apostila produção de bovinos

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FACULDADE DE JAGUARIÚNA CURSO: MEDICINA VETERINÁRIA DISCIPLINA: PRODUÇÃO DE BOVINOS PROFESSOR: JOSÉ HENRIQUE CONTI Aula 1 HISTÓRICO DO DESENVOLVIMENTO E CARACTERÍSTICAS DA PECUÁRIA 1. Domesticação 1 0 finalidade: tração 2 0 finalidade: leite 3 0 finalidade: carne Revolução industrial: surgimento dos frigoríficos, aumento do consumo, aparecimento das cidades. 2.Histórico no Brasil Início com os colonizadores em 1500 que trouxeram o gado bovino, que iniciou o desbravamento indo sempre a frente do homem. Os primeiros animais eram da raça Caracu, o que a torna um animal europeu de elevada rusticidade hoje, sendo útil para o melhoramento genético. 2.1. Melhoramento No início do século foram trazidos os primeiros animais da Índia, inicialmente da raça gir e posteriormente Nelore, que por se mostrarem mais adaptados, se tornaram a base da pecuária de corte brasileira. Hoje o Brasil melhorou a raça Nelore, tendo o melhor Zebu do mundo. Através da popularização da inseminação artificial, este material de elevado valor genético está disponível a pequenos produtores a baixo custo. 3. Porque consumir carne bovina? Hábito, cultura, paladar e valor nutritivo. Aula 2

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Page 1: Apostila   produção de bovinos

FACULDADE DE JAGUARIÚNA

CURSO: MEDICINA VETERINÁRIA

DISCIPLINA: PRODUÇÃO DE BOVINOS

PROFESSOR: JOSÉ HENRIQUE CONTI

Aula 1

HISTÓRICO DO DESENVOLVIMENTO E CARACTERÍSTICAS DA PECUÁRIA

1. Domesticação

10 finalidade: tração20 finalidade: leite30 finalidade: carne

Revolução industrial: surgimento dos frigoríficos, aumento do consumo, aparecimento das cidades.

2.Histórico no Brasil

Início com os colonizadores em 1500 que trouxeram o gado bovino, que iniciou o desbravamento indo sempre a frente do homem. Os primeiros animais eram da raça Caracu, o que a torna um animal europeu de elevada rusticidade hoje, sendo útil para o melhoramento genético.

2.1. Melhoramento

No início do século foram trazidos os primeiros animais da Índia, inicialmente da raça gir e posteriormente Nelore, que por se mostrarem mais adaptados, se tornaram a base da pecuária de corte brasileira. Hoje o Brasil melhorou a raça Nelore, tendo o melhor Zebu do mundo. Através da popularização da inseminação artificial, este material de elevado valor genético está disponível a pequenos produtores a baixo custo.

3. Porque consumir carne bovina?

Hábito, cultura, paladar e valor nutritivo.

Aula 2

Page 2: Apostila   produção de bovinos

Noções de NUTRIÇÃO ANIMAL

Matéria orgânica: água e matéria seca (carboidratos, gorduras e proteínas)Matéria mineral

Matéria seca:Carboidratos (fibra-FB e extrativo não nitrogenado-energia ou NDTGorduras (energia ou NDT)Proteínas – PB

Volumosos tem mais que 18% de FB, enquanto que concentrados tem menos.

Concentrados energéticos tem mais que 20% de PB e protéicos menos.

Volumosos suculentos tem mais que 80% de água, enquanto que os secos menos.

A conservação de forragem é feita de duas maneiras principais. A silagem que utiliza do princípio da fermentação com ácido lático e o feno que utiliza o princípio da desidratação.

Animais mais jovens tem menos gordura e mais água e os mais velhos o inverso.

Mineralização:

Minerais essenciais: Macro: Ca, P, K, Mg, S, Na, Cl e Micro: Fe, Cu, I,Co, Se, Mn, Zn.Os sublinhados tem problemas de falta nos solos brasileiros e são essenciais que façam parte da mistura mineral.

NaCl é o sal grosso, os demais são chamados genericamente de sal mineral. Normalmente se utiliza uma mistura mineral na proporção de 1:1.

O fornecimento de sal pode ser feito: no cocho, misturado na ração, como componente da ração ou adubando-se corretamente a pastagem.

Animais com deficiência mineral tem pelo sem brilho e animais com carência marginal (deficiência não aparente) apresentam problemas de fertilidade.

