apropriação das novas tecnologias da comunicação pelas emiss

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA MEVOLANDIA DE LIMA SOUZA APROPRIAÇÃO DAS NOVAS TECNOLOGIAS DA COMUNICAÇÃO PELAS EMISSORAS JACUÍPE AM E VALENTE FM. Conceição do Coité 2011

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Page 1: Apropriação das novas tecnologias da comunicação pelas emiss

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA

MEVOLANDIA DE LIMA SOUZA

APROPRIAÇÃO DAS NOVAS TECNOLOGIAS DA

COMUNICAÇÃO PELAS EMISSORAS JACUÍPE AM E

VALENTE FM.

Conceição do Coité 2011

Page 2: Apropriação das novas tecnologias da comunicação pelas emiss

MEVOLANDIA DE LIMA SOUZA

APROPRIAÇÃO DAS NOVAS TECNOLOGIAS DA

COMUNICAÇÃO PELAS EMISSORAS JACUÍPE AM E

VALENTE FM.

Trabalho de conclusão apresentado ao curso de

Comunicação Social - Habilitação em

Radialismo, da Universidade do Estado da

Bahia, como requisito parcial de obtenção do

grau de bacharel em Comunicação, sob a

orientação da Professora Hanayana Brandão

Guimarães Fontes Lima.

Conceição do Coité

2011

Page 3: Apropriação das novas tecnologias da comunicação pelas emiss

MEVOLANDIA DE LIMA SOUZA

APROPRIAÇÃO DAS NOVAS TECNOLOGIAS DA

COMUNICAÇÃO PELAS EMISSORAS VALENTE FM E

JACUÍPE AM.

Trabalho de conclusão apresentado ao curso de

Comunicação Social - Radialismo, da

Universidade do Estado da Bahia, sob a

orientação da Professora Hanayana Brandão

Guimarães Fontes Lima.

Data:____________________________________________________

Resultado:________________________________________________

BANCA EXAMINADORA

Profª. (orientadora) ________________________________________

Assinatura:_______________________________________________

Profª.___________________________________________________

Assinatura:_______________________________________________

Profª____________________________________________________

Assinatura:_______________________________________________

Page 4: Apropriação das novas tecnologias da comunicação pelas emiss

Dedico este trabalho a minha família, de

modo especial aos meus pais Helena e

Nelson e, a minha irmã Norma.

Page 5: Apropriação das novas tecnologias da comunicação pelas emiss

AGRADECIMENTOS

A DEUS por sua infinita bondade, misericórdia e pelas provações que colocou diante de

mim.

A minha família pelos conselhos, apoio, compreensão e por ter suportado meus

momentos de impaciências e estresses, sobretudo minha irmã Naiara pelas vezes que a

incomodei ficando até tarde com a luz do quarto acessa, pelas bagunças que fazia no quarto e

por ter colaborado com as transcrições das entrevistas.

Aos meus amigos que me incentivaram antes do vestibular e durante todo o curso.

Aos funcionários e gestores das emissoras radiofônicas, Jacuípe AM e Valente FM , por

terem cedido às informações necessárias para o desenvolvimento deste trabalho.

Ao meu tio Almir, a minha colega/amiga Raiane e ao seus familiares pela acolhida em

sua casa como se fosse membro da família.

A madrinha Noélia, a professor Laureano, a professora Vilbégina, a tia Semira, a Laís e

a minha colega Juçara, pessoas estas que tive o privilégio de conhecê-las e hoje admira-las

pela forma com que conduzem a vida.

Aos colegas de trabalho por terem compreendido minha correria.

A minha orientadora Hanayana, pelas sugestões, incentivos e pela revisão do texto.

A todos os professores pelas orientações ao longo do curso.

E a todos que colaboraram direta e indiretamente para a concretização dessa tão desejada

realização em minha vida. MUITO OBRIGADA!!!

Page 6: Apropriação das novas tecnologias da comunicação pelas emiss

“O futuro do rádio é sem dúvida, a participação cada

vez mais efetiva do ouvinte. A internet democratiza a

informação, possibilita ampliar conteúdos e abordagem

e amplia o potencial interativo”.

Cesar Cyro

Page 7: Apropriação das novas tecnologias da comunicação pelas emiss

RESUMO

Com o advento das novas tecnologias da comunicação a partir da década de 1970, sobretudo

dos anos 1990 os processos de interação e produção da comunicação radiofônica foram sendo

modificados. Nesse sentido o presente trabalho tem como objetivo investigar como estão

sendo apropriadas as novas tecnologias da comunicação pelas emissoras Jacuípe AM

(comercial) e Valente FM (comunitária). Estas rádios fazem parte dos Territórios do Sisal e

Bacia do Jacuípe, ambos localizados na região do semi-árido baiano. A escolha do tema e a

proposta em analisar a comunicação radiofônica sob o aspecto tecnológico nas cidades de

Riachão do Jacuípe e Valente se deu pelo fato do rádio se constituir como principal veículo de

informação local nesses dois municípios e pelas possibilidades de uso que esse veículo está

tendo na atual contextura comunicativa. Metodologicamente esta pesquisa optou pelo

levantamento de dados (abordagem histórica e teórica) com aplicação de questionários abertos

e fechados, bem como a utilização do método comparativo entre as duas emissoras sob os

aspectos tecnológicos, interativos, produtivos e legislativos apresentados por cada emissora.

Palavras-chave: Rádio, apropriação, tecnologia e comunicação local.

Page 8: Apropriação das novas tecnologias da comunicação pelas emiss

ABSTRACT

With the advent of new communication technologies from the Decade of 1970, especially the

1990 years of interaction processes and production of radio communication were being

modified. Accordingly the present study aims to investigate how appropriate are the new

communication technologies by broadcasters Jacuípe AM (commercial) and Valente FM

(community). These radios are part of the territories of Sisal and pelvis do Jacuípe, both

located in the semi-arid region of Bahia. The choice of the theme and the proposal to examine

radio communication under the technological aspect in the cities of Riachão do Jacuípe and

Valente was because the radio if constitute the main vehicle of local information in these two

municipalities and the possibilities of use that this vehicle is having on the current

communicative frameworks. Methodologically this poll opted for a case study with open and

closed, applied questionnaires included a comparative analysis between the two stations under

the technological aspects, interactive, productive and legislative presented by each

broadcaster.

Keywords: radio, local ownership, technology and communication.

Page 9: Apropriação das novas tecnologias da comunicação pelas emiss

Lista de Figuras

Figura 1 - Divisão Territorial da Bahia 2004............................................................................41

Figura 2 - Mapa do Território da Bacia do Jacuípe..................................................................42

Figura 3 - Mapa do Território do Sisal.....................................................................................45

Figura 4 - Página Inicial do Site da Jacuípe AM......................................................................50

Figura 5 - Página Inicial do Site da Valente FM.......................................................................52

Page 10: Apropriação das novas tecnologias da comunicação pelas emiss

Lista de tabelas

Tabela 1 - Classificação e Definição das Emissoras............................................................................26

Tabela 2 - Síntese das Tecnologias Usadas nos Processos Produtivos....................................35

Tabela 3 - Grade de Programação da Jacuípe AM (segunda à sexta)......................................46

Tabela 4 - Grade de Programação da Valente FM (segunda à sexta)......................................48

Tabela 5 - Divergência e Atuação.......................................................................................................54

Page 11: Apropriação das novas tecnologias da comunicação pelas emiss

Lista de Siglas

ABERT - Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e de Televisão.

ABRAÇO - Associação Brasileira de Radio e Televisão.

ABRAÇO-SISAL - Associação de Rádios Comunitárias do Sisal.

ACM - Antônio Carlos Magalhães.

AMAC - Agencia Mandacaru de Comunicação.

AM - Amplitude Modulada.

ANATEL - Agencia Nacional de Telecomunicações.

APAEB - Associação dos Pequenos Produtores do Estado da Bahia.

ASCOOB - Associação das Cooperativas de Apoio a Economia Familiar.

CBT – Código de Trânsito Brasileiro.

CEAIC - Comissão Estadual de Advogados em Início de Carreira.

CEB - Comunidade Eclesial de Base.

CEDITER - Comissão Ecumênica dos Direitos da Terra.

CD - Compact Disc - disco compacto.

CGI - Comitê Gestor da Internet.

CODES - Conselho Regional de Desenvolvimento Rural Sustentável da Região

Sisaleira do Estado da Bahia.

CONAR - Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária.

DAB - Digital Áudio Broadcasting.

DARPA - Agência de Projetos e Pesquisa Avançada do Departamento de Defesa dos Estados

Unidos.

DATs - Digital Audio Tape.

DIP - Departamento de Propaganda e Imprensa.

DRM - Digital Radio Mondiale.

Embratel - Empresa Brasileira de Telecomunicações S.A.

EUA - Estados Unidos da América.

FAPESP - Fundação de Pesquisa do Estado de São Paulo.

FATRES - Fundação de Apoio aos Trabalhadores Rurais da Região do Sisal.

Page 12: Apropriação das novas tecnologias da comunicação pelas emiss

FM - Frequência Modulada.

HTZ - O hertz é uma unidade de medida ou frequência de ondas eletromagnéticas.

IBOC - In-Band O Chanel.

IBGE -Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

IBOP - Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística.

ISDB-TSB - Services Digital Broadcasting-Terrestre Narrowbad.

KBPS - Kabaite por segundo.

MDs - Minidisc.

MOC - Movimento de Organização Comunitária.

MMTR - Movimento da Mulher Trabalhadora Rural.

PETE - Programa de Erradicação do Trabalho Infantil.

PIB - Produto Interno Bruto.

PDSTR - Ministério do Desenvolvimento agrário e da Secretária de Desenvolvimento

Sustentável dos Territórios Rurais.

P1MC - Programa Um Milhão de Cisternas.

RADIOBRÁS - Empresa Brasileira de Radiodifusão.

STR - Sistema de Transferência de Reservas.

SUDENE - Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste.

TELEBRÁS - Empresa de Telecomunicações Brasileira.

UNEB - Universidade do Estado da Bahia.

UCLA - Universidade da Califórnia em Los Angeles.

VHF - Very High Frequency - Frequência Muito Alta.

WWW - Word Wilde Web - Rede de alcance mundial.

Page 13: Apropriação das novas tecnologias da comunicação pelas emiss

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.......................................................................................................................13

1 - RÁDIO, UMA TECNOLOGIA DE FÁCIL ACESSO...................................................16

1.1 Contexto Radiofônico no Brasil..........................................................................................16

1.2 Outorgas e os Princípios Legislativos.................................................................................23

2 - TECNOLOGIAS RADIOFÔNICAS............................................................................28

2.1 O Rádio e as Novas Tecnologias........................................................................................28

2.2 Implicações e Apropriação.................................................................................................31

2.3 Processos de Pré-produção, Produção e Pós-produção.....................................................34

3 - COMUNICAÇÃO E TECNOLOGIA NO CONTEXTO LOCAL...............................39

3.1 A Radiodifusão no Território do Sisal e Bacia do Jacuípe................................................ 39

3.2 Sintonizando a Jacuípe AM ...............................................................................................46

3.3 Na Trilha da Valente FM....................................................................................................47

3.4 Tecnologias, Divergências e Atuação na Jacuípe AM e Valente FM ..............................49

CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................55

REFERÊNCIAS .....................................................................................................................57

APÊNDICE..............................................................................................................................60

ANEXOS..................................................................................................................................62

Page 14: Apropriação das novas tecnologias da comunicação pelas emiss

13

INTRODUÇÃO

Definida como difusora de informações sonoras, por meio de ondas eletromagnéticas,

em diversas frequências e, mais recentemente, utilizada sob a forma de sinais datilografais

através do sistema de modulação digital, a comunicação radiofônica, desde que foi

introduzida no Brasil na década de 1920, mostrou-se adaptável as diversas circunstâncias

passando do erudito ao comercial, da elite ao popular, do coletivo ao individual e do

analógico ao digital.

Num continuo processo de adequações, o veículo radiofônico migrou dos grandes

centros urbanos para o interior dos estados brasileiros. Sua interiorização se deu

primeiramente nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo.

A falta de energia elétrica que durante muito tempo impossibilitou sua expansão foi

solucionada com a invenção do transistor (1947), instrumento que serve como chaveador

(liga-desliga), oscilador de rádio frequência e amplificador de som, que somado aos baixos

custos de produção, mobilidade e a miniaturização dos aparelhos fizeram do rádio um dos

mais reconhecidos e utilizados meios de comunicação do país.

No contexto baiano, o rádio só foi implantado dois anos após sua inauguração no Rio de

Janeiro. A primeira emissora no estado da Bahia a difundir a nova forma de comunicação via

ondas eletromagnéticas foi a Rádio Sociedade de Salvador criada em 1924, que é considerada

a quarta emissora do país pertencente ao domínio de Assis Chateaubriand1.

Atualmente a Bahia conta com 409 emissoras de rádio. Embora esse seja um número

considerável, existem poucos estudos acerca da comunicação radiofônica baiana o que

dificulta o aprofundamento de dados históricos e uma analise mais detalhada da evolução do

veículo no interior do estado.

Em observância ao importante papel informativo exercido pelo rádio ao longo de seus

oitenta e nove anos de existência e as atuais discussões acerca do sistema digital radiofônico

este trabalho propõe investigar como estão sendo utilizadas as novas tecnologias da

comunicação pelas emissoras Jacuípe AM (comercial) e Valente FM (comunitária), ambas

inseridas no semi-árido baiano e respectivamente pertencente aos Territórios da Bacia do Ja-

cuípe e do Sisal.

1Jornalista e político brasileiro é considerado o precursor das telecomunicações no país. Seu império jornalístico

denominado “Diários Associados” chegou a contar com mais de cem jornais, além emissoras de rádio, estações

de televisão, revistas e agência telegráfica. Disponível em www.netsaber.com.br.

