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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO FAVENI APOSTILA GESTÃO AMBIENTAL ESPÍRITO SANTO

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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO FAVENI

APOSTILA

GESTÃO AMBIENTAL

ESPÍRITO SANTO

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GESTÃO AMBIENTAL

http://www.blogadao.com.br

Entende-se por gestão ambiental as diretrizes e as atividades administrativas

e operacionais, tais como, planejamento, direção, controle, alocação de recursos e

outras realizadas com o objetivo de obter efeitos positivos sobre o meio ambiente,

querem reduzindo ou eliminando os danos ou problemas causados pelas ações

humanas, quer evitando que eles surjam.

A gestão ambiental (GA) é uma prática muito recente, que vem ganhando

espaço nas instituições públicas e privadas. Através dela é possível à mobilização

das organizações para se adequar à promoção de um meio ambiente

ecologicamente equilibrado.

Seu objetivo é a busca de melhoria constante dos produtos, serviços e

ambiente de trabalho, em toda organização, levando-se em conta o fator ambiental.

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Atualmente ela começa a ser encarada como um assunto estratégico, porque

além de estimular a qualidade ambiental também possibilita a redução de custos

diretos (redução de desperdícios com água, energia e matérias-primas) e indiretos

(por exemplo, indenizações por danos ambientais).

À medida que a sociedade vai se conscientizando da necessidade de se

preservar o meio ambiente, a opinião pública começa a pressionar o meio

empresarial a buscar meios de desenvolver suas atividades econômicas de maneira

mais racional. O próprio mercado consumidor passa a selecionar os produtos que

consome em função da responsabilidade social das empresas que os produzem.

Desta forma, surgiram várias certificações, tais como as da família ISO14000, que

atestam que uma determinada empresa executa suas atividades com base nos

preceitos da gestão ambiental.

Em paralelo, o aumento da procura pelas empresas de profissionais

especializados em técnicas de gestão ambiental motivou o surgimento de cursos

superiores voltados para a formação desses profissionais, tais como os de

Tecnólogo em gestão ambiental, de Engenharia Ambiental, Bacharelado em Gestão

Ambiental e Tecnologia do Meio Ambiente.

No caso do setor público, a Gestão Ambiental apresenta algumas

características diferenciadas. O governo tem papel fundamental na consolidação do

desenvolvimento sustentável, porque ele é o responsável pelo estabelecimento das

leis e normas que estabelecem os critérios ambientais que devem ser seguidos por

todos, em especial o setor privado que, em seus processos de produção de bens e

serviços, se utiliza dos recursos naturais e produz resíduos poluentes. Por isso

mesmo, além de definir as leis e fiscalizar seu cumprimento, o poder público precisa

ter uma atitude coerente, responsabilizando-se também por ajustar seu

comportamento ao princípio da sustentabilidade, tornando-se exemplo de mudança

de padrões de consumo e produção, adequando suas ações à ética socioambiental.

1.1 A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DE GESTÃO AMBIENTAL

A expansão da consciência coletiva em relação ao meio ambiente e a

complexidade das atuais demandas ambientais que a sociedade repassa às

organizações induzem um novo posicionamento por parte das organizações diante

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de tais questões. Tal posicionamento, por sua vez, exige gestores empresariais

preparados para fazer frente a tais demandas ambientais, que saibam conciliar as

questões ambientais com os objetivos econômicos de suas organizações

empresarias.

Fica evidente que a formação de recursos humanos, dentre eles a do

profissional generalista ou aquele especializado, ambos graduados, por escolas de

administração ou outros cursos, é requerida em todas as direções e níveis nos quais

se processa o novo padrão da gestão ambiental em suas dimensões de conteúdo,

forma e sustentação.

A formação de profissionais qualificados deve ser tratada com altíssima

prioridade porque, além de possibilitar que os órgãos governamentais e empresas,

contem com pessoal qualificado para sua respectiva missão, também tem o papel de

deflagrar uma nova mentalidade que proporcione mudanças, inclusive das próprias

instituições formadoras de recursos humanos.

1.2 PROFISSÕES AMBIENTAIS

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http://www.uniasselvi.com.br/extranet/layout/request/imag_curso_imag.php?c

urs_codi=GAM

Aqui estão elencadas algumas profissões ligadas ao meio ambiente.

a) Advogado Ambiental: podendo advogar tanto na defesa de supostos

transgressores das leis ambientais, bem como fornecer assessoria para a prevenção

de futuras punições;

b) Auditor Ambiental: realiza a avaliação das medidas exigidas concernentes à

preservação do meio ambiente, para a obtenção das certificações ambientais, como

por exemplo, da série ISO 14.000;

c) Biólogo: dentre as inúmeras atividades que podem ser exercidas por um biólogo,

ressaltam-se levantamento de fauna e flora, elaboração de EIA-RIMA (o Relatório de

Impacto Ambiental - RIMA refletirá as conclusões do Estudo de Impacto Ambiental -

EIA), consultoria para reservas naturais, responder tecnicamente em projetos e

programas sobre assuntos afetos à sua área de formação técnica etc.;

d) Cientista Ambiental: possui o conhecimento genérico da ciência, propondo

medidas que visem melhoria da qualidade de vida;

e) Consultor Ambiental: prepara os relatórios referentes ao impacto ambiental,

estabelecendo certos parâmetros como o ruído, contaminação de solo etc.;

f) Contador Ambiental: contabiliza os benefícios e malefícios que determinado

produto poderá trazer ao meio ambiente;

g) Ecólogo: possui inúmeras funções, destacando-se a busca de modos para a

diminuição do impacto ambiental, utilização correta dos recursos naturais etc.

h) Educador Ambiental: conscientiza crianças, empresas e a comunidade de um

modo geral da necessidade de mudança de certos atos, para que se conserve e

preserve o meio ambiente;

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i) Engenharia Ambiental: fiscaliza e monitora as indústrias no sentido de

preservação do meio ambiente;

j) Geólogo: pesquisas para a proteção e planejamento, envolvendo o meio da

superfície terrestre;

k) Gestor Ambiental: supervisiona ou administra os setores ou departamentos de

meio ambiente das empresas. É conhecido também como gerente de meio

ambiente.

l) Monitor de ecoturismo: trabalha como guia de turistas, explicando sobre os

animais, reservas etc.

2. MEIO AMBIENTE

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http://www.uniasselvi.com.br/extranet/layout/request/imag_curso_logo.php?cu

rs_codi=GAM

O meio ambiente é o conjunto de condições, leis, influências e interações de

ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as

suas formas. Estão incluídos nesta definição:

a) fatores fisiográficos como solo, água, floresta, relevo, geologia e paisagem;

b) fatores psicossociais inerentes à natureza humana como comportamento,

bem-estar, estado de espírito, trabalho, saúde, alimentação, etc.

c) fatores sociológicos, como cultura, civilidade, convivência, o respeito, a

paz, etc.

É necessário que se perceba que o respeito ao meio ambiente é uma

necessidade para a preservação do ser humano, enquanto espécie, portanto, em

primeiro lugar o respeito ao meio ambiente é uma questão de sobrevivência. Em

segundo lugar é necessário que se verifique onde este respeito é necessário e,

portanto, cobrado de cada um. Esta localização parte da análise de que cada um

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deve cuidar de seu ambiente próximo o que, concomitantemente, propiciará a

preservação do meio ambiente como um todo.

O Direito contribui com o meio ambiente atuando, principalmente, da seguinte

forma:

a) de forma preventiva preserva-se o meio ambiente;

b) em sede de litígio defende-se o ofendido;

c) define a extensão da responsabilidade do ofensor do meio ambiente.

No âmbito do Direito Constitucional, o artigo 225 da Constituição Federal

expressamente consigna: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente

equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,

impondo-se ao Poder Público e à coletividade para o dever de defendê-lo e

preservá-lo para os presentes e futuras gerações.” Dada à importância deste artigo

da nossa “Lei Maior”, vamos destacar a significação geral dos enunciados:

a) Direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado – pertence a

todos, incluindo aí as gerações presentes e as futuras, sejam brasileiros ou

estrangeiros;

b) Meio ambiente é bem de uso comum do povo e essencial à sadia

qualidade de vida – é um bem que não está na disponibilidade particular de

ninguém, nem de pessoa privada, nem de pessoa pública;

c) Poder Público - é a expressão genérica que se refere a todas as entidades

territoriais públicas;

d) Dever de defender o meio ambiente e preservá – lo – é imputado ao

Poder Público e à coletividade.

Esta disposição constitucional faz com que o Direito Ambiental adquira uma

dimensão infinita em todas as áreas do Direito, qual seja a partir da previsão

expressa constitucionalmente em seus parágrafos e incisos o meio ambiente ganha

relevância e proteção do Estado.

