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APURAÇÃO DOS CUSTOS E RENTABILIDADE NA PRODUÇÃO DE LEITE EM UMA PROPRIEDADE RURAL NO MUNICÍPIO DE TANGARÁ DA SERRA-MT Área temática: Gestão da Produção Núbbia Mendonça Oliveira [email protected] Nataliê Cristy Guzatti [email protected] Edson Gomes de Oliveira [email protected] Ana Paula de Andrade [email protected] Resumo: Dentro da esfera agroindustrial brasileira a cadeia produtiva do leite tem papel respeitável, e assim o Brasil é o 5º maior produtor mundial de leite segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA). Tal linha, movimenta anualmente cerca de 10 bilhões de reais, emprega 3 milhões de pessoas, das quais acima de 1 milhão são produtores rurais, e produz aproximadamente 20 bilhões de litros de leite por ano, provenientes de um dos maiores rebanhos do mundo, com grande potencial para abastecer o mercado interno e externo. No município de Tangará da Serra- Mato Grosso a atividade de produção leiteira, envolve aproximadamente 70 propriedades rurais. Sendo assim, o custo de produção não tem sido avaliado com atenção pelo produtor e a ausência de utilização de novas tecnologias que tem a finalidade de melhorar o aproveitamento da atividade leiteira torna a produção de alto custo. Esta pesquisa tem como objetivo geral verificar se a produção de leite é vantajosa para uma propriedade rural de Tangará da Serra - MT, a partir da identificação dos custos e confrontação com a receita (preço de venda praticado). A metodologia aplicada de apuração dos resultados seguiu princípios de custeio variável, onde os custos alocados de produção são os diretos, indiretos, fixo e variáveis. Os custos diretos foram alocados diretamente ao produto e os indiretos de acordo com a utilização. Os resultados obtidos através desta pesquisa demonstram que a atividade leiteira é vantajosa na propriedade pesquisada. Palavras-chaves: Gado, Leite, Produção leiteira, Custos, Produção.

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APURAÇÃO DOS CUSTOS E RENTABILIDADE NA PRODUÇÃO DE LEITE EM UMA PROPRIEDADE RURAL NO MUNICÍPIO DE TANGARÁ DA SERRA-MT

Área temática: Gestão da Produção

Núbbia Mendonça Oliveira

[email protected]

Nataliê Cristy Guzatti

[email protected]

Edson Gomes de Oliveira

[email protected]

Ana Paula de Andrade

[email protected]

Resumo: Dentro da esfera agroindustrial brasileira a cadeia produtiva do leite tem papel

respeitável, e assim o Brasil é o 5º maior produtor mundial de leite segundo a Empresa

Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA). Tal linha, movimenta anualmente cerca

de 10 bilhões de reais, emprega 3 milhões de pessoas, das quais acima de 1 milhão são

produtores rurais, e produz aproximadamente 20 bilhões de litros de leite por ano,

provenientes de um dos maiores rebanhos do mundo, com grande potencial para abastecer o

mercado interno e externo. No município de Tangará da Serra- Mato Grosso a atividade de

produção leiteira, envolve aproximadamente 70 propriedades rurais. Sendo assim, o custo de

produção não tem sido avaliado com atenção pelo produtor e a ausência de utilização de

novas tecnologias que tem a finalidade de melhorar o aproveitamento da atividade leiteira

torna a produção de alto custo. Esta pesquisa tem como objetivo geral verificar se a

produção de leite é vantajosa para uma propriedade rural de Tangará da Serra - MT, a

partir da identificação dos custos e confrontação com a receita (preço de venda praticado). A

metodologia aplicada de apuração dos resultados seguiu princípios de custeio variável, onde

os custos alocados de produção são os diretos, indiretos, fixo e variáveis. Os custos diretos

foram alocados diretamente ao produto e os indiretos de acordo com a utilização. Os

resultados obtidos através desta pesquisa demonstram que a atividade leiteira é vantajosa na

propriedade pesquisada.

Palavras-chaves: Gado, Leite, Produção leiteira, Custos, Produção.

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1 INTRODUÇÃO

Tendo como objetivo o aperfeiçoamento da qualidade dos produtos derivados do leite,

os produtores rurais dedicam-se a se adequar as novas tecnologias, sejam elas na produção ou

no gerenciamento financeiro da sua propriedade (CNA, 2014).

Miranda (2006) revela que a agricultura no Brasil passou por dificuldades financeiras

no ano de 1990, que muitos produtores não sobreviveram a ela e outros aprimoraram seus

conhecimentos e métodos e na gestão do negócio.

Passado a crise vivenciada, os produtores que resistiram se tornaram especialistas em

exploração de recursos, almejando um retorno maior e com mais agilidade dentro da atividade

desempenhada. Ligado a essa agilidade os produtores passaram ainda a oferecer produtos e

serviços aos consumidores de qualidade (CNA, 2014).

Para Crepaldi (2005, p23-24)

“Nos últimos anos tem havido especialização da agricultura na produção (...) da

mesma forma intensificarem-se cada vez mais a mecanização da lavoura, o que

possibilita melhoria significativa de qualidade nas praticas agrícolas mas torna

necessário o desembolso de quantias vultosas para sua compra, conservação e

serviços.

Para uma empresa se estabelecer no mercado existente, independentemente do ramo

de sua atividade, se faz necessário que se tenha um vasto conhecimento e controle adequado a

todas expectativas esperadas pelo meio em que se encontra (MIRANDA, 2006).

