apresentação - linguística geral ii 2014

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Linguística Geral II Universidade Estadual de Montes Claros Centro de Ciências Humanas – CCH Departamento de Comunicação e Letras Curso Letras Português Professora Cláudia Adriana

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Linguística Geral II

Universidade Estadual de Montes ClarosCentro de Ciências Humanas – CCHDepartamento de Comunicação e LetrasCurso Letras PortuguêsProfessora Cláudia Adriana

Linguística é a ciência que estuda a linguagem verbal humana. Como toda a ciência, ela baseia-se em observações conduzidas através de métodos, com fundamentação em uma teoria.Portanto, a função de um linguista é estudar toda e qualquer manifestação linguística como um fato merecedor de descrição e explicação dentro de um quadro científico adequado.

Lingüística é o estudo científico da linguagem. Como ciência, a Lingüistica dedica-se a descrever e a explicar os fenômenos da língua, e não a formular instruções sobre determinados usos. A reflexão sobre os diversos aspectos da linguagem, seja de forma individual ou como escola lingüística, tem sido uma preocupação desde o século V a.C., já na Grécia. A Lingüística moderna, porém, como disciplina acadêmica, é basicamente um produto do século XX.

É a capacidade de criar sistemas de representação, ou sistemas simbólicos, através dos quais se estabelece que determinado símbolo, ou sinal, será usado para significar determinada coisa.A linguagem é, portanto, fruto de uma convenção , de um acordo entre seus usuários.

Linguagem é a capacidade comunicativa que têm os seres humanos de usar qualquer sistema de sinais significativos, expressando seus pensamentos, sentimentos e experiências.

Desse modo, desenhos, gestos, sons, cores, cheiro, onomatopéias, palavras, etc... são formas de linguagem. A linguagem é uma faculdade muito antiga da espécie humana e deve ter precedido os elementos mais rudimentares da cultura material.

Linguagens: matemática, musical, cinematográfica, verbal, dentre outras.

� Travaglia,2001

� 1. expressão do pensamento

� 2. instrumento de comunicação

� 3. processo de interação

� As pessoas não se expressam bem porque nãopensam. A expressão se constrói no interior da mente,sendo sua exteriorização apenas uma tradução. Aenunciação é um ato monológico individual, que não éafetado pelo outro, nem pelas circunstâncias queconstituem a situação social em que a enunciaçãoacontece. ... Presume-se que há regras a seremseguidas para a organização lógica do pensamento, econsequentemente, da linguagem. São elas que seconstituem nas normas gramaticais do falar e escrever“bem”...

� Conjunto de signos que se combinam segundos regras,e que é capaz de transmitir uma mensagem,informações de um emissor a um receptor. Isto fez comque a Lingüística não considerasse os interlocutores e asituação de uso como determinantes das unidades eregras que constituem a língua, isto é, afastou oindivíduo falante do processo de produção, do que ésocial e histórico na língua. Essa é uma visãomonológica e imanente da língua, que a estuda segundouma perspectiva formalista – que limita esse estudo aofuncionamento interno da língua ...

� O indivíduo ao usar a língua não traduz e/ou exteriorizasimplesmente seu pensamento, ou transmiteinformações, mas sim realiza ações, age, atua sobre ointerlocutor. A linguagem é pois um lugar de interaçãohumana, de interação comunicativa pela produção deefeitos de sentido entre interlocutores em uma dadasituação de comunicação e em um contexto sócio-histórico e ideológico ...

� É um sistema de signos?� É gramática?� É um código?� É instrumento de comunicação?� É expressão do pensamento?� É uma forma de interação social?

Por que é múltipla e complexa, a língua tem sido estudada e definida sob diferentes enfoques, que se caracterizam, basicamente, por priorizar ora um, ora outro dos aspectos que a constituem.

Língua é um sistema de signos que serve de meio de comunicação entre os membros de uma comunidade lingüística. Os signos de uma língua substituem os objetos e os representam. Assim :

Signo = significante

significado= Bola

= Significação

A língua é, portanto, um verdadeiro código social, enriquecido com o passar do tempo e à disposição dos indivíduos para que dele se apropriem adequadamente.