Page 15: Apropriação das novas tecnologias da comunicação pelas emiss

14

Na tentativa de elucidar a sugerida problemática este trabalho busca identificar o que

constitui as tecnologias tratadas, caracterizar as vantagens emergentes das novas tecnologias

nos processos de pré-produção, produção e pós-produção e analisar as diferenças na

apropriação das tecnologias de acordo com o perfil de cada emissora. Nesse estudo é

apresentado um diagnóstico do uso das novas tecnologias da comunicação pelas emissoras

analisadas, identificando quais tecnologias são utilizadas.

O interesse em pesquisar a comunicação radiofônica nas cidades de Riachão do Jacuípe

e Valente sob o aspecto tecnológico se deu primeiramente devido às lacunas deixadas por

estudos anteriores no universo de pesquisas sobre o rádio na Bahia, que além de poucos não

abordam a questão da interiorização do veículo. Segundo pela forte influência que a

radiodifusão exerce no contexto local de cada município escolhido e pela grande concentração

de emissoras que há nos territórios do Sisal e Bacia do Jacuípe. Terceiro pelas novas

possibilidades de uso comunicacional desse veículo advindos do surgimento das novas

tecnologias da comunicação.

Organizado em três capítulos, este trabalho apresenta no primeiro momento uma

discussão teórica histórica a respeito do contexto em que o Brasil recepcionou e adotou o

rádio como o mais novo veículo de comunicação do país. Nele são enfatizadas também as

principais fases do rádio, sua interiorização no Brasil e, as leis que regulamentam a

comunicação radiofônica no país.

O advento das novas tecnologias da comunicação constitui a temática central do

segundo capítulo. Nele são abordados os principais conceitos, mudanças, as possibilidades de

uso pelas emissoras nas fases de pré-produção, produção e pós-produção. Nesse tópico busca-

se também ressaltar o processo de desenvolvimento tecnológico digital e, algumas das

implicações resultantes do uso e apropriação das novas tecnologias da comunicação nas

emissoras de rádio. O termo apropriação tecnológica nesse trabalho está sendo utilizado no

sentido de aquisição material (posse) e também no sentido de tornar próprio as possibilidades

de uso ofertadas por cada tecnologia da comunicação seja através das redes sociais ou a partir

do desejo individual de cada usuário.

O terceiro capítulo inicia-se com uma breve abordagem histórica a respeito da

interiorização da comunicação radiofônica no estado da Bahia. A discussão segue com a

caracterização da região e dos territórios de identidades em que as emissoras Jacuípe AM e

Valente FM estão inseridas. Além disso, a apresentação do funcionamento e do uso que está

sendo feito por cada emissora assim como as especificidades no que toca a seus tipos de

concessões são considerados, bem como suas diferenças na forma de atuação.

Page 16: Apropriação das novas tecnologias da comunicação pelas emiss

15

Metodologicamente este trabalho optou por realizar uma revisão bibliográfica,

levantamento de dados (abordagem histórica e teórica), com aplicação de questionário aberto

e fechado (Carlos Gil, 1999), que contribui para compreender o processo da apropriação e uso

das novas tecnologias da comunicação pelas duas emissoras. Outra técnica empregada nesse

estudo é o método comparativo (Lakatos, 1979) de dados que aponta as divergências

existentes nos processos de produção, interação e apropriação das novas tecnologias da

comunicação entre as emissoras Jacuípe AM e Valente FM.

Page 17: Apropriação das novas tecnologias da comunicação pelas emiss

16

1 - Rádio, uma tecnologia de fácil acesso

1.1- Contexto radiofônico no Brasil

Presente na vida de milhões de brasileiros há mais de oito décadas, o rádio tornou-se um

dos veículos de comunicação mais populares do país. Sua histórica trajetória comumente

classificada em três fases vem sendo reescrita com o acréscimo de uma nova etapa, o advento

das novas tecnologias da comunicação ou digitalização radiofônica, que está sendo adicionada

as fases de estruturação, consolidação e decadência do rádio.

Inicialmente a comunicação radiofônica foi marcada por dificuldades técnicas e

financeiras como, a falta de aparelhos receptores e o constante aparecimento e

desaparecimento de emissoras. Uma das soluções encontradas para minimizar esses

problemas enfrentados nos primeiros anos do rádio, segundo Calabre (2004, p.12), foi “a

formação de uma rádio-sociedade, que previa em seus estatutos a existência de associados

com obrigação de colaborar com uma determinada quantia mensal”.

Compreendida entre os anos de 1922 e 1935, a primeira fase do rádio mantinha uma

programação educativa e cultural voltada para a elite, pois era a classe social que detinha os

caros equipamentos de escuta. Ao restante da população, o acesso as transmissões só ocorria

durante comemorações especiais ou quando eram feitas instalações de alto-falantes.

O rádio foi implantado no Brasil em 1922, durante as comemorações do centenário da

independência brasileira no Rio de Janeiro, então capital do país. Historicamente, embora

acompanhadas de muitos ruídos as transmissões do discurso do presidente da República

Epitácio Pessoa e de trechos da ópera O Guarany, de Carlos Gomes executada no Teatro

Municipal puderam ser ouvidas pelos visitantes da Exposição Nacional. Além de ter causado

espanto e admiração nas pessoas que estavam presentes a novidade também se mostrou a

altura de um país que:

[...] desejava mostrar se próspero, saudável desenvolvido, e, acima de tudo,

moderno. Assim sendo, não poderia haver momento mais propício para

apresentar à sociedade brasileira uma das mais recentes novidades

tecnológicas que encantava o mundo: o rádio! (CALABRE, 2004, p.10).

Devido ao sucesso e repercussão que foram as primeiras transmissões públicas somados

aos esforços do médico, antropólogo e educador Roquette Pinto e do engenheiro industrial e

Page 18: Apropriação das novas tecnologias da comunicação pelas emiss

17

geógrafo Henrique Morize em efetivar a comunicação radiofônica no Brasil, em abril de 1923

entrou no ar a primeira emissora brasileira denominada Rádio Sociedade do Rio de Janeiro2.

Sua programação tinha caráter cultural e seu objetivo maior buscava atingir finalidades

educativas.

O novo veículo de comunicação que cada vez mais despertava o interesse e a atenção do

público espalhou-se simultaneamente e de forma desigual por diversas regiões do país. Nesse

cenário tiveram destaque às emissoras cariocas e paulistas. A primeira emissora no interior do

Brasil a propagar a radiodifusão foi a Rádio Clube de Ribeirão Preto, no estado de São Paulo.

Ao contrário do que aconteceu com a televisão que teve sua programação local reduzida

a poucos minutos diários em detrimento de programas nacionais concentrados no eixo Rio-

São Paulo, o início do rádio foi marcado eminentemente por sua programação nacional. A

Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, por exemplo, não só servia de modelo para as demais

emissoras do país, como também era geradora de programas. Aos poucos essa realidade foi

mudando e, hoje as 9.184 emissoras existentes no Brasil assumem cada vez características

locais.

Os primeiros anos do rádio durante toda década de 1920 tiveram significante

importância para o estabelecimento e difusão do veículo, mas as novas possibilidades de

comercialização na década de 1930 impulsionadas pelo desenvolvimento técnico (aparelho

móvel três em um, que gravava tanto a partir de discos como de rádio), a contratação de

produtores e artistas e o interesse de políticos, ampliaram e fizeram desse meio de

comunicação um dos mais populares do país.

A curiosidade e o desejo das camadas populares de possuírem aparelhos de

rádio cresciam, e quando as famílias ainda não podiam ter seus próprios

rádios, lançavam mão de uma prática corriqueira: a de ser “rádio-vizinho”. Era

comum que as famílias que tinham aparelhos os partilhassem com os vizinhos,

permitindo que acompanhassem parte da programação. Alguns

estabelecimentos comerciais também mantinham aparelhos de rádio ligados

como forma de atrair a freguesia. (CALABRE, 2004, p.25).

2 Alguns autores consideram como primeira emissora a Rádio Clube de Pernambuco inaugurada em outubro de

1919, mas segundo Marcus Martins ela era uma sociedade radiofônica, na qual não se produzia programação e

suas ações limitavam-se à reunião de seus membros para a recepção de sinais de emissoras norte-americanas,

através de um sistema radioamador.

Page 19: Apropriação das novas tecnologias da comunicação pelas emiss

18

No início dos anos 1930, o país já contava com 29 emissoras de rádios com o intuito de

manterem a audiência e a popularidade do veículo, as rádios investiam em crescentes

programações populares e para isso lançavam promoções através de concursos e distribuição

de brindes. Ainda nesse período era comum que os ouvintes conhecessem os estúdios de

perto. O frequente aumento das visitas do público a sede das emissoras chegou a provocar

inclusive a cobrança de ingressos.

Os primeiros programas transmitidos pelas emissoras eram ao vivo e limitavam-se a

exibição de óperas, concertos, poemas e palestras. Com o passar do tempo o veículo foi

perdendo o posicionamento cultural e erudito e assumindo cada vez mais uma postura

comercial, com entretenimento e lazer. A divulgação de anúncios; a fixação de horário para

programação; a criação de radionovelas; a obrigatoriedade do programa oficial do governo

brasileiro, a Hora do Brasil, e a produção de programas de auditório passaram a fazer parte da

programação das rádios que, além disso, retransmitiam parte da programação da Rádio

Nacional, que produzia, gravava e redistribuía para o restante do país.

A publicidade que a partir do final de 1929 passou a ser incorporada no rádio era feita

de forma improvisada pelo condutor do programa sob o formato de anúncios. O comércio

varejista somado ao de fabricantes de bebidas, tabaco e medicamentos eram os maiores

responsáveis pelo desenvolvimento publicitário no país. Na leitura de Calabre (2004, p.29) o

rádio funcionava como “excelente veículo de divulgação de novos hábitos de consumo, sendo

o preferido pelas multinacionais para o lançamento de novas marcas e produtos”. Com o

aquecimento dos investimentos publicitários, o rádio instituiu novos formatos de anúncio

como os spots e os jingles, seguidos da criação do Departamento Comercial.

Dentre os programas que marcaram a história do rádio ao longo do seu desenvolvimento

e que até hoje fazem parte da programação, estão à produção musical e a produção

jornalística. A música sempre teve seu espaço garantido dentro das emissoras através de

apresentações ao vivo ou transmissões de discos. O samba e as marchinhas de carnaval

constituíram os principais ritmos tocados na fase inicial do rádio.

Os primeiros investimentos publicitários são desse período, assim como a

comercialização e profissionalização do veículo, além da criação dos primeiros decretos

regulatórios da radiodifusão. A publicação de anúncios possibilitou a chegada das agências de

publicidade norte-americanas N. W. Ayer & Son, J. W. Thompson e McCann-Erickson.

O período de teste e experimento do rádio foi finalizado com grandes perspectivas e

possibilidades de desenvolvimento. Sua capacidade de transmitir informações instantâneas a

várias pessoas ao mesmo tempo e a renda gerada com os anúncios provocaram a

Page 20: Apropriação das novas tecnologias da comunicação pelas emiss

19

multiplicação das emissoras e a sofisticação dos programas e dos concursos de rainhas, os

quais se tornaram símbolo daquela que proviria ser a melhor era do rádio.

De 1936 a 1955 o veículo radiofônico viveu seus anos dourados com altos índices de

audiências e muitas inovações, a começar pela rádio Nacional, inaugurada em setembro de

1936, que rapidamente se destacou entre as demais emissoras pela programação e pela

exclusiva equipe de trabalho que desde o início já contava com um cast de jovens e

experientes artistas; dentre eles estavam os locutores Celso Guimarães, Ismênia dos Santos e

Oduvaldo Cozzi; os cantores Orlando Silva, Aracy de Almeida e Marília Batista; o maestro

Radamés Gnatalli; o cronista Genolino Amado e o redator Rosário Fusco.

A Nacional permaneceu, reconhecidamente, como a emissora de maior

penetração e audiência por todo o país na era de ouro do rádio; pelos índices

de popularidade e eficiência financeira atingidos, tornou-se, em especial no

período compreendido entre 1945 e 1955, uma espécie de modelo que foi

seguido pelas demais rádios do país. Seu estilo de programação servia de base

para a organização das concorrentes, até mesmo quando tentavam atrair a

faixa de público que não se interessava pelos programas da Rádio Nacional

(CALABRE, 2004, p.32).

A prática jornalística só teve início a partir de 1940. As reportagens eram retiradas dos

jornais escritos. Com o passar dos anos a antiga forma de noticiar os acontecimentos deu

lugar a produção independente entre às emissoras que de modo geral mantinham vínculos

com agências internacionais e nacionais, estas por sua vez funcionavam como provedoras de

matéria-prima para a elaboração de noticiários. Pioneiro em divulgar informações via rádio e

considerado o maior representante de radiojornalismo, o Repórter Esso3 não só deixou sua

marca através dos slogans, “o primeiro a dar as últimas” e a “testemunha ocular da história”,

mas também pelo profissionalismo com que eram produzidas e tratadas as notícias.

A forte credibilidade e o sucesso exercidos pelo rádio ao longo de seu desenvolvimento

despertaram o interesse de políticos que não tardaram em se aproximar do veículo. O Brasil

que atualmente concentra a maioria das concessões de emissoras de rádio e TV nas mãos de

políticos e entidades religiosas estabeleceu essa relação política durante o Estado Novo (1937-

3 O Repórter Esso permaneceu durante 27anos no ar (1968-1941), foi considerado modelo de radiojornalismo e

um dos noticiários de maior audiência no rádio brasileiro. Heron Lima Domingues (um dos principais repórteres

desse período) é conhecido como o maior locutor de notícias de todos os tempos.

