apostila i - estatuto da criança e do adolescente

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Direito da Criança e do Adolescente e ECA Tema: Introdução ao Direito da Criança e do Adolescente Introdução: O Direito da Criança e do Adolescente é um novo ramo do Direito, tem apenas 20 anos. Ele representa a disciplina das relações jurídicas entre crianças e adolescentes de um lado e, de outro a família, a sociedade e o Estado. O art. 227 CF é o fundamento constitucional do Direito da Criança e do Adolescente: Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade , o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. § 1º - O Estado promoverá programas de assistência integral à saúde da criança e do adolescente, admitida a participação de entidades não governamentais e obedecendo os seguintes preceitos: I - aplicação de percentual dos recursos públicos destinados à saúde na assistência materno-infantil; II - criação de programas de prevenção e atendimento especializado para os portadores de deficiência física, sensorial ou mental, bem como de integração social do adolescente portador de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a convivência, e a facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de preconceitos e obstáculos arquitetônicos. § 2º - A lei disporá sobre normas de construção dos logradouros e dos edifícios de uso público e de fabricação de veículos de transporte coletivo, a fim de garantir acesso adequado às pessoas portadoras de deficiência. § 3º - O direito a proteção especial abrangerá os seguintes aspectos: I - idade mínima de quatorze anos para admissão ao trabalho, observado o disposto no art. 7º, XXXIII; II - garantia de direitos previdenciários e trabalhistas;

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Apostila de ECA

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Page 1: Apostila I - Estatuto Da Criança e Do Adolescente

Direito da Criança e do Adolescente e ECA

Tema: Introdução ao Direito da Criança e do Adolescente

Introdução:O Direito da Criança e do Adolescente é um novo ramo do Direito, tem apenas 20 anos. Ele

representa a disciplina das relações jurídicas entre crianças e adolescentes de um lado e, de outro a família, a sociedade e o Estado.

O art. 227 CF é o fundamento constitucional do Direito da Criança e do Adolescente:

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.§ 1º - O Estado promoverá programas de assistência integral à saúde da criança e do adolescente, admitida a participação de entidades não governamentais e obedecendo os seguintes preceitos:I - aplicação de percentual dos recursos públicos destinados à saúde na assistência materno-infantil;II - criação de programas de prevenção e atendimento especializado para os portadores de deficiência física, sensorial ou mental, bem como de integração social do adolescente portador de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a convivência, e a facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de preconceitos e obstáculos arquitetônicos.§ 2º - A lei disporá sobre normas de construção dos logradouros e dos edifícios de uso público e de fabricação de veículos de transporte coletivo, a fim de garantir acesso adequado às pessoas portadoras de deficiência.§ 3º - O direito a proteção especial abrangerá os seguintes aspectos:I - idade mínima de quatorze anos para admissão ao trabalho, observado o disposto no art. 7º, XXXIII;II - garantia de direitos previdenciários e trabalhistas;III - garantia de acesso do trabalhador adolescente à escola;IV - garantia de pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, igualdade na relação processual e defesa técnica por profissional habilitado, segundo dispuser a legislação tutelar específica;V - obediência aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, quando da aplicação de qualquer medida privativa da liberdade;VI - estímulo do Poder Público, através de assistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios, nos termos da lei, ao acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou adolescente órfão ou abandonado;VII - programas de prevenção e atendimento especializado à criança e ao adolescente dependente de entorpecentes e drogas afins.§ 4º - A lei punirá severamente o abuso, a violência e a exploração sexual da criança e do adolescente.§ 5º - A adoção será assistida pelo Poder Público, na forma da lei, que estabelecerá casos e condições de sua efetivação por parte de estrangeiros.§ 6º - Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.§ 7º - No atendimento dos direitos da criança e do adolescente levar-se- á em consideração o disposto no art. 204.

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Aqui temos um dever fundamental da família, sociedade e Estado. Poucos doutrinadores tratam de dever, só se ouve falar em direitos. Isto é um resquício histórico.

Apesar de discutido, prevalece que o Direito da Criança e do Adolescente não é nem ramo do direito público nem privado. Ele é um direito misto, pois contém disposições de direito público e do direito privado.

Modelo da Proteção integral:O ECA trouxe o modelo da proteção integral (Direito da Criança e do Adolescente) substituiu o

então vigente modelo situação irregular (Direito do Menor ou Menorista).No Direito do Menor o menor era objeto de proteção. No Direito da Criança e do Adolescente

(proteção integral), a criança e o adolescente são direitos de direitos e obrigações.Em 1959, a Declaração dos Diretos da Criança iniciou a proteção infanto-juvenil. Em 1979, o

Código de Menores tutelava a criança e o adolescente. Mas foi só em 1990, com o ECA que se conseguiu mudar este paradigma.

Este modelo instituiu que crianças e adolescentes são sujeitos de direitos e, ainda, que são pessoas em desenvolvimento as quais precisam se igualar. Assim, elas têm os mesmos direitos dos adultos e outros direitos que lhe são próprios.

Há a desjudicialização do atendimento, pela qual questões relativas à carências devem não deveriam ser resolvidas no âmbito do Poder Judiciário.

Na CF, só em seu art. 277 que se fala em prioridade absoluta. O ECA e o Estatuto do Idoso repetiram este termo. Deste modo, trata-se da prioridade das prioridades.

Proteção integral é o modelo de tratamento da criança e do adolescente adotado pelo Brasil que tem como fonte normativa a CF, convenção sobre os direitos da criança da ONU e o ECA. Por este modelo, a criança deixou de ser objeto de proteção passando a ter direitos tutelados. A proteção integral leva em consideração o fato de que criança e adolescente são pessoas em desenvolvimento, que gera um desequilíbrio corrigido com a previsão de direitos especiais a estas pessoas.

Cabe ACP, AP, MI tudo para tutelar interesses menoris.

Modelo da situação irregular:Menor era quem estava em situação irregular, ou seja, a criança abandonada, a que praticava

atos ilícitos e, como ela era objeto de proteção, o Estado podia fazer o que quisesse para “protegê-los”, sem limites.

A institucionalização era a regra. Qualquer motivo bastava para institucionalizar a criança. O ECA transformou esta institucionalização em exceção.

O juiz de menores tinha muita influência na sorte das famílias (judicialização do atendimento).

Trajetória dos documentos internacionais de proteção aos direitos humanos de crianças e adolescentes:

Tutela coletiva nasce com esta proteção, o direito do trabalho é contemporâneo daqui também.Em 1919, uma série de Convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT) que se

iniciaram com a abordagem a idade mínima para o exercício de laborais por crianças e adolescentes.Em 1924, a Declaração de Genebra, embalada pela organização “Salve as crianças”, que

protegia as crianças abandonadas em razão da guerra, estabeleceu a vulnerabilidade das crianças, apesar de não ter atribuído a condição de sujeito de direitos. Estes enunciados não tinham coercibilidade e foram escritos e aprovados pela antiga Liga das Nações.

Nos EUA, as crianças eram acorrentadas e vigorava a máxima de explorá-las ao máximo pois duravam pouco.

Em 1959, a Declaração dos Direitos da Criança, que já tinha influência da Declaração dos Direitos do Homem, passou a considerar a criança como um sujeito de direitos (início da proteção integral).

Em 1989, a Convenção dos Direitos da Criança e do Adolescente, cerne da doutrina da proteção integral, reiterou que a criança é sujeito de direitos.

Page 3: Apostila I - Estatuto Da Criança e Do Adolescente

Convenção dos Direitos da Criança:Foi o tratado de direitos humanos com o maior número de ratificações. Por ele, considera-se

criança a pessoa com até 18 anos, não diferenciando criança de adolescente.Não obstante a indicação da idade, o art. 1º da Convenção ressalva a possibilidade de que cada

país possa prever idade diferente da indicada (esse foi o motivo de tamanha adesão).Como esta Convenção não foi suficiente para ratar de todos os temas envolvendo crianças e

adolescentes, existem os protocolos:Protocolos facultativos à Convenção (foram ratificados pelo Brasil):- Protocolo sobre os direitos da criança relativo à venda de criança, prostituição e pornografias

infantis (contra a venda, abuso e exploração de crianças);- Protocolo contra a participação de crianças em forças armadas.Geralmente, estes protocolos trazem sistemas de controle da efetivação dos direitos humanos

(relatórios, petições etc). Aqui só se previu o sistema de relatórios que foi seguido pela Convenção.Existe também a Convenção de Haia em matéria de cooperação na adoção internacional e

também sobre os aspectos civis do seqüestro internacional de crianças (só falta os EUA e a Somália ratificarem).

