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APRESENTAÇÃO

É com muito orgulho que lançamos o primeiro número da Revista Eletrônica Organizações e Sociedades, um periódico produzido pelos cursos de Administração, Ciências Contábeis e Direito da Faculdade Aldete Maria Alves – FAMA.

Esta publicação virtual pretende ser uma revista científica anual, voltada para os temas pertinentes às Ciências Sociais. Nosso periódico é dirigido à comunidade científica: estudantes de graduação, professores, pós-graduandos, pesquisadores e profissionais que atuam nas áreas correlatas às Ciências Sociais. Dessa maneira, a Revista Eletrônica Organizações e Sociedades é um veículo para a divulgação da pesquisa, com a finalidade de disseminar e construir o conhecimento, ampliando e promovendo o debate acerca de assuntos de interesse da comunidade científica e da sociedade dos tempos atuais.

Esta revista pretende ser um espaço para a produção científica dentro de nossa faculdade, desenvolvendo a metodologia do trabalho acadêmico e promovendo a publicação de artigos produzidos por nossos discentes e docentes e também por colaboradores de outras instituições.

Nossa expectativa é que os 17 artigos aqui publicados propicie aos leitores

reflexões que sirvam de estímulo para futuros estudos e pesquisas sobre as mais diversas problemáticas da organização social de nosso tempo.

Ana Paula Pereira Arantes

Diretora Acadêmica da FAMA

[email protected]

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Revista Eletrônica Organizações e Sociedades

Publicação Eletrônica anual do Cursos de Administração, Ciências Contábeis e Direito

da Faculdade Aldete Maria Alves – FAMA

Mantenedora:

Instituição Ituramense de Ensino Superior

Presidenta:

Eva Dias de Freitas

Diretora Acadêmica:

Profa. Me. Ana Paula Pereira Arantes

Diretora Financeira:

Profa. Esp. Maria José Floriano

Coordenadora do Curso de Administração:

Profa. Esp. Bácima Eliana Alves Simão

Coordenadora do Curso de Direito:

Profa. Me. Janaína dos Reis Guimarães

Coordenadora do Curso de Ciências Contábeis:

Profa. Esp. Maria José Floriano Ferracini

Design e Diagramação:

Carla Queiroz de Carvalho e Eduardo Barbuio

COMITÊ EDITORIAL:

Diretor (a) Geral: Profa. Esp. Bácima Eliana Alves Simão

Diretor de Editoração: Prof. Me. Eduardo Barbuio

Diretor de Divulgação: Prof. Me. Léo Huber

Secretário(a): Profa. Me. Janaína dos Reis Guimarães

Tesoureiro: Profa. Esp. Maria José Floriano Ferracini

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Consultores Ad. Hoc. : Profª Me. Ana Paula Pereira Arantes

Profª Esp. Naime Souza Silva

CONSELHO EDITORIAL

Prof. Me. Adailson Souza Moreira (DCS/ CPTL/ UFMS);

Prof. Me. Adauto José de Oliveira (FAMA);

Profª Me. Ana Maria Ortega Alonso (FAMA e FIPAR);

Prof. Me. Cláudio Francisco Severino (FAMA e FAF);

Prof. Me. Edson Edgard Batista (FAMA);

Profª Me. Geisa Cavalcante Carbone Sato (FAMA e FAISA);

Prof. Me. Jeferson Fernandes Fassa (FAMA e FAF);

Prof. Me. José Estevão Duran (FAMA, FUNEC e FAISA)

Prof. Me. Leo Huber ( FAMA e UNIJALES);

Profª Me. Luciana Renata Rondina Stefanoni (FAMA, FUNEC e FIPAR);

Prof. Me. Mistsuro Takiuchi (FAMA E FAISA);

Profª Me. Silvia A. Dettmer (DCS/ CPTL/ UFMS.

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F A C U L D A D E A L D E T E M A R I A A L V E S Av. Rio Paranaíba nº 1.295 - Centro – Iturama-MG - CEP: 38280-000

C u r s o s d e A d m i n i s t r a ç ã o , C i ê n c i a s C o n t a b é i s e D i r e i t o

REGULAMENTO DA REVISTA ORGANIZAÇÕES E SOCIEDADE

TÍTULO I DA ORGANIZAÇÃO

CAPÍTULO I

DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1º - A revista “Organizações e Sociedade” é uma publicação anual vinculada aos cursos de Administração, Ciências Contábeis e Direito e à Coordenação de Pesquisa e Extensão da Faculdade Aldete Maria Alves – FAMA

Art. 2º - A Revista terá periodicidade anual.

Art. 3º - A revista “Organizações e Sociedade”, dos cursos de Administração, Ciências Contábeis e Direito da FAMA - Faculdade Aldete Maria Alves, sendo veículo de registro e divulgação científica, tem como objetivos primordiais:

a) estimular e desenvolver o intercâmbio entre pesquisadores, docentes, discentes e profissionais atuantes na área educacional, facilitando a aproximação entre o conhecimento científico e a prática profissional;

b) fomentar o intercâmbio de informações, experiências e discussões no âmbito educacional com outras instituições nacionais ou estrangeiras, congêneres;

c) estabelecer-se como canal de divulgação de estudos de discentes e docentes dos cursos de cursos de Administração, Ciências Contábeis e Direito da FAMA.

CAPÍTULO II

DOS OBJETIVOS E CARACTERÍSTICAS

Art. 4º - São objetivos da Revista:

I - publicar resultados de pesquisas, resenhas e textos de caráter científico nas diferentes áreas do conhecimento relativas às Ciências Sociais e demais assuntos pertinentes à proposta temática da Revista; II - estimular a produção e o debate de assuntos relativos às Ciências Sociais por alunos e professores dos Cursos de Graduação e Pós-Graduação da Faculdade FAMA;

III - criar um veículo de integração entre a Faculdade e a sociedade de modo que esta venha outros contribuir significativamente para a melhoria dos espaços sociais;

IV - possibilitar a divulgação e troca de experiências acadêmicas realizadas em diferentes instituições de ensino nacionais;

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Art. 5º - São características da Revista:

I - Número de páginas: mínimo de 60, máximo de 130, tendo como número ideal 100 páginas;

II – Revista indexada em CD-ROM;

III - Periodicidade: anual;

IV - Época de publicação: outubro;

V - Estrutura Interna: editorial, artigos, resumos, relato de experiências, comunicações e resenhas;

VI - Origem dos textos: a revista aceita textos de professores, alunos e pesquisadores de diferentes Instituições Acadêmicas nacionais;

VII - Abrangência: cada edição deve sempre publicar textos sobre as diversas referentes aos cursos de Administração, Ciências Contábeis e Direito.

VIII - Números especiais: será permitida a organização e edição de números especiais temáticos, sendo todos os textos submetidos e aprovados pelo Conselho Editorial. Não será permitida a organização de dois números especiais consecutivos e anuais.

IX - Artigos cuja pesquisa faz-se ‘estudo de caso’ serão avaliados e aprovados pelo Comitê de Ética.

CAPÍTULO III

DO PÚBLICO ALVO

Art. 2º A revista Organizações e Sociedade da Faculdade Aldete Maria Alves tem como público-alvo docentes e alunos de graduação e pós-graduação, pesquisadores e gestores de instituições de ensino superior e de pesquisa, de associações científicas e profissionais, dirigentes e técnicos das Ciências Sociais e demais órgãos envolvidos na formação de pessoal e produção científica.

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CAPÍTULO IV

DAS RESPONSABILIDADES

Art. 6º - A Revista será de responsabilidade do Conselho Editorial, formado por até 06 membros, com mandato de 2(dois) anos, com função executiva e deliberativa, sendo: um Diretor Geral, um Diretor de Editoração, um Diretor de Divulgação, um Secretário, um Tesoureiro e quinze Consultores. O Diretor Geral e demais membros devem envolver-se, antes de qualquer coisa, com a estrutura e o funcionamento da revista. Padrão, formato, tamanho, periodicidade. Seções e agenda, cujos componentes coordenarão dossiês ligados a diferentes linhas temáticas.

Parágrafo Único - O Conselho Editorial contará com a colaboração efetiva de:

a) Pareceristas ad hoc, constituído de 2 (dois) professores especialistas nas áreas de atuação da Revista, responsáveis pela elaboração de pareceres escritos quando necessário.

Art. 7º - Cabe ao Diretor-Geral:

I - convocar e presidir às reuniões do Conselho Editorial;

II - responder administrativamente pela Revista;

III - convidar especialistas para avaliação de conteúdo não dominado pelos Conselheiros e Consultores;

IV - nomear, excepcionalmente, Revisores ad hoc;

V - Redigir o Editorial de cada número da Revista.

Art. 8º - Cabe ao Diretor de Editoração:

I - responder editorialmente pela Revista;

II - acompanhar todo o processo da edição de um número da Revista, aprovando pareceres, resolvendo pendências, aprovando o Editorial elaborado pelo Diretor-Geral, escolhendo a cor da capa, etc.

III - após a inserção no site da Faculdade Aldete Maria Alves - FAMA de cada número da Revista, avaliar a qualidade da publicação, bem como o cronograma previsto para sua execução;

IV - coordenar a distribuição dos originais para avaliação (uma via);

V - acompanhar o processo de seleção do conteúdo junto aos Conselheiros e Consultores;

VI- coordenar o trabalho de revisão, propondo cronograma a ser executado;

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VII - elaborar o índice, distribuindo as seções na ordem costumeira e as matérias em ordem alfabética dentro de cada seção;

IX - encaminhar a versão da revista ao setor de informática, para inserção no site, mantendo com ela todos os contatos necessários tendo em vista maior rapidez e eficiência;

X - indicar dois Conselheiros para fazer uma revisão com o fim de detectar possíveis problemas de digitação e de configuração;

XI - submeter o último número publicado à apreciação do Conselho Editorial, inclusive do ponto de vista do cumprimento do cronograma estabelecido;

XII - propor à deliberação do Conselho Editorial mudanças na diagramação, paginação, tipos, cores, capa e outros aspectos essenciais relativos à apresentação da Revista.

Art. 9º - Cabe ao Diretor de Divulgação:

I - promover e coordenar campanhas de divulgação e propostas de assinatura junto a Conselheiros, Colaboradores, Consultores, junto a estudantes e professores da FAMA, Faculdade de Educação e congêneres de Universidades do país e do exterior; junto à Secretaria Municipal de Educação, Diretoria de Ensino, Instituições de ensino onde possa haver algum interesse, além de livrarias, bibliotecas, eventos e exposições;

II - substituir o Diretor-Geral em seus impedimentos;

III - redigir as atas das reuniões da Diretoria e do Conselho Editorial;

IV - encarregar-se da correspondência e outras formas de contatos relativos aos interesses da revista;

V - manter atualizado e organizado o arquivo (artigos, documentos, livros e periódicos recebidos em doação/permuta);

VI - registrar, dentro do prazo previsto, as chapas que se apresentarem para concorrer às eleições;

Art. 10 - Cabe ao Tesoureiro:

I - acompanhar a administração dos recursos financeiros da Revista;

II - elaborar projetos de financiamento da revista e providenciar a requisição de verba junto a organismos internacionais, nacionais e locais, para isto encaminhando o material necessário;

III - zelar pelo patrimônio destinado ao uso da Revista;

IV - providenciar, junto a FAMA o repasse de material de consumo necessário à Secretaria da Revista;

V - efetuar, periodicamente, os depósitos bancários dos valores recebidos.

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Art. 11 - Cabe aos Consultores:

I - participar das reuniões do Conselho Editorial, contribuindo na deliberação sobre as matérias de sua competência;

II - divulgar a Revista em nível local, regional e nacional;

III - participar, organizar e estimular campanhas de divulgação e propostas de assinatura;

IV - desenvolver as demais atividades e funções inerentes ao Conselho Editorial;

Seção I

CONSELHO EDITORIAL

Art. 12 - As reuniões ordinárias do Conselho Editorial serão semestrais e terão a finalidade de deliberar sobre as matérias de sua competência.

§ 1º - Em primeira convocação, o Conselho Editorial instalar-se-á com metade mais um e, em segunda convocação, com 1/3 (um terço) dos membros do Conselho.

§ 2º - Extraordinariamente, o Conselho reunir-se-á quando convocado pelo Diretor-Geral ou por solicitação de, pelo menos, 1/3 (um terço) dos membros do Conselho.

§ 3º - O membro do Conselho que faltar a 03 (três) reuniões consecutivas, ou a 05 (cinco) alternadas perderá o cargo. O Conselho Editorial poderá decidir diversamente em casos excepcionais.

Art. 13 - Compete ao Conselho Editorial:

I - executar as deliberações do Conselho Editorial;

II - providenciar a composição, impressão, divulgação e distribuição da Revista, bem como seu mecanismo de funcionamento;

III - definir o número de páginas que cada seção se comporá;

IV - submeter ao Conselho Editorial propostas de mudanças quanto ao teor da Revista ou quanto a seus aspectos administrativos;

V - nomear, ad referendum do Conselho Editorial, os Revisores da Revista;

VI - designar substituto para o tesoureiro.

VII - decidir, por maioria simples, sobre os casos omissos neste Regulamento;

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VIII - designar, o(s) Revisor(es) da revista;

IX - deliberar sobre questões relativas a Direitos Autorais e Direitos Editoriais;

X - declarar vago o cargo do Diretor ou Conselheiro faltoso, impedido ou egresso.

Art. 14 - Cabe a cada Consultor, individualmente:

I - avaliar os trabalhos científicos, emitindo pareceres de acordo com as seções IV e V do Capítulo III deste regimento;

II - comparecer às reuniões do Conselho Editorial;

III - participar de Comissões de estudo ou de Trabalho constituídas pelo Conselho Editorial.

Art. 15 - Cabe ao Diretor-Geral:

I - convocar e presidir às reuniões do Conselho Editorial;

II - responder administrativamente pela Revista;

III - convidar especialistas para avaliação de trabalho científico não dominado pelos Conselheiros e Consultores;

IV - nomear, excepcionalmente, Revisores ad hoc;

V - Redigir o Editorial de cada número da Revista.

Seção II

COLABORAÇÕES

Art. 16 - Entende-se por colaborações os artigos de pesquisa, resenhas e textos de caráter científico e didático nas diferentes áreas do conhecimento relativas às temáticas pedagógicas e educacionais, enviados à Revista dentro das normas estabelecidas.

Art. 17 - Cada colaborador não poderá ter mais que 02 (duas) matérias publicadas em um mesmo número e, ainda assim, em seções diferentes.

Seção III

DOS PARECERES AD HOC

Art. 18 - Aos pareceristas ad hoc competem apresentar o resultado da avaliação do artigo e demais produções científicas em parecer escrito fundamentado, devidamente datado e assinado, utilizando-se de formulário próprio.

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Art. 19 - O parecer poderá apresentar um dos seguintes resultados:

I - Aceitar o artigo na íntegra; encaminhando-o para a publicação;

II - Aceitar o artigo com alterações; devolvendo-o ao autor para as devidas adequações;

III – Não aceite; quando irá para uma segunda avaliação:

a) se for referendada a primeira, o artigo não será publicado; b) se houver empate, o artigo irá para uma terceira e definitiva avaliação.

§1º - O parecer não deverá se fundamentar em critérios ideológicos.

§2º - O parecerista ad hoc terá um prazo de, no máximo, 15 (quinze) dias para apresentar o resultado da avaliação.

Art. 20 – Os pareceristas deverão considerar os seguintes critérios para avaliação dos artigos encaminhados para publicação:

I - Quanto ao conteúdo, só serão aceitas as colaborações resultantes de pesquisas, resenhas e textos de caráter científico e didático nas diferentes áreas do conhecimento relativas às temáticas pedagógicas e educativas;

II - Os artigos devem:

a) refletir a existência de um problema relevante; b) significar algum tipo de avanço na reflexão da abordagem, dos métodos ou na ciência; c) apresentar o posicionamento do autor sobre o tema em questão; d) ter, no máximo, 15 (quinze) páginas digitadas.

III - Os artigos devem, ainda:

a) apresentar suporte científico e/ou citações bibliográficas corroborando as principais afirmações enunciadas;

b) evidenciar embasamento de referências; c) evitar excesso de citações e afirmativas sem respaldo nos fatos ou em obras de

referência.

IV - As resenhas devem:

a) ter até 05 (cinco) páginas digitadas segundo as normas para publicação de trabalhos;

b) referir-se a obras de interesse nas áreas do conhecimento relativas às temáticas pedagógicas e educativas;

c) apresentar clara noção da obra, do autor, das idéias nela contidas, bem como o posicionamento do resenhador e apreciação da obra;

d) as resenhas serão avaliadas preferencialmente pelos membros do Conselho Editorial: quando a temática da resenha não fizer parte das especialidades dos

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conselheiros, o material será enviado a um parecerista externo, para que seja avaliado o conteúdo e a qualidade do texto.

V - Os artigos devem manifestar coerência e clareza na exposição das ideias, com articulação lógica entre os principais fatos e argumentos apresentados. O texto deve ter início, meio e fim, levando-se em conta a ótica do leitor ideal ou possível, com argumentos e fatos sempre expostos de modo claro e distinto, facilitando o acompanhamento do discurso.

VI - A critério do Conselho Editorial será avaliada a conveniência de se publicar números temáticos ou de se encomendar artigos a autores de renome nas áreas do conhecimento relativas ao trabalho pedagógico para publicação.

VII – Os artigos encomendados serão analisados e avaliados pelo Conselho Editorial da Revista que disporá sobre a pertinência da publicação em função da qualidade do texto.

a) em hipótese alguma os artigos encomendados serão encaminhados aos consultores e pareceristas, devendo ser analisados apenas pelo Conselho Editorial do periódico.

Parágrafo único – Exceções a estes critérios serão submetidas ao Conselho Editorial.

CAPÍTULO V

DA PERIODICIDADE E DAS SEÇÕES DA REVISTA Art. 21- A Revista da Faculdade Aldete Maria Alves terá periodicidade anual e contará com as seguintes seções:

Editorial

Estudos

- Divulga trabalhos de caráter acadêmico-científico (conforme especificado nos Art.3 e 4);

-Compor-se-á, a partir da criação das Comissões, de um dossiê com um limite de 6( seis) artigos sobre temática definida pela Comissão Editorial para cada número e de um limite de 4 (quatro) trabalhos sobre temáticas diversas dentro dos focos gerais apontados no Art. 1.

- No mínimo 50% dos trabalhos publicados no primeiro ano e 60% a partir do segundo ano deverão ser oriundos de outras instituições universitárias, institutos de pesquisa nacionais voltados para a questão pedagógico-educacional evitando-se a endogenia.

- Internamente, tem prioridade para publicação de trabalhos enviados pelos docentes vinculados à pós-graduação lato sensu da FAMA em todos os números, buscando-se uma organizada alternância entre estes autores.

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Resenha

- Produzida preferencialmente por alunos dos cursos de graduação e pós-graduação da FAMA.

Art. 22 - A revista terá, quando possível, divulgação impressa e eletrônica. §1° A revista impressa será distribuída gratuitamente, a título de permuta, para programas de pós-graduação, pró-reitorias de pós-graduação e bibliotecas de instituições de educação superior, órgãos públicos, mantendo possibilidade de subscrição para assinaturas. §2° A publicação eletrônica da revista terá acesso gratuito.

CAPÍTULO VI

DA ORIENTAÇÃO EDITORIAL

Art.23 - Serão aceitos trabalhos originais que sejam classificados em uma das seguintes modalidades: resultados de pesquisas sob a forma de artigos: ensaios; resumos de teses; dissertações; monografias; estudos de caso.

Art. 24 - O autor será comunicado do resultado da avaliação do seu trabalho em até 90 (noventa) dias.

Art. 25 - Será remetido a cada autor 01(um) exemplar em CD-Rom do número em que for publicada a sua colaboração.

Art. 26 - A publicação de artigos não é remunerada, sendo permitida a reprodução total ou parcial dos mesmos, desde que citada a fonte.

Art. 27 - Os artigos assinados deverão ser originais e serão de responsabilidade exclusiva de seus autores, não refletindo, necessariamente, a opinião da FAMA.

Art. 28 - A critério do Conselho Editorial, poderão ser aceitas e publicadas colaborações em língua estrangeira.

Art. 29 - Os originais podem ser adaptados para fins de editoração, em adequação às normas da revista.

Art. 30 - As colaborações devem ser enviadas à redação, de acordo com as normas editoriais.

Art. 31 - Toda autoria dos pareceres e dos artigos, durante o processo de avaliação, será mantida em sigilo.

Art. 32 - A submissão do artigo implica na aceitação pelos autores das normas editoriais da revista e na autorização para publicação.

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CAPÍTULO VII

DISPOSIÇÕES GERAIS E FINAIS

Art. 33 – A substituição dos membros do Conselho Editorial deve ser discutida e resolvida pelo Conselho.

Art. 34 – É vedado ao Conselho Editorial deliberar sobre propostas que importem em alteração dos objetivos e extinção da Revista. Estas somente poderão ser tomadas pela maioria dos membros do Conselho.

Art. 35 – O presente Regulamento só poderá ser modificado por maioria de 2/3 dos membros do Conselho Editorial.

Art. 36 – Este Regulamento entra em vigor a partir da data de sua aprovação pelo CONSEPE.

Art. 37 – Os casos omissos e as dúvidas suscitadas na aplicação do presente Regulamento serão dirimidos pelo Conselho Editorial da Revista Organizações e Sociedade.

Iturama-MG, 08 de Agosto de 2011.

Bácima Eliana Alves Simão – Coordenadora do Curso de Administração Janaína dos Reis Guimarães – Coordenadora do Curso de Direito

Maria José Floriano Ferracini – Coordenadora do Curso de Ciências Contábeis

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ANEXO 1

NORMAS PARA PUBLICAÇÃO DE TRABALHOS NA

REVISTA ORGANIZAÇÕES E SOCIEDADE

Políticas Regimentais

Todos os trabalhos enviados para publicação serão submetidos à avaliação do Conselho

Revisor, que poderá aprovar o trabalho da forma original, sugerir modificações ou manifestar-

se sobre sua inadequação para a publicação.

Todas as colaborações deverão se conformar ao Regimento da Organizações e Sociedades e

serão numeradas na ordem de chegada.

Os trabalhos submetidos à Revista deverão estar de acordo com os aspectos formais segundo

técnicas e procedimentos científicos, bem como padrões aplicáveis definidos pela Associação

Brasileira de Normas Técnicas - ABNT.

Orientações Gerais

As colaborações a serem publicadas na Revista Organizações e Sociedades obedecerão à

seguinte classificação:

a) Artigos originais: artigos que apresentem contribuição ao conhecimento educacional.

Incluem-se aqui os resumos de trabalhos com resultados parciais e/ou finais. Deve conter

título (em português), Autor, Resumo, Palavras-chave (três palavras), Introdução,

Metodologia, Considerações Finais e Referências Bibliográficas. Os trabalhos não devem

exceder a 15 (quinze) laudas, incluídos os anexos.

b) Editoriais: resenhas, colaborações solicitadas a especialistas, indicadas pelo Conselho

Editorial, visando analisar um tema da atualidade. Deve conter Título em Português, Autor,

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Keywords (três keywords), Texto e Referências Bibliográficas (caso necessário). Os trabalhos

não devem exceder a 10 (dez) laudas.

c) Comunicações: resenhas, artigos não originais, demonstrando a experiência de um grupo

ou de uma atividade envolvendo ações no ensino, pesquisa e exercício profissional. Deve

conter Título em português, Autor, Palavras-chave (três palavras), Introdução, Conteúdo e

Referências. Os trabalhos não devem exceder a 10 (dez) laudas, incluídos os anexos.

d) Relatos de experiências: devem apresentar indicação clara do pretendido e/ou alcançado,

demonstrando também avanços na produção de práticas extensionistas. Devem conter: Título

em português, Autor, Resumo, Palavras-chave (três palavras-chave), Texto e Referências

Bibliográficas. Os trabalhos devem ter no máximo 10 (dez) laudas, incluídos os anexos.

Critérios para Avaliação de Trabalhos

Para serem publicados na Organizações e Sociedades os trabalhos deverão obter pareceres

favoráveis, quando submetidos à apreciação do Conselho Editorial, segundo os seguintes

critérios:

a) originalidade;

b) relevância do trabalho para a difusão e o desenvolvimento dos conhecimentos

educacionais;

c) qualidade geral do texto (estrutura de apresentação, clareza da redação e correção

gramatical);

d) metodologia (adequação e profundidade coerente na abordagem do assunto);

e) bibliografia utilizada;

f) adequação às normas (ABNT e da Revista).

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Prof. Me. Eduardo Barbuio Diretora de Editoração da Revista

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SUMÁRIO

1. LEI DE TERRAS DE 1850: RAZÕES E CONSEQUÊNCIAS.................................P.03

2. A RESPONSABILIDADE CIVIL DO CONTADOR NO CÓDIGO CIVIL DE 2002 ................................................................................................................................P.16

3. ESTATUTO DO IDOSO: CONHECIMENTO DOS IDOSOS SOBRE SEUS DIREITOS

.............................................................................................................................................................P.22

4. IMPORTANCIA DO INTRA-EMPREENDEDORISMO NA GESTAO DA EMPRESA...............................................................................................................P.35

5. A FUNÇÃO SOCIAL DO CURSO DE DIREITO: A FORMAÇÃO DE PESSOAS.................P.47 6. MECANISMOS CONSENSUAIS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS PROPOSTA DE

FORMAÇÃO DE UMA REDE PÚBLICA DE COOPERAÇÃO (AS POSSIBILIDADES A PARTIR DA RESLUÇÃO 125/2010 – CNJ).........................................................P.60

7. PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL DO DIREITO A VIDA E A PROBLEMÁTICA DO ABORTO ANENCEFÁLICO....................................................................................P.74

8. PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO NAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS............................................................................................................P.88

9. PERÍCIA E LAUDO PERICIAL CONTÁBIL.............................................................P.97 10. CONTRIBUIÇÃO DA PERICIA CONTÁBIL PARA SETENÇA JUDICIAL...........P.108 11. A IMPORTÂNCIA DA INFORMAÇÃO NA CONTABILIDADE.............................P.124 12. CONSULTORIA EMPRESARIAL: UM DIFERENCIAL COMPETITIVO PARA AS

MPE’S...........................................................................................................P.132 13. IMPORTÂNCIA DO BALANÇO SOCIAL NA EMPRESA......................................P.144

14. PANORAMA E PERSPECTIVAS DA MARCA PRÓPRIA DE PRODUTOS ALIMENTÍCIOS NO BRASIL.................................................................................P.150

15. NF-E E SEUS IMPACTOS NA ÁREA CONTÁBIL...............................................P.167 16. IMPORTÂNCIA DA ANÁLISE DOS MÉTODOS DE CUSTEIO PARA CORRETA

APLICAÇÃO DE PREÇO DE VENDA AOS PRODUTOS DAS EMPRESAS..........................................................................................................P.186

17. O EMPREENDEDORISMO PRAGMÁTICO NA FORMAÇÃO DE UM SISTEMA DE

DIREITO INTERNACIONAL PARA A EFETIVIDADE DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS..................................................................................................P.207

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LEI DE TERRAS DE 1850: RAZÕES E CONSEQUÊNCIAS

Léo Huber1

Resumo: até os dias de hoje o Brasil se notabilizou pela grande concentração

fundiária. Este fato é consequência do processo histórico da formação propriedade da terra no Brasil e que em nenhum momento foi revisto em profundidade. Durante o período da colonização portuguesa a terra foi dividida em grandes sesmarias realidade que não se alterou em todo o período. Após a independência no século XIX, pressões internacionais contra a escravidão, a falta de alternativa de mão-de-obra para o latifúndio monocultural que exigia o incentivo à imigração branca européia, motivou a promulgação da Lei de Terras de 1850, que escravizou a terra e preparou o Brasil para o uso da mão-de-obra livre, sem alterar a estrutura agrária que beneficiava a oligarquia rural, que naquele momento era a maior força política. A Lei de Terras de 1850 e sua regulamentação em 1854 selaram o futuro do imigrante europeu que chegava, do negro que conquistava sua liberdade, do mestiço livre e da estrutura agrária brasileira.

PALAVRAS-CHAVE: Lei de Terras; latifúndio monocultural; concentração fundiária.

INTRODUÇÃO

O presente artigo retoma aspectos da formação da propriedade da terra no

Brasil. Toda vez que é tratada a questão da propriedade, normalmente entendida

como intocável, gera-se grande polêmica. No debate de temas como interesse

social, reforma agrária, promoção da cidadania, logo se manifestam posições de que

muito é possível desde que não se toque no que é denominado propriedade. Os

conceitos são formados historicamente e quando retomamos seu processo de

afirmação, percebemos que os mesmos estão baseados em fatos culturais, sociais e

históricos envolvidos em um jogo de interesses representados por forças políticas

em torno dos quais se construíram acordos que foram incorporados no direito

positivo2. Se atentarmos para o fato de que o direto positivo é definido com base nos

acordos historicamente construídos, é possível supor que eles seriam diferentes

1 Léo Huber, Mestre em História Social pela PUC/SP é professor na FAMA/Iturama e na UNIJALES/Jales.

2 Ver dialética em Marx e pacto social nas obras de Hobbes e Rousseau.

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dentro de outra correlação de forças políticas. O direito positivo daí resultante

também seria distinto das noções de propriedade, normalmente hoje, consideradas

“sagradas”. Diante do processo de construção histórica de um conceito, deve-se

admitir a possibilidade de adoção de outros conceitos no direito, inclusive, sobre a

propriedade. Sabemos que nenhum problema tem uma única saída e é difícil de

saber antecipadamente qual é a melhor. Quando escolhemos a solução, no caso do

direito positivado, que é uma escolha baseada numa relação de interesses

representados por forças políticas, nada nos garante que a escolha seja a melhor, o

que só poderá ser constatado a partir dos resultados3. Ao observar os resultados

que a idéia de propriedade intocável gerou na sociedade, como a grave

desigualdade social, é recomendável e, mesmo necessário, reavaliar determinados

conceitos que foram historicamente derrotados, pois nada nos garante que os

conceitos vitoriosos sejam os melhores, até mesmo por resultados desastrados que

produziram.

A FORMAÇÃO DA PROPRIEDADE RURAL NO BRASIL

O princípio da exploração colonial portuguesa sobre as terras brasileiras

iniciou-se com extração de riquezas naturais, mas que logo se revelaram nem tão

grandiosas ou volumosas quanto o esperado. Este fato obrigou os portugueses a

definir novas estratégias de ocupação da terra conquistada, como nos indica

Guimarães:

A partir do momento em que algo mais do que a riqueza extrativa passa a despertar a cobiça da metrópole portuguesa, começam a apagar-se os vínculos que nos atavam à pré-história. A transformação da terra conquistada em colônia de exploração exige novas instituições jurídicas, novas formas de propriedade que somente poderiam viçar sobre as ruínas das instituições primitivas (GUIMARÃES, 1977, p.11).

3 Ver filosofia pragmática americana com James, Dewey e Peirce..

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Como sugere Guimarães, as noções propriedade aqui instituídas tinham

pouco de original visto que originárias das “ruínas das instituições primitivas” entre

elas a experiência portuguesa de dividir as terras em capitanias hereditárias,

também conhecidas como sesmarias. A função das sesmarias,

[...] foi a de instituir um sistema de administração do território conquistado em nome da coroa portuguesa, o que incluía obviamente a distribuição da terra. A função das capitanias foi a de produzir renda para a coroa e isso dependia de trabalho, fosse qual fosse a extensão de terra. O regime fundiário implantado no Brasil, na época das capitanias, foi o regime de sesmarias, com base na lei com que o rei Dom Fernando I, o Formoso, o instituiu em Portugal mais de um século antes da descoberta, em 26 de junho de 1375. [...]Assegurava o senhorio do rei sobre o território do reino, o que lhe dava o direito, constantemente exercido, de redistribuir as terras devolutas, abandonadas ou incultas, o que foi comum no Brasil principalmente nos séculos XVI e XVII. (MARTINS, 2003, s.p.).

Pelos textos de Guimarães e Martins podemos deduzir que as primeiras

escolhas para o estabelecimento da propriedade no Brasil não representaram uma

novidade, mas a transferência de uma experiência portuguesa para terras

brasileiras. A inovação ficou por conta de que aqui estas seriam concedidas a título

perpétuo e, provavelmente influenciadas pela extensão do território brasileiro e pelos

poucos recursos humanos e financeiros portugueses, instalou-se sesmarias em

grandes propriedades de terra. Todo o território da colônia foi dividido em apenas 14

sesmarias, doadas a 12 sesmeiros. Para Germani “A filosofia da colonização era a

de plena ocupação do solo com vistas à produção para o mercado” (GERMANI,

2006, s.p.).

A divisão das terras em sesmarias, e a ausência da possibilidade de

exploração em larga escala de produtos naturais facilmente exploráveis, apontam

também que,

[...] entravam em jogo, agora, interesses e objetivos diferentes da simples aventura da conquista que havia empolgado os traficantes e mercadores. Não se tratava apenas de vir buscar e transportar para os mercados da Europa os frutos do continente descoberto e sim de fundar aqui novas fontes de riqueza com a ocupação e exploração da terra.(Guimarães (1977, p. 11)

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Guimarães nos apresenta o desafio vivido pelos portugueses para fazer sua

colônia gerar riquezas: era preciso ocupar e explorar a terra e a forma de ocupação

da terra proposta e implantada pela metrópole era a sesmaria. Contudo, sabemos da

fragilidade da presença do Estado Português em tão vasta colônia como a brasileira,

o que evidentemente resultou na incapacidade de controlar e fazer valer as

determinações da coroa. De Léry nos indica o que também ocorria em relação aos

imóveis de terra:

Consistem os imóveis deste povo em choças e terras excelentes muito mais amplas do que as necessárias à sua subsistência. (...) No que diz respeito à propriedade das terras e campos, cada chefe de família escolhe em verdade algumas jeiras onde lhe apraz, a fim de fazer suas roças e plantar a mandioca e outras raízes (DE LÉRY, 1960, p.207-208).

O autor apresenta uma forma de apropriação através da pura e simples posse

da terra em confronto e discordância ao que determinava a metrópole. O vasto

território e a fragilidade da presença do estado permitiam a alternativa de escolher

uma área de terras onde melhor conviesse e ali plantar “mandioca e outras raízes”.

O tipo de lavoura apresentada por De Léry no sugere também algo que merece

destaque: a exploração da terra da colônia brasileira era para o abastecimento do

mercado europeu4 e os produtos que interessavam a este mercado certamente não

eram “mandioca ou outras raízes”, mas açúcar primeiramente, depois ouro, seguido

pelo algodão e mais tarde a lavoura de café. Podemos intuir então que a posse de

terras que se formava à margem do sistema de sesmaria era basicamente de

agricultura familiar voltada para a produção de alimentos para a própria subsistência,

ou no máximo voltados ao mercado interno, pouco representativo.

Martins nos apresenta um outro dado sobre esta conjuntura e que corrobora

com nossa teoria:

4 Ver mais em PRADO JÚNIOR, C. Formação do Brasil contemporâneo. 23. ed. São Paulo:

Brasiliense, 2007.

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No processo formal de obtenção das sesmarias, o futuro sesmeiro ocupava a terra, abria sua fazenda e só então tinha a credencial para obter a concessão e legitimação da propriedade. O emprego útil da terra era a base da legitimação, mas não para todos. Se a ocupação era realizada pelo fazendeiro levava a legitimação através do título de sesmaria; mas não ocorria o mesmo com a ocupação dos trabalhadores livres ou dos mestiços, que dificilmente eram legitimados como sesmeiros. (MARTINS, 1981, p. 35).

O estudo apresenta que quando a posse era de uma grande extensão de

terra, esta normalmente se tratava de um sujeito com “credencial para obter a

concessão” transformando sua posse em sesmaria. Segundo Martins, mesmo não

ocorria com os outros que ele denomina de “trabalhadores livres ou dos mestiços”,

e, segundo o mesmo autor, não teriam credencial para conseguir o título de

sesmeiro. O que seria esta credencial não está claro no estudo, mas, considerado o

contexto, permite intuir que poderia ser a falta de proximidade com a nobreza

imperial ou a ausência de conhecimento da necessidade da busca do título de

sesmeiro, visto que a grande maioria da população colonial ela iletrada, ou ainda, a

presença de valores culturais diversos que sugerissem ao posseiro que a simples

exploração era o suficiente para comprovar sua propriedade.

Cirne Lima nos dá outros elementos que ajudam a afirmar que as posses de

terras não tituladas no Brasil Colônia eram comumente de pequena extensão. Ela

nos assevera que apoderar-se das terras devolutas e cultivá-las torna-se algo

corrente entre os nossos colonizadores e que,

[...] A sesmaria é o latifúndio, inaccessível ao lavrador sem recursos. A posse é, pelo contrario – ao menos nos seus primórdios – a pequena propriedade agrícola, criada pela necessidade, na ausência de providência administrativa sobre a sorte do colono livre e vitoriosamente firmada pela ocupação (CIRNE LIMA apud GUIMARÃES, 1977, p.114).

A ausência de um poder regulador da coroa portuguesa gerou uma situação

caótica e em 1822, foi julgado melhor “não fazer mais concessões de terras por titulo

de sesmaria, porque a experiência havia mostrado que produziam elas mais

desordens entre os cultivadores e punham cada vez mais duvidosa a propriedade

territorial” (MENEZES apud GUIMARÃES, 1977, p. 58). Chega-se mesmo a extinguir

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o regime de sesmarias pela Resolução de 17 de julho de 1822, ano da proclamação

da independência política do Brasil até a convocação da Assembléia Geral

Constituinte e Legislativa.

Segundo Guimarães (1977) em 1845, em Minas Gerais aproximadamente

45% das terras cultivadas correspondiam a posses e parcelamentos arbitrários. O

mesmo não era tão comum no nordeste onde as bases do latifúndio colonial de

produção de açúcar estavam bem arraigadas e legitimadas e a posse da terra não

alcançou dimensões tão expressivas.

PRADO JUNIOR (1978), foca que a agricultura colonial se desenvolveu

baseado no tripé latifúndio, monocultura e trabalho escravo. Não se tem segurança

quanto à data em que chegaram os primeiros escravos ao Brasil, mas segundo o

mesmo autor estes vieram já na primeira expedição oficial de colonização, em 1532.

Para Germani (2006) escravo africano foi a força de trabalho de todo o sistema

implantado na colônia: primeiro nos engenhos, depois nas minas de ouro e mais

tarde nas fazendas de algodão e café. Tudo o que se produzia neste período teve a

marca do suor e do sangue do negro, obtido através do trabalho escravo.

Depois de três séculos, durantes os quais segundo Priore e Venâncio (2003),

cerca de seis milhões de escravos foram traficados para o Brasil, em 1831 decretou-

se formalmente a proibição do tráfico de escravos. Porém, esta proibição tornou-se

mais rigorosa em 1850, devido à pressão da Inglaterra. Ainda assim, depois desta

data, segundo estes mesmos autores, mais de 50 mil foram contrabandeados e

empregados como escravos em flagrante desrespeito ao que determinava a lei.

Todavia, o fim da escravidão estava colocado em horizonte próximo. A resistência

negra criava embaraços e perigos, a consciência liberal, que se arraigara em boa

parte da burguesia nascente, não admitia a existência de escravos. O

desenvolvimento do sistema capitalista exigia a formação de uma massa de

consumidores o que não se daria sob o regime de escravidão.

Estavam colocados os desafios do momento de transição entre o trabalho

escravo para o livre. Nesta mudança se destaca a preocupação com a mão-de-obra

necessária para a continuidade da produção agrícola no latifúndio monocultural que

exigia o emprego de trabalhadores. Apresentou-se a alternativa de incentivar a

imigração de mão-de-obra branca e livre. Segundo Cirne Lima (1985), para que este

trabalhador livre que aqui chegando não se apossasse da terra, foi necessário

aumentar o valor das terras e dificultar, em conseqüência, sua aquisição. A Lei de

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Terras de 1850 de fato obrigou imigrante europeu, branco e pobre, a vender sua

força de trabalho, pelo menos por algum tempo, antes de ganhar meios de se fazer

proprietário.

O Deputado Souza Franco, citado por Gadelha (1989) num discurso oficial

em 1843 manifestou a preocupação que atormentava a elite agropecuária:

[...] em um pays onde ha terrenos vastos, e uma população muito minguada, o meio mais efficaz de promover a colonização é encarecer as terras, de maneira que sem impossibilitar aquelles que têm capitaes para comprá-las, de tirar de sua cultura avantajados lucros, inhiba todavia aos colonos que não trazem outro capital senão os seus braços de se fazerem logo proprietários de terras e cultiva-las por sua propriu conta.

... [...] queremos que d'ora em diante ninguem possa occupar e trabalhar ternis devo lutas, senão comprando-as ao governo, queremos evitar que trabalhadores livres, que nos vierem de outras partes do mundo possão chegar ao Brazil e em lugar de trabalhar por conta dos proprietários de terras por algum tempo ao menos [ ... ], achem logo terras devolutas que vão trabalhar por sua propria conta [ ... ] e concorrão assim para a ruina dos actuaes proprietários que, por falta de braços, não poderão cultivar as terras que possuem'.

... Com o produto da venda de terras o Governo poderia subvencionar a imigração" uma outra vantagem [... ] é dar ao governo meios de importar colonos que venhão prestar serviços e trabalhos por conta dos proprietários que já existem, e que com o producto de seu trabalho accumulem um capital com que possão fazer fortuna e tomarse proprietários (GADELHA, 1989, p. 153-162).

A preocupação do Deputado Souza Franco fica evidenciada em seu

pronunciamento. Embora na parte citada não faça nenhuma referência ao fim da

escravidão ele está preocupado com a mão-de-obra para a produção agrícola. Se as

terras continuassem livres, passíveis de ocupação sem custos, como ocorria

naquele momento, os imigrantes, também livres, chegariam e não se submeteriam à

exploração pelo assalariamento, ou outras formas de contratação como o colonato.

Era necessário fechar-se a aquisição da terra por meio de um encarecimento

artificial, obrigando os imigrantes europeus livres a se sujeitarem à condição de

vendedores de força de trabalho. O mesmo Deputado visualiza outra vantagem na

venda das terras. Elas poderiam fornecer os subsídios necessários para estimular e

financiar a imigração do trabalhador livre. Em seu pronunciamento não aparece a

figura do futuro trabalhador negro e livre. Em parte isto aponta para o lugar que se

reservava para o negro após a escravidão: a marginalização e exclusão social.

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Porém, outros autores nos alertam sobre o futuro trabalhador negro e livre que

também deveria ter cerceado seu acesso a terra para que sua força de trabalho

continuasse disponível para o latifúndio monocultural.

A conjuntura brasileira na primeira metade do século XIX, no entendimento

das elites agrárias, exigia uma resposta contundente para o problema da

propriedade da terra e especialmente para a escassez de mão-de-obra empregável

nas grandes propriedades agrícolas. A resposta encontrada veio a Lei nº 601, de 18

de setembro de 1850, conhecida como a Lei de Terras, que dispõe sobre as terras

devolutas no Império do Brasil.

A Lei de Terras no seu artigo 1º declara que “ficam proibidas as aquisições de

terras devolutas por outro titulo que não seja o de compra”. E no artigo 2º determina

que

[...] os que se apossarem de terras devolutas ou alheias, e nelas derrubarem matos ou lhes puserem fogo, serão obrigados a despejo, com a perda de benfeitorias, e demais sofrerão a pena de dois anos a seis meses de prisão e multa de 100$, além da satisfação do dano causado... (Lei 601/1850, Art. 2º).

Os dois primeiros artigos atendem diretamente aos objetivos principais

colocados pela conjuntura brasileira da metade do século XIX. O primeiro define que

a única possibilidade de se tornar proprietário de terras devolutas é pela compra, o

que elimina a possibilidade do imigrante pobre trazido da Europa se tornar

proprietário. Suprime ainda o risco do escravo liberto não se submeter ao

assalariamento, apossando-se de terras devolutas para delas tirar seu sustento.

Carvalho (1988) também destaca que a motivação principal da adoção da lei estava

nos desdobramentos da cessação do tráfico de escravos e no desejo de estimular a

imigração estrangeira. O artigo segundo, embora expresse também outras

preocupações, permite a regularização das posses de terras até então existentes

mediante a apresentação de título.

Este precedente dará origem ao intenso processo de grilagem de terras

caracterizado especialmente pela falsificação de títulos sobre áreas rurais que de

fato não pertenciam aos requerentes. O termo grilagem originou-se do uso de uma

caixa com grilos onde colocavam o documento falsificado. Os grilos comendo o

papel e defecando sobre ele permitia a difusão da falsa idéia de que o documento

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era antigo. A falsificação de documentos permite que o falso titular se apresente

como legítimo dono de área já ocupada por outros posseiros. Estes posseiros que

praticavam uma cultura familiar, por falta de condições e provavelmente também por

falta de informação, não tomaram providências para a regularização de suas posses.

O processo de grilagem gerou um grande conflito de terras pelo interior do país com

o enfrentamento entre jagunços, contratados pelos grileiros para “limpar” suas terras

e os antigos posseiros, que insistiam em permanecer nos seus domínios5.

No entendimento de Graziano da Silva “a Lei de Terras tem uma importância

crucial na história brasileira na medida em que, através dela, se institui,

juridicamente, uma nova forma de propriedade da terra: a que é medida pelo

mercado”. Continua afirmando que aquele instrumento legal “significou, na prática, a

possibilidade de fechamento para uma via mais democrática de desenvolvimento

capitalista, na medida em que impediu ou, pelo menos, dificultou o acesso à terra a

vastos setores da população” (SILVA 1980, p. 25-26). O pesquisador nos aponta

para o caráter conservador da Lei de Terras criada em um momento em que a

revolução industrial já dera impulso fundamental no desenvolvimento do capitalismo.

Porém, a elite agrária brasileira, dominante no cenário político da época, mantém-se

preso a sua visão estreita de garantir privilégios, restringir o acesso à terra e com ela

condenar à pobreza a maioria do povo brasileiro. Isso, por sua vez, não gera um

mercado consumidor interno, impede o desenvolvimento capitalista local e reafirma

nossos laços de dependência do mercado consumidor externo e obriga o Brasil à

importação dos produtos industrializados.

Estranhamente se para o trabalhador livre, o mestiço, o negro alforriado, o

futuro negro liberto, o imigrante europeu pobre, esta lei significou o “cativeiro” da

terra, para a elite local representou a liberdade de continuar a impor seus interesses

a todo o país. Ao refletir sobre este aspecto da Lei de Terras que Ligia Osório Silva

afirma que “Os desdobramentos deste efeito da Lei de 1850 não seriam

necessariamente negativos, caso não tivessem beneficiado quase exclusivamente

os grandes proprietários rurais e, ao contrário, servissem para democratizar o

acesso a terra” (SILVA, 1997, s.p.).

5 Ver mais em: BRASIL, O Livro Branco da Grilagem de Terra no Brasil. Ministério da Política

Fundiária e do Desenvolvimento Agrário/ Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, s/d,

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Sobre a mesma Lei de Terras, Silva também foca o aspecto da “necessidade

de proceder ao ordenamento jurídico da propriedade da terra, passo importante na

consolidação do Estado imperial e indispensável no combate às disputas de terras

que se multiplicavam entre sesmeiros e posseiros” e continua afirmando que:

[...] a Lei de 1850 desempenhou o importante papel de delimitar o espaço de relacionamento entre o poder público e os proprietários de terras, estabelecendo as normas pelas quais os sesmeiros em situação irregular e os posseiros transformar-se-iam em proprietários de pleno direito das terras que ocupavam (SILVA, 1996, p. 81-82).

O destaque nesta citação é para a ausência da consolidação do Estado

imperial que não tinha ainda instrumentos legais que lhe garantissem a possibilidade

de intervir e ordenar a propriedade da terra. A Lei de Terras deu ao Estado este

instrumento, embora em detrimento da maioria da população e contrário ao que se

exigia em termos de condições para o desenvolvimento, modernização e

industrialização do Brasil.

O caráter antidemocrático da Lei de Terras é também apontado por Martins

ao escrever que ela,

[...] foi um instrumento legal que assegurava o monopólio de classe sobre as terras de todas as regiões do país, inclusive das que ainda não tinham sido ocupadas economicamente. Com ela impossibilitava-se o acesso do lavrador pobre a terra, impedindo-o de trabalhar para si mesmo e obrigando-o a trabalhar para os grandes proprietários (MARTINS 1985, p.237).

Diante da crise do trabalho escravo não bastava a imigração estrangeira. Era

necessário garantir que o imigrante estrangeiro estivesse disponível para as

necessidades do latifúndio monocultural, coisa que dificilmente ocorreria se tivesse

liberdade de acesso a terra. No seu artigo 18, a Lei de Terras menciona diretamente

a questão da imigração e autorizava ao governo “a mandar vir anualmente à custa

do tesouro certo número de colonos livres para serem empregados pelo tempo que

for marcado em estabelecimentos agrícolas...”

Em 1854, após a promulgação da Lei de Terra, esta foi regulamentada pelo

decreto 1318. O regulamento determinava que a partir de um prazo a ser fixado,

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todos os possuidores deveriam registrar suas terras. Para realizar esse registro

deveria procurar a paróquia onde se localizavam propriedade.

A Igreja por estar em praticamente todo o país, tinha as paróquias como um

local apropriado para o proprietário atender a obrigatoriedade de registrar sua terra:

“os vigários paroquiais eram responsáveis de receber as declarações com duas

cópias, possuindo, o nome da terra possuída; designação da freguesia em que está

situada; o nome particular da situação, se o tiver; sua extensão se for conhecida, e

seus limites” (MOTTA, 1998, p. 161).

Segundo Thomas H. Holloway (1984), a Lei de 1850 e sua regulamentação

em 1854 fracassaram. Poucas sesmarias foram revalidadas ou posses foram

legitimadas, conforme exigia lei. O governo imperial abandonou a inspeção de terras

públicas em 1878, depois de ter realizado pouquíssimo para impor a lei. Contudo,

fora criado o precedente que desencadeou no longo conflito entre grileiros e

posseiros que ainda se manifesta em regiões mais distantes no tempo presente.

Dedicamos um último espaço ainda que restrita ao indígena. O artigo 72 do

Regulamento nº. 1318 de 1854,

[...] determinava que fossem reservadas das terras devolutas aquelas necessárias para colonização e aldeamento de indígenas nos distritos onde existirem hordas selvagens. Ora, reservar das terras devolutas significa abstrair destas últimas as ocupadas por hordas selvagens para sua colonização e aldeamento (AZANHA, 2001. s.p.).

O regulamento expressa uma preocupação com o destino das terras

ocupadas por indígenas. Porém, não observamos na ação do Estado uma

intervenção que garantisse o direito previsto na Lei. O artigo 73 do regulamento de

1854 determinava a medição das terras da província "onde existirem hordas

selvagens" para reservar as terras para seu aldeamento. O artigo 75 orientava ainda

que "as terras reservadas para colonização de indígenas (...) são destinadas ao seu

usufruto e não poderão ser alienadas enquanto o Governo Imperial não lhes der o

pleno gozo delas...". O texto do regulamento expressa nitidamente que as terras das

"hordas selvagens" não se confundiam, portanto, com as devolutas porque não

poderiam ser alienadas. Mas como destaca Azanha (2001) esta confusão se deu em

benefício mais uma vez da oligarquia agrária e a realidade atual vivida pelos

indígenas é a comprovação mais efetiva do que ocorreu.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Atualmente a discussão sobre propriedade da terra no Brasil, a desigualdade

social, os conflitos agrários, a reforma agrária, as políticas de inclusão social e

outros temas, não alcança a real profundidade do problema quando não passa

também pela história da formação da propriedade no Brasil, a quem esta beneficiou,

a quem esta excluiu e que conseqüência esta tem na realidade atual.

É comum se pensar o futuro apenas na realidade do presente sem atentar

para a dívida que a sociedade tem com setores que foram marginalizados.

Reconhecer os processos de marginalização de que foram vítimas as maiorias

populares, permite reconhecer que a sociedade tem uma dívida histórica com estes

segmentos sociais. Esta dívida pode ser sanada com ações efetivas de apoio e

inclusão dos setores excluídos. A indignação que com freqüência se manifesta em

relação às políticas afirmativas, perde a razão quando nos apercebemos do

processo histórico que marginalizou estes mesmos sujeitos.

REFERÊNCIAS: AZANHA, Gilberto. A Lei de Terras de 1850 e as Terras dos Índios. 2001. Disponível em http://www.trabalhoindigenista.org.br/Docs/terra.pdf. Acesso em 06/07/2010. CARVALHO, J.M. Teatro de sombras: a política imperial. Rio de Janeiro, Ed. Vértice/Iuperj, 1988. GADELHA, Regina Maria d'Aquino Fonseca. A Lei de Terras (1850) e a Abolição da Escravidão; Capitalismo e Força de Trabalho no Brasil do Século XIX. R. História, São Paulo. 120, p. 153-162, jan/jul. 1989. GERMANI Guiomar Inez. Condições históricas e sociais que regulam o acesso a terra no espaço agrário brasileiro. GeoTextos, vol. 2, n. 2, 2006. GUIMARÃES, Alberto Passos. Quatro séculos de latifúndio. 4 ed., Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977. DE LÉRY, Jean. Viagem à terra do Brasil. São Paulo: Livraria Martins, 3 ed. 1960.

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HOLLOWAY, Thomas H. Imigrantes para o café: café e sociedade em São Paulo, 1886-1934. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1984. MARTINS, José de Souza. Del esclavo asalariado em lãs haciendas de café, 1880-1914. La gênesis del trabajador volante. In: SANCHEZ-ALBORNOZ, N (comp.). Población y mano de obra en América Latina. Madrid: Alianza Editorial, 1985. ______. Os camponeses e a política no Brasil. Petrópolis: Vozes, 198l. ______. A reforma agrária no segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso, 2003, disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-20702003000200006&script=sci_arttext&tlng=en, acesso em 24/07/2010. MOTTA, Márcia M. Menendes. Nas fronteiras do poder: conflito e direito à terra no Brasil do século XIX. Rio de Janeiro: Arquivo Público do Rio de Janeiro, 1998. PRADO JUNIOR, Caio. História Econômica do Brasil. 21 ed. São Paulo: Brasiliense, 1978. PRIORE, Mary Del; VENANCIO, Renato Pinto. Ancestrais. 5 ed. São Paulo: Campus, 2003. SILVA, José Graziano da. Estrutura Agrária e produção de subsistência na agricultura brasileira. São Paulo: Hucitec, 1980. SILVA, Ligia Osório. As leis agrárias e o latifúndio improdutivo. São Paulo em Perspectiva, vol.11, n.2, abril-junho 1997, pp.15-34. _______. Terras devolutas e latifúndio: efeitos da lei de 1850. Campinas: Editora da Unicamp, 1996, p. 81.

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A RESPONSABILIDADE CIVIL DO CONTADOR NO CÓDIGO CIVIL

DE 2002

Alessandro Martins Prado

6

RESUMO: o presente artigo aborda de forma objetiva as mudanças ocorridas com a entrada

em vigor em janeiro de 2003, da Lei nº 10.406 de 2002, que estabeleceu o novo Código Civil,

notadamente a respeito da responsabilidade civil dos contadores que assistiram suas

responsabilidades serem majoradas com o advento desta lei.

PALAVRAS-CHAVE: contador, código civil, responsabilidade civil.

INTRODUÇÃO

O legislador brasileiro finalmente reconheceu a importância do Contador e

conseqüentemente da atividade contábil, o que foi expressamente registrado no texto da Lei nº

10.406 de 2002, que estabeleceu o novo Código Civil, que entrou em vigor em janeiro de

2003.

Como não podia deixar de ser, referida valorização é seguida do aumento

considerável da responsabilidade do contador, que deverá adotar algumas medidas de

salvaguardas para evitar aborrecimentos futuros, principalmente na área da responsabilidade

civil, o que infelizmente não exime este profissional de responder também na esfera criminal

em alguns casos.

Neste artigo trataremos das conseqüências legais referentes à majoração

responsabilidade civil do contador.

6 Procurador Jurídico do IPASM – Instituto de Previdência e

Assistência Social Municipal de Jales, Advogado, Especialista em Direito Civil e Processual Civil,

docente em várias disciplinas dos Cursos de Administração de Empresas, Ciências Contábeis e Direito

da Faculdade Aldete Maria Alves de Iturama/MG, é Coordenador da Revista Jurídica e do Cine-Fama

e Docente da Fundap – Fundação do Desenvolvimento da Administração Pública do Estado de São

Paulo.

