apostila direito de família

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APOSTILA DIREITO DE FAMÍLIA - prof ª: Cremilda APOSTILA DE DIREITO DE FAMÍLIA Abordagem didática Os alunos poderão acompanhar as aulas por este material cedido gratuitamente pela docente, mas não devem se descurar de estudar a lei e os livros indicados na bibliografia básica da Faculdade de Direito. Este material é uma compilação das obras citadas na bibliografia mencionada ao final da apostila. MARIA CREMILDA SILVA FERNANDES 01/02/2010 I. Evolução histórica do Direito de Família 1. A família no Direito romano No direito romano a família era organizada sob o princípio da autoridade. O pater famílias exercia sobre os filhos direito de vida e de morte (ius vitae ac necis). Podia, desse modo, vendê-los, impor- lhes castigos e penas corporais e até mesmo tirar-lhes a vida. A mulher era totalmente subordinada à autoridade marital e podia ser repudiada por ato unilateral do marido. Como ensina Arnaldo Rizzardo, citando Carlos Alberto Bittar, desde o início dos tempos, a família é a célula-matter da sociedade. Em Roma, onde a descendência era fixada pela linha masculina , a mulher se limitava a participar do culto religioso do pai – enquanto criança ou adolescente -, do marido – após o casamento -, dos filhos – após a viuvez -, ou, ainda, se viúva e sem filhos, de parentes masculinos próximos. À época, o casamento consistia em laço sagrado, cuidando-se, a respectiva celebração, da confarreatio, cerimônia religiosa em que uma torta de cevada era dividida entre os noivos como demonstração da vida em comum que se iniciava. Com o passar dos tempos, limitava-se a confarreatio a um pequeno número de pessoas, sendo certo que aspirantes a altos cargos sacerdotais deveriam, necessariamente, ser fruto de uniões de tal espécie. A confarreatio era composta de duas fases, dentre as quais: a) A traditio, que consistia em formalidade realizada na residência paterna, por meio da qual o pater desligava a mulher de sua família; e b) A deductio in domum, que consistia em conduzir a noiva, de véu e grinalda, portando um pedaço de corda revestida de breu ou de alcatrão que se acendia para iluminar – archote -, acompanhada de um cortejo, que cantava hinos religiosos, até a casa do noivo, momento em que lhe era apresentado o fogo, que representava os deuses do novo lar, e a água, utilizada para os ritos religiosos. Ato contínuo, o noivo, dramatizando um rapto, carregava a noiva no colo, levando-a para dentro de casa – de onde se ouviam os gritos dela, que eram

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APOSTILA DIREITO DE FAMLIA - prof : Cremilda APOSTILA DE DIREITO DE FAMLIAAbordagem didtica

Os alunos podero acompanhar as aulas por este material cedido gratuitamente pela docente, mas no devem se descurar de estudar a lei e os livros indicados na bibliografia bsica da Faculdade de Direito. Este material uma compilao das obras citadas na bibliografia mencionada ao final da apostila.

MARIA CREMILDA SILVA FERNANDES01/02/2010

I. Evoluo histrica do Direito de Famlia

1. A famlia no Direito romanoNo direito romano a famlia era organizada sob o princpio da autoridade. O pater famlias exercia sobre os filhos direito de vida e de morte (ius vitae ac necis). Podia, desse modo, vend-los, impor-lhes castigos e penas corporais e at mesmo tirar-lhes a vida. A mulher era totalmente subordinada autoridade marital e podia ser repudiada por ato unilateral do marido.Como ensina Arnaldo Rizzardo, citando Carlos Alberto Bittar, desde o incio dos tempos, a famlia a clula-matter da sociedade.Em Roma, onde a descendncia era fixada pela linha masculina , a mulher se limitava a participar do culto religioso do pai enquanto criana ou adolescente -, do marido aps o casamento -, dos filhos aps a viuvez -, ou, ainda, se viva e sem filhos, de parentes masculinos prximos. poca, o casamento consistia em lao sagrado, cuidando-se, a respectiva celebrao, da confarreatio, cerimnia religiosa em que uma torta de cevada era dividida entre os noivos como demonstrao da vida em comum que se iniciava. Com o passar dos tempos, limitava-se a confarreatio a um pequeno nmero de pessoas, sendo certo que aspirantes a altos cargos sacerdotais deveriam, necessariamente, ser fruto de unies de tal espcie.A confarreatio era composta de duas fases, dentre as quais:a) A traditio, que consistia em formalidade realizada na residncia paterna, por meio da qual o pater desligava a mulher de sua famlia; eb) A deductio in domum, que consistia em conduzir a noiva, de vu e grinalda, portando um pedao de corda revestida de breu ou de alcatro que se acendia para iluminar archote -, acompanhada de um cortejo, que cantava hinos religiosos, at a casa do noivo, momento em que lhe era apresentado o fogo, que representava os deuses do novo lar, e a gua, utilizada para os ritos religiosos. Ato contnuo, o noivo, dramatizando um rapto, carregava a noiva no colo, levando-a para dentro de casa de onde se ouviam os gritos dela, que eram acompanhados pelas demais mulheres -, onde prestavam homenagem aos deuses e comiam juntos, um po, momento em que, como ensina Silvio de Salvo Venosa, a mulher se ligava ao culto do marido, perante o pontfice e dez testemunhas.

Tambm se verifica, alm da confarreatio, a coemptio, forma de mancipatio negcio jurdico -, que consistia na venda da mulher pelo detentor do ptrio poder, e, tambm, o usus, por meio da qual a mulher se submetia ao poder do marido aps o transcurso do prazo de um ano de convivncia.Tais matrimnios a coemptio e o usus-, conhecidos como cum manus, acarretavam o desligamento da mulher da famlia paterna, submetendo-a, na respectiva totalidade, famlia do marido, inclusive no que tange ao culto religioso.A famlia era, ento, simultaneamente, uma unidade econmica, religiosa, poltica e jurisdicional. O ascendente comum vivo mais velho era, ao mesmo tempo, chefe poltico, sacerdote e juiz. Comandava, oficiava o culto dos deuses domsticos e distribua justia.A partir do perodo da Repblica, h o reconhecimento do casamento sine manu, que, desprovido de qualquer exigncia at mesmo da convivncia -, no vincula, de forma estreita, a mulher famlia do marido. O usus abolido, verificando-se, apenas excepcionalmente, os casamentos cum manus.Com o Imperador Constantino, a partir do sculo IV, instala-se no direito romano a concepo crist da famlia, nas qual predominavam as preocupaes de ordem moral. Aos poucos foi ento a famlia romana evoluindo no sentido de se restringir progressivamente a autoridade do pater, dando-se maior autonomia mulher e aos filhos, passando estes a administrar os peclios castrenses (vencimentos militares).Em matria de casamento, entendiam os romanos necessria a affectio no s no momento de sua celebrao, mas enquanto perdurasse. A ausncia de convivncia, o desaparecimento da afeio era, assim, causa necessria para a dissoluo do casamento pelo divrcio. Os canonistas, no entanto, opuseram-se dissoluo do vnculo, pois consideravam o casamento um sacramento, no podendo os homens dissolver a unio realizada por Deus: quod Deus conjunxit homo non separet.2. A famlia na Idade MdiaDurante a Idade Mdia as relaes de famlia regiam-se exclusivamente pelo direito cannico, sendo o casamento religioso o nico conhecido. Embora as normas romanas continuassem a exercer bastante influncia no tocante ao ptrio poder e s relaes patrimoniais entre os cnjuges, observava-se tambm a crescente importncia de diversas regras de origem germnica.Podemos dizer que a famlia brasileira, como hoje conceituada, sofreu influncia da famlia romana, da famlia cannica e da famlia germnica. notrio que o nosso direito de famlia foi fortemente influenciado pelo direito cannico, como conseqncia principalmente da colonizao lusa. As Ordenaes Filipinas foram a principal fonte e traziam a forte influncia do aludido direito, que atingiu o direito ptrio. No que tange aos impedimentos matrimoniais, por exemplo, o CC/16 seguiu a linha do direito cannico, preferindo mencionar as condies de invalidade. 3. Evoluo Histrica do Direito da Criana e do AdolescenteConhecer o passado um importante instrumento para entendermos melhor o presente e construirmos o futuro.3.1 Idade Antiga

Nas antigas civilizaes os laos familiares eram estabelecidos pelo culto religio e no pelas relaes afetivas ou consangneas. A famlia romana fundamentava-se no poder paterno (pater familiae) marital, j que ficava a cargo do chefe de famlia o cumprimento dos deveres religiosos. O pai era, portanto, a autoridade familiar e religiosa. Importante observar que a religio no formava a famlia, mas ditava suas regras, estabelecia o direito. Juridicamente a sociedade familiar era uma associao religiosa e no uma associao natural.

Como autoridade, o pai exercia poder absoluto sobre os seus. Os filhos mantinham-se sob a autoridade paterna enquanto vivessem na casa do pai, independentemente da menoridade, j que quela poca, no se distinguiam maiores e menores. Filhos no eram sujeitos de direitos, mas sim objeto de relaes jurdicas, sobre os quais o pai exercia um direito de proprietrio. Assim, era-lhe conferido o poder de decidir, inclusive, sobre a vida e morte dos filhos .

Os gregos, por sua vez, mantinha vivas apenas as crianas saudveis e fortes.

Em um segundo momento, alguns povos indiretamente procuraram resguardar interesses da populao infanto-juvenil. Mais uma vez foi importante a contribuio romana que distinguiu menores impberes e pberes, muito prximo das incapacidades absoluta e relativa.3.2 Idade MdiaA idade mdia foi marcada pelo crescimento da religio crist com seu grande poder de influncia sobre os sistemas jurdicos da poca.

Deus falava, a igreja traduzia e o monarca cumpria a determinao divina.

O homem no era um ser racional, mas sim um pecador e, portanto, precisava seguir as determinaes da autoridade religiosa para que sua alma fosse salva.

O Cristianismo trouxe uma grande contribuio para o incio do reconhecimento de direitos para as crianas: pregou o direito dignidade para todos, inclusive para os menores.

Como reflexo, atenuou a severidade de tratamento na relao pai e filho, pregando, contudo, o dever de respeito, aplicao prtica do quarto mandamento honrar pai e me.

Atravs de diversos conclios a Igreja foi outorgando certa proteo aos menores prevendo e aplicando penas corporais e espirituais para os pais que abandonavam ou expunham os filhos.

Em contrapartida, os filhos nascidos fora do manto sagrado do matrimnio (um dos sete sacramentos do catolicismo) eram discriminados, pois indiretamente atentavam contra a instituio sagrada, quela nica forma de se constituir uma famlia, base de toda a sociedade. Segundo doutrina traada no Conclio de Trento, a filiao natural ou ilegtima filhos esprios, adulterinos ou sacrlegos deveria permanecer margem do Direito, j que era a prova viva da violao do modelo moral determinado poca.

Para saber mais:COULANGES, Fustel. A Cidade Antiga. Traduo J. Cretella Jr. E Agnes Cretella, RT, 2003.TAVARES, Jos de Farias. O Direito da Infncia e da Juventude. Belo Horizonte: Del Rey, 2001.PEREIRA, Almir Rogrio. Visualizando a Poltica de Atendimento. Rio de Janeiro: Editora Kroart, 1998.Brasil Criana Urgente, A Lei 8.069/90. So Paulo: Columbus Cultural, 1990.4. Evoluo legislativa Direito de famliaO Cdigo Civil anterior, que datava de 1916, regulava a famlia do incio do sculo passado, constituda unicamente pelo matrimnio. Em sua verso original, trazia uma estreita e discriminatria viso da famlia, limitando-a ao grupo originrio do casamento. Impedia a sua dissoluo, fazia distines entre seus membros e trazia qualificaes discriminatrias s pessoas unidas sem casamento e aos filhos havidos dessas relaes. As referncias feitas aos vnculos extramatrimonais e aos filhos ilegtimos eram punitivas e serviam exclusivamente para excluir direitos.