Page 21: Apropriação das novas tecnologias da comunicação pelas emiss

20

1945), como afirma Jambeiro:

[...] é no Estado Novo, sem dúvida, que a simbiose do rádio com a política vai

ter sua maior expressão. Para forjar uma ideologia estado-novista aceitável

pela população, o governo investe significativamente na área da radiodifusão,

através de patrocínios dos programas mais populares e dos artistas, já então,

transformados em ídolos. (JAMBEIRO, 2004, p.65).

Além do patrocínio, outro mecanismo usado no rádio pelos governantes foi a

propaganda política, prática que já havia se tornado bastante comum em outros países como

Alemanha e a Itália. No Brasil, a política propagandística foi marcada pela criação do

Departamento de Propaganda e Imprensa (DIP) durante o governo de Getúlio Vargas que

tornou expressivo o interesse de políticos em manter o controle informacional no país. Entre

outras medidas estabelecidas por este órgão estava a censura prévia de todos os programas

radiofônicos e a obrigatoriedade da transmissão nacional do programa de governo, Hora

Nacional.

A era de ouro do rádio é caracterizada pela estruturação do radiojornalismo,

consolidação do Repórter Esso, criação do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística

(IBOP), radioteatro, concursos de rainhas e calouros. Acontecimentos esses que marcaram

profundamente a história do rádio e do desenvolvimento do país.

Embalados pelas transformações e pelo sucesso alcançado em três décadas de trabalho,

funcionários e donos das emissoras viram gradativamente o enfraquecimento do setor

radiofônico frente à chegada da televisão na década de 1950. Acreditava-se naquele momento

que a comunicação via rádio estaria com seus dias contados quando na verdade esse período

se tratava da terceira fase do rádio, marcada pelo declínio do veículo correspondente ao

período de 1955 a 1976.

A presença da televisão no Brasil abalou toda a estrutura do rádio, pois aos poucos os

programas de grandes sucessos radiofônicos foram transferidos para o novo meio, bem como

as equipes de profissionais do rádio.

A conseqüente expansão da TV obrigou o rádio a fazer novos investimentos e

reformular as programações. As verbas publicitárias que passaram a ser dividas com a

televisão provocaram cortes no orçamento e o abandono de grandes produções artísticas em

muitas emissoras que ingressaram no formato musical, informacional e na regionalização da

programação.

Page 22: Apropriação das novas tecnologias da comunicação pelas emiss

21

Para Simões (1990) os anos 1960 foi o momento mais delicado para a sobrevivência

econômica do rádio, porque não se alteraram as tendências nos investimentos publicitários.

Ampliou-se a vantagem da televisão no ranking dos meios e as emissoras de rádio custavam a

vencer as dificuldades. Durante esse período foi criado o Código Brasileiro de

Telecomunicações (1962) e, implantada a emissora TV Globo (1965), maior empresa de

televisão do país, as emissoras de rádios FMs com exclusiva programação musical

popularizaram-se e, diferente do lugar ocupado pela televisão, as transmissões radiofônicas

foram beneficiadas com o desenvolvimento das indústrias de transistores que expandiu a

audiência para os carros e para as ruas.

Submerso em dificuldades, aos poucos o rádio foi reconquistando seu espaço através de

programas de variedades, esportivos e policiais apresentados por bons locutores e com

excelente desempenho comunicativo, formatos e características que deram certo e estão

presente até hoje em muitas emissoras principalmente em AMs.

Depois de ter superado os problemas advindos do desenvolvimento da televisão e

reinventado novos formatos de programas, os anos seguintes à turbulenta fase de adaptação

do rádio provaram o importante papel comunicacional que o veículo tem na vida das pessoas,

e as possibilidades de coexistência dos meios de comunicação como tem demonstrado muitos

autores.

A partir da década de 1980 começaram a surgir no Brasil os primeiros sinais das

chamadas novas tecnologias da comunicação sobre a forma de CDs e as transmissões via

satélite. A criação do Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária (CONAR) e a

Constituição de 1988 são destaques desse período. Já na década de 1990 houve o aumento das

técnicas de tratamento de sons e imagens, o surgimento das novas tecnologias de acesso sem

fio e as instalações da internet.

Ao contrário do que muitas pessoas previam, a digitalização tem ampliado as

possibilidades de atuação da comunicação radiofônica e melhorado a qualidade de

transmissão tanto das AMs quanto nas FMs.

A evolução da tecnologia tem ampliado radicalmente todos os meios de

comunicação frente as opções à disposição dos consumidores, incluindo o

centenário meio rádio. No passado, o rádio era limitado ao que estava

disponível nas frequências AM e FM. Hoje as possibilidades de escuta se

estenderam com as plataformas digitais: internet, players de MP3, celulares,

satélite e rádio digital (DEL BIANCO, 2010, P.558).

Page 23: Apropriação das novas tecnologias da comunicação pelas emiss

22

Depois de muita luta e insistência por parte da sociedade civil, a comunicação

comunitária4, foi regularizada na década de 1980. A legalização das rádios comunitárias

representou um importante passo rumo à abertura, descentralização e democratização dos

meios. Essa conquista serviu também para reforçar e impulsionar as atuais discussões a cerca

das políticas públicas de comunicação através das várias conferências que estão sendo feitas

em todos os estados do Brasil.

Paralelo aos movimentos sociais em favor da democratização da comunicação está

acontecendo os debates em torno da digitalização. Quatro formatos digitais5 estão em

discussão no mundo, o sistema norte americano IBOC (In-Band O Chanel), os sistemas

europeus Eureka 147 DAB (Digital Áudio Broadcasting) e o DRM, (Digital Radio Mondiale)

e, recentemente o japonês ISDB-TSB (Services Digital Broadcasting-Terrestre Narrowbad).

No Brasil a escolha do modelo ainda não foi determinada, mas serão levadas em conta

as considerações feitas pelo técnicoRonald Barbosa da Associação Brasileira de Emissoras de

Rádio e de Televisão (ABERT) e os testes que estão sendo feitos com cada modelo. Esse

processo de digitalização dos meios comunicacionais está servindo ainda mais para

impulsionar a luta pela democratização e firmar definitivamente a regulamentação da

comunicação comunitária brasileira como instrumento de participação e inclusão social.

O surgimento das novas tecnologias da comunicação tem aquecido a economia de

muitos países e no Brasil algumas medidas já foram adotadas como a escolha do modelo

digital de TV, mas sem dúvida muita coisa ainda está por vir. O rádio que já passou por tantas

mudanças com certeza completará seu centenário de existência mais atual e atuante do que

qualquer outro meio, adaptando-se e evoluindo junto com as novas possibilidades de

comunicação que emergirem ao longo do tempo. A digitalização condiz exatamente com as

profecias feitas há mais de sete décadas por um dos primeiros teóricos da comunicação

McLuhan (2003) ao afirmar que o rádio reduz o mundo a uma aldeia e cria o gosto insaciável

pelas fofocas, pelos rumores e pelas picuinhas pessoais.

4 Hoje o Brasil possui 4.193 rádios comunitárias (Antonik, 2010, p.48).

5 IBOC é o sistema adotado nos Estados Unidos cuja vantagem é possibilitar a transmissão digital e analógica ao

mesmo tempo.

Eureka é sistema confiável de broadcasting multiserviços para recepção móvel, fixa e portátil por receptores com

uma simples antena não direccional.

DRM é um sistema digital aberto e livre, criado e desenvolvido por um consórcio (grupo) formado por empresas

e emissoras interessadas na digitalização do rádio.

ISDB-TSB é um padrão de transmissão de TV Digital Terrestre desenvolvido no Brasil, tendo como base o

sistema japonêsISBT- T.

Page 24: Apropriação das novas tecnologias da comunicação pelas emiss

23

1.2 Outorgas e os princípios legislativos

As normas que regulam e determinam o funcionamento da radiodifusão brasileira

tiveram origem durante o primeiro governo de Vargas (1930-1945) e foi a partir dos decretos

n°.20.047/1931 e 21.111/1932 que se desenvolveram as demais leis que regem o veículo

radiofônico no país. Inicialmente atrelados às atividades de comércio, os serviços de

telecomunicações ficavam oficialmente sob o controle do Ministério da Viação e Obras

Públicas, posteriormente Ministérios dos transportes e Comunicações e, finalmente o

Ministério da Comunicação e Agência Nacional de Telecomunicações.

A criação dos primeiros regulamentos referentes à comunicação radiofônica

determinava o funcionamento técnico e profissional do setor. A liberação de propagandas

comerciais que se limitava a 10% do total de programação foi a principal contribuição das

normas instituídas pelo governo.

A Constituição brasileira promulgada em 1934 manteve todos os princípios regulatórios

que foram estabelecidos durante o governo provisório. Assim, sendo o controle da

radiotransmissão continuou sob a “competência privativa da União, podendo o governo fazer

concessão daqueles serviços a terceiros, tendo os estados preferência para explorá-los”

(JAMBEIRO, 2004, p.70). Estas medidas configurariam em um futuro próximo no monopólio

político dos meios de comunicação no Brasil.

Além de manter o direito a inviolabilidade do sigilo da correspondência e permitir à

publicação de livros e periódicos à constituição criou mecanismos de controle sobre as tarifas

cobradas nos serviços explorados através de concessões.

Outra preocupação explicitada na Constituição de 1934 diz respeito ao

controle das empresas jornalísticas, ou de caráter noticioso, que deveriam

permanecer em nome de brasileiros natos, com residência fixa no país. Esta

preocupação pode ser entendida tanto como reserva de mercado [...] quanto

uma precaução contra influências “colonialistas” (JAMBEIRO, 2004, p.70).

A partir de 1937 no Brasil houve um crescente aumento na produção cultural marcado

pela censura que num primeiro momento retraiu e afetou o setor radiofônico para em seguida,

continuar seu processo de crescimento (CALABRE, 2004, p.19). Nesse período o DIP tinha

Page 25: Apropriação das novas tecnologias da comunicação pelas emiss

24

entre suas funções destacar críticos, geralmente intelectuais da época para ouvir as emissoras

e emitir seus pareceres.

“A Constituição de 1946 é a primeira Carta Magna brasileira a citar o serviço de

radiodifusão” (JAMBEIRO, 2004, p.139), mas só em 1962 foi instituído o Código Brasileiro

de Telecomunicações que no Art. 4º define a telecomunicação como

[...] serviços de transmissão, emissão ou recepção de símbolos,

caracteres, sinais, escritos, imagens, sons ou informações de qualquer

natureza, por fio, rádio, eletricidade, meios óticos ou qualquer outro

processo eletromagnético. Telegrafia é o processo de telecomunicação

destinado à transmissão de escritos, pelo uso de um código de sinais.

Telefonia é o processo de telecomunicação destinado à transmissão da

palavra falada ou de sons (CBT, 1962).

A criação da ABERT também se deu nesse período e permanece até os dias de hoje.

Outro marco da década de 1960 foi estabelecido pelo decreto-lei 236, fundamental elemento

jurídico durante o regime militar, que dentre algumas medidas possibilitou a criação de

emissoras de televisão educativa e estatal, a criação da Radiobrás (Empresa Brasileira de

Radiodifusão), da Telebrás (telecomunicações), e da Embratel (empresa responsável pela

modernização da infra-estrutura das telecomunicações). A nova lei também impôs limites

quanto à posse de emissoras de rádio e televisão “cada entidade só poderia possuir, no

máximo, cinco emissoras em VHF, sendo duas por Estado, 10 emissoras locais de rádio, 6

regionais e 4 nacionais”(PIERANTI,2008,p.416).

Teoricamente os serviços de telecomunicações são tidos como serviço público, mas

como nem sempre a prática condiz com a teoria, o que sempre se teve foi o absoluto controle

do Estado sobre os meios de comunicação e o domínio de um seleto e crescente grupo de

empresários e políticos que até hoje “controlam 90% dos canais de rádio e TV existentes”

(INTERVOZES, 2007.p.05), enquanto a efetiva participação da sociedade civil resumia-se

apenas ao papel de espectador e estaria ainda hoje sucumbida a isso se não fosse a

organização e a constante luta das camadas populares pela democratização dos meios que

após o fim da Ditadura Militar iniciaram seus manifestos.

Um marco importante para os profissionais do rádio foi a criação da Lei nº

6.615/12/1978 que regulamenta os direitos e deveres dos radialistas. A Lei considera

radialista os funcionários de empresa de radiodifusão que exercem as funções de

administração, produção e técnicas. A regulamentação determina ainda que a empresa de

Page 26: Apropriação das novas tecnologias da comunicação pelas emiss

25

radiodifusão é aquela que explora os serviços de transmissão de programas e mensagens,

destinada a ser recebida livre e gratuitamente pelo público em geral, compreendendo à

radiodifusão sonora(rádio) e radiodifusão de sons e imagens (televisão).

A Constituição brasileira promulgada em 1988, vigente até hoje no país ratificou o

controle de outorgas com a União e as obrigações educativas e culturais dos meios de

comunicação e, além disso, promoveu alterações quanto à apreciação das outorgas através do

inciso XII do art. 49 que estabelece a exclusiva competência do Congresso Nacional nos atos

de concessão e renovação de concessão de emissoras de rádio e televisão e dos §§ 1°, 2°, e 3º

do art. 223, os quais determinam que a não-renovação de concessão ou licença está sujeita a

aprovação de no mínimo dois quintos do Congresso Nacional, em votação nominal e que o

ato de outorga ou de renovação, somente funcionará legalmente após deliberação do

Congresso Nacional.