Com o objetivo de buscar uma maior identificação com a atividade que agride

o meio ambiente e o bem jurídico agredido podemos destacar quatro aspectos

contidos na classificação de meio ambiente:

a) Meio ambiente natural (ou físico) - É constituído pelo solo, pela água,

pelo ar atmosférico, pela flora e pela fauna. Quando é lançado em qualquer corrente

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de água um produto tóxico, que provoca a morte dos seres vivos daquele habitat,

temos um exemplo de agressão ao meio ambiente físico.

b) Meio ambiente cultural (construído pelo homem, enquanto expressão de

sua cultura) - É constituído pelo patrimônio histórico, artístico, científico,

arqueológico, paisagístico, turístico. Quando, após ter sido declarado como

patrimônio histórico, um determinado imóvel é demolido na "calada da noite" por seu

proprietário, que considera uma invasão em seu direito de propriedade está limitação

imposta pelo Poder Público, ou, quando se estabelece que só será permitido o

ensino da religião católica nas escolas públicas, temos aí exemplos de agressões ao

meio ambiente cultural de nosso povo.

c) Meio ambiente artificial - É constituído pelo espaço urbano construído

(conjunto de edificações e equipamentos públicos colocados à disposição da

coletividade como ruas, praças, áreas verdes...), observando-se que neste conceito

não se exclui o meio ambiente rural, uma vez que se refere a todos os espaços

habitáveis, no tocante ao pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e

garantia do bem-estar de seus habitantes. Quando o seu vizinho do andar superior

não se preocupa em sanar um defeito contido na edificação, que provoca o

vazamento de água, de forma perene, em seu imóvel, ou, quando alguém depreda

sistematicamente todos os orelhões do bairro, temos aí exemplos de agressões ao

meio ambiente artificial de uma determinada pessoa, no primeiro exemplo, e de

pessoas indeterminadas, no segundo exemplo.

d) Meio ambiente do trabalho - É constituído pelo ambiente onde o ser

humano desenvolve sua atividade produtiva, objetivando sua sobrevivência

enquanto homem-indivíduo. Tutela-se neste aspecto a saúde e a segurança do

trabalhador e, por consequência, punir-se-á todas as formas de degradação e

poluição do meio ambiente onde o homem exerce sua atividade, mantendo-se a sua

qualidade de vida.

Quando o ordenamento jurídico estabelece a obrigatoriedade da elaboração

de um laudo de impacto ambiental, esta determinação tem um objetivo preventivo,

no sentido de se evitar a agressão ao meio ambiente em qualquer um de seus

aspectos, ou seja, verificada a possibilidade de agressão ao meio ambiente buscar-

se-á o saneamento desta possibilidade e, em caso de verificação da impossibilidade

deste saneamento, a empresa não terá autorização para exercer aquela atividade

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agressora ao meio ambiente. Verifica-se, portanto, que o empresário cauteloso,

preventivamente, terá em seu poder um laudo de impacto ambiental, evitando,

problemas futuros.

Portanto, meio ambiente do trabalho consiste na proteção da integridade do

trabalhador no meio ou lugar destinado à atividade laboral, na medida dos padrões

de saúde e qualidade de vida legalmente estabelecidos.

Vamos verificar os diversos significados de meio ambiente, na acepção

conceitual:

Em sentido genérico:

a) o meio ambiente é um conceito interdependente que realça a interação

homem-natureza;

b) o meio ambiente envolve um caráter interdisciplinar ou transdisciplinar; e

c) o meio ambiente deve ser embasado em uma visão antropocêntrica

alargada mais atual, que admite a inclusão de outros elementos e valores. Esta

concepção faz parte integrante do sistema jurídico brasileiro. Assim, entende-se que

o meio ambiente deve ser protegido com vistas ao aproveitamento do homem, mas

também com o intuito de preservar o sistema ecológico em si mesmo.

Em sentido jurídico:

a) a lei brasileira adotou um conceito amplo de meio ambiente, que envolve a

vida em todas as suas formas. O meio ambiente envolve os elementos naturais,

artificiais e culturais e do trabalho;

b) o meio ambiente, ecologicamente equilibrado, é um macrobem unitário e

integrado. Considerando-o macrobem, tem-se que é um bem incorpóreo e imaterial,

com uma configuração também de microbem;

c) o meio ambiente é um bem de uso comum do povo. Trata-se de um bem

jurídico autônomo de interesse público; e

d) o meio ambiente é um direito fundamental do homem, considerado de

quarta geração, necessitando, para sua consecução, da participação e

responsabilidade partilhada do Estado e da coletividade. Trata-se, de fato, de um

direito fundamental intergeracional, intercomunitário, incluindo a adoção de uma

política de solidariedade.

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3. DIREITO AMBIENTAL DO TRABALHO

Vimos que de forma didática o meio ambiente foi pormenorizado em quatro

categorias:

1) Meio ambiente natural;

2) meio ambiente cultural;

3) meio ambiente artificial; e

4) meio ambiente do trabalho.

Este último, de tão relevante está sendo estudado de forma independente

abrindo espaço para um novo ramo do direito.

O meio ambiente do trabalho está relacionado com a saúde do trabalhador. A

busca de garantia de um meio ambiente que proporcione bem-estar ao invés de

riscos à saúde gerou o novo ramo do direito: Direito Ambiental do Trabalho. Este

novo ramo já ocupa espaço de relevância quando trata da qualidade de vida no

trabalho. A busca de proteção jurídica vai desde a qualidade do ambiente físico

interno e externo do local de trabalho, até as relações interpessoais e a saúde física

e mental do trabalhador.

A constante mudança do cenário social e das relações traz novas demandas

de litígios e de bens a serem tutelados pelo direito. Daí o surgimento de "novos

direitos", dentre eles, o direito ambiental do trabalho.

São inúmeras as possibilidades de doenças ocupacionais e patologias do

trabalho e dos vários tipos de riscos aos quais um trabalhador pode ser exposto, o

direito ambiental irá tutelar todas elas partindo, principalmente, do princípio da

prevenção.

4. A LEGISLAÇÃO E O MEIO AMBIENTE

DE TRABALHO

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http://mageonline.com/2013/wp-content/uploads/2013/10/gestao_so.jpg

Tutelar a saúde do trabalhador garantindo um meio ambiente que proporciona

bem-estar ao trabalhador ao invés de riscos a sua saúde é uma tarefa difícil face às

constantes mudanças das atividades produtivas, bem como ao avanço tecnológico

que insiste em expor o trabalhador a imprevistos riscos.

Historicamente, observa-se que a industrialização, surgida inicialmente na

Inglaterra no Século XVIII, alterou significativamente os ambientes de trabalho,

principalmente com a utilização das máquinas e a intensificação do ritmo de

trabalho.

A partir de então houve a nítida separação entre local de trabalho e de

moradia, tratando-se, portanto, de dois ambientes diferentes.

Quanto à qualidade de vida e bem estar, há quem sustente que a Revolução

Industrial não significou melhoria imediata e substancial no nível de vida da classe

trabalhadora britânica, principalmente durante seus primeiros passos.

Diante da ausência de boas condições de trabalho e de vida, houve a

necessidade de movimentos grevistas e protestos por parte dos trabalhadores que

renderam gradual aumento do nível salarial e do poder aquisitivo, bem como

estabelecimento de direitos sociais.

Nesse sentido, cumpre ressaltar o surgimento, ainda embrionário, de

legislações provindas do poder público, consagradas pelas leis e regulamentos; por

outro lado, surgiu o direito advindo das negociações entre empregados e

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empregadores. Como resultado, abriu-se um campo alternativo para a determinação

de condições de trabalho e proteção à saúde dos trabalhadores. É muito recente a

preocupação do legislador com as questões referentes ao meio ambiente.

Devemos considerar que os ambientes de trabalho têm atravessado

profundas modificações, repercutindo na forma e tipo de proteção legal estabelecida

pelo poder público. Após a constitucionalização dos direitos sociais, observa-se

progressivamente, surgimento de normas de saúde ocupacional e segurança

industrial, em resposta as mudanças nos processos produtivos e aprimoramento das

relações de trabalho.

O artigo 1º, caput, da Constituição de 1988 prevê, como um dos fundamentos

da República, a dignidade da pessoa humana. O artigo 5º, caput, fala do direito à

vida e segurança, e o artigo 6º, caput, qualifica como direito social o trabalho, o lazer

e a segurança. No artigo 225, caput, ela garante a todos um meio ambiente

ecologicamente equilibrado e, no inciso V, incumbe ao Poder Público o dever de

controlar a produção, comercialização e o emprego de técnicas, métodos e

substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio

ambiente.

Extrai-se, da análise sistemática de todos esses dispositivos da Carta

Federal, que o Estado não tolerará atividade que ponha em risco a vida, a

integridade física e a segurança dos indivíduos.

Partindo de uma tutela constitucional, tem-se respaldo para proteger o

trabalhador dos mais variados elementos que ameacem comprometer o seu meio

ambiente do trabalho e, por conseguinte, sua saúde. No entanto, a Carta Magna é

genérica e a função de regulamentar tudo isso restou ao legislador

infraconstitucional e atualmente ao Direito Ambiental do Trabalho.

