de

    promover discusses reflexivas em busca da autonomia, protagonismo e

    resgate de cidadania, e no tm a cidadania fortalecida no que diz respeito ao

    meio ambiente, que algo muito maior que apenas fauna e flora, como

    favorecer a tomada de condutas pro ambientais? relevante pontuar que

    muitas famlias em situao de vulnerabilidade social, pblico do CRAS,encontram-se num contexto ambiental insatisfatrio e degradado, pois moram

    em reas de risco como encostas e casas de madeira em situao precria e

    sem ventilao, sem iluminao, ruas sem calamento e sem saneamento

    bsico, inclusive com esgoto a cu aberto e lixos depositados no quintal de

    casa ou s vezes queimados. Diante disso, fica claro que ao trabalhar

    cidadania preciso contextualizar o Meio em que esta famlia est inserida e

    propor reflexes acerca de temas transversais, para que a cidadania no sejatrabalhada ou proposta de forma fragmentada.

    No somente os tcnicos de nvel superior, mas todos os funcionrios

    apresentaram nulas condutas pr-ambientais e ausncia de

    responsabilizao acerca do consumo e reuso de materiais reciclveis.

    Atualmente, apenas 30% dos funcionrios aderiram ao projeto.

    Equvocos sobre a atuao do psiclogo no CRAS tambm outro entrave,

    pois muitos veem que atividades com essa temtica ambiental e de resduos

    slidos no compete ao profissional de psicologia, identifico como ideias de

    que a psicologia tem aes isoladas de atitudes de cidadania e polticas.

    Falta de um local para armazenamento adequado (para que seja ampliado o

    Projeto)

    Falta de coleta seletiva no Municpio de Eunpolis.

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    3.3 ALGUMAS FOTOS DO PROJETO RET: RECOLHER E TRANSFORMAR

    Figura 1 - Incio do projeto - o armazenamentocomeou a ser realizado no CRAS

    Figura 2 - primeiros participantes e mobilizao

    entre os membros da famlia

    Figura 3 - Palestra com os usurios PAIF Figura 4 - Reunies com os participantes

    Figura 5 - local atual do armazenamento Figura 6 - Transporte dos materiais reciclveis

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    Figura 7 - local do armazenamento efuncionrio voluntrio do CRAS

    Figura 8 - Oficina de produo de brinquedos commateriais reciclveis

    Figura 9 - Oficina de fabricao de Pufcom garrafa Pet

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    4METODOLOGIA E ANLISE E DISCUSSO

    O mtodo qualitativo ser a base para construo da pesquisa em tela.

    Quanto a tcnica de pesquisa sero utilizadas, a pesquisa bibliogrfica e o estudo

    de caso acerca do Projeto RET: recolher e transformar.

    Como instrumentos, sero utilizados os registros do quantitativo arrecadado e

    vendido mensalmente e dados de registro colhidos atravs da observao das falas

    e discursos proferidos durante as reunies mensais de encontro do grupo para

    discutir o desenvolvimento e resultados obtidos com o projeto.

    Conforme mencionado acima, a implantao do projeto RET: Recolher e

    Transformar ocorreu aps mobilizao dos usurios dos grupos socioeducativos ede convivncia do PAIF. Assim, os integrantes so idosos, mulheres gestantes e

    jovens das oficinas de incluso produtiva. No incio percebemos que os usurios

    ficaram presos a questo financeira, estavam mais interessados no valor da venda

    dos produtos e como seria feito a diviso. Ao longo dos encontros foi enfatizado que

    a destinao adequada dos resduos slidos domsticos no era visando a questo

    econmica, mas sim a educao ambiental e o direito a um meio ambiente

    equilibrado, sendo um direito e tambm um dever, j que todos deveriam seresponsabilizar pelo lixo produzido. Foi enfatizado que tnhamos a chance de

    promover uma educao pautado na ao/atitude, o que poderia se multiplicar aos

    membros da famlia de cada integrante.

