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Curso RedeFor de Gestão da Rede Pública para Supervisores e Dirigentes de Ensino Aprender e Ensinar com os recursos da tecnologia: a questão não é SE, é QUANDO! Módulo 4: TICS - Tecnologias da Informação e Comunicação a serviço da Supervisão Claudio de Souza Miranda

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Curso RedeFor de Gestão da Rede Pública para Supervisores e Dirigentes de Ensino

Aprender e Ensinar com os recursos da tecnologia: a questão não é SE, é QUANDO!

Módulo 4: TICS - Tecnologias da Informação e Comunicação a serviço da Supervisão

Claudio de Souza Miranda

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Equipe Multidisciplinar

Coordenação Geral: Gil da Costa Marques

Coordenação de Produção: Leila Humes

Coordenação do Curso: Ireme Kazumi Miura

Gerente de Produção: Beatriz Borges Casaro

Autoria: Claudio de Souza Miranda

Design Gráfico: Daniella Pecora, Juliana Giordano e Priscila Pesce Lopes de Oliveira

Ilustração: Alexandre Rocha da Silva, Aline Antunes, Camila Torrano, Celso Lourenço, Francesco Micieli, João Marcos Ferreira Costa, Lidia Yoshino, Maurício Rheinlander de Pinho Klein, Rafael Araujo Ortiz e Thiago A. M. dos Santos

Design Instrucional: Carolina Costa Cavalcanti e Gezilda Balbino Pereira

Revisão de Texto: Marcia Azevedo Coelho

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Iconografia

Ex:

! Conceito

Saiba Mais

Atenção

Exemplo

Ambiente Virtual de Aprendizagem

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Aprender e Ensinar com os recursos da tecnologia: a questão não é SE, é QUANDO!

As chamadas TICs – Tecnologias da Informação e Comunicação – são uma realidade presente em nossa sociedade atual, e têm um papel importante nos processos empresa-riais, governamentais e educacionais.

A chegada das TICs na escola evidencia desafios e problemas relacionados aos espaços e aos tempos que o uso das tecnologias provoca nas práticas que ocorrem no dia a dia das escolas. Assim, é importante frisar que não se pode pensar na introdução das inova-ções tecnológicas sem que sejam pensadas mudanças nos modos de ensinar e na própria concepção e organização dos sistemas educacionais.

Dentro desse contexto, os tópicos que serão desenvolvidas neste módulo foram organi-zados no sentido de se compreender o ambiente das TICs no que se refere à população, à escola, suas dificuldades e alguns de seus recursos, e suas aplicações para favorecer a inclusão da escola na sociedade e da sociedade na escola. Assim, os quatro tópicos estarão distribuídos da seguinte forma:

∙ Tópico 1 – O objetivo deste tópico é analisar como as TICs estão inseridas na sociedade brasileira e a sua comparação com alguns países.

∙ Tópico 2 – Este tópico irá expor como as TICs estão inseridas nas escolas a partir de seus docentes e suas estruturas, expondo ainda alguns programas públicos de acesso às TICs nas escolas. Os pontos de dificuldades desta inserção serão também abordados.

∙ Tópico 3 – Este tópico fará uma análise dos pontos de controle inerentes aos projetos de implementação das TICs na educação, expondo seus impactos, custos, e seu processo de implementação.

∙ Tópico 4 – O objetivo deste tópico será o de apresentar alguns exemplos de TICs que podem ser utilizadas no processo educacional, bem como no processo de ges-tão das escolas e de sua supervisão, principalmente através de atividades em rede.

Introdução

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Aprender e Ensinar com os recursos da tecnologia: a questão não é SE, é QUANDO!

Panorama Geral do acesso às TICs no Brasil1

Tópico 1 O que são TICs

Um olhar mais simplista sobre o que seriam as TICs levaria a dizer que seriam os com-putadores e a Internet, porém, ela é mais do que isso. Seguem alguns exemplos:

∙ Os computadores pessoais e seus softwares; ∙ As câmeras de vídeo e foto para computador ou web-cams; ∙ A gravação de CDs e DVDs; ∙ A telefonia móvel; ∙ A TV por assinatura; ∙ A Internet; ∙ As tecnologias digitais de captação e tratamento de imagens e sons; ∙ As tecnologias de acesso remoto (sem fio ou wireless); ∙ As tecnologias mais tradicionais, como rádio e TV.

O termo TIC (Tecnologias da Informação e Comunicação) corresponde a todas as tecnologias que interferem e coordenam os processos informacionais e comu-

nicativos das pessoas. Ainda, podem ser entendidas como um conjunto de recursos tecnológicos integrados entre si, que proporcionam, por meio das funções de hardware, software e telecomunicações, a automação e comunicação dos processos de negócios, de pesquisa científica e de ensino e aprendizagem.

Apesar de não haver consenso, há uma evolução do termo TIC com a introdução do termo NTIC (Novas Tecnologias de Informação e Comunicação), que seriam as tecno-logias e métodos para comunicar surgidas no contexto da revolução informacional. A maioria delas caracteriza-se por agilizar e tornar menos palpável (fisicamente manipu-lável) o conteúdo da comunicação, por meio da digitalização e da comunicação em redes (mediada ou não por computadores) para a captação, transmissão e distribuição das informações (texto, imagem estática, vídeo e som). Considera-se que o advento des-sas novas tecnologias possibilitou o surgimento da “sociedade da informação”. Porém, para efeito deste curso, usaremos o termo TIC como padrão.