Page 3: Apostila   produção de bovinos

Durante o balanceamento de rações é necessário em primeiro lugar satisfazer as necessidades de energia, em segundo de proteínas e em terceiro de minerais.

Digestibilidade é a fração do alimento que o animal consegue absorver. A celulose é digerível para os ruminantes mas a lignina não. Alimentos com alto teor de lignina como capins velhos tem baixa digestibilidade o que prejudica muito a qualidade final do alimento.

PASTAGENS

1. Características:Alimento natural, não competitivo, econômico, com ampla adaptação climática e muito útil na defesa do solo.

2. Espécies:a) gramíneas/leguminosasb) tropicais/temperadasc) perenes/temporáriasd) nativas/exóticas

Gramíneas: Hábito de crescimento em porte alto ou touceira, porte médio ou porte rasteiro.

A relação entre curva de crescimento e valor nutritivo dará o ponto ideal de corte de cada espécie de pastagem. Assim, as braquiarias devem ser pastejadas a cada 30 dias, os capins elefante a cada 45, os coloniões a cada 35 e o coast-cross a 28 dias.

Leguminosas:Valor nutritivo cai menos que nas gramíneas, tem palatabilidade mais baixa, produção menor e tem a capacidade de fixar nitrogênio atmosférico.

1. Disponibilidade:85% da matéria seca das pastagens é produzida no verão e 15% no inverno na região central do Brasil, oque implica em produção de forragem durante o verão para ser fornecida no período de inverno e evitar déficit alimentar nos animais.

2. Escala das exigências

AlfafaElefante, colonião

Page 4: Apostila   produção de bovinos

Coast crossBraquiariaGorduraGrama batatais

Nesta ordem os capins no topo da tabela exigem solos mais bem adubados. Em casos de descuido e super pastejo, os capins mais exigentes perdem força e os capins de baixo da tabela invadem as pastagens causando prejuízos.

Aula 3

ALIMENTOS CONCENTRADOS E VOLUMOSOS

1. Concentrados

a) grãos de cereais e seus subprodutosEx. milho, farelo de trigo e arroz, farelo e grão inteiro de soja, farelo e caroço de algodão.b) subprodutos de origem vegetal

Ex. bagaço de cana, levedura, melaço, resíduo de cervejaria e farelo de polpa cítrica

c) subprodutos de origem animal (proibidos)Ex. farinha de carne, ossos, sangue, peixe e cama de frango.

2. Volumosos

a) Pastagemb) CapineiraEspécie capim elefante, plantas novas tem alta umidade e velhas baixa proteína e digestibilidade, o que dificulta o manejo e o ensilamento. c) Cana-de-açúcarTem a vantagem de poder estocar em pé, já que a época de colheita coincide com a época de falta de forragens, mas é pobre em minerais e PB, o corte é operação cara e necessita de adição de farelo de trigo, arroz ou uréia.d) SilagemEspécies mais utilizadas pela ordem: milho, sorgo e girassolPonto de colheita: grãos farináceos com 25 a 35% de MS.Processo: corte, trituração, compactação, vedação, abertura e distribuição.Tipos de silo: poço, aéreo e trincheira.e) FenoEquipamentos: ceifadeira, ancinho, enleiradeira e enfardadeira.

Page 5: Apostila   produção de bovinos

Vantojoso porque pode consumir conforme a necessidade e desvantajoso pois a época de corte coincide com a época chuvosa e o corte é feito com máquinas caras.f) Gramíneas temperadas para pastejo ou corte: Aveia/azevémÉ uma opção para o inverno mas necessita de plantio anual, tem alto teor de PB, o que dá bastante resultado na produção de leite.

Aula 4

CONQUISTAS E DESAFIOS DA PECUÁRIA DE CORTE

1. Fases da produção de bovinos:Cria: nascimento, desmame (6-7 meses) a sobreano 1 ano).Recria: sobreano (6 @ a boi magro 10 a 11 @)Engorda: Boi magro a boi gordo 15 @.

2. Rendimento de carcaça:Nelore: 55 a 58%Europeu x Zebu 52 a 54 %Vaca holandesa 45%Vaca Zebu 50%

Novilho precoce: animais bem alimentados durante o período seco do ano, atingem o peso de abate com 2 a 2,5 anos, o que dá uma carne de superior qualidade, valorizada no mercado interno (boutiques de carnes) e exportação. É comum a utilização de animais “meio-sangue” europeu x zebu, mais conhecidos como cruzamento industrial para o confinamento durante o inverno e produção do novilho precoce.

