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OPRC LEVEL 1 FIRST RESPONDER

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OPRC LEVEL 1 – FIRST RESPONDER

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OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER

ÍNDICE

INTRODUÇÃO.....................................................................................01

MÓDULO 1 .......................................................................................19

LIÇÃO 1 – PROPRIEDADES, COMPORTAMENTO E DESTINO DE UM DERRAMAMENTO DE ÓLEO............................................................................................. ..19

LIÇÃO 2 – SAÚDE E SEGURANÇA ................................................................29

LIÇÃO 3 – SENSIBILIDADE E IMPACTOS AMBIENTAIS..........................................43

LIÇÃO 4 – PLANO DE ESTRUTURA DA RESPOSTA À EMERGÊNCIA...........................61

MÓDULO 2 .......................................................................................71

LIÇÃO 1 – BARREIRAS DE CONTENÇÃO........... .............................................71

LIÇÃO 2 – FALHAS DE BARREIRAS DE CONTENÇÃO ..........................................81

LIÇÃO 3 – ESCOLHA DA BARREIRA .............................................................89

LIÇÃO 4 – UTILIZAÇÃO, RECOLHIMENTO E CONFIGURAÇÃO DAS BARREIRAS DE CONTENÇÃO........... ...........................................................................95

LIÇÃO 5 – SKIMMERS ...........................................................................107

LIÇÃO 6 – LANÇAMENTO E OPERAÇÃO DOS SKIMMERS.....................................117

LIÇÃO 7 – ARMAZENAMENTO E TRANSPORTE DE ÓLEO RECOLHIDO .....................125

LIÇÃO 8 – GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS............................. .....................131

MÓDULO 3 ......................................................................................139

LIÇÃO 1 – DISPERSANTES QUÍMICOS ..........................................................139

LIÇÃO 2 – MATERIAIS ABSORVENTES .........................................................159

MÓDULO 4 ......................................................................................165

LIÇÃO 1 – LIMPEZA DA COSTA .................................................................165

LIÇÃO 2 – LIMPEZA, MANUTENÇÃO E ARMAZENAGEM DE EQUIPAMENTOS ..............179

LIÇÃO 3 – AMOSTRAGEM DE ÓLEO E DOCUMENTAÇÃO ....................................189

LIÇÃO 4 – FAUNA AMEAÇADA........... ......................................................199

APÊNDICE I – NECESSIDADES DE EQUIPAMENTOS: OPERAÇÃO DE CONTROLE E LIMPEZA DE DERRAMAMENTO NA COSTA .................................................203

APÊNDICE II – RESUMO DOS MÉTODOS DE LIMPEZA DA COSTA........................205

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INTRODUÇÃO

O objetivo dessa seção é fornecer uma visão geral das principais causas de derrame de óleo

no ambiente marinho e sua importância.

Quando ocorrem grandes derrames de óleo, devem ser acionados equipamentos e pessoal

especializado além de experiência externa necessária.

É necessário ter um mecanismo para solicitar assistência externa e para fornecer o suporte

logístico para a ajuda oferecida. A estrutura para essa cooperação internacional é oferecida

pela Convenção OPRC e por outros acordos regionais.

ÓLEO NO AMBIENTE MARINHO

Numa escala global, aproximadamente metade da descarga de óleo no ambiente marinho vêm

de fontes do continente: efluentes industriais e esgoto urbano (vão seguindo o fluxo dos rios

até encontrar o mar).

Infiltrações naturais de óleo e precipitações atmosféricas contribuem com um quarto (1/4)

de descargas de óleo. Outra parte é devido a atividades marítimas, incluindo operações de

navio-tanque e também liberação de efluente oleoso e óleo combustível de navegação em

geral.

Embora derrames de óleo de navio-tanque possam causar sérios problemas localizados,

representam uma porção relativamente pequena (menos de 5%) do total de derrames de óleo

nos oceanos.

Há evidências de que a descarga de óleo, de transporte de óleo e navegação estão diminuindo

em consequência da aplicação de regulamentos internacionais (MARPOL) e outros. Atividades

de produção offshore, no mar, podem ser uma importante fonte de descarga de óleo em

algumas regiões, embora não sejam significantes globalmente.

Risco de Derramamento

Derrames pequenos: por exemplo, de óleo de transporte. São causados por acidentes

pequenos, tais como falhas de válvula e mangueira, que podem ser interrompidas e

controladas rapidamente.

Derrames maiores: chegando a milhares de toneladas (ou dezenas de milhares de barris), são

muito difíceis de acontecer e estão relacionados principalmente com colisões e encalhes não

controlados que causam danos nos tanques de carga e combustível.

A base da filosofia de resposta em níveis (que será abordado na apresentação de

planejamento de contingência) é esta probabilidade de a maior parte dos derramamentos ser

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de pequeno porte e perto de terminais marítimos ou dentro de portos, e derramamentos

médios e grandes serem cada vez menos frequentes.

Causas de Derramamentos Marítimos

A International Tanker Owners Pollution Federation Ltd. (ITOPF) mantém, desde 1974, um

banco de dados sobre derramamentos de óleo de navios-tanque, transportes combinados e

barcaças.

Por motivos históricos a ocorrência de derramamentos é classificada por tamanho:

• Mais de 07 toneladas;

• Entre 07 e 700 toneladas;

• Mais de 700 toneladas.

A maioria dos incidentes (85%) está dentro da faixa de menos de 07 toneladas. A média de

grandes derramamentos por ano na década de 1990 foi de, aproximadamente, um terço dos

que ocorreram nos anos 1970.

Incidência de derramamentos por causa: 1974-2002

OPERAÇÕES < 7 toneladas 7-700 toneladas > 700 toneladas Total

Carga/descarga 2772 301 17 3090

Armazenamento 542 25 0 567

Outras operações 1167 47 0 1214

ACIDENTES

Colisões 164 260 87 511

Encalhes 222 203 107 532

Falhas de casco 563 77 44 684

Fogo & explosões 150 16 19 185

OUTROS / Desconhecido

2221 165 38 2424

TOTAL 7801 1094 312 9207

Fonte: ITOPF

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Principais Metas e Objetivos da Convenção de OPRC (Convenção de Prontidão, Resposta e

Cooperação de Poluição por Óleo)

Principais objetivos:

• Estimular os países a desenvolver e manter uma capacidade de lidar com emergências

comuns de poluição por óleo;

• Facilitar a cooperação internacional e a assistência recíproca no caso de um grande

incidente.

Uma autoridade nacional é designada para desenvolver uma organização de resposta. Assim,

assegurar que navios, unidades offshore e instalações que lidam com óleo façam relatório de

derramamentos e tenham seus próprios planos de resposta contra poluição, incluindo um nível

mínimo de equipamento pré-posicionado de resposta a derramamento de óleo e um programa

de treinamento e exercício do pessoal relevante.

No nível internacional, os Estados (as partes) que assinaram a Convenção são obrigados a dar

suporte técnico e equipamento de resposta a incidente se for solicitado por outra parte, de

acordo com suas capacidades.

Relacionamento entre Sistemas Nacionais de Resposta e Providências Internacionais de

Prontidão e Resposta a Derramamento de Óleo

Existem dois tipos de planejamento na estrutura internacional: 1) conceito do setor de

resposta em tier e 2) providências governamentais nos níveis local, nacional e regional.

1) Resposta em Tier

• Tier 1: prontidão e resposta a derramamentos pequenos dentro de uma instalação

individual, como por exemplo um terminal de óleo. O limite superior para o tamanho

de derramamento e os recursos necessários normalmente são determinados com base

nos riscos e do ambiente em volta. No entanto, o tier 1 atendem derrames

operacionais que tipicamente são menores que 10 toneladas.

• Tier 2: trata derramamentos maiores e exige a contribuição de recursos humanos e

equipamento de mais de uma fonte, como várias instalações dentro de um porto ou

de fora da área imediata. Uma ampla faixa de tamanhos e cenários de

derramamentos pode ser coberta por planos de tier 2.

• Tier 3: são planos para grandes derramamentos que requerem todos os recursos

nacionais disponíveis e, possivelmente, meios regionais ou globais.

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2) Providências governamentais

• Grupo 1: abrange o sistema de resposta nacional, que inclui a reunião de planos sub-

regionais para áreas geográficas específicas e planos locais cobrindo portos, terminais

e unidades offshore.

• Grupo 2: quaisquer planos ou acordos bilaterais ou multilaterais com outros recursos

para um grande derramamento, que seria um caso raro.

• Grupo 3: é a rede de planos ou acordos inter-regionais coordenados regional ou

globalmente pela IMO.

Planos e Acordos Regionais

A maior parte das regiões do mundo desenvolveu ou está desenvolvendo acordos regionais

multilaterais sobre cooperação no combate a emergências de poluição marinha.

Em geral, os acordos exigem: relatório de poluição, estabelecimento de um sistema nacional

de resposta, incluindo equipamento e pessoal dedicado, assistência e cooperação mútua.

Esses acordos precisam de suporte técnico e administrativo.

Em alguns casos isso é feito por secretariados, em outros casos foram estabelecidos centros

regionais para prover funções. Como por exemplo: coletar e disseminar informações, manter

estoques de recursos de resposta a emergências e auxiliar com o desenvolvimento de planos

de contingência e treinamento dentro da região.

Providências do Setor de Petróleo

O setor de petróleo criou capacidades de resposta regional e global por meio do

estabelecimento de estoques (Tier 3) para aumentar os recursos nacionais.

As principais organizações de Tier 3 são: Oil Spil Response (OSR) no Reino Unido, East Asia

Response Ltd. (EARL) em Cingapura, Clean Caribbean & Americas (CCA) nos Estados Unidos,

Offshore Oil Spill Unit na França e Australian Marine Oil Spil Centre (AMOSC). A Associação

de Petróleo do Japão também estabeleceu estoques na Arábia Saudíta, Abu Dhabi, Malásia,

Cingapura e Indonésia.

Estes estoques estão, em princípio, disponíveis para quem precise. Somente a OSRL possui

uma capacidade global, os outros são designados para operar dentro de uma região geográfica

específica.

Centros de Tier 3 gastam muito dinheiro para se estabelecer e manter. São operados numa

visão de não visar ao lucro. O acesso aos recursos de estoques do setor é, por isso, dado

preferencialmente às companhias de óleo e energia. Acionistas financiam a compra dos

equipamentos e os custos operacionais e gerais da organização.

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Estes sócios contribuintes têm um contrato de serviço por escrito que lhes garante acesso a

certo nível de equipamento e perícia numa emergência, a uma tarifa preferencial.

Governos e armadores podem geralmente obter acesso aos recursos de estoques do setor.

Entretanto, a resposta não é garantida, então eles precisam assinar um Acordo de Terceiros e

antes de toda resposta ser mobilizada. Estes acordos contêm disposições de indenização e

exigem que usuários façam pagamentos antecipados ou estabeleçam providências para o

rápido reembolso do Centro durante o período em que está prestando seus serviços.

Terceiros também são cobrados por uma tarifa maior do que os sócios porque eles não

contribuíram para o estabelecimento ou custos operacionais do Centro. Essas tarifas mais

altas são incorporadas em tarifas maiores de aluguel diário cobrado de não-sócios.

É de responsabilidade do usuário que solicita a assistência:

• O transporte de equipamento para o local de derrames de óleo. Os Centros também

irão promover ajuda normalmente usando aeronaves subcontratadas.

• Assegurar que o suporte logístico necessário esteja disponível no local, incluindo

equipamento adequado de descarga para a aeronave, transporte até a cena do

derramamento de óleo, entre outros.

É de responsabilidade das agências governamentais apropriadas:

• Estabelecer procedimentos com as autoridades alfandegárias e de imigração a fim de

garantir o movimento desimpedido de equipamento e pessoal para o país e, no final

das operações de resposta, para fora do país.

Uma vez no local, a equipe especializada dos Centros trabalha sob a direção geral da

organização que solicitou os seus serviços e oferecerá conselhos táticos conforme necessário.

No entanto, não é da responsabilidade dos Centros o gerenciamento da resposta geral a um

incidente ou fornecer as funções de comando e controle. Eles irão trabalhar dentro da

estrutura dos procedimentos de comando de incidente do país no qual o incidente ocorrer.

LEGISLAÇÃO BRASILEIRA APLICÁVEL

Existem diversas leis, resoluções e decretos brasileiros relacionados à poluição do mar por

óleo e à proteção do meio ambiente. O conhecimento sobre essas normas brasileiras é muito

importante para a uma resposta eficiente e de acordo com os procedimentos e exigências

determinadas pela autoridade ambiental.

A seguir são apresentadas, em ordem cronológica, um resumo das principais leis, decretos e

resoluções vigentes no Brasil.

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A redação original das legislações, de onde foram extraídas as passagens presentadas neste

documento, pode ser consultada DOU – Diário Oficial da União, onde são oficialmente

publicadas.

Decreto Federal n° 79.437, de 28/03/1977

Promulga a Convenção Internacional sobre a Responsabilidade Civil em Danos Causados por

Poluição por Óleo – CLC 69.

Decreto Federal n° 83.540, de 04/06/1979

Regulamenta a aplicação da Convenção Internacional sobre a Responsabilidade Civil em Danos

Causados por Poluição por Óleo – CLC 69.

As principais exigências estabelecidas por este Decreto são:

Art. 2o - O proprietário de um navio, que transporte óleo a granel como carga, é civilmente

responsável pelos danos causados por óleo no Território Nacional, incluído o mar territorial,

salvo nas hipóteses previstas no §2o, do Artigo III, da Convenção ora regulamentada.

Art. 3o - Em garantia da responsabilidade a que se refere o artigo anterior, todo navio

registrado em Estado contratante, e que transporte mais de 2.000 (duas mil) toneladas de

óleo a granel como carga, deverá ter, a bordo, Certificado de Garantia previsto no §2o, do

Artigo VII, da Convenção ora regulamentada, para que possa trafegar ou permanecer em

águas territoriais, portos ou terminais brasileiros.

Parágrafo único - Todo navio registrado em um. Estado não contratante está obrigado à

apresentação de uma garantia financeira que represente, no mínimo, o total previsto no §1o,

do artigo V, da Convenção Internacional.

Art. 4o - A Diretoria de Portos e Costas (DPC), do Ministério da Marinha, exigirá a

apresentação do Certificado ou da garantia financeira equivalente, referidos no Artigo 3o,

bem como emitirá o Certificado para os navios de Bandeira Brasileira.

Art. 5o - A Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA1) estabelecerá as normas e os padrões

de controle da poluição por óleo, com o objetivo de prevenir ou reduzir seus efeitos.

Art. 6o - Os órgãos estaduais de controle do meio ambiente, que tenham jurisdição na área

onde ocorrer o incidente, executarão em articulação com a SEMA, as medidas preventivas e

corretivas necessárias à redução dos danos causados por poluição por óleo, bem como

1 A SEMA foi extinta pela Lei nº 7.735/89 (art. 1º); As funções antes de competência da SEMA, hoje são

exercidas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis- IBAMA,

conforme disposto no artigo 2º da Lei nº 7.735/89, que foi modificado pela Lei nº 8.028/90.

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supervisionarão as medidas adotadas pelo proprietário do navio concernentes a essa redução

dos danos.

Parágrafo único - A autoridade, designada pelo órgão estadual de controle do meio ambiente

da área atingida, poderá intervir, substituindo o proprietário do navio na execução das

medidas que, a este, competem para redução dos danos causados por poluição por óleo,

sempre que, a critério do referido órgão estadual, essas medidas não sejam corretamente

adotadas.

Art. 8o - A ação preventiva ou corretiva iniciar-se-á imediatamente após o conhecimento do

incidente.

§1° - Qualquer incidente deverá ser comunicado imediatamente a Capitania dos Portos da

área, ou órgão a ela subordinado, por quem tomar conhecimento de fato que possa resultar

ou tenha resultado em poluição por óleo.

§2° - A Capitania dos Portos, recebida a comunicação de que trata o parágrafo anterior,

deverá participar o incidente, com urgência, a SEMA e aos órgãos estaduais de controle do

meio-ambiente da área atingida.

Lei Federal n° 6.938, de 31/08/1981

Esta lei dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de

formulação e aplicação, constitui o Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA e institui o

Cadastro de Defesa Ambiental.

De acordo com o Art. 2º desta Lei Federal, a Política Nacional do Meio Ambiente tem como

finalidade a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida,

visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da

segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana.

Para isso, são estabelecidos os Princípios, Objetivos e Instrumentos da Política Nacional de

Meio Ambiente.

Os principais aspectos em relação a um incidente e a resposta de derramamento de óleo para

o mar definidos nesta Lei Federal, são descritos a seguir:

Art. 4o - A Política Nacional do Meio Ambiente visará:

VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os

danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins

econômicos.

Art. 9o - São instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente:

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III - a avaliação de impactos ambientais;

IV - o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras;

VIII - o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental;

IX - as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das medidas

necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental.

XII - o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras

dos recursos ambientais;

Art. 14 - Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal, estadual e

municipal, o não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção dos

inconvenientes e danos causados pela degradação da qualidade ambiental sujeitará os

transgressores:

I - à multa simples ou diária, nos valores correspondentes, no mínimo, a 10 (dez) e, no

máximo, a 1.000 (mil) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional - ORTNs, agravada em

casos de reincidência específica, conforme dispuser o regulamento, vedada a sua cobrança

pela União se já tiver sido aplicada pelo Estado, Distrito Federal, Territórios ou pelos

Municípios.

II - à perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais concedidos pelo Poder Público;

III - à perda ou suspensão de participação em linhas de financiamento em estabelecimentos

oficiais de crédito;

IV - à suspensão de sua atividade.

§ 1º - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado,

independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio

ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos

Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos

causados ao meio ambiente.

Decreto n° 87.186, de 18/05/1982

Promulga a Convenção Internacional para Salvaguarda da Vida Humana no Mar – SOLAS, 1974.

Decreto no 87.566, de 16/09/1982

Promulga o texto da Convenção sobre Prevenção da Poluição Marinha por Alijamento de

Resíduos e Outras Matérias, concluída em Londres, em 29 de dezembro de 1972.

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Lei no 7.347, de 24/07/1985

Disciplina a Ação Civil Pública de Responsabilidade por Danos Causados ao Meio Ambiente, ao

Consumidor, a Bens e Direitos de Valor Artístico, Estético, Histórico e Turístico e Paisagístico.

Lei no 9.605, de 12/02/1990

Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao

meio ambiente, e dá outras providências.

Esta lei, conhecida como “Lei de Crimes Ambientais”, prevê:

Art. 2º Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos nesta Lei,

incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o

administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou

mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de

impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la.

Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente

conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu

representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da

sua entidade.

Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas,

autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato.

Art. 6º Para imposição e gradação da penalidade, a autoridade competente observará:

I - a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas consequências para a

saúde pública e para o meio ambiente;

II - os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de interesse ambiental;

III - a situação econômica do infrator, no caso de multa.

Art. 11 A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem obedecendo às

prescrições legais.

Art. 14 São circunstâncias que atenuam a pena:

I - baixo grau de instrução ou escolaridade do agente;

II - arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea reparação do dano, ou

limitação significativa da degradação ambiental causada;

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III - comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de degradação ambiental;

Art. 15 São circunstâncias que agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o

crime:

I - reincidência nos crimes de natureza ambiental;

II - ter o agente cometido a infração:

a) para obter vantagem pecuniária;

b) coagindo outrem para a execução material da infração;

c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde pública ou o meio ambiente;

d) concorrendo para danos à propriedade alheia;

e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato do Poder Público, a regime especial de uso;

f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos;

g) em período de defeso à fauna;

h) em domingos ou feriados;

i) à noite;

q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios oficiais das autoridades competentes;

r) facilitada por funcionário público no exercício de suas funções.

Art. 54 Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar

em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição

significativa da flora:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

§ 1º Se o crime é culposo:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

§ 2º Se o crime:

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I - tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para a ocupação humana;

II - causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda que momentânea, dos

habitantes das áreas afetadas, ou que cause danos diretos à saúde da população;

III - causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do abastecimento público de

água de uma comunidade;

IV - dificultar ou impedir o uso público das praias;

V - ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos ou

substâncias oleosas, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos:

Pena - reclusão, de um a cinco anos.

§ 3º Incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo anterior quem deixar de adotar, quando

assim o exigir a autoridade competente, medidas de precaução em caso de risco de dano

ambiental grave ou irreversível.

Art. 58 Nos crimes dolosos previstos nesta Seção, as penas serão aumentadas:

I - de um sexto a um terço, se resulta dano irreversível à flora ou ao meio ambiente em geral;

II - de um terço até a metade, se resulta lesão corporal de natureza grave em outrem;

III - até o dobro, se resultar a morte de outrem.

Art. 69 Obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do Poder Público no trato de questões

ambientais:

Pena - detenção, de um a três anos, e multa.

Art. 75 O valor da multa de que trata este Capítulo será fixado no regulamento desta Lei e

corrigido periodicamente, com base nos índices estabelecidos na legislação pertinente, sendo

o mínimo de R$ 50,00 (cinquenta reais) e o máximo de R$ 50.000.000,00 (cinquenta milhões

de reais).

Decreto no 2.508, de 04/03/98

Promulga a Convenção Internacional para a Prevenção da Poluição Causada por Navios,

concluída em Londres, em 02 de novembro de 1973, seu Protocolo, concluído em Londres, em

17 de fevereiro de 1978, suas Emendas de 1984, e seus Anexos Opcionais III, IV e V.

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Decreto no 2.870, de 10/12/1998

Promulga a convenção Internacional sobre Preparo, Resposta e Cooperação em Caso de

Poluição por Óleo, assinada em Londres, em 30/11/90.

Lei no 9.966, de 28/04/2000

Dispõe sobre a prevenção, o controle e a fiscalização da poluição causada por lançamento de

óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição nacional e dá outras

providências.

Os principais aspectos contemplados nesta lei são:

Art. 1o Esta Lei estabelece os princípios básicos a serem obedecidos na movimentação de óleo

e outras substâncias nocivas ou perigosas em portos organizados, instalações portuárias,

plataformas e navios em águas sob jurisdição nacional.

Parágrafo único. Esta Lei aplicar-se-á:

I - quando ausentes os pressupostos para aplicação da Convenção Internacional para a

Prevenção da Poluição Causada por Navios (Marpol 73/78);

II - às embarcações nacionais, portos organizados, instalações portuárias, dutos, plataformas

e suas instalações de apoio, em caráter complementar à Marpol 73/78;

III - às embarcações, plataformas e instalações de apoio estrangeiras, cuja bandeira arvorada

seja ou não de país contratante da Marpol 73/78, quando em águas sob jurisdição nacional;

IV - às instalações portuárias especializadas em outras cargas que não óleo e substâncias

nocivas ou perigosas, e aos estaleiros, marinas, clubes náuticos e outros locais e instalações

similares.

Art. 5o Todo porto organizado, instalação portuária e plataforma, bem como suas instalações

de apoio, disporá obrigatoriamente de instalações ou meios adequados para o recebimento e

tratamento dos diversos tipos de resíduos e para o combate da poluição, observadas as

normas e critérios estabelecidos pelo órgão ambiental competente.

Art. 6o As entidades exploradoras de portos organizados e instalações portuárias e os

proprietários ou operadores de plataformas deverão elaborar manual de procedimento

interno para o gerenciamento dos riscos de poluição, bem como para a gestão dos diversos

resíduos gerados ou provenientes das atividades de movimentação e armazenamento de óleo

e substâncias nocivas ou perigosas, o qual deverá ser aprovado pelo órgão ambiental

competente, em conformidade com a legislação, normas e diretrizes técnicas vigentes.

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Art. 7o Os portos organizados, instalações portuárias e plataformas, bem como suas

instalações de apoio, deverão dispor de planos de emergência individuais para o combate à

poluição por óleo e substâncias nocivas ou perigosas, os quais serão submetidos à aprovação

do órgão ambiental competente.

§ 1o No caso de áreas onde se concentrem portos organizados, instalações portuárias ou

plataformas, os planos de emergência individuais serão consolidados na forma de um único

plano de emergência para toda a área sujeita ao risco de poluição, o qual deverá estabelecer

os mecanismos de ação conjunta a serem implementados, observado o disposto nesta Lei e

nas demais normas e diretrizes vigentes.

§ 2o A responsabilidade pela consolidação dos planos de emergência individuais em um único

plano de emergência para a área envolvida cabe às entidades exploradoras de portos

organizados e instalações portuárias, e aos proprietários ou operadores de plataformas, sob a

coordenação do órgão ambiental competente.

Art. 8o Os planos de emergência mencionados no artigo anterior serão consolidados pelo

órgão ambiental competente, na forma de planos de contingência locais ou regionais, em

articulação com os órgãos de defesa civil.

Parágrafo único. O órgão federal de meio ambiente, em consonância com o disposto na

OPRC/90, consolidará os planos de contingência locais e regionais na forma do Plano Nacional

de Contingência, em articulação com os órgãos de defesa civil.

Art. 13 Os navios enquadrados na CLC/69 deverão possuir o certificado ou garantia financeira

equivalente, conforme especificado por essa convenção, para que possam trafegar ou

permanecer em águas sob jurisdição nacional.

Art. 17 É proibida a descarga de óleo, misturas oleosas e lixo em águas sob jurisdição

nacional, exceto nas situações permitidas pela Marpol 73/78, e não estando o navio,

plataforma ou similar dentro dos limites de área ecologicamente sensível, e os procedimentos

para descarga sejam devidamente aprovados pelo órgão ambiental competente.

Art. 18 Exceto nos casos permitidos por esta Lei, a descarga de lixo, água de lastro, resíduos

de lavagem de tanques e porões ou outras misturas que contenham óleo ou substâncias

nocivas ou perigosas de qualquer categoria só poderá ser efetuada em instalações de

recebimento e tratamento de resíduos, conforme previsto no art. 5o desta Lei.

Art. 19 A descarga de óleo, misturas oleosas, substâncias nocivas ou perigosas de qualquer

categoria, e lixo, em águas sob jurisdição nacional, poderá ser excepcionalmente tolerada

para salvaguarda de vidas humanas, pesquisa ou segurança de navio, nos termos do

regulamento.

Art. 21 As circunstâncias em que a descarga, em águas sob jurisdição nacional, de óleo e

substâncias nocivas ou perigosas, ou misturas que os contenham, de água de lastro e de

Page 16: Apostila Imo First Responder As

OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER

14

outros resíduos poluentes for autorizada não desobrigam o responsável de reparar os danos

causados ao meio ambiente e de indenizar as atividades econômicas e o patrimônio público e

privado pelos prejuízos decorrentes dessa descarga.

Art. 22 Qualquer incidente ocorrido em portos organizados, instalações portuárias, dutos,

navios, plataformas e suas instalações de apoio, que possa provocar poluição das águas sob

jurisdição nacional, deverá ser imediatamente comunicado ao órgão ambiental competente, à

Capitania dos Portos e ao órgão regulador da indústria do petróleo, independentemente das

medidas tomadas para seu controle.

Art. 23 A entidade exploradora de porto organizado ou de instalação portuária, o proprietário

ou operador de plataforma ou de navio, e o concessionário ou empresa autorizada a exercer

atividade pertinente à indústria do petróleo, responsáveis pela descarga de material poluente

em águas sob jurisdição nacional, são obrigados a ressarcir os órgãos competentes pelas

despesas por eles efetuadas para o controle ou minimização da poluição causada,

independentemente de prévia autorização e de pagamento de multa.

Parágrafo único. No caso de descarga por navio não possuidor do certificado exigido pela

CLC/69, a embarcação será retida e só será liberada após o depósito de caução como garantia

para pagamento das despesas decorrentes da poluição.

Art. 24 A contratação, por órgão ou empresa pública ou privada, de navio para realização de

transporte de óleo ou de substância enquadrada nas categorias definidas no art. 4o desta Lei

só poderá efetuar-se após a verificação de que a empresa transportadora esteja devidamente

habilitada para operar de acordo com as normas da autoridade marítima.

Art. 25 São infrações, punidas na forma desta Lei:

IV - descumprir o disposto no art. 24:

Pena - multa e suspensão imediata das atividades da empresa transportadora em situação

irregular.

§ 1o Respondem pelas infrações previstas neste artigo, na medida de sua ação ou omissão:

I - o proprietário do navio, pessoa física ou jurídica, ou quem legalmente o represente;

II - o armador ou operador do navio, caso este não esteja sendo armado ou operado pelo

proprietário;

III - o concessionário ou a empresa autorizada a exercer atividades pertinentes à indústria do

petróleo;

IV - o comandante ou tripulante do navio;

V - a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, que legalmente represente o

porto organizado, a instalação portuária, a plataforma e suas instalações de apoio, o

estaleiro, a marina, o clube náutico ou instalação similar;

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OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER

15

VI - o proprietário da carga.

§ 2o O valor da multa de que trata este artigo será fixado no regulamento desta Lei, sendo o

mínimo de R$ 7.000,00 (sete mil reais) e o máximo de R$ 50.000.000,00 (cinquenta milhões

de reais).

§ 3o A aplicação das penas previstas neste artigo não isenta o agente de outras sanções

administrativas e penais previstas na Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, e em outras

normas específicas que tratem da matéria, nem da responsabilidade civil pelas perdas e

danos causados ao meio ambiente e ao patrimônio público e privado.

Resolução CONAMA no 269, de 14/09/2000

Dispõe sobre o Regulamento para Uso de Dispersantes Químicos em Derrames de Óleo no Mar,

como uma opção de estratégia de resposta à poluição marinha por óleo.

Para isso, esta Resolução estabelece as diretrizes para a aplicação de dispersantes químicos,

determinando condições que direcionam a tomada de decisão quanto ao uso dos dispersantes.

Art. 1º - A produção, importação, comercialização e uso de dispersantes químicos para as

ações de combate aos derrames de petróleo e seus derivados no mar somente poderão ser

efetivados após a obtenção do registro do produto junto ao Instituto Brasileiro do Meio

Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA.

Parágrafo único - O IBAMA estabelecerá, por meio de Instrução Normativa, os procedimentos

e exigências necessários para a obtenção do registro dos dispersantes químicos.

Art. 2º - A utilização de dispersantes químicos em vazamentos, derrames e descargas de

petróleo e seus derivados no mar deverá obedecer aos critérios dispostos no regulamento

anexo a esta Resolução.

Art. 3º - O não cumprimento do disposto nesta Resolução sujeitará os infratores às

penalidades previstas na legislação vigente.

No Regulamento para Uso de Dispersantes Químicos em Derrames de Óleo no Mar, anexo a

esta Resolução, estão apresentadas informações, como:

1. Estrutura e funcionamento dos dispersantes químicos;

2. Tipos de dispersantes.

3. Critérios para a tomada de decisão quanto ao uso de dispersantes;

3.1 Critérios para Uso

3.2 Restrições para Uso

3.3 Critérios para Tomada de Decisão

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16

Decreto no 4.136, 20/02/2002

Dispõe sobre a especificação das sanções aplicáveis às infrações, às regras de prevenção,

controle e fiscalização da poluição causada por lançamento de óleo e outras substâncias

nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição nacional, prevista na Lei no 9.966, de 28/4/00.

Decreto estabelece principalmente que:

Art. 1º - Constitui infração às regras sobre a prevenção, o controle e a fiscalização da

poluição causada por lançamento de óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas em águas

sob jurisdição nacional a inobservância a qualquer preceito constante da Lei nº 9.966, de 28

de abril de 2000, e a instrumentos internacionais ratificados pelo Brasil.

Art. 4o As infrações, para efeito de aplicação de multa, classificam-se em grupos, por faixas,

de modo a permitir a sua adequada gradação em função da gravidade da infração, sendo seus

valores estabelecidos no Anexo I deste Decreto.

Art. 5o Para efeito deste Decreto, respondem pela infração, na medida de sua ação ou

omissão:

I - o proprietário do navio, pessoa física ou jurídica, ou quem legalmente o

represente;

II - o armador ou operador do navio, caso este não esteja sendo armado ou operado

pelo proprietário;

III - o concessionário ou a empresa autorizada a exercer atividades pertinentes à

indústria do petróleo;

IV - o comandante ou tripulante do navio;

V - a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, que legalmente

represente o porto organizado, a instalação portuária, a plataforma e suas instalações

de apoio, o estaleiro, a marina, o clube náutico ou instalação similar; e

VI - o proprietário da carga.

Art. 7o São autoridades competentes para lavrar auto de infração os agentes da autoridade

marítima, dos órgãos ambientais federal, estaduais e municipais e do órgão regulador da

indústria do petróleo, no âmbito de suas respectivas competências.

Art. 9o As infrações dispostas nas Subseções VI a XVII da Seção II deste Capítulo serão punidas

com as seguintes sanções:

I - advertência;

II - multa simples;

III - multa diária;

IV - apreensão do navio;

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17

V - destruição ou inutilização do produto;

VI - embargo da atividade;

VII - suspensão parcial ou total das atividades; e

VIII - restritiva de direitos.

§ 1o Se o infrator cometer, simultaneamente, duas ou mais infrações, ser-lhe-ão

aplicadas, cumulativamente, as sanções a elas cominadas.

§ 5o A multa diária será aplicada sempre que o cometimento da infração se prolongar

no tempo, até a sua efetiva cessação ou regularização da situação, mediante a

celebração, pelo infrator, de termo de compromisso de reparação do dano.

Art. 11 Constitui reincidência, para efeito das infrações previstas nas Subseções VI a XVII da

Seção II deste Capítulo a repetição da prática de infração de mesma natureza pelo mesmo

agente, em período igual ou inferior a trinta e seis meses.

Parágrafo único. No caso de infração punida com multa, a reincidência implicará o aumento

da penalidade originária ao triplo do seu valor.

Art. 54 A aplicação das penas previstas neste Decreto não isenta o agente de outras sanções

administrativas e penais previstas na Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, e em outras

normas específicas que tratam da matéria, nem da responsabilidade civil pelas perdas e danos

causados ao meio ambiente e ao patrimônio público e privado.

Art. 55 O alijamento em águas sob jurisdição nacional deverá obedecer às condições previstas

na Convenção sobre Prevenção da Poluição Marinha por Alijamento de Resíduos e Outras

Matérias, de 1972, promulgada pelo Decreto no 87.566, de 16 de setembro de 1982, e suas

atualizações.

ANEXO I - Valores das multas por grupos

Grupos Valor Mínimo (R$) Valor Máximo (R$)

A 1.000,00 10.000.000,00

B 1.000,00 20.000.000,00

C 1.000,00 30.000.000,00

D 1.000,00 40.000.000,00

E 1.000,00 50.000.000,00

F 7.000,00 35.000,00

G 7.000,00 70.000,00

H 7.000,00 700.000,00

I 7.000,00 7.000.000,00

J 7.000,00 1.000.000,00

J* acrescido de 7.000,00 a cada hora a partir do momento do incidente.

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18

Resolução CONAMA no 398, de 11/06/2008

Dispõe sobre o conteúdo mínimo do Plano de Emergência Individual para incidentes de

poluição por óleo em águas sob jurisdição nacional, originado em portos organizados,

instalações portuárias, terminais, dutos, sondas terrestres, plataformas e suas instalações de

apoio, refinarias, estaleiros, marinas, clubes náuticos e instalações similares, e orienta a sua

elaboração.

Considerando a necessidade de serem estabelecidas diretrizes para elaboração do Plano de

Emergência Individual, prevista na Lei no 9.966, e a Convenção Internacional Sobre Preparo,

Resposta e Cooperação em Caso de Poluição por Óleo, esta Resolução tem como objetivo

estabelecer estratégias de prevenção e gestão dos impactos ambientais gerados por

incidentes em instalações que podem causar poluição por óleo.

Art. 5o - O Plano de Emergência Individual da instalação deverá ser elaborado de acordo com

as seguintes orientações:

I - conforme conteúdo mínimo estabelecido no Anexo I;

II - com base nas informações referenciais estabelecidas no Anexo II;

III - com base nos resultados da análise de risco da instalação;

IV - conforme os critérios de dimensionamento da capacidade mínima de resposta

estabelecidos no Anexo III;

V - de forma integrada com o Plano de Área correspondente.

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19

MÓDULO 01

LIÇÃO 1 – PROPRIEDADES, COMPORTAMENTO E DESTINO DE UM DERRAMAMENTO DE ÓLEO

OBJETIVOS DA LIÇÃO

Conhecer o comportamento de um derramamento de óleo é essencial para montar uma ação

de resposta inicial, selecionar as técnicas apropriadas, conduzir a operação com segurança ou

até mesmo decidir não realizar a resposta. Esta aula explicará como o óleo se comporta no

ambiente marinho.

Ao final da lição você deve ser capaz de avaliar a extensão de um derramamento de óleo e

descrever as propriedades e o comportamento típico de derramamentos de óleo no ambiente

marinho.

Durante a aula você aprenderá sobre:

• As principais propriedades físico-químicas do óleo.

• A importância do espalhamento e movimento.

• O processo de intemperismo e a inter-relação entre evaporação, dispersão e

emulsificação.

Propriedades Físico-Químicas do Óleo

As equipes de resposta devem considerar derramamentos de diversos tipos de óleo,

principalmente, óleos crus e óleos combustíveis pesados, e sob certas circunstâncias, alguns

outros produtos refinados, como gasolina e diesel.

A composição e a proporção dos vários compostos de hidrocarbonetos conferem as

propriedades particulares dos produtos.

Óleos de Interesse:

Óleo Cru

Óleos crus contêm uma grande variedade de compostos, que vão desde gases dissolvidos (os

mais leves), como metano e propano, até compostos extremamente pesados, como graxas e

asfaltenos. A variabilidade desses compostos no óleo cru implica no seu comportamento num

derramamento de óleo O teor destes compostos também irá mudar à medida que o óleo

começa a se degradar, acarretando em mudanças nas propriedades do mesmo.

Produtos Refinados

Os produtos refinados comumente envolvidos em derramamentos são:

• Gasolina, seção mais leve do óleo cru;

Page 22: Apostila Imo First Responder As

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20

• Diesel, combustível um pouco mais pesado, mas, ainda assim, razoavelmente leve

(também conhecido como óleo combustível nº 2);

• Óleo combustível residual, tal como óleo combustível pesado (conhecido também como

Bunker C e óleo combustível nº 6).

Tipos de Óleos e suas características

• Óleos Pesados: pouco espalhamento, baixa taxa de evaporação e diluição, baixa

porcentagem de componentes tóxicos/voláteis. Pode ser semi-sólido a baixas

temperaturas.

• Óleos Médios: moderadas taxas de propagação dependendo da temperatura da água,

toxicidade varia de acordo com a porcentagem de óleos leves e voláteis e formação de

emulsões estáveis sob agitação.

• Óleos Leves/Muito leves: espalhamento rápido, toxicidade elevada devido à elevada

volatilidade, altas taxas de evaporação, formação de emulsões não estáveis e penetração

no solo.

Na Tabela M1L1.1 abaixo estão apresentadas algumas características referentes aos

diferentes tipos de óleo.

Tabela M1L1.1 - Grupos de Óleos conforme ITOPF

ITOPF Densidade 0API Classificação Meia Vida Persistência

Grupo I < 0,8 >45 Muito leve ~24h 1-2 dias

Grupo II 0,8 a 0,85 35 a 45 Leve ~48h 3-4 dias

Grupo III 0,85 a 0,95 17,5 a 35 Médio ~72h 6-7 dias

Grupo IV > 0,95 <17,5 Pesado ~168h >7 dias

Fonte: ITOPF - The International Tanker Owners Pollution Federation

Óleos Persistentes e Não-Persistentes

• Óleos não persistentes: tendem a desaparecer rapidamente da superfície do mar.

• Óleos persistentes: se dissipam mais lentamente e requerem uma resposta de limpeza caso

haja um derramamento, principalmente se ameaçarem águas litorâneas.

A Tabela M1L1.2 apresenta alguns exemplos de óleos persistentes e não persistentes.

Tabela M1L1.2 - Exemplos de óleo persistentes e não persistentes

Óleos Persistentes Óleos Não Persistentes

• Muitos petróleos brutos • Derivados refinados pesados

• Nafta • Querosene • Gasolina • Diesel • Óleos vegetais

Page 23: Apostila Imo First Responder As

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21

Propriedades Físicas

O óleo possui duas propriedades importantes, que alteram durante um derramamento de

óleo:

• Densidade (gravidade específica/flutuabilidade - capacidade do óleo de flutuar)

• Viscosidade (fluidez e espessura)

Á medida em que os compostos mais leves evaporam, o óleo se torna mais pesado (mais

denso) e pode afundar (o óleo Bunker C tem densidade próxima a da água e, portanto,

afunda).

A medida que o óleo intemperiza, ele se torna mais espesso (aumenta sua viscosidade) e

assim, fica mais difícil bombeá-lo. Dessa forma, ele também se espalha mais lentamente.

Sob condições de calor, a viscosidade diminui e o óleo se torna mais fino, se espalhando mais

rapidamente.

A viscosidade é uma propriedade física que possui influência na escolha dos skimmers

(recolhedores). (veja MÓDULO 02, LIÇÃO 05).

Outras Propriedades

• Volatilidade

Esta propriedade descreve a tendência de o óleo evaporar. Á medida em que a temperatura

do óleo aumenta, diferentes compostos atingem seu ponto de ebulição e, por sua vez, são

destilados (evaporam).

• Ponto de Fluidez (Pour Point)

O ponto de fluidez é a temperatura abaixo da qual o óleo não flui, não se comportando como

líquido. Ele representa o ponto no qual o óleo começa a se solidificar ou se transformar em

gel.

• Teor de Asfalteno

Os asfaltenos (hidrocarbonetos cíclicos complexos) tendem a aumentar a formação de

emulsão estável de água em óleo (mousse de chocolate), que pode ter viscosidade e

persistência maiores do que o óleo original.

Page 24: Apostila Imo First Responder As

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22

• Ponto de fulgor (Flash Point)

O ponto de fulgor é a temperatura mais baixa à qual os vapores acima de uma substância

volátil irão se incendiar no ar quando expostos a uma chama. O óleo marítimo tem ponto de

fulgor acima de 60o C.

• Tensão Superficial

A tensão superficial é um indicador da tendência de um óleo a se espalhar e dispersar. Ela é

discutida em detalhes no MÓDULO 3, LIÇÃO 1, que trata de dispersantes.

A tabela M1L1.3 apresenta uma comparação entre as propriedades de diferentes produtos.

Tabela M1L1.3 - Comparação das Propriedades

Densidade (g/ml)

Viscosidade (cSt)

Características de destilação % ebulição abaixo 200°C % ebulição abaixo 370°C

Ponto de fluidez oC

Óleo cru típico 0,85 a 0,90 10 até 50 25 -40 até -50

Gasolina 0,75 1 100 0

-

Diesel 0,85 1 a 5 20 50

-20

Óleo combustível pesado

0,95 a 0,98 5000 até 10.000

10 65

-5 até -15

Água 1 1 100 0

ESPALHAMENTO E MOVIMENTO DO ÓLEO

Espalhamento do Óleo

Quando derramado na água, o óleo se espalha rapidamente, formando uma fina película que

pode cobrir uma grande área.

Durante a fase inicial de derramamento, a taxa de dispersão é particularmente alta, mas

diminui gradualmente ao longo do tempo. A taxa de dispersão e as variações são

determinadas pelas propriedades do óleo (ou seja, gravidade específica, tensão superficial e

viscosidade), volume, temperatura, velocidade do vento, ondas e corrente.

Apesar de vários fatores influenciarem a taxa de espalhamento e o tamanho final da mancha,

aproximações podem ser feitas utilizando tabelas de espalhamento, caso se saiba o volume e

o tipo de óleo. Por exemplo, após 2 horas, um derrame de 5 mil toneladas de óleo cru com

uma densidade de 0,875 e uma viscosidade de 10cSt cobrirá uma área de 0,5 km². Após 24

horas, cobrirá uma área de 1,7 km².

Page 25: Apostila Imo First Responder As

OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER

23

Note que inicialmente ocorre uma rápida dispersão da mancha e que, para um volume

específico de derramamento, existe uma área de equilíbrio além da qual o óleo não se

dispersará. Assim, espessura média pode ser estimada dividindo-se o volume derramado pela

área.

Entretanto, as reais condições do mar resultam em variações de espessura dentro da área do

derramamento (ex. porções espessas e finas da mancha).

Normalmente, derramamentos de óleo na água formam uma fina lente com a parte interna

mais espessa que as bordas e com a maior parte do volume total na parte da mancha a favor

do vento (barlavento).

A maior parte do derramamento fica contida em uma área relativamente pequena de óleo

espesso circundado por uma fina película que cobre uma área muito maior. Uma regra prática

para esta decomposição é que 90% do óleo são contidos em 10% da área, e os 10% restantes do

óleo, cobrindo 90% da área total da mancha.

A maioria dos óleos crus se espalha em uma espessura de aproximadamente 0,3 mm em 12

horas. No entanto, alguns óleos crus e óleos combustíveis pesados são excepcionalmente

viscosos e tendem a não se espalhar muito, mas a permanecer em manchas arredondadas.

O volume da camada de óleo em determinada área, em certa medida, pode ser estimado por

meios visuais, pois a cor do óleo na superfície do mar normalmente se relaciona diretamente

com a espessura da camada.

Guia para a Relação entre Aparência, Espessura e Volume de Óleo na Superfície

O Código de Aparência do Bonn Agreement

Com base na aparência (cor aparente) do óleo, é possível estimar a espessura da película de

óleo na superfície.