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Aprender e ensinAr com os recursos dA TecnologiA: A quesTão não é se, é quAndo!6

Tópico 2 O acesso às TICs pela população brasileira

Como as TICs estão disponíveis à população brasileira? Como, onde e quais TICs estão sendo utilizadas? Esses questionamentos são importantes para que se possa avaliar como as TICs estariam inseridas no meio educacional e como este poderia ser mais aproveitado.

Para responder parte dessas perguntas, utilizaremos alguns dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD, desenvolvida pelo IBGE, que investiga anualmente, de forma permanente, características gerais da população. Entre uma das variáveis analisadas pela pesqui-sa, estão os computadores com acesso à Internet nos domicílios. Adicionalmente, em períodos cíclicos, outros temas são pesquisados e, para o enfoque deste curso, os dados da PNAD de 2005 e 2008, de acesso à Internet e telefonia, serão evidenciados (No caso da PNAD, o enfoque do acesso às TICs é principalmente para a posse de computadores e acesso à Internet.).

2.1 O acesso a computadores e à Internet pela populaçãoA expansão do acesso a computadores e à Internet pela população brasileira é percep-

tível, de acordo com os dados do gráfico 1, que demonstram o percentual da população que possui computadores em seu domicílio e que acessa a Internet por meio deles.

Porém, é necessária uma análise mais detalhada para observar a existência ou não de desigualdades nessa expansão no país, principalmente em função das diferentes regiões, rendas e raças.

Os dados da tabela 1 mostram as diferenças por estado e por região territorial e permi-tem o destaque de alguns pontos:

Gráfico 1 Percentual da população que possui computadores em seu domicílio e percentual dos que têm acesso à Internet por esses computadores. / Fonte: PNAD

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7Tema 1 Panorama Geral do acesso às TICs no Brasil

∙ As Regiões Norte e Nordeste são as que têm menos computadores e acesso à Inter-net nos domicílios, apesar da expansão entre 2005 e 2008;

∙ No Nordeste estão os estados com menos computadores por habitante nos domicí-lios em 2005 e 2008, respectivamente, Maranhão e Alagoas;

∙ Quanto ao acesso à Internet por esses computadores domiciliares, estão também Maranhão e Alagoas entre os que menos o fazem, perdendo apenas para o Amapá;

∙ Nacionalmente, 75,1% da população que tem computadores tem também acesso à Internet. Porém, 20 estados estão abaixo dessa média, todos os da Região Norte e quase todos os da Região Nordeste. Em São Paulo, essa taxa é de 78,9%, e a maior taxa nacional é a do Distrito Federal, com 83,2%;

∙ No caso de São Paulo, em 2008, 47,2% da população possuía computadores em seu domicílio. Em termos nacionais, ficou atrás apenas do Distrito Federal. Assim, percebe--se que quase metade da população do estado possui computadores em seu domicílio;

∙ Em relação ao acesso à Internet por esses computadores, São Paulo é o estado que ocupa a segunda posição com mais acesso à Internet (37,3%), ficando somente atrás do Distrito Federal (47%).

Domicílios com computadores Computadores com acesso à InternetEstado 2005 2008 2005 2008Acre 8,8% 18,3% 5,4% 13,3%Amapá 8,5% 14,3% 4,6% 7,2%Amazonas 12,2% 21,3% 7,3% 11,6%Pará 7,2% 18,6% 3,6% 11,4%Rondônia 7,5% 21,0% 4,8% 15,1%Roraima 9,4% 21,5% 4,9% 15,5%Tocantins 7,9% 16,3% 4,7% 11,7%Região Norte 7,9% 19,0% 4,3% 12,1%Alagoas 5,7% 12,6% 4,1% 9,5%Bahia 8,4% 21,4% 5,7% 17,2%Ceará 7,2% 18,8% 4,6% 14,0%Maranhão 3,6% 10,7% 1,7% 7,3%Paraíba 9,2% 15,7% 6,9% 12,0%Pernambuco 9,0% 20,5% 6,4% 15,1%Piauí 5,9% 12,3% 4,4% 8,4%Rio Grande do Norte 9,8% 20,2% 7,2% 13,6%Sergipe 9,8% 23,2% 6,2% 16,1%Região Nordeste 7,6% 18,9% 5,2% 14,2%Espírito Santo 19,7% 35,1% 14,6% 28,0%Minas Gerais 17,4% 34,9% 11,7% 26,0%Rio de Janeiro 26,6% 44,0% 20,1% 35,6%São Paulo 30,0% 47,2% 23,5% 37,3%Região Sudeste 25,8% 41,8% 19,5% 32,7%Paraná 24,2% 44,4% 18,2% 31,7%Rio Grande do Sul 22,0% 40,8% 15,2% 29,3%Santa Catarina 27,9% 46,5% 20,9% 35,9%Região Sul 24,1% 42,9% 17,6% 31,2%Distrito Federal 37,2% 56,5% 29,0% 47,0%Goiás 12,8% 27,4% 8,4% 18,9%Mato Grosso do Sul 15,9% 28,7% 11,2% 20,7%Mato Grosso 13,2% 28,0% 8,7% 22,0%Região Centro-Oeste 17,8% 35,30% 12,7% 27,1%Brasil 18,5% 30,9% 13,6% 23,2%

