apostila de portugues

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1. Fonética 1.1 Fonema e Letra: A palavra falada é formada por combinações de unidades mínimas de som (fonemas). Na escrita, a representação do fonema ocorre através de letras. Por isso, o fonema não pode ser confundido com a letra. O fonema é a menor unidade sonora da língua, enquanto a letra é um sinal gráfico e visual, cuja função é representar o fonema de acordo com as normas da língua. A correspondência entre letra e som não ocorre em todas as situações, pois uma mesma letra pode representar fonemas distintos, como o x nas palavras: próximo, exato e feixe. Mas, há casos em que letras distintas representam o mesmo som, como acontece com as palavras seco, cedo, laço e próximo. Por fim, nota-se que uma letra pode representar mais de um fonema, como fixo, cuja leitura é "fikso", enquanto existe letra que não tem som, como o h em hora. Temos ainda os sons ora

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Page 1: APOSTILA DE PORTUGUES

1. Fonética

1.1 Fonema e Letra:

A palavra falada é formada por combinações de unidades

mínimas de som (fonemas). Na escrita, a representação do fonema

ocorre através de letras. Por isso, o fonema não pode ser

confundido com a letra. O fonema é a menor unidade sonora da

língua, enquanto a letra é um sinal gráfico e visual, cuja função é

representar o fonema de acordo com as normas da língua.

A correspondência entre letra e som não ocorre em todas as

situações, pois uma mesma letra pode representar fonemas

distintos, como o x nas palavras: próximo, exato e feixe.

Mas, há casos em que letras distintas representam o mesmo

som, como acontece com as palavras seco, cedo, laço e próximo.

Por fim, nota-se que uma letra pode representar mais de um

fonema, como fixo, cuja leitura é "fikso", enquanto existe letra que

não tem som, como o h em hora. Temos ainda os sons ora

representados por uma só letra, ora por duas como xícara/chinelo,

gato/guitarra e rabo/carro.

1.2 Tipos de Fonemas:

Os fonemas são classificados em vogais, consoantes e

semivogais:

As vogais são sons produzidos sem obstáculos para a

passagem de ar, que passa livremente pela boca, oriundo do

Page 2: APOSTILA DE PORTUGUES

pulmão. Sua emissão é independente de outro fonema, por isso

constitui a base da sílaba.

Os sons das vogais produzem-se a partir do diferentes

posicionamentos dos músculos da boca, constituídos pela língua,

pelos lábios e pelo véu palatino, formando o seguinte quadro:

a) modificação do véu palatino:

vogais orais: a corrente de ar vibrante passa pela cavidade

bucal, formando sete fonemas vocálicos orais: i, e, é, a, ó, o, u

(fica, veja, vela, pá, bola, coma, pula).

vogais nasais: corrente de ar vibrante passa pelas cavidades

bucal e nasal, formando cinco fonemas vocálicos nasais: linda,

tenta, banda, onda, fundo.

b) elevação da língua na região do céu da boca:

vogais anteriores: emitidas com abertura média da boca

(linda, fica, tenta, vela, veja).

vogais centrais: emitidas com abertura total da boca (banda,

pá).

vogais posteriores: emitidas com abertura inferior a 50% da

boca (fundo, pula, onda, bola, coma).

Essa abertura da boca também estará relacionada à consoante

que segue a vocal, por isso a pronúncia precisa ser casada entre

posição de abertura da vogal e da consoante.

c) elevação da parte mais alta da língua:

Page 3: APOSTILA DE PORTUGUES

vogais altas: máxima elevação da língua para o céu da boca

(fica, linda, pula, fundo).

vogais médias: a elevação é média (veja, tenta, vela, coma,

tonta, bola).

vogais baixas: a elevação é mínima (pá, banda).

As consoantes são fonemas produzidos através da obstrução

do ar proveniente do pulmão, precisando de uma vogal para ser

emitidos. Esses obstáculos podem ser totais ou parciais, a partir da

posição da língua e dos lábios.

As consoantes apresentam quatro critérios de classificação:

modo de articulação: responsável pela identificação do

obstáculo que ocorre durante a passagem do ar pela boca.

Se a corrente de ar encontrar um obstáculo total, essas

consoantes serão classificadas como oclusivas (p, b, t, d, k e g).

Se o obstáculo for parcial, as consoantes serão chamadas

constritivas (compressão), podendo ser fricativas (fricção do ar

através de uma fenda no meio da boca), laterais (o ar sai pelos

lados da boca) e vibrantes (quando ocorre a vibração da língua ou

do véu palatal).

A classificação das consoantes constritivas ocorre da seguinte

maneira:

- constritivas fricativas: f, v, s, z, x, j;

Page 4: APOSTILA DE PORTUGUES

- constritivas laterais: l, lh;

- constritivas vibrantes: r, rr

ponto de articulação: identifica em qual ponto da cavidade

bucal localiza-se o obstáculo para a passagem do ar.

 O ponto de articulação classifica-se em consoantes bilabiais

(contato entre os lábios superior e inferior), labiodentais (o lábio

inferior tem contato com os dentes incisivos superiores),

linguodentais (contato entre a língua e a face interna dos dentes

incisivos superiores), alveolares (contato da língua com os alvéolos

dos dentes incisivos superiores), palatais (o dorso da língua toca o

céu da boca) e velares (parte posterior da língua tem contato com o

véu palatino).

Essa classificação permite a seguinte divisão das consoantes

quanto ao ponto de articulação:

- bilabiais: p, b, m;

- labiodentais: f, v;

- linguodentais: t, d, n;

- alveolares - s, z, l, r;

- palatais: x, j, lh, nh;

- velares: k, g, rr.

Page 5: APOSTILA DE PORTUGUES

papel das cordas vocais: permite observar se ocorre ou não

vibração das cordas vocais. Quando ocorrer a vibração a

consoante é chamada de sonora, já quando não ocorre, ela é

chamada de surda.

As consoantes surdas e sonoras da língua portuguesa podem ser divididas em seis

pares:

SURDAS SONORAS

ptkfsx

bdgvzj

papel das cavidades bucal e nasal: verifica se a passagem

do ar ocorre somente pela cavidade bucal ou se passa pela

cavidade nasal.

De acordo com a passagem do ar as consoantes são

classificadas em orais ou nasais. As consoantes nasais da língua

portuguesa são três (m, n, nh), todas as demais são orais.

Já as semivogais sempre acompanham um vogal, formando

sílaba com ela. Na língua escrita às semivogais são representadas

pelo "i" e "u", podendo em alguns casos serem representadas pelo

"e" e "o".

Deve-se observar também que a é sempre vogal e se estiver

acompanhada de outra vogal na mesma sílaba, esta será

semivogal.

Page 6: APOSTILA DE PORTUGUES

1.3 Sílaba:

A sílaba é conjunto de sons que pode ser emitido numa só

expiração. Na língua portuguesa a parte central da sílaba sempre é

a vogal.

Assim, na estrutura da sílaba existe, uma vogal, à qual se

juntam, ou não, semivogais ou consoantes.

A maneira mais fácil para separar as sílabas é pronunciar a

palavra lentamente, de forma melódica.

Na língua portuguesa, os vocábulos são classificados de acordo

com o número de sílabas que apresentam, podendo ser:

monossílabos (apenas uma sílaba): cão, chá;

dissílabos (apresenta duas sílabas): mulher, garfo;

trissílabos (possuem três sílabas): macaco, equipe;

polissílabos (formados por mais de três sílabas): amizade;

felicidade.

A consoante inicial não seguida de vogal fica na sílaba seguinte

(pneu-má-ti-co, mne-mô-ni-co). Se a consoante não seguida de

vogal estiver dentro do vocábulo, ela fica na sílaba precedente (ap-

to, rit-mo). Na questão, baseadas em texto de Gustavo Franco,

marque o item em que a substituição da seqüência sublinhada pela

alternativa proposta acarreta prejuízo à coerência ou à correção

gramatical.

1.4 Encontros vocálicos:

Page 7: APOSTILA DE PORTUGUES

Os encontros vocálicos referem-se à seqüência de sons

vocálicos (vogais e/ou semivogais) que pode ocorrer numa mesma

sílaba ou em sílabas separadas. As vogais serão as pronunciadas

mais fortes, enquanto as semivogais serão mais fracas, ou seja, e

átonas. São três os tipos de encontros vocálicos: hiatos, ditongos e

tritongos.

hiatos: é a seqüência de duas vogais em sílabas diferentes.

(saúde, cooperar, ruim, crêem)

ditongos: ocorre quando uma vogal e uma semivogal são

pronunciadas numa só sílaba, independente da ordem destas.

Os ditongos podem ser classificados em decrescentes (pouco)

ou crescentes (série) e orais (todos aqueles que não são nasais) ou

nasais (pão).

tritongos: são constituídos por uma vogal entre duas

semivogais numa só sílaba. (Paraguai, iguais).

Os tritongos também podem ser classificados em nasais ou

orais, seguindo as mesmas regras dos ditongos.

Além dessas regras gerais, deve-se observar também que:

Am / em, no final das palavras, correspondem aos ditongos ao /

ei nasalizados.

Cuidado com os falsos ditongos, pois quando átonos finais, os

encontros (ia, ie, io, ao e ua) são normalmente ditongos crescentes,

Page 8: APOSTILA DE PORTUGUES

mas também podem ser hiatos. Se esses grupos não forem finais

nem átonos, só podem ser hiatos (memória, democracia, viela).

Os encontros de palavras como praia, maio, feio, goiaba e baleia

são separados de forma a criar um ditongo e uma vogal sozinha

depois.

1.5 Encontro consonantal:

O encontro consonantal é a seqüência de duas ou mais

consoantes, sem vogal intermediária, que não sejam dígrafo. Esse

encontro pode ocorrer na mesma sílaba ou não (carpete, bíblia).

Os encontros consonantais (gn, mn, pn, ps, pt e tm) não são

muito comuns. Quando eles aparecem no início da sílaba são

inseparáveis. Quando estão no meio criam uma pronúncia mais

difícil (pneu/advogado). No uso coloquial, há uma tendência a

destruir esse encontro, inserindo a vogal i depois da consoante

surda.

Quando x corresponde a cs (táxi, falamos "tácsi"), há um

encontro consonantal fonético. Nesse caso, x é chamado de dífono.

1.6 Dígrafo:

O dígrafo é o grupo de duas letras que representa um único

fonema. São dígrafos da língua portuguesa: lh, nh, ch, rr, ss, qu

(seguidos de e ou i), gu (seguidos de e ou i), sc, sç, xc e xs.

Os encontros gu e qu se forem usados com trema ou acento,

não serão dígrafos, uma vez que o u será pronunciado.

Page 9: APOSTILA DE PORTUGUES

Além desses, existem também os dígrafos vocálicos formados

pelas vogais nasais: am, an, em, en, im, in, om, on, um e un.

1.7 Separação silábica:

Na língua portuguesa, a divisão das sílabas deve ser feita a

partir da soletração, usando o hífen para marcar as sílabas (con-

ver-sí-vel).

Para a separação silábica correta devem-se observar as

seguintes regras:

os ditongos e tritongos não podem ser separados (Pa-ra-guai,

Ro-gé-rio, au-la);

os hiatos têm as vogais separadas (a-é-re-o);

os dígrafos ch, lh, nh, gu e qu não são separados (cho-ca-

lho);

os dígrafos ss, rr, sc, sç e xc são separados (pás-sa-ro, nas-

cer, cor-ri-da);

as vogais idênticas e os grupos consonantais cc e cç são

separados (co-or-de-na-dor, in-te-lec-ção);

os encontros consonantais ocorridos em sílabas internas

diferentes são separados (em-pre-gar);

grupos consonantais que ocorrem no início dos vocábulos são

inseparáveis: psi-co-se, dra-ma, pneu-mo-ni-a.

1. Assinale a alternativa errada a respeito da palavra

"churrasqueira".

a) apresenta 13 letras e 10 fonemas

Page 10: APOSTILA DE PORTUGUES

b) apresenta 3 dígrafos: ch, rr, qu

c) divisão silábica: chur-ras-quei-ra

d) é paroxítona e polissílaba

e) apresenta o tritongo: uei

2. Qual das alternativas abaixo possui palavras com mais letras do

que fonemas?

a) Caderno

b) Chapéu

c) Flores

d) Livro

e) Disco

3. Assinale a melhor resposta. Em papagaio, temos:

a) um ditongo

b) um tritongo

c) um trissílabo

d) um oxítono

e) um proparoxítono

4. Assinale a série em que apenas um dos vocábulos não possui

dígrafo:

a) folha - ficha - lenha - fecho

b) lento - bomba - trinco - algum

c) águia - queijo - quatro - quero

d) descer - cresço - exceto - exsudar

e) serra - vosso - arrepio - assinar

Page 11: APOSTILA DE PORTUGUES

5. Assinale a alternativa que inclui palavras da frase abaixo que

contêm, respectivamente, um ditongo oral crescente e um hiato. As

mágoas de minha mãe, que sofria em silêncio, jamais foram

compreendidas por mim e meus irmãos.

a) foram - minha

b) sofria - jamais

c) meus - irmãos

d) mãe - silêncio

e) mágoas - compreendidas

6. Assinale a seqüência em que todas as palavras estão partidas

corretamente.

a) trans-a-tlân-ti-co / fi-el / sub-ro-gar

b) bis-a-vô / du-e-lo / fo-ga-réu

c) sub-lin-gual / bis-ne-to / de-ses-pe-rar

d) des-li-gar / sub-ju-gar / sub-scre-ver

e) cis-an-di-no / es-pé-cie / a-teu

7. Segundo as normas do vocabulário oficial, a separação silábica

está corretamente efetuada em ambos os vocábulos das opções:

a) to-cas-sem, res-pon-dia

b) mer-ce-ná-ri-o, co-in-ci-di-am

c) po-e-me-to, pré-dio

d) ru-i-vo, pe-rí-o-do

e) do-is, pau-sas

8. Assinale a alternativa que não apresenta todas as palavras

separadas corretamente.