O rebanho bovino brasileiro é o maior rebanho comercial do mundo, superando o

indiano e o chinês. É composto por cerca de 80% de animais de raças zebuínas (Bos indicus)

e de 20% de raças taurinas (Bos taurus) (ABIEC, 2014).

O consumo de leite no Brasil atualmente é de 160 litros /ano per capita, onde é

observado que ao passar de cada ano tem aumentado, estando longe ainda do normal

estabelecido pelas Organizações das Nações Unidas (ONU), que estabelece consumo médio

de 200 a 220 litros por ano por habitante de leite (LACTEO, 2014).

Entre as melhores raças para a exploração da atividade leiteira está a raça Jersey. No

Brasil foi introduzida em 1986 no Rio Grande do Sul, logo após se espalhou por todo o país.

Existem inúmeras vantagens nesta raça, que vão do fato de serem mais precoces até vida

produtiva mais longa comparada a outras raças de gado leiteiro, além de ter maior tolerância

ao calor. Todavia, a mais relevante vantagem desta raça de gado leiteiro é ser de um tamanho

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considerado pequeno e ter muita rusticidade, fatores esses que qualificam esta raça como a

que mais produz leite por hectare (ACRIMAT, 2014).

Considera-se que as informações aqui estudadas possam contribuir para o bom

gerenciamento da propriedade rural, juntamente com a produção de leite, já que tem se

constatado que apesar de existirem algumas planilhas para controle, as mesmas não são

preenchidas de maneira correta e eficiente para servirem como parâmetro de tomada de

decisões associadas principalmente com a melhor maneira para a produção de leite.

Buscando constatar essa realidade de se conhecer os custos de produção de uma

propriedade rural definiu-se o tema a ser abordado neste trabalho, custo de produção de leite

em Tangará da Serra-MT.

Esta pesquisa tem como objetivo geral verificar se o custo de produção de leite é

vantajoso para uma propriedade rural de Tangará da Serra, a partir da aplicação do custeio

variável para identificar os custos e confrontar com a receita (preço de venda praticado).

Buscou-se também qualificar alguns objetivos específicos sendo eles: a) descrever o processo

de produção de leite, b) identificar os custos envolvidos no processo de produção leite na

propriedade c) e a receita, através do preço de venda praticado na cidade.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Contabilidade e Custos na atividade rural

O gerenciamento financeiro de uma propriedade se torna fundamental quando trata-se

de custo de produção e novas técnicas de produção, destinando-se sempre a uma melhor

qualidade do produto (BRUNI, 2004. p. 56).

O papel da contabilidade pode ser uma importante ferramenta gerencial através de

meios que permitam o planejamento, tendo o controle para as tomadas de decisões, onde

pode-se comparar uma propriedade rural como uma empresa com capacidade de se adaptar as

evoluções do setor, sendo eles diversificação de culturas, controle de custos e apuração de

resultados (BRUNI, 2004. p. 65).

2.2 Custos e Despesas

O sacrifício financeiro que acontece no momento da utilização dos fatores de produção

para a realização de bem ou serviço são os custos. Os custos podem ser entendidos conforme

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o segmento do ramo de atividade. Custo é todo gasto necessário na fabricação do produto que

será comercializado pela empresa, evidenciando-se que os investimentos não podem ser

cotados como custos, pois eles são lançados no imobilizado da empresa. Podemos citar como

exemplo: compra de matéria-prima para utilização na fabricação de determinado produto a ser

comercializado pela empresa (MARTINS, 2001, p. 29)

Torna-se pertinente diferenciar custo de investimento. Custos é o que se gasta que não

é investimento, é o que necessariamente se gasta para produzir na empresa (PADOVEZE,

2003, p. 17).

Para a sobrevivência dos negócios é primordial que se tenha conhecimento do custo

operacional e de seu reflexo em todo produto ou serviços. Para isso a contabilidade de custos

requer a existência de métodos de custeio, para que ao final do processo seja possível obter o

valor a ser atribuído ao objeto produzido, ou seja, o preço de venda (SANTOS, 2005, p. 3)

Segundo o entendimento de Martins (2001, p.26) “as despesas são itens que reduzem o

Patrimônio Liquido e que tem essa característica de representar sacrifícios no processo de

obtenção de receitas”.

Para Padoveze (2003, p. 17) : “despesas são gastos necessários para vender e distribuir

os produtos. As despesas podem ainda estar associadas a gastos administrativos, possuindo

natureza não fabril. Sendo estas confrontadas diretamente com o resultado do período. As

despesas, assim como os custos, foram ou são gastos. Porém as despesas estão relacionadas

com os gastos usados na obtenção de receitas.

2.2.1 Custeio por atividades (ABC), Custeio por Adsorção e Custeio

Variável

O custeio por atividade pressupõe que os recursos são consumidos pelas atividades

desenvolvidas pelas unidades da empresa, gerando custos, e que os procedimentos, produtos e

serviços prestados usem estas atividades consumindo seus custos MARTINS (2001, p. 93)

Martins (2001, p. 93) define custos “O Custeio por Atividade, conhecido como ABC

(Activity-Based Costing), é uma metodologia de custeio que procura reduzir sensivelmente as

distorções provocadas pelo rateio arbitrário dos custos indiretos”.