Por esta Convenção existem autoridades centrais cooperam umas com as outras em matéria de adoção internacional (lisura e boa-fé) de modo que há a autoridade central do país de origem e a autoridade central do país de acolhida. Isto preserva a lisura da adoção internacional e resguarda a legislação de cada país.

Convenção de Haia sobre os aspectos civis da subtração de criançasCada país tem uma autoridade central que tratará do procedimento.No Brasil, a autoridade central é a Secretaria Especial dos Direitos Humanos, ligada à

Presidência da República. Uma vez acionada, ela invoca a AGU que, por sua vez, propõe a Ação de Busca e Apreensão para dar cumprimento à Convenção (compete à Justiça Federal).

Esta convenção, para todos os efeitos, considera criança toda pessoa com até 16 anos de idade (diferente da Convenção da ONU que considera criança a pessoa até 18 anos).

Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA (Lei 8069/90)O ECA é dividido em dois livros: Parte geral e Parte Especial.Na Parte Geral (arts. 1º/85) são tratados os direitos fundamentais da criança e do adolescente,

bem como a forma de interpretação destas normas.Na Parte Especial (arts. 86/267) temos a política de atendimento voltada à infância e juventude.O ECA introduziu conceitos especiais no ordenamento jurídico:- Criança é a pessoa de até 12 anos incompletos.* Não está sujeita à Ação Sócio-Educativa.* Não precisa consentir com a adoção, embora deva ser ouvida sempre que possível.* Há situações que precisam de autorização judicial para viajar em território nacional.

- Adolescente é a pessoa entre 12 e 18 anos incompletos.* Está sujeito à Ação Sócioeducativa, na qual se apura o ato infracional (autoria e materialidade)

e se possibilita a aplicação de uma medida jurídica (medida sócioeducativa e/ou medida protetiva).* Precisa consentir com sua adoção.* Nunca necessita de autorização judicial para viajar em território nacional.

Excepcionalmente, o ECA pode ser aplicado às pessoas que possuam entre 18 e 21 anos. É o caso dos adolescentes que praticaram ato infracional mas que venham cumprir a medida sócioeducativa sem que tenham completado a maioridade. Completados os 21 anos, extingue-se a medida sócioeducativa.

* OBS.: O maior de 18 anos e menor de 21 anos que comete crime dentro do estabelecimento reeducacional em que está cumprindo medida sócioeducativa está sujeito ao Código Penal e não mais ao ECA.

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Ato infracionalAntes de mais nada, devemos considerar três documentos internacionais:

- Diretrizes de Riad: direcionamentos para a prevenção da delinqüência juvenil.

- Regras de Beijing: regras mínimas da ONU para administração da Justiça Especializada da Infância e Juventude.

- Regras de Tóquio: regras mínimas da ONU para proteção dos jovens privados de liberdade.

Primeiro se previne (Diretrizes de Riad). Não sendo possível, pune-se com a Justiça (Regras de Beijing). Se, ainda assim não surtir efeito, priva-se a liberdade (Regras de Tóquio).

Estes três documentos unidos formam a doutrina da ONU para a proteção integral da criança e do adolescente.

O estudo do ato infracional deve partir do art. 228 CF:

Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial.

Trata-se da garantia da inimputabilidade.É uma cláusula pétrea sim, um direito fundamental e, portanto, imodificável.Disso, decorrem três conseqüências:

1) Crianças e adolescentes estão sujeitos a uma lei especial ao praticarem ato ilícito (ECA);2) Crianças e adolescentes estão sempre sujeitos a um juízo especial, isto é, a Vara da Infância e Juventude (*Só o adolescente está sujeito a Ação Sócioeducativa!);3) Crianças e adolescentes estão sujeitos a um processo especial (Ação Sócioeducativa) e a uma resposta diferenciada (possibilidade de aplicação de uma medida sócioeducativa e/ou medida protetiva).

Criança pode praticar ato infracional sim e não se trata de desvio de conduta. Acontece que por não se sujeitar a uma Ação Sócioeducativa, ela acabará que sendo encaminhada ao Conselho Tutelar que poderá adotar uma medida protetiva.

Ato infracional é a conduta prevista na lei como crime ou contravenção penal praticada por criança ou adolescente. Adota-se o Princípio da Tipicidade Delegada, pelo qual o ECA se vale da lei penal para a definição dos tipos penais (tipicidade, nexo e resultado).

Tema: direitos fundamentais da criança e do adolescente

Direitos fundamentais da criança e do adolescente:

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.§ 1º - O Estado promoverá programas de assistência integral à saúde da criança e do adolescente, admitida a participação de entidades não governamentais e obedecendo os seguintes preceitos:I - aplicação de percentual dos recursos públicos destinados à saúde na assistência materno-infantil;

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II - criação de programas de prevenção e atendimento especializado para os portadores de deficiência física, sensorial ou mental, bem como de integração social do adolescente portador de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a convivência, e a facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de preconceitos e obstáculos arquitetônicos.§ 2º - A lei disporá sobre normas de construção dos logradouros e dos edifícios de uso público e de fabricação de veículos de transporte coletivo, a fim de garantir acesso adequado às pessoas portadoras de deficiência.§ 3º - O direito a proteção especial abrangerá os seguintes aspectos:I - idade mínima de quatorze anos para admissão ao trabalho, observado o disposto no art. 7º, XXXIII;II - garantia de direitos previdenciários e trabalhistas;III - garantia de acesso do trabalhador adolescente à escola;IV - garantia de pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, igualdade na relação processual e defesa técnica por profissional habilitado, segundo dispuser a legislação tutelar específica;V - obediência aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, quando da aplicação de qualquer medida privativa da liberdade;VI - estímulo do Poder Público, através de assistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios, nos termos da lei, ao acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou adolescente órfão ou abandonado;VII - programas de prevenção e atendimento especializado à criança e ao adolescente dependente de entorpecentes e drogas afins.§ 4º - A lei punirá severamente o abuso, a violência e a exploração sexual da criança e do adolescente.§ 5º - A adoção será assistida pelo Poder Público, na forma da lei, que estabelecerá casos e condições de sua efetivação por parte de estrangeiros.§ 6º - Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.§ 7º - No atendimento dos direitos da criança e do adolescente levar-se- á em consideração o disposto no art. 204.

Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial.

Os direitos fundamentais da criança e do adolescente estão previstos nestes dois artigos e em outro mais.

Marta de Toledo Machado diz que estes direitos são possuidores de natureza especial em vista de dois aspectos:

- Quantitativo: crianças e adolescentes mais direitos que os adultos.- Qualitativo: prioridade absoluta na implementação destes direitos (art. 4º, PU ECA).

Art. 4º, Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública;c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas;d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude.

* A prioridade absoluta advém do superior interesse da criança (princípio implícito nas normas constitucionais e na Convenção Internacional dos Direitos da Criança e do Adolescente).

- Superior interesse:

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- Adoção por pessoa ou casal homoafetivo;- Implementação de direito fundamental à convivência familiar;

- Maternidade socioafetiva, afeto, cuidado;- Em outras situações razoáveis;- Não cabe reserva do possível;- O MP pode ingressar com ACP para defender interesses de UMA só criança;

O arts. 15/18 ECA trazem os direitos à liberdade, respeito e dignidade:

Capítulo IIDo Direito à Liberdade, ao Respeito e à DignidadeArt. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis.

Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes aspectos:I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas as restrições legais;II - opinião e expressão;III - crença e culto religioso;IV - brincar, praticar esportes e divertir-se;V - participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação;VI - participar da vida política, na forma da lei;VII - buscar refúgio, auxílio e orientação.

Aqui o termo “liberdade” significa várias formas de liberdades.A primeira delas é a de ir, vir e estar em todos os lugares (I). O MP tem legitimidade para

ingressar com HC em favor de criança e adolescente.* Constitucionalidade do “Toque de recolher” (o Juiz da Vara da Infância e Juventude fixa um

horário para o trânsito de crianças e adolescentes desacompanhados de seus pais):1) É constitucional em razão da proteção integral e do dever do Poder Público de proteger de

qualquer forma de negligência (Dalmo Dallari).2) É inconstitucional por se tratar de uma limitação indevida do direito de ir e vir e porque o art.