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DOS CONCEITOS JURÍDICOS

Antes de adentrarmos propriamente dito no assunto, cumpre elucidarmos

alguns conceitos jurídicos que possibilitarão ao leitor maior compreensão da matéria.

Juridicamente falando, existem meios de se verificar a intenção do causador

de um dano, para posteriormente ser aplicada à pena cabível. Assim, existe considerável

diferença entre o causar um dano com intenção, ou seja, com vontade, sem vontade de fazê-lo,

ou até mesmo, não tendo vontade, porém, assumindo o risco do resultado.

Assim, diz-se que quando alguém teve vontade de causar um dano à outra

pessoa, houve por parte do causador do dano o dolo, a intenção de causar o dano. Por outro

lado, um dano pode ser causado a alguém, sem que o causador do dano tivesse a intenção de

provocar aquele resultado, estaríamos assim, falando da culpa.

A culpa por sua vez é divida em três espécies: por imperícia, ou seja, a

inaptidão, ignorância, falta de qualificação técnica, ausência de conhecimentos elementares

básico, é a pessoa que se propõe a fazer um serviço e não tem o domínio suficiente das

técnicas necessárias para realizar o trabalho, como exemplo podemos citar uma pessoa que

faz a contabilidade de uma empresa sem possuir diploma de contador; por negligência, ou

seja, exercer a profissão com descuido, assim, embora seja o profissional formado e capaz,

age com negligência quando executa o trabalho com falta de cuidado, com omissão de

cuidados que devem ser seguidos; ou ainda por imprudência, que é caso de um profissional

que até possui a técnica necessária, porém, age sem a observância de cuidados, de precauções

para evitar a ocorrência de um dano, podendo ser citado como exemplo o médico que faz uma

cirurgia sem esterilizar seus instrumentos, ou o contador que faz o levantamento contábil de

uma empresa sem manter-se atualizado com as mudanças legais.

Existe ainda um tipo de dano em que o causador não queria provocar o

resultado, porém, assumiu todos os riscos de provocar o dano, é chamado pela ciência jurídica

de dolo eventual e ocorre, por exemplo, quando o sujeito embriagado atropela alguém, apesar

de não querer atropelar uma pessoa, dirigiu embriagado, mesmo sabendo que as chances de se

atropelar alguém nessas condições aumentam consideravelmente.

Para nós, o que importa é se houve dolo ou culpa, ou seja, se o contador teve

intenção de provocar um dano ou se agiu com culpa deixando de tomar cuidados, sendo

imperito ou até mesmo sendo conivente com a atitude muitas vezes fraudulenta do

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empresário, questões essas que serão fundamentais para apurar a responsabilidade do

contador, como preposto do empresário.

DA RESPONSABILIDADE DO CONTADOR PROPRIAMENTE DITA

O Código Civil atual prevê em seu artigo 1.182 que a escrituração de uma

empresa ficará sob a responsabilidade de contabilista legalmente habilitado, ou seja, de

Bacharel em contabilidade com diploma registrado de faculdade reconhecida pelo MEC,

senão vejamos:

Sem prejuízo do disposto no artigo 1.174, a escrituração ficará sob a

responsabilidade de contabilista legalmente habilitado, salvo se

nenhum houver na localidade.

Ora, aqui está o maior exemplo da valorização da atividade contábil pelo

legislador brasileiro, que fez questão de estabelecer que a partir da entrada em vigor do novo

Código Civil, a prática contábil só poderá ser exercida por profissional formado em

contabilidade, a não ser que não haja na localidade um bacharel em contabilidade, admitindo-

se assim que a escrituração contábil de uma empresa seja realizada por leigo.

Isto implica em dizer que o exercício de escrituração contábil por

profissional inabilitado passou a configurar o crime de exercício ilegal da profissão, a partir

de janeiro de 2003.

Não obstante, como já dissemos, apesar de ter valorizado a classe, o

mesmo legislador aumentou consideravelmente a responsabilidade dos contabilistas ao

estabelecer o artigo 1.177 do Código Civil, Seção III, intitulada de “Do contabilista e outros

auxiliares”, senão vejamos:

Os assentos lançados nos livros ou fichas do preponente, por qualquer

dos prepostos encarregados de sua escrituração, produzem, salvo se

houver procedido de má-fé, os mesmos efeitos como se fossem por

aquele.

Parágrafo único. No Exercício de suas funções, os prepostos são

pessoalmente responsáveis, perante os preponentes, pelos atos

culposos; e, perante terceiros, pelos atos dolosos.

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Antes de continuarmos os comentários vale lembrar que quando o

legislador usa a palavra preponente, ele está se referindo ao empresário que contrata os

trabalhos do contador e quando utiliza a palavra preposto, esta se referindo ao contador

contratado pelo empresário.

Assim, logo de início, o artigo 1.177 do Código Civil diz que quando o

contador realizar a escrituração de uma empresa, agindo de boa-fé e com os devidos cuidados,

aqueles lançamentos serão considerados como se realizados pelo próprio empresário que

contratou os serviços do contabilista. Aqui não há nenhuma novidade e nenhum risco para o

contabilista que trabalha de boa fé.

Já o parágrafo único do mesmo artigo diz que o contabilista que agir com

culpa e causar danos ao empresário que contratou seus serviços, será pessoalmente

responsável em pagar os prejuízos apurados.

Logo, se age culposamente, o contabilista deve pagar para o empresário

contratante de seus serviços qualquer dano que tenha causado a ele, não sendo responsável

aqui a pagar prejuízos causados a terceiras pessoas que não seja o contabilista e o empresário.

Por outro lado, agindo o contador com dolo, ou seja, com intenção de

causar danos ao empresário, ficará responsável a pagar os danos que foram provocados ao

empresário contratante de seus serviços e a qualquer pessoa que tenha também sofrido danos

em razão da atividade contábil.

Percebe-se assim, que para evitar de causar dano ao empresário

contratante, o contador deve agir com muita perícia e cuidado, e, para evitar de ser

responsabilizado perante o empresário e terceiros, nunca poderá agir com dolo, ou seja,

intenção de causar dano ao empresário.

Outro fator de preocupação está estampado na previsão legal do artigo

1.178 do mesmo estatuto legal:

Os preponentes são responsáveis pelos atos de quaisquer prepostos,

praticados nos seus estabelecimentos e relativos á atividade da

empresa, ainda que não autorizados por escrito.Parágrafo único.

Quando tais atos forem praticados fora do estabelecimento, somente

obrigarão o preponente nos limites dos podres conferidos por escrito,

cujo instrumento pode ser suprido pela certidão ou cópia autêntica de

seu teor.

Aqui o legislador tratou de duas formas diferentes a responsabilidade do

contabilista. Na primeira parte do artigo, o empresário que contrata os serviços de um

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contador fica responsável por todas as atividades praticadas por esse contador na sede de sua

empresa.

Assim, o empresário ficará responsável por qualquer atividade praticada

pelo contador, desde que exercidas nas dependências da empresa, mesmo que o contador

praticar um ato que não havia sido solicitado pelo empresário, este responderá por eventuais

prejuízos que aquele ato possa causar.

Não obstante, e aqui está nossa preocupação, geralmente os serviços de

contabilidade são realizados nas dependências de escritórios de contabilidade, e não nas

dependências da empresa, e, assim sendo, o contador deve realizar apenas os atos solicitados e

autorizados pelo empresário, sob pena de ser responsabilizado por atos praticados que não

tenham sido solicitados expressamente pelo contratante dos serviços, por ter agido com abuso

de direito, em ocorrendo o abuso de direto, ou seja, praticando o contador ato que foge ao que

foi solicitado pelo empresário, e, havendo desse a ocorrência de um dano, o contador será

pessoalmente responsável em reparar referido dano ao contratante de seus serviços ou a

terceiros.

Logo, o profissional contábil, ao aceitar serviços que serão realizados na

sede de seu escritório contábil, deverá redobrar os cuidado para evitar qualquer tipo de

aborrecimento futuro.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Verifica-se que houve uma importante valorização da atividade contábil e

do profissional contador pelo legislador brasileiro e conseqüentemente um razoável aumento

das responsabilidades a serem assumidas por parte deste profissional.

Assim, o mesmo código que estabelece a obrigatoriedade da escrituração

contábil realizada por profissional legalmente habilitado (Bacharel em contabilidade),

determina que as atividades por este exercidas são consideradas como se exercidas pelo

próprio empresário que contratou os serviços contábeis, podendo o contador responder

solidariamente e até mesmo pessoalmente por danos que causar em razão de culpa, dolo, ou

até mesmo abuso de direito.

Logo, o que se orienta é que o contador, além de praticar suas atividades

com perícia e zelo, passe a formular contratos de prestação de serviços contábeis, ficando

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expressamente delimitada as suas funções e assim sendo, suas responsabilidades, de modo a

evitar aborrecimentos futuros.

REFERÊNCIAS

AZEVEDO, Álvaro Villaça. Código civil comentado e legislação complementar. São Paulo:

Atlas: 2004.

BRASIL, Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002, que estabeleceu o novo Código Civil

Brasileiro.

FABBRINI, Isidoro. Assessoria contábil para advogados das áreas comercia e empresarial.

São Paulo: Atlas, 2003.

VIANA PINTO, Eduardo. Responsabilidade Civil de acordo com o novo Código Civil. Porto

Alegre: Síntese: 2003.

VENOSA, Silvio de Salvo Venosa. Direito Civil. 4ª ed, São Paulo: Atlas, 2004.

ORLANDO, Soares. Responsabilidade Civil no Direito Brasileiro: teoria, prática forense e

jurisprudência. Rio de Janeiro: Forense, 1999.

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ESTATUTO DO IDOSO: CONHECIMENTO DOS IDOSOS

SOBRE SEUS DIREITOS

Lucineide Antunes Savazi e Covizzi7

Telma Pereira Silva e Souza8

Érica Cristina Molina dos Santos9

Diego Lelis Ferreira10

RESUMO: uma população que, com certeza, é muito peculiar em suas necessidades e

direitos é a idosa. Na história mundial, relatos antigos já expressavam preocupações quanto

aos cuidados, ao relacionamento familiar e às questões éticas no processo de envelhecimento.

O envelhecimento populacional é uma realidade mundial, tanto dos países desenvolvidos,

quanto dos países do terceiro mundo. Objetiva-se com este trabalho o exame das

oportunidades, problemas e desafios de uma proteção social efetiva para a população idosa.

Engloba-se as políticas públicas, as redes de atendimento e os responsáveis pela aplicação e

efetividade da proteção ao idoso, especialmente a família como principal fonte informal de

apoio à população idosa. Os idosos são, na grande maioria, dependentes, sendo a falta de

autonomia para lidar com as atividades da vida diária e a ausência de rendimentos, fatores

determinantes para esta dependência.

PALAVRAS-CHAVE: Idoso, Estatuto, Efetividade.

INTRODUÇÃO

Por décadas, a população idosa brasileira foi tratada de forma igualitária pela

legislação, como qualquer outro cidadão comum, não a diferenciando face as suas

peculiaridades. Foram várias as tentativas para que tal realidade fosse modificada, mas foi a

partir da década de 70 que, após o I Seminário Nacional de Estratégias de Políticas para o

Idoso, foram organizados movimentos em prol dos idosos, levando ao surgimento de leis e

políticas específicas a eles, culminando na criação da Lei nº. 10.741/2003, o Estatuto do

Idoso, que garante:

7 Estudante, Bacharel em Direito, da FAMA de Iturama-MG.

8 Estudante, Bacharel em Direito, da FAMA de Iturama-MG.

9 Professora, especialista em Direito Civil e Direito Processual Civil, docente no curso de Direito da Faculdade

Aldete Maria Alves – FAMA de Iturama-MG. 10

Mestre em Ciências da Saúde, Especialista em Docência no Ensino Médio e Superior, Especialista em Saúde

Coletiva, Coordenador de Pesquisa, Extensão e Pós-graduação da Faculdade Aldete Maria Alves

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O idoso goza de todos os direitos fundamentais à pessoa humana (...)

assegurando-se-lhe por lei ou por outros meios, todas as facilidades, para

preservação de sua saúde física e mental, seu aperfeiçoamento moral,

intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade. Sendo

obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público

assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à

saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho,

à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e

comunitária (BRASIL, 2003, s.p.).

Até a criação do Estatuto do Idoso, várias leis foram disciplinadas no intuito de

regulamentação dessa parcela da sociedade tão necessitada de regras especiais. Muitos dos

direitos assegurados no Estatuto do Idoso foram disciplinados, anteriormente à sua criação,

por outras leis ordinárias. Assim, o referido estatuto, contemplou as leis já existentes,

organizando-as, e criou outros direitos, ficando mais prática sua compreensão e aplicação.

Nesse sentido, percebe-se que o idoso brasileiro está bem amparado e com seus

direitos assegurados. Porém, a aplicabilidade do estatuto ainda não é eficiente.

O tema proposto se torna relevante porque o envelhecimento populacional é uma

realidade mundial, já que pesquisas constatam que há um crescimento mais elevado da

população idosa em relação aos demais grupos etários.

Desta forma, o Estatuto do Idoso veio suprir uma lacuna da lei e disciplinar uma

parcela da sociedade tão importante e em crescimento. O sistema de proteção ao idoso foi

ampliado, caracterizando assim uma mudança de paradigma, já que estabelecido em prol da

efetivação da igualdade material.

OBJETIVOS

O objetivo deste trabalho foi apresentar a tutela protetiva aos idosos, fazendo-se uma

análise da legislação e da dificuldade de aplicabilidade efetiva de referida tutela.

Pretendeu-se uma apresentação da realidade da população idosa brasileira, com análise

das políticas públicas e de outros fatores determinantes que levam à dependência dos idosos.

Ainda, analisa-se a obrigação da família, principal rede de apoio informal, para a população

idosa.

METODOLOGIA

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O presente estudo foi desenvolvido com o levantamento de dados encontrados na

literatura já existente. Trata-se da primeira etapa de uma pesquisa de iniciação científica

voltada para traçar um perfil do idoso da região de Iturama-MG e seu conhecimento a respeito

da legislação.

Foram realizadas pesquisas bibliográficas em doutrinas, legislação e artigos jurídicos e

científicos. Na biblioteca da Faculdade Aldete Maria Alves-FAMA, foram consultados livros

e revistas. Nas bases de dados da internet, foram consultados artigos que abordam direta ou

indiretamente os principais aspectos envolvidos com o tema.

Conforme ensina Gil (2002) “a pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de

material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos”.

O ENVELHECIMENTO POPULACIONAL

O envelhecimento populacional é uma realidade mundial, tanto dos países

desenvolvidos, quanto dos países do terceiro mundo. Os fatos geradores responsáveis pelo

envelhecimento são discutidos, com especial referência a baixa taxa de fecundidade como

também o aumento da perspectiva de vida.

A população mundial esta envelhecendo rapidamente. A continuar nesse ritmo, por

volta de 2050, pela primeira vez na história da espécie humana, o número de pessoas

acima dos 60 anos será maior que o de crianças abaixo dos 14 anos (...). Segundo a

ONU, a população mundial deve saltar dos 6 bilhões de 2000 para 10 bilhões em

2050. No mesmo período, o número de pessoas com mais de 60 anos deve triplicar,

passando de 600 milhões para 2 bilhões, ou seja, quase 25% da população do planeta

(BARROS, 2002, p.02).

O alto crescimento da população idosa é um fenômeno mundial, mais, especialmente

no Brasil, embora historicamente considerado como um país de jovens vem solidificando dia

a dia o processo do envelhecimento populacional consolidando os índices indicadores.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010), através dos

primeiros resultados do último recenseamento de 2010, os idosos brasileiros representam

7,4% da população brasileira: 14.785.338, de 55 a 64 anos e 14.081.480 com mais de 65 anos.

Beltrão, Camarano e Kanso (2004), constataram que em 1940, 1,7 milhão de

brasileiros tinham 60 anos e mais e, em 2000, 14,5 milhões. A perspectiva é de que em 2020

serão aproximadamente 30,9 milhões de pessoas que alcançarão tal idade. Além disso, a

proporção da população “muito idosa”, ou seja, a de 80 anos e mais, também está e continuará

aumentando, alterando a composição etária dentro do próprio grupo.

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EVOLUÇÕES HISTÓRICAS DOS DIREITOS DOS IDOSOS

Até a Constituição de 1988, a tutela protetiva ao idoso se evidenciou de forma bastante

tímida, limitando-se a previsão de previdência social a favor da velhice, a partir da

Constituição de 1934. As Constituições de 1824 e 1891 silenciaram por completo quanto ao

assunto.

Na Constituição de 1937, fez-se menções à questão de seguro diante das demais que a

antecederam, pois, limitando-se, ainda, a garantir previdência social nos termos da lei: “A

legislação do trabalho observará, além de outros, os seguintes preceitos: m) a instituição de

seguros de velhice, de invalidez, de vida e para os casos de acidentes do trabalho”

(GUIMARÃES, 2009, p. 57).

Portanto, a proteção efetiva à pessoa idosa surgiu apenas na atual Constituição Federal

de 1988. No atual texto vigente, encontram-se referências diretas à pessoa idosa, preferindo-se

o “idoso”, abandonando-se o “velho”.

A tutela constitucional foi importante marco a população idosa brasileira, pois colocou

o tema em foco, fazendo o legislador infraconstitucional se manifestar. Nas garantias

constitucionais em prol da pessoa idosa, podem-se elencar alguns dispositivos: Art.1º, II e III;

Art. 3º, IV; Art. 5º, XLVIII; Art. 14, § 1º, II, b; Art. 77, §5º; Art. 202, §7º, II; Art. 203, I e V;

Art. 204; Art. 226, §8º; Art. 229; Art. 230, §§ 1º e 2º.

O ESTATUTO DO IDOSO

A lei 10.741/03 oferece conjunto ordenado e sistematizado de normas, denominado

como Estatuto do Idoso, em que jazem os preceitos jurídicos fundamentais relativos à

observância das faculdades inerentes a pessoa idosa. Sua nuclearidade é eminentemente

declaratória, porém, apresenta comandos constitutivos de direito e preceitos jurídicos relativos

à observância das faculdades inerentes ao mais velho.

DIREITOS FUNDAMENTAIS

Os direitos fundamentais são essenciais, sobretudo para o mundo contemporâneo,

onde surgem as mais variadas questões e necessidades, principalmente entre o ser humano e o

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Estado. O direito fundamental contribui de forma decisiva para o progresso moral da

sociedade, pois estes são inerentes à pessoa humana, a qual é a base, o subsídio para

preexistência do ordenamento jurídico, pois flui da própria natureza da espécie humana.

Os direitos fundamentais foram reconhecidos com a promulgação da Constituição de

1988, a qual garantiu a todos os cidadãos o respeito à dignidade. A Política

Nacional do Idoso foi editada justamente para concretizar essa garantia

constitucional no que se refere aos cidadãos com mais de 60 anos de idade. Assim,

a Política Nacional do Idoso objetiva promover a longevidade com qualidade, não só

para aqueles que já atingiram a velhice, mas também àqueles que ainda irão alcançar

tal etapa de vida (RAMOS et al., 2005, p.02).

Constituem um importante instituto constitucional, especialmente criado para a

proteção da dignidade humana em todas as dimensões, resguardando o ser humano na sua

liberdade através dos direitos e garantias individuais.

Nesse aspecto:

A Política estabelecida pela Lei n.º 8.842/94 visa à integração, a autonomia e a

participação efetiva dos idosos na comunidade, não apenas porque esse segmento

influencia o mercado consumidor (...), mas porque também são sujeitos de direito,

portadores de dignidade (RAMOS et al., 2005, p.02).

Tais direitos passam a assumir, também, uma dimensão institucional, na medida em

que pontuam a forma de atuar no Estado que os reconhece. Como cogitar de um Estado

Democrático de Direito Social, se liberdades públicas e direitos sociais não são reconhecidos

e protegidos. Assim sendo, o Estado que os proclama e protege assume uma formatação

específica, ditada pela pauta de Direitos Fundamentais que coloca a pessoa idosa em isonomia

diante das demais idades.

Sendo assim, os direitos fundamentais podem ir além dos positivados

constitucionalmente. Podem surgir de outras fontes, não constando da Constituição um

catálogo ou elenco taxativo. Assim, pode-se dizer que o Art. 5º, § 2º, da Constituição Federal,

encerra uma cláusula aberta ou de “não tipicidade” de direitos fundamentais.

Conclui-se que a pessoa idosa não difere de qualquer outra categoria das demais

idades e, portanto, está inserida nestes direitos.

DAS MEDIDAS DE PROTEÇÃO

A lei 10.741/03, em seu Capítulo XVII, Título III, estabelece as medidas de proteção,

especificamente a pessoa idosa, com o objetivo de proteger o idoso sempre que os direitos

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reconhecidos forem ameaçados ou violados; os incisos que seguem tal artigo explicitam as

ameaças ou violações destes: I – Por ação ou omissão a sociedade ou Estado; II - Por falta,

omissão ou abuso da família, curador, ou entidade de atendimento; III – Em razão de sua

condição pessoal.

[...] dirigem-se aos idosos que perderam parte de sua autonomia física e mental e a

família não possui meios financeiros, físicos ou emocionais para a prestação de

cuidados necessários. Em geral, são os mais idosos. As ações governamentais nessa

modalidade de atenção são, quase sempre, de caráter assistencial. São formuladas

em nível federal, mas executadas, na sua maioria, de forma descentralizada em

parecerias que envolvem os estados, os municípios e a sociedade civil

(CAMARANO, PASINATO, s.d., p.2).

A proteção a pessoa idosa visa e assegura o atendimento de identificação e localização

de parentes ou responsáveis pelos mesmos, que são esquecidos em ILPI,s (Instituições de

Longa Permanência Para Idosos) e hospitais, amparo de assistência social em caráter

supletivo (aqueles que dele necessitar); vítimas de negligência, maus tratos, exploração,

abuso, crueldade e opressão e ainda proteção jurídico-social por entidades de amparo e defesa

dos direitos da pessoa idosa.

Tais medidas de proteção poderão ser aplicadas de forma cumulativa ou isoladamente,

e levarão em conta os fins sociais, com o objetivo de fortalecer vínculos familiares e

comunitários.

Na medida protecional, tem-se, de forma efetiva, a participação do órgão do

Ministério Público, quando verificada qualquer hipótese de necessidade de proteção da pessoa

idosa, podendo determinar medidas protecionais onde se fizerem necessárias.

DA POLÍTICA DE ATENDIMENTO AO IDOSO

A Política de atendimento ao idoso far-se-á por meio de conjunto articulado com

iniciativas governamentais e não-governamentais, com a participação da sociedade,

comunidade, clubes de serviços, como Rotary, Leon etc. Em âmbito municipal, o atendimento

ao idoso deve-se evidenciar, de forma efetiva, através do Conselho Municipal.

Entre suas diretrizes básicas, a prioridade é de que a família é a instituição mais capaz

de produzir o bem-estar do idoso, já que a internação em asilos ou hospitais só deve ocorrer

como última alternativa.

Ações básicas são voltadas para sete áreas, previstas na lei 8.842/94: promoção e

assistência social, educação, trabalho e previdência social, habitação e urbanismo, justiça e

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cultura, esporte e lazer. A pessoa idosa tem direito ao atendimento quando dele carecer,

porém, é preciso compreender que só deve exercitá-lo, não só porque o tem, mas apenas se

dele necessitar, como é verificado de forma transparente na lei 10.741/03, em seu art. 47,

incisos I, VI.

No entanto, requerem cuidados e serviços especiais aqueles que forem vítimas de

negligência, maus tratos, exploração, abuso, crueldade e opressão; estes necessitam de

políticas públicas específicas que visam assegurar, de imediato, sua segurança, integridade

física e psicológica, e necessidades básicas de sobrevivência.

As medidas de proteção poderão ser efetivadas tanto em instituições provisórias ou em

ILPI‟s, governamentais e não-governamentais, quanto em ONGs religiosas ou não,

conjuntamente com a família, caso haja condição para o convívio com segurança e cuidados

básicos necessários, com a supervisão de agentes de saúde e ou conselheiros eleitos para tal

função.

Tais políticas devem ser elaboradas através de conhecimento de fato de cada realidade

encontrada no seio da sociedade e ou família, a qual requer trabalho articulado com equipes

multidisciplinares em vários seguimentos profissionais, como saúde, assistência social,

assistência jurídica, bem como outras.

DO ACESSO À JUSTIÇA

Visando a produção de efeitos mais céleres, viu-se a necessidade de criação de varas

especializadas e exclusivas para o idoso, garantindo prioridade na tramitação das questões no

que diz respeito a ele.

Ainda, ao idoso é garantida a justiça gratuita, amparando de forma assistencial e

jurídica a defesa dos interesses coletivos e individuais do idoso.

O Ministério Público, como fiscal da lei, tem total liberdade para atuar e garantir a

proteção e direito ao idoso, seja ele institucionalizado ou não, pois o mesmo é considerado a

parte mais fraca, ou seja, mais sensível.

DOS CRIMES

Os crimes cometidos contra os idosos são muito comuns, especialmente por se

tratarem de pessoas mais fracas, sensíveis, enfim, mais vulneráveis. São por essas razões que

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faz-se tornar um crime ainda mais covarde por parte dos agressores, que por muitas vezes,

estão dentro da própria casa do idoso, em seu recanto familiar.

Em virtude da vulnerabilidade das vítimas é que o Estatuto do Idoso trata desta

questão dos crimes com severidade, inclusive com pena máxima privativa de liberdade, e

todos esses crimes cometidos contra idoso são de ação penal pública incondicionada, ou seja,

independe do ofendido (Lei 7.347/85).

Dentre os crimes estão: deixar de prestar assistência ao idoso; impedir ou dificultar seu

acesso a operações bancárias, transporte; humilhar, menosprezar, por qualquer motivo; e

todos eles tem sua pena aumentada se da omissão resultar lesão corporal de natureza grave, e

triplicada, se resultar em morte.

“A incidência crescente da violência contra pessoa idosa em nossa sociedade contribui

para o aumento de doenças na velhice e afeta a qualidade de vida dessa população”

(BERZINS; MALAGUTTI, 2010, p.27).

O ABANDONO

Não são raros os casos de abandono de idosos em nosso país. Homens e mulheres,

após muitos anos de trabalho e de vida ativa e de dedicação, são tratados com descaso,

inclusive dentro do ambiente familiar, gerando no idoso, um sentimento de inutilidade.

A falta de paciência e o descaso, por diversas vezes são gerados pelas limitações das

pessoas idosas, porém, tais limitações são inerentes ao envelhecimento. A velhice, não

significa doença, e sim uma vida de limitações e que nem a família, nem a comunidade, nem

o poder público ou a sociedade em si, respeita esta fase da vida tão peculiar.

São muitos os idosos deixados e abandonados nas instituições, e tem também aqueles

que mesmo morando com a família, não tem o mínimo de respeito. Porém, evidente é a

inversão dos valores, pela falta de estrutura e desvalorização do vínculo familiar. O abandono

tem alcançado seus maiores índices, colocando cada vez mais o idoso em situação de mazela,

e penosamente sempre tem algum membro familiar envolvido com o abandono do idoso.

A VIOLÊNCIA

A violência tem ganhado grande espaço na vida do idoso, tem colocado o idoso na

condição do mais inútil do grupo familiar, como membro da sociedade, com o cidadão

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perante o poder público, e como indivíduo da comunidade. A violência por sua vez tem

tomado uma proporção elevada, diante dos números e até mesmo diante dos nossos olhos.

Sobre a violência e as perdas na velhice, com relevo para as perdas afetivas, existem

idosos que vivem dramas extremamente dolorosos, como no caso daqueles que são

vítimas de violência por parte de filhos e filhas que estão envolvidos com drogas, o

tráfico e o crime organizado (BERZINS; MALAGUTTI, 2010, p.38).

A violência contra o idoso pode ser configurada como agressão verbal ou física, mas

também, quando tem seus direitos e garantias disciplinados pelo estatuto desrespeitados.

A FAMÍLIA

Cabe a família dar alicerce e amparo para todos seus membros familiares, pois a

própria Constituição Federal de 1988, apresenta esse molde de família como dever de

assegurar sua participação junto a comunidade, assegurando assim o bem estar de todos,

principalmente do idoso. É preciso fazer com que o idoso se sinta importante, mesmo diante

do processo de transformação, conhecendo suas fragilidades e a modificação da sua posição

no seio familiar e na sociedade em que vive.

A família é definida como um grupo enraizado numa sociedade e tem uma trajetória

que lhe delega responsabilidades sociais. Especialmente perante o idoso, a família

vem assumindo um papel importante e inovador, na medida em que o

envelhecimento acelerado da população que estamos constatando é um processo

recente e ainda pouco estudado pelas ciências sociais (TEIXEIRA, 2000, p.1).

Nesse momento da velhice o mais importante é que o idoso se sinta amado, respeitado,

sinta-se digno de viver uma vida com tranqüilidade junto a família, onde é seu lugar de

direito.

A COMUNIDADE

A Comunidade é responsável por coordenar as tarefas de recreação, para manter o

equilíbrio físico e mental dos idosos, para que a complexidade do dia-a-dia não flua de

maneira negativa na vida dos mesmos. E essas atividades desenvolvidas pelos grupos ajudam

a estimular o corpo para que o mesmo não se entregue nas doenças físicas e mentais.

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A comunidade tem papel importante na inclusão e interação dos idosos, especialmente

através de grupos de apoio a terceira idade.

“O equilíbrio humano é uma tarefa motora complexa, e a sua manutenção é essencial

para a realização das tarefas cotidianas” (GONÇALVES, 2009, p.1).

A SOCIEDADE

A sociedade tem o compromisso de zelar pelos direitos e garantir a dignidade do

idoso, cuidando para que a lei específica seja observada efetivamente pelo poder público.

O idoso não pode continuar na posição de maior abandonado em nossa sociedade,

apenas como merecedor de pena e assistencialismo por parte do Estado. Até então só

tínhamos a lie 8.842/94 que traçava apenas diretrizes de política em relação ao

idoso, deixando muito a ser regulamentado. (ALMEIDA, 2003, p.1).

A partir da ausência de políticas públicas voltadas para o idoso, surgiu a necessidade

de se criar um estatuto regrado de direitos e garantias voltadas especialmente para esta parcela

da sociedade, com um conteúdo onde vise a consciência dos indivíduos.

O PODER PÚBLICO

O Poder Público tem por finalidade fazer prevalecer as garantias dos idosos, dando-

lhes acesso a saúde e meios alternativos para prevenção de doenças.

Ainda, é através do poder público que todo atendimento ao idoso tem que ser

necessariamente obrigatório e preferencial em todas as repartições públicas, e com condições

de atendimento adaptados para os que precisam de um atendimento especial.

O Estado tem o dever de garantir educação do ensino fundamental, inclusive implantar

programas de assistência social, moradia, acesso a justiça, a qual compete zelar pela aplicação

da lei e normas jurídicas sobre o idoso.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A lei 10.741/2003, Estatuto do Idoso, foi importante inovação na legislação acerca dos

direitos dos idosos. Até então, a Constituição Federal disciplinava garantias e direitos a esta

população tão vulnerável, porém, não havia efetividade na garantia destes.

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Referida lei evidencia princípios já amplamente debatidos pela sociedade. São

múltiplos os fatores que justificam os debates: aposentadorias com valores irrisórios,

medicamentos com preços absurdos, transportes e locomoção dificultosos, falta de moradia,

atendimento deficitário na saúde, lazer e educação em níveis de excelência.

Como visto, o envelhecimento da população é tendência mundial, sendo comum a

presença da terceira idade em qualquer sociedade. No Brasil não é diferente, tendo como

alguns fatores determinantes para o envelhecimento da população, a queda da natalidade, o

desenvolvimento tecnológico e da medicina, a melhoria na qualidade de vida.

Algumas das atuais políticas públicas voltadas para os idosos contribuem para a

redução das desigualdades que marcaram suas trajetórias de vida, enquanto outras as

reforçam. Nessa idade, as vulnerabilidades são mais acentuadas e é grande a demanda por

cuidados de saúde, físicos e emocionais.

Como já se mencionou, a família, tradicional cuidadora, não é mais a mesma e os

cuidados institucionais de longa duração não constituem uma prática generalizada no país.

Uma política de saúde para todo o ciclo de vida pode contribuir não só para a continuação da

redução da mortalidade, mas, também, para a compressão da morbidade.

Há de se reconhecer que a criação e aplicação de políticas públicas, econômicas e

sociais, especialmente em relação à saúde, foi fator determinante que culminou no

envelhecimento populacional, que deve ser tido como uma vitória. Porém, necessário se faz

encontrar uma forma para que a população, cada vez mais idosa, tenha qualidade de vida.

Para tanto, o estatuto do idoso é importante ferramenta para garantia de qualidade de

vida aos idosos, garantindo a efetividade dos direitos fundamentais aos idosos, especialmente,

através da conscientização da população, para respeito aos direitos, a dignidade e a sabedoria

devida desta camada tão vulnerável e, até bem pouco tempo, desprezada da sociedade.

REFERÊNCIAS

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<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2003/L10.741.htm>. Acesso em: 1 maio 2011.

CAMARANO, Ana Amélia; PASINATO, Maria Tereza. O envelhecimento populacional na

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2011.

CAMARANO, A. A.; KANSO, S.; MELLO, J. L. Como vive o idoso brasileiro? Os novos

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GODINHO, Robson Renault. A proteção processual dos direitos dos idosos. 2.ed. Rio de

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GONÇALVES, DFF et al. Equílibrio funcional de idosos na comunidade: comparação em

relação ao histórico de quedas. 2009. Disponível em:

<http://www.scielo.br/pdf/rbfis/v13n4/aop042_09.pdf>. Acesso em: 12 jun. 2011.

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2009.

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MARTINEZ, Wladimir Novaes. Comentários ao estatuto do idoso. 2.ed. São Paulo: LTr,

2005.

MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2009.

RAMOS, Paulo Roberto Barbosa et al. Políticas públicas direcionadas ao idoso:

aplicabilidade do artigo 4º do decreto nº 1.948/96. 2005. Disponível em:

<http://www.joinpp.ufma.br/jornadas/joinppII/pagina_PGPP/Trabalhos2/Paulo_Roberto_Yuri

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TEIXEIRA, Fátima. O idoso e a família: os dois lados da mesma moeda. 2000. Disponível

em: <http://www.partes.com.br/terceira_idade08.html>. Acesso em: 12 jun. 2011.

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IMPORTANCIA DO INTRA-EMPREENDEDORISMO

NA GESTAO DA EMPRESA

Júlio Cesar Siqueira professor11

Karine Ariely Felix dos Santos12

Patricia Trindade de Oliveira13

RESUMO: o presente trabalho tem como objetivo demonstrar e avaliar a importância do

Intra-empreendedorismo nas aziendas e no que ele contribui para a gestão eficaz do

empresário, para a realização do trabalho realizou- se pesquisa bibliográfica e artigos

publicados sobre a temática. Também apresentar métodos e técnicas do intra-

empreendedorismo podem auxiliar na gestão da empresa pelo empresário, inclusive motivar

os colaboradores da empresa para que a mesma possa produzir e vender mais, cumprindo os

objetivos e missão da empresa. O tema foi escolhido para que possamos tentar entender e

demonstrar como o intra-empreendedorismo ajuda á administrar a empresa.

PALAVRAS – CHAVE: Gestão; Empresário; Intra-empreendedorismo.

INTRODUÇÃO

Atualmente devido à concorrência no mercado, as empresas para sua sobrevivência

buscam recursos no mundo capitalista globalizado, para manterem-se atualizadas as mudanças

e atentas ao mercado e suas tendências.

Quando se lê algo sobre empresas, é logo visto o principal objetivo da empresa que é

sempre obter lucratividade na venda de seus produtos ou serviços. Toda organização necessita

de um bom planejamento e uma visão do mercado para que seus produtos possam ser

vendidos de forma satisfatória, atendendo às necessidades e cobrindo todos os seus custos e

despesas.

11

Professor Unijales e FAMA - [email protected] 12

Graduanda FAMA - [email protected] 13

Graduanda FAMA - [email protected]

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O cenário atual mostra que uma organização bem planejada e administrada por seus

gestores, seja este sócio ou acionista, cria uma base sólida fazendo que a mesma se estabilize

no mercado, possibilitando sua segurança no aspecto financeiro.

De acordo com o tema proposto o intra-empreendedorismo são práticas que os

colaboradores aplicam de acordo com as necessidades da empresa e mudanças do mercado,

práticas essas que fazem com que a empresa tenha um diferencial no mercado garantindo cada

vez mais a satisfação e a fidelização de seus clientes.

Segundo HASHIMOTO (2006, p. 13)

Intra-Empreendedor: foca o funcionário individualmente e sua propensão a agir

sozinho de forma empreendedora. Ele parte do pressuposto que a empresa cria

propositadamente estruturas e processos que inibem a ação empreendedora e assume

essa condição como desafio pessoal a ser superado.

O intra-empreendedorismo acontece através de curiosidades, diversidades, mudanças,

inovações, entre outros aspectos importantes para o melhor desenvolvimento das empresas,

fazendo com que as empresas criem algo que ainda não havia sido feito, ou também que tenha

virado rotina no âmbito empresarial, sendo que o mesmo esteja por dentro do que está

acontecendo na sua empresa.

O empreendedor tem a visão e a função de colocar as pessoas certas nos lugares

certos, identificar funcionários que não estejam tendo um bom desempenho, ajudá-los e

incentivá-los a obter a melhor produtividade aumentando a capacidade de inovar.

Um empresário que exerce o intra-empreendedorismo em sua empresa tem várias

vantagens de sair na frente de seus concorrentes, tais como: bens, serviços e fabricação para

estimular o aumento de produtividade.

Atualmente no Brasil um empreendedor é visto como ousado, pois ele não tem medo

de seus concorrentes e está sempre criando estratégias para inovar garantindo seu diferencial

entre os outros.

Como diz Dornelas (2005, p. 13):

No Brasil, ser bem-sucedido como empreendedor não é tarefa fácil, mas aqueles que

conseguem tornam-se referência pela ousadia, criatividade, inovação e persistência,

que geralmente acompanham estes indivíduos diferenciados

Um empreendedor tem visão de futuro, é capaz de estar sempre implantando

elementos para seu sucesso pessoal e profissional.

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O presente trabalho visa demonstrar aos empresários como as práticas intra-

empreendedoras podem contribuir no desempenho da empresa, auxiliando o empresário á

gerir melhor seus negócios, procurando mostrar o diferencial que pode ter uma empresa que

tenha um empresário de possua uma visão intra empreendedora, suas vantagens e benefícios

em um mercado cada vez mais acirrado e concorrido.

O presente estudo desenvolveu-se fundamentado sob o tipo de pesquisa bibliográfica

com leitura de livros da área e artigos técnicos correlacionados disponibilizados em revistas e

na internet cujas fontes foram legitimamente citadas conforme pede a Associação Brasileira

de Normas Técnicas (ABNT) para apresentação de trabalhos acadêmicos. Foi utilizado dados

disponíveis principalmente em livros técnicos que serviram de suporte e interpretação para se

aprofundar e conhecer o tema ora abordado no trabalho.

REFERENCIAL TEÓRICO

Através do intra-empreendedor o funcionário tem liberdade para inovar, diferenciar e

arriscar na empresa, ele adquire uma segurança em si, através da confiança que a empresa

passou para ele, tornando isso como realização pessoal para o colaborador, fazendo também

com que ele aprenda com seus próprios erros.

HASHIMOTO (2006, p.21) define intra-empreendedorismo em:

Uma livre tradução do termo original, em inglês, intrapeneur, cunhado por Gifford

Pinchott lll, em 1978, e representa aquele que dentro da organização assume a

responsabilidade de promover a inovação de qualquer tipo, a qualquer momento, em

qualquer lugar da empresa.

Consiste em talentos de seus funcionários para desenvolver e criar produtos e serviços

para a empresa.

Intra-empreendedor são práticas que assimilam segurança, mais recursos e alto valor

agregado para a organização, podendo se tratar de qualquer pessoa que tenha capacidade de

utilizar de seus talentos para colaborar com o sucesso da empresa.

Em qualquer organização pode-se encontrar intra-empreendedores, identificando-os

através de idéias para novos projetos, tendo a colaboração de alguém influente para que esse

projeto seja implantado, cuidando desse como se fosse seu próprio negócio, com entusiasmo

e interesse, usando a criatividade, o poder de realização, rede de relacionamento e liderança,

fazendo com que não haja interferência de seus superiores.

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Intraempreendedorismo é a versão em português da expressão intrapreneur, que

significa empreendedor interno, ou seja empreendedorismo dentro dos limites de

uma organização já estabelecida. O termo intrapreneur foi utilizado pela primeira

vem em 1985 por Gifford Pinchot III.

O conceito de intra-empreendedorismo foi estabelecido há duas décadas, mas as

empresas não estavam dispostas a dar aos empregados a liberdade para criar e,

conseqüentemente, errar e oferecer-lhes um orçamento para financiar inovação.

Além do mais, não queriam arcar com os custos dos erros que inevitavelmente

acontecem no percurso. Hoje esse conceito já está muito difundido e valorizado nas

organizações. O intra-empreendedorismo (intrapreneuring) é um sistema para

acelerar as inovações dentro de grandes empresas, através do uso melhor dos seus

talentos empreendedores. É um sistema que oferece uma maneira saudável para se

reagir aos desafios empresariais do novo milênio. (Disponível em

<http://pt.wikipedia.org/wiki/Intraempreendedorismo > Acesso em 30/09/2011).

DIFERENÇAS ENTRE ORGANIZAÇÃO EMPREENDEDORA E ORGANIZAÇÃO

INTRA-EMPREENDEDORA

Uma das grandes diferenças entra uma empresa que tenha em sua administração

voltada para o empreendedorismo do intra-empreendedorismo consiste em para a criação e

inovação de produtos no empreendedorismo existe apenas uma área que se dedica

integralmente, já no intra-empreendedorismo todas ás áreas da organização são envolvidas

para criação ou inovação de um produto, principalmente quando se trata de idéias advindas

dos colaboradores da empresa.

DIFERENÇA ENTRE ORGANIZAÇÃO EMPREENDEDORA E ORGANIZAÇÃO

INTRA-EMPREENDEDORA

Organização Empreendedora Organização Intra-empreendedora

Seus resultados pertencem á empresa Seus resultados são distribuídos entre os

participantes

Possui um forte departamento de Pesquisa Todo e qualquer funcionário da

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e Desenvolvimento (P&D). organização pode fazer P&D.

A responsabilidade por novos produtos e

serviços é só da empresa

A responsabilidade por novos produtos e

serviços é de todos os funcionários

A Cultura organizacional não é a chave

para o empreendedorismo

A cultura organizacional é a chave para o

empreendedorismo

O modelo de gestão é tradicional O modelo de gestão é participativo,

democrático e autônomo.

O grau de empreendedorismo é medido

pelas inovações em produtos e serviços.

O grau de empreendedorismo é medido

por qualquer tipo de inovação.

Fonte: Hashimoto, 2006, p. 83

VANTAGENS DE TER VISÃO INTRA-EMPREENDEDORA NA

GESTÃO DA EMPRESA

Em todo ambiente corporativo, devido ao mundo cada vez mais capitalista, há

necessidade dos empresários ou administradores, demonstrarem conhecimento sobre o

mercado em que pretendem atuar.

Podem-se destacar várias formas do empresário ter sucesso na venda de seus produtos,

tais como marketing, visão empreendedora, visão intra-empreendedora, dentre outras, com o

intuito de sempre fidelizar seus clientes.

Para Drucker (2006, Apud, Hashimoto, p.3) a administração com a economia

empreendedora sofreu grandes mudanças, tais como:

a Administração deve ser aplicada a novos empreendimentos, comerciais ou

não. Até então se achava que ela era aplicável somente a empresas já existentes;

a Administração deve abordar pequenos empreendimentos. Até então havia a

certeza absoluta de que ela servia só para grandes corporações;

a Administração deve enfocar qualquer tipo de organização, inclusive as não

comerciais(serviços públicos, ONGs etc.).Até então se acreditava que ela só

servia para empresas com fins lucrativos;

a Administração deve incluir pequenas atividades comerciais que não eram

consideradas empresas, como restaurantes, lojas e postos de gasolina.

As mudanças no mercado de trabalho têm relevância com visão empreendedora e

intra-empreendedora do negócio, pois demonstrará como a empresa deverá agir em situações

que necessitam de uma tomada de decisão.

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Hashimoto define as características de empreendedor-herói como:

Comprometimento, criatividade, valores, habilidades especificas, conhecimento do

negócio, princípios, atitudes positivas, reconhecimento de oportunidade,

autoconfiança, sabedoria, coragem para enfrentar desafios, perseverança e

determinação, habilidades de relacionamento interpessoal, boa comunicabilidade,

liderança, facilidade de trabalhar em equipe, automotivação, capacidade de tomar

decisões rapidamente, pensamento critico, visão estratégica, foco em resultado,

planejamento, fome de aprender, familiaridade com o mundo dos negócios, ótima

rede de contatos, flexibilidade à mudança e aos ambientes dinâmicos, capacidade de

resolução de problemas e conflitos, visão sistêmica e holística, ousadia,

receptividade a riscos, tolerância a erros e falhas, familiaridade com tecnologia,

capacidade de realização, habilidades de negociação, integridade, honestidade, fortes

princípios éticos, eloqüência, facilidade para absorção de novos conceitos, alta

percepção do ambiente,retórica, agilidade e dinamismo, forte personalidade, firmeza

de caráter, energético, perfil voltado para desenvolver talentos, grande experiência,

empatia, persuasão,organização, rapidez de raciocínio, autocontrole, sonhador e

realista, agressividade, independência, pragmatismo, entusiasmo, proatividade,

iniciativa, forte presença pessoal, arrojo, faro para negócios etc.(Hashimoto (2006,

p.06))

Hashimoto mostra que atualmente o empreendedor tem sido obrigado á direcionar

suas habilidades para gerir seu próprio negócio, hoje as oportunidades são propícias para

gerar novas idéias para as empresas, para que haja o sucesso desses negócios é fundamental

que o empreendedor tenha todas essas características, assim identificando e assegurando todas

as decisões tomadas.

Empreendedor é aquele que faz acontecer. Exerce a liderança para mover equipes

em direção aos seus objetivos. Cria e toca novas idéias. Deixa um rastro de

realizações por onde passa. É cheio de energia e disposição. Detesta rotinas e

excesso de procedimentos. Fica impaciente quando as coisas não saem do lugar.

Aprecia a mudança e tem flexibilidade para se adaptar ao novo. Pode ser homem,

mulher e até mesmo criança. Disponível em <

http://www.carlosvonsohsten.com/artigos/index.php?link=Ver&id=79 > Acesso em

22/05/2011.

Nesse pensamento um empreendedor é garantia de sucesso profissional independente

do ramo, da idade, do sexo, sabe lidar com mudanças, se adapta facilmente a mudanças, tem

facilidade em ordenar, organizar.

O grande desafio da empresa está em conseguir desenvolver seus empregados,

dando oportunidade de fazer as suas idéias possam se realizar. O intra-empreendedorismo

surgiu como uma decorrência natural do empreendedorismo e se impôs como uma maneira

saudável para se reagir aos desafios empresariais do novo milênio.

Em uma organização em que as regras e normas perdem força com o intuito de

estimular a inovação, os princípios e valores são promovidos a norteadores das

ações individuais. Estes princípios e valores, com a visão e missão, devem resumir o

espírito empreendedor que se cultiva na empresa. Algumas sugestões são:

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humildade, integridade, tolerância, responsabilidade, ética, cooperativismo, desejo

de contribuir, perspectiva de longo prazo. (Hashimoto, 2006, p. 92).

Quando se diz em empreendedor, estamos nos referindo á profissionais que não tem

preguiça, demonstram energia suficiente para inovar, criar, variar no cotidiano garantindo

assim o sucesso da empresa.

Hashimoto (2006, p. 93) diz que “um dos grandes riscos que corre a organização intra

empreendedora é a possibilidade de seus colaboradores criarem oportunidades de negócio que

levam a empresa á direção diferente da esperada”.

Segundo Morries (1998, p. 9) “Os indivíduos que estão reavaliando pessoalmente suas

vidas à luz de seus valores mais profundos não se contentam facilmente com menos do que

um ambiente de trabalho que respeite e estimule tais valores”.

Os empresários devem sentir-se valorizados, úteis, pois sabendo de seus valores e de

suas capacidades tanto pessoal como profissional suas funções serão concretizadas com

sucesso, facilitando o trabalho em equipe e tornando-se agradável o ambiente de trabalho.

Hashimoto (2006, p. 95), comenta sobre o fluxo de informações da organização com

comportamento intra-empreendedor e afirma que:

Os defensores da organização tradicional acreditam que nem todas as informações

internas possam ser repassadas de forma integral aos seus funcionários, pois nem

todos possuem maturidade para usar bem essas informações. Há uma outra corrente

de pensamento que, embora não admita, deposita sua crença no fato de que deter

informações privilegiadas representa poder dentro da estrutura e, por isso, o

compartilhamento das informações não é valorizado, pois se corre o risco de perder

esse poder com tal postura

IMPLANTAÇÃO DE PROGRAMAS DE INTRA-EMPREENDEDORISMO

Segundo o Autor Hashimoto (2006) existem três fases distintas de programas para

serem utilizados nas empresas, chamados de programa 1, programa 2 e programa 3. O

programa 1 aplicado para a gestão da empresa (administração, sócios e acionistas) e para o

setor de Recursos Humanos, sendo sua principal função o diagnóstico organizacional,

identificando a missão e a cultura da empresa. O programa 2 é aplicado para a média

gerência, também conceituada no ambiente coorporativo como os gestores que fazem o meio

de campo entre os objetivos da empresa e a sua devida aplicação para os colaboradores. O

programa 3 é exclusivo e aplicado aos colaboradores da empresa e tem o intuito de que os

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empreendedores surjam e se manifestam a respeito das mudanças propostas pelos outros dois

programas.

Para maior esclarecimento veja as figuras a seguir:

Figura 1: APLICAÇÃO DOS PROGRAMAS DE EMPREENDEDORISMO

CORPORATIVO.

Fonte:

Hashimoto (2006, p. 153)

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Figura 2: AS FASES DE IMPLANTAÇÃO DE PROJETOS E SEUS FILTROS.

Fonte: Hashimoto (2006, p. 154)

PROCESSO DE RECRUTAMENTO E SELEÇÃO

Para Hashimoto (2006) o principal equivoca nas empresas é a formação do quadro

funcional. Ainda vigora o paradigma que o melhor funcionário é aquele que possui

qualificações tangíveis com a função, tais como diplomas e histórico profissional, porém com

os estudos foram constatados que os melhores profissionais com as práticas intra-

empreendedoras são aqueles forjados pela vivência e não pela formação tradicional.

As empresas para contratação fazem uma prévia análise de currículo e entrevistas e

contratam aqueles que têm um perfil similar que se procura para ocupar o cargo ou a função

que a empresa necessite.

Para contratação de colaboradores não se limita a análise curricular, e sim o

relacionamento ao temperamento e comportamento do colaborador juntamente com sua

experiência e formação profissional.

Hashimoto (2006, p. 158) afirma que “os intra-empreendedores são autênticos,

dedicam-se às áreas que lhe interessam e não fingem que gostam das outras”.

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Para Wunderer (2001, apud, p.159) todo processo de seleção de perfis empreendedores

deve considerar três famílias de competências-chave: competências conceituais (criatividade

na solução de problemas e melhoria contínua), competências de implementação (capacidade

de obter apoio, realização e persuasão) e competências sociais (de auto-organização e

cooperativas).

Muitas vezes as instituições de ensino superior, não contribuem com a formação do

profissional com espírito empreendedor. Elas ressaltam o conhecimento em detrimento da

formação geral, restringem o desenvolvimento para formação profissional.

RECRUTAMENTO INTERNO

Existem modelos de recrutamentos de empreendedores internos, dentre os mais

conhecidos, destacam-se os modelos de avaliação 360 e o mapa de competências.

A avaliação 360 é uma técnica que permite avaliar o desempenho individual e coletar

informações dos funcionários em funções pré-determinadas. Nesta metodologia os

questionários são elaborados para cada perfil de funcionário.

IMPORTÂNCIA DO INTRA-EMPREENDEDORISMO PARA A GESTÃO DA

EMPRESA

O intra-empreendedorismo é uma forma das empresas motivarem seus colaboradores

para expor suas idéias e até mesmo fazer novos produtos para a empresa. Pode-se através do

intra-empreendedorismo melhorar os produtos vendidos das empresas através de dicas dos

colaboradores envolvidos nos processos de produção e aperfeiçoamento dos produtos,

podendo apontar falhas e podendo gerar novas criações de produtos.

Hashimoto (2006, p. 192) diz que:

Uma das partes mais importantes em todo processo de implantação de uma cultura

empreendedora é o estimulo à geração de idéias inovadoras. São poucas as

atividades de amplitude tão democráticas quanto a da criatividade. Por não requerer

nenhum conhecimento, formação ou habilidade específica, qualquer pessoa pode ser

criativa. Na verdade, há graus maiores e menores de criatividade entre as pessoas,

determinados pelo histórico de estímulos pelo qual a pessoa foi submetida durante a

sua existência. O grande desafio das empresas que almejam desenvolver uma cultura

interna voltada á inovação é propiciar as condições para que as idéias brotem e

floresçam em todos os níveis da organização, partindo-se do pressuposto de que a

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solução criativa para problemas de qualquer área ou natureza pode vir de

absolutamente qualquer pessoa.

Existe uma atenção especial para que a implantação do programa do intra-

empreendedorismo não de errado pode estar ligado na postura em que as pessoas envolvidas

no programa não se sintam com o ar que seja uma suposição, como por exemplo, pensamos

em dar certo, ou poderá dar certo sua idéia, ou seja, não se pode ter uma postura simples ,

nunca no achismo e sim fazer o sistema sempre na certeza da criação e aplicação das idéias,

tendo sempre que pensar á longo prazo e nunca á curto prazo.

Hashimoto (2006) diz que o calcanhar de Aquiles de todo programa intra-

empreendedor é quando envolve profundas transformações culturais, e se esperam resultados

imediatos. Assim as frustrações iniciais acabam levando ao encerramento prematuro dos

projetos dessa natureza. Portanto, a principal tarefa da alta administração, que se empenha no

sucesso de um programa intra-empreendedor é segurar a pressão por resultados rápidos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho comentou sobre intra-empreendedorismo, onde buscou mostrar

para o empresário como uma entidade pode ter melhores resultados quando se aplica o plano

de intra-empreendedorismo na empresa. O intra-empreendedorismo além de motivar os

colaboradores á dar sugestões de idéias de criação de novos produtos, faz a empresa crescer

através da motivação e vendas das novas idéias sugeridas por todos que fazem parte dos

programas inovadores e criadores da entidade.

Mostrou que o empreendedorismo difere do intra-empreendedorismo e que os dois

associados pode fazer a empresa crescer e sobressair em um mercado cada vez mais exigente

e concorrido.

Demonstrou que o intra-empreendedorismo advém de dentro da empresa e não

somente envolve os empresários e sim todos os colaboradores da empresa, inclusive dando

oportunidade para os mesmos expor seus ideais e inclusive oportunidades de sugestões para

que cresçam juntamente com a empresa.

REFERÊNCIAS

CRUZ,Carla; RIBEIRO, Uirá. Metodologia Científica, 2 ed., Rio de Janeiro: Excel, 2004.

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45

Disponível em < http://pt.wikipedia.org/wiki/Intraempreendedorismo > Acesso em

30/09/2011.

Disponível em < http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/intra-

empreendedorismo-uma-viagem-sem-volta/14569 > Acesso em 15/09/2011.

Disponível em < http://www.artigos.biz/intra-empreendedorismo-uma-viagem-sem-volta

Acesso em 24/09/2011.

Disponível em < http://www.carlosvonsohsten.com/artigos/index.php?link=Ver&id=79 <

Acesso em 22/05/2011.

DORNELAS, José Carlos Assis. Empreendedorismo: Transformando idéias em negócios, 2

ed., Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.

FACHIN, Odilia. Fundamentos de Metodologia / Odilia Fachin, 5.ed. [ver.] – São Paulo:

Saraiva, 2006.

