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O ESTUDO DA LÍNGUA EM SEU CONTEXTO SOCIAL PADRÕES SOCIOLINGUÍSTICOS CAPÍTULO 8 WILLIAN LABOV Elisa Augusta Lopes Costa

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Apresentação do capítulo 8 do livro Padrões Sociolinguísticos, de Willian Labov.

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Page 1: Apres. o Estudo Da Língua Em Seu Contexto Social

O ESTUDO DA LÍNGUA EM SEU CONTEXTO

SOCIAL

PADRÕES SOCIOLINGUÍSTICOS

CAPÍTULO 8

WILLIAN LABOV

Elisa Augusta Lopes Costa

Page 2: Apres. o Estudo Da Língua Em Seu Contexto Social

• Propósito do capítulo: estudar a estrutura e a evolução da língua dentro do contexto de fala.

• Necessário relacionar tópicos da linguística geral – fonologia, morfologia, sintaxe e semântica –com as situações de uso da língua.

• Contrastar o estudo puramente linguístico (separado da linguagem) com o estudo da língua em situação social.

• Saussure e Chomsky – estudo abstrato da língua como sistema homogêneo. Noção de falante ideal. Desconsidera variações individuais.

Page 3: Apres. o Estudo Da Língua Em Seu Contexto Social

• A linguística tem sido definida de modo a excluir o comportamento social ou o estudo da fala, mas o objeto de estudo da linguística deveria ser a língua utilizada por determinada comunidade.

• Há situações em que se procura validar uma teoria com base em comportamentos sociais.

• O ideal seria primeiro estudar o comportamento social para depois elaborar a teoria.

Page 4: Apres. o Estudo Da Língua Em Seu Contexto Social

Problemas em lidar com a fala

1- A agramaticalidade da fala

A princípio, linguistas bloonfieldianos acreditavam que o falante nunca cometia erros.

Hoje, predomina o ponto de vista inverso: de que a fala é cheia de formas agramaticais.

Essa ideia leva a crer que um corpus extraído da língua falada é inadequado devido aos desvios da norma.

Page 5: Apres. o Estudo Da Língua Em Seu Contexto Social

De acordo com os estudos empíricos realizados, 75% das frases era bem formada.

Aplicando-se regras de elipse e de editoração para lidar com gaguejos e falsos inícios, a quantidade de frases mal formadas caiu para 2%.

Existe uma gramaticalidade da fala, mas deve-se levar alguns fatores em consideração, principalmente o fato de que a fala não corresponde à escrita.

Page 6: Apres. o Estudo Da Língua Em Seu Contexto Social

Problemas em lidar com a fala

2- Variação na fala e na comunidade de fala

Formas alternativas para dizer a mesma coisa:

Carro/automóvel – mesmo referente

Cantando/cantano – pronúncias diferentes

É fácil para ele falar/para ele é fácil falar - sintaxe

Page 7: Apres. o Estudo Da Língua Em Seu Contexto Social

Duas opções de análise:

- Variantes pertencentes a dois sistemas diferentes: mistura dialetal ou alternância de código

- Variação livre dentro do mesmo sistema, seleção abaixo do nível da estrutura linguística.

Na prática, é muito difícil rotular uma situação de fala em uma destas opções, pois, para validar uma, seria necessário negar a outra.

Ex. Uso alternado de nós ou a gente com a concordância correta ou não.

Uso alternado de cantando ou cantano.

Esses fatos não se explicam sem se referir ao contexto situacional.

O falante pode cuidar mais da fala em uma situação mais formal.

Page 8: Apres. o Estudo Da Língua Em Seu Contexto Social

A variação e a heterogeneidade é um fato inquestionável. O que não deve ser pensado é que poderia ter havido algum dia um grupo homogêneo.

Basta deixar de lado a ideia de homogeneidade da língua e a questão da variação deixa de ser um problema.

Mesmo com poucos falantes é possível coletar dados relativos a extratificação e estabelecer o que se pretende definir como estilístico ou social. Este fato torna-se muito mais difícil quando se estuda a língua isolada do uso.

