na ilha chamada triste - j.t.parreira - poesia evangélica

Upload: sammis-reachers

Post on 05-Apr-2018

228 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 8/2/2019 Na Ilha Chamada Triste - J.T.Parreira - Poesia Evanglica

    1/20

    1

    J. T. Parreira

    Poemrio

  • 8/2/2019 Na Ilha Chamada Triste - J.T.Parreira - Poesia Evanglica

    2/20

    2

    Na Ilha Chamada Triste

    Sumrio

    Apresentao 3

    Chegada 5

    Agreste 6Dirio Mnimo 7

    Amanhecer 8

    Exteriores 9

    Domingo 10

    A Viso de Patmos 11

    A Viso 12Uma cidade entre as vises 13

    Um rio entre as vises 14

    Chuva na Ilha 15

    Inverno do nosso exlio em

    Patmos 16

    Visita dos velhos amigos 17

    Visitas 18

    Poesia Final 19

    O poeta 20

  • 8/2/2019 Na Ilha Chamada Triste - J.T.Parreira - Poesia Evanglica

    3/20

    3

    Apresentao

    Raro tecelo potico encontramos na pessoa dopoeta J. T. Parreira. Expoente da assim chamadaNova Poesia Evanglica, movimento de renovaodeflagrado na dcada de 70 pelo poeta Joanyr deOliveira, no Brasil, tendo em Portugal Parreira comoseu co-signatrio e promotor em conjunto com o

    jovem poeta Brissos Lino. JTP contabiliza j mais dequatro dcadas de singular produo potica. E digotecelo pela habilidade do bardo em utilizar-se dostomos-palavras, e recri-los enquanto tecido,matria-prima para formar poemas que por diversasvezes chegam quele cume ideal que seconvencionou chamar poesia maior. E alm de

    mestre da tecelagem, o poeta fez-se tambm mestredo corte, verdadeiro alfaiate ao dar-lhe (ao verso) ajusta forma, com a maestria da conciso, que tantasvezes o ouro da poesia. E poesia, riqussima em suasnuances de significado e sonoridade, o que o leitorencontrar aqui neste a um tempo conciso e vasto

    poemrio.Nos 16 poemas que compem este opsculo, iniciadono Recife, defronte do mar, em Abril de 1995, econcludo em Aveiro pelo mesmo ano, o poeta enfeixaas vozes de uma Patmos do Exlio e suacompanheira sequaz, seu quase duplo que a

    Solido. Ilha (e ilha interior) da pura contemplao do

  • 8/2/2019 Na Ilha Chamada Triste - J.T.Parreira - Poesia Evanglica

    4/20

    4

    profeta (apstolo Joo) e do poeta (JTP) que

    produzem num a Revelao (Apocalipse), que comseu tesouro de ora literalidade, ora alegoria, nos traza Advertncia e a Esperana; e noutro a poesia quere-conta, re-vive, re-vigora e trans-vigora com a vervede sua voz potica as vivncias do Apstolo em seuexlio insular.

    Eis-nos Patmos, (uma) estranha ilha (chamada)

    Triste, mas de uma tristeza segundo Deus (2Co7.10), que opera em seu fim a salvao.

    pois com imenso prazer que venho a editorar eapresentar, neste formato de e-book, este singelo eat aqui indito presente aos apreciadores da

    verdadeira Ars Poetica.

    Sammis Reachers

  • 8/2/2019 Na Ilha Chamada Triste - J.T.Parreira - Poesia Evanglica

    5/20

    5

    Chegada

    Patmos esconde a durezaSob o espelho das guas.A superfcie olhacom o olhar da pedra ao sol.

  • 8/2/2019 Na Ilha Chamada Triste - J.T.Parreira - Poesia Evanglica

    6/20

    6

    Agreste

    Os meus olhos suavizam a ilhaCmplices da florQue o mar alimenta nas rochas;

    SolitrioComigo o meu velho corao

    Carregado de lembranasQue um anjo ps dentro, no Cu.