Page 12: APOSTILA DE PORTUGUES

a) de-se-nho, po-vo-ou, fan-ta-si-a, mi-lhões

b) di-á-rio, a-dul-tos, can-tos, pla-ne-ta

c) per-so-na-gens, po-lí-cia, ma-gia, i-ni-ci-ou

d) con-se-guir, di-nhei-ro, en-con-trei, ar-gu-men-tou

e) pais, li-ga-ção, a-pre-sen-ta-do, au-tên-ti-co

9. Dadas as palavras: Sub-ter-râ-neo / su-bes-ti-mar / trans-tor-no,

constatamos que a separação silábica está correta:

a) apenas nº 1;

b) apenas nº 2;

c) apenas nº 1 e 2;

d) em todas as palavras

e) n. d. a.

10. Dadas as palavras: tung-stê-nio / bis-a-vô / du-e-lo, constatamos

que a separação silábica está correta:

a) apenas nº 1

b) apenas nº 2

c) apenas nº 3

d) em todas as palavras

e) n. d. a.

11. Nas palavras alma, pinto e porque, temos, respectivamente:

a) 4 fonemas - 5 fonemas - 6 fonemas.

b) 5 fonemas - 5 fonemas - 5 fonemas.

c) 4 fonemas - 4 fonemas - 5 fonemas.

d) 5 fonemas - 4 fonemas - 6 fonemas.

e) 4 fonemas - 5 fonemas - 5 fonemas.

Page 13: APOSTILA DE PORTUGUES

12. A alternativa que apresenta uma incorreção é:

a) o fonema está diretamente ligado ao som da fala.

b) as letras são representações gráficas dos fonemas.

c) a palavra "tosse" possui quatro fonemas.

d) uma única letra pode representar fonemas diferentes.

e) a letra "h" sempre representa um fonema.

13. Todas as palavras abaixo possuem um encontro vocálico e um

encontro consonantal, exceto:

a) destruir.

b) magnésio.

c) adstringente.

d) pneu.

e) autóctone.

14. A série em que todas as palavras apresentam dígrafo é:

a) assinar / bocadinho / arredores.

b) residência / pingue-pongue / dicionário.

c) digno / decifrar / dissesse.

d) dizer / holandês / groenlandeses.

e) futebolísticos / diligentes / comparecimento.

15. Verificamos a presença de um hiato em:

a) entendia.

b) trabalho.

c) conjeturou.

d) mais.

e) saguão.

Page 14: APOSTILA DE PORTUGUES

16. A alternativa que apresenta certa dificuldade de distinção entre

ditongo crescente e hiato é:

a) pai-saúde-mau-juízo.

b) Saara-preencher-cruel-doer.

c) faísca-degrau-chapéu-vôo.

d) piada-miolo-poente-miudeza.

e) frear-foi-saída-rei.

17. A alternativa que apresenta uma incorreção é:

a) "chapéu" possui um dígrafo e um ditongo decrescente.

b) "guerreiro" possui dois dígrafos e um ditongo decrescente.

c) "mangueira" possui dois dígrafos e um ditongo decrescente.

d) "enxagüei" possui dois dígrafos e um tritongo.

e) "exato" não possui dígrafos e nem encontro vocálico.

18. A alternativa em que as letras sublinhadas nas palavras

constituem, respectivamente, dígrafo e encontro consonantal é:

a) exceção / étnico

b) banho / desça

c) seguir / nascimento

d) aquático / psicologia

e) occipital / represa

19. Observe os encontros vocálicos e os dígrafos e assinale a única

afirmativa incorreta:

a) na palavra cãibra ocorre um ditongo nasal decrescente.

b) na palavra freqüente ocorre um ditongo oral crescente.

c) na palavra radiouvinte ocorre um tritongo oral.

Page 15: APOSTILA DE PORTUGUES

d) na palavra pneumonia ocorrem um ditongo decrescente e um

hiato.

e) na palavra zoologia ocorrem dois hiatos.

20. Observe os encontros vocálicos e os dígrafos e assinale a única

afirmativa incorreta:

a) a palavra discente tem dígrafo consonantal e um dígrafo vocálico.

b) a palavra entranhas tem um dígrafo vocálico e um dígrafo

consonantal.

c) a palavra também tem dois dígrafos vocálicos.

d) a palavra tranqüilo tem um dígrafo vocálico e não apresenta

dígrafo consonantal.

e) a palavra borracha tem dois dígrafos consonantais.

21. O vocábulo cujo número de letras é igual ao número de

fonemas está em:

a) sucedida.

b) habitando.

c) grandes.

d) espinhos.

e) ressoou.

22. A palavra que apresenta ditongo crescente é:

a) acordou.

b) teriam.

c) noites.

Page 16: APOSTILA DE PORTUGUES

d) jamais.

e) quando.

23. Só não existe hiato em:

a) atoleiros.

b) miaram.

c) ruído.

d) defendiam.

e) haviam.

24. Indique a palavra que tem 5 fonemas:

a) ficha.

b) molhado.

c) guerra.

d) fixo.

e) hulha.

25. Assinale o vocábulo com ditongo nasal decrescente:

a) quando.

b) zangou.

c) misteriosos.

d) vitória.

e) moravam.

26. A palavra "charuto" apresenta:

a) um dígrafo e seis fonemas.

b) um dígrafo e sete fonemas.

c) sete letras e sete fonemas.

Page 17: APOSTILA DE PORTUGUES

d) sete letras e dois dígrafos.

e) sete letras e cinco fonemas.

27. Marque o item que apresenta erro na divisão silábica:

a) téc-ni-co

b) de-ce-pção

c) ad-jun-to

d) con-fec-ção

e) obs-tá-cu-lo

1 E / 2 B / 3 A / 4 C / 5 E / 6 C / 7 C / 8 C / 9 d / 10 C / 11 C / 12 E /

13 C / 14 A / 15 A / 16 D / 17 D / 18 A / 19 B / 20 C / 21 A / 22 E / 23

A / 24 D / 25 E / 26 A / 27 B

2. Ortografia.

A ortografia é a parte da língua responsável pela grafia correta

das palavras. Essa grafia baseia-se no padrão culto da língua.

As palavras podem apresentar igualdade total ou parcial no que

se refere a sua grafia e pronúncia, mesmo tendo significados

diferentes. Essas palavras são chamadas de homônimas (canto,

do grego, significa ângulo / canto, do latim, significa música vocal).

As palavras homônimas dividem-se em homógrafas, quando tem a

mesma grafia (gosto, substantivo e gosto, 1ª pessoa do singular do

verbo gostar) e homófonas, quando tem o mesmo som (paço,

palácio ou passo, movimento durante o andar).

Quanto à grafia correta em língua portuguesa, devem-se

observar as seguintes regras:

Page 18: APOSTILA DE PORTUGUES

O fonema s:

Escreve-se com S e não com C/Ç:

as palavras substantivadas derivadas de verbos com radicais

em nd, rg, rt, pel, corr e sent.

Exemplos: pretender - pretensão / expandir - expansão /

ascender - ascensão / inverter - inversão / aspergir aspersão /

submergir - submersão / divertir - diversão / impelir - impulsivo /

compelir - compulsório / repelir - repulsa / recorrer - recurso /

discorrer - discurso / sentir - sensível / consentir - consensual

Escreve-se com SS e não com C e Ç:

os nomes derivados dos verbos cujos radicais terminem em

gred, ced, prim ou com verbos terminados por tir ou meter

Exemplos: agredir - agressivo / imprimir - impressão / admitir -

admissão / ceder - cessão / exceder - excesso / percutir - percussão

/ regredir - regressão / oprimir - opressão / comprometer -

compromisso / submeter - submissão

quando o prefixo termina com vogal que se junta com a

palavra iniciada por s

Exemplos: a + simétrico - assimétrico / re + surgir - ressurgir

no pretérito imperfeito simples do subjuntivo

Exemplos: ficasse, falasse

Page 19: APOSTILA DE PORTUGUES

Escreve-se com C ou Ç e não com S e SS:

os vocábulos de origem árabe:

Exemplos: cetim, açucena, açúcar

os vocábulos de origem tupi, africana ou exótica

Exemplos: cipó, Juçara, caçula, cachaça, cacique

os sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça, uçu.

Exemplos: barcaça, ricaço, aguçar, empalidecer, carniça, caniço,

esperança, carapuça, dentuço

nomes derivados do verbo ter.

Exemplos: abster - abstenção / deter - detenção / ater - atenção /

reter - retenção

após ditongos

Exemplos: foice, coice, traição

palavras derivadas de outras terminadas em te, to(r)

Exemplos: marte - marciano / infrator - infração / absorto -

absorção

O fonema z:

Escreve-se com S e não com Z:

Page 20: APOSTILA DE PORTUGUES

os sufixos: ês, esa, esia, e isa, quando o radical é substantivo,

ou em gentílicos e títulos nobiliárquicos.

Exemplos: freguês, freguesa, freguesia, poetisa, baronesa,

princesa, etc.

os sufixos gregos: ase, ese, ise e ose.

Exemplos: catequese, metamorfose.

as formas verbais pôr e querer.

Exemplos: pôs, pus, quisera, quis, quiseste.

nomes derivados de verbos com radicais terminados em d.

Exemplos: aludir - alusão / decidir - decisão / empreender -

empresa / difundir - difusão

os diminutivos cujos radicais terminam com s

Exemplos: Luís - Luisinho / Rosa - Rosinha / lápis - lapisinho

após ditongos

Exemplos: coisa, pausa, pouso

em verbos derivados de nomes cujo radical termina com s.

Exemplos: anális(e) + ar - analisar / pesquis(a) + ar - pesquisar

Escreve-se com Z e não com S:

os sufixos ez e eza das palavras derivadas de adjetivo

Page 21: APOSTILA DE PORTUGUES

Exemplos: macio - maciez / rico - riqueza

os sufixos izar (desde que o radical da palavra de origem não

termine com s)

Exemplos: final - finalizar / concreto - concretizar

como consoante de ligação se o radical não terminar com s.

Exemplos: pé + inho - pezinho / café + al - cafezal ≠ lápis + inho

- lapisinho

O fonema j:

Escreve-se com G e não com J:

as palavras de origem grega ou árabe

Exemplos: tigela, girafa, gesso.

estrangeirismo, cuja letra G é originária.

Exemplos: sargento, gim.

as terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com poucas

exceções)

Exemplos: imagem, vertigem, penugem, bege, foge.

Observação

Exceção: pajem

as terminações: ágio, égio, ígio, ógio, ugio.

Page 22: APOSTILA DE PORTUGUES

Exemplos: sufrágio, sortilégio, litígio, relógio, refúgio.

os verbos terminados em ger e gir.

Exemplos: eleger, mugir.

depois da letra "r" com poucas exceções.

Exemplos: emergir, surgir.

depois da letra a, desde que não seja radical terminado com j.

Exemplos: ágil, agente.

Escreve-se com J e não com G:

as palavras de origem latinas

Exemplos: jeito, majestade, hoje.

as palavras de origem árabe, africana ou exótica.

Exemplos: alforje, jibóia, manjerona.

as palavras terminada com aje.

Exemplos: laje, ultraje

O fonema ch:

Escreve-se com X e não com CH:

as palavras de origem tupi, africana ou exótica.

Exemplo: abacaxi, muxoxo, xucro.

Page 23: APOSTILA DE PORTUGUES

as palavras de origem inglesa (sh) e espanhola (J).

Exemplos: xampu, lagartixa.

depois de ditongo.

Exemplos: frouxo, feixe.

depois de en.

Exemplos: enxurrada, enxoval

Observação:

Exceção: quando a palavra de origem não derive de outra

iniciada com ch - Cheio - (enchente)

Escreve-se com CH e não com X:

as palavras de origem estrangeira

Exemplos: chave, chumbo, chassi, mochila, espadachim, chope,

sanduíche, salsicha.

