apostila sobre karl marx, movimento operário e formas de gestão - eesp

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Sociologia - Karl Marx

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ESCOLA ESTADUAL LOURDES DE CARVALHO

PAGE 10

ESCOLA ESTADUAL: SEGISMUNDO PEREIRA

DISCIPLINA: SOCIOLOGIA

PROFESSOR: MARCELO MARTINS FERNANDES

3 SRIE DO ENSINO MDIO

KARL MARX E A TEORIA MATERIALISTA DO SOCIAL

O MOVIMENTO OPERRIO

AS FORMAS DE GESTO DA PRODUAO SOCIAL

NOME:___________________________________________

TURMA:_______

UNIDADE IA TEORIA MATERIALISTA DO SOCIAL EM MARX

Introduo

1. Karl Marx nasceu em 1818, na Alemanha e faleceu em 1883, quando a Sociologia positivista de Augusto Comte tentava dar conta dos movimentos revolucionrios da poca, utilizando o apelo da ordem e progresso. Enquanto os positivistas viam nas revolues a desordem ou a ruptura da evoluo natural das sociedades, Marx tomava os conflitos sociais como o prprio motor da histria, como expresso das crises que a sociedade burguesa j apresentava.

Biografia de Karl Marx (1818-1883)

1818 - Marx nasceu em 05 de maio, em Treves, capital da provncia alem do Reno.

1835 Aos dezessete anos de idade, Marx ingressou na Universidade de Bonn para estudar jurisprudncia. Permaneceu um ano e abandonou seus estudos no Direito.

1836 Marx ingressou na Universidade de Berlim para estudar Histria e Filosofia.

1841 Defendeu sua tese de doutoramento em Filosofia.

1842 Tornou-se redator-chefe da Gazeta Renana em Colnia. Iniciou a sua amizade com Engels.

1843- A censura prussiana decretou interdio de A Gazeta Renana. Em junho deste ano, casou-se com a filha de um baro prussiano. Ao final do ano transferiu-se para Paris e assumiu a direo dos Anais Franco-Alemes.

1844 Foi publicado o primeiro (e nico) volume dos Anais, contendo dois artigos escritos por Marx: Sobre a questo judaica, e Contribuio critica da Filosofia do Direito de Hegel. Escreveu tambm com Engels uma obra contra Bruno Bauer: A sagrada famlia.1845 Marx foi expulso de Paris. Fixou residncia em Bruxelas, com Engels escreveu: As teses contra Feuerbach A ideologia Alem.

1847 Publicou a Misria da Filosofia (crtica em resposta a Prodhon).

1848 - Publicao do Manifesto do Partido Comunista.

1850 Estabeleceu residncia num bairro pobre de Londres.

1852- Publicou O 18 Brumrio de Lus Bonaparte.

1857- Trabalhou intensamente em suas pesquisas econmicas. Desses estudos saiu o livro: Contribuio Crtica econmica poltica.1863- Iniciou redao de O Capital.

1864- Marx foi eleito um dos representantes alemes num dos comits da Associao Internacional do Trabalhadores.

1866 Marx terminou a redao do primeiro nmero de O Capital.

1871 Insurreio em Paris: A Comuna. Marx tornou-se conhecido mundialmente.

1883- Falecimento de Marx.

2. Marx teve Friedrich Engels como grande amigo, amizade da qual floresceram muitas obras e idias. Foi um dos fundadores da Associao Internacional de Operrios (1 Internacional).Entre suas principais obras, podemos destacar: O Capital, A Misria da Filosofia, Para a Crtica da Economia Poltica, O 18 Brumrio de Luiz Bonaparte, A Luta de classes na Frana, O Manifesto do Partido Comunista e A Ideologia Alem.

As duas ltimas obras escritas em parceria com Engels. Mais que tericos, Marx e Engels foram homens de ao, militantes de tamanha expresso que a histria e desenvolvimento do movimento operrio torna-se menos compreensvel se desprezarmos suas biografias.

3. A Inteno de Marx ao escrever, era propor uma ampla transformao poltica, econmica e social. Sua obra mxima, O Capital, destinava-se a todos os homens, no apenas aos estudiosos da economia, da poltica e da sociedade. Este um aspecto singular da teoria de Marx. H um alcance mais amplo nas suas formulaes, as quais adquiram dimenses de ideal revolucionrio e ao poltica efetiva. As contradies bsicas da sociedade capitalista e as possibilidades de superao apontadas pela obra de Marx no puderam permanecer ignoradas pela Sociologia.

Ao terminar sua principal obra O Capital, escreveu a um amigo numa espcie de desabafo:

Enquanto fui capaz de trabalhar, usei cada instante de minha vida na busca do acabamento de minha obra, qual sacrifiquei sade, felicidade e famlia. Espero que esta afirmao no provoque comentrios. Pouco me importa a sabedoria dos homens que se dizem prticos. Se quisssemos ser animais, poderamos virar as costas aos sofrimentos da humanidade e ocuparmo-nos de nossa prpria pele. Mas eu teria deitado tudo a perder, se morresse sem ter terminado, pelo menos, o manuscrito de meu livro.

O que capital?

A principal preocupao de Marx era desvendar as leis do movimento do capital na sociedade capitalista. A idia mais geral para Marx a de que capital no uma coisa. No simplesmente, como para os economistas neoclssicos, o conjunto de mquinas, equipamentos, estradas e canais. tambm isto, mas sob determinadas condies.

Capital , antes de tudo, uma relao social. a relao de produo que surge com o aparecimento da burguesia, ou seja, com o aparecimento daquela classe social que se apropria privadamente dos meios de produo (monoplio de classe) e que se firma definitivamente aps a dissoluo do mundo feudal. O capital no uma coisa, mas uma relao social entre pessoas efetivada atravs de coisas.

Diz Marx: A propriedade de dinheiro, de meios de subsistncia, de mquinas e outros meios de produo no transforma um homem em capitalista, se lhe falta o complemento, o trabalhador assalariado, ou outro homem que forado a vender-se a si mesmo voluntariamente.

A anlise de Marx tem razes na histria. O que ele quer analisar um modo de produo especfico que estava surgindo com a dissoluo do mundo feudal. Ignorar isto condenar-se a no compreender sua anlise.

O que o Capitalismo para Marx?

uma relao que se caracteriza pela compra e venda da fora de trabalho e que s se tornou possvel sob determinadas condies e visando determinados fins que ficaro mais claros depois. Em outras palavras, o capitalismo surge quando tudo se torna mercadoria, inclusive a fora de trabalho. Para que isto ocorra necessrio que uma classe (a burguesia) se torne proprietria exclusiva dos meios de produo e que a outra classe (proletariado), no tendo mais como produzir o necessrio para o sobreviver, seja obrigada a vender no mercado sua fora de trabalho.

O que distingue o Capitalismo como forma social?

1- A forma mercadoria forma determinante na sociedade capitalista.

2- A mais-valia que o motor do capitalismo.

I O MATERIALISMO HISTRICO DIALTICOPara entender o capitalismo e explicar a natureza da organizao econmica humana, Marx desenvolveu uma teoria abrangente e universal, que se prope a tratar de toda e qualquer forma de produo da vida material, que o homem tenha criado em todo o tempo e lugar.

Os princpios bsicos dessa teoria esto expressos em seu mtodo de anlise o materialismo histrico dialtico.

O pressuposto bsico que uma estrutura social o reflexo do modo como seus componentes elaboram a produo social de bens.

A produo social, segundo Marx, engloba dois fatores bsicos:

As Foras Produtivas / As relaes de Produo

1-Foras Produtivas: so as matrias primas, os instrumentos de trabalho, as tcnicas, a diviso social do trabalho, a cincia e o prprio homem.

As foras produtivas constituem as condies materiais de toda a produo. Qualquer processo de trabalho implica: determinados objetos, isto , matrias-primas identificadas e extradas da natureza; e determinados instrumentos, ou seja, o conjunto de foras naturais j transformadas e adaptadas pelo homem, como ferramentas ou mquinas, utilizadas segundo uma orientao tcnica especfica.

O homem, principal elemento das foras produtivas, o responsvel por fazer a ligao entre a natureza e a tcnica e os instrumentos.

O desenvolvimento da produo vai determinar a combinao e o uso desses diversos elementos: recursos naturais, mo-de-obra disponvel, instrumentos e tcnicas produtivas.

O conceito de foras produtivas engloba tudo o que permite aos homens aturar sobre a natureza, transformando-a e adaptando-as s necessidades humanas, historicamente determinadas.

O desenvolvimento das foras produtivas acarreta o aprofundamento da diviso social do trabalho, e ambas alteram a forma como os homens relacionam-se e apropriam-se da natureza; da a ocorrncia de um segundo tipo de relaes dialeticamente ligado ao primeiro: as relaes que os homens estabelecem entre eles para assegurarem a produo e satisfao das suas necessidades. Relaes sociais de produo.

A cada forma de organizao das foras produtivas corresponde uma determinada forma de relaes de produo.

2-Relaes de Produo: As relaes de produo so as formas pelas quais os homens se organizam para executar a atividade produtiva. Essas relaes se referem s diversas maneiras pelas quais so apropriados e distribudos os elementos envolvidos no processo de trabalho: as matrias primas, os instrumentos de trabalho e a tcnica, os prprios trabalhadores e o produto final.

Assim as relaes de produo podem ser, num determinado momento: cooperativistas (como num mutiro), escravistas (como na antigidade), servis (como no feudalismo), ou capitalistas (como na indstria moderna).

Foras produtivas e relaes de produo so condies naturais e histricas de toda atividade produtiva que ocorre em sociedade. A forma pela quais ambas existem e so reproduzidas numa determinada sociedade constitui o que Marx denominou modo de produo.

Para Marx, o estudo do modo de produo fundamental para compreender como organiza e funciona uma sociedade. As relaes de produo, nesse sentido, so consideradas as mais importantes relaes sociais.

Os modelos de famlia, as leis, a religio, as idias polticas, os valores sociais so aspectos cuja explicao depende, em princpio, do estudo do desenvolvimento e do colapso de diferentes modos de produo.

Analisando a histria, Marx identificou alguns modos de produo especficos: sistema comunal primitivo, modo de produo asitico, modo de produo germnico, modo de produo antigo, modo de produo feudal e modo de produo capitalista.

Cada qual representa diferentes formas de organizao da propriedade privada e da explorao do homem pelo homem. Em cada modo de produo, a desigualdade de propriedade, como fundamento das relaes de produo, cria contradies bsicas como o desenvolvimento das foras produtivas. Essas contradies se acirram at provocar um processo revolucionrio, com a derrocada do modo de produo vigente e a ascenso de outro.O conjunto das foras produtivas e das relaes sociais de produo forma o que Marx chamou de infra-estrutura de uma sociedade que por sua vez, a base sobre a qual se constituem as demais instituies sociais.

