apostila introduÇÃo a seguranÇa do...
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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO FAVENI
APOSTILA
INTRODUÇÃO A SEGURANÇA DO
TRABALHO
ESPÍRITO SANTO
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ANÁLISE DE RISCOS
1. INTRODUÇÃO
Podemos dizer que os acidentes são tão antigos quanto o próprio homem, pois
o envolvimento deste com a questão tem ceifado muitas vidas, mas também têm
salvado outras tantas. Nas buscas e desenvolvimento contínuo de técnicas e
ferramentas gerenciais que venham a garantir um ambiente seguro para realização
de atividades de quaisquer naturezas, faz-se necessário utilizar uma terminologia
conhecida e alinhada a padrões internacionais, para que estes assuntos ganhem
clareza e precisão. Assim, evita-se os possíveis desvios e vícios de comunicação e
compreensão que podem se adicionar as dificuldades na resolução de problemas
estudados.
Sugerimos a leitura e a fixação de alguns conceitos que facilitarão nossa
abordagem.
2. TERMINOLOGIA
Risco:
(HAZARD)
Uma ou mais condições de uma variável com o potencial
necessário para causar danos. Esses danos podem ser entendidos
como lesões a pessoas, danos a equipamentos ou estruturas,
perda de material em processo, ou redução da capacidade de
desempenho de uma função predeterminada.
Havendo um risco, persistem as possibilidades de efeitos
adversos.
Risco:
Expressa uma probabilidade de possíveis danos dentro de um
período específico de tempo ou número de ciclos operacionais.
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(RISK) Pode ser indicado pela probabilidade de um acidente multiplicada
pelo dano em reais, vidas ou unidades operacionais.
Podendo significar ainda:
- a incerteza quanto a ocorrência de um determinado evento
(acidente);
- a chance de perda ou perdas que uma empresa pode sofrer por
causa de um acidente ou série de acidentes.
Segurança:
É frequentemente definida como “isenção de riscos”. Entretanto, é
praticamente impossível a eliminação completa de todos os riscos.
Segurança é, portanto, um compromisso acerca de uma relativa
proteção da exposição a riscos. É o antônimo de perigo.
Perigo: Expressa uma exposição relativa a um risco, que favorece a sua
materialização em danos.
Dano: É a gravidade da perda humana, material ou financeira que pode
resultar se o controle sobre um risco é perdido.
Causa: É a origem de caráter humano ou material relacionada com o
evento catastrófico (acidente), pela materialização de um risco,
resultando danos.
Perda: É o prejuízo sofrido por uma organização, sem garantia de
ressarcimento por seguro ou por outros meios.
Sinistro: É o prejuízo sofrido por uma organização com garantia de
ressarcimento por seguro ou por outros meios.
Incidente: Qualquer evento ou fato negativo com potencial para provocar
danos. É também chamado “quase acidente”: situação em que não
há danos macroscópicos.
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Controle: É o domínio que se exerce sobre ações, atividades, projetos,
processos, tec. Um sistema é considerado sob controle quando as
seguintes condições são satisfeitas, isto é:
Quando existe;
- padrão (trabalho, operação, etc.);
- sistema de medição / comparação;
- sistema de análise / avaliação;
- ação corretiva / preventiva;
Pode ainda ser acrescido:
- sistema de melhoria contínua;
- capacidade de mudar o processo.
Processo
crítico:
É aquele que é básico para que uma organização atinja seus
objetivos e alcance seus resultados. Os processos críticos não
podem ser instáveis, sob pena de não atenderem as necessidades
do cliente e do negócio. São aqueles que têm impacto sobre a
missão institucional da organização e que devem refletir o que a
sociedade e os consumidores esperam dela.
Sistemas
abertos:
São os sistemas que apresentam relação de intercâmbio com o
ambiente.
Sistemas
fechados:
São os que não apresentam relação de intercâmbio com o meio
ambiente; são herméticos a qualquer influência ambiental. São
utópicos, apenas imagináveis em nível de estudo. Não existem na
natureza.
Sistemas
probabilísticos:
São aqueles para os quais não poderemos fornecer previsões
de resultados.
Sistemas São aqueles que as partes integrantes interagem de forma
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determinísticos: previsível.
Uma empresa pode ser classificada como um “sistema aberto,
complexo e probabilístico”, desenvolvendo técnicas de
sobrevivência num ambiente em alteração contínua.
Entropia: É a tendência que os sistemas têm para o desgaste, para a
desintegração, para o afrouxamento dos padrões e para o
aumento da aleatoriedade. A medida que aumenta o processo de
informação / comunicação, diminui a entropia.
Homeostase: É o equilíbrio dinâmico entre as partes do sistema. Só se consegue
a homeostase com adaptação do sistema às mudanças que
ocorrem no meio ambiente. Um bom sistema de comunicações
pode concorrer para o alcance deste estado.
3. NATUREZA DOS RISCOS
Pesquisando diversos autores, principalmente norte-americanos, quanto a
“Gerência de Riscos”, no contexto tradicional, percebemos uma classificação não
formal, mas funcional dos riscos que podem atingir uma empresa ou organização.
Basicamente, divididas em: riscos especulativos (ou dinâmicos) e riscos puros (ou
estáticos).
A diferença principal entre essas duas categorias de risco reside no fato de
que os riscos especulativos envolvem uma possibilidade de ganho ou chance de
perda; ao passo que os riscos puros envolvem somente uma chance de perda, não
existindo nenhuma possibilidade de ganho de lucro.
Os riscos especulativos podem ainda ser divididos em três tipos: riscos
administrativos, políticos e de inovação.
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Os riscos administrativos estão intimamente relacionados ao processo de
tomada de decisões gerenciais: uma decisão errada pode gerar perdas
consideráveis, enquanto que uma decisão correta pode trazer lucros para a
empresa. O problema maior está na dificuldade de se prever, com exatidão, o
resultado que advirá da decisão adotada. Essa incerteza nada mais é do que a
própria definição de risco, conforme visto anteriormente.
Os riscos administrativos podem ser subdivididos em:
Riscos de mercado: são certos fatores que tornam incerta a venda de um
determinado produto ou serviço, a um preço suficiente que traga resultados
satisfatórios em relação ao capital investido;
Riscos financeiros: dizem respeito as incertezas em relação as decisões
tomadas sobre a política econômico-financeira da organização;
Riscos de produção: envolvem questões e incertezas quando a materiais,
equipamentos, mão-de-obra e tecnologia utilizados na fabricação de um
produto ou na prestação de um determinado serviço.