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O custeio por atividade (ABC) pressupõe que os recursos são consumidos pelas

atividades desenvolvidas pelas unidades da empresa, gerando custos, e que os procedimentos,

produtos e serviços prestados usem estas atividades consumindo seus custos.

Padoveze (2003, p. 204) descreve:

“O custeio ABC preocupa-se exclusivamente com os custos indiretos ou fixos,

objetivando identificar primeiramente os elementos causadores de seu consumo e,

apenas posteriormente, promover a alocação aos produtos. Como os custos variáveis

e diretos já estão alocados corretamente, não há necessidade de um tratamento

diferenciado para esses elementos de custos”.

O custeio por absorção é aquele que faz debitar ao custo dos produtos todos os custos

da área de fabricação, sejam esses custos definidos como custos diretos ou indiretos, fixos ou

varáveis, de estrutura ou operacionais. (MARTINS, 2001, p. 104).

Martins (2001, p. 37) descreve que: “Custeio por absorção é o método derivado da

aplicação dos princípios de contabilidade geralmente aceitos, nascido da situação histórica

mencionada”.

Conforme Padoveze (2003, p. 177), “o método de custeamento por absorção é o

método legal e fiscal que utiliza, para formar o custo unitário dos produtos e serviços, apenas

da área industrial”. Este método de custeio apropria todos os custos de produção, sejam fixos

ou variáveis, diretos ou indiretos, aos produtos elaborados em determinado período. È

expressão utilizada para designar o processo de apuração de custos, que se baseia em dividir

ou ratear todos os elementos do custo de modo que cada um absorva ou receba aquilo que lhe

cabe por atribuição.

Segundo Martins (2001, p. 198) no Custeio Variável são alocados aos produtos os

custos variáveis, ficando os fixos separados e considerados como despesas do período,

partindo diretamente para o Resultado; para os estoques só vão, como conseqüência, custos

variáveis. Custeio variável é a soma dos fatores variáveis de produção. Custos que mudam de

acordo com a produção ou a quantidade de trabalho.

Segundo Padoveze (2003), o método de custeio variável é recomendado

decisoriamente, pois é uma ferramenta de análise de custo/volume/lucro e possibilita três

importantes conceitos: margem de contribuição, ponto de equilíbrio e alavancagem

operacional. A margem de contribuição representa o lucro variável, sendo a diferença entre o

preço de venda unitário e os custos e despesas variáveis por produto. O ponto de equilíbrio

representa o volume que a empresa precisa produzir para poder pagar todos seus custos e

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despesas fixas. E alavancagem operacional representa a possibilidade de aumentar a

quantidade produzida, maximizando o uso dos custos e despesas fixas, obtendo assim, um

acréscimo no lucro.

Megliorini (2001, p. 3) define custeio variável:

“É o método que considera que os produtos devem receber somente os custos que

causam ao serem fabricados. Nesse caso, os custos a serem apropriados aos produtos

são somente as variáveis. Os custos fixos são tratados como custos do período, indo

diretamente para o resultado, como as despesas”.

Os custos variáveis são aqueles decorrentes das atividades de produção, ou seja, eles

variam de acordo com a produção podendo aumentar ou diminuir no final da produção,

auxiliando o administrador nas tomadas de decisões, como o limite de descontos permitido,

ou tomar decisão se vai ser viável fabricar ou comprar um determinado produto

(PADOVEZE, 2003, p. 26).

2.2.2 Custos diretos e indiretos

Os custos diretos estão relacionados com a produção e a venda. Esses custos

apresentam particularidades em razão do tipo de atividade que a empresa exerce. A matéria-

prima e mão-de–obra são custos diretos. “Se outro elemento de custo tiver sua medição do

consumo no produto, esse custo será considerado direto” assim descreve Megliorini (2001,

p.9).

O que se convencionou a chamar tecnicamente de materiais diretos são as matérias-

primas, materiais secundários, embalagens e demais materiais utilizados na fabricação de um

produto, até o estágio em que ele chega ao consumidor final. Não há processo de fabricação e

técnicas de comercialização que façam o milagre de suprir os requisitos de qualidade, se as

matérias-primas empregadas na fabricação forem de má qualidade. Isso quer dizer que boa

parte do sucesso do empreendimento vai depender dos seus fornecedores de matéria-prima. É

importante que eles sejam idôneos, confiáveis e que garantam a qualidade constante nos

fornecimentos. (MEGLIORINI, 2001, p. 25).

São os custos oriundos da mão de obra aplicada, dos materiais utilizados, dos

equipamentos empregados, ou subempreiteiros contratados para os serviços da obra

propriamente dita, tais como, o cimento, a areia, as horas de pedreiros, carpinteiros, ajudantes,

etc., para elevação da alvenaria, para o revestimento das paredes, para execução da estrutura

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da obra, por exemplo. Poderão incluir, ainda, os Custos Diretos, em alguns casos, o operador,

o combustível, e os custos com sua manutenção e mobilização, quando são agrupados para

compor os preços horários dos equipamentos (RIZZON, 2006).

Observamos que os mesmos insumos, quando utilizados na construção do Canteiro de

Obra, por exemplo, farão parte, como este, dos Custos Indiretos (CREPALDI, 2005, p. 90).

Todas estas despesas serão agrupadas e formarão as Composições de Preços Unitários,

para cada tipo de serviço. Os recursos referentes aos Custos Diretos mantém certa

proporcionalidade com a Produção, ou seja, aumentando-se, por exemplo, a quantidade da

mão de obra aplicada, teoricamente, os serviços serão também realizados em menor tempo.