Infra-estrutura e Superestrutura

Para Marx, toda a realidade social teoricamente dividida em duas partes correlacionadas em que a primeira determina a Segunda. So elas:

a) A Infra-estrutura: formada pela base econmica da sociedade.

b) A Superestrutura: Segundo a concepo materialista da histria, na produo da

vida social, os homens geram tambm outra espcie de produtos que no tm forma material e que vm a ser ideologias polticas, concepes religiosas, cdigos morais e ticos, sistemas legais, de ensino, de comunicao, o conhecimento filosfico e cientfico, a cultura, as representaes coletivas (enfim, tudo o que no produo da vida material ).

A explicao das formas sociais jurdicas, polticas, espirituais e de conscincia encontra-se nas relaes de produo que constituem a base econmica da sociedade. A superestrutura seria condicionada pelo modo como os homens esto organizados no processo produtivo.

A origem histrica do capitalismo

O capitalismo surge na histria quando, por circunstncias diversas uma enorme quantidade de riquezas se concentra nas mos de uns poucos indivduos, que tm por objetivo a acumulao de lucros cada vez maiores.

No incio, a acumulao de riquezas se fez por meio da pirataria, do roubo, dos monoplios e do controle de preos praticados pelos Estados absolutistas. A comercializao era a grande fonte de rendimentos para os Estados e a nascente burguesia. Uma importante mudana aconteceu quando, a partir do sculo XVI, o arteso e as corporaes de ofcio foram substitudas, respectivamente, pelo trabalhador livre assalariado o operrio e pela indstria.

Na produo artesanal da Idade Mdia e do Renascimento, o trabalhador mantinha em sua casa os instrumentos de produo. Aos poucos, porm, estes passaram s mos de indivduos enriquecidos, que organizaram oficinas. A Revoluo Industrial introduziu inovaes tcnicas na produo que aceleraram o processo de separao entre o trabalhador e os instrumentos de produo. As mquinas e tudo o mais necessrio ao processo produtivo fora motriz, instalaes, matrias primas ficaram acessveis somente aos mais ricos. Os artesos, isolados, no podiam competir com o dinamismo dessas nascentes indstrias e do conseqente crescimento do mercado. Com isso, multiplicou-se o nmero de operrios, isto , trabalhadores livres expropriados, artesos que desistiam da produo individual e empregavam-se nas indstrias.

A idia de Alienao

O conceito de alienao em Marx tem origem na situao mais concreta da existncia: o trabalho, atividade pela qual o homem domina e transforma a natureza, humanizando-a a favor de sua prpria reproduo. A alienao nas relaes de trabalho capitalistas decorre da contradio bsica de que o trabalho tornou-se estranho humanidade do trabalhador, tornou-se um sofrimento cruel, dividindo a sociedade em classes sociais radicalmente antagnicas. O trabalho tornou-se ameaa, em vez de criao; tornou-se opresso, em vez de liberdade e autonomia do homem. Isto se deu atravs da diviso social do trabalho prpria do capitalismo, com a apropriao privada dos meios de produo.

Marx desenvolveu o conceito de alienao mostrando que:

1) A industrializao, a propriedade privada e o assalariamento separavam o trabalhados dos meios de produo (ferramentas, matria-prima, terra e mquina), que se tornaram propriedade privada do capitalista. 2) Separava tambm, ou alienava, o trabalhador do fruto de seu trabalho, que tambm apropriado pelo capitalista. Essa a base da alienao econmica do homem sob o capital.

3) Politicamente, tambm o homem se tornou alienado, pois o princpio da representatividade, base do Liberalismo, criou a idia de Estado como um rgo poltico imparcial, capaz de representar toda a sociedade e dirigi-la atravs do poder delegado pelos indivduos. Marx mostrou, entretanto, que na sociedade de classes esse Estado representa apenas a classe dominante e age conforme o interesse desta.

Com o desenvolvimento do capitalismo, a filosofia, por sua vez, tambm passou a criar representaes do homem e da sociedade. Diz que Marx que a diviso social do trabalho fez com que a filosofia se tornasse atividade de um determinado grupo. Ela , portanto, parcial e reflete o pensamento desse grupo. Essa parcialidade e o fato de que o Estado se torna legtimo a partir dessas reflexes parciais, como por exemplo, o Liberalismo, transformaram a filosofia em filosofia do Estado. Esse comportamento do filsofo e do cientista em face do poder resultou tambm na alienao do homem.

I- O TRABALHO EM MARX

A origem da palavra trabalho tem sido comumente atribuda ao latim tripalium, instrumento de tortura utilizado para empalar prisioneiros de guerra e escravos fugdios.Assim, em sua prpria terminologia o trabalho carrega uma carga de esforo e desprazer,o que extremamente compreensvel em sociedades em que predominavam o trabalho forado em que atividades produtivas eram desprezadas e executadas to somente por escravos como na Grcia e Roma antigas, cabendo aos homens livres a execuo de atividades intelectuais ligadas s cincias e s artes.Pode-se afirmar que o trabalho o ato que o homem executa visando transformar conscientemente a natureza, ou para citar Marx (1983, p. 149), uma ao em que o homem media, regula e controla seu metabolismo com a natureza. A origem do trabalho encontra-se na necessidade de a humanidade satisfazer suas necessidades bsicas, evoluindo para outros tipos de necessidades, mesmo suprfluas.

Assim, trabalhar produzir riqueza, o que necessrio em todos os modos de produo, seja no comunal primitivo, no escravista, no feudal, no capitalista, e mesmo nas experincias socialistas. O que muda a forma de produzir, a tecnologia utilizada, e a relao entre o sujeito que produziu e o que se apropria do que foi produzido, que varia de acordo com a forma de organizao da sociedade.

Uma sociedade no vive sem o trabalho, na verdade, pode-se dizer que o homem evoluiu de sua condio animal at sua condio atual devido ao seu trabalho2. Engels (s/d, p. 270) afirma que o homem modifica sua relao com a natureza devido ao trabalho. Se na condio animal ele tinha de submeter-se s leis da natureza, atravs do trabalho ele busca dominar a natureza, transforma-a em proveito prprio. Passa de ser dominado a ser dominante devido ao desenvolvimento do trabalho.

O prprio desenvolvimento do seu corpo, do crebro, da fala, e da relao entre os homens origina-se do trabalho. Desta forma, Engels afirma que o trabalho criou o homem e o homem criou o trabalho, sendo esta uma ao exclusivamente humana, pois assume uma forma consciente, no intuitiva, pois antes de produzir um objeto necessrio ao trabalhador elabor-lo inicialmente em seu crebro para s ento partir para a execuo.

J as atividades que os animais executam (a aranha e sua teia, o joo-de-barro e sua casa) so meramente intuitivas, da trabalho ser uma atividade exclusiva da espcie humana.

Para Marx,o nico bem que o trabalhador possui devido a no ser proprietrio de meios de produo a sua fora de trabalho,a sua capacidade de trabalhar, sendo por isso que o trabalhador obrigado a vender sua fora de trabalho ao capital. Ao contrrio de sociedades pr-capitalistas como o feudalismo e a escravido, no capitalismo o trabalhador entrega sua capacidade de trabalhar por um tempo determinado atravs de um contrato de trabalho. Alm do estabelecimento de um contrato de assalariamento que regula as relaes capital-trabalho, algumas diferenas podem ser encontradas no trabalho sob o modo de produo capitalista em comparao com sociedades pr-capitalistas. Como j visto, o trabalho era desprezado na Grcia e Roma antigas, fazendo com que a socializao dos indivduos ocorresse fora do trabalho, enquanto na sociedade capitalista a socializao dos indivduos ocorre exatamente nas relaes de trabalho. Para esta mudana, a revoluo industrial dos sculos XVIII e XIX teve um peso determinante3, com a formao de exrcitos de trabalhadores que desprovidos de qualquer propriedade so obrigados a abandonar a vida do campo, sendo jogados nas cidades em busca de empregos assalariados junto s nascentes industriais.

O trabalho ento assumiria um novo carter, de atividade indigna no passado, passam a ser vistos como indignos aqueles que no trabalham, taxados como vagabundos os que no se submetem a trabalhar para o capital4, mesmo que o prprio capital no tenha interesse em absorver todo o trabalho posto sua disposio. Assim, os capitalistas sempre encontram um grupo de trabalhadores margem do processo produtivo, mas sempre vidos por incorporar-se a ele, a estes trabalhadores Marx denominou de exrcito industrial de reserva.

Retomando o conceito de trabalho, podemos ter mais clareza sobre a noo Marx sobre a produo, o valor e a alienao. Enquanto atividade humana por excelncia, o trabalho produz a si e ao homem, cria as condies de soobrevivncia e as transforma. No se pode conceber o ser humano sem que o trabalho seja o ncleo da anlise. O desenvolvimento histrico privou alguns homens dos meios de produo necessrios sua subsistncia, forando-os a trabalharem para outros, em horrios, locais e condies estranhos a ele. Em outras palavras, tal privao separa o coletivo de homens por suas tarefas, cria uma diviso social do trabalho cujas partes podem ser compreendidas como classes complementares e antagnicas. Nos vrios modos de produo em que se apropria privadamente dos meios de produo, a diviso do trabalho , antes de tudo, a separao entre possuidores e despossudos. A existncia da propriedade privada dos meios de produo se encarrega de levar o trabalhador a um exerccio fsico que no produzir, necessariamente, bens de sua carncia ou que ele conhea seu inteiro processo de produo. A vida do trabalhador aquilo que ele produz, mas aquilo que ele produz no seu.

ALIENAO

- A alienao do trabalhador no seu produto significa no s que o trabalho se transforma em objeto e assume uma existncia externa, mas existe independentemente, fora dele e a ele estranho, torna-se um poder autnomo em oposio a ele. A vida que deu ao objeto se torna uma vida hostil e antagnica.

- O trabalho tornou-se estranho humanidade do trabalhador.

- Tornou-se um sentimento cruel, dividindo a sociedade em classes sociais antagnicas, decorrentes da diviso social do trabalho e com a apropriao privada dos meios de produo.

- Houve uma separao entre o trabalhador e os meios de produo, as ferramentas, as matrias-primas, a terra e as mquinas.

- O trabalhador perdeu o controle do produto do seu trabalho. Tudo isso passou para as mos do capitalista.

- Ao passo que o estranhamento entre o homem e o produto de seu trabalho se processa, o homem passa a estranhar tambm a prpria atividade do trabalho.

- O seu esforo fsico perde o sentido para si, torna-se uma atividade dolorosa, alheia, sofrida e de impotncia.

- A atividade que serviria para sua humanizao lhe retira a humanidade, lhe torna frio, insensvel e alheio realidade.

- Na verdade, no trabalho, o ser humano cria mercadorias que possuem utilidades domsticas, o homem humaniza a matria bruta e lhe d utilidade.

- Ao perder-se na produo, o homem desenvolve sua atividade intelectual ou sua conscincia presa ao mundo incompleto que agora lhe aparece.

