apresentação do trabalho de lingua portuguesa - libertinagem - ele1a

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Manuel Bandeira "...o sol tão claro lá fora, o sol tão claro, Esmeralda, e em minhalma anoitecendo." Libertinagem Fragmento do Poema: Rondó de Cavalinhos, por Manuel Bandeira

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Manuel BandeiraLibertinagem

"...o sol to claro l fora, o sol to claro, Esmeralda, e em minhalma anoitecendo."Fragmento do Poema: Rond de Cavalinhos, por Manuel Bandeira

INTEGRANTES DO GRUPOAriela Rassa de Assis Avelino David Patrik Costa Dmaris Oliveira Freitas Fernando Pimenta de Paula Leidiane Pereira Machado Vinicius Augusto Santana de Souza

BiografiaManuel Carneiro de Souza Bandeira Filho nasceu no Recife no dia 19 de abril de 1886, na Rua da Ventura, atual Joaquim Nabuco, filho de Manuel Carneiro de Souza Bandeira e Francelina Ribeiro de Souza Bandeira. Em 1890 a famlia se transfere para o Rio de Janeiro e a seguir para Santos - SP e, novamente, para o Rio de Janeiro. Passa dois veres em Petrpolis.

Nome: Manuel Bandeira Nascimento: 19/04/1886 Natural: Recife - PE Morte:

Em 1892 a famlia volta para Pernambuco. Manuel Bandeira freqenta o colgio das irms Barros Barreto, na Rua da Soledade, e, como semi-interno, o de Virgnio Marques Carneiro Leo, na Rua da Matriz.

13/10/1968

A famlia mais uma vez se muda do Recife para o Rio de Janeiro, em 1896, onde reside na Travessa Piau, na Rua Senador Furtado e depois em Laranjeiras. Bandeira cursa o Externato do Ginsio Nacional (atual Colgio Pedro II). Tem como professores Silva Ramos, Carlos Frana, Jos Verssimo e Joo Ribeiro. Entre seus colegas esto Sousa da Silveira e Antenor Nascentes. Em 1903 a famlia se muda para So Paulo onde Bandeira se matricula na Escola Politcnica, pretendendo tornar-se arquiteto. Estuda tambm, noite, desenho e pintura com o arquiteto Domenico Rossi no Liceu de Artes e Ofcios. Comea ainda a trabalhar nos escritrios da Estrada de Ferro Sorocabana, da qual seu pai era funcionrio. No final do ano de 1904, o autor fica sabendo que est tuberculoso, abandona suas atividades e volta para o Rio de Janeiro. Em busca de melhores climas para sua sade, passa temporadas em diversas cidades: Campanha, Terespolis, Maranguape, Uruqu, Quixeramobim.

"... - O senhor tem uma escavao no pulmo esquerdo e o pulmo direito infiltrado.- Ento, doutor, no possvel tentar o pneumotrax? - No. A nica coisa a fazer tocar um tango argentino."Fragmento do Poema: Pneumotrax, por Manuel Bandeira

Em 1910 entra em um concurso de poesia da Academia Brasileira de Letras, que no confere o prmio. L Charles de Gurin e toma conhecimento das rimas toantes que empregaria em Carnaval. Sob a influncia de Apollinaire, Charles Cros e Mac-Fionna Leod, escreve seus primeiros versos livres,em 1912.A fim de se tratar no Sanatrio de Clavadel, na Sua, embarca em junho de 1913 para a Europa. No mesmo navio viajam Mme. Blank e suas duas filhas. No sanatrio conhece Paul Eugne Grindel, que mais tarde adotaria o pseudnimo de Paul luard, e Gala, que se casaria com luard e depois com Salvador Dali. Em virtude da ecloso da Primeira Guerra Mundial, em 1914, volta ao Brasil em outubro. L Goethe, Lenau e Heine (no sanatrio reaprendera o alemo que havia estudado no ginsio). No Rio de Janeiro, reside na rua Nossa Senhora de Copacabana e na Rua Goulart.