A cor de uma película de óleo depende da maneira pela qual as ondas de luz são refletidas na

superfície, transmitida através do óleo (e refletida na superfície da água abaixo do óleo) e

absorvida pelo óleo. Além da combinação desses fatores, a cor do óleo é influenciada por

condições meteorológicas, altitude, ângulo de observação e cor da água do mar que depende

do tipo de óleo derramado.

Um parâmetro importante a ser considerado é a densidade ótica (habilidade em bloquear a

entrada de luz). Combustíveis destilados e lubrificantes são frações leves do óleo cru e

formará camadas muito finas que são quase transparentes, permitindo a passagem da luz.

Óleos pesados e espessos podem bloqueiam a luz que o atravessam, mesmo em camadas

finas.

Page 26: Apostila Imo First Responder As

OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER

24

Assim, com objetivo de auxiliar a estimativa de volume de óleo, foi criado o Código de

Aparência, que com base na cor aparente do filme de óleo na superfície, determina intervalos

de espessura. Essas estimativas são internacionalmente reconhecidas e podem ser usadas para

cálculos preliminares de volumes de óleo que podem ser usados para o planejamento da

resposta.

Os códigos de aparências e os respectivos intervalos de espessura/volume estão apresentados

na área Tabela M1L1.4 e exemplificados na Figura M1L1.1.

Tabela M1L1.4 - Código de aparência (NOAA, 2007)

Código Descrição / Aparência Intervalo de espessura da camada (µm)

Vol. Aproximado Litros por km2

Por unidade de área

1 Brilhoso (prateado/cinza) 0.04 até 0.30 40 – 300

2 Arco-iris 0.30 até 5.0 300 – 5000

3 Metálico 5.0 até 50 5000 – 50.000

4 Transicional 50 até 200 50.000 – 200.000

5 Cor escura ≥ 200 200.000 – >200.000

Figura M1L1.1 - Exemplos de aparência de óleo

Fonte: (Adaptado de NOAA – Open Water Identification Job Aid, 2007)

1

2

3

4

5

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25

A dispersão do óleo dificulta a eficiência da resposta, pois, ao longo do tempo, a mancha

passa a cobrir áreas que dificultam a administração e com espessura muito fina para ser

removida por skimmers. A chuva, por exemplo, também ajuda a diluir uma mancha de óleo

fina e leve.

Portanto, a eficiência da limpeza de um derramamento de óleo está diretamente relacionada

à rapidez nas tomadas de ação de resposta. Vale relembrar que uma estimativa genérica é de

que 90% do óleo estão em 10% da área e que 10% do óleo estão em 90% da área.

Movimento

O movimento de uma mancha de óleo pelas forças do vento e corrente de água pode ser um

fenômeno complexo devido aos muitos fatores a serem considerados.

Atualmente, existem diversos modelos computadorizados que podem ser usados para prever

movimentos de manchas com um bom grau de precisão. Estes modelos computadorizados são

úteis quando se opera em um amplo intervalo de tempo e com mudanças frequentes no vento

e correntes.

A maior vantagem dos modelos computadorizados é sua capacidade de armazenar e usar

grandes quantidades de informações históricas de correntes e tempo que podem variar

conforme o local específico e a época do ano.

A principal desvantagem é o acesso que nem sempre é possível e/ou a indisponibilidade ou

baixa qualidade dos dados locais de correntes de água e vento.

Entretanto, para se previr o movimento de óleo em curto prazo, em muitos casos, cálculos

simples provaram ser de grande valor e suficientemente precisos.

Utilidade dos cálculos:

• Para dizer antecipadamente onde e quando o óleo pode gerar impacto em uma

determinada área litorânea, ou para saber onde devemos estabelecer contramedidas;

• Ajudar a localizar uma mancha durante a noite ou neblina.

Uma boa regra prática para estimar esse movimento é:

Deslocamento da mancha de óleo = 3% da velocidade (intensidade e direção) do vento + 100 %

da velocidade (intensidade e direção) da corrente de água na superfície.

Page 28: Apostila Imo First Responder As

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26

INTEMPERISMO

Enquanto o óleo se espalha e se move na superfície do mar, um conjunto de processos

naturais altera suas propriedades físicas e químicas. Isto inclui espalhamento, evaporação,

dispersão, emulsificação, dissolução, biodegradação, oxidação e sedimentação.

Expansão

São normalmente classificados como uma parte do processo de intemperismo.

Evaporação

Componentes voláteis leves de uma mancha de óleo evaporam naturalmente, o que leva a

mudanças das propriedades do óleo remanescente. O resíduo que continua na superfície do

mar tem uma densidade e viscosidade maior do que a do óleo original.

A evaporação de petróleos brutos leves e derivados leves também leva a uma redução

significativa redução do volume total do derramamento. Esta evaporação pode resultar em

uma atmosfera explosiva, com risco de incêndio e explosão.

Os fatores que controlam a taxa de evaporação são:

• Composição química do óleo.

• Espessura da mancha: a taxa de evaporação aumenta com a redução da espessura.

• Temperatura: o óleo evapora mais rápido em temperaturas mais altas (note que

apesar da taxa de evaporação ser menor em temperaturas baixas, gasolina e a maior parte

dos óleos crus continuaram a evaporar mesmo em temperaturas de congelamento).

• Velocidade do vento: quanto maior a velocidade do vento, maior a taxa de

evaporação.

• Condições do mar: quanto mais agitado, maior a taxa de evaporação.

• Sob certas circunstâncias externas, o volume perdido, para óleos leves refinados e

óleos crus, pode ficar entre 25 e 30% nas primeiras 12 horas e mais de 50% em um dia.

Gasolina pode evaporar 100%. Óleos crus pesados perdem muito pouco volume.

Page 29: Apostila Imo First Responder As

OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER

27

Dispersão

A ação do mar devido a ondas e turbulência pode acarretar na formação de gotículas nas

camadas superficiais do mar. Gotas maiores tendem a ressurgir como manchas flutuantes,

mas a contínua ação das ondas pode manter pequenas gotículas em suspensão. A taxa de

formação de gotículas é elevada para os óleos de baixa viscosidade e um processo de remoção

é importante para este tipo de óleo.

Emulsificação

Muitos óleos tendem a formar emulsões óleo-água (mousse de chocolate) que podem

aumentar o volume do poluente drasticamente. Essas emulsões são frequentemente muito

viscosas e estáveis, e mais difíceis de limpar. Emulsões podem conter de 75 a 90% de água,

que tem implicações no volume total do derrame e nas decisões de ação de resposta

(recolhimento, transferência, armazenamento e descarte).

Os processos de evaporação, dispersão e emulsificação interagem, até certo ponto. Por

exemplo, à medida que o óleo evapora ele tende a emulsificar, e se o óleo emulsificar, irá

resistir à dispersão.

Dissolução

As perdas por dissolução são menores, já que a maioria dos hidrocarbonetos de petróleo tem

baixa solubilidade na água do mar.

Biodegradação

Este é um processo pelo qual o óleo é decomposto por micro-organismos que habitam

naturalmente o ambiente marinho. A biodegradação é um processo lento e muito dependente

da temperatura no ambiente, e contribui para reduzir os efeitos de um grande derramamento

durante as operações de combate. No entanto, é interessante conhecer como o ambiente se

recuperará de um derramamento dentro de um período de meses ou anos.

Oxidação

Alguns hidrocarbonetos podem reagir com o oxigênio para formar compostos que são solúveis

em água ou formar piche. Muitas dessas reações oxidativas são promovidas pela luz solar

(foto-oxidação). Apesar de acontecer ao longo da duração de um derramamento, o efeito

total da dissipação é menor em relação ao processo de intemperismo.

Page 30: Apostila Imo First Responder As

OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER

28

Sedimentação

A sedimentação pode ser considerada um fenômeno de degradação, já que a evaporação e a

emulsificação aumentam a densidade do óleo. Alguns derivados refinados pesados têm peso

específico maior do que 1 e assim irão afundar em água doce ou salobra.

No entanto, poucos petróleos brutos são suficientemente densos, ou se degradam de tal

forma que os seus resíduos afundarão na água do mar. O afundamento normalmente é

causado pela adesão de partículas de sedimento ou matéria orgânica natural ao óleo.

As águas rasas e de estuários muitas vezes estão carregadas com sólidos suspensos e assim

oferecem condições favoráveis à sedimentação.

A temperatura também pode afetar o comportamento do óleo em relação a sua

flutuabilidade; enquanto ele mal flutua durante um dia frio, ele pode afundar quando a

temperatura cai durante a noite e ressurgir mais tarde à medida que o dia aquece.

Detecção Noturna

A detecção noturna pode ser feita por meio de radares, que medem a quantidade de ondinhas

presentes na superfície do mar. O óleo geralmente faz com que a superfície fique mais lisa, e

assim, o radar detecta as áreas onde a superfície do mar aparece mais lisa.

Há dois tipos de medidores para detecção de manchas de óleo que utilizam as diferenças de

ondas de calor: a luz infravermelha e a ultravioleta. A luz ultravioleta não pode ser utilizada

para detectar manchas de óleo de noite. A infravermelha pode ser usada de noite, mas

diferente da ultravioleta, ela usa o espectro infravermelho de ondas de calor.

Page 31: Apostila Imo First Responder As

OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER

29

LIÇÃO 2 – SAÚDE E SEGURANÇA

OBJETIVOS DA LIÇÃO

A segurança humana é o fator mais importante em qualquer resposta ao derramamento de

óleo. Um conhecimento geral sobre segurança do trabalho e as ameaças à saúde em áreas

contaminadas por óleo é crucial para conduzir uma resposta segura.

NENHUM TRABALHO É TÃO URGENTE A PONTO QUE NÃO POSSA SER PLANEJADO E

EXECUTADO COM SEGURANÇA!

Este módulo não se preocupa com os aspectos normais de segurança do trabalho. Ele é focado

nos aspectos de saúde e segurança relacionados à resposta ao derramamento de óleo,

especialmente aos riscos relacionados com os hidrocarbonetos.

Ao final da aula, você devera saber:

• Quais são as ameaças à saúde e segurança durante uma resposta a um derrame de óleo

• Outras ameaças à saúde e precauções de segurança apropriadas.

• Formas de Mitigação dos riscos

1. RISCOS REFERENTES À MANCHA DE ÓLEO E FORMAS DE MITIGAÇÃO

Os óleos crus são misturas complexas de substâncias químicas e devem ser tratadas com

cuidado. Os riscos referentes à mancha de óleo podem ser classificados em três categorias

gerais:

• Efeitos do vapor

- Atmosfera explosiva

- Inalação Tóxica

• Contato com a pele

• Ingestão

A seguir está apresentado cada risco referente à mancha de óleo em si, assim como as formas

de mitigação desses riscos.

1.1 Efeitos do Vapor – Atmosfera Explosiva

A evaporação dos derivados leves do óleo em áreas confinadas, ou até mesmo em áreas

abertas, é uma questão muito importante do ponto de vista da segurança.

Page 32: Apostila Imo First Responder As

OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER

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Durante os primeiros estágios de um derrame envolvendo óleo cru fresco (não-intemperizado)

de produtos refinados leves, como a gasolina ou outros combustíveis leves, uma atmosfera

explosiva pode estar presente nas imediações do vazamento. Isto cria um alto risco de fogo e

explosão.

Este risco depende da substância, do local e do tempo de intemperismo que o óleo se

encontra. O risco geralmente diminui à medida que o óleo intemperiza e perde seus

componentes leves (os componentes mais voláteis evaporam). O risco também será diminuído

pelo vento, que tende a dissipar atmosferas inflamáveis, no caso de combate em áreas

abertas. Por esse motivo dizemos que o comportamento da macha de óleo, assim como os

riscos associados a ela, são mutantes.

O óleo cru possui componentes químicos com baixas temperaturas de ponto de fulgor. Dessa

forma, mesmo em baixas temperaturas, o óleo se vaporiza em quantidades suficientes para

formar com o ar uma mistura capaz de inflamar-se momentaneamente quando se aplica uma

centelha sobre a mesma.

Ponto de fulgor: é a menor temperatura na qual um combustível liberta vapor em quantidade

suficiente para formar uma mistura inflamável por uma fonte externa de calor.

A tabela M1L2.1 a seguir apresenta alguns exemplos de componentes químicos e seus

respectivos pontos de fulgor.

Tabela M1L2.1 - Exemplos de componentes químicos inflamáveis presentes no petróleo

Composto Químico Ponto de Fulgor

Benzeno C6H6 -11° C

Gás sulfídrico H2S -82° C

Metano CH4 - 188° C

1.1.1. Formas de identificação do risco de explosividade

Os gases e vapores inflamáveis quando misturados ao ar podem formar misturas inflamáveis.

Uma mistura inflamável é quando a quantidade de combustível e oxigênio estão equilibradas,

de forma que uma centelha externa possa iniciar uma explosão. O intervalo dessa combinação

inflamável na atmosfera, de forma a torná-la com potencial explosivo, está limitado pelo

limite inferior de explosividade LIE e pelo limite superior de explosividade LSE . A Figura

M1L2.1 esquematiza os intervalos das misturas pobre, inflamável e rica.

Figura M2L1.1 - Intervalos de mistura pobre, inflamável e rica

Page 33: Apostila Imo First Responder As

OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER

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Na mistura pobre não há risco de explosão, pois não há combustível suficiente, e na mistura

rica, há muito combustível, porém pouco oxigênio para que haja um risco de explosão ou

incêndio. Na mistura inflamável, as concentrações estão equilibradas e é onde se encontra o

risco de uma explosão.

Nos locais onde há o risco de uma atmosfera inflamável (próximo a mancha de óleo), a área

deverá ser testada e avaliada, usando um instrumento de leitura instantânea, tal como um

explosímetro. Este instrumento possui sensores capazes de detectar o percentual de gás e

informar, através de alarmes luminosos e/ou sonoros, se a atmosfera encontra-se em uma

mistura inflamável ou não.

Os explosímetros fornecem leituras entre 0 e 100% do LIE (limite inferior de explosividade)

que é a menor concentração de gases e vapores combustíveis no ar capaz de gerar uma

combustão, com uma fonte de ignição presente. Estes equipamentos deverão estar

devidamente calibrados e operados por pessoas treinadas, assim a leitura do LIE estará o mais

próximo da realidade.

ATENÇÃO! Esses limites na prática devem ser usados com muito cuidado, pois a mobilidade

do ar pode mudar rapidamente a concentração do gás ou vapor.

Dessa forma, podemos identificar o risco de uma atmosfera explosiva. É muito importante

que a atmosfera esteja sendo monitorada com o auxilio de um explosímetro durante a

resposta. Caso o LIE ultrapasse os 20% ou caso o alarme dispare, deve-se evacuar a área o

mais rápido possível.

1.1.2. Forma de mitigação do risco de explosividade

Formas de mitigação desse risco:

• Eliminar todas as fontes de chama (isqueiros, cigarros) durante o a resposta ao

derramamento.

• Não usar equipamentos elétricos que não sejam intrinsecamente seguros.

Vale lembrar que centelhas podem também ser produzidas quando se usa ferramentas básicas

como chaves de fenda, alicates, etc. que não sejam feitos de material especial. Ferramentas

especiais anti-centelha devem, então, ser usadas em tais ocorrências.

ATENÇÃO! Em um local a concentração pode estar abaixo do limite inferior de

explosividade e ser perigosa devido à toxicidade.

Page 34: Apostila Imo First Responder As

OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER

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1.2. Efeitos do Vapor – Inalação

1.2.1. Inalação

Inalação é o ato de aspirar vapores ou líquidos pelos pulmões. Pela alta volatilidade do

petróleo, devemos sempre estar atentos aos vapores tóxicos liberados por ele.

1.2.2. Toxicidade

O comportamento do óleo derramado no mar depende da sua composição química e também

da atuação de processos como evaporação, emulsificação, dissolução, biodegradação, foto-

oxidação e das interações entre óleo, sedimentos e água. A combinação destes processos é

conhecida como intemperismo, o qual reduz a concentração de diferentes grupos de

compostos, modificando as características químicas e físicas do petróleo.

Os processos intempéricos, que atuam sobre um óleo derramado no mar, podem ocorrer

simultaneamente, mas a diferentes velocidades. A velocidade e a extensão desses processos

dependem das propriedades físicas e químicas do óleo original e de condições ambientais,

como: temperatura, velocidade e direção dos ventos e das correntes marinhas. A evaporação

é a responsável pelas mudanças mais importantes ocorridas no óleo durante um derrame. Em

poucos dias, um petróleo leve, dependendo da sua composição, pode perder até 75% de seu

volume e os médios até 40%. Nos ambientes tropicais, as temperaturas elevadas fazem com

que a perda por evaporação dos componentes voláteis do petróleo seja mais rápida,

diminuindo seus efeitos tóxicos sobre a microflora local (MERV-Fingas-The basic of oil

cleanup).

A figura M1L2-2 ilustra a volatilização do óleo.

Figura M1L2 - 2: Esquema de volatilização do óleo.

Como foi apresentado anteriormente, a evaporação pode gerar uma atmosfera inflamável.

Porém em uma atmosfera inflamável ou não, devemos estar muito atentos à toxicidade

causada pelos componentes químicos volatilizados.

Compostos Orgânicos Voláteis

Page 35: Apostila Imo First Responder As

OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER

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O petróleo e seus derivados contem componentes tóxicos como o benzeno, tolueno e xileno,

em várias concentrações, dependendo do produto ou tipo de óleo. Estes são considerados

tóxicos e podem causar sérios problemas de saúde, caso não sejam tomadas precauções.

O Benzeno tem efeitos tóxicos particulares. É considerado tanto carcinogênico (causador de

câncer) e teratogênico (prejudica o desenvolvimento do feto), afetando o sangue, órgãos

hematopoiéticos (formadores de sangue) e a exposição persistente a este produto está ligada

a alta incidência de câncer, especialmente leucemia. Como o benzeno é altamente volátil e

evapora de uma mancha de óleo rapidamente, devemos estar com atenção redobrada em

relação a este composto nas primeiras horas de combate.

Hidrocarbonetos aromáticos agem no sistema nervoso central e efeitos agudos são

normalmente causados por exposição a altas concentrações. Mesmo exposições a baixas

concentrações podem resultar nos sintomas abaixo:

• Tontura, dor de cabeça, náusea

• Olfato prejudicado

• Irritação na pele e nos olhos

• Diminuição do senso de responsabilidade

A tontura e a perda de responsabilidade, em alguns casos, se assemelham a causada por

bebida, e a fala fica arrastada.

A exposição a altas concentrações podem levar a:

• Visão embaçada

• Tontura

• Confusão

• Perda de consciência

E por último:

• Parada respiratória

• Parada cardíaca

• Morte

1.2.3. Formas de mitigação dos riscos de inalação tóxica

Durante as operações de combate no mar, os efeitos tóxicos do óleo cru são limitados, já que

os vapores são diluídos e as concentrações correspondentes baixas. Entretanto, as seguintes

medidas de seguranças devem ser observadas:

• Quando necessário, use aparato respiratório especial, como um cartucho respirador,

resistente aos gases presentes, ou aparato de respiração autônomo. Isto é

Page 36: Apostila Imo First Responder As

OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER

34

particularmente necessário para o pessoal da primeira resposta, já que eles deverão

entrar em contato com óleo fresco no início da resposta.

• Outra boa forma de mitigar esse risco é trabalhar sempre que possível a barlavento,

de forma que a direção do vento seja: trabalhador�mancha de óleo. Evite a inalação

de gases, vapores e fumaça.

• Se possível, obtenha os riscos específicos na ficha técnica (FISPQ) do óleo em

questão, ou de qualquer outro produto químico envolvido na resposta, como por

exemplo, os dispersantes.

• Como os vapores do petróleo são mais pesados do que o ar, eles podem se acumular

em áreas baixas. Por isso, nunca entre em lugares sob cais ou diques sem o respirador

ou até que todos os gases tenham evaporado.

1.2.4. Precauções

Note que o cheiro nem sempre é prova suficiente para testar a sua presença devido ao fato de

que fortes concentrações podem paralisar o sentido do olfato.

1.3. Contato com a pele

O contato com a pele é o de ocorrência mais comum, e o maior risco à saúde numa operação

de resposta devido a sua frequência. Qualquer derivado do petróleo pode causar irritação na

pele porque o petróleo é absorvido diretamente através das camadas da pele, folículos

capilares e glândulas sudoríparas.

Vários efeitos podem ocorrer rapidamente após a exposição da pele, e quanto mais

prolongado e frequente for o contato com alguns produtos maior as chances de problemas

cutâneos sérios, incluindo câncer.

Os trabalhadores envolvidos na resposta devem tomar precauções especiais quando

manipularem qualquer equipamento contaminado por óleo, principalmente durante a

primeira resposta.

1.3.1. Formas de mitigação dos riscos do contato de óleo com a pele

A principal forma de mitigação desse risco é a conscientização dos trabalhadores para se

evitar qualquer contato direto com o óleo principalmente a partir do uso do EPI indicado para

cada atividade, como por exemplo, macacão, bota, e luvas.

Caso haja o contato seguir os seguintes procedimentos:

• Caso haja o contato com a pele

- Remova o mais rápido possível

- Use sabão (não use sabão áspero) e água ou preparado especial para limpar.

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OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER

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• Caso haja contato com os olhos:

- Lave os olhos com água limpa. Líquidos especiais para olhos/sprays devem

estar disponíveis.

1.4 Ingestão

A deglutição involuntária de óleo pode ocorrer quando alimento e/ou cigarros são

manipulados com as mãos contaminadas.

1.4.1. Formas de mitigação dos riscos de ingestão

A equipe envolvida na resposta deverá sempre lavar bem as mãos e retirar a roupa

contaminada antes de comer.

Caso haja uma quantidade considerável de óleo ingerida é requerido atendimento médico

para avaliar o nível de toxicidade.

1.5. Sintomas Gerais

Os seguintes sinais/sintomas gerais indicam uma exposição potencialmente tóxica. Caso um

ou mais sintomas persistirem, o trabalhador envolvido na resposta deverá procurar

atendimento médico.

• Perda súbita de peso ou mudança no apetite

• Fadiga ou dificuldades para dormir

• Irritabilidade

• Feridas cutâneas / alergias / soro

• Problemas ou perda de visão

• Perda de audição

• Mudanças na sensibilidade olfativa

• Respiração curta / asma / tosse ou produção de catarro

• Dor no peito

• Náusea / vômito / diarreia / constipação

• Fraqueza / tremores

• Mudança na personalidade

2. OUTROS RISCOS ENCONTRADOS DURANTE UMA RESPOSTA AO DERRAMAMENTO

Além das ameaças referentes à mancha de óleo em si, também iremos tratar de mais 3 riscos

presentes na resposta a um derramamento de óleo:

• Acidentes

Page 38: Apostila Imo First Responder As

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• Calor

• Animais selvagens

2.1. Acidentes

Para prevenir acidentes durante o trabalho, deve-se dar atenção aos seguintes pontos:

• Conhecimento dos riscos potenciais

• Procedimentos para lidar com tais riscos

• Preparações, procedimentos, ações, escolhas e decisões afetam não somente à pessoa que

as faz, mas também seus companheiros de trabalho

Os principais riscos de acidente durante uma resposta a emergência são:

• Queda no convés

• Queda no mar

• Ser atingido por algum equipamento enquanto está sendo içado ou se prender em algum

cabo.

2.1.2. Formas de mitigação dos riscos de acidente

A melhor forma de prevenir qualquer acidente durante a resposta está relacionada com a

organização da mesma. Para isso cada trabalhador deve estar perfeitamente ciente de sua

função e bem treinado para executá-la de forma correta.

O tempo ruim e o mar fora das condições ideais aumentam o risco de acidentes e por isso é

importante avaliar as condições climáticas para saber se está seguro efetuar a resposta sob

estas condições.

O uso de EPI correto também é uma importante forma de mitigar os riscos de acidentes.

2.2. Calor

Exposição prolongada a altas temperaturas ambientais pode levar ao desconforto,

irritabilidade e queda de desempenho. A insolação pode ser causada em ambientes quentes e

úmidos e ocorre geralmente onde se tem um alto nível de irradiação solar.

Uma pessoa com insolação possui a regulagem da temperatura do seu corpo alterada. Isto por

que o corpo não dissipa o excesso de calor provocado por condições ambientais extremas.

Pode também ser originada a partir da utilização de roupas de proteção, principalmente em

situações árduas de trabalho e sob condições ambientais severas.

Cãibras de calor são espasmos nos músculos dos braços e pernas devido à falta de sal

ocasionada por desidratação.

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Exaustão por causa do calor ocorre quando o corpo não pode se refrigerar. Isto pode-baixara

frequência cardíaca, que leva à fraqueza, palidez e desmaio.

2.2.1. Formas de mitigação dos riscos associados ao calor

Os coordenadores da resposta devem conhecer bem os sintomas deste mal, a fim de prestar

os primeiros socorros aos trabalhadores que apresentarem estes indícios. Os trabalhadores, se

realmente necessário, deverão ser expostos a altas temperaturas gradualmente. Deverá

existir água suficiente disponível e permissão para descansos suficientes. Os trabalhadores

deverão ser treinados para reconhecer os sintomas de um estresse de calor e dos cuidados

que deverão ser tomados contra insolação e desidratação.

As pessoas que estiverem trabalhando em campo deverão estar protegidas dos riscos de

exposição excessiva ao sol. A exposição ao sol deverá ser controlada, fornecendo-se aos

trabalhadores coberturas, chapéus com abas largas e cremes de proteção solar.

O trabalho deverá ser mínimo quando o sol estiver em seu ápice. Após o horário do almoço, é

recomendável um descanso e que sejam oferecidas refeições leves, ricas em carboidratos,

além de suficientes quantidades de líquidos.

2.3. Animais Selvagens

Certas áreas podem ser habitadas por animais potencialmente perigosos, como cobras

venenosas. Mesmo que possa parecer uma pequena inconveniência, pode se tornar uma

ameaça para algumas pessoas. Por exemplo, picadas de abelhas podem causar reações

alérgicas. Todos os problemas devem ser relatados ao pessoal encarregado no local.

Também se deve observar que pode ser perigoso tentar salvar ou limpar animais selvagens

como pássaros ou animais domésticos, por causa do estado de estresse que esses animais

podem estar. Em geral, trabalhadores não treinados não devem lidar com estas situações,

mas sim pedir assistência especial.

3. EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL

A seleção dos EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) dependerá do produto envolvido e

suas características químicas.

O ideal de uma equipe de emergência é dirigir-se para o local do acidente com uma bolsa de

EPIs e aguardar instruções de um profissional credenciado para a liberação do trabalho e

definição dos EPIs que serão necessários.

Page 40: Apostila Imo First Responder As

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Os equipamentos de proteção individual, em geral, são luvas, botas, óculos, respiradores,

macacão, capacete e roupas de proteção química. Os trabalhadores precisam estar protegidos

de temperaturas altas e baixas, líquidos perigosos e gases nocivos.

Os maiores riscos para o trabalhador ocorrem nas primeiras horas após o acidente e referem-

se principalmente à inalação de vapores e/ou gases tóxicos. Dependendo da situação,

sobretudo em locais abertos e com baixa concentração de vapores, mascaras panorâmicas

com filtro (carvão ativado) apresentam adequado nível de proteção.

As pessoas envolvidas em uma operação devem ter um conhecimento sólido de como usar

corretamente os EPIs, além de seguir práticas corretas de higienização e limpeza aos mesmos.

3.1. Tipos de Equipamento de Proteção Individual

A seguir estão alguns exemplos com uma breve descrição de EPIs comumente usados em

resposta ao derramamento de óleo:

Mascaras de Proteção

Estes equipamentos são somente efetivos se as pessoas os utilizarem corretamente. Os

operadores precisam ser ensinados sobre sua manutenção e da melhor maneira de acoplá-los

à face. O acoplamento correto é importante para assegurar que não haja vazamento de

produtos químicos para dentro da máscara. Estas mascaras são mais usadas em operações de

limpeza da costa.

Luvas de vaqueta

Bastante usadas quando é necessário fazer esforços ou movimentar cargas.

Luvas de Nitrila

São as mais apropriadas para o trabalho com óleo. As luvas de borracha (látex) não são a

melhor opção

Óculos Protetores

Ampla Visão: proteção contra respingos de óleo e de dispersantes.

Óculos escuros: proteção contra os raios UVA/UVB.

Page 41: Apostila Imo First Responder As

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A seguir mais alguns exemplos de EPIs comumente usados:

- Macacão, durante toda a resposta

- Macacão TYVEK, descartável

- Protetor auricular tipo concha, nas proximidades de equipamentos ruidosos.

- Protetor auricular tipo Plugue, nas proximidades de equipamentos ruidosos.

- Bloqueador Solar para os trabalhadores expostos a luz solar.

- Capacete onde houver risco de ser atingido por cima ou bater a cabeça.

- Óculos de Segurança, usado em todas as áreas de trabalho

- Jardineira com bota de borracha para locais alagados

- Calçados de proteção (botas de borracha de segurança com biqueira de aço e sola

texturizada)

- Boné/Chapéu para proteção solar durante a limpeza de praias

4. OUTROS ASPECTOS IMPORTANTES RELACIONADOS À SEGURANÇA

4.1. Dispersantes

Dispersante é uma mistura de solventes e surfactantes que possuem a propriedade de quebrar

a tensão superficial entre o óleo e a água e, assim, favorecer a biodegradação.

Dispersantes são usualmente aplicados sobre uma mancha de óleo por embarcações,

helicópteros ou aviões. Os dispersantes deverão ser usados em áreas bem ventiladas, distante

de faíscas, calor ou chamas. O grau de explosividade de cada dispersante varia de acordo com

a composição química dos mesmos.

Contato prolongado com dispersantes pode causar um efeito desengraxante dos óleos

naturais, levando a rachadura e irritações da pele, possivelmente uma dermatite. Inalação de

vapores pode resultar em tonturas, náuseas etc. Inalação extensiva deverá ser tratada através

da remoção para ar fresco e envio da pessoa contaminada para atendimento médico.

Olhos, pele e vias respiratórias deverão ser protegidos da borrifação. Olhos contaminados

deverão ser cuidadosamente lavados com água.

Dispersantes derramados criam uma superfície escorregadia. Quaisquer derramamentos

deverão ser limpos com esfregão, com absorvente adequado e lavados com bastante água.

É importante ressaltar que o uso de dispersantes químicos também apresenta risco de saúde,

já que a nevoa produzida por eles pode ser inalada pelos trabalhadores envolvidos.

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4.2. Segurança Pública

Um aspecto relacionado a operações de limpeza da costa é supervisionar as atividades que,

em regra, costumam atrair atenção do público. Assim, deve-se tratar da segurança do

público, mesmo em atividades menores de limpeza da costa.

Espectadores devem tomar uma distância segura. Determine qual é esta distância segura,

considerando o tamanho da área necessária a livre movimentação do pessoal envolvido,

materiais, equipamentos e transporte. A possibilidade de vapores tóxicos ou inflamáveis se

espalharem deve ser considerada.

Não permita que voluntários assistam às operações de limpeza, a menos que tenham

autorização de autoridades maiores e treinamento básico ou orientação. A experiência tem

mostrado que quando essas pessoas se envolvem nas ações, nas quais não tiveram

treinamento ou experiência, frequentemente se machucam, levemente ou seriamente.

Caso repórteres e fotógrafos tenham permissão para entrar na área do incidente, eles devem

ser instruídos quanto às precauções de segurança básicas, seja qual for o local do

derramamento que queiram examinar.

4.3. Tipos de Costa

Os tipos de costa variam de características e, portanto, precauções especiais devem ser

tomadas para cada uma delas. Por exemplo, praias de seixos e cascalho podem ser bastante

escorregadias e consistem de pedras irregulares. Todo o pessoal neste tipo de área de

trabalho deve usar calçados à prova d’água com solado aderente.

Bancos argilosos, pântanos e costões lodosos também são difíceis de trabalhar, pois não se

caminha em solo firme, e pode-se ter de avançar numa água estagnada e oleosa até o peito.

Ao limpar penhascos a partir do mar, o capitão do navio irá decidir se a embarcação pode ser

manobrada bem o suficiente para uma abordagem segura. No caso da limpeza de uma escarpa

com um pequeno barco, o Comandante de Cena vai decidir se a operação pode ser iniciada de

maneira segura.

É obrigatório o uso de salva-vidas. Caso os trabalhadores sejam requisitados para realizar

operações de limpeza do alto de penhascos, eles devem estar seguros por linhas de segurança

e arreios. Quando trabalhando no mar, ao longo da costa ou de um cais, o pessoal deve estar

sempre de salva-vidas, nunca estar sozinho (buddy system) e sempre alerta. Certas águas

possuem correnteza forte, ondas, ressacas e marés, e o uso de linhas de vida é necessário.

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4.4. Condições Adversas de Tempo

Como a eficácia das estratégias de resposta depende das condições de tempo incluindo chuva,

vento, correntes marítimas, calor e frio, o ambiente de trabalho do pessoal deve ser

continuamente avaliado. Exposição tanto ao calor quanto ao frio por um longo período pode

afetar fisiologicamente e psicologicamente a condição daqueles envolvidos. A exposição

contínua pode resultar em desconforto físico, perda de eficiência e uma suscetibilidade maior

aos acidentes e ferimentos.

4.5. Zoneamento da Área

O Zoneamento da área é uma estratégia importante na hora da resposta. As Zonas podem ser

separadas em:

Zona Quente: Zona da resposta propriamente dita (contaminação imediata /

monitoramento)

Zona Morna: É usada para a descontaminação, retirada das roupas e EPIs contaminados,

colocação dos EPIs para adentrar na zona quente e entrada e saída da área de

emergência.

Zona Fria: Acomodação, descanso, alimentação, recepção de pessoal.

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LIÇÃO 3 – SENSIBILIDADE E IMPACTOS AMBIENTAIS

OBJETIVO DA LIÇÃO

Devido às suas características físico-químicas, o petróleo e seus derivados são produtos que

apresentam alto grau de toxicidade, provocando, quando liberados para o meio ambiente,

graves impactos ambientais, conceituados pela Resolução CONAMA 001/86, em seu Artigo 1º,

como sendo: “qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio

ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades

humanas que, direta ou indiretamente, afetam: I - a saúde, a segurança e o bem-estar da

população; II - as atividades sociais e econômicas; III - a biota; IV - as condições estéticas e

sanitárias do meio ambiente; V - a qualidade dos recursos ambientais”.

Ao final da Aula, você deverá conhecer os impactos ambientais mais importantes em um

derramamento de óleo.

A seguir são apresentados os impactos decorrentes da poluição por óleo sobre a fauna e flora

presentes nos diferentes compartimentos dos ambientes marinho e costeiro.

IMPACTO EM HABITATS MARINHOS E COSTEIROS

Águas abertas e oceanos

Animais aquáticos de grande porte, como lulas, peixes, tartarugas, baleias e golfinhos são

bastante móveis e raramente afetados por derrames de óleo em águas abertas. Em regiões

costeiras, mamíferos marinhos, como focas, e tartarugas podem ser vulneráveis devido à

necessidade de subir para respirar.

Focas adultas sentem a presença do óleo e deixam a área do derramamento. Entretanto, em

certos casos, focas adultas e, em particular, filhotes de focas ficam presos e acabam

morrendo em praias poluídas. Castores podem se asfixiar e morrer por causa do óleo, pois não

tem como sair das áreas em que habitam (ex. o incidente EXXON VALDEZ no Alasca/EUA, em

março de 1989).

As águas rasas onde ocorrem desovas também podem ser afetadas por óleo dissolvido ou

disperso. Moluscos são particularmente vulneráveis porque têm mobilidade restrita. Fundos

de grama e habitantes do fundo marinho como mexilhões, ouriços e vermes podem ser

afetados pelo óleo e, por sua vez, transferir esta contaminação através da cadeia alimentar.

Para auxiliar no planejamento das ações de resposta e no direcionamento dos recursos

disponíveis, uma Carta SAO (Sensibilidade Ambiental ao Óleo) é feita para mapear onde

ficam, por exemplo, os ambientes mais sensíveis ao óleo, aspectos socioeconômicos, como

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locais de atividades de pesca, turismo, indústrias, aspectos ambientais, como espécies de

animais típicas, entre outros aspectos, que auxiliam na escolha dos lugares a terem sua

proteção priorizada.

Essas cartas podem ajudar na análise de sensibilidade na costa, vendo quais espécies de aves,

peixes e outras espécies podem ser afetados com um derramamento de óleo. Também é mais

fácil para avisar as comunidades locais sobre a vulnerabilidade do local e solicitar ajuda em

caso de derramamento de óleo no mar.

Litoral

Os efeitos no litoral são particularmente severos quando estão descobertos na maré baixa. O

óleo na superfície tende a afetar toda a vida na zona entre marés. Os efeitos podem ser tanto

químicos, quando os animais ficam expostos aos elementos tóxicos do óleo, quanto físicos,

quando organismos sufocam por causa da mancha.

Em áreas abrigadas, como pântanos de água salgada, mangues e pântanos, o óleo pode causar

danos consideráveis, pelo fato dessas áreas serem frequentemente ecossistemas de grande

produtividade. São áreas de alimentação para aves, na maré baixa, e para peixes, na

preamar. Como essas áreas têm um potencial auto-limpante muito pequeno, o óleo pode ter

impacto de longo prazo.

Alagadiços

Áreas rasas abaixo da faixa de marés são frequentemente ricas em vida marinha, incluindo

moluscos, peixes jovens e alevinos, recifes de coral e leito de grama. São habitats

importantes e berçário de muitas aves, como também de grande importância para a pesca.

Como o ambiente é muito sensível à elevadas concentrações de óleo, o uso de dispersantes

pode causar graves danos. Nessas áreas, por isso, os dispersantes não podem ser usados.

Pântanos de água salgada provêem importantes fontes de alimento para vermes, caracóis,

mexilhões, caranguejos e, por sua vez, aves. O óleo leve pode ser letal para a vegetação. A

baixa energia é uma preocupação, pois faz com que o óleo persista no ambiente por muito

tempo, especialmente se penetra no sedimento (acarretando preocupação para o trabalho de

limpeza).

Florestas de mangue fornecem um importante habitat para o estágio jovem de peixes de

importância comercial e camarões, como também são áreas de reprodução de peixes e

moluscos. O óleo pode bloquear a entrada de ar para as árvores do mangue ou interferir no

equilíbrio salino, provocando sua morte.

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IMPACTO NA FAUNA MARINHA E COSTEIRA

Plâncton

O plâncton é a base da cadeia alimentar marinha, que inclui ovos, larvas de peixe e outros

animais. São muito sensíveis à toxicidade do óleo. Organismos planctônicos serão

inevitavelmente mortos, particularmente se a concentração do óleo na água é aumentada

pela ação das ondas ou dispersantes químicos. Entretanto, efeitos de longo prazo parecem ser

desprezíveis.

Corais

Recifes de coral são geralmente submersos, e estão sujeitos ao óleo flutuante apenas quando

expostos na maré baixa. Mas os corais podem também ser suscetíveis ao óleo disperso, e

também, naturalmente, através do uso de químicos. A maior parte dos efeitos é temporária,

mas pequenos peixes residentes e outros animais podem ser varridos da proteção do recife

por ondas e correntes.

Peixes

Peixes adultos possuem órgãos sensitivos muito apurados, de forma que eles “sentem” o óleo

e rapidamente deixam a área do derrame. Peixes jovens, no entanto, são mais vulneráveis,

uma vez que frequentemente vivem em águas rasas próximas à costa, conhecidas como

“berçários”, até que cheguem à fase adulta. Se o óleo entrar numa baía rasa e dispersar na

água, naturalmente ou pelo uso de dispersantes, o aumento da concentração poderá trazer

efeitos graves nos jovens e resultar em um impacto de longo prazo no estoque de peixes

adultos.

Aves

• Aves Marinhas

As aves marinhas, assim como os demais organismos que vivem nas camadas superficiais do

mar, são especialmente vulneráveis a vazamentos de óleo (LEIGHTON, 2000) em função da

película de óleo que se forma na superfície.

As penas das aves lhes conferem impermeabilidade, isolamento térmico e capacidade de

flutuação. Em contato com o óleo, as propriedades da plumagem destes animais ficam

prejudicadas, dificultando ou impedindo o voo.

Além disso, a ingestão de compostos do petróleo por alimentos contaminados ou durante a

tentativa de se limpar provoca danos ao sistema digestivo e intoxicação.

Page 48: Apostila Imo First Responder As

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Assim, as causas mais comuns de morte de aves devido à poluição por óleo são por

afogamento, inanição, hipotermia e envenenamento em consequência do dano à plumagem

pelo óleo.

A mortalidade causada pelo derrame de óleo normalmente não terá efeito detectável na

população jovem das aves marinhas, exceto no caso de colônias isoladas com potencial

limitado de recolonização.

A limpeza das aves é um exercício especializado, com um índice de sobrevivência muito

variável. Somente especialistas em limpeza de aves devem executar este trabalho.

Entretanto, a justificativa para a limpeza e reabilitação das aves contaminadas se baseia mais

em promover o bem-estar do animal do que na expectativa de recuperar a população, exceto

nos casos de aves ameaçadas de extinção.

• Aves costeiras

Aves costeiras não sofrem tanto a ação do óleo quanto as aves marinhas, que descansam e se

alimentam sobre a água. A maior preocupação com as aves costeiras é com o dano causado

pelo óleo nas áreas de alimentação.

Mamíferos marinhos

Baleias, golfinhos, focas e leões marinhos raramente são afetados por um derrame de óleo.

Lontras marinhas são mais vulneráveis, por causa de seu modo de vida e sua pelagem.

Quelônios marinhos

Tartarugas marinhas são ameaçadas de extinção. As praias de nidificação são particularmente

vulneráveis aos derrames de óleo, e ações devem ser tomadas para proteger estas praias do

impacto do óleo, sempre que possível.

Crustáceos e moluscos

Crustáceos como a lagosta, mariscos e outros moluscos, têm mais dificuldade para escapar

dos efeitos do óleo do que os peixes, e ficam mais expostos na medida em que o óleo afunda

e se mistura aos sedimentos no fundo do mar. Como resultado, há uma possibilidade maior de

que eles retenham o óleo e fiquem impregnados.

A seguir são apresentados os impactos decorrentes da poluição por óleo sobre as atividades

desenvolvidas nos ambientes marinho e costeiro.

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Praias turísticas

Praias poluídas por óleo, ou mesmo a ameaça de poluição, têm grande influência no turismo.

Porém, em algumas partes do mundo a indústria do turismo é bastante sazonal, e isto deve

ser levado em consideração quando se inicia uma ação de resposta.

Pesca

Mesmo que o estoque de peixes não seja afetado pelo derrame, os pescadores provavelmente

serão, porque eles serão proibidos de pescar durante o incidente.

Além disso, moluscos e crustáceos, por terem menor mobilidade, podem ser seriamente

afetados pelo óleo. Ainda que o óleo incorporado esteja em concentrações que não

representem riscos aos consumidores, o sabor do óleo na carne desses animais inviabiliza o a

comercialização do produto, resultando em perda financeira.

Caso não saibam do óleo flutuando na área, os pescadores podem ter seus equipamentos de

pesca danificados mesmo por pequenas quantidades de óleo. Por isso, deve-se sempre emitir

alertas apropriados.

Aquicultura

Peixes em fazenda são cercados por redes e não conseguem escapar do óleo. Apesar de ser

improvável que os peixes morram por causa do óleo, uma vez que são bastante tolerantes, é

bem provável que fiquem impregnados. Se a impregnação for severa, o peixe pode ficar

impróprio para o consumo e tenha de ser descartado (ex. no incidente do BRAER, nas ilhas

Shetland, em janeiro de 2003). Se deixados em águas limpas, a contaminação desaparece

gradualmente. O uso de dispersantes próximos aos cercados de peixes ou criação de moluscos

resultaria em mais óleo disponível para os animais, aumentando a impregnação. Caso os

cercos fiquem sujos de óleo, será muito difícil de limpar ou caro de trocar.

Marinas

As áreas com marinas e clubes náuticos são muito sensíveis à poluição por óleo, no sentido de

que barcos de passeio e iates caros vão sempre exigir limpeza, o que pode resultar numa

operação bastante cara.

Extração de água

Se o óleo chegar à tomada de água para arrefecimento e nas trocas de calor, estações de

força, refinarias e outras instalações industriais terão de parar as atividades. Já ocorreram

incidentes de fechamentos causados por derrame de óleo com apenas uma tonelada.

Indústrias de dessalinização são especialmente sensíveis ao óleo, e os resultados podem ser

muito graves, com a redução do fornecimento d’água para a população.

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Outro tipo de indústria que pode ser afetada pela poluição por óleo é a salineira. O uso de

dispersantes nessas áreas pode também causar muitos danos.

CLASSIFICAÇÃO DE HABITATS E FEIÇÕES COSTEIRAS BRASILEIRAS SEGUNDO O SEU ÍNDICE

DE SENSIBILIDADE DO LITORAL (ISL) A DERRAMAMENTO DE ÓLEO

A identificação precoce dos possíveis impactos ambientais, em consequência de um derrame

de óleo, é muito importante para uma resposta eficaz.

