lingua portuguesa certa

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Page 1: Lingua Portuguesa Certa

Língua Portuguesa

Expressão Cultural Página 1

FONÉTICA Fonema Em linguística, um fonema é a menor unidade sonora (fonética) de uma língua que estabelece contraste de significado para diferenciar palavras. Por exemplo, a diferença entre as palavras prato e trato, quando faladas, está apenas no primeiro fonema: P na primeira e T na segunda. Classificação dos Fonemas Os fonemas são classificados em vogais, semivogais e consoantes. Vogais Vogal é o fonema produzido pelo ar que, expelido dos pulmões, faz vibrar as cordas vocais e não encontra nenhum obstáculo na sua passagem pelo aparelho fonador. Classificam-se em: QUANTO À INTENSIDADE ♦ Vogal tônica: é a vogal onde se encontra o acento principal da palavra. ♦ Vogal subtônica: é a vogal onde se encontra o acento secundário palavra. ♦ Vogal átona: é uma vogal onde não existe qualquer acento da palavra. Exemplo: Na palavra automaticamente, o primeiro "a" é a vogal tônica, o segundo "a" é a vogal subtônica, e as demais vogais são átonas. QUANTO AO TIMBRE ♦ Vogais abertas: São as vogais articuladas ao se abrir o máximo a boca. Por exemplo: nas palavras "amora" e "café", todas as vogais são abertas. ♦ Vogais fechadas: São as vogais articuladas ao se abrir o mínimo a boca. Por exemplo: nas palavras "êxodo" e "fôlego", todas as vogais são fechadas. QUANTO AO MODO DE ARTICULAÇÃO ♦ Vogais orais: São as vogais pronunciadas completamente através da cavidade oral. Em português, existem de sete a nove vogais orais, de acordo com o dialeto,

a saber: "á" [ä], "â" [ɜ̝], "ê" [e], "é" [ɛ], "i" [ɯ̟], "í" [i], "ô" [o],

"ó" [ɔ] e "u" [u] (as vogais representadas pelos símbolos [ɯ, ɜ] são comumente representados por [ɨ, ɐ] por sua aproximidade e também por sua semelhança gráfica). ♦ Vogais nasais: São as vogais pronunciadas em que uma parte do ar usado para a pronúncia escapa pela cavidade nasal. Em português, existem cinco vogais nasais. Nas palavras: "maçã", "sempre", "capim ", "bondade", e "fundo", os grafemas assinalados em negrito representam vogais nasais. Também são nasais os ditongos "ão", "ãe", "õe" e o ditongo "ui" da palavra "muito". QUANTO AO PONTO DE ARTICULAÇÃO ♦ Vogais posteriores: São as vogais pronunciadas com a língua posicionada no fundo da boca, entre o dorso da língua e o véu palatino. Em português, são posteriores as vogais "ô", "ó" e "u". ♦ Vogais anteriores: São as vogais pronunciadas com a língua posicionada na frente da boca entre o dorso da língua e o palato duro. Em português, são anteriores as vogais "ê", "é" e "í". ♦ Vogais centrais: São as vogais pronunciadas com a lingua posicionada no centro da boca. Em português, são centrais as vogais "á", "â", e em alguns dialetos também têm o "i" átono, pronunciado ora central ora quase posterior.

Semivogais As semivogais são fonemas que não ocupam a posição de núcleo da sílaba, devendo, portanto, associar-se a uma vogal para formarem uma sílaba. Em português, somente os fonemas representados pelas letras "i" e "u" em ditongos e tritongos são considerados semi-vogais. Um ditongo é sempre formado por uma vogal mais uma Semivogal. Quando a semivogal vem antes da vogal, o ditongo é dito "crescente" (como em "jaguar"). Quando a semivogal vem depois, o ditongo é dito "decrescente" (como em "demais"). Nos ditongos "ui" e "iu", uma das letras é sempre considerada vogal e a outra é semivogal. No caso dos tritongos, todos eles são formados por uma vogal intercalada entre duas semivogais. Consoantes Consoantes são fonemas assilábicos que se produzem após ultrapassar um obstáculo que se opõe à corrente de ar no aparelho fonador. Estes obstáculos incluem os lábios, os dentes, a língua, o palato, o véu palatino e a úvula. Classificam-se da seguinte maneira: QUANTO AO PAPEL DAS CORDAS VOCAIS ♦ Consoantes surdas (ou desvozeadas): São as consoantes pronunciadas sem que as cordas vocais sejam postas em vibração. São surdas as seguintes consoantes em português: f, k, p, s, t, ch. ♦ Consoantes sonoras (ou vozeadas): São as consoantes pronunciadas com a vibração das cordas vocais. São sonoras as seguintes consoantes em português: b, d, g, j, l, lh, m, n, nh, r, v, z. QUANTO AO MODO DE ARTICULAÇÃO ♦ Consoantes oclusivas: São as consoantes pronunciadas fechando-se totalmente o aparelho fonador, sem dar espaço para o ar sair. São oclusivas as seguintes consoantes: p, t, k, b, d, g. ♦ Consoantes fricativas: São as consoantes pronunciadas através de uma corrente de ar que se fricciona em um obstáculo. São fricativas as seguintes consoantes em português: f, j, s, ch, v, z. ♦ Consoantes laterais: São as consoantes pronunciadas ao fazer passar a corrente de ar nos dois cantos da boca ao lado da língua. Em português, são laterais apenas as consoantes "l" e "lh". ♦ Consoantes vibrantes: São as consoantes pronunciadas através da vibração de algum elemento do aparelho fonador, em geral a língua ou o véu palatino. Em português, são vibrantes apenas as duas variedades do "r", como em "carro" e em "caro". ♦ Consoantes nasais: São as consoantes em que o ar sai pelas fossas nasais, em vez da boca. Em português, são nasais as consoantes "m", "n" e "nh". ♦ QUANTO AO PONTO DE ARTICULAÇÃO ♦ Consoantes bilabiais: São as consoantes pronunciadas com o contato dos dois lábios. Em português, são bilabiais as consoantes: p, b, m. ♦ Consoantes dentais: São as consoantes pronunciadas com a língua entre os dentes. Em português são dentais as consoantes: t, d e n. ♦ Consoantes alveolares: São as consoantes pronunciadas com o contato da língua nos alvéolos dos dentes. Em português, são alveolares as consoantes: s, z, l e o "r" fraco. ♦ Consoantes labiodentais: São as consoantes pronunciadas com o contato dos lábios na arcada superior dos dentes. Em português, são labiodentais as consoantes "f" e "v".

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♦ Consoantes palatais: São as consoantes pronunciadas com o contato da língua com o palato. Em português, são palatais as seguintes consoantes: j, ch, lh e nh, e, em alguns dialetos, também as consoantes "t" e "d" antes de "i". ♦ Consoantes retroflexivas: São as consoantes pronunciadas com a língua curvada. Em português, somente alguns dialetos do Brasil têm uma consoante retroflexiva, o chamado "r" caipira. ♦ Consoantes velares: São as consoantes pronunciadas com a parte traseira da língua no véu palatino. Em português, são velares as consoantes: k, g e rr (em alguns dialetos brasileiros). ♦ Consoantes uvulares: São as consoantes pronunciadas através da vibração da úvula. Em português, existem na variedade europeia e no dialeto fluminense; no caso, o "r" forte. ♦ Consoantes glotais: São as consoantes pronunciadas através da vibração da glote. Não há consoantes glotais em português e em praticamente nenhum dos idiomas ocidentais. Exemplos de idiomas com consoantes glotais são o hebraico e o árabe. Nota: No Brasil, é perceptível a diferença de pronúncia da palavra tia entre pessoas do Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, por exemplo. De modo geral, para os primeiros, a letra "t" é um fonema palatal (pronunciado mais ou menos como "txia", enquanto para os segundos representa um fonema alveolar. Ainda que — assim como em prato e trato — os sons correspondentes à letra t de tia sejam diferentes (isto é, letras iguais e sons diferentes), o fonema é um só, visto que, na língua, não se estabelece distinção de significado ao pronunciar-se /tia/ ou /txia/. As letras do alfabeto representam os sons recebem o nome de FONEMA. Sílaba A sílaba é conjunto de sons que pode ser emitido numa só expiração. Na língua portuguesa a parte central da sílaba sempre é a vogal. Assim, na estrutura da sílaba existe, uma vogal, à qual se juntam, ou não, semivogais ou consoantes. A maneira mais fácil para separar as sílabas é pronunciar a palavra lentamente, de forma melódica. Na língua portuguesa, os vocábulos são classificados de acordo com o número de sílabas que apresentam, podendo ser: ♦ monossílabos (apenas uma sílaba): cão, chá; ♦ dissílabos (apresenta duas sílabas): mulher, garfo; ♦ trissílabos (possuem três sílabas): macaco, equipe; ♦ polissílabos (formados por mais de três sílabas): amizade; felicidade. Divisão silábica A divisão silábica obedece a algumas regras básicas. O conhecimento das regras de divisão silábica é útil para a translineação das palavras, ou seja, para separá-las no final das linhas. Quando houver necessidade da divisão, ela deve ser feita de acordo com as regras abaixo. Por motivos estéticos e de clareza, devem-se evitar vogais isoladas no final ou no início de linhas, como a-sa ou Urugua-i. ♦ ditongos e tritongos pertencem a uma única sílaba: au-tô-no-mo, ou -to-no, di-nhei-ro, U-ru-guai , i-guais. ♦ os hiatos são separados em duas sílabas: du-e-to, a-mên-do-a, ca-a-tin-ga. ♦ os dígrafos ch, lh, nh, gu e qu pertencem a uma única sílaba: chu -va, mo-lha , es-ta-nho , guel -ra, a-que -la.

♦ as letras que formam os dígrafos rr, ss, sc, sç, xs, e xc devem ser separadas: bar-ro, as-sun-to, des-cer, nas-ço, es-xu-dar, ex-ce-to. ♦ os encontros consonantais que ocorrem em sílabas internas devem ser separados, excetuando-se aquelas em que a segunda consoante é l ou r: con-vic-ção, a-pli -ca-ção, as-tu-to, a-pre -sen-tar, ap-to, a-brir , cír-cu-lo, re-tra -to, ad-mi-tir, de-ca-tlo , ob-tu-rar. Exceção: ab-ru p-to. Os grupos consonantais que iniciam palavras não são separáveis: gnós -ti-co, pneu -má-ti-co, mne -mô-ni-co. Acento tônico / gráfico 1- Sílaba tônica - A sílaba proferida com mais intensidade que as outras é a sílaba tônica. Esta possui o acento tônico, também chamado acento de intensidade ou prosódico: cajá, caderno, lâmpada 2- Sílaba subtônica - Algumas palavras geralmente derivadas e polissílabas, além do acento tônico, possuem um acento secundário. A sílaba com acento secundário é chamada de subtônica: terrinha, sozinho 3- Sílaba átona - As sílabas que não são tônicas nem subtônicas chamam-se átonas. Podem ser pretônicas (antes da tônica) ou postônicas (depois da tônica): barata (átona pretônica, tônica, átona postônica) máquina (tônica, átona postônica, átona postônica) Classificação das palavras quanto ao acento tônico As palavras com mais de uma sílaba, conforme a tonicidade, classificam-se em: Oxítonas: quando a sílaba tônica é a última - coração, São Tomé, etc. Paroxítonas: quando a sílaba tônica é a penúltima - cadeira, linha, régua, etc. Proparoxítonas: quando a sílaba tônica é a antepenúltima - ibérica, América, etc. Os monossílabos podem ser tônicos ou átonos: Tônicos: são autônomos, emitidos fortemente, como se fossem sílabas tônicas.Ex.: ré, teu, lá, etc. Átonos: apóiam-se em outras palavras, pois não são autônomos, são emitidos fracamente, como se fossem sílabas átonas.São palavras sem sentido quando estão isoladas: artigos, pronomes oblíquos, preposições, junções de preposições e artigos, conjunções, pronome relativo que. Ex.: o, lhe, nem, etc. Encontro Vocálico Como o nome já sugere, encontros vocálicos são o ajuntamento de duas ou mais vogais numa palavra. Ou, mais especificamente, o encontro de uma vogal com uma semi-vogal (e vice-versa). Existem três tipos: 1.º) DITONGO: quando duas vogais estão juntas na mesma sílaba. Ex: PEIXE, SAUDADE, PAIXÃO O ditongo pode ser classificado de duas formas: ♦ Ditongo crescente ou Ditongo decrescente ♦ Ditongo oral ou Ditongo nasal Para entendermos como acontece a classificação de crescente ou decrescente, temos que saber distinguir uma vogal de uma semivogal. Toda vez que uma vogal está sozinha na sílaba, ela classifica-se como vogal, mas quando ela está junto a outra vogal ela pode ficar em menos evidência, mais “fraca” ou “escondida”, estas são as chamadas semivogais.

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Ex: APAIXONADO: neste caso a sílaba -PAI- contém duas vogais. A mais aberta ou “forte” é a letra A, enquanto que a letra I é mais fechada e “fraca”. Neste caso, diz-se que é a junção da vogal A + a semivogal I. Ditongo crescente: É quando há na sílaba a junção de semivogal + vogal Ex: qua-dra-do (u=SV, a=V) Ditongo Decrescente: É quando, na mesma sílaba, junta-se vogal + semivogal Ex: noi -te (o=V, i=SV) Para compreendermos o que é um ditongo oral ou um ditongo nasal, precisamos entender que há vogais que são pronunciadas somente pela boca, chamadas de vogais orais (a, é, ê, i, ó, ô, u), e há vogais que são pronunciadas também pelo nariz, chamadas de vogais nasais. Ditongo oral: É quando há uma junção de duas vogais orais na mesma sílaba. Ex: cai-xa Ditongo nasal: É quando há uma junção de duas vogais nasais ou de uma vogal nasal e uma oral na mesma sílaba. Ex: sab-ão 2.º) TRITONGO: quando três vogais estão juntas na mesma sílaba. Ex: PARAGUAI, QUEIJO, SAGUÃO, OBS: O tritongo é formado por VOGAL + SEMIVOGAL + VOGAL. Em uma sílaba não pode haver mais de uma vogal, e não há sílabas constituídas apenas de consoantes na Lingua Portuguesa. Como o tritongo é o encontro de três vogais na mesma sílaba, então naturalmente só há uma destas três vogais que fica como base da sílaba, as outras duas serão semivogais. Exemplo: U-RU-GUAI No exemplo acima, a letra “A” é o núcleo da sílaba, ou seja, é vogal. Consequentemente, o “U” e o “I” são semivogais porque não são o núcleo da sílaba. Existe uma classificação para os tritongos. Eles podem ser orais ou nasais. TRITONGO ORAL – quando todas as suas vogais são orais. Exemplos: Quei -jo, a-ve-ri-guei, quais TRITONGO NASAL – quando uma ou mais de suas vogais é nasal. Exemplos: sa-guão, en-xá-guem (o “m” tem som nasal de “i”), quão 3.º) HIATO: quando duas vogais estão juntas na mesma palavra, mas em sílabas diferentes. Ex: SA-Ú-DE, PA-RA-Í-BA, SO-AR OBS: em caso de as sílabas fazerem parte da mesma sílaba, trata-se de um ditongo e não de um hiato. Vejamos os exemplos das palavras “sábia” e “sabiá”: Sá-bia (o encontro vocálico “ia” é um ditongo, porque as duas vogais estão em sequência e fazem parte da mesma sílaba). Sa-bi-á (o encontro vocálico “iá” é um hiato, pois embora as duas vogais estejam juntas, elas pertencem a sílabas diferentes). OBS: O hiato é formado por VOGAL + VOGAL. Isso acontece pelo fato de as vogais pertencerem a sílabas diferentes, e portanto servirem como núcleos para suas respectivas sílabas. Acontece diferente com o ditongo, que pode ser formado por vogal + consoante ou consoante + vogal, e com o tritongo, que é formado por semivogal + vogal + semivogal. Há ainda casos como o da palavra “sereia”: Se-rei-a - O encontro vocálico “eia” não é tritongo, pois as três vogais não pertencem a uma única sílaba.

- O encontro vocálico “ei” constitui um ditongo decrescente, pois é formado por vogal + semivogal, já que ambas pertencem a uma única sílaba. - O encontro vocálico “ia” constitui um hiato, pois apesar de estarem adjacentes, as duas vogais pertencem a sílabas diferentes. - A particularidade deste hiato é que ele é formado por SEMIVOGAL + VOGAL, já que o ditongo “ei” é decrescente, e o “i” é semivogal. Mesmo assim, permanece a regra de que cada sílaba precisa possuir uma vogal, e não pode ter mais de uma, sendo as demais classificadas como semivogais. Encontro Consonantal Encontro consonantal é o nome que se dá ao agrupamento de duas ou mais consoantes, sem vogal intermediária. Há dois tipos básicos de encontros consonantais: ♦ consoante + l ou r - são encontros que pertencem a uma mesma sílaba: pra-to, pla-ca, bro-che, blu-sa, trei-no, a-tle-ta, cr i-se, cla-ve, fran-co, flan-co. ♦ duas consoantes pertencentes a sílabas diferentes - é o que ocorre em: ab-di-car, sub-so-lo, ad-vo-ga-do, ad-m i-tir, al-ge-ma, cor-te. Há grupos consonantais que surgem no início dos vocábulos; são, por isso, inseparáveis: pneu-mo-ni-a, ps i-co-se, gno-mo. Sequência de duas ou mais consoantes, sem vogal intermediária, desde que não constituam dígrafo. Podem ocorrer na mesma sílaba ou não (perfeitos/próprios ou imperfeitos/impróprios) - pe-dra, cla-ro, por-ta, lis-ta. Os encontros gn, mn, pn, ps, pt, bt e tm não são muito comuns. Quando iniciais, são inseparáveis. Quando mediais, criam uma pronúncia mais difícil. (gnomo/digno, ptialina/apto). Quando x corresponde a cs, há um encontro consonantal fonético. Nesse caso, x é chamado de dífono (di=dois; fono:som) Exemplos com as consoantes na mesma sílaba: Pedra -> pe – Dra Planta -> plan – ta Glicose -> gli – co – se Gravidade -> gra – vi – da – de Exemplos com as consoantes em sílabas separadas: Garfo -> gar – Fo Ignorar -> ig – no – rar Vista -> vis – ta Observação: Quando x corresponde a cs (táxi, falamos "tácsi"), há um encontro consonantal fonético. Nesse caso, x é chamado de dífono. Dígrafo é o encontro de duas letras com um único som. Exemplos: chapéu, piscina, carroça, descer, pássaro, mosquito, exceção, galinha, tampa, ponta, índia, comprimido e renda. Podemos dividir os dígrafos da língua portuguesa em dois grupos: os consonantais e os vocálicos. Dígrafos consonantais Dígrafo Exemplos

Ch chuva, China

Lh alho, milho

Xs exsudar, exsuar

Nh sonho, venho

rr (usado unicamente entre vogais) barro, birra, burro

ss (usado unicamente entre vogais) assunto, assento, isso

SC ascensão, descendente

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SC nasço, cresça

Xc exceção, excesso

Gu guelra, águ ia

Qu questão, qu ilo O que significa é: gu e qu nem sempre representam dígrafos. Isso ocorre apenas quando, seguidos de e ou i, representam os fonemas /g/ e /k/: guerra, qu ilo. Nesses casos, a letra u não corresponde a nenhum fonema. Em algumas palavras, no entanto, o u representa uma semivogal ou uma vogal (antes de 2012, no Brasil, representado pelo trema no u: ü): aguentar, lingu iça, frequente, tranqu ilo, averigúe, argú i - o que significa que gu e qu não são dígrafos. Também não há dígrafo quando são seguidos de a ou o: quando, aquoso, averiguo. Dígrafos vocálicos Quando m e n aparecem no final da sílaba. Dígrafo Exemplos

am/an campo, sangue

em/en sempre, tento

im/in limpo, tingir

om/on rombo, ton to

um/un bumbo, sunga Ortoépia ou Ortoepia A palavra ortoépia se origina da união dos termos gregos orthos, que significa "correto" e hépos, que significa "palavra". Assim, a ortoépia se ocupa da correta produção oral das palavras. Preceitos: 1) A perfeita emissão de vogais e grupos vocálicos, enunciando-os com nitidez, sem acrescentar nem omitir ou alterar fonemas, respeitando o timbre (aberto ou fechado) das vogais tônicas, tudo de acordo com as normas da fala culta. 2) A articulação correta e nítida dos fonemas consonantais. 3) A correta e adequada ligação das palavras na frase. Veja a seguir alguns casos frequentes de pronúncias corretas e errôneas, de acordo com o padrão culto da língua portuguesa no Brasil.

CORRETAS ERRÔNEAS

adivinhar advinhar

advogado adevogado

apropriado apropiado

aterrissar aterrisar

bandeja bandeija

bochecha buchecha

boteco buteco

braguilha barguilha

bueiro boeiro

cabeleireiro cabelereiro

caranguejo carangueijo

eletricista eletrecista

emagrecer esmagrecer

empecilho impecilho

estupro, estuprador estrupo, estrupador

fragrância fragância

frustrado frustado

lagartixa largatixa

lagarto largato

mendigo mendingo

meteorologia metereologia

mortadela mortandela

murchar muchar

paralelepípedos paralepípedos

pneu peneu

prazerosamente prazeirosamente

privilégio previlégio

problemas poblemas ou pobremas

próprio própio

proprietário propietário

psicologia, psicólogo pissicologia, pissicólogo

salsicha salchicha

sobrancelha sombrancelha

superstição supertição

verruga berruga

Em muitas palavras há incerteza, divergência quanto ao timbre de vogais tônicas /e/ e /o/. Recomenda-se proferir: Com timbre aberto: acerbo, badejo, coeso, grelha, groselha, ileso, obeso, obsoleto, dolo, inodoro, molho (feixe, conjunto), suor. Com timbre fechado: acervo, cerda, interesse (substantivo), reses, algoz, algozes, crosta, bodas, molho (caldo), poça, torpe. Prosódia A prosódia ocupa-se da correta emissão de palavras quanto à posição da sílaba tônica, segundo as normas da língua culta. Existe uma série de vocábulos que, ao serem proferidos, acabam tendo o acento prosódico deslocado. Ao erro prosódico dá-se o nome de silabada. Observe os exemplos. São oxítonas:

condor novel ureter

mister Nobel ruim

2) São paroxítonas:

austero ciclope Madagáscar recorde

caracteres filantropo pudico(dí) rubrica

3) São proparoxítonas:

aerólito lêvedo quadrúmano

alcíone munícipe trânsfuga

Existem palavras cujo acento prosódico é incerto, mesmo na língua culta. Observe os exemplos a seguir, sabendo que a primeira pronúncia dada é a mais utilizada na língua atual.

acrobata - acróbata réptil - reptil

Bálcãs - Balcãs xerox - xérox

projétil - projetil zangão - zângão

Ortografia

Finalmente, o que muda com a reforma ortográfica? Quais são as novas regras? Confira a seguir um pequeno resumo com as principais mudanças.

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Alfabeto Com as mudanças, nosso alfabeto terá 26 letras, foram incluídas as letras “k”, “w” e “y”. Trema O trema sumiu do português, dois pontos em cima da letra “u” agora é coisa do passado. Exemplos: ♦ “tranqüilo” passa a ser “tranquilo”. ♦ “conseqüência” fica “consequência”. Acento Agudo O acento agudo desaparece nas palavras com ditongo aberto ‘ei’ e “oi”. Exemplos: ♦ “idéia” agora é “ideia”. ♦ “heróico” passa a ser “heroico”. Acento Circunflexo Desaparece nas palavras com duplo “e” e duplo “o”. Exemplos: ♦ As palavras “crêem”, “dêem”, “lêem” e “vêem” passam a ser “creem”, “deem”, “leem” e “veem”. ♦ Palavras como “enjôo” ou “vôo” se tornam “enjoo” e “voo”. Acento Diferencial Alguns exemplos das situações que não se usarão mais o acento para diferenciar palavras como: ♦ “pára” (flexão do verbo parar) de “para” (preposição). ♦ “pélo” (flexão do verbo pelar), “pêlo” (substantivo) e “pelo” (combinação da preposição com o artigo). Hífen Palavras começadas pela letra “r” ou “s” não levarão mais hífen. Exemplos: ♦ “anti-semita” ficará “antissemita”. ♦ “contra-regra” ficará “contrarregra”. Algumas regras ortográficas: Ao escrever uma palavra com som de s, de z, de x ou de j, deve-se procurar a origem dela, pois, na Língua Portuguesa, a palavra primitiva, em muitos casos, indica como deveremos escrever a palavra derivada.

Ç 1. Escreveremos com -ção as palavras derivadas de vocábulos terminados em -to , -tor , -tivo e os substantivos formados pela posposição do -ção ao tema de um verbo (Tema é o que sobra, quando se retira a desinência de infinitivo - r - do verbo). Portanto deve-se procurar a origem da palavra terminada em -ção . Por exemplo: Donde provém a palavra conjunção ? Resposta: provém de conjunto . Por isso, escrevemo-la com ç. Exemplos: ♦ erudito = erudição ♦ exceto = exceção ♦ setor = seção ♦ intuitivo = intuição ♦ redator = redação ♦ ereto = ereção

♦ educar - r + ção = educação ♦ exportar - r + ção = exportação ♦ repartir - r + ção = repartição 2. Escreveremos com -tenção os substantivos correspondentes aos verbos derivados do verbo ter . Exemplos: ♦ manter = manutenção ♦ reter = retenção ♦ deter = detenção ♦ conter = contenção 3. Escreveremos com -çar os verbos derivados de substantivos terminados em -ce. Exemplos: ♦ alcance = alcançar ♦ lance = lançar

S 1. Escreveremos com -s- as palavras derivadas de verbos terminados em -nder e –ndir Exemplos: • pretender = pretensão • defender = defesa, defensivo • despender = despesa • compreender = compreensão • fundir = fusão • expandir = expansão 2. Escreveremos com -s- as palavras derivadas de verbos terminados em -erter , -ertir e -ergir . Exemplos: ♦ perverter = perversão ♦ converter = conversão ♦ reverter = reversão ♦ divertir = diversão ♦ aspergir = aspersão ♦ imergir = imersão 3. Escreveremos -puls- nas palavras derivadas de verbos terminados em -pelir e -curs- , nas palavras derivadas de verbos terminados em -correr . Exemplos: ♦ expelir = expulsão ♦ impelir = impulso ♦ compelir = compulsório ♦ concorrer = concurso ♦ discorrer = discurso ♦ percorrer = percurso 4. Escreveremos com -s- todas as palavras terminadas em -oso e -osa , com exceção de gozo . Exemplos: ♦ gostosa ♦ glamorosa ♦ saboroso ♦ horroroso 5. Escreveremos com -s- todas as palavras terminadas em -ase, -ese, -ise e -ose , com exceção de gaze e deslize . Exemplos:

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♦ fase ♦ crase ♦ tese ♦ osmose 6. Escreveremos com -s- as palavras femininas terminadas em -isa . Exemplos: ♦ poetisa ♦ profetisa ♦ Heloísa ♦ Marisa 7. Escreveremos com -s- toda a conjugação dos verbos pôr , querer e usar . Exemplos: ♦ Eu pus ♦ Ele quis ♦ Nós usamos ♦ Eles quiseram ♦ Quando nós quisermos ♦ Se eles usassem

Ç ou S? Após ditongo , escreveremos com -ç-, quando houver som de s, e escreveremos com -s-, quando houver som de z. Exemplos: ♦ eleição ♦ traição ♦ Neusa ♦ coisa

S ou Z? 1.-a) Escreveremos com -s- as palavras terminadas em -ês e -esa que indicarem nacionalidades , títulos ou nomes próprios . Exemplos: ♦ português ♦ norueguesa ♦ marquês ♦ duquesa ♦ Inês ♦ Teresa 1.-b) Escreveremos com -z- as palavras terminadas em -ez e -eza, substantivos abstratos que provêm de adjetivos , ou seja, palavras que indicam a existência de uma qualidade . Exemplos: ♦ embriaguez ♦ limpeza ♦ lucidez ♦ nobreza • acidez ♦ pobreza 2.-a) Escreveremos com -s- os verbos terminados em -isar , quando a palavra primitiva já possuir o -s-. Exemplos: ♦ análise = analisar

♦ pesquisa = pesquisar ♦ paralisia = paralisar 2.-b) Escreveremos com -z- os verbos terminados em -izar , quando a palavra primitiva não possuir -s-. Exemplos: ♦ economia = economizar ♦ terror = aterrorizar ♦ frágil = fragilizar Cuidado: ♦ catequese = catequizar ♦ síntese = sintetizar ♦ hipnose = hipnotizar ♦ batismo = batizar 3.-a) Escreveremos com -s- os diminutivos terminados em -sinho e -sito , quando a palavra primitiva já possuir o -s- no final do radical. Exemplos: ♦ casinha ♦ asinha ♦ portuguesinho ♦ camponesinha ♦ Teresinha ♦ Inesita 3.-b) Escreveremos com -z- os diminutivos terminados em -zinho e -zito , quando a palavra primitiva não possuir -s- no final do radical. Exemplos: ♦ mulherzinha ♦ arvorezinha ♦ alemãozinho ♦ aviãozinho ♦ pincelzinho ♦ corzinha

SS 1. Escreveremos com -cess- as palavras derivadas de verbos terminados em -ceder . Exemplos: ♦ anteceder = antecessor ♦ exceder = excesso ♦ conceder = concessão 2. Escreveremos com -press- as palavras derivadas de verbos terminados em -primir . Exemplos: ♦ imprimir = impressão ♦ comprimir = compressa ♦ deprimir = depressivo 3. Escreveremos com -gress- as palavras derivadas de verbos terminados em -gredir . Exemplos: ♦ agredir = agressão ♦ progredir = progresso ♦ transgredir = transgressor 4. Escreveremos com -miss- ou -mess- as palavras derivadas de verbos terminados em -meter .

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Exemplos: ♦ comprometer = compromisso ♦ intrometer = intromissão ♦ prometer = promessa ♦ remeter = remessa

ÇS ou SS Em relação ao verbos terminados em -tir , teremos: 1. Escreveremos com -ção , se apenas retirarmos a desinência de infinitivo -r, dos verbos terminados em -tir. Exemplo: ♦ curtir - r + ção = curtição 2. Escreveremos com -são , quando, ao retirarmos toda a terminação -tir , a última letra for consoante. Exemplo: ♦ divertir - tir + são = diversão 3. Escreveremos com -ssão , quando, ao retirarmos toda a terminação -tir , a última letra for vogal. Exemplo: ♦ discutir - tir + ssão = discussão

J 1. Escreveremos com -j- as palavras derivadas dos verbos terminados em -jar . Exemplos: ♦ trajar = traje, eu trajei. ♦ encorajar = que eles encorajem ♦ viajar = que eles viajem 3. Escreveremos com -j- as palavras derivadas de vocábulos terminados em -ja. Exemplos: ♦ loja = lojista ♦ gorja = gorjeta ♦ canja = canjica 4. Escreveremos com -j- as palavras de origem tupi , africana ou popular . Exemplos: ♦ jeca ♦ jibóia ♦ jiló ♦ pajé

G 1. Escreveremos com -g- todas as palavras terminadas em -ágio, -égio, -ígio, -ógio, -úgio . Exemplos: ♦ pedágio ♦ colégio ♦ sacrilégio ♦ prestígio ♦ relógio ♦ refúgio 2. Escreveremos com -g- todas as palavras terminadas em -gem , com exceção de pajem , lambujem e a conjugação dos verbos terminados em -jar .

Exemplos: ♦ a viagem ♦ a coragem ♦ a personagem ♦ a vernissagem ♦ a ferrugem ♦ a penugem Curiosidade : Em uma sala de aula uma professora explicava a seus alunos o uso do G e do J e uma aluna fez a seguinte pergunta: - Professora, Tigela ou Tijela? Beringela ou Berinjela? A professora percebeu que estava difícil de explica r o uso dessas duas letras então fez um exemplo para as crianças... - Vou simplificar para vocês... Para que vocês nunca esqueçam: TIGELA é com G e BERINJELA é com J.. Pensem comigo, a tigela é redonda e o G também, e a Berinjela é comprida igual o J.

X 1. Escreveremos com -x- as palavras iniciadas por mex- , com exceção de mecha . Exemplos: ♦ mexilhão ♦ mexer ♦ mexerica ♦ México ♦ mexerico ♦ mexido 2. Escreveremos com -x- as palavras iniciadas por enx- , com exceção das derivadas de vocábulos iniciados por ch- e da palavra enchova. Exemplos: ♦ enxada ♦ enxerto ♦ enxerido ♦ enxurrada mas: ♦ cheio = encher, enchente ♦ charco = encharcar ♦ chiqueiro = enchiqueirar 3. Escreveremos -x- após ditongo, com exceção de recauchutar e guache . Exemplos: ♦ ameixa ♦ deixar ♦ queixa ♦ feixe ♦ peixe ♦ gueixa

UIR e OER Os verbos terminados em -uir e -oer terão as 2ª e 3ª pessoas do singular do Presente do Indicativo escritas com -i-. Exemplos:

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♦ tu possuis ♦ ele possui ♦ tu constróis ♦ ele constrói ♦ tu móis ♦ ele mói ♦ tu róis ♦ ele rói

UAR e OAR Os verbos terminados em -uar e -oar terão todas as pessoas do Presente do Subjuntivo escritas com -e-. Exemplos: ♦ Que eu efetue ♦ Que tu efetues ♦ Que ele atenue ♦ Que nós atenuemos ♦ Que vós entoeis ♦ Que eles entoem

H O h é uma letra que se mantém em algumas palavras em decorrência da etimologia ou da tradição escrito do nosso idioma. Algumas regras, quanto ao seu emprego deve ser observadas: 1) Emprega-se o h quando a etimiologia ou a tradição escrito do nosso idioma assim determina. Ex: homem, higiene, honra, hoje, herói; 2) Emprega-se o h no final de algumas interjeições Ex: Oh! Ah! 3) No interior dos vocábulos não se usa h, exceto: - nos vocábulos compostos em que o segundo elemento com h se une por hífen ao primeiro. Ex: super-homem, pré história - quando ele faz parte de dígrafos ch, lh, nh. Ex: passarinho, palha, chuva

HÍFEN O que estabelece o novo acordo? 1) Nas formações com prefixos (ANTE, ANTI, ARQUI, AUTO, CIRCUM, CO, CONTRA, ENTRE, EXTRA, HIPER, INFRA, INTER, INTRA, SEMI, SOBRE, SUB, SUPER, SUPRA, ULTRA...) e em formações com falsos prefixos (AERO, FOTO, MACRO, MAXI, MEGA, MICRO, MINI, NEO, PROTO, PSEUDO, RETRO, TELE...), só se emprega o hífen nos seguintes casos: a) Nas formações em que o segundo elemento começa por “H”: (ante-histórico, anti-higiênico, anti-herói, anti-horário, auto-hipnose, circum-hospitalar, co-herdeiro, infra-hepático, inter-humano, hiper-hidratação, neo-hamburguês, pan-helênico, proto-história, semi-hospitalar, sobre-humano, sub-humano, super-homem, ultra-hiperbólico. Observação: Não se usa, no entanto, o hífen em formações que contêm em geral os prefixos “DES-” e “IN-” e nas quais o segundo elemento perdeu o “h” inicial: desumano, desarmonia, desumidificar, inábil, inumano...

b) Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo termina na MESMA VOGAL com que se inicia o segundo elemento: auto-observação, anti-imperialismo, anti-inflacionário, anti-inflamatório, arqui-inimigo, arqui-irmandade, contra-almirante, contra-ataque, infra-assinado, infra-axilar, intra-abdominal, proto-orgânico, semi-inconsciência, semi-interno, sobre-erguer, supra-anal, supra-auricular, ultra-aquecido, eletro-ótica, micro-onda, micro-ônibus... Observações: 1ª) Nas formações com o prefixo “CO-”, este aglutin a-se (junta-se) em geral com o segundo elemento mesmo quando iniciado por “o”: coobrigação, coocupante, cooperar, cooperação, coordenar... 2ª) Nas formações com os prefixos “CIRCUM-” e “PAN-”, quando o segundo elemento começa por “h”, vogal, “m” ou “n”, devemos usar o hífen: circum - hospitalar, circum-escolar, circum-murado, circum-navegação, pan-africano, pan-americano, pan-mágico, pan-negritude... 2) Com os prefixos AUTO, CONTRA, EXTRA, INFRA, INTRA, NEO, PROTO, PSEUDO, SEMI, SUPRA, ULTRA, ANTE, ANTI, ARQUI e SOBRE, se o segundo elemento começa por “s” ou “r”, devemos dobrar as consoantes, em vez de usar o hífen: Como era: auto-retrato, auto-serviço, auto-suficiente, auto-sustentável, contra-reforma, contra-senso, infra-renal, infra-som, intra-racial, neo-romântico, neo-socialismo, pseudo-rainha, pseudo-representação, pseudo-sábio, semi-reta, semi-selvagem, supra-renal, supra-sumo, ultra-radical, ultra-romântico, ultra-som, ultra-sonografia, ante-republicano, ante-sala, anti-rábico, anti-racista, anti-radical, anti-semita, anti-social, arqui-rival, arqui-sacerdote, sobre-renal, sobre-roda, sobre-saia, sobre-salto... Como fica: autorretrato, autosserviço, autossuficiente, autossustentável, contrarreforma, contrassenso, infrarrenal, infrassom, intrarracial, neorromântico, neossocialismo, pseudorrainha, pseudorrepresentação, pseudossábio, semirreta, semisselvagem, suprarrenal, suprassumo, ultrarradical, ultrarromântico, ultrassom, ultrassonografia, anterrepublicano, antessala, antirrábico, antirracista, antirradical, antissemita, antissocial, arquirrival, arquissacerdote, sobrerrenal, sobrerroda, sobressaia, sobressalto... Com os prefixos terminados em vogal, se o segundo elemento começa por uma vogal diferente, devemos escrever sem hífen: Como era: auto-adesivo, auto-análise, auto-idolatria, contra-espião, contra-indicação, contra-ordem, extra- escolar, extra-oficial, infra-estrutura, intra-ocular, intra-uterino, neo-acadêmico, neo-irlandês, proto-evangelho, pseudo-artista, pseudo-edema, semi-aberto, semi-alfabetizado, semi-árido, semi-escravidão, semi-úmido, ultra-elevado, ultra-oceânico... Como fica: autoadesivo, autoanálise, autoidolatria, contraespião, contraindicação, contraordem, extraescolar, extraoficial, infraestrutura, intraocular, intrauterino, neoacadêmico, neoirlandês, protoevangelho, pseudoartista, pseudoedema, semiaberto, semialfabetizado, semiárido, semiescravidão, semiúmido, ultraelevado, ultraoceânico...

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O que mudou e o que NÃO mudou? 1ª parte Uso do hífen com prefixos 1ª) Com os prefixos AUTO, CONTRA, EXTRA, INFRA, INTRA, NEO, PROTO, PSEUDO, SEMI, SUPRA e ULTRA, segundo o novo acordo ortográfico, só devemos usar hífen se a palavra seguinte começar por “h” ou vogal igual à vogal final do prefixo: auto-hipnose, auto-observação; contra-almirante, contra-ataque; extra-hepático; infra-assinado, infra-hepático; intra-abdominal, intra-hepático; neo-hamburguês; proto-história, proto-orgânico; semi-inconsciência, semi-interno, supra-anal, supra-hepático; ultra-aquecido, ultra-hiperbólico. Observação: Com as demais letras, devemos escrever “tudo junto”, sem hífen (pela regra antiga, usávamos hífen quando a palavra seguinte começava por H, R, S e qualquer vogal): 1) autoadesivo, autoanálise, autobiografia, autoconfiança, autocontrole, autocrítica, autodestruição, autodidata, autoescola, autógrafo, autoidolatria, automedicação, automóvel, autopeça, autopiedade, autopromoção, autorretrato, autosserviço, autossuficiente, autossustentável, autoterapia; 2) contrabaixo, contraceptivo, contracheque, contradança, contradizer, contraespião, contrafilé, contragolpe, contraindicação, contramão, contraordem, contrapar tida, contrapeso, contraponto, contraproposta, contraprova, contrarreforma, contrassenso, contraveneno; 3) extraconjugal, extracurricular, extraditar, extraescolar, extragramatical, extrajudicial, extraoficial, extrapartidário, extraterreno, extraterrestre, extratropical, extravascular. 4) infracitado, infraestrutura, inframaxilar, infraocular, infrarrenal, infrassom, infravermelho, infravioleta; 5) intracelular, intracraniano, intracutâneo, intragrupal, intralinguístico, intramolecular, intramuscular, intranasal, intranet, intraocular, intrarracial, intratextual, intrauterino, intravenoso, intrazonal; 6) neoacadêmico, neobarroco, neoclassicismo, neocolonialismo, neofascismo, neofriburguense, neoirlandês, neolatino, neoliberal, neologismo, neonatal, neonazista, neorromântico, neossocialismo, neozelandês; 7) protocolar, protoevangelho, protofonia, protagonista, protoneurônio, prototórax, protótipo, protozoário. 8) pseudoartista, pseudocientífico, pseudoedema, pseudofilosofia, pseudofratura, pseudomembrana, pseudoparalisia, pseudopneumonia, pseudópode, pseudoproblema, pseudorrainha, pseudorrepresentação, pseudossábio; 9) semiaberto, semialfabetizado, semiárido, semibreve, semicírculo, semiconsciência, semidestruído, semideus, semiescravidão, semifinal, semiletrado, seminu, semirreta, semisselvagem, semitangente, semitotal, semiúmido, semivogal; 10) supracitado, supramencionado, suprapartidário, suprarrenal, suprassumo, supravaginal;

11) ultracansado, ultraelevado, ultrafamoso, ultrafecundo, ultrajudicial, ultraliberal, ultramarino, ultranacionalismo, ultraoceânico, ultrapassagem, ultrarradical, ultrarromântico, ultrassensível, ultrassom, ultrassonografia, ultravírus. 2ª) Com os prefixos ANTE, ANTI, ARQUI e SOBRE, só devemos usar hífen se a palavra seguinte começar com “h” ou vogal igual à vogal final do prefixo (pela regra antiga, usávamos o hífen quando a palavra seguinte começava por H, R ou S): 1) antebraço, antecâmara, antecontrato, antediluviano, antegozar, ante-histórico, antejulgar, antemão, anteontem, antepenúltimo, anteprojeto, anterrepublicano, antessala, antevéspera, antevisão; 2) antiabortivo, antiácido, antiaéreo, antialérgico, anticapitalista, anticlímax, anticoncepcional, antidepressivo, antidesportivo, antiético, antifebril, antigripal, anti-hemorrágico, anti-herói, anti-horário, anti-imperia lismo, anti-inflacionário, antimíssil, antiofídico, antioxidante, antipatriótico, antirrábico, antirradicalista, antissemita, antissocial, antiterrorismo, antitetânico, antivírus; 3) arquibancada, arquidiocese, arquiduque, arqui-hipérbole, arqui-inimigo, arquimilionário, arquipélago, arquirrival, arquissacerdote; 4) sobreaviso, sobrebainha, sobrecapa, sobrecarga, sobrecomum, sobrecoxa, sobre-erguer, sobre-humano, sobreloja, sobremesa, sobrenatural, sobrenome, sobrepasso, sobrerrenal, sobrerroda, sobressaia, sobressalto, sobretaxa, sobretudo, sobreviver, sobrevoo. 3ª) Com os prefixos HIPER, INTER e SUPER, só haverá hífen se a palavra seguinte começar por “h” ou “r” (essa regra não foi alterada): 1) hiperativo, hiperglicemia, hiper- hidratação, hiper-humano, hiperinflação, hipermercado, hipermiopia, hiperprodução, hiper-realismo, hiper-reativo, hipersensibilidade, hipertensão, hipertiroidismo, hipertrofia,; 2) interação, interativo, intercâmbio, intercessão, interclubes, intercolegial, intercontinental, interdisciplinar, interescolar, interestadual, interface, inter-helênico, inter-humano, interlinguístico, interlocutor, intermunicipal, internacional, interocular, interplanetário, inter- racial, inter-regional, inter-relação, interseção, intertextualidade, intervocálico; 3) superaquecido, supercampeão, supercílio, superdosagem, superfaturado, super- habilidade, super- homem, superinvestidor, superleve, superlotado, supermercado, superpopulação, super- reativo, super-requintado, supersecreto, supersônico, supervalorizado, supervisionar. 4ª) Com o prefixo SUB, só haverá hífen se a palavra seguinte começar por “b” ou “r”: subaquático, sub-base, subchefe, subclasse, subcomissão, subconjunto, subcutâneo, subdelegado, subdiretor, subdivisão, subeditor, subemprego, subentendido, subestimar, subfaturado, subgrupo, subitem, subjacente, subjugado, sublingual, sublocação, submundo, subnutrido, suboficial, subpovoado, subprefeito, sub-raça, sub-reino, sub- reitor, subseção, subsíndico, subsolo, subterrâneo, subtítulo, subtotal. Segundo a regra antiga, se a palavra seguinte começasse pela letra “H”, deveríamos escrever sem hífen: subepático e

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subumano. As novas edições de nossos principais dicionários já registram as formas com hífen, como prefere o novo acordo ortográfico: sub-hepático e sub-humano. 5ª) Vejamos alguns casos em que não se usava o hífen. Deveríamos escrever sempre “tudo junto” (= sem hífen). Segundo o novo acordo ortográfico, devemos usar o hífen se o segundo elemento começar por “h” ou por vogal igual à vogal final do pseudoprefixo: AERO – aeroespacial, aeronave, aeroporto; AGRO – agroindustrial; ANFI – anfiartrose, anfíbio, anfiteatro; AUDIO – audiograma, audiometria, audiovisual; BI(S) – bianual, bicampeão, bigamia, bisavô; BIO – biodegradável, biofísica, biorritmo; CARDIO – cardiopatia, cardiopulmonar; CENTRO – centroavante, centromédio; DE(S) – desacerto, desarmonia, despercebido; ELETRO – eletrocardiograma, eletrodoméstico; ESTEREO – estereofônico, estereofotografia; FOTO – fotogravura, fotomania, fotossíntese; HIDRO – hidroavião, hidroelétrico; MACRO – macroeconomia; MAXI – maxidesvalorização; MEGA – megaevento, megaempresário; MICRO – microcomputador, micro-onda; MINI – minidicionário, mini-hotel, minissaia; MONO – monobloco, monossílabo; MORFO – morfossintaxe, morfologia; MOTO – motociclismo, motosserra; MULTI – multicolorido, multissincronizado; NEURO – neurocirurgião; ONI – onipresente, onisciente; ORTO – ortografia, ortopedia; PARA – paramilitares, parapsicologia; PLURI – plurianual; PENTA – pentacampeão, pentassílabo; PNEUMO – pneumotórax, pneumologia; POLI – policromatismo, polissíndeto; PSICO – psicolinguística, psicossocial; QUADRI – quadrigêmeos; RADIO – radioamador; RE – reposição, rever, rerratificação; RETRO – retroagir, retroprojetor; SACRO – sacrossanto; SOCIO – sociolinguístico, sociopolítico; TELE – telecomunicações, televendas; TERMO – termodinâmica, termoelétrica; TETRA – tetracampeão, tetraplégico; TRI – tridimensional, tricampeão; UNI – unicelular; ZOO – zootecnia, zoológico. 6ª) Prefixos sempre seguidos de hífen: Além – além-mar, além-túmulo; Aquém – aquém-fronteiras, aquém-mar; Bem – bem-amado, bem-querer (exceções: bendizer, benquisto); Ex – (= anterior) – ex-senador, ex-esposa; Grã – grã-duquesa, grã-fino; Grão (= grande) – grão-duque, grão -mestre; Pós (tônico) – pós-moderno, pós-meridiano, pós-cabralino; Pré (tônico) – pré-nupcial, pré-estreia, pré - vestibular; Pró – pró-britânico, pró-governo; Recém – recém-chegado, recém-nascido, recém-nomeado;

Sem – sem-número (= inúmeros), sem-terra, sem-teto, sem-vergonha; Sota/soto – sota-piloto, soto-mestre; Vice/vizo – vice-diretor, vizo-rei. Observação: Com o prefixo “CO-“, o uso do hífen era obrigatório: co-autor, co-fundador, co-seno, co -tangente... Com o novo acordo ortográfico, o hífen só será obrigatório se o segundo elemento começar por “H”: co-herdeiro, coautor, cofundador, cosseno, cotangente. Nas formações com o prefixo “CO-“, este se aglutina em geral com o segundo elemento mesmo quando iniciado por “o”: coobrigação, coocupante, cooperar, cooperação, coordenar... 2ª parte Devemos usar o hífen 1) Para dividir sílabas: or-to-gra-fi-a, gra-má-ti-ca, ter-ra, per-do-o, ál-co-ol, ra-i-nha, trans-for-mar, tran-sa-ção, su-bli-me, sub-li-nhar, rit-mo... 2) Com pronomes enclíticos e mesoclíticos: encontrei-o, recebê-lo, reunimo-nos, encontraram-no, dar-lhe, tornar-se-á, realizar-se-ia... 3) Antes de sufixos -( GU) AÇU, -MIRIM, -MOR: capim-açu, araçá-guaçu, araçá-mirim, guarda-mor... 4) Em compostos em que o primeiro elemento é forma apocopada (BEL-, GRÃ-, GRÃO- ...) ou verbal: bel-prazer, grã-fino, grão-duque, el-rei, arranha-céu, cata-vento, quebra-mola, para-lama, beija-flor... 5) Em nomes próprios compostos que se tornaram comuns: santo-antônio, dom-joão, gonçalo-alves... 6) Em nomes gentílicos: cabo-verdiano, porto-alegrense, espírito-santense, mato-grossense... 7) Em compostos em que o primeiro elemento é numeral: primeiro-ministro, primeira-dama, segunda-feira... 8) Em compostos homogêneos (dois adjetivos, dois verbos): técnico-científico, luso-brasileiro, azul-claro, quebra-quebra, corre-corre... 9) Em compostos de dois substantivos em que o segundo faz papel de adjetivo: carro-bomba, bomba-relógio, laranja-lima, manga-rosa, tamanduá-bandeira, caminhão-pipa... 10) Em composto em que os elementos, com sua estrutura e acento, perdem a sua significação original e formam uma nova unidade semântica: copo-de-leite, pé-de-moleque, couve-flor, tenente-coronel, pé-frio, unha-de-fome...

TREMA (TOTALMENTE ABOLIDO) Como era? Usávamos o trema na letra “u” (pronunciada e átona), antecedida de Q ou G e seguida de E ou I. O objetivo do trema era distinguir a letra “u” muda (= não pronunciada) da letra “u” pronunciada: QUE = quente, questão, quesito; QÜE = freqüente, seqüestro, delinqüente; QUI = quilo, adquirir, química; QÜI = tranqüilo, eqüino, iniqüidade; GUE = guerra, sangue, larguemos; GÜE = agüentar, bilíngüe, enxagüemos;

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GUI = guitarra, distinguir, seguinte; GÜI = lingüiça, pingüim, argüir. Palavras que recebiam trema: agüentar, argüir, argüição, averigüemos, apazigüemos, bilíngüe, cinqüenta, conseqüência, conseqüente, delinqüência, delinqüente, deságüe, enxágüe, freqüência, freqüente, lingüiça, pingüim, qüinquagésimo, seqüência, seqüestro, tranqüilo... Palavras que não recebiam trema: adquirir, distinguir, distinguido, extinguido, extinguir, seguinte, por conseguinte, questão, questionar, questionário... Como fica? Todas sem trema: aguentar, arguir, arguição, averiguemos, apaziguemos, bilíngue, cinquenta, consequência, consequente, delinquência, delinquente, deságue, enxágue, frequência, frequente, linguiça, pinguim, quinquagésimo, quinquênio, quinquenal, sagui, sequência, sequestro, tranquilo. Observações: a) Embora o trema não seja mais usado, a pronúncia das palavras que recebiam o trema não mudará, ou seja, deveremos continuar pronunciando a letra “u”. b) Não esqueça que jamais houve trema quando a letra “u” estava seguida de “o” ou “a”: ambíguo, longínquo, averiguar, adequado... c) Se a letra “u”, antes de “e” ou “i”, fosse pronunciada e tônica, devíamos usar acento agudo em vez do trema: que ele averigúe, que eles apazigúem, ele argúi, eles argúem... Este acento também foi abolido: que ele averigue, que eles apaziguem, ele argui, eles arguem... d) Palavras com dupla pronúncia (o uso do trema era facultativo): antiguidade, antiquíssimo, equidistante, liquidação, liquidar, liquidez, liquidificador, líquido, sanguinário, sanguíneo. e) Também com dupla pronúncia (sempre sem trema): Catorze e quatorze Cota ou quota Cotizar ou quotizar Cotidiano ou quotidiano Como era Como fica pingüim pinguim tranqüilo tranquilo cinqüenta cinquenta

USO DE LETRAS MAIÚSCULAS E MINÚSCULAS

Uso de Iniciais Maiúsculas As letras iniciais maiúsculas devem ser utilizadas nas seguintes situações: 1. No início de períodos, versos e citações diretas : “Tudo aqui no Brasil gira em torno dele, assim como em qualquer país capitalista.”; 2. Nos nomes próprios, de pessoas e de lugares , inclusive o de figuras e localidades mitológicas: “Pedro”, “Machado de Assis”, “Rio de Janeiro”, “Zeus”, “Inferno”. 3. Nos nomes de vias e lugares públicos : “Rua Marechal Deodoro da Fonseca”, “Praça Getúlio Vargas”;

4. Nos nomes dos pontos cardeais , quando indicam regiões : “o Nordeste”, “o Sudeste”, etc. No entanto, se indicarem direções ou limites geográficos, deverão ser iniciados por letra minúscula: “o nordeste de Goiás”, “o sudeste da Europa”, “o metrô avança no rumo sul”; 5. Nos nomes de regiões : “Baixada Santista”, “Região Norte”, “Zona Sul”, “Recôncavo Baiano”, “Vale do Paraíba”; 6. Nos nomes de corpos celestes : “Lua”, “Júpiter”, “Marte”; 7. Nos nomes próprios de eras históricas ou épocas notáveis : “Idade Média”, “Era Cristã”; 8. Nos nomes de atos históricos importantes , atos solenes e grandes empreendimentos públicos : “Dia do Trabalho”, “Revolução Francesa”, “Guerra do Golfo”; 9. Nos nomes que designam conceitos religiosos , políticos , nacionalistas ou filosóficos importantes : “Igreja”, “Estado”, “Império”, “Nação”; 10. Nos nomes que designam artes , ciências , disciplinas e ramos do conhecimento humano , quando em sua dimensão mais ampla: “Ética”, “Filosofia”, “Cultura”. Quando não houver necessidade de relevo especial, deve ser utilizada letra minúscula: “Estuda português”, “Formou-se em agronomia”; 11. Nos nomes que designam altos cargos , dignidades ou postos : “Papa”,”Presidente da República”, “Ministro da Educação”, “Secretário de Estado”; 12. Nos nomes de instituições , órgãos , corporações , repartições , agremiações e unidades administrativas : “Grupo de Estudos Lingüísticos”, “Câmara dos Deputados”, “Assembléia Legislativa”; 13. Nos nomes de edifícios e estabelecimentos públicos ou particulares : “Aeroporto Santos Dummont”, “Cemitério Nossa Senhora do Carmo”; 14. Nos títulos de livros , jornais , revistas , produções artísticas , literárias e científicas : “Jornal do Brasil”, “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, “A Evolução das Espécies”, “A Última Ceia”; 15. Nos nomes, adjetivos, pronomes e expressões de tratamento ou reverência e suas respectivas abreviaturas: “Vossa Majestade”, “Excelentíssimo”, “Sr. Cosmo”; 16. Nos qualificativos , epítetos , alcunhas ou apelidos de personalidades : “Ricardo Coração de Leão”, “Ivã, o Terrível”; 17. Nos nomes das leis ou normas econômicas e políticas que foram consagradas por sua importância: “Lei de Segurança Nacional”, “Lei de Diretrizes e Bases”; 18. Nos nomes das festas religiosas : “Natal”, “Páscoa”; 19. Nos nomes de entidades religiosas , santos , anjos e demônios : “Deus” e seus equivalentes de qualquer religião: “Santo Antônio”, “Santa Clara”; 20. Nos nomes de torneios e campeonatos : “Torneio Rio- São Paulo”, “Campeonato Brasileiro”, “Copa do Mundo”. 21. Nos nomes comuns , quando personificados ou individualizados : “a Ira”, “o Amor”, “a Cigarra”, “a Formiga”.

Palavras compostas com hífen No caso de nomes próprios compostos, ligados por hífen, todos os elementos deverão ser iniciados por letra maiúscula, à exceção dos artigos, preposições e partículas átonas: “Grã-Bretanha”; “Trás-os-Montes”; “Avenida do Trabalhador São-Carlense”.

Palavras compostas sem hífen No caso de palavras compostas sem hífen, apenas os substantivos, adjetivos, pronomes, numerais e verbos devem ser escritos com inicial maiúscula. Artigos, preposições, locuções prepositivas, conjunções, locuções conjuncionais, advérbios e partículas átonas que ocorrerem no meio de expressões compostas deverão ser iniciados com letra

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minúscula, independentemente do número de sílabas que contenham: “Retrato do Artista quando Jovem”; “Mulheres à beira de um Ataque de Nervos”; “Tudo que Você sempre Quis Saber sobre Medicina e Tinha Medo de Perguntar ao Seu Médico”.

Uso de Iniciais Minúsculas Devem ser usadas as letras iniciais minúsculas: 1. Nos nomes das estações do ano , dos meses e dos dias da semana : “primavera”, “janeiro”, “domingo”; 2. Nos nomes de acidentes geográficos : “baía de Guanabara”, “rio Amazonas”, “ilha de Marajó”; 3. Nos nomes de idioma : “português”, “inglês”; 4. Nos nomes das profissões , funções e cargos : “princesa”, “diretor”, “professor”, “presidente”. Nos nomes de altos cargos, devem ser usadas as iniciais maiúsculas: “o Presidente da República”; 5. Nos nomes das festas pagãs : “carnaval”, “bacanais”, “saturnais”; 6. Nos compostos em que o nome próprio é parte de um substantivo comum: “pau-brasil”, “banhomaria”, “castanha-do-pará”; 7. Nos nomes próprios tratados como nomes comuns: “Foi escolhido para cristo”, “Tornou-se um mecenas”, “Sempre foi um caxias”; 8. Nos adjetivos pátrios e gentílicos , e nos nomes de tribos indígenas : “astecas”, “incas”, “bretão”, “catarinense”; 9. Nos nomes de personagens ou entidades do folclore : “saci”, “cuca”, “mula-sem-cabeça”; 10. Nas formas adjetivas que designam dinastias : “gales”, “avis”;

USO DE PORQUÊ · Uso do Por que · Uso do Por quê · Uso do Porque · Uso do Porquê Uso do por que Usa-se o por que nas perguntas . Exemplos: 1. Por que você demorou? 2. Por que os países vivem em guerra, mas pregam a paz? Usa-se por que quando as palavras “razão” e “motivo” estão expressas ou subtendidas. Exemplos: 1. Não sei por que razão ele faltou. 2. Ninguém sabe por que motivo ele deixou o emprego. 3. Eis por que (razão) o trânsito está congestionado. 4. O Governo não explicou por que (motivo) construir Brasília. Usa-se por que quando puder ser substituído por “para que”, “pelo(a) qual”, “pelos(as) quais”. Exemplos: 1. Eram os nomes de solteiras por que (pelos quais) as amigas sempre as haviam chamado. 2. Este é o caminho por que (pelo qual) seguiu. Uso do por quê Usa-se o por quê em perguntas , quando encerrar a frase . Exemplos: 1. As torcidas nunca aceitam o resultado. Por quê ? 2. Vocês brigaram? Mas por quê ? Usa-se o por quê quando este puder ser substituído pelas palavras “razão” e “motivo”, em final de frase . Exemplos: 1. Estava triste sem saber por quê . (motivo) 2. Muitos protestaram, mas não havia por quê . (motivo)

3. O diretor nos advertiu e perguntamos por quê . (razão) Uso do porque Usa-se o porque quando este equivale a: “pois”, “porquanto”, “uma vez que”, “pelo fato de que” ou “pelo motivo de que”. Exemplos: 1. Não viajei porque perdi o avião. 2. O espetáculo foi cancelado porque não havia teatro disponível. Usa-se o porque nas respostas ou em perguntas que proponham uma resposta . Exemplos: 1. Por que você não foi à festa ontem? Porque estava doente. 2. Vamos reduzir o número de páginas da revista porque o papel está escasso? Uso do porquê Usa-se o porquê quando este, como substantivo, substitui as palavras: “motivo”, “causa”, “razão”, “pergunta” ou “indagação”. Exemplos: 1. Não sei o porquê da sua recusa. 2. É uma criança cheia de porquês . 3. O diretor não quis explicar os porquês da decisão.

INADEQUAÇÃO LEXICAL A língua portuguesa comporta um conjunto de locuções e expressões fixas que não admitem variação. Trata-se de expressões cujo sentido deriva, não das partes de que são feitas, mas do todo. Por este motivo, não poderiam sofrer alteração. Não é de todo raro, porém, que os falantes, seja por efeito da analogia, seja pelo desconhecimento do significado ou da classe gramatical de suas componentes, introduzam, nessas expressões, alterações que são condenadas pelas autoridades gramaticais como vícios de linguagem. Abaixo, na primeira coluna, temos formas que, embora muitas vezes consagradas pelo uso, são consideradas inadequadas por autoridades gramaticais da língua portuguesa. A coluna da direita traz a forma recomendada correspondente. FORMA CONDENADA a dentro a grosso modo após + particípio passado: após realizado raio X antes de mais nada antes que tudo departamento pessoal ou sejam enquanto a ele a nível de na surdina a longo prazo após ao para atrás FORMA RECOMENDADA adentro grosso modo depois de + particípio passado: depois de realizado raios X antes de tudo antes de tudo departamento de pessoal ou seja quanto a ele em nível de à surdina em longo prazo após o

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para trás A palavra “capaz” Freqüentemente observa-se o uso inadequado de determinadas palavras. Embora alcancem a compreensão do destinatário para aquilo que se pretende dizer, a inapropriação do sentido de uma palavra configura-se um caso de inadequação lexical. A palavra “capaz” indica “que tem capacidade de” ou “que tem capacidade para”. Quando usada para indicar a idéia que a palavra “provável” transmite, a palavra “capaz” torna-se inadequada e o seu emprego, um problema de linguagem . Exemplos: 1. É capaz que o leitor se surpreenda com isso! [Inadequado] É provável que o leitor se surpreenda com isso! [Adequado] Esse tipo de construção utilizando-se a palavra “capaz” evidencia, ainda, uma construção sintática inaceitável . O verbo “capaz” exige certa estrutura sintática (um objeto indireto, por exemplo: ser capaz de alguma coisa) que não se apresenta na sentença acima. Em contrapartida, a estrutura em que o verbo “capaz” está inserido é justamente a estrutura da expressão “é provável que” / “é possível que”, daí a adequação léxica de “provável” / “possível” e não de “capaz” nesse contexto. Observe, agora, o emprego da palavra “capaz” em contexto adequado: Exemplos: 1. É muito capaz , este funcionário da portaria. 2. Você não seria capaz de repetir o que ouviu agora...

SIGNIFICADO DAS PALAVRAS

Para se entender o significado das palavras devemos conhecer o siginificado de sinônimos, antônimos, homônimos e parônimos. O que é o Significado das Palavras? Palavras sinônimas - duas ou mais palavras que tem um significado semelhante ou o mesmo significado. Exemplos: casa / lar / moradia / residência longe / distante delicioso / saboroso carro / automóvel triste /melancólico resgatar / recuperar maciço / compacto Há dois tipos de sinônimos: - As palavras que se identificam exatamente são conhecidas como sinônimo perfeito (casa - lar). - As palavras que se identificam por aproximadamente são conhecidas como sinônimos imperfeitos (esperar e aguardar). Palavras antônimas - duas ou mais palavras têm significados se opõe Exemplos: amor / ódio luz / trevas mal / bem ausência / presença fraco / forte claro / escuro subir / descer cheio / vazio possível / impossível

Palavras homônimas - duas ou mais palavras apresentam a mesma grafia e a mesma pronúncia, mas possuem significados diferentes. Agora vou colocar "extrato" de tomate, para a carne. Agora tenho que ir ao banco pegar o "extrato". A "manga" da blusa era azul. A minha fruta preferida é a "manga". Eu "rio" tanto. Da minha casa eu consigo ver o "rio". Há três tipos de homônimos: Homônimos perfeitos onde as palvras possuem a mesma grafia e o mesmo som. Homem são (saúde), São João (título) São várias as causas Como vai? Eu como feijão Homônimos homófonos onde as palavras tem o mesmo som porém a grafia é diferente. sessão (reunião), seção (repartição) e cessão (ato de ceder); concerto (musical) e conserto (remendo). Homônimos homógrafos Têm a mesma grafia e sons diferentes. Almoço (ô) – substantivo Almoço (ó) – verbo Jogo (ô) – substantivo Jogo (ó) – verbo Para – preposição Pára – verbo Parônimos são palavras diferentes no sentido, mas com muita semelhança na escrita e na pronúncia. Exemplos : Infligir / infrigir Retificar / ratificar Vultoso / vultuoso Polissemia Polissemia é a propriedade que uma mesma palavra tem de apresentar mais de um significado nos múltiplos contextos em que aparece. Veja alguns exemplos de palavras polissêmicas: cabo (posto militar, acidente geográfico, cabo da vassoura, da faca) banco (instituição comercial financeira, assento) manga (parte da roupa, fruta)

Acentuação gráfica A acentuação gráfica consiste na aplicação de certos sinais escritos sobre determinadas letras para representar o que foi estipulado pelas regras de acentuação do idioma. Entre estes sinais estão os diversos acentos gráficos , além do restante dos diacríticos, como o trema, por exemplo. Acentos gráficos e diacríticos ♦ o acento agudo ( ´ ) - colocado sobre as letras a, i, u e sobre o e do grupo em, indica que essas letras representam as vogais tónicas / tônicas da palavra: carcará , caí, armazém . Sobre as letras e e o, indica, além de tonicidade, timbre aberto: lépido , céu , léxico . ♦ o acento circunflexo ( ^ ) - colocado sobre as letras a, e e o, indica, além de tonicidade, timbre fechado: lâmpada , pêssego , supôs , Atlântico . ♦ o til ( ~ ) - indica que as letras a e o representam vogais nasais: alemã , órgão , portão , expõe , corações , ímã.

