apostila unisa economia1
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Apostila de economia aplicadaTRANSCRIPT
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Economia
Irma Filomena Lobosco
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Irma Filomena Lobosco
ECONOMIA
Educao a Distncia
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SUMRIO
INTRODUO 51 FUNDAMENTOS DA ECONOMIA 151.1 O QUE ECONOMIA 171.2 IMPORTNCIA DA ECONOMIA 171.3 CONCEITOS DE ECONOMIA 181.4 AS NECESSIDADES HUMANAS 191.5 NECESSIDADES ILIMITADAS X RECURSOS LIMITADOS 211.6 RECURSOS OU FATORES (OU MEIOS) DE PRODUO 221.7 CURVA (OU FRONTEIRA) DE POSSIBILIDADE DE PRODUO 231.8 PRODUO EFICIENTE 241.9 MUDANA NA CURVA DE POSSIBILIDADE DE PRODUO 251.10 O PRINCPIO DO CUSTO DE OPORTUNIDADE 251.11 RIQUEZA, UTILIDADE E VALOR 26
2 CONCEITOS DE MICRO E MACROECONOMIA 272.1 DIVISO DA ECONOMIA 272.2 MTODO 272.3 PRELIMINARES 272.4 INTRODUO MICROECONOMIA 292.4.1 Pressupostos Bsicos da Anlise Microeconmica 302.4.1.1 A Hiptese Coeteris Paribus 302.4.1.2 Papel dos Preos Relativos 302.4.1.3 Objetivos da Empresa 302.4.1.4 Aplicaes da Anlise Microeconmica 312.4.1.5 Diviso do Estudo Microeconmico 322.5 AS TAREFAS DO SISTEMA DE MERCADO 342.6 COMO O MERCADO FUNCIONA 352.7 A PRODUO 362.8 OS SETORES DE PRODUO 372.9 POSSIBLIDADE DE PRODUO 372.10 OS FATORES DE PRODUAO 38
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2.11 A IMPORTNCIA E ORIGEM DO CAPITAL 412.12 IMPORTNCIA E HISTRIA DO TRABALHO 412.12.1 Na Antiguidade 422.12.2 Na Idade Mdia 422.12.2.1 Cresce o Comrcio, Muda o Trabalho 422.12.2.2 Os Artesos e suas Corporaes 432.12.3 A Revoluo Industrial 432.12.3.1 Novas Idias 442.13 OS DOIS MERCADOS 44
3 A ECONOMIA E A PRODUTIVIDADE 463.1 CUSTO OPERACIONAL DA EMPRESA 47
4 FUNDAMENTOS DA MACROECONOMIA 494.1 MEDINDO O PRODUTO DO PAS 494.2 CONCEITOS DE RENDA (RN) E PRODUTO NACIONAL (PNB) 504.2.1 Renda Nacional 504.2.2 Renda Per Capita 504.2.3 Para que Serve o Clculo da Renda 504.2.4 Lucro 514.2.5 Juro 524.2.6 Produto Nacional 524.3 CONCEITO DE BALANA DE PAGAMENTOS 534.4 ECONOMIA E GLOBALIZAO 554.4.1 Atual Estgio de Insero do Brasil na Economia Mundial 554.5 POLTICAS ECONMICAS 57
5 TEORIA ELEMENTAR DO FUNCIONAMENTO DO MERCADO
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5.1 TEORIA ELEMENTAR DA DEMANDA 605.1.1 Relao entre Quantidade Demandada e Preo do Bem 625.1.2 Relao entre a Procura de um Bem e o Preo dos Outros
Bens 63
5.1.3 Relao entre a Procura de um Bem e a Renda do Consumidor 635.1.4 Relao entre a Procura de um Bem e o Gasto do Consumidor 645.2 TEORIA ELEMENTAR DA OFERTA 65
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6 INDICADORES DA ECONOMIA BRASILEIRA 676.1 NMEROS-NDICES 676.2 NDICES DE PREOS 686.3 PRINCIPAIS NDICES QUE ACOMPANHAM OS PREOS 68
REFERNCIAS 70
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INTRODUO
Deparamo-nos, seja em nosso cotidiano, seja por meio dos jornais, rdio
e televiso, com inmeras questes econmicas, como, por exemplo:
aumento de preos; perodos de crise econmica ou de crescimento; desemprego; setores que crescem mais do que outros; diferenas salariais, dissdios coletivos; crises no balano de pagamentos; valorizao ou desvalorizao da taxa de cmbio; ociosidade em alguns setores de atividade; diferena de renda entre as vrias regies do pas; taxas de juros; dficit governamental; elevao de impostos e tarifas pblicas. Tais temas so discutidos pelos cidados comuns que, com altas doses
de empirismo, tm opinies formadas sobre as medidas que o Estado deve adotar.
Um estudante de Economia, de Direito ou de outra rea pode vir a ocupar cargo de
responsabilidade em uma empresa ou na prpria administrao pblica e
necessitar de conhecimentos tericos mais slidos para poder analisar os
problemas econmicos que nos rodeiam em nosso dia-a-dia (VASCONCELOS;
GARCIA, 2003, p.1).
O objetivo da Cincia Econmica o de analisar os problemas
econmicos e formular solues para resolv-los, de forma a melhorar a qualidade
de vida da sociedade.
Esta disciplina foi desenvolvida visando aspectos bsicos da Economia,
voltada ao estudo da Macroeconomia e da Microeconomia, onde se localizam a
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ao, os problemas polticos e sociais de hoje de amanh na rea da Macroanlise
e da Microanlise.
A Economia o estudo da maneira como os homens e a sociedade
decidem, com ou sem a utilizao do dinheiro, empregar recursos produtivos
escassos, que poderiam ter aplicaes alternativas, para produzir diversas
mercadorias ao longo do tempo e distribu-las para consumo, agora e no futuro,
entre diversas pessoas e grupos da sociedade. A Economia analisa os custos e os
benefcios da melhoria das configuraes de alocao de recursos.
Destacamos a importncia da Economia que faz fronteiras com outras
importantes disciplinas, tais como a Sociologia, Psicologia, Antropologia,
Administrao, Contabilidade, Estatstica e Matemtica. Para a interpretao de
registros histricos, so necessrios os instrumentos analticos, porque os fatos no
contam sua prpria histria, mas possuem grande importncia.
A funo da Economia como um todo descrever, analisar, explicar e
correlacionar o comportamento da produo, do desemprego, dos preos e
fenmenos semelhantes. Para que tenham significado, preciso que as descries
sejam mais do que uma srie de narrativas separadas. Devem estabelecer um
padro sistemtico visando constituir a verdadeira anlise.
Todo indivduo tem algum conhecimento sobre Economia e este
conhecimento to til quanto ilusrio. til, porque muito conhecimento pode ser
considerado ponto pacfico; ilusrio, porque natural e humano aceitar pontos de
vista superficialmente plausveis. Contudo, um conhecimento insuficiente pode ser
perigoso.
Como um profissional que tenha realizado vrios negcios envolvendo
contratos trabalhistas, com sucesso, pode considerar-se um perito na economia dos
salrios. J, um administrador de empresa que tenha enfrentado o controle dos
custos de sua empresa, pode considerar que seu ponto de vista sobre o controle de
preos a ltima palavra. Nesse mesmo sentido, um profissional do mercado
financeiro que negocia aes, pode concluir que sabe tudo a respeito de economia
financeira.
Podemos assim concluir que cada indivduo tende, naturalmente, a julgar
um fato econmico pelo seu efeito imediato sobre ele.
O crescente interesse pela economia e os problemas dela decorrentes
sempre despertaram a ateno dos povos, mas o estudo sistemtico da Economia
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relativamente recente. Certamente, em todas as pocas da Histria universal as
pequenas comunidades e as grandes naes procuraram resolver eficientemente
seus problemas de natureza econmica. Mas, s a partir do sculo XVIII que a
Economia despontou como cincia. No sculo XIX, seu progresso foi extraordinrio
e nas ltimas dcadas do sculo XX seu estudo ganhou novo e inesperado impulso
(ROSSETTI, 1995, p. 31).
Inicialmente, pode-se assinalar que esse crescente interesse tem muito a
ver com a ecloso das Grandes Guerras de 14-18 e de 39-45 e com a crise
econmica que abalou o mundo ocidental na dcada de 30. Muitos instrumentos de
anlise econmica foram desenvolvidos durante as guerras, com o objetivo de se
conhecer em profundidade a estrutura dos sistemas nacionais de produo, como
apoio de retaguarda aos esforos da guerra. Depois, nos intervalos das guerras, as
naes ocidentais, abaladas pela Grande Depresso, se voltaram para o estudo dos
elementos determinantes do equilbrio econmico, interessadas no restabelecimento
da normalidade e na rpida reabsoro das massas desempregadas.
Como observa James (1955), a Grande Depresso suscitou uma crise de
conscincia entre todos os economistas, da mesma forma que as perturbaes da
ao econmica, desafiaram os estudiosos da Economia a encontrar os caminhos
da estabilizao.
Salienta-se que em meio s inflaes e s depresses, os economistas
foram mobilizados pelos grandes estadistas contemporneos para solucionar os
angustiantes problemas de sua poca. Keynes (1936), intitulado como notvel
economista ingls, ao qual pode ser atribuda a formulao terica da moderna
Anlise Macroeconmica, registrou que o mundo estava excepcionalmente ansioso
por um diagnstico mais bem-fundamentado, pronto a aceit-lo e desejoso de
experiment-lo.
Assim, praticamente durante toda a primeira metade do sculo a Grande
Depresso e as Grandes Guerras aproximariam as reflexes tericas dos
economistas s solues prticas dos estadistas. A Grande Depresso abalou todo
o sistema econmico do Ocidente. Nos anos de 1929-33, o desemprego se alastrara
de forma incontrolvel. E, durante as Grandes Guerras, o esforo de mobilizao
tecnolgica e industrial veio demonstrar a correlao definitiva entre o poder militar e
o poder econmico. A depresso dos anos 30 reduziu drasticamente o Produto
Nacional (PN) das economias atingidas, reduzindo-o pela metade: os Estados
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Unidos, que produziam mais de 115 bilhes de dlares em 1929, atingiram apenas
55 bilhes em 1933, poca que cerca de de sua fora de trabalho ficou
desempregada. De outro lado, as Grandes Guerras tambm viriam comprometer a
atividade econmica normal. Em 1945, no auge do esforo militar, cerca de 55% da
capacidade industrial do mundo estavam destinados produo de armamentos.
Mas, alm destas causas do crescente interesse pela Economia, h uma
terceira causa de alta significao, que se fez notar, sobretudo no ps-guerra. Trata-
se da preocupao bsica do sculo XX em torno da idia do desenvolvimento
econmico. De fato, to logo terminou a Segunda Grande Guerra, o mundo todo se
viu s voltas com um fenmeno de dimenses inesperadas o grande despertar dos
povos subdesenvolvidos. Esse despertar, motivado pela facilitao das
comunicaes internacionais evidenciaram os contrastes do atraso e da afluncia,
transformando-se numa das mais notveis caractersticas dos ltimos anos da
dcada de 40 e, sobretudo, at os anos 70. A perseguio obstinada do
desenvolvimento econmico, por mais de 2/3 da populao da Terra, passaria a ser
fundamental da economia do ps-guerra.
De acordo com Rossetti (1995), no final do sculo XX, os habitantes do
mundo subdesenvolvido empenharam-se numa mobilizao sem precendentes, com
vistas a um gigantesco alvo: a construo de uma nova sociedade e de uma nova
economia, para possibilitar a universalizao das condies do bem-estar, atravs
da acelerao de seu progresso material.
Encontramos na evoluo do pensamento econmico o consenso de que
a Teoria Econmica, de forma sistematizada, iniciou-se quando foi publicada a obra
de Adam Smith A riqueza das naes, em 1776. Em perodos anteriores, a
atividade econmica do homem era tratada e estudada como parte integrante da
Filosofia Social, da Moral e da tica. Nesse contexto, a atividade econmica deveria
se orientar de acordo com alguns princpios gerais de tica, justia e igualdade. Os
conceitos de troca, em Aristteles, e preos justos, em So Toms de Aquino, a
condenao dos juros ou da usura, encontravam sua justificativa em termos morais,
no existindo um estudo sistemtico das relaes econmicas.
Na antiguidade, encontramos na Grcia Antiga, as primeiras referncias
conhecidas de Economia no trabalho de Aristteles (384-322 a.C.) em seus estudos
sobre aspectos de administrao privada e sobre finanas pblicas. Tambm so
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encontradas algumas consideraes de ordem econmica nos escritos de Plato
(427 - 347 a.C.) de Xenofonte (440- 335 a.C.).
A partir do sculo XVI observamos o nascimento da primeira escola
econmica: o mercantilismo. Mesmo sem representar um conjunto tcnico
homogneo, so explcitas as preocupaes sobre a acumulao de riquezas de
uma nao. So presentes alguns princpios de como fomentar o comrcio exterior e
entesourar riquezas, bem como, o acmulo de metais adquire uma grande
importncia de acordo com os relatos sobre a moeda. O mercantilismo considerava
que o governo de um pas seria mais forte e poderoso quanto maior fosse seu
estoque de metais preciosos, estimulou guerras e praticou o nacionalismo que
manteve a poderosa e constante presena do Estado em assuntos econmicos.
No sculo XVIII, uma escola de pensamento francesa, a fisiocracia,
elaborou alguns trabalhos importantes que sustentavam que a terra era a nica fonte
de riqueza e que havia uma ordem natural que fazia com que o universo fosse
regido por leis naturais, absolutas, imutveis e universais, desejadas pela
Providncia Divina para a felicidade dos homens. O trabalho de maior destaque foi o
do Dr. Fraois Quesnay, autor da obra Tableau conomique, o primeiro a dividir a
economia em setores, mostrando a inter-relao dos mesmos. Wassily Leontief
(1940), economista russo, naturalizado norte-americano da Universidade de Harvard
aperfeioando o trabalho de Quesnay o transformou no sistema de circulao
monetria input-output.
Na realidade, a fisiocracia surgiu como reao ao mercantilismo, pois
considerada desnecessria a regulamentao governamental, considerando a lei da
natureza como suprema, e tudo o que fosse contra ela seria derrotado. A funo do
soberano era servir de intermedirio para que as leis da natureza fossem cumpridas.
A riqueza consistia em bens produzidos com o auxlio da natureza
(fisiocracia significa regras da natureza) em atividades econmicas como a lavoura,
a pesca e a minerao. Portanto, estimulava-se a agricultura e exigia-se que as
pessoas empenhadas no comrcio e nas finanas fossem reduzidas ao menor
nmero possvel. Em um mundo constantemente ameaado pela falta de alimentos,
com excesso de regulamentao e interveno governamental, a situao no se
ajustava s necessidades da expanso econmica. S a terra tinha capacidade de
multiplicar a riqueza.
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Adam Smith (1723- 1790), em sua viso harmnica do mundo real,
acreditava que se deixasse atuar a livre concorrncia, uma mo invisvel levaria a
sociedade perfeio. Colocou que todos os agentes, em sua busca de lucrar o
mximo, acabam promovendo o bem-estar de toda a comunidade. A defesa do
mercado como regulador das decises econmicas de uma nao traria muitos
benefcios para a coletividade, independente da ao do Estado. o princpio do
liberalismo.
Partindo das idias de Smith, David Ricardo (1772-1823) pode ser
considerado como outro expoente do perodo clssico, desenvolveu alguns modelos
econmicos com grande potencial analtico. Aprimora a tese de que todos os custos
se reduzem a custos o trabalho e mostra como a acumulao do capital,
acompanhada de aumentos populacionais, provoca uma elevao da renda da terra,
at que os rendimentos decrescentes diminuem de tal forma os lucros que a
poupana se torna nula, atingindo-se uma economia estacionria, com salrios de
subsistncia e sem nenhum crescimento. Sua anlise de distribuio do rendimento
da terra foi um trabalho seminal de muitas idias do chamado perodo neoclssico.
Ricardo discute a renda auferida pelos proprietrios de terras mais frteis.
Em virtude de a terra ser limitada, quando a terra de menor qualidade utilizada no
cultivo, surge imediatamente a renda sobre aquela de primeira qualidade, ou seja, a
renda da terra determinada pela produtividade das terras mais pobres. Analisou
ainda por que as naes comerciavam entre si, se melhor para elas comerciarem
e quais produtos devem ser comerciados. A resposta dada por Ricardo constitui um
importante item da teoria do comrcio internacional, chamada de Teoria das
Vantagens Comparativas. O comrcio entre pases dependeria das dotaes
relativas de fatores de produo.
A maioria dos estudiosos considera que os estudos de Ricardo deram
origem a duas correntes antagnicas: a neoclssica, pela suas abstraes
simplificadoras, e a marxista, pela nfase dada questo distributiva e aos aspectos
sociais na repartio da renda da terra.
John Stuart Mill (1806- 1873) foi o sintetizador do pensamento clssico.
Seu trabalho foi o principal texto utilizado para o ensino de Economia no fim do
perodo clssico e no incio do perodo neoclssico. Sua obra consolidou o exposto
por seus antecessores e avanou por incorporar mais elementos institucionais,
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definindo melhor as restries, vantagens e funcionamento de uma economia de
mercado.
O economista francs Jean Baptiste Say (1768 - 1834) retomou a obra de
Adam Smith, ampliando-a. Suybordinou o problema das trocas de mercadorias a sua
produo e popularizou a chama Lei de Say: A oferta cria sua prpria procura, ou
seja, o aumento da produo transformar-se-ia em renda dos trabalhadores e
empresrios, que seria gasta na compra de outras mercadorias e servios.
O trabalho de Thomas Malthus (1766 - 1834) sistematizou uma teoria
geral sobre a populao, ao assinalar que o crescimento da populao dependia
rigidamente da oferta de alimentos, apoiando a teoria dos salrios de subsistncia.
Para este economista, a causa de todos os males da sociedade residia no
excesso populacional: enquanto a populao crescia em progresso geomtrica, a
produo de alimentos seguia uma progresso aritmtica. Portanto, o potencial da
populao excederia em muito o potencial da terra na produo de alimentos.
Entretanto, Malthus no previu o ritmo e o impacto do progresso
tecnolgico, nem as tcnicas de limitao da fertilidade humana que se seguiam.
A partir da contribuio dos economistas clssicos citados anteriormente,
a Economia passa a formar um corpo terico prprio e a desenvolver um
instrumental de anlise especfico para as questes econmicas.
O perodo considerado neoclssico teve incio na dcada de 1870 e
desenvolveu-se at as primeiras dcadas do sculo XX. Nesse perodo, privilegiam-
se os aspectos microeconmicos da teoria, pois a crena na economia de mercado
e em sua capacidade auto-reguladora fez com que no se preocupassem tanto com
a poltica e o planejamento macroeconmico.
Os neoclssicos sedimentaram o raciocnio matemtico explcito
inaugurado por David Ricardo, procurando isolar os fatos econmicos de outros
aspectos da realidade social.
O grande nome desse perodo foi Alfred Marshall (1842 - 1924). Seu livro,
Princpios de Economia, publicado em 1890, serviu como livro-texto bsico at a
metade deste sculo. Outros economistas de destaque foram: William Jevons, Lon
Walras, Eugene Bhm-Bawerk, Joseph Alois Schumpeter, Vilfredo Pareto, Arthur
Pigou e Francis Edgeworth.
Esse perodo marca a formalizao da anlise econmica com destaque
a Microeconomia. O comportamento de consumidor analisado em profundidade. O
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desejo do consumidor de maximizar sua utilidade (satisfao no consumo) e o do
produtor de maximizar seu lucro so a base para a elaborao de um sofisticado
aparato terico. Por meio do estudo de funes ou curvas de utilidade (que
pretendem medir o grau de satisfao do consumidor) e de produo, considerando
restries de fatores e restries oramentrias, possvel deduzir o equilbrio de
mercado. Como o resultado depende basicamente dos conceitos marginais (receita
marginal, custo marginal etc.), tambm chama de Teoria Marginalista.
Segundo Vasconcelos (2003, p.18) a anlise marginalista muito rica e
variada. Apesar de questes microeconmicas ocuparem o centro das atenes,
houve uma produo rica em outros aspectos da Teoria Econmica, como a Teoria
do Desenvolvimento Econmico de Schumpeter e a Teoria do Capital e dos Juros de
Bhm-Bawerk. Ainda segundo o mesmo autor deve-se destacar tambm a anlise
monetria, com a criao da Teoria Quantitativa da Moeda, que relaciona a
quantidade de dinheiro com os nveis gerais de atividade econmica e de preos.
A era denominada keynesiana iniciou-se com a publicao da Teoria
geral do emprego, dos juros e da moeda, de John Maynard Keynes (1936). Para
entender o impacto da obra de Keynes preciso considerar a economia mundial da
dcada de 30, em crise, que ficou conhecida como a Grande Depresso conforme j
descrito anteriormente. A realidade dos fatos relacionados situao conjuntural da
economia dos principais pases capitalistas era crtica, relacionada com o nmero de
desempregados.
A Teoria Econmica vigente acreditava que se tratava de um problema
temporrio. A Teoria Geral consegue mostrar que a combinao das polticas
econmicas adotadas at ento no funcionava adequadamente, e aponta para
solues que poderiam tirar o mundo da recesso.
Para Keynes, como no existem foras de auto-ajustamento na
economia, torna-se necessria a interveno do Estado atravs de uma poltica de
gastos pblicos, o que significa o fim do laissez-faire da poca clssica. o
chamado Princpio da Demanda Efetiva. Seus argumentos influenciaram muito a
poltica econmica dos pases capitalistas. De modo geral, essas polticas
revelaram-se eficientes e apresentaram resultados positivos no perodo que seguiu
Segunda Guerra Mundial.
Nos anos seguintes houve um desenvolvimento expressivo da Teoria
Econmica. Por um lado, incorporaram-se os modelos por meio do instrumental
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estatstico e matemtico, que contribuiu para formalizar ainda mais a cincia
econmica. Por outro, alguns economistas trabalharam na agenda de pesquisa
aberta pela obra de Keynes.
Destacaram-se trs grupos de economistas no debate sobre os aspectos
do trabalho de Keynes que dura at hoje: os monetaristas, os fiscalistas e os ps-
keynesianos. possvel fazer algumas generalizaes, embora no existe entre os
grupos um pensamento homogneo.
Os monetaristas esto associados Universidade de Chicago e tm
como economista de maior destque Milton Friedman. De maneira geral, previlegiam
o controle da moeda e um baixo grau de interveno do Estado.
Os fiscalistas tm seus maiores expoentes em James Tobin, da
Universidade de Yale, e Paul Anthony Samuelson, de Harvard e MIT. Estes
recomendam o uso de polticas fiscais ativas e um acentuado grau de interveno
do Estado.
Os ps-keynesianos realizaram uma releitura da obra de Keynes, visando
mostrar que ele no negligenciou o papel da moeda e da poltica monetria.
Enfatizam o papel da especulao financeira e, como Keynes, defendem um papel
ativo do Estado na conduo da atividade econmica. Alm da economista Joan
Robinson, outros economistas dessa corrente so Hyman Minsky, Paul Davison e
Alessandro Vercelli.
necessrio ressaltar que, apesar das diferenas entre as vrias
correntes, h consenso aos pontos fundamentais da teoria, j que so baseados no
trabalho de Keynes.
O perodo recente revela que a Teoria Econmica vem apresentando
algumas transformaes, principalmente a partir dos anos 70, aps as duas crises
do petrleo. Trs caractersticas marcam esse perodo. Primeiro, existe uma
conscincia maior das limitaes e possibilidades de aplicaes da teoria. O
segundo ponto diz respeito ao avano no contedo emprico da economia.
Finalmente, podemos observar uma consolidao das contribuies dos perodos
anteriores.
Com o desenvolvimento da informtica que permitiu um processamento
de informaes em volume e preciso sem presentes, quando a Teoria Econmica
passou a ter um contedo emprico que lhe conferiu uma aplicao prtica maior.
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Isso permite o aprimoramento constante da teoria existente e abre novas frentes
importantes.
possvel que a anlise econmica englobe quase todos os aspectos da
vida humana, e o impacto desses estudos na melhoria do padro de vida e do bem-
estar de nossa sociedade considervel. O controle e o planejamento
macroeconmico nos permitem antecipar muitos problemas e evitar algumas
flutuaes desnecessrias.
Conseqentemente, a Teoria Econmica caminha em muitas direes, a
exemplo da rea de finanas empresariais que era basicamente descritiva, com um
baixo contedo emprico. A incorporao de algumas tcnicas economtricas,
conceitos de equilbrio de mercados e hipteses sobre o comportamento dos
agentes econmicos revolucionaram a Teoria de Finanas e essa revoluo se fez
sentir tambm nos mercados financeiros, com a exploso recente dos chamados
mercados futuros e de derivativos.
Irma Filomena Lobosco
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1 FUNDAMENTOS DA ECONOMIA
Podemos explicar o que Economia analisando o significado do verbo
economizar ou da expresso fazer economia. Economizar significa evitar gastar
inutilmente e guardar para futuras necessidades. Sempre procuramos economizar o
nosso dinheiro, reservando uma parte para uma situao de emergncia.
A palavra economia deriva do grego oikosnomos (de oikos, casa, e
nomos, lei), que significa a administrao de uma casa, ou do Estado, e pode ser
assim definida:
Economia a cincia social que estuda como o indivduo e a sociedade
decidem (escolhem) empregar recursos produtivos escassos na produo de bens e
servios, de modo a distribu-los entre as vrias pessoas e grupos da sociedade, a
fim de satisfazer as necessidades humanas.
Essa definio contm vrios conceitos importantes, que so a base e o
objeto do estudo da Cincia Econmica:
escolha escassez necessidades recursos produo distribuio Economia a cincia que estuda a produo, a circulao, a distribuio
e o consumo.
Economia fundamentalmente o estudo da escassez e os problemas
dela decorrentes (STONIER; HUGUE).
Economia o estudo das leis econmicas indicadoras do caminho que
devemos seguir a fim de aumentarmos a produtividade, melhorando o padro de
vida s populaes com o correto emprego dos recursos (SAMUELSON, 1975).
Em qualquer sociedade, os recursos ou fatores de produo so
escassos; contudo, as necessidades humanas so ilimitadas, e sempre se renovam.
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Isso obriga a sociedade a escolher entre alternativas de produo e de distribuio
dos resultados da atividade produtiva aos vrios grupos da sociedade.
Tudo que raro em relao s necessidades individuais ou coletivas deve
ser economizado. Assim, tudo aquilo que raro um bem econmico, e tudo aquilo cuja abundncia supera nossas necessidades no um bem econmico. O ar
que respiramos, a areia do deserto, a gua do mar e muitos outros bens no pode
ser classificado como bens econmicos. So classificados como bens livres. A
principal caracterstica dos bens econmicos sua carncia, isto , existem em
menor quantidade do que as necessidades.
Devido a essa caracterstica os bens econmicos devem ser racionados.
Isto pode ser feito atravs de um sistema de repartio autoritria ou o que mais
freqente cobrando-se um preo daqueles que desejam tais bens.
Devido sua carncia, os bens econmicos devem, geralmente, ser
produzidos, quando ento tomam a forma de servios ou de bens materiais: o
vendedor que realiza a venda de um determinado produto (mercadoria) na loja
participa na produo do bem econmico assim como o operrio que trabalhou na
sua produo.
Fabricar algo, transpor e vend-lo, dar uma aula, cortar o cabelo, entregar
uma carta, tudo isso e mais uma infinidade de outras atividades, so atos de
produo. Quem realiza atos de produo realiza uma atividade econmica.
Podemos definir atividade econmica como sendo o conjunto das
operaes que consistem em utilizar os recursos disponveis para a produo de
bens econmicos, bens que so raros em relao s mltiplas e variadas
necessidades dos consumidores.
O objetivo final da produo satisfazer as necessidades humanas, o que
podemos resumir atravs de um esquema extremamente simples:
RECURSOS PRODUO CONSUMO
A economia de um pas no mais do que a sua organizao com vista
produo de bens econmicos (LECAILLON, s/d, p. 12).
Do estudo da produo, distribuio e consumo dos bens surgiram
cincia econmica, ou Economia. Com o passar do tempo, com a evoluo do
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homem e o aumento de suas necessidades, a Economia assumiu um lugar de
destaque, como forma de melhor administrar os poucos recursos disponveis para a
satisfao das necessidades humanas.
Podemos definir atividade econmica como sendo o conjunto das
operaes que consistem em utilizar os recursos disponveis para a produo de
bens econmicos, bens que so raros em relao s mltiplas e variadas
necessidades dos consumidores.
Economia: a cincia social que estuda como o indivduo e a sociedade
decidem empregar os recursos produtivos escassos na produo de bens e
servios, de modo a distribu-los entre as vrias pessoas e grupos da sociedade, de
modo a satisfazer as necessidades humanas.
1.1 O QUE ECONOMIA
Economia o estudo da maneira como os homens e a sociedade
decidem, com ou sem utilizao do dinheiro, empregar recursos produtivos
escassos, que poderiam ter aplicaes alternativas, para produzir diversas
mercadorias ao longo do tempo e distribu-las para consumo, agora e no futuro,
entre diversas pessoas e grupos da sociedade. A economia analisa os custos e os
benefcios da melhoria das configuraes de alocao de recursos.
1.2 IMPORTNCIA DA ECONOMIA
A economia faz fronteira com outras importantes disciplinas, tais como a
Sociologia, Psicologia, Antropologia, Administrao, Contabilidade, Estatstica e
Matemtica. Para a interpretao de registros histricos, so necessrios os
instrumentos analticos, porque os fatos no contam com sua prpria histria, mas
possuem grande importncia.
A tarefa da Economia como um todo descrever, analisar, explicar e
correlacionar o comportamento da produo, do desemprego, dos preos e
fenmenos semelhantes. Para que tenham significado, preciso que as descries
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sejam mais do que uma srie de narrativas separadas. Devem se encaixar num
padro de sistemtico, isto , constituir a verdadeira anlise.
Desde a infncia, todos sabem alguma coisa sobre Economia. Este
conhecimento to til quanto ilusrio: til, porque natural e humano aceitar
pontos de vista superficialmente plausveis. Um conhecimento insuficiente pode ser
perigoso.
Um profissional (advogado, contabilista, etc.) que tenha negociado, vrios
contratos trabalhistas, com sucesso, pode achar-se um perito na economia dos
salrios. Um empresrio que tem enfrentado o dia-a-dia no controle dos custos de
sua empresa, pode achar que seu ponto de vista sobre o controle de preos a
ltima palavra. Um banqueiro, pelas suas aes no mercado financeiro, pode
concluir que sabe tudo a respeito da economia financeira.
Cada indivduo tende, naturalmente, a julgar um fato econmico pelo seu
efeito imediato sobre ele.
1.3 CONCEITOS DE ECONOMIA
Podemos definir atividade econmica como sendo o conjunto das operaes que consistem em utilizar os recursos disponveis para a produo de bens econmicos, bens que so raros em relao s mltiplas e variadas necessidade dos consumidores.
Segundo Mendes (2005, p. 03):
A economia uma cincia social, tanto quanto a cincia poltica, a psicologia e a sociologia. Ela pode ser definida como o estudo da alocao (utilizao) dos recursos escassos na produo de bens e servios para a satisfao das necessidades ou dos desejos humanos. Portanto, sua principal tarefa descobrir como o mundo econmico funciona.
A economia analisa o funcionamento do sistema econmico. O problema
bsico de qualquer sociedade alocar os recursos fixos e variveis para atender
aos desejos individuais e coletivos. Nos pases desenvolvidos com caracterstica de
recursos abundantes, o problema de alocao trivial; nos pases subdesenvolvidos
-
19
ou em desenvolvimento onde os recursos so escassos, a alocao assume
importncia preponderante.
A economia de um pas no mais do que a sua organizao com vista
produo de bens econmicos.
Do estudo da produo, distribuio e consumo de bens surgiu a cincia
econmica, ou Economia. Com o passar do tempo, com a evoluo do homem e o
aumento de suas necessidades, a Economia assumiu um lugar de destaque, como
forma de melhor administrar os poucos recursos disponveis para a satisfao das
necessidades humanas.
A Economia s surgiu como cincia a partir do sculo XVIII, quando foram
feitas grandes descobertas tcnicas e cientficas que modificaram radicalmente o
modo de produzir dos povos (Revoluo Industrial). Desde ento, a Economia foi se
tornando cada vez mais importante1.
A economia trata do bem-estar do homem e os elementos-chave da atividade econmica so: (a) os recursos produtivos (R); (b) as tcnicas de produo (que transformam os recursos em bens e servios - BS); (c) as necessidades humanas (NH) (MENDES, 2005, p. 3).
Tem-se:
R BS NH.
1.4 AS NECESSIDADES HUMANAS
Considerado elemento-chave da atividade econmica, as necessidades
humanas, se constituem na razo de ser (na fora motivadora) da atividade
econmica. Os desejos dos serem humanos so ilimitados.
As diferentes necessidades humanas so, geralmente, agrupadas da
seguinte forma:
1. Fisiolgicas: so as necessidades bsicas da vida: gua, comida, abrigo, ar, vesturio, descanso, etc.
1 GUIMARES, S. Economia e Mercados.
-
20
2. Segurana: as pessoas desejam estar, na medida do possvel, seguras de que no futuro no lhes faltaro meios de satisfazer suas
necessidades bsicas. Necessitam, tambm, sentirem-se seguras
quanto ao respeito e estima dos demais. No trabalho, as pessoas
sentem necessidade de segurana quanto ao seu emprego, isto ,
desejam ter certa garantia de que no sero dispensadas a qualquer
momento.
3. Sociais: consistem no desejo, que todos sentem, de participar de vrios grupos e de serem aceitos por eles. Alguns desses grupos so:
o familiar, grupos de escola, companheiros de trabalho.
4. Estima: o indivduo deseja ser mais do que um membro do seu grupo. Necessita de estima, afeto, amor, valorizao e reconhecimento. A
satisfao das necessidades de estima provoca sentimentos de
autoconfiana.
5. Auto-realizao: est ligada ao desejo do ser humano de desenvolver e usar sua capacidade, suas aptides e habilidades, bem como de
realizar seus planos.
SOCIAIS
AUTO REALIZAO
NECESSIDADES BSICAS
ESTIMA SEGURANA
FISIOLGICAS
Pensando e observando a vida das pessoas, percebemos facilmente que
as necessidades humanas so limitadas quanto ao nmero. Logo que algum
consegue dinheiro para saciar sua fome e para vestir-se, j pensa em adquirir sua
casa prpria. Quando j tem a casa, quer decor-la da melhor maneira possvel.
Depois, surge a necessidade de convidar os amigos para conhecer a casa e ouvir os
ltimos CDs adquiridos.
-
21
medida que vos satisfazendo as necessidades, outras vo surgindo:
carros, viagens, cursos, roupas da moda, emprego melhor, e assim por diante.
1.5 NECESSIDADES ILIMITADAS X RECURSOS LIMITADOS
A cincia econmica procura resolver este problema atribuindo um grau
de importncia a cada necessidade e sugerindo a canalizao dos recursos para a
satisfao das necessidades mais urgentes. Um indivduo deve satisfazer suas
necessidades. Porm, o alimento cotidiano e o lazer no tm a mesma importncia.
De que adianta o indivduo andar vestido de acordo com a ltima moda, se tem
dificuldades em se alimentar? Tambm no tem a mesma importncia a
necessidade de pagar a educao dos filhos e o desejo de comprar um carro.
O dinheiro que um indivduo dispe serve para muita coisa quando
abundante. Como, em geral, o dinheiro escasso, preciso utiliz-lo muito bem,
para que seja suficiente para o mais importante, ao mesmo tempo em que se
procura melhorar a situao.
Um pas tambm tem muitas necessidades: estradas, represas, hospitais,
escolas, fbricas, etc. Diante da elevada quantidade de necessidades, o governo,
geralmente, sente a falta de recursos. preciso classific-las segundo sua
importncia, em seguida, canalizar para as prioritrias os recursos disponveis.
Por escassez entende-se a situao em que os recursos so limitados e podem ser utilizados de diferentes maneiras, de tal modo que devemos sacrificar
uma coisa por outra. A seguir, apresentam-se situaes de escassez comum no dia-
a-dia:
Uma quantidade limitada de recursos (dinheiro) para consumir alimentos ofertados nos supermercados exige a escolha entre a
compra de determinadas mercadorias (comprar unidades a mais de um
produto e a menos de outro).
A economia a cincia da escassez ou das escolhas
-
22
Tempo limitado para ler um livro que exige algumas horas de dedicao implica em ter menos horas para se dedicar a outras
atividades, como, por exemplo, assistir um filme no cinema.
Na empresa uma mquina tem capacidade para produzir dois diferentes produtos e exige deciso de qual deles ir produzir a mais
ou a menos.
1.6 RECURSOS OU FATORES (OU MEIOS) DE PRODUO
Os recursos econmicos, que constituem a base de qualquer economia, so os meios utilizados pela sociedade para a produo de bens e
servios que iro satisfazer as necessidades humanas.
So trs caractersticas dos recursos econmicos:
Escassos em sua quantidade (ou seja, limitados), representados por uma situao na qual os recursos podem ser utilizados na produo de
diferentes bens e servios.
Versteis, pois, podem ser aproveitados em diversos usos. Podem ser combinados em propores variveis na produo de
bens e servios.
Quanto classificao, os recursos podem ser agrupados em:
Recursos naturais: consistem em todos os bens econmicos na produo e que so obtidos diretamente da natureza.
Recursos humanos: incluem toda atividade humana (esforo fsico e/ou mental) utilizada na produo de bens e servios.
Capital: abrange todos os bens materiais produzidos pelo homem e que so utilizados na produo. O fator capital inclui o conjunto de
riquezas acumuladas por uma sociedade, e com essas riquezas que
um pas desenvolve suas atividades de produo. Entre os principais
grupos de riquezas acumuladas por uma sociedade esto os
seguintes:
-
23
- Infra-estrutura econmica: transportes; telecomunicaes; energia.
- Infra-estrutura social: sistemas de gua e saneamento; educao,
cultura, segurana, sade, lazer e esportes.
- Construes e edificaes de modo geral, sejam pblicas ou
privadas.
- Equipamentos de transporte: caminhes, nibus, utilitrios,
locomotivas, vages, embarcaes, aeronaves.
- Mquinas e equipamentos: so utilizados nas atividades de
extrao, transformao, prestao de servios, na indstria de
construo e nas atividades agrcolas.
- Matrias-primas ou insumos: energia eltrica, leo diesel, gs,
corantes, matrias qumicas para a indstria; ou sementes,
fertilizantes, inseticidas, herbicidas, fungicidas, vacinas, raes e
combustveis na agricultura, entre outros.
Segundo Mendes (2005, p. 5):
Alguns autores consideram tambm como mais um tipo de recurso o empreendedorismo, que o esforo utilizado para coordenar a produo, distribuio e venda de bens e servios, ou seja, para organizar os recursos naturais, humanos e o capital. Um empreendedor toma decises de negcios, assume os riscos oriundos dessas decises, compromete tempo e dinheiro com negcios sem nenhuma garantia de lucro.
1.7 CURVA (OU FRONTEIRA) DE POSSIBILIDADE DE PRODUO
Levando em considerao que em cada dia til de trabalho cerca de 80
milhes de pessoas produzem uma variedade de bens e servios avaliados em
aproximadamente R$ 4 bilhes2. A quantidade de bens e servios que podem ser
produzidos limitada por nossos recursos disponveis e pela tecnologia que
dominamos.
De acordo com Mendes (2005):
2 Cf. Mendes. 2005.
-
24
Na escolha dos bens e servios que devem ser produzidos, a primeira providncia determinar quais combinaes de bens e servios so possveis, levando em considerao duas restries: (a) que a quantidade de recursos produtivos determinada (limitada); (b) que o nvel de tecnologia disponvel tambm determinado, ou seja, naquele momento, no possvel fazer uma mudana tecnolgica. Esse limite descrito pela curva ou fronteira de possibilidade de produo.
A seguir ilustra-se na tabela 1 a curva de possibilidade de produo de
dois produtos num determinado momento, considerando assim que a quantidade
produzida de todos os demais bens e servios mantida constante. Admitindo dois
produtos que a maioria dos estudantes adquire: guaran e CDs (MENDES, 2005, p.
7).
POSSIBILIDADES PRODUO DE GUARAN
(milhes de litros/ms)
PRODUO DE CDs
(milhes de unidades/ms)
A
B
C
D
E
F
30
28
24
18
10
0
0
1
2
3
4
5
Tabela 1 - Seis pontos hipotticos sobre a fronteira de possibilidades de produo. Fonte: Mendes, 2005.
1.8 PRODUO EFICIENTE
Uma economia que produz num ponto dentro da Curva de Possibilidade
de Produo est operando de modo ineficiente, no sentido de que poderia gerar
mais de ambos os produtos.
A eficincia de produo alcanada se no pudermos produzir mais de
um produto sem produzir menos de algum outro bem. Uma economia poderia estar
-
25
produzindo abaixo da Curva de Possibilidade de Produo por uma das duas
seguintes razes:
Os recursos no esto sendo empregados plenamente. Os recursos esto sendo utilizados de maneira ineficiente.
1.9 MUDANA NA CURVA DE POSSIBILIDADE DE PRODUO
Considerando a necessidade de crescimento econmico de um pas
como o Brasil em virtude do crescimento populacional elevado (cerca de 1,3% ano)
e admitindo-se que a produo j seja eficiente, como seria possvel produzir mais
de ambos os produtos? Como possvel deslocar para a direita a curva de
possibilidade de produo?
De acordo com a Curva de Possibilidade de Produo a opo de
produo disponvel com um dado conjunto de recursos produtivos deve deslocar a
curva de possibilidade de produo para a direita (crescimento econmico). Se uma
economia utilizar mais recursos naturais, humanos, capital e habilidades
empreendedoras, ela poder, como um todo, produzir mais de cada um dos bens e
servios. Esse mesmo resultado pode ser alcanado se novas tecnologias forem
desenvolvidas, de tal modo que a produtividade dos fatores aumente.
O formato de curva explicado pelo conceito de custo de oportunidade,
que um dos princpios fundamentais para a anlise econmica. Por princpio,
entende-se uma simples, mas evidente verdade que a maioria das pessoas entende
e aceita (MENDES, 2005, p. 8).
1.10 O PRINCPIO DO CUSTO DE OPORTUNIDADE
Incorpora a noo de que sempre enfrentamos a situao de escolher entre duas ou mais opes e de que temos que optar por uma coisa (um produto,
por exemplo) em detrimento de outra, visto que os recursos so limitados e podem
ser utilizados em diferentes alternativas.
-
26
1.11 RIQUEZA, UTILIDADE E VALOR
A palavra riqueza lembra uma grande quantidade de bens econmicos
ou dinheiro. Adam Smith (1723-1790), economista ingls, escreveu que riqueza o
conjunto de bens de que o homem efetivamente e realmente pode dispor para fins
econmicos. Em Economia, qualquer bem til, acessvel e limitado recebe o nome
de riqueza.
Utilidade a qualidade que possuem os bens econmicos de satisfazer
as necessidades humanas. O bem, porm, s til quando desejado pelo homem.
Utilidade, portanto, um conceito mais subjetivo que objetivo. O grau de utilidade de
um bem depende da necessidade de cada indivduo. Um bem pode ser til para
algum e no o ser para outra pessoa.
Valor a medida da utilidade econmica. Existem dois tipos:
Valor de uso: a utilidade que um bem tem para ns pessoalmente. Valor de troca: o valor que um bem tem no sentido de poder ser
trocado por outro.
Desse modo, um bem pode ser de grande valor de uso e de nenhum valor
de troca, como um lbum de fotos de famlia, por exemplo.
O valor das coisas determinado por um conjunto de fatores: o trabalho e
a utilidade so apenas dois dos fatores constitutivos desse valor. Alm desses,
existem outros elementos-sociais, polticos, psicolgicos, estticos, etc.
-
27
2 CONCEITOS DE MICRO E MACROECONOMIA
2.1 DIVISO DA ECONOMIA
Micro: estuda os problemas econmicos do indivduo, da famlia e da empresa.
Macro: se envolve com os grandes problemas, em seus setores, no aspecto global ou seus agregados.
2.2 MTODO
Indutivo: partimos da anlise, observao e pesquisa de fatos individuais para obtermos uma concluso, um ensinamento, uma lei ou
verdade universal.
Dedutivo: obtemos de Leis e Verdades Universais experincias, ensinamentos, verdades ou Leis de carter particular, contidas
naqueles princpios.
Psicolgico: buscamos na psicologia a explicao sobre determinadas formas de comportamento da populao. Exemplo:
boatos (fora dos comentrios).
2.3 PRELIMINARES
A Microeconomia conhecida como o ramo da Cincia Econmica
voltado ao estudo do comportamento das unidades de consumo representadas pelos indivduos e/ou famlias (estas desde que caracterizadas por um oramento nico), ao estudo das empresas, suas respectivas produes e
-
28
custos e ao estudo da produo e preos dos diversos bens, servios e fatores produtivos.
A Macroeconomia, por sua vez, se interessa pelos estudos dos agregados como a produo, o consumo e a renda da populao como um todo.
A bifurcao da Cincia Econmica nesses dois grandes ramos, isto , a
macroeconomia e a microeconomia, data dos primrdios da dcada de 1930. Ambas giram em torno do problema da limitao e do carter finito dos recursos
produtivos em face das necessidades vitais e da civilizao, infinitas e ilimitadas,
subjacentes ao ser humano, problemtica essa que embasa e justifica a razo da
existncia da economia como cincia.
Efetivamente, a microeconomia, ao estabelecer princpios gerais, revela-se muito mais abstrata do que a macroeconomia, a qual se encontra voltada ao exame de questes e de medidas peculiares a um dado lugar e instante do tempo.
A microeconomia apresenta uma viso microscpica dos fenmenos
econmicos, e a macroeconomia, uma ptica telescpica, isto , esta ltima possui
uma amplitude muito maior, apreciando o funcionamento da economia no seu global.
A ttulo comparativo se fosse considerada uma floresta, a microeconomia estudaria
as espcies vegetais que a compem individualmente, ou seja, estudaria a
composio dos itens da floresta; enquanto a macroeconomia preocupar-se-ia com
o produto floresta como um todo.
Uma outra forma de distinguir a microeconomia e a macroeconomia
abrangem a anlise das formas de comportamento der variveis agregadas e de
variedades individuais.
Exemplificando, os grandes agregados estudados pela macroeconomia,
como a renda, o emprego e o desemprego, o consumo, o investimento, a poupana,
soa todos de natureza heterognea, na forma como considerada. J a
microeconomia est voltada apreciao das unidades individuais da economia.
Outro modo de distino entre microeconomia e a macroeconomia
repousa no aspecto dos preos.
Efetivamente, a microeconomia igualmente conhecida por Teoria de
Preos, pois procura evidenciar a formao dos preos dos bens e servios, assim como dos recursos produtivos.
-
29
Como isso concretizado? Na Teoria do Consumidor, a microeconomia
enaltece a inteno dos indivduos, em face das respectivas rendas, de se apropriarem de uma combinao de quantidades de bens tal que lhes possibilite a
maximizao de suas satisfaes. Em outras palavras, originam-se a as procuras
(individuais ou no) que se traduziro em rendimentos paras as firmas.
J na Teoria da Firma, tem-se a figura do indivduo-empresrio
esforando-se para combinar os fatores de produo, em vista de sua limitao
oramentria, com a inteno de maximizar o nvel de lucro de sua organizao.
Colocando de outra maneira, a partir da anlise desses procedimentos
so obtidos os elementos necessrios derivao das ofertas individuais e de
mercado.
A combinao das quantidades fatores de produo, bens, e/ou servios
que os consumidores estariam dispostos a adquirir, impe a determinao de um
denominador comum, que nada mais ser do que o preo. A determinao deste
preo tarefa que se prope a microeconomia, ao estudar a questo tanto no
mbito dos fatores de produo como no caso dos bens e/ou servios.
2.4 INTRODUO MICROECONOMIA
A Microeconomia, ou Teoria dos Preos, analisa a formao de preos do
mercado, ou seja, como a empresa e o consumidor interagem e decidem qual o
preo e a quantidade de um determinado bem ou servio em mercados especficos
(VASCONCELOS; GARCIA, 2003, p. 30).
A microeconomia estuda as unidades (consumidores, firmas, trabalhadores, proprietrios dos recursos, etc.) componentes da economia e o modo
como suas decises e aes so inter-relacionadas. Portanto, de responsabilidade
da microeconomia, cuidar, individualmente, do comportamento dos consumidores e
produtores, com vistas compreenso do funcionamento geral do sistema
econmico, ou seja, ela est ligada ao exame das aes dos agentes econmicos
privados em suas atividades de produo e de consumo e, assim, procura investigar
as possibilidades de eficincia e equilbrio do sistema econmico como um todo. A
anlise microeconmica tambm chamada de teoria dos preos, visto que nas economias liberais o funcionamento do livre mecanismo do sistema de preos que
-
30
articula e coordena as aes dos produtores e consumidores (MENDES, 2005, p.
24).
2.4.1 Pressupostos Bsicos da Anlise Microeconmica
2.4.1.1 A Hiptese Coeteris Paribus
Para analisar um mercado especfico, a Microeconomia se vale da
hiptese de que tudo o mais permanece constante (em latim, coeteris paribus). O
foco de estudo dirigido apenas quele mercado, analisando-se o papel que a
oferta e a demanda nele exercem, supondo que outras variveis interfiram muito
pouco, ou que no interfiram de maneira absoluta. Assim, torna-se possvel o estudo
de um determinado mercado selecionando-se apenas as variveis que influenciam
os agentes econmicos consumidores e produtores nesse particular mercado,
independentemente de outros fatores, que esto em outros mercados, poderem
influenci-los (VASCONCELOS; GARCIA, 2003, p. 31).
2.4.1.2 Papel dos Preos Relativos
Na anlise microeconmica, os preos relativos assumem destacada
importncia, ou seja, os preos de um bem em relao aos demais, do que os
preos absolutos (isolados) das mercadorias.
2.4.1.3 Objetivos da Empresa
A grande questo na Microeconomia, que a origem das diferentes
correntes de abordagem, reside na hiptese adotada quanto aos objetivos da
empresa produtora de bens e servios.
Segundo Vasconcelos e Garcia (2003, p. 32):
-
31
A anlise tradicional supe o Princpio da Racionalidade, segundo o qual o empresrio sempre busca a maximizao do lucro total, otimizando a utilizao dos recursos de que dispe3. Essa corrente enfatiza conceitos como receita marginal, custo marginal e produtividade marginal em lugar de conceitos de mdia (receita mdia, custo mdio e produtividade mdia), da ser chamada de marginalista.
2.4.1.4 Aplicaes da Anlise Microeconmica
A anlise microeconmica, ou Teoria dos Preos, como parte da Cincia
Econmica, preocupa-se em explicar como se determina os preos dos bens e
servios, bem como dos fatores de produo. O instrumental microeconmico
procura responder, tambm, as questes aparentemente triviais; por exemplo, por
que, quando o preo de um bem se eleva, a quantidade demandada desse bem
deve cair, coeteris paribus.
A Microeconomia representa uma ferramenta til para estabelecer
polticas e estratgias, dentro de um horizonte de planejamento, tanto nas empresas
quanto na poltica econmica.
Nas empresas, a anlise microeconmica pode subsidiar as seguintes
decises:
poltica de preos da empresa. previses de demanda e de faturamento. previses de custo de produo. decises timas de produo (escolha da melhor alternativa de
produo, isto , da melhor combinao de fatores de produo).
avaliao e elaborao de projetos de investimentos (anlise custo-benefcio a compra de equipamentos, ampliao da empresa etc.).
poltica de propaganda e publicidade (como as preferncias dos consumidores podem afetar a procura do produto).
3 O Princpio da Racionalidade (que supe um homus economicus) aplicado extensamente na Teoria Microeconmica tradicional. Por esse princpio, os empresrios tentam sempre maximizar lucros condicionados pelos custos de produo, os consumidores procuram maximizar sua satisfao (ou utilidade) no consumo de bens e servios (limitados por sua renda e pelos preos das mercadorias), os trabalhadores procuram maximizar lazer etc.
-
32
localizao da empresa (se a empresa deve situar-se prxima aos centros consumidores ou aos centros fornecedores de insumos).
diferenciao de mercados (possibilidades de preos diferenciados, em diferentes mercados consumidores do mesmo produto).
Em relao poltica econmica, a Teoria Microeconmica pode
contribuir na anlise e tomada de decises das seguintes questes:
efeitos dos impostos sobre mercados especficos. poltica de subsdios (nos preos de produtos como trigo e leito, ou na
compra de insumos como mquinas, fertilizantes etc.).
fixao de preos mnimos na agricultura. controle de preos. poltica salarial poltica de tarifas pblicas (gua, luz etc.). poltica de preos pblicos (petrleo, ao etc.). leis antitrustes (controle de lucros de monoplios e oligoplios). Pode-se inferir com estas observaes que so decises necessrias ao
planejamento estratgico das empresas e a poltica e programao econmica do
setor pblico.
2.4.1.5 Diviso do Estudo Microeconmico
A Teoria Microeconmica consiste nos seguintes tpicos:
Anlise da Demanda: A Teoria da Demanda ou Procura de uma mercadoria ou servio divide-se em Teoria do Consumidor (demanda
individual) e Teoria da Demanda de Mercado.
Anlise da Oferta: A Teoria da Oferta de um bem ou servio tambm subdivide-se em oferta da firma individual e oferta de mercado. Dentro
da anlise da oferta da firma so abordadas a Teoria da Produo, que
-
33
analisa as relaes entre quantidades fsicas entre o produto e os
fatores de produo, e a Teoria dos Custos de Produo, que
incorpora, alm das quantidades fsicas, os preos dos insumos.
Anlise das estruturas de mercado: a partir da demanda e da oferta de mercado so determinados o preo e a quantidade de equilbrio de
um dado bem ou servio. O preo e quantidade, entretanto,
dependero da particular forma ou estrutura desse mercado, ou seja,
se ele competitivo, com muitas empresas produzindo um dado
produto, ou concentrado em poucas ou em uma nica empresa. As
estruturas de mercados de bens e servios so:
1. concorrncia perfeita;
2. concorrncia imperfeita ou monopolista;
3. monoplio;
4. oligoplio.
As estruturas do mercado de fatores de produo so:
1. concorrncia perfeita;
2. concorrncia imperfeita;
3. monopsnio;
4. oligopsnio.
Teoria do equilbrio geral: considera as inter-relaes entre todos os mercados, diferentemente da anlise de equilbrio parcial, que analisa
um mercado isoladamente, sem considerar suas inter-relaes com os
demais. A Teoria do Bem-Estar, ou Welfare, estuda como alcanar
solues socialmente eficientes para o problema da alocao e
distribuio dos recursos, ou seja, encontrar a alocao tima dos
recursos.
Um dos focos do estudo microeconmico consiste na anlise das
imperfeies de mercado, onde se analisam situaes nas quais os preos no so
determinados isoladamente em cada mercado.
-
34
2.5 AS TAREFAS DO SISTEMA DE MERCADO
Quais so as funes sociais que qualquer mecanismo econmico seja
ele regido pela tradio, imposio ou mercado deve desempenhar?
Examinando o problema, vemos que existem trs tarefas a serem
desempenhadas por todos esses mecanismos econmicos:
1. Todos os sistemas econmicos devem direcionar esforos da
sociedade na produo de bens e servios de que tal sociedade
necessita, sejam elas regidas pela tradio, imposio ou mercado,
todas as sociedades devem poder contar com a produo regular das
provises necessrias.
Exemplo: coexistem no Brasil diferentes sociedades no mesmo espao, como algumas cidades do Nordeste e do interior de alguns
Estados. Nessas sociedades muito simples, a necessidade bsica gira
em torno da busca infindvel de alimento, vestimenta e educao. Em
cidades mais avanadas, as necessidades vo muito alm desse
trip.
Em princpio, as tarefas so as mesmas: todas as sociedades apiam-
se em organizao econmicas que devem alocar seus homens e
materiais aos usos que a sociedade exige para se manter em
funcionamento. Se o mtodo de organizao falha, a comunidade entra
em colapso.
2. Todos os sistemas econmicos devem tambm determinar os mtodos
de produo. A produo no simplesmente a aplicao de esforo
humano natureza. Em todo sistema social, do mais rstico ao mais
avanado, existe o problema da tcnica a ser utilizada. Em todas as
sociedades acima do nvel de subsistncia existe sempre o problema
de como produzir o que a sociedade deseja, bem como o que produzir.
Exemplo: se voc fosse o Prefeito de uma cidade do interior de qualquer Estado brasileiro, teria que decidir que tipo de transporte
utilizar, que mtodos agrcolas encorajarem que tipos de sistemas de
distribuio deveriam estabelecer. A escolha da tcnica errada pode
-
35
no provocar colapso (apesar de isso ser possvel), mas acarretar
desperdcio e um nvel de bem-estar menor do que o que est ao
alcance da cidade.
3. Todos os sistemas econmicos devem resolver o problema de
distribuio do produto entre seus membros.
Exemplo: Sob muitos aspectos, este o problema mais difcil. A escassez importa pela natureza ou causada pelo homem torna
extremamente necessria a soluo do problema da diviso de um
produto. Entretanto, seja por costume, imposio ou outra maneira
qualquer, para a sociedade sobreviver necessrio que a produo do
sistema seja partilhada e de modo aceitvel.
2.6 COMO O MERCADO FUNCIONA
Assim, o que produzir, como produzir, e a quem entregar o produto
constituem os problemas bsicos da Economia, que toda ordem social deve
enfrentar de uma maneira ou de outra.
Como o mercado enfrenta esses trs problemas?
O mercado no parece prestar ateno para isto. Quando olhamos para
um sistema de mercado, tudo o que vemos um sistema de trocas em que cada um
tem de se arranjar por si mesmo, onde ningum responsvel pelo encargo de
conferir se sero produzidos os bens adequados, se sero produzidos da maneira
correta e entregues s pessoas certas.
Exemplo: vamos supor que somos donos de uma ilha onde podemos obter apenas dois produtos. Podemos usar nossa terra, trabalho e capital para
plantar cereais ou podemos usa-los para criar gado e obter leite. Suponhamos que
utilizamos todos os nossos recursos na produo de cereais e aps 6 meses
colhemos 500 sacas do mesmo. No semestre seguinte colocamos todos os nossos
esforos na criao de gado leiteiro e obtemos 250 litros de leite. Teramos ento
descoberto duas possibilidades extremas de produo para a alocao de nosso
esforo social.
-
36
mais provvel, entretanto, preferirmos uma mistura de cereal e leite, e
no tudo de um e nada de outro. Assim, teramos de encontrar, atravs de
tentativas, as combinaes de cereal e leite que poderamos ter, ao utilizar alguns
de nossos recursos em cada operao.
2.7 A PRODUO
Produzir criar uma utilidade ou aumentar a utilidade dos bens
econmicos. O homem no cria matria. Ele cria apenas utilidade, transformando os
bens e adaptando-se s suas necessidades.
As riquezas naturais, por si s, no so suficientes para atender s
necessidades humanas. Por isso so necessrias novas utilidades. A tudo que
transformado em utilidade pelo homem damos o nome de produto. Produzir, portanto, significa criar meios para a satisfao das
necessidades. Como exemplo, podemos analisar todo o caminho por onde passa o
produto camisa:
PREPARO DA TERRA PLANTIO DO ALGODO ADUBAO COLHEITA BENEFICIAMENTO
TRANSPORTE
FIAO PREPARAO FIAO FIAO ACABAMENTO DE FIAO
TECELAGEM PREPARAO TECELAGEM TECELAGEM ACABAMENTO DE TECELAGEM
TRANSPORTE
CONFECO DE ROUPAS
TRANSPORTE
MAGAZINES, LOJAS, BUTIQUES ETC.
COMPRAS E USO
LAVADEIRAS, PASSADEIRAS ETC.
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37
Todas as atividades desenvolvidas para que possamos utilizar uma roupa
limpa e bem passada so consideradas atividades de produo.
Vimos que produzir significa criar meios para a satisfao das
necessidades humanas. A plantao, o transporte, a tecelagem, a confeco, as
lojas, a lavadeira, tudo isso faz parte do processo para satisfazer nossa necessidade
de vestir.
2.8 OS SETORES DE PRODUO
Desde as primeiras toras, o comrcio tem marcado sua presena na vida
do ser humano, garantindo-lhe um modo de vida. A circulao de riquezas,
viabilizada pelo comrcio, trouxe e ainda traz importantes conseqncias para as
atividades econmicas.
As atividades econmicas esto divididas em trs setores:
Setor primrio: compreende as atividades que se desenvolvem em contato direto com a natureza: agropecuria, pesca, extrao de
minrios, horticultura, fruticultura, etc.
Setor secundrio: abrange todas as atividades industriais de elaborao de produtos: indstria, produo de Energia, obras
pblicas, etc. Concentra-se em modificar os produtos que vm do setor
primrio.
Setor tercirio: responsvel pela distribuio e venda dos produtos dos setores primrio e secundrio, bem como pela prestao de
servios.
2.9 POSSIBLIDADE DE PRODUO
O centro do problema da produo a necessidade de escolha que
devemos fazer. Esta escolha inevitvel porque imposta, naturalmente, pelos
recursos existentes, por nossa tcnica ou know-how conhecido.
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As possibilidades so muitas e no so estticas. medida que cresce o
capital e a tecnologia, a fronteira pode avanar, de modo que o impossvel no
passado torna-se atingvel no futuro. Alm disso, quando as tcnicas mudam, ou
quando nossos recursos crescem ou diminuem essa diviso tambm muda.
Por exemplo, a inveno de uma nova forragem para o gado pode elevar
a produo de leite em nossa ilha: ento, poderamos produzir mais sacas de cere e
mais litros de leite.
2.10 OS FATORES DE PRODUAO
Como o mercado, essa imensa e confusa teia de indivduos e empresas,
determina a alocao dos recursos da sociedade?
Para responder a esta pergunta, teremos de esclarecer as atividades do
mercado e descobrir em seu fluxo um padro qualquer que nos permita
compreender como ele funciona.
Alguns elementos so necessrios para que haja produo. Chamamos
de fatores de produo os seguintes elementos bsicos: recursos naturais, trabalho, e capital.
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Recursos Naturais: so os recursos obtidos da natureza e que vo ser transformados atravs da indstria: ferro, madeira, petrleo, terras,
etc.
Trabalho: a colaborao da energia humana, manual ou intelectual, no processo de produo.
Capital: tudo aquilo que fruto de poupana e que vai aumentar a produo.
Na verdade, existe um padro. Se olharmos para o fluxo de mercado,
observamos que os participantes no so iguais.
Um grupo de participantes consiste de indivduos, como ns, que entram
no mercado como compradores, buscando os bens e servios que desejam ou que
RECURSOS NATURAIS
Terras cultivveis
Florestas Matrias-primas
TRABALHO Operrios, tcnicos,
engenheiros, comerciantes, Profissionais
liberais
CAPITAL
Dinheiro, maquinrio, ferramenta, barragens
Hotis
Carros
Habitao
Produtos Alimentcios
Servios Pblicos
Vesturio
PRODUO
DE BENS
ECONMICOS
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podem comprar. Esses so os consumidores, que normalmente pensamos ser o
nico ou pelo menos, o mais importante grupo do mercado. Mas, se olharmos
outra vez, podemos ver que no so.
Existe um segundo grupo, to grande e importante quanto o primeiro, cujo
papel vamos examinar agora. So os indivduos que j identificamos como
consumidores, desta vez, entretanto, no mercado com um propsito diferente:
ganhar a vida oferecendo seus servios para a produo. Alm disso, podemos
distinguir pelo menos trs tipos de servios oferecidos por esses indivduos:
o primeiro o trabalho, oferecido pelos indivduos sob vrias formas, desde as profisses no especializadas e de baixa remunerao, at
as sofisticadas e altamente remuneradas;
o segundo so os servios dos recursos naturais, tais como a terra, oferecidos pelos indivduos que so seus proprietrios;
o terceiro so os servios de capital instrumentos de produo feitos pelo homem oferecidos no mercado pelas pessoas que os possuem.
Chamamos estes indivduos, em seus papis de produtores, de fatores de produo, e vemos que eles constituem um grupo e uma atividade sob todos os aspectos to importantes quanto os dos consumidores.
O trabalho, os recursos naturais e o capital oferecidos pelos indivduos
donos de suas prprias habilidades, ou donos de recursos e equipamentos
constituem no apenas os agentes fsicos da produo, que devem ser combinados
de maneira a garantir a produo, como tambm constituem classes sociais cujo
comportamento deve ser coordenado na produo.
O mercado combina as realidades fsicas de trabalho, recursos e
equipamentos, organizando as atividades apropriadas daqueles que possuem cada
uma dessas entidades fsicas.
O mercado transforma-se, ento, em algo mais que uma terrvel confuso.
agora um local onde consumidores e fatores de produo buscam uma soluo
para seus problemas particulares e individuais, despendendo sua renda para
satisfazer seus desejos prprios, por um lado, e ganhando dinheiro ao oferecer suas
habilidades ou posses, por outro.
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2.11 A IMPORTNCIA E ORIGEM DO CAPITAL
Definimos capital como sendo o bem que se destina a produzir outros
bens. Por isso, ele muito importante no processo produtivo.
Compare o rendimento de um agricultor trabalhando com ferramentas
agrcolas rudimentares e o rendimento de um agricultor que pode dispor de
modernas mquinas e equipamentos agrcolas. Analise a importncia do capital.
Como surge o capital? A produo gera receitas (recursos financeiros).
Nem toda receita se destina ao consumo imediato de bens e servios, sendo parte
dela utilizada para aumentar a produo.
O ato de no consumir uma parte da renda denomina-se poupana que,
por sua vez, permite que se faa um investimento, ou seja,a despesa destinada a
produzir novos bens.
Assim, temos o seguinte esquema:
POUPANA INVESTIMENTO PRODUO DE
MAIS BENS PRODUO
DE
BENS CONSUMO
2.12 IMPORTNCIA E HISTRIA DO TRABALHO
O trabalho o mais importante fator de produo e sem ele no existiriam
os meios de produo; consequentemente, no haveria gerao de riquezas.
Embora seja o mais importante, a maior parte das riquezas por ele
produzidas no vai para os trabalhadores. S recentemente os trabalhadores
comearam a adquirir conscincia de sua importncia e passaram a lutar para
alcanar maior participao nos benefcios gerados pelo trabalho.
A palavra trabalho deriva da palavra latina tripalium, que designava um
tipo de instrumento de tortura. De fato, o trabalho apresentou, durante muito tempo,
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um sentido de punio e de castigo. Para os hebreus, por exemplo, o homem havia
sido simplesmente condenado ao trabalho.
2.12.1 Na Antiguidade
Os gregos e os romanos s admitiam o trabalho manual para os
escravos. As elites s admitiam o trabalho intelectual, porque correspondia parte
nobre do corpo humano: o crebro. O trabalho que exigisse ora e destreza
musculares e um contato direto com a matria, era desprezvel.
2.12.2 Na Idade Mdia
Na Idade Mdia existiam trs classes de pessoas: os sacerdotes, os
nobres e os trabalhadores. Trabalhar significava cultivar a terra para produzir
alimentos e cuidar do rebanho que fornecia a l para o vesturio. A maioria das
terras agrcolas estava dividida em reas chamadas feudos. Um feudo abrangia uma
aldeia e uma grande extenso de terra arvel que a circundava. A terra arvel era
dividida em duas partes: uma ficava pertencente ao senhor e a outra ficava
disposio dos servos para produzirem seu sustento. O servo era obrigado a
trabalhar dois oi trs dias por semana nas terras do senhor, sem pagamento algum.
Quando havia pressa, primeiro devia colher os produtos das terras do senhor, no
importando quantos dias fossem necessrios para a colheita.
2.12.2.1 Cresce o Comrcio, Muda o Trabalho
Durante a maior parte da Idade Mdia, praticamente no existia o
comrcio como conhecemos hoje, apenas um intercmbio de mercadorias. Algum
poderia no ter l suficiente para fazer seu vesturio, mas ter vinho de sobra, e
ento trocava alguns gales pela l que precisava. O comrcio cresceu. Este fato provocou profundas mudanas na
sociedade feudal. A riqueza, que era medida pela quantidade de terras que a pessoa
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possua, passou no final da Idade Mdia a ser medida pelo dinheiro. Alm disso, a
expanso do comrcio provocou tambm o crescimento das cidades.
2.12.2.2 Os Artesos e suas Corporaes
O progresso das cidades e o uso do dinheiro fizeram com que os
camponeses, que tinham habilidade para fabricar algum produto, pudessem
abandonar a agricultura e viver de seu ofcio. Se o arteso fosse bom trabalhador e
se tornasse conhecido entre os moradores da cidade, seus produtos seriam
procurados e ele poderia aumentar a produo e contratar um ou dois ajudantes.
2.12.3 A Revoluo Industrial
A inveno de mquinas para substituir o trabalho humano diminuiu ainda
mais a importncia da uno dos artesos. Com as mquinas vieram as fbricas,
com sua organizao eficiente e a diviso de trabalho. O sistema fabril provocou um
grande aumento na produo.
Com a Revoluo Industrial e o surgimento das grandes fbricas,a a partir
do sculo XVIII, a explorao do trabalho humano atingiu limites inacreditveis: os operrios, inclusive mulheres e crianas, eram obrigados a trabalhar, em mdia, 85
horas por semana. Alm do excessivo nmero de horas de trabalho, as condies
eram precrias.
2.12.3.1 Novas Idias
Em contrapartida explorao do trabalho humano, surgiram novas
idias, principalmente com Karl Marx. Marx propunha que os meios de produo
fbricas, mquinas, matrias-primas fossem de propriedade de todo o povo.
Os trabalhadores, por sua vez, passaram a se organizar em sindicatos para defender seus interesses e perceberam que, embora fracos como indivduos,
poderiam tornar-se fortes quando unidos.
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A partir dessas novas idias sobre o trabalho e graas aos movimentos
trabalhistas, a classe trabalhadora passou a ter maior importncia social e poltica.
2.13 OS DOIS MERCADOS
O dinheiro que os indivduos gastam como consumidores ganho por
eles prprio quando agem como fatores de produo. Essa conexo de
consumidores e fatores de produo mostra-nos um outro aspecto do mercado: o
fato de que duas atividades (a compra pelos indivduos e a venda de fatores de
produo) tm lugar no mercado e que essas atividades tm lugar em dois
mercados.
O indivduo, ao fazer compras visando satisfazer suas necessidades
particulares, ir procurar um lugar no mercado em que as transaes envolvam bens
e servios. Os que buscam um lugar para ganhar dinheiro iro procurar um lugar no
mercado em que as transaes envolvem exclusivamente servios de outros
indivduos como eles prprios.
No se compra recursos naturais, trabalho ou capital num armazm, ou
bens e servios de consumo numa agncia de empregos, num escritrio imobilirio
ou num banco.
Falta esclarecer um aspecto do mercado: ele no engloba apenas
participantes individuais, sejam consumidores ou fatores de produo, mas engloba
tambm a instituio chamada empresa.
Qual o papel desempenhado pelas empresas?
Olhando o luxo, percebemos imediatamente que seu papel central, pois
no mercado em que os indivduos buscam bens e servios, vemos que os
vendedores dos mesmos so, em sua maior parte, empresas.
Na outra parte do mercado, onde os fatores de produo oferecem seus
servios, vemos que os compradores desse mercado tambm so as empresas.
Assim, as empresas funcionam como elos na cadeia circular j observada,
adquirindo os recursos naturais, trabalho e capital e vendendo bens e servios.
A prxima figura nos ajuda a visualizar esse fluxo de transaes e nos diz
como analisar a complexidade do processo e mercado.
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Para solucionar o problema econmico vamos seguir o caminho mais
fcil. Primeiro, devemos estudar o mercado de bens e servios, pois ele certamente
est ligado tarefa de garantir sociedade a produo que ela necessita.
Passamos ento para o mercado de fatores, pois sem dvida esse mercado
aumentar nossa viso quanto ao problema de quem ser capaz de pedir tais bens
e servios. E finalmente, vamos investigar a instituio central que a empresa, pois
a esta o foco de energia e organizao em que so determinadas as tcnicas da
sociedade.
O FLUXO CIRCULAR NUMA VISO MICROECONMICA
$$$$$$$ $$$$$
$$$ $$$$$$
$$$$ $$$$$$
$$$$$$$ $$$$$$
$$$$ $ $ $ $
A FAMLIA COMO CONSUMIDORA
A FAMLIA COMO FATOR DE PRODUO
A EMPRESA COMO VENDEDORA DE BENS E SERVIOS
A EMPRESA COMO EMPREGADORA DE FATORES
O MERCADO DE FATORES
O MERCADO DE BENS E
SERVIOS
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3 A ECONOMIA E A PRODUTIVIDADE
Produtividade mais um problema administrativo do que econmico. A
maior ou menor produtividade uma questo de organizao do trabalho, de
engenharia industrial (processos, logstica, etc.).
Depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) muitos pases passaram
a se preocupar com a produtividade. Por volta de 1950, sete trabalhadores
japoneses produziam o mesmo que um norte-americano. Em 1977, a produo de
dois japoneses era igual de um operrio norte-americano. Em 1978, o ndice de
produtividade do Japo aumentou 8% e o dos Estados Unidos 0,3%.
Produtividade uma unidade de medida ou valor expresso pela relao
entre o insumo e o produto (do Ingls input-output)
De acordo com a definio, temos:
PRODUTIVIDADE = PRODUTO _ INSUMO4
A produtividade pode ser analisada sob o aspecto quantitativo e
qualitativo.
Por exemplo: uma empresa industrial cuja produo mensal atinja o valor
de R$ 90.000,00, empregando insumos calculados em R$ 45.000,00, ter um ndice
de produtividade igual a 2:
___R$ 90.000,00__ = 2 R$ 45.000,00
Para uma anlise mais precisa da produtividade podemos calcul-la
considerando isoladamente os trs grupos de insumos: natureza, capital e trabalho.
4 Insumo - s.m. Neologismo criado para traduzir a expresso inglesa input. Que abrange todos os recursos gastos ou investidos para a obteno de determinado resultado (output) da produo.
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As matrias-primas so insumos da natureza. Mquinas, equipamentos e
instalaes pertencem ao grupo de capital. A mo de obra direta e indireta
representa o grupo de trabalho. A produtividade de cada um desses grupos pode ser
calculada conforme segue:
Podemos tambm calcular a produtividade do trabalhador da seguinte
forma:
Alm das frmulas mencionadas, a produtividade pode ser ainda
calculada de vrias maneiras. Um dos clculos utilizados, principalmente pelas
indstrias e que permite uma anlise mais detalhada da produtividade, o clculo
custo-minuto.
3.1 CUSTO OPERACIONAL DA EMPRESA
Clculo do custo-minuto:
Volume lquido do faturamento 596.108,14
( - ) Custo das mercadorias vendidas 233.594,50
( + ) Resultado do perodo (43.209,47)
Custo operacional da empresa 319.304,17 Dias do ano .............................................365
Domingos ..................................................52
PRODUTIVIDADE DA NATUREZA = VALOR DA PRODUO ___ ! VALOR DA MATRIA-PRIMA PRODUTIVIDADE DO CAPITAL = QUANTIDADE PRODUZIDA___ OU VALOR DA PRODUO ____ NMEROS DE MQUINAS VALOR DAS MQUINAS, EQUIPAMENTOS E INSTALAES PRODUTIVIDADE DO TRABALHO = _ QUANTIDADE PRODUZIDA___ HOMENS-HORA
PRODUTIVIDADE DO TRABALHADOR = __ QUANTIDADE PRODUZIDA___ NMERO DE TRABALHADORES
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Sbados .....................................................52
Feriados .......................................................8
Total de dias a descontar .........................112
Total de dias de trabalho ..........................253
Horas de trabalho (253x8) .....................2.024
Minutos de trabalho (2024 x 60) ......121.440
Custo-minuto
Custo operacional/total de minutos de trabalho ......... 2,62 Minutos perdidos por dia ............................................................25
Total de minutos perdidos por anos (253x 25) .......................6.325
Valor dos minutos perdidos por ano
(custo do minuto x total de minutos perdidos) ...................16.571,50
Perda potencial de produtividade (minutos perdidos x 100/minutos de trabalho) .............. 5,2%
Um ndice de produtividade maior ou menor no corresponde
necessariamente melhor ou por produtividade; por isso, alm da anlise
quantitativa, preciso fazer a anlise qualitativa.
Em pocas de crise muitas empresas diminuem quadros de pessoal,
supondo que a diminuio da mo-de-obra possa melhorar os ndices de
produtividade. No podemos esquecer que os Recursos Humanos so os nicos
que reagem, isto , so os que tm condies de encontrar e viabilizar alternativas
produtivas.
A produtividade empresarial mais uma questo de organizao e
mtodos. As organizaes mais eficazes e que utilizam os mtodos mais eficientes
so aquelas cujos ndices de produtividade so constitudos de valores quantitativos
e qualitativos.
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4 FUNDAMENTOS DA MACROECONOMIA
Assuntos corriqueiros esto despertando os interesses da populao com
o objetivo de entender melhor as manchetes dos jornais do dia: segundo o IBGE, o
crescimento da economia havia sido pfio. Os juros hoje esto altos, mas estavam
ainda mais elevados no incio do governo FHC. O que demanda agregada? A
inflao, que antes era de mais de 1.000% ao ano, agora est domada, pos tem
apresentado abaixo de 10% ao ano.
4.1 MEDINDO O PRODUTO DO PAS
O principal objeto da macroeconomia estudar os elementos que
determinam o nvel de produo, do emprego e dos preos (inflao). H perodos
em que a economia consegue fazer com que a produo e o consumo sejam
elevados, quando os investimentos crescem e o nvel de desemprego baixo.
Considera-se, nessa situao, que est havendo prosperidade nacional e que h
crescimento econmico. H, tambm, o inverso: observa-se queda da produo,
baixo consumo, desemprego em alta e desestmulo aos investimentos.
Determinar o nvel de produo (e, conseqentemente, de emprego dos
fatores de produo) o mesmo que medir o crescimento (ou decrscimo) da
economia. esse um dos grandes objetivos da macroeconomia. Tendo em vista que
na produo global de um pas entram os mais variados tipos de produtos e servios
(cimento, po, geladeira, carnes, sapatos, bananas, televiso, milho, soja, trigo, etc.)
seria muito difcil agrega-los, pois no tem sentido somar sapatos com carnes, ou
milho com soja. Para resolver esse problema de juntar tudo, de obter um nico
indicador que inclusse todos os bens e servios, os economistas criaram o conceito
de produto.
Com o intuito de avaliar o nvel de produo de um pas que se calcula o
produto, o qual pode ser avaliado sob duas ticas: o produto interno bruto e o
produto nacional bruto. Ambos so representados por um nico nmero, que
procura expressar o nvel de atividade econmica em todos os setores, ou seja, a
produo de todos os bens e servios (BS) de um pas num determinado ano.
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4.2 CONCEITOS DE RENDA (RN) E PRODUTO NACIONAL (PNB)
4.2.1 Renda Nacional
Todos os pases procuram medir o resultado de suas atividades
econmicas e essa medio pode ser feita atravs do clculo da renda nacional.
Renda nacional a soma das rendas ou receitas recebidas por todas as
pessoas em um ano, ou seja, a soma total dos salrios, juros, lucros, aluguis e
renda da terra obtida pelos cidados de um pas, durante o perodo de um ano.
A renda nacional depende da maior ou menor produtividade do trabalho e
da maior ou menor rentabilidade de todos os fatores da produo.
4.2.2 Renda Per Capita
Dividindo a renda nacional pelo nmero de habitantes, temos a renda per
capita de um pas. Renda per capita o que cada ganharia se dividssemos
igualmente o valor da produo, em um ano, entre todas as pessoas do pas.
A renda per capita um dos critrios para se avaliar o desenvolvimento
econmico de um pas, mas no pode ser o nico. Portanto, alm da renda nacional,
devemos levar em conta certos dados indicativos do padro de vida da populao
em geral: mdia de vida dos habitantes, mortalidade infantil, leitos de hospital,
percentual de alfabetizao, consumo de energia per capita, meios de transporte,
etc.
A renda per capita do Brasil muito baixa em relao aos povos
economicamente mais desenvolvidos.
4.2.3 Para que Serve o Clculo da Renda
As principais vantagens so:
medir o crescimento econmico do pas;
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avaliar a contribuio dos diferentes setores da produo na atividade econmica, tais como a agricultura, a pesca, construo civil, do
comrcio e da indstria na produo de riquezas;
conhecer a distribuio da renda, isto , o modo como repartido o total que o pas produz.
4.2.4 Lucro
Lucro a remunerao do empresrio, representado por um ganho
aleatrio igual diferena entre o preo de venda e o preo de custo dos produtos e
servios. Se no houvesse a possibilidade de lucro, o empresrio no correria o
risco de aplicar seu capital em determinada atividade produtiva.
Karl Marx explicou a origem do lucro atravs da teoria denominada mais-
valia. Segundo a teoria, no regime capitalista, o capital tende a aumentar
indefinidamente pela explorao que o sistema lhe permite exercer sobre o trabalho.
Assim, o capital formado da mais-valia, que consiste no seguinte:
O trabalhador, em qualquer processo de produo, transforma matria-prima em produtos, empregando determinados meios de produo. O valor do produto formado pelo valor dos meios de produo mais o novo valor que o operrio, ao trabalhar, est criando. Do trabalho, portanto, sai o nico valor que se cria em cada processo de pr