É importante, ainda, observar as diferenças entre a língua falada e a língua escrita. Desse modo, o usuário da língua terá um melhor desempenho nas circunstância em que atua.

O signo linguístico é uma unidade de significação que possuidupla face:

1) O significante – o suporte para uma ideia, isto é, a sequênciade sons que se combinam para formar palavras;

2) O significado – a própria ideia ou conteúdo intelectual.

SIGNIFICADO SIGNIFICANTEScão (português)dog (inglês)chien (francês)

Desde muito cedo aprendemos a levar em conta ocontexto em que os enunciados são produzidos, nomomento de interpretá-los. Essa atitude revela quetemos, como falantes, a noção de que a linguagemnão tem uma significação imutável e que ossentidos que assume estão sempre ligados a fatoresde natureza pragmática.

Observe os seguintes exemplos:

1. Nem sempre as palavras são utilizadas em seu sentido básico.

Individualmente, cada pessoa pode utilizar a língua de uma maneira particular, personalizada, desenvolvendo, assim, a fala.

Maneira individual de utilização da língua, que não obedece a padrões rígidos; é mais natural e apresenta variações.

TEXTO: NOHTAS

Leiam em voz alta. Vão ouvir o Itamar falando.

“Sapassado, era séssetembro, taveu na cuzinha tomano umapincumel e cuzinhano um kidicarne com mastumate pra fazêuma macarronada com galinhassada.

Quascai di susto, quando uvi um barui vino di denduforno,pareceno um tidiguerra.

A receita mandopô midipipoca dentro da galinha praassá. Oforno isquentô, o mistorô e a galinha ispludiu!

Nossinhora! Fiquei branco quinein um lidileite. Foi um tremdoidim, uai!

Quascaí dendapia!

Fiquei sensabê doncovim, proncovô, oncotô. Oiprocevêquelucura! GrazaDeus ninguém si maxucô!”

(Millôr Fernandes. JB, 02/02/2003, pág. A 20)

TEXTO: ELES NÃO USAM BLACK-TIE (fragmento)

Maria (sorrindo) - Tu gosta de eu?

Tião – Ó, dengosa, eu sem tu não era nada...

Maria – Bobagem, namoradô como tu era...

Tião – Tudo passou!

Maria – Pensa que eu não sei? Todas ela miando: “Tiãozinho pra cá, Tiãozinho pra lá...” (Abraçando-o) Mas eu roubei ocê pra mim!

Tião – Todo eu!

Maria (fazendo bico) – Fingido!

Tião – Palavra, dengosa!(Gianfrancesco Guarnieri)

O ESTUDO DA LÍNGUA – EXEMPLO 1

� Vinha o motorista dirigindo o seu carro, quando se deparou com uma placa de sinalização:

DEVAGARQUEBRA-MOLAS

O ESTUDO DA LÍNGUA – EXEMPLO 1

� Imediatamente, ele acelerou o seu veículo. Logo depois, voltou a pé para o local da placa e nela escreveu, para corrigi-la:

DEVAGARQUEBRA-MOLAS

DEPRESSA TAMBÉM

QUESTÃO - Uerj/2001

� Como muitas piadas, esta se baseia em um equívoco. O comportamento do motorista que explica mais adequadamente o efeito cômico da piada é:

A) voltar a pé ao local da placa para efetuar uma correção

B) ler a mensagem da placa como uma ordem para acelerar

C) corrigir a mensagem da placa para retificar informação incompleta

D) imprimir maior velocidade ao carro pra escapar dos quebra-molas

O ESTUDO DA LÍNGUA – EXEMPLO 2

� Leia a reprodução de um diálogo entre uma professora e um aluno:

- Joãozinho! Sua redação sobre o cachorro está exatamente igual à do seu irmão!

- É que o cachorro é o mesmo, professora!(Ziraldo. Anedotinhas do Pasquim.)