Em 1916 falece sua me, Francelina. No ano seguinte publica seu primeiro livro: A cinza das horas, numa edio de 200 exemplares custeada pelo autor. Joo Ribeiro escreve um artigo elogioso sobre o livro. Por causa de um hiato num verso do poeta mineiro Mrio Mendes Campos, Manuel Bandeira desenvolve com o crtico Machado Sobrinho uma polmica nas pginas do Correio de Minas, de Juiz de Fora. O autor perde a irm, Maria Cndida de Souza Bandeira, que desde o incio da doena do irmo, havia sido uma dedicada enfermeira, em 1918. No ano seguinte publica seu segundo livro, Carnaval, em edio custeada pelo autor. Joo Ribeiro elogia tambm este livro que desperta entusiasmo entre os paulistas iniciadores do modernismo. O pai de Bandeira, Manuel Carneiro, falece em 1920. O poeta se muda da Rua do Triunfo, em Paula Matos, para a Rua Curvelo, 53 (hoje Dias de Barros), tornando-se vizinho de Ribeiro Couto. Numa reunio na casa de Ronald de Carvalho, em Copacabana, no ano de 1921, conhece Mrio de Andrade. Estavam presentes, entre outros, Oswald de Andrade, Srgio Buarque de Holanda e Osvaldo Orico.

Inicia ento, em 1922, a se corresponder com Mrio de Andrade. Bandeira no participa da Semana de Arte Moderna, realizada em fevereiro em so Paulo, no Teatro Municipal. Na ocasio, porm, Ronald de Carvalho l o poema "Os Sapos", de "Carnaval". Meses depois Bandeira vai a So Paulo e conhece Paulo Prado, Couto de Barros, Tcito de Almeida, Menotti del Picchia, Lus Aranha, Rubens Borba de Morais, Yan de Almeida Prado. No Rio de Janeiro, passa a conviver com Jaime Ovalle, Rodrigo Melo Franco de Andrade, Prudente de Morais, neto, Dante Milano. Colabora em Klaxon. Ainda nesse ano morre seu irmo, Antnio Ribeiro de Souza Bandeira. Em 1924 publica, s suas expensas, Poesias, que rene A Cinza das Horas, Carnaval e um novo livro, O Ritmo Dissoluto. Colabora no "Ms Modernista", srie de trabalhos de modernistas publicado pelo jornal A Noite, em 1925. Escreve crtica musical para a revista A Idia Ilustrada. Escreve tambm sobre msica para Ariel, de So Paulo. A servio de uma empresa jornalstica, em 1926 viaja para Pouso Alto, Minas Gerais, onde na casa de Ribeiro Couto conhece Carlos Drummond de Andrade. Viaja a Salvador, Recife, Paraba (atual Joo Pessoa), Fortaleza, So Lus e Belm. No ano seguinte continua viajando: vai a Belo Horizonte, passando pelas cidades histricas de Minas Gerais, e a So Paulo. Viaja a Recife, como fiscal de bancas examinadoras de preparatrios. Inicia uma colaborao semanal de crnicas no Dirio Nacional, de So Paulo, e em A Provncia, de Recife, dirigido por Gilberto Freyre. Colabora na Revista de Antropofagia.

Em 1930 marca a publicao de Libertinagem, em edio como sempre custeada pelo autor. Muda-se, em 1933, da Rua do Curvelo para a Rua Morais e Vale, na Lapa. nomeado, no ano de 1935, pelo Ministro Gustavo Capanema, inspetor de ensino secundrio. Grandes comemoraes marcam os cinqenta anos do poeta, em 1936, entre as quais a publicao de Homenagem a Manuel Bandeira, livro com poemas, estudos crticos e comentrios, de autoria dos principais escritores brasileiros. Publica Estrela da Manh (com papel presenteado por Lus Camilo de Oliveira Neto e contribuio de subscritores) e Crnicas da Provncia do Brasil. Recebe o prmio da Sociedade Filipe de Oliveira por conjunto de obra, em 1937, e publica Poesias Escolhidas e Antologia dos Poetas Brasileiros da Fase Romntica. No ano seguinte nomeado professor de literatura do Colgio Pedro II e membro do Conselho Consultivo do Departamento do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional. Publica Antologia dos Poetas Brasileiros da Fase Parnasiana e Guia de Ouro Preto.

Em 1940 eleito para a Academia Brasileira de Letras, na vaga de Lus Guimares Filho. Toma posse em 30 de novembro, sendo saudado por Ribeiro Couto. Publica Poesias Completas, com a incluso da Lira dos Cinqent'Anos (tambm esta edio foi custeada pelo autor). Publica ainda Noes de Histria das Literaturas e, em separata da Revista do Brasil, A Autoria das Cartas Chilenas.