Crepaldi (2005, p. 99), define assim: “Custos diretos são aqueles que podem ser

diretamente sem rateio apropriado aos produtos agrícolas, bastando existir uma medida de

consumo (quilos, horas de mão-de-obra ou de máquina, etc.). Ou que, variam

proporcionalmente à quantidade produzida”.

São custos indiretos todos os outros custos que dependem da adoção de algum critério

de rateio para sua atribuição à produção. No jargão da contabilidade brasileira eles são

chamados de CIF, de Custos Indiretos de Fabricação. Para Megliorini (2007, p. 9) “custos

Indiretos são os custos apropriados aos produtos em funç-ão de uma base de rateio ou outro

critério de apropriação”. Em geral são empregados como bases de rateios: período (em horas)

de emprego de mão-de-obra, período (em horas) de matéria-prima consumida etc.

Segundo Crepaldi (2005, p. 99) “Custos indiretos para serem incorporados aos

produtos agrícolas, necessitam da utilização de algum critério de rateio. Exemplos: aluguel,

iluminação, depreciação, salário de administradores etc”. Portanto é o custo em função de sua

ocorrência.

2.3 Contabilidade de custos na atividade rural

O significativo crescimento da produtividade, nos anos 90 (5,4% ao ano), reflete as

mudanças estruturais verificadas nos sistemas de produção, que respondem pela maior parte

da produção nacional. Maior abertura comercial, desregulamentação do mercado de leite,

queda da inflação, maior interação da cadeia produtiva com a coleta a granel e o espaço

conquistado pelo leite longa vida foram argumentos que contribuíram para as mudanças

estruturais verificadas. Aliado a essas variáveis econômicas, não se pode deixar de reconhecer

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o importante papel da pesquisa agrícola, cujas inovações tecnológicas permitiram aumentos

de produtividade (GOMES, 2000).

Como todo ramo de Contabilidade, a Contabilidade Rural tem características próprias.

Por exemplo, as empresas que lidam com gado têm um ciclo operacional geralmente maior

que um ano. Isto porque o gado leva um período de tempo maior do que um ano para nascer,

crescer e estar com tamanho ideal para o abate. Com isto, o longo e o curto prazo para este

tipo de empresa tornam-se maiores que os das empresas convencionais (MIRANDA, 2004).

Outra característica específica da Contabilidade Rural é a presença mais frequente

da reserva de contingência nos balanços patrimoniais, por causa da vulnerabilidade do setor

rural às incertezas do clima (geadas, seca, granizo etc.) (GOMES, 2000).

Com o surgimento da globalização e a necessidade de se obter informações

importantes sobre tudo o que se produz dentro de uma propriedade rural e sua rentabilidade

torna-se cada dia mais obrigatório se conhecer e controlar os custos do processo de produção,

sabendo assim se de alguma forma a atividade rural está sendo lucrativa e se o produtor está

conseguindo realizar um bom negócio (MEGLIORINI, 2001).

2.3.1 Caracterização do produto

O leite e seus derivados representam uma das principais fontes de proteína e cálcio na

dieta da população brasileira, especialmente para classes de menor poder aquisitivo. Além

disso, a atividade leiteira caracteriza-se por ser grande geradora de emprego, renda e tributos.

(LACTEO, 2014).

Segundo Maciel (2012) em uma matéria publicada pelo jornal local Diário da Serra,

em 13 de outubro de 2012, a cidade de Tangará da Serra, vem se destacando no cenário

regional, com uma média de produtividade de 5 quilos de leite por vaca, a produção leiteira

ainda tem muito a crescer não só em Tangará da Serra como no estado de Mato Grosso e em

todo o Brasil. Porém, a atividade é muito importante para a economia local. Com cerca de

400 produtores dedicados à atividade, Tangará da Serra possui uma bacia leiteira com grande

potencial de geração de emprego e renda.

De acordo com estudos do Centro Nacional de Pesquisa de Gado de Leite (CNPGL)

da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), em 1996 o faturamento do

setor de leite e derivados foi de R$ 17,34 bilhões, descontando-se os impostos indiretos

líquidos e as margens de transporte e comercialização. Naquele ano a arrecadação de ICMS

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sobre o setor foi de R$ 2,11 bilhões, correspondendo a 4% do total arrecadado com esse

imposto.

Ainda de acordo com Maciel (2012), os 13 mil litros de leite produzidos diariamente

no município resultam num giro mensal de R$ 1 milhão na economia de Tangará da Serra-

MT, considerando-se toda a cadeia. "Para o produtor, uma produção de 30 quilos/dia significa

uma renda superior a um salário mínimo mensal", explica Maciel, observando que hoje o

preço do litro de leite pago ao produtor é de R$ 0,96 na plataforma (lugar onde se entrega o

leite).

3 METODOLOGIA

Sabe-se que a atividade agropecuária contribui fortemente com a economia regional e

tendo em conta à dificuldade quanto a gestão de uma propriedade rural esta pesquisa de

campo foi realizada a observação de todas as rotinas administrativas, onde ocorreu a coleta de

dados inicial por meio de planilhas de controle da fazenda, e observou-se inicialmente três

meses, maio, junho, julho de 2014, e estes dados foram úteis para fechamento dos custos de

produção de leite nesta propriedade e rentabilidade.