� QUESTÃO: Se aceitasse o argumento de Joãzinho, a professora estaria ignorando o conceito de linguagem, língua ou fala?

� Estudar língua portuguesa é importante para nos tornarmos aptos a utilizá-la com eficiência na produção e interpretação dos textos com que se organiza nossa vida social. Por meio desse estudo, amplia-se o exercício de nossa sociabilidade e, consequentemente, de nossa cidadania, que passa a ser mais lúcida.

Em todo ato de comunicação estão envolvidos vários elementos :

1. Emissor ou remetente:é aquele que codifica e envia a mensagem. Ocupa um dos pólos do circuito da comunicação.

2. Receptor ou destinatário:é aquele que recebe e decodifica a mensagem.

3. Mensagem:é o conteúdo que se pretende transmitir.

4. Suporte/portador/veículo:é o meio pelo qual a mensagem é transmitida do emissor para o receptor.

5. Código:é um sistema de signos convencionais que permite dar à informação emitida (pelo emissor) uma interpretação adequada (pelo receptor).

A língua portuguesa, por exemplo, é um código; o sistema de sinais Morse é outro código. Mas, para que o processo comunicativo se realize a contento, o emissor e o receptor devem empregar um mesmo código, do contrário não haverá comunicação.

6. Contexto ou referente: ambientação, situação em que se dá o processo de comunicação.

Os principais elementos da comunicação podem ser assim esquematizados:

Receptor

Suporte

Emissor

Contexto

Mensagem

Código

Em síntese, as funções da linguagem podem ser resumidas assim:

Funções predominantes Finalidade Recursos

A)Referencial ou denotativa

Transmitir informações

Frase declarativa:Comunicação impessoal e objetiva.

B)Emotiva ou expressiva

Exprimir sentimentos e emoções

Frase exclamativa:

Comunicação pessoal e subjetiva; uso de recursos como: interjeição, superlativos, aumentativos, diminutivos, hipérboles, figuras, entonação e etc...

C) Apelativa ou conativa

Influenciar, persuadir o receptor

Frases imperativas: Comunicação indutora, convincente, decidida.

D)Fática ou de contato Gerar, sustentar, favorecer e facilitar a comunicação

Frases breve, exata, clara, de fácil compreensão.

E) Metalingüística Definir, explicar, analisar, criticar o código lingüístico

Explicações, definições, conceituações.

F) Poética Valoriza a elaboração da linguagem como meio de expressão

Frases de valor artístico, com o predomínio da conotação, figuras de linguagem e musicalidade.

Emissor

função emotiva

Receptorfunção apelativa

Contextofunção referencial

Mensagemfunção poética

Canalfunção fática

Códigofunção metalingüística

Abaixo temos os componentes do processo de comunicação e a relação entre eles. Na comunicação oral ou escrita, normalmente, um dos elementos é mais enfatizado que outros.

� Fala� Universal� Antiga� Voz/audição� Interlocutor tem de estar

presente� Efémera� Contexto determinado

pelas circunstâncias� Estímulo dinâmico

Escrita� Histórica� Recente� Grafismo/visão ou tacto� Interlocutor pode estar

ausente� Permanente� Contexto escolhido pelo

Emissor/Receptor� Estímulo estático

� Fala� A palavra falada obedece a

uma sequência temporal; � A fala é um sinal mais

ambíguo, menos claro, que admite mais variações na forma como as palavras são produzidas (ex. variações dialectais);

� A corrente da fala é uma cadeia contínua, sem pausas entre as palavras;

� As exigências colocadas à memória são maiores – as palavras produzidas já não estão acessíveis

Escrita� A palavra escrita obedece a

uma sequência espacial –todos os seus componentes são apresentados em simultâneo;

� Na escrita, as palavras são representadas por uma sequência ortográfica precisa (ex. escrevemos IGREJA e não igreija)

� As palavras são separadas por espaços

� O leitor pode ser reter-se durante mais tempo numa palavra, frase ou parágrafo e pode inclusivamente voltar atrás