Os riscos políticos, por sua vez, derivam-se de leis, decretos, portarias,
resoluções, etc, emanados do Governo Federal, Estadual e Municipal, os quais
podem ameaçar os interesses e objetivos da organização.
Por último, os riscos de inovação referem-se as incertezas decorrentes,
normalmente, da introdução (oferta) de novos produtos ou serviços no mercado, e
da sua aceitação (demanda) pelos consumidores.
Os riscos puros, como já mencionamos, existem quando há somente uma
chance de perda e nenhuma possibilidade de ganho ou lucro.
Normalmente, considera-se que a Gerência de Riscos trata apenas das
questões relativas a prevenção e ao financiamento dos riscos puros. Entretanto, vale
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mencionar que muitas de suas técnicas podem ser igualmente aplicadas aos riscos
especulativos.
É importante lembrar também o papel fundamental que desempenha, nos
programas de gerenciamento de riscos, o estudo dos incidentes (quase acidentes).
Para melhor caracterizar esta afirmação, vamos considerar um estudo bastante
representativo realizado nos Estados Unidos, em 1969, pela “Insurance Company of
North America”, o qual abrangeu 1.753.498 acidentes registrados por 297
organizações, que representavam 21 diferentes setores de atividades e
empregavam 1.750.000 trabalhadores. O tempo de exposição aos riscos somou, no
período analisado, mais de 3 bilhões de horas-homem.
Esse estudo revelou que, para cada acidente com lesão grave (com
afastamento), havia 9,8 acidentes com lesão leve (sem afastamento) e 30,2
acidentes com danos a propriedade.
Parte do estudo compreendeu 4.000 horas de entrevistas a trabalhadores sobre
a ocorrência de incidentes que, em circunstâncias ligeiramente diferentes, poderiam
ter causado lesões ou danos a propriedade. Como resultado dessas entrevistas,
concluiu-se que, para cada lesão grave, ocorreram 600 incidentes (quase-acidentes)
que não apresentaram lesões ou danos visíveis – figura a seguir.
1
10
30
600
Acidente com afastamento
Acidente sem afastamento
Acidente com danos à
propriedade
Incidentes críticos
8
Esta relação indica claramente que os esforços de prevenção e controle de
riscos devem ser concentrados não só nos acidentes com lesão*, mas também com
acidentes com danos à propriedade e incidentes, pois qualquer um destes últimos
pode resultar ainda em uma lesão grave ou morte.
* “Lesão pessoal que impede o acidentado de voltar ao trabalho no dia imediato
ao do acidente ou de que resulte incapacidade permanente.”
“Lesão pessoal que não impede o acidentado de voltar ao trabalho no dia
imediato ao do acidente, desde que não haja incapacidade permanente.”
4. Gerência de riscos (definição)
Várias têm sido as tentativas para se definir o conceito de Gerência de
Riscos. No entanto a definição que propomos a seguir está intimamente relacionada
ao conceito e conteúdo que atribuímos à mesma.
Podemos dizer que a Gerência de Riscos é a ciência, a arte e a função que
visa a proteção dos recursos humanos, materiais e financeiros de uma empresa,
quer através da eliminação ou redução de seus riscos, quer através do
financiamento dos riscos remanescentes, conforme seja economicamente mais
viável.
5. Engenharia de segurança de sistemas
Um breve retrospecto seria suficiente para se inferir que o prevencionismo,
em seu mais amplo sentido, evoluiu de uma maneira crescente, englobando um
número cada vez maior de fatores e atividades, desde as precoces ações de
reparação de danos (lesões), até uma conceituação bastante ampla, onde se
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buscou a prevenção de todas as situações geradoras de efeitos indesejados ao
trabalho. As abordagens mais modernas de prevencionismo envolvem, assim, uma
série de atividades que transcendem de longe a pura “prevenção de acidentes”,
como definidas duas ou três décadas passadas.
Ainda, pudemos notar que essas abordagens modernas se assemelham em
seu objetivo de “controle de danos”, ou “controle total de perdas”, porém diferem em
aspectos básicos. De fato, há uma corrente que é fortemente baseada no aspecto
administrativo da prevenção, conjugando as técnicas tradicionais a algumas outras
mais recentes, mas enfatizando a ação administrativa de controle.
Outra corrente é derivada de um enfoque mais técnico da infortunística, e
que procura dar soluções técnicas a problemas técnicos.
Pode-se dizer mais uma vez que os subprodutos da corrida espacial norte-
americana ofereceram abundantes e proveitosas aplicações na vida em geral. Os
engenheiros de Segurança e Sistemas e as técnicas ai aplicadas surgiram na
necessidade imperiosa de segurança total, em uma área onde não se poderia correr
riscos.
Muitas técnicas foram desenvolvidas com o correr do tempo, dirigidas ao
campo aeroespacial, militar (indústria de mísseis) e a indústria de apoio, as quais se
notaram depois, seriam igualmente úteis nas áreas “civis” de riscos. As técnicas de
Segurança de sistemas foram, assim, apresentadas pouco a pouco ao
prevencionismo, já na década de sessenta, e, até hoje, essa infiltração vem
ocorrendo paulatinamente.
SEGUNDA PARTE
GRANDEZAS FÍSICAS
- considerações importantes -
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GRANDEZAS FÍSICAS
1. MEDIDAS
Em Física define-se grandeza como sendo tudo aquilo que podemos medir.
Uma grandeza física é a propriedade de um corpo, substância ou fenômeno que
pode ser medida, ou seja, comparada com algum padrão de referência que seja do
mesmo tipo que a grandeza que se quer medir (medidas do tipo “comprimento” só
podem ser feitas com um padrão de referência do tipo “comprimento”).
Podemos medir, por exemplo, a altura de um corpo (a altura é uma grandeza
do tipo “comprimento”) comparando-a com o comprimento de um de nossos pés e
dizer que o corpo possui “6 pés de altura”. O número “6” é o valor numérico da
medida, obtido pela razão entre a altura e a referência (quantas vezes a referência
está contida na altura) e “pés” é a unidade de medida (pé).
Valor da grandeza física = valor numérico x unidade de medida
ou
Quantidade física = valor numérico x unidade de medida
Algumas definições
Em física, uma grandeza ou quantidade é o conceito que descreve qualitativa
e quantitativamente as relações entre as propriedades observadas no estudo da
natureza (no seu sentido mais amplo).