Dessa forma, mapas de sensibilidade são elementos-chave em um plano de contingência, pois

fornecem a localização e informações essenciais sobre as áreas ecologicamente sensíveis,

áreas de prioridade de proteção e limpeza, e recursos economicamente importantes.

Os diversos habitats e feições da costa brasileira foram ordenados de acordo com o índice de

sensibilidade do litoral (ISL). Este índice classifica os diversos tipos de segmentos litorâneos

em uma escala que varia de 1 a 10, sendo o índice tanto mais alto quanto maior a

sensibilidade. A classificação da sensibilidade é baseada nos seguintes fatores: grau de

exposição à energia de ondas e marés, declividade do litoral e tipo de substrato.

Esta classificação considera os índices estabelecidos pela NOAA2 adaptados para as feições do

litoral brasileiro.

A tabela M1L3.1 apresenta uma classificação dos tipos de costa de acordo com sua

sensibilidade relativa ao derramamento de óleo, acompanhadas de breve relato das

características principais desses ambientes; dos impactos de derramamento de óleo e de

ações de resposta recomendadas.

2 NOAA - National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA) – Agência federal americana que

regula assuntos relacionados às condições oceânicas e atmosféricas.

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Tabela M1L3.1 – Índice de Sensibilidade Índices de Sensibilidade do Litoral no Brasil e tipos de

substrato (MMA, 2008)

Índice de Sensibilidade do Litoral - ISL 1

Tipo de Costa

– Costões rochosos lisos, de alta declividade, expostos

– Falésias em rochas sedimentares, expostas

– Estruturas artificiais lisas (paredões marítimos artificiais), expostas

Características: Exposição frequente a ondas de um ou mais metros de altura e/ou a fortes correntes de maré; tendência refletiva; substrato impermeável e sem rugosidades; declividade superior a 30 graus (zona intermarés estreita).

Comportamento potencial do óleo/Ações

de Resposta:

Não há penetração de óleo; baixa permanência do óleo; a remoção tende a ocorrer rapidamente, de modo natural.

Exemplos de Ambientes classificados como ISL 1

Costão rochoso liso, exposto, de alta declividade e estrutura

artificial lisa, exposta

Falésias em rochas sedimentares, expostas

Estrutura artificial lisa, exposta

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Tabela M1L3.1 – Índice de Sensibilidade Índices de Sensibilidade do Litoral no Brasil e tipos de

substrato (MMA, 2008) (Continuação)

Índice de Sensibilidade do Litoral - ISL 2

Tipo de Costa

- Costões rochosos lisos, de declividade média a baixa, expostos

- Terraços ou substratos de declividade média, expostos (terraço ou plataforma de abrasão, terraço arenítico exumado bem consolidado, etc.)

Características:

Exposição frequente a ondas de um ou mais metros de altura e/ou a fortes correntes de maré; tendência refletiva; substrato impermeável e sem rugosidades, podendo apresentar fina cobertura de sedimentos mobilizáveis; declividade inferior a 30 graus (zona intermarés mais larga que as relativas às feições classificadas no índice de sensibilidade 1); sedimentos podem acumular na base da escarpa, sendo removidos nas tempestades.

Comportamento potencial do óleo/Ações

de Resposta:

Não há penetração de óleo; remoção geralmente rápida do óleo por ação das ondas; a remoção de depósitos de óleo na faixa da preamar pode ser necessária, no caso de uso intensivo para recreação ou proteção de espécies animais.

Exemplos de Ambientes classificados como ISL 2

Costões rochosos lisos, de declividade média a baixa, expostos.

Terraço rochoso liso, exposto.

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Tabela M1L3.1 – Índice de Sensibilidade Índices de Sensibilidade do Litoral no Brasil e tipos de

substrato (MMA, 2008) (Continuação)

Índice de Sensibilidade do Litoral - ISL 3

Tipo de Costa

- Praias dissipativas de areia média a fina, expostas

- Faixas arenosas contíguas à praia, não vegetadas, sujeitas à ação de ressacas (restingas isoladas ou múltiplas, feixes alongados de restingas tipo “long beach”)

- Escarpas e taludes íngremes (formações do grupo Barreiras e Tabuleiros Litorâneos), expostos

- Campos de dunas expostas

Características:

Reflexão média das ondas; praias com declividade da face praial da ordem de 3 a 5 graus (zona intermarés larga); sedimentos bem selecionados e geralmente compactos (fundo duro); percolação do óleo geralmente inferior a 10 cm; baixa mobilidade do perfil praial, com baixo potencial de soterramento; sedimentos superficiais sujeitos à remobilização frequente por ação das ondas.

Comportamento potencial do óleo / Ações de Resposta:

Penetração do óleo geralmente menor que 10 cm; mínima possibilidade de soterramento do óleo devido à lenta mobilidade da massa sedimentar; a possibilidade existe, porém, em praias expostas, após a fase erosiva das tempestades; impactos sobre as comunidades bióticas intermarés podem ser severos; geralmente a limpeza é necessária; é possível o tráfego de veículos, respeitando o ciclo de marés e as eventuais restrições ambientais locais. No caso das barreiras, o óleo pode se entranhar no material desmoronado, acumulado na base da escarpa, tornando a limpeza necessária na faixa da preamar.

Exemplos de Ambientes classificados como ISL 3

Faixa arenosa contígua à praia, não vegetada, sujeita à ação de

ressaca (restinga)

Escarpa íngreme (formação do grupo Barreiras), exposta

Campos de dunas

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Tabela M1L3.1 – Índice de Sensibilidade Índices de Sensibilidade do Litoral no Brasil e tipos de

substrato (MMA, 2008) (Continuação)

Índice de Sensibilidade do Litoral - ISL 4

Tipo de Costa

- Praias de areia grossa

- Praias intermediárias de areia fina a média, expostas

- Praias de areia fina a média, abrigadas

Características: Declividade da face praial entre 3 e 10 graus; substratos moderadamente permeáveis; mobilidade sedimentar relativamente elevada (acumulação de até 20 cm por ciclo de maré); soterramento parcial do óleo.

Comportamento potencial do óleo/Ações

de Resposta:

Penetração do óleo até cerca de 25 cm de profundidade; mobilidade do sedimento tende ao soterramento; possibilidade de ocorrência de sequência de estratos com e sem contaminação, exigindo o manuseio de grande volume de sedimentos; impactos sobre as comunidades bióticas intermarés podem ser severos; limpeza difícil, agravada pela tendência do equipamento misturar ainda mais o óleo com o sedimento; tráfego de veículos pode não ser possível; pode haver a transposição da praia por ondas em situações de tempestade, com potencial contaminação da retaguarda do cordão litorâneo.

Exemplos de Ambientes classificados como ISL 4

Praia de areia grossa

Praia intermediária de areia fina a média, exposta

Praia de areia fina a média, abrigada

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Tabela M1L3.1 – Índice de Sensibilidade Índices de Sensibilidade do Litoral no Brasil e tipos de

substrato (MMA, 2008) (Continuação)

Índice de Sensibilidade do Litoral - ISL 5

Tipo de Costa

- Praias mistas de areia e cascalho, ou conchas e fragmentos de corais

- Terraço ou plataforma de abrasão de superfície irregular ou recoberta de ve-getação

- Recifes areníticos em franja

Características:

Energia variada das ondas e das correntes de maré; declividade entre 8 e 15 graus, nos casos de substratos móveis, ou sub-horizontal em substratos duros; média a elevada permeabilidade do substrato (mistura de cascalho e areia); participação relativa da fração cascalho (maior que 2 mm) de pelo menos 20% na composição do sedimento; cascalho pode ser composto de fragmentos de rochas, conchas ou corais; percolação do óleo até cerca de 50 cm de profundidade; mobilidade dos sedimentos muito elevada no ciclo tempestade/ pós-tempestade; potencial de erosão durante tempestades e posterior soterramento; superfície irregular ou recoberta de vegetação, no caso de substratos duros. Os recifes em franja formam barragem com declividade suave para o continente e brusca queda para o mar, e apresentam rugosidades onde tende a se acumular o óleo.

Comportamento potencial do óleo/Ações

de Resposta:

Penetração do óleo até cerca de 50 cm de profundidade; maior profundidade de percolação do óleo dificulta a limpeza, podendo causar erosão ou problemas de descarte; baixa trafegabilidade potencial; persistência do óleo pode ser alta se houver soterramento ou retenção em irregularidades do substrato; tempestades periódicas podem ajudar a remoção e/ ou soterramento do óleo.

Exemplos de Ambientes classificados como ISL 5

Praia mista de areia e cascalho

Terraço de abrasão de superfície irregular, recoberto de vegetação

Recifes areníticos em franja

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Tabela M1L3.1 – Índice de Sensibilidade Índices de Sensibilidade do Litoral no Brasil e tipos de

substrato (MMA, 2008) (Continuação)

Índice de Sensibilidade do Litoral - ISL 6

Tipo de Costa

- Praias de cascalho (seixos e calhaus)

- Costa de detritos calcários

- Depósito de tálus

- Enrocamentos (“rip-rap”, guia corrente, quebra-mar) expostos

- Plataforma ou terraço exumado recoberto por concreções lateríticas (disformes e porosas)

Características:

Elevada variabilidade anual no grau de exposição e, consequentemente, na frequência de mobilização de sedimentos por ação das ondas; reflexão variável das ondas; elevada permeabilidade do substrato (cascalho) ou substrato rochoso / duro com muitas reentrâncias; declividade moderada; potencial de enterramento e erosão durante tempestades; baixíssima trafegabilidade; baixíssima reposição natural dos sedimentos.

Comportamento potencial do óleo/Ações

de Resposta:

Percolação do óleo até cerca de 100 cm; praias de cascalho têm o nível mais elevado de impacto, devido à facilidade e profundidade de percolação do óleo e consequentes dificuldades de remoção; persistência do óleo pode ser alta se há soterramento ou se as tempestades após o soterramento forem pouco frequentes; limpeza pode ser difícil devido à grande profundidade de penetração do óleo e baixa trafegabilidade; jateamento com água pode ser uma solução parcial em enrocamentos.

Exemplos de Ambientes classificados como ISL 6

Costa de detritos calcários

Encoramento (“rip-rap”) exposto

Terraço exumado recoberto por concreções lateríticas (disformes

e porosas)

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Tabela M1L3.1 – Índice de Sensibilidade Índices de Sensibilidade do Litoral no Brasil e tipos de

substrato (MMA, 2008) (Continuação)

Índice de Sensibilidade do Litoral - ISL 7

Tipo de Costa - Planície de maré arenosa exposta

- Terraço de baixa-mar

Características:

Acumulação sedimentar de baixíssima declividade (menor que 3 graus); formado predominantemente por areia, podendo ocorrer frações de silte e cascalho; percolação do óleo muito reduzida, devido à saturação do sedimento com água; largura variando de poucos metros a extensões da ordem de quilômetros; sedimento inconsistente e de baixa trafegabilidade.

Comportamento potencial do óleo/Ações

de Resposta:

O óleo tende a não percolar ou aderir facilmente aos sedimentos arenosos saturados; o óleo tende a ser transportado para a zona de alcance máximo da preamar ou é levado ao longo da costa pelas correntes de maré; o impacto na biota pode ser alto devido à exposição tóxica (óleos leves ou frações dispersas) ou asfixia (óleos pesados); limpeza difícil devido à tendência de transferir o óleo para camadas mais profundas de sedimento através do pisoteio ou outras ações de resposta.

Exemplos de Ambientes classificados como ISL 7

Planície de maré arenosa exposta.

Terraço de baixa-mar.

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Tabela M1L3.1 – Índice de Sensibilidade Índices de Sensibilidade do Litoral no Brasil e tipos de

substrato (MMA, 2008) (Continuação)

Índice de Sensibilidade do Litoral - ISL 8

Tipo de Costa

- Escarpa/ encosta de rocha lisa, abrigada

- Escarpa/ encosta de rocha não lisa, abrigada

- Escarpas e taludes íngremes de areia, abrigados

- Enrocamentos (“rip-rap” e outras estruturas artificiais não lisas) abrigados

Características:

Abrigado da ação das ondas; substrato duro composto por rocha do embasamento, estrutura artificial ou argila dura, exceto no caso das barreiras; o substrato pode variar de vertical liso a encosta rugosa de variados graus de permeabilidade; declividade geralmente íngreme (maior que 15 graus), resultando em estreita faixa de estirâncio; usualmente com densa cobertura de algas e outros organismos.

Comportamento potencial do óleo/Ações

de Resposta:

Óleo tende a recobrir a superfície afetada, persistindo por longo tempo devido à inexistência de hidrodinamismo capaz de efetuar a remoção; o impacto na biota pode ser alto devido à exposição tóxica (óleos leves ou frações dispersas) ou asfixia (óleos pesados); limpeza frequentemente necessária, tanto por razões estéticas, quanto pela baixa remoção natural, sendo muitas vezes complicada, devido à dificuldade de acesso.

Exemplos de Ambientes classificados como ISL 8

Costão rochoso liso, abrigado

Escarpas e taludes íngremes de areia, abrigados

Enrocamentos (“rip-rap”) abrigados

Page 59: Apostila Imo First Responder As

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Tabela M1L3.1 – Índice de Sensibilidade Índices de Sensibilidade do Litoral no Brasil e tipos de

substrato (MMA, 2008) (Continuação)

Índice de Sensibilidade do Litoral - ISL 9

Tipo de Costa

- Planície de maré arenosa/ lamosa abrigada e outras áreas úmidas costeiras não vegetadas

- Terraço de baixa-mar lamoso abrigado

- Recifes areníticos servindo de suporte para colônias de corais

Características:

Abrigado da ação das ondas; substrato sub-horizontal lamoso (declividade menor que 3 graus); sedimento saturado com água, com baixa permeabilidade a não ser pela presença de orifícios feitos por animais; largura variando de poucos metros a extensões da ordem de quilômetros; sedimentos moles de baixíssima trafegabilidade. Os recifes com colônias de corais constituem ambientes de grande diversidade biológica; grau de exposição a ondas e inclinação variável; substrato rugoso característico de concreções biológicas de grande heterogeneidade; permeabilidade variável e grande aderência, agravada pela presença de orifícios feitos por animais; baixa ou nenhuma trafegabilidade.

Comportamento potencial do óleo/Ações

de Resposta:

A penetração de óleo é limitada pelos sedimentos saturados de água; o óleo é geralmente transportado até a linha de maré alta, podendo ocorrer penetração junto à linha de preamar; o impacto na biota pode ser alto devido à exposição tóxica (óleos leves ou frações dispersas) ou asfixia (óleos pesados); a remoção natural ocorre de forma extremamente lenta; o substrato mole e a dificuldade de acesso tornam a limpeza quase impossível; qualquer esforço nesse sentido tende a introduzir o óleo nas camadas mais profundas. No caso de recifes biológicos, a limpeza é impraticável; ações de resposta podem agravar o dano.

Exemplos de Ambientes classificados como ISL 9

Planícies de maré arenosa/ lamosa abrigada e outras áreas úmidas costeiras não vegetadas

Terraço de baixa-mar lamoso abrigado

Recifes areníticos servindo de suporte para colônias de corais

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Tabela M1L3.1 – Índice de Sensibilidade Índices de Sensibilidade do Litoral no Brasil e tipos de

substrato (MMA, 2008) (Continuação)

Índice de Sensibilidade do Litoral - ISL 10

Tipo de Costa

- Deltas e barras de rio vegetadas

- Terraços alagadiços, banhados, brejos, margens de rios e lagoas

- Brejo salobro ou de água salgada, com vegetação adaptada ao meio salobro ou salgado; apicum

- Marismas

- Manguezal (mangues frontais e mangues de estuários)

Características:

Ambientes de baixa energia; substrato plano, lamoso a arenoso, sendo mais comuns os solos muito orgânicos lamosos; declive geralmente muito baixo, menor que 3 graus (zona intermarés potencialmente extensa); sedimento saturado com água, com baixa permeabilidade a não ser pela presença de orifícios feitos por animais; sedimentos moles de baixíssima trafegabilidade.

Comportamento potencial do óleo/Ações

de Resposta:

A penetração de óleo é limitada pelos sedimentos saturados de água; possibilidade de cobertura direta da vegetação pelo óleo na zona intermarés; cobertura direta com óleos viscosos pode sufocar os organismos bênticos e sistemas de raízes; o impacto na biota pode ser alto devido à exposição tóxica (óleos leves ou frações dispersas) ou asfixia (óleos pesados); a remoção natural ocorre de forma extremamente lenta, devido aos baixos níveis de energia e biodegradação (condição anaeróbia do substrato) desses ambientes; constituem os hábitats mais sensíveis devido à elevada riqueza e valor biológico; funcionam como verdadeiras armadilhas de retenção de óleo; o substrato mole e a dificuldade de acesso tornam a limpeza impraticável; o esforço nesse sentido tende a introduzir o óleo nas camadas mais profundas e agravar o dano.

Exemplos de Ambientes classificados como ISL 10

Margens de lagoa com vegetação

Marismas

Manguezal (mangues de estuários)

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ANÁLISE DE BENEFÍCIO AMBIENTAL LÍQUIDO (Net Environmental Benefit Analyses - NEBA)

Uma vez acontecido o derramamento de óleo, decisões urgentes devem ser tomadas dentro

das opções disponíveis para resposta e limpeza, de forma que o impacto ambiental e

socioeconômico seja mínimo. Obter o equilíbrio correto é sempre um processo difícil e

conflitos inevitavelmente aparecem, e devem ser resolvidos da maneira mais prática possível.

As vantagens e desvantagens de diferentes opções de resposta devem ser consideradas e

comparadas, entre elas e com as vantagens e desvantagens da recuperação natural. Este

processo de avaliação é algumas vezes conhecido como NEBA.

O processo exige levar em consideração as circunstâncias do derramamento de óleo, a

viabilidade de uma resposta de limpeza, o entendimento científico dos impactos relativos ao

óleo no ambiente e as opções de limpeza, e algum bom senso no julgamento da relativa

importância dos fatores sociais, econômicos e ambientais. O senso comum e o consenso são

tão importantes nas tomadas de decisão quanto às informações científicas. As decisões são

melhores caso o processo de planejamento da contingência inclua consultas e acordos com

organizações apropriadas, e caso as informações ambientais e socioeconômicas relevantes

forem avaliadas antecipadamente, através de um processo abrangente de mapeamento de

áreas sensíveis.

O processo de avaliação NEBA normalmente envolve as seguintes etapas:

• Coleta de informações sobre características físicas, ecologia, uso humano dos recursos

ambientais e outros recursos da área.

• Revisão de casos anteriores de derramamentos de óleo e de resultados experimentais

relevantes para a área e para os métodos de resposta que possam eventualmente ser usados.

• Com base na experiência, prever o cenário ambiental resultante, caso a resposta

proposta seja usada, e o que aconteceria se a área fosse deixada para limpeza natural.

• Comparar e pesar vantagens e desvantagens das possíveis respostas entre si e com a

limpeza natural.

• Muito dessa avaliação pode ser feita no estágio de planejamento da contingência.

Entretanto, uma revisão das informações coletadas e das limitações das opções de resposta,

sob as condições do atual acidente, é necessária antes do início da resposta.

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LIÇÃO 4 - PLANO E ESTRUTURA DE RESPOSTA À EMERGÊNCIA

INTRODUÇÃO

Derramamentos de óleo no mar podem causar impactos ambientais e socioeconômicos de

diferentes formas e magnitudes. Além disso, podem causar impactos financeiros, como multas

e os próprios custos das operações de resposta, implicações jurídicas e danos à reputação da

empresa.

Dessa forma, é importante planejar tanto estratégias preventivas com objetivo de minimizar

os riscos de incidentes de poluição por óleo, como estratégias mitigadoras para minimizar os

impactos gerados no caso de sua ocorrência.

Para garantir um atendimento mais rápido e eficaz em uma situação de emergência, são

elaborados planos de emergência específicos para incidentes com vazamento de óleo, onde

são definidos procedimentos e estratégias de resposta, estrutura organizacional e respectivas

atribuições/responsabilidades, fluxograma de comunicação, recursos a serem mobilizados,

entre outros.

DISPOSITIVOS LEGAIS

O Plano de Emergência a incidentes de poluição por óleo deve considerar as determinações de

algumas legislações brasileiras. A seguir são apresentados os principais dispositivos legais

relacionados à elaboração do plano e das ações de resposta.

Lei Federal no 9.966, de 28/04/2000

Dispõe sobre a prevenção, o controle e a fiscalização da poluição causada por lançamento de

óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição nacional e dá outras

providências.

Resolução CONAMA no 269, de 14/09/2000

Regulamenta o uso de dispersantes químicos em derrames de óleo no mar.

Decreto no 4.136, de 20/02/2002

Dispõe sobre a especificação das sanções aplicáveis às infrações às regras de prevenção,

controle e fiscalização da poluição causada por lançamento de óleo e outras substâncias

nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição nacional, prevista na Lei no 9.966, de 28 de abril

de 2000, e dá outras providências.

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Resolução CONAMA no 398, de 11/06/2008

Dispõe sobre o conteúdo mínimo do Plano de Emergência Individual para incidentes de

poluição por óleo em águas sob jurisdição nacional, originados em portos organizados,

instalações portuárias, terminais, dutos, sondas terrestres, plataformas e suas instalações de

apoio, refinarias, estaleiros, marinas, clubes náuticos e instalações similares, e orienta a sua

elaboração.

PLANO DE EMERGÊNCIA INDIVIDUAL - PEI

O plano de Emergência Individual (PEI) deve conter informações e procedimentos necessários

ao combate a incidentes de poluição por óleo em águas sob jurisdição nacional, originados em

portos organizados, instalações portuárias, terminais, dutos, sondas terrestres, plataformas e

suas instalações de apoio, refinarias, estaleiros, marinas, clubes náuticos e instalações

similares, e orienta a sua elaboração.

A elaboração do PEI deve seguir as diretrizes estabelecidas pela Resolução CONAMA n°

398/08, além de considerar eventuais exigências estaduais, municipais ou específicas àquele

empreendimento, quando da decisão do órgão ambiental competente.

Nesse plano, além dos procedimentos para controle e combate a poluição por óleo, devem ser

definidas as responsabilidades e atribuições da Organização de Resposta e os recursos

próprios e de terceiros disponíveis para as ações de resposta identificadas no plano.

A organização do PEI conta com 03 (três) anexos que abordam diferentes aspectos da resposta

à emergência. A seguir serão apresentadas e descritas as principais seções que constituem o

plano.

1. Identificação da instalação

No início do documento devem ser apresentadas informações sobre a instalação do

empreendimento, como localização e descrição de acesso. Além disso, devem ser informados

neste item, os dados cadastrais da instalação e seu representante legal, da empresa

responsável pela operação da instalação e do coordenador das ações de resposta.

2. Cenários acidentais

Descrição dos cenários acidentais considerados durante a elaboração das estratégias e

dimensionamento dos recursos.

Os cenários acidentais são previamente identificados através do Estudo de Análise de Risco

específico para o empreendimento objeto do plano.

Primeiro identificam-se as fontes potenciais de derramamentos de óleo. Depois, define as

hipóteses acidentais.

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OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER

63

A hipótese de pior caso considera o cenário acidental que envolve o maior volume de

derramamento de óleo. Para a definição dos procedimentos e dimensionamento dos recursos,

considera-se essa hipótese.

3. Informações e procedimentos para resposta

Nas seções seguintes serão apresentadas informações e procedimentos específicos de cada

etapa do combate à poluição por óleo.

3.1. Sistemas de alerta a derramamento de óleo

Nesta seção devem ser descritos os dispositivos e procedimentos estabelecidos para a

identificação e alerta de ocorrência de derramamento de óleo.

3.2. Comunicação do incidente

Nesta seção, são estabelecidos os procedimentos operacionais a serem adotados para realizar

a comunicação interna e externa de ocorrência de derramamento de óleo. Além disso, devem

ser listadas as pessoas e instituições de contato, bem como os respectivos números de

telefone e fax, e endereços eletrônicos.

De acordo com a Lei Federal n°9966/00. As seguintes autoridades devem ser imediatamente

notificadas no caso de incidente de poluição por óleo:

• Órgão Ambiental Competente

• Capitania dos Portos

• Agencia Nacional do Petróleo – ANP

A comunicação com as autoridades competentes deve ser realizada por meio do formulário de

Comunicação Inicial do Incidente, apresentada no apêndice 1 do Anexo I da Resolução

CONAMA n° 398/08, como representada na tabela 1 abaixo.

Page 66: Apostila Imo First Responder As

OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER

64

Tabela 1 - Formulário de Comunicação Inicial de Incidente

I. Identificação da instalação que originou o incidente.

Nome da instalação:

( ) Sem condições de informar

II. Data e hora da primeira observação

Hora: Data:

III. Data e hora estimadas do incidente

Hora: Data:

IV. Localização geográfica do incidente

Latitude: Longitude:

V. Óleo derramado

Tipo de óleo:

Volume estimado:

VI. Causa provável do incidente

( ) Sem condições de informar

VII. Situação atual da descarga do óleo

( ) Paralisada ( ) Não foi paralisada ( ) Sem condições de informar

VIII. Ações iniciais que foram tomadas

( ) Acionado Plano de Emergência Individual;

( ) Outras providência;

( ) Sem evidência de ação ou providência até o momento.

IX. Data e hora da comunicação

Hora: Data:

X. Identificação do comunicante

Nome completo:

Cargo/emprego/função na instalação:

XII. Outras informações julgadas pertinentes

______________________________________

Assinatura

Além das autoridades locais, a imprensa, parceiros e outras partes interessadas também

devem ser comunicados. Para isso é recomendável a elaboração de procedimentos

específicos.

Page 67: Apostila Imo First Responder As

OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER

65

3.3. Estrutura Organizacional de Resposta

A Estrutura Organizacional de Resposta – EOR deve contemplar todos os recursos humanos,

próprios e contratados, previstos para responder ao incidente.

Além da identificação individual do titular e suplente de cada elemento da EOR, devem ser

apresentadas informações como:

• função;

• atribuição e responsabilidade;

• tempo máximo para mobilização; e

• qualificação técnica para o desempenho da função prevista na EOR.

A EOR deve ser representada graficamente por meio de organograma que demonstre as

relações entre cada elemento. Além disso, deve ser claramente identificado o coordenador

das ações de resposta e seu substituto.

3.4. Equipamentos e materiais de resposta

Nesta seção, deverão ser apresentados os equipamentos e materiais de resposta, próprios e

contratados, tais como aqueles destinados a:

• a contenção, recolhimento e dispersão do óleo;

• a proteção e isolamento de áreas vulneráveis;

• a limpeza de áreas atingidas;

• o acondicionamento de resíduos oleosos; além de

• produtos absorventes e adsorventes; e

• veículos (leves e pesados), cuja utilização esteja prevista pela instalação.

Devem ser apresentadas também informações relacionadas aos equipamentos identificados,

como:

• nome, tipo e características operacionais;

• quantidade disponível;

• localização;

• tempo máximo estimado de deslocamento para o local de utilização; e

• limitações para o uso dos equipamentos e materiais;

No caso de equipamentos e materiais de terceiros, deverão estar anexados os contratos e

outros documentos legais que comprovem a disponibilidade dos equipamentos e materiais

relacionados.

Deverão também estar especificados os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) a serem

utilizados pelas equipes de resposta.

Page 68: Apostila Imo First Responder As

OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER

66

3.5. Procedimentos operacionais de resposta

Nesta seção, são estabelecidos os procedimentos operacionais a serem adotados para controle

e limpeza de derramamento de óleo para cada cenário acidental considerado.

Na descrição dos procedimentos, é importante considerar aspectos relacionados à segurança

do pessoal envolvido nas ações de resposta.

Os procedimentos devem considerar os equipamentos e materiais de resposta, os cenários

acidentais contemplados no plano, e as áreas vulneráveis.

3.5.1. Procedimentos para interrupção da descarga de óleo

Nesta seção, são estabelecidos os procedimentos operacionais a serem adotados para

interromper a fonte da descarga de óleo.

3.5.2. Procedimentos para contenção do derramamento de óleo

Nesta seção são apresentados os procedimentos a serem adotados para conter do óleo

derramado, visando reduzir o alcance de óleo e minimizar os possíveis impactos.

3.5.3. Procedimentos para proteção de áreas vulneráveis

Nesta seção, são estabelecidos os procedimentos operacionais a serem adotados para

proteção das áreas identificadas nos mapas de vulnerabilidade.

A vulnerabilidade de um ambiente é a combinação entre sua sensibilidade e a probabilidade

de ser atingido pelo óleo. O Mapa de vulnerabilidade representa graficamente essas duas

condições.

A identificação prévia das áreas mais vulneráveis permite planejar o acionamento dos

recursos adequados para cada tipo de ambiente, visando a maior eficiência da resposta e

minimização dos impactos.

Para isso, é necessário:

• Identificar os ambientes prioritários para a proteção (pesquisas de campo ou consulta

à Carta SAO), com base nos. A identificação dos recursos ameaçados em caso de

poluição por óleo pode ser realizada por pesquisas de campo ou consulta à Carta SAO

(ver Módulo 1 - Lição 3).

• Considerar o provável comportamento do óleo derramado de acordo com os

resultados da modelagem de dispersão. A modelagem considera as características do

óleo e correntes predominantes para determinar as probabilidades de toque de óleo

na costa.

3.5.4. Procedimentos para monitoramento da mancha de óleo derramado

Nesta seção, são estabelecidos os procedimentos operacionais a serem adotados para o

monitoramento da mancha de óleo, visando prever a trajetória da mancha. O monitoramento

permite avaliar em tempo real a eficiência das ações de resposta e fornecer informações para

o planejamento das ações.

Page 69: Apostila Imo First Responder As

OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER

67

O monitoramento pode ser realizado de diferentes maneiras:

• monitoramento visual aéreo ou a bordo de embarcação;

• imagens de satélite, fotografias ou outros meios;

• coleta de amostras;

• modelagem matemática.

Também deverão estar descritas a forma e a frequência de registro das informações obtidas

durante os procedimentos de monitoramento, quanto à área, volume, deslocamento e

degradação da mancha de óleo. É recomendado que essas informações sejam registradas em

formulários previamente elaborados, para organizar as informações que serão utilizadas nos

relatórios técnicos de resposta a incidente de poluição por óleo.

3.5.5. Procedimentos para recolhimento do óleo derramado

Nesta seção, são estabelecidos os procedimentos operacionais a serem adotados para realizar

o recolhimento do óleo derramado contido, i.e., remover o óleo da água.

3.5.6. Procedimentos para dispersão mecânica e química do óleo derramado

Nesta seção, são estabelecidos os procedimentos operacionais a serem adotados para

utilização de meios mecânicos e agentes químicos para dispersão da mancha de óleo.

Os procedimentos de dispersão devem atender às condições e restrições, estabelecidas na

Resolução CONAMA n°269/00.

3.5.7. Procedimentos para limpeza das áreas atingidas

Nesta seção, são estabelecidos os procedimentos operacionais a serem adotados para a

limpeza de ambientes terrestres, costeiros e estruturas artificiais da própria e de terceiros.

A definição dos procedimentos deverá considerar fatores, como:

• Tipo de óleo derramado;

• Geomorfologia e grau de exposição da área;

• Condições de circulação d`água;

• Tipo e a sensibilidade da biota local;

• Atividades socioeconômicas.

3.5.8. Procedimentos para coleta e disposição dos resíduos gerados

Nesta seção, são estabelecidos os procedimentos a serem adotados para cada etapa do

gerenciamento dos resíduos.

Os procedimentos devem considerar o registro e controle dos resíduos recolhidos e materiais

utilizados.

Page 70: Apostila Imo First Responder As

OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER

68

3.5.9. Procedimentos para deslocamento dos recursos

Nesta seção, são estabelecidos os procedimentos operacionais a serem adotados para o

deslocamento dos recursos humanos e materiais para o local do incidente.

A avaliação inicial do incidente é importante para o dimensionamento e priorização desses

recursos, de acordo com a sensibilidade do ambiente ou severidade como o óleo deve

impactar.

3.5.10. Procedimentos para obtenção e atualização de informações relevantes

Nesta seção, são estabelecidos os procedimentos e frequência a serem adotados para

obtenção e atualização de:

• informações hidrográficas, hidrodinâmicas, meteorológicas e oceanográficas;

• descrição da forma de impacto (grau de intemperização do óleo, infiltração,

aderência na superfície, fauna e flora atingidas etc.);

• monitoramento da atmosfera para detecção de vapores, gases e explosividade.

3.5.11. Procedimentos para registro das ações de resposta

Nesta seção, são estabelecidos os procedimentos a serem adotados para registro das ações de

resposta visando permitir o acompanhamento e controle das ações e organizar informações

que subsidiarão a preparação do relatório final.

É recomendado que todos os participantes façam o registro individual de suas ações e que,

além disso, haja uma pessoa dedicada ao registro das ações e eventos gerais tomadas e

ocorridos durante a resposta.

3.5.12. Procedimentos para proteção das populações

Nos casos em que as análises realizadas identifiquem cenários acidentais que possam

representar risco à segurança de populações, deverão estar descritos procedimentos para a

sua proteção, em consonância com as diretrizes estabelecidas pelo Sistema Nacional de

Defesa Civil – SINDEC.

3.5.13. Procedimentos para proteção da fauna

Nesta seção, são estabelecidos os procedimentos a serem adotados para garantir a proteção

da fauna ameaçada ou recuperação de fauna impactada pelo derramamento de óleo. Para

isso deve ser feito um levantamento da fauna existente na região possivelmente afetada, de

acordo com a modelagem, bem como da fauna migratória.

4. Encerramento das operações

Nesta seção, são estabelecidos os aspectos a serem observados durante o encerramento das

operações:

• Critérios para decisão quanto ao encerramento das operações;

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OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER

69

• procedimentos para desmobilização do pessoal, equipamentos e materiais

empregados nas ações de resposta;

• procedimentos para definição de ações suplementares.

5. Mapas, cartas náuticas, plantas, desenhos e fotografias

Nesta seção, são apresentadas informações relacionadas ao planejamento e tomada de

decisão relacionadas à resposta, como:

• Planta geral da instalação, em papel e em formato digital, em escala apropriada,

contendo e identificando, conforme o caso, a localização de:

o tanques, dutos, equipamentos de processo, operações de carga e descarga e

outras fontes potenciais de derramamento;

o sistemas de contenção secundária;

o equipamentos e materiais de resposta a incidentes de poluição por óleo;

• Planta de drenagem da instalação, em papel ou em formato digital,em escala

apropriada, contendo e identificando, conforme o caso:

o principais pontos e linhas de drenagem de água contaminada e água pluvial;

o direções dos fluxos de derramamento de óleo a partir dos pontos de descarga

até os limites da instalação;

• Mapas de vulnerabilidade;

• Mapas, cartas náuticas, desenhos e fotografias;

• Outras informações julgadas pertinentes.

6. Treinamento de pessoal e exercício de resposta

Nesta seção, deve ser apresentado o programa de treinamentos e exercícios de resposta a

incidente de poluição por óleo, com objetivo de familiarizar e reciclar o conhecimento

dos membros da Organização de Resposta.

O programa deve estabelecer o público alvo, a frequência e o conteúdo. A modalidade de

exercício varia de acordo com o aspecto a ser treinado e avaliado, e podem ser:

• Exercício de comunicação e acionamento da resposta;

• Exercício de planejamento das ações de resposta;

• Exercício de mobilização de recursos;

• Exercício completo de resposta.

Além dessas informações, a CONAMA n° 398/08 também define os critérios de

dimensionamento dos recursos, como barreiras, capacidade de recolhimento e

armazenamento, e materiais absorventes, considerando o cenário de pior caso

identificado para aquela atividade.

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MÓDULO 2

LIÇÃO 1 – BARREIRAS DE CONTENÇÃO

OBJETIVO DA LIÇÃO

Aprender a diferenciar os tipos comuns de barreiras de contenção e descrever suas principais

características. Saber escolher o tipo ideal de barreira de contenção para cada ambiente. A

capacidade de escolher o tipo ideal de barreira tem grande influência no sucesso/falha da

operação de recolhimento de derramamento de óleo.

Ao longo da aula, você aprenderá sobre:

• A finalidade de usar uma barreira de contenção de óleo;

• O projeto básico de uma Barreira tipo Cortina e suas características físicas;

• O projeto básico de uma Barreira tipo Cerca e suas características físicas;

• O projeto básico de uma Barreira tipo Vedação de Praia e suas características físicas;

• O projeto básico de uma Barreira tipo Incêndio e suas características físicas.

OBJETIVO DO USO DE UMA BARREIRA DE CONTENÇÃO DE ÓLEO

Contenção / Concentração de Óleo na Superfície da Água

A barreira de contenção é lançada quando ocorre derramamento de óleo em águas abertas,

águas próximas ao litoral ou enseadas. A barreira circunda e concentra o óleo derramado em

uma pequena área. Isto cria uma condição ideal para o skimmer /bomba recolher o óleo.

Desvio de Óleo em Rios ou Áreas Costeiras

Quando ocorre derramamento de óleo em rio ou área próximo à costa, há risco potencial de

contaminação de áreas ambientalmente sensíveis. Por exemplo, devido a uma forte corrente,

fica difícil impedir que o óleo atinja áreas sensíveis. Colocar barreiras de contenção em

formações corretas torna possível guiar a mancha de óleo para áreas menos sensíveis.

A formação de Barreira Defletora pode ser instalada permanentemente ou utilizada

imediatamente depois de um derramamento.

Proteção em Caso de um risco Potencial de Derramamento de Óleo

Uma barreira de contenção pode ser usada em áreas industriais, como forma de proteção

contra um risco potencial de derramamento de óleo.

Por exemplo: em terminais de óleo onde um petroleiro está sendo envolvido por barreiras de

contenção antes da operação de carga/descarga ocorrer; ou também em torno de um navio

Page 74: Apostila Imo First Responder As

OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER

72

encalhado que poderia resultar em liberação de óleo. Nesses casos o óleo pode ser recolhido

imediatamente.

Barreiras permanentes ou semi-permanentes são usadas muitas vezes por usinas de energia,

tomadas d’água de resfriamento, criadouros de peixes, marinas de iates, entre outros.

As barreiras podem ser feitas de material disponível no local (redes, cabos, toras, por

exemplo).

A barreira de contenção somente concentra o óleo derramado, então deve ser usada junto

com um skimmer /bomba, que pode recolher esse óleo derramado.

Componentes de uma barreira de contenção:

a) Elemento de flutuação: parte da barreira que por meio de ar ou algum material

flutuante, permite que a barreira flutue sobre a água.

b) Saia: parte abaixo do elemento de flutuação que impede ou diminui o escape de óleo

sob a barreira.

c) Elemento de tensão: parte longitudinal da barreira (corrente, cabo ou rede) para

resistir aos efeitos de ventos, ondas e correntes marítimas.

d) Lastro: parte que mantém a barreira para baixo e sua posição ideal.

Expressões técnicas importantes:

e) Borda livre: parte da barreira que está acima do nível da água e impede ou reduz

respingos.

f) Calado: parte da barreira que fica abaixo do nível da água.

g) Coeficiente de flutuabilidade: é a relação entre volume do elemento de flutuação e o

peso por metro de barreira.

PROJETO BÁSICO DE UMA BARREIRA TIPO CORTINA E SUAS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS

Projeto Básico

O projeto característico de Barreiras tipo Cortina é um elemento de flutuação de linha de

centro com uma saia flexível.

Barreiras tipo Cortina normalmente têm um alto coeficiente de flutuabilidade (acima de 5:1).

O material de construção normalmente é tecido revestido de PVC, poliuretano ou tecido

revestido de borracha. Não importa qual lado da barreira está virado para o óleo.

Page 75: Apostila Imo First Responder As

OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER

73

Componentes da Barreira

• Elemento de flutuação: uma barreira tipo cortina possui um elemento de flutuação

preenchido com ar, gás inerte e barras de espuma sólida ou espuma granulada contida

em um cilindro.

Barreiras infláveis com ar podem ser infladas manualmente ou serem auto-infláveis. Os

Elementos de Flutuação estão disponíveis em dois projetos: com uma única e longa câmara de

ar ou com câmaras de ar separadas (2-4 metros de comprimento).

A altura da barreira diminui quando infladas.

• Saia: ela é flexível e se move mais ou menos independente do elemento de flutuação.

• Elemento de tensão: O elemento de tensão normalmente é uma corrente ou um cabo

que muitas vezes está colocado logo abaixo do fundo da saia e também atua como

lastro.

O elemento de tensão também pode ser colocado logo abaixo do elemento de flutuação em

vez do fundo da saia. Algumas barreiras tipo cortina têm redes como elemento de tensão.

• Lastro: o peso do lastro é acoplado ao fundo da saia – normalmente uma corrente ou

blocos fundidos.

• Coeficiente de Flutuabilidade: o tamanho do elemento de flutuação é muito grande

comparado ao peso da barreira. Isto dá um alto Coeficiente de flutuabilidade, que é

uma vantagem com relação à resposta de ondas. Normalmente, o coeficiente de

flutuabilidade será entre 5:1 - 20:1. A barreira pode suportar 5-20 vezes o seu próprio

peso.

• Borda livre/Calado: na altura de uma Barreira tipo Contenção, normalmente 2/5 são

o borda livre e 3/5 o calado.

Utilização

Grandes Barreiras tipo Cortina muitas vezes são usadas em mar aberto devido ao alto

coeficiente de flutuabilidade.

Barreiras tipo Cortina normalmente são usadas em áreas com baixas correntes, pois correntes

fortes podem forçar a saia para cima e para a superfície da água.

Page 76: Apostila Imo First Responder As

OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER

74

Vantagens / Desvantagens

Um alto coeficiente de flutuabilidade que dá boa resposta à onda.

Barreiras tipo Cortina infladas com ar têm um pequeno volume de armazenamento

(comparado a barreira preenchida com espuma) e normalmente são fáceis de limpar devido à

superfície plana quando desinfladas.

Com um elemento de flutuação dividido em câmaras separadas, essas barreiras normalmente

são muito flexíveis na direção horizontal e na vertical, o que dá uma boa resposta de onda.

O procedimento de preenchimento de uma barreira inflável com uma longa câmara de ar é

muito simples e normalmente rápido. Porém, uma barreira com somente uma câmara de ar é

muito sensível a punções e não segue bem o movimento das ondas, pois a câmara é longa e

rígida.

Resumo – BARREIRAS TIPO CORTINA

Barreiras tipo cortina têm um elemento de flutuação preenchido com ar, gás inerte, espuma

sólida ou granulada.

Possuem uma saia flexível que pode mover independentemente do elemento de flutuação.

O coeficiente de flutuabilidade é entre 5:1 e 20:1.

Barreiras preenchidas com ar são fáceis de limpar, porém são de lançamento mais demorado

e são mais sensíveis a punções do que Barreiras de Flutuação Sólidas.

O volume de armazenamento é muito pequeno para barreiras preenchidas com ar e grande

para barreiras preenchidas com espuma sólida.

PROJETO BÁSICO DE UMA BARREIRA TIPO CERCA E SUAS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS

Projeto Básico

Uma Barreira tipo Cerca possui elementos de flutuação sólidos dispostos em forma de uma

cerca.

Este tipo de barreira muitas vezes é feito de tecido revestido de PVC, poliuretano ou aço. É

bem rígido no plano vertical e, dependendo do tipo material de construção, pode ser mais ou

menos rígido no plano horizontal.

Page 77: Apostila Imo First Responder As

OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER

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Componentes da Barreira

• Elemento de Flutuação: Usualmente uma Barreira tipo Cerca possui um elemento de

flutuação sólido. Alguns tipos de Barreira tipo Cerca têm elementos de flutuação

destacáveis.

• Saia: A saia é rígida na direção vertical devido a treliças de fibra de vidro ou outros

materiais rígidos. As treliças normalmente são colocadas entre os elementos de

flutuação sólidos com uma distância de 1-3 metros.

• Elemento de tensão: O elemento de tensão é de rede tecida ou cabo tecido como nas

Barreiras tipo Cortina.

Barreiras tipo Cerca muitas vezes tem tecidos ou malha como elemento de tensão costurado

no material.

• Lastro: Cabo, corrente ou blocos de aço fundido.

• Coeficiente de flutuabilidade: Para manter o volume de armazenamento o menor

possível, o coeficiente de flutuabilidade é bem baixo: 3:1 a 6:1 (pequena quantidade

de espuma).

• Borda livre / Calado

Em geral, a borda livre dessas barreiras é 1/3 da altura total e o calado é 2/3 da altura total

devido a sua baixa flutuabilidade.

Utilização

Devido a seu baixo coeficiente de flutuabilidade e desempenho ruim em ondas altas, as

Barreiras tipo Cerca não são recomendadas para mar aberto.

Entretanto, em águas abrigadas, elas podem ter um desempenho tão bom quanto ou melhor

que as Barreiras tipo Cortina.

Barreiras tipo Cerca são usadas em instalações permanentes devido ao material de flutuação

sólido e porque tem um bom desempenho em correntes; são muito boas em correntes fortes

(por exemplo: rios, onde a estrutura vertical rígida consegue reter o óleo).

Page 78: Apostila Imo First Responder As

OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER

76

Vantagens / Desvantagens

A maior vantagem das Barreiras tipo Cerca é que elas são muito simples de usar devido a seu

baixo peso e não a não necessidade de qualquer equipamento auxiliar. Elas normalmente são

equipamento de baixo custo.