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♦ o acento grave ( ` ) - indica a ocorrência da fusão da preposição a com os artigos a e as, com os pronomes demonstrativos a e as e com a letra a inicial dos pronomes aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo: à, às, àquele , àquilo . OBS: Quando seguidas de m ou n, as letras a, e, o representam vogais nasais, comummente/comumente fechadas, recebem acento circunflexo, e não agudo. Ex: câmara, ânus. A única exceção ocorre nas terminações -em, -ens em que se usa acento agudo [porém, contém, provém, parabéns], a não ser nas formas da 3ª pessoa do plural, quando passa a usar o circunflexo. OBS: Há palavras cujo o uso do acento agudo ou circunflexo pode ser escolhido pelo escritor como: Abdómen/Abdômen, Cómico/Cômico, Fénix/Fênix, Fónico/Fônico, Gémeo/Gêmeo, Pónei/Pônei, Tónico/Tônico, Vólei/Vôlei. Observação: ♦ o trema ( ¨ ) (abolido) – é apenas aplicado em palavras estrangeiras como sobrenomes, e.g. "Müller"). Regras básicas As regras de acentuação gráfica procuram reservar os acentos para as palavras que se enquadram nos padrões prosódicos menos comuns da língua portuguesa. Disso, resultam as seguintes regras básicas: ♦ proparoxítonas - são todas acentuadas. Têm a antepenúltima sílaba tônica e, nesse caso, é a sílaba que leva acento. A vogal com timbre aberto é acentuada com um acento agudo, já a com timbre fechado ou nasal é acentuada com um acento circunflexo. É o caso de: lâmpada, relâmpago, Atlântico, trôpego, Júpiter, lúcido, ótimo, víssemos, flácido. ♦ paroxítonas - são as palavras mais numerosas da língua e justamente por isso as que recebem menos acentos. Têm a penúltima sílaba tônica. São acentuadas as que terminam em: o i, is : táxi, beribéri, lápis, grátis, júri. o u, us, um, uns, on, ons : vírus, bónus / bônus, álbum, parabélum, álbuns, parabéluns, nêutron, prótons. o l, n, r, x, ps : incrível, útil, ágil, fácil, amável, éden, hífen, pólen, éter, mártir, caráter, revólver, destróier, tórax, ónix / ônix, fénix / fênix, bíceps, fórceps, Quéops. o ã, ãs, ão, ãos : ímã, órfã, ímãs, órfãs, bênção, órgão, órfãos, sótãos. o ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou não de s : água, árduo, pónei, cáries, mágoas, jóquei, jóqueis. ♦ oxítonas - Têm a última sílaba tônica. São acentuadas as que terminam em: o a, as: Pará, vatapá, estás, irás, cajá. o e, es: você, café, Urupês, jacarés. o o, os : jiló, avó, avô, retrós, supôs, paletó, cipó, mocotó. o em, ens : alguém, armazéns, vintém, parabéns, também, ninguém. ♦ monossílabos tónicos / tônicos - são acentuados os terminados em: o a, as: pá, vá, gás, Brás, cá, má. o e, es: pé, fé, mês, três, crê. o o, os : só, xô, nós, pôs, nó, pó, só. ♦ ditongo - abertos tónicos / tônicos quando em palavras oxítonas o éi: anéis, fiéis, papéis o éu: céu, troféu, véu o ói : constrói, dói, herói ♦ hiato - i e u nas condições:

o sejam a segunda vogal tónica / tônica de um hiato; o formem sílabas sozinhos ou com s na mesma sílaba; o não sejam seguidas pelo dígrafo nh ; o não forem repetidas (i-i ou u-u); o não sejam, quando em palavras paroxítonas, precedidas de ditongo; ex.: aí: a-í; balaústre: ba-la-ús-tre; egoísta: e-go-ís-ta; faísca: fa-ís-ca; viúvo; vi-ú-vo; heroína: he-ro-í-na; saída: sa-í-da; saúde: sa-ú-de. ♦ Não se acentuam as palavras oxítonas terminadas em i ou u (seguidos ou não do s). Palavras como baú, saí, Anhagabaú, etc., são acentuadas não por serem oxítonas, mas por o i e o u formarem sílabas sozinhos, num hiato. ♦ Apesar de não poder ser considerado um caso de tonicidade, coloca-se um acento grave (`) na crase da preposição "a" com os artigos femininos "a", "as" e com os pronomes demonstrativos "aquele", "aqueles", "aquela", "aquelas", "aquilo": à, às, àquele, àquilo. Acento diferencial O acento diferencial é utilizado para diferenciar palavras de grafia semelhante. É utilizado nos seguintes casos: ♦ pôde (pret. perf. do ind. de poder) - pode (pres. do ind. de poder) ♦ pôr (verbo) - por (preposição) ♦ têm (terceira pessoa do plural do verbo ter) - tem (terceira pessoa do singular do verbo ter) ♦ Os derivados do verbo ter têm na terceira pessoa do singular um acento agudo "´", já a terceira pessoa do plural tem um acento circunflexo "^" mantém - mantêm ♦ vêm (terceira pessoa do plural do verbo vir) - vem (terceira pessoa do singular do verbo vir) ♦ Os derivados do verbo vir têm na terceira pessoa do singular um acento agudo "´", já a terceira pessoa do plural tem um acento circunflexo "^" provém - provêm ♦ fôrma (substantivo) - forma (substantivo e verbo)(opcionalmente) O acento em "fôrma" pode ser considerado opcional. ♦ chegámos (1ª pessoa do plural no pretérito - indicativo) chegamos (1ª pessoa do plural no presente - indicativo) (opcionalmente) O acento diferencial do pretérito é opcional. Após a Reforma Ortográfica, o acento diferencial foi quase totalmente eliminado da escrita, porém, obviamente, a pronúncia continua a mesma. Acentuação após o acordo ortográfico: Posição da sílaba tônica: 1) Proparoxítona Sílaba tônica na antepenúltima: pálido; 2) Paroxítona Sílaba tônica na penúltima: pali to; 3) Oxítona Sílaba tônica na última: paletó. Uso dos acentos gráficos: A) Regras básicas (nada muda com a nova reforma ortográfica): 1a-) Proparoxítonas: TODAS recebem acento gráfico: máximo, cálice, lâmpada, elétrico, estatística, ínterim, álcool, alcoólico... Observações: déficit (forma aportuguesada) ou deficit (forma latina = sem acento gráfico); habitat; sub judice (formas latinas); récorde

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(usual, mas sem registro nos dicionários e no Vocabulário Ortográfico da ABL) ou recorde (forma registrada). 2a-) Paroxítonas: Só recebem acento gráfico as terminadas em: ã(s) – ímã, órfã, ímãs, órfãs; ão(s) – órfão, bênção, órgãos, órfãos; i(s) – táxi, júri, lápis, tênis; us – vírus, bônus, ânus, Vênus; um, uns – álbum, álbuns, fórum, fóruns; ons – íons, prótons, nêutrons; ps – bíceps, tríceps, fórceps; R – éter, mártir, açúcar, júnior; X – tórax, ônix, látex, Fênix; N – hífen, pólen, próton, elétron; L – túnel, móvel, nível, amável; ditongos – secretária, área, cárie, séries, armário, prêmios, arbóreo, água, mágoa, tênue, mútuo, bilíngue, enxáguem, deságuam... Observações: Não recebem acento gráfico as paroxítonas terminadas em: a(s) – bola, fora, rubrica, bodas, caldas; e(s) – neve, aquele, cortes, dotes; o(s) – solo, coco, sapato, atos, rolos; em, ens – nuvem, item, hifens, ordens; am – falam, estavam, venderam, cantam. 3a-) Oxítonas: Só recebem acento gráfico as termina das em: a(s) – sofá, atrás, maracujá, babás, dirá, falarás, encaminhá-la, encontrá-lo-á; e(s) – café, pontapés, você, buquê, português, obtê-lo, recebê-la-á; o(s) – jiló, avô, avós, gigolô, compôs, paletó, após, dispô-lo; em, ens – além, alguém, também, parabéns, vinténs, ele intervém, tu intervéns. Observações: Não recebem acento gráfico as oxítonas terminadas em: i(s) – aqui, saci, Parati, anis, barris, adquiri-lo, impedi-la; u(s) – bauru, urubu, Nova Iguaçu, Bangu, cajus, expus; az, ez, oz – capaz, rapaz, talvez, xadrez, atroz, arroz; or – condor, impor, compor; im – ruim, assim, folhetim. 4a-) Monossílabas: – Só recebem acento gráfico as palavras tônicas (substantivos, adjetivos, verbos, pronomes, advérbios, numerais) terminadas em: a(s) – pá, gás, má, más, ele dá, há, tu vás, dá-lo, já, lá; e(s) – fé, ré, pés, mês, que ele dê, ele vê, vê-los, tu lês, três; o(s) – pó, dó, nó, nós, cós, vós, pôs, pô-lo. Observações: a) Não recebem acento gráfico os monossílabos tônicos terminados em: i(s) – ti, si, bis, quis; u(s) – tu, cru, nus, pus; az, ez, oz – paz, traz, fez, vez, noz, voz; or – cor, for, dor; em, ens – bem, sem, trens, ele tem, ele vem, tu tens, tu vens. b) Não recebem acento gráfico os monossílabos átonos: artigos definidos: o, a, os, as; conjunções: e, mas, se, que; preposições: a, de, por; contrações (combinações): da, das, no, nos; pronome relativo: que. c) A palavra QUE recebe acento circunflexo, quando substantivada ou no fim de frase, já que se torna uma palavra tônica: As crianças tinham um quê todo especial.

Procurava não sabia o quê. Ele viajou por quê? Palavras com dupla pronúncia (com ou sem acento gráfico). Em negrito, está a forma preferencial: Vejamos alguns exemplos que já aparecem nas mais recentes edições de nossos principais dicionários e no Vocabulário Ortográfico publicado pela Academia Brasileira de Letras. 1. ACROBATA ou ACRÓBATA 2. AUTÓPSIA ou AUTOPSIA 3. BIÓPSIA ou BIOPSIA 4. BIOTIPO ou BIÓTIPO 5. BOEMIA ou BOÊMIA 6. CATÉTER ou CATETER 7. CRISÂNTEMO ou CRISANTEMO 8. DUPLEX ou DÚPLEX 9. HIEROGLIFO ou HIERÓGLIFO 10. NECRÓPSIA ou NECROPSIA 11. ÔMEGA ou OMEGA 12. ORTOEPIA ou ORTOÉPIA 13. PROJÉTIL ou PROJETIL 14. TRIPLEX ou TRÍPLEX 15. XÉROX e X E R OX Palavras que só admitem uma pronúncia, mas deixam dúvidas. (*marcamos a sílaba tônica, para reforçar a pronúncia culta) ACÓRDÃO (acordo judicial); ACORDÃO (aumentativo de acordo); AMBROSIA; ARGUI (ele = presente do indicativo); ARGUI (eu = pretérito perfeito do indicativo); CÁQUI (cor); CAQUI (fruta); CIRCUITO; CLITÓRIS; CLÍTORIS (pedra); DÉFICIT; ESTRATÉGIA; FILANTROPO; F LU I DO (substantivo); FLUÍDO (particípio do verbo FLUIR); FÔRMA; FORTUITO; GRATUITO; HABEAS CORPUS; HABITAT; IBERO; ÍNTERIM; LÁTEX; MAQUINARIA; MAQUINÁRIO; MISTER (necessário); MONÓLITO; NOBEL; OCEANIA; ÔNIX; RECORDE; RUBRICA; Obs.: Nos canais da Rede Globo e no Sistema Globo de Rádio, por opção, pronunciam “récorde”, como se fosse proparoxítona. B) Regras especiais 1ª) Regra dos hiatos (abolida pela reforma ortográf ica): Como era? Todas as palavras terminadas em “oo(s)” e as formas verbais terminadas em “-eem” recebiam acento circunflexo: vôo, vôos, enjôo, enjôos, abençôo, perdôo; crêem, dêem, lêem, vêem. relêem, prevêem. Como fica? Sem acento: voo, voos, enjoo, enjoos, abençoo, perdoo; creem, d eem, leem, veem, releem, preveem. O que não muda? a) Eles têm e eles vêm (terceira pessoa do plural do presente do indicativo dos verbos TER e VIR); b) Ele contém, detém, provém, intervém (terceira pessoa do singular do presente do indicativo dos verbos derivados de TER e VIR: conter, deter, manter, obter, provir, intervir, convir); c) Eles contêm, detêm, provêm, intervêm (terceira pessoa do plural do presente do indicativo dos verbos derivados de TER e VIR). Como fica? ELE/ELA: -ê crê dê lê vê ELES/ELAS: -eem

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creem deem leem veem ELE/ELA: -em/ém tem vem contém provém ELES/ELAS: -êm têm vêm contêm provêm 2ª) Regra do “u” e do “i” (parcialmente abolida): O que não mudou? As vogais “i” e “u” recebem acento agudo sempre que formam hiato com a vogal anterior e ficam sozinhas na sílaba ou com “s”: Gra-ja-ú, ba-ú, sa-ú-de, vi-ú-va, con-te-ú-do, ga-ú-cho, eu re-ú-no, ele re-ú-ne, eu sa-ú-do; I-ca-ra-í, eu ca-í, eu sa-í, eu tra-í, o pa-ís, tu ca-ís-te, nós ca-í-mos, eles ca-í-ram, eu ca-í-a, ba-í-a, ra-í-zes, ju-í-za, ju-í-zes, pre-ju-í-zo, fa-ís-ca, pro-í-bo, je-su-í-ta, dis-tri-bu-í-do, con-tri-bu-í-do, a-tra-í-do... Observações: a) A vogal “i” tônica, antes de “NH”, não recebe acento agudo: rainha, bainha, tainha, moinho... b) Não há acento agudo quando o “u” e o “i” formam ditongo e não hiato: gra-tui-to, for-tuito, in-tui-to, cir-cui-to, mui-to, sai-a, bai-a, que eles cai-am, ele cai, ele sai, ele trai, os pais... c) Não há acento agudo quando as vogais “i” e “u” não estão isoladas na sílaba: ca-iu, ca-ir-mos, sa-in-do, ra-iz, ju-iz, ru-im, pa-ul... O que mudou? Perdem o acento agudo as palavras em que as vogais “i” e “u” formam hiato com um ditongo anterior: fei-u-ra, bai-u-ca, Bo-cai-u-va... Como era Como fica Feiúra feiura Baiúca baiuca Bocaiúva Bocaiuva 3ª) Regra dos ditongos abertos “éu”, “éi” e “ói” (parcialmente abolida): Como era? Acentuavam-se todas as palavras que apresentam ditongos abertos: ÉU: céu, réu, chapéu, troféus... ÉI: papéis, pastéis, anéis, idéia, assembléia... ÓI: dói, herói, eu apóio, esferóide... Observações: a) Não se acentuam os ditongos fechados: EU: seu, ateu, judeu, europeu... EI: lei, alheio, feia... OI: boi, coisa, o apoio... b) No Brasil, colmeia e centopeia são pronunciados com o timbre aberto. O que mudou? Perdem o acento agudo somente as palavras paroxíton as : ideia, epopeia, assembleia, jiboia, boia, eu apoio, ele apoia, esferoide, heroico... O que não mudou?

O acento agudo permanece nas palavras oxítonas: dói, mói, rói, herói, anéis, papéis, pastéis, céu, réu, trofé u, chapéus... 4ª) Regra do acento diferencial (parcialmente aboli da): Como era? Recebiam acento gráfico as palavras homônimas homógrafas tônicas (para diferenciar das átonas): Ele pára (do verbo PARAR - só a 3a- pessoa do singular do presente do indicativo); Eu pélo, tu pélas e ele péla (do verbo PELAR); O pêlo, os pêlos (substantivo = cabelo, penugem); A pêra (substantivo = fruta – só no singular); O pólo, os pólos (substantivos = jogo ou extremidade). Como fica? Sem acento gráfico: Ele para (do verbo PARAR — 3a- pessoa do singular do presente do indicativo); Eu pelo, tu pelas, ele pela (do verbo PELAR); O pelo, os pelos (substantivo = cabelo, penugem); A pera (substantivo = fruta); O polo, os pólos (substantivos = jogo ou extremidade). O que não mudou? a) PÔR (verbo – infinitivo): “Ele deve pôr em prática tudo que aprendeu”; POR (preposição): “Ele vai por este caminho”; b) PÔDE é a 3a- pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo: “Ontem ele não pôde resolver o problema”; PODE é a 3a- pessoa do singular do presente do indicativo: “Agora ele não pode sair.” Observação: Sugiro que acentuemos fôrma (“fôrma de pizza”), como orienta o dicionário Aurélio e como permite o novo acordo ortográfico, a fim de diferenciar de forma (“forma física ideal”).

USO DE SIGLAS E ABREVIATURAS As abreviaturas são formas convencionais que respeitam regras rígidas de formação, não podendo ser confundidas com a abreviação, que é somente a redução de uma palavra.

Exemplos: · s. (substantivo) - abreviatura · foto (fotografia) - abreviação

É importante, portanto, conhecer outras particularidades das siglas e abreviaturas: · Uso de Abreviaturas · Uso de Siglas Uso de Abreviaturas Nos textos escritos, em especial formais, evite ao máximo o uso de abreviaturas. Prefira escrever as palavras por extenso. Lembre-se de que os acentos existentes nas palavras originais são mantidos nas abreviaturas. Nem todos os substantivos masculinos aceitam o “o” sobrescrito em seu processo de abreviatura. O “o” sobrescrito deve ser utilizado: apenas para a redução dos numerais ordinais (“1º”) opcionalmente, em alguns substantivos masculinos terminados em “o”, como: “engº” (engenheiro) ou “Colº” (colégio). Substantivos masculinos terminados em consoante (professor, por exemplo) devem ser reduzidos sem referência ao gênero (“prof.”). O “a” sobrescrito, por sua vez, deve ser obrigatoriamente utilizado sempre que indicar gênero feminino, como em: “2ª” ou “prof.ª” (professora). Uso de Abreviaturas de Logradouros, Títulos Honoríf icos e Nomes Próprios:

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Recomenda-se que as abreviaturas de títulos honoríficos, profissões, cargos e logradouros como: “Dr.”, “Dra.”, “Sr.”, “Sra.”, “D.”, “prof.”, “eng.”, “gen.”, “cap.”, “R.”, “Av.”, “Pç.”, “Lgo.” e “Trav.” sejam utilizadas, somente se necessário, diante dos substantivos próprios por elas modificados. Em outros casos, é indicada a escrita da palavra por extenso .

Exemplos: 1. A Dra. nos recomendou um bom remédio. [Inadequado] A Dra. Henriqueta nos deu uma ótima notícia. [Adequado] 2. O gen. viajou ontem. [Inadequado]

A Pç. Coronel Sales foi destruida. [Adequado] Uso de Abreviaturas de Tempo:

A maior parte das gramáticas do português recomenda que a abreviatura de horários seja feita por referência explícita à unidade de tempo (“h” e “min”).

A forma HH:MM, consagrada pelo uso, é considerada anglicismo, por isso deve ser evitada.

A indicação das horas deve ser feita por meio da abreviatura invariável “h” (15 h), e a unidade dos minutos pode ser omitida (14h48) ou expressa pelas abreviaturas, também invariáveis , “m” (14h48m) ou “min” (14h48min).

A unidade das horas, sempre que não houver referência aos minutos, deve vir separada do algarismo que a precede por um espaço em branco. Caso contrário, as unidades devem vir imediatamente após os algarismos.

Exemplo: 1. São 2h, estou atrasada. [Inadequado] São 2 h, vamos! [Adequado] 2. Faltam 5hs34m para o início da prova. [Inadequado] Faltam 5h34min para o fim da viagem. [Adequado]

Uso de Abreviatura de Unidade de Medida: As abreviaturas das unidades de volume são: “l” (litro), “ml” (mililitro), “cl” (centilitro) e “dl” (decilitro). As abreviaturas das unidades de massa são: “g” (grama), “mg” (miligrama), “kg” (quilograma) e “dg”

(decigrama). Exemplo: 1. Comprou 3kgs de carne no mercado ontem. [Inadequado] Comprou 3 kg de carne no mercado ontem. [Adequado] 2. Um galão americano tem 3,785 ls. [Inadequado] Um galão americano tem 3,785 l. [Adequado]

Estas abreviaturas também são invariáveis , devem ser escritas com letras minúsculas e devem vir separadas do algarismo que as precede por um espaço em branco. Uso de Abreviatura de Distância:

As abreviaturas das unidades de distância são invariáveis e, são escritas da seguinte forma:

“m” (metro), “cm” (centímetro), “mm” (milímetro) e “km” (quilômetro).

Exemplo: 1. O carro rodou 243kms em apenas uma hora. [Inadequado]

O carro rodou 243 km em apenas uma hora. [Adequado] Uso de Abreviatura de nomes de santos: A abreviatura recomendada para Santo e Santa é “S.”, e não “Sto.” ou “Sta.”.

Exemplos: 1. Sou muito devota de Sta. Luzia. [Inadequado] Sou muito devota de S. Luzia. [Adequado] 2. Sto. Antônio é considerado casamenteiro. [Inadequado] S. Antônio é considerado casamenteiro. [Adequado]

Uso de Siglas

As siglas são reduções de locuções compostas por substantivos próprios. São consideradas um tipo especial de abreviatura. As siglas podem ser formadas: · pelas letras iniciais maiúsculas das palavras que formam o nome como: FGTS = Fundo de Garantia de Tempo de Serviço. ONU = Organização das Nações Unidas · pelas sílabas iniciais de cada uma das palavras que formam o nome, como: EMBRATEL = EMpresa BRAsileira de TELecomunicações. Quando possuírem mais de quatro letras e forem pronunciáveis, as siglas devem trazer apenas a inicial em letra maiúscula; nos demais casos, todas as letras devem ser grafadas com caracteres maiúsculos:

Exemplos: 1. Unicamp = Universidade de Campinas 2. Senac = Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial 3. CNBB = Conselho Nacional dos Bispos do Brasil

As abreviaturas (“Av.”, por exemplo), mas não as siglas (“FMI”, por exemplo), devem ser seguidas de ponto final. Unidades de medida (“km”, “MHz”,etc.), elementos químicos (“K” (potássio),etc.) e pontos cardeais e colaterais (“E” (Leste), “NE” (Nordeste), etc.) também dispensam o uso do ponto final.

Exemplo: 1. Eu moro na Av São Carlos [Inadequado]

Eu moro na Av. São Carlos. [Adequado]

MORFOLOGIA

Em linguística, Morfologia é o estudo da estrutura, da formação e da classificação das palavras. A peculiaridade da morfologia é estudar as palavras olhando para elas isoladamente e não dentro da sua participação na frase ou período. A morfologia está agrupada em dez classes, denominadas classes de palavras ou classes gramaticais. São elas: Substantivo, Artigo, Adjetivo, Numeral, Pronome, Verbo, Advérbio, Preposição, Conjunção e Interjeição. Estudar a estrutura das palavras é estudar os elementos (elementos mórficos) que formam a palavra, denominados de morfemas. São os seguintes os morfemas da Língua Portuguesa. Radical : O que contém o sentido básico do vocábulo. Aquilo que permanecer intacto, quando a palavra for modificada. Ex. falar, com er, dorm ir, casa, carr o. Obs: Em se tratando de verbos, descobre-se o radical, retirando-se a terminação AR, ER ou IR Vogal Temática: Nos verbos, são as vogais A, E e I, presentes à terminação verbal. Elas indicam a que conjugação o verbo pertence:

♦ 1ª conjugação = Verbos terminados em AR. ♦ 2ª conjugação = Verbos terminados em ER. ♦ 3ª conjugação = Verbos terminados em IR.

Obs.: O verbo pôr pertence à 2ª conjugação, já que proveio do antigo verbo poer . Nos substantivos e adjetivos, são as vogais A, E, I, O e U, no final da palavra, evitando que ela termine em consoante. Por exemplo, nas palavras meia, pente, táxi, couro, urubu .

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Cuidado para não confundir vogal temática de substantivo e adjetivo com desinência nominal de gê nero, que estudaremos mais à frente. Tema: É a junção do radical com a vogal temática . Se não existir a vogal temática, o tema e o radical serão o mesmo elemento; o mesmo acontecerá, quando o radical for terminado em vogal. Por exemplo, em se tratando de verbo, o tema sempre será a soma do radical com a vogal temática - estuda, come, parti ; em se tratando de substantivos e adjetivos, nem sempre isso acontecerá. Vejamos alguns exemplos: No substantivo pasta, past é o radical, a, a vogal temática, e pasta o tema; já na palavra leal , o radical e o tema são o mesmo elemento - leal , pois não há vogal temática; e na palavra tatu também, mas agora, porque o radical é terminado pela vogal temática. Desinências: É a terminação das palavras, flexionadas ou variáveis, posposta ao radical, com o intuito de modificá-las. Modificamos os verbos, conjugando-os; modificamos os substantivos e os adjetivos em gênero e número. Existem dois tipos de desinências: Desinências verbais: Modo-temporais = indicam o tempo e o modo. São quatro as desinências modo-temporais: -va- e -ia- para o Pretérito Imperfeito do Indicativo = estudava, vendia, partia . -ra- para o Pretérito Mais-que-perfeito do Indicativo = estudara, vendera, partira . -ria- para o Futuro do Pretérito do Indicativo = estudaria, venderia, partiria . -sse- para o Pretérito Imperfeito do Subjuntivo = estudasse, vendesse, partisse . Número-pessoais: indicam a pessoa e o número. São três os grupos das desinências número-pessoais. Grupo I : i, ste, u, mos, stes, ram , para o Pretérito Perfeito do Indicativo = eu cantei, tu cantaste, ele cantou, nós cantamos, vós cantastes, eles cantaram . Grupo II : -, es, -, mos, des, em , para o Infinitivo Pessoal e para o Futuro do Subjuntivo = Era para eu cantar, tu cantares, ele cantar, nós cantarmos, vós cantardes, eles cantarem . Quando eu puser, tu puseres, ele puser, nós pusermos, vós puserdes, eles puserem . Grupo III : -, s, -, mos, is, m , para todos os outros tempos = eu canto, tu cantas, ele canta, nós cantamos, vós c antais, eles cantam . Desinências nominais: de gênero = indica o gênero da palavra. A palavra terá desinência nominal de gênero, quando houver a oposição masculino - feminino. Por exemplo cabeleireiro - cabeleireira . A vogal a será desinência nominal de gênero sempre que indicar o feminino de uma palavra, mesmo que o masculino não seja terminado em o. Por exemplo: crua, ela, traidora . de número = indica o plural da palavra. É a letra s, somente quando indicar o plural da palavra. Por exemplo: cadeiras, pedras, águas . Afixos: São elementos que se juntam a radicais para formar novas palavras. São eles: Prefixo: É o afixo que aparece antes do radical. Por exemplo des tampar, incapaz, amoral.

Sufixo: É o afixo que aparece depois do radical, do tema ou do infinitivo. Por exemplo pensamento , acusação , felizmente . Vogais e consoantes de ligação: São vogais e consoantes que surgem entre dois morfemas, para tornar mais fácil e agradável a pronúncia de certas palavras. Por exemplo flores, bambuzal, gasômetro, canais. Morfemas Morfemas são as unidades mínimas de significação, sendo elementos constituintes dos vocábulos. São os elementos que compõem a estrutura lexical e gramatical dos vocábulos. Os morfemas podem ser classificados em morfemas lexicais e morfemas gramaticais. Morfema Gramatical Morfema gramatical é o instrumento gramatical que representa um contexto semântico específico interno à enunciação. Possuem significação interna à estrutura gramatical. Os morfemas gramaticais são os artigos, os afixos, as preposições, as conjunções, além de indicar o gênero, o número, os tempos verbais (morfemas flexionais). Exemplo: Observando o vocábulo casa e suas variações, pode-se identificar os morfemas gramaticais do seguinte modo: o morfema lexical do vocábulo “casa”, independente de suas variações , é cas -: cas-a, cas-arão, cas-ebre, cas-inha, simultaneamente. Enquanto o morfema lexical permanece o mesmo, os morfemas gramaticais variam de acordo com a significação específica que atribuem ao vocábulo. Morfema Lexical Morfema lexical é o morfema que representa a própria significação externa dos vocábulos. É a unidade que representa uma significação referente às noções gerais do mundo (designação de seres, ações, conceitos abstratos etc.). O morfema lexical no vocábulo é encontrado no seu núcleo de significação, denominado radical. Exemplos: O verbo comer apresenta o morfema lexical (com -): com-er, com-ida, com-ilança, com-ilão. Todas as derivações do vocábulo, portanto, recorrem a um mesmo morfema lexical, e diz-se então que o radical da palavra comer é sua parte invariável (com-). Há que só possuem o como elemento. Exemplos desse aspecto são os vocábulos mar, lápis, giz, Lua, Sol, luz, pé Morfemas são as unidades mínimas de significação, sendo elementos constituintes dos vocábulos. São os elementos que compõem a estrutura lexical e gramatical dos vocábulos. Os morfemas podem ser classificados em morfemas lexicais e morfemas gramaticais. Morfema Gramatical Morfema gramatical é o instrumento gramatical que representa um contexto semântico específico interno à enunciação. Possuem significação interna à estrutura gramatical. Os morfemas gramaticais são os artigos, os afixos, as preposições, as conjunções, além de indicar o gênero, o número, os tempos verbais (morfemas flexionais). Exemplo: Observando o vocábulo casa e suas variações, pode-se identificar os morfemas gramaticais do seguinte modo: o morfema lexical do vocábulo “casa”, independente de suas variações , é cas -: cas-a, cas-arão, cas-ebre, cas-inha, simultaneamente. Enquanto o morfema lexical permanece o mesmo, os morfemas gramaticais variam de acordo com a significação específica que atribuem ao vocábulo. Morfema Lexical Morfema lexical é o morfema que representa a própria significação externa dos vocábulos. É a unidade que representa uma significação referente às noções gerais do mundo (designação de seres, ações, conceitos abstratos etc.). O morfema lexical no vocábulo é encontrado no seu núcleo de significação, denominado radical.

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Exemplos: O verbo comer apresenta o morfema lexical (com -): com-er, com-ida, com-ilança, com-ilão. Todas as derivações do vocábulo, portanto, recorrem a um mesmo morfema lexical, e diz-se então que o radical da palavra comer é sua parte invariável (com-). Há que só possuem o como elemento. Exemplos desse aspecto são os vocábulos mar, lápis, giz, Lua, Sol, luz, pé

Significados da palavras através de seus elementos mórficos Prefixos Os prefixos são morfemas que se colocam antes dos radicais basicamente a fim de modificar-lhes o sentido ; raramente esses morfemas produzem mudança de classe gramatical . Prefixos de Origem Grega a-, an-: Afastamento, privação, negação, insuficiência, carência. Exemplos : anônimo, amoral, ateu, afônico ana- : Inversão, mudança, repetição. Exemplos : analogia, análise, anagrama, anacrônico anfi - : Em redor, em torno, de um e outro lado, duplicidade. Exemplos : anfiteatro, anfíbio, anfibologia anti - : Oposição, ação contrária. Exemplos : antídoto, antipatia, antagonista, antítese apo - : Afastamento, separação. Exemplos : apoteose, apóstolo, apocalipse, apologia arqui -, arce - : Superioridade hierárquica, primazia, excesso. Exemplos : arquiduque,arquétipo, arcebispo, arquimilionário cata - : Movimento de cima para baixo. Exemplos : cataplasma, catálogo, catarata di -: Duplicidade. Exemplos : dissílabo, ditongo, dilema dia - : Movimento através de, afastamento. Exemplos : diálogo, diagonal, diafragma, diagrama dis - : Dificuldade, privação. Exemplos : dispneia, disenteria, dispepsia, disfasia ec-, ex-, exo -, ecto - : Movimento para fora. Exemplos : eclipse, êxodo, ectoderma, exorcismo en-, em-, e-: Posição interior, movimento para dentro. Exemplos : encéfalo, embrião, elipse, entusiasmo endo - : Movimento para dentro. Exemplos : endovenoso, endocarpo, endosmose epi - : Posição superior, movimento para. Exemplos : epiderme, epílogo, epidemia, epitáfio eu- : Excelência, perfeição, bondade. Exemplos : eufemismo, euforia, eucaristia, eufonia hemi - : Metade, meio. Exemplos : hemisfério, hemistíquio, hemiplégico hiper - : Posição superior, excesso. Exemplos : hipertensão, hipérbole, hipertrofia hipo - : Posição inferior, escassez. Exemplos : hipocrisia, hipótese, hipodérmico meta - : Mudança, sucessão. Exemplos : metamorfose, metáfora, metacarpo para - : Proximidade, semelhança, intensidade. Exemplos : paralelo, parasita, paradoxo, paradigma peri - : Movimento ou posição em torno de. Exemplos : periferia, peripécia, período, periscópio pro - : Posição em frente, anterioridade. Exemplos : prólogo, prognóstico, profeta, programa pros - : Adjunção, em adição a. Exemplos : prosélito, prosódia proto - : Início, começo, anterioridade. Exemplos : proto-história, protótipo, protomártir

poli - : Multiplicidade. Exemplos : polissílabo, polissíndeto, politeísmo sin -, sim - : Simultaneidade, companhia. Exemplos : síntese, sinfonia, simpatia, sinopse tele - : Distância, afastamento. Exemplos : televisão, telepatia, telégrafo Prefixos de Origem Latina a-, ab-, abs- : Afastamento, separação. Exemplos : aversão, abuso, abstinência, abstração a-, ad- : Aproximação, movimento para junto. Exemplos : adjunto,advogado, advir, aposto ante - : Anterioridade, procedência. Exemplos : antebraço, antessala, anteontem, antever ambi - : Duplicidade. Exemplos : ambidestro, ambiente, ambiguidade, ambivalente ben(e)-, bem- : Bem, excelência de fato ou ação. Exemplos : benefício, bendito bis-, bi- : Repetição, duas vezes. Exemplos : bisneto, bimestral, bisavô, biscoito circu(m) - : Movimento em torno. Exemplos : circunferência, circunscrito, circulação cis- : Posição aquém. Exemplos : cisalpino, cisplatino, cisandino co-, con-, com- : Companhia, concomitância. Exemplos : colégio, cooperativa, condutor contra- : Oposição. Exemplos : contrapeso, contrapor, contradizer de- : Movimento de cima para baixo, separação, negação. Exemplos : decapitar, decair, depor de(s)-, di(s)- : Negação, ação contrária, separação. Exemplos : desventura, discórdia, discussão e-, es-, ex - : Movimento para fora. Exemplos : excêntrico, evasão, exportação, expelir en-, em-, in- : Movimento para dentro, passagem para um estado ou forma, revestimento. Exemplos : imergir , enterrar, embeber, injetar, importar extra- : Posição exterior, excesso. Exemplos : extradição, extraordinário, extraviar i-, in-, im- : Sentido contrário, privação, negação. Exemplos : ilegal, impossível, improdutivo inter-, entre - : Posição intermediária. Exemplos : internacional, interplanetário intra- : Posição interior. Exemplos : - intramuscular, intravenoso, intraverbal intro- : Movimento para dentro. Exemplos : introduzir, introvertido, introspectivo justa- : Posição ao lado. Exemplos : justapor, justalinear ob-, o- : Posição em frente, oposição. Exemplos : obstruir, ofuscar, ocupar, obstáculo per- : Movimento através. Exemplos : percorrer, perplexo, perfurar, perverter pos- : Posterioridade. Exemplos : pospor, posterior, pós-graduado pre- : Anterioridade . Exemplos : prefácio, prever, prefixo, preliminar pro- : Movimento para frente. Exemplos : progresso, promover, prosseguir, projeção re- : Repetição, reciprocidade. Exemplos : rever, reduzir, rebater, reatar retro- : Movimento para trás. Exemplos : retrospectiva, retrocesso, retroagir, retrógrado

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so-, sob-, sub-, su- : Movimento de baixo para cima, inferioridade. Exemplos : soterrar, sobpor, subestimar super-, supra-, sobre- : Posição superior, excesso. Exemplos : supercílio, supérfluo soto-, sota- : Posição inferior. Exemplos : soto-mestre, sota-voga, soto-pôr trans-, tras-, tres-, tra- : Movimento para além, movimento através. Exemplos : transatlântico, tresnoitar, tradição ultra- : Posição além do limite, excesso. Exemplos : ultrapassar, ultrarromantismo, ultrassom, ultraleve , ultravioleta vice-, vis- : Em lugar de. Exemplos : vice-presidente, visconde, vice-almirante, Quadro de Correspondência entre Prefixos Gregos e Latinos

PREFIXOS GREGOS

PREFIXOS LATINOS SIGNIFICADO EXEMPLOS

a, an des, in privação, negação

anarquia, desigual, inativo

anti contra oposição, ação contrária

antibiótico, contraditório

anfi ambi duplicidade, de um e outro lado, em torno

anfiteatro, ambivalente

apo ab afastamento, separação

apogeu, abstrair

di bi(s) duplicidade dissílabo, bicampeão

dia, meta trans movimento através

diálogo, transmitir

e(n)(m) i(n)(m)(r) movimento para dentro

encéfalo, ingerir, irromper

endo intra movimento para dentro, posição interior

endovenoso, intramuscular

e(c)(x) e(s)(x) movimento para fora, mudança de estado

êxodo, excêntrico, estender

epi, super, hiper

supra posição superior, excesso

epílogo, supervisão, hipérbole, supradito

eu bene excelência, perfeição, bondade

eufemismo, benéfico

hemi semi divisão em duas partes

hemisfério, semicírculo

hipo sub posição inferior hipodérmico, submarino

para ad proximidade, adjunção

paralelo, adjacência

peri circum em torno de periferia, circunferência

cata de movimento para catavento,

baixo derrubar

si(n)(m) cum simultaneidade, companhia

sinfonia, silogeu, cúmplice

Sufixos Sufixos são elementos (isoladamente insignificativos) que, acrescentados a um radical, formam nova palavra. Sua principal característica é a mudança de classe gramatical que geralmente opera. Dessa forma, podemos utilizar o significado de um verbo num contexto em que se deve usar um substantivo , por exemplo. Sufixos que formam nomes de ação

-ada - caminhada -ez(a) - sensatez, beleza

-ança - mudança -ismo - civismo

-ância - abundância -mento - casamento

-ção - emoção -são - compreensão

-dão - solidão -tude - amplitude

-ença - presença -ura - formatura

Sufixos que formam nomes de agente

-ário(a) - secretário -or - lutador

-eiro(a) - ferreiro -nte - feirante

-ista - manobrista

Além dos sufixos acima, tem-se:

Sufixos que formam nomes de lugar, depositório -aria - churrascaria

-or - corredor

-ário - herbanário -tério - cemitério

-eiro - açucareiro -tório - dormitório

-il - covil

Sufixos que formam nomes indicadores de abundância, aglomeração, coleção

>-aço - ricaço -ario(a) - casario, infantaria

-ada - papelada -edo - arvoredo

-agem - folhagem -eria - correria

-al - capinzal -io - mulherio

-ame - gentame -ume - negrume

Sufixos que formam nomes técnicos usados na ciência

-ite bronquite, hepatite (inflamação)

-oma mioma, epitelioma, carcinoma (tumores)

-ato, eto, ito sulfato, cloreto, sulfito (sais)

-ina cafeína, codeína (alcaloides, álcalis artificiais)

-ol fenol, naftol (derivado de hidrocarboneto)

-ite amotite (fósseis)

-ito granito (pedra)

-ema morfema, fonema, semema,

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Língua Portuguesa

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semantema (ciência linguística)

-io - sódio, potássio, selênio (corpos simples)

Sufixo que forma nomes de religião, doutrinas filos óficas, sistemas políticos

-ismo budismo kantismo comunismo

SUFIXOS FORMADORES DE ADJETIVOS a) de substantivos

-aco - maníaco -ento - cruento

-ado - barbado -eo - róseo

-áceo(a) - herbáceo, liláceas -esco - pitoresco

-aico - prosaico -este - agreste

-al - anual -estre - terrestre

-ar - escolar -ício - alimentício

-ário - diário, ordinário -ico - geométrico

-ático - problemático -il - febril

-az - mordaz -ino - cristalino

-engo - mulherengo -ivo - lucrativo

-enho - ferrenho -onho - tristonho

-eno - terreno -oso - bondoso

-udo - barrigudo

b) de verbos

SUFIXO SENTIDO EXEMPLIFICAÇÃO

-(a)(e)(i)nte ação, qualidade, estado semelhante, doente, seguinte

-(á)(í)vel possibilidade de praticar ou sofrer uma ação

louvável perecível punível

-io, -(t)ivo ação referência, modo de ser

tardio afirmativopensativo

-(d)iço, -(t)ício

possibilidade de praticar ou sofrer uma ação, referência

movediço, quebradiço, factício

-(d)ouro,-(t)ório

ação, pertinência casadouro, preparatório

SUFIXOS ADVERBIAIS Na Língua Portuguesa, existe apenas um único sufixo adverbial: É o sufixo "-mente ", derivado do substantivo feminino latino mens, mentis que pode significar "a mente, o espírito, o intento".Este sufixo juntou-se a adjetivos, na forma feminina, para indicar circunstâncias, especialmente a de modo. Exemplos: altiva-mente , brava-mente , bondosa-mente , nervosa-mente , fraca-mente , pia-mente Já os advérbios que se derivam de adjetivos terminados em –ês (burgues-mente , portugues-mente , etc.) não seguem esta regra, pois esses adjetivos eram outrora uniformes. Exemplos : cabrito montês / cabrita montês .

SUFIXOS VERBAIS Os sufixos verbais agregam-se, via de regra, ao radical de substantivos e adjetivos para formar novos verbos. Em geral, os verbos novos da língua formam-se pelo acréscimo da terminação-ar. Exemplos : esqui-ar; radiograf-ar; (a)doç-ar; nivel-ar; (a)fin-ar; telefon-ar; (a)portugues-ar. Os verbos exprimem, entre outras ideias, a prática de ação. Veja: -ar: cruzar, analisar, limpar -ear: guerrear, golear -entar: afugentar, amamentar -ficar: dignificar, liquidificar -izar: finalizar, organizar Observe este quadro de sufixos verbais:

SUFIXOS SENTIDO EXEMPLOS

-ear frequentativo, durativo cabecear, folhear

-ejar frequentativo, durativo gotejar, velejar

-entar factitivo aformosentar, amolentar

-(i)ficar factitivo clarificar, dignificar

-icar frequentativo-diminutivo bebericar, depenicar

-ilhar frequentativo-diminutivo dedilhar, fervilhar

-inhar frequentativo-diminutivo-pejorativo

escrevinhar, cuspinhar

-iscar frequentativo-diminutivo chuviscar, lambiscar

-itar frequentativo-diminutivo dormitar, saltitar

-izar factitivo civilizar, utilizar

Radicais Gregos O conhecimento dos radicais gregos é de indiscutível importância para a exata compreensão e fácil memorização de inúmeras palavras. Radicais que atuam como primeiro elemento

Forma Sentido Exemplos

Aéros- ar Aero nave

Ánthropos- homem Antropófago

Autós- de si mesmo Autobiografia

Bíblion- livro Biblioteca

Bíos- vida Biologia

Chróma- cor Cromático

Chrónos- tempo Cronômetro

Dáktyilos- dedo Dactilografia

Déka- dez Decassílabo

Démos- povo Democracia

Eléktron- (âmbar) eletricidade Eletroímã

Ethnos- raça Etnia

Géo- terra Geografia

Héteros- outro Heterogêneo

Hexa- seis Hexágono

Híppos- cavalo Hipopótamo

Ichthýs- peixe Ictiografia

Ísos- igual Isósceles

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Língua Portuguesa

Expressão Cultural Página 22

Líthos- pedra Aerólito

Makrós- grande, longo Macróbio

Mégas- grande Megalomaníaco

Mikrós- pequeno Micróbio

Mónos- um só Monocultura

Nekrós- morto Necrotério

Néos- novo Neolatino

Odóntos- dente Odontologia

Ophthalmós- olho Oftalmologia

Ónoma- nome Onomatopeia

Orthós- reto, justo Ortografia

Pan- todos, tudo Pan-americano

Páthos- doença Patologia

Penta- cinco Pentágono

Polýs- muito Poliglota

Pótamos- rio Hipopótamo

Pséudos- falso Pseudônimo

Psiché- alma, espírito Psicologia

Riza- raiz Rizotônico

Techné- arte Tecnografia

Thermós- quente Térmico

Tetra- quatro Tetraedro

Týpos- figura, marca Tipografia

Tópos- lugar Topografia

Zóon- Animal Zoologia

Radicais que atuam como segundo elemento:

Forma Sentido Exemplos

-agogós Que conduz Pedagogo

álgos Dor Analgésico

-arché Comando, governo Monarquia

-dóxa Que opina Ortodoxo

-drómos Lugar para correr Hipódromo

-gámos Casamento Poligamia

-glótta; -glóssa Língua Poliglota, glossário

-gonía Ângulo Pentágono

-grápho Escrita Ortografia

-grafo Que escreve Calígrafo

-grámma Escrito, peso Telegrama, quilograma

-krátos Poder Democracia

-lógos Palavra, estudo Diálogo

-mancia Adivinhação Cartomancia

-métron Que mede Quilômetro

-morphé Que tem a forma Morfologia

-nómos Que regula Autônomo

-pólis; Cidade Petrópolis

-pterón Asa Helicóptero

-skopéo Instrumento para ver Microscópio

-sophós Sabedoria Filosofia

-théke Lugar onde se guarda Biblioteca

Radicais Latinos Radicais que atuam como primeiro elemento:

Forma Sentido Exemplo

Agri Campo Agricultura

Ambi Ambos Ambidestro

Arbori- Árvore Arborícola

Bis-, bi- Duas vezes Bípede, bisavô

Calori- Calor Calorífero

Cruci- cruz Crucifixo

Curvi- curvo Curvilíneo

Equi- igual Equilátero, equidistante

Ferri-, ferro- ferro Ferrífero, ferrovia

Loco- lugar Locomotiva

Morti- morte Mortífero

Multi- muito Multiforme

Olei-, oleo- Azeite, óleo Oleígeno, oleoduto

Oni- todo Onipotente

Pedi- pé Pedilúvio

Pisci- peixe Piscicultor

Pluri- Muitos, vários Pluriforme

Quadri-, quadru- quatro Quadrúpede

Reti- reto Retilíneo

Semi- metade Semimorto

Tri- Três Tricolor

Radicais que atuam como segundo elemento:

Forma Sentido Exemplos

-cida Que mata Suicida, homicida

-cola Que cultiva, ou habita

Arborícola, vinícola, silvícola

-cultura Ato de cultivar Piscicultura, apicultura

-fero Que contém, ou produz

Aurífero, carbonífero

-fico Que faz, ou produz Benefício, frigorífico

-forme Que tem forma de Uniforme, cuneiforme

-fugo Que foge, ou faz fugir

Centrífugo, febrífugo

-gero Que contém, ou produz Belígero, armígero

-paro Que produz Ovíparo, multíparo

-pede Pé Velocípede, palmípede

-sono Que soa Uníssono, horríssono

-vomo Que expele Ignívomo, fumívomo

-voro Que come Carnívoro, herbívoro

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Língua Portuguesa

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Prefixo, Sufixo e Radicais Derivação Prefixal: Acréscimo de um prefixo à palavra primitiva; também chamado de prefixação. Por exemplo: antepasto, reescrever, infeliz. Derivação Sufixal: Acréscimo de um sufixo à palavra primitiva; também chamado de sufixação. Por exemplo: felizmente, igualdade, florescer. Derivação Prefixal e Sufixal: Acréscimo de um prefixo e de um sufixo, em tempos diferentes; também chamado de prefixação e sufixação. Por exemplo: infelizmente, desigualdade, reflorescer. Derivação Parassintética: Acréscimo de um prefixo e de um sufixo, simultaneamente; também chamado de parassíntese. Por exemplo: envernizar, enrijecer, anoitecer. Obs.: A maneira mais fácil de se estabelecer a diferença entre Derivação Prefixal e Sufixal e Derivação Parassintética é a seguinte: retira-se o prefixo; se a palavra que sobrou existir, será Der. Pref. e Suf.; caso contrário, retira-se, agora, o sufixo; se a palavra que sobrou existir, será Der. Pref. e Suf.; caso contrário, será Der. Parassintética. Por exemplo, retire o prefixo de envernizar: não existe a palavra vernizar; agora, retire o sufixo: também não existe a palavra enverniz. Portanto, a palavra foi formada por Parassíntese. Derivação Regressiva: É a retirada da parte final da palavra primitiva, obtendo, por essa redução, a palavra derivada. Por exemplo: do verbo debater, retira-se a desinência de infinitivo -r: formou-se o substantivo debate. Derivação Imprópria ou conversão : É a formação de uma nova palavra pela mudança de classe gramatical. Por exemplo: a palavra gelo é um substantivo, mas pode ser transformada em um adjetivo: camisa gelo. Composição: Formação de novas palavras a partir de dois ou mais radicais. Composição por justaposição: Na união, os radicais não sofrem qualquer alteração em sua estrutura. Por exemplo: ao se unirem os radicais ponta e pé, obtém-se a palavra pontapé. O mesmo ocorre com mandachuva, passatempo, guarda-pó. Composição por aglutinação: Na união, pelo menos um dos radicais sofre alteração em sua estrutura. Por exemplo: ao se unirem os radicais água e ardente, obtém-se a palavra aguardente, com o desaparecimento do a. O mesmo acontece com embora (em boa hora), planalto (plano alto). Hibridismo: é a formação de novas palavras a partir da união de radicais de idiomas diferentes. Por exemplo: automóvel, sociologia, sambódromo, burocracia. Onomatopéia: Consiste em criar palavras, tentando imitar sons da natureza. Por exemplo: zunzum, cricri, tique-taque, pingue-pongue. Abreviação Vocabular: Consiste na eliminação de um segmento da palavra, a fim de se obter uma forma mais curta. Por exemplo: de extraordinário forma-se extra; de telefone, fone; de fotografia, foto; de cinematografia, cinema ou cine. Siglas: As siglas são formadas pela combinação das letras iniciais de uma seqüência de palavras que constitui um nome: Por exemplo: IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística); IPTU (Imposto Predial, Territorial e Urbano). Neologismo semântico: Forma-se uma palavra por neologismo semântico, quando se dá um novo significado, somado ao que já existe. Por exemplo, a palavra legal significa dentro da lei; a esse significado somamos outro: pessoa boa, pessoa legal. Empréstimo lingüístico: É o aportuguesamento de palavras estrangeiras; se a grafia da palavra não se modifica, ela deve

ser escrita entre aspas. Por exemplo: estresse, estande, futebol, bife, "show", xampu, "shopping center".

Classes das Palavras SUBSTANTIVO Substantivo é tudo o que nomeia as "coisas" em geral. Substantivo é tudo o que pode ser visto, pego ou sentido. Substantivo é tudo o que pode ser precedido de artigo Substantivo é toda a palavra que é determinada por um artigo, pronome ou numeral, ou modificada por um adjetivo. De acordo com a gramática portuguesa, um substantivo dá nome aos seres em geral e pode variar em gênero, número e grau. Para transformar uma palavra de outra classe gramatical em um substantivo, basta precedê-lo de um artigo, pronome ou numeral. Exemplo: "O não é uma palavra dura". Artigos sempre precedem palavras substantivadas, mas substantivos (que são substantivos em sua essência) não precisam necessariamente ser precedidos por artigos. Quanto à formação Dá-se o nome de substantivo a todas as palavras que nomeiam seres, lugares, objetos, sentimentos e outros. Quanto à existência de radical, o substantivo pode ser classificado em: Primitivo, derivado, simples e composto: • Primitivo : palavras que não derivam de outras. Ex.: flor, pedra, jardim, leite, goiaba, ferro, cobre, uva, maçã, metal... • Derivado : vem de outra palavra existente na língua. O substantivo que dá origem ao derivado (substantivo primitivo) é denominado radical. Ex.: pedreiro, jornalista, gatarrão, homúnculo. Quanto ao número de radicais, pode ser classificado em: • Simples : tem apenas um radical. Ex.: água, couve, sol ... • Composto : tem dois ou mais radicais. Ex.: água-de-cheiro, couve-flor, girassol, lança-perfume, pé-de-moleque, cachorro-quente, guarda-chuva... Quanto ao tipo Quando se referir a especificação dos seres, pode ser classificado em: • Concreto : designa seres que existem ou que podem existir por si só. Ex.: casa, cadeira. Também podem ser concretos os substantivos que nomeiam divindades (Deus, anjos, almas) e seres fantásticos (fada, duende), pois, existentes ou não, são sempre considerados como seres com vida própria. • Abstrato : designa ideias ou conceitos, cuja existência está vinculada a alguém ou a alguma outra coisa. Ex.: justiça, amor, trabalho, etc. • Próprio : denota um elemento individual que tenha um nome próprio dentro de um conjunto, sendo grafado sempre com letra maiúscula. Ex.: João, Maria, Bahia, Brasil, Rio de Janeiro, Japão. • Coletivo : um substantivo coletivo designa um nome singular dado a um conjunto de seres. No entanto, vale ressaltar que não se trata necessariamente de quaisquer seres daquela espécie. Alguns exemplos: o Uma biblioteca é um conjunto de livros, mas uma pilha de livros desordenada não é uma biblioteca. A biblioteca discrimina o gênero dos livros e os acomoda em prateleiras.

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o Uma orquestra ou banda é um conjunto de instrumentistas, mas nem todo conjunto de músicos ou instrumentistas pode ser classificado como uma orquestra ou banda. Em uma orquestra ou banda, os instrumentistas estão executando a mesma peça musical ao mesmo tempo. o Uma "turma" é um conjunto de estudantes, mas se juntarem num mesmo alojamento os estudantes de várias carreiras e várias universidades numa sala, não se tem uma turma. Na turma, os estudantes assistem simultaneamente à mesma aula. Eles possuem alguma ação ou característica em comum em relação ao grupo. o Exemplos: • abelha - enxame, cortiço, colméia • acompanhante - comitiva, cortejo, séqüito • alho - (quando entrelaçados) réstia, enfiada, cambada • aluno - classe • amigo - (quando em assembléia) tertúlia • animal - em geral = piara, pandilha, todos de uma região = fauna; manada de cavalgaduras = récua, récova; de carga = tropa; de carga, menos de 10 = lote; de raça, para reprodução = plantel; ferozes ou selvagens = alcatéia • anjo - chusma, coro, falange, legião, teoria • apetrecho - (quando de profissionais) ferramenta, instrumental • aplaudidor - (quando pagos) claque • argumento - carrada, monte, montão, multidão • arma - (quando tomadas dos inimigos) troféu • arroz - batelada • artigo - (quando heterogêneo) mixórdia • artista - (quando trabalham juntos) companhia, elenco • árvore - quando em linha = alameda, carreira, rua, souto; quando constituem maciço = arvoredo, bosque; quando altas, de troncos retos a aparentar parque artificial = malhada • asneira - acervo, chorrilho, enfiada, monte • asno - manada, récova, récua • assassino - choldra, choldraboldra • assistente - assistência • astro - (quando reunidos a outros do mesmo grupo) constelação • ator - elenco • autógrafo - (quando em lista especial de coleção) álbum • ave - (quando em grande quantidade) bando, nuvem • avião - esquadrão, esquadria, flotilha • bala - saraiva, saraivada • bandoleiro - caterva, corja, horda, malta, súcia, turba • bêbado - corja, súcia, farândola • boi - boiada, abesana, armento, cingel, jugada, jugo, junta, manada, rebanho, tropa • bomba - bateria • borboleta - boana, panapaná • botã o - de qualquer peça de vestuário = abotoadura; quando em fileira = carreira • burro - em geral = lote, manada, récua, tropa; quando carregado = comboio • cabelo - em geral = chumaço, guedelha, madeixa; conforme a separação = marrafa, trança • cabo - cordame, cordoalha, enxárcia • cabra - fato, malhada, rebanho • cadeira - (quando dispostas em linha) carreira, fileira, linha, renque • cálice - baixela • camelo - (quando em comboio) cáfila • caminhão - frota • canção - quando reunidas em livro = cancioneiro; quando populares de uma região = folclore • canhão - bateria • cantilena - salsada • cão - adua, cainçalha, canzoada, chusma, matilha

• capim - feixe, braçada, paveia • cardea l - (em geral) sacro colégio, (quando reunidos para a eleição do papa) conclave, (quando reunidos sob a direção do papa) consistório • carneiro - chafardel, grei, malhada, oviário, rebanho • carro - quando unidos para o mesmo destino = comboio, composição; quando em desfile = corso • carta - em geral = correspondência; quando manuscritas em forma de livro = cartapácio; quando geográficas = atlas • casa - (quando unidas em forma de quadrados) quarteirão, quadra. • cavaleiro - cavalgada, cavalhada, tropel • cavalgadura - cáfila, manada, piara, récova, récua, tropa, tropilha • cavalo - manada, tropa • cebola - (quando entrelaçadas pelas hastes) cambada, enfiada, réstia • chave - (quando num cordel ou argola) molho (mó), penca • célula - (quando diferenciadas igualmente) tecido • cereal - em geral = fartadela, fartão, fartura; quando em feixes = meda, moréia • cigano - bando, cabilda, pandilha • cliente - clientela, freguesia • coisa - em geral = coisada, coisarada, ajuntamento, chusma, coleção, cópia, enfiada; quando antigas e em coleção ordenada = museu; quando em lista de anotação = rol, relação; em quantidade que se pode abranger com os braços = braçada; quando em série = seqüência, série, seqüela, coleção; quando reunidas e sobrepostas = monte, montão, cúmulo • copo - baixela • corda - (em geral) cordoalha, (quando no mesmo liame) maço, (de navio) enxárcia, cordame, massame, cordagem • correia - (em geral) correame, (de montaria) apeiragem • credor - junta, assembléia • crença - (quando populares) folclore • crente - grei, rebanho • depredador - horda • deputado - (quando oficialmente reunidos) câmara, assembléia • desordeiro - caterva, corja, malta, pandilha, súcia, troça, turba • diabo - legião • dinheiro - bolada, bolaço, disparate • disco - discoteca • disparate - apontoado • doze - (coisas ou animais) dúzia • elefante - manada • empregado - (quando de firma ou repartição) pessoal • escola - (quando de curso superior) universidade • escravo - (quando da mesma morada) senzala, (quando para o mesmo destino) comboio, (quando aglomerados) bando • escrito - (quando em homenagem a homem ilustre) poliantéia, (quando literários) analectos, antologia, coletânea, crestomatia, espicilégio, florilégio, seleta • espectador - (em geral) assistência, auditório, concorrência, (quando contratados para aplaudir) claque • espiga - (quando atadas) amarrilho, arregaçada, atado, atilho, braçada, fascal, feixe, gavela, lio, molho, paveia • estaca - (quando fincadas em forma de cerca) paliçada • estado - (quando unidos em nação) federação, confederação, república • estampa - (quando selecionadas) iconoteca, (quando explicativas) atlas • estrela - (quando cientificamente agrupadas) constelação, (quando em quantidade) acervo, (quando em grande quantidade) miríade

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• estudante - (quando da mesma escola) classe, turma, (quando em grupo cantam ou tocam) estudantina, (quando em excursão dão concertos) tuna, (quando vivem na mesma casa) república • facínora - caterva, horda, leva, súcia • feijão - (quando comerciáveis) batelada, partida • feiticeiro - (quando em assembléia secreta) conciliábulo • feno - braçada, braçado • filhote - (quando nascidos de uma só vez) ninhada • film e - filmoteca, cinemoteca • fio - (quando dobrado) meada, mecha, (quando metálicos e reunidos em feixe) cabo • flecha - (quando caem do ar, em porção) saraiva, saraivada • flor - (quando atadas) antologia, arregaçada, braçada, fascículo, feixe, festão, capela, grinalda, ramalhete, buquê, (quando no mesmo pedúnculo) cacho • foguete - (quando agrupados em roda ou num travessão) girândola • força naval - armada • força terrestre - exército • formiga - cordão, correição, formigueiro • frade - (quando ao local em que moram) comunidade, convento, (quanto ao fundador ou quanto às regras que obedecem) ordem • frase - (quando desconexas) apontoado • freguês - clientela, freguesia • fruta - (quando ligadas ao mesmo pedúnculo) cacho, (quanto à totalidade das colhidas num ano) colheita, safra • fumo - malhada • gafanhoto - nuvem, praga • garoto - cambada, bando, chusma • gato - cambada, gatarrada, gataria • gente - (em geral) chusma, grupo, multidão, (quando indivíduos reles) magote, patuléia, poviléu • grão - manípulo, manelo, manhuço, manojo, manolho, maunça, mão, punhado • graveto - (quando amarrados) feixe • gravura - (quando selecionadas) iconoteca • habitant e - (em geral) povo, população, (quando de aldeia, de lugarejo) povoação • herói - falange • hiena - alcatéia • hino - hinário • ilha - arquipélago • imigrante - (quando em trânsito) leva, (quando radicados) colônia • índio - (quando formam bando) maloca, (quando em nação) tribo • instrument o - (quando em coleção ou série) jogo, ( quando cirúrgicos) aparelho, (quando de artes e ofícios) ferramenta, (quando de trabalho grosseiro, modesto) tralha • inseto - (quando nocivos) praga, (quando em grande quantidade) miríade, nuvem, (quando se deslocam em sucessão) correição • javali - alcatéia, malhada, vara • jornal - hemeroteca • jumento - récova, récua • jurado - júri, conselho de sentença, corpo de jurados • ladrão - bando, cáfila, malta, quadrilha, tropa, pandilha • lâmpada - (quando em fileira) carreira, (quando dispostas numa espécie de lustre) lampadário • leão - alcatéia • lei - (quando reunidas cientificamente) código, consolidação, corpo, (quando colhidas aqui e ali) compilação • leitão - (quando nascidos de um só parto) leitegada • livro - (quando amontoados) chusma, pilha, ruma, (quando heterogêneos) choldraboldra, salgalhada, (quando reunidos para consulta) biblioteca, (quando reunidos para venda)

livraria, (quando em lista metódica) catálogo • lobo - alcatéia, caterva • macaco - bando, capela • malfeitor - (em geral) bando, canalha, choldra, corja, hoste, joldra, malta, matilha, matula, pandilha, (quando organizados) quadrilha, seqüela, súcia, tropa • maltrapilho - farândola, grupo • mantimento - (em geral) sortimento, provisão, (quando em saco, em alforge) matula, farnel, (quando em cômodo especial) despensa • mapa - (quando ordenados num volume) atlas, (quando selecionados) mapoteca • máquina - maquinaria, maquinismo • marinheiro - maruja, marinhagem, companha, equipagem, tripulação, chusma • médico - (quando em conferência sobre o estado de um enfermo) junta • menino - (em geral) grupo, bando, (depreciativamente) chusma, cambada • mentira - (quando em seqüência) enfiada • mercadoria - sortimento, provisão • mercenário - mesnada • metal - (quando entra na construção de uma obra ou artefato) ferragem • ministro - (quando de um mesmo governo) ministério, (quando reunidos oficialmente) conselho • montanha - cordilheira, serra, serrania • mosca - moscaria, mosquedo • móvel - mobília, aparelho, trem • música - (quanto a quem a conhece) repertório • músico - (quando com instrumento) banda, charanga, filarmônica, orquestra • nação - (quando unidas para o mesmo fim) aliança, coligação, confederação, federação, liga, união • navio - (em geral) frota, (quando de guerra) frota, flotilha, esquadra, armada, marinha, (quando reunidos para o mesmo destino) comboio • nome - lista, rol • nota - (na acepção de dinheiro) bolada, bolaço, maço, pacote, (na acepção de produção literária, científica) comentário • objeto - V coisa • onda - (quando grandes e encapeladas) marouço • órgão - (quando concorrem para uma mesma função) aparelho, sistema • orquídea - (quando em viveiro) orquidário • osso - (em geral) ossada, ossaria, ossama, (quando de um cadáver) esqueleto • ouvinte - auditório • ovelha - (em geral) rebanho, grei, chafardel, malhada, oviário, (quando ainda não deram cria e nem estão prenhes) alfeire • ovo - (os postos por uma ave durante certo tempo) postura, (quando no ninho) ninhada • padre - clero, clerezia • palavra - (em geral) vocabulário, (quando em ordem alfabética e seguida de significação) dicionário, léxico, (quando proferidas sem nexo) palavrório • pancada - data • pantera - alcatéia • papel - (quando no mesmo liame) bloco, maço, (em sentido lato, de folhas ligadas e em sentido estrito, de 5 folhas) caderno, (5 cadernos) mão, (20 mãos) resma, (10 resmas) bala • parente - (em geral) família, (em reunião) tertúlia • partidário - facção, partido, torcida • partido (político) - (quando unidos para um mesmo fim) coligação, aliança, coalização, liga

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• pássaro - passaredo, passarada • passarinho - nuvem, bando • pau - (quando amarrados) feixe, (quando amontoados) pilha, (quando fincados ou unidos em cerca) bastida, paliçada • peça - (quando devem aparecer juntas na mesa) baixela, serviço, (quando artigos comerciáveis, em volume para transporte) fardo, (em grande quantidade) magote, (quando pertencentes à artilharia) bateria, (de roupas, quando enroladas) trouxa, (quando pequenas e cosidas umas às outras para não se extraviarem na lavagem) apontoado, (quando literárias) antologia, florilégio, seleta, silva, crestomatia, coletânea, miscelânea. • peixe - (em geral e quando na água) cardume, (quando miúdos) boana, (quando em viveiro) aquário, (quando em fileira) cambada, espicha, enfiada, (quando à tona) banco, manta • pena - (quando de ave) plumagem • peregrino - caravana, romaria, romagem • pérola - (quando enfiadas em série) colar, ramal • pessoa - (em geral) aglomeração, banda, bando, chusma, colméia, gente, legião, leva, maré, massa, mó, mole, multidão, pessoal, roda, rolo, troço, tropel, turba, turma, (quando reles) corja, caterva, choldra, farândola, récua, súcia, (quando em serviço, em navio ou avião) tripulação, (quando em acompanhamento solene) comitiva, cortejo, préstito, procissão, séqüito, teoria, (quando ilustres) plêiade, pugilo, punhado, (quando em promiscuidade) cortiço, (quando em passeio) caravana, (quando em assembléia popular) comício, (quando reunidas para tratar de um assunto) comissão, conselho, congresso, conclave, convênio, corporação, seminário, (quando sujeitas ao mesmo estatuto) agremiação, associação, centro, clube, grêmio, liga, sindicato, sociedade • pilha - (quando elétricas) bateria • pinto - (quando nascidos de uma só vez) ninhada • planta - (quando frutíferas) pomar, (quando hortaliças, legumes) horta, (quando novas, para replanta) viveiro, alfobre, tabuleiro, (quando de uma região) flora, (quando secas, para classificação) herbário. • ponto - (de costura) apontoado • porco - (em geral) manada, persigal, piara, vara, (quando do pasto) vezeira • povo - (nação) aliança, coligação, confederação, liga • prato - baixela, serviço, prataria • prelado - (quando em reunião oficial) sínodo • prisioneiro - (quando em conjunto) leva, (quando a caminho para o mesmo destino) comboio • professo r - (quando de estabelecimento primário ou secundário) corpo docente, (quando de faculdade) congregação • quadro - (quando em exposição) pinacoteca, galeria • querubim - coro, falange, legião • recipiente - vasilhame • recruta - leva, magote • religioso - clero regular • roupa - (quando de cama, mesa e uso pessoal) enxoval, (quando envoltas para lavagem) trouxa • salteador - caterva, corja, horda, quadrilha • saudade - arregaçada • selo - coleção • serra - (acidente geográfico) cordilheira • servical - queira • soldado - tropa, legião • trabalhador - (quando reunidos para um trabalho braçal) rancho, (quando em trânsito) leva • tripulante - equipagem, guarnição, tripulação • utensílio - (quando de cozinha) bateria, trem, (quando de mesa) aparelho, baixela • vadio - cambada, caterva, corja, mamparra, matula, súcia

