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Tolerância
7º ano - 2º Bimestre
Profª Lilian Bairros
Tolerância
Escola de Atenas, afresco de Rafael Sanzio (1483-1520).
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CAPÍTULO 04: Renascimento e Reforma: a Europa em transformação
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A invenção da imprensa causou grande impacto na circulação de ideias na
Europa e possibilitou a difusão de novas formas de pensar diversos campos
do saber, como as ciências, a religião, a filosofia e as artes.
Atualmente, vivemos a era dos livros digitais, que podem ser lidos em aparelhos eletrônicos, como notebooks e tablets.
Até meados do século XV, na Europa, os livros eram escritos à mão, até que Johannes Gutenberg inventou uma máquina que permitia que diversos livros fossem rapidamente copiados, difundindo assim o conhecimento por meio do aumento do número de obras escritas e de pessoas que passaram a lê-las.
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Tolerância
O tempo, antes medido por ampulhetas ou pela
observação da posição do sol, passou a ser
medido por relógios mecânicos, instalados nas
praças centrais da cidades.
Ampulheta.
O Humanismo
Entre 1400 e 1600 novas formas de organização social se estabeleceram na Europa, proporcionando transformações políticas, econômicas e sociais.
Muitas descobertas e invenções modificaram as tarefas e os costumes da população europeia, como o surgimento de novas ferramentas, novas técnicas e o aperfeiçoamento de instrumentos já utilizados.
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As mudanças ocorridas nesse período se iniciaram na Baixa Idade Média. A
transição desse período para a Idade Moderna ocorreu em ritmo lento e foi
sentida de diferentes maneiras pela população europeia.
Idade
Média
1453
Queda de
Constantinopla 1500
1517
Martinho
Lutero lidera
a Reforma
Protestante
1549
Fundação da cidade
de Salvador, primeira
capital do Brasil
1572
Morre o
último
líder Inca,
Tupac
Amaru
1600
Idade Moderna
1680
Marco do início
do movimento
Iluminista
1700
1764
Invenção da
máquina de
fiar – início
do processo
da Revolução
Industrial
Idade
Contemporânea
1789
Revolução
Francesa
1492
Colombo chega
à região da atual
República Dominicana
1557
Início da
ocupação portuguesa
de Macau, na China
1630
Os holandeses
invadem Olinda
e Recife
1776
Independência
dos Estados
Unidos
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Os pensadores do século XIV tinham como objetivo renovar o sistema
educacional, deixando de lado a tradição intelectual medieval baseada nos
ensinamentos da Igreja.
Esse movimento de renovação artística e intelectual iniciado por pensadores humanistas recebeu o nome de Renascimento, pois buscava “renascer” aspectos culturais, artísticos e políticos dos antigos gregos e romanos.
Essa revolução cultural ficou conhecida como Humanismo e tinha seus interesses difundidos por várias áreas de conhecimento, como as Artes Plásticas, Literatura, Poesia, Gramática, Medicina, Matemática e Astronomia, entre outras.
Buscava-se difundir os ensinamentos das escolas laicas – não religiosas – por meio da leitura de textos clássicos da Antiguidade, como Platão e Aristóteles.
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O Renascimento alcançou seu esplendor em algumas cidades da península
Itálica (como Florença), na região dos Países Baixos (onde hoje ficam Bélgica
e Holanda) e no território da atual Alemanha.
Esses temas se tornaram peça-chave para os pensadores humanistas.
• ética • lógica • busca por conhecimento • natureza humana
A tradução de escritos filosóficos gregos, antes mantidos sob o controle da Igreja, levou a reflexões sobre:
O comércio dessas regiões impulsionou a formação de uma rica burguesia, que financiava a produção intelectual e artística da época.
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Para os humanistas, o ser humano estava no centro das preocupações e
grandes questões, numa concepção chamada antropocentrismo, que se
contrapunha ao teocentrismo, pensamento da Igreja que colocava Deus (em
grego, Théos) como centro de todo o conhecimento.
O espírito crítico do Humanismo buscava encontrar explicações para os fenômenos naturais vindas do saber prático, e resultou em importantes descobertas em diversas áreas do conhecimento humano, como a Medicina, as Ciências, as Artes Plásticas, a Física, etc.
Esse tipo de pensamento é conhecido como racionalismo e surgiu num contexto de negação da ideia de que a Igreja ou os textos sagrados tivessem todas as respostas a respeito da vida, sua origem e fenômenos a ela relacionados.
Os humanistas atribuíam grande importância à procura de explicações lógicas e racionais, não baseadas na fé, para os fenômenos naturais.
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O Renascimento científico
Durante o Renascimento, as cidades, comércio e bancos se
encontravam em pleno crescimento.
A Matemática ganhou um papel de destaque, tendo em vista a importância de seu conhecimento para banqueiros, comerciantes e seus funcionários.
O pensamento humanista, entretanto, estava ligado aos novos negócios em expansão e impulsionava assim o ensino de novas disciplinas, como Filosofia, Gramática, História e Matemática.
A Igreja, instituição não envolvida no processo de avanço comercial, controlava até então o conteúdo do ensino nas universidades, se empenhando na formação de teólogos, médicos e advogados.