Por outro lado, a CLT discorre nos artigos 189 a 197, sobre os adicionais de

insalubridade e periculosidade, regulamentando sua existência, sua fiscalização e

sua eliminação. O artigo 189 define atividades insalubres como aquelas que, por sua

natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes

nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da

intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos. O artigo 192 diz

que o exercício de atividade insalubre, acima dos limites de tolerância estabelecidos

pelo Ministério do trabalho, garante o recebimento de adicional de 40%, 20% e 10%

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do salário mínimo, segundo se classifiquem nos graus máximo, médio e mínimo. A

mesma CLT, no artigo 193, define periculosidade como contato permanente com

inflamáveis ou explosivos em condições de risco acentuado e que o trabalho nessas

condições assegura a percepção de um adicional de 30% sobre o salário. O meio

ambiente de trabalho seguro e adequado é um direito fundamental do trabalhador.

5. DEFINIÇÕES IMPORTANTES QUE

AJUDARÃO NA CONTINUIDADE DO

ENTENDIMENTO DA MATÉRIA

Área de Proteção Ambiental (APA): Aquela que é declarada com o objetivo

de assegurar o bem-estar das populações e conservar ou melhorar as condições

ecológicas locais; área de preservação ambiental. Dentro dos princípios

constitucionais que regem o exercício da propriedade, o poder público estabelecerá

normas limitando ou proibindo:

a) implantação e funcionamento de indústrias potencialmente poluidoras,

capazes de afetar mananciais;

b) realização de obras de terraplanagem e abertura de canais, quando estas

iniciativas importarem em sensível alteração das condições ecológicas locais;

c) exercício de atividades capazes de provocar acelerada erosão das terras

e/ou acentuado assoreamento das coleções hídricas;

d) exercício de atividades que ameacem extinguir na área protegida as

espécies raras da biota nacional

Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE): Área que tem

características extraordinárias e abriga exemplares raros da biota regional e exige

cuidados especiais de proteção por parte do poder público. O poder público —

federal, estadual ou municipal — declara área de relevante interesse ecológico

aquela que, além dos requisitos estipulados por lei, tiver extensão inferior a 5 mil ha

e pequena ou nenhuma ocupação humana. Sua proteção tem por finalidade manter

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os ecossistemas naturais de importância regional ou local e regular o uso admissível

das mesmas.

Área Especial de Interesse Turístico: Trecho de território, inclusive águas

territoriais, instituídas por decreto do Poder Executivo, a ser preservado e valorizado

no sentido cultural e natural, destinado a promover o desenvolvimento turístico e

receber projetos de turismo.

Biodegradável: Diz-se da substância que se decompõe facilmente

reintegrando-se à natureza. Dejetos humanos são biodegradáveis, pois sofrem este

processo natural de reintegração. Muitos produtos industriais não o são, como os

plásticos. Indústrias vêm trabalhando para desenvolver produtos biodegradáveis, por

exemplo, um tipo de plástico biodegradável.

Biodiversidade: Conjunto de plantas, animais, microrganismos e

ecossistemas que sobrevivem na natureza em processos evolutivos de mais de 4

bilhões de anos, que constituem uma variedade biológica de mais de 30 milhões de

organismos vivos.

Biota: Conjunto de seres animais e vegetais de uma região.

Contabilidade ambiental: Avaliação matemática do custo do desgaste que o

meio ambiente sofre em função do desenvolvimento econômico e que traduz em

cifras o peso do meio ambiente no processo de crescimento de um país.

Controle ambiental: Ação pública, oficial ou privada, destinada a orientar,

corrigir e fiscalizar atividades que afetam ou possam afetar o meio ambiente.

Crime ambiental: é qualquer dano ou prejuízo causado aos elementos que

compõem o meio ambiente, protegidos pela legislação. Com a entrada em vigor da

Lei dos Crimes Ambientais, Lei nº 9.605, de 13/02/98, o Brasil deu um grande passo

legal na proteção do meio ambiente, pois na nova legislação traz inovações

modernas e surpreendentes na repreensão à destruição ambiental, revogando

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muitos dispositivos, bem como apresentando novas penalidades, reforçando outras

existentes e impondo mais agilidade ao julgamento dos crimes.

Cobrança pelo uso da água - Prevista na Lei de Recursos Hídricos (Lei

Federal 9433/97), parte do princípio de que a água é um bem econômico e seu uso

deve ser racionalizado. Pode haver a cobrança de todos os usos sujeitos à outorga,

como captação de água, lançamento de esgotos, ou produção de energia. Pela lei,

os valores arrecadados devem ser aplicados prioritariamente em obras, estudos e

programas na própria área da bacia hidrográfica onde se fez a cobrança. (Fonte: Lei

Federal 9433/97)

Conservação ambiental - Manejo dos recursos do ambiente, ar, água, solo,

minerais e espécies vivas, incluindo o Homem, de modo a conseguir a mais alta

qualidade de vida humana com o menor impacto ambiental possível. Ou seja, busca

compatibilizar os elementos e formas de ação sobre a natureza, garantindo a

sobrevivência e qualidade de vida de forma sustentável.

Dano ambiental: qualquer ato ou atividade considerada lesivos ao meio

ambiente que sujeitarão os autores e/ou responsáveis a sanções penais,

independentemente de terem de reparar os danos causados. Hoje existe a lei de

crimes ambientais 9605/98.

Desenvolvimento sustentável: modelo desenvolvimentista baseado na

obtenção de uma taxa mínima de crescimento, combinada com a aplicação de

estratégias para proteção do meio ambiente.

Fauna: Conjunto de espécie animal de determinada região em um período.

Interesse difuso: interesse juridicamente reconhecido, de uma pluralidade

indeterminada ou indeterminável de sujeitos que, potencialmente, pode incluir todos

os participantes da comunidade geral de referência, o ordenamento geral cuja

normativa protege tal tipo de interesse. O interesse difuso é o interesse que cada

indivíduo possui pelo fato de pertencer à pluralidade de sujeitos a que se refere à

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norma. Podemos apontar como típicos interesses difusos o direito à informação, o

direito ao ambiente natural, o respeito das belezas monumentais ou arquitetônicas, o

direito à saúde e segurança social, o direito a um harmonioso desenvolvimento

urbanístico. Mas os campos mais salientes dos interesses difusos estão na tutela

dos direitos dos consumidores e do direito ao ambiente sadio. Não podemos

confundir interesse difuso com interesse coletivo. Este último corresponde a um

grupo determinado de pessoas como membros de associação de classe, acionistas

de uma mesma sociedade, estudantes da mesma escola, sindicato condôminos, etc.

enquanto que o difuso, como vimos, são pessoas indeterminadas.

Ecossistema: I. Conjunto de plantas e animais dentro de um espaço comum;

a unidade ecológica no mais profundo sentido. II. Nível de organização da natureza:

uma gota de água, um monte de folhas, um tronco, uma região natural, um bosque,

um pântano, etc. (O mesmo que sistema ecológico.)

Estudo de Impacto Ambiental (EIA): Estudo realizado por determinação da

legislação, composto de mapas, gráficos, explicações e conclusões técnicas,

destinado a avaliar as modificações que se operarão no meio ambiente ao se

construir uma obra. O EIA gera o RIMA – relatório de Impacto do Meio Ambiente.

Gestão Ambiental: é a forma pela qual uma empresa se mobiliza, interna e

externamente, na conquista da qualidade ambiental desejada. Para atingir a meta ao

menor custo. O Sistema de Gestão Ambiental (SGA) é a estratégia indicada.

Manancial: Reserva de água, de superfície ou subterrânea, utilizada para

abastecimento humano, animal, industrial ou para irrigação.

Mata Atlântica: Floresta semelhante à Amazônia, que ocorre no litoral leste

do Brasil, nas encostas orientais e atlânticas da serra do Mar; floresta atlântica, mata

costeira, mata litorânea, mata oriental. Muito densa, a Mata Atlântica apresenta

condições fisiográficas peculiares e alta diversidade. Originalmente abrangia um

milhão de quilômetros quadrados, ia do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul,

correspondendo a 12% do território nacional. Devido ao desmatamento e ocupação

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sem planejamento, ela ocupa hoje apenas 25 mil quilômetros quadrados, cerca de

0,3% do território brasileiro.

Monóxido de carbono: Gás incolor e inodoro, que apesar de ser combustível

não mantém uma combustão; óxido de carbono. O monóxido de carbono é

extremamente venenoso e pesa menos que o ar. Forma-se em todas as fumaças e

no gás de escapamento de motores. Seu caráter venenoso reside em sua forte

vinculação com a hemoglobina, podendo causar a morte. É um dos maiores fatores

de poluição atmosférica.

Queimada: Prática agrícola de limpeza do solo com a queima de produtos da

roçada (mato, galhos, cipós, etc), o que reduz o custo e a mão-de-obra. A queimada

contribui, entretanto, para a gradual esterilização do solo, acidificando-o e destruindo

grande parte de sua microvida. As queimadas são as responsáveis pela maioria dos

incêndios florais.

Reciclagem: é toda prática que regenere ou reprocesse um produto

proveniente de outro processo, para que se obtenha um produto útil ou para

reutilização (reuso).

Recurso natural não renovável: Qualquer dos recursos básicos naturais que

compõem a natureza e que não se reproduzem e deixarão de existir se forem

explorados à exaustão: petróleo, mineral, etc.