Uma grandeza descreve qualitativamente um conceito porque para cada
noção diferente pode haver (pelo menos em princípio) uma grandeza diferente e
vice-versa.
Uma grandeza descreve quantitativamente um conceito porque o exprime em
forma de um binário de número e unidade.
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Grandeza é tudo aquilo que envolva medidas. Medir significa comparar
quantitativamente uma grandeza física com uma unidade através de uma escala
pré-definida. Nas medições as grandezas sempre devem vir acompanhadas de
unidades.
Exemplos de grandezas: comprimento, massa, temperatura, velocidade.
Medir uma grandeza física é compará-la com outra grandeza de mesma
espécie, que é a unidade de medida. Verifica-se, então, quantas vezes a unidade
está contida na grandeza que está sendo medida.
Tipos de grandezas físicas (quantidades físicas) usuais: comprimento,
temperatura, tempo, massa, força, etc.
1.1 Grandezas escalares e vetoriais
Existem grandezas escalares e grandezas vetoriais.
Uma grandeza escalar (ou, na terminologia dos físicos, um “escalar”) é uma
quantidade física que não depende da direção e, portanto, não depende de um
sistema de coordenadas. O comprimento, a massa e a temperatura de um corpo são
exemplos de grandezas escalares. A altura de um prédio é uma grandeza escalar do
tipo “comprimento”, que pode ser expressa como sendo “20 m” (20 é o valor
numérico e “m” é a unidade de medida).
Já as grandezas vetoriais, além da parte escalar possuem ainda direção e
sentido. A velocidade é uma grandeza vetorial.
Quando um veículo está se deslocando a uma velocidade de 40 km/h, em uma
linha reta, virar a direção para fazer uma curva, mantendo os mesmos 40 km/h,
implica em mudar a direção do veículo, enquanto que sobre a mesma linha reta,
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passar a andar em sentido contrário com a mesma velocidade de 40 km/h significa
mudar o sentido do veículo.
1.2 Organismos normalizadores
Unidades de medida tais como o “pé”, a “jarda” (passo), a “polegada” (largura do
polegar) e o “palmo” foram e ainda são utilizadas para medir comprimento. A
referência, nesse caso, pode ser feita com o nosso próprio corpo (nossos pés,
polegares, etc.), ou uma referência mais universal (pé ou polegar de um
determinado rei).
No Brasil o Inmetro – Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial (http://www.inmetro.gov.br/) regulamenta a utilização de unidades de
medida, além de exercer outras funções importantes para o cidadão brasileiro.
Organismos internacionais são responsáveis pela padronização de unidades de
medida entre os países (Bureaux Internacional des Poix et Mesures – BIPM é um
deles, cujo site pode ser visitado no endereço http://www.bipm.fr).
Uma brochura do documento “Système Internacional d’Unités – SI” (documento
oficial) pode ser obtida por download gratuito no site http://www.bipm.fr/fr/si/ e uma
tradução da mesma em português (não oficial) pode ser obtida no site
http://www.inmetro.gov.br/.
NOTA: A “grandeza física”, também é denominada “quantidade física”.
Existem grandezas que não possuem unidade de medida e por isso são chamadas
“grandezas adimensionais”. Para estas a unidade de medida é convencionada como
sendo o número “1”, que pode ser subentendido (esta unidade não precisa e nem
deve ser expressa, para não ser confundida com o símbolo do litro). Exemplos de
grandezas adimensionais: o “coeficiente de atrito” e a “densidade relativa”.
1.3 Sistema Internacional de Unidades – SI
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As unidades de medida do Sistema Internacional de Unidades – SI são
obrigatórias no Brasil, segundo a Resolução nº 12 de 1988 do Conselho Nacional de
Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – Conmetro. São baseadas na
publicação em francês do Bureaux Internacional des Poix et Mesures, que está em
sua 8a edição, de março de 2006. Uma cópia dessa edição se encontra na intranet
do UniAnchieta, em www.fatepa.anchieta.br.
1.4 Grandezas de base e unidades de base
O SI possui 7 unidades de base, correspondentes às 7 grandezas de base, e
as unidades derivadas, correspondentes às grandezas derivadas. As unidades
derivadas são formadas a partir de produtos de potências das unidades de base.
Tabela 1 – Grandezas e unidades de base SI (fonte: Inmetro)
Nome da grandeza de base
Símbolo da grandeza de
base
Dimensão da grandeza de
base
Nome da unidade de base
Símbolo da unidade de
base
DEFINIÇÃO DA UNIDADE DE BASE
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Comprimento
l, h, r, x
L
Metro
m
O metro é o comprimento do trajeto percorrido
pela luz no vácuo durante um intervalo de tempo
de 1/299 792 458 do segundo.
Assim, a velocidade da luz no vácuo, c0, é
exatamente igual a 299 792 458 m/s.
Massa
m
M
Quilograma
kg
O quilograma é a unidade de massa, igual à
massa do protótipo internacional do quilograma.
Assim, a massa do protótipo internacional do
quilograma, m3, é exatamente igual a 1 kg.
Tempo
t
T
Segundo
s
O segundo é a duração de 9 192 631 770
períodos da radiação correspondente à transição
entre os dois níveis hiperfinos do estado
fundamental do átomo de césio 133.
Assim, a frequência da transição hiperfina do
estado fundamental do átomo de césio 133, ν
(hfs Cs), é exatamente igual a 9 192 631 770 Hz.
Corrente elétrica
I, i
I
Ampère
A
O ampère é a intensidade de uma corrente
elétrica constante que, mantida em dois
condutores paralelos, retilíneos, de comprimento
infinito, de seção circular desprezível, e situados
à distância de 1 metro entre si, no vácuo,
produziria entre estes condutores uma força
igual a 2 x 10-7 newton por metro de
comprimento.
Assim, a constante magnética, μ0 , também
conhecida como permeabilidade do vácuo, é
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exatamente igual a -7 H/m.
Temperatura
termodinâmica
T
Θ
Kelvin
K
O kelvin é a fração 1/273,16 da temperatura
termodinâmica no ponto tríplice da água.
Assim, a temperatura do ponto tríplice da água,
Tpta, é exatamente igual a 273,16 K.
Quantidade de substância
n
N
Mol
mol
1. O mol é a quantidade de substância de um
sistema contendo tantas partículas elementares
quantos átomos existem em 0,012 quilograma
de carbono 12.