3. Características do rebanho brasileiro:Taxa de reposição (desfrute) dos animais baixo.Fertilidade baixa.Animais tardios

4. Exportação:Conquistas: área livre de aftosa.Desafios: boi verde, rastreabilidade, animais precoces, barreira dos subsídios externos.

5. Mercado interno: Maior controle de zoonoses (aftosa, brucelose, tuberculose e cisticercose), aumentar a qualidade da carne de poder aquisitivo da população.

Page 6: Apostila   produção de bovinos

Aula 5

RAÇAS DE CORTE, MELHORAMENTO E CRUZAMENTOS

1. Histórico

Europeu – Bos taurus – mais antigo e menos gorduraZebu - Bos indicus – mais recente e menos gordura

2. Raças2.1. Zebuínas

a) Nelore: brancos, grandes, se proliferou muitob) Gir: pequenos, mais dóceis e com aptidão leiteira.c) Guzerá: muitas introduções, aptidão leiteira mais recente.

d) Indubrasil: gir x guzerá, “orelhudo” (raça selecionada pelo tipo)e) Brahman: zebu selecionado nos EUA.

2.2. Européias

a) Inglesas:HerefordAberdeen AngusShorthornRedpool

b) FrancesasCharolês – grandes, broncos, tipo frigoríficoLimousin – ganho de peso e porte elevado

a) Alemã – Fleckvichb) Suíça – Simentalc) Italiana – Chianina

3. Melhoramento

Melhorar o ambiente ou criar uma nova raça?Selecionar por tipo ou por produção?

3.1. Seleção massal

Performance individualPerformance colateral (irmãos e meio irmãos)PedigreeProgênie

Page 7: Apostila   produção de bovinos

Critérios:Peso ao desmame, peso ao abate, idade ao abate, rendimento de carcaça.

3.2. Cruzamentos

a) Cruzamento absorvente

Europeu (E) x Zebu (Z) ½ E e ½ Z x E

¾ E e ¼ Z x E

7/8 E e 1/8 Z x E

15/16 E e 1/16 Z x E

31/32 E e 1/32 Z (PC–puro por cruza)

b) Exploração da heteroseCruzamento industrial Ex Z

c) Formação de novas raças: bimestiço 5/8 E e 3/8 Z

E x Z

½ E e ½ Z x Z

E x ¼ E e ¾ Z

5/8 E e 3/8 Z x 5/8 E e 3/8 Z

bimestiço

Exemplos:

Santa Gertrudes: 5/8 shorthorn x 3/8 brahmanBrangus: 5/8 aberdeen angus x 3/8 brahmanPitangueiras: 5/8 redpool x 3/8 guzeráCanchim: 5/8 charolês x 3/8 indubrasil

Aula 6

Page 8: Apostila   produção de bovinos

MANEJO E EFICIÊNCIA DA REPRODUÇÃO

1. Cio ou estro

Duração 18 a 24 hCiclo estral 20 a 21 dias

1.1. Modificações fisiológicas

Entumescimento da vulvaCorrimento mucosoDiminuição do apetiteDiminuição da produção de leite

1.2.Modificações comportamentais

InquietasBerramMontam as companheirasDeixam-se montar (aceita a monta)

1.3. Distúrbios

Cisto ováricoCio silenciosoAnestro (causas: gestação, nutrição dificiente, hormonal)

1.4Detecção

Observação visualRufião (vasectomia ou “chin-ball”)Fêmeas masculinizadas

1.5Modalidades de monta

Monta natural sem controle de paternidadeMonta natural com controle de paternidadeMonta natural com transporte da fêmeaInseminação artificial (IA)Transferência de embrião (TE)

2.1 Inseminação artificial

Centrais – Detém a genética, fazem o treinamento de mão de obra e fornecimento de materiais e equipamentos.

Page 9: Apostila   produção de bovinos

Produtores – botijão, sêmen, Nitrogênio líquido

Vantagens:Aproveitamento genético de superioresMaior vida útil do touroNão há doenças do coitoAcessível a pequenos produtoresCusto baixo

Fatores do insucesso:Detecção incorreta do cioHorário errado da IADemora no manuseioFalta de higieneLocal de deposição incorretoQualidade do sêmen inadequada

Métodos de coleta de sêmen (centrais):Vagina artificialEletroejaculaçãoMassagem

3. Índices zootécnicos

Período de serviço (P.S.)Intervalo entre partos (I.P.)Período seco (P.seco)Período de lactação (P.L.)Período de gestação (P.G.)

