apostila sociologia - eja fácil

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Educação de Jovens e Adultos Este material é organizado com o objetivo de atender aqueles que desejam completar seus estudos a nível médio de maneira rápida e eficiente. Todo o material foi elaborado com base no PCN (Parâmetro Curricular Nacional) por profissionais altamente qualificados, com especial cuidado a área de educação à distância, podendo o participante, sozinho, estudar, resolver os exercícios e realizar as provas simuladas de avaliação quando houver disponibilidade de tempo. Para sua segurança, este apostila é totalmente pró-ativa e respeita as mais modernas metodologias de aprendizagem, permitindo ao aluno um processo constante de educação. Acreditamos que o entendimento e a reflexão sobre os principais fundamentos da transparência, integridade e respeito permitirá alcançar padrões morais e éticos cada vez mais elevados. Ensino Médio Sociologia

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Educação deJovens e Adultos

Este material é organizado com o objetivo de atender aqueles que desejam completar seus estudos a nível médio de maneira rápida e eficiente.

Todo o material foi elaborado com base no PCN (Parâmetro Curricular Nacional) por profissionais altamente qualificados, com especial cuidado a área de educação à distância, podendo o participante, sozinho, estudar, resolver os exercícios e realizar as provas simuladas de avaliação quando houver disponibilidade de tempo.

Para sua segurança, este apostila é totalmente pró-ativa e respeita as mais modernas metodologias de aprendizagem, permitindo ao aluno um processo constante de educação.

Acreditamos que o entendimento e a reflexão sobre os principais fundamentos da transparência, integridade e respeito permitirá alcançar padrões morais e éticos cada vez mais elevados.

Ensino Médio

Sociologia

Page 2: Apostila sociologia - eja fácil

Dicas & Sugestões* Marque suas dificuldades de entendimento para que pesquise suas respostas;

* Procure praticar seus conhecimentos em sua vida pessoal (em casa, com parentes, amigos e colegas de estudo);

* Faça sua prova com atenção. Não marque prova indo ou vindo de compromissos importantes. Tudo começa com bom planejamento.

* Verifique todas as normas de procedimentos do seu curso. É indispensável este domínio pessoal para seu melhor aproveitamento.

* Leia com atenção, descontração e interesse cada capítulo. Ler pouco não é recomendável, mas ler em demasia não oferece segurança. Reler o mesmo assunto é uma prática saudável e melhora a assimilação dos assuntos;

* Seja criativo nas leituras. Crie exemplos. Imagine situações parecidas. Perceba os números, os fatos, as relações. Leia com vontade de aprender, não de cumprir uma tarefa;

* Escrever bem e correto será conseqüência de boas leituras. Só escreve bem quem lê continuamente. Só escreve com qualidade quem souber ler com criatividade;

* Educação não é privilégio. Todos têm direito a educação. Depende principalmente do querer pessoal. O início dos estudos assusta, mas os resultados positivos chegam logo. Quando você adquire conhecimentos, você adquire confiança. Dê uma grande oportunidade a você própria para alcançar o sucesso que você pretende

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EJA FÁCIL

AS CIÊNCIAS SOCIAIS

O comportamento social humano e suas várias formas de organização são o principal foco da pesquisa e do estudo das Ciências Sociais.

O objeto das Ciências Sociais é o ser humano em suas relações sociais, e o objetivo é ampliar o conhecimento sobre o ser humano em suas interações sociais. Logo, os variados comportamentos humanos como casar, receber salário, fazer greve, participar de eventos, educar filhos, são considerados comportamentos sociais pois se desenvolvem em sociedade.

Com o avanço do conhecimento fez-se necessária a divisão das Ciências Sociais, para que cada uma das disciplinas pudessem se ocupar de um aspecto específico da realidade social, embora todas sejam complementares entre si. As disciplinas abaixo formam as Ciências Sociais.

Sociologia – estuda as relações sociais e as formas de associação, considerando as interações que ocorrem na vida em sociedade.

Economia – estuda as atividades humanas ligadas a produção, circulação, distribuição e consumo de bens e serviços, como por exemplo a distribuição de renda num país, a política salarial, a produtividade, entre outros.

Antropologia – estuda e pesquisa as semelhanças e as diferenças culturais entre vários agrupamentos humanos, assim como a origem e a evolução das culturas.

Política – estuda a distribuição de poder na sociedade, bem como a formação e o desenvolvimento das diversas formas de governo.

A História da Sociologia

Tem sido uma constante na vida dos seres humanos a reflexão sobre os grupos e as sociedades para sua melhor compreensão. Os gregos na antiguidade recorriam a mitologia para compreender os fenômenos sociais, baseados na imaginação, na fantasia e na especulação. As tentativas de explicar a sociedade foram muito influenciadas pela filosofia e religião. Na antiguidade e durante a Idade Média, Platão em seu livro “A República” , e Aristóteles com a obra “Política” foram o marco. É de Aristóteles a afirmação de que “o homem nasce para viver em sociedade”. A influência da religião observa-se em Santo Agostinho em sua obra “A cidade de Deus”, onde afirmava que nas cidades reinava o pecado.

O empenho em atribuir ao estudo da sociedade um status semelhante ao das Ciências Naturais, que regulam os fenômenos físicos, químicos e biológicos, teve como resultado o nascimento da Sociologia. A preocupação com os fenômenos sociais sempre acompanhou a história das idéias do homem, no entanto, só se firmou como ciência no século XIX, quando se definiu seu campo de investigação e o modo pelo qual se procura conhecê-lo.

A Primeira Forma de Pensamento Social

A primeira corrente teórica sistematizada de pensamento sociológico foi o Positivismo, a primeira a definir precisamente o objeto, a estabelecer conceitos e uma metodologia de investigação. Seu primeiro representante foi o pensador francês Auguste Comte.

O Positivismo derivou do “cientificismo”, isto é, da crença no poder exclusivo e absoluto da razão humana em conhecer a realidade e traduzi-la sob a forma de leis naturais. Essas leis seriam a base da regulamentação da vida do homem, da natureza como um todo e do próprio universo. Seu conhecimento pretendia substituir as explicações teológicas, filosóficas e de senso comum por meio das quais o homem explicava a realidade.

O Positivismo reconhecia que os princípios reguladores do mundo físico e do mundo social diferiam quanto à sua essência. Comte denominou “física social” às suas análises da sociedade, antes de criar o termo sociologia, numa evidente tentativa de derivar as Ciências Sociais das Ciências Físicas.

Cabe lembrar que tal filosofia inspirava-se no método de investigação das ciências da natureza, procurando identificar na vida social as mesmas relações e princípios com os quais os cientistas explicavam a vida natural. Procurava resolver os conflitos sociais por meio da exaltação à coesão, à harmonia natural entre os indivíduos, ao bem estar do todo social.