Tabela 1 Percentual da população, por estados e regiões, que possui computadores em seu domicílio e que tem acesso à Internet por esses computadores. / Fonte: PNAD

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Aprender e ensinAr com os recursos dA TecnologiA: A quesTão não é se, é quAndo!8

Os dados sobre a posse de computadores e o acesso deles à Internet em função da renda per capita, expostos na tabela 2, demonstram que a renda é um fator determinante ao acesso, visto que enquanto 87,9% da população com renda familiar per capita maior que 5 salários mínimos tem computadores, apenas 4,3% da população com renda per capita de até ¼ do salário mínimo possui computadores. Essas diferenças são também percebi-das no acesso à Internet por esses computadores, visto que 95,2% dos computadores da população com renda per capita de mais de 5 salários mínimos tem acesso à Internet, e na faixa de renda de até ¼ do salário mínimo, esse percentual é de 45,5% apenas.

Renda per capita – 2008 Domicílios com computadores

Computadores com acesso à Internet

Até ¼ do salário mínimo 4,3% 45,5%

Mais de ¼ até ½ do salário mínimo 11,9% 53,9%

Mais de ½ até 1 salário mínimo 26,4% 65,7%

Mais de 1 até 2 salários mínimos 49,5% 78,5%

Mais de 2 até 3 salários mínimos 68,6% 86,8%

Mais de 3 até 5 salários mínimos 78,5% 91,3%

Mais de 5 salários mínimos 87,9% 95,2%Tabela 2 Percentual da população por faixa de renda que possui computadores em seu domicílio e que tem acesso à Internet por esses computadores. / Fonte: PNAD

Em relação à raça declarada, observa-se nos dados da tabela 3 que há mais computadores nos domicílios dos que se declaram amarelos, seguidos dos que se declaram brancos. Entre indígenas, negros e pardos, a posse de computadores domiciliares é menor. Em relação ao acesso à Internet por esses computadores, as diferenças observadas entre as raças são menores.

Raça Domicílios com computadores Computadores com acesso à Internet

Branca 47,9% 81,7%

Negra 29,1% 74,5%

Amarela 64,6% 86,9%

Parda 26,2% 73,9%

Indígena 31,3% 71,7%Tabela 3 Percentual da população, por raça declarada, que possui computadores em seu domicílio e que tem acesso à Internet por esses computadores. / Fonte: PNAD

Em relação ao sexo, não são observadas diferenças significativas entre o percentual da população que possui computadores em seu domicílio e que tem acesso à Internet por esses computadores.

2.1.1 compArAções com ouTros pAísesPara avaliar se a realidade brasileira sobre o acesso às TICs é elevada ou não, é impor-

tante que também se façam comparações com outros países. Porém, como cada país tem a sua metodologia, não temos como comparar os dados da PNAD com outros países. Por isso, serão utilizados os dados da UIT (União Internacional de Telecomunicações), como uma proxy de comparação. Serão feitas comparações entre o Brasil, outros países da América Latina e alguns outros países do mundo mais e menos desenvolvidos que o Brasil, com base exclusiva nos dados da UIT.

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9Tema 1 Panorama Geral do acesso às TICs no Brasil

Comparativamente ao Brasil, na América Latina percebe-se que há um maior acesso a computadores e à Internet nos domicílios, principalmente na Argentina e no Chile, conforme os dados da tabela 4. No México e no Uruguai, os números de computadores e de acesso à Internet nos domicílios são próximos aos do Brasil. Porém, todos os países da América Latina, comparativamente a países desenvolvidos, como Estados Unidos, Suíça e Japão, têm menor percentual de domicílios com computador e acesso à Internet. Mas, comparativamente a países menos desenvolvidos, principalmente os africanos, a taxa de acesso a computadores e à Internet é maior no Brasil e na América Latina.

Domicílios com computadores Computadores com acesso à Internet

América Latina 2002 2007 2002 2007

Argentina 27% 36,4% 14% 27,5%

Bolívia 7,1% 18% 1,8% 5,9%

Brasil 14,2% 20,8% 10,3% 15,4%

Chile 20,5% 36,4% 11% 22,1%

Equador 17,5% 18% 2,0% 6,8%

El Salvador 5,2% 8,6% 2,3% 3,6%

México 15,2% 22,1% 7,5% 12,0%

Nicarágua 2,2% 7,8% 0,6% 3,6%

Panamá 9,8% 16,9% 5,8% 8,9%

Paraguai 5,4% 10,4% 1,7% 4,0%

Peru 4,3% 13,8% 0,8% 5,6%

Uruguai 17,6% 27,0% 13,6% 13,5%%

Outros países 2002 2007 2002 2007

Estados Unidos 59,0% 70,2% 52,0% 61,7%

Suíça 65,4% 78,1% 61,9% 77,5%

Japão 71,7% 85,0% 48,8% 62,1%

China 10,2% 39,1% 5,0% 16,4%

Egito 3,0% 16,1% 1,4% 9,1%

Etiópia 0,1% 0,2% 0,1% 0,1%Tabela 4 Percentual da população de países selecionados que possui computadores em seu domicílio e que tem acesso à Internet por esses computadores. / Fonte: UIT

2.2 Acesso à InternetIndependentemente dos computadores nos domicílios terem acesso à Internet, não

necessariamente as pessoas terão acesso à Internet exclusivamente em seus domicílios. Dessa forma, o suplemento da PNAD sobre o acesso à Internet nos anos de 2005 e 2008 questionou pontos sobre o acesso da população, com 10 anos ou mais, à Internet e tam-bém sobre o local e a razão desse acesso.

