apresentação dos principais resultados do inquérito à literacia financeira

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18 de Outubro de 2010 Importância da literacia financeira Aspectos metodológicos do inquérito Resultados do inquérito 1. INCLUSÃO FINANCEIRA 2. PLANEAMENTO DE DESPESAS E POUPANÇA 3. GESTÃO DE CONTA BANCÁRIA 4. ESCOLHA DE PRODUTOS FINANCEIROS 5. COMPREENSÃO FINANCEIRA Primeiras conclusões O Banco de Portugal divulga hoje os primeiros resultados do seu Inquérito à Literacia Financeira, através do qual procurou analisar os comportamentos e atitudes da população portuguesa relativamente a questões financeiras e apurar o seu nível de conhecimentos nesta área. O inquérito surge na sequência do reconhecimento crescente, designadamente no plano internacional, de que as decisões dos consumidores nos mercados bancários a retalho, além de efeitos financeiros individuais, têm também repercussões importantes na estabilidade macroeconómica e financeira. Além disso, as escolhas dos consumidores são cada vez mais difíceis, perante a diversidade e complexidade da oferta de produtos e serviços financeiros. Os resultados deste inquérito constituem um primeiro levantamento das áreas em que os cidadãos revelam défices mais significativos de informação e compreensão financeira. Desse modo, são um instrumento indispensável para a definição da estratégia a desenvolver não só no domínio da literacia financeira mas também no da regulação dos mercados bancários a retalho, conduzida pelo Banco de Portugal no âmbito da supervisão comportamental. No início do próximo ano, o Banco de Portugal publicará o relatório final do inquérito, com resultados mais detalhados e uma análise mais aprofundada. Este inquérito é o resultado do profundo trabalho que o Banco de Portugal desenvolve desde o início de 2008, quando lhe foram especificamente atribuídas responsabilidades de supervisão comportamental, e constitui uma etapa importante para o desenvolvimento de outras iniciativas nesta área. INQUÉRITO À LITERACIA FINANCEIRA DA POPULAÇÃO PORTUGUESA | 2010 Apresentação dos Principais Resultados

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Principais conclusões sobre o estudo de Literacia Financeira em Portugal

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  • 18 de Outubro de 2010

    Importncia da literacia nanceira

    Aspectos metodolgicos do inqurito

    Resultados do inqurito1. INCLUSO FINANCEIRA

    2. PLANEAMENTO DE DESPESAS E POUPANA

    3. GESTO DE CONTA BANCRIA

    4. ESCOLHA DE PRODUTOS FINANCEIROS

    5. COMPREENSO FINANCEIRA

    Primeiras concluses

    O Banco de Portugal divulga hoje os primeiros resultados do seu Inqurito Literacia Financeira, atravs do qual procurou analisar os comportamentos e atitudes da populao portuguesa relativamente a questes nanceiras e apurar o seu nvel de conhecimentos nesta rea.

    O inqurito surge na sequncia do reconhecimento crescente, designadamente no plano internacional, de que as decises dos consumidores nos mercados bancrios a retalho, alm de efeitos nanceiros individuais, tm tambm repercusses importantes na estabilidade macroeconmica e nanceira. Alm disso, as escolhas dos consumidores so cada vez mais difceis, perante a diversidade e complexidade da oferta de produtos e servios nanceiros.

    Os resultados deste inqurito constituem um primeiro levantamento das reas em que os cidados revelam d ces mais signi cativos de informao e compreenso nanceira. Desse modo, so um instrumento indispensvel para a de nio da estratgia a desenvolver no s no domnio da literacia nanceira mas tambm no da regulao dos mercados bancrios a retalho, conduzida pelo Banco de Portugal no mbito da superviso comportamental.

    No incio do prximo ano, o Banco de Portugal publicar o relatrio nal do inqurito, com resultados mais detalhados e uma anlise mais aprofundada.

