aquele de cuja mão fugiu o anjo - poemas j.t.parreira

Upload: sammis-reachers

Post on 05-Apr-2018

234 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 8/2/2019 Aquele de Cuja Mo Fugiu o Anjo - Poemas J.T.Parreira

    1/38

    1

  • 8/2/2019 Aquele de Cuja Mo Fugiu o Anjo - Poemas J.T.Parreira

    2/38

    2

    J.T.Parreira

    AQUELEAQUELEAQUELEAQUELEDE CUJA MO FUGIU O ANJODE CUJA MO FUGIU O ANJODE CUJA MO FUGIU O ANJODE CUJA MO FUGIU O ANJO

    Poemas

  • 8/2/2019 Aquele de Cuja Mo Fugiu o Anjo - Poemas J.T.Parreira

    3/38

    3

    J.T.Parreira, 2011Capa: Delacroix,Jac lutando com o Anjo (detalhe)

    Edio: Sammis Reachers

    http://poesiaevanglica.blogspot.com/http://poesiaevanglica.blogspot.com/
  • 8/2/2019 Aquele de Cuja Mo Fugiu o Anjo - Poemas J.T.Parreira

    4/38

    4

    ndicendicendicendice

    FORTUNA CRTICA 5

    JACOB 6APENAS LZARO 7A VINDA DO FILHO DO HOMEM 8A LIO DE MSICA 9A PARBOLA DO AMIGO IMPORTUNO 10O REGRESSO DE LZARO 11O BOM SAMARITANO 12

    UM CNTICO DOS CNTICOS 13OUTRO CNTICO DOS CNTICOS 14DOIS HOMENS SUBIRAM AO TEMPLO 15SBADO 16A LTIMA CEIA 17NOVO SALMO CXXXVII 18EM MEMRIA 19SALMO CXXXVII PARA CAMILO PESSANHA 20OS EXPULSOS DO PARASO 21ENTRADA TRIUNFAL 22O GALO 23OLARIA 24OS HSPEDES DE LOT 25O DOLO 26MAGNIFICAT 27OS SALMISTAS 28DIGAMOS QUE FALO DE OUTRA COISA 29NAZARETH 30POEMA NA 1 PESSOA DO PLURAL 31

    SALMO QUE PODERIA SER DE DAVID 32DISCURSO AOS JOVENS 33O PROFETA ELIAS ENTRA NO CU 34AS LGRIMAS DE JESUS 35LTIMA REVISO DA MATRIA DOS POEMAS 36

    NOTA BIOBIBLIOGRFICA 37

    OUTROS EBOOKS DO AUTOR 38

  • 8/2/2019 Aquele de Cuja Mo Fugiu o Anjo - Poemas J.T.Parreira

    5/38

    5

    FORTUNA CRTICAFORTUNA CRTICAFORTUNA CRTICAFORTUNA CRTICAJOANYR DE OLIVEIRA (Grande Poeta de Braslia e da Nova Poesia Evanglica):

    Joo Tomaz Parreira um nome exponencial da poesia evanglica contempornea.(escrito em 1983)

    RUI MIGUEL DUARTE (Professor universitrio e Poeta):

    Com Joanyr de Oliveira, do Brasil, e Brissos Lino, de Portugal, J. T.Parreira assina em1974 o Manifesto da nova poesia evanglica, proclamao de poetas cristos delngua portuguesa cujo alvo era a renovao da dico potica evanglica. Motivada poresprito de misso em obedincia a Jesus Cristo como seu Senhor confessado e emdilogo com a poesia e a criao literria secular, a poesia evanglica pretende honrar o

    Criador, assumindo o seu papel de cooperadora naquilo que uma das caractersticasda imagem de Deus na criatura humana, a capacidade e vontade de criar.Cristo de confisso evanglica, um grande nmero dos seus poemas tem inspiraobblica, tanto do Antigo como do Novo Testamento, e reflecte a relao do autor com otexto sagrado, enquanto leitor atento, exegeta, recriador de ambientes, sentimentos ede diegeses a partir do texto inspirador.

    BRISSOS LINO (Pastor, Professor universitrio e Poeta):

    Os interesses essenciais de J.T.Parreira esto centrados na interaco entre a divindade

    e a humanidade, mas as suas preocupaes so invariavelmente com o ser humano, nasua relao com Deus, mas tambm em tudo o que tem que ver com a profundidade,os valores, a beleza e o sofrimento dos homens, como o prprio bem expressou ementrevista concedida a um programa de televiso em 2002.