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Ensino Médio Sociologia Módulo I

A Sociologia de Durkheim

Embora Comte seja considerado o pai da Sociologia, Émile Durkheim é tido como um dos seus primeiros grandes teóricos, tendo sido com ele que a Sociologia passou a ser considerada uma ciência. Formulou as primeiras orientações para a Sociologia e demonstrou que os fatos sociais têm características próprias, que os distinguem dos que são estudados pelas outras ciências. Para ele a Sociologia é o estudo dos fatos sociais.

Para Durkheim, os fatos sociais são o modo de pensar, sentir e agir de um grupo social. Os fatos têm três características: generalidade, exterioridade e coercitividade. Tais conceitos serão objeto de estudo na unidade seguinte. Para ele a Sociologia tinha por finalidade não só explicar a sociedade como também encontrar soluções para a vida social. A teoria de Durkheim pretende demonstrar que os fatos sociais têm existência própria e independem daquilo que pensa e faz cada indivíduo em particular. Embora todos possuam sua consciência individual, seu modo próprio de se comportar e interpretar a vida, observa-se nos grupos ou sociedades formas padronizadas de conduta e pensamento. E com base nesta constatação definiu consciência coletiva. Na obra “Da divisão do trabalho social” aparece a definição de consciência coletiva como sendo “conjunto das crenças e dos sentimentos comuns à média dos membros de uma mesma sociedade” que “forma um sistema determinado com vida própria” (342).

A partir da segunda metade do século XX, com o fortalecimento do capitalismo, que se tornou também mais complexo, a Sociologia ganha nova importância, deparando-se com questões com que até então não havia se preocupado como a ruptura de normas sociais, desagregação familiar, cidadania, minorias, violência, crimes. Esses temas levaram a Sociologia a buscar respostas para os novos desafios, que exigem uma análise científica de todos os aspectos da vida em sociedade, a fim de entender o presente e projetar o futuro.

Max Weber e a Ação Social

Para Weber o objeto da Sociologia seria a Ação Social, a ação humana intencional.

A compreensão do que é Ação Social seria a única forma para explicar os fatos sociais. Assim, a Ação Social não deveria apenas ser constatada ou descrita exteriormente, mas compreendida. O homem, enquanto indivíduo, passou a ter significado e especificidade. É ele que dá sentido à sua Ação Social: estabelece a conexão entre o motivo da ação, a ação propriamente dita e seus efeitos.

Para a Sociologia Positivista, a ordem social submete os indivíduos como força exterior a eles. Para Weber, ao contrário, não existe oposição entre indivíduo e sociedade: as normas sociais só se tornam concretas quando se manifestam em cada indivíduo sob a forma de motivação. Cada sujeito age levado por um motivo que é dado pela tradição, por interesses racionais ou pela emotividade.

Um dos trabalhos mais conhecidos e importantes de Weber é “A ética protestante e o espírito do capitalismo”, no qual ele relaciona o papel do protestantismo na formação do comportamento típico do capitalismo ocidental moderno Sua maior influência nos ramos especializados da Sociologia foi no estudo das religiões, estabelecendo relações entre formações políticas e crenças religiosas.

Karl Marx e a Sociologia

Com o objetivo de entender o capitalismo, Marx produziu obras de filosofia, economia e sociologia. Sua intenção ia além de contribuir para o desenvolvimento da ciência, pois tencionava uma ampla transformação política, econômica e social.

Desenvolveu o conceito de alienação mostrando que a industrialização, a propriedade privada e o assalariamento separavam o trabalhador dos meios de produção (ferramentas, matéria-prima, terra e máquina), que se tornaram propriedade do capitalista. Separava também, ou alienava, o trabalhador do fruto do seu trabalho, que também é apropriado pelo capitalista. Essa é a base da alienação econômica do homem sob o capital. Max relata que a história do homem é a história da luta de classes, luta constante e de interesses opostos.

De acordo com Marx o capitalismo tem seus dias contados, pois concentra cada vez mais dinheiro nas mãos de cada vez menos pessoas. No final, haverá tantos sem dinheiro que eles derrubarão o sistema e o substituirão por outro no qual o dinheiro não seja importante. Esse novo sistema denomina-se “comunismo”. Sob o comunismo todos serão livres para trabalharem para si e pelo bem comum. Entretanto, os países que tentaram por em prática tais idéias, como China, Cuba e a ex-União Soviética, tiveram resultados variados, além de questionarmos se foram fiéis às idéias de Marx.

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EJA FÁCIL

É preciso lembrar que as teorias marxistas, como o próprio Marx propôs, transcendem o momento histórico no qual são concebidas e têm uma validade que extrapola qualquer das iniciativas concretas que buscam viabilizar a sociedade justa e igualitária proposta por Marx. Nunca será bastante lembrar que a ausência da propriedade privada dos meios de produção é condição necessária mas não suficiente da sociedade comunista teorizada por Marx. Assim, não se devem confundir tentativas de realizações levadas a efeito por inspiração das teorias marxistas com as propostas por Marx de superação das contradições capitalistas.

Como Marx mostrou, o próprio esforço por manter e reproduzir um modo de produção acarreta modificações qualitativas nas forças em oposição. Enganam-se os teóricos de direita e de esquerda que vêem em dado momento a realização mítica de um modelo ideal de sociedade. Hoje se vive nas ciências um momento de particular cautela, pois, após dois ou três séculos de crença absoluta na capacidade redentora da ciência, em sua possibilidade de explicitar de maneira inequívoca e permanente a realidade, já não se acredita na infalibilidade dos modelos, sendo necessário o trabalho permanente de discussão, revisão e complementação.

A Sociologia no Brasil

Desde o início vimos estudando o desenvolvimento do pensamento sociológico como resultado de um longo processo, que culmina com a elaboração científica do pensamento social, no século XIX, quando dá sua plena autonomia em relação à filosofia social e quando realiza a concepção de objetos, conceitos e métodos próprios de análise, tendo como sustentação as condições sócio-históricas do capitalismo na Europa, a partir do Renascimento.

Na América Latina, em especial no Brasil, esse processo obedeceu também às condições de desenvolvimento do capitalismo e à dinâmica própria de inserção do país na ordem capitalista mundial. Reflete, assim, a situação colonial, a herança da cultura jesuítica e o lento processo de formação do Estado nacional.

Assim, vamos acompanhar um breve histórico da formação cultural no Brasil, ressaltando o desenvolvimento das idéias sociais a partir do contexto histórico.

Dos Jesuítas aos dias atuais

A colonização do Brasil, como a história já nos mostrou, é marcada pela vinda dos jesuítas e com eles a cultura européia introduzindo a religião como domínio cultural por três séculos. Apesar de instituírem o tupi como “língua geral”, os jesuítas foram os responsáveis pelo extermínio gradativo da cultura nativa, assim como a submissão das populações escravas, conduzindo à subordinação da colônia aos interesses de Portugal e da Igreja. Assim durante séculos a cultura no Brasil manteve seu caráter ilustrado, de distinção social e dominação.