Recurso natural renovável: Qualquer dos recursos básicos naturais que

compõem a natureza e que poderão reproduzir-se: os animais, as plantas.

Relatório de Impacto sobre o Meio Ambiente (RIMA): contém o balanço

dos pontos negativos e positivos do impacto ambiental causado por determinada

obra, numa região. O Relatório de Impacto sobre o Meio Ambiente, é baseado na

Constituição Federal e foi regulamentado por lei em janeiro de 1986 e pela resolução

nº 1/86 do Conselho Nacional de Meio Ambiente. Inclui o RIMA as medidas, que são

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sugeridas pelos técnicos para a prevenção e/ou redução dos efeitos negativos da

obra e para o incremento dos efeitos positivos.

Sociedade sustentável: Aquela que atende às suas necessidades atuais

sem pôr em risco as perspectivas das gerações futuras. Seve para as empresas o

fato de conciliar o crescimento econômico com estratégias para a proteção ao meio

ambiente. O tema deve ser analisado em conjunto com o “consumo sustentável” e

“sociedade sustentável”.

Voçoroca: Processo erosivo subterrâneo causado por infiltração de águas

pluviais, através de desmoronamento e que se manifesta por grandes fendas na

superfície do terreno afetado, especialmente quando este é de encosta e carece de

cobertura vegetal.

Xaxim: pseudocaule de feto arborescente que é usado para vasos de plantas,

prática extrativista que está levando o vegetal à extinção.

6. CONSUMO, DESENVOLVIMENTO E

SOCIEDADE SUSTENTÁVEL

Consumo sustentável significa "satisfazer as necessidades e aspirações da

geração atual, sem comprometer a capacidade de as gerações futuras satisfazerem

as suas". No Brasil, até pela abundância de recursos naturais existente, não nos

acostumamos a nos preocupar com a possibilidade de seu esgotamento.

A pergunta que se coloca, então, é: como crescer e se desenvolver sem

esgotar essas fontes e, portanto, sem deixar um novo problema para as próximas

gerações? Em poucas palavras: como promover um consumo sustentável? E indo

mais a fundo: o que eu posso fazer para satisfazer as minhas necessidades sem

comprometer a satisfação dos meus filhos e netos?

O consumo de energia elétrica vem aumentando a cada ano no Brasil. O

comércio, além de ganhar novos estabelecimentos com alto padrão de consumo

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(shopping centers, por exemplo), está ampliando o horário de funcionamento. No

segmento residencial, o consumo aumentou com a incorporação de novos

eletrodomésticos, como o forno de micro-ondas.

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B

Consumo sustentável significa "satisfazer as necessidades e aspirações da

geração atual, sem comprometer a capacidade de as gerações futuras satisfazerem

as suas". No Brasil, até pela abundância de recursos naturais existente, não nos

acostumamos a nos preocupar com a possibilidade de seu esgotamento.

A pergunta que se coloca, então, é: como crescer e se desenvolver sem

esgotar essas fontes e, portanto, sem deixar um novo problema para as próximas

gerações? Em poucas palavras: como promover um consumo sustentável? E indo

mais a fundo: o que eu posso fazer para satisfazer as minhas necessidades sem

comprometer a satisfação dos meus filhos e netos?

O consumo de energia elétrica vem aumentando a cada ano no Brasil. O

comércio, além de ganhar novos estabelecimentos com alto padrão de consumo

(shopping centers, por exemplo), está ampliando o horário de funcionamento. No

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segmento residencial, o consumo aumentou com a incorporação de novos

eletrodomésticos, como o forno de microondas.

Além da preservação da água e da economia de energia, outro fator

importante para o consumo sustentável é não poluir o ambiente. Por isso, dar um

destino adequado ao lixo é um dos grandes desafios da administração pública em

todo o mundo.

Muito do que deve ser feito para promover um consumo sustentável depende

dos governos e das empresas, mas os consumidores também podem colaborar, e

muito, nesse sentido, adotando pequenas atitudes começando pela mudança de

alguns hábitos cotidianos em relação à água e energia por exemplo.

O Consumo sustentável prega a necessidade de mudanças de hábitos

cotidianos da pessoa. Pequenas atitudes são importantes para o equilíbrio do

binômio pessoa/natureza.

Em relação ao desenvolvimento sustentável devemos analisar o seguinte: o

modelo de crescimento econômico gerou enormes desequilíbrios. Se, por um lado,

nunca houve tanta riqueza e fartura no mundo, por outro lado, a miséria, a

degradação ambiental e a poluição aumentam dia a dia. Diante dessa constatação,

surge a ideia do desenvolvimento sustentável, buscando conciliar o desenvolvimento

econômico à preservação ambiental e, ainda, ao fim da pobreza no mundo.

A prática do desenvolvimento sustentável é muito importante principalmente

para as empresas. Estas, precisam de gestores que saibam conciliar crescimento

econômico com estratégias para a proteção ao meio ambiente.

Num sentido amplo fortalece-se a percepção de que é imperativo

desenvolver, sim, mas sempre em harmonia com as limitações ecológicas, ou seja,

sem destruir o ambiente, para que as gerações futuras tenham chance de existir e

viver bem, de acordo com as suas necessidades (melhoria da qualidade de vida e

das condições de sobrevivência). As metas gerais do desenvolvimento sustentável

são:

√ A satisfação das necessidades básicas da população (educação,

alimentação, saúde, lazer, etc.).

√ A solidariedade para com as gerações futuras (preservar o ambiente de

modo que elas tenham chance de viver).

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√ A participação da população envolvida (todos devem se conscientizar da

necessidade de conservar o ambiente e fazer cada um à parte que lhe cabe para

tal).

√ A preservação dos recursos naturais (água, oxigênio, etc).

√ A elaboração de um sistema social, garantindo emprego, segurança social e

respeito a outras culturas (erradicação da miséria, do preconceito e do massacre de

populações oprimidas, como, por exemplo, os índios).

√ A efetivação dos programas educativos.

A educação ambiental é parte vital e indispensável na tentativa de se chegar

ao desenvolvimento sustentável, pois é a maneira mais direta e funcional de se

atingir pelo menos uma de suas metas: a participação da população.

Uma forma de despertar a consciência dos alunos de forma geral é, por

exemplo, estabelecer um projeto já aplicado em algumas escolas chamado de

Educação para a Vida Sustentável que envolve uma pedagogia que coloca a

compreensão da vida com seu ponto central. O educando experimenta um

aprendizado no mundo real que supera nossa alienação da natureza, o que

reacende um sentido de pertinência e desenvolve um currículo que ensina às

nossas crianças os princípios básicos da ecologia, tais como:

-aquilo que uma espécie desperdiça é a comida da outra espécie e a matéria

circula continuamente pela da teia da vida;

-a energia que guia os ciclos ecológicos emana do sol;

-a diversidade assegura a resiliência;

-que a vida, desde o seu início, há mais de três bilhões de anos, não tomou o

planeta por combate, mas por atuar em rede.

Essa pedagogia sugere o planejamento de um currículo integrado,

enfatizando o conhecimento contextual, no qual os vários assuntos são entendidos

como recursos a serviço de um foco central.

Uma maneira ideal de alcançar a integração é aproximar-se da chamada

“aprendizagem por projetos”, que consiste em facilitar as experiências de

aprendizagem ao envolver alunos em projetos complexos e contemporâneos,

através dos quais eles desenvolvam e apliquem habilidades e conhecimentos.

Uma das formas de levar a educação ambiental à comunidade é pela ação

direta do professor na sala de aula e em atividades extracurriculares. Por meio de

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atividades como leitura, trabalhos escolares, pesquisas e debates, os alunos

poderão entender os problemas que afetam a comunidade onde vivem, a refletir e

criticar as ações que desrespeitem e, muitas vezes, destroem um patrimônio que é

de todos.

Os professores são peças fundamentais no processo de conscientização da

sociedade dos problemas ambientais, pois buscarão desenvolver, em seus alunos,

hábitos e atitudes sadios de conservação ambiental e respeito à natureza

transformando-os em cidadãos conscientes e comprometidos com o futuro do país.

Além disso, desenvolvimento sustentável introduz uma dimensão ética e política que

considera o desenvolvimento como um processo de mudança social, com

consequente democratização do acesso aos recursos naturais e distribuição

equitativa dos custos e benefícios do desenvolvimento.

Vamos elencar a seguir alguns princípios da vida sustentável:

1) Respeitar e cuidar da comunidade dos seres vivos: é quase que um

princípio ético, pois não precisamos e não devemos destruir as outras espécies.

2) Melhorar a qualidade de vida humana: é este o principal objetivo do

desenvolvimento sustentável, permitir que as pessoas realizem o seu potencial e

vivam com dignidade.

3) Conservar a vitalidade e a diversidade do planeta Terra: pois é nele que

vivemos.

4) Assegurar o uso sustentável dos recursos renováveis e minimizar o

esgotamento de recursos não renováveis.

5) Permanecer nos limites da capacidade de suporte do planeta Terra: isso

deve ser analisado em separado nas diferentes regiões, como, por exemplo, não

podemos querer encher as florestas de pessoas morando.