Page 9: Apres. o Estudo Da Língua Em Seu Contexto Social

3- Dificuldades de ouvir e gravar

Gravar em situações normais de fala – dificuldades com ruídos e outras interferências.

Gravar em laboratórios de fonética – induz a uma característica de formalidade que interfere na naturalidade da fala.

Bons equipamentos de gravação resolvem facilmente este problema.

Page 10: Apres. o Estudo Da Língua Em Seu Contexto Social

4- A raridade das formas sintáticas

Algumas formas sintáticas não ocorrem com muita frequência na fala natural, assim, para estudá-las seria necessário um estudo direcionado (solicitar que o falante construísse uma frase utilizando determinada forma verbal).

Ex. Concentrar-nos-emos no estudo da língua como sistema.

Nós nos concentraremos no estudo da língua como sistema.

Quando a mãe chegou, a menina ainda não fizera a tarefa da escola.

Quando a mãe chegou, a menina ainda não tinha feito a tarefa da escola.

Page 11: Apres. o Estudo Da Língua Em Seu Contexto Social

O modo ideal é entabular uma conversa natural (planejada) com o informante de modo a levá-lo a utilizar as formas desejadas.

Caso ele não venha a utilizar tais formas, concluir-se-á que o falante não as possui em seu repertório por causa da ausência consistente de uso desta forma num contexto onde outros falantes a usariam regularmente.

Ex. formas do pretérito – solicitar que o falante conte alguma situação vivenciada por ele. A narrativa geralmente se faz usando tempo pretérito.

Page 12: Apres. o Estudo Da Língua Em Seu Contexto Social

II- Problemas no estudo das intuições

Para Chonsky, o objeto de estudo da linguística deveria se restringir aos julgamentos intuitivos dos falantes (gramática internalizada?).

O problema é que os julgamentos intuitivos não são homogêneos, pois a intuição varia de pessoa para pessoa, e, desta forma, fica muito difícil um linguista convencer outro acerca de seu julgamento pessoal, pois a intuição do outro o encaminha em outra direção.

Um linguista que tem seus dados contestados, normalmente se defende afirmando que existem diversos dialetos e que o argumento que ele está apresentando funciona bem para o seu próprio dialeto.

Page 13: Apres. o Estudo Da Língua Em Seu Contexto Social

III- O OBJETO DAS DESCRIÇÕES LINGUÍSTICAS DIALETO E IDIOLETO

Na busca de um objeto homogêneo que se adapte às exigências e suposições do modelo saussuriano, os linguistas gradualmente restringiram seu foco a segmentos de língua cada vez menores.

O uso do conceito de idioleto como objeto de descrição linguística representa uma derrota para a noção saussuriana de langue como um objeto de entendimento social uniforme.

Dialeto – fala de um grupo de pessoas

Idioleto – fala de uma pessoa do grupo

Page 14: Apres. o Estudo Da Língua Em Seu Contexto Social

Labov mostra a inconsistência do uso do termo dialeto para explicar a variabilidade dos julgamentos sobre a forma correta de diversas frases apresentadas como exemplo.

O autor mostra, por meio dos diversos exemplos, como é feito o estudo para verificar “a consistência interna dos dialetos sintáticos idioletais, ou seja, dialetos sintáticos estabelecidos com base a respostas intuitivas a frases isoladas aleatoriamente distribuídas entre pessoas sem qualquer diferenciação geográfica ou social.

Segundo ele, o que se observa são diferenças individuais de opinião sobre pontos isolados, sendo que os indivíduos não são consistentes de um julgamento para outro. Isto é, o mesmo indivíduo pode adotar posições diferentes em relação a questões semelhantes.

Page 15: Apres. o Estudo Da Língua Em Seu Contexto Social

Os dialetos quantificadores têm ocupado um papel importante na teoria linguística recente.

Observe-se o exemplo:

Metade das pessoas desta sala fala duas línguas.

Duas línguas são faladas por metade das pessoas desta sala.