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Na imagem ao lado, segurando um globo
terrestre, está destacado Ptolomeu,
astrônomo e geógrafo do século II.
Ptolomeu desenvolveu grandes trabalhos
nas áreas de Astronomia, Cartografia e
Geografia e no século XV sua obra foi
traduzida na Europa.
Foi ele o responsável por inserir medidas
de longitude e latitude nos mapas, recurso
utilizado até hoje.
Seus conhecimentos foram de grande
importância durante os séculos XIV e XV,
uma vez que nesse período a Europa já
estava envolvida com as Grandes
Navegações. Detalhe do afresco Escola de Atenas.
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Ptolomeu também era astrônomo. Em seus escritos, defendia o
geocentrismo, teoria que afirmava que a Terra (geo, em latim,
significa ‘Terra’) era o centro do Universo.
A revolução copernicana
Segundo as observações de Copérnico, não era o Sol que girava em torno da Terra, e sim a Terra que girava em torno do Sol. Sua teoria foi chamada de heliocentrismo (helio, em grego, significa ‘Sol’).
A crença no geocentrismo foi abalada quando, em 1543, o astrônomo Nicolau Copérnico (1477-1543) publicou um livro no qual afirmava que tal teoria estava errada.
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Telescópio desenvolvido em 1609 por Galileu Galilei (1564-1642).
Somente em 1992 o Vaticano reconheceu seu engano e retirou as acusações que havia feito a Galileu.
Galileu também foi preso e torturado pela Inquisição, porém, ao contrário de Bruno, renunciou publicamente às suas convicções e foi poupado da morte.
• Giordano Bruno (1548-1600), que foi condenado à morte pela Inquisição por defender essa teoria;
• Galileu Galilei (1564-1642), que provou com o uso de um telescópio que a teoria heliocentrista era correta.
O heliocentrismo foi estudado por outros cientistas, como:
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As mudanças se deram por meio da
aplicação dos conhecimentos
adquiridos nas áreas de Matemática,
Física, Ótica e Fisiologia. Detalhe do afresco Escola de Atenas.
O renascimento artístico
As novidades assimiladas na Europa durante o Renascimento também repercutiram na produção artística.
A partir do século XIV os artistas passaram a se preocupar em dar realismo a figuras, desenvolvendo técnicas para mostrar profundidade e movimento. Assim as imagens passaram a ser criadas em três dimensões: largura, altura e profundidade.
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As inovações artísticas e científicas atraíram a
atenção de reis, príncipes, clérigos e famílias de
grandes comerciantes.
Um dos mecenas mais famosos do Renascimento foi o banqueiro de Florença, Cosimo de Medici, que patrocinou diversas obras de Michelangelo. Túmulo de Lorenzo de Medici, de Michelangelo Buonarroti.
A escultura ao centro representa Lorenzo.
Os mecenas
Essas pessoas associaram a posse de obras de arte ao poder e à riqueza, e passaram então e financiar o trabalho dos artistas renascentistas.
Rafael Sanzio, por exemplo, foi financiado pelo papa Júlio II para pintar a Escola de Atenas. Com o incentivo, o Vaticano buscava se impor política e socialmente.
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As transformações renascentistas também refletiram no campo religioso.
A Reforma Protestante
Martinho Lutero, um monge professor da Universidade de Wittenberg, foi um dos grandes nomes da Reforma Protestante.
Entre os principais objetivos de mudança estavam as denúncias de corrupção e abusos morais e críticas ao excessivo poder concedido aos papas.
O movimento teve início no final da Idade Média e, inicialmente, tinha como objetivo reformar a estrutura da Igreja católica.
Com a imprensa, algumas camadas da população europeia passaram a ler mais e trocar mais ideias e, assim, serem mais críticas. Isso somado a outros fatores, produziu o movimento conhecido como Reforma.
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Alegando que a
indulgência era uma
forma de tirar proveito da
fé das pessoas, Lutero
escreveu uma carta, na
qual formulou 95 teses
que criticavam essa e
outras práticas de Igreja.
Em 1517, Lutero contestou uma das principais práticas de Igreja católica: a venda de indulgências – perdão concedido pela Igreja pelos pecados cometidos pelos fiéis.
Jorg Breu, o Velho (c. 1475-1537), gravurista alemão, representou nesta xilogravura do
século XVI a venda de indulgências feita pela
Igreja católica.
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Em abril, o imperador Carlos V convocou
uma assembleia para que Lutero voltasse
atrás em suas ideias, porém, o monge
recusou-se a negá-las,
rompendo – juntamente com seus
seguidores, chamados de
protestantes – com a Igreja católica.
Porta de igreja do castelo da cidade de Wittenberg, na Alemanha, onde Martinho Lutero pregou as 95 teses com as quais criticava a Igreja católica no início do século XVI.
Em 31 de outubro de 1517, Lutero fixou a carta na porta da igreja do castelo de Wittenberg e rapidamente ganhou o apoio de integrantes da nobreza e da burguesia interessados no enfraquecimento político e econômico da Igreja.
Lutero tinha a intenção de reformar a Igreja católica propondo a recuperação dos princípios originais do cristianismo. Entretanto, sua carta levou a sua excomunhão, em janeiro de 1521.