    GEREMIAS DO COUTO (Pastor, Jornalista e Escritor)

    Considero-o (a JTP) um arteso refinado das letras e referncia mpar na literatura dacomunidade evanglica lusfona.

    ABRO DE ALMEIDA (Escritor):

    A esplendida poesia de Joo Tomaz Parreira.

    SAMMIS REACHARS (Poeta e Antologista):

    Um dos maiores poetas evanglicos em lngua portuguesa.

    JOO PEDRO MARTINS (Economista, Escritor):

    Joo Tomaz Parreira um autor incontornvel no escasso universo da literatura feitapor evanglicos. A sua poesia Poesia Gourmet.

    FERNANDO LUIS PREZ POZA (Editor e Poeta galego):

    Joo Tomaz Parreira, amigo y autor muy apreciado por m e m editorial

  • 8/2/2019 Aquele de Cuja Mo Fugiu o Anjo - Poemas J.T.Parreira

    6/38

    6

    Jacob

    Aquele de cuja mo fugiu o Anjona luta corpo a corpoo nico homem que viu entrarno cu uma escada

    E cento e quarenta e sete anos viveuentre rebanhos e no sangue das uvaslavou os seus vestidos

    e lavrouno fundo de Raquel e Lia doze filhos

    Entre os quais o mais parecidoconsigo foi Jos o sonhadore expiroue foi somado morte do seu povo.

  • 8/2/2019 Aquele de Cuja Mo Fugiu o Anjo - Poemas J.T.Parreira

    7/38

    7

    APENAS LZARO

    Lzaro estende-se na mo pedinteespera pelo anjo que o coloque no cu

    Por agoraestende-se no cho do ricoe tem paragens cardacasno corao das palavras

    Ser que teve alegriasenxugou a chuva empoeiradana face dos seus filhosamaciou o corpo com o linho?

    Por agora s os anjos baixampara lhe lamberem as mosque so as suas asas.

  • 8/2/2019 Aquele de Cuja Mo Fugiu o Anjo - Poemas J.T.Parreira

    8/38

    8

    A VINDA DO FILHO DO HOMEM

    No pas dos judeus as figueiras precedem o veroprecede um arco-ris de granizoos ramos e as folhas

    O fogo abre o caminho s cinzasque ungem os altares do holocaustoo sol preceder a escuridoe as estrelas abordaro o mar com violncia

    As pgadas nunca estolonge dos passos do caminhoprecedem o ladro ao redor da casa.

  • 8/2/2019 Aquele de Cuja Mo Fugiu o Anjo - Poemas J.T.Parreira

    9/38

    9

    A LIO DE MSICA

    Mas quando David enviava os sons da harpapara os cus, a harpa seduzidapelos seus dedos, um sorrisoassomava ao esprito de Saul.Baixavam os olhos ao corao sanguneovia dentro de si o tranquiloconsolo que a msica fazia, a moque levava odor a jardim

    ao mesmo tempo que as pombasse desprendiam das cordasassim velava a harpa de David.

  • 8/2/2019 Aquele de Cuja Mo Fugiu o Anjo - Poemas J.T.Parreira

    10/38

    10

    A PARBOLA DO AMIGO IMPORTUNO

    Sou o vizinho importuno que todas as manhsjunta as vogais e as consoantesao de leve por cima das coisase por no achar o ncleo da palavraadequadaassoma olhos discretos por entre as brumaspara pedir a Deus o azul escritono cu pela larga mo

    um po sem remorsos, a gualimpa em seus olhos quando chora.

  • 8/2/2019 Aquele de Cuja Mo Fugiu o Anjo - Poemas J.T.Parreira

    11/38

    11

    O REGRESSO DE LZARO

    Tudo o que fez foi preceder a sua sombraaliviar em todos os olhos um espantoe encontrar o calor dos outros corpostudo o que fez, da morte regressadofoi sonhar de novo, procuraro fogo amassado num po quenteLzaro, saindo do fundo do silnciocomo um cntico.