As letras e e i:

os ditongos nasais são escritos com e: mãe, põem. Com i, só

o ditongo interno cãibra.

os verbos que apresentam infinitivo em -oar, -uar são escritos

com e: caçoe, tumultue. Escrevemos com i, os verbos com

infinitivo em -air, -oer e -uir: trai, dói, possui.

Page 24: APOSTILA DE PORTUGUES

atenção para as palavras que mudam de sentido quando

substituímos a grafia e pela grafia i: área (superfície), ária

(melodia) / delatar (denunciar), dilatar (expandir) / emergir (vir à

tona), imergir (mergulhar) / peão (de estância, que anda a pé),

pião (brinquedo).

1. Estão corretamente empregadas as palavras na frase:

a) Receba meus cumprimentos pelo seu aniversário.

b) Ele agiu com muita descrição.

c) O pião conseguiu o primeiro lugar na competição.

d) Ele cantou uma área belíssima.

e) Utilizamos as salas com exatidão.

2. Todas as alternativas são verdadeiras quanto ao emprego da

inicial maiúscula, exceto:

a) Nos nomes dos meses quando estiverem nas datas.

b) No começo de período, verso ou alguma citação direta.

c) Nos substantivos próprios de qualquer espécie

d) Nos nomes de fatos históricos dos povos em geral.

e) Nos nomes de escolas de qualquer natureza.

3. Indique a única seqüência em que todas as palavras estão

grafadas corretamente:

a) fanatizar - analizar - frizar.

b) fanatisar - paralizar - frisar.

c) banalizar - analisar - paralisar.

Page 25: APOSTILA DE PORTUGUES

d) realisar - analisar - paralizar.

e) utilizar - canalisar - vasamento.

4. A forma dual que apresenta o verbo grafado incorretamente é:

a) hidrólise - hidrolisar.

b) comércio - comercializar.

c) ironia - ironizar.

d) catequese - catequisar.

e) análise - analisar.

5. Quanto ao emprego de iniciais maiúsculas, assinale a alternativa

em que não há erro de grafia:

a) A Baía de Guanabara é uma grande obra de arte da Natureza.

b) Na idade média, os povos da América do Sul não tinham laços

de amizade com a Europa.

c) Diz um provérbio árabe: "a agulha veste os outros e vive nua."

d) "Chegam os magos do Oriente, com suas dádivas: ouro,

incensos e mirra " (Manuel Bandeira).

e) A Avenida Afonso Pena, em Belo Horizonte, foi ornamentada na

época de natal.

6. Marque a opção cm que todas as palavras estão grafadas

corretamente:

a) enxotar - trouxa - chícara.

b) berinjela - jiló - gipe.

c) passos - discussão - arremesso.

Page 26: APOSTILA DE PORTUGUES

d) certeza - empresa - defeza.

e) nervoso - desafio - atravez.

7. A alternativa que apresenta erro(s) de ortografia é:

a) O experto disse que fora óleo em excesso.

b) O assessor chegou à exaustão.

c) A fartura e a escassez são problemáticas.

d) Assintosamente apareceu enxarcado na sala.

e) Aceso o fogo, uma labareda ascendeu ao céu.

8. Assinale a opção cm que a palavra está incorretamente grafada:

a) duquesa.

b) magestade.

c) gorjeta.

d) francês.

e) estupidez.

9. Dos pares de palavras abaixo, aquele em que a segunda não se

escreve com a mesma letra sublinhada na primeira é:

a) vez / reve___ar.

b) propôs / pu__ eram.

c) atrás / retra __ ado.

d) cafezinho/ blu __ inha.

e) esvaziar / e___ tender.

10. Indique o item em que todas as palavras devem ser preenchidas

com x:

Page 27: APOSTILA DE PORTUGUES

a) pran__a / en__er / __adrez.

b) fei__e / pi__ar / bre__a.

c) __utar / frou__o / mo__ila.

d) fle__a / en__arcar / li__ar.

e) me__erico / en__ame / bru__a.

11. Todas as palavras estão com a grafia correta, exceto:

a) dejeto.

b) ogeriza.

c) vadear.

d) iminente.

e) vadiar.

12. A alternativa que apresenta palavra grafada incorretamente é:

a) fixação - rendição - paralisação.

b) exceção - discussão - concessão.

c) seção - admissão - distensão.

d) presunção - compreensão - submissão.

e) cessão - cassação - excurção.

13. Assinale a alternativa em que todas as palavras estão grafadas

corretamente:

a) analizar - economizar - civilizar.

b) receoso - prazeirosamente - silvícola.

c) tábua - previlégio - marquês.

Page 28: APOSTILA DE PORTUGUES

d) pretencioso - hérnia - majestade.

e) flecha - jeito - ojeriza.

14. Assinale a alternativa em que todas as palavras estão grafadas

corretamente:

a) atrasado - princesa - paralisia.

b) poleiro - pagem - descrição.

c) criação - disenteria - impecilho.

d) enxergar - passeiar - pesquisar.

e) batizar - sintetizar - sintonisar.

15. Assinale a alternativa em que todas as palavras estão grafadas

corretamente:

a) tijela - oscilação - ascenção.

b) richa - bruxa - bucha.

c) berinjela - lage - majestade.

d) enxada - mixto - bexiga.

e) gasolina - vaso - esplêndido.

16. Marque a única palavra que se escreve sem o h:

a) omeopatia.

b) umidade.

c) umor.

d) erdeiro.

e) iena.

17. (CFS/95) Assinalar o par de palavras parônimas:

Page 29: APOSTILA DE PORTUGUES

a) céu - seu

b) paço - passo

c) eminente - evidente

d) descrição - discrição

18. (CFS/95) Assinalar a alternativa em que todas as palavras

devem ser escritas com "j".

a) __irau, __ibóia, __egue

b) gor__eio, privilé__io, pa__em

c) ma__estoso, __esto, __enipapo

d) here__e, tre__eito, berin__ela

19. (CFC/95) Assinalar a alternativa que preenche corretamente as

lacunas do seguinte período: "Em _____ plenária, estudou-se a

_____ de terras a _____ japoneses."

a) seção - cessão - emigrantes

b) cessão - sessão - imigrantes

c) sessão - secção - emigrantes

d) sessão - cessão - imigrantes

20. (CFC/95) Assinalar a alternativa que apresenta um erro de

ortografia:

a) enxofre, exceção, ascensão

b) abóbada, asterisco, assunção

c) despender, previlégio, economizar

d) adivinhar, prazerosamente, beneficente

Page 30: APOSTILA DE PORTUGUES

21. (CFC/95) Assinalar a alternativa que contém um erro de

ortografia:

a) beleza, duquesa, francesa

b) estrupar, pretensioso, deslizar

c) esplêndido, meteorologia, hesitar

d) cabeleireiro, consciencioso, manteigueira

22. (CFC/96) Assinalar a alternativa correta quanto à grafia das

palavras:

a) atraz - ele trás

b) atrás - ele traz

c) atrás - ele trás

d) atraz - ele traz

23. (CFS/96) Assinalar a palavra graficamente correta:

a) bandeija

b) mendingo

c) irrequieto

d) carangueijo

24. (CESD/97) Assinalar a alternativa que completa as lacunas da

frase abaixo, na ordem em que aparecem. "O Brasil de hoje é

diferente, _____ os ideais de uma sociedade _____ justa ainda

permanecem".

a) mas - mas

b) mais - mas

Page 31: APOSTILA DE PORTUGUES

c) mas - mais

d) mais - mais

25. (CESD/98) Cauda/rabo, calda/açúcar derretido para doce. São,

portanto, palavras homônimas. Associe as duas colunas e assinale

a alternativa com a seqüência correta.

1 - conserto ( ) valor pago

2 - concerto ( ) juízo claro

3 - censo ( ) reparo

4 - senso ( ) estatística

5 - taxa ( ) pequeno prego

6 - tacha ( ) apresentação musical

a) 5-4-1-3-6-2

b) 5-3-2-1-6-4

c) 4-2-6-1-3-5

d) 1-4-6-5-2-3

26. (CFC/98) Assinalar o par de palavras antônimas:

a) pavor - pânico

b) pânico - susto

c) dignidade - indecoro

d) dignidade - integridade

27. (CFS/97) O antônimo para a expressão "época de estiagem" é:

a) tempo quente

b) tempo de ventania

Page 32: APOSTILA DE PORTUGUES

c) estação chuvosa

d) estação florida

28. (CFS/96) Quanto à sinonímia, associar a coluna da esquerda

com a da direita e indicar a seqüência correta.

1 - insigne ( ) ignorante

2 - extático ( ) saliente

3 - insipiente ( ) absorto

4 - proeminente ( ) notável

a) 2-4-3-1

b) 3-4-2-1

c) 4-3-1-2

d) 3-2-4-1

29. (ITA/SP) Em que caso todos os vocábulos são grafados com "x"

?

a) __ícara, __ávena, pi__e, be__iga

b) __enófobo, en__erido, en__erto, __epa

c) li__ar, ta__ativo, sinta__e, bro__e

d) ê__tase, e__torquir, __u__u, __ilrear

1 A / 2 A / 3 C / 4 D / 5 D / 6 C / 7 D / 8 B / 9 D / 10 E / 11 B / 12 E /

13 E / 14 A / 15 E / 16 B / 17 D / 18 A / 19 D / 20 C / 21 B / 22 B / 23

C / 24 C / 25 A / 26 C / 27 C / 28 B / 29 B

3. Acentuação.

crítica - substantivo

Page 33: APOSTILA DE PORTUGUES

critica - forma verbal

Dentro da língua portuguesa é a pronúncia que permite ao leitor

identificar o significado das palavras acima, porque ora damos

entonação maior para uma sílaba, ora para outra.

Essa sílaba pronunciada com uma entonação maior recebe o

nome de sílaba tônica: cô-mo-do, quen-te.

A presença da sílaba tônica na língua portuguesa cria os

seguintes grupos:

palavras oxítonas, a última sílaba é a tônica. São

acentuadas, quando terminarem em A, E, O, seguidos ou não

de S, E em EM, ENS: caju, japonês, Corumbá, maracujá,

maná, Maringá, rapé, massapê, filé, sapé, filó, rondó, mocotó,

jiló, amém, armazém, também, Belém, parabéns, armazéns,

nenéns, Iguaçu, caqui, aci.

palavras paroxítonas, a penúltima sílaba é a tônica: porta,

miudeza, hora.

palavras proparoxítonas, antepenúltima sílaba é a tônica:

cômodo, sonâmbulo.

Já os monossílabos são palavras que apresentam apenas uma

sílaba. Eles podem ser tônicos ou átonos.

Os monossílabos tônicos apresentam acento próprio, portanto,

pronunciado com intensidade (gás, faz). Já os monossílabos átonos

Page 34: APOSTILA DE PORTUGUES

não se destacam e estão ligados às palavras mais próximas (o

homem, de madeira).

3.1 Regras de acentuação:

Acentuamos os monossílabos tônicos terminados em:

a, as: lá, hás;

e, es: pé, mês;

o, os: pó, nós.

Acentua-se os oxítonos terminados em:

a, as: Pará, sofás;

e, es: jacaré, cafés;

o, os: avó, cipós;

em, ens: ninguém, armazéns.

As palavras oxítonas terminadas em i, is e u, us; somente serão

acentuadas quando formarem hiatos: baú, açaí.

São acentuados os paroxítonos terminados em:

ão(s), ã(s): órfãos, órfãs

ei(s): jóquei, fáceis

i(s): júri, lápis

Page 35: APOSTILA DE PORTUGUES

us: vírus

um, uns: álbum, álbuns

r: revólver

x: tórax

n / nos: hífen, prótons

l: fácil

ps: bíceps

ditongos crescentes seguidos ou não de S: ginásio, mágoa,

áreas

São acentuados todos os proparoxítonos: cômodo, lâmpada.

Todos os ditongos abertos, independente da posição de

tonicidade, são acentuados:

éi(s): assembléia, anéis

éu(s): chapéu, troféus

ói(s): heróico, heróis

São acentuados I e U, seguidos ou não de S, tônicos e que

formam hiato: saúde, egoísmo, juiz, ruim.

Se o I destes casos vier seguido de NH não será acentuado -

rainha, tainha

Page 36: APOSTILA DE PORTUGUES

Acentua-se também as primeiras vogais dos hiatos oo e eem, se

tônicos - vôo, crêem.

O U dos grupos gue, gui, que, qui se forem tônicos levarão

acento: averigúe, averigúes, averigúem, apazigúe, apazigúes,

apazigúem, obliqúe, obliqúes, obliqúem, argúi, argúis, argúem.