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As ações de Lutero abriram caminho para novos rompimentos no interior
da Igreja católica, como as lideradas por Ulrich Zwinglio (1489-1531), de
Zurique, atual suíça, João Calvino (1509-1564), frade francês, e Henrique
VIII (1509-1547), rei da Inglaterra.
A Contrarreforma
Muitas ações foram tomadas com o intuito de aproximar a população do catolicismo, entre elas, a fundação de companhias, como a Companhia de Jesus, responsáveis por difundir o cristianismo pela Ásia, África e América.
A resposta da Igreja a esses rompimentos veio por meio da Contrarreforma, movimento que reviu os valores e conceitos até então defendidos e buscou resgatar dogmas tradicionais do catolicismo.
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Por volta de século XIV, o conhecimento europeu sobre nosso globo
era escasso.
CAPÍTULO 05: As Grandes Navegações
O processo de expansão marítima europeia liderado pelos portugueses, logo seguidos pelos navegadores da Espanha e outros países, possibilitou o contato com diferentes culturas e a expansão das atividades comerciais do velho continente, promovendo um processo duplo, de intercâmbio cultural e ao mesmo tempo exploração das populações nativas.
Essa situação só começou a mudar quando os portugueses começaram a resgatar a herança náutica deixada pelos povos antigos, desenvolvendo embarcações e instrumentos que possibilitaram sua chegada a lugares antes desconhecidos, como a Ásia, o sul da África e, posteriormente, a América.
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No início do século XIV, os conhecimentos náuticos europeus eram bastante
restritos, proporcionando apenas deslocamentos por mar que se limitavam a
locais com acesso pelo mar Mediterrâneo, como o norte da África, e os limites
entre Europa e Ásia.
Gravuras de Hartmann Schedel (1440-1514), representando alguns monstros nas Crônicas de Nuremberg (1493).
A conquista dos mares
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Além da falta de tecnologias náuticas, o pouco conhecimento a respeito dos mares criava o cenário para a invenção de histórias fantásticas a respeito de monstros e seres tenebrosos que habitavam os oceanos, em especial o Atlântico.
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Essa crença europeia começou a mudar a partir das primeiras décadas do
século XV, mais especificamente a partir de 1415, quando os portugueses
conquistaram Ceuta (importante cidade do norte da África), fato que
representou um grande marco na expansão marítima portuguesa.
O processo de expansão posto em prática por Portugal pode ser dividido em duas fases:
Após a conquista de Ceuta, os portugueses tomaram conhecimento de um reino africano rico em ouro localizado ao sul do Saara – o reino do Mali –, fato que impulsionou uma série de investidas da coroa de Portugal na expansão marítima.
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A primeira teve início em 1418, com a conquista da costa africana, e terminou em 1478, quando os portugueses alcançaram o extremo sul do continente.
Portugueses na costa atlântica da África
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A segunda fase, a Era das Grandes Navegações, começou com a chegada
da frota de Vasco da Gama, em 1498, às Índias, na Ásia, depois de percorrer
a costa africana.
Navegações espanholas e portuguesas (séculos XV e XVI)
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Como uma forma de ressaltar o grande
passo dado por Portugal, após a
conquista de Ceuta, o governo passou
a incentivar a recuperação de
informações náuticas de outros
povos, como os fenícios, gregos,
árabes e egípcios.
Essa reunião de especialistas ficou conhecida como Escola de Sagres, responsável pela melhoria dos instrumentos de navegação já existentes e pela elaboração das cartas de navegação.
Uma nau (1557), xilogravura de autoria
desconhecida do livro de Hans Städen, conhecido
também pelo título Duas Viagens ao Brasil.
Mares nunca antes navegados
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Uma das grandes novidades desenvolvidas pela Escola de Sagres foram as
caravelas, embarcações mais leves e velozes, apropriadas para a navegação
tanto em rios quanto em oceanos, que começaram a ser utilizadas pelos
portugueses por volta de 1440.
Réplica da caravela Vera Cruz navegando no rio Tejo, Lisboa.
As caravelas não conseguiam carregar muita bagagem nem enfrentar mau tempo.
Sendo assim, as naus eram as embarcações mais utilizadas, pois em seus três andares internos eram capazes de carregar grandes quantidades de mercadorias e um número maior de pessoas.
O tráfico de escravos foi realizado pelos portugueses de 1444 até o século XIX.
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As expedições marítimas do século XVI tinham um perfil bastante variado:
A vida nas embarcações
• diferentes tipos de embarcações, que variavam de acordo com a viagem;
• quantidade de tripulantes diversas, que podiam chegar até 1200 por expedição;
• as expedições eram comandadas pelo capitão-mor e geralmente também havia um mestre, um contramestre, um piloto, além de um escrivão;
• embarcava tanto representantes do rei, nobres em busca de aventura ou riqueza, estudiosos relacionados ao mundo náutico, quanto trabalhadores encarregados dos serviços mais pesados;
• em cada expedição era obrigatória a presença de membros de instituições religiosas, que tinham o intuito de difundir a fé católica e converter os povos nativos encontrados ao cristianismo;
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• a massa de viajantes era composta de trabalhadores pobres a analfabetos,
que embarcavam, em alguns casos, com problemas de saúde e
subnutrição;
• outra parte das tripulações era composta de prisioneiros, com a promessa
de uma vida livre após um período a bordo das embarcações;
• com pessoas responsáveis por diversos serviços, os navios partiam
carregando uma superpopulação, o que tornava a vida nas embarcações
muito difícil;
• os alimentos levados nas viagens – em geral bolachas, vinho tinto, queijo,
bacalhau, carnes, frutos secos, etc. – acabavam se deteriorando, tendo em
vista os longos períodos de viagem e as precárias condições de higiene das
embarcações;
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• as péssimas condições de higiene, somadas à má alimentação,
ocasionalmente causavam inúmeras doenças na população;
• outro grande problema eram os constantes naufrágios, tendo em vista a imprecisão das cartas de navegação, o grande volume de mercadorias carregado e as tempestades em alto mar.