  • 8/2/2019 Aquele de Cuja Mo Fugiu o Anjo - Poemas J.T.Parreira

    12/38

    12

    O BOM SAMARITANO

    Tive fome de po e puseste a minha mesanuma toalha em linho derramadaa sede, tive-a como um dia quentea ondular entre os lbios e a guae ungiste meu corpo com um leoquando a noite oxidou as minhas chagasestive ao frio e teus vestidos colorirama palidez da minha carne nua

    e na tua cama inclinei os meus ouvidosos teus mveis abriram gavetaspara os meus cristais de chuva.

  • 8/2/2019 Aquele de Cuja Mo Fugiu o Anjo - Poemas J.T.Parreira

    13/38

    13

    UM CNTICO DOS CNTICOS

    Achem o meu amoros meus vestidosj no ouso poluir com as gotas da noiteos meus ps j perfumamo leitoAchem o meu amorque deixou- dizem- o rosto num lenoque deixou perfume

    na murcha aldraba da portaquando bateu, exaustono meu silncio.

  • 8/2/2019 Aquele de Cuja Mo Fugiu o Anjo - Poemas J.T.Parreira

    14/38

    14

    OUTRO CNTICO DOS CNTICOS

    Atravesso todas a s ruas com o outonotriste nos meus olhos, com reflexosretardados ao aviso inesperado de uma sombraa noite desfigura as ruasO perfume que deixaste declina medida que perco em meus sentidoso rudo dos teus passosPiso descala o efmero das folhas

    molho os olhosa espreitar por frestasna minha face ferida j no hlugar para a claridadee no posso falar de belezacom os guardas da cidade.

  • 8/2/2019 Aquele de Cuja Mo Fugiu o Anjo - Poemas J.T.Parreira

    15/38

    15

    DOIS HOMENS SUBIRAM AO TEMPLO

    O publicano levava o corao bocaum corao escondido que receiaa faca de ponta dos olharesa sua voz ressoa aqume o esprito de Deus volta a comover-secom o homemO fariseu reparte, num cu de sombrasinos angelicais, vai tocando a sua vida

    como no outono uma rvorepela voz abaixo as folhas caem.

  • 8/2/2019 Aquele de Cuja Mo Fugiu o Anjo - Poemas J.T.Parreira

    16/38

    16

    SBADO

    Vede que caminho sobre o meu prprio diacomo naquele em que pousei a luzsobre todo o jaspe e as pedraso dia stimo da minha obraem que dei cordainconsumvel ao universoVede como afino nos lbios dos mudosuma cano outrora esquecida

    como os cegos aprendem a conheceros meus dedos, vedee podem ter nos olhos o volume dos diascomo o fio inconstil da noiteVede que a minha tnica compridadobra e desdobra sbadoscomo vosso Senhor ainda trabalhapara manter os astros como pssaros

    no ramo mais alto.

  • 8/2/2019 Aquele de Cuja Mo Fugiu o Anjo - Poemas J.T.Parreira

    17/38

    17

    A LTIMA CEIA

    Olho estas mos suavizadas pelo poeste vinho e a tarde a pendurar-seem vossos olhos e a tristezamorrerei depois de ter bebidoconvosco o fruto zimoe do po ter enchido os vossos coraese deste hino ter dado a volta mesa.

  • 8/2/2019 Aquele de Cuja Mo Fugiu o Anjo - Poemas J.T.Parreira

    18/38

    18

    NOVO SALMO CXXXVII

    Ficam-me muito bem estas lgrimasnas margens assentadochoro Sio a contemplar as saudadesdois lrios nos meus olhospor Jerusalmsobre as guas do Eufratesficam-me bem estas lgrimasencostadas minha mo

    direita quais pensamentosdigoque me ficam bem estas lgrimassentado beira da noitee do dia que partilham o riocomo quem v as nuvens passarno cume dos ventos.

  • 8/2/2019 Aquele de Cuja Mo Fugiu o Anjo - Poemas J.T.Parreira

    19/38

    19

    EM MEMRIA

    para o jovem Ricardo

    Fui s margens da terra despedir um amigonunca a morte me parecera to envelhecidato gasta pelos olhos que entreolhampor detrs de lgrimas escondidosO meu amigo no envelhecer maiso seu cabelo com a passagem dos dedos

    no preparar mais o rosto e as roupaspara estar perto de nsJ c no est a sua dvidaque no sabia onde prcomo as mos ou como a vozE os lugares agora esto desertosem que era costume pr os olhos.