Esta pesquisa tem como objetivo contribuir com os dados levantados através de

planilhas, a apuração de maneira confiável dos custos de produção com informações reais,

para que quaisquer informações apuradas sejam levadas até o gestor da fazenda, e sirva de

base para tomada de decisões relacionada ao custo para produção de leite.

Quanto à abordagem do problema, empregou-se o método “quantitativo”, que de

acordo com Both (2007), “não é suficiente apresentar somente números, é preciso entender as

causas e as pesquisas de natureza quantitativas”.

Quanto á metodologia aplicada na apuração dos resultados, ela seguiu princípios de

custeio variável, onde os custos alocados de produção são os diretos, indiretos, fixo e

variáveis. Os custos diretos foram alocados diretamente ao produto e os indiretos de acordo

com a sua utilização, e que este método não considera despesas como custo e assim não se

apropria ao produto.

4 ANÁLISES DOS RESULTADOS

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4.1 Caracterização da Propriedade

A propriedade rural onde o estudo fora realizado está localizada no interior do

município de Tangará da Serra – MT, possui uma extensão de 180 hectares, sendo que 50

(hectares) ha, são destinados a produção de leite, e o restante serve como lavouras diversas e

criação de outros animais sendo eles ovinos, aves, peixes e reserva legal.

É caracterizada como propriedade rural registrada na Secretaria de Fazenda do Estado

de Mato Grosso-MT, é considerada uma propriedade jovem mas com boa estrutura física,

equipamentos e instalações padronizadas, possuindo qualidade das matrizes e do leite

produzido. Esta propriedade foi fundada em meados de 2004 e encontra-se em fase de

melhoramento tanto genético quanto ao leite comercializado.

De acordo com a Embrapa (2014), o tipo de criação do gado se caracteriza pelo

sistema chamado semi-intensivo, tal sistema possibilita que os animais fiquem grande parte

do dia soltos, aproveitando os recursos naturais, sendo recolhidos na parte da manhã e no final

da tarde para ordenha e alimentação com volumosos e concentrados que servem para

aumentar a produção do leite. Com este sistema os animais passam um menor tempo

concentrados deixando as instalações mais higiênicas e precisando de uma quantidade

reduzida de funcionários.

4.2 Caracterização do plantel da propriedade.

A propriedade possui hoje registrado no Instituto de Defesa Agropecuário de Mato

Grosso (INDEA) um quantitativo de 163 animais, onde 86 matrizes do gado Jersey puras de

origem, com idades variadas de 2.6 anos à 7 anos de vida e 77 animais como novilhas ou

bezerras com menor faixa etária.

Segundo a Embrapa (2014), as bezerras estão prontas para receber a inseminação

artificial de 14 à 16 meses, tendo a sua primeira lactação perto dos 23 meses de idade e

produzindo por um período aproximado de 6 a 7 anos de acordo com informações colhidas .

As novilhas que pesam entre os 230 e 260 kg já estão prontas para serem cobertas ou

inseminadas artificialmente. O processo depende somente de um bom manejo para

alcançarem este peso. Ao seguir os determinados métodos, ao passar de cada ano será

fornecido uma nova cria. EMBRAPA (2014)

Cumpriu-se um acompanhamento durante os três meses no plantel da propriedade,

conforme se pode constatar na tabela 01:

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Tabela 1 - Analise do plantel nos meses de Maio à Julho de 2014 em unidades.

Matrizes Maio Junho Julho

Fêmeas em lactação 61 65 67

Fêmeas sem Lactação 25 21 19

Novilhas ou Bezerras 77 77 77

TOTAL 163 163 163

Fonte: Dados da Pesquisa

Na tabela 01 foi analisado a quantidade de fêmeas que estavam em lactação nos

meses pesquisados ou seja em plena produção de leite. Foi exemplificado também as fêmeas

sem lactação ou seja animais que estão em descanso aguardando o termino da gestação para

entrarem em lactação. Já as novilhas ou bezerras são as novas aquisições realizadas pelo

produtor e que estão em desenvolvimento.

4.3 Depreciação dos animais

A depreciação das matrizes foi desempenhada de acordo com as orientações feitas por

Martins (2001) que enuncia que para ser realizada a depreciação, deverá ser levada em

consideração a vida útil das matrizes e deverá ser contada a partir do momento em que

estiverem em condições de reprodução. De acordo com as especificações da raça Jersey de

boa linhagem, estas podem iniciar a reprodução com dois anos de idade e assim iniciam o

cálculo da depreciação.

Com base nesses dados calculou-se a depreciação das matrizes com idade superior a

dois anos de idade. No plantel em julho de 2014 existia 86 matrizes com esta idade. Onde foi

verificado o preço de mercado dos animais e foi confirmado o valor de 2.400,00 o preço

médio de aquisição conforme notas fiscais analisadas. Na tabela 02 pode-se observar o valor

depreciado mensalmente do rebanho.

Tabela 02: Calculo da depreciação mensal de matrizes

Total de matrizes

Valor da

aquisição

Valor total da

aquisição Depr/ano Depr/mês Valor Depr/Mês

86 fêmeas maiores de 24 meses 2.400,00 206.400,00 10,00% 0,83 1.720,00

Fonte: Dados da Pesquisa

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4.4 Alimentação do rebanho

Tratando-se em produção de leite a alimentação é de extrema importância, sabendo

que a cada dois quilogramas de leite produzido o animal deve consumir ao menos um

quilograma de matéria seca. Quando isso não ocorre o animal perde peso e pode sofrer com

problemas metabólicos (CNA, 2014).