Gravura de Theodor de Bry, de 1603, representa a fortaleza de São Jorge de Mina na Costa do Ouro, na África,
construída em 1482, por ordem de dom João II de Portugal, como um entreposto comercial e base de apoio para os
navegadores portugueses.
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• além disso, revoltas e motins ocorriam com frequência nas navegações, sempre punidos com severidade;
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A Igreja católica detinha tanto poder que suas determinações eram acatacas
por diversos governos, como Portugal e Espanha.
O documento dividia o mundo em
duas partes:
A Igreja e a expansão ultramarina
Uma dessas decisões foi a resolução do conflito diplomático pelos territórios da América: o Tratado de Tordesilhas.
• a leste do meridiano, as terras pertenceriam a Portugal;
• a oeste do meridiano, as terras pertenceriam à Espanha.
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Divisão do Novo mundo (1493-1494)
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A expansão ultramarina comercial é um grande marco da história da
humanidade, tendo em vista que possibilitou o contato da Europa com
outros continentes, o que levou a um intercâmbio cultural e comercial.
Regiões antes desconhecidas ou restritas, passaram a ser visitadas e
povoadas pelos europeus, o que abriu espaço para a colonização de
diferentes partes do globo.
Portugueses, espanhóis, holandeses, franceses e ingleses expandiram
seus territórios para diferentes regiões das Américas e África, tendo acesso
a extensas riquezas e terras cultiváveis, o que levou a uma nova etapa do
desenvolvimento comercial.
Significado da expansão ultramarina
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As Grandes Navegações proporcionaram a formação de vastos impérios
coloniais e a criação, na Inglaterra e na Holanda, de um novo tipo de
organização comercial: as Companhias de Comércio das Índias Orientais e das
Índias Ocidentais, poderosas companhias de comércio que monopolizavam a
economia mundial, gerando a acumulação de riqueza e poder para esses
estados europeus.
Para os povos colonizados, entretanto, as conquistas ultramarinas significaram violência, trabalho escravo e intolerância a sua cultura, religiosidade e costumes.
Gravura de Cosson e Smeeton, de 1864,
representando a chegada dos primeiros
colonos ingleses na América do Norte, atual
Estados Unidos, em 1620.
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Entre os séculos XV e XVIII vigorou entre os países europeus o que se
convencionou chamar de mercantilismo, um esquema comercial que
envolvia colonizadores e colônias em relações de exclusividade.
Mercantilismo: a doutrina que movia os governos
• incentivar o consumo de produtos nacionais por parte das colônias por meio do estabelecimento de impostos sobre os produtos estrangeiros (protecionismo);
• o objetivo europeu de acumular metais preciosos em grandes quantidades (metalismo);
• e o grande empenho em exportar mais que importar qualquer tipo de produto (balança comercial favorável).
Os preceitos do mercantilismo consistiam em:
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Gravura de Theodor de Bry, de 1607, representando comerciantes indianos e portugueses no mercado de Bantam, na Indonésia.
A partir do século XVI, o escambo passou a ser substituído pelo uso de dinheiro. Esse processo de crescimento da economia, proporcionado pela expansão marítima, ficou conhecido como Revolução Comercial.
O processo colonizatório foi o responsável por promover a ascensão da burguesia mercantil, que emprestava dinheiro aos monarcas e financiava novas expansões marítimas.
Outras características do mercantilismo são a proibição das colônias de produzir bens manufaturados e a obrigatoriedade da colônia em vender seus produtos apenas para o estado europeu que a controla, a metrópole.
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CAPÍTULO 06: A África entre os séculos XI e XV
Mercado na praça diante da Grande Mesquita de Djenné, no Mali, 2006.
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No curso da História, inúmeras sociedades africanas se desenvolveram e criaram diferentes formas de organização, que formaram desde pequenos grupos caçadores e coletores de alimentos a grandes reinos com organizações políticas complexas.
Sua vinda trouxe também muitos elementos da cultura africana, que foram incorporados aos costumes indígenas e europeus, criando um conjunto de costumes, palavras, religiões, entre tantos outros aspectos, exclusivamente brasileiros.
Entre os séculos XVI e XIX, milhares de africanos foram trazidos ao Brasil para trabalhar como escravos nas lavouras.
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O reino de Gana Reinos africanos na era Cristã
Entre essas duas regiões, na região conhecida como Sahel, formaram-se algumas sociedades que sobreviviam do comércio, atravessando o deserto para levar e trazer mercadorias.