Barreiras tipo Cerca são divididas em três tipos, de acordo com:

1. Elemento de Flutuação de Linha Central;

2. Elemento de Flutuação de Fora do Bordo;

3. Linha de Tensão Externa.

1. Elemento de Flutuação de Linha Central

Este elemento de flutuação de linha central normalmente é uma placa de espuma sólida. Esta

placa flutuante reduz o volume de armazenamento.

• Vantagens

Um elemento de flutuação de Linha Central é de baixo custo e muitos países o produzem

localmente. Este tipo de barreira é muito fácil de operar.

• Desvantagens

O elemento de flutuação de Linha Central tem pouco contato com a água. A chamada rigidez

de balanço é baixa, o que significa que a barreira pode facilmente tombar. Isto pode ser

compensado parcialmente pelo lastro, mas devido ao baixo coeficiente de flutuabilidade o

peso deve ser baixo.

2. Elemento de Flutuação Fora da Borda

O Elemento de Flutuação Fora da Borda pode ter flutuadores fora da borda em um ou ambos

os lados da barreira.

• Vantagens

Os flutuadores fora da borda dão uma área de contato maior com a água, o que aumenta a

rigidez de balanço. Esse tipo de barreira é mais estável na água do que o tipo de linha

central.

• Desvantagens

Os flutuadores são bastante sensíveis na água, já que não são partes totalmente integradas da

parede da barreira.

3. Linha de Tensão Externa

Há dois tipos de Barreira de Linha de Tensão Externa: 1) uma única linha de tensão no lado de

frente para a corrente e 2) com uma linha de tensão nos dois lados da barreira.

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77

Uma linha de tensão é acoplada ao topo e à base da barreira por meio de cabos de

amarração. A distância entre o membro de flutuação e a linha externa normalmente é de 1-2

metros.

• Vantagens

A linha de tensão aumenta o desempenho da barreira especialmente em correntes fortes.

Linhas de tensão em ambos os lados da barreira tornam ela estável em áreas de maré nas

quais a corrente muda de direção.

• Desvantagens

O tipo de linha de tensão externa é bastante complicado de usar e recolher, pois as linhas

ficam enroscadas.

Barreiras tipo Cerca com linhas de tensão em um lado somente podem ser usadas em áreas

nas quais a corrente é de uma direção (sem maré).

Resumo – BARREIRAS TIPO CERCA

Barreiras do tipo Cerca são rígidas no plano vertical.

• Coeficiente de flutuabilidade baixo (3:1 -6:1).

• Baixo preço.

• Não adequadas para operação em mar aberto devido ao desempenho bastante

deficiente em ondas grandes.

• Grande volume de armazenamento.

• De uso fácil e rápido.

• Há três tipos de Barreiras tipo Cerca, de acordo com: Elemento de Flutuação de Linha

Central, Elemento de Flutuação Fora do Bordo, e Linha de Tensão Externa.

Atualmente as Barreiras tipo Cortina e as Barreiras tipo Cerca são as mais usadas. Mas nem

sempre é fácil determinar se uma barreira é estritamente uma de tipo Cortina ou tipo Cerca,

pois muitas barreiras juntam características de ambos os tipos.

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PROJETO BÁSICO DE UMA BARREIRA TIPO VEDAÇÃO DE PRAIA E SUAS CARACTERÍSTICAS

FÍSICAS

Caso um derramamento de óleo atinja a costa, pode ser muito difícil manter o óleo dentro da

Barreira de Contenção.

Uma Barreira tipo Cerca não é apropriada em profundidade de água menor do que o calado da

barreira, a barreira tombaria. Na zona entre marés a Barreira de Contenção não é pesada o

suficiente para aderir ao fundo.

Pelas razões apresentadas, foi desenvolvida uma Barreira tipo Vedação de Praia.

Projeto Básico

Uma Barreira de Praia é composta de três tubos individuais de 10-25 metros de comprimento.

Eles formam um triângulo com dois tubos em baixo e um em cima.

O tubo superior é cheio de ar e os dois tubos inferiores, que são colocados próximos um do

outro, são cheios com água a fim lhes dar o peso para manter a barreira junto ao fundo/à

praia.

Quando encher uma Barreira de Praia com água é importante não encher as câmaras de água

até a sua capacidade total. O fundo da Barreira de Praia pode acompanhar melhor o formato

da praia quando não estiver rígida demais.

Na água, a barreira flutua livremente.

Componentes da Barreira

• Elemento de Flutuação: é o tubo cheio de ar no alto da barreira.

• Saia: não há saia específica como numa Barreira de Contenção convencional. Em

Barreiras de Praia, a saia é o mesmo que o calado.

• Tensão: o elemento de tensão normalmente é o tecido.

• Lastro: os dois tubos cheios de água.

• Borda livre: em geral, uma metade da barreira está acima da água (borda livre).

• Calado: os dois tubos cheios de água constituem o calado, mais ou menos a metade

da barreira.

• Coeficiente de Flutuabilidade: como o peso da água nos tubos de água é neutro na

água, o coeficiente de flutuabilidade normalmente é de 5:1 - 10:1.

Utilização

Quando ocorrer um derramamento de óleo na zona entre marés.

Page 81: Apostila Imo First Responder As

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79

Vantagens / Desvantagens

É um tipo exclusivo de barreira que não pode ser substituída por outros tipos.

Deve ser manuseada com cuidado quando utilizada em solo rochoso para impedir que rasgue o

fundo.

Normalmente, uma Barreira tipo Vedação de Praia pode ser conectada facilmente a uma

Barreira de Contenção comum.

Resumo – BARREIRA TIPO VEDAÇÃO DE PRAIA

Uma Barreira tipo Vedação de Praia é projetada especialmente para manter o óleo na zona

entre-marés (zona de oscilação de marés).

Normalmente, uma Barreira tipo Vedação de Praia tem uma câmara de ar superior e duas

câmaras inferiores de água e pode ser conectada a Barreiras de Contenção comuns.

PROJETO BÁSICO DE UMA BARREIRA DE INCÊNDIO E SUAS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS

Projeto Básico

As barreiras de incêndio antigas continham flutuadores metálicos ou de materiais resistentes

ao fogo destinadas à contenção de produtos inflamáveis, a fim de evitar a propagação do

incêndio no produto derramado por intermédio da sua deriva. Atualmente existem barreiras

com revestimento saturado de água que permite a resistência ao fogo.

Componentes da Barreira

• Revestimento de proteção ao fogo saturado de água;

• Linhas internas de água;

• Câmara de ar;

• Válvula Munson (válvula da câmara de ar);

• Cabo de tensão superior e inferior; e

• Linha principal de alimentação de água a ligar ao coletor de incêndios.

Utilização

No caso em que exista o perigo de o produto derramado incendiar.

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81

LIÇÃO 2 – FALHAS DE BARREIRA DE CONTENÇÃO

OBJETIVO DA LIÇÃO

A operação incorreta de uma barreira de óleo ou as falhas não corrigidas podem comprometer

a operação inteira.

Esta lição trata de como evitar problemas durante o manejo de barreiras e como identificar e

corrigir falhas caso ocorram. No final da lição você deve ser capaz de identificar e sugerir

medidas corretivas para falhas típicas de Barreiras de Contenção que podem ocorrer durante

as operações.

Durante a lição você aprenderá como:

• Identificar e sugerir medida corretiva para falha por arraste (entrainment);

• Identificar e sugerir medida corretiva para falha de drenagem;

• Identificar e sugerir medida corretiva para falha de sobrepassagem (respingos);

• Identificar e sugerir medida corretiva para falha de submersão;

• Identificar e sugerir medida corretiva para falha por planeio;

• Identificar falha estrutural e calcular as forças que atuam sobre as barreiras de

contenção.

FUNDAMENTOS

A fim de entender os problemas potenciais associados à operação de barreiras de contenção é

necessário esclarecer algumas regras básicas.

Geralmente a barreira de contenção é lançada à jusante da mancha de óleo. Isto significa que

a corrente irá guiar a mancha de óleo em direção da formação de barreira. Se, por algum

motivo, não for possível empregar a barreira de contenção à jusante, ela pode ser empregada

à montante e ser movida para o óleo na mesma direção que a corrente. Porém, é mais fácil

controlar a mancha quando ela pode ser parada pela formação de barreira.

Existem dois tipos de velocidade: movimento na superfície da água e velocidade no fundo. O

movimento na superfície da água é medido em relação à corrente e a velocidade no fundo é

medida em relação ao leito do mar.

O termo "velocidade" usado neste módulo se refere ao movimento na superfície da água.

O modo real de utilização de barreiras será descrito em detalhes mais a frente, mas é útil

saber que os métodos de utilização modernos são as configurações em V, J e U.

Page 84: Apostila Imo First Responder As

OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER

82

FALHA POR ARRASTE

Definição

Esse tipo de falha ocorre quando gotas de óleo se separam do fundo da mancha contida pela

barreira de contenção e voltam à superfície, fora da configuração da barreira, devido à alta

velocidade relativa de arraste.

Circunstâncias

Normalmente, o óleo fluirá com a mesma velocidade que a corrente e será afetado pela

velocidade das ondas.

Se tanto a corrente quanto as ondas vêm da mesma direção, a velocidade do óleo em relação

a uma barreira sem flutuação livre é a soma dos valores de velocidade da corrente e das

ondas.

Se esta velocidade ultrapassar 0,7 (0,36 m/seg.), ocorrerá turbulência à jusante da onda

principal. Isto fará que gotículas de óleo se desprendam do fundo da mancha principal e

algumas delas voltem à superfície, atrás da formação da barreira.

Meios de Correção/Prevenção

É impossível evitar falhas por arraste.

A fim de minimizar esse problema, a velocidade do óleo perpendicular à parede da barreira

precisa ser reduzida. Isto pode ser feito em água aberta baixando a velocidade da barreira

(em relação à corrente).

Com instalações fixas, muitas vezes usadas em rios, a única maneira de minimizar o problema

é utilizar a barreira num ângulo em relação à corrente. Isto resultará na redução da

velocidade da corrente perpendicular à parede da barreira e impedirá o óleo de ser contido

pela barreira. Em vez disso, o óleo será desviado pelo ângulo para uma área com velocidade

mais baixa.

Resumo

Falha por arraste é a situação em que gotículas de óleo se separam do fundo da camada de

óleo devido à alta velocidade em que o óleo é arrastado (0,7 nós).

Este problema de arraste pode ser minimizado reduzindo a velocidade da barreira em relação

à corrente. Em instalações fixas a formação deve ser empregada a um ângulo com relação à

corrente.

Page 85: Apostila Imo First Responder As

OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER

83

FALHA DE DRENAGEM

Definição

Falha de drenagem é quando o óleo contido na configuração da barreira escapa sob a saia da

barreira.

Circunstâncias

Se óleo demais for contido pela barreira, a saia não será mais capaz de retê-lo e o óleo

começará a escapar por baixo da saia.

Em circunstâncias normais, quantidades de óleo maiores irão escapar quando houver a falha

de drenagem em comparação à falha causada por arraste.

Meios de Correção/Prevenção

Como é impossível corrigir uma falha de drenagem, a atenção deve ser concentrada em

preveni-la.

Para evitar uma falha de drenagem são apresentadas as alternativas abaixo:

• Pode ser colocado um skimmer na área de drenagem para remover o óleo.

• Outra possibilidade é colocar uma barreira absorvente à montante da formação de

barreira.

• Se nenhuma destas soluções for possível, a alternativa é reduzir a velocidade da

barreira em relação à velocidade da mancha de óleo a fim de evitar excesso de

concentração de óleo.

O formato da saia é um fator muito importante para a capacidade da barreira. O formato

ideal é levemente côncavo em direção ao óleo contido. A saia deve sempre ser mantida em

posição. Se for forçada para trás devido à pressão da água, não há nada que impeça o óleo de

fluir por baixo da barreira. Empregar uma barreira com uma saia muito profunda somente

aumenta o problema.

A barreira não retém a água, mas a direciona por baixo da saia. Uma saia maior irá aumentar

a velocidade da água e, com isso, as forças de sucção. Isto resultará no arrasto de óleo sob a

saia e para o outro lado da formação da barreira.

A profundidade da saia não deve exceder 1/3 da profundidade da água.

Page 86: Apostila Imo First Responder As

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84

Resumo

Falha de drenagem ocorre quando o óleo escapa por baixo da saia da barreira. Aumentar a

saia somente aumenta o problema.

As maneiras de minimizar o problema são:

Colocar um skimmer na área de drenagem. Colocar uma barreira absorvente à montante da

formação de barreira. Reduzir a velocidade relativa da barreira.

FALHA DE SOBREPASSAGEM

Definição

Respingo significa que algum do óleo contido passa sobre a borda livre da barreira de óleo.

Circunstâncias

Respingos irão ocorrer quando as ondas estão encrespadas (o comprimento da onda em

relação à altura da onda é abaixo de 5:1). Isto muitas vezes é visto em águas rasas.

Ondas encrespadas vêm com intervalos curtos e é difícil para a barreira seguir seus ritmos.

A construção da barreira também influencia o risco de sobrepassagem porque:

• Quanto mais baixo a borda livre – maiores são os respingos.

• Um coeficiente de flutuabilidade baixo (menor do que 4:1) torna difícil para a

barreira seguir os ritmos das ondas.

• Se a barreira for rígida e as ondas forem altas, os respingos ocorrerão

simultaneamente com a falha de drenagem.

Meios de Correção/Prevenção

É possível corrigir respingos pela utilização de uma barreira absorvente como um quebra-mar

à montante da formação da barreira.

Uma maneira de evitar respingos em ondas altas e encrespadas (1,0-1,5 metros) é usar uma

barreira com um alto coeficiente de flutuabilidade.

O pessoal encarregado de lançar as barreiras deve estar familiarizado com as condições

locais: deve conhecer a altura assim como o tipo de ondas que provavelmente ocorrem no

ambiente real.

Page 87: Apostila Imo First Responder As

OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER

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Se as ondas forem acima de 1,0 – 1,5 m deve ser usada uma barreira de cortina com uma

grande flutuação.

Resumo

Respingo significa que está escapando óleo sobre a borda livre da barreira.

É essencial conhecer os tipos de ondas que são prováveis de ocorrer no ambiente real.

No caso de ondas altas e encrespadas deve ser selecionada uma barreira de cortina com um

grande coeficiente de flutuabilidade.

FALHA DE SUBMERSÃO

Definição

Falha de submersão é quando a barreira é puxada para baixo da superfície da água.

Circunstâncias

Isto ocorre quando a velocidade do reboque está alta demais. Normalmente, isto ocorre

durante o posicionamento da barreira na configuração correta antes de ocorrer a real

contenção de óleo. Se a barreira já tiver contido algum óleo, uma falha por arrasto sempre

ocorrerá antes da falha de submersão.

Meios de Correção / Prevenção

A maneira de corrigir falhas de submersão é reduzir a velocidade de reboque da barreira.

Um coeficiente de flutuabilidade de 10:1 ou mais reduz o risco de falhas de submersão.

Em geral, uma Barreira tipo Cortina com um coeficiente de flutuabilidade maior do que 10:1

pode ser rebocada a uma velocidade de 3 nós (1,5 m/seg.) sem qualquer falha de submersão.

Exemplo: Se uma barreira for empregada a partir de um píer, e precisa ser rebocada por uma

longa distância antes de ser usada para conter o óleo derramado, ela deve ser rebocada por

uma embarcação somente, por exemplo, em um reboque longo atrás da embarcação. Esta

precaução minimiza as forças sobre a barreira.

Quando a barreira estiver na formação (configuração) correta, sua velocidade não deve

exceder 0,7 nós. Esta velocidade normalmente não causa qualquer falha de submersão.

Page 88: Apostila Imo First Responder As

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Resumo

Falha de submersão ocorre quando uma barreira de contenção é empurrada para baixo da

superfície da água devido à alta velocidade de reboque.

Isto pode ser evitado pela redução da velocidade e por usar uma barreira com um alto

coeficiente de flutuabilidade.

Durante o transporte de uma barreira para a área do derramamento de óleo, ela deve ser

puxada somente por uma embarcação em cabo de reboque longo.

FALHA POR PLANEIO

Definição

Falha por planeio é quando a barreira é forçada em posição paralela à superfície da água.

Circunstâncias

Quando um forte vento estiver soprando em uma direção e uma forte corrente estiver se

movendo em outra direção, isto pode forçar a barreira paralelamente à superfície da água.

Este fenômeno é mais provável de ocorrer quando a barreira tem muito pouco contato com a

água (por exemplo: Barreiras tipo Cerca) com elemento de flutuação de linha de centro. Em

barreiras do tipo Cortina, a saia também pode ser forçada em paralelo à superfície pela

pressão da água.

Meios de Correção / Prevenção

Não é possível corrigir falha por planeio.

Lastro adequado mantém a barreira na posição correta. Em algumas barreiras, a corrente de

lastro é levemente mais curta do que a própria barreira. A corrente é fixada aos pontos de

reboque e manterá a barreira em posição. A barreira não será afetada por falha de planeio, a

menos que a corrente se rompa.

Barreiras com um elemento de flutuação cilíndrico são expostas a falhas de planeio já que o

ponto de contato com a água é maior do que para tipos de barreira de cerca.

Resumo

Falha de planeio significa que a barreira será forçada em paralelo com a superfície da água

devido a vento e corrente forte em direção oposta.

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Isto pode ser evitado usando uma corrente de lastro que seja um pouco mais curta do que a

barreira.

FALHA ESTRUTURAL E CÁLCULO DAS FORÇAS QUE ATUAM NA BARREIRA DE CONTENÇÃO

Definição

Falha estrutural é a situação em que uma barreira de contenção é exposta a forças que

excedem a real resistência de ruptura de materiais usados na barreira.

As forças que atuam na barreira são causadas pela pressão da água e do ar combinadas com

atrito que são um produto da formação da barreira e da velocidade de correntes, ondas e do

vento.

Circunstâncias

Podem existir diversos motivos para uma falha estrutural:

i. A velocidade de reboque pode ser alta demais (a velocidade da barreira em relação à

superfície da água);

ii. A barreira pode ser presa por um obstáculo;

iii. A barreira pode ser presa pela hélice do barco rebocador;

iv. Uma formação de barreiras longa demais pode criar forças que intensificam as forças

de atrito.

Existem muitos motivos detalhados para falha estrutural e pode ser difícil evitar todos. O

pessoal que opera o equipamento pode estar sob estresse e nem sempre se conscientizar de

todas as situações críticas.

A maioria dos fabricantes de barreiras de contenção pode fornecer especificações para a

resistência de ruptura de seus produtos. Normalmente, estes números são confiáveis.

Meios de Correção/Prevenção

Estes usualmente são diversos sinais de advertência antes de a falha estrutural ocorrer:

i. Falha por arrasto;

ii. Falha por submersão;

iii. Forte turbulência no rastro da parede da barreira.

Quando isto ocorre, é importante diminuir a velocidade de reboque imediatamente. A

velocidade de reboque não deve exceder um valor de 0,7 -1,0 nós.

Se a barreira for longa demais, pode ser impossível observar sinais de advertência.

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A maioria das falhas estruturais é causada por erros humanos. A única maneira de evitá-los é

através de informação e treinamento.

A comunicação durante a operação inteira é crucial: observar sinais de advertência e informar

os operadores imediatamente.

Cálculo das forças

As principais forças que atuam sobre a barreira são: Correntes, Vento e Ondas.

O ponto de ruptura do equipamento/barreira é ligado às forças que atuam sobre o mesmo.

Estas forças são causadas por velocidade, peso da água e vento. A densidade da água é de

aproximadamente 1000 kg/m3 e a densidade do ar é de aproximadamente 1,25 kg/m3. A

velocidade do vento não é considerada aqui.

Normalmente, uma operação de recolhimento de óleo será interrompida antes de a

velocidade do vento ficar aproximadamente 20 m/s.

Exemplo

O comprimento da barreira é de 400 metros. A abertura na configuração da barreira é de

200 metros. A profundidade da saia é de 0,5 metros. A velocidade é de 0,5 nós.

F = 26 x (200 x 0.5) x 0.52 = 650 kp

No caso de a velocidade ser aumentada para 2,0 nós:

F = 26 x (200 x 0.5) x 2.02 = 10.400 kp

Deve ser fortemente enfatizado que qualquer aumento de velocidade produz um aumento

drástico nas forças que atuam sobre a barreira.

A força vinda das ondas também não é considerada. Em águas abertas a barreira

simplesmente acompanhará o ritmo das ondas. Mas se a barreira for colocada na

arrebentação, as ondas devem ser levadas em conta. A força das ondas na arrebentação pode

destruir mesmo a barreira mais forte em pouco tempo. Entretanto, não existe uma fórmula

simples para calcular esta força.

Normalmente tem como certo que o ângulo entre a barreira e a corrente é exatamente 90

graus. Nesta lição, nós presumimos que a corrente seja perpendicular à barreira.

O comprimento da barreira é entendido como o comprimento da parte exposta à corrente

(por exemplo: numa formação em U é a distância entre as duas pernas na abertura e não o

comprimento da barreira inteira).

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LIÇÃO 3 – ESCOLHA DA BARREIRA

OBJETIVO DA LIÇÃO

Para uma operação de limpeza bem sucedida, é essencial usar o tipo mais adequado de

equipamento. Esta lição fornece o conhecimento essencial para fazer uma escolha qualificada

da barreira a ser usada num ambiente específico.

Durante a lição, você aprenderá como escolher o tipo de barreira mais adequado para as

condições físicas específicas no ambiente marinho.

FUNDAMENTOS

Muitas vezes, no momento de um derramamento de óleo, somente estão disponíveis poucos

tipos de barreira. É essencial ter certeza de que a barreira adquirida é o tipo ideal para o

ambiente em torno do derramamento de óleo.

A escolha deve ser baseada na finalidade da barreira e as condições ambientais que serão

encontradas.

Um fator essencial que influencia a escolha é a resistência intrínseca da barreira.

SELEÇÃO DE UM TIPO DE BARREIRA TIPO PARA UM AMBIENTE ESPECÍFICO

Objetivos Gerais de Utilização de Barreira

Contenção de óleo em águas abertas.

Desvio de óleo em rios ou áreas costeiras.

Proteção em caso de um potencial derramamento de óleo.

Na escolha do tipo de barreira para águas abertas é importante considerar:

A resistência da barreira – ela precisa resistir às forças causadas por ondas e correntes.

Fácil utilização – contenção de óleo em águas abertas não é uma ocorrência regular e o

pessoal não terá experiência de rotina com o equipamento. Um treinamento regular é

importante para resposta segura e efetiva.

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90

Reduzido volume de armazenamento - o equipamento provavelmente precisará ser instalado

a bordo de uma embarcação numa situação de derramamento de óleo.

Esses critérios indicam que um tipo de barreira de cortina inflável com um coeficiente de

flutuabilidade de pelo menos 8:1 seria apropriado para uma barreira adequada.

O tamanho da borda livre e calado da barreira deve estar de acordo com a altura das ondas e

as correntes na área.

RIOS E COSTAS

Desvio de óleo em rios ou áreas de costa muitas vezes requer uma utilização extensiva ou

permanente.

É necessário levar o seguinte em consideração quando escolher um tipo de barreira:

Resistência do equipamento a punções - Isto sugere o uso de uma barreira de elemento de

flutuação sólido ou um tipo inflável por ar que não seja sensível a punções. Esse último tipo

muitas vezes é bastante caro.

Correntes e marés na área – em correntes fracas, pode ser usada uma barreira de cerca com

elemento de flutuação de linha central comum. Em correntes fortes, é preferível uma

barreira de cerca com uma linha de tensão externa.

Quando estiverem presentes marés, uma barreira de cerca com duas linhas de tensão externa

ou uma barreira de cortina com uma corrente de lastro como elemento de tensão são mais

adequadas.

PROTEÇÃO CONTRA UM POTENCIAL DERRAMAMENTO DE ÓLEO

Dependendo das condições ambientais e do modo exato de utilização necessário, podem ser

escolhidos diversos tipos de barreiras:

Utilização de quebra-mar

É necessária uma utilização rápida e fácil.

Isto indica o uso de uma barreira de espuma sólida ou de uma barreira auto inflável.

As ondas e correntes prevalentes irão decidir se o tipo cerca ou cortina é o adequado.

Uma barreira de cortina é preferível em áreas expostas a ondas.

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Uma barreira de cortina com uma corrente ou uma barreira de cerca com linha de tensão

externa pode ser escolhida em áreas com correntes fortes.

Utilização de ancoradouro

Se uma barreira deve ser utilizada cada vez que um petroleiro aportar no ancoradouro, ela

deve ser simples de operar. Uma barreira de cerca auto inflável ou de espuma sólida seria

adequada.

Se for utilizada de modo permanente ou semi-permanente em áreas onde o mar pode ser

violento, a resistência da barreira e um alto coeficiente de flutuabilidade são cruciais.

Isto indica uma barreira inflável ou de espuma sólida que não é tão sensível a punções.

Seleção de Barreira em Geral

Na decisão sobre que tipo de barreira deve ser usado, é útil usar as seguintes duas listas de

verificação/orientações que relacionam as características de diversos tipos de barreira aos

requisitos das condições operacionais específicas.

Antes de tudo, os seguintes 4 parâmetros de barreira devem ser considerados:

• Borda livre

• Calado

• Coeficiente de flutuabilidade

• Resistência elástica total

Com relação às seguintes condições que provavelmente serão encontradas:

• Águas calmas com ondas de até 0,3 m (lagos, portos etc.).

• Águas calmas com corrente (rios).

• Águas protegidas com ondas de até 1,0 m.

• Águas abertas com ondas acima de 1,0 m.

Depois desta escolha, é preciso determinar o desempenho operacional detalhado:

• Durabilidade

• Facilidade de utilização

• Acompanhamento das ondas

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• Velocidade de utilização

• Bloqueio da costa

• Facilidade de manutenção

• Fator de armazenamento

• Uso preferencial.

Resumo

O fator básico para a escolha da barreira é o objetivo de utilização:

• Contenção na água

• Desvio

• Proteção

• Resistência apropriada da barreira

Formulário para Seleção da Barreira

Águas calmas com ondas < 0,3 m

(lagos, portos, etc.)

Águas calmas com correntes (rios)

Águas abrigadas ondas < 1,5 m (áreas perto da

costa)

Águas abertas ondas > 1,0 m

Borda livre 0,2-0,5 m 0,3 - 0,5 m 0,4 - 0,6 m 0,5-1,0 m

Calado 0,2-0,5 m 0,3-0,7 m 0,4 - 0,8 m 0,6-1,5 m

Coeficiente de Flutuabilidade

3:1 - 10:1 3:1 - 10:1 5:1 - 12:1 8:1 - 15:1

Resistência Elástica Total

≥10 kN ≥30 kN ≥50 kN ≥150 kN

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Diretrizes da Seleção de Barreira

Tipo Cerca Cortina Seladora Absorvente

Desenho

Durabilidade 1 2 3 5

Facilidade de lançamento 2 3 4 1

Acompanhamento das ondas 5 2 1 -

Agilidade no lançamento

1 3 4 1

Selamento de praia 5 3 1 -

Facilidade de manutenção 1 3 4 1

Fator de armazenamento

5 1 1 3

Uso preferencial A B C D

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LIÇÃO 4 - UTILIZAÇÃO, RECOLHIMENTO E CONFIGURAÇÃO DE BARREIRAS DE CONTENÇÃO

DE ÓLEO

OBJETIVO DA LIÇÃO

Para uma operação bem sucedida, é necessário estar familiarizado com os procedimentos de

lançamento e recuperação de barreiras. No final desta lição você deve poder descrever os

princípios de lançamento de barreira, recolhimento e composição de configurações comuns de

barreira.

Durante a lição você aprenderá sobre:

• O lançamento e o recolhimento da barreira de contenção de uma embarcação.

• Configurações padrão de barreira em águas abertas.

• O lançamento e o recolhimento de uma barreira de contenção do litoral.

• Configurações padrão de barreira próximo à costa e em rios, os princípios básicos para

ancorar uma barreira.

LANÇAMENTO E RECOLHIMENTO DE UMA BARREIRA DE CONTENÇÃO A PARTIR DE UMA

EMBARCAÇÃO

O comandante da embarcação principal é o encarregado da operação. O comandante de

qualquer barco de apoio deve seguir as instruções do comandante da embarcação principal.

Uma pessoa localizada na área de trabalho da embarcação principal e qualquer barco de

apoio serão responsáveis pela utilização prática do equipamento. Essa pessoa deve ser parte

da cadeia de comunicação por rádio.

LANÇAMENTO

Fixar o equipamento no convés

Normalmente, o lançamento de barreiras é feita por cima da popa da embarcação. Um

rebocador tem um bom convés principal aberto que é muito adequado para o lançamento de

barreiras de contenção. O equipamento muitas vezes será usado a bordo de uma embarcação

que não é projetada para este tipo de operação, sem pontos de amarração especialmente

designados no convés para fixar a barreira. É essencial que o equipamento esteja fixado no

convés durante toda a operação para impedir que a barreira seja puxada para a água. Essa

situação, além da perda de equipamento, pode ser perigosa para a tripulação.

O espaço de convés necessário depende do tipo de barreira utilizado. Quando utilizar uma

barreira de cerca, a unidade de armazenamento (enrolador, engradado etc.) pode ser

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colocada junto à popa. Uma barreira inflável requer mais espaço livre de convés entre a

unidade de armazenamento e a popa da embarcação. O espaço necessário depende do

comprimento da câmara. Em geral, 5-6 m são suficientes.

Acoplar Equipamento de Reboque

O equipamento de reboque deve ser acoplado a uma barreira bem antes da utilização

propriamente dita. Certos tipos de barreira com lastro de corrente requerem que a corrente

seja acoplada ao equipamento de reboque. Isto deve ser verificado cuidadosamente antes de

lançar a barreira.

Navegar lentamente na superfície do mar

No lançamento, a embarcação deve se mover lentamente na superfície do mar. Depois de 10-

20m de a barreira ter sido lançada, a velocidade do navio na água puxará para fora o resto da

barreira. Este método não requer uma embarcação de apoio, o que torna a operação mais

fácil e mais segura.

Quando for utilizada uma embarcação de apoio, a comunicação entre as duas embarcações é

essencial, a fim de evitar acidentes. Se a embarcação de apoio subitamente mudar de curso,

podem ocorrer situações perigosas com os cabos de reboque nas embarcações principal e de

apoio. O pessoal pode ficar preso nos cabos ou pode ser puxado para o mar.

Lançamento das seções da barreira

Se a barreira for do tipo de flutuador sólido, ela normalmente pode ser acionada

imediatamente sem ação adicional. Os tipos de barreiras auto-infláveis também podem ser

acionados imediatamente. O tempo de utilização para - e.g. 200 metros de tipos de barreira

de flutuador sólido ou auto-inflável - é entre 3-10 minutos.

Em situações em que várias unidades de armazenamento são instaladas a bordo, elas devem

ser colocadas ao longo do costado da embarcação, de modo que as pontas da seção podem

facilmente ser acopladas entre si. A unidade de armazenamento colocada mais perto da popa

é utilizada em primeiro lugar, e é seguida pela próxima na fila. Barreiras com elementos de

flutuação longos e sólidos muitas vezes serão armazenados em racks ou simplesmente no

convés.

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Se forem utilizadas barreiras infláveis com câmaras individuais, o tempo de lançamento para

barreiras com enchimento de ar central é de 6-15 minutos para 200 metros. Para barreiras

infláveis com câmaras de ar individuais, o tempo de lançamento normalmente é de 12-20

minutos para 200 metros. Para esse tipo de barreira, é importante encontrar uma constante

adequada, baixa velocidade do carretel ao invés do constante ligar e desligar do carretel,

para dar tempo de encher as câmaras de ar.

Assegurar que a barreira esteja fixa na embarcação

Antes de lançar a última seção da barreira é essencial assegurar que a barreira não será

perdida na água. Um cabo de reboque acoplado à última seção da barreira sempre deve estar

preso a bordo da embarcação.

Conectar a barreira à embarcação de apoio

Quando a última seção da barreira for lançada e o cabo de reboque estiver preso a um poste

de amarração ou similar, a corda de flutuação livre acoplada à primeira seção utilizada da

barreira é fixada na embarcação de apoio. A formação da barreira agora pode ser iniciada.

RECOLHIMENTO

A operação de recolhimento normalmente é realizada em ordem inversa à de lançamento

O cabo de puxar é liberado para a água pela embarcação de apoio, de modo que a barreira

somente esteja conectada à embarcação principal.

A embarcação navega lentamente contra a corrente. Isto é para assegurar que a barreira

forme uma linha reta atrás da embarcação.

A barreira é puxada para bordo. A maioria das barreiras é mantida em carretéis hidráulicos,

que podem ser usados como um cabrestante. A corda de reboque, que é uma parte do

equipamento de reboque, é girada 2-3 vezes em torno do tambor do carretel e depois puxada

a bordo da embarcação.

O recolhimento continua até que a última seção da barreira seja colocada a bordo.

Durante o recolhimento, uma pessoa é responsável por registrar se a barreira foi danificada

durante a operação e assegurar que ela seja reparada depois da operação.

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Uma barreira suja de óleo vai dificultar a operação de recolhimento, sujando tanto o

equipamento quanto a tripulação. Os procedimentos de segurança devem sempre ser

observados. O recolhimento deve ser realizado muito lentamente para reduzir o risco de

acidentes. Normalmente, a barreira contaminada será colocada no carretel e a operação de

limpeza será feita em terra numa área adequada.

Resumo

Etapas da operação de lançamento:

- Prender o equipamento no convés.

- Acoplar o equipamento de reboque

- Lançar as seções da barreira.

- Assegurar que a barreira esteja presa no convés

- Conectar a barreira à embarcação de apoio.

- É essencial prender o equipamento corretamente a bordo da embarcação antes da

operação.

O método de lançamento mais seguro usa somente uma embarcação principal.

A operação de recolhimento da barreira é similar ao lançamento, mas executada em ordem

inversa.

A comunicação entre as duas embarcações é essencial para uma operação segura e bem

sucedida.

CONFIGURAÇÕES PADRÃO DE BARREIRA PARA OPERAÇÕES EM MAR ABERTO

O objetivo básico de acionar barreiras de contenção de óleo é conter o óleo, que é

concentrado no vértice da barreira.

As configurações de barreira dependerão do número de embarcações envolvidas na operação.

As configurações típicas são:

• Configuração de única embarcação com: Varredura Única; Varredura Dupla

• Configuração de duas embarcações;

• Configuração de três embarcações.

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CONFIGURAÇÃO DE ÚNICA EMBARCAÇÃO

Se somente uma embarcação estiver disponível, o tamanho máximo da barreira será limitado.

Normalmente, um braço é utilizado de um dos costados (varredura simples) ou de ambos os

costados (varredura dupla) da embarcação. O braço pode ter entre 5-15 m de comprimento

dependendo do porte da embarcação.

A formação comum de única embarcação é a formação em V que é dividida em:

Formação em V – varredura simples

A barreira é acoplada à embarcação e à ponta do braço. O comprimento da barreira numa

formação em V normalmente é de 10 - 50 m dependendo do comprimento do braço e do

tamanho da embarcação.

No vértice (o fundo da formação de barreira para a qual o óleo é direcionado) normalmente é

colocado um skimmer. Se estiverem sendo recolhidos sólidos haverá uma rede de arrasto. É

conveniente ter o vértice perto da embarcação.

Formação em V – varredura dupla

A barreira é colocada em formação em V nos dois costados da embarcação.

A vantagem de uma operação de varredura dupla é uma área dupla de recolhimento. Além

disso, é mais fácil manobrar a embarcação, já que as forças são iguais nos dois lados.

Se a área onde a varredura opera for limitada, uma operação de varredura dupla pode ser

impossível.

Uma operação de varredura dupla bem sucedida requer uma grande quantidade de

equipamentos e de espaço no convés.

CONFIGURAÇÃO DE DUAS EMBARCAÇÕES

Formação em J

Uma configuração comum de duas embarcações é a chamada formação em J. A barreira é

acoplada entre as embarcações num formato de J. Normalmente, uma seção de barreira de

20-40 m é colocada entre a embarcação principal e o vértice. Um skimmer, usualmente

hidráulico, é colocado no vértice da configuração. A barreira deve ser fixada ao longo do

costado da embarcação (10-20m) para criar uma formação "impermeável a óleo".

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A fim de manter um vértice pontudo pode ser necessário ter um sistema de cabos transversais

conectando a embarcação e a barreira. O comprimento do cabo pode ser ajustado durante a

operação a fim de obter o formato ideal do vértice.

O comprimento da barreira guia normalmente será de 100 – 400 m. É muito difícil para a

embarcação de apoio manter uma posição ideal se a barreira for mais longa. Se a embarcação

de apoio não mantiver a posição correta, o desempenho do sistema diminuirá

consideravelmente.

CONFIGURAÇÃO DE TRÊS EMBARCAÇÕES

Com três embarcações a configuração normal é a chamada configuração em U ou de U aberto.

Formação em U

A barreira é rebocada por duas embarcações que estão situadas próximas uma à outra.

Normalmente é possível ter até 600 m de barreira nesta configuração. Como as embarcações

estão colocadas próximas uma à outra, é mais fácil manter a posição correta, em comparação

à configuração em J.

A terceira embarcação é colocada no vértice onde é lançado um skimmer. Como ela

armazena o óleo recolhido, deve ter uma grande capacidade de tanques para evitar a

constante troca da embarcação de recolhimento.

Formação em U aberto

Outro desenvolvimento da formação em U é a chamada formação em U aberto que tem uma

abertura - normalmente de 5 -10 m de largura – no vértice. As duas seções da barreira são

mantidas em posição por meio de cabos. Duas pequenas asas de barreira de aprox. 3-10 m de

comprimento são colocadas na abertura, criando um funil que reduz a turbulência da

passagem do óleo. Este funil manterá o óleo num formato bem definido, o que facilita muito

o recolhimento do óleo. O recolhimento deste óleo afunilado ocorre pelo uso de embarcações

de varredura simples ou dupla.

Resumo

Operação de única embarcação: Formação em V (Varredura Simples / Varredura Dupla)

Operação de duas embarcações: Formação em J

Page 103: Apostila Imo First Responder As

OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER

101

Operação de três embarcações: Formação em U/formação em U aberto

LANÇAMENTO E RECOLHIMENTO DE BARREIRAS DE CONTENÇÃO A PARTIR DO LITORAL

Comparado ao lançamento a partir de uma embarcação, o lançamento a partir da costa é

mais complicado. É necessário usar uma embarcação para puxar para fora a barreira da costa,

contra a corrente. Os locais de lançamento e recolhimento da barreira podem ser preparados

antecipadamente.

Os procedimentos a ser executados são basicamente os mesmos que a bordo de uma

embarcação. A diferença é que é necessária uma embarcação de apoio. É essencial que a

pessoa que está na costa, no comando da operação, tenha contato contínuo com a

embarcação.

Quando a barreira estiver fixada na costa durante o lançamento, é importante que a

embarcação de apoio possa manter a barreira na posição correta. Em algumas áreas perto da

costa, a corrente é muito forte (3-6 nós). Uma barreira de 200 m acionada requer uma

embarcação muito potente para mantê-la em posição.

O lançamento de barreiras a partir de um quebra-mar ou um píer em áreas com maré forte

pode ser complicado, já que existe uma considerável diferença nos níveis da água na maré

baixa e alta. Isto é especialmente verdadeiro durante operações de recolhimento da barreira

em maré baixa, quando o equipamento está sendo empurrado para fora, para o mar.

Resumo

Basicamente, o lançamento e o recolhimento de barreiras de contenção a partir do litoral e

partir de embarcações são realizados da mesma maneira, mas operações na costa muitas

vezes são mais complicadas.

Entretanto, é possível estabelecer uma boa plataforma de trabalho na costa.

Uma pessoa na costa deve estar encarregada da operação e ter contato contínuo com a

embarcação de apoio.

CONFIGURAÇÕES PADRÃO DE BARREIRA PERTO DE COSTAS E EM RIOS

Uma barreira de contenção muitas vezes é acionada perto da costa a fim de desviar o óleo e

evitar contaminação de áreas sensíveis.

Page 104: Apostila Imo First Responder As

OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER

102

Executar uma operação bem sucedida requer familiaridade com:

- As condições ambientais predominantes, especialmente a direção e velocidade de correntes,

a fim de determinar o ângulo correto de lançamento.

- A profundidade da saia da barreira e a profundidade da água, que muitas vezes é baixa

nessas áreas. A profundidade da saia não deve exceder 1/3 da profundidade da água.

- As diferenças de nível das marés, por exemplo, quando uma entrada de um porto precisa ser

fechada por barreiras.

- Para compensar os níveis de maré, é vantajoso usar rolos guia (os chamados compensadores

de maré) para garantir a impermeabilidade de óleo da configuração da barreira durante a

mudança dos níveis da maré. Se, por exemplo, a entrada de uma lagoa deve ser fechada, é

possível usar barreiras de bloqueio de praia para criar estanqueidade ao óleo mesmo na

mudança dos níveis da maré.

CONFIGURAÇÃO DE BARREIRAS

Uma barreira de contenção de óleo normalmente não é capaz de conter óleo fluindo

perpendicularmente à barreira com velocidade acima 0,7 nós. Além disso, a forte corrente

nessas áreas exige uma resposta muito rápida a um derramamento de óleo. Por isso, em rios

ou áreas costeiras com correntes fortes, é necessário acionar a barreira em ângulo a fim de

reduzir a velocidade do óleo.

Para assegurar uma rápida resposta em áreas com correntes fortes, as instalações de

lançamento devem ser dispostas antecipadamente. Devem estar disponíveis pontos de

ancoragem facilmente acessíveis para a fixação de cabos. O pessoal responsável por

administrar acidentes de derramamento de óleo deve saber quais áreas são adequadas para o

lançamento.

O ângulo correto deve ser determinado rapidamente usando o diagrama apresentado a seguir.

Page 105: Apostila Imo First Responder As

OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER

103

O diagrama abaixo indica o ângulo correto da barreira em relação à velocidade da corrente.

Quanto maior a velocidade da corrente, menor deverá ser o ângulo. Além disso, o diagrama

indica o comprimento de barreira requerido em relação ao ângulo. Em geral, o comprimento

da barreira deve ser de aproximadamente 2 vezes a largura do rio.

Comprimento de barreira e ângulo de lançamento em rios

Velocidade da Corrente (nós) Ângulo da Barreira à Margem Comprimento da Barreira em Relação à Largura do Rio

0,7 90° 1,0 X largura do rio

1,0 45° 1,4 X largura do rio

1,5 30° 2,0 X largura do rio

2,0 20° 3,0 X largura do rio

2,5 16° 3,5 X largura do rio

3,0 15° 4,3 X largura do rio

3,5 11° 5,0 X largura do rio

4,0 10° 5,7 X largura do rio

5,0 8° 7,0 X largura do rio

AS – Ângulo Máximo de Lançamento a Partir da Margem até a Barreira (em graus)

AB - Ângulo a Partir da Linha de Base

Linha de Base

Marge

m

Velocidad

e da

man

cha de

óleo

(pés/seg

undo

)

Velocidad

e da

man

cha de

óleo

(metros/segu

ndo)

Barreira AS - Ângulo a partir da Linha de Margem

Gráfico feito para uma velocidade de arraste de 0,7 nós, 1.18 ft/s, ou 0,36 m/s.

AB – Ângulo Mínimo de Lançamento a Partir da Linha de Base até a Barreira (em graus)

Page 106: Apostila Imo First Responder As

OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER

104

Exemplo: A velocidade da corrente de 1,5 nós requer um ângulo de 30°. Para um ângulo de

30°, o comprimento da barreira deve ser 2 vezes a largura do rio.

EXERCÍCIO – ÂNGULO DE LANÇAMENTO / COMPRIMENTO DA BARREIRA

Usando o diagrama acima, determine o ângulo de lançamento requerido e o comprimento da

barreira para uma barreira de contenção em um rio com 40m de largura e corrente de 2,8

nós.

• Ferramentas: transferidor e papel quadriculado

• Tempo: 5 minutos

• Seno As = 7,0/2,8 = 0,25

• Seno As = 7.0/2.8 = 0.25

• Do diagrama acima, vemos que o comprimento requerido para a barreira é

aproximadamente quatro vezes a largura do rio, por exemplo, 160m.

Em muitos rios, existem áreas com águas quase paradas – frequentemente dentro de dobras

ou onde a vegetação ou pedras formam uma língua. Estas são as melhores áreas pra se

conduzir o óleo.

Em geral, é recomendado conduzir o óleo para dentro de uma dobra do rio. A formação de

barreiras não deve se estender pelo rio de margem a margem. Ao invés disso, ela deve ser

dividida em duas, permitindo pequenas embarcações entrarem na área. É sempre mais fácil

manter uma pequena barreira na formação do que uma comprida. Duas configurações muito

usadas em rios são a Chevron e a Escalonada.

Se possível, é extremamente recomendado haver pelo menos duas formações de barreira uma

após a outra, com uma distância de aproximadamente 100m entre elas, pois escapa bastante

óleo da primeira barreira. Uma barreira de vedação de praia é necessária em rios, caso seja

necessária uma proteção das margens.

Devido à corrente frequentemente forte e a área limitada onde o óleo poderá ser recolhido, a

falha de drenagem é muito comum. A falha pode ser reduzida lançando-se vários skimmers na

área.