149 ECA não autoriza competência genéricas ao juiz, somente casuísticas (CONANDA e maioria doutrinária).

Primeiramente, o CNJ decidiu pela legalidade, mas não conheceu o mérito por se tratar da natureza jurisdicional da determinação judicial do toque de recolher. Deste modo, cabe MS em função da ilegalidade do ato judicial. O art. 199 ECA diz que cabe Apelação contra as decisões fundadas no art. 149 ECA. Porém, pela dificuldade de seu processamento, é melhor usar MS. Cabe também, uma ACP contra o ato judicial.

O toque de recolher deve ser implementado pelo Legislativo. Em caso de omissão, o juiz pode decretá-lo independente de provocação jurisdicional com base no ativismo judicial, neoprocessualismo e neoconstitucionalismo.

A participação política do adolescente (VI) pode ser retratada na resolução do TSE que determina medidas para que possam votar os adolescentes em cumprimento de medidas sócio-educativa nos centros de internação, assim como ocorrerá com os presos provisórios.

Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, idéias e crenças, dos espaços e objetos pessoais.

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O direito ao respeito visa, principalmente, afastar a criança e o adolescente do abuso sexual, que são de dois modos:

- Violência sexual: - Exploração sexual:

- Prostituição infantil: - Pornografia infantil: - Tráfico infantil: - Turismo sexual:

Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.

Velar pelo respeito à criança e ao adolescente é dever fundamental de todos.

Direito fundamental à convivência familiar e comunitária (art. 19 e ss ECA – inserido pela Lei 12.010/09 (“Lei Nacional de Adoção”):

Art. 19. Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substâncias entorpecentes.§ 1o  Toda criança ou adolescente que estiver inserido em programa de acolhimento familiar ou institucional terá sua situação reavaliada, no máximo, a cada 6 (seis) meses, devendo a autoridade judiciária competente, com base em relatório elaborado por equipe interprofissional ou multidisciplinar, decidir de forma fundamentada pela possibilidade de reintegração familiar ou colocação em família substituta, em quaisquer das modalidades previstas no art. 28 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência§ 2o  A permanência da criança e do adolescente em programa de acolhimento institucional não se prolongará por mais de 2 (dois) anos, salvo comprovada necessidade que atenda ao seu superior interesse, devidamente fundamentada pela autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência§ 3o  A manutenção ou reintegração de criança ou adolescente à sua família terá preferência em relação a qualquer outra providência, caso em que será esta incluída em programas de orientação e auxílio, nos termos do parágrafo único do art. 23, dos incisos I e IV do caput do art. 101 e dos incisos I a IV do caput do art. 129 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) VigênciaArt. 20. Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.Art. 21. O pátrio poder poder familiar será exercido, em igualdade de condições, pelo pai e pela mãe, na forma do que dispuser a legislação civil, assegurado a qualquer deles o direito de, em caso de discordância, recorrer à autoridade judiciária competente para a solução da divergência. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009)   VigênciaArt. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais.Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não constitui motivo suficiente para a perda ou a suspensão do pátrio poder poder familiar. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência

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Parágrafo único. Não existindo outro motivo que por si só autorize a decretação da medida, a criança ou o adolescente será mantido em sua família de origem, a qual deverá obrigatoriamente ser incluída em programas oficiais de auxílio.Art. 24. A perda e a suspensão do pátrio poder poder familiar serão decretadas judicialmente, em procedimento contraditório, nos casos previstos na legislação civil, bem como na hipótese de descumprimento injustificado dos deveres e obrigações a que alude o art. 22. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência

Por se tratar de família, a criança e o adolescente, preferencialmente, permanecerá em sua família natural. O Poder Público deve investir na família natural, pois, segundo a Lei 12.010/09, a retirada dela só poderá ser feita pelo juiz e de modo excepcional, garantido o contraditório e ampla defesa (art. 153, PU ECA).

A criança/adolescente será encaminhada, provisoriamente, ao acolhimento familiar a qual poderá ter a guarda provisória (preferencialmente) ou ao acolhimento institucional (abrigo). O juiz expede a Guia de Acolhimento determinando o acompanhamento individualizado (a entidade só recebe a criança/adolescente com esta guia, exceto no caso de urgência/emergência – o Conselho Tutelar não pode mais aplicar as medidas de acolhimento familiar ou institucional!).

As entidades elaboram relatórios periódicos (prazo máximo de 6 meses) ao juiz abordando as etapas do plano de acompanhamento individualizado de cada criança/adolescente e que concluirão pela continuidade da medida, pelo retorno da criança/adolescente à família natural ou pela inserção em família substituta.

O art. 226 CF protege a família ao tipificar as entidades familiares.* As uniões homoafetivas se encaixam dentro das entidades familiares atípicas.- Família natural (art. 25 ECA): pais e filhos ou apenas um deles mais seus filhos.

Art. 25. Entende-se por família natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes.

Quanto à origem, a filiação pode decorrer de uma relação biológica ou socioafetiva:- Sócioafetiva (posse do estado de filho) – requisitos:

- Utilizar o nome da família;- Integrar-se à família;- Ser apresentado como integrante da família.

* Nela são produzidos todos os efeitos patrimoniais e pessoais (afeto).- Biológica:A Lei 8560/92 (investigação de paternidade) foi modificada pela Lei 12.010/09 ao

dispensar o procedimento administrativo de investigação da paternidade caso a mãe manifeste a vontade de entregar a criança à adoção.

O reconhecimento da paternidade pode acontecer antes do nascimento da criança e até mesmo após seu falecimento (se ela deixar descendentes).

A Investigação de Paternidade está inserida na “Investigação de Parentalidade” que abrange dentre outras a Declaração de Ascendência Genética, a Negatória de Paternidade etc.

É possível excluir o nome do pai biológico do registro de nascimento da criança para incluir o nome do padrasto em razão da socioafetividade? Maria Berenice Dias entende que não pode, cabendo somente a Declaração de Ascendência Genética

* O art. 1º Lei 12.010/09 prevê o fortalecimento do grupo familiar de origem de modo que nele permaneça a criança/adolescente. Assim, a adoção é dificultada por não ser o objetivo-mor da Lei de Adoção.

- Família extensa (art. 25, PU ECA): engloba outros parentes afetivos, além de pais e filhos.

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Art. 25, Parágrafo único.  Entende-se por família extensa ou ampliada aquela que se estende para além da unidade pais e filhos ou da unidade do casal, formada por parentes próximos com os quais a criança ou adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e afetividade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência

Excetuando avós e irmãos, só os outros parentes podem adotar.A família extensiva pode vir a se tornar uma família substituta.

- Família substituta (arts. 28/32 ECA): para os casos de guarda, tutela e adoção.a) Normas gerais:> Princípios da Oitiva Obrigatória e Participação da Criança e Adolescente (art. 28, §1º ECA):

Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á mediante guarda, tutela ou adoção, independentemente da situação jurídica da criança ou adolescente, nos termos desta Lei.§ 1o  Sempre que possível, a criança ou o adolescente será previamente ouvido por equipe interprofissional, respeitado seu estágio de desenvolvimento e grau de compreensão sobre as implicações da medida, e terá sua opinião devidamente considerada. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência§ 2o  Tratando-se de maior de 12 (doze) anos de idade, será necessário seu consentimento, colhido em audiência. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência

> Grupos de irmão serão colocados, primordialmente, na mesma família.