• mais ao sul, conhecida por África subsaariana, por onde se estende o deserto do Saara e ao sul dele.
• ao norte, onde se desenvolveu Cartago e as cidades-Estados fenícias, conhecida como África setentrional ou África do norte;
A África pode ser dividida em duas grandes regiões:
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Entre as mercadorias
mais vendidas no
comércio que
atravessava o
deserto, podemos
destacar as bijuterias,
vidro, objetos de
marfim, perfumes,
tâmaras, entre outros.
Objetos de ouro, dos séculos XVII e XVIII, encontrados
na região do antigo reino de Gana, no Sahel.
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Gana foi um dos reinos do Sahel. Formou-se a partir do século IV como uma
junção de várias vilas, vilarejos e povos da região que hoje conhecemos como
Mauritânia. Essas comunidades se agruparam em torno da figura de um rei –
conhecido como gana – por motivos de lealdade.
O reino de Gana mantinha um forte comércio com o norte da África e era conhecido pela abundância de ouro extraído de suas minas. O ouro era tão abundante em Gana que chamou a atenção dos viajantes da região, que perceberam o uso do metal em artefatos de guerra, adornos e até mesmo coleiras de cães.
Muitas vezes o rei se casava com mulheres de aldeias diferentes para expandir seus territórios. Outra estratégia de expansão de terras era a invasão de territórios vizinhos e domínio de outros povos. Isso era facilitado pelo conhecimento de metalurgia dos povos locais, com os quais produziam armas, em geral, superiores às de seus adversários, feitas com ossos e pedras.
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No reino havia duas capitais, uma delas era Koumbi Saleh, que segundo os arqueólogos era a mais rica cidade de mercadores muçulmanos e que chegou a ter mais de 20 mil habitantes.
Ruínas de Koumbi Saleh, uma das capitais do reino de Gana, no sudoeste da atual Mauritânia.
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A outra capital, distante cerca de 10 quilômetros da primeira, era conhecida
como Gaba (‘o Bosque’).
Por essa época, guerras entre grupos étnicos enfraqueceram o reino de Gana, que por volta do século XII sucumbiu à invasão de povos do norte, sendo aos poucos absorvido pelo reino de Mali.
Na metade do século XI, algumas regiões se separaram de Gana, entre elas Takur, um pequeno reino governado por reis convertidos ao islamismo, que assumiu por algum tempo o controle das minas de ouro, substituindo Koumbi Saleh como principal centro comercial da região.
Era considerada a cidade real, na qual habitava o rei e seu súditos. Possuía mesquitas, bosques, santuários dedicados às crenças tradicionais dos antigos habitantes, etc.
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O reino do Mali
O rei era, assim como no Egito, considerado uma figura sobre-humana, a qual eram atribuídos poderes divinos.
Apesar de os chefes locais continuarem governando suas regiões, cederam o título de rei (mansa) a Sundiata, dando origem ao que se tornaria o reino do Mali.
A desagregação de Gana gerou um período de desordem governamental na região, até que, por volta de 1230, Sundiata Keita, líder de um dos clãs da região, venceu seus grupos vizinhos e estabeleceu comando único na região.
Até o século XII, parte da região entre os rios Níger e Senegal era habitada pelo povo mandinga e encontrava-se sob o domínio do reino de Gana.
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Ao mansa era atribuído o poder de
interferir nas colheitas, no clima, na
terra e na fertilidade das mulheres.
Mansa Musa I, rei de Mali no século XIV, em
representação do ilustrador inglês Angus
McBride feita em guache sobre papel no início
do século XX. Mansa Musa, ou o Leão de
Mali, é carregado com uma liteira por chefes
subalternos e acompanhado pelo poeta da
corte (homem no canto direito inferior usando
uma cabeça de pássaro).
O rei costumava receber seus súditos sentado em almofadas e sob um grande guarda-sol, que simbolizava a soberania e o poder.
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Mali conquistou todo o antigo Império de Gana, controlando assim as minas de
ouro do antigo império instalado na região. Também estendeu seus domínios
para leste, ao longo do rio Níger, e para oeste, até o oceano Atlântico.
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Tendo em vista a diversidade de organizações políticas e religiosas dos povos
que passaram a constituir o reino do Mali, o mansa tinha que ser flexível e
tolerante às diferenças para conseguir que todos pagassem os impostos
exigidos por sua administração.
No século XIII, o mansa Kankan Musa organizou uma comitiva para ir a Meca, numa viagem tão grandiosa que se tornou famosa na Europa e na Ásia, rendendo-lhe o título de Senhor do Ouro.
Os soberanos do Mali eram seguidores do islamismo, sendo assim, deveriam viajar para Meca, cidade sagrada muçulmana, pelo menos uma vez na vida.
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Tolerância
No caminho para a cidade sagrada passou por diversas regiões e acabou se encantando pelo Egito, sociedade da qual procurou aproximar seu império por meio dos conhecimentos de arquitetos, pensadores e juristas egípcios, os quais levou consigo para o Mali.
Entre os séculos XV e XVI, a desobediência de alguns grupos à autoridade centralizada em torno da figura do mansa acabou levando a conflitos que culminaram no enfraquecimento e fim do reino de Mali.