Cada produtor pode escolher um tipo de alimentação, a escolhida na propriedade

estudada é: cana de açúcar triturada, milho moído, farelo de soja, torta de algodão (caroço de

algodão moído), sal mineral e sal comum, sempre observando a sazonalidade das matérias

primas e assim fazendo a substituição conforme a época do ano.

Sobre a quantidade de ração fornecida a cada animal, passa-se a monitorar as sobras

de ração que fica nos cochos de um dia para o outro. Se as sobras forem inferior a 10% deve-

se continuar com a mesma quantidade fornecida de volumoso. Caso houver sobras, maior que

10% faz se a redução da quantidade fornecida.

O volumoso usado na alimentação das vacas em lactação é feito através da silagem de

cana de açúcar recém cortada, que é considerado de alta digestibilidade e bem aceito pelos

animais. O uso deste volumoso cortado diariamente se faz necessário devido ao produtor ter

optado por esta modalidade.

Tabela 03: Alimentação dos animais em lactação maio - 2014

Descrição da Alimentação - Fêmeas em Lactação - maio 2014

Descrição Vacas Consumo/dia Un R$ un R$ vaca dia R$ Total

Ração 61 4,5 kg 0,60 2,70 5.105,70

Volumoso 61 12 kg 0,12 1,44 2.723,04

TOTAL

7.828,74

Fonte: Dados da Pesquisa

A tabela 03 demonstra a alimentação de 61 vacas em lactação no mês de maio de

2014, onde foi adquirida a ração a um preço de R$ 0,60 centavos por quilograma e o

volumoso fabricado na fazenda a um preço de R$ 0,12 centavos o quilograma. Esses valores

somados totalizam o valor gasto com a alimentação dos animais no mês pesquisado.

Tabela 04: Alimentação dos animais em lactação junho - 2014

Descrição da Alimentação - Fêmeas em Lactação - junho 2014

Descrição Vacas Consumo/dia Un R$ un R$ vaca dia R$ Total

Ração 65 4,5 kg 0,60 2,70 5.265,00

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Volumoso 65 12 kg 0,12 1,44 2.808,00

TOTAL

8.073,00

Fonte: Dados da Pesquisa

Já na tabela 04 houve alteração somente na quantidade de vacas que estavam em

lactação, que passaram a somar 65 animais, com médias de consumo de ração de 16,5

quilogramas diárias, igualmente ao do mês anterior e os demais valores aumentaram

proporcionalmente a quantidade dos animais.

Tabela 05: Alimentação dos animais em lactação julho - 2014

Descrição da Alimentação - Fêmeas em Lactação - julho 2014

Descrição Vacas Consumo/dia Un R$ un R$ vaca dia R$ Total

Ração 67 4,5 kg 0,60 2,70 5.607,90

Volumoso 67 12 kg 0,12 1,44 2.990,88

TOTAL

8.598,78

Fonte: Dados da Pesquisa

Na tabela 05, a quantidade de vacas que estavam em lactação passou a somar 67

animais e os demais custos e quantidade consumida de ração por animal aumentou

proporcionalmente, de acordo com os animais que começaram a produzir leite.

4.5 Conservação e manutenção dos equipamentos usados na ordenha.

Ao término de cada ordenha se faz necessário a desinfecção das tetas de cada vaca

com uma solução preparada exclusivamente para este fim, a base de 30% de iodo para evitar a

proliferação de germes. Se fazendo necessário também a limpeza diária das instalações no

local da ordenha, e de todos os equipamentos utilizados na ordenha dos animais, observando

sempre este fator para uma boa qualidade no leite produzido.

Estes custos com a desinfecção das tetas de cada vaca com esta solução, não são de

grande relevância, pois a quantidade de animais e a estrutura física se mantiveram estáveis,

não alterando as quantidades e os preços dos produtos de higienização utilizados nos animais

em fase de lactação.

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4.6 Gastos com combustíveis e lubrificantes

Os gastos com combustíveis e lubrificantes são compostos principalmente com o corte

do volumoso cana-de-açúcar e a distribuição da ração aos animais. Foi apurado os gastos para

a atividade com os cálculos de equivalência descrito na tabela 09, assim se verificou o gasto

total com combustível, sendo utilizados nas maquinas agrícolas somente na produção de leite.

4. 7 Gastos com água e energia elétrica

A propriedade rural se encontra localizada em uma região com abundancia de água,

sendo assim foi construído uma pequena estação de geração de energia elétrica para uso

exclusivo na propriedade, onde não se faz necessário o cálculo de gastos incorridos na

atividade, decidiu-se assim não calcular o custo de exaustão pelo consumo da água.

4.8 Gastos com medicamentos

O produtor prima sempre pela qualidade do leite produzido, e quando se fala de

medicamentos em animais em lactação, é tomado um grande cuidado no seu uso, pois tudo o

que se usa nos animais automaticamente vai para o leite. Sabendo disso cada animal possui

uma caderneta onde todo manejo feito é anotado rigorosamente e observado a carência de

cada medicamento.

4.9 Gastos com mão-de-obra na propriedade

Na produção de leite estão envolvidos 3 (três) pessoas, sendo o proprietário sua esposa

e mais um funcionário. A ordenha dos animais é automatizada facilitando assim o manejo e

diminuindo a mão-de-obra. A alimentação dos animais é feita somente no período de lactação

garantindo assim neste período uma maior produção de leite. Já os animais que se encontram

fora do período de lactação não é ofertado alimentação no cocho devido a elevação dos

custos.