HASHIMOTO, Marcos. Espírito Empreendedor nas Organizações: Aumentando a

competitividade através do intra-empreendedorismo. São Paulo, 2006.

ISKANDAR, Jamil Ibrahim, Normas da ABNT: Comentada para trabalhos científicos, 2 ed.,

Curitiba: Juruá, 2007.

LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. D. A. Fundamentos de Metodologia Científica. 3. ed. São

Paulo: Atlas, 1994. 97 p.

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A FUNÇÃO SOCIAL DO CURSO DE DIREITO:

A FORMAÇÃO DE PESSOAS

Leila Aparecida Magalhães14

Silmara Venâncio15

Érica Cristina Molina dos Santos16

Janaína dos Reis Guimarães17

RESUMO: o presente trabalho almeja fazer uma confrontação das características e

expectativas dos alunos ingressantes com os alunos egressos, demonstrando o crescimento

pessoal e profissional de cada um, levando em consideração, principalmente a realidade local.

Ainda, o presente projeto pretende trazer à comunidade acadêmica dados sobre o pré e o pós-

curso, de uma forma geral, a universidade possui uma missão ética dentro da sociedade,

destinada a alcançar o bem comum. O ensino superior não pode se limitar aos muros da

universidade, mas precisa ter uma função social, estar a serviço da comunidade, atrelando

ensino, pesquisa e extensão. O ensino jurídico brasileiro está passando por um momento

difícil, face às críticas que vem sofrendo por parte da Ordem dos Advogados do Brasil,

juristas, operadores do direito, Ministério da Educação e Cultura e dentre outros. Porém, a

análise aos cursos não deve se limitar a resultados numéricos e sim a contribuição na vida do

aluno. O que se esquece é que a universidade possui uma função muito mais ampla do que

somente aprovações em exames e em percentuais satisfatórios aos órgãos de avaliação

institucional.

PALAVRAS-CHAVE: Ensino, Direito, Função social.

INTRODUÇÃO

A universidade possui uma missão ética dentro da sociedade, destinada a alcançar o

bem comum. O ensino superior não pode se limitar aos muros da universidade, mas precisa

ter uma função social, estar a serviço da comunidade, atrelando ensino, pesquisa e extensão.

Além disso, a educação superior deve ter como objetivo primeiro, a formação de pessoas, uma

formação ética para que se formem profissionais corretos e éticos.

14

Estudante, Bacharel em Direito, da FAMA de Iturama-MG. 15

Estudante, Bacharel em Direito da FAMA de Iturama-MG. 16

Professora, especialista em Direito Civil e Direito Processual Civil, docente no curso de Direito da Faculdade

Aldete Maria Alves – FAMA de Iturama-MG. 17

Professora, Mestre em Direito, Professora e Coordenadora do Curso de Direito da FAMA-Faculdade Aldete

Maria Alves de Iturama-MG e do Curso de Direito da FUNEC de Santa Fé do Sul-SP.

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O ensino jurídico brasileiro teve seu início desde o descobrimento, mas foi com os

primeiros cursos de direito criados no Brasil, que o referido ensino se solidificou: um em São

Paulo e outro em Olinda. Segundo Venosa (2007), os bacharéis de direito tiveram papel

preponderante na estruturação do Estado, ocupando os principais cargos públicos no Império

e na República.

Salienta, ainda, Venosa (2007) que, diferente de outros cursos, o aluno do curso de

direito tem, a princípio, uma formação generalista, pois, quando da conclusão do curso, ele se

torna bacharel e, a partir disso pode atuar na área jurídica de diversas formas.

E é em decorrência da gama enorme de opções profissionais que o curso de direito

oferece que se justifica a procura pelo curso. Segundo Douglas (2009), “[...] nenhuma outra

área oferece tantas chances de sucesso, crescimento, remuneração e realização pessoal”.

Porém, o ensino jurídico brasileiro está passando por um momento difícil, face às

críticas que vem sofrendo por parte da Ordem dos Advogados do Brasil, juristas, operadores

do direito, Ministério da Educação e Cultura e dentre outros. As referidas instituições querem

resultados numéricos, como por exemplo: o número de aprovações no Exame da Ordem dos

Advogados do Brasil e número de aprovados em concursos públicos.

Porém, vale salientar que a universidade possui uma função muito mais ampla do que

somente aprovações em percentuais satisfatórios aos órgãos de avaliação institucional.

OBJETIVOS

Objetivou-se com esta pesquisa, demonstrar que o curso de Direito tem uma função

social, além de a aprovação em Exames da Ordem Dos Advogados do Brasil e concursos

públicos, tendo como função primordial a formação de pessoas.

Salientando-se no trabalho, uma investigação das possíveis causas que dificultam o

ensino crítico nos cursos de Direito e identificar e discutir os principais problemas da

educação de nível superior no Brasil.

Ainda, o presente pretende trazer à comunidade acadêmica dados sobre o pré e o

pós-curso, fazendo-se um apanhamento das tendências históricas observadas até o

momento, que apresentam alguns diagnósticos. Analisando-se, de forma superficial, o

modelo de ensino jurídico desenvolvido no país, apontando-lhe as possíveis falhas, para,

em seguida, com base no papel que devem exercer os profissionais do direito, apontar as

possíveis soluções.

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METODOLOGIA

O presente estudo foi desenvolvido com o levantamento de dados encontrados na

literatura já existente, foram realizadas pesquisas bibliográficas em doutrinas, legislação e

artigos jurídicos e científicos. Na biblioteca da Faculdade Aldete Maria Alves-FAMA, foram

consultados livros e revistas. Nas bases de dados da internet, foram consultados artigos que

abordam direta ou indiretamente os principais aspectos envolvidos com o tema.

Conforme ensina Gil (2002) “a pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de

material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos”.

CONTEXTUALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR NO BRASIL

O interesse da sociedade pela educação superior vem aumentado significativamente,

nas últimas décadas. A exigência do mercado de trabalho, a busca por realização profissional,

a implantação de políticas públicas são alguns dos fatores que propiciaram a expansão do

ensino superior no Brasil, com expressiva expansão entre os anos de 1980 a 1998.

O CURSO DE DIREITO

A ciência jurídica vem através dos cursos de direito capacitar profissionais na área

jurídica, com o intuito de disciplinar, organizar e tornar a sociedade mais justa tendo por base

a Constituição Federal e demais normas regulamentadoras do estado.

ASPECTOS HISTÓRICOS DO ENSINO JURÍDICO

No Brasil, o curso de direito foi criado em 1827, com a implantação do curso em São

Paulo e Olinda.

Oficialmente, tem-se como inicio dos cursos jurídicos no Brasil o dia 11 de agosto

de 1827, em que D. Pedro I promulgou o régio decreto criando os cursos jurídicos,

regulamentando-os e fundando duas faculdades de direito uma em São Paulo e outra

em Olinda. (ROQUE, 2007, p.255)

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Antes disso, brasileiros que tinham pretensão em estudar direito, iam à Europa,

preferencialmente à Portugal, a fim de cursar a Universidade de Coimbra.

Segundo Roque (2007) foi em 1º de março de 1828 que foi pronunciada oficialmente

a primeira aula de direito no Brasil, que se deu em São Paulo, no velho convento de padres

franciscanos. Logo, a primeira turma era constituída de 33 jovens, a maioria de fora de São

Paulo, e todos eram homens, pois foi só em 1898 que a primeira acadêmica de direito

ingressou no curso.

A REALIDADE DAS INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO SUPERIOR NO BRASIL

No Brasil existem em funcionamento 887 cursos de direito, o Ministério da Educação

e Cultura mantém em seu endereço eletrônico os dados atualizados para consulta dos cursos.

No estado de São Paulo concentra-se o maior número de cursos, totalizando 167, já o

Estado do Acre tem menor número, com apenas 3 cursos, em Minas Gerais o número de

cursos de direito é de 125. (Disponível <http://emec.mec.gov.br/> Acesso em: 23 mai. 2011).

Apesar de sua formação generalista, pode-se afirmar que a grande maioria dos

bacharéis em direito, seguem exercendo a advocacia. A OAB (Ordem dos Advogados do

Brasil) como entidade responsável por regulamentar toda a classe no Brasil, realizar o Exame

da Ordem dos Advogados do Brasil, aprovando assim os bacharéis do curso de Direito para

que possam exercer a Advocacia.

Além disso, a Ordem dos Advogados do Brasil, também desempenha importante papel

nos processos de criação e reconhecimento dos cursos de direito no Brasil, recomendando os

cursos que estejam de acordo com as suas exigências, através do selo de qualidade,

denominado OAB-Recomenda.

No ano de 2011, 87 cursos de Direito receberam o selo OAB-Recomenda, por terem

apresentado melhor índice de qualidade nos últimos anos. Foi examinados 322 cursos

jurídicos em funcionamento no Brasil, na última edição do OAB Recomenda,divulgada em

janeiro de 2004, foram 215 cursos examinados.

O processo de globalização, que interconectou mercados e acirrou a competitividade

profissional, deu ainda maior relevo à precariedade dos cursos superiores brasileiros,

em especial os de Direito. A abertura dos mercados, colocando nossos profissionais

em concorrência direta com os formandos em faculdades do primeiro mundo,

aumenta a exigência de apuro e especialização. (BUSATO apud Disponível em:

<http://www.oab.org.br/oabRecomenda.asp>. Acesso em: 07 de jun. 2011.)

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A Ordem dos Advogados do Brasil relata que o objetivo da divulgação do selo OAB-

Recomenda é de regularizar o funcionamento dos curso de Direito:

Ao divulgar a listagem, a OAB não tem como objetivo distinguir cursos de

excelência, nem estabelecer um ranking entre as faculdades de Direito brasileiras. O

OAB Recomenda tem se focado principalmente na regularidade de funcionamento e

desempenho de cada curso ao longo de determinada época, com avaliação fundada

em critérios objetivos (MEDINA apud Disponível em:

<http://www.oab.org.br/oabRecomenda.asp>. Acesso em: 07 jun. 2011)

O ENSINO JURÍDICO E SUA CRISE

Superados os cinco anos da graduação em direito, surge para o bacharel, várias

alternativas. A advocacia, sua principal profissão, é viabilizada através do exame da Ordem,

em que, sendo aprovado, ingressará na Ordem dos Advogados do Brasil e poderá exercer a

advocacia.

Além da advocacia, ao bacharel em direito, há a alternativa das carreiras públicas, cujo

ingresso requer concurso público, com varias fases para obter aprovação.

Ainda, além destas alternativas, o bacharel poderá dedicar-se à produção teórica,

publicando doutrinas e artigos especializados; exercer a docência em instituições de ensino

superior, desde que tenha a complementação pedagógica exigida; fazer assessorias ou

consultorias jurídicas de órgãos do governo ou de organizações não-governamentais, com

destaque para empresas privadas; ou ainda, ser assistente jurídico e assessor jurídico de

órgãos públicos e de instituições privadas. (OLIVEIRA, 2004).

Porém mesmo com um leque de alternativas, o ensino jurídico passa por uma crise.

Alguns questionamentos são pautados, especialmente, no fato de que o ensino jurídico

deveria, além de uma formação geral, assegurar também formação humanística, crítica e

axiológica, devendo o curso de Direito voltar ao primordial fim: instrumento de

transformação social.

A este desvio, atribui-se o fato de que as Instituições de Ensino Superior estão

aprisionadas ao chamado "cativeiro do mercado", estando muitas vezes, submissa à lógica e

aos interesses deste mercado, transformando-se num elemento de produção.

Identifica-se uma modificação fundamental no papel desempenhado atualmente pela

universidade, que, ao invés de formar pensadores, tem sim, formado profissionais e teóricos

nos moldes impostos pelo mercado.

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A exigência da aprovação do bacharel em direito para exercício de sua profissão, seja

no Exame da Ordem dos Advogados do Brasil, seja em concursos públicos, fez com que

predominassem as aulas expositivas, consistentes essencialmente na transmissão de

conhecimentos, voltados por vezes apenas a estes testes, eminentemente de proficiência

profissional.

A forma com que algumas Instituições do Ensino Superior vem aplicando seus

saberes, segundo ainda o autor, implica na inibição do senso crítico e da postura reflexiva,

qualidades essenciais para o jurista (FREIRE apud Disponível em: <http://www.ambito-

juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=9229> Acesso em:

27 jun. 2011).

Demonstrando essa exigência dos alunos, imperioso salientar que a Ordem dos

Advogados do Brasil, participando na implantação e fiscalização das Instituições lançou o

projeto “OAB Recomenda”, que é certificado através do Selo que lhe garante um diferencial.

Para que uma Instituição receba o Selo, a OAB tem como base os índices de aprovação no

Exame de Ordem, qualificação do Corpo Docente, a nota no ENADE (Exame Nacional de

Desempenho dos Estudantes) e entre outros requisitos.

Ainda, são comuns, concomitantemente a cursos de especialização, em nível de Pós-

Graduação lato sensu, a oferta de cursinho preparatório para concursos públicos e para o

Exame da Ordem dos Advogados do Brasil, restando claro que predomina-se é a transmissão

de conhecimentos exigidos no Exame de Ordem dos Advogados do Brasil e concursos

públicos.

Neste quadro é natural, e não seria exagero afirmar que é necessário, a transmissão

de conhecimentos exigidos no Exame de Ordem e concursos públicos. A formação

jurídica passa necessariamente por esta base tecnicista que prioriza a acumulação do

conhecimento. Mas como vimos, a formação jurídica vai além disso, havendo

elementos do Projeto Pedagógico que objetivam a ampla formação do jurista.

(WIVIURKA. Disponível em: <http://www.ambito-

juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=9229>.

Acesso em: 27 jun. 2011)

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Outro fator apontado para justificar a crise do ensino jurídico no Brasil é o fato de que

o estudo é, por diversas vezes, encarado pelos acadêmicos, de forma fragmentada, priorizando

apenas alguns ramos, dedicando maior tempo ao estudo de apenas uma matéria em detrimento

de outras competências necessárias ao jurista.

Já na vida profissional, também prioriza-se apenas um ou alguns ramos do direito, até

por necessidade. Em ambos os casos, a crítica não reside na verticalização do conhecimento,

mas a limitação que isto acarreta.

Kuhn apud Morin (2005), afirma que “o desenvolvimento da ciência não se efetua por

acumulação dos conhecimentos, mas por transformação dos princípios que organizam o

conhecimento”.

O problema reside no fato de que após a conclusão do curso de direito, o profissional

se depara com questões muito mais complexas que envolvem diferentes entes da sociedade,

num mundo globalizado que exige muito mais do que o domínio científico, técnico e

profissional de sua área específica.

De início, deve-se ressaltar que essa crise não é um fato isolado em si mesmo:

A crise do Direito e do seu ensino no Brasil não é apenas interna. Em realidade a sua

crise está imersa na crise do próprio modelo político, econômico e social adotado,

que busca concretizar as suas crenças e valores através da instância jurídica.

(RODRIGUES, 1995 apud MEIRA, 2001, p. 29)

Por isso que alguns autores defendem a idéia da necessidade da formação dos alunos

do curso de direito de forma global, capaz de solucionar problemas muito mais complexos.

As Faculdades de Direito devem deixar de serem centros de transmissão de

informação, para se dedicarem, prioritariamente, à formação da personalidade do

aluno, do advogado, do jurista, de sujeitos que saibam reagir frente aos estímulos

do meio sócio-econômico. [...] a analise reivindicada pela problemática educacional

jurídica reside na relação entre o que se ensina e o modo como se ensina justaposta

a outra face do problema que é a relação do que se aprende. (NEVES, 2008 apud

WARAT,1977)

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O ensino jurídico deve, além de uma formação geral, assegurar também formação

humanística e axiológica e o principal problema do ensino jurídico é a revisão dos seus

objetivos, devendo ele voltar ao seu primordial fim: instrumento de transformação social.

Assim cabe, na formação do bacharel em Direito, estimular a reflexão sobre a

realidade social, partindo do pressuposto que o acesso à Justiça é um direito fundamental.

(FONATINHA apud SANCHES e FREIRE. Disponível em:

<http://www.publicadireito.com.br/conpedi/manaus/arquivos/Anais/sao_paulo/2734.pdf>

Acesso em: 16 jun. 2011).

Essa realidade, acentuada pelas exigências de mercado que busca valorizar mais a

memorização do que a reflexão, bem como pela composição de matrizes curriculares com

forte característica positivista e pouco interdisciplinar tem como produto um profissional em

descompasso com os desafios dos novos direitos e os verdadeiros problemas sociais.

(CARLINI apud SANCHES e FREIRE. Disponível em:

<http://www.publicadireito.com.br/conpedi/manaus/arquivos/Anais/sao_paulo/2734.pdf>

Acesso em: 16 jun. 2011).

OPERADORES DO DIREITO E TRANSFORMAÇÃO SOCIAL

O curso de Direito deve além de ciência jurídica ter sua função social. Há ainda a

idéia de que o estudante de direito deverá ser aprovado pelo Exame da Ordem dos Advogados

do Brasil uma vez que, assim não está sendo observando a mudança social e o crescimento

profissional que os alunos do curso de Direito adquirem com os cinco anos de graduação.

É importante ainda observar a afirmativa feita por Martins (2000) “o direito assume

ainda função transformadora da sociedade e por ela também é modificado. Com isto, verifica-

se que o sistema jurídico influencia a realidade social assim como por ela é influenciado.”

Vale discorre ainda:

O direito sempre teve, atendeu, exerceu ou deve atender ou exercer uma função

social, porquanto seu fim está em construir a paz social, tornando harmônica a vida

do homem e dos entes por eles criados. Portanto, desde que foi criada a regra de

direito nas mais antigas civilizações do mundo já se pode notar a existência da

função social e da função social do direito. (CARVALHO, 2002)

Martins (2000) “...é necessário que o operador jurídico, consciente de seu papel como

agente de transformação social, abandone a feição retórico-legalista e o excessivo formalismo,

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que caracterizam a visão tradicional do direito...” . O bom advogado é aquele que consegue

enxergar e assimilar a carência de uma realidade social e que tenha capacidade de proceder

mudanças sociais significativas.

Portanto, o operador do direito deve defender interesses particulares no exercício de

sua profissão, mas deve, acima de tudo, tutelar interesse da coletividade e observar as

transformações da sociedade lutando contra as desigualdades, sendo ele defensor do Estado

Democrático, da ordem jurídica e das garantias constitucionais.

Conforme ensinam FARIA e CAMPILONGO apud MARTINS Disponível em:

<http://bdjur.stj.gov.br/xmlui/bitstream/handle/2011/18873/Operadores_do_Direito_e

_Mudan%C3%A7a.pdf?sequence=2> Acesso em: 03 mai. 2011.

O Poder Judiciário não pode funcionar apenas como um agente de aplicação da lei (e

interpretação) mas como órgão competente e com condições para provocar

mudanças sociais, senão antecedendo aos fatos sociais, pelo menos consolidando a

sua experiência no trato com o quotidiano do drama e do desespero do homem em

sociedade, em repositórios de informações para a transformação social.

Descreve ainda que:

[...] uma segunda exigência com relação ao atual currículo do curso de graduação

em Direito é o de atualizá-lo em função das exigências da realidade brasileira. O

currículo tradicional obedece a uma preocupação marcadamente privatista e de

preparação para as atividades forenses. Impõe-se hoje, de modo diverso, a formação

de homens públicos, de profissionais voltados para atividades de alta administração

longe do foro, bem como, de modo geral, a educação de cidadãos conscientes de

seus direitos e deveres capazes de participar com eficiência dos processos

democráticos de escolha ou decisão popular. (COMPARATO apud MARTINEZ,

2006)

A TRANSFORMAÇÃO SOCIAL E AS UNIVERSIDADES DE DIREITO

Primeiramente é importante destacar:

A universidade possui uma missão ética dentro da sociedade, destinada a alcançar o

bem comum. Sua função social é estar a serviço da comunidade, atrelando ensino,

pesquisa e extensão. Ademais, a instituição de ensino superior, assim como a própria

sociedade, também tem como papel a missão de formar pessoas, uma formação ética

para que se formem profissionais éticos (LEÃO e BARRETO, Disponível em:

<http://revista.uepb.edu.br/index.php/datavenia/article/viewPDFInterstitial/513/291>

Acesso em: 23 mai. 2011)

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O Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Tecnológicas (CNPq) um dos mais

importantes órgãos responsáveis pela avaliação da qualidade do conhecimento produzido no

Brasil, realizou um diagnóstico do ensino jurídico, e relata:

As faculdades de direito funcionam como meros centros de transmissão de

conhecimento jurídico oficial e não, propriamente, como centros de produção de

conhecimento jurídico. Neste sentido, a pesquisa das faculdades de direito está

condicionada a reproduzir a „sabedoria‟ codificada e a conviver „respeitosamente‟

com as instituições que aplicam (e interpretam) o direito positivo. O professor fala

de códigos e o aluno aprende (quando aprende) em códigos. Esta razão, somada ao

despreparo metodológico dos docentes (o conhecimento jurídico tradicional é um

conhecimento dogmático e as suas referências de verdade são ideológicas e não

metodológicas) explica porque a pesquisa jurídica nas faculdades de Direito, na

graduação (o que se poderia, inclusive, justificar pelo nível preliminar do

aprendizado) e, na pós-graduação, é exclusivamente bibliográfica, como

exclusivamente bibliográfica e legalista é a jurisprudência de nossos próprios

tribunais. (FARIA e CAMPILONGO apud MARTINS, Disponível em

<http://bdjur.stj.gov.br/xmlui/bitstream/handle/2011/18873/Operadores_do_Direito_

e_Mudan%C3%A7a.pdf?sequence=2> Acesso em 23 jun. 2011).

O papel dos cursos jurídicos e das Faculdades de Direito nesta profunda mudança

endógena é decisivo.

É o ensino jurídico que constrói a consciência da ordem, mas também é nas

Faculdades de Direito que se constrói a inteligência da ordem.

Para se resguardar a ordem é preciso que se estude a desordem, como forma possível

de se funcionalizá-la, sem o que ela se transforma em agente de pressão exógena, inalcançável

pelas instituições, principalmente quando as instituições estão em processo de desagregação

ou reavaliação.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O direito é um instrumento que deve propiciar a concretização de justiça social, em

sistemas de normas com particular intensidade coercitiva. Esta função social do direito tem

reflexo imediato na formação dos alunos.

Como visto, a formação do bacharel em direito restringiu-se a uma perspectiva

tecnicista, carente da reflexão da norma com a realidade social, alheio às mudanças sociais,

pois alheia a um processo educativo e conscientizador da sociedade sobre os direitos a ela

assegurados.

O bacharel em Direito, ao sair da universidade se depara com situações complexas,

onde há a necessidade de uma conjugação dos saberes de forma dinâmica e atual.

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Porém, a excessiva exigência de aprovação em exames de proficiência limita o

conhecimento na leitura do homem, do mundo e da sociedade, restringindo sua participação

no debate para a universalização do acesso à Justiça, sequer se tornando um agente de

transformação social, devido à restrição na compreensão e na análise da complexidade

existente no cenário contemporâneo.

Um dos direitos fundamentais é o acesso à justiça, que só alcançará efetividade através

da conscientização dos cidadãos de seus direitos e puderem contar com um Poder Judiciário

aberto a demandas populares emergentes, cada vez mais complexas, reflexo das contradições

que permeiam a sociedade.

Para tanto, exige-se do operador do direito, a consciência de seu papel como agente de

transformação social, abandonando a formação tecnicista e o excessivo formalismo, que

caracterizam a visão tradicional do direito, para alcançar a satisfação dos anseios da sociedade

e a concretização dos direitos fundamentais, base da política do Estado Democrático de

Direito.

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Curso de Direito da Universidade Estadual da Paraíba. Disponível em:

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MECANISMOS CONSENSUAIS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS

PROPOSTA DE FORMAÇÃO DE UMA REDE PÚBLICA DE

COOPERAÇÃO

(AS POSSIBILIDADES A PARTIR DA RESLUÇÃO 125/2010 – CNJ)

Edson Edgard Batista18

RESUMO: Este texto foi formatado a partir de uma avaliação da edição da Resolução nº 125

do CNJ (Conselho Nacional da Justiça), cuja pedra de toque consiste em apresentar Métodos

Alternativos de Resolução de Conflitos, a partir de uma perspectiva que possa contribuir para

a institucionalização de uma “cultura de paz”. Neste passo, inspirados neste propósito, o

enfoque se voltou para os dispositivos que se prestigiaram a formação de redes de atuação

pública, enquanto estratégia que possa contemplar uma gestão que atenda aos anseios de uma

política pública que leve em conta os “arranjos institucionais”.

PALAVRAS-CHAVE: Redes públicas. Mecanismos consensuais, cooperação.

INTRODUÇÃO

A crescente complexidade da sociedade, referenciada na inovação e no conhecimento,

praticamente vem obrigando as organizações a adotarem estratégias para o fomento e

apropriação da inteligência coletiva interna como fator diferencial.

A experiência a e literatura vêm demonstrando que as articulações em rede congregam –

em processos de parceria – diversos setores, segmentos e indivíduos com culturas diferentes,

criando uma convivência baseada no respeito à diferença e na inclusão do diferente.

É aqui que as redes encontram fértil campo para a expansão e fortalecimento.

Juntamente com os benefícios da estratégia rede, as organizações enfrentam o desafio de

flexibilizar a estrutura planejada para construir um ambiente favorável para que as redes

18

Professor Mestre do curso de Direito FAMA.

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internas vinguem. Quando há flexibilidade e capacidade para absorver o impacto das idéias

emergentes, indivíduos e organizações se tornam coletivamente mais inteligentes.

Neste cenário, a proposta que está sendo apresentada através deste articulado visa

contribuir para Mudanças Estratégicas Organizacionais a partir da formação de redes de

cooperação, proporcionando um modelo diferenciado de aprendizagem organizacional.

NOÇÕES SOBRE REDES DE COOPERAÇÃO

No nosso dia a dia ouvimos falar muito em redes produtivas, organizações em rede,

redes de empreendimentos industriais, comerciais e de serviços, redes de comunicação, redes

de relacionamentos, redes de conhecimento, como se o padrão de organização em rede fosse

uma invenção das últimas décadas.

Se voltarmos os olhos para o nosso cotidiano, com o foco nas relações que sustentam

nossas rotinas, veremos emergir um variado conjunto de redes.

Vejamos, a título de exemplo, a teia de relações vivenciadas em um ambiente escolar:

professores, colegas, diretores, coordenadores, servidores burocráticos, os serventes, as

pessoas do ônibus ou metrô, o vendedor de passes; e a rede de relações que é necessária

estabelecer para o abastecimento de uma casa?; e as diversas redes de relacionamentos em

que nos vemos envolvidos na nossa vida profissional?

E a nossas relações afetivas?: as pessoas que amamos? Todas as nossas atividades dão

origem a redes de relações. São redes espontâneas, que derivam da sociabilidade humana.

Elas estão por aí o tempo inteiro, apenas não estamos acostumados a focar nosso olhar

sobre elas, negligenciando em perceber que se tratam de sistemas vivos e dinâmicos, sem nos

darmos conta de que são elas que dão sustentação às nossas vidas, produzindo e reproduzindo,

dia após dia.

Poderíamos questionar: o que estas redes, que estão no nosso dia a dia, muitas delas

imperceptíveis, têm a ver com movimentos sociais, Orkut, redes de empresas, redes de

computadores, cadeias de farmácias e supermercados?

O que pode ser considerado como novo, inserido num contexto histórico de

desenvolvimento de tecnologias de informação e comunicação, seria o padrão atual de

tendência hegemônica em diversos campos da vida social, política e econômica, contrariando

e modificando a forma como a sociedade se organiza para produzir bens materiais (tangíveis)

e imateriais (intangíveis).

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A compreensão dos fenômenos das organizações em rede deriva de uma série de estudos

e do caráter inovador de pesquisadores em diversos campos das ciências físicas e naturais, da

cibernética, da informática e das ciências sociais.

A base desta compreensão são as abordagens sistêmicas e complexas que acontecem em

diversos campos do conhecimento e a identificação do padrão rede como um elemento

comum e constituinte dos sistemas vivos. Entre os pesquisadores envolvidos na construção de

uma nova compreensão da vida e da sociedade – boa parte deles influenciados por Fritjof

Capra – emerge a partir de uma visão detalhada e panorâmica das contribuições para o novo

paradigma. Dentre seus livros, destacamos a Teia da Vida e Conexões Ocultas.

No campo da sociologia e da análise das redes sociais, nos últimos 30 anos, alguns

estudiosos vêm se dedicando à tarefa de pensar os coletivos, as redes sociais e sua dinâmica

própria, sendo os mais citados M. Granovetter, M. Olson, B. Wellman, M. Authier, K. Arrow,

E. Rogers, T. Valente, Stanley Milgram. Em relação à inteligência coletiva: Norbert Wiener,

Steve Johnson, Pierre Levy.No Brasil, podemos destacar Rogério Costa, Augusto de Franco,

Eugênio Trivinho, Ana Maria Nicolaci da Costa.

No Terceiro Setor também há significativa adoção e experimentação do padrão rede,

com produção de reflexões construídas a partir de práticas coletivas inovadoras. As

experiências brasileiras podem ser encontradas em diversos endereços na internet, como o site

da Rede de Informações do Terceiro Setor – Rits (www.rits.org.br), que publica

comunicações diversas de facilitadores de redes e de pesquisadores do tema, constituindo uma

biblioteca pública de realizações no campo da articulação em rede.

No setor empresarial e produtivo são inúmeras as experiências tanto internamente, como

estratégia para a gestão de conhecimento, de pessoas, da informação quanto como entre

organizações, em cadeias produtivas e parcerias com diversos objetivos.

No setor público, caracterizado por estruturas verticalizadas e da cultura hierárquica,

também apresenta iniciativas de articulação de redes, seja como estratégia para a gestão de

serviços, seja como instrumento para gestão de informação e conhecimento.

O que todas estas redes têm em comum é a forma como os elementos que as constituem

se relacionam, sejam elas pessoas, lojas, máquinas ou ong‟s.

Em fim, o que é uma rede?

Do ponto de vista morfológico estrutural, imaginemos uma rede de pescar, com linhas

se entrecruzando, formando um nó, um ponto de encontro, depois outro nó, outro ponto de

encontro e a partir daí conexões sucessivas.

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Quando falamos de organizações e pessoas que se articulam em rede estamos dizendo

que as relações internas do seu sistema de relações, dos elementos que as formam, se dão a

partir de conexões, ponto a ponto, entre as pessoas e instituições.

Apesar de características particulares, a forma de operar das redes sociais traduz

princípios semelhantes aos que regem os sistemas vivos.

Lembramos que o conceito de rede tem origem na Ecologia. Assim, um passo

importante para entender as dinâmicas próprias do trabalho em rede é conhecer os sistemas

vivos, entender como a vida se sustenta, se autoproduz e se reproduz.

Uma diferença essencial entre os dois sistemas de rede, o biológico e o cultural, é que os

fluxos e ciclos das redes sociais estão permeados e são canais de circulação de informações,

conhecimentos e valores (sistemas simbólicos), enquanto que nos sistemas vivos os fluxos são

de energia e matéria.

FUNÇÕES GENÉRICAS (BÁSICAS) DE UMA REDE

As redes são estratégias adequadas para o alcance de objetivos que dependem de

colaboração e cujos benefícios possam ser partilhados. Toda rede, independente dos objetivos

para os quais tenha sido idealizada, é um dispositivo para o gerenciamento de informações e

conhecimentos.

No caso das redes internas de organizações, sejam elas do Estado, Empresariais ou do

Terceiro Setor, o desafio é conseguir acionar e institucionalizar redes com características

informais, que contribuam para a renovação e atualização das estruturas formais, também

denominadas planejadas.

Juntamente com os benefícios da estratégia rede, as organizações enfrentam o desafio de

flexibilizar a estrutura planejada para construir um ambiente favorável para que as redes

internas possam emergir.

Quando há flexibilidade e capacidade para absorver o impacto das idéias emergentes,

indivíduos e organizações se tornam coletivamente mais inteligentes.

A dificuldade, particularmente em estruturas e processos muito verticalizados,

burocráticos e autoritários é criar um clima de acolhimento e confiança que estimule e torne

possível o desenvolvimento de uma cultura referenciada na colaboração, na valorização da

autonomia, no reconhecimento da interdependência, no respeito às diferenças e à diversidade.

Não é fácil desalojar os indivíduos da zona de conforto, dos papeis já aceitos, rotineiros.

É preciso que as pessoas acreditem que não há risco em serem criativos e exporem suas

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idéias. Igualmente é preciso que não se sintam deslocados ou perdendo tempo por

colaborarem.

Também é imprescindível que sejam identificadas e apoiadas aquelas pessoas capazes

de liderar e nutrir a rede. Todo o processo da articulação de redes está sustentado nas pessoas,

em suas relações ponto a ponto, na credibilidade dos facilitadores, nos relacionamentos

interpessoais.

Num processo sistêmico, a liderança consiste em continuamente facilitar a emergência

de novas estruturas e idéias e incorporar o melhor delas no processo. Isto é possível criando-

se uma cultura de aprendizagem que encoraje a inovação, nutrindo um clima de entusiasmo,

suporte mútuo e confiança, verdadeira paixão e com oportunidades para celebração.

Liderar na rede significa criar condição de empoderamento coletivo muito mais que dar

direções. Neste processo muito se tem utilizado as performances da estratégia L.S.S.

(liderança sem status), difundida como um formato mais abrangente e compatível com o

estágio de desenvolvimento do mundo corporativo.

Criar um sentido comum para a ação a partir da elaboração conjunta dos objetivos,

regras e planos para a atuação, contemplar interesses diversos, privilegiar o que une uns aos

outros e não as divergências são estratégias de coordenação e nutrição da rede.

É importante criar ambientes e situações de confiança, dando solidez às relações

interpessoais. Relacionamentos autênticos são nutridos através de conversações diretas,

diálogos freqüentes, trabalho e responsabilidades compartilhadas.

A confiança é construída e vivenciada em contextos de comunicação multifacetada. O

sistema de comunicação da rede precisa ser aberto e fluido e incluir círculos de realimentação

e ser praticado por todos.

RESOLUÃO 125/2010–CNJ E AS REDES PÚBLICAS DE COOPERAÇÃO

O crescimento econômico do Brasil nem sempre esteve associado à redução das

desigualdades sociais. Este, dentre outros, tem sido um dos fatores que mais contribuem para

o aumento do número de conflitos sociais, advindos de uma gama extensa de motivos, desde a

violência na estrutura familiar até a prática de crimes financiados por grupos e facções de toda

ordem e espécie.

Este cenário tem exigido da sociedade como um todo – em seus diversos seguimentos e

extratos – a adoção de novas estratégias que possam fazer frente a esta crescente demanda de

conflitos.

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Por outro lado, a observação da dinâmica em que o tecido social se acomoda, vem

demonstrando que práticas preventivas costumam ser, em sua franca maioria, mais eficazes

do que a adoção de medidas corretivas/repressivas.

Neste sentido, a Edição da Resolução 125, de 29 de novembro de 2010, do Conselho

Nacional da Justiça, que instituiu a Política Judiciária Nacional de Tratamento adequado de

conflitos impôs ao Poder Judiciário (em seus diversos âmbitos), a necessidade de se

regulamentar a matéria.

No Estado de São Paulo foram editadas normas regulamentares (provimentos) 1868-

15/02/2011 e 1892/2011-26/05/2011, que criaram, respectivamente, o NÚCLEO

PERMANENTE DE MÉTODOS CONSENSUAIS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS e OS

CENTROS JUDICIÁRIOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS E CIDADANIA, já

regulamentados por portaria publicada no DOJ. (20.06.2011 – pgs. 3-7), inclusive com o

regimento interno.

Destaca-se aqui o art. 5º da Resolução 125/CNJ “O programa será implementado com a

participação de rede constituída por todos os órgãos do Poder Judiciário e por entidades

públicas e privadas parceiras, inclusive universidades e instituições de ensino”,

complementados pelas discriminações contidas, principalmente no art. 6º e 7º, III.

Essas normas permitem afirmar que foi instituído o marco regulatório das temáticas,

fator fundamental para a implementação de uma política pública voltada para a

institucionalização da cultura de paz, enquanto ideário de uma sociedade mais justa, solidária

e igualitária.

O cenário até aqui considerado demonstra que as estratégias traçadas nos diversos

regulamentos sugerem práticas inovadoras, onde a criatividade e a capacidade de inovação,

características que fundamentam os sistemas de redes de cooperação, e os atuais modelos de

gestão possam ser compatibilizados, naquilo que for possível e, a partir daí implantar um

formato mais adequado para as demandes emergentes.

Se o NÚCLEO PERMANENTE DE MÉTODOS CONSENSUAIS DE SOLUÇÃO DE

CONFLITOS e OS CENTROS JUDICIÁRIOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS E

CIDADANIA podem ser considerados como a adoção de uma política pública inovadora no

tratamento adequado dos problemas jurídicos de conflitos de interesses, temos aí um campo

fértil para a aplicação de um sistema de gestão igualmente inovador, sugerindo a implantação

do sistema de rede pública de cooperação.

Se considerarmos uma escala de mudanças, poderíamos estabelecer:

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I. muda-se um hábito a partir de práticas do cotidiano, influenciadas pelo

ambiente familiar, pelas práticas educativas e pelos primeiros grupos sociais a

que nos integramos (ex: as primeiras noções de comportamentos e cuidados com

a saúde e higiene);

II. muda-se um costume a partir de uma integração mais intensa dos

múltiplos atores sociais, alicerçadas na compreensão de um ambiente coletivo

mais amplo (seria o indivíduo ingressando nos circuitos sociais, como práticas

esportivas, artísticas e culturais de uma certa região, capazes de estabelecer

relações mais permanentes, como é o caso de características de certos ritmos e

tons musicais, das tradições folclóricas ou culinárias). Aqui não poderíamos

deixar de mencionar a obra-prima de Luís da Câmara Cascudo, que tão bem

retratou a extraordinária variedade cultural brasileira em seu “Dicionário do

Folclore Brasileiro”;

III. muda-se um conceito a partir da disseminação de uma prática que seja

capaz de rever ou reverter toda uma política arraigada ao longo de uma escala de

tempo mais extensa e que vem sendo capaz de envolver o tecido social como um

todo (ex: os investimentos, mesmo considerados altos, em saúde e educação,

capazes de contribuir para a significativa melhoria da qualidade de vida das

pessoas);

IV. muda-se uma cultura a partir do momento em que toda uma escala de

valores é revista, com capacidade de mudança de rumos de toda uma civilização

(são mudanças de todo um regime político estabelecido, como o término de um

período de exceção para uma regime democrático; o final de um período de

guerra para um regime de paz ou pelo surgimento de uma nova teoria que por tão

densa e significativa, seja capaz de mudar curso da História, como a passagem a

concepção teluriocentrista para a teoria heliocentrista de Copérnico).

No processo e no estágio em que nos encontramos, considerada a proposta que

fundamenta contida neste texto, acreditamos que estamos na escala III, mas ainda muito longe

de alcançarmos a escala IV, passando de um regime fundamentado na jurisdicialização pela

sentença de mérito, onde se pronuncia quem tem ou não razão, para um regime da cultura de

pacificação social, de litigiosidade atenuada, fundamentado na aplicação de métodos

consensuais de solução de conflitos.

Novos panoramas e cenários dificilmente encontram soluções em velhas práticas e

hábitos, requerendo que estratégias inovadoras possam ser implantadas, em um clima de

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acolhimento e confiança, facilitando e estimulando o desenvolvimento de uma cultura

referenciada na colaboração, na valorização da autonomia, no reconhecimento da

interdependência, no respeito às diferenças e à diversidade.

Um outro aspecto relevante foi o levantamento realizado em todos os sites dos Tribunais

brasileiros (TJ‟s, TRT‟s, TRF‟s, TJM‟s, TS‟s, STJ e STF), nas ferramentas “fale conosco” ou

“Serviços-Ouvidoria”. Na comunicação foi utilizada a seguinte mensagem: “Estou realizando

uma pesquisa, gostaria de saber no TJ-“XX” existe algum projeto que tenha como tema:

“rede(s) pública(s) de cooperação” e “gestão em rede(s) pública(s) de cooperação”... grato.

De todas as consultas realizadas, em nenhuma delas houve resposta afirmativa. Isto

sugere o caráter inovador da proposta contida neste texto, o que estaria colocando o TJ/SP na

condição de pioneiro.

ESPECIFICIDADES DE UM SISTEMA EM REDE

Levando em conta os formatos que envolvem e desenham o modelo de atuação em redes

de cooperação, podemos destacar algumas características: Incentivar a cultura de objetivos

compartilhados, construídos coletivamente; propor a criação de múltiplos níveis de

organização e ação, envoltos em um sistema que favoreça um regime horizontal de relações;

facilitar o dinamismo e intencionalidade dos envolvidos, que possa servir como fator de

incentivo a novas práticas; permitir a coexistência de atores com diferencial de atuação,

facilitando assim a descoberta de novos talentos e o desenvolvimento de lideranças; produção,

reedição e circulação de informação, como fontes de incentivo em replicar as práticas em

outras instâncias; incentivar e fortalecer os participantes continuamente, como forma de

manter a sintonia entre os integrantes; criar a cultura da desconcentração do poder,

procurando compatibilizar os modelos tradicionais de gestão e os formatos de atuação em

rede; incentivar e estimular a sustentação de múltiplas iniciativas, facilitando assim o

surgimento de práticas inovadoras; explicitar a tensão entre estruturas verticais & processos

horizontais, como forma de revisão permanente de conceitos e reflexões que possam servir de

adoção de novas posturas; compatibilizar os movimentos de comportamentos de competição

& cooperação, como um processo saudável de desenvolvimento institucional; compartilhar

experiências, afetos, informações e conhecimentos, sugerindo práticas de integração sócio-

profissionais; desenvolver de maneira mais intensa a composição multi-setorial, facilitando a

compreensão da formação de arranjos institucionais; incentivar e compreender a necessidade

de formação permanente, como fonte de conhecimento necessária para o desenvolvimento

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cultural e profissional; criar ambientes férteis para parcerias e oportunidades para relações

multilaterais; compreender a evolução coletiva & individual para a complexidade, como

formas de compreensão de uma realidade holística; implementar uma configuração dinâmica

e mutante, com formatos necessários para o acompanhamento de uma sociedade envolvida em

um processo permanente de mudanças.

O MÉTODO DO SISTEMA DE ATUAÇÃO EM REDE

Diante das características até aqui consideradas sobre os componentes de uma rede de

cooperação, vamos procurar compatibilizar os instrumentos e as ferramentas que possam ser

necessários e úteis para um processo de implantação, desde sua concepção (enquanto plano

geral) e suas etapas (a partir de um planejamento contido nos planos de trabalho que serão

elaborados a medida em que formos avançando).

Um quadro ilustra bem uma concepção inicial da caracterização de um sistema

estruturado no formato de rede:

Entre as iniciativas que podem contribuir para o fortalecimento das redes podemos

destacar: ações de comunicação e de capacitação sobre os trabalhos articulados e sobre os

temas da rede, dirigidas às diferentes comunidades que a compõem; articulação de todos os

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novos repertórios; desenvolvimento de habilidades individuais e coletivas de comunicação;

controle; criar condição de conhecimento mútuo dos participantes da rede; desenvolver ações

efas).

Um aspecto importante para o entendimento das dinâmicas de redes e de sua gestão,

para o qual Capra (1997) chama atenção, é o da existência das estruturas emergentes

(espontâneas) e das estruturas planejadas.

O autor explica que no processo da evolução, todas as criaturas vivas do planeta

evoluíram em emergências com adaptação e criatividade, ou seja: “todas as estruturas não

humanas do planeta são estruturas emergentes. Mas com a evolução humana, linguagem,

abstração, pensamento conceitual e todas as outras características da consciência humana

entraram em cena. Isto nos capacitou a formar imagens mentais de objetos físicos, para

formular objetivos e estratégias, e assim a criar estruturas por planos”.

Nas organizações humanas, inclusive nas redes, os dois tipos de estruturas estão sempre

presentes. As estruturas planejadas são as estruturas formais de organização, representadas em

seus documentos oficiais e descrevem a missão da organização, suas políticas formais, seus

objetivos, suas estratégias e regras.

Paralelamente, há as estruturas emergentes. São as estruturas informais da organização,

as parcerias e amizades, as redes de influência de cada integrante da organização, os canais

informais de comunicação, as habilidades e fontes de conhecimento que estão em contínuo

desenvolvimento. Estas estruturas emergem de uma rede informal de relações e

continuamente surgem, crescem, mudam e se adaptam a novas situações, gerando mudanças

que muitas vezes impactam todo o sistema.

Os dois tipos de estruturas – planejadas e emergentes – são muito diferentes e estão

presentes em todas as organizações humanas.

Nas redes, se as estruturas planejadas se fortalecem em detrimento das estruturas

emergentes, perdemos muito da riqueza e inventividade e avançamos em direção à

verticalização e ao predomínio das hierarquias.

Por outro lado, se não constituímos uma mínima estrutura planejada (acordos de

convivência, regras de adesão, cadastro de membros, uma instância de coordenação, regras

para o processo de decisão) as redes emergentes correm risco de perder sua capacidade

operativa.

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Como são redes com objetivos e das quais esperamos resultados, enfrentamos o desafio

de encontrar um equilíbrio, que é dinâmico, entre as estruturas planejadas e as estruturas

emergenciais para mantermos a criatividade livre e ativa na rede.

Para implantação de uma rede, portanto, poderíamos indicar os componentes contidos

no quadro abaixo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para implantação da rede, levando em conta a proposta de um projeto piloto a partir

dos marcos regulatórios do Estado de São Paulo, serão necessários recursos e ferramentas

colaborativas (cooperativas), dotados de instrumentos capazes e suficientes.

Com a finalidade de configurar a rede dentro de um padrão de estrutura objetiva e

discreta, a estratégia é aproveitar de boa parte dos recursos e instrumentos que já integram a

gestão do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.

Para tanto indicamos duas alternativas estruturais, sendo:

3.1. - onde as estruturas de tecnologia-STI (profissionais e instrumentos), reformulada

pela PORTARIA Nº 8.299/2011, pudessem se agregar a estrutura de recursos humanos

(SGRH) e de recursos materiais-SPI (prédios, insumos, veículos).

Esta estratégia vai de encontro ao espírito do sistema em redes, no sentido de

simplificar e relacionar e se aproveitar de sistemas já estruturados, o que facilita e torna mais

barato o processo de implantação.

Através da STI (Secretaria de Tecnologia da Informação), todo o corpo humano –

capacitado e experiente – seria bastante útil para mostrar os caminhos mais eficientes e

práticos para que os fluxos de informações possam ser mais objetivos e claros entre os

integrante da rede. Importante consignar que no Planejamento Estratégico elaborado pelo

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TJ/SP (2010-2014), consta do mapa construído com a temática “Infraestrutura e Tecnologia”,

onde foram traçadas diversas metas sobre a informatização e o sistema de gerenciamento da

informação.

Através da SGRH (Secretaria de Gerenciamento de Recursos Humanos) e o sistema de

avaliação de desempenho, que tem como um dos objetivos principais a descoberta de novos

talentos, ou seja, pessoas com aptidão às temáticas de rede, com capacidade de integração

mais espontânea ao processo de implantação. Ademais, o Planejamento Estratégico elaborado

pelo TJ/SP (2010-2014), consta do mapa construído a temática “Gestão de Pessoas”,

prevendo metas como a implantação da Escola de Servidores, que facilitaria a qualificação e

formação contínua dos integrantes do sistema.

3.2. – a estrutura organizacional da Escola Paulista da Magistratura (EPM), instituída

pela Portaria nº 015/2011, de 17 de maio de 2011.

Esta sugestão é apresentada em razão da dinâmica que já vem sendo desenvolvida,

através da promoção de vários cursos que já foram desenvolvidos, dentre os quais aqueles

indicados na Resolução 125 do CNJ e de outros que estão sendo implementados. Isto

certamente facilitaria todo o processo de formação, uma vez que todo o potencial já adquirido

serviria como ferramenta de franca qualificação do corpo humano envolvido.

No entanto, a princípio, uma outra sugestão seria integrar as estruturas sugeridas nos

itens 7.1 e 7.2, naquilo que for necessário e possível, a partir de uma tendência de composição

de rede, denominado de sistema híbrido.

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PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL DO DIREITO A VIDA E A

PROBLEMÁTICA DO ABORTO ANENCEFÁLICO

Geisa Cavalcante Carbone Sato19

RESUMO : O presente estudo enfrenta a problemática candente do direito da gestante à

opção de escolha pela interrupção da gravidez de um feto anencéfalo com amparo legal, tema

esse objeto da ADPF nº. 54 em fase de julgamento no Supremo Tribunal Federal. Pautando-

nos por um pensar principiológico no qual os princípios da dignidade humana, e do respeito à

vida, essencialmente, se põem para o intérprete, em prol de uma Ordem Jurídica Justa.

Concluímos pela relevância do direito da gestante à vida, à saúde e à sua dignidade como

pessoa humana, haja vista que o feto não terá vida extra-uterina.

PALAVRAS-CHAVE: Constituição Federal; Princípios; Direito à vida.

BREVES NOÇÕES SOBRE A JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL E O PRINCÍPIO

DA DIGNIDADE HUMANA

Vivencia-se, hoje, um direito mais principiológico que legalista em razão da

visualização da Constituição Federal como o núcleo hermenêutico do intérprete,

caracterizando o fenômeno jurídico da descodificação dos direitos materiais e processuais e,

conseqüentemente, a constitucionalização desses direitos. Porém, é na textualidade da tese

enfática de Canotilho (2000, p. 84, grifo nosso) que esse pensar primordialmente

principiológico se traduz com cristalinidade: “[...] o direito do estado de direito do século 19 e

19

Mestre em Direito Processual Constitucional pelo Centro Universitário Toledo – UNITOLEDO,

Araçatuba/SP; Especialista MBA em Direito e Gestão Empresarial pela Faculdades Integradas de Três

Lagoas/MS-AEMS; Doutoranda em Direito pela Universidade Museo Social Argentino –UMSA- em Buenos

Aires Argentina;Professora de Direito Civil pela Faculdade Cidade Luz-FACILUZ Ilha Solteira /SP; e

professora de Direito Constitucional e Responsabilidade Civil da Faculdade FAMA- Faculdade Aldete Maria

Alves de Iturama-MG; Advogada na cidade de Jales/SP.

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da primeira metade do século 20 é o direito das regras dos códigos; o direito do estado

constitucional democrático e de direito leva a sério os princípios, é um direito de princípios”.

Um pensar principiológico responde de forma mais adequada à almejada ideologia

de um “Processo Justo” ou, na expressão corrente, de uma “Ordem Jurídica Justa”, bem como

às complexidades e angústias do viver moderno, à concretização dos direitos fundamentais da

pessoa humana e, por fim, ao escopo último do direito que é a pacificação social. Assim o é

por que um princípio não “revoga“ outro princípio, como ocorre com as regras, e quando um

princípio se coloca em rota de colisão com outro, ou até com mais de um princípio, a solução

se põe com o balanceamento dos mesmos por meio do princípio da proporcionalidade,

princípio constitucional implícito e seus consectários subprincípios da necessidade, da

adequação e da proporcionalidade em sentido estrito. Por conseguinte, maximiliza-se o

princípio mais adequado, minimizando-se aquele(s) que se paramenta(m) como o(s) menos ou

não adequado(s) à decisão judicial justa naquele caso concreto.

Partindo da idéia de que toda norma é ou uma regra ou um princípio, Alexy (2008, p.

90-91) conceitua “princípios” como “mandamentos de otimização” que são caracterizados por

poderem ser satisfeitos em graus variados e pelo fato de que a medida devida de sua

satisfação não depende somente das situações fáticas, mas também das possibilidades

jurídicas, sendo que o âmbito destas é determinado pelos princípios e regras colidentes. No

que pertine às regras, propõe que “são sempre satisfeitas ou não satisfeitas”. E explica o

Professor Catedrático da Universidade de Kiel, Alemanha, que se uma regra vale, então, deve

se fazer exatamente aquilo que ela exige; nem mais nem menos, contendo, portanto, as regras,

“determinações”, no âmbito daquilo que é fática e juridicamente possível. E conclui que a

distinção entre regra e princípios é uma distinção qualitativa, e não uma distinção de grau.

Importa considerar, ademais, o princípio da dignidade humana, mormente frente à

Constituição Federal pátria de 1988, que o homenageia, de pronto, no art. 1º, inciso III, e que,

anteriormente, em 1948, na Declaração Universal dos Direitos do Homem, fêz-se presente no

início do Preâmbulo, in verbis: “Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a

todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento

da liberdade, da justiça e da paz no mundo”, põe-se como um sobreprincípio, a base de todos

os direitos constitucionalmente consagrados, um vetor-mor da hermenêutica jurídica, de modo

que existindo no julgamento de um caso concreto direitos fundamentais em rota de colisão, a

maximilização dar-se-á em relação à dignidade da pessoa humana, minimizando-se os demais,

sem que, em verdade, tenha-se como absoluto este princípio-mor, podendo este sofrer

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relativização no balanceamento de valores no plano decisório do discurso jurídico. Com

proficiência, conceitua, juridicamente, Sarlet (2008, p. 63) a dignidade da pessoa humana:

Assim sendo, temos por dignidade da pessoa humana a qualidade intrínseca e

distintiva reconhecida em cada ser humano que o faz merecedor do mesmo respeito

e consideração por parte do Estado e da comunidade, implicando, neste sentido, um

complexo de direitos e deveres fundamentais que assegurem a pessoa tanto contra

todo e qualquer ato de cunho degradante e desumano, como venham a lhe garantir as

condições existenciais mínimas para uma vida saudável, além de propiciar e

promover sua participação ativa e co-responsável nos destinos da própria existência

e da vida em comunhão com os demais seres humanos.

Necessárias fazem-se essas doutrinas para auxílio do intérprete na solução da

problemática posta sobre a possibilidade jurídica de opção da gestante pela interrupção da

gravidez de feto anencéfalo, para a qual, indiscutivelmente, os princípios do respeito à vida

(sic) do feto anencefálico e o da dignidade humana da mãe, estruturarão o discurso jurídico

em prol de uma resolução justa, uma vez que entram em rota de colisão, a exigir a

supremacia, essencialmente, de um deles sobre o outro. Esse balanceamento de princípios que

permeará, é certo, os votos dos Excelentíssimos Ministros do Supremo Tribunal no

julgamento da ADPF nº. 54, no trato dessa temática sensível a desnudar o sofrimento humano

na figura da gestante e familiares, fará história, que se espera em prol de um Direito Justo.

O DIREITO DA GESTANTE À OPÇÃO DE ESCOLHA PELA INTERRUPÇÃO DA

GRAVIDEZ DE UM FETO ANENCÉFALO

Conforme veremos no decorrer deste artigo, a anencefalia significa má-formação,

total ou parcial, do cérebro ou da calota craniana. De cada 10.000 nascimentos no Brasil, oito

são anencéfalos. A ciência médica, afirma que em se tratando de um verdadeiro caso de

anencefalia a vida do feto resulta totalmente inviabilizada. Não há que se falar em delito,

portanto, no caso de aborto anencefálico. Não se trata de uma morte arbitrária, ou seja, não se

trata de um resultado jurídico desarrazoado ou intolerável. Daí a conclusão de que esse fato é

materialmente atípico.

A Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde, protocolou junto ao Supremo

Tribunal Federal a Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental - ADPF nº. 54,

pondo em tela de juízo a interrupção da gestação de feto anencéfalo. Pretendia, a referida

ação, que o Tribunal Constitucional do país reconhecesse expressamente o direito da mulher

de interromper a gestação em situações desta natureza, que se estendesse às hipóteses de

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anencefalia do produto da concepção, as causas de justificação para o aborto especificadas no

Código Penal.

Da análise dos dois pontos de vista supra expostos, depreende-se com nitidez, que o

marco inicial da vida ainda não é um conceito claro. Alongando-se o tema, podem-se

encontrar argumentos que variam desde a convicção de que basta a presença de um único

código de DNA para transformar um ovo em uma pessoa humana em formação, até outros,

menos científicos, que são centrados na aparência.

Para o ordenamento jurídico, é de vital importância, que se defina de maneira clara e

simples, o início da vida humana para determinar a partir de que momento essa nova entidade

será considerada viva e terá personalidade jurídica, merecendo assim, a tutela do direito.

Porém, tal definição deve surgir livre de explicações pseudo-científicas e místicas e deve ser

pautado em discussões bioéticas.