Apesar da ostentação de Musa, a unidade do reino de Mali era frágil, pois dependia da aceitação do mansa por parte dos governos locais.
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Tolerância
Os iorubas
Apesar da organização política
independente (cidades-Estados), os
iorubas estavam ligados pela crença de
que tinham a mesma origem ancestral.
Segundo a tradição, a primeira cidade fundada teria sido Ilê Ifé, que veio a se tornar o centro espiritual dos iorubas.
Iorubas é a denominação utilizada para designar um conjunto de traços linguísticos e culturais de povos que desde o século I já se espalhavam pelo vale fértil do rio Níger, na área fértil de florestas do continente africano.
Mulher ioruba no Festival Anual de Oxum, a rainha dos rios, na cidade de Oshogbo, na Nigéria, 2006.
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Os obás (chefes dos governos
autônomos) eram considerados
descendentes de Oduduá, sendo-lhes
por isso atribuída uma origem divina.
Segundo as histórias orais, todos os iorubas descendiam de Oduduá, figura mítica que teria concluído a missão a ele dada por Oludumaré (o deus supremo) de criar o mundo.
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Ibeji, divindades que na mitologia ioruba representam os opostos, a dualidade, a contradição.
Seu governo era exercido com o auxílio de um conselho formado pelos chefes das principais famílias.
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A religião desempenhava um papel importante entre os iorubas.
A partir do século XVI, com a chegada dos europeus à costa ocidental da África, os iorubas passaram a ser escravizados e levados para a América, incorporando muitos traços culturais e religiosos à cultura brasileira.
Quando nascia, a criança ioruba era encaminhada a um babalorixá (sacerdote) para a determinação da divindade (orixá) que iria acompanhá-la e orientá-la por toda a vida, adquirindo então compromissos com seu orixá protetor, como sacrifícios e oferendas.
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Tolerância
Os iorubas e o candomblé no Brasil
Eles deixaram marcas em nossa língua,
alimentação, festas e música, e se
destacam por serem responsáveis pelo
surgimento da religião do candomblé.
Representação de Oxóssi (2011), orixá da
caça e da fartura, guache sobre papel de
Teresa Berlinck.
Os iorubas estavam entre as muitas culturas africanas trazidas para o Brasil a partir do século XVI.
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No Brasil, a condenação da religião como culto escravo acabou levando à proibição, o que por sua vez fez com que os orixás passassem a ser associados a santos católicos.
Entre os africanos, o culto do candomblé diz respeito aos orixás, que são entidades divinas que apresentam reações humanas e representam forças naturais.
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Tolerância
Os bantos
• Seu constante deslocamento em busca de solo para a agricultura levou ao povoamento de extensas áreas. Organizaram-se tanto como comunidades independentes, quanto como reinos – caso do Grande Zimbábue (séc. XIV) e do Manicongo (sec. XV).
• Comercializavam ouro e marfim, dominavam a metalurgia e viviam de caça, coleta, pesca, pastoreio e agricultura;
• Originalmente, os bantos viviam onde hoje se localizam Nigéria e Camarões, porém se expandiram para outras regiões a partir do século I;
• A expressão “banto” se refere a diversos povos africanos que dividem o mesmo tronco linguístico;
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Link para ambiente online
Tolerância
Assim como os iorubas, os bantos contribuíram muito para a formação da
cultura brasileira.
Os bantos em terras brasileiras
A influência banta também aparece
em manifestações como o bumba
meu boi e o samba, além de ritmos
musicais, como o partido-alto, o coco,
o lundu, o jongo, o calango, etc., sem
falar nos instrumentos musicais, como
o reco-reco, a cuíca e o ganzá.
Na Bahia, o samba de roda ocorre em diversos lugares, e uma das mais conhecidas apresentações é a que acontece em Cachoeira durante a Festa de Nossa Senhora da Boa Morte.
Suas maiores contribuições se referem às ricas festividades brasileiras, como por exemplo a congada, na qual é encenada a coroação dos reis do Congo, num folguedo que mistura danças africanas com aspectos do catolicismo, como as procissões em homenagem a santos.
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CAPÍTULO 07: A colonização espanhola na América
Entre outras tantas crenças, os incas
acreditavam na reencarnação, por
isso homenageavam e mumificavam
seus mortos. Na foto, Múmia Juanita,
menina inca morta como oferenda aos
deuses entre 1450 e 1480, com idade
entre 11 e 15 anos. Ela foi descoberta
em 1995 perto do cume do monte
Ampato, na cordilheira dos Andes, no
sul do Peru.
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Em 2011, a Universidade de Yale, nos
Estados Unidos, devolveu ao governo do
Peru quatrocentas peças arqueológicas
produzida pelos incas, que estavam sob
seu poder havia mais de um século.
Machu Picchu era uma cidade com
acesso reservado à elite, por ter sido
planejada para servir de centro
religioso e administrativo do império,
e como refúgio para o imperador.
Essas peças foram encontradas pelo arqueólogo norte-americano Hiram Bingham, primeiro estudioso a encontrar a cidade de Machu Picchu, construída por volta de 1450 nas proximidades de Cuzco, antiga capital do Império Inca.
Exposição das primeiras peças arqueológicas de
Machu Picchu, no palácio presidencial de Lima, 2011.