Comea a fazer crtica de artes plsticas em A Manh, em 1941, no Rio de Janeiro. No ano seguinte nomeado membro da Sociedade Filipe de Oliveira. Muda-se para o Edifcio Maximus, na Praia do Flamengo. Organiza a edio dos Sonetos Completos e Poemas Escolhidos de Antero de Quental.Nomeado professor de literatura hispano-americana da Faculdade Nacional de Filosofia, em 1943, deixa o Colgio Pedro II. Muda-se, em 1944, para o Edifcio So Miguel, na Avenida Beira-Mar, apartamento 409. Publica Obras Poticas de Gonalves Dias, edio crtica e comentada. No ano seguinte publica Poemas Traduzidos, com ilustraes de Guignard. Recebe o prmio de poesia do IBEC por conjunto de obra, em 1946. Publica Apresentao da Poesia Brasileira e Antologia dos Poetas Brasileiros Bissextos Contemporneos.

Em 1948 so reeditados trs de seus livros: Poesias Completas, com acrscimo de Belo Belo; Poesias Escolhidas e Poemas Traduzidos. Publica Mafu do Malungo (impresso em Barcelona por Joo Cabral de Melo Neto) e organiza uma edio crtica das Rimas de Joo Albano. No ano seguinte publica Literatura Hispano-Americana e traduz O Auto Sacramental do Divino Narciso de Sror Juana Ins de la Cruz. A pedido de amigos, apenas para compor a chapa, candidata-se a deputado pelo Partido Socialista Brasileiro, em 1950, sabendo que no tem quaisquer chances de eleger-se. No ano seguinte publica Opus 10 e a biografia de Gonalves Dias. operado de clculos no ureter. Mudase, em 1953, para o apartamento 806 do mesmo edifcio da Avenida Beira-Mar. No ano de 1954 publica Itinerrio de Pasrgada e De Poetas e de Poesia. Faz conferncia no Teatro Municipal do Rio de Janeiro sobre Mrio de Andrade. Publica 50 Poemas Escolhidos pelo Autor, em 1955. Traduz Maria Stuart, de Schiler, encenado no Rio de Janeiro e em So Paulo. Em junho, inicia colaborao como cronista no Jornal do Brasil, do Rio de Janeiro, e na Folha da Manh, de So Paulo. Faz conferncia sobre Francisco Mignone no Teatro Municipal do Rio de Janeiro.

Traduz Macbeth, de Shakespeare, e La Machine Infernale, de Jean Cocteau, em 1956. aposentado compulsoriamente, por motivos da idade, como professor de literatura hispano-americana da Faculdade Nacional de Filosofia. Traduz as peas Juno and the Paycock, de Sean O'Casey, e The Rainmaker, de N. Richard Nash, em 1957. Nesse ano, publica Flauta de Papel. Em julho visita para a Europa, visitando Londres, Paris, e algumas cidades da Holanda. Retorna ao Brasil em novembro. Escreve, at 1961, crnicas bissemanais para o Jornal do Brasil e a Folha de So Paulo. Em 1958, publica Gonalves Dias, na coleo "Nossos Clssicos" da Editora Agir. Traduz a pea Colquio-Sinfonieta, de Jean Tardieu. Publicada pela Aguilar, sai em dois volumes sua obra completa - Poesia e Prosa. No ano seguinte traduz The Matchmaker (A Casamenteira), de Thorton Wilder. A Sociedade dos Cem Biblifilos publica Pasrgada, volume de poemas escolhidos, com ilustraes de Aldemir Martins.

Em 1960 traduz o drama D. Juan Tenrio, de Zorrilla. Pela Editora Dinamene, da Bahia, saem em edio artesanal Estrela da Tarde e uma seleo de poemas de amor intitulada Alumbramentos. Sai na Frana, pela Pierre Seghers, Pomes, antologia de poemas de Manuel Bandeira em traduo de Lus Anbal Falco, F. H. Blank-Simon e do prprio autor. No ano seguinte traduz Mireille, de Frderic Mistral. Comea a escrever crnicas semanais para o programa "Quadrante" da Rdio Ministrio da Educao. Em 1962 traduz o poema Prometeu e Epimeteu de Carl Spitteler. Escreve para a Editora El Ateneo, em 1963, biografias de Gonalves Dias, lvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Junqueira Freire e Castro Alves. A Editora das Amricas edita Poesia e Vida de Gonalves Dias. Traduz a pea Der Kaukasische Kreide Kreis, de Bertold Brecht. Escreve crnicas para o programa "Vozes da Cidade" da Rdio Roquette-Pinto, algumas das quais lidas por ele prprio, com o ttulo "Grandes Poetas do Brasil".

