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PETROBRAS RECURSOS HUMANOS SISTEMA EDUCACIONAL CORPORATIVO DA PETROBRAS CATEL SISTEMAS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS MÓDULO 4 Parte II Equipamentos Elétricos em Subestações INSTRUTOR: Linton Vieira de Magalhães Jr. Chave: RBLK

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Page 1: Apostila-Mod 4 Rev 8

PETROBRAS

RECURSOS HUMANOS

SISTEMA EDUCACIONAL CORPORATIVO DA PETROBRAS

CATEL

SISTEMAS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS

MÓDULO 4

Parte II

Equipamentos Elétricos em Subestações

INSTRUTOR: Linton Vieira de Magalhães Jr.

Chave: RBLK

Rio de Janeiro

2010

Page 2: Apostila-Mod 4 Rev 8

SUMÁRIO

Introdução..........................................................................................................1

1 Características e Limites Operacionais dos Equipamentos..................3

1.1 Chave Seccionadora..............................................................................3

1.2 Contator...................................................................................................4

1.3 Fusível.....................................................................................................6

1.4 Disjuntor..................................................................................................9

1.4.1 Disjuntor Tipo Caixa Moldada...............................................................9

1.4.2 Disjuntor Aberto...................................................................................10

1.4.3 Quanto ao Tipo de Interrupção Elétrica.............................................11

1.4.4 Características Elétricas dos Disjuntores..........................................18

2 Painéis Elétricos......................................................................................22

2.1 Nomenclatura de Painéis.....................................................................22

2.2 Padronização e Normalização.............................................................23

2.3 Painéis de Média Tensão.....................................................................24

2.3.1 Classificação quanto ao nível de Continuidade de Serviço.............24

2.4 Painéis de Baixa Tensão......................................................................26

2.4.1 Conceito de TTA e PTTA......................................................................26

2.4.2 Separação interna dos conjuntos por barreiras ou divisões...........28

2.5 Grau de proteção do conjunto............................................................30

2.6 Características Elétricas de um Circuito ou Conjuntos....................32

2.6.1 Corrente nominal x Temperatura ambiente.......................................34

2.7 Painéis de Distribuição - CDC.............................................................34

2.8 Centro de Controle de Motores - CCM................................................35

2.8.1 CCM Compartimentado / Não compartimentado / Fixo / Extraível...36

2.8.2 CCM Inteligente....................................................................................37

3 Capacitores...............................................................................................39

4 Condutores Elétricos...............................................................................40

4.1 Tipos de cabos.....................................................................................40

5 Pára – Raios a Resistor Não-Linear........................................................41

6 Muflas........................................................................................................42

7 Isoladores.................................................................................................43

7.1 Flash over..............................................................................................44

ii

Page 3: Apostila-Mod 4 Rev 8

8 Resistência de Aterramento....................................................................45

8.1 Tipos de Sistema quanto ao Aterramento..........................................45

9 Check list de Subestação........................................................................47

9.1 Objetivo.................................................................................................47

10 Liberação de Equipamentos para Intervenção......................................49

10.1 Análise de Risco Operacional do Sistema Elétrico...........................49

10.1.1 Critérios para Intervenção no Sistema Elétrico durante Liberação de Equipamento..............................................................................................49

10.2 Requisitos NR-10 para Segurança nas intervenções........................50

10.3 Liberação de Equipamento Elétrico....................................................51

10.4 LIBRA.....................................................................................................51

10.4.1 Tipos de energia:..............................................................................52

11 Segurança Integrada nos Trabalhos em Subestações.........................53

11.1 O choque elétrico.................................................................................53

11.2 Arco elétrico..........................................................................................56

11.2.1 Determinação da energia incidente.................................................57

11.2.2 Especificação da vestimenta resistente ao arco elétrico..............57

11.3 Critérios de Segurança para ambientes e serviços em painéis e equipamentos elétricos com potencial de arco elétrico (N-2830)...............59

11.3.1 Especificação de EPI para Profissionais que Atuam em Serviços de Eletricidade.................................................................................................59

11.4 Cuidados Operacionais..........................................................................60

iii

Page 4: Apostila-Mod 4 Rev 8

Introdução

Em uma refinaria, a maioria das cargas necessárias para processar,

armazenar e distribuir produtos é acionada por equipamentos elétricos. Estes

equipamentos são alimentados por um sistema elétrico industrial. Todo sistema

elétrico é composto basicamente de geração, transmissão, distribuição e utilização

de energia elétrica.

As cargas de uma refinaria são alimentadas por níveis de tensão diferentes.

Os níveis de tensão (alternada) mais utilizados em uma refinaria são 110V, 220V,

480V, 2.4KV, 4.16KV e 13.8KV. Para alimentar as cargas de tensão diferente da

tensão de geração são usados transformadores.

Para manobrar as cargas (ligar, desligar e variar ou variar a velocidade) são

utilizados dispositivos de manobras, como disjuntores, contatores, seccionadoras e

variadores de velocidades.

As subestações abrigam equipamentos elétricos que realizam algumas ou

todas as seguintes tarefas: medição, proteção, transformação de tensões ou

utilização de energia. Das subestações saem os cabos que alimentam as cargas.

As subestações de entrada recebem (ou enviam) energia da concessionária

via linha de transmissão, que pode ser aérea ou subterrânea. Na subestação de

entrada são feitas medições de energia tanto pela Petrobras, quanto pela

concessionária. É feita a proteção do sistema e transformação da tensão de

transmissão para a tensão de distribuição. Para a distribuição de energia elétrica

pela refinaria, cabos alimentadores ligam a casa de força ou subestação de entrada

às subestações internas.

Nas subestações internas são desempenhadas todas as funções: medição de

energia consumida, proteção dos sistemas e equipamentos, transformação da

tensão de distribuição para tensão de utilização e utilização de energia necessária

para permitir a manobra de equipamentos, como compressor de pressurização,

UPS, banco de baterias, retificadores (carregadores de bateria) e variadores de

velocidade.

Na parte exterior da subestação são colocados os transformadores e o banco

de capacitores. No interior das subestações, além dos equipamentos citados, são

colocados os painéis elétricos, compostos de barramentos cubículos ou gavetas que

abrigam equipamentos necessários ao comando (contatores, seccionadoras,

permissivas e sinalização) e proteção (relés, fusíveis e disjuntores) das cargas da

subestação e interligações de circuitos elétricos.

1

Page 5: Apostila-Mod 4 Rev 8

Figura 1- Vista de uma subestação de interna.

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Page 6: Apostila-Mod 4 Rev 8

1 Características e Limites Operacionais dos Equipamentos

Os equipamentos destinados a interromper as correntes, sejam de curto-

circuito, sejam de carga ou sobrecarga podem receber o nome genérico de

interruptores. Serão disjuntores se forem capazes de interromper e estabelecer

correntes de curto; serão contatores quando puderem ser comandados à distância e

tiverem uma vida eletromecânica longa; serão chaves de abertura sob carga quando

destinados à abertura de circuitos com a corrente de carga um pequeno número de

vezes.

1.1 Chave Seccionadora

É um dispositivo de operação manual que na posição aberta assegura uma

distância de isolamento, e na posição fechada mantém a continuidade do circuito

elétrico nas condições especificadas. Por ser de desconexão lenta e desprovida de

qualquer meio para controlar e extinguir o arco voltaico deve ser manobrado com

uma corrente desprezível (sem carga). Também é capaz de conduzir correntes sob

condições normais do circuito e, durante um tempo especificado, correntes sob

condições anormais, tais como curtos-circuitos.

As seccionadoras são utilizadas para desempenhar várias e importantes

funções dentro de uma instalação, ou seja:

manobras de transferência de alimentação de barramentos de uma

subestação;

isolar um equipamento qualquer da subestação, tais como transformadores,

disjuntores, etc. para execução de serviços de manutenção;

propiciar o by-pass de disjuntores de subestações.

A operação das seccionadoras com o circuito em carga provoca desgaste nos

contatos e põe em risco a vida do operador. Porém podem ser operadas quando são

previstas, no circuito, pequenas correntes de magnetização de transformadores,

reatores, ou ainda correntes capacitivas.

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Page 7: Apostila-Mod 4 Rev 8

Figura 2 - Invólucro de potência da chave seccionadora a SF6.

Figura 3 – Detalhe do eixo de movimentação dos contatos da seccionadora.

1.2 Contator

Contator é um dispositivo eletromecânico que permite a partir de um circuito

de comando efetuar o controle de cargas, num circuito de potência. É constituído por

uma bobina que produz um campo magnético, que conjuntamente a uma parte fixa

(núcleo), proporciona movimento a uma parte móvel (armadura). Esse movimento é

utilizado para abrir e fechar contatos provocando mudanças em circuitos elétricos.

4

Page 8: Apostila-Mod 4 Rev 8

Figura 4 - Princípio de funcionamento do contator

No contator temos os contatos principais e auxiliares. Os principais do

contator são mais robustos e suportam maiores correntes que depende da carga

que esse motor irá acionar, quanto maior a carga acionada, maior será a corrente

nos contatos. Os contatos auxiliares são utilizados para sinalização e comandos de

vários motores. Existe o contato NF (normalmente fechado) e NA (normalmente

aberto).

O contator é um dispositivo capaz de ligar e desligar um circuito elétrico, com

capacidade até dez vezes a corrente nominal do motor. Para corrente elevadas

originadas por curto-circuito, a interrupção é feita através de fusíveis de atuação

rápida, acoplados ao contator.

Figura 5 - Diagrama funcional de um alimentador de motor

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Page 9: Apostila-Mod 4 Rev 8

Figura 6 - Contator de motor de média tensão (4,16kV)

1.3 Fusível

` Os fusíveis são dispositivos condutores colocados em série com o circuito

elétrico, feitos de uma liga metálica (chumbo, prata, estanho ou outra liga), cuja

finalidade é interromper o circuito quando na elevação brusca da corrente elétrica.

O funcionamento do fusível baseia-se no princípio segundo o qual uma

corrente que passa por um condutor gera calor proporcional ao quadrado de sua

intensidade. Quando a corrente atinge a intensidade máxima tolerável, o calor

gerado não dissipa com rapidez suficiente, derretendo um componente e

interrompendo o circuito.

Em sobrecarga, a ruptura do elo fusível ocorre ao longo do tempo

proporcional à intensidade da corrente, quando acima da nominal, e este processo

pode durar horas.