Controlada e resguardada sob o domínio da União, as concessões de rádio durante

muito tempo serviram a interesses particulares e políticos ocasionando na crescente liberação

de outorgas aos parlamentares, como troca de favores entre os membros do senado:

As concessões de emissoras de radiodifusão aumentaram

sensivelmente durante o governo Sarney, sendo usadas, em muitos

casos, como forma de barganha com os parlamentares que

compunham a Assembléia Nacional Constituinte. Em dois anos, 1987

e 1988, foram distribuídas 747 emissoras de rádio e TV. Em 1988, 539

(52% do total do governo Sarney). Em três anos, 168 concessões

foram outorgadas apenas para empresas ligadas a 91 deputados

federais e senadores (16,3% do total). Desses, 82 (90,1%) votaram a

favor da emenda que aumentou para cinco anos o mandato de Sarney

e 84 (92,3%), a favor do presidencialismo como sistema de governo,

duas das maiores batalhas travadas pelo Poder Executivo na fase de

elaboração da Constituição Federal. (PIERANTI, 2008, p.418).

Embora grande parte das concessões ainda esteja sobre o imperativo de políticos e

grandes empresários, atualmente novas discussões a cerca das outorgas tem revelado

mudanças na forma de licitações e renovações de concessões por meios de pequenas

participações da sociedade civil, a qual tem buscado cada vez mais democratizar os meios de

comunicação.

O sistema de concessão pública brasileiro determina que a validade de uma outorga seja

de 10 anos para as emissoras de rádio e 15 anos para televisão, ambas podem ser renovadas

por igual período e quantas vezes o requerente da outorga julgar necessário desde que sejam

Page 27: Apropriação das novas tecnologias da comunicação pelas emiss

26

cumpridas as normas legais. Quanto à definição e categorização dos tipos de emissoras não há

um consenso entre os estudiosos e cada autor sugere um conceito com o propósito de facilitar

a compreensão no que diz respeito à funcionalidade das rádios e, é nesse sentido que serão

descritas a classificação segundo Luciano et al (2009).

Tabela 1- Classificação e definição das emissoras

Classificação das emissoras Definição

Educativa As rádios educativo-culturais funcionam na faixa das rádios

comerciais, porém com o intuito de divulgar e veicular conteúdos

educativos e culturais. Geralmente pertencem a universidades ou ao

governo e funcionam como difusoras das informações jornalísticas,

das produções culturais e do conhecimento científico.

Pública As rádios públicas são aquelas mantidas pelo poder público. A

Radiobrás, que produz o programa “A Voz do Brasil” é exemplo de

rádio controlada pelo governo. Internacionalmente, a emissora

pública mais conhecida é a BBC de Londres que apesar de pública

também é mantida por “assinantes da rádio”, como na época dos

radioamadores.

Livre As rádios livres surgiram na Itália em 1975 como resultado do

esforço de técnicos apaixonados pelo veículo, que questionavam o

monopólio de distribuição das concessões de rádio pelo Governo.

No Brasil, a rádio livre foi implantada em Sorocaba (interior de São

Paulo) quando grupos de jovens montaram pequenas estações

móveis de rádios. As emissoras livres ocupam faixas destinadas às

rádios comerciais, sem autorização do governo.

Pirata As rádios piratas surgiram na Inglaterra, financiadas por empresas

multinacionais. Com o objetivo de romper o bloqueio estatal das

telecomunicações, tais rádios foram montadas em navios ancorados

fora das águas territoriais inglesas, nos quais eram hasteadas

bandeiras características dos corsários, daí a origem da expressão

“rádios piratas”.

Comunitária O principal objetivo das rádios comunitárias é servir à comunidade.

No Brasil, a lei que regula o funcionamento das rádios comunitárias

foi elaborada em 1998 pelo Congresso, restringindo seu alcance ao

raio de no máximo 1000 metros, operando somente na faixa de

87,9Mhz FM.

Restritas As rádios restritas funcionam na faixa de 220Mhz a 270Mhz, não

são captadas nos rádios convencionais, pois só podem ser ouvidas

em aparelhos ou caixas receptoras “especiais”. Ultimamente têm

sido utilizadas com sucesso em algumas escolas que conseguem

montar sua própria emissora de rádio transmitindo programas num

raio de aproximadamente 100 metros, o suficiente para serem

sintonizados no pátio, nas salas de aula, no corredor, na quadra.

Page 28: Apropriação das novas tecnologias da comunicação pelas emiss

27

Virtual ou Web rádio As rádios virtuais ou web rádios são as que podem ser ouvidas pela

Internet. É uma modalidade de rádio que tem crescido muito devido

a seu baixo custo, comparado à estrutura tecnológica de transmissão

de uma emissora comercial. A variedade de recursos propicia

formatos de web rádios que podem mesclar fotos e textos com

músicas e a disponibilização de arquivos sonoros. A principal

vantagem da web rádio é que pode ser ouvida em qualquer ponto do

planeta.

Comercial As rádios comerciais são administradas por empresas com fins

lucrativos. Tornam-se viáveis economicamente pela inserção de

publicidade na grade. A maioria das emissoras no Brasil é

comercial, atingindo grande audiência, com predomínio do

entretenimento nas FMs e do jornalismo nas AMs. Muitas destas

emissoras, além de atuar regionalmente também formam redes.

Fonte: Luciano, Dilma Tavares; Segawa, Francine; Tavares, Renato e Romancini, Richard. Módulo Básico da

Mídia Rádio (2009, p.61 a 63).

Essa classificação está sujeita a alterações, pois o rádio continua evoluindo, mas de

qualquer forma é bom atentarmos para as definições de rádio comunitária, comercial e digital

em virtude da discussão feita nos próximos capítulos.

As rádios livres diferem das piratas pelo fato de terem surgido na Itália e ocuparem

faixas comerciais sem a autorização do governo enquanto que as piratas foram montadas em

navios ingleses distantes de seu território de origem por empresas multinacionais com o

objetivo de romper o bloqueio estatal das telecomunicações.

As rádios comerciais foram pioneiras no Brasil e os primeiros decretos estavam

relacionados ao seu funcionamento. Já as primeiras discussões a cerca de rádios comunitárias

no Brasil tiveram início em 1980, mas só a partir de 1995 tornou-se claro o formato de rádio

livre e comunitária que frequentemente eram chamadas de piratas por não terem a autorização

do governo para funcionarem. Esse formato radiofônico de caráter comunitário é

regulamentado exclusivamente pela Lei 9612/98 precisamente sob o Decreto n. 2.615/98 pela

portaria do Ministério das Comunicações n. 191/98 e a Resolução da Anatel n. 60/98, que diz

respeito à parte criminal. Atualmente, a regulamentação das rádios digitais está sendo

debatida, mas por enquanto prevalecem as normas antigas.

Da fundação do rádio até os dias de hoje muitas mudanças jurídicas, culturais e sociais

ocorreram, entretanto a regulamentação do veículo ainda precisa ser refeita de modo que

garanta a efetiva democracia dos meios e de forma que possa alcançar as mudanças advindas

do surgimento das novas tecnologias da comunicação.

Page 29: Apropriação das novas tecnologias da comunicação pelas emiss

28

2 - Tecnologias Radiofônicas

2.1 O rádio e as novas tecnologias

As novas tecnologias da comunicação e informação entendidas como as técnicas e

métodos usados para comunicar que surgiram no contexto da revolução informacional,

desenvolvidas gradativamente desde 1970, sobretudo, nos anos 1990, a exemplo dos

computadores pessoais, das tecnologias digitais de captação, de tratamento de imagens e sons

e as tecnologias de acesso remoto (sem fio ou wireless) estão promovendo inúmeras

transformações no sistema comunicacional. No que tange ao setor radiofônico, as alterações

têm ocorrido tanto na relação entre emissora e ouvinte quanto na produção de conteúdo e

distribuição sonora. Nesse trabalho o conceito empregado para definir as novas tecnologias da

comunicação é determinado por Castells que trata as tecnologias da informação como:

O conjunto convergente de tecnologias em microeletrônica, computação

(software e hardware), telecomunicações/radiodifusão, e optoeletrônica. Além

disso, diferentemente de alguns analistas, também incluo nos domínios da

tecnologia da informação a engenharia genética e seu crescente conjunto de

desenvolvimento e aplicações (CASTELLS, 1999, p.67).

A introdução do computador juntamente com a internet e os suportes digitais nos

estúdios radiofônicos impôs uma nova dinâmica na transmissão de conteúdos, pois como

afirma Del Bianco (2003, p.02) uma única emissora poderá operar transmissores terrestres

para cobertura nacional ou local, transmissores por satélite para cobertura de grandes zonas,

transmissores por cabo para zonas pequenas, além de transmitir dados e serviços

especializados, tudo isso por causa da quantidade de suportes digitais que possibilitam a

mobilidade da informação.

Segundo Castells (1999), o paradigma da tecnologia da informação não evoluiu para seu

fechamento como um sistema, mas rumo a abertura como uma rede de acessos múltiplos.

Sendo assim é justificável a necessidade do breve relato histórico da microinformática em um

espaço destinado meramente a discussão das técnicas de rádio, pois a abrangência das novas

tecnologias da comunicação não só atinge os usuários da rede e sim todo o sistema ou setor

comunicacional como é o caso da radiodifusão que na visão de muitos futuristas estaria com

os dias contados devido a convergência digital dos meios quando na verdade esse processo

Page 30: Apropriação das novas tecnologias da comunicação pelas emiss

29

melhorou a qualidade de transmissão do veículo que além disso, se encontra disponível em

outros suportes como observa Del Bianco (2010) hoje as possibilidades de escuta se

estenderam com as plataformas digitais: internet, players de MP3, celulares, satélite e rádio

digital.

Quando o rádio foi introduzido no Brasil em 1922, as condições técnicas eram bem

precárias. Suas transmissões eram acompanhadas de muitos ruídos e chiados. Uma das

invenções tecnológicas mais importantes para o rádio foi a criação do transistor em 1947,

aparelho que aumentou a potência da sonorização e eliminou a obrigatoriedade do uso de

tomadas, mas o processo que tem revolucionado a comunicação de modo geral foi idealizado

na década de 1960 por tecnólogos da Agência de Projetos e Pesquisa Avançada do

Departamento de Defesa dos Estados Unidos (DARPA) e materializado na década seguinte

através da criação do microprocessador de um chip pelo engenheiro da Intel Ted Hoff

(CASTELLS,1999,p.44). Esses acontecimentos foram imprescindíveis para a expansão das

novas tecnologias, multiplicação dos meios na década de 1990 e para a formação da atual

contextura informacional ou digital.

O desenvolvimento da internet também se deu no final dos anos 60 na Universidade da

Califórnia em Los Angeles (UCLA), quando foi construído um processador de mensagens

num minicomputador. Essa ação deu início à formação da rede Arpanet que depois passou a

ser chamada Darpanet, a qual foi dividida em duas novas redes Aparnet (científica) e Milnet

(militar). As conexões entre as duas redes possibilitaram a troca de informações via

comunicação eletrônica que em seguida foi ampliada pelo surgimento de cooperativas como

pontua Lemos:

Surgiram depois redes cooperativas e descentralizadas como a UUCP (em

UNIX) e a Usenet (Users Network), já na década de 70, para servir a

comunidade acadêmica, a sociedade em geral e depois as organizações

comerciais. No princípio dos anos 80, as redes CSNET (Computer Science

Network) e a Bitnet (Because it`s time to Network) expandiram ainda mais a

internet [...] A NSFNET substituiu a Arpanet, que desapareceu em março de

1990, e a CSNET, extinta em 1991. Hoje a internet é formada por mais de

8.000 redes, interligando todos os continentes [...] Atualmente o grande

projeto é a internet 2. (LEMOS, 2002, p.117).

É inegável a importância que cada técnica desenvolvida pela microinformática teve na

consolidação de uma das principais invenções da tecnologia, o computador. Entretanto a

criação do aplicativo mundial Word Wilde Web (WWW) realizada por um grupo de

Page 31: Apropriação das novas tecnologias da comunicação pelas emiss

30

pesquisadores do CERN e dirigida por Tim Berners Lee e Robert Cailliau em 1990 na cidade

de Genebra facilitou a busca de informações e revolucionou definitivamente o sistema

tecnológico comunicacional através da internet que rapidamente se espalhou pelo mundo.

Historicamente a internet começou a ser usada no Brasil em 1987, quando a Fundação

de Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) conectou-se a instituições nos EUA,

entretanto a oficialização da web brasileira é de 1995, período em que foi criado o Comitê

Gestor da Internet (CGI) no Brasil, entidade responsável pela rede mundial de computadores

no país, com a tarefa de administrar os nomes dos domínios locais e a interconexão de redes

dentro e fora do país, além de representar a web em organismos internacionais relacionados à

internet no mundo (PRATA, 2010, p.612).

No Brasil, os inventos técnicos digitais foram introduzidos aos poucos. Os primeiros

sinais da evolução tecnológica ou digitalização dos meios chegaram durante a década de 80

sobre os formatos de CDs (Compact Discs), MDs (Minidisc) e DATs (Digital Audio Tape). O

suporte digital pode ser entendido como um sistema conversor de dados materiais em “fluxo

de bits estocados em um disco laser e agrupado em pacotes, sendo suscetível de ser tratado

por qualquer computador” (SANTAELLA, 2003, p.83). Já o decênio de 90 foi marcado pela

automação e reprodução de músicas operacionadas por softwares de áudio e pela edição não-

linear das estações de áudio informatizadas computacionalmente.

O modelo digital brasileiro ainda não foi determinado, mas há grandes chances do

sistema norte americano IBOC ser o escolhido tanto por questões técnicas quanto econômicas.