A evoluo pela qual passou a famlia acabou forando sucessivas alteraes legislativas. A mais expressiva foi o ESTATUTO DA MULHER CASADA (Lei n. 4.121/62), que devolveu a plena capacidade mulher casada e deferiu-lhe bens reservados que asseguravam a ela a propriedade exclusiva dos bens adquiridos com o fruto de seu trabalho.A instituio do DIVRCIO (EC 9/77 e Lei n. 6.515/77) acabou com a indissolubilidade do casamento, eliminado a idia da famlia como instituio sacralizada. O surgimento de novos paradigmas, quer pela emancipao da mulher, quer pela descoberta dos mtodos contraceptivos e pela evoluo da engenharia gentica, dissociaram os conceitos de casamento, sexo e reproduo. O moderno enfoque dado famlia pelo direito volta-se muito mais identificao do vnculo afetivo que enlaa seus integrantes.Maria Berenice Dias, citando Zeno Veloso, afirma que a CF/88, num nico dispositivo, espancou sculos de hipocrisia e preconceito. Instaurou a IGUALDADE ENTRE O HOMEM E A MULHER e esgarou o conceito de famlia, passando a proteger de forma igualitria todos os seus membros. Estendeu igual proteo famlia constituda pelo CASAMENTO, bem como UNIO ESTVEL entre o homem e a mulher e comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes, que recebeu o nome de FAMLIA MONOPARENTAL. Consagrou a IGUALDADE DOS FILHOS, havidos ou no do casamento, ou por adoo, garantindo-lhes os mesmos direitos e qualificaes. Essas profundas modificaes acabaram derrogando inmeros dispositivos da legislao ento em vigor, por no recepcionados pelo novo sistema jurdico. Nas palavras de Luiz Edson Fachin, o Cdigo Civil perdeu o papel de lei fundamental do direito de famlia.5. Cdigo Civil de 2002O CC/2002 foi gestado mesmo antes da Lei do Divrcio e necessitou sofrer modificaes profundas para adequar-se s diretrizes ditadas pela Constituio. Inmeros remendos foram feitos, o que, ainda assim, no deixou o texto com a atualizao e a clareza necessrias para reger a sociedade do sculo XXI. Podemos citar algumas inovaes, tais como: a igualdade entre o homem e a mulher na administrao familiar, a eliminao das adjetivaes filiais, o extermnio do regime dotal etc. Alguns avanos tambm so encontrados no novo CC/02, corrigiu alguns equvocos e incorporou orientaes pacificadas pela jurisprudncia, como no mais determinar compulsoriamente a excluso do sobrenome do marido do nome da mulher. No vetusto CC era obrigatria a perda do nome quando da converso de separao em divrcio. O responsvel pela separao no tinha direito a alimentos, mesmo que no tivesse meios de sobreviver. Porm, deixou de promover avanos necessrios, como a posse de estado de filho, a filiao socioafetiva, a normatizao das relaes de pessoas do mesmo sexo, atualmente denominadas de unies homoafetivas.II. Noo de Direito de Famlia

O Direito de Famlia de todos os ramos do direito, o mais intimamente ligado prpria vida, uma vez que, de modo geral, as pessoas provm de um organismo familiar e a ele conservam-se vinculadas durante a sua existncia, mesmo que venham a constituir nova famlia pelo casamento ou unio estvel.A famlia uma realidade sociolgica e constitui a base do Estado, o ncleo fundamental em que repousa toda a organizao social. Em qualquer aspecto em que considerada, aparece a famlia como uma instituio necessria e sagrada, que vai merecer a mais ampla proteo do Estado. A CF/88 e o CC/2002 a ela se reportam e estabelecem a sua estrutura, sem no entanto defini-la, uma vez que no h identidade de conceitos tanto no direito como na sociologia. Lato sensu, o vocbulo famlia abrange todas as pessoas ligadas por vnculo de sangue e que procedem, portanto, de um tronco ancestral comum, bem como as unidas pela afinidade e pela adoo, compreendem os cnjuges e companheiros, os parentes e os afins. Segundo JOSSSERAND, este primeiro sentido , em princpio, o nico verdadeiramente jurdico, em que a famlia deve ser entendida: tem o valor de um grupo tnico, intermdio entre o indivduo e o Estado . Para determinados fins, especialmente sucessrios, o conceito de famlia milita-se aos parentes consangneos em linha reta e aos colaterais at o quarto grau.1. Conceito e contedo do direito de famlia

Dispondo a famlia de vrias formataes, tambm o direito das famlias precisa ter espectro cada vez mais abrangente. Assim, difcil sua definio sem incidir num vcio de lgica. Como esse ramo do direito disciplina a organizao da famlia, CONCEITUA-SE O DIREITO DE FAMLIA COMO O PRPRIO OBJETO A DEFINIR. Em conseqncia, mais do que uma definio, acaba sendo feita A ENUMERAO DOS VRIOS INSTITUTOS que regulam no s as relaes entre pais e filhos, mas tambm entre cnjuges e conviventes, ou seja, A RELAO DAS PESSOAS LIGADAS POR UM VNCULO DE CONSANGINIDADE, AFINIDADE OU AFETIVIDADE.

A sociedade s aceitava A FAMLIA CONSTITUDA PELO MATRIMNIO, por isso a lei regulava somente o casamento, as relaes de filiao e o parentesco. O reconhecimento social dos vnculos afetivos formados sem o selo da oficialidade fez as relaes extramatrimoniais ingressarem no mundo jurdico por obra da jurisprudncia, o que levou a Constituio a albergar no conceito de entidade familiar o que chamou de unio estvel. Viu-se o legislador na contingncia de regulamentar esse instituto e integr-lo no livro do direito de famlia. OLVIDOU-SE O CC/2002 FOI DE DISCIPLINAR AS FAMLIAS MONOPARENTAIS RECONHECIDAS PELA CF/88 COMO ENTIDADE FAMILIAR. Igualmente nada traz sobre as unies homoafetivas, que vm recebendo da jurisprudncia reconhecimento no mbito do direito das famlias.

2. Princpios do Direito de Famlia

1. Princpio da Ratio (razo) do matrimnio Segundo esse princpio, o fundamento bsico do casamento e da vida conjugal a afeio entre os cnjuges e a necessidade de que perdure completa comunho de vida.

2. Princpio da Igualdade jurdica dos cnjuges Com esse princpio desaparece o poder marital, e a autocracia do chefe de famlia substituda por um sistema em que as decises devem ser tomadas de comum acordo entre marido e mulher ou conviventes, pois os tempos atuais requerem que a mulher seja a colaboradora do homem e no sua subordinada e que haja paridade de direitos e deveres entre cnjuges e companheiros.

3. Princpio da igualdade jurdica de todos os filhos Com base nesse princpio, no se faz distino entre filho matrimonial, no matrimonial ou adotivo quanto ao poder familiar, nome e sucesso; permite-se o reconhecimento de filhos extramatrimoniais e probe-se que se revele no assento de nascimento a ilegitimidade simples ou espuriedade.4. Princpio do pluralismo familiar Reconhecimento da famlia matrimonial e de entidades familiares5. Princpio da consagrao do poder familiar O poder-dever de dirigir a famlia exercido conjuntamente por ambos os genitores, desaparecendo o poder marital e paterno.

6. Princpio da Liberdade - Livre poder de formar uma comunho de vida;- Livre deciso do casal no planejamento familiar;- Livre escolha do regime matrimonial de bens;- Livre aquisio e administrao do patrimnio familiar;- Livre opo pelo modelo de formao educacional, cultural e religiosa da prole.7. Princpio do respeito da dignidade da pessoa humana Garantia do pleno desenvolvimento dos membros da comunidade familiar.

3. Natureza jurdica do direito de famlia

J foi dito que a famlia constitui o alicerce mais slido em que se assenta toda a organizao social, estando a merecer, por isso, a proteo especial do Estado, como proclama o art. 226 da CF/88, que a ela se refere como base da sociedade, protegendo-a e fortalecendo-a com: normas cogentes ou de ordem pblica;Isto quer dizer que NO PODEM SER REVOGADAS PELA VONTADE DAS PARTES e determinando a participao do Ministrio Pblico nos litgios que envolvem relaes familiares.

Suas instituies jurdicas so direitos-deveres;Em razo da importncia social de sua disciplina, predominam no direito, portanto, as normas de ordem pblica, IMPONDO ANTES DEVERES DO QUE DIREITOS. Todo o direito familiar se desenvolve e repousa, com efeito, na idia de que os vnculos so impostos e as faculdades conferidas no tanto para atribuir direitos quanto para impor deveres. No principalmente o interesse individual, com as faculdades decorrentes, que se toma em considerao. Os direitos, embora assim reconhecidos e regulados na lei, assumem, na maior parte dos casos, o carter de deveres. ramo do direito privado, apesar de sofrer interveno estatal, devido importncia social da famlia.Da por que se observa UMA INTERVENO CRESCENTE DO ESTADO NO CAMPO DO DIREITO DE FAMLIA, VISANDO CONCEDER-LHE MAIOR PROTEO E PROPICIAR MELHORES CONDIES DE VIDA S GERAES NOVAS. Essa constatao tem conduzido alguns doutrinadores a retirar do direito privado o direito de famlia e inclu-lo no direito pblico. Outros preferem classific-lo como direito sui generis ou direito social. Natureza personalssimaSO DIREITOS IRRENUNCIVEIS E INTRANSMISSVEIS POR HERANA. Desse modo, ningum pode transferir ou renunciar sua condio de filho. O marido no pode transmitir seu direito de contestar a paternidade do filho havido por sua mulher; ningum pode ceder seu direito de pleitear alimentos, ou a prerrogativa de demandar o reconhecimento de sua filiao havida fora do matrimnio.