O exemplo pretende verificar se a transformação preserva ou não o sentido referencial. Um linguista, ao descobrir que outros discordam dele, poderá se defender alegando que em seu dialeto as coisas são como ele acredita, e que a sua teoria deve explicar pelo menos nos fatos de seu dialeto pessoal.

Page 16: Apres. o Estudo Da Língua Em Seu Contexto Social

Labov afirma que este tipo de estudo é redutor e direcionador, de forma que se criam dados para serem analisados, condicionando as respostas dos participantes.

“Á medida que os linguistas se envolvem mais e mais profundamente nestas questões teóricas, maior a chance de suas intuições se distanciarem cada vez mais das pessoas comuns e da realidade da língua usada na vida cotidiana”.

O autor conclui que “os linguistas não podem continuar a produzir ao mesmo tempo dados e teoria”.

Page 17: Apres. o Estudo Da Língua Em Seu Contexto Social

A variação nos julgamentos sintáticos pode ser estudada com proveito, porém, a busca pela homogeneidade nos julgamentos intuitivos leva ao fracasso.

A intuição é menos regular e mais difícil de interpretar do que a fala. Se quisermos fazer bom uso das declarações dos falantes sobre a língua, temos que interpretá-las à luz de produções inconscientes, sem reflexão.

Page 18: Apres. o Estudo Da Língua Em Seu Contexto Social

IV- PROBLEMAS NA RELAÇÃO ENTRE DADOS E TEORIA

A gramática gerativa foi construída para produzir ou reconhecer as frases aceitáveis da língua, bem como estudar as importantes relações entre as frases e a estrutura profunda que subjaz a elas.

Entretanto, ela não foi pensada para analisar as frases “inaceitáveis”. Por isso, ao se comparar o modelo gerativo com o que as pessoas realmente falam, não é possível tirar nenhuma conclusão definitiva sobre se o modelo consegue ou não se adequar aos dados.

Page 19: Apres. o Estudo Da Língua Em Seu Contexto Social

1- Se alguém usa uma estrutura oracional que não é gerada pela gramática, não há nada que nos impeça de colocá-la de lado como um equívoco ou uma diferença dialetal.

2- Se ninguém jamais usa uma estrutura oracional prevista pela gramática, este fato pode ser desconsiderado, porque as formas sintáticas mais complexas são sabidamente muito raras –simplesmente não houve ocasião para que emergissem.

Page 20: Apres. o Estudo Da Língua Em Seu Contexto Social

Chomsky combatia a gramática de estados finitos argumentando que havia a possibilidade de se ter orações autoencaixadas.

O cara com quem a garota com quem eu costumava sair se casou acaba de se alistar.

Peter Reich contestou o status gramatical deste padrão e reafirmou a finitude da língua natural. É inútil procurar comprovações empíricas do uso destas formas duplamente encaixadas.

Embora seja possível estabelecer a gramaticalidade para a frase acima, enquanto não houver fortes comprovações de seu uso ou de sua compreensão na conversa natural, o argumento básico para a estrutura oracional hierarquizada não apresentará fundamentação sólida.

Page 21: Apres. o Estudo Da Língua Em Seu Contexto Social

A dificuldade para equacionar a relação entre os dados e a teoria é um problema comum a todas as ciências sociais. Na literatura sociolinguística há muitos dados que procuram dar informações sobre a língua de uso real, como trechos de romances, testes psicológicos, relatos etnográficos. Porém, mesmo com a análise destes dados, muitas questões permanecem sem resposta.

Qual é a relação entre o estereótipo criado pelo romancista e o comportamento linguístico das pessoas em questão?

Qual é a conexão entre testes de associação de palavras e a semântica da língua natural?

Como descobrir quando um falante usa TU se o que temos é seu depoimento pessoal?

Page 22: Apres. o Estudo Da Língua Em Seu Contexto Social

Existem diversos atos de percepção, recordação, seleção, interpretação e tradução que se insinuam entre os dados e o relatório do linguista.

Garfinkel destacou que todo procedimento de codificação e transcrição que transforma os dados exibirá um resíduo irredutível de operações derivadas do senso comum, e que não pode ser sintetizado em regras.