Com a vinda da Corte Portuguesa para o Brasil, em 1808, as atividades culturais surgem para atender a demanda da burguesia aqui instalada. As inovações implementadas foram: Criação da Imprensa Régia; surgimento da Biblioteca, hoje Biblioteca Nacional; incentivo ao estudo de botânica e zoologia com a criação do Jardim Botânico; surge o Museu Real (hoje Museu Nacional); vinda da Missão Cultural Francesa e a criação do Museu de Belas Artes.

Nosso processo cultural no século XIX é marcado pela importação de idéias e concepções européias, introduzidas à revelia de nossa realidade. Desde então o processo educacional sofre várias mudanças ficando, por fim, a educação do povo a cargo das províncias, futuros estados, e a educação da elite sob responsabilidade do poder central; o que impediu a unidade do sistema educacional. A elitização do ensino fica evidenciada, portanto, com a criação das escolas de nível superior que atendessem às necessidades da burguesia e do estado constituído. Cabe ressaltar que a alienação cultural, utilizando modelos europeus, atendia a premissa de garantir o domínio do poder imperial.

Grandes disparidades foram observadas com o distanciamento da classe culta da maioria da população, com apenas 10% da população em idade escolar matriculada nas escolas primárias, o alto índice de analfabetismo e educação predominantemente masculina, pois a feminina aparece aos poucos no final do século XIX, vez que à mulher cabia se dedicar às prendas domésticas e à aprendizagem de boas maneiras, dentro de uma estrutura de sociedade com regime político imperialista de economia agrícola e patriarcal de base escravocrata.

No início do século XX o capitalismo de monopólios acentua a concentração de renda e as conseqüentes disparidades sociais. É marcado no mundo por grandes conflitos nos diversos continentes, culminando com a Primeira Grande Guerra. O poderio econômico americano e o impacto mundial da crise da quebra da Bolsa de Nova Iorque geram desemprego em massa, o que exige a substituição do capitalismo liberal pelo capitalismo de organização, o que leva os países não desenvolvidos a uma crise em face de sua base agrícola. A ênfase na ciência e na tecnologia transforma os usos e costumes da humanidade.

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Ensino Médio Sociologia Módulo I

A década de 20 é marcada por um alo índice de analfabetismo (80%). Surge a escolanovista, e com ela a reação católica; as alternativas anarquistas são objetos de perseguição face ao incentivo ao ativismo político. A repressão acentua-se e fica mais distante a participação da sociedade, sendo reivindicadas autonomia, autogestão e diálogo.

A década de 30 marcou a preocupação com o Brasil real, em oposição a colonização, o desenvolvimento nacionalista, como sentimento capaz de unir as diversas camadas sociais em torno de questões internas da nação e como inspiração para as políticas econômica e administrativa de proteção ao comércio e à indústria nacional.

É fundada nessa época a Escola Livre de Sociologia e Política (1933), dedicada a estudos orientados pela sociologia norte-americana, e da Faculdade de Filosofia, Ciências e letras (1934). Procurou-se, assim, iniciar o estudo sistemático da sociologia, opondo-se ao caráter genérico de “humanidades” que adquiriu na formação de engenheiros, médicos e advogados, bem como diferenciar esse conhecimento, por seu cientificismo e pragmatismo, daquele apropriado pelo Estado. Citamos aqui expoentes desse período: Caio Prado Júnior, Gilberto Freire, Sérgio Buarque de Hollanda e Fernando Azevedo.

Com a Segunda Guerra Mundial grandes transformações sociais e políticas marcaram o início da década de 40, quando EUA e a então URSS firmaram-se como potências mundiais. E com a mudança de cenário, uma nova ordem social se afirmava, de caráter transformador, em especial para os países do chamado Terceiro Mundo. A industrialização transformava as relações sociais entre classes, entre setores e entre regiões. Acentua-se o êxodo rural, com o abandono do campo por uma massa de população significativa, gerando forte dependência das áreas agrícolas à região Sudeste industrializada. O país adquiria nessa época a consciência de sua complexidade e de sua particularidade. Aqui os sociólogos denotam grande preocupação com a realidade latino-americana, desenvolvendo estudos entre semelhanças e diferenças existentes entre os conflitos e as sociedades latino-americanas. Destaca-se nesse momento por suas pesquisas Emílio Willems.

Florestan Fernandes e Celso Furtado, importantes pensadores e responsáveis pela formação de duas grandes correntes do pensamento social brasileiro, marcam a década de 50. Discípulo de Roger Bastide, Florestan Fernandes desenvolveu importante pesquisa sobre negros e a questão racial no Brasil. Segundo ele a sociedade podia ser estudada pelos padrões e estruturas, isto é, os fundamentos da organização social e pelos dilemas, conjunturas históricas, que eram as contradições geradas pela dinâmica interna da estrutura. Daí sua abordagem muitas vezes denominada “histórico-cultural”. No campo da sociologia ocupou-se do estudo das relações sociais e da estrutura de classes da sociedade brasileira, o capitalismo dependente e o papel do intelectual.

Celso Furtado foi o grande inovador do pensamento econômico, não só no Brasil como em toda América Latina. É apontado como o fundador da economia política brasileira. Foi o defensor da idéia de que o subdesenvolvimento não correspondia a uma etapa histórica das sociedades rumo ao capitalismo, mas se tratava de uma formação econômica gerada pelo próprio capitalismo internacional.

Neste mesmo período Darcy Ribeiro desponta com a questão indígena e mais adiante exerce forte influência, enquanto político, na mudança da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. A sociologia entre o período de 40 e 60 produziu inúmeros trabalhos denunciando as desigualdades sociais e as relações de domínio e opressão internas e externas.

Instalada a Segunda República com forte influência americana no golpe militar de 1964. Os reflexos da instalação da ditadura militar na sociedade e na sociologia são significativos, uma vez que a repressão ao pensa social e político deu-se de inúmeras formas. Universidades foram fechadas, bem como entidades de classe estudantil, os principais nomes da sociologia no Brasil foram sumariamente aposentados e impedidos de lecionar. Muitos foram exilados, outros se exilaram, passando a publicar seus trabalhos no exterior. Várias reformas foram instituídas com a finalidade única de atender ao poder político dominante e repressor, impedindo o progresso cultural no País.

Com a transição democrática e o primeiro governo civil pós-ditadura militar, importante avaliação sugere uma revisão da situação política do país com a criação de partidos, bem como o ingresso de cientistas sociais na política. O Partido dos Trabalhadores (PT) teve adeptos a sua luta política como Florestan Fernandes, Antônio Cândido e Mello e Souza e Francisco Weffort. Darcy Ribeiro filiou-se ao Partido Democrático Trabalhista (PDT), Fernando Henrique Cardoso esteve presente a fundação do Partido Social-Democrata Brasileiro (PSDB), surgido da dissidência do antigo Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB).

Uma progressiva diversificação das ciências sociais, e especial da sociologia. Multiplicaram-se os campos de estudo, fazendo surgir análises sobre a condição feminina, do menor, das favelas, das artes, da violência urbana e rural, da religião, entre outras. A sociologia vem se tornando cada vez mais interdisciplinar e plural, com a multiplicação de seus objetos de estudos.