Técnicas porque sua implantação não implicará no uso de novas faixas para transmissão, irá

garantir a posição conquistada historicamente pelos donos das emissoras e preservará a base

de ouvintes associada ao mesmo dial6. Econômicas pelo fato das emissoras não necessitarem

de grandes investimentos para aderir ao sistema, em decorrência do processo de produção

radiofônica já está praticamente digitalizado atualmente. É bom ressaltar também que mesmo

o padrão digital não estando definido a digitalização radiofônica já está sendo executada no

Brasil através de celulares, players de MP3, internet, satélite e rádios on-line.

O rádio passou a se relacionar com as novas tecnologias à medida que os CDs e MDs

foram lançados comercialmente no mercado e teve suas transmissões AMs transformadas em

qualidade de FMs e estas em qualidade de CD. Além disso, a radiodifusão assim como os

demais meios analógicos aos poucos tem migrado para a grande rede midiática. Entretanto é

6 Superfície graduada que através de uma agulha, ponteiro movente ou mesmo números (no caso de aparelhos

digitais) indica a frequência ou sintonia do rádio.

Page 32: Apropriação das novas tecnologias da comunicação pelas emiss

31

necessário ressaltar que esse processo migratório não elimina por completo as velhas formas

de transmissão e os antigos veículos estão se adaptado muito bem os novos meios.

2.2 Implicações e apropriação

O advento da internet e o surgimento de novos dispositivos móveis capazes de

armazenar diversas informações conjugados com a crescente apropriação dessas técnicas

pelas agências de notícias e de comunicação assim como pela população de modo geral estão

transformando mais uma vez o funcionamento do rádio brasileiro, o qual já passou pelas fases

de estruturação, consolidação, instabilidade com a chegada da televisão e por mudanças em

sua regulamentação atualmente se encontra submerso no sistema digital.

O mais novo nesse processo tecnológico é o alcance das informações que desconhecem

as fronteiras geográficas e as múltiplas possibilidades de usos que o novo sistema telemático

está permitindo seja através de melhor qualidade dos serviços, das facilidades de produção ou

da apropriação que a população está fazendo dos meios. Nesse trabalho a definição de

apropriação está relacionada à aquisição material dos aparelhos tecnológicos e ao uso que

cada indivíduo faz das novas tecnologias da comunicação. O termo apropriação também pode

ser entendido como o “extenso processo de conhecimento e de autoconhecimento, apoderar-se

de um conteúdo significativo e torná-lo próprio” como conceitua (Thompson, 2008, p.45). Ou

então como pondera Carroll:

A apropriação é aqui tomada como o processo pelo qual usuários “tomam

posse” de um recurso tecnológico (ou linguístico) ao longo do tempo, no qual

eles “remodelam as características de uma tecnologia, podendo usá-la para

propósitos para os quais não foram previstos” (CARROLL, 2005, p. 2).

Embora de modo desigual, o uso das novas tecnologias da comunicação é uma realidade

presente em todos os países do mundo. Para Barbero (2006), as novas tecnologias

introduziram na América Latina a contemporaneidade entre o tempo de sua produção nos

países ricos e o tempo do seu consumo em nossos países pobres: pela primeira vez as

máquinas não nos chegam de segunda mão. Entretanto, é necessário ressaltar que o rápido

Page 33: Apropriação das novas tecnologias da comunicação pelas emiss

32

acesso dos países em desenvolvimento às novas tecnologias não está no desejo dos países

ricos em se igualarem os pobres, mas ligados a interesses econômicos (lucros), uma vez que

os produtos precisam ser distribuídos, ou melhor, consumidos.

No Brasil é crescente o consumo e o uso das novas tecnologias da comunicação.

Segundo dados da Associação Brasileira de Telecomunicações (Telebrasil 2011) mais de oito

em cada 10 conexões no país estão em residências e 79% (incluindo o setor móvel) dos

domicílios que têm computador e já navegam na internet em alta velocidade. A pesquisa

revela ainda que o extraordinário aumento do segmento móvel coloca o Brasil, de acordo com

consultorias internacionais, na oitava posição no mercado mundial de banda larga móvel e em

nono lugar entre os países com maior número de acessos fixos. É nesse contexto de inserção

dos novos meios na sociedade e na apropriação das novas tecnologias pela população que

grande parte das empresas radiofônicas cada vez mais está investindo em equipamentos e nas

diversas possibilidades de uso e interação com os ouvintes.

As emissoras radiofônicas que estão devidamente equipadas com os novos aparelhos

tecnológicos e digitais já estão vivenciando mudanças em suas rotinas de trabalho a começar

pela redução do tempo que gastavam para produzirem a programação e, em alguns casos o

corte em seu número de funcionários, já que apenas um empregado pode desempenhar

diversas funções ao mesmo tempo. As rádios disponibilizam também de maior abrangência

em suas transmissões graças ao uso da internet que facilita a circulação das mensagens tanto

por meio do aparelho receptor tradicional de sinais de antena, quanto por qualquer

computador desde que esteja conectado a uma rede, sem a necessidade da liberação de

outorgas.

Durante muito tempo o telefone facilitou a relação entre as rádios e o seu público, hoje,

o sistema de telefonia continua liderando a preferência interativa dos ouvintes só que no

formato móvel. Um dos suportes mais utilizados pelos ouvintes para se comunicar com os

apresentadores e locutores são os celulares seja através de ligações ou do uso de torpedos. A

mobilidade e praticidade dessa ferramenta possibilita ainda a participação direta de

entrevistados que não podem está fisicamente na emissora, além disso, os usuários desse

sistema contam com excelentes promoções cedidas pelas operadoras telefônicas.

Outra mudança que se percebe em relação às possibilidades de interação com o ouvinte

é a oportunidade de acesso e participação que as pessoas fora de sua terra natal estão tendo

através da internet, aos conteúdos exibidos pelas emissoras de sua cidade de origem. Na

leitura de Trigo de Souza (2003) essa seria a emissora on-line, ela já existia analogicamente e

agora se encontra também no formato virtual com transmissões regulares acompanhando o

Page 34: Apropriação das novas tecnologias da comunicação pelas emiss

33

ouvinte onde quer que esteja. Essa definição se aplica as emissoras Jacuípe AM e Valente FM

que tiveram suas transmissões ampliadas através da internet. Para o autor há ainda mais duas

categorias de rádios disponíveis na internet, as rádios offline, que estão na rede, mas não

transmitem áudio regularmente e as webrádios que são as emissoras completamente virtuais

destinadas a atender um público que busca algo mais alternativo.

As transformações também alcançam a programação das emissoras FMs que por um

lado ganharam mais qualidade em suas transmissões, mas por outro devem adotar conteúdos

informativos se quiserem manter seus índices de audiência. Atualmente o ouvinte não precisa

sintonizar ou mesmo ligar um rádio para ouvir músicas, ele pode recorrer a tantos outros

dispositivos sonoros como, celular, MP3, Ipod, PC dentre outros e ainda com a vantagem de

selecionarmos a ordem de exibição das músicas.

Ainda no âmbito das mudanças e discussões acerca das novas tecnologias da

comunicação está questão da mídia local que segundo Peruzzo:

No contexto de acelerada globalização das comunicações, o mundo assiste à

revitalização das mídias locais e regionais. É uma forma de explicitar que os

cidadãos reivindicam o direito à diferença. Apreciam as vantagens da

globalização, mas também querem ver as coisas do seu lugar, de sua história e

de sua cultura expressas dos meios de comunicação ao seu alcance. Em muitos

casos, como na Galícia (Espanha), além dessa presença local, procura-se

marcar a presença do local no mundo, através das novas tecnologias

(PERUZZO, 2003, p.67).

Suprimidos tantas vezes pela midiatização do nacional, os acontecimentos locais hoje

estão ressignificando sua atuação e mostrando-se mais representativos e mais democráticos

em relação às antigas práticas comunicacionais determinadas por um seleto grupo de

empresários e políticos detentores da maioria das outorgas.

O ingresso do rádio ao ciberespaço ampliou seu alcance e os canais para a circulação da

mensagem além do aparelho receptor tradicional de sinais de antena, qualquer computador

que esteja conectado a grande à rede pode utilizar-se de muitas ferramentas. Com a rede o

rádio diversificou seus serviços, seus conteúdos e suas emissões, dando-lhe outro ritmo de

produção e distribuição diferente do modo linear conhecido, que transmite em tempo real e ao

vivo.

Page 35: Apropriação das novas tecnologias da comunicação pelas emiss

34

2.3 Processos de pré-produção, produção e pós-produção

O rádio sempre esteve aberto à participação do ouvinte através de ligações, recebimento

de cartas ou mesmo através das visitas dos ouvintes aos estúdios. Entretanto nenhuma dessas

formas de interação teve tanta influência nos processos de produção dos programas e na relação

emissor - receptor como estão tendo atualmente com o uso da internet e das redes sociais. Estas

denominadas por Raquel Recuero (2009) de “associações voluntárias, que compreendem a base

do desenvolvimento da confiança e da reciprocidade”. Todos estes serviços que são oferecidos

pela internet e que favorecem a interação da emissora com o ouvinte formam a base de

relação entre as pessoas e os conteúdos como descreve Bufarah:

[...] na base desse processo, está a maior interação dos internautas com

os conteúdos disponíveis na rede. Seja com a participação direta deles

na produção do material, ou na escolha e personalização de dados que

querem ter acesso de forma rápida e objetiva. Dessa forma, cada vez

mais pessoas se agregam a outras em processos virtuais que

desconhecem as barreiras geográficas e físicas. (BUFARAH, 2010,

p.585).

Antes do desenvolvimento computacional a produção radiofônica era feita basicamente

de forma improvisada e ao vivo, no caso do radiojornalismo a divulgação de notícias era

garantida graças à leitura de jornais impressos, depois os programas passaram a ser

produzidos com o auxílio da máquina de escrever, telefones, gravadores, unidades móveis de

transmissão como as viaturas de FM e, além disso, as emissoras ainda contratavam pelo

menos três agências de notícias. A relação entre emissora e ouvinte realizava-se

exclusivamente por meio de ligações, visitas do público aos estúdios e através de cartas.

Sendo que esta última prática liderava a preferência dos ouvintes e muitas emissoras

chegaram a receber centenas de correspondências por semana. A resposta das rádios a essas

práticas eram dadas no decorrer da programação ao vivo, pelos locutores sobre a forma de

agradecimentos, alô especial ou nota de utilidade pública, mas essa estrutura deu lugar ao

surgimento de novas técnicas e instrumentos advindos das inovações telemáticas.

As mudanças impostas pela nova estrutura estão presentes

Page 36: Apropriação das novas tecnologias da comunicação pelas emiss

35

[...] em todas as etapas do processo de comunicação, inclusive a que se refere

à produção de conteúdo, o rádio da era da internet não é mais o mesmo de

antes do surgimento e da consolidação da rede mundial de computadores

(FERRARETTO ,2010,p.541).

A pré-produção é a etapa responsável por toda a preparação e resultados alcançados

pelos programas de modo geral. Nela são elaborados os textos, os roteiros e organizados os

apresentadores, atores, repórteres e locutores, além da utilização de instrumentos tecnológicos

para gravação como, fitas, CDs, pilhas, cabos, microfones, gravadores de mão, CDs com

efeitos sonoros dentre outros.

Na fase de produção todos os elementos são mesclados para a gravação e transmissão

do programa de rádio ao vivo. Tudo o que foi planejado na pré-produção será executado e a

equipe de produção deverá ficar atenta para a sequência do roteiro, manipulação dos

equipamentos técnicos e para eventuais problemas ou imprevistos que possam ocorrer durante

a gravação.

A pós-produção corresponde a fase de recolhimento e arquivamento do material que foi

utilizado é o momento também para devolver alguns objetos caso tenha pegado emprestado.

Diversos suportes tecnológicos são utilizados em todas essas fases seja através do uso

material (físico) de aparelhos como gravadores ou a partir do uso das redes sociais como

Orkut, MSN e Twitter. Até mesmo depois dos programas terem sido apresentados faz-se o

uso de dispositivos que conservam o áudio do programa como CD e Pendrive, confira no

quadro a seguir algumas das possibilidades de uso das novas tecnologias em cada etapa que

foi descrita.

Tabela 2 - Síntese das tecnologias usadas nos processos produtivos

Pré-produção Produção Pós-produção

Internet Internet Podcasting

Celular Torpedo Pendrive

E-mail E-mail CD

Blog CD Blog

CD MSN Mídia play

Fonte: Elaboração própria.

Page 37: Apropriação das novas tecnologias da comunicação pelas emiss

36

Mercadologicamente a crescente disponibilidade de produtos tecnológicos no comércio

acirrou as disputas aumentando a concorrência entre as empresas, facilitando dessa forma a

aquisição de novos equipamentos (computadores, gravadores, celulares e mesas de som

digitais) por parte das emissoras e agências de notícias. Fatores que segundo Ferraretto (2010)

contribuíram para efetivar o uso das novas ferramentas comunicacionais nos seguimentos de

produção:

No âmbito tecnológico, os modos de produção radiofônica foram

redesenhados por disputas empresariais, especialmente desde os anos

1980. Toca-discos para os bolachões de vinil ou gravadores de rolo,

cartuchos e cassetes de fita magnética deram lugar, sucessivamente, a

aparelhos rodando Digital Audio Tapes (DATs), MiniDiscs (MDs),

Compact Discs (CDs) ou uma variedade de outros formatos com

denominações comerciais concorrentes até que o armazenamento

migrasse quase integralmente para os discos rígidos de computadores,

tornando obsoletas mídias físicas. A informatização das emissoras

agilizou o acesso tornando obsoletas mídias físicas. A informatização

das emissoras agilizou o acesso a dados e a elaboração de conteúdos

radiofônicos, acarretando, do ponto de vista empresarial, maior

produtividade. A evolução das telecomunicações também foi decisiva

na capacidade do rádio de realizar transmissões de eventos ao vivo,

bem como na formação de redes de abrangência nacional.