- Ao tentar trocar a sua mercadoria por outra, ao entrar num supermercado para efetuar suas compras, o trabalhador tem diante de si mercadorias, possivelmente to estranhas aos seus produtores como so as suas. - V a mercadoria como um ser autnomo, independente e livre, se relaciona com as demais mercadoria da mesma forma.

- Nas prateleiras h, no lugar de objetos realizados pelo trabalho humano, mercadorias cadas do cu. Estas descem ao mundo com propriedades mgicas e poderes sobrenaturais.

- As qualidades de cada mercadoria parecem ter brotado inexplicavelmente nas coisas, sem que o trabalho fosse seu verdadeiro pai. Um carro deixa de ser um meio de transporte para me fornecer status. Um cigarro me representa liberdade. Um celular, amigos. Um desodorante, sensualidade, etc.

Fetiche da Mercadoria

- Um mundo de fantasias e mscaras se ergue e o homem a ele se agarra como se fosse concreto. Quando a mercadoria se reveste de capacidades unicamente humanas (status, liberdade, amizade, prestgio, beleza, sensualidade) Marx diz que esto sob o manto do fetiche.

no mais nada que determinada relao social entre os prprios homens que para eles aqui assume a forma fantasmagrica de uma relao entre coisas. Por isso, para encontrar uma analogia, temos de nos deslocar regio nebulosa do mundo da religio. Aqui, os produtos do crebro humano parecem dotados de vida prpria, figuras autnomas, que mantm relaes entre si e com os homens. Assim, no mundo das mercadorias, acontece com os produtos da mo humana. Isso eu chamo o fetichismo que adere aos produtos de trabalho, to logo so produzidos como mercadorias, e que, por isso, inseparvel da produo de mercadorias.

( Karl Marx) Logo, o que Marx quer dizer com fetichismo da mercadoria, o fato do produto exercer um controle sobrenatural at - sobre o comprador. Muito alm daquele do valor de uso, ou seja, a finalidade a que se destina o produto. O sujeito pode comprar uma cala jeans Frum no pela simples necessidade de vestir o corpo, mas muito mais, enquanto uma possibilidade de satisfazer seus desejos refletidos atravs do significado da cala Frum. Muito mais que cobrir o corpo nu, o comprador v a cala enquanto um meio para satisfao dos seus desejos de atrao, de identidade, de sensualidade, de ascenso social, etc. Esse apenas um exemplo de uma lista que pode ser extensamente indefinida. Mas a cala jeans Frum de nada significa para o sujeito se no houvesse por trs, toda propaganda do fabricante que transmite seus horizontes aos destinatrios.MERCADORIA E VALOR

Pode-se chamar de mercadoria todo produto do trabalho cuja funo ser vendido ou oferecido ao mercado para se realizar na troca. Todos os produtos oferecidos no mercador possuem, certamente, alguma utilidade para seu comprador. Esta uma condio e uma caracterstica fundamental deste produto: ele possui valor de uso.O capitalista no gerencia a produo para que ela crie mercadorias que sejam utis a ele mesmo, mas ao compradores. Sua principal preocupao com a venda da mercadoria.

Marx acreditava que as mercadorias poderiam ser trocadas umas pelas outras no mercado pela quantidade de trabalho socialmente necessrio para produz-las e que est contida em cada uma delas. Toda mercadoria demanda uma quantidade de trabalho para que seja produzida, mercadorias que exigem, num dado momento da histria, mais trabalho que outras, valem obrigatoriamente mais. Desta forma, o trabalho a fonte da riqueza materializada nas mercadorias. Este chamado valor de troca.

A FORA DE TRABALHO

Por fora de trabalho ou capacidade de trabalho entendemos o conjunto das faculdades fsicas e espirituais que existem na corporalidade, na personalidade viva de um homem e que ele pe em movimento toda vez que produz valores de uso de qualquer espcie. (Marx)

A fora de trabalho se transformou em uma mercadoria no processo de emergncia e consolidao do capitalismo. A medida que a desapropriao das terras comunais se desenvolveu batizada de cercamentos, milhares de trabalhadores rurais e suas famlias se deslocaram para as cidades europias em busca de sustento.

A alternativa que se abriu ante a calamidade era se submeter condio de integrante do exrcito industrial de reserva. Fato este que no se diferiu no seu fim em relao aos artesos, aprendizes e jornaleiros desalojados pelo crescimento industrial.

O desenvolvimento comercial e a emergncia da burguesia fizeram novas presses sobre o artesanato. Burgueses com capitais acumulados primitivamente ingressaram no espao produtivo como proprietrios, inagurando a manufatura.

Esta forma de organizao da produo condicionou os trabalhadores desapropriados ao trabalho coletivo e socialmente dividido. Perdidos os meios de, produo, os trabalhadores perderam o controle sobre a produo das mercadoria e, por conseqncia, a alienao se aprofundou na mesma medida em que se processou a desapropriao.

A separao em relao produo se completou quando as mquinas, durante a 1 revoluo industrial, ganharam uma nova fonte de energia (no humana).

O vapor, que anunciou a maquinofatura, aumentou a autonomia da mquina em relao ao trabalhador. Sua funo de operador era reduzida fiscalizao dos movimentos mecnicos das engrenagens. Seu controle sobre a velocidade e o tempo de produo era desintegrado e revelou um papel ao trabalhador: ele se tornou um apndice da mquina. Limitado a gestos repetitivos e imbecilizantes, o trabalho gradativamente aprofundou seu carter de tortura e castrao. A Prxis

Uma vez alienado, separado e mutilado, o homem s pode recuperar sua condio humana pela crtica radical ao sistema econmico, poltica e filosofia que o excluram da participao efetiva na vida social. Essa crtica radical s se efetiva na prxis.

A prxis uma ao poltica consciente transformadora, que permitiria ao homem recuperar sua humanidade, pela efetivao de uma crtica radical ao sistema capitalista.

Com base nesse princpio, os marxistas vinculam a crtica da sociedade ao poltica. Marx props no apenas um novo mtodo de abordar e explicar a sociedade, mas tambm um projeto para a ao sobre ela.

As classes sociais

As idias liberais consideram os homens, por natureza, iguais, poltica e juridicamente. Liberdade e justia so direitos inalienveis de todo cidado.

Marx, por sua vez, proclama a inexistncia de tal igualdade natural e observa que o liberalismo v os homens como tomos, como se estivessem livres das evidentes desigualdades estabelecidas pela sociedade. Segundo Marx, as desigualdades sociais observadas no seu tempo eram provocadas pelas relaes de produo do sistema capitalista, que dividem os homens em proprietrios e no-proprietrios dos meios de produo. As desigualdades so a base da formao das classes sociais.

As relaes entre os homens se caracterizam por relaes de oposio, antagonismo, explorao e complementaridade entre as classes sociais.

Marx identificou relaes de explorao da classe dos proprietrios, a burguesia, sobre a dos trabalhadores, o proletariado. Isso porque a posse dos meios de produo, sob a forma legal de propriedade privada, faz com que os trabalhadores, a fim de assegurar a sobrevivncia, tenham que vender sua fora de trabalho ao empresrio capitalista, o qual se apropria do produto do trabalho de seus operrios.

Essas mesmas relaes so tambm de oposio e antagonismo, na medida em que os interesses de classe so inconciliveis. O capitalista deseja preservar seu direito propriedade dos meios de produo e dos produtos e mxima explorao do trabalho do operrio, seja reduzindo os salrios, seja ampliando a jornada de trabalho. O trabalhador, por sua vez, procura diminuir a explorao ao lutar por menor jornada de trabalho, melhores salrios e participao nos lucros.

Por outro lado, as relaes entre as classes so complementares, pois uma s existe em relao outra. S existem proprietrios porque h uma massa de despossudos cuja nica propriedade sua fora de trabalho, que precisam vender para assegurar a sobrevivncia. As classes sociais so apesar de sua oposio intrnseca, complementares e interdependentes.

A histria do homem , segundo Marx, a histria da luta de classes, da luta constante entre interesses opostos, embora esse conflito nem sempre se manifeste socialmente sob a forma de guerra declarada. As divergncias, oposies e antagonismos de classes esto subjacentes a toda relao social, nos mais diversos nveis da sociedade, em todos os tempos, desde o surgimento da propriedade privada.

O Salrio

O operrio, como vimos, aquele indivduo que, nada possuindo, obrigado a sobreviver da venda de sua fora de trabalho. No capitalismo, a fora de trabalho se toma uma mercadoria, algo til, que se pode comprar e vender. Surge assim um contrato entre capitalista e operrio, mediante o qual o primeiro compra ou aluga por um certo tempo a fora de trabalho e, em troca paga ao operrio uma quantia em dinheiro, o salrio.

O salrio , assim, o valor da fora de trabalho, considerada como mercadoria. Como a fora de trabalho no uma coisa, mas uma capacidade, inseparvel do corpo do operrio, o salrio deve corresponder quantia que permita ao operrio alimentar-se, vestir-se, cuidar dos filhos, recuperar as energias e, assim, estar de volta ao servio no dia seguinte. Em outras palavras o salrio deve garantir a reproduo das condies de subsistncia do trabalhador e sua famlia.

O clculo do salrio depende do preo dos bens necessrios subsistncia do trabalhador. O tipo de bens necessrios depende, por sua vez, dos hbitos e dos costumes dos trabalhadores. Isso faz com que o salrio varie de lugar para lugar. Alm disso, o salrio depende ainda da natureza do trabalho e da destreza e da habilidade do prprio trabalhador. No clculo do salrio de um operrio qualificado deve-se computar o tempo que ele gastou com educao e treinamento para desenvolver suas capacidades.

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Trabalho, valor e lucroO capitalismo v a fora de trabalho como mercadoria, mas claro que no se trata de uma mercadoria qualquer. Enquanto os produtos, ao serem usados, simplesmente se desgastam ou desaparecem, o uso da fora de trabalha significa, ao contrrio, criao de valor. Os economistas clssicos ingleses, desde Adam Smith, j haviam percebido isso ao reconhecerem o trabalho como a verdadeira fonte de riqueza das sociedades.

Marx foi alm. Para ele, o trabalho, ao se exercer sobre determinados objetos, provoca nestes uma espcie de ressurreio. Tudo o que criado pelo homem, diz Marx, contm em si um trabalho passado, morto, que s pode ser reanimado por outro trabalho. Assim, por exemplo, um pedao de couro animal curtido, uma faca e fios de linha so, todos, produtos do trabalho humano. Deixados em si mesmos, so coisas mortas; utilizados para produzir um par de sapatos, renascem como meios de produo e se incorporam num novo produto, uma nova mercadoria, um novo valor.

Os economistas ingleses j haviam postulado que o valor das mercadorias dependia do tempo de trabalho gasto na sua produo. Marx acrescentou que este tempo de trabalho se estabelecia em relao s habilidades individuais mdias e s condies tcnicas vigentes na sociedade. Por isso, dizia que no valor de uma mercadoria era incorporado o tempo de trabalho socialmente necessrio sua produo.