A retirada do leite é feita duas vezes por dia, sendo a primeira as 06:30 horas da

manhã e a próxima por volta das 18:30 horas. Onde se faz necessário uma preparação do

ambiente antes da chegada dos animais. Essa preparação inclui distribuição do alimento e

posicionamentos corretos dos equipamentos para a ordenha mecânica, além de oferecer água

em abundancia e de boa qualidade. O custo com mão-de-obra está descrito na tabela 09.

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4.10 Levantamento de gastos com equipamentos e instalações

Neste levantamento foi constatado que a propriedade rural desenvolve outras

atividades, sendo assim foram identificados os equipamentos que fazem parte da produção de

leite descritos na tabela 07, e também o seu percentual de uso na produção de leite.

4.11 Levantamentos da depreciação dos equipamentos e instalações

Quando se realiza a avaliação de um bem, procura-se fazer de maneira correta e

utilizando um método confiável não deixando que se cometam erros durante a apuração. No

quadro abaixo consta equipamentos e máquinas que são utilizados na produção de leite. Na

propriedade existem outras máquinas e equipamentos que não são utilizados nesta atividade.

A perda natural do valor de um bem demonstra a sua desvalorização, isso ocorre

devido ao desgaste natural causado pela ação da natureza, ou pelo uso do bem na produção.

Tabela 06: Levantamento - depreciação mensal referente a máquinas e equipamento na produção de

leite.

Máquinas /

Veículos Valor compra

Ano

aquis.

Depr.

Anual

% Utiliz.

Leite

% Utiliz.

Outros

Deprec.

Mês

Balança Beckhauser 6.000,00 2010 10% 100% 0% 50,00

F-4000 55.000,00 2005 20% 40% 60% 366,67

Carroça Animal 3.500,00 2006 10% 90% 10% 26,25

Ordenhadeira 28.000,00 2010 10% 100% 0% 233,33

Pulverizador 10.000,00 2012 10% 80% 20% 66,67

Resfriador 30.000,00 2010 6,67% 100% 0% 166,75

Roçadeira Trator 3.000,00 2008 10% 50% 50% 12,50

Roda Água 3.000,00 2008 10% 50% 50% 12,50

Trator Agrícola I # 1990 10% 50% 50% -

Trator Agrícola II # 1980 10% 50% 50% -

Depreciação mensal a ser atribuída a produção de Leite

934,67

# Equipamento já depreciados totalmente.

Fonte: Dados da Pesquisa

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Na tabela 07 contém os imóveis e instalações utilizados na produção de leite na

propriedade. Na propriedade rural pesquisada existem outros equipamentos não citados neste

quadro devido a não terem o seu uso nesta atividade.

Tabela 07: Levantamento da depreciação mensal referente a imóveis e instalações usados na produção de

leite.

Imóveis /

instalações

Valor

atribuído Ano aquis.

Depr.

Anual

% Utiliz.

Leite

% Utiliz.

Outros

Deprec.

Mês

Silo para ração 10.000,00 2006 4% 100% 0% 33,33

Galpão 01 -

Alvenaria 20.000,00 2006 4% 100% 0% 66,67

Galpão 02- Ordenha 40.000,00 2006 4% 100% 0% 133,33

Galpão 03- Máquinas 35.000,00 2006 4% 100% 0% 116,67

Divisão de Pastos 15.000,00 2004 10% 100% 0% 125,00

Rede Elétrica 10.000,00 2004 10% 100% 0% 83,33

Rede de Água 6.000,00 2004 10% 50% 50% 25,00

Depreciação mensal a ser atribuída a produção de Leite 550,00

Fonte: Dados da Pesquisa

4.12 Quantidade produzida de leite

A produção de leite nesta propriedade rural vem crescendo ao passar dos anos, com

um melhor aparelhamento e conhecimento da atividade. Os animais têm apresentado ótimas

médias de leite produzido, isso se deve pela escolha da raça dos animais para produção de

leite. A Raça Jersey tem como características uma alta eficiência de conversão alimentar, e

também a sua lactação apresenta um menor intervalo comparado com outras raças,

produzindo mais leite por tonelada de ração fornecida.

Tabela 08 - Produção mensal de leite

Desc. dos custos Mês de Maio Mês de Junho Mês de julho

Vacas em Lactação 61 65 67

Produção mensal 20.801 22.425 23.450

Média litros vaca /mês 341 345 350

Média litros vaca /dia 11 12 11

Fonte: Dados da Pesquisa

Observa-se na tabela 08 que a média de leite produzido não sofreu grande oscilação

nos meses pesquisados (entre maio e julho de 2014), os resultados foram os mesmos, já em

junho a média subiu para 12 litros por dia. Isso se deu pelo fato de que ocorreram chuvas na

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região fazendo que os animais não sofressem com estresse e devido ao clima neste mês ter se

mantido com menores temperaturas.

4.13 Custos e rentabilidade

Foram apurados todos os dados necessários para os custos de produção do custo do

leite produzido. Onde se organizou um quadro demonstrando todos os custos de produção e

depreciações nos três meses estudados.