• vara - (quando amarradas) feixe, ruma • velhaco - súcia, velhacada • Todos os substantivos que não são próprios podem ser chamados de substantivos comuns . Flexão do substantivo Quanto ao gênero Os substantivos flexionam-se nos gêneros masculino e feminino e quanto às formas, podem ser: Substantivos biformes : apresentam duas formas originadas do mesmo radical. Exemplos: menino - menina, traidor - traidora, aluno - aluna, gato - gata. Substantivos heterônimos : apresentam radicais distintos e dispensam artigo ou flexão para indicar gênero, ou seja, apresentam duas formas uma para o feminino e outra para o masculino. Exemplos: arlequim - colombina, arcebispo - arquiepiscopisa, bispo - episcopisa, bode - cabra, ovelha - carneiro. Substantivos uniformes : apresentam a mesma forma para os dois gêneros, podendo ser classificados em: ♦ Epicenos : referem-se a animais ou plantas, e são invariáveis no artigo precedente, acrescentando as palavras macho e fêmea, para distinção do sexo do animal. Exemplos: a onça macho - a onça fêmea; o jacaré macho - o jacaré fêmea; a foca macho - a foca fêmea. a girafa a águia a barata a cobra o jacaré a onça o tatu a anta a arara a borboleta o canguru o caranguejo o crocodilo o escorpião a formiga a girafa a mosca a pantera o pernilongo o piolho a piranha a rã a tartaruga o tatu o urubu a zebra ♦ Comuns de dois gêneros : o gênero é indicado pelo artigo precedente. Exemplos: o dentista - a dentista, um jovem - uma jovem, imigrante italiano - imigrante italiana. o / a estudante o / a imigrante o / a acrobata o / a agente o / a intérprete o / a lojista o / a patriota o / a mártir o / a viajante o / a artista o / a aspirante o / a atleta o / a camelô

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o / a fã o / a gerente o / a médium o / a modelo (indivíduo contratado por agência ou casa de modas para desfilar com as roupas que devem ser exibidas à clientela) o / a personagem o / a presidente (mas também pode ser a presidenta ) o / a protagonista o / a puxa-saco o / a sem-terra o / a sem-vergonha o / a xereta ♦ Sobrecomuns : invariáveis no artigo precedente. Exemplos: a criança, o indivíduo (não existem formas como "o criança", "a indivíduo", nem palavras como "crianço" ou "indivídua"). o cônjuge a criança o carrasco o indivíduo o apóstolo o monstro a pessoa a testemunha o algoz o verdugo a vítima o tipo o animal o cadáver a criatura o dedo-duro o defunto o gênio o ídolo o nó-cego o pé-quente o pivô a sentinela o sujeito Algumas palavras que provocam dúvida quanto ao feminino: Cônsul = consulesa Frei = soror (pronuncia-se sorór) Padre: madre Monge = monja Zangão (ou zângão) = abelha Profeta = profetisa Cavaleiro = amazona Quanto ao número Os substantivos apresentam singular e plural. Nos substantivos simples , para formar o plural, acrescenta-se à terminação em n, vogal ou ditongo o s. Ex: elétron/ elétrons, povo/ povos, caixa/ caixas, cárie/ cáries; a terminação em ão, por ões , ães, ou ãos ; as terminações em s, r, e z, por es; terminações em x são invariáveis; terminações em al, el, ol , ul , trocam o l por is , com as seguintes exceções: "mal" (males), "cônsul" (cônsules), "mol" (mols), "gol" (gols); terminação em il , é trocado o l por is (quando oxítono) ou o il por eis (quando paroxítono). Os substantivos compostos São aqueles que tem dois radicais ♦ se os elementos são ligados por preposição, só o primeiro varia (mulas-sem-cabeça); também varia apenas o

primeiro elemento caso o segundo termo indique finalidade ou semelhança deste (navios-escola, canetas-tinteiro); ♦ se os elementos são formados por palavras repetidas ou por onomatopeia, só o segundo elemento varia (tico-ticos, pingue-pongues); ♦ nos demais casos, somente os elementos originariamente substantivos, adjetivos e numerais variam (couves-flores, guardas-noturnos, amores-perfeitos, bem-amados, ex-alunos). Resumindo flexiona-se apenas o primeiro elemento: ♦ quando as duas palavras são ligadas por preposições; ♦ quando o segundo nome limita o primeiro, expressando uma idéia de fim ( canetas-tinteiro, sofás-cama). Flexiona-se apenas o segundo elemento: ♦ quanto há adjetivos + adjetivos (econômico-financeiros, luso-brasileiros); ♦ quando a primeira palavra é invariável (guarda-roupas); ♦ quando há verbo + substantivo (arranha-céus); ♦ quando sao palavras repetidas (quero-queros); ♦ quando se trata de nome de oracões (pai-nossos); ♦ quando se trata de palavras anomatopaicas, que imitam sons(toc-tocs). Flexionam-se os dois elementos quando há: ♦ substantivo + substantivo (cirurgiões-dentistas); ♦ substantivo + adjetivo (guardas-noturnos); ♦ adjetivo + substantivo (livres-pensadores); ♦ numeral + substantivo (Quintas-feiras). Quanto ao grau Ps: Grau não é Flexão, é derivação. Ex: Concordo com você em gênero e número. Os substantivos possuem três graus, o aumentativo , o diminutivo e o neutro que são formados por dois processos: ♦ Analítico : o substantivo é modificado por adjetivos que indicam sua proporção (rato grande, gato pequeno, casa grande) Neste caso grande e pequeno são os adjetivos, dando uma ideia de tamanho nos substantivos, esses adjetivos assim chamamos de analítico; ♦ Sintético : modifica o substantivo através de sufixos que podem representar além de aumento ou diminuição, o desprezo ou um sentido pejorativo (no aumentativo sintético: gentalha, beiçorra), o afeto ou sentido pejorativo (no diminutivo sintético: filhinho, livreco). Exemplos de diminutivos e aumentativos sintéticos: sapato/sapatinho/sapatão; casa/casinha/casarão; cão/cãozinho/canzarrão; homem/homenzinho/homenzarrão; gato/gatinho/gatão; bigode/bigodinho/bigodaço; vidro/vidrinho/vidraça; boca/boquinha/bocarra; muro/mureta/muralha; pedra/pedrinha/pedrona; rocha/rochinha/rochedo; papel/papelzinho/papelão; lápis/lapisinho/lapisão; sapo/sapinho/sapão; livro/livrinho/livrão; carro/carrinho/carrão; Uma outra explicação de substantivos... Substantivo:

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É a palavra variável que denomina qualidades, sentimentos, sensações, ações, estados e seres em geral. Quanto a sua formação, o substantivo pode ser primitivo (jornal) ou derivado (jornalista), simples (alface) ou composto (guarda-chuva). Já quanto a sua classificação, ele pode ser comum (cidade) ou próprio (Curitiba), concreto (mesa) ou abstrato (felicidade). Os substantivos concretos designam seres de existência real ou que a imaginação apresenta como tal: alma, fada, santo. Já os substantivos abstratos designam qualidade, sentimento, ação e estado dos seres: beleza, cegueira, dor, fuga. Os substantivos próprios são sempre concretos e devem ser grafados com iniciais maiúsculas. Certos substantivos próprios podem tornar-se comuns, pelo processo de derivação imprópria (um judas = traidor / um panamá = chapéu). Os substantivos abstratos têm existência independente e podem ser reais ou não, materiais ou não. Quando esses substantivos abstratos são de qualidade tornam-se concretos no plural (riqueza X riquezas). Muitos substantivos podem ser variavelmente abstratos ou concretos, conforme o sentido em que se empregam (a redação das leis requer clareza / na redação do aluno, assinalei vários erros). Já no tocante ao gênero (masculino X feminino) os substantivos podem ser: ♦ biformes: quando apresentam uma forma para o masculino e outra para o feminino. (rato, rata ou conde X condessa). ♦ uniformes: quando apresentam uma única forma para ambos os gêneros. Nesse caso, eles estão divididos em: ♦ epicenos: usados para animais de ambos os sexos (macho e fêmea) - albatroz, badejo, besouro, codorniz; ♦ comum de dois gêneros: aqueles que designam pessoas, fazendo a distinção dos sexos por palavras determinantes - aborígine, camarada, herege, manequim, mártir, médium, silvícola; ♦ sobrecomuns - apresentam um só gênero gramatical para designar pessoas de ambos os sexos - algoz, apóstolo, cônjuge, guia, testemunha, verdugo; Alguns substantivos, quando mudam de gênero, mudam de sentido. (o cisma X a cisma / o corneta X a corneta / o crisma X a crisma / o cura X a cura / o guia X a guia / o lente X a lente / o língua X a língua / o moral X a moral / o maria-fumaça X a maria-fumaça / o voga X a voga). Os nomes terminados em -ão fazem feminino em -ã, -oa ou -ona (alemã, leoa, valentona). Os nomes terminados em -e mudam-no para -a, entretanto a maioria é invariável (monge X monja, infante X infanta, mas o/a dirigente, o/a estudante). Quanto ao número (singular X plural), os substantivos simples formam o plural em função do final da palavra. ♦ vogal ou ditongo (exceto -ÃO): acréscimo de -S (porta X portas, troféu X troféus); ♦ ditongo -ÃO: -ÕES / -ÃES / -ÃOS, variando em cada palavra (pagãos, cidadãos, cortesãos, escrivães, sacristães, capitães, capelães, tabeliães, deães, faisães, guardiães). Os substantivos paroxítonos terminados em -ão fazem plural em -ãos (bênçãos, órfãos, gólfãos). Alguns gramáticos registram artesão (artífice) - artesãos e artesão (adorno arquitetônico) - artesões. ♦ -EM, -IM, -OM, -UM: acréscimo de -NS (jardim X jardins); ♦ -R ou -Z: -ES (mar X mares, raiz X raízes); ♦ -S: substantivos oxítonos acréscimo de -ES (país X países). Os não-oxítonos terminados em -S são invariáveis,

marcando o número pelo artigo (os atlas, os lápis, os ônibus), cais, cós e xis são invariáveis; ♦ -N: -S ou -ES, sendo a última menos comum (hífen X hifens ou hífenes), cânon > cânones; ♦ -X: invariável, usando o artigo para o plural (tórax X os tórax); ♦ -AL, EL, OL, UL: troca-se -L por -IS (animal X animais, barril X barris). Exceto mal por males, cônsul por cônsules, real (moeda) por réis, mel por méis ou meles; ♦ IL: se oxítono, trocar -L por -S. Se não oxítonos, trocar -IL por -EIS. (til X tis, míssil X mísseis). Observação: réptil / reptil por répteis / reptis, projétil / projetil por projéteis / projetis; ♦ sufixo diminutivo -ZINHO(A) / -ZITO(A): colocar a palavra primitiva no plural, retirar o -S e acrescentar o sufixo diminutivo (caezitos, coroneizinhos, mulherezinhas). Observação: palavras com esses sufixos não recebem acento gráfico. ♦ metafonia: -o tônico fechado no singular muda para o timbre aberto no plural, também variando em função da palavra. (ovo X ovos, mas bolo X bolos). Observação: avôs (avô paterno + avô materno), avós (avó + avó ou avô + avó). Os substantivos podem apresentar diferentes graus, porém grau não é uma flexão nominal. São três graus: normal, aumentativo e diminutivo e podem ser formados através de dois processos: ♦ analítico: associando os adjetivos (grande ou pequeno, ou similar) ao substantivo; ♦ sintético: anexando-se ao substantivo sufixos indicadores de grau (meninão X menininho). Certos substantivos, apesar da forma, não expressam a noção aumentativa ou diminutiva. (cartão, cartilha). ♦ alguns sufixos aumentativo: -ázio, -orra, -ola, -az, -ão, -eirão, -alhão, -arão, -arrão, -zarrão; ♦ alguns sufixos diminutivo: -ito, -ulo-, -culo, -ote, -ola, -im, -elho, -inho, -zinho (o sufixo -zinho é obrigatório quando o substantivo terminar em vogal tônica ou ditongo: cafezinho, paizinho); O aumentativo pode exprimir desprezo (sabichão, ministraço, poetastro) ou intimidade (amigão); enquanto o diminutivo pode indicar carinho (filhinho) ou ter valor pejorativo (livreco, casebre). Algumas curiosidades sobre os substantivos: ♦ Palavras masculinas: ágape (refeição dos primitivos cristãos); anátema (excomungação); axioma (premissa verdadeira); caudal (cachoeira); carcinoma (tumor maligno); champanha, clã, clarinete, contralto, coma, diabete/diabetes (FeM classificam como gênero vacilante); diadema, estratagema, fibroma (tumor benigno); herpes, hosana (hino); jângal (floresta da Índia); lhama, praça (soldado raso); praça (soldado raso); proclama, sabiá, soprano (FeM classificam como gênero vacilante); suéter, tapa (FeM classificam como gênero vacilante); teiró (parte de arma de fogo ou arado); telefonema, trema, vau (trecho raso do rio). ♦ Palavras femininas: abusão (engano); alcíone (ave doa antigos); aluvião, araquã (ave); áspide (reptil peçonhento);

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baitaca (ave); cataplasma, cal, clâmide (manto grego); cólera (doença); derme, dinamite, entorce, fácies (aspecto); filoxera (inseto e doença); gênese, guriatã (ave); hélice (FeM classificam como gênero vacilante); jaçanã (ave); juriti (tipo de aves); libido, mascote, omoplata, rês, suçuarana (felino); sucuri, tíbia, trama, ubá (canoa); usucapião (FeM classificam como gênero vacilante); xerox (cópia). ♦ Gênero vacilante: acauã (falcão); inambu (ave); laringe, personagem (Ceg. fala que é usada indistintamente nos dois gêneros, mas que há preferência de autores pelo masculino); víspora. ♦ Alguns femininos: ♦ abade - abadessa; ♦ abegão (feitor) - abegoa; ♦ alcaide (antigo governador) - alcaidessa, alcaidina; ♦ aldeão - aldeã; ♦ anfitrião - anfitrioa, anfitriã; ♦ beirão (natural da Beira) - beiroa; ♦ besuntão (porcalhão) - besuntona; ♦ bonachão - bonachona; ♦ bretão - bretoa, bretã; ♦ cantador - cantadeira; ♦ cantor - cantora, cantadora, cantarina, cantatriz; ♦ castelão (dono do castelo) - castelã; ♦ catalão - catalã; ♦ cavaleiro - cavaleira, amazona; ♦ charlatão - charlatã; ♦ coimbrão - coimbrã; ♦ cônsul - consulesa; ♦ comarcão - comarcã; ♦ cônego - canonisa; ♦ czar - czarina; ♦ deus - deusa, déia; ♦ diácono (clérigo) - diaconisa; ♦ doge (antigo magistrado) - dogesa; ♦ druida - druidesa; ♦ elefante - elefanta e aliá (Ceilão); ♦ embaixador - embaixadora e embaixatriz; ♦ ermitão - ermitoa, ermitã; ♦ faisão - faisoa (Cegalla), faisã; ♦ hortelão (trata da horta) - horteloa; ♦ javali - javalina; ♦ ladrão - ladra, ladroa, ladrona; ♦ felá (camponês) - felaína; ♦ flâmine (antigo sacerdote) - flamínica; ♦ frade - freira; ♦ frei - sóror; ♦ gigante - giganta; ♦ grou - grua; ♦ lebrão - lebre; ♦ maestro - maestrina;

♦ maganão (malicioso) - magana; ♦ melro - mélroa; ♦ mocetão - mocetona; ♦ oficial - oficiala; ♦ padre - madre; ♦ papa - papisa; ♦ pardal - pardoca, pardaloca, pardaleja; ♦ parvo - párvoa; ♦ peão - peã, peona; ♦ perdigão - perdiz; ♦ prior - prioresa, priora; ♦ mu ou mulo - mula; ♦ rajá - rani; ♦ rapaz - rapariga; ♦ rascão (desleixado) - rascoa; ♦ sandeu - sandia; ♦ sintrão - sintrã; ♦ sultão - sultana; ♦ tabaréu - tabaroa; ♦ varão - matrona, mulher; ♦ veado - veada; ♦ vilão - viloa, vilã. ♦ Substantivos em -ÃO e seus plurais: ♦ alão - alões, alãos, alães; ♦ aldeão - aldeãos, aldeões; ♦ capelão - capelães; ♦ castelão - castelãos, castelões; ♦ cidadão - cidadãos; ♦ cortesão - cortesãos; ♦ ermitão - ermitões, ermitãos, ermitães; ♦ escrivão - escrivães; ♦ folião - foliões; ♦ hortelão - hortelões, hortelãos; ♦ pagão - pagãos; ♦ sacristão - sacristães; ♦ tabelião - tabeliães; ♦ tecelão - tecelões; ♦ verão - verãos, verões; ♦ vilão - vilões, vilãos; ♦ vulcão - vulcões, vulcãos. Alguns substantivos que sofrem metafonia no plural: abrolho, caroço, corcovo, corvo, coro, despojo, destroço, escolho, esforço, estorvo, forno, forro, fosso, imposto, jogo, miolo, poço, porto, posto, reforço, rogo, socorro, tijolo, toco, torno, torto, troco. Substantivos só usados no plural: anais, antolhos, arredores, arras (bens, penhor), calendas (1º dia do mês romano), cãs (cabelos brancos), cócegas, condolências, damas (jogo), endoenças (solenidades religiosas), esponsais (contrato de casamento ou noivado), esposórios (presente de núpcias), exéquias (cerimônias fúnebres), fastos (anais), férias, fezes, manes (almas), matinas (breviário de orações matutinas), núpcias, óculos, olheiras, primícias (começos, prelúdios), pêsames, vísceras, víveres etc., além dos nomes de naipes. Coletivos: alavão - ovelhas leiteiras; armento - gado grande (búfalos, elefantes); assembléia (parlamentares, membros de associações); atilho - espigas;

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baixela - utensílios de mesa; banca - de examinadores, advogados; bandeira - garimpeiros, exploradores de minérios; bando - aves, ciganos, crianças, salteadores; boana - peixes miúdos; cabido - cônegos (conselheiros de bispo); cáfila - camelos; cainçalha - cães; cambada - caranguejos, malvados, chaves; cancioneiro - poesias, canções; caterva - desordeiros, vadios; choldra, joldra - assassinos, malfeitores; chusma - populares, criados; conselho - vereadores, diretores, juízes militares; conciliábulo - feiticeiros, conspiradores; concílio - bispos; canzoada - cães; conclave - cardeais; congregação - professores, religiosos; consistório - cardeais; fato - cabras; feixe - capim, lenha; junta - bois, médicos, credores, examinadores; girândola - foguetes, fogos de artifício; grei - gado miúdo, políticos; hemeroteca - jornais, revistas; legião - anjos, soldados, demônios; malta - desordeiros; matula - desordeiros, vagabundos; miríade - estrelas, insetos; nuvem - gafanhotos, pó; panapaná - borboletas migratórias; penca - bananas, chaves; récua - cavalgaduras (bestas de carga); renque - árvores, pessoas ou coisas enfileiradas; réstia - alho, cebola; ror - grande quantidade de coisas; súcia - pessoas desonestas, patifes; talha -lenha; tertúlia - amigos, intelectuais; tropilha - cavalos; vara - porcos. Substantivos compostos: Os substantivos compostos formam o plural da seguinte maneira: sem hífen formam o plural como os simples (pontapé/pontapés); caso não haja caso específico, verifica-se a variabilidade das palavras que compõem o substantivo para pluralizá-los. São palavras variáveis: substantivo, adjetivo, numeral, pronomes, particípio. São palavras invariáveis: verbo, preposição, advérbio, prefixo; em elementos repetidos, muito parecidos ou onomatopaicos, só o segundo vai para o plural (tico-ticos, tique-taques, corre-corres, pingue-pongues); com elementos ligados por preposição, apenas o primeiro se flexiona (pés-de-moleque); são invariáveis os elementos grão, grã e bel (grão-duques, grã-cruzes, bel-prazeres); só variará o primeiro elemento nos compostos formados por dois substantivos, onde o segundo limita o primeiro elemento, indicando tipo, semelhança ou finalidade deste (sambas-enredo, bananas-maçã) nenhum dos elementos vai para o plural se formado por verbos de sentidos opostos e frases substantivas (os leva-e-traz, os bota-fora, os pisa-mansinho, os bota-abaixo, os louva-a-Deus, os ganha-pouco, os diz-que-me-diz);

compostos cujo segundo elemento já está no plural não variam (os troca-tintas, os salta-pocinhas, os espirra-canivetes); palavra guarda, se fizer referência a pessoa varia por ser substantivo. Caso represente o verbo guardar, não pode variar (guardas-noturnos, guarda-chuvas).

ADJETIVOS Adjetivo é a classe gramatical que modifica um substantivo, atribuindo-lhe qualidade, estado ou modo de ser. Um adjetivo normalmente exerce uma dentre três funções sintáticas na oração: Aposto explicativo, adjunto adnominal ou predicativo. Os adjetivos podem ser Adjetivo explicativo: É o adjetivo que denota qualidade essencial do ser, qualidade inerente, ou seja, qualidade que não pode ser retirada do substantivo. Por exemplo, todo homem é mortal, todo fogo é quente, todo leite é branco, então mortal, quente e branco são adjetivos explicativos, em relação a homem, fogo e leite. Adjetivo restritivo: É o adjetivo que denota qualidade adicionada ao ser, ou seja, qualidade que pode ser retirada do substantivo. Por exemplo, nem todo homem é inteligente, nem todo fogo é alto, nem todo leite é enriquecido, então inteligente, alto e enriquecido são adjetivos restritivos, em relação a homem, fogo e leite. Obs.: Sempre que o adjetivo estiver imediatamente após o substantivo qualificado por ele, teremos o seguinte: Se ele for adjetivo explicativo, deverá estar entre vírgulas e funcionará sintaticamente como aposto explicativo; se for adjetivo restritivo, não poderá estar entre vírgulas e funcionará como adjunto adnominal. Por exemplo: O homem, mortal, age como um ser imortal. Nessa frase, mortal é adjetivo explicativo, pois indica uma qualidade essencial do substantivo, por isso está entre vírgulas e sua função sintática é a de aposto explicativo. Já na frase O homem inteligente lê mais. inteligente é adjetivo restritivo, pois indica uma qualidade adicionada ao substantivo, por isso não está entre vírgulas e sua função sintática é a de adjunto adnominal. Perceba que inteligente, apesar de não ser essencial a todos os homens, é especificamente ao universo de homens dos quais estamos falando. Caso o adjetivo restritivo esteja entre vírgulas, funcionará como predicativo. Por exemplo: O diretor, preocupado, atendeu ao telefone. Perceba que preocupado não é uma qualidade essencial a todos os homens nem o é ao diretor de quem estamos falando; o diretor possui a qualidade de preocupado apenas em um determinado momento - essa é a diferença entre o adjunto adnominal e o predicativo. Orações Subordinadas Adjetivas As orações subordinadas adjetivas são aquelas que funcionam como um adjetivo, modificando o substantivo. Sempre são iniciadas por um pronome relativo e podem ser denominadas de explicativas e de restritivas, tais quais os adjetivos. Oração Subordinada Adjetiva Explicativa : É a oração que funciona como o adjetivo explicativo, ou seja, denota uma qualidade essencial do substantivo, deve estar entre vírgulas e funciona como aposto explicativo. Por exemplo: O homem, que é mortal, age como um ser imortal. Há outra oração que funciona como aposto explicativo: a oração subordinada substantiva apositiva . A diferença é que

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esta não explica o significado do substantivo anterior, mas sim o contexto da frase anterior. Por exemplo, a frase Todos temos conhecimento de uma verdade: que o Brasil é o maior país da América do Sul. possui uma oração subordinada substantiva apositiva (que o Brasil é o maior país da América do Sul), que explica o contexto da frase anterior, e não o significado da palavra verdade. Oração Subordinada Adjetiva Restritiva: É a oração que funciona como o adjetivo restritivo, ou seja, denota uma qualidade adicionada ao substantivo, não pode estar entre vírgulas e funciona como adjunto adnominal. Por exemplo: O homem que é inteligente lê mais. O nome restritivo se deve ao fato de que a oração restringe o significado do substantivo anterior, ou seja, a oração apresentada significa que apenas os homens que são inteligentes lêem mais, os outros não. É assim que se comprova a existência de uma oração subordinada adjetiva restritiva: usando a expressão somente... ,os outros não. Adjetivo Pátrio É o adjetivo que Indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser. Observe alguns deles: Estados e cidades brasileiros: Acre = acreano Alagoas = alagoano Amapá = amapaense Aracaju = aracajuano ou aracajuense Amazonas = amazonense ou baré Belém (PA) = belenense Belo Horizonte = belo-horizontino Boa Vista = boa-vistense Brasília = brasiliense Cabo Frio = cabo-friense Campinas = campineiro ou campinense Curitiba = curitibano Espírito Santo = espírito-santense ou capixaba Fernando de Noronha = noronhense Florianópolis = florianopolitano Fortaleza = fortalense Goiânia = goianiense João Pessoa = pessoense Macapá = macapaense Maceió = maceioense Manaus = manauense Maranhão = maranhense Marajó = marajoara Mato Grosso = mato-grossense Mato Grosso do Sul = mato-grossense-do-sul Natal = natalense ou papa-jerimum Pará = paraense Porto Alegre = porto-alegrense Porto Velho = porto-velhense Ribeirão Preto = ribeiropretense Rio de Janeiro (estado) = fluminense Rio de Janeiro (cidade) = carioca Rio Branco = rio-branquense Rio Grande do Norte = rio-grandense-do-norte, norte-rio-gran-dense ou potiguar Rio Grande do Sul = rio-grandense-do-sul, sul-rio-grandense ou gaúcho. Rondônia = rondoniano Roraima = roraimense Salvador (BA) = salvadorense ou soteropolitano Santa Catarina = catarinense, catarineta ou barriga-verde Santarém = santarense

São Paulo (estado) = paulista São Paulo (cidade) = paulistano Sergipe = sergipano Teresina = teresinense Tocantins = tocantinense Países: Croácia = croata Costa Rica= costa-riquense Curdistão = curdo Estados Unidos = estadunidense, norte-americano ou ianque El Salvador = salvadorenho Guatemala = guatemalteco Índia = indiano ou hindu (os que professam o hinduísmo) Irã = iraniano Israel = israelense ou israelita Moçambique = moçambicano Mongólia = mongol ou mongólico Panamá = panamenho Porto Rico = porto-riquenho Somália = somali Adjetivos pátrios compostos: Na formação de adjetivos pátrios compostos, o primeiro elemento aparece na forma reduzida e, normalmente, erudita. Observe alguns exemplos: África = afro- / Cultura afro-americana Alemanha = germano- ou teuto- / Competições teuto-inglesas América = américo- / Companhia américo-africana Ásia = ásio- / Encontros ásio-europeus Áustria = austro- / Peças austro-búlgaras Bélgica = belgo- / Acampamentos belgo-franceses China = sino- / Acordos sino-japoneses Espanha = hispano- / Mercado hispano-português Europa = euro- / Negociações euro-americanas França = franco- ou galo- / Reuniões franco-italianas Grécia = greco- / Filmes greco-romanos Índia = indo- / Guerras indo-paquistanesas Inglaterra = anglo- / Letras anglo-portuguesas Itália = ítalo- / Sociedade ítalo-portuguesa Japão = nipo- / Associações nipo-brasileiras Portugal = luso- / Acordos luso-brasileiros Locução Adjetiva As locuções adjetivas são conjuntos de palavras que, em sua maioria (preposições + substantivos) possuem valor e função de adjetivo. Ou seja, em uma locução não se pode ter verbo, se não a locução torna-se uma frase.Ou se preferir é uma palavra com mais de uma palavra. Exemplo: Dor de estômago. "DE ESTÔMAGO" é uma locução adjetiva. Às vezes, uma locução adjetiva tem o adjetivo equivalente, mais o significados de ambos não são equivalentes. Quando se diz por exemplo,"Aquele vereador tem opiniões infantis", o adjetivo, nesse caso, não significa "da infância", e sim que as opiniões do vereador são ingênuas, simplórias, sem profundidade Alguns exemplos clássicos de locuções adjetivas: • Amor 'de pai' = substituir por paterno • Carne 'de porco' = substituir por suíno • Curso 'da tarde' = substituir por vespertino • Amor 'de mãe' =substituir por materno • Energia 'do vento' =substituir por eólica Muitas locuções adjetivas possuem um adjetivo correspondente, podendo ser substituído por este. Segue alguns exemplos: • Arsenal de guerra - (Locução adjetiva)

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• Arsenal bélico - (Adjetivo) • Veneno de serpente - (Locução adjetiva) • Veneno ofídico - (Adjetivo) • Algumas locuções adjetivas possuem os seus respectivos adjetivos:

LOCUÇÃO ADJETIVA ADJETIVO

de abelha apícola

de abdômen abdominal

de ano anual

de asno asinino

de astro sideral

de audição ótico

de boca bucal

de cão canino

de estrela estelar

de face facial

de gado pecuário

de gato felino

de gelo glacial

de guerra bélico

de junho junino

de lua lunar

de mãe maternal

de pai paternal

de páscoa pascal

de pombo columbino

de rim renal

de serpente ofídico

de sol solar

de tarde vespertino

de verão estival

sem piedade impiedoso

Flexões do Adjetivo Gênero e Número: O adjetivo concorda com o substantivo a que se refere em gênero e número (masculino e feminino; singular e plural). Caso o adjetivo seja representado por um substantivo, ficará invariável, ou seja, se a palavra que estiver qualificando um elemento for, originalmente, um substantivo, ela manterá sua forma primitiva e passará a ser denominado de substantivo adjetivado. Por exemplo, a palavra cinza é originalmente um substantivo, porém, se estiver qualificando um elemento, funcionará como adjetivo. Ficará, então invariável. Camisas cinza, ternos cinza. Ex.: Carros amarelos e motos vinho. Telhados marrons e paredes musgo. Espetáculos gigantescos e comícios monstro. Adjetivo composto Com raras exceções, o adjetivo composto tem seus elementos ligados por hífen. Apenas o último elemento concorda com o substantivo a que se refere; os demais ficam na forma masculina, singular. Caso um dos elementos que formam o adjetivo composto seja um substantivo adjetivado, todo o adjetivo composto ficará invariável. Por exemplo, a palavra

rosa é originalmente um substantivo, porém, se estiver qualificando um elemento, funcionará como adjetivo. Caso se ligue a outra palavra por hífen, formará um adjetivo composto; como é um substantivo adjetivado, o adjetivo composto inteiro ficará invariável. Camisas rosa-claro. Ternos rosa-claro. Ex. Olhos verde-claros. Calças azul-escuras e camisas verde-mar. Telhados marrom-café e paredes verde-claras. Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qualquer adjetivo composto iniciado por cor-de-... são sempre invariáveis. Os adjetivos compostos surdo-mudo e pele-vermelha têm os dois elementos flexionados. Graus do Adjetivo: 01) Comparativo Compara uma qualidade entre dois elementos ou duas qualidade de um mesmo elemento. São três os comparativos: de superioridade: Para alguns alunos, Português é mais fácil que Química. de igualdade: Para alguns alunos, Português é tão fácil quanto Química. de inferioridade: Para alguns alunos, Português é menos fácil que Química. Bom, mau, grande e pequeno têm formas sintéticas (melhor, pior, maior e menor), porém, em comparações feitas entre duas qualidades de um mesmo elemento, devem-se usar as formas analíticas mais bom, mais mau, mais grande e mais pequeno. Por exemplo, Pedro é maior do que Paulo, pois está-se fazendo a comparação de dois elementos, mas Pedro é mais grande que pequeno, pois está-se fazendo a comparação de duas qualidades de um mesmo elemento. Ex. Edmundo foi condenado, mas tenho certeza de que ele é mais bom do que mau. Joaquim é mais bom do que esperto. 02) Superlativo: Engrandece a qualidade de um elemento. São dois os superlativos de um adjetivo: Superlativo absoluto Analítico = o adjetivo é modificado por um advérbio: Ex. Carla é muito inteligente. Sintético = quando há o acréscimo de um sufixo (-íssimo, -érrimo, -ílimo). Ex. Carla é inteligentíssima. Superlativos absolutos sintéticos eruditos Alguns adjetivos no grau superlativo absoluto sintético apresentam a primitiva forma latina, daí serem chamados de eruditos. Por exemplo, o adjetivo magro possui dois superlativos absolutos sintéticos: o normal, magríssimo, e o erudito, macérrimo. Eis uma pequena lista de superlativos absolutos sintéticos:

Grau normal Superlativos

ágil agilíssimo

agradável agradabilíssimo

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agudo acutíssimo ou agudíssimo

alto altíssimo, sumo ou supremo

amargo amaríssimo ou amarguíssimo

amável amabilíssimo

amigo amicíssimo

antigo antiquíssimo

atroz atrocíssimo

baixo baixíssimo ou ínfimo

bom ótimo ou boníssimo

capaz capacíssimo

célebre celebérrimo

cheio cheíssimo

comum comuníssimo

cristão cristianíssimo

cruel crudelíssimo

difícil dificílimo

doce dulcíssimo ou docíssimo

eficaz eficacíssimo

fácil facílimo

feliz felicíssimo

feroz ferocíssimo

fiel fidelíssimo

frágil fragílimo

frio frigidíssimo ou friíssimo

geral generalíssimo

grande grandíssimo ou máximo

horrível horribilíssimo

honorífico honorificentíssimo

humilde humílimo ou humildíssimo

inimigo inimicíssimo

inconstitucional inconstitucionalíssimo

jovem juveníssimo

livre libérrimo e livríssimo

louvável laudabilíssimo

magnífico magnificentíssimo

magro macérrimo ou magríssimo

mau péssimo ou malíssimo

miserável miserabilíssimo

mísero misérrimo

miúdo minutíssimo

notável notabilíssimo

pequeno mínimo ou pequeníssimo

pessoal personalíssimo

pobre paupérrimo ou pobríssimo

precário precaríssimo ou precariíssimo

próspero prospérrimo

provável probabilíssimo

sábio sapientíssimo

sério seriíssimo

simpático simpaticíssimo

simples simplíssimo ou simplicíssimo

singular singularíssimo

tenaz tenacíssimo

terrível terribilíssimo

vão vaníssimo

voraz voracíssimo

vulgar vulgaríssimo

vulnerável vulnerabilíssimo

Superlativo relativo: de superioridade = Enaltece a qualidade do substantivo como "o mais" dentre todos os outros. Ex. Carla é a mais inteligente. sintético = Enaltece a qualidade do substantivo como "o menos" dentre todos os outros. Ex. Carla é a menos inteligente.

Numerais Palavra que indica quantidade, número de ordem, múltiplo ou fração. Classifica-se como cardinal (1, 2, 3, ...), ordinal (primeiro, segundo, terceiro, ...), multiplicativo (dobro, duplo, triplo, ...), fracionário (meio, metade, terço). Além desses, ainda há os numerais coletivos (dúzia, par etc.). Valor do numeral Podem apresentar valor adjetivo ou substantivo. Se estiverem acompanhando e modificando um substantivo, terão valor adjetivo. Já se estiverem substituindo um substantivo e designando seres, terão valor substantivo. Ex.: Ele foi o primeiro jogador a chegar. (valor adjetivo) / Ele será o primeiro desta vez. (valor substantivo). Emprego Ordinais como último, penúltimo, antepenúltimo, respectivos... não possuem cardinais correspondentes Os fracionários têm como forma própria meio, metade e terço, todas as outras representações de divisão correspondem aos ordinais ou aos cardinais seguidos da palavra avos (quarto, décimo, milésimo, quinze avos etc.) Designando séculos, reis, papas e capítulos, utiliza-se na leitura ordinal até décimo; a partir daí usam-se os cardinais. (Luís XIV - quatorze, Papa Paulo II - segundo). Obs.: Se o numeral vier antes do substantivo, será obrigatório o ordinal (XX Bienal - vigésima, IV Semana de Cultura - quarta).

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Zero e ambos /as (chamado dual) também são numerais cardinais. 14 apresenta duas formas por extenso catorze e quatorze. A forma milhar é masculina, portanto não existe "algumas milhares de pessoas" e sim alguns milhares de pessoas. Alguns numerais coletivos: grosa (doze dúzias), lustro (período de cinco anos), sesquicentenário (150 anos). Um - numeral ou artigo? Nestes casos, a distinção é feita pelo contexto. Numeral indicando quantidade e artigo quando se opõe ao substantivo indicando-o de forma indefinida. Flexão - varia em genero e número Variam em gênero: Cardinais: um, dois e os duzentos a novecentos; todos os ordinais; os multiplicativos e fracionários, quando expressam uma idéia adjetiva em relação ao substantivo Variam em número: Cardinais terminados em -ão; todos os ordinais; os multiplicativos, quando têm função adjetiva; os fracionários, dependendo do cardinal que os antecede. Os cardinais, quando substantivos, vão para o plural se terminarem por som vocálico (Tirei dois dez e três quatros).

Pronomes Pronome é a palavra variável em gênero, número e pessoa que substitui ou acompanha o nome, indicando-o como pessoa do discurso. Quando o pronome substituir um substantivo, será denominado pronome substantivo; quando acompanhar um substantivo, será denominado pronome adjetivo. Por exemplo, na frase Aqueles garotos estudam bastante; eles serão aprovados com louvor. Aqueles é um pronome adjetivo, pois acompanha o substantivo garotos e eles é um pronome substantivo, pois substitui o mesmo substantivo. Pronomes Pessoais Os pronomes pessoais são aqueles que indicam uma das três pessoas do discurso: a que fala, a com quem se fala e a de quem se fala. Pronomes pessoais do caso reto: São os que desempenham a função sintática de sujeito da oração. São os pronomes eu, tu, ele, ela, nós, vós eles, elas. Pronomes pessoais do caso oblíquo: São os que desempenham a função sintática de complemento verbal (objeto direto ou indireto), complemento nominal, agente da passiva, adjunto adverbial, adjunto adnominal ou sujeito acusativo (sujeito de oração reduzida). Os pronomes pessoais do caso oblíquo se subdividem em dois tipos: os átonos, que não são antecedidos por preposição, e os tônicos, precedidos por preposição. Pronomes oblíquos átonos: são os seguintes: me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, os, as, lhes. Pronomes oblíquos tônicos: são os seguintes: mim, comigo, ti, contigo, ele, ela, si, consigo, nós, conosco, vós, convosco, eles, elas. Pronomes Pessoais 01) Eu, tu / Mim, ti: Eu e tu exercem a função sintática de sujeito. Mim e ti exercem a função sintática de complemento verbal ou nominal, agente da passiva ou adjunto adverbial e sempre são precedidos de preposição. Ex.: Trouxeram aquela encomenda para mim.

Era para eu conversar com o diretor, mas não houve condições. 02) Si e consigo: São pronomes reflexivos ou recíprocos, portanto só poderão ser usados na voz reflexiva ou na voz reflexiva recíproca. Ex.: Quem só pensa em si, acaba ficando sozinho. Gilberto trouxe consigo os três irmãos. 03) Com nós, com vós / Conosco, convosco: Usa-se com nós ou com vós, quando, à frente, surgir qualquer palavra que indique quem "somos nós" ou quem "sois vós". Ex.: Ele conversou com nós todos a respeito de seus problemas. Ele disse que sairia com nós dois. 04) Dele, do + subst. / De ele, de o + subst.: Quando os pronomes pessoais ele(s), ela(s), ou qualquer substantivo, funcionarem como sujeito, não devem ser aglutinados com a preposição de. Ex.: É chegada a hora de ele assumir a responsabilidade. No momento de o orador discursar, faltou-lhe a palavra. 05) Pronomes Oblíquos Átonos: Os pronomes oblíquos átonos são me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, os as, lhes. Eles podem exercer diversas funções sintáticas nas orações. São elas: A) Objeto Direto: Os pronomes que funcionam como objeto direto são me, te, se, o, a, nos, vos, os, as. Ex.: Quando encontrar seu material, traga-o até mim. Respeite-me, garoto. Levar-te-ei a São Paulo amanhã. Notas: 01) Se o verbo for terminado em M, ÃO ou ÕE, os pronomes o, a, os, as se transformarão em no, na, nos, nas. Ex.: Quando encontrarem o material, tragam-no até mim. Os sapatos, põe-nos fora, para aliviar a dor. 02) Se o verbo terminar em R, S ou Z, essas terminações serão retiradas, e os pronomes o, a, os, as mudarão para lo, la, los, las. Ex.: Quando encontrarem as apostilas, deverão trazê-las até mim. As apostilas, tu perde-las toda semana. (Pronuncia-se pérde-las) As garotas ingênuas, o conquistador sedu-las com facilidade. 03) Independentemente da predicação verbal, se o verbo terminar em mos, seguido de nos ou de vos, retira-se a terminação -s. Ex.: Encontramo-nos ontem à noite. Recolhemo-nos cedo todos os dias. 04) Se o verbo for transitivo indireto terminado em s, seguido de lhe, lhes, não se retira a terminação s. Ex.: Obedecemos-lhe cegamente. Tu obedeces-lhe? B) Objeto Indireto: Os pronomes que funcionam como objeto indireto são me, te, se, lhe, nos, vos, lhes. Ex.: Traga-me as apostilas, quando as encontrar. Obedecemos-lhe cegamente. C) Adjunto adnominal: Os pronomes que funcionam como adjunto adnominal são me, te, lhe, nos, vos, lhes, quando indicarem posse (algo de alguém).

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Ex.: Quando Clodoaldo morreu, Soraia recebeu-lhe a herança. (a herança dele). Roubaram-me os documentos. (os documentos de alguém - meus). D) Complemento nominal: Os pronomes que funcionam como complemento nominal são me, te, lhe, nos, vos, lhes, quando complementarem o sentido de adjetivos, advérbios ou substantivos abstratos. (algo a alguém, não provindo a preposição a de um verbo). Ex.: Tenha-me respeito. (respeito a alguém) É-me difícil suportar tanta dor. (difícil a alguém) D) Sujeito acusativo: Os pronomes que funcionam como sujeito acusativo são me, te, se, o, a, nos, vos, os, as, quando estiverem em um período composto formado pelos verbos fazer, mandar, ver, deixar, sentir ou ouvir, e um verbo no infinitivo ou no gerúndio. Ex.: Deixei-a entrar atrasada. Mandaram-me conversar com o diretor. E) Parte Integrante do Verbo: Os pronomes parte integrante do verbo são me, te, se, nos, vos. São parte integrante de verbo pronominal, aquele que não se conjuga sem o pronome. São exemplos de verbo pronominal suicidar-se, queixar-se, arrepender-se... Ex.: Queixei-me de Pedro por ter atrapalhado o nosso trabalho. Arrependam-se, pecadores! F) Partícula Expletiva: Os pronomes que são partículas expletivas, ou partícula de realce são me, te, se, nos, vos. Ocorre a partícula de realce com verbo intransitivo, com sujeito claro. Esse pronome pode ser retirado da frase, sem prejuízo de significado. Ex.: João foi-se embora. Maria morria-se de ciúmes da cunhada.

Pronomes Relativos O Pronome Relativo Que: Este pronome deve ser utilizado com o intuito de substituir um substantivo (pessoa ou "coisa"), evitando sua repetição. Na montagem do período, deve-se colocá-lo imediatamente após o substantivo repetido, que passará a ser chamado de elemento antecedente. Por exemplo, nas orações Roubaram a peça. A peça era rara no Brasil há o substantivo peça repetido. Pode-se usar o pronome relativo que e, assim, evitar a repetição de peça. O pronome será colocado após o substantivo. Então teremos Roubaram a peça que... . Este que está no lugar da palavra peça da outra oração. Deve-se, agora, terminar a outra oração: ...era rara no Brasil, ficando “Roubaram a peça que era rara no Brasil.” Pode-se, também, iniciar o período pela outra oração, colocando o pronome após o substantivo. Então, tem-se A peça que... Este que está no lugar da palavra peça da outra oração. Deve-se, agora, terminar a outra oração: ...roubaram, ficando A peça que roubaram... . Finalmente, conclui-se a oração que se havia iniciado: ...era rara no Brasil, ficando “A peça que roubaram era rara no Brasil.” Outros exemplos: 01) Encontrei o garoto. Você estava procurando o garoto. Substantivo repetido = garoto Colocação do pronome após o substantivo = Encontrei o garoto que ...

Restante da outra oração = ... você estava procurando. Junção de tudo = Encontrei o garoto que você estava procurando. Começando pela outra oração: Colocação do pronome após o substantivo = Você estava procurando o garoto que ... Restante da outra oração = ... encontrei Junção de tudo = Você estava procurando o garoto que encontrei. 02) Eu vi o rapaz. O rapaz era seu amigo. Substantivo repetido = rapaz Colocação do pronome após o substantivo = Eu vi o rapaz que ... Restante da outra oração = ... era seu amigo. Junção de tudo = Eu vi o rapaz que era seu amigo. Começando pela outra oração: Colocação do pronome após o substantivo = O rapaz que ... Restante da outra oração = ... eu vi ... Finalização da oração que se havia iniciado = ... era seu amigo Junção de tudo = O rapaz que eu vi era seu amigo. 03) Nós assistimos ao filme. Vocês perderam o filme. Substantivo repetido = filme Colocação do pronome após o substantivo = Nós assistimos ao filme que ... Restante da outra oração = ... vocês perderam. Junção de tudo = Nós assistimos ao filme que vocês perderam. Começando pela outra oração: Colocação do pronome após o substantivo = Vocês perderam o filme que ... Restante da outra oração = ... nós assistimos Junção de tudo = Vocês perderam o filme que nós assistimos. Observe que, nesse último exemplo, a junção de tudo ficou incompleta, pois a primeira oração é Nós assistimos ao filme, porém, na junção, a prep. a desapareceu. Portanto o período está inadequado gramaticalmente. A explicação é a seguinte: Quando o verbo do restante da outra oração exigir preposição, deve-se colocá-la antes do pronome relativo. Então teremos: Vocês perderam o filme a que nós assistimos. 04) O gerente precisa dos documentos. O assessor encontrou os documentos Substantivo repetido = documentos Colocação do pronome após o substantivo = O gerente precisa dos documentos que ... Restante da outra oração = ... o assessor encontrou Junção de tudo = O gerente precisa dos documentos que o assessor encontrou. Começando pela outra oração: Colocação do pronome após o substantivo = O assessor encontrou os documentos que ... Restante da outra oração = ... o gerente precisa. O verbo precisar está usado com a prep. de, portanto ela será colocada antes do pronome relativo. Junção de tudo = O assessor encontrou os documentos de que o gerente precisa.

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Obs: O pronome que pode ser substituído por o qual, a qual, os quais e as quais sempre. O gênero e o número são de acordo com o substantivo substituído. Os exemplos apresentados ficarão, então, assim, com o que substituído por qual: Encontrei o livro o qual você estava procurando. Você estava procurando o livro o qual encontrei. Eu vi o rapaz o qual é seu amigo. O rapaz o qual vi é seu amigo. Nós assistimos ao filme o qual vocês perderam. Vocês perderam o filme ao qual nós assistimos. O gerente precisa dos documentos os quais o assessor encontrou. O assessor encontrou os documentos dos quais o gerente precisa. Obs: Todos os pronomes relativos iniciam Oração Subordinada Adjetiva, portanto todos os períodos apresentados contêm oração subordinada adjetiva. O Pronome Relativo Cujo: Este pronome indica posse (algo de alguém). Na montagem do período, deve-se colocá-lo entre o possuidor e o possuído (alguém cujo algo) Por exemplo nas orações Antipatizei com o rapaz. Você conhece a namorada do rapaz. o substantivo repetido rapaz possui namorada. Deveremos, então usar o pronome relativo cujo, que será colocado entre o possuidor e o possuído: Algo de alguém = Alguém cujo algo. Então, tem-se a namorada do rapaz = o rapaz cujo a namorada. Não se pode, porém, usar artigo (o, a, os, as) depois de cujo. Ele deverá contrair-se com o pronome, ficando: cujo + o = cujo; cujo + a = cuja; cujo + os = cujos; cujo + as = cujas. Então a frase ficará o rapaz cuja namorada. Somando as duas orações, tem-se “Antipatizei com o rapaz cuja namorada você conhece.” Outros exemplos: 01) A árvore foi derrubada. Os frutos da árvore são venenosos. Substantivo repetido = árvore - o substantivo repetido possui algo. Algo de alguém = Alguém cujo algo: os frutos da árvore = a árvore cujos frutos. Somando as duas orações, tem-se A árvore cujos frutos são venenosos foi derrubada. Começando pela outra oração: Colocação do pronome que após o substantivo = Os frutos da árvore que ... Restante da outra oração = ... foi derrubada ... Finalização da oração que se havia iniciado = ... são venenosos Junção de tudo = Os frutos da árvore que foi derrubada são venenosos. 02) O artista morreu ontem. Eu falara da obra do artista. Substantivo repetido = artista - o substantivo repetido possui algo. Algo de alguém = Alguém cujo algo: a obra do artista = o artista cuja obra. Somando as duas orações, tem-se “O artista cuja obra eu falara morreu ontem.” Observe que, nesse último exemplo, a junção de tudo ficou incompleta, pois a segunda oração é Eu falara da obra do artista, porém, na junção, a prep. de desapareceu. Portanto o período está inadequado gramaticalmente. A explicação é a

seguinte: Quando o verbo da oração subordinada adjetiva exigir preposição, deve-se colocá-la antes do pronome relativo. Então, tem-se: O artista de cuja obra eu falara morreu ontem. 03) As pessoas estão presas. Eu acreditei nas palavras das pessoas. Substantivo repetido = pessoas - o substantivo repetido possui algo. Algo de alguém = Alguém cujo algo: as palavras das pessoas = as pessoas cujas palavras. Somando as duas orações, tem-se “As pessoas cujas palavras acreditei estão presas.” O verbo acreditar está usado com a prep. em, portanto ela será colocada antes do pronome relativo. As pessoas em cujas palavras acreditei estão presas. Começando pela outra oração: Colocação do pronome que após o substantivo = Eu acreditei nas palavras das pessoas que ... Restante da outra oração = ... estão presas Junção de tudo = Eu acreditei nas palavras das pessoas que estão presas. Obs: Todos os pronomes relativos iniciam Oração Subordinada Adjetiva, portanto todos os períodos apresentados contêm oração subordinada adjetiva. O Pronome Relativo Quem: Este pronome substitui um substantivo que representa uma pessoa, evitando sua repetição. Somente deve ser utilizado antecedido de preposição, inclusive quando funcionar como objeto direto, Nesse caso, haverá a anteposição obrigatória da prep. a, e o pronome passará a exercer a função sintática de objeto direto preposicionado. Por exemplo na oração A garota que conheci está em minha sala, o pronome que funciona como objeto direto. Substituindo pelo pronome quem, tem-se “A garota a quem conheci ontem está em minha sala.” Há apenas uma possibilidade de o pronome quem não ser precedido de preposição: quando funcionar como sujeito. Isso só ocorrerá, quando possuir o mesmo valor de o que, a que, os que, as que, aquele que, aquela que, aqueles que, aquelas que, ou seja, quando puder ser substituído por pronome demonstrativo (o, a, os, as, aquele, aquela, aqueles, aquelas) mais o pronome relativo que. Por exemplo: Foi ele quem me disse a verdade = Foi ele o que me disse a verdade. Nesses casos o pronome quem será denominado de Pronome Relativo Indefinido. Na montagem do período, deve-se colocar o pronome relatico quem imediatamente após o substantivo repetido, que passará a ser chamado de elemento antecedente. Por exemplo nas orações Este é o artista. Eu me referi ao artista ontem. há o substantivo artista repetido. Pode-se usar o pronome relativo quem e, assim, evitar a repetição de artista. O pronome será colocado após o substantivo. Então, tem-se Este é o artista quem... Este quem está no lugar da palavra artista da outra oração. Deve-se, agora, terminar a outra oração: ...eu me referi ontem, ficando Este é o artista quem me referi ontem. Como o verbo referir-se exige a preposição a, ela será colocada antes do pronome relativo. Então tem-se “Este é o artista a quem me referi ontem.“

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Não se pode iniciar o período pela outra oração, pois o pronome relativo quem só funciona como sujeito, quando puder ser substituído por o que, a que, os que, as que, aquele que, aqueles que, aquela que, aquelas que. Outros exemplos: 01) Encontrei o garoto. Você estava procurando o garoto. Substantivo repetido = garoto Colocação do pronome após o substantivo = Encontrei o garoto que ... Restante da outra oração = ... você estava procurando. Junção de tudo = Encontrei o garoto quem você estava procurando. Como procurar é verbo transitivo direto, o pronome quem funciona como objeto direto. Então, deve-se antepor a prep. a ao pronome relativo, funcionando como objeto direto preposicionado. “Encontrei o garoto a quem você estava procurando.” Começando pela outra oração: Colocação do pronome após o substantivo = Você estava procurando o garoto quem ... Restante da outra oração = ... encontrei Junção de tudo = Você estava procurando o garoto quem encontrei. Novamente objeto direto preposicionado: “Você estava procurando o garoto a quem encontrei.” 02) Aquele é o homem. Eu lhe falei do homem. Substantivo repetido = homem Colocação do pronome após o substantivo = Aquele é o homem quem ... Restante da outra oração = ... lhe falei. Junção de tudo = Aquele é o homem quem lhe falei. Como falar está usado com a prep. de, deve-se antepô-la ao pronome relativo, ficando “Aquele é o homem de quem lhe falei.” Não se esqueça disto: O pronome relativo quem somente deve ser utilizado antecedido de preposição; Quando for objeto direto, será antecedido da prep. a, transformando-se em objeto direto preposicionado; Somente funciona como sujeito, quando puder ser substituído por o que, os que, a que, as que, aquele que, aqueles que, aquela que aquelas que. O Pronome Relativo Qual: Este pronome tem o mesmo valor de que e de quem. É sempre antecedido de artigo, que concorda com o elemento antecedente, ficando o qual, a qual, os quais, as quais. Se a preposição que anteceder o pronome relativo possuir duas ou mais sílabas, só poderemos usar o pronome qual, e não que ou quem. Então só se pode dizer O juiz perante o qual testemunhei. Os assuntos sobre os quais conversamos, e não O juiz perante quem testemunhei nem Os assuntos sobre que conversamos. Outro exemplo: 01) Meu irmão comprou o restaurante. Eu falei a você sobre o restaurante. Substantivo repetido = restaurante Colocação do pronome após o substantivo = Meu irmão comprou o restaurante que ...

Restante da outra oração = ... eu falei a você. Junção de tudo = Meu irmão comprou o restaurante que eu falei a você. Observe que o verbo falar, na oração apresentada, foi usado com a preposição sobre, que deverá ser anteposta ao pronome relativo: Meu irmão comprou o restaurante sobre que eu falei a você. Como a preposição sobre possui duas sílabas, não se pode usar o pronome que, e sim o qual, ficando, então, “Meu irmão comprou o restaurante sobre o qual eu falei a você.” O Pronome Relativo Onde: Este pronome tem o mesmo valor de em que. Sempre indica lugar, por isso funciona sintaticamente como Adjunto Adverbial de Lugar. Se a preposição em for substituída pela prep. a ou pela prep. de, substituiremos onde por aonde e donde, respectivamente. Por exemplo: O sítio aonde fui é aprazível. A cidade donde vim fica longe. Será Pronome Relativo Indefinido, quando puder ser subtituído por O lugar em que. Por exemplo na frase Eu nasci onde você nasceu. = Eu nasci no lugar em que você nasceu. Outro exemplo: 1) Eu conheço a cidade. Sua sobrinha mora na cidade. Substantivo repetido = cidade Colocação do pronome após o substantivo = Eu conheço a cidade que... Restante da outra oração = ... sua sobrinha mora. Junção de tudo = Eu conheço a cidade que sua sobrinha mora. O verbo morar exige a prep. em, pois quem mora, mora em algum lugar. Então “Eu conheço a cidade em que sua sobrinha mora.” “Eu conheço a cidade na qual sua sobrinha mora.” “Eu conheço a cidade onde sua sobrinha mora.” O Pronome Relativo Quanto: Este pronome é sempre antecedido de tudo, todos ou todas, concordando com esses elementos (quanto, quantos, quantas). Exemplo: “Fale tudo quanto quiser falar”. “Traga todos quantos quiser trazer”. “Beba todas quantas quiser beber”.

Pronomes de Tratamento Pronome de tratamento , axiónimo (português europeu) ou axiônimo (português brasileiro) é a palavra que auxilia numa liguagem mais formal empregada da mesma maneira que os pronomes pessoais. Segundo os gramáticos, estes pronomes pertencem à terceira pessoa, mas substituindo o "tu" da segunda pessoa. No português brasileiro, o pronome de tratamento você é em várias regiões usado em substituição ao pronome pessoal tu , sendo em prática (geralmente) tido como pronome pessoal. Entre os pronomes pessoais, incluem-se os pronomes de tratamento, que se referem à segunda pessoa do discurso, mas cuja concordância é feita em terceira pessoa. Exemplos: Vossa Excelência, a Vossa Senhoria, Vossa Santidade, Vossa Magnificência, Vossa Majestade, Vossa Alteza e etc. Iniciais maiúsculas ou minúsculas Algumas gramáticas do pt-BR sugerem, para pronomes de tratamento mais usuais — tais como senhor, senhora, doutor,

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dona, dom, senhorita, professor, você —, empregar letras minúsculas quando por extenso e inicial maiúscula nas formas abreviadas. Existe uma forte tendência na escrita moderna de se adotar minúsculas, em ambas as situações. Atualmente, embora muitos textos jornalísticos adotem somente as minúsculas, nas repartições públicas a praxe é o emprego das maiúsculas. Autoridades de Estado • Vossa Excelência (V. Ex.ª): Para o presidente da República, senadores da República, ministros de Estado, governadores, deputados federais e estaduais, prefeitos, embaixadores, cônsules, chefes das Casas Civis e Militares. Somente o presidente da república usa o pronome de tratamento por extenso, nunca abreviado. • Vossa Magnificência (V. Mag.ª): Para reitores de Universidade, pró-reitores e vice-reitores. • Vossa Senhoria (V. S.ª): Vereadores; Para diretores de autarquias federais, estaduais e municipais. Judiciárias • Vossa Excelência (V. Ex.ª): para Magistrados (Juízes de Direito, do Trabalho, Federais, Militar e Eleitoral), Membros de Tribunais (de Justiça, Regionais Federais, Regionais do Trabalho, Regionais Eleitorais), Ministros de Tribunais Superiores (do Trabalho, Eleitoral, Militar, Superior Tribunal de Justiça e Supremo Tribunal Federal). • Meritíssimo Juízo (M. Juízo): para referência ao Juízo. Executivo e Legislativo • Vossa Excelência (V. Ex.ª): para chefes do Executivo (Presidente da República, Governadores e Prefeitos), Ministros de Estado e Secretários Estaduais, para Integrantes do Poder Legislativo (Senadores, Deputados Federais, Deputados Estaduais, Presidente de Câmara de Vereadores e vereadores), Ministros do Tribunal de Contas da União e para Conselheiros dos Tribunais de Contas Estaduais. Militares • Vossa Excelência (V. Ex.ª): para oficias generais - (Almirantes-de-Esquadra, Generais-de-Exército e Tenentes-Brigadeiros; Vice-Almirantes, Generais-de-Divisão e Majores-Brigadeiros; Contra-Almirantes, Generais-de-Brigada e Brigadeiros e Coronéis Comandantes das Forças Auxiliares dos Estados e DF (Polícias Militares e Bombeiros Militares). • Vossa Senhoria (V. S.ª): para demais patentes e graduações militares. Autoridades eclesiásticas • Vossa Santidade (V. S.):Para o papa. • Vossa Eminência (V. Em.ª Revma):Para cardeais • Vossa Beatitude :Para os patriarcas das igrejas sui juris orientais • Vossa Excelência Reverendíssima (V. Ex.ª Revma):Para bispos em geral. • Vossa Paternidade :Para superiores de ordens religiosas. • Vossa Reverendíssima (V. Revma):Para sacerdotes em geral. • Dom (Dom):Para bispos em geral (De forma peculiar, será também concedido aos Monges Beneditinos). • Padre (Pe.):Para padres (Em endereçamento pode ser usado Rvmo. Pe.). • Diácono (Diác.):Para diáconos.

Autoridades monárquicas ou imperiais • Vossa Majestade Real & Imperial (V. M. R. & I.): para monarcas que detenham títulos de imperador e rei ao mesmo tempo. • Vossa Majestade Imperial (V. M. I.): para imperadores e imperatrizes • Vossa Majestade (V. M.): para reis e rainhas. • Vossa Alteza Real & Imperial (V. A. R. & I.): para príncipes de casas reais e imperiais. • Vossa Alteza Imperial (V. A. I.): para príncipes de casas imperiais. • Vossa Alteza Real (V. A. R.): para príncipes e infantes de casas reais. • Vossa Alteza Sereníssima (V. A. S.): para príncipes monarcas e Arquiduques. • Vossa Alteza (V. A.): para duques. • Vossa Excelência (V. Ex.ª): para Duques com Grandeza, na Espanha. • Vossa Graça (V. G.): para Duques e Condes. • Vossa Alteza Ilustríssima (V. A. Ilmª.): para nobres mediatizados, como Condes, na Alemanha. • O Mui Honorável (M. Hon.): para marqueses, na Grã-Bretanha. • O Honorável (Hon.): para condes (The Right Hon.), viscondes, barões e filhos de duques, marqueses e condes na Grã-Bretanha. • Ilustríssimo (Il.mo): para membros da nobreza brasileira sem título de barão ou outro. • Dom (Dom): para membros de alguma nobreza portuguesa e brasileira. Outros títulos • Senhor (Sr.): para homens em geral, quando não existe intimidade • Senhora (Sr.ª): para mulheres casadas ou mais velhas (no Brasil) ou mulheres em geral (em Portugal). • Senhorita (Srt.ª): para moças solteiras, quando não existe intimidade (no Brasil). • Vossa Senhoria (V. S.ª): para autoridades em geral, como secretários da prefeitura ou diretores de empresas • Doutor (Dr.): para empregado a quem possui doutorado,é atribuído ao indivíduo que tenha recebido o último e mais alto grau acadêmico, o qual é conferido por uma universidade ou outro estabelecimento de ensino superior autorizado, após a conclusão de um curso de Doutorado ou Doutoramento. Também foi empregado no tratamento de advogados e médicos, independentemente do doutorado acadêmico, conforme a Lei de 11 de Agosto de 1827, revogada pela Lei 9.394 de 20 de Dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases). • Arquiteto (Arq.º(ª)): para arquitetos (em Portugal). • Bibliotecário (Bib.º(ª)): para bibliotecários. • Engenheiro (Eng.º(ª)): para engenheiros (em Portugal). • Comendador (Com.(ª)): para comendadores • Professor (Prof.(ª)): para professores. • Desembargador (Des.dor): para desembargadores • Pastor (Pr.): para pastores de igrejas protestantes. • Vossa Magnificência (V. M.): para Reitores de Universidades, instituições de ensino superior.

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Formas de Tratamento • acadêmico = Acad., Acadêm. • administrador = Adm. • advogado = Adv.º, Advo. • almirante = Alm. • apostólico = Ap. • arcebispo = Arc.º, Arco. • bacharel, bacharela, bacharéis, bacharelas = B.el, Bel., B.ela, Bela., B.éis, Béis., B.elas, Belas. • bispo = B.po, Bpo. • capitão = Cap. • cardeal = Card. • comandante = Com., Com.te, Comte. • Cirurgião dentista = CD. • comendador = Com., Comend., Com.or, Comor. • cônego = Côn.º, Côno. • conselheiro = Cons., Consel., Conselh., Cons.º, Conso. • contador = Cont.dor, Contdor., Cont.or, Contor. • contra-almirante = C.-alm. • coronel = C.el, Cel. • deputado = Dep. • desembargador, desembargadora = Des., Des.ª, Desa. • diácono = Diác. • Digníssimo = DD. • Digno, Dom , Dona = D. • Dona = D.ª, Da. • doutor, doutores = D.r, Dr., D.rs, Drs. • doutora, doutoras = D.ra, Dra. D.ras, Dras. • editor, editores = E., EE. • embaixador extraordinário e plenipotenciário = E.E.P. • Eminência = Em.ª, Ema. • Eminentíssimo = Em.mo, Emmo. • enfermeiro, enfermeira = Enf., Enf.ª, Enfa. • engenheiro, engenheira = Eng., Eng.º, Engo. • enviado extraordinário e ministro plenipotenciário = E.E.M.P. • Estado-Maior = E.M., E.-M. • Excelência = Ex.ª, Exa. • Excelentíssimo, Excelentíssima = Ex.mo, Exmo. Ex.ma, Exma. • general = Gen., G.al, Gal. • ilustríssimo, Ilustríssima = Il.mo, Ilmo., Il.ma, Ilma. • madame (francês = senhora) = M.me, Mme. • mademoiselle (francês = senhorita) = M.lle, Mlle. • major = maj. • major-brigadeiro = Maj.-Brig. • marechal = Mar., M.al,Mal. • médico = Méd. • Meritíssimo = MM. • mestre, mestra = Me, Me., Mª, Ma. • mister (inglês = senhor) = Mr. • monsenhor = Mons. • monsieur, messieurs (francês = senhor, senhores) = M., MM. • Mui(to) Digno = M.D.

• Nossa Senhora = N.Sª, N.Sa. • Nosso Senhor = N.S. • padre = P., P.e, Pe. • pároco = Pár.º, paro. • pastor = Pr. • Philosophiae Doctor (latim = doutor de/ em filosofia) =Ph.D. • prefeito = Pref. • presbítero = Presb.º, Presbo. • presidente = Pres., Presid. • procurador = Proc. • professor, professores = Prof., Profs. • professora, professoras = Prof.ª, Profa., Prof.as, Profas. • promotor = Prom. • provedor = Prov. • rei = R. • Reverendíssimo, Revendíssima = Rev.mo, Revmo., Rev.ma, Revma. • Reverendo = Rev., Rev.do, Revdo., Rev.º, Revo. • Reverendo Padre = R.P. • sacerdote = Sac. • Santa = S., S.ta, Sta. • Santíssimo = SS. • Santo = S., S.to, Sto. • Santo Padre = S.P. • São, Santo, Santa = S. • sargento = Sarg., Sgtº • sargento-ajudante = Sarg.-aj.te,Sarg.-ajte. • secretário, secretária = Sec., Secr. • senador = Sen. • senhor, senhores = S.r, Sr., S.rs, Srs. • senhora, senhoras = S.ra, Sra., S.ras, Sras. • senhorita, senhoritas = Sr.ta, Srta., Sr.tas, Srtas. • Sênior = S.or, Sor. • sóror = Sór., S.or, Sor. • Sua Alteza Real = S.A.R. • Sua Alteza = S.A. • Sua Eminência = S.Em.ª, S.Ema. • Sua Excelência = S..Ex.ª, S.Exa. • Sua Excelência Reverendíssima = S.Ex.ª Rev.ma, S. Exa. Revma. • Sua Majestade = S.M. • Sua Reverência = S. Rev.ª, S.Reva. • Sua Reverendíssima = S.Rev.ma, S. Revma. • Sua Santidade = S.S. • Sua Senhoria = S.Sª, S.Sa. • tenente = Ten., T.te, Tte. • tenente-coronel = Ten. -c.el, Ten.-cel., t.te - c.el, Tte. - cel. • tesoureiro = Tes. • testemunha = Test. • vereador = Ver. • veterinário = Vet. • vice-almirante = V. -alm. • vigário = Vig., Vig.º, Vigo. • visconde = V.de, Vde.