(FERRARETTO, 2010, p.08).

Considerando que muitas emissoras brasileiras analógicas já possuem sites e que as

rádios Jacuípe AM e Valente FM também já criaram respectivamente cada um o seu, é

interessante demonstrar as principais possibilidades de uso das redes sociais.

a) Chat: ferramenta que permite a conversação ou “bate papo” em tempo real entre

usuários (ouvintes) da internet dispersos ou localizados em qualquer parte do planeta. Ao ser

utilizado como forma de participação radiofônica é necessário que o apresentador esteja

atento as discussões para que não se tornem um amontoado de opiniões e fuja da proposta

elaborada pela produção.

b) Email: espécie de correio eletrônico que possibilita o envio e recebimento de

mensagens e as emissoras que não corresponderem aos emails recebidos podem aos poucos

perder seus ouvintes.

c) Blog: instrumento de comunicação que viabiliza a publicação de idéias, imagens, e

informações gerais. É importante lembrar que o blog dentro do site da emissora é uma

Page 38: Apropriação das novas tecnologias da comunicação pelas emiss

37

ferramenta de comunicação coorporativa e, portanto, deve ser visto como um prolongamento

da rádio e não apenas um espaço para opiniões pessoais (Bufarah).

d) SMS: (Short Message Service) é um sistema de comunicação móvel conhecido no

Brasil como torpedo, no qual o ouvinte pode enviar e receber informações via celular ou ainda

trocar mensagens entre estes equipamentos e outros dispositivos móveis. Com base nesse

primeiro modelo um novo sistema já está sendo discutido, é o MMS (Multimedia Messaging

Service), nele o usuário poderá utilizar mensagens ilimitadas com suporte de áudio, vídeo,

textos e imagens. Para as emissoras de rádio, o uso destas ferramentas pode significar

importante favorecimento nos negócios se forem estabelecidas parcerias com as operadoras de

telefonia. O relacionamento das emissoras com o SMS ou MMS possibilita ainda a

participação direta dos ouvintes com o veículo servindo de mediador entre os usuários que

podem emitir informações sobre questões do cotidiano como a situação do transito em

determinado trecho das grandes cidades.

e) Orkut: é uma rede social, também denominada de website ou ainda site de

relacionamento que foi criada nos Estados Unidos para ajudar as pessoas a fazerem amigos e

manter a vida social virtualmente ativa. Os brasileiros estão entre os maiores usuários desse

serviço, mas as emissoras de rádio do país ainda pouco utilizam desse recurso e as

comunidades que existem não atendem corretamente ao perfil de comunicação da empresa.

f) Youtube: site que dentre sua finalidade possibilita aos usuários carregar, assistir e

compartilhar diferentes vídeos profissionais e caseiros em formatos digitais. Pesquisas com

títulos relacionados com a temática rádio revelam que poucas empresas de radiodifusão

utilizam a essa ferramenta. Entretanto no caso das emissoras brasileiras, esta pode ser uma

ferramenta importante para dar visibilidade às ações promocionais, entrevistas, festas e outros

conteúdos. Além de servir de vitrine para a veiculação de vídeos feitos pela equipe da

emissora (Bufarah, 2010, p.14).

g) Twitter: Comunidade que reúne amigos e desconhecidos na qual os usuários não

precisam de convite e através de um pequeno texto (de até 140 palavras) postam comentários

de algo que estão realizando no momento. Algumas emissoras de rádio no Brasil estão

fazendo uso desta ferramenta, entretanto de modo desorganizado, pois o uso corresponde ao

interesse de alguns profissionais e não a uma estratégia empresarial.

h) Facebook: É uma rede social que está sendo muito usada no Brasil. Foi criada em 2004 nos

Estados Unidos por Mark Zuckerberg, mas só em 2006 ficou acessível a todas as pessoas. Na

página do site cada usuário pode ter seu perfil, com seus dados pessoais, as suas fotos, vídeos,

links, notas e dentre outros. Assim como nas demais redes sociais os membros do facebook

Page 39: Apropriação das novas tecnologias da comunicação pelas emiss

38

podem interagir entre si, visitando os perfis, fazendo amigos, estabelecendo contactos,

deixando comentários, enviando mensagens entre si. O site é usado também por empresas

para recrutamento de empregados, nas emissoras pode servir de agente interativo e prestador

de serviços.

Todas essas formas de interação proporcionadas pela utilização e pela apropriação das

novas tecnologias da comunicação sinalizam a grande possibilidade de uso que podem ser

feitos tanto pelas emissoras de rádio quanto pelos ouvintes.

Page 40: Apropriação das novas tecnologias da comunicação pelas emiss

39

3 - Comunicação e tecnologia no contexto local

3.1 A radiodifusão no Território do Sisal e Bacia do Jacuípe

De modo geral a radiodifusão brasileira aumentou consideravelmente a partir de 1988,

ano da promulgação da Constituição Federal. Segundo Pieranti (2008) o número de emissoras

de rádio em ondas médias cresceu cerca de 88,7% e o de emissoras de rádio em freqüência

modulada chegou a 2.153,8% .Nesse processo de liberação de outorgas dois políticos

tornaram-se destaques no cenário nacional, José Sarney e Antônio Carlos Magalhães (ACM).

No contexto baiano, a comunicação radiofônica começou a ser difundida primeiramente

na cidade de Salvador (1924), depois da capital do Estado as demais cidades que aderiram ao

sistema de radiodifusão foram, Feira de Santana, Ilhéus e Itabuna, mas foi a partir da década

de 1980 que as emissoras de rádios se multiplicaram em todo território baiano, sobretudo no

período em que ACM foi o ministro das comunicações e o responsável pela liberação de 58%

das concessões de radiodifusão no estado da Bahia. As concessões eram cedidas em sua

maioria a representantes políticos, e funcionavam como moeda de troca entre eles como

sinaliza Luz:

O surgimento e expansão do rádio no Brasil, e particularmente na Bahia,

segue caminhos cruzados aos das oligarquias locais/regionais: com o

desenvolvimento das tecnologias da comunicação e a urbanização, o "voto de

cabresto" dos chamados "currais eleitorais" vai cedendo lugar à mídia

radiofônica, concentrando as sedes das emissoras em municípios que

representam pólo político e de atração econômica e sociocultural da região

(LUZ,1997,p.18).

Esse processo denominado por muitos autores (Lima, 2001 e Pieranti, 2008) de

coronelismo eletrônico juntamente com a posterior formação dos movimentos sociais em

defesa da democratização da comunicação fez com que aos poucos o veículo radiofônico

fosse sendo estabelecido no interior do estado. Entretanto não há estudos que comprovem

qual a primeira cidade do interior a propagar a comunicação radiofônica assim como não foi

possível definir qual das cidades dos territórios analisados foi a primeira a possuir uma

emissora de rádio na região.

Page 41: Apropriação das novas tecnologias da comunicação pelas emiss

40

As últimas pesquisas realizadas pela ANATEL que registram a quantidade de emissoras

existentes no país (2009) revelaram que a Bahia conta com 509 emissoras de rádio das quais

278 são comunitárias, 119 comerciais, 14 educativas, 97 ondas médias e uma onda tropical.

Nesse trabalho as duas emissoras analisadas são respectivamente, comercial (Jacuípe

AM) e uma comunitária (Valente FM), ambas localizadas nos Territórios da Bacia do Jacuípe

e do Sisal. Esses Territórios de Identidades fazem parte do semi-árido baiano, o qual é

caracterizado pelo clima árido com longos períodos de estiagem, baixa pluviosidade,

vegetação diversificada com plantas que resistem à seca, sua economia é baseada na

agricultura e pecuária com predominância da cultura de subsistência.

Essa região foi criada no final de 1959 juntamente com a Superintendência de

Desenvolvimento do Nordeste7 (SUDENE), órgão federal vinculado ao Ministério da

Integração Nacional que tem como finalidade promover o desenvolvimento includente e

sustentável do semi-árido. Grande parte do território nordestino está inserida nessa região e só

no estado baiano ocupa uma área de 388.274 Km2

, que equivale a 69,7% das terras baianas,

reunindo 265 municípios e abriga uma população de aproximadamente 6.316.846 habitantes,

representando 49,4% do total 8

.

Em 2004, na Bahia foi proposta uma nova divisão e definição estadual dos espaços

rurais, com a finalidade de agrupar os municípios em territórios de identidades. As ações

foram coordenadas pelo Ministério do Desenvolvimento agrário e da Secretária de

Desenvolvimento Sustentável dos Territórios Rurais (PDSTR) durante a primeira gestão do

presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Para a efetivação dessa nova cartografia territorial foram realizadas duas oficinas (uma

em julho de 2003 e outra em abril de 2004), com a participação de 28 organizações públicas

privadas ou não-governamentais, que ativamente opinaram e apresentaram suas propostas,

contribuindo principalmente para legitimar o processo de territorialização rural (SANTOS,

2011). O governo estadual optou por utilizar essa divisão para melhor gerir e planejar suas

ações administrativas. Os 417 municípios baianos foram organizados em 26 territórios de

identidades.

7 A SUDENE foi extinta em 2001, mas em 2007 voltou a atuar.

8 Fonte: Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste.

Page 42: Apropriação das novas tecnologias da comunicação pelas emiss

41

Figura 1 – DIVISÃO TERRITORIAL DA BAHIA 2004

Fonte: http://www.seplan.ba.gov.br

Neste trabalho, nosso foco recai sobre dois destes territórios. O primeiro é o Território

da Bacia do Jacuípe (representado no mapa acima pelo número 15) e está localizado a menos

de 200 km de Salvador, capital da Bahia. É formado por quatorze cidades9 com uma

população de aproximadamente 2.33.682, da qual 114.828 moram na zona rural (49,14% da

população) 10

. As condições climáticas do território são as mesmas da região semi-árida com

temperatura média anual de 29º C (variando entre 22º C e 38º C em alguns períodos do ano.

Os índices de analfabetismo são alarmantes entre os adultos – quase um terço da população

segundo o Conselho Regional de Desenvolvimento Rural Sustentável da Bacia do Jacuípe

Estado da Bahia (CODES).

9 Baixa Grande, Capela do Alto Alegre, Gavião, Ipirá, Mairi, Nova Fátima, Pé de Serra, Pintadas, Quixabeira,

Riachão do Jacuípe, São José do Jacuípe, Serra Preta, Várzea da Roça e Várzea do Poço. 10

Segundo dados da FAEB (entidade sindical de grau superior, com sede e foro na cidade de Salvador).

Page 43: Apropriação das novas tecnologias da comunicação pelas emiss

42

Os setores produtivos que se destacam no território e, que basicamente geram as riquezas são

a indústria, expressa em pequenos estabelecimentos, a maioria informais, e a agropecuária,

responsáveis respectivamente por 13,9% e 12,7% da geração do produto interno bruto (PIB).

Figura 2 – Mapa do Território da Bacia do Jacuípe.

Fonte: http://sit.mda.gov.br

Quanto à implantação dos serviços radiofônicos na Bacia do Jacuípe, o processo não difere do

ocorrido nos demais territórios baianos que tiveram a exploração desse sistema comunicacional

mediada por interesses políticos como descreve Moreira:

A adição das empresas de comunicação de massa, em especial as de

radiodifusão, como um dos vértices do compromisso de troca de proveitos

configurou-se como um mecanismo de vinculação entre dominação produtiva,

política e também cultural. Assim, a parceria entre as redes de comunicações

nacionais e os chefes políticos locais tornou possível uma concentração casada

de audiência, de renda e de influência política da qual o poder público não

pode prescindir. Na Bahia, esta vinculação explícita entre comunicação de

massa e política é evidente (MOREIRA, 2007, p.60).

Page 44: Apropriação das novas tecnologias da comunicação pelas emiss

43

A Jacuípe AM, uma das emissoras que constitui o objeto de pesquisa deste trabalho e

faz parte desse imbricado processo que envolve o rádio e a política. A emissora foi

introduzida no município de Riachão do Jacuípe (1987) sob a licença do ministro das

comunicações Antônio Carlos Magalhães a pedido do deputado estadual Eliel Martins

(PFL)11

. O responsável pela direção da rádio, Valfredo Matos e aliado político de ACM foi

eleito prefeito do município por duas vezes.

A cidade de Riachão do Jacuípe fica a 190 km de Salvador, possui uma população de

33. 170 habitantes, sua economia é baseada na agropecuária. Além da Jacuípe AM 1.500 o

sistema de radiodifusão jacuipense conta com mais duas emissoras de rádio, uma comunitária

(Gazeta FM 104,9 e outra comercial Baiana FM 96,9). A Jacuípe AM foi escolhida por ter

sido a primeira emissora do município.

O outro é o Território do Sisal, representado no mapa pelo número quatro. Está situado

a aproximadamente 200 km da capital baiana, concentra um dos piores índices de

desenvolvimento social, econômico e humano do país e é composto por vinte municípios12

.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2010) 13

possui uma

população de 579. 165 habitantes, dos quais 57, 52% fazem parte da zona rural14

. A renda

média per capta é de meio salário mínimo mensal. A região, entretanto, também se caracteriza

pela economia pastoril dependente, numa cultura política da dominação e do “silêncio”, na

qual o proprietário de terras, ou grande latifundiário, é o enunciador privilegiado, segundo

(Santos, 2011). Além disso, a cultura do vaqueiro exerce forte no território como sinaliza

Oliveira:

Nessa região, o vestuário, a música, a culinária, o artesanato em couro e a arte

popular em geral, estão marcados pela influencia do vaqueiro, expressão de

força e resistência, que se espalhou pelo país, ampliando o mercado para

produtos e serviços que caracterizam a cultura do brasileiro nordestino.