Já o acento diferencial aparece nas seguintes situações:

ás (substantivo)

às (contração)

pôr (verbo)

por (preposição)

que (pronome, conjunção)

quê (substantivo ou em fim de frase)

porque (advérbio ou conjunção)

porquê (substantivo ou em fim de frase)

pára (verbo)

para (preposição)

Page 37: APOSTILA DE PORTUGUES

pélo, pélas, péla (verbo)

pelo, pelas, pela (preposição + artigo)

péla, pélas (jogo)

pólo, pólos (extremo ou jogo)

pêlo, pêlos (cabelo)

pelo, pelos (preposição = artigo)

pôlo, pôlos (ave)

pôla, pôlas (substantivo - rebento ou broto de árvore)

pola, polas (por + las)

pêra (fruta ou barba)

pera (preposição arcaica)

côa, côas (verbo)

coa, coas (preposição + artigo)

pôde (pretérito perfeito)

pode (presente do indicativo)

Ter e vir na 3ª pessoa plural recebem acento: ele tem, eles têm, ele vem, eles vêm

Observações:

Alguns problemas de acentuação devem-se a vícios de fala ou

pronúncia inadequada de algumas palavras.

Page 38: APOSTILA DE PORTUGUES

Nos nomes compostos, considera-se a tonicidade da última

palavra para efeito de classificação. As demais palavras que

constituem o nome composto são ditas átonas.

Exemplos: couve-flor - oxítona, arco-íris - paroxítona.

Os pronomes oblíquos átonos o/a/os/as podem transformar-se

em lo/la/los/las ou no/na/nos/nas em função da terminação verbal.

Quando os verbos terminam por R/S/Z ou no caso de mesóclise

(R), geram acentuação se a forma verbal (sem o pronome) tiver seu

acento justificado por alguma regra.

Exemplos: comprá-la, vendê-los, substituí-lo, comprá-la-íamos ≠

parti-los.

1. Assinale o item em que todas as palavras são acentuadas pela

mesma regra de: também, incrível e caráter.

a) alguém, inverossímil, tórax

b) hífen, ninguém, possível

c) têm, anéis, éter

d) há, impossível, crítico

e) pólen, magnólias, nós

2. Assinale a alternativa correta

a) Não se deve colocar acento circunflexo em palavra como avo,

bisavo, porque há palavras homógrafas com pronúncia aberta

b) Não se deve colocar acento grave no a do contexto: Fui a cidade

c) Não se deve colocar trema em palavras como tranquilo, linguiça,

Page 39: APOSTILA DE PORTUGUES

sequência

d) Não se deve colocar trema em palavras derivadas como

avozinho, vovozinho

e) O emprego do trema é facultativo

3. Assinale a alternativa em que pelo menos um vocábulo não seja

acentuado:

a) voo, orfão, taxi, balaustre

b) itens, parabens, alguem, tambem

c) tactil, amago, cortex, roi

d) papeis, onix, bau, ambar

e) hifen, cipos, leem, pe

4. Assinale a opção em que as palavras, quanto à acentuação

gráfica, estejam agrupadas pelo mesmo motivo gramatical.

a) problemáticos, fácil, álcool

b) já, até, só

c) também, último, análises

d) porém, detêm, experiência

e) país, atribuíram, cocaína

5. "À luz de seu magnífico ______ -de-sol ______ parece uma

cidade ______ .

a) por, Itaguaí, tranquila

b) por, Itaguai, tranqila

c) por, Itaguaí, tranqüila

Page 40: APOSTILA DE PORTUGUES

d) pôr, Itaguaí, tranqüila

e) pôr, Itaguai, tranquila

6. Marque item em que necessariamente o vocábulo deve receber

acento gráfico:

a) historia

b) ciume

c) amem

d) numero

e) ate

7. São acentuadas graficamente pela mesma razão as palavras da

opção:

a) há - até - atrás

b) história - ágeis - você

c) está - até - você

c) ordinário - apólogo - insuportável

c) mágoa - ícone - número

8. Assinale a série cuja acentuação gráfica se justifique da mesma

forma que em: baiúca - ônus - apóio.

a) viúvo, ônibus, pastéis

b) vírus, hífen, jibóia

c) centopéia, Garibáldi, caí

d) egoísmo, Quéops, escarcéu

e) lápis - vôlei - girassóis

Page 41: APOSTILA DE PORTUGUES

9. Das alternativas abaixo, aquela em que as demais não se

acentuam com base na mesma regra da palavra entre aspas é:

a) "holandês" - anunciá-lo / paletós

b) "desejável" - açúcar / hífen

c) "público" - súbito / álcool

d) "matéria" - glória / idéia

e) "daí" - viúva / sanduíche

10. Em que série nem todas as palavras se acentuam pelo mesmo

motivo:

a) juízo, aí, saíste, saúde

b) poética, árabes, lírica, metáfora

c) glória, apóia, série, inócuo

d) réptil, fêmur, contábeis, ímã

e) assembléia, dói, papéis, céu

11. Todas as palavras devem ser acentuadas na alternativa:

a) pudico, pegada, rubrica

b) gratuito, avaro, policromo

c) abdomen, itens, harem

d) magoo, perdoe, ecoa

e) contribuia, atribuimos, caiste

12. O ________ resulta da __________ entre a alga e o fungo.

a) líquen, simbiose

b) liquen, simbiose

Page 42: APOSTILA DE PORTUGUES

c) liquem, simbiose

d) líquen, simbióse

e) líquem, simbióse

13. Assinale o item em que as palavras estão acentuadas segundo

a mesma regra:

a) miúdo, pêndulo

b) história, distância

c) pedrês, porém

d) respeitável, pálpebra

e) Lucília, três

14. Há erro(s) de acentuação gráfica em:

a) recém-vindo, decano, refrega

b) pudico, bímano, gratuito

c) inaudito, pegada, zênite

d) íbero, ávaro, levedo

e) filantropo, opimo, aziago

15. Assinale a opção em que todos os vocábulos deveriam estar

acentuados graficamente:

a) perdoo, balaustre, bambu

b) itens, assembleia, cafeina

c) tuneis, juri, pessoa

d) aerodromo, estrategia, nectar

e) agape, apoio (subst.), nuvens

Page 43: APOSTILA DE PORTUGUES

16. Por serem proparoxítonos, deveriam estar acentuados os

vocábulos da opção:

a) refrega, ibero, decano

b) aziago, pegada, avaro

c) leucocito, alcoolatra, interim

d) inaudito, batavo, erudito

e) rubrica, maquinaria, pudico

17. Qual dentre as palavras abaixo deve ser necessariamente

acentuada:

a) ai

b) pais

c) doida

d) sauva

e) saia

18. Assinale a opção em que os vocábulos obedecem à mesma

regra de acentuação gráfica:

a) pés, hóspedes

b) sulfúrea, distância

c) fosforecência, provém

d) últimos, terrível

e) satânico, porém

19. Num dos itens abaixo, a acentuação gráfica não está

devidamente justificada. Assinale este item:

Page 44: APOSTILA DE PORTUGUES

a) círculo: vocábulo paroxítono

b) além: vocábulo oxítono terminado em -em

c) órgão: vocábulo paroxítono terminado em til

d) dócil: vocábulo paroxítono terminado em -l

e) pôde: acento diferencial

20. Marque a alternativa em que pelo menos um vocábulo não seja

acentuado:

a) voo, parabens, hifen, sofas

b) fenix, esplendido, voce, volatil

c) aneis, rubrica, tenis, urubu

d) chama-la, veem, Tamanduatei, tambem

e) cipos, biceps, rape, sauva

21. A alternativa em que somente uma das palavras deve receber

acento gráfico é:

a) Luis, patroa, nuvem

b) hifens, item, somente

c) arcaico, itens, caju

d) seduzi-lo, maracatu, cafezal

e) abençoe, saiu, hotel

22. Das palavras abaixo, uma admite duas formas de justificar o

acento gráfico:

a) combustível

b) está

Page 45: APOSTILA DE PORTUGUES

c) três

d) países

e) veículos

23. Assinale a alternativa em que a acentuação das palavras se

explica pela mesma regra.

a) fábrica, máquina, ímã

b) saúde, egoísta, atribuí-lo

c) môo, pó, vêm

d) quilômetro, cinqüenta, privilégio

e) hífen, médium, álcool

24. Há erro de acentuação em:

a) O repórter havia afirmado que a canoa da República andava órfã.

b) Ontem você não pode vir por água no fogo e souberam disso

através dos colegas.

c) Rui vem de ônibus, lê o jornal e sempre procura saber o nome

dos partidos que retêm o uso do poder.

d) Ainda não soube do porquê de sua desistência do vôo de ontem

e) "Deus te abençoe" era o grito de pára que acalmava a meninada

na hora de dormir.

25. A alternativa em que todas as palavras recebem acento gráfico

é:

Page 46: APOSTILA DE PORTUGUES

a) pudico, rubrica, destruido, Piaui

b) campo, polens, hifen, abdomens

c) feiura, pessego, virus, voce

d) salada, camera, tatu, latex

e) item, pudico, gratuito, raiz

26. Qual a seqüência acentuada por terminar em encontro vocálico

pronunciado como ditongo crescente?

a) assembléia, caracóis, solidéu e jibóia

b) Tambaú, Camalaú, Tambaí e açaí

c) série, pátio, área e tênue

d) imóveis, pênseis, pudésseis e mísseis

e) bônus, júri, lápis e tênis

27. Assinale a alternativa em que pelo menos um vocábulo não seja

acentuado.

a) abençoo, refens, polen, cipos

b) tenis, esplendido, voce, portatil

c) papeis, rubrica, onix, urubu

d) compo-la, leem, Tamanduatei, armazem

e) apos, climax, sape, saude

28. Analisando as palavras: 1. apóiam, 2. bainha, 3. abençoo,

notamos que está/estão corretamente grafada(s):

a) apenas a palavra n.º 1

b) apenas a palavra n.º 2

Page 47: APOSTILA DE PORTUGUES

c) apenas a palavra n.º 3

d) todas as palavras

e) n.d.a.

29. Assinale a opção na qual todas as palavras devem ser

acentuadas.

a) persegui-lo, candido, benção, estreia

b) espelho, reporter, interim, arguem

c) eletron, fluor, eloquente, abençoe

d) iamos, caiste, vendereis, foramos

e) impar, itens, arguem, apoia

30. Há erro de acentuação num dos conjuntos seguintes:

a) grátis, jibóia, juriti, altruísmo

b) aqui, Nobel, também, rubrica

c) apóio, item, espelho, tênue

d) ávaro, íngreme, trégua, caráter

e) circuito, boêmia, ínterim, Nélson

31. A única alternativa que possui, pelo menos, uma palavra

indevidamente acentuada é:

a) fórceps-avícola

b) lábaro-néctar.

c) homília-hieróglifo.

d) ístmo-resfolego

e) bólido-interim.

Page 48: APOSTILA DE PORTUGUES

32. As palavras que são acentuadas tendo em vista a mesma regra

de acentuação são;

a) emergências - público.

b) funcionários - obrigatórias.

c) será - ótimo.

d) futebolísticos - fazê-lo.

e) tédio - Constituição.

33. O acento gráfico desempenha a mesma função em:

a) carnaúba e história.

b) petróleo e paciência.

c) jacarandá e lápis.

d) glória e está.

e) mausoléu e líquido.

34. A palavra que pode ser enquadrada em duas diferentes regras

de acentuação é:

a) estratégia.

b) abençôo.

c) límpido.

d) refém.

e) pajé.

35. A alternativa em que todas as palavras estão corretamente

acentuadas:

Page 49: APOSTILA DE PORTUGUES

a) atraí-los - bíceps - médiuns - vôos.

b) jibóia - pegáda - álbuns - Nobél.

c) três - refém - sôbre - elétrons.

d) gratuíto - têxtil - rubiácea - pélo (verbo).

e) revoem - convêm (singular) - mês - pôr (verbo).

36. A alternativa em que nenhuma palavra possui acento gráfico é:

a) item, polens, rubrica.

b) iras, armazens, tatu.

c) biquini, preto, lapisinho.

d) gratuito, juri, raiz.

e) tematico, uisque, camara.

37. Todas as palavras abaixo admitem dupla prosódia, exceto:

a) acróbata.

b) sóror.

c) íbero.

d) hieróglifo.

e) xérox.

38. A única palavra indevidamente acentuada é:

a) álcali.

b) azáfama.

c) bátega.

d) azíago.

e) crisântemo.

Page 50: APOSTILA DE PORTUGUES

39. Assinale a palavra que não se acentua segundo a regra das

demais:

a) também.

b) espécies.

c) início

d) centenárias.

e) mistério.

40. A alternativa que possui duas palavras indevidamente

acentuadas é:

a) construí-lo / ruína / hífen / fiéis.

b) álbum / réis / fósseis / tênue.

c) pólo / pára / reféns / atrás.

d) rúbrica / herói / bênção / jóvem.

e) jóquei / mártir / pêlo / vêem.

41. A alternativa em que nenhuma palavra tem acento gráfico é:

a) cadaver-modelo-todo-vezes

b) toda-flui-orgão-fossil

c) governo-juri-juriti-cutis

d) garoa-armazens-polen-caju

e) item-polens-rubrica-erro

42. A alternativa em que todas as palavras têm acento gráfico é:

a) para-brisa - perdoe - enjoo - preveem.

b) pudico - polen - pensil - miudo.