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EJA FÁCIL

Vemos emergir um novo milênio com uma ordem social transformadora das relações influenciada pela evolução das comunicações, nos permite a comunicação em tempo real e a universalização da imagem através da TV, alterando a maneira de pensar e agir das pessoas. Os sociólogos buscam redefinir os conceitos de dependência e divisão internacional do trabalho num mundo globalizado.

A Vida Social – Conceitos Importantes

Quase todas as referências sobre a sociedade são feitas em termos de relações sociais. Em geral, pensa-se nas relações entre pai e filho, entre empregador e empregado, entre líder e partidário, entre comerciante e cliente, ou das que existem entre amigos, inimigos, etc. Essas relações estão situadas entre as características mais comuns da sociedade e, conseqüentemente, pode parecer atitude perfeitamente óbvia estudar a sua natureza. Entretanto, a Sociologia deve analisá-las e classificá-las porque representam não somente uma forma comum, como também fundamental para a organização dos dados sociais. Em resumo, a sociedade deve ser encarada como um sistema de relações.

Ao analisar as relações sociais verifica-se que são muito mais complexas que a princípio podem parecer. Todas as sociedades contêm centenas, talvez mesmo milhares de relações sociais convenientemente definidas. Tais relações sociais foram classificadas como interações, as quais podem ocorrer de pessoa para pessoa, entre uma pessoa e um grupo e entre um grupo e outro.

Contato Social

O contato social é a base da vida social. É o primeiro passo para que ocorra qualquer associação humana.

Podemos considerar que existem dois tipos de contados sociais: primários e secundários. Os contatos sociais primários são os contatos pessoais, diretos e que têm forte base emocional, pois as pessoas envolvidas compartilham suas experiências individuais. Temos como exemplo os familiares, os de vizinhança, as relações sociais na escola, no clube. Já os contatos sociais secundários são impessoais, calculados, formais, um meio para atingir determinado fim. Como no caso do passageiro com o cobrador de ônibus, apenas para pagar a passagem; o cliente com o caixa do banco, para descontar um cheque.

É importante destacar que com a industrialização e a urbanização diminuíram os contatos primários, pois a cidade é a área em que há mais grupos nos quais predominam os contatos secundários. As relações humanas nas grandes cidades podem ser mais fragmentadas e impessoais, caracterizando uma tendência ao individualismo.

A Socialização

Todo indivíduo é, em parte, produto de duas espécies distintas de transmissão, uma hereditária e outra social. À primeira age através do mecanismo dos genes, cromossomos, e da reprodução humana - refere-se ao plano geral da realidade designado como biológico e estudado por um ramo especial da ciência biológica chamado “Genética”. O segundo funciona por intermédio do mecanismo do hábito, da educação e da comunicação simbólica - refere-se ao nível geral da realidade designado como sócio-cultural, e é tratado por outro ramo da Ciência Social que pode ser chamado de Estudo da Socialização.

Entretanto, a complexidade do assunto vai mais além. Não somente o indivíduo é um produto desses dois processos dinâmicos de transmissão, como também dos vários e diferentes tipos de ambiente. Nem a transmissão genética, nem a comunicativa podem ocorrer num homem que não disponha de um meio geográfico, biológico, cultural e interpessoal.

Pelo acima podemos afirmar que a socialização é um processo pelo qual os seres humanos passam ao viverem em sociedade, pois a vida em grupo é uma exigência da natureza humana. O homem necessita de seus semelhantes para sobreviver, perpetuar a espécie e também para se realizar plenamente como pessoa.

Convívio Social, Isolamento e Atitudes

Considerando-se que no convívio social o compartilhamento entre indivíduos se dá pelos contatos sociais, podemos dizer da importância dessa interação entre indivíduos para a perpetuação da espécie humana.

E a maneira mais rápida de verificar o significado e a natureza do contato social consiste na observação da ausência de tal contato.

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Ensino Médio Sociologia Módulo I

O isolamento social caracteriza-se pela ausência de contatos sociais. Existem mecanismos que reforçam o isolamento social e entre eles estão as atitudes de ordem social e as atitudes de ordem individual.

As atitudes de ordem social envolvem os vários tipos de preconceitos, como de cor, de sexo, de religião, etc. As atitudes de ordem individual que reforçam o isolamento dizem respeito a ação do próprio indivíduo como por exemplo a timidez, o confinamento solitário por devoção a alguma religião, o exercício de uma profissão solitária, anonimato urbano sem amizades, abandono voluntário da companhia humana, entre outros.

A Comunicação e os Processos Sociais

“Há setenta anos, Frederico II, imperador do Sacro Império Romano-Germânico, efetuou um experimento para determinar que língua as crianças falariam quando crescessem, se jamais tivessem ouvido uma única palavra falada: falariam hebraico (que então julgava ser a língua mais antiga), grego, latim ou a língua de seu país?

Deu instruções às amas e mães adotivas para que alimentassem as crianças e lhes dessem banho, mas que sob hipótese nenhuma falassem com elas ou perto delas. O experimento fracassou, porque todas as crianças morreram.”

(Paul B. Horton e Chester L. Hunt)

O texto acima confirma a vital importância da comunicação para os seres humanos, enquanto ser social e para o desenvolvimento da cultura.

O homem tem como principal meio de comunicação a linguagem. Através da linguagem o ser humano atribui significados aos sons articulados que emite, e isto é possível porque somos dotados de inteligência. Graças à linguagem podemos transmitir pensamentos e sentimentos aos nossos semelhantes, bem como passar aos descendentes nossas experiências e descobertas, fazendo com que os conhecimentos adquiridos não se percam.

À medida que as sociedades se tornaram mais complexas, os meios de comunicação foram se aperfeiçoando. Um grande avanço foi o surgimento da escrita, na Mesopotâmia, por volta de 4000 a.C. A invenção da imprensa por Gutenberg, no século XV, foi outro passo importante. Nos séculos XIX e XX assistimos à invenção do telégrafo, do telefone, do rádio, do cinema, da televisão, do telex, da comunicação por satélite, da internet, etc.

Pelos meios de comunicação, os fatos, as idéias, os sentimentos, as atitudes, as opiniões são compartilhados por um conjunto enorme de indivíduos e atingem um grande número de países. Segundo o especialista em comunicação Marshall McLuhan, o mundo contemporâneo é uma autêntica “aldeia global”, onde fatos, opiniões e modos de vida são compartilhados por inúmeras pessoas. Os meios de comunicação de massa moldam hoje as idéias e opiniões de grupos cada vez maiores de indivíduos. E isso vem se verificando com uma intensidade crescente graças sobre tudo à Internet. Já mencionamos que as interações ocorrem como princípio básico para a relação social. Neste sentido, também as interações estão no contexto dos processos sociais.

Processo é o nome que se dá à contínua mudança de alguma coisa numa direção definida. Processo social indica interação social, movimento, mudança. Os processos sociais são as diversas maneiras pelas quais os indivíduos e os grupos atuam uns com os outros, a forma como os indivíduos se relacionam e estabelecem relações sociais.