Em rios, muitos detritos são coletados pela barreira. Esses detritos podem não só danificar a

barreira, mas também o afetar o desempenho do skimmer, quando o óleo fica misturado a

sementes, galhos, folhas, etc.

Colocar troncos de árvore na frente da barreira pode diminuir o problema, uma vez que os

troncos podem reter os detritos flutuando na água, enquanto o óleo flui por baixo deles em

direção a barreira. Os troncos devem estar firmados com segurança.

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105

Resumo

• Em áreas próximas à costa e rios, é vital que se tenha pontos de lançamento, assim

como pontos de ancoragem preparados antecipadamente.

• O ângulo de lançamento da barreira deve ser determinado para assegurar uma

contenção de óleo bem sucedida.

• Em áreas de correnteza forte, vários skimmers devem ser lançados.

• As áreas com águas calmas criam ótimas condições para os skimmers.

• É importante prevenir que detritos cheguem à barreira.

PRINCÍPIOS BÁSICOS DO ANCORAMENTO DE BARREIRAS

A ancoragem correta e segura de barreiras de contenção exige conhecimentos sobre:

• Estrutura do fundo do mar: se é arenoso, com pedras ou rochoso

• Velocidade da corrente

• Direção da corrente (marés ou uma direção apenas)

• Velocidade da corrente

• Profundidade

• Caso as correntes tenham uma direção, âncoras devem ser colocadas na barreira no

lado que faceia a corrente. Caso as correntes mudem de direção, as âncoras devem

ser colocadas em ambos os lados da formação de barreira

A maioria das barreiras vem com pontos de ancoragem. Caso não possuam, as âncoras podem

ser conectadas às juntas das seções de barreira.

O número e o tamanho das âncoras dependerão de:

• Forças atuando na barreira (ventos, correntes, ondas)

• Direção da corrente

• Comprimento da barreira

• Tamanho da embarcação

Normalmente, âncoras tipo Danforth, Bruce ou Almirantado são usadas com barreiras. Elas

resistem a uma força entre 25 e 40 vezes seu próprio peso, dependendo das condições do

fundo do mar.

A força de uma âncora depende muito do ângulo entre a haste da âncora e o fundo do mar. O

ângulo ótimo é 0º. Se a haste é levantada mesmo em 10º, a força de resistência da âncora

diminui dramaticamente. Uma corrente conectada à âncora previne que a âncora seja içada.

A bóia de arinque cria um ângulo entre a configuração de barreira e o cabo de âncora.

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Este ângulo evita que o movimento do sistema de barreiras afete o sistema de ancoragem. O

comprimento do cabo conectando a âncora à bóia de arinque deve ser pelo menos 3 vezes a

profundidade local, para prevenir que a âncora seja içada pelas ondas.

O tamanho da bóia de arinque depende do peso da âncora. Normalmente, tem um volume

entre 60 e 250 litros. Como precaução de segurança, é recomendado instalar um tipo de

dispositivo de rápida liberação para a bóia de arinque. Caso o sistema de barreiras tenha de

ser removido rapidamente por algum motivo, demora muito tempo para remover também o

sistema de arinque.

O uso de bóias menores como bóias de âncora é recomendado. A bóia de âncora serve para

dois propósitos:

• Marcar a posição da âncora, no caso do cabo se romper.

• No caso da âncora se prender, o cabo da bóia de âncora pode ser usado para puxar a

âncora na direção oposta para liberá-la.

• O comprimento do cabo da âncora até a bóia da âncora deve ser de pelo menos o

dobro da profundidade.

As dimensões dos cabos devem ser:

• Cabo de âncora /Boia de arinque: Polipropileno Ø24 - Ø 32 mm

• Cabo de âncora/Boia da âncora: Polipropileno Ø12 - Ø20 mm

Resumo

• O conhecimento das condições do fundo do local é essencial

• Correntes em uma direção requerem âncoras em um lado (contra a corrente).

Corrente de ambos os lados requer âncoras em ambos os lados.

• O comprimento do cabo da âncora até a boia de arinque deve ser três vezes a

profundidade local.

• O comprimento do cabo da boia da âncora deve ser duas vezes a profundidade local.

• O peso da âncora é normalmente de 20 a 100 kg, e seu poder de resistência

aproximadamente 30 vezes o seu peso.

• A corrente de âncora mantém a haste da âncora abaixada.

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107

LIÇÃO 5 - SKIMMERS

OBJETIVO DA LIÇÃO

Skimmers (recolhedores de óleo) são usados para a remoção física do óleo, um dos principais

meios de combater a poluição por óleo no mar. É considerado o processo que menos danifica

o ambiente marinho. Para manejá-lo e utilizá-lo corretamente, precisa-se de um

conhecimento básico sobre o skimmer.

Ao final desta aula, você saberá distinguir os tipos comuns de skimmers e descrever suas

vantagens e desvantagens. Além disso, deverá aprender sobre:

• Três fatores que determinam a eficiência de um skimmer.

• Quatro tipos mais comuns de skimmers de óleo e suas principais vantagens e

desvantagens.

DEFINIÇÃO

O skimmer é um equipamento especialmente projetado para a remoção de óleo (ou mistura

óleo/água) da superfície da água, e que não altera suas características físicas e/ou químicas.

Para se operar os skimmers, devem ser consideradas as propriedades do óleo ou mistura

óleo/água, como as diferenças de densidade entre óleo ou misturas óleo/água e água ou nas

diferenças na adesão a materiais.

Os skimmers possuem os seguintes componentes:

• Cabeça recolhedora: O componente que separa o óleo da água.

• Sistema de transferência: Unidade embutida de bomba ou vácuo, discos, escovas,

correias ou cordas, mangueiras e acoplamentos.

• Unidade de contenção: Tanque ou contêiner para armazenamento do óleo recolhido.

• São construídos de materiais resistentes a água e às intempéries tais como aço

inoxidável, borracha, alumínio e polipropileno.

OS TRÊS FATORES QUE DETERMINAM A EFICIÊNCIA DO SKIMMER

Três fatores são usados para descrever o desempenho de um skimmer:

• Taxa de Recolhimento

• Eficiência de Recolhimento

• Eficiência de Rendimento

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108

Taxa de Recolhimento

A taxa de recolhimento é estipulada pelo fabricante do skimmer (volume por tempo). (m3/h).

A taxa de recolhimento informada pelo fabricante está relacionada a condições ótimas, por

exemplo, camada de óleo espessa, sem ondas, ótima viscosidade, etc. Dessa forma, é

importante considerar a diferença entre a capacidade ótima e a capacidade real, que em

condições reais, geralmente apresenta eficiência entre 20 e 35% da taxa estimada pelo

fabricante.

Alguns fabricantes definem a taxa de recolhimento como uma taxa de recolhimento total, o

que inclui o conteúdo de água. A taxa de recolhimento é frequentemente o único fator

auferido pelo fabricante, por isso, pode ser facilmente medido e é independente das

condições ambientais, além da viscosidade do óleo. Entretanto, skimmers com altas taxas de

recolhimento geralmente são apresentam baixa eficiência no recolhimento de óleo, pois

coletam muita água.

Eficiência de Recolhimento

A eficiência de recolhimento é o volume real de óleo, recolhido da mistura óleo/água, em

relação ao volume da mistura óleo/água recolhida, em determinado período de tempo de

operação.

A maior parte dos skimmers recolhe grandes quantidades de água e óleo. Unidades de

armazenamento a bordo da embarcação ou em terra devem ser capazes de armazenar um

volume extra desta mistura. Isto depende do tipo de skimmer usado e das condições

ambientais (ventos, ondas, temperatura, etc.). Uma mistura de 80% de água em fluidos

recolhidos é realista em casos reais de recuperação.

Eficiência de Recolhimento do Óleo Contido

É o percentual do óleo recolhido em relação ao volume de óleo que foi contido pela barreira.

Normalmente não é uma medida precisa já que não se sabe a quantidade de óleo na

contenção da barreira, mas ao final da operação é uma informação importante para

determinar a eficiência global do sistema de recolhimento.

Page 111: Apostila Imo First Responder As

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Resumo

• Taxa de recolhimento é a taxa estipulada pelo fabricante.

• A eficiência de recolhimento é a relação entre o óleo recolhido e os fluidos recolhidos

(mistura óleo/água).

• Eficiência de rendimento é a relação entre o óleo recolhido e o óleo encontrado.

TIPOS DE SKIMMER

O método de coletar o óleo é usado para distinguir entre os principais grupos de skimmers. Os

quatro tipos de skimmers usados atualmente são:

• Vertedouro;

• Vácuo;

• Oleofílico;

• Mecânicos.

Skimmers do tipo vertedouro algumas vezes são acionados como parte de sistemas de

barreiras de contenção ou são usados individualmente a partir de navios, da costa ou portos.

Skimmers oleofílicos e outros skimmers maiores normalmente requerem o uso de

equipamento especial como embarcações ou guindastes.

1. SKIMMERS DO TIPO VERTEDOURO

Este é provavelmente o tipo de skimmer de uso mais comum devido à sua construção simples.

Estes skimmers incluem qualquer dispositivo que usa a gravidade para drenar o óleo da

superfície da água.

Durante o seu lançamento, a borda do vertedouro é posicionada logo abaixo da superfície

superior da mancha, permitindo que o óleo flua sobre a borda do vertedouro para um tanque

coletor e depois seja bombeado para o depósito. O vertedouro deve ser ajustado

corretamente para impedir que grandes quantidades de água entrem na bomba, e esse

controle pode ser remoto ou auto-ajustáveis.

Sistemas de ajuste remoto são baseados em ar comprimido. Este ar é bombeado para a

unidade do skimmer a fim de levantar todo o sistema. A abertura do vertedouro é fixa e não

pode se mover de modo independente. O ar bombeado para a unidade vai levantar a unidade.

A liberação de ar vai baixar a unidade. Normalmente, passam-se alguns minutos até que

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110

realmente ocorra a elevação ou rebaixamento. Mesmo em mares comparativamente calmos,

um ajuste preciso pode ser difícil.

O auto-ajuste do sistema vertedouro é normalmente uma abertura do vertedouro que pode se

mover mais ou menos independentemente do resto do skimmer. Permite que a abertura do

skimmer siga, em parte, o movimento das ondas.

Skimmers do tipo vertedouro em águas rasas podem ter problemas de desempenho, já que o

óleo normalmente entra na bomba a partir do topo do skimmer.

Skimmers vertedouro maiores possuem uma bomba hidráulica embutida na unidade. A maioria

dos grandes skimmers tipo vertedouro possui uma bomba hidráulica inserida na unidade.

Frequentemente, lâminas giratórias são colocadas na abertura para quebrar detritos que

entram na bomba. Normalmente, a bomba pode ser revertida para ejetar grandes detritos.

1.1. Vantagens do Skimmer do Tipo Vertedouro

• Equipamento de baixo custo.

• Alta taxa de recolhimento: até 300 - 400 m3/h (100 m3/h é uma taxa muito comum) .

• Pequenas dimensões.

• Baixo peso.

• Capacidade de trabalhar com vasta variação de viscosidade de óleo.

• Frequentemente, a bomba pode ser retirada facilmente do skimmer e usada como

bomba de transferência.

• Manutenção simples.

1.2. Desvantagens do Skimmer do Tipo Vertedouro

• Difícil ajuste da abertura do vertedouro.

• Baixa eficiência em ondas.

• Baixa eficiência de recolhimento (de até 10%) especialmente em manchas finas.

• Sensível a detritos.

• Não é bom em óleo de viscosidade muito alta.

• Normalmente é necessário um guindaste para lançar o skimmer na água.

• O calado do skimmer muitas vezes dá problemas se for usado em águas rasas, já que o

óleo entra na bomba a partir do topo do skimmer.

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2. SKIMMERS A VÁCUO

Um skimmer a vácuo não possui uma bomba incorporada à cabeça do skimmer (skimmer

head). A mistura de óleo/água é recolhida diretamente por uma bomba de sucção ou a vácuo,

a qual é guiada manualmente.

A capacidade de recolhimento de um skimmer varia de 10m3/h até 100m3/h, dependendo da

bomba de sucção usada. O tipo mais simples é uma mangueira conectada a um caminhão a

vácuo, que pode facilmente ser empregada em portos e rios.

A capacidade de recolhimento é alta, embora a eficiência seja reduzida em óleo pouco

espesso. Além disso, devido a sua sensibilidade a ondas, os skimmers a vácuo têm seu uso

restrito a portos e áreas de águas calmas.

A maioria desses skimmers é de pequeno porte ou de construção simples. Muitas vezes, são

fabricados localmente a preços razoáveis. Assim, uma grande variedade de pequenos

skimmers de sucção está disponível no mercado, especialmente o chamado Skimmer

Vertedouro de sucção. A cabeça flutuante do vertedouro pode normalmente ser conectada a

bombas de sucção. Entretanto, as possibilidades de ajustes do vertedouro nesse skimmer são

limitadas.

2.1. Vantagens do Skimmer a Vácuo

• Pequenas unidades operacionais.

• Tecnologia simples.

• Manutenção simples.

• Fabricação local e de baixo custo.

2.2. Desvantagens do Skimmer a Vácuo

• Baixa eficiência de recolhimento.

• Com uma mangueira de caminhão a vácuo, é menos de 10%.

Tipos mais avançados têm eficiência de recolhimento entre 60 e 70%, sob ótimas condições.

3. SKIMMERS OLEOFÍLICOS

O princípio de recolhimento de óleo para skimmers oleofílicos é baseado em materiais

específicos que têm maior afinidade por óleo do que por água. Esses materiais são conhecidos

como oleofílicos (esfregões, corda, escovas ou discos).

Page 114: Apostila Imo First Responder As

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A parte móvel do skimmer (corda, correia, tambor e disco) com a superfície oleofílica é

girada ou puxada sobre a mancha de óleo. O óleo aderido à superfície oleofílica é então

raspado ou retirado e direcionado para um tanque para ser bombeado ou sugado para fora.

Skimmers oleofílicos são divididos nos seguintes subgrupos:

• Skimmers de Disco (Disc Skimmer)

• Skimmers de Corda (Rope Mop Skimmer)

• Skimmers de Correia (Belt Skimmer)

• Skimmers de Escova (Brush Skimmer)

3.1 Skimmers de Disco

Skimmers de disco oleofílico baseiam-se na adesão do óleo à superfície de discos girados

através da mistura óleo/água. O óleo adere à superfície dos discos e depois o óleo é removido

por raspadores montados na parte estacionária do skimmer. O óleo é coletado num tanque e

bombeado para fora. Os discos giram para baixo na mancha, já que de outra forma criariam

uma pequena onda que iria perturbar a mancha.

3.1.1. Vantagens do Skimmers de Disco

• Bom desempenho com óleos leves.

• Alta eficiência de recolhimento.

• Pouco sensível a detritos.

• Manutenção simples.

3.1.2. Desvantagens do Skimmers de Disco

• Baixa taxa de recolhimento: de 10 a 60 m3/h.

• Abrangência de viscosidades limitada (óleos de alta viscosidade não grudam nos

discos).

• Sensíveis a algas e ondas.

3.2. Skimmers de Corda

Este tipo de skimmer emprega uma longa corda contínua composta por material oleofílico.

Um mecanismo movimenta a corda sobre a superfície da água com óleo e torce o óleo

absorvido para um tanque coletor.

Skimmers desse tipo podem ser tanto horizontais como verticais.

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113

Horizontal: Normalmente é lançado da costa. As cordas são de alta flexibilidade tanto

verticalmente como horizontalmente, o que o permite acompanhar as ondas. A capacidade de

recolhimento normalmente é entre 3-20 m3/h.

Vertical: Normalmente é suspenso sobre a área de recolhimento por um grande guindaste. Ele

emprega vários esfregões que lhe dão grande capacidade de recolhimento. A capacidade de

recolhimento é de até 70 m3/h.

3.2.1. Vantagens dos Skimmers de Corda

• Baixo teor de água no óleo recuperado – muitas vezes menos de 10%.

• Bom desempenho em áreas com detritos.

• Cordas flexíveis cobrem uma grande área.

• Fácil manutenção.

• Baixo custo.

• As cordas podem ser reutilizadas.

3.2.2. Desvantagens dos Skimmers de Corda

• Sensível à vegetação marinha (tipo horizontal)

• Baixa taxa de recolhimento

• Faixa limitada de viscosidade

• Dificuldade de lançamento das cordas na posição correta

3.3. Skimmers de Correia

Um skimmer de correia é um tipo de recolhedor pouco empregado. Ele utiliza uma correia

oleofílica para elevar o óleo da superfície da água. A correia é feita de material oleofílico

poroso que permite a passagem da água. O óleo que adere à superfície é removido por

raspadores ou rolos e levado para um tanque. Em geral, eles funcionam melhor com óleo de

alta viscosidade.

O skimmer pode ser instalado numa embarcação ou pode ser uma unidade flutuante

independente. O comprimento da correia pode ser de até 10-15 m e o skimmer pode ser

usado em ondas de até 1 m.

3.3.1. Vantagens dos Skimmers de Correia

• Alta taxa de recolhimento e alta eficiência de recolhimento

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• Eficiente em uma ampla faixa de viscosidade, porém é mais indicado para óleo de

alta viscosidade.

• Eficiente em ondas altas.

3.3.2. Desvantagens dos Skimmers de Correia

Frequentemente, skimmers desse tipo são muito grandes e requerem uma grande embarcação

ou guindastes pesados para sua operação, e são muito caros.

3.4. Skimmers de Escova

Este tipo coleta o óleo usando vários conjuntos ou fileiras de escovas. Skimmers de escova

podem ser do tipo escovas de tambor (Drum Brush) – com as escovas posicionadas sobre a

superfície de um tambor – ou escova de corrente (Chain Brush) – com as escovas posicionadas

em correntes.

O óleo adere às escovas giratórias e é raspado e levado para um tanque. Esses skimmers são

normalmente instalados a bordo de uma embarcação, mas também podem ser unidades

flutuantes independentes.

3.4.1. Vantagens do Skimmers de Escova

• Alta taxa e eficiência de recolhimento, em ondas de até 1 m.

• Fácil manutenção.

3.4.2. Desvantagens do Skimmers de Escova

• Grande volume.

• Faixa limitada de viscosidade (trabalha melhor com óleos de alta viscosidade).

• Alto custo.

4. SKIMMERS MECÂNICOS E OUTROS TIPOS DE SKIMMERS

Além dos tipos de skimmers mencionados anteriormente, devemos considerar outra variedade

de skimmer.

Os skimmers mecânicos podem ser simples, como por exemplo, a pá de uma escavadeira,

discos de metal denteados, e baldes.

A maioria destes skimmers funciona melhor quando o óleo está concentrado, e é incapaz de

separar os detritos do óleo.

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115

4.1. Tipos de Skimmers Mecânicos

Esses skimmers podem consistir em uma correia de borracha texturizada, ou em uma correia

transportadora de aço com dentes de aço. A correia transportadora é colocada na mistura

óleo/água para coletar o material viscoso.

Os skimmers do tipo tambor normalmente são feitos de malha de aço, o que permite a água

escapar, mas retém o óleo, que depois é raspado.

O tipo parafuso de Arquimedes eleva a mistura óleo/água; durante esta operação a água será

drenada da mistura.

4.2. Vantagens dos Skimmers Mecânicos

• Skimmers mecânicos simples são bastante acessíveis.

• Não é sensível a detritos.

• Pode trabalhar com óleo muito pesado e emulsificado.

4.3. Desvantagens dos Skimmers Mecânicos

• Eficiência de recolhimento muito baixa.

• Frequentemente, são unidades difíceis de manobrar.

• Funciona somente com óleo muito pesado.

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LIÇÃO 6 – LANÇAMENTO E OPERAÇÃO DOS SKIMMERS

OBJETIVO DA LIÇÃO

O sucesso de uma operação de recolhimento de óleo depende da quantidade de óleo

recolhido em relação ao total derramado. O skimmer é um importante equipamento de

combate, e muitas vezes é utilizados em combinação com barreiras de contenção de óleo.

Os combatentes devem ser capazes de selecionar, acionar e operar o tipo correto de skimmer

para um recolhimento eficiente e bem sucedido. No final desta lição, você deve poder

descrever o uso de skimmers em diferentes condições.

Durante a lição, você aprenderá sobre:

• O acionamento e o uso de skimmers em operações em mar aberto.

• O acionamento e o uso de skimmers em águas abrigadas.

• O acionamento e o uso de skimmers em operações em terra.

LANÇAMENTO DE SKIMMERS EM OPERAÇÕES EM MAR ABERTO

O lançamento e recolhimento de barreiras de contenção de óleo foram descritos no MÓDULO

2 - LIÇÃO 4. O óleo é concentrado no vértice da barreira, onde os skimmers são lançados. Os

seguintes tipos de skimmers são adequados para operações em mar aberto:

• Skimmers tipo Vertedouro

• Skimmers tipo Vertedouro integrados às Barreiras de Contenção

• Skimmers de Escova

• Skimmers de Correia

• Skimmers de Corda Vertical

• Skimmers de Disco.

Antes de lançar algum tipo de skimmer, seu funcionamento correto deve ser verificado no

convés ou na sua posição na embarcação.

A verificação de pré-acionamento inclui:

• Todas as mangueiras e acoplamentos de conexão hidráulica estão presas?

• Os acoplamentos de mangueira foram fixados?

• Os cabos elétricos estão intactos?

• A bomba está funcionando corretamente?

• As mangueiras de conexão ou correias para tanques de contenção estão colocadas

corretamente?

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OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER

118

Precauções de Segurança

É de extrema importância que a equipe operacional esteja ciente dos riscos de segurança

para impedir acidentes durante a operação. (Os aspectos de segurança são tratados mais

adiante na lição sobre Saúde e Segurança.)

Para skimmers tipo vertedouro com entrada aberta para a bomba, uma distância de

segurança de pelo menos 2 metros deve ser mantida e proteções colocadas na entrada.

Não colocar as mãos em peças giratórias de skimmers de escova.

Não colocar as mãos em cordas ou roletes de skimmers de corda.

Depois que um skimmer foi utilizado e contaminado por óleo, pode ser muito demorado

recuperar e reparar o mesmo.

Skimmers usados em recolhimento em mar aberto não são projetados para remover a última

parte da película de óleo. Quando o recolhimento envolver a coleta de uma quantidade

excessiva de água, a operação deve ser interrompida.

Resumo

Certifique-se de que todas as conexões (elétricas, hidráulicas e de descarga) estejam

colocadas e fixadas corretamente.

Coloque o skimmer o mais próximo possível do vértice da barreira de contenção. Examine a

mistura bombeada, particularmente no início da operação. Se houver água excessiva,

bombeie-a de volta para dentro da formação de barreira e ajuste o skimmer. Se possível,

decantar os tanques de armazenamento para minimizar o teor de água do material recolhido.

1. Skimmers tipo Vertedouro

Um skimmer de livre flutuação normalmente é lançado de uma embarcação, usando um

guindaste. Devido ao movimento da formação, ele será direcionado naturalmente em direção

ao vértice de qualquer tipo de formação de barreira, seja configuração em V, J ou U.

O direcionamento do skimmer para a localização ideal na configuração é feito por meio de

cordas.

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OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER

119

Numa formação em V (simples ou dupla), o vértice estará perto da popa da embarcação. Isto

facilita a colocação correta do skimmer no vértice e o exame do local onde a mancha de óleo

tem espessura ideal. Algumas formações de barreira em V podem ter cordas transversais

colocadas perto do vértice para manter a configuração da barreira no lugar (ver o MÓDULO 2,

LIÇÃO 4). O skimmer deve ser mantido afastado dessas cordas colocadas no topo e na base da

barreira. Verifique se há suficiente borda livre ou calado disponível no vértice para colocar o

skimmer ali.

Numa formação em J com duas embarcações, o skimmer será colocado no vértice a 20-50

metros da embarcação de recolhimento. Isto torna difícil ver efetivamente se o skimmer está

colocado corretamente e se a barreira é mantida em sua posição.

Depois de começar o recolhimento, os fluidos bombeados devem ser examinados. O skimmer

está coletando somente água? O teor de óleo na mistura poderia ser mais alto? Isto pode ser

verificado deixando a bomba descarregar a mistura de volta ao mar dentro da formação da

barreira e examinando o teor de água da mistura.

Skimmers vertedouros maiores usados para operações em mar aberto terão uma capacidade

nominal (a assim chamada capacidade da placa de identificação, fornecida pelo fabricante)

indo de 50 a 400 m3/h. Deve haver capacidade suficiente de tanque a bordo da embarcação

de recolhimento para um mínimo de 2-3 horas de operação.

Muitas operações de recolhimento falham porque a capacidade de armazenamento é muito

limitada. Os tanques de armazenamento devem ser decantados, se for possível, para remover

o teor de água livre.

2. Skimmers tipo Vertedouro integrados às Barreiras de Contenção

Algumas configurações de barreira têm um skimmer tipo vertedouro integrado no vértice. Isto

é uma vantagem em termos de utilização, mas torna mais complicado o ajuste e localização

ideal do vértice e do skimmer.

Para skimmers integrados, é particularmente importante examinar se estão funcionando

corretamente antes da utilização. O recolhimento de uma formação inteira para reparar um

skimmer é complexo e demorado.

O ajuste remoto destes skimmers é lento e mais difícil do que em skimmers tipo vertedouro

individuais. Alguns skimmers deste tipo têm uma grade na entrada do vertedouro para evitar

a entrada de detritos na bomba.

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OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER

120

3. Skimmers de Escova e Correia

Estes são skimmers grandes, montados numa barcaça (unidade auto-flutuante) ou numa

embarcação construída especialmente. A utilização de skimmers grandes pode ser complicada

e requer equipamento pesado e pessoal especialmente treinado. Estes skimmers têm uma

alta eficiência e taxa de recolhimento, mas são produtos especializados. A operação destas

embarcações especializadas não faz parte deste Curso de Treinamento, mas o seu conceito é

explicado.

4. Skimmers de Corda Vertical

Skimmers de corda são de grande porte e lançados de uma embarcação ou costa usando um

guindaste durante toda a operação. Normalmente o tipo de skimmers de corda vertical

somente é usado para operações de varredura simples. O vértice da formação de barreira em

V deve estar muito próximo do costado da embarcação, onde as cordas serão usadas.

Como os esfregões de corda flutuam esse tipo de skimmer não é sensível a ondas. Entretanto,

cargas suspensas são um risco de segurança numa embarcação arfante. Além disso, será

coletada muito pouca água durante o recolhimento, o que torna este tipo de skimmers muito

adequado para a coleta de tipos de óleo mais leves. Como o óleo é retirado torcendo as

cordas do esfregão e é armazenado num tanque coletor a bordo da embarcação, os detritos

não irão afetar a operação da bomba. Skimmers de corda também são altamente eficientes,

com uma eficiência de recolhimento de 90-95 %.

5. Skimmers de Disco

Os skimmers de disco maiores com capacidades de recolhimento de 40-100 m3/h podem ser

usados para operações em mar aberto. Skimmers de disco funcionam melhor com tipos de

óleo mais leves (viscosidade média) e não conseguem lidar com óleo emulsificado. O volume e

peso destes discos são altos devido ao tamanho e ao número de discos giratórios. A utilização

requer um guindaste e seu direcionamento e controle podem ser difíceis.

UTILIZAÇÃO E USO DE SKIMMERS EM ÁGUAS ABRIGADAS

Áreas de águas abrigadas tais como litorais, portos, lagos ou rios vão tornar difícil ou

impossível o acionamento de unidades maiores. As condições do local tais como acesso à área

do derramamento, profundidade da água, tipo de fundo do mar ou rio irão ditar que tipo de

skimmer é adequado para o recolhimento do óleo. Skimmers usados em áreas de águas rasas

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são de construção mais simples, são mais fáceis de manejar, mas muitas vezes são de

capacidade menor do que skimmers usados em mar aberto.

Os tipos de skimmer normalmente utilizados nessas áreas são:

• Skimmers de Vertedouro.

• Skimmers de Sucção/Vácuo.

• Skimmers de Corda.

• Skimmers de Disco.

• Skimmers Mecânicos.

Como descrito no MÓDULO 2, LIÇÃO 4, o óleo deve ser concentrado para uma operação de

recolhimento eficiente, muitas vezes pelo uso de barreiras de contenção. Se a profundidade

da água for baixa ou o teor de sedimentos na água for alto, há um risco potencial de recolher

areia, lodo, lama, pedras etc. Isto irá afetar as bombas conectadas aos skimmers,

especialmente bombas do tipo helicoidal. Por isso, recomenda-se usar bombas do tipo

peristáltico ou de diafragma, que são mais capazes de manejar sedimentos e entulho de até

3-5 mm. Estas bombas têm fácil manutenção e operação.

Existem regras gerais para a utilização de skimmer em águas abrigadas:

• Posicionar o skimmers no vértice da barreira e assegurar que possa ser operado com

segurança.

• O vértice deve estar em área de água calma (correntes mínimas).

• Fácil acesso à área é essencial.

• Impedir que o óleo entre em contato com a costa, píeres etc.

1. Skimmers tipo Vertedouro e a Vácuo

Skimmers simples tipo vertedouro e a vácuo podem ser lançados com sucesso em águas

calmas com nenhuma ou pouca corrente. Todos eles são pequenos e fáceis de manejar e

podem ser lançados manualmente. Eles são direcionados para a parte espessa do óleo usando-

se cordas. O comprimento das mangueiras de sucção não deve exceder 30 metros, pois isto

dará uma taxa de recolhimento mais baixa e vai ser difícil controlar o skimmers. Observe que

alguns skimmers vertedouro e de vácuo precisam ser preenchidos com óleo e/ou água antes

de iniciar a operação de recolhimento.

2. Skimmers de Corda Horizontal

Skimmers de Corda Horizontal são altamente eficientes em águas calmas tais como lagos ou

portos, especialmente para tipos de óleo mais leves. Diversas unidades movidas a diesel estão

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disponíveis. A maioria delas é pequena e pesa entre 70-90 kg, o que torna possível transportá-

las para áreas que não são acessíveis por veículos. Skimmers de Corda sempre são colocados

na costa e devem estar firmemente fixados antes da operação. Se as cordas ficarem

enroscadas, o skimmer pode ser puxado para dentro da água.

Esses skimmers usam uma laçada de corda, que é enrolada na unidade de acionamento. A

laçada de corda será guiada através de um conjunto de roletes. O skimmer é montado num

tambor onde o óleo coletado é espremido. Uma ponta da laçada é passada através de uma

polia, fixada a uma coluna, píer, barco ou o que estiver disponível. Acionada pelo motor e

fixado entre este e a polia, a laçada de corda gira lentamente para dentro da água

recolhendo o óleo. Quando o tambor com o skimmers no topo estiver cheio, a operação é

interrompida e o skimmer acoplado a um tambor vazio - ou uma bomba é acoplada para

esvaziar o tambor sem que a operação seja interrompida. Os tambores não devem ser

totalmente preenchidos, pois ficam muito pesados e difíceis de manejar.

3. Skimmers de Disco

Para derramamentos de óleo em áreas com ondas menores e poucas correntes, skimmers de

disco (redondo, triangular ou quadrado) são eficientes, particularmente com óleo de baixa

viscosidade. Os menores skimmers de disco com baixo peso e uma capacidade de 10-15 m3/h

podem ser carregados manualmente até a área de utilização. Todos os skimmers de disco

requerem alimentação hidráulica. Por isso, uma fonte de energia deve estar disponível.

4. Skimmers Mecânicos

Se a mancha já estiver contaminada com detritos, a única solução pode ser o recolhimento

mecânico do óleo, como um skimmer de correia com dente de aço ou uma garra.

Óleo coletado por recolhimento mecânico vai exigir tratamento adicional, já que estes

skimmers recolhem tudo, incluindo detritos, vegetação marinha, etc.

ACIONAMENTO E USO DE SKIMMERS PARA OPERAÇÕES EM TERRA

Derramamentos no Solo

Para derramamentos de óleo no solo, qualquer diferença de nível (declive) deve ser utilizada.

A melhor solução é cavar uma cova na parte baixa do declive e direcionar o óleo para a cova.

Pode ser usado um skimmer de vácuo para o recolhimento de óleo. Pode ser necessário

remover mecanicamente a parte superior do solo para tratamento adicional usando um

escavador ou pás.

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Derramamentos em Concreto, Asfalto ou outra superfície dura

Para evitar dispersão maior do óleo, podem ser colocadas barreiras absorventes para conter o

derramamento. Se o óleo for fresco, ele pode ser recolhido usando um skimmer a vácuo. Se o

óleo não for fresco (solidificado), limpadores de alta pressão combinados com tratamento

químico constituem uma opção.

Áreas de águas abrigadas (pântanos, brejos ou lagoas)

Barreiras absorventes podem ser usadas para guiar o óleo em direção ao skimmer. Os

skimmers podem ser de esfregão de corda ou de disco, já que pode haver um alto teor de

detritos na água. Se não for possível concentrar o óleo derramado, é vantajoso usar um

Skimmer de Corda, pois ele pode cobrir uma área maior do que o skimmer de Disco. Deve ser

evitado qualquer tipo de tratamento mecânico em áreas sensíveis tais como pântanos ou

áreas de águas rasas, onde for possível, já que o equipamento pesado irá danificar o meio

ambiente muito mais do que o recolhimento ou o tratamento (ver o MÓDULO 4, LIÇÃO 1).

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LIÇÃO 7 - ARMAZENAMENTO E TRANSPORTE DE ÓLEO RECOLHIDO

OBJETIVO DA LIÇÃO

O volume da mistura de óleo/água recolhido vai trazer para os primeiros combatentes

problemas de armazenagem, manuseio e transporte. Por isso, os primeiros combatentes

precisam saber preparar locais apropriados para manuseio da mistura, em instalações a bordo

da embarcação equipada com o skimmer ou na costa, bem como providenciar maneiras seguras

de transportar a mistura para longe da área do derramamento para tratamento adicional.

No final desta lição você poderá sugerir opções para o armazenamento de óleo recolhido no

mar. Você também deverá conhecer os princípios para separar o óleo da água e ser capaz de

sugerir maneiras seguras para transportar o óleo recolhido na área do derramamento.

Durante a lição você aprenderá sobre:

• As opções para a contenção de óleo recolhido/água.

• Como minimizar o teor de água e detritos em uma mistura de óleo/água.

• Os típicos problemas e riscos de segurança relacionados à transferência e transporte de

óleo recolhido.

OPÇÕES PARA A CONTENÇÃO DE ÁGUA/ÓLEO RECOLHIDO

Recolhimento e armazenamento de óleo no mar

Quando o recolhimento do óleo é realizado em mar aberto, a quantidade de detritos no óleo

será muito limitada e a quantidade de água vai depender do tipo de skimmer usado e do tempo

em que o óleo esteve na água. Para óleo fresco e condições ideais, é possível alcançar um teor

de óleo de 70-90%. Se a mancha de óleo for velha, o óleo pode estar emulsificado, o que torna

extremamente difícil separar a água do óleo (MÓDULO 1, LIÇÃO 1).

É importante poder estimar a provável quantidade da mistura de óleo/água a ser recolhida para

disponibilizar uma capacidade de tanque suficiente para o armazenamento a bordo da

embarcação equipada com o skimmer, conforme os requerimentos nacionais e internacionais.

Segundo o Manual de Participantes do Curso IMO para Fist Responders, emitido em 2005, a

capacidade mínima de armazenamento deve ser equivalente a duas horas da capacidade total

de recolhimento da operação. Entretanto, segundo a Resolução Conama nº 398/08, que

determina os critérios para dimensionamento da capacidade de resposta para incidentes no

Brasil, a capacidade mínima de armazenamento deve ser equivalente a três horas da

capacidade total de recolhimento.

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126

Assim, em um exemplo em que sejam utilizados dois skimmers do tipo vertedouro para uma

operação, cada um com taxa de recolhimento de 70 m3/h, a capacidade mínima de

armazenamento nas embarcações para atender aos requerimentos legais deve ser equivalente a

três horas de operação, totalizando 420 m3 (2 skimmers x 70 m3/h x 3 h = 420 m3).

Caso a capacidade mínima requerida não esteja disponível nos tanques da(s) embarcação(ões)

equipada(s) com o(s) skimmer (s), o óleo precisará ser transferido para outras embarcações ou

para tanques flutuantes, a depender da disponibilidade e das condições de tempo.

Os tanques flutuantes são feitos de materiais resistentes a óleo, tais como PVC ou borracha,

geralmente com uma capacidade de 5 - 100 m3. Esses grandes tanques são práticos durante a

operação de recolhimento, mas difíceis de serem manobrados.

Eles podem ser facilmente danificados por hélices em funcionamento ou sofrerem rasgos em

píeres. Não é recomendado armazenar óleo a bordo de uma embarcação em tanques flexíveis,

pois eles podem reduzir a estabilidade da embarcação.

Resumo

• As embarcações devem ter suficiente capacidade de tanque;

• Barcaças ou barcos de transbordo devem estar disponíveis;

• Tanques flexíveis flutuantes devem estar disponíveis.

Operação na Costa

Os procedimentos e precauções de limpeza de praias estão descritos no MÓDULO 4, LIÇÃO 1.

O problema básico associado ao recolhimento de óleo na costa é a quantidade de detritos, como

madeira, plástico, areia etc., bem como a solidificação e emulsão do óleo que podem ter

ocorrido (pixe).

O óleo solidificado precisa ser recolhido manualmente por meio de raspadores ou pás e

carregado para uma instalação de contenção (o MÓDULO 4, LIÇÃO 1 contém mais descrições). Já

o óleo líquido pode ser bombeado através de skimmers, sendo necessária uma instalação de

contenção (tambor ou tanques) em terra para cada skimmer utilizado.

As opções disponíveis para contenção temporária são:

• Tanques auto infláveis revestidos;

• Contêineres:

• Poços revestidos de plástico;

• Tambores;

• Sacos plásticos.

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127

Tanques são feitos de material flexível resistente a óleo (plástico ou borracha). Existem dois

tipos de tanques: tipo rígido com uma estrutura de alumínio ou aço e um tipo auto inflável (sem

estrutura). Normalmente a capacidade é de 5-15 m3 e alguns tanques são equipados com uma

válvula para decantar a água.

Outra possibilidade são as instalações de armazenamento maiores, tais como contêineres ou

poços revestidos. Os poços não devem ser maiores do que 2 m de largura e 1,5 m de

profundidade, de modo a permitir que uma pessoa que sofra uma possível queda consiga sair

sozinho. Se os poços forem usados por vários dias ou semanas, eles devem ser cobertos com

proteção contra a água da chuva.

Tambores de 200 litros ou sacos plásticos resistentes podem servir como instalações de

armazenamento temporário. Se os sacos ou tambores precisarem ser manejados manualmente,

o seu peso deve ser limitado e não devem ser totalmente preenchidos.

Os sacos plásticos resistentes devem ser mantidos longe do sol, pois os materiais deterioram

rapidamente e tornam os sacos frágeis e impossíveis de serem manuseados.

COMO MINIMIZAR O TEOR DE ÁGUA NA MISTURA DE ÓLEO/ÁGUA

Alto teor de água na mistura de óleo /água recolhida torna o seu manuseio difícil e de alto

custo.

Uma separação natural por gravitação ocorre numa mistura de óleo/água, deixando o óleo

sobre a água. A velocidade desta separação natural depende da temperatura e da densidade do

óleo. Quanto mais alta for a temperatura e mais denso for o óleo, mais rapidamente ocorrerá a

separação. Desta forma, o processo pode ser acelerado aquecendo-se a mistura. Alguns tanques

de armazenamento de óleo são equipados com uma bobina de aquecimento para este fim.

Entretanto, se o óleo já estiver emulsificado, é muito difícil separá-lo da água.

A gravitação também pode ser usada com sucesso para separar os detritos maiores (madeira,

pedras, areia) do óleo, simplesmente deixando a mistura assentar. Itens maiores contaminados

podem ser lavados com um limpador de alta pressão.

É possível usar centrífugas para a separação, mas elas precisam ter um volume considerável

para terem algum efeito (60-80 m3/h), além de serem caras e de difícil manuseio. Unidades

menores encontradas em navios são basicamente inadequadas para este fim.

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TÍPICOS PROBLEMAS E RISCOS DE SEGURANÇA ASSOCIADOS À TRANSFERÊNCIA E TRANSPORTE

DE ÓLEO RECOLHIDO

Se o óleo for proveniente de um incidente em mar aberto, o óleo é recolhido para uma

embarcação ou para um tanque flutuante. Quando a embarcação/tanque chegar a um porto, o

óleo pode ser carregado para caminhões ou para tanques de óleo para tratamento adicional.

Esta operação normalmente não causa problemas de manuseio.

Se o óleo for recolhido durante operações de limpeza de praias, o manuseio do óleo muitas

vezes é mais complicado devido a:

• Difícil acesso para caminhões para a área de trabalho;

• Distância entre as áreas de recolhimento;

• Óleo com detritos (areia, pequenas pedras etc.).

Como descrito acima, o óleo muitas vezes é recolhido em tanques montados ou em poços. Estas

instalações de armazenamento temporário devem ser esvaziadas por caminhões a vácuo. Se não

for possível para um caminhão entrar na área próxima à zona de recolhimento, então devem ser

criadas outras instalações de armazenamento temporário próximas à área de acesso dos

caminhões. Essas instalações podem constituir grandes poços revestidos ou grandes tanques

flexíveis colocados diretamente no solo. O óleo então precisa ser bombeado das instalações de

armazenamento para perto das zonas de acesso dos caminhões.

A entrada de grandes caminhões para uma área com muitas pessoas e um solo escorregadio

devido à contaminação de óleo apresenta riscos para pessoas e para os equipamentos.

As seguintes medidas devem ser tomadas a fim de minimizar os riscos:

• Cada caminhão que entrar na área deve saber exatamente sua rota e destino. Um mapa

ou instruções devem ser fornecidos aos motoristas.

• Uma pessoa precisa ser responsável pela comunicação com os motoristas.

• As áreas onde caminhões são permitidos trafegar devem ser marcadas claramente. O

transporte rodoviário deve ser mantido longe da zona "oleosa".

• As áreas de trânsito não podem estar contaminadas com óleo – para não comprometer a

frenagem dos caminhões.

• Os poços devem ser providos de acostamentos para impedir a entrada de caminhões.

• A área inteira deve estar iluminada se o trabalho continuar no período noturno.

• Cada pessoa que trabalhar na área deve usar refletores de segurança visíveis a fim de

ser visto por motoristas à noite.

• A pessoa encarregada deve saber como chamar por assistência no caso de algum

ferimento ou acidente.

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As bombas de transferência devem estar equipadas com grades de detritos. Se isso não for

possível, é importante que ninguém se aproxime das bombas durante a operação. Em geral,

deve-se observar uma distância de segurança de pelo menos 2 m.

Todos os equipamentos de trabalho devem ser limpos após o uso.

Equipamentos de segurança devem ser usados durante toda a operação. Se alguém recusar-se a

usar equipamento de proteção individual (óculos de segurança; botas de segurança; máscaras

de respiração, etc.) ele/ela deve ser retirado (a) da área.

Não devem ser deixados espalhados e soltos na área: ferramentas, mangueiras, cordas etc.

É impossível listar todos os potenciais riscos durante uma operação desse tipo. Entretanto, é

essencial seguir estas diretrizes para assegurar a segurança básica na área de trabalho.

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LIÇÃO 8 - GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS

OBJETIVO DA LIÇÃO

Ao final desta lição você deverá:

• Ser capaz de identificar os diferentes tipos de resíduos

• Conhecer os principais procedimentos do gerenciamento dos resíduos

INTRODUÇÃO

Durante a resposta a um incidente de derramamento de óleo, há a geração de grande

quantidade e variedade de resíduos oleosos e não oleosos, principalmente nas etapas de

contenção e recolhimento.

São considerados resíduos oleosos todos os materiais contaminados com óleo, como barreiras e

mantas absorventes usadas, porções de solos impregnadas com óleo, equipamentos de limpeza

a serem descartados e o próprio óleo recolhido. Por sua vez, os resíduos não oleosos configuram

os materiais consumidos e descartados durante a atividade de resposta que não tiveram contato

ou foram devidamente descontaminados, como as embalagens descartáveis de materiais,

equipamentos, alimentos consumidos, e outros resíduos livres de óleo.

O correto gerenciamento dos resíduos permite a evitar ou minimizar a contaminação de

ambientes e assegurar a segurança dos trabalhadores e de populações. Para isso, exige cuidados

em diferentes etapas, desde sua geração até a disposição final, ou tratamento.

Para determinar o tratamento ou disposição final adequados, é necessário analisar os resíduos e

seus potenciais subprodutos, interações e efeitos no meio ambiente. Nesse sentido, no Brasil, os

resíduos são classificados de acordo com suas principais características com base em critérios

estabelecidos por normas.

1. CLASSIFICAÇÃO

Os rejeitos podem ser classificados em relação a diferentes aspectos, como estado físico,

origem, e características de periculosidade.

A classificação de resíduos sólidos quanto à periculosidade é regulamentada pela ABNT - NBR

10004:2004 - Classificação de Resíduos Sólidos, além de considerar outras normas que

determinam os métodos de testes e amostragem.