Antigas tradições ainda tentam resistir á modernização, como o Reisado, o Boi

roubado, os festejos religiosos e a literatura de cordel, que ainda possui fiéis

adeptos. Porém, as festas de largo, assim como, os diversos gêneros musicais,

entre outros resultados da modernização, estabelecem o atual contexto de

identidade cultural (OLIVEIRA, 2010, p. 27).

11

Partido da Frente Liberal. 12

O Território do Sisal é composto por: Araci, Barrocas, Biritinga, Candeal, Cansanção, Conceição do Coité,

Ichu, Itiúba, Lamarão, Monte Santo, Nordestina, Queimadas, Quinjingue, Retirolandia, Santaluz, São Domingos,

Serrinha, Teofilândia, Tucano e Valente. 13

Disponíveis em www.faeb.org.br/perfil-de-territorios/sisal.html. 14

A porcentagem corresponde 333. 149 da população total.

Page 45: Apropriação das novas tecnologias da comunicação pelas emiss

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As primeiras transmissões via rádio no Território do Sisal foram emitidas por emissoras

comerciais. Segundo Moreira (2007) as sete maiores emissoras radiofônicas regionais aí

instaladas são vinculadas a grupos políticos hegemônicos no estado. Hoje, nesse território a

comunicação é marcada pela forte presença de organizações no terceiro setor, a exemplo das

associações de trabalhadores rurais.

A concentração de emissoras de rádios, sobretudo comunitárias no território está

relacionada ao trabalho da Igreja Católica iniciado na década de 70 através das Comunidades

Eclesiais de Base (CEB) alicerçada social e religiosamente na Teologia da Libertação que

buscavam aproximar a doutrina cristã de uma atuação mais política e organizada junto aos

grupos marginalizados.

Das primeiras ações com as Comunidades Eclesiais de Base, ou das frágeis

experiências sindicais, surgiram formas de organização que

contemporaneamente pautam o discurso do Ministro e da região. MOC,

APAEB, ASCOOB, FATRES, CEDITER, CEAIC, AMAC, STRS, MMTR,

ABRAÇO, PETI, P1MC, CODES... Foram muitas as siglas que passaram a

compor este cenário (Moreira, 2007, p. 86).

A organização e a união de entidades como o Movimento de Organização Comunitária

(MOC), a Associação de Pequenos Produtores Rurais de Valente (APAEB), o Conselho de

Desenvolvimento Sustentável do Território do Sisal (CODES-SISAL), a Associação

Brasileira de Rádios Comunitárias (ABRAÇO SISAL) e demais associações citadas por

Moreira (2007) entorno de objetivos comuns, a luta em prol da democratização da

comunicação local na região sisaleira, têm mobilizado a sociedade civil e estão

reconfigurando o sistema de comunicação no território do sisal, sobretudo do veículo

radiofônico.

Foi a partir dessa articulação da sociedade civil organizada de Valente e do

território, e da necessidade de se comunicar de forma mais aberta e

democrática que o movimento social e a organização popular passaram a

contar com o rádio como instrumento de mobilização e transformação social

na região (MOREIRA, 2007. P.36).

A escolha do meio rádio enquanto instrumento de mobilização social pelas organizações

pode ser justificada pelo baixo custo de implantação, produção, transmissão, manutenção e

Page 46: Apropriação das novas tecnologias da comunicação pelas emiss

45

pelas possibilidades de interação com o contexto local. Além disso, os altos índices de

analfabetismo existentes no território revelam a predominância de uma cultura oral. Para

Modesto e Guerra (2011) o veículo radiofônico tem exercido importante papel social não só

pelas características de abrangência e elo ato de alcançar públicos distantes, mas também em

função de sua oralidade, que é capaz de atingir camadas menos letradas, qualidade que não

podia ser encontrada no impresso.

Figura 3 – Mapa do Território do Sisal.

Fonte: http://sit.mda.gov.br

Inserida no contexto das emissoras comunitárias, a Valente FM é a outra emissora que

compõe o objeto de pesquisa desse trabalho. A concessão da outorga é uma conquista da

comunidade valentense.

A cidade de Valente fica a 240 km da capital baiana, sua população é de 24.560

habitantes a economia basea-se no cultivo do sisal e na agricultura familiar, além disso, o

município possui duas empresas, uma de calçados (Via Uno) e a outra comercializa artefatos

do sisal (APAEB-Valente).

Page 47: Apropriação das novas tecnologias da comunicação pelas emiss

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3.2 Sintonizando a Jacuípe

Precursora no processo de radiodifusão na cidade de Riachão do Jacuípe a Rádio

Jacuípe Sociedade Civil LTDA ou Jacuípe AM está no ar desde o dia 11 de julho de 1987. Foi

fundada por um grupo de amigos que dentre eles estavam José de Tuza (conhecido por José

de Aloí), Amado Cunha e Valfredo Carneiro de Matos (diretor presidente de 1987 a 2004).

Situada na Rua Padre Argemiro Guimarães no centro da cidade, a emissora opera

comercialmente sob a frequência 1500 Htz.

Em 2004 a Jacuípe AM passou por dificuldades financeiras e foi vendida ao atual

diretor presidente, Josevaldo Lima (conhecido por Zevaldo Lima). Mesmo o novo dono da

rádio não sendo de Riachão e residir em Serrinha não transferiu a emissora da cidade

jacuipense e manteve em sua grade de programação parte dos antigos programas e toda a

equipe de funcionários. Entretanto, um novo estúdio foi montado na Rua Álvaro Augusto na

cidade de Serrinha. O Estúdio B, assim como o outro na cidade de Riachão, funciona durante

toda semana e os programas Ferraz e o Povo, Tribuna Popular e Tarde Total são

retransmitidos em cadeia pela Jacuípe.

Atualmente, a emissora funciona com transmissor de 5 KG, mesa de som e

equipamentos informatizados. Possui 16 pessoas em seu quadro de funcionários, 10 em

Riachão e 6 em Serrinha. A emissora permanece diariamente 17 horas no ar com uma

programação variada como mostra a tabela 3.

Tabela 3 – Grade de programação da Jacuípe AM (Segunda à Sexta)

HORÁRIO PROGRAMA GENÊRO APRESENTADOR

05:00 às 06:30 Bom Dia Nordestino Musical Adriano Júnior

06:30 às 08:00 Programa Ferraz e o Povo Jornalístico José Ferraz

08:00 às 09:30 Jornal da Manhã Jornalístico Gilberto Oliveira e

Equipe

09:30 às 10:30 Sucesso Total Musical Nilson Oliveira

10:30 às 11:45 Show da Manhã Musical Tony Sena

11:45 às 12:00 Madame Geilza Variedade Madame Geilza

12:00 às 13:00 Bola na Rede Jornalístico/Esportivo Gilberto Oliveira

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13:00 às 14:30 Tribuna Popular Jornalístico Ferraz e Equipe

14:30 às 16:00 Tarde Total Musical Pedro Santos

16:00 às 18:00 Forró Mistura* Musical Gil Santana

18:00 às 18:15 Hora Mariana Religioso Nete Ferreira

18:15 às 19:00 Programa da Prefeitura de

Riachão*

Variedade Gilberto Oliveira

19:00 às 20:00 Voz do Brasil Jornalístico

20:00 às 22:00 Show da Noite Musical Márcio Araújo

Fonte: Elaboração própria

* A longo da semana nesses horários a grade de programação é alterada.

3.3 Na trilha da Valente FM

Diferentemente do histórico apresentado pela emissora Jacuípe AM, a Valente FM só

conseguiu a liberação da outorga após diversas tentativas organizadas pelos movimentos

sociais. Movimentos estes que chegaram ao Brasil no início dos anos 1980, onde convergiram

para uma mobilização pela democratização do acesso aos meios de radiodifusão e pela

liberdade de uso do espectro, acompanhadas pelas mais diversas experimentações do uso do

rádio (SANTOS, 2011, p.74).

As discussões geradas entorno da democratização dos meios de comunicação resultaram

no conceito comunitário da radiodifusão e na criação da Associação Brasileira de Rádio

Comunitária (ABRAÇO). Constitucionalmente a comunicação comunitária é regulamentada

pela Lei n° 9.612/98 que é regida pelo decreto (n° 2.615, de 03/06/98) e tem como definição:

sistema ou serviço sonoro, em freqüência modulada, que operada em baixa potência e

cobertura restrita, outorgada a fundações e associações comunitárias, sem fins lucrativos, com

sede na localidade de prestação do serviço.

Aos poucos os debates nacionais a respeito das novas políticas de comunicação

comunitária chegaram ao Território do Sisal. Na cidade de Valente antes mesmo que a lei

comunitária de rádio entrasse em vigor, a emissora Valente FM iniciou suas transmissões sob

a freqüência 104,9 que foram ao ar pela primeira vez em fevereiro de 1998 com o apoio da

Associação de Pequenos Produtores da Bahia (APAEB).

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Segundo informações de um dos fundadores da rádio Valente FM (in: Santos, 2011) o

começo foi muito difícil, pois a emissora necessitava de recursos financeiros para a aquisição

de aparelhos, profissionais e técnicos capacitados para trabalhar e, sobretudo da autorização

legal do governo para funcionar. Na tentativa de solucionar as primeiras dificuldades a

APAEB responsabilizou-se pela compra e pela capacitação dos técnicos, mas por conta da

ilegalidade de seu funcionamento sofreu diversas represálias por parte da ANATEL até

conseguir definitivamente a outorga da emissora em 2003.

A nomenclatura Valente FM em 1999 foi substituída por Associação Comunitária de

Comunicação e Cultura Valente, porém a sua primeira denominação, Valente FM, continua

sendo usada como o nome fantasia da emissora. Hoje, a rádio funciona em um imóvel da

APAEB situado na Rua Santa Inês, Bairro Hermínio Simões, em Valente e permanece no ar

24 horas por dia. Veja a grade de programação na tabela 4. Possui 10 funcionários, 30

associados, dos quais 25 são contribuintes e cinco organizações, APAEB, Sindicato dos

Trabalhadores Rurais e Agricultores Familiares de Valente, Igreja Batista, Conselho de

Moradores do Bairro Cidade Nova, Sicoob Coopere e o Sindicato dos Servidores Públicos do

Município de Valente.

Tabela 4 – Grade de programação da Valente FM (Segunda à Sexta)

HORÁRIO PROGRAMA GENÊRO APRESENTADOR

05:00 às 06:00 Esperando o Amanhecer Musical Eletrônico

06:00 às 08:00 Vozes da Terra Musical José Neto

08:00 às 11:00 Ligação Direta Musical Aline Araújo

11:00 às 11:30 Conversa da Gente Jornalístico Lívia Santos (APAEB)

11:30 às 13:00 Rádio Comunidade Jornalístico Cléber Silva / Tony

Sampaio

13:00 às 14:00 FMPB Musical Eletrônico

14:00 às 17:00 Show da Tarde Musical José Neto

17:00 às 18:00 Louvor Cristão 104 Religioso Eletrônico

18:00 às 19:00 Bola na Rede Jornalístico/Esportivo Lecildo Silva / Gui

Oliveira

19:00 às 20:00 Voz do Brasil Jornalístico Radiobras

20:00 às 22:00 Noite de Sucessos Musical Lecildo Silva

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22:00 às 24:00 Pra Matar a Saudade Musical Eletrônico

22:00 às 05:00 Romantismo em Alta

Temperatura

Musical Eletrônico

Fonte: Elaboração própria.

3.4 Tecnologias e divergências na atuação da Jacuípe AM e Valente FM

Os procedimentos que deram sustentabilidade a investigação e a construção dessa

análise foram pautadas na aplicação de questionários e entrevistas aos funcionários e diretor

de cada emissora. Organizado em dois eixos temáticos, perfil e contexto, o questionário

fechado teve como propósito identificar o entrevistado e conhecer o objeto pesquisado. Já as

questões abertas tiveram o intuito de verificar como estavam sendo apropriadas e usadas as

novas tecnologias da comunicação.

Embora todos os programas das duas emissoras sejam considerados nesse estudo os

programas Jornal da Manhã (Jacuípe AM) e Rádio Comunidade (Valente FM) sobressaem

nessa pesquisa em virtude de serem os programas de maior audiência e consequentemente os

mais ouvidos, o que permite estabelecer quais tecnologias estão sendo usadas por cada

emissora para interagir com os ouvintes.

Os primeiros dados da pesquisa referente ao perfil e contexto do entrevistado e da

emissora demonstraram que na Jacuípe AM todos os funcionários possuem o segundo grau

completo, a faixa etária é superior aos 30 anos e a maioria é do sexo masculino. Quanto à

emissora está bem localizada e a estrutura física atende em parte as necessidades de

funcionamento já que não há uma sala destinada a redação dos programas.

Em entrevista cedida à autora no dia 17 de maio de 2011, a técnica administrativa e

também locutora Luzinete Ferreira afirmou que todos os equipamentos da emissora são

digitais. O estúdio possui três computadores todos com internet (velocidade de um GB).

Em 2007 a emissora passou a disponibilizar suas transmissões ao vivo pela internet no

endereço eletrônico www.jacuipe.com.br. A página inicial apresenta três links principais

Música, notícias e eventos gerais; Ao vivo, escute a Jacuípe AM; Notícias, acompanhe as

principais notícias e um espaço destinado ao internauta ouvinte.

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Além dos links principais há na barra superior um menu que trás informações a respeito

da história, programação e locutores da emissora. Visualmente a página está bem organizada

como será mostrada a seguir.

Figura 4 - Página inicial do site da Jacuípe AM

Fonte: www.jacuipe.com.br.