O primeiro questionamento da pesquisa foi o seguinte: “Nos últimos três meses, utilizou a Internet em algum local?”. Em 2005, 21,0% da amostra disse ter acessado, enquanto em 2008 a taxa de respostas positivas subiu para 35,1%, o que representa um aumento de 67,1% em relação a 2005.

Para avaliar o grau dessa inserção, é novamente importante comparar o Brasil a outros países: dados de 2007 da UIT demonstram, de acordo com seus parâmetros de análise, que o Brasil é o país da América Latina com maior taxa de utilização da Internet. Para

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Aprender e ensinAr com os recursos dA TecnologiA: A quesTão não é se, é quAndo!10

cada 100 habitantes, temos 35,2 usuários, o Chile tem 31,0 e a Argentina, 25,9. Porém, as taxas são inferiores às de países desenvolvidos, como a Suíça, com 77 usuários para cada 100 habitantes, e os Estados Unidos, com 72,5.

Retomando os dados nacionais da PNAD, assim como na análise da propriedade de computadores, também nesse questionamento observam-se diferenças significativas de acesso em relação às regiões do Brasil, à renda e à idade da população.

No Brasil, em relação às regiões do país, observa-se pelos dados da tabela 5 que, nova-mente, as Regiões Norte e Nordeste são as que têm menor inclusão digital, mas foram as que tiveram maior crescimento de acesso à Internet. Assim como observado na proprie-dade de computadores no domicílio, os estados de Alagoas e Maranhão foram os que tiveram menores taxa de acesso à Internet, 17,8% e 20,2%, respectivamente. No caso de São Paulo, a taxa de utilização foi de 43,7% da população, menor apenas que o Distrito Federal, que foi de 56,1%.

Região 2005 2008 Crescimento

Norte 12,0% 29,5% 145,8%

Nordeste 11,9% 28,7% 141,2%

Sudeste 26,3% 39,5% 50,2%

Sul 25,6% 40,2% 57,0%

Centro-Oeste 23,4% 41,1% 75,6%

Brasil 21,0% 35,1% 67,1%Tabela 5 Percentual da população, por região, com acesso à Internet. / Fonte: PNAD

Em relação à renda, também é claro que facilita o acesso à Internet. Os dados da tabela 6 demonstram que em 2008, nas maiores faixas de renda, o acesso à Internet é de 76,3% da população, e na menor faixa, esse acesso é de apenas 12,8%.

Renda familiar per capita Sim Não

Até ¼ do salário mínimo 12,8% 87,2%

Mais de ¼ até ½ do salário mínimo 19,8% 80,2%

Mais de ½ até 1 salário mínimo 28,1% 71,9%

Mais de 1 até 2 salários mínimos 40,8% 59,2%

Mais de 2 até 3 salários mínimos 56,1% 43,9%

Mais de 3 até 5 salários mínimos 66,8% 33,2%

Mais de 5 salários mínimos 76,3% 23,7%Tabela 6 Percentual da população, por renda familiar per capita, com acesso à Internet. / Fonte: PNAD

Analisando a utilização da Internet sob o enfoque da idade, observa-se por meio do gráfico 2 um aumento considerável entre 2005 e 2008, principalmente pelos jovens de 11 a 23 anos, com crescimento superior a 20%. Em 2005, a faixa etária que tinha maior acesso à Internet era a de 17 anos, com 34,7% de participação. Já em 2008, a faixa de 16 anos foi a que teve maior participação, com 64,2%, o que representa um aumento de 30,5% em relação ao ano de 2005. Esses dados demonstram que o acesso à Internet é mais presente entre os mais jovens, e a partir dos 30 anos há uma queda mais acentuada da população que acessa a Internet.

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11Tema 1 Panorama Geral do acesso às TICs no Brasil

Sob o enfoque dos que declararam estarem estudando na data das pesquisas, os dados da tabela 7 demonstram que na pesquisa de 2008 cerca de metade dos estudantes do ensino fundamental tinha utilizado a Internet, o que representa um crescimento de 116% em rela-ção a 2005. Entre os estudantes do ensino médio, a taxa de utilização é de 72,2%, o que representa um aumento de 58% em relação a 2005. Nos níveis superiores de graduação e pós-graduação, a taxa de utilização é superior a 90%. Já entre aqueles que frequentam cursos de formação EJA, as taxas de utilização são inferiores às outras categorias observadas.