É válido ressaltar, que os doutrinadores de direito penal, defendem e têm utilizado a

seguinte classificação: ovo (até três semanas de gestação), embrião (de três semanas a três

meses), feto (após três meses).

Contudo, tais entendimentos não devem ser estáticos, mas sim maleáveis, visando a

sua constante evolução com o passar do tempo.

Cumpre especular, acerca da postura ética ideal em situações como esta. O senso

moral de cada um, envolve elementos diversos, sobre as condições a serem preenchidas pelo

sujeito ético ou moral, que incluem: a) a consciência de si, a definição dos próprios valores e

da própria conduta; b) a percepção do outro, o respeito pelos valores do próximo e a

tolerância com sua conduta. Não se trata de pregar, naturalmente, um relativismo moral, mas

de reconhecer a inadequação do dogmatismo onde a vida democrática exige pluralismo e

diversidade. Em situações como essa, o papel do Estado deve ser o de assegurar o exercício

da autonomia privada, de respeitar a valoração ética de cada um, sem a imposição externa de

condutas imperativas.

É exatamente esta a idéia central defendida no presente estudo. Relativamente à

antecipação terapêutica do parto, oferece-se à gestante a faculdade de não levar a termo a

gestação inviável, e desta forma ter o amparo legal para isto.

Esclarecer é preciso, ainda, que o posicionamento aqui defendido visa resguardar o

direito à vida, e, mais do que isto, o direito a uma vida digna, com esteio nos princípios da

razoabilidade e proporcionalidade que faz com que se opte por não fazer a mãe correr riscos

para preservar um ser que não tem cérebro e, por esta razão, obviamente, é um natimorto

cerebral.

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Como podemos perceber, o presente estudo, envolve não somente aspectos jurídicos,

mas, valores morais, filosóficos, religiosos e de saúde pública. A vida e a morte em separação

tênue. Direitos constitucionais definitivamente em choque, pois como vimos, temos de um

lado o direito do feto, direito a vida, e o direito a liberdade de escolha da gestante, ambos,

direitos fundamentais garantido pela nossa Constituição Federal, mas nesse caso ele, o feto,

conforme podemos perceber no decorrer do artigo em tela, é considerado um natimorto

cerebral, não podemos falar em vida, no caso de fetos portadores de anencefalia, mas, por

outro lado, temos também o direito da gestante, o direito a liberdade e o direito a saúde, que

também é um direito fundamental garantido pela nossa Constituição Federal, a gestante,

deveria ter a opção de escolha, a autonomia, em levar ou não adiante, a gravidez de um feto

portador de anencefalia.

Posicionamentos vários, uns eivados de razoabilidade, outros de extremismo quase

fundamentalista. Partindo desse princípio, vimos que é a discussão do tema no Supremo

Tribunal Federal, é de extrema importância e sem dúvida de máxima urgência, ou seja, é de

suma importância a decisão que tange ao Supremo Tribunal Federal, tomar referente ao

ADPF nº. 54 e do Congresso Nacional o que atualmente está sendo, a partir das três

audiências públicas que foram realizadas nos dias 26 e 28 de Agosto e 04 de Setembro, ambos

de 2008, que pleiteia o direito de não serem punidos os médicos que fizerem abortos de fetos

anencefálicos e de a gestante poder realizar o aborto sem a necessidade de apresentação

prévia de autorização judicial ou de qualquer outra forma de permissão do Estado, assim

surgem novamente as seguintes indagações: o aborto anencefálico é crime punível ou

exercício de um direito? Pois a anencefalia ou a acrania (ausência do crânio na presença de

um cérebro malformado), atualmente não viabilizam correção ou vida a posteriori. É de

extrema urgência separar de forma objetiva a moral e religião do direito, e necessidade fática,

aceitar que o aborto de fetos anencefálicos, não é uma abstração, mas uma questão social que

precisa ser discutida, uma vez que o Código Penal na data de 1940 e tendo em vista que não

haveria como o legislador, naquela época, prever os avanços tecnológicos da medicina (ultra-

sonografia tridimensional e etc.).

O aborto é descrito pela doutrina especializada como a interrupção da gravidez com a

conseqüente morte do feto (produto de concepção) a morte deve ser resultado direto dos

meios abortivos, sendo imprescindível tanto a comprovação da relação causal como a

potencialidade de vida extra-uterina do feto. Não é o que ocorre na antecipação do parto de

um feto anencefálico. Com efeito, a morte do feto nesses casos, decorre da má formação

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congênita, sendo certa e inevitável ainda que decorridos os nove meses “normais” de

gestação. Falta à hipótese o suporte fático exigido pelo tipo penal.

Essa linha de entendimento decorre, de maneira inexorável, do próprio conceito

jurídico de morte adotado no Direito brasileiro. De fato a Lei n°. 9.434, de 04 de fevereiro de

1997, permite a retirada de órgãos destinados a transplantes após o diagnóstico de “morte

encefálica” do doador. Portanto, o indivíduo é considerado morto quando o seu cérebro deixa

de ter atividade. Ora bem: o feto anencefálico sequer chega a ter início de atividade cerebral,

pois não apresenta os hemisférios cerebrais e o córtex, havendo apenas resíduos do tronco

encefálico. Tragicamente, não chega a tornar-se um ser vivo, em sentido técnico.

A interrupção da gestação, nessa hipótese, é fato atípico. Em nome do princípio geral

da legalidade e do princípio específico da reserva penal, não pode ser vedado ou punido.

Ainda que se considerasse a antecipação terapêutica como aborto, ela não seria

punível, interpretação evolutiva do Código Penal. Como demonstramos acima, a antecipação

terapêutica do parto, quando se trata de feto anencefálico, não configura aborto. Todavia,

ainda que assim se quisesse qualificá-la, não deveria ser punidas, pelas razões que o Código

Penal tipifica o aborto provocado pela gestante ou por terceiro nos artigos 124 e 126. Mas não

pune o aborto dito necessário, se não há outro meio de salvar a vida da gestante, nem tão

pouco o aborto desejado pela mulher, em caso de gravidez resultante de estupro. A hipótese

aqui em exame, só não foi expressamente abrigada no art. 128 do Código Penal como

excludente de punibilidade porque em 1940, quando editada sua Parte Especial, a tecnologia

existente não possibilitava o diagnóstico preciso de anomalias fetais incompatíveis com a

vida, conforme já explanamos acima.

O Código Penal exclui a punibilidade do aborto no caso de gravidez decorrente de

estupro. Na sua valoração de fatores como a potencialidade de vida do feto e o sofrimento da

mãe, vítima de uma violência, o legislador fez uma ponderação moral e permitiu a cessação

da gestação. No caso em tela, a ponderação é mais simples e envolve escolha moral menos

drástica: o imenso sofrimento da mãe de um lado, e a ausência de potencialidade de vida do

outro lado. Parece claro que o Código Penal, havendo autorizado o “mais”, somente não fez

referências ao “menos”, porque não era possível vislumbrar esta possibilidade no momento

em que foi elaborado.

Deve-se aplicar aqui, no entanto, uma interpretação evolutiva do Direito. A norma

jurídica, uma vez posta em vigor, liberta-se da vontade subjetiva que a criou e passa a ter uma

existência objetiva e autônoma. É isso, que permite sua adaptação a novas situações, ainda

que não antecipadas pelo legislador, mas compreendidas na ordem de valores que o inspirou e

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nas possibilidades e limites oferecidos pelo texto normativo. Afigura-se, fora de dúvida, que a

antecipação de parto aqui defendido, situa-se no âmbito lógico das excludentes de

punibilidade criadas pelo Código, por ser muito menos grave do que a que vale para o aborto

em caso de estupro. Salientamos também, que ao falar de aborto anencefálico, não se pode

confundir com aborto eugênico, diante da grande diferença de finalidade desses, pois o aborto

eugênico tem por objetivo de impedir a prole portadora de má formação física ou mental,

realizando a interrupção de fetos que sejam ou que venham a ser defeituosos, ou seja, nesse

aborto o que se pretende é uma triagem de fetos, excluindo, assim abortando os fetos quem

tenham ou venham a ter alguma deficiência como cegueira ou alguma deformidade física ou

mental, como a síndrome de down, por exemplo. O que se planeja com isso, é um

melhoramento de raças já que a possibilidade de vida extra-uterina do feto será igual ou até

mesmo maior do que a de um bebe que venha a nascer saudável. Nesse tipo de aborto, não

está se respeitando o fato mais resguardado pela Constituição Federal de 1988 que é a vida e a

dignidade da pessoa humana expressa em seu art. 1º e 5º, assim, fica claro que no caso de

aborto eugênico, se caracteriza sem dúvida um crime, diferentemente do caso de aborto de

anencéfalo, que não se caracteriza crime, pois não há vida.

A maternidade é um direito fundamental de cidadania; portanto, a mulher deve ser

apoiada pelo Estado em sua decisão de ter ou não uma prole, especialmente no caso da

anencefalia, em que a prole não vai ocorrer mesmo que ela queira. Vale ressaltar, que não

estamos defendendo a prática do aborto, mesmo porque já deixamos claro no decorrer do

trabalho que somos contra o aborto, portanto, o assunto em tela, não se pode falar em abrir

brechas para a legalização do aborto, não há qualquer possibilidade de se levar em

consideração os interesses do feto (no caso de anencefalia), pois o que está em discussão não

é a legalização do aborto e sim o direito da gestante ter a opção de escolha de interromper a

gravidez de um feto anencéfalo, com amparos legais, conforme já explanado no presente

estudo, pois, conforme podemos vislumbrar do ponto de vista científico, esse tipo de gravidez

acarreta um risco pra a mãe, além de ter que se levar em consideração o aspecto psicológico

grave. Dessa maneira, é favorável à interrupção da gestação nestes casos e acredita-se que a

grande discussão em torno do tema é de caráter religioso.

Por isso, voltamos destacar: se há métodos como a ecografia, fetoscopia, exame de

alfafetoproteína e tantos que possibilitam o conhecimento prévio de graves má-formações

congênitas no nascituro, é penoso, indigno e ofensivo, impor à gestante a obrigação de gerar

um ser anencefálico, a contragosto, sabendo disso aos três meses de gestação, pois ao invés de

preparar o enxovalzinho de seu bebê, a mãe teria que se preocupar constantemente com o

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sepultamento de seu filho, isso se ele chegasse a nascer, ou seja, não morrer antes de ser

concebido, como na grande maioria ocorre.

Se a medicina nos permite saber se o feto está sendo formado com taras irreversíveis

incompatíveis com a vida extra-uterina, porque deixar à mãe, o pai, a família esperando um

nascimento que já se sabe incompatível extra-útero? A questão central reside aqui: por que se

proibir uma manobra médica que irá expelir do útero materno um organismo impossibilitado

de sobreviver, se esta for a opção da mãe? Ou pior, porque punir com penas severas e altas,

uma mãe que já vai carregar o “fardo” da opção para o resto de sua existência? Não seria bis

in iden?

Qual será o estado psicológico de uma mulher que foi gestante mais tempo que foi

mãe? Houve respeito à dignidade da pessoa na manutenção da gravidez dessa mulher? E se no

caso de atualmente a gestante entrar com o pedido da liminar para poder antecipar seu parto e

se por ventura a liminar demorar pra sair, onde a demora foi tanta que o bebê portador de

anencefalia já nascera e morrera, haja vista que ele não sobrevive, isto já está comprovado em

100% dos casos, ou se por ironia essa liminar vier negada e a mãe optasse por agir contra a

decisão da liminar e ter feito o aborto, ela seria mais uma “criminosa”, aguardando

julgamento presa?

Vejamos o absurdo, essa gestante não pode ser obrigada a manter essa gravidez, pois

fere o direito a saúde, a liberdade de escolha e acima de tudo a sua dignidade humana, este é o

direito mais importante e absoluto do ser humano, principalmente às mulheres, no caso da

possibilidade de antecipar o parto no caso de anencefalia, ou seja, ela decidir qual a atitude a

ser tomada, não violando assim, o princípio de proteção de vida do feto, pois o anencéfalo não

possui vida.

Acreditamos, que isso é exigir demais de um ser humano, ou é considerá-lo

retrogradamente um objeto de uso como “incubadora”, pois em vários casos de anencefalia, a

vontade, os sentimentos, o impacto psicológico, são totalmente desprezados. Em que pese os

argumentos contrários, particularmente os eivados de extrema religiosidade, não estou

defendendo a idéia de que o aborto seja um bom valor humano, existe sim, o interesse de

preservar a vida humana. Contudo, que tipo de vida existe em um feto sem cérebro?

Achamos, que alguns casais, ou necessariamente mães, por convicções filosóficas e

ou religiosas optem por ter um feto anencéfalo. Todavia, isso tem que ser opção, e uma opção

pessoal, não devendo ser alvo de manobras políticas de grupos parlamentares liderados

principalmente pelas igrejas Católicas e Evangélicas, a segunda com uma invejável bancada

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representativa no Congresso Nacional. Não há mais como aceitar legislações eivadas de

protecionismo religioso num país constitucionalmente laico como é o nosso Brasil.

A anencefalia trata-se de malformação congênita, caracterizada pela falta total ou

parcial do encéfalo, isto é, do conjunto dos órgãos do sistema nervoso central contidos na

cavidade craniana. Anomalia, que não tem cura, é incompatível com a vida extra-uterina.

Em tais casos, é evidente a inviabilidade do feto, que só tem condições de manter

algumas de suas funções, como batimentos cardíacos, enquanto ligado à mãe ou enquanto

amparado por toda aparelhagem médica.

Por muito mais razão, manter um ser morto na barriga da mãe não encontra apoio no

princípio da beneficência, pois prolonga inutilmente o sofrimento materno, sem nenhum

benefício à vida.

Não há sequer motivos para adicionar outra excludente ao art. 128 do Código Penal,

pois pelas razões expostas o ordenamento jurídico, já existe, e autoriza o médico a retirar o

feto anencéfalo da gestante, a seu pedido, sem que com isso incorra em infração penal ou

ética, pois, repetimos: se não há vida, não há que se falar em aborto.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do exposto, nos casos de anencefalia, concluímos, que o que tem que ser

preservado é o direito a vida, o direito a saúde e a dignidade da pessoa humana, pois o feto

não terá vida extra-uterina, resultando em malefícios para a gestante, sem contar em todos os

fatores que influenciaram na decisão, devendo assim ela, ter o direito ou não, de antecipar seu

parto, o seu feto baseando assim na sua integridade física e moral, já que é ela que terá de

carregar o feto, também deve ter a responsabilidade e acima de tudo o direito de decidir.

Não se pode desconhecer a situação angustiante de uma gestante portadora de uma

intercorrência grave, e a de um médico que tenha em suas mãos um problema de tal

magnitude.

O não reconhecimento do aborto anencefálico, é um atraso civilizatório

incomensurável, que se deve à sobreposição das tradições sobre a ciência, das crenças sobre a

dignidade humana. Temos que recuperar as Luzes do século XVIII. A Organização Mundial

da Saúde - OMS reconhece a anencefalia como verdadeira doença incompatível com a vida.

Daí a conclusão que, o aborto anencefálico não é uma eutanásia pré-natal arbitrária, não

ofende o princípio da dignidade humana do feto, a ofensa à dignidade é da gestante e existe

quando ele não é permitido.

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A dignidade da pessoa humana, é um princípio absoluto, não é um mero princípio

axiológico passível de ser relativizado, tendo em vista que ele é inerente a toda a pessoa.

Vivemos em um Estado Democrático de Direito laico, devemos interpretar a

Constituição, com argumentos não religiosos, e sim técnicos e científicos, isentos e neutros de

paixões ou religiões.

É fato, que a vida é um direito assegurado pela nossa Constituição. Mas como

podemos observar no presente estudo, no caso de anencefalia, não existe vida, desta forma, o

princípio que está sendo violado é o principio da dignidade humana da gestante e ferir um

princípio, transgride regras, pois violar um princípio é muito mais grave que transgredir uma

norma qualquer. A desatenção ao princípio, implica ofensa, não apenas a um específico

mandamento obrigatório, mas a todo o sistema de comandos.

Vale ressaltar, que o argumento que a interrupção da gravidez de feto anencéfalo

constitui agressão ao direito a vida do nascituro, não prospera, pois o feto anencéfalo não

possui vida, a morte para o direito, é a morte cerebral, conforme vimos no presente estudo, e a

vitalidade deste ser só se prospera por este estar protegido no ventre materno.

O que mais chama atenção, é a convivência diuturna com a triste realidade, e a

lembrança ininterrupta do feto dentro de seu corpo, que nunca poderá se tornar um ser vivo.

Tais pensamentos, podem ser comparados à tortura psicológica para os pais, principalmente

para a mãe. A genitora, vê a cada dia que passa, seu ventre crescer, todo o seu corpo se

transformar, por gerar um ser que sequer chegará de fato experimentar a vida como ela é, e

morrerá, deixando ainda mais angústia, dor e lágrimas no coração de uma mãe já certamente

inconsolável. Toda pessoa tem direito à saúde, o que engloba também um estado de bem estar

físico e psíquico.

Embora não esteja autorizado por Lei, o aborto de feto anencefálico já vem sendo

praticado no Brasil, por meio de alvarás judiciais, abrindo caminho para a sua legalização. A

mera deficiência, como no caso de eugenesia, não justifica o abortamento, merecendo, o feto,

uma total proteção. Não podemos esquecer ainda que, a morosidade do sistema Judiciário faz

com que muitas ações sejam extintas por perda do objeto material, demorando prazo superior

ao da gravidez.

Com base na Teoria da Imputação Objetiva, o risco criado contra o bem jurídico vida

do feto não é desaprovado juridicamente. No aborto anencefálico, não existe uma morte

arbitrária; pelo contrário, antecipa-se a morte certa do feto, cuja vida está científica e

biologicamente inviabilizada. Vale lembrar que a conduta é feita para a tutela de outros

interesses sumamente relevantes (saúde da mãe, sobretudo psicológica, dignidade da pessoa

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humana, da liberdade de escolha, etc.). Salientamos também que, uma outra parte da doutrina

penal, também confere atipicidade ao abortamento de feto anencefálico, escudada na teoria

finalista da ação. Esta corrente, segue a linha de pensamento de que o feto é desprovido de

vida, tornando o crime impossível.

Assim, a gestante deve ter a liberdade de escolha, fundamentada no princípio da

dignidade da pessoa humana, da liberdade, da autonomia de vontade e o seu direito a saúde, e

o Estado, deve oferecer todo o apoio, o suporte, sendo ele, técnico científico e psicológico,

para que ela, não seja punida penalmente e para que essa mãe, tome a decisão de interromper

ou não a gestação do anencéfalo.

REFERÊNCIAS

ALEXY, Robert. Teoria dos direitos fundamentais. Trad. Virgílio Afonso da Silva. São

Paulo: Malheiros, 2008.

CANOTILHO, José Joaquim Gomes. A “principialização” da jurisprudência através da

Constituição. In: Repro. n. 98. São Paulo: RT, 2000.

SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais. 6. ed. Porto

Alegre: Livraria do Advogado, 2008.

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PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO NAS

MICRO E PEQUENAS EMPRESAS

Geraldino Carneiro de Araújo20

Paulo Sérgio Miranda Mendonça21

José Estevão Duran22

Resumo: O trabalho se propõe a discutir como se dá o planejamento estratégico nas micro e pequenas empresas. Para tanto parte da crítica feita por Mintzberg, Ahlstrand e Lampel as escolas de estratégia, ao todo dez escolas foram citadas. O trabalho foca a escola do planejamento estratégico, pois para os autores o planejamento é algo pouco dinâmico e não se ajusta com a realidade organizacional. Neste contexto as micro e pequenas empresas se destacam por serem ágeis no mercado e responder mais rapidamente os anseios dos consumidores. O planejamento estratégico nas micro e pequenas empresas é mais eficiente e eficaz, e ainda se utiliza de conceitos de outras escolas. PALAVRAS-CHAVE: Estratégias, Micro e Pequenas Empresas, Planejamento. INTRODUÇÃO A partir da crítica realizada por Mintzberg, Ahlstrand e Lampel em torno das escolas

de estratégia, mas especificamente sobre a escola do planejamento, torna-se interessante

analisar como se dá a geração de estratégia nas micro e pequenas empresas. Visto que a crítica

dos autores sobre a escola do planejamento é voltada para a formalidade, desligamento e

predeterminação, e que as micro e pequenas empresas são mais dinâmicas que as grandes

corporações torna-se relevante verificar como se dá as estratégias neste contexto.

AS MÚLTIPLAS VISÕES DO PROCESSO ESTRATÉGICO

20

Administrador, Pós-Graduado em Recursos Humanos e Gestão de Negócios e Mestrando em Agronegócios pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS. 21

Administrador, Mestre em Administração e Doutor em Administração pela Universidade de São Paulo – USP e Prof. no curso de Administração da FEARP-USP Faculdade de Economia e Administração de Ribeirão Preto - SP 22 Contabilista, Graduado em Administração, Pós-Graduado em Gestão de Agronegócios e Mestrando

em Agronegócios pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS e Prof. no curso de Administração e Ciências Contábeis da FAMA-Faculdade Aldete Maria Alves.

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A formulação da estratégia é um elefante e os geradores de estratégias estão cegos,

ninguém conseguiu enxergar o animal inteiro, cada um focou uma ou outra parte e prosseguiu

na ignorância sem conhecer o todo. Embora cada um esteja, em parte, certo, todos estão

errados na definição do que é um elefante. O mesmo acontece com as diferentes abordagens

estratégicas. Desta forma, os autores indicam a existência de dez escolas que apresentam

diferentes processos de formulação de estratégias e que estão divididas em dois grandes

grupos (Mintzberg, Ahlstrand e Lampel, 2000):

Tabela 1: Escolas de Estratégia

Grupos Escola Processo

Prescrição

Design Concepção

Planejamento Formal

Posicionamento Analítico

Descrição

Empreendedora Visionário

Cognitiva Mental

Aprendizado Emergente

Poder Negociação

Cultural Coletivo

Ambiental Reativo

Configuração Transformação

Fonte: elaborado pelo autor.

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Telles (2003) se baseia em Mintzberg, Ahlstrand e Lampel e explica as

escolas prescritivas e descritivas:

ESCOLA PRESCRITIVA

Design: a estratégia constitui-se numa perspectiva planejada única, ou seja, uma visualização de situação. O processo é simples, consistente logicamente e deliberado; a mudança ocorre eventualmente e de modo descontínuo. Utilizam-se conceitos de competência distintiva, análise SWOT, formulação e implementação; a liderança é exercida de modo dominante e arbitrário; Planejamento: a estratégia pode ser entendida como constituída por planos individuais conjugados e decompostos em subestratégias e programas de ação. O processo é formal e deliberativo e a mudança é periódica e essencialmente incremental. A ênfase recai em orçamento, programação e cenários. Os quadros de liderança possuem forte apelo em relação a procedimentos; Posicionamento: a estratégia é compreendida a partir de posições genéricas, porém planejadas, em situações competitivas, admitindo a viabilidade de manobras. O processo é deliberativo e resultante de uma análise (decomposição de elementos) sistemática; a mudança pode ser considerada incremental e contínua. Utilizam-se ferramentas de análise e conceitos de estratégias genéricas, análise comparativa e porfólio de produtos; a liderança é sensível à análise. ESCOLAS DESCRITIVAS Empreendedora: a estratégia é uma visão ou uma compreensão de estado pessoal e única. O processo está associado à instituição e majoritariamente é deliberado, embora exista um componente emergente. A mudança é eventual e, em geral, revolucionária; podem ser consideradas palavras-chaves dessa abordagem termos como visão, golpe e critério. A liderança é fundamentalmente intuitiva e dominante; Cognitiva: a estratégia é uma perspectiva mental conceitualmente pessoal; o processo é mental e emergente, derivado ou não de uma posição hegemônica. A mudança propriamente construída é rara e confronta-se com resistências. Valorizam-se elementos como mapeamento conceitual, percepção, racionalidade e esquemas. A liderança tem um papel de cognição, ou seja, apreensão de condições/situações de operações e transformação em conhecimento para a organização; Aprendizado: a estratégia é unia e está associada a padrões; o processo básico caracteriza-se pela informalidade, emergência e aparente confusão. A mudança é basicamente contínua e incremental, podendo apresentar descontinuidades ocasionais. Competência essencial, espírito empreendedor, fazer sentido e incrementalismo são conceitos-chave nessa abordagem. A liderança reconhece o processo de aprendizado e o aprendizado em si;

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Poder: a estratégia resulta de padrões e posições políticas cooperativas ou competitivas. O processo incorpora um caráter de confronto, agressão e emergência, porém se reveste de forma deliberada; a mudança é freqüente e condicionada. Barganha, conflito, cooptação e aliança, entre outros termos são uma referência para essa escola. Não existe uma liderança reconhecida inequivocamente; Cultural: a estratégia constitui-se numa única perspectiva coletiva; o processo é intencional, ideológico, coletivo e deliberado. A mudança não é freqüente devido as dificuldades impostas por resistência. Conceitos como valores, crenças e culta estão intimamente vinculadas a essa linha. A liderança é essencialmente simbólica. Ambiental: a estratégia está condicionada a posições específicas. O processo é essencialmente passivo, comandado pelo meio e, portanto, emergente. O caráter da mudança está condicionada a posição das abordagens que a fundamentaram: para a teoria da contingência, a mudança é incremental e relativamente deliberada; para a ecologia da população, a mudança é rara e transformadora. Os conceitos de adaptação, evolução, seleção e complexidade são palavras-chave; a liderança é naturalmente imponente. Configuração: a estratégia não possui uma natureza ou um formato específico, podendo assumir qualquer uma das caracterizações descritas. O processo pode ser associado a interatividade, eventos, seqüenciamento, incorporando potencialmente os processo de outras abordagens. A mudança apresenta-se como eventual e transformadora ou incremental. Os conceitos de configuração, estágio, ciclo de vida e transformações constituem relevante estrutura para esta abordagem. A lideranças é basicamente um agente de transformação, independentemente da sua natureza específica.

ESCOLA DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

Cada escola tem uma perspectiva única que focaliza um aspecto importante do

processo de formulação de estratégia. No entanto, apesar da existência de várias maneiras

diferentes de se conceber estratégias, Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000) afirmam que na

década de 70 houve muitos artigos sobre planejamento estratégico, era considerado moderno e

progressivo, a relação entre ensino e prática era estreita. Apesar de produzir um grande

impacto positivo sobre a administração também criou contratempos. A literatura cresceu em

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quantidade e não em qualidade o que fez com que o planejamento estratégico formal se

tornasse apenas uma abordagem à formação de estratégia.

Acredita-se que, atualmente, os preceitos dessa escola ainda dominam a literatura

estratégica. Para a formação de estratégia como um processo formal é relevante apresentar as

premissas da escola do planejamento:

“1. As estratégias devem resultar de um processo controlado e consciente de planejamento formal, decomposto em etapas distintas, cada uma delineada por checklists e apoiado por técnicas. 2. A responsabilidade por todo o processo está, em princípio, com o executivo principal; na prática, a responsabilidade pela execução está com os planejadores.

3. As estratégias surgem prontas deste processo, devendo ser explicitadas para que possam

ser implementadas através da atenção detalhada a objetivos, orçamentos, programas e

planos operacionais de vários tipos“ (Mintzberg, Ahlstrand e Lampel, 2000, p. 51 e 52).

A crítica não é feita ao planejamento, mas ao planejamento estratégico (a

idéia de que a estratégia é desenvolvida num processo estruturado e formalizado – o

planejamento em si tem outras funções úteis a organização). Mintzberg, Ahlstrand e Lampel,

2000, apresentam quatro falácias:

Predeterminação: para se engajar em planejamento estratégico uma organização deve ser capaz de prever o curso do seu ambiente, controla-lo ou assumir a estabilidade e requer previsibilidade;

Desligamento: se o sistema faz o trabalho de pensar, então o pensamento dever ser desligado da ação; a estratégia das operações; os estrategistas dos objetivos. Os gerentes desligados e planejadores abstraídos fazem más estratégias ou nem mesmo as fazem;

Formalização: o planejamento estratégico não foi apresentado como um auxílio à formação de estratégias, mas como geração de estratégias não levando em consideração a intuição. Os planejadores nunca estudaram o processo que buscavam mudar, apenas assumiam a melhor prática;

A Grande Falácia do “Planejamento Estratégico: uma combinação das três falácias anteriores. O planejamento estratégico nunca foi geração de estratégias. Os procedimentos formais jamais podem prever descontinuidades, informar gerentes distanciados e criar novas estratégias. O nome do planejamento estratégico está errado, deveria ter sido chamado de programação estratégica.

No entanto, não é preciso jogar fora o planejamento estratégico, os planejadores tem um papel importante a desempenhar em torno, ou mesmo dentro, da caixa preta da formação de estratégias. Os planejadores podem atuar como analistas (promovendo dados na entrada); como examinadores (avaliando se as

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estratégias que saírem são viáveis); como catalisadores (encorajando qualquer forma de comportamento estratégico – não só o formal). Os planejadores podem, ainda, realizar um planejamento formal, com o objetivo de programar as estratégias que saírem da caixa preta (Mintzberg, Ahlstrand e Lampel, 2000).

Quadro 2: Planejadores em torno da geração de estratégia

Fonte: Mintzberg, Ahlstrand e Lampel, 2000, p. 65.

Os planejadores criativos podem, às vezes, entrar na caixa preta, ser estrategistas, mas

isto está intimamente mais ligado ao conhecimento pessoal, criatividade e capacidade de

síntese, do que a técnica formalizada de planejamento. Levando em consideração os papéis

formalmente analíticos há dois tipos de planejadores: Canhotos: encorajam o pensamento

estratégico criativo, levantam todos os tipos de perguntas difíceis e buscam estratégias

emergentes em correntes de ações das suas organizações. Destros: são preocupados com

espécies formais de análises de estratégias e com a programação estratégica de estratégias

(contexto estável, previsível e controlável). Quando ocorrem mudanças, não tendo

estabilidade, previsibilidade e controle é melhor confiar nas maneiras mais folgadas de

geração de estratégias (canhotos), mas nunca seguir os preceitos da escola de planejamento.

(Mintzberg, Ahlstrand e Lampel, 2000)

ESTRATÉGIA NA MICRO E PEQUENA EMPRESA

Durante muito tempo se pensou que a gestão da micro e pequena empresa deveria ser semelhante à das grandes organizações, pois estava em vigência o paradigma da “pequena grande empresa”: a pequena empresa seria uma grande que ainda não teria crescido. Portanto, “a pequena empresa deveria utilizar os mesmos princípios administrativos que as grandes empresas, só que em menor escala” (WELSH e WHITE, 1981; p.18). No entanto, o tamanho das pequenas empresas cria uma condição especial que as distinguem das concorrentes maiores. Os autores colocam também que as forças externas (mudanças nas regulamentações governamentais, nas leis tributária e trabalhista etc.) tendem a ter mais impacto nas pequenas do que nas grandes empresas.

A gestão da micro e pequena empresa acontece a partir de algumas especificidades decorrentes das características advindas, principalmente, do seu tamanho reduzido e são gerenciadas de maneira diferente das grandes corporações. Assim, acredita-se que os temas administrativos devem ser redefinidos para a micro e pequena empresa. Sabe-se que eles se apresentam de maneira diferente e se relacionam uns com os outros e com o ambiente de maneira diferente do que nas grandes empresas.

Catalisador de estratégia

CAIXA PRETA de geração de

estratégia

Analista de

estratégia

Programador de estratégia

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Neste sentido Davenport e Prusak (2002) afirmam que grande parte da informação

relevante vem das discussões pessoais, boatos, conjecturas e outras fontes de informação não-

exatas e difíceis de gerenciar. Para eles, os sistemas formalizados geralmente ignoram essas

fontes de coleta de informações. Os autores colocam que muitas pesquisas empíricas

detectaram que os administradores preferem informações que não estão no computador e que

vários estudos demonstraram, ainda, que a informação computadorizada não oferece a

variedade, a atualidade ou a relevância de que esses dirigentes precisam. Desse modo, grande

parte das informações é encontrada com as pessoas (contados pessoais e telefonemas), e não

nas fontes formalizadas, como por exemplo, relatórios.

Segundo Escrivão Filho e Carvalho (2003) para a análise da informação é necessária a participação das pessoas, pois o sistema não se limita apenas à coleta de dados; o trabalho humano na análise dos dados transforma-os em inteligência. A análise é o processo de apreciação de informações. As atividades da gestão estratégica da informação, isto é, os procedimentos de transformação dos dados em informação, podem ser consideradas as seguintes:

1. Identificação das necessidades de informação: quando são definidos os tipos de

informação considerados importantes para o processo estratégico.

2. Coleta: quando são coletados dados, a partir de fontes internas e externas, formais e

informais, estruturadas e desestruturadas.

3. Processamento: quando os dados são interpretados, tratados e transformados em

informações, mediante o conhecimento das pessoas e ferramentas tecnológicas, e depois

armazenados na empresa.

4. Disseminação: criação de produtos e serviços de informação e distribuição que pode

ser realizada de maneira formal ou não.

5. Utilização: quando as informações são utilizadas pelas pessoas da empresa no

processo estratégico.

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Pode-se dizer que as informações externas necessárias à elaboração da estratégia são encontradas nas variáveis dos segmentos do ambiente. As organizações existem dentro de um ambiente mais amplo, que inclui indivíduos, grupos, outras organizações e forças tecnológicas e sociais maiores, todas com impacto potencial poderoso sobre sua atuação. O ambiente inclui mercados, fornecedores, órgãos governamentais e reguladores, condições tecnológicas, sindicatos, concorrentes, instituições financeiras e grupos de interesse especial (NADLER e TUSHMAN, 1994). Os dados encontrados além dos limites da organização e potencialmente relevantes ao processo estratégico dizem respeito à economia, à sociedade, à legislação, à política, à tecnologia, à ecologia, à concorrência, aos clientes e aos fornecedores. Esses dados, quando coletados e gerenciados dentro da empresa, mediante o conhecimento das pessoas, se transformam em informações importantes para a elaboração da estratégia. Para compreender o comportamento dos dirigentes das pequenas empresas é preciso entender suas ações a partir das razões que as orientam.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O planejamento estratégico consiste em uma técnica que pode auxiliar na

sobrevivência das micro e pequenas empresas. ALMEIDA (1995) concluiu que a utilização de

estratégias comuns pode trazer grande benefício para as empresas, particularmente às

pequenas empresas. Segundo o autor, o Planejamento Estratégico aplicado às pequenas

empresas necessita de um grande grau de simplificação para sua viabilização.

O tratamento das informações é valorizado, pois grande parte das decisões, principalmente relativas a investimentos, se baseia nas informações formais e informais que permeiam a administração. É interessante observar a questão da percepção das influências macroambientais na empresa e a maneira como os dirigentes lidam com elas. Talvez pelo fato de já estar acostumado (como cidadão que tem uma série de obrigações, como, por exemplo, pagar impostos) a ver continuamente sua vida mudar em função das ações do Governo, o empresário parece ter aprendido a “se virar”, a se adaptar às mudanças e apenas “fazer sua parte” (fazer sua empresa sobreviver), numa atitude que às vezes parece conformista em relação às imposições, mas que é explicada pelo fato dele sentir que não tem poder para mudá-las.

Pode-se entender que o comportamento estratégico do empresário depende também da percepção que ele tem da influência dos fatores macroambientais em sua empresa e da maneira como ele reage em relação a estes fatores. Fica evidente a importância de se considerar as idéias de Mintzberg et al. sobre as diferentes perspectivas estratégicas e as críticas relacionadas à busca por informações predominantemente estruturadas. A formulação de estratégias pelo dirigente da pequena empresa muitas vezes considera aspectos das várias escolas apresentadas pelos autores, não se baseando predominantemente na Escola de Planejamento, que é a mais formalizada de todas. Assim, a formulação de estratégias considera as informações informais que permeiam a administração do negócio.

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REFERÊNCIAS

ALMEIDA, M.I.R. Será possível as pequenas e médias empresas crescerem sem informações do ambiente? In: XXI Encontro Nacional de Pós-Graduação em Administração. Anais... Rio de Janeiro - RJ. CD ROM. Rio de Janeiro, 1997. DAVENPORT, T.H.; PRUSAK, L. Ecologia da informação: por que só a tecnologia não basta para o sucesso na era da informação. São Paulo: Editora Futura, 2002. CARVALHO, K.C.; ESCRIVÃO FILHO, E. Gestão estratégica das informações na pequena empresa: apresentação de propostas de melhoria no gerenciamento das informações externas. In: IV Encontro de Estudos sobre Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas (EGEPE). Anais... Curitiba-PR. 1 CD-ROM. MINTZBERG, H.; AHLSTRAND, B.; LAMPEL, J. Safári de estratégia. Porto Alegre: Bookman, 2000. NADLER, D.A.; TUSHMAN, M.L. Projetos de organização com boa adequação. In: NADLER, D.A et al. Arquitetura Organizacional. Rio de Janeiro: Campus, 1994. TELLES, Renato. Marketing empresarial: B2B. São Paulo – Saraiva, 2003. WELSH, J.A.; WHITE, J.F. A small business is not a little big business. Havard Business

Review. July- August Vol 59, n 4, p18-32, 1981.

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PERÍCIA E LAUDO PERICIAL CONTÁBIL

Edna Assunção Soares Queiroz23

Elida Aparecida de Oliveira24

Fernando Takeo Harano25

RESUMO: O presente trabalho tem como objetivo explicar o que é a perícia contábil, assim

como demonstrar o significado de objeto, objetivos, meios de prova, e laudo pericial contábil,

bem como detalhar a importância do laudo dentro de um processo judicial.

PALAVRAS-CHAVE: Perícia; Laudo Pericial Contábil; Laudo.

CONCEITO DE PERÍCIA CONTÁBIL

A Perícia Contábil é um conjunto de procedimentos técnicos e científico destinado a

levar à instância decisória elementos de prova necessária a subsidiar a justa solução do litígio

sobre material contábil. “A Perícia Contábil é a materialização da prova para a matéria

contábil”.

De acordo com Alberto, (2002, 19) “perícia é um instrumento especial de constatação.

Prova ou demonstração, cientifica ou técnica, da veracidade de situações, coisas ou fatos.”

O caráter fundamental da tecnologia da perícia é a especificidade, ou seja, possuir uns

objetos determinados, requeridos para que possa gerar uma opinião abalizada em material

contábil, ela se manifesta sobre situações, coisas ou matéria de natureza contábil, que , como

a ciência contábil, tem uma acepção ampla.

23

Aluna do Curso de Bacharelado em Ciências Contábeis da Faculdade Aldete Maria Alves, formanda no ano de

2007. 24

Aluna do Curso de Bacharelado em Ciências Contábeis da Faculdade Aldete Maria Alves, formanda no ano de

2007. 25

Especialista em Didática do Ensino Superior; Especialista em Gestão de Negócios e Controladoria; Professor

nos cursos de Ciências Contábeis e Administração de Empresas da FAMA – Faculdade Aldete Maria Alves;

Professor nos cursos de Ciências Contábeis e Administração de Empresas da FAU – Faculdade de Auriflama.

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Ela se aplica principalmente:

Apuração de haveres: é uma das mais importantes aplicações da perícia contábil,

pois ela esta inserida no objeto da contabilidade, ou seja, esta diretamente ligada à

mensuração, identificação, avaliação, analise, apuração ou arbitramento dos

haveres, ela pode ser necessária em diversas ocasiões, não somente em relações

jurídicas

Avaliação de valores patrimoniais: Em alguns casos é necessário que se verifique a

correção da avaliação de um determinado bem, com isso se faz necessário a perícia

contábil para examinar de maneira correta o valor e as circunstancias que

originaram:

* Ação trabalhista: é requerida na fase de negociação para subsidiar os

acordos ou decisões, verificando a capacidade ou não de cumprimentos das

condições estabelecidas nesses acordos.

Exame analise e identificação de erros e fraudes: Seja qual for a atuação da perícia

contábil, o caminho para analisar, examinar e identificar erros ou fraudes, esta

aplicado em todos os ambientes de perícia contábil, seja judicial ou arbitral,

extrajudicial, ou em instancia de inquérito, este casos são mais comuns nas

seguintes ocasiões

Outras aplicações. São inúmeras as aplicações da perícia contábil, mais as que mais se

destacam, ou seja, as mais importantes em que ele pode ser utilizado são; buscas e apreensão

de bens, comunicação de pena pecuniária, ações cambiais compensação de créditos,

estimação de bens penhorados, impedimento de comunicação de alienação, extravio e

dissipação de bens, falta de entrega de mercadoria, indenização por danos, entre outros.

OBJETIVOS E ESPÉCIES DA PERÍCIA CONTÁBIL

A perícia contábil tem por objeto central os fatos ou questões contábeis relacionadas

com causa (aspecto patrimonial), as quais devem ser verificadas, e, por isso, são submetidas à

apreciação técnica do perito, que de considerar nessa apreciação, certos limites essenciais, ou

“caracteres essenciais”.

A perícia contábil tem por objetivo geral a comprovação, prova ou confissão contábil

da verdade real do objeto, transferindo-o, através de sua materialização o laudo, para a

classificação da instancia decisória judicial e extrajudicialmente.

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TIPOS DE PERÍCIA CONTÁBIL

A perícia contábil se dividem em:

Perícia contábil judicial: aquela que possui a intervenção de um magistrado, ou

seja, aquela que corre dentro do poder judicial, onde o magistrado nomeia o

perito;

Perícia contábil extra-judicial: aquela que ocorre fora do poder judiciário, onde as

partes contratam o perito, por meio de contrato.

Perícia administrativa: aquela que ocorre em outros poderes administrativos,

como a polícia, conselhos, etc.

Perícia em arbitragem: aquela em que não se possui lei sobre o assunto, e por isso

deve ser baseado em casos semelhantes, é feito por árbitro, escolhido pela fé que

inspira nas partes.

MODALIDADES DE PROVA PERICIAL

Laudo pericial: verifica a veracidade ou não da matéria conflitante, destina-se a

precisão da prova

Relatórios de vistoria: é um relatório bastante detalhado pois descreve,

pormenorizadamente, as condições do que ou de quem foi vistoriado em

determinado momento.

Laudo de louvação: precisa de vários conhecimentos nas diversas áreas para a

elaboração desse laudo pois procede na avaliação de bens, coisas, direitos, débitos

e créditos, que se tem a certeza do valor correto da avaliação.

Parecer pericial: é uma espécie de laudo, pois expressa opinião de um profissional

segundo as técnicas e abrangências periciais, podendo ser extra judicial e judicial.

Laudo arbitral: o laudo arbitral se assemelha muito com a sentença judicial pois é

elaborado em instancia decisória.

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CONCEITO DE LAUDO PERICIAL

O laudo pericial é a forma pura de procedimento da perícia, eis que esta espécie

dominante nas aplicações da espécie predominante nas aplicações da perícia contábil. Além

de atender totalmente as características básicas já expostas, o laudo pericial deve decorrer da

obrigação primeira de se examinar a veracidade ou não da matéria conflituosa que lhe é

colocada. Distingue-se das demais espécies porque destina se principalmente à prova

prestando informações e manifestando opiniões subsidiarias á decisão, mesmo quando se

destina a liquidação de sentenças.

A IMPORTÂNCIA DO LAUDO PERICIAL NOS PROCESSOS PARA SENTENÇA

O procedimento da Ação de Desapropriação é disciplinado, que é exclusivamente,

pelo Decreto-Lei nº 3365, de 21 de junho de 1941.

Dentre as particularidades do rito ali delineado destaca-se a insatisfatoriedade da

realização da prova parcial, da qual o juiz somente deverá declinar em caso de concordância

expressa com o preço oferecido pelo órgão expropriante.

E certo que o Magistrado não fica adstrito ao laudo parcial, podendo formar sua

convicção a partir de outros elementos e fatos provados nos autos. Mas, por outro lado,

poucos são os juízes que conhecem a fundo as regras técnicas norteadoras da avaliação de

imóveis, pelo que o laudo técnico, nessas circunstâncias, passa a ser peça decisiva na fixação

do quantum indenizatório.

Daí, para o operário do direito que atua nessa área, passa a ter significativa

importância o estudo pormenorizado das normas técnicas que orientam a elaboração de

laudos periciais, bem como dos possíveis vícios que essas peças processuais probatórias

possam carregar, tornando viável o reconhecimento de sua imprestabilidade para cumprir no

fim o que a ordem jurídica lhes destinou.

Dentre os mecanismos que o direito processual põe à nossa disposição para atacar a

perícia elaborada destacaremos, para fins de nossa dissertação, por suas peculiaridades, a

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Ação Rescisória fundada em prova falsa. Ação Rescisória de Sentença Fundada em Falsa

Prova Pressuposto Genérico e Específico.

À primeira vista, há incompatibilidade entre o instituto da coisa julgada, tutelado

constitucionalmente, e a admissibilidade da Ação Rescisória, como meio de se postular a

inoperância ou o desfazimento da sentença já transitada em julgamento. Justifique-se, com

acerto, que entre a realização da Justiça e a proteção da segurança jurídica deve prevalecer a

primeira, uma vez que por aquela, a segunda se perfaz logicamente. A exigência da justiça

somente deve conciliar-se com a exigência da certeza até o ponto em que, indubitavelmente, a

imutabilidade da sentença venha a ser mais nociva que os vícios que a podem macular.

Superada a questão do fundamento genérico da rescisão, passamos a traçar, ainda que

brevemente, um relato histórico da Ação Rescisória, que no dizer de Liebman, é derivação

direta da que ela nullitates do direito romano, que se destinava a provocar a declaração de

nulidade de sentenças inválidas, mas não injustas. Assim concebida, atravessou o direito

medieval, o canônico, e os que, se lhe seguiram, até que na Alemanha, através da

"Restitutionsklage" passou a ter significação diferente. Já não se cogita somente de sentenças

nulas, que a qualquer tempo poderão ser impugnadas, mas de decisões que, apesar de válidas

formalmente, seriam rescindíveis por motivos ligados à própria idéia de justiça, mas mediante

pressupostos taxativamente enumerados por lei. Não por ser injusta que a sentença pode ser

rescindida, mas sim por aquelas causas de injustiça enlaçadas legalmente.

O pressuposto genérico às ações dessa natureza consiste' em serem dirigidas, com

exclusividade, contra decisões de mérito já transitadas em julgado, das quais não cabe ou não

pende qualquer recurso, não estando sujeitas "ex vi legislação ao duplo grau de jurisdição",

como bem lembrou José Carlos Barbosa Moreira (opus cit, pág. 119). Relativamente à

falsidade de prova, o art. 485, inciso VI do Código de Processo Civil, faz permitir a rescisão

da sentença quando esta: "VI - se fundar em prova, cuja falsidade tenha sido apurada em

processo criminal ou seja provada na própria ação rescisória".

O dispositivo supra citado induz ao entendimento de que deve existir, entre a

sentença rescindenda e a prova tida como falsa, um nexo de causalidade plausível, pelo que

há de se chegar à conclusão de que a decisão não será rescindível se existente em outro

fundamento bastante para o entendimento do órgão judicial, podendo, no entanto configurar-

se a admissibilidade da rescisão parcial. Em que se tratando de sentença proferida em ação de

desapropriação, a regra é de que, induvidosamente, a relação de causalidade é manifesta.

Outro pressuposto específico de suma importância é o que pertinente à apuração da falsidade.

Admite-se tanto seja produzida em processo criminal como no curso da ação rescisória,

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embora que na ultima hipótese com certa desvantagem para o autor, que precisará, pari

passou, demonstrar de maneira inequívoca em que consiste a falsidade. E, para as falsidades

que tipificam delitos, há certa tendência para a exigibilidade da instauração de ação penal

como condição de procedibilidade cível, que é veementemente abrandada quando que se

sopesam, de um lado, os efeitos objetivos e subjetivos da sentença rescindenda, e do outro, a

problemática da legitimação para o processo penal e do tipo de falsidade. Importante ainda

lembrar que a prova seja do levante de falsidade pode ser de qualquer natureza, inclusive a

pericial.

Não há lugar, ainda, para a exclusão da falsidade ideológica. Moacyr Amaral dos

Santos chega a admitir, fundamentalmente, a argüição de falsidade das presunções, quando o

juiz, ao sentenciar, se valha de fato auxiliar (factum probantum) comprovado por falsa prova,

que constitui a "premissa menor do silogismo presuntivo "(opus cit (1), pág. 449). A

falsidade para introduzir o tema a que reservamos maior dedicação em nossa dissertação,

cumpre informar, preliminarmente, o conceito de falsidade.

Qualquer alteração ou supressão da verdade, não importando o modo pelo qual se

produza ou a obtenha, e a finalidade da ação ou omissão nesse sentido, caracteriza a falsidade.

Nesse conceito, abrange-se tanto a falsidade material como a ideológica. Moacyr Amaral dos

Santos, com clareza e percuciência, empresta-nos os seguintes conceitos básicos:

"A falsidade material opera-se, geralmente, por dois modos: pela confecção de

documento falso,ou pela adulteração, ou alteração, de documento existente, seja

transformando-o materialmente, ou adicionando-lhe, suprimindo-lhe ou substituindo-lhe

palavras ou cifras”.

A falsidade ideológica diz respeito à substância do ato ou fato representado no

documento. Materialmente o documento é perfeito; no entanto traduz idéias, declarações,

notícias falsas" (in primeiras linhas de Direito Processual Civil, 2º Volume, pág. 416, nº 632,

Ed. Saraiva, 1990, SP, grifadas inovados). Ao que se percebe com facilidade, a falsidade do

laudo técnico que nos interessa para fins de estudo é de natureza ideológica, que diz respeito

à substância do ato, já que inquinado de falsidade material, passa a ser objeto de mera

falsidade documental, passível de argüição nos termos dos arts. 390 e seguintes no CPC. Ao

contrário, sendo ideologicamente falso, não pode ser considerado documento pura e

simplesmente. Passa a prevalecer sua natureza substancial de ato do processo, com vistas à

elucidação do julgador que, em sua decisão, acabará por convencer-se inspirado na peça

técnica.

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A Ação Penal por Crime de Falsa Perícia não Constitui Condição de Procedibilidade

para a Rescisória Cumpre, ainda em caráter introdutório, enfrentar um outro problema que se

nos apresenta controvertido, embora de fácil solução. O Código Penal, em seu art. 342,

tipifica a figura da falsa perícia, ad litteris:

"Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade, como testemunha,

perito, tradutor ou intérprete em processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo

arbitral"

Poder-se-ia perguntar, com justa razão, se cuidando a lei penal de descrever o tipo de

falsa perícia, haveria necessidade de se comprová-la no juízo criminal, sob pena de

impossibilita a propositura rescisória, até que definitivamente julgada a ação penal.

Entendemos que não.

Primeiro, por que o prazo para o ingresso da rescisória é de dois anos a contar do

trânsito em julgado da sentença, tendo natureza eminentemente decadencial, pelo que não se

suspende ou interrompe, em hipótese alguma. Assim, não se pode obstar a provocação da

rescisória, sob o pretexto de falta de condição de procedibilidade, qual seja a declaração da

falsidade via processo criminal.

O princípio da inafastabilidade e da indeclinabilidade do direito de ação não nos deixa

mentir. Por outro lado, a ação penal é privativa do Ministério Público, e este, caso entenda,

pode deixar de promovê-la, quando não encontre os indícios concretos da existência de crime

ou de sua autoria, embora nesses casos caiba reexame dessa decisão do parque, forma do art.

28 do Código de Processo Penal. Não pode, também, o direito violado da parte contra quem

foi proferida sentença condenatória fundada em falta perícia, ficar ao talante da iniciativa

privada de um órgão, que a perde somente quando não a toma dentro do prazo legal,

ensejando a ação penal privada subsidiária.

Por último, ressalta-se que a enumeração de condutas do art. 342 do Código Penal leva

à conclusão que a falsidade da perícia é de natureza ideológica, consumando-se,

normalmente, não pela elaboração do laudo em si mesmo, mas pelas afirmações nele contidas

e posteriormente prestadas pelo perito em juízo, em especial quando comparece à audiência

de instrução e julgamento. O laudo, geralmente circundado e apoiado em normas técnicas

especialíssimas, dificilmente deixará transparecer qualquer indício perceptível de falsidade,

pelo que o princípio do indúsio para réu falará mais alto que jus persequendi do Estado. Se,

na averiguação da falsidade pericial não estiver em jogo, a liberdade do perito, certamente os

canais de apreciação dos indícios do falso estarão mais abertos à propagação da Justiça.

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A falsidade do laudo técnico que ora se examina é a ideológica. Consiste em

alterações ou supressões da verdade pelo perito, com o fito de fazer aumentar o valor do

imóvel objeto da avaliação. Sendo peça técnica por essência, pode ocorrer ainda pelo

abandono das normas que regem a elaboração de cálculos avaliados, quando se puder

concluir que o técnico, abstendo-se de adotar tais critérios, ou adotando-os em descompasso

uns com os outros, provoca a elevação do preço do imóvel ou não lhe diminui apesar de

presentes condições fáticas para tanto. Necessário, nesse instante, fazer-se breves anotações,

meramente ilustrativas, acerca do critério usualmente adotado pelos peritos, para fins de

avaliação de imóveis. Trata-se do método comparativo. Por esse método, o valor do bem que

se avalia é obtido pela comparação com outros semelhantes, cujo valor é já conhecido, seja

por negócios efetivamente realizados, seja por ofertas confiáveis. Busca-se, o tanto quanto

possível, uma identificação entre os bens que servem de paradigma e o objeto da avaliação,

exigindo-se semelhança de situações fáticas entre um e outros.

Entretanto, essa técnica, por si só, não é suficiente. A ela, devem se aplicar critérios

e métodos variados, especialmente no sentido de homogeneizar as amostras comparativas,

com a eliminação dos elementos suspeitos da pesquisa, ou seja, aqueles que, apesar de

presumivelmente válidos, apresentam-se em desvalor ou hipervalorizados relativamente aos

demais (desvio padrão). O perito profissional especializado que é, tem a obrigação de

conhecer e aplicar, quando da elaboração do laudo, todas as regras técnicas que se impõem à

sua feitura, e ainda atender à imposição legal de analisar a situação particular do imóvel, já

que em sede de desapropriação cabe inclusive diminuição do preço do imóvel desapropriando

tendo em vista o status que ante, abstraindo-se a valorização sobrevinda com as obras e

serviços viabilizados pelo ato expropriatório.

Fugindo o laudo pericial do dever de fiel e vinculada a aplicar as normas técnicas de

avaliação, ou mesmo as aplicando, vindo a trazer na sua literalidade qualquer afirmação falsa

ou ainda omitindo algo que diminua o valor do imóvel, é de se reconhecê-lo como possível de

argüição própria de falsidade

DIFERENÇA DE LAUDO PERICIAL E LAUDO PERICIAL CONTÁBIL

O laudo pericial é formado após terem feitos todas as investigação, e coletado todos

os documentos utilizados nas operações.

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104

O laudo pericial é o fruto do trabalho pericial, em que o especialista se pronuncia

sobre questões submetidas à sua análise, podendo ser com quesitos, que serão transcritos e

terão as respostas circunstanciadas na pesquisa efetuada, ou, caso não houver quesitos, a

perícia se dará pelo objeto da matéria.

De acordo com Sá, (1997, p.45), define o laudo pericial contábil como “uma peça

tecnológica que contem opiniões do perito contador, como pronunciamento, sobre questões

que lhe são formuladas e que requerem seu pronunciamento.”

No entanto Caldeira, (2002, p.3), “o laudo pericial contábil é de grande relevância na

decisão dos Juizes, o perito deve se preocupar com a qualidade de seus trabalho, um erro na

produção do laudo acarreta.”

Para Ornelas, (2003, p.100), “os laudos variam de acordo com suas finalidades. Sua

estrutura devera se adequar a cada caso, além de possuir características gerais para todos.”

Para Santos (2004, p.90) “qualidade nos serviços de perícia vêm ser: atingir a

máxima eficiência na realização da perícia, para superar a expectativa do usuário”.

Em que pese as definições do laudo restringir-se a “peça escrita” não está

inviabilizada a apresentação oral, registrada em audiência, haja visto o sistema processual

brasileiro permitir esclarecimentos de laudo pericial em audiência.

ESTRUTURA DO LAUDO CONTÁBIL

A estrutura de um laudo deve adequar-se a cada caso, mas que tenha no mínimo a

assimilação e o pedido de anexação aos autos, quesitos, respostas que seguem os quesitos,

assinatura do perito, anexos para ilustrar algumas respostas e pareceres se houver para

adicional do laudo.