6) Modificar atitudes e práticas pessoais: a sociedade deve promover valores

que apoiem a ética, desencorajando aqueles que são incompatíveis com um modo

de vida sustentável. Deve-se incentivar disciplinas de direito ambiental desde a pré-

escola.

7) Permitir que as comunidades cuidem de seu próprio meio ambiente: as

comunidades e grupos locais tendem a expressarem as suas preocupações e

acharem soluções mais rápidas se estiverem vivenciando o problema.

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8) Gerar uma estrutura nacional para a integração de desenvolvimento e

conservação: toda sociedade precisa de leis e de estrutura para proteger o seu

patrimônio; tentar prever os problemas e evitar danos maiores.

9) Constituir uma aliança global: é de extrema importância, pois a falta de

cuidado de um interfere na vida de outrem. Entretanto, não devemos nos contentar

com palavras e sem buscar ações.

10) As empresas devem conciliar o crescimento econômico com estratégias

para a proteção ao meio ambiente.

A análise feita até agora referente ao consumo sustentável e ao

desenvolvimento sustentável deixa clara a importância da questão ambiental em

qualquer discussão e também dentro dos debates da sociedade, no sentido de

enfatizar a consciência de preservação do meio e a evolução para a gestão da

sustentabilidade, porque, a cada dia, ficam evidentes as consequências das

agressões que o homem comete contra a natureza.

Na verdade, precisamos do esforço geral da sociedade na busca do equilíbrio

pessoa/natureza e com isso contribuir para as futuras gerações (ver art. 225, da

CF/88).

7. QUESTÕES AMBIENTAIS GLOBAIS

Os grandes problemas ambientais ultrapassam as fronteiras nacionais e são

tratados de forma global, pois afetam a vida de todos no planeta. Isto explica, em

parte, por que os países mais desenvolvidos colocam barreiras à importação de

produtos resultantes de processos prejudiciais ao meio ambiente.

A atividade industrial, principalmente, é responsável por expressiva parcela

dos problemas globais incidentes no meio ambiente.

Você vai conhecer, a seguir, quais são as ameaças com que a humanidade

se defronta.

Entenda melhor, também, o esforço das nações e da sociedade em geral para

reverter o processo acelerado de degradação dos recursos naturais no mundo, que

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também tem como causas a explosão demográfica e as precárias condições de vida

de grande parte da população, especialmente as do terceiro mundo.

Existem questões ambientais de suma importância para a Humanidade, que

se caracterizam como impactos ambientais negativos.

Algumas dessas questões são descritas a seguir:

• o aumento da temperatura da Terra;

• a diminuição das quantidades de espécies vivas (conhecida como perda da

biodiversidade);

• a contaminação ou exploração excessiva dos recursos dos oceanos;

• a escassez, mau uso e poluição das águas;

• a superpopulação mundial;

• a utilização/desperdício dos recursos naturais não renováveis (petróleo,

carvão mineral, minérios);

• o uso e a ocupação inadequados e a degradação dos solos agricultáveis;

• a destinação final dos resíduos (lixo);

• a gravidade do aumento das doenças ambientais, produzidas pelo

desequilíbrio da estabilidade planetária; e

• a busca de novos paradigmas de produção e consumo.

8. QUESTÕES AMBIENTAIS NACIONAIS

O Brasil é um país que apresenta características próprias por ter dimensões

continentais, grandes variações em latitude e longitude, um mosaico de classes de

solo, relevo diversificado, climas variando de úmido a semiárido, grandes

ecossistemas distintos e um sem-número de formas de uso e ocupação do espaço,

vinculadas à heterogeneidade cultural do seu povo.

Nosso país tem ocupado posição de destaque nas preocupações ambientais

do mundo inteiro, principalmente por abrigar 60% (sessenta por cento) da Amazônia

Internacional, a grande reserva da biodiversidade no planeta.

Podemos destacar as seguintes preocupações nacionais:

• as alterações climáticas;

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• os riscos à biodiversidade e a extinção das espécies;

• a poluição dos mares e ecossistemas contíguos à costa brasileira;

• redução da Mata Atlântica, além de outros dois grandes biomas, o Cerrado e

a Caatinga.

Como em qualquer outro país do mundo, o Brasil também sofre as

consequências do chamado efeito estufa, que provoca o aumento da temperatura

terrestre. As causas estão relacionadas ao lançamento de gases na atmosfera,

principalmente o dióxido de carbono, o metano, os óxidos de nitrogênio e os

hidrocarbonetos halogenados.

Nesse tópico, o Brasil deve direcionar suas preocupações para as seguintes

questões:

• Como as mudanças da cobertura vegetal na Amazônia, em particular o

desmatamento, podem alterar o equilíbrio climático na região e em outras áreas?

• Em que intensidade as emissões de fumaça e gases provocadas pelas

queimadas, pelas indústrias, pelos meios de transporte e produção de energia no

Brasil, contribuem para as alterações climáticas globais?

• Como estas mudanças afetariam os ecossistemas naturais e os de produção

agropecuária no território brasileiro?

• Que efeitos permaneceriam no ambiente, mesmo que as emissões de gases

e o desmatamento no Brasil fossem controlados?

Não existem ainda respostas definitivas para tais questões. Sabe-se que a

Floresta Amazônica tem importância para o clima no mundo, mas não em que

proporção. É preciso que o País acompanhe os estudos em andamento e utilize a

Amazônia em seu benefício, com a consciência da importância que tem a região em

escala mundial.

A biodiversidade ou diversidade biológica pode ser compreendida como o

conjunto formado pelos ecossistemas, as populações com suas espécies

componentes e o patrimônio genético que as caracterizam, portanto, engloba todas

as plantas, animais e microorganismos, bem como os ecossistemas do qual fazem

parte.

Recentes estudos conduzem à previsão de que o mundo perderá entre 2% e

7% das espécies nos próximos 25 anos, correspondentes à extinção de 8 mil a 28

mil espécies por ano, ou seja, de 20 a 75 espécies por dia. As Américas do Sul e

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Central abrigam 51% das plantas tropicais existentes no mundo, enquanto a África e

Madagascar respondem por 23%, e a Ásia, 26%. Como exemplo cita-se a região de

Cubatão, que apresentava, na época de seu ritmo mais intenso de industrialização

(1950 a 1960), todos os atrativos para a implantação do polo industrial em termos de

proximidade do centro consumidor, de porto marítimo de grande porte, de malha

viária, de disponibilidade de mão-de-obra, água e energia elétrica.

Os aspectos ambientais foram praticamente ignorados nos processos de

análises e nas decisões sobre a instalação de atividades industriais no município, o

que provocou intensa degradação ambiental.

Além disso, os ataques à vegetação da Serra do Mar, provocados pelas

atividades humanas e, particularmente, pelos efeitos tóxicos das emissões

industriais (chuvas ácidas), tornaram suas encostas instáveis, criando riscos de

deslizamentos sobre o complexo industrial.

A partir de 1983, foi desencadeado o Programa para a Recuperação da

Qualidade Ambiental de Cubatão, como resposta às pressões sociais em curso. Em

1984, o Programa aprovou vários planos individuais para controle ambiental nas

indústrias.

Cubatão transformou-se, pela gravidade dos níveis de poluição e riscos para

a população, em caso emblemático que atraiu intensa reação. Em 1986, o Ministério

Público do Estado de São Paulo e uma entidade ambiental não governamental

ajuizaram ações civis públicas contra 24 empresas poluidoras pelos danos causados

a Serra do Mar.

Hoje, os resultados da aplicação do citado Programa mostram significativa

redução nos níveis de emissão de poluentes, diminuindo o número de ocorrências

de alerta e emergência na região, cuja incidência chegava anteriormente a 17 vezes

por ano.

O caso de Cubatão serve de exemplo de planejamentos feitos sem considerar

as implicações dos aspectos e dos impactos ambientais de um empreendimento

dessa natureza.

Outros problemas ambientais que preocupam as autoridades e toda a

população brasileira estão distribuídos ao longo de todo o território nacional, a saber:

• saneamento básico inadequado ou inexistente;

• crescimento populacional;

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• pobreza;

• urbanização descontrolada;

• consumo e desperdício de energia;

• perda de solo agricultável;

• desertificação no Semi- Árido brasileiro;

• práticas agrícolas inadequadas;

• substâncias tóxicas perigosas;

• ineficiente gestão dos recursos hídricos;

• mineração e garimpos predatórios;

• processos industriais poluentes;

• poluição do ar em áreas metropolitanas; e

• alteração da Mata Atlântica, da Caatinga e do Cerrado, queimadas na

Amazônia, ocupação e destruição de mangues em toda a costa, principalmente

próximo aos limites urbanos.

9. OS GRANDES ACIDENTES AMBIENTAIS

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Os grandes acidentes ambientais que vêm ocorrendo em todo o mundo, além

de provocar o extermínio local de grandes populações de animais e plantas, têm

atingido diretamente as populações humanas, tanto pela perda de vidas como pelas

grandes perdas sociais e econômicas. Basta relembrar as tragédias de Minamata,

Bhopal, Three Mile Island, Chernobyl, Exxon Valdez, o derrame de 1.290m3 de óleo

combustível na Baia de Guanabara feito por um oleoduto da Refinaria Duque de

Caxias, o afundamento do navio petroleiro Prestige, em novembro de 2002, com 70

mil toneladas de óleo, na costa da Espanha. Essa quantidade de óleo é duas vezes

maior que a contida no Exxon Valdez.