Acesso de estudantes à Internet 2008 2005

Regular do ensino fundamental ou 1.º grau 49,1% 22,7%

Regular do ensino médio ou 2.º grau 72,2% 45,6%

Educação de jovens e adultos ou supletivo do ensino fundamental 25,5%

Educação de jovens e adultos ou supletivo de ensino médio 44,8%

Superior • graduação 93,9% 87,8%

Alfabetização de jovens e adultos 5,2%

Classe de alfabetização • CA 26,3%

Pré-vestibular 88,9%

Mestrado ou doutorado 97,5%

Todos os estudantes • Brasil 60,7%Tabela 7 Percentual dos estudantes, por nível de estudo, com acesso à Internet. / Fonte: PNAD

Cabe ressaltar que esse acesso, entre estudantes, tem grandes desigualdades em função da renda, conforme demonstram os dados da tabela 8 da PNAD de 2008. Entre estudantes do ensino fundamental, são encontradas as principais diferenças, visto que a utilização entre os que têm maior renda é de 327% maior do que os que têm menor renda.

Gráfico 2 Percentual da população, por idade, com acesso à Internet. / Fonte: PNAD

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Aprender e ensinAr com os recursos dA TecnologiA: A quesTão não é se, é quAndo!12

Acesso à Internet por renda per capita e período de estudo

Regular do ensino fundamental ou 1º grau

Regular do ensino médio ou 2º grau

Superior • graduação

Até ¼ do salário mínimo 22,1% 44,1% 81,4%

Mais de ¼ até ½ do salário mínimo 37,6% 57,0% 82,6%

Mais de ½ até 1 salário mínimo 55,4% 71,4% 88,2%

Mais de 1 até 2 salários mínimos 74,3% 84,8% 93,2%

Mais de 2 até 3 salários mínimos 86,9% 91,7% 95,7%

Mais de 3 até 5 salários mínimos 91,4% 95,7% 97,0%

Mais de 5 salários mínimos 94,4% 96,0% 98,4%Tabela 8 Percentual dos estudantes, por nível de estudo e renda, com acesso à Internet. / Fonte: PNAD

2.3 Local de acessoPara aqueles que declararam ter acessado a Internet, a PNAD de 2008 questionou o

local de acesso. Observa-se pelos dados da tabela 9 que a residência é o principal local de acesso, principalmente via banda larga. As chamadas lan houses, que são locais de acesso público e pago, são o segundo principal local de acesso, seguido posteriormente do local de trabalho. Observa-se pouca utilização dos centros públicos de acesso gratuito, o que pode ser reflexo de seu baixo oferecimento à população.

Local de acesso − 2008 %Nos últimos três meses, utilizou a Internet em algum local 35,1Utilizou a Internet em seu domicílio via acesso discado 10,3Utilizou a Internet em seu domicílio via banda larga 45,5Utilizou a Internet em seu trabalho 30,6Utilizou a Internet em estabelecimento onde frequentava algum curso 17,3Utilizou a Internet em centro público de acesso gratuito 5,2Utilizou a Internet em centro público de acesso pago 37,4Utilizou a Internet em domicílio de parentes, amigos ou em outros locais 19,9

Tabela 9 Locais declarados de acesso à Internet. / Fonte: PNAD

Os dados da tabela 10 demonstram que novamente a renda familiar influencia o acesso à Internet, visto que o acesso domiciliar via banda larga é 11 vezes maior entre os que têm maior renda comparado aos que têm menor renda. Isso é, em parte, reflexo de seu custo, o que será demonstrado posteriormente. Essa relação de maior utilização entre os que têm maior renda é também observada quando do uso no local de trabalho. Já quando se observa o acesso em locais de estudo e em centros pagos, o acesso à Internet é maior entre os de menor renda, principalmente em centros pagos, onde os de menor renda têm uso 8 vezes maior que os de maior renda. Assim, depois dos centros públicos pagos, a população de menor renda tem seu local de estudo como o principal meio de acesso à Internet.

Ainda em relação à renda, observa-se que as opções de acesso também são menores entre os de menor renda. Dos 7 locais e formas de acesso listados pela pesquisa, em média, os de menor renda utilizam 1,3 locais e os de maior renda, 2,1 locais.

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13Tema 1 Panorama Geral do acesso às TICs no Brasil

Renda per capitaDomicílio

com acesso discado

Domicílio com acesso via

banda larga

Acesso no local de trabalho

Acesso no local de

curso

Acesso em centro (gratuito)

Acesso em centro

(pago)

Acesso em outros

locais

Até ¼ do salário mínimo 2,4% 7,6% 2,9% 22,6% 7,1% 74,6% 17,6%

Mais de ¼ até ½ do salário mínimo 5,3% 14,2% 8,0% 20,0% 6,4% 67,2% 21,7%

Mais de ½ até 1 salário mínimo 10,3% 25,4% 16,6% 17,3% 5,8% 54,6% 22,7%

Mais de 1 até 2 salários mínimos 14,0% 43,9% 30,9% 16,5% 5,1% 34,9% 21,0%

Mais de 2 até 3 salários mínimos 12,4% 61,8% 42,1% 16,9% 4,6% 21,5% 19,1%

Mais de 3 até 5 salários mínimos 10,5% 73,8% 49,0% 17,0% 4,7% 14,2% 16,2%

Mais de 5 salários mínimos 5,7% 85,4% 59,2% 15,8% 3,9% 9,1% 14,8%

Tabela 10 Locais/formas de acesso à Internet por faixa de renda per capita familiar. / Fonte: PNAD

2.4 Principais utilizações da InternetPara aqueles que declararam acesso à Internet, foi também questionado sobre as princi-

pais utilizações que fizeram dela. Os dados da tabela 11 indicam que as principais razões foram a comunicação com outras pessoas, atividades de lazer e educação e aprendizado. A menor utilização da Internet foi para o acesso a atividades financeiras, como a compra de bens e serviços e transações bancárias. Em média, cada entrevistado indicou 3,3 uti-lizações para a Internet. Houve diferenças de uso principalmente em função da renda e entre os estudantes de diferentes graus.