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A NBR 10004:2004 determina a seguinte classificação:

Classe I - Resíduos Perigosos

De acordo com a NBR 10004:2004, resíduos perigosos são substâncias “que, em função de suas

propriedades físicas, químicas ou infecto-contagiosas, podem apresentar risco à saúde

pública, provocando mortalidade, incidência de doenças ou acentuando seus índices ou riscos

ao meio ambiente, quando o resíduo for gerenciado de forma inadequada”.

A classificação de resíduos perigosos é determinada pela presença de uma das seguintes

características: Inflamabilidade, Corrosividade, Reatividade, Toxicidade e Patogenicidade,

considerando:

• Inflamabilidade: capacidade de provocar incêndios durante seu armazenamento,

transporte ou disposição final.

• Corrosividade: capacidade de destruir ou danificar irreversivelmente substâncias ou

superfícies com as quais esteja em contato.

• Reatividade: capacidade de reagir a misturas ou condições e, como consequência,

produzir explosões, e/ou liberar gases, vapores ou fumos tóxicos.

• Toxicidade: capacidade de provocar, em maior ou menor grau, um efeito adverso em

consequência de sua interação com o organismo.

• Patogenicidade: presença de agentes biológicos ou toxinas capazes de produzir

doenças em homens, animais ou vegetais.

Classe II – Resíduo Não Perigoso

Os Resíduos Não Perigosos são aqueles que não apresentam as propriedades que caracterizam

o resíduo como perigoso, apresentadas anteriormente. Essa classe de resíduos é dividida em

duas categorias em função do extrato resultante de teste de solubilização.

Classe II-A - Resíduo Não-Inerte

Os resíduos dessa classe não se enquadram nas classificações de Resíduos Perigosos - Classe I

ou de Resíduos Não Perigosos - Classe II B - Inertes. Assim, quando submetidos a testes de

solubilidade, apresentam seus constituintes solubilizados em concentrações superiores aos

limites estabelecidos no anexo G. Esses resíduos podem ter propriedades, como

biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água.

Classe II-B - Resíduo Inerte

De acordo com a NBR 1004:2011, Resíduos Inertes são “quaisquer resíduos que, quando

amostrados de uma forma representativa, segundo a ABNT NBR 10007, e submetidos a um

contato dinâmico e estático com água destilada ou desionizada, à temperatura ambiente,

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133

conforme ABNT NBR 10006, não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a

concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, excetuando-se aspecto, cor,

turbidez, dureza e sabor, conforme anexo G”. O referido anexo G apresenta as substâncias e

respectivos limites de concentração, quando submetidos ao teste de solubilização.

2. GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS

O gerenciamento dos resíduos gerados durante a resposta deve considerar diferentes

procedimentos, desde sua geração até o seu tratamento ou disposição final.

É importante considerar que todos os procedimentos estabelecidos devem estar em

consonância com as normas vigentes pertinentes.

Os procedimentos gerais que configuram o gerenciamento dos resíduos são, a seguir,

apresentados e descritos.

2.1 Treinamento dos trabalhadores

Todos os trabalhadores envolvidos da resposta à emergência devem ser treinados quanto à

sua participação no sistema de gerenciamento de resíduos, pois sua ação é fundamental para

o funcionamento do sistema.

É importante que haja uma rotina de programa de treinamento de forma a manter todos

preparados e reciclar o conhecimento.

2.2 Minimização de resíduos

A etapa de minimização da geração de resíduos compreende a aplicação de ações desde a

geração até a destinação do resíduo: a redução real do consumo de materiais e a reutilização

ou reciclagem de materiais contaminados.

Assim, consideram-se 03 (três) estratégias de minimização de geração de resíduos:

• Reduzir – Durante o combate a derramamentos de óleo, é importante que os

materiais e outras fontes de resíduos oleosos sejam utilizados de forma planejada,

com objetivo de otimizar o consumo e evitando o desperdício.

• Reutilizar – Após o uso, alguns materiais podem ser recondicionados ao uso. Barreiras

e mantas absorventes de polipropileno que podem ser centrifugadas e/ou espremidas

em equipamento próprio, EPIs podem ser limpos e higienizados industrialmente em

empresa especializada e credenciada para tal fim.

• Reciclar – Alguns materiais podem ser reaproveitados como matéria-prima para um

novos produtos.

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134

2.3 Segregação

A segregação dos materiais contaminados é uma etapa inicial do gerenciamento de resíduos

que tem como objetivo fazer uma separação preliminar dos resíduos, para facilitar sua

destinação final.

Esta atividade deve ser realizada em local dotado de estrutura mínima que evite a

contaminação do terreno sobre o qual é realizada a atividade.

A segregação dos resíduos por tipo também tem grande influência na destinação adequada

aos diferentes tipos de resíduos, de acordo com suas necessidades.

Além disso, impede a ocorrência de reações químicas diversas, evitando-se danos maiores e

imprevisíveis ao meio ambiente, evitando a possibilidade de formação de gases tóxicos ou

volatilização de substâncias tóxicas, o que aumentaria a poluição do ar, além de favorecer a

reciclagem e diminuir os custos com o tratamento, transporte e disposição.

2.4 Identificação e Quantificação

Todos os resíduos gerados durante a resposta devidamente segregados devem ser

identificados, quantificados. Esses procedimentos permitem prever as quantidades e tipos de

resíduos gerados e planejar os meios de transporte e disposição adequados.

O material descartado deve ser identificado por etiquetas ou fichas resistentes que permitam

seu reconhecimento dentre os vários tipos de resíduos, preenchidas com as seguintes

informações básicas:

• Nome da empresa responsável pelo resíduo

• Além do nome da operação/emergência

• Data

• Tipo de resíduo e peso aproximado

• Local de onde o resíduo foi retirado

2.5 Armazenamento temporário (locais, recipientes, condições)

Os resíduos identificados e pesados devem ser armazenados temporariamente em recipientes

estrategicamente distribuídos até que atinjam volumes que justifiquem seu transporte e sua

destinação final.

Para o armazenamento, os recipientes devem ser constituídos por material inerte, possuírem

resistência e durabilidade e ter dimensões e forma adequadas ao tipo de transporte. Esta

atividade deve ser realizada em local dotado de estrutura mínima que evite a contaminação

do terreno sobre o qual é realizada a atividade.

Os dispositivos de armazenamento mais utilizados nas operações de combate à poluição por

óleo são tambores metálicos, big bags, sacos plásticos resistentes, além dos Oil Bags e Fast

Tanks.

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135

O armazenamento temporário dos resíduos deve ser realizado em conformidade com a NBR

12.235 - Armazenamento de Resíduos Sólidos Perigosos e com a

NBR 11.174 - Armazenamento de Resíduos Classe II - Não Inertes e III - Inertes.

2.6 Transporte

O transporte dos resíduos pode ser realizado por meios marítimo, fluvial, ferroviário ou

rodoviário. Para as atividades potencialmente poluidoras, é importante que seja feito

previamente um levantamento sobre os fornecedores de serviço de transporte.

O transporte dos resíduos deve ser realizado em conformidade com a NBR 13.221 -

Transporte de Resíduos, o Decreto Federal n° 96.044, de 18/05/1988, a Resolução CONAMA

n° 01-A, de 20/01/1986, e a Portaria Federal n° 204, de 10/05/1997.

2.7 Destinação final

Co-Processamento

O co-processamento consiste em reutilizar o resíduo com a mesma finalidade de ou outra,

sempre de maneira a minimizar o impacto ambiental. O resíduo de óleo é usado no processo

de fabricação de cimento, na produção de clínquer, que é o produto da mistura de argila com

calcáreo, aquecida até 1450oC, e posteriormente resfriada.

Os hidrocarbonetos passam a fazer parte do cimento ou são aprisionados por dispositivos de

controle de poluição do ar. Como a poluição gerada com e sem resíduos oleosos é a mesma,

diminui a poluição e o uso de recursos naturais. Esse processo tem sido considerado o destino

final de resíduos. A adição de óleo também contribui para uma redução de energia elétrica

usada para produção, lenha e manutenção das peças, já que o óleo diminui o desgaste das

peças.

Incineração

Trata-se de um tratamento que utiliza a decomposição térmica via oxidação, tornando assim

o resíduo tóxico ou atóxico, menos volumoso, ou eliminando-o totalmente. Para a

possibilidade de incinerar o resíduo, deve-se considerar: o processo industrial a ser utilizado,

incluindo o fluxograma do processo indicando os pontos de geração de resíduos e a

quantidade, estado físico, poder calorífico, viscosidade (para os líquidos), densidade,

viscosidade e porcentagem de sólidos (para as lamas), densidade (para os gases),

corrosividade e composição química.

As instalações que realizam a incineração devem ter equipamentos de controle de poluição do

ar e efluentes. Os resíduos a serem incinerados podem ser sólidos, líquidos ou pastosos. O

processo é composto por 5 sistemas com as seguintes funções: preparo do resíduo para a

queima, combustão do resíduo (fase onde o material torna-se não tóxico), tratamento de

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136

gases de saída, tratamento de efluentes líquidos e acondicionamento e disposição dos

resíduos sólidos gerados no processo de queima e nos equipamentos de controle de poluição

no ar.

Incineração em Equipamentos Industriais

Alguns resíduos podem ser queimados em caldeiras industriais, como os dispositivos fechados

que utilizam chama de combustão e fazem parte do processo de fabricação (fornos de

cimento, cal, coqueira, altos-fornos e fornos para agregados). Os fornos apresentam alta

eficiência na destruição, onde os resíduos podem ser destruídos de modo seguro e controlado.

Queima no Local

Só é considerado quando em lugares remotos. A queima dos resíduos jogará poluição para o

ar, mas apesar de trazer grande choque de opinião pública, o volume liberado na atmosfera

não é muito grande. A única vantagem maior da queima dos resíduos usando esse método é a

eliminação dos custos com transporte.

Estabilização e Solidificação

Os objetivos desses dois pré-tratamentos são: melhorar as características físicas e de

manuseio dos resíduos, reduzirem a área de superfície por onde possa ocorrer migração dos

poluentes, e restringir a solubilidade ou retirar a toxicidade dos elementos perigosos do

resíduo. A estabilização faz com que os elementos perigosos de um resíduo sejam

transformados, para assim tornarem-se menos tóxicos e menos solúveis.

A solidificação produz um bloco de resíduo tratado, aprimorando as características físicas e a

estrutura, de modo a facilitar o manuseio, o transporte do resíduo e ainda a sua preservação

de forma sólida, pelo tempo necessário à sua degradação. Os resíduos perigosos, gerados em

grandes quantidades, são indicados para esse tratamento.

Os processos de estabilização/solidificação são classificados como: fixação inorgânica (onde

se adiciona cimento, cal, silicatos e argilas) e técnicas de encapsulamento, onde são

empregados termoplásticos como betume, asfalto e polietileno, que quando aquecidos,

amolecem, e resfriados, endurecem, ou polímeros orgânicos específicos, como poliéster e

butadieno.

“Landfarming”

São sistemas que utilizam as propriedades químicas, físicas e a intensa atividade microbiana

do solo para transformar, biodegradar, destoxificar os resíduos tratados, reduzindo os riscos

de contaminação no meio-ambiente.

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Os processos que ocorrem no “landfarming” são: biodegradação, volatilização, percolação e

lixiviação superficial. No entanto, espera-se que ocorra o máximo de degradação biológica, e

que diminuam as perdas por volatilização e lixiviação.

As vantagens desse método são: resíduos estão dispostos na superfície, em curto prazo,

permitindo ações corretivas à medida que ocorra algum problema e os compostos orgânicos

são biodegradáveis, e os metais pesados normalmente se acumulam na superfície, sendo

assim esta técnica é utilizada para a limpeza de areia contaminada.

As desvantagens são: necessidade de grandes áreas e resíduos dispostos em grandes

quantidades podem inviabilizar a eficiência do processo.

Lavagem da areia contaminada

Processo de separação com jateamento a alta pressão de grandes volumes de água quente.

Essa água vai para um sistema fechado, por onde passa por vários separadores água-óleo, o

óleo vai para re-refino, enquanto que com a água temos perdas somente por conta da

evaporação. A areia depois será devolvida ao local de origem, levando em consideração

alguns fatores ambientais, ou utilizar esta areia já lavada em construções.

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MÓDULO 3

LIÇÃO 1 – DISPERSANTES QUÍMICOS

OBJETIVO DA LIÇÃO

Esta lição trata sobre a aplicação de dispersantes químicos como estratégia de resposta a

derramamentos de óleo na água e as respectivas preocupações ambientais e de riscos à saúde.

A familiaridade com os conceitos e procedimentos de aplicação dispersantes, equipamentos

utilizados, e os problemas e riscos ambientais e à saúde associados é essencial para uma

operação correta e segura.

Ao final da lição você deverá:

1. Poder descrever como os dispersantes funcionam, onde e quando eles podem ser aplicados

tecnicamente e as limitações ao seu uso.

2. Poder identificar os três tipos de dispersantes.

3. Ter conhecimento dos riscos de saúde e ambientais quando usar dispersantes.

INTRODUÇÃO

Através do Decreto Federal no 2.870/1998, foi promulgada no Brasil a Convenção Internacional

sobre Preparo, Resposta e Cooperação em Caso de Poluição por Óleo (OPRC/90). Esta

Convenção estabelece que as partes se comprometam, conjunta e individualmente, a tomar

todas as medidas adequadas em caso de incidente de poluição por óleo.

Assim, determinou-se a obrigatoriedade de estabelecer um Sistema Nacional para Responder

aos Incidentes de Poluição por Óleo, no qual está incluído um Plano Nacional de Contingência

que complementa toda a infraestrutura para responder aos incidentes.

A necessidade da criação deste Sistema foi ratificada pela Lei no 9.966/00, que dispõe sobre a

prevenção, controle e fiscalização da poluição causada por lançamento de óleo e outras

substâncias nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição nacional e outras providências,

No Brasil, o uso de dispersantes químicos como estratégia de combate a derramamentos de

óleo é regulamentado pela Resolução CONAMA no 269/00, a qual dispõe sobre a utilização

dos dispersantes em derramamentos de petróleo e seus derivados no mar.

Esta Resolução visa estabelecer as diretrizes para o uso de dispersantes nas operações de

emergência, servindo como subsídio para a tomada de decisão dos coordenadores da

emergência, nessas ocasiões.

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140

Os critérios para utilização de dispersantes possuem caráter geral, e suas orientações guiam a

utilização em cenários de derrame de óleo. Para tanto, recomenda-se:

• Definição da área geográfica a ser considerada (área de risco direto e indireto);

• Definição da distribuição e da sazonalidade das espécies de cada ecossistema que

compõe a área;

• Identificação dos recursos socioeconômicos em risco;

• Definição da geomorfologia costeira e de relativa sensibilidade dos ambientes ao

óleo;

• Obtenção de dados meteorológicos e climatológicos da área;

• Obtenção de dados hidrodinâmicos e hidrográficos da área;

• Cartografia dos dados físico-naturais e socioeconômicos, identificando onde a

aplicação de dispersantes é recomendável ou não.

Além disso, é importante que se utilize um modelo matemático para previsão de tendência de

orientação e movimentação das manchas de óleo no mar, nas regiões de influência direta e

indireta das potenciais fontes poluidoras, como: terminais, oleodutos e rotas de navios.

DEFINIÇÃO DE DISPERSANTES QUÍMICOS

Segundo a Resolução CONAMA no 269/00, dispersantes são formulações químicas de natureza

orgânica, destinadas a reduzir a tensão superficial entre óleo e a água, auxiliando a dispersão

do óleo em gotículas no meio aquoso. São constituídos por ingredientes ativos, denominados

surfactantes, cuja molécula é composta por uma cadeia orgânica, basicamente apolar, com

afinidade por óleos e graxas (oleofílica) e uma extremidade de forte polaridade, com

afinidade pela água (hidrofílica).

Além dos surfactantes, os dispersantes também são constituídos por solventes da parte ativa

que permitem a sua difusão no óleo.

Os dispersantes são, potencialmente, aplicáveis em situações de derrames de óleo, visando à

proteção de recursos naturais e socioeconômicos sensíveis como os ecossistemas costeiros e

marinhos. A sua aplicabilidade deve ser criteriosamente estabelecida e somente utilizada

caso resulte em menor prejuízo ambiental, se comparado ao efeito causado por um derrame

sem tratamento algum ou utilizado como alternativa ou, ainda, adicional à contenção e

recolhimento mecânico no caso de ineficácia desses procedimentos de resposta.

A eficiência do dispersante está relacionada aos processos de intemperização do óleo no mar.

Óleos intemperizados são mais viscosos e podem sofrer emulsificação, que diminui a sua

eficiência. Portanto, para se utilizar com eficiência o dispersante, é indicada sua aplicação

preferencialmente nas primeiras 24 horas, durante as operações iniciais de atendimento,

levando em consideração o cenário do derrame, por pulverização.

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141

Na aplicação de dispersantes sobre uma mancha, as substâncias surfactantes circundam as

gotículas de óleo presentes estabilizando a dispersão. (Figura M3L1.1 – parte superior), isso

ajuda a promover uma rápida diluição pelo movimento da água. Como exposto acima, o

dispersante reduz a tensão entre água e óleo, isso faz com que se formem gotículas menores

(Figura M3L1.1 – parte central e inferior), estas tendem a se movimentar na coluna d’água e

a permanecer em suspensão na superfície, acelerando o processo natural de degradação e de

dispersão, favorecendo desta forma a biodegradação.

Figura M3L1.1 – Representação da ação do dispersante sobre uma mancha de óleo

Fonte: IPIECA, 1993.

Quando os dispersantes são aplicados corretamente podem auxiliar na transferência para a

coluna d’água de um grande volume de óleo que estava na superfície, obtendo-se resultados

com mais agilidade que os métodos de remoção mecânicos.

De acordo com a International Maritime Organization (IMO), os dispersantes em geral têm

pouco efeito sobre óleos viscosos. Assim, para uma operação de dispersão adequada, a

viscosidade do óleo não deve ultrapassar 5.000 cSt.

Os dispersantes são projetados para serem utilizados em águas salgadas, e, dessa forma,

normalmente não produzem efeito em águas doces.

Como eles tendem a se decompor facilmente, devem ser guardados em ambientes

controlados, caso contrário se tornam ineficientes. Esses ambientes controlados são

contêineres resistentes à corrosão que mantenham o produto hermeticamente fechado.

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TIPOS DE DISPERSANTES

Tipo 1 – Dispersante Convencional

O material ativo é diluído em solventes, em geral hidrocarbonetos alifáticos. A concentração

do material ativo é baixa. Não deve sofrer diluição na aplicação, ou antes de ser aplicado. O

produto está pronto para uso.

Tipo 2 – Dispersante Concentrado Diluível em Água

O material ativo é geralmente uma mistura de substâncias tensoativas e compostos

oxigenados ou outros. É de base aquosa e pode para ser aplicado sofrer diluição prévia.

Tipo 3 – Dispersante Concentrado não Diluível em Água

O material ativo é geralmente uma mistura de substâncias tensoativas, compostos

oxigenados, hidrocarbonetos alifáticos ou outros. A sua concentração é elevada, implicando

em um baixo consumo de produto. Normalmente é de base aquosa e deve ser aplicado sem

diluição.

De acordo com a IMO, a aplicação do dispersante tipo 3 deve considerar inicialmente a

proporção de 1:20. Essa taxa, no entanto, pode ser modificada caso seja considerado

necessário, de acordo com os resultados das aplicações.

A tabela M3L1.1 abaixo apresenta as diferentes formas de aplicação dos dispersantes

químicos, de acordo com os tipos convencional e concentrado.

Tabela M3L1.1 – Classificação dos Tipos de Dispersantes (Resolução CONAMA no 269/00)

Dispersante Tipo Modo de Aplicação Solvente

Convencional 1 Produto não diluído (puro).

Aplicação por barcos e/ou aeronaves

Hidrocarbonetos

não aromáticos

Concentrado

2 Produto diluído.

Aplicação por barcos e/ou aeronaves.

Oxigenados

(glicol, éteres) e

hidrocarbonetos

não aromáticos 3

Produto não diluído (puro).

Aplicação por barcos e/ou aeronaves

Fonte: Resolução CONAMA n°269/00

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143

CRITÉRIOS PARA TOMADA DE DECISÃO QUANTO AO USO DE DISPERSANTES

Critérios para Uso

Os dispersantes poderão ser utilizados:

a) Quando forem homologados pelo Órgão Ambiental Federal competente;

b) Em situações em que outras técnicas de resposta não sejam eficientes, tais como

contenção e recolhimento do óleo, em função das características do óleo, do volume

derramado e das condições ambientais;

c) Quando estiverem em consonância com a Convenção sobre a Salvaguarda da Vida Humana

no Mar (SOLAS/74), quando for necessária a adoção de medidas emergenciais decorrentes do

derramamento de óleo, nas quais haja risco iminente de incêndio com perigo para a vida

humana no mar ou regiões costeiras, envolvendo instalações marítimas ou navios próprios ou

de terceiros;

d) Em situações nas quais a mancha de óleo estiver se deslocando para áreas designadas

como ambientalmente sensíveis, devendo ser aplicados no mínimo a 2.000 m da costa,

inclusive de ilhas, ou em distâncias menores do que esta, se atendidas às profundidades

maiores que as isóbatas, encontradas ao longo do mar territorial, conforme o exposto a

seguir:

• Do Cabo Orange a Foz do Rio Parnaíba – 10 m

• Da Foz do Rio Parnaíba ao Cabo Calcanhar – 15 m

• Do Cabo Calcanhar à Ilheus – 20 m

• De Ilhéus ao Chuí – 15 m

e) Em situações que sua aplicação é mais eficiente e vantajosa na redução do impacto global

de um derramamento (que possa atingir áreas ambientalmente sensíveis) para assegurar que

a mistura óleo/dispersante não chegue a comprometer o ambiente costeiro e nem outros

ativos ambientais importantes;

f) Em áreas e situações específicas não previstas nos itens acima, desde que devidamente

autorizados pelo órgão ambiental competente.

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Restrições ao Uso

Os dispersantes não podem ser utilizados em:

Áreas costeiras abrigadas que possuem baixa circulação e pouca renovação de águas, nos

quais o dispersante químico e a mistura de óleo possam permanecer concentrados ou ter um

alto período de residência, como os corpos d’água costeiros semi-fechados;

Estuários, canais, costões rochosos, praias arenosas, lodosas ou pedregulhos, inclusive áreas

sensíveis como manguezais, marismas, recifes de corais, lagunas, restingas, baixios expostos

pela maré, unidades de conservação, parques ecológicos e reservas ambientais;

Áreas discriminadas nos mapas de sensibilidade de:

• Ressurgência;

• Desova e berçário naturais de peixes;

• Espécies ameaçadas de extinção;

• Populações de peixes ou frutos do mar de interesse comercial ou ainda criadouros

artificiais de peixes, crustáceos ou moluscos (aquacultura);

• Migração e reprodução de espécies (mamíferos, aves e tartarugas);

• Recursos hídricos para o uso tanto de abastecimento humano como para fins

industriais;

Derramamento de petróleo ou derivados que possuam viscosidade dinâmica inferiores a 500

mPa.s ou superiores a 2.000 mPa.s à 10oC, já que a eficiência de dispersantes sobre este tipo

de óleo é baixa ou nula;

Processo de formação da emulsão água-óleo tenha sido iniciado (“mousse de chocolate”) ou,

também, quando o processo de envelhecimento da mistura de óleo for visível;

Situações nas quais se deseja manter apenas a estética do corpo hídrico;

Na limpeza de instalações portuárias, em qualquer tipo de embarcação, bem como em

equipamentos utilizados na operação de resposta ao derrame de petróleo e derivados.

CRITÉRIOS PARA TOMADA DE DECISÃO

A tomada de decisão sobe o uso de dispersantes deve considerar algumas condições mínimas

necessárias que justifiquem a aplicação de dispersantes químicos.

Abaixo é apresentado o esquema da árvore de tomada de decisão sobre o uso de dispersantes

Figura M3L1.2 cujo objetivo é auxiliar a tomada de decisão do coordenador das operações

quanto a sua necessidade e/ou aplicabilidade:

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Figura M3L1.2 – Árvore de Tomada de Decisão sobre Uso de Dispersantes

Fonte: Resolução CONAMA n° 269/00.

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Métodos e Formas de Aplicação

Os métodos e formas de aplicação dos dispersantes, no combate a vazamentos de óleo no mar

devem ser escolhidos levando-se em consideração uma série de fatores, entre os quais:

• Tipo e volume de óleo a ser disperso;

• Grau de intemperização do óleo no mar no momento da aplicação;

• Características oceanográficas e meteorológicas;

• Tipo de dispersante a ser utilizado; e

• Equipamentos disponíveis para aplicação.

Para a dispersão adequada do óleo na água, em um cenário de mar calmo, deve-se proceder a

agitação mecânica após a aplicação do dispersante.

A taxa de aplicação dos dispersantes varia de acordo com diversos fatores, como:

• tipo de óleo;

• eficiência do dispersante;

• espessura da mancha;

• condições oceanográficas.

O controle da aplicação pode ser realizado através de duas variáveis: vazão da bomba do

sistema de aplicação e velocidade da embarcação ou aeronave. A relação entre essas duas

variáveis pode ser calculada através da seguinte equação (ITOPF, 1993):

Q Q v lb a

= 0003, . . .

Onde:

Qb = vazão da bomba (l/min);

Qa = taxa de aplicação (l/ha);

v = velocidade da embarcação ou aeronave (nós);

l = largura da faixa de aplicação (m).

Por exemplo, para uma mancha com uma espessura estimada em 0,2 mm, que representa um

volume de aproximadamente 2 m3/ha, será necessária uma taxa de aplicação de 100 l/ha

(Qa), se for utilizado um dispersante concentrado numa dose 1:20; assim, um barco operando

a 10 nós (v) numa faixa com largura de 30 m (l) necessitará de uma bomba com uma vazão de

90 l/min.

A tabela M3L1.2 é uma base para orientar a escolha do melhor método a ser empregado para

aplicação do dispersante, em função das condições de mar, tendo em vista aspectos

relacionados à segurança e à eficiência da operação.

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Tabela M3L1.2 – Condições Limites para Sistemas de Aplicação de Dispersante

Fonte: Resolução CONAMA n° 269/00.

A aplicação do dispersante deve sempre contemplar uma estimativa da área a ser tratada e

do volume de óleo a ser disperso; assim, faz-se necessário um planejamento prévio que

considere, além do equipamento disponível para a aplicação, a quantidade e o tipo de

produto a ser utilizado nessa operação. A tabela M3L1.3 fornece orientações para essas

ações.

Tabela 03 – Volume de Óleo que pode ser disperso, por hectare, em diferentes taxas de aplicação de dispersante Taxa de Aplicação

Dispersante/Óleo

Volume de Dispersante Utilizado (litros/ha)

1:1 46,8 65,5 93,5 187,1 467,7

1:2 93,6 131 187 374,2 935,4

1:4 187,2 262 374 748,4 1871

1:10 468 655 935 1871 4677

1:20 936 1310 1870 3742 9354

1:30 1404 1965 2805 5613 14031

1:50 2340 3275 4675 9355 23385

1:100 4680 6550 9350 18710 46770

Fonte: Resolução CONAMA n° 269/00.

Os dispersantes podem ser aplicados por aeronaves e embarcações. Aviões pequenos,

helicópteros, e rebocadores são adequados para o lançamento desses agentes químicos, em

função das suas limitações de velocidade e capacidade de transporte, principalmente.

Nos eventos maiores, aviões de maior porte são mais vantajosos.

Aplicação de dispersantes por via marítima

A aplicação de dispersantes por embarcações é realizada por rebocadores, embarcações de

resposta a emergência e barcaças, através de um sistema composto por “braços” dotados de

bicos pulverizadores que lançam o produto sobre a mancha de óleo (Figura 3). Embarcações

Sistema de Aplicação

Condições Ambientais Limites para Operações Efetivas e Seguras

Escala Beaufort

Velocidade do vento Altura das ondas

(nós) (m/s) (pés) (m)

Embarcação 3 - 5 7 - 21 3,6 – 10,8 1 - 9 0,30 – 2,70

Avião monomotor 5 17 - 21 8,7 – 10,8 6 - 9 1,80 – 2,70

Helicóptero 5 - 6 17 - 27 8,7 – 13,9 6 - 17 1,80 – 5,20

Avião de grande porte

7 30 - 35 15,4 – 18,0 17 - 23 5,20 – 7,00

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desses tipos são relativamente lentas e, dessa forma, são indicadas para atuar nas operações

de pequeno porte que requeiram a aplicação em pequenas áreas.

Nessa atividade, o monitoramento aéreo tem um papel fundamental para otimizar a aplicação

do dispersante via marítima. O observador a bordo da aeronave pode identificar as manchas

densas, maiores e mais próximas das áreas sensíveis com maior precisão e orientar a

embarcação dedicada à aplicação de dispersante sobre a melhor forma de posicionamento.

A Figura M3L1.3 apresenta um sistema típico de “braços” para a aplicação de dispersantes

químicos por embarcações.

Os braços devem ser instalados o mais afastado possível do casco da embarcação, de modo a

evitar a ação de ondas que possam comprometer os resultados desejados. Os bicos de

aspersão devem ser dimensionados de acordo com as características da bomba a ser utilizada

(vazão e pressão), de modo a possibilitar uma aplicação uniforme de gotículas e nunca na

forma de névoa ou neblina.

Figura M3L1.3 – Braços para aplicação de dispersantes por embarcações

Fonte: Resolução CONAMA n° 269/00.

Caso seja necessário promover a agitação para facilitar o processo de mistura e obter uma

dispersão adequada, podem ser empregadas pranchas de madeiras. Essas estruturas podem

ser instaladas nos próprios “braços” de aspersão ou na embarcação, quando esses estiverem a

meia nau e a sua velocidade não exceder a 5 nós, conforme apresentado na Figura 4.

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Figura 04 – Uso de pranchas para auxiliar a dispersão/agitação do óleo

Fonte: Resolução CONAMA n° 269/00.

Como último recurso, a aplicação de dispersantes pode ser realizada por meio do sistemas de

combate a incêndios existentes em embarcações (como os rebocadores). Neste caso, o

sistema de lançamento do produto sobre a mancha deve ter uma inclinação que varie entre

30 e 40o em relação ao plano horizontal, para que se crie condições necessárias para a

pulverização em forma de gotículas, não devendo nunca a aplicação ser feita através de jatos

sólidos com mangueiras de combate ao fogo.

Deve ser assegurado que a diluição do dispersante seja alcançada na proporção necessária,

por isso deve-se conhecer previamente as características do sistema empregado, de modo que

o mesmo possibilite a aplicação nas especificações requeridas.

De modo geral, os sistemas destinados à aplicação de dispersantes dever ter as seguintes

características:

• Fáceis de transportar;

• Leves, porém rígidos; e

• De fácil e rápida instalação; Versáteis e adaptáveis a diferentes números de bicos, de

acordo com as características da bomba, velocidade da embarcação e tipo de produto a

ser utilizado.

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150

Aplicação de Dispersantes por Via Aérea

Vantagens em relação a utilização de embarcações:

• Dispersão mais eficiente;

• Rapidez no deslocamento e manobras das ações de combate;

• Tratamento de manchas de maior extensão;

• Melhor observação e avaliação da aplicação.

É importante considerar a eficiência da deposição do produto sobre a mancha, pois estas são

permanentemente expostas às condições meteoceanográficas. As ações de ventos e correntes

marinhas podem comprometer a eficiencia da apícação. Assim, é recomendado que pelo

menos 80% da área da mancha seja pulverizada com o produto.

Deve-se considerar também a altura de sobrevoo para que a operação seja realizada de forma

eficiente. Testes demonstram que altitudes da ordem de 50 pés (15m) apresentam alta

eficiência, seguidos de bons resultados entre 100 e 150 pés (30 e 45m).

A aplicação aérea deve ser realizada, preferencialmente, com produtos concentrados, cuja

viscosidade cinemática deve ser de pelo menos 60 cSt, já que dispersantes de baixa

viscosidade possivelmente não iriam produzir gotículas em condições de atingir a mancha ou

mesmo de se misturarem de forma adequada com o óleo.

Deve-se levar em consideração, para a escolha da aeronave, sua autonomia, magnitude do

vazamento, distância do local de combate e capacidade de carga.

Aviões de pequeno porte (com boa autonomia de voo, baixo consumo de combustível e com

capacidade de operar em pistas de pouso improvisadas) são recomendados para o combate a

pequenos derrames próximos à costa.

Helicópteros apresentam maior manobrabilidade, sendo portanto mais indicados para

operações em regiões portuárias e acidentadas ou de plataformas de produção de petróleo.

O sistema de aplicação adaptado em aeronaves deve ser projetado para fornecer a eficiência

requerida, no tocante ao tamanho e distribuição das gotículas do produto no momento da

aplicação. Assim, o nímero de bicos, o diâmetro dos orifícios, a vazão da bomba e a

velocidade da aeronave devem ser especificados adequadamente para a obtenção de

melhores resultados. Os equipamentos destinados à aplicação de dispersantes por aeronaves

devem, de forma geral, possuir as seguintes características:

• Autonomia de voo compatível com o porte do vazamento a ser combatido;

• Capacidade de carga suficiente para deslocamento com segurança do sistema de

aplicação do dispersante;

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151

• Manobrabilidade compatível com o cenário da ocorrência;

• Capacidade de voar em baixas altitudes;

• Sistemas de comunicação adequados, abrangendo as embarcações e a sede central da

operação; e

• Sistema de radar para monitoramento da altitude de voo, de forma a eliminar erros de

avaliação durante a operação de aplicação.

É importante destacar que em altitudes maiores, a presença de nuvens, bancos de corais,

cardumes de peixes e banco de algas, entre outros, podem ser confundidos com manchas de

óleo, prejudicando a operação.

Figura 05 – Sistema de aplicação de dispersantes adaptado para aviões

Nos helicópteros, além dos braços instalados na fuselagem, o sistema pode ser utilizado de

forma suspensa através de cabos que suportem o tanque, a bomba e os braços.

Figura 06 – Sistemas de aplicação de dispersantes adaptados para helicópteros

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OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER

152

MONITORAMENTO DA APLICAÇÃO DE DISPERSANTES

A aplicação de dispersantes deve ser feita com o acompanhamento simultâneo de um trabalho

de monitoramento aéreo e marítimo, visando a máxima eficiência desta operação e evitando

a contaminação de áreas não afetadas pelo óleo. Em cenários de grandes vazamentos, quando

há tendência da formação de várias manchas, o monitoramento deverá ser mais intenso e

abranger áreas mais extensas, tendo por prioridade as manchas que terão prioridade para

dispersão.

Monitoramento Aéreo

É recomendável fazer uma vistoria aérea das manchas de óleo no mar se constatado

vazamento, para conhecer a tendência do seu deslocamento e orientar a aplicação de

dispersantes.

Os técnicos designados para este trabalho devem dispor de GPS e sistema de

comunicação, mapas, cartas náuticas da região e rádios, além de equipamento

fotográfico. O monitoramento deve ser feito, de preferência, por um helicóptero, por

causa de sua capacidade de manobrabilidade.

O monitoramento aéreo deve abranger:

a) Avaliação geral

Sobrevoar a região identificando extensão e largura das manchas mais densas e próximas

das áreas sensíveis, fazendo o registro de seu posicionamento em coordenadas

geográficas;

E observar os dados de profundidade e distância da costa, informando-se sobre as

condições meteorológicas e oceanográficas presentes bem como as previsões para as

próximas horas.

b) Procedimento operacional

Orientar a forma de aplicação de maneira a ser iniciada pelas extremidades ou contorno

das manchas mais densas, limitando seu espalhamento e evitando a aplicação sobre óleo

já dispersado;

Recomendar à embarcação ou aeronave que estiver fazendo a aplicação do produto, que

mantenha seu posicionamento sobre a mancha mais densa, o qual pode ser facilmente

alterado por influências das ondas e correntes marítimas;

Supervisionar a forma e o direcionamento da aplicação, de modo que a dispersão

uniforme seja mantida, evitando a formação de névoa ou neblina;

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OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER

153

Acompanhar o comportamento da mancha de óleo em processo de dispersão, observando

a eficiência da aplicação, sua fragmentação e os possíveis deslocamentos de manchas

menores, em função de alterações no sentido e velocidade dos ventos e da corrente

marinha, considerando a probabilidade de aproximação das áreas costeiras sensíveis.

Estas informações poderão ser utilizadas em modelos matemáticos de previsão de

tendência de deslocamento da mancha.

Monitoramento Marítimo

Durante a aplicação do dispersante deve-se utilizar monitoramento com lanchas rápidas,

para acompanhar a sua eficácia, podendo também auxiliar na agitação mecânica das

manchas de óleo dispersadas.

Os monitoramentos são recomendados após a aplicação, para acompanhar a tendência do

deslocamento das plumas de óleo dispersado de acordo com a direção do vento e da

corrente marítima.

Monitoramento Ambiental

Recomenda-se a coleta de amostras de sedimentos, água, plâncton, organismos marinhos,

entre esses os frutos do mar, principalmente os criados em sistemas de aquacultura, bem

como peixes confinados em cercos de pesca ou redes de espera das regiões afetadas pelo

vazamento de óleo. As campanhas de coleta devem ser realizadas nos primeiros dias, 30

dias e 90 dias após a aplicação dos dispersantes para verificar possíveis alterações

introduzidas.

COMUNICAÇÃO E RELATÓRIO SOBRE APLICAÇÃO DE DISPERSANTE

No caso de um derramamento de óleo em que seja necessário aplicação de dispersante

químico como estratégia de resposta, o responsável pela resposta à emergência deverá tomar

as seguintes providências:

1. Comunicação formal ao Órgão Estadual de Meio Ambiente (OEMA) e à representação do

Instituto do Meio Ambinete e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA local, conforme

exposto do Plano de Contingência local, para que se proceda o monitoramento de seu uso

pelos órgãos ambientais. A comunicação deve conter o seguinte:

• Nome e coordenadas geográficas do local onde ocorreu o derramamento de óleo e que se

pretende aplicar o dispersante;

• Tipo e características do óleo derramado;

• Data e hora de quando foi verificado o derrame do óleo e a previsão de quando ocorrerá a

primeira aplicação do produto;

• Nome do dispersante a ser aplicado.

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154

2. Encaminhamento formal de relatório detalhado sobre critérios e procedimentos adotados

para sua utilização ao Órgão Estadual de Meio Ambiente (OEMA) e à representação do IBAMA

local, com prazo de até 15 dias, após a finalização da operação de aplicação do dispersante.

O relatório deverá ter o conteúdo mínimo abaixo:

Sobre o derramamento ou vazamento, antes da aplicação do dispersante:

• Nome da localidade e as coordenadas geográficas de onde ocorreu o acidente;

• Data e hora da ocorrência;

• Profundidade e distância da costa de onde ocorreu o evento;

• Fonte e causa: navio (citar o nome e bandeira), terminal e outras;

• Tipo e características do óleo derramado;

• Aspecto da mancha;

• Estimativa da mancha: área e espessura.

Sobre condições ambientais:

• Direção e intensidade do vento;

• Direção e intensidade da corrente marinha;

• Estado do mar (escala Beaufort);

• Sentido da corrente de maré (vazante ou enchente);

• Temperatura do ar e da água;

• Ocorrência ou não de chuva.

Sobre aplicação do dispersante:

• Nome do dispersante utilizado;

• Justificativa para utilização do dispersante (com base na árvore de decisão);

• Justificativa para escolha do dispersante aplicado, em função do tipo (tabela 1);

• Coordenadas geográficas, profundidade e distância da costa de onde ocorreu a aplicação

do dispersante;

• Volume de petróleo ou derivado tratado;

• Método de aplicação e de mistura (equipamento, mão-de-obra, tempo);

• Data e hora do início e fim da operação.

Considerações gerais sobre a operação:

• Monitoramento visual, fotográfico, telemétrico;

• Monitoramento ambiental;

• Acompanhamento do comportamento da mancha dispersada (dispersão, desaparecimento,

reimersão, formação de pelotas, incluindo dados de posicionamento com referências sobre

data e hora e coordenadas geográficas, de preferência plotados em base cartográfica);

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155

• Observação da mancha pós-aplicação (dispersão, desaparição, reimersão, entre outros),

dia e hora.

Responsabilidade pela operação:

• Nome do Coordenador-Geral da operação;

• Recursos mobilizados;

• Recursos financeiros, humanos e materiais mobilizados na operação.

AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA OPERAÇÃO

Após o término da operação de resposta ao derrame de óleo, com aplicação de dispersante

químico, a entidade responsável pelo atendimento à emergência deverá apresentar ao OEMA

e à representação do IBAMA local, um documento com avaliação dos impactos ambientais e

sócio-ambientais no prazo máximo de 90 dias.

O relatório deverá considerar os impactos provocados tanto pelo derrame quanto pela

aplicação do dispersante químico, privilegiando relatos e comentários sobre os impactos

sócio-econômicos e ambientais gerados pelo óleo derramado e pelas manchas quimicamente

dispersadas.

Na elaboração do documento podem ser utilizados, além dos relatos formais da operação de

resposta ao acidente (notas, memórias e relatórios), o seguinte:

• Mapas de sensibilidade da zona costeira;

• Inventários ambientais;

• Diagnósticos sócio-ambientais;

• Propostas de zonemento; ou

• Outras informações disponíveis.

CLASSIFICAÇÃO DAS ÁREAS PARA USO DE DISPERSANTES

Para orientar e agilizar a utilização dos dispersantes químicos, recomenda-se que as áreas

sujeitas à derramamento de óleo sejam classificadas, mapeadas e dadas a conhecer pelas

instituições responsáveis pela gestão integrada dos ambientes costeiros e marinhos como

sugerido a seguir:

Áreas de Exclusão – áreas em que a utilização de dispersantes não é permitida;

Áreas Pré-Aprovadas – áreas em que a utilização de dispersante é permitida, desde que

atendidos os critérios e restrições de uso;

Áreas Condicionadas – Áreas em que a utilização de dispersante deve ser previamente

negociada com o OEMA ou representação do IBAMA local, em função de características

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156

específicas dos ecossistemas envolvidos, do deslocamento das manchas e das vantagens de se

usar ou não os dispersantes.

PRECAUÇÕES DE SEGURANÇA NA UTILIZAÇÃO DE DISPERSANTES

Os dispersantes são produtos químicos, por isso é imprescindível proteção individual em seu

manuseio. Devem sempre ser usados trajes químicos e luvas de PVC e é recomendável o uso

de máscara respiratória para prevenção de inalação de vapores. Após o uso, as mãos e face

devem ser lavadas com sabão, principalmente antes do consumo de alimentos.

A aplicação correta do dispersante remove o óleo da superfície da água e o distribui na coluna

d’água. Os três primeiros metros da coluna d’água conterão uma elevada concentração de

óleo/dispersante por um curto intervalo de tempo, desde que o movimento da água assegure

uma contínua e rápida diluição das gotículas.

Abaixo dos 3 a 5 metros de profundidade concentrações de óleo disperso significantes são

raramente vistos. A legislação específica dos países que permitem o uso de dispersantes deve

ser observada. A profundidade da água deve ser de pelo menos 10m, para que seja

aconselhável o uso de dispersantes. Em alguns países são 20m.

No Brasil, os dispersantes devem ser testados e aprovados pelo IBAMA, antes que possam ser

utilizados. É uma condição que a toxidade do dispersante e a dispersão do óleo, combinadas,

não sejam mais tóxicas do que o óleo isoladamente.

Mesmo quando aprovados, os dispersantes não podem ser utilizados em águas paradas ou onde

houver captação de águas para indústria (por exemplo, dessalinização, energia,

arrefecimento, salinas).

MÉTODOS ALTERNATIVOS DE COMBATE A DERRAMAMENTO DE ÓLEO

• Separador de Emulsão

Estes agentes são usados para separar água do óleo numa emulsão que tenha se formado.

Alguns tipos de skimmer pulverizam o separador de emulsão a volta da abertura do

vertedouro, para reduzir o conteúdo de água na mistura recolhida. A dosagem normal de

emulsão varia de 1:500 a 1:2000.

• Agentes Coletores de Superfície

São conhecidos como “herders” (“pastores”). Utilizados como barreiras químicas. Espalham-

se mais rápido que o óleo e com isso, diminui a taxa de espalhamento da mancha de óleo. Só

podem ser utilizados em condições extremamente calmas e em óleo muito leve.

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157

• Agentes Gelificadores

Utilizados para solidificar quimicamente o óleo. São necessárias altas doses combinadas com

uma agitação vigorosa. Este tipo de agente possui um alto custo financeiro.

• Aditivos Viscoelásticos

Estes aditivos podem ser usados para manter uma mancha de óleo coesa, o que ajudaria no

recolhimento. A dosagem é de aproximadamente 1:300 e demora cerca de uma hora para que

o produto se dissolva completamente no óleo.

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159

LIÇÃO 2 – MATERIAIS ABSORVENTES

OBJETIVO DA LIÇÃO

Uma operação de limpeza de derramamento de óleo não está concluída até que os últimos

traços de óleo tenham sido retirados da área contaminada. A remoção do último brilho de óleo

na água ou do óleo que chegou às praias demonstra para a mídia e as autoridades que a limpeza

foi feita com êxito e profissionalmente.

No final desta lição você deve poder identificar diferentes materiais absorventes típicos. Você

também poderá sugerir absorventes alternativos localmente disponíveis.