  • 8/2/2019 Na Ilha Chamada Triste - J.T.Parreira - Poesia Evanglica

    7/20

    7

    Dirio Mnimo

    O sol est de novo no poenteO mar afunda-se com o solNuma abertura de luzDepois, a noite deixaA sensao da ilha no ter fim.

    Rosas, jasmins, violetas so odoresQue no podemos seno tactearO anoitecer na ilha um cheiroQue est no mar.

  • 8/2/2019 Na Ilha Chamada Triste - J.T.Parreira - Poesia Evanglica

    8/20

    8

    Amanhecer

    Todo um rebanho de cabras o cheiro que a manh acabaDe levantar na ilha.

    O pastor uma figura grcilParece voltil com a poeira

    Com as pedras semeadasEntre razes.

    Acordo os meus olhosPara eles vencerem um rebanhoQue j vai enchendo o dia

    De rudos, balindo, bulindoA solido da ilha.

  • 8/2/2019 Na Ilha Chamada Triste - J.T.Parreira - Poesia Evanglica

    9/20

    9

    Exteriores

    Mandem-me de feso um pouco de salDa nossa terra venha um pergaminhoDesenrolar maravilhas,Tragam tambm um cntico para passarNo corao a voz dos irmos,Mandem todo o fogo que ardia

    Do primeiro amor,Um cheiro do anoitecer no vento,Mandem-me para amenizar o azulQuente que vem do mar.

    Queria tambm que as trevas

    No enchessem o pouco verdeda ilha.

    Enviem-me pssaros para fazerDas asas as sombras do vento,A frescura quando assento

    Nas pedras, o silncio do olhar.

  • 8/2/2019 Na Ilha Chamada Triste - J.T.Parreira - Poesia Evanglica

    10/20

    10

    Domingo

    No est longe, um pouco maisdo escuro a dissipar-seentre as estrelas, erguereimeu corpo ento da pele da cama

    E pisarei o vento que teima

    em meter entre as fendas, no silncioa nostalgia

    H vozes que ouo no interiorque espreitam no meu coraoNenhuma delas temo, antes me alivia

    da minha solido

    O domingo comea no cu de Patmosque vai estar ao alcance da minha mo.

  • 8/2/2019 Na Ilha Chamada Triste - J.T.Parreira - Poesia Evanglica

    11/20

    11

    A Viso de Patmos

    O poeta estende os braos para o arda ilha, para encontrar uma brisaque venha refrescar a respirao

    O poeta ainda no sabiaque iria descer no cu

    que escutaria a voz do anjodeixando em seus ouvidosmaravilhas.

  • 8/2/2019 Na Ilha Chamada Triste - J.T.Parreira - Poesia Evanglica

    12/20

    12

    A Viso

    Voltei-me para escreverComo meter nas palavrascom to pouco espaotoda a vistapara a eternidade?

  • 8/2/2019 Na Ilha Chamada Triste - J.T.Parreira - Poesia Evanglica

    13/20

    13

    Uma cidade entre as vises

    E vi a cidade que desciatrazendo o cuao nortedo Trpico de Cncerpara acabar com o hbitoda morte

    E eu, Joo, vi a cidadeque uma grande voz no cu

    Em redor da sua praao vidro treme

    como gua no cristal

    A luz lavaa palavra noitee h rostoscomo que voltando do sol.

  • 8/2/2019 Na Ilha Chamada Triste - J.T.Parreira - Poesia Evanglica

    14/20

    14

    Um rio entre as vises

    Passa um rio na claridadedo vidro, sem peixes e sem algas um rio que passa minha vida, de olhar as guas

    Talvez os anjos lhe toquem

    nas suas margens flautase cavalos em brancos saltoscomo nos sonhos dos homens

    um rio que lembra o artranquilo das margens

    dos anjos sem vestgiosde asas um rio sobre coisas claras.

  • 8/2/2019 Na Ilha Chamada Triste - J.T.Parreira - Poesia Evanglica

    15/20

    15

    Chuva na Ilha

    Caa uma chuva do Universo

    E dos baixosrelevos dos frontes das casascom figuras esculpidas numa lutaem mrmore, e pedras

    a tomar nas aves o lugardas asas

    Uma chuva flor das nuvensque descem para espreitarnas vidraas

    A chuva que caa do Universoe das goteiras das casas.