Nos últimos três meses, utilizou a Internet para se comunicar com outras pessoas 83,2%

Nos últimos três meses, utilizou a Internet para comprar ou encomendar bens ou serviços 14,6%

Nos últimos três meses, utilizou a Internet para realizar transações bancárias ou financeiras 12,5%

Nos últimos três meses, utilizou a Internet para interagir com autoridades públicas ou órgãos do governo 15,0%

Nos últimos três meses, utilizou a Internet para educação e aprendizado 67,1%

Nos últimos três meses, utilizou a Internet para ler jornais ou revistas 48,0%

Nos últimos três meses, utilizou a Internet para atividades de lazer 68,5%

Nos últimos três meses, utilizou a Internet para buscar informações ou outros serviços 25,5%Tabela 11 Principais razões de utilização da Internet. / Fonte: PNAD

O objetivo de uso da Internet tem influência da renda, de forma clara em alguns usos, principalmente nos que envolvem aspectos financeiros, conforme dados da tabela 12. Isso pode ser observado nas ações de compras de produtos e serviços, e nas transações bancárias, cujo uso é ampliado conforme aumenta a renda familiar per capita. Para as atividades de comunicação e lazer há poucas diferenças, e o mesmo ocorre para as ativi-dades de educação e aprendizado.

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Aprender e ensinAr com os recursos dA TecnologiA: A quesTão não é se, é quAndo!14

Em função dessas diferenças, observa-se que quanto maior a renda, maiores são as razões para o uso da Internet. Entre os de menor renda per capita, tem-se em média 2,5 tipos de uso, e os de maior renda têm, em média, 4,4 usos diferentes.

Renda per capitaAté ¼ do

salário mínimo

Mais de ¼ até ½

do salário mínimo

Mais de ½ até 1 salário

mínimo

Mais de 1 até 2

salários mínimos

Mais de 2 até 3 salários

mínimos

Mais de 3 até 5 salários

mínimos

Mais de 5 salários mínimos

Comunicar-se com outras pessoas 76,8% 77,9% 81,3% 82,9% 85,0% 87,2% 88,6%

Comprar ou encomendar bens ou serviços 1,2% 2,1% 5,3% 11,6% 20,4% 28,4% 38,9%

Realizar transações bancárias ou financeiras 1,0% 1,6% 3,8% 8,9% 16,9% 24,6% 36,9%

Interagir com autoridades públicas ou órgãos do governo

2,8% 3,9% 7,0% 13,1% 20,1% 25,8% 34,8%

Educação e aprendizado 64,2% 64,3% 64,2% 65,8% 69,0% 71,3% 74,7%

Ler jornais ou revistas 21,4% 27,7% 37,3% 49,5% 57,7% 63,4% 67,4%

Atividades de lazer 67,6% 67,5% 69,4% 69,8% 68,6% 68,3% 64,8%

Buscar informações ou outros serviços 15,6% 18,1% 22,9% 26,5% 28,6% 29,7% 29,1%

Tabela 12 Principais razões de utilização da Internet por renda per capita familiar. / Fonte: PNAD

Os dados da tabela 13 demonstram a avaliação dos objetivos de uso da Internet pelos estudantes. Assim como no caso da renda familiar, as atividades financeiras foram mais consideradas quanto maior o grau do estágio escolar do estudante. Essa relação foi feita também quanto à interação com os órgãos públicos, à leitura de jornais e à busca de outras informações. A utilização para comunicação e lazer é grande entre todos os níveis de estudantes, e em razão disso há um maior número de objetivos de uso entre universi-tários, 4,3, contra 2,7 entre os alunos do ensino fundamental.

Renda per capita Regular do ensino fundamental

Regular do ensino médio

Superior • graduação

Comunicar-se com outras pessoas 81,3% 89,1% 89,5%

Comprar ou encomendar bens ou serviços 0,9% 4,5% 23,7%

Transações bancárias ou financeiras 0,2% 1,6% 17,6%

Interagir com autoridades públicas ou órgãos do governo 0,8% 4,2% 22,9%

Educação e aprendizado 79,5% 85,3% 92,3%

Ler jornais ou revistas 21,7% 38,6% 68,2%

Atividades de lazer 79,5% 80,3% 75,7%

Buscar informações ou outros serviços 5,9% 20,0% 40,6%

Média de objetivos de uso 2,7% 3,2% 4,3%Tabela 13 Principais razões de utilização da Internet por nível de estudo. / Fonte: PNAD

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15Tema 1 Panorama Geral do acesso às TICs no Brasil

2.5 Razões para o não usoPara aqueles que declararam não terem acessado a Internet, foi questionado na PNAD

as razões para tal. As principais respostas referem-se à falta de interesse e falta de compu-tadores para seu acesso. Essas respostas representam 94,7% das respostas dadas, confor-me demonstram os dados da tabela 14.