    Este inqurito o resultado do profundo trabalho que o Banco de Portugal desenvolve desde o incio de 2008, quando lhe foram especi camente atribudas responsabilidades de superviso comportamental, e constitui uma etapa importante para o desenvolvimento de outras iniciativas nesta rea.

    INQURITO LITERACIA FINANCEIRA DA POPULAO PORTUGUESA | 2010

    Apresentao dos Principais Resultados

  • 2Importncia da literacia nanceira

    Cidados com bons nveis de literacia nanceira podem tomar decises nanceiras informadas, desde a gesto do oramento familiar at ao planeamento de despesas e escolha de servios e produtos nanceiros adequados, passando pela aplicao das poupanas e o recurso ao crdito.

    O conceito de literacia nanceira vai para alm dos conhecimentos nanceiros habitualmente associados gesto das nanas pessoais, envolvendo tambm a forma como esses conhecimentos afectam os comportamentos e atitudes dos cidados no momento em que tomam decises.

    A necessidade de promover a literacia nanceira advm, em grande parte, da crescente diver-sidade e complexidade dos produtos nanceiros disponveis, o que di culta a sua avaliao e comparao pela maioria dos cidados. Essa complexidade est tambm presente nos produtos bancrios mais comuns, tanto nos de poupana como nos de crdito. Por exemplo, existem nos mercados a retalho emprstimos com carncia ou diferimento de capital, cuja comparao com as correspondentes alternativas mais simples nem sempre fcil.

    Por outro lado, cidados mais sensibilizados para a importncia da poupana e conhecedores das suas possveis aplicaes so capazes de adquirir hbitos adequados de gesto dos oramentos familiares. Paralelamente, a aptido para identi car necessidades nanceiras e para seleccionar produtos de crdito mais adaptados a essas necessidades poder evitar situaes de endivida-mento excessivo com o inerente risco de incumprimento.

    Uma menor capacidade para tomar decises nanceiras pode ter implicaes particularmente negativas, numa conjuntura econmica mais instvel, de incerteza relativamente situao do emprego e de maiores restries no acesso ao crdito.

    A importncia da promoo da literacia nanceira, enquanto complemento superviso e regulao dos mercados bancrios a retalho, reconhecida internacionalmente, em particular desde a recente crise nanceira global. Esta maior nfase resulta do facto de a crise ter revelado vulnerabilidades nesses mercados, geralmente consideradas como estando na origem ou tendo contribudo para propagar os efeitos da crise.

    A elevada expanso do crdito que precedeu o eclodir da crise veio a revelar-se pouco apropriada face capacidade nanceira dos consumidores (principalmente no segmento do crdito hipo-tecrio dos Estados Unidos) e, por outro lado, a grande complexidade de alguns instrumentos nanceiros contribuiu para que o seu grau de risco no fosse adequadamente avaliado. hoje consensual que essas vulnerabilidades poderiam ter sido minimizadas pela existncia de consu-midores mais aptos para seleccionar os crditos ajustados s suas capacidades nanceiras e para aplicar poupanas em produtos com um adequado grau de risco.

    Por outro lado, a crise nanceira internacional foi acompanhada do declnio da riqueza (moti-vado pelas quebras registadas nos preos dos activos imobilirios e nanceiros), cuja reposio implica nveis mais elevados de poupana na generalidade dos pases desenvolvidos. Para o efeito, torna-se bastante importante compreender correctamente os riscos associados aos vrios instrumentos nanceiros e ser capaz de tomar decises adequadas. Alm disso, tem-se assistido a uma transferncia acrescida de responsabilidade e risco para os consumidores na preparao das suas reformas.

    visvel a nfase que os bancos centrais passaram a atribuir literacia nanceira, enquanto instru-mento de promoo da estabilidade macroeconmica e nanceira, no s como preveno de crises futuras mas tambm como forma de contribuir para uma recuperao econmica sustentvel.

    A literacia

    nanceira re ecte

    conhecimentos,

    atitudes e

    comportamentos.