Qualquer mudança proveniente dos contatos e da interação social entre os membros de uma sociedade constitui um processo social. Os processo sociais podem ser associativos, como a cooperação, ou dissociativos como a competição e conflito.

O conflito é uma constante das relações humanas. Pede ser resolvido em determinado nível, como quando se registra um acordo sobre os fins em vista, para manifestar-se de novo sobre a questão dos meios. Entretanto, esse conflito parcial é diferente do conflito total pois no conflito total implica na inexistência de qualquer nível de acordo, e sugere que o único método para a solução da disparidade de interesses é o recurso à força física.

A competição, em contraste com o conflito que visa a destruir ou banir o adversário, destina-se simplesmente a anular o competidor na luta por objetivo comum. Sugere a existência de regras do jogo que os competidores precisam respeitar e que por trás dessas regras, justificando-as e sustentando-as, existe um conjunto de valores comuns superiores aos interesses antagônicos.

A cooperação ocorre quando o ser humano trabalha em conjunto para conquista de um objetivo comum. A cooperação pode ser direta, quando compreende as atividades que as pessoas realizam juntas, como é o caso dos mutirões para construção de casas populares; ou indireta, aquela em que as pessoas, mesmo realizando trabalhos diferentes, necessitam indiretamente umas das outras, por não serem auto-suficientes, como por exemplo o médico e

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EJA FÁCIL

o lavrador: o médico necessita dos alimentos produzidos pelo lavrador, e este necessita do médico quando fica doente.

É preciso deixar claro que as formas de interação acima descritas são todas interdependentes. São aspectos constantes da sociedade humana. Todos os sistemas sociais, e na verdade toda e qualquer situação concreta, possuem-nas de forma completa e entrelaçada. Não existe cooperação de grupo, por mais harmoniosa que seja, que não contenha as sementes do conflito reprimido. Não existe conflito, por mais violento que possa ser, que não ofereça uma certa base oculta de entendimento. Não há competição, mesmo a mais implacável e impessoal, que não seja capaz de oferecer certa dose de contribuição à causa superior cooperativa.

Deve ficar estabelecido que a análise do comportamento social em termos de formas de interação é um modo indispensável para o estudo dos fenômenos sociais.

Problemas Sociais

Embora sejam muitas as formas pelas quais a Sociologia pode ser aplicada, é evidente que muitos sociólogos, e a maioria dos que estão empenhados em trabalhos práticos, consideram a Sociologia aplicada principalmente em termos de sua capacidade de fornecer remédios para determinados males sociais. Vamos começar examinando o que constitui um problema social.

Uma questão fundamental diz respeito à idéia de discriminação entre grupos sociais, bem como a maneira como as sociedades no mundo vivem e os homens desfrutam os bens e as oportunidades na vida social. Podemos dizer que é um problema de relações humanas que ameaça seriamente a sociedade.

Um problema social existe quando a capacidade de uma sociedade organizada para ordenar as relações entre as pessoas parece estar falhando, como por exemplo leis transgredidas, o fracasso na transmissão de valores de uma geração para outra, a delinqüência juvenil, o desvio de verbas públicas, a pobreza, conflitos industriais, a guerra, entre outros.

O processo histórico tem mostrado como uma tendência marcante a diferenciação e a crescente complexidade da sociedade. Da pequena diferenciação social existente nas sociedades tribais, as diversas civilizações foram passando por processos que as levaram a formar os mais diferentes grupos, que começaram a se distinguir por etnia, nacionalidade, religião, profissão e, de forma mais acentuada, por classe social. A caminho das sociedades plurais, foram se formando inúmeros grupos, cada um com uma função, um conjunto de direitos, deveres, obrigações e possibilidades de ação social.

O mundo contemporâneo assiste ao resultado desse longo processo histórico de formação de uma civilização complexa e diferenciada, na qual os diversos grupos procuram monopolizar seus privilégios e as possibilidades de acesso à produção de bens e mecanismos de distribuição desses bens na sociedade.

AUTO-AVALIAÇÃO

01 – Quais são as reações humanas chamadas instintivas?

( ) trabalhar, respirar( ) medo, frio( ) administrar, governar( ) obedecer, engatinhar

02 – Que habilidades humanas são desenvolvidas pela aprendizagem?

( ) comer, obedecer( ) beber, trabalhar( ) brincar, governar( ) todas as respostas acima são verdadeiras

03 – Em que se inspirava o positivismo?

( ) Ciências Médicas( ) Ciências Sociais( ) Ciências da Natureza( ) Nenhuma das respostas anteriores

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Ensino Médio Sociologia Módulo I

04 – Quem é considerado o primeiro grande teórico da Sociologia?

( ) Max Weber( ) Celso Furtado( ) Auguste Comte( ) Émile Durkheim

05 – Qual a área de estudo em que Weber mais se destacou?

( ) Antropologia( ) Ação Social( ) Economia( ) História das relações

06 – Que tipo de sociedade Karl Marx idealizou e onde se difundiram suas idéias?

( ) Positivista – França, Inglaterra( ) Capitalista – Brasil, Canadá( ) Comunista – China, Cuba( ) Socialista – EUA, Bélgica

07 – Qual o marco da Sociologia no ano de 1933?

( ) Fundação da Biblioteca Nacional( ) Fundação da Universidade de Brasília( ) Fundação da Escola Livre de sociologia e Política( ) Fundação da Escola Nacional de Belas Artes

08 – Quais os pensadores que marcaram a década de 50?

( ) Florestan Fernandes e Celso Furtado( ) Florestan Fernandes e Roger Bastide( ) Florestan Fernandes e Darcy Ribeiro( ) Florestan Fernandes e Emílio Willems

09 – Qual o enfoque dado pelo pensamento de Celso Furtado?

( ) Político( ) Econômico( ) Antropológico( ) Social

10 – O que a Sociologia busca em relação aos problemas sociais?

( ) Liberar os conflitos( ) Aumentar os processos de competição( ) Dar soluções para os males sociais( ) Organizar a cooperação

A POBREZA E SUAS IMPLICAÇÕES

As evidências históricas têm mostrado que a cultura humana está ligada a questão das desigualdades, distinção e discriminação entre os grupos sociais. Mesmo nas sociedades mais homogêneas e simples existiam diferenças de sexo e idade atribuindo aos grupos assim discriminados funções diferentes, certa parcela de poder, determinados direitos e deveres. Desde então, as sociedades que foram se tornando mais complexas, seus membros não tinham igualdade de acesso a certas vantagens como poder de decisão e a liberdade. O patriarcado existente nas mais remotas civilizações, garantindo aos homens o poder sobre a família e seus bens, demonstra que a igualdade é uma grande utopia, um ideal ainda não vivido pela humanidade.