  • 8/2/2019 Na Ilha Chamada Triste - J.T.Parreira - Poesia Evanglica

    16/20

    16

    Inverno do nosso exlio em Patmos

    Desde ento tem chovidomuito sobre as ruas de Patmospedras suspensas entre lamasparecem boiarentre o que resta das guas

    Toda a minha mobliaficou na ltima jornadaMeus olhos ficaram no cuminha mo direita est prontapara trazer o que vi

    Todo o meu material celesteagora se resumea esta chuva no meu coraoe no solo rido.

  • 8/2/2019 Na Ilha Chamada Triste - J.T.Parreira - Poesia Evanglica

    17/20

    17

    Visita dos velhos amigos

    Nenhum velho amigo desata a noitedos fios da chuva e vem visitarcurvado ao vento e aos tojoso meu corao que chovesangue por dentro

    Nenhum velho amigo vir das mosembriagadas de Domicianonenhuma companhia de amigovir sempre que nasa o cucom tanta luz, at nossos olhosarderem ao sol que branqueia as casas

    De longe nenhum velho amigovir falar-me do fundo do peitono qual minha cabea reclinava.

  • 8/2/2019 Na Ilha Chamada Triste - J.T.Parreira - Poesia Evanglica

    18/20

    18

    Visitas

    Entra el campo a mi quartoOctavio Paz

    No s o cheiro das pedrasentra atravs da noite no meu quarto

    O mar que atiraum cheiro subtil a espumacontra as rochas

    As plumas que descansam dos seus voosa erva onde o orvalho deita prolas

    rente ao cho, o silncioque entre as rvores enche o espaovisitam o meu quarto

    At as flores rompem o sal e a guaque o vento entorna nas paredes

    e entram frente de outros cheirosno rastro do meu sono

    Tambm a noite entra, lado a ladoas estrelas entram e arrumamsua luz aos poucos no meu quarto.

  • 8/2/2019 Na Ilha Chamada Triste - J.T.Parreira - Poesia Evanglica

    19/20

    19

    Poesia Final

    E no escolho mais as minhas visesMrio de Andrade

    Estava sentado em certo lado do CuDepois acometido de um ventoMeu olhar entrou com o devagar

    da minha velhice no azul.

  • 8/2/2019 Na Ilha Chamada Triste - J.T.Parreira - Poesia Evanglica

    20/20

    20

    O Poeta

    J.T.Parreira (Joo Tomaz Parreira, Lisboa, 1947-)

    Joo Tomaz (do Nascimento)Parreira, Lisboa, 1947. poeta eescritor. Autor de 5 livros de poesiae um ensaio teolgico e participaoem Antologias. Escreve na revistaevanglica Novas de Alegriadesde 1964 e no Portal da AlianaEvanglica Portuguesa. Na

    juventude escreveu poesia e artigosno suplemento juvenil do"Repblica", entre 1970-1972, sob a

    direco de Raul Rego. Tendocomeado em 1965 tambm noJuvenil do "Dirio de Lisboa", deMrio Castrim. Est representadono Projecto Vercial, a maior base dedados da literatura portuguesa.

    Mantm os blogs Poeta Salutor ePapis na Gaveta, e colabora emLiricoletivo e na Confeitaria Crist.

    http://novasdealegria.capu.pt/http://www.portalevangelico.pt/http://www.portalevangelico.pt/http://www.poetasalutor.blogspot.com/http://www.papeisnagaveta.blogspot.com/http://www.papeisnagaveta.blogspot.com/http://liricoletivo.blogspot.com/http://www.confeitariacrista.blogspot.com/http://www.confeitariacrista.blogspot.com/http://liricoletivo.blogspot.com/http://www.papeisnagaveta.blogspot.com/http://www.poetasalutor.blogspot.com/http://www.portalevangelico.pt/http://www.portalevangelico.pt/http://www.portalevangelico.pt/http://novasdealegria.capu.pt/