IP = 365 dias ou um ano (ideal)PG = 283 dias (9 meses e 9 dias)PS = 82 dias (ideal)P.Seco = 60 dias (ideal)PL = 305 dias (ideal)

PG + PS = IP ou: 283 + 82 = 365

PL + Pseco = IP ou: 305 + 60 = 365

Observação: Na pecuária de corte ou leite onde os bezerros são criados junto com a mãe, os animais são desmamados com 6 ou 7 meses, ou seja as fêmeas dão leite durante estes meses, ficando secas 5 ou 6 meses.

Idade X Peso de Cobertura

Page 10: Apostila   produção de bovinos

Idade (meses) Peso 1a

cobertura(kg)Peso 1a parição

(kg)Europeu 15 350 500-550Zebu 18-20 300 420-450Europeu x Zebu 15-18 320-340 450-500

Vida útil ou produtiva (longevidade)

Fêmeas:Raças Européias: 6 a 8 “ciclos” com pico no 4o ou 5o Raças Zebuínas: 10 a 12 “ciclos” com pico no 5o ou 6o

Machos:Vida produtiva de 5 a 6 anos, no entanto os touros são aproveitados até aproximadamente 3 anos de vida produtiva porque após este período já há filhas na fazenda que podem ser cobertas por ele.

4. Eficiência Reprodutiva

Número de serviços por concepção: Bom-1,4. Ruim-2,0Capacidade de serviço ou relação touro/vaca: Alta: 2 a 3 % (1:50 ou 1:33)Média: 4% (1:25)Baixa: maior que 4 %

Fatores que afetam a eficiência reprodutiva:

Nutrição inadequadaDoençasTemperatura elevada ou muito baixaManejo

Aula 7

INSTALAÇÕES E MANEJO DE GADO DE CORTE

1. Instalações

1.1.Curral

a) Localização:

Bem drenadoAlguns pontos de sombra

Page 11: Apostila   produção de bovinos

Localizado em área central da fazenda

b) Dimensões:

2 a 3 m2/ cabeçaO número de currais por fazenda varia de acordo com o número de animais e o tamanho da fazenda, respeitando-se o máximo de 3 km de distância a ser percorrido pelos animais.

c) Cerca externa:

Palanques de 2 em 2 mRéguas em número de 5 ou 6, com 20 cm de larguraCordoalha de aço

d) Modelo de curral

Composição:Porteira apartadora, corredor e seringa (brete), tronco de contenção, balança.

1.2.Saleiros

Preferencialmente com coberturaUm por pastoNa parte alta

1.3. Bebedouros

Tipos: em alvenaria, utilizando banheiras antigas, ou “australiano”Localização: Parte alta, longe do saleiro.Modelo automático com enchimento controlado por bóias.

2. Manejo

2.1 Castração

Acalma o animal, favorece o manejo coletivo de machos e fêmeas, há menor gasto de energia pelo animal, idade entre 10 a 20 meses. Equipamento: canivete ou burdizo (alicate)

2.2 Descorna

Modalidade: ferro quente (3 a 4 meses de idade) ou pasta (3 a 10 dias de idade).

Page 12: Apostila   produção de bovinos

2.3. Desmame

Formas: isolamento, pasto ruim ou tabuleta colocada no focinho do bezerro. Época: 6 a 8 meses.

2.4 Creeper

Compartimentos com entrada pequena utilizados para alimentação suplementar de bezerros.

2.5. Controle de ecto e endo parasitos

Carrapatos:Altíssima susceptibilidade de animais com sangue europeu.Produtos devem ser aplicados após prévia análise da eficiência dos carrapaticidas disponíveis no mercado.Tipo de aplicação: banhos de imersão, pulverização ou pour-on.Época: dependendo da infestação.

Bernes:Tratamento mais caro e com produtos com carência maior. Normalmente são utilizados produtos associados com carrapaticidas.

Vermes: Controle maior em animais jovens e de raças européias. Aplicação a cada 4 a 6 meses.

Ivomec: carrapaticida, bernicida e vermífugo junto com promotor de crescimento.