> A inserção de crianças indígenas em família substituta precisa de intervenção da FUNAI. Preferencialmente, deverá ser uma família da mesma comunidade indígena.

b) Guarda (arts. 33/35 ECA):

Art. 33. A guarda obriga a prestação de assistência material, moral e educacional à criança ou adolescente, conferindo a seu detentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais. (Vide Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência§ 1º A guarda destina-se a regularizar a posse de fato, podendo ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos procedimentos de tutela e adoção, exceto no de adoção por estrangeiros.§ 2º Excepcionalmente, deferir-se-á a guarda, fora dos casos de tutela e adoção, para atender a situações peculiares ou suprir a falta eventual dos pais ou responsável, podendo ser deferido o direito de representação para a prática de atos determinados.§ 3º A guarda confere à criança ou adolescente a condição de dependente, para todos os fins e efeitos de direito, inclusive previdenciários.§ 4o  Salvo expressa e fundamentada determinação em contrário, da autoridade judiciária competente, ou quando a medida for aplicada em preparação para adoção, o deferimento da guarda de criança ou adolescente a terceiros não impede o exercício do direito de visitas pelos pais, assim como o dever de prestar alimentos, que serão objeto de regulamentação específica, a pedido do interessado ou do Ministério Público. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)   VigênciaArt. 34.  O poder público estimulará, por meio de assistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios, o acolhimento, sob a forma de guarda, de criança

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ou adolescente afastado do convívio familiar. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência§ 1o  A inclusão da criança ou adolescente em programas de acolhimento familiar terá preferência a seu acolhimento institucional, observado, em qualquer caso, o caráter temporário e excepcional da medida, nos termos desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)§ 2o  Na hipótese do § 1o deste artigo a pessoa ou casal cadastrado no programa de acolhimento familiar poderá receber a criança ou adolescente mediante guarda, observado o disposto nos arts. 28 a 33 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) VigênciaArt. 35. A guarda poderá ser revogada a qualquer tempo, mediante ato judicial fundamentado, ouvido o Ministério Público.

A Guarda se destina a regularizar uma situação de fato.Ela é sempre provisória e pode ser revisada em função do superior interesse, já que se trata de

uma relação jurídica continuativa (mudança da situação de fato). A sentença faz coisa julgada material.A Guarda decorre de duas hipóteses:- do exercício do poder familiar (dever de guarda dos pais):

- aos pais.- a um dos pais.- compartilhada (ambos realizam a guarda conjuntamente).* ≠ da guarda alternada na qual cada um tem a guarda por um período.

- da colocação em família substituta:Também tratada no art. 1584, §5º CC/02 e tem as seguintes modalidades:

- Objeto principal do processo: pode ser deferido o direito de representação.- Atender uma situação especial.- Ausência momentânea dos pais.

- Requerida incidentalmente no processo: - Tutela.- Adoção.

* O art. 33 §3º ECA diz que a Guarda confere a condição de dependente à criança e ao adolescente para todos os fins de direitos, inclusive, previdenciários. Porém, o art. 16, §2º Lei 8213/91 foi alterado pela Lei 9528/97 para não mais considerar. Em princípio, o STJ aplicava o ECA, mas modificou sua jurisprudência passou a aplicá-lo somente nos óbitos até 1997 (ano da modificação). Logo, agora só se emprega a Lei 8213/91. No ED RE 844.598, a TNU decidiu contrariamente ao STJ, o que gerou Incidente 7436 no STJ o qual está pendente de julgamento (ver ED RE 727.716/CE).

* No caso de acolhimento institucional, a guarda da criança/adolescente fica com o dirigente (representante) de tal entidade.

* No caso de acolhimento familiar, a guarda da criança/adolescente pode ou não ficar com a família.

Tema: Colocação em família substituta

c) Tutela:É uma forma de colocação em família substituta que além de regularizar a pose de fato da

criança e do adolescente, também confere o direito de representação ao tutor.Pressupõe a suspensão/perda do poder familiar.

Page 11: Apostila I - Estatuto Da Criança e Do Adolescente

O antigo art. 37 ECA previa a especialização da hipoteca legal. Sua nova redação deixou de exigi-la no ECA e, em contrapartida, houve sua substituição por uma caução, nos termos do art. 1745, PU CC/02:

Art. 1.745. Os bens do menor serão entregues ao tutor mediante termo especificado deles e seus valores, ainda que os pais o tenham dispensado.Parágrafo único. Se o patrimônio do menor for de valor considerável, poderá o juiz condicionar o exercício da tutela à prestação de caução bastante, podendo dispensá-la se o tutor for de reconhecida idoneidade.

Assim, caberá caução quando o patrimônio da criança ou do adolescente for de valor considerável e, ainda assim poderá ser dispensada se reconhecida a idoneidade moral do tutor.

O art. 2040 CC/02 diz que as hipotecas instituídas antes do CC/02 podem ser canceladas desde que substituídas por uma caução:

Art. 2.040. A hipoteca legal dos bens do tutor ou curador, inscrita em conformidade com o inciso IV do art. 827 do Código Civil anterior, Lei n o

3.071, de 1 o de janeiro de 191 6, poderá ser cancelada, obedecido o disposto no parágrafo único do art. 1.745 deste Código.

A tutela testamentária também é prevista como uma espécie de tutela instituída por vontade dos pais, valendo-se de um ato de disposição de última vontade (testamento, codicilo etc).

O tutor nomeado deverá ingressar com ação após 30 dias da abertura da sucessão (após a morte dos instituidores) com a finalidade de regularizar a tutela (art. 36 ECA):

Art. 36.  A tutela será deferida, nos termos da lei civil, a pessoa de até 18 (dezoito) anos incompletos. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) VigênciaParágrafo único. O deferimento da tutela pressupõe a prévia decretação da perda ou suspensão do pátrio poder poder familiar e implica necessariamente o dever de guarda. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência

Art. 37.  O tutor nomeado por testamento ou qualquer documento autêntico, conforme previsto no parágrafo único do art. 1.729 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil, deverá, no prazo de 30 (trinta) dias após a abertura da sucessão, ingressar com pedido destinado ao controle judicial do ato, observando o procedimento previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) VigênciaParágrafo único.  Na apreciação do pedido, serão observados os requisitos previstos nos arts. 28 e 29 desta Lei, somente sendo deferida a tutela à pessoa indicada na disposição de última vontade, se restar comprovado que a medida é vantajosa ao tutelando e que não existe outra pessoa em melhores condições de assumi-la. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência

* OBS.: “Pátrio poder” e “Poder familiar” não são sinônimos. Quando se dizia “pátrio poder” tinha-se a idéia do poder exercido pelo pai somente, poder paterno. O “poder familiar” é exercido igualmente por ambos os genitores. A Lei 12010/09 modificou a menção advinda com a CF/88.

A tutela testamentária não é imediata. A nomeação do tutor nomeado deve ser vantajosa ao tutelando, não existindo outra pessoa mais apta a assumir a tutela. Deve-se ouvir a criança sempre que possível e buscar o consentimento do adolescente, visar o superior interesse da criança e do adolescente. Em suma, é atentar para as disposições gerais para colocação em família substituta (arts. 28/29 ECA)

Page 12: Apostila I - Estatuto Da Criança e Do Adolescente

d) Adoção:No CC/16, a doção atendia aos interesses dos adotantes em detrimento aos interesses dos

adotados. Tanto que os requisitos para adoção era a idade mínima de 50 anos e os adotantes não poderiam possuir prole

Em 1957, a idade mínima foi alterada para 30 anos.Em 1979, o Código de Menores foi aprovado regendo a adoção dos menores de dois modos: a)

adoção plena (rompiam os vínculos familiares) b) adoção simples (não rompiam os vínculos familiares). A adoção dos adultos continuava regida pelo CC/16.

Em 1990, o ECA foi aprovado regendo apenas a adoção plena de criança e adolescente (rompiam os vínculos familiares) necessitando de sentença constitutiva. A adoção dos adultos continuava regida pelo CC/16 que admitia a escritura pública de adoção.

Em 2002, o novo CC passou a exigir sentença constitutiva de adoção na adoção de crianças, adolescente e adultos, abolindo a escritura pública de adoção para estes últimos.

Assim, aplicava-se o CC/02 e o ECA na adoção de crianças e adolescentes prevalecendo a idade mínima de 18 anos do CC/02 em detrimento dos 21 anos do ECA. Para o adulto, aplicava-se o CC/02.

Em 2009, a Lei 12010 dispôs que a adoção de criança e adolescente será regida exclusivamente pelo ECA e, a adoção de adulto também será regida pelo ECA, salvo no que não for compatível (ex.: o adulto não precisa cumprir estágio de convivência etc) – arts. 1618/1619 CC/02:

Art. 1.618.  A adoção de crianças e adolescentes será deferida na forma prevista pela Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência

Art. 1.619.  A adoção de maiores de 18 (dezoito) anos dependerá da assistência efetiva do poder público e de sentença constitutiva, aplicando-se, no que couber, as regras gerais da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência

Isto significa que, enfim a adoção passou a velar pelo melhor interesse da criança e do adolescente (superior interesse) e não mais apenas “dar um filho à pessoa” como antes.