    Os bancos centrais atribuem importncia

    crescente literacia nanceira.

    A literacia

    nanceira permite

    gerir melhor as

    nanas pessoais.

    A recente crise

    global revelou

    a necessidade

    de nveis mais

    elevados de

    literacia

    nanceira.

  • 3Em muitos pases, os bancos centrais tm assumido um papel relevante na promoo da literacia nanceira: alm de inquritos semelhantes ao que o Banco de Portugal agora divulga, tm-se envolvido tambm na coordenao de estratgias nacionais de formao nanceira e mesmo na de nio e participao em iniciativas concretas, designadamente na formao de formadores.

    Aspectos metodolgicos do inqurito

    Foram realizadas 2 000 entrevistas porta-a-porta em todo o territrio nacional, conduzidas pela Eurosondagem, entre Fevereiro e Maro de 2010, com uma durao mdia de 45 minutos. A dimenso da amostra permitiu limitar a margem de erro mdio a 2,2%, com uma probabilidade de 95%.

    Os entrevistados, de idade igual ou superior a 16 anos, foram estrati cados de acordo com cinco critrios: gnero, idade, regio NUTS II (Norte, Centro, Lisboa, Alentejo, Algarve, Aores e Madeira), situao laboral (activo ou no activo) e nvel de escolaridade.

    As entrevistas basearam-se num questionrio composto por 94 questes de escolha mltipla, que incidiram sobre cinco reas temticas:

    1. INCLUSO FINANCEIRA;

    2. PLANEAMENTO DE DESPESAS E POUPANA;

    3. GESTO DE CONTA BANCRIA;

    4. ESCOLHA DE PRODUTOS FINANCEIROS;

    5. COMPREENSO FINANCEIRA.

    A metodologia do inqurito baseou-se nas melhores prticas internacionais e procurou assegurar a qualidade dos resultados obtidos e a sua extrapolao, a partir da amostra, para o conjunto da populao.

    A realizao de entrevistas presenciais (e no por telefone ou Internet) permitiu que o questio-nrio abarcasse um vasto conjunto de temas, alm de melhorar o processo de con rmao das respostas e suscitar a participao pr-activa dos entrevistados.

    Resultados do inqurito

    A informao obtida atravs do inqurito revela reas em que o conhecimento nanceiro da popu-lao mais limitado; caracteriza tambm, com maior detalhe do que as estatsticas existentes possibilitam, os comportamentos da populao quanto poupana, gesto do oramento familiar, os seus hbitos de gesto da conta bancria, etc.

    Alm disso, o inqurito permitiu ainda obter informao sobre aspectos geralmente difceis de avaliar de outro modo, como as percepes e atitudes relativas a factores especialmente relevantes para a tomada de decises nanceiras: por exemplo, os critrios de escolha entre produtos, a importncia atribuda a cada um deles ou as motivaes para a constituio de poupanas.

    Os principais resultados do inqurito so apresentados por reas temticas. Na anlise que se segue difcil fazer comparaes internacionais: alm de ser reduzido o nmero de pases onde j foram realizados inquritos com estas caractersticas, estes so adaptados s respectivas realidades socioeconmicas. Por outro lado, sendo este o primeiro inqurito literacia nanceira realizado em Portugal, tambm no possvel efectuar uma comparao temporal.

    O inqurito

    pioneiro em

    Portugal e

    baseou-se nas

    melhores prticas

    internacionais.

    Os resultados

    do inqurito

    permitem identi-

    car prioridades

    de formao

    nanceira.

  • 41. INCLUSO FINANCEIRA

    O acesso a uma conta bancria considerado o principal indicador de incluso no sistema nanceiro, por ser um requisito essencial para o acesso a outros produtos e servios bancrios. tambm essencial para a aquisio de alguns bens e servios. Neste contexto, um importante indicador de integrao social.

    Em Portugal, 11% dos inquiridos revelam no possuir conta bancria. Este resultado prximo dos obtidos noutros pases: 10% no Reino Unido, 15% nos EUA e 13% na Nova Zelndia.