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• viscondessa = V.dessa, Vdessa. • você = V., v. • Vossa Alteza = V.A. • Vossa Eminência, Vossas Eminências = V.Em.ª, V.Ema., V.Em.as, V.Emas. • Vossa Excelência Reverendíssima, Vossas Excelências Reverendíssimas = V.Ex.ª Rev.ma, V. Exa. Revma., V.Ex.as Rev.mas, V. Exas. Revmas. • Vossa Excelência, Vossas Excelências = V.Ex.ª, V.Exa., V.Ex.as, V.Exas. • Vossa Magnificência, Vossas Magnificências = V. Mag.ª, V.Maga., V.Mag.as, V.Magas. • Vossa Majestade = V.M. • Vossa Revendíssima, Vossas Reverendíssimas = V. Ver.ma, V. Revma., V.Rev.mas, V. Revmas. • Vossa Reverência, Vossas Reverências = V.Rev.ª, V.Reva., V. Rev.as, V.Revas. • Vossa Senhoria, Vossas Senhorias = V.S.ª, V.Sa., V.S.as, V.Sas.

Pronomes de Possessivos São aqueles que indicam posse, em relação às três pessoas do discurso. São eles: meu(s), minha(s), teu(s), tua(s), seu(s), sua(s), nosso(s), nossa(s), vosso(s), vossa(s). Empregos dos pronomes possessivos: 01) O emprego dos possessivos de terceira pessoa seu, sua, seus, suas pode dar duplo sentido à frase (ambigüidade). Para evitar isso, coloca-se à frente do substantivo dele, dela, deles, delas, ou troca-se o possessivo por esses elementos. Ex.: Joaquim contou-me que Sandra desaparecera com seus documentos. De quem eram os documentos? Não há como saber. Então a frase está ambígua. Para tirar a ambigüidade, coloca-se, após o substantivo, o elemento referente ao dono dos documentos: se for Joaquim: Joaquim contou-me que Sandra desaparecera com seus documentos dele; se for Sandra: Joaquim contou-me que Sandra desaparecera com seus documentos dela. Pode-se, ainda, eliminar o pronome possessivo: Joaquim contou-me que Sandra desaparecera com os documentos dele (ou dela). 02) É facultativo o uso de artigo diante dos possessivos. Ex.: Trate bem seus amigos. ou Trate bem os seus amigos. 03) Não se devem usar pronomes possessivos diante de partes do próprio corpo. Ex.: Amanhã, irei cortar os cabelos. Vou lavar as mãos. Menino! Cuidado para não machucar os pés! 04) Não se devem usar pronomes possessivos diante da palavra casa, quando for a residência da pessoa que estiver falando. Ex.: Acabei de chegar de casa. Estou em casa, tranqüilo.

Pronomes de Demonstrativos Pronomes demonstrativos são aqueles que situam os seres no tempo e no espaço, em relação às pessoas do discurso. São os seguintes: 01) Este, esta, isto: São usados para o que está próximo da pessoa que fala e para o tempo presente.

Ex.: Este chapéu que estou usando é de couro. Este ano está sendo cheio de surpresas. 02) Esse, essa, isso: São usados para o que está próximo da pessoa com quem se fala, para o tempo passado recente e para o futuro. Ex.: Esse chapéu que você está usando é de couro? 2006. Esse ano será envolto em mistérios. Em novembro de 2005, inauguramos a loja. Até esse mês, nada sabíamos sobre comércio. 03) Aquele, aquela, aquilo: São usados para o que está distante da pessoa que fala e da pessoa com quem se fala e para o tempo passado remoto. Ex.: Aquele chapéu que ele está usando é de couro? Em 1974, eu tinha 15 anos. Naquela época, Londrina era uma cidade pequena. Outros usos dos demonstrativos: 01) Em uma citação oral ou escrita, usa-se este, esta, isto para o que ainda vai ser dito ou escrito, e esse, essa, isso para o que já foi dito ou escrito. Ex.: Esta é a verdade: existe a violência, porque a sociedade a permitiu. Existe a violência, porque a sociedade a permitiu. A verdade é essa. 02) Usa-se este, esta, isto em referência a um termo imediatamente anterior. Ex.: O fumo é prejudicial à saúde, e esta deve ser preservada. Quando interpelei Roberval, este assustou-se inexplicavel-mente. 03) Para estabelecer-se a distinção entre dois elementos anteriormente citados, usa-se este, esta, isto em relação ao que foi mencionado por último e aquele, aquela, aquilo, em relação ao que foi nomeado em primeiro lugar. Ex.: Sabemos que a relação entre o Brasil e os Estados Unidos é de domínio destes sobre aquele. Os filmes brasileiros não são tão respeitados quanto as novelas, mas eu prefiro aqueles a estas. 04) O, a, os, as são pronomes demonstrativos, quando equivalem a isto, isso, aquilo ou aquele(s), aquela(s). Ex.: Não concordo com o que ele falou. (aquilo que ele falou). Tudo o que aconteceu foi um equívoco. (aquilo que aconteceu).

Pronomes Indefinidos Os pronomes indefinidos referem-se à terceira pessoa do discurso de uma maneira vaga, imprecisa, genérica. São eles: alguém, ninguém, tudo, nada, algo, cada, outrem, mais, menos, demais, algum, alguns, alguma, algumas, nenhum, nenhuns, nenhuma, nenhumas, todo, todos, toda, todas, muito, muitos, muita, muitas, bastante, bastantes, pouco, poucos, pouca, poucas, certo, certos, certa, certas, tanto, tantos, tanta, tantas, quanto, quantos, quanta, quantas, um, uns, uma, umas, qualquer, quaisquer além das locuções pronominais indefinidas cada um, cada qual, quem quer que, todo aquele que, tudo o mais... Usos de alguns pronomes indefinidos

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01) Todo: O pronome indefinido todo deve ser usado com artigo, se significar inteiro e o substantivo à sua frente o exigir; caso signifique cada ou todos não terá artigo, mesmo que o substantivo exija. Ex.: Todo dia telefono a ela. (Todos os dias) Fiquei todo o dia em casa. (O dia inteiro) Todo ele ficou machucado. (Ele inteiro, mas a palavra ele não admite artigo) 02) Todos, todas: Os pronomes indefinidos todos e todas devem ser usados com artigo, se o substantivo à sua frente o exigir. Ex.: Todos os colegas o desprezam. Tadas as meninas foram à festa. Todos vocês merecem respeito. 03) Algum: O pronome indefinido algum tem sentido afirmativo, quando usado antes do substantivo; passa a ter sentido negativo, quando estiver depois do substantivo. Ex.: Amigo algum o ajudou. (Nenhum amigo) Algum amigo o ajudará. (Alguém) 04) Certo: A palavra certo será pronome indefinido, quando anteceder substantivo e será adjetivo, quando estiver posposto a substantivo. Ex.: Certas pessoas não se preocupam com os demais. As pessoas certas sempre nos ajudam. 05) Qualquer: O pronome indefinido qualquer não deve ser usado em sentido negativo. Em seu lugar, deve-se usar algum, posteriormente ao substantivo, ou nenhum. Ex.: Ele entrou na festa sem qualquer problema. (Essa frase está inadequada gramaticalmente. O adequado seria). Ele entrou na festa sem problema algum. Ele entrou na festa sem nenhum problema.

Pronomes Interrogativos São os pronomes que, quem, qual e quanto usados em frases interrogativas diretas ou indiretas. Ex.: Que farei agora? - Interrogativa direta. Quanto te devo, meu amigo? - Interrogativa direta. Qual é o seu nome? - Interrogativa direta. Não sei quanto devo cobrar por esse trabalho. - Interrogativa indireta. Notas: 01) Na expressão interrogativa Que é de? subentende-se a palavra feito: Que é do sorriso? (= Que é feito do sorriso? ), Que é dele? (= Que é feito dele?). Nunca se deve usar quédê, quedê ou cadê, pois essas palavras oficialmente não existem, apesar de, no Brasil, o uso de cadê ser cada dia mais constante. 02) Não se deve usar a forma o que como pronome interrogativo; usa-se apenas que, a não ser que o pronome seja colocado depois do verbo. Ex.: Que você fará hoje à noite? e não O que você fará hoje à noite? Que queres de mim? e não O que queres de mim? Você fará o quê?

Uniformidade de Tratamento No Brasil, é muito comum ouvirmos frases como No fim do ano te darei um presente se você for aprovado ou Eu te amo muito, Teté. Não vivo sem você!. Qual a inadequação? Vamos à explicação:

O problema reside na desuniformidade de tratamento, que consiste em concordar os pronomes e o verbo com o tratamento destinado aos interlocutores. Esclarecendo: se, ao conversarmos com uma pessoa, a tratarmos por você, todos os pronomes e o verbo deverão ficar na terceira pessoa do singular, já que você é um pronome de tratamento, que é de terceira pessoa. Caso haja mais de um interlocutor, a concordância se efetiva na terceira pessoa do plural (vocês). Já, se tratarmos a pessoa por tu, todos os pronomes e o verbo deverão ficar na segunda pessoa do singular. Caso haja mais de um interlocutor, a concordância se efetiva na segunda pessoa do plural (vós). Os pronomes referentes à segunda pessoa são os seguintes: tu, te, ti, contigo, teu, tua, teus, tuas; vós, vos, convosco, vosso, vossos, vossa, vossas. Os pronomes referentes à terceira pessoa são os seguintes: você, vocês, o, a, os, as, lhe, lhes, se, si, consigo, seu, sua, seus, suas. Veja alguns exemplos: No fim do ano te darei um presente se tu fores aprovado. No fim do ano lhe darei um presente se você for aprovado. Eu te amo muito, Teté. Não vivo sem ti! Eu a amo muito, Teté. Não vivo sem você! O presente que te dei não foi útil para ti. O presente que lhe dei não foi útil para você. Ele te deu o recado que te mandei? Ele lhe deu o recado que lhe mandei? Tu deverias preocupar-te com tua vida! Você deveria preocupar-se com sua vida! Outro problema de desuniformidade de tratamento ocorre no uso do verbo, principalmente no imperativo, que é o uso do verbo para pedido, ordem, conselho, apelo. Se o interlocutor for tratado por tu, o verbo no imperativo deve ser conjugado da seguinte maneira (peguemos como exemplo o verbo experimentar: constrói-se a frase assim: Todos os dias tu experimentas; retira-se a letra s do verbo: Experimenta. Este é o imperativo do verbo experimentar para a segunda pessoa do singular: Experimenta!. O mesmo ocorre com vós: Todos os dias vós experimentais; retira-se o s: Experimentai!. Se o interlocutor for tratado por você, o verbo no imperativo será conjugado da mesma maneira que o presente do subjuntivo, que é caracterizado pela frase Espero que.... O verbo experimentar, então, fica assim: Espero que você experimente. O imperativo de experimentar para você é Experimente!. O mesmo ocorre com os pronomes nós e vocês: Espero que nós experimentemos. Espero que vocês experimentem. O imperativo, então, fica Experimentemos! e Experimentem. Veja estas frases: Se tu gostas de cerveja, experimenta esta. Se você gosta de cerveja, experimente esta. E a propaganda? Está certa ou errada? A primeira vez em que ela foi ao ar, o garçom tratava Zeca Pagodinho por você. O adequado, então, seria Experimente! Experimente! Experimente! Experimente!

Verbos

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Verbo é a palavra que indica ação, praticada ou sofrida pelo sujeito, fato, de que o sujeito participa ativamente, estado ou qualidade do sujeito, ou fenômeno da natureza. Estrutura e Flexão Conjugação verbal: Há três conjugações para os verbos da língua portuguesa: 1ª conjugação: verbos terminados em -ar . 2ª conjugação: verbos terminados em -er . 3ª conjugação: verbos terminados em -ir . Obs.: O verbo pôr e seus derivados pertencem à 2ª conjugação, por se originarem do antigo verbo poer.

Pessoas verbais : 1ª pes. do sing.: eu 2ª pes. do sing.: tu 3ª pes. do sing.: ele 1ª pes. do pl.: nós 2ª pes. do pl.: vós 3ª pes. do pl.: eles Modos verbais: São três os modos verbais na língua portuguesa: Indicativo: que expresa atitudes de certeza, Subjuntivo: que expressa atitudes de dúvida, hipótese, desejo, Imperativo: que expressa atitude de ordem, pedido, conselho. O modo indicativo Tempos verbais do Indicativo 01) Presente: Indica fato que ocorre no dia-a-dia, corriqueiramente. Ex. Todos os dias, caminho no Zerão. Estudo no Maxi. Confio em meus amigos. 02) Pretérito: Indica fatos que já ocorreram. A) Pretérito Perfeito: Indica fato que ocorreu no passado em determinado momento, observado depois de concluído. Ex. Ontem caminhei no Zerão. Estudei no Maxi no ano passado. Confiei em pseudo-amigos. B) Pretérito Imperfeito: Indica fato que ocorria com freqüência no passado, ou fato que não havia chegado ao final no momento em que estava sendo observado. Ex. Naquela época, todos os dias, eu caminhava no Zerão. Eu estudava no Maxi, quando conheci Magali. Eu confiava naqueles amigos. C) Pretérito Mais-que-perfeito: Indica fato ocorrido antes de outro no Pretérito Perfeito do Indicativo. Ex. Ontem, quando você foi ao Zerão, eu já caminhara 6 Km. Eu já estudara no Maxi, quando conheci Magali. Eu confiara naquele amigo que mentiu a mim. 03) Futuro: Indica fatos que ocorrem depois do momento da fala. A) Futuro do Presente: Indica fato que, com certeza, ocorrerá. Ex. Amanhã caminharei no Zerão pela manhã. Estudarei no Maxi, no ano que vem. Eu confiarei mais uma vez naquele amigo que mentiu a mim. B) Futuro do Pretérito: Indica fato futuro, dependente de outro anterior a ele. Ex. Eu caminharia todos os dias, se não trabalhasse tanto. Estudaria no Maxi, se morasse em Londrina.

Eu confiaria mais uma vez naquele amigo, se ele me prometesse não mais me trair. Os modos subjuntivo e imperativo Tempos verbais do Subjuntivo: 01) Presente: Indica desejo atual, dúvida que ocorre no momento da fala. Ex. Espero que eu caminhe bastante no ano que vem. O meu desejo é que eu estude no Maxi ainda. Duvido de que eu confie nele novamente. 02) Pretérito Imperfeito: "Indica condição, hipótese; normalmente é usado com o Futuro do Pretérito do Indicativo." Ex. Eu caminharia todos os dias, se não trabalhasse tanto. Estudaria no Maxi, se morasse em Londrina. Eu confiaria mais uma vez naquele amigo, se ele me prometesse não mais me trair. 03) Futuro: Indica hipótese futura. Ex. Quando eu começar a caminhar todos os dias, sentir-me-ei melhor. Quando eu estudar no Maxi, aprenderei mais coisas. Quando ele me prometer que não me trairá mais, voltarei a confiar nele. O modo Imperativo O modo Imperativo expressa ordem, pedido ou conselho Ex. Caminhe todos os dias, para a saúde melhorar. Estude no Maxi! Confie em mim! A formação do modo imperativo ocorre da seguinte maneira: Imperativo afirmativo Tu e Vós: conjuga-se o verbo no presente do indicativo, retirando-se a letra s. Por exemplo: Todos os dias tu estudas. Retirando-se a letra s: Estuda tu. Todos os dias vós estudais. Retirando-se o s: Estudai vós. Exceção: o verbo ser: Sê tu, sede vós. Você, nós e vocês: conjuga-se o verbo no presente do subjuntivo. O imperativo afirmativo é idêntico a ele para essas três pessoas: Espero que você estude: Estude você. Espero que nós estudemos: Estudemos nós. Espero que vocês estudem: Estudem vocês. Imperativo negativo Todas as pessoas coincidem com o presente do subjuntivo: Não estudes tu, Não estude você, Não estudemos nós, Não estudeis vós, Não estudem vocês. As formas nominais São três as chamadas formas nominais do verbo: 01) Infinitivo : São as formas terminadas em ar, er ou ir. 02) Gerúndio : São as formas terminadas em ndo. 03) Particípio : São as formas terminadas em ado ou ido. O infinitivo é forma nominal do verbo e pode apresentar-se flexionado e não-flexionado. Será denominado flexionado quando possuir desinência verbal, que são as seguintes: -es, para a segunda pessoa do singular (tu), -mos, para a primeira pessoa do plural (nós), -des, para a segunda pessoa do plural (vós) e -em, para a terceira pessoa do plural (eles, elas, vocês). A primeira pessoa do singular (eu) e a terceira pessoa

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do singular (ele, ela, você) são representadas pelo infinitivo não-flexionado. Por exemplo: Era para eu cantar Era para tu cantares Era para ele cantar Era para nós cantarmos Era para vós cantardes Era para eles cantarem "O infinitivo flexionado, nas conjugações dos verbos regulares, é idêntico ao futuro simples do subjuntivo. Este participa de orações iniciadas pela conjunção se ou pela conjunção quando, indicando hipótese condicional ou temporal; aquele, de orações iniciadas geralmente por preposição (a, de, para, por... )., indicando significado declarativo. Por exemplo:" Infinitivo: Era para eles chegarem mais cedo. Ao nos aproximarmos da casa, percebemos que havia algum problema. Eles se preocuparam por não saberem o que estava acontecendo. Futuro do subjuntivo: Se eles chegarem mais cedo, participarão da abertura do evento. Quando nos aproximarmos da casa, saiam correndo. Infinitivo flexionado : 1) Quando o sujeito for claro, ou seja, quando surgir escrito na mesma oração do verbo, o uso do infinitivo flexionado será obrigatório: Por exemplo Não é necessário vocês chegarem mais cedo. Não mediremos esforços para vós serdes bem atendidos. Obs.: Mesmo não sendo claro o sujeito, pode-se flexionar o infinitivo: (Perceba que a flexão deixa a frase mais elegante. Em alguns casos, se não houver a flexão, ocorrerá ambigüidade) Não é necessário chegarem mais cedo. Está na hora de começarmos o trabalho. (Se não houver a flexão ocorrerá ambigüidade: Está na hora de começar o trabalho. Quem? eu, você, ele, nós?) 2) Quando o sujeito do verbo no infinitivo for diferente do sujeito do verbo da outra oração, flexiona-se o infinitivo. Por exemplo: Meninos, (eu) vejo estarem (vocês) atrasados mais uma vez. (Eu)Falei a eles sobre a vontade de (nós) deixarmos o time. Obs.: Se o sujeito do verbo no infinitivo for o mesmo do verbo da outra oração, a flexão do infinitivo não é necessária. Não é, porém, proibida. Por exemplo Deveremos reunir-nos hoje com eles para discutir (nós) os problemas da empresa. Deveremos reunir-nos hoje com eles para discutirmos os problemas da empresa. Convidei os alunos a entrar na sala. Convidei os alunos a entrarem na sala. Os escoteiros chamaram os chefes para discutir sobre o acampamento. Os escoteiros chamaram os chefes para discutirem sobre o acampamento. Usos do infinitivo não-flexionado: 1) Nas locuções verbais: Os alunos querem sair mais cedo hoje. Eles não poderiam ter feito isso.

2) Quando o sujeito do infinitivo for um pronome oblíquo átono ou um substantivo no singular: Mandei-os sair de lá. Mandaram-nos sair de lá. Mandei o garoto sair de lá. 3) Quando o sujeito do infinitivo for um substantivo no plural, pode-se usar tanto o infinitivo flexionado quanto o infinitivo não-flexionado: Mandei os garotos sair. Mandei os garotos saírem. 4) Quando o infinitivo não se referir a sujeito algum: Navegar é preciso, viver não é preciso. 5) Quando, após adjetivo, preceder o infinitivo de preposição: São casos difíceis de solucionar. 6) Quando der ao infinitivo valor de imperativo: Quando der ao infinitivo valor de imperativo: Soldados, recuar!! Tempos Compostos Os tempos verbais compostos são formados por locuções verbais que têm como auxiliares os verbos ter e haver e como principal, qualquer verbo no particípio. São eles: 01) Pretérito Perfeito Composto do Indicativo: É a formação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no Presente do Indicativo e o principal no particípio, indicando fato que tem ocorrido com freqüência ultimamente. Ex. Eu tenho estudado demais ultimamente. Todos nós nos temos esforçado, para a empresa crescer. Será que tu tens tentado melhorar? 02) Pretérito Perfeito Composto do Subjuntivo: É a formação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no Presente do Subjuntivo e o principal no particípio, indicando desejo de que algo já tenha ocorrido. Ex. Espero que você tenha estudado o suficiente, para conseguir a aprovação. O meu desejo é que todos nós nos tenhamos esforçado, para a empresa crescer. Duvido de que tu tenhas tentado melhorar. 03) Pretérito Mais-que-perfeito Composto do Indicativo: É a formação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no Pretérito Imperfeito do Indicativo e o principal no particípio, tendo o mesmo valor que o Pretérito Mais-que-perfeito do Indicativo simples. Ex. Ontem, quando você foi ao Zerão, eu já tinha caminhado 6 Km. Eu já tinha estudado no Maxi, quando conheci Magali. Eu tinha confiado naquele amigo que mentiu a mim. 04) Pretérito Mais-que-perfeito Composto do Subjuntivo: É a formação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no Pretérito Imperfeito do Subjuntivo e o principal no particípio, tendo o mesmo valor que o Pretérito Imperfeito do Subjuntivo simples. Ex. Eu teria caminhado todos os dias desse ano, se não tivesse trabalhado tanto. Eu teria estudado no Maxi, se não me tivesse mudado de cidade. Eu teria confiado mais uma vez naquele amigo, se ele me tivesse prometido não mais me trair. Obs.: Perceba que todas as frases remetem a ação obrigatoriamente para o passado. A frase Se eu estudasse,

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aprenderia é completamente diferente de Se eu tivesse estudado, teria aprendido. 05) Futuro do Presente Composto do Indicativo: É a formação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no Futuro do Presente simples do Indicativo e o principal no particípio, tendo o mesmo valor que o Futuro do Presente simples do Indicativo. Ex. Quando você chegar ao Zerão, eu já terei caminhado 6 Km. Amanhã, quando o dia amanhecer, eu já terei partido. 06) Futuro do Pretérito Composto do Indicativo: É a formação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no Futuro do Pretérito simples do Indicativo e o principal no particípio, tendo o mesmo valor que o Futuro do Pretérito simples do Indicativo. Ex. Eu teria caminhado todos os dias desse ano, se não estivesse trabalhando tanto. Eu teria estudado no Maxi, se não me tivesse mudado de cidade. Eu teria confiado mais uma vez naquele amigo, se ele me tivesse prometido não mais me trair. 07) Futuro Composto do Subjuntivo: É a formação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no Futuro do Subjuntivo simples e o principal no particípio, tendo o mesmo valor que o Futuro do Subjuntivo simples. Ex. Quando você tiver terminado sua série de exercícios, eu caminharei 6 Km. Observe algumas frases: Quando você chegar à minha casa, telefonarei a Osbirvânio. Quando você chegar à minha casa, já terei telefonado a Osbirvânio. "Perceba que o significado é totalmente diferente em ambas as frases apresentadas. No primeiro caso, esperarei ""você"" praticar a sua ação para, depois, praticar a minha; no segundo, primeiro praticarei a minha. Por isso o uso do advébio ""já"". " Agora observe estas: Quando você tiver terminado o trabalho, telefonarei a Osbirvânio. Quando você tiver terminado o trabalho, já terei telefonado a Osbirvânio. "Perceba que novamente o significado é totalmente diferente em ambas as frases apresentadas. No primeiro caso, esperarei ""você"" praticar a sua ação para, depois, praticar a minha; no segundo, primeiro praticarei a minha. Por isso o uso do advébio ""já"". " 08) Infinitivo Pessoal Composto: É a formação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no Infinitivo Pessoal simples e o principal no particípio, indicando ação passada em relação ao momento da fala. Ex. Para você ter comprado esse carro, necessitou de muito dinheiro.

Classificação dos verbos Os verbos classificam-se em: 01) Verbos Regulares: Verbos regulares são aqueles que não sofrem alterações no radical. Ex. cantar, vender, partir. 02) Verbos Irregulares: Verbos irregulares são aqueles que sofrem pequenas alterações no radical.

"Ex. fazer = faço, fazes; fiz, fizeste " 03) Verbos Anômalos: Verbos anômalos são aqueles que sofrem grandes alterações no radical. Ex. ser = sou, é, fui, era, serei. 04) Verbos Defectivos: Verbos defectivos são aqueles que não possuem conjugação completa. Ex. falir, reaver, precaver = não possuem as 1ª, 2ª e 3ª pes. do presente do indicativo e o presente do subjuntivo inteiro). 05) Verbos Abundantes: Verbos abundantes são aqueles que apresentam duas formas de mesmo valor. Geralmente ocorrem no particípio, que chamaremos de particípio regular, terminado em -ado, -ido, usado na voz ativa, com o auxiliar ter ou haver, e particípio irregular, com outra terminação diferente, usado na voz passiva, com o auxiliar ser ou estar. Exemplos de verbos abundantes: Infinitivo Part.Regular Part.Irregular aceitar aceitado aceito acender acendido aceso contundir contundido contuso eleger elegido eleito entregar entregado entregue enxugar enxugado enxuto expulsar expulsado expulso imprimir imprimido impresso limpar limpado limpo murchar murchado murcho suspender suspendido suspenso tingir tingido tinto Obs.: Os verbos abrir, cobrir, dizer, escrever, fazer, pôr, ver e vir só possuem o particípio irregular aberto, coberto, dito, escrito, feito, posto, visto e vindo. Os particípios regulares gastado, ganhado e pagado estão caindo ao desuso, sendo substituídos pelos irregulares gasto, ganho e pago. Formação dos Tempos Simples Tempos derivados do Presente do Indicativo O Presente do Indicativo forma o Presente do Subjuntivo e o modo Imperativo. 01) Presente do Subjuntivo: "é obtido pela eliminação da desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do indicativo (eu). Aos verbos de 1ª conjugação, acrescenta-se -e; aos de 2ª e 3ª, -a, acrescentando-se, ainda, as mesmas desinências do Presente do Subjuntivo para os verbos regulares (- / s / - / mos / is / m). Por exemplo, veja a conjugação dos verbos cantar, vender e sorrir. " Eu canto (- o + e) = que eu cante, tu cantes, ele cante, nós cantemos, vós canteis, eles cantem Eu vendo (- o + a) = que eu venda, tu vendas, ele venda, nós vendamos, vós vendais, eles vendam Eu sorrio (-o + a) = que eu sorria, tu sorrias, ele sorria, nós sorriamos, vós sorriais, eles sorriam Exceções: querer = Eu quero / queira, queiras, queira, queiramos, queirais, queiram. ir = Eu vou / vá, vás, vá, vamos, vades, vão. saber = Eu sei / saiba, saibas, saiba, saibamos, saibais, saibam.

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ser = Eu sou / seja, sejas, seja, sejamos, sejais, sejam. haver = Eu hei / haja, hajas, haja, hajamos, hajais, hajam. 02) Imperativo Afirmativo: "provém tanto do Presente do Indicativo, quando do Presente do Subjuntivo. Tu e vós provêm do Presente do Indicativo, sem a desinência -s; você, nós e vocês provêm do Presente do Subjuntivo. Por exemplo, veja a conjugação do verbo cantar. Presente do indicativo: Eu canto, tu cantas, ele canta, nós cantamos, vós cantais, eles cantam." Presente do Subjuntivo: Que eu cante, tu cantes, ele cante, nós cantemos, vós canteis, eles cantem. Imperativo Afirmativo: Canta tu, cante você, cantemos nós, cantai vós, cantem vocês. Exceção: Ser = sê tu, seja você, sejamos nós, sede vós, sejam vocês. 03) Imperativo Negativo: provém do Presente do Subjuntivo. Por exemplo, veja a conjugação do verbo cantar: Não cantes tu, não cante você, não cantemos nós, não canteis vós, não cantem vocês. Tempos derivados do Pretérito Perfeito do Indicativo O Pretérito Perfeito do Indicativo forma o Pretérito Mais-que-perfeito do Indicativo, o Futuro do Subjuntivo e o Pretérito Imperfeito do Subjuntivo. 01) Pretérito Mais-que-perfeito do Indicativo: é obtido pela eliminação da desinência -m da terceira pessoa do plural do pretérito perfeito do indicativo (eles), acrescentando-se as mesmas desinências número-pessoais para os verbos regulares ( - / s / - / mos / is / m). Na segunda pessoa do plural (vós), troca-se o -a por -e. Por exemplo, veja a conjugação dos verbos cantar, vender e sorrir. Eles cantaram - m = eu cantara, tu cantaras, ele cantara, nós cantáramos, vós cantareis, eles cantaram Eles venderam - m = eu vendera, tu venderas, ele vendera, nós vendêramos, vós vendêreis, eles venderam Eles sorriram - m = eu sorrira, tu sorriras, ele sorrira, nós sorríramos, vós sorríreis, eles sorriram 02) Futuro do Subjuntivo: é obtido pela eliminação da desinência -am da terceira pessoa do plural do pretérito perfeito do indicativo (eles), acrescentando-se as mesmas desinências número-pessoais para os verbos regulares (- / es / - / mos / des / em). O Futuro do Subjuntivo sempre é iniciado pelas conjunções quando ou se. Por exemplo, veja a conjugação dos verbos cantar, vender e sorrir. Eles cantaram - am = quando eu cantar, tu cantares, ele cantar, nós cantarmos, vós cantardes, eles cantarem. Eles venderam - am = quando eu vender, tu venderes, ele vender, nós vendermos, vós venderdes, eles venderem. Eles sorriram - am = quando eu sorrir, tu sorrires, ele sorrir, nós sorrirmos, vós sorrirdes, eles sorrirem. 03) Pretérito Imperfeito do Subjuntivo: é obtido pela eliminação da desinência -ram da terceira pessoa do plural do pretérito perfeito do indicativo (eles), acrescentando-se a desinência do Pretérito Imperfeito do Subjuntivo -sse e as mesmas desinências número-pessoais para os verbos regulares ( - / s / - / mos / is / m).

O Pretérito Imperfeito do Subjuntivo sempre é iniciado pelas conjunções caso ou se. Por exemplo, veja a conjugação dos verbos cantar, vender e sorrir. Eles cantaram - ram + sse = se eu cantasse, tu cantasses, ele cantasse, nós cantássemos, vós cantásseis, eles cantassem. Eles venderam - ram + sse = se eu vendesse, se tu vendesses, se ele vendesse, se nós vendêssemos, se vós vendêsseis, se eles vendessem. Eles sorriram - ram + sse = se eu sorrisse, se tu sorrisses, se ele sorrisse, se nós sorrissemos, se vós sorrisseis, se eles sorrissem. Tempos derivados do Infinitivo Impessoal O Infinitivo Impessoal forma o Futuro do Presente do Indicativo, o Futuro do Pretérito do Indicativo e o Pretérito Imperfeito do Indicativo. 01) Futuro do Presente do Indicativo: é obtido pelo acréscimo ao infinitivo das desinências -ei / ás / á / emos / eis / ão. Por exemplo, veja a conjugação dos verbos cantar, vender e sorrir. cantar = eu cantarei, tu cantarás, ele cantará, nós cantaremos, vós cantareis, eles cantarão. vender = eu venderei, tu venderás, ele venderá, nós venderemos, vós vendereis, eles venderão. sorrir = eu sorrirei, tu sorrirás, ele sorrirá, nós sorriremos, vós sorrireis, eles sorrirão. 02) Futuro do Pretérito do Indicativo: é obtido pelo acréscimo ao infinitivo das desinências -ia / ias / ia / íamos / íeis / iam. Por exemplo, veja a conjugação dos verbos cantar, vender e sorrir. cantar = eu cantaria, tu cantarias, ele cantaria, nós cantaríamos, vós cantaríeis, eles cantariam. vender = eu venderia, tu venderias, ele venderia, nós venderíamos, vós venderíeis, eles venderiam. sorrir = eu sorriria, tu sorririas, ele sorriria, nós sorriríamos, vós sorriríeis, eles sorriram. Exceções: Os verbos fazer, dizer e trazer são conjugados no Futuro do Presente e no Futuro do Pretérito, seguindo-se as mesmas regras acima, porém sem as letras ze, sendo estruturados, então, assim: far, dir, trar. fazer = eu farei, tu farás, ele fará, nós faremos, vós fareis, eles farão. dizer = eu diria, tu dirias, ele diria, nós diríamos, vós diríeis, eles diriam. trazer = eu trarei, tu trarás, ele trará, nós traremos, vós trareis, eles trarão. 03) Infinitivo Pessoal: é obtido pelo acréscimo ao infinitivo das desinências / - / es / - / mos / des / em. Por exemplo, veja a conjugação dos verbos cantar, vender e sorrir. cantar = era para eu cantar, tu cantares, ele cantar, nós cantarmos, vós cantardes, eles cantarem. vender = era para eu vender, tu venderes, ele vender, nós vendermos, vós venderdes, eles venderem.

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sorrir = eu sorrir, tu sorrires, ele sorrir, nós sorrirmos, vós sorrirdes, eles sorrirem. 04) Pretérito Imperfeito do Indicativo: é obtido pela eliminação da terminação verbal -ar, -er, -ir do Infinito Impessoal, acrescentando-se a desinência -ava- para os verbos terminados em -ar e a desinência -ia- para os verbos terminados em -er e -ir e, depois, as mesmas desinências número-pessoais para os verbos regulares ( - / s / - / mos / is / m). Na segunda pessoa do plural (vós), troca-se o -a por -e. cantar - ar + ava = eu cantava, tu cantavas, ele cantava, nós cantávamos, vós cantáveis, eles cantavam. vender - er + ia = eu vendia, tu vendias, ele vendia, nós vendíamos, vós vendíeis, eles vendiam. sorrir - ir + ia = eu sorria, tu sorrias, ele sorria, nós sorríamosmos, vós sorríeis, eles sorriam. Os verbos que não seguem as regras acima são ter, pôr, vir e ser. Ter = tinha, tinhas, tinha, tínhamos, tínheis, tinham. Pôr = punha, punhas, punha, púnhamos, púnheis, punham. Vir = vinha, vinhas, vinha, vínhamos, vínheis, vinham. Ser = era, eras, era, éramos, éreis, eram. Verbos notáveis Antes de estudar alguns verbos notáveis da língua portuguesa, é importante que o estudante saiba da existência de dois nomes, em relação aos verbos: Formas rizotônica e arrizotônica. Formas Rizotônicas: São as estruturas verbais com a sílaba tônica dentro do radical. São elas: eu, tu, ele e eles do presente do indicativo, eu, tu, ele e eles do presente do subjuntivo, tu, você e vocês do imperativo afirmativo e tu, você e vocês do imperativo negativo. Formas Arrizotônicas: São as estruturas verbais com a sílaba tônica fora do radical. São todas as outras estruturas verbais, com exceção das rizotônicas. 01) Aguar: Verbo regular da 1ª conjugação. Como ele, conjugam-se enxaguar e desaguar. Recebem acento agudo no primeiro a das formas rizotônicas e trema em todas as estruturas que tenham a desinência e. Presente do Indicativo águo, águas, água, aguamos, aguais, águam. Presente do Subjuntivo ágüe, ágües, ágüe, agüemos,

agüeis, ágüem. Imperativo Afirmativo água, ágüe, agüemos, aguai,

ágüem. Imperativo Negativo não ágües, não ágüe, não

agüemos, não agüeis, não ágüem.

Pretérito Perfeito do Ind. agüei, aguaste, aguou, aguamos, aguastes, aguaram. Pretérito Mais-que-perfeito do Ind. aguara, aguaras, aguara, aguáramos, aguáreis, aguaram. Futuro do Subj. aguar, aguares, aguar, aguarmos, aguardes, aguarem.

Pretérito Imp. do Subj. aguasse, aguasses, aguasse, aguássemos, aguásseis, aguassem. Futuro do Presente aguarei, aguarás, aguará,

aguaremos, aguareis, aguarão.

Futuro do Pretérito aguaria, aguarias, aguaria, aguaríamos, aguaríeis, aguariam. Infinitivo Pessoal aguar, aguares, aguar, aguarmos, aguardes, aguarem. Pretérito Imp. do Ind. aguava, aguavas, aguava,

aguávamos, aguáveis, aguavam. Formas Nominais aguar, aguando, aguado. 02) Apaziguar: Verbo regular da 1ª conjugação. Como ele, conjugam-se averiguar e obliquar (caminhar obliquamente, de través; proceder com dissimulação; tergiversar. Recebem acento agudo no u das formas rizotônicas que tenham a desinência e e trema no u das formas arrizotônicas que também tenham a desinência e. As formas rizotônicas são pronunciadas apazigu-o, apazigu-as... Presente do Indicativo apaziguo, apaziguas, apazigua,

apaziguamos, apaziguais, apaziguam.

Presente do Subjuntivo apazigúe, apazigúes, apazigúe, apazigüemos, apazigüeis, apazigúem. Imperativo Afirmativo apazigua, apazigúe, apazigüemos, apaziguai, apazigúem. Imperativo Negativo não apazigúes, não apazigúe, não apazigüemos, não apazigüeis, não apazigúem. Pretérito Perfeito do Ind. apazigüei, apaziguaste,

apaziguou, apaziguamos, apaziguastes, apaziguaram.

Pretérito Mais-que-perfeito do Ind. apaziguara, apaziguaras,

apaziguara, apaziguáramos, apaziguáreis, apaziguaram.

Futuro do Subj. apaziguar, apaziguares, apaziguar,

apaziguarmos, apaziguardes, apaziguarem.

Pretérito Imp. do Subj. apaziguasse, apaziguasses, apaziguasse, apaziguássemos, apaziguásseis, apaziguassem. Futuro do Presente apaziguarei, apaziguarás,

apaziguará, apaziguaremos, apaziguareis, apaziguarão.

Futuro do Pretérito apaziguaria, apaziguarias, apaziguaria, apaziguaríamos, apaziguaríeis, apaziguariam. Infinitivo Pessoal apaziguar, apaziguares,

apaziguar, apaziguarmos, apaziguardes, apaziguarem.

Pretérito Imp. do Ind. apaziguava, apaziguavas, apaziguava, apaziguávamos, apaziguáveis, apaziguavam. Formas Nominais apaziguar, apaziguando,

apaziguado.

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03) Argüir: "Verbo irregular da 3ª conjugação que significa repreender, censurar, criminar, verberar, condenar com argumentos ou razões; revelar, inculcar, demonstrar; examinar questionando ou interrogando. Como ele, conjuga-se redargüir. Recebem acento agudo no u das formas rizotônicas que tenham a desinência e ou i e trema no u das formas arrizotônicas que também tenham a desinência e ou i. As formas rizotônicas são pronunciadas argu-o, argú-is..." Presente do Indicativo arguo, argúis, argúi, argüimos, argüis, argúem. Presente do Subjuntivo argua, arguas, argua, arguamos, arguais, arguam. Imperativo Afirmativo argúi, argua, arguamos, argüi, arguam. Imperativo Negativo não arguas, não argua, não arguamos, não arguais,não

arguam. Pretérito Perfeito do Ind. argüi, argüiste, argüiu, argüimos, argüistes, argüiram. Pretérito Mais-que-perfeito do Ind. argüira, argüiras, argüira, argüíramos, argüíreis, argüiram. Futuro do Subj. argüir, argüires, argüir, argüirmos, argüirdes, argüirem. Pretérito Imp. do Subj. argüisse, argüisses, argüisse, argüíssemos, argüísseis, argüissem. Futuro do Presente argüirei, argüirás, argüirá, argüiremos, argüireis, argüirão. Futuro do Pretérito argüiria, argüirias, argüiria, argüiríamos, argüiríeis, argüiriam. Infinitivo Pessoal argüir, argüires, argüir, argüirmos, argüirdes, argüirem. Pretérito Imp. do Ind. argüia, argüias, argüia, argüíamos, argüíeis, argüiam. Formas Nominais argüir, argüindo, argüido. 04) Arrear: Verbo irregular da 1ª conjugação. Significa pôr arreio. Como ele, conjugam-se todos os verbos terminados em -ear. Variam no radical, que recebe um i nas formas rizotônicas. Presente do Indicativo arreio, arreias, arreia, arreamos, arreais, arreiam. Presente do Subjuntivo arreie, arreies, arreie, arreemos, arreeis, arreiem. Imperativo Afirmativo arreia, arreie, arreemos, arreai, arreiem. Imperativo Negativo não arreies, não arreie, não arreemos, não arreeis, não

arreiem. Pretérito Perfeito do Ind. arreei, arreaste, arreou, arreamos, arreastes, arrearam. Pretérito Mais-que-perfeito do Ind. arreara, arrearas, arreara, arreáramos, arreáreis, arrearam. Futuro do Subj. arrear, arreares, arrear, arrearmos, arreardes, arrearem. Pretérito Imp. do Subj. arreasse, arreasses, arreasse,

arreássemos, arreásseis, arreassem.

Futuro do Presente arrearei, arrearás, arreará, arrearemos, arreareis, arrearão. Futuro do Pretérito arrearia, arrearias, arrearia, arrearíamos, arrearíeis, arreariam. Infinitivo Pessoal arrear, arreares, arrear, arrearmos, arreardes, arrearem.

Pretérito Imp. do Ind. arreava, arreavas, arreava, arreávamos, arreáveis, arreavam. Formas Nominais arrear, arreando, arreado. 05) Arriar: Verbo regular da 1ª conjugação. Significa fazer descer. Como ele, conjugam-se todos os verbos terminados em -iar, menos mediar, ansiar, remediar, incendiar e odiar. Presente do Indicativo arrio, arrias, arria, arriamos,

arriais, arriam. Presente do Subjuntivo arrie, arries, arrie, arriemos,

arrieis, arriem. Imperativo Afirmativo arria, arrie, arriemos, arriai, arriem. Imperativo Negativo não arries, não arrie, não

arriemos, não arrieis, não arriem. Pretérito Perfeito do Ind. arriei, arriaste, arriou, arriamos, arriastes, arriaram. Pretérito Mais-que-perfeito do Ind. arriara, arriaras, arriara,

arriáramos, arriáreis, arriaram. Futuro do Subj. arriar, arriares, arriar, arriarmos, arriardes, arriarem. Pretérito Imp. do Subj. arriasse, arriasses, arriasse, arriássemos, arriásseis, arriassem. Futuro do Presente arriarei, arriarás, arriará, arriaremos, arriareis, arriarão. Futuro do Pretérito arriaria, arriarias, arriaria, arriaríamos, arriaríeis, arriariam. Infinitivo Pessoal arriar, arriares, arriar, arriarmos, arriardes, arriarem. Pretérito Imp. do Ind. arriava, arriavas, arriava, arriávamos, arriáveis, arriavam. Formas Nominais arriar, arriando, arriado. 06) Ansiar: Verbo irregular da 1ª conjugação. Como ele, conjugam-se mediar, remediar, incendiar e odiar. Variam no radical, que recebe um e nas formas rizotônicas. Presente do Indicativo anseio, anseias, anseia, ansiamos, ansiais, anseiam. Presente do Subjuntivo anseie, anseies, anseie, ansiemos, ansieis, anseiem. Imperativo Afirmativo anseia, anseie, ansiemos, ansiai, anseiem. Imperativo Negativo não anseies, não anseie, não ansiemos, não ansieis, não anseiem. Pretérito Perfeito do Ind. ansiei, ansiaste, ansiou, ansiamos, ansiastes, ansiaram. Pretérito Mais-que-perfeito do Ind. ansiara, ansiaras, ansiara, ansiáramos, ansiáreis, ansiaram. Futuro do Subj. ansiar, ansiares, ansiar, ansiarmos, ansiardes, ansiarem. Pretérito Imp. do Subj. ansiasse, ansiasses, ansiasse, ansiássemos, ansiásseis, ansiassem. Futuro do Presente ansiarei, ansiarás, ansiará, ansiaremos, ansiareis, ansiarão.

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Futuro do Pretérito ansiaria, ansiarias, ansiaria, ansiaríamos, ansiaríeis, ansiariam. Infinitivo Pessoal ansiar, ansiares, ansiar, ansiarmos, ansiardes, ansiarem. Pretérito Imp. do Ind. ansiava, ansiavas, ansiava, ansiávamos, ansiáveis, ansiavam. Formas Nominais ansiar, ansiando, ansiado. 07) Haver: Verbo irregular da 2ª conjugação. Varia no radical e nas desinências. Presente do Indicativo hei, hás, há, havemos, haveis, hão. Presente do Subjuntivo haja, hajas, haja, hajamos, hajais, hajam. Imperativo Afirmativo há, haja, hajamos, havei, hajam. Imperativo Negativo não hajas, não haja, não hajamos, não hajais, não hajam. Pretérito Perfeito do Ind. houve, houveste, houve, houvemos, houvestes, houveram. Pretérito Mais-que-perfeito do Ind. houvera, houveras, houvera, houvéramos, houvéreis, houveram. Futuro do Subj. houver, houveres, houver, houvermos, houverdes, houverem. Pretérito Imp. do Subj. houvesse, houvesses, houvesse, houvéssemos, houvésseis, houvessem. Futuro do Presente haverei, haverás, haverá, haveremos, havereis, haverão. Futuro do Pretérito haveria, haverias, haveria, haveríamos, haveríeis, haveriam. Infinitivo Pessoal haver, haveres, haver, havermos, haverdes, haverem. Pretérito Imp. do Ind. havia, havias, havia, havíamos, havíeis, haviam. Formas Nominais haver, havendo, havido. 08) Reaver: Verbo defectivo da 2ª conjugação. Faltam-lhe as formas rizotônicas e derivadas. As formas não existentes devem ser substituídas pelas do verbo recuperar. Presente do Indicativo ///, ///, ///, reavemos, reaveis, ///. Presente do Subjuntivo ///, ///, ///, ///, ///, ///. Imperativo Afirmativo ///, ///, ///, reavei vós, ///. Imperativo Negativo ///, ///, ///, ///, ///. Pretérito Perfeito do Ind. reouve, reouveste, reouve, reouvemos, reouvestes, reouveram. Pretérito Mais-que-perfeito do Ind. reouvera, reouveras, reouvera, reouvéramos, reouvéreis, reouveram. Futuro do Subj. reouver, reouveres, reouver, reouvermos, reouverdes, reouverem. Pretérito Imp. do Subj. reouvesse, reouvesses, reouvesse, reouvéssemos, reouvésseis, reouvessem. Futuro do Presente reaverei, reaverás, reaverá, reaveremos, reavereis, reaverão.

Futuro do Pretérito reaveria, reaverias, reaveria, reaveríamos, reaveríeis, reaveriam. Infinitivo Pessoal reavíamos, reavíeis,

reaviam. Formas Nominais reaver, reavendo, reavido. 09) Precaver: Verbo defectivo da 2ª conjugação, quase sempre usado pronominalmente (precaver-se). Faltam-lhe as formas rizotônicas e derivadas. As formas não existentes devem ser substituídas pelas dos verbos acautelar-se, prevenir-se. As formas existentes são conjugadas regularmente, ou seja, seguem a conjugação de qualquer verbo regular terminado em -er, como escrever. Presente do Indicativo ///, precavemos, precaveis, ///. Presente do Subjuntivo ///, ///, ///, ///, ///, ///. Imperativo Afirmativo ///, ///, ///, prevavei vós, ///. Imperativo Negativo ///, ///, ///, ///, ///. Pretérito Perfeito do Ind. precavi, precaveste, precaveu, precavemos, precavestes, precaveram. Pretérito Mais-que-perfeito do Ind. precavera, precavera, precavera, precavêramos, precavêreis, precaveram. Futuro do Subj. precaver, precaveres, precaver, precavermos, precaverdes, precaverem. Pretérito Imp. do Subj. precavesse, precavesses, precavesse, precavêssemos, precavêsseis, precavessem. Futuro do Presente precaverei, precaverás,

precaverá, precaveremos, precavereis, precaverão.

Futuro do Pretérito precaveria, precaverias, precaveria, precaveríamos, precaveríeis, precaveriam. Infinitivo Pessoal precaver, precaveres, precaver, precavermos, precaverdes, precaverem. Pretérito Imp. do Ind. precavia, precavias, precavia, precavíamos, precavíeis, precaviam. Formas Nominais precaver, precavendo, precavido. 10) Prover: “Verbo irregular da 2ª conjugação que significa abastecer. Varia nas desinências. No presente do indicativo, no presente do subjuntivo, no imperativo afirmativo e no imperativo negativo tem conjugação idêntica à do verbo ver; no restante dos tempos, tem conjugação regular, ou seja, segue a conjugação de qualquer verbo regular terminado em -er, como escrever.” Presente do Indicativo provejo, provês, provê, provemos, provedes, provêem. Presente do Subjuntivo proveja, provejas, proveja, provejamos, provejais, provejam. Imperativo Afirmativo provê, proveja, provejamos, provede, provejam. Imperativo Negativo não provejas, não proveja, não provejamos, não provejais, não provejam. Pretérito Perfeito do Ind. provi, proveste, proveu, provemos, provestes, proveram.

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Pretérito Mais-que-perfeito do Ind. provera, proveras, provera, provêramos, provêreis, proveram. Futuro do Subj. prover, proveres, prover, provermos, proverdes, proverem. Pretérito Imp. do Subj. provesse, provesses, provesse, provêssemos, provêsseis, provessem. Futuro do Presente proverei, proverás, proverá, proveremos, provereis, proverão. Futuro do Pretérito proveria, proverias, proveria, proveríamos, proveríeis, proveriam. Infinitivo Pessoal prover, proveres, prover, provermos, proverdes, proverem. Pretérito Imp. do Ind. provia, provias, provia, províamos, províeis, proviam. Formas Nominais prover, provendo, provido. 11) Requerer: "Verbo irregular da 2ª conjugação que significa pedir, solicitar, por meio de requerimento. Varia no radical. No presente do indicativo, no presente do subjuntivo, no imperativo afirmativo e no imperativo negativo tem conjugação idêntica à do verbo querer, com exceção da 1ª pessoa do singular do presente do indicativo (eu requeiro); no restante dos tempos, tem conjugação regular, ou seja, segue a conjugação de qualquer verbo regular terminado em -er, como escrever. " Presente do Indicativo requeiro, requeres, requer, requeremos, requereis, requerem. Presente do Subjuntivo requeira, requeiras, requeira, requeiramos, requeirais, requeiram. Imperativo Afirmativo requere, requeira, requeiramos, requerei, requeiram. Imperativo Negativo não requeiras, não requeira, não requeiramos, não requeirais, não requeiram. Pretérito Perfeito do Ind. requeri, requereste, requereu, requeremos, requerestes, requereram. Pretérito Mais-que-perfeito do Ind. requerera, requereras, requerera, requerêramos, requerêreis, requereram. Futuro do Subj. requerer, requereres, requerer, requerermos, requererdes, requererem. Pretérito Imp. do Subj. requeresse, requeresses, requeresse, requerêssemos, requerêsseis, requeressem. Futuro do Presente requererei, requererás, requererá,

requereremos, requerereis, requererão.

Futuro do Pretérito requereria, requererias, requereria, requereríamos, requereríeis, requereriam. Infinitivo Pessoal requerer, requereres, requerer, requerermos, requererdes, requererem. Pretérito Imp.do Ind. requeria, requerias, requeria, requeríamos, requeríeis, requeriam. Formas Nominais requerer, requerendo, requerido. _________________________________________________ Verbos defectivos

1) Colorir: Verbo defectivo, da 3ª conjugação. Faltam-lhe a 1ª pessoa do singular do Presente do Indicativo e as formas derivadas dela. Como ele, conjugam-se os verbos abolir, aturdir (atordoar), brandir (acenar, agitar a mão), banir, carpir, delir (apagar), demolir, exaurir (esgotar, ressecar), explodir, fremir (gemer), haurir (beber, sorver), delinqüir, extorquir, puir (desgastar, polir), ruir, retorquir (replicar, contrapor), latir, urgir (ser urgente), tinir (soar), pascer (pastar). Presente do Indicativo ///, colores, colore, colorimos, coloris, colorem. Presente do Subjuntivo ///, ///, ///, ///, ///, ///. Imperativo Afirmativo colore, ///, ///, colori, ///. Imperativo Negativo ///, ///, ///, ///, ///, ///. Pretérito Perfeito do Ind. colori, coloriste, coloriu,

colorimos, coloris, coloriram. Pretérito Mais-que-perfeito do Ind. colorira, coloriras, colorira, coloríramos, coloríreis, coloriram. Futuro do Subj. colorir, colorires, colorir, colorirmos, colorirdes, colorirem. Pretérito Imp. do Subj. colorisse, colorisses, colorisse, coloríssemos, colorísseis, colorissem. Futuro do Presente colorirei, colorirás, colorirá, coloriremos, colorireis, colorirão. Futuro do Pretérito coloriria, coloririas, coloriria, coloriríamos, coloriríeis, coloririam. Infinitivo Pessoal colorir, colorires, colorir, colorirmos, colorirdes, colorirem. Pretérito Imp. do Ind. coloria, colorias, coloria, coloríamos, coloríeis, coloriam. Formas Nominais colorir, colorindo, colorido. 2) Falir: Verbo defectivo, da 3ª conjugação. Faltam-lhe as formas rizotônicas do Presente do Indicativo e as formas delas derivadas. Como ele, conjugam-se aguerrir (tornar valoroso), adequar, combalir (tornar debilitado), embair (enganar), empedernir (petrificar, endurecer), esbaforir-se, espavorir, foragir-se, remir (adquirir de novo, salvar, reparar, indenizar, recuperar-se de uma falha), renhir (disputar), transir (trespassar, penetrar). Presente do Indicativo ///, ///, ///, falimos, falis, ///. Presente do Subjuntivo ///, ///, ///, ///, ///, ///. Imperativo Afirmativo ///, ///, ///, fali, ///. Imperativo Negativo ///, ///, ///, ///, ///, ///. Pretérito Perfeito do Ind. fali, faliste, faliu, falimos, falistes, faliram. Pretérito Mais-que-perfeito do Ind. falira, faliras, falira, falíramos, falíreis, faliram. Futuro do Subj. falir, falires, falir, falirmos, falirdes, falirem. Pretérito Imp. do Subj. falisse, falisses, falisse, falíssemos, falísseis, falissem. Futuro do Presente falirei, falirás, falirá, faliremos, falireis, falirão. Futuro do Pretérito faliria, falirias, faliria, faliríamos, faliríeis, faliriam. Infinitivo Pessoal falir, falires, falir, falirmos, falirdes, falirem. Pretérito Imp. do Ind. falia, falias, falia, falíamos, falíeis, faliam.

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Formas Nominais falir, falindo, falido. Nota: o verbo adequar, diferentemente de todos os outros defectivos nas formas rizotônicas, é conjugado no Presente do Subjuntivo nas duas primeiras pessoas do plural, ou seja: que nós adeqüemos, que vós adeqüeis, conseqüentemente o Imperativo Afirmativo também é conjugado de modo diferente: adeqüemos nós, adequai vós. _________________________________________________ Verbo no infinitivo O infinitivo é forma nominal do verbo e pode apresentar-se flexionado e não-flexionado. O estudo do infinitivo na Língua Portuguesa é bastante complicado, já que, em alguns casos, ele deve ser flexionado, em outros, ele pode ser flexionado, e em outros ainda ele não se flexiona. Será denominado flexionado quando possuir desinência verbal, que são as seguintes: -es, para a segunda pessoa do singular (tu), -mos, para a primeira pessoa do plural (nós), -des, para a segunda pessoa do plural (vós) e -em, para a terceira pessoa do plural (eles, elas, vocês). A primeira pessoa do singular (eu) e a terceira pessoa do singular (ele, ela, você) são representadas pelo infinitivo não-flexionado. Por exemplo: Era para eu cantar Era para tu cantares Era para ele cantar Era para nós cantarmos Era para vós cantardes Era para eles cantarem “ O infinitivo flexionado, nas conjugações dos verbos regulares, é idêntico ao futuro simples do subjuntivo. Este participa de orações iniciadas pela conjunção se ou pela conjunção quando, indicando hipótese condicional ou temporal; aquele, de orações iniciadas geralmente por preposição (a, de, para, por... )., indicando significado declarativo. Por exemplo:" Infinitivo: Era para eles chegarem mais cedo. Ao nos aproximarmos da casa, percebemos que havia algum problema. Eles se preocuparam por não saberem o que estava acontecendo. Futuro do subjuntivo: Se eles chegarem mais cedo, participarão da abertura do evento. Quando nos aproximarmos da casa, saiam correndo. Infinitivo Flexionado Usa-se o infinitivo flexionado nos seguintes casos: 1) Quando o sujeito for claro, ou seja, quando surgir um pronome ou um substantivo escrito na mesma oração do verbo, o uso do infinitivo flexionado será obrigatório: Por exemplo Não é necessário vocês chegarem mais cedo. Não mediremos esforços para vós serdes bem atendidos.

Obs.: Mesmo não sendo claro o sujeito, pode-se flexionar o infinitivo: (Perceba que a flexão deixa a frase mais elegante. Em alguns casos, se não houver a flexão, ocorrerá ambigüidade) Não é necessário chegarem mais cedo. Está na hora de começarmos o trabalho. (Se não houver a flexão ocorrerá ambigüidade: Está na hora de começar o trabalho. Quem? eu, você, ele, nós?) 2) Quando o sujeito do verbo no infinitivo for diferente do sujeito do verbo da outra oração, flexiona-se o infinitivo. Por exemplo: Meninos, vejo estarem atrasados mais uma vez. Essa oração equivale a Meninos, vejo que vocês estão atrasados mais uma vez. Falei a eles sobre a vontade de deixarmos o time. Obs.: Se o sujeito do verbo no infinitivo for o mesmo do verbo da outra oração, a flexão do infinitivo não é necessária. Não é, porém, proibida. Por exemplo Deveremos reunir-nos hoje com eles para discutir os problemas da empresa. ou Deveremos reunir-nos hoje com eles para discutirmos os problemas da empresa. As duas frases se equivalem. O rapaz convidou os amigos a entrar na sala. ou O rapaz convidou os amigos a entrarem na sala. As duas frases se equivalem. Os escoteiros chamaram os chefes para discutir sobre o acampamento. ou Os escoteiros chamaram os chefes para discutirem sobre o acampamento. As duas frases se equivalem. Usos do Infinitivo não-flexionado 1) Como verbo principal de locução verbal: Os alunos querem sair mais cedo hoje. Eles não poderiam ter feito isso. 2) Quando o sujeito do infinitivo for um pronome oblíquo átono ou um substantivo no singular: Mandei-os sair de lá. Mandaram-nos sair de lá. Mandei o garoto sair de lá. Obs.: Se o sujeito do infinitivo for um substantivo no plural, pode-se usar tanto o infinitivo flexionado quanto o infinitivo não-flexionado: Mandei os garotos sair. ou Mandei os garotos saírem. 3) Quando o infinitivo não se referir a sujeito algum: Navegar é preciso, viver não é preciso. 4) Quando, após adjetivo, preceder o infinitivo de preposição: São casos difíceis de solucionar. 5) Quando o infinitivo estiver depois da preposição a, a não ser que a oração esteja na voz passiva e que ocorra um dos casos estudados acima: Obs.: Esse é o caso mais polêmico de todos, pois há gramáticos que admitem a flexão do infinitivo pós-preposição a. Como existe a polêmica, pode-se dizer que ambas, na Língua Portuguesa do Brasil, são adequadas. O rapaz ajudava as garotas a superar suas dificuldades em Matemática. Há gramáticos que admitem também a frase O rapaz ajudava as garotas a superarem suas dificuldades em Matemática. Ambas, então, podem ser usadas.

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As tarefas a serem feitas são essas. (A oração está na voz passiva, pois o sujeito sofre a ação verbal, por isso o usei o infinitivo flexionado). 6) Quando der ao infinitivo valor de imperativo: Soldados, recuar!!

Artigos É a palavra variável em gênero e número que precede um substantivo, determinando-o de modo preciso (artigo definido) ou vago (artigo indefinido). Os artigos classificam-se em: 01) Artigos Definidos: o, a, os, as. 02) Artigos Indefinidos: um, uma, uns, umas. Ex. O garoto pediu dinheiro. (Antecipadamente, sabe-se quem é o garoto.) Um garoto pediu dinheiro. (Refere-se a um garoto qualquer, de forma genérica.) Emprego dos artigos 01) Ambos: Usa-se o artigo entre o numeral ambos e o elemento posterior, caso este exija o seu uso. Ex. Ambos os atletas foram declarados vencedores. (Atletas é substantivo que exige artigo.) Ambas as leis estão obsoletas. (Leis é substantivo que exige artigo.) Ambos vocês estão suspensos. (Vocês é pronome de tratamento que não admite artigo.) 02) Todos: Usa-se o artigo entre o pronome indefinido todos e o elemento posterior, caso este exija o seu uso. Ex. Todos os atletas foram declarados vencedores. Todas as leis devem ser cumpridas. Todos vocês estão suspensos. 03) Todo: "Diante do pronome indefinido todo, usa-se o artigo, para indicar totalidade; não se usa, para indicar generalização." Ex. Todo o país participou da greve. (O país todo, inteiro.) Todo país sofre por algum motivo. (Qualquer país, todos os países.) 04) Cujo: Não se usa artigo após o pronome relativo cujo. Ex. As mulheres, cujas bolsas desapareceram, ficaram revoltadas. (e não cujo as bolsas.) 05) Pronomes Possessivos: Diante de pronomes possessivos, o uso do artigo é facultativo. Ex. Encontrei seus amigos no Shopping. Ensontrei os seus amigos no Shopping. 06) Nomes de pessoas: Diante de nome de pessoas, só se usa artigo, para indicar afetividade ou familiaridade. Ex. O Pedrinho mandou uma carta a Fernando Henrique Cardoso.

07) Casa: Só se usa artigo diante da palavra casa (lar, moradia), se a palavra estiver especificada. Ex. Saí de casa há pouco. Saí da casa do Gilberto há pouco. 08) Terra: "Se a palavra terra significar ""chão firme"", só haverá artigo, quando estiver especificada. Se significar planeta, usa-se com artigo." Ex. Os marinheiros voltaram de terra, pois irão à terra do comandante. Os astronautas voltaram da Terra. 09) Nomes de lugar: Só se usa artigo diante da maioria dos nomes de lugar, quando estiver qualificado. Ex. Estive em São Paulo, ou melhor, estive na São Paulo de Mário de Andrade. "Nota: Alguns nomes de lugar vêm acompanhados de artigo: a Bahia / o Rio de Janeiro / o Cairo; outros têm o uso do artigo facultativo. São eles: África, Ásia, Europa, Espanha, França, Holanda e Inglaterra." 10) Nomes de jornais, revistas...: Não se deve combinar com preposição o artigo que faz parte do nome de jornais, revistas, obras literárias. Ex. Li a notícia em O Estado de São Paulo.

Preposições Preposição é uma palavra invariável que liga dois elementos da oração, subordinando-os. Isso significa que a preposição é o termo que liga substantivo a substantivo, verbo a substantivo, substantivo a verbo, adjetivo a substantivo, advérbio a substantivo, etc. "Por exemplo, na frase Os alunos do colégio assistiram ao filme de Walter Salles comovidos, teremos como elementos da oração os alunos, o colégio, o verbo assistir, o filme, Walter Salles e a qualidade dos alunos comovidos. O restante é preposição. Observe: de liga alunos a colégio, a liga assistir a filme, de liga filme a Walter Salles. Portanto são preposições. O termo que antecede a preposição é denominado regente, e o termo que a sucede, regido. Portanto em ""Os alunos do colégio..."" teremos: os alunos = elemento regente; o colégio = elemento regido." Tipos de preposição Essenciais: a, ante, até, após, com, contra, de, desde, em, entre, para, por, perante, sem, sob, sobre, trás. As essenciais são as que só desempenham a função de preposição. Acidentais: afora, fora, exceto, salvo, malgrado, durante, mediante, segundo, menos. As acidentais são palavras de outras classes gramaticais que eventualmente são empregadas como preposições. São, também, invariáveis. Locução Prepositiva: São duas ou mais palavras, exercendo a função de uma preposição: acerca de, a fim de, apesar de, através de, de acordo com, em vez de, junto de, para com, à

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procura de, à busca de, à distância de, além de, antes de, depois de, à maneira de, junto de, junto a, a par de... As locuções prepositivas têm sempre como último componente uma preposição. Combinação: Junção de algumas preposições com outras palavras, quando não há alteração fonética. "Ex. ao (a + o); aonde (a + onde)" Contração: Junção de algumas preposições com outras palavras, quando a preposição sofre redução. "Ex. do (de + o); neste (em + este); à (a + a)" Obs: Não se deve contrair a preposição de com o artigo que inicia o sujeito de um verbo, nem com o pronome ele(s), ela(s), quando estes funcionarem como sujeito de um verbo. "Por exemplo a frase ""Isso não depende do professor querer"" está errada, pois professor funciona como sujeito do verbo querer." "Portanto a frase deve ser ""Isso não depende de o professor querer"" ou ""Isso não depende de ele querer""." Circunstâncias: As preposições podem indicar diversas circunstâncias: Lugar = Estivemos em São Paulo. Origem = Essas maçãs vieram da Argentina. Causa = Ele morreu, por cair de um andaime. Assunto = Conversamos bastante sobre você. Meio = Passeei de bicicleta ontem. Posse = Recebeu a herança do avô. Matéria = Comprei roupas de lã.

Advérbio "O advérbio é uma categoria gramatical invariável que modifica verbo, adjetivo ou outro advérbio, atribuindo-lhes uma circunstância de tempo, modo, lugar, afirmação, negação, dúvida ou intensidade. Por exemplo, a frase Ontem, ela não agiu muito bem. tem quatro advérbios: ontem, de tempo; não, de negação; muito, de intensidade; bem, de modo." "As circunstância podem também ser expressas por uma locução adverbial - duas ou mais palavras exercendo a função de um advérbio. Por exemplo, a frase Ele, às vezes, age às escondidas. Tem duas locuções adverbiais: às vezes, de tempo; às escondidas, de modo." Classificação dos Advérbios 01) Advérbios de Modo: Assim, bem, mal, acinte (de propósito, deliberadamente), adrede (de caso pensado, de propósito, para esse fim), debalde (inutilmente), depressa, devagar, melhor, pior, bondosamente, generosamente e muitos outros terminados em mente. Locuções Adverbiais de Modo: às pressas, às claras, às cegas, à toa, à vontade, às escondidas, aos poucos, desse jeito, desse modo, dessa maneira, em geral, frente a frente, lado a lado, a pé, de cor, em vão. 02) Advérbios de Lugar: abaixo, acima, adentro, adiante, afora, aí, além, algures (em algum lugar), alhures (em outro

lugar), nenhures (em nenhum lugar), ali, aquém, atrás, cá, dentro, embaixo, externamente, lá, longe, perto. Locuções Adverbiais de Lugar: a distância, à distância de, de longe, de perto, em cima, à direita, à esquerda, ao lado, em volta. 03) Advérbios de Tempo: afinal, agora, amanhã, amiúde (de vez em quando), ontem, breve, cedo, constantemente, depois, enfim, entrementes (enquanto isso), hoje, imediatamente, jamais, nunca, outrora, primeiramente, tarde, provisoriamente, sempre, sucessivamente, já. Locuções Adverbiais de Tempo: às vezes, à tarde, à noite, de manhã, de repente, de vez em quando, de quando em quando, a qualquer momento, de tempos em tempos, em breve, hoje em dia. 04) Advérbios de Negação: não, tampouco (também não). Locuções Adverbiais de Negação: de modo algum, de jeito nenhum, de forma nenhuma. 05) Advérbios de Dúvida: acaso, casualmente, porventura, possivelmente, provavelmente, talvez, quiçá. Locuções Adverbiais de Dúvida: por certo, quem sabe. 06) Advérbios de Intensidade: assaz (bastante, suficien-temente), bastante, demais, mais, menos, muito, quanto, quão, quase, tanto, pouco. Locuções Adverbiais de Intensidade: em excesso, de todo, de muito, por completo. 07) Advérbios de Afirmação: certamente, certo, decididamente, efetivamente, realmente, deveras (realmente), decerto, indubitavelmente. Locuções Adverbiais de Afirmação: sem dúvida, de fato, por certo, com certeza. 08) Advérbios Interrogativos: onde (lugar), quando (tempo), como (modo), por que (causa). Flexão do advérbio O advérbio pode flexionar-se nos graus comparativo e superlativo absoluto. Comparativo de Superioridade: O advérbio flexiona-se no grau comparativo de superioridade por meio de mais ... (do) que. Ex. Ele agiu mais generosamente que você. Comparativo de Igualdade: O advérbio flexiona-se no grau comparativo de igualdade por meio de tão ... como, tanto ... quanto. Ex. Ele agiu tão generosamente quanto você. Comparativo de Inferioridade: O advérbio flexiona-se no grau comparativo de inferioridade por meio de menos ... (do) que. Ex. Ele agiu menos generosamente que você. Superlativo Absoluto Sintético: O advérbio flexiona-se no grau superlativo absoluto sintético por meio dos sufixos -issimamente, -íssimo ou -inho. Ex. Ela agiu educadissimamente. Ele é muitíssimo educado. Acordo cedinho. Superlativo Absoluto Analítico: O advérbio flexiona-se no grau superlativo absoluto analítico por meio de um advérbio de intensidade como muito, pouco, demais, assaz, tão, tanto... Ex. Ela agiu muito educadamente. Acordo bastante cedo.