    A partir do grfico, podemos analisar que j foi destinado venda mais de 2

    toneladas e meio de resduos slidos, mas que o valor arrecado no segue o volume

    vendido, pois os materiais tm um valor muito pequeno e oscila ms a ms de

    acordo com o mercado de compra e uso dos materiais.

    Identificamos tambm que o ano de 2012 ficou comprometido, pois no foi

    possvel expandir o projeto no primeiro semestre, conforme planejado. Um dos

    motivos foi a falta de transporte, pois ficamos um perodo sem transporte. Quando a

    empresa no pde mais assumir o transporte foi preciso recorrer ao setor de limpeza

    urbana, o que at mais assertivo, considerando a necessidade de maior

    articulao entre outros setores pblicos. Contudo j est em andamento o

    planejamento para a expanso do projeto.

    No incio alguns relatavam que tinham vergonha de andar pela rua com

    sacola de lixo e que no precisa da venda do produto para sobreviver. Vejam os

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    relatos:

    Participante A: eu tenho vergonha de ficar juntando lixo, os outros vo achar

    que estou passando fome

    Participante B: eu nunca precisei vender lixo e se Deus quiser, no ser

    agora... o lixo tem que ser queimado, assim que eu fiz a vida toda na roa.

    Outros j relataram que j separavam a garrafa pet e deixava do lado de fora

    para o catador pegar. Neste tipo de relato observamos que o participante

    considerava apenas os vasilhames de plsticos como material reciclvel, ou seja,

    mesmo aquelas pessoas que j separavam alguns resduos no tinham

    conhecimento acerca dos materiais reciclveis.

    Os dois primeiros exemplos nos mostram o quanto a questo ambiental isolada das atitudes das pessoas e como que no h nenhuma responsabilizao

    acerca da produo de resduos slidos e que no h postura crtica frente ao

    produto que est consumindo, se gera menos ou mais resduo.

    Aps os encontros como o grupo para debater sobre a logstica de coleta,

    armazenamento e transporte do material no incio foi algo muito difcil de ser

    assimilado pelos participantes o grupo ficou mais coeso e mais interessado nas

    questes ambientais, reciclagem e mobilizao de familiares e dos vizinhos.Mensalmente realizado reunio com todos os envolvidos no projeto para avaliao

    e monitoramento das atividades e onde podemos observar as mudanas,

    transformaes de ideias e as aquisies sociais adquiridas pelos usurios do PAIF.

    Vejamos alguns exemplos:

    Participante A: hoje eu vejo a bobagem que era ficar com vergonha de

    carregar o lixo, ainda mais que trabalhei numa usina de reciclagem em So Paulo...

    eu no tenho mais coragem de misturar meu lixo reciclvel com o orgnico:Analisamos nesta fala uma mudana significativa da percepo ambiental e

    tomada de responsabilizao, levando a tomada de atitudes pr-ambientais.

    Ressalto que desde o primeiro relato desta participante, quando manifestou

    vergonha em separar e carregar seu lixo, em nenhum momento a mesma foi

    criticada, pois sabemos que a relao com o meio ambiente e neste caso com o lixo

    socialmente imbuda de preconceitos e imagem pejorativa, apenas informamos

    que ela poderia participar das palestras sem o compromisso inicial de destinar seu

    lixo para o projeto e que isso fosse feito quando possvel e internalizado como algo

    relevante para ela.

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    Participante C: eu sempre joguei lixo na rua e hoje eu no suporto ver

    ningum fazendo isso, eu fico pensando: como que eu fazia isso antes e no

    percebia o quo feio e ruim era para a cidade e para o meio ambiente? S no

    convenci meu marido ainda, ele come uma banana e joga a casca pela grade da

    sala na rua, fui falar com ele e ele me respondeu: todo mundo faz isso, qual o

    problema? Mas aos poucos sei que vou conseguir mostrar pra ele que somos

    responsveis pelo nosso lixo

    Este exemplo nos mostra uma participante com atitudes reflexivas acerca de

    suas atitudes e de seu contexto familiar e social. E a isso podemos nomear como

    uma cidadania mais fortalecida, mais participativa e proativa.