Traduz as peas O Advogado do Diabo, de Morris West, e Pena Ela Ser o Que , de John Ford. Sai nos EUA, pela Charles Frank Publications, A Brief History of Brazilian Literature (traduo, introduo e notas de R. E. Dimmick), em 1964. No ano de 1965 traduz as peas Os Verdes Campos do Eden, de Antonio Gala. A Fogueira Feliz, de J. N.Descalzo, e Edith Stein na Cmara de Gs de Frei Gabriel Cacho. Sai na Frana, pela Pierre Seghers, na coleo "Potes d'Aujourd'hui", o volume Manuel Bandeira, com estudo, seleo de textos, traduo e bibliografia por Michel Simon. Comemora 80 anos, em 1966, recebendo muitas homenagens. A Editora Jos Olympio realiza em sua sede uma festa de que participam mais de mil pessoas e lana os volumes Estrela da Vida Inteira (poesias completas e tradues de poesia) e Andorinha Andorinha (seleo de textos em prosa, organizada por Carlos Drummond de Andrade). Compra uma casa em Terespolis, a nica de sua propriedade ao longo de toda sua vida. Com problemas de sade, Manuel Bandeira deixa seu apartamento da Avenida BeiraMar e se transfere para o apartamento da Rua Aires Saldanha, em Copacabana, de Maria de Lourdes Heitor de Souza, sua companheira dos ltimos anos. No dia 13 de outubro de 1968, s 12 horas e 50 minutos, morre o poeta Manuel Bandeira, no Hospital Samaritano, em Botafogo, sendo sepultado no Mausolu da Academia Brasileira de Letras, no Cemitrio So Joo Batista.

BibliografiaPoesia: - A Cinza das Horas - Jornal do Comrcio - Rio de Janeiro, 1917 (Edio do Autor) - Carnaval - Rio de janeiro,1919 (Edio do Autor) - Poesias (acrescida de O Ritmo Dissoluto) - Rio de Janeiro, 1924 - Libertinagem - Rio de Janeiro, 1930 (Edio do Autor) - Estrela da Manh - Rio de Janeiro, 1936 (Edio do Autor) - Poesias Escolhidas - Rio de Janeiro, 1937 - Poesias Completas acrescida de Lira dos cinqent'anos) - Rio de Janeiro, 1940 (Edio do Autor) - Poemas Traduzidos - Rio de Janeiro, 1945 - Mafu do Malungo - Barcelona, 1948 (Editor Joo Cabral de Melo Neto) - Poesias Completas (com Belo Belo) - Rio de Janeiro, 1948 - Opus 10 - Niteri - 1952 - 50 Poemas Escolhidos pelo Autor - Rio de Janeiro, 1955 - Poesias completas (acrescidas de Opus 10) - Rio de Janeiro, 1955 - Poesia e prosa completa (acrescida de Estrela da Tarde), Rio de Janeiro, 1958 - Alumbramentos - Rio de Janeiro, 1960 - Estrela da Tarde - Rio de Janeiro, 1960 - Estrela a vida inteira, Rio de Janeiro, 1966 (edio em homenagem aos 80 anos do poeta). - Manuel Bandeira - 50 poemas escolhidos pelo autor - Rio de Janeiro, 2006.

Prosa: - Crnicas da Provncia do Brasil - Rio de Janeiro, 1936 - Guia de Ouro Preto, Rio de Janeiro, 1938 - Noes de Histria das Literaturas - Rio de Janeiro, 1940 - Autoria das Cartas Chilenas - Rio de Janeiro, 1940 - Apresentao da Poesia Brasileira - Rio de Janeiro, 1946 - Literatura Hispano-Americana - Rio de Janeiro, 1949 - Gonalves Dias, Biografia - Rio de Janeiro, 1952 - Itinerrio de Pasrgada - Jornal de Letras, Rio de Janeiro, 1954 - De Poetas e de Poesia - Rio de Janeiro, 1954 - A Flauta de Papel - Rio de Janeiro, 1957 - Itinerrio de Pasrgada - Livraria So Jos - Rio de Janeiro, 1957 - Prosa - Rio de Janeiro, 1958 - Andorinha, Andorinha - Jos Olympio - Rio de Janeiro, 1966 - Itinerrio de Pasrgada - Editora do Autor - Rio de Janeiro, 1966 - Colquio Unilateralmente Sentimental - Editora Record - RJ, 1968 - Seleta de Prosa - Nova Fronteira - RJ - Berimbau e Outros Poemas - Nova Fronteira - RJ