4. Importncia do direito de famliaGrande a importncia do direito de famlia pela influncia que exerce sobre todos os ramos do direito pblico e privado, como to bem observam Washington de Barros Monteiro e R. Limongi Frana, cujas lies aqui reproduzimos.No mbito do direito civil, p. ex.: a) O direito das obrigaes contm normas que se fundam em princpios do direito de famlia, como as que prescrevem a necessidade de outorga uxria ou marital para alienar bens imveis ou direitos reais sobre coisas alheias (CC, art. 1.647); as alusivas doao (CC, arts. 544, 546, 550 e 551, pargrafo nico); as relativas venda de ascendente e descendente (CC, art. 496), e reparao de dano (CC, art. 932, I e II);b) O direito das coisas apresenta disposies normativas que sofrem influncia do direito de famlia, como as concernentes hipoteca legal dos filhos sobre os bens imveis do genitor que convolar npcias sem fazer o inventrio do casal anterior (CC, art. 1.489);c) O direito das sucesses, que na sua maior parte, relativa sucesso legtima, aspecto patrimonial post mortem do direito de famlia. ( o que nos ensinam: R. Limongi Frana p. 166; W. Barros Monteiro op. Cit. P. 6)Direito pblico:a) O direito constitucional banha-se no direito de famlia sobre normas que regem a famlia, a educao e a cultura (CF, arts. 205 a 214 e 226 a 230);b) O direito tributrio mostra a sua influncia desse ramo do direito civil nas isenes tributrias a cnjuges ou companheiros, filhos e dependentes, pois na arrecadao do imposto de renda h dedues atinentes aos encargos de famlia;c) o direito administrativo demonstra sofrer a proteo do direito familiar ao prescrever o direito unio dos cnjuges, em matria de preferncia para remoo de cargos pblicos;d) o direito previdencirio, no que concerne s penses alimentcias a que tm direito vivos ou ex-conviventes, filhos e dependentes, no se mostra, igualmente, imune aos princpios do direito de famlia;e) o direito processual recebe subsdios do direito de famlia, principalmente na suspeio de juiz e de serventurio da Justia em razo de parentesco com as partes litigantes (CPC, arts. 135 a 138; arts. 254, 255 e 258); no impedimento de testemunha (CPC, art. 405 c/c art. 228 do CC); na remio e na execuo (CPC, art. 787); f) o direito penal mostra-nos a preocupao do elaborador da norma penal em proteger a famlia, ao reprimir os crimes contra o casamento (CP, arts. 235 a 240); estado de filiao (CP, arts. 241 a 243); assistncia familiar (CP, arts. 244 a 247); poder familiar, tutela e curatela (CP, arts. 248 e 249).5. ConstitucionalizaoGrande parte do direito civil est na Constituio, que acabou enlaando os temas sociais juridicamente relevantes para garantir-lhes efetividade. A interveno do Estado nas relaes de direito privado permite o revigoramento das instituies de direito civil e, diante do novo texto constitucional, foroso ao intrprete redesenhar o tecido do direito civil luz da nova constituio.6. CASAMENTO1. DefinioCasamento o contrato de direito de famlia que tem por fim promover a unio do homem e da mulher, de conformidade com a lei, a fim de regularem suas relaes sexuais, cuidarem da prole comum e se prestarem mtua assistncia. (Modestino. D., Liv.23, Tit. 2, frag. 1). Citado por Silvio Rodrigues.Da definio citada por Silvio Rodrigues possvel extrair os fins do casamento, que esto ligados aos deveres expressos no art. 1.566 do CC/02. So eles: A disciplina das relaes sexuais, que est ligada ao dever de fidelidade; A proteo da prole, que est associada ao dever de sustento, guarda e educao dos filhos; A mtua assistncia, que tambm um dever de ambos os cnjuges.Ento, podemos, afirmar que casamento a unio legal entre um homem e uma mulher, com o objetivo de constiturem a famlia legtima. Reconhece-se-lhe o efeito de estabelecer comunho plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos cnjuges (CC, art. 1511). Como complemento, surge a norma protetiva do art. 1.513: defeso a qualquer pessoa, de direito pblico ou privado, interferir na comunho de vida instituda pela famlia. Unio legal aquela celebrada com observncia das formalidades exigidas pela lei. E entre um homem e uma mulher, porque o casamento entre pessoas do mesmo sexo ainda no permitido, embora existam movimentos nesse sentido. O casamento celebrado sem as solenidades previstas em lei e entre pessoas do mesmo sexo inexistente, bem como o aquele em que os nubentes no manifestam o consentimento. O Casamento cria a famlia legtima. A unio estvel, reconhecida pela CF/88 e pelo CC (art. 1723) como entidade familiar, pode ser chamada de famlia natural. Quando formada por somente um dos pais e seus filhos, denomina-se famlia monoparental (CF, art. 226, 4).2. Natureza Jurdica trs correntesCORRENTE DA CONCEPO CLSSICA tambm chamada de individualista, uma relao puramente contratual, resultante de um acordo de vontades, como acontece nos contratos em geral. Assim, o consentimento dos contraentes constitua o elemento essencial de sua celebrao e, sendo contrato, certamente poderia dissolver-se por um distrato. A sua dissoluo ficaria, apenas na dependncia do mtuo consentimento .CORRENTE DA CONCEPO INSTITUCIONALISTA OU SUPRA-INDIVIDUALISTAEm oposio a tal teoria, surgiu a concepo institucionalista ou supra-individualista, sustenta que o casamento uma grande instituio social, a ela aderindo os que se casam.

CORRENTE ECLTICA constitui uma fuso das anteriores, pois considera o casamento um ato complexo: um contrato especial, do direito de famlia, mediante o qual os nubentes aderem a uma instituio pr-organizada, alcanando o estado matrimonial.Pontes de Miranda, com sua indiscutvel autoridade, nos ensina:Por outro lado, por meio de contrato faz-se o casamento, mas contrato de direito de famlia; no caso de celebrao confessional, conforme a concepo do seu direito matrimonial. Mas o registro civil que em verdade lhe d existncia jurdica e os efeitos civis; e tais efeitos no so, de regra, contratuais resultam do instituto mesmo. No se pode deixar de enfatizar que a natureza de negcio jurdico de que se reveste o casamento reside especialmente na circunstncia de se cuidar de ato de autonomia privada, presente na liberdade de casar-se, de escolha do cnjuge e, tambm, na de no se casar. No plano dos efeitos patrimoniais, tm os cnjuges liberdade de escolha, atravs do pacto antenupcial, do regime de bens a vigorar em seu casamento. Esse espao reservado ao livre consentimento exercido, entretanto, dentro dos limites constitucionais e legais, que traduzem o modelo social de conduta determinado pela ordem jurdica.3. Caractersticas do casamento O casamento possui as seguintes caractersticas:a) um ato complexo Depende de celebrao e de todas as formalidades previstas em lei, como o processo de habilitao e a publicidade. de natureza institucional. b) Depende de livre manifestao Para que o casamento seja considerado vlido, h que se ter a livre manifestao de vontade, pois qualquer vcio de vontade pode acarretar sua anulao (art. 1.550, III, CC).c) ato privativo do representante do Estado (juiz de casamento) A falta de competncia da autoridade celebrante pode ser causa de anulao (art. 1.550, VI, CC).4. Criao do casamento civilO casamento civil foi criado pelo Decreto 181, de 24 de janeiro de 1890, com o advento da Repblica. Anteriormente, existia apenas o casamento religioso, que era dividido em: Ato nupcial catlico, se celebrado entre pessoas de religio catlica; Ato npcias misto, se celebrado entre pessoas de religies diferentes, sendo uma catlica e outra no; Ato nupcial acatlico, se celebrado entre pessoas que no eram da religio catlica.Com a Lei 379, de 16 de janeiro de 1937, que, segundo Silvio Rodrigues (Direito Civil Direito de Famlia, 2002, p. 23), foi refundida pela Lei n. 1.110, de 23/5/1950, e atualmente est prevista tambm na Lei n. 6.015, de 31/12/1973 (Lei de Registros Pblicos), surgiu a possibilidade do casamento religioso com efeitos civis, o que raramente se encontra nos dias atuais, pois o costume em nosso pais da realizao de duas celebraes: civil e religiosa.A prpria CF/88 reconhece que o casamento religioso tem efeito civil nos termos da lei (art. 226, 2).

IV. DO PROCESSO DE HABILITAO PARA O CASAMENTO1. Da capacidade para o casamento art. 1517O legislador do novo Cdigo Civil foi mais tcnico de que o do anterior quanto capacidade para o casamento. No CC/16, a falta de capacidade vinha juntamente com os impedimentos matrimoniais, o que no mais acontece no Cdigo atual, que em seu artigo 1.517 traz:O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-se autorizao de ambos os pais, ou de seus representantes legais, enquanto no atingida a maioridade civil.Dessa forma, observa-se que a capacidade matrimonial no implica a capacidade civil, devendo haver a autorizao dos pais e representantes legais para o menor entre 16 e 18 anos.H exceo regra da capacidade? Sim. Excepcionalmente, ser permitido o casamento de quem no completou a idade mnima, no caso de gravidez.

O art. 1.520 do CC prev, tambm, que, excepcionalmente, poder ser permitido o casamento de menores de 16 anos para evitar a imposio de pena criminal. Essa previso estava em consonncia com o artigo 107 do CPB, que previa, em seu inciso VII, que nos crimes contra os costumes, definidos nos artigos 213 a 220, se o ofensor se casasse com a ofendida, seria extinta a punibilidade.Em 28 de maro de 2005, todavia, por fora da Lei n. 11.106/05, alguns dispositivos do CPB foram expressamente revogados, entre eles os incisos VII e VIII do art. 107. Diante de tal fato, a parte do artigo 1.510 do CCB que prev a possibilidade de menores de 16 anos poderem se casar para evitar imposio de pena no se aplica mais, por no existir essa possibilidade no ordenamento penal.

2. Denegao do consentimento pargrafo nico, art. 1.631.A denegao do consentimento, quanto injusta, poder ser suprida pelo juiz. Corrige-se, nesse aspecto, a erronia do CC/16, art. 186, que dava preferncia vontade paterna em caso de discordncia dos pais do menor ou vontade do guardio, na hiptese de casal separado ou divorciado. Como se v, uma vez mais a igualdade entre o homem e a mulher fica reafirmada.O CC, ao tratar do Poder Familiar (antigo ptrio poder), no art. 1.631, dispe que, em havendo divergncia entre os pais quanto ao exerccio do encargo, qualquer deles pode recorrer ao juiz para soluo do desacordo.2.1. Motivos justos e fundados para denegao do consentimentoReputam-se justos e fundados, segundo os autores , os seguintes motivos: 1. Existncia de impedimento legal;2. Grave risco sade do menor;3. Costumes desregrados, como embriaguez habitual e paixo imoderada pelo jogo;4. Falta de recursos para sustentar a famlia;5. Total recusa ou incapacidade para o trabalho;6. Maus antecedentes criminais, tais como condenao em crime grave (P.ex., estupro, roubo, estelionato etc.).Se o pedido de suprimento do consentimento for deferido, ser expedido alvar, a ser juntado no processo de habilitao, e o casamento celebrado no regime da separao de bens. Com efeito, segundo dispe o art. 1.641, III, do CCB, o regime de bens que obrigatoriamente ser adotado pelos cnjuges que obtm suprimento judicial para o casamento o da separao de bens. O art. 888, IV, do CPC permite ao juiz, como medida cautelar, determinar o afastamento do menor autorizado a contrair matrimnio.

2.2 Do procedimento para o suprimento judicialO procedimento para o suprimento judicial do consentimento dos representantes legais o previsto para a jurisdio voluntria (CPC, arts. 1.103 e s.). Para viabilizar o pedido, admite-se que o menor pbere outorgue procurao a advogado, sem assistncia de seu representante legal, em razo de evidente colidncia de interesses e por se tratar de procedimento de jurisdio voluntria .Comumente, no entanto, o prprio representante do Ministrio Pblico a quem no se pode negar a legitimidade de parte, como defensor dos interesses dos incapazes encarrega-se de requerer ao juiz a nomeao de advogado dativo para o menor. Da deciso proferida pelo juiz cabe recurso de apelao para a instncia superior. COMO O ART. 475 DO CPC NO INCLUIU TAL SITUAO NAS HIPTESES DE REEXAME NECESSRIO, ESSE RECURSO O VOLUNTRIO, COM EFEITO SUSPENSIVO.