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Melhor e pior são formas irregulares do grau comparativo dos advérbios bem e mal; no entanto, junto a adjetivos ou particípios, usam-se as formas mais bem e mais mal. Ex. Estes alunos estão mais bem preparados que aqueles. Havendo dois ou mais advérbios terminados em -mente, numa mesma frase, somente se coloca o sufixo no último deles. Ex. Ele agiu rápida, porém acertadamente.

Palavras denotativas Série de palavras que se assemelham ao advérbio. A NGB considera-as apenas como palavras denotativas, não pertencendo a nenhuma das 10 classes gramaticais. Classificam-se em função da idéia que expressam: adição - ainda, além disso etc. (Comeu tudo e ainda queria mais) afastamento - embora (Foi embora daqui) afetividade - ainda bem, felizmente, infelizmente (Ainda bem que passei de ano) aproximação - quase, lá por, bem, uns, cerca de, por volta de etc. (É quase 1h a pé) designação - eis (Eis nosso carro novo) exclusão - apesar, somente, só, salvo, unicamente, exclusive, exceto, senão, sequer, apenas etc. (Todos saíram, menos ela / Não me descontou sequer um real) explicação - isto é, por exemplo, a saber etc. (Li vários livros, a saber, os clássicos) inclusão - até, ainda, além disso, também, inclusive etc. (Eu também vou / Falta tudo, até água) limitação - só, somente, unicamente, apenas etc. (Apenas um me respondeu / Só ele veio à festa) realce - é que, cá, lá, não, mas, é porque etc. (E você lá sabe essa questão?) retificação - aliás, isto é, ou melhor, ou antes etc. (Somos três, ou melhor, quatro) situação - então, mas, se, agora, afinal etc. (Afinal, quem perguntaria a ele?)

Interjeição Expressa estados emocionais do falante, variando de acordo com o contexto emocional. Podem expressar: alegria - ah!, oh!, oba! etc. advertência - cuidado!, atenção etc. afugentamento - fora!, rua!, passa!, xô! etc. alívio - ufa!, arre! animação - coragem!, avante!, eia! aplauso - bravo!, bis!, mais um! etc. chamamento - alô!, olá!, psit! etc. desejo - oxalá!, tomara! etc. dor - ai!, ui! etc. espanto - puxa!, oh!, chi!, ué! etc. impaciência - hum!, hem! etc. silêncio - silêncio!, psiu!, quieto! São locuções interjeitivas: puxa vida!, não diga!, que horror!, graças a Deus!, ora bolas!, cruz credo! etc.

Conjunção Palavra que liga orações basicamente, estabelecendo entre elas alguma relação (subordinação ou coordenação). As conjunções classificam-se em:

Coordenativas - ligam duas orações independentes (coordenadas), ou dois termos que exercem a mesma função sintática dentro da oração. Apresentam cinco tipos: aditivas (adição) - e, nem, mas também, como também, bem como, mas ainda etc. adversativas (adversidade, oposição) - mas, porém, todavia, contudo, antes (=pelo contrário), não obstante, apesar disso etc. alternativas (alternância, exclusão, escolha) - ou, ou ... ou, ora ... ora, quer ... quer etc. conclusivas (conclusão) - logo, portanto, pois (depois do verbo), por conseguinte, por isso etc. explicativas (justificação) - pois (antes do verbo), porque, que, porquanto etc. Subordinativas - ligam duas orações dependentes, subordinando uma à outra. Apresentam 10 tipos: causais - porque, visto que, já que, uma vez que, como, desde que etc. comparativas - como, (tal) qual, assim como, (tanto) quanto, (mais ou menos +) que etc. condicionais - se, caso, contanto que, desde que, salvo se, sem que (=se não), a menos que etc. consecutivas (conseqüência, resultado, efeito) - que (precedido de tal, tanto, tão etc. - indicadores de intensidade), de modo que, de maneira que, de sorte que, de maneira que, sem que etc. conformativas (conformidade, adequação) - conforme, segundo, consoante, como etc. concessiva - embora, conquanto, posto que, por muito que, se bem que, ainda que, mesmo que etc. temporais - quando, enquanto, logo que, desde que, assim que, mal (=logo que), até que etc. finais - a fim de que, para que, que etc. proporcionais - à medida que, à proporção que, ao passo que, quanto mais (+tanto menos) etc. integrantes - que, se As conjunções integrantes introduzem as orações subordinadas substantivas, enquanto as demais iniciam orações subordinadas adverbiais. Muitas vezes a função de interligar orações é desempenhada por locuções conjuntivas, advérbios ou pronomes. As conjunções serão mais bem estudadas junto com as orações.

Identificando Particularidades Adjetivo x Advérbio Embora os adjetivos e advérbios constituam classes gramaticais bastante distintas, freqüentemente se verifica certa confusão na construção e emprego de algumas palavras que se alternam na função de adjetivo e advérbio. Trata-se do problema da flexão dessas classes gramaticais: o adjetivo varia em gênero e número e o advérbio é invariável. A seguir indicamos a flexão e o emprego adequados de algumas palavras da Língua Portuguesa que se apresentam ora como advérbios ora como adjetivos: I. Bastantes/bastante Exemplos: 1. Os aniversariantes encomendaram bastantes salgadinhos para a festa. [Adjetivo] 2. Os salgadinhos estavam bastante frios. [Advérbio] Uma regra prática para empregar corretamente as palavras bastante/bastantes é tentar substituir esses termos pela palavra muito. Se a palavra muito flexionar em gênero e número, emprega-se bastantes , se a palavra muito não flexionar, emprega-se a palavra bastante .

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II. Longes/longe Exemplos: 1. Eles planejavam a conquista de terras longes e objetos antigos. [Adjetivo] 2. Eles foram longe em busca de objetos antigos. [Advérbio] III. Sós/só Exemplo: 1. Meus irmãos estavam sós naquela cidade desconhecida. [Adjetivo] 2. Eles só deixaram meus irmãos saírem apresentando passaporte. [Advérbio] Uma regra prática para empregar corretamente as palavras sós/só é tentar substituir esses termos pelas palavras sozinho e apenas, respectivamente. Onde couber a palavra sozinho, emprega-se só flexionado; onde couber a palavra apenas, emprega-se só (sem flexão = advérbio). IV. Meio/meia Exemplos: 1. Nós pedimos apenas meia garrafa de vinho. [Adjetivo] 2. Ela parecia meio brava hoje. [Advérbio] V. Alerta Exemplo: 1. Os pais estavam alerta para a situação do filho doente. [Advérbio] Observe que a palavra alerta só possui uma forma não flexionada. Isso se dá porque a palavra alerta é sempre advérbio. Uso dos Adjetivos diante de Particípio Não devemos utilizar os adjetivos em suas formas comparativa e superlativa sintética (“melhor”, por exemplo) diante de verbos no particípio. Os gramáticos recomendam que, nestes casos, o uso dos adjetivos nas formas comparativa e superlativa analítica (“mais bem”, por exemplo). Exemplo: 1. A professora é melhor informada do que imaginei. [Inadequado] A professora é mais bem informada do que imaginei. [Adequado] A formação do grau e os adjetivos e advérbios anôma los Uma das propriedades dos advérbios é a formação do grau a partir de um processo de derivação que consiste no acréscimo de sufixos ao radical da palavra (advérbio) ou, ainda, no acréscimo de um advérbio de intensidade (mais, tão... como, menos). Em geral, estão sujeitos a esse tipo de comportamento os advérbios de modo, expressando, assim, uma intensidade maior ou menor em relação a outro(s) ser(es) (grau comparativo) ou uma intensidade maior ou menor em relação à totalidade dos seres (grau superlativo). Cada um dos graus possui as formas absoluta – quando não existe outro elemento em referência - e relativa – quando se estabelece uma comparação entre os seres. Por sua vez, cada uma das formas indicativas dos graus pode ser representada sob as formas sintética – quando o grau é expressado através de sufixos -, e analítica – quando ao adjetivo/advérbio é acrescentada uma palavra intensificadora. Em geral, todos os adjetivos e advérbios se apresentam, na forma comparativa relativa, através da estrutura: · mais + ADJETIVO/ADVÉRBIO + (do) que (comparativo de superioridade); · tão + ADJETIVO/ADVÉRBIO + como (ou quanto ) (comparativo de igualdade); · menos + ADJETIVO/ADVÉRBIO + (do) que (comparativo de inferioridade). Já os adjetivos e advérbios que se apresentam na forma superlativa relativa, o fazem segundo a seguinte estrutura: · mais + ADJETIVO/ADVÉRBIO + de (superlativo de superioridade);

· menos + ADJETIVO/ADVÉRBIO + de (superlativo de inferioridade). Alguns adjetivos e advérbios, porém, possuem formas especiais quando apresentados nas formas dos graus comparativo sintético e superlativo sintético. São eles: bom/bem, mau/mal, grande e pequeno, para cuja apresentação, assumem as seguintes formas: Adjetivo: Bom, mau, grande e pequeno; Advérbio: Bem e mal; Comparativo/Superlativo Sintético: melhor, pior, maior, menor Essas formas especiais do comparativo e superlativo sintético são obrigatórias , especialmente porque é assumido em uma única palavra a idéia de intensidade do adjetivo e advérbio: Exemplos: Adjetivo 1. Ele é mais bom como vendedor do que como dentista. [Inadequado] Ele é melhor como vendedor do que como dentista. Adequado] Advérbio 1. É mais bem andar do que correr. [Inadequado] É melhor andar do que correr. [Adequado] Em geral, esses advérbios na forma sintética aparecem intensificados pelo acréscimo de outro advérbio de intensidade (muito, bem, bastante e etc.). Exemplos: 1. Eu considerei bem melhor viajar à noite do que durante o dia. 2. Foi muito pior viajar durante o dia! Locução prepositiva x Locução adverbial Não raro, confunde-se locução prepositiva e locução adverbial, devido à utilização de palavras idênticas na formação da expressão. Uma locução prepositiva exerce a função de preposição, ao passo que uma locução adverbial exerce a função de advérbio. Uma regra prática para determinar essa distinção em nível formal é procurar pelo último elemento da locução. Se o último termo for uma preposição, trata-se de uma locução prepositiva; se esse último termo for um advérbio, estamos diante de uma locução adverbial. Exemplos: 1. Ele disse que entraria em contato dentro de poucos minutos. [locução prepositiva] ...[dentro: advérbio] ...[de: preposição] 2. O aspecto da casa era outro por dentro. [locução adverbial] ...[por: preposição] ...[dentro: advérbio] Os determinantes e o núcleo composto Os termos determinantes da oração (artigos, adjetivos, numerais e pronomes) sempre acompanham o nome, em geral, um substantivo. Em cada expressão em que ocorra a união entre o determinante e o substantivo, é obrigatória a concordância em gênero e número entre eles. Dessa forma, se a expressão contém mais de um elemento (núcleo composto) é importante verificar a concordância. Há duas maneiras de se realizar a concordância entre um núcleo composto e os determinantes: concordância com o substantivo mais próximo , e concordância com o gênero e número comum . Para isso é preciso observar a posição ocupada pelo determinante, ou seja: · determinante antes do núcleo composto · determinante depois do núcleo composto - Determinante antes do núcleo composto

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A posição dos determinantes é muito importante para se determinar o gênero e o número que eles devem assumir na oração. Como os determinantes sempre acompanham um nome, em geral um substantivo, a concordância entre os dois elementos é obrigatória . A concordância se dará de acordo com o gênero e o número do substantivo mais próximo se: · determinante estiver ligado a um núcleo composto (mais de um elemento) · determinante estiver antes do núcleo composto Exemplos: 1. Algum atletas e treinadores se retiraram da competição. [Inadequado] Alguns atletas e treinadores se retiraram da competição. [Adequado] 2. Fantásticos fogueira e balões serão premiados na festa. [Inadequado] Fantástica fogueira e balões serão premiados na festa. [Adequado] Dentre os determinantes, o artigo é a única classe gramatical que ocupa sempre posição anterior ao substantivo (ex: a casa ao invés de casa a; um sofá ao invés de sofá um ). Entre o artigo e o substantivo podese incluir outras palavras, em geral um adjetivo. Mesmo distante, a concordância entre o artigo e o substantivo deve ser realizada. É aconselhável, ainda, a repetição do determinante para cada um dos elementos do núcleo composto quando eles forem de gênero ou número diferentes (ex.: um caderno e umas canetas ao invés de uns caderno e canetas). - Determinante depois do núcleo composto A posição dos determinantes é muito importante para se determinar o gênero e o número que eles devem assumir na oração. Como os determinantes sempre acompanham um nome, em geral um substantivo, a concordância entre os dois elementos é obrigatória . Se o determinante estiver ligado a um núcleo composto (mais de um elemento) e vier depois desse núcleo, há duas maneiras de se realizar a concordância: 1. Com o substantivo mais próximo: Exemplos: 1. As esperanças e o carinho minhas serão dedicadas aos pobres. [Inadequado] As esperanças e o carinho meu serão dedicadas aos pobres. [Adequado] 2. Os pôsteres e a revista masculinas foram vendidos. [Inadequado] Os pôsteres e a revista masculina foram vendidos. [Adequado] 2. Com o gênero e número comum: Exemplos: 1. As esperanças e o carinho minhas serão dedicadas aos pobres. [Inadequado] As esperanças e o carinho meus serão dedicadas aos pobres. [Adequado] 2. Os pôsteres e a revista masculinas foram vendidos. [Inadequado] Os pôsteres e a revista masculinos foram vendidos. [Adequado] Observe, portanto, que quando a concordância se dá pelo gênero e número comum , o número será sempre plural . O gênero, por sua vez, vai ser determinado pelos substantivos que compõem o núcleo. O determinante só será feminino plural se os substantivos do núcleo composto também forem femininos; do contrário, o gênero do determinante ligado a um núcleo composto será masculino (ex.: fábrica e escritório fechados ; luz e lanterna acesas). É aconselhável a repetição do determinante para cada um dos elementos do núcleo composto quando eles forem de gênero

ou número diferentes (ex.: o velho perdido e as crianças [também] perdidas ao invés de o velho e as crianças perdidos ). Uso dos Pronomes Os pronomes pessoais do caso reto “eu” e “tu” não podem exercer a função de complemento das preposições do português. Neste caso, devem ser usadas as formas pessoais oblíquas tônicas “mim” e “ti”. Exemplo: 1. Entre eu e ti existe apenas amizade. [Inadequado] Entre mim e ti existe apenas amizade. [Adequado] O pronome pessoal “eu” não deve ser empregado depois da preposição “para”, exceto quando seguido de verbo no infinitivo, ou seja, quando sujeito da oração subordinada adverbial final. Exemplo: 1. Disseram para mim escrever uma carta. [Inadequado] Disseram para eu escrever uma carta. [Adequado] O pronome pessoal do caso reto não pode funcionar como sujeito da oração subordinada substantiva reduzida de infinitivo. Neste caso, são usados os pronomes átonos do caso oblíquo (“me”, “te”, “o”, etc.). Exemplo: 1. Deixa eu sair. [Inadequado] Deixa-me sair. [Adequado] Os pronomes reflexivos e os pronomes recíprocos devem concordar com a pessoa a que se referem. Exemplos: 1. Ele vestiu-se rapidamente, pois estava atrasado. 2. Eu me feri com uma faca. 3. Carlos e eu nos abraçamos. 4. José e Antônio não se cumprimentam. O pronome indefinido “ambos” já contém a idéia de “dois”, sendo dispensável o numeral. Exemplo: 1. Ambos os dois partiram ontem. [Inadequado] Ambos partiram ontem. [Adequado] O pronome indefinido “cada” repele a forma “um”, por isso, utilize apenas os numerais correspondentes a mais de uma unidade: Exemplo: 1. O relógio soava a cada uma hora. [Inadequado] O relógio soava a cada hora. [Adequado] O relógio soava a cada duas horas. [Adequado] O pronome indefinido “cada” não pode ser utilizado como determinante de formas do plural, a menos que venha modificando o numeral. Exemplo: 1. A cada férias tudo se repetia. [Inadequado] Em todas as férias , tudo se repetia. [Adequado] A cada duas férias tudo se repetia. [Adequado] Uso de Onde como Pronome Relativo A palavra onde , como pronome relativo, somente pode ser utilizada para substituir um substantivo que exprima a idéia de lugar. Para a substituição de outros substantivos, utilize as formas “em que”, “na qual” ou “no qual” em vez de “onde”. Exemplos: 1. Na rua onde ele mora não há muito movimento. [Adequado] 2. Na oração onde o fiel pedia perdão a Deus não havia sinceridade. [Inadequado] Na oração em que o fiel pedia perdão a Deus não havia sinceridade. [Adequado] Substantivo de gênero vascilante Na língua portuguesa, alguns substantivos são palavras variáveis. Eles podem variar em gênero (masculino ou feminino) e número (singular ou plural).

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Alguns substantivos, porém, têm gênero fixo . Nesse caso, eles são reconhecidos somente por esse gênero que está fixado, isto é, não há formas especiais para a apresentação do gênero oposto. Por conseqüência, os determinantes que se relacionam com esse substantivo devem respeitar o gênero do substantivo. A fixação de um gênero e não outro para esse substantivo é apenas um capricho da língua, mas torna-se problema de linguagem o emprego inadequado de suas formas. Exemplos: 1. Vamos pedir uma champanhe para comemorar a vitória? [Inadequado] Vamos pedir um champanhe para comemorar a vitória? [Adequado] 2. Elas participavam de uma clã muito fechada. [Inadequado] Elas participavam de um clã muito fechado. [Adequado] A seguir, os substantivos de gênero fixo mais freqüentemente utilizados na nossa língua e os seus gêneros: Masculino: o agravante; o soprano e o diabetes; Feminino: a usucapião; a sentinela e a omoplata. Modo subjuntivo Subjuntivo é o modo verbal que expressa uma ação incerta , inacabada, uma ação que está para se realizar e, ainda, um fato imaginado . Nesse sentido, o subjuntivo opõe-se completamente ao indicativo que é o modo da certeza, do fato real. Outra característica desse modo verbal advém da sua extrema dependência com outro verbo. Assim, o modo subjuntivo está sempre presente nos verbos de orações subordinadas. A utilização do modo subjuntivo está ligada ao sentido que se pretende dar à ação verbal. Em geral, verificamos a sua presença em verbos que exprimem: · dúvida (ex.: Talvez você possa me esclarecer isso.) · hipótese/condição (ex.: Se todos chegassem mais cedo, faríamos a reunião) · ordem/pedido (ex.: Pediria a todos que se dirigissem à recepção.) · desejo (ex.: Espero que confiem na minha palavra.) É importante que se conheçam as conjugações dos verbos no modo subjuntivo, pois o emprego adequado dessas formas implica a construção correta da concordância verbal. Além disso, outras particularidades desse modo verbal podem ser verificadas: · O subjuntivo e as orações subordinadas · O subjuntivo e os verbos modais Verbos com pronome “se” Certos verbos da Língua Portuguesa expressam, na sua forma infinitiva, a idéia de ação reflexiva. Para indicar que o objeto da ação é a mesma pessoa que o sujeito que a pratica, é obrigatória a concordância em pessoa entre o pronome reflexivo e a pessoa à qual se refere. O pronome “se” torna-se, portanto, parte integrante dos verbos reflexivos. São esses os verbos indicativos de sentimentos ou mudança de estado, tais como preocupar-se, queixar-se, indignar-se, admirar-se, comportarse, congelar-se, derreter-se e etc. Os pronomes reflexivos (me, te, se, nos e etc.) possuem uma forma especial para cada pessoa verbal, com exceção da terceira pessoa , que possui uma única forma tanto para o singular quanto para o plural: se, si e consigo. Exemplos: 1. Nós se atrevemos a ler seus manuscritos. [Inadequado] Nós nos atrevemos a ler seus manuscritos. [Adequado] 2. Eu teimava em suicidar-se em tempo breve. [Inadequado] Eu teimava em suicidar-me em tempo breve. [Adequado]

SINTAXE

Análise sintática é uma técnica empregada no estudo da estrutura sintática de uma língua. Ela é útil quando se pretende: 1. descrever as estruturas sintáticas possíveis ou aceitáveis da língua; ou 2. decompor o texto em unidades sintáticas a fim de compreender a maneira pela qual os elementos sintáticos são organizados na sentença. A compreensão dos vários mecanismos inerentes em uma língua é facilitada pelo procedimento analítico, através do qual buscam-se nas unidades menores (por exemplo, a sentença) as razões para certos fenômenos detectados nas unidades maiores (por exemplo, o texto). Dessa forma, a Gramática Normativa (aquela que prescreve as normas da língua culta) sempre se ocupou em decompor algumas unidades estruturais da língua para tornar didática a compreensão de certos fenômenos. No âmbito da fonologia , tem-se a análise fonológica, em que a estrutura sonora das palavras é decomposta em unidades mínimas do som (os fonemas); em morfologia , tem-se a análise morfológica, da qual se depreendem das palavras as suas unidades mínimas dotadas de significado (os morfemas). A análise sintática ocupa um lugar de destaque em muitas gramáticas da língua portuguesa, porque grande parte das normas do bem dizer e do bem escrever recaem sobre a estrutura sintática, isto é, sobre a organização das palavras na sentença. Para compreender o uso dos pronomes relativos, a colocação pronominal, as várias relações de concordância, por exemplo, é importante, antes, promover uma análise adequada da sintaxe apresentada pela sentença em questão. Nenhuma regra de conduta da língua culta tem sentido sem uma análise sintática da sentença que se estuda. Por isso, antes que se aplique qualquer norma gramatical é preciso compreender de que forma os elementos sintáticos estão dispostos naquela sentença especial. Isso se dá porque os elementos sintáticos também não são fixos na língua. Por exemplo: uma palavra pode funcionar como sujeito em uma sentença e, em outra, funcionar como agente da passiva. Somente a análise sintática poderá determinar esse comportamento específico das palavras no contexto da sentença. Sendo a análise sintática uma aplicação estritamente voltada para a sentença, parte-se dessa unidade maior para alcançar os seus constituintes - os sintagmas – que, por sua vez, são rotulados através das categorias sintáticas. Como se vê, é um exercício de decomposição da sentença. Vejamos um exemplo de análise sintática: 1. Teu pai quer que você estuda antes de brincar. ...[há três orações] ...[1ª oração: teu pai quer = oração principal] • ...[na 1ª oração: sintagma nominal = teu pai; sintagma verbal = quer] ...[sintagma verbal da 1ª oração: formado por um verbo modal] ...[2ª oração: que você estuda = oração subordinada objetiva direta] ...[na 2ª oração: sintagma nominal = você; sintagma verbal = estuda] ...[2ª oração: introduzida pelo pronome relativo que] ...[3ª oração: antes de brincar = oração subordinada adverbial reduzida de infinitivo] ...[sintagma adverbial: locução adverbial de tempo: antes de] ...[sintagma verbal: brincar] Através da análise que desenvolvemos pudemos depreender as várias unidades menores do período, isto é, as três orações (ou sentenças), e, além disso, identificamos as

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funções dos elementos sintáticos presentes em cada oração (tipo de verbo, qualidade do pronome, tipos de sintagmas, tipo de advérbio). A partir desses resultados é possível verificar um problema de concordância verbal existente na segunda oração. Trata-se da norma gramatical que nos informa o seguinte: “se houver uma oração subordinada objetiva direta introduzida pelo pronome que e, se essa oração complementa um verbo modal, então o verbo dessa oração subordinada deve estar no modo subjuntivo”. Pela análise sintática vemos que esse é o caso do nosso período. Assim, conseguimos compreender a necessidade de alteração da forma verbal, derivando a sentença abaixo. 1. Teu pai quer que você estude antes de brincar. Para promovermos essa análise, enfim, foi exigido que conhecêssemos alguns elementos fundamentais da sintaxe: o período; a frase; a oração e os termos das orações. A análise sintática, assim como as outras referentes à língua, é um exercício muito próximo da matemática, pois envolve um raciocínio lógico do tipo: “se você encontrar tal elemento, então admita que esse elemento é um objeto tal”. Promover esse tipo de raciocínio no estudo das sentenças é desenvolver uma análise formal , porque as categorias sintáticas são formas que não dependem do conteúdo que expressam. Em outros níveis de análise - a análise semântica, a análise discursiva e análise estilística - esse tipo de raciocínio lógico é bastante complicado, porque envolve elementos cuja representação e estrutura não são fixas. Em todo caso, grande parte das correções gramaticais se aplica ao nível de adequação sintática do texto, por isso a chamada revisão gramatical. Frase Frase é a menor unidade da comunicação lingüística. Tem como características básicas: 1. a apresentação de um sentido ou significado completo 2. ser acompanhada por uma entonação Durante o uso cotidiano da língua, os falantes costumam produzir seus textos articulando enunciados. Esses enunciados, quando transmitem uma idéia acabada, isto é, um sentido comunicativo completo , se constituem na chamada frase . Não há um padrão definido de frase; contudo, podemos identificá-la em três tipos distintos de construção: a. quando se compõe de apenas uma palavra. Exemplos : 1. Perigo! 2. Coragem! b. quando se compõe de mais de uma palavra, dentre as quais não se verifica a presença de verbo. Exemplos : 1. Que tempestade! 2. Quanta ingenuidade! c. quando se compõe de mais de uma palavra, dentre as quais, um verbo ou locução verbal. Exemplos : 1. Infelizmente, precisamos seguir viagem! [presença de verbo] 2. A concorrência deve determinar a redução dos nossos preços. [presença de locução verbal] A identificação de uma frase na situação de comunicação também se deve ao fato de que ela é um produto da entonação , ou seja, da melodia produzida na língua oral. Dessa forma, quando um falante constrói uma frase, ela só se realiza se houver marcas melódicas de início e fim do enunciado. Em geral, na fala essas pausas são expressadas através do silêncio; já no registro escrito as marcas de início

são as iniciais maiúsculas das palavras e as marcas finais, os sinais de pontuação. Exemplos : 1. Jonas! 2. Que vexame! 3. Acordei hoje com fortes dores de cabeça. Observe-se que nos exemplos (1) e (2) os segmentos não apresentam verbos. No entanto, dada a entonação frasal, podemos extrair dessas construções um sentido comunicativo completo. O contexto da comunicação e a melodia empregada pelos falantes na produção do exemplo (1) são fundamentais para distingui-lo de uma simples palavra sem função comunicativa. Basta imaginarmos para isso um contexto em que alguém está chamando por uma pessoa cujo nome é “Jonas”. Nesse caso, a frase (1) poderia expressar alguma coisa como “Ei, Jonas, estou lhe chamando.” Oração Oração é um segmento lingüístico caracterizado basicamente: 1. pela presença obrigatória do verbo (ou locução verbal), e 2. pela propriedade de se tornar, ela mesma, um objeto de análise sintática A maioria dos gramáticos da língua portuguesa costuma atribuir à oração uma qualidade discursiva bastante particular que é a de expressar um conteúdo informativo na forma de uma construção dotada de verbo. Independentemente de essa construção expressar um sentido acabado no discurso oral ou escrito, o verbo torna-se fundamental para caracterizar a oração; por isso, a determinação de que o verbo é o núcleo de uma oração. Vejamos alguns exemplos: 1. Gabriel toca sanfona maravilhosamente. ...[toca: verbo] ...[enunciado em forma de oração com sentido acabado] 2. portanto, traz felicidade. ...[traz: verbo] ...[enunciado em forma de oração sem sentido acabado] Nesses dois exemplos observamos ora a expressão de um conteúdo comunicativo completo ora a ausência desse enunciado significativo. No entanto, em nenhum dos casos podemos notar a falta do verbo. As orações são, além disso, construções que, por contarem com um esquema discursivo definido, podem ser analisadas sintaticamente. Isto é, existindo oração pressupõe-se também a existência de uma organização interna entre os seus elementos constituintes – os termos da oração – que se reúnem em torno do verbo. A esse tipo de exercício chamamos análise sintática , da qual a gramática da língua costuma abstrair as diversas classificações das orações. Para os fins de análise ou, mais modernamente, no uso comum dos termos, costuma-se empregar equivocadamente a palavra sentença em lugar de oração e também de frase. Trata-se de uma tradução imperfeita da noção inglesa de período: no inglês o termo phrase refere-se em português a sintagma ; o termo clause, a “oração”, e sentence, a “período”. Período Período é a unidade lingüística composta por uma ou mais orações. Tem como características básicas: 1. a apresentação de um sentido ou significado completo 2. encerrar-se por meio de certos símbolos de pontuação. Uma das propriedades da língua é expressar enunciados articulados. Essa articulação é evidenciada internamente pela verificação de uma qualidade comunicativa das informações contidas no período. Isto é, um período é bem articulado quando revela informações de sentido completo , uma idéia acabada. Esse atributo pode ser exibido em termos de um período constituído por uma única oração - período simples

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– ou constituído por mais de uma oração – período composto . Exemplos: 1. Sabrina tinha medo do brinquedo. ...[período simples] 2. Sabrina tinha medo do brinquedo, apesar de levá-lo consigo todo o tempo. ...[período composto] Não há uma forma definida para a constituição de períodos, pois se trata de uma liberdade do falante de elaborar seu discurso da maneira como quiser ou como julgar ser compreendido na situação discursiva. Porém a língua falada, mais freqüentemente, organiza-se em períodos simples, ao passo que a língua escrita costuma apresentar maior elaboração sintática, o que faz notarmos a presença maior de períodos compostos. Um dos aspectos mais notáveis dessa complexidade sintática nos períodos compostos é o uso dos vários recursos de coesão . Isso pode ser visualizado no exercício de transformação de alguns períodos simples em período composto fazendo uso dos chamados conectivos (elementos lingüísticos que marcam a coesão textual). Exemplo: 1. Eu tenho um gatinho muito preguiçoso. Todo dia ele procura a minha cama para dormir. Minha mãe não gosta do meu gatinho. Então, eu o escondo para a minha mãe não ver que ele está dormindo comigo. 2. Eu tenho um gatinho muito preguiçoso, que todo dia procura a minha cama para dormir. Como a minha mãe não gosta dele, eu o escondo e, assim, ela não vê que o gatinho está dormindo comigo. Notem que no exemplo (1) temos um parágrafo formado por quatro períodos. Já no exemplo (2) o parágrafo está organizado em apenas dois períodos. Isso é possível articulando as informações por meio de alguns conectivos (que, como, assim) e eliminando os elementos redundantes (o gatinho, minha mãe = ele, ela). Finalmente, os períodos são definidos materialmente no registro escrito por meio de uma marca da pontuação , das quais se excluem a vírgula e o ponto-e-vírgula. O recurso da pontuação é uma forma de reproduzir na escrita uma longa pausa percebida na língua falada. Termos da oração: tipos Os termos da oração da língua portuguesa são classificados em três grandes níveis: Termos essencias da oração: · sujeito · predicado Termos integrantes da oração: · complemento nominal · complementos verbais: o objeto direto o objeto indireto o predicativo do objeto o agente da passiva Termos acessórios da oração: · adjunto adnominal · adjunto adverbial · aposto · vocativo Sujeito Sujeito é um dos temos essenciais da oração. Tem por características básicas: estabelecer concordância com o núcleo do sintagma verbal apresentar-se como elemento determinante em relação ao predicado constituir-se de um substantivo, ou pronome substantivo ou, ainda, qualquer palavra substantivada O sujeito só é considerado no âmbito da análise sintática, isto é, somente na organização da sentença é que uma palavra (ou um conjunto de palavras)

pode constituir aquilo que chamamos sujeito . Nesse sentido, é equivocado dizer que o sujeito é aquele que pratica uma ação ou é aquele (ou aquilo) do qual se diz alguma coisa. Ao fazer tal afirmação estamos considerando o aspecto semântico do sujeito (agente de uma ação) ou o seu aspecto estilístico (o tópico da sentença). Já que o sujeito é depreendido de uma análise sintática, vamos restringir a definição apenas ao seu papel sintático na sentença: aquele que estabelece concordância com o núcleo do predicado. Quando se trata de predicado verbal, o núcleo é sempre um verbo; sendo um predicado nominal, o núcleo é sempre um nome. Exemplos: 1. A padaria está fechada hoje. ...[está fechada hoje: predicado nominal] ...[fechada: nome adjetivo = núcleo do predicado] ...[fechada: nome feminino singular] ...[a padaria: sujeito] ...[núcleo do sujeito: nome feminino singular] 2. Nós mentimos sobre nossa idade para você. ...[mentimos sobre nossa idade para você: predicado verbal] ...[mentimos: verbo = núcleo do predicado] ...[mentimos: primeira pessoa do plural] ...[nós: sujeito] ...[sujeito: primeira pessoa do plural] A relação de concordância é, por excelência, uma relação de dependência, na qual dois (ou mais) elementos se harmonizam. Um desses elementos é chamado determinado (ou principal) e o outro, determinante (subordinado). No interior de uma sentença, o sujeito é o termo determinante, ao passo que o predicado é o termo determinado. Essa posição de determinante do sujeito em relação ao predicado adquire sentido com o fato de ser possível, na língua portuguesa, uma sentença sem sujeito , mas nunca uma sentença sem predicado. Exemplos: 1. As formigas invadiram minha casa. ...[as formigas: sujeito = termo determinante] ...[invadiram minha casa: predicado = termo determinado] 2. Há formigas na minha casa. ...[há formigas na minha casa: predicado = termo determinado] ...[sujeito: inexistente] O sujeito sempre se manifesta em termos de sintagma nominal , isto é, seu núcleo é sempre um nome. Quando esse nome se refere a objetos das primeira e segunda pessoas, o sujeito é representado por um pronome pessoal do caso reto (eu, tu, ele, etc.). Se o sujeito se refere a um objeto da terceira pessoa, sua representação pode ser feita através de um substantivo, de um pronome substantivo ou de qualquer conjunto de palavras, cujo núcleo funcione, na sentença, como um substantivo. Exemplos: 1. Eu acompanho você até o guichê. ...[eu: sujeito = pronome pessoal de primeira pessoa] 2. Vocês disseram alguma coisa? ...[vocês: sujeito = pronome pessoal de segunda pessoa] 3. Marcos tem um fã-clube no seu bairro. ...[Marcos: sujeito = substantivo próprio] 4. Ninguém entra na sala agora. ...[ninguém: sujeito = pronome substantivo] 5. O andar deve ser uma atividade diária. ...[o andar: sujeito = núcleo: verbo substantivado nessa oração] Além dessas formas, o sujeito também pode se constituir de uma oração inteira. Nesse caso, a oração recebe o nome de oração substantiva subjetiva: 1. É difícil optar por esse ou aquele doce...

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...[É difícil: oração principal]

...[optar por esse ou aquele doce: oração subjetiva = sujeito oracional] Predicado Predicado é um dos termos essenciais da oração. Tem por características básicas: - Apresentar-se como elemento determinado em relação ao sujeito; - Apontar um atributo ou acrescentar nova informação ao sujeito. Assim como o sujeito, o predicado é um segmento extraído da estrutura interna das orações ou das frases, sendo, por isso, fruto de uma análise sintática. Isso implica dizer que a noção de predicado só é importante para a caracterização das palavras em termos sintáticos. Nesse sentido, o predicado é sintaticamente o segmento lingüístico que estabelece concordância com outro termo essencial da oração – o sujeito -, sendo este o termo determinante (ou subordinado) e o predicado o termo determinado (ou principal). Não se trata, portanto, de definir o predicado como “aquilo que se diz do sujeito” como fazem certas gramáticas da língua portuguesa, mas sim estabelecer a importância do fenômeno da concordância entre esses dois termos essenciais da oração. Exemplos: 1. Carolina conhece os índios da Amazônia. ...[sujeito: Carolina = termo determinante] ...[predicado: conhece os índios da Amazônia = termo determinado] ...[Carolina: 3ª pessoa do singular = conhece: 3ª pessoa do singular] 2. Todos nós fazemos parte da quadrilha de São João. ...[sujeito: todos nós = termo determinante] ...[predicado: fazemos parte da quadrilha de São João = termo determinado] ...[Todos nós: 1ª pessoa do plural = fazemos parte: 1ª pessoa do plural] Nesses exemplos podemos observar que a concordância é estabelecida entre algumas poucas palavras dos dois termos essenciais. Na frase (1), entre “Carolina” e “conhece”; na frase (2), entre “nós” e “fazemos”. Isso se dá porque a concordância é centrada nas palavras que são núcleos, isto é, que são responsáveis pela principal informação naquele segmento. No predicado o núcleo pode ser de dois tipos: um nome, quase sempre um atributo que se refere ao sujeito da oração, ou um verbo (ou locução verbal). No primeiro caso, temos um predicado nominal e no segundo um predicado verbal. Quando, num mesmo segmento o nome e o verbo são de igual importância, ambos constituem o núcleo do predicado e resultam no tipo de predicado verbonominal. Exemplos: 1. Minha empregada é desastrada . ...[predicado: é desastrada] ...[núcleo do predicado: desastrada = atributo do sujeito] ...[tipo de predicado: nominal ] 2. A empreiteira demoliu nosso antigo prédio. ...[predicado: demoliu nosso antigo prédio] ...[núcleo do predicado: demoliu = nova informação sobre o sujeito] ...[tipo de predicado: verbal ] 3. Os manifestantes desciam a rua desesperados . ...[predicado: desciam a rua desesperados] ...[núcleos do predicado: 1. desciam = nova informação sobre o sujeito; 2. desesperados = atributo do sujeito] ...[tipo de predicado: verbo-nominal ] Nos predicados verbais e verbo-nominais o verbo é responsável também por definir os tipos de elementos que aparecerão no segmento. Em alguns casos o verbo sozinho basta para compor o predicado (verbo intransitivo). Em outros

casos é necessário um complemento que, juntamente com o verbo , constituem a nova informação sobre o sujeito. De qualquer forma, esses complementos do verbo não interferem na tipologia do predicado. São elementos que constituem os chamados termos integrantes da oração. Complemento Nominal Dá-se o nome de complemento nominal ao termo que complementa o sentido de um nome ou um advérbio, conferindo-lhe uma significação completa ou, ao menos, mais específica. Como o complemento nominal vem integrar-se ao nome em busca de uma significação extensa para nome ao qual se liga, ele compõe os chamados termos integrantes da oração. São duas as principais características do complemento nominal: - Sempre seguem um nome, em geral abstrato; - Ligam-se ao nome por meio de preposição, sempre obrigatória . Os complementos nominais podem ser formados por substantivo, pronome, numeral ou oração subordinada completiva nominal. Exemplos: 1. Meus filhos têm loucura por futebol. ...[substantivo] 2. O sonho dele era saltar de pára-quedas. ...[pronome] 3. A vitória de um é a conquista de todos. ...[numeral] 4. O medo de que lhe furtassem as jóias a mantinha afastada daqui. ...[oração subordinada completiva nominal] Em geral os nomes que exigem complementos nominais possuem formas correspondentes a verbos transitivos, pois ambos completam o sentido de outro termo. São exemplos dessa correlação: - obedecer aos pais obediência aos pais; - chegar em casa chegada em casa; - entregar a revista à amiga entrega da revista à amiga; - protestar contra a opressão protesto contra a opressão. Objeto Direto Do ponto de vista da sintaxe, objeto direto é o termo que completa o sentido de um verbo transitivo direto, por isso, é complemento verbal, na grande maioria dos casos, não preposicionado. Do ponto de vista da semântica, o objeto direto é: - o resultado da ação verbal, ou - o ser ao qual se dirige a ação verbal, ou - o conteúdo da ação verbal. O objeto direto pode ser formado por um substantivo, pronome substantivo, ou mesmo qualquer palavra substantivada. Além disso, o objeto direto pode ser constituído por uma oração inteira que complemente o verbo transitivo direto da oração dita principal. Nesse caso, a oração recebe o nome de oração subordinada substantiva objetiva direta. Exemplos: 1. O amor de Mariana transformava a minha vida. ...[transformava: verbo transitivo direto] ...[a minha vida: objeto direto] ...[núcleo: vida = substantivo] 2. Conserve isto na tua memória: vou partir em breve. ...[conserve: verbo transitivo direto] ...[isso: objeto direto = pronome substantivo] 3. Não prometa mais do que possa cumprir depois. ...[prometa: verbo transitivo direto] ...[mais do que possa cumprir depois: oração subordinada substantiva objetiva direta] Os objetos diretos são constituídos por nomes como núcleos do segmento. A noção de núcleo torna-se importante porque,

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num processo de substituição de um nome por um pronome deve-se procurar por um pronome de igual função gramatical do núcleo. No exemplo (1) acima verificamos um conjunto de palavras formando o objeto direto (a minha vida), dentre as quais apenas uma é núcleo (vida = substantivo). Podemos transformar esse núcleo substantivo em objeto direto formado por pronome oblíquo, que é um tipo de pronome substantivo. Além disso, nesse processo de substituição, devemos ter claro que o pronome ocupará o lugar de todo o objeto direto e não só do núcleo do objeto. Vejamos um exemplo dessa representação: O amor de Mariana transformava a minha vida. O amor de Mariana a transformava. Os pronomes oblíquos átonos (me, te, o, a, se, etc.) funcionam sintaticamente como objetos diretos. Isso implica dizer que somente podem figurar nessa função de objeto e não na função de sujeito, por exemplo. Porém algumas vezes os pronomes pessoais retos (eu, tu, ele, etc.) ou pronome oblíquo tônico (mim, ti, ele, etc.) são chamados a constituir o núcleo dos objetos diretos. Nesse caso, o uso da preposição se torna obrigatório e, por conseqüência, tem-se um objeto direto especial: objeto direto preposicionado. Exemplos: 1. Ame ele que é teu irmão. [Inadequado] Ame-o que é teu irmão. [Adequado] 2. Você chamou eu ao teu encontro? [Inadequado] Você me chamou ao teu encontro? [Adequado] ...[me: pronome oblíquo átono = sem preposição] Você chamou a mim ao teu encontro? [Adequado] ...[a mim: pronome oblíquo tônico = com preposição] Objeto Indireto Do ponto de vista da sintaxe, objeto indireto é o termo que completa o sentido de um verbo transitivo indireto e vem sempre acompanhado de preposição. Do ponto de vista da semântica, o objeto indireto é o ser ao qual se destina a ação verbal. O objeto indireto pode ser formado por substantivo, ou pronome substantivo, ou numeral, ou ainda, uma oração substantiva objetiva indireta. Em qualquer um desses casos, o traço mais importante e característico do objeto indireto é a presença da preposição. Exemplo: 1. A cigana pedia dinheiro a moça . [Inadequado] A cigana pedia dinheiro à moça. [Adequado] ...[pedia = verbo transitivo direto e indireto] ...[dinheiro = objeto direto] ...[à moça = destinatário da ação verbal = objeto indireto] O objeto indireto pode ser representado por um pronome. Como o núcleo do objeto é sempre um nome, é possível substituí-lo por um pronome. Nesse caso, um pronome oblíquo, já que se trata de uma posição de complemento verbal e não de sujeito da oração. O único pronome que representa o objeto indireto é o pronome oblíquo átono lhe(s) – pronome de terceira pessoa. Os pronomes indicativos das demais pessoas verbais são sempre acompanhados de preposição. Exemplos: 1. Ela contava a seu pai como fora o seu dia na escola. 2. Ela lhe contava como fora o seu dia na escola. 3. Todos dariam ao padre a palavra final. 4. Todos dar-lhe -iam a palavra final. 5. Responderam a Fátima com delicadeza. 6. Responderam a mim com delicadeza. Não é difícil confundir objeto indireto e adjunto adverbial, pois ambos os termos são construídos com preposição. Uma regra prática para se determinar o objeto indireto e até mesmo o identificar na oração é indagar ao verbo se ele necessita de algum complemento preposicionado. Esse complemento será:

1) Adjunto adverbial , se estiver expressando um significado adicional , como lugar, tempo, companhia, modo e etc. 2) Objeto indireto , se estiver apenas completando o sentido do verbo, sem acrescentar outra idéia à oração. Exemplos: 1. Ele sabia a lição de cor. [Adjunto adverbial “de modo”] 2. Ele se encarregou do formulário. [Objeto indireto] Predicativo do Objeto É o termo ou expressão que complementa o objeto direto ou o objeto indireto, conferindo-lhe um atributo. O predicativo do objeto apresenta duas características básicas: · Acompanha o verbo de ligação implícito ; · Pertence ao predicado verbo-nominal. A formação do predicativo do objeto é feita através de um substantivo ou um adjetivo. Exemplos: 1. O vilarejo finalmente elegeu Otaviano prefeito . ...[objeto: Otaviano] ...[predicativo: substantivo] 2. Os policiais pediam calma absoluta . ...[objeto: calma] ...[predicativo: adjetivo] 3. Todos julgavam-no culpado . ...[objeto: no] ...[predicativo: adjetivo] Alguns gramáticos admitem o predicativo do objeto em orações com verbos transitivos indiretos tais como crer, estimar, julgar, nomear, eleger. Em geral, porém, a ocorrência do predicativo do objeto em objetos indiretos se dá somente com o verbo chamar, com sentido de “atribuir um nome a”. Exemplo: 1. Chamavam-lhe falsário , sem notar-lhe suas verdades. Agente da Passiva É o termo da oração que complementa o sentido de um verbo na voz passiva, indicando-lhe o ser que praticou a ação verbal. A característica fundamental do agente da passiva é, pois, o fato de somente existir se a oração estiver na voz passiva. Há três vozes verbais na nossa língua: a voz ativa, na qual a ênfase recai na ação verbal praticada pelo sujeito; a voz passiva, cuja ênfase é a ação verbal sofrida pelo sujeito; e a voz reflexiva, em que a ação verbal é praticada e sofrida pelo sujeito. Nota-se, com isso, que o papel do sujeito em relação àação verbal está em evidência. Na voz ativa o sujeito exerce a função de agente da ação e o agente da passiva não existe. Para completar o sentido do verbo na voz ativa, este verbo conta com outro elemento – o objeto (direto). Na voz passiva, o sujeito exerce a função de receptor de uma ação praticada pelo agente da passiva . Por conseqüência, é este mesmo agente da passiva que complementa o sentido do verbo neste tipo de oração, substituindo o objeto (direto). Exemplo: 1. O barulho acordou toda a vizinhança. [oração na voz ativa] ...[o barulho: sujeito] ...[acordou: verbo transitivo direto = pede um complemento verbal] ...[toda a vizinhança: ser para o qual se dirigiu a ação verbal = objeto direto] 2. Toda a vizinhança foi acordada pelo barulho . [oração na voz passiva] ...[toda a vizinhança: sujeito] ...[foi: verbo auxiliar / acordada: verbo principal no particípio] ...[pelo barulho: ser que praticou a ação = agente da passiva]

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O agente da passiva é um complemento exigido somente por verbos transitivos diretos (aqueles que pedem um complemento sem preposição). Esse tipo de verbo, em geral, indica uma ação (em oposição aos verbos que exprimem estado ou processo) que, do ponto de vista do significado, é complementada pelo auxílio de outro termo que é o seu objeto (em oposição aos verbos que não pedem complemento: os verbos intransitivos). Como vimos, na voz passiva o complemento do verbo transitivo direto é o agente da passiva; já na voz ativa esse complemento é o objeto direto. Nas orações com verbos intransitivos, então, não existe agente da passiva, porque não há como construir sentenças na voz passiva com verbos intransitivos. Observe: 1. Karina socorreu os feridos. ...[verbo transitivo direto na voz ativa] 2. Os feridos foram socorridos por Karina ...[verbo transitivo direto na voz passiva] 3. Karina gritou . ...[verbo intransitivo na voz ativa] 4. Karina foi gritada . (sentença inaceitável na língua) ...[verbo intransitivo na voz passiva] *Os feridos: objeto direto em (1) e sujeito em (2) Karina: sujeito em (1) e agente da passiva em (2) A oração na voz passiva pode ser formada através do recurso de um verbo auxiliar (ser, estar). Nas construções com verbo auxiliar, costuma-se explicitar o agente da passiva, apesar de ser este um termo de presença facultativa na oração. Em orações cujo verbo está na terceira pessoa do plural, é muito comum ocultar-se o agente da passiva. Isso se justifica pelo fato de que, nessas situações, o sujeito pode ser indeterminado na voz ativa. Porém mesmo nesses casos, a ausência do agente é fruto da liberdade do falante. Exemplos: 1. Os visitantes do zoológico foram atacados pelos bichos . ...[foram: verbo auxiliar / passado do verbo “ser”] ...[pelos bichos: agente da passiva] 2. Nossas reivindicações são simplesmente ignoradas. ...[são: verbo auxiliar / presente do verbo “ser”] ...[agente da passiva: ausente] 3. Cercaram a cidade. [voz ativa com sujeito indeterminado] A cidade está cercada. ...[está: verbo auxiliar / presente do verbo “estar”] ...[agente da passiva: ausente] A cidade está cercada pelos inimigos . ...[pelos inimigos: agente da passiva] O agente da passiva é mais comumente introduzido pela preposição por (e suas variantes: pelo, pela, pelos, pelas). É possível, no entanto, encontrar construções em que o agente da passiva é introduzido pelas preposições de ou a. Exemplos: 1. O hino será executado pela orquestra sinfônica . ...[pela orquestra sinfônica: agente da passiva] 2. O jantar foi regado a champanhe . ...[a champanhe: agente da passiva] 3. A sala está cheia de gente . ...[de gente: agente da passiva] Adjunto Adnominal É a palavra ou expressão que acompanha um ou mais nomes conferindo-lhe um atributo. Trata-se, portanto,de um termo de valor adjetivo que modificará o nome a que se refere. Os adjuntos adnominais não determinam ou especificam o nome, tal qual os determinantes. Ao invés disso,eles conferem uma nova informação ao nome e por isso são chamados de modificadores.

Além disso, os adjuntos adnominais não interferem na compreensão do enunciado. Por esse motivo, eles pertencem aos chamados termos acessórios da oração. Os adjuntos adnominais podem ser formados por artigo, adjetivo, locução adjetiva, pronome adjetivo, numeral e oração adjetiva. Exemplos: 1. Nosso velho mestre sempre nos voltava à mente. ...[nosso: pronome adjetivo] ...[velho: adjetivo] 2. Todos querem saber a música que cantarei na apresentação. ...[a: artigo] ...[que cantarei na apresentação: oração adjetiva] Adjunto Adverbial É a palavra ou expressão que acompanha um verbo, um adjetivo ou um advérbio modificando a natureza das informações que esses elementos transmitem. Por esse seu caráter, o adjunto adverbial é tido como um modificador. Pelo fato de não ser um elemento essencial ao enunciado, insere-se no rol dos termos acessórios da oração. A modificação que os adjuntos adverbiais conferem aos elementos aos quais se liga na sentença é de duas naturezas: a primeira, de modificação circunstancial , e a segunda, de intensidade. Exemplos: 1. Os candidatos foram selecionados aleatoriamente . ...[aleatoriamente: modifica o segmento verbal “foram selecionados”] ...[natureza do adjunto adverbial: modificador] 2. Os preços dos remédios aumentaram demais . ...[demais: intensifica o segmento verbal “aumentaram”] ...[natureza do adjunto adverbial: intensificador] Os adjuntos adverbiais podem ser representados por meio de um advérbio, uma locução adverbial ou uma oração inteira denominada oração subordinada adverbial. Exemplos: 1. Os ingressos para o espetáculo de dança esgotaram-se hoje . ...[hoje: advérbio = adjunto adverbial] 2. Acompanharemos de perto todos os teus passos! ...[de perto: locução adverbial = adjunto adverbial] 3. Eles sabiam que me magoavam com aquela maneira de falar. ...[com aquela maneira de falar: oração subordinada adverbial] Freqüentemente observa-se certa confusão estabelecida entre o adjunto adverbial expressado por uma locução adverbial e o objeto indireto. Isso se dá porque ambas as construções são introduzidas por uma preposição. Deve-se ter claro, no entanto, que o objeto indireto é essencial para complementar o sentido de um verbo transitivo indireto, ao passo que o adjunto adverbial é elemento dispensável para a compreensão do sentido tanto de um verbo como de qualquer outro elemento ao qual se liga. Além disso, o objeto indireto é complemento verbal; já o adjunto adverbial pode ou não estar associado a verbos. Exemplos: 1. Essa minha nota equivale a um emprego. ...[a um emprego: complementa o sentido do verbo transitivo indireto”equivaler”] ...[a um emprego: objeto indireto] 2. Estávamos todos reunidos à mesa. ...[à mesa: modifica a informação verbal “estávamos reunidos”] ...[à mesa: adjunto adverbial (de lugar)] Aposto É o termo da oração que se associa a outro termo para especificá-lo ou explicá-lo. O aposto tem caráter nominal,

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ou seja, é representado por nomes e não por verbos ou advérbios. Seu emprego é tido como acessório na oração porque o enunciado sobrevive sem a informação veiculada através do aposto. Exemplos: 1. Meu nome estava definitivamente fora da lista dos aprovados. ...[oração sem aposto] Meu nome, Espedito , estava definitivamente fora da lista dos aprovados. ...[Espedito: aposto / substantivo próprio = nome] ...[idéia expressada pelo aposto: especificação (do sujeito)] 2. Nas festas de Santo Antônio as pessoas faziam promessas. ...[oração sem aposto] Nas festas de Santo Antônio, santo casamenteiro , as pessoas faziam promessas. ...[santo casamenteiro: aposto / núcleo: substantivo = nome] ...[idéia expressada pelo aposto: explicação (do adjunto adnominal)] Na língua portuguesa o aposto costuma vir acompanhado de uma pausa expressada através da vírgula ou do sinal de dois pontos. No entanto, o uso da pontuação para marcar a posição do aposto na sentença não é obrigatório . Trata-se de uma elegância textual, para a qual a utilização, especialmente das vírgulas, torna o aposto mais destacado. Exemplos: 1. Aquela rodovia de São Paulo a Campinas foi ampliada recentemente. ...[aposto não separado por vírgulas] 2. Tua cunhada, solteira e de muitas posses , ainda quer se casar? ...[aposto separado por vírgulas] 3. Ninguém sabia informar sobre a prova: data, horário e local. ...[aposto introduzido pelos dois pontos] É comum notarmos certa confusão entre aposto e adjunto adnominal, já que o aposto pode ser introduzido por meio da preposição de. Deve-se ter claro, no entanto, que o aposto tem sempre o substantivo como seu núcleo, ao passo que o adjunto adnominal pode ser representado por um adjetivo. Uma maneira prática de identificar um ou outro termo da oração é transformar o segmento num adjetivo. Se a operação tiver sucesso, tratar-se-á de um adjunto adnominal. Exemplos: 1. As paredes de fora estão sendo pintadas agora. ...[de fora > externo = adjunto adnominal] As paredes externas estão sendo pintadas agora. 2. A praça da República foi invadida pelos turistas. ...[da República: aposto] Uma oração inteira também pode exercer a função de aposto. Nesse caso ela recebe o nome de oração subordinada substantiva apositiva: 1. Normalmente optamos pelo futebol, o que é típico de brasileiro . ...[aposto associado ao núcleo do objeto indireto “futebol”] Vocativo É a palavra ou conjunto de palavras, de caráter nominal, que empregamos para expressar uma invocação ou chamado . O vocativo é um elemento que, embora colocado pelos gramáticos dentre os termos da oração, isola-se dela. Isto é, o vocativo não se integra sintaticamente aos termos essenciais da oração (sujeito e predicado) e pode, sozinho, constituir-se uma frase. Essa propriedade advém do fato de que o vocativo insere, na oração, o interlocutor discursivo , ou seja, aquele a quem o falante se dirige na situação comunicativa. Exemplos: 1. Por Deus, Amélia , vamos encerrar essa discussão!

2. Posso me retirar agora, senhor ? 3. Meninos! ...[vocativo constituindo uma frase] A entonação melódica da língua falada costuma acentuar os vocativos. Essa forma de expressão é reproduzida, na língua escrita, por meio de sinais de pontuação. Assim, o vocativo é obrigatoriamente acompanhado de uma pausa: curta, através do recurso da vírgula; longa, através do recurso da exclamação ou das reticências. Não há posição definida para o vocativo na sentença, porém, quando se apresenta no interior da oração, deve ser colocado entre vírgulas. Além disso, é bastante comum encontrarmos o vocativo associado a alguma forma de ênfase. Se não através da pontuação, o recurso mais popular é vê-lo associado a uma interjeição. Exemplo: 1. Ah, mãe! Deixe-me ir ao jogo hoje! Há de atentarmos para uma distinção entre o vocativo e frases constituídas por um único substantivo. Nestas não se verifica qualquer invocação ao interlocutor do discurso, mas, antes, se dirigem a alguém expressando um aviso, um pedido ou um conselho. No vocativo, porém, o interlocutor é chamado a integrar o discurso do falante. Exemplos: 1. Perigo! ...[frase constituída por um substantivo] 2. Rebeca ! ...[vocativo] Identificando Particularidades Sujeito posposto Embora a Língua Portuguesa se apresente predominantemente pela ordem direta (sujeito + verbo + predicado), é comum encontrarmos alguns termos em posições variadas na oração. É o que se entende por ordem inversa , na qual alguns termos são encontrados em combinação contrária ao esperado (ex.: verbo + sujeito = sujeito posposto). Exemplos: 1. Vivendo sozinho o ancião , sua saúde se tornara precária. 2. Sobre esse assunto falo eu! O fato de se inverter a posição dos termos na oração é movido por fatores gramaticais (ex.: colocação pronominal) ou por fatores estilísticos. A construção de sentenças em que o sujeito é colocado após o verbo (sujeito posposto ) surge em decorrência da ênfase que se pretende dar à idéia expressa pelo termo que ocupa a primeira posição na sentença. Trata-se da valorização de algum termo em detrimento de outro e, portanto, de uma alteração estilística. O sujeito posposto pode ser encontrado: · nas orações interrogativas; · em orações com verbos na forma passiva pronominal; · em orações com verbos na forma imperativa; · em orações reduzidas; · em orações que expressem o discurso direto; · em orações absolutas com verbos no subjuntivo; · em orações subordinadas adverbiais condicionais sem conjunção; · em orações com verbos unipessoais; · em orações iniciadas pelos complementos verbais. É muito importante que se localize o sujeito e o verbo na oração. Mesmo em posição que não é a sua habitual, o verbo deve sempre concordar com o sujeito. Predicativo do sujeito

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É o termo ou expressão que complementa o sujeito, conferindo-lhe ou um atributo ou uma referência. O predicativo do sujeito apresenta duas características básicas: · acompanha o verbo de ligação; · pertence ao predicado nominal A formação do predicativo do sujeito pode ser feita através de um substantivo, ou adjetivo, ou pronome, ou numeral, ou ainda uma oração substantiva predicativa. Exemplos: 1. Paciência e respeito são virtudes ignoradas nos dias de hoje. ...[predicativo: substantivo] 2. As crianças pareciam envergonhadas aos olhos do viajante. ...[predicativo: adjetivo] 3. O meu medo sempre foi que ela me encontrasse aqui. ...[predicativo: oração substantiva adjetiva] A maneira mais prática de se identificar o predicativo do sujeito é excluir o verbo da oração e verificar se continua a existir uma unidade de sentido. Exemplo: 1. O verão foi chuvoso, o outono frio ! ...[houve a exclusão do verbo de ligação, mantendo a unidade significativa: “o outono foi frio”] Compl. nominal x Adjunto adnominal É comum confundirem-se duas categorias sintáticas da língua portuguesa. Isso se verifica em relação ao complemento nominal e adjunto adnominal, já que ambas as categorias seguem um nome e podem ser acompanhadas de preposição. É importante lembrar, então, as suas principais funções: Complemento nominal : complementa o sentido do nome, conferindo-lhe uma significação extensa e específica. Ex.: Sua rapidez nas respostas é admirável. Adjunto adnominal : acrescenta uma informação ao nome. Essa informação tem valor de adjetivo e, em princípio, é desnecessária para a compreensão da expressão. Ex.: Ela se dizia carioca da gema . Uma regra prática para distinguir essas duas categorias sintáticas é tentar transformar o termo relacionado ao nome em adjetivo ou oração adjetiva. Se for possível o emprego de uma dessas construções adjetivas, o termo selecionado será um adjunto adnominal. Do contrário, será um complemento nominal. Exemplos: 1. O menino tinha uma fome de leão . ...[fome leonina = adjetivo] ...[fome que parecia ser de leão = oração adjetiva] ...[de leão: adjunto adnominal] 2. A leitura de jornais é aconselhável a um bom profissional. ...[de jornais: complemento nominal] Adjunto adverbial de lugar É aquele que expressa uma circunstância de lugar ligada ao verbo. Sendo um adjunto adverbial, essa circunstância locativa pode vir expressa por um advérbio, uma locução adverbial ou uma oração adverbial. Em qualquer uma das três possibilidades de construção da circunstância locativa, é obrigatória a presença de preposição antecedendo o adjunto adverbial de lugar. Exemplos: 1. Os convidados foram a festa vestidos a caráter. [Inadequado] Os convidados foram à festa vestidos a caráter. [Adequado] 2. As atividades desportivas são realizadas à escola. [Inadequado] As atividades desportivas são realizadas na escola. [Adequado]

Saiba mais sobre o adjunto adverbial de lugar Os adjuntos adverbiais de lugar expressam noções diversas relacionadas ao local da ação verbal. Essas noções sempre são apresentadas por um tipo de preposição, a saber: I. Lugar aonde: emprego da preposição “a” apontando para a idéia de movimento do verbo. Exemplos: 1. Meus filhos iam na escola pela manhã. [Inadequado] Meus filhos iam à escola pela manhã. [Adequado] II. Lugar onde: emprego da preposição “em” (ou sua forma contraída) apontando para o lugar da ação verbal. Exemplos: 1. Meus filhos estavam à escola pela manhã. [Inadequado] Meus filhos estavam na escola pela manhã. [Adequado] III. Lugar donde: emprego da preposição “de” (ou sua forma contraída) apontando para o lugar de onde partiu a ação verbal. Exemplos: 1. Meus filhos voltaram na escola pela manhã. [Inadequado] Meus filhos voltaram da escola pela manhã. [Adequado] IV. Lugar para onde: emprego da preposição “para” apontando para a idéia de movimento do verbo. Exemplos: 1. Meus filhos voltaram em casa. [Inadequado] Meus filhos voltaram para casa. [Adequado] V. Lugar por onde: emprego da preposição “por” (ou sua forma contraída) apontando para o lugar por onde se passa a ação verbal. Exemplos: 1. Meus filhos andam para ruas estreitas ao voltarem da escola. [Inadequado] Meus filhos andam por ruas estreitas ao voltarem da escola. [Adequado] Uma regra prática para se determinar o emprego correto das formas dos adjuntos adverbiais de lugar é formular perguntas iniciadas pelos interrogativos “Aonde...?” “Para onde...?” e etc. (ex.: Eu estive dormindo no sofá. Onde? No sofá./ No sofá = adj. adv. de lugar)

Concordância Concordância: definição Os termos que constituem uma oração estabelecem entre si diversas relações, entre elas as relações sintáticas , quando esses termos se distribuem pela oração formando um organismo; e relações semânticas , quando esses termos se organizam na oração formando um todo significativo. Dá-se o nome de concordância à harmonia que os termos da oração apresentam em nível sintático. Assim, algumas palavras, expressões ou mesmo orações, quando estabelecem uma relação de dependência entre si, devem demonstrar com quais elementos estão ligadas. E isso é evidenciado através das flexões: de número e gênero, para os nomes e de número e pessoa, para os verbos. O fato de a concordância se expressar por meio de flexões pode nos levar a pensar numa série de repetições exigidas pela sintaxe (ex.: marcar o plural no substantivo e no adjetivo que o acompanha). Porém, é a concordância que permite a não repetição do sujeito numa certa construção verbal (ex.: sujeito oculto). De qualquer forma, a concordância é obrigatória nos casos supra-citados. Em língua portuguesa há dois tipos de concordância: - Concordância nominal - Concordância verbal Embora a concordância se revele um aspecto da sintaxe, como já dissemos, muitas vezes um tipo de construção é determinado pela influência semântica . É o caso de alguns verbos que, quando apresentam um significado específico,

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exigem que a relação de concordância se estabeleça de forma especial (ex.: verbo importar). Portanto, é importante conhecer as especificidades das relações de concordância. Concordância nominal É chamada de concordância nominal a relação de concordância que se estabelece entre: · substantivos e adjetivos · substantivos e artigos · substantivos e pronomes · substantivos e numerais Os nomes se flexionam em gênero (masculino e feminino) e em número (singular e plural). São essas as características que um termo determinante ou dependente (artigo, adjetivo e etc.) deve manter em harmonia com as do termo determinado ou principal (substantivo, etc.). Em língua portuguesa, as relações de concordância são obrigatórias nos casos supra-citados. Por isso, é importante saber de que forma os nomes e sintagmas nominais se relacionam para, assim, promover a concordância adequada. A concordância e os determinantes Os termos determinantes da oração (artigos, adjetivos, numerais e pronomes) sempre acompanham um nome, em geral, um substantivo. Assim, os determinantes herdarão as mesmas características de gênero e número que os substantivos possuírem. A concordância entre os determinantes e o substantivo (termo determinado) é obrigatória na nossa língua. Exemplos: 1. Todos sonhavam com a milagre divino. [Inadequado] Todos sonhavam com o milagre divino. [Adequado] 2. Havia apenas dois vagas para o cargo. [Inadequado] Havia apenas duas vagas para o cargo. [Adequado] 3. Quem se importava com aquele situação ? [Inadequado] Quem se importava com aquela situação ? [Adequado] A concordância e os determinantes compostos Os termos determinantes da oração (artigos, adjetivos, numerais e pronomes) sempre acompanham o nome, em geral, um substantivo. Um único substantivo pode vir acompanhado de mais de um termo determinante (determinante composto). Quando isso acontece, é obrigatória a concordância em gênero e número entre os determinantes e o substantivo a que eles se referem. Exemplos: 1. Um cidade iluminadas e divertido era tudo o que ele precisava. [Inadequado] Uma cidade iluminada e divertida era tudo o que ele precisava. [Adequado] Observe que não importa a posição dos adjuntos adnominais para que ocorra a concordância entre eles e o substantivo, senão vejamos: 1. Era generoso e fantásticas o dedicação que me ofereciam. [Inadequado] Era generosa e fantástica a dedicação que me ofereciam. [Adequado] A concordância e os modificadores compostos Os termos modificadores da oração (adjetivos, pronomes adjetivos e advérbios) acompanham um nome ou um verbo. Sempre que o modificador acompanha um nome, em geral um substantivo, ele deve concordar com este em gênero e número. Um único substantivo pode vir acompanhado de mais de um termo modificador (modificador composto). Quando isso acontece, é obrigatória a concordância em gênero e número entre todos os modificadores e o substantivo a que eles se referem. Exemplos:

1. Os colecionadores velhos e astuto imaginavam-me uma fraude. [Inadequado] Os colecionadores velhos e astutos imaginavam-me uma fraude. [Adequado] 2. Esses e também aquela bonecas encantavam os olhares paternos. [Inadequado] Essas e também aquelas bonecas encantavam os olhares paternos. [Adequado] Os modificadores ligados a verbo são os advérbios, cuja principal característica é não se flexionarem em gênero e número. Dessa forma, como os advérbios não variam, não é requerida a concordância entre o modificador do verbo e o próprio verbo. 1. Os bichos esperavam pacientementes a volta do verde perdido. [Inadequado] Os bichos esperavam pacientemente a volta do verde perdido. [Adequado] A concordância e os substantivos genéricos O sujeito da oração é sempre formado por um nome, em geral um substantivo, ou um pronome substantivo. Quando esse sujeito é formado por um substantivo que expressa a idéia de generalidade, o predicativo do sujeito deve estar obrigatoriamente no masculino singular. Exemplos: 1. Cerveja é boa . [Inadequado] Cerveja é bom .[Adequado] ...[idéia expressada: Cerveja, em geral, é bom.] 2. Férias são gostosas quando se tem dinheiro. [Inadequado] Férias é gostoso quando se tem dinheiro.[Adequado] ...[idéia expressada: Férias, em geral, é gostoso...] O predicativo do sujeito, porém, será alterado conforme a flexão do sujeito (singular/plural; masculino/feminino) se esse sujeito vier determinado de alguma forma; ou seja, se antes do substantivo que compõe o sujeito houver algum artigo, pronome ou adjetivo determinando-o. Exemplos: 1. Aquela cerveja é bom . [Inadequado] Aquela cerveja é boa .[Adequado] 2. As minhas férias é gostoso quando eu tenho dinheiro. [Inadequado] As minhas férias são gostosas quando eu tenho dinheiro.[Adequado] A concordância e as contrações Existe em Língua Portuguesa a possibilidade da união de algumas classes gramaticais, formando uma única palavra (contração). Isso se dá: · entre artigo e preposição: Exemplos: ...o + em = no; ...a + de = da; ...a + a (preposição) = à (crase) · entre pronome e preposição: Exemplos: ...isso + de = disso; ...aquele + em = naquele As contrações, além de expressarem as idéias apontadas pelas preposições, são termos que sempre acompanham um nome, em geral um substantivo. Sendo assim, é obrigatória a concordância em gênero e número entre a contração e o substantivo ao qual se refere. Exemplos: 1. Eles cantaram ao vivo na parque. [Inadequado] Eles cantaram ao vivo no parque.[Adequado] 2. A pia do cozinha está quebrada. [Inadequado] A pia da cozinha está quebrada.[Adequado] A concordância e o predicativo do sujeito

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O sujeito pode ser apresentado ou modificado por um atributo chamado predicativo do sujeito. Por se tratar de um termo que se refere ao sujeito, o predicativo deve sempre concordar com ele. Tanto o sujeito quanto o predicativo do sujeito são formados por nomes. Dessa forma, os predicativos herdarão as mesmas características de gênero e número que os sujeitos possuírem. O predicativo do sujeito somente aparecerá em sentenças em que o predicado seja formado por um verbo de ligação (predicado nominal). Exemplos: 1. Os recibos de pagamento eram falso . [Inadequado] Os recibos de pagamento eram falsos . [Adequado] 2. Eles eram apenas duas e já causavam tanta confusão. [Inadequado] Eles eram apenas dois e já causavam tanta confusão. [Adequado] A concordância e o predicativo do objeto Tanto o objeto direto quanto o objeto indireto podem ser modificados por um predicativo. Por se tratar de um termo que acompanha os objetos, o predicativo deve sempre concordar com eles. Os objetos direto e indireto são formados por nomes. Dessa forma, os predicativos que os acompanham herdarão as mesmas características de gênero e número que os objetos possuírem. O predicativo do objeto somente aparecerá em sentenças em que o predicado é formado por um verbo transitivo, cujo objeto esteja qualificado por um atributo (predicado verbo-nominal). Exemplos: 1. O penteado deixou lindo a menina. [Inadequado] O penteado deixou linda a menina. [Adequado] 2. A mãe sempre o chamava preguiçosa e malcriada . [Inadequado] A mãe sempre o chamava preguiçoso e malcriado . [Adequado] A concordância e o predicativo “ só ” Nas orações em que a palavra só for um predicativo do sujeito (portanto, um adjetivo), ela deve concordar em número com o sujeito ao qual se liga. A concordância nominal, obrigatória em língua portuguesa, procura colocar em harmonia nomes que se relacionam (substantivo e adjetivo, substantivo e pronomes, etc.). Uma oração formada por verbos de ligação tem como predicado um predicativo do sujeito. Muitas vezes esse predicativo se compõe de adjetivos que predicam o sujeito. A palavra só ora funciona como advérbio ora como adjetivo. No primeiro caso, é uma palavra invariável (não se flexiona); no segundo, é uma palavra que se flexiona de acordo com o termo determinado. Em posição de predicativo do sujeito, portanto, a palavra só sempre deve concordar com o seu sujeito. Exemplos: 1. Os convidados estão só . [Inadequado] Os convidados estão sós . [Adequado] 2. Eventualmente Marisa permanecia sós em seu quarto. [Inadequado] Eventualmente Marisa permanecia só em seu quarto. [Adequado] Apesar de a concordância nominal freqüentemente marcar flexões de número e gênero, no caso da palavra só ocorre simplesmente a flexão de número, já que não há uma forma específica para o masculino e o feminino dessa palavra na nossa língua. A concordância do predicativo e as orações adjetiva s As orações subordinadas adjetivas, por qualificarem um termo da oração principal, possuem as características de um

adjetivo; ou seja: estão ligadas a um nome, em geral um substantivo, ao qual conferem um atributo . Dentre as características das orações subordinadas adjetivas destacamos: · são introduzidas pela palavra que ; · podem possuir um predicativo do sujeito. Independentemente da função que exerce na oração (se sujeito, objeto direto, complemento nominal, etc.) é obrigatória a concordância em gênero e número entre o predicativo do sujeito da oração subordinada adjetiva e o substantivo a que se refere representado pela palavra que. Exemplos: 1. Eles, que nem eram tão próximo , conversaram por toda a noite. [Inadequado] Eles, que nem eram tão próximos , conversaram por toda a noite. [Adequado] ...[que se refere à palavra eles] ...[que = sujeito masculino plural] 2. O mercador sabia aquela língua que foi precioso para mim. [Inadequado] O mercador sabia aquela língua que foi preciosa para mim. [Adequado] ...[que se refere à palavra língua] ...[que = sujeito feminino singular] A concordância e os adjuntos adnominais compostos O adjunto adnominal (artigo, adjetivo, locução adjetiva, numeral, pronome adjetivo e oração adjetiva) sempre acompanha o nome, em geral um substantivo. Um único substantivo pode vir acompanhado de mais de um adjunto adnominal (adjunto adnominal composto). Quando isso acontece, é obrigatória a concordância em gênero e número entre os adjuntos adnominais e o substantivo a que eles se referem. Exemplo: 1. Era realmente difícil se ocupar daquela criança travesso e teimosas . [Inadequado] Era realmente difícil se ocupar daquela criança travessa e teimosa . [Adequado] Observe que não importa a posição dos adjuntos adnominais para que ocorra a concordância entre eles e o substantivo, senão vejamos: 1. Sendo travessas e teimosas aquela criança, era difícil ocupar-se dela. [Inadequado] Sendo travessa e teimosa aquela criança, era difícil ocupar-se dela. [Adequado] A concordância e o particípio A concordância nominal, obrigatória em língua portuguesa, procura colocar em harmonia nomes e determinantes. Já a concordância verbal, também obrigatória na língua, busca a harmonia entre o verbo e o seu sujeito. Existem algumas expressões que se formam a partir dos verbos SER, ESTAR ou FICAR + verbo no PARTICÍPIO. Nesse tipo de construção, ambos os verbos devem concordar com o núcleo do sujeito ao qual estão ligados. Exemplos: 1. Tuas sugestões de investimento será rejeitado . [Inadequado] Tuas sugestões de investimento serão rejeitadas . [Adequado] ...[sujeito: tuas sugestões de investimento] ...[núcleo do sujeito: sugestões] ...[sugestões: palavra feminina plural] 2. Infelizmente, aqui os juros está embutido nos preços. [Inadequado] Infelizmente, aqui os juros estão embutidos nos preços. [Adequado] ...[sujeito: os juros] ...[núcleo do sujeito: juros]

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...[juros: palavra masculina plural] O particípio é uma forma nominal do verbo, por isso, se comporta como um adjetivo. Desse modo, os verbos no particípio flexionam-se em gênero e número. Em geral os verbos no particípio apresentam-se acompanhados de outros verbos (auxiliares), formando uma locução verbal. Os verbos auxiliares (ser, estar, haver e ter) e eventualmente o verbo “ficar”, quando parceiros de verbos no particípio, flexionam-se em pessoa, número, tempo e modo. Em síntese: nesse tipo de locução verbal, os verbos no particípio devem concordar com o sujeito em gênero e número , já os verbos auxiliares e o verbo “ficar” devem concordar com o sujeito em número e pessoa. Isso se dá mesmo quando o sujeito aparece depois do verbo ou locução verbal (sujeito posposto). Exemplos: 1. Fica autorizado as visitas diurnas às praias desta região. [Inadequado] Ficam autorizadas as visitas diurnas às praias desta região. [Adequado] ...[sujeito: as visitas diurnas] ...[núcleo do sujeito: visitas] ...[visitas: palavra feminina plural] 2. Foram corrigidos o valor das moedas locais. [Inadequado] Foi corrigido o valor das moedas locais [Adequado] ...[sujeito: o valor das moedas locais] ...[núcleo do sujeito: valor] ...[valor: palavra masculina plural] A concordância e o pronome “cujo” Os pronomes relativos são aqueles que estabelecem a ligação entre a oração principal e a oração subordinada, ao substituir, na oração subordinada, um termo presente na oração principal (termo antecedente). O pronome relativo cujo , que expressa a idéia posse , estabelece essa relação ligando dois elementos distintos: o possuidor (termo antecedente) e a coisa possuída (termo subseqüente). Ao contrário de outros relativos, o pronome cujo estabelece a concordância com o termo subseqüente . Além disso, como o pronome cujo funciona também como determinante (função de especificar um elemento da oração), ele deve concordar em gênero e número com o nome ao qual está ligado (termo subseqüente). Exemplos: 1. Trouxeram flores cujas cor me surpreendeu. [Inadequado] Trouxeram flores cuja cor me surpreendeu. [Adequado] ...[flores: termo antecedente = nome feminino plural] ...[cor: termo subseqüente = nome feminino singular] ...[cuja: pronome relativo à “cor”, portanto, feminino singular] 2. O filme cujo cenas são indecentes foi censurado. [Inadequado] O filme cujas cenas são indecentes foi censurado. [Adequado] ...[filme: termo antecedente = nome masculino singular] ...[cenas: termo subseqüente = nome feminino plural] ...[cujas: pronome relativo a “cenas”, portanto, feminino plural] Para se determinar a relação de posse e, desse modo, promover a concordância nominal adequada, basta reduzir o período composto em um período simples. Exemplo: 1. Trouxeram flores cuja cor me surpreendeu. (período composto) 2. A cor das flores me surpreendeu. (período simples) ...cor: coisa possuída ...flores: possuidor A concordância e a palavra “quite” Os adjetivos, quando são determinantes, devem concordar com o nome ao qual determinam. A palavra quite , sendo um

adjetivo, torna obrigatória a concordância em gênero e número entre ela e o nome ao qual está ligada, mesmo que esse nome não esteja expresso na oração. Exemplos: 1. Depois daquela vitória estávamos quite em competições estaduais. [Inadequado] Depois daquela vitória estávamos quites em competições estaduais. [Adequado] 2. Enfim eu fui declarado quites com o serviço militar. [Inadequado] Enfim eu fui declarado quite com o serviço militar. [Adequado] A palavra quite é também a forma irregular do particípio do verbo “quitar”. É importante lembrar, contudo, que essa forma irregular do verbo é empregada junto aos verbos ser e estar; junto ao verbo ter, emprega-se a forma regular: quitado(a). Exemplos: 1. Ele está quite comigo. (forma irregular) 2. Ela tinha quitado a dívida atrasada. (forma regular) Em ambos as construções, porém, a concordância é obrigatória, já que o particípio, nesses casos, funciona como adjetivo. A concordância e a palavra “grama” Em língua portuguesa, alguns substantivos se flexionam em gênero e número . O gênero pode ser masculino ou feminino e, geralmente, o gênero se torna visível devido à terminação das palavras ou aos determinantes (artigo, pronome, numeral e adjetivo) que se vinculam a essas palavras. Isto é, substantivos terminados em “-o” ou que puderem ser acompanhadas por determinantes masculinos são consideradas substantivos masculinos. Aqueles substantivos que terminarem em “-a” ou puderem ser acompanhados por determinantes femininos, são considerados substantivos femininos. Exemplos: 1. aluno (substantivo terminado em “-o” = substantivo masculino) 2. escola (substantivo terminado em “-a” = substantivo feminino) 3. boi (substantivo acompanhado por determinante masculino = substantivo masculino) 4. a rede (substantivo acompanhado por determinante feminino = substantivo feminino) No entanto, essa forma de reconhecer o gênero dos substantivos nem sempre é produtiva. Alguns fatores implicam vincular um ou outro gênero aos substantivos. É o caso, por exemplo, dos substantivos comuns-dedois gêneros, em que a uma única forma do substantivo vinculam-se os dois gêneros (exs.: o/a artista, o/a estudante). Dentre os casos particulares do gênero dos substantivos, destaca-se aquele em que o gênero do substantivo varia segundo sua significação . A palavra grama é um substantivo que se encaixa nesse caso. Quando grama tiver sentido de gramínea cultivada em áreas como jardim, tratar-se-á de um substantivo feminino . Quando grama tiver sentido de unidade de medida de peso, tratar-se-á de um substantivo masculino . É importante guardarmos essa distinção de gênero ligada ao substantivo grama , pois dela decorre a concordância nominal. Ou seja, os determinantes que se destinam ao substantivo grama devem estar no feminino, se a palavra grama designar planta; em se tratando de unidade de medida, os determinantes de grama devem estar no masculino. Exemplos: 1. Admirávamos atônitos o grama que implantaram naquele jardim.[Inadequado] Admirávamos atônitos a grama que implantaram naquele jardim. [Adequado]

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2. Por favor, dê-me trezentas gramas de azeitona! [Inadequado] Por favor, dê-me trezentos gramas de azeitona! [Adequado] Como o substantivo grama com sentido de medida de peso é masculino, todos os substantivos compostos que também expressem medida formados a partir dele também serão masculinos: miligrama, quilograma. A concordância entre os determinantes e os compostos segue as mesmas orientações do substantivo grama . Exemplo: 1. Quantas miligramas de bicarbonato existem nesse produto? [Inadequado] Quantos miligramas de bicarbonato existem nesse produto? [Adequado] A concordância e a expressão “o mais ... possível” Dentre as formas de variação em grau que os adjetivos e os advérbios podem sofrer está o superlativo. O grau superlativo marca um aumento extremo de quantidade ou de intensidade dos adjetivos ou dos advérbios. Uma das formas de construção desse grau superlativo é através da expressão: ...o/a + mais + ______ + possível ...o/a + menos + ______ + possível Nesses casos o aumento é relativo à intensidade e é dado por toda a expressão ao invés de conter o grau marcado na palavra-alvo (ex.: claro = grau normal; claríssimo = grau superlativo; marca de variação em grau: “-íssimo”). Quando essa expressão indicar aumento de intensidade de um adjetivo , alguns gramáticos costumam apontar para as seguintes possibilidades de concordância: 1. os artigos (o/a) que iniciam a expressão, assim como a palavra possível, devem concordar em gênero e número com a palavra que está sendo intensificada; ou 2. a expressão o mais/menos ... possível deve se manter fixa no masculino singular independentemente do número e do gênero da palavra intensificada. Exemplos: 1. Somente discutíamos os trabalhos o mais claras possíveis . [Inadequado] Somente discutíamos os trabalhos os mais claros possíveis . [Adequado] Somente discutíamos os trabalhos o mais claro possível . [Adequado] 2. Entreguem estas encomendas as mais rápido possíveis .[Inadequado] Entreguem estas encomendas o mais rápido possível . [Adequado] Notem que quando a palavra intensificada é um advérbio não há flexão em gênero ou em número. Como ela é uma palavra invariável , a expressão que indica grau superlativo permanece sempre no masculino singular (para os artigos) e singular (para a palavra “possível”). Os primeiros passos para o emprego correto da expressão de intensidade, nesse caso, são: 1) identificar a palavra intensificada como um adjetivo ou advérbio, e 2) promover a concordância correta entre o adjetivo e o substantivo, quando a palavra intensificada for um adjetivo. Exemplos: 1. Gostaríamos de uma resposta o mais objetivo possível. [Inadequado] Gostaríamos de uma resposta a mais objetiva possível [Adequado] ...[objetiva: adjetivo = concorda em gênero com “resposta”] ...[a: artigo feminino = concorda com o adjetivo intensificado] ...[possível: palavra no singular = concorda com o artigo da expressão] 2. Vamos sair daqui os mais cedo possível. [Inadequado] Vamos sair daqui o mais cedo possível. [Adequado] ...[cedo: advérbio = palavra invariável = não há concordância]

...[o ... possível: expressão fixa] A concordância e o aposto O aposto é um termo que se liga a outros termos da oração com o objetivo de especificar esse elemento ao qual se refere. Trata-se de um termo de caráter nominal que se relaciona a substantivos ou pronomes substantivos para atribuir-lhes uma explicação ou um esclarecimento. Como o aposto e o substantivo (ou outro termo com valor de substantivo) são elementos relacionados numa oração, a concordância em gênero e número é obrigatória entre eles. Exemplos: 1. Os investidores, barulhento e insegura , retiravam-se do mercado. [Inadequado] Os investidores, barulhentos e inseguros , retiravam-se do mercado. [Adequado] ...[barulhentos e inseguros: aposto = refere-se ao substantivo “investidores”] ...[investidores: substantivo masculino plural] 2. Ela, mais sábio e oportunistas , também inventaria uma desculpa eficaz. [Inadequado] Ela, mais sábia e oportunista , também inventaria uma desculpa eficaz. [Adequado] ...[mais sábia e oportunista: aposto = refere-se ao pronome substantivo “ela”] ...[ela: pronome feminino singular] Nos exemplos acima o aposto se apresenta na forma como mais freqüentemente é utilizado: entre vírgulas, imediatamente após o termo ao qual se refere. Há casos, porém, em que o aposto se une ao termo substantivo sem o recurso da pausa expresso pela vírgula: “O tempo inverno quase não é lembrado no nordeste brasileiro.” Nesse exemplo, em que o aposto – “inverno” – é também um substantivo, não se exige dele a concordância em gênero e número com o substantivo ao qual se liga – “tempo”. A obrigatoriedade da concordância nominal é apontada apenas quando o aposto se configura como um adjetivo, como nos exemplos (1) e (2). Naqueles casos (1) e (2), além disso, observa-se a presença do conectivo “e” interligando os adjetivos que compõem o aposto. É importante lembrar, no entanto, que ainda que a vírgula seja dispensada da construção, a concordância nominal entre o aposto e o substantivo de referência deve ser estabelecida. Exemplos: 1. As antigo renovada expectativas poderiam se confirmar hoje. [Inadequado] As antigas renovadas expectativas poderiam se confirmar hoje. [Adequado] ...[as antigas renovadas: adjunto adnominal de “expectativas”] ...[renovadas: adjetivo = núcleo do adjunto adnominal] ...[antigas: aposto = refere-se ao substantivo “expectativas”] ...[expectativas: substantivo feminino plural] 2. O velha gentis mensageiro abandonava suas caminhadas diárias. [Inadequado] O velho gentil mensageiro abandonava suas caminhadas diárias. [Adequado] ...[o velho gentil: adjunto adnominal de “mensageiro”] ...[gentil: adjetivo = núcleo do adjunto adnominal ] ...[velho: aposto = refere-se ao substantivo “mensageiro”] ...[mensageiro: substantivo feminino plural] A concordância nas locuções e expressões adjetivas As locuções ou expressões adjetivas, diferentemente dos adjetivos, não concordam em gênero e número com os substantivos por elas modificados. Quando indicadoras dos elementos (“cigarro”, “meia”, “fósforo”, etc.) de que é constituído o conjunto (“maço”, “par”, “caixa”, etc.), acompanham a forma do plural.

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Exemplos: 1. Compramos somente um maço de cigarro . [Inadequado] Compramos somente um maço de cigarros . [Adequado] 2. Não acredito que você perdeu seu par de meia . [Inadequado] Não acredito que você perdeu seu par de meias . [Adequado] 3. Minha mãe faz economia até com uma caixa de fósforo . [Inadequado] Minha mãe faz economia até com uma caixa de fósforos . [Adequado] 4. Fomos a várias bancas de jornais até encontrarmos a revista. [Inadequado] Fomos a várias bancas de jornal até encontrarmos a revista. [Adequado] 5. Durante a liquidação compramos muitas toalhas de mesas . [Inadequado] Durante a liquidação compramos muitas toalhas de mesa . [Adequado] 6. Costumo guardar todas as páginas de jornais . [Inadequado] Costumo guardar todas as páginas de jornal . [Adequado] A concordância e o predicativo do objeto de alguns verbos Alguns verbos da língua portuguesa exigem complementos. São os chamados verbos transitivos, cujos complementos podem vir acompanhados de preposição (objeto indireto) ou ser diretamente relacionados ao verbo (objeto direto). Esses complementos verbais podem sofrer modificações de duas naturezas: uma que é própria ao objeto (adjunto adnominal) e outra que é imposta pelo verbo (predicativo do objeto). Isso quer dizer que, associados a um mesmo verbo, podem ocorrer dois termos da oração: um objeto e um predicativo. O predicativo do objeto geralmente se vincula aos verbos transitivos diretos, atribuindo uma propriedade ao seu complemento verbal. No entanto, em uma mesma oração podem co-ocorrer um adjunto adnominal e um predicativo do objeto, confundindo a aplicação da concordância adequada entre esses elementos sintáticos. Trata-se de duas etapas de concordância nominal distintas: uma que relaciona o adjunto adnominal ao objeto e a segunda que associa o predicativo ao seu objeto. Vejamos sentenças com os dois termos sintáticos separados: 1. A lua transforma a noite dos namorados. ...[transforma: verbo transitivo direto] ...[a noite: objeto direto] ...[dos namorados: adjunto adnominal = atributo de “noite” livremente apontado] 2. A lua torna a noite iluminada . ...[torna: verbo transitivo direto] ...[a noite: objeto direto] ...[iluminada: predicativo do objeto = atributo de “noite” imposto pelo verbo] O predicativo do objeto sempre concorda em gênero e número com o termo (o objeto) ao qual se liga, mesmo que junto ao seu objeto haja um adjunto adnominal associado. Exemplo: 1. “A lua torna a noite iluminada dos namorados.” ...[iluminada: predicativo do objeto direto “noite”] A posição do predicativo do objeto não é fixa na oração. Ele pode: 1. anteceder o objeto “... torna iluminada a noite dos namorados.” 2. proceder imediatamente ao objeto “... torna a noite iluminada dos namorados.” 3. vir ao final do adjunto adnominal “... torna a noite dos namorados iluminada .”

A confusão na concordância que se observa freqüentemente acontece quando o predicativo está na posição (3) apontada acima, pois o raciocínio mais cômodo faria concordar o predicativo com a última palavra que o antecede. É importante lembrar, porém, que mesmo distante o predicativo deve manter a concordância com o objeto que é a sua referência na oração. Exemplos: 1. A academia consagrou os trabalhos de biologia pioneira . [Inadequado] A academia consagrou os trabalhos de biologia pioneiros . [Adequado] ...[os trabalhos: objeto direto = masculino plural] ...[de biologia: adjunto adnominal] ...[pioneiros: predicativo do objeto = masculino plural] 2. A paz manteria a bandeira do Brasil vivo . [Inadequado] A paz manteria a bandeira do Brasil viva . [Adequado] ...[a bandeira: objeto direto = feminino singular] ...[do Brasil: adjunto adnominal] ...[viva: predicativo do objeto = feminino singular] Note que em certas situações apenas a concordância é que deixará claro o termo que está sendo modificado, pois um adjetivo como no exemplo (2) pode se aplicar tanto ao objeto (no exemplo,”bandeira”) como ao núcleo do adjunto adnominal (no exemplo, “Brasil”). É facultativo ao ouvinte/leitor, portanto, compreender a oração da forma como ele preferir se a concordância não esclarece os termos que estão relacionados na oração.

Concordância Verbal A relação de concordância, quando se dá entre o sujeito e o verbo principal de uma oração, é chamada de concordância verbal . Os verbos flexionam-se em pessoa (primeira, segunda e terceira), em número (singular e plural), em tempo (presente, passado e futuro) e em modo (indicativo, subjuntivo e imperativo). Em geral, as características de número e pessoa são as que um termo determinante ou dependente (verbo) deve manter em harmonia com as do termo determinado ou principal (substantivo e etc.). Em língua portuguesa, as relações de concordância são obrigatórias nos casos supra-citados. Por isso, é importante saber de que forma os verbos e sintagmas nominais se relacionam para, assim, promover a concordância adequada. Dê uma olhada nas particularidades da concordância verbal: · A concordância e o sujeito simples · A concordância e as desinências · A concordância e o termo determinado · A concordância e os pronomes indefinido e demonstrativo como sujeito · A concordância e o pronome interrogativo como sujeito · A concordância e o pronome reto com predicativo do sujeito · A concordância e as orações adjetivas · A concordância e o pronome relativo em orações adjetivas · A concordância e os pronomes reflexivos · A concordância e o pronome “que” · A concordância e o pronome “quem” · A concordância e os pronomes “o que” · A concordância e expressões como “É necessário” · A concordância e expressões como “É preciso” · A concordância e os verbos indicativos de horas · A concordância e expressões de quantidade · A concordância e os verbos modais · A concordância e o verbo “parecer” · A concordância e o verbo “importar” A concordância e o sujeito simples

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Dentre os casos de concordância verbal, o que trata do sujeito e o verbo é o mais básico e geral da língua portuguesa. Sintaticamente, o sujeito é o termo que se mantém em harmonia com o verbo. Esse sujeito ora pode estar expresso na oração através de um nome (substantivo, pronome e etc.) ou uma oração subordinada substantiva, ora pode estar implícito na oração, ou ainda, pode ser inexistente na oração. Mesmo que o sujeito seja um elemento não declarado na oração, a concordância de número e pessoa entre ele e o verbo é obrigatória (salvo a exceção da concordância ideológica). Exemplos: 1. Nós quer falar assim! [Inadequado] Nós queremos falar assim! [Adequado] 2. As compras chegou ontem. [Inadequado] As compras chegaram ontem. [Adequado] Quando o sujeito não está expresso na oração é preciso recuperá-lo no contexto e, então, promover a concordância. Exemplo: 1. Elas disseram que vai ao jantar. ...Elas disseram que vão ao jantar ...[sujeito de “vão” = “que” retomando o nome “elas”] ...Elas disseram que ele vai ao jantar. ...[sujeito de “vão” = “ele”] Há casos em que um sujeito simples representa não um único elemento, mas toda uma coletividade . Mesmo transmitindo essa idéia de pluralidade, a concordância deve respeitar o número e a pessoa representada pela palavra-sujeito. Exemplos: 1. A gente não fizemos a lição. [Inadequado] A gente não fez a lição. [Adequado] 2. As gentes do Brasil espelha as várias raças. [Inadequado] As gentes do Brasil espelham as várias raças. [Adequado] A concordância e as desinências As desinências (-s, -mos, -va e etc.) são elementos essenciais para se determinar a flexão das palavras em Língua Portuguesa. Por esse motivo são, inclusive, denominadas morfemas flexionais. Por indicarem, na morfologia, a flexão nominal (gênero, número) e a flexão verbal (pessoa, número, tempo, modo, aspecto e voz ), é obrigatória a presença das desinências nas palavras. Esse fator é fundamental à construção adequada da concordância nominal e da concordância verbal. Freqüentemente se observa a ausência da desinência -s indicativa da segunda pessoa do singular. Esse comportamento, verificado particularmente na língua falada, acarreta problemas de concordância verbal, já que a forma vazia (sem o -s . Ex.: ama) é a forma representativa da terceira pessoa do singular. Exemplos: 1. Tu fala por experiência própria! [Inadequado] Tu falas por experiência própria! [Adequado] A concordância e o termo determinado A concordância verbal, obrigatória em Língua Portuguesa, ocorre preferencialmente entre o verbo e o sujeito da oração. Nas orações formadas por um predicado nominal (verbo de ligação + predicativo do sujeito) o verbo deve concordar não com o sujeito, mas sim com o predicativo do sujeito. Essa possibilidade de concordância ocorre, dentre outros casos, se: · sujeito for um nome no plural ; · predicativo do sujeito estiver determinado , isto é, se ele for formado por um nome + determinante (artigo, numeral e etc.). Exemplos: 1. Carros roubados são uma coisa normal nesta rua. [Inadequado] Carros roubados é uma coisa normal nesta rua. [Adequado] 2. Falsas promessas foram a minha desgraça! [Inadequado] Falsas promessas foi a minha desgraça! [Adequado]

A concordância e os pronomes indefinido e demonstrativo como sujeito A concordância verbal, obrigatória em Língua Portuguesa, ocorre preferencialmente entre o verbo e o sujeito da oração. Nas orações formadas por um predicado nominal (verbo de ligação + predicativo do sujeito) o verbo deve concordar não com o sujeito, mas sim com o predicativo do sujeito. Essa possibilidade de concordância ocorre, dentre outros casos, se o sujeito da oração for: · um pronome indefinido (todo, tudo, nada e etc.); · um pronome demonstrativo neutro (isto, isso e aquilo). Exemplos: 1. Nada é obstáculos para um bom vendedor. [Inadequado] Nada são obstáculos para um bom vendedor. [Adequado] 2. Tudo é flores! [Inadequado] Tudo são flores! [Adequado] 3. Para mim isso é histórias mal contadas. [Inadequado] Para mim isso são histórias mal contadas. [Adequado] 4. Aquilo é manobras sociais. [Inadequado] Aquilo são manobras sociais. [Adequado] A concordância e o pronome interrogativo como sujei to A concordância verbal, obrigatória em Língua Portuguesa, ocorre preferencialmente entre o verbo e o sujeito da oração. Nas orações formadas por um predicado nominal (verbo de ligação + predicativo do sujeito) o verbo deve concordar não com o sujeito, mas sim com o predicativo do sujeito. Essa possibilidade de concordância ocorre, dentre outros casos, se o sujeito for um pronome interrogativo (qual, quem, que, quando e etc.). Exemplos: 1. Quem é eles? [Inadequado] Quem são eles? [Adequado] 2. Quando será as provas? [Inadequado] Quando serão as provas? [Adequado] A concordância e o pronome reto como predicativo do sujeito A concordância verbal, obrigatória em Língua Portuguesa, ocorre preferencialmente entre o verbo e o sujeito da oração. Nas orações formadas por um predicado nominal (verbo de ligação + predicativo do sujeito) o verbo deve concordar não com o sujeito, mas sim com o predicativo do sujeito. Essa possibilidade de concordância ocorre, dentre outros casos, se o predicativo do sujeito for um pronome reto (eu, tu, ele e etc.). Exemplos: 1. O encarregado da obra é eu. [Inadequado] O encarregado da obra sou eu. [Adequado] 2. Neste caso continua nós... [Inadequado] Neste caso continuamos nós... [Adequado] A concordância e as orações adjetivas As orações subordinadas adjetivas são aquelas que têm valor de adjetivo, ou seja, que qualificam ou determinam um nome que pertence à oração principal. Como elas estão ligadas a um termo da oração principal através de um pronome relativo, é obrigatório que entre o verbo da oração subordinada e o pronome haja concordância de pessoa e número . Em geral as orações adjetivas são introduzidas por um pronome relativo (que, qual e etc.) que, substituindo o nome ao qual o verbo da oração subordinada está ligado, comanda a concordância verbal. Exemplos: 1. Os homens que mata os animais selvagens devem ser denunciados. [Inadequado] Os homens que matam os animais selvagens devem ser denunciados. [Adequado] ...[Os homens devem ser denunciados: oração principal] ...[que matam os animais selvagens: oração subordinada adjetiva]

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...[que: pronome relativo a “os homens”] 2. As questões que era mais importante foram esquecidas. [Inadequado] As questões que eram mais importantes foram esquecidas. [Adequado] ...[As questões foram esquecidas: oração principal] ...[que eram mais importantes: oração subordinada adjetiva] ...[que: pronome relativo a “as questões”] Observe que no exemplo (2) não só o verbo, mas também o adjetivo da oração subordinada (eram, importantes) devem se manter em harmonia com o nome ao qual estão ligados. Uma regra prática para identificar a oração subordinada adjetiva e, assim, promover a concordância verbal adequada, é substituir toda a oração subordinada pelo adjetivo a ela correspondente. 1. Os homens matadores de animais selvagens devem ser denunciados. 2. As questões mais importantes foram esquecidas. A concordância e o pronome relativo em orações adjetivas As orações subordinadas adjetivas, por qualificarem um termo da oração principal, possuem as características de um adjetivo; ou seja: estão ligadas a um nome , em geral um substantivo, ao qual conferem um atributo . Dentre as características das orações subordinadas adjetivas destacamos o fato de serem introduzidas pelo pronome relativo que . Nas orações adjetivas o que faz referência a algum termo da oração principal (sujeito, objeto, complemento nominal). Desse modo, o que carrega consigo todas as marcas de flexão (número, gênero, pessoa) do termo ao qual se refere. Assim, é obrigatória a concordância em número e pessoa entre o verbo da oração subordinada adjetiva e o substantivo a que se refere representado pela palavra que. Exemplos: 1. Os trabalhadores que fez greve serão convocados para a reunião. [Inadequado] Os trabalhadores que fizeram greve serão convocados para a reunião. [Adequado] 2. Os lustres da sala que foram inaugurados destacava-se em delicadeza. [Inadequado] Os lustres da sala que foi inaugurada destacavam-se em delicadeza. [Adequado] A concordância e os pronomes reflexivos Os pronomes reflexivos (me, te, se, nos e etc.) possuem uma forma especial para cada pessoa verbal. Para indicar que o objeto da ação é a mesma pessoa que o sujeito que a pratica, é obrigatória a concordância em pessoa entre o pronome reflexivo e a pessoa a qual se refere. É importante lembrar, ainda, que a terceira pessoa possui uma única forma tanto para o singular quanto para o plural: se, si e consigo. Exemplos: 1. Eu se machuquei. [Inadequado] Eu me machuquei. [Adequado] 2. Ela foi embora e levou minha juventude contigo . [Inadequado] Ela foi embora e levou minha juventude consigo . [Adequado] Observe que a concordância própria aos pronomes reflexivos respeitam apenas a pessoa verbal e não o gênero da pessoa a qual se refere, senão vejamos os exemplos de sentenças corretas: Ela está fora de si . / Ele está fora de si . Além disso, é comum acrescentar algumas expressões reforçativas junto aos pronomes reflexivos. Dessa forma, destaca-se a idéia de igualdade entre as pessoas que estão sujeitas à ação. Exemplos:

1. Eu me machuquei. Eu mesma me machuquei. 2. Eles se julgavam. Eles julgavam-se a si mesmos. A concordância e o pronome “que” Os pronomes relativos são aqueles que estabelecem a ligação entre a oração principal e a oração subordinada, ao substituir, na oração subordinada, um termo presente na oração principal (termo antecedente ). Dentre os pronomes relativos, o que é o mais comum, sendo empregado em construções diversas. Diferentemente de outros relativos (qual, cujo, por exemplo), o que não se flexiona em gênero e número. Por isso, muitas vezes é difícil saber a qual elemento o que se refere. Porém, como se trata de um relativo, o pronome que sempre retoma um nome anteriormente apontado e dele herda as características de flexão. Em geral, o que introduz uma oração subordinada. A concordância de número e pessoa entre o verbo da oração subordinada e o elemento ao qual o que está ligado é obrigatória . É o que ocorre quando o termo antecedente for um pronome pessoal do caso reto (eu, tu, ele e etc.) Exemplos: 1. Não fui eu que lhe vendeu fiado. [Inadequado] Não fui eu que lhe vendi fiado. [Adequado] 2. São eles que promete e não cumpre . [Inadequado] São eles que prometem e não cumprem . [Adequado] É importante lembrar que, em análise sintática, o pronome reto que antecede o que é sujeito da oração principal. Já o sujeito da oração subordinada é o próprio que , por isso a necessidade de manter em harmonia os elementos da oração subordinada. 1. Fomos nós que antecipamos o resultado da pesquisa eleitoral. ...[fomos nós: oração principal] ...[que antecipamos o resultado da pesquisa eleitoral: oração subordinada] ...[nós: sujeito da oração principal] ...[que: sujeito da oração subordinada = pronome relativo a “nós”] A concordância e o pronome “quem” O pronome relativo substitui um nome que pertence à oração principal. Para evitar a repetição desse nome, utiliza-se um pronome que se torna “relativo” àquele nome o qual substitui. Exemplo: 1. Esses são os anéis que eu dei a você? ...[oração principal: esses são os anéis] ...[oração dependente: que eu dei a você] ...[anéis: predicativo do sujeito da oração principal] ...[que: pronome relativo a anéis / objeto direto da oração dependente] O pronome relativo quem, quando introduz uma oração dependente, se torna sujeito dessa oração. Logo é obrigatória a concordância em pessoa e número entre o verbo e o sujeito ao qual está ligado. Uma das possibilidades de concordância entre o quem e o verbo da oração dependente é manter este verbo na terceira pessoa do singular. Exemplos: 1. Fui eu quem paguei a conta. [Inadequado] Fui eu quem pagou a conta. [Adequado] 2. São eles quem nos obrigaram a marchar. [Inadequado] São eles quem nos obrigou a marchar. [Adequado] A concordância e os pronomes “o que” Há, em língua portuguesa, um tipo de construção que reúne dois pronomes - demonstrativo e relativo - formando as expressões “o(s) que” e “a(s) que”. Quando o termo que dessa expressão introduzir uma oração subordinada, o verbo

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dessa oração deve concordar em número e pessoa com o termo o(s)/a(s) que o antecede. Exemplos: 1. Não ouvi os que falava . [Inadequado] Não ouvi os que falavam . [Adequado] 2. São dois os que contribui para o time da empresa. [Inadequado] São dois os que contribuem para o time da empresa. [Adequado] O pronome demonstrativo pode ser representado pelas palavras o(s), a(s), geralmente empregadas como artigos. Trata-se de uma forma especial de pronome neutro que pode ser substituída por “aquele(s)”, “aquela(s)”. Já o pronome relativo que retoma um elemento anterior (termo antecedente). A análise sintática da expressão o que , portanto, deve ser compreendida da seguinte forma: 1. Cartas? Só lia as que chegavam em meu escritório. ...[Só lia as: oração principal] ...[que chegavam em meu escritório: oração subordinada] ...[as: objeto direto da oração principal = substitui “cartas”] ...[que: sujeito da oração subordinada = substitui “as”] A concordância e expressões como “É necessário” A concordância nominal, obrigatória em Língua Portuguesa, procura colocar em harmonia dois ou mais nomes. Já a concordância verbal, também obrigatória na língua, busca a harmonia entre o verbo e o sujeito ao qual se liga. Existem algumas expressões que se formam a partir do verbo SER + ADJETIVO (ou verbo no particípio funcionando como adjetivo). São exemplos desse tipo de estrutura: É necessário... É adequado... É claro... É obrigatório.. É proibido... É permitido... É importante... Quando ocorre esse tipo de construção, o sujeito da oração aparece em posição final , exigindo as seguintes características para a oração: · a concordância em gênero e número entre o predicativo do sujeito (necessário, adequado, claro, obrigatório e etc.) e o sujeito ao qual se liga (concordância nominal); · a concordância em número e pessoa entre o verbo e o sujeito (concordância verbal). Exemplos: 1. É necessário a autorização para a visita. [Inadequado] É necessária a autorização para a visita. [Adequado] 2. É necessário as assinaturas nos documentos originais. [Inadequado] São necessárias as assinaturas nos documentos originais. [Adequado] Observe que o sujeito dessas orações acima estão determinados, ou seja, são formados por um nome e um determinante (no caso, um artigo). Nas orações em que essas expressões antecederem um sujeito não determinado, não há variação da expressão. Isto é: as expressões devem sempre apresentar: · verbo ser na terceira pessoa do singular; · predicativo do sujeito no masculino singular. Exemplos: 1. É proibida entrada de pessoas estranhas. [Inadequado] É proibido entrada de pessoas estranhas. [Adequado] 2. São permitidas fotos neste local. [Inadequado] É permitido fotos neste local. [Adequado] A concordância e expressões como “É preciso” A concordância nominal, obrigatória em Língua Portuguesa, procura colocar em harmonia dois ou mais nomes. Já a concordância verbal, também obrigatória na língua, busca a harmonia entre o verbo e o sujeito ao qual se liga.

Algumas expressões são formadas a partir do verbo SER + ADJETIVO (ou verbo no particípio funcionando como adjetivo) e apresentam o sujeito em posição final da oração. Em geral esse tipo de construção estabelece a necessidade de concordância nominal e verbal entre o sujeito e o predicativo do sujeito e entre o sujeito e o verbo. No entanto, as expressões É preciso... e É bom... não sofrem qualquer variação conforme o sujeito que se apresente. Ou seja: · verbo deve estar sempre na terceira pessoa do singular · predicativo do sujeito deve estar sempre no masculino Exemplos: 1. É precisa uma vendedora aqui. [Inadequado] É preciso uma vendedora aqui. [Adequado] 2. É boa uma vendedora aqui. [Inadequado] É bom uma vendedora aqui. [Adequado] Esse tipo de construção ocorre porque se omitiu o verbo ter da oração. Assim, para se descobrir se há ou não variação de concordância na expressão, basta preencher o vazio deixado pelo verbo ter. Exemplos: 1. É preciso (ter) uma vendedora aqui. 2. É bom (ter) uma vendedora aqui. A concordância e os verbos indicativos de horas A concordância nominal, obrigatória em língua portuguesa, procura colocar em harmonia nomes e determinantes. Já a concordância verbal, também obrigatória na língua, busca a harmonia entre o verbo e o seu sujeito. As palavras ou expressões que indicam horas apresentam particularidades na sua construção. Geralmente esse tipo de construção é formado: · por verbos como “SOAR”, “BATER” ou “DAR” · por uma omissão, quase sempre da palavra “relógio” Nas orações em que a palavra “relógio” ou similares (“sino”, por exemplo) estiver omitida, o verbo “soar”, “bater” e “dar” deve concordar com o número das horas indicado na oração. Exemplos: 1. Todos concordavam: soava duas horas da tarde. [Inadequado] Todos concordavam: soavam duas horas da tarde. [Adequado] 2. No meu relógio já deu quatro horas de atraso. [Inadequado] No meu relógio já deram quatro horas de atraso. [Adequado] O sujeito dessas orações é a palavra “horas”, embora a idéia do marcador de tempo (relógio, sineta, sino e etc.) esteja embutida na expressão. Por isso, no exemplo (2) não se deve confundir a palavra “relógio” que, nesse caso é um adjunto adverbial de lugar, com o sujeito do verbo “dar”. Observe agora que, quando o marcador de tempo vem expresso na oração, os verbos tratados aqui devem concordar com a palavra que exprime esse marcador e não mais com a palavra “horas”. Exemplos: 1. Muito tempo depois meu relógio deram oito horas da manhã. [Inadequado] Muito tempo depois meu relógio deu oito horas da manhã. [Adequado] 2. Os sinos da igreja bateu uma hora certinha! [Inadequado] Os sinos da igreja bateram uma hora certinha! [Adequado] A concordância e expressões de quantidade A concordância verbal, obrigatória em língua portuguesa, procura colocar em harmonia sujeito e verbo. Assim, sempre que o sujeito estiver no plural, por exemplo, o verbo também deve se apresentar no plural. Porém certas construções da língua portuguesa rompem esse princípio de concordância verbal. É o caso de expressões que indicam quantidade.

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A idéia de quantidade pode querer expressar cada uma das unidades ou a totalidade dos seres contados. Quando expressões de quantidade indicarem uma totalidade , o verbo deve se apresentar no singular , concordando com o conjunto dos seres. Exemplos: 1. Creiam-me: três filhos são mais do que eu poderia imaginar! [Inadequado] Creiam-me: três filhos é mais do que eu poderia imaginar! [Adequado] 2. Duas semanas seriam muito pouco para o Ricardo se recuperar. [Inadequado] Duas semanas seria pouco para o Ricardo se recuperar. [Adequado] Essa particularidade de concordância também pode ser determinada pelo tipo de verbo que ela possui. O verbo “ser”, comumente empregado na função de verbo de ligação, pode funcionar como verbo intransitivo. Nesse caso, esse verbo intransitivo pode se relacionar com um advérbio a ele posposto. Como os advérbios e locuções adverbiais são invariáveis (nunca se flexionam em número, gênero ou pessoa), o verbo deve se manter na terceira pessoa do singular , independentemente do número e da pessoa do sujeito da oração. Vejamos um exemplo: 1. Desculpe-me, mas três colheres de açúcar são muito. [Inadequado] Desculpe-me, mas três colheres de açúcar é muito. [Adequado] ...[sujeito: três colheres de açúcar = terceira pessoa do plural] ...[verbo intransitivo: é = terceira pessoa do singular] ...[muito = advérbio de intensidade] É importante atentarmos para a formação desse predicado verbal. A concordância verbal só é fixa no singular quando o verbo “ser” for intransitivo associado a um advérbio. Nas orações em que esse predicado for um predicativo do sujeito acompanhado por um advérbio , a concordância verbal deve respeitar o número e a pessoa do seu sujeito. Conseqüentemente, o adjetivo que forma o predicativo do sujeito também deve ser flexionado de acordo com o sujeito. Vejamos o exemplo: 1. Sem dúvida, estas casas é bem maior ! [Inadequado] Sem dúvida, estas casas são bem maiores ! [Adequado] ...[estas casas: sujeito = terceira pessoa do plural] ...[bem maiores: predicativo do sujeito] ...[bem: advérbio = palavra invariável] ...[maiores: adjetivo plural] A concordância e os verbos modais Os verbos modais exprimem vontade, necessidade, proibição, enfim, idéias que atenuam ou enfatizam uma ação verbal. Como modais, esses verbos estão sempre associados a outros verbos formando uma locução verbal (verbo modal + verbo principal, nesse caso). Numa locução verbal formada por verbos modais (querer, precisar, poder, dever e etc.) a concordância verbal ocorre obrigatoriamente entre o verbo modal e o sujeito ao qual está ligado. Nesse caso, somente o verbo modal deve concordar em número e pessoa com o seu sujeito. Exemplo: 1. Nós não devemos assinarmos o documento antes de o ler. [Inadequado] Nós não devemos assinar o documento antes de o ler. [Adequado] ...[nós: sujeito = primeira pessoa do plural] ...[devemos assinar: locução verbal] ...[devemos: verbo modal] ...[assinar: verbo principal]

2. Na verdade, eles querem apoiarem a nossa candidatura. [Inadequado] Na verdade, eles querem apoiar a nossa candidatura. [Adequado] ...[eles: sujeito = terceira pessoa do plural] ...[querem apoiar: locução verbal] ...[querer: verbo modal] ...[apoiar: verbo principal] Em geral, os problemas de concordância relacionados aos verbos modais numa locução verbal ocorrem quando o sujeito ou o objeto da oração se interpõe entre os dois verbos da locução. Mesmo que esse sujeito se apresente entre o verbo modal e o verbo principal, é importante lembrar que somente o verbo modal se flexiona em número e pessoa concordando com o sujeito. O verbo principal, por sua vez, permanece sempre na forma infinitiva. Exemplos: 1. Podem as pessoas reclamarem , mas eu vou cantar agora. [Inadequado] Podem as pessoas reclamar , mas eu vou cantar agora. [Adequado] ...[as pessoas: sujeito = terceira pessoa do plural] ...[podem reclamar: locução verbal] ...[podem: verbo modal] ...[reclamar: verbo principal] 2. Precisamos nos orientarmos sobre os cursos oferecidos neste ano. [Inadequado] Precisamos nos orientar sobre os cursos oferecidos neste ano. [Adequado] ...[“nós”: sujeito = primeira pessoa do plural] ...[nos: objeto direto] ...[precisamos orientar: locução verbal] ...[precisamos: verbo modal] ...[orientar: verbo principal] Em termos de concordância verbal, os verbos modais se comportam da mesma maneira que os verbos auxiliares. Ou seja, ambos carregam consigo a responsabilidade da flexão de acordo com o sujeito da oração, enquanto os verbos principais se mantêm fixos na forma do infinitivo impessoal. A concordância e o verbo “parecer” Dentre as locuções verbais (verbo auxiliar + verbo principal na forma nominal), aquela formada pelo verbo PARECER + INFINITIVO recebe tratamento especial quanto à concordância. Numa locução verbal o verbo auxiliar marca a flexão verbal (pessoa, número, tempo e etc.), deixando para o verbo principal a idéia significativa da ação verbal. Exemplos: está fazendo; foi feito; precisamos fazer (verbos auxiliares: estar, ser e precisar; verbo principal: fazer). Nesse caso, a concordância verbal é centralizada no verbo auxiliar e somente nele. Nas orações em que aparece a locução introduzida pelo verbo parecer a concordância pode ser realizada de duas maneiras: - apenas o verbo auxiliar (parecer) se flexiona. O verbo principal permanece no infinitivo impessoal; - o verbo auxiliar (parecer) mantém-se na terceira pessoa do singular. O verbo principal, como infinitivo pessoal, se flexiona em pessoa, número, tempo e modo. Exemplos: Os astronautas parece duvidar do que viram. [Inadequado] 1. Os astronautas parecem duvidar do que viram. [Adequado] ...[parecem duvidar: locução verbal] ...[parecem: verbo auxiliar flexionado] ...[duvidar: verbo principal no infinitivo impessoal] 2. Os astronautas parece duvidarem do que viram. [Adequado] ...[parece duvidarem: dois verbos distintos]

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...[parece: verbo na terceira pessoa do singular]

...[duvidarem: verbo principal no infinitivo pessoal, portanto, flexionado] A segunda alternativa de concordância se explica pela função que o verbo parecer exerce na oração. Trata-se de uma palavra que, sozinha, representa uma oração (oração principal) a qual uma outra é subordinada. Temos clara essa situação de oração do verbo parecer se: · invertermos a ordem dos termos da oração subordinada e colocarmos a oração parece em início de período; · acrescentarmos a palavra “que” junto ao verbo parecer. Exemplos: 1. Os astronautas parece duvidarem do que viram. ...[parecem duvidar: locução verbal] 2. Parece duvidarem os astronautas do que viram. ...[parece: oração principal] ...[duvidarem os astronautas do que viram:- 1.oração subordinada; 2.sujeito da oração “parece”] 3. Parece que os astronautas duvidaram do que viram. ...[parece: oração principal] ...[duvidarem os astronautas do que viram:- 1.oração subordinada; 2. sujeito da oração “parece”] A concordância e o verbo “importar” Dentre as significações que o verbo importar possui, existe aquela que expressa revelar interesse, ter importância. Nesse caso, quando o verbo importar vier acompanhado de uma oração subordinada subjetiva, esse verbo deve se manter na 3ª pessoa do singular . A oração subordinada subjetiva exerce a função de sujeito, ou seja, apresenta o sujeito em forma de oração. Em geral esse tipo de oração é introduzido pelo pronome relativo (que, quem, por exemplo) que deve estar em concordância com o termo ao qual está ligado. Exemplos: 1. Não me importo que eles fujam. [Inadequado] Não me importa que eles fujam. [Adequado] 2. Quem vai ler estas cartas não importam . [Inadequado] Quem vai ler estas cartas não importa . [Adequado] Veja agora como a concordância verbal é alterada quando o sujeito do verbo importar não é uma oração subjetiva, mas um sujeito simples. 1. As fugas não importam a mim. 2. A pessoa que vai ler estas cartas não importa .

Colocação Prenominal Este é o estudo da colocação dos pronomes oblíquos átonos (me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, os, as, lhes) em relação ao verbo. Eles podem ser colocados de três maneiras diferentes: antes do verbo (Próclise), no meio do verbo (Mesóclise) e depois do verbo (Ênclise). Estude, então, a colocação pronominal. Próclise: é a colocação dos pronomes oblíquos átonos antes do verbo. Usa-se a próclise, obrigatoriamente, quando houver palavras atrativas. São elas: Palavras de sentido negativo. Ela nem se incomodou com meus problemas. Advérbios. Aqui se tem sossego, para trabalhar. Pronomes Indefinidos. Alguém me telefonou? Pronomes Interrogativos. Que me acontecerá agora?

Pronomes Relativos. A pessoa que me telefonou não se identificou. Pronomes Demonstrativos Neutros. Isso me comoveu deveras. Conjunções Subordinativas. Escrevia os nomes, conforme me lembrava deles. Obs.: Não ocorre próclise em início de frase. Ex.: O certo é Traga-me essa caneta que aí está. e não Me traga essa caneta. Outros usos da próclise: 01) Em frases exclamativas e/ou optativas (que exprimem desejo) Ex.: Quantas injúrias se cometeram naquele caso! Deus te abençoe, meu amigo! 02) Em frases com preposição em + verbo no gerúndio: Ex. Em se tratando de gastronomia, a Itália é ótima. Em se estudando Literatura, não se esqueça de Carlos Drummond de Andrade. 03) Em frases com preposição + infinitivo flexionado: Ex. Ao nos posicionarmos a favor dela, ganhamos alguns inimigos. Ao se referirem a mim, fizeram-no com respeito. 04) Havendo duas palavras atrativas, tanto o pronome poderá ficar após as duas palavras, quanto entre elas. Ex. Se me não ama mais, diga-me. Se não me ama mais, diga-me. Obs: Se o verbo não estiver no início da frase, pode ocorrer próclise também, mesmo não havendo palavra atrativa. Ex.: Ele se arrependeu do que fizera. Mesóclise: é a colocação dos pronomes oblíquos átonos no meio do verbo. Usa-se a mesóclise, quando houver verbo no Futuro do Presente ou no Futuro do Pretérito, sem que haja palavra atrativa alguma, apesar de, mesmo sem palavra atrativa, a próclise ser aceitável. O pronome oblíquo átono será colocado entre o infinitivo e as terminações ei, ás, á, emos, eis, ão, para o Futuro do Presente, e as terminações ia, ias, ia, íamos, íeis, iam, para o Futuro do Pretérito. Por exemplo, o verbo queixar-se ficará conjugado da seguinte maneira: Futuro do Presente Futuro do Pretérito queixar-me-ei queixar-me-ia queixar-te-ás queixar-te-ias queixar-se-á queixar-se-ia queixar-nos-emos queixar-nos-íamos queixar-vos-eis queixar-vos-íeis queixar-se-ão queixar-se-iam Para se conjugar qualquer outro verbo pronominal, basta-lhe trocar o infinitivo. Por exemplo, retira-se queixar e coloca-se zangar, arrepender, suicidar, mantendo os mesmos pronomes e desinências: zangar-me-ei, zangar-te-ás... Lembre-se de que, quando o verbo for transitivo direto terminado em R, S ou Z e à frente surgir o pronome O ou A, OS, AS, as terminações desaparecerão. Por exemplo Vou cantar a música = Vou cantá-la. O mesmo ocorrerá, na formação da mesóclise: Cantarei a música = Cantá-la-ei. Os verbos dizer, trazer e fazer são conjugados no Futuro do Presente e no Futuro do Pretérito, perdendo as letras ze, ficando, por exemplo, direi, dirás, traria, faríamos. Na

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formação da mesóclise, ocorre o mesmo: Direi a verdade = Di-la-ei; Farão o trabalho = Fá-lo-ão; Traríamos as apostilas = Trá-las-íamos. Obs.: Se o verbo não estiver no início da frase e estiver conjugado no Futuro do Presente ou no Futuro do Pretérito, no Brasil, tanto poderemos usar Próclise, quanto Mesóclise. Por exemplo: Eu me queixarei de você ou Eu queixar-me-ei de você. Os alunos se esforçarão ou Os alunos esforçar-se-ão. Ênclise: é a colocação dos pronomes oblíquos átonos depois do verbo. Usa-se a ênclise, principalmente nos seguintes casos: 01) Quando o verbo iniciar a oração. Ex. Trouxe-me as propostas já assinadas. Arrependi-me do que fiz a ela. 02) Com o verbo no imperativo afirmativo. Ex. Por favor, traga-me as propostas já assinadas. Arrependa-se, pecador!! Obs.: Se o verbo não estiver no início da frase e não estiver conjugado no Futuro do Presente ou no Futuro do Pretérito, no Brasil, tanto poderemos usar Próclise, quanto Ênclise. Por exemplo: Eu me queixei de você ou Eu queixei-me de você. Os alunos se esforçaram ou Os alunos esforçaram-se. Colocação pronominal nas locuções verbais As locuções verbais são formadas por verbo auxiliar + infinitivo, particípio ou gerúndio. 01) Auxiliar + Infinitivo ou Gerúndio: Quando o verbo principal da locução verbal estiver no infinitivo ou no gerúndio, há, no mínimo, duas colocações pronominais possíveis: Em relação ao verbo auxiliar, seguem-se as mesmas regras de colocação pronominal em tempos simples, ou seja, próclise, em qualquer circunstância (menos em início de frase), mesóclise, com verbo no futuro e ênclise, sem atração, nem futuro. Em relação ao principal, deve-se colocar o pronome depois do verbo (ênclise). Veja os exemplos:

Eles se vão esforçar mais.

Eles não se vão esforçar mais

Eles se irão esforçar mais.

Eles vão-se esforçar mais. -o- Eles ir-se-ão

esforçar mais. Eles vão esforçar-

se mais. Eles não vão

esforçar-se mais. Eles irão esforçar-

se mais. 01) Auxiliar + Particípio: Quando o verbo principal da locução verbal estiver no particípio, o pronome oblíquo átono só poderá ser colocado junto do verbo auxiliar, nunca após o verbo principal. Veja os exemplos:

Eles se têm esforçado.

Eles não se têm esforçado.

Eles se terão esforçado.

Eles têm-se esforçado. -o- Eles ter-se-ão

esforçado. -o- -o- -o-

Nota: Quando o pronome for colocado entre os dois verbos (ênclise no auxiliar), teremos de usar hífen. Por exemplo: Eles vão-se esforçar mais. Há gramáticos que julgam esse hífen desnecessário.

Crase Dá-se o nome de crase ( à) à contração entre a preposição “a” e o artigo definido feminino singular “a”.

Os artigos apresentam a propriedade de se contraírem a determinadas preposições (ex.: de + o = do; em + uma = numa). Na contração entre a preposição “a” e o artigo definido “a” a representação da forma “aa” é substituída pelo emprego do acento grave sobre um único “a”. A esse fenômeno chamamos craseamento . São condições básicas para a existência da crase: - que o termo que exige complemento (termo regente) também exija a preposição “a”; - que a palavra seguinte à preposição “a” seja feminina; - que a palavra seguinte à preposição “a” possa ser acompanhada de determinantes, especialmente o artigo definido feminino (“a”). Algumas particularidades sobre o uso da crase são tratadas de forma especial: · A crase e os pronomes relativos · A crase e os nomes no plural · A crase e as palavras repetidas · A crase e as locuções prepositivas · A crase e as locuções adverbiais · A crase e as locuções conjuncionais · A crase e o objeto indireto · A crase e os numerais · A crase e as preposições · A crase e os artigos · A crase e os verbos · A crase e os pronomes de tratamento · A crase e os pronomes demonstrativos · A crase e os pronomes indefinidos · A crase e os pronomes pessoais · A crase e a palavra terra · A crase e a palavra casa · A crase e a conjunção “caso” · A crase e os nomes próprios · A crase e as palavras masculinas · A crase e as palavras no plural A crase e os pronomes relativos A crase não deve ser empregada junto aos pronomes relativos QUE, QUEM e CUJO(A) . Nas orações em que aparece um termo regido pela preposição “a” acompanhado dos pronomes relativos acima apontados, não se verifica a contração da preposição e o artigo, portanto o acento grave indicativo da crase não é admitido. Exemplos: 1. Havia qualquer problema com a tomada à que ligaram o aparelho. [Inadequado] Havia qualquer problema com a tomada a que ligaram o aparelho. [Adequado ...[termo regente: ligar a] ...[termo regido: (a) tomada] 2. Era geniosa a funcionária à quem se reportava. [Inadequado] Era geniosa a funcionária a quem se reportava. [Adequado] ...[termo regente: reportar-se a] ...[termo regido: (a) funcionária] 3. A mulher, à cuja filiação se unira, esgotava-se em lágrimas. [Inadequado] A mulher, a cuja filiação se unira, esgotava-se em lágrimas. [Adequado] ...[termo regente: unir-se a] ...[termo regido: (a) filiação] A crase e os nomes no plural A crase não deve ser empregada junto a nomes apresentados na forma plural . Nas orações em que aparecem um termo regido pela preposição “a” acompanhado de nomes no plural, não se

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verifica a contração da preposição e o artigo, portanto o acento grave indicativo da crase não é admitido. Exemplos: 1. Sempre que lembrava, dava contribuições à piadas grosseiras. [Inadequado] Sempre que lembrava, dava contribuições a piadas grosseiras. [Adequado] ...[termo regente: dar (contribuições) a] ...[termo regido: piadas] 2. Quem ganhasse concorria à revistas em quadrinhos. [Inadequado] Quem ganhasse concorria a revistas em quadrinhos. [Adequado] ...[termo regente: concorrer a] ...[termo regido: revistas] Observe que esses nomes no plural não são determinados, porque a idéia indicada é de uma expressão genérica. Ao contrário, se os nomes no plural regidos pela preposição “a” são determinados (ou seja: especificados), o acento grave indicativo da crase deve ser empregado. Exemplo: 1. A freqüência dos alunos as aulas é facultativa. [Inadequado] A freqüência dos alunos às aulas é facultativa. [Adequado] ...[termo regente: freqüência a] ...[termo regido: as aulas] A crase e palavras repetidas A crase não deve ser empregada entre palavras repetidas. Nas orações em que aparecem palavras repetidas ligadas pelo “a”, não se verifica a contração da preposição e o artigo, portanto o acento grave indicativo da crase não é admitido. Isso se dá porque esse “a” presente entre as palavras repetidas é uma preposição somente, e não uma fusão de preposição e artigo (crase). Exemplos: 1. O manual explica passo à passo os procedimentos com a ferramenta. [Inadequado] O manual explica passo a passo os procedimentos com a ferramenta. [Adequado] 2. Finalmente encontrávamos frente à frente na votação. [Inadequado] Finalmente encontrávamos frente a frente na votação. [Adequado] São exemplos de expressões ligadas pela preposição “a”: · ...passo a passo... · ...frente a frente... · ...gota a gota... · ...ponto a ponto... · ...de mais a mais... A crase e as locuções prepositivas A crase deve ser empregada junto a algumas locuções prepositivas. As locuções prepositivas seguidas de palavra feminina e que puderem vir acompanhadas por determinantes (artigo, por exemplo), exigem o acento grave indicativo da crase. Exemplos: 1. Requeremos o material junto a coordenadoria . [Inadequado] Requeremos o material junto à coordenadoria. [Adequado] 2. Não procurei por você devido a total falta de tempo. [Inadequado] Não procurei por você devido à total falta de tempo. [Adequado] São exemplos de locuções prepositivas formadas pela preposição “a”: · junto a · devido a · em frente a

· graças a Existem locuções prepositivas cuja preposição “a” aparece no início da locução e, em geral, terminam pela preposição “de”. O emprego da crase junto a essas locuções é igualmente obrigatório , mesmo se a locução não vier expressa na oração. Exemplos: 1. Os gabinetes da empresa, diziam, estavam a beira do caos. [Inadequado] Os gabinetes da empresa, diziam, estavam à beira do caos. [Adequado] 2. E eu continuei a espera de uma vaga... [Inadequado] E eu continuei à espera de uma vaga... [Adequado] 3. Ele proclama a Carlos Gardel! [Inadequado] Ele proclama à Carlos Gardel! [Adequado] ...[locução prepositiva implícita: à maneira de Carlos Gardel] São exemplos de locuções prepositivas formadas pela preposição “a”: · à beira de · à espera de · à maneira de · à moda de · à procura de · à base de A crase e as locuções adverbiais A crase deve ser empregada junto a locuções adverbiais. Nas orações em que aparece um termo regido pela preposição “a” acompanhado de locuções adverbiais, o acento grave indicativo da crase é obrigatório . Isso, porém, só se dá se a palavra seguinte à locução for feminina e puder vir acompanhada por determinantes (artigo, por exemplo). Exemplos: 1. O segredo é sempre virar a direita ... [Inadequado] O segredo é sempre virar à direita ... [Adequado] 2. A tarde ela trabalha no hospital, mas a noite ela está em casa. [Inadequado] À tarde ela trabalha no hospital, mas à noite ela está em casa. [Adequado] Observe que as palavras femininas que podem ser determinadas participam da locução adverbial; ou seja, são as palavras “(a) direita”, “(a) tarde” e “(a) noite”. São outros exemplos de locuções adverbiais formadas pela preposição “a”: · à distância · à toa · à vontade · às pressas · às claras · à mão · às vezes A crase e as locuções conjuncionais A crase deve ser empregada junto a algumas locuções conjuncionais. Nas orações em que aparecem um termo regido pela preposição “a” acompanhado de locuções conjuncionais, o acento grave indicativo da crase é obrigatório . Isso, porém, só se dá se a palavra seguinte à locução for feminina e puder vir acompanhada por determinantes (artigo, por exemplo). Na Língua Portuguesa somente duas locuções conjuncionais se enquadram nesse emprego da crase. São elas: à medida que e à proporção que. Exemplos: 1. A dose do remédio diminuirá a medida que o problema seja reduzido . [Inadequado] A dose do remédio diminuirá à medida que o problema seja reduzido. [Adequado] 2. O medo aumentava a proporção que a noite caía. [Inadequado]

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O medo aumentava à proporção que a noite caía. [Adequado] Observe que as palavras femininas que podem ser determinadas participam da locução conjuncional; ou seja, são as palavras “(a) medida” e “(a) proporção”. A crase e o objeto indireto A crase deve ser empregada junto a alguns objetos indiretos. Nas orações em que aparecem o termo regido pela preposição “a” introduzindo um objeto indireto, o acento grave indicativo da crase é obrigatório . Isso, porém, só se dá se a palavra seguinte à preposição “a” for feminina e puder vir acompanhada por determinantes (artigo, por exemplo). O objeto indireto exerce a função sintática de complemento preposicionado de um verbo transitivo indireto. A preposição “a”, portanto, pode introduzir o objeto indireto. Porém, é importante lembrar que a crase só deve ser empregada se essa preposição introduzir uma palavra feminina (determinada ou não). Exemplos: 1. O poeta dedicava aquela obra a esposa e aos filhos. [Inadequado] O poeta dedicava aquela obra à esposa e aos filhos. [Adequado] ...[dedicar (a): verbo transitivo direto e indireto] ...[à esposa (e aos filhos): objeto indireto / (a) esposa = palavra feminina] 2. Os foliões dariam fôlego a festa do carnaval. [Inadequado] Os foliões dariam fôlego à festa do carnaval. [Adequado] ...[dar (a): verbo transitivo direto e indireto] ...[à festa: objeto indireto / (a) festa = palavra feminina] A crase e os numerais A crase não deve ser empregada junto a numerais cardinais ou ordinais, exceto em casos especiais. Nas orações em que aparece um termo regido pela preposição “a” acompanhado de numerais, o acento grave indicativo da crase é dispensado. Exemplos: 1. Isso tudo foi explicado à três crianças desatentas. [Inadequado] Isso tudo foi explicado a três crianças desatentas. [Adequado] ..[termo regente: explicar a] ..[três: numeral cardinal] ..[crianças: palavra feminina plural] 2. Os informes chegavam à dois lugares distintos. [Inadequado] Os informes chegavam a dois lugares distintos. [Adequado] ...[termo regente: chegavam a] ...[dois: numeral cardinal] ...[lugares: palavra masculina plural] É importante assinalar, ainda, que o emprego da crase é dispensado quando a expressão composta pelo numeral for indicativa de datas . Exemplos: 1. De 03/04 à 20/05 estarão abertas as inscrições para o curso de extensão. [Inadequado] De 03/04 a 20/05 estarão abertas as inscrições para o curso de extensão. [Adequado] Caso especial: Indicação de horas: se a expressão composta pelo numeral indicar horas o emprego da crase torna-se obrigatório. Exemplos: 1. O vôo partirá as 13h00. [Inadequado] O vôo partirá às 13h00. [Adequado] A crase e as preposições A crase não deve ser empregada junto a algumas preposições.