Os laudos variam de acordo com sua finalidade. Sua estrutura devera se adequar a

cada caso, além de possuir características gerais iguais para todos: abertura, considerações

iniciais a respeito das circunstâncias de determinação judicial, descrição do objeto, quesitos,

resposta que seguem os quesitos, encerramento do laudo, assinatura do profissional, e sempre

que necessários anexos e documentos que fundamentem e suplementem o laudo.(ORNELAS,

2003)

Ornelas (2003, p.91) diz que “um bom indicador que serve para aquilatar a qualidade

do laudo contábil oferecido e, por conseqüência, a competência técnica e a lisura do

profissional contábil, é dado pelos pedidos de esclarecimentos que provoca”.

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“Em hipótese alguma devem ser usadas palavras de sentido dúbio, ou impreciso. O

texto oferecido deve ser construído com palavras que permitam, exclusivamente, uma leitura

de significado único”. (ORNELAS, 2003)

O perito, visando à qualidade nos serviços de perícia, precisa planejar o processo

todo, levando a expectativa do cliente e ter capacitação técnica objetivando a satisfação do

cliente.

Figueiredo (2003, p.46) afirma que “o trabalho pericial tenderá ser de boa qualidade,

sendo apresentado de forma técnica, científica e fundamentado”.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

“A Perícia Contábil é a materialização da prova para a matéria contábil”. Desde muito

tempo vêm desenvolvendo trabalhos, ou seja, seu laudo que tem por objetivo mostrar clareza

no fim do seu trabalho prova que não deixam duvidas de sua veracidade e clareza. Com a

experiência adquirida os profissionais passaram a ser mais bem estruturados, documentados e

posteriormente transmitidas e adotadas por outros profissionais da área. Em alguns casos é

necessário que se verifique a correção da avaliação de um determinado bem, com isso se faz

necessário a perícia contábil para examinar de maneira correta o valor e as circunstancias que

originaram

A importância desse documento em processos nas soluções de casos com seu

procedimento técnico e cientifico leva a prova dos fatos tendo o poder de apurar, avaliar,

examinar, analisar e identificar erros e fraudes.

Quando existe um problema muito complexo e a perícia tem por objetivo geral a

comprovação, prova ou confissão contábil da verdade real, daí é necessária à utilização do

Laudo Pericial Contábil que é a forma pura do procedimento de perícia, este auxiliando na

comprovação dos fatos para apuração da real situação.

Após analise desses Laudos, conclui-se que sua utilização gera maior compreensão e

entendimento sobre os casos analisados.

REFERÊNCIAS

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106

CARVALHO, Joana D´Arc Silva Galvão de. O perfil profissional do contador ingresso no

mercado de trabalho no município de Salvador-Ba de 1991 a 2000. Salvador: FVC, 2002.

Dissertação (Mestrado em Contabilidade), Centro de Pós-Graduação e Pesquisa Visconde de

Cairú – CEPPEV, Fundação Visconde de Cairú, 2002.

D´Áurea, Francisco – Revisão e Perícia Contábil, 2. ed. 1953. Rio de Janeiro: Nacional.

Fonseca, Alice Aparecida da Silva et al. Revista Brasileira de Contabilidade. Ano XXIX nº

123. Brasília. Mai/Jun 2000.

FRANCO, Hilário. A Contabilidade na Era da Globalização: temas discutidos no XV

Congresso Mundial de Contadores, Paris, de 26 a 29-10-97. São Paulo: Atlas, 1999.

Normas da Profissão Contábil – 24ª edição – Conselho Regional do Estado de São Paulo.

Sá, Antônio Lopes de. – Perícia Contábil, 3. ed. – 1997 - São Paulo: Atlas.

SILVA, Antônio Carlos Ribeiro da. Metodologia da pesquisa aplicada à contabilidade:

Orientações de estudos, projetos, relatórios, monografias, dissertações, teses. São Paulo:

Atlas, 2003.

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CONTRIBUIÇÃO DA PERICIA CONTÁBIL

PARA SETENÇA JUDICIAL

Júlio César Siqueira26

Karine Ariely Felix dos Santos27

Renan Alves Rodrigues28

Eliezer da Silva29

RESUMO: o presente trabalho tem como objetivo demonstrar como a perícia contábil na

esfera judicial contribui para o Juiz dar sua sentença para ás partes em questão, para a

realização do trabalho realizou- se através de pesquisa bibliográfica e artigos publicados na

área cientifica em questão. O tema foi escolhido para que contribua com informações sobre a

perícia no âmbito judicial e como uma forma de entendimento para se tornar mais clara á

função da perícia contábil no tramite do judiciário. Mostrar que a perícia é um serviço de

extrema importância e necessita á realização de forma ética, clara e objetiva, seguindo os

padrões propostos pela NBC-13 que rege sobre a normatização de elaboração de laudos

técnicos contábeis.

PALAVRAS – CHAVE: Contabilidade. Perícia Contábil. Sentença Judicial.

INTRODUÇÃO

Podemos encontrar dentro da contabilidade vários ramos, ou diversas

especialidades, dentre elas está a Perícia Contábil, o profissional desta área necessita de um

profundo conhecimento e domínio da matéria para analisar, examinar e emitir seu parecer

sobre qualquer dúvida ou algum litígio que vier a ser solicitado. Deve se levar em

consideração também a honestidade, a ética moral que é virtude de um bom profissional e que

concerteza são requisitos que lhe proporcionará muita credibilidade em seu trabalho.

A perícia é um meio elucidativo e de prova que a legislação admite, é o parecer de

profissional entendido na matéria em julgamento. Como meio de prova é o

testemunho humano da existência e veracidade de coisas e fatos, e como parecer, é a

26

Docente da UNIJALES e da FAMA - [email protected]. 27

Graduanda FAMA - [email protected]. 28

Graduando FAMA - [email protected]. 29

Graduando FAMA - [email protected]

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opinião autorizada de quem conhece a espécie questionada. (MAGALHÃES, 2001,

p. 23)

A perícia contábil é o conjunto de procedimentos técnicos e científicos destinados a

levar informações de prova necessárias para auxiliar a decisão do juiz no processo,

de acordo com as normas jurídicas e profissionais. Origina-se na esfera jurídica,

podendo ser determinada pelo juiz do processo ou requerida pelas partes em

litígio.(FIGUEIREDO, 2003, p. 41)

Pode-se considerar a profissão de perito como um auxiliar jurídico, de muita

responsabilidade e capacidade técnica, onde suas afirmações, envolvendo interesses e valores

serão embasados pelas partes e autoridades como prova em uma questão judicial ou em um

simples desentendimento entre desafetos. Sendo assim esta pesquisa tem por objetivo

demonstrar a importância da Perícia Contábil em uma sentença judicial.

O compromisso moral e ético do perito para com a sociedade e para com sua classe

profissional constitui o principal lastro de sustentação da realização profissional.

Ressalte-se, também, que ser capaz e estar sempre atualizado e preparado para o

trabalho de boa qualidade, com valor social, está inserido no contexto moral e ético.

Conhecer os códigos de ética contábil e pericial é condição indispensável ao

profissional. (ROCHA e SANTOS, 1995, p. 12)

Demonstrar prova é algo específico para o conhecedor de Ciências Contábeis em

meio de um processo, assim se trata a pericia contábil, o perito contador através de seu estudo

e pesquisa, apresentará seu lado em juízo, para dirigir a prova técnica dos fatos ocorridos

pelas partes envolvidas no processo, contudo, a finalidade de tal perícia é demonstrar a

clareza para decisão do Juiz, sendo este, com seu amplo conhecimento do Direito, não

encontra argumentos de provas, se tratando de outras ciências, assim recorre ao perito para

fundamentar sua decisão.

A justiça, sob forma legal de lei, autoriza o trabalho pericial para justificar

prova mediante processo, com isso, o magistrado necessita do trabalho competente do perito,

sendo este, conhecedor de toda matéria estudada sob determinada ciência.

Dentro da contabilidade, encontra-se a figura do perito-contador, pessoa que

conduz conhecimento amplo para justificar sua opinião mediante Laudo Pericial Contábil,

assim sendo, o Laudo Pericial Contábil em meio de seus recursos, ajudará o juiz a tomar

decisão mediante processo.

O presente estudo tem por objetivo especificar a relevância da perícia contábil na

decisão judicial, na medida em que ela formaliza prova no processo, ou seja, aprofundar-se no

estudo sob a ótica do perito contador e seu amplo conhecimento dentro da contabilidade para

auxiliar o magistrado a tomar decisão favorável ás partes merecedoras.

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O trabalho desenvolveu-se fundamentado sob o tipo de pesquisa bibliográfica com

leitura, análise e compreensão de livros e artigos técnicos disponibilizados em revistas e na

internet cujas fontes foram legitimamente citadas conforme pede a Associação Brasileira de

Normas Técnicas (ABNT) para apresentação de trabalhos acadêmicos.

Utilizou-se os dados disponíveis principalmente em livros técnicos que serviram de

suporte a formação do conhecimento e aprofundamento do tema abordado no trabalho.

PERÍCIA CONTÁBIL

De acordo com a Norma Brasileira de Contabilidade, NBC T 13, a perícia contábil

é um conjunto de procedimentos técnicos e científicos que levam à instância decisória

elementos de prova necessários a subsidiar a justa solução do litígio, mediante laudo ou

parecer pericial contábil, em conformidade com as normas jurídicas e profissionais e a

legislação específica no que for pertinente.

A perícia contábil judicial e extrajudicial é de competência exclusiva do contador

registrado em Conselho Regional de Contabilidade e a presente norma aplica-se ao perito

contador nomeado em Juízo, ao contratado pelas partes para perícia extrajudicial, ao

escolhido na arbitragem e ao perito contador assistente indicado ou contratado pelas partes.

A atividade de examinar as coisas e os fatos reportando a sua autenticidade

opinando sobre as causas essências e efeitos da matéria examinada, como acontece com a

perícia contábil, se inicia por vontade ou por consentimento do proprietário (voluntária) ou

por ordem judiciária (perícia judicial) e tem como objetivo.

Segundo a (NBC T 13, 2008, p. 405).

13.1.1 - Perícia Contábil é o conjunto de procedimentos técnicos, que tem por objetivo a emissão de laudo sobre questões contábeis, mediante exame, vistoria, indagação, investigação, arbitramento, avaliação ou certificado. 13.1.1.1 – O laudo pericial contábil e/ou parecer pericial contábil tem por limite os

próprios objetivos da pericia deferida ou contratada.

13.1.2 – A pericia contábil, tanto a judicial como a extrajudicial e a arbitral, é de

competência exclusiva de contador registrado em Conselho Regional de

Contabilidade.

13.1.3 – Nos casos em que a legislação admite a perícia interprofissional, aplica-se o

item anterior exclusivamente às questões contábeis, segundo as definições contidas

na Resolução CFC nº 560/83.

13.1.4 – A presente Norma aplica-se ao perito – contador nomeado em juízo, ao

contratado pelas partes para a perícia extrajudicial ou ao escolhido na arbitragem; e,

ainda, ao perito-contador assistente indicado ou contratado pelas partes.

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Importante ressaltar que a perícia contábil também leva em consideração a

verificação de fatos ligados ao patrimônio individualizado visando oferecer opinião, mediante

questão proposta, realizando exames, vistorias, indagações, investigações, avaliações,

arbitramentos, de determinada matéria demonstrando a verdade dos fatos, oferecendo opinião

que vão auxiliar o Juiz na sentença judicial.

Segundo (NBC T 13, 2008, p. 406), define:

13.4.1.1 – O exame é a análise de livros, registros das transações e documentos.

13.4.1.2 – A vistoria é a diligência que objetiva a verificação e a constatação de

situação, coisa ou fato, de forma circunstancial.

13.4.1.3 – A indagação é a busca de informações mediante entrevista com

conhecedores do objeto da perícia.

13.4.1.4 – A investigação é a pesquisa que busca trazer ao laudo pericial contábil ou

parecer pericial contábil o que está oculto por quaisquer circunstâncias.

13.4.1.5 – O arbitramento é a determinação de valores ou a solução de controvérsia

por critério técnico.

13.4.1.6 – A mensuração é o ato de quantificação física de coisas, bens, direitos e

obrigações.

13.4.1.7 – A avaliação é o ato de estabelecer o valor de coisas, bens, direitos,

obrigações, despesas e receitas.

13.4.1.8 – A certificação é o ato de atestar a informação trazida ao laudo pericial

contábil pelo perito-contador, conferindo-lhe caráter de autenticidade pela fé pública

atribuída a este profissional.

“A perícia é, pois, o exame hábil com o objetivo de resolver questões contábeis,

ordinariamente originárias de controvérsias, dúvidas e de casos específicos determinados ou

previstos em lei”. (ORNELAS, 2003, p. 34).

Magalhães (2001), entende-se por perícia o trabalho de notória especialização feito

com o objetivo de obter prova ou opinião para orientar uma autoridade formal no julgamento,

de um fato, ou desfazer conflito em interesses de pessoas.

Perícia Contábil é a verificação de fatos ligados ao patrimônio individualizado,

visando oferecer opinião, mediante questão proposta. Para tal opinião realizam-se

exames, vistorias, indagações, investigações, avaliações, arbitramentos, em suma todo

e qualquer procedimento necessário a opinião. (Sá, 2004, p. 14).

Segundo Sá (2004) A Perícia Contábil só deve ser efetuada de acordo com a

Norma Brasileira de Contabilidade Técnica nº. 13 da perícia contábil sistematiza toda a

estrutura legal relativa à função pericial contábil, dispõe que a perícia contábil judicial,

extrajudicial e arbitral é de competência exclusiva do profissional graduado em Ciências

Contábeis na categoria de Contador, devidamente registrado no Conselho Regional de

Contabilidade, sendo que o profissional Técnico em Contabilidade não está possibilitado de

exercer tal função, por ser uma especialização da contabilidade o perito deverá ter muita

competência e um domínio da contabilidade e matérias afim, com intuito de fornecer

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informações sobre o Patrimônio das entidades e auxílio judicial sobre eventuais litígios em

que possa ser solicitado, estas informações levantadas darão origem a fatos devidamente

confiáveis e de aceitação incontestável.

O objetivo da perícia é a constatação ou demonstração da verdade contábil sobre seu

objeto e conseqüente transferência dessa verdade para a instância decisória, tendo

como objeto situações, coisas ou fatos oriundos das relações, efeitos e haveres que

fluem do patrimônio de quaisquer entidades. (ALBERTO, 2002, p. 51).

HISTÓRIA DA PERÍCIA CONTÁBIL

Desde o início da civilização, entre os homens primitivos já haviam indícios de que

o ser humano possuía instinto de liderança, e comandava e executava as tarefas do dia a dia,

ou auxiliava de alguma forma a solução de problemas.

Conforme SANTANA (1999) a evolução da perícia se desenvolve tão antiga

quanto a evolução da contabilidade. Alguns pesquisadores revelam que os primeiros sinais da

utilização da contabilidade se deram aproximadamente 4.000 anos a.C; já a perícia tem seus

primeiros vestígios de escrita no papiro Abbot, datado do ano 130 da era cristã.

A partir do século XIII, a contabilidade experimentou um grande desenvolvimento

na Europa, uma vez que esse continente apresentava-se como o berço do comércio;

em paralelo, observa-se (sem poder garantir data precisa) que no continente europeu

também houve grande desenvolvimento da perícia como instrumento de prova,

presente principalmente. Conforme (SANTANA 1999, apud SANTOS, 1955, p. 8).

Conforme Fonseca Apud Alberto (2000, p. 38): “A partir do século XVII, criou-se

definitivamente a figura do perito como auxiliar da justiça, e ao perito extrajudicial,

permitindo assim a especialidade do trabalho judicial.”

Segundo SANTANA (1999) no Brasil assim como aconteceu também em outros

países, a necessidade da contabilidade surgiu junto ao desenvolvimento econômico, com forte

influência da escola italiana, contudo, a perícia surge regulamentada no Brasil em 25 de junho

de 1850, por meio da lei nº 556 (Código Comercial). Em 25 de dezembro de 1850, se efetua a

regulamentação do perito, mediante o regulamento nº 737 (posteriormente revogado), baseado

no Código Francês e nas Ordenações Filipinas. Em matéria contábil é escolhido como árbitro,

o profissional formado em Aula de Comércio com posse de Carta de Habilitação.

De acordo com Magalhães (2001), a história da perícia contábil originou-se desde

1939, onde já se estabelecia vagas regras sobre perícia, contudo em 1946, com o advento do

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Decreto – Lei nº 9.295/46 (instituiu o Conselho Federal de Contabilidade e definiu as

atribuições do contador).

A Perícia Judicial foi introduzida pelo Código de Processo Civil de 1939, em seus

artigos 208 e 254, que regulam a Perícia, nomeação do perito pelo juiz e indicação pelas

partes.

PERFIL DO PROFISSIONAL E SUAS COMPETÊNCIAS

O perfil do profissional contábil que se exige para tal fim deve ser estritamente

profissional levando-se em consideração os Princípios Contábeis de que regem a

contabilidade, para exercer a atividade de Perícia.

A profissão do perito-contador consiste basicamente na verdade dos fatos, com

isso torna sua relação com seu trabalho totalmente imparcial, na medida em que não afeta sua

virtude moral e ética.

“O perito precisa ser um profissional habilitado, legal, cultural e intelectualmente,

e exercer virtudes morais e éticas com total compromisso com a verdade.” (SÁ, 2004, p. 21)

Aristóteles fala que o perfil do profissional que atua ou pretende vir a atuar na

perícia deve conter duas formas de excelências: a excelência moral – honestidade,

moderação, equidade, e etc. e a excelência intelectual – inteligência, conhecimento,

discernimento etc. “Ao perito não é permitido agir sem eficácia, ou seja, deve atuar

com a eficiência e emprego de seus conhecimentos sobre o objeto, que propicie

atingir de forma ótima a finalidade objetiva para a qual a perícia foi determinada”

(ALBERTO, 2002, p. 55)

O Perito Contábil no uso de suas atribuições deve estar sempre se atualizando,

se especializando, pois para se obter a competência profissional, ou seja, o reconhecimento

caberá aos serviços que serão prestados, de forma técnica e concisa e a satisfação de seus

clientes, e que a mesma perceba que o resultado de seu pedido ficou de acordo com o

esperado.

A objetividade caracteriza-se pela ação do perito em não desviar-se da matéria que

motivou a questão e só subsidiariamente apelar para exames colaterais. A precisão

consiste em oferecer respostas pertinentes e adequadas às questões formuladas ou

finalidades propostas. A clareza em usar em sua opinião de uma linguagem acessível

a quem vai utilizar-se de seu trabalho, embora possa conservar a terminologia

tecnológica e científica em seus relatos. A fidelidade caracteriza-se por não deixar-

se influenciar por terceiros, nem por informes que não tenham materialidade e

consistência competentes. A concisão compreende evitar o prolixo e emitir uma

opinião que possa de maneira fácil facilitar as decisões. A confiabilidade consiste

em estar a perícia apoiada em elementos inequívocos e válidos legal e

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tecnologicamente. A plena satisfação da finalidade é, exatamente, o resultado de o

trabalho estar coerente com os motivos que ensejaram.(SÁ, 2004, p. 21)

O profissional de perícia contábil deve possuir dentre algumas competências para

atuação na área, tais como: conhecimentos práticos e teóricos nos trabalhos desenvolvidos,

laudos apresentados de forma técnica, científica e fundamentada, trabalhos periciais de forma

lógica e correta, escritas com forma clara e de fácil entendimento. O profissional que atua na

área de perícia contábil deve ser ético, estar em constante especialização, apresentar qualidade

nos trabalhos desenvolvidos e ter dignidade para recusar tarefas, quando a matéria julgada não

for sua especialidade.

PERÍCIA CONTÁBIL JUDICAL, EXTRAJUDICIAL E ARBITRAL

Existem diversos tipos de perícia contábil, dentre elas destacamos ás três mais

importantes:

Perícia Contábil Judicial: Ocorre no âmbito do Juízo;

Perícia Extrajudicial: Ocorre fora do âmbito do Juízo;

Perícia Arbitral: Ocorre quando é imposta pelas partes ou pelo Juiz;

PERÍCIA CONTÁBIL JUDICIAL

Em razão de perícia contábil judicial, Ornelas dispõe que, quando a solução de

litígios é requerida aos tribunais, ou seja, posta em juízo, o órgão julgador do assunto como

primeira condição para o julgamento de um caso é a apuração exata dos fatos e o

conhecimento preciso das causas de que se origina, o magistrado precisa que a matéria a ser

julgada seja esclarecida e certificada por profissionais que mereça inteira fé nos aspectos

técnicos, moral e científico, ou seja, o juiz necessita de um laudo profissional especializado

para atender ao pedido de uma das partes envolvidas no processo, é neste caso que há a

nomeação do perito-contábil para que emita ao processo seu laudo técnico sobre o assunto

abordado.

O contador, na função de perito, deve manter adequado nível de competência

profissional, atualizado sobre as Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC), além

das técnicas contábeis, especialmente as aplicáveis à perícia, o trabalho do perito

contábil tem como base a análise de livros, registros de transações e documentos que

envolvem os fatos a serem investigados. No entanto, na prática, os peritos muitas

vezes devem procurar procedimentos de acordo com os fatos adotados pelas partes,

desde que não comprometam as normas legais e a sua ética profissional. Disponível

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em <

http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/periciacontabiljudicial.htm>

Acesso em 26/09/2011.

“Pericia contábil Judicial é a que visa servir de prova, esclarecendo o juiz sobre

assuntos em litígios que merecem seu julgamento, objetivando fatos relativos ao patrimônio

aziendal ou de pessoas.” (SÁ, 2004, p. 63)

As principais etapas do trabalho pericial são:

Figura 1: Fonte: Disponível em http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12136/tde-

06102004-161123/pt-br.php>

Solicitação do

Juiz para

realizar a

perícia Retirar os autos

para o

conhecimento

Planejar os

recursos e a

metodologia

Fazer a

petição de

honorários

Coletar dados

Analisar

dados

Etapa

Preliminar

Etapa de

execução

Visualizar o

pré-laudo

Escrever

o laudo

Revisar

o laudo

Entregar

o laudo

ao juiz

Solicitar ao juiz

o levantamento

dos honorários

Manifestação das

partes sobre o

laudo pericial

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PERÍCIA CONTÁBIL EXTRAJUDICIAL

“A perícia extrajudicial é a verificação de fatos ligados ao patrimônio individualizado

visando oferecer opinião ou parecer, mediante questão proposta pelo interessado na perícia”.

(Disponível em < http://www.severoperitos.com.br/pericia-extrajudicial.php > Acesso em

14/05/2011).

De acordo com Ornelas o contador desempenha relevante papel nas questões

suscitada entre partes e oposições de interesses econômicos, as pessoas que estão em litígios

geralmente não chegam à um acordo sozinhos, primeiramente pelo interesse egoístico de cada

um, e em segundo por incompreensão ou ignorância de matéria em questão, sendo assim é

invocada a opinião de terceiros, tanto para obter juízo imparcial no assunto debatido, quanto

para elucidar técnica e judicialmente a questão na qual não se harmonizam, podem procurar

também a solução amigável, que vai desde o perecer de um perito até o juízo arbitral.

Qualquer destas formas é extrajudicial por não se processar judicialmente a matéria.

PERICIA ARBITRAL

Segundo ALBERTO (2000), a perícia arbitral também é representada por um

perito contador devidamente qualificado, junto ao órgão competente da categoria, sempre se

realiza dentro do juízo arbitral, ou seja, instância decisória criada pela vontade das partes, não

sendo enquadrada em nenhuma das anteriores por suas características especialíssimas de atuar

parcialmente como se judicial e extrajudicial fosse. Subdivide-se em probante e decisória,

segundo se destine a funcionar como meio de prova do juízo arbitral, como subisidiadora da

convicção de arbitro, ou é ela própria a arbitragem, ou seja, funciona seu agente ativo como o

próprio arbitro da controvérsia.

PROVAS PERICIAIS

A prova dentro de um processo judicial deve demonstrar eficácia suficiente, para

que o Juiz possa emitir sua sentença dentro dos autos, o perito em si deve prestar muita

atenção a qualquer detalhe que possa ser de extrema importância para resolução de um

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processo judicial. A prova deverá ser reconhecida com muito respeito e cuidado perante o

perito contador, pois é embasado nela que o judiciário irá tomar sua decisão, sendo assim,

logo depois de encontrada alguma prova em um litígio qualquer, o perito no uso de suas

atribuições deve revisar várias vezes e ter a mais absoluta certeza de que sua busca foi

relevante dentro do trabalho realizado, em seguida redigirá um laudo pericial constando os

fatos de forma clara e concisa.

O objetivo da perícia é a produção de prova. Não é suficiente alegar os fatos,

precisa-se prová-los com documentos e demonstrações com rigor técnico, através do

Laudo Perícia. A perícia contábil é prerrogativa do Bacharel em Ciências Contábeis

com conhecimento interdisciplinar não só na área da Ciência Contábil, como em

outras ciências, tais como a Matemática, a Estatística e principalmente o Direito

Processual Civil. (<Disponível em http://www.apjep.org.br/fotos/AProvaPericial-

artigorevista.pdf.php > Acesso em 25/06/2011).

Santos (1983) deixou-nos uma definição que bem sintetiza toda a amplitude do

tema, ao dizer que “prova é a soma dos fatos produtores da convicção, apurados no processo”.

Ornelas (1994), A função do perito pressupõe enfrentar determinados aspectos

processuais, relativos ao domínio da matéria em questão e o entendimento quanto à produção

de prova pericial e, em papel relevante na qualidade de auxiliar da justiça.

De acordo com Ornelas (1994), o significado da palavra perícia tem o mesmo

significado de prova pericial ou prova técnica, entende-se também que o sistema contábil

como o melhor banco de dados capaz de quantificar monetariamente fatos econômicos –

financeiros das provas admissíveis em Direito, a perícia é o meio utilizado pelos magistrados,

ou seja pessoas capazes de lidar com tais fatos e pelas partes para se convencerem de questões

controvérsias dentre os litígios e de ordem técnica e científica. A perícia contábil é a prova

material por excelência.

A perícia refere-se a um exame minucioso de litígios que podem ocorrer por

possíveis desafetos, que busca toda a averiguação da matéria, na obtenção de promover

resultado sólido, com prova materializada através dos fundamentos encontrados com a

apuração dos eventos. A influência determinante está no ponto em que a técnica e a ciência do

perito-contador, é examinada e apurada sobre a causa do litígio, propaga esclarecimentos e

produz prova a partir da deliberação conclusiva.

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Segundo Lopes de Sá, “a perícia, pois, é prova, mais deve alimentar – se de

“evidências” essenciais, efetivas, inequívocas e formalmente sustentáveis.” (Sá, 2004, p. 233).

No que se diz prova, o perito contador deverá realizar o trabalho de maneira

objetiva com precisão, com isso fica o perito consciente das conseqüências que um laudo

pericial constituído com erros e informações equivocadas assim o laudo pericial é um

documento extremamente importante na decisão judicial, com isso, o juiz interpretará e

decidirá sobre o estudo realizado do perito contador.

Prova consiste na demonstração da existência ou não, da verdade ou não do que

estiver sendo argumentado como base, sobre a qual se pretende aplicar o direito que

se defende ou que se contesta. No sentido processual, designa também aos meios

indicados em lei para realização dessa demonstração para conclusão ou produção de

certeza, que pode ser absoluta ou relativa. Claro está, também, que o objeto da

prova é o elenco de fatos referidos no processo e considerados hábeis para serem

submetidos a atividade probatória. (Disponível em <

http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12136/tde-06102004-161123/pt-br.php

> Acesso em 27/09/2011).

O profissional da contabilidade que se preocupa com a ética, todavia, só aceita

como comprovado o que deveras é inequívoco. Suposições alternativas, indícios,

hipóteses, indícios, sinalizações não são elementos suficientes para a comprovação

de fatos derivados de transformações patrimoniais, no máximo são subsídios para

que se encontre a realidade. (Sá, 2004, p. 235)

ATUAÇÃO DA PERÍCIA CONTÁBIL

A área de atuação da perícia contábil é praticamente impossível de mencionar na

obra realizada, pode-se então, descrever quais as principais atividades realizada pelo perito-

contador.

Segundo Mercandale (1998) existem alguns trabalhos pericias mais realizados, tais

como:

AÇÕES TRABALHISTAS

“Grande parte das ações ajuizadas na Justiça do Trabalho requerem a realização de

perícia contábil.” (MERCANDALE, 1998, p.20)

a) Necessidade de contagem de horas trabalhadas pelo reclamante para a apuração de eventuais horas

extras;

b) Necessidade de verificação de valores depositados a títulos de FGTS, com base em comprovantes de

recolhimentos juntados aos autos pela empresa reclamada para a apuração eventuais diferenças a serem

depositadas;

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118

c) Necessidade de apresentação de laudo em razão de divergências entre cálculos apresentados pelas

partes na fase de liquidação de sentença. (MERCANDALE, 1998, p. 20).

AÇÕES PREVIDENCIÁRIAS

“Das ações de benefício previdenciário ajuizado na justiça, grande parte delas

requerem a realização de pericia contábil, a qual poderá, dependendo do caso, ser deferida

pelo magistrado.” (MERCANDALLE, 1998, p.37).

a) Necessidade de revisão as Renda Mensal Inicial, concedida pelo INSS ao Requerente para a apuração de

eventuais divergências nos cálculos de concessão do benefício;

b) Necessidade de revisão dos cálculos de reajustes do benefício já concedido ao Requerente pelo INSS;

c) Revisão ou elaboração de cálculos de pensão por morte do beneficiário;

d) Cálculos de concessão de aposentadoria por tempo de serviço, por idade ou por invalidez acidentária;

e) Cálculos de concessão de auxílio-acidente ou auxílio-reclusão. (MERCANDALLE, 1998, 37).

CONTRIBUIÇÃO DA PERÍCIA CONTÁBIL PARA SETENÇA JUDICIAL

Analisando todo trabalho efetuado, destaca-se a importância da prova no processo, e

se tratando de contabilidade encontra-se a perícia contábil, onde esta irá proporcionar ao Juiz

a análise, indagação e investigação dos litígios que vierem ocorrer.

O magistrado pessoa de grande conhecimento no âmbito do Direito, não é profundo

conhecedor de todas as áreas científicas, assim sendo, em meio dos processos encontra-se a

necessidade de outro profissional emitir sua opinião mediante questão proposta, com isso, a

justiça sob forma legal recorre a prestação do serviço técnico e científico do perito.

O laudo pericial é de extrema importância, para que o Juiz tome sua decisão, de forma

clara e concisa, para formalizar a sentença, com isso, a prova que o perito fornece para o

judiciário, é a analise dos documentos, identificando possíveis erros ou fraudes, que ocorre na

esfera contábil dentro das entidades, assim, o perito-contador é especializado em toda matéria

e grande conhecedor da legislação envolvente, propiciando prova ao judiciário.

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119

É importante destacar que se o Juiz julgar insuficiente o trabalho realizado pelo

perito–contador, poderá não levar em consideração o laudo apresentado, e solicitar nova

perícia.

O perito-contador é o profissional que responde criminalmente pelo seu trabalho, por

isso, toda elaboração do mesmo, deve ser efetuada mediante as normas de perícia contábil,

com total imparciabilidade dentro do processo, obedecendo a ética profissional que lhe

compete.

LAUDO PERICIAL CONTÁBIL

“O laudo é sua opinião, onde produz seu ponto de vista e o justifica, oferecendo,

também, as bases ou elementos de que se utilizou para poder chegar a opinar.” (SÁ, 2004, p.

22)

Produzir um laudo pericial é matéria do profissional que disponha conhecimento e

experiência a profundo sobre determinado assunto, com isso, o profissional contábil no ramo

da perícia, deverá conter:

1. Conhecimento teórico da contabilidade;

2. Conhecimento prático das tecnologias contábeis;

3. Experiências em perícias;

4. Perspicácia;

5. Perseverança;

6. Sagacidade;

7. Conhecimento geral de ciências afins à Contabilidade;

8. Índole criativa e intuitiva. (SÁ, 2004, p. 20)

“Laudo é, de fato, um pronunciamento ou manifestação de um especialista, ou

seja, o que entende ele sobre uma questão ou várias, que se submetem a sua apreciação.” (SÁ,

2004, p. 44).

13.6.1.2 - O Decreto-lei nº 9.295/46, na letra “c” do art. 25, determina que o Laudo

Pericial Contábil efetuado em matéria contábil somente seja executado por contador

habilitado e devidamente registrado no Conselho Regional de Contabilidade.

13.6.1.3 – Laudo Pericial Contábil é uma peça escrita, na qual o perito contador

deve visualizar, de forma abrangente, o conteúdo da perícia e particularizar os

aspectos e minudências que envolvam a demanda.

13.6.1.4 – Define esta Norma que o perito-contador deve registrar no Laudo Pericial

Contábil os estudos, as pesquisas, as diligências ou as buscas de elementos de prova

necessárias para a conclusão de sues trabalhos.

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120

13.6.1.5 – Obriga a Norma que o perito-contador, no encerramento do Laudo

Pericial Contábil, apresente, de forma clara e precisa, as suas conclusões dos seus

trabalhos.

13.6.1.6 – O Laudo Pericial Contábil deve ser uma peça técnica elaborada de forma

seqüencial e lógica, para que o trabalho do perito contador seja reconhecido também

pela padronização estrutural. (NBCT 13, 2008, p. 418)

O Laudo Pericial Contábil deverá ser escrito de forma clara, objetiva, precisa,

concisa e completa. Sua escrita sempre será conduzida pelo perito-contador, que adotará um

padrão próprio, mediante as Normas da Estrutura do Laudo Pericial Contábil.

A linguagem adotada pelo perito-contador deve ser acessível aos interlocutores,

possibilitando aos julgadores e às partes da demanda, conhecimento e interpretações dos

resultados da perícia contábil.

Este mesmo deverá ser escrito de forma direta, para atender as necessidades dos

julgadores e ao abjeto da discussão, não deve conter elementos ou informações que conduzam

a dúbia interpretação, para induzir os julgadores a erros.

Conforme SÁ (2004), não existe um padrão de laudo, mas existem formalidades

que compõem sua estrutura. Em geral um laudo deve conter:

I - Prólogo de encaminhamento

II – Quesitos

III – Respostas

IV – Assinatura do perito

V – Anexos

VI – Parecer (se houver).

O prólogo de encaminhamento é a identificação e o pedido de anexação aos autos.

Os quesitos são as perguntas que o Juiz determina ao perito contador nomeado

pelo Juiz em questão.

As respostas aos quesitos que motivam um laudo devem possuir os seguintes

requisitos:

a) objetividade;

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121

b) justificação;

c) precisão;

d) complementação;

e) clareza.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O profissional de perícia é grande conhecedor de procedimentos científicos e sabe que

seu trabalho é relevante em matéria de prova, com isso, o perito-contador dispõe-se a favor da

justiça para solucionar litígios que lhe são encaminhados, contribuindo para o magistrado

tomar decisão dentro da ciência da contábil.

Sem dúvidas, o trabalho pericial é de extrema importância na atualidade, com isso,

dentro da esfera judicial se torna um auxiliar de primeira linha nos julgamentos, alicerçadas

com elementos embasados a um acervo tecnológicos e científicos, com isso o judiciário

encontra-se justificativa segura para emitir sua sentença.

REFERÊNCIAS

ALBERTO, Valder Luiz Palombo. Perícia Contábil. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 2000.

CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE-CFC. Normas Brasileiras de

Contabilidade. Resolução n. 858/99 – Conselho Federal de Contabilidade – Publicada no

DOU de 29.10.99. Normas Brasileiras de Contabilidade – NBC T 13 – Da Perícia Contábil.

CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE-CFC. Princípios fundamentais e normas

brasileiras de contabilidade: auditoria e perícia/ Conselho Federal de Contabilidade. – 3. ed. -

- Brasília: CFC, 2008.

FIGUEIREDO, Sandoval Nunes. Perícia contábil e a competência do profissional – Revista

Brasileira de Contabilidade, ano 32 n. 142 jul/ago 2003, p. 41-47.

MAGALHÃES, Antonio de Deus Farias e outros. Perícia Contábil. 3ª ed. São Paulo: Atlas,

2001.

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122

OLIVEIRA NETO, Carlos Elmano & MERCANDALE, Iolanda. Roteiro Prático de Perícia

Contábil Judicial: Legislação, Modelos e Índices Oficiais, São Paulo, Editora Oliveira

Mendes, 1998.

ORNELAS,Martinho Mauricio Gomes de. Perícia contábil. São Paulo. Atlas: 2003.

ROCHA, Levi Alvarenga; Santos, Nelson dos. Perícia contábil: abordagem técnica,

doutrinária, processual e operacional. 2ª ed. Goiânia, CRC-GO. 1995.

SA, A. L. DE. PERÍCIA CONTÁBIL. 6a Edição. São Paulo: Atlas, 2004

SANTANA, C. M. S. A PERÍCIA CONTÁBIL E SUA CONTRIBUIÇÃO NA SENTENÇA

JUDICIAL: um estudo exploratório. 1999. Dissertação para obtenção do título de mestre em

ciências contábeis – USP, São Paulo, 1999.

SANTOS, Cleusa Maria Alves dos. MELLO, Onice Maria de. Breve discussão sobre a

qualidade total em serviços periciais – Revista Brasileira de Contabilidade ano 33 n. 146

mar/abr 2004, p. 83-96

Disponível em < http://www.contabilista-sp.com.br/site/n_iob.asp?id=18281&em p=6 >

Acesso em 15/06/2011 ás 10:49.

Disponível em < http://www.dji.com.br/codigos/2002_lei_010406_cc/010

406_2002_cc_0212_a_0232.htm > Acesso em 17/06/2011 ás 13:00.

Disponível em < http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12136/tde-06102004-

161123/pt-br > Acesso em 17/06/2011 ás 21:00.

Disponível em < http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/pericia

contabiljudicial.htm > Acesso em 18/06/2011 ás 17:00.

Disponível em < http://www.severoperitos.com.br/pericia-extrajudicial.php > Acesso em

19/06/11 ás 16:55.

Disponível em http://www.fasb.edu.br/revista/index.php/ideia/article/ viewFile/45/ z31.php,

acesso em 19/06/11 ás 17:11.

Disponível em < http://www.apjep.org.br/fotos/AProvaPericial-artigorevista.pdf.php >

Acesso em 19/06/11 ás 17:21.

Disponível em < http://www.sitecontabil.com.br/documentos_importantes.htm > Acesso em

19/06/2011 ás 18:10.

Disponível em < http://www.portaldecontabilidade.com.br/nbc/t1301.htm > Acesso em

19/06/2011 ás 18:13.

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123

A IMPORTÂNCIA DA INFORMAÇÃO NA CONTABILIDADE

Luísa de Marilac Silva Ribeiro

30

Jéssica Daiane Prado Gonçalves2

Vaneida Queiroz Resende4

Érica Maria Aroca de Oliveira5

Maria José Floriano5

RESUMO: A contabilidade há um tempo atrás era considerada apenas como a profissão

guarda-livros. Na realidade, a contabilidade deve estar ligada à administração, fornecendo

informações para a mesma. O profissional contábil deve estar totalmente preparado e pronto

para fornecer toda informação contábil necessária e solicitada pelos usuários. O contabilista

deve saber de todas as negociações com empresas do mesmo departamento, de todas as taxas

e alíquotas dos bancos, dos valores de ações no mercado de capital, para propor negócios ao

administrador da empresa. Deverá saber de todos os acontecimentos internos, bem como da

veracidade de todos os registros contábeis feitos na mesma. Toda informação deve ser

baseada em atos reais, pois, a realidade é uma qualidade da informação. Com a informação

correta nas mãos, o contabilista pode levar a empresa ao sucesso.

PALAVRAS – CHAVES: Informação, Contabilista, Profissional contador.

INTRODUÇÃO

No mundo de hoje, é preciso estar muito bem, atualizado, informatizado, informado

com as novas mudanças que chegam a todo o momento. Na contabilidade, estas informações

são de extrema importância, devido ser necessário para todos.

Aos poucos o contabilista reverte essa imagem negativa, graças ao trabalho incessante

de suas entidades representativas. Os contabilistas são convocados hoje para opinar sobre

inúmeras questões políticas, econômicas e administrativas no âmbito dos poderes Executivo e

Legislativo. Tudo isto é muito importante na informação para a contabilidade, pois, através

30

Aluna do Curso de Bacharelado em Ciências Contábeis da Faculdade Aldete Maria Alves. 2 Aluna do Curso de Bacharelado em Ciências Contábeis da Faculdade Aldete Maria Alves.

3 Aluna do Curso de Bacharelado em Ciências Contábeis da Faculdade Aldete Maria Alves.

4 Especialista em Gestão e Auditoria; Professora no curso de Ciências Contábeis de Empresas da FAMA –

Faculdade Aldete Maria Alves; Professora no curso de Ciências Contábeis da FAU – Faculdade de Auriflama. 5 Especialista em Gestão e Auditoria; Professor no curso de Ciências Contábeis da FAMA – Faculdade Aldete

Maria Alves; Professora no curso de Ciências Contábeis da FAU – Faculdade de Auriflama.

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124

destas opiniões, surgem várias informações necessárias, para o crescimento e eficácia no

trabalho.

É esse nosso grande desafio. Manter altivo e voltado para o interesse maior do

contabilista. Fortalecer suas ações, encontrar novos caminhos, continuar investindo na

capacitação profissional e interiorizar ainda mais as suas ações. Alguns passos importantes

foram alcançados, mas ainda temos muito pela frente.

A contabilidade é a ciência que estuda, controla e interpreta os fatos ocorridos no

patrimônio das entidades, mediante o registro, a demonstração expositiva e a análise desses

fatos, com a finalidade de oferecer informações para tomada de decisões sobre a composição

do patrimônio, sua variações e o resultado econômico decorrente da riqueza patrimonial.

A tecnologia é fundamental em qualquer atividade ou área do conhecimento humano,

portanto, a contabilidade não pode prescindir de mecanismos que possibilitem a

modernização dos meios e métodos utilizados no seu meio, que é o de fornecer informações,

cabendo lembrar que informação é toda idéia ou fato expresso, registrado ou transmitido por

qualquer meio disponível, e dados são as partes que compõem a informação. A informação é

fundamental para a Contabilidade, já que uma das suas atribuições é tornar explícitas as

operações realizadas pela entidade e a forma pela quais essas operações influíram no seu

patrimônio, objetivo esse substanciado no processo de evidenciação.

A IMPORTÃNCIA DA INFORMAÇÃO

O objetivo da contabilidade pode ser estabelecido como sendo o de fornecer informação

estruturada de natureza econômica, financeira e, subsidiariamente, física, de produtividade e

social, aos usuários internos e externos à entidade objeto da Contabilidade.

Examinemos melhor essa definição: informação estruturada significa que a

Contabilidade não fornece dados e informações de forma dispersa e apenas seguindo as

solicitações imediatas dos interessados, mas sim que o faz de maneira estruturada dentro de

um esquema de planejamento contábil em que um sistema de informação é desenhado,

colocado em funcionamento e periodicamente revisto, tendo em vista parâmetros próprios.

A informação contábil é utilizada por uma vasta gama de pessoas e entidades com as mais

variadas finalidades.

Assim, os eventuais compradores de ações ou debêntures da entidade (se for de capital

aberto) procuram extrair informações para sua decisão sobre se vale a pena ou não investir na

empresa; bancos e emprestadores de dinheiro estão interessados em avaliar se a entidade

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125

oferece boas perspectivas de retorno para seus empréstimos e financiamentos; o governo, em

seus vários níveis, está interessado na informação contábil como base de imposição fiscal e

para estudos macroeconômicos; os empregados da entidade procuram extrair informações

sobre a capacidade da entidade de pagar maiores salários e benefícios; macro economistas e

analistas financeiros estão interessados nas agregações contábeis para extrair agregados

financeiros (vendas por setor, liquidez etc.), mas ninguém estará tão vitalmente interessado

quanto o tomador de decisão interno à entidade. Para ele, a informação contábil estruturada,

fidedigna, tempestiva e completa pode ser a diferença entre o sucesso e o fracasso.

Pode-se afirmar que, no fundo, no que se refere à contabilidade geral ou financeira, o

trabalho do contador tem alcance social em termos amplos, além do estritamente econômico.

Afinal, informando à sociedade quão bem, ou mal, certa entidade utiliza os recursos

conferidos pelos sócios ou pelo povo, exerce um papel de grande relevância nessa mesma

sociedade.

A contabilidade é o melhor repórter e intérprete desse desempenho, pois verifica o

volume dos (e se necessário quais) produtos ou serviços que a entidade repassou à sociedade,

se o fez a preços razoáveis, com boa qualidade, como a entidade amalgamou os fatores de

produção, se pagou salários competitivos, se efetuou programas de treinamento de sua força

de trabalho e se, após ter feito todos esses pagamentos, inclusive de impostos, ainda foi capaz

de gerar margem para seus acionistas e para reinvestir dentro da própria entidade, se é

moderna e competitiva etc.

Assim, verifica-se que a Contabilidade tem uma função social muito relevante,

independentemente da entidade praticar a chamada Contabilidade Social (ou Balanço Social)

em que essa importância fica mais caracterizada, pois, nesse caso, além das demonstrações

contábeis tradicionais, a entidade fornece outras específicas.

Como existem diferentes tipos de decisões econômicas, há muitos tipos de

informações contábeis. A Contabilidade Gerencial, Financeira e Fiscal fornecem informações

mais utilizadas no mundo dos negócios.

A contabilidade financeira é a contabilidade tradicional, necessária para a realização

dos relatórios para os usuários externos e necessidades regulamentadas. Ela é vista

necessariamente como supridora de informações para os usuários internos da empresa.

A contabilidade gerencial pode ser qualificada como um enfoque especial conferindo

as várias técnicas e procedimentos contábeis, de maneira a auxiliar os gerentes das empresas

em seu processo decisório, pois ela se preocupa com a informação contábil útil à

administração,

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126

A contabilidade gerencial está relacionada como fornecimento de informações para os

administradores, isto é, aqueles que estão dentro da organização e que são responsáveis pela

direção e controle de suas operações e a contabilidade gerencial podem ser contrastados com

a contabilidade financeira, que é relacionada com o fornecimento de informações para os

acionistas, credores e por outros que estão fora da organização.

A informação que está inserida nas Demonstrações Contábeis e outras partes

destinadas à contabilidade, propicia aos usuários, um grau de revelação suficiente para o

entendimento da situação patrimonial e financeira da Entidade, do resultado apurado, das

origens e aplicações de seus recursos e das mutações do seu patrimônio líquido num

determinado período.

A escrituração contábil trata da execução dos registros permanentes da Entidade

através das formalidades que fixa as bases e os critérios a serem observados nos registros, da

documentação que compreende as normas que apontam os documentos, livros, papeis,

registros e outras partes que originam e validam a escrituração contábil, que colocam os

prazos para a entidade manter os documentos comprobatórios em seus arquivos.

Compreende também a retificação dos lançamentos, que estabelece a conceituação e a

identificação das formas de correção, as contas de compensação, que fixa a obrigação de

registrar os fatos relevantes, cujos efeitos possam se explicar as modificações futuras no

patrimônio da Entidade e por fim o balancete, que define conceitos e regras, sobre o conteúdo,

finalidade e periodicidade de levantamento do balancete, bem como da responsabilidade do

profissional, mormente quando aquele é usado para fins externos.

A Auditoria Interna também se utiliza dessas informações na execução dos seus

trabalhos e na emissão dos relatórios, pois ela tem por objetivo examinar a integridade,

adequação e eficácia dos controles internos, contábeis e administrativos da Entidade, inclusive

quanto às informações físicas geradas.

E por fim, na Perícia Contábil as informações são usadas nos procedimentos adotados

e na emissão do laudo pericial.

A contabilidade surgiu pela necessidade do homem em ter informações econômicas e

financeiras a respeito dos seus negócios. A contabilidade tem um potencial enorme de

informação, pois todos os fatos que são passíveis de expressão monetária podem ser

agrupados dentro dessa área, objetivando a uma visão sistêmica da situação da empresa.

O principal objetivo da Contabilidade é informar o seu usuário, seja ele interno ou

externo. Pouca importância terá uma informação contábil se a utilidade a que se destina é

nula.

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127

O método de identificar, mensurar e comunicar informação econômica, financeira,

física e social, a fim de permitir decisões e julgamentos adequados por parte dos usuários da

informação. A informação é fundamental no apoio às estratégias e processos de tomada de

decisão, bem como no controle das operações empresariais. Sua utilização representa uma

intervenção no processo de gestão, podendo, inclusive, provocar mudança organizacional, à

medida que afeta os diversos elementos que compõem o sistema de gestão. Esse recurso vital

da organização, quando devidamente estruturado, integra as funções das várias unidades da

empresa, por meio dos diversos sistemas organizacionais.

Nos tempos atuais, a informação é uma poderosa ferramenta de gestão a disposição

dos empresários, ou seja, através das informações extraídas das demonstrações contábeis ou

relatórios gerenciais podem-se mensurar o desempenho da organização, traçando

planejamento estratégico adequado a partir destas informações.

A definição e tradução da estratégia, de forma compreensível e factível aos membros

da organização, passa pela necessidade de disponibilizar informações adequadas aos

responsáveis pela elaboração da estratégia. Para a tomada de decisão, os gestores precisam ser

supridos com informações de valor.

Tal situação requer que a informação, enquanto recurso básico para o desenvolvimento

das atividades empresariais e sua valorização como produto econômico, seja bem gerenciada.

Contudo, se o propósito da informação é capacitar os gestores a alcançar os objetivos da

organização com o uso eficiente de seus recursos, e sendo a informação também um recurso,

faz-se necessário a mensuração destas informações, visto que os dados que são coletados,

processados, acumulados e comunicados às empresas, por meio de sistemas de informações

formais, precisam ser mensurados de alguma forma.

Os gestores das empresas que são responsáveis pela tomada de decisão precisam de

mensurações adequadas das informações para dar suporte a seus modelos decisórios. Porém,

estruturar um modelo de mensuração que possa ser aplicado a objetos ou eventos que ainda

estão por se realizar é uma tarefa complexa, visto que essas medidas se referem a estimativas

subjetivas. Entretanto, a precisão dos padrões de mensuração são de fundamental importância

no processo de fazer mensurações e comparações exatas, a fim de prover informações válidas,

confiáveis apropriadas e econômicas, para cada decisão a ser tomada.

Se a contabilidade tem como uma de suas principais funções suprir de informações

úteis os gestores, cabe a ela gerar informações que dêem o devido suporte ao processo de

tomada de decisões em todos os seus estágios: no reconhecimento do problema, na

identificação das alternativas e na escolha da melhor delas.

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128

Na fase de reconhecimento de problemas, a contabilidade apresenta-se como um

importante instrumento de gestão à medida que é um sinalizador deles, apontando variações

em relação a padrões estabelecidos, desempenhando um papel relevante nas fases de

identificação de alternativas e da escolha da mais adequada para a organização.

O profissional contábil exerce papel fundamental na sociedade, pois é a partir das

informações fornecidas por ele, que os usuários da contabilidade tomam decisões

empresariais. Diante desta concepção cabe um estudo acerca dos parâmetros éticos Contábeis.

A contabilidade é com certeza em sua qualidade uma ciência aplicada, com métodos

especiais concebida para captar, registrar, resumir, acumular, interpretar tudo que afeta o

patrimônio de uma empresa.

Na verdade o desenvolvimento inicial do método contábil esteve intimamente

associado ao surgimento do capitalismo, como forma quantitativa de mensurar os acréscimos

ou decréscimos dos investimentos iniciais alocados a alguma explosão comercial ou

industrial.

A contabilidade sempre foi muito influenciada pelos limites e critérios fiscais,

particularmente os da legislação de imposto de renda, esse fato ao mesmo tempo trouxe a

contabilidade algumas contribuições importantes e de bons efeitos, limita a evolução dos

princípios fundamentais de contabilidade ou ao menos dificulta a adoção pratica de princípios

contábeis adequados, já que a contabilidade era feita pela maioria das empresas com base nos

preceitos e formas de legislação fiscal.

Esse problema que persiste por muitos anos, teve uma tentativa de solução por meio da lei das

S.A.

Dessa forma a contabilização efetiva e oficial ficaria inteiramente desvinculada da

legislação do imposto de renda e outras, o que representa sem duvida um avanço

considerável. Isto não significa que a contabilidade oficial deva ser inteiramente diferente dos

critérios fiscais, já que quanto mais próximos os critérios fiscais dos contábeis tanto melhor.

A despeito do mérito indiscutível quanto a adaptação da legislação fiscal a legislação

societária e a sua contribuição para a viabilidade pratica não podemos todavia deixar de

criticar algumas das posições assumidas pelas autoridades fiscais que na pratica não tem

permitido a adoção desse sistema na extensão que seria necessária. De fato diversos

pronunciamentos posteriores foram elaborados de forma a limitar a aplicação desse

dispositivo, emitindo pareceres e decisões que deveriam ser meramente de natureza fiscal,

mas que exigem e determinam tratamento contábil similar, as vezes ate em desacordo com os

princípios fundamentais de contabilidade.

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129

Hoje em dia, depois de tanto tempo a contabilidade esta sendo mais valorizada, e com

todo merecimento, afinal um empresa sem contabilidade não tem como dar certo, pois é

através destes dados que a contabilidade fornece que é tomado as decisões da entidade.

Os contadores de hoje também estão sendo mais éticos, mais profissionais, mais competentes,

e com isso cresce a credibilidade da classe dos contadores, o que é muito bom. Mas ainda sim,

há muito espaço a ser conquistado, pois ainda não é o suficiente tudo que já foi conquistado,

ainda é preciso mais, pois a remuneração ainda não é compatível com a responsabilidade que

se exige de um bom profissional como é a classe dos contadores.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do exposto, pode se concluir a importância que tem a informação na

contabilidade, fazendo com que os contribuintes e empresas passem a interessar mais pelas

informações contábeis, neste mundo de hoje cheio de desafios e surpresas, e mudanças a todo

o momento.

Todo o trabalho, desde a identificação de uma necessidade até a produção da

informação que vai suprir essa necessidade, passando pelo planejamento, pela organização,

pelo controle e pela preparação dos relatos, é feito de forma inescapável, pelo contabilista. É

necessário lembrar, mais uma vez, que o trabalho deverá ser feito com harmonia, para que o

objetivo final seja alcançado com sucesso.

Estas informações são tão necessárias, que administradores e proprietários de

empresas, devem trabalhar em conjunto com os contabilistas, na adoção de um

comportamento gerencial, para as informações contábeis, uma vez que tal comportamento

estaria sendo adotado exatamente para fornecer, para eles as informações de que necessitam.

Sempre que há um planejamento, um conhecimento correto, e informações

atualizadas, o resultado de um trabalho, são sem dúvida eficaz, para isto acontecer, é

necessário o empenho, o interesse, e a vontade de ver tudo isto acontecer, e o contabilista

trabalha sempre com esta meta, para estar levando aos clientes, fornecedores, proprietários,

todos os conhecimentos necessários, para obtenção do sucesso, na sua tomada de decisão.

REFERÊNCIAS

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130

CFC - NBCT 1- das Características da Informação Contábil, Resolução CFC nº 785/95

Ludicíus, Sérgio; Marion, José Carlos; Introdução à Teoria da Contabilidade, 3 ed, Atlas,

São Paulo, 2002.

Padoveze, Clóvis Luís; Sistemas de Informações Contábeis: Fundamentos e Análise, 4ª Ed.,

Atlas, São Paulo 2000

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131

CONSULTORIA EMPRESARIAL:

UM DIFERENCIAL COMPETITIVO PARA AS MPE’S

Marcelo Barbosa da Silva31

RESUMO: este trabalho tem por objetivo demonstrar aos micros e

pequenos empresários que a Consultoria Empresarial pode lhes

proporcionar um diferencial competitivo para que os auxiliem a

permanecerem no mercado, por meio do diagnostico, identificação, bem

como solução de possíveis problemas. Embasando-se nos pressupostos

teóricos de Crocco e Guttimann, Feitosa e Pederneiras, Oliveira, Peter

Block, desenvolvemos uma pesquisa bibliográfica, com a finalidade de

demonstrar os principais aspectos da Consultoria Empresarial, capazes

de viabilizar a competitividade para as micros e pequenas empresas.