Neste quadro é possível observar quer os custos gerais de produção não sofreram

grande alteração no período pesquisado, pelo fato de que nesta época as pastagens

permanecem em bom estado de conservação e não houve aumento expressivo de vacas que

entraram em lactação.

Observa-se ainda que no mês de maio haviam 61 vacas em lactação e cada animal

produz uma média de 11 litros de leite por dia, totalizando por mês uma média de 341 litros

por mês. O custo por litro ficou em R$ 0,69 centavos, observando que os custos que mais

variaram foram o óleo diesel e os medicamentos, pois no mês de maio é realizada a vacinação

dos animais. Já no início do mês de junho entraram em lactação mais alguns animais, onde

totalizaram 65 vacas, e cada animal produziu uma media de 12 litros cada por dia, totalizando

345 litros cada animal por mês.

Neste mês observa-se que os custos por litro produzido foram menores em relação ao

mês anterior. Já no mês de julho entrou em lactação mais animais, totalizando 67 vacas, e

cada vaca produziu 11 litros de leite por dia, totalizando 350 litros por mês, e os custos

ficaram na proporção de R$ 0,63 centavos por litro produzido. Em todos os meses

pesquisados os maiores custos aconteceram com a alimentação dos animais realizando a

composição da ração com o volumoso. Pode-se verificar na tabela 09:

Tabela 09 - Apuração dos custos e rentabilidade da atividade leiteira.

Desc. dos custos Mês de Maio Mês de Junho Mês de julho

Combustíveis e lubrificantes 1.100,00 955,00 1.050,00

Energia Elétrica - - -

Depreciação Instalações 550,00 550,00 550,00

Depreciação Matrizes 1.720,00 1.720,00 1.720,00

Depreciação Maq. Equipamentos 934,67 934,67 934,67

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Medicamentos 425,00 100,00 140,00

Sal mineral 220,00 250,00 268,00

Ração 5.105,70 5.265,00 5.607,90

Volumoso 2.723,04 2.808,00 2.990,88

Salários 13º férias INSS e FGTS 1.583,13 1.583,13 1.583,13

Total geral dos custos 14.361,54 14.165,80 14.844,58

Produção mensal de litros de leite 20.801 22.425 23.470

Custo por litro 0,69 0,63 0,63

Receita 19.968,96 21.528,00 22.531,30

Lucro por litro 0,27 0,33 0,33

Receita total 5.607,42 7.362,20 7.686,72

Fonte: Dados da Pesquisa

Uma boa alimentação para os animais que estão em lactação é o que define se o

animal irá produzir uma boa quantidade de leite ou não. Para agilizar esse processo de corte e

distribuição de ração o produtor usa em determinados meses do ano a silagem.

Essa silagem guardada em silos é oferecida aos animais somente nos meses chuvosos

onde fica impossibilitados o acesso a lavoura, sendo assim não interferindo na dieta dos

animais.

O centro de pesquisa da EMBRAPA (2014) demonstra em seus estudos que a raça

Jersey está bem adaptada a região centro oeste, e que esta referida raça bem tratada oferece

ótimos resultados em produção conforme os resultados levantados nesta pesquisa. O leite

produzido por uma vaca Jersey contém 20% mais proteína, 15% mais cálcio em relação a

outras raças. Tendo assim um leite mais completo de extrema qualidade e melhor do que

qualquer outra raça de gado leiteiro.

De acordo com o IMEA-MT – a média do litro do leite na região de Tangará da Serra

– MT é de 0,96 centavos de real por litro nos meses pesquisados. Esses dados conferem

fielmente de acordo com as notas fiscais referentes ao pagamento ao produtor.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com CNA (2014), ao passar dos anos o setor agropecuário tem se

modernizado bastante, o produtor busca saber em detalhes tudo o que acontece da porteira

para dentro da propriedade. Tendo sempre a mão as ferramentas de gerenciamento que lhe

forem preciso para uma boa administração dos recursos.

A administração se torna importante para que se possa saber gerir a sua capacidade de

produção, espaço conquistado sempre visando o futuro. Com isso o gerenciamento do

processo de produção num todo serve para controlar tudo o que acontece dentro da porteira da

fazenda, todos os custos sendo eles diretos ou indiretos.

Sendo assim este presente estudo buscou levantar a apuração de custos na produção

leiteira em uma propriedade rural situada no município de Tangará da Serra – Mato Grosso,

onde foi constatado que o produtor realiza suas atividades com a família e mais um

funcionário de forma organizada e com um controle satisfatório dos gastos da fazenda.

Esta pesquisa demonstrou uma análise entre receitas e despesas mensais na atividade

pesquisada, demonstrando que é lucrativa sim a atividade, embora ocorra muitos custos, a

atividade leiteira ainda se torna viável.

Os resultados obtidos através desta pesquisa demonstram que a atividade leiteira é

vantajosa na propriedade pesquisada, já que foram considerados dados reais para a pesquisa.

Considera-se também que esta propriedade é relativamente jovem no mercado de produção de

leite, e que o produtor está realizando estudos para realizar a pasteurização do leite e colocá-lo

diretamente no mercado interno da região com marca própria, buscando aumentar ainda mais

seus lucros.

Como sugestões e melhoramentos indica-se a aplicação da pesquisa em outras regiões

de Mato Grosso e até mesmo em outros estados do Brasil, para verificar se há disparidades

nos custos e na receita auferida, possibilitando assim apontar possíveis medidas de melhorias

na gestão, visando a maximização dos lucros e minimização dos custos.

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