Razão para não acessar a Internet Respostas

Não achava necessário ou não quis 32,9%

Não tinha acesso a microcomputador 29,7%

Não sabia utilizar a Internet 32,1%

O microcomputador do domicílio não estava conectado à Internet 1,5%

O microcomputador que usa em outro local não estava conectado à Internet 0,3%

O custo de um microcomputador era alto 1,7%

O custo de utilização da Internet era alto 0,4%

Outro motivo 1,4%Tabela 14 Razões declaradas para o não uso da Internet. / Fonte: PNAD

Em termos de regiões do país, a não utilização teve algumas diferenças. No caso das regiões Norte e Nordeste, a principal razão foi o fato de não saberem utilizar a Internet; nas outras regiões, a principal justificativa foi a falta de interesse.

Já na análise da renda, observa-se que, entre os que têm renda per capita acima de 5 salários mínimos, a principal causa do não acesso foi o desinteresse, que representou 54,3% das respostas. Entre aqueles com renda per capita de até ¼ do salário mínimo, a principal causa do não acesso foi a falta de acesso a computadores, que representou 40,2% das justificativas.

Em relação à idade, entre os mais novos, principalmente até 19 anos, a principal justi-ficativa foi o não acesso a computadores. Entre os mais velhos, foi o fato de não saberem utilizar a Internet. A falta de interesse na Internet está na faixa de 30% a 35% das respostas das pessoas com 20 anos ou mais.

Quanto aos estudantes, há uma relação próxima com os fatores encontrados na análise da idade. Entre aqueles que estão no ensino fundamental e médio, 50% não utilizam a Internet por não terem acesso a computadores. Já entre os estudantes de ensino superior, a principal causa foi a falta de interesse.

2.6 Penetração de outras tecnologias da informaçãoComo já exposto anteriormente, não apenas os computadores e a Internet podem ser

categorizados como TICs. Assim, é importante avaliar o acesso a outras TICs. Na PNAD são feitos também levantamentos sobre acesso a televisão, rádio e telefonia.

Os dados do gráfico 3 demonstram que o acesso ao rádio, estável desde 2001, está, em média, em 88% dos domicílios, e a televisão, em leve crescimento desde 2001, está, em 2008, presente em cerca de 95% dos domicílios. No caso da telefonia, seja ela fixa ou móvel, observa-se uma expansão considerável de sua presença nos domicílios, passando de 58,9% em 2001 para 82,1% em 2008.

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Os dados da PNAD, expostos no gráfico 4, demonstram que há uma rápida expansão do acesso à telefonia celular no Brasil, visto que, num período de 8 anos, sua presença nos domicílios passou de 31,1% para 75,5%. Essa situação é inversa a da telefonia fixa, que está em processo de retração.

Gráfico 3 Penetração de outras TICs nos domicílios brasileiros. / Fonte: PNAD

Gráfico 4 Percentual da população com acesso a Rádio, Televisão e Telefonia. / Fonte: PNAD

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17Tema 1 Panorama Geral do acesso às TICs no Brasil

Dados da UIT, mostrados na tabela 15, também demonstram essa expansão da telefonia celular e a queda da telefonia fixa no Brasil. Ao compararmos o Brasil com alguns outros países selecionados da América Latina e do mundo, observa-se a expansão da telefonia celular e a retração da telefonia fixa nos países com economia mais desenvolvida, como Estados Unidos, Suíça e Japão. Na América Latina, apenas Brasil e Chile apresentam essa tendência, apesar de a redução ainda ser lenta.

Telefones fixos para cada 100 hab. Telefones celulares para cada 100 hab.

América Latina 2002 2007 2002 2007

Argentina 20,5% 24,0% 17,5% 102,2%

Bolívia 6,8% 7,1% 11,8% 34,2%

Brasil 21,7% 20,5% 19,5% 63,1%

Chile 22% 20,7% 39,6% 83,7%

Equador 11,1% 13,5% 12,3% 75,6%

El Salvador 10,2% 15,8% 13,6% 89,5%

México 14,6% 18,5% 25,2% 62,5%

Nicarágua 3,3% 5,0% 4,6% 37,9%

Panamá 12,6% 14,8% 17,2% 90,1%

Paraguai 4,8% 6,4% 29% 76,6%

Peru 6,2% 9,6% 8,6% 55,3%

Uruguai 27,9% 28,9% 15,1% 90%

Outros países 2002 2007 2002 2007

Estados Unidos 65,3% 53,4% 48,9% 83,5%

Suíça 74,7% 65,9% 79,6% 109,7%

Japão 47,7% 40% 63,6% 83,9%

China 16,6% 27,5% 16,0% 41,2%

Egito 11,1% 14,9% 6,4% 39,8%

Etiópia 0,5% 1,1% 0,1% 1,5%Tabela 15 Número de telefones fixos e móveis por habitantes em países selecionados. / Fonte: UIT

Tópico 3 Custo do acesso às TICsUm último ponto de análise sobre o acesso às TICs refere-se ao custo de seu acesso,

que pode ser influenciado por uma série de fatores, incluindo o nível de concorrência, tamanho do mercado, custo dos operadores de prestação de serviço e seus lucros. Uma pesquisa desenvolvida pela UIT em 150 países do mundo avaliou o custo de acesso às TICs com base em uma cesta de serviços envolvendo telefonia fixa, telefonia celular e acesso à Internet via banda larga.