Fala� A fala contém várias pistas

quanto à estrutura da frase e intenção de significado – ex. entoação, acento,... – Pistas prosódicas

� Adquirida naturalmente por imersão num ambiente linguístico

Escrita� As pistas para a estrutura das

frases são dadas pela pontuação – menos informativa do que as pistas prosódicas

� Aprendida a partir de um ensino formal

Fala e leitura são diferentes e independentes →→→→ têm processos específicos

pronominais

Dê-me um cigarroDiz a gramáticaDo professorE do mulato sabidoMas o bom negro e o bom brancoDa nação brasileiraDizem todos os diasDeixa disso camaradaMe dá um cigarro

Oswald de Andrade

� Travaglia, 2001:

� Normativa: bem falar e escrever� Descritiva: funcionamento da língua� Internalizada: competência do usuário (virtual)

1. Normativa: a gramáticaque busca ditar, ou prescrever, as regras gramaticais de uma língua, posicionando as suas prescrições como a única forma correta de realização da língua, categorizando as outras formas possíveis como erradas. Baseiam nos dialetosde prestígio de uma comunidade lingüística.

2. Descritiva :Gramática é a descrição do sistema de uma língua, ou descrição da língua como sistema de meios de expressão (preocupa-se em descrever os fatos). Como esse sistema é tríplice —fônico (de sons), mórfico(de formas), sintático (de frases) —, a gramática divide-se normalmente em fonologia, morfologia e sintaxe, ficando a estilística e a semântica como partes suplementares.

POSSENTI (1996) define a gramática descritiva como: “(...) gramática descritiva, é definida como um conjunto de regras que são seguidas, é que orienta o trabalho dos lingüistas, cuja preocupação é descrever ou explicar as línguas como elas são faladas”. Nesse trabalho a principal preocupação é tornar conhecida, as regras utilizadas pelos falantes.

TRAVAGLIA (2002) tem a seguinte definição de gramática descritiva : “a gramática descritiva é a que descreve e registra para uma determinada variedade da língua, um

dado momento de sua existência (portanto numa abordagem sincrônica)”.

3. Internalizada: A gramática implícita (ou internalizada) é definida como o conjunto de regras que o falante domina. É o conhecimento lexical e sintático-semântico que o falante possui e que permite que ele entenda e produza frases em sua língua.

Segundo Luft a gramática Internalizada pelos falantes surge na mente do mesmo quando ele ainda é uma criança de mais ou menos três anos, por volta dos quatro, cinco ou seis anos o falante pode falar sem embaraço e já é um adulto lingüístico. A gramática internalizada ou

natural é a verdadeira gramática da língua, é dela que se origina as gramáticas dos livros. A gramática internalizada pelos falantes é completa, através dela os que nunca foram a escola

e são analfabetos se comunicam perfeitamente por meio da língua. Essa gramática está relacionada diretamente com os conhecimentos internos dos falantes. Travaglia: acrescenta

que: “na verdade é essa gramática que é objeto de estudo dos outros dois tipos de gramática, sobretudo da descritiva”.

Gramática normativa = conjunto de

regras que devem ser seguidas

Gramática descritiva=

conjunto de regras que são seguidas

Gramática internalizada =

conjunto de regras que o falante domina

Regra

obrigação: assemelha-se à lei jurídica: “é o que deve ser”

busca pelas regularidades da língua:assemelha-se à lei da natureza: “é o que é”

é a língua em situações de uso pelo falante:são conhecimentos/usos lingüísticos dos falantes, com regras implícitas (sem que se tenha consciência delas, muitas vezes)Língua

-expressão das pessoas cultas-regras baseadas apenas na modalidade escrita-critério literário-norma culta ou variante padrão ou dialeto padrão

-regularidades-não existem línguas uniformes-o critério não é apenas literário

Erro-o que foge da boa

linguagem, segundo a norma culta

-há variáveis entre padrões de uso-só é erro o que não faz parte sistemática de nenhuma variante da língua