2.3. Habilitao para o casamento 1.517 a 1.523Habilitao para o casamento PROCESSO QUE CORRE PERANTE O OFICIAL DO REGISTRO CIVIL E QUE TEM POR FIM EVIDENCIAR A APTIDO DOS NUBENTES PARA O CASAMENTO. Na verdade, o processo de habilitao visa verificar se os noivos no so impedidos para o casamento. Se realmente podem casar-se.Destina-se a aludida medida preventiva a constar a capacidade para a realizao do ato (CC, arts. 1.517 a 1.520), a inexistncia de impedimentos matrimoniais (art. 1.521) ou de causa suspensiva (art. 1.523) e a dar a publicidade, por meio de editais, pretenso manifestada pelos noivos, convocando as pessoas que saibam de algum impedimento para que venham op-lo.Esse processo compreende quatro etapas: DOCUMENTAO PROCLAMAS CERTIFICADO E REGISTRO Desenrola-se segundo os ARTS. 1.525 A 1.532 DO CCB E ARTS. 67 A 69 DA LEI DE REGISTROS PBLICOS LEI N. 6.015/73).A) DOCUMENTAO - Nessa primeira etapa, o cartrio requisitar dos noivos uma srie de documentos, de acordo com o Cdigo Civil. Assim que devero ser apresentados, por cada nubente: Certido de nascimento Declarao de estado civil Domiclio e residncia dos contraentes e seus pais Autorizao dos responsveis, se forem menores de 18 anos Declarao de duas testemunhas capazes, que atestem no haver impedimentos matrimoniais; Atestado de bito ou certido de divrcio, conforme seja um dos noivos vivo ou divorciado; etc.Apresentados e verificados os documentos, inicia-se a segunda etapa, qual seja, os proclamas.B) PROCLAMAS o edital, que ser afixado por quinze dias no mural do cartrio, aps a apresentao dos documentos.O objetivo dos proclamas o de comunicar ao pblico em geral a inteno dos noivos de contrair npcias. Assim, qualquer pessoa poder opor-se ao casamento, se souber de algum impedimento. Para tanto, basta apresentar-se perante o oficial do Registro e provar a existncia do impedimento.Os proclamas sero tambm publicados em jornal local, se houver.Entregues os documentos com o requerimento de habilitao, o processo ser encaminhado ao ministrio Pblico, que sobre ele opinar. A partir da, o processo remetido ao juiz, que dar a ltima palavra, homologando ou no a habilitao.O juiz poder DISPENSAR OS PROCLAMAS, EM CASO DE URGNCIA (por exemplo, enfermidade de um dos nubentes). Para tanto necessrio requer-lo e apresentar provas de urgncia. O Ministrio Pblico ser ouvido.Para a publicao dos proclamas no necessrio se esperar o parecer do Ministrio Pblico nem a homologao judicial, uma vez que o art. 1.527 exige apenas que os documentos estejam em ordem.Aps o perodo de publicao dos proclamas, e homologado a habilitao pelo juiz, ser emitido o certificado de habilitao para o casamento. OBSERVAO IMPORTANTE:LEI 12.133 de 17 de dezembro de 2009 - A Habilitao para o Casamento e o Registro Civil - 18/01/2010 | Autor: Mario de Carvalho Camargo Neto

A recm promulgada lei 12.133/2009, que entra em vigncia no dia 17 de janeiro de 2010, trouxe alterao que afeta diretamente o servio do registrador civil, simplificando e desjudicializando o procedimento de habilitao para o casamento.

A lei em questo altera a redao do artigo 1.526 do Cdigo Civil, afastando a obrigatoriedade da homologao do juiz nas habilitaes, a qual passa ser necessria apenas em caso de impugnao.

Este estudo se prope a analisar a alterao e seus efeitos, contribudo para a aplicao da nova lei pelos registradores civis.

No tocante ao estudo de normas locais, toma-se por base o Estado de So Paulo.

1. A Alterao - Desjudicializao

O artigo 1.526 do Cdigo Civil trazia a seguinte redao:

"Art. 1.526. A habilitao ser feita perante o oficial do Registro Civil e, aps a audincia do Ministrio Pblico, ser homologada pelo juiz."

Com a alterao, tal artigo passa a prescrever que:

"Art. 1.526. A habilitao ser feita pessoalmente perante o oficial do Registro Civil, com a audincia do Ministrio Pblico.Pargrafo nico. Caso haja impugnao do oficial, do Ministrio Pblico ou de terceiro, a habilitao ser submetida ao juiz."V-se claramente que o intuito da mudana foi a simplificao do procedimento de habilitao, na medida em que se exclui a necessidade de homologao pelo juiz.

Trata-se de verdadeira medida de desjudicializao.

Isto o que se extrai da mensagem do Projeto de Lei, que nasceu na Secretaria da

Reforma do Judicirio do Ministrio da Justia, secretaria que tem como objetivo "propor e difundir aes e projetos de aperfeioamento do Poder Judicirio"[1].

Segundo a mensagem:

"a medida proposta pela SRJ/MJ busca a desonerao da estrutura do Judicirio, permitindo que a realizao do respectivo ato ocorra diretamente nos cartrios de registro civil, sem a necessidade de interveno judicial."

E ainda:

"o projeto que ora submeto Vossa Excelncia, tem por objetivo desburocratizar e simplificar o procedimento, exigindo a interveno judicial somente quando o caso requerer."

Este projeto segue a linha do que o Meritssimo Desembargado Jos Renato Nalini[2] chamou "tendncia de enxugamento do Estado", a qual "no poupou o Judicirio. (...)Essa megatendncia explica em parte o fenmeno dadesjudicializao .(...) O sentido das reformas em curso e acenadas, sempre reduzir o equipamento estatal destinado administrao da justia."[3]

O referido autor ainda acrescenta que "O registro Civil das Pessoas Naturais pode ingressar nesse projeto. uma estrutura singela, mas presente em todas as comunidades..."

Diante disso, a interpretao e a aplicao da nova lei devem se pautar pela simplificao dos procedimentos, pela desjudicializao e pela desburocratizao.

Assim, com a alterao do artigo 1.526 do Cdigo Civil, as habilitaes para casamento somente sero encaminhado para homologao do juiz no caso de impugnao pelo Oficial, pelo representante do Ministrio Pblico, que deve ser ouvido, ou por terceiros.

2. Precedente da Corregedoria Geral da Justia do Estado de So Paulo (CGJ-SP)

A simplificao da habilitao para o casamento trazida pela lei no novidade.

A CGJ-SP, no processo 28/2003, j havia possibilitado que, em razo do grande volume de servio, os Juzes Corregedores Permanentes dispensassem sua homologao nas habilitaes que no oferecessem risco validade do casamento, entendendo ser:"cabvel limitar o fluxo dos procedimentos, de maneira que apenas as habilitaes dotadas de algumas peculiaridades potencializadoras do surgimento de invalidades ou de situaes de eficcia especial do matrimnio devam ser remetidas ao juiz. Enquadram-se, aqui, todos os casos onde o oficial registrador antever questes relativas identificao da presena de impedimentos (artigo 1521) ou causas suspensivas (artigo 1523), bem como nas hipteses de segundas npcias quando no atingida a maioridade civil (artigo 1517 e 1520)". (Processo CG 28/2003).

Esta possibilidade foi posteriormente incorporada ao capitulo XVII das Normas de Servio da Corregedoria Geral da Justia, com a seguinte redao:

66. O Juiz Corregedor Permanente, tendo em vista o nmero de procedimentos de habilitao existentes na Comarca, poder por portaria determinar que a homologao ser necessria apenas nos casos onde o Oficial Registrador antevir questes relativas identificao da presena de impedimentos ou causas suspensivas, bem como na hiptese de segundas npcias quando no atingida a maioridade civil.

3. Relevncia Social da Simplificao do Procedimento

A alterao tambm vem atender a uma demanda social.

Os casamentos perderam espao para as unies informais durante toda a dcada de noventa e at o ano de 2002, como se constatou pelas Estatsticas do Registro Civil daquele ano[4]:

A taxa de nupcialidade caiu, no Brasil, durante toda a dcada de 1990, e se estabilizou de 2001 para 2002. Em 1991 foram registradas 7,5 unies legais por mil habitantes, e o nmero caiu para 5,7 por mil em 2001 e 2002. A taxa considera apenas a populao em idade de casar, ou seja, com 15 anos ou mais. Sua queda sinaliza que o casamento formal vem perdendo fora no pas, cedendo espao s unies informais.

Porm, de 2002 at 2006, houve crescimento na quantidade de casamentos, o que foi atribudo formalizao das unies consensuais, como se verificou:

Em 2006, o total de casamentos registrados no Brasil foi de 889.828, 6,5% superior ao total de 2005, mantendo a tendncia de crescimento que vem sendo observada no Pas, desde 2002, e decorrente em parte, da formalizao de unies consensuais[5](no destacado no original).

Atribui-se este crescimento, verificado entre 2002 e 2006, ao aumento do nmero de casais que procuraram formalizar suas unies consensuais, incentivadas pelo cdigo civil renovado em 2002 e pelas ofertas de casamentos coletivos promovidos desde ento, iniciativas que facilitaram o acesso ao servio de registro civil de casamento sob os aspectos burocrtico e econmico[6] (no destacado no original).

Esses dados constatam que, na sociedade brasileira, parte das unies no so formalizadas em razo de entraves burocrticos e que na medida em que esses so removidos a taxa de nupcialidade tende a crescer.A oficializao das unies conjugais na forma de casamento civil fundamental para a melhor elaborao de polticas pblicas, pois aproxima da realidade as estatsticas do Registro Civil, que so mais fcil e imediatamente obtidas.

Sob o aspecto subjetivo, tal oficializao tambm se revela importante por possibilitar que os envolvidos formalizem sua unio e gozem dos direitos e protees legais conferidos ao casamento.

Cumpre observar que, apesar da proteo outorgada pela Constituio, a unio estvel no se identifica com o casamento, apresentando diferenas quanto s relaes pessoais[7], aos direitos patrimoniais[8] e sucessrios[9], prova da unio[10], entre outros aspectos.

Evidencia-se, assim, que, diante das caractersticas da sociedade brasileira, so relevantes as medidas que visam simplificao e desburocratizao da formalizao do casamento.

4. Audincia do Ministrio Pblico - Ato n 289 de 30 de agosto de 2002 do Procurador Geral de Justia, do Corregedor Geral do Ministrio Pblico e do Colgio de Procuradores de Justia do Estado de So Paulo.

Em princpio, a audincia do representante do Ministrio Pblico obrigatria, o qual atua como fiscal da lei (custus legis).

Todavia, pelo Ato 289/02 do PGJ/CGMP/CPJ do Estado de So Paulo, possibilitou-se a limitao desta atuao pelo representante do Ministrio Pblico:

"Artigo 1. Atuando como rgo fiscal da lei (custos legis), o Promotor de Justia poder deixar de realizar a verificao preventiva e de manifestar-se nas habilitaes de casamento e nos pedidos de converso da unio estvel em casamento.

Pargrafo nico. O disposto no caput no se aplica s hipteses de oposio de impedimento por qualquer interessado (Lei 6.015/73, artigo 67, 5o), de justificao de fato necessrio habilitao (artigo 68 da mesma lei) e de pedido de dispensa de proclamas (artigo 69 da mesma lei)".

A Lei 12.133/09 nada altera, aparentemente, no ato em questo, o qual continua vigente, podendo ser dispensada a audincia do Ministrio Pblico, a critrio do seu representante.

V-se que os fundamentos do referido ato no sofreram alterao, mantendo-se as circunstancias que o inspiraram, no havendo porque se revogar a possibilidade de dispensa criada.

Aguarda-se, entretanto, a manifestao do Ministrio Pblico sobre a matria.

Observe-se que no h prejuzo em se dispensar a atuao do Ministrio Pblico como fiscal da lei nas habilitaes para casamento, vez que esta se realiza perante o Oficial de Registro, que profissional do direito, dotado de f pblica e submetido ao princpio da legalidade, tendo como funo precpua a qualificao registral que impede que situaes que rompam a malha da lei tenham acesso ao registro, o que, no caso, significa impedir que o casamento invlido ou ilegal seja realizado[11].

5. Interpretando o termo "Pessoalmente" - Possibilidade de se realizar a habilitao por procurador.

A nova redao do artigo 1.526 estabelece que: "A habilitao ser feita pessoalmente perante o oficial do Registro Civil".

Por conta do termo "pessoalmente", h quem defenda que no seria mais possvel realizar-se a habilitao para o casamento por meio de procurador.

No parece ser esta a melhor interpretao, carecendo tal termo de interpretao adequada.

Para tanto, utiliza-se a forma proposta pelo jurista Karl Larenz[12] em sua obra "Metodologia da Cincia do Direito".

Inicia-se pela averiguao do sentido literal do termo ou dispositivo, por se constituir "no ponto de partida e, ao mesmo tempo, determina[r] o limite da interpretao"[13].

O sentido literal do artigo em anlise claro: a habilitao deve ser feita pela pessoa diretamente perante o oficial.

Todavia, o sentido literal no unvoco e deixa margem para uma diversidade de interpretaes, tornando-se decisivos outros critrios.

Deve-se proceder verificao do contexto significativo do dispositivo e sua concordncia material com as demais normas.

Busca-se esclarecer qual seria o significado de se fazer a habilitao "pessoalmente" perante o oficial de registro e a que isto se ope.

O termo "pessoalmente" pode significar:

1-que o interessado que deve requerer a habilitao, no podendo se utilizar de procurador;2-que no h qualquer etapa intermediria (administrativa ou judicial), devendo a habilitao ser requerida diretamente perante o oficial de registro.