O mundo atual exibe um saldo de imensas conquistas e tristes derrotas. Os avanços científicos, tecnológicos e espaciais não acabaram com a fome, a falta de moradia, o desamparo à saúde e os baixos salários. Depois de cem anos de socialismo e capitalismo, a miséria no mundo aumentou e a economia transformou-se numa fábrica de

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exclusão racionalizada. A modernidade produziu um mundo menor que a humanidade, advertiu o sociólogo Herbert de Souza. O sistema de exclusão fica patente nas avaliações estatísticas: apenas 15% da população mundial concentra 80% da renda econômica do planeta. E mais de 1 bilhão de pessoas vivem na pobreza absoluta, que mata 40 mil crianças por dia.

Entre os Estados independentes do mundo, podemos distinguir pelo menos, dois grandes conjuntos:

Países do Primeiro Mundo – privilegiado núcleo de países de capitalismo avançado. São nações desenvolvidas e poderosas, como Estados Unidos, Canadá, Alemanha, França, Inglaterra, Japão e Itália. A maioria dessas nações está situada no hemisfério norte.

Países do Terceiro Mundo – vasto e heterogêneo conjunto de países subdesenvolvidos ou em vias de desenvolvimento, espalhados pela África, Ásia e América Latina. A maioria dessas nações está situada no hemisfério sul.

A expressão Terceiro Mundo foi utilizada pela primeira vez em 1952 pelo demógrafo francês Alfred Suvy. Ele se inspirou na idéia de terceiro estado, camada que constituía a maioria da população da França durante o antigo Regime e que promoveu a revolução Francesa. A expressão difundiu-se e, hoje, aplica-se à maioria dos países pobres (75% das nações do mundo), explorados e marginalizados pelos países desenvolvidos.

Observamos que, enquanto os países do mundo desenvolvido vivem atualmente graves problemas sociais: falta de perspectivas e delinqüência entre os mais jovens, alcoolismo, suicídios, degradação dos centros urbanos, desemprego estrutural, entre outros, as sociedades modernas do chamado mundo subdesenvolvido possuem muitos elementos que as diferenciam das outras. Apesar do enorme crescimento econômico de alguns países (Brasil, México, Argentina, Tigres Asiáticos), industrialização, acelerada urbanização, etc, seus problemas sociais são imensos e têm algumas peculiaridades.

No plano social a modernização, nesses países, já nasce sob o signo da exclusão. De um lado, as formas tradicionais de produzir e viver foram inviabilizadas pela modernização capitalista; de outro, criam-se enormes contingentes que vivem totalmente alijados dos benefícios eventuais do mundo moderno. Essa exclusão pode ser expressa pela fome e miséria, assim como pelas guerras e pela instauração de verdadeiras estruturas de poder paralelo ao Estado, como a do narcotráfico.

Os fatos mais significativos para demonstrar o atual estágio das condições de vida dos países subdesenvolvidos são a fome e a miséria generalizadas. Igualmente graves são os problemas de acesso à educação, saúde e saneamento básico.

Segundo o Fundo de População das Nações Unidas, dos quase 6 bilhões de habitantes do planeta, 1,1 bilhão de pessoas no mundo está abaixo da linha da miséria e 3 bilhões são pobres. A maior parte desse contingentes está no mundo subdesenvolvido.

Na África, 60 milhões de pessoas estão à beira da morte, por fome, epidemias ou violência das guerras. Somando-se a população à beira da inanição de quatro países africanos – Sudão, Etiópia, Libéria e Moçambique – chega-se a 16 milhões de pessoas.

No final da década de 80, 47% dos latino-americanos estavam na faixa de pobreza, contra cerca de 41% em 1980. São legiões de famintos no Nordeste do Brasil e nas grandes metrópoles brasileiras, na Bolívia, na Venezuela, na Colômbia, na Nicarágua, em Honduras, nas ilhas do Caribe (Jamaica, Haiti, entre outros), etc. O mesmo ocorre no continente asiático, como na Índia, Bangladesh, Paquistão.

Essa situação corresponde, na maioria desses países, aos altos índices de concentração de renda e de terras. Porém, diferentemente do que se poderia imaginar, muitos países do mundo subdesenvolvido são grandes produtores de alimentos, mas para exportação pois, para o mercado interno resta a fome. E nesse caso o Brasil se destaca.

Um dos aspectos mais perversos da fome refere-se aos impactos por ela causados às crianças. Muitas das seqüelas produzidas pela fome são irremediáveis no futuro desenvolvimento, quando não causam a morte. A enorme discrepância entre as taxas de mortalidade dos países ricos e dos pobres demonstra esse fato.

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Pobreza E Abundância

Outro aspecto da sociedade contemporânea que torna mais difícil aceitar a pobreza de certas parcelas da população é o pleno desenvolvimento da indústria de massa, que põe em circulação na sociedade uma quantidade de produtos nunca antes imaginada. Por sua quantidade, os bens produzidos pela indústria de massa seriam capazes de manter e reproduzir toda a população do planeta. Restaria ainda um excedente, garantem alguns economistas. Mas a diferenciação, a oposição e a concorrência entre os grupos sociais acabam por criar mecanismos de apropriação e monopólio dos bens econômicos e sociais, gerando crescente concentração de renda. E é em meio à sociedade da abundância que a pobreza adquire um caráter contraditório.

Agrava esse caráter contraditório e revelador da pobreza – como um dos impasses da sociedade contemporânea – o caráter consumista da vida social. Ao lado da crescente pobreza, o apelo ao consumo por meio das campanhas publicitárias veiculadas pelos meios de comunicação de massa torna a distância social entre ricos e pobres ainda mais trágica e inaceitável. Consumismo e abundância fazem parte desse ideário do bem-estar social no interior do qual as populações carentes não param de crescer.

Os produtos inundam o mercado, milhares de similares fazem concorrência cerrada em busca dos consumidores. Mercadorias que em pouco tempo se tornam anacrônicas, ultrapassadas e obsoletas, devem ser substituídas por outras de formato, cor ou programa diferente e exigem consumidores com disponibilidade permanente de compra. É nessa sociedade que a pobreza se torna cada vez mais contraditória e perturbadora.

A Responsabilidade Do Estado

Desde que se constituiu na Idade Moderna, no século XV, o Estado, como o conhecemos hoje, foi adquirindo sempre mais poder e desenvolvendo um caráter acentuadamente regulador da vida social. Sendo o responsável pela política econômica nacional, pelos programas sociais, pelas relações internas e externas, tornou-se o responsável pelas condições de vida dos seus cidadãos. Todos esses aspectos resultaram de uma ampliação significativa de suas atribuições e funções.

O Estado, enquanto instituição representativa da sociedade como um todo, passou a ser responsabilizado também pelo bem-estar social. Não sem certa razão, na medida em que é ele que regula os mecanismos de distribuição de renda, por meio do controle do salário mínimo, preço de produtos, impostos e financiamentos. Conseqüentemente, é ele também – indiretamente – responsável pelo crescimento galopante da pobreza no mundo.

Essa responsabilidade do Estado para com a população carente de uma nação parece não tender a diminuir sequer na atualidade, quando se reavaliam suas atribuições e se verifica uma nítida tendência ao “enxugamento” de suas funções nas diversas nações. Mesmo que se almeje um Estado que não intervenha na economia, permitindo que o mercado seja auto-regulamentado, ninguém pretende eximi-lo de suas responsabilidades para com a saúde, a educação e as populações pobres.