Aula 8

PERSPECTIVA DA ATIVIDADE LEITEIRA NO BRASIL

1. Histórico

1.1. Antiguidade (AC) ao século XVIII (Revolução Industrial)

Europa se destacava na produção de leite, que era estacional, com elevado ataque de doenças e parasitos, em solos pobres, o que resultava em produções médias de 800 litros em 6 meses por animal, algo em torno de 3 a 4 litros por dia.

1.2.século XVIII até a 2a guerra mundial

Page 13: Apostila   produção de bovinos

Surgiram as primeiras ferramentas para fenação. Apareceram os centros urbanos, as ferrovias e o sistema de refrigeração. Os animais começaram a se alimentar por resíduos agroindustriais e o comércio era feito em latões, com pouca higiene. Predominavam as raças rústicas com produtividade em torno de 150 litros de leite ano.

1.3 Da 2a guerra mundial até os dias atuais

Proliferação das raças especializadas, principalmente a holandesa. Ganhos efetivos em nutrição, melhoramento genético e saúde dos animais, resultando em ganhos de produtividade em torno de 6 a 10 mil litros de leite ano, em países desenvolvidos. Em subdesenvolvidos o processo de modernização não se implantou devido a má adaptação da tecnologia importada.

2. Situação atual

2.1. No mundo

Há excesso de produção nos países desenvolvidos, sustentados por altos índices de subsídios dados ao produtor.

2.2 No Brasil

Houve uma revolução silenciosa, destacando aqueles produtores que conseguiram achar o meio termo e conseguiram usar a tecnologia de países temperados, adaptando-a as nossas condições, garantindo ganhos de produtividade com baixos custos. Há alguns anos tem ocorrido uma alteração profunda na estrutura das fazendas, aumentando-se bruscamente as fazendas com produtividades média e alta e diminuindo as fazendas de baixa produção (menos que 200 litros/dia).

Aula 9

ÍNDICES DE PRODUTIVIDADE E EFICIÊNCIA EM GADO LEITEIRO

Intervalo entre partos (IP):Depende da nutrição, ideal é 12 meses.

Período de lactação (PL):Depende da genética, ideal é 10 meses.

Porcentagem de vacas em lactação: PL/IP. Ideal; 10/12 = 83,33%

Page 14: Apostila   produção de bovinos

Persistência: depende da genética. Ideal é queda de 10 na produção de leite ao mês.

Índice de peso corporal:Varia de 1 (muito magra) a 5 (muito gorda)A análise é visual com base em figuras comparativas.Ideal:3,5 a 3,75 no parto2,5 no 3o mês (período crítico)3,0 no 6o mês3,5 no 10o mês (fim da lactação)

Animais mal alimentados no período seco emagrecem e a parição ocorre com pesos abaixo do esperado, resultando em não ocorrência do pico de produção que normalmente ocorre ente o 2o e o 3o mês. Estes meses são o ponto crítico do animal pois ele está no máximo de sua produção e ainda precisa de energia para ovular e poder emprenhar. Animais de raças zebuínas preferem diminuir a produção de leite e manter o peso, enquanto que animais europeus emagrecem e continuam dando leite, dificultando a recuperação, caso o animal seja mal alimentado durante este período.

Aula 10

CRIAÇÃO DE BEZERRAS E NOVILHAS

1. Cuidados com o parto

Sinais: Entumescimento da vulva, úbere inchado (mojando), “barriga desce”Partos distócicos: Tamanho do bezerro devido a raças inadequadas com o tamanho da vaca.Ocorrência de natimorto devido a deficiência mineral.Retenção de placenta, causando infecções de gravidade variável, provocando queda na produção de leite e emagrecimento.Recomendação: não interferir no parto.

2. Cuidados com o recém nascido

Desinfectar o umbigo.Mamar 4 litros de colostro nas primeiras 24 horasCorte de tetas extras.

Page 15: Apostila   produção de bovinos

Problemas mais comuns com o recém nascido: diarréia, pneumonia, anaplasmose.

3. Alimentação e manejo do nascimento a desmama

Local: ideal casinhas móveisAlimentação: água, ração peletizada, capim ou feno e 4 litros de leite por dia.Cuidados: descornar, colocar brinco de identificação, pesar e medir.

4. Alimentação e manejo da desmama até a parição

Local: baias coletivas (piso ripado ou serragem) ou pastos (cochos móveis, sombra e bebedouros)Alimentação: 2kg de ração/dia, pasto, silo ou feno, água.