De modo geral, as mercadorias resultam da colaborao de vrias habilidades profissionais distintas; por isso, seu valor incorpora todos os tempos de trabalho especficos. Por exemplo, o valor de um par de sapatos inclui no s o tempo gasto para confeccion-lo, mas tambm o dos trabalhadores que curtiram o couro, produziram fios de linha, a mquina de costurar etc. O valor de todos esses trabalhos est embutido no preo que o capitalista paga ao adquirir essas matrias-primas e instrumentos, os quais, juntamente com a quantia paga a titulo de salrio, sero incorporados ao valor do produto.

Imaginemos um capitalista interessado em produzir sapatos, utilizando para esse clculo uma unidade de moeda qualquer. Pois bem, suponhamos que a produo de um par lhe custe 100 unidades de moeda de matria-prima, mais 20 com o desgaste dos instrumentos, mais 30 de salrio dirio pago a cada trabalhador. Essa soma 150 unidades de moeda representa sua despesa com investimentos. O valor do par de sapatos produzido nessas condies ser a sorna de todos os valores representados pelas diversas mercadorias que entraram na produo (matria-prima, instrumentos, fora de trabalho), o que totaliza tambm 150 unidades de moeda.

Sabemos que o capitalista produz para obter lucro, isto , quer ganhar com seus produtos mais do que investiu. No exemplo acima, vemos, porm, que o valor de um produto corresponde exatamente ao que se investe para produzi-lo. Como ento se obtm o lucro?

O capitalista poderia lucrar simplesmente aumentando o preo de venda do produto, por exemplo, cobrando 200 pelo par de sapatos. Mas o simples aumento de preos um recurso transitrio e com o tempo cria problemas. De um lado, uma mercadoria com preos elevados, ao sugerir possibilidades de ganho imediato, atrai novos capitalistas interessados em produzi-la.

Com isso, porm, corre-se o risco de inundar o mercado com artigos semelhantes, cujo preo fatalmente cair. De outro lado, uma alta arbitrria no preo de uma mercadoria qualquer tende a provocar elevao generalizada nos demais preos, pois, nesse caso, todos os capitalistas desejaro ganhar mais com seus produtos. Isso pode ocorrer durante algum tempo, mas, se a disputa se prolongar poder levar o sistema econmico desorganizao.

Na verdade, de acordo com a anlise de Marx, no no mbito da compra e venda de mercadoria que se encontram bases estveis nem para o lucro dos capitalistas individuais nem para a manuteno do sistema capitalista. Ao contrrio, a valorizao da mercadoria se d no mbito de sua produo.

A Mais-Valia

Mais-Valia o nome dado ao tempo de trabalho socialmente gasto para a produo de uma mercadoria que no paga ao trabalhador. o trabalho excedente produzido pelo operrio no remunerado. Efetivamente os lucros dependem diretamente da quantidade de mais-valia que o capitalista consegue obter.

Suponhamos que um operrio tenha uma jornada diria de nove horas e confeccione um par de sapatos a cada trs horas. Nestas trs horas, ele cria uma quantidade de valor correspondente ao seu salrio, que suficiente para obter o necessrio sua subsistncia. Como o capitalista lhe paga o valor de um dia de fora de trabalho, o restante do tempo, seis horas, o operrio produz mais mercadorias, que geram um valor maior do que lhe foi pago na forma de salrio. A durao da jornada de trabalho resulta, portanto, de um clculo que leva em considerao o quanto interessa ao capitalista produzir para obter lucro sem desvalorizar seu produto.

Suponhamos uma jornada de nove horas, ao final da qual o sapateiro produza trs pares de sapatos. Cada par continua valendo 150 unidades de moeda, mas agora eles custam menos ao capitalista. que, no clculo do valor dos trs pares, a quantia investida em meios de produo tambm foi multiplicada por trs, mas a quantia relativa ao salrio, correspondente a um dia de trabalho, permaneceu constante. Desse modo, o custo de cada par de sapatos se reduziu a 130 unidades.custo de um par de sapatos na jornada - custo de um par de sapatos na jornada

de trabalho de trs horas de trabalho de nove horas

meios de produo : 120 - meios de produo: 120x3 = 360

+ + + +

salrio 30 salrio 30

------ ------

150 390/3=130

Assim, ao final da jornada de trabalho, o operrio recebe 30 unidades de moeda, ainda que seu trabalho tenha rendido o dobro ao capitalista: 20 unidades de moeda, em cada um dos trs pares de sapatos produzidos. Esse valor a mais no retorna ao operrio: incorpora-se no produto e apropriado pelo capitalista.

Visualiza-se, portanto, que uma coisa o valor da fora de trabalho, isto , o salrio, e outra o quanto esse trabalho rende ao capitalista. Esse valor excedente produzido pelo operrio o que Marx chama de mais-valia.

O capitalista pode obter mais-valia procurando aumentar constantemente a jornada de trabalho, tal como no exemplo acima. Essa , segundo Marx a mais-valia absoluta. claro, porm, que a extenso indefinida da jornada esbarra nos limites fsicos do trabalhador e na necessidade de controlar a prpria quantidade de mercadorias que se produz.

Agora, pensemos numa indstria moderna altamente mecanizada. A tecnologia aplicada faz aumentar a produtividade, isto , as mesmas nove horas de trabalho agora produzem um nmero maior de mercadoria, digamos, 20 pares de sapatos. A mecanizao tambm faz com que a qualidade dos produtos dependa menos da habilidade e do conhecimento tcnico do trabalhador individual. Numa situao dessas, portanto, a fora de trabalho vale cada vez menos e, ao mesmo tempo, graas maquinaria desenvolvida, produz cada vez mais. Esse , em sntese, o processo de obteno daquilo que Marx denominou mais-valia relativa. O processo descrito esclarece a dependncia do capitalismo em relao ao desenvolvimento das tcnicas de produo. Mostra, ainda, como o trabalho, sob o capital, perde todo o atrativo e faz do operrio mero apndice da mquina.

Resumindo:

1- No capitalismo, a fora de trabalho se torna uma mercadoria, algo til que se pode comprar e vender.

2- O salrio , assim, o valor da fora de trabalho, considerada como mercadoria e que deve garantir a reproduo das condies de subsistncia do trabalhador e sua famlia.

3- O salrio depende do preo dos bens necessrios subsistncia do trabalhador e da destreza e da habilidade do prprio trabalhador.

4- O trabalho no uma mercadoria qualquer, o uso da fora de trabalho significa a criao de valor; o trabalho a fonte de riquezas da sociedade.

5- Tudo que criado pelo homem, contm em si um trabalho passado, morto, que s pode ser reanimado por outro trabalho, a partir daqui surge um novo produto, uma nova mercadoria, um novo valor.

6- O valor de uma mercadoria o tempo de trabalho socialmente necessrio sua produo.

7- As mercadorias resultam da colaborao de vrias atividades profissionais distintas; por isso seu valor incorpora todos os tempos de trabalhos especficos.

8- Marx afirma que a mais-valia representa o valor ou produo excedente pelo qual o trabalhador no pago e se tornar o lucro do capitalista.

9- Marx identificou duas formas: a mais-valia absoluta, decorrente do aumento da jornada de trabalho; e a mais-valia relativa, decorrente do uso de tecnologia e automao aplicada produo.

Para Marx, o processo de trabalho atividade dirigida com o fim de criar valores-de-uso, (...) condio necessria da troca material entre o homem e a natureza: condio natural eterna da vida humana, sem depender portanto, de qualquer forma dessa vida, sendo antes comum a todas as suas formas sociais. impossvel a existncia de uma sociedade na qual o trabalho no seja a atividade criadora de coisas teis.

Em todas as sociedades o intercmbio dos homens com os recursos naturais se d pelo

trabalho, sempre no interior de determinadas relaes sociais, como por exemplo: escravistas, feudais, capitalistas.

A sociedade contempornea de alta tecnologia, depende do trabalho humano para a produo de bens e servios.

A cincia e a tecnologia so os elementos que impulsionam o desenvolvimento do modo de produo capitalista no mbito das relaes de classe.A cincia e a tecnologia contribuem para o fortalecimento do antagonismo de classe existente no modo de produo capitalista.

A cincia e a tecnologia contribuem para o crescimento dos conflitos entre capital e trabalho no modo de produo capitalista. O Fetiche da Mercadoria

Fetiche: relao mgica com um objeto.

A mercadoria uma fantasia fantasmagrica que vem do valor de troca. A mercadoria ganha vida prpria. A mercadoria no tem vida prpria, ela o resultado de relaes sociais de trabalho. a forma dinheiro que d o acabamento final mercadoria, fetichizando-a; dando uma sofisticao mercadoria.

ESTADO COMO INSTRUMENTO DA CLASSE DOMINANTE Marx no desenvolveu uma nica e sistematizada teoria da poltica ou do Estado. As concepes marxistas do Estado devem ser deduzidas das crticas de Marx a Hegel, do desenvolvimento da teoria de Marx sobre a sociedade (incluindo sua teoria da economia poltica) e de suas anlises de conjunturas histricas especficas, tais como: a revoluo de l848, na Frana, e a ditadura de Lus Napoleo, ou a Comuna de Paris de l871.

H uma variedade de interpretaes possveis, baseada em fontes como O Estado e a Revoluo, de Lnin, indo de uma posio que defende a viso leninista quelas que vem uma teoria do Estado claramente refletida na anlise poltica e econmica de Marx, ou tomam o Estado autnomo do Dezoito Brumrio ( de Lus Napoleo) como a base para a anlise da situao atual.

Apesar dessas diferenas, porm, todos os tericos marxistas, de um modo ou de outro, baseiam suas teorias do Estado em alguns dos fundamentos marxistas e so esses fundamentos analticos que formam o quadro do debate.

QUAIS SO ESSES FUNDAMENTOS ANALTICOS?

I- Marx considerava as condies materiais de uma sociedade como a base de sua estrutura social e da conscincia humana.

A forma do Estado, portanto, emerge das relaes de produo, no do desenvolvimento geral da mente humana ou do conjunto das vontades humanas. Segundo Marx, impossvel separar a interao humana em uma parte da sociedade da interao em outra: a conscincia humana que guia e at mesmo determina essas relaes individuais o produto das condies materiais o modo pelo qual as coisas so produzidas, distribudas e consumidas.