PALAVRAS-CHAVE: Consultoria, MPE’S, Conhecimento e

Competitividade

INTRODUÇÃO

Em um cenário cada vez mais concorrido com o atual crescimento

das micros e pequenas empresas e um grau elevado de exigências por

parte dos clientes, quanto ao custo, à qualidade, à velocidade, à

confiabilidade e ao atendimento, a busca para permanecer no mercado

faz com que o empresário esteja sempre em busca de aprimoramento

31

Docente do curso de Administração FAMA - [email protected].

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para alcançar uma posição sustentável, que lhe permita aumentar os

lucros.

A concorrência, limitada há um tempo, tornou-se global e as micros

empresas tiveram que competir não só entre elas, como também com as

grandes empresas internas e externas.

No atual mercado, encontramos clientes mais exigentes, um

crescimento expressivo dos concorrentes, a procura pelo aumento de

vantagens competitivas, elevada carga tributária, juros altíssimos, mão-

de-obra pouco qualificada, grau de conhecimento baixo e habilidades

pouco desenvolvidas, aspectos que levam os micros e pequenos

empresários a buscarem novas alternativas como a Consultoria

Empresarial.

O empreendedor tende a buscar conhecimentos essenciais para o

sucesso de sua empresa, tais como: criatividade, conhecimento de

mercado, visão sistêmica, vantagem competitiva, distribuição, venda,

fornecedores e o conhecimento dos seus clientes. Os micros empresários,

às vezes, precisam correr riscos, encarar novos desafios, absorver

técnicas de gestão, tecnologias de informações, ou seja, estar atento às

mudanças de um mercado globalizado e competitivo.

Para manterem-se competitivos, micros e pequenos empresários

agregam novos conhecimentos, os quais são adquiridos por diferentes

caminhos. Indiferente do caminho a ser escolhido, o essencial é encontrar

soluções para os problemas. Portanto, buscam por um apoio externo,

passível de ser adaptado à cultura organizacional da empresa. Nesse

momento, os conhecimentos de um consultor externo são fundamentais

para melhorar as condições de competitividade da empresa.

INTRODUÇÃO A CONSULTORIA

De acordo com Oliveira (2011), Consultoria Empresarial é um

processo interativo de um agente de mudanças externo à empresa, o qual

assume a responsabilidade de auxiliar executivos e profissionais da

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133

referida empresa nas tomadas de decisões, não tendo, entretanto, o

controle direto da situação.

A consultoria empresarial representa uma das atividades que mais

se desenvolveu nos últimos anos, sobretudo no Brasil. A interação entre o

micro e pequeno empresário e o consultor vem a ser um ponto

importante, pois tanto a consultor como a empresa-cliente, devem estar

em busca dos mesmos objetivos.

Segundo Mattos (2003, apud FEITOSA E PEDERNEIRAS, 2010, p.

73), os consultores:

“já são atores permanentes e especiais na grande dramaturgia das organizações. Permanentes, porque se trata de um mercado estabelecido; especiais, porque não são atores formais, porém depositários de uma autoridade mentora (não raro reivindicada pela academia”.

De acordo com Block (2004, p. 2), consultor:

“o consultor é uma pessoa que está em posição de exercer alguma influência sobre um indivíduo, grupo ou organização, mas que não tem poder direto para produzir mudanças ou programas de implementação. O gerente é alguém que tem controle direto sobre a ação. No momento que assume controle direto, você está agindo como gerente”.

O termo consultoria, segundo Mancia (1997, apud FEITOSA E

PEDERNEIRAS, 2010), tem sido definido sob diferentes perspectivas e

explica a relação de interação que envolve atividade de ajuda para a

solução de problemas.

Umas dessas perspectivas pode ser constatada no conceito de

consultoria formulado por Schein, cujo enforque recai sobre o processo,

assim descrito: “um conjunto de atividades desenvolvidas pelo consultor,

que ajudam o cliente a perceber, entender e agir sobre fatos inter-

relacionados que ocorrem no seu ambiente”. (SCHEIN, 1972 apud

FEITOSA E PEDERNEIRAS, 2010).

Já Gonçalves (1991 apud FEITOSA E PEDERNEIRAS, 2010),

apresenta um enfoque voltado para a solução de problemas, pois

considera a consultoria como “um processo de aprendizagem mútuo entre

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134

o consultor e cliente, com base num ciclo constante de pesquisa-ação,

isto é, ensaio-erro-acerto”.

Por meio dos conceitos apresentados, constata-se que consultoria

vem a ser um processo interativo entre o consultor e o cliente, envolve

uma aprendizagem continua em busca de novos conhecimentos, técnicas

e experiências vivenciadas após cada trabalho realizado.

O desafio do consultor ou da empresa de consultoria é colocar em

prática os conhecimentos adquiridos, com o objetivo de identificar as

possíveis falhas administrativas da empresa-cliente. Após detectar as

falhas, o consultor apresenta ações para solucionar os problemas e

viabilizar os objetivos estabelecidos, a fim de atingir os resultados

satisfatórios tanto para o cliente como para o consultor.

Independentemente do tipo de enfoque que seja dado ao processo

de consultoria, ele apresentará sempre alguns elementos essenciais, tais

como: o consultor; a empresa-cliente e os sintomas. São os sintomas que

serão investigados e possibilitaram a correta identificação das causas

para a apresentação de propostas de ações corretivas. Porém há outros

elementos típicos de questões que requerem mudança tais como:

resistências, cooperação, adaptação, jogos de poder etc. Esses

elementos aparecerem em maior ou menor intensidade e, portanto, a

sensibilidade do consultor é fundamental para identificá-los e atuar de

forma a assegurar as condições para o sucesso da intervenção.

Neste trabalho é importante salientar que, sempre que for

mencionado o processo de consultoria, estará sendo analisado o

processo de consultoria externa.

CONSULTORIA E INTERVENÇÃO

Para Argyris (1970 apud FEITOSA E PEDERNEIRAS, 2010, p. 75),

a intervenção vem a ser a:

“Parte central da atividade de consultoria, afirma que “intervir é entrar num sistema de relações em andamento, aproximar-se de pessoas, grupos ou objetos com o propósito de ajudá-los”. Para este autor, há uma interdependência entre o interveniente e o sistema-cliente, mas o objetivo daquele é gerar autonomia para este”.

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Conforme Argyris e Schon (1974 apud FEITOSA E

PEDERNEIRAS, 2010, p. 75):

“O consultor utiliza dois tipos de teorias durante o processo de

intervenção: as teorias técnicas e as teorias interpessoais. As teorias técnicas se referem às tarefas substantivas da prática da consultoria e as teorias interpessoais são teorias relacionadas à maneira como o profissional tem de interagir com clientes e outros na prática”.

Na concepção dos autores citados, quanto maior a interação entre

o consultor e o cliente na realização do trabalho, maior será a

interdependência entre os atores. Embora os consultores se considerem

autônomos, eles ainda mantêm com os clientes interações, as quais

podem influenciar tanto as teorias interpessoais do profissional quanto as

do cliente.

CONTRATAÇÕES DOS SERVIÇOS DE CONSULTORIA

“Um contrato é simplesmente uma concordância explicita de que o consultor e o cliente esperam um do outro e de como eles vão trabalhar juntos. Normalmente ele é verbal, mas por vezes é escrito. Os contratos com consultores externos são mais freqüentes escritos porque se confia menos neles do que em seus consultores internos, especialmente quando há dinheiro envolvido” (BLOCK, 2004, p. 2).

Alguns consultores internos preferem ter um documento,

descrevendo o projeto de trabalho. Mas, especialmente, um contrato entre

um consultor interno ou externo e um gerente de linha é um contrato

social.

Conforme Feitosa e Pederneiras (2010), a contratação em

consultoria organizacional pode ser realizada como evento ou processo.

Considerada como evento, a contratação vem a ser um ato interativo e

comunicativo, no qual as partes desenvolvem ações visando um ponto em

comum e de apoio para o início das atividades. Em um contexto

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interpretativo, há o estabelecimento de um vinculo que pode estreitar-se

até a constituição de relações pessoais entre envolvidos.

Quando considerada por processo, a contratação é encaminhada e

direcionada pelas ações do cliente, uma vez que ele seleciona e define o

consultor a ser contratado para prestar serviços na organização. Após

aceite a propositura das ações de intervenção subseqüentes, propostas

pelo consultor , inicia-se o acordo de contratação.

Schein afirma que: “na contratação não há apenas um indivíduo

chamado cliente e outro chamado consultor”. (SCHEIN 1972, apud

FEITOSA E PEDERNEIRAS, 2010). Porém para Oliveira (1999 apud

FEITOSA E PEDERNEIRAS, 2010), pode haver dois ou mais indivíduos

do lado “cliente” e do lado “consultor” e, portanto, a contratação trata-se

de um evento ou processo coletivo. Outro aspecto ressaltado por Oliveira

vem a ser o fato de se denominar como “cliente” o indivíduo envolvido

diretamente na contratação, sem se considerar a possibilidade de outros

funcionários influenciarem indiretamente o responsável pela contração.

Entretanto, segundo Rocco e Guttiman (2010), a contratação dos

serviços de consultoria está relacionada com s visita prospectiva, pois é a

partir dela que se verifica a possibilidade de iniciar o processo, composto

pelas seguintes: abertura, questionamento, demonstração e

compromisso.

Entende-se por abertura, tal como afirma Rocco e Guttiman (2010),

o contrato inicial entre o consultor e seu cliente, ocasião em que surgirá a

chamada “primeira impressão”, ou seja, a percepção recíproca dos

comportamentos entre os participantes, que promovem se positivos a

empatia e, se negativos a antipatia.

No questionamento, segundo (Rocco e Guttiman), consultor e

cliente, por meio de perguntas, se conhecem melhor. Embora uma das

partes possa valer-se de materiais, como gráficos, tabelas, folhetos ou

outros, as perguntas serão feitas com algum propósito, que pode ser o de

esclarecer.

Denomina-se de demonstração, na concepção de Rocco e

Guttiman (2010), o momento em que cada parte mostrar à outra os

detalhes, os atributos e as razões para justificar o tema em discussão,

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com a finalidade de manejar possíveis as objeções, distinguindo uma

rejeição de uma objeção.

O resultado da visita, segundo Rocco e Guttiman (2010), é

denominado de compromisso, fase em que se tem a obtenção de alguma

ação subseqüente de ambas as partes, isto é uma visita com o superior

hierárquico do contrato, envio de matéria adicional ou qualquer outra ação

que mostre a existência de compromisso mútuo.

Constata-se, portanto, que a interação entre o consultor e o cliente

precisa ser precisa e objetiva, uma vez que a relação entre ambas as

partes será primordial para a concretização do contrato. Tanto consultor

como cliente esperam a reciprocidade positiva. Da reciprocidade positiva

depende o êxito dos serviços de consultoria, os quais precisam ser

desenvolvidos de modo eficiente e eficaz, para que possam promover

resultados satisfatórios para ambas as partes. No decorrer da

contratação, a capacidade de realização e desempenho do consultor,

constituem elos que ligam as partes envolvidas.

Segundo Oliveira (2011), empresas-clientes, numa tentativa de

evitar problemas, analisam a experiência e a capacitação do consultor ou

técnico a ser alocados em seus projetos de consultoria. Oliveira

Estabelece que o produto ou serviço que um consultor oferece no

mercado contempla três componentes: a especialidade oferecida

(planejamento estratégico, estrutura organizacional, reengenharia,

sistema de informações gerenciais, engenharia simultânea, pesquisa de

mercado etc; competência e conhecimento do consultor no tema em

apreço; amplitude e estilo de atuação do consultor (melhor interação

com a realidade da empresa-cliente).

Constata-se, portanto que a vantagem competitiva do consultor é

definida pelo diferencial, por ele apresentado, o qual direciona a decisão

da empresa-cliente em comprar os serviços. Block (2004) ressalta a

necessidade de três tipos de habilidades essenciais ao consultor, para

realizar um bom trabalho: habilidades técnicas, interpessoal e de

consultoria.

Por habilidades técnicas, segundo Block (2004), vem a ser os

conhecimentos específicos adquiridos na graduação e na especializa seja

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ela científica, como, por exemplo, a medição de partículas de carvão, bem

como o gerenciamento ou o desenvolvimento organizacional.

Na concepção de Block (2004), habilidades interpessoais, são

aquelas que auxiliam na manutenção dos relacionamentos porporcioando

a capacidade de transformar idéias em palavras, ouvir, dar apoio ou

discordar de forma razoável, uma vez que uma consultoria eficaz requer

também um bom relacionamento

No entendimento de Block (2004), habilidades de Consultoria, é

todo projeto de consultoria, quer demore dez minutos ou dez meses,

passa por cinco fazes: Entrada e Contrato; A Coleta de Dados e o

Diagnóstico; Feedback e Decisão de Agir; Engajamento e Implementação

e Extensão, Reciclagem ou Término.

De acordo com autor as habilidades são necessárias para

consolidação do consultor, de acordo com cada área específica será

desenvolvida sua habilidade para poder diagnosticar e orientar a

empresa-cliente a tomar devidas decisões.

Tanto os consultores como os clientes desenvolvem suas

habilidades que é inerente a capacidade de cada um, por tanto as

habilidades encontram-se intrínseca, indicando que todos a possuem,

elas precisam ser trabalhadas de acordo com as necessidades e áreas

em que vão atuar.

CONSULTORIA E AS ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS COMO VANTAGEM

COMPETITIVA

A Consultoria Empresarial busca conhecimentos para criar

estratégias para implementar os serviços de consultoria oferecidos as

empresas-clientes, o consultor estabelece estratégias necessárias para

consolidação dos projetos. É necessária uma vantagem competitiva,

portanto a estratégia é essencial para o aprimoramento e consolidação da

Consultoria Empresarial.

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“A finalidade das estratégias empresariais é estabelecer quais serão os caminhos, os cursos, os programas de ação que devem ser seguidos para se alcançarem os objetivos ou resultados estabelecidos pela empresa. O conceito básico de estratégia está correlacionado à ligação da empresa ao seu ambiente; e, nessa situação, a empresa procura definir e operacionalizar estratégias que maximizem os resultados da interação estabelecida” (OLIVEIRA, 2010, p. 12).

Para Ansolff (1977 apud OLIVEIRA, 2010), as estratégias

empresariais têm três fundamentos essenciais:

turbulência ambiental, mediante a caracterização pelo nível de

mudanças avaliado dentro de uma escala de graduação,

dependendo das características da atividade da empresa;

estratégia adotada, que são as decisões já tomadas que levam a

determinada posição competitiva no futuro. Estratégia e

turbulência ambiental devem ser coerentes e, caso exista hiato

entre ambas, é necessário adaptar-se a estratégia; e

capacitação, para lidar com as mudanças ambientais e para

posicionar a empresa, de forma que alcance, da melhor maneira,

seus objetivos. Capacitação é o caminho de menor resistência,

porém pode ser, também, o caminho mais longo; por isso, nem

sempre a empresa pode esperar que sua capacitação esteja

totalmente desenvolvida.

Os elementos básicos da estratégia empresarial são:

os objetivos a serem alcançados;

as políticas que orientam ou limitam as estratégias a serem

desenvolvidas;

os projetos, com os diversos recursos da empresa alocados em

suas atividades seqüenciais, para concretizar os objetivos

definidos, dentro dos limites estabelecidos pelas políticas.

Para a Consultoria Empresarial, a estratégia vem a ser um quesito

importante para alcançar vantagem competitiva nos serviços oferecidos

as micros e pequenas empresas, entretanto é primordial estabelecer

caminhos, projetos, cursos de especialização e programas de sistema

de informação, a fim de que os resultados esperados sejam alcançados.

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ESTRATÉGIA COMO ESCOLHA ENTRE OPÇÕES

Para Poter (1996, apud CARVALHO E LAURINDO, 2010), uma

estratégia competitiva significa escolher um diferente arranjo de

atividades para entregar um composto de valor único, marcando uma

posição estratégica.

O consultor, no projeto de consultoria, precisa apresentar às micros

e pequenas empresas um conjunto de estratégias a ser utilizado pelo

cliente para obter vantagem competitiva entre concorrentes

De acordo com Poter (1996, apud CARVALHO E LAURINDO,

2010), o posicionamento baseado em necessidades do grupo de

consumidores, a diferença de obter em termos um posicionamento

vantajoso somente ocorrerá quando os conjuntos das atividades que

permitam tal atendimento especificam também forem diferenciados.

Conforme Poter (1996, apud CARVALHO E LAURINDO, 2010), o

posicionamento, em relação às diferenças em termos de acessibilidade,

pode levar a um posicionamento estratégico, mesmo quando as

necessidades dos consumidores não forem diferentes em relação a

outros consumidores, para isso exige-se um conjunto de atividades

expressivo a fatores de produção ou geográficos.

A consultoria empresarial, por meio do consultor, pode contribuir

com as micros e pequenas empresas para alcançarem vantagens

competitivas.

A estratégia é criada pelo consultor de acordo com a exigência e

necessidade de cada serviço realizado. A consultoria empresarial tem

condições de contribuir com: o custo, a qualidade, a reengenharia, a

produção, a demanda, a flexibilidade e a velocidade esperada para a

obtenção de resultados. Portanto, tanto o consultor como os micros e

pequenos empresários poderão alcançar os objetivos proposto e obter os

resultados esperados.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

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Concluímos, por meio do exposto, que a consultoria empresarial é

um diferencial competitivo para as micros e pequenas empresas

desenvolverem suas atividades com eficiência. O consultor ou a empresa

de consultoria ajudam o micro e pequeno empresário a identificar as

possíveis falhas que podem estar ocorrendo na empresa e, através de um

diagnóstico, apresentam os pontos positivos e negativos da empresa-

cliente. Tanto o consultor como o cliente precisam interagir entre si. O

consultor precisa ater-se a um processo de aprendizagem contínuo, a fim

de buscar novos conhecimentos e inovar técnicas e ações, porque cada

vez mais o mercado revela-se extremamente competitivo, exigindo o

conhecimento das mudanças que ocorrem freqüentemente.

Há uma série de ações que o consultor pode tomar em relação à

empresa-cliente, porém faz-se necessário um conhecimento aprofundado

da área especifica em que pretende atuar. A troca de informações precisa

ser verdadeira e a transparência constitui um dos elementos

promovedores de interação. O consultor deve ser claro e objetivo em suas

informações e indagações, bem como comunicativo, pois essas

habilidades lhe permitem agregar conhecimento e experiências adquiridas

e vivenciadas em cada trabalho realizado. Cônscio desses aspectos ele

passa ao cliente transparência e segurança.

REFERÊNCIAS

ARGYRIS, Chris. Intervention, theory and method: a behavioral science

view. San Francisco: Jossey-Bass, 1970.

ARGYRIS, Chris; SHON, Donald A. Theory in practice: increasing

professional effectiveness. San Francisco: Jossey-Bass, 1974.

BLOCK, Peter. Consultoria o Desafio da Liberdade. São Paulo: Pearson,

2004.

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142

CARVALHO, Marly Monteiro; LAURINDO Fernando José Barbin.

Estratégia Competitiva. São Paulo: Atlas, 2010.

CROCCO, Luciano; GUTTMANN, Erick. Consultoria Empresarial. São

Paulo: Saraiva, 2010.

FEITOSA, Marcos Gilson Gomes; Pederneiras Marcleide. Consultoria

Organizacional. São Paulo: Atlas, 2010.

GONÇALVES, Marilson Alves. Consultoria. Revista de Administração de

Empresas, São Paulo, v. 31 n.º 2, p. 91-98, abr./jun. 1991.

MANCIA, Lídia T. S. Os desafios do modelo de consultoria interna: uma

experiência gaúcha. Dissertação (Mestrado) – Escola de Administração

da Universidade Federal do Rio Grande do Sul/EA/PPGA, 1997.

MATTOS, Pedro Lincoln C. L. A linguagem da consultoria organizacional:

trilhas metodológicas para pesquisa. In: ENCONTRO NACIONAL DOS

PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

(ENANPAD), 28. Anais eletrônicos. Rio de Janeiro: ANPAD, 2003.

OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças. Manual de Consultoria

Empresarial. São Paulo: Atlas, 1999.

OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças. Estratégia Empresarial &

Vantagem Competitiva. São Paulo: Atlas, 2010.

OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças. Manual de Consultoria

Empresarial. São Paulo: Atlas, 2011.

SHEIN, Edgar H. Consultoria de procedimentos. São Paulo: Edgard

Blucher, 1972.

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143

IMPORTÂNCIA DO BALANÇO SOCIAL NA EMPRESA

Lucélia Marques De Assis32

Simone Maria Da Silva33

RESUMO: diante de um mercado globalizado nos dias atuais, as empresas enfrentam grandes

desafios sociais e ambientais. Assim, as empresas que estrategicamente assumem uma função

de relevante interesse social e de transparência em suas ações ganham um destaque na

sociedade em que se inserem. A divulgação das ações sociais das empresas é evidenciada por

meio do Balanço Social. O Balanço Social é o instrumento que divulga todas as ações sócio-

econômicas que a empresa realiza, fornecendo informações sobre recurso humano, meio

ambiente, demonstração do valor adicionado e também o que a empresa realiza em benefício

da sociedade. Com a prática desse compromisso social e sua divulgação através do Balaço

Social, as empresas adquirem a valorização de sua imagem. Para demonstrar de forma clara e

transparente as ações praticadas e o compromisso de responsabilidade social, é divulgada

através da pesquisa a publicação do Balanço Social de uma empresa socialmente responsável.

PALAVRAS-CHAVE: Balanço Social, Responsabilidade Social, Compromisso social.

O CONCEITO DE BALANÇO SOCIAL

Para decidir sobre investimentos com menor risco, os proprietários de capital

utilizavam informações econômico-financeiras, na qual as demonstrações financeiras e

balanços contábeis eram as principais peças. Depois houve a necessidade de informações

sobre responsabilidade social que ajudava na elaboração da estratégia da empresa, e a partir

disso, o balanço social passou a ser considerado um instrumento fundamental para se

demonstrar publicamente o que as empresas fazem pelo social.

32

Graduanda do curso de Ciências Contábeis – FAMA. 33

Graduanda do curso de Ciências Contábeis – FAMA.

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144

É um documento publicado anualmente e divulgador de informações sobre atividade

humana e social, sendo encaminhadas aos seus empregados e a sociedade em que esta

inserida, fornecendo uma transparência de seu desempenho perante empresa e sociedade.

(SILVA; FREIRE, 2001).

Balanço social deve ser visto não como um demonstrativo contábil, mas como uma

forma de divulgar a preocupação com a execução da responsabilidade social. As empresas

com a visão e o objetivo de produzir e obter lucros, sem se preocupar com a sociedade e seus

trabalhadores, não obtém o reconhecimento de sua imagem ética; porém fazendo e publicando

o balanço social essa visão e objetivo tende a mudar incorporando a responsabilidade social.

É uma forma de evidência total, ou seja, transparência total, pois é importante para a

sociedade em geral. Com isso aumenta a responsabilidade e o dever de comunicar com

exatidão e diligência os dados de sua atividade, fazendo com que a comunidade e os distintos

núcleos que se relacionam com entidade possam compreendê-la e avaliá-la. Para que o

balanço social alcance seu papel de instrumento de gestão empresarial é necessário que dele

consiga medir e julgar fatos sociais vinculados à empresa tanto no seu interior (empresa e

funcionários), como no seu exterior (empresa e sociedade).

USUÁRIOS DO BALANÇO SOCIAL

A sociedade como um todo será usuária das informações contidas no Balanço Social.

O Balaço Social tem por objetivo comunicar informações que satisfaça à necessidade de quem

dela precisa. (TINOCO, 2001).

Verifica-se que o Balanço Social é uma demonstração que possui informações de

diversas naturezas, como contábeis, sociais e econômicas. Portanto, são muitos os usuários

dessa demonstração, sendo que cada um possui seus próprios interesses. Este instrumento tem

por objetivo demonstrar o resultado da interação da empresa com o meio em que está inserida.

ELABORAÇÃO DO BALANÇO SOCIAL

Perante uma avaliação, o Balanço Social é capaz de demonstrar o desempenho

econômico e social de uma empresa, podendo regularizar e deixar clara as informações da

relação entre o fator de trabalho e o fator de capital.

As fontes de informação e a análise dos indicadores são de grande importância para a

organização, pois o Balanço Social fornece informações para uma organização com outros

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145

objetivos. As informações de gestão são preparadas por serviços operacionais (abastecimento,

produção, vendas, etc.) e os serviços funcionais (pessoal, contabilidade e sistemas de

informação), na qual emitem informações de outros setores, criam e espalham documentos

para ambiente externo da empresa.

A função do balanço social é utilizar os indicadores disponíveis, nos diversos

departamentos funcionais, unindo esses indicadores para serem praticantes de ações sociais.

Sendo indicadores de caráter econômico extraídos do balanço social: o valor adicionado por

trabalhador; relação entre salários pagos ao trabalhador em relação ao valor adicionado;

relação entre salários e as receitas brutas da empresa; contribuição do valor adicionado da

empresa para o produto interno bruto; produtividade social da empresa; carga tributária da

empresa em relação a seu valor adicionado etc.

Algumas abordagens na elaboração do Balanço Social são as identificações de

informações dos recursos humanos, na qual envolvia o público interno, divulgando atividades

praticadas pelas organizações no âmbito social em beneficio de seus colaboradores, sendo que

através de uma conscientização possa ser divulgados resultados não somente econômicos e

financeiros, mas de desenvolvimento social.

O conjunto de informações à sociedade sobre empresa com o meio ambiente, também

é um componente para elaboração do balanço social, divulgando o que é obrigada a gastar, ou

voluntariamente o faz, para prevenir o que produz, qual controle de poluição é obrigada a

cumprir etc.

INFORMAÇÕES CONTIDAS NO BALANÇO SOCIAL

As informações destacadas no Balanço Social poderão ser de caráter social e

econômico-financeiro. As informações sociais referem-se à condição de emprego, formação e

qualificação dos trabalhadores, condições de higiene e segurança no trabalho, entre outras

(SILVA, 2001).

Os dados a serem evidenciados no Balanço Social, devem demonstrar a participação no

processo social, conseqüências das políticas exercidas e seus reflexos no patrimônio.

(KROETZ, 2000).

Com as informações de caráter social, a sociedade poderá identificar e avaliar a ação

do governo e das empresas no uso dos recursos naturais disponíveis, devido a benefícios aos

trabalhadores e à sociedade. E a ação fiscalizadora dos governos poderá reverter em

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146

incentivos, diminuindo os tributos cobrados para que as empresas melhorem seu desempenho

social.

Então com as informações no Balanço Social, constitui-se um instrumento estratégico

para a tomada de decisões, proporcionando à sociedade e aos investidores uma ferramenta

para avaliação das empresas.

VERTENTES DO BALANÇO SOCIAL

Em termos ideais uma empresa somente poderia exercer suas atividades se o custo

beneficio da sua existência fosse positivo. A empresa que agride o meio ambiente,

consequentemente coloca em risco a continuidade da vida humana ou reduz a qualidade desta;

aquela que não propicia condições adequadas de trabalho contribui para a degeneração

psicológica e social dos trabalhadores.

Balanço social envolve a demonstração da interação da empresa com os elementos que

acertam ou que contribui para sua existência, incluindo algumas vertentes como o meio

ambiente natural, a comunidade e economia local e recursos humanos.

O meio ambiente – ao longo dos séculos as atividades econômicas eram tratadas sem

qualquer preocupação com seus efeitos sobre o meio natural. Hoje se encontram grandes

poluentes deixados por empresas. A produção de novas tecnologias foi impulsionada no

sentido de conter, tais efeitos danosos, dado que a continuidade das atividades econômicas é

fator importante para o desenvolvimento econômico e social. (RIBEIRO; LISBOA, 1999).

Quanto ao estagio e gravidade da degradação do meio ambiente, fatores para combater

a resistência surgiram diante das pressões dos movimentos ambientalistas locais e

internacionais, motivando a implementação de ações governamentais rigorosas dando uma

consciência de responsabilidade social das empresas.

Os recursos humanos – sob os recursos humanos surge a consciência de

responsabilidade social, através das pressões dos movimentos sindicalistas, governamentais e

de direitos humanos. Independentemente de menor ou maior nível de escassez de cargos, as

empresas são obrigadas à implementação e manutenção de condições quanto à segurança e

saúde de seus funcionários. Assim sendo, o empresário conscientizou-se que os benefícios

adicionais determinados por lei estimulam seus colaboradores, visam aperfeiçoar os

resultados esperados; contribuindo para a produtividade da empresa. O perfil da força de

trabalho e os benefícios que lhe são proporcionados poderão ser definidos e relacionados com

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147

as transações econômico-financeiros que afetam a situação patrimonial e os resultados, de

forma a demonstrar o retorno obtido pela empresa.

O valor adicionado pelas empresas – a contabilidade utiliza a demonstração do valor

adicionado, para identificar e divulgar o quanto a atividade da empresa gera de recursos

adicionais para a economia local e como e para quem os distribui.

O resultado demonstra o que a empresa adicionou aos insumos/serviços obtidos de terceiros

para chegar ao produto/serviço final; o que corresponde à riqueza gerada. (RIBEIRO;

LISBOA, 1999).

DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO

No atual mundo dos negócios, a empresa vem se desenvolvendo com relação ao

desempenho social e políticas de proteção ao meio ambiente; pois sabem que sua imagem e

credibilidade só se concretizam com ações. Além das informações sociais e ambientais, o

balanço social pode apresentar informações econômicas, sendo utilizada por diversos tipos de

usuários. Trata-se da demonstração do valor adicionado, na qual apresenta a riqueza gerada

pela empresa e sua distribuição.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Balanço Social a cada dia que passa ocupa um espaço maior dentro e fora das

organizações, pois é um instrumento importante para evidenciar os atos das empresas e a

prática da responsabilidade social, que consequentemente tem um grande destaque de sua

imagem perante a sociedade.

O Balanço Social é uma ferramenta por meio do qual a organização consolida e

apresenta um conjunto de informações, relacionadas com o desempenho das suas

responsabilidades sociais. Mais do que uma apresentação de contas para a sociedade, este

instrumento é importante para a empresa acompanhar e avaliar suas virtudes e fraquezas no

campo social e ambiental.

A empresa ao divulgar o Balanço Social, principalmente nas informações referentes à

postura ética, está apta a receber críticas positivas e negativas. Através da participação social,

ou seja, os investimentos sociais, onde é mencionada claramente no Balanço Social, a

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148

empresa demonstra abertamente, sem omissão, sua postura ética e assim a sociedade

consolida sua imagem ética.

Em síntese, a elaboração do Balanço Social com critérios, objetivos e transparência é a

garantia de credibilidade e reconhecimento da responsabilidade social das empresas.

REFERÊNCIAS

KROETZ, César Eduardo Stevens. Balanço social: teoria e pratica. São Paulo: Atlas, 2000.

RIBEIRO, Maísa de Souza; LISBOA, Lázaro Plácido.Balanço Social. Revista brasileira de

contabilidade. Brasília, ano XXVIII, n.115,p.72-81, jan/fev, 1999.

RIZZI, Fernanda Basaglia. Balanço social e ação de responsabilidade social das empresas.

In: RESPONSABILIDADE social das empresas - a contribuição das universidades. São

Paulo: Peirópolis, 2002.

SILVIA, César Augusto Tibúrcio; FREIRE, Fátima de Souza. Balanço social: teoria e

prática: inclui o novo modelo do IBASE. São Paulo: Atlas, 2001.

TINOCO, João Eduardo Prudente. Balanço social: uma abordagem da transparência e da

responsabilidade pública das organizações. São Paulo: Atlas, 2001.

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149

PANORAMA E PERSPECTIVAS DA MARCA PRÓPRIA

DE PRODUTOS ALIMENTÍCIOS NO BRASIL

Carlos Alberto Xavier do Nascimento34

Paulo Sérgio Miranda Mendonça35

Júlio César de Paiva36

José Estevan Duran37

RESUMO: O presente trabalho discute o panorama de marcas no mercado atacadista e

varejista brasileiro e, mais especificamente, a marca própria. A justificativa de tal artigo

encontra-se no fato de que algumas marcas próprias possuem uma posição de vendas superior

à marca líder de determinados produtos, resultando na idéia de maior valorização para este

tipo de marca. Para tanto foi realizado um estudo qualitativo, utilizando uma pesquisa

bibliográfica referente aos temas marca e marca própria, com vistas a compreender as

diferenças e similaridades entre ambas. O artigo aponta que, apesar da alta concentração do

setor supermercadista brasileiro, as empresas utilizam produtos de marca própria no comércio

varejista e atacadista. Entender esse fenômeno permitirá fazer considerações sobre as

perspectivas do comércio de produtos alimentícios dessa categoria.

PALAVRAS-CHAVE: Produtos Alimentícios, Marca Própria, Mercado Atacadista e

Varejista No Brasil.

INTRODUÇÃO

A crescente quantidade de produtos com marcas próprias das redes de varejo

demonstra a importância desses produtos para o mercado de bens de consumo. Esse fenômeno

resultou na disputa pela preferência do consumidor, tanto na indústria quanto no varejo. Essa

disputa vendo sendo travada no campo do desenvolvimento de marcas fortes cujo valor seja

perceptível pelo consumidor. A comparação entre a marca do fabricante e a marca própria

será o balizador da preferência do consumidor. Aquela que apresentar melhor satisfação ao

cliente será por ele escolhida.

34

Docente UFMS 35

Docente UFMS 36

Docente UFMS 37

Docente UFMS

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150

A diferença entre uma marca e outra parte de uma base conceitual comum, ou seja, o

próprio conceito de marca, em que o uso de um nome, termo, sinal, símbolo ou uma

combinação destes com a intenção de identificar bens ou serviços de um vendedor ou grupos

de vendedores, visando diferenciá-los dos demais competidores, coloca o fabricante e o varejo

diante de um mesmo ponto de partida pelo consumidor.

Contudo, quando atenta-se ao conceito de marca própria, percebe-se o fator

“exclusividade” como favorável ao varejo, uma vez que é este quem detém o controle sobre

os canais de distribuição, além de outras vantagens que a utilização de marcas próprias

propiciam.

O presente trabalho discute o panorama de marcas no mercado atacadista e varejista

brasileiro, sobretudo da marca própria, revisando os conceitos de marca e marca própria e

procurando estabelecer suas principais diferenças. A justificativa de tal artigo encontra-se no

fato de que algumas marcas próprias têm se posicionado como superiores em vendas à marca

líder de determinados produtos, resultando na idéia de que as marcas próprias tem sido

valorizadas pelos consumidores. Uma pesquisa de ordem qualitativa, realizada através de

levantamento bibliográfico sobre o tema, permitirá um melhor entendimento desse fenômeno.

CONCEITO DE MARCA

A definição de marca parece possuir um consenso entre os estudiosos. Aaker

(1998) define marca como um nome diferenciado e/ou símbolo destinado a identificar os

bens ou serviços de um vendedor, ou então de um grupo de vendedores, e a diferenciar

esses bens e serviços dos concorrentes. Afirma, ainda, que a marca tem o poder de sinalizar

ao consumidor a origem do produto e pode proteger tanto o consumidor quanto o

fabricante dos concorrentes que oferecem produtos similares.

Blacket (1998) afirma que marca é um nome, sinal ou símbolo, usada para

distinguir produtos ou serviços de uma empresa.

Para a AMA – American Marketing Association – marca é um nome, termo, sinal,

símbolo ou desenho, ou ainda a combinação dos mesmos, que pretende identificar os bens

e serviços, diferenciando-os dos concorrentes (AMA, 2006).

Outro aspecto importante com relação à marca refere-se à sua extensão. Veloso

(2004) diz que extensão de marca é uma estratégia de branding que se tornou muito

utilizada por profissionais de marketing das mais diversas indústrias. O autor diz também

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151

que a utilidade desse tipo de estratégia reside na transferência das percepções do

consumidor. Nos anos 1990, 81% dos novos produtos introduzidos eram extensões de

marca (KELLER, 1998). Conforme Schiffman e Kanuk (2000), essa estratégia pode ser

entendida como a prática de comercializar toda uma linha de produtos sob a mesma marca,

levando o consumidor a associar a marca de um produto principal aos posteriormente

introduzidos. Outra visão aponta que extensão de marca é uma nova oferta de produto que

usa uma marca já existente (WILKIE, 1994).

Keller e Aaker (1992) destacam que a diminuição de custos na introdução de um

novo produto e o aumento das possibilidades de sucesso desse novo produto, quando

levam consigo uma marca que facilite a aceitação de consumidores e varejistas, são razões

para a utilização dessa estratégia.

Uma extensão de marca também cria efeitos recíprocos de variação no valor da

marca principal, ou seja, extensões de sucesso podem influenciar positiva ou

negativamente a avaliação do consumidor a respeito da marca principal

(SWAMINATHAN, 2001).

Aaker e Keller (1990) afirmam que, para o consumidor, quanto maior a percepção

de qualidade a respeito da marca principal, maior a chance de o consumidor transferir as

qualidades desta para as suas extensões.

Bottomley e Holden (2001) destacam a questão das diferenças culturais no que se

refere às extensões de marca. De acordo com os autores, essa variação influencia no peso dos

fatores relativos à qualidade da marca e à similaridade da categoria de produto. Essa avaliação

é de extrema relevância para gestores de marcas globais, os quais devem atentar para as

diferenças entre culturas, particularmente delicada quando se insere a mesma marca em países

distintos.

A partir do entendimento da importância da extensão da marca, percebeu-se que as

teorias de valor de marca revelam ao varejista qual a percepção que os seus clientes têm de

sua marca.

O conceito de valor de marca tem sido estudado através de três abordagens diferentes

(SCHULTZ, 2000):

− Foco no consumidor: por meio de conceitos como efetividade dos programas de

marketing, lealdade à marca, preços Premium e ambiente favorável à extensão de marca;

− Valor da ação: percentual do valor da ação no mercado que decorre do valor

intangível da marca;

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152

− Valor da marca no mercado: utilizam-se fluxos de caixa descontados para calcular o

valor da marca.

Tybout e Carpentier (2001) ressaltam que as marcas existem porque têm valor para os

clientes, pois elas asseguram um nível de qualidade, simplificam as escolhas e auxilia os

consumidores na obtenção de uma ampla gama de objetivos que vai desde a satisfação das

necessidades funcionais básicas até a própria atualização. As marcas têm, ainda, o poder de

beneficiar as empresas que as criam, já que acabam tornando um elo de ligação entre empresa

e clientes.

O conhecimento da marca, de acordo com Keller (1998), pode ser dividido em dois

conceitos relacionados: consciência da marca e imagem da marca.

− Consciência da marca: refere-se à força da marca na memória do consumidor,

refletida através da habilidade de identificá-la em diferentes circunstâncias.Consciência da

marca pode ser dividida em reconhecimento da marca (habilidade do consumidor em

confirmar exposições anteriores à marca quando exposto a mesma) e lembrança da marca

(habilidade do consumidor em se recordar da marca quando exposto à categoria a qual ela

pertence).

− Imagem da marca: percepções do consumidor sobre uma marca, refletida pelas

associações que o consumidor guarda na memória. Essas associações contêm o significado da

marca para o seu público. Podem se manifestar de diferentes formas, refletindo as

características do produto ou aspectos independentes dele. De acordo com Aaker (1996), o

valor de marca se relaciona a cinco variáveis. Sua importância se refere aos benefícios que os

consumidores percebem na marca e aos resultados positivos gerados para as organizações que

as detém. São elas: a) lealdade à marca; b) qualidade percebida/medidas de liderança; c)

associações/medidas diferenciais; d) medidas de consciência; e e) medidas de comportamento

do mercado.

Um dos principais benefícios das marcas próprias no varejo consiste em gerar lealdade

à marca da rede através da confiança depositada pelo consumidor no produto (DICK, 1996).

Nota-se que há um direcionamento da lealdade à marca para a lealdade à empresa. Desta

forma, destaca-se a importância da lealdade do cliente no que Aaker (1996, p.21) afirma que

“é simplesmente mais barato manter do que atrair novos clientes”. O autor também afirma que

a lealdade representa uma barreira à entrada de potenciais concorrentes.

Kock (1998) apud Dearlove e Crainer (2000), vai além deste pensamento ao embutir

na própria definição de marca uma função diferenciadora, conferindo-lhe que deva assegurar

qualidade e representar função uma garantia ao consumidor. Para o autor, marca é um design

visual e/ou nome dado a um produto ou serviços por uma organização, afim de diferenciá-lo

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153

dos produtos concorrentes, assegurando aos consumidores que o produto será de alta

qualidade e ainda, que esta será mantida.

Churchill e Peter (2000) definem três tipos de marcas: a) marca do fabricante –

também chamada de marca nacional – é uma marca de propriedade e uso do fabricante do

produto; b) marca própria – de propriedade e uso de determinada organização atacadista ou

varejista; c) produto ou marca genérica – para produtos identificados apenas por sua classe

genérica.

CONCEITO E IMPORTÂNCIA DA MARCA PRÓPRIA

Keller (1998) entende marca própria como produtos negociados por varejistas ou

outros membros do canal de distribuição. Para Parente (2000, p.194), “são marcas

desenvolvidas e vendidas com exclusividade por varejistas ou atacadistas”. Lepsch (1996) e

Sethuraman e Cole (1999) também destacam esse caráter exclusivo dos produtos. Blecher

(1997, p.65) caracteriza marca própria como “itens de consumo que podem ser produzidos ou

etiquetados por terceiros, como varejistas, atacadistas ou lojas de desconto”. A AMA define a

marca própria como uma marca que é propriedade do revendedor de produtos ao invés do

fabricante. Em algumas raras instâncias, o revendedor pode ser o fabricante.

Para a ACNielsen (2002, p. 2) a marca própria:

caracteriza-se por ser um produto fabricado, beneficiado, processado, embalado ou

distribuído exclusivamente pela organização que detém o controle de marca. Esta

pode levar o nome das empresas ou utilizar uma outra marca não associada ao

nome da organização.

Veloso (2004) salienta a importância de se diferenciar marca própria e produtos

genéricos. Os produtos genéricos eram comercializados sem nenhuma informação sobre o

responsável pelo produto (KELLER, 1998). Fitzell (1992) afirma que o conceito de produtos

genéricos foi criado pelo Carrefour com o intuito de fornecer um produto livre de marca, com

a mesma qualidade dos melhores produtos, mas com preço menor. Para Veloso (2004), a

imagem dos genéricos ficou comprometida pela ausência das ações de marketing e pelas

embalagens simples, incentivando uma percepção de baixa qualidade. No Brasil, os produtos

genéricos foram introduzidos na década de 1970 pelas redes Carrefour e Makro e eram

caracterizados como produtos de primeira necessidade ou básicos, sem atentar à qualidade ou

imagem da marca. (LEPSCH, 1999).

Para Fitzell (1992), os produtos genéricos impactaram negativamente a imagem da

marca própria. Contudo, também iniciaram o processo de controle do mix de produto pelos

varejistas, permitindo o desenvolvimento das marcas próprias. Estas, por sua vez, adotaram

uma postura diferenciada, ou seja, produtos de qualidade igual ou superior às marcas

nacionais, preços inferiores, embalagens desenvolvidas e esforços de marketing para a

divulgação.

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154

O maior espaço conquistado pelas marcas próprias está atrelado ao processo de

crescimento e concentração do varejo (PATTI e FISK, 1982; HOCH e BANERJI: 1993;

HOCH, 1996; PERÉZ e GALLO, 2003).

A escala devida ao crescimento e à concentração do varejo gera interesse na fabricação

exclusiva de itens marca própria para o varejista. O fornecedor percebe que os custos de

embalagem e outras características únicas desses produtos não representam mais um entrave

(DAVIES, 1998).

A mudança de visão dos varejistas com relação ao nível de qualidade do produto

também influenciou positivamente o desempenho das marcas próprias. Como destacado

anteriormente, esses produtos apresentam forte tendência a igualarem, ou mesmo superarem,

a qualidade ofertada pelos fabricantes nacionais (FITZELL, 1992).

As organizações que detêm marcas próprias estão aplicando as mesmas técnicas de

marketing das marcas nacionais (HALSTEAD e WARD, 1995). Isso se deve, em parte, ao

maior preparo dos executivos ligados aos programas de marcas próprias. Para Fitzell (1992),

essa variável é fundamental no sucesso dos programas, visão compartilhada por Hoch e

Banerji (1993) que atribuem-na a responsabilidade pelo desenvolvimento das marcas próprias

no Canadá e Europa.

Segundo Toillier (2003), as marcas próprias foram criadas por lojistas americanos que

colocaram sua própria marca em produtos de qualidade e conquistaram a confiança dos seus

consumidores. Assim o surgimento das marcas próprias supermercadistas deu-se através das

marcas brancas, na qual os produtos tinham embalagem sem definição, com preço inferior a

qualquer outro oferecido pelas marcas industriais e sua qualidade era considerada duvidosa.

As marcas chamadas “brancas” eram consumidas por razões econômicas, já que seu consumo

muitas vezes envergonhava o cliente. As marcas brancas passaram por um processo de

qualificação envolvendo embalagem própria e logomarca da cadeia de distribuição e, a partir

de então, passam a serem reconhecidas como marcas próprias.

No século XX, o aumento e apoio de meios de comunicação em massa fizeram com

que crescesse as marcas dos fabricantes e os consumidores passaram a transferir sua

credibilidade e confiança do varejista para o fornecedor. Na contra-mão das marcas dos

fabricantes que dispunham de apoio de marketing, as marcas próprias eram vistas como

inferiores ou uma alternativa de baixo preço às marcas dos fabricantes similares, fato ainda

mais marcante pela ausência do nome do fornecedor nas embalagens, permitindo que

suspeitas fossem levantadas quanto à proveniência e qualidade do produto (OLIVER, 2000).

Fitzell (1992), apud Oliver (2001), afirma que os fornecedores de marcas próprias nos

Estados Unidos até a década de 1970 permaneciam anônimos nos produtos com marcas

próprias, aparecendo apenas a marca do varejista, pois não havia pretensão dos produtores em

associar sua imagem ao produto e comparações com sua própria marca, haja vista os produtos

de marca própria serem estereotipados como produtos baratos e de qualidade inferior.

Segundo Bredarioli (1999), a parceria entre fornecedores e supermercadistas permitiu

aumentar a credibilidade nos produtos de marcas próprias reduzindo em 5% a ociosidade de

produção. Brito (2004) enfatiza que a penetração de mercado de marcas próprias fica

consubstanciada a: a) qualidade de marca própria comparada com a marca de fabricante; b)

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155

preço relativo; c) valor agregado de marca do fabricante; e d) negociação do espaço de venda

entre fabricante e varejo. Assim, quanto maior a participação de mercado da marca própria

menor o espaço para as marcas dos fabricantes.

O produto de marca própria origina-se do binômio preço de custo e qualidade, em que

os compradores investem boa parte do seu tempo para conseguir os menores custos para seus

produtos.

A rede varejista passa a possuir alto poder de negociação, principalmente quando

falamos das novas companhias supermercadistas brasileiras, geradas pela concentração no

varejo (TOILLIER, 2003). As estratégias de posicionamento das organizações varejistas

caracterizam-se quanto às suas marcas próprias em quatro segmentos distintos segundo a

ABRAS (2004):

1) Produtos Premium / inovadores: sendo produtos diferenciados, inovadores, com maior

valor agregado e, na maioria das vezes, atuando em nichos de mercado. O produto

Premium eleva o valor da categoria e tendo boa aceitação, aumenta a rentabilidade e

fideliza os clientes, que não encontram o mesmo produto no concorrente.

2) Produtos similares aos líderes: como sendo produtos com qualidade equiparada aos

líderes de mercado, com uma diferença entre 10% a 20% a baixo do preço do líder.

3) Produtos intermediários: como sendo os produtos de qualidade pouco inferior ao líder,

podendo ficar com margem de preço entre 20% a 30% abaixo.

4) Produtos de 1º preço: como sendo produtos alternativos, destinados aos consumidores

que buscam menor desembolso, que não competem diretamente com a qualidade das

marcas líderes, com preços 30% a 50% abaixo da concorrência.

A ACNielsen apud Brito (2004) identifica que o desenvolvimento da marca própria

ocorreu em estágios no ambiente internacional. Esses estágios foram identificados usando-se

três variáveis básicas, qualidade e tecnologia aplicada ao produto, imagem do produto e a

motivação do consumidor para a compra desse produto.

A primeira fase do desenvolvimento ficou denominada de genéricos e é caracterizada

pela baixa qualidade e fraca imagem, sendo que a motivação de compra era o preço. Na fase

seguinte, a qualidade e a imagem do produto melhoram, mas a compra ainda ocorre em razão

do diferencial de preço. Uma nova melhora na qualidade e tecnologia, bem como um novo

status em termos de imagem, é alcançada pela marca própria e sua compra passa ser resultado

da ponderação entre preço e qualidade. A última fase identificada pela empresa de auditoria e

pesquisa de mercado foi denominada de marcas próprias diferenciadas. Nessa as marcas

próprias são avaliadas em termos de qualidade e uso de tecnologia num nível igual ou

superior às marcas tradicionais e a imagem de marca dos concorrentes é equivalente e o

consumidor passa a usar a percepção de qualidade do produto como critério de compra.

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156

De acordo com Oliver (2001), muitos fornecedores cujas marcas não pertencem ao

time de primeira linha exploram o crescimento do mercado de marcas próprias para alcançar

volumes em suas vendas.

Fitzell (1992) apud Oliver (2001), fez observações em seus estudos de que

fornecedores adotam uma das três políticas a seguir em relação ao fornecimento de marcas

próprias: a) nunca fornecem marcas próprias (principalmente se detém à marca líder); b)

fornecem apenas o relativo à ociosidade de produção; e c) especializam-se em fornecer

marcas próprias.

As indústrias detentoras das marcas líderes geralmente adotam a política de nunca

fornecer marcas próprias e, as razões apresentadas por elas são: a) comprometimento

exclusivo com seu core business; b) não querem competir com a própria marca; c) marcas

próprias podem abalar o valor e reputação da marca da empresa; d) risco de perder a alta

participação de mercado; e e) não tem ociosidade de produção.

Contudo, admitem que podem rever a posição se houver declínio nas vendas e tiverem

que preencher a ociosidade das máquinas ou se houver pedido por parte dos consumidores.

Por fim, segundo Toillier (2003), os fornecedores podem afetar a rentabilidade da

indústria de marcas próprias caso consigam exercer poder de barganha e, em algumas

categorias de produtos, existe a dificuldade na comercialização de produtos de marca própria

em virtude da concentração dos fabricantes que dominam a tecnologia e/ou controlam a

matéria prima, aumentando o seu poder de barganha mesmo que os fornecedores de produtos

com tecnologia de domínio comum têm médio poder de barganha, conforme seu porte e

estrutura.

MARCAS PRÓPRIAS NO MUNDO

De acordo com Toillier (2003), o volume de vendas de produtos de marca própria nas

cadeias varejistas européias, em razão de aspectos estruturais, é superior ao do mercado

americano, pois, nos Estados Unidos, as cinco maiores cadeias varejistas detêm 21% do

mercado, enquanto que na Europa este percentual chega à margem de 62%.

Nos supermercados europeus, o nível elevado das vendas de marcas próprias resulta

aos varejistas em rentabilidade acima da média. Ao se comparar com os supermercados

americanos, cujas vendas de produtos de marcas próprias corresponderem em média a 14%

das vendas totais, nota-se um lucro médio antes do imposto de renda de 2% sobre as vendas

totais. Em contraste, com os supermercados europeus como Sainsbury e o Tesco, com 54% e

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157

41% respectivamente, e apresentando rentabilidade média de 7% das vendas totais antes do

imposto de renda (QUELCH e HARDING apud TOILLIER 2003).

Os mesmos autores afirmam ainda que um dos motivos para que o volume de produtos

de marca própria nas cadeias varejistas européias sejam superior ao mercado americano é a

regulamentação da televisão, que não permite o nível de exposição das marcas nacionais

como nos Estados Unidos.

De acordo com a ACNielsen (2001), na Europa, 90% das categorias possuem produtos

identificados como marcas próprias e há mais de 2000 categorias de produtos, com cerca de

100.000 itens. Em torno de 40% das categorias ultrapassam 25% de participação de mercado.

Ainda de acordo com os mesmos estudos, os produtos de marca própria nos Estados

Unidos faturam 53 bilhões de dólares. Todos os lares dos consumidores americanos

consomem estes produtos pelo menos uma vez por ano, sendo que 50% dos lares destes

consumidores mais freqüentes são responsáveis por 78% das vendas.

No caso do Canadá, uma só cadeia de supermercados, a Loblaws, dona da marca

President`s Choice, possui uma linha de 1500 itens, cujos produtos são reconhecidos pelos

consumidores com a mesma qualidade das marcas do fabricante.

MARCAS PRÓPRIAS NO BRASIL

Ao analisar a internacionalização dos supermercados no Brasil, verifica-se a existência

de indicações de que o poder de barganha é maior para os varejistas de que para os fabricantes

das marcas nacionais.

De acordo com Oliver (2001), os produtos com marcas próprias foram introduzidos no

varejo em meados de 1940, havendo crescimento maior em 1960 e, ampliando-se em 1970 e

1980. Dentre os países da América latina o Brasil é o país que apresenta menor concentração

de varejo, com 40% de participação para as 5 maiores cadeias (ABRAS, 2005).

Estudos sobre evolução das marcas próprias indicam que o surgimento coincide com o

aumento da concentração econômica do setor supermercadista. Esta concentração então, passa

a ser promotora de alternativas de diferenciação, o que acontece no caso, pois, a estratégia de

comercialização de marca própria surge como elemento-chave para diferenciar o mix de

produtos ofertados pelos supermercados. Segundo estudos da ABRAS (2005), a participação

de produtos de marca no ranking das 500 maiores empresas supermercadistas ficou em torno

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158

de 5,6% com base em dados de 2004 sendo representados por 137 empresas que atuam com

marca própria. Estes dados comprovam a forte concentração das marcas próprias no setor.

Quanto a motivação do consumidor para compra de marcas próprias no Brasil, a

pesquisa ACNielsen (2002) dá algumas indicações. Identificou-se que o preço, seguido da

qualidade, curiosidade, variedade e credibilidade da cadeia são algumas das razões de compra

de marcas próprias. No entanto, o preço ainda é a grande razão para a compra em todas as

regiões, com exceção de Fortaleza. Conforme tabela a seguir:

QUADRO 1. Razão de compra de marcas próprias (%)

P

reço

Q

ualidade

C

uriosidade

V

ariedade

C

redibilidade da

Cadeia

O

utros

R

io de janeiro

8

8

5

6

3

0

8 4 8

S

alvados

8

8

5

6

2

3

7 9 1

2

F

lorianópolis

8

8

5

9

2

0

1

0

1

0

1

0

P

orta Alegre

8

7

5

1

2

7

8 5 6

C

uritiba

8

5

5

0

2

4

3 0 2

S

ão Paulo

8

5

5

1

2

7

8 5 6

B

elo Horizonte

8

0

4

5

2

9

6 4 1

0

R

ecife

8

0

6

3

1

8

9 1

3

9

F

ortaleza

6

6

6

8

2

9

1

1

1

4

9

Fonte: Estudo Anual de Marca Próprias – ACNielsen (2003, p. 93).

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159

Dados da Superhiper (2001) revelam que 60% das empresas pequenas têm interesses

no fornecimento de marca própria, 40% das grandes empresas demonstraram a mesma

intenção, 30% de empresas que interessam em fornecer marcas próprias ainda não fornecem

para o varejo e, por fim, 36% já fornecem marcas próprias aos varejistas. Dados que também

abrem lacunas merecedoras de estudos por tornarem relevantes sua identificação tanto para

academia quanto para a informação do mundo privado.

Os varejistas de forma geral, parecem associar a Marca Própria de baixo custo e baixo

preço com a viabilidade de modelo de loja de desconto. A estratégia é oferecer a marca líder e

uma opção mais popular, ou ainda, uma marca própria em cada categoria de produtos.

Quanto ao Atacadista, há que se ater que também estes têm trabalhado com marcas

próprias, pois seu portfólio de redes acaba por ser muito mais extenso do que os mantidos

pelos varejistas. Para BRITO (2004), o foco deste elo da cadeia parece ser qualidade.