Ao se analisarem estes significados perante as demais normas, verifica-se que o primeiro deles no se sustenta, haja vista que o artigo 1.525 do Cdigo Civil prev expressamente que o requerimento de habilitao pode ser firmado por procurador:

"Art. 1.525. O requerimento de habilitao para o casamento ser firmado por ambos os nubentes, de prprio punho, ou, a seu pedido, por procurador".Ademais, o artigo 1.535 do Cdigo Civil estabelece que os contraentes podem manifestar a vontade de se casarem "em pessoa ou por procurador especial". No haveria porque se cogitar que para a habilitao o interessado no pudesse se fazer representar por procurador, mas para a celebrao, que o ato solene em que se contrai o matrimnio, o pudesse.

Assim, afasta-se o primeiro significado do termo "pessoalmente" restando o segundo, o que condiz perfeitamente com as demais etapas da interpretao, a saber: inteno reguladora e escopo, que claramente a simplificao, desburocratizao e desjudicializao do procedimento (como demonstrado anteriormente); e critrios teleolgico-objetivos, que so a simplificao do procedimento de casamento e a ampliao do acesso da populao a este instituto.

Aplicando-se os mtodos hermenuticos consagrados no Direito brasileiro, obtm-se o mesmo resultado.

A interpretao chamada gramatical no traz grandes esclarecimentos. Pela estrutura sinttica e pela semntica da nova redao, apenas se pode concluir que a habilitao ser pessoalmente e ser perante o oficial.

Para se compreender o alcance do termo "pessoalmente", deve-se passar interpretao sistemtica, compreendendo a norma dentro do contexto.

A partir deste critrio no se pode concluir que o termo "pessoalmente", que plurvoco, afaste a possibilidade de o interessado se fazer representar por procurador no procedimento de habilitao, vez que seria contrrio ao artigo 1.525 do Cdigo Civil, que expressamente prev tal possibilidade.

Seria, tambm, contrrio ao artigo 1.535 do mesmo cdigo, o qual prev que no ato solene de celebrao do casamento, o contraente pode manifestar sua vontade de contrair matrimnio por meio de procurador especial.

Superando-se a hermenutica voltada para a norma, podem ser aplicadas a interpretao histrica e a interpretao sociolgica, obtendo-se, mais uma vez, o mesmo resultado.

Pela interpretao histrica, devem ser analisadas as circunstancias que levaram edio da norma, o contexto dos problemas, idias e pretenses. No caso em questo, tudo se resume simplificao, desjudicializao e desburocartizao, como visto anteriormente. Assim, no se pode imaginar que a lei 12.133/09, que foi editada sob estas circunstncias e com este intuito, traga o complicador de afastar a possibilidade de o interessado ser representado na habilitao.

Pela interpretao sociolgica, deve-se buscar na sociedade as causas da norma e os interesses que possam justific-la. Como se observou no item 3 deste estudo, a facilitao do acesso formalizao de unies na forma de casamento uma demanda da sociedade brasileira, portanto, por este critrio, no se poderia interpretar a alterao legislativa no sentido de dificultar tal acesso.Desta forma, interpretando-se o novo texto legal, conclui-se que o interessado pode ser representado por procurador na habilitao para o casamento, a qual deve ser requerida e se processar diretamente perante o oficial de Registro Civil.

6. Avano da alterao e reconhecimento da atividade desempenhada pelo Registrador Civil.

Sabe-se que a funo do registrador civil no meramente burocrtica.

O registrador profissional do direito, dotado de f pblica e submetido ao princpio da legalidade, do qual decorre sua atividade precpua, a qualificao registral.

A F Publica caracterstica tcnica da qual os registradores so dotados, por fora do artigo 3 da Lei 8.935/94, estreitamente vinculada condio de profissionais do direito, que torna crvel o que o registrador certifica ter sido declarado ou realizado em sua presena, conferindo-lhe certeza e segurana jurdica[14].

A Qualificao Registral decorre do princpio da legalidade a que os Oficias Registradores, como integrantes da administrao pblica, esto submetidos, sendo parte de sua atividade precpua.

Mutatis Mutandis, aplica-se a definio dada por Afrnio de Carvalho ao princpio da legalidade, entendendo-se a qualificao registral como:

"(...) mecanismo que assegure, tanto quanto possvel, a correspondncia (...) entre a situao registral e a situao jurdica (...). Esse mecanismo h de funcionar como um filtro que, entrada do registro, impea a passagem de ttulos que rompam a malha da lei."[15]

Desta forma, atribuir-se competncia ao Oficial de Registro Civil das Pessoas Naturais para a verificao da correspondncia da situao com a realidade, afastando a interveno de outros rgos nesta atividade, no somente possvel, como no oferece qualquer risco a legalidade e desejvel, na medida em que simplifica e facilita o acesso da populao aos servios pblicos.

7. Consideraes Finais

Com o advento da lei 12.133/2009, a partir de sua entrada em vigncia:

1- Apenas ser necessria a homologao do juiz nas habilitaes para casamento que forem impugnadas;

2- O objetivo desta alterao a simplificao dos procedimentos, a desjudicializao e a desburocratizao;

3- A simplificao atende demanda social, viabilizando a formalizao das unies conjugais;4- A nova lei no altera o Ato n 289/2002 do PGJ/CGMP/CPJ do Estado de So Paulo, podendo ser dispensada a audincia do Ministrio Pblico;

5- A habilitao pode ser feita por meio de procurador, sendo esta a melhor interpretao do novo texto;6- A mudana reconhece a atividade do registrador civil como profissional do direito, dotado de f publica e submetido ao princpio da legalidade, deixando a este a atribuio de verificar o atendimento lei.

BibliografiaCarvalho, Afrnio de. Registro de Imveis. Rio de Janeiro: Forense. 1977.http://www.arpensp.org.br/principal/index.cfm?tipo_layout=SISTEMA&url=noticia_mostrar.cfm&id=3352. Acesso em: 27 de setembro 2008.Ferraz Jr., Trcio Sampaio. Introduo ao Estudo do Direito. So Paulo:Atlas,1995.Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE). Censo 2000 - Tendncias Demogrficas. Tabela 6. Disponvel em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2000/tendencias_demograficas/tabela06.pdf . Acesso em: 28 de setembro 2008.IBGE. Estatsticas do Registro Civil de 2002. Disponvel em:http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/17122003registrocivilhtml.shtm. Acesso em: 02 de outubro de 2008.IBGE. Estatsticas do Registro Civil de 2006. Disponvel em:http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/registrocivil/2006/default.shtm. Acesso em 02 deoutubro de 2008.IBGE. Sntese dos Indicadores Sociais, Uma anlise das Condies de Vida da Populao Brasileira 2008. Disponvel em:http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/indicadoresminimos/sinteseindicsociais2008/indic_sociais2008.pdf. Acesso em: 07 de outubro de 2008.Larenz, Karl. Metodologia da Cincia do Direito. Lisboa: Fundao Calouste Gulbenkian, 2005.Mascaro, Alysson Leandro. Introduo ao Estudo do Direito. So Paulo:Quartier Latin, 2007.Nalini, Jos Renato. Registro Civil das Pessoas Naturais: Usina da Cidadania. InRegistros Pblicos e Segurana Juridica. Dip, Ricardo Henry Marques (coord.). safE. 1998. p.41/55.Santos, Reinaldo Velloso dos. Registro Civil das Pessoas Naturais. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris, 2006. p. 161.

________________________________________[1] Reforma do Judicirio - Ministrio da Justia:http://www.mj.gov.br/data/Pages/MJ123F2D72ITEMID6DD8023789EE4DE69B639AEAAE6ABC03PTBRNN.htm[2] Nalini, Jos Renato. Registro Civil das Pessoas Naturais: Usina da Cidadania. In Registros Pblicos e Segurana Juridica. Dip, Ricardo et ali (org.). safE. 1998. p.41/55.[3] Ibid.[4] IBGE. Estatsticas do Registro Civil de 2002. Disponvel em: http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/17122003registrocivilhtml.shtm. Acesso em: 02 deoutubro de 2008.[5] IBGE. Estatsticas do Registro Civil de 2006. Disponvel em:http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/registrocivil/2006/default.shtm. Acesso em 02 de outubro de 2008.[6] IBGE. Sntese dos Indicadores Sociais, Uma anlise das Condies de Vida da Populao Brasileira 2008. Disponvel em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/indicadoresminimos/sinteseindicsociais2008/indic_sociais2008.pdf. Acesso em: 07 de outubro de 2008.[7] Artigo 1724 e Artigo 1566 do Cdigo Civil.[8] Artigo 1725 e Artigos 1639 e seguintes do Cdigo Civil.[9] Artigo 1790 e Artigos 1829 a 1832 do Cdigo Civil.[10] Artigo 1543 e seguintes do Cdigo Civil.[11] Vide item 5.[12] Larenz, Karl. Metodologia da Cincia do Direito. Lisboa: Fundao Calouste Gulbenkian, 2005.[13] Segundo a proposta de Karl Larenz a interpretao deve seguir os seguintes critrios: sentido literal; contexto significativo; inteno reguladora e escopo; critrios teleolgico-objetivos; e interpretao conforme a constituio. Ressalte-se que no so critrios justapostos sem inter-relao, tampouco h hierarquia entre eles, indicando-se a ordem apenas por questes metodolgicas. (Larenz, Karl. Metodologia da Cincia do Direito. Op. Cit. p.485).[14] Brandelli, Leonardo. Teoria Geral do Direito Notarial. Op. Cit. p.167.[15] Carvalho, Afrnio de. Registro de Imveis. Rio de Janeiro: Forense. 1977. p. 268.Mario de Carvalho Camargo Neto mestre em Direito Poltico Econmico pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, Assessor para Assuntos Institucionais e Legislativos da Associao de Registradores das Pessoas Naturais do Estado de So Paulo e Oficial de Registro Civil das Pessoas Naturais da Sede da Comarca de Capivari-SP e scio do IBDFAM. E-mail: [email protected].

c) Certificado O certificado de habilitao para o casamento ser emitido com o encerramento dos proclamas e aps a homologao judicial. Ter validade de 90 dias, aps os quais caducar, perdendo a sua validade. Em outras palavras, OS NOIVOS TERO 90 DIAS PARA CELEBRAR AS NPCIAS. Se este prazo transcorrer in albis, ou seja, sem que se celebre o casamento, o certificado perder a validade e o processo de habilitao dever ter incio outra vez.d) Registro O processo de habilitao se encerra realmente com o registro dos editais (proclamas) no cartrio que os haja publicado.V. Dos impedimentos matrimoniais

Para que o casamento tenha existncia jurdica, necessria a presena de elementos denominados essenciais: DIFERENA DE SEXO, CONSENTIMENTO E CELEBRAO NA FORMA DA LEI. Para que seja vlido e regular, deve preencher outras condies.

Impedimentos matrimoniais so causas que tornam O CASAMENTO IMPOSSVEL para ambos ou um s dos noivos.H IMPEDIMENTOS DE DUAS CATEGORIAS.A primeira categoria congrega os chamados IMPEDIMENTOS DIRIMENTES. Por que dirimentes? Porque impedem a realizao do casamento e, se por acaso ele ocorrer, torna-se invlido, pondo-lhe fim. Os impedimentos dirimentes podem ser pblicos ou privados.A segunda categoria a dos IMPEDIMENTOS MERAMENTE IMPEDIENTES. Impedientes porque impedem a realizao do casamento; mas se ele por acaso ocorrer, ser vlido, sofrendo sano indireta, que veremos mais adiante.O Cdigo Civil denomina estes IMPEDIMENTOS IMPEDIENTES DE CAUSAS SUSPENSIVAS DO CASAMENTO, uma vez que apenas suspendem a capacidade nupcial. Cessado o impedimento, o casal poder convolar npcias normalmente.