O acidente de Bhopal, ocorrido em Madyma Pradejh, na Índia, provocado pelo

vazamento de trinta toneladas de metil isocianato de uma fábrica da Union Carbide,

morreram, num primeiro momento, 3.323 pessoas e cerca de 35 mil tiveram o

funcionamento de seus pulmões afetado em diversos níveis. Em decorrência desse

acidente, a empresa teve que ressarcir, pelos danos causados às pessoas e ao meio

ambiente, uma soma da ordem de dez bilhões de dólares.

Há acidentes que ocorrem no dia-a-dia, como o do césio, em Goiânia. A

tragédia de Caruaru, com a contaminação de pacientes de hemodiálise, é também

um acidente ambiental como tantos outros.

10. A POLUIÇÃO DOS MARES

A poluição do mar causada pelos despejos de rejeitos domésticos e

industriais e materiais assemelhados e o escoamento de águas poluídas por

insumos agrícolas, entre outros, vem aumentando de forma progressiva, no mundo

inteiro. Tudo isso, aliado ao excesso de pesca, está levando ao declínio diversas

zonas pesqueiras regionais.

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Calcula-se em 500 mil toneladas anuais o derrame de petróleo nos oceanos.

Entre 1967 e 1983 foram lançadas 90 mil toneladas de resíduos radioativos no mar

pelos países industrializados, o que, oficialmente, não ocorre mais.

Quase 80% dos poluentes lançados nos mares concentram-se nas regiões

costeiras que, além de ser altamente habitado, é um habitat marinho vulnerável. De

acordo com a Academia Nacional de Ciências dos EUA, estimam-se que 14 bilhões

de quilos de lixo são jogados (sem querer ou intencionalmente) nos oceanos todos

os anos.

Outra questão importante que vem sendo objeto de preocupação em todo o

mundo é a água de lastro. Estima-se que, somente na costa brasileira, são

despejadas, anualmente 40 milhões de toneladas de água de lastro, proveniente de

diversas partes do mundo.

Responsáveis pelo transporte de mais de 80% dos materiais comercializados

em todo o mundo, os navios translocam, anualmente, mais de 10 bilhões de

toneladas de água de um local para outro, levando nesse volume cerca de três mil

espécies de organismos vivos. Esses organismos, dispersos por diferentes pontos

do bioma marinho e também fluvial, causam problemas incomensuráveis em função

de suas características adaptativas.

As autoridades buscam estabelecer medidas internacionais de controle, para

evitar que espécies exóticas de grande poder de adaptação se instalem em

ecossistemas frágeis e provoquem desequilíbrios em seu funcionamento. Além de

alterações nos ecossistemas, em geral essas espécies causam grandes prejuízos

econômicos em todo o mundo.

11. DANO AMBIENTAL – Formas de

reparação

Não encontramos no ordenamento jurídico brasileiro uma definição expressa

do termo dano ambiental, pois a legislação ambiental utiliza as seguintes

expressões: poluidor, degradação ambiental e poluição.

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A Lei 6.938/81 que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente,

estabelece no seu artigo 3º, inciso IV, que poluidor “é a pessoa física ou jurídica, de

direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade

causadora de degradação ambiental”. Ainda, conceitua a degradação ambiental

como a “alteração adversa das características do meio ambiente” (inciso II, do artigo

3º da citada lei).

Assim sendo, é importante mencionar a definição legal de poluição prevista

no artigo I, da Lei 6.938/81: Poluição é a degradação da qualidade ambiental

resultante das atividades que direta ou indiretamente:

a) prejudicam a saúde e o bem estar da população;

b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;

c) afetem desfavoravelmente a biota;

d) afetem as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; e

e) lancem matéria ou energia em desacordo com os padrões ambientais

estabelecidos.

Como se vê, a legislação define poluidor como a pessoa (física ou jurídica)

causadora da degradação ambiental, por conseguinte, poluidor é o degradador

ambiental ou a pessoa que altera adversamente as características do ambiente. O

tratamento legal atribuído a esses conceitos jurídicos (poluidor, poluição e

degradação ambiental) dá ensejo à afirmação de que a poluição não está restrita à

alteração do meio natural, portanto, o meio ambiente a ser considerado pode ser

tanto o natural quanto o cultural e o artificial.

Se a legislação ambiental fornece apenas elementos indicativos da definição

de dano ambiental, a doutrina tem um estudo mais específico e profundo em relação

ao tema, especialmente sobre sua caracterização. Assim, o dano ambiental pode ser

definido como “a lesão aos recursos ambientais, com a consequente degradação-

alteração adversa do equilíbrio ecológico e da qualidade ambiental”.

Primeiro, o dano é um pressuposto da obrigação de reparar e,

consequentemente, um elemento necessário para a configuração do sistema de

responsabilidade civil. Segundo, a definição de dano ambiental abrange qualquer

lesão ao bem jurídico-meio ambiente-, causado por atividades ou condutas de

pessoas físicas ou jurídicas. Ou seja, “o dano ambiental deve ser compreendido

como toda lesão intolerável causada por qualquer ação humana (culposa ou não ao

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meio ambiente), diretamente o bem de interesse da coletividade, em uma concepção

totalizante, e indiretamente a terceiros tendo em vista interesses próprios

individualizáveis e que refletem o bem”.

O dano ambiental apresenta características diferentes do dano tradicional,

principalmente porque é considerado bem de uso comum do povo, incorpóreo,

imaterial, autônomo e insuscetível de apropriação exclusiva. Trata-se, aqui, de

direitos difusos, em que o indivíduo tem o direito de usufruir o bem ambiental e

também tem o dever de preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

Desta forma, o dano ambiental pode tanto afetar o interesse da coletividade

quanto seus efeitos podem ter reflexo na esfera individual, o que autoriza o indivíduo

a exigir a reparação do dano, seja ela patrimonial ou extrapatrimonial. Assim, o dano

ambiental tem duas facetas:

a) pode ser produzido ao bem público, neste caso, o titular é a coletividade; e

b) o dano ecológico, é ainda, o dano sofrido por particular enquanto titular do

direito fundamental.

Nesta perspectiva, o dano ao meio ambiente apresenta certas especificidades

em relação aos danos não ecológicos. Primeiro, porque as consequências

decorrentes da lesão ambiental são, via de regra, irreversíveis, podendo ter seus

efeitos expandidos para além da delimitação territorial de um Estado. Segundo,

porque a limitação de sua extensão e a quantificação do quantum reparatório é uma

tarefa complexa e difícil, justamente em função do caráter difuso, transfronteiriço e

irreversível dos danos ambientais.

Se a interferência do homem no meio ambiente pode gerar danos, é

necessário estabelecer instrumentos de reparação.

A Constituição Federal de 1988 no capítulo dedicado ao Meio Ambiente

estabelece como forma de reparação do dano ambiental três tipos de

responsabilidade, a saber: civil, penal e administrativa, todas independentes e

autônomas entre si. Ou seja, com uma única ação ou omissão pode-se cometer os

três tipos de ilícitos autônomos e também receber as sanções cominadas.

Em matéria ambiental a responsabilidade ambiental observa alguns critérios

que a diferenciam de outros ramos do Direito. Isto porque ela impõe a obrigação de

o sujeito reparar o dano que causou a outrem. É o resultado de uma conduta

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antijurídica, seja de uma ação, seja de uma omissão, que se origina um prejuízo a

ser ressarcido.

Estas peculiaridades da responsabilidade civil ambiental são importantes, pois

trazem segurança jurídica, pelo fato do poluidor assumir todo o risco que sua

atividade produzir. Além disso, associado à responsabilidade objetiva está o dever

do poluidor de reparar integralmente o bem ambiental lesado, seja por meio da

restauração, seja por meio da compensação ecológica.

Os danos ambientais são de difícil reparação, especialmente em razão de

suas características que dificilmente são encontradas nos danos não ecológicos.

Apresentam, portanto, as seguintes especificidades:

a) os danos ao meio ambiente são irreversíveis;

b) a poluição tem efeitos cumulativos;

c) os efeitos dos danos ecológicos podem manifestar-se além das

proximidades vizinhas;

d) são danos coletivos e difusos em sua manifestação e no estabelecimento

do nexo de causalidade; e) têm repercussão direta nos direitos coletivos e

indiretamente nos individuais.

A indenização pecuniária é uma forma de reparação secundária do bem

ambiental lesada, portanto, preterida à restauração do dano ambiental. Por outro

lado, tem como fator positivo a certeza da sanção civil, o que garante o caráter

coercitivo da responsabilidade civil ambiental.

Verifica-se, portanto, na prática, que nem a restauração e nem a

compensação ecológica é capaz de reconstituir os bem ambientais lesados. Neste

sentido, a indenização pecuniária é uma forma de compensação ecológica, embora

o sistema de reparação ambiental tenha como fim principal à recuperação do

patrimônio natural degradado.