No final da lição você deve:

• Poder listar materiais capazes de absorver óleo (absorventes);

• Poder listar tipos comuns de equipamento absorvente;

• Poder descrever como usar vegetação natural no combate a derramamentos de óleo assim

como outros materiais localmente disponíveis.

MATERIAIS SORVENTES

Sorventes funcionam de duas maneiras distintas.

• Eles podem absorver óleo – isto é, o óleo penetra no material.

• Eles podem adsorver óleo – isto é, o óleo somente é atraído para a superfície do sorvente

(ex.: pompons).

O material absorvente para produtos de petróleo deve ser oleofílico, isto é, ele atrai óleo, e

hidrofóbico o que significa que ele repele água. O tipo ideal de material sorvente absorve óleo

rapidamente e o retém.

O material absorvente deve:

• Absorver uma grande quantidade de óleo e muito pouca água por unidade.

• Não afundar quando tiver absorvido grande quantidade de óleo.

• Ser forte suficiente para ser recolhido quando encharcado com óleo.

O material absorvente deve ser biodegradável ou capaz de ser descartado seguramente para

queima. Normalmente este tipo de material somente é usado para tipos de óleo mais leves.

Os materiais que absorvem óleo podem ser divididos em três categorias:

• Material orgânico

• Material inorgânico

• Material sintético

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160

Material Orgânico

• Palha

• Turfa

• Serragem

• Penas de galinha

• Sabugos de milho moídos

• Produtos de carbono

A principal vantagem de material orgânico é que ele normalmente está disponível em grandes

quantidades. A capacidade de absorção muitas vezes é boa (5-15 vezes o seu peso de óleo).

Alguns dos produtos vão absorver água também e vão afundar depois de algum tempo na

água.

Como o material muitas vezes é granulado, o recolhimento do material às vezes pode causar

problemas. Isto pode ser resolvido mantendo o material em algum tipo de malha ou rede.

Material Inorgânico

• Neve

• Vermiculita

A neve tem a capacidade de puxar o óleo do solo para cima. Quando a neve oleosa tiver sido

retirada, a operação deve ser repetida até que nenhum óleo mais seja absorvido.

Materiais inorgânicos – principalmente vermiculita – também absorvem grandes quantidades

de óleo (4-20 vezes o seu próprio peso). Alguns materiais são difíceis de aplicar, pois

facilmente são levados pelo vento. Todos os materiais são desagradáveis para inalar e a

maioria é perigosa, tornando necessário o uso de máscaras de respiração pelos operadores.

Estes materiais não são biodegradáveis e, por isso, devem ser recolhidos completamente. Em

algumas áreas, é fácil obter materiais inorgânicos adequados que normalmente são bastante

baratos.

Material Sintético

• Poliuretano

• Polietileno

• Polipropileno

• Fibras de nylon

• Espuma de formaldeído de ureia

Em geral, os materiais sintéticos são altamente oleofílicos e hidrofóbicos. Isto significa que

eles têm altas taxas de absorção, muitas vezes mais do que 25 vezes o seu próprio peso.

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161

Alguns tipos de material sintético podem ser usados 3-5 vezes se existirem instalações para

remover o óleo do material (centrífuga). Quando usar espuma, o tamanho do poro pode ser

controlado, o que permite que o material recolha até mesmo tipos de óleo altamente viscosos

pelo uso de poros grandes. Normalmente, este tipo de material não está disponível

localmente em quantidades maiores. Sintéticos são bastante dispendiosos em comparação

com material orgânico.

Vantagens de usar absorventes:

• Eles podem remover o último brilho de óleo;

• Recolhem pouca água;

• Antes do uso, leves e fáceis de manusear.

Desvantagens de usar absorventes:

• Eles podem ser muito pesados e difíceis de recolher e transportar quando encharcados

com óleo;

• O recolhimento de granulados e chumaços pode ser muito difícil;

• O material absorvente que flutua livremente pode entrar em bombas, skimmers etc.

Resumo

• Material orgânico como palha, serragem, penas de galinhas;

• Material inorgânico como vermiculita, neve;

• Material sintético como polipropileno, fibras de nylon.

TIPOS COMUNS DE PRODUTOS ABSORVENTES

Produtos absorventes específicos

Os produtos absorventes estão disponíveis em muitas formas, mas podem ser classificados em

quatro categorias principais:

• Rolos, folhas, mantas, chumaços;

• Soltos (granulado);

• Fechados (almofadas, barreiras);

• Unidade de aglomeração (rede/tela aberta ou espuma porosa – óleo muito viscoso).

Rolos, folhas e mantas

Rolos, folhas e mantas de materiais absorventes processados podem ter vários tamanhos. A

largura e o comprimento sempre são muito maiores do que a espessura. Rolos ou folhas

podem ser cortados para qualquer comprimento necessário. Eles muitas vezes são usados na

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162

indústria para envolver maquinário etc. que vaza óleo, mas também podem ser usados na

água.

Se um comprimento considerável (50 m) desse material for empregado em óleo, a carga de

ruptura do material deve ser determinada. 50 m de material absorvente pode ser muito

pesado se estiver cheio de óleo e se provar difícil de recolher intacto.

Se forem empregados chumaços, o recolhimento de cada chumaço individual pode ser

bastante difícil e demorado.

Materiais soltos

Materiais soltos muitas vezes são granulados, prontos para ser espalhados sobre um

derramamento de óleo. Pode ser bastante difícil recolher todos os granulados da água, pois

eles serão influenciados por vento e correntes. Ás vezes é utilizada uma longa tela com

tamanho de malha menor do que o diâmetro do granulado, junto com algum tipo de soprador,

soprando o granulado para a tela e formando uma barreira temporária.

Partículas sintéticas absorventes

Quando usar partículas sintéticas absorventes para recolher hidrocarbonetos de águas de

maré, você deve recuperar TODAS as partículas. Em alguns países, quaisquer partículas que

são deixadas para trás podem ser classificadas como resíduo e a empresa responsável pela

resposta pode ser multada.

Almofadas e barreiras

Almofadas e barreiras consistem de tecido ou tela que é permeável ao óleo, mas que retém o

material absorvente. Estes tipos podem ter vários tamanhos.

As barreiras usadas na água normalmente são entre 3 e 5 m de comprimento e 10 - 30 cm de

diâmetro. Muitas vezes, as barreiras são equipadas com um cabo ou fio de aço interno que dá

resistência estrutural. Nas duas pontas da barreira muitas vezes existe algum tipo de gancho

de soltura rápida usado para conectar outras seções. É possível obter barreiras absorventes

que têm 15 - 20 m de comprimento, mas o peso unitário é tão alto que o manuseio é difícil e

pode causar danos extensos.

Um tipo especial de barreira é chamado de Barreira Armadilha (Snare Boom). Ela consiste de

uma longa corda na qual é fixado o material sorvente. Ela pode ser empregada em áreas de

altas correntes e pode aprisionar óleo altamente viscoso. Óleo com baixa viscosidade não se

fixa em uma barreira armadilha.

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163

Unidade de Aglomeração

Outro tipo de barreira tenta combinar a barreira absorvente com uma barreira de contenção.

O material absorvente do elemento de flutuação atua como uma barreira absorvente e uma

saia é acoplada abaixo do material absorvente.

Resumo

• Rolos, Folhas, Chumaços (muito maior comprimento e largura do que espessura)

• Material solto, muitas vezes granulados

• Material fechado como barreiras e almofadas

• Unidade de aglomeração: Tela aberta ou espuma de poros abertos

COMO USAR VEGETAÇÃO NATURAL E MATERIAL LOCALMENTE DISPONÍVEL EM COMBATE A

DERRAMAMENTO DE ÓLEO

O uso de materiais absorventes é relevante somente para derramamentos menores ou para o

"tratamento cosmético" final de uma operação maior. O uso de vegetação natural é uma

medida a ser considerada como uma primeira resposta imediata a ser seguida pelo uso de

materiais mais específicos e apropriados. A vegetação natural é mais relevante para

derramamentos de óleo perto do litoral ou em terra.

Quando for uma resposta a um grande derramamento de óleo, deve-se considerar

cuidadosamente se vale a pena envidar esforços no emprego de vegetação natural.

O mais óbvio tipo de vegetação a ser utilizado, se estiver disponível, são feixes de palha. Eles

têm capacidade de absorção e, em feixes, normalmente podem ser conectados entre si por

meio de uma corda. Formações de barreiras de palha podem atuar tanto como barreiras de

contenção como barreiras de absorção. O principal problema com a palha é que os feixes são

destruídos facilmente e difíceis de coletar.

Capim crescendo perto de margens também pode ser cortado e enfeixado. Isto oferece

algumas possibilidades para direcionar o óleo. Em áreas calmas sem correntes, a barreira de

capim pode ser usada como uma barreira de contenção. Novamente, é importante que os

feixes sejam amarrados corretamente.

Troncos de madeira também podem ser colocados em rio com os dois objetivos:

1. Manter detritos maiores afastados da barreira de contenção colocada à jusante.

2. Atuar como uma barreira-guia que direciona o óleo para uma área com pouca ou

nenhuma corrente.

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164

Se não existir nenhuma corrente, os troncos podem ser usados como barreira de contenção.

Como os troncos têm bordas limitadas, a velocidade de reboque deve ser muito baixa para

impedir que o óleo passe por baixo dos troncos.

Se nenhum skimmer avançado estiver disponível, então um caminhão normal de vácuo pode

ser usado para derramamentos de óleo menores.

É claro que pás, vassouras, etc. também podem ser usadas na resposta a um derramamento

de óleo menor. Entretanto, quando usar equipamento para recolher óleo da água que não

seja dedicado para este tipo de trabalho, o dano causado pelo uso de equipamento

inadequado pode ser mais prejudicial do que o dano causado pelo óleo. Quanto maior for o

equipamento maior será o potencial dano ao meio ambiente.

NOVOS DESENVOLVIMENTOS

Novos produtos estão sendo desenvolvidos constantemente. Os produtos que você pretende

usar num derramamento devem ser examinados para ver se o seu uso causa problemas

adicionais. Por exemplo, existe um produto absorvente que contém micróbios para ajudar a

acelerar o processo de biodegradação. Isto pode ser visto como a introdução de um

microorganismo que não é nativo naquela área e que pode causar problemas no longo prazo.

Se estiver em dúvida, as agências ambientais locais devem ser consultadas por conselho e/ou

aprovação.

RESUMO

• Normalmente o uso de vegetação natural somente vale a pena em caso de

derramamentos de óleo menores.

• Assegure-se de que a vegetação utilizada seja fixada corretamente para que não fique

flutuando livremente na água.

• Use o que estiver disponível: palha, capim, troncos de madeira, etc.

• Use como recolhedores o que estiver disponível: caminhões de vácuo, pás, vassouras, etc.

• Certifique-se de que o dano ambiental causado pelo uso de equipamento que não é

dedicado ao trabalho seja menos prejudicial do que o óleo na água.

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MÓDULO 4

LIÇÃO 1 – LIMPEZA DA COSTA

OBJETIVO DA LIÇÃO

A maioria dos derramamentos de óleo atinge o litoral e causa visível poluição de óleo, que é

um tópico particularmente sensível para a opinião pública. Portanto, a seleção e a aplicação

correta de técnicas de limpeza são essenciais.

No final desta lição você deve poder descrever os diferentes tipos de litorais e áreas costeiras

e planejar e executar as técnicas de limpeza necessária e apropriadas para cada tipo.

No final da lição você deverá ser capaz de:

• Descrever as considerações ambientais necessárias quando o óleo atinge o litoral.

• Descrever a operação de limpeza da costa e as opções a ser consideradas.

• Descrever as técnicas de limpeza adequadas para diversas costas e os efeitos

ambientais resultantes.

• Descrever a organização e as tarefas da operação de limpeza.

• Elaborar um Plano Operacional.

• Descrever os aspectos de Saúde e Segurança com relação à operação de limpeza da

costa.

CONSIDERAÇÕES AMBIENTAIS

Quando ocorre um derramamento de óleo em águas abertas, a solução ideal é interceptar e

recolher o óleo antes que atinja a costa. Isto se deve às seguintes razões:

• O dano ambiental normalmente é menos crítico no ambiente de águas abertas.

• A logística de remoção do óleo se torna mais complexa no ambiente natural

diversificado de costas em comparação com o mar aberto.

• Os custos de recolhimento de óleo aumentam drasticamente quando o óleo atinge o

litoral, em comparação com operações em águas abertas.

A experiência tem demonstrado que é muito difícil evitar que algum óleo atinja as áreas

costeiras. Equipamentos mecânicos e o tratamento químico no mar muitas vezes são

insuficientes para recolher todo o óleo derramado no mar. Quando o óleo atinge a costa,

inúmeros parâmetros específicos diferentes para esta situação particular devem ser levados

em consideração:

Page 168: Apostila Imo First Responder As

OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER

166

• Quantidade de óleo

• Características do óleo (por exemplo, toxicidade e viscosidade)

• Condições prevalentes no local (tempo, estação do ano, marés, temperatura)

• Tipo ou combinação de tipos de costa (rochedos, seixos, areia, pântanos)

• Considerações Especiais

Características do óleo

Uma amostra do óleo derramado deve ser examinada para conhecer seu grau de toxicidade.

Isso é importante para podermos julgar a magnitude do dano ambiental sobre os organismos

vivos do litoral, assim como os riscos que a equipe de limpeza vai encontrar em seus esforços

para remover a poluição.

A viscosidade do óleo precisa ser determinada, pois isso irá determinar o seu comportamento

sobre a costa.

Condições prevalecentes no local

Devem ser conhecidos os padrões dos ventos, das correntes e ondas que existem, ou poderiam

se desenvolver, assim como a temperatura. Esses fatores vão influenciar o movimento do óleo

derramado que, por sua vez, irá afetar o sucesso associado ao uso de diversos tipos de

equipamento e procedimentos de limpeza.

É importante conhecer os horários atualizados de maré alta e maré baixa a fim de planejar

operações de limpeza eficientes.

Tipos de costa

Os diversos tipos de costa têm vulnerabilidades diferentes a derramamentos de óleo e o

padrão de deposição do óleo pode ser previsto. Por esse motivo, são aplicadas diferentes

técnicas de limpeza dependendo do tipo de costa. A viabilidade da eficiência da limpeza

também depende do tipo de costa encontrada.

Considerações especiais

Algumas áreas costeiras possuem períodos no ano muito sensíveis, o que influencia a tomada

de decisão sobre a limpeza do derramamento de óleo. Aves silvestres e outros pássaros

podem usar a região para forragem ou nidificação durante um período limitado. Além disso,

muitos milhares de pássaros migratórios podem usar a área por um período restrito do ano a

cada ano.

Em muitos países, as praias arenosas são associadas a alto valor de lazer de importância

nacional.

Page 169: Apostila Imo First Responder As

OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER

167

Planejamento de contingência

O prévio mapeamento de áreas sensíveis ao longo das costas que poderiam receber poluição

de óleo do mar é de grande ajuda no planejamento operacional, se ocorrer um derramamento

de óleo. Áreas que foram consideradas sensíveis podem então ser protegidas rapidamente

antes da poluição, para que a deposição na costa ocorra em áreas que sejam menos sensíveis

a derramamentos de óleo.

Os detritos flutuantes normais do mar usualmente são depositados na costa em uma área

limitada, conforme determinado pela direção das correntes, ventos predominantes etc. A

identificação prévia de áreas com níveis altos de detritos trazidos às praias dá uma indicação

das áreas que serão submetidas à contaminação mais pesada.

É necessário identificar os locais de descarte de detritos para o material recolhido durante as

operações de limpeza. Essa informação deve estar prontamente disponível antes de ocorrer

algum derramamento de óleo real. A coleta pós-incidente não é possível, já que outros

assuntos devem dominar as atividades da equipe envolvida em lidar com possível/real

poluição da costa.

Resumo

• Operações de limpeza da costa muitas vezes são muito difíceis e caras.

• A quantidade de óleo deve ser conhecida

• Características do óleo em relação a riscos de saúde e ao padrão de dispersão

• Condições predominantes no local

• Tipo de costa ou litoral

• Plano de contingência, incluindo mapeamento de prioridades de sensibilidade e áreas

de detritos e lixo conhecidas

OPERAÇÕES DE LIMPEZA DA COSTA E OPÇÕES A SEREM CONSIDERADAS

A operação de limpeza da costa normalmente não é uma operação de emergência como é o

caso com um derramamento de óleo em águas abertas. Um projeto de limpeza pode durar

muitas semanas ou meses dependendo da quantidade de óleo derramado; exceções a isso são

possíveis. Por exemplo, um grande número de aves migratórias pode ser esperado ou a

temporada turística está para começar ou está em andamento.

Podem ser tomadas muitas decisões erradas no planejamento e execução de uma operação de

limpeza de costa. O plano de contingência deve ser usado em combinação com consultores

especialistas com experiência em limpeza de costa. O órgão ambiental nacional deve ter uma

lista dos peritos experientes que sejam relevantes para a situação específica de

derramamento de óleo.

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168

Uma operação de limpeza de costa é tipicamente dividida em três estágios:

Estágio 1 Remoção de poluição bruta e volume de óleo

Estágio 2 Remoção de óleo

Estágio 3 Tratamento cosmético / estético final.

Remoção de poluição bruta e volume de óleo

Isso significa recolher o óleo flutuante na beira da água e remover as camadas espessas de

óleo na costa. É necessário equipamento mecânico, isto é, skimmers, bombas, caminhões de

vácuo, pás, baldes, etc.

Nestas operações a opção de permitir caminhões de vácuo na praia para sugar o óleo pode

parecer atraente. Entretanto, é aconselhável deixar os peritos decidirem sobre como

proceder, apesar da possibilidade de adiamento da operação de limpeza. Eles precisam

decidir, por exemplo, se o uso de caminhões pesados é compatível com áreas sensíveis.

Remoção de óleo que chegou até a praia (óleo encalhado)

Este segundo estágio é a remoção de óleo moderadamente encalhado e de materiais de praia

com óleo. Uma operação de limpeza muitas vezes começa nesse estágio se o derramamento

de óleo for bastante restrito ou se o óleo esteve presente na costa por algum tempo e

penetrou nas camadas superiores. Para esse estágio, é necessário equipamento mecânico que

inclui skimmers, bombas, caminhões de vácuo e baldes.

Tratamento final cosmético / estético

A descrição da aparência final da área poluída depois do tratamento final deve ser discutida e

acordada por todas as partes interessadas para evitar mal-entendidos sobre o nível de

limpeza (e aparência cosmética) a ser atingido.

Esse estágio final exige o uso de material absorvente para remover o óleo restante da costa.

O uso de dispersantes também pode ser útil para essa finalidade, se for permitido pelas

autoridades locais ou nacionais.

Opções a serem consideradas

A operação de limpeza da costa é dispendiosa porque exige muito pessoal, equipamento e

tempo. A fim de controlar os custos da operação é essencial que os objetivos da limpeza

sejam totalmente descritos.

O objetivo da limpeza de uma costa é:

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OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER

169

• Restaurar o pleno uso ou o valor total da área poluída. Se a área não tiver valor de

lazer ou outro valor, então não há necessidade de operações de limpeza.

Entretanto, nem sempre é possível manter razões objetivas, já que o Governo e o público

podem ter demandas que não podem ser ignoradas. Por isso, é importante desenvolver e

especificar razões objetivas para o esforço de limpeza e os níveis de custo envolvidos.

O custo dessa limpeza adicional pode não ser aceito como razoável pelas autoridades de

compensação e deve ser avaliado pelas autoridades locais.

Existem quatro opções a serem consideradas antes de iniciar uma operação de limpeza:

• Não limpar;

• Limpar, mas somente o mínimo;

• Limpar até a completa restauração;

• Limpar até o nível de pureza e limpeza original.

1. Não limpar

Os motivos para essa opção podem ser:

• A limpeza vai causar mais danos do que o óleo

• A área será limpa naturalmente pela alta ação das ondas

• A área tem pouco valor e os custos de limpeza são proibitivamente altos

(análise de custo-benefício).

2. Limpar, mas a um padrão mínimo

A costa afetada tem pouco valor por si só, porem o óleo pode se espalhar para outras áreas

mais sensíveis se não for removido.

3. Limpar à plena restauração

A costa é importante e precisa ser restaurada à sua condição pré-derramamento.

4. Limpar ao nível de pureza e limpeza original

Em alguns casos, a operação de limpeza irá resultar em costas mais limpas do que a sua

condição antes do derramamento de óleo. Os motivos podem ser a existência de

remanescentes de derramamentos de óleo anteriores ou detritos marinhos em geral. Algumas

vezes existem demandas do governo ou do público para que as costas sejam limpas a um

padrão maior do que o que existia antes do derramamento de óleo.

Resumo

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170

As operações de limpeza de costa incluem:

• Remoção de poluição bruta e volume do óleo

• Definir o nível do padrão de limpeza:

• Remoção de óleo que chegou à praia (óleo encalhado)

• Tratamento cosmético final

As seguintes opções estão disponíveis e as decisões devem ser tomadas com base na NEBA

(Análise de Benefício Líquido Ambiental):

• Não limpar

• Limpar, mas a um padrão mínimo

• Limpar até a completa restauração

• Limpar até o nível limpeza e pureza original

COSTAS E AS TÉCNICAS DE LIMPEZA APLICADAS

O perfil das costas pode ser dividido em três zonas de acordo com as suas características:

• Zona de águas rasas

• Zona entre marés (zona de oscilação das marés)

• Zona pós-praia (dunas litorâneas)

1. Zona de águas rasas

A zona de águas rasas sempre está localizada abaixo da marca de águas baixas (submersa) e

somente recebe leve contaminação.

2. Zona entre marés

A zona de oscilação de marés é a área entre a marca de água baixa e a marca de água alta.

Se esta praia receber grande ação de ondas, a parte da zona mais próxima da marca de água

alta vai receber a maior parte da contaminação. Se a ação das ondas for menor, o óleo vai

cobrir toda a zona de águas rasas.

3. Zona de pós-praia (dunas litorâneas)

A zona de dunas litorâneas está localizada acima do nível da atividade normal das ondas. Em

condições normais, essa área somente será afetada pelo óleo em casos de tempestades ou

nível de maré excepcionalmente alto.

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171

Técnicas de limpeza

As técnicas de limpeza que podem ser usadas dependem da natureza da costa. Os tipos de

costas são:

• Rochas e estruturas edificadas pelo homem;

• Pedregulhos, Seixos e Cascalho;

• Praias de areia fina;

• Sedimentos.

A seção seguinte descreve estes quatro tipos e os métodos de limpeza apropriados

disponíveis.

1. Rochas e Estruturas edificadas pelo homem

As rochas expostas à ação das ondas normalmente possuem grande potencial de auto limpeza

e a limpeza destas áreas não é recomendada. Entretanto, se a ação das ondas é baixa ou se as

estruturas edificadas pelo homem (portos, cais etc.) forem áreas importantes para atividades

humanas, pode ser necessário limpar o derramamento de óleo. Neste caso, os seguintes

estágios devem ser seguidos:

• Remoção do mar usando skimmers combinados com barreiras

• Remoção das estruturas usando limpadores de alta pressão/aspersão (água quente ou

fria)

• Absorventes e dispersantes

Estágio 1

• Usar skimmers, bombas etc., para recuperação do óleo flutuante.

• Nas costas com bacias de maré o óleo deve ser lavado das rochas/concreto para uma

barreira combinado com um skimmer na borda da água. A solução ótima deve usar

barreiras para conter a área a ser limpa o mais completamente possível.

• A área somente deve ser limpa em conjunto com barreiras montados. Qualquer óleo

lavado para o mar irá retornar.

Estágio 2

• Depois de remover o óleo livre, os limpadores de alta pressão devem ser suados para

limpar as rochas/concreto. Deve ser usada a água do mar.

A decisão de usar limpadores a vapor deve considerar que o calor irá matar o micro ambiente

presente. Estas colônias formam a fundação para outras espécies vivas mais complexas.

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172

Problemas ecológicos mais graves podem ocorrer devido a limpeza das rochas a vapor do que

deixar o óleo no local ou usar a água fria do mar para a limpeza.

• As barreiras e skimmers são usados para recuperar o óleo lavado. A barreira é

colocada na borda da água e os skimmers na superfície do nível de água.

Estágio 3

• O uso de dispersantes, quando ecologicamente adequados, pode ser obtido

aspergindo na zona entre marés logo antes da maré alta submergir a área.

• O uso de material absorvente para recuperação do filme de óleo é recomendado para

este tipo de operação.

2. Pedregulhos, Seixos e Cascalho

Estes tipos de costas são muito difíceis de limpar já que uma grande quantidade de óleo

penetra nas folgas entre as pedras. As pedras frequentemente são colonizadas por

comunidades de plantas importantes e bem estabelecidas e, portanto, é necessária uma

limpeza cuidadosa. Os seguintes estágios devem ser seguidos:

• Remoção a granel, skimmers, barreiras. Nenhuma máquina pesadas pode ser usada.

• Limpadores de alta pressão combinados com barreiras e skimmers.

• Deposição mecânica no mar além das marés.

Estágio 1

A mesma técnica usada para as rochas e estruturas edificadas pelo homem pode ser usada

aqui. Entretanto, a maquinaria pesada não pode ser usada devido à baixa capacidade de

carga deste tipo de costa bem como os danos para as comunidades de plantas.

Estágio 2

Limpadores de alta pressão com água fria do mar devem ser usados para lavar o óleo da

superfície para a borda da água onde as barreiras e skimmers foram instalados.

Durante esta operação uma parte do óleo irá penetrar ainda mais profundamente no material

da costa e será lixiviado lentamente como uma película brilhante durante um período de

semanas ou meses. Nas situações onde as pedras são removidas para permitir a limpeza, os

efeitos resultantes na erosão costeira devem ser levados em consideração.

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173

Estágio 3

As pedras com um filme oleoso após o uso de limpadores de alta pressão podem ser

empurradas para o mar nas áreas fora da maré onde serão limpas gradualmente pela ação das

ondas. Os possíveis efeitos na erosão local devem ser considerados novamente.

A área onde ocorre a limpeza deve ser cercada com barreiras. O uso de dispersantes não é

recomendado uma vez que permite a penetração mais profunda do óleo nos materiais da

praia.

3. Praia de areia fina

As praias de areia fina pura normalmente são expostas a forte ação das ondas ou correntes e

possuem potencial para auto limpeza. As praias podem ter alto valor de amenidade e

recreação.

Durante o verão, uma operação de limpeza imediata normalmente é necessária. É possível

remover a areia poluída considerando a possível erosão.

Lembrando novamente que a quantidade de resíduos pode ser até 20 vezes a quantidade de

óleo recuperado, remover a areia deve ser considerado com cuidado. O acesso a praias de

recreação geralmente é muito bom e a areia plana e compacta normalmente permite o uso de

máquinas pesadas. Os seguintes estágios devem ser seguidos:

Estágio 1

• Remoção da areia superficial que foi poluída. Isto pode ser feito usando maquinaria

pesada ou alternativamente usando pás e sacos plásticos. A desvantagem de usar

maquinaria pesada é o grande volume de areia no óleo recuperado que mais tarde

apresentará problemas para o descarte.

Estágio 2

• Retirar a areia oleosa manualmente com pás diretamente para as pás carregadeiras

para transporte para locais de armazenagem temporária.

Se os veículos disponíveis não forem apropriados para o tipo de praia e condições da areia,

então a areia oleosa coletada manualmente deve ser colocado em sacos plásticos para serviço

pesado.

Precauções devem ser tomadas para não encher demais os sacos. Os sacos devem ser

protegidos contra exposição à luz solar direta por longos períodos já que os plásticos estão

sujeitos à decomposição.

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174

O óleo frequentemente penetra 30 cm na areia (dependo de sua viscosidade) e isto pode

tornar a área poluída grande demais para remoção de toda a areia (problemas de logística e

erosão).

É impossível limpar toda a extensão de uma praia ao mesmo tempo. A praia deve ser dividida

em seções menores com aproximadamente 100 metros, dependendo do número de pessoas

disponíveis nos grupos de trabalho.

• Antes da maré crescente (inundação) uma extensão da praia deve ser cercada com

barreiras de vedação de praia colocados a aproximadamente 20 metros da praia.

Estes barreiras são colocadas logo acima da zona entre marés e transversais a toda a costa

para serem conectados nas barreiras de contenção na interface praia/água.

Na maré alta, a areia poluída na costa coberta é arada ou raspada. Como a área perturbada

está abaixo do nível da água o óleo será liberado para a superfície do mar. Bicos de jatos de

água direcionados para a área sendo perturbada pela aragem ajudam a levantar o óleo para

fora da areia.

Imediatamente após as operações de aragem, skimmers de sucção menores ou skimmers de

corda de limpeza começam a remover o óleo que aparece na superfície. A contenção e

concentração do óleo liberado podem ser realizadas por barreiras muito pequenas que são

empurrados manualmente para a praia. Estes barreiras pequenas são colocadas dentro da

formação de bolsão das barreiras citados anteriormente.

Todas as algas marinhas, etc., devem ser removidas manualmente antecipadamente para ter

uma praia "limpa". O óleo recuperado, com baixo teor de areia, pode ser armazenado

temporariamente em tanques montados instantaneamente. Estes tanques permitem a

drenagem da água. Caminhões a vácuo ou similares podem esvaziar estes tanques

periodicamente. Duas marés altas por dia permitem dois períodos de trabalho de duas horas.

Um destes períodos será sempre durante a noite com luz diurna reduzida.

Holofotes são essenciais ao trabalho na limpeza da praia durante a noite e geradores a diesel

quase sempre serão necessários.

Estágio 3

• A parte restante do óleo pode ser removida por aspersão de agentes dispersantes

aproximadamente 30 minutos antes da maré alta.

• As costas sem maré podem ser lavadas com água do mar.

• Bolas de piche restantes podem ser recolhidas manualmente usando pás para passar o

material da praia através de telas.

• Após a limpeza a areia descolorida pode ser levemente coberta com areia fresca.

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175

Sedimentos

Nas áreas mais protegidas o sedimento contém partículas mais leves de lama e mais vida

marinha. Frequentemente estas áreas são importantes para alimentação de aves e possuem

uma sensibilidade maior à poluição por óleo.

Infelizmente suas propriedades de auto-limpeza são muito baixas devido à baixa atividade das

ondas. As áreas lodosas podem ser acesso difícil.

A remoção do solo poluído frequentemente é mais prejudicial para o meio ambiente do que a

própria poluição por óleo. Qualquer decisão de remover a poluição deve ter bons argumentos.

• A limpeza exige a escavação de canaletas de drenagem para ajudar a acumular o óleo

usando lavagem de baixa pressão com água do mar. Então o óleo é removido com

bombas.

A remoção manual do material oleoso da zona do topo é a única possibilidade para costas de

lama muito macia.

Os pântanos salgados e manguezais são dois biótipos especiais que são sensíveis a poluição por

óleo e aos métodos físicos de limpeza. A experiência tem demonstrado que nenhuma ação em

geral é a melhor solução embora possa levar dez anos para a área se recuperar dos danos

provocados pelo óleo.

Resumo

• Zona perto da costa, zona entre marés, zona traseira da costa;

• Rochas e estruturas edificadas pelo homem;

• Pedregulhos, Seixos, Cascalho;

• Praias de areia;

• Depósitos sedimentares.

ORGANIZAÇÃO E TAREFAS DE UMA OPERAÇÃO DE LIMPEZA

Antes e durante a limpeza das costas é importante que a cadeia de comando e as tarefas

individuais sejam claramente definidas.

Um Supervisor de Praia deve ser designado que será responsável pela operação de limpeza. A

segurança pública fica sob a responsabilidade do Supervisor de Praia (Módulo 1, Lição 2

referências).

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176

Para assegurar que a operação de limpeza irá funcionar bem, as seguintes diretrizes e tarefas

organizacionais são recomendadas:

1. As equipes de trabalho são divididas em quatro grupos com no máximo 10

pessoas.

2. Um Líder de Equipe deve ser indicado para cada grupo.

3. Os Líderes de Equipes se reportam ao Supervisor de Praia.

4. Cada grupo é designado para uma seção especial da costa ou um trabalho

especial dentro da costa limitada se a operação de limpeza para realizada

seção por seção.

5. As atividades que o grupo deve realizar devem ser claras e verificáveis.

O(s) Líder(es) de Equipe(s) indicado(s) deve(m) assegurar que:

1. Registros sejam mantidos para todo o trabalho realizado pelo grupo e

entregues para o Supervisor de Praia.

2. O pessoal envolvido deverá receber roupas de trabalho adequadas e outros

equipamentos de segurança.

3. O Líder de Equipe será responsável pelo seu grupo cumprindo os regulamentos

de segurança e saúde.

O Supervisor de Praia será responsável por:

• Fornecimento de holofotes, geradores, pás, baldes.

• Fornecimento de instalações para higiene pessoal e instalações sanitárias.

• A equipe trabalhando na praia deverá ter intervalos com disponibilidade de bebidas

refrescantes.

• Todo o tráfego de veículos deverá ser controlado. Os veículos não devem entrar na

área sem instruções precisas sobre onde devem ir.

• Todos os equipamentos devem ser limpos após o uso e ficar prontos para o dia

seguinte.

• A área deve ficar restrita para acesso até os indivíduos receberem as instruções

completas de segurança.

• Contatos com a imprensa (favor ver o Módulo 1, Lição 3)

• Manter o público a uma distância segura. Somente o pessoal autorizado deve ser

permitido na praia durante as operações. A polícia pode ajudar com o cordão ao redor

do local do derramamento.

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177

ELABORAR UM PLANO OPERACIONAL

O Supervisor de Praia deve preparar um plano de ação antes de começar as operações de

limpeza de campo. Este plano deve incluir:

• O estado aceitável acordado para a limpeza deve ser atingido.

• As tarefas para cada Equipe e Líderes de Equipes.

• Descrição dos procedimentos a serem seguidos por cada equipe.

• Equipamentos a serem usados.

• Tráfego de veículos e armazenagem.

• Horários de trabalho.

Além disso, o plano deve incluir uma lista de verificação de segurança pertinente a esta

operação.

Este plano deve ser distribuído para todos os Líderes de Equipes.

É basicamente um documento de trabalho que pode ser revisado diariamente durante todo o

período de operações de limpeza da costa.

ASPECTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DE UMA OPERAÇÃO DE LIMPEZA DA COSTA

Os aspectos de saúde e segurança têm importância primordial em uma operação de limpeza.

Os Líderes de Equipes devem informar aos membros de suas equipes sobre os regulamentos de

segurança que devem ser seguidos. Os membros do grupo que são incapazes de seguir os

procedimentos devem ser solicitados a abandonar a área. A falha em seguir os procedimentos

de segurança pode colocar em risco a segurança das outras pessoas.

Os acidentes frequentemente ocorrem devido a regras que não são seguidas. As regras mais

comuns a serem seguidas são:

1. O sistema de comunicação deve ser definido e verificado.

2. As ferramentas não devem ser deixadas espalhadas na praia.

3. O pessoal de trabalho deve ficar bem iluminado durante as operações.

4. As rotas dos caminhões entrando na área de limpeza devem ser bem

sinalizadas mesmo durante a noite e devem ser cumpridas.

5. O pessoal deve ser equipado com roupas de segurança adequadas.

6. Nas áreas com risco de explosão, todos os equipamentos usados devem ser em

materiais não inflamáveis como plástico, latão, etc.

7. Se foram usados produtos químicos, assegurar os equipamentos de segurança

adequados são usados e que são apropriados para as características tóxicas do

óleo e dos produtos químicos de combate.

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178

8. Deve haver acesso imediato a aspersão correta para lavagem dos olhos/corpo

se ocorrer um acidente.

9. A limpeza e manutenção correta dos equipamentos deve ser realizada durante

a operação.

10. Cada Líder de Equipe deve estar familiarizado com os procedimentos no caso

de quaisquer lesões do pessoal (chamar a ambulância, reportar ao Supervisor

de Praia, acompanhar a ambulância até a pessoa ferida, uma pessoa deve

acompanhar o ferido até o hospital e reportar ao Supervisor de Praia, a

família deve ser informada, etc.)

11 As pessoas trabalhando com bombas/skimmers devem ser instruídas sobre seu

uso correto e riscos em potencial.

Resumo

• Os aspectos de segurança e saúde são os mais importantes.

• Certificar que a cadeia de comando está clara para todos.

• Os equipamentos de segurança devem estar disponíveis e devem ser usados.

• Certificar que os procedimentos a seguir no caso de uma lesão foram definidos e

estão claros para todo o pessoal pertinente.

• Ficar ciente que o óleo pode prejudicar as pessoas.

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LIÇÃO 2 - LIMPEZA, MANUTENÇÃO E ARMAZENAGEM DOS EQUIPAMENTOS

OBJETIVO DA LIÇÃO

Ao completar uma operação de derramamento de óleo, uma tarefa final vital é a limpeza,

manutenção e armazenagem dos equipamentos que foram usados. Se estas três atividades

não forem realizada corretamente a próxima operação tem grandes chances de falhar.

Esta lição explica como realizar a limpeza, manutenção e armazenagem correta dos

equipamentos padronizados de combate a derramamento de óleo e como coletar a

documentação para as despesas de recuperação. Por exemplo, os custos devido à necessidade

de substituição de equipamentos danificados durante a resposta a um derramamento de óleo

serão anotados.

No final desta lição deverá saber como:

• Limpar os equipamentos de combate a derramamento de óleo.

• Manter os equipamentos de combate a derramamento de óleo.

• Armazenar os equipamentos de combate a derramamento de óleo.

• Ficar ciente da importância de coletar a documentação de todas as despesas durante as operações de limpeza.

LIMPEZA DOS EQUIPAMENTOS DE COMBATE A DERRAMAMENTO DE ÓLEO

Quando os equipamentos de combate a derramamento de óleo são comprados, normalmente

um manual será incluído com o produto descrevendo os procedimentos de limpeza para os

equipamentos. O manual deverá descrever os produtos químicos corretos para limpeza que

podem ser usados e quais produtos químicos devem ser evitados. Se estes itens não estiverem

disponíveis o fabricante deverá ser contatado para obter estas informações. Dados relativos à

limpeza devem ser incluídos, nos próprios equipamentos ou na embalagem onde são mantidos

normalmente.

Existem dois tipos principais de equipamentos mecânicos de combate a derramamento de

óleo:

• Barreiras de Contenção de Óleo

• Skimmers

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180

O procedimento para limpeza destes equipamentos depende de qual entre os dois objetivos

se aplica ao uso:

• Limpeza após treinamento (normalmente sem óleo) e

• Limpeza após operação

Limpeza após treinamento

1. Barreiras de Contenção

Quando os equipamentos são usados para treinamento são expostos a água salgada que causa

uma grave corrosão das partes metálicas. Durante a recuperação dos equipamentos as

barreiras devem ser lavadas com água não salina no lado inferior e superior. Além das

barreiras, todas as partes metálicas dos equipamentos de reboque incluindo o enrolado usado

para armazenagem da barreira devem ser lavadas com água não salina.

Se uma unidade de potência para usada durante a operação de limpeza, esta deve ser

protegida contra a água do mar. Se por acidente, a unidade de potência ficar em contato com

a água do mar deve ser aspergida com água não salina. A unidade de potência deve ser

partida e o motor diesel deve atingir a temperatura de trabalho para evaporar a água

superficial.

Os acoplamentos hidráulicos também devem ser limpos após o uso com água doce.

2. Skimmers

As partes metálicas de um skimmer (recolhedor) devem ser lavadas com água não salina. Após

o uso, todas s partes móveis devem ser lubrificadas enquanto o skimmer ainda está conectado

com a unidade de energia. Sua operação deve ser testada durante alguns minutos quando esta

manutenção terminar. É preciso prestar muita atenção com a segurança durante estes

procedimentos.

Os acoplamentos hidráulicos devem ser limpos com água doce.

Limpeza após as operações

1. Barreiras de Contenção

Após o uso em operações de derramamento de óleo as barreiras ficarão contaminadas com

óleo. A limpeza de todos os equipamentos contaminados com óleo deve ser realizada em uma

área com um separador de óleo ou onde o óleo não pode entrar no sistema de esgoto público

e provocar poluição por óleo.

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181

É importante que as barreiras sejam limpas o mais rapidamente possível após uma operação

de limpeza de derramamento de óleo. Se não o óleo se torna difícil de remover,

particularmente se as barreiras forem deixadas sem tratamento durante diversas semanas ou

meses. Alguns tipos de tecidos de barreira podem ser afetados permanentemente se o óleo

para deixado no tecido durante um longo período.

A maioria dos fornecedores de barreiras fornece uma estação de limpeza especialmente

projetada para suas barreiras e alguns também produzem estações de limpeza que podem

limpar a maioria dos tipos de barreiras.

Em geral, a limpeza das barreiras é realizada através de equipamentos de alta pressão. Se

uma estação de limpeza dedicada não estiver disponível o procedimento correto é o seguinte:

• O comprimento total da barreira é colocado em uma fundação de contenção onde o

óleo pode ser separado na drenagem (purgador de óleo).

• As barreiras pegajosas e muito contaminadas podem ser limpos manualmente

aplicando óleo diesel com uma escova.

• 15-30 min. após aplicar o óleo diesel, usar um limpador de alta pressão com água

quente ou vapor nas barreiras.

• Manter o bico a 10-20 cm de distância do tecido. Se para um tecido de baixa

resistência, o ângulo entre o bico e o tecido deve ser mantido baixo (menos de 45 graus)

para evitar danificar o tecido.

• Usar raspadores com cuidado para remover as partes com óleo pegajoso.

Pode ser complicado limpar as barreiras com material flutuante sólido devido à superfície

curva da barreira. Alguns tipos de barreiras permitem a entrada da água na câmara de

flutuação o que pode provocar dificuldades durante a limpeza da barreira.

As barreiras normalmente ficam mais contaminadas em um lado devido ao uso do mesmo.

Entretanto, é importante limpar os dois lados.

O procedimento de limpeza é finalizado enxaguando as barreiras com água não salina.

O enrolador usado para armazenar a barreira normalmente também fica contaminado e deve

ser limpo usando um limpador de alta pressão.

Os equipamentos de reboque etc., usados nas operações também exigem limpeza. Atenção

especial deve ser data para o fato de que as cordas usadas nos equipamentos não devem ser

expostas ao vapor que pode danificar a estrutura e reduzir a resistência operacional.

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Observar que a limpeza das barreiras no convés durante sua recuperação do mar não é um

procedimento aceitável. Primeiro, o óleo irá terminar no convés o que provoca problemas de

segurança. Além disso, o espaço de trabalho é sempre limitado a bordo de uma embarcação e

irá resultar em métodos de trabalho inapropriados com situações potencialmente perigosas.

Finalmente, esta tentativa de limpeza irá provocar uma nova poluição por óleo.

2. Skimmers

Os skimmers devem ser limpos em uma área apropriada que não provoca um novo

derramamento de óleo. O procedimento de limpeza é o seguinte:

• Todas as partes metálicas do skimmer são limpas usando limpadores de alta

pressão. Quando o óleo pegajoso é retido no skimmer, deve ser usado óleo diesel.

• Atenção especial deve ser dada para a limpeza dos acoplamentos (hidráulicos

e descarga/sucção) já que são sensíveis a pequenas partículas de impurezas que

afetam a operação satisfatória.

• Depois de limpar os skimmers, devem ser lavados com água doce.

• Finalmente, a bomba é lubrificada com óleo e as partes móveis são giradas

lentamente durante um minuto.

As mangueiras de descarga e sucção também podem ser contaminadas com óleo e devem, se

possível, ser lavadas com óleo diesel. As mangueiras devem ser mantidas no estado esticado

para permitir que o excesso de óleo diesel pingue e evapore. Se as mangueiras estiverem

muito contaminadas devem ser substituídas.

3. Skimmer tipo escova (Mop Rope) e Corrente (Brush Chain)

O Skimmer de corda e o skimmer de corrente devem ser limpos com óleo diesel se estiverem

contaminados com óleo pesado. Alguns tipos de skimmers tipo escova possuem um conjunto

especial de limpeza que pode raspar a maior parte do óleo preso na Escova de Corrente.

Se as correntes de rolos e roldanas forem parte do skimmer, estas peças devem ser

lubrificadas com graxa após cada limpeza.

Normalmente não é possível limpar os skimmers de corda e o de corrente totalmente. É

aconselhável que se tenha skimmers limpos para treinamento e outros que possam ser usados

nas operações (levemente contaminados).

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183

Resumo

• Procedimentos de limpeza para Treinamento e Operações.

• Após o treinamento, limpar o equipamento com água fresca.

• Após o uso, todo o equipamento deve ser rapidamente lavado em uma área apropriada (separador de óleo).

• Depois de limpo, deve-se passar óleo nas partes móveis.

MANUTENÇÃO DOS EQUIPAMENTOS DE COMBATE À DERRAMAMENTO DE ÓLEO

1. Barreiras de Contenção

• Como o sucesso da operação depende do desempenho do equipamento,

manutenção adequada tem de ser feita. É aconselhável que uma pessoa seja

responsável por manter registros de cada unidade de armazenamento de barreiras,

com as seguintes informações:

• Quando a barreira foi usada?

• Usada para treinamento ou operação?

• Possui algum dano?

• Conserto da barreira: onde e quando?

• Manutenção da unidade de armazenamento deve ser avaliada inclusive.

É bom que se identifique cada seção de barreira. A maioria dos fabricantes identifica cada

seção durante a produção e isso deve ser especificado pelo comprador em seu pedido. Caso a

barreira tenha câmaras de ar individuais, cada câmara deve ser marcada para facilitar a

identificação.