Portanto, se a responsabilidade do Estado em relação à pobreza foi maior nas economias dirigidas e centralizadas, ainda hoje se exigem medidas corretivas para a crescente pobreza de parte da população.

Espera-se que o Estado promova a reforma agrária, diminuindo a concentração de terras e assegurando a permanência da população rural no campo. Ao mesmo tempo, o Estado deve desenvolver uma política de crédito agrícola capaz de auxiliar os pequenos proprietários rurais.

A HUMANIDADE E A VIOLÊNCIA

Diante da contínua degradação das condições de vida, os índices de violência e criminalidade em algumas grandes cidades do mundo desenvolvido são muito altos, especialmente no Estados Unidos da América, não ficando atrás os países subdesenvolvidos.

À percepção de incompetência do sistema econômico e político soma-se o desconforto de saber que, nos grandes centros, milhares de pessoas não se encontram sob a vigilância das instituições sociais, vivem como podem, à deriva e à revelia dos planejamentos oficiais. Cria-se, em relação a essa população, um sentimento de desconfiança e de insegurança. Há uma relação entre o crescimento dessa população e o aumento da criminalidade nos grandes centros urbanos, que se evidencia tanto na mídia como nos estudos de caráter científico.

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O perfil social dos criminosos também ajuda a reforçar essa associação entre pobreza e criminalidade: os autores dos crimes oficialmente denunciados são geralmente analfabetos, trabalhadores braçais e predominantemente de cor negra.

Entretanto, sociólogos mais cuidadosos têm estabelecido outras relações. Constata-se que inúmeros crimes não são denunciados, que as estatísticas apenas expõem aquela população que, tida de início como suspeita, é sistematicamente controlada. Existe, portanto, em relação aos dados, uma distorção provocada pela “suspeita sistemática”, como a definiu o cientista social brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro. Segundo essa ótica, é contra a população pobre, estigmatizada que se conduz a prática policial, a investigação e as formas de punição. Conclui o autor citado que a prática policial preconceituosa, somada à desproteção das classes subalternas, torna a relação entre pobreza e criminalidade uma profecia autocumprida. Forma-se um círculo vicioso em que o indivíduo para ter trabalho, precisa ter domicílio, registro, carteira profissional e uma situação civil legal. Impossibilitado de trabalhar por não cumprir tais exigências, ele passa a engrossar as fileiras de marginalizados que vivem sob constante vigilância policial.

Desse modo, a urbanização tem resultado no crescimento da pobreza urbana, atraindo para os centros industriais populações expulsas do campo pela mecanização do trabalho agrícola, pela baixa produtividade do meio rural e pela concentração da terra. Um verdadeiro fluxo populacional se estabelece do campo para a periferia das grandes cidades ou para os centros das cidades que se deterioram. Recentes estatísticas demonstram que o desenvolvimento econômico tem aumentado a pobreza e a desigualdade social.

No Brasil, existem cerca de 35 milhões de crianças e adolescentes na linha de “pobreza”. São cerca de 4 milhões de menores que vivem nas ruas. O mesmo ocorre em vários países da América Latina, como o Peru, a Bolívia e a Colômbia. Os menores de rua, em geral, além de não possuírem um lar ou família, estão expostos a violência policial, estupros, prostituição, sendo conduzidos a uma vida de roubos e contato com as drogas. Muitos deles têm menos de 10 anos de idade.

Conforme dados da Federação Internacional dos direitos do Homem (FIDH), que aponta o Brasil como um dos piores casos de extermínio de menores, a morte de uma criança no Rio de Janeiro pode ser encomendada por US$10. Em 1988, 73% das mortes de jovens nesse estado foram provocadas por assassinatos; das crianças entre 6 e 12 anos que morreram nesse mesmo ano, 63% foram executadas. Os dados mostram ainda que 86% dos casos ocorreram nos grandes centros urbanos; os negros foram os mais atingidos: 83% dos casos. As meninas assassinadas perfazem 27% do total.

Ainda no caso brasileiro, a violência de grupos de extermínio, muitos deles formados por policiais e ex-policiais, dirige-se contra adultos, também em sua maior parte negros. No estado de São Paulo, em 1991, a Polícia Militar matou 1.141 pessoas; no mesmo ano, a título de comparação, em Nova Iorque a polícia eliminou 27 pessoas.

Analistas que criticam esse tipo de postura do Estado apontam que essa é uma fórmula encontrada para eliminar a pobreza: eliminando os pobres, com mal disfarçadas políticas de extermínio. Além disso, o extermínio de pessoas funciona como uma pena de morte informal, sem tribunal ou condenação. E isso não tem significado queda nos índices de criminalidade, já que a atitude de extermínio é ato criminoso, dos mais hediondos, que aumenta o nível de violência e criminalidade.

Documento elaborado no Brasil pela Escola Superior de Guerra, intitulado “Estrutura do poder nacional para o ano de 2001 – 1990/2000, a década vital por um Brasil moderno e democrático”, identifica os bolsões de miséria das grandes cidades e os menores abandonados como o principal problema a ser “combatido”, pois seriam “fatores de desestabilização do sistema”.

Posturas semelhantes existem em outros países do mundo subdesenvolvido. Mas, infelizmente para nós, o Brasil é o grande “destaque” nessa área. No Rio de Janeiro, o crime organizado constituiu-se em um verdadeiro “Estado”, controlando territórios, fluxos de drogas e armas, fazendo sua própria justiça e submetendo populações.

O mercado mundial de narcóticos tornou-se uma altíssima fonte de renda para aqueles que o controlam. Esse mercado é formado principalmente por três tipos de drogas: a maconha, cujo principal centro produtor são os países do caribe, da América Central e da África; a cocaína, produzida especialmente nos países andinos – Colômbia, Peru e Bolívia – mas que já se expande para Brasil, Venezuela e Equador; e o ópio, produzido nos países do subcontinente indiano e Sudeste asiático. Os principais centro consumidores são os EUA e a Europa Ocidental.

Na outra ponta do sistema estão os centros de “lavagem” do dinheiro ilegal obtido com a venda de drogas. São “paraísos fiscais”, onde os traficantes investem em capital financeiro, compram propriedades e bens de consumo. Alguns centros de “lavagem” são as ilhas Cayman e Bahamas, no Caribe, o emirado de Abu Dhabi, no Oriente Médio, a ilha de Chipre, no Mediterrâneo, e, claro, os centros consumidores, dos quais os EUA são os principais.

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A violência é um fenômeno assustador e está ligada a variáveis como exclusões sociais, monopólio e concentração de bens econômicos, pobreza, narcotráfico, questões religiosas, poder político, entre outros. A globalização da economia, a industrialização, tem feito surgir uma nova ordem mundial, em face da escalada da pobreza e da criminalidade. Os povos estão se voltando para a necessidade de um desenvolvimento sustentável, onde a desigualdade social seja reavaliada, com vistas à construção de sociedades mais harmônicas e igualitárias. Quando isso se dará efetivamente e de maneira responsável, somente o tempo nos dirá.