2. Quando se utiliza o mol, as partículas
elementares devem ser especificadas, podendo
ser átomos, moléculas, íons, elétrons, assim
como outras partículas, ou agrupamentos
especificados dessas partículas.
Assim, a massa molar do carbono 12, M(12C), é
exatamente igual a 12 g/mol.
Intensidade luminosa
Iv
J
Candela
cd
A candela é a intensidade luminosa, numa dada
direção, de uma fonte que emite uma radiação
monocromática de frequência 540 x 1012 hertz e
cuja intensidade energética nessa direção é
1/683 watt por esterradiano.
Assim, a eficácia luminosa espectral, K, da
radiação monocromática de frequência 540
12 Hz é exatamente igual a 683 lm/W.
“m” é o símbolo do metro padrão internacional.
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1.5 Sistema de unidades coerente
Um conjunto de unidades de medida é dito “coerente” quando podem ser
feitas operações com as unidades de medida sem que seja preciso fazer
transformações de unidade. Suponha, por exemplo, que você deva calcular o ponto
de ressuprimento de um item segundo a fórmula PR = D·TR + ES onde:
D = demanda em quilogramas por dia (por exemplo: D = 25 kg/d);
TR = tempo de ressuprimento em dias (por exemplo: TR = 3 d);
ES = estoque de segurança em quilogramas (por exemplo: ES = 8 kg).
Quando você multiplica a demanda pelo tempo de ressuprimento,
multiplicando-se os valores numéricos do exemplo anterior, teremos:
3·25 = 75
e, multiplicando-se as unidades de medida, teremos:
(kg/d)·d = kg
Obtém-se, como resultado das operações com as unidades de medida, a
mesma unidade de medida de ES, que é kg.
Poderemos, então, somar 75 kg (resultado de D·TR), com o valor de ES (8
kg), pois as unidades de medida são iguais, chegando-se ao resultado de 83 kg.
Quando, no SI, as unidades de base e as unidades derivadas são utilizadas
sem qualquer prefixo (com exceção de “kg”, em que há um prefixo mas é uma
unidade de base), tem-se um sistema de unidades coerentes, o que traz facilidades
com os cálculos envolvendo unidades de medida.
Tabela 2 – Exemplos de grandezas e unidades derivadas SI coerentes (fonte:
Inmetro e BIPM)
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Quantidade
derivada
Símbolo Unidade derivada Símbolo
Área A Metro quadrado
m2
Volume V Metro cúbico
m3
Velocidade v Metro por segundo
m/s
Aceleração a Metro por segundo
ao quadrado
m/s2
Número de ondas σ, ῦ
Inverso do metro
m-1
Massa específica ρ
Quilograma por
metro cúbico
kg/m3
Densidade
superficial
ρ A
Quilograma por
metro quadrado
kg/m2
Volume
específico
v Metro cúbico por
quilograma
m3/kg
Densidade de
corrente
j Ampere por metro
quadrado
A/m2
Campo
magnético
H Ampere por metro
A/m
Concentração de
quantidade de
matéria
c Mol por metro
cúbico
mol/m3
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Concentração de
massa
ρ, γ
Quilograma por
metro cúbico
kg/m3
Luminância Lv
Candela por metro
quadrado
cd/m2
Índice de
refração
n
(Adimensional)
(*)
Permeabilidade
relativa
μr
(Adimensional)
(*)
NOTA: As unidades derivadas da Tabela 2 são um subconjunto das unidades
derivadas existentes, que são em um número extremamente grande para poder
atender às necessidades científicas.
1.6 Unidades derivadas especiais (fonte: Inmetro e BIPM)
Algumas unidades derivadas recebem nome especial, sendo estas
simplesmente uma forma compacta de expressão de combinações de unidades de
base que são usadas frequentemente. Então, por exemplo, o joule, símbolo J, é por
definição, igual a m2·kg·s-2.
Existem, atualmente, 22 nomes especiais para unidades aprovados para uso
no SI, que estão listados na Tabela 3.
Tabela 3 – Grandezas e unidades derivadas SI coerentes especiais (fonte:
Inmetro e BIPM)
Quantidade
derivada
Nome da
unidade
derivada
Símbolo da
unidade
Expressão
usando
outras
Expressão
em
unidades de
19
unidades base
Angulo plano
Radiano rad m/m = 1
Angulo sólido
esterradiano sr m2/m2 = 1
Frequência
Hertz Hz s-1
Força
Newton N m·kg·s-2
Pressão,
esforço
Pascal Pa N/m2 m-1.kg·s-2
Energia,
trabalho,
quantidade de
calor
Joule J N·m m2·kg·s-2
Potência, fluxo
radiante
Watt W J/s m2·kg·s-3
Carga elétrica,
quantidade de
eletricidade
Coulomb C s·A
Diferença de
potencial
elétrico
Volt V W/A m2·kg·s-3·A-1
Capacitância
farad F C/V m-2·kg-1·s4
·A2
Resistência Ohm Ω V/A m2·kg·s-3·A-2
20
elétrica
Condutância
elétrica
Siemens S A/V m-2·kg-1·s3·A2
Fluxo de
indução
magnética
Weber Wb V·s m2·kg·s-2·A-1
Indução
magnética
Tesla T Wb/m2 kg·s-2·A-1
Indutância
Henry H Wb/A m2·kg·s-2·A-2
Temperatura
Celsius
Grau Celsius oC K
Fluxo
luminoso
Lúmen lm cd·sr cd
Luminância
Lux lx lm/m2 m-2·cd
Atividade de
um
radionuclídio
Becquerel Bq s-1
Dose
absorvida,
energia
específica
(comunicada),
Gray Gy
J/kg
m2·s-2
21
kerma
Equivalente
de dose,
equivalente de
dose ambiente
sievert Sv J/kg m2·s-2
Atividade
catalítica
katal kat s-1·mol
1.7 Múltiplos e submúltiplos das unidades do SI
Para exprimir unidades de medida muito maiores ou muito menores que as
unidades de base ou derivadas, são utilizados prefixos padronizados no SI, de modo
a se obter valores numéricos mais fáceis de manusear.
A Tabela 4 mostra esses prefixos.