As relaes jurdicas assim como as formas do Estado no podem ser tomadas por si mesmas nem do chamado desenvolvimento geral da mente humana, mas tm suas razes nas condies materiais de vida, em sua totalidade, relaes estas que Hegel... combinava sob o nome de sociedade civil. Cheguei tambm concluso de que a anatomia da sociedade civil deve ser procurada na economia poltica... Na produo social de sua vida, os homens entram em relaes determinadas, necessrias, e independentes de sua vontade, relaes de produo que correspondem a um grau determinado de desenvolvimento de suas foras produtivas materiais. A soma total dessas relaes de produo constitui a estrutura econmica da sociedade, a base real sobre a qual se eleva uma superestrutura jurdica e poltica e qual correspondem formas definidas de conscincia social. O modo de produo da vida material condiciona, de forma geral, o processo de vida social, poltico e intelectual. No a conscincia dos homens que determina sua forma de ser mas, ao contrrio, sua forma de ser social que determina sua conscincia. (ver Marx-Engels, tica, 1983, 232-33)

Essa formulao do Estado contradizia diretamente a concepo de Hegel do Estado racional, um Estado ideal que envolve uma relao justa e tica de harmonia entre os elementos da sociedade. Para Hegel, o Estado eterno, no histrico; transcende sociedade como uma coletividade idealizada. Assim, mais do que as instituies simplesmente polticas. Marx, ao contrrio, colocou o Estado em seu contexto histrico e o submeteu a uma concepo materialista da histria. No o Estado que molda a sociedade, mas a sociedade que molda o Estado. A sociedade, por sua vez, se molda pelo modo dominante de produo e das relaes de produo inerentes a esse modo.

II- Marx defendia que o Estado, emergindo das relaes de produo, no representa o bem-comum, mas a expresso poltica da estrutura de classe inerente produo.

Hegel, Hobbes, Rousseau, Locke e Adam Smith tinham uma viso do Estado como responsvel pela representao da coletividade social, acima dos interesses particulares e das classes, assegurando que a competio entre os indivduos e os grupos permanecessem em ordem, enquanto os interesses coletivos do todo social seriam preservados nas aes do prprio Estado.

Marx rejeitou essa viso do Estado como o curador da sociedade como um todo. Uma vez que chegou a sua formulao da sociedade capitalista como uma sociedade de classes, dominada pela burguesia, seguiu-se necessariamente a sua viso de que o Estado a expresso poltica dessa dominao. Portanto, o Estado um instrumento essencial de dominao de classes na sociedade capitalista. Ele no est acima dos conflitos de classes, mas profundamente envolvido neles.

Pode haver ocasies e assuntos onde os interesses de todas as possam coincidir.Mas na maior parte das vezes e em essncia, esses interesses esto fundamental e irrevogavelmente em divergncia, de modo que o Estado no pode ser seu curador comum; a idia de que tal possa acontecer faz parte do vu ideolgico que uma classe dominante lana sobre a realidade da dominao de classe, a fim de legitimar essa dominao aos prprios olhos e tambm perante as classes subordinadas. ( Milliband, 1977).

A burguesia tem um controle especial sobre o trabalho no processo de produo capitalista, essa classe dominante estende seu poder ao Estado e a outras instituies.

Na Origem da Famlia, da Propriedade Privada e do Estado (1884), Engels desenvolveu o conceito fundamental (seu e de Marx) da relao entre as condies materiais da sociedade, sua estrutura social e o Estado. Defendeu que o Estado tem suas origens na necessidade de controlar os conflitos sociais entre os diferentes interesses econmicos e que esse controle realizado pela classe economicamente mais poderosa na sociedade. O Estado capitalista uma resposta necessidade de mediar o conflito de classes e manter a ordem, uma ordem que reproduz o domnio econmico da burguesia.

O Estado no , pois, de forma alguma, um poder imposto sociedade de fora para dentro; tampouco e a realizao da idia moralou a imagem e realidade da razo, como afirma Hegel. antes, um produto da sociedade num determinado estgio de desenvolvimento; a revelao de que essa sociedade se envolveu numa irremedivel contradio consigo mesma e que est dividida em antagonismos irreconciliveis que no consegue exorcizar. No entanto, a fim de que esses antagonismos, essas classes com interesses econmicos conflitantes no se consumam e no afundem a sociedade numa luta infrutfera, um poder, aparentemente acima da sociedade, tem-se tornado necessrio para moderar o conflito e mant-lo dentro dos limites da ordem. Este poder, surgido da sociedade, mas colocado acima dela e cada vez mais se alienando dela, o Estado... Na medida em que o Estado surgiu da necessidade de conter os antagonismos de classe, mas tambm apareceu no interior dos conflitos entre elas, torna-se geralmente um Estado em que predomina a classe mais poderosa, a classe econmica dominante, a classe que, por seu intermdio, tambm se converte na classe politicamente dominante e adquire novos meios para a represso e explorao da classe oprimida. O Estado antigo era acima de tudo, o Estado dos proprietrios de escravos para manter sub jugados a estes, como o Estado feudal era o rgo da nobreza para dominar os camponeses e os servos, e o moderno Estado representativo o instrumento de que se serve o capital para explorar o trabalho assalariado. (Engels)

III Na Teoria do Estado de Marx, o Estado Capitalista representa o brao repressivo da burguesia.

A ascenso do Estado como fora repressiva para manter sob o controle os antagonismos de classe no apenas descreve a natureza de classe do Estado, mas tambm sua funo repressiva, a qual, no capitalismo, serve classe dominante, burguesia.

H aqui, duas questes:

1 - Refere-se a uma funo primria da comunidade: A imposio das leis, inerente a toda sociedade.

2 - Refere-se ascenso do Estado e represso inerente a essa ascenso.

De acordo com Marx e Engels, o Estado aparece como parte da diviso de trabalho, isto , como parte do aparecimento das diferenas entre os grupos na sociedade e da falta de consenso social.

O Estado surge, ento na medida em que as instituies, necessrias para realizarem as funes comuns da sociedade, exigem, para preservar sua manuteno, a separao do poder de coero em relao ao corpo geral da sociedade. ( Draper, 1977).

O segundo trao caracterstico a instituio de uma fora pblica a qual no mais imediatamente idntica prpria organizao do povo em armas. Essa fora pblica especial necessria porque uma organizao armada espontnea de toda a populao se tornou impossvel, desde sua diviso em classes... Essa fora pblica existe em todo o Estado; consiste no somente de homens armados, mas tambm de instituies coercitivas de todo o gnero. (Engels)

Assim, a represso parte do Estado. Por definio histrica, a separao do poder em relao comunidade possibilita a um grupo na sociedade usar o poder do Estado contra outros grupos.

Por que o Estado considerado como um instrumento da classe dominante?

(Argumentos de Milliband)

1 O Estado um instrumento da classe dominante porque, os membros do sistema de Estado, as pessoas que esto nos mais altos postos dos ramos executivo, legislativo, judicirio e repressivo, tendem a pertencer mesma classe ou classes que dominam a sociedade civil. (ver Estado e Teoria Poltica Carnoy p.73)

Mesmo quando so membros que no esto diretamente ligados pela origem social classe burguesa dominante, so recrutados por sua educao e suas relaes e passam a se comportar como se pertencessem a essa classe por nascimento.

2 O Estado um instrumento da classe dominante porque, a classe capitalista domina o Estado atravs de seu poder econmico global.

Atravs de seu controle dos meios de produo, a classe dominante capaz de influenciar as medidas estatais de uma maneira que nenhum outro grupo, na sociedade capitalista, pode desenvolver, financeira ou politicamente. (Carnoy, p.73)

O instrumento econmico mais poderoso nas mos da classe dominante a greve de investimento, onde os capitalistas subjugam a economia (e, conseqentemente, o Estado), segurando o capital.

3- O Estado um instrumento da classe dominante porque, dada a sua insero no modo capitalista de produo, no pode ser diferente.

A natureza do Estado determinada pela natureza e exigncias do modo de produo.

ConclusoO modo de produo capitalista ilustra a tese geral de Marx de que a realidade dialtica, que ela contm contradies dentro de si. Pois, de um lado a mudana tecnolgica, a introduo de novos mtodos de produo, parte da existncia mesma do capitalismo. A presso da concorrncia fora os capitalistas a inovarem constantemente, e desse modo a ampliar as foras de produo. Por um outro lado, o desenvolvimento das foras produtivas no capitalismo leva inevitavelmente a crises. Como Marx colocou emO Manifesto Comunista:

"A burguesia s pode existir com a condio de revolucionar incessantemente os instrumentos de produo, por conseguinte, as relaes de produo e, com isso, todas as relaes sociais. A conservao inalterada do antigo modo de produo, constitua, pelo contrrio, a primeira condio de existncia de todas as classes industriais anteriores. Essa subverso contnua da produo, esse abalo constante de todo o sistema social, essa agitao permanente e toda essa falta de segurana distinguem a poca burguesa de todas as precedentes."

A diferena entre o capitalismo e os seus precursores surge das relaes de produo:

" claro, entretanto, que se numa formao scio-econmica predomina no o valor de troca, mas o valor de uso do produto, o mais-trabalho limitado por um crculo mais estreito ou mais amplo de necessidades, ao passo que no se origina nenhuma necessidade ilimitada por mais-trabalho do prprio carter da produo". (C1, 190)

O senhor feudal por exemplo se satisfazia tanto quanto ele recebia suficiente renda de seus camponeses para sustentar a ele prprio, sua famlia e seus empregados, dentro do estilo ao qual estavam acostumados. O capitalista, entretanto, tem um "apetite voraz", uma "fome de lobisomem por mais-trabalho", que brota das necessidades de se igualar aos aperfeioamentos tcnicos de seus concorrentes, ou ir falncia.

Marx foi um firme defensor do que ele chamou de "a grande influncia civilizatria do capital" (G) contra aqueles que, tais como os romnticos olhavam nostalgicamente para as sociedades pr-capitalistas . Ele elogiou Ricardo por "ter seus olhos unicamente para o desenvolvimento das foras produtivas" (C3). "Afirmar, como fizeram oponentes sentimentais de Ricardo, que a produo como tal no o objeto, esquecer que a produo por seu prprio fim no nada seno o desenvolvimento das foras produtivas humanas, em outras palavras, o desenvolvimento da riqueza da natureza humana como um fim em si". (TMV)

Assim, o capitalismo foi historicamente progressivo. Ele conduz para"alm das barreiras nacionais e preconceitos (...), assim como de todas as tradicionais, confinadas, complacentes e incrustadas satisfaes das necessidades humanas, e reprodues de velhos modos de vida. Ele destrutivo para tudo isso, e constantemente o revoluciona, rompendo todas as barreiras que obstruem o desenvolvimento das foras produtivas, a expanso das necessidades, o desenvolvimento multi-polar da produo e a explorao e a troca de foras naturais e mentais." Ao mesmo tempo, porm a tendncia queda da taxa de lucro mostra que o capitalismo no , como os economistas polticos acreditaram, a forma mais racional de sociedade, mas ao invs disso um modo de produo historicamente limitado e contraditrio, que aprisiona as foras de produo ao mesmo tempo em que as desenvolve. "Averdadeira barreirada produo capitalista oprprio capital", escreve Marx. "A violenta destruio de capital, no por relaes externas a ele, mas antes como uma condio de sua auto-preservao, a forma mais impressionante na qual est dada a sua partida, cedendo lugar a um estgio mais elevado de produo social" Contrrio ao que muitos analistas, entre eles alguns marxistas tem dito, Marx no acreditava que o colapso do capitalismo fosse inevitvel. "Crises permanentes no existem" (TMV), ele insistiu. Como vimos, as crises so sempresoluesmomentneas e forosas das contradies existentes. No existe crise econmica to profunda da qual o capitalismo no possa recuperar-se, uma vez garantido que a classe trabalhadora pague o preo do desemprego, deteriorao dos padres de vida e das condies de trabalho. Se uma crise ir levar a "um estgio mais elevado de produo social" depender da conscincia e da ao da classe trabalhadora.Exerccios de Fixao01. As mudanas trazidas pela Revoluo Industrial provocaram novas reflexes sobre a sociedade e seu comportamento. Karl Marx, um dos pensadores marcantes do sculo XIX, nas suas reflexes:

a) reconhecia a falta de justia social, devido aos exageros do sistema capitalista que incentivava a explorao das classes desfavorecidas.b) admitia o grande valor da tecnologia produzida pelo Capital, necessria para acabar com o liberalismo econmico.

c) defendia a necessidade de ampliar a interveno do Estado na gesto da economia, a fim de pr fim aos sistemas parlamentares europeus.

d) propunha a luta da sociedade para negar as mudanas sociais, admitindo a volta aos princpios do mercantilismo.

e) restringia, s classes sociais urbanas, os planos de crescimento da sociedade europeia e de uma melhor qualidade de vida.