A adoção é uma colocação em família substituta, espécie de medida protetiva (art. 101 ECA) que estabelece parentesco entre adotante e adotado.

A adoção pode ser unilateral ou bilateral (ou conjunta):- Adoção unilateral:

Há a manutenção dos vínculos biológicos com apenas um dos pais. Não se observa a ordem cronológica de inscrição e ocorre de três tipos:

a) Quando não consta o nome do pai ou da mãe no registro de nascimento;b) Quando o pai ou a mãe são falecidos; c) Quando constar o nome dos pais no registro de nascimento e eles estiverem vivos, mas será

preciso haver a destituição do poder familiar.

- Adoção bilateral (ou conjunta) – art. 42, §2º ECA:

Art. 42.  Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos, independentemente do estado civil. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência(...)§ 2o  Para adoção conjunta, é indispensável que os adotantes sejam casados civilmente ou mantenham união estável, comprovada a estabilidade da família. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência

Para seu deferimento é necessário o intuito de constituir família (vínculo familiar, parentesco, estabilidade familiar) entre os pretendentes à adoção bilateral ou conjunta.

Page 13: Apostila I - Estatuto Da Criança e Do Adolescente

* Adoção homoafetiva:Para que duas pessoas do mesmo sexo pretendam adotar uma criança ou adolescente, deve ficar

comprovada a existência da união com os seguintes atributos:- Duradoura;- Estabilidade familiar;- Intuito de constituir família.

Fundamentos: A CF não proibiu a adoção de pessoas do mesmo sexo. Só estipulou que os adotantes não

poderão sofrer qualquer discriminação (art. 227, §§5º e 6º CF):

Art. 227, § 5º - A adoção será assistida pelo Poder Público, na forma da lei, que estabelecerá casos e condições de sua efetivação por parte de estrangeiros.

Art. 227, § 6º - Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.

O art. 226 CF protege a família incluído, não excluindo:

Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.

Há entidades familiares típicas e atípicas.

O art. 1º Lei 12010/09 traz a garantia ao direito à convivência familiar:

Art. 1o  Esta Lei dispõe sobre o aperfeiçoamento da sistemática prevista para garantia do direito à convivência familiar a todas as crianças e adolescentes, na forma prevista pela Lei n o 8.069, de 13 de julho de 1990 , Estatuto da Criança e do Adolescente. 

Esta convivência pode ocorrer com pessoas do mesmo sexo.

O superior interesse da criança também pode justificar a adoção homoafetiva. Ao invés de deixar em um acolhimento institucional, deixa-se numa família.

Os adotantes homoafetivos não escolhem o adotando e como ainda existem muitos adotandos com idade superior, não há que se restringir este tipo de adoção.

No REsp 889.852/RS, o STJ manteve a adoção feita por uma pessoa que convive com outra do mesmo sexo.

Quanto à previsão dos nomes dos adotantes no registro de nascimento, é aconselhado que não se faça menção a “pai/mãe”, mas que conste “filho(a) de fulano e sicrano”.

* A adoção internacional de pessoas com o mesmo sexo, baseada na CF e na cooperação internacional para a adoção é possível desde que os adotantes sejam habilitadas perante a autoridade central do país de acolhida (se ele proibir não será deferida).

* Apesar de existirem vários Projetos de Lei (PL) em trâmite no CN com o intuito de proibir a adoção feita por pessoas do mesmo sexo, acreditamos se basear na Convenção dos Direitos da Criança e do Adolescente da ONU e na CF (controle de convencionalidade).

Características da Adoção:A) Constituída por ato personalíssimo (art. 39, §2º ECA):

Page 14: Apostila I - Estatuto Da Criança e Do Adolescente

Art. 39. A adoção de criança e de adolescente reger-se-á segundo o disposto nesta Lei.§ 2o  É vedada a adoção por procuração. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

B) É excepcional e irrevogável (art. 39, §1º ECA):

Art. 39. A adoção de criança e de adolescente reger-se-á segundo o disposto nesta Lei. § 1o  A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual se deve recorrer apenas quando esgotados os recursos de manutenção da criança ou adolescente na família natural ou extensa, na forma do parágrafo único do art. 25 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência

* Para tudo se dá um jeito se for para o melhor interesse da criança e adolescente.

C) É incaducável:A morte do(s) adotante(s) não restabelece o poder familiar dos pais naturais

D) É plena:Implica no desligamento de todos os vínculos familiares, exceto os impedimentos matrimoniais.

E) Exige sentença:Não se admite escritura pública.Produz efeitos a partir do trânsito em julgado, salvo no caso de adoção póstuma (post mortem)

quando os efeitos serão retroativos à data do óbito.Produz efeitos extintivos da relação de parentesco existente (antiga) e efeitos aquisitivos de uma

nova relação de parentesco.Determina a inscrição da adoção no Registro Civil das Pessoas Naturais e o cancelamento do

registro anterior. Haverá dois mandados, um de cancelamento e outro de inscrição. Só poderá ser extraída certidão do registro cancelado com ordem judicial. O novo registro não mencionará a origem de sua criação (adoção).

É possível modificar o prenome, desde que seja ouvido o adotando, inclusive os sobrenomes de família.

Requisitos para adoção: Subjetivos: Objetivos:

- Idoneidade do adotante;- Motivos legítimos/desejo de filiação;- Reais vantagens para o adotando.

- Idade mínima de 18 anos para o adotante;- Diferença de 16 anos de idade;* Na adoção conjunta, basta que um dos adotantes preencha os requisitos acima.- Consentimento dos pais (salvo se já houver destituição do poder familiar ou se for requerida com a adoção;- Oitiva da criança quando possível ou consentimento do adolescente;- Cumprimento do estágio de convivência.

Na adoção nacional Na adoção Internacional- Prazo definido pelo juiz, sem um mínimo exigido.

- Prazo mínimo de 30 dias definido pelo juiz.

- Pode ser dispensado se o adotando estiver sob guarda legal ou tutela do(s) adotante(s) por

- Não pode ser dispensado.- Ocorrerá em território nacional.

Page 15: Apostila I - Estatuto Da Criança e Do Adolescente

tempo suficiente para avaliar o vínculo.- Será acompanhado pela equipe técnica do Juízo e pelos técnicos da política municipal de garantia do direito à convivência familiar.

Direito do adotado de conhecer sua origem biológica (art. 47 e 48 ECA):O art. 47, §8º ECA traz a conservação do processo relativo à adoção em razão do direito do

adotado de conhecer sua origem biológica após completar 18 anos previsto no art. 48 ECA:

Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por sentença judicial, que será inscrita no registro civil mediante mandado do qual não se fornecerá certidão.§ 8o  O processo relativo à adoção assim como outros a ele relacionados serão mantidos em arquivo, admitindo-se seu armazenamento em microfilme ou por outros meios, garantida a sua conservação para consulta a qualquer tempo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência

Art. 48.  O adotado tem direito de conhecer sua origem biológica, bem como de obter acesso irrestrito ao processo no qual a medida foi aplicada e seus eventuais incidentes, após completar 18 (dezoito) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)  VigênciaParágrafo único.  O acesso ao processo de adoção poderá ser também deferido ao adotado menor de 18 (dezoito) anos, a seu pedido, assegurada orientação e assistência jurídica e psicológica. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência

O acesso ao processo de adoção pelo maior de idade só precisa de sua vontade de querer saber a origem; já pelo menor de idade, é preciso acompanhamento jurídico e psicológico.