Page 51: APOSTILA DE PORTUGUES

c) ruim - heroina - sutil - interim.

d) xicara - pode(passado) - hifen - pera (substantivo).

e) trofeu - coroneis - afoito - carencia.

1 A / 2 D / 3 B / 4 E / 5 D / 6 B / 7 C / 8 D / 9 D / 10 C / 11 E / 12 A /

13 B / 14 D / 15 D / 16 C / 17 D / 18 B / 19 A / 20 C / 21 A / 22 E / 23

B / 24 B / 25 C / 26 C / 27 C / 28 D / 29 D / 30 D / 31 D / 32 B / 33

B / 34 A / 35 A / 36 A / 37 C / 38 D / 39 A / 40 D / 41 E / 42 D

MORFOLOGIA

1. Os elementos da morfologia:

O radical é a forma mínima que indica o sentido básico de uma

palavra. Alguns vocábulos são constituídos apenas por radical

(lápis, mar, hoje). Os radicais permitem a formação de famílias de

palavras: menin-o, menin-a; menin-ada, menin-inho, menin-ona.

A vogal temática é a vogal que, em alguns casos, une-se ao

radical, preparando-o para receber as desinências: com-e-r.

O tema é o acréscimo da vogal temática ao radical, pois na

língua portuguesa é impossível a ligação do radical com, com a

desinência r, por isso é necessário o uso do tema e.

As desinências estão apoiadas ao radical para marcar as

flexões gramaticais. Podem ser nominais ou verbais:

As nominais indicam flexões de gênero e número dos nomes

(gat-a e gato-s).

Page 52: APOSTILA DE PORTUGUES

Já as verbais indicam tempo e modo (modo-temporais / fal-á-

sse-mos) ou pessoa e número (número-pessoais / fal-á-sse-mos)

dos verbos.

Os afixos são morfemas derivacionais (gramaticais) agregados

ao radical para formar palavras novas. Os afixos da língua

portuguesa são o prefixo, colocado antes do radical (infeliz) e o

sufixo, colocado depois do radical (felizmente)

A vogal e consoante de ligação são elementos mórficos

insignificativos que surgem para facilitar ou até possibilitar a

pronúncia de determinadas construções (silv-í-cola, pe-z-inho,

pobre-t-ão, rat-i-cida, rod-o-via)

Já os alomorfes são as variações que os morfemas sofrem

(amaria - amaríeis; feliz - felicidade).

1.1 Morfemas:

São unidades mínimas de significação, integrantes da palavra,

que não admitem subdivisão em unidades significativas menores.

Quanto à significação, podem ser:

morfemas lexicais (lexemas ou semantemas) de significação

externa, ou seja, cujo significado está ligado ao mundo objetivo,

indicando o significado da palavra.

morfemas gramaticais (gramemas ou formantes) de

significação interna, relacionados ao universo lingüístico, isto é,

tem significado ligado somente ao sistema gramatical da língua.

Page 53: APOSTILA DE PORTUGUES

1.2 Processos de formação de palavras:

As palavras estão em constante processo de evolução, o que

torna a língua um fenômeno vivo que acompanha o homem. Por

isso alguns vocábulos caem em desuso (arcaísmos), enquanto

outros nascem (neologismos) e outros mudam de significado com o

passar do tempo.

Na Língua Portuguesa, em função da estruturação e origem das

palavras encontramos a seguinte divisão:

palavras primitivas - não derivam de outras (casa, flor)

palavras derivadas - derivam de outras (casebre, florzinha)

palavras simples - só possuem um radical (couve, flor)

palavras compostas - possuem mais de um radical (couve-

flor, aguardente)

Para a formação das palavras portuguesas, é necessário o

conhecimento dos seguintes processos de formação:

Composição - processo em que ocorre a junção de dois ou

mais radicais. São dois tipos de composição.

justaposição: quando não ocorre a alteração fonética

(girassol, sexta-feira);

aglutinação: quando ocorre a alteração fonética, com perda

de elementos (pernalta, de perna + alta).

Derivação - processo em que a palavra primitiva (1º radical)

sofre o acréscimo de afixos. São cinco tipos de derivação.

Page 54: APOSTILA DE PORTUGUES

prefixal: acréscimo de prefixo à palavra primitiva (in-útil);

sufixal: acréscimo de sufixo à palavra primitiva (clara-mente);

parassintética ou parassíntese: acréscimo simultâneo de

prefixo e sufixo, à palavra primitiva (em + lata + ado). Esse

processo é responsável pela formação de verbos, de base

substantiva ou adjetiva;

regressiva: redução da palavra primitiva. Nesse processo

forma-se substantivos abstratos por derivação regressiva de

formas verbais (ajuda / de ajudar);

imprópria: é a alteração da classe gramatical da palavra

primitiva ("o jantar" - de verbo para substantivo, "é um judas" -

de substantivo próprio a comum).

Além desses processos, a língua portuguesa também possui

outros processos para formação de palavras, como:

Hibridismo : são palavras compostas, ou derivadas,

constituídas por elementos originários de línguas diferentes

(automóvel e monóculo, grego e latim / sociologia, bígamo,

bicicleta, latim e grego / alcalóide, alcoômetro, árabe e grego /

caiporismo: tupi e grego / bananal - africano e latino /

sambódromo - africano e grego / burocracia - francês e grego);

Onomatopéia : reprodução imitativa de sons (pingue-pingue,

zunzum, miau);

Abreviação vocabular : redução da palavra até o limite de

sua compreensão (metrô, moto, pneu, extra, dr., obs.)

Siglas : a formação de siglas utiliza as letras iniciais de uma

seqüência de palavras (Academia Brasileira de Letras - ABL). A

Page 55: APOSTILA DE PORTUGUES

partir de siglas, formam-se outras palavras também (aidético,

petista)

Neologismo : nome dado ao processo de criação de novas

palavras, ou para palavras que adquirem um novo significado.

1.3 Significado das palavras:

O significado de algumas palavras pode ser identificado através

da estrutura de seus elementos mórficos.

Na seqüência veremos os prefixos, os sufixos e os radicais, a

partir de sua origem grega ou latina e a relação com a língua

portuguesa.

1.3.1 Principais prefixos latinos:

a-, ab-, abs- (indica afastamento; separação = aberrar,

abdicar, abster, abstrair, amovível, aversão);

a-, ad-, ar-, as- (movimento para; aproximação; direção =

adjunto, adnominal, adjetivo, adventício, advogado, abordar,

apurar, arribar, arraigar, associar, assimilar);

ante- (anterioridade; precedência = antepor, anteceder,

antebraço, antecâmara);

circu-, circum- (movimento em torno, posição em redor =

circumpolar, circum-ambiente, circunavegação, circunferência);

cis- (posição aquém = cisplatino, cisandino);

co-, com-, con-, cor- ([da preposição latina cum]

concomitância, companhia, ação conjunta = competir,

companheiro, concorrer, congregar, cooperar, coerente,

corroborar, corrosivo);

Page 56: APOSTILA DE PORTUGUES

contra- (oposição, ação conjunta = contradizer, contraveneno,

contrapeso);

de- (movimento de cima para baixo = declive, débil,

decrescente, decapitar);

des- (separação, ação contrária, negação = desviar, desleal,

desfazer, desprotegido);

di-, dir-, dis- (dualidade, divisão, separação, movimento em

muitos sentidos = disforme, discutir, disseminar, dirimir,

dilacerar, difundir);

entre- (posição intermediária = entreato, entrelinha, entretela,

entremeio);

ex-, es-, e- (movimento para fora, afastamento, estado

anterior = extrair, expectorar- exportar, escorrer, esquecer,

emigrar, emergir);

extra- (posição exterior = extraordinário, extravasar,

extramuros);

in-, im-, i-, ir-, em-, en- (movimento para dentro, tendência,

mudança de estado = incrustar, ingerir, investigar, impressão,

imigrar, irromper, enterrar, embarcar, enformar);

in-, im-, i-, ir- (sentido exclusivamente negativo, de privarão [é

de etimologia diferente do in- anterior] = indecente, inerte,

impróprio, imberbe, ilegal, imoral, ignorar, irrestrito, irregular);

intra- (posição interior = intravenoso, intrapulmonar,

intramedular);

intro- (movimento para dentro = introduzir, intrometer, intróito,

introspecção);

Page 57: APOSTILA DE PORTUGUES

justa- (posição ao lado, perto de = justaposto, justafluvial,

justalinear);

ob-, o-, os- (posição em frente, diante de, oposição = objeto,

obstáculo, ofuscar, opor, ocupar, ostentar);

per- (movimento através = perpassar, permeável, perfurar,

pernoitar);

pos- (ação posterior = posdatar, postergar, postônica,

posposto);

pre- (anterioridade = predatar, prefixo, preliminar, prefácio,

pré-tônica);

pro- (movimento para a frente, diante de = prosseguir,

progredir, profano, proclamar);

re- (movimento para trás, repetição = regredir, reagir, reiterar,

recomeçar);

retro- (movimento mais para trás = retroceder, retrospectiva,

retrocesso, retroagir);

soto-, sota- (posição inferior = sotopor, soto-mestre, sota-

capitão);

sub-, sus-, su-, sob-, so- (movimento de baixo para cima,

estado inferior, redução = sublevar, subir, subalterno,

suspender, suspeitar, sufocar, sobpor, sopé, sonegar, soerguer,

soterrar);

super-, sobre-, supra- (posição em cima, posição acima,

excesso, intensidade = superpor, supercílio, supérfluo,

sobrecarga, sobreviver, supra-renal, supramencionado);

Page 58: APOSTILA DE PORTUGUES

trans-, trás-, tres- (movimento para além de; posterioridade,

posição excedente = transmontano, transpor, transportar,

transbordar, trasladar, trespasse, tresmalhar);

ultra- (posição além de, excesso = ultramar, ultrapassar, ultra-

som);

vice-, vis- (substituição, em lugar de = vice-presidente, vice-

rei, visconde).

1.3.2 Principais prefixos gregos:

an-, a- (sentido exclusivamente negativo, privação = anarquia,

anônimo, ateu, acéfalo, afônico);

aná- (ação ou movimento contrário, repetição = anagrama,

anáfora, análise);

anfi- (de um e outro lado, em torno de = anfiteatro, anfíbio);

anti- (oposição = antípoda, antipatia, antiaéreo, anticlerical);

apó- (afastamento, separação = apogeu, apócrifo, apóstolo);

arqui-, arc-, arque-, arce-, arci- (procedência, superioridade =

arquipélago, arquiteto, arcanjo, arquétipo, arcebispo, arcipreste)

catá- (movimento de cima para baixo, posição superior,

oposição = catástrofe, catapulta, catálogo, catacrese);

diá-, di- (movimento através de, passagem, afastamento =

diagonal, diâmetro, diagnóstico, diocese, diurético);

dis- (dificuldade, falta, privação = dispnéia, disenteria,

dissimetria);

ec-, ex- (movimento para fora, separação = eclipse, eclético,

êxodo, exorcismo);

Page 59: APOSTILA DE PORTUGUES

en-, em-, e- (posição interna, posição sobre = encéfalo,

energia, entusiasmo, emplasto, elipse);

endo-, end- (posição interior, movimento para dentro =

endotérmico, endoscopia, endosmose);

epi- (posição superior, movimento pura, cm direção a =

epiderme, epílogo, epitáfio, epístola, epíteto);

eu-, ev- (bem, bom, felizmente = eucaristia, eufonia,

eufemismo, evangélico);

hiper- (posição superior, excesso = hipérbole, hipertrofia,

hipertensão);

hipo- (posição inferior = hipotenusa, hipótese, hipocrisia);

meta-, met- (movimento de um lugar para outro, mudança =

metamorfose, metáfora, meteoro, metonímia);

para-, par- (proximidade, comparação = paradigma, paradoxo,

parasita, paródia, paralelo);

peri- (em torno de, ao redor de = perímetro, perífrase,

peripécia);

pró- (posição em frente, movimento para frente = problema,

prólogo, prognóstico, programa);

sin-, sim-, si- (simultaneidade, reunião, companhia = sinfonia,

sincronia, síncope, símbolo, simpatia, silepse, sílaba).

1.3.3 Sufixos:

Os sufixos podem ser divididos em três tipos:

sufixo nominal: aquele responsável pela formação de nome

(substantivo ou adjetivo): pad-eiro, favel-ado.

