apostilha o registro da capoeira como patrimÕnio imaterial

Download APOSTILHA  O REGISTRO DA CAPOEIRA COMO PATRIMÕNIO IMATERIAL

If you can't read please download the document

Upload: natalia-vaiz

Post on 25-Nov-2015

7 views

Category:

Documents


2 download

TRANSCRIPT

O REGISTRO DA CAPOEIRA COMO PATRIMNIO IMATERIAL

O REGISTRO DA CAPOEIRA COMO PATRIMNIO IMATERIALNOVOS DESAFIOS SIMBLICOS E POLTICOSSimone Pond Vassallo25A idia de patrimnio no necessariamente a mesma para todos, nem para os rgos voltados para a sua proteo, e nem para a populao em geral. Portanto, no consensual e nem isenta de conflitos. Por outro lado, o jogo da capoeira tambm alvo de inmeras interpretaes, tanto da parte dos prprios capoeiristas, quanto de diversos outros setores da sociedade, como rgos pblicos, a mdia, a universidade. O registro da capoeira como bem imaterial, realizado pelo IPHAN Instituto Histrico e Artstico Nacional , em julho de 2008, trouxe tona esses conflitos, relacionados s diferentes maneiras de se pensar a capoeira e as polticas de patrimnio.A noo de patrimnio parece estar intimamente relacionada de propriedade, seja ela de um indivduo ou grupo social, e tambm de herana, o que implica na sua transmisso e continuidade ao longo do tempo, bem como na prpria perpetuao do grupo detentor dos bens em questo. De acordo com o antroplogo Jos Reginaldo Gonalves, o patrimnio pode ser pensado como uma categoria universal, presente em diferentes povos e momentos histricos, ainda que guardadas as suas especificidades locais. Para o autor, todo e qualquer grupo humano exerce algum tipo de atividade de colecionamento de objetos materiais cujo efeito demarcar um domnio subjetivo em oposio a um determinado outro. O resultado dessa atividade precisamente a constituio de um patrimnio (Gonalves, 2007: 109). Portanto, a noo de patrimnio pode adquirir diferentes significados, em funo dos indivduos que a veiculam e do contexto em que estes se inserem. Assim, grupos de capoeira e agentes de rgos pblicos como o Ministrio da Cultura ou o IPHAN podem defender percepes dspares, e at mesmo contraditrias, da idia de patrimnio e seus desdobramentos.Refletir sobre o patrimnio contm algumas implicaes. Se patrimnio diz respeito a propriedade, isto nos remete imediatamente seguinte questo: propriedade de quem? Por sua vez, isto pode rapidamente conduzir idia que, se pertence a uns, no pertence a outros. Mas como definir esse pertencimento? E quais so os atores que procuram faz-lo? Na medida em que remete herana, algo que se herda e se transmite, podemos nos perguntar: herda-se de quem? Transmite-se a quem? Quem est apto ou habilitado a transmiti-lo com legitimidade? No caso da capoeira, esta seria um patrimnio de quem? Dos capoeiristas? Dos negros? Dos brasileiros? impossvel responder a todas essas questes, considerando-se a grande diversidade que o jogo da capoeira adquiriu no mundo contemporneo. No entanto, elas ecoam incessantemente nos ouvidos de todos os que passaram a lidar, direta ou indiretamente, com as aes do Estado que visam a sua salvaguarda. Elas reformulam o debate a partir do qual o Estado, os capoeiristas e seus tericos tm que se posicionar e fazem emergir os novos desafios trazidos pelo registro. Vejamos alguns aspectos importantes da discusso.

25 Antroploga e Professora Visitante do Programa de Ps-Graduao em Antropologia Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro/ UERJ.29 Para um desenvolvimento da idia de sofrimento e de luta na Capoeira de Angola, ver Vassallo, 2007 (no prelo).