2 - Com base na charge e nos conhecimentos sobre a teoria de Marx, correto afirmar:

a) A produo mercantil e a apropriao privada so justas, tendo em vista que os patres detm mais capital do que os trabalhadores assalariados.

b) As relaes sociais de explorao surgiram com o nascimento do capitalismo, cuja faceta negativa est em pagar salrios baixos aos trabalhadores.

c) A mercadoria, para poder existir, depende da existncia do capitalismo e da substituio dos valores de troca pelos valores de uso.

d) Um dos elementos constitutivos da acumulao capitalista a mais-valia, que consiste em pagar ao trabalhador menos do que ele produziu em uma jornada de trabalho.

e) Sob o capitalismo, os trabalhadores se transformaram em escravos, fato acentuado por ter se tornado impossvel, com a individualizao do trabalho e dos salrios, a conscincia de classe entre eles.

03. Para Marx, o materialismo histrico a aplicao do materialismo dialtico ao campo da histria. Conforme Aranha e Arruda (2000) Marx inverte o processo do senso comum que pretende explicar a histria pela ao dos grandes homens ou, s vezes, at pela interveno divina. Para o marxismo, no lugar das ideias, esto os fatos materiais; no lugar dos heris, a luta de classes. Assim, para compreender o homem necessrio analisar as formas pelas quais ele reproduz suas condies de existncia, pois so estas que determinam a linguagem, a religio e a conscincia. (ARANHA, M. L. de A. e MARTINS, M. H. P. Filosofando: Introduo Filosofia. So Paulo: Moderna, 2000, p. 241.)

A partir da explicao acima e dos seus conhecimentos sobre o pensamento de Karl Marx, assinale a alternativa que indica, corretamente, os dois nveis de condies de existncia para Marx.

a) A alienao, caracterizada pelas relaes dos homens entre si e com a natureza; e superestrutura, que na verdade a forma pela qual o homem produz os meios de sobrevivncia.

b) Infraestrutura (ou estrutura), caracterizada pelas relaes dos homens entre si e com a natureza; e materialismo dialtico, que na verdade a forma pela qual o homem produz os meios de sobrevivncia.

c) Modos de produo, caracterizados pelo pensamento filosfico dos socialistas utpicos; e o imperialismo, caracterstica mxima do capitalismo industrial.

d) Imperialismo, caracterstica do capitalismo industrial; e infraestrutura (ou estrutura), caracterizada pelas relaes dos homens entre si e com a natureza.

e) Infraestrutura (ou estrutura), caracterizada pelas relaes dos homens entre si e com a natureza; e superestrutura, caracterizada pelas estruturas jurdico-polticas e ideolgicas.

04. Pela explorao do mercado mundial a burguesia imprime um carter cosmopolita produo e ao consumo em todos os pases. Para desespero dos reacionrios, ela retirou indstria sua base nacional. As velhas indstrias nacionais foram destrudas e continuam a s-lo diariamente. (...) Em lugar das antigas necessidades satisfeitas pelos produtos nacionais, nascem novas necessidades, que reclamam para sua satisfao os produtos das regies mais longnquas e dos climas mais diversos. Em lugar do antigo isolamento de regies e naes que se bastavam a si prprias, desenvolvesse um intercmbio universal, uma universal interdependncia. das naes. E isso se refere tanto produo material como produo intelectual. (...) Devido ao rpido aperfeioamento dos instrumentos de produo e ao constante progresso dos meios de comunicao, a burguesia arrasta para a torrente da civilizao mesmo as naes mais brbaras. (MARX, K.; ENGELS, F. Manifesto do Partido Comunista. So Paulo: Global, 1981. p. 24-25.)

Com base no texto de Karl Marx e Friedrich Engels, publicado pela primeira vez em 1848, assinale a alternativa correta.

a) Desde o incio, a expanso do modo burgus de produo fica restrita s fronteiras de cada pas, pois o capitalista conservador quanto s inovaes tecnolgicas.

b) O processo de universalizao uma tendncia do capitalismo desde sua origem, j que a burguesia precisa de novos mercados, de novas mercadorias e de condies mais vantajosas de produo.

c) A expanso do modo capitalista de produo em escala mundial encontrou empecilhos na mentalidade burguesa apegada aos mtodos tradicionais de organizao do trabalho.

d) Na maioria dos pases no europeus, a universalizao do capital encontrou barreiras alfandegrias que impediram sua expanso.

e) A dificuldade de comunicao entre os pases, devido ao baixo ndice de progresso tecnolgico, adiou para o sculo XX a universalizao do modo capitalista de produo.05- Explique o que capital e capitalismo de acordo o pensamento de Marx.

06- Como o capitalismo pode ser distinguido como forma social?

07- Qual foi a principal inteno de Marx ao escrever suas obras?

08- O que o materialismo histrico dialtico?

09- O que so foras produtivas e relaes de produo?

10- Segundo Marx, qual a importncia do estudo do modo de produo?

11- Analisando a histria quais foram os modos de produo identificados por Marx?

12- O que superestrutura e infra-estrutura?13- Que fatos histricos contriburam para a origem do capitalismo?

14- Por que o trabalho tornou-se estranho humanidade do trabalhador?

15- Conceitue alienao, destacando seu carter triplo.

16- De acordo com o pensamento de Marx, o que a diviso social do trabalho fez com a filosofia? Por que?

17- De que forma o ser humano pode recuperar sua humanidade deixando o estado de alienao?

18- Explique o que a prxis?

19- Como Marx concebe as classes sociais e suas relaes polticas?

20- O que salrio? Como se determina o valor do salrio?21- Que relao Marx estabelece entre trabalho e valor?

22- Segundo Marx, de onde provm o lucro do capitalismo? Por qu?23- O que voc entende por mais-valia? Explique o que mais-valia absoluta e mais-valia relativa.

24- O que o valor de uma mercadoria?25- O que o fetiche da mercadoria?

26--UFU/97 As classes sociais sempre mantiveram uma luta constante, velada umas vezes e noutras franca e aberta; luta que terminou sempre com a transformao revolucionria de toda a sociedade ou pelo colapso das classes em luta (Marx, Crtica da Economia Poltica). Para Marx e Engels, a histria das sociedades cuja estrutura produtiva baseia-se na apropriao privada dos meios de produo pode ser descrita como a histria da luta de classes. QUINTANEIRO e OLIVEIRA, Um Toque de clssicos, UFMG. 1995, p.81.Leia as afirmativas abaixo e indique, de acordo com o cdigo, as proposies que confirmam o contedo do texto acima:

I-A expresso luta de classes procura enfatizar as contradies presentes numa sociedade classista.

II-As classes sociais esto constantemente em luta e so esses processos que revelam o carter

antagnico das relaes capitalistas de produo.

III-Para Marx, o conceito de luta de classes relaciona-se diretamente ao de mudana social.

IV-A historia do homem , segundo Marx, a histria da luta de classes, uma luta constante entre

interesses opostos.

V- As divergncias, as oposies e os antagonismos de classe esto presentes nas relaes sociais, nos mais diversos nveis da sociedade, desde o surgimento da propriedade privada.

a) Apenas II e III esto corretas.

b) Apenas I, II e IV esto corretas.

c) Apenas I, IV e V esto corretas.

d) Apenas I, II, IV e V esto corretas.

e) Todas as afirmativas esto corretas.27-(UFU/SET/2002)Octavio Ianni, ao se referir ao tema do Estado, na obra de Marx, o faz nos seguintes termos: Seria equvoco pensar que Marx no elaborou uma interpretao do Estado Capitalista, simplesmente porque no a vemos sistematizada em algumas pginas, num ensaio ou livro. A interpretao do Estado aparece bastante bem delineada nos vrios passos da sua anlise do regime capitalista de produo. Ianni, O. Dialtica & Capitalismo ensaio sobre o pensamento de Marx. 3 ed., Rio de Janeiro: Vozes, 1985, p.64.Aps interpretar o fragmento acima, responda:

a) A interpretao marxista de Estado o apresenta como resultado de qual processo histrico?

b) Para Marx, quais so as funes aparente e real do Estado Moderno?

28- (UFU/JAN/98) - Marx afirma que:

I- As classes sociais expressam as desigualdades sociais na sociedade capitalista.

II- Os conflitos de classe podem ser resolvidos atravs de negociaes entre trabalhadores e capitalistas.

III-A produo de mercadoria uma caracterstica essencial do capitalismo.

IV-Que a igualdade jurdica garante a igualdade social entre as classes.

a) I, II e IV esto corretas.

b) I e III esto corretas.

c) II, III e IV esto corretas.

d) I, III e IV esto corretas.

e) Todas as afirmativas esto corretas.

29-(UFU/FEV/2003) De acordo com a teoria social de Karl Marx, o fetichismo da mercadoria no pode ser definido como:a) Resultado da predominncia do trabalho abstrato sobre o trabalho concreto na sociedade em que a riqueza se configura em imensa acumulao de mercadorias.

b) Fenmeno inerente produo capitalista, uma vez que as relaes sociais de produo ficam ocultas sob a aparncia de que as mercadorias teriam uma espcie de vida prpria.

c) Realidade prpria a toda e qualquer sociedade humana, uma vez que, pelo trabalho, os homens sempre exteriorizam um projeto previamente concebido com vistas a responder s suas necessidades.

d) Desdobramento histrico-social da produo de bens e servios em que o carter social dos trabalhos particulares fica dissimulado sob a forma do valor.O MOVIMENTO OPERRIO

1- Origem do movimento operrioa) Condies histricas criadas pela revoluo industrial: desapropriao no campo e na cidade, formao do proletariado, degradantes condies de vida e de trabalho.

b) Luddismo: reconheceu a mquina e o desenvolvimento tecnolgico como o responsvel por suas condies indignas.

c) Cartismo: movimento que reunia as reivindicaes operrias na Carta do Povo.

Principais reivindicaes do Cartismo:

- Voto Universal e Secreto.

- Diminuio da jornada de trabalho.

- Remunerao das pessoas que trabalhavam no Parlamento para que os trabalhadores

pudessem ocupar cargos.

2- Manifesto do Partido Comunista (1848)

a)Reconhecimento da luta de classes.

b)Crtica e superao da propriedade privada.c)Internacionalismo revolucionrio.

3- Primeira Associao Internacional dos Trabalhadores (1864)a) Internacionalizao da luta operria.b) Ciso entre marxistas e anarquistas.

4- Massacre de 1 de maio em Chicagoa) Luta pela reduo da jornada (8h de trabalho, 8h de sono e 8h de lazer).

b) Dura represso policial.

5- Comuna de Parisa) Primeira experincia operria frente de uma cidade

b) No instalaram uma ditadura do proletariado para resistir contra a ofensiva burguesa.

c) Resultou no massacre de 30 mil communards.

6- Segunda Associao Internacional dos Trabalhadores (1889).

a) Moderados, Revisionistas e Radicais (Lenin e Rosa Luxemburgo) compem a Internacional.b) O grande tema foi a participao dos trabalhadores na Primeira Guerra Mundial, considerada pelos radicais como uma guerra burguesa.c) a Internacional chamada de socialista, mas com um carter claramente social-democrata.

7- Revoluo Russa (1917)a) Vitria bolchevique sobre o czarismo e sobre a burguesia, num pais de capitalismo atrasado.

b) Taylorismo e a NEP como formas de recuperar a economia nacional para o ingresso no socialismo.

c) Morte de Lenin (1924) e a disputa entre as foras pelo secretariado geral leva o stalinismo ao poder.

d) So negadas velhas bandeiras: internacionalismo revolucionrio, a destruio da propriedade privada, o fim do Estado etc.

8- As manifestaes da juventude em 1968a) As causas da juventude estavam ligadas liberdade e ao prazer.

b) Foram responsveis por estimular o movimento operrio no perodo.

c) Movimento estudantil, Movimento feminista, Panteras Negras, Hippie, Contracultura,

Resistncia ditadura (Brasil) etc. foram importantes exemplares das manifestaes de 1968.Movimento Sindical no Brasil

1) A Repblica Velha: Anarcossindicalismo e o PCB

a. O assalariamento trouxe consigo a formao do anarcossindicalismo, influenciado fundamentalmente por imigrantes.

b. O grande marco da mobilizao foi a Greve de 1917.

c. A partir de 1922 o movimento hegemonizado pelo PCB de orientao sovitica,

posteriormente stalinista.

2)Vargas e o sindicalismo

a. A CLT representou, em sntese, o avano das conquistas dos trabalhadores materializadas numa legislao minimamente protetora e, por outro lado, todo o esforo em atrelar os movimentos sindicais, transformando-os em pelegos.

3) Movimento operrio entre os anos de 1945-64

a. O perodo de redemocratizao foi permeado pelo crescimento econmico e das lutas sociais.

b. No campo, as Ligas Camponesas, e na cidade, o CPC da UNE e o movimento operrio.4)Sindicalismo e Ditaduraa. A ditadura foi responsvel, dentre outras coisas, pela retirada da estabilidade do trabalhador e sua substituio pelo FGTS.

b. Alm disso, a represso, sobretudo a partir de 1968, desmontou a resistncia.

c. A recuperao se deu ao final da dcada de 1970, com a fundao do PT e da CUT, em oposio ditadura, ao sindicalismo pelego e ao stalisnismo.

5)A dcada de 1980

Esta foi importante por representar um perodo importante de redemocratizao e crescimento dos movimentos sociais, responsveis pelo movimento das Diretas J! e pelo grau de democratizao da Constituinte de 1988.

6) Impactos da Globalizao sobre o movimento operrio e sua legislao

a. A dinmica do desemprego traz medo e reduo dos filiados nos sindicatos.

b. Somado a isso, o toyotismo e a Queda do Muro de Berlim levam o sindicalismo para uma postura defensiva, fazendo nascer o sindicalismo de participao ou sindicalismo de resultado, representado no Brasil pela Fora Sindical.

c. Com o movimento operrio em refluxo, os ataques CLT ocorrem no sentido de flexibiliz-la, ou seja, permitir que acordos entre as partes superem as conquistas estabelecidas em lei.

EXERCCIOS DE FIXAO SOBRE O MOVIMENTO OPERRIO

Sobre o movimento operrio, assinale (V) para as alternativas verdadeiras e (F) para as falsas.

a) ( ) O movimento operrio no se apresentava-se apoiado numa teoria revolucionria que apontava para a superao de classe e para a utopia da construo de uma sociedade de homens iguais e livres sem explorados e sem exploradores.

b) ( ) A organizao do movimento operrio, no se deu por um passe de mgica. Muitas lutas ocorreram, e o sangue de muitos operrios ficou como marca daqueles que lutaram para serem livres e iguais.

c) ( ) O movimento operrio nasceu e se desenvolveu com o capitalismo industrial e sob as condies mais degradantes tais como: jornadas de trabalho excessivas, condies insalubres de trabalho, explorao do trabalho feminino e infantil, baixos salrios, etc.

d) ( ) As diversas categorias de trabalhadores (teceles, marceneiros, pedreiros, metalrgicos, mineiros, etc) se insurgiram contra as condies de vida que foram submetidos pelo capital.

e) ( ) As lutas dos operrios desde o incio constituiu-se num movimento internacional e unificado, por melhores salrios ou pela reduo da jornada de trabalho.

f) ( ) O movimento Ludista na segunda metade do sculo XVIII e incio do sculo XIX foi uma onda de quebra-quebra de mquinas, iniciado por Ned Ludd que assolou a Inglaterra.

g) ( ) A lei do deputado Le Chapelier, incentivou as organizaes operrias, com o argumento de que, com a abolio das corporaes de ofcio dos artesos, deveria existir o interesse de classe e no apenas o interesse particular e o interesse geral.

h) ( ) As necessidades tcnicas do processo produtivo industrial, como a concentrao dos meios de produo (fbricas, mquinas) e a correspondente necessidade de concentrar mo-de-obra nas cidades, criaram as condies propcias ao estabelecimento de identidades e organizao dos operrios.

i) ( ) O socialismo utpico francs no teve repercusso e influncia no movimento operrio.

j) ( ) O movimento cartista (organizao poltica operria, assim chamada por se basear na Carta do povo), alm de oferecer resistncia nas fbricas, reivindicava participao no sistema poltico.

l) ( ) Os principais objetivos do cartismo, proclamados pelos trabalhadores em 1838, eram: abolio do voto censitrio e adoo do voto universal e secreto; pagamento de salrio aos membros do Parlamento para que os operrios pudessem dele participar.

m) ( ) O movimento operrio chegou ao final do sculo XIX com uma conscincia crtica relativamente desenvolvida sobre a sociedade capitalista e tendo claro o seu papel de sujeito de transformaes sociais.

n) ( ) Para o anarquista Bakunim o proletariado industrial era a classe verdadeiramente revolucionria, enquanto que para Marx eram todos os pobres, explorados e camponeses sem terra.

o) ( ) Enquanto o marxismo advogava a socializao dos meios de produo e o planejamento centralizado via Estado, a faco anarquista advogava uma federao de comunas livres e auto-administradas.

p) ( ) O Estado de Bem-Estar Social atravs de polticas sociais, conteve o avano operrio ao atender suas necessidades bsicas, tais como sade, trabalho, habitao, transporte, etc.

q) ( ) O Estado de Bem-Estar Social estimulou sensivelmente as mobilizaes operrias que, prioritariamente, visavam alcanar o objetivo da tomada do poder do Estado.

r) ( ) O Estado de Bem-Estar Social fez com que o movimento operrio centralizasse suas lutas no campo sindical, cujo limite das aes era determinado pelo atendimento ou no de suas reivindicaes trabalhistas.

s) ( ) O movimento operrio foi violentamente reprimido e suas lideranas perseguidas pelo Fascismo (na Alemanha, Itlia, Espanha e Portugal), levando-o clandestinidade e desmobilizao.

t) ( ) O movimento operrio no Brasil no final da dcada de 1920, voltou a crescer sob a influncia dos comunistas, que passaram a exercer a hegemonia no movimento operrio partir desse momento.

u) ( ) O Estado brasileiro, partir da dcada de 30 atendia s reivindicaes dos trabalhadores e, ao mesmo tempo, passava a controlar o movimento operrio atravs do Ministrio do Trabalho, restringindo quase por completo sua ao poltica.Paradigmas Produtivistas e a Atualidade do Mtodo Marxiano Taylorismo, Fordismo e Acumulao Flexvel (nfase nos modelos de gesto e estratgias para produzir acrscimos de produtividade).AS FORMAS DE GESTO DA PRODUO SOCIAL

A- TAYLORISMO

Com a consolidao do capitalismo industrial e a progressiva e conseqente subordinao do trabalho pelo capital, o homem tornou-se lentamente um apndice dos maquinismos. - A interao mquinas/homens no processo produtivo chegou, no final do sculo XIX, a um impasse: os trabalhadores no conseguiam mais acompanhar o ritmo de produo, cada vez mais intenso e acelerado.Nesse contexto surgiu e desenvolveram as concepes do norte-americano Frederick W. Taylor (1856-1915), pai da chamada gerncia cientfica, ou taylorismo.

Uma nova ideologia produtivista, realada como um mtodo cientfico de organizao do trabalho.

Ao conceder o estatuto de cincia sua tcnica, conferiu-lhe o prestgio de um saber

desinteressado,objetivo objetivo e neutro, dissimulando, assim, uma concepo ideolgica de trabalho nela revestida.

interessante notar a rpida disseminao do taylorismo por todo o mundo, a partir da primeira dcada do sculo XX, ultrapassando os muros das fbricas e atingindo as atividades nos escritrios, hospitais e mesmo escolas.

Generalizando-se, o taylorismo transformou-se em uma tcnica de dominao social que ultrapassou fronteiras fsicas e barreiras ideolgicas e polticas.

- A glorificao da tcnica, da produtividade e da racionalizao do processo de trabalho foi levada s ltimas conseqncias pelos regimes fascistas, que buscaram na simbolizao esttica uma fonte de legitimao do poder.

- Fascismo e taylorismo caminharam de mos dadas na Itlia: enquanto o primeiro mantinha a ordem social e poltica no pas, o segundo assegurava a dominao dos patres no interior da fbrica, desarticulando toda forma de resistncia dos operrios.

- Durante a consolidao da Revoluo Bolchevique na Rssia, o grande lder revolucionrio Vladmir Lnin defendeu veementemente a adoo daquilo que, em sua opinio, o capitalismo teria de mais avanado, o taylorismo.

- Defendendo a necessidade da introduo do taylorismo na organizao da produo, o lder bolchevique distinguia neste sistema tanto um lado positivo, j que o sistema Taylor representava um imenso progresso da cincia, que analisava sistematicamente o processo de produo e abria caminho para um enorme crescimento da produtividade do trabalho humano, quanto um aspecto negativo.

- Afinal, assim como todos os progressos tcnicos do capitalismo, o sistema Taylor reunia toda a refinada ferocidade da explorao burguesa.

- Mas, para Lnin, o problema no estava no taylorismo em si, mas na maneira pela qual ele era utilizado: se no capitalismo o objetivo era acentuar a explorao do trabalho pelo capital, no socialismo ele poderia servir para liberar o homem do pesado fardo do trabalho quebrando as barreiras ao desenvolvimento das foras produtivas.TAYLORISMO

MENTORFrederick W. Taylor

CONJUNTURA

PRODUO- Final do sculo

XIX e incio do

XX (1 Revoluo Industrial).

- Rgida

GERNCIA

- Cientfica.

- Intensa fiscalizao.

- Cronmetro.

- Hierarquia verticalizada.

TRABALHO- Simplificao das

tarefas.

- Economia de

gestos.

- Dicotomia na

concepo/execuo.

- Homem boi

MOVIMENTO

OPERRIO- Perodo de

ascenso.

- Jornada de 8h.

- Sufrgio

Universal.

ESTADOLiberal Democrtico

Os Quatro Princpios do Taylorismo

O primeiro princpio estabelece a separao das especialidades do trabalhador do processo de trabalho, que deve ser independente do ofcio, da tradio e do conhecimento do trabalhador, dependendo apenas das polticas gerenciais.

O segundo princpio determina a separao entre o trabalho de concepo e o de execuo ou, a separao entre os que so pagos para pensar e os que so pagos para no pensar, atravs da cooperao cordial.

O terceiro princpio procura estabelecer uma relao ntima e cordial entre o operrio e a hierarquia na fbrica, anulando a existncia da luta de classes no interior do processo de trabalho.

O quarto princpio, procura manter a diviso eqitativa do trabalho e das responsabilidades entre a direo e o operrio. A direo incumbe-se de todas as atribuies, para as quais esteja mais bem aparelhada do que o trabalhador, ao passo que no passado quase todo o trabalho e a maior parte das responsabilidades pesavam sobre o operrio.

- O lado perverso do taylorismo, com sua obstinada procura pelo homem-boi, estava na domesticao de mo-de-obra farta e barata, pois ele provocava a apropiao do saber operrio, submetendo o operrio aos ditames do planejador.

- Organizar, controlar e vigiar at mesmo os mnimos detalhes da execuo da tarefa, determinando o que e como fazer em curto espao de tempo.

B- O Fordismo

- O conceito deriva das concepes do industrial norte-americano Henry Ford, pioneiro da indstria automobilstica e inovador dos processos de produo com a introduo da linha de montagem na fabricao de automveis.

- O fordismo um desenvolvimento da proposta taylorista.

- O fordismo fixava o trabalhador num determinado posto de trabalho, com as ferramentas especializadas para a execuo dos diferentes tipos de trabalho.

- Transportava atravs da esteira o objeto de trabalho em suas diferentes etapas de acabamento, at sua conformao como mercadoria.

- De forma resumida, podemos afirmar que o fordismo um conjunto de mtodos de racionalizao da produo, baseado no princpio de que uma empresa deve dedicar-se apenas a um produto.

- Para isso, a empresa deveria adotar a verticalizao, chegando at a dominar as fontes de matrias-primas e os sistemas de transporte das mercadorias.

- Para diminuir os custos, a produo deveria ser em massa, em grandes quantidades e aparelhada com tecnologia capaz de desenvolver ao mximo a produtividade por operrio, mediante a utilizao intensiva das linhas de montagem.

- Assim, essa atividade encadeada acabou por elevar o grau de mecanizao do trabalho, estabelecendo um nvel to elevado de padronizao de mo-de-obra que eliminou o operrio zeloso ou preguioso, pois ambos atrasavam o ritmo da produo.

- O que a experincia acabou provocando, foi que essa racionalizao taylorista/fordista dos processos de trabalho brutalizava tanto o trabalhador que ele acabava por demitir-se, gerando uma indesejada rotatividade de mo-de-obra, intensa nos perodos de pleno emprego.

- Estudos realizados nos Estados Unidos da Amrica nos anos sessenta do sculo XX, em relao a rotatividade da mo-de-obra na indstria automobilstica, demonstraram que ela chegou 60%.

A CRISE DO FORDISMO- A crise do sistema fordista de produo teve incio no final dos anos 60.

-A produtividade, capitaneada pelo taylorismo, perdeu o seu flego. - O poder aquisitivo dos trabalhadores cresceu num ritmo maior e, conseqentemente, as taxas de lucros caram.

- Paralelamente a isso, tanto o Japo como a Europa Ocidental, se recuperaram economicamente e a produo industrial destas naes gerava excedentes, favorecendo as exportaes.

- A competio internacional acirrou-se, com a incluso da Amrica Latina e dos pases do sudeste asitico, ocasionando a queda do dlar, moeda-reserva mundial e, conseqentemente, aumentou o problema fiscal norte americano.

- A soluo encontrada (como sempre) foi dispensa de trabalhadores.

- Entretanto, a rigidez do contrato de trabalho sobrecarregou a arrecadao do Welfare State. A crise do petrleo colaborou ainda mais para o declnio do fordismo. A extrao da renda do petrleo acelerou esta primeira conseqncia: crise da organizao do trabalho ( crise de investimento ( crise do Welfare state.-O fordismo e a regulao econmica keynesiana, no perodo de 8 anos (65 a 73), no conseguiu solucionar esses problemas. A problemtica intrnseca ao capitalismo perdurou.

- O problema estava,

(...) [na] rigidez dos investimentos de capital fixo de longa escala em sistemas de produo em massa que impediam muita flexibilidade de planejamento e presumiam crescimento estvel em mercados de consumo invariantes.(...) A rigidez dos compromissos do Estado foi se intensificando medida que programas de assistncia (seguridade social, direitos de penso, etc) aumentavam a presso para manter a legitimidade num momento em que a rigidez na produo restringia expanses da base fiscal para gastos pblicos.

O nico instrumento de resposta flexvel estava na poltica monetria, na capacidade de imprimir moeda em qualquer montante que parecesse necessrio para manter a economia estvel.

- Com essas contradies, iniciou-se a transio do fordismo para o ps-fordismo ou a acumulao flexvel. FORDISMO

GESTOR Henry Ford

CONJUNTURA

- Incio do sc. XX

at os anos 1970 (2 Revoluo Industrial)

PRODUO

- Rgida

- Linha de Montagem

- Esteira produtiva

- Controle de qualidade ao final da produo.

- Orientada pela oferta.

GERNCIA

- Hierarquia verticalizada.

TRABALHO

- Ampliao da diviso do trabalho taylorista.

MOVIMENTO OPERRIO

- Perodo de ascenso.

- Conquistas sociais.

ESTADO- Bem-Estar Social, Welfare State ou Keynesiano.

C- O PS-FORDISMO: PRODUO FLEXVEL REESTRUTURAO PRODUTIVA E TOYOTISMO O processo de crise do sistema fordista de produo, desencadeou uma srie de experincias que visavam dar um novo nimo ao sistema capitalista. O que marca o ps-fordismo ou a acumulao flexvel a contraposio ao paradigma fordista; ou seja, a rigidez estabelecida neste regime de acumulao e que levou sua prpria deteriorizao pela flexibilidade.

O processo de produo foi flexibilizado, desarticulando tudo o que existia at ento. Na realidade, o que se observou, foi uma revoluo tecnolgica cuja principal meta era reverter o quadro da crise fordista: a queda da produtividade e da lucratividade. Tavares elucida que:

"Contrariamente rigidez que caracterizava o taylorismo-fordismo, as novas tecnologias buscam obter o mximo de flexibilidade no que respeita a processos de produo, desenhos e produtos, bem como a ocupao da fora de trabalho".

No obstante, Harvey coloca que:

"A acumulao flexvel (...) marcada por um confronto direto com a rigidez do fordismo. Ela se apia na flexibilidade dos processos de trabalho, novos mercados de trabalho, dos produtos e padres. Caracteriza-se pelo surgimento de setores de produo inteiramente novos, novas maneiras de fornecimento de servios financeiros, novos mercados e, sobretudo, taxas altamente intensificadas de inovao comercial, tecnolgica e organizacional. A acumulao flexvel envolve rpidas mudanas dos padres de desenvolvimento desigual, tanto entre setores como entre regies geogrficas, criando, por exemplo, um vasto movimento no emprego do chamado setor de servios, bem como conjuntos industriais completamente novos em regies at ento subdesenvolvidas (tais como, a Terceira Itlia, Flandes, vrios vales e gargantas de silcio, para no falar da vasta profuso de atividades dos pases recm-industrializados )".

A principal caracterstica da revoluo tecnolgica atual a invaso do microprocessador e das interfaces eletrnica no apenas em novos produtos, mas tambm no prprio processo de trabalho: a microeletrnica redefine o prprio significado da automao.

No bojo dessa nova dinmica capitalista, a acumulao flexvel foi tomando corpo, provocado uma grande rearticulao em todos os nveis sociais e econmicos. As relaes de trabalho e a estrutura industrial, acompanharam o novo ritmo.

A flexibilidade caracteriza-se na organizao do trabalho, na tecnologia e nas novas estruturas institucionais surgidas. A subempreitada acentuou-se, juntamente na sociedade entre produtos complementares. Conseqentemente, os padres de consumos foram fragmentados e privatizados; a desintegrao vertical tomou impulso e os pequenos e mdios produtores especializaram-se.

As novas bases da dinmica concorrencial capitalista sofreram mudanas, ou seja, o eixo dessa concorrncia migrou do preo para os novos modelos de produtos adaptados ao mercado. Os mercados tornaram-se imprevisveis e volveis, ocasionado uma produo diferenciada e adequada nova realidade. A produo procurou ocupar esses nichos lucrativos.

A acumulao flexvel visa conviver com a atual saturao decorrente da economia baseada em prticas fordistas e a seletividade; da a variedade de tipos e tamanhos ofertados. Dessa maneira, ocorre um aumento de importncia das pequenas e mdias empresas, favorecendo ao intercmbio, as subcontrataes e outras relaes de interdependncia.

FLEXIBILIDADE E TRABALHO Com a reduo das margens de lucro, o patronato procurou flexibilizar as relaes de trabalho, visando recompor o optimum de lucratividade. Como j salientamos, a rigidez fordista colaborou para o declnio desse modelo de acumulao e a sada encontrada, entre outras, foi atacar o contrato de trabalho.

A relao rgida sofreu uma grande alterao, onde o modo de regulao (o Estado de Bem-Estar Social, Welfare State), foi desmantelado gradativamente. A outrora estabilidade do contrato de trabalho foi solapada, aproveitando-se do enfraquecimento do poder sindical e da mo-de-obra excedente em virtude da crise.

O a