    Os exemplos acima nos indicam que o projeto tem alcanado seus objetivos,e pertinente que o assunto meio ambiente perpasse os demais temas propostos

    pela proteo social, assim podemos colaborar para o rompimento de um ciclo

    enraizado em nossa sociedade, que trabalhar direitos de forma isolada dos

    deveres.

    Apontamos como aquisies sociais adquiridas pelos usurios do PAIF,

    participantes do projeto RET: Recolher e Transformar, os resultados obtidos como:

    Auto-gesto, autonomia, protagonismo, fortalecimento de vnculos familiares esociais, mudana de percepo e de relaes com o meio ambiente, levando a

    condutas pr-ambientais e interesse em educar as novas geraes atravs de

    tomada de atitudes/exemplos.

    Uma atitude que demonstra laos sociais fortalecidos e auto-gesto foi

    observada na diviso do dinheiro, no primeiro ano do projeto o dinheiro ficou

    acumulado por um ano, totalizado assim, R$611,00 - cada participante recebeu em

    mdia R$27,00. Uma das participantes do projeto estava com problemas de sade egostaria de realizar o tratamento em Salvador, junto famlia, como no tinha o

    dinheiro da passagem, foi surpreendida pela maioria dos participantes, os quais

    doaram todo ou parte do dinheiro. Os demais usaram o dinheiro para comprar algum

    presente para familiares, principalmente para os netos.

    Podemos observar que uma vez sensibilizado acerca da importncia da

    destinao adequada do lixo, o indivduo permanece com as atitudes pr-

    ambientais, pois se sente responsvel pelo lixo que produz. Um exemplo que

    quando um participante, por algum motivo, no pode mais participar do projeto, nos

    relata que no consegue misturar o lixo e que encontrou como sada a separao do

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    lixo em casa e sua disponibilizao para que os catadores de materiais reciclveis

    pudessem apanhar.

    Ressaltamos ainda que o sucesso da implantao da Lei de resduos slidos,

    que passar a ser obrigatria no pas no ano de 2014 e que no isenta o cidado,

    pelo contrrio, o inclui diretamente na responsabilizao da destinao adequada do

    lixo, ser muito maior se for realizado trabalhos diretos com as comunidades, pois

    sabemos que s a informao no basta para que a mudana de comportamento e

    atitudes sustentveis acontea.

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    5 - CONSIDERAES FINAIS

    O direito ao meio ambiente sadio est previsto na Constituio Brasileira,

    sendo entendido como uma condio essencial para a dignidade da pessoa humana

    e pode ser entendido como um pressuposto aos demais direitos.

    Neste contexto, acredita-se que o Projeto uma ferramenta importante para se

    trabalhar com as famlias a respeito de sua relao com o meio ambiente e trabalhar

    e proporcionar aquisies sociais, uma vez que tem foco socioeducativo e de

    responsabilizao acerca das questes ambientais.

    O modelo de desenvolvimento atual, embasado num sistema capitalistaestimula a todo instante o consumo, muitas vezes de bens suprfluos. Neste cenrio

    a gerao de resduos passou a ser um dos principais passivos ambientais da

    sociedade moderna. Assim, a educao ambiental dos cidados torna-se um

    instrumento fundamental no processo de gerenciamento dos impactos ambientais

    advindos da gerao de resduos slidos.

    Vimos que Hartmut Gnther indica que a contribuio da psicologia ambiental

    perpassa pela interveno e pela gesto para favorecer a emerso de aessustentveis. E consequentemente promover o rompimento de equvocos histricos

    da fragmentao de proposies polticas.

    A psicologia scio-histrica indica que as polticas pblicas direcionadas s

    famlias devem ser construdas juntamente com as famlias, considerando as

    especificidades das questes sociais, econmicas, culturais e histricas de cada

    comunidade e territrio. Este o primeiro passo para a promoo de mudanas

    significativas e transformadoras no contexto familiar e social. E para isso a

    articulao e juno das aes entre as polticas setoriais precisam avanar.