Dois casos, no entanto, devem ser observados quanto ao emprego da crase. Trata-se das preposições “a” e “até” empregadas antes de palavra feminina. Essas únicas exceções se devem ao fato de ambas indicarem, além de outras, a noção de movimento . Por isso, com relação à preposição “a” torna-se obrigatório o emprego da crase, já que haverá a fusão entre a preposição “a” e o artigo “a” (ou a simples possibilidade de emprego desse artigo). Já a preposição “até” admitirá a crase somente se a idéia expressa apontar para movimento. Exemplos: 1. A entrada será permitida mediante à entrega da passagem. [Inadequado] A entrada será permitida mediante a entrega da passagem. [Adequado] 2. Desde à assembléia os operários clamavam por greve. [Inadequado] Desde a assembléia os operários clamavam por greve. [Adequado] 3. Os médicos eram chamados a sala de cirurgia. [Inadequado] Os médicos eram chamados à sala de cirurgia. [Adequado] ...[termo regente: chamar a / “a” = preposição indicativa de movimento] ...[termo regido: (a) sala / “a” = artigo] ...[sala: palavra feminina] 4. Os escravos eram levados vagarosamente até a senzala. Os escravos eram levados vagarosamente até à senzala. ...[termo regente: levar a / “a” = preposição indicativa de movimento] ...[termo regido: (a) senzala / “a” = artigo] ...[senzala: palavra feminina] Observe que não foi apontado no exemplo (4) o uso inadequado e adequado das ocorrências de crase. Isso se dá porque atualmente no Brasil o emprego da crase diante da preposição “até” é facultativo . A crase e os artigos A crase não deve ser empregada junto a artigos, exceto junto ao artigo “a”. Os artigos (o, a, um, uma e suas flexões) são palavras que determinam um nome; por isso serem chamados de determinantes. Eles podem ser apresentados na forma de contração, sendo a crase uma dessas formas. Isto é, a crase é a contração, numa única palavra, entre o artigo definido feminino “a” e a preposição “a”. Antecedendo um artigo indefinido (um, uma, uns, umas) a crase não é admitida, uma vez que a palavra seguinte à preposição, mesmo que feminina, já está acompanhada de um determinante. Exemplos: 1. A homenagem está sendo entregue a a pesquisadora neste momento. [Inadequado] A homenagem está sendo entregue à pesquisadora neste momento. [Adequado] 2. Você pode se dirigir à uma sala ao teu lado esquerdo. [Inadequado] Você pode se dirigir a uma sala ao teu lado esquerdo. [Adequado] Quando o termo “uma” é associada à palavra hora , ele funciona como um numeral e, nesse caso, deve-se empregar a crase. Exemplos: 1. Os ingressos esgotaram-se a uma hora do espetáculo. [Inadequado] Os ingresso esgotaram-se à uma hora do espetáculo. [Adequado] A crase e os verbos A crase não deve ser empregada junto a verbos.

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O fenômeno da crase existe quando há uma fusão (ou contração) entre a preposição “a” e o artigo definido feminino “a”. Logo, se a palavra seguinte à preposição “a” for um verbo, o acento grave indicativo da crase não é admitido. Os verbos são palavras que não admitem determinantes (artigo, por exemplo). Como a condição básica da existência da crase é a referência (mesmo que implícita) do artigo definido feminino, diante de verbos a crase se torna absurda. Exemplos: 1. Aquilo dava à entender que realmente havia conflitos em família. [Inadequado] Aquilo dava a entender que realmente havia conflitos em família. [Adequado] 2. O prefeito se propôs à estudar melhor o assunto. [Inadequado] O prefeito se propôs a estudar melhor o assunto. [Adequado] A crase e os pronomes de tratamento A crase não deve ser empregada junto a pronomes de tratamento, exceto em alguns casos, como “senhora(s)”. Nas orações em que aparece um termo regido pela preposição “a” acompanhado de pronomes de tratamento, o acento grave indicativo da crase não é admitido. Exemplos: 1. Eu só empresto meu livro à você se for realmente necessário. [Inadequado] Eu só empresto meu livro a você se for realmente necessário. [Adequado] ...[termo regente: emprestar (o livro) a] ...[termo regido: você] 2. Essas homenagens são afetuosamente dedicadas à Vossa Excelência. [Inadequado] Essas homenagens são afetuosamente dedicadas a Vossa Excelência. [Adequado] ...[termo regente: dedicar a] ...[termo regido: Vossa Excelência] Os pronomes de tratamento em geral não admitem determinantes (artigo, por exemplo). Dessa forma, não é apresentada na oração a contração entre artigo e preposição, mas tão somente a preposição. Porém, alguns pronomes de tratamento, admitindo o determinante , exigem o acento grave indicativo da crase quando o termo regente pede a preposição “a”. São esses pronomes: senhora(s), senhorita(s), dona(s), madame(s) Exemplos: 1. A correspondência é endereçada a madame. [Inadequado] A correspondência é endereçada à madame. [Adequado] ...[termo regente: endereçar a] ...[termo regido: (a) madame] 2. Alguém explicou a senhora o funcionamento do programa? [Inadequado] Alguém explicou à senhora o funcionamento do programa? [Adequado] ...[termo regente: explicar (o funcionamento...) a] ...[termo regido: (a) senhora] A crase e os pronomes demonstrativos A crase não deve ser empregada junto a alguns pronomes demonstrativos. Os pronomes demonstrativos não admitem determinantes (artigo, por exemplo). Dessa forma, não é apresentada na oração a contração entre artigo e preposição, mas tão somente a preposição. Exemplos: 1. Os estudos apontados levaram-nos à estas conclusões. [Inadequado] Os estudos apontados levaram-nos a estas conclusões. [Adequado] 2. Era exatamente à isso que a gente se referia. [Inadequado]

Era exatamente a isso que a gente se referia. [Adequado] Outros demonstrativos (aquele – e suas flexões –, mesmo, tal e, próprio) admitem a crase quando o termo regido pela preposição “a” é uma palavra feminina determinada por esses pronomes. Exemplos: 1. Voltei, então, aquela estalagem dos sonhos de abril! [Inadequado] Voltei, então, àquela estalagem dos sonhos de abril! [Adequado] ...[termo regente: voltar a ] ...[termo regido: (a) estalagem] ...[estalagem: palavra feminina] 2. As glórias dos garimpeiros vinculavam-se a tal mobilização do governo. [Inadequado] As glórias dos garimpeiros vinculavam-se à tal mobilização do governo. [Adequado] ...[termo regente: vincular-se a ] ...[termo regido: (a) mobilização] ...[mobilização: palavra feminina] A crase e os pronomes indefinidos A crase não deve ser empregada junto a alguns pronomes indefinidos. Os pronomes indefinidos são aqueles que apresentam, de um modo vago , os seres em terceira pessoa. (ex.: alguém falou; qualquer lugar; certas questões...). Tais quais os artigos, os pronomes indefinidos funcionam como determinantes, ou seja, apresentam, mesmo que indeterminadamente, um nome. Desta forma, eles não admitem um artigo antecedendo a palavra a qual acompanham (ex.: a alguém falou; um alguém falou). Nas orações em que aparece o termo regido pela preposição “a” introduzindo um termo determinado por pronome indefinido, o acento grave indicativo da crase é dispensado. Exemplos: 1. Preocupado com as crianças, dirigia-se agora à toda escola que conhecia. [Inadequado] Preocupado com as crianças, dirigia-se agora a toda escola que conhecia. [Adequado] ...[termo regente: dirigir-se a] ...[toda: pronome indefinido] 2. Sempre perguntava à outra enfermeira sobre qual o leito que lhe pertencia... [Inadequado] Sempre perguntava a outra enfermeira sobre qual o leito que lhe pertencia. [Adequado] ...[termo regente: perguntar a] ...[outra: pronome indefinido] A crase e os pronomes pessoais A crase não deve ser empregada junto a pronomes pessoais. Os pronomes pessoais são aqueles que apontam para as pessoas do discurso ou a elas se referem. Eles podem ser pessoais do caso reto (eu, tu, ele e etc.) ou pessoais do caso oblíquo (me, te, o, lhe, mim, ti e etc.). Como a crase é formada por uma preposição (“a”) que indica movimento e não pessoas do discurso, o emprego do acento grave junto aos pronomes pessoais é dispensado. Os pronomes oblíquos exercem a função sintática de objeto indireto; ou seja, estão ligados a uma preposição e formam com ela o complemento de um verbo transitivo indireto. Mesmo assim, sempre que a preposição “a” acompanhar um pronome pessoal oblíquo ou reto, não deve vir craseado. Exemplos: 1. Todos diziam à ela que os votos confirmariam a sua candidatura. [Inadequado] Todos diziam a ela que os votos confirmariam a sua candidatura. [Adequado] ...[dizer (a): verbo transitivo direto E indireto]

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...[a ela: objeto indireto] 2. As flores, pesadas de orvalho, foram oferecidas à mim somente! [Inadequado] As flores, pesadas de orvalho, foram oferecidas a mim somente! [Adequado] ...[oferecer (a): verbo transitivo direto E indireto] ...[a mim: objeto indireto] A crase e a palavra “terra” A crase não deve ser empregada junto à palavra “terra ”. Diversas construções com a palavra “terra” demonstram duas significações distintas para o mesmo termo. Em (1) “Apesar dos esforços, tudo caiu por terra”, temos a palavra “terra” indicando o sentido de terra firme , chão. Já em (2) “Anos luz separam a lua da Terra”, a palavra “terra” aponta para o sentido de planeta do sistema solar. Quando “terra” encerrar o sentido de (1), não é possível empregar o artigo definido feminino (“... tudo caiu por a (pela) terra”). Dessa forma, o emprego da crase não é admitido. Ao contrário, quando “terra” indicar o sentido apontado em (2), o emprego do artigo definido feminino é permitido (“... separam a lua de a (da) terra”). Nesse caso, o emprego da crase é obrigatório. Note, porém, que a crase só é utilizada se houver um termo regente da preposição “a”. Assim, se a palavra “terra” anteceder a preposição “a” e carregar consigo o sentido de (2), a crase deve ser empregada. Exemplos: 1. Vários meteoritos desceram a terra depois de tantos anos de silêncio. [Inadequado] Vários meteoritos desceram à terra depois de tantos anos de silêncio. [Adequado] ...[termo regente: descer a / “a” preposição] ...[terra: sentido de planeta do sistema solar] 2. Lançaram à terra os grãos tão esperados da safra deste inverno. [Inadequado] Lançaram a terra os grãos tão esperados da safra deste inverno. [Adequado] ...[termo regente: lançar a / “a” preposição] ...[terra: sentido de solo, chão] Na língua escrita costuma-se anotar a palavra “terra”, com sentido de planeta terrestre, com a inicial maiúscula. Assim, temos: 1. Os astronautas voltam à Terra com novas conquistas científicas. A crase e a palavra “casa” A palavra casa admite diversas acepções e, por causa disso, estabelecem-se regras específicas para o uso da crase. Quando casa for empregada no sentido de lar, residência, não se usa a crase. Exemplos: 1. Voltarei à casa quando a tiverem reformado. [Inadequado] Voltarei a casa quando a tiverem reformado. [Adequado] Note que nos exemplos acima a palavra casa funciona como direção do movimento expresso pelos verbos “ir” e “voltar”. Como os dois verbos exigem a preposição “a” (quem vai, vai a algum lugar, quem volta, volta a algum lugar), e como casa é uma palavra feminina, era de esperar que acontecesse a contração da preposição “a” (pedida pelo verbo) com o artigo “a” (exigido por “casa”), o que levaria à ocorrência da crase. No entanto, não é o que se observa. A palavra casa , na acepção de “lar”, é entendida como um substantivo que não admite artigo, porque se pressupõe que já esteja definida. Por esse mesmo motivo, quando casa é sinônimo de “lar”, não se diz “Eu volto para a casa” ou “Eu cheguei na casa”, mas “Eu volto para casa” e “Eu cheguei em casa”. Vejamos um exemplo em que casa assume o sentido de construção, edifício, prédio, admitindo o emprego da crase. 1. Por favor, queiram se dirigir à casa ao lado!

É importante apontar, ainda, para a associação da palavra casa aos adjuntos adnominais. Quando a palavra casa for especificada de algum modo (adjunto adnominal), o emprego da crase é obrigatório , mesmo com o sentido de lar ou residência. Exemplo: 1. A proposta é que voltemos à casa de Tiago. ...[casa: lar, residência] ...[de Tiago: adjunto adnominal] A crase e a conjunção “caso” O fenômeno da crase existe quando há uma fusão (ou contração) entre a preposição “a” e o artigo definido feminino “a”. A crase não deve ser aplicada ao “a” que segue qualquer conjunção. Apesar disso, freqüentemente se observa o emprego da crase depois da conjunção caso . Provavelmente, isso se dá por analogia a outros termos dalíngua, como as expressões “devido à”..., “relativo à” que admitem a crase. Exemplos: 1. Muitos ingressos irão faltar, caso à estréia seja adiada. [Inadequado] Muitos ingressos irão faltar, caso a estréia seja adiada. [Adequado] 2. Caso às promessas sejam falsas, outras revoltas acontecerão. [Inadequado] Caso as promessas sejam falsas, outras revoltas acontecerão. [Adequado] É interessante notar, porém, que em casos de inversão dos termos de uma oração que contenha a conjunção caso , pode-se verificar o “a” craseado após a conjunção. Mesmo nesse caso, não se trata de a conjunção caso reger a preposição “a”, mas sim de inversão dos termos, em que um objeto indireto, por exemplo, é antecipado na oração. Exemplo: 1. Caso as ordens eu não me refira, lembrem-me, por favor. [Inadequado] Caso às ordens eu não me refira, lembrem-me, por favor. [Adequado] ...[ordem linear: “Caso eu não me refira às ordens”] ...[às ordens: objeto indireto de “referir-se”] A conjunção caso pode ser substituída pela conjunção “se”, pois ambas têm valor condicional. Por essa operação de substituição é possível ter clara a função da palavra caso e, conseqüentemente, confirmar o emprego inadequado da crase junto a essa palavra. A crase e os nomes próprios A crase não deve ser empregada junto a nomes próprios . Os nomes próprios indicam um nome específico, em geral destinado a um ser em particular em oposição a um ser genérico – nome comum (ex: cidade: ser genérico = nome comum; Campo Grande: ser específico = nome próprio). Os nomes próprios são empregados para designar, entre outros, pessoas (ex.: Maria), lugares (ex.: Brasil), instituições (Senado) e até nomes de santos (ex.: São José). Quando houver um termo regente da preposição “a” antecedendo um nome próprio do tipo apontado acima o acento grave indicativo do fenômeno da crase não é admitido, exceto se houver alguma relação de proximidade como o mesmo. O fato de não admitir o artigo como determinante é devido ao tipo de relação que se mantém com esses seres apontados através dos nomes próprios. O artigo definido estabelece uma relação de proximidade (ou intimidade) entre as pessoas do discurso. Dessa forma, entre um “tu” e “Maria”, por exemplo, não há relação de intimidade se essa “Maria” for desconhecida daquele “tu”, logo não empregamos o artigo definido (“a Maria veio aqui”), mas tão somente “Maria veio aqui”.

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Note, ainda, que a crase só deve ser empregada antes de palavras femininas. Desse modo, são os nomes próprios femininos que devem ser atentados quanto ao emprego do artigo feminino junto à preposição “a”. Exemplo: 1. Ele se referia à São Paulo quando falava daquela arquitetura. [Inadequado] Ele se referia a São Paulo quando falava daquela arquitetura. [Adequado] ...[termo regente: referir a / “a” preposição] ...[São Paulo: nome próprio] Uma regra prática para se determinar o emprego correto da crase nesse caso é substituir o verbo utilizado na oração pelo verbo “voltar ”. Se o resultado da substituição for “voltar da” e não “voltar de”, emprega-se a crase. Exemplos: 1. Ele se referia a Espanha quando falava daquela arquitetura. [Inadequado] Ele se referia à Espanha quando falava daquela arquitetura. [Adequado] ...[voltar da Espanha e não de Espanha: emprego da crase] 2. As decisões eram destinadas à Presidência e não ao Congresso. [Inadequado] As decisões eram destinadas a Presidência e não ao Congresso. [Adequado] ...[termo regente: destinar a / “a” preposição] ...[Presidência: nome próprio feminino] 3. A carmelita rogava à Santa Bárbara um olhar mais sereno aos pobres. [Inadequado] A carmelita rogava a Santa Bárbara um olhar mais sereno aos pobres. [Adequado] ...[termo regente: rogar a / “a” preposição] ...[Santa Bárbara: nome próprio feminino] A crase e as palavras masculinas A crase não deve ser empregada junto a palavras masculinas . O fenômeno da crase existe quando há uma fusão (ou contração) entre a preposição “a” e o artigo definido feminino “a”. Logo, se a palavra seguinte à preposição “a” for masculina, o acento grave indicativo da crase não é admitido. Exemplos: 1. Os alunos seriam instruídos para escreverem à lápis. [Inadequado] Os alunos seriam instruídos para escreverem a lápis. [Adequado] 2. As bolas lançadas à gol foram rebatidas. [Inadequado] As bolas lançadas a gol foram rebatidas. [Adequado] Note que no exemplo (1) estamos diante de uma locução adverbial, o que faz com que apenas o acento grave referente à crase seja dispensado. Já em (2) é obrigatória a representação da contração a + o (ao: a = preposição; o = artigo definido masculino). Uma das regras práticas para se determinar o emprego adequado da crase em Língua Portuguesa é substituir a palavra feminina seguinte à preposição “a” por uma palavra masculina . Se o resultado for a ocorrência da contração “ao” o emprego da crase é confirmado. Exemplo: 1. Todos os problemas se restringem à obtenção de verbos. Todos os problemas se restringem ao tipo de recurso disponível. ...[(a) obtenção: palavra feminina] ...[o tipo: palavra masculina] É importante lembrar ainda que a crase deve ser empregada antes de palavra feminina mesmo se essa palavra for antecedida de numeral. Exemplo:

1. Por enquanto a atleta se dedicava a primeira etapa do percurso. [Inadequado] Por enquanto a atleta se dedicava à primeira etapa do percurso. [Adequado] ...[termo regente: dedicar a] ...[primeira: numeral ordinal] ...[etapa: palavra feminina singular] A crase e as palavras no plural A crase no singular não deve ser empregada junto a palavras no plural . O fenômeno da crase existe quando há uma fusão (ou contração) entre a preposição “a” e o artigo definido feminino “a”. Logo, se a palavra seguinte à preposição “a” for feminina, mas plural, o acento grave indicativo da crase é dispensado . Outra opção de corretude da construção com a crase é apresentar a contração entre a preposição “a” e o artigo definido feminino plural “as” diante de palavras femininas no plural, resultando na forma “às”. Exemplos: 1. As mudanças propostas são pertinentes às caderneta de poupança. [Inadequado] As mudanças propostas são pertinentes a caderneta de poupança. [Adequado] 2. Na verdade, as histórias de bruxas pertenciam a fantasias infantis. [Inadequado] Na verdade, as histórias de bruxas pertenciam às fantasias infantis. [Adequado]

Regência São tipos de regência · Regência Nominal · Regência Verbal Regência Nominal Os substantivos, adjetivos e advérbios geralmente exigem que seus complementos venham precedidos por uma determinada preposição específica, prevista nos dicionários de regência. A utilização de outra preposição, não prevista, constitui erro de regência, e deve ser evitada. À esquerda apresentamos alguns casos inadequados de regência nominal; à direita seguem as construções recomendadas: “TV a cores” “TV em cores” “bacharel de direito” “bacharel em direito” “igual eu” “igual a mim” “alienado com” “alienado de” “curioso com” “curioso de/por” Regência verbal · A regência e o verbo “assistir” · A regência e o verbo “preferir” · A regência e o verbo “visar” · A regência e o verbo “aspirar” · A regência e os verbos pronominais · A regência e as orações subordinadas · A regência e o uso de preposições · A regência e o verbo “proceder” A regência e o verbo “assistir” O verbo “assistir ” varia de significação conforme as relações que estabelece com as preposições. Trata-se da regência verbal, responsável, nesse caso, pela alteração de significado da expressão. O verbo “assistir ”, dentre outras acepções, pode se apresentar como: · verbo transitivo indireto : aponta para o sentido de presenciar, ver, observar; rege a preposição “a” e não admite a substituição do termo regido pelo pronome oblíquo “lhe”, mas sim “o(s)” e “a(s)”;

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· verbo transitivo indireto : aponta para o sentido de caber (direito a alguém), pertencer; rege a preposição “a” e admite a substituição do termo regido pelo pronome oblíquo “lhe(s)”; · verbo transitivo direto : aponta para o sentido de socorrer, prestar assistência e não rege qualquer preposição. A é determinante na construção correta de cada uma das expressões acima. Assim, quando o verbo “assistir ” for empregado para indicar os sentidos apontados em (1) e (2), é obrigatória a presença da preposição regida. Exemplos: 1. Os mais velhos insistiam em querer assistir o jogo em pé. [Inadequado] Os mais velhos insistiam em querer assistir ao jogo em pé. [Adequado] Os mais velhos insistiam em querer assisti-lo em pé. [Adequado] ...[termo regente: assistir a = ver, observar] 2. Assiste o médico o direito de solicitar as informações sobre seu cliente. [Inadequado] Assiste ao médico o direito de solicitar as informações sobre seu cliente. [Adequado] Assiste-lhe o direito de solicitar as informações sobre seu cliente. [Adequado] ...[termo regente: assistir a = caber, pertencer] 3. Tua equipe assistiu aos processos de forma brilhante e participativa. [Inadequado] Tua equipe assistiu os processos de forma brilhante e participativa. [Adequado] Tua equipe os assistiu de forma brilhante e participativa. [Adequado] ...[termo regente: assistir = prestar assistência, socorrer] A regência e o verbo “ preferir ” O verbo “preferir ” é um verbo transitivo direto e indireto, portanto rege a preposição “a”. A regência verbal é determinante na construção correta de expressões formadas com o verbo “preferir ”. Embora na língua coloquial empregue-se o termo “do que” em lugar da preposição “a”, quando há relação de comparação , a regência adequada da língua culta ainda exige a presença do “a” preposicional. Exemplos: 1. Meus alunos preferem o brinquedo do que o livro. [Inadequado] Meus alunos preferem o brinquedo ao livro. [Adequado] ...[objeto direto: o brinquedo] ...[objeto indireto: ao livro] 2. O pequeno infante preferiu marchar do que esperar pelos ataques. [Inadequado] O pequeno infante preferiu marchar a esperar pelos ataques. [Adequado] ...[objeto direto: marchar] ...[objeto indireto: a esperar] A razão do emprego inadequado do termo “do que” nesse tipo de construção se deve ao processo de assimilação de expressões comparativas do tipo: 1. Prefiro mais ler do que escrever! A palavra “mais”, nesse caso, caiu em desuso, porém o segundo termo da comparação (“do que”) ainda permanece, gerando a confusão quanto à regência: o verbo preferir rege tão só a preposição “a” e não o termo “do que”. A regência e o verbo “ visar ” O verbo “visar ” varia de significação conforme as relações que estabelece com as preposições. Trata-se da regência verbal, responsável, nesse caso, pela alteração de significado da expressão. O verbo “visar ”, dentre outras acepções, pode se apresentar como:

· verbo transitivo indireto : aponta para o sentido de pretender, ter por objetivo, ter em vista; rege a preposição “a” e não admite a substituição do termo regido pelo pronome oblíquo “lhe”, mas sim “o(s)” e “a(s)”; · verbo transitivo direto : aponta para o sentido de mirar, apontar (arma de fogo) e não rege qualquer preposição. A regência verbal é determinante na construção correta de cada uma das expressões acima. Assim, quando o verbo “visar ” for empregado para indicar o sentido apontado em (1), é obrigatória a presença da preposição regida. Exemplos: 1. Os estudantes visam uma melhor colocação profissional. [Inadequado] Os estudantes visam a uma melhor colocação profissional. [Adequado] Os estudantes visam-na. [Adequado] ...[termo regente: visar a = ter por objetivo] 2. Os combatentes visavam aos territórios ocupados recentemente. [Inadequado] Os combatentes visavam os territórios ocupados recentemente. [Adequado] Os combatentes visavam-nos . [Adequado] ...[termo regente: visar = mirar] A regência e o verbo “aspirar” O verbo “aspirar ” varia de significação conforme as relações que estabelece com as preposições. Trata-se da regência verbal, responsável, nesse caso, pela alteração de significado da expressão. O verbo “aspirar ”, dentre outras acepções, pode se apresentar como: · verbo transitivo indireto : aponta para o sentido de almejar, desejar; rege a preposição “a” e não admite a substituição do termo regido pelo pronome oblíquo “lhe”, mas sim “o(s)” e “a(s)”; · verbo transitivo direto : aponta para o sentido de respirar, cheirar, inalar e não rege qualquer preposição. A regência verbal é determinante na construção correta de cada uma das expressões acima. Assim, quando o verbo “aspirar ” for empregado para indicar o sentido apontado em (1) é obrigatória a presença da preposição regida. Exemplos: 1. Os quase mil candidatos aspiravam a única vaga disponível. [Inadequado] Os quase mil candidatos aspiravam à única vaga disponível. [Adequado] Os quase mil candidatos aspiravam-na. [Adequado] ...[termo regente: aspirar a = desejar] 2. E eu era obrigado a aspirar ao mau cheiro dos canaviais... [Inadequado] E eu era obrigado a aspirar o mau cheiro dos canaviais... [Adequado] E eu era obrigado a aspirá-lo . [Adequado] ...[termo regente: aspirar = inalar] A regência e os verbos pronominais Os verbos pronominais são termos que, em geral, regem complementos preposicionados . São considerados verbos pronominais aqueles que se apresentam sempre com um pronome oblíquo átono como parte integrante do verbo (ex.: queixar-se, suicidar-se). Alguns verbos pronominais, porém, podem requerer um complemento preposicionado. É o caso, por exemplo, do verbo “queixar-se” (queixar-se de) e não do verbo “suicidar-se”. Quando os verbos pronominais exigirem complemento, esse deve sempre vir acompanhado de preposição. Exemplos: 1. Naquele momento os fiéis arrependeram-se os seus pecados. [Inadequado]

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Naquele momento os fiéis arrependeram-se dos seus pecados. [Adequado] ...[dos: de + os = dos / de = preposição] ...[dos seus pecados: objeto indireto] 2. Os biólogos do zoológico local dedicam-se as experiências genéticas. [Inadequado] Os biólogos do zoológico local dedicam-se às experiências genéticas. [Adequado] ...[às: a (preposição) + as (artigo) = às] ...[às experiências genéticas: objeto indireto] Note que, no exemplo (2), o verbo “dedicar-se” não é essencialmente pronominal, mas sim acidentalmente pronominal. Isto é, esse verbo pode se apresentar sem o pronome oblíquo e, nesse caso, deixa de ser pronominal (ex.: Ele dedicou sua vida ao pobres). Casos como esse, porém, demonstram que, em princípio, qualquer verbo pode se tornar pronominal e, portanto, possuir um complemento preposicionado. A regência e as orações subordinadas Um período composto é aquele que apresenta uma oração principal e uma ou mais orações dependentes desta principal. As orações subordinadas são dependentes e, em geral, ligam-se à oração principal por meio de conectivos (pronomes, conjunções e etc.). As orações subordinadas adjetivas e as orações subordinadas adverbiais, quando introduzidas por um pronome relativo (que, qual, quem e etc.), devem conservar a regência dos seus verbos. Exemplo: 1. A vaga para o emprego o qual/que eu lhe falei continua aberta. [Inadequado] A vaga para o emprego do qual/de que eu lhe falei continua aberta. [Adequado] ...[A vaga para o emprego continua aberta: oração principal] ...[do qual eu lhe falei: oração subordinada] ...[falei de emprego a você = de que/do qual OU falei sobre o emprego a você = sobre o qual] Notem que a preposição regida pelo verbo da oração subordinada vem antes do pronome relativo. Deve-se compreender, no entanto, que essa regência verbal é relativa ao verbo da oração subordinada (falei de/ falei sobre) e não ao verbo da oração principal (continua). Vejamos outro exemplo: 1. A pessoa que me casei é muito especial. [Inadequado] A pessoa com quem me casei é muito especial. [Adequado] ...[A pessoa é muito especial: oração principal] ...[com quem me casei: oração subordinada] ...[casei-me com a pessoa = com quem] A regência e o uso de preposições Na construção de uma unidade significativa, algumas palavras exigem o acompanhamento de outros elementos da língua. Essa relação de dependência com vistas à formação de um significado é chamada regência . A regência pode ser direta , quando a relação de dependência é imediata, ou indireta , quando ela é intermediada por outros elementos da língua, como as preposições. A regência do substantivo sobre o adjetivo (como em “a menina bonita”), ou do verbo transitivo direto sobre seu complemento (ex.: “Maria ama Pedro”) se dá de forma direta, enquanto a regência do substantivo sobre outro substantivo (como em “a filha de Maria”) ou de um verbo transitivo indireto sobre seu complemento (ex.: “Maria gosta de Pedro”) se faz necessariamente por meio de uma preposição. Nos casos de regência indireta, é preciso observar que nem todas as preposições podem desempenhar o papel de ligar o regente ao regido. Além disso, o uso de uma ou outra preposição pode provocar alterações de significado bastante consideráveis (ex.: “ir para casa”, “ir de casa”, “ir na

casa”, etc.). Por isso, é preciso estar atento para o conjunto de preposições exigidas pelo regente, e para as implicações do seu uso. A seguir alguns verbos da língua portuguesa que envolvem problemas freqüentes quanto à regência: Construção Inadequada: Estar de (greve); Namorar com; Arrasar com; Repetir de (ano). Construção Adequada: Estar em (greve); Namorar; Arrasar; Repetir o (ano). Exemplos: 1. Suzana continuava a dizer que namorava com Mário. [Inadequado] Suzana continuava a dizer que namorava Mário. [Adequado] 2. Meus pais não suportariam se eu repetisse de ano! [Inadequado] Meus pais não suportariam se eu repetisse o ano! [Adequado] A regência e o verbo “proceder” O verbo “proceder ” é um verbo transitivo indireto, e rege a preposição “a”. Freqüentemente se observa na linguagem coloquial o emprego do verbo proceder sem a preposição. Essa é uma licença da língua falada que, por assimilar o sentido do verbo proceder ao sentido de outros verbos sinônimos como realizar, efetuar, etc., transfere para proceder a transitividade direta, ou seja, o não uso de preposição. No entanto, isso não deve ser aplicado na linguagem culta, que exige a presença da preposição “a” (ou a sua contração) junto ao verbo. Exemplos: 1. Os apuradores procederam a contagem dos votos das escolas de samba. [Inadequado] Os apuradores procederam à contagem dos votos das escolas de samba. [Adequado] ...[objeto indireto: à contagem] ...[à: contração = a (artigo) + a (preposição) = crase] 2. O interrogatório que se procedeu foi decisivo. [Inadequado] O interrogatório a que se procedeu foi decisivo. [Adequado] ...[a que se procedeu: oração subordinada adjetiva] No exemplo (2) temos a preposição regida pelo verbo proceder iniciando uma oração adjetiva, ou seja, uma oração que se relaciona a um termo da oração principal, indicando-lhe uma nova informação. Para ficar clara a regência do verbo, vamos inverter a ordem das orações: 1. “Procedeu-se ao interrogatório que foi decisivo.” ...[ao interrogatório: objeto indireto] ...[ao: contração = a (preposição) + o (artigo)] O verbo proceder também pode ser empregado na sua concepção de verbo intransitivo. Nesse caso ele tem sentido de comportar-se, agir. Como um verbo intransitivo, não há complemento ligado ao verbo, portanto, não há também o uso de preposição. Exemplos: 1. De que maneira os turistas procederam ? 2. Espantei-me com aquela mulher que procedeu com firmeza diante da acusação. ...[procedeu: verbo intransitivo = não exige complemento] ...[com firmeza: adjunto adverbial de modo] ...[diante da acusação: adjunto adverbial de tempo]

As funções do “SE”

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“Se” (índice de indeterminação do sujeito) e a concordância. A palavra “se”, quando empregada junto a verbos intransitivos ou transitivos indiretos, não exerce qualquer função sintática na oração. A sua forma está sendo empregada tão somente para marcar um sujeitoindeterminado. Exemplos: 1. Morre-se de fome. ...[morrer: verbo intransitivo] ...[se: índice de indeterminação do sujeito = alguém morre] 2. Acreditava-se nas palavras do messias. ...[acreditar: verbo transitivo indireto] ...[se: índice de indeterminação do sujeito = alguém acreditava] Nas orações em que aparece o índice de indeterminação do sujeito a concordância verbal é fixa: verbo na terceira pessoa do singular . Dessa forma, tem-se marcado o fato de não se poder identificar um sujeito exato. 1. Precisam-se de balconistas. [Inadequado] Precisa-se de balconistas. [Adequado] 2. Gritavam-se de dor! [Inadequado] Gritava-se de dor! [Adequado] “Se” (partícula apassivadora) e a concordância. A palavra “se”, quando empregada junto a verbo transitivo direto ou verbo transitivo direto e indireto, não exerce qualquer função sintática na oração. A sua forma está sendo empregada tão somente para marcar uma voz verbal. As vozes verbais são: voz ativa, voz passiva e voz reflexiva. A voz passiva, por sua vez, pode se apresentar ou na forma analítica (com verbo ser) ou na forma sintética (com a partícula apassivadora “se”). Exemplos: 1. Eles afiam alicates aqui. [voz ativa] ...[sujeito da oração: eles] 2. Alicates são afiados aqui. [voz passiva analítica] ...[sujeito da oração: alicates] 3. Afiam-se alicates aqui. [voz passiva sintética] ...[sujeito da oração: alicates] Nas orações em que aparece a partícula apassivadora do verbo, o sujeito da oração está em posição posterior ao verbo. Mesmo assim, é obrigatória a concordância verbal (número e pessoa) entre o sujeito da oração e o verbo ao qual se liga. Exemplos: 1. Embora seja inútil, pede-se as informações aos fabricantes. [Inadequado] Embora seja inútil, pedem-se as informações aos fabricantes. [Adequado] 2. Calculam-se o peso nessa máquina! [Inadequado] Calcula-se o peso nessa máquina! [Adequado] 3. Vende-se casas! [Inadequado] Vendem-se casas! [Adequado] Uma regra prática para se identificar a palavra se como partícula apassivadora do verbo e, então, promover a concordância verbal adequada, é transformar a oração na voz passiva sintética em oração na voz passiva analítica. Exemplos: 1. Embora seja inútil, pede-se as informações aos fabricantes. [voz passiva sintética] 2. Embora seja inútil, as informações são pedidas aos fabricantes. [voz passiva analítica] “Se” (partícula apassivadora) e o sujeito oracional . As orações subordinadas subjetivas exercem a função de sujeito do período. Trata-se de um sujeito formado por uma oração, portanto, sujeito oracional . As orações subjetivas podem ser introduzidas por algum conectivo (em geral uma conjunção, como “que”, “se” e etc.) ou por um verbo no infinitivo. Exemplos:

1. É importante que saibamos o valor da moeda comercial. ...[sujeito oracional: que saibamos o valor da moeda comercial] ...[conectivo: que] 2. Sabe-se que o valor da moeda comercial caiu. ...[sujeito oracional: que o valor da moeda comercial caiu] ...[conectivo: que] As orações com sujeito oracional (oração subjetiva) podem se apresentar na voz passiva sintética. Ou seja, junto ao verbo emprega-se a palavra “se” (partícula apassivadora do verbo), como apontamos no exemplo (2). Quando as orações subjetivas na voz passiva sintética são introduzidas por algum conectivo ou um verbo no infinitivo, o verbo da oração principal deve ser empregado sempre na terceira pessoa do singular . Exemplos: 1. Costumam-se informar com antecedência os resultados. [Inadequado] Costuma-se informar com antecedência os resultados. [Adequado] 2. Cogitaram-se se os animais tentaram o ataque em sua própria defesa. [Inadequado] Cogitou-se se os animais tentaram o ataque em sua própria defesa. [Adequado] 3. Consideram-se que esses são os valores definitivos. [Inadequado] Considera-se que esses são os valores definitivos. [Adequado] O “se” em início de sentença A palavra “se” desempenha diversas funções na língua portuguesa: partícula apassivadora, índice de indeterminação do sujeito, pronome, conjunção, palavra integrante, termo expletivo, etc. Dentre essas várias funções do “se”, a de conjunção é a única que permite o seu emprego em início de sentença . Enquanto conjunção, o “se” indica a idéia de condição, possibilidade; por isso, é uma conjunção condicional. É possível, portanto, iniciar uma sentença com uma oração condicional, ou seja, impondo-se uma condição para que um fato ocorra. Por conseqüência dessas observações acima, é inaceitável o emprego da palavra “se” como pronome, por exemplo, em início de sentença. O pronome “se” é um pronome pessoal reflexivo ou recíproco. Dentre os pronomes pessoais, os únicos permitidos para figurarem em início de sentença são os pronomes pessoais do caso reto (eu, tu, ele e etc.). Os demais pronomes pessoais (os oblíquos: me, te, o, a e etc. e os reflexivos e recíprocos: nos, se e etc.), ocupam posição interna na sentença. Exemplos: 1. Se ofendiam e se amavam compulsivamente. [Inadequado] Ofendiam-se e amavam-se compulsivamente. [Adequado] 2. Se aproximaram um do outro fingindo ignorarem-se. [Inadequado] Aproximaram-se um do outro fingindo ignorarem-se. [Adequado] Como partícula apassivadora, o “se” mantém-se junto ao verbo, da mesma forma que o pronome. Sua ligação com o verbo é demonstrada pelo uso do hífen, que não permite que o “se” fique solto na sentença. É inadequado , portanto, o emprego do “se” - partícula apassivadora - em início de sentença. Exemplos: 1. Se ouvem passos no corredor, aterrorizando a madrugada. [Inadequado] Ouvem-se passos no corredor, aterrorizando a madrugada. [Adequado]

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2. Se calcula imposto de renda aqui. [Inadequado] Calcula-se imposto de renda aqui. [Adequado] É interessante exemplificar, ainda, o emprego inadequado do “se” quando este exerce a função de partícula integrante de verbos. Nessa situação, o “se” é representado porque faz parte dos chamados verbos pronominais (ex.: suicidar-se, arrepender-se). Nesse caso, o “se” também é inaceitável em início de sentença, devendo se apresentar posterior ao verbo quando este verbo estiver em posição inicial. Exemplos: 1. Se informe sobre as inscrições na secretaria da escola. [Inadequado] Informe-se sobre as inscrições na secretaria da escola. [Adequado] 2. Se comprometeu com a organização do baile, mas cometera um erro. [Inadequado] Comprometeu-se com a organização do baile, mas cometera um erro. [Adequado] A seguir, algumas sentenças em que o “se” funciona como uma conjunção condicional e, por isso, pode se apresentar no início de sentenças: Exemplos: 1. Se todos concordarem, faremos um novo sorteio. 2. Se você chegasse mais cedo, poderia assistir nosso show de mágica. 3. Se ele contar nosso segredo, jamais o perdoaremos.

Pontuação Os sinais de pontuação têm por finalidade: Assinalar pausas e inflexões de voz; Separar palavras, expressões e orações que devam ser destacadas; Esclarecer o sentido da frase, afastando qualquer ambigüidade. Emprego dos dois pontos: Enumeração (Tinha duas ambições: sucesso e dinheiro) Introduzindo uma citação ou diálogo (Ele respondeu secamente: "Não vou ao baile!") Emprego do ponto de interrogação: Após uma frase interrogativa direta (Espera por alguém?) Emprego do ponto de exclamação: Em frases que indiquem surpresa, espanto, admiração, alegria (Que espetáculo!) Após interjeições (Bravo!, Bis!!!) Emprego das reticências: Marcando interrupção do pensamento (Se for assim...) Deixando o sentido da frase ser interpretado pelo leitor (A resposta dela...) Denotando hesitação (Amanhã... Não sei não...) Realçando palavras ou expressões em ambiente literário (Para fazer pelos meus... ninguém ...) Emprego das aspas: Indicando citações de outros autores (Disse Fernando Pessoa: "Tudo vale a pena se a alma não é pequena") Em palavras ou expressões estrangeiras e gírias (Ele foi o "must", "tá"?!) Emprego do travessão: Indicando diálogos (— Ele voltará?) Destacando algum elemento frasal ou um aposto, podendo aparecer entre travessões (Jomar — primo de minha avó — sorria feliz)

Emprego dos parênteses: Em algum comentário ou explicação, isolando-os da frase “Na região Sudeste (São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espirito Santo) se produz aproximadamente a metade da riqueza agropecuária brasileira”. Emprego do ponto e vírgula: Separar itens de uma enumeração (em leis, decretos, portarias, regulamentos etc.) Separar orações com certa extensão, que dificultem a compreensão e respiração Para frisar o sentido adversativo antes da conjunção Separar orações que sejam quebradas por vírgula, para marcar pausa maior entre as orações Emprego da vírgula: Para o emprego correto da vírgula, deve-se considerar a ordem direta da frase: sujeito - verbo - complementos - adj. adverbial Erros quando a ordem é direta: não pode haver vírgula entre sujeito e predicado (O supervisor, distribuiu as tarefas - ERRADO) não pode haver vírgula entre o verbo e seus complementos (Os alunos refizeram, todos os textos - ERRADO) não pode haver vírgula entre o nome e o complemento nominal ou adjunto adnominal (A extração, do dente foi dolorosa - ERRADO) Entre os termos da oração: Separar termos coordenados da mesma função e assindéticos, ainda que sejam repetidos. Obs. Havendo e entre os dois últimos termos, suprime-se a virgula. Separar vocativos e o nome do lugar nas datas. Indicar inversões: do adjunto adverbial (se o adjunto for de pequena extensão, torna-se dispensável o uso da vírgula). do complemento pleonástico antecipado Indicar intercalações: de expressões explicativas, continuativas e conclusivas do adjunto adverbial ou aposto (menos o especificativo) da conjunção indicar, às vezes, elipse do verbo (Ele virá hoje; eu, amanhã) Em período composto: para separar as orações coordenadas assindéticas (sem conectivos) para separar as orações coordenadas sindéticas, quando os sujeitos das duas orações forem diferentes Obs. ver os casos específicos do e para separar as coordenadas adversativas. É bom saber que não se pode usar vírgula depois do mas e que, quando porém, contudo, todavia, no entanto e entretanto iniciarem a frase, poderão ou não ser seguidos de vírgula. Essas últimas conjunções sempre terão uma vírgula antes e outra depois quando estiverem intercaladas no período para separar as coordenadas sindéticas alternativas em que haja as conjunções ou....ou, ora....ora, quer....quer, seja....seja. para separar as coordenadas sindéticas conclusivas (logo, pois, portanto). O pois com valor conclusivo (= portanto) sempre deve vir entre vírgulas. Ex.: Não era alfabetizado; não podia, pois, ter carta de habilitação. para separar as coordenadas sindéticas explicativas (Não fale assim porque estamos ouvindo você).

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para separar as adverbiais reduzidas e as adverbiais antepostas ou intercaladas na principal. para separar as orações consecutivas. isolar as subordinadas adjetivas explicativas. As restritivas, geralmente não se separam por vírgula. Podem terminar por vírgula em casos de ter certa extensão ou quando os verbos se sucedem. Entretanto nunca devem começar por vírgula. (O rapaz, que tinha o passo firme, resolvei o problema / O aluno que estuda, aprende). Vírgula antes do e: não se emprega nas enumerações do tipo das seguintes: Ex.: Comprei um livro e um caderno / Fui ao supermercado e à farmácia usa-se quando vier em polissíndeto. Ex.: E fala, e resmunga, e chora, e pede socorro. a vírgula separa elementos com a mesma função sintática, exceto se estiverem ligados pela conjunção e. Ex.: O João, o Antônio, a Maria e o Joaquim foram passear. pode-se usar a vírgula se os sujeitos forem diferentes. Ex.: Eles explicam seus pontos de vista, e a imprensa deturpa-os. se o e assumir outros valores que não o aditivo, cabe o emprego de vírgula. Ex.: Responderam a mãe, e não foram repreendidos (adversidade).

VÍRGULA Dá-se o nome de vírgula ao sinal que, na língua escrita, representa uma pausa bastante breve. Além disso, a vírgula funciona como um organizador textual, ou seja, um elemento que auxilia na coesão do texto. Na língua falada há diversas formas de imprimir ritmos e melodias, dentre as quais se destaca a entonação . Ela é responsável ora pela ênfase que se emprega a determinado segmento da fala ora pela pausa entre um e outro desses segmentos. Já a língua escrita vale-se de alguns sinais para reproduzir, no papel, esses efeitospróprios da língua falada. Há pausas longas e breves na língua (ponto final e vírgula, por exemplo). Essas pausas são empregadas para separar um e outro elementos da oração e até mesmo uma e outra oração no período. Assim separados, tem-se o efeito de um elemento novo sendo introduzido na oração (caso do vocativo e aposto) ou o efeito de destaque de um termo dentro da oração (por exemplo, o deslocamento dos adjuntos adverbias para o início da oração). O emprego adequado da vírgula é importante para a compreensão do enunciado, bem como para identificar os elementos isolados ou não no período. É aconselhável, portanto, conhecer algumas particularidades sobre a vírgula: · Palavras e expressões entre vírgulas · A vírgula e as conjunções · A vírgula e as palavras partitivas · A vírgula, o sujeito e o verbo · A vírgula, o determinante e a palavra determinada Palavras e expressões entre vírgulas Dentre os empregos da vírgula destacam-se os casos em que certas palavras ou expressões indicam, por si só, uma idéia completa e distinta dos outros termos da oração da qual participam. Para isolar essas palavras ou expressões utilizamos o recurso da vírgula, obrigatória nesse caso. Uma das funções da vírgula é marcar, na língua escrita , a separação de termos da oração, imprimindo uma pausa no período. A vírgula, então, é aplicada uma única vez antes ou depois de alguma palavra ou expressão. Algumas palavras ou locuções, por expressarem sozinhas um sentido que independe dos outros elementos da oração, devem ser apresentadas entre vírgulas. Em geral, essas

palavras ou locuções encerram em si mesmas uma pausa. As duas vírgulas, então, reforçam não só a pausa, mas também o destaque de uma unidade significativa dentro da oração. Essas palavras ou locuções expressam diversos sentidos, podendo ser compreendidas da seguinte maneira: 1. explicativas: quando retomam o que foi dito anteriormente, apresentando-o de outra maneira. - isto é; - ou seja ; - a saber ; - por exemplo; - por outra ; - por assim dizer e - na verdade. Exemplos: 1. Quem quer faz quem não quer manda ou seja eu mesma vou conferir o estoque. [Inadequado] Quem quer faz quem não quer manda, ou seja, eu mesma vou conferir o estoque. [Adequado] 2. continuativas: quando provocam a continuação do enunciado, acrescentando-lhe nova informação. - além disso; - aliás; - demais e - então Exemplos: 1. O dinheiro dos empréstimos começava a aparecer aliás tarde demais. [Inadequado] O dinheiro dos empréstimos começava a aparecer, aliás, tarde demais. [Adequado] 3. corretivas : quando se prestam a alterar o que havia sido dito anteriormente. - ou melhor; - ou antes; - digo e - minto Exemplos: 1. Os chocolates estão chegando digo o dia da Páscoa está próximo. [Inadequado] Os chocolates estão chegando, digo, o dia da Páscoa está próximo. [Adequado] 4. conclusivas : quando apresentam a finalização [conclusão] de uma idéia. - então; - a meu ver; - com efeito; - outrossim; - portanto e - enfim Exemplos: 1. Essa questão a meu ver está encerrada. (Inadequado) Essa questão, a meu ver, está encerrada. [Adequado] A vírgula e as conjunções Dentre os empregos da vírgula destacam-se os casos em que ela é utilizada para separar orações de um período. Poucos são os tipos de orações que, dentro de um período, unem-se a outras sem uma pausa. A vírgula, além de indicar essa pausa breve, presta-se a marcar, na língua escrita, a separação de segmentos de um período. Alguns tipos de orações são introduzidos por conjunções que exigem a vírgula. Nesse caso, a vírgula é colocada antes da conjunção. Assim, a vírgula indica a separação, e a conjunção, a união de dois segmentos do período (as orações). A seguir, as conjunções que devem ser antecedidas pela vírgula: 1. adversativas - mas;

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- porém; - todavia; - contudo; - no entanto; - entretanto ... etc Exemplo: 1. A conversa estava agradável mas já demorava demais. [Inadequado] A conversa estava agradável, mas já demorava demais. [Adequado] 2. conclusivas - logo; - portanto; - pois; - por conseguinte ... etc Exemplo: 1. Eu estudei matemática logo posso lhe ajudar a entender os números. [Inadequado] Eu estudei matemática, logo posso lhe ajudar a entender os números. [Adequado] Com exceção da conjunção “mas”, as demais conjunções, tanto adversativas como conclusivas, podem aparecer no interior da oração da qual participam. Nesse caso, as conjunções devem vir entre vírgulas. Exemplo: 1. Queremos ver o mar. Não será, porém nesta viagem. [Inadequado] Queremos ver o mar. Não será, porém, nesta viagem. [Adequado]. Há, ainda, duas particularidades relativas às conjunções “mas” e “pois”: · mas : essa conjunção sempre encabeça a oração da qual participa (oração coordenada sindética adversativa). Dessa forma, ela exclui a possibilidade de se apresentar entre vírgulas. · pois : essa conjunção pode ser causal ou conclusiva. Quando ela tiver valor conclusivo sempre aparecerá entre vírgulas, já que nunca encabeça a oração da qual participa Exemplos: 1. Não veremos os animais e as árvores do parque, pois foram sacrificados. ...[conjunção causal] 2. Os animais e as árvores do parque foram, pois, sacrificados. ...[conjunção conclusiva] A vírgula e as palavras denotativas de realce Uma das funções da vírgula é isolar determinados termos da oração, imprimindo uma pausa no período. A vírgula, então, é aplicada duplamente: antes e depois do termo que quer se destacar. Algumas palavras da língua portuguesa são utilizadas para designar algumas idéias. Não se trata propriamente de um advérbio, embora em diversas situações cumpram o papel desempenhado por ele: um modificador. Assim chamadas de palavras denotativas, elas podem expressar ênfase: palavras denotativas de realce . As palavras denotativas de realce, já que isolam um termo dentro da oração, devem se apresentar entre vírgulas. Exemplos: 1. As crianças principalmente devem ser vacinadas com urgência. [Inadequado] As crianças, principalmente, devem ser vacinadas com urgência. [Adequado] 2. Os peixes e mariscos especialmente compunham seu cardápio tradicional. [Inadequado] Os peixes e mariscos, especialmente, compunham seu cardápio tradicional. [Adequado]

Algumas palavras denotativas, além de indicarem realce, também apontam para a idéia de partição . Elas indicam que, dentro de um conjunto de seres, alguns foram selecionados e é sobre esses que, em geral, recai a ênfase do enunciado. A vírgula, da mesma forma, deve ser empregada duplamente junto a essas palavras. Exemplo: 1. Aquelas festas eram sobretudo o reencontro anual da família. [Inadequado] Aquelas festas eram, sobretudo, o reencontro anual da família. [Adequado] São outros exemplos de palavras denotativas de realce: · maiormente · mormente A vírgula, o sujeito e o verbo A vírgula representa uma breve pausa na língua escrita . Além disso, ela também é comumente utilizada para separar termos da oração ou orações de um período. Há, porém, elementos da oração que estabelecem uma ligação direta entre si. É o caso do sujeito e o verbo. Entre esses dois elementos, a vírgula não deve ser empregada. Exemplos: 1. Os pandeiros, repicavam ao sabor do carnaval. [Inadequado] Os pandeiros repicavam ao sabor do carnaval. [Adequado]. O fato de não se aplicar a vírgula entre o sujeito e o verbo não implica a impossibilidade de esses dois elementos manterem-se distantes. Vários elementos podem interpor-se entre o sujeito e o verbo, inclusive uma oração inteira (oração adjetiva, por exemplo). Quando algum elemento novo for introduzido entre o sujeito e o verbo (aposto, vocativo, oração adjetiva e etc.), esse elemento deve vir entre vírgulas. Dessa forma, isola-se o elemento extra que se interpôs entre o sujeito e o verbo. Exemplo: 1. A paciência, muito rara em Otávio, foi decisiva naquele momento. ...[a paciência foi decisiva naquele momento: oração principal] ...[muito rara em Otávio: oração subordinada adjetiva explicativa] A vírgula, o determinante e a palavra determinada A vírgula representa uma breve pausa na língua escrita . Além disso, ela também é comumente utilizada para separar termos da oração ou orações de um período. Há, porém, elementos da oração que estabelecem uma ligação direta entre si. É o caso do determinante e a palavra determinada. Entre esses dois elementos, a vírgula não deve ser empregada. Exemplos: 1. A caneta, vermelha estourou dentro da bolsa. [Inadequado] A caneta vermelha estourou dentro da bolsa. [Adequado] 2. Nossa, rua está sendo asfaltada! [Inadequado] Nossa rua está sendo asfaltada! [Adequado] Essa orientação também é válida para todos os termos da oração que funcionem como determinantes (complemento nominal, por exemplo). A vírgula, nesse caso, não deve ser empregada entre o nome e o determinante ou mesmo entre a preposição e a palavra que ela rege. Exemplos: 1. Vera nunca ocultou seu apego, às crianças abandonadas . [Inadequado] Vera nunca ocultou seu apego às crianças abandonadas . [Adequado] 2. A partida de, futebol de campo será interrompida. [Inadequado]

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A partida de futebol de campo será interrompida. [Adequado] O emprego inadequado da vírgula nesses casos pode gerar uma ambigüidade. Por isso, a importância de nos mantermos atentos para os elementos que estão ligados diretamente na oração. Exemplo: 1. Um lavrador tinha um bezerro, e a mãe do lavrador era também o pai do bezerro. 2. Um lavrador tinha um bezerro e a mãe, do lavrador era também o pai do bezerro. Observe que no exemplo (1) houve a separação de termos da oração ligados diretamente entre si. A aplicação inadequada da vírgula nessa oração provoca uma ambigüidade na palavra “mãe”, entendida como mãe do lavrador. Já no exemplo (2) a sentença passa a ter sentido quando a aplicação da vírgula é aplicada adequadamente. A posição que a vírgula ocupa permite compreender a palavra “mãe” sendo relativa a “bezerro” e não a “lavrador”.

SEMÂNTICA Família de Idéias São palavras que mantêm relações de sinonímia e que representam basicamente uma mesma idéia. Veja a relação a seguir: casa, moradia, lar, abrigo residência, sobrado, apartamento, cabana Todas essas palavras representam a mesma idéia: lugar onde se mora. Logo, trata-se de uma família de idéias. Observe outros exemplos: revista, jornal, biblioteca, livro casaco, paletó, roupa, blusa, camisa, jaqueta serra, rio, montanha, lago, ilha, riacho, planalto telefonista, motorista, costureira, escriturário, professor Sinonímia É a relação que se estabelece entre duas palavras ou mais que apresentam significados iguais ou semelhantes - SINÔNIMOS. Ex.: Cômico - engraçado Débil - fraco, frágil Distante - afastado, remoto Falecer - morrer Belo - bonito Longe - distante Antonímia É a relação que se estabelece entre duas palavras ou mais que apresentam significados diferentes, contrários - ANTÔNIMOS. Ex.: Economizar - gastar Bem - mal Bom - ruim Triste - Alegre Bondade - maldade Riqueza - pobreza Homonímia É a relação entre duas ou mais palavras que, apesar de possuírem significados diferentes, possuem a mesma estrutura fonológica - HOMÔNIMOS. As homônimas podem ser: Homógrafas heterofônicas (ou homógrafas) - são as palavras iguais na escrita e diferentes na pronúncia. Ex.: gosto (substantivo) - gosto (1.ª pess.sing. pres. ind. - verbo gostar).

Conserto (substantivo) - conserto (1.ª pess.sing. pres. ind. - verbo consertar) Homófonas heterográficas (ou homófonas) - são as palavras iguais na pronúncia e diferentes na escrita. Ex.: cela (substantivo) - sela ( verbo). Cessão (substantivo) - sessão (substantivo). Cerrar (verbo) - serrar ( verbo). Homófonas homográficas (ou homônimos perfeitos) - são as palavras iguais na pronúncia e na escrita. Ex.: cura (verbo) - cura ( substantivo) Verão ( verbo) - verão ( substantivo) Cedo ( verbo ) - cedo (advérbio) Curiosidades: Cesta = utensílio de vime, etc. Sexta = ordinal referente a seis. Cheque = papel com ordem de pagamento Xeque = lance no jogo de xadrez, ex-soberano da ex-Pérsia (atual Irã), perigo Cocho = vasilha, recipiente onde secolocam alimentos ou água, para animais Coxo = que manca de uma perna Concerto = harmonia, acordo, espetáculo Conserto = ato de consertar, remendar Coser = costurar Cozer = cozinhar Empoçar = formar poça Empossar = dar posse a Intercessão = ato de interceder Interseção = ponto onde duas linhas se cruzam Ruço = pardacento, cimento; alourado Russo = relativo a Rússia Tacha = pequeno prego, tacho grande Taxa = imposto, juros. Tachar = censurar Taxar = regular, determinar a taxa Paronímia A relação que se estabelece entre duas ou mais palavras que possuem significados diferentes, mas são muito parecidas na pronúncia e na escrita - PARÔNIMOS. Ex.: Cavaleiro - cavalheiro Absolver - absorver Comprimento - cumprimento Descriminar - discriminar Discente - docente Polissemia É a propriedade que uma mesma palavra tem de apresentar vários significados. Ex.: Ele ocupa um alto posto na empresa. Abasteci meu carro no posto da esquina. Os convites eram de graça. Os fiéis agradecem a graça recebida.

ESTILÍSTICA Denotação e Conotação Denotação - uso geral, comum, literal, finalidade prática, utilitária, objetiva, usual. . Ex.: A corrente estava pendurada na porta. . corrente- cadeira de metal, grilhão (dicionário /Aurélio) Conotação - uso expressivo, figurado, diferente daquele empregado no dia-a-dia, depende do contexto. Ex.:" A gente vai contra a corrente .

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Até não poder resistir." (Chico Buarque) . corrente- opinião da maioria Figuras de Estilo ou Linguagem As figuras de linguagem ou de estilo são empregadas para valorizar o texto, tornando a linguagem mais expressiva. É um recurso lingüístico para expressar experiências comuns de formas diferentes, conferindo originalidade, emotividade ou poeticidade ao discurso. Por isso, são também utilizadas em textos publicitários. As figuras revelam muito da sensibilidade de quem as produz, traduzindo particularidades estilísticas do autor. A palavra empregada em sentido figurado, nãodenotativo, passa a pertencer a outro campo de significação, mais amplo e criativo. As figuras de linguagem mais utilizadas são: Metáfora – Quando se usa uma palavra fora do padrão literário, no sentido figurado. Ex: Meu pensamento é um rio subterrâneo. Comparação – Ocorre comparação quando se estabelece aproximação entre dois elementos que se identificam, ligados por conectivos comparativos explícitos – feito, assim como, tal, como, tal qual, tal como, qual, que nem – e alguns verbos – parecer, assemelhar-se e outros. Ex: “Amou daquela vez como se fosse máquina. Beijou a sua mulher como se fosse lógico.” (Chico Buarque) Metonímia – É o emprego de uma palavra no lugar de outra, havendo entre elas certo relacionamento ou aproximação. Ex: Neste restaurante comemos bons pratos. Catacrese – É o emprego indevido de uma palavra, pela falta ou não adaptação de um termo apropriado. Ex: Ela embarcou naquele avião. (Normalmente embarca-se em barcos.) Antonomásia – É a atribuição de um nome ou expressão por outro termo que facilmente se possa identificá-lo. Ex: A Cidade-Luz recebeu muitos turistas nas férias. (Cidade-Luz = Paris) Elípse – É a omissão de uma expressão ou palavra. Ex: Não fosse você eu não seria nada. (Se não fosse você...) Pleonasmo – É o uso de termos desnecessários, isso só é valido quando os termos usados têm finalidade expressiva de repetição. O pleonasmo pode ser Semântico ou Sintático. Ex. Semântico: Vi com meus próprios olhos. Ex. Sintático: A mim me parece óbvio. Anacoluto – É a falta de nexo entre o começo e o final da frase. Ex. Eu, que era branca e linda, eis-me medonha e escura. (Manoel bandeira) (Observe que o pronome eu enunciado no, não se liga sintaticamente à oração eis-me medonha e escura. Silepse – É a concordância com a idéia, não com a escrita. Pode ser de três tipos: Silepse de Gênero, de Número e de Pessoa. Silepse de Gênero: Ocorre quando o predicativo que combina com a idéia está implícita, e não com a forma escrita. Ex: Rio de Janeiro é fria. (A cidade do Rio de Janeiro é fria.) Silepse de Número: Ocorre quando uma palavra que está no singular, mas indica mais de um ser. Ex: O pessoal ficou apavorado e saíram correndo. (O verbo sair concordou com a idéia de plural que a palavra pessoal sugere.)

Silepse de Pessoa: Ocorre quando o verbo aparece na 3º pessoa e o verbo na primeira. A idéia é que se integra ao sujeito. Ex: Disseram que os paulistas somos muitos. Aliteração – É a repetição de consoantes ou sílabas das frases. Ex: Que um fraco Rei faz fraca a forte gente! Polissíndeto – É a repetição da conjunção “E”. Ex: E eu, e você, e todos aqueles que acreditaram em nossa luta vencerão. Assíndeto – Ocorre quando certas orações ou palavras, que poderiam se ligar por um conectivo (e, por exemplo), vêm apenas justapostas. Ex: Vim, vi, venci. As figuras de pensamento mais utilizadas são: Hipérbole – É o exagero em uma idéia. Ex: Por causa do calor, os jogadores estão morrendo de sede no campo. Eufemismo – É a utilização de palavras ou expressões agradáveis em troca das que tem sentido grosseiro. Ex: Depois de muito sofrimento, ele entregou a alma a Deus. (ele morreu) Ironia – Sugere pela entonação e pela contradição de termos, o contrário do que a palavra ou orações parece dizer. Ex: Ele é gentil como um cavalo chucro. Prosopopéia – É a atribuição dos sentimentos humanos em animais, objetos ou seres inanimados. Ex: As árvores estão chorando. Onomatopéia – Consiste na formação de palavras pela imitação de sons e ruídos. Ex: triiim, chuá, bué, pingue-pongue, miau, tique-taque, zunzum, boom Antítese – Consiste em opor a uma idéia outra de sentido contrário. Ex: Não haveria luz se não fosse a escuridão.