Os aspectos tecnológicos, interativos e produtivos da emissora formaram a base dos

questionamentos abertos. Assim como as perguntas fechadas, as questões abertas foram

direcionadas aos locutores mais antigos da emissora e ao diretor15

. Na Jacuípe foram

entrevistados dois locutores, Antônio Senna e Adriano Júnior e a técnica administrativa que

também é locutora Luzinete Ferreira. Ao ser indagado sobre o assunto Antônio Senna

ressaltou que:

Com as novas tecnologias as emissoras, especialmente a rádio Jacuípe teve

maior possibilidade de interagir com o ouvinte. A emissora recentemente

também foi digitalizada a questão principalmente da internet que teve uma

participação grande na rádio principalmente na área de jornalismo já que nós

temos essa facilidade de ter as informações de momento informações

atualizadas e poder naquele momento repassar essas informações ao nosso

público. Então esse novo ciclo de informação de digitalização de internet tem

15

Não foi possível entrevistar o atual diretor presidente da Jacuípe AM Josevaldo Lima.

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contribuído muito para que o ouvinte possa está bem informado a todo o

momento e de forma mais rápida (Antônio Senna).

Já a entrevistada Luzinete pontou que a mudança é muito grande em termo de

melhoramento dos equipamentos, pois o diretor procura sempre está melhorando não só a

maneira dos funcionários trabalharem, mas os equipamentos para que se possa trabalhar com

melhor qualidade. Para o locutor Adriano Júnior o advento das novas tecnologias da

comunicação ampliou as possibilidades de interação.

Há alguns anos os ouvintes só interagiam com os locutores através de cartas,

telefone fixo e visitas pessoais aos estúdios. Hoje, além dessas formas os

ouvintes fazem uso do MSN, Orkut, blog e de outras ferramentas para

interagir com a emissora. Foi uma mudança bastante positiva, pois jacuipenses

que estão em outras cidades que antes não recebiam as transmissões da rádio

Jacuípe podem agora acompanhar a programação ao vivo pela internet

(Adriano Júnior).

As mudanças advindas das novas tecnologias da comunicação foram percebidas também em

relação a produção dos programas que segundo o entrevistado Antônio Senna fez com os locutores

ganhassem mais tempo ao preparar os seus programas além de ter maior acesso as informações através

do uso da internet. O entrevistado enfatizou também que é:

Totalmente contrário a quem pensa que o rádio esta acabando depois da

internet. Muito pelo contrário hoje as pessoas estão se utilizando da internet

pra ouvir o rádio porque através da internet a gente consegue levar o nosso

som a qualquer lugar do planeta. Hoje o rádio está se tornando um rádio

digital através da internet mais atraente com mais qualidade, informações e

entretenimento. Acho que essa fase tem sido muito importante para o rádio,

ele tem uma importância muito grande para a comunicação e nunca vai deixar

de existir (Antônio Senna).

O perfil e o contexto do entrevistado e da emissora Valente FM revelaram que a maioria

dos funcionários possui faixa etária superior aos 20 anos, o ensino médio completo, mas a

emissora conta com profissionais de nível superior, Cléber Silva, habilitado em Letras

Vernáculas, Aline Araújo habilitada em radialismo e um terceiro Antônio Sampaio que ainda

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encontra-se graduando também em radialismo. Apenas uma mulher faz parte da equipe de

trabalho da emissora. O presidente não é remunerado e a emissora possui 30 associados e

cinco organizações.

Segundo informações do apresentador e locutor Antônio Sampaio a Valente FM faz uso

das novas tecnologias da comunicação, mas por se tratar de uma emissora comunitária não é

possível dispor de muitos aparatos tecnológicos. Entretanto a emissora disponibiliza de oito

computadores todos com internet e uma velocidade de 100 kabaite por segundos.

As transmissões que analogicamente são limitas pela constituição foram ampliadas com

a exibição ao vivo de sua programação no endereço eletrônico www.valente.fm.br. Na

organização da página os links aparecem com as seguintes denominações Jornalismo, Visitas,

Siga-me no Orkut e Twitter, Enquete, Apoio e Ouvintes online. A notícia que foi destaque na

programação fica centralizada na página principal. Na barra superior encontra-se o menu com

informações da emissora como pode ser visto abaixo.

Figura 5 - Página inicial do site da Valente FM

Fonte: www.valente.fm.br.

Assim como na emissora Jacuípe AM, as questões abertas foram aplicadas na Valente

FM obedecendo à mesma ordem de perguntas e os critérios de escolha dos entrevistados.

Nesta emissora as entrevistas foram realizadas no dia 02 de junho de 2011, responderam aos

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questionamentos os locutores Cléber Silva, Antônio Sampaio, Aline Araújo e o diretor

presidente José Melquiades.

As mudanças tecnológicas da Valente FM se confundem com a própria história da

emissora como descreve o locutor, apresentador e também fundador da emissora Cléber Silva:

Tecnologicamente a emissora já começou bem avançada pra região.

Quando a gente começou em 1998 já tinha um programa de

automação de rádio que na região não tinha. Com o advento da

internet, aliás, a gente começou com a internet também que auxiliava

na produção do programa, mas o que facilitou mais foi a chegada do

telefone celular que possibilitou a gente sair do estúdio, as matérias

serem mais vivas, ao vivo no momento que estão acontecendo.

Para Aline Araújo “o celular é uma mudança maravilhosa no sentido de facilitar as

coberturas e a internet dinamizou o trabalho não só no sentido de rapidez, mas no sentido de

uma melhor adequação da linguagem”. A rotina do rádio foi transformada e a produção dos

programas está sendo construída com maior participação dos ouvintes como lembra Cléber

Silva:

A produção ganha campo e faz aparecer tudo ao vivo, por telefone e

com participação do ouvinte. Hoje o pessoal participa através de

torpedos interagindo no programa ao vivo às vezes dando a

informação, às vezes reclamando, fazendo denuncias a maioria dos

torpedos são lidos na hora, quando o conteúdo exige uma investigação

apuramos as informações e se não tiver nada a ver com o que está

sendo discutido no programa é descartado.

Segundo Antônio Sampaio não há possibilidades de rádio deixar de existir, pois “o

rádio é pra sempre. É uma ferramenta que apesar da concorrência vai sempre existir e com

todo vapor”. Nesse sentindo o diretor José Melquiades enfatiza que as novas tecnologias

vieram para somar e que a Valente FM enquanto emissora comunitária com alcance limitado

a um km pela legislação só tem a ganhar, sobretudo por atingir outras cidades através da

internet.

Diante do exposto podemos sintetizar as informações comparando as divergências entre

as duas emissoras analisadas.

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Tabela – 5 Divergência e Atuação

Aspectos Jacuípe AM Valente FM

Classificação Comercial Comunitária

Alcance Atinge 85 municípios Atinge um raio de 1 km

Nº de funcionários 16 10

Média salarial De meio salário a um salário. De um salário a um salário e meio.

Nº de

computadores

3 (esse dado não inclui o estúdio

de Serrinha).

8

Concessão Liberada mediante acordo

político

Liberada através de mobilizações

por parte da sociedade civil.

Transmissão Qualidade de FM Qualidade de CD

Redes Sociais mais

usadas

E-mail, MSN e Orkut SMS, MSN, E-mail e Orkut

Digitalização Todos os equipamentos são

digitais

Apenas alguns equipamentos são

digitais

Tecnologias na

pré- produção

Internet. Internet, celular (Torpedo).

Produção Sound Forge e telefone fixo Sound Forge, Audacity, celular,

ZaraRadio e word.

Pós- produção ______ Mídia play e podcasting.

Fonte: Elaboração própria.

De acordo com as informações cedidas pelas entrevistas e as visitas de campo, as duas

emissoras, Jacuípe AM e Valente FM, já estão fazendo uso das novas tecnologias da

comunicação, sobretudo através dos processos de produção, transmissão e das formas de

interação dos ouvintes mediante o uso dos serviços de banda larga (internet) e das redes

sociais. Entretanto a apropriação e o efetivo uso das novas ferramentas estão sendo

estabelecidas de modo gradual e restrito. As redes sociais acabam não tendo a devida

relevância dentro dos estúdios em decorrência dos profissionais das citadas emissoras

utilizarem seus endereços pessoais ao invés de disponibilizarem as redes sociais em nome da

rádio.

Page 56: Apropriação das novas tecnologias da comunicação pelas emiss

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Considerações Finais

Ao longo de seus oitenta e nove anos de existência, o rádio brasileiro registra em seu

legado histórico importantes acontecimentos relacionados ao seu desenvolvimento,

consolidação e os momentos de crise frente ao surgimento de outros meios a exemplo da

televisão e das novas demandas tecnológicas.

A grande concentração de emissoras, aparelhos radiofônicos, os diversos estudos,

relatos de profissionais e pesquisadores demonstram não só a popularidade do veículo, mas

também a capacidade que o mesmo tem em adequar-se as circunstâncias econômicas,

culturais, políticas, sociais, tecnológicas e legislativas. E, mais do que o forte papel

informativo que tem exercido no contexto nacional, o veículo “criou modas, inovou estilos,

inventou práticas cotidianas, estimulou novos tipos de sociabilidade” (CALABRE, 2004).

O uso das novas tecnologias pelas agências e empresas de notícias, bem como a

inserção dos novos suportes técnicos nos estúdios de rádio, está dinamizando as formas de

interação com os ouvintes, além de facilitar a produção jornalística e melhorar a qualidade das

transmissões.

Na Jacuípe AM o uso das novas tecnologias da comunicação melhorou e ampliou a

qualidade das transmissões. A produção dos programas está dispondo de mais alternativas

para elaborar seus conteúdos, sobretudo, a programação jornalística, mas a etapa de pré-

produção não teve mudanças e a pós- produção quase não sofreu acréscimos a não ser na

divulgação de algumas notícias no site da emissora. No que diz respeito à interação dos

ouvintes com a emissora poucas mudanças aconteceram já que os endereços eletrônicos das

redes sociais não são disponibilizados em nome da emissora e os locutores acabam

interagindo através de seus endereços pessoais.

No caso da Valente FM, as transmissões estão sendo feitas com mais qualidade e seu

alcance limitado ao raio de um km pela legislação por se tratar de uma emissora comunitária

está sendo ampliado através da internet que exibe sua programação ao vivo no endereço

eletrônico da rádio, o que já representa uma significativa mudança já que a constituição não

restringe ou pelo menos ainda não criou nenhuma lei que impeça o uso da internet pelas

emissoras comunitárias. Quanto ao uso dos novos suportes tecnológicos nas etapas de pré-

produção, produção e pós-produção foi possível notar que o celular, a internet, o e-mail e o

MSN são as ferramentas que permeiam todas as fases de elaboração dos programas. No que

tange a relação da emissora com o ouvinte o celular é o principal meio utilizado pelos

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ouvintes. O MSN também tem sido usado, mas as demais redes sociais não são

disponibilizadas em nome da emissora.

De acordo com a pesquisa feita nas emissoras analisadas foi possível perceber que os

aparelhos digitais e as novas tecnologias já estão sendo apropriadas, entretanto os usos desses

instrumentos ainda encontram-se limitados e restritos. Em termos comparativos a Valente FM

apesar de ser uma emissora comunitária mostrou-se mais estruturada em relação à produção,

interação com o ouvinte e quanto ao uso e apropriação das novas tecnologias da comunicação

que a Jacuípe AM.

Page 58: Apropriação das novas tecnologias da comunicação pelas emiss

57

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Page 61: Apropriação das novas tecnologias da comunicação pelas emiss

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APÊNDICE

PERFIL E CONTEXTO DO ENTREVISTADO

DADOS PESSOAIS

a) - Nome:

b) - Endereço:

c) – Telefone:

d) - Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino

e) - Escolaridade:

( ) Fundamental Completo

( ) Médio Incompleto

( ) Médio Completo

( ) Superior Incompleto

( ) Superior Completo

( ) Outra situação

01. Qual o seu estado civil?

(A) Solteiro (a)

(B) Casado (a)

(C) Separado/desquitado (a) /divorciado (a)

(D) Viúvo (a)

(E) Outro.

02. Como você se considera?

A) Branco (a)

(B) Negro (a)

(C) Pardo (A) /mulato (a)

(D) Amarelo (a) (de origem oriental)

(E) Indígena ou de origem indígena

03. Qual a sua idade?

(A) De 16 a 20 anos.

(B) De 20 a 25 anos.

(C) De 25 a 30 anos.

(D) De 30 a 35 anos.

(E) Outra (informe qual).

04. Há quanto tempo trabalha na emissora.

(A) Desde o começo da emissora.

(B) Menos de 6 meses.

(C) Há mais de1 ano.

(D) Há 5 anos.

(E) Outro (qual?)

05. Qual sua função na emissora?

(A) Produtor

(B) Editor

(C) Locutor

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(D) Diretor

(E) Outra (Qual?)

06. Quanto você ganha mensalmente pelo seu trabalho na emissora?

(A) Menos de um salário mínimo.

(B) Um salário mínimo.

(C) Trabalho Voluntariamente.

(D) Trabalho como freelancer.

(E) 2 salários mínimos.

(F) Outra situação

07. Além do trabalho na emissora você possui outro emprego?

(A) Não.

(B) Não, mas estou à procura de outro.

(C) Estou satisfeito (a) com o que ganho.

(D) Sim, pois o que ganho aqui é pouco.

(E) Sim.

08. Qual dos meios ocupa maior parte do seu tempo?

(A) TV.

(B) Rádio.

(C) Internet.

(D) Jornal impresso.

(E) Outro (Qual?)

QUESTÕES ABERTAS

09. Com o advento das novas tecnologias da comunicação e informação o que mudou na

forma de:

A. Transmissão da emissora?

B. No relacionamento dos funcionários com o trabalho desenvolvido por cada um?

C. Na produção dos programas?

D. Na interação com o público?

10. Quais tecnologias são usadas nas etapas de:

A. Pré-produção?

B. Produção?

C. E pós-produção?

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ANEXOS

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