Veloso (2004) destaca alguns trabalhos realizados com marca própria no Brasil. São

eles: Pereira (1998) que aborda os programas das redes Carrefour, Paes Mendonça, Sé, Wal-

Mart e Pão de Açúcar; Szechtman (2002) que aborda o grupo Sendas; e o estudo de Ostwald

(2001) que abordou uma das dez primeiras cadeias do ranking ABRAS que preferiu preservar

o anonimato e foi denominada de SuperX. Através destes trabalhos, Veloso (2004)

desenvolveu um modelo de introdução de marcas próprias, ressaltando as variáveis centrais

nesse processo.

A pesquisa de mercado deve auxiliar na escolha da categoria de produto mais

adequada para implementar as marcas próprias, a exemplo da rede Coop (MORITA e

PRADO, 2001). É fundamental a análise acerca da recuperação dos investimentos,

considerando o volume potencial (HOCH e BANERJI, 1993). As categorias com margens

elevadas e alto giro favorecem a introdução de marcas próprias. Sethuraman e Cole (1999)

também destacam a escolha por segmentos de compra mais freqüente, pois, nesses casos, os

clientes não se dispõem a arcar com os preços de marcas nacionais premium. Os autores

identificam as menores chances de sucesso: categorias em que os clientes percebem alta

relação entre preço e qualidade; e as de produtos hedônicos, que geram prazer ao serem

consumidos pelo cliente.

Abaixo, são ressaltadas por Szechtman (2002) as características que devem estar

presentes na escolha da categoria a se inserir marca própria:

- mercados onde as marcas de fabricantes não sejam muito fortes;

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- nichos inexplorados;

- mercados cujo preço do produto pode ser menor que o das marcas líderes;

- disponibilidades de insumos e de produtos com a qualidade desejada;

- produtos que não sejam pioneiros nem de alta tecnologia.

Pereira (1998) afirma que as redes Carrefour, Sé, Paes Mendonça, Wal Mart e Pão de

Açúcar seguem esses critérios de decisão, ao introduzir itens em categorias caracterizadas por

um grande volume de vendas e alto giro. Sendo que os produtos introduzidos se caracterizam

pelo baixo grau de inovação, diferenciação e margem unitária restrita. Há grande

preocupação, tanto da literatura quanto das empresas estudadas, em relação à capacidade da

categoria em gerar o retorno necessário para sustentar o programa de marcas próprias. Em

síntese, o retorno é favorecido nas categorias de alto giro, graças ao volume obtido, ou de

maior valor percebido, que propiciam margens mais elevadas.

Para a ABRAS (2002), o preço pode sinalizar qualidade ou posicionar o produto de

acordo com o valor ofertado (relação entre preço e qualidade), considerando-se:

- os objetivos da empresa de divulgar a marca, melhorar rentabilidade etc;

- as estratégias da empresa de gerar fluxo e lucro, aumentar transações etc.

O nível de preço também pode identificar o produto:

• produto premium/inovador: com maior valor agregado; preço e qualidade

superior à categoria;

• produto similar ao líder: com qualidade igual ou similar ao líder de mercado;

preço entre 10% a 20% mais baixo;

• produto intermediário: com características e qualidade pouco inferiores às do

líder; preço geralmente entre 20 e 30% mais baixo;

• produto de primeiro preço: com característica e qualidade inferiores às do

líder; preço de venda bem abaixo, variando de 30 a 50%.

Pereira (1998) identificou, em sua pesquisa, as políticas de preço dos varejistas, que

apontam para a decisão de preços inferiores aos dos fabricantes líderes de mercado. Para o

Paes Mendonça e o Sé, a diferença é de 10 a 15%; enquanto no Carrefour, há uma variação de

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5 a 20%. A rede Sendas segue a mesma linha, de acordo com Szechtman (2002), ofertando

produtos de qualidade a preços baixos, a fim de gerar valor para seus clientes.

De acordo com Fitzell (1992), os esforços de marketing do varejista devem focar a

educação dos clientes em relação a preço, qualidade e valor de seus produtos. A Abras (2002)

acredita na importância do Plano de Marketing Anual, contemplando as ações de

comunicação, as campanhas promocionais mensais, divulgação na mídia, lançamentos de

produtos, tablóides, especiais de aniversários etc. Também é ressaltada a criação de um

calendário promocional similar ao usado pelas marcas tradicionais, respeitando a sazonalidade

e as oportunidades de negócio. Datas especiais, como volta às aulas e Páscoa, e estratégias,

como leve dois pague um, devem ser planejadas para maximizar o sucesso. Pereira (1998)

identifica as estratégias mais utilizadas por varejistas brasileiros na promoção de suas marcas

próprias:

- displays promocionais;

- maiores espaços nas gôndolas;

- proximidade entre marcas próprias e líder de mercado na gôndola;

- uso de cartazes e balcões de demonstração / degustação;

- anúncios em jornais e em folhetos promocionais (tablóides);

- propaganda na televisão (apenas o Pão de Açúcar).

Para Dunne e Narasimham (1999) a promoção assume um papel importante quando se

introduzem produtos marca própria do tipo premium. É por meio da promoção que a empresa

irá transmitir o posicionamento da sua marca.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente artigo apresentou uma análise dos conceitos de marca e

marca própria de alimentos no varejo do Brasil. Para tanto, foi realizada uma revisão

bibliográfica buscando elucidar qual a possibilidade de uma marca própria se posicionar como

superior à marca líder e quais as estratégias entre os fabricantes nacionais e o varejo na

disputa pela preferência do consumidor.

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Ficou evidente que a marca própria é, em sua essência, uma marca, cujo maior

diferencial é pertencer exclusivamente ao varejista ou atacadista. O que se discute na

literatura sobre marcas próprias é o confronto entre as especificidades do varejo e da indústria.

A indústria tem como especificidade a produção e o varejo tem como especificidade a

distribuição, mas quando o varejo resolve ter uma marca própria começa a adentrar a

especificidade da indústria necessitando planejar cuidadosamente sua estratégia de introdução

de produtos com marca própria. Dentro dessa ótica deve-se atentar para alguns fatores: a

presença de escala que sustentará as iniciativas com marcas próprias; a estrutura

organizacional específica; nome da marca própria como extensão da marca do varejista ou a

criação de uma marca específica; e a escolha da categoria de produto mais adequada para

implementação das marcas próprias.

Os fatores citados acima evidenciam que a opção de introduzir marcas próprias no

mercado varejista segue caminhos diversos para o varejista. Ora, a opção auxiliará a

distribuição de produtos regionais, ora servirá como balizador na negociação entre indústria e

varejo pela preferência do consumidor. Contudo, essa disputa é realizada num nível elevado

de competitividade, onde os varejistas com maior domínio de mercado conseguem planejar

essa atividade com retornos significativos.

Como sugestão de trabalhos futuros tem-se a possibilidade de se estudar varejos com

menor expressão nacional, mas com boa representação regional, de modo a perceber qual a

postura desses varejistas frente ao fenômeno de marcas próprias e qual seu poder de barganha

juntos aos fabricantes nacionais e regionais.

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166

NF-E E SEUS IMPACTOS NA ÁREA CONTÁBIL

Júlio César Siqueira38

Ederson Alvarenga Squiavenati39

Bruna Mayara Capila40

Cristhian Fernando Varconti41

RESUMO: o governo vem buscando novas formas para melhor a acessibilidade aos

documentos fiscais das organizações, e com isso busca reduzir a sonegação de tributos que

ocorre no País. Portanto, a administração tributaria busca inovações tecnológicas para captar,

tratar e armazenar as movimentações de seus contribuintes. Com o avanço e o aumento nos

documentos fiscais emitidos pelas empresas, houve a necessidade de elaboração de um

método de maior confiabilidade e precisão das informações, criando então a Nota Fiscal

Eletrônica. O presente estudo visa demonstrar quais são os impactos e conseqüências da

obrigatoriedade da emissão da NF-e na rotina contábil e demonstrar como a informatização de

documentos fiscais integrados com a contabilidade trouxe a simplificação de seus métodos e

facilidade de acesso para as empresas e, sobretudo para a administração tributária aumentando

seu poder de fiscalização e facilitando as obrigações acessórias dos contribuintes.

Palavras-Chave: Contabilidade. Nota Fiscal Eletrônica, Usuários.

INTRODUÇÃO

A contabilidade e a tecnologia, ambas estão interligadas, porque à medida que o fluxo

de informações contábeis aumenta torna-se de fundamental relevância a participação da

tecnologia, pois com ela teremos uma melhor simplificação, entendimento e análise dos dados

gerados pela empresa, tornando-os de mensurável valor nas decisões tomadas pelas

organizações. Nos dias atuais a tecnologia é a principal ferramenta das empresas e da

38

Docente do curso de Ciências Contábeis da Faculdade FAMA - [email protected]. 39

Graduando do curso de Ciências Contábeis da Faculdade FAMA - [email protected] 40

Graduanda do curso de Ciências Contábeis da Faculdade FAMA - [email protected] 41

Graduando do curso de Ciências Contábeis da Faculdade FAMA - [email protected]

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administração tributária do Brasil, por meio dela facilitam-se os processos burocráticos e o

cumprimento das obrigações tributárias.

Ela foi implantada a nível nacional através da SINIEF 07/2005, é um documento

eletrônico que vem substituir as notas fiscais modelo 1 e 1-A do talonário, ou seja, operações

entre pessoas jurídicas, criando assim o modelo 55 (NF-e), onde sua garantia fiscal se dá pela

assinatura digital do remetente. No caso de transporte de mercadorias é impresso a DANFE

(Documento Auxiliar da Nota Fiscal Eletrônica), onde nele há o número de chave de acesso,

onde por meio deste pode ser efetuado uma consulta e análise das informações da mesma,

principalmente pelo fisco.

A emissão das notas digitais traz benefícios como: fortalecimento do controle do

governo na emissão de documentos fiscais, rapidez no acesso de informações, reduzindo a

sonegação fiscal, aumentando a arrecadação, maior confiabilidade da nota e olhando na parte

econômica, redução de gastos com folhas, já que antes estavam sendo elaboradas em

talonários, diminuindo assim o impacto ambiental.

Para melhor entendimento desse projeto que hoje é uma realidade, e muitas polêmicas

são criadas e discutidas no nosso cotidiano, em questão de saber qual impacto sua

implantação irá causar na contabilidade, com a utilização destes documentos eletrônicos,

através deste trabalho buscaremos mostrar as mudanças e aprimoramentos, causadas por ela,

suprindo assim as necessidades dos interessados em saber mais a respeito de suas inovações.

Este trabalho foi elaborado através de pesquisas bibliográficas, onde foram utilizados

livros, artigos, páginas de internet, cujas fontes foram legitimamente citadas conforme pede a

Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para apresentação de trabalhos

acadêmicos. Quanto ao método utilizado foi dedutivo, onde seu objetivo foi exploratório,

quanto ao seu procedimento foi bibliográfico e sua abordagem qualitativa.

Buscamos identificar através dos métodos, como a nota fiscal eletrônica traz vantagens

e benefícios aos seus usuários. Efetuando através deste, um levantamento de dados a fim de

mostrar suas características, obrigações, formas de utilização e seus preceitos legais.

Demonstrando assim como o seu impacto na contabilidade vem a compor o sistema tributário

administrativo e a rotina diária de quem a utiliza.

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HISTÓRIA DA CONTABILIDADE

A contabilidade teve sua origem juntamente com a civilização, ambas foram se

aprimorando e se adequando de acordo com o tempo e a situação que ocorria. Ela surgiu

devido à necessidade que o homem teve de controlar seus patrimônios. A evolução da Ciência

Contábil foi classificada por Federigo Melis em quatro importantes períodos:

I- Mundo Antigo (dos primórdios da história até o ano de 1202).

II- Sistematização que vai de 1202, em razão da formação das partidas dobradas).

III O da Literatura, de 1494 (obra de Luca Pacioli) a 1840 (obra de Francesco

Villa).

IV- De 1840, era científica, até nossos Dias. (SÁ 1997, p.18 e 19)

MUNDO ANTIGO

No mundo Antigo, a contabilidade era encontrada através de registros em gravuras ou

desenhos, na maioria dos casos era pra representar quantidade de animais. À medida que o

patrimônio da sociedade ia evoluindo, crescia também a urgência de registro para um melhor

controle desses bens, os primeiros registros contábeis encontrados, foram em grutas e em

rochas. Antônio Lopes de Sá apresenta que a História da contabilidade deve iniciar-se a partir

de 20.000 anos atrás (Paleolítico Superior) ou até mais, segundo mais, nas eras Préliticas.

A Evolução da sociedade e da Escrita contábil começa a ocorrer por volta de 4.000

a.C. na Mesopotâmia. O Surgimento da escrita marca o fim a Era da Pedra Polida onde o

homem fazia seus relatos através de desenhos ou gravuras. Os escritos deixam de ser feitos

em desenhos, mas sim através de símbolos, eles eram realizados em placas de argila. Os

registros foram se aprimorando, surgindo o Inventário que era utilizado para um controle de

escravos, rebanhos, materiais. Segundo SÁ (1997), a apuração de custos, controle de

produtividade, revisão de contas já era realizado pelos Babilônios e Sumérios.

A escrita Cuniforme, da mesopotâmia, Basicamente Contábil, Surgindo no IV

milênio antes de Cristo, Sendo Mais Utilizada nesse Sentido que qualquer outro ,

segundo Afirmam estudiosos da questão, foi um desses progressos que, como os da

era lítica , orgulham o conhecimento da Contabilidade, por sua qualidade como

expressão do pensamento.Os registros eram feitos em plaquinhas de argila fresca,

sulcadas por estiletes de madeira, pontiagudos, com a ponta prismática, em base

triangular, e tinham em geral dimensões de 4 cm a 5 cm de cumprimento por 2,5 cm

a 3cm de largura. A escrita já não era na base de desenhos, mas de símbolos

(ideográfica), e por sua forma cunha, recebeu a denominação de “cuneiforme”.

(SÁ1997, p.23)

A Ciência Contábil teve grande contribuição dos Egípcios, e seus registros foram de

extrema importância aos historiadores, apresentando os métodos que eram utilizados naquela

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época. Os registros no Egito eram fiscalizados Pelo fisco real, com isso, as pessoas

incumbidas à realização desta tarefa tinham que ser extremamente responsáveis.

Posteriormente, os Gregos usam como base esses métodos e os aperfeiçoaram, nesse período

já havia escrituração da conta de Custos e Receitas e seus saldos eram apurados anualmente.

De acordo com SÁ (1997), foram eles que deram início à doutrina patrimonialista, sendo este

fator de extrema relevância para a ciência Contábil.

E em 1202, Leonardo Finaci escreve e divulga pela Europa o livro “Liberte Abaci”,

onde continha conhecimentos matemáticos, álgebra, adquiridos através de estudos no Egito.

Síria, Grécia, Silícia e Provença.

SISTEMATIZAÇÃO

Sistematização da Contabilidade ou História Média é o período que vai de 1202 a

1494, neste período surge o Livro Caixa, onde se registrava os recebimentos e pagamentos

efetuados em dinheiro. Com o crescimento do capitalismo nos fim da Idade média, faz

necessária a criação de contas lucro na contabilidade, pois a sociedade começa a ter acúmulo

de capital, e o trabalho escravo dá lugar ao trabalho assalariado. No final do Século XIII há o

surgimento da conta Capital, que representava o valor aplicado nas companhias.

O aperfeiçoamento e o crescimento da Contabilidade foram a conseqüência natural

das necessidades geradas pelo advento do capitalismo, nos séculos XII e XIII. O

processo de produção na sociedade capitalista gerou a acumulação de capital,

alterando-se as relações de trabalho. O trabalho escravo cedeu lugar ao trabalho

assalariado, tornando os registros mais complexos. No século X, apareceram as

primeiras corporações na Itália, transformando e fortalecendo a sociedade burguesa.

No final do século XIII apareceu, pela primeira vez a conta “Capital”,

representando o valor dos recursos injetados nas companhias pela família

proprietária. (Disponível em:

http://www.portaldecontabilidade.com/tematicas/historia.htm <acesso em

15/07/2011>)

Com várias mudanças enfrentadas nesse período nasce na Itália o método de partidas

dobradas, que resultou na criação de Livro de Contabilidade de Custos. No Século XIV já

podia se encontrar registros de custos industriais e comerciais.

Em 1845, Frei Luca Paciolo publica o livro “Tratactus de Computis Et Scripturis”

(Contabilidade por Partidas Dobradas), que contém aconselhamento referentes a gestão, e dá

ênfase ao Débito e o Crédito. É através desta publicação que Paciolo ficou conhecido como o

“Pai da Contabilidade”, no entanto este método de partidas dobradas já era utilizado na cidade

de Toscana na Itália.

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LITERATURA OU IDADE MODERNA

A Idade moderna tem como marco a tomada de Constantinopla pelos turcos, conforme

eles avançavam fechava-se a rota comercial que havia entre a Europa e a Ásia. Isso fez os

países Europeus explorarem o mar em busca de novas rotas para a Ásia, porém o resultado

dessas navegações foi à descoberta das Américas e o caminho até a Índia, o que gerou um

fluxo maior as comercializações destes países.

Conforme SÁ (1997), este período foi de muita euforia em edições, na Espanha várias

publicações de obras são feitas como a de Bartolomeu Salvador de Solorzano, sobre o “Livro

Caixa”, a primeira Contabilidade Industrial em 1601 de Giovani Antonio Moschetti.

Francesco Villa era Italiano e se destacou por apresentar uma filosofia diferente das

tradicionais, para ele de era suma importância o conhecimento aprofundado na Contabilidade

peloso indivíduo responsável por elaboração da contabilidade e por efetuar a guarda dos

livros.

Francesco Villa contribuiu com seu Livro “La Contabilità Applicatta alle

administrazioni Private e Plubbliche”. Criticou os conceitos tradicionais da

Contabilidade segundo o qual escrituração e guarda livros poderia ser feita por

pessoas inteligentes. A Contabilidade para ele seria conhecer os detalhes, as normas,

as leis e as práticas que regem o patrimônio. (Disponível em:

http://pt.scribd.com/doc/511864/A-historia-da-Contabilidade <acessado em

02/07/2011>).

PERÍODO CIENTÍFICO

O período científico vem marcado por várias teses e teorias, resultando em muitas

doutrinas, cada uma com sua particularidade, contudo a corrente predominante e que teve uma

grande quantidade de adeptos é a do Patrimonialismo.

Na visão patrimonialista de Masi a teoria do valor Econômico difere da Contábil,

ficando estabelecido que todo que o patrimônio deve ser avaliado. Contudo, o valor que

preferível é o de ordem monetária, para a avaliação é preciso obedecer aos quesitos de

realidade, Tempestividade e oportunidade.

Como realidade, reconhece e aceita o valor de cada componente de per si em relação

a seu poder de ser vendido ou realizado.

Como tempestividade, afirma que o valor deve expressar adequadamente o que

representa em cada época, em seu tempo, consagrando, pois o ajuste dos mesmos

para chegar a tal verdade, pois afirma que o valor monetário é sempre uma

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representação relativa e incerta. Em razão disso, distingue e afirma que uma coisa é

o valor da conta e outra da moeda em si.

Como oportunidade, entende que é preciso Considerar o valor em face do estado da

gestão que vive o patrimônio (constituição, liquidação, fusão, cisão etc.) (SÁ1997,

p.132).

A Visão de Vincenzo Masi é mais ampla e filosófica, ela defende o equilíbrio

patrimonial, onde o patrimônio está em total equilíbrio com as aplicações deste, bem como a

dinâmica que é toda movimentação e mutação do capital, oriunda de investimentos. Ressalva

ainda a importância do levantamento patrimonial, que é decorrente do equilíbrio e da

dinâmica, aqui se enquadra o inventário, a previsão, os registros e as contas.

Neste Período surgiram as primeiras escolas contábeis. Contista é o nome da primeira

escola contábil, que surgiu no século XVIII, onde o estudo era focado na apuração do saldo

das contas, do seu funcionamento.

Todos estes processos foram de extrema importância para a estrutura que a

contabilidade tem atualmente, em cada período foi sendo modificada e melhorada, até se

tornar tão essencial nas empresas, já que ela é toda a estrutura da mesma, e sem uma boa

contabilização não há gestão precisa e tão pouco expressará a realidade que a organização se

encontra.

A CONTABILIDADE NO BRASIL

A Contabilidade chega ao Brasil no período Colonial, com a vinda da família Real.

Em 1770, a profissão contábil é regulamentada por Dom José. Em 1808 foi decretado por

Dom João IV a utilização do método de partidas dobradas de Luca Paciolo. Por intermédio da

Associação dos Guarda livros da corte, a primeira regulamentação Contábil brasileira ocorre

em 1870.

Segundo SÁ (1997), a separação dos Cursos de Contabilidade, Administração e

economia refletiu com um grande avanço na parte cultural, originando assim a profissão

independente de Contador através da realização de um curso superior. E em 1924 ficaram

estabelecidas regras para serem seguidas pelos os contabilistas, após o I Congresso Brasileiro

de Contabilidade.

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TECNOLOGIA E A NECESSIDADE DE CONTROLE DO FISCO NAS

ORGANIZAÇÕES

A era tecnológica vem avançando com passar do tempo, essa tecnologia proporcionou

uma melhoria na capacidade de acesso as informações, precisão, facilidade e praticidade,

quanto à rotina contábil.

Um dos maiores interessados na inovação tecnológica no meio contábil é o fisco, este

vem aperfeiçoando seu sistema onde atualmente consegue efetuar cruzamentos de dados das

empresas, através dessas informações ele busca inibir a sonegação de tributos.

“Os fiscos, de uma maneira geral, têm aprimorado os seus sistemas de fiscalização. A partir

dos seus próprios bancos de dados e também através do cruzamento de informações

permutadas com outras esferas de poder, há um aumento substancial dos resultados no

combate à evasão fiscal. Em 2006 entrou em funcionamento uma série de novas tecnologias

de controle e acompanhamento da movimentação financeira e patrimonial das empresas. Com

a fusão da Receita Federal e da Receita Previdenciária, originando a Receita Federal do

Brasil, aliada à permuta de informações entre os fiscos federal, estaduais e municipais, o

acesso aos dados de cada pessoa jurídica ficará mais ágil e eficiente.” (Duarte 2009, p.28 e

29)

Com tal necessidade que se encontrou para um acompanhamento mais preciso das

empresas foi criado o SPED Fiscal, que foi instituído com o Decreto 6.022 de janeiro de

2007, é composto por: Nota fiscal Eletrônica (NF-e), Escrituração Contábil Digital e

Escrituração Fiscal Digital.

NOTA FISCAL ELETRÔNICA

A Nota Fiscal Eletrônica é um documento fiscal digital, que tem por finalidade registrar

operações de venda ou prestação de serviço. Sua validade fiscal é garantida pela assinatura

digital do emissor. A implantação foi através do SINEF 07/2005 e veio com caráter nacional,

onde seu modelo é o 55 substituindo as notas do talonário modelo 1 e 1-A.

“A Nota Fiscal Eletrônica (NF-e) é um documento de existência apenas digital, emitido e

armazenado eletronicamente, com o intuito de documentar, para fins fiscais, uma operação de

circulação de mercadorias ou uma prestação serviços, ocorrida entre as partes, e cuja validade

jurídica é garantida pela assinatura digital do emissor (garantia de autoria e de integridade) e

pela recepção, pela Fazenda, do documento eletrônico, antes da ocorrência da circulação ou

saída da mercadoria.” (Ajuste SINIEF nº 07, de 30/09/2005, Artigo 11-A do Anexo V do

RICMS/2002. (Disponível em: < Disponível em: http://www.nfe.fazenda.gov.br/portal/assuntoagrupado1.aspx> acesso em: 30/03/2011 )

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173

Uma das maiores motivações para a criação da Nota Fiscal Eletrônica envolve a

complexidade do sistema tributário brasileiro. Segundo AMARO JÚNIOR (2008), estima-se

que o Brasil possui em média de 60 impostos e taxas, e aproximadamente 3 mil normas

tributárias. Esse grande número implica a dificuldade de acompanhar as medidas por parte

dos contribuintes, bem como as alterações nas reformas tributárias. De certa forma, essa

situação vem a dificultar o trabalho do governo, devido à complicação que os contribuintes

encontram em conhecer os tributos devidos, fatos geradores, base de cálculo e alíquotas dos

produtos e serviços. A Nota Fiscal Eletrônica veio pra suprir essas dificuldades e proporcionar

uma maior segurança aos contabilistas, além da agilidade e confiabilidade nas transações.

Logotipo oficial da Nota Fiscal Eletrônica

Fonte: Ministério da Fazenda. (Disponível em <http://www.nfe.fazenda.gov.br> acesso em: 30/03/2011)

Depois que o projeto da Nota Fiscal Eletrônica foi aprovado, em 2005, cada vez mais

contribuintes se interessaram em participar de projetos pilotos para aprimorar o processo de

inclusão. A expectativa era que, com a utilização da NF-e, as administrações tributárias

pudessem se adaptar ao processo de globalização do comércio e das transações comerciais.

“Somente no estado de São Paulo são armazenadas 3,6 bilhões de notas fiscais, que ficam à

disposição do Fisco para fiscalização pelo prazo de até 5 anos. Esses dados representam o

dinamismo da economia nacional e, por outro lado, podem representar 5% do faturamento das

empresas brasileiras. A Nota Fiscal Eletrônica prevê investimentos no parque tecnológico e

nos sistemas de informações, com novas tecnologias, ampliando a capacidade de atendimento

das unidades federativas.” (Disponível em:

http://artigos.netsaber.com.br/resumo_artigo_7959/artigo_sobre_nota_fiscal_eletronica:_uma

_tecnologia_da_informacao_como_instrumento_da_contabilidade_tributaria <acesso em:

05/07/2011)

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“Desde setembro de 2006 a NF-e já vinha sendo utilizada voluntariamente, as empresas que

participaram do projeto piloto já puderam comprovar resultados positivos como a redução nos

custos na emissão destes documentos, melhor relacionamento eletrônico com seus clientes e

fornecedores, simplificação de tarefas e eliminação de erros e, principalmente, ganhos de

organização e na qualidade de seus processos internos.” (Disponível em :

http://w3.ufsm.br/revistacontabeis/anterior/artigos/vIVn02/t008.pdf < acesso

em:07/05/2011>)

Todas as empresas que se encaixaram nas obrigatoriedades da Secretaria da Fazenda

tiveram que realizar a implantação da Nota Fiscal Eletrônica até o final de 2010. Em 2008,

muitos segmentos do mercado já foram obrigados a aderir à NF-e, e em 2009 a própria

SEFAZ publicou uma lista de Classificação Nacional de Atividade Econômica, composta de

várias empresas sujeitas a emitir as Notas Fiscais Eletrônicas a partir das datas estipuladas na

documentação. O objetivo do governo foi monitorar a implantação nas empresas em prazos

distintos para corrigir possíveis falhas e adicionar funcionalidades antes que a NF-e se

tornasse obrigatória em âmbito nacional.

PROCEDIMENTOS PARA EMISSÃO E TRANSMISSÃO

Na Emissão da Nota eletrônica se faz necessário uma assinatura digital, onde fica a

critério do emitente escolher o software para a transmissão ou pode fazer uso do que é

disponibilizado pela Secretaria da Fazenda. Na nota deverá conter todos os dados dos

produtos, do contribuinte, destinatário e data. Ao transmiti-la resultará em um retorno

contendo o número do protocolo onde garantirá a validação da nota. É de responsabilidade do

contribuinte fornecer o arquivo digital que estará em formato XML para o destinatário, bem

como o armazenamento do mesmo que deve ser nas conformidades do prazo exigido

legalmente.

O formato XML foi selecionado como melhor opção para a transferência dos arquivos

digitais das Notas Fiscal Eletrônicas. Um arquivo XML é capaz de armazenar diversos tipos

de dados através uma estrutura de marcações e códigos organizados de forma hierárquica. Por

conter somente texto, um arquivo XML tem um tamanho bem pequeno, e, portanto, pode ser

facilmente transmitido pela Internet. Existem poucos softwares capazes de ler e interpretar um

arquivo XML, porém, já existem aplicativos específicos para a visualização de arquivos

XML, como o Visualizador de DF-e, oferecido pelo próprio Ministério da Fazenda.

“Na prática, o remetente gera um arquivo no formato padrão da NF-e,,assina-o digitalmente, e

o submete, através da Internet, à SEFAZ. Alguns minutos após, ele deve consultar, também

através da Internet, a situação quanto à autorização de uso da NF-e. Somente após a consulta a

mercadoria poderá circular.” (Duarte 2009, p. 74 e 75)

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Não é possível imprimir um DANFE de uma Nota Fiscal Eletrônica caso essa não esteja

autorizada. Quando uma NF-e é submetida ao site da SEFAZ, ela passa por uma rotina de

validações dos dados enviados, e rejeita o documento caso alguma informação esteja ausente

ou inválida. Os dados básicos do destinatário, como Razão Social, Endereço, CNPJ, IE e CEP

devem ser corretamente preenchidos antes de ser enviado ao site da SEFAZ. Se a NF-e for

autorizada, um protocolo é retornado ao emissor e o DANFE fica disponível para impressão.

“A transmissão para a SEFAZ poderá ser feita a cada NF-e ou em lotes de NF-e. Mesmo na

transmissão em lote, cada NF-e precisará ter assinatura digital. Após a transmissão, a SEFAZ

automaticamente realizará a validação, avaliando os seguintes aspectos: emissor, assinatura

digital, integridade, formato dos campos, regularidades fiscais e existência na base de dados.”

(Disponível em: ftp://ftp.ufrn.br/pub/biblioteca/ext/bdtd/FredericoSAJ.pdf , acessado em

16/08/2011)

Quando uma NF-e é rejeitada pela SEFAZ, cabe ao contribuinte emissor verificar e

corrigir os dados da nota para que seja transmitida novamente. Neste ponto vale ressaltar que

uma Nota Fiscal Eletrônica, depois de autorizada, não pode ser alterada, apenas cancelada

dentro do prazo de 72 horas ou até mesmo 24 horas, dependendo da ocasião.

DOCUMENTO AUXILIAR DA NOTA FISCAL ELETRÔNICA

DANFE é um documento onde tem como objetivo auxiliar na circulação da mercadoria.

Neste documento há um código de barras e o número da chave de acesso para a NF-e,

possibilitando efetuar uma consulta no site da SEFAZ para fins de verificar a autencidade e a

veracidade da nota. O código de barras é dividido em onze grupos de quatro dígitos,

exclusivos para cada nota fiscal eletrônica emitida. Vale ressaltar que a DANFE não é a Nota

Fiscal em si, e sim um documento que representa graficamente a Nota Fiscal e é

disponibilizada para a circulação e transporte das mercadorias.

“Na prática, o DANFE é extremamente parecido com uma nota fiscal, ao receber a

mercadoria, o destinatário deve utilizá-lo para verificar se a nota foi regularmente emitida.

Contudo, se não for credenciado ao SPED deverá escriturar a nota com base nas informações

contidas no Danfe, arquivando-o como se fosse uma nota fiscal impressa.” (Disponível em:

<http://jusvi.com/artigos/36375>. Acesso em: 06/08/2011.)

Apesar de ser apenas um documento auxiliar, o DANFE deve conter todos os dados

necessários para a validação e autenticidade do emissor. Essa premissa inclui os dados do

emitente, do destinatário, da transportadora, dos itens (bem como os impostos e alíquotas),

assim como os dados essenciais da NF-e, como número, data, série e natureza de operação.

Uma grande vantagem da DANFE é a alternativa ao extravio do documento. Caso a

DANFE seja violada ou extraviada, o emissor pode facilmente enviar outra cópia do

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documento ou fornecer o arquivo XML para armazenamento em dispositivos eletrônicos. Isso

garante uma maior segurança e disponibilidade de documentos fiscais em setores contábeis de

empresas.

“A linguagem de marcação XML – Extensible Markup Language – é utilizada para criar

documentos cujos dados precisem ser organizados hierarquicamente, e se concentra na

estrutura da informação. É semelhante ao HTML – Hyper Text Markup Language – quanto à

forma de construção e organização das informações no arquivo, porém é mais evoluído e

possui mais possibilidades. A justificativa principal para a escolha do XML como padrão para

a NF-e é que o formato é livre de licenças (BOS, 1999), o que permite que seja utilizado um

software de leitura e emissão próprio.” (Disponível em:

<http://www.congressocfc.org.br/hotsite/trabalhos_1/526.pdf>. Acesso em: 14/08/2011.

A figura a seguir representa de forma mais clara o funcionamento do envio, autorização

e transmissão da Nota Fiscal Eletrônica em um ambiente tradicional de transação comercial.

Representação gráfica do funcionamento da NF-e

Fonte: DUARTE 2009, p.73

PROCESSAMENTO

A partir do momento em que a Nota Fiscal Eletrônica foi se tornando predominante nas

transações comerciais das empresas, muitas dúvidas e dificuldades passaram a surgir em

relação à emissão, processamento e autorização da nota. A princípio, o ambiente corporativo

deve estar preparado para trabalhar com a Nota Fiscal Eletrônica. Isso diz respeito aos

equipamentos (computadores, impressoras), acessibilidade (conexão com a Internet para a

transmissão do arquivo) e principalmente os funcionários. Por ser um processo automatizado,

não é necessário conhecer detalhadamente o funcionamento da autorização de um NF-e para

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que possa utilizá-la, no entanto, é recomendável conhecer o processo realizado para a sua

emissão.

“Para emitir uma NF-e, o sistema de automação do contribuinte deve gravar um arquivo XML

com todo o conteúdo de cada Nota Fiscal antes da sua impressão. Depois, o contribuinte

assina a NF-e com sua chave privada (certificado digital ICP-Brasil), garantindo a autoria e

integridade. A NF-e assinada digitalmente deve ser transmitida para a Secretaria de Fazenda

de origem, que então autoriza seu uso ou rejeita a NF-e. Depois de autorizada, a nota

eletrônica tem valor legal e autorização para circular.” D

(Disponível em: http://www.cosif.com.br/publica.asp?arquivo=20060908contabildigital

<acesso em : 10/072011>).

A figura abaixo demonstra os procedimentos para a emissão de uma Nota Fiscal Eletrônica.

Figura nº X: Circulação da NF-e em transações comerciais

Fonte: DUARTE 2009, p.106

IMPLANTAÇÃO

Segundo o Portal Informativo da NF-e, o processo de implantação da Nota Fiscal

Eletrônica é composto basicamente de cinco fases e sua complexidade pode variar de acordo

com o porte e quantidade de notas fiscais emitidas pela empresa. Enquanto pequenas

empresas conseguem se preparar para emissão de NF-e em pouco tempo e com custos

bastante reduzidos, em médias e grandes empresas o processo pode levar meses e consumir

grande montante de recursos financeiros. As cinco fases citadas, resumidamente estão listadas

a seguir:

Definição da solução NF-e

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Mapeamento das Operações Fiscais

Saneamento de Cadastro

Aquisição do certificado digital

Credenciamento para emissão em ambiente de homologação da SEFAZ origem

“A implantação da NF-e trará benefícios para o profissional contábil uma vez que com a

integração dos sistemas utilizados para execução dos trabalhos na área fiscal, não haverá mais

necessidade de lançar manualmente o conteúdo da nota fiscal, pois com a utilização do

Código de Barras Bi-dimensional, o profissional importará os dados na Nota Fiscal Eletrônica

com uma leitora ótica, agilizando o processamento das obrigações acessórias, reduzindo

sensivelmente os erros com a escrituração das notas fiscais de forma manual.” (SESCON/MS,

2006. Disponível em: http://www.sesconms.org.br/artigo_ler.asp?codigo=24 <acesso em

10/08/2011)

BENEFÍCIOS PROPORCIONADOS

A implantação da Nota Fiscal Eletrônica trouxe grandes benefícios e vantagens para

todos os envolvidos em uma transação comercial. Pode-se dizer que o principal benefício

proporcionado pelo advento da NF-e é a redução de custos. Como as Notas Fiscais

Eletrônicas são arquivos digitais, o custo gerado com a impressão de papéis e talões de notas

fiscais reduziu consideravelmente, uma vez que só é necessário imprimir uma via da NF-e

contemplada, ou seja, o DANFE.

Segundo WALTER e RIBEIRO (2008), com a utilização da NF-e, o compartilhamento

de informações entre as esferas governamentais facilitará a fiscalização através do maior

controle de compra e venda de mercadorias, pois cria dificuldades na simulação de transações,

comum em algumas empresas que tentam diminuir o volume de receitas para majorar o

tributo.

“Conforme publicado no Portal Nacional da NF-e e divulgado no sítio eletrônico do

Ministério da Fazenda (2010b), o contribuinte emitente observará o impacto positivo sobre a

implantação da NF-e através da redução dos custos de: impressão; aquisição de papel; envio

do documento fiscal; armazenagem de documentos fiscais; pela simplificação de obrigações

acessórias, como dispensa de AIDF – Autorização de Impressão de Documentos Fiscais;

redução de tempo de parada de caminhões em Postos Fiscais de Fronteira; incentivo ao uso de

relacionamentos eletrônicos com clientes (B2B); entre outros.” (Disponível em :

http://www.sesconms.org.br/artigo_ler.asp?codigo=24 <acesso em 10/08/2011>).

Nos modelos 1 e 1A das notas fiscais, os talões geralmente eram compostos de quatro

vias, cada qual com uma cor distinta representando diferentes destinos dentro de uma

empresa. A grande desvantagem deste modelo é o acúmulo cada vez maior de papéis e o

espaço ocupado para o armazenamento das vias. Neste ponto já é possível citar mais uma

vantagem da Nota Fiscal Eletrônica: a organização de documentos fiscais. Arquivos digitais

podem ser armazenados em discos rígidos, unidades de CD ou DVD, pendrives ou outros

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dispositivos eletrônicos, permitindo uma menor demanda de espaço físico para o

arquivamento de documentos. Além disso, é importante ressaltar que uma busca realizada em

um dispositivo eletrônico é bem mais rápida que uma busca feita manualmente em

arquivamentos de papéis.

Outra vantagem evidente da Nota Fiscal Eletrônica é a redução de tempo de

permanência de caminhões e carretas em Postos Fiscais. A validação e liberação da NF-e é

bem mais simples e rápida do que as notas fiscais tradicionais. Além de ajudar na organização

dos Postos Fiscais, o prazo de transporte das mercadorias fica ainda menor, cumprindo os

prazos estipulados pelos emitentes.

MUDANÇAS QUE OCORRERAM COM A IMPLANTAÇÃO

Certamente as maiores mudanças que surgiram com a implantação da Nota Fiscal

Eletrônica envolve a parte fiscal. Melhorias nos controles das transações e nos processos de

controle fiscal possibilitam um intercâmbio mais confiável no compartilhamento de dados

entre os fiscos. Aos contribuintes, a maior mudança exigida foi a informatização das empresas

para que seja possível autorizar e transmitir os arquivos digitais pela Internet.

“As modificações trazidas pela Nota Fiscal Eletrônica e pela digitalização da escrituração

fiscal e contábil das empresas apresentam harmonia com os projetos de reforma tributária,

empreendidos tanto no âmbito do Congresso Nacional como do Poder Executivo Federal. Sua

efetiva implantação, já iniciada, prevista para ser concluída nos próximos anos, substituirá a

Nota Fiscal Paulista e a Nota Municipal Eletrônica de Serviços, automatizando a atividade

fiscal com o auxílio do Conhecimento de Transporte Eletrônico, já regulado pelo Ajuste

SINIEF nº 9/07.” (Disponível em: http://jus.uol.com.br/revista/texto/10920/nota-fiscal-

eletronica-e-sped-aspectos-praticos-e-implicacoes-tributarias <acesso em: 10/08/2011>)

“Com a adoção da NF-e, a principal mudança para o destinatário será a obrigatoriedade de

consulta da NF-e, a fim de verificar a validade da assinatura e autenticidade do arquivo

digital, no Portal Nacional da NF-e (www.nfe.fazenda.gov.br), onde o destinatário tem à

disposição o aplicativo “visualizador”, desenvolvido pela Receita Federal do Brasil,

disponível na opção download. Caso o destinatário não seja credenciado a emitir NF-e,

alternativamente à conservação do arquivo digital já mencionada, ele poderá conservar o

DANFE relativo à NF-e e efetuar a escrituração da NF-e com base nas informações contidas

no DANFE, desde que feitas às verificações citadas acima.” (Disponível em: <

http://www.fiesp.com.br/central-servico/pdf/sped-cartilha-duvidas.pdf > . Acesso em

10/08/2011)

Quando ocorre alguma mudança, há muita resistência e insegurança por parte das

pessoas que serão afetadas por ela. Com o advento da Nota Fiscal Eletrônica a situação não

foi diferente: profissionais que trabalham com contabilidade tiveram que passar por uma série

de treinamentos e adaptações para tornarem-se aptos a trabalhar com a Nota Fiscal Eletrônica.

Para que isso fosse possível, o governo estipulou um prazo de adaptação antes que a Nota

Fiscal Eletrônica se tornasse obrigatória em transações comerciais. Este prazo permitiu que os

profissionais adquirissem o conhecimento necessário sobre NF-e e os softwares de utilização.

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“Administradores públicos e privados, contabilistas, consultores e advogados precisarão

conhecer os novos mecanismos e adaptar, sobretudo nos três primeiros casos, a sua rotina

profissional. Tendo em vista a rapidez e a eficiência com que a Administração Pública

trabalha na implantação do sistema digital, conjugada à mentalidade do ambiente comercial

brasileiro, sobretudo aquele das micro e pequenas empresas, acostumadas, em muitos casos, a

práticas de informalidade e mesmo de omissão de receitas, bem como à atual desinformação

dos profissionais do ramo sobre o assunto, necessário que a obrigatoriedade do

credenciamento seja paulatina, por setores econômicos, acompanhada de uma intenção

pedagógica, e não desapegada à realidade econômico-social brasileira.” (Disponível em:

http://jus.uol.com.br/revista/texto/10920/nota-fiscal-eletronica-e-sped-aspectos-praticos-e-

implicacoes-tributarias <acesso em: 10/08/2011>)

Portanto, também é correto afirmar que a NF-e mudou a cultura de algumas empresas

que eram acostumadas a preencher Notas Fiscais manualmente ou imprimi-las utilizando

algum software comercial. Novas ferramentas foram desenvolvidas para trabalhar com Nota

Fiscal Eletrônica, e mesmo que a princípio elas se pareçam complexas, em um curto prazo de

tempo as empresas adquirem a prática de utilização.

Pode-se afirmar que os benefícios, as vantagens e as mudanças que a NF-e trouxe já

podem ser consideradas como algumas de suas características. Quanto a sua representação

gráfica, uma NF-e deve respeitar padrões de estrutura do documento e dos dados preenchidos.

Por exemplo, uma DANFE deve conter a logomarca da empresa emitente, a sua localização, o

código de barras e a chave de acesso logo no cabeçalho do documento. O corpo da nota, por

sua vez, deve conter todos os dados necessários sobre o destinatário e as informações dos

itens que irão circular no transporte. No rodapé da empresa geralmente há uma seção

destinada a informações complementares da nota e outras informações adicionais importantes.

“Se a emissão dessa Nota Fiscal fosse feita através do método de impressão dos formulários

contínuos, a empresa teria gastos com o envio da via original deste documento para o

comprador. O envio normalmente é feito através de correspondência com caráter de urgência,

obrigando a empresa a usar serviços de correio, como o do SEDEX 10. No caso das NF-e, a

empresa emissora não tem necessidade de enviar uma via desse documento, já que ela

caracteriza-se como um documento eletrônico, sendo de livre acesso para todos que tem como

acessar a internet. Com isso, as empresas se tornam obrigadas apenas a fornecer o número da

chave de acesso do referido documento, para que o comprador das mercadorias possa dar

continuidade em sua contabilidade, usando as informações fornecidas pelo Portal Nacional da

Nota Fiscal Eletrônica.” (Disponibilizado em: <

http://dvl.ccn.ufsc.br/congresso/arquivos_artigos/artigos/211/20080718224409.pdf > .Acesso

em 10/08/2011)

Em termos legislativos, as características de uma NF-e deve atender aos padrões

definidos pela legislação, para que não seja rejeitada no ato de autorização. Esses padrões

referem-se principalmente ao layout e a assinatura digital do emissor. Empresas de

desenvolvimento de sistemas, por exemplo, antes de implantar o módulo da NF-e dentro

software, devem conferir a base de informações no Portal da Nota Fiscal Eletrônica para

respeitar a disposição dos campos na estrutura do documento.

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INTEGRALIZAÇÃO COM A CONTABILIDADE

A NF-e representa uma revolução digital envolvendo Tecnologia da Informação e

interfere diretamente nos setores contábeis. A contabilidade das empresas está passando por

grandes mudanças e adaptações em relação à emissão de notas fiscais, trazendo integração

entre as administrações tributárias a nível federal, estadual e municipal.

A Tecnologia da Informação em integração com a Contabilidade permitiu que

surgissem novas características às transações comerciais e novos aspectos nas análises

econômicas das empresas, com a introdução de novos modelos de negócio onde a

Contabilidade faz a utilização de documentos eletrônicos que oferecem mais confiabilidade e

agilidade na transferência de informações, e a Nota Fiscal Eletrônica é uma dessas

perspectivas.

A integralização da NF-e na Contabilidade cria uma sistemática capaz de unificar

informações fiscais. Neste novo ambiente, a escrituração em livros fiscais não será mais em

formatos físicos, somente em arquivos digitais.

FACILIDADE DE ACESSO NOS DOCUMENTOS ELETRÔNICOS FISCAIS

A Secretaria da Fazenda disponibilizou uma página na Internet para a digitação da

chave de acesso da Nota Fiscal Eletrônica permitindo a consulta dos dados da nota, bem como

os itens e suas respectivas alíquotas, impostos e tributações. A consulta da NF-e fica

disponível por 180 dias na Internet e pode ser realizada a qualquer horário do dia. Para que

um contribuinte ou destinatário possa realizar a consulta, basta possuir uma conexão com a

Internet e acessar o site oficial da Nota Fiscal Eletrônica.

“Atualmente, em plena era digital, surge a Nota Fiscal Eletrônica. As empresas deixarão de

utilizar o jurássico talonário de notas fiscais e suas cópias para migrar e fazer o registro das

operações através do processamento eletrônico e online dos dados. Isso significa que as

empresas vão literalmente invadir os portais das autoridades tributárias municipais, estaduais

e federais e terão suas operações homologadas em tempo real.” (Disponível em:

http://www.sesconms.org.br/artigo_ler.asp?codigo=24 <acesso em 10/08/2011>).

Além disso, quando uma NF-e é autorizada, ela gera um arquivo no formato XML que

pode ser gravado em qualquer mídia eletrônica, garantindo uma maior segurança no

armazenamento de dados. Portanto, a utilização de documentos eletrônicos proporcionou uma

grande facilidade no armazenamento, integridade e recuperação de informações sobre as

Notas Fiscais Eletrônicas.

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Muitas empresas consolidadas com a ideia da Nota Fiscal Eletrônica já criaram o hábito

de fazer cópias dos arquivos digitais ao invés de imprimir os DANFEs e arquivá-las

fisicamente. Em uma futura consulta, basta informar o nome do fornecedor ou cliente para

encontrar facilmente o arquivo XML.

ESCLARECIMENTO SOBRE SEU FUNCIONAMENTO AOS INTERESSADOS

“As empresas interessadas em emitir NF-e deverão, em resumo:

• Solicitar seu credenciamento como emissoras de NF-e na Secretaria da Fazenda em que

possua estabelecimentos. O credenciamento em uma Unidade da Federação não credencia a

empresa perante as demais Unidades, ou seja, a empresa deve solicitar credenciamento em

todos os Estados em que possuir estabelecimentos e nos quais deseja emitir NF-e.

• Possuir certificação digital (possuir certificado digital, emitido por Autoridade Certificadora

credenciada ao ICP-BR, contendo o CNPJ da empresa);

• Adaptar o seu sistema de faturamento para emissão ou utilizar o “Emissor de NF-e”

disponibilizado gratuitamente pelas Secretarias de Fazenda;

• Testar seus sistemas em ambiente de homologação em todas as Secretarias da Fazenda em

que desejar emitir NF-e;

• Obter a autorização da Secretaria da Fazenda para emissão em ambiente de produção (NF-e

com validade jurídica).” (Disponível em: http://www.tactus.com.br/?p=93 <acesso em:

10/08/2011>).

“A orientação da maioria dos consultores fiscais ou de tecnologia da informação para as

empresas que vão adotar a NF-e é semelhante: revisar cadastrados de clientes, fornecedores,

materiais e códigos tributários, e principalmente, procedimentos de trabalho envolvendo

desde os vendedores até os faturistas, para evitar que na hora da mercadoria ser entregue a

nota não saia ou mesmo que ela saia, que a empresa não fique sujeita a uma posterior

fiscalização, que poderá acarretar multas e, no mínimo, aborrecimentos para o empresário.”

(Disponível em: < http://www.contmatic.com.br/dados/boletim/pdf/17.pdf > Acesso em

10/08/2011)

A funcionalidade da Nf-e se dará, através de credenciamento feito na secretaria da

fazenda de cada estado, daquele em que o estabelecimento reside. Sendo assim as empresas

que tenham filiais em outros estados terão que ser habitadas no estado em que se encontra não

podendo ser credenciada pelo estado da matriz. Portanto, para fazer seu credenciamento, será

feito com senha e username, fornecida pelo posto fiscal pertencente à aquela cidade, após isso

irá cadastrar-se no site da secretaria da fazenda do estado em que a ela se encontra. Para

transmissão após será necessário também um certificado digital no padrão ICP-BR, contendo

o cnpj da empresa, sendo este retirado pelo responsável pela mesma. O programa emissor de

NF-e será disponibilizado por cada secretária do estado de origem, com seu manual de

funcionamento e de como emitir a Danfe.

REFERÊNCIAS

AMARO JÚNIOR, Frederico de Souza. Os Impactos Tecnológicos da Implantação da Nota

Fiscal Eletrônica: Um Estudo de Caso Múltiplos. Natal: Universidade Federal do Rio Grande

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183

do Norte, 2008 – Programa de Pós-Graduação em Administração. Disponível:

<ftp://ftp.ufrn.br/pub/biblioteca/ext/bdtd/FredericoSAJ.pdf>. Acesso em: 14/08/2011.

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185

IMPORTÂNCIA DA ANÁLISE DOS MÉTODOS DE CUSTEIO PARA

CORRETA APLICAÇÃO DE PREÇO DE VENDA AOS PRODUTOS

DAS EMPRESAS

Ana Carla Ragassi dos Santos42

Denis Willians Geraldelli43

Júlio Cesar Siqueira44

RESUMO: o presente trabalho tem como objetivo demonstrar e avaliar a importância da

correta análise dos métodos de custeio para correta aplicação de preço de venda aos produtos

das empresas, tentando demonstrar as técnicas existentes que podem ser utilizadas na sua

formação do preço de venda de seus produtos, para a realização do trabalho realizou- se

pesquisa bibliográfica. Também apresentar métodos de custeio que podem ser utilizados pelas

empresas, sendo de fácil entendimento, para que a empresa tenha uma contabilidade correta

que demonstre a verdadeira situação real da empresa. O tema foi escolhido para que

possamos tentar entender e demonstrar a forma correta de se aplicar o preço de venda de

forma clara e precisa.

PALAVRAS – CHAVE: Contabilidade Gerencial, Custos , Tomada de Decisões.

INTRODUÇÃO

Este trabalho objetivou conhecer a importância da análise dos métodos de custeio para

correta aplicação de preço de venda aos produtos das empresas, identificando os métodos

existentes para que os empresários utilizem na formação do preço de venda, e se estes

poderiam auxiliar na gestão da sua empresa. O que pode servir também como sugestão de

melhorias na formação do preço de venda sendo que, um dos pontos-chave para o sucesso de

uma empresa é a prática de bons preços, dando-lhe condições de permanecer no mercado.

Com o título de “Importância da Análise dos Métodos de Custeio para Correta

Aplicação de Preço de Venda aos Produtos das Empresas”, este trabalho visa analisar a

metodologia adotada pela empresa para formação dos preços de venda, como cada empresário

monta o seu preço de venda, em virtude da grande concorrência, procurando mostrar os

métodos de custeio existentes para elaboração dos preços de vendas para seus produtos em

todos os setores, aonde a preocupação que vem arruinar as empresas é o custo. Onde, quanto

42

Graduanda da Unijales - [email protected] 43

Graduando da Unijales - [email protected] 44

Docente da Unijales e FAMA – [email protected]

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maior, menor a chance de competir no mercado, menor a margem de lucro, elevando assim, o

grau de risco do negócio.

Para (Martins, 2003, p. 21) a contabilidade custos:

Devido ao crescimento das empresas, com o conseqüente aumento da distância entre

administrador e ativos e pessoas administradas, passou a contabilidade de custos ser

encarada como uma eficiente forma de auxílio no desempenho dessa nova missão, a

gerencial.

O comércio é um dos principais setores afetados em relação à concorrência, pois ele fica

totalmente exposto aos olhos do público. Por isso, as instalações físicas, as mercadorias e

aqueles que fazem o atendimento têm que estar em perfeita harmonia e lógica, ou seja, tudo

tem que estar compatível com o perfil da clientela e para o crescimento do negócio.

(Martins, 2003, p. 306) define a grande função do sistema de custos das empresas em:

Sistema de custos é o conhecimento do que ocorre. E esse primeiro levantamento já

começa a causar diversos problemas de natureza comportamental dentro de qualquer

empresa. Mesmo quando ele é implantado não essa finalidade de controle, acaba por

provocar reações.

CONTABILIDADE DE CUSTOS

A contabilidade de custos deve ser entendida como um conjunto de moldes que

contribui na ligação entre os empresários e a lucratividade da empresa. A contabilidade de

custo deu origem na contabilidade financeira, que surgiu no início da idade média, que era

conhecida como era dos artesões. Com a Revolução Industrial ocorrida no século XVIII

surgiu uma nova fase para a contabilidade de custos.

(Leone, 2000, p. 19) descreve a contabilidade de custos como:

A Contabilidade de Custos é o ramo da Contabilidade que se destina a produzir

informações para os diversos níveis gerenciais de uma entidade, como auxílio às

funções de determinação de desempenho, de planejamento e controle das operações,

e de tomada de decisões.

A Contabilidade de Custos possui uma ampla complexidade desde sua divulgação,

chegando depois da Contabilidade Financeira.

Na contabilidade de custos, é necessário que se desenvolva um tipo de custo específico

de acordo com o objetivo e finalidade que a empresa deseja atingir. Com a área de custo

definida, a empresa pode implantar uma série de mudanças, aproveitando as informações,

para deduzir os custos como uma ferramenta estratégica.

(Padoveze, 2009, p. 310) se refere a custos da seguinte forma:

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São os gastos, não investidos, necessários para fabricar os produtos da empresa. São

os gastos efetuados pela empresa que farão nascer os seus produtos. Portanto,

podemos dizer que os custos são os gastos relacionados aos produtos,

posteriormente ativados quando os produtos objeto desses gastos forem gerados. De

modo geral são os gastos ligados à área industrial da empresa.

FLUXO COMPARATIVO ENTRE EMPRESAS COMERCIAIS E

INDUSTRIAIS

Transforma

MOD + CIF

Compra VendeCompra

MD Vende

Empresa Comercial Empresa Industrial

Fonte: Adaptado. (Crepaldi, 2002, p. 15)

DIFERENÇAS ENTRE CUSTOS X DESPESAS

Nas empresas existem diferenças entre custos, despesas, investimento e perdas

destaca-se que os custos são advindos da produção, as despesas são vindas da administração

do produto. Já as perdas podem ser ocasionadas por tragédias ou eventuais danos e os

investimentos destacam-se pela aquisição de um imobilizado.

Para (Leone, 2000, p. 48) “As perdas representam a diminuição de um ativo sem que

haja a contrapartida de uma receita ou de um ganho”

Já (Bornia, 2010, p. 17) se refere à perda como um desperdício sendo assim:

Desperdício é o esforço econômico que não agrega valor ao produto da empresa e

nem serve para suportar diretamente o trabalho efetivo. Esse conceito é mais

abrangente do que o anterior, pois alem das perdas anormais, engloba também, as

ineficiências normais do processo.

Portanto perda e desperdício acabam sendo a mesma coisa, só que a perda representa a

diminuição do ativo, já os desperdícios seria diretamente o trabalho efetivo efetuado pelos

funcionários da empresa, ou pelas máquinas.