Antologias:- Antologia dos Poetas Brasileiros da Fase Romntica, N. Fronteira, RJ - Antologia dos Poetas Brasileiros da Fase Parnasiana - N. Fronteira, RJ - Antologia dos Poetas Brasileiros da Fase Moderna - Vol. 1, N. Fronteira, RJ - Antologia dos Poetas Brasileiros da Fase Moderna - Vol. 2, N. Fronteira, RJ - Antologia dos Poetas Brasileiros Bissextos Contemporneos, N. Fronteira, RJ - Antologia dos Poetas Brasileiros - Poesia Simbolista, N. Fronteira, RJ - Antologia Potica - Editora do Autor, Rio de Janeiro, 1961 - Poesia do Brasil - Editora do Autor, Rio de Janeiro, 1963 - Os Reis Vagabundos e mais 50 crnicas - Editora do Autor, RJ, 1966 - Manuel Bandeira - Poesia Completa e Prosa, Ed. Nova Aguilar, RJ - Antologia Potica (nova edio), Editora N. Fronteira, 2001

Em conjunto: - Quadrante 1 - Editora do Autor - Rio de Janeiro, 1962 (com Carlos Drummond de Andrade, Ceclia Meireles, Dinah Silveira de Queiroz, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos e Rubem Braga) - Quadrante 2 - Editora do Autor - Rio de Janeiro, 1963 (com Carlos Drummond de Andrade, Ceclia Meireles, Dinah Silveira de Queiroz, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos e Rubem Braga) - Quatro Vozes - Editora Record - Rio de Janeiro, 1998 (com Carlos Drummond de Andrade, Rachel de Queiroz e Ceclia Meireles) - Elenco de Cronistas Modernos - Ed. Jos Olympio - RJ (com Carlos Drummond de Andrade, Rubem Braga - O Melhor da Poesia Brasileira 1 - Ed. Jos Olympio - Rio de Janeiro (com Carlos Drummond de Andrade e Joo Cabral de Melo Neto) - Os Melhores Poemas de Manuel Bandeira (seleo de Francisco de A. Barbosa) - Editora Global - Rio de Janeiro)

Seleo e Organizao: - Sonetos Completos e Poemas Escolhidos de Antero de Quental - Obras Poticas de Gonalves Dias, 1944 - Rimas de Jos Albano, 1948 - Cartas a Manuel Bandeira, de Mrio de Andrade, 1958

Multimdia: -CD "Manuel Bandeira: O Poeta de Botafogo" - Gravaes inditas feitas pelo poeta e por Lauro Moreira, tendo como fundo musical peas de Camargo Guarnieri interpretadas pelo pianista Belkiss Carneiro Mendona, 2005.Sobre o Autor: - Homenagem a Manuel Bandeira, 1936 - Homenagem a Manuel Bandeira (edio fac-similar), 1986 - Bandeira a Vida Inteira - Edies Alumbramento, Rio de Janeiro, 1986 (com um disco contendo poemas lidos pelo autor).

Libertinagem ?Pode ser, o sinnimo de liberdade e prazer; O uso da liberdade sem o bom senso, mas ao contrrio por auto se contrariar; O ato em que o individuo pratica suas aes descontroladamente, sem senso crtico da realidade.Vive dos prazeres e delcias de tudo aquilo que o mundo pode lhe oferecer;

O Homem liberto que busca o prazer em todas as coisas que pratica;Pode significar rebeldia;

O Livro e o Contexto Histrico da poca (Segunda Fase do Romantismo)Publicado em 1930, Libertinagem constitui o primeiro livro inteiramente modernista de Manuel Bandeira, e seu quarto livro de poemas. uma sucesso de poemas espantosos, cheios de novidade, humor, erotismo, refinamento musical, fora de imagens tudo isso produzindo uma intensidade emocional que, s vezes, aproxima-se do piegas, mas nunca cai nele. Os chamados anos loucos da dcada de 20 foram bastante ricos do ponto de vista cultural. Eram os anos do ps-guerra, e a Europa festejava o retorno felicidade dos primeiros anos do sculo. No por acaso, a efervescncia intelectual fez com que surgissem vrias tendncias artsticas. A arte moderna nasceu dessas vrias tendncias, e se espalhou pelo mundo inteiro. Sua influncia estendeu-se inclusive ao Brasil, atravs da aceitao crtica que os modernistas de 22 fizeram dos chamados ismos europeus (Futurismo, Expressionismo, Cubismo).

Porm, o final da dcada foi melanclico. A crise deflagrada pela quebra na bolsa de New York em 1929 provocou quedas dos ndices econmicos em todos os pases ocidentais. Todos sofreram em alguma medida as conseqncias do desastre financeiro norte-americano. Recesso e misria substituram as altas taxas de crescimento que, mesmo que de forma desorganizada, tinham sido alcanadas at ento.