    (11/1999)

  • 8/2/2019 Aquele de Cuja Mo Fugiu o Anjo - Poemas J.T.Parreira

    20/38

    20

    SALMO CXXXVII PARA CAMILO PESSANHA

    Quem arrancou nossa carne magoadade dentro destas paredesquem nos levou desta casacom mos enganosas de feltroquem foi que partiu as vidraascom as formas do frio das pedrasquem encheu nosso fogocom to escura cinza

    como uma gua barrentaquempartiu e derramoupelo cho as nossas lirasarco e cordasdesgrenhando o somcomo cabelos puxados pelo vento.

  • 8/2/2019 Aquele de Cuja Mo Fugiu o Anjo - Poemas J.T.Parreira

    21/38

    21

    OS EXPULSOS DO PARASO

    Levamos connosco os olhos nussabemos que pisamosa sombra dos nossos novos corpose j nada transparente

    Levamos o peito como uma nascenteo nosso corao como a guacobre pedras e respira

    o seu prprio sangue

    Levamos nos lbios apertadoso silncio como uma lngua mortalevamos o spro e a argilaque nos define a inocncia

    Levamos para nos lanar ao frio

    esta forma de morte, nossa almaexpulsos do meio do parasos Deus lhe abre as portas.

  • 8/2/2019 Aquele de Cuja Mo Fugiu o Anjo - Poemas J.T.Parreira

    22/38

    22

    ENTRADA TRIUNFAL

    Nunca o salmo descera s ruasdando alegrias s pernas das crianase sonhos nos olhos dos velhosnunca o dia pousara to equilibradono perfil do horizontepara erguer as portas soalheiraspara entrar o Senhornunca os ramos e suas carcias

    chegaram to verdadeiros aos rostosestendidos do novelo das ventanias.

  • 8/2/2019 Aquele de Cuja Mo Fugiu o Anjo - Poemas J.T.Parreira

    23/38

    23

    O GALO

    Um galo feriu o arcom suas setas vocaisao cantardespertou uns olhos nas gavetas da noiteEis o que deixou o galocom um gume de facauma sombra no coraodo apstolo rude

    assentado roda do lume.

  • 8/2/2019 Aquele de Cuja Mo Fugiu o Anjo - Poemas J.T.Parreira

    24/38

    24

    OLARIA

    Jeremias, 18, 3-4

    E desci casa do oleiroe vi as suas mos a encantar o barro

    eis que pedalavao vento sobre as rodasno seu andar levssimo de nuvem

    Como o vaso de barro que faziacomo um corao, se quebraem suas mostorna a entrar no grandesegredo da argila nuapara fazer dele outro vasoda lama ressequida

    nas mesmas moscomo se no estivessem jem ferida.

  • 8/2/2019 Aquele de Cuja Mo Fugiu o Anjo - Poemas J.T.Parreira

    25/38

    25

    OS HSPEDES DE LOT

    Numa praa de Sodoma, numa casa cercadavisveis anjos na beleza do corpotraziam ambos nos ps a csmica poeiraa poeira da floresta das estrelaslavaram a noite na casa de Lota noite dos seus olhos, e das mose comeram o po do amargorTraziam ambos a urgncia dos avisos

    as palavras do Senhor.

  • 8/2/2019 Aquele de Cuja Mo Fugiu o Anjo - Poemas J.T.Parreira

    26/38

    26

    O DOLO

    Vuestra arrogancia

    inmvil, vuestra fria

    belleza, acabarn

    un dia.

    Angel Gonzalez

    H muito que no dobra os joelhosNunca lutou para sairinteiro de um bloco de matriade pedra ou de mrmore a palma rugosa das mosos seiossem comoo algumahirtos

    olhos at cinza dos diasS a queda lhe traz a liberdadequando se parte em mil asas.

  • 8/2/2019 Aquele de Cuja Mo Fugiu o Anjo - Poemas J.T.Parreira

    27/38

    27

    MAGNIFICAT

    Nada mais quieto que os ouvidose os lbios de Mariaa manh pairava como calmapluma desprendida de uma aveO anjo em cada palavra decifravao cdigo de Deuscomo um profeta antigoA luz atravessava o vento

    cada vez que o anjo abriacom palavras o corao da Serva do SenhorNada mais quieto que o peito de Mariapairando entre as ondasde sangue e alegria.