CUSTO FIXO

Segundo (Crepaldi, 2002, p. 217) “Custo fixo é o que não varia em função do volume

de produção. Por exemplo: o aluguel do prédio da fábrica será o mesmo, embora a quantidade

produzida se altere.”

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Os Custos fixos são a soma de todos os fatores fixos de produção, independente do

ramo de atividade da empresa, não importa se ela está, produzindo ou vendendo, os custos

fixos existem da mesma forma. Os custos fixos existem mesmo que não haja produção, sendo

assim é indiferente se a empresa produza 50 ou 70 ou até nada de cada produto.

Para (Martins, 2003, p. 34) existe diferença entre a classificação de custos fixos e

variáveis.

Custos Fixos e Variáveis são uma classificação que não leva em consideração o

produto, e sim o relacionamento entre o valor total do custo num período e o volume

de produção. Fixos são os que num período têm seu montante fixado não em função

de oscilações na atividade, e Variáveis os que têm seu valor determinado em função

dessa oscilação.

A diferença dos custos variáveis que são aqueles que variam proporcionalmente de

acordo com as vendas realizadas ou nível de produção industrial. Portanto os Custos fixos são

considerados aqueles que não sofrem alteração de valor em caso de aumento ou diminuição

das vendas ou da produção, independente do nível de atividade da empresa. Um exemplo de

custos fixos é: Limpeza e Conservação, Aluguéis, Salários de Funcionários, Impostos a pagar,

Telefone, Etc. e também outro exemplo que pode ser dito é aluguel da empresa, mesmo

quando sofre reajuste em determinado mês, não deixa de ser considerado como custo fixo,

uma vez que terá o mesmo valor, qualquer que seja a produção do mês.

CUSTO VARIÁVEL

Para (Crepaldi, 2002, p. 218) “Custo variável é aquele que varia em função da

quantidade produzida. Assim quanto maior a quantidade produzida, maior o custo variável

total.”

Os Custos Variáveis são aqueles cujos seus valores se alteram em função do volume

de produção da empresa um exemplo claro é o consumo de matéria-prima, onde se não

houver matéria-prima consumida o seu custo será nulo, no entanto os custos variáveis

aumento á medida que irá aumentando a produção. Para (Bornia, 2010, p.35) “No custeio

variável, ou direto, apenas os custos variáveis são relacionados aos produtos, sendo os custos

fixos considerados como custos do período”.

Segundo (Martins, 2003, p. 33) ele descreve custos variáveis como: “Quanto maior a

quantidade fabricada, maior seu consumo. Dentro, portanto, de uma unidade de tempo (mês,

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nesse exemplo), o valor do custo com tais materiais varia de acordo com o volume de

produção; logo, materiais diretos são Custos Variáveis.”

DESPESA

As Despesas são conhecidas como o valor dos insumos que são consumidos no

funcionamento da empresa e não são identificadas como fabricação, no entanto as despesas

são diferenciadas dos custos de fabricação, pois elas estão interligadas com a administração

da empresa e a comercialização dos produtos.

(Bornia, 2010, p. 16) se refere à despesa como:

Despesa é o valor dos insumos consumidos para o funcionamento da empresa e não

identificados com a fabricação. refere-se às atividades fora do âmbito da fabricação,

geralmente sendo separada em Administrativa, Comercial e Financeira. Portanto, as

despesas são diferenciadas dos custos de fabricação pelo fato de estarem

relacionadas com a administração geral da empresa e a comercialização do produto.

As despesas fixas são aquelas que o seu valor não depende do valor das vendas,

exemplo: aluguel, honorários de contador, salário de funcionários entre outros. Já as despesas

variáveis são aquelas que o valor a ser pago depende do total a ser vendido, pois só haverá

despesa variável são existirá se houver venda ou unidades produzidas um exemplo são as

comissões sobre as vendas e os impostos.

(Leone, 2000, p. 345) “A separação das despesas e dos custos em fixos e variáveis e o

conceito do custeamento variável destinam-se a desenvolver informações que auxiliam a

gerência no desempenho de suas funções de planejamento e de tomada de decisões.”

No Brasil as despesas de entidades privadas são demonstradas na DRE, conforme pede

as Normas Brasileiras de Contabilidade, ela vem logo depois do Lucro Líquido Operacional.

MÉTODOS DE CUSTEIO

Para (Crepaldi, 2004, p. 223) “Custear significa acumular, determinar custos.

Custeio ou custeamento são métodos de apuração de custos, maneiras segundo as quais

procederemos à acumulação e apuração dos custos.”

A palavra custeio significa a apropriação de custos, os métodos de custeio são

aplicados aos custos indiretos e buscam a melhor forma de levá-los ao custo total do produto,

já que os custos diretos são plenamente identificáveis por produto.

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(Bornia , 2002, p. 53) diz “[...] que os princípios de custeio estão ligados aos objetivos

dos sistemas de custos, onde estão relacionados aos objetivos da contabilidade de custos

sendo eles: a avaliação de estoques, o auxílio ao controle e a tomada de decisões [...]”

Os métodos de custeio significam identificar os gastos inseparáveis ao processo

produtivo, acumulando-os de maneira organizada aos produtos. Estes custos podem ser

aplicados a diferentes objetos como produtos, atividades, departamentos, processo e outras

formas que o gestor possa demonstrar interesse.

MÉTODOS DE CUSTEIO

Por Absorção Variável ou Direto

Receita Vendas Receitas Vendas

(-) CPV (-) Custo Fixo (-) CPV

(-) DV

Lucro Bruto Margem de Contribuição

(-) Despesas Operacionais (-) Despesas Variáveis (-) Despesas Operacionais

(-) Custo Fixo

Lucro Líquido Lucro Líquido

Fonte: Adaptado (Crepaldi, 2002, p. 224)

CUSTEIO VARIÁVEL

O Custeio variável é um tipo de custeio que consiste em resumir como o custo de

produção do período em apenas custos variáveis que não ocorreram. Já os custos fixos que

existem mesmo que não haja produção, não entram como custo de produção e sim é

conhecido como despesas, pois são encerradas contra o resultado do período. Segundo

(Leone, 2000, p. 343) “O custeamento variável, como o próprio nome indica, enfatiza a

analise das despesas e custos variáveis de qualquer objeto de custeio.”

Portanto os custos dos produtos vendidos e os estoques finais dos produtos em

elaboração só conterão os custos variáveis. O método de custeio variável estabelece a

separação dos gastos em gastos fixos e gastos variáveis, ou melhor, os gastos que varia de

acordo com a proporção do volume de produção, vendas e gastos variantes dentro dos limites.

(Bornia, 2010 p. 31) “No entanto, antes de alocarmos os custos aos produtos, é

necessário analisar qual a parcela desses custos que deve ser considerada. Essa etapa,

anteriores ao método, relaciona-se com o principio de custeio.”

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Esse sistema de custeio traz informações relevantes como a margem de contribuição, e

é também o sistema responsável para as tomadas de decisões na empresas. Os métodos de

custeio atribuem para cada custo uma classificação especifica, na parte de custos fixos e

variáveis.

(Leone, 2000, p. 342, 343) nos fala sobre custeio variável como:

O custeio variável é muito empregado nos casos em que há grande variedade de

produtos diferentes. Uma vez que o conceito determina que cada produto tenha seus

próprios custos diretos e indiretos, surge imediatamente a margem de contribuição

total ou unitária por produto.

O interessante é que esse método de custeio não é aceito para os demonstrativos

externos, pois fere os princípios contábeis que são aceitos no Brasil, ele desobedece também o

principio da competência, pois os custos fixos são colocados diretamente na DRE sem ter

acontecido à venda. E também não é aceito perante a legislação do imposto de renda.

CUSTO DIRETO

O custo direto é aquele que é identificado e apropriado a cada tipo de obra a ser

custeado, no momento de sua ocorrência, ou melhor, ele está ligado a cada tipo de função de

custo, sem qualquer rateio,entende se por rateio a distribuição arbitraria dos custos que não

são diretamente identificados e apropriados aos objetos de custeio É aquele que pode ser

distribuído direto a um produto, ele não necessita de rateios para ser atribuído ao objeto

custeado, para melhor entender são aqueles custos que são incluídos diretamente no calculo

dos produtos. Alguns exemplos de custos diretos são: mão de obra direta, matérias-primas

usados na fabricação do produto e serviços aplicados diretamente nos produtos.

Para (Crepaldi, 2002, p. 49) “Custos Diretos são os custos que podemos apropriar

diretamente aos produtos, e variam com a quantidade produzida. Exemplo: Material Direto

(MD) e Mão-de-obra Direta (MOD).”

Os custos diretos têm a propriedade de serem perfeitamente medidos de maneira

objetiva, os custos são qualificados aos produtos finais.

Material direto é o custo de qualquer material identificado com o produto que se torne

parte integrante dele. Alguns exemplos de materiais diretos são matéria-prima, material

secundário e embalagens. O Custo do material é alcançado através da seguinte formula:

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De acordo com (Crepaldi, 2002, p. 49) “Material Direto é o custo de qualquer material

diretamente identificável com o produto e que se torne parte integrante dele. Exemplo:

matéria-prima, material secundário, embalagens.”

(Leone, 2000, p. 26) “O critério do custo direto (ou variável) é aquele que só inclui no

custo das operações, dos produtos, serviços e atividades os custos diretos e variáveis.”

CUSTO INDIRETO

Custos Indiretos são os custos que não se pode apropriar diretamente a cada tipo de

produto no momento de sua ocorrência, eles são apropriados aos portadores finais mediante

emprego de critérios pré-determinados e vinculados a causas correlativas, como a mão-de-

obra indireta distribuída (rateada) por horas.

(Martins, 2008, p. 86) nos fala dos custos indiretos como:

Os custos indiretos devem ser rateados segundo os critérios julgados mais

adequados para relacioná-los aos produtos em função dos fatores mais relevantes

que se conseguir. Critérios bons numa empresa podem não sê-los em outra, em

virtude das características especiais do próprio processo de produção. É

absolutamente necessário que as pessoas responsáveis pela escolha dos critérios

conheçam bem o processo produtivo.

Ele necessita de taxas e critérios de rateio para atribuição ao produto custeado, ou

melhor, são aqueles que apenas por meio de aproximação podem ser rateados aos produtos

por algum critério.

Alguns exemplos de custos indiretos são: mão de obra indireta, materiais indiretos,

outros custos indiretos.

Segundo (Crepaldi, 2002, p. 95) “Custos Indiretos são os que não podemos identificar

diretamente com os produtos e necessitamos de rateio para fazer a apropriação.”

Os custos indiretos são disponibilizados ao objeto de custo por meio de um método de

alocação de custos denominado rateio, são aqueles que não oferecem nenhuma condição de

medida objetiva. Os custos indiretos costumam envolver itens empregados em grande

número, mas de pequeno custo unitário.

(Martins, 2008, p. 79) escreve sobre custos indiretos como. “Todos os Custos indiretos

só podem ser apropriados, por sua própria definição, de forma indireta aos produtos, isto é,

mediante estimativas, critérios de rateio, previsão de comportamento de custos etc.”

Além dos custos, as despesas também podem ser classificadas como diretas ou

indiretas, onde os custos são classificados em direto ou indireto em relação ao produto, as

despesas são classificadas em relação à origem da receita.

CUSTEIO PADRÃO

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O custeio padrão é determinado pela mão-de-obra, custos indiretos e materiais, onde

os materiais são considerados passíveis de modificações, destacando o preço, a taxa de

aproveitamento, perdas naturais, quantidade, e especificações. Para a mão de obra é

considerado o tempo que se gasta para a execução de cada etapa. Já os custos indiretos têm

grande dificuldade para que se estabeleça um padrão.

Segundo (Padoveze, 1996, p. 263) “Custo-Padrão é uma técnica para avaliar e

substituir a utilização do custo real.”

O Custo-Padrão tem como medida de eficiência quando colocado em comparação com

os custos reais, ele fornece oportunidade de controle e avaliação de desempenho no sentido de

buscar o curso esperado, através das análises das variações identificadas.

O Custo-Padrão tem como finalidade o controle dos custos, tendo como objetivo fixar

uma base de comparação entre o que ocorreu de custo e o que deveria ter ocorrido. Portanto o

custo padrão não elimina o custo real, pois a implantação do custo padrão só pode ser bem

sucedida onde existe um bom sistema de custo real.

(Leone, 2000, p. 285) se refere ao objetivo principal do custo padrão como:

O objetivo principal do custo-padrão é estabelecer uma medida planejada que será

usada para compará-los com os custos reais ou históricos (aqueles que aconteceram

e foram registrados pela Contabilidade) com a finalidade de revelar desvios que

serão analisados e corrigidos, mantendo, assim, o desempenho operacional dentro

dos rumos previamente estabelecidos. O funcionamento do sistema de custos-padrão

é análogo a muitos outros sistemas ou métodos praticados no dia-a-dia e muito

conhecidos.

Os grandes responsáveis pela implantação de padrões na empresa são os empresários,

ou seja, os próprios donos, mas para que ele realmente funcione da forma correta e ter sucesso

isso dependerá do grau de qualidade que a empresa der quanto á localização e reparação

quanto às diferenças encontradas entre o custo padrão e o real, em caso de comparações.

Segundo (Bornia, 2010 p. 77) “A sistemática do custo padrão pode ser aplicada a

todos os custos da empresa, apenas para os custos de matéria-prima, para os de mão de obra

direta ou para os insumos mais relevantes, dependendo do que se julgar conveniente.”

Os contadores de custos, junto com os responsáveis pelas operações e pela

administração analisam e definem o que são consideradas grandes e pequenas variações,

sendo que cada caso é um caso, pois não existem medidas padronizadas a serem adotadas.

(Bornia, 2010, p.76) mostra a idéia básica do uso de custos para o controle da

empresa:

O objetivo principal do procedimento do custo padrão é fornecer suporte para o

controle dos custos da empresa. A idéia básica do uso de custos para controle é

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fornecer um padrão de comportamento para os custos, ou seja,fixar quais deveriam

ser os montantes para,ao final da apuração dos custos do período,proceder-se á

comparação com os custos realmente ocorridos.

As principais vantagens do custo padrão são: avaliar inventários e desempenho, fixar

preços de venda, controlar e reduzir custos, remover e medir a eficiência do sistema

produtivo, simplificar os processos de custo.

CUSTEIO POR ABSORÇÃO

Esse método é derivado do sistema que foi desenvolvido na Alemanha no início do

século XX conhecido como RKW que significa Reichskuratorium für Wirtschaftlichkeit.

(Martins, 2003, p. 24) nos fala sobre custeio de absorção como:

Custeio por Absorção é o método derivado da aplicação dos princípios de

contabilidade geralmente aceitos, nascido da situação histórica mencionada.

Consiste na apropriação de todos os custos de produção aos bens elaborados, e só os

de produção; todos os gastos relativos ao esforço de produção são distribuídos para

todos os produtos ou serviços feitos.

O custeio por absorção integral é aquele que faz debitar ao custo dos produtos todos os

custos da área de fabricação, seja eles custos diretos ou indiretos, fixos ou variáveis, de

estrutura operacional, ou seja, o procedimento é fazer com que cada produto ou serviço

absorva parcela dos custos diretos e indiretos, que estão interligados a fabricação.

Conforme (Padoveze, 2009, p. 342) “O Custeio Integral é a continuidade do Custeio

por Absorção, incluindo as despesas administrativas e comerciais.”

Tudo que é gasto na fabricação dos produtos são distribuídos, ou melhor, rateados para

todos os produtos fabricados, a principal distinção que existe no uso do custeio por absorção é

entre a despesa e o custo.

Para (Crepaldi, 2002, p. 219) “Custeio por absorção é o método derivado da aplicação

dos princípios fundamentais de contabilidade e é, no Brasil, adotado pela legislação comercial

e pela legislação fiscal.”

A separação dele é relevante, pois os custos relativos aos produtos em fase de

elaboração e os produtos acabados que não foram vendidos são ativadas nos estoques desses

produtos, já as despesas são jogadas contra o resultado do período.

Conforme (Padoveze, 2009, p. 331, 332) se refere ao custeio por absorção da seguinte

forma:

É o método tradicional de custeamento, onde, para se obter o custo dos produtos,

consideram-se todos os gastos industriais, diretos ou indiretos, fixos ou variáveis. Os

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gastos industriais indiretos ou comuns são atribuídos aos produtos por critérios de

distribuição.

Atualmente pela legislação tributária brasileira do imposto de renda esse método é

adotado, e é vetado o método direto ou variável. (Martins, 2003, p. 42) “Entretanto, este

sistema de custeio é utilizado obrigatoriamente pela legislação brasileira, com algumas

exceções.”

Entretanto um dos pontos desfavoráveis do Custeio por Absorção seria a sua utilização

dos rateios para distribuir os custos entre os departamentos, fazendo com que possa distorcer a

rentabilidade dos produtos, onde alguns ficariam beneficiados e outros sentiriam se

penalizados.

CUSTEIO BASEADO NO ABC (CUSTO BASEADO EM ATIVIDADES)

O custeio Baseado em Atividades ou custeio ABC (Activity Based Costing) é um

método de custeio que está baseado nas atividades que a empresa efetua no processo de

fabricação de seus produtos. Deu inicio na década de 80 pelos professores americanos Robert

Kaplan e Robin Cooper.

O sistema de custeio ABC, procura amenizar de forma igual às distorções provocadas

pelo uso do rateio, mas existe mais de um modelo de ABC, o que dificulta o que se entende

por custeio baseado em atividade.

Para (Wernke, 2005, p. 40) as vantagens proporcionadas pelo custeamento ABC são:

1. Identifica as atividades que agregam valor (ou não) e a permanência dos recursos

consumidos por elas.

2. Melhora a atribuição dos custos aos produtos pela eliminação das distorções

propiciadas pelo custeio tradicional (Absorção), atribuindo a elas os custos

efetivamente incorridos.

3. Permite uma melhor gestão da rentabilidade individual de cada produto (ou

cliente) e sua contribuição para o negocio.

A importância da utilização do sistema ABC é porque o sistema não dá valor somente

aos estoques e sim proporciona informações gerencias que é de grande ajuda nas tomadas de

decisões da empresa. O que diferencia o sistema de custeio ABC é sua utilização na

implantação e aperfeiçoamento dos controles internos da entidade.

(Martins, 2008, p. 87) fala do método de custeio ABC:

O ABC pode ser aplicado, também aos custos diretos, principalmente á mão-de-obra

direta, e é recomendável que o seja; mas não haverá, neste caso, diferenças

significativas em relação aos chamados “sistemas tradicionais”. A diferença

fundamental está no tratamento dado aos custos indiretos.

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196

O método de custeio do ABC surgiu com o objetivo principal de aprimorar e

disponibilizar os custos indiretos fixos aos produtos e serviços prestados pelas empresas. A

idéia básica do método ABC é tomar os custos de várias atividades realizadas pela empresa e

atender os seus comportamentos, encontrando as bases que representam a relação entre

produtos e atividades.

(Padoveze, 2009, p. 342) nos fala sobre custeio ABC como:

O Custeio ABC, embora seja sempre comparado com o Custeio por Absorção

(conceitualmente é um conceito de absorção/ alocação), em tese, deveria incorporar

também o custo das atividades administrativas e comerciais, por meio dos

direcionadores de custos dessas atividades. Dessa maneira, o Custeio ABC é um

custeio por absorção integral.

Na realidade este método busca identificar as atividades importantes que geram os

custos necessários para os produtos, sendo assim um departamento pode termais de uma

atividade, fazendo com que consiga se identificar uma atividade importante para cada

departamento.

Para que se possa utilizar esse método de custeio, é necessária a definição de atividade

que são importantes dentro dos departamentos das empresas, é preciso saber os devidos

direcionadores de custos que irão disponibilizar os diversos custos dentro destas atividades.

(Martins, 2008, p. 103) “Custeadas as atividades, a relação entre estas e os

produtos são definidas pelos direcionadores de custos de atividades, que levam o custo de

cada atividade aos produtos (unidade, linhas ou famílias).”

A atividade para o ABC é definida como um processo que combina com todos os

fatores de produção, matéria-prima, pessoas, equipamentos e tecnologias com objetivo de

produzir produtos e serviços.

(Padoveze, 2009, p. 359) fala as vantagens do custeamento por atividades:

As vantagens do custeamento por atividades como método para proceder a uma

distribuição dos custos indiretos de fabricação aos produtos de forma mais acurada

parecem claras. Permite apurar custos de forma mais precisa, ao mesmo tempo que

auxilia no processo de controle dos custos das atividades.

O ABC, como sistema de custeio de produtos e serviços é uma alternativa

inteligente no processo de gestão das organizações, podendo ser entendido como uma

vantagem competitiva. O propósito do ABC é que os recursos de uma organização são

consumidos por suas atividades e não pelos produtos que elas fabricam, sendo assim todas as

atividades devem receber parte dos custos. Ele traz informações precisas sobre quanto custou

um determinado produto ou serviço, fazendo com que a empresa tenha melhor condição de

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197

negociar com seus clientes lhe oferecendo possibilidades de realizar vendas e por

conseqüência o lucro, pois assim saberá exatamente o que fazer.

TAXA DE MARK-UP

Um dos métodos utilizados para o calculo do preço de venda é o mark-up, por ser mais

prático é o mais conhecido nos negócios, pois resume em uma simples aplicação de um índice

sobre o custo. Esse índice é conhecido como mark-up, que pode ser tanto divisor quanto

multiplicador ou divisor. Uma tradução simples desse termo inglês seria remarcar para cima.

(Padoveze, 2009, p. 422) “Nada impede, porém, que possamos construir um mark-up

básico para cada produto, linha de produtos ou divisões.”

Portanto podemos entender que o mark-up não é a mesma coisa que o lucro, pois o

lucro é uma parte da estrutura do mark-up.

De acordo com (Padoveze, 2009, p. 421) os elementos constantes do Mark-up são os

seguintes:

Mark-up I – Despesas e margem de lucro

a) despesas administrativas;

b) despesas comerciais;

c) outras despesas operacionais (assistência técnica, engenharia);

d) custo financeiro de produção e vendas;

e) margem de lucro desejada;

Mark-up II – Impostos sobre vendas

f) ICMS;

g) PIS;

h) COFINS;

A inclusão das despesas administrativas na estrutura do mark-up facilita o preço de

venda final aos empresários.

MARK-UP DIVISOR

Mark-up divisor é conhecido desta forma pelo fato de o custo de produção ser dividido

pelo percentual do Markup Divisor para se obter o preço de venda.

Mark-up é um termo usado pela economia para indicar o quanto o preço do produto

está acima do custo de produção e distribuição, ele pode ser declarado como uma quantia

fixada ou um percentual, esse valor representa a quantia que será cobrada sobre o produto

para se obter o preço de venda.

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198

Esse percentual do preço de venda é o que paga todas as contas, que só existe quando

ocorre a venda do produto ou serviço prestado para as pessoas ou empresas.

MARK-UP MULTIPLICADOR

Para os empresários de micro e pequena empresa a melhor maneira de se aplicar o

Mark-up seria o multiplicador por produto, pois cada produto tem a sua margem de lucro,

onde as margens diferentes teriam multiplicadores diferentes, mesmo que os seus gastos

sejam os mesmos.

Para (Padoveze, 2009, p. 420) ressalta o mark-up multiplicador de forma que:

É importante ressaltar que, apesar de mark-up ser um multiplicador aplicado sobre o

custo dos produtos, sua construção está ligada a determinados percentuais sobre o

preço de venda. Todos os componentes do mark-up são determinados através de

relações percentuais médias sobre preços de vendas e, a seguir, aplicado sobre os

custos dos produtos.

Ele é um índice aplicado sobre o custo do produto para a sua formação do preço de

venda, ele deve cobrir os impostos e taxas aplicados nas vendas, os custos indiretos fixos, os

custos financeiros, as despesas administrativas fixas, as despesas de vendas fixas e o lucro

desejado.

(Padoveze, 2003, p. 387) descreve o Mark-up da seguinte forma:

O Mark-up é uma metodologia para se calcular preços de venda de forma rápida a

partir do custo de absorção de cada produto. A partir deste custo, aplica-se um

multiplicador de tal forma que os demais elementos formadores do preço de venda

sejam adicionados ao custo a partir desse multiplicador.

MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO X LUCRO

(Crepaldi, 2000, p. 224) “A Margem de Contribuição representa o valor que cobrirá os

Custos e Despesas fixos da empresa e proporcionará o lucro.”

A Margem de contribuição é a diferença entre a receita total das vendas menos os

custos e despesas variáveis. Sendo assim a margem de contribuição é uma parcela da receita

total das vendas que ultrapassa os custos e as despesas variáveis e que contribui para cobrir as

despesas fixas e formar o lucro.

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199

Portanto a margem de contribuição é o quanto o preço de venda, depois de

deduzidos os custos variáveis contribui para o pagamento dos custos fixos.

A fórmula para se calcular a margem de contribuição é a seguinte:

Fonte: Adaptado (Crepaldi, Curso Básico de Contabilidade de Custos, 2002, p. 224)

Onde: MC = Margem de Contribuição

RV = Vendas Totais

CV = Custos Variáveis Total

Margem de contribuição é o restante do dinheiro que sobra do preço de venda de um

produto, serviço ou mercadoria, depois de ser retirado o valor do custo variável e as despesas

variáveis, o que sobra é a quantia que irá garantir a cobertura dos custos fixos e do lucro, após

a empresa atingir o ponto de equilíbrio, ou seja, ela representa uma margem de cada produto a

ser vendido e contribuirá na cobertura dos custos e despesas fixas.

(Wernek, 2005, p. 99) se refere à margem de contribuição como uma expressão onde:

Margem de Contribuição designa o valor resultante da venda de uma unidade após

serem deduzidos, do preço de venda respectivo, os custos e despesas variáveis

(como matérias-primas, tributos incidentes sobre a venda e comissão dos

vendedores) associados ao produto comercializado. A Margem de contribuição pode

ser conceituada como o valor (em $) que cada unidade comercializada contribui

para, inicialmente, pagar os gastos fixos mensais da empresa e, posteriormente,

gerar o lucro do período.

Para (Bornia, 2010, p. 55) “A margem de contribuição é o montante da receita

diminuída dos custos variáveis. A margem de contribuição unitária, analogamente, é o preço

de venda menos os custos variáveis unitários do produto.”

(Leone, 2000, p. 336) “A contribuição marginal tem papel importante no auxilio a

gerencia na tomada de decisões de curto prazo.”

PONTO DE EQUILÍBRIO

O ponto de equilíbrio é o nível de vendas no qual o lucro é nulo. Ele é o nível de

atividade em que as receitas totais e os custos totais se igualam, ou seja, onde o lucro é igual a

zero.

De acordo com (Leone, 1998, p. 377) “O ponto de Equilíbrio é o ponto da atividade da

empresa no qual não há lucro nem prejuízo, isto é, o ponto em que a receita é igual ao custo

total, assim, além do ponto de equilíbrio, a empresa obterá lucros”

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200

Ponto de Equilíbrio

Fonte: (Martins, 2008, p. 258).

O ponto de equilíbrio é o indicador de segurança para as empresas, pois ele indica qual

o momento certo que a empresa estará igualando suas receitas e seus custos, e com isso será

eliminado a possibilidade de prejuízo. O ponto de equilíbrio operacional da empresa é o nível

de vendas que deve se ter necessárias para cobrir todos os seus custos operacionais.

(Crepaldi, 2002, p. 225) “A empresa está no ponto de equilíbrio quando ela não tem

lucro ou prejuízo; nesse ponto, as receitas totais são iguais aos custos totais ou despesas

totais.”

Não são todas as empresas que sabem a quantidade mínima de produtos a serem

produzidos ou vendidos para se obter resultados positivos, isso ocorre porque muitas não

conhecem e nem enxergam o ponto de equilíbrio como uma ferramenta de grande relevância e

útil e de fácil aplicação. O Ponto de Equilíbrio é o quociente simples da divisão dos valores

dos custos e despesas fixas pela margem de contribuição.

Ponto de equilíbrio vem do inglês break-even-point, que é a denominação que se dá ao

estudo nas empresas, no setor da contabilidade, onde o total das receitas é igual ao total das

despesas, sendo assim o resultado final ou o lucro final seriam zero, existem estudos que

demonstram a forma correta de se fazer o cálculo.

(Padoveze, 2009, p. 379) “O ponto de equilíbrio é também denominado de ponto de

ruptura (break-even point).”

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201

Dependendo da necessidade da informação e da fórmula como é calculado, o ponto de

equilíbrio recebe denominações diferentes: Ponto de Equilíbrio Contábil (PEC); Ponto de

Equilíbrio Econômico (PEE) e Ponto de Equilíbrio Financeiro (PEF).

PREÇO DE VENDA

A formação do preço de venda utilizando as analises de custos através dos métodos

tempos e movimentos na produção não costuma se fazer para micro e pequenas empresas,

pois os empresários acham que isso não tem importância na atribuição dos produtos, sendo

que esse fator não deve ser considerado, pois todas as empresas podem e devem haver um

controle correto para formação de seu preço de venda e mesmo que pra alguns analisar o

ponto de equilíbrio e a sua margem de contribuição seja mera perca de tempo.

O preço de venda ideal é aquele que cobre todas as despesas e seus custos e ainda

sobra o lucro líquido, ele tem que ser competitivo e ser melhor que o preço da concorrência

que assim será determinante para os resultados da empresa.

Não se pode deixar de lembrar os itens que fazem parte da estrutura do preço de venda

como: Custo das mercadorias vendidas, Despesas Variáveis, Despesas Fixas, Margem de

Lucro Desejado.

Para as empresas estabelecer o preço de venda é um dos fatores importantes, para

tomada de decisões nas empresas. Se os três aspectos que são considerados relevantes como

Custos e Despesas, Competitividade e Rentabilidade se eles estiverem e harmonia a empresa

com certeza fará sucesso, mas a grande preocupação dos empresários é que o dia a dia traz

situações que abala esses aspectos onde pode representar resultados negativos para as

empresas, caso o cálculo seja feito erradamente pode reduzir os lucros e principalmente

dificultar as vendas dos produtos.

PREÇO DE VENDA BASEADO NO MARK-UP

A formação de preço de venda aplicado ao mark-up é determinada pela soma dos

impostos mais as despesas com a estrutura da empresa mais seus custos fixos e variáveis,

mais a margem de lucro desejada pelo empresário.

Ele não deve ser confundido com o lucro de empresa se maneira alguma, pois ele

ocorre sobre o custo variável, ou seja, ele se destina a cobrir o custo fixo. Sendo assim a

margem pode ser dividida em duas partes uma responsável em cobrir os custos fixos e a outra

responsável pelo lucro.

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202

Conforme (Padoveze, 2009, p. 427) a formação do preço de venda pelo mark-up é

realizado da seguinte forma:

A formação de preços de venda normalmente é elaborada a partir de custos-padrão

ou custos estimados, buscando conseguir preços formados a partir de condições

operacionais normais da empresa. Assim, o conceito de faturamento padronizado ou

faturamento normativo vem a ser um elemento importante para a construção do

Mark-up, bem como da margem de lucro desejado.

Para melhor entendermos, o mark-up representa um percentual sobre o preço de

venda, necessário para cobrir uma parcela de despesas diretamente relacionadas aos produtos,

impostos e margem de lucro pretendida. Uma empresa pode ter quantos Markups achar

necessários, ou seja, ela pode ter um Mark-up por produto, ou por linha de produtos, o mark-

up e o lucro são conceitos diferentes, pois o lucro se integra ao mark-up.

PREÇO DE VENDA BASEADO NO LEVANTAMENTO DE CUSTOS E DESPESAS

DA EMPRESA.

O empresário acaba incluindo um percentual relativo no Mark-up, sendo o caminho

que pode ser seguido passa por obter o valor total dos seus gastos fixos mensal, em seu devido

faturamento mensal. No entanto as empresas devem ter um controle dos seus gastos fixos

mensais.

(Crepaldi, 2002, p. 225) “O planejamento do lucro exige uma compensação das

características dos custos e de seu comportamento em diferentes níveis operacionais.”

Não pode deixar de citar também que os gastos que forem efetuados no decorrer do

mês, que geram benefícios por mais de um período mensal, ou seja, por vários outros meses,

deve ser divididos pelos outros meses de uso.

De acordo com (Wernke, 2005, p.155) “Os gastos fixos são rateados aos produtos com

o preço de venda (faturamento), independente do consumo de recursos que cada um deles

faz.”

METODOLOGIA DE PESQUISA

O trabalho desenvolveu-se fundamentado sob o tipo de pesquisa bibliográfica com

leitura, análise e compreensão de livros e artigos técnicos disponibilizados em revistas e na

internet cujas fontes foram legitimamente citadas conforme pede a Associação Brasileira de

Normas Técnicas (ABNT) para apresentação de trabalhos acadêmicos.

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203

(Gil, 2008, p.50) fala o que é a pesquisa bibliográfica:

A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído

principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos os estudos

seja exigido algum tipo de trabalho desta natureza, há pesquisas desenvolvidas

exclusivamente a partir de fontes bibliográficas.

Utilizaram-se os dados disponíveis principalmente em livros técnicos que

serviram de suporte para formação do conhecimento e aprofundamento do tema abordado no

trabalho, procurando mostrar aos empresários ás técnicas existentes para se calcular o preço

de venda dos produtos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante da pesquisa mostramos os diversos tipos de métodos de custeio existentes para

auxílio do empresário na elaboração de preço de venda de seus produtos.

Afirma (Pizzolato, 2004, p. 137) que:

A contabilidade de custos é uma exigência fundamental da administração moderna,

e seu objetivo maior é a identificação e divulgação de informações detalhadas sobre

custos, que devem ser usadas para controlar as atividades da empresa, planejar suas

operações e dar base aos diversos processos gerenciais.

A formação dos preços de venda dos produtos obedece algumas técnicas e estratégias,

sendo assim os métodos de custeio são consideradas fontes gerenciais de grande relevância

nas tomadas de decisões, para se obter os lucros deve ser traçados alguns objetivos.

Atualmente as empresas utilizam três métodos para se apurar os custos dos produtos

que são custeio por absorção, custeio direto ou variável, custeio baseado em atividade (ABC).

Sendo que o custeio por absorção define todos os gastos na produção, onde são considerados

custos, tanto os diretos como os indiretos, fixos ou variáveis. Os custos indiretos que são de

fácil identificação são alocados aos produtos por meio do rateio.

O custeio por absorção se caracteriza principalmente por ser o único aceito pelo fisco e

por atender aos princípios da contabilidade.

Já o custeio direto ou variável nos diz que os custos fixos são considerados despesas,

não sendo incluídos para a apuração do custo unitário dos produtos, só devem ser incluídos os

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custos que variam com a produção, ou seja, os que compõem a apuração dos custos dos

produtos.

O método de custeio do ABC identifica os custos por atividades, mediando q sua

quantidade de recursos utilizados para a realização das atividades, no ABC ao serem

apropriados os custos ás atividades, todos os custos ou despesas são considerados variáveis.

Afirma (Pizzolato, 2004, p. 171) “Para os economistas, custo é todo e qualquer

sacrifico que possa ser traduzido em valor monetário, enquanto despesa é todo e qualquer

sacrifício que envolva desembolso.”

Portanto nos tempos atuais a busca constante de se ter vantagens competitivas no

mercado através de seus preços de venda, faz com que as empresas não tenham mais a função

apenas de se gerar lucros sobre os produtos e o aumento de seu patrimônio, mas sim de um

compromisso com o ambiente em que ela se insere. Sendo assim se torna primordial o

conhecimento sobre os custos e também todos os elementos compostos pelo preço de venda,

para que se possam entender os impactos que o ambiente pode provocar nas operações da

empresa.

REFERÊNCIAS

BORNIA, Antonio Cezar. Análise Gerencial de custos: aplicação em empresas modernas.

São Paulo: Atlas, 2010.

CREPALDI, Silvio Aparecido. Curso básico de contabilidade de custos. São Paulo: Atlas,

2002.

GIL, Antonio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. São Paulo: Atlas, 2008

LEONE, George Sebastião Guerra. Curso de contabilidade de custos. São Paulo: Atlas, 2000.

LEONE, George Sebastião Guerra. Custos: planejamento, implantação e controle. São Paulo:

Atlas, 1996.

MARQUES, Wagner Luiz. Formação de preço de vendas para micro e pequenas empresa,

utilizando análise de custos e método de tempos e movimentos. São Paulo: Saraiva, 2010.

MARTINS, Elizeu. Contabilidade de custos. São Paulo: Atlas, 2008.

PADOVEZE, Clóvis Luis. Contabilidade Gerencial: um enfoque em sistema de informação

contábil. São Paulo: Atlas, 2009.

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205

PIZZOLATO, Nélio D. Introdução à contabilidade gerencial. São Paulo: Pearson Makron

Books, 2004.

WERNKE, Roodney. Análise de Custos e preços de venda. São Paulo: Saraiva: 2005.

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206

O EMPREENDEDORISMO PRAGMÁTICO NA FORMAÇÃO DE UM

SISTEMA DE DIREITO INTERNACIONAL PARA A EFETIVIDADE

DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS.

Adauto José de Oliveira

45

RESUMO: o presente estudo tem por objetivo a análise dos direitos fundamentais, dentro de

um empreendimento pragmático, portanto, busca encontrar uma solução prática para a

questão da implantação de uma teoria dos direitos fundamentais na forma de um sistema no

direito internacional. A busca prática faz-se urgente, assim tendo como base dados teóricos,

filosóficos e históricos, numa perspectiva clara de que direitos possam sair do papel e se

revestir de uma efetividade tal que todos exerçam sua dignidade, para garantir uma equidade

a todos, mostra a ligação que se faz necessária entre a liberdade das pessoas e a formação de

uma cidadania. A realidade leva a concluir que é necessário ultrapassar as atitudes teóricas -

críticas e adotar práticas transformadoras. Consolidando o direito, dentro da perspectiva de

uma teoria dos direitos fundamentais.

PALAVRAS-CHAVE: Pragmático; Sistema; Direito Fundamental.

INTRODUÇÃO

No material a análise metodológica será eminentemente bibliográfica,

através de acurada leitura e interpretação dos autores que se destacam dentro dos paradigmas

dos objetivos. Com estudo orientado na investigação, descrição e crítica, em pesquisas

documentais de acervos e dados na internet. O método abordado é o dialético utilizando-se o

dedutivo-sócio-jurídico.

“Rousseau foi quem melhor definiu o ideal da democracia, que hoje

está em conflito com as democracias reais: uma sociedade só é

democrática quando ninguém for tão rico que possa comprar

alguém e ninguém seja tão pobre que tenha de se vender a alguém.”

45

Mestre em Direito. Docente do curso de Direito da Faculdade FAMA - [email protected]

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207

Quando se pretende formular uma teoria devem-se fornecer instrumentos

conceituais e metodológicos de análise e sistematização. Assim vamos discorrer sobre os

direitos fundamentais, abordando os seus vários aspectos.

O enfoque central será a busca de um arcabouço jurídico capaz, na prática, de

solucionar os problemas de convivência humana. Neste trabalho, iremos considerar como

direitos fundamentais os pressupostos elementares de uma vida na liberdade e na dignidade

humana.

Os direitos fundamentais podem ser visto em seu aspecto histórico, apesar de

considerar esses direitos inerentes a pessoa, nem sempre eles foram observados, ou melhor,

respeitados. Desta forma, sua origem é discutível, mas podemos registrar as declarações do

velho testamento bíblico, que em vários pontos são citados. Na filosofia vamos encontrar

menções aos direitos fundamentais no texto de Sófocles, na Grécia antiga.

E o texto político-jurídico que os relaciona é a Carta Magna, que data do ano de

1215. Então vemos aí a formação do direito natural chamado pela teoria jusnaturalista, logo

após surge o pensamento iluminista para, em seguida, aparecer a teoria positivista. Ao longo

desse caminho, foram ocorrendo ampliações e transformações em seu contexto histórico.

Nesse momento histórico, que devemos construir uma teoria sólida, que seja

adequada aos anseios dos indivíduos, que busque solucionar as necessidades mais urgentes e,

também, seja compreensível pelas várias camadas sociais as quais devem ser incentivadas a

fazer uso desses direitos, para que estes sejam cidadãos do mundo.

CONSIDERAÇÕES DE UM EMPREENDIMENTO PRAGMÁTICO

Hoje, a realidade que vivemos nos leva a considerar a sociedade plural que

temos, podemos observar o pluralismo econômico, social, político e religioso, no qual o

mundo se encontra, por isso não comporta uma teoria estática e inflexível.

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208

O nosso empreendimento preza pela busca de algum mecanismo que resolva as

questões na prática. Daí o pragmatismo. Então esses direitos devem ser efetivados, para que

se garanta o respeito a seus preceitos, julgamos necessário que a natureza jurídica se apresente

com uma dualidade, daí teremos que em sendo de natureza constitucional, tenha aspectos de

direito subjetivo instituídos pelo ordenamento jurídico e ligados à condição de pessoa

humana. Outro aspecto seria de direitos objetivos, pois possuem estrutura de princípios. Desta

forma a dualidade encontra-se por apresentar aspectos de direito subjetivo e de direito

objetivo. A necessidade da natureza constitucional nos remete a questão da eficácia e a

aplicabilidade dos ditames legais, pois dependem muito de como são enunciados.

Nesse entrelaçado, vamos registrar que essa teoria tem como titulares, ou seja,

a quem se reporta, assim temos como destino a pessoa. Os direitos fundamentais terão como

titular a pessoa; que pode ser pessoa natural ou jurídica, bem como as pessoas formais, sendo

que essas últimas são titulares de alguns dos direitos fundamentais no âmbito do direito

internacional.

Várias teorias foram desenvolvidas ao longo da história as quais contribuíram

para apresentar fundamentos dos direitos em questão. As que exerceram maior influência

foram à teoria jusnaturalista e a teoria positivista. A Teoria Jusnaturalista surge apresentando

o fundamento dos direitos fundamentais em uma ordem superior universal, imutável e

inderrogável. Já a Teoria Positivista busca fundamento na ordem normativa, enquanto

legítima manifestação da soberania popular, sendo direitos fundamentais somente aqueles

previstos expressamente no ordenamento jurídico positivado. As duas teorias mencionadas

possuem seu valor histórico e são estruturas complexas.

Na ânsia de proteger os direitos fundamentais estes foram sendo positivados,

diga-se de passagem, como se sua positivação fosse garantia de efetividade para sua real

aplicabilidade, mas voltando e, como já mencionado, no ano de 1215 surgia na Inglaterra a

magna Carta, que representou um grande avanço no aspecto de ter apresentado princípios que

se tornariam universais, mas não poderia ser considerada como declaração de direitos, pois se

tratava de uma carta feudal, elaborada para proteger barões e os homens livres.

Assim, as Declarações de Direitos, a partir do século XVIII, irão constituir um

marco jurídico. Na verdade, serão obras do pensamento político, moral e social. As mais

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influentes são: a Declaração de Virgínia, a primeira em sentido moderno, surge na Virgínia,

uma colônia inglesa nas Américas, datada do ano de 1776; a Declaração Norte-Americana de

1787; a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, esta foi a de maior repercussão,

tendo sido aprovada na França, em 1789, marcada pelo liberalismo e universalidade, vai

influenciar a elaboração constitucional dos povos do Ocidente e do Oriente, representando

assim um considerável progresso na história da afirmação dos valores fundamentais da pessoa

humana. Depois, tivemos a Declaração dos Direitos do Povo Trabalhador e explorado,

aprovada em 1918, pelos soviéticos e, em 1948, aprovada em Assembléia da ONU a

Declaração Universal dos Direitos do Homem.

No Brasil, todas as Constituições brasileiras enunciavam declarações de

direitos, sendo, inclusive, em 1824, a primeira Constituição do mundo a positivar os direitos

fundamentais, tendo sido considerada muito moderna para a sua época.

A Constituição de 1988 manteve vários direitos e ampliou outros, sendo

considerada uma constituição democrática. Mas ressalte-se que mesmo tendo sido positivada

como uma constituição de sistema aberto, na prática, que é nossa preocupação neste trabalho,

ela se mostra como um sistema fechado.

A dificuldade aumenta na elaboração de uma teoria dos direitos fundamentais,

pois existem várias expressões para designá-los ou diferencia-los. Assim direitos individuais

são os direitos do indivíduo isolado, direitos humanos refere-se ao ser humano, ou seja, à

espécie humana; direitos naturais são inerentes à natureza do homem, direitos sociais são

prestações positivas proporcionadas pelo Estado.

Os direitos fundamentais já foram conceituados, mas vamos caracterizá-los.

Seus caracteres são os seguintes: historicidade, são históricos como qualquer direito;

inalienáveis são intransferíveis, inegociáveis; imprescritíveis, ocorrem só no fato de existirem;

irrenunciáveis, não se renunciam aos direitos fundamentais.

Para dar certeza, segurança e possibilidade de direitos precisam de uma

consciência social baseada em valores universais e dinâmicos, históricos e jurídicos. Aí sim

encontram substrato político e social para determinar que os direitos fundamentais passem a

integrar o ordenamento jurídico. Tendo como característica o fator histórico e sua

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210

dinamicidade ter sido efetivada ao longo da história, daí nasceu várias gerações de direitos

fundamentais, que alguns preferem chamá-las de dimensões, mas essas gerações foram

tomando forma e, hoje, o Supremo Tribunal Federal reconhece três gerações: a Primeira

Geração seria os direitos de liberdade, influenciados pelo valor da liberdade. Portanto, seriam

os direitos individuais.

Os direitos de Segunda Geração seriam os direitos de igualdade, reportam-se

aos direitos sociais. Já os direitos de Terceira Geração são os direitos de fraternidade ou de

solidariedade que seriam os direitos difusos, os quais se reportam ao meio ambiente, a paz e

outros.

Alguns autores já falam em direitos de Quarta Geração, mas são controversos,

uma parte fala em globalização econômica, mas a posição mais aceita é que são direitos

relativos à manipulação do patrimônio genético, tais como a clonagem, a fertilização in vitro

, os alimentos transgênicos e outros.

Aqui é importante registrar a disparidade humana, pois podemos encontrar

pessoas em qualquer uma das quatro gerações, não se garantiu nem o respeito aos direitos de

primeira geração a todos os seres humanos, quiçá um dia toda essa propalada positivação seja

praticada no dia-a-dia.

Essa garantia servirá para dar efetividade aos direitos fundamentais que

poderão ser gerais, como salvaguardas de um regime de respeito à pessoa humana em todas as

suas dimensões, e especiais em forma de meios, técnicas, instrumentos e procedimentos para

maior eficácia.

Como podemos perceber, os direitos fundamentais foram erguidos como forma

de combate a poderes absolutos e ditatoriais. Diante disso devemos buscar garantias para a

limitação do poder estatal, criar uma consciência nacional da necessidade de proteger os

direitos do homem, sob pena das gerações futuras serem surpreendidas com regimes

democráticos falsos.

Para isso, devemos ampliar a democracia, pois os regimes de república ou

monarquia não interferem na forma de governo; portanto, a democracia passa pela ampliação

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da base social do Estado, devendo ocorrer uma inserção dos brasileiros à vida do país, para

que se busque a efetivação da cidadania, a superação da exclusão e a viabilização dos meios

materiais, bem como a participação e controle da sociedade, pois a democracia para o século

XXI se assenta no conceito da real participação do povo no exercício do poder.

Em uma democracia, os direitos fundamentais estarão na essência dos direitos

do homem livre, dos direitos que possui em face do Estado, dos direitos de liberdade e dos

direitos da pessoa.

Nessa democracia a ser atingida, os direitos fundamentais correspondem a

direitos absolutos, mas que são excepcionáveis, pois se relativizam “segundo critério da lei”.

Essa relativização fica patente quando ocorre conflito entre esses direitos,

sendo que só é pacífico que a vontade da maioria subjugue a vontade individual, dentro dos

princípios que nortearam esses direitos, passiveis de ocorrerem conflitos.

Não podemos perder o foco dos princípios que visam consagrar o respeito à

dignidade humana e o pleno desenvolvimento da personalidade humana. Em caso de conflito

devemos assegurar o princípio mais próximo desse objetivo, sem acabar com outros

princípios. A questão da coisa julgada é uma decisão em um determinado momento, talvez

não sirva em outro momento, assim ela pode ser relativa, apesar de estar consagrada na

Constituição não podendo acabar com a dinâmica e a evolução jurídica. Já que os direitos

fundamentais são de natureza constitucional, não podemos esquecer que se reportam à

questão do processo constitucional. Então para a tutela dos direitos fundamentais, deve ser

consagrado o princípio do devido processo legal, com um Juiz-Estado ciente de seu dever de

consciência jurídica, fundamento de legitimação e a legitimidade dos procedimentos com

contraditório e ampla defesa.

Para acabar com as discussões do que é fundamental ou não, podemos criar um

sistema de direitos fundamentais com sub-sistemas no total de quatro, sendo: princípios e

conceitos, normas, procedimentos e proteção e garantias.

Na criação desse grande sistema de direitos fundamentais o maior desafio é a

efetividade desses direitos, fazer com que estes sejam respeitados por todos e essa questão, da

efetividade, passa pela evolução da sociedade, ou seja, claramente falando depende da cultura

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histórica desse povo, que no século XXI se volta para o impacto do novo, e se não vier à

mudança pragmática será uma mera retórica política.

A criação desse sistema de direitos fundamentais no arcabouço jurídico

internacional, que esta aqui sendo proposto, logicamente, não podemos pensar em mais uma

lei infraconstitucional, o sistema ora proposto, poderá em alguns casos e deverá em outros

revogar leis do ordenamento nacional do País; será uma célula de trabalho voltado para a

busca dos nossos valores mais fundamentais, nesse sentido Robert Alexy (1999) utiliza-se das

palavras de Noberto Bobbio e diz que o mesmo qualificou acertadamente a Declaração

Universal dos Direitos como a maior prova histórica para um consenso sobre valores

fundamentais com respeito a um sistema de valores determinado.

Para uma apresentação tão pretensiosa de ter um ideal universal para os valores

fundamentais, da qual vai suscitar numerosas questões para os direitos do homem, nesse

ponto Robert Alexy sempre relatou problemas relacionados aos direitos fundamentais, que

julgo caber nesse momento; são os problemas epistemológicos, que dizem respeito de como

esses direitos podem ser conhecidos ou fundamentados; os problemas substanciais, como

esses direitos, devem ser reconhecidos, ou seja, que direitos são direitos do homem, e de que

forma são fundamentais; os problemas institucionais, o artigo 28 da Declaração Universal dos

Direitos do Homem diz que todo homem tem um direito “a uma ordem social e internacional

na qual os direitos e liberdades mencionados na presente declaração podem ser realizados”,

isso pode ser compreendido como direito à institucionalização, como explica o ilustre mestre.

Assim, isto posto, temos o aspecto da universalidade de titulares, que direitos

do homem são direitos que cabem a todos os homens? Bom, aceito a questão de que para

estabelecer direitos ao homem, primeiro devemos definir homem, e para tanto, devemos

utilizar o conceito de homem biologicamente delimitado. Alguns autores sustentam que, à

medida que você estabelece direitos ao homem, a questão dos direitos de grupos e

comunidades fica sem proteção, por não ser homem. Para mim a questão é simples, quando

dissemos que o direito de uma comunidade prevalece sobre os direitos de um homem,

referimo-nos que os direitos de todos os homens desta comunidade juntos é que prevalece,

porque a instituição comunidade por si só como entidade abstrata não pode subjugar o

homem.

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O mais importante nesse momento atual com a intenção de discutir os direitos

fundamentais do homem prende-se ao fato mais profundo que reside no seu aspecto moral. Se

a vida é um direito fundamental, implica num direito moral à vida, portanto a uma proteção

pelo direito estatal, assim não pode ser aceita a retirada de vida do ser humano por outro ser

humano, nem em caso de guerra, portanto não pode as grandes comunidades chamadas

Estados entrarem de estado de guerra.

O importante neste momento é que seja estipulado os direitos fundamentais e,

assim, se for dar proteção à vida, ou qualquer outro direito, quero reforçar a idéia de Robert

Alexy de que é fundamental que essa condição de se elevar a direito fundamental algo que

seja muito necessário, que a carência ou o interesse seja tal que todos respeitem a sua proteção

ou seu fomento deixando-se assim fundamentar pelo direito.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para elaborar, então, um sistema de direitos fundamentais no âmbito do direito

internacional, ora abordado, deve ter bem visível os valores norteadores, e valores

questionáveis e elevados por todos a um patamar que todos respeitem, mas que podem ser

alterados ao longo da história, devido as alterações culturais e históricas.

Mas que valores são aceitos ao longo dos tempos, sujeito a estas

alterações e que ofereça certa segurança jurídica para que tenhamos uma comunidade estável?

Certos valores, na sua essência deverão ser intangíveis, como forma

de parâmetro, como bem ensina o mestre Paulo Napoleão Nogueira da Silva, “Afinal, se não

há valores intangíveis, o jurisdicionado e administrado não dispõe de parâmetros que lhe

assegurem a certeza na perenidade da sociedade à qual pertença” (2001).

Estipulados os valores, podemos afirmar que a fundamentabilidade dos direitos

fundamentais é uma prioridade sobre todos os escalões do sistema jurídico, inclusive também

sobre o legislador. Nesse aspecto não podemos esquecer que os mecanismos de garantias para

que esse rol de direitos possa, realmente, alcançar uma efetividade no dia-a-dia das pessoas.

Desses entrelaçados de valores, princípios e garantias, resultem num sistema de normas que

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tenham principalmente como objetivo garantirem certa autonomia às pessoas, para que

possam exercer seus direitos de uma forma ampla, geral e irrestrita.

Para essa formulação de um sistema de direitos fundamentais na esfera do

direito internacional, não podemos nos esquecer que ele não deixa ser histórico e construído

historicamente, não podendo deixar de analisar a construção histórica realizada até aqui.

Neste contexto, podemos trazer à baila um exemplo de Robert Alexy

(1999), que dentre os modos de visão da relação entre direitos fundamentais e democracia

temos o modo de visão idealista, sendo um modelo rousseauniano, ele formula somente ainda

aquilo que todos acreditam e querem. Assim na diretriz de Robert Alexy, na qual me filio,

para aquele que quer institucionalizar os direitos no mundo, somente o modo de visão realista

é exato. Portanto, acredito ser este o modo pelo qual podemos ver na prática do nosso

cotidiano todos os direitos, independente de gerações, o que é irrelevante, pois todos os

direitos são importantes para uma vida digna, inclusive os direitos sociais. Nesse diapasão,

outro princípio democrático é expresso: “Todo o poder estatal origina-se do povo”, segue aí

vários pontos de interrogação, é algo que daria uma ótima discussão, pois na nossa concepção

o povo deve participar cada vez mais das decisões que atingem a todos.

Existe muito a ser debatido para uma teoria dos direitos fundamentais, mas na

linha do mestre Robert Alexy (1999), mas poderia registrar que um dos princípios que

deveriam ser um dos primeiro, senão o primeiro, seria o princípio da proporcionalidade,

Alexy coloca três princípios parciais: o da ponderação, da idoneidade e o da necessidade,

como base da proporcionalidade. Mas a idéia de proporcionalidade que mais se adaptaria à

teoria dos direitos fundamentais é a descrita pelo Professor Willis Santiago Guerra Filho.

Para que isso aconteça, a ética deve estar aliada ao direito, que lhe

dará sustentação legal para tanto. O Direito Constitucional deve estar em consonância com o

Direito Internacional, ou seja, a Constituição deve estar apta a reconhecer mecanismos

internacionais eficazes de proteção à dignidade da pessoa humana, à prevalência dos direitos

humanos, em relação ao prazer dos seus governantes e suas ambições. A idéia de criar um

tribunal internacional de ética para cientistas, médicos, profissionais que atuam com

experiências em seres humanos, é que exista realmente aplicabilidade de regras e a

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conseqüente coerção caso haja desrespeito aos preceitos éticos e jurídicos. As declarações

internacionais são um prenúncio disso.

O que se espera é que esta tendência da constitucionalização do

direito internacional possa, aos poucos, chegar à criação de um tribunal de ética para apreciar

essas novas situações que estão surgindo, envolvendo direito, ética e responsabilidade, para

assegurar um bem maior, a ser tutelado não só pelo Estado, mas pelo Direito Internacional dos

Direitos Humanos, como: a dignidade, a vida, o valor, a essência da pessoa humana. Estas

colocações parecem as mais aptas a resolver a questão na visão de um Sistema de Direitos

Fundamentais para um Direito do Século XXI.

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