    A grande maioria dos inquiridos que referem no ter conta no fazem parte da populao activa (74%) e mais de 50% tm idades entre os 16 e os 24 anos ou mais de 70 anos.

    Ao indicarem a principal razo por que no tm conta bancria, 67% dos inquiridos dizem no ter rendimentos que o justi quem e 17% referem que a conta de outra pessoa su ciente.

    2. PLANEAMENTO DE DESPESAS E POUPANA

    A gesto adequada do oramento familiar pressupe a correcta previso dos rendimentos e o devido planeamento das despesas, com a constituio de poupanas, nomeadamente para fazer face a situaes imprevistas.

    Note-se que uma percentagem muito signi cativa (89%) dos inquiridos considera importante ou muito importante planear o oramento familiar. No entanto, quando questionados sobre se fazem poupanas (um aspecto essencial para esse planeamento adequado), a percentagem de respostas a rmativas bastante inferior: 52% dos inquiridos a rmam que efectuam poupanas (ainda que, destes, apenas 56% o faam de regularmente).

    Embora esta situao possa ser explicada pelo facto de a primeira pergunta incidir sobre atitudes (isto , sobre o que os inquiridos consideram ser a actuao correcta) - enquanto a segunda diz respeito ao comportamento efectivo -, tambm poder re ectir que os inquiridos no consideram a poupana como um requisito necessrio para planear correctamente o oramento familiar.

    Assinale-se que a percentagem de inquiridos que a rmam fazer poupanas est ao nvel dos valores mais baixos registados em pases que realizaram inquritos deste tipo: 52% nos EUA ou 58% na Holanda, face a 71% na Nova Zelndia ou 82% na Austrlia.

    importante referir que, embora estes resultados no sejam muito surpreendentes face s compa-raes internacionais de estatsticas sobre as taxas de poupana nacional, de acordo com as quais os indicadores portugueses so relativamente mais baixos, os resultados do inqurito no podem ser utilizados para retirar concluses sobre o volume de poupana nacional: em primeiro lugar, porque a pergunta no incidiu sobre o montante de poupanas efectuadas; em segundo lugar, porque se desconhece a regularidade com que a poupana realizada. Com efeito, procurou-se com essa pergunta aferir hbitos de poupana e at que ponto esta constitui uma preocupao da populao portuguesa - e no a informao sobre taxas de poupana, que disponibilizada por outros meios.

    Neste contexto, as respostas s perguntas sobre o destino e principais motivaes das poupanas parecem indicar que a populao muito pouco sensvel importncia de poupar.

    Assim, apenas cerca de 20% dos inquiridos a rmam poupar numa lgica de mdio e longo prazo, aplicando os recursos numa conta a prazo ou noutra aplicao nanceira. Com efeito, dos inqui-

    A taxa de

    excluso

    nanceira em

    Portugal

    semelhante

    de outros pases

    desenvolvidos.

    A literacia

    nanceira

    fundamental

    para planear o

    oramento

    familiar.

    Os portugueses

    parecem revelar

    pouca sensibilidade

    para poupar.

  • 5ridos que dizem fazer poupanas, a maioria (54%) considera como poupana o dinheiro deixado numa conta ordem para gastar mais tarde. A prtica de deixar os recursos excedentrios numa conta ordem poder indicar alguma inrcia quanto poupana, o que normalmente decorre da falta de sensibilizada sua importncia ou do desconhecimento sobre as possveis aplicaes.

    Quando questionados sobre a motivao para a poupana, a maioria dos que poupam (58%) indicam razes de precauo (ou seja, para fazer face a despesas imprevistas); 14% poupam como forma de acumulao de riqueza (para aquisio de bens duradouros ou preparao da reforma) e 15% referem objectivos relativamente imediatos, como frias e viagens.