Sob curto-circuito o processo é mais violento. A corrente de alta intensidade

funde o metal do elemento fusível, porém, muitas vezes há a persistência de

corrente através do arco voltaico, que por sua vez, funde a areia que absorve a

energia do arco aumentando a resistência interna e por conseqüência a queda da

corrente.

Fusíveis de Baixa Tensão

As formas construtivas mais comuns dos fusíveis aplicados nos circuitos de

motores são os tipos D e NH.

Diazed é o modelo de fusível utilizado em instalações industriais nos circuitos

com motores. É do tipo retardado e fabricado para correntes de 2 a 63 A (Vmax =

500V e Icc = 50 kA). O conjunto de proteção Diazed é formado por: tampa, anel de

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Page 10: Apostila-Mod 4 Rev 8

proteção, fusível, parafuso de ajuste e base unipolar ou tripolar (com fixação rápida

ou por parafusos).

Figura 7 – Conjunto fusível Diazed

O fusível NH (N-baixa tensão; H-alta capacidade) é usado nos mesmos casos

do Diazed, porém é fabricado para correntes de 4 a 630 A (Vmax = 500V e Icc = 120

kA). O conjunto é formado por fusível e base. A colocação e/ou retirada do fusível é

feita com o punho saca-fusível.

Figura 8 – Conjunto fusível NH

Figura 9 – Partes de um fusível

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Page 11: Apostila-Mod 4 Rev 8

Figura 10 – Local da espoleta do fusível (Diazed e NH)

Fusíveis de Média Tensão

Também conhecidos como HH (alta tensão e alta capacidade). Os fusíveis

limitadores de corrente HH são dispositivos extremamente eficazes na proteção de

circuitos de média tensão devido às suas excelentes características de tempo x

corrente. A principal característica destes dispositivos é a sua capacidade de limitar

a corrente de curto-circuito devido aos tempos extremamente reduzidos em que

atua, e assim proteger os aparelhos e as partes da instalação contra os efeitos

térmicos e dinâmicos das correntes de curto-circuito, desligando-os ao serem as

mesmas produzidas.

• Tensão / corrente nominal da base (3,4 à 72kV / 10, 25, 63, 100, 200, 400,

630 e 1000A) ;

• Tensão e corrente nominal do fusível (por conta do fabricante).

Figura 11 – Curva característica do fusível de determinado fabricante

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Page 12: Apostila-Mod 4 Rev 8

1.4 Disjuntor

Os disjuntores são equipamentos destinados a interrupção e ao

restabelecimento das correntes elétricas num determinado ponto do circuito.

A função principal do disjuntor é interromper as correntes de defeito de um

determinado circuito durante o menor espaço de tempo possível. Porém, os

disjuntores são também solicitados a interromper correntes de circuitos operando em

plena carga e em vazio. Sua construção é robusta e é provido de meios eficientes

para o controle e extinção do arco elétrico, permitindo uma atuação rápida e segura.

São utilizados nos circuitos dos geradores, alimentadores, barra de sincronismo,

secundários de transformadores e partida de motores. Devem ser instalados

acompanhados da aplicação dos relés de proteção responsáveis pela detecção das

faltas das correntes elétricas do circuito comandando a abertura do disjuntor. Os

disjuntores são as únicas chaves que tem a capacidade de interromper as correntes

de curto circuito.

1.4.1 Disjuntor Tipo Caixa Moldada

Destinados à proteção de circuitos elétricos de menor potência e baixa

tensão. Os disjuntores tipo caixa moldada operam manualmente por meio de

alavanca tipo on/off e através de disparadores termomagnéticos que interrompem o

circuito elétrico toda vez que a corrente ultrapasse o valor estabelecido. Os

disparadores podem ser fixos ou ajustáveis.

Um disjuntor é constituído pelo relé, com um órgão de disparo (disparador) e

um órgão de corte ( o interruptor) e dotado também de convenientes meios de

extinção do arco eléctrico (câmaras de extinção do arco eléctrico).

O disjuntor magnetotérmico possui um relé eletromagnético que protege

contra curto – circuitos e um relé térmico, constituído por uma lâmina bimetálica, que

protege contra sobrecargas.

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Page 13: Apostila-Mod 4 Rev 8

Figura 12 - Disjuntores tipo caixa moldada

1.4.2 Disjuntor Aberto

Destinados à proteção de circuitos elétricos de alta potência. Quanto à

instalação, os disjuntores abertos podem ser fixos ou extraíveis. Os disjuntores tipo

aberto operam através de um sistema de molas, que podem ser carregadas

manualmente, através de uma alavanca frontal, ou eletricamente, através de um

motor. A operação remota também é possível, através das bobinas de fechamento e

abertura, instaladas na parte interna do disjuntor.

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Figura 13– Características construtivas de um disjuntor aberto

1.4.3 Quanto ao Tipo de Interrupção Elétrica

Os disjuntores podem ser classificados como a seguir.

Disjuntores a óleo

Este processo consiste na abertura dos contatos do interruptor no interior de

um recipiente que contém determinada quantidade de óleo mineral.

Na separação dos contatos, há formação de um arco entre eles. Como o arco

elétrico apresenta uma temperatura excessivamente elevada, as primeiras camadas

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Page 15: Apostila-Mod 4 Rev 8

de óleo que tocam o arco são decompostas e gaseificadas, resultando na liberação

de certa quantidade de gases, compostos na sua maioria por hidrogênio, além de

acetileno e metano. Os gases elevam-se para a superfície do óleo e, nesta trajetória,

levam consigo o próprio arco, que se alonga e resfria até extinguir-se, em geral, logo

na primeira passagem da corrente pelo zero natural.

O hidrogênio, por apresentar uma condutividade térmica muito elevada,

favorece o resfriamento do arco, retirando-lhe calor. No entanto, quando a corrente a

ser interrompida é muito grande, o arco se forma de maneira intensa, fazendo com

que o mecanismo de abertura do disjuntor, associado aos efeitos de resfriamento e

alongamento do arco, seja insuficiente para extingui-lo, ocasionado a explosão do

disjuntor.

Os disjuntores a óleo podem ser fabricados de acordo com duas diferentes

técnicas de interrupção, ou seja, os disjuntores a grande volume de óleo (GVO) e os

disjuntores a pequeno volume de óleo (PVO).

Figura 14 – Sequência de interrupção de corrente no disjuntor PVO

Disjuntores a grande volume de óleo (GVO)

Este é o tipo mais antigo de disjuntores a óleo. No passado consistia apenas

de um recipiente metálico com os contactos simplesmente imersos no óleo sem

nenhuma câmara de extinção. Hoje, os disjuntores GVO possuem câmaras de

extinção onde se força o fluxo de óleo sobre o arco. Os contatos dos três pólos se

localizam no interior de um único recipiente contendo uma grande quantidade de

óleo isolante. O recipiente é constituído de uma chapa de aço robusta e o seu

interior é revestido de material isolante.

Os disjuntores GVO são usados em média e alta tensão até 230kV.

A característica principal dos disjuntores GVO é a sua grande capacidade de

ruptura em curto – circuito.

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Page 16: Apostila-Mod 4 Rev 8

Figura 15 – Disjuntor a grande volume de óleo.

Disjuntores a pequeno volume de óleo (PVO)

Neste tipo de disjuntor os contatos são instalados no interior de câmaras de

extinção, individualmente separadas e montadas juntamente com a caixa de

mecanismo de comando numa estrutura de cantoneiras de ferro (figura abaixo).

O óleo utilizado nos disjuntores pode ser do tipo parafínico ou naftênico com

alta rigidez dielétrica conforme a especificação do disjuntor.

Os contatos fixo e móvel são a parte do disjuntor que mais ocorre desgaste.

Sua vida útil está diretamente ligada ao número de interrupções e a intensidade da

corrente interrompida.

Os disjuntores PVO cobrem em média tensão, praticamente, toda a gama de

capacidades de ruptura de 63kA. No nível de 138kV a sua capacidade de ruptura

por câmara está limitada a um máximo de 20kA, o que equivale a dizer que para

maiores correntes de curto – circuito, (31,5; 40 e 50kA), que são comuns nesta

tensão, deve-se empregar varias câmaras em série com o uso obrigatório de

capacitores de equalização e acionamento mais possante com conseqüente

aumento do uso e complexidade do equipamento.

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Page 17: Apostila-Mod 4 Rev 8

Figura 16 – Disjuntor a pequeno volume de óleo (PVO)

Figura 17 – Câmara de extinção do disjuntor PVO

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Page 18: Apostila-Mod 4 Rev 8

Disjuntores a sopro magnético

São assim denominados os disjuntores que utilizam o princípio da força

eletromagnética para conduzir o arco elétrico a uma câmara de extinção, onde o

arco é dividido, deionizado, resfriado e finalmente extinto.

Este tipo de disjuntor é muito utilizado para interrupção de corrente contínua.

Também encontra larga utilidade nos sistemas de corrente alternada de elevada

responsabilidade, sendo constituído das seguintes partes principais:

Câmara de extinção;

Mecanismo de operação;

Sopradores;

Invólucro metálico.

Figura 18 – Disjuntor a sopro magnético

Quando os terminais do disjuntor se separam, comandados por um sinal

externo, surge um arco entre o contato fixo e o móvel, que se afasta numa

velocidade extremamente elevada. Nesse momento, o arco por efeito pneumático, é

conduzido dos contatos principais para os contatos auxiliares, atingido a câmara de

extinção. Movido pelo efeito magnético e térmico, o arco, penetra no interior da

câmara onde é fracionado, alongado e finalmente extinto.

Disjuntores a vácuo15

Page 19: Apostila-Mod 4 Rev 8

Disjuntores a vácuo são os que utilizam a câmara de vácuo como elemento

de extinção do arco.

São constituídos de três pólos individualmente instalados. Cada pólo é

constituído de uma câmara à vácuo, apoiada em suas extremidades por isoladores

cerâmicos, que ocupa a parte central do pólo. Os contatos “fixo” e “móvel” são

montados no interior da câmara à vácuo. A figura 13 mostra um disjuntor à vácuo de

largo uso nas instalações industriais.

Os disjuntores a vácuo são especialmente utilizados em instalações onde a

freqüência de manobra é intensa, não sendo aconselhável o uso de disjuntores a

óleo nesses casos. Podem realizar até 10 mil manobras em corrente alternada ou

permanecer dez anos em operação sem nenhuma necessidade de inspeção. Em

razão de suas dimensões reduzidas, é possível montar os disjuntores em

instalações bastante compactas.