Page 60: APOSTILA DE PORTUGUES

sufixo verbal: aquele responsável pela formação de um

verbo: computador + izar.

sufixo adverbial: aquele responsável pela formação de

advérbio; em português apenas o sufixo -mente: feliz-mente

1.3.3.1 Principais sufixos nominais

Sufixos aumentativos:

-aça (barcaça, barbaça);

-aço (estilhaço, ricaço);

-alhão (brincalhão, vagalhão);

-anzil (corpanzil);

-ão (chorão, sapatão);

-aréu (fogaréu, povaréu);

-arra (naviarra, bocarra);

-arrão (canzarrão, homenzarrão);

-astro (poetastro, medicastro);

-az (voraz, cartaz);

-ázio (copázio, gatázio);

-eirão (vozeirão, asneirão);

-orra (cabeçorra, beiçorra);

-aça (dentuça, carduça)

Sufixos diminutivos:

-acho(a), -icho(a), -ucho(a) (riacho, fogacho, cornicho,

barbicha, gorducho, papelucho);

-ebre (casebre)

Page 61: APOSTILA DE PORTUGUES

-eco(a), -ico(a) (jornaleco, soneca, Antonico, burrico);

-ela (rodela, viela, janela);

-elho(a), -ejo, ilho(a) (artelho, rapazelho, lugarejo, quintalejo,

ladrilho, cartilha);

-ete, -eto(a), -ito(a), -ote(a) (lembrete, artiguete, coreto, saleta,

cabrito, Manuelito, casita, filhote, serrote, velhota);

-inho(a), -ino(a), -im (amiguinho, menininha, pequenino,

violino, neblina, espadim, camarim);

-isco(a), -usco(a) (chuvisco, asterisco, odalisca, velhusco,

chamusco);

-oca (sitioca, engenhoca);

-ola (rapazola, gaiola, fazendola);

Sufixos diminutivos eruditos:

-ículo(a) (artículo, cubículo, gotícula, película, partícula);

-ulo(a) (glóbulo, grânulo);

-únculo(a) (homúnculo, questiúncula);

-úsculo(a) (corpúsculo, opúsculo);

Outros sufixos nominais:

-áceo(a) (semelhança, pertinência = galináceo, rosácea,

farináceo, herbáceo);

-ácea (qualidade, ação = audácia, falácia);

-aco(a) (relação íntima, estado íntimo, origem = austríaco,

maníaco, cardíaco, demoníaco, amoníaco, zodíaco);

Page 62: APOSTILA DE PORTUGUES

-ado(a), -ato(a) (posse, instrumento, matéria, quantidade =

barbado, avermelhado, bispado, paulada, cacetada, bananada,

laranjada, boiada, noitada, temporada, sensato, cordato);

-agem (ação, resultado de ação, relação íntima = viagem,

miragem, imagem, homenagem, folhagem, selvagem);

-aico (referência, pertinência = prosaico, judaico, arcaico,

incaico, hebraico);

-al, -ar (pertinência, coleção, quantidade, cultura de vegetais =

genial, mortal, areal, pantanal, curral, tribunal, arrozal, bananal,

familiar, militar);

-alha (quantidade pejorativa = canalha, gentalha, parentalha);

-ama, -ame (quantidade = dinheirama, vasilhame,

madeirame);

-anca, -ância (ação, resultado da ação, estado = esperança,

lembrança, ignorância, vigilância, tolerância);

-ando(a) (ação furtiva aplicada a um indivíduo = doutorando,

vestibulando);

-aneo(a) (modo de ser, capacidade = contemporâneo,

sucedâneo, instantâneo, momentâneo);

-ano(a) (proveniência, origem, semelhança, sectário ou

partidário de = italiano, sergipano, paulistano, republicano,

parnasiano, camoniano, meridiano, cotidiano);

-ão(ã) (forma popular do sufixo -ano(a) = alemão, aldeão,

beirão);

-aria, -eiro(a) (atividade, estabelecimento comercial, coleção =

pizzaria, padaria, estrebaria, tesouraria, livraria, pedraria,

bruxaria, livreiro, galinheiro, caseira);

Page 63: APOSTILA DE PORTUGUES

-ário(a) (profissões, lugares onde -se guardam coisas =

operário, mandatário, escriturário, vestiário, armário);

-ção, -são (ação, resultado da ação = condição, traição,

extensão, prisão, visão);

-dade (qualidade, modo de ser, estado = dignidade, bondade,

maldade, castidade, crueldade, normalidade, ruindade,

falsidade);

ouro(a) (pertinência, ação = vindouro, ancoradouro,

manjedoura);

-dura, -tura, -sura (resultado da ação, instrumento de uma

ação = assadura, armadura, ditadura, criatura, abertura, tintura,

mensura, clausura);

-edo (cheio de = arvoredo, vinhedo, olivedo, rochedo, lajedo,

passaredo);

-el (formador de adjetivos = cruel, fiel);

-ença, -ência (ação ou resultado da ação = crença, doença,

presença, diferença, violência, falência, ocorrência, prudência);

-engo(a) (relação, pertinência, posse = mulherengo, flamengo,

realengo);

-eno(a) (referência, origem = terreno, chileno, nazareno,

obsceno);

-ense, -ês(a) (origem, procedência, relação = parisiense,

piauiense, fluminense, português, francês, cortês, burguês,

inglesa);

-ente, -ante, -inte (agente, ação, qualidade, estado = doente,

poente, agente, navegante, pedinte, ouvinte, constituinte);

Page 64: APOSTILA DE PORTUGUES

-ento(a) (agente, cheio de, que tem o caráter de = barulhento,

poeirenta, ciumento, avarento, lamacento);

-esco(a), -isco(a) (relação, semelhança, qualidade =

carnavalesco, quixotesco, parentesco, gigantesco, mourisco);

-este (relação = agreste, celeste);

-estre (relação = pedestre, campestre, silvestre, terrestre);

-eu (origem, procedência, relação = hebreu, judeu, europeu,

galileu);

-ez, -eza (formam substantivos abstratos = altivez, surdez,

palidez, riqueza, beleza, safadeza, avareza, tristeza);

-ia (qualidade, estado, propriedade, profissão = moléstia,

alegria, chefia, diretoria, filosofia);

-iça, -ícia (formam substantivos abstratos = justiça, preguiça,

cobiça, malícia);

-ice, -ície (formam substantivos abstratos = velhice, meninice,

doidice, imundície, calvície);

-ício(a), -iço(a) (relação, referência = alimentício, natalício,

adventício, patrício, movediço, quebradiço);

-il (semelhança, referência = pueril, senil, hostil, civil, febril,

canil);

-ino(a) (relação, semelhança, origem, natureza = divino, latino,

cristalino, londrino, marroquino, matutino, peregrino);

-io(a) (relação = vazio, estio, sadio, sombrio, tardio, fugidio);

-ismo (doutrina, escola, teoria, sistema, modo de proceder ou

pensar, ação = socialismo, capitalismo, comunismo,

romantismo, ostracismo, realismo, anarquismo, terrorismo,

exorcismo);

Page 65: APOSTILA DE PORTUGUES

-ista (partidário ou sectário de doutrina, sistema, teoria,

principio, agente, ocuparão, origem = socialista, capitalista,

comunista, simbolista, realista, anarquista, dentista, artista,

pianista, budista, paulista, sulista, nortista);

-ita (origem, pertinência = eremita, jesuíta, israelita, selenita);

-ite (inflamação = amigdalite, bronquite, gastrite, estomatite);

-mento(a) (instrumento, coleção, ação ou resultado da ação =

ferramenta, vestimenta, fardamento, ferimento, casamento,

sentimento, armamento);

-onho(a) (propriedade hábito constante = risonho, medonho,

tristonho, enfadonho);

-or (qualidade, propriedade = sabor, amargor, fervor);

-(d)or, -(t)or, -(s)or (agente, profissão, instrumento de ação =

trabalhador, corredor, escritor, inspetor, leitor, agressor,

professor, confessor);

-oso(a) (abundância, plenitude = famoso, apetitoso,

meticuloso, medrosa, saudosa, venenosa);

-oz (formador de adjetivos = veloz, atroz, feroz);

-tério (instrumento, lugar onde se faz algo = saltério, cemitério,

necrotério, batistério);

-tico(a) (relação = rústico, aromático, aquático, fanático,

lunático);

-tório(a) (lugar, resultado da ação = refeitório, laboratório,

imigratório, vitória);

-tude, -dão (formador de substantivos abstratos = amplitude,

juventude, similitude, magnitude, solidão, gratidão, retidão);

Page 66: APOSTILA DE PORTUGUES

-udo(a) (provido ou cheio de = peludo, barbudo, carnuda,

narigudo, pontudo);

-ugem (semelhança, quantidade = ferrugem, penugem,

rabugem);

-ulho (quantidade, coleção = pedregulho, marulho, barulho);

-ume (resultado de ação, coleção = azedume, queixume,

negrume, cardume);

-ura (formador de substantivos abstratos = alvura, candura,

formosura, ternura);

-urno(a) (duração = diurno, noturno, taciturna);

-vel (possibilidade ou posse = impagável, inestimável,

indelével, cabível, perecível);

1.3.3.2 Sufixos verbais:

Na língua portuguesa há uma tendência em formar novos

verbos: a maioria, quase absoluta, dos novos verbos pertence à 1ª

conjugação.

Considera-se sufixo verbal o conjunto formada pelo sufixo mais

a terminação verbal (vogal temática + desinência), como ocorre em

-izar, do verbo computadorizar.

São sufixos verbais da 1ª conjugação:

-ear, -ejar (ação durativa [prolongada]; o processo se repete

[iterativo] - indica transformação, mudança de estado =

cabecear, verdejar, gotear, gotejar);

Page 67: APOSTILA DE PORTUGUES

-cotar (ação durativa - qualidade, modo de ser, mudança de

estado (factitivo) = amamentar, amolentar, ensangüentar);

-ficar, -fazer (ação durativa - modo de ser, mudança de estado

(factitivo) = liquidificar, liquefazer, mumificar, retificar);

-icar, -iscar (o processo se repete [iterativo] - diminutivo =

bebericar, mordiscar, chuviscar, adocicar);

-ilhar; -inhar (iterativo - diminutivo = dedilhar, cuspilhar,

cuspinhar, patinhar);

-itar (iterativo - diminutivo = saltitar, dormitar);

-izar (ação que se prolonga [durativa] - factitivo = alfabetizar,

fertilizar, catequizar, computadorizar).

São sufixos verbais da 2ª conjugação:

-ecer, -escer (início de um processo e seu desenvolvimento -

mudança de estado, transformação = amanhecer, rejuvenescer,

florescer, enaltecer, entardecer, ensandecer).

1.3.3.3 Sufixo adverbial:

O único sufixo adverbial, na língua portuguesa, é o sufixo -

mente, formador de advérbio de modo. O sufixo -mente é, sempre

que possível, acrescentado a um adjetivo feminino (lentamente,

completamente, dignamente, fielmente, apressadamente,

humanamente).

1.3.4 Principais radicais gregos e latinos:

Radicais gregos:

acro (alto, elevado = acrobata, acrópole, acrofobia);

Page 68: APOSTILA DE PORTUGUES

aer, aero (ar = aeronave, aeronauta);

agogo (o que conduz = pedagogo, demagogo);

agro (campo = agronomia, agrônomo);

alg, algia (dor, sofrimento = analgésico, nevralgia);

andro (homem, macho = andrógino, androfobia);

anemo (vento = anemógrafo, anemômetro);

antropo (ser humano = antropocentrismo, antropofagia);

arcai, arqueo (antigo, velho = arcaísmo, arqueologia);

aristo (ótimo, o melhor = aristocracia, aristocrata);

aritmo (número = aritmética, aritmologia);

arquia (governo = monarquia, anarquia);

asteno, astenia (fraqueza, debilidade = astenopia,

neurastenia);

astro (corpo celeste = astronomia, astrodinâmica);

atmo (gás, vapor = atmosfera, atmômetro);

baro (pressão, peso = barômetro, barítono );

bata (o que anda = acrobata, nefelibata );

biblio (livro = biblioteca, bibliotecário);

bio (vida = biologia, biografia);

caco (feio, mau = cacofonia, cacoépia);

cali (belo = caligrafia, calidoscópio);

cardio (coração = cardíaco, cardiograma);

cefalo (cabeça = acefalia, cefaléia);

ciclo (círculo = ciclometria, bicicleta, triciclo);

cine, cinesi (movimento = cinética, cinesalgia);

cito (célula = citologia, citoplasma);

cosmo (mundo, universo = cosmovisão, macrocosmo);

Page 69: APOSTILA DE PORTUGUES

cracia (poder, autoridade = gerontocracia, tecnocracia);

cromo (cor = cromogravura, cromógeno);

crono (tempo = cronômetro, cronograma);

datilo (dedo = datilografia, datiloscopia);

deca (dez = decâmetro, decalitro);

demo (povo = democracia, demográfico);

derma (pele = dermatologista, dermite);

di (dois = dissílabo, ditongo);

dinamo (força, potência = dinamite, dinamismo);

doxo (crença, opinião = ortodoxo, paradoxo);

dromo (corrida = autódromo, hipódromo);

eco (casa, domicílio, habitat = ecologia, ecônomo,

ecossistema);

edro (base, face = poliedro, pentaedro);

ergo (trabalho = ergofobia, ergógrafo);

esperma, espermato (semente = espermatologia,

espermatozóide);

etio, etimo (origem = etiologia, etimologia);

etno (raça, nação = etnia, etnocentrismo);

fago (que come ou aquele que come = antropófago,

necrófago);

filo (amigo, amante = fílósofo, filantropo);

fisio (natureza física ou moral = fisiologia, fisionomia,

fisioterapia);

fobo (aversão = claustrofobia, xenofobia);

fono (som, voz = fonógrafo, fonoteca);

fos, foto (luz = fosfeno, fotografia);