ATENO! Antes de estudarmos os impedimentos se faz necessrio irmos at a pgina 105 da apostila para estudarmos as relaes de parentesco.Estudemos cada uma dessas categorias.a) IMPEDIMENTOS DIRIMENTES - ART. 1.521, I A VII, CC.Incesto Incesto unio entre certos parentes. Para o Direito, considerada incestuosa a unio dos parentes em linha reta, ou seja, pais, avs, bisavs, filhos, netos, bisnetos etc. Estes parentes no podem se casar entre si, ainda que o parentesco seja por adoo, uma vez que os filhos adotivos se equiparam aos filhos consangneos.A infringncia de algum desses dispositivos tem como conseqncia um casamento nulo e sem nenhum efeito (art. 1.548, caput e inc. II, CCB).Art. 1.521 No podem casar:I Os ascendentes com os descendentes seja o parentesco natural ou civil;O parentesco civil o decorrente da adooII os afins em linha reta;Parentesco por afinidade aquele que decorre do casamento e tambm da unio estvel. Lembrando que os afins em linha reta so o sogro e a sogra em relao a nora, o genro, a enteada e o enteado.

III o adotante com quem foi cnjuge do adotado e o adotado com quem foi do adotante;A pessoa adotante no poder ser casar com o (a) ex-marido ou ex-mulher da pessoa que est sendo adotada; e nem a pessoa que est sendo adotada poder se casar com quem j foi ex-marido ou ex-mulher da pessoa que est adotando.IV os irmos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, at o terceiro grau inclusive;Bilaterais ou germanos so nascidos do mesmo pai e mesma me; unilaterais, aqueles que tm em comum s o mesmo pai (consangneos) ou s a mesma me (uterinos).V o adotado com o filho do adotante;Isto porque so irmos.VI as pessoas casadas;Ficam sujeitas a responder por crime de bigamia (art. 235, CP). PARA QUE POSSAM SE CASAR NOVAMENTE, DEVERO APRESENTAR:- certido de bito do cnjuge falecido;- certido de nulidade ou anulao do casamento anterior;- registro da sentena de divrcio.Por fora do art. 1.571, 1, do CCB, o casamento dissolve-se em caso de presuno de bito do ausente. H que ressaltar tambm que o casamento no religioso no inscrito no Registro Civil no constitui impedimento (art. 1.515 do CCB).VII o cnjuge sobrevivente com o condenado por homicdio ou tentativa de homicdio contra o seu consorte.No h necessidade de cumplicidade entre o condenado e o cnjuge sobrevivente. Tem de haver condenao; se houver absolvio ou prescrio com a extino da punibilidade, na h impedimento. S aplicado no homicdio doloso, pois no culposo no h inteno de matar um para casar com o outro (Cf. Venosa, Silvio de Salvo. Direito de Famlia, 2003, p. 84; DINIZ, Maria Helena, Curso de Direito Civil Brasileiro, v. 5, 2002, p. 78; RODRIGUES, Silvio, Direito Civil Direito de Famlia, 2002, p. 48).

VI. Causas suspensivasO casamento com inobservncia de uma dessas causas suspensivas sujeita os infratores a determinadas penas, em regra referentes ao regime de bens, mas no eiva de nulidade o casamento nem permite sua anulao.Art. 1.523 No devem casar:I o vivo ou a viva que tiver filho do cnjuge falecido, enquanto no fizer inventrio dos bens do casal e der partilha aos herdeiros.Visa evitar a confuso de patrimnio dos filhos com o da nova sociedade conjugal. A desobedincia acarretar as seguintes sanes: Celebrao do segundo casamento sob o regime de separao obrigatria de bens (art. 1.641, I, CC); Hipoteca legal de seus imveis em favor dos filhos (art. 1.489, II, CC) filhos passam a ser titulares do direito real sobre os imveis do pai/me. Exceo: se houver prova da inexistncia de prejuzo para os herdeiros, o (a) vivo (a) poder casar sem sofrer essas sanes, conforme disposio do artigo 1.523, pargrafo nico.

II a viva, ou mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, at dez meses depois do comeo da viuvez, ou da dissoluo da sociedade conjugal.Visa a evitar a confuso sangunea (turbatio sanguinis), ou seja, em caso de gravidez. A inobservncia acarretar a sano do artigo 1.641, I, isto , regime de separao obrigatria de bens.Exceo: se a nubente provar a inexistncia de gravidez ou que teve o filho antes da fluncia do prazo legal (art. 1.513, pargrafo nico).

Nos dias atuais basta, to-somente, o exame de sangue BETA HCG, para afastar ou confirmar uma gravidez.III - 0 divorciado, enquanto no houver sido homologado ou decidida a partilha dos bens do casal.Visa evitar a confuso de patrimnios. A sano a aplicao do regime de separao obrigatria de bens, exceto se for provado que no houve prejuzo para o outro cnjuge.IV o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto no cessar a tutela ou curatela, e no estiverem saldadas as respectivas contas.Visa impedir a influncia em virtude do poder que tem o tutor/curador sobre o tutelado/curatelado resultando em um casamento por interesse. A sano tambm o regime da separao obrigatria de bens, exceto se no existir prejuzo para o tutelado ou curatelado.VII. Oposio dos impedimentos e das causas suspensivasArt. 1.522. Os impedimentos podem ser opostos, at o momento da celebrao do casamento, por qualquer pessoa capaz.Pargrafo nico. Se o juiz, ou o oficial de registro, tiver conhecimento da existncia de algum impedimento, ser obrigado a declar-lo.O direito de oposio sofre restries de ordem pessoal e formal, a fim de evitar abusos, imputaes caluniosas ou levianas, uma vez que h sanes para quem exerc-lo arbitrariamente.As limitaes concernentes s pessoas variam de acordo com os impedimentos ou causas suspensivas que se opem. Assim:1) Os impedimentos matrimoniais (CC, art. 1.521, I a VII), por interessarem coletividade, devem ser argidos, obrigatoriamente, ex officio: pelo oficial do registro civil; pelo juiz ou por quem presidir celebrao do casamento, pois se tiverem conhecimento de algum impedimento sero obrigados a declar-lo (CC, art. 1.522, parag. nico).Qualquer pessoa capaz poder, at o momento da celebrao do casamento, sob a sua assinatura, apresentar declarao escrita, instruda com as provas do fato que alegar (CC, arts. 1.522 e 1.529). Se o oponente no puder instruir a oposio com as provas, dever precisar o lugar onde existam ou possam ser obtidas (CC, art. 1.539).Espnola e Caio Mrio da Silva Pereira incluem o representante do MP, quando este tiver conhecimento do impedimento, pois, se a qualquer do povo lcito op-lo, com mais razo o ao rgo que representa a sociedade e que, funcionalmente, o defensor do direito objetivo. (LRP, art. 67, 2.; CF/88, art. 127). H, portanto, interesse do Estado na regularidade dos casamentos e na f pblica do registro civil.Art. 1.524. As causas suspensivas da celebrao do casamento podem ser argidas pelos parentes em linha reta de um dos nubentes, sejam consangneos ou afins, e pelos colaterais em segundo grau, sejam tambm consangneos ou afins.a) Na primeira parte do artigo esto os ascendentes, descendentes ou seus respectivos cnjuges;b) pelos colaterais, em segundo grau, sejam consangneos (irmos) ou afins (cunhados) (CC, art. 1.524; RF, 117:473). Opinio de Eduardo Espnola:Se a dissoluo do matrimnio se deu por sentena, o ex-marido tem interesse em evitar a confuso de sangue, embora a lei no o diga, podendo opor causa suspensiva do CC, art. 1.523, II. Se descumpridas, tais causas suspensivas podem gerar oposio ao pedido de casamento, que, sendo acatado, impedir a expedio do certificado de habilitao (CC, art. 1.529), dever comprovar que seu casamento no trar prejuzo a herdeiro, a ex-cnjuge, a tutelado ou curatelado.

VIII. Da celebrao do casamento - arts. 1.533 a 1.5421. Breves consideraesArt. 1.533. Celebrar-se- o casamento, no dia, hora e lugar previamente designados pela autoridade que houver de presidir o ato, mediante petio dos contraentes, que se mostrem habilitados com a certido do art. 1.531.O casamento contrato solene e sua celebrao deve obedecer s formalidades especiais impostas por lei. A autoridade celebrante quem designa o dia, hora e lugar para realizao da cerimnia, Os nubentes, entretanto, podero fazer sugestes, mas a autoridade celebrante no est obrigada a aceit-la.A celebrao do casamento ato necessrio para sua validade. Preenchidos os requisitos legais impostos pelo processo de habilitao, com a apresentao do certificado de habilitao, prevista no art. 1.521, os contraentes, mediante petio, requerem autoridade competente a celebrao do casamento.A apresentao do certificado de habilitao para o casamento documento imprescindvel para a realizao da solenidade.2. Formalidades:a) O casamento civil ser realizado no dia, local e horrio designados pela autoridade que o presidir.b) A cerimnia ser efetuada com o acesso franqueado ao pblico, deixando-se as portas abertas.c) o evento ocorrer na casa das audincias, se outro local no houver sido previamente acertado.d) So duas as testemunhas do ato, exceo feita ao caso em que um dos contraentes no saiba ou no possa naquele momento escrever, caso em que sero exigidas mais duas testemunhas.Obs.: Os parentes podem ser testemunhas do ato.e) Ao final do evento, o juiz de paz, verificando que de livre vontade dos interessados contrarem o matrimnio, pronunciar a seguinte frmula solene: De acordo com a vontade que ambos acabais de afirmar perante mim, de vos receberdes por marido e mulher, eu, em nome da lei, vos declaro casados.

f) Proceder-se-, ento, lavratura do livro de registros de casamento, cujo assento ser assinado pelo presidente do ato, os cnjuges, as testemunhas e o oficial do registro.De acordo com o art. 1.536 do CC, O assento conter: os dados qualificativos dos cnjuges (nomes, prenomes, nacionalidades, profisso e domiclio), assim como a data e o lugar dos seus nascimentos; os dados qualificativos dos genitores dos cnjuges (nomes, prenomes, nacionalidades, domiclio), assim como a data e o lugar dos seus nascimentos e, eventualmente, do bito; a relao dos documentos apresentados ao cartrio de registro civil; os dados qualificativos precedentes do cnjuge que foi anteriormente casado; os dados qualificativos das testemunhas; a data de publicao dos proclamas; o regime de bens adotado e a meno a eventual pacto antenupcial realizado; e a data de celebrao do casamento.Arts. Conexos: art. 1565 (incluso de sobrenome do nubente); art. 1.641 (obrigatoriedade do regime da separao de bens); art. 1,653 (pacto antenupcial) Cdigo Civil 1916 art. 195 Legislao Relacionada: art. 70 da Lei n. 6.015/73 (Lei dos Registros Pblicos)3) Da Suspenso da cerimnia art. 1.538 ccA celebrao do casamento ser imediatamente suspensa se algum dos contraentes:I Recusar a solene afirmao da sua vontade;II Declarar que esta no livre e espontnea;III Manifestar-se arrependido.O nubente que, por algum dos fatos mencionados acima, der causa suspenso do ato, no ser admitido a retratar-se no mesmo dia.A retratao do arrependimento eficaz, portanto, poder ser efetuada, porm em data posterior quela na qual houve a suspenso da cerimnia nupcial.Se, apesar da recusa, a cerimnia prosseguir e o ato for concludo e registrado, o casamento ser inexistente por falta de elemento essencial: o consentimento (Eduardo Spndola. A famlia, p. 138.) A retratao no ser aceita ainda que o nubente provocador do incidente declare tratar-se de simples gracejo.A inteno da lei resguardar a vontade do nubente contra qualquer interferncia. Mesmo que no se encontre sob influncia estranha, a lei lhe propicia um compasso de espera para que medite e, se retornar, traga uma deliberao segura e amadurecida.

O certo designar-se o casamento para o dia seguinte ou para nova data, dentro do prazo de eficcia da habilitao, para permitir uma serena reflexo do nubente indeciso. Alm dos casos mencionados no art. 1.538 do CC, a celebrao do casamento se interromper se os pais, tutores ou curadores revogarem a autorizao concedida para o casamento respectivamente dos filhos, tutelados e curatelados, como o permite o art. 1.518 do aludido diploma, bem como se, no decorrer da solenidade, for devidamente oposto algum impedimento legal cuja existncia se mostre plausvel ante a idoneidade do oponente, a seriedade da argio e a robustez da prova ou informao (Caio Mario da Silva Pereira, Instituies de Direito Civil, v.5 p.115-116)4) Molstia grave de um dos nubentes art. 1.539Se um dos nubentes, no dia da cerimnia, encontrar-se acometido de molstia grave, o casamento poder vir a ser realizado no seu prprio domiclio ou no lugar em que se encontrar, mesmo no horrio noturno, com a presena de duas testemunhas que saibam ler e escrever (no sistema de 1916, eram quatro testemunhas).O termo avulso da cerimnia ser reduzido no livro de assentos em 5 dias, perante duas testemunhas, contados a partir da data do casamento.5) Falta de autoridade para presidir o casamento art. 1.539 1Na falta ou no impedimento do comparecimento do juiz de paz para presidir a cerimnia civil, qualquer um dos seus substitutos legais poder realizar o casamento.Na ausncia do oficial de registro ao ato, o juiz de paz designar outro para o exerccio ad hoc das suas funes.O oficial do registro ad hoc dever lavrar termo avulso do casamento, com as mesmas informaes do termo definitivo, na presena de duas testemunhas.O registro de casamento ser efetuado em at cinco dias da data da sua celebrao.O registro no consubstanciado o termo inicial de vigncia do casamento, pois se destina to-somente a provar a sua realizao.Logo, o termo inicial do casamento a data na qual ele solenemente celebrado.IX - Espcies de casamentos

1.1 Casamento vlidoO CASAMENTO PUTATIVO, NUNCUPATIVO, RELIGIOSO COM EFEITOS CIVIS, CONSULAR, POR PROCURAO E CONVERSO DA UNIO ESTVEL EM CASAMENTO, desde que presentes os elementos essenciais e observados todos os requisitos legais, constituem formas vlidas de unies conjugais regulamentadas na lei. O putativo, embora anulvel ou nulo, produz efeitos de casamento vlido para o cnjuge de boa-f e, por isso, no ser includo, neste tpico, e sim nos casos de casamento invlido.1.2 Casamento por procurao por instrumento pblico art.1542, 1 a 4 aquele que sucede mediante a representao do nubente que no puder estar presente na data da sua realizao. Para tanto, o mandatrio dever estar investido de poderes especficos (ad nuptias) para contrair casamento em nome do outorgante, em instrumento de mandato que dever ser transcrito integralmente na escritura antenupcial e no assento do registro. Deve constar da procurao a indicao de quem ser o outro nubente, de modo a no se deixar tal faculdade de escolha, por bvio, ao arbtrio do procurador. Se assim no fosse, jamais seria possvel reputar tal casamento como realizado com base em uma vontade livre. Sua invalidade seria evidente.Exemplo: Qualquer outra pessoa que se encontra no estrangeiro a trabalho; no caso pode ser um rapaz de origem brasileira, mas ascendncia japonesa (os dekasseguis, o termo dekassegui () formado pelas palavras japonesas deru [] (sair) e kasegu[] (ganhar dinheiro), designando qualquer pessoa que deixa sua terra natal para trabalhar, temporariamente, em outra regio); Estudo ou misso que no pode ser interrompido;Observao: Se ambos no puderem comparecer, devero nomear procuradores diversos. Como a procurao outorgada para o mandatrio receber, em nome do outorgante, o outro contraente, deduz-se que ambos no podem nomear o mesmo procurador, at porque h a obrigao legal de cada procurador atuar em prol dos interesses de seu constituinte, e pode surgir algum conflito de interesses.O prazo de eficcia do mandato de at 90 dias. O mandato pode ser revogado s por instrumento pblico (CC, 1.542, 3 e 4). Caso o mandante (um dos nubentes) decida revogar o mandato antes da cerimnia, o casamento no ser realizado. Todavia, no chegando tal revogao ao conhecimento do mandatrio ou do outro pretendente, caber em desfavor do revogador o pagamento de indenizao por perdas e danos. 1.2.1 Regime de bens do casamento (casamento por procurao)No constitui requisito essencial do instrumento a meno do regime de bens do casamento, embora possa ser feita, facultativamente. No seu silncio, prevalecer o da comunho parcial, salvo se for obrigatrio, na espcie, o da separao. (Pontes de Miranda, Tratado de Direito de Famlia, v. I, 29, n.2, p. 195) citado por Carlos Roberto Gonalves.1.3 Casamento putativo art. 1.561 do CCCasamento putativo o que, embora nulo ou anulvel, foi contrado de boa-f subjetiva por um ou por ambos os cnjuges. Boa-f subjetiva, no caso, significa ignorncia da existncia de impedimentos dirimentes unio conjugal.Incide, na nulidade (quer seja absoluta, quer relativa), a regra da boa-f como desconhecimento de vcio ou defeito. Assim, o casamento anulvel ou mesmo nulo, se contrado de boa-f por ambos os cnjuges, em relao a estes como aos filhos, produz todos os efeito at o dia da sentena anulatria. Alpio Silveira nos ensina, nos tocante aos efeitos: certo, que alguns efeitos se perpetuam, como os relativos legitimidade dos filhos havidos durante o perodo de validez. A essncia do matrimnio putativo est, assim, na boa-f em que se encontram um ou ambos os cnjuges no momento da celebrao do matrimnio.O sentido do dispositivo legal protege to-s um dos cnjuges se somente ele estava de boa-f ao celebrar o casamento; nesse caso, restringindo o espectro de incidncia da boa-f negativa, seus efeitos civis s a ele e aos filhos aproveitaro.Presuno legal absoluta de boa-f cobre a situao jurdica dos filhos; mesmo que ambos os cnjuges estivessem de m-f ao celebrar o casamento, seus efeitos civis s aos filhos aproveitaro.Carlos Roberto Gonalves , em sua obra de Direito de Famlia, explica que esta fico de casamento nulo ou anulvel, mas vlido quanto aos seus efeitos civis, encerra, filosoficamente, segundo a doutrina tradicional:a) indulgncia para o cnjuge ou os cnjuges de boa-f;b) E piedade para a prole que deles tenha nascido.O senso de justia recomendava que no se levasse a todas as rigorosas conseqncias a anulao do casamento, particularmente quanto aos filhos, que nenhuma culpa podiam ter. Por isso, o direito cannico desenvolveu e o direito moderno mantm, em quase todos os pases, o estatuto do casamento putativo. A palavra putativo vem do latim putare, que significa reputar ou estar convencido da verdade de um fato, o que se presume ser, mas no , ou ainda o que imaginrio, fictcio, irreal. Na linguagem jurdica o vocbulo usado tambm para designar o herdeiro aparente e o credor putativo. Casamento putativo , destarte, aquele que as partes e os terceiros reputam ter sido legalmente celebrado.O momento em que e apura a existncia da boa-f o da celebrao do casamento, sendo irrelevante eventual conhecimento da causa de invalidade posterior a ela, pois a m-f em geral se presume, cabe o nus da prova da m-f parte que a alega .Malgrado alguns autores vislumbrem dois requisitos para a caracterizao da putatividade, quais sejam, a boa-f (requisito subjetivo) e a circunstncia de ser o casamento declarado nulo ou anulado (requisito objetivo), PREVALECE a corrente integrada pelos que se contentam com a verificao exclusivamente da boa-f, considerando-se como o nico requisito autnomo, uma vez que a circunstncia de ser o casamento declarado nulo ou anulado no pressuposto da putatividade, mas mero suporte lgico, sem o qual no faz sentido, no sistema vigente, falar em putatividade .A ignorncia da existncia de impedimentos decorre de erro, que tanto pode ser: de fato (irmos que ignoram a existncia de parentesco, p. ex.)

de direito: Tios e sobrinhos que ignoram a necessidade do exame pr-nupcial:

Muito embora o erro de direito seja inescusvel, em geral, por fora do art. 3 da LICC, pode, todavia, ser invocado para justificar a boa-f, sem que com isso se pretenda o descumprimento da lei, pois o casamento ser, de qualquer modo, declarado nulo. Na sentena em que proclama a invalidade do casamento, nos ensina Washington de Barros Monteiro, o juiz declara a putatividade ex officio ou a requerimento das partes. Tendo em linha de conta a boa-f, afirma Caio Mrio:A SENTENA ANULATRIA DECLARA PUTATIVO O CASAMENTO, EM RELAO A AMBOS OS CNJUGES, OU A UM DELES, SE SOMENTE EM RELAO A ESTE MILITA A BOA-F.Indaga-se, entretanto, se ao juiz livre declar-lo ou no. E a resposta uma s: uma vez reconhecida a boa-f, o casamento putativo, ex vi legis . No cabe ao juiz conceder ou recusar o favor; compete-lhe, to-somente, apurar a boa-f, em face das circunstncias do caso, e, sendo a prova positiva, proclamar a putatividade, este o ensinamento de Caio Mrio.Se a sentena omissa, a declarao pode ser obtida em embargos de declarao ou em ao declaratria autnoma.Efeitos do casamento putativoOs efeitos da putatividade so todos os normalmente produzidos por um casamento vlido, para o cnjuge de boa-f, at a data da sentena que lhe ponha termo.A eficcia dessa deciso manifesta-se ex nunc, sem retroatividade, e no ex-tunc, no afetando os direitos at ento adquiridos. Essa situao faz com que o casamento putativo assemelhe-se dissoluo do matrimnio pelo divrcio. Os efeitos do casamento cessam para o futuro, sendo considerados produzidos todos os efeitos que se tenham verificado at a data da sentena anulatria. Enquanto pendentes os recursos eventualmente interpostos, permanecem os efeitos do casamento, com se vlido fosse, em virtude do princpio segundo o qual no h casamento nulo nem anulado antes do trnsito em julgado da sentena.Desse modo, se o casal no tem filhos nem ascendentes vivos, e um dos cnjuges morre antes de a sentena anulatria transitar em julgado, o sobrevivo herda, alm de receber a sua meao, ou concorrer com eles, se existirem e se o regime de bens adotado o permitir (art. 1.829 do CC).

O art. 1.561 do CC prev trs situaes distintas. 1) Se ambos os cnjuges estavam de boa-f, o casamento em relao a estes como aos filhos, produz todos os efeitos, inclusive comunicao de bens e eficcia da doao propter nuptias, como se, por fico, o casamento originariamente viciado no contivesse nenhum defeito (caput) .2) Se somente um dos cnjuges estava de boa-f ao celebrar o casamento, unicamente em relao a ele e aos filhos se produziro os efeitos da putatividade, ficando excludo dos benefcios e vantagens o que estava de m-f ( 1).3) se ambos os cnjuges estavam de m-f ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis s aos filhos aproveitaro ( 2).

Quantos aos cnjuges, os efeitos pessoais so os de qualquer casamento vlido. Findam, entretanto, na data do trnsito em julgado. Cessam, assim, os deveres matrimoniais impostos no art. 1.566 do CC (fidelidade, vida em comum, mtua assistncia etc.), mas no, porm, aqueles efeitos que geram situaes ou estado que tenham por pressupostos a inalterabilidade, como a maioridade, que fica antecipada pela emancipao do cnjuge inocente de modo irreversvel.

Vejamos o que diz o artigo 1.564 do CC/2002:Art. 1.564. Quando o casamento for anulado por culpa de um dos cnjuges, este incorrer:I - na perda de todas as vantagens havidas do cnjuge inocente;II - na obrigao de cumprir as promessas que lhe fez no contrato antenupcial.Por conseguinte, o cnjuge de m-f perde as vantagens econmicas auferidas com o casamento se este se realizou no regime da comunho de bens, no pode aquele conservar a meao adquirida no patrimnio do outro cnjuge. O inocente ter, todavia, direito participao no acervo que o culpado trouxe para o casamento. Partilham-se, no entanto, normalmente os bens adquiridos pelo esforo comum, como regra de eqidade, independentemente da natureza do desfazimento do casamento, sob pena de enriquecimento ilcito de um cnjuge s custas do outro, o que vedado por nosso ordenamento jurdico.