Para lidar com a língua é preciso aproximar-se o máximo possível da fala cotidiana, relacionando-a com as teorias gramaticais, corrigindo e adequando a teoria para que ela se ajuste ao objeto visado.

É necessário reexaminar os métodos empregados para poder ampliar o entendimento do objeto em estudo.

Page 23: Apres. o Estudo Da Língua Em Seu Contexto Social

V- O ESTUDO DIRETO DOS DADOS LINGUÍSTICOS

A crítica aos métodos convencionais não significa que devam ser abandonados. Pelo contrário, eles devem ser dominados para que possam ser aplicados ao estudo da língua em uso.

Para Chomsky, a teoria é não-determinada pelos dados, isto é, sempre haverá muitas análises possíveis para cada conjunto de dados.

Para Labov, o estudo direto da língua em contexto social permite a multiplicação dos dados e fornece formas e meios para definir qual das análises possíveis está correta.

Page 24: Apres. o Estudo Da Língua Em Seu Contexto Social

Labov destaca cinco questões gerais que podem ser observadas tanto no estudo da língua em contexto social como em outras abordagens:

1- Qual é a forma da regra linguística? Que restrições podem incidir sobre ela?

2- Quais são as formas subjacentes sobre as quais as regras operam, e como podem ser precisamente determinadas em cada caso?

3- Como as regras se combinam em sistemas? E como estão ordenadas dentro destes sistemas?

4- Como os sistemas se inter-relacionam em situações bilíngues e polissistêmicas?

5- Como as regras e os sistemas mudam? Qual é o mecanismo dos processos fundamentais de aquisição da língua? Como mudam as regras no curso da evolução linguística?

Page 25: Apres. o Estudo Da Língua Em Seu Contexto Social

Labov apresenta métodos para coleta de dados, métodos para análise dos dados e o tipo de soluções possíveis para problemas linguísticos internos, abordando as estruturas sociolinguísticas mais amplas e a interação dos fatores sociais e linguísticos.

Sua análise teórica e abordagem formal são confirmadas pelos demais autores mencionados nas fontes listadas. Segundo Labov, o objetivo não é fornecer uma nova teoria linguística, mas um novo método de trabalho.

Page 26: Apres. o Estudo Da Língua Em Seu Contexto Social

METODOLOGIA

É necessário planejar bem os primeiros passos para localizar, contactar os informantes e fazê-los falar.

As práticas e técnicas elaboradas pelos estudiosos contêm princípios importantes do comportamento linguístico e social que revelam muito sobre a natureza do discurso e as funções da linguagem, ajudando a entender porque alguém diz alguma coisa.

Axiomas metodológicos que levam a um paradoxo metodológico. Solucionar este paradoxo é o problema metodológico central para Labov.

Page 27: Apres. o Estudo Da Língua Em Seu Contexto Social

Axiomas metodológicos

1- Alternância de estilo

Não existe falante com um estilo único. Há falantes que alternam mais que outros, conforme varia o contexto e o tópico.

2- Atenção

A variação no estilo pode ser medida pelo grau de atenção prestada à fala.

O modo mais importante de exercer a atenção é o audiomonitoramento da fala.

Page 28: Apres. o Estudo Da Língua Em Seu Contexto Social

Axiomas metodológicos

2- Atenção

Os falantes exibem o mesmo nível de atenção para variáveis importantes tanto na fala casual, quando estão menos envolvidos, quanto na fala excitada, quando estão mais envolvidos emocionalmente.

O problema é que há pouca atenção para a monitoração da própria fala.

Page 29: Apres. o Estudo Da Língua Em Seu Contexto Social

Axiomas metodológicos

3- Vernáculo

Alguns estilos exibem padrões irregulares, com alto nível de hipercorreção. Outros apresentam-se mais sistematizados, com um mínimo de atenção ao monitoramento da fala.

Este é o vernáculo, que fornece dados mais sistemáticos para a análise da estrutura linguística.