    Finalmente, as decises quanto poupana so determinadas tambm, em grande medida, por restries nanceiras: a maioria dos inquiridos que no poupam (88%) referem rendimentos insu cientes como principal razo.

    3. GESTO DE CONTA BANCRIA

    A gesto adequada da conta bancria necessria para planear correctamente o oramento familiar e evitar situaes de descoberto em conta, as quais tm custos elevados. Os resultados revelam que os inquiridos se preocupam com a gesto da conta bancria e com o controlo regular dos seus saldos e movimentos: 54% a rmam controlar a conta bancria mais que uma vez por semana e 7% dizem mesmo que o fazem diariamente.

    No entanto, 25% dos inquiridos com acesso a descoberto bancrio a rmam que o utilizam com alguma frequncia (11% com muita frequncia e 14% com pouca frequncia). Apesar das preocupaes reveladas com o controlo e movimento de conta, o recurso a este modo de acesso ao crdito bancrio, relativamente mais oneroso, poder indiciar algum desconhecimento dos seus custos e de outras alternativas de nanciamento existentes no mercado.

    No que se refere aos critrios de escolha do banco, poucos inquiridos (9%) referem os custos ou a remunerao esperada; antes apontam a recomendao de familiares e amigos (35%) ou critrios de ordem prtica, como a proximidade do balco de casa ou do local de trabalho (23%). Estes resultados so compatveis com a indicao de 74% dos inquiridos de que no sabe ou sabe apenas de forma aproximada o valor das comisses que os bancos cobram pelas contas.

    Os resultados sobre os critrios de escolha do banco so semelhantes aos obtidos nos EUA, em que 31% dos inquiridos referiram a recomendao de familiar, amigo ou colega e 23% a conve-nincia de localizao do balco do banco.

    4. ESCOLHA DE PRODUTOS FINANCEIROS

    A seleco de produtos nanceiros adequados s necessidades e ao per l do consumidor indispensvel para fomentar hbitos de poupana e atitudes responsveis perante o endivida-mento. Dada a complexidade e a grande diversidade da oferta destes produtos no mercado, especialmente importante que a seleco se baseie na comparao das caractersticas das vrias alternativas disponveis.

    A informao pr-contratual padronizada, que facultada ao consumidor previamente aquisio dos produtos bancrios, permite fazer a comparao de custos e benefcios. Contudo, os resul-tados do inqurito revelam a fraca propenso dos inquiridos para analisar e comparar produtos; e, nos casos em que o fazem, o processo de seleco pouco ponderado.

    Gerir bem a conta

    bancria pode

    evitar custos

    desnecessrios.

    A escolha de

    produtos deve

    ser adequada

    s necessidades

    e ao per l do

    consumidor.

  • 6Com efeito, a maioria dos inquiridos analisam a informao pr-contratual (83%), mas apenas 8% a rmam comparar os produtos.

    Salienta-se a preocupao revelada em analisar a informao disponvel. Todavia, a no utilizao dessa informao para os ns a que se destina ilustra, de certa forma, a diferena existente entre o conceito de literacia nanceira e o de informao nanceira. De facto, a mera disponibilizao de informao no signi ca que o destinatrio apreenda conhecimentos que o ajudem a tomar decises ou in uenciem os seus comportamentos.

    No que respeita aos critrios de seleco, os conselhos obtidos ao balco do banco (54%) ou de familiares ou amigos (25%) merecem maior destaque. A importncia dos bancos no aconse-lhamento e na informao nanceira revela a con ana depositada nessas instituies, embora possa limitar a avaliao das alternativas existentes no mercado.

    As fracas respostas acerca do conhecimento das taxas de juro aplicveis aos produtos bancrios que detm con rmam que os inquiridos no ponderam atentamente as caractersticas dos produtos escolhidos. Com efeito, 69% dos inquiridos no sabem ou sabem apenas aproximadamente o valor da taxa de juro aplicada s suas poupanas. E esta proporo atinge os 65% no caso das taxas de juro aplicveis a emprstimos.