Atualmente, no tocante aos bens adquiridos na constncia do segundo casamento, vem a jurisprudncia proclamando a incomunicabilidade de tais bens primeira mulher, mesmo no regime da comunho universal, em razo da separao de fato do casal. Confira-se: Bigamia. Meao de bens. De cujus que celebrou dois matrimnios. Primeira mulher que no tem direito aos bens adquiridos aps a separao de fato do casal. Lide que deve ser solucionada no pelo dogma da moralidade do matrimnio, mas sim pelo direito das obrigaes e decorrer da juridicidade da coabita,ao e sentido familiar. RT, 760/232.Questo bastante controvertida so os alimentos no casamento putativo, h divergncias a respeito da existncia ou no de efeitos para o futuro. Os pagos antes do trnsito em julgado da sentena so irrepetveis. Para uma corrente, no so mais devidos os alimentos para o futuro porque as partes no so mais cnjuges. Entretanto, a 2 Turma do STF decidiu que o cnjuge culpado no pode furtar-se ao seu pagamento, se o inocente deles necessitar, proclamando que a putatividade, no casamento anulvel, ou mesmo nulo, consiste em assegurar ao cnjuge de boa-f os efeitos do casamento vlido, e entre estes se encontra o direito a alimentos, sem limitao de tempo. RTJ, 89/495. Discordou desse entendimento o Ministro Moreira Alves, porm foi voto vencido.Aps a 3 Turma do STJ, na trilha do aludido voto minoritrio, teve a oportunidade de proclamar posteriormente, por votao unnime:Casamento putativo. Boa-f. Direito a alimentos. Reclamao da mulher. A mulher que reclama alimentos a eles tem direito, mas at a data da sentena (CC/16, art. 221, parte final). Anulado ou declarado nulo o casamento, desaparece a condio de cnjuges RSTJ, 130/225. 1.4 Casamento Nuncupativo (piedoso ou in extremis) e em caso de molstia grave O Cdigo Civil abre duas excees quanto s formalidades para a validade do casamento. A primeira, em caso de molstia grave de um dos nubentes (art. 1.539); a segunda, na hiptese de estar um dos nubentes em iminente risco de vida (arts. 1.540 e 1.541).NA PRIMEIRA SITUAO, pressupe-se que j estejam satisfeitas as formalidades preliminares do casamento e o oficial do registro civil tenha expedido o certificado de habilitao ao casamento, mas a gravidade do estado de sade de um dos nubentes o impede de locomover-se e de adiar a cerimnia. Neste caso, o juiz ir celebr-lo na casa dele ou onde se encontrar (no hospital, p. ex.), em companhia do oficial, ainda que noite, perante duas testemunhas que saibam ler e escrever. S em havendo urgncia que o casamento ser realizado noite.

A regra do art. 1.539 do CC s se aplica em hipteses nas quais se caracterize molstia grave, que efetivamente impossibilite o nubente de aguardar a celebrao futura do casamento, em lugar diverso daquele em que se encontra, no sendo aconselhvel a sua locomoo. Molstia grave deve ser reputada aquela que pode acarretar a morte do nubente em breve tempo, embora o desenlace no seja iminente, e cuja remoo o sujeita a riscos.A SEGUNDA HIPTESE a de casamento em iminente risco de vida, quando se permite a dispensa do processo de habilitao e at a presena do celebrante. Assim ocorre, por exemplo, quando um dos nubentes ferido por disparo de arma de fogo, ou sofre grave acidente, ou, ainda, vtima de mal sbito, em que no h a mnima esperana de salvao, e a durao da vida no poder ir alm de alguns instantes ou horas. Nestas desesperadoras circunstncias, pode a pessoa desejar a regularizao da vida conjugal que mantm com outra, ou pretender se efetive o casamento j programado e decidido, mas ainda no providenciado o encaminhamento.Trata-se do casamento in extremis vitae momentis, nuncupativo (de viva voz) ou in articulo mortis. Em razo da extrema urgncia, quando no for possvel obter a presena do juiz ou de seus suplentes, e ainda do oficial, os contraentes podero celebrar o casamento na presena de seis testemunhas, que com os nubentes no tenham parentesco em linha reta, ou, na colateral, at segundo grau (CC, art. 1.540).Bastar neste caso que os contraentes manifestem o propsito de casar e, de viva voz, recebam um ao outro por marido e mulher, na presena das seis testemunhas.Uma vez realizado, as seis testemunhas devero comparecer ao frum, em at dez dias, para reduzir a termo judicial que: a) Foram convocadas pelo cnjuge portador da enfermidade;b) Que o cnjuge portador da enfermidade se encontrava em perigo de vida iminente, porm em perfeito estado de sanidade mental para livremente exteriorizar a sua vontade; ec) Que os nubentes aceitaram contrair o casamento.A autoridade judicial determinar a realizao de diligncias e remeter os autos ao MP, que emitir parecer em cinco dias. Conclusos os autos e no mesmo prazo o juiz determinar a regularizao formal de casamento civil realizado nestas condies, se for o caso.Conforme anteriormente salientado, a sentena judicial se sujeita, nesse caso, a recurso no prazo de cinco dias. Acolhendo-se a habilitao do casamento, a sentena ser transcrita no registro civil.O registro do casamento proporcionar ao matrimnio os efeitos retroativos data da efetiva realizao da cerimnia npcias (eficcia ex tunc).Se o enfermo puder comparecer ao cartrio para ratificar o ato antes do tempo de consumao do registro, ser desnecessria a adoo das providncias acima mencionadas.A Lei do Registros Pblicos (Lei n. 6.015 de 31/12/1973) dispe sobre as formalidades relativas ao casamento nuncupativo no art. 76 e seus pargrafos.1.5 Casamento religioso com efeitos civisA histrica disputa entre a Igreja e Estado em matria matrimonial que empresta tanto prestgio solenidade religiosa do casamento. tal a importncia conferida ao casamento religioso, que a prpria Constituio admite efeitos civis a este ato (CF 226 2). Basta serem atendidos os requisitos legais (CC 1.515 e 1.516) para o casamento religioso ter efeitos civis. No se realiza o ato civil. suficiente proceder ao registro do matrimnio para que se tenha por realizado o casamento desde a CELEBRAO DAS BODAS perante o ministro de Deus.A VALIDADE CIVIL do casamento religioso est condicionada inscrio no Registro Civil das Pessoas Naturais, desde que atendida a providncia de habilitao, antes ou depois do ato religioso. OS EFEITOS CIVIS SO ADMITIDOS A QUALQUER TEMPO. Procedida habilitao e ao registro, ainda que tardio, os efeitos civis retroagem data da solenidade religiosa (CC 1515). No caso de prvia habilitao, o prazo para registro de 90 dias. Ainda depois desse prazo, possvel o registro, desde que efetuada nova habilitao. Assim, realizado o casamento religioso sem as formalidades legais, poder vir a ser inscrito no registro civil, bastando que se proceda devida habilitao perante a autoridade competente (CC 1516).As aes para INVALIDAR o casamento obedecem exclusivamente AOS PRECEITOS DA LEI CIVIL. Anulado o casamento religioso, tal no afeta a validade do casamento civil, se ocorrido o respectivo registro. Se entre a celebrao do casamento religioso e o registro houver um dos cnjuges contradocom outrem casamento civil, h impedimento para efetuar-se o registro (CC, 1.516 3).Cabe reconhecer a possibilidade de o ato religioso de qualquer credo servir para fins registrais, tal como as cerimnias de casamento realizadas por religies afro-brasileiras e o casamento cigano. No se pode olvidar que o Brasil um pas laico, no cabendo priorizar uma religio em detrimento da outras. A prpria CF/88 assegura a inviolabilidade do direito de crena (CF 5 VI), nada justificando no sejam admitidos efeitos civis aos casamentos celebrados por religies que no professem f que se afaste dos princpios estruturantes da sociedade. Por bvio que no se podem aceitar tais efeitos se a religio, por exemplo, admite a poligamia e celebra mltiplos casamentos de uma mesma pessoa. 1.6 Casamento consularCASAMENTO CONSULAR AQUELE CELEBRADO POR BRASILEIRO NO ESTRANGEIRO, PERANTE AUTORIDADE CONSULAR BRASILEIRA, CONFORME PREVISTO NO CDIGO CIVIL, ART. 1.544 E NA LICC, ART. 18. O art. 1.544 do CC dispe que esta espcie de casamento deve ser submetida a registro em cartrio, no Brasil, no prazo de 180 dias, a contar da volta de um ou ambos os cnjuges para residncia no pas.A exigncia, portanto, a mesma na hiptese de casamento de brasileiro, relaizado fora do pas de acordo com as leis locais.A competncia dos agentes consulares para celebrar casamentos est prevista no art. 18 da LIC, verbis: Tratando-se de brasileiros, so competentes as autoridades consulares brasileiras para lhes celebrar o casamento e os mais atos de Registro Civil e de tabelionato, inclusive o registro de nascimento e de bito dos filhos de brasileiros ou brasileira nascidos no pas da sede co Consulado.Acrescenta o Decreto 24.113/1934, no revogado pela codificao de 2002, que OS CNSULES DE CARREIRA S PODERO CELEBRAR CASAMENTOS QUANDO AMBOS OS NUBENTES FOREM BRASILEIROS E A LEGISLAO LOCAL RECONHECER EFEITOS CIVIS AOS CASAMENTOS ASSIM CELEBRADOS. Nessa consonncia, a validade do casamento celebrado no estrangeiro pela autoridade consular brasileira est submetida ao requisito de que ambos os nubentes sejam brasileiros, cessando sua competncia se um deles for de nacionalidade diversa.A eficcia, no Brasil, do casamento celebrado perante autoridade diplomtica ou consular submetida, pois, condio de efetivao de seu registro em territrio nacional, nos moldes do art. 32, 1, da Lei dos Registros Pblicos (L 6015/73), segundo o qual os assentos de nascimento, bito e de casamento de brasileiros em pas estrangeiro, legalizadas as certides pelos cnsules ou, quando por estes tomados, nos termos do regulamentos consular, sero trasladados nos cartrios do 1. Ofcio do Distrito Federal, em falta de domiclio conhecido, quando tiverem de produzir efeitos no Pas, ou, antes, por meio de segunda via que os cnsules sero obrigados a remeter por intermdio do Ministrio das Relaes Exteriores.

1.7. Converso da unio estvel em casamento

O CC/2002 no cuida da converso da unio estvel em casamento no Ttulo ora em estudo, mas no Ttulo III, concernente unio estvel. O art. 1726 a disciplina nos seguintes termos:

A UNIO ESTVEL PODER CONVERTER-SE EM CASAMENTO, MEDIANTE PEDIDOS DOS COMPANHEIROS AO JUIZ E ASSENTO NO REGISTRO CIVIL.

Exige-se, pois, pedido ao juiz, ao contrrio da Lei n. 9.278, de 10 de maio de 1996, que se contentava com o requerimento de converso formulado diretamente ao oficial do registro Civil. A exigncia do novel legislador desatende o comando do art. 226, 3, da CF/88 de que deve a lei FACILITAR a converso da unio estvel em casamento, isto , estabelece modos mais geis de se alcanar semelhante propsito.Talvez a exigncia se justifique para emprestar efeito retroativo ao casamento. Mas, ainda assim, possvel aos conviventes obter efeitos de ordem patrimonial por meio de pacto antenupcial. De qualquer forma, casar muito mais fcil e, alm de grtis, claro que mais romntico!X - Das provas do casamento

O casamento pode ser comprovado atravs de provas diret