Figura 19 – Disjuntor a vácuo

Ao abrirem-se os contatos do disjuntor inicia-se através da corrente a ser

interrompida, uma descarga do arco voltaico por meio do vapor metálico. A corrente

flui até chegar a primeira passagem pelo ponto zero natural da senóide. O arco

extingui-se nas proximidades desse ponto e o vapor metálico liberado das

superfícies dos contatos fixo e móvel se condensa em poucos microssegundos

sobre as superfícies metálicas dos respectivos contatos de onde foi liberado. Desse

modo o dielétrico entre os contatos é reconstituído rapidamente.

Em virtude da magnitude do vácuo no interior da câmara de extinção, cujo

valor é de aproximadamente 10 -8 bar é necessária uma distância entre os contatos

de 6 a 20 mm, o que explica também as reduzidas dimensões do disjuntor.

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Page 20: Apostila-Mod 4 Rev 8

Em geral, nos disjuntores à vácuo a corrente de curto-circuito pode ser extinta

até 20.000 vezes a corrente nominal do equipamento. Os disjuntores a vácuo são

extremamente eficientes para interromper correntes em média tensão. Para tensões

mais elevadas, há necessidade de um aperfeiçoamento na tecnologia de fabricação

desses equipamentos.

Figura 20 – Câmara de extinção do disjuntor à vácuo

Disjuntores a SF6

Há disjuntores que utilizam o gás hexafluoreto de enxofre como meio de

interrupção de corrente. Este processo consiste na abertura dos contatos do

interruptor no interior de um recipiente contendo certa quantidade de gás

hexafluoreto de enxofre - SF6.

O princípio básico de interrupção em SF6 se fundamenta em sua capacidade

de levar rapidamente a zero a condutibilidade elétrica do arco, absorvendo os

elétrons livres na região do mesmo, e de restabelecer com extrema velocidade a sua

rigidez dielétrica depois de cessados os fenômenos que motivaram a formação do

arco.

Por ser um gás pesado e incolor deve-se tomar cuidado ao manipulá-lo em

ambientes fechados, pois caso haja um vazamento, o SF6 se acumula nas regiões

inferiores do ambiente, substituindo o ar e provocando asfixia quando atinge um

determinado nível. Em contato com a água pode formar substâncias extremamente

corrosivas, que atacam materiais metálicos em que estão contidas. Contudo, não é

tóxico e não apresenta cheiro.

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Page 21: Apostila-Mod 4 Rev 8

À medida que se pressuriza o SF6, a sua rigidez dielétrica aumenta

substancialmente. Para cerca de 2 kg/cm², a sua rigidez dielétrica é a mesma de um

óleo isolante de boa qualidade. Para precaução contra perda excessiva de pressão

no vaso que contém o SF6, os disjuntores são providos de um sistema que permite

sinalização e intertravamento, evitando a sua operação em situações perigosas.

Figura 21 – Câmara de extinção em corte de um disjuntor a SF6 para 138kV

1.4.4 Características Elétricas dos Disjuntores

O estudo dos disjuntores está em sua grande parte, voltado para as

condições transitórias que ocorre nos sistemas durante o processo de sua operação.

Os disjuntores são dimensionados para atuar em corrente alternada. Em casos

específicos são fabricados para corrente contínua. A interrupção em corrente

continua é muito mais difícil e complexa de se realizar, já que, evidentemente, a

corrente não passa pelo zero natural.

Tensão Nominal (Un)

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Page 22: Apostila-Mod 4 Rev 8

É o conjunto de valores de tensões pela qual o disjuntor é designado, e ao

qual são referidos os outros valores nominais. A tensão nominal do disjuntor deve

ser igual à tensão máxima de operação do sistema na qual o disjuntor é previsto

operar.

Nível de Isolamento (Up)

É o conjunto de valores de tensões suportáveis nominais que caracterizam o

isolamento do disjuntor em relação a sua capacidade de suportar os esforços

dielétricos.

Corrente Nominal (In)

É a corrente que o disjuntor consegue conduzir continuamente sem que os

limites de elevação de temperatura especificados sejam excedidos. Exemplo de

valores de correntes padronizados: 400, 500, 630, 800, 1000, 1250, 1600, 2000,

2500, 3150, 4000, 5000, 6300 A.

Capacidade de Interrupção Nominal das Correntes de Curto-circuito (Isc)

É o valor mais elevado de corrente de curto circuito que o disjuntor consegue

interromper em um circuito onde a tensão de restabelecimento à freqüência

industrial corresponde à tensão nominal do disjuntor.

É expressa por dois valores:

a) O valor eficaz da componente alternada da corrente de curto circuito,

b) A porcentagem da componente contínua.

Valores normalizados para o valor eficaz da componente alternada da

corrente: 8 – 10 – 12,5 – 16 – 20 – 25- 31,5 – 40 – 50 – 63 – 80 – 100 kA.

O valor da porcentagem da componente contínua deve ser determinado

através das curvas da figura abaixo

Quando o local de aplicação do disjuntor está eletricamente distante de

maquinas girante, a diminuição da componente alternada é desprezível. Nestas

condições é suficiente que a capacidade de interrupção nominal em curto-circuito do

disjuntor seja igual ou superior à corrente de falta simétrica inicial, no ponto onde o

disjuntor vai ser instalado.

Por outro lado, quando o disjuntor for instalado próximo a geradores ou um

ponto onde a relação X/R sob curto circuito for superior a 17, a porcentagem da

corrente contínua pode ser tal que a solicitação do disjuntor deva ser reduzida, por

exemplo, retardando-se a sua abertura.

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Page 23: Apostila-Mod 4 Rev 8

Figura 22 – Componentes de uma corrente de curto circuito

Corrente de Estabelecimento Nominal em Curto Circuito (Ip)

Dever ser superior ao maior valor de crista da corrente de falta.

A capacidade de estabelecimento nominal em curto circuito é igual a 2,6

vezes o valor eficaz da componente alternada da capacidade de interrupção

nominal.

Corrente Suportável Nominal de Curta Duração

É o valor máximo de corrente que o disjuntor consegue conduzir,

permanecendo fechado, durante um curto intervalo de tempo. A IEC estabelece que

o valor dessa corrente seja numericamente igual ao valor eficaz da componente

alternada da capacidade de interrupção nominal em curto circuito, apesar dos

conceitos serem totalmente distintos.

Duração Nominal da Corrente Suportável de Curta Duração

É o período de tempo durante o qual o disjuntor consegue conduzir, quando

fechado, uma corrente igual a sua corrente suportável nominal de curta duração.

Valor nominal recomendado: 1 s

Tensão de Restabelecimento Transitória Nominal (TRV)

A tensão de restabelecimento é a tensão que aparece entre os terminais do

pólo que interrompe a corrente. Nos primeiros instantes essa tensão pode atingir

valores elevados, apresentando uma característica transitória significativa. Tal

tensão pode levar a uma reignição do arco e conseqüentemente o disjuntor não

interromper a corrente naquela passagem por zero.

20

Page 24: Apostila-Mod 4 Rev 8

Figura 23 - Corrente e da tensão em uma fase individual durante a interrupção.

Sequência de Operação

Os disjuntores são dimensionados para operar dentro de suas características

nominais, considerando o ciclo de operação determinado pelo fabricante. Em geral,

o ciclo de operação é designado por duas sequências:

Sequência O – t – CO

O – operação de abertura (open);

CO – operação de fechamento (close).

Muitas vezes, a sequência de operação vem acompanhada dos tempos

correspondentes:

O – 0,35s – CO.

Sequência O – t – CO – t – CO

Neste caso, a capacidade de interrupção do disjuntor é reduzida cerca de

20% da capacidade registrada na operação anterior.

Muitas vezes, a sequência de operação vem acompanhada dos tempos

correspondentes:

O – 0,35s – CO – 3 min – CO.

Esse intervalo é necessário para que as peças do disjuntor se resfriam. Os

riscos são:

Os contatos estando ainda quentes, ao estabelecer a corrente de curto e

interrompê-la outra vez sem intervalo de tempo (na abertura) poderão sofrer

uma erosão grande ou mesmo soldar no fechamento.

As peças da câmara de extinção estando ainda aquecidas pela primeira

operação poderão não proporcionar o resfriamento adequado do arco, não

conseguindo extingui-lo no tempo especificado.

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Page 25: Apostila-Mod 4 Rev 8

2 Painéis Elétricos

Toda a instalação elétrica, seja ela de média ou de baixa tensão (MT ou BT),

numa concessionária de energia, numa indústria, num prédio (comercial ou

residencial), num hospital, num centro comercial (“Shopping-center / Mall”) ou em

qualquer lugar no nosso mundo moderno, precisa ser:

Operada;

Protegida;

Controlada;

Regulada; e

Medida.

Tudo pode e é feito através de painéis e quadros elétricos. Sempre levando

em conta a segurança dos equipamentos, das instalações e, principalmente, do ser

humano. Em outras palavras, podemos dizer:

Conjuntos de Manobra e Controle, comumente conhecidos como painéis e

quadros elétricos, são, basicamente, estruturas com invólucros metálicos, para

montagens em paredes (sobrepostas ou embutidas) ou no piso (auto-sustentáveis).

Dentro destas estruturas, pode-se montar uma diversidade enorme de equipamentos

que permitam a manobra, controle, regulagem, proteção e medição de parte de um

sistema elétrico. As estruturas para montagem em paredes são normalmente

denominadas de QUADROS; enquanto que as estruturas auto-sustentáveis são

conhecidas como PAINÉIS ou CUBÍCULOS.

2.1 Nomenclatura de Painéis

Existem, conforme a formação técnica, aplicação, cultura da empresa (país de

origem da tecnologia) e do tipo de instalação (indústria de transformação, papel e

celulose, petroquímica, siderurgia, geração de energia, concessionária, instaladores,

etc.), variações quanto à nomenclatura usada para painéis e quadros:

• CCM (Centro de Controle de Motores)

• CDC (Centro de Distribuição de Cargas)

• CMF (Conjuntos Montados em Fábrica)

• CMC (Conjunto de Manobra e Controle)

• Conjunto de Manobra e Controle em Invólucro Metálico (chamado

simplesmente de Conjunto de Manobra ou Blindada)

• Conjunto de Manobra e Controle Simplificado (Painel tipo “Metal-Enclosed”)

• Conjunto de manobra blindado (Painel “Metal-Clad”)

• Conjunto de manobra resistente a arco elétrico

22

Page 26: Apostila-Mod 4 Rev 8

• Cubículo

• QGBT (Quadro Geral de Baixa Tensão)

2.2 Padronização e Normalização

Principais associações normativas utilizadas no Brasil:

• ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas)

• ANSI/IEEE/NEMA/NEC/UL (American National Standards Institute /

Institute of Electrical and Electronics Engineers / National Electrical

Manufactures Association / National Electrical Code / Underwriters’

Laboratories)

• IEC (International Electrotechnical Commission)

Principais normativas aplicadas a painéis utilizadas no Brasil:

NBR 5410: Instalações elétricas de baixa tensão;

NBR IEC60529: Graus de proteção para invólucros de equipamentos elétricos

(código IP);

NBR IEC60439-1:Conjuntos de manobra e controle de baixa tensão – Parte 1:

Conjuntos com ensaio de tipo totalmente testados (TTA) e conjuntos com

ensaio de tipo parcialmente testados (PTTA);

NBR IEC62271-200: Conjunto de manobra e controle em invólucro metálico

para tensões acima de 1kV até 36,2kV)

NBR 14039: Instalações elétricas de alta-tensão (de 1,0kV a 36,2kV)

N-314 / N-316 Normas Petrobras aplicadas à Painéis de Baixa Tensão.

N-317 / N-2817 Normas Petrobras aplicadas à Painéis de Média Tensão.

NR-10: Norma Regulamentadora nº10.

23

Page 27: Apostila-Mod 4 Rev 8

2.3 Painéis de Média Tensão

As refinarias do sistema Petrobras utilizam painéis de média tensão,

normalmente para cargas acima de 150 kW. As tensões mais utilizadas são 2.7 kV,

4.16 kV, 6.9 kV e 13.8kV.

Os demarradores dos motores de média tensão até 6,9kV são equipados com

contatores e fusíveis limitadores de corrente. Acima deste valor ou a carga superior

a 1200 kW são utilizados disjuntores.

Os níveis de curto-circuito não devem exceder a 40kA.

Figura 24 - Partes de uma coluna de Média Tensão

2.3.1 Classificação quanto ao nível de Continuidade de Serviço

A NBR IEC 62271-200 normaliza a classificação dos conjuntos de manobra

baseada na capacidade dos mesmos de manterem algum nível de Continuidade de

Serviço enquanto um dos seus compartimentos é aberto. E, além disso, classifica

quanto à segurança pessoal em caso de arco interno.

24

Page 28: Apostila-Mod 4 Rev 8

Tipos CaracterísticasCompartimento

acessível ao operador

Acessível com base em intertravamento

A ser aberto em condições normais

de operação e manutenção

Não são necessárias ferramentas para abertura. Intertravamentos

previnem o acesso aalta tensão.

Acessível com base em procedimento

A ser aberto em condições normais

de operação e manutenção

Não são necessárias ferramentas para abertura. Procedimentos e travas previnem o

acesso à alta tensão.

Compartimento acessível especial

Acessível com base em ferramenta

Passível de ser aberto, mas não durante

condiçõesnormais

São necessárias ferramentas para abertura. Podem ser necessários procedimentos

especiais de manutenção.

Compartimento não acessível

Não é possível aousuário

abrir

Não é previsto paraser aberto

A abertura destrói o compartimento ou é indicada claramente ao usuário. A

acessibilidade não é relevante.

Tabela 1 - Tipos de compartimentos em relação à acessibilidade

Tabela 2 - Categorias conforme a perda de continuidade de serviço (LSC – Loss of

Service Continuity) quando da abertura de um compartimento acessível.

Tabela 3 - Categorias conforme tipo de partição / barreira entre partes vivas e um

compartimento acessível aberto.

25

Page 29: Apostila-Mod 4 Rev 8

Tabela 4 - Categoria conforme os riscos mecânicos, elétricos e de incêndios no caso

de um arco interno durante a operação normal do painel

2.4 Painéis de Baixa Tensão

A norma pertinente a painéis de baixa tensão é:

NBR IEC 60439-1 - Conjuntos de manobra e controle de baixa tensão - Parte

1: Conjuntos com ensaio de tipo totalmente testados (TTA) e conjuntos com ensaio

de tipo parcialmente testados (PTTA).

2.4.1 Conceito de TTA e PTTA

TTA ( Type Tested Assembly ) - Conjunto de manobra e comando de

baixa tensão com ensaios de tipo totalmente testados

“Conjunto de manobra e comando de baixa tensão em conformidade com um

tipo ou sistema estabelecido, sem desvios que influenciem significativamente o

desempenho em relação àquele conjunto típico verificado que está em conformidade

com os ensaios prescritos nas normas.” – NBRIEC 60439-1

São conjuntos construídos de acordo com um projeto elétrico e mecânico

padrões, onde a performance do mesmo é assegurada por ensaios de tipo

realizados individualmente nos diversos componentes (barramentos, entradas,

saídas, alimentadores, partidas, etc) ou nos conjuntos completos. Geralmente os

26

Page 30: Apostila-Mod 4 Rev 8

ensaios são realizados levando-se em conta o pior caso e reproduzindo-se a

influência de componentes adjacentes.

Os ensaios têm a finalidade de assegurar a performance do conjunto e

minimizar possíveis perigos decorrentes de erros de projeto. Exemplos de possíveis

riscos de se utilizar conjuntos não ensaiados:

1 - Se os limites de temperatura interna do conjunto ultrapassam os limites

estabelecidos temos:

- Envelhecimento acelerado de componentes;

- Redução da vida útil de componentes;

- Falhas prematuras de componentes;

- Risco de incêndio.

2 - Se os requisitos de correntes de Curto-Circuito são insuficientes temos

- Risco de danos à estrutura dos conjuntos;

- Risco de danos aos componentes elétricos;

- Arcos elétricos acidentais.

A norma NBR IEC 60439-1 define que os seguintes tópicos devem ser objeto

de análise :

Conjuntos de manobra e comando de baixa tensão

a) verificação dos limites de elevação da temperatura;

b) verificação das propriedades dielétricas;

c) verificação da corrente suportável de curto-circuito;

d) verificação da eficácia do circuito de proteção;

e) verificação das distâncias de escoamento e de isolação;

f) verificação do funcionamento mecânico;

g) verificação do grau de proteção.

PTTA ( Partially Type Tested Assembly) - Conjunto de manobra e

comando de baixa tensão com ensaios de tipo parcialmente testados

“Conjunto de manobra e comando de baixa tensão contendo disposições de

tipo ensaiado e disposições de tipo não ensaiado, contanto que o último é derivado

(por exemplo, por meio de cálculo) de disposições de tipo ensaiado que satisfizeram

os ensaios pertinentes. (conjunto parcialmente testado)” – NBRIEC 60439-1

São conjuntos construídos de acordo com um projeto elétrico e mecânico

padrões, onde a performance do mesmo é garantida através de testes, cálculo ou

inferência, a partir de resultados dos testes de componentes ou conjuntos similares.

Os conjuntos PTTA são definidos devido à dificuldade de se testar todas as

variações possíveis que podem ser implementadas nos conjuntos. Estas variações

são necessárias devido às necessidades das diversas aplicações, onde muitas

vezes a mesma aplicação apresenta requisitos distintos para diferentes usuários.

27

Page 31: Apostila-Mod 4 Rev 8

2.4.2 Separação interna dos conjuntos por barreiras ou divisões

Os conjuntos podem ser divididos internamente em compartimentos

separados ou espaços protegidos fechados, por meio de divisões ou barreiras

(metálica ou não metálica), de forma a obtermos as seguintes características:

• proteção contra contato com partes perigosas que pertençam a compartimentos

adjacentes.

• proteção contra a passagem de corpos estranhos sólidos de uma unidade de um

conjunto para uma unidade adjacente.

Desta forma podemos classificar os conjuntos conforme a sua separação interna,

como se segue:

Critério principal Sub-critério Forma

Nenhuma separaçãoForma 1

Separação de barramentos

das unidades funcionais

Terminais para condutores externos não

separados do barramentoForma 2a

Terminais para condutores externos,

separados do barramentoForma 2b

Separação de barramentos

das unidades funcionais e

separação de todas as

unidades funcionais entre si.

Separação dos terminais

para condutores externos das

unidades funcionais, mas não

entre elas.

Terminais para condutores externos não

separados do barramentoForma 3a

Terminais para condutores externos

separados do barramentoForma 3b

Separação de barramentos

das unidades funcionais e

separação de todas as

unidades funcionais entre si,

inclusive os terminais para

condutores externos que são

partes integrantes da unidade

funcional

Terminais para condutores externos no

mesmo compartimento, bem como a

unidade funcional associada

Forma 4a

Terminais para condutores externos não no

mesmo compartimento que a unidade

funcional associada, mas em espaços

protegidos ou compartimentos individuais,

separados e fechados

Forma 4b

Tabela 5 - Formas típicas de separação por barreiras ou divisões

Simbologia para representação das formas de separação entre partes ativas

dos conjuntos funcionais.

28

Page 32: Apostila-Mod 4 Rev 8

Figura 25 – Legenda das formas de separação

Figura 26 – Formas de separação

29

Page 33: Apostila-Mod 4 Rev 8

2.5 Grau de proteção do conjunto

Os graus de proteção proporcionados pelos painéis elétricos têm como

objetivo:

Proteção de pessoas contra contato com partes sob tensão e contra contato

com partes em movimento dentro do invólucro,

Proteção do painel contra a penetração de corpos sólidos estranhos,

Proteção do painel contra os efeitos prejudiciais da penetração de líquidos.

A designação utilizada para indicar o grau de proteção é formada pelas letras

IP, seguidas de dois algarismos característicos que significam a conformidade com

as condições de proteção exigida pelo projeto do painel.

O primeiro algarismo característico indica o grau de proteção proporcionado

pelo invólucro às pessoas e também às partes do interior dos painéis contra objetos

sólidos (0 a 6 ou X, quando omitido).

Tabela 6 – Graus de proteção

O segundo algarismo característico indica o grau de proteção proporcionado

pelo invólucro contra efeitos prejudiciais da penetração de líquidos (0 a 8 ou X,

quando omitido).

30

Page 34: Apostila-Mod 4 Rev 8

Tabela 7 - Graus de proteção

Poderão ser utilizadas identificações auxiliares, com adição de duas letras,

uma adicional e outra suplementar, após os dois algarismos acima descritos.

1º Letra adicional opcional (A,B,C,D): Indica uma classificação de meios para

a proteção de pessoas contra

acesso a partes perigosas:

A . Costas e mão;

B . Dedo;

C . Ferramenta;

D . Fio.

2º Letra suplementar opcional (H,M,S,W): Indica uma classificação de meios

para proteção de equipamentos apresentando informações suplementares para

especificar o produto

31

Page 35: Apostila-Mod 4 Rev 8

H . Aparelhagem de Alta tensão;

M . Teste com água em movimento ;

S . Teste com água parada;

W . Condição do tempo.

Tabela 8 - Graus de proteção (resumo)

2.6 Características Elétricas de um Circuito ou Conjuntos

Um conjunto é definido pelas seguintes características elétricas:

Tensão nominal de operação (Ue)

A tensão nominal de operação (Ue) de um circuito de um conjunto é o valor de

tensão que, combinada com a corrente nominal deste circuito, determina sua

utilização. Para circuitos polifásicos, é a tensão entre fases.

Tensão nominal de isolamento (Ui)

A tensão nominal de isolamento (Ui) é o valor da tensão para o qual as

tensões de ensaio dielétricas e distâncias de escoamento são referidas. A tensão

nominal de operação máxima de qualquer circuito do conjunto não deve exceder sua

tensão nominal de isolamento.

Tensão suportável nominal de impulso (Uimp)

O valor de pico de uma tensão de impulso, de forma e polaridade definidas

em norma, que o circuito de um conjunto é capaz de suportar, sem falha, sob

condições especificadas de ensaio e para as quais se referem os valores das

distâncias de isolação.

Corrente nominal (In)

32

Page 36: Apostila-Mod 4 Rev 8

A corrente nominal de um circuito de um conjunto é fixada pelo fabricante,

levando em consideração a potência nominal dos componentes do equipamento

elétrico dentro do conjunto, a sua disposição e a sua aplicação. Esta corrente deve

ser conduzida sem que o conjunto e seus componentes apresentem elevação de

temperatura acima daquela definida pela norma.

Corrente suportável nominal de curta duração (Icw)

A corrente suportável nominal de curta duração é o valor eficaz (r.m.s.) de

uma corrente de curta duração designada para um circuito, pelo fabricante, que

aquele circuito pode conduzir, sem dano, sob as condições de ensaio especificadas.

Salvo indicação em contrário pelo fabricante, o tempo é 1 s.

Corrente suportável nominal de crista (Ipk)

A corrente suportável nominal de crista de um circuito de um conjunto é o

valor da corrente de pico designado para um circuito, que pode suportar

satisfatoriamente sob as condições de ensaio especificadas.

Corrente nominal condicional de curto-circuito (Icc)

A corrente nominal condicional de curto-circuito de um circuito de um conjunto

é o valor da corrente de curto-circuito presumida, que aquele circuito, protegido por

um dispositivo de proteção contra curto-circuito especificado pelo fabricante, pode

suportar satisfatoriamente durante o tempo de funcionamento do dispositivo sob as

condições de ensaio.

Corrente nominal de curto-circuito limitada por fusível (Icf)

A corrente nominal de curto-circuito limitada por fusível de um circuito de um

conjunto é a corrente nominal de curto-circuito condicional quando um dispositivo de

proteção contra curto-circuito é um dispositivo fusível.

Fator nominal de diversidade

O fator nominal de diversidade de um conjunto ou parte de um conjunto que

tem vários circuitos principais (por exemplo, uma seção ou subseção) é a relação

entre a soma máxima, em qualquer momento, das correntes de operação de todos

os circuitos principais envolvidos e a soma das correntes nominais de todos os

circuitos principais do conjunto ou da parte selecionada do conjunto.

Na ausência de informação sobre as correntes de operação reais, os valores

convencionais a seguir podem ser usados.

Número de circuitos principais Fator nominal de diversidade

33

Page 37: Apostila-Mod 4 Rev 8

2 e 3 0,9

4 e 5 0,8

6 a 9 inclusive 0,7

10 (e acima) 0,6

Tabela 9 - Diversidade pelo número de circuitos

2.6.1 Corrente nominal x Temperatura ambiente

Os cubículos são projetados para aplicação normal onde a corrente de carga

não exceda a sua corrente nominal e a temperatura ambiente não ultrapasse 40ºC.

A corrente nominal de um circuito é definida com base na máxima

temperatura que os componentes do circuito podem atingir e estarem submetidos

por períodos prolongados. Este limite de temperatura depende do tipo de material

utilizado e das características das conexões elétricas.

A corrente nominal, portanto, corresponde à corrente que passando pelos

componentes do circuito eleva a temperatura no ponto mais quente desde a

ambiente de 40ºC até a máxima temperatura admissível.

Quando a temperatura ambiente for maior que 40ºC a corrente aplicada

deverá ser menor que a nominal para manter a temperatura total dentro dos limites

máximos. Para temperaturas elevadas, a corrente dos circuitos deve ser reduzida na

seguinte proporção:

TEMPERATURA DO AR DENTRO

DO CONJUNTO METÁLICO

PERCENTUAL DA CORRENTE

NOMINAL

40 ºC 100 %

45 ºC 90 %

50 ºC 85 %

55 ºC 80 %

60 ºC 75 %

Tabela 10 - Percentual da corrente nominal pela temperatura interna do conjunto

metálico de determinado fabricante.

2.7 Painéis de Distribuição - CDC

Em uma instalação elétrica de grande porte é comum encontrarmos vários

níveis de painéis de distribuição, desde o transformador até as cargas. Muitas vezes

existe um painel de distribuição principal conectado diretamente ao transformador,

com o objetivo de alimentar vários outros painéis de distribuição (Sub-Distribuição),

e estes alimentar painéis sucessivos até o nível das cargas. A complexidade e o

34

Page 38: Apostila-Mod 4 Rev 8

projeto do sistema de distribuição estão diretamente relacionados com as

necessidades inerentes a cada aplicação ou instalação, industrial ou comercial.

Nos painéis de distribuição é comum encontrar diversas funções montadas na

mesma estrutura, mas também podemos encontrar colunas com funções específicas

como: Entrada, Interligação e Saída.

Estas funções em colunas poderão ser montadas em um único painel ou em

painéis separados fisicamente, porem interligados eletricamente.

O painel ou a coluna que recebe os cabos ou duto de barras para alimentação

de todo o conjunto é normalmente conhecido como ENTRADA. Esta coluna

geralmente abriga um disjuntor (disjuntor geral), ou uma chave seccionadora com

fusíveis (chave geral).

O painel ou a coluna onde são alocados equipamentos para conexão de dois

conjuntos de barramentos independentes é conhecida como INTERLIGAÇÃO.

Dependendo do circuito de distribuição de energia, os barramentos podem trabalhar

permanentemente conectados, serem conectados em situações de emergência e

manutenção ou selecionando a fonte alimentadora. Geralmente são utilizados

disjuntores ou chaves seccionadoras como os dispositivos de manobra sendo

comum encontrar esta configuração em “colunas” ou painéis individuais,

denominados como Painel de Transferência.

O painel ou a coluna de Distribuição é a qual a energia elétrica é fornecida a

um ou mais circuitos de saída.

Figura 27 – Vista frontal de um painel de CDC

2.8 Centro de Controle de Motores - CCM

CCM’s são painéis completos (montados) que acomodam equipamentos para

Proteção, Seccionamento e Manobra de Cargas. Tem uma função específica nos

sistemas de distribuição de energia elétrica em unidades comerciais e industriais.

São os painéis onde estão conectados os cabos provenientes das cargas. Apesar de

35

Page 39: Apostila-Mod 4 Rev 8

aproximadamente 85 % das cargas industriais serem motores (motivo do nome

“Centro de Controle de Motores”), o termo “cargas” é abrangente, podendo significar

qualquer equipamento que consuma energia elétrica, como estufas, resistores, etc.

A utilização dos CCM´s é destinada a instalações industriais em que apresentam:

• grande número de cargas que devam ser comandados;

• deva ser assegurada máxima continuidade de operação;

• for necessário o acesso de pessoal não qualificado;

• for exigido alto nível de segurança para os operadores e pessoas de

manutenção.

Figura 28 – Vista frontal de um painel de CCM

2.8.1 CCM Compartimentado / Não compartimentado / Fixo / Extraível

Dependendo do grau de separação interno encontrado em um CCM, o

mesmo pode receber diferentes denominações físico/comerciais.

O CCM NÃO COMPARTIMENTADO apresenta uma placa de montagem

única, onde os conjuntos de proteção e manobra de cada carga individual estão

montados todos juntos nesta mesma placa.

Um CCM COMPARTIMENTADO é aquele onde os equipamentos de

proteção, e manobra de cada carga estão montados em compartimentos separados

dentro do painel. Este CCM pode ser FIXO ou EXTRAÍVEL.

No CCM FIXO dentro de cada compartimento é montada uma placa de

montagem fixa não removível onde são que alocados os equipamentos para

proteção e manobra da partida.

No CCM EXTRAÍVEL dentro de cada compartimento é montada uma gaveta

que pode ser removida do painel sem o auxílio de ferramenta. Os equipamentos

36

Page 40: Apostila-Mod 4 Rev 8

para proteção e manobra da partida são montados dentro das gavetas. Esta

funcionalidade facilita os trabalhos de manutenção, pois reduz os tempos de parada

quando se tem de substituir ou reparar partes dos conjuntos. Na maioria das vezes,

as operações de extração e inserção destes componentes se dão com o conjunto

energizado, limitando a desconexão de energia à apenas aquele ramal que

necessita de uma intervenção.

Figura 29 – Detalhe de gaveta de 480V extraível

Figura 30 – Parte interna da gaveta

2.8.2 CCM Inteligente

Atualmente, é comum na utilização para acionamentos de motores de:

inversores de freqüência, reguladores de potência, sistemas de partida,

controladores programáveis, que comandam uma série de parâmetros, sensores ou

medidores digitais de grandezas elétricas que podem ser conectados em alguns

tipos de rede de comunicação. A estes CCM´s, damos o nome de CCM´s 37

Page 41: Apostila-Mod 4 Rev 8

inteligentes. Com a utilização dos CCM´s inteligentes é possível receber

antecipadamente um alarme de problemas potenciais, eliminar desligamentos

desnecessários, isolar falhas de modo a reduzir o tempo de parada e distribuir ou

equalizar as cargas enquanto o problema está sendo solucionado, além de poder

reduzir os trabalhos de fiação, necessidades de espaço e tempo de instalação.

O CCM pode ser implementado para receber equipamentos com

comunicação em rede dentro das gavetas, possibilitando que o comando e

sinalização das partidas sejam conectados ao sistema de controle através de redes

de comunicação industrial

Os CCM´s são conjuntos essenciais para a produção, e com o avanço da

tecnologia e a necessidade de monitoramento e controle da produção, a utilização

de redes é uma solução que possibilita reduzir tempo de parada de horas para

minutos, com melhores e mais completos diagnósticos que localizam com precisão

os pontos problemáticos durante o processo de produção, de modo que se possa

saber o que e onde interferir e corrigir.

Figura 31 – Vista interna de uma gaveta com Relé Inteligente

38

Page 42: Apostila-Mod 4 Rev 8

3 Capacitores

Em uma refinaria, onde a maior parte das cargas são motores de indução, há

um grande consumo de potência reativa (Fator de potência baixo), ou seja, grande

parte da energia que poderia ser usada acionando outras cargas é dissipada,

alimentado campos magnéticos. Além disso, os circuitos que conduzem alta parcela

de corrente reativa, apresentam maiores problemas para sua interrupção, devido à

maior intensidade do arco elétrico formado em seus contatos.

Outro problema causado pelo alto consumo de reativos é a regulação

deficiente que apresentam. A tensão nos terminais da carga costuma ser bastante

inferior devido às quedas de tensão produzidas nos condutores de alimentação, nos

transformadores e geradores.

Pelo fato de melhorarem o fator de potência de uma instalação, os

capacitores encontram o seu melhor emprego em instalações industriais,

especialmente sob a forma de bancos instalados em subestações. Normalmente,

são instalações trifásicas; então os bancos podem estar ligados em estrela ou

triangulo e em série ou paralelo.

Ao acrescentar um banco de capacitores junto à carga, este fornecerá

potencia reativa, reduzindo a corrente de consumo da instalação possibilitando uma

maior capacidade de alimentação dos transformadores, geradores e cabos

existentes.

Figura 32- Banco de capacitores de média tensão

39

Page 43: Apostila-Mod 4 Rev 8

4 Condutores Elétricos

O termo condutor elétrico é utilizado para designar um corpo formado por

material condutor destinado primordialmente à condução de corrente elétrica. São os

fios, os cabos e as barras.

O cobre e o alumínio são os dois metais mais usados na fabricação dos

condutores elétricos, sendo o cobre o mais utilizado, sobretudo em condutores

isolados, devido, principalmente, as suas propriedades elétricas e mecânicas.

O alumino, por possuir a melhor relação de condutividade/peso, é mais

empregado em linhas de transmissão.

Função: Conduzir energia elétrica para alimentar subestações,

transformadores e equipamentos elétricos da refinaria.

4.1 Tipos de cabos

Os cabos podem ser unipolares ou multipolares. Um cabo unipolar é definido

como um condutor maciço ou encordoado, dotado de isolação elétrica e de proteção

mecânica. Um cabo multipolar é um conjunto de dois, três ou mais condutores

justapostos, cada um deles dotado de isolação própria, sendo o conjunto todo

dotado de proteção mecânica comum.

Os cabos de potência são utilizados principalmente para o transporte de

energia elétrica em instalações de geração, transmissão, distribuição e/ou utilização.

A blindagem reduz o efeito de interferência externas e a interferência causada

pelo próprio cabo em outros cabos. A blindagem é comumente usada em cabos que

não podem sofrer interferências (cabos de instrumentação) e cabos que podem

interferir em outros circuitos (motores de alta potência e motores acionados por

variadores de velocidade). Em cabos de média tensão e alta tensão é gerado um

campo elétrico de magnitude significativa, causando efeitos indesejáveis. A

blindagem reduz tais efeitos.

Figura 33 – Partes de um cabo isolado de alta tensão. (Prysmian)

40

Page 44: Apostila-Mod 4 Rev 8

5 Pára – Raios a Resistor Não-Linear

Para que se protejam os sistemas elétricos dos surtos de tensão, que podem

ser de origem de descargas atmosféricas, durante manobras de chaves

seccionadoras e disjuntores (sobre tensões de origem interna), são instalados

equipamentos apropriados que reduzem o nível de sobre tensões a valores

compatíveis com a suportabilidade desses sistemas. Esses equipamentos protetores

contra sobre tensões são denominados pára-raios.

A proteção dos equipamentos elétricos contra as sobre tensões é obtida

através das propriedades não-lineares dos elementos de que são fabricados os para

conduzir as correntes de descarga associadas às tensões induzidas nas redes e em

seguida interromper aquelas que sucedem as correntes de descarga após sua

condução à terra.

Atualmente existem dois elementos de características não-lineares capazes

de executarem essa função: carbonato de silício e óxido de zinco.

A figura abaixo mostra o interior de um pára-raios de distribuição a resistor

não linear, detalhando os principais elementos ativos.

Figura 34 – Partes de um pára-raios não linear

41

Page 45: Apostila-Mod 4 Rev 8

6 Muflas

Uma mufla é uma terminação nos cabos de alta tensão, aplicada onde existe

uma transição do tipo de isolamento. A rigor deve existir uma mufla em cada ponto

de mudança de tipo de isolamento, mas na maioria das vezes a mufla está em uma

transição de isolamento sólido (ou liquido) para ar.

O objetivo da mufla é fazer uma transição suave nos campos elétricos nestas

transições, já que a simples interrupção do isolamento cria um estresse ( linhas de

campo muito densas) que danificam o isolamento naquela região (devido à brusca

mudança de permeabilidade elétrica, que é muito diferente do isolante sólido para o

ar).

Adicionalmente, as muflas são projetadas para fazer também a

impermebilização no ponto de término do isolamento, para evitar a entrada de

umidade, que também pode danificar o cabo naquele ponto.

Figura 35 –Mufla terminal de porcelana

42

Page 46: Apostila-Mod 4 Rev 8

7 Isoladores

Os isoladores são elementos sólidos dotados de propriedades mecânicas

capazes de suportar os esforços produzidos pelos condutores. Eletricamente,

exercem a função de isolar os condutores submetidos a uma diferença de potencial

em relação à terra (estrutura suporte) ou em relação a um outro condutor. Existem

isoladores de diversos tipos e com as mais variadas aplicações. Entretanto, todos

têm uma responsabilidade especial: a confiabilidade dos sistemas elétricos.

Os isoladores são normalmente de porcelana, vidro ou polimérico. Os mais

comuns são os isoladores de porcelana.

Isolador Roldana: é utilizado predominantemente em linhas aéreas de baixa

tensão (220V/380V). Os isoladores de roldana podem ser encontrados tanto em

porcelana vitrificada como em vidro recozido.

Isolador de Pino: normalmente usados em linha aérea de até 38 kV. Com

menor freqüência em linhas de subtransmissão de até 72kV. Os isoladores de pinos

podem ser construídos de diferentes modos: Isolador monocorpo construído em

peça única fabricado até a tensão nominal de 25 kV e isolador multicorpo constituído

de duas ou mais peças rigidamente unidas através de cimento.

Isolador de disco: Também denominados isoladores de suspensão, estes

dispositivos são utilizados em linhas aéreas com ampla faixa de tensão. Ex. Linhas

de transmissão.

Isoladores de apoio: São aqueles utilizados em subestações de potencia

como suporte dos barramentos. Também podem ser empregados na isolação de

chaves seccionadoras como suporte das lâminas condutoras. Quanto podem ser

classificados em três tipos: multicorpo, pedestal e monocorpo.

Isoladores poliméricos: São constituídos de fibra de vidro impregnada por

resina sintética e um composto denominado EPDM, que tem a finalidade de

assegurar a proteção do tarugo. O tarugo é responsável pelos os esforços

mecânicos.

43

Page 47: Apostila-Mod 4 Rev 8

Figura 36 – Partes de um isolador de vidro

Figura 37 – Isolador polimérico

7.1 Flash over

O Processo de descarga pelo efeito Corona (flash over) é um problema que

vem se agravando com o aumento vertiginoso da poluição e a crescente

concentração litorânea das indústrias, pois a poluição e os sais com o passar do

tempo vão se depositando sobre a superfície do isolador até alcançar uma

concentração tal que, em um momento de chuva ou neblina, podem formar a

película contínua condutora e causar um caminho para circular a corrente.

44

Page 48: Apostila-Mod 4 Rev 8

8 Resistência de Aterramento

Os resistores de aterramento são utilizados em sistemas elétricos com a

finalidade de limitar a corrente de falta fase-terra a um valor que não danifique os

equipamentos, que não venha a causar acidentes pessoais e ainda permitam que o

fluxo de corrente existente seja capaz de fazer atuar os relés de proteção,

desligando o sistema, limpando a falta.

Em geral os resistores de aterramento são projetados para conduzir correntes

por tempo limitado que na maioria dos casos, em função do sistema de proteção,

utiliza-se o valor de 10 segundos.

Figura 38 – Painel de resistor de aterramento

8.1 Tipos de Sistema quanto ao Aterramento

Cada concepção de aterramento tem seus prós e contras. De como será feito

o aterramento dependerá de uma análise e conhecimento do sistema elétrico a ser

operado e da percepção dos seguintes aspectos:

a) Intensidade da corrente de falta

Como qualquer corrente, sua circulação trás consigo fenômenos de

aquecimento em virtude das perdas por efeito Joule que aí ocorrem ( p = R.i²) e,

fenômenos de natureza mecânica nos barramentos e condutores com apresentação

de deformações. Ambos os fenômenos são tanto mais críticos, quanto maior a

corrente.

Cabe, portanto, ao resistor limitar a corrente de falta de forma a reduzir os

efeitos no ponto ou sistema percorrido por essa corrente.

45

Page 49: Apostila-Mod 4 Rev 8

b) Transientes de sobretensão

A grandeza dos transientes de sobretensão depende basicamente do tipo de

aterramento.

È importante salientar que estes transientes podem, porém, tornar a falta

ocorrida ainda mais crítica, ampliando provavelmente o defeito. Assim, sua limitação

a valores baixos é uma preocupação que trará benefícios às próprias condições de

segurança do sistema.

c) Proteção por releamento

Utilizando, relés de proteção no sistema de aterramento a sua atuação,

logicamente, virá determinada por suas características de operação.

Conseqüentemente conhece-se no circuito em que condições os relés devem atuar

e, qual coordenação e seletividade devem existir entre eles.

Os sistemas podem ser aterrados ou não aterrados:

Não aterrado: É o sistema sem nenhuma ligação intencional à terra.

Aterrado: Aquele no qual pelo menos um ponto do sistema ou um condutor é

intencionalmente conectado à terra, mantendo-se assim ao mesmo potencial

elétrico.

Podem ser:

Solidamente aterrado; Aterrado através de um reator; Aterrado através de um

resistor; Aterramento através de um transformador; Aterramento através de indutor

Figura 39 – Tipos de Aterramento

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Page 50: Apostila-Mod 4 Rev 8

9 Check list de Subestação

9.1 Objetivo

Orientar e direcionar as verificações que devem ser feitas nas inspeções das

subestações, a fim de detectar possíveis anormalidades na subestação, tomando as

providências necessárias para sua normalização (emissão de notas de serviços ou

falhas).

- Inspecionar paredes e lajes quanto a trincas e infiltrações;

- Inspecionar o estado geral: pintura das paredes; piso e sua limpeza; galeria

e/ou porão de cabos;

- Estado de conservação e eficiência dos ejetores e exaustores;

- Inspecionar os painéis elétricos quanto a: estado de conservação e pintura;

identificação; instrumentos de medição; lâmpadas de sinalização;

- Inspecionar os painéis: disjuntores, chaves, contatores e cubículos; relés de

proteção;

- Inspecionar as chaves de manobras (quando existentes): condições de uso

e conservação;

- Inspecionar os quadros de iluminação: estado geral e segurança;

- Inspecionar as lâmpadas da sala da S/E: normal e emergência;

- Inspecionar as lâmpadas da área externa da S/E: normal e emergência;

- Inspecionas os bastões de manobras: quanto a estado de conservação e

operação;

- Inspecionar o retificador: tensão, corrente, alarmes, conservação, chave

seletora em AUTO;

- Inspecionar as baterias: tensão, nível da solução e estado geral;

- Inspecionar os transformadores e dutos: conservação de pintura e

aterramento; instrumentos de medição e relés; conservação dos ventiladores e

eficiência de operação; quanto a trinca em buchas e estado das conexões; nível de

óleo e estado do filtro de sílica gel; quanto a conservação do cercado, pintura e

estado do piso;

- Sistema de pressurização/climatização da subestação: quanto a eficiência;

- Inspecionar a alimentação de emergência para a subestação:

posicionamento da chave seletora ou contatores de transferência automática

corretamente pela normal;

- Inspecionar o resistor de aterramento: chave faca e cabo terra quanto a

conservação e aquecimento;

- Inspecionar o banco de capacitores: estado geral de conservação, pintura,

isoladores e aterramento;

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Page 51: Apostila-Mod 4 Rev 8

- Inspecionar as linhas aéreas: estado geral dos postes, estruturas,

conectores, isoladores, pára-raios, etc.;

- Inspecionar a área externa: estado geral dos alambrados;

- Inspecionar o páteo de entrada (alta tensão): estado geral da pedra britada e

limpeza da área;

- Inspecionar a área externa: galeria e caixa de escoamento de água deve

estar desobstruídas;

- Inspecionar as caixas de passagem de cabos e de inspeção das malhas de

terra, quanto ao estado geral das tampas e das caixas;

- Inspecionar as placas de advertência, quanto ao estado, fixação ou

ausência;

- Verificar a interdição de equipamentos: utilização da matriz de isolamento do

LIBRA.

- Inspeção visual da sala da UTR e painel de switches.

- Verificar estado do tapete isolante e bastão de salvamento.

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Page 52: Apostila-Mod 4 Rev 8

10 Liberação de Equipamentos para Intervenção

10.1 Análise de Risco Operacional do Sistema Elétrico

Um dos requisitos que o sistema elétrico deve apresentar é a continuidade

operacional diante as eventuais perturbações que possam ocorrer, caracterizando-o

como um sistema robusto e confiável.

A confiabilidade é a relação do número de faltas pelo intervalo de tempo

definido. Entende-se por critério de confiabilidade N-1 quando um sistema

consegue-se manter disponível (mantém sua função), mesmo com a parada de um

subsistema. Figura abaixo.

Figura 40 – Sistema de geração elétrica com folga operacional

10.1.1 Critérios para Intervenção no Sistema Elétrico durante Liberação de

Equipamento

O sistema elétrico deve ser obrigatoriamente operado de maneira que

cada barra do sistema tenha duas alternativas de suprimento independentes, critério

N-1 de confiabilidade.

Poderá ser usados sistemas de transferência automática e de descarte

de cargas para garantir o critério N-1 de confiabilidade;

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Page 53: Apostila-Mod 4 Rev 8

Toda intervenção em sistemas de geração, recepção externa de

energia e de distribuição de energia da UN deve ser precedida de uma AR

operacional;

Essas AR´s operacionais devem obrigatoriamente contemplar análise

de contingências no sistema elétrico e as respectivas ações da operação para

restabelecimento do sistema para cada tipo de contingência analisada. Deve

também analisar a necessidade de troca de acionadores no sentido de diminuir a

severidade de uma determinada contingência, verificar a necessidade de descarte

de carga automático e identificar as demais áreas da UN que poderão sofrer

impactos.

10.2 Requisitos NR-10 para Segurança nas intervenções

Os trabalhos em instalações elétricas devem ser realizados preferencialmente

na condição desenergizada.

A Norma Regulamentadora NR-10 considera instalações desenergizadas

liberadas para trabalho, somente mediante procedimentos apropriados, obedecendo

à seqüência abaixo:

a) seccionamento;

b) impedimento de reenergização;

c) constatação da ausência de tensão;

d) instalação de aterramento temporário com equipotencialização dos

condutores dos circuitos;

e) proteção dos elementos energizados existentes na zona controlada;

f) instalação da sinalização de impedimento de reenergização.

O estado de instalação desenergizada deve ser mantido até a autorização

para reenergização, devendo ser reenergizada respeitando a seqüência de

procedimentos abaixo:

a) retirada das ferramentas, utensílios e equipamentos;

b) retirada da zona controlada de todos os trabalhadores não envolvidos no

processo de reenergização;

c) remoção do aterramento temporário, da equipotencialização e das

proteções adicionais;

d) remoção da sinalização de impedimento de reenergização; (210.060-6/I=2)

e) destravamento, se houver, e religação dos dispositivos de seccionamento.

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Page 54: Apostila-Mod 4 Rev 8

10.3 Liberação de Equipamento Elétrico

Ordem de Serviço aprovada;

Comunicar o desligamento aos consumidores envolvidos;

Designar equipe de profissionais autorizados;

Fazer a A.P.R. – Análise Preliminar de Riscos (Passo da tarefa, Riscos de

Acidentes e Medidas de controle);

Elaborar Análise de Risco Operacional e viabilizar a liberação do

equipamento através de manobras de S/E’s, conforme procedimento

operacional.

Listar os EPCs, EPI’s, instrumentos e ferramentas.

Fazer a isolação física da Zona Controlada;

Pré testar os instrumentos e inspecionar ferramentas;

Fazer a “Conversa ao Pé do Poste ou de frente pro Cubículo”

Seguir os procedimentos das manobras passo a passo para fazer a liberação

do circuito para manutenção (desenergização); Adotar todos os passos da

desenergização: desligar, bloquear, etiquetar, testar, aterrar+curto-circuitar,

cobrir com mantas isolantes as partes vivas que sobraram energizadas.

Emitir e aprovar a P.T. Permissão de Trabalho da tarefa a ser feita;

Executar a Tarefa.

Dar baixa na Permissão de Trabalho;

Seguir os procedimentos das manobras passo a passo da reenergização.

(avisar consumidores, retirar pessoas, ferramentas, utensílios, mantas

isolantes, sinalização, aterramento, bloqueio e religar)

Dar baixa na Ordem de Serviço.

10.4 LIBRA

O LIBRA (Liberação Bloqueio Raqueteamento e Aviso) tem por objetivo

estabelecer medidas de controle no isolamento das fontes de energia de

equipamentos e sistemas nos quais é possível ocorrer, de forma inesperada,

energização, partida, vazamento de produto, dissipação ou liberação de energia

armazenada e que possa causar lesões pessoais, danos materiais ou ambientais.

Através da criação de Procedimentos de Controle de Energia, detalha a afixação de

elementos mecânicos adequados nos dispositivos de isolamento de energia

impossibilitando a energização acidental e partida de equipamentos e sistemas, ou

vazamento de qualquer forma de energia armazenada que possa causar lesão

pessoal ou dano.

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Page 55: Apostila-Mod 4 Rev 8

10.4.1 Tipos de energia:

Energia Cinética (Movimento mecânico): Energia que atua em um corpo

que pode provocar movimento. Pode ser movimento de rotação, translação, linear

ou oscilação.

Energia Elétrica: Energia como resultado de uma fonte de força elétrica

gerada, acumulada ou eletricidade estática. Essas forças elétricas podem ser

ligadas, desligadas ou dissipadas.

Energia Hidráulica: Energia resultante da pressurização ou do movimento de

líquidos

Energia Pneumática: Energia resultante da pressurização ou do movimento

de gases ou vapores.

Energia Potencial: Energia possuída por um corpo em virtude de sua

posição em um campo de gravidade ou acumulada.

Ex. Cargas suspensas, molas comprimidas ou estendidas, produtos químicos

residuais em tubulações que podem causar acúmulo de pressão.

Energia Química: Energia associada às propriedades químicas das

substâncias e elementos químicos. Podem gerar calor, acumular pressão, causar

danos ao meio ambiente, incêndio, explosão e lesões às pessoas. Ex. Gás,

hidrocarbonetos, produtos químicos e águas contaminadas.

Energia Térmica: É resultante de trabalho mecânico, radiação, reação

química ou resistência elétrica. É manifestada por temperaturas altas ou baixas.

OBS: Produtos químicos residuais em tubulações podem causar acúmulo de calor.

Energia Residual: Energia remanescente em um equipamento ou sistema,

após liberação ou intervenção.

A energia residual não é sempre um risco tão óbvio quanto às fontes de

energia principais. A energia perigosa armazenada está presente sob qualquer

forma e deve ser tomada ação para assegurar-se de que a energia residual seja

isolada ou dissipada. Medidas efetivas devem ser tomadas para evitar acúmulo de

energia.

O procedimento detalhado sobre a utilização do LIBRA pode ser encontrado

no Sistema Integrado de Padronização Eletrônica da Petrobras (SINPEP- ABAST)

conforme PE-2AT-00005.

52

Page 56: Apostila-Mod 4 Rev 8

11 Segurança Integrada nos Trabalhos em Subestações

11.1 O choque elétrico

O termo choque elétrico ou eletrocussão se diz quando uma corrente elétrica

passa pelo corpo humano. O corpo humano apresenta uma resistência ôhmica

aproximadamente entre 1000 a 1500 Ω. O choque elétrico pode causar desde uma

sensação de desconforto, até a parada cardiorrespiratória e morte. A partir de 30 mA

a chance de sobrevivência começa a diminuir.

Figura 41 – Efeitos da corrente elétrica sobre o corpo humano

Tensão de Falta

É a tensão que aparece, quando de uma falha de isolamento, entre uma

massa e um eletrodo de aterramento (um ponto cujo potencial não seja modificado

pela energização da massa). Só é definida se o sistema possuir um ponto aterrado.

Tensão de passo

Diferença de potencial experimentada por uma pessoa, com os pés distantes

1m entre si (um passo), e nenhum outro contato com objetos aterrados.

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Page 57: Apostila-Mod 4 Rev 8

Figura 42 – Cálculo da Tensão de Passo

Tensão de contato

É a tensão que pode aparecer acidentalmente, quando de uma falha de

isolamento entre duas partes simultaneamente acessíveis.

Figura 43 – Cálculo da Tensão de Toque

Potencial Transferido

Tensão que é transferida para fora da área da subestação coberta pela rede

de aterramento.

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Page 58: Apostila-Mod 4 Rev 8

Figura 44 – Potencial Transferido entre subestações

Figura 45 – Tipos de choques elétricos

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Page 59: Apostila-Mod 4 Rev 8

11.2 Arco elétrico

O arco elétrico ocorre devido à baixa isolação que o ar promove entre as

partes energizadas. Na ocorrência da passagem da corrente elétrica pelo ar, há um

aquecimento abrupto do mesmo, e como o gás se torna extremamente aquecido,

suas moléculas colidem intensamente umas com as outras, gerando íons e elétrons

livres; assim o ar atinge a condição de plasma (gás em alta temperatura que se

torna ionizado). Isso faz com que o plasma seja condutor de eletricidade, e à medida

que o calor é produzido, maior volume de ar se torna ionizado, o que pode fazer com

que uma falta fase-terra evolua para uma falta trifásica em um ambiente confinado,

como no caso de painéis elétricos.

Figura 46 - Ilustração de arco elétrico e seus efeitos

Como o arco elétrico gera altíssimas temperaturas, da ordem de 6000 °C,

como em algumas medições chegaram até 20000 °C, o trabalhador exposto sofre

grande risco de queimaduras.

Estudos apontam como limite para exposição da pele de forma a sofrer no

máximo queimadura de 2º grau uma exposição a uma energia de 1,2 cal/cm².

Tecidos comuns de vestimentas para trabalho, como fibras de algodão, suportam

uma energia de 2 cal/cm². Como estudos de nível de energia apontam que a energia

do arco elétrico pode atingir valores muito superiores, faz-se necessário tomar

medidas de proteção para minimizar os efeitos térmicos, como o desenvolvimento

de tecidos e roupas para proteção do trabalhador.

56

Page 60: Apostila-Mod 4 Rev 8

Figura 47 - Exemplos de queimaduras por arco elétrico

11.2.1 Determinação da energia incidente

O pesquisador Ralph Lee divulgou seu artigo, em que analisou os efeitos da

energia irradiada em um arco elétrico sobre o trabalhador, e desenvolveu um

trabalho onde apresenta uma fórmula teórica que determina a distância mínima que

poderia ser considerada segura entre o trabalhador e o ponto de ocorrência do arco

elétrico, para que não haja risco de queimaduras. Esta fórmula considera que na

distância calculada, o calor do arco atinge o valor limiar de queimadura do segundo

grau da pele. Após sua publicação, foram evitados muitos acidentes, devido ao

reposicionamento dos trabalhadores para zonas de pouco risco durante

intervenções nas instalações elétricas. Em 1995, a NFPA publicou a fórmula de Lee

em sua norma 70E[2]. Para os que ainda necessitavam executar seus trabalhos

dentro da zona de risco, continuava o perigo da exposição a níveis de energia

superiores ao limiar. Tendo isso em vista, tornou-se necessário introduzir o conceito

de energia liberada pelo arco elétrico, como forma de quantificar o risco, para que se

pudesse definir uma proteção adequada àqueles que trabalham dentro da zona de

risco.

A questão foi determinar uma vestimenta que suportasse o calor do arco elétrico,

que libera uma quantidade muito grande de energia a alta temperatura em pequeno

intervalo de tempo, da ordem de décimos de segundo.

11.2.2 Especificação da vestimenta resistente ao arco elétrico

Em 1998, a ASTM publicou o procedimento ASTM-F1959, onde estabeleceu

critérios de teste de arcos elétricos para tecidos, medindo sua característica,

57

Page 61: Apostila-Mod 4 Rev 8

chamada ATPV, definida como o valor da energia incidente que o tecido suporta

sem permitir que exceda o valor limiar de queimadura de segundo grau no lado

protegido, a pele. Este valor é medido em testes, em equipamento desenvolvido

para esta finalidade, e determinado por aplicação de algoritmo estabelecido pela

própria ASTM.

Os valores de ATPV são fornecidos pelos fabricantes de tecidos e

vestimentas para proteção contra arco. Baseado nos valores de ATPV ou EBT da

ASTM, a NFPA classifica as vestimentas em classes entre 0 e 4, onde cada

categoria compreende faixas de energia liberada, conforme tabela abaixo:

Tabela 11 - Reprodução da tabela 130.7(C)(11) da NFPA 70E – 2004

Figura 48 - Uso da vestimenta de proteção contra arco elétrico

58

Page 62: Apostila-Mod 4 Rev 8

11.3 Critérios de Segurança para ambientes e serviços em

painéis e equipamentos elétricos com potencial de arco elétrico (N-

2830).

11.3.1 Especificação de EPI para Profissionais que Atuam em Serviços de

Eletricidade

Para Uso Diário

a) calça e camisa ou macacão categoria de risco II até 33,47 J/cm2 (8 cal/cm2), com

certificado de ensaio, conforme normas ASTM F1506 e F1959;

b) bota para eletricista, sem biqueira de aço e sem partes metálicas, com isolação

para 14 kV / 1 min, sendo obrigatório o fornecedor apresentar o relatório de ensaio

realizado por Entidade Certificadora, conforme normas ABNT NBR 12594 e NBR

12576;

c) luva isolante de borracha, conforme norma ABNT NBR 10622;

d) óculos de segurança de policarbonato 2 mm para filtrar os raios ultravioleta;

e) capacete para eletricista com isolação 20 kV, classe B, devendo atender as

normas ABNT NBR 8221 e ISO 3873; sendo obrigatório o fornecedor apresentar o

relatório de ensaio realizado por Entidade Certificadora.

Para Uso em Manobras

a) macacão ou capa 7/8 ou equivalente, para proteção contra arco elétrico com

ATPV mínimo maior ou igual à energia de arco incidente calculada, com certificado

de ensaio, conforme normas ASTM F1506 e F1959;

b) protetor facial para proteção contra arco elétrico com ATPV mínimo maior ou igual

à energia de arco incidente calculada, com certificado de ensaio, conforme norma

ASTM F2178;

c) bota para eletricista com isolação para 14 kV/1 min, sendo obrigatório o

fornecedor apresentar o relatório de ensaio realizado por Entidade Certificadora,

conforme normas ABNT NBR 12594 e NBR 12576;

d) luva com ATPV mínimo maior ou igual à energia de arco incidente calculada, com

certificado de ensaio, conforme normas ASTM D120 e ASTM F496;

e) luva isolante de borracha, conforme norma ABNT NBR 10622.

Nota: Cada unidade deve disponibilizar os EPIs de manobra adequados em todas as

subestações e painéis elétricos existentes. Estes EPIs devem ser utilizados por

todas as pessoas que executem tarefas de risco de queimadura por arco elétrico e

devem ser apropriados para o nível de energia incidente na qual o trabalhador está

exposto.

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Page 63: Apostila-Mod 4 Rev 8

11.4 Cuidados Operacionais

• Sempre que for acionar manual ou automaticamente um disjuntor ou uma

seccionadora, procure não ficar na frente do cubículo. Se houver um curto-circuito,

poderá ocorrer explosão do cubículo danificando tudo que estiver na frente.

• Não usar partes do corpo para medir temperatura. As temperaturas de

determinados equipamentos podem atingir valores muito altos.

• A pressurização deficiente da subestação, quando houver, pode permitir a

entrada de gases inflamáveis e causar uma explosão de proporções catastróficas.

• Cheiro de queimado na subestação pode significar falha eminente de algum

equipamento.

• Ao ser desligado do sistema, o banco de capacitores ainda mantém carga.

Portanto, deve-se aguardar a descarga do mesmo (15 min.) antes de aterrá-lo.

• Havendo necessidade de manobrar os PN’s em “ L “, atentar para o limite de

potência dos trafos.

• Operar os cubículos sempre com a porta fechada.

• Certificar que transformadores, seccionadoras e disjuntores a óleo estejam

com o nível de óleo no meio do visor. Se não estiver visível, não manobrar

(energizar/desenergizar). Solicitar reparo para a manutenção.

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Page 64: Apostila-Mod 4 Rev 8

REFERÊNCIAS

NORTEC; Normas Técnicas da Petrobras (N-2830). Rio de Janeiro: Petrobras,

2006.

EATON; Palestra Sobre Equipamentos de Baixa e Média Tensão. Rio de Janeiro,

2008.

Curso de Formação de Operadores; Equipamentos Elétricos. Cubatão:

PETROBRAS, 2002.

MAMEDE FILHO, J.; Manual de Equipamentos Elétricos – 3 ed. Editora LTC. Rio

de Janeiro, 2005.

BORDIGNON, A. L.; Equipamentos Elétricos Industriais. Rio de Janeiro:

PETROBRAS, 2008.

NAHASS, E. L.; Nível de Energia Liberada por Arcos Elétricos. Belo Horizonte,

2007.

SINPEP; Sistema Integrado de Padronização Eletrônica da Petrobras. Petrobras.

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