Page 30: Apres. o Estudo Da Língua Em Seu Contexto Social

Axiomas metodológicos

4- Formalidade

Em uma entrevista, por mais que o falante pareça à vontade, sempre haverá um contexto formal, que o leva a cuidar mais da fala.

Sempre se pode supor a existência de um estilo mais informal, usado com os amigos ou a família.

5- Bons dados

Os melhores dados são obtidos através da conversa individual gravada, em detrimento de outros tipos como sessões de grupo ou observação anônima.

Page 31: Apres. o Estudo Da Língua Em Seu Contexto Social

Paradoxo do Observador:

O objetivo da pesquisa linguística na comunidade deve ser descobrir como as pessoas falam quando não estão sendo sistematicamente observadas.

No entanto só podemos obter tais dados por meio da observação sistemática.

Como resolver este paradoxo?

Page 32: Apres. o Estudo Da Língua Em Seu Contexto Social

Solução:

Suplementar as entrevistas formais com outros dados ou mudar a estrutura das entrevistas.

Romper o constrangimento da situação de entrevista com procedimentos que desviem a atenção do falante, permitindo que o vernáculo apareça.

- usando intervalos e pausas que dêem a impressão de que não está acontecendo a entrevista em alguns dos momentos.

- Fazer perguntas que despertem emoções fortes, como “você já vivenciou uma situação em que correu risco de morrer?” Isso pode provocar mudança de estilo, alternando da fala monitorada para o estilo vernáculo.

Page 33: Apres. o Estudo Da Língua Em Seu Contexto Social

Solução:

Uma forma produtiva para reforçar a coleta de dados é o estudo de grupos de pares associado a entrevistas individuais. Labov realizou este trabalho com sessões em grupo onde as falas individuais eram gravadas por microfones de lapela e registradas separadamente.

Conversas anônimas que não se definem como entrevistas, realizadas em locais estratégicos como lojas de departamentos (citado no cap. 2).

Observações assistemáticas - Traços constantes e variáveis podem ser gravados em locais públicos como trens, ônibus, balcões de lanchonetes, bilheterias.

Page 34: Apres. o Estudo Da Língua Em Seu Contexto Social

Solução:

Observar transmissões de rádio e televisão:

- nas entrevistas ao vivo em locais de desastres, as pessoas estão sob forte emoção, diminuindo o monitoramento da fala.

- programas de entrevistas e eventos públicos exibem um grau mais monitorado.

Page 35: Apres. o Estudo Da Língua Em Seu Contexto Social

Para investigar sobreo uso mais formal da pronúncia:

- Perguntas elaboradas para este fim como as sobre a própria fala.

- Uso de testes de leitura para estudar variações fonológicas, com textos especificamente preparados (artificiais, como Grip the rat, que procuram incluir propositadamente palavras passíveis de variação fonológica), listas de palavras, concentrados no vernáculo, ou com temas adolescentes.

- Testes de repetição

- Testes de antecedentes familiares - Consiste emidentificar, através da audição de trechos gravados de“falantes típicos”, a origem étnica, a raça, a classesocial do falante.

Page 36: Apres. o Estudo Da Língua Em Seu Contexto Social

Para investigar sobreo uso mais formal da pronúncia:

- Testes de reação subjetiva

Semelhante ao anterior, porém com o diferencial de se tratar de trechos gravados por um mesmo falante com línguas ou dialetos diferentes. Solicita-se que o ouvinte faça julgamentos sobre a pessoa ouvida. Serve para identificar o significado social das variáveis.

- Testes de auto-avaliação

O informante deve indicar as formas características de sua própria fala.

Page 37: Apres. o Estudo Da Língua Em Seu Contexto Social

Para investigar sobreo uso mais formal da pronúncia:

- Testes de correção de sala de aula

Corrigir frase que se afastem dos modelos escolares

- Testes de correção vernacular

Passar frases da forma padrão para a forma vernácula

- Testes de insegurança linguística

O falante é solicitado a observar uma lista de variantes marcadas e apontar qual delas é a correta e qual ele usa de fato

Page 38: Apres. o Estudo Da Língua Em Seu Contexto Social

A variação é inerente ao sistema?