A capoeira africanaNo mundo contemporneo, a capoeira se torna uma atividade extremamente complexa, j que no praticada por grupos tnicos ou territoriais especficos, e tampouco por uma nica classe ou categoria social. Ela est muito bem disseminada e estruturada no s por todo o Brasil como pelo mundo afora. Estima-se, hoje, que a capoeira seja praticada em mais de 150 pases, por cerca de onze milhes de pessoas. Tudo isso contribui para a sua complexidade e heterogeneidade, e faz com que seja muito difcil falar desta atividade num sentido genrico, pois no h capoeira genrica, mas uma mirade de maneiras de se pens-la e pratic-la. Suas definies so imensamente disputadas dentro do prprio universo social e simblico que a compe.As origens da capoeira compem um tema particularmente sujeito a conflitos e alvo das mais acaloradas discusses. Elas carregam consigo algumas questes cruciais, como a prpria identidade dos sujeitos envolvidos, seus projetos de vida e seu papel na sociedade em que vive. H vrias verses para as supostas origens desta atividade, mas iremos nos concentrar nas duas que possuem maior adeso: a africana e a brasileira.O discurso sobre a africanidade da capoeira bastante antigo no nosso imaginrio nacional. Ao longo do sculo XIX, esta atividade costumava ser pensada por vrios segmentos da elite brasileira como negroafricana e primitiva, que deveria, portanto, ser combatida das ruas. Em fins do mesmo sculo, com a emergncia dos discursos mdico-cientficos a respeito da populao negra, tais como os do mdico legista Raimundo Nina Rodrigues, essa atividade passou a representar uma patologia numa sociedade que aspirava aos ideais de modernidade e civilizao26. As prticas negras em geral, e a capoeira em particular, encarnavam, ento, um obstculo ao progresso e ao desenvolvimento sadio de uma nao.A partir da dcada de 1930, quando a idia de cultura comea a tomar corpo entre os intelectuais brasileiros, a capoeira ainda vista como um nicho de arcasmo numa sociedade que se moderniza, mas tal afirmao ganha uma conotao positiva. Vrios pesquisadores, sobretudo folcloristas, empenham-se na consolidao dos estudos sobre o negro no Brasil e procuram a influncia africana em diversas prticas populares. Estas razes africanas so entendidas como sobrevivncias culturais de um mundo tradicional e atestam a suposta autenticidade das prticas culturais em questo, o que, para eles, um motivo de valorizao das mesmas. As atividades mais submissas ao processo de sincretismo seriam, ao contrrio, descaracterizadas.As produes intelectuais dos autores mencionados acima tm uma enorme repercusso no mundo da capoeira. Influenciada por esse novo contexto, essa atividade comea a ser elaborada a partir de duas novas modalidades, a Capoeira Angola e a Capoeira Regional27. Junto aos setores mais tradicionalistas, estas encarnam, respectivamente, o plo da pureza e o plo da impureza. A primeira comea a se consagrar como a modalidade mais africana e a segunda como fruto do processo de modernizao que atinge progressivamente o pas. Assim, os autores dedicados aos estudos do folclore dedicam-se quase que exclusivamente ao Jogo de Angola em suas obras. O movimento de resistncia s inovaes da Regional foi progressivamente condensado na figura de mestre Pastinha, que passou a ser pensado, no mundo da capoeira, como o guardio das verdadeiras tradies afro-brasileiras28. Nessa perspectiva, mestre Bimba, o criador da Capoeira Regional, era criticado por ter supostamente incorporado elementos de lutas estrangeiras e, portanto, descaracterizado a capoeira.No incio dos anos 1980, a Capoeira Angola passa a ser altamente influenciada pelamilitncia negra afrocntrica e sofre grandes transformaes. Mais uma vez, a cultura negra pensada como um legado tradicional africano a ser protegido das influncias da modernidade e da globalizao. No entanto, os contornos polticos das expresses culturais negro-africanas tornam-se explcitos e reivindicados pelos

26 Estas representaes no foram homogneas, mas foram muito influentes nas ltimas dcadas do sculo XIX e nas primeiras do sculo XX. Neste mesmo perodo, houve autores que a definiram a partir da sua mestiagem e da sua brasilidade (como Luis Edmundo, 1938, e L.C., autor annimo da revista Kosmos, 1906), e outros que defenderam sua preservao, desde que pacificada, ou seja, desprovida de seu carter violento (como Melo Moraes Filho, 1893, e Coelho Neto, 1928).27 Para uma problematizao da segmentao da capoeira nessas duas vertentes, bem como do papel dos intelectuais nesse processo, ver PIRES, 2001, e VASSALLO, 2003.28 Para uma maior reflexo sobre a polarizao progressiva da capoeira, subdividida nas modalidades Angola e Regional, ver Vassallo, 2003.29 Para um desenvolvimento da idia de sofrimento e de luta na Capoeira de Angola, ver Vassallo, 2007 (no prelo).

seus praticantes. Nesses discursos militantes, a Capoeira Angola, assim como o candombl e outras atividades culturais consideradas negras encarnam o saber, a tradio e a ancestralidade dos africanos, que teriam sido transmitidos sem grandes transformaes ao longo do tempo at as novas geraes. Cria-se a sensao de uma relao de continuidade direta entre presente e passado, ao mesmo tempo em que so postas de lado as tantas dissidncias e rupturas, que levam muitas vezes os capoeiristas a mudarem de mestre ao longo de suas vidas, e que fazem com que suas trajetrias no sejam necessariamente to puras quanto gostariam de afirmar.A origem da capoeira torna-se aqui um elemento fundamental. E esta, para os capoeiristas em questo, irremediavelmente africana, ainda que eles acreditem que esta prtica tenha adquirido novos contornos no Brasil. Portanto, a crena na africanidade da capoeira vincula-a primordialmente a um grupo tnico especfico, o dos africanos e seus descendentes no Brasil. Ela asseguraria a continuidade de uma memria histrica dos afro-brasileiros.Para os praticantes de Capoeira Angola, esta atividade parece estar intimamente relacionada ao sofrimento do negro escravizado e s suas lutas de resistncia29. Esse passado, ao mesmo tempo africano e de lutas, transforma-se num mito de origem em que a capoeira pensada como uma forma de resistncia negra e, nesse sentido, investida de um enorme potencial redentor. A capoeira investe-se aqui de um significado eminentemente poltico: ela passa a ser pensada pelos seus prprios praticantes como uma arma de libertao no mundo contemporneo, que permitiria aos afro-descendentes lutar contra as diferentes formas de dominao e excluso. Esta luta, nos dias de hoje, no se daria mais num plano fsico, mas sim atravs da conscientizao da importncia da cultura negro-africana, bem como de seu passado, de sua histria. A valorizao do legado africano permitiria a elaborao de uma auto-imagem positiva e de uma conscincia crtica, que conduziriam os afro-descendentes a lutarem por uma cidadania plena. Assim, esta leitura da capoeira conduz questo da identidade.A Capoeira Regional, nesses mesmos discursos afrocntricos, no conteria a dimenso redentora de luta de resistncia, na medida em que no teria perpetuado as tradies africanas. Ela encarna o sincretismo e a submisso aos valores modernos e ocidentais. Ela reproduziria o mito da democracia racial, calcado na imagem de um Brasil mestio que, no entanto, desqualifica permanentemente tudo o que no considerado branco. imagem de um Brasil mestio sobrepe-se uma outra, calcada no multiculturalismo, em que nossa sociedade composta de diversos povos (e no apenas o africano, o europeu e o indgena) que se relacionam entre si, mas cujas culturas no se interpenetram necessariamente.

Assim, como representante de uma civilizao africana que o Jogo de Angola pode integrar o mosaico de culturas que compem a sociedade brasileira. A nfase recai na diferena, na pluralidade, na diversidade, mas no na mistura.Mas quem pode herdar esse legado africano? E quem est apto a transmiti-lo s novas geraes? Para os praticantes de Capoeira Angola, o termo ancestralidade no implica numa descendncia biolgica ou tnica. Seus adeptos possuem diversas origens nacionais, tnicas e scio-econmicas: o que os une o fato de militarem em prol da africanidade desta atividade, de lutarem contra a desigualdade e por uma sociedade mais justa. Mas, se o praticante no tem cor, ou melhor, se o seu envolvimento com esta expresso cultural independe da sua cor de pele, a capoeira tem. Para esses adeptos, esta atividade essencialmente negra e essa realidade jamais deve ser alterada, sob pena de esvaziar-se de seu contedo poltico de resistncia.29 Para um desenvolvimento da idia de sofrimento e de luta na Capoeira de Angola, ver Vassallo, 2007 (no prelo).

A capoeira brasileiraNo final do sculo XIX, paralelamente ao terror que as atividades praticadas pelos negros inspiravam, a capoeira exercia um grande fascnio em alguns intelectuais nacionalistas, que a viam como a nossa luta. Para alguns setores da elite, vidos de smbolos de brasilidade, a capoeira representava uma expresso da identidade nacional, uma luta genuinamente brasileira, que distinguia o Brasil na arena internacional. Para eles, sua origem inquestionavelmente brasileira, fruto do nosso personagem mais caracterstico: o mulato. Um artigo annimo publicado em 1906 na revista Kosmos, ncleo da vanguarda intelectual de seu tempo, prope a seguinte hiptese:Foi o esprito inventivo do mulato que a criou, pois a capoeira no nem portuguesa, nem negra, ela mulata, mestia, cafusa e mameluca, ou seja, ela cruzada: ela mestia, o mestio tendo anexado, por princpios atvicos e com uma adaptao inteligente, a navalha do fadista dos bairros mouros de Lisboa, alguns movimentos ritmados e simiescos do africano e, sobretudo, a agilidade e a leveza felina do ndio com seus saltos rpidos, suaves e imprevistos para um lado e para o outro, para frente e para trs, como um tigre real, encarando o inimigo (L.C., 1906).Nessas representaes, a nfase no recai nos africanismos, mas sim na brasilidade desta luta. Os elementos que remetem cultura afro-brasileira so minimizados ou negados, e a capoeira ganha ares de um esporte moderno e civilizado, como o boxe ingls de ento. nesse momento que a idia de esporte, entendida como uma atividade de competio padronizada e normatizada, ganha corpo e encarna a

prpria expresso das noes de modernidade e civilizao. Comeam, ento, as primeiras tentativas de se definir a capoeira como uma atividade esportiva, j que esta representaria o nosso esporte, num sentido positivo do termo.Do ponto de vista do Estado brasileiro, a perspectiva que pareceu predominar at pouco tempo foi a da mestiagem e brasilidade da capoeira. Na dcada de 1930, a poltica fortemente nacionalista que caracteriza o governo de Getlio Vargas promove as expresses culturais afro-brasileiras a smbolos de mestiagem. A capoeira tambm faz parte desse processo e enquadrada como uma modalidade ao mesmo tempo mestia e esportiva, e no como um legado cultural negro-africano.Tal iniciativa parece ter-se oficializado em 1937, quando Getlio Vargas legalizou a prtica da capoeira e autorizou a criao da primeira escola voltada para esta atividade, o Centro de Cultura Fsica e Capoeira Regional Baiana. assim que mestre Bimba, o criador desse Centro, d progressivamente origem a toda uma vertente conhecida como Capoeira Regional. Ento, como cultura fsica que a capoeira deixa a marginalidade e passa a ser reconhecida pelo Estado. Ao mesmo tempo, sob o prisma da mestiagem que esta atividade pode ser regulamentada, j que assim atende s aspiraes centralizadoras e nacionalistas do Estado. Deste modo, a capoeira deixa de ser progressivamente uma luta de rua, praticada por malandros e valentes, para ser ensinada em escolas prprias a essa atividade. Ou seja, ela se moderniza, processo esse que tambm atinge, alguns anos depois, os praticantes do Jogo de Angola.Durante os anos 1970, com a ditadura militar, o jogo da capoeira mais uma vez relacionado nossa identidade nacional, sob o prisma do esporte e da mestiagem. Nesse momento, o governo militar reconhece oficialmente a capoeira como esporte de competio, iniciativa que conduz progressiva criao de federaes de capoeira. O objetivo o de normatizar, uniformizar e universalizar esta atividade. Este processo culmina com a criao de ligas municipais e regionais de capoeira, vinculadas s federaes estaduais, e, por fim, Liga Nacional. Esta, por sua vez, est ligada Federao Internacional de Capoeira. Estas diferentes instncias organizam campeonatos de capoeira e so responsveis pela formao de tcnicos, treinadores, docentes e rbitros especializados nesta prtica. Tal iniciativa no possui a adeso de todos e sujeita a inmeras crticas vindas dos capoeiristas que no compactuam com esta maneira de se pensar e de se praticar a capoeira, inclusive dos praticantes do Jogo de Angola.Em 1998, o Estado responsvel por mais uma atitude altamente polmica no mundo da capoeira. Neste momento criada a lei 9696, que institui a exigncia do diploma universitrio de educao fsica para todos os profissionais dedicados ao ensino de atividades fsicas, inclusive de prticas como ioga, artes marciais, dana e capoeira. Alm disso, esses profissionais devem estar registrados no Conselho Federal de Educao Fsica. Esta lei gera fortes protestos de vrios grupos e praticantes de capoeira. Estes vem esta iniciativa como uma desvalorizao do ttulo de mestre e de toda uma tradio de transmisso do conhecimento (Jornal Irohin, n 1 6, s.d.), que poderia conduzir prpria extino desta atividade.Nas aes do Estado acima citadas, a capoeira vem sendo pensada sob um prisma universalizante, ou seja, como um esporte nacional e, nesse sentido, um bem de todos os cidados brasileiros, independentemente de sua cor de pele ou etnia. No a sua dimenso histrico-cultural, e nem a sua origem negro-africana, que esto em jogo, mas sim a idia de um esporte moderno, inclusive de competio, aberto a todos os interessados.Do ponto de vista dos capoeiristas da atualidade, a questo da brasilidade da capoeira se complexifica. De um modo geral, os praticantes de Capoeira Regional costumam privilegiar a tese de que a capoeira teria nascido no Brasil, fruto de diversas misturas de expresses culturais negras e, em certos casos, europias e at indgenas. Portanto, para estes, a capoeira antes de tudo brasileira e mestia, ainda que os seus grupos tnicos de origem, bem como a localizao exata do seu surgimento em solo brasileiro, sejam alvo de inmeras controvrsias.As polticas de patrimnioOs discursos sobre o patrimnio tambm alimentam os debates acerca das definies do nacional. As polticas culturais, dentre as quais as polticas de patrimnio, so implementadas por estados nacionais e movimentos tnicos, visando construo e comunicao de uma identidade nacional ou tnica. No contexto desses discursos nacionalistas,Assim como a identidade de um indivduo ou de uma famlia pode ser definida pela posse de objetos que foram herdados e que permanecem na famlia por vrias geraes, tambm a identidade de uma nao pode ser definida pelos seus monumentos, aquele conjunto de bens culturais associados ao passado nacional (Gonalves, 2007: 20).Aqui, a cultura pensada como coisa a ser possuda, preservada, restaurada, etc. Um outro aspecto importante no entendimento da categoria patrimnio consiste na sua cap acidade de fazer a mediao entre diversas temporalidades. Ela favorece a ligao entre passado, presente e futuro, e assim garante (em termos imaginrios) a continuidade da nao ao longo do tempo. Neste sentido, muitos bens culturais30 Esta e as prximas falas de Gilberto Gil foram extradas do seu discurso de posse, disponvel em www.cultura.gov.br .www.cultura.gov.br

que compem o patrimnio associam-se ao passado, histria de uma nao, e tambm ao futuro da mesma, atravs da sua transmisso (Gonalves, 2007).No Brasil, entre a dcada de 1930 (momento da criao do SPHAN, antigo IPHAN) at fins da de 1970, o conceito oficial que permeou a poltica brasileira de patrimnio restringia-se aos chamados monumentos arquitetnicos e obras de arte erudita associados ao passado brasileiro. A partir do fim de 1970, a categoria patrimnio expandiu-se e veio a incluir documentos, antigas tecnologias, artesanato, festas, material etnogrfico, vrias formas de arquitetura e arte popular, religies populares, etc. Trata-se do que o historiador Jacques Le Goff chamou de dilatao da memria histrica (Le Goff, 2003). o valor de testemunho dessas prticas que as converte em monumentos histricos (Londres, 2001). Portanto, como testemunhos do passado que so valorizadas nesses discursos.A flexibilizao da noo de patrimnio culmina, no Brasil, com a criao do Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial, em 2000. O patrimnio passa a ser pensado a partir de caractersticas dinmicas e relacionais, tal como a atual noo antropolgica de cultura. Os bens imateriais so entendidos ao mesmo tempo como passveis de transformao e como profundamente relacionados aos diferentes domnios da vida cotidiana que o compem. Eles so intimamente relacionados identidade e continuidade dos grupos que os detm ao longo do tempo:Esse patrimnio cultural imaterial, que se transmite de gerao em gerao, constantemente recriado pelas comunidades e grupos em funo de seu ambiente, de sua interao com a natureza e de sua histria, gerando um sentimento de identidade e de continuidade e contribuindo assim para promover o respeito diversidade cultural e criatividade humana (IPHAN/CNFCP, 2006: 15-16).Acredita-se que, num mundo globalizado, que tende a reduzir as diferenas e a padronizar as aes humanas, estas culturas locais e tradicionais estariam ameaadas e deveriam ser preservadas, atravs de polticas pblicas. De acordo com o diretor-adjunto da Diviso do Patrimnio Cultural da UNESCO,Assim como se criam bancos de genes de espcies vegetais para evitar o empobrecimento da diversidade biolgica e o enfraquecimento de nosso ambiente terrestre, preciso, para que a vitalidade das sociedades no seja ameaada, conservar, ao menos, a memria viva de costumes, de prticas e saberes insubstituveis que no devem desaparecer. Pois a diversidade que deve ser salva, no o contedo histrico que cada poca lhe conferiu e que ningum saber perpetuar para alm dela prpria (Levi-Strauss, 2001: 27).A nfase na idia de preservao permanece, mas dotada de um novo sentido. Diferentemente do tombamento, a prpria idia do registro, mais flexvel, consiste num acompanhamento das prticas e representaes em questo. O que importa verificar as suas permanncias e transformaes, ao invs de tentar congelar as prticas e seus significados em funo de contextos passados.As novas polticas pblicas voltadas para os bens culturais imateriais pressupem a participao efetiva das comunidades produtoras e detentoras dos mesmos: a reproduo e a continuidade dos bens culturais vivos dependem de seus produtores e detentores. Por isso, eles sempre devem ser participantes ativos do processo de identificao, reconhecimento e apoio (IPHAN/CNFCP, 2006: 20). Essas aes do Estado entendem as prticas culturais em sua relao com a questo da cidadania e apontam para a necessidade de polticas pblicas que promovam a equidade econmica articulada com a pluralidade cultural (Vianna, 2006).A idia de uma identidade brasileira calcada no multiculturalismo tambm ganha nfase. O Departamento do Patrimnio Imaterial (DPI), criado em 2004, inclui em sua misso o respeito diversidade cultural do Brasil e a valorizao da diferena (IPHAN/CNFCP, 2006: 14). No entanto, para alm da perspectiva multicultural, e apesar de serem veiculados por grupos dotados de uma especificidade tnica ou cultural, esses patrimnios remetem, em ltima instncia, a toda a sociedade brasileira. Assim, segundo o IPHAN, a identificao dos bens culturais imateriais se daria a partir de sua a relevncia para a memria, a identidade e a formao da sociedade brasileira (IPHAN/CNFCP, 2006: 18). As prticas e saberes populares passveis de serem registrados so pensados a partir de sua dimenso histrica, ou seja, so ao mesmo tempo ancestrais e testemunhos do passado. nesse contexto que a capoeira registrada como um bem imaterial, em 15 de julho de 2008. Tal processo se iniciou em 2004, quando o ento Ministro da Cultura, Gilberto Gil, levou um grupo de capoeiristas a Genebra, na Sua, para homenagear o embaixador Srgio Vieira de Mello, morto um ano antes em atentado terrorista no Iraque. Neste momento, Gil lanou as bases de um Programa Brasileiro e Mundial para a Capoeira (Castro, 2007). O ento ministro chamou a ateno para a grande expanso da capoeira pelo mundo afora e declarou que, a partir de ento, o Ministrio da Cultura reconheceria essa prtica como cone da representatividade do Brasil perante os demais povos(www.cultura.gov.br/scripts/discursos.idc?codigo=1143). Gil entende esta atitude como uma reparao histrica a esta manifestao dos africanos escravizados no Brasil (idem). Ainda segundo ele,A capoeira deixa entrever em cada gesto o jogo de lendas e histrias hericas do martrio do povo negro no Brasil. Chegou o momento de potencializar essa prtica cultural milenar, vista apenas como esporte. Que possamos ns, em vez de desapropriar, valorizar essa base cultural imensurvel (ibidem).Para Gil, a capoeira deve ser entendida a partir de sua origem africana e escrava. Temos, ento, uma grande guinada em termos de representao, em que o passado da capoeira assume uma relevncia fundamental para um representante do Estado. No entanto, ele acrescenta: Dizem que a capoeira engravidou em Angola, mas foi nascer no Brasil. Ningum sabe ao certo sua histria. Mas parece mesmo que uma criao bem brasileira a partir de elementos africanos, como o samba. Portanto, para Gil, apesar da forte origem africana, a capoeira brasileira.A perspectiva defendida pelo Ministro Gil se enquadra num projeto poltico mais amplo do governo do Presidente Lula de construo de uma nao realmente democrtica, plural e tolerante, de um Brasil de todos30. Para Gil, o ideal da nao brasileira o da convivncia e da tolerncia, da coexistncia de seres e linguagens mltiplos e diversos, do convvio com a diferena e mesmo com o contraditrio. Nesse contexto, a cultura adquire um papel crucial, pois entendida como o prprio agente da mudana, capaz de superar as desigualdades e o desentendimento entre os povos e conduzir harmonia das diferenas. A cultura seria capaz de superar os desnveis e contradies, de horizontalizar as relaes entre os brasileiros (Alencar, 2005).

No entanto, para alm da idia de pluralidade da cultura brasileira, o Ministro Gil acredita numa unidade da mesma. Para ele, somos um povo mestio que vem criando, ao longo dos sculos, uma cultura essencialmente sincrtica. Uma cultura diversificada, plural mas que como um verbo conjugado por pessoas diversas, em tempos e modos distintos. Porque, ao mesmo tempo, essa cultura uma (...). Portanto, a cultura brasileira pensada como mestia e popular, tal como o prprio Presidente Lula e o Ministro Gil. Ser mestio encarna aqui a prpria essncia do brasileiro e de sua cultura, que se traduz numa suposta capacidade de convivncia pacfica com as diferena. A mestiagem passa a ser instrumentalizada no projeto poltico de busca das superaes das desigualdades, tanto no plano nacionalquanto internacional (Alencar, 2005). Reproduz-se, assim, a percepo tradicional da identidade e da cultura brasileiras, calcada na idia de mestiagem e de convvio harmonioso dos povos.No Governo Lula h uma grande nfase na diplomacia e nas articulaes internacionais. Sua proposta a de fazer do Brasil um exemplo de pacifismo para o mundo. O Brasil encarna, aqui, o esteretipo do pas da tolerncia, um exemplo de convivncia de opostos e de pacincia com o diferente, num momento em que os conflitos tnicos so to acirrados pelo mundo afora.No Governo Lula e em seus rgos representantes, como o Ministrio da Cultura, a capoeira se torna um dos smbolos por excelncia da cultura brasileira. Ela encarna a prpria possibilidade de superao das desigualdades e de convivncia pacfica das diferenas, ou seja, o ideal de mestiagem, tal como tradicionalmente entendido na nossa sociedade. Ela se torna uma metfora do Brasil e da nossa cultura, aquela que abarca todas as diferenas e aponta para a sua superao pacfica. nesse contexto que, nos ltimos meses, o Ministrio das Relaes Exteriores tem promovido a capoeira pelo mundo afora. Para tanto, dedicou um nmero da sua revista, intitulada Textos do Brasil, exclusivamente a esta atividade e promove festas de lanamento nas embaixadas brasileiras de vrias cidades do mundo. Tais eventos contam com a presena de mestres de renome, que viajam a convite do prprio Itamaraty. Dentro dessa estratgia poltica do atual governo, o prximo passo consiste em transformar a capoeira em patrimnio da humanidade. Ela seria uma contribuio brasileira para o mundo, um exemplo de pacifismo para todos os povos.Em 2006 e 2007, j como parte das polticas que visavam ao tombamento da capoeira, o Ministrio da Cultura lanou o projeto Capoeira Viva, que distribuiu recursos financeiros para capoeiristas e pesquisadores de todo o pas. De acordo com o stio do IPHAN, o inventrio que conduziu ao seu registro como bem imaterial coube a uma equipe multidisciplinar, que contou com profissionais das seguintes universidades: UFRJ, UFF, UFBa e UFPe, sob a superviso do CNFCP Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular e do IPHAN. As pesquisas foram realizadas no Rio de Janeiro, Salvador e Recife, cidades que esto na origem desta atividade e que contam com importante documentao a respeito. O processo como um todo contou com encontros, palestras e debates que envolviam capoeiristas, pesquisadores e representantes do poder pblico. Incluiu tambm a exposio Na roda da capoeira, realizada no CNFCP, no Rio de Janeiro, entre os meses de abril e agosto de 2008. O registro contemplou a capoeira como um todo, englobando as modalidades Angola e Regional. O ofcio dos mestres da capoeira foi includo no Livro dos Saberes e a roda de capoeira integrou o Livro das Formas de Expresso. Dentre as aes contidas no Plano Salvaguarda da Capoeira, podemos destacar:

A)O reconhecimento do notrio saber dos mestres de capoeira pelo Ministrio da Educao;B)Um plano de previdncia especial para os velhos mestres de capoeira;C) O estabelecimento de um programa de incentivo da capoeira pelo mundo.

Este registro, ocorrido recentemente, consiste na primeira poltica pblica verdadeiramente voltada para o desenvolvimento desta atividade. Um dos objetivos dessas medidas foi o de tentar desvincular a capoeira do Conselho Federal de Educao Fsica, a partir da idia queO saber do mestre no possui equivalente no aprendizado formal do profissional de Educao Fsica, mas que se estabelece como acervo da cultura popular brasileira. A proposta pretende contribuir para que mestres de capoeira sem escolaridade, mas detentores do saber, possam ensinar capoeira em colgios, escolas e universidades. (Plano de Salvaguarda da Capoeira, 2008).No entanto, um dos principais contextos motivadores do registro da capoeira foi a penetrao massiva desta atividade no mercado internacional de bens culturais. A globalizao da capoeira trouxe consigo o medo de que algum outro pas, sobretudo os Estados Unidos, reivindicasse a sua paternidade. E tal receio no de todo infundado, j que, em 2001, o governo norte-americano concedeu ao mestre baiano Joo Grande o altssimo ttulo de National Heritage Fellowship (Comunidades do Patrimnio Nacional), considerado o mais importante para os que lidam com artes folclricas e nacionais nesse pas. Apesar da importncia do ttulo norte-americano, o acontecimento aparentemente passou em branco no Brasil (Castro, 2007)31 . H ainda o receio de que o xodo de capoeiristas qualificados para o exterior se intensifique, o que poderia inverter as relaes de poder, colocando o Brasil numa posio perifrica em relao a esta prtica.Apesar do stio do IPHAN privilegiar uma perspectiva harmnica, o processo e as negociaes que conduziram ao registro da capoeira foram alvo de inmeras disputas em torno das representaes e da posse da capoeira. Em ltima instncia, discutia-se quem tinha legitimidade para definir e veicular a capoeira. De um modo geral, para os mestres, a capoeira uma atividade que lhes pertence acima de tudo, j que graas ao seu esforo e sua dedicao que esta atividade atravessou os tempos at tornar-se o que hoje. Por isso, insistem em afirmar que a capoeira independe de apoio oficial para sobreviver: durante sculos, ela resistiu autnoma, valendo-se do seu poder de mutao (Lemle, 2008). O Estado, segundo, eles, nunca teve nenhuma grande atuao positiva nesse processo, muito pelo contrrio. Segundo o prprio IPHAN, a divulgao e implementao dessa atividade em mais de 150 pases se deve aos mestres, que tiveram a sua habilidade de ensino reconhecida (www.portal.iphan.gov.br). De acordo com um dos mais conhecidos mestres do Jogo de Angola da atualidade, a capoeira, por si s, cria o desejo da rebeldia e da liberdade. Por isso, no pode se limitar s aes do Estado.

Apesar de no serem contrrios ao registro, estes mestres parecem acreditar que a capoeira um instrumento poltico que lhes pertence e que gera desconfiana quando passa para as mos do Estado. Alguns temem que, por trs dessa iniciativa, o Estado brasileiro esteja querendo se apropriar da prtica da capoeira e retirar a responsabilidade das mos dos praticantes. Certos mestres de grande prestgio reclamaram de no terem sido convidados para participar de todo o processo que culminou com o registro desta prtica como patrimnio imaterial. Outros denunciaram a pouca participao dos capoeiristas nas negociaes. Tudo isso, segundo eles, compromete a legitimidade deste ato.Para vrios praticantes do Jogo de Angola, conforme vimos, a capoeira uma contra-cultura, uma forma de ativismo poltico e, nesse sentido, deve-se estar atento s diferentes transformaes dessa arte, para que no perca o seu carter de resistncia. Segundo estes, os mestres do passado e do presente sofreram muito para manter viva essa atividade, e isso nunca pode ser esquecido. Para estes, uma das grandes crticas ao registro reside no fato da capoeira ter sido reconhecida como um bem cultural brasileiro, e no afro-brasileiro. Conforme vimos eles acreditam tratar-se de uma prtica essencialmente negro-africana, que traz consigo a histria, o sofrimento e a resistncia do povo negro. Ela pode acolher os brancos desde que estes ajudem no combate hegemonia da ideologia do branqueamento.Por outro lado, justamente a brasilidade da capoeira que precisa ser afirmada pelo Estado, diante do medo da apropriao desta atividade por naes estrangeiras. Alguns capoeiristas compartilham esse ponto de vista. Para mestre Itapo, que foi aluno de Bimba, o mundo inteiro vai saber que essa uma manifestao brasileira, que uma manifestao nossa... Todos ficaro sabendo que aqui que o lugar da capoeira (www.revistadehistoria.com.br/v2/home/?go=detalhe&id=1861). Mestre Mo Branca, tambm praticante de Regional, acha que o registro da capoeira uma coisa boa pois a protege dos oportunistas do exterior, uma vez que a capoeira est muito globalizada (www.revistadehistoria.com.br/v2/home/?go=detalhe&id=1863).Deparamo-nos ento com a seguinte questo: de quem a capoeira? Dos capoeiristas ou do Estado? Dos negros ou de todos, independentemente da cor de pele? Quem tem legitimidade para conduzir os seus rumos? Para os capoeiristas, eles prprios so os que tm autoridade para falar, pensar e agir em prol da capoeira. Ou seja, a capoeira lhes pertence em primeiro lugar. J para o Estado brasileiro e seus rgos representantes a capoeira brasileira, o que, por si s, os autoriza a tomar decises a seu respeito. Podemos perceber, por trs desses conflitos em torno da posse da capoeira, que no h consenso em termos do grupo que essa atividade estaria representando.

Tanto nas diferentes perspectivas defendidas pelos capoeiristas, quanto na que sustentada pelo Ministrio da Cultura e pelo IPHAN, a idia de que a capoeira possui uma relao direta de continuidade com o passado, e que entendida como um patrimnio a ser preservado, fundamental. seu passado, seja ele brasileiro ou africano, que lhe confere um valor no presente. Em ambos os casos, apesar das diferenas de pontos de vista, a capoeira parece encarnar valores essenciais, intimamente ligados s representaes sobre a origem e a identidade dos que dela se apropriam. Da as inmeras disputas de que alvo.

31 Mestre Joo Grande um dos maiores cones vivos da Capoeira de Angola, que aprendeu diretamente com mestre Pastinha. Joo Grande migrou para os Estados Unidos na dcada de 1990, onde permanece at hoje.

Referncias bibliogrficas:ABREU, Mrcio. Capoeira, tradio e identidade cultural. In: Jornal Irohin, n 1 6, s.d. Disponvel em: www.irohin.org.br .ALBERTI, Verena & ARAJO, Amlcar. Qual frica? Significados da frica para o movimento negro no Brasil. In: Estudos Histricos, Rio de Janeiro, n 39, jan/jun 2007.ALENCAR, Rvia Ryker Bandeira de. Ser que d samba? Mudana, Gilberto Gil e patrimnio imaterial no Ministrio da Cultura. Dissertao de Mestrado em Antropologia Social, Braslia, UnB, 2005.ARAJO, Rosngela Costa. I, viva meu mestre. A Capoeira Angola da escola pastiniana como prxis educativa. Tese de Doutorado da Faculdade de Educao, Universidade de So Paulo, 2004.CANANI, Aline S. K. Borges. Herana, sacralidade e poder: sobre as diferentes categories do patrimnio histrico e cultural no Brasil. In: Horizon tes Antropolgicos, Porto Alegre, ano 11, n 23, jan/jun 2005.CASTRO, Maurcio Barros de. Na roda do mundo: mestre Joo Grande entre a Bahia e Nova York. Tese de Doutorado do Departamento de Histria, So Paulo, Universidade de So Paulo, 2007.COELHO NETO. O nosso jogo. In: Bazar. O Porto, Livraria Chardon, 1928. EDMUNDO, Luiz. O Rio de Janeiro no tempo dos Vice-Reis. Rio de Janeiro, Athena, 1932.Entrevista:mestre Itapo.In: Revistade Histria da Biblioteca Nacional. Disponvelem:www.revistadehistoria.com.br/v2/home/?go=detalhe&id=1861 .Entrevista: mestre Mo Branca. In: Revista de Histria da Biblioteca Nacional. Disponvel em: www.revistadehistoria.com.br/v2/home/?go=detalhe&id=1863 FUNDAO INTERNACIONAL DE CAPOEIRA ANGOLA. Disponvel em: www.capoeiraangola.org GIL,Gilberto.Brasil,paznomundo.Disponvelem:www.cultura.gov.br/scripts/discursos.idc?codigo=1143 .GONALVES, Jos Reginaldo. O esprito e a matria: o patrimnio enquanto categoria de pensamento. In: Antropologia dos objetos: colees, museus e patrimnios. Rio de Janeiro, Garamond, MinC/IPHAN/DEMU, 2007.____. Autenticidade, memria e ideologias nacionais: o problema dos patrimnios culturais. In: Antropologia dos objetos: colees, museus e patrimnios. Rio de Janeiro, Garamond, MinC/IPHAN/DEMU, 2007.

Grupo de Capoeira Angola Ypiranga de Pastinha. DVD produzido pelo Centro Ypiranga de Pastinha, 60, cor, Rio de Janeiro, 2006.IPHAN/CNFCP. Os sambas, as rodas, os bumba-meu-bois. A trajetria da salvaguarda do patrimnio cultural imaterial no Brasil, 1936-2006. Braslia, maio de 2006, disponvel em: www.portal.iphan.gov.br .L.C. A capoeira. In: Revista Kosmos, ano III, n 3, 1906.LE GOFF, Jacques. Documento/Monumento. In: Histria e memria. Campinas, Unicamp, 2003.LEMLE, Marina. Maestria reconhecida. In: Revista de Histria da Biblioteca Nacional, disponvel em: www.revistadehistoria.com.br/v2/home/?go=detalhe&id=1868 LEVI-STRAUSS, Laurent. Patrimnio imaterial e diversidade cultural: o novo decreto para a proteo dos bens imateriais. In: Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, n 147, out/dez 2001.LONDRES, Ceclia.Introduo. In: Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, n 147, out/dez 2001.MORAES FILHO, Alexandre Mello. Capoeiragem e capoeiras clebres. In: Festas e tradies populares, Rio de Janeiro, H. Garnier, 1893.Plano de Salvaguarda da Capoeira. In: Revista de Histria da Biblioteca Nacional. Disponvel em www.revistadehistoria.com.br/v2/home/?go=detalhe&id=1870 , em 21/07/2008.SANSI-ROCA, Roger. De armas do fetichismo a patrimnio cultural: as transformaes do valor museogrfico do Candombl em Salvador da Bahia no sculo XX. In: ABREU et alii (orgs.). Museus, colees e patrimnios: narrativas polifnicas. Rio de Janeiro, Garamond, MinC/IPHAN/DEMU, 2007.VASSALLO, Simone Pond. Sofrimento e luta: as imagens de mestre Pastinha e da Capoeira Angola na mdia contempornea. In: Cadernos de Antropologia e Imagem, Rio de Janeiro, n 24, jan/jun 2007 (no prelo).____. As novas verses da frica no Brasil: a busca das tradies africanas e as relaes entre capoeira e candombl. Religio e Sociedade, Rio de Janeiro, vol. 25, n 2, 2005, p. 161-188.____. Capoeiras e intelectuais: a construo coletiva da capoeira autntica. Rio de Janeiro, Estudos Histricos, n 32, 2003, p. 106-124.VIANNA, Letcia. Jongo, patrimnio imaterial brasileiro. In: Patrimnio, Revista Eletrnica doIPHAN, n 3, jan/fev. 2006, disponvel em: www.revista.iphan.gov.br/secao.php?id=1&ds=2 .

A CAPOEIRA COMO PATRIMNIO IMATERIAL

Charles