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A civilização maia
A civilização maia começou a se desenvolver por volta de 2000 a.C., na atual região da península de Yucatán, sul do México, El Salvador, Belize, Guatemala e Honduras.
Seu apogeu se deu entre 250 d.C. e 900 d.C., muito antes, portanto, da chegada europeia à América, num período chamado pelos historiadores de Período Clássico.
Os maias se destacaram no campo da Astronomia, da Matemática, da Arquitetura e de um complexo sistema de escrita que utilizava símbolos como formas de representação.
A escrita maia era utilizada para registrar a história de sua sociedade, como os fatos que eles consideravam importantes e os feitos de seus governantes. Isso auxiliou na construção da memória da civilização maia.
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Sociedade maia no século XV
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A religiosidade maia
A religião maia era politeísta, ou seja, cultuava vários deuses, ligados tanto ao universo celeste quanto à vida na Terra.
Em homenagem aos deuses, os maias ergueram templos, altares e santuários, nos quais realizavam rituais e sacrifícios religiosos.
Templo das Inscrições no sítio arqueológico maia de Palenque, no
estado de Chiapas, no México.
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A observação dos astros se tornou uma das especialidades maias, resultando
na elaboração de dois calendários, utilizados paralelamente em diversos
aspectos do dia a dia desse povo, como o estabelecimento de um sistema
eficiente de produção agrícola e a sistematização das homenagens e
oferendas a seus deuses.
A agricultura era muito importante para os maias.
Dentro de seu sistema de produção agrícola o milho
foi o alimento mais importante.
Segundo a crença maia, o milho era protegido pelo deus Yum Kaax, divindade com a cabeça alongada, como uma espiga de milho.
Escultura do deus maia Yum Kaax, homem com cabeça em forma de espiga de milho, do século VIII, encontrada no sítio arquitetônico
de Copan, Honduras.
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A sociedade maia apresentava uma intensa
atividade econômica baseada na troca de
produtos agrícolas, entre os quais se
destacava o cacau.
Vaso de cerâmica (c. 600-900)
usado para servir bebidas de
chocolate em rituais maias,
encontrado na Guatemala.
Alguns produtos, em especial bebidas fermentadas a base de cacau ou mel, eram considerados muito nobres e importantes, sendo consumidos apenas pelos líderes políticos e religiosos maias ou em oferendas a seus deuses.
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As cidades-Estados
Acredita-se que na ocasião do contato entre espanhóis e maias, a sociedade
americana já estivesse em total declínio.
Após seu período de apogeu, já por volta de 900 d.C., a civilização maia começou a declinar, segundo os estudiosos do assunto, em decorrência de diversas causas, entre as quais:
• problemas relacionados ao meio ambiente, como o desmatamento; • aumento da população, que ocasionava a falta de alimentos; • possível invasão de algumas regiões do Império por outros povos, como os
toltecas.
A sociedade maia estava organizada em torno de cidades-Estados, de forma descentralizada e sem a figura de um líder único.
Os maias deixaram fortes marcas na cultura de povos do sul do México, e do norte da Guatemala.
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Os astecas
Os astecas – ou mexicas, como se autodenominavam – viviam na região do atual México e aos poucos foram migrando para o sul à procura de terras férteis.
Até que, por volta de 1325, ocuparam a ilha de Texcoco, na região do México central.
Durante algum tempo, os astecas foram dominados pelos tepanecas, em Tenochtitlán, até que se rebelaram e assumiram o controle da região, transformando a cidade de Tenochtitlán na capital do Império Asteca.
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Império Asteca (século XVI)
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A agricultura também esteve bastante ligada ao desenvolvimento dessa
sociedade.
A imagem abaixo mostra a dinâmica do processo agrícola desenvolvido pelos astecas por meio da construção de ilhas artificiais, as chinampas, onde os gêneros agrícolas eram cultivados.
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Os astecas eram politeístas e acreditavam no dualismo, ou seja, que as
divindades tinham características que se confundiam, como no caso do deus
representado na serpente abaixo.
Serpente emplumada de duas cabeças, do século XVI, esculpida em madeira e coberta por um mosaico de turquesa, ornamento usado no peito pelos sacerdotes astecas em cerimônias religiosas.
O estudo da serpente de duas cabeças revelou aos pesquisadores que para os astecas esse deus era responsável tanto pela morte quanto pela ressurreição, e estava relacionado a Quetzalcoatl (ou serpente emplumada), deus que representava a fusão entre as energias do céu e da terra.
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Urbanização e administração
Os astecas desenvolveram uma vasta infraestrutura urbana, com canais fluviais navegáveis, canalização de água potável em aquedutos de pedra, pirâmides e grandes templos religiosos.
A expansão territorial e o intenso comércio do Império foram responsáveis pela construção de grandes cidades, que chegaram a possuir até 15 milhões de pessoas.
A sociedade era dividida hierarquicamente e a administração era centralizada em torno da figura de um governante eleito entre membros da aristocracia.
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Escravos
Prisioneiros de guerra ou devedores. A classe mais baixa da sociedade asteca.
Camponeses
Artesãos
Negociantes de
mercadorias. Os únicos
com permissão para viajar
em expedições comerciais.