Cadastro Nacional de Adoção (art. 50 ECA):

Art. 50. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou foro regional, um registro de crianças e adolescentes em condições de serem adotados e outro de pessoas interessadas na adoção.   (Vide Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência§ 1º O deferimento da inscrição dar-se-á após prévia consulta aos órgãos técnicos do juizado, ouvido o Ministério Público.§ 2º Não será deferida a inscrição se o interessado não satisfazer os requisitos legais, ou verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 29.§ 3o  A inscrição de postulantes à adoção será precedida de um período de preparação psicossocial e jurídica, orientado pela equipe técnica da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política municipal de garantia do direito à convivência familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência§ 4o  Sempre que possível e recomendável, a preparação referida no § 3o deste artigo incluirá o contato com crianças e adolescentes em acolhimento familiar ou institucional em condições de serem adotados, a ser realizado sob a orientação, supervisão e avaliação da equipe técnica da Justiça da Infância e da Juventude, com apoio dos técnicos responsáveis pelo programa de acolhimento e pela execução da política municipal de garantia do direito à convivência familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência§ 5o  Serão criados e implementados cadastros estaduais e nacional de crianças e adolescentes em condições de serem adotados e de pessoas ou casais habilitados à adoção. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência§ 6o  Haverá cadastros distintos para pessoas ou casais residentes fora do País, que somente serão consultados na inexistência de postulantes nacionais

Page 16: Apostila I - Estatuto Da Criança e Do Adolescente

habilitados nos cadastros mencionados no § 5o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência§ 7o  As autoridades estaduais e federais em matéria de adoção terão acesso integral aos cadastros, incumbindo-lhes a troca de informações e a cooperação mútua, para melhoria do sistema. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência§ 8o  A autoridade judiciária providenciará, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, a inscrição das crianças e adolescentes em condições de serem adotados que não tiveram colocação familiar na comarca de origem, e das pessoas ou casais que tiveram deferida sua habilitação à adoção nos cadastros estadual e nacional referidos no § 5o deste artigo, sob pena de responsabilidade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência§ 9o  Compete à Autoridade Central Estadual zelar pela manutenção e correta alimentação dos cadastros, com posterior comunicação à Autoridade Central Federal Brasileira. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência§ 10.  A adoção internacional somente será deferida se, após consulta ao cadastro de pessoas ou casais habilitados à adoção, mantido pela Justiça da Infância e da Juventude na comarca, bem como aos cadastros estadual e nacional referidos no § 5o deste artigo, não for encontrado interessado com residência permanente no Brasil. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência§ 11.  Enquanto não localizada pessoa ou casal interessado em sua adoção, a criança ou o adolescente, sempre que possível e recomendável, será colocado sob guarda de família cadastrada em programa de acolhimento familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência§ 12.  A alimentação do cadastro e a convocação criteriosa dos postulantes à adoção serão fiscalizadas pelo Ministério Público. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência§ 13.  Somente poderá ser deferida adoção em favor de candidato domiciliado no Brasil não cadastrado previamente nos termos desta Lei quando: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)  VigênciaI - se tratar de pedido de adoção unilateral; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)  VigênciaII - for formulada por parente com o qual a criança ou adolescente mantenha vínculos de afinidade e afetividade; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)  VigênciaIII - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guarda legal de criança maior de 3 (três) anos ou adolescente, desde que o lapso de tempo de convivência comprove a fixação de laços de afinidade e afetividade, e não seja constatada a ocorrência de má-fé ou qualquer das situações previstas nos arts. 237 ou 238 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência§ 14.  Nas hipóteses previstas no § 13 deste artigo, o candidato deverá comprovar, no curso do procedimento, que preenche os requisitos necessários à adoção, conforme previsto nesta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência

Antes havia apenas o cadastro de cada comarca e, depois foi criado o cadastro estadual. Agora veio o cadastro nacional.

São três os cadastros do ECA:- Cadastro de crianças e adolescente aptos à adoção na Comarca (estadual/nacional);- Cadastro internacional;- Cadastro de crianças e adolescentes em acolhimento institucional ou familiar.

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O art. 258-A ECA traz uma infração administrativa ao juiz que não providenciar a instalação e operacionalização dos cadastros de adoção, como o art. 50, §8º ECA acima.

Art. 258-A. Deixar a autoridade competente de providenciar a instalação e operacionalização dos cadastros previstos no art. 50 e no § 11 do art. 101 desta Lei: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)   VigênciaPena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 (três mil reais). (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)   VigênciaParágrafo único.  Incorre nas mesmas penas a autoridade que deixa de efetuar o cadastramento de crianças e de adolescentes em condições de serem adotadas, de pessoas ou casais habilitados à adoção e de crianças e adolescentes em regime de acolhimento institucional ou familiar.  (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência

O §13 fala da possibilidade do deferimento da adoção a pessoa não inserida no cadastro Nacional de Adoção (adoção unilateral, feita por parente ou por guardião/tutor). O STJ ainda alarga estas hipóteses desde que se baseie no superior interesse da criança.

* Adoção à brasileira:Não se trata de um processo judicial de adoção, mas de burla ao sistema. Uma pessoa ou casal

interessada em cuidar de uma criança registra a criança como se fosse seu filho biológico ao invés de se submeter o procedimento de adoção.

O STJ considerou o superior interesse da criança ao convalidar uma adoção à brasileira. Pode até configurar crime (CP) mas aqui deve-se analisar o superior interesse da criança que se sobrepõe à verdade biológica.

Tema: Adoção (cont.) e políticas de atendimento.

* Adoção internacional:1) Definição (art. 51 ECA):

Art. 51.  Considera-se adoção internacional aquela na qual a pessoa ou casal postulante é residente ou domiciliado fora do Brasil, conforme previsto no Artigo 2 da Convenção de Haia, de 29 de maio de 1993, Relativa à Proteção das Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção Internacional, aprovada pelo Decreto Legislativo no 1, de 14 de janeiro de 1999, e promulgada pelo Decreto no 3.087, de 21 de junho de 1999. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência§ 1o  A adoção internacional de criança ou adolescente brasileiro ou domiciliado no Brasil somente terá lugar quando restar comprovado: (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)  VigênciaI - que a colocação em família substituta é a solução adequada ao caso concreto; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)  VigênciaII - que foram esgotadas todas as possibilidades de colocação da criança ou adolescente em família substituta brasileira, após consulta aos cadastros mencionados no art. 50 desta Lei; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)  VigênciaIII - que, em se tratando de adoção de adolescente, este foi consultado, por meios adequados ao seu estágio de desenvolvimento, e que se encontra preparado para a medida, mediante parecer elaborado por equipe interprofissional, observado o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei. (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência

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§ 2o  Os brasileiros residentes no exterior terão preferência aos estrangeiros, nos casos de adoção internacional de criança ou adolescente brasileiro. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência§ 3o  A adoção internacional pressupõe a intervenção das Autoridades Centrais Estaduais e Federal em matéria de adoção internacional.  (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência

É o deslocamento definitivo de uma criança ou adolescente do país de origem para o país de acolhida.

* Não é o mesmo que adoção por estrangeiros, pois um casal estrangeiro que adote uma criança ou adolescente brasileira usará as regras internacionais de adoção.

* O estrangeiro que vem para o Brasil residir e adotar criança ou adolescente e segue o procedimento brasileiro.

Mesmo na adoção internacional, prefere-se que ela seja deferida a brasileiros. Antes da Lei 12010/09 a adoção internacional só era mencionada em quatro artigos, por isso era comum buscar embasamento na Convenção de Haia sobre a proteção de crianças e cooperação em matéria de adoção internacional de 1993.

Esta Convenção é muito importante porque ela respeita as condições de cada país.Após a Lei 12010/09, a Convenção de Haia foi incorporada ao ECA.

2) Condições de admissibilidade da adoção internacional (art. 51, §1º ECA):2.1) Intervenção das autoridades centrais, estaduais e federal em matéria de adoção internacional:

O interessado na adoção internacional deve procurar a Autoridade Central de seu país (país de acolhida) que enviará um laudo à Autoridade Central do país de origem que devolverá o laudo habilitando-o à doção.

* Em países de dimensões continentais é possível haver Autoridades Centrais.* Esta habilitação é requisito para o processo judicial de adoção.É uma verdadeira conexão de ações protetivas e de cooperação entre os países com a finalidade

de se evitar o tráfico internacional de crianças.O Decreto 3174/99 criou o Conselho das Autoridades Centrais de Adoção Internacional. Este

Conselho é composto pela Autoridade Federal (Secretaria Especial de Direitos Humanos), pelas Autoridades Centrais Estaduais (Comissão Estadual de Adoção Internacional – CEAI, geralmente presidida por desembargadores aposentados), um representante do Ministério das Relações exteriores e outro da Polícia Federal.