Os pases europeus que mais se ressentiram desses fatos foram aqueles j atingidos pela derrota na Primeira Guerra. Neles, comeam a ganhar corpo doutrinas totalitrias e salvacionistas. O nazismo alemo e o fascismo italiano conseguiram espao poltico cada vez maior ao longo da dcada de 30. Com uma poltica belicista e uma propaganda racista, essas doutrinas acirraram ainda mais os descontentamentos decorrentes das questes mal resolvidas aps a Primeira Guerra, e canalizaram a insatisfao generalizada com a crise econmica. As conseqncias so conhecidas: em 1939 eclode a Segunda Guerra Mundial.As pesquisas desenvolvidas a partir das descobertas de Freud tm continuidade nas obras de outros autores, e a Psicanlise permanece viva e influenciando decisivamente a vida cultural do perodo. Por outro lado, ao longo da Segunda Guerra, impe-se o poderio poltico da Rssia. Duas dcadas aps a Revoluo de 1917, o pas j era uma das superpotncias mundiais. A admirao pelo modelo sovitico cresceu no mundo inteiro. Admitindo os russos como aliados na guerra, os pases ocidentais foram obrigados a permitir a propaganda comunista. Ao lado da Psicanlise, o Marxismo se constituiu em outra grande linha filosfica de influncia no mundo das artes.

No Brasil, o perodo compreendido pelo segundo tempo do Modernismo (19301945) contou com um poder centralizador muito forte na figura do presidente e ditador Getlio Vargas. nico governante da Nao ao longo de todo perodo, Vargas chegou ao poder atravs da Revoluo de 1930. O movimento tinha como principal alvo a antiga poltica dos governadores, adotada no tempo de Campos Sales, que eternizava, nos governos regionais, polticos que usavam sua influncia para favorecer o governo nas votaes do Congresso. Desta estratgia derivou a chamada poltica dos governadores, adotada no tempo de Campos Sales, que eternizava, nos governos regionais, polticos que usavam sua influncia para favorecer o governo nas votaes do Congresso. Desta estratgia derivou a chamada poltica do caf com leite que alternava na presidncia nomes ligados a So Paulo e Minas Gerais. Em 1937, com o golpe do Estado Novo, Vargas cancela eleies prometidas, mantendo-se no governo como ditador at 1945. Neste ano, as mesmas foras que lutavam contra as ditaduras nazi-fascistas europias passaram a questionar a validade de sustentar internamente outro regime ditatorial. A presso para que Vargas renunciasse fez com que o governo promovesse eleies democrticas. No entanto, at isso acontecer, o pas viveu quinze anos de represso institucionalizada, com perseguies polticas e censuras de todos os tipos. Era impossvel aos artistas permanecerem alheios a este quadro.

O prprio Mrio de Andrade, lder da primeira gerao modernista, reconheceu que uma das limitaes do movimento era seu gradativo distanciamento do povo. Segundo o escritor, isto acontecia em funo de excessivas preocupaes de reformulao formal da arte brasileira, absorvidas e compreendidas apenas por uma elite. Assim, no seu segundo tempo, o Modernismo tornou-se mais politizado, produzindo uma literatura que colocava no centro a preocupao social, reduzindo a importncia que at ento se dava s reflexes de ordem estticoformal. A marca dessa gerao comeou a ser moldada em 1926, com um congresso de escritores nordestinos, que defendia a criao de um regionalismo crtico, sem abandonar as conquistas da gerao anterior. O neo-realismo, como tambm ficou conhecido o perodo ficcional relativo dcada de 30, mostrou uma literatura comprometida com os temas regionais, principalmente ligados ao nordeste brasileiro. Assim, relaes de trabalho arcaicas, explorao, opresso, banditismo, coronelismo, cangao, seca, misria, fome, eram assuntos que dominavam os romances da poca.

O maior representante da prosa no segundo tempo do modernismo brasileiro foi Graciliano Ramos. Em sua obra, Graciliano aderiu crtica social, sem, no entanto, deixar de lado tentativas de desvendamento dos mecanismos da alma humana. Em funo disso, o meio ambiente integrava-se ao indivduo, parecendo fazer parte dele. O estilo do escritor, seco, conciso, direto, desprovido de qualquer marca de sentimentalidade, casava-se perfeitamente com o ambiente em que se passavam as aes de seus romances, e com as personalidades das personagens que neles viviam. O narrador de So Bernardo, Paulo Honrio, um fazendeiro cuja brutalidade aparece como fruto da opresso do meio ambiente, mas que gradativamente acentuada por seu comportamento autoritrio diante dos empregados e pelos cimes doentios da mulher, at a impresso da perda completa da prpria humanidade.