Os dados da tabela 16 demonstram o custo dessa cesta, comparando alguns países, com base no percentual desse custo em relação à renda per capita mensal de cada país.

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Ranking País % Custo da cesta/Renda per capita

1 Singapura 0,42 Estados Unidos 0,43 Luxemburgo 0,512 Suíça 0,624 Japão 0,938 Portugal 1,741 Costa Rica 1,944 Panamá 2,155 Uruguai 3,259 Venezuela 3,460 México 3,662 Argentina 3,771 China 4,473 Chile 4,579 El Salvador 5,583 Equador 6,586 Peru 6,991 Brasil 7,792 Guatemala 7,7101 Paraguai 11,5111 Bolívia 19,7112 Nicarágua 19,9133 Cuba 45,6150 Niger 72,4

Tabela 16 Custo do acesso às TICs mundialmente em função da renda per capita. / Fonte: UIT

Tópico 4 Exclusão digitalAs TICs têm exercido um papel transformador na sociedade, visto que facilitaram a vida da

população em geral, incluindo trabalhadores e estudantes. Seu desenvolvimento permitiu o rompimento de barreiras geográficas e a livre circulação de informação e conhecimento, mas ao mesmo tempo aprofundou as diferenças entre as classes sociais, pois ainda está mui-to distante de abranger toda a população, o que ficou demonstrado pelos dados da PNAD.

É nesse contexto que se aplica o termo “exclusão digital”, em que se priva - seja por motivos sociais, econômicos, políticos e/ou culturais - o acesso às vantagens e aos benefí-cios trazidos pelas Tecnologias de Informação e Comunicação.

A “exclusão digital” é um obstáculo à melhoria das condições de vida da população mais pobre, que já sofre com a falta de diversos serviços essenciais. Sem conhecimentos de infor-mática, os estudantes e trabalhadores são descartados no momento em que disputam vagas com melhor remuneração. Se uma pessoa não sabe ligar um computador, ignora o que é um mouse e nunca acessou a Internet, as chances de uma boa colocação são reduzidas.

Cabe ressaltar que a chamada “exclusão digital” não se refere a um fenômeno simples, pois não se limita ao universo daqueles que têm versus ao daqueles que não têm acesso aos com-putadores e à Internet, dos incluídos e dos excluídos. No caso das TICs, a situação é diferente. O número de proprietários de computadores ou de pessoas com acesso à Internet é uma medi-da primitiva demais para medir a “exclusão digital”. Alguns dos fatores que podem explicar

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19Tema 1 Panorama Geral do acesso às TICs no Brasil

a simplicidade dessa medida podem ser, entre outros: i) o tempo disponível e a qualidade do acesso afetam decisivamente o uso da Internet; ii) as TICs são muito dinâmicas e obrigam a uma atualização constante de hardware e software e dos sistemas de acesso, exigindo um investi-mento constante por parte do usuário para não ficarem obsoletas; iii) seu potencial de utilização depende da capacidade de leitura e de interpretação da informação por parte do usuário.

Alguns autores acreditam que o combate à “exclusão digital” será um dos principais desafios deste milênio. Nesse sentido, analisar tal problema, entender suas causas e tentar prever suas consequências é a atitude mais coerente a ser tomada. E, nesse contexto, polí-ticas públicas podem ser desenvolvidas, e as escolas têm (ou teriam) papel fundamental para reduzir essa “exclusão digital”.

Tópico 5 Considerações finaisO objetivo deste tópico foi o de contextualizar como as TICs estão inseridas na realidade

da população brasileira e qual a nossa situação comparativamente à de outros países. Os dados demonstram que a inserção das TICs está se ampliando, mas ainda há muitas diferen-ças sociais nesse acesso, o que muitas vezes acaba por gerar a chamada “exclusão digital”.

Em comparação com outros países da América Latina, principalmente Argentina e Chile, estamos à frente deles em alguns pontos e atrás em outros, principalmente do Chile. Essas diferenças também serão observadas no próximo tópico, em que abordaremos como as TICs estão inseridas nas escolas, em relação a seus docentes, à estrutura e a programas públicos de incentivo à inclusão digital nas escolas. Também serão analisados os princi-pais fatores que prejudicam a evolução do processo de inclusão digital no âmbito escolar.

BibliografiaBRASIL. IBGE. Acesso à Internet e posse de telefone móvel celular para uso pes-

soal. 2009. Base de dados.______. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2005/2008. Base de dados.Comitê para Democratização da Informática. Disponível em: <http://www.cdi.org.br>.

Acesso em: 30/04/2011.INTERNATIONAL TELECOMMUNICATION UNION. Measuring the information

society: the ICT Development Index. Disponível em: <http://www.itu.int/pub/D-IND-ICTOI-2009>. Acesso em: 30/04/2011.

WAISELFISZ, J. J. Lápis, borracha e teclado: tecnologia da informação na educação.

Acesse pelo ambiente virtual a aula web e as atividades propostas.