Interpretação de texto Orientação para as questões de texto: 1. Ler duas vezes o texto. A 1ª para ter noção do assunto, a 2ª para prestar atenção às partes. Lembrar-se de que cada parágrafo desenvolve uma idéia. 2. Ler duas vezes a pergunta da questão, para saber realmente o que se pede. . 3. Ler duas vezes cada alternativa para eliminar o que é absurdo (geralmente 1/3 delas o são). 4. Se a pergunta pede a idéia principal ou tema, normalmente deve situar-se no 1º ou no último parágrafo - introdução ou conclusão. 5. Se a questão busca argumentação, deve localizar-se no desenvolvimento. . 6. Durante a leitura, pode-se sublinhar o que for mais significativo e/ou fazer observações à margem do texto. Dicas pessoais para você: . Interpretação de texto é uma questão de bom senso! E adquiri-lo é uma questão de prática. Não pense que uns já o possuem por dom. O bom senso é uma questão de lógica, porém, muitas vezes nós não percebemos a interpretação correta de um texto por causa de um motivo pessoal, ou seja,

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o nosso estado emocional e o nosso estado de concentração, assim como a nossa disposição e interesse sobre o tema, influem diretamente sobre a nossa eficiência na interpretação. . É muito importante ter atenção na hora de ler um texto. Se possível leia de novo para ter a certeza de que não estamos enganados. . Devemos lembrar dos fatos do texto para não esquecermos de nada. Assim estamos colaborando para um melhor entendimento do texto. . O que a maioria das pessoas têm dificuldade é a questão da imaginação. Jamais estenda o sentido de um texto. Limite o seu raciocínio aos sentidos do autor do texto. Não dê asas à sua imaginação na hora da interpretação Temos dois tipos de interpretação: o sentido explícito, realmente as palavras do texto, ou seja, aquilo que realmente está escrito naquele texto (é a interpretação mais fácil de fazer); o sentido implícito que se entende pelas “entrelinhas” do texto, ou seja, é o que se pode subentender, não está escrito, mas se pode claramente perceber, p. ex., uma figura de linguagem (ironia, metáfora, hipérbole, comparação…) Não confunda sentido implícito com excesso de imaginação Numa questão de múltipla-escolha, nem sempre existe uma alternativa correta, nesse caso, escolha a menos incorreta. No caso de haver mais de uma alternativa, escolha a mais correta delas. Não desespere, saiba ter paciência para entender o texto. Cuidado com as ambigüidades, as questões mais difíceis são as que exigem o sentido implícito do texto. Ao responder as questões, limite ao texto, pense com a cabeça do autor, não importa se você concorda ou não com ele se ele estiver falando “que o Vasco é o melhor time”(o que realmente é um fato incontestável), não importa se você é um flamenguista roxo e rival, diga o que o autor escreveu, não acrescente “por enquanto ou e antes?”, diga que o Vasco é o melhor time (é claro que, qualquer opinião contrária a esta, é uma opressão às mentes pensantes!) Deixando a brincadeira de lado, como já disse, interpretação é o índice fundamental do alfabetismo, não basta saber ler, devemos saber entender; não é um bicho de sete cabeças e sim, uma questão de bom senso! (Léo Teixeira) AMOR MENINO Tudo cura o tempo, tudo faz esquecer, tudo gasta, tudo digere, tudo acaba. Atreve-se o tempo a colunas de mármore, quanto mais a corações de cera! São as afeições como as vidas, que não há mais certo sinal de haverem de durar pouco, que terem durado muito. São como as linhas, que partem do centro para a circunferência, que, quanto mais continuadas, tanto menos unidas. Por isso os antigos sabiamente pintaram o amor menino: porque não há amor tão robusto que chegue a ser velho. De todos os instrumentos com que o armou a natureza, o desarma o tempo. Afrouxa-lhe o arco, com que já não atira; embota-lhe as setas, com que já não fere; abre-lhes os olhos, com que vê que não via; e faz-lhe crescer as asas com que voa e foge. A razão natural de toda essa diferença é porque o tempo tira a novidade às coisas, descobre-lhe os defeitos, enfastia-lhe o gosto, e basta que sejam usadas para não serem as mesmas. Gasta-se o ferro com o uso, quanto mais o amor? O mesmo amar é causa de não amar e ter amado muito, de amar a menos. (Vieira, Pe. Antônio, Sermões. São Paulo. Ed. das Américas, 1957. v.5, p.169-70)

Exercícios Propostos

1 - O tema central do texto demonstra um valor: a) material e concreto. b) espiritual e de pouco significado para a vida humana. c) espiritual e de grande significado para a vida humana. d) material e espiritual. 2 - Assinale o que for verdadeiro quanto ao texto: a) quanto mais antigo o amor, tanto mais forte. b) quanto mais novo o amor, tanto mais intenso. c) o amor pode ser transitório ou permanente. d) o amor mais intenso é aquele que decorre de maior duração de tempo. 3 - Este texto acentua o problema: a) do tempo. b) do espírito c) da vida d) da morte 4 - Podemos depreender do texto que : a) os valores humanos sobrevivem ao tempo. b) os valores do espírito não são tão importantes. c) espírito e valores humanos são a mesma coisa. d) os sentimentos humanos são transitórios. 5 - Em “De todos os instrumentos com que o armou a natureza, o desarma o tempo”, o autor faz referência: a) ao amor dos antigos. b) ao espírito dos antigos. c) ao espírito dos mais jovens. d) ao amor menino. 6 - Assinale a afirmação que não condiz com o texto: a) o amor não se desgasta com o tempo. b) o amor se desgasta e enfraquece com o passar do tempo. c) tudo pode ser curado com o tempo. d) o tempo faz esquecer. 7 - De acordo com o texto, podemos afirmar: a) que morremos e o amor continua perene. b) que o amor não chega a envelhecer c) que o espírito e amor não podem frutificar juntos. d) a e c estão corretas. 8 - Podemos afirmar que o texto não apresenta: a) profundidade de pensamento. b) simplicidade nas idéias c) linguagem culta. d) acrobacias verbais bem elaboradas. 9 - De acordo com o texto, podemos dizer que o autor desfaz do amor dos velhos? ( ) sim ( ) não 10 - Que personagem do texto você pode apontar como principal? R.:_____________________________________________

IDENTIFICANDO PROBLEMAS Sobre adjetivos: · Formas analíticas dos adjetivos anômalos Sobre adjuntos: · Os adjuntos adnominais e o núcleo composto · O adjunto adnominal antes do núcleo composto · O adjunto adnominal depois de núcleo composto · O adjunto adnominal e expressões como “bancas de jornal” · O adjunto adnominal e expressões como “caixa de fósforos”

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Sobre advérbios · Onde x Aonde · Meio x Meia · Mau x Mal · O grau dos advérbios e os adjetivos particípios Sobre conjunções · Uso das locuções conjuncionais Sobre preposições: · A preposição e o objeto direto · A preposição e o objeto indireto · A preposição e o complemento nominal · Saiba mais sobre a preposição e o complemento nominal · Uso das locuções prepositivas Sobre pronomes: · Formas especiais do pronome oblíquo · Saiba mais sobre as formas especiais do pronome oblíquo · Os pronomes pessoais e algumas preposições Sobre sujeito: · O sujeito e as contrações · O sujeito posposto em orações com verbos unipessoais · O sujeito posposto em orações reduzidas Sobre verbos: · Tempo verbal e o emprego de pronomes · O subjuntivo e as orações subordinadas · O subjuntivo e os verbos modais · Os auxiliares e certos verbos abundantes · “a” x “há”: a noção de tempo · O verbo “haver” e a flexão · O verbo “fazer” e a flexão · O particípio e a expressão “haja vista” · As preposições e formas verbais como “foi” · As locuções verbais e o uso das preposições Formas analíticas dos adjetivos anômalos A forma dos adjetivos anômalos no grau comparativo é, por excelência, a forma sintética : grande, maior, bom, melhor, pequeno, menor, mau, pior. Porém, quando a comparação é estabelecida entre atributos de um mesmo ser , não se emprega a formasintética, mas sim a forma analítica do grau dos adjetivos: mais grande que menos grande que mais bom que menos bom que mais pequeno que menos pequeno que mais mau que menos mau que Exemplos: 1. Em sua arte, combinavam-se linhas de proporções diferentes. Na verdade, essas proporções eram maiores do que menores . [Inadequado] Em sua arte, combinavam-se linhas de proporções diferentes. Na verdade, essas proporções eram mais grandes do que mais pequenas . [Adequado] 2. No fundo, meu avô era melhor do que ingênuo. [Inadequado] No fundo, meu avô era mais bom do que ingênuo. [Adequado] Os graus dos adjetivos são organizados em positivo, comparativo e superlativo. No primeiro caso, a gradação do adjetivo não envolve mais que um único elemento (ex.: Eu sou alto.). No segundo caso, a gradação do adjetivo expressa inferioridade, igualdade ou superioridade através de uma relação de comparação (ex.: Eu sou mais alto do que você.). Finalmente, no terceiro caso, a gradação do adjetivo expressa aquelas mesmas idéias de igualdade, inferioridade ou superioridade, através de uma relação de supremacia (ex. Eu sou altíssimo; Eu sou o aluno mais alto da turma.).

Quanto ao grau, os adjetivos ainda podem ser considerados segundo suas formas analítica ou sintética. Na forma sintética, o grau é expressado pelas formas especiais de cada adjetivo (ex.: menor, maior, preocupadíssimo). Na forma analítica, o grau é formado pelo acréscimo de um advérbio que encabeça a expressão (ex.: ... menos preocupado que... / menos = advérbio de intensidade). É interessante notar, ainda, certas construções inadequadas envolvendo os adjetivos anômalos. Não raro, confunde-se o adjetivo anômalo com parte de palavras compostas com adjetivo. 1. Este é realmente um bom vinho. [bom: adjetivo ] 2. Hoje ela estava com bom-humor . [bom: parte de palavra composta ] Nesses casos, é importante ficar atento para a formação adequada do grau comparativo. Quando a gradação recair sobre o adjetivo , emprega-se a forma analítica. Do mesmo modo, quando se tratar de palavras compostas formadas por um adjetivo anômalo, é a forma analítica que deve ser empregada. Isso se dá porque não há possibilidade de somente uma parte da palavra composta isolar-se para formar o grau comparativo. Além disso, numa palavra composta é o grau comparativo do substantivo que está sendo formado (bomgosto, por exemplo) e não do adjetivo que o compõe (bom). Exemplos: 1. Célia tem melhor bom-gosto que seu marido. [Inadequado] Célia tem mais bom-gosto que seu marido [Adequado] 2. Queremos pessoas com maior boa-vontade do que você! [Inadequado] Queremos pessoas com mais boa-vontade do que você! [Adequado] Os adjuntos adnominais e o núcleo composto O adjunto adnominal (artigo, adjetivo, locução adjetiva, numeral, pronome adjetivo e oração adjetiva) sempre acompanha um nome, em geral um substantivo. Independentemente da sua função (se sujeito ou objeto ou etc.) é obrigatória a concordância em gênero e número entre o adjunto adnominal e o substantivo a que se refere. Dessa forma, se a expressão contém mais de um elemento (núcleo composto) é importante verificar a concordância. Há duas maneiras de se realizar a concordância entre um núcleo composto e os adjuntos adnominais: concordância com o substantivo mais próximo , e concordância com o gênero e número comum . Para isso é preciso observar a posição ocupada pelo adjunto adnominal. O adjunto adnominal antes do núcleo composto A posição dos adjuntos adnominais é muito importante para se determinar o gênero e o número que eles devem assumir na oração. Como os adjuntos adnominais sempre acompanham um nome, em geral um substantivo, a concordância entre os dois elementos é obrigatória . A concordância se dará de acordo com o gênero e o número do substantivo mais próximo se: · adjunto adnominal estiver ligado a um núcleo composto (mais de um elemento) · adjunto adnominal estiver antes do núcleo composto Exemplos: 1. Extremos compaixão e vigor distinguia-o dentre os sacerdotes. [Inadequado] Extrema compaixão e vigor distinguia-o dentre os sacerdotes. [Adequado] 2. Minhas paciência e sonhos serão armas que usarei contra a vida. [Inadequado] Minha paciência e sonhos serão armas que usarei contra a vida. [Adequado] O adjunto adnominal depois de núcleo composto

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A posição dos adjuntos adnominais é muito importante para se determinar o gênero e o número que eles devem assumir na oração. Como os adjuntos adnominais sempre acompanham um nome, em geral um substantivo, a concordância entre os dois elementos é obrigatória . Se o adjunto adnominal estiver ligado a um núcleo composto (mais de um elemento) e vier depois desse núcleo, há duas maneiras de se realizar a concordância: COM O SUBSTANTIVO MAIS PRÓXIMO: Exemplos: 1. Compaixão e vigor extrema distinguia-o dentre os sacerdotes. [Inadequado] Compaixão e vigor extremo distinguia-o dentre os sacerdotes. [Adequado] 2. Paciência e sonhos minhas serão armas que usarei contra a vida. [Inadequado] Paciência e sonhos meus serão armas que usarei contra a vida. [Adequado] COM O GÊNERO E NÚMERO COMUM: Exemplos: 1. Compaixão e vigor extrema distinguia-o dentre os sacerdotes. [Inadequado] Compaixão e vigor extremos distinguia-o dentre os sacerdotes. [Adequado] 2. Paciência e sonhos minhas serão armas que usarei contra a vida. [Inadequado] Paciência e sonhos meus serão armas que usarei contra a vida. [Adequado] Observe, portanto, que quando a concordância se dá pelo gênero e número comum , o número será sempre plural . O gênero, por sua vez, vai ser determinado pelos substantivos que compõem o núcleo. O adjunto adnominal só será feminino plural se os substantivos do núcleo composto também forem femininos; do contrário, o gênero do adjunto adnominal ligado a um núcleo composto será masculino (ex.: casa e quarto pequenos ; mesa e cadeira pequenas). É aconselhável a repetição do adjunto adnominal para cada um dos elementos do núcleo composto quando eles forem de gênero ou número diferentes (ex.: quadro escuro e gravuras escuras ao invés de quadro e gravuras escuros ). O adjunto adnominal e expressões como “bancas de jornal” Os adjuntos adnominais são termos que acompanham um nome, conferindo-lhe nova informação . Por atribuir essas informações adicionais sobre o nome, os adjuntos adnominais se caracterizam como modificadores em oposição aos determinantes, que restringem os nomes aos quais se referem. Algumas expressões da língua portuguesa são formadas por um substantivo comum e um adjunto adnominal. É fácil identificá-las, pois entre ambos existe a preposição “de” unindo os dois elementos. Porém, nesse tipo de construção, a flexão de número é bastante particular. Quando uma expressão desse tipo apresentar um adjunto adnominal genérico , a forma do plural deve ser marcada apenas no primeiro elemento, ou seja, no substantivo. O emprego do plural no adjunto adnominal resultaria entender a expressão como um conjunto de elementos específicos, ou mesmo um conjunto contado dos elementos da expressão. Por exemplo: em “banca de jornal”, a palavra jornal expressa uma idéia genérica (não é este ou aquele jornal, mas uma banca que vende isso que nós chamamos “jornal”); o plural dessa expressão deve ser “bancas de jornal”, mantendo, assim, o seu sentido de generalidade. A expressão “bancas de jornais” indicaria 1) um conjunto de bancas contendo determinados tipos jornais, ou 2) um conjunto de bancas contendo muitos jornais. Vejamos outros exemplos:

1. As toalhas de mesas devem ser trocadas todos os dias. [Inadequado] As toalhas de mesa devem ser trocadas todos os dias. [Adequado] É importante considerar as expressões cujo último elemento é um adjunto adnominal no plural . Mesmo nesse caso, o plural é marcado no primeiro elemento da expressão, mas mantém-se o plural do segundo elemento, pois trata-se de duas idéias distintas: no plural do primeiro elemento, é computado o número de seres, já no plural do segundo elemento é expressada a idéia de generalidade . Exemplo: 1. Tragam-me essas caixa de ferramentas , por favor! [Inadequado] Tragam-me essas caixas de ferramentas , por favor! [Adequado] A seguir, alguns exemplos de expressões formadas por substantivo + adjunto adnominal sendo empregadas no plural: CONSTRUÇÃO INADEQUADA indústria de automóveis página de jornais casa de aluguéis escova de dentes relógio de pulsos cama de casais casa de máquinas banco de reservas CONSTRUÇÃO ADEQUADA indústrias de automóvel páginas de jornal casas de aluguel escovas de dente relógios de pulso camas de casal casas de máquinas bancos de reservas O adjunto adnominal e expressões como “caixa de fósforos” Algumas expressões da língua portuguesa são formadas por um substantivo e um adjunto adnominal. É fácil identificá-las, pois entre ambos existe a preposição “de” unindo os dois elementos. Porém a ortografia dessas expressões obedece a um princípio ditado pelo tipo de substantivo que as compõe. Quando uma expressão desse tipo tiver um substantivo que expresse coletividade ou mesmo abrigo ou recipiente de um conjunto de seres, o segundo elemento da expressão (adjunto adnominal) deve se apresentar no plural . É uma forma de expressar a existência de uma pluralidade de seres retidos numa idéia que é passível de ser contada. Por exemplo: escreve-se “par de meias”, em vez de “par de meia”. Dessa forma, estamos exprimindo o fato de “meias” ser um elemento coletivo ou genérico. Apesar disso, podemos contar mais de um “par de meias”. Vejamos outro exemplo: 1. Você sabe onde está a caixa de fósforo ?. [Inadequado] Você sabe onde está a caixa de fósforos ? [Adequado] Deve-se atentar, ainda, para a formação do plural dessas expressões. Como o adjunto adnominal, na sua forma do singular, já se apresenta pluralizado, o plural da expressão deve ser marcado no substantivo . Assim, temos: “pares de meias”, “caixas de fósforos”. A seguir, alguns exemplos de expressões formadas por substantivo genérico + adjunto adnominal: CONSTRUÇÃO INADEQUADA maço de cigarro carteira de cigarro porção de bala CONSTRUÇÃO ADEQUADA

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maço de cigarros carteira de cigarros porção de balas Onde x Aonde Freqüentemente se confunde o emprego correto das palavra onde e aonde. Embora signifique um preciosismo da gramática tradicional, na língua culta é aconselhável o emprego adequado de cada uma das formas. A palavra onde , enquanto advérbio de lugar, é empregada para indicar o lugar em que ocorre a ação ou o estado verbal. Isso se dá, inclusive, em sentenças interrogativas: Exemplos: 1. Eu lhe contava onde passei minha infância. 2. Onde você passou a tua infância? A palavra aonde , enquanto advérbio de lugar, é empregada para indicar o lugar para onde aponta a ação verbal. Desse modo, o aonde sempre acompanha um verbo de movimento (ir, levar, entregar e etc.). Da mesma forma que o advérbio onde, o aonde também se apresenta em sentenças interrogativas: Exemplos: 1. Eu vou aonde o trem me levar! 2. Aonde o trem pode me levar? As palavras onde e aonde podem exercer a função de pronome relativo. O emprego de ambas as palavras deve respeitar essa noção verbal indicada acima. Além disso, deve ser observado o termo da oração ao qual o pronome relativo se refere. Os pronomes onde/aonde sempre substituem um termo indicativo de lugar. Exemplos: 1. Essa é a piscina onde competi pela primeira vez. 2. Ela sabia o lugar aonde você iria mais tarde. Meio x Meia Uma regra prática para empregar corretamente o advérbio meio ou o adjetivo meia é tentar substituir esses termos pelas palavras mais ou menos e metade, respectivamente. Onde couber a palavra mais ou menos, emprega-se o termo meio (advérbio); onde couber a palavra metade, emprega-se o termo meia (adjetivo). Exemplos: 1. Eles acrescentaram meia porção de frios ao pedido original. [Adjetivo] ...[meia porção = metade de uma porção] 2. Elas estavam meio preocupadas hoje. [Advérbio] ...[meio preocupadas = mais ou menos preocupadas] Freqüentemente se confunde o emprego correto da palavra meio em sentenças indicativas de período de tempo. Vejamos, então, os exemplos: 1. São exatamente meio-dia e meio. [Inadequado] 2. São exatamente meio-dia e meia. [Adequado] Nesse caso a palavra meio é empregada como adjetivo nos dois momentos: no primeiro caso está qualificando a palavra dia (metade de um dia; dia = substantivo masculino); no segundo caso está qualificando a palavra hora, (metade de uma hora = meia hora; hora = substantivo feminino). Mau x Mal Freqüentemente se confunde o emprego correto das palavras mau e mal. Embora na língua escrita haja uma distinção bastante clara entre essas duas palavras, na língua falada a pronúncia delas é a mesma, quando não se consideram certos regionalismos. Assim, costuma-se projetar na língua escrita essa semelhança entre mau e mal, não se observando, porém, o fato de se tratarem de termos distintos do vocabulário da língua portuguesa. A palavra mau é um adjetivo. Como tal, flexiona-se em gênero e número (má: forma feminina singular; más: forma feminina plural; mau: forma masculina singular, e maus: forma masculina plural). Já a palavra mal é um advérbio. Enquanto

advérbio, essa palavra não se flexiona , ou seja, ela possui a mesma forma seja qual for a sua relação com outros termos da oração. Exemplos: 1. Eu tinha medo de estar fazendo um mal negócio. [Inadequado] Eu tinha medo de estar fazendo um mau negócio. [Adequado] 2. Sem dúvida, estávamos sendo muito mau representados! [Inadequado] Sem dúvida, estávamos sendo muito mal representados! [Adequado] Uma regra prática para se empregar corretamente as palavras mau e mal é guardar a distinção dos seus opostos. Opõe-se a mau a palavra bom , e a mal , a palavra bem . Ambas as palavras bom e bem obedecem aos mesmos princípios dos quais falamos a respeito de mau e mal . Isto é, bom é uma palavra variável, pois se trata de um adjetivo. Bem, por sua vez, é uma palavra invariável, já que se trata de um advérbio. Exemplos: 1. Aquele mal cheiro constante já se tornara uma afronta. [Inadequado] Aquele mau cheiro constante já se tornara uma afronta. [Adequado] ...[mal cheiro > bem cheiro = inaceitável] ...[mau cheiro > bom cheiro = aceitável] 2. Sempre que podiam, aquelas senhoras falavam mau dos vizinhos. [Inadequado] Sempre que podiam, aquelas senhoras falavam mal dos vizinhos. [adequado] ...[falavam mau > falavam bom = inaceitável] ...[falavam mal > falavam bem = aceitável] O grau dos advérbios e os adjetivos particípios Em orações com adjetivos particípios, ou seja, adjetivos formados a partir da forma do particípio do verbo, os advérbios bem e mal são empregados na sua forma analítica. Isso implica dizer que as formas especiais desses advérbios são formadas não pelo acréscimo de sufixos, mas sim pela forma simples do advérbio acrescido do advérbio de intensidade: “mais” + bem/ mal. Exemplos: 1. Aquela rua era melhor iluminada que a rua central da cidade. [Inadequado] Aquela rua era mais bem iluminada que a rua central da cidade. [Adequado] 2. Os aparelhos de segurança eram pior fabricados por nós do que por eles. [Inadequado] Os aparelhos de segurança eram mais mal fabricados por nós do que por eles. [Adequado] Em contraste com esse emprego, é obrigatório o uso da forma sintética desses advérbios quando eles estiverem em posição posterior ao adjetivo particípio. Exemplos: 1. Aquela rua era iluminada mais bem que a rua central da cidade. [Inadequado] Aquela rua era iluminada melhor que a rua central da cidade. [Adequado] 2. Os aparelhos de segurança eram fabricados mais mal por nós do que por eles. [Inadequado] Os aparelhos de segurança eram fabricados pior por nós do que por eles. [Adequado] Uso das locuções conjuncionais As conjunções subordinativas consecutivas são empregadas em construções que indicam conseqüência . Essas conjunções se resumem unicamente à palavra que . Porém, unidas a uma preposição e um certo grupo de palavras, formam uma locução conjuncional, de mesma função que a conjunção simples.

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As locuções conjuncionais consecutivas são expressões fixas na língua portuguesa. Isto é, não se deve flexionar o interior das locuções de acordo com o termo que as antecedem. Exemplos: 1. Eram tantos os ruídos, de maneiras que eu não consegui te ouvir. [Inadequado] Eram tantos os ruídos, de maneira que eu não consegui te ouvir. [Adequado] 2. Elas falavam de tais modos que nos sentimos constrangidos! [Inadequado] Elas falavam de tal modo que nos sentimos constrangidos! [Adequado] Em geral, os problemas com esse tipo de construção ocorrem quando se emprega o plural das palavras que estão no interior das locuções. Como se trata de substantivos e esses podem ser pluralizados, é comum aplicar o mesmo princípio quando esses substantivos são utilizados para a construção de uma locução. Deve-se, porém, atentar para o fato de que numa locução conjuncional todos os componentes tornam-se invariáveis , independentemente do contexto em que é inserida. A seguir, alguns exemplos de locuções conjuncionais: · ao passo que · de modo que / de tal modo que · de maneira que / da mesma maneira que · de sorte que / de tal sorte que A preposição e o objeto direto Dentre as características do verbo transitivo direto destaca-se a exigência de um complemento não preposicionado (objeto direto). Salvo algumas exceções (objeto direto preposicionado, por exemplo), a regra geral é que a preposição não deve ser empregada junto a objetos diretos, já que o sentido da expressão (composta pelo verbo + objeto direto) é indicado sem a necessidade de um elemento intermediador - a preposição. O contrário, por exemplo, se dá com o objeto indireto. Exemplos: 1. O pai ainda tentava encontrar à filha desaparecida. [Inadequado] O pai ainda tentava encontrar a filha desaparecida. [Adequado] ...[encontrar: verbo transitivo direto] ...[a filha: objeto direto] ...[a: determinante (artigo definido feminino)] 2. Este remédio abaixa à febre rapidamente. [Inadequado] Este remédio abaixa a febre rapidamente. [Adequado] ...[abaixar: verbo transitivo direto] ...[a febre: objeto direto] ...[a: determinante (artigo definido feminino)] A preposição e o objeto indireto Dentre as características do objeto indireto destaca-se a presença obrigatória da preposição. Por ser um complemento do verbo que indica o destinatário da ação verbal, a preposição é o termo que exprime, no interior do objeto, essa relação de destino da ação verbal. Exemplos: 1. Tu, camarada, arcas a despesa ! [Inadequado] Tu, camarada, arcas com a despesa ! [Adequado] ...[arcas = verbo transitivo indireto] ...[com a despesa = destino da ação verbal = objeto indireto] 2. A funcionária apenas obedecia as ordens do seu chefe. [Inadequado] A funcionária apenas obedecia às ordens do seu chefe. [Adequado] ...[obedecia = verbo transitivo indireto] ...[às ordens = destinatário da ação verbal = objeto indireto]

Em geral, os problemas relacionados ao emprego da preposição no objeto indireto dizem respeito à regência verbal, tal qual se apresenta no exemplo (2), em que se verifica o verbo obedecer regendo a preposição a (dado o substantivo feminino “ordens”, emprega-se a crase). A preposição e o complemento nominal Dentre as características do complemento nominal destaca-se a presença obrigatória da preposição. A preposição tem por função relacionar dois ou mais termos de uma oração. Como o complemento nominal realiza a integração com o nome ou advérbio ao qual está ligado, a preposição torna-se indispensável. Exemplo: 1. A riqueza raciocínio é sempre presente nos teus trabalhos, Roberta. [Inadequado] A riqueza de raciocínio é sempre presente nos teus trabalhos, Roberta. [Adequado] Em geral, os problemas relativos a esse tema ocorrem com a preposição “a”. É importante lembrar: sempre que o complemento nominal tiver como preposição a palavra “a”, deve-se observar se é possível empregar a crase, obrigatória nessa posição. Exemplos: 1. A boa notícia é: você está apto a pesquisa! [Inadequado] A boa notícia é: você está apto à pesquisa! [Adequado] 2. Quero lembrar que todos aqui devem obediência a administração geral. [Inadequado] Quero lembrar que todos aqui devem obediência à administração geral. [Adequado] Saiba mais sobre a preposição e o complemento nomin al DEPOIS DO ADVÉRBIO Casos há em que o advérbio necessita de informações adicionais para que o sentido da expressão seja completo. Assim, o complemento nominal une-se ao advérbio fornecendo esse tipo de informação e, nessa ligação, a presença da preposição é obrigatória . Exemplos: 1. É dispensável a tua presença, relativamente a prestação de contas da loja. [Inadequado] É dispensável a tua presença, relativamente à prestação de contas da loja. [Adequado] NA VOZ PASSIVA Os verbos na voz passiva apresentam o verbo principal no particípio. O particípio também representa uma forma de nome, já que pode ser empregado com valor de adjetivo (ex.: iluminado, autenticado). Sempre que o verbo, no particípio, apresentar um complemento que acrescente informações à expressão, este será um complemento nominal e deve vir acompanhado de preposição. Exemplos: 1. Esses meninos foram acostumados a desordem. [Inadequado] Esses meninos foram acostumados à desordem. [Adequado] Uso das locuções prepositivas Certas construções da língua portuguesa constituem casos em que determinados termos se combinam de tal forma que não é permitida a variação seja qual for o contexto em que estão inseridas. Normalmente, trata-se de locuções (conjunto de palavras que formam uma unidade expressiva). As locuções prepositivas são elementos que não variam em gênero (feminino ou masculino) e número (singular ou plural). São, por isso, expressões fixas na língua portuguesa. A forma fixa dessas locuções, porém, não se resume à variação de gênero e número. No decorrer da história da língua portuguesa, determinadas formas se consagraram. Muitos gramáticos postulam a adequação de uma forma e não outra

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para a língua escrita. Por isso, o emprego inadequado dessas construções configura-se um problema de linguagem . Vejamos alguns exemplos freqüentes de uso inadequado de locuções prepositivas: Exemplos: 1. A nível de experiência, tudo é válido. [Inadequado] Em nível de experiência, tudo é válido. [Adequado] 2. Eles estavam em vias de cometer uma loucura. [Inadequado] Eles estavam em via de cometer uma loucura. [Adequado] A seguir, alguns exemplos de locuções em uso inadequado: EMPREGO INADEQUADO a nível de à medida em que ao mesmo tempo que a apesar que de modo a a longo prazo em vias de ao ponto de de vez que EMPREGO ADEQUADO em nível de na medida em que ao mesmo tempo em que apesar de que de modo que em longo prazo em via de a ponto de uma vez que / portanto Note que o uso corrente das inadequações promove substituição ou supressão das preposições que compõem a expressão. Além disso, é importante ressaltar que, embora estejamos nos referindo apenas às locuções prepositivas, o mesmo princípio pode ser aplicado às locuções conjuncionais ou locuções adverbiais. Vejamos, por exemplo, um caso em que a inadequação recai sobre uma locução adverbial: 1. Os amigos, na surdina , combinavam sobre tua festa. [Inadequado] Os amigos, à surdina , combinavam sobre tua festa. [Adequado] Formas especiais do pronome oblíquo O pronome oblíquo, quando exerce a função de objeto direto, adquire formas especiais conforme a posição que ocupa na sentença. Isso, porém, só é válido para os pronomes oblíquos de terceira pessoa do singular e do plural. Quando o pronome oblíquo estiver antes do verbo (próclise, as formas utilizadas são as padrões: o, a, os, as . Quando o pronome oblíquo estiver depois do verbo (ênclise), as formas do pronome variam de acordo com o verbo que acompanham. São duas as terminações verbais que comandam a forma do pronome oblíquo enclítico: 1. verbos terminados em -r, -s ou –z acrescenta-se “-l” antes da forma do pronome (-lo, -la, -los, -las). Exemplo: 1. Todos podiam fazer o exercício em casa. Todos podiam fazer-o em casa. [Inadequado] Todos podiam fazê-lo em casa. [Adequado] 2. verbos terminados em ditongo nasal (-am, -em, -ão e -õe) acrescenta-se “-n” antes da forma do pronome (- no, -na, -nos, -nas). Exemplo: 1. Eles tinham aquela criança como filha rebelde. Eles tinham-a como filha rebelde. [Inadequado] Eles tinham-na como filha rebelde. [Adequado]

Saiba mais sobre as formas especiais do pronome oblíquo O pronome oblíquo acrescido de “-l” é também utilizado em construções com o designativo eis e os pronomes nos e vos , já que essas três palavras terminam em –s e podem ser acompanhadas de pronome oblíquo posposto. Exemplos: 1. Eis o documento aqui! Eis-o aqui! [Inadequado] Eis-lo aqui. [Adequado] 2. O sindicato deu a vós cartilhas como presente. O sindicato deu vos-as como presente. [Inadequado] O sindicato vo-las deu como presente. [Adequado] As formas especiais do pronome oblíquo são fundamentais na construção adequada da mesóclise (pronome no interior do verbo). Nesse caso, a terminação do verbo também comandará a forma que o pronome oblíquo deve possuir. Os pronomes pessoais e algumas preposições Os pronomes pessoais são classificados na língua portugesa em pronome reto (eu, tu, ele, etc.), pronome oblíquo (me, te, lhe, etc.) e pronome reflexivo (me, nos, se, etc.). O emprego de cada um dos pronomes é determinado pela função que desempenham na sentença. O pronome reto, por exemplo, desempenha função de sujeito, ao passo que o pronome oblíquo exerce a função de objeto (complemento verbal). Apesar de associarmos o emprego dos pronomes pessoais às funções que eles exercem na oração, certas construções são determinadas pela presença de preposições que antecedem os pronomes. Trata-se de uma convenção da Gramática Tradicional. Porém, o emprego inadequado desses pronomes torna-se um problema de linguagem. A seguir apresentamos algumas preposições que exigem ora o pronome reto ora o pronome oblíquo como complemento: 1. AFORA, MENOS, EXCETO: emprega-se pronome reto Exemplo: 1. Todos trouxeram o almoço de casa, menos mim . [Inadequado] Todos trouxeram o almoço de casa, menos eu. [Adequado] 2. ENTRE: emprega-se pronome oblíquo tônico Exemplo: 1. Não há vínculo algum entre eu e ela. [Inadequado] Não há vínculo algum entre mim e ti. [Adequado] É importante lembrar que as formas plurais dos pronomes oblíquos tônicos são idênticas às formas plurais do pronome reto: nós, vós, eles/elas. Portanto, quando empregado após a preposição “entre”, deve-se ter claro o fato de que não se trata de uso do pronome reto, mas sim de uso do pronome oblíquo. Exemplo: 1. Eu gostaria que houvesse um acordo entre elas . 3. ATÉ: emprega-se pronome oblíquo tônico, quando expressa movimento Exemplos: 1. Cláudio levou até ele os documentos que deveria assinar. [Inadequado] Cláudio levou até si os documentos que deveria assinar. [Adequado] 2. Tragam até eu aquela planilha de custo. [Inadequado] Tragam até mim aquela planilha de custo. [Adequado] Quando a palavra “até” indicar inclusão, deve-se empregar o pronome reto. É importante salientar que, nesse tipo de construção, “até” não mais funciona como preposição, mas sim como uma palavra denotativa. Exemplos: 1. Ninguém gostava daquele doce; até mim que não recusava essas coisas. [Inadequado] Ninguém gostava daquele doce; até eu que não recusava essas coisas. [Adequado] O sujeito e as contrações

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Quando as contrações entre pronome e preposição , especialmente aquelas constituídas pelas preposições de e em seguidas dos pronomes pessoais de terceira pessoa [ele(s), ela(s)], estiverem se referindo não ao pronome em si, mas ao verbo , é obrigatório manter separado cada um dos elementos da contração. Isso se dá, no entanto, somente em orações subordinadas reduzidas de infinitivo. As orações reduzidas não possuem qualquer conectivo (pronome relativo ou conjunção) ligando-as à oração principal. Dessa forma, como o pronome da oração reduzida exerce a função de sujeito, deve-se mantê-lo na sua forma simples. As contrações entre pronome e preposição ocupam sempre a posição de complementos, nunca a de sujeitos da oração. Exemplos: 1. O fato dele trabalhar não muda minha decisão sobre seu futuro. [Inadequado] O fato de ele trabalhar não muda minha decisão sobre seu futuro. [Adequado] 2. A maneira dele falar impressionava a todos. [Inadequado] A maneira de ele falar impressionava a todos. [Adequado] Em contraste com esse emprego, temos a contração empregada adequadamente, por exemplo, como complemento nominal: 1. Esse era o jeito dele . [Complemento Nominal] 2. Esse era o jeito de ele ver o mundo. [Sujeito de oração reduzida de infinitivo] O sujeito posposto em orações com verbos unipessoai s Embora a Língua Portuguesa se apresente predominantemente pela ordem direta (sujeito + verbo + predicado), é comum encontrarmos alguns termos em posições variadas na oração. É o que se entende por ordem inversa , na qual alguns termos são encontrados em combinação contrária ao esperado (ex.: verbo + sujeito = sujeito posposto). Nas orações formadas por verbos unipessoais geralmente se constrói a oração invertendo-se a ordem entre sujeito e verbo, de onde o verbo passa a ocupar a primeira posição enquanto o sujeito é apresentado posteriormente ao verbo. Trata-se de um recurso estilístico , pois se pretende valorizar a noção expressa pelo verbo. Os verbos unipessoais sempre se apresentam na terceira pessoa , variando o número (singular/plural) conforme a natureza do sujeito ao qual está ligado. Se o verbo não exigir um sujeito (oração sem sujeito), o verbo unipessoal sempre aparecerá na terceira pessoa do singular. Se o verbo contar com um sujeito explícito na oração, esse sujeito pode ser posposto e deve manter a concordância com o verbo ao qual está ligado. São exemplos de verbos unipessoais: bastar, faltar, restar, acontecer e etc. Exemplos: ORAÇÃO COM SUJEITO EXPLÍCITO: 1. Falta cinco dias para a Copa do Mundo! [Inadequado] Faltam cinco dias para a Copa do Mundo! [Adequado] ORAÇÃO SEM SUJEITO: 1. Basta ao trabalho escravo! Observe que não foi apontado o uso inadequado da ordem do sujeito e verbo. Isso se dá porque é perfeitamente possível e aceitável a colocação desses termos na ordem direta da oração (ex.: Cinco dias faltam para a Copa do Mundo .). O sujeito posposto em orações reduzidas Embora a Língua Portuguesa se apresente predominantemente pela ordem direta (sujeito + verbo + predicado), é comum encontrarmos alguns termos em posições variadas na oração. É o que se entende por ordem inversa , na qual alguns termos são encontrados em combinação contrária ao esperado (ex.: verbo + sujeito = sujeito posposto).

Nas orações subordinadas reduzidas de infinitivo, particípio ou gerúndio geralmente se constrói a oração invertendo-se a ordem entre sujeito e verbo, de onde o verbo passa a ocupar a primeira posição enquanto o sujeito é apresentado posteriormente ao verbo. Trata-se de um recurso estilístico , pois se pretende valorizar a noção expressa pelo verbo. As orações reduzidas são de três tipos: reduzidas de infinitivo – formadas por verbos no infinitivo pessoal ou impessoal -, reduzidas de particípio – formadas por verbos no particípio – e reduzidas de gerúndio – formadas por verbos no gerúndio. Exemplos: ORAÇÃO REDUZIDA DE INFINITIVO: 1. É muito difícil acontecer isso . ORAÇÃO REDUZIDA DE PARTICÍPIO: 1. Semeadas as sementes , iniciaremos novo trabalho no sítio. ORAÇÃO REDUZIDA DE GERÚNDIO: 1. Faremos enfim aquela festa, sendo nós os escolhidos para a medalha. Observe que em nenhum dos casos foi apontado o uso inadequado da ordem dos sujeito e verbo. Isso se dá porque é perfeitamente possível e aceitável a colocação desses termos na ordem direta da oração (ex.: É muito difícil isso acontecer .). Tempo verbal e o emprego de pronomes Quando o verbo estiver no futuro do presente do indicativo ou no futuro do pretérito do indicativo , pode-se optar pelo uso da próclise ou da mesóclise. Nunca, porém, é permitido o uso da ênclise. Exemplos: Próclise 1. E os sábios diriam-me: “ides sem volta”!. [Inadequado] E os sábios me diriam: “ides sem volta”!. [Adequado] 2. Eles darão-lhe o primeiro prêmio. [Inadequado] Eles lhe darão o primeiro prêmio. [Adequado] Mesóclise 1. E os sábios diriam-me: “ides sem volta”! [Inadequado] E os sábios dir-me-iam: “ides sem volta”! [Adequado] 2. Eles darão-lhe o primeiro prêmio. [Inadequado] Eles dar-lhe -ão o primeiro prêmio. [Adequado] O subjuntivo e as orações subordinadas O subjuntivo é o modo verbal que expressa o desejo, a hipótese, a condição, o pedido, a ordem, a proibição, o fato imaginado. Trata-se, portanto, de uma ação inacabada ou que está para se realizar . Por isso, em geral, o modo subjuntivo está presente nos verbos de orações subordinadas, já que na oração principal será apresentado o fato exato ou o fato real. Exemplo: 1. Quando eu voltar, trarei flores para ti. ...[Quando eu voltar: oração subordinada = hipótese/ condição; ação por se realizar] ...[trarei flores para ti: oração principal = resultado da hipótese; fato preciso] Dentre as orações subordinadas, a oração adverbial temporal e a oração adverbial condicional são aquelas que exprimem especialmente as noções do modo subjuntivo. Assim, é obrigatório que os verbos dessas orações sejam construídos no modo subjuntivo. Exemplos: 1. Quando ele ver o lugar, saberá do que estou falando. [Inadequado] Quando ele vir o lugar, saberá do que estou falando. [Adequado] 2. Se eu lhe peço antes, você iria comigo à festa? [Inadequado] Se eu lhe pedisse antes, você iria comigo à festa? [Adequado]

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O subjuntivo e os verbos modais O subjuntivo é o modo verbal que expressa o desejo, a hipótese, a condição, o pedido, a ordem, a proibição, o fato imaginado. Alguns dos verbos chamados modais, exprimem essas noções, mas pedem um complemento para que o sentido da expressão seja completo. As orações subordinadas objetivas diretas são o complemento desses verbos. Quando elas seguem os modais “querer”, “pedir”, “esperar”, “proibir” e etc., em geral são introduzidas pelo conectivo “que”. Nessas orações subordinadas, é obrigatória a construção dos verbos no modo subjuntivo, pois através dele reforça-se a idéia expressada pelo verbo da oração principal. Exemplos: 1. Peço que se retiram ! [Inadequado] Peço que se retirem ! [Adequado] ...[peço: verbo modal/oração principal = expressão de desejo/pedido] ...[que se retirem: oração subordinada objetiva direta] ...[retirem: modo subjuntivo = expressão de desejo/ pedido] 2. Tua família espera que você manda notícias. [Inadequado] Tua família espera que você mande notícias. [Adequado] ...[espera: verbo modal/oração principal = expressão de desejo] ...[que você mande notícias: oração subordinada objetiva direta] ...[mande: modo subjuntivo = expressão de desejo] Os auxiliares e certos verbos abundantes Os verbos auxiliares (ser , estar , ter e haver ) são empregados em construções determinadas: · ser: forma a voz passiva · estar: forma o aspecto verbal · ter e haver: formam tempos compostos Os verbos abundantes são aqueles que se apresentam com mais de uma forma, especialmente no particípio. Essas duas formas são as chamadas forma regular , em que se verifica a presença dos sufixos característicos do particípio (-ado , -ido ), e forma reduzida , em que se verifica a ausência de sufixo. Exemplos: expressar – expressado (forma regular) – expresso (forma reduzida). A escolha de uma das formas do particípio é vinculada ao verbo auxiliar pretendido pelo usuário da Língua. Ou seja: · auxiliares ser e estar: forma reduzida · auxiliares ter e haver: forma regular Exemplos: 1. Nossos vizinhos têm pego encomendas estranhas toda manhã. [Inadequado] Nossos vizinhos têm pegado encomendas estranhas toda manhã. [Adequado] 2. Nossos vizinhos foram pegados pela polícia. [Inadequado] Nossos vizinhos foram pegos pela polícia. [Adequado] “A” x “Há”: a noção de tempo Um dos empregos do verbo haver é aquele que aponta para a noção de tempo decorrido. Quando expressa esse sentido, o verbo haver torna-se um verbo impessoal. É importante anotar a grafia correta do verbo haver na construção de orações com as quais se pretenda expressar essa noção de tempo decorrido . Não raro, confunde-se a grafia da forma verbal HÁ com a preposição ou artigo A. Emprega-se a preposição “a”, em oposição a “há”, quando quer-se expressar a noção de tempo futuro. Dessa forma, o “a” anuncia um acontecimento vindouro, ao passo que “há” remete a um acontecimento passado. Exemplos: 1. O mensageiro procurava por seu endereço a meses. [Inadequado]

O mensageiro procurava por seu endereço há meses. [Adequado] 2. Posto de serviços há vinte minutos. [Inadequado] Posto de serviços a vinte minutos. [Adequado] O verbo “haver” e a flexão Os verbos impessoais – aqueles que apresentam sujeito nulo na oração – não se flexionam em número e pessoa verbal. O verbo haver torna-se impessoal quando exprime o sentido de: · existir. Exemplo: Há momentos de solidão necessária. · acontecer/ocorrer. Exemplo: Há inaugurações mensais nessa galeria. · fazer (indicando tempo decorrido). Exemplo: Há anos ambiciono essa vaga. Sempre que o verbo haver for empregado com algum dos sentidos apontados acima, não ocorrerá a flexão verbal, já que não existe um sujeito gramatical na oração. Nesse caso, o verbo haver deve ser empregado sempre na terceira pessoa do singular. Exemplos: 1. Haverão surpresas na festa. [Inadequado] Haverá surpresas na festa. [Adequado] 2. Houveram brigas durante o carnaval. [Inadequado] Houve reclamações junto à secretaria. [Adequado] 3. Hão dias que não te vejo! [Inadequado] Há dias que não te vejo! [Adequado] O verbo “fazer” e a flexão Os verbos impessoais – aqueles que apresentam sujeito nulo na oração – não se flexionam em número e pessoa verbal. O verbo fazer torna-se impessoal quando exprime o sentido de tempo decorrido. Assim, sempre que o verbo fazer for empregado com sentido de tempo decorrido, não ocorrerá a flexão verbal, já que não existe um sujeito gramatical na oração. Nesse caso, o verbo fazer deve ser empregado sempre na terceira pessoa do singular. Exemplos: 1. Fazem dias que você não dorme... [Inadequado] Faz dias que você não dorme... [Adequado] 2. Fizeram seis meses que o colegiado se reuniu. [Inadequado] Fez seis meses que o colegiado se reuniu. [Adequado] O particípio e a expressão “haja vista” Os verbos podem se apresentar nas chamadas formas nominais, que são três: infinitivo, gerúndio e particípio. Elas são consideradas nominais, pois, em determinados empregos, exercem a função de um nome. Algumas dessas formas nominais do verbo, tal qual o particípio, podem variar em gênero (masculino e feminino) e número (singular e plural) concordando com o nome ao qual se relaciona. Na expressão haja vista o verbo “ver” está no particípio, portanto, na forma nominal. Assim, poderíamos supor que ele devesse variar segundo o gênero e o número do nome ao qual se liga. No entanto, a gramática da língua portuguesa consagrou a construção haja vista , independentemente dos elementos aos quais ela estaria vinculada. Em uma locução verbal da qual faça parte um verbo no particípio (ex.: tenho esperado, está feito), a forma nominal é fixa : masculino singular. Por um capricho da língua portuguesa, na locução haja vista fixou-se a forma do particípio no feminino singular . Portanto, o emprego do verbo “haver” flexionado em número, e do verbo “ver” flexionado em gênero ou número na locução haja vista constitui uma inadequação gramatical . Exemplos: 1. Os problemas permaneceriam, hajam vistas as dúvidas que encontramos. [Inadequado]

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Os problemas permaneceriam, haja vista as dúvidas que encontramos. [Adequado] 2. Hoje sairei daqui mais tarde, haja visto o trabalho que ainda tenho de terminar. [Inadequado] Hoje sairei daqui mais tarde, haja vista o trabalho que ainda tenho de terminar. [Adequado] A locução haja vista , como se observa nos exemplos acima, é usada como conjunção subordinativa. O seu valor equivale ao das locuções conjuncionais “devido a ”, “por conta de ”, “por causa de ”. As preposições e formas verbais como “foi” Na língua portuguesa algumas formas verbais são representadas da mesma maneira, embora indiquem tempos diferentes ou mesmo verbos distintos. Nesse sentido, os verbos ir e ser são freqüentemente alvo de problemas gramaticais devido ao fato de que ambos possuem a mesma forma nos tempos pretérito perfeito e pretérito mais-que-perfeito do modo indicativo. Observe : Pretérito Perfeito Verbo “IR” eu fui tu foste ele foi nós fomos vós fostes eles foram Pretérito Perfeito Verbo “SER” eu fui tu foste ele foi nós fomos vós fostes eles foram Pretérito Mais-Que-Perfeito Verbo “IR” eu fora tu foras ele fora nós fôramos vós fôreis eles foram Pretérito Perfeito Verbo “SER” eu fui tu foste ele fora nós fôramos vós fôreis eles foram Um dos problemas gerado pela forma idêntica desses dois verbos, sobretudo no tempo pretérito perfeito, se refere à regência verbal. Isto é, que tipo de preposição é exigida por cada verbo e em cada acepção que este possua. As preposições, isoladamente, não possuem qualquer significado, mas expressam algumas noções definidas (espaço, situação, movimento, etc.). Os verbos selecionam uma e outra preposição na relação de regência verbal que estabelecem com elas. Assim, o sentido do verbo é reforçado pela noção expressada pela preposição que o acompanha. O verbo ir com sentido de movimento rege a preposição “a” ou “para” que reforçam a idéia de deslocamento. Já o verbo ser com sentido de acontecer , ocorrer exige a preposição “em”, expressando o momento em que ocorreu a ação. Quando a construção do enunciado envolver qualquer desses dois verbos no pretérito perfeito ou mais-que-perfeito,

deve-se, portanto, atentar para o emprego adequado das preposições regidas por eles, respeitando o sentido do verbo que está sendo utilizado. Exemplos: 1. Eu não fui em baile algum! [Inadequado] Eu não fui a baile algum! [Adequado] Eu não fui para baile algum! [Adequado] ...[verbo ir com sentido de movimento] 2. O sorteio dos prêmios foi a 28 de setembro. [Inadequado] O sorteio dos prêmios foi em 28 de setembro. [Adequado] ...[verbo ser com sentido de acontecer] É importante lembrar, ainda, que: · a preposição “em” pode se contrair com os artigos (a, as, o, os, um, uns, uma, umas). Mesmo na forma contraída, ela só deve ser empregada junto ao verbo ir com sentido de “ocorrer”. Exemplo: Aquela tranqüilidade foi só nas férias! · verbo ir com sentido de movimento seguido de palavra feminina determinada exige que a preposição “a” seja acentuada (crase). Exemplo: Sem oportunidade de escolha, todos fomos à inauguração do departamento. As locuções verbais e o uso das preposições Locuções são grupos de palavras que, unidas, formam uma unidade com um sentido próprio. Na língua portuguesa há vários tipos de locução: locução verbal, locução adverbial, locução prepositiva, etc. Uma locução verbal se compõe de dois ou mais verbos (ex.: tenho estado fazendo). Na locução verbal composta de dois verbos, o primeiro deles é considerado um verbo auxiliar (ser, estar, ter e haver) ou modal (poder, querer, precisar, dever, etc.). O segundo verbo da locução é considerado o verbo principal. Independentemente do tipo, porém, é sempre o primeiro verbo da locução o responsável pela flexão (de número, tempo, modo e aspecto). O segundo verbo da locução apresenta-se sempre no infinitivo, no gerúndio ou no particípio. As preposições são exigidas pela relação de regência que se estabelece entre elas e o verbo. Numa locução verbal, é o segundo verbo que rege a preposição. Portanto, mesmo se o primeiro verbo da locução reger uma preposição, ela deve ser abandonada nesse tipo de construção. Exemplos: 1. Se ela precisar de viajar, não vou me opor. [Inadequado] Se ela precisar viajar, não vou me opor. [Adequado] 2. Ele deve de ser inteligente. [Inadequado] Ele deve ser inteligente. [Adequado] É importante, no entanto, atentar para duas particularidades: · os verbos transitivos indiretos (aqueles que exigem complemento preposicionado) podem apresentar como complemento um verbo no infinitivo. Nesse caso, não se trata de uma locução verbal, já que o primeiro verbo não é um auxiliar ou modal. Portanto, o emprego da preposição é obrigatório . Exemplo: 1. Cecília gosta de trabalhar no shopping. ...[gostar: verbo transitivo indireto = rege a preposição “de”] · verbo “ter ” com sentido de “precisar ”, “ser obrigado ”, “ser necessário ” é acompanhado pela preposição “de”. Como se trata de uma restrição semântica , o emprego da preposição é obrigatório , mesmo se o complemento deste verbo for um verbo no infinitivo. Do mesmo modo que os verbos transitivos indiretos, não se trata aqui de uma locução verbal. Exemplo: 1. Ele tem de cumprir a sua promessa.

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...[ter: verbo preposicionado = é acompanhado pela preposição “de”]

PROVA SIMULADA 1 Muita gente, pouco emprego. Os megaproblemas das grandes cidades “A população das megacidades cresce muito mais depressa do que sua capacidade de prover empregos e fornecer serviços decentes a seus novos moradores. O fenômeno, detectado no relatório da ONU sobre a população, é tanto mais grave porque atinge em cheio justamente os países mais pobres. Das dez megacidades do ano 2000, sete estarão fincadas no Terceiro Mundo. As pessoas saem do campo para as cidades por uma razão tão antiga quanto a Revolução Industrial: querem melhorar de vida. Mesmo apinhadas em periferias e favelas, suas chances de prosperar são maiores do que na área rural. As cidades, escreveu um historiador são “o lugar certo para multiplicar oportunidades”. A típica explosão urbana é a registrada em várias cidades da África e da Índia, que dobram de população a cada doze anos e não dão conta da demanda por emprego, educação e saneamento. Karachi no Paquistão, com 8,4 milhões de habitantes, quase nada investe em sua rede de esgotos desde 1962. Mesmo as que crescem a uma taxa menos selvagem, como a cidade do México, têm pela frente seus megaproblemas. A poluição produzida pelos milhões de veículos e 35.000 fábricas da capital mexicana, por exemplo, pode chegar a um nível quatro vezes além do ponto em que o ar é considerado seguro em países desenvolvidos. Ainda que todos os prognósticos sejam pessimistas não se deva desprezar a capacidade de as megacidades encontrarem soluções até para seus piores desastres. A mobilização da população da capital mexicana em 1985 para reconstruir partes da cidade arrasadas por um terremoto evitou o pior e mostrou que as mobilizações coletivas podem driblar o apocalipse anunciado para as megacidades.” (Revista Veja) 01. Como a idéia central do 1º parágrafo, pode-se destacar o(s) (a): a) crescimento desmedido das cidades causa desemprego. b) países pobres são os que terão mais problemas para resolver no ano 2000. c) saída da população rural para melhorar de vida causará colapso nas grandes cidades. d) cidade grande é o lugar certo para multiplicar oportunidades. 02. Assinale a afirmativa que NÃO condiz com as idéias do segundo parágrafo. a) As cidades dos Países pobres crescem desordenadamente. b) O crescimento das várias cidades da África e da Índia não tem controle. c) A explosão urbana é o principal problema das grandes cidades. d) O problema da poluição no México é de difícil solução. 03. “...que dobrem de população a cada doze anos e não dão conta da demanda por emprego, educação e saneamento”. Pode-se substituir a palavra sublinhada, sem alterar o sentido do texto, por: a) procura b) escassez c) exigência d) disputa

04. Assinale a afirmativa que corresponde a idéia central do 3º parágrafo. a) As megacidades pobres precisarão de ajuda para resolver seus problemas. b) Mesmo com problemas tão complexos, as megacidades pobres podem encontrar soluções para seus problemas. c) Por causa dos prognósticos pessimistas, é inviável que as cidades pobres possam resolver seus problemas. d) O México foi capaz de reconstruir partes da cidades atrasadas por um terremoto. 05. Assinale a frase cuja palavra sublinhada esteja escrita corretamente. a) Sua compania me faz bem. b) Pedi um mixto-quente na lanchonete. c) Não cometa infração no trânsito. d) O homem foi pego em fragrante. 06. A única palavra corretamente separada em sílabas acen-tuadas corretamente: a) in-ter-ce-ptar b) coo-pe-rar c) al-co-ol d) dês-or-dem 07. Assinale a seqüência de palavras acentuadas correta-mente: a) Urubú - sútil - ali. b) Alguém - egoísta - divisível. c) ítens - ruim - juíz. d) Técnologico - rainha - caírmos. 08. Assinale a alternativa em que a palavra esteja corretamente escrita no plural. a) Fuzives. b) Campeães. c) Cidadãos. d) Revólvers. 09. Assinale a a frase em que a palavra sublinhada NÃO corresponda a um artigo indefinido. a) Preciso de uma amizade sincera. b) Acorde-me à uma hora da manhã. c) Quero um bom linro. d) Vimos uns homens no campo. 10. Assinale a alternativa em que o pronome demonstrativo sublinhado esteja empregado corretamente. a) Que revista é aquela quem você tem nas mãos? b) Banana, pêra e uva: estas frutas fazem bem à saúde. c) Essa bola que está lá no pátio é sua? d) Essa revista que está ao seu lado é minha. 11. Assinale a alternativa cujas vírgulas foram utilizadas corretamante. a) Acreditava, segundo disse que teria probabilidade de conseguir se estudasse. b) Acreditava segundo disse, que teria probabilidade de conseguir, se estudasse. c) Acreditava, segundo disse, que teria probabilidade de conseguir, se estudasse. d) Acreditava, segundo disse que, teria probabilidade de conseguir, se estudasse. 12. Assinale a frase que apresenta concordância verbal correta a) Faz dez anos que moro nesta rua b) Devem haver computadores naquela escola

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c) Haviam inúmeros livros raros na biblioteca d) Fazem poucas semanas que fui promovido 13. Assinale as palavras escritas corretamente. a) Trouxa - Enxer. b) Enxada - Pixação. c) Recauxutar - Pexinxar. d) Enxergar - Enxoval. 14. Considerando-se o emprego das palavras “eu”, “mim”, “contigo” e “consigo”, assinale a alternativa que complete a frase: . ”Era para _______ conversar ________ ontem” a) eu - contigo. b) mim - contigo. c) eu - consigo. d) mim - consigo. 15. Na frase “Se você não reparar a panela, não poderei cozinhar o feijão”, as palavras sublinhadas podem ser substituídas, sem alterar seu significado, por: a) consertar - cozer b) concertar - coser c) consertar - coser d) concertar - cozer 16. Assinale a palavra que preencha corretamente a lacuna da frase abaixo: “O filme que passou na ________ da tarde não foi bom” a) cesão b) cessão c) seção d) sessão 17. Assinale a alternativa em que o verbo “fazer” esteja empregado corretamente. a) Se você não atrapalhasse, farei o trabalho correto. b) Se você não atrapalhasse, faria o trabalho correto. c) Se você não atrapalhar, faria o trabalho correto. d) Se você não atrapalhar, faríamos o trabalho correto. 18. Assinale a alternativa em que o advérbio “mal” esteja usado corretamente. a) Falar mal das pessoas é um mal hábito. b) Se ele joga mal é porque está treinando mal. c) Oferece um mal produto porque paga mal aos funcionários. d) Será um mal homem se tiver um mal amigo. 19. Na frase “Ele prefere viajar _____ navio”, marque a alternativa que preencha a lacuna com a preposição correta. a) com b) a c) de d) por 20. Assinale a alternativa cujas palavras deverão ser escritas com a letra “j” a) Ma_estade / Re_ente / Re_eitar. b) La_e / No_ento / Pa_em. c) Gor_eta / Cora_em / Ima_em d) Pro_etor / Sar_eta / Conta_em. 21. Assinale a alternativa em que as letras “n”, sublinhadas na palavra, estejam empregadas corretamente. a) Enbelezamento b) Contratenpo. c) Inportancia.

d) Condolência. 22. Na frase “A análi__e da perícia sobre o desli__amento sofreu um atra__o”. Usando “s” ou “z” nas lacunas teríamos: a) análise - deslisamento - atraso. b) análize - deslizamento - atrazo. c) análise - deslizamento - atraso. d) análize - deslisamento - atrazo. 23. Analise a alternativa que preenche adequadamente o período “Ele está sempre __ disposição de todos, fique _ vontade para procurá-lo __ qualquer hora”. a) à à a b) à a a c) a à a d) a à à 24. “Sempre irão brilhar os feitos de homens nobres”. O sujeito da oração é: a) os feitos. b) homens nobres. c) sempre irão brilhar. d) os feitos de homens nobres. 25. Assinale a alternativa em que a frase esteja escrita com sujeito seguido de predicado, a) Todos nós precisamos de ajuda. b) Já naquela época, lutavam com bravura os soldados. c) Perto da ponte desceram do ônibus alguns turistas. d) Estavam cansados aqueles candidatos.

GABARITO COMENTADO 1 01 = C - Esta opção resume a idéia do parágrafo. 02 = D - Não há, no segundo parágrafo, menção a tentativas de resolver a problema da poluição. 03 = A - Ainda que as alternativas C e D sejam acepções possíveis de demanda no texto, não haverá alteração de sentido se escolhermos A. 04 = B - Releia a última linha do texto 05 = C - Ação de infringir. a) companhia b) misto - quente c) flagrante (óbvio) // fragrante (derivado de fragrância, significa perfumado) palavras parônimas 06 = C - Corrigindo as demais a) in-ter-cep-tar b) co-o-pe-rar d) de-sor-dem Convém lembrar: a separação silábica obedece a critérios de pronunciação. A cada sílaba ocorrerá uma, e apenas uma, vogal. Não há sílaba sem vogal. 07 = B - Relembrando as regras de acentuação gráfica: alguém: oxítona terminada em EM egoísta: regra do hiato divisível: paroxítonas terminadas em R X N ou L são acentuadas. Corrigindo as demais opções: a) urubu, sutil, ali b) itens, ruim, juiz c) tecnológico, rainha, cairmos 08 = C - O certo seria: a) fusíveis b) campeões d) revólveres 09 = B - Acorde-me à uma hora da manhã (e não às duas ou às três) a palavra sublinhada é um numeral cardinal 10 = D - O emprego dos pronomes demonstrativos requer atenção. este(s), esta(s), isto referem-se a 1ª pessoa do discurso, a que fala; esse(s), essa(s), isso são empregados para apontar o que esta próximo a 2ª pessoa do discurso,

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aquele com quem se fala; aquele(s), aquela(s), aquilo são pronomes demonstrativos de 3ª pessoa. Assim o correto seria: a) Que revista é essa que você tem nas mãos? b) Banana, pêra e uva: essas frutas fazem bem à saúde. c) Aquela bola que está lá no pátio é sua? 11 = C - Quanto ao emprego da vírgula, é necessário lembrar: - expressões intercaladas, como “segundo disse”, por exemplo, ficam separadas do corpo do período; - orações subordinadas adverbiais condicionais, como “se estudasse”, por exemplo, separam-se da principal por vírgula. 12 = A - Dentre os casos especiais de concordância verbal, está o dos verbos impessoais, que constituem orações sem sujeito, e flexionam-se sempre na 3ª pessoa do singular. É o caso do verbo fazer quando indica tempo decorrido ou condição climática, e do verbo haver, com sentido aproximado de “existir”. Corrigindo: b) Deve haver computadores c) Havia inúmeros livros d) Faz poucas semanas 13 = D - Questão fácil de ortografia, no que concerne ao emprego de letras. Corrigindo: a) trouxa, encher (derivado de cheio) b) enxada, pichação (derivado de piche) c) recauchutar (derivado de caucho), pechinchar 14 = A - Considerando o emprego de pronomes, e bom não esquecer: - na função de sujeito, empregamos os pronomes pessoais do caso reto. - consigo é pronome pessoal oblíquo reflexivo, isto é, só pode ser empregado em referência ao sujeito do verbo. 15 = A - Esta questão exige do candidato o conhecimento da grafia dos homófonos. Consertar = reparar Consertar = harmonizar Cozer = cozinhar Coser = costurar 16 = D - Ainda tratando de homófonos: Cessão = ato de ceder, doação Seção = corte, departamento, parte Sessão = espaço de tempo que se destina a um evento, a uma reunião 17 = B - Aqui o candidato deve demonstrar que domina o emprego dos tempos verbais: o futuro do subjuntivo, na oração subordinada, combina com o futuro do presente do indicativo, na oração principal; o imperfeito do subjuntivo é empregado quando, na principal, usamos o futuro do pretérito do indicativo. Corrigindo, então: a) Se você não atrapalhasse, faria o trabalho. c) Se você não atrapalhar farei o trabalho. d) Se você não atrapalhar, faremos o trabalho. 18 = B - Mais uma questão sobre o emprego de palavras. Para não esquecer: mau é antônimo de bom e é adjetivo, geralmente mal é antônimo de bem. Corrigindo: a) Falar mal das pessoas é um mau hábito. c) Oferece um mau produto porque paga mal aos funcionários. d) Será um mau homem se tiver um mau amigo. 19 = C - Não há muito o que comentar. A questão trata do emprego de preposições, de seus valores semânticos. 20 = B - Ortografia, emprego de letras: a) majestade, regente, rejeitar c) gorjeta, coragem, imagem d) projeto, sarjeta, contagem 21 = D - Antes do p e b a nasalização das vogais é expressa por m e não, n 22 = C - Ortografia, emprego de letras. Questão muito fácil. 23 = A - Crase, assunto considerado difícil por muitos candidatos. Vale lembrar: o emprego do pronome qualquer

como determinante do substantivo impede a ocorrência de artigo definido; daí, a proibição da crase diante deste pronome. 24 = D - A opção é a resposta à pergunta. “Quem sempre ira brilhar?” 25 = A - O reconhecimento dos termos essenciais da oração sujeito e predicado é o conteúdo abordado nesta questão. Ordenando as demais alternativas. b) Os soldados, lutavam com bravura já naquela época. c) Alguns turistas, desceram do ônibus perto da ponte. d) aqueles candidatos estavam cansados.

Redação Faça letra legível: Você acha que alguém vai tentar decifrar sua redação, tendo outras 700 para corrigir ? Ordenação das Idéias: A falta de ordenação de idéias gera um texto sem encadeamento e, às vezes, incompreensível, partindo de uma idéia para outra sem critério, sem ligação. Coerência: Você não deve apresentar um argumento e contradizê-lo mais adiante. Coesão: A redundância denuncia a falta de coesão. Não dê voltas num assunto, sem acrescentar dados novos. Isso é típico de quem não tem informações suficientes para compor o texto. Inadequação: Não fuja ao tema proposto, escolhendo outro argumento com o qual tenha maior afinidade. O distanciamento do assunto pode custar pontos importantes na avaliação. Estrutura dos Parágrafos: Separe o texto em parágrafos. Sem a definição de uma idéia em cada parágrafo, a redação fica mal estruturada. Não corte a idéia em um parágrafo para concluí-la no seguinte. Não deixe o pensamento sem conclusão. Estrutura das Frases: · Faça a concordância correta dos tempos verbais; · Não fragmente a frase, separando o sujeito do predicado; · Flexione corretamente os verbos quando for usar o gerúndio ou o particípio. Conselhos úteis: · Evite a repetições de sons, que é deselegante na prosa; · Evite a repetições de palavras, que denota falta de vocabulário; · Evite a repetição de idéias, que demonstra falta de conhecimento geral; · Evite o exagero de conectivos (conjunções e pronomes relativos) para evitar a repetição e para não alongar períodos; · Evite o emprego de verbos genéricos, tais como dar, fazer, ser e ter; · Evite o uso exagerado de palavras e expressões do tipo: problema, coisa, negócio, principalmente, devido a, através de, em nível de, sob um ponto de vista, tendo em vista etc; · Evite os coloquialismos: só que, daí, aí etc; · Cuidado com o emprego ambíguo dos pronomes: seu, seus, sua, suas; · Cuidado com as generalizações: sempre, nunca, todo mundo, ninguém; · Seja específico: utilize argumentos concretos, fatos importantes; · Não faça afirmações levianas, como: todo político é corrupto.;

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· Não use expressões populares e cristalizadas pelo uso, como: a união faz a força; · Não use palavras estrangeiras nem gírias, como: deletar, tipo assim; · Observe a pontuação; · Cuidado com o uso de conjunções: . mas, porém, contudo são adversativas, indicam fatores contrários; . portanto, logo são conclusivas; . pois é explicativa e não causal; · Não escreva períodos muito curtos nem muito longos; · Não use a palavra eu nem a palavra você e evite a palavra nós: a dissertação deve ser impessoal; não se dirija ao examinador como se estivesse conversando com ele; · Não deixe parágrafos soltos: faça uma ligação entre eles, pois a ausência de elementos coesivos entre orações, períodos e parágrafos é erro grave. Dez dicas para fazer uma boa redação 1) Na dissertação, não escreva períodos muito longos nem muitos curtos. 2) Na dissertação, não use expressões como "eu acho", "eu penso" ou "quem sabe", que mostram dúvidas em seus argumentos. 3) Uma redação "brilhante" mas que fuja totalmente ao tema proposto será anulada. 4) É importante que, em uma dissertação, sejam apresentados e discutidos fatos, dados e pontos de vista acerca da questão proposta. 5) A postura mais adequada para se dissertar é escrever impessoalmente, ou seja, deve-se evitar a utilização da primeira pessoa do singular. 6) Na narração, uma boa caracterização de personagens não pode levar em consideração apenas aspectos físicos. Elas têm de ser pensadas como representações de pessoas, e por isso sua caracterização é bem mais complexa, devendo levar em conta também aspectos psicológicos de tipos humanos. 7) O texto dissertativo é dirigido a um interlocutor genérico, universal; a carta argumentativa pressupõe um interlocutor específico para quem a argumentação deverá estar orientada. 8) O que se solicita dos alunos é muito mais uma reflexão sobre um determinado tema, apresentada sob forma escrita, do que uma simples redação vista como um episódio circunstancial de escrita. 9) A letra de forma deve ser evitada, pois dificulta a distinção entre maiúsculas e minúsculas. Uma boa grafia e limpeza são fundamentais. 10) Na narração, há a necessidade de caracterizar e desenvolver os seguintes elementos: narrador, personagem, enredo, cenário e tempo.

Anotações

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