2.2) A colocação em família substituta seja a medida adequada ao caso concreto, sendo a adoção internacional medida subsidiária:

Primeiro deve-se buscar a:- Manutenção junto à família;- Adoção nacional;- Adoção internacional.Como a adoção já medida excepcional, a adoção internacional é a exceção da exceção. É a

incorporação do Princípio da Prevalência da Família.No entanto, esta subsidiariedade pode ceder espaço em função do Princípio do Superior

Interesse da Criança.

2.3) Observância do estágio de convivência:O estágio de convivência é obrigatório tem prazo mínimo de 30 dias a ser fixado pelo juiz e será

acompanhado pela equipe que elaborará um estudo psicossocial.

2.4) Preferência pela adoção internacional efetivada por brasileiros:

3) A adoção internacional não implica na perda da nacionalidade brasileira.

Page 19: Apostila I - Estatuto Da Criança e Do Adolescente

4) Fases para a adoção internacional:A) Preparatória/habilitação:

O art. 51, §3º ECA prevê a intervenção das Autoridades Centrais que expedirão o laudo que terá validade de 1 ano.

A expedição do laudo poderá ser conferida a Organismos Credenciados somente nos países que aderiram à Convenção de Haia. Este credenciamento é feito na Autoridade Central (Secretaria Especial de Direitos Humanos) e na Polícia Federal (art. 52, §3º ECA):

Art. 52, § 3o  Somente será admissível o credenciamento de organismos que: (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)  VigênciaI - sejam oriundos de países que ratificaram a Convenção de Haia e estejam devidamente credenciados pela Autoridade Central do país onde estiverem sediados e no país de acolhida do adotando para atuar em adoção internacional no Brasil; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)  VigênciaII - satisfizerem as condições de integridade moral, competência profissional, experiência e responsabilidade exigidas pelos países respectivos e pela Autoridade Central Federal Brasileira; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)  VigênciaIII - forem qualificados por seus padrões éticos e sua formação e experiência para atuar na área de adoção internacional; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)  VigênciaIV - cumprirem os requisitos exigidos pelo ordenamento jurídico brasileiro e pelas normas estabelecidas pela Autoridade Central Federal Brasileira. (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência

À estas regras são aplicadas subsidiariamente os dispositivos do Decreto 5491/05 naquilo que não confrontarem o ECA.

O credenciamento é válido por 2 anos e ele impõe ao Organismo Internacional a remessa de três tipos de relatórios:

a) Relatório de atividades desenvolvidas;b) Relatório de acompanhamento;c) Relatório pós-adotivo até regularizar a situação do adotado no país de acolhida.Estes Organismos Internacionais não podem ter finalidade lucrativa e estão proibidos de repassar

verba à entidades de atendimento, salvo aos Conselhos de Direitos que integrará seu respectivo fundo.É proibido o contato direto entre os representantes dos Organismos Internacionais e os dirigentes

das entidades de atendimento responsáveis pelo acolhimento institucional e familiar, exceto no caso de autorização judicial.

B) Judicial:Além dos requisitos dos arts. 165/170 ECA (adoção em geral) é preciso atentar para o laudo de

habilitação expedido pela Autoridade Central que é requisito para a petição inicial.É preciso, também, que a criança ou adolescente já tenha sua situação regularizada (destituição

do poder familiar etc).Não será permitida a saída do território nacional pelo adotando antes do trânsito em julgado. Só

após é que será expedido um alvará autorizando sua viajem (art. 85 ECA) e o passaporte será expedido.* A sentença de adoção de brasileiro feita no exterior não precisará ser homologada pelo STJ se

houver sido observada intervenção das Autoridades Centrais prevista na Convenção de Haia. Caso contrário ou se o país não tiver ratificado a Convenção de Hais haverá necessidade de homologação (art. 52-B ECA):

Art. 52-B.  A adoção por brasileiro residente no exterior em país ratificante da Convenção de Haia, cujo processo de adoção tenha sido processado em conformidade com a legislação vigente no país de residência e atendido o disposto na Alínea “c” do Artigo 17 da referida Convenção, será

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automaticamente recepcionada com o reingresso no Brasil. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência

Os arts. 52-C e 52-D ECA falam do Brasil como país de acolhida:

Art. 52-C.  Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o país de acolhida, a decisão da autoridade competente do país de origem da criança ou do adolescente será conhecida pela Autoridade Central Estadual que tiver processado o pedido de habilitação dos pais adotivos, que comunicará o fato à Autoridade Central Federal e determinará as providências necessárias à expedição do Certificado de Naturalização Provisório.  (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência§ 1o  A Autoridade Central Estadual, ouvido o Ministério Público, somente deixará de reconhecer os efeitos daquela decisão se restar demonstrado que a adoção é manifestamente contrária à ordem pública ou não atende ao interesse superior da criança ou do adolescente. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência§ 2o  Na hipótese de não reconhecimento da adoção, prevista no § 1o deste artigo, o Ministério Público deverá imediatamente requerer o que for de direito para resguardar os interesses da criança ou do adolescente, comunicando-se as providências à Autoridade Central Estadual, que fará a comunicação à Autoridade Central Federal Brasileira e à Autoridade Central do país de origem. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência

Art. 52-D.  Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o país de acolhida e a adoção não tenha sido deferida no país de origem porque a sua legislação a delega ao país de acolhida, ou, ainda, na hipótese de, mesmo com decisão, a criança ou o adolescente ser oriundo de país que não tenha aderido à Convenção referida, o processo de adoção seguirá as regras da adoção nacional. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência

Política de atendimento (arts. 86/89 ECA):- Diretrizes de atendimento (art. 88 ECA):

Art. 88. São diretrizes da política de atendimento: I - municipalização do atendimento;II - criação de conselhos municipais, estaduais e nacional dos direitos da criança e do adolescente, órgãos deliberativos e controladores das ações em todos os níveis, assegurada a participação popular paritária por meio de organizações representativas, segundo leis federal, estaduais e municipais;III - criação e manutenção de programas específicos, observada a descentralização político-administrativa;IV - manutenção de fundos nacional, estaduais e municipais vinculados aos respectivos conselhos dos direitos da criança e do adolescente;V - integração operacional de órgãos do Judiciário, Ministério Público, Defensoria, Segurança Pública e Assistência Social, preferencialmente em um mesmo local, para efeito de agilização do atendimento inicial a adolescente a quem se atribua autoria de ato infracional;VI - integração operacional de órgãos do Judiciário, Ministério Público, Defensoria, Conselho Tutelar e encarregados da execução das políticas sociais básicas e de assistência social, para efeito de agilização do atendimento de crianças e de adolescentes inseridos em programas de acolhimento familiar ou institucional, com vista na sua rápida reintegração à família de origem ou, se tal solução se mostrar comprovadamente inviável, sua colocação em família

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substituta, em quaisquer das modalidades previstas no art. 28 desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)  VigênciaVII - mobilização da opinião pública para a indispensável participação dos diversos segmentos da sociedade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência

a) Municipalização do atendimento:A iniciativa que antes partia da União, agora parte do Município.Deve ser estudado junto com o Princípio da Responsabilidade Primária-Solidária do Poder

Público (qualquer demanda à criança e ao adolescente pode ser exigida da União, Estados e Municípios).

b) Criação de Conselhos dos direitos da criança e do adolescente:Não se confundem com os Conselhos Tutelares!São órgãos de deliberação e controladores da Política Pública voltada à infância e juventude

observando o Princípio da Deliberação (caráter vinculativo, obrigatório) e Princípio da Paridade (formados por representantes do governo e da sociedade – 50%).

Estes conselhos são de nível nacional (CONANDA), estadual (em geral, chamam-se CONDECA) e municipal (em Uberaba chama-se CONDICAU) e emitem Resoluções, como a Resolução 113 (retificada pela Resolução 117) CONANDA que trata do sistema de garantia dos direitos humanos de criança e adolescente, baseado no art. 86 ECA:

Art. 86. A política de atendimento dos direitos da criança e do adolescente far-se-á através de um conjunto articulado de ações governamentais e não-governamentais, da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios.

Este sistema se funda em três eixos:- Defesa (acesso à Justiça);- Controle (Conselhos Tutelares, TC’s, órgão setoriais Conselhos de Direitos etc);- Promoção (das políticas públicas voltadas à infância e juventude).