NO SEI DANAR

Petrpolis, 1925Uns tomam ter, outros cocana. Eu j tomei tristeza, hoje tomo alegria. Tenho todos os motivos menos um de ser triste. Mas o clculo das probabilidades uma pilhria... Abaixo Amiel ! Eu nunca lerei o dirio de Maria Bashkirtseff. Sim, j perdi pai, me, irmos. Perdi a sade tambm. por isso que sinto como ningum o ritmo do jazz-band. Uns tomam ter, outros cocana. Eu tomo alegria ! Eis a por que vim assistir a este baile de tera-feira gorda. Mistura muito excelente de chs... ________________________Esta foi aafata... - No, foi arrumadeira. E est danando com o ex-prefeito municipal: to Brasil !

De fato este salo de sangues misturados parece o Brasil... H at a frao incipiente amarela na figura de um japons. O japons tambm dana maxixe: acugel banzai !A filha do usineiro de Campos olha com repugnncia para a crioula imoral, no entanto o que faz a indecncia da outra dengue nos olhos maravilhosos da moa. E aquele cair de ombros... Mas ela no sabe... To Brasil ! Ningum se lembra de poltica... Nem dos oito mil quilmetros de costa... O algodo do Serid o melhor do mundo?... Que me importa? No h malria nem molstia de Chagas nem ancilstomos. A sereia sibila e o ganz do jazz-band batuca. Eu tomo alegria !

Significados:Pilhria: Coisa que se diz com inteno humorstica, s vezes ofensiva. Graa, chiste.

Amiel: Filosofo, poeta e critico. (1821 1881)

O Dirio de Maria BashkirtsevaMaria Konstantinovna Bashkirtseva (1858-84), filha de uma famlia da nobreza russa, nasceu na Ucrnia mas passou grande parte da sua breve vida a viajar pela Europa. Estudou pintura em Paris, onde produziu uma obra notvel, quase inteiramente destruda pelos nazis durante a Segunda Guerra Mundial. Sob o pseudnimo Pauline Orrel, tambm escreveu para o jornal feminista La Citoyenne. Mas foram as suas cartas, e principalmente o dirio que manteve desde os 13 anos, que a tornaram uma figura nica no seu tempo, levando Jon Savage, em Teenage, a consider-la pioneira da emergncia de uma nova conscincia do lugar e do papel da jovem. Escreve ela no Dirio: Incendiar todas as coisas, exasperar-me, chorar, sofrer todos os dias, mas viver, e viver!. E mais adiante: Estou cansada da minha prpria obscuridade. () Definho na escurido. O sol, o sol, o sol! Maria insurgiu-se de forma consciente e solitria contra a vitoriosa ordem burguesa e a poderosa definio arquetpica de uma feminilidade assente na auto-represso, na resignao e na vida confinada ao espao domstico. Hoje quase esquecida, ter sido uma das primeiras a faz-lo.

Comentrio:O poema acima inicia a obra Libertinagem e j nos d idia de qual ser o tom da obra. primeira vista, percebe-se um poema em versos brancos e livres, em que a estrofao irregular, notando-se a preocupao grfica do poeta. O eulrico, impossibilitado de danar (No sei danar), observa o baile carnavalesco to brasileiro, onde tipos humanos dos mais diversos, como o japons que mistura idiomas (acugel banzai), a arrumadeira, o ex-prefeito, a filha do usineiro e a crioula imoral mesclam-se num mesmo ambiente, esquecendo-se da situao de seu pas. Assim como alguns empregam drogas para se livrarem da melancolia, o poeta bebe a tera-feira gorda que lhe entra pelos olhos. O poema acima inicia a obra Libertinagem e j nos d idia de qual ser o tom da obra. primeira vista, percebe-se um poema em versos brancos e livres, em que a estrofao irregular, notando-se a preocupao grfica do poeta. O eu-lrico, impossibilitado de danar (No sei danar), observa o baile carnavalesco to brasileiro, onde tipos humanos dos mais diversos, como o japons que mistura idiomas (acugel banzai), a arrumadeira, o ex-prefeito, a filha do usineiro e a crioula imoral mesclam-se num mesmo ambiente, esquecendo-se da situao de seu pas. Assim como alguns empregam drogas para se livrarem da melancolia, o poeta bebe a tera-feira gorda que lhe entra pelos olhos. Seu tom melanclico e irnico, chegando a Amiel, poeta suo dono de esprito inquieto e ativo que constantemente era paralisado pela sua timidez mrbida, alm de Maria, prosadora russa, em cuja obra citada no poema percebe-se a luta e o desespero de seu esprito inquieto e melanclico, tal como o do poeta.