5. Controle do crescimento

Animais de raças européias precisam ganhar em torno de 20 Kg por mês para atingirem o peso de cobertura de 350 Kg aos 15 meses, para isso é necessário o fornecimento de volumosos de alta qualidade e o acompanhamento do crescimento é feito através de pesagem mensal com a fita de pesagem.

6. Causas do fracasso

Infestação de vermes e carrapatos e fornecimento de volumosos de baixa qualidade como capineiras velhas, feno de capim velho e silagem cortada em época errada.

Aula 11

Alimentação e manejo de vacas leiteiras

1. Princípios: quantidade, qualidade e regularidade.

2. PastejoRotação: cerca elétrica, água e sombra

O manejo da cerca elétrica exige conhecimento e acompanhamento. É necessário uma linha de força para conduzir a cerca e uma linha de água para leva-la a todos os pastos. Animais europeus se adaptam facilmente e animais zebuínos exigem treinamento.

Page 16: Apostila   produção de bovinos

Número de pastos = PD (período de descanso)/PO (período de ocupação) + 1

3. Confinado

Volumosos a vontade.

Ideal: análise do volumoso e cálculo da ração de cada animal ou de lotes homogêneos por produção. Regra simplificada:Concentrado: 1 kg concentrado/ 3kg de leite até o 3o mês e 1 kg/ 4kg de leite a partir do 4o mês. Concentrado com mínimo de 20 % PB e 70 % NDT.Ideal é fornecimento do volumoso junto com o concentrado.

Animais secos (sem leite): simplificado 2kg de concentrados/dia

Aula 12

Manejo da ordenha

1. Tipos de ordenha

Estábulo (carrinho ou balde ao pé) ou sala de ordenha.

2. Fases

Limpeza dos tetos, enxugamento, teste de mastite, colocação das teteiras e desinfecção (pós-dipping)

3. Descida do leite

Manipulação, aguardar 20 a 60 segundos (tempo de descida) para iniciar. A velocidade de ordenha é de 2 a 4 kg/ minuto. Animais estressados escondem o leite.

4. Freqüência

Ideal 12 x 12 e animais com produção superior a 35 kg, fazer 3 ordenhas/dia.

Aula 13

Controle sanitário do rebanho

1. Brucelose

Page 17: Apostila   produção de bovinos

Brucella abortus

No animal causa aborto, no homem, febre ondulante. A contaminação ocorre com restos fetais, sêmen ou leite. O controle é feito com vacinação preventiva, obrigatória por lei, de fêmeas de 4 a 8 meses de idade. A vacinação é realizada somente por médico veterinário credenciado. A cada 6 meses deve ser feito o teste de soroaglutinação para verificar se há animais infectados. Soropositivos tem que ser abatidos.

2. Tuberculose

Mycobacterium bovis

Sintomas são a tosse e o emagrecimento. Animal sobrevive bastante tempo doente. É uma zoonose pois ataca o homem. Não há vacina. O controle é o exame a cada 6 meses com tuberculina caudal ou cervical (tábua do pescoço). Animais positivos têm que ser abatidos.

3. Raiva

Zoonose transmitida pelo morcego hematófogo. O controle é feito com pasta vampiricida em animais com sinal de ataque ou captura do morcego com redes. A vacinação anual é obrigatória em regiões com infestação da doença. Os sintomas são o sinal de aparente “engasgamento” do animal. Animais com morte suspeita devem ser enviados o cérebro ao instituto Adolfo Lutz para confirmação do diagnóstico ou outro local habilitado.

4. Febre Aftosa

Virose que ataca animais de casco fendido (bovinos, ovinos, caprinos e suínos). Os sintomas são febre, salivação e inflamação dos cascos. O controle é preventivo com vacinação a cada 6 meses.

5. Carbúnculo ou manqueira

Clostridium chauvoli

Doença que ataca animais jovens. Portanto, em regiões de ocorrência da doença, como a nossa, os animais nascidos devem ser todos vacinados aos 3 meses, com reforço um mês após e apartir daí vacinação pelo menos uma vez ao ano até os 2 anos de idade. O sintoma é a inflamação muscular que aumenta o volume no quarto da palheta. Animal morre rápido.

Page 18: Apostila   produção de bovinos

Outras doenças:Gangrena deve ser tratada junto com a vacina do carbúnculoLeptospirose é transmitida pela urina do rato, o animal tem como sintoma o aborto e a vacina é anual.