Page 70: APOSTILA DE PORTUGUES

gamo (casamento = gamomania, monogamia);

gastro (estômago = gastronomia, gástrico);

gene (origem = gênese, genética);

geo (terra = geografia, geóide);

gine, gineco (mulher = andrógino, ginecocracia);

gono, gonio (ângulo = polígono, goniômetro);

grafia (escrita = ortografia, caligrafia);

helio (sol = heliocentrismo, heliografia);

hemo (sangue = hemorragia, hemograma);

hepato (fígado = hepatite, hepático);

hetero (outro, diferente = heterossexual, heterogêneo);

hidro (água = hidrografia, hidrófilo);

higro (umidade = higrômetro, higrófilo);

hipno (sono = hipnose, hipnotismo);

hipo (cavalo = hipódromo, hipopótamo);

homeo, homo (semelhante = homeopatia, homossexual);

icon, icono (imagem = iconoclasta, iconografia);

ictio (peixe = ictiofagia, ictiologia);

iso (igual = isóbaro, isósceles);

latria (culto = idolatria, alcoólatra);

lito (pedra = litografia, aerólito);

log, logia (estudo = ginecologia, astrologia);

macro (grande = macrocosmo, macrobiótica);

mancia (adivinhação = quiromancia, cartomancia);

mani, mania (loucura = manicômio, cleptomania);

mega, megalo (grande = megalomaníaco, megalocefalia);

meso (meio = Mesopotâmia, mesóclise);

Page 71: APOSTILA DE PORTUGUES

metro (que mede, medição = barômetro, termômetro);

micro (pequeno = microcosmo, microfone);

miso (ódio, aversão = misantropia, misossofia);

mito (fábula = mitologia, mitomania);

mnemo (memória = amnésia, mnemônico);

mono (único, sozinho = monarquia, monobloco);

morfo (forma = zoomórfico, amorfo, morfologia);

necro (morte, cadáver = necrotério, necrofilia);

neo (novo, moderno = neologismo, neolatino);

neuro (nervo = neurite, neuralgia);

nomo (regra, lei = nomologia, agrônomo);

odonto (dente = odontologia, odontalgia);

oftalmo (olho = oftalmologista, oftalmia);

oligo (pouco = oligarquia, oligopólio);

onimo (nome = ortônimo, sinônimo);

onir, oniro (sonho = onírico, oniromancia);

ornito (ave = ornitologia, ornitofilia);

orto (reto, correto = ortônimo, ortografia);

oxi (agudo, ácido = oxítona, oxidação);

paleo (antigo = paleografia, paleontologia);

pato (doença, sofrimento = patologia, patogenia);

pedia (educação = ortopedia, pediatria);

pole, polis (cidade = metrópole, acrópole, Florianópolis);

poli (muito = poligamia, polígono, politeísmo);

potamo (rio = Mesopotâmia, hipopótamo);

pneumato (ar, gás, espírito = pneumatologia, pneumatólise);

pneum(o) (pulmão = pneumonia, pneumotórax);

Page 72: APOSTILA DE PORTUGUES

proto (primeiro = protozoário, protótipo);

pseudo (falso = pseudônimo);

psico (alma, espírito = psicologia, psiquiatria);

quiro ( mão = quiromancia);

rino (nariz = rinite, rinoceronte);

rizo (raiz = rizotônico, rizófago);

scopio (o que faz ver = telescópio, microscopia);

sema, semio (sinal = semáforo, semiótica);

sidero (ferro, aço = siderurgia, siderografia);

sismo (terremoto = sísmico, sismógrafo);

sofo (sábio = filosofia, sofomaníaco);

soma, somo, somato (corpo, matéria = cromossomo,

somatologia);

stico (linha, verso = dístico, hemistíquio);

tanato (morte = eutanásia, tanatofobia);

taqui (rápido = taquicardia, taquigrafia);

teca (coleção = fonoteca, filmoteca, discoteca);

tecno (arte, ofício = tecnologia, tecnocracia);

tele (ao longe, distância = telefone, telescópio, telégrafo);

teo (deus, divindade = teocentrismo, teocracia);

termo (calor, temperatura = termômetro, térmico, termostato);

topo (lugar, localidade = topografia, topônimo);

xeno (estranho = xenofobia, xenofilia);

xer, xero (seco, secura = xerófilo, xerografia);

xilo (madeira = xilogravura, xilófago);

zoo (animal = zoologia, zoomorfo).

Page 73: APOSTILA DE PORTUGUES

Radicais latinos:

agri (campo = agricultura, agrícola);

ambi (ambos = ambivalência, ambidestro, ambíguo);

ambulo (caminhar, andar = sonâmbulo, noctâmbulo);

animi (alma = animicida, anímico);

arbori (árvore = arborícola, arboriforme, arboricultura);

beli (guerra = bélico, belicista, beligerante);

bi, bis (repetição, duas vezes = bisavô, bilíngüe, bissexual);

calori (calor = caloria, calorífero);

cida (que mata = vermicida, inseticida);

cola (que habita, que cultiva = vinícola, citrícola);

cole, colo (pescoço = colar, colarinho);

color (cor, coloração = colorífico, quadricolor);

cordi (coração = cordial);

corn(i) (chifre, antena = cornear, cornudo, cornucópia);

crimino (crime = criminoso, criminologia);

cruci (cruz = crucificado);

cultura (ato de cultivar = suinocultura, piscicultura);

cupr(i) (cobre = cúprico, cuprífero);

curvi (curvo = curvilíneo);

deci (décimo = decímetro, decigrama);

digit(i) (dedo = digitador, digitação);

dui (dois = duidade, duelo);

ego (eu = egocentrismo, egoísmo);

equi (igual = equivalência, eqüidistante);

estil(i) (estilo = estilista, estilismo);

Page 74: APOSTILA DE PORTUGUES

estrato (coberta, camada = estratosfera, estrato);

evo (idade = longevidade, longevo, medievo);

fero (que contém = mamífero, carbonífero);

ferr(i), ferro (ferro = ferrovia, ferrífero, ferrugem);

fico (que faz, que produz = benéfico, maléfico, frigorífico);

fide (fé = fidelidade, fidedigno);

fili (filho = filiação, filial);

forme (forma = uniforme, disforme, cordiforme);

frater (irmão = fraterno, fratricida);

frig(i) (frio = frigidez, frigorífico);

fugo (que foge = centrífugo, vermífugo);

genito (relativo a geração = genitor);

gradu (grau, passo = centígrado, graduação);

herbi (erva = herbívoro, herbicida);

homin(i) (homem = hominal, homicídio);

igni (fogo = ignição, ígneo);

lati (largo, amplo = latifúndio, latofólio);

loquo (que fala = ventríloquo, altíloquo);

luc(i) (luz = lucidez, lúcido);

mini (muito pequeno = minissaia, mínimo);

multi (numeroso = multissecular, multiangular);

ocul(i) (olho = oculista, oculiforme);

odori (odor, cheiro = odorífero, desodorante);

oni (tudo, todo = onipresente, onisciente);

pani (pão = panificadora);

pari (igual = paridade, paritário);

ped(i), pede (pé = pedestre, pedicuro, bípede);

Page 75: APOSTILA DE PORTUGUES

personal(i) (pessoal = personalidade, personificar);

petr(i) (pedra = petrificar, petróleo);

pisci (peixe = piscicultura, pisciano);

plani (plano = planisfério, planície);

pluri (muitos = pluralizar, pluricelular);

pluvio (chuva = pluviômetro, pluviosidade);

popul(o) (povo = populoso, populismo);

primi (primeiro = primogênito, primícias);

quadr(i), quadru (quatro = quadrangular, quadrúpede,

quadricular);

radic(i) (raiz = radicar, radiciação);

reti (reto, direito = retificar, retilíneo);

reti (rede = reticulado, retiforme);

retro (movimento para trás = retroceder, retroagir);

sabat(i) (sábado = sabatina, sabatismo);

sacar(i) (açúcar = sacarífero, sacarose, sacarina);

sesqui (um e meio = sesquicentenário, sesquipedal);

sexi, sexo (sexo = sexologia, assexuado);

sideri (astro = sideral, sidério);

silvi (selva = silvícola, silvicultura);

sino (da China = sinologia, sino-brasileiro);

socio (sociedade = sociologia, sociolingüística);

sono (som, ruído = sônico, sonoplastia);

sudor(i) (suor = sudoríparo, sudoral);

telur(i) (terra, solo = telúrico, telurismo);

toni (tom, vigor = tônico, tonificar);

toxico (veneno = toxicomania, toxina);

Page 76: APOSTILA DE PORTUGUES

triti (trigo = triticultura, triticultor);

veloci (veloz = velocípede, velocímetro);

vermi (verme = vermífugo, vermicida);

vin(i) (vinho = vinicultura, vinícola);

vitri (vidro = vitrina, vitrificar, vitral);

voto (que quer, que deseja = malévolo, benévolo);

voro (que devora = carnívoro, herbívoro).

retroceder, retroagir;

sabatina, sabalismo;

saçarífero, Sílcarose;

sacarina sesquicenlenário;

se-squipedal sexülogía, assexuado sideral;

sidério silvícola, silvicultura sinologia;

sino-brasileiro sociologia, soeíoíingílísüca sônico;

sonoplastía sudoríparo, sudoral telúrico.

2. CLASSES DE PALAVRAS:

As palavras são classificadas de acordo com as funções

exercidas nas orações.

Na língua portuguesa podemos classificar as palavras em:

Substantivo

Adjetivo

Pronome

Verbo

Artigo

Numeral

Page 77: APOSTILA DE PORTUGUES

Advérbio

Preposição

Interjeição

Conjunção

2.1 Substantivo:

É a palavra variável que denomina qualidades, sentimentos,

sensações, ações, estados e seres em geral.

Quanto a sua formação, o substantivo pode ser primitivo (jornal)

ou derivado (jornalista), simples (alface) ou composto (guarda-

chuva).

Já quanto a sua classificação, ele pode ser comum (cidade) ou

próprio (Curitiba), concreto (mesa) ou abstrato (felicidade).

Os substantivos concretos designam seres de existência real ou

que a imaginação apresenta como tal: alma, fada, santo. Já os

substantivos abstratos designam qualidade, sentimento, ação e

estado dos seres: beleza, cegueira, dor, fuga.

Os substantivos próprios são sempre concretos e devem ser

grafados com iniciais maiúsculas.

Certos substantivos próprios podem tornar-se comuns, pelo

processo de derivação imprópria (um judas = traidor / um panamá =

chapéu).

Os substantivos abstratos têm existência independente e podem

ser reais ou não, materiais ou não. Quando esses substantivos

Page 78: APOSTILA DE PORTUGUES

abstratos são de qualidade tornam-se concretos no plural (riqueza X

riquezas).

Muitos substantivos podem ser variavelmente abstratos ou

concretos, conforme o sentido em que se empregam (a redação das

leis requer clareza / na redação do aluno, assinalei vários erros).

Já no tocante ao gênero (masculino X feminino) os substantivos

podem ser:

biformes: quando apresentam uma forma para o masculino e

outra para o feminino. (rato, rata ou conde X condessa).

uniformes: quando apresentam uma única forma para ambos

os gêneros. Nesse caso, eles estão divididos em:

epicenos: usados para animais de ambos os sexos (macho e

fêmea) - albatroz, badejo, besouro, codorniz;

comum de dois gêneros: aqueles que designam pessoas,

fazendo a distinção dos sexos por palavras determinantes -

aborígine, camarada, herege, manequim, mártir, médium,

silvícola;

sobrecomuns - apresentam um só gênero gramatical para

designar pessoas de ambos os sexos - algoz, apóstolo,

cônjuge, guia, testemunha, verdugo;

Alguns substantivos, quando mudam de gênero, mudam de

sentido. (o cisma X a cisma / o corneta X a corneta / o crisma X a

crisma / o cura X a cura / o guia X a guia / o lente X a lente / o

Page 79: APOSTILA DE PORTUGUES

língua X a língua / o moral X a moral / o maria-fumaça X a maria-

fumaça / o voga X a voga).

Os nomes terminados em -ão fazem feminino em -ã, -oa ou -ona

(alemã, leoa, valentona).

Os nomes terminados em -e mudam-no para -a, entretanto a

maioria é invariável (monge X monja, infante X infanta, mas o/a

dirigente, o/a estudante).

Quanto ao número (singular X plural), os substantivos simples

formam o plural em função do final da palavra.

vogal ou ditongo (exceto -ÃO) : acréscimo de -S (porta X

portas, troféu X troféus);

ditongo -ÃO : -ÕES / -ÃES / -ÃOS, variando em cada palavra

(pagãos, cidadãos, cortesãos, escrivães, sacristães, capitães,

capelães, tabeliães, deães, faisães, guardiães).