As barreiras, em geral, não precisam de manutenção regular. Depois do uso precisam ser

avaliadas para conferir se há danos, que podem ocorrer durante treinamento/operação. Essa

inspeção acontece durante a recuperação, por uma pessoa encarregada de identificar

quaisquer danos.

Uma boa oportunidade de identificar danos é quando a barreira está sendo limpa. Os danos

devem ser listados nesse momento.

Áreas mais vulneráveis de barreiras:

• Conexão da corrente do lastro;

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184

• Conector de seção;

• Válvulas de ar (se forem do tipo infláveis);

• Vertical lattices;

• Danos de fábrica em geral.

É aconselhável que se tenha um livro de registros de cada conjunto de barreira. Esse registro

deve conter o seguinte:

• Quando a barreira foi fornecida;

• Marca e tipo de barreira;

• Quando foi usada (para treinamento ou operação?);

• Onde, quando e como foi consertada e quem foi responsável pelo reparo.

Uma barreira em boas condições não requer manutenção e pode ser armazenada por muitos

anos sem haver deterioração.

Enroladores devem possuir partes móveis engraxadas depois de limpas. A pintura interior deve

ser avaliada quando enroladores estiverem vazios. Normalmente a pintura será raspada da

barreira. Áreas não cobertas com barreira devem ser pintadas quando danificadas.

Caso o enrolador seja hidráulico, níveis de óleo da caixa de engrenagem devem corresponder

a guias no manual de instrução. Lubrificantes devem também ser avaliados. Esses são

suscetíveis a danos ou bloqueios. Deve ser lembrado que é possível a aplicação excessiva de

graxa nos rolamentos.

Power packs são mais complicados para manter. Em geral, demandam pessoal especializado,

que são familiarizados com motores a diesel.

Motores a diesel devem ser acionados pelo menos uma vez por mês. Não devem ser acionados

a toda velocidade imediatamente depois de ligados. Depois de alguns minutos pode ser

aumentada. O motor tem de estar completamente aquecido antes de parar. Sempre lembre

que um motor a diesel não pode ser ligado sem que antes o óleo lubrificante seja avaliado.

Toda mangueira de conexão deve ser avaliada com o motor desligado. O Power Pack deve ser

verificado para não haver vazamento de óleo durante funcionamento. (isso requer base de

selamento em caso de vazamento). Durante operação do motor a diesel, V-belts devem ser

checados para não haver problemas no funcionamento. Não toque ou ajuste os belts enquanto

o motor estiver ligado.

Page 187: Apostila Imo First Responder As

OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER

185

O sistema hidráulico deve ser avaliado durante as operações. Sem conectar nenhuma

mangueira, o controle manual pode ser posicionado para a pressão da bomba hidráulica do

sistema.

Além disso, o nível de óleo hidráulico no sistema deve ser checado.

Se necessário, o sistema deve ser alimentado. Verificar se o correto tipo de óleo está

disponível e usado. Óleo errado leva a uma falha hidráulica total.

Se o Power Pack incluir um soprador de ar, o soprador deve ser pulverizado com silicone ou

outro óleo lubrificante na entrada de sucção logo antes do soprador parar.

Para outros tipos de construções pintadas, é vital que a cobertura de pintura seja mantida.

Qualquer dano na superfície deve ser reparado instantaneamente.

Se o Power pack é fornecido com um contador de tempo, deve ser observado que todos os

motores diesel exigem verificações regulares de serviço a cada, por exemplo, 1000 horas de

operação. Se a unidade de energia não tiver um contador de tempo, devem ser mantidos

registros para ter uma estimativa do tempo de operação.

Os acoplamentos hidráulicos devem sempre ser verificados. Se estiverem corroídos ou

danificados de qualquer forma devem ser reparados ou substituídos. Um acoplamento

danificado pode abortar toda a operação.

Uma unidade de energia deve ter um livro de registro que corresponde ao livro de registro da

barreira.

2. Skimmers

Quando um skimmer é limpo e as partes móveis foram lubrificadas, normalmente não exige

mais manutenção. Se a unidade do skimmer incluir um motor diesel, então o procedimento

descrito na seção anterior deve ser seguido.

Se o skimmer inclui um sistema hidráulico, então este sistema deve ser verificado para

qualquer vazamento bem como para níveis de óleo.

Todas as partes móveis devem ser lubrificadas com graxa. A lubrificação em excesso deve ser

evitada. Todos os acoplamentos na unidade de energia devem ser verificados para assegurar

sua confiabilidade operacional.

É importante lembrar que este tipo de equipamento deve ficar instantaneamente pronto para

operação confiável para um incidente de derramamento de óleo. Verificar que o serviço ou

manutenção não deve ficar para o último minuto.

Resumo

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OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER

186

• Verificar todos os equipamentos para danos a cada vez que forem usados para treinamento/operação

• Reparar imediatamente após o uso se necessário.

• Manter algum tipo de livro de registro para todos os equipamentos.

• Certificar que existe pessoal treinado para manter os equipamentos mais complicados como, por exemplo, os motores diesel (unidades de energia).

ARMAZENAGEM DOS EQUIPAMENTOS DE COMBATE A DERRAMAMENTO DE ÓLEO

A armazenagem correta dos equipamentos de combate a derramamento de óleo é uma parte

vital da manutenção. Este tipo de equipamento frequentemente dura 10 anos ou mais já que

se espera que seja usado muito raramente.

Estes equipamentos exigem as seguintes diretrizes em relação à armazenagem:

• Os equipamentos não devem ser expostos a luz solar direta. Muitas barreiras

têm sido danificados por extensa exposição a radiação UV na luz solar direta.

• Os equipamentos devem ser mantidos longe de pragas que atacam ou comem

o tecido.

• Os equipamentos devem ser armazenados em um almoxarifado com boa

ventilação para assegurar que serão mantidos secos após o uso.

• Normalmente este tipo de equipamento devem ser mantidos em temperaturas

entre -20 graus Celsius e +60 graus Celsius.

• Os equipamentos que exigem manutenção regular (motores diesel) devem ser

colocados em local de fácil acesso. Se forem armazenados inconvenientemente,

existe um risco da manutenção não ser realizada.

• Os equipamentos auxiliares como as cordas, boias, ferramentas, etc., devem

ser armazenados em containers de armazenagem e trancados com segurança já que

possuem um valor considerável para muitas outras operações marítimas.

• Uma lista completa deve ser preparada para todos os equipamentos. Esta lista

também deve especificar os locais exatos de cada item na área de armazenagem.

Page 189: Apostila Imo First Responder As

OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER

187

Resumo

• Os equipamentos não devem ser expostos a luz solar direta.

• Os equipamentos devem ser armazenados em áreas com boa ventilação. Os

equipamentos devem ser facilmente acessíveis já que a velocidade é um fator vital no

evento de um derramamento de óleo

• Uma lista completa dos equipamentos deve estar disponível com informações

sobre seu local na área de armazenagem

IMPORTÂNCIA DA DOCUMENTAÇÃO DE TODAS AS DESPESAS DURANTE AS OPERAÇÕES DE

LIMPEZA

A maioria das ações de resposta a derramamentos de óleo é muito cara e deve ser

reembolsada na extensão possível de acordo com o princípio do 'poluidor paga'.

É essencial que a documentação de suporte mostre como as despesas das operações de

limpeza são associadas com as ações realizadas nos canteiros de trabalho especificados.

Grandes despesas podem ser incorridas devido ao uso de aeronaves, embarcações,

equipamentos especializados, maquinaria pesada, caminhões e pessoal. Alguns destes podem

ser propriedade do governo; outros podem estar sujeitos a disposições contratuais.

Os reclamantes devem manter registros compreensivos de todas as operações e despesas

resultantes de um incidente. O pessoal de supervisão deve registrar diariamente as operações

em progresso, os equipamentos em uso, onde e como são usados, o número de pessoas

empregadas, onde e como são designadas e os materiais consumidos. Folhas de trabalho

padronizadas, projetadas para as circunstâncias particulares do derramamento e a

organização de resposta no país, são úteis para esses registros. Frequentemente é útil

designar um controlador financeiro para manter registros adequados e controlar as despesas.

O Fundo Internacional de Compensação de Poluição por Óleo (International Oil Pollution

Compensação Fund - IOPC Fund) publicou o Manual do Reclamante, que é atualizado

periodicamente (ver www.iopcfund.org). É um guia prático para apresentar reivindicações nos

casos de danos de poluição por óleo resultante de derramamentos de óleo persistente de

navios tanque.

É muito importante prestar atenção ao fato da apresentação correta das reivindicações ser o

elemento principal para o reembolso imediato das despesas relacionadas com um incidente

de derramamento de óleo. Para permitir à organização de contingência de derramamento de

óleo apresentar reivindicações na forma prescrita todos os níveis na organização de resposta

devem compartilhar a responsabilidade para a coleta ordenada dos dados para a apresentação

Page 190: Apostila Imo First Responder As

OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER

188

da reivindicação. Isto é um elemento vital das atividades e responsabilidades de todos os

níveis de gestão na organização de resposta a partir do momento quando começa a ação de

resposta ao derramamento de óleo.

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189

LIÇÃO 3 – AMOSTRAGEM DE ÓLEO E DOCUMENTAÇÃO

OBJETIVO DA LIÇÃO

Sempre que ocorre um derramamento de óleo, as pessoas desejam ser reembolsadas pelos

custos da limpeza do ambiente ou compensadas pelos danos sofridos. O regime internacional

de responsabilidade e compensação aplicável a derramamentos de navios tanque foi

estabelecido para fornecer um mecanismo para apresentar reivindicações legítimas para

compensação.

Além disso, em algumas ocasiões a descarga de óleo pode ser deliberada. A ação legal pode

ser adotada de acordo com a legislação e o código penal do país. Em muitos casos os

processos serão baseados na alegação que ocorreu uma contravenção da Convenção

Internacional para Prevenção da Poluição de Navios (International Convention for the

Prevention of Pollution from Ships - MARPOL 73/78). Esta lição focaliza a importância de

coletar evidências e manter registros apropriados para os objetivos de processar os ofensores

de descarga.

Seja para o registro de informações com o objetivo de apresentar reivindicações para

compensação, ou para coletar amostras de óleo ou outras evidências com o objetivo de

processar os ofensores de descarga, é essencial que os Primeiros Combatentes entendam a

importância de manter registros apropriados de suas ações.

Durante esta lição vamos aprender sobre:

• A base do regime legal internacional sobre responsabilidade e compensação.

• O objetivo da coleta de evidências.

• Os componentes principais da coleta de amostras de óleo.

• Os componentes principais das evidências fotográficas.

ESTRUTURA LEGAL INTERNACIONAL

Um sistema de compensação de dois níveis foi estabelecido pelas Convenções internacionais.

O armador do navio tanque que provocou o derramamento é legalmente responsável pelo

pagamento de compensação conforme o primeiro nível. Depois de exceder o limite de

responsabilidade do armador do navio tanque, o Fundo IOPC assume. O Fundo IOPC obtém

seus recursos de impostos cobrados sobre a quantidade de óleo recebida nos Estados Membros

do Fundo, que é cobrado retrospectivamente com base nos pagamentos estimados a serem

realizados.

Page 192: Apostila Imo First Responder As

OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER

190

Função da Convenção de Responsabilidade Civil de 1992

Conforme a Convenção de Responsabilidade Civil de 1992 (Civil Liability Convention - CLC), as

reivindicações para compensação de danos de poluição por óleo podem ser apresentadas

contra o armador do navio tanque que provocou o dano (ou sua seguradora).

Conforme a CLC, o armador do navio tem "responsabilidade estrita" por danos de poluição

provocados pelo escapamento ou descarga de óleo persistente de seu navio tanque. Isto

significa que é responsável mesmo na ausência de falha de sua parte.

O armador do navio é obrigado a manter um seguro para cobrir sua responsabilidade conforme

a Convenção de Responsabilidade Civil de 1992. Esta obrigação não se aplica a navios

transportando menos de 2000 toneladas de óleo como carga.

O limite de responsabilidade conforme a CLC 1992 dependente do tamanho do navio tanque,

mas a responsabilidade máxima é aproximadamente US$ 84 milhões.

Função da Convenção do Fundo de 1992

A Convenção do Fundo de 1992 paga uma compensação aos que sofrem danos por poluição por

óleo em um Estado que é uma Parte Contratante da Convenção e onde a compensação total

não foi obtida conforme a CLC nos seguintes casos:

• O armador do navio está isento de responsabilidade conforme a CLC porque

pode invocar uma das isenções conforme a Convenção;

• O armador do navio é financeiramente incapaz de atender suas obrigações no

total e seu seguro é insuficiente para satisfazer as reivindicações de danos por

poluição;

• O dano excede a responsabilidade do armador do navio conforme a CLC.

Fundo Suplementar para Compensação

Um Protocolo foi adotado em maio de 2003 que cria um Fundo Suplementar de Compensação

que melhora o regime internacional para compensação das vítimas de poluição por óleo de

navios tanque. O Fundo Suplementar não irá substituir o Fundo existente de 1992 mas torna

disponível uma compensação adicional para as vítimas nos Estados que aceitam o Protocolo. O

Fundo Suplementar terá uma disponibilidade de 750 milhões de SDR (aproximadamente US$

845 milhões nas taxas de câmbio prevalecente em dezembro de 2004); isto será adicional aos

US$ 314 milhões que estão disponíveis no Fundo de 1992 após o aumento que entrou em vigor

em 1° de novembro de 2003. Este valor inclui - e não é adicional a – o valor pago pelo

armador do navio tanque ou sua seguradora conforme o CLC de 1992.

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A data de entrada em vigor do Fundo Suplementar é 3 de março de 2005.

OBJETIVO DA COLETA DE EVIDÊNCIAS

É importante assegurar que um caso válido pode ser apresentado para suportar uma

reivindicação para compensação ou para processo em um tribunal baseado em evidências

firmes. A ação de resposta à poluição do mar normalmente é muito cara. Em muitos casos as

seguradoras e os regimes de compensação reembolsam os custos – mas as reivindicações

devem ser corretamente preparadas.

A obtenção de boas evidências é relacionada com estes dois elementos (compensação e

processo). Algumas das melhores evidências de descargas ilegais são as amostras de óleo que

são coletadas para análise subsequente. Como as amostras de óleo têm uma função muito

importante como evidência, um dos objetivos desta lição é treinar os Primeiros Combatentes

nas técnicas corretas de amostragem.

O pessoal operacional na equipe de OSC pode ser designado com a responsabilidade de

coletar as evidências relacionadas com um derramamento de óleo. Isto inclui principalmente

a coleta de amostras e as fotografias / vídeos e assegurar que estes são realizados de forma

suficiente para satisfazer o escrutínio das reivindicações potenciais para recuperação de

custos ou processo legal contra um poluidor. O processo de coletar evidências normalmente é

realizado sob a orientação de alguém com autoridade legal designado para a equipe de OSC.

OSC mantém a responsabilidade pelas evidências coletadas.

As evidências corretamente coletadas e documentadas são as únicas evidências válidas.

Por que e quando recolher amostras de óleo

1. Por que Recolher Amostras

A análise das amostras pode comprovar que a substância na água é um poluente bem como

especificar a composição química detalhada do poluente.

Se uma amostra da área poluída corresponder a uma amostra de um navio/instalação de

tratamento de óleo suspeita, esta pode comprovar que navio/instalação pode ser o poluidor.

Se apenas uma correspondência for encontrada entre todas as fontes possíveis, estão este

navio/instalação deve ser o poluidor.

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192

Para a análise comprovar que as amostras correspondem, os encarregados da tarefa de

coletar as amostras de óleo e enviar as mesmas para o laboratório devem tomar muito

cuidado com as amostras durante:

• coleta

• vedação

• rotulagem

• armazenagem

• despacho (envio) das amostras.

Isto é necessário para evitar a contaminação ou manipulação.

Esta é uma tarefa muito importante, tão importante quando a análise no laboratório.

Se as tarefas não forem realizadas corretamente, o laboratório não poderá identificar a fonte

do óleo ou os resultados não passarão pelo exame legal.

Em qualquer caso, todos os trabalhos de amostragem, a análise do laboratório e a

investigação serão perdidos.

2. Quando Coletar Amostras

É melhor coletar as amostras o mais cedo possível. É uma experiência que as pessoas

envolvidas nas atividades de combate ao óleo e limpeza durante o primeiro período de

agitação se concentram no combate. Outros elementos importantes, tais como a

compensação e ação de acompanhamento legal, são esquecidos.

Quando estes elementos são lembrados mais tarde, a melhor oportunidade para coletar as

amostras pode ter passado. Essa negligência pode ser extremamente cara para a agência de

combate.

Outro argumento importante para a coleta imediata das amostras de óleo é que o óleo

começa a "intemperizar" ou alterar logo após o derramamento. Embora o químico entenda o

processo de intemperização e como este afeta os dados, a análise é sempre mais fácil com o

óleo fresco. Alguns compostos característicos mais leves que podem identificar a amostra

podem evaporar muito rapidamente.

Page 195: Apostila Imo First Responder As

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193

Onde e como coletar as amostras

1. Onde coletar as Amostras

As amostras devem ser coletadas em:

• Água a montante da área poluída para mostrar as condições pré-derramamento;

• Área poluída;

• Todas as fontes possíveis.

É recomendável coletar as amostras regularmente na área poluída, em particular nos grandes

incidentes de poluição. A experiência tem demonstrado que os outros presentes na área

afetada são tentados a aproveitar a situação para se livrar de substâncias poluentes

acreditando firmemente que estas irão "se afogar" na poluição primária.

O derramamento de óleo pode conter diferentes tipos de óleo em diferentes locais.

Também pode ser necessário obter diversas amostras de uma fonte suspeita, isto é, de

diversos tanques de carga de um navio tanque, dos tanques de combustível, tanques diários e

de esgoto.

Todas as fontes possíveis do poluente descarregado devem ser investigadas quando possível.

Isto deve incluir todos os tanques de carga e combustível dos navios e das instalações que, no

momento do incidente, podem ter sido a fonte.

2. Como Coletar as Amostras

a) Equipamentos

Para ajudar na amostragem foram desenvolvidos diversos conjuntos de amostragem com

recipientes, dispositivos de amostragem, fitas e rótulos, bem como instruções sobre como

coletar as amostras.

Entretanto, se esse conjunto especializado não estiver disponível, uma regra básica muito

importante é usar frascos limpos de vidro, Teflon ou aço inoxidável. Recipientes de plástico

nunca devem ser usados já que uma parte do plástico pode se misturar com o óleo e alterar

sua composição.

Não ficar preocupado em encher completamente um recipiente de amostra. As análises

modernas usam quantidades mínimas da amostra (menos de 0,1 grama).

Page 196: Apostila Imo First Responder As

OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER

194

b) Rotulagem

• A amostra deve ser corretamente rotulada com as informações pertinentes

tais como:

• Caso e número da amostra;

• Data e hora de coleta da amostra;

• Se a amostra veio do derramamento ou de um suspeito;

• Descrição da Amostra;

• Nome da pessoa que coletou a amostra;

• Nome da pessoa de autoridade.

A rotulagem deve ser escrita com letras a prova de água/óleo. Uma duplicata dos dados para

cada amostra deve ser anotada em um livro de registro.

c) Vedação

Imediatamente após coletar as amostras estas devem ser vedadas com segurança. As

vedações pode ser uma fita sobre o frasco e ao redor da folga entre a tampa e o frasco. Isto

irá reduzir a evaporação da amostra.

Uma rubrica deve ser colocada nas interseções da fita para evitar a subsequente manipulação

da amostra.

A tampa deve ser de material adequado (vidro, Teflon, aço inoxidável).

d) Armazenagem

Quando armazenadas, as amostras de óleo devem ser mantidas trancadas com chave em local

escuto a uma temperatura máxima de +4°C para minimizar o efeito da água e do oxigênio na

amostra.

e) Transporte

A localização da amostra, e a pessoa responsável acompanhando a coleta o tempo todo, deve

ser responsável e testemunhar para que a amostra seja admissível como evidência em um

tribunal.

Portanto, a amostra de óleo deve ser acompanhada por uma "Corrente de Registro de

Custódia" com a assinatura de todas as pessoas que controlam a amostra (ou com a custódia

da mesma) (além de assinar o rótulo).

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OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER

195

Este documento será enviado com a amostra para o laboratório e para o tribunal.

Como regra geral, é preferível transportar as amostras para o laboratório manualmente e

entregar diretamente para o analista. Entretanto, o despacho por transporte público é

aceitável para a maioria dos tribunais se enviado por correio registrado, portador ou um

sistema similar que fornece um registro da transmissão e exige a assinatura do recebedor na

entrega.

f) Segurança

Sempre pensar em segurança em primeiro lugar:

• Ao coletar amostras do derramamento, tentar ficar a barlavento do derramamento;

• Usar luvas limpas;

• Estar ciente das condições climáticas e se necessário atrasar a coleta da amostra até as condições climáticas melhorarem;

• Ao coletar amostras em um navio/instalação, ter a companhia de um membro da tripulação.

OUTRAS FORMAS DE OBTER EVIDÊNCIAS

Além da amostragem de óleo, existem diversas outras formas de coletar evidências para

facilitar o processo dos poluidores e o reembolso dos custos provocados pela poluição.

Estas formas incluem:

• Inspeção da fonte de poluição suspeita

• Observação visual do derramamento

• Modelos de espalhamento e deriva (acompanhamento de retorno)

• Sensoriamento remoto

1. Inspeção da fonte de poluição suspeita

Este tópico não será discutido por estar fora da estrutura básica deste curso.

2. Observação visual

Isto é tratado em parte no Módulo 1, Lição 1 deste curso. Entretanto, deve ser enfatizado que

a observação visual é uma das melhores formas de reconhecer e avaliar um derramamento de

óleo excedendo os limites legais da convenção global internacional que trata desse assunto

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196

(MARPOL 73/78). Isto é devido ao fato de, em geral, quando o óleo é visível na superfície do

mar há uma violação destes limites. Entretanto, para comprovar que ocorreu uma violação

será necessário coletar as amostras para análise.

3. Modelos de espalhamento e deriva – Acompanhamento de retorno

Em relação à deriva do óleo é possível, usando um computador, operar um modelo

matemático do comportamento do óleo derramado, o sentido e velocidade de seu movimento

e a forma como se espalha e altera suas propriedades.

Também é possível usar esta técnica para acompanhar o derramamento de volta para a área

geográfica onde se originou, o chamado "acompanhamento de retorno".

4. Sensoriamento remoto

Ao se referir a "sensoriamento remoto" no contexto do combate a derramamento de óleo, isto

geralmente significa "sistemas aéreos de sensoriamento remoto".

Diferentes sensores instalados em aeronaves podem detectar e quantificar a poluição de óleo

e, em certa extensão, também determinar o tipo de óleo.

Os seguintes sensores são encontrados nos sistemas operacionais existentes:

4.1. Radar Aéreo de Pesquisa Lateral (Side Looking Airborne Radar - SLAR)

Capaz de detectar manchas de óleo (ou algo que se comporta como o óleo na superfície do

mar) em uma faixa de 30 km em cada lado da aeronave.

4.2. Varredura de linha infravermelha (Infra-Red line scanner - IR-scanner)

Fornece uma indicação da espessura relativa em diversas partes da mancha - e assim ajuda no

direcionamento das unidades de combate ao óleo para as áreas mais espessas.

4.3. Varredura de linha ultravioleta (Ultra Violet line scanner - UV-scanner)

O Scanner UV é capaz de mapear toda a área do derramamento, mesmo as áreas cobertas

com filmes de óleo extremamente finos.

4.4. Radiômetro de micro-ondas (Micro Wave Radiometer)

O Radiômetro de micro-ondas é capaz de medir a quantidade de óleo resultante de um

derramamento acidental. Como não pode medir a espessura abaixo de 0,05 mm, normalmente

não irá detectar descargas operacionais.

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4.5. Laser Fluoro Sensor (LFS)

Um Laser Fluoro Sensor (LFS) foi desenvolvido que, em uma determinada extensão, é capaz

de fornecer informações sobre o tipo de óleo derramado.

A observação visual e sensoriamento remoto aéreo podem ter importância crucial para um

resultado bem sucedido de uma ação de resposta. A boa comunicação entre a aeronave e os

que coletam as informações é um assunto de alta prioridade.

EVIDÊNCIAS FOTOGRÁFICAS

O uso de fotografias e a coleta de amostras como evidências são ferramentas essenciais para

identificar a fonte de uma descarga:

• Suporta o processo de recuperação dos custos e litígio.

• As fotografias e as amostras podem documentar a natureza, fonte e quantidade do material derramado.

Câmeras fotográficas e câmeras de vídeo

Estas são usadas frequentemente para suportar as evidências da observação visual. Os dados

incluindo a data, hora, posição, aeronave, rumo e números de identificação das figuras são

expostos no filme e aparecem como uma linha de dados na parte superior da fotografia

revelada ou do vídeo.

Intensificadores de Imagem: (LLLTV), (ULLLIS)

Quando os baixos níveis de luz tornam difícil identificar um navio por observação visual é

possível ler o nome do navio com uma câmera convencional de Televisão de Baixo Nível de

Luz (Low Light Level Television - LLLTV). Esta identificação noturna tem melhorado com o

uso de um sensor usando flash branco ou infravermelho para iluminar o nome do Sistema de

Imagem de Nível Ultra Baixo de Luz (Ultra Low Light Level Imaging System - ULLLIS).

Documentação

É essencial manter precisa e completa documentação de evidências fotográficas e de vídeo.

Manter um registro preciso das fotografias no campo (no mínimo, incluir o local e uma

descrição do objeto da fotografia).

• O registro deve indicar a data, hora, local, sujeito, ajustes da câmera, e leitura do medidor de luz (se aplicável), para cada fotografia.

• O tipo do filme, câmera e lente devem ser anotados.

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• Incluir o local e direção das fotografias em um mapa esquemático (normalmente escrevendo o número da foto ao lado de um ponto indicando o local com uma seta apontando na direção do disparo).

• Transcrever o registro fotográfico para os rótulos a serem apresentados com o filme para processamento.

• Identificar os rolos: a numeração pode seguir esta forma: N° da Equipe de Levantamento do N° do Rolo – iniciais do fotógrafo.

• Escrever os números dos rolos no cilindro do filme e na tampa do recipiente plástico do filme usando um marcador permanente.

• Colocar cada rolo completo em um saco impermeável junto com o registro fotográfico de campo e os rótulos.

• As fotografias de "área" podem ser usadas para estabelecer a localização e

identificar a embarcação seguida de fotografias de “perto" para mostrar o tipo e

quantidade de poluente.

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LIÇÃO 4 – FAUNA AMEAÇADA

OBJETIVO DA LIÇÃO

A limpeza da vida selvagem contaminada com óleo, em particular das aves, é um trabalho

para os especialistas. Entretanto, as equipes de combate ao óleo e os grupos de limpeza da

praia frequentemente são confrontados com animais contaminados com óleo e devem estar

preparados para realizar uma primeira resposta. O manuseio correto destas vítimas animais é

muito importante para não reduzir as chances de sobrevivência do animal.

Além do sofrimento e morte dos animais poluídos pelo óleo, esta poluição frequentemente

resulta em forte reação do público. Portanto, é importante prestar a devida atenção ao

manuseio e reabilitação das vítimas da vida selvagem.

Em alguns países a resposta da vida selvagem é planejada e descrita no plano de

contingência; em muitos países não existem recomendações sobre o que fazer. O manuseio de

animais vivos e mortos pelas equipes de limpeza da praia após um derramamento de óleo

deve ter um objetivo (científico, bem estar dos animais ou conservação), que deve ser

claramente descrito no plano de contingência.

O objetivo desta lição é fornecer informações básicas sobre como os especialistas tendem a

tratar os animais poluídos com óleo, em particular as aves. O manuseio de animais vivos pode

ser perigoso. Pegar um animal para tratamento implica em uma obrigação de cuidar de seu

bem estar após a captura (ética). A coleta de animais mortos para análise de impacto implica

em certas responsabilidades, por exemplo, assegurar que nenhum dado pertinente (data,

hora, local) seja perdido e evitar a dupla contagem das vítimas.

No final da lição deverá entender como os animais poluídos com óleo, e em particular as

aves, devem ser tratados.

Esta lição trata principalmente do manuseio e reabilitação das aves. O tratamento de outros

animais pode ser muito diferente e deve ser deixado para os especialistas. Os mamíferos

tendem a ser mais robustos que as aves e apresentam mais probabilidades de sobreviver ao

tratamento. Alguns exemplos são as focas, lontras e leões marinhos. Os mamíferos são mais

difíceis de capturar e especialistas habilitados serão necessários.

AVES CONTAMINADAS

A reabilitação das diversas espécies de aves que podem ser contaminadas com óleo é um

problema a ser tratado pelos especialistas.

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200

Existem algumas regras básicas que devem ser seguidas pelos não especialistas, que podem

encontrar aves com óleo ao realizar as atividades de limpeza e podem necessitar iniciar uma

primeira resposta.

PROBLEMAS COM AS AVES COM ÓLEO

As aves que se congregam em grandes números no mar ou na costa para alimentação, ou

mudar as penas são especialmente vulneráveis a poluição por óleo. Estas incluem patos,

pinguins e mergulhões. Outras espécies que mergulham para se alimentar – tais como os

pelicanos, cormorões e gansos patola – também podem ser afetadas. Embora o óleo ingerido

pelas aves ao limpar as penas possa ser letal, a causa mais comum de morte é afogamento,

fome ou hipotermia devido à perda do isolamento da plumagem coberta de óleo. As penas

perdem suas propriedades de impermeabilidade e isolamento quando ficam cobertas com

óleo.

A limpeza e reabilitação das aves cobertas de óleo é um processo intensivo e, complicado que

exige pessoal treinado, equipamentos apropriados e inevitavelmente provoca distúrbios

consideráveis para as aves. Embora as aves individuais possam ser salvas, a limpeza racional

das aves com óleo frequentemente é baseada mais no bem estar do animal do que na

expectativa de promover a recuperação das populações de aves. Entretanto, nos

derramamentos com impacto nas espécies ameaçadas ou em risco, os esforços de reabilitação

podem significar a diferença entre a sobrevivência e a extinção.

CAPTURA E TRANSPORTE DE AVES VIVAS COBERTAS COM ÓLEO

Normalmente é melhor deixar isto para os especialistas, ou para voluntários que já foram

treinados. É fácil colocar as aves sob forte tensão ao perseguir e maltratar as mesmas.

Se encontrar aves cobertas de óleo é recomendável notificar a organização local de resposta

para a vida selvagem, que pode responder pessoalmente ou fornecer orientações. Entretanto,

alguma resposta pode ser necessária pela equipe de limpeza e isto exige equipamentos e

conhecimentos adequados.

Page 203: Apostila Imo First Responder As

OPRC LEVEL 1 - FIRST RESPONDER

201

Equipamentos

O envolvimento na captura de aves exige os seguintes equipamentos:

• Luvas (capazes de resistir a bicadas e mordidas das aves);

• Visor para proteger os olhos (opcional, mas desejável);

• Macacão que fornece proteção contra o óleo;

• Calçados adequados para perseguir as aves nas costas molhadas e oleosas;

• Caixa de papelão de tamanho adequado com tampa – que pode fornecer algum movimento limitado para a ave. A caixa deve ter acolchoamento (jornal, tecido, roupas velhas – mas nunca serragem ou pequenos pedaços de madeira). Deve ter furos de ventilação nos lados e na tampa;

• Rede de cabo longo para capturar as aves (opcional).

Regras:

• Não deixar a ave chegar perto de sua cabeça, uma vez que poderá tentar bicar seus olhos;

• Pegar a ave com as mãos ou com a ajuda de uma rede de cabo longo;

• Não colocar as aves sob mais tensão do que necessário;

• Tentar capturar apenas se puder fazer isto rápida e efetivamente;

• Segurar a ave com as duas mãos e com as asas dobradas;

• Colocar a ave em uma caixa de papelão com tampa revestida com material absorvente. A caixa deve ter furos de ventilação adequados para evitar que a ave fique superaquecida e permitir a dissipação dos vapores do óleo;

• Não enrolar nada ao redor da ave – pode ficar muito quente e muito tensa;

• Nunca prender os bicos. Algumas aves (por exemplo, ganso patola) respiram através de seus bicos porque não possuem orifícios de nariz;

• É muito importante levar as aves para a estação de limpeza logo que possível. Avisar onde e quanto a ave foi capturada;

• Manter um registro de todas as aves capturadas e enviar para a estação de limpeza.

Anotar as espécies se possível.

Page 204: Apostila Imo First Responder As

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202

LIMPEZA E REABILITAÇÃO DAS AVES COBERTAS COM ÓLEO

Os centros das organizações de limpeza de aves devem sempre ser deixados para os

especialistas treinados e experientes. Os voluntários podem ser treinados pelos mesmos para

realizar determinadas tarefas.

TRATAMENTO DAS AVES MORTAS COBERTAS COM ÓLEO

• Coletar as aves mortas e colocar em sacos plásticos lacrados (uma ave por saco) e

manter em armazenagem fria (de preferência um freezer).

• Manter registros dos números, locais (onde e quando encontradas), nome do coletor,

e espécie – se conhecida.

• Descartar somente após acordo com as autoridades pertinentes.

ESPECIALISTAS E ORGANIZAÇÕES DE LIMPEZA DE AVES

Existem organizações voluntárias e profissionais em muitos países que são treinadas e

experientes na captura, limpeza e reabilitação de aves cobertas com óleo. Algumas destas

desenvolveram técnicas padronizadas altamente científicas e protocolos com as quais podem

ser obtidas altas taxas de sucesso na reabilitação.

A chance de uma operação ser bem sucedida aumenta se a função destas organizações está

totalmente integrada no plano geral de resposta ao óleo. Os canais de contatos para estas

organizações, portanto, devem ser informados nos planos de contingências locais e nacionais.

REFERÊNCIAS PARA LEITURA ADICIONAL

Série de Relatórios IPIECA, Volume 13: "Guidelines for oiled wildlife response planning"

(2004);

Este relatório contém referência os protocolos e melhores práticas publicadas, web sites e

organizações profissionais. (http:/www.ipieca.org/publications/oilspill.html).

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203

APÊNDICE I – NECESSIDADES DE EQUIPAMENTOS: OPERAÇÃO DE CONTROLE E LIMPEZA DE

DERRAMAMENTO NA COSTA

Para operações de alívio:

- Bombas

- Navios tanque e barcaças costeiras

- Cercas

- Boias

- Mangueiras

- Geradores de gás inerte

- Equipamentos de aquecimento (se necessário)

- Transmissores/receptores de rádio

Para contenção:

- Barreiras

- Rebocadores

Para fornecimento de combustíveis:

- Caminhões tanque

- Taques de armazenagem intermediária

- Bombas

- Filtros (obrigatório para todo reabastecimento de aeronaves incluindo

helicópteros)

Para bombear o óleo para a costa:

- Bombas

- Botes

- Cercas

- Mangueiras com acessórios de flutuação

- Equipamentos de aquecimento (se necessário)

- Instalações de recepção na costa

- Transmissores/receptores de rádio

Para aplicação de produtos químicos de tratamento:

- Recipientes

- Equipamentos de aspersão

- Botes e/ou aeronaves

- Bombas de transferência

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204

Para vigilância de derramamento:

- Dispositivo para medir e registrar a velocidade e direção do vento

(anemômetro)

- Explosímetros

- Recipientes para amostragem (vidro, aço inoxidável ou Teflon)

- Câmeras fotográficas (filme a ser comprado depois de estabelecer a base)

- Equipamentos de Vídeo e filme

Disposições gerais:

- Roupas de proteção para todos (incluindo botas e luvas), roupas de reserva

- Material de limpeza, tecidos, sabão, detergentes, escovas

- Equipamentos para limpar as roupas, máquinas, etc., com jatos de água

quente

- Sacos plásticos (serviço pesado) para coleta de resíduos oleosos

- Folhas plásticas para serviço pesado e feltro para áreas de armazenagem

especialmente para revestimento de poços de armazenagem temporária

- Pás, enxadas, raspadores, baldes, forcados,

- Cordas e cabos

- Âncoras, boias

- Lâmpadas e geradores portáteis

- Apitos

- Material de primeiros socorros

Equipamentos especiais que podem ser necessários:

- Botes de trabalho

- Caminhões/carros (tração nas quatro rodas)

- Transmissores/receptores de rádio

- Oficinas/instalações de reparos

- Tratores, raspadores mecânicos e equipamentos de terraplenagem similares

- Caminhões a vácuo

- Carretas Tanque

- Coletes Salva-vidas

- Explosímetro

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205

APÊNDICE II– RESUMO DOS MÉTODOS DE LIMPEZA DA COSTA

Técnica de limpeza Descrição Uso primário das

técnicas

Exigências de

acesso Efeitos físicos Efeitos biológicos

TÉCNICAS DE BOMBEAMENTO E RECOLHIMENTO Poço e Bomba/

Skimmer Óleo coletado em um poço conforme se move para baixo

na praia, e removido com uma bomba ou skimmer.

Usado nas praias de areia e lodo firme

com acúmulo pesado de óleo.

Estrada de acesso ou aterrissagem na

praia para armazenagem e remoção do óleo

coletado.

Exige escavação do poço até 1 m de

profundidade; não remove todos os traços de óleo.

Remove organismos no local do poço; efeitos potenciais do óleo deixado na costa;

recuperação depende da persistência do óleo

remanescente. Caminhões de vácuo Caminhão levado

até o poço ou local de recuperação do óleo, óleo recolhido com mangueira de

vácuo.

Usado para recuperar acúmulos

de óleo de depressões da costa, e quando equipamentos de recolhimento não estão disponíveis.

Estrada de acesso ao local de

recuperação.

Não remove todos os traços de óleo.

Pode remover alguns organismos; efeitos potenciais do óleo deixado na costa;

recuperação depende da persistência do óleo

remanescente.

TÉCNICAS DE LAVAGEM Lavagem de alta

Pressão Jatos de água de

alta pressão removem o óleo do substrato, óleo

direcionado para a área de

recuperação.

Usado para remover camadas de óleo

dos rochedos rochas e estruturas

edificadas pelo homem.

Acesso leve para equipamentos portáteis de

bombeamento e recolhimento.

Pode perturbar a superfície do

substrato; pode transportar o óleo para os sedimentos subsuperficiais.

Remove organismos do substrato; o óleo não

recuperado pode afetar os organismos a jusante a operação de lavagem.

Lavagem de baixa Pressão

A aspersão de água de baixa pressão lava o óleo do substrato, óleo

direcionado para a área de

recuperação.

Usado para lavar óleos não pegajosos das praias de lodo,

pedregulhos, rochedos, estruturas

edificadas pelo homem e vegetação.

Acesso leve para equipamentos portáteis de

bombeamento e recolhimento.

Pouco distúrbio na superfície do

substrato; pode transportar o óleo para os sedimentos subsuperficiais.

Deixa a maioria dos organismos vivos e no

lugar; o óleo não recuperado pode afetar os organismos a jusante a operação de lavagem.

Lavagem com água quente/ limpeza com

vapor

Água aquecida ou vapor usado para remover o óleo do substrato, óleo

direcionado para a área de

recuperação.

Usado para remover revestimento de

óleo dos rochedos, rochas e estruturas

edificadas pelo homem.

Acesso para bombas portáteis; exige

suprimento de água doce.

Adiciona calor na superfície.

Remove os sub-organismos do substrato;

efeito letal nos organismos devido ao

calor; o óleo não recuperado pode afetar os organismos a jusante a operação de lavagem.

Fonte: Model Course, OPRC - Level , 2005.

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206

Técnica de limpeza Descrição Uso primário das

técnicas

Exigências de

Acesso Efeitos físicos Efeitos biológicos

TÉCNICAS DE REMOÇÃO DE SEDIMENTOS Pá carregadeira A pá carregadeira

recolhe o material diretamente da praia.

Usado nas praias de lodo, areia, e cascalho onde a penetração do óleo é

moderada e a contaminação de óleo é leve a moderada; pás

carregadeiras com pneus de borracha são preferidas sobre as de esteira porque

são mais rápidas e minimizam os distúrbios na superfície da praia; as pás

carregadeiras são o método preferido para

remover cascalho oleoso.

Acesso para equipamentos pesados; capacidade de tráfego razoável a boa para a pá carregadeira na

praia.

Remove 10 a 25 cm da praia; a redução da estabilidade da praia pode resultar em erosão e retração

da praia.

Remove organismos enterrados rasos e

profundos; a restabilização do substrato pode ser

lenta.

Trator Bulldozer O trator Bulldozer empurra os sedimentos

Contaminados em pilhas para remoção

com as pás carregadeiras.

Usado nas praias de areia grossa, cascalho e pedregulho onde a

penetração do óleo é profunda, a contaminação por óleo é extensa e a

capacidade de tráfego na praia é deficiente.

Acesso para equipamentos pesados capacidade de tráfego razoável a boa para a pá carregadeira na

praia.

Remove 15 a 50 cm da praia; a perda da estabilidade da praia pode resultar em erosão grave e

retração da praia.

Remove todos os organismos;

desestabilização do substrato e a repopulação

da fauna será extremamente lenta.

Fonte: Model Course, OPRC - Level , 2005.

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207

Técnica de limpezas Descrição Uso primário

das técnicas

Exigências de

acesso Efeitos físicos Efeitos biológicos

TÉCNICAS DE REMOÇÃO DE SEDIMENTOS Moto-niveladora A nivelação com água

forma pilhas de óleo e sedimento oleoso para recolhimento com uma niveladora de elevação.

Usado nas praias de areia e cascalho onde penetração

do óleo é menos de 3 cm.

acesso para equipamentos pesados; boa capacidade de

tráfego na praia.

Remove somente os 3 cm superiores da

praia.

Remove organismos enterrados rasos;

recolonização provável muito rapidamente após a recuperação natural do substrato

Niveladora de Elevação Recolhe o material contaminado diretamente

da praia.

Usado nas praias de areia e cascalho onde penetração

do óleo é menos de 3 cm; também usado para

recuperar bolas de piche e pontos isolados de óleo intemperizado.

Acesso para equipamentos pesados; boa capacidade de

tráfego na praia.

Remove 3 a 10 cm superiores da praia; redução menor da

estabilidade da praia pode provocar erosão e

retração da praia.

Remove organismos enterrados rasos e

profundos; a reestabilização do substrato pode ser lenta; recolonização

provável muito rapidamente após a

recuperação natural do substrato.

Niveladora/pá carregadeira A niveladora a motor forma pilhas de material contaminado para coleta pela pá carregadeira.

praias de areia e cascalho onde

penetração do óleo é menos de 3 cm

Acesso para equipamentos pesados; boa capacidade de

tráfego na praia.

Remove somente os 3 cm superiores da praia.

Remove organismos enterrados rasos re-colonização provável muito rapidamente após a recuperação natural do substrato.

Retroescavadeira Opera no topo do banco ou praia para remover o

sedimento contaminado e carregar nos caminhões

Usada para remover

sedimentos contaminados de bancos íngremes

Acesso para equipamentos

pesados e substrato estável no topo do

banco

Remove 25 a 50 cm da praia; a perda da

estabilidade da praia pode provocar erosão grave e retração da

praia

Remove todos os organismos;

restabilização do substrato e

repopulação da fauna serão extremamente

lentos. Drag Line ou caçamba Opera no topo da área

contaminada para remover os sedimentos de óleo.

Usado nas praias de areia, cascalho e pedregulho muito

oleosas onde a baixa capacidade de tráfego não permite o uso de equipamentos com

esteiras.

Acesso para equipamentos

pesados para a área de operação; alcance dos

equipamentos cobre a área contaminada.

Remove 25 a 50 cm da praia; a perda da

estabilidade da praia pode provocar erosão grave e retração da

praia.

Remove todos os organismos;

restabilização do substrato e

repopulação da fauna serão extremamente

lentos.

Fonte: Model Course, OPRC - Level , 2005.

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Técnica de limpeza Descrição Uso primário das técnicas

Exigências de acesso

Efeitos físicos Efeitos biológicos

TÉCNICAS DE BIODEGRADAÇÃO Recuperação natural Óleo deixado degradando

naturalmente. Usado em praias de alta energia onde a ação das ondas remove a maior parte do óleo em tempo breve; também usado onde a limpeza ativa provocaria

efeitos inaceitáveis.

Nenhum Pode não remover todos os traços de óleo; o óleo pode

contaminar área limpas anteriormente; pode

exigir tempo prolongado para recuperação substancial.

Efeito da contaminação de óleo estendido devido a

remoção mais lenta do óleo; recuperação

biológica similarmente atrasada.

Biodegradação Recuperação natural melhorada com a adição

de nutrientes e/ou bactérias.

Praias provavelmente oleosas; como passo final após

outros esforços de limpeza; também usado onde a limpeza ativa

provocaria efeitos inaceitáveis.

Equipamentos e materiais podem ser

carregados e aplicados

manualmente.

Pode não remover todos os traços de óleo; o óleo pode

contaminar área limpas anteriormente; pode

exigir tempo prolongado para recuperação substancial.

Efeito da contaminação de óleo estendido devido à

remoção mais lenta do óleo; recuperação

biológica similarmente atrasada.

Fonte: Model Course, OPRC - Level , 2005.