  • 8/2/2019 Aquele de Cuja Mo Fugiu o Anjo - Poemas J.T.Parreira

    28/38

    28

    OS SALMISTAS

    Nascidos entre liras, cujas cordasresistem s carcias e aos saltosentre os dedos, os salmistasso como as muitas guasque saltam entre pedras nas aldeias

    A msica cresce em saltoscomo a cerva e o gamo

    que vo em campo abertoiluminados por relmpagos

    Os salmistas levantam-se de manhpor causa da insnianos seus dedos, levantam-separa plantar as hastes do somentre o silncio.

  • 8/2/2019 Aquele de Cuja Mo Fugiu o Anjo - Poemas J.T.Parreira

    29/38

    29

    DIGAMOS QUE FALO DE OUTRA COISA

    Uma famlia sem abrigobate s portas e ningumparece respirar do outro ladodigamos que falo de Belm

  • 8/2/2019 Aquele de Cuja Mo Fugiu o Anjo - Poemas J.T.Parreira

    30/38

    30

    NAZARETH

    Jess mozo haca casas

    Miguel de Unamuno

    Vivia numa pequena cidadeonde o limite do mundoparava nas montanhas

    Sua presena era discreta

    como leve brisa que se erguedesde a erva e sobeat ao ar limpo das ramagens

    Foi seu primeiro e no nicomilagre a sabedoriae erguer casas, como carpinteirofoi o seu primeiro jbilo

    Os dias passaramdeixando p nas memriasda infncia, quem dele recordavao seu olhar, o que diziasentia-se com um corpoa saltar do cho para um rio em paz.

  • 8/2/2019 Aquele de Cuja Mo Fugiu o Anjo - Poemas J.T.Parreira

    31/38

    31

    POEMA NA 1 PESSOA DO PLURAL

    A tristeza, por vezes, nos resumea um olhar de chuvaa melancolia presanos cabelos, procuramossacudi-la com os dedosque sobramdo tdio das mosA tristeza por vezes

    to frgil que partimosa tristezacom um suspiro de cristal.

  • 8/2/2019 Aquele de Cuja Mo Fugiu o Anjo - Poemas J.T.Parreira

    32/38

    32

    SALMO QUE PODERIA SER DE DAVID

    Mesmo que o vento apaguecom altas nuvens o perfil dos montese sozinhos os meus olhos cheguemao fundode mim mesmo e no encontrem nadaE uma chuva cai das rvoresfolhas e gua oxidem o outonoe as palavras que esperava

    se fechem na corola por faltar o solalarei o meu corao beira dos cusesperarei de l Quem me socorre

  • 8/2/2019 Aquele de Cuja Mo Fugiu o Anjo - Poemas J.T.Parreira

    33/38

    33

    DISCURSO AOS JOVENS

    No deixeis para amanha vossa humilde tarefa de olharpela honra dos mais velhosde pequeno que um rio faz o destinodas suas guas poderosasnenhum pssaro novo em demasia

    para se lanar no altoimvel cu

    Escrevo-vosporque cada diavos trar um surpresa preciso decant-la at gotamais simples do sangue

    Uma nvoa que se levantee se envolva nas coisascomo um rio de cinza Vos escrevoporque sois fortes dissipai-a

    todavia

    que os dias de solno vos enganemBem e Mal j no so as fronteirasque jamais deveriam tocar-sepor isto vos escrevopara que o vosso corao se movana verdade.

  • 8/2/2019 Aquele de Cuja Mo Fugiu o Anjo - Poemas J.T.Parreira

    34/38

    34

    O PROFETA ELIAS ENTRA NO CU

    Num vento que deforma as nuvensElias ao som de cascos de fogoentra no CuA poeira csmica com que os astrosse aveludamna via celeste transparentequase aproxima as estrelas, mesmo aquelasque passaram de moda, enquanto fazem

    cavalos imprevistos companhiaao profeta que acabou de entrar no Cu.

  • 8/2/2019 Aquele de Cuja Mo Fugiu o Anjo - Poemas J.T.Parreira

    35/38

    35

    AS LGRIMAS DE JESUS

    Ningum viu nos olhos de Jesusdois lagos plcidosque iluminavam em voltaolhos que foram os primeirosa ver o princpioda mecnica celestee que agora demoravamcada lgrima nas rbitas

    antes de a deixarem cairsobre o velho chocomo uma ddiva frescacomo nevetocada pelo vento, que estremecea atmosfera do vero.

  • 8/2/2019 Aquele de Cuja Mo Fugiu o Anjo - Poemas J.T.Parreira

    36/38

    36

    LTIMA REVISO DA MATRIA DOS POEMAS

    Aqui est a minha poesiaPara baixo tenho puxado as estrelascomo Abrao, perdendo o dedoentre constelaesTenho desviado do circuito especialpoucos verbos sagradoscomo adorar, pr terra nos joelhoselevar a voz sobre os telhados

    certas frases do quotidianotm sido pedra para os meus salmosonde o mrmore brilhaO que faz assim a minha poesiao mesmo que o deslizar da msicacontra Jeric e seus muros fracassados?Perdoem a minha poesiateria quando acordo os sonhos

    inteis, pssaros de barrose me no fosse permitidover mais almdo que as costas do meu Deus.

    1999

  • 8/2/2019 Aquele de Cuja Mo Fugiu o Anjo - Poemas J.T.Parreira

    37/38

    37

    Nota BiobibliogrficaNota BiobibliogrficaNota BiobibliogrficaNota Biobibliogrfica

    Joo Tomaz (do Nascimento) Parreira, Lisboa, 1947. Poeta. 6 livros depoesia (Este Rosto do Exlio,1973; Pedra Debruada no Cu, 1975;Pssaros Aprendendo para Sempre, 1993; Contagem de Estrelas, 1996;Os Sapatos de Auschwitz, 2008; e Encomenda a Stravinsky, 2011 ) Umensaio teolgico (O Quarto Evangelho-Aproximao ao Prlogo, 1988)e participao em Antologias. Escreve na revista evanglica Novas deAlegria desde 1964 e no Portal da Aliana Evanglica Portuguesa. Najuventude escreveu poesia e artigos no suplemento juvenil do"Repblica", entre 1970-1972, sob a direco de Raul Rego. Tendo

    comeado em 1965 tambm no Juvenil do "Dirio de Lisboa", de MrioCastrim. Est representado no Projecto Vercial, a maior base de dadosda literatura portuguesa.Edita os blogs Poeta Salutor e Papis na Gaveta, e colabora emConfeitaria Crist e Liricoletivo.

    http://www.portalevangelico.pt/http://www.portalevangelico.pt/http://alfarrabio.di.uminho.pt/vercial/parreira.htmhttp://alfarrabio.di.uminho.pt/vercial/parreira.htmhttp://www.poetasalutor.blogspot.com/http://www.poetasalutor.blogspot.com/http://papeisnagaveta.blogspot.com/http://papeisnagaveta.blogspot.com/http://confeitariacrista.blogspot.com/http://liricoletivo.blogspot.com/http://liricoletivo.blogspot.com/http://liricoletivo.blogspot.com/http://confeitariacrista.blogspot.com/http://papeisnagaveta.blogspot.com/http://www.poetasalutor.blogspot.com/http://alfarrabio.di.uminho.pt/vercial/parreira.htmhttp://www.portalevangelico.pt/
  • 8/2/2019 Aquele de Cuja Mo Fugiu o Anjo - Poemas J.T.Parreira

    38/38

    Outros eOutros eOutros eOutros e----books do autorbooks do autorbooks do autorbooks do autor paraparaparapara downloadownloadownloadownload gratuito:d gratuito:d gratuito:d gratuito:

    NA ILHA CHAMADA TRISTE (Poemrio onde o autor verseja sobre oapstolo Joo em seu exlio em Patmos. 20 pgs. em pdf Paradescarregar, clique AQUI.

    3 IRMOS Antologia - Um pouco do melhor da Poesia Evanglica em

    L P t P d J T P i Gii J i J d

    http://www.4shared.com/document/6i1U5quj/Na_Ilha_Chamada_Triste_poesia_.htmlhttp://www.ebooksbrasil.org/adobeebook/antologiaevangelica.pdfhttp://www.4shared.com/document/6i1U5quj/Na_Ilha_Chamada_Triste_poesia_.html