Os substantivos paroxítonos terminados em -ão fazem plural em

-ãos (bênçãos, órfãos, gólfãos). Alguns gramáticos registram

artesão (artífice) - artesãos e artesão (adorno arquitetônico) -

artesões.

-EM, -IM, -OM, -UM : acréscimo de -NS (jardim X jardins);

-R ou -Z : -ES (mar X mares, raiz X raízes);

-S : substantivos oxítonos acréscimo de -ES (país X países).

Os não-oxítonos terminados em -S são invariáveis, marcando o

Page 80: APOSTILA DE PORTUGUES

número pelo artigo (os atlas, os lápis, os ônibus), cais, cós e xis

são invariáveis;

-N : -S ou -ES, sendo a última menos comum (hífen X hifens

ou hífenes), cânon > cânones;

-X : invariável, usando o artigo para o plural (tórax X os tórax);

-AL, EL, OL, UL : troca-se -L por -IS (animal X animais, barril X

barris). Exceto mal por males, cônsul por cônsules, real (moeda)

por réis, mel por méis ou meles;

IL : se oxítono, trocar -L por -S. Se não oxítonos, trocar -IL por

-EIS. (til X tis, míssil X mísseis). Observação: réptil / reptil por

répteis / reptis, projétil / projetil por projéteis / projetis;

sufixo diminutivo -ZINHO(A) / -ZITO(A) : colocar a palavra

primitiva no plural, retirar o -S e acrescentar o sufixo diminutivo

(caezitos, coroneizinhos, mulherezinhas). Observação: palavras

com esses sufixos não recebem acento gráfico.

metafonia : -o tônico fechado no singular muda para o timbre

aberto no plural, também variando em função da palavra. (ovo X

ovos, mas bolo X bolos). Observação: avôs (avô paterno + avô

materno), avós (avó + avó ou avô + avó).

Os substantivos podem apresentar diferentes graus, porém grau

não é uma flexão nominal. São três graus: normal, aumentativo e

diminutivo e podem ser formados através de dois processos:

analítico : associando os adjetivos (grande ou pequeno, ou

similar) ao substantivo;

sintético : anexando-se ao substantivo sufixos indicadores de

grau (meninão X menininho).

Page 81: APOSTILA DE PORTUGUES

Certos substantivos, apesar da forma, não expressam a noção

aumentativa ou diminutiva. (cartão, cartilha).

alguns sufixos aumentativo : -ázio, -orra, -ola, -az, -ão, -eirão, -

alhão, -arão, -arrão, -zarrão;

alguns sufixos diminutivo : -ito, -ulo-, -culo, -ote, -ola, -im, -

elho, -inho, -zinho (o sufixo -zinho é obrigatório quando o

substantivo terminar em vogal tônica ou ditongo: cafezinho,

paizinho);

O aumentativo pode exprimir desprezo (sabichão, ministraço,

poetastro) ou intimidade (amigão); enquanto o diminutivo pode

indicar carinho (filhinho) ou ter valor pejorativo (livreco, casebre).

Algumas curiosidades sobre os substantivos:

Palavras masculinas:

ágape (refeição dos primitivos cristãos);

anátema (excomungação);

axioma (premissa verdadeira);

caudal (cachoeira);

carcinoma (tumor maligno);

champanha, clã, clarinete, contralto, coma, diabete/diabetes

(FeM classificam como gênero vacilante);

diadema, estratagema, fibroma (tumor benigno);

herpes, hosana (hino);

jângal (floresta da Índia);

lhama, praça (soldado raso);

Page 82: APOSTILA DE PORTUGUES

praça (soldado raso);

proclama, sabiá, soprano (FeM classificam como gênero

vacilante);

suéter, tapa (FeM classificam como gênero vacilante);

teiró (parte de arma de fogo ou arado);

telefonema, trema, vau (trecho raso do rio).

Palavras femininas:

abusão (engano);

alcíone (ave doa antigos);

aluvião, araquã (ave);

áspide (reptil peçonhento);

baitaca (ave);

cataplasma, cal, clâmide (manto grego);

cólera (doença);

derme, dinamite, entorce, fácies (aspecto);

filoxera (inseto e doença);

gênese, guriatã (ave);

hélice (FeM classificam como gênero vacilante);

jaçanã (ave);

juriti (tipo de aves);

libido, mascote, omoplata, rês, suçuarana (felino);

sucuri, tíbia, trama, ubá (canoa);

usucapião (FeM classificam como gênero vacilante);

xerox (cópia).

Gênero vacilante:

Page 83: APOSTILA DE PORTUGUES

acauã (falcão);

inambu (ave);

laringe, personagem (Ceg. fala que é usada indistintamente

nos dois gêneros, mas que há preferência de autores pelo

masculino);

víspora.

Alguns femininos:

abade - abadessa;

abegão (feitor) - abegoa;

alcaide (antigo governador) - alcaidessa, alcaidina;

aldeão - aldeã;

anfitrião - anfitrioa, anfitriã;

beirão (natural da Beira) - beiroa;

besuntão (porcalhão) - besuntona;

bonachão - bonachona;

bretão - bretoa, bretã;

cantador - cantadeira;

cantor - cantora, cantadora, cantarina, cantatriz;

castelão (dono do castelo) - castelã;

catalão - catalã;

cavaleiro - cavaleira, amazona;

charlatão - charlatã;

coimbrão - coimbrã;

cônsul - consulesa;

comarcão - comarcã;

cônego - canonisa;

Page 84: APOSTILA DE PORTUGUES

czar - czarina;

deus - deusa, déia;

diácono (clérigo) - diaconisa;

doge (antigo magistrado) - dogesa;

druida - druidesa;

elefante - elefanta e aliá (Ceilão);

embaixador - embaixadora e embaixatriz;

ermitão - ermitoa, ermitã;

faisão - faisoa (Cegalla), faisã;

hortelão (trata da horta) - horteloa;

javali - javalina;

ladrão - ladra, ladroa, ladrona;

felá (camponês) - felaína;

flâmine (antigo sacerdote) - flamínica;

frade - freira;

frei - sóror;

gigante - giganta;

grou - grua;

lebrão - lebre;

maestro - maestrina;

maganão (malicioso) - magana;

melro - mélroa;

mocetão - mocetona;

oficial - oficiala;

padre - madre;

papa - papisa;

pardal - pardoca, pardaloca, pardaleja;

Page 85: APOSTILA DE PORTUGUES

parvo - párvoa;

peão - peã, peona;

perdigão - perdiz;

prior - prioresa, priora;

mu ou mulo - mula;

rajá - rani;

rapaz - rapariga;

rascão (desleixado) - rascoa;

sandeu - sandia;

sintrão - sintrã;

sultão - sultana;

tabaréu - tabaroa;

varão - matrona, mulher;

veado - veada;

vilão - viloa, vilã.

Substantivos em -ÃO e seus plurais:

alão - alões, alãos, alães;

aldeão - aldeãos, aldeões;

capelão - capelães;

castelão - castelãos, castelões;

cidadão - cidadãos;

cortesão - cortesãos;

ermitão - ermitões, ermitãos, ermitães;

escrivão - escrivães;

folião - foliões;

hortelão - hortelões, hortelãos;

Page 86: APOSTILA DE PORTUGUES

pagão - pagãos;

sacristão - sacristães;

tabelião - tabeliães;

tecelão - tecelões;

verão - verãos, verões;

vilão - vilões, vilãos;

vulcão - vulcões, vulcãos.

Alguns substantivos que sofrem metafonia no plural:

abrolho, caroço, corcovo, corvo, coro, despojo, destroço,

escolho, esforço, estorvo, forno, forro, fosso, imposto, jogo, miolo,

poço, porto, posto, reforço, rogo, socorro, tijolo, toco, torno, torto,

troco.

Substantivos só usados no plural:

anais, antolhos, arredores, arras (bens, penhor), calendas (1º dia

do mês romano), cãs (cabelos brancos), cócegas, condolências,

damas (jogo), endoenças (solenidades religiosas), esponsais

(contrato de casamento ou noivado), esposórios (presente de

núpcias), exéquias (cerimônias fúnebres), fastos (anais), férias,

fezes, manes (almas), matinas (breviário de orações matutinas),

núpcias, óculos, olheiras, primícias (começos, prelúdios), pêsames,

vísceras, víveres etc., além dos nomes de naipes.

Coletivos:

alavão - ovelhas leiteiras;

Page 87: APOSTILA DE PORTUGUES

armento - gado grande (búfalos, elefantes);

assembléia (parlamentares, membros de associações);

atilho - espigas;

baixela - utensílios de mesa;

banca - de examinadores, advogados;

bandeira - garimpeiros, exploradores de minérios;

bando - aves, ciganos, crianças, salteadores;

boana - peixes miúdos;

cabido - cônegos (conselheiros de bispo);

cáfila - camelos;

cainçalha - cães;

cambada - caranguejos, malvados, chaves;

cancioneiro - poesias, canções;

caterva - desordeiros, vadios;

choldra, joldra - assassinos, malfeitores;

chusma - populares, criados;

conselho - vereadores, diretores, juízes militares;

conciliábulo - feiticeiros, conspiradores;

concílio - bispos;

canzoada - cães;

conclave - cardeais;

congregação - professores, religiosos;

consistório - cardeais;

fato - cabras;

feixe - capim, lenha;

junta - bois, médicos, credores, examinadores;

girândola - foguetes, fogos de artifício;

Page 88: APOSTILA DE PORTUGUES

grei - gado miúdo, políticos;

hemeroteca - jornais, revistas;

legião - anjos, soldados, demônios;

malta - desordeiros;

matula - desordeiros, vagabundos;

miríade - estrelas, insetos;

nuvem - gafanhotos, pó;

panapaná - borboletas migratórias;

penca - bananas, chaves;

récua - cavalgaduras (bestas de carga);

renque - árvores, pessoas ou coisas enfileiradas;

réstia - alho, cebola;

ror - grande quantidade de coisas;

súcia - pessoas desonestas, patifes;

talha -lenha;

tertúlia - amigos, intelectuais;

tropilha - cavalos;

vara - porcos.

Substantivos compostos:

Os substantivos compostos formam o plural da seguinte

maneira:

sem hífen formam o plural como os simples

(pontapé/pontapés);

caso não haja caso específico, verifica-se a variabilidade das

palavras que compõem o substantivo para pluralizá-los. São

Page 89: APOSTILA DE PORTUGUES

palavras variáveis: substantivo, adjetivo, numeral, pronomes,

particípio. São palavras invariáveis: verbo, preposição, advérbio,

prefixo;

em elementos repetidos, muito parecidos ou onomatopaicos,

só o segundo vai para o plural (tico-ticos, tique-taques, corre-

corres, pingue-pongues);

com elementos ligados por preposição, apenas o primeiro se

flexiona (pés-de-moleque);

são invariáveis os elementos grão, grã e bel (grão-duques,

grã-cruzes, bel-prazeres);

só variará o primeiro elemento nos compostos formados por

dois substantivos, onde o segundo limita o primeiro elemento,

indicando tipo, semelhança ou finalidade deste (sambas-enredo,

bananas-maçã)

nenhum dos elementos vai para o plural se formado por

verbos de sentidos opostos e frases substantivas (os leva-e-

traz, os bota-fora, os pisa-mansinho, os bota-abaixo, os louva-a-

Deus, os ganha-pouco, os diz-que-me-diz);

compostos cujo segundo elemento já está no plural não

variam (os troca-tintas, os salta-pocinhas, os espirra-canivetes);

palavra guarda, se fizer referência a pessoa varia por ser

substantivo. Caso represente o verbo guardar, não pode variar

(guardas-noturnos, guarda-chuvas).

2.2 Adjetivo:

É a palavra variável que restringe a significação do substantivo,

indicando qualidades e características deste. Mantém com o

Page 90: APOSTILA DE PORTUGUES

substantivo que determina relação de concordância de gênero e

número.

adjetivos pátrios: indicam a nacionalidade ou a origem

geográfica, normalmente são formados pelo acréscimo de um

sufixo ao substantivo de que se originam (Alagoas por

alagoano). Podem ser simples ou compostos, referindo-se a

duas ou mais nacionalidades ou regiões; nestes últimos casos

assumem sua forma reduzida e erudita, com exceção do último

elemento (franco-ítalo-brasileiro).

locuções adjetivas: expressões formadas por preposição e

substantivo e com significado equivalente a adjetivos (anel de

prata = anel argênteo / andar de cima = andar superior / estar

com fome = estar faminto).

São adjetivos eruditos:

açúcar - sacarino;

águia - aquilino;

anel - anular;

astro - sideral;

bexiga - vesical;

bispo - episcopal;

cabeça - cefálico;

chumbo - plúmbeo;

chuva - pluvial;

cinza - cinéreo;

cobra - colubrino, ofídico;

Page 91: APOSTILA DE PORTUGUES

dinheiro - pecuniário;

estômago - gástrico;

fábrica - fabril;

fígado - hepático;

fogo - ígneo;

guerra - