apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 75-76

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Page 2: Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 75-76

Mensagem

Ortónimo

• eu fragmentado

• fingimento poético• dor de pensar

• nostalgia da infância

Heterónimos

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«Autopsicografia»

1.

«O poeta é um fingidor» é a tese apresentada no poema. Significa que o poeta finge uma dor que não coincide com a dor sentida na realidade. A dor escrita é uma invenção, uma trans-figuração, criada pela imaginação.

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2.

Os leitores sentem uma dor que não é a que o poeta sentiu, nem a que ele escreveu / fingiu, mas que é a sua não-dor.

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3.

A última estrofe apresenta, metafori-camente, a relação entre a razão e o coração. O coração é um comboio de corda, regulado pelas calhas em que gira. A razão é uma realidade à parte, mas estimulada (entretida) pelo coração.

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4.

Tendo em conta o significado de cada um dos elementos que compõem o título, «autopsicografia» remete para a reflexão do sujeito sobre a própria escrita / o autorretrato espiritual escrito.

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O | poe|ta é| um | fin|gi|dor

1 2 3 4 5 6 7

Fin|ge | tão | com|ple|ta|men te

1 2 3 4 5 6 7

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5.

O poema é constituído por três quadras, de versos heptassilábicos (também designados «versos de redondilha maior»), com o esquema rimático a-b-a-b (portanto, em rima cruzada).

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redondilha menor = pentassílabo

redondilha maior = heptassílabo

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6.

De acordo com o poema, a criação poética assenta no fingimento, na medida em que um poema não diz o que o poeta sente, mas aquilo que imagina a partir do que anteriormente sentiu. O poeta é um fingidor, porque escreve uma emoção fingida, fruto da razão e da imaginação, e não a emoção sentida pelo coração, que apenas chega ao poema transfigurada,

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na tal emoção trabalhada / elaborada poeticamente, imaginada. Quanto ao leitor, apenas sente a emoção que o poema lhe suscita, que será diferente da do próprio poema. A poesia, a arte, é a intelectualização da emoção.

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2.1 A frase que constitui o primeiro verso do poema («O poeta é um fingidor») apresenta um valor aspetual (c) genérico.

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2.2 (d) adverbial consecutiva («Finge tão completamente / Que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente»)

Que chega a fingir / que a dor [que deveras sente] é dor

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2.3 (d) intensidade

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A, 3, b A metáfora presente na terceira estrofe destaca a simplicidade do fingimento através da sua aproximação a uma atividade lúdica.

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Tal como o comboio de corda é conti nuamente guiado pelas calhas, assim o coração (fonte dos sentimentos e das emoções) deve ser, segundo a teoria enunciada nas estrofes anteriores, orien tado pelo pensamento, que condiciona a sua expressão verbal. O coração sente e o pensamento intelectualiza o que é sen tido, racionalizando-o.

O movimento circular dos carris, que obriga à contínua rotação do comboio e à adoção de um rumo obrigatório, sugere a constante inter-relação e a íntima depen dência entre ambos, tal como acontece com a razão e a emoção humanas.

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B, 1, a O poliptoto [cfr. p. 351] presente na primeira estrofe reforça a ideia de fingimento introduzida nessa quadra.

O poeta é um fingidor

Finge tão completamente

Que chega a fingir que é dor

A dor que deveras sente

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C, 2, c A perífrase presente na segunda estrofe aproxima as duas entidades envolvidas no processo de comunicação poética.

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enleio = enleamento, acto ou efeito de enlear; entrelaçamento || fig. situação confusa; embevecimento, encantamento; hesitação, dúvida

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«Isto»

1.

Ao escrever, o poeta usa a imaginação (e não o coração).

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2.

As emoções são semelhantes a um terraço que dá para uma outra realidade mais bela, a realidade imaginada, a arte.

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3.

«Essa coisa é que é linda».

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4.

O poeta escreve distanciado daquilo que sentiu anteriormente («escrevo em meio / do que não está ao pé»), sem emoção («livre do meu enleio»).

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5.

O último verso é irónico, com o sujeito poético a desafiar o leitor a que sinta qualquer coisa de diferente de si.

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Di|zem | que | fin|jo ou | min to

1 2 3 4 5 6

Tu|do | que es|cre|vo. | Não

1 2 3 4 5 6

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6.

O poema apresenta grande regularidade formal: são três estrofes de cinco versos (isto é, três quintilhas), de seis sílabas métricas, com o esquema rimático a-b-a-b-b (portanto, de rima cruzada e emparelhada).

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Os poemas «Autopsicografia» e «Isto» têm como tema comum o fingimento poético. Neles, o poeta expõe o seu conceito de poesia enquanto intelectualização da emoção.

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6.

a = falsa

Dizem / que finjo ou minto tudo que escrevo

subordinante subordinada substantiva completiva

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b = verdadeira

c = verdadeira

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1. inteligência;

2. sentir;

3. fingir;

4. verdadeiramente;

5. negação;

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6. confessor;

7. aprendizagem;

8. racional;

9. afetivo;

10. construção;

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11. sentida;

12. abstração;

13. sensibilidade;

14. completa;

15. truques;

16. tragédia.

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Na capa do livro que o grande Sousa Bastos está a autografar, a localização do género da obra, «romance» (que se inclui no modo literário narrativo), é relativamente incomum (essa indicação pode surgir na capa mas talvez não no cabeçalho). O subtítulo (Quão longe vai uma alma) também não é inusual que apareça na capa, embora só seja obrigatório no frontispício (ou rosto), que, como sabemos, é a página por onde se guia a referenciação bibliográfica. Note-se

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o «quão», decerto para ridicularizar o estilo de Bastos (em vez de «Quão...», ficaria melhor «Como vai longe uma alma». Também é brincalhão o nome da editora, que costuma, com efeito, ficar na capa e na lombada. Não reparei em que página o autor escreve a dedicatória, mas deverá fazê-lo no frontispício (ou, eventualmente, na página também ímpar

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que o precede, o anterrosto, onde só costuma estar o título). A referência

a Arquipélago das Vontades, outra obra do mesmo autor (subtil alusão a Saramago e ao Memorial?), poderia constar numa das badanas (ou orelhas) ou na contracapa.

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Sousa Bastos, sabe, pelo menos, que «Natália», como esdrúxula que é (aparente, porém, já que «ia» é mais ditongo crescente do que duas sílabas), leva acento na antepenúltima sílaba. Tem dúvidas sobre se o acento é grave ou agudo (para «circunflexo», diria um «chapeuzinho»). Devia saber que, atualmente, só há acentos graves como

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resultado da contração da preposição «a» com alguns determinantes e pronomes (são poucas palavras: à, às, àquele, àquela, àqueles, àquelas, àquilo, àqueloutro, àqueloutra, àqueloutros, àqueloutras).

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Sousa Bastos confunde «hífen» e «Hitler». Repare-se que as palavras graves terminadas em -L, -N, -R, -X, -PS, têm sempre acento gráfico (na penúltima sílaba, é claro); «Hitler» não tem acento por ser um nome próprio e estrangeiro. A retificação da fã do escritor não é perfeita. Em «lamber-te» (ou mesmo em «lember-te») o pronome «te» não é um pronome reflexo (em «lavo-me» [= ‘eu lavo eu’], «tu barbeias-te», etc., sim, porque há coincidência dos referentes de sujeito e

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complemento direto). Já agora, qual é a função sintática deste «te» de «lamber-te»? É complemento direto. (Se tiveres dúvidas, experimenta com os pronomes de 3.ª pessoa — «o»/«a» (complemento direto) versus «lhe» (indireto).)

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Realmente, todas as formas do verbo «trazer» são com zê e a preposição ou locuções derivadas sempre com esse (e acento). Experimenta pronominalizar estas frases: «Traz a fã > Trá-la.» | «Trarei o livro > Trá-lo-ei» | «Trazia o livro a Sousa Bastos > Trazia-lho» | «Traríamos o Adolfo > Trá-lo-íamos» | «Traz o livro à Dulce > Traz-lho»

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«Estou farto dos fãs que têm a mania»

subordinada adjetiva relativa restritiva

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«Só espero que não tenha ficado melindrado»

subordinada substantiva completiva.

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«Quando me dá o seu número do quarto do hotel, é com agá».

subordinada adverbial temporal

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TPC

Escreve um comentário de um pouco mais de cem palavras que aproxime os textos A e B da p. 39 — e os enquadre no tema da «dor de pensar» e, em geral, nas características de Pessoa ortónimo. (Como estratégia prévia, podes resolver o ponto 1 da mesma página, mas sem a ele te agarrares depois muito.)

(Se ainda não o fizeste, termina leitura leitura de Memorial do Convento.)