ÉTICA E SOCIEDADE

INTRODUÇÃO À ÉTICA

Toda cultura e cada sociedade institui uma moral, isto é, valores concernentes ao bem e ao mal, ao permitido e ao proibido, e à conduta correta, válidos para todos os seus membros. No entanto, a simples existência da moral não significa a presença explícita de uma ética, entendida como filosofia moral, isto é, uma reflexão que discuta, problematize e interprete o significado dos valores morais.

Nossos sentimentos, nossas condutas, nossas ações e nossos comportamentos são modelados pelas condições em que vivemos (família, classe e grupo social, escola, religião, trabalho, circunstâncias políticas, etc.). Somos formados pelos costumes de nossa sociedade, que nos educa para respeitarmos e reproduzirmos os valores propostos por ela como bons e, portanto, como obrigações e deveres. Dessa maneira, valores e deveres parecem ser naturais e intemporais, fatos ou dados com os quais nos relacionamos desde nosso nascimento: somos recompensados quando os seguimos, punidos quando os transgredimos.

Senso Moral e Consciência Moral

Senso Moral – é expresso por nossos sentimentos e nossas ações.

Consciência Moral – decisões que conduzem às ações com assunção das conseqüências pelas opções.

O Senso Moral e a Consciência Moral referem-se aos valores (justiça, honradez, espírito de sacrifício, integridade, generosidade), a sentimentos provocados pelos valores (admiração, vergonha, culpa remorso, contentamento, cólera, amor, dúvida, medo) e as decisões que conduzem a ações com conseqüências para nós e para os outros. Embora os conteúdos dos valores variem, podemos notar que estão referidos a um valor mais profundo, mesmo que subentendido: o bom ou o bem. Os sentimentos e as ações, nascidos de uma opção entre o bom e o mau ou entre o bem e o mal, também estão referidos a algo mais profundo e subentendido: nosso desejo de afastar a dor e o sofrimento e de alcançar a felicidade, seja por ficarmos contentes conosco mesmos, seja por recebermos a aprovação dos outros.

O Senso Moral e a Consciência Moral dizem respeito a valores, sentimentos, intenções, decisões e ações referidos ao bem e ao mal e ao desejo de felicidade. Dizem respeito às relações que mantemos com os outros e, portanto, nascem e existem como parte de nossa vida intersubjetiva.

Juízo de Fato e Juízo de Valor

Juízo de Fato – são aqueles que dizem o que as coisas são, como são e porque são.

Juízo de Valor – avaliam as coisas, pessoas, ações, experiências, acontecimentos, sentimentos, estados de espírito, intenções e decisões como bons ou maus, desejáveis ou indesejáveis.

Os Juízos Éticos de Valor podem ser normativos, isto é, enunciam obrigações e avaliam intenções e ações segundo o critério do correto e do incorreto. Dizem-nos o que são o bem, o mal, a felicidade. Nos dizem que sentimentos, atos, intenções e comportamentos devemos ter para alcançarmos o bem e a felicidade. Enunciam também que atos, sentimentos, intenções e comportamentos são condenáveis ou incorretos do ponto de vista moral.

Como se pode observar, Senso Moral e Consciência Moral são inseparáveis da vida cultural, uma vez que esta define para seus membros os valores positivos e negativos que devem respeitar ou detestar.

Os Constituintes o Campo Ético

Para que haja conduta ética é preciso que exista o agente consciente, aquele que conhece a diferença entre o bem e o mal, certo e errado, permitido e proibido, virtude e vício.

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O sujeito ético ou moral, isto é, a pessoa, só pode existir se preencher as seguintes condições:

• Ser consciente de si e dos outros, isto é, ser capaz de reflexão e de reconhecer a existência dos outros como sujeitos éticos iguais a ele;

• Ser dotado de vontade, isto é, de capacidade para controlar e orientar desejos, impulsos, tendências, sentimentos (para que estejam em conformidade com a consciência) e de capacidade para deliberar entre várias alternativas possíveis;

• Ser responsável, isto é, reconhecer-se como autor da ação, avaliar os efeitos e conseqüências dela sobre si e sobre os outros, assumi-la bem como as suas conseqüências, respondendo por elas;

• Ser livre, isto é, ser capaz de oferecer-se como causa interna de seus sentimentos, atitudes e ações, por não estar submetido a poderes externos que o forcem e o constranjam a sentir, a querer e a fazer alguma coisa. A liberdade não é tanto o poder para escolher entre várias possíveis, mas o poder para se autodeterminar, dando a si mesmo as regras de conduta.

O campo ético é, portanto, constituído por dois pólos internamente relacionados: o agente ou sujeito moral e os valores morais ou virtudes éticas.

Sujeito Passivo se deixa governar e arrastar por seus impulsos, inclinações e paixões, pelas circunstâncias, pela boa ou má sorte, pela opinião alheia, pelo medo dos outros, pela vontade de um outro, não exercendo sua própria consciência, vontade, liberdade e responsabilidade.

Sujeito Ativo controla interiormente seus impulsos, suas inclinações e suas paixões, discute consigo mesmo e com os outros o sentido dos valores e dos fins estabelecidos, tem consideração pelos outros sem subordinar-se nem se submeter cegamente a eles, respondendo pelo que faz, julga suas próprias intenções e recusa a violência contra si e contra os outros. É autônomo. Aquele que tem o poder de dar a si mesmo a regra, a norma, a lei.

O maior desafio do mundo contemporâneo é a construção de uma ordem social justa no plano das nações. É necessário criar estruturas novas de tal modo que as necessidades básicas dos seres humanos sejam preenchidas, ou seja, que sirvam ao bem humano. Uma nova ética se faz imperiosa no novo milênio. Relações harmoniosas, onde as questões comuns sejam mais bem observadas, onde a cooperação e a interdependência humanas sejam respeitadas.

Até bem pouco tempo os tratados de ética limitavam-se à microétiva, aos comportamentos interpessoais, analisando a estrutura interior dos atos humanos que, para serem imputados, deviam realizar-se com plena consciência, conhecimento e liberdade. A macroética avalia com igual ênfase e importância a dimensão pública e comunitária da ação. É certo que a educação, a saúde, a distribuição dos bens, a propriedade, a economia, a promoção da família e a ordem social da comunidade dependem cada vez mais das decisões coletivas do que das orientações e ações individuais. A macroética decorre da atual organização do mundo em macro-estruturas que, em muitos setores, alcançam dimensões planetárias.

Entre a micro e a macroética não há conflitos irredutíveis. Tanto a filosofia contemporânea como a clássica englobam em suas premissas fundamentais os dois aspectos da ética. Em nosso século a fenomenologia não trata o ser humano como indivíduo auto-suficiente, mas trata o ser-no-mundo, como estrutura ontológica aberta que se realiza com os semelhantes e com a natureza.

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passividade

Sujeito Moral/Agente

atividade