A legislação ambiental brasileira determina no artigo 13 da lei 7347/85 que:

“Havendo condenação em dinheiro, à indenização pelo dano causado reverterá a

um fundo gerido por um Conselho Federal ou por conselhos Estaduais que

participarão necessariamente, o Ministério Público e representantes da comunidade,

sendo seus recursos destinados à reconstituição dos bens lesados.”

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Vamos resumir analisando o direito sob a ótica do direito material.

Concluímos que quanto aos danos difusos ambientais, têm-se três maneiras de

repará-los:

a) restauração natural;

b) compensação ecológica; e

c) indenização pecuniária (também considerado uma forma de

compensação).

A primazia do ordenamento jurídico pátrio é a restauração natural como forma

de reparação do dano ambiental. Somente quando verificada a impossibilidade

técnica de se restaurar o bem degradado é que medidas compensatórias poderão

ser aplicadas.

No caso de aplicação de medidas compensatórias para reparação do dano, é

importante salientar que existe primazia, também aqui, de determinadas formas de

compensação ecológica sobre outras.

Em sentido lato, há que se observar a seguinte ordem de prioridade na

aplicação da medida compensatória:

a) substituição por equivalente no local;

b) substituição por equivalente em outro local; e,

c) somente em último caso, indenização pecuniária.

A indenização pecuniária: trata-se da compensação do dano causado por

meio pecuniário, já que, na prática, a reparação do dano é praticamente impossível.

11.1 COMO DENUNCIAR CAUSAS DE AGRESSÃO AO

MEIO AMBIENTE

Todo cidadão tem o direito e o dever de denunciar uma agressão ao meio

ambiente. A primeira atitude a ser tomada é, uma vez sabendo quem é o agente

infrator, tentar uma conversa, a fim de conscientizá-lo do dano que está provocando

e a sugestão de medidas alternativas para agir, que não sejam prejudiciais ao meio

ambiente.

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Caso a tentativa de conscientização não dê certo, o jeito será preparar uma

denúncia e encaminhá-la ao órgão ambiental correto, pois, caso contrário, não

surtirá nenhum efeito.

Importante, também, não esquecermos que a imprensa é uma grande aliada

nesse processo: pois coloca em evidência os danos ambientais e gera uma

discussão social, podendo levar a questão à resolução de forma mais rápida e

consciente.

Feitas essas primeiras considerações, vamos indicar o "caminho das pedras"

para a realização de uma denúncia. Quem pode denunciar? Qualquer cidadão.

Entretanto, é bom ressaltar que se a denúncia partir de um grupo de pessoas ou

com o apoio de uma ONG, sua força será maior.

Deve ser feita por escrito ou por telefone? Em casos emergenciais, como, por

exemplo, um incêndio florestal, a denúncia pode ser feita por telefone ou

pessoalmente. Nos outros casos, o meio mais eficiente é a denúncia escrita,

relatando o dano com o máximo de detalhes (fatos, data, horário, endereço completo

do local e todos os dados disponíveis dos infratores) e com provas (fotos,

reportagens, documentos, mapa do local,...). Pode ser feita, também por abaixo

assinado, sendo que este deve conter não só a assinatura, mas o nome completo e

o RG dos signatários. Dica: na denúncia escrita, é sempre bom guardar uma prova

de que o documento foi entregue (protocolo no órgão responsável ou na empresa,

ou, se enviado por correio, carta com aviso de recebimento - AR).

Para quem mandar a denúncia? Em termos de dano ambiental, o órgão

federal principal pela fiscalização e controle ambiental é o IBAMA. Pode-se remeter

a denúncia para a sede, em Brasília, ou para a superintendência estadual. Já no

âmbito estadual, além da superintendência do IBAMA, pode-se buscar os órgãos

estaduais responsáveis, bem como as Procuradorias do Meio Ambiente, ou,

dependendo do caso, as Polícias Civil ou Militar (tendo em vista que a agressão

ambiental é crime). Em caso de dano contra o consumidor, o mais recomendável é

buscar os PROCONs estaduais e as Promotorias de Defesa do Consumidor.

11.2 ÓRGÃOS PÚBLICOS RECEBEM DENÚNCIAS DE

AGRESSÕES AMBIENTAIS

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IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis: é o principal órgão federal para a fiscalização e controle ambiental.

Recebe denúncias sobre caça e comércio ilegal de animais, poluição do ar, da água,

ou do solo.

Órgão Estadual do Meio Ambiente (secretaria, diretoria ou departamento): atende

casos de poluição sonora, do ar, caça e comércio ilegal de animais silvestres,

derrubada de árvores.

Procuradorias do Meio Ambiente e de Defesa do Consumidor: podem promover

inquéritos e ações judiciais a partir de denúncias de danos ao meio ambiente, ao

patrimônio público e ao consumidor, sem custo para o cidadão.

Polícia: a agressão ambiental é crime, quer dizer, tanto a Polícia Civil, quanto

a Polícia Florestal e de Mananciais (faz parte da Polícia Militar) podem realizar

autuações, aplicar multas, embargar obras e apreender materiais utilizados durante

uma infração ambiental.

Poder Legislativo (Senado Federal, Câmara dos Deputados, Assembleias

Legislativas e Câmara de Vereadores): em casos de infrações de maior

repercussão, sobretudo quando dependem de uma política pública, podem agir

promovendo debates públicos, solicitando requerimento de informações aos

responsáveis, entre outras medidas. Contatar a Comissão de Meio Ambiente e de

Defesa do Consumidor, quando houver, ou o parlamentar mais sensível à questão.

Conselhos de Meio Ambiente (Conselho Nacional de Meio Ambiente,

Conselho Estadual de Meio Ambiente ou Conselho Municipal de Meio Ambiente):

reúne representantes do setor público e da sociedade civil, podendo exigir, para

infrações de maior repercussão, ações efetivas por parte dos órgãos de meio

ambiente.

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CNEN - Comissão Nacional de Energia Nuclear: é responsável por todas as

atividades nucleares no país, inclusive o controle e fiscalização de denúncias sobre

lixo nuclear e outros tipos de contaminação radioativa.

Prefeitura Municipal: age em casos de poluição sonora, lixo, construções

clandestinas em áreas de preservação ambiental, praças ou jardins mal

conservados, extração irregular de argila e areia, e demais problemas no âmbito

municipal.

12. IMPACTO AMBIENTAL

De acordo com a Resolução do CONAMA n.º 001 de 23/01/86, Impacto

Ambiental é qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do

meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das

atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetem:

a) a saúde, a segurança e o bem-estar da população;

b) as atividades sociais e econômicas;

c) a biota;

d) as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;

e) a qualidade dos recursos ambientais.

O impacto é positivo quando a ação resulta na melhoria da qualidade de um

fator ou parâmetro ambiental.

O impacto é negativo quando a ação resulta em danos à qualidade de um

fator ou parâmetro ambiental.

A resistência de um ecossistema pode ser entendida como a sua capacidade

de resistir e amortecer impactos negativos sobre a sua estrutura.

A resiliência pode ser entendida como sendo a velocidade de recuperação da

estrutura geral de um ecossistema após um distúrbio, ou seja, é a capacidade

intrínseca de um sistema em manter sua integridade no decorrer do tempo,

sobretudo em relação a pressões externas.

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Para entender melhor a resiliência analisemos as seguintes situações:

a) Um ecossistema torna-se degradado quando perde sua capacidade de

recuperação natural após distúrbios, ou seja, perde sua resiliência. Dependendo da

intensidade do distúrbio, fatores essenciais para a manutenção da resiliência como,

banco de sementes no solo, capacidade de rebrota das espécies, chuva de

sementes, dentre outros, podem ser perdidos, dificultando o processo de

regeneração natural ou tornando-o extremamente lento.

b) As áreas desflorestadas diminuem sua capacidade de retenção de água,

aumentando o escoamento superficial, exportando assim grande carga de sólidos

para os cursos de água. Esta destruição ambiental diminui a resistência e a

resiliência dos ecossistemas tendo como consequência o aumento das enchentes

em períodos de intensas chuvas e tornando ainda mais dramáticos os efeitos das

secas prolongadas.

O Relatório de Impacto sobre o Meio Ambiente (RIMA) contém o balanço dos

pontos negativos e positivos do impacto ambiental causado por determinada obra,

numa região. O Relatório de Impacto sobre o Meio Ambiente, é baseado na

Constituição Federal e foi regulamentado por lei em janeiro de 1986 e pela resolução

nº 1/86 do Conselho Nacional de Meio Ambiente. Inclui o RIMA as medidas, que são

sugeridas pelos técnicos para a prevenção e/ou redução dos efeitos negativos da

obra e para o incremento dos efeitos positivos.