Tabela 4 – Múltiplos e submúltiplos SI (fonte: Inmetro)
Fator
Nome Símbolo Fator Nome Símbolo
101
deca da 10-1 deci d
102
hecto h 10-2 centi c
103
quilo k 10-3 mili m
106
mega M 10-6 micro µ
109 giga G 10-9 nano n
22
1012
tera T 10-12 pico p
1015
peta P 10-15 femto f
1018
exa E 10-18 atto a
1021
zetta Z 10-21 zepto z
1024
yotta Y 10-24 yocto y
Quando os prefixos são usados, o nome do prefixo e o da unidade são
combinados para formar uma palavra única e, similarmente, o símbolo do prefixo e o
símbolo da unidade são escritos sem espaço, para formar um símbolo único que
pode ser elevado a qualquer potência.
Por exemplo, pode-se escrever: quilômetro, km; microvolt, µV; femtosegundo,
fs; 50 V/cm = V(10-2 m)-1 = 5000 V/m.
Um exemplo típico para uso de prefixos se encontra na medida da
capacitância de capacitores na indústria eletrônica, que são expressos
habitualmente em pF.
1.8 Unidades fora do SI
O SI é um sistema que, pouco a pouco, vai se impondo internacionalmente.
Todavia, existem unidades de medida que possuem uso universal e não pertencem
ao SI, apesar de poderem ser expressas em unidades SI.
Para isso dispõe-se no BIPM de tabelas com as unidades não SI. Na Tabela 5
abaixo encontram-se as unidades não SI e os respectivos fatores de conversão
disponíveis no Inmetro.
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Tabela 5 – Unidades não SI e fatores de conversão
Quantidade
Unidade Símbolo Relação com o SI
tempo
minuto
min 1 min = 60 s
hora
h
1 h = 3600 s
dia
d 1 d = 86400 s
volume
litro L ou l 1 L = 1 dm3
massa
tonelada t 1 t = 1000 kg
energia
eletronvolt eV 1 eV ≈1,602 x 10-19
J
pressão
bar
bar 1 bar = 100 kPa
milímetro de
mercúrio
mmHg 1 mmHg ≈133.3 Pa
comprimento
angstrom
Å 1 Å = 10-10 m
milha náutica
M 1 M = 1852 m
força
dina dyn 1 dyn = 10-5 N
energia
erg erg 1 erg = 10-7 J
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Os fatores de conversão de unidades oficiais são fundamentais quando são
utilizadas unidades não SI que devem ser convertidas para unidades SI.
Uma tabela com conversões oficiais, além de outras informações importantes
acerca de unidades de medida, pode ser obtida gratuitamente no endereço:
http://physics.nist.gov/Document/sp811.pdf
Esta mesma tabela também pode ser encontrada em www.fatepa.anchieta.br,
na disciplina de Administração de Recursos Materiais e Patrimoniais.
1.9 Algumas regras para unidades de medida com base no BIPM
O texto a seguir segue as regras do BIPM, porém é baseado no texto
traduzido pelos Assessores Especiais da Presidência do Inmetro, físico José
Joaquim Vinge e engenheiro Aldo Cordeiro Dutra (fev 2006).
Lembretes:
Os símbolos das unidades de medida do SI são obrigatórios, porém os
símbolos das grandezas são apenas recomendados.
Se nos reportarmos ao exemplo anterior do cálculo do ponto de
ressuprimento, não há impropriedade alguma em se utilizar o símbolo D para
expressar a demanda, o símbolo TR para o tempo de ressuprimento e o símbolo ES
para expressar o estoque de segurança.
Os símbolos não devem ser confundidos com abreviaturas. Um símbolo é
uma entidade matemática e por isso podem ser feitas operações algébricas com os
mesmos.
Por exemplo, a fórmula tradicional de lote econômico
L = ------- pode ser expressa como
2DC
PE
PE
2DC
25
L2 = ------- pode ser expressa como
L2 = 2DCP-1E-1 ou
L = (2DCP-1E-1)1/2
Com os símbolos das unidades de medida se dá o mesmo.
Deixar sempre um espaço entre o valor numérico e a unidade de medida. Na
expressão D = 234 kg/d temos que deixar um espaço entre o valor numérico 234 e a
unidade kg/d.
A expressão 2DC, do exemplo acima, pode ser escrita sem espaços,
subtendendo-se a multiplicação, seguindo as regras tradicionais da álgebra. Caso
existam variáveis que possam trazer confusão (como em D x TR onde, se
escrevermos DTR, pode haver dubiedade de interpretação), utilizamos o “ponto a
meia-altura” (·) ou o símbolo “x”.
Como exemplo de utilização dos símbolos seguindo as regras da álgebra,
temos a expressão
v = 72 km/h que pode ser escrita como
v/72 = km/h ou como
v/km = 72/h.
Quando duas unidades de medida são multiplicadas, o espaço entre elas é
uma convenção de multiplicação:
Newton x metro pode ser escrito N m, ou N x m ou N·m
Note que m s significa metro x segundo, ao passo que ms significa
milissegundo.
26
Unidades de medida que não possuem dimensão (unidade de medida = 1, ou
seja, o número um) não precisam ser colocadas. Às vezes é utilizado um símbolo
sem dimensão, como por exemplo o “%”, que significa “por cento” ou 1/100 ou 0,01
ou 10-2. Quando dizemos 12 % estamos nos referindo a um número puro (sem
unidade de medida ou adimensional) e o significado é 12/100 ou 12 x 0,01 ou 12 x
10-2.
Unidades diferentes de medida para uma mesma grandeza física implicam
em valores numéricos diferentes, porém a medida é a mesma. Por exemplo,
podemos expressar a velocidade de um veículo como sendo:
v = 72 km/h ou
v = (72 x 1000 m)/(3600 s) = 20 m/s
NOTA: Uma exceção é quando se utilizam medidas de ângulo plano. Por exemplo:
3o25’4” (não há espaço entre o valor numérico e a unidade de medida).
No Word, para escrever esse símbolo, deixe o teclado numérico ativado,
aperte a tecla Alt e, mantendo-a apertada, digite 0183 que o símbolo “ponto a meia-
altura” será obtido.
Note, no exemplo anterior, a utilização do símbolo da grandeza “velocidade”
escrito em itálico. Os símbolos de grandeza devem, como recomendação, ser
escritos em itálico. Se estivermos nos referindo a dois veículos poderemos indicar a
velocidade de cada um através de um subscrito (v1 e v2) ou por meio de parênteses
v(A) e v(B).