    Assim, consideramos pertinente fazer um trabalho para e com as famlias

    usurias do CRAS que contemple a garantia de direito, e que fortalea o exerccio

    de cidadania de cada famlia e da comunidade. Exercer a cidadania est inerente s

    diversas relaes que cada indivduo tece com a sociedade, sejam elas de carter

    cultural, poltico, econmico, educacional, de sade, da mdia (acesso e uso da

    comunicao) e do meio ambiente.

    A experincia, portanto, nos indica um vis pelo qual a atuao do psiclogo

    no CRAS pode perpassar para atuar junto s famlias e comunidades, contribuindo

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    para o fortalecimento da cidadania e com a formao de subjetividade capaz de se

    comprometerem com a questo ambiental. Promovendo assim, condies aos

    participantes para mobilizar as famlias e a sociedade acerca das problemticas que

    o cercam, independente de sua origem (sade, educao, assistncia social, cultura,

    esporte, entre outras)

    Contudo, ntido que h muito o que fazer para conjugar as propostas da agenda

    social, meio Ambiente, sade e educao, s para citar algumas. Pois no s na

    execuo que se percebe uma fragmentao, mas desde a elaborao das polticas

    nacionais perceptvel que a articulao entre os setores devem ser aprimoradas,

    tanto pela gesto quanto pelos tcnicos.

    Conclumos que um grande desafio para o profissional de gesto socialpromover a articulao e a construo de projetos que desenvolvam de fato a

    comunidade e que provoque transformaes no apenas no nvel informacional,

    mas, sobretudo, no campo da ao e da potencializao das comunidades para

    receber e participar das diversas polticas pblicas ligadas ao bem estar individual e

    social dos cidados.

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    APNDICE

    Termo de Consentimento Livre e EsclarecidoTitulo da pesquisa:

    AQUISIES SOCIAIS DOS USURIOS DO SUAS ATRAVS DE UM PROJETODE RECICLAGEM NO CRAS DE EUNPOLIS/BA

    Prezado(a) Senhor(a):

    Gostaramos de convid-lo a participar da pesquisa Aquisies Sociais dos

    Usurios do SUAS atravs de um Projeto de Reciclagem no CRAS de

    Eunpolis/Ba, realizada no CRAS Centro de Referncia de Assistncia

    Social. O objetivo da pesquisa Avaliar a percepo Ambiental e a tomada de

    atitudes em favor do meio ambiente.

    A sua participao muito importante e ela se daria da seguinte forma (Observao,

    palestra, dilogos, anlise dos dados quantitativos e qualitativos, e registro

    fotogrfico do grupo). Gostaramos de esclarecer que sua participao totalmente

    voluntria, podendo voc: recusar-se a participar, ou mesmo desistir a qualquer

    momento sem que isto acarrete qualquer nus ou prejuzo sua pessoa.

    Informamos ainda que as informaes sero utilizadas somente para os fins desta

    pesquisa e sero tratadas com o mais absoluto sigilo e confidencialidade, de modo a

    preservar a sua identidade.

    Os benefcios esperados so informao acerca da destinao adequada do lixo;

    melhoria de comportamento em relao ao meio ambiente; tomada de atitudes de

    auto-gesto; protagonismo e fortalecimento de vnculos familiares e sociais.

    Informamos que o senhor no pagar nem ser remunerado por sua participao.

    Garantimos, no entanto, que todas as despesas decorrentes da pesquisa sero

    ressarcidas, quando devidas e decorrentes especificamente de sua participao na

    pesquisa.

    Caso voc tenha dvidas ou necessite de maiores esclarecimentos pode nos

    contactar (Rozana Maria da Fonseca, Rua Vinte e Trs de Maio, 281/A - Centro

    Eunpolis-Ba, (73)8159-0221), ou procurar o Comit de tica em PesquisaEnvolvendo Seres Humanos da Universidade Norte do Paran, Londrina/PR. Este

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    termo dever ser preenchido em duas vias de igual teor, sendo uma delas,

    devidamente preenchida e assinada entregue a voc.

    Cidade, 30 de Agosto de 2012.

    Pesquisador Responsvel

    Rozana Maria da Fonseca

    RG:12.850.827