Exemplos dos principais impactos ambientais negativos enfrentados por

municípios brasileiros:

a) lançamento de esgoto residencial e efluentes industriais, ocasionando

poluição nos corpos de água superficiais e subterrâneos;

b) disposição inadequada dos resíduos sólidos e da saúde;

c) áreas urbanas com crescimento desordenado, mesmo em municípios

aonde há Plano diretor;

d) erosão e assoreamento devido ao desmatamento de matas ciliares,

atividades mineradoras, algumas delas clandestinas e manejo inadequado das áreas

agrícolas;

e) ocupação por residências ilegais em áreas no entorno de antigas

voçorocas;

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f) alteração dos perfis longitudinais e transversais dos córregos, ocorrendo

degradação da paisagem devido principalmente à extração mineraria e seus

acúmulos desordenados de seus rejeitos, não obedecendo ao que já está previsto

por lei. Não há nenhum manejo adequado com medidas mitigadoras para diminuir os

impactos dessa atividade.

g) principalmente nas áreas urbanas a intensa impermeabilização do solo

pela utilização de asfalto para a pavimentação das ruas e aumento do número de

construções, sem o devido acompanhamento da ampliação da rede de esgoto,

juntamente com mau tratamento das redes mais antigas e do acúmulo de lixo, pela

própria população, nas ruas da cidade, vem acarretando aumento do escoamento

superficial e das inundações, tornando as cidades verdadeiras piscinas nas épocas

da chuva;

h) predominância de monoculturas, como a da cana-de-açúcar com seus

efeitos negativos, por exemplo, as queimadas; retirada de matas ciliares substituídas

pelas culturas, à vinhaça e outros. Todavia, neste caso, mais do que nunca,

observa-se que o poder econômico aliado ao político, tentam demonstrar que os

benefícios desta atividade agrícola excede em muito os seus impactos negativos (!!).

“E se não fosse à cana?”, e,

i) utilização sem orientação adequada dos agrotóxicos, ainda recomendados

em doses excessivas àquelas realmente adequadas, aqui outra vez entre o poder

econômico interferindo na melhoria da qualidade de vida e a ambiental;

13. A SÉRIE ISO 14000 – Sistema de

Gestão Ambiental (SGA)

A série ISO 14000 foi escrita pelo Comitê Técnico 207 (TC 207), criado pela

Organização Internacional de Normalização – ISO. Onde define os elementos de um

SGA (Sistema de Gestão Ambiental), a auditoria de um SGA, a avaliação do

desempenho ambiental, a rotulagem ambiental e a análise de ciclo de vida.

Para a obtenção e manutenção do certificado ISO 14001 a organização tem

que se submeter à auditoria periódica, realizada por uma empresa certificadora,

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credenciada e reconhecida tanto pelo INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia,

Normalização e Qualidade industrial), no caso do Brasil, quanto por outros

organismos internacionais. Nesta auditoria são verificados os cumprimentos de

requisitos como:

a) cumprimento da legislação ambiental;

b) diagnóstico atualizado dos aspectos e impactos ambientais de suas

atividades;

c) procedimentos padrão e planos de ação para eliminar ou diminuir os

impactos ambientais;

d) pessoal devidamente treinado e qualificado;

e) entre outros.

A norma tem como foco a melhoria contínua, onde a implantação do SGA ISO

14001 segue a metodologia PDCA (Plan, Do, Check, Act), que em português

podemos traduzir por Planejar, Implementar, Verificar e Analisar criticamente. É

observado que o Sistema de Gestão Ambiental ISO 14001 apoia-se num ciclo de

melhoria contínua, que contém as cinco partes: Política Ambiental, Planejamento,

Implementação e operação, Verificação e ação corretiva e Análise crítica pela

administração.

Política Ambiental

Uma política ambiental estabelece um senso geral de orientação e fixa os

parâmetros de ação para uma organização. Determina o objetivo fundamental bem

como o nível de desempenho ambiental exigido pela organização, contra o qual

todas as ações subsequentes serão julgadas.

Tendo como base a avaliação ambiental inicial ou mesmo uma revisão que

permita saber onde e em que estado a organização se encontra em relação às

questões ambientais, chegou à hora da empresa definir claramente aonde ela quer

chegar. Nesse sentido, a organização discute, define e fixa o seu comprometimento

e a respectiva política ambiental.

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13.1 Planejamento

A organização deve estabelecer e manter um procedimento para identificar os

aspectos ambientais de suas atividades, produtos ou serviços que possam por ela

ser controlados e sobre os quais se presume que ela tenha influência, a fim de

determinar aqueles que tenham ou possam ter impactos significativos sobre o meio

ambiente. A organização deve assegurar que os aspectos relacionados a estes

impactos significativos sejam considerados na definição de seus objetivos

ambientais. A organização deve manter estas informações atualizadas.

Por exemplo, alguns aspectos típicos: uso de matéria-prima, uso de energia,

emissões atmosféricas, lançamento em corpos d’água, alterações no solo, resíduos

sólidos, resíduo perigoso, ruído e odor.

13.2 Implementação e operação

A implantação bem-sucedida de um SGA exige comprometimento de todos os

empregados da organização. As responsabilidades ambientais, portanto, não devem

se restringir à função ambiental, devendo também incluir outras áreas, tais como a

gerência operacional e outras funções que não sejam especificamente ambientais.

O comprometimento deverá começar nos níveis gerenciais mais elevados da

organização, que deverão estabelecer a política ambiental da empresa e garantir a

implantação do SGA. Como parte deste comprometimento, a alta administração

deverá designar seus representantes específicos, com responsabilidade definida e

autoridade para implantação do SGA. No caso de organizações grandes e

complexas, poderá existir mais de um representante designado. Deverá também

garantir o suprimento de recursos apropriados à implantação e manutenção do SGA.

É também importante que as principais responsabilidades do SGA sejam

comunicadas ao pessoal relevante. Em empresas pequenas e médias, estas

responsabilidades podem ser assumidas por apenas um indivíduo.

A organização deve identificar as necessidades de treinamento. Ela deve

determinar que todo o pessoal, cujas tarefas possam criar um impacto significativo

sobre o meio ambiente, receba treinamento apropriado.

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Também deve estabelecer e manter procedimentos que façam com que seus

funcionários ou membros, em cada nível e cargo pertinente, estejam conscientes

sobre:

a) a importância da conformidade com a política ambiental, procedimentos e

requisitos dos sistemas de gestão ambiental;

b) os impactos ambientais significativos, reais ou potenciais, de suas

atividades e dos benefícios ao meio ambiente resultantes da melhoria de seu

desempenho pessoal;

c) suas funções e responsabilidades em atingir a conformidade com a política

ambiental;

d) procedimentos e requisitos do sistema de gestão ambiental, inclusive os

requisitos de preparação e atendimento a emergências e as consequências

potenciais da inobservância de procedimentos operacionais especificados.

13.3 Verificação e ação corretiva

Qualquer ação corretiva ou preventiva adotada para eliminar as causas das

não conformidades, reais ou potenciais, deve ser adequada à magnitude dos

problemas e proporcional ao impacto ambiental verificado.

A organização deve implementar e registrar quaisquer mudanças nos

procedimentos documentados, resultantes de ações corretivas e preventivas. Esse

elemento da norma é crítico para o contínuo desenvolvimento de seu desempenho

ambiental. A intenção é analisar por que deu errado e fazer alterações para que

haja menos probabilidade de dar errado novamente.

Conclusão

O processo de um Sistema de Gestão Ambiental exerce uma enorme

influência nas empresas para a melhoria contínua. É possível observar que esse

sistema é parte do sistema administrativo geral de uma empresa, incluindo a

estrutura organizacional, atividades de planejamento, responsabilidades,

treinamentos, procedimentos, processos e recursos para a implementação e

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manutenção da gestão ambiental. Onde também inclui aqueles aspectos de

administração que planejam, desenvolvem, implementam, atinge, revisam, mantêm

e melhoram a política ambiental, os objetivos e metas da empresa.

Os benefícios trazidos pela melhoria contínua do Sistema de Gestão

Ambiental são:

a) o melhor gerenciamento das questões ambientais para mostrar o

comprometimento com a proteção ambiental;

b) facilidade a obtenção de empréstimos internacional. Pode estar

condicionado a implementação do SGA;

c) redução no valor do prêmio do seguro;

d) possibilitar transações comerciais com alguns clientes, especialmente na

Europa e com o governo americano;

e) atenuação perante tribunais em caso de demanda judicial, com

demonstração de evidência ao comprometimento e esforços realizados;

f) facilitar a realização de acordos multilaterais entre países, onde apareça a

necessidade de mostrar o comprometimento do governo com a proteção ambiental;

g) aumento da vantagem competitiva;

h) melhorar a adequação a legislação ambiental da organização;

i) facilita a prevenção da poluição e conservação dos recursos;

j) conquista de novos clientes e ou mercados;

k) reduz os custos operacionais;

l) permite o envolvimento e conscientização dos empregados, com o aumento

da moral da equipe; e m) ganho de aumento da confiança dos clientes.

Em relação a estes benefícios, deve ser lembrado que não ocorrem de

imediato, há necessidade de que sejam corretamente planejados e organizados

todos os passos para a interiorização da variável ambiental na organização para que

ela possa atingir, no menor prazo possível, o conceito de excelência ambiental, que

lhe trará importante vantagem competitiva.

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