Já o símbolo da unidade de medida deve ser escrito em romano (vertical),
mesmo que o texto onde está sendo utilizado esteja em itálico, pois são entidades
matemáticas e não abreviaturas. Os valores numéricos das unidades de medida
também devem ser escritos em romano, mesmo que o texto onde estão sendo
utilizados estejam em itálico.
Correto:
27
“A velocidade do automóvel era de 50 km/h no momento da batida.”
Incorreto:
“A velocidade do automóvel era de 50 km/h no momento da batida.”
Como as operações com os valores numéricos são as mesmas feitas com as
unidades de medida, para indicar as dimensões de uma folha de papel A4, por
exemplo, é incorreto escrever 210 x 297 mm (deve-se escrever 210 mm x 297 mm).
Os símbolos das unidades de medida não devem ser seguidos de ponto, a
não ser que estejam no final de uma sentença. É incorreto escrever 20 cm. no meio
de uma sentença.
Os símbolos das unidades de medida não possuem plural. É correto escrever
20 cm mas é incorreto escrever 20 cms.
No valor numérico de uma medida, grupos com mais de três dígitos devem
ser separados de três em três por um espaço tanto da direita para a esquerda a
partir do sinal de decimal como da esquerda para a direita a partir do sinal de
decimal: 23 456,234 21 é preferível ao invés de 23456,23421 ou 23.456,23421
porque é uma notação que não causa confusão entre números escritos na notação
de “ponto” decimal ou na de “vírgula” decimal.
2 ARREDONDAMENTO
O arredondamento pode ser feito de diversas maneiras, porém há norma
nacional (ABNT NBR 5891:1977) e internacional (ISO 31-0:1992, Anexo B).
O arredondamento, segundo essas normas, deve ser feito segundo o
seguinte critério:
Se o algarismo imediatamente à direita da posição para a qual será feito o
arredondamento é menor que 5, o algarismo da posição para a qual será feito o
arredondamento fica inalterado.
28
Exemplos:
58,43 arredondado a 1 decimal passa a ser 58,4 (o algarismo imediatamente
à direita da posição para a qual será feito o arredondamento é 3);
234,9876432 arredondado a 4 decimais passa a ser 234,9876 (o algarismo
imediatamente à direita da posição para a qual será feito o arredondamento é 4);
432,391 arredondado a 2 decimais passa a ser 432,39 (o algarismo
imediatamente à direita da posição para a qual será feito o arredondamento é 1);
123,6702 arredondado a 3 decimais passa a ser 123,670 (o algarismo
imediatamente à direita da posição para a qual será feito o arredondamento é 2).
Se o algarismo imediatamente à direita da posição para a qual será feito o
arredondamento é maior que 5 ou, sendo 5, há pelo menos um algarismo
subsequente diferente de zero, o algarismo da posição para a qual será feito o
arredondamento deve ser aumentado de uma unidade.
Exemplos:
58,46 arredondado a 1 decimal passa a ser 58,5 (o algarismo imediatamente
à direita da posição para a qual será feito o arredondamento é 6);
234,9876732 arredondado a 4 decimais passa a ser 234,9877 (o algarismo
imediatamente à direita da posição para a qual será feito o arredondamento é 7);
432,36512 arredondado a 2 decimais passa a ser 432,37 (o algarismo
imediatamente à direita da posição para a qual será feito o arredondamento é 5 e
este é seguido de pelo menos um algarismo diferente de zero);
29
123,670501 arredondado a 3 decimais passa a ser 123,671 (o algarismo
imediatamente à direita da posição para a qual será feito o arredondamento é 5 e
este é seguido de pelo menos um algarismo diferente de zero).
Se o algarismo imediatamente à direita da posição para a qual será feito o
arredondamento é igual a 5 e não há algarismos subsequentes ou, sendo igual a 5,
os algarismos subsequentes são constituídos de zeros sem nenhum algarismo
diferente de zero, o arredondamento deve ser feito para o número par mais próximo.
Em outras palavras, se o algarismo da posição para a qual deve ser feito o
arredondamento é par, este será mantido e se for ímpar a ele deve ser somada uma
unidade.
Exemplos:
123,465 arredondado a 2 decimais passa a ser 123,46 (o algarismo
imediatamente à direita da posição para a qual será feito o arredondamento é 5, sem
nenhum algarismo subsequente e o algarismo da posição para a qual deve ser feito
o arredondamento é par);
123,425 000 arredondado a 2 decimais passa a ser 123,42 (o algarismo
imediatamente à direita da posição para a qual será feito o arredondamento é 5
seguido de zeros, sem nenhum algarismo subsequente diferente de zero e o
algarismo da posição para a qual deve ser feito o arredondamento é par);
123,491 5 arredondado a 3 decimais passa a ser 123,492 (o algarismo
imediatamente à direita da posição para a qual será feito o arredondamento é 5, sem
nenhum algarismo subsequente e o algarismo da posição para a qual deve ser feito
o arredondamento é ímpar, sendo a ele somada uma unidade);
123,435 000 arredondado a 2 decimais passa a ser 123,44 (o algarismo
imediatamente à direita da posição para a qual será feito o arredondamento é 5
seguido de zeros, sem nenhum algarismo subsequente diferente de zero e o
30
algarismo da posição para a qual deve ser feito o arredondamento é ímpar, sendo a
ele somada uma unidade);
129,500 0 arredondado a inteiro passa a ser 130 (o algarismo imediatamente
à direita da posição para a qual será feito o arredondamento é 5 seguido de zeros,
sem nenhum algarismo subsequente diferente de zero e o algarismo da posição
para a qual deve ser feito o arredondamento é ímpar, sendo a ele somada uma
unidade).
3 TRUNCAMENTO
O truncamento consiste em eliminar algarismos à direita de um número, sem
alterar os outros algarismos. Exemplos:
Para truncar o número 234,769 4 para duas decimais tem-se 234,76 como
resultado.
Para truncar o número 47 546,98 para inteiro, tem-se 47 546 como resultado.
4 ALGARISMOS SIGNIFICATIVOS
4.1 Conceitos básicos
Conceito: algarismos significativos são os algarismos que, em uma medida,
possuem algum “significado”.
31
Nas medidas utiliza-se a quantidade de algarismos que a leitura do
instrumento mostra com certeza e mais um algarismo, aproximado, denominado
“algarismo duvidoso”
Um exemplo é a medida de uma caneta conforme a Figura 1 com uma régua
que possui divisões até milímetros. Podemos afirmar, se fizermos uma boa
ampliação da imagem, como a mostrada na Figura 2, que a caneta mede 9,1X cm.