O ANJO DA GUARDA Quando minha irm morreu, (Devia ter sido assim) Um anjo moreno, violento e bom, - brasileiro Veio ficar ao p de mim. O meu anjo da guarda sorriu E voltou pra junto do Senhor.

MULHERES Como as mulheres so lindas! Intil pensar que do vestido... E depois no h s as bonitas: H tambm as simpticas. E as feias, certas feias em cujos olhos eu vejo isto: Uma menininha que batida e pisada e nunca sai da cozinha. Como deve ser bom gostar de uma feia! O meu amor porm no tem bondade alguma, fraco! fraco! Meu Deus, eu amo como as criancinhas... s linda como uma histria da carochinha... E eu preciso de ti como precisava de mame e papai (No tempo em que pensava que os ladres moravam no [morro atrs de casa e tinham cara de pau).

Penso Familiar Jardim da pensozinha burguesa. Gatos espapaados ao sol. A tiririca sitia os canteiros chatos. O sol acaba de crestar as boninas que murcharam. Os girassis amarelo! Resistem. E as dlias, rechonchudas, plebias, dominicais. Um gatinho faz pipi. Com gestos de garom de restaurant-Palace Encobre cuidadosamente a mijadinha. Sai vibrando com elegncia a patinha direita: - a nica criatura fina na pensozinha burguesa. Petrpolis, 1925

CAMELSAbenoado seja o camel dos brinquedos de tosto: O que vende baleszinhos de cor O macaquinho que trepa no coqueiro O cachorrinho que bate com o rabo Os homenzinhos que jogam boxe A perereca verde que de repente d um pulo que engraado E as canetinhas-tinteiro que jamais escrevero coisa alguma. Alegria das caladas Uns famam pelos cotovelos: - "O cavalheiro chega em casa e diz: Meu filho, vai buscar um pedao de banana para eu acender o charuto. Naturalmente o menindo pensar: Papai est malu..." Outros, coitados, tm a lngua atada.

Todos porm sabem mexer nos cordis com o tino ingnuo de dimiurgos de inutilidades. E ensinam no tumulto das ruas os mitos hericos da meninice... E do aos homens que passam preocupados ou tristes uma lio de infncia.

O CACTO Aquele cacto lembrava os gestos desesperados de estaturia: Laocoonte constrangido pelas serpentes, Ugolino e os filhos esfaimados. Evocava tambm o seco Nordeste, carnaubais, caatingas... Era enorme, mesmo para esta terra de feracidades excepcionais. Um dia um tufo furibundo abateu-o pela raiz. O cacto tombou atravessado na rua, Quebrou os beirais do casario fronteiro, Impediu o trnsito de bondes, automveis, carroas, Arrebentou os cabos eltricos e durante vinte e quatro horas [privou a cidade de iluminao e energia: - Era belo, spero, intratvel. Petrpolis, 1925

PNEUMOTRAXFebre, hemoptise, dispnia e suores noturnos. A vida inteira que podia ter sido e que no foi. Tosse, tosse, tosse. Mandou chamar o mdico: - Diga trinta e trs. - Trinta e trs... trinta e trs... trinta e trs... - Respire. - O senhor tem uma escavao no pulmo esquerdo e o pulmo direito infiltrado. - Ento, doutor, no possvel tentar o pneumotrax? - No. A nica coisa a fazer tocar um tango argentino.

Comentrio:Nesse poema, atravs de formas nitidamente modernistas versos brancos livres Bandeira mescla dilogo com frases afirmativas e recursos grficos, empregando toda sua auto-ironia melanclica. Nele, o eu - lrico desabafa no 2o verso todo o seu drama interior. A vida inteira que podia ter sido e que no foi. Isto , aos desejos frustrados, aos sonhos no realizados do poeta s resta tocar uma cano trgica em homenagem.

POEMA TIRADO DE UMA NOTCIA DE JORNAL Joo Gostoso era carregador de feira livre e morava no mor[ro da Babilnia num barraco sem nmero. Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro Bebeu Cantou Danou Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afo[gado. Comentrio:

Joo Gostoso, o personagem annimo do barraco sem nmero, bebe,dana, canta e suicida-se na lagoa que embeleza a paisagem. Assim como Macaba, de Clarice Lispector, Joo Gostoso o heri annimo que sucumbe voracidade da cidade grande. Para o autor, no so necessrias muitas palavras, metros ou rimas para compor uma tragdia; os fatos bastam por si s. um poema modernista em sua primeira fase: anlise crtica da realidade brasileira expressa atravs de uma linguagem coloquial, sucinta, em que se restringe os fatos, como em uma notcia de jornal.