O processo de variação se verifica por meio de regras variáveis e regras categóricas.

A regra variável se aplica quando a mudança ainda não se cristalizou, ou seja, quando coexistem as formas diferentes.

A regra categórica aplica-se quando a mudança foi estabelecida, ou seja, quando uma forma variável se estabelece, suprimindo a outra.

Você – ocê – cê (Vossa Mercê – vosmecê)

Cantando – cantano

Page 39: Apres. o Estudo Da Língua Em Seu Contexto Social

A variação é inerente ao sistema?

Labov utiliza diversos exemplos de variações que ocorrem no inglês negro vernáculo, como o apagamento de T e D

BOLD – BOL (ousado)

FIND – FIN (achar)

FIST – FIS (punho)

Labov conclui que a variação tal com mostrada no apagamento dos grupos –t,d não é um produto da mistura dialetal irregular, mas uma propriedade inerente e regular do sistema.

Page 40: Apres. o Estudo Da Língua Em Seu Contexto Social

PROBLEMAS NA ESTRUTURA LINGUÍSTICA

O primeiro problema relacionado à abordagem da estrutura sociolinguística é a quantificação da dimensão estilística.

O segundo problema relaciona-se ao fato de que muitos estudos não são retirados direto do vernáculo.

O terceiro problema reside no fato de lidar com regras que mostram distribuição lexical irregular.

Page 41: Apres. o Estudo Da Língua Em Seu Contexto Social

PROBLEMAS NA ESTRUTURA LINGUÍSTICA

A quarta dificuldade é o desafio de aprofundar-se no estudo de variáveis sintáticas de nível superior, como extraposição ou moninalização.

O quinto problema é ampliar o escopo desses estudos para além das comunidades de fala individuais e relacioná-los às gramáticas mais amplas da comunidade anglófona como um todo.

Page 42: Apres. o Estudo Da Língua Em Seu Contexto Social

REGRAS INVARIANTES DA ANÁLISE DO DISCURSO

O estudo sociolinguístico concentra-se principalmente nas regras variáveis da língua, mas este trabalho depende de diversas regras invariantes que são derivadas de estudos da língua bem afastados de qualquer contexto social.

Entretanto, em algumas áreas da linguística, desde os primeiros passos rumos às regras básicas, invariantes, deve-se considerar o contexto social do evento de fala.

Page 43: Apres. o Estudo Da Língua Em Seu Contexto Social

REGRAS INVARIANTES DA ANÁLISE DO DISCURSO

Entre estes casos, encontra-se a Análise do Discurso, cujo problema fundamental é mostrar como um enunciado se segue a outro de maneira racional, governado por regras. Em outras palavras, como entendemos um discurso como coerente.

O caso mais simples é o das respostas elípticas:

- Você vai trabalhar amanhâ?

- Sim.

Subentende-se: Sim, eu vou trabalhar amanhã.

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REGRAS INVARIANTES DA ANÁLISE DO DISCURSO

- Ela nunca ajuda em casa.

- Sim.

A regra é:

Se A faz uma declaração sobre um evento B, esta é percebida como um pedido de confirmação.

Existem outras regras invariantes, mas no caso do discurso, é muito difícil aplicar essas regras sem considerar o construto de conhecimento partilhado, que normalmente não faz parte de nenhuma regra linguística.

Page 45: Apres. o Estudo Da Língua Em Seu Contexto Social

REGRAS INVARIANTES DA ANÁLISE DO DISCURSO

- Quando você planeja voltar para casa?

- Por que?

Sem o conhecimento detalhado dos falantes e da situação, não há como estabelecer juízos intuitivos detalhados para começar a analisar.

Page 46: Apres. o Estudo Da Língua Em Seu Contexto Social

As punições para quem ignorar os dados da comunidade de fala são

um crescente sentimento de frustração,

a proliferação de questões polêmicas e

a convicção de que a linguística é um jogo em que cada teórico escolhe a solução que combina com

seu gosto ou intuição.