O “X” é o algarismo duvidoso, que para uns pode ser o 7, para outros o 8 e
talvez até um algarismo menor que 7 ou maior que 8. Se, para o nosso olhar, existe
a dúvida entre o 7 e o 8, resta uma relativa certeza de que a medida está entre 9,16
cm e 9,19 cm.
Figura 1 –
Medida de uma
caneta
Figura 2 –
Medida da
caneta da
Figura 1
ampliada
Não podemos acrescentar nenhum outro algarismo nesta medida. Não
podemos, por exemplo, informar uma medida de 9,175 cm para a caneta da figura
só porque ficamos em dúvida entre o 7 e o 8. O algarismo 5, neste caso, não tem
significado algum (não é “significativo”).
32
Se escolhermos o 7 como o algarismo duvidoso, a medida do comprimento da
caneta será expressa como sendo 9,17 cm, onde há 3 algarismos significativos,
sendo os dois primeiros (9 e 1) exatos e o último (7) duvidoso.
Os zeros à direita do sinal decimal (seja ele um ponto ou uma vírgula) não
podem ser desprezados, mesmo que não haja nenhum algarismo diferente de zero.
Se tivéssemos 9,00 cm como resultado da medida, não seria correto exprimi-
la como sendo 9 cm, pois estaríamos perdendo a informação de quantos algarismos
significativos teríamos na medida.
Para efetuar a contagem de quantos algarismos significativos existem em
uma medida desprezam-se todos os zeros à esquerda da medida7.
Exemplos:
0,0005678 possui 4 algarismos significativos;
000345,23 possui 5 algarismos significativos;
0,002345600 possui 7 algarismos significativos.
Assim, 09,17 cm ou 009,17 cm ou 0 009,17 cm correspondem a 3 algarismos
significativos.
A transformação da medida em metros (0,0917 m) ou milímetros (91,7 mm)
também não altera a quantidade de algarismos significativos. Todavia, expressar
essa medida em micrômetros pode trazer informação errada sobre a quantidade de
algarismos significativos, pois 91 700 μm nos leva a imaginar que estamos com 5
algarismos significativos, o que não é verdade. Neste caso é interessante adotar a
notação científica, como por exemplo 9,17·104 μm ou 0,917・105 μm.
Se temos um número com mais algarismos do que os algarismos
significativos, basta arredondá-lo para a quantidade correta:
Escrever 0,00234567 com 3 algarismos significativos. Resultado: 0,00235.
33
Escrever 2386,456 com 3 algarismos significativos. Resultado: 2390 ou, mais
precisamente, 2,39・103.
4.2 Notação científica
A notação científica é um modo de representar um número que facilita a
apresentação de números muito grandes e muito pequenos. Permite, também,
separar o número em uma parte que mostra a significância do número (quantidade
de algarismos significativos ou precisão do número) e outra que mostra a grandeza
do número.
Na notação científica um número é representado no formato m·be, onde m é a
“mantissa” (também chamada “fração”), b é a “base” (ou “raiz”) e e é o “expoente”. A
base é geralmente 10 (na utilização normal por físicos, químicos, matemáticos,
engenheiros, etc.). A mantissa contém os algarismos significativos e o expoente
indica a grandeza do número.
Há uma padronização para a notação científica onde a mantissa é
apresentada sempre como um número igual ou superior a 1 e menor que 10. Assim,
se tivermos um número representado por 23,456·102, ele deverá ser transformado
em 2,3456·103.
4.3 Calculadoras
Em muitas calculadoras, para melhor utilização do visor da máquina, usa-se a
letra E no lugar do valor da base 10 e o expoente é mostrado como um número de
tamanho normal.
Exemplo:
-1,234567E-5 (a letra E indica que o número -5 que vem à sua frente é um
expoente de 10) e o número, portanto, corresponde a -1,234567·10-5.
34
Algumas calculadoras utilizam, além da notação científica, a “notação de
engenharia”, onde a mantissa pode chegar a três algarismos à esquerda do sinal
decimal. Como exemplo, podemos ter o número -12,34567E-6 em que há 2
algarismos antes do sinal decimal.
A mantissa, nas calculadoras, pode não estar representando a precisão do
número, pois internamente a calculadora pode ter uma precisão superior à mostrada
no visor. É importante examinar o manual de cada calculadora para se verificar
esses detalhes.
4.4 Computadores
Em computadores o termo utilizado no lugar de “notação científica” é “ponto
flutuante”. Os dois termos têm praticamente o mesmo significado, porém em
computadores a representação em ponto flutuante obedece a critérios que buscam a
otimização de seu desempenho. Os números são “normalizados” (conceito
semelhante ao da padronização da notação científica) e a quantidade de algarismos
significativos (precisão) depende do formato de ponto flutuante utilizado (simples,
duplo, etc.). Para maiores detalhes, ver norma IEEE 754.
Em planilhas eletrônicas os números são representados internamente, como
regra geral, por meio de ponto flutuante duplo, em que há 64 bits disponíveis para
registro da mantissa e do expoente, sendo 1 para o sinal do número, 11 para o
expoente e 52 para a mantissa, o que corresponde a 15 algarismos significativos.
NOTA: Lembre-se da expressão popular “zero à esquerda” como algo que nada
vale.
4.5 Operações com algarismos significativos
35
Quando se efetuam operações com algarismos significativos devem ser
adotados alguns procedimentos para não se utilizar algarismos sem significado. É
claro que o procedimento mais correto é a utilização da teoria dos erros, porém
podem ser usadas algumas regras práticas para não se usar indevidamente um
excesso de algarismos sem significado.
Na soma ou subtração de números que apresentem quantidade diferente de
decimais deve-se arredondar os números de modo que fiquem com a mesma
quantidade de decimais que o número com menor quantidade de decimais.
Exemplo:
Para efetuar a operação 34,5 + 2,567 + 10,22 arredonda-se o segundo e o
terceiro de modo que fiquem com uma decimal apenas (que é a quantidade de
decimais do primeiro) e depois se efetua a soma:
34,5 + 2,6 + 10,2 = 47,3
Na multiplicação e na divisão adota-se critério semelhante: os resultados de
operações com números que apresentem quantidades de decimais diferentes
devem ser arredondados para o que tiver menor quantidade de algarismos
significativos.