    De entre os critrios de escolha do crdito habitao, apenas 4% dos inquiridos indicam a taxa anual efectiva (TAE) medida que engloba todos os encargos obrigatrios associados ao crdito e 18% mencionam a taxa de juro.

    No que respeita ao crdito ao consumo, 23% dos inquiridos referem como mais relevante a como-didade da obteno de emprstimo no local de aquisio do produto, o que revela a importncia dos pontos de venda na intermediao do crdito, resultante de alguma inrcia na escolha de produtos bancrios. Destaca-se, contudo, que o valor da prestao o critrio mais referido de escolha do emprstimo, seja para habitao seja para consumo.

    No caso dos detentores de cartes de crdito, dos 43% que no pagam a totalidade do saldo em dvida no nal do ms apenas 22% dizem saber qual o valor exacto da taxa de juro associada ao carto.

    5. COMPREENSO FINANCEIRA

    As perguntas relativas compreenso nanceira procuraram avaliar directamente os conhecimentos dos inquiridos. As respostas revelam de cincias de literacia relacionadas com vrios conceitos importantes para tomar decises nanceiras - o que tambm tinha sido possvel depreender da anlise j efectuada parte do questionrio sobre atitudes e comportamentos.

    Questionados sobre o conceito de Euribor, apenas 9% dos inquiridos respondem com rigor e apenas 17% revelam saber o signi cado do spread que incide sobre uma taxa de juro de referncia.

    Embora a maioria dos inquiridos (73%) saibam correctamente identi car o saldo num extracto de conta, apenas 46% demonstram saber calcular esse saldo aps uma simples operao de dbito da conta ou tm noo do conceito de descoberto bancrio. Os resultados so tambm menos positivos na avaliao do grau de risco de produtos nanceiros.

    A escolha de

    produtos

    nanceiros

    deve resultar da

    comparao

    criteriosa de

    alternativas.

    A sobreavaliao

    de conhecimentos

    pode levar a

    decises

    nanceiras

    incorrectas.

  • 7Os resultados so mais satisfatrios no que respeita aos conhecimentos sobre a relao entre a taxa de juro e a taxa de in ao e sobre a responsabilidade individual pelo pagamento de um emprstimo contrado em conjunto com outra pessoa.

    Os resultados sobre a compreenso nanceira evidenciam em geral uma correlao positiva com o nvel de ensino: os inquiridos com estudos universitrios revelam desempenhos superiores.

    Salienta-se que o nmero de respostas incorrectas ao questionrio (em vez da alternativa no sabe) poder indicar que os inquiridos sobreavaliam os seus prprios conhecimentos nanceiros. Esta concluso , alis, semelhante veri cada nos inquritos efectuados noutros pases.

    Primeiras concluses

    O inqurito tornou possvel identi car necessidades de promoo da literacia nanceira que so transversais a todos os segmentos populacionais (no obstante os melhores resultados obtidos nos inquiridos que possuem estudos universitrios). A estrati cao da amostra e a repartio de perguntas por reas temticas permitem identi car os segmentos da populao e os temas em que se veri cam as lacunas mais signi cativas, o que permitir direccionar melhor a actividade futura do Banco de Portugal neste domnio.

    Deve ser considerado prioritrio sensibilizar a populao para a importncia da poupana, como forma de acumulao da riqueza necessria satisfao de objectivos de longo prazo, e no apenas para ns imediatos.

    Foram igualmente detectadas necessidades de formao quanto s possveis aplicaes da poupana.

    No que se refere ao acesso ao crdito, importante sensibilizar a populao para a adequada avaliao dos emprstimos com base na totalidade dos encargos que lhe esto associados e tambm no per l temporal das responsabilidades assumidas, em detrimento da ptica de curto prazo, que tende a realar o valor da prestao mensal.

    igualmente importante sensibilizar a populao para a necessidade de comparao e avaliao prvias dos produtos e servios bancrios, com base em critrios objectivos.

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