Pochthecas
Chefes militares, altos funcionários públicos e
religiosos. Nobreza
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Os incas
Os incas são descendentes dos povos pré-colombianos que habitavam a América do Sul há milhares de anos.
No século XII se deslocaram para o vale de Cuzco e, após várias conquistas militares, formaram um grande império com mais de 1 milhão de quilômetros quadrados.
O Império Inca reuniu cerca de mil povos diferentes em um Estado centralizado e militarizado, concentrado na figura de um imperador e de representantes locais subordinados a ele.
O maior centro urbano do império foi Cuzco, que significa ‘umbigo do mundo’.
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Império Inca (século XVI)
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A imagem ao lado representa uma lhama, animal
domesticado há mais de 5 mil anos e até hoje muito
comum em países como Peru e Bolívia.
O animal aparece representado na escultura devido à sua importância nas atividades agrícolas e pastoris de subsistência desenvolvidas pelos incas.
Os incas cultivavam mais de 70 mil plantas nativas, entre elas milho, batata-doce, abacate, quinoa, batata e amendoim.
Estatueta de ouro, de cerca de 1500, representando uma lhama usada como oferenda aos deuses em rituais incas.
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Uma quantidade da produção das lavouras suficiente para alimentar a
população por um período de até sete anos era armazenada em celeiros,
formando um estoque.
Além dessas atividades, os incas também tinham grande experiência no trabalho com metais como ouro e prata, que utilizavam para produzir adornos, ícones religiosos, estátuas e outros objetos.
Os incas também desenvolveram atividades pastoris. Tendo em vista sua instalação em plena cordilheira dos Andes, as lhamas se tornaram importantíssimas para esse povo, fornecendo alimento e lã para a fabricação de roupas e servindo de animais de carga, podendo carregar até 27 kg.
Esse estoque era controlado pelos funcionários do governo, que o faziam por meio da utilização de quipos – um conjunto de cordões de tamanhos e cores diferentes nos quais, por meio de nós, os incas realizavam contas.
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O sistema de comunicação do Império
Para a integração das muitas regiões do Império, os incas construíram um amplo sistema de estradas, que totalizavam cerca de 30 mil a 50 mil quilômetros.
Para a transmissão de mensagens, instalaram entre uma cidade e outra postos de correio, onde ficavam os mensageiros, conhecidos como chasquis.
As mensagens eram levadas de uma cidade a outra por meio da transmissão da informação de um posto de correio a outro.
Representação de um chasqui, mensageiro oficial do Império Inca, carregando um quipo na mão esquerda enquanto usa o pututo,
corneta feita com uma concha. Ilustração do livro de Felipe Guamán Poma, Nova crônica e bom governo (1615).
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A arquitetura inca
Os incas revolucionaram a arquitetura com o desenvolvimento de um sistema de esgoto e técnicas de sobreposição de blocos de pedra que dispensavam o uso de argamassa.
Sua construção era tão consistente que algumas construções, como as de Machu Picchu, no Peru, continuam quase intactas.
O Império Inca entrou em decadência com a chegada e penetração dos espanhóis, no século XVI.
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A dominação espanhola
Os espanhóis chegaram à América em 1492 e, logo no primeiro contato, perceberam que os nativos usavam muitos adereços de ouro, o que incitou o início do domínio da região para a exploração de ouro.
O primeiro local explorado pelos espanhóis foram as ilhas das Antilhas, mas, percebendo a pequena quantidade de minérios da região, eles se dirigiram ao continente americano, instalando-se na atual América Central, México, e depois, no continente sul-americano.
O trato violento com os indígenas americanos e o contágio deles por doenças trazidas da Europa dizimaram as populações nativas.
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A conquista se deu em pouco menos de um século.
Representação do encontro
de Montezuma com Cortez no
Códice de Tlaxcala, século
XVI. Ao lado de Cortez, está
Malinche, a intérprete asteca
do conquistador espanhol.
Em 1521, o espanhol Hérnan Cortez conquistou o grande Império Asteca. A capital Tenochtitlán foi arrasada e saqueada, no que caracterizou o quase extermínio da população de região, que de 25 milhões no início do século XVI, passou para 1,9 milhão em 1580.
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A destruição do Império Inca
Em 1572, Tupac Amaru, última resistência à dominação, foi morto, assim como cerca de 8 milhões de nativos.
Em 1532, Atahualpa, o imperador inca, foi capturado por Pizarro.
Entre 1519 e 1529, os espanhóis, comandados por Francisco Pizarro, travaram muitas batalhas contra os incas e, apesar da resistência, com o uso de armas de fogo e cavalos, os espanhóis acabaram vencendo.
Mosaico na cidade de Cajamarca representando o encontro do imperador
inca, Atahualpa, e o conquistador espanhol Francisco Pizarro em 1532.
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A administração espanhola da América
As relações comerciais se davam por meio do pacto colonial, em que a compra e venda de mercadorias era obrigatoriamente realizada entre as colônias e a Espanha.
Os representantes eram escolhidos pelo Conselho das Índias, criado em 1524 com a função de cuidar das questões administrativas e políticas das colônias espanholas.
As terras americanas foram divididas pelos espanhóis em vice-reinos e capitanias, administrados por representantes que respondiam diretamente ao governo espanhol.
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América espanhola
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