Exemplo:
34,5 x 12,567 = 433,5615 → 433 (porque o primeiro fator possui apenas três
algarismos significativos)
5 CONVERSÃO DE UNIDADES DE MEDIDA (exemplos em problemas de
Logística)
5.1 Erros no modo de expressar unidades de medida
36
Existe às vezes um costume, que deve ser combatido, que é mostrar valores
com unidades de medida expressas erradamente. Um exemplo típico, na área de
logística, é expressar demanda, vendas ou consumo como, por exemplo, 200
quilogramas-mês.
Demanda, vendas e consumo são conceitos que envolvem uma quantidade
de material por período de tempo. A expressão correta para demanda, venda ou
consumo deve sempre utilizar o termo “por” entre a quantidade e o período de
tempo. O termo “por” equivale a um traço de fração, pois é uma divisão. Assim,
devemos dizer 200 quilogramas por mês, que equivale a 200 kg/mês.
Expressões como “homem-hora” e “homens por hora” têm significado
inteiramente diferente. Homem-hora corresponde a uma multiplicação de quantidade
de homens pela quantidade de horas. Se tivermos 4 homens trabalhando 8 horas
por dia durante 5 dias teremos (4 homens) x (8 horas/dia) x (5 dias) que resultam em
160 homem-hora (que é o mesmo que 160 homem x hora).
Homens por hora pode ser aplicado no caso de termos uma roleta de um
estádio por onde passam 1 000 homens por hora durante 3 horas. Teremos (1 000
homens/h) x 3 h = 3 000 homens.
5.2 Conversões de unidade – regras básicas
Quando são feitas operações com medidas, as mesmas operações feitas com
os valores numéricos devem ser feitas com as unidades de medida.
Se tivermos uma quantidade de 2 000 kg de demanda em um período de 10
meses, para encontrar a demanda média mensal nós dividimos o valor 2 000 por 10
e, também, dividimos a unidade kg pela unidade mês. O resultado será (2 000/10) x
(kg/mês) = 200 kg/mês.
A multiplicação de símbolos de unidades de medida deve ser indicada ou pelo
sinal de multiplicação (x) ou por um espaço ou pelo ponto a meia-altura (·).
Exemplo para newton x metro:
37
N m ou N·m ou N x m .
A divisão de símbolos de unidades de medida deve ser indicada ou por um
traço horizontal de fração ou por um traço oblíquo (/) de fração ou por um expoente
negativo.
Exemplo para metro por segundo:
------- ou m/s ou m.s-1
Em uma fórmula ou equação, deve-se homogeneizar as unidades de medida
de mesma natureza.
Por exemplo, se estiverem sendo utilizadas medidas de tempo em dias e em meses,
deve-se transformá-las de modo que todas sejam dadas em dias ou todas sejam
dadas em meses; se estiverem sendo utilizadas unidades de medida de estocagem
em quilogramas e em litros, deve-se transformá-las de modo que todas sejam dadas
em quilogramas ou todas sejam dadas em litros; se estiverem sendo utilizadas
medidas de moeda em euros e em reais, deve-se transformá-las de modo que todas
sejam dadas em euros ou todas sejam dadas em reais
Essa “homogeneização” de unidades torna o conjunto de unidades “coerente”.
5.3 Exemplos de conversão
1. Uma caixa (cx) contém 5 quilogramas (kg). Quantos kg existem em 3 cx ?
Solução:
1 cx = 5 kg .
Como 1 cx = 1·cx = cx, podemos escrever:
m s
38
cx = 5 kg .
Se temos 3 cx, basta substituir o símbolo “cx” pelo seu igual, que é “5 kg”.
Assim, 3 cx = 3·5 kg = 15 kg .
2. Uma caixa (cx) contém 12 litros (L) e cada litro (L) equivale a 0,9 quilogramas (kg).
Quantos kg existem em 5 cx?
Resultado:
cx = 12 L, (1)
L = 0,9 kg11 . (2)
Na expressão (1) vamos substituir “L” pelo seu equivalente “0,9 kg” mostrado na
expressão (2):
cx = 12·0,9 kg = 10,8 kg . (3)
Se temos 5 cx, basta substituir o símbolo “cx” pelo seu igual, que é “10,8 kg”,
conforme (3):
5 cx = 5·10,8 kg = 54 kg .
3. A demanda (D) de um item é de 3 600 t/ano, seu tempo de ressuprimento (TR) é
de 6 dias e seu estoque de segurança é de 5 000 kg. Qual é o ponto de
ressuprimento (PR)?
Assumir que 1 ano = 12 meses, 1 mês = 30 dias e 1 € = 3,00 R$.
39
Fórmula: PR = D x TR + ES
O primeiro passo é transformar as unidades de estocagem, que são diferentes, para
a mesma unidade. Vamos transformar “toneladas”, que aparece na demanda, em
“quilogramas”, que é a unidade do estoque de segurança:
Como 1 t = 1 000 kg, então D = 3 600 t/ano = 3 600 000 kg/ano
Agora vamos transformar a unidade de tempo “ano” para a unidade de tempo “dia”,
que é a unidade do tempo de ressuprimento:
Como 1 ano = 12 meses = 12 x 30 dias = 360 dias, então D = 3 600 000 kg/ano = 3
600 000 kg/360 dias = 10 000 kg/dia.
Agora podemos efetuar os cálculos:
PR = D x TR + ES = (10 000 kg/dia) x (6 dias) + 5 000 kg = 60 000 kg + 5 000 kg =
65 000 kg .
4. Calcular o lote econômico de um item pela fórmula tradicional
L = ------- tendo-se
D = 3 600 t/ano;
C = 50,00 €;
P = 20,00 R$/kg;
E = 2 % a.m.12 .
2DC
PE
40
Transformando t em kg, como 1 t = 1 000 kg, então D = 3 600 000 kg/ano.
Transformando € em R$, como 1 € = 3,00 R$, então C = 50,00 x 3,00 R$ = 150,00
R$.
Transformando mês em ano e já eliminando o símbolo %:
E = 2 % a.m. = (2/100)/mês = 0,02/mês = 0,02/(ano/12) = (0,02 x 12)/ano = 0,24/ano
Agora basta efetuar os cálculos. Como temos um conjunto “coerente” de unidades, o
resultado será dado na unidade de lote (L), que é uma unidade de estocagem, ou
seja, em kg:
L = ---------------------- = 15 000 kg.
2 . 3600000 . 150
20 . 0,24
41
BIBLIOGRAFIA
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