- Gerais/assistenciais;- Autores de atos infracionais (SINASE – Sistema Nacional de Atendimento Sócioeducativo);- Medidas de proteção.

Os Conselhos Municipais receberam atenção especial, pois são responsáveis por:- Organização de eleições para os membros do Conselho Tutelar;- Registram e inscrevem programas desenvolvidos pelas entidades de atendimento (art. 91

ECA);

c) Criação de Fundos vinculados aos Conselhos de Direitos:São os fundos nacionais, estaduais e municipais, cada um vinculado com seu respectivo

conselho (em Uberaba é o FUNDICAU). É composto por:- Dotações orçamentárias;- Doações;* A Receita Federal só deduz do IR doações feitas aos Conselhos de Direitos.* Doações casadas: É feita com a condição de reversão a uma entidade especificada. O MP é

contra, pois além de inexistir previsão legal, cabe ao Conselho Municipal definir quem tem prioridade em receber doações. Por outro lado há quem considere que isso aumentaria as doações porque as pessoas conhecem a entidade a ser beneficiada.

- Multas aplicadas (em ACP’s e Infrações administrativas – arts. 214 ECA);

d) Integração operacional:Ministério Público, Defensoria Pública e Poder Judiciário devem funcionar juntos no mesmo

lugar (de preferência até a Polícia) para agilizar o atendimento .

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O art. 89 ECA fala da ausência de remuneração para o cargo de Conselheiro nacional, estadual ou municipal, sendo considerada função de interesse público relevante:

Art. 89. A função de membro do conselho nacional e dos conselhos estaduais e municipais dos direitos da criança e do adolescente é considerada de interesse público relevante e não será remunerada.

Medidas de proteção ou protetivas (art. 101 ECA):São medidas assistenciais aplicadas à criança e ao adolescente em situação de risco, conforme o

art. 98 ECA:

Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados:I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;III - em razão de sua conduta.

Estas medidas podem ser aplicadas pelo Conselho Tutelar (art. 101, I a VI ECA) e pelo juiz (art. 101, I a IX ECA).

Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98, a autoridade competente poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas:I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade;II - orientação, apoio e acompanhamento temporários;III - matrícula e freqüência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino fundamental;IV - inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à família, à criança e ao adolescente;V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial;VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;VII - acolhimento institucional;  (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)   VigênciaVIII - inclusão em programa de acolhimento familiar; (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)   VigênciaIX - colocação em família substituta. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência

Apesar do art. 136, I ECA prever aplicação da medida de proteção de acolhimento institucional pelo Conselho Tutelar, trata-se de um equívoco deixado pela Lei 12010/09. Logo, não se considera tal atribuição ao Conselho Tutelar que deverá comunicar ao MP.

O acolhimento institucional (VII) e o familiar (VIII) são medidas excepcionais (art. 101, §1º ECA) utilizadas como forma de transição.

O art. 101, §2º ECA diz que o afastamento familiar cabe somente ao juiz e necessita de um procedimento para tanto

Art. 101, § 2o  Sem prejuízo da tomada de medidas emergenciais para proteção de vítimas de violência ou abuso sexual e das providências a que alude o art. 130 desta Lei, o afastamento da criança ou adolescente do convívio familiar é

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de competência exclusiva da autoridade judiciária e importará na deflagração, a pedido do Ministério Público ou de quem tenha legítimo interesse, de procedimento judicial contencioso, no qual se garanta aos pais ou ao responsável legal o exercício do contraditório e da ampla defesa.(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência

Medidas pertinentes aos pais/responsáveis (art. 129 ECA):São medidas assistenciais ou sancionatórias aplicadas aos pais.O Conselho Tutelar poderá aplicar as medidas assistenciais e a advertência (art. 129, I a VII

ECA). Já o juiz pode aplicar todas elas (art. 129, I a X ECA) e, exclusivamente, a perda da guarda, destituição de tutela e a suspensão/destituição do poder familiar (VIII a X).

O art. 130 ECA prevê a possibilidade do afastamento do agressor da moradia comum a partir de uma medida cautelar na hipótese de maus-tratos, opressão ou abuso sexual impostos.

Conselhos Tutelares (arts. 131/140 ECA):São órgãos não jurisdicionais (assemelham-se com as Secretarias Municipais por não serem

pessoas jurídicas, só existirem no âmbito municipal e não dirimirem conflitos, servindo como orientação e apoio) autônomos (não se subordinam ao Poder Executivo nem ao Judiciário, o que não impede a revisão de seus atos pelo Judiciário) e permanentes responsáveis em zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente aplicando medidas protetivas e medidas pertinente aos pais/responsáveis, sem prejuízo de outras medidas cabíveis.

Cada município deve possuir pelo menos um Conselho Tutelar. Não existindo, suas funções serão cumpridas pelo juiz.

Membros:Seus membros são eleitos pela comunidade para o exercício de mandato de 3 anos, sob as

seguintes condições: ter 21 anos; idoneidade moral; residir no município; sem prejuízo de outras condições impostas por lei municipal.

É possível haver remuneração, apesar de inexistir relação de emprego. O TST já decidiu diversas vezes no sentido de que a Justiça do Trabalho não é competente para dirimir eventuais litígios entre o conselheiro e o Município.

Lei municipal pode prever um procedimento para cassação do mandato que seguirá as tratativas do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e Adolescente.

É cabível ação judicial para impugnar a candidatura de candidato que não preencha os requisitos. A competência é da Vara da Infância e Juventude. Cabe até Ação de Improbidade Administrativa.

São apenas 5 membros para cada Conselho Tutelar. Sendo maior a necessidade deve-se criar outro Conselho Tutelar.

O art. 135 ECA trata como relevante a função de conselheiro, presumindo a idoneidade e garantindo prisão especial ao conselheiro até o julgamento definitivo.

Atribuições (art. 136 c/c art. 12, VIII Lei 9394/96):

Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar:I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses previstas nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas previstas no art. 101, I a VII;II - atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando as medidas previstas no art. 129, I a VII;III - promover a execução de suas decisões, podendo para tanto:a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, serviço social, previdência, trabalho e segurança;b) representar junto à autoridade judiciária nos casos de descumprimento injustificado de suas deliberações.

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IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que constitua infração administrativa ou penal contra os direitos da criança ou adolescente;V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua competência;VI - providenciar a medida estabelecida pela autoridade judiciária, dentre as previstas no art. 101, de I a VI, para o adolescente autor de ato infracional;VII - expedir notificações;VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança ou adolescente quando necessário;IX - assessorar o Poder Executivo local na elaboração da proposta orçamentária para planos e programas de atendimento dos direitos da criança e do adolescente;X - representar, em nome da pessoa e da família, contra a violação dos direitos previstos no art. 220, § 3º, inciso II, da Constituição Federal;XI - representar ao Ministério Público para efeito das ações de perda ou suspensão do poder familiar, após esgotadas as possibilidades de manutenção da criança ou do adolescente junto à família natural. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)   VigênciaParágrafo único.  Se, no exercício de suas atribuições, o Conselho Tutelar entender necessário o afastamento do convívio familiar, comunicará incontinenti o fato ao Ministério Público, prestando-lhe informações sobre os motivos de tal entendimento e as providências tomadas para a orientação, o apoio e a promoção social da família. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência

I – o correto é até o inciso VI!III – “Promover a execução” significa requisitar o cumprimento, pois o Conselho Tutelar não é entidade de atendimento e não executa medidas, somente encaminha para a execução.VI – Cabe aplicação de medidas sócioeducativas e medidas protetivas ao adolescente autor de ato infracionalVIII – o Oficial do Cartório de Registro Civil não pode negar o fornecimento de certidão existente.IX – Era para ser uma atribuição dos Conselhos de Direitos da Criança e Adolescente, mas foi para os Conselhos Tutelares. X – Serve no caso de programas de TV atentatórios à dignidade da criança e adolescente.

Procedimentos:Normas gerais:a) Aplicação subsidiária da Lei Processual (CPC e CPP);b) Prioridade absoluta na tramitação (Princípio da Prioridade Absoluta);c) Eventuais multas aplicadas serão revertidas ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (art. 154 ECA);d) A retirada da criança de sua família exige procedimento contencioso, observando o devido processo legal;