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KARL POLANY A subsistência do Homem e ensaios correlatos. Rio de Janeiro: Contraponto, 2012. Apresentação preparada por André Augusto da Fonseca. 2013.

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Apresentação do capítulo Mudança Social e Interesse de classe, do livro A Subsistência do Homem e ensaios correlatos. Referências completas no primeiro slide.

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Page 1: Karl polany

KARL POLANYA subsistência do Homem e ensaios correlatos.

Rio de Janeiro: Contraponto, 2012. Apresentação preparada por André Augusto da Fonseca. 2013.

Page 2: Karl polany

Interesse de classe e mudança social1968

Page 3: Karl polany

Lenda liberal x marxismo vulgar p.361

Lenda liberal

• protecionismo teria sido promovido pelo conluio entre senhores de terras, industriais e sindicalistas – em detrimento de todas as outras classes

“Marxismo popular”

• pressão por mercados e zonas de influência (imperialismo) atribuída de forma simplista a uma conspiração em nome do lucro de um punhado de financistas e fabricantes de armamentos

Page 4: Karl polany

Crítica a uma estreita teoria de classe, partilhada por liberais e marxistas p. 362

“O destino das classes é

determinado pelas necessidades da

sociedade muito mais que o destino da sociedade pelas

necessidades das classes”.

“[...] interesses de classe oferecem

apenas uma explicação limitada para os movimentos de longo prazo na

sociedade.”

Page 5: Karl polany

Contra o reducionismo: compreender as classes em sua relação com o todo social

Classes que perdem a função podem desaparecer

Para angariar apoio fora de seu próprio grupo de interesse, uma classe provavelmente teria de conseguir realizar tarefas

ditadas por interesses mais amplos que os seus

“Portanto, nem o nascimento nem a morte das classes, nem suas metas nem o grau em que elas as atingem, nem seus

atos de cooperação nem seus antagonismos podem ser compreendidos fora da situação da sociedade como um

todo.” p. 362

Page 6: Karl polany

Interesses de classe tem papel essencial na mudança social p. 363

“Qualquer forma ampla de mudança está fadada a afetar as várias partes da comunidade de diferentes maneiras, que mais não seja, pelas diferenças de localização geográfica e do equipamento econômico e cultural.”

“Os interesses setoriais, portanto, são o veículo natural da mudança social e política.”

Page 7: Karl polany

Interesses de classe tem papel essencial na mudança social p. 363

“Sejam a fonte da mudança a guerra ou o comércio, invenções assombrosas ou mudanças nas condições naturais, os vários setores da sociedade defenderão métodos diferentes de adaptação (inclusive forçados) e adaptarão seus interesses de modo diferente dos de outros grupos, os quais talvez procurem guiar.”

“No entanto, a causa última é ditada por forças externas. [...] O ‘desafio’ é para a sociedade como um todo; a ‘resposta’ vem por meio de grupos, setores e classes.”

Page 8: Karl polany

Interesses de classe tem papel essencial na mudança social p. 363

“Os meros interesses de classe não podem oferecer uma explicação satisfatória para nenhum processo social de longo prazo.

“Primeiro, porque o processo em questão pode decidir sobre a própria existência da classe;

“Segundo, porque os interesses de tais ou quais classes determinam apenas os objetivos e propósitos pelos quais elas lutam, não o sucesso ou o fracasso desses esforços.”

“O problema aqui não é por que os senhores de terras, produtores fabris ou sindicalistas quiseram aumentar sua renda com a ação protecionista, mas por que conseguiram fazê-lo.”

Page 9: Karl polany

Interesses de classe não são apenas econômicos (p. 364)

“[...] só em casos excepcionais as motivações dos indivíduos humanos são determinadas pela satisfação de carências materiais.

“O fato de a sociedade do século XIX ter-se organizado com base no pressuposto de que essa motivação poderia tornar-se universal foi uma peculiaridade da época.”

“Questões puramente econômicas, como as que afetam a satisfação das necessidades, são incomparavelmente menos relevantes para o comportamento de classe que as do reconhecimento social. A satisfação das necessidades, é claro, pode resultar desse reconhecimento, sobretudo como seu sinal ou recompensa externos. Todavia, os interesses de classe referem-se mais diretamente à reputação e à posição, ao status e à segurança, ou seja, são primordialmente não econômicos, mas sociais.”

Page 10: Karl polany

Interesses de classe não são apenas econômicos

mecenato

Lorenzo de Médici

Distinção de classe

(Degas, s. XIX)

Prestígio e chefia

Emissário do Congo (Eckhaut s. XVII)

Page 11: Karl polany

Micro-história

“[...] é uma crença amplamente considerada que a precocidade e a frequência das transações de terra, ocorridas em muitos países da Europa Ocidental e na América colonial indicam a presença precoce do capitalismo e do individualismo. [...] os historiadores foram induzidos a erro por sua própria mentalidade mercantil moderna, que os levou a interpretar as quantidades maciças de transações monetárias de terra que encontraram em documentos notariais contemporâneos como evidência de um mercado auto-regulador Curiosamente, ninguém observou ou deu importância ao fato de que os preços envolvidos eram extremamente variáveis, mesmo considerando-se as qualidades diferentes da terra. [...] Apenas reduzindo-se a escola de observação a uma área extremamente localizada, foi possível observar que o preço da terra variava segundo o relacionamento de parentesco entre as partes contratuais. [...] os relacionamentos sociais e pessoais desempenhavam um papel determinante no estabelecimento do nível de preço, do prazo de pagamento e das formas pelas quais a terra trocava de mãos” (LEVI, Giovani. Sobre a micro-história. In. BURKE, Peter (org.). A Escrita da História: Novas perspectivas. São Paulo, UNESP, 1992, p. 140-141).

Page 12: Karl polany

Vazio Cultural degradação

“O cafre da África do Sul, um nobre selvagem cuja segurança social não poderia ser maior em seu kraal nativo, foi transformado numa variedade humana de animal semidomesticado, que veste os ‘trapos descasados, imundos e antiestéticos que nem o mais degenerado dos brancos usaria’, um ser insignificante, sem amor-próprio nem padrões, verdadeiro refugo humano”. (p. 370).

“Enquanto sua própria cultura [por causa da intervenção colonialista] já não lhes oferece nenhum objetivo digno de esforço ou sacrifício, o esnobismo e o preconceito raciais bloqueiam o acesso a sua participação adequada na cultura dos intrusos brancos”.

O mesmo se aplicaria aos trabalhadores ingleses da primeira metade do século XIX.