apostila teórica cosmetologia 2013-02

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  • www.farmaciaunipac.com.br

    APOSTILA TERICA DE

    COSMETOLOGIA Prof. Herbert Cristian de Souza

    Curso de Farmcia UNIPAC Araguari 2013-02

    http://www.farmaciaunipac.com.br/
  • SUMRIO

    1 INTRODUO ................................................................................................................................... 4

    2 CLASSIFICAO DE PRODUTOS COSMTICOS ..................................................................................... 6

    3 COMPONETES BSICOS DE UMA FORMULAO COSMTICA ............................................................. 8

    3.1 VECULOS ...................................................................................................................................... 9 3.1 UMECTANTES ................................................................................................................................ 9 3.2 EMOLIENTE ................................................................................................................................... 9 3.3 ESPESSANTES/VISCOSANTES ........................................................................................................ 10 3.3.1 AGENTES ORGNICOS ............................................................................................................................... 10 3.3.2 AGENTES INORGNICOS (ELETRLITOS) ....................................................................................................... 10 3.4 TENSOATIVOS .............................................................................................................................. 10 3.5 CLASSIFICAO ................................................................................................................................ 11 3.5.1 TENSOATIVOS ANINICOS .......................................................................................................................... 11 3.6 HIDRATANTE ............................................................................................................................... 14 3.6.1 EXERCCIOS SOBRE OS HIDRATANTES ........................................................................................................... 14 3.7 ALCALINIZANTES, ACIDIFICANTES E NEUTRALIZANTES. .................................................................. 14 3.8 CONSERVANTES ........................................................................................................................... 14 3.8.1 LISTA DE CONSERVANTES PERMITIDOS ......................................................................................................... 15 3.9 ANTIOXIDANTES .............................................................................................................................. 15 3.9.1 ANTIOXIDANTES VERDADEIROS: INTERVM NAS CADEIAS DE RADICAIS LIVRES ...................................................... 16 3.9.2 ANTIOXIDANTES QUE ATUAM SOFRENDO OXIDAO (AGENTES REDUTORES) ...................................................... 16 3.9.3 ANTIOXIDANTE QUE ATUA POR MECANISMOS PREVENTIVOS ............................................................................ 16 3.10 FRAGRNCIAS ............................................................................................................................ 16 3.11 CORANTES ................................................................................................................................. 17 3.12 EXERCCIOS DE FIXAO ................................................................................................................... 17

    4 NOMENCLATURA DE INGREDIENTES COSMTICOS (INCI) ................................................................. 18

    4.1 EXERCCIOS AVALIATIVOS ............................................................................................................ 19

    5 PELE ............................................................................................................................................... 22

    5.1 FLORA CUTNEA .......................................................................................................................... 23 5.2 FILME OU MANTO HIDROLIPDICO ................................................................................................ 23 5.3 VDEO AULA: PELE A EMBALAGEM PERFEITA .............................................................................. 24 5.4 EPIDERME ................................................................................................................................... 25 5.5 DERME ........................................................................................................................................ 26 5.8 APNDICES EPIDRMICOS ............................................................................................................ 29 5.8.1 GLNDULAS SEBCEAS ........................................................................................................................ 29 5.8.2 GLNDULAS SUDORPARAS ................................................................................................................. 30 5.9 HIPODERME ................................................................................................................................ 31 5.10 TIPOS DE PELE ............................................................................................................................ 31 5.11 MELANINA CLULAS DE PIGMENTO .......................................................................................... 32 5.11.1 DISCROMIAS ...................................................................................................................................... 33 5.12 GRAU DE ACIDEZ DA PELE ........................................................................................................... 34

  • 6 CABELO E PLO ............................................................................................................................... 35

    6.1 DIFERENAS TNICAS ........................................................................................................................ 37 6.2 ESTUDO DIRIGIDO ............................................................................................................................ 38

    7 XAMPUS (SHAMPOO) ..................................................................................................................... 40

    7.1 COMPONENTES BSICOS DOS XAMPUS .................................................................................................. 40 7.1.1 TENSOATIVOS .......................................................................................................................................... 40 7.1.2 ESPUMA ................................................................................................................................................. 41 7.1.3 ESPESSANTES ....................................................................................................................................... 42 7.1.4 SUAVIZANTES OU CONDICIONADORES ............................................................................................... 42 7.1.5 AGENTES QUELANTES .......................................................................................................................... 42 7.1.6 PRESERVANTES CONSERVANTES ...................................................................................................... 42 7.1.7 PEROLIZANTES - OPACIFICANTES ......................................................................................................... 42 7.1.8 SUBSTNCIAS ESPUMANTES ............................................................................................................... 43 7.1.9 AJUSTADORES DE PH ........................................................................................................................... 43 7.1.10 CORANTES E ESSNCIAS ..................................................................................................................... 43 7.2 AVALIAO DAS PROPRIEDADES DOS XAMPUS ............................................................................. 43

    8 CONDICIONADORES ........................................................................................................................ 44

    9 DESODORANTES E ANTIPERSPIRANTES ............................................................................................ 45

    9.1 MECANISMO DE SECREO .......................................................................................................... 46 9.2 EXERCCIOS DE FIXAO ..................................................................................................................... 48

    10 PROTETOR SOLAR ........................................................................................................................... 49

    10.1 RADIAO ULTRAVIOLETA E A PELE ............................................................................................ 49 10.2 MELANOGNESE ........................................................................................................................ 50 10.3 TIPOS DE FILTROS ....................................................................................................................... 50 10.4 FATOR DE PROTEO SOLAR (FPS) .............................................................................................. 51 10.5 EFICCIA DOS PROTETORES ........................................................................................................ 52 10.6 EXCIPIENTES UTILIZADOS ........................................................................................................... 53 10.7 CARACTERSTICAS SENSORIAIS ................................................................................................... 53 10.8 BRONZEAMENTO / AUTOBRONZEAMENTO ................................................................................. 53

    11 ENVELHECIMENTO DA PELE ............................................................................................................ 54

    11.1 MECANISMOS DE CORREO ..................................................................................................... 57 11.1.1 PREENCHIMENTO CUTNEO ..................................................................................................................... 57 11.1.2 TOXINA BOTULNICA - BOTOX ................................................................................................................ 58 11.2 ACNE ......................................................................................................................................... 58 11.3 PEELING ..................................................................................................................................... 60 11.3.1 PEELING FSICO .................................................................................................................................. 60 11.3.2 PEELING QUMICO ............................................................................................................................. 61 11.3.3 PEELING BIOLGICO .......................................................................................................................... 61

    12 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ........................................................................................................ 62

  • 4 Apostila Terica de Cosmetologia - Prof. Herbert Cristian de Souza

    1 INTRODUO

    Definio de cosmetologia

    a) a cincia que serve de suporte fabricao dos produtos de beleza e permite verificar as suas propriedades;

    b) a cincia e a arte que tem por objetivo o cuidado e a melhoria dos caracteres estticos da pele e seus anexos, atravs de formulaes de produtos naturais ou sintticos, os cosmticos.

    Histria Cosmtico era o nome dado s substncias naturais destinadas a suavizar o cabelo e dar-lhe brilho. Aps a 1 Guerra Mundial, o domnio dos produtos de beleza aumentou e o nome cosmtico tomou sentido mais amplo, designando toda substncia de origem animal, vegetal e mineral, utilizada para embelezar a pele e seus anexos (cabelos, unhas, dedos, etc.). A busca da beleza e da juventude gera exigncias cada vez maiores dos pacientes no desenvolvimento de novas tcnicas cirrgicas e de novos procedimentos estticos, pois, com o avano da idade, a pele comea a sofrer alteraes como aparecimento de rugas, diminuio da espessura da epiderme, ressecamento, que modificam seu aspecto, o qual caracterizado pelo envelhecimento cutneo. A aparncia pessoal hoje requisito de grande importncia em todos os segmentos, levando a populao atual a dar maior valor a sua aparncia, e buscar nos cosmticos as ferramentas para essa realizao.

    A natureza expressa sua perfeio atravs dos trs reinos naturais: mineral, vegetal e animal. Em todos h manifestao do ciclo vital que envolve concepo, crescimento, maturidade, envelhecimento e colapso. A diferena entre os trs reinos o grau de complexidade de suas estruturas. Atualmente o homem entendeu que deve atuar em harmonia com seus processos vitais e buscar nestes reinos os recursos naturais para a manuteno e aprimoramento da esttica de seu corpo.

    A cosmtica e os bioativos tm como proposta atuar nas estruturas extremas do corpo humano (pele e cabelos) de forma idntica aos processos vitais, auxiliando o metabolismo para que se possa prolongar a juventude, retardando o envelhecimento. Cosmetologia a cincia que serve de

  • 5 Apostila Terica de Cosmetologia - Prof. Herbert Cristian de Souza

    suporte fabricao dos produtos de beleza e permite verificar as suas propriedades. A utilizao tpica de itens que tenham identidade com a pele e cabelos baseia-se em:

    Fornecimento de precursores biolgicos;

    Catlise de reaes vitais;

    Seqestro de radicais livres;

    Manuteno do teor de gua;

    Formao de filmes protetores;

    Reestruturao de estruturas danificadas;

    Lubrificao adequada dos tecidos;

    Condicionamento e brilho. O conhecimento das leis naturais e a correta utilizao dos bioativos fazem da cosmtica moderna uma opo no atendimento das necessidades dos homens. Ao atender tais expectativas, os cosmticos esto sendo transformados em verdadeiros agentes de tratamento, com propostas e sugestes que podem modificar a estrutura e a atividade da pele. Fato este que confronta a legislao vigente, a qual considera cosmticos como preparaes que justamente no modificam a estrutura e atividade da pele. Foi neste momento que o termo Cosmecutico foi criado. Existem vrias substncias que j h tempos vem sendo utilizadas em cosmticos e que esto sendo investigadas, revelando ter alta bioatividade podendo, portanto, serem classificadas como substncias mdicas. Normalmente produtos cosmticos os quais no necessitam de interveno do governo podem ser produzidos muito mais rapidamente, sendo ento, por este motivo uma desvantagem para a indstria cosmtica se estes ingredientes forem classificados como substncia ativa. Definies de Cosmticos

    a) So produtos que servem para higienizao, manuteno, proteo e decorao da pele e dos cabelos, que se apresentam livres de patologias.

    b) So formulaes de aplicao local, baseados em conceitos cientficos, destinados manuteno e ao melhoramento da pele humana e dos seus anexos, sem interferncia nas funes vitais, sem irritar, sensibilizar ou provocar fenmenos secundrios indesejveis.

    c) O conceito de cosmtico como produto de tratamento de beleza compreendido de uma forma cada vez mais abrangente, onde se procura aliar propriedades verdadeiramente teraputicas nesses produtos, atravs do uso de ativos cada vez mais eficazes, resultando na moderna cosmecutica, a cosmtica teraputica.

    d) um produto cosmtico s vai ser efetivamente um produto de beleza em um organismo saudvel e equilibrado

  • 6 Apostila Terica de Cosmetologia - Prof. Herbert Cristian de Souza

    2 CLASSIFICAO DE PRODUTOS COSMTICOS Cosmticos, Produtos de Higiene e Perfumes so preparaes constitudas por substncias naturais ou sintticas, de uso externo nas diversas partes do corpo humano, pele, sistema capilar, unhas, lbios, rgos genitais externos, dentes e membranas mucosas da cavidade oral, com o objetivo exclusivo ou principal de limp-los, perfum-los, alterar sua aparncia e ou corrigir odores corporais e ou proteg-los ou mant-los em bom estado. Os grupos de produtos esto enquadrados em quatro categorias e classificados quanto ao grau de risco (Resoluo RDC n 79, de 28 de agosto de 2000) a que oferecem dados a sua finalidade de uso, para fins de anlise tcnica, quanto do seu pedido de registro, a saber: A - Categorias:

    Produto de Higiene Cosmtico Perfume Produto de Uso Infantil

    B - Grau de Risco:

    Grau 1 - Produtos com risco mnimo, ou seja, so produtos de higiene pessoal, cosmticos e perfumes cuja formulao se caracteriza por possurem propriedades bsicas ou elementares, cuja comprovao no seja inicialmente necessria e no requeiram informaes detalhadas quanto ao seu modo de usar e suas restries de uso, devido s caractersticas intrnsecas do produto.

    Grau 2 - Produtos com risco potencial, ou seja, so produtos de higiene pessoal,

    cosmticos e perfumes cuja formulao possui indicaes especficas, cujas caractersticas exigem comprovao de segurana e/ou eficcia, bem como informaes e cuidados, modo e restries de uso.

    Os critrios para essa classificao foram definidos em funo da finalidade de uso do produto, reas do corpo abrangidas, modo de usar e cuidados a serem observados, quando de sua utilizao. Observaes importantes Os produtos classificados como Grau 1 que apresentarem os seguintes benefcios (ou assim entendidos), devero anexar, no momento da petio de Notificao, a comprovao necessria: COMPROVAO DE EFICCIA/SEGURANA (FINALIDADE E MENES NA ROTULAGEM)

    Firmeza da Pele, Ao Anti-sptica

  • 7 Apostila Terica de Cosmetologia - Prof. Herbert Cristian de Souza

  • 8 Apostila Terica de Cosmetologia - Prof. Herbert Cristian de Souza

    3 COMPONETES BSICOS DE UMA FORMULAO COSMTICA A grande dificuldade encontrada em classificar e estudar os diversos itens que compem as preparaes cosmticas sob variadas formas de apresentao, nos impulsiona a agrupar as matrias-primas utilizadas e a partir destes grupos, discutirem as diversas possibilidades de composio que estas preparaes esto sujeitas. As matrias-primas so utilizadas nas formulaes de acordo com suas propriedades funcionais e fsico-qumicas. Estas propriedades so derivadas de suas respectivas estruturas qumicas. As matrias-primas so classificadas:

    Quanto origem:

    Inorgnicos

    Orgnicos

    Quanto constituio qumica

    Ester

    ter

    Aldedo

    Cetona

    cido carboxlico

    Amina

    Amida

    Quanto funo:

    Conservantes, Veculos/excipientes, Umectantes, Emolientes, Espessantes, viscosantes, Neutralizantes, Detergentes, Emulsionantes, Espumantes, Sobreengordurantes, Antioxidantes, Sequestrantes, Fragrncias, Colorantes

    EXEMPLO DE UMA FORMULAO:

  • 9 Apostila Terica de Cosmetologia - Prof. Herbert Cristian de Souza

    3.1 VECULOS

    o componente que geralmente aparece em maior quantidade na frmula e que tem a funo de receber os outros componentes, isto , nele so incorporadas estas outras substncias. Devem ter grande capacidade de solubilizao ou de disperso, conforme o caso. A escolha do tipo de veculo deve se basear na compatibilidade com os outros componentes e tambm no tipo de pele a que se destina o produto. Podem ser: gua, lcool, mistura hidroalcolica, leo, glicerina, loes base, cremes base.

    3.1 UMECTANTES

    So substncias higroscpicas que tem o objetivo de reduzir a dessecao superficial pelo contato com o ar (das frmulas) e sobre a pele forma uma pelcula que permanece sobre esta aps a aplicao do produto favorecendo a hidratao. Estes reduzem a velocidade da perda da gua, porm este efeito pode ser reforado com adequado nvel de vedao dado pelas tampas das embalagens. Podem ser:

    Poliis (glicois): lcoois contendo mais de um grupo OH, solveis em gua, possuem toque untuoso (pegajoso). Ex.: propilenoglicol, glicerina, sorbitol

    Poliglicois: So solveis e gua, seu estado fsico depende do grau de etoxilao (PM). Ex.: polietilenoglicol

    Carboidratos: aldedos ou cetonas que so ao mesmo tempo poliis. Ex.: Aucares (glicose, frutose), amido, celulose.

    Derivados do cido carboxlico: ac. Carb. Reagem com bases e formam Sais Orgnicos com capacidade de hidratao. Ex.: Lactato de Sdio (ac. Ltico + NaOH), Glicolato de Sdio

    3.2 EMOLIENTE

    So responsveis pelo espalhamento e lubrificao da pele e cabelo, que juntamente com os umectantes sero responsveis pela hidratao da pele e cabelo. So responsveis nas formulaes por consistncia e aparncia.

    EMOLIENTE ESPALHABILIDADE CARTER OLEOSO

    Vaselina Baixa Alto

    leo de amndoa Baixa Alto

    leo mineral Baixa Alto

    Triglicerdeo cprico-caprlico Mdia Mdio

    Esqualano Mdia Mdio

    lcool olelico Mdia Mdio

    Miristato de miristila Mdia Mdio

    Dimeticone ou fluido de silicone Mdia Mdio

    Palmitato de isopropila Alta Baixo

    Adipato de butila Alta Baixo

    ter dicaprlico Alta Baixo

    PPG-15 estearil ter Alta Baixo

  • 10 Apostila Terica de Cosmetologia - Prof. Herbert Cristian de Souza

    3.3 ESPESSANTES/VISCOSANTES

    Substncias responsveis por aumentar a viscosidade das formulaes. Os espessantes podem ser orgnicos e inorgnicos. Os espessantes orgnicos dividem-se por sua vez em 2 classes:

    3.3.1 Agentes orgnicos

    (1) De fase oleosa

    So espessantes de fase oleosa, que so insolveis em gua e solveis em leo. So empregados em cremes, loes e condicionadores. Exemplos: Alcois graxos; Monoestearato de glicerla; steres de alcois e cidos graxos; Ceras naturais e minerais, leos e gorduras.

    (2) De fase aquosa

    Conferem viscosidade fase aquosa. So normalmente insolveis na fase oleosa. Exemplos: CMC carboximetilcelulose; HEC - hidroxietilcelulose natrosol; Vinlicos: Carbmero, PVP, lcool polivinlico; Polissacardeos: amido, agar-agar, gomas e alginatos;

    3.3.2 Agentes Inorgnicos (eletrlitos)

    Cloreto de sdio Citrato de sdio Fosfato de sdio ou amnio

    3.4 TENSOATIVOS

    Os tensoativos apresentam a propriedade de reduzir a tenso superficial da gua e de outros lquidos (da a origem de seu nome, vide Box abaixo). Apesar de possurem uma composio qumica muito varivel, apresentam uma caracterstica comum: sua molcula apresenta um componente hidrfilo e outro hidrfobo (Figura). Figura 1 - O esquema representa uma molcula anfiptica, isto , uma molcula que possui uma poro apolar que interage com lipdios e uma poro polar que interage com a gua.

  • 11 Apostila Terica de Cosmetologia - Prof. Herbert Cristian de Souza

    Sua ao, portanto, na maioria das vezes equilibrada pela associao com outros aninicos mais leves ou com outros tensoativos tais como os anfteros ou os no inicos. As molculas dos tensoativos so compostas principalmente por:

    1. Parte hidrfoba ou hidrofbica: cadeias de hidrocarbonetos alifticos linerares ou ramificados. So insolveis em gua.

    a. CH3-CH2-(CH2)N b. N = geralmente entre 10 e 18

    2. Parte hidrfila ou hidroflica: grupos cidos ou bsicos. So solveis em gua.

    a. COOH: grupo carboxila b. SO3H: grupo sulfnico c. OSO3H: grupo monoster sulfrico d. -NH2: amina primria e. =NH: amina secundria f. =N: amina terciria g. =N+: amina quaternrio

    justamente esta dupla afinidade da molcula que determina a tendncia destes compostos se concentrarem nas interfaces. Os tensoativos apresentam a propriedade de reduzir a tenso superficial da gua e de outros lquidos. Podem ser classificados em aninicos, catinicos, no inicos e anfteros.

    3.5 Classificao

    3.5.1 Tensoativos aninicos

    Os tensoativos aninicos so os normalmente empregados nos xampus. Sua famlia grande, mas os que se acham mais frequentemente na base de lavagem dos xampus so os sulfatos ou ter sulfato de lcool graxo. So limpadores excelentes e ensaboam bem. Mas sua ao deslipidante no deve ser levada ao extremo porque, se a queratina do cabelo suporta bem esta deslipidao, o mesmo no ocorre com o couro cabeludo. Os sabonetes entram nesta categoria, mas no representam um bom mtodo de limpeza dos cabelos, danificando-os, pois so extremamente alcalinos em soluo. Alm disso, eles formam com o calcrio da gua, sais de clcio insolveis que se depositam nos cabelos, tornando-os sem

    BOX INFORMATIVO TENSO SUPERFICIAL Tenso superficial definida como a fora necessria para romper uma superfcie. Ela determinada pelo grau de coesividade entre as molculas que formam esta superfcie. A gua lquida forma uma extensa rede de pontes de hidrognio que lhe confere uma grande tenso superficial. Quando um tensoativo adicionado gua, as extremidades hidroflicas que se espalham na superfcie competem pelas pontes de hidrognio que contribuem para a coesividade da superfcie. Como resultado, a tenso superficial diminuda.

  • 12 Apostila Terica de Cosmetologia - Prof. Herbert Cristian de Souza

    brilho, speros e difceis de desembaraar. So exemplos de tensoativos aninicos: lauril sulfato de sdio (Figura), lauril ter sulfato de sdio, lauril ter sulfato de trietanolamina (Figura). Figura 2 Exemplo de tensoativo aninico bastante usado em xampus: Lauril sulfato de sdio

    Figura 3 Outro exemplo de tensoativo aninico: Lauril sulfato de trietanolamina

    3.5.1.1 Tensoativos catinicos

    Esses tensoativos tm uma grande afinidade com a queratina, qual conferem maciez e brilho. Eles facilitam o desembaraar dos cabelos e diminuem a eletricidade esttica. Mas esta afinidade os torna difceis de separar do cabelo no enxge, deixando-os mais pesados. Eles no so muito utilizados e so incompatveis com os aninicos. Na prtica, os tensoativos catinicos so formulados com no-inicos. Podemos citar como exemplos de tensoativos catinicos as seguintes molculas: Sais quaternrios de amnio Cloreto de cetil trimetril amnio Cloreto de dimetil benzil amnio Cloreto de benzalcnico Polmeros Quaternizados Polyquartenium 10 Polyquartenium 7 Polyquartenium 44 Figura 4 Estrutura esquemtica da molcula de cloreto de distearildimnio.

  • 13 Apostila Terica de Cosmetologia - Prof. Herbert Cristian de Souza

    3.5.1.2 Tensoativos anfteros

    Estes tensoativos apresentam um poder detergente e espumante menor que os aninicos, mas em geral, so muito bem tolerados. Devem ser associados a outros tensoativos para modular as propriedades de lavagem e espuma. Eles entram de preferncia na composio dos xampus para uso freqente e xampus para bebs. A betana (cidos graxos clorados e trimetilamina), a cocoamidopropil betana (Figura) e a cocoamidopropil hidroxisultana so exemplos de tensoativos anfteros.

    Figura 5 Estrutura esquemtica da cocoamidopropil betana, um tensoativo anftero.

    3.5.1.3 Tensoativos no-inicos

    So considerados bons emulsionantes, umectantes ou solubilizantes. Muitas vezes esto associados aos tensoativos anfteros ou aninicos pouco agressivos, para fazer deles xampus leves. Eles so considerados como os mais leves dos tensoativos tendo, no entanto, um bom poder detergente, mas um fraco poder de espuma.

    Curiosidade De fato, o poder de espuma, que no correlato ao poder detergente, o no esprito do pblico:

    um xampu que no espume muito tem poucas chances de sucesso. Por outro lado, preciso reconhecer que a quantidade de espuma gerada por um xampu permite dosar a quantidade

    necessria. Tensoativos no-inicos utilizados na indstria cosmtica: alcanolamidas de cidos graxos (MEA, DEA Figura, TEA), polietilenoglicol e derivados.

    Figura 6 Estrutura esquemtica do tensoativo no-inico cocoamida DEA (dietanolamida de cido graxo de coco).

  • 14 Apostila Terica de Cosmetologia - Prof. Herbert Cristian de Souza

    3.6 HIDRATANTE

    So matrias-primas higroscpicas intracelulares, ou seja, substncias que intervm no processo de reposio do teor de gua da pele de maneira ativa. Por isso, diferenciam-se dos umectantes, que so um processo passivo.

    3.6.1 Exerccios sobre os Hidratantes

    1) Conceitue pele seca, pele normal e pele hidratada;

    2) Quais as condies ambientais que levam a desidratao da pele?

    3) Conceitue umectante

    4) Conceitue hidratante

    5) Qual o modo de ao dos umectantes e dos hidratantes na pele e nos produtos

    3.7 ALCALINIZANTES, ACIDIFICANTES E NEUTRALIZANTES.

    So usados em cosmticos para conferir alcalinidade s solues, para neutralizar cidos graxos e obter sabes, umectantes, gis de carbomeros e corrigir pH. Podem ser de origem inorgnica e orgnica. Exemplos: TEA - trietanolamina e NaOH. Os cidos mais usados em cosmticos so os orgnicos. So usados para obteno de sabes e umectantes e correo de pH. Exemplos: cido ctrico e cido fosfrico;

    3.8 CONSERVANTES

    As preparaes cosmticas esto sujeitas a contaminao microbiolgica, seja ela por bactrias ou fungos. Estes so transmitidos por diversas fontes, tais como: gua, insetos, matrias-primas, vidrarias, equipamentos, tanques de armazenagem, embalagens, manipuladores e usurios. Na verdade, quando em pequenas quantidades estas so aceitveis, porm ao extrapolar os limites pr-determinados j so considerados como contaminao e, portanto devem ser evitadas. Os conservantes so, portanto, aquelas substncias que adicionadas aos produtos tem como finalidade preserv-los de danos causados por microorganismos durante a estocagem, ou mesmo de contaminaes acidentais produzidas pelos consumidores durante o uso. Para cada tipo de agente conservante e dependendo da formulao existe uma concentrao mxima permitida que deve ser seguida rigorosamente. Os contaminantes se dividem entre bactrias e fungos.

  • 15 Apostila Terica de Cosmetologia - Prof. Herbert Cristian de Souza

    Os agentes conservantes podem ser utilizados individualmente ou principalmente em associaes, o que assegura maior espectro de atividade, sinergismo e cada um podero estar em menor quantidade gerando possivelmente menos efeitos txicos.

    3.8.1 Lista de conservantes permitidos

    Lista de substncias de ao conservante permitidas para produtos de higiene pessoal, cosmticos e perfumes.

    3.9 Antioxidantes

    Substncias que inibem ou bloqueiam o processo de oxidao dos componentes orgnicos (leos vegetais, gorduras vegetais ou animais, leos essenciais e vitaminas). Estes processos de oxidao podem se manifestar principalmente por modificaes do odor e da cor podendo at provocar irritaes no tecido cutneo. Os componentes mais propensos a sofrerem oxidao so as fragrncias, os corantes, alguns ativos e os leos (emolientes).

  • 16 Apostila Terica de Cosmetologia - Prof. Herbert Cristian de Souza

    3.9.1 Antioxidantes verdadeiros: intervm nas cadeias de radicais livres

    Antioxidante Faixa de concentrao Solubilidade

    BHT butilhidroxitolueno (0,03% a 0,1%) Lipossolvel

    BHA butilhidroxianisol (0,005% a 0,01%) Lipossolvel

    Galato de propila (0,005% a 0,15%) Lipossolvel

    Tocoferol (0,05% a 2%) Lipossolvel

    3.9.2 Antioxidantes que atuam sofrendo oxidao (agentes redutores)

    Antioxidante Faixa de concentrao Solubilidade

    Metabissulfito de Sdio (0,02% a 1,0%) Hidrossolvel

    Bissulfito de Sdio (0,05% a 3,0%) Hidrossolvel

    Ac. Ascrbico (vit. C) (0,1%) Hidrossolvel

    Palminato de Ascorbila (0,01% a 0,2%) Lipossolvel

    3.9.3 Antioxidante que atua por mecanismos preventivos

    Antioxidante Faixa de concentrao Solubilidade

    EDTA (ac. Etilenodiaminotetractico) (0,1%) Hidrossolvel

    3.10 FRAGRNCIAS

    a) Substncias que geram odores agradveis aos produtos; b) Sua escolha deve ser baseada em um consenso entre os corantes, a finalidade e o tipo do

    produto. Deve estar harmonizada com atributos do produto e expectativas do consumidor; c) A constituio de uma fragrncia identificada atravs das notas (odor): notas de cabea ou

    sada, notas de corpo, notas de fundo. A fragrncia uma sucesso de impresses olfativas e no um conjunto homogneo de todas elas;

    d) Cada tipo de fragrncia uma mistura de diferentes funes qumicas e estas matrias primas podem ser de origem natural (animal ou vegetal) e sinttica.

    Tipo de produto Faixa de concetrao

    Antiperspirante 0,5 1,0%

    Sabonete comum 1,0 1,5%

    Sabonete transparente 1,5 3,0%

    Sabonete Lquido 1,0 1,5%

    Talco 0,5 1,0%

    Espuma de banho 1,0 3,0%

    Creme de barbear 1,0%

    Baton 0,5 1,0%

    Shampoo 0,2 0,5%

    Cremes 0,2 0,5%

    Loes 0,2 0,5%

    Condicionadores 0,2 0,5%

    Bronzeadores 0,2 0,5%

  • 17 Apostila Terica de Cosmetologia - Prof. Herbert Cristian de Souza

    3.11 CORANTES

    Substncia responsvel por conferir cor a um produto. De acordo com sua solubilidade podem ser nomeados de corantes ou pigmentos.

    a. Corantes: substncias que desenvolvem seu poder de colorir quando so dissolvidas no meio em que so utilizadas.

    b. Pigmentos: substncias que desenvolvem seu poder de colorir quando so dispersas no meio em que so utilizadas.

    Estes produtos so classificados segundo 2 modos, um europeu (Colour Index) e um norte americano (D&C, FD&C, External D&C). Para a escolha do colorante deve ser consultada a lista da ANVISA que os classifica atravs do Colour Index, indica quais so permitidos em diversas situaes e suas limitaes.

    3.12 Exerccios de fixao

    1) As principais classes de matrias-primas em cosmticos esto listadas abaixo. Em cada uma explique a sua funcionalidade em um cosmtico.

    1. Tensoativos:

    2. Emolientes:

    3. Umectantes:

    4. Hidratantes:

    5. Espessantes:

    6. Conservantes:

    7. Antioxidantes:

    8. Corantes:

    9. Perfumes:

    10. Ativos dermatolgicos:

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    4 NOMENCLATURA DE INGREDIENTES COSMTICOS (INCI)

    Internacional Nomenclature Of Cosmetic IngredientsNomenclatura Internacional de Ingredientes Cosmticos. O INCI um sistema internacional de codificao da nomenclatura de ingredientes cosmticos, reconhecido e adotado mundialmente, criado com a finalidade de padronizar os ingredientes na rotulagem dos produtos cosmticos. O INCI regulado no Brasil pela RDC N 211/05 Anexo III item 1 (Anvisa) e Anexo IV-B-14 e C-13 (rtulo).

    Se no existisse o INCI, os ingredientes cosmticos poderiam ser classificados da seguinte maneira:

    1. Nomes qumicos (IUPAC) (International Union of Pure and Applied Chemistry); 2. Denominao comum internacional (INN International Non-proprietary Name); 3. Denominaes de farmacopias (americana, brasileira, europia); 4. Nomes comerciais (um para cada fornecedor); 5. CAS Chemical Abstracts Service (codificao mundial); 6. NCM Nomenclatura Comum do Mercosul (codificao regional); 7. EINECS European Inventory of Existing Commercial Chemical Substances (inventrio

    europeu das substncias qumicas existentes no mercado); So mais de 9mil ingredientes usados nas formulaes cosmticas e cada ingrediente pode ser descrito de diferentes maneiras. Com a INCI a identificao fica padronizada em nvel mundial! Por exemplo temos o formol:

    NOMES QUMICOS: metanal, formaldedo, aldedo frmico, metil aldedo, oximetileno, oxometano, formalina

    NOMES COMERCIAIS: Karsan, Ivalon, Fanoform, Lysoform

    INCI: FORMALDEHYDE No que respeita rotulagem dos ingredientes utilizados nos corantes cosmticos, deve utilizar-se o nmero do "Colour Index" (CI) ou a denominao prevista no anexo IV. O nmero CI constitui, deste modo, a denominao INCI para este tipo de ingredientes. A classificao dos ingredientes cosmticos pelo INCI importante para haver maior agilidade, preciso, clareza na identificao dos ingredientes, onde no h confuso com sinnimos e diferentes sistemas de nomenclatura, e facilitam o trabalho de localizao de informaes e de orientao para consumidores, profissionais de sade e de vigilncia sanitria. A organizao dos componentes respeita uma ordem seqenciada comeando no ingrediente mais concentrado at ao menos concentrado. Em primeiro lugar aparece muitas vezes a gua, porque quase sempre um dos maiores constituintes. No final costumam encontram-se letras seguidas de nmeros, que indicam os ingredientes usados como corantes ou conservantes tambm apresentados segundo uma escala internacional.

  • 19 Apostila Terica de Cosmetologia - Prof. Herbert Cristian de Souza

    4.1 EXERCCIOS AVALIATIVOS

    Nome do aluno:

    1) Nas seguintes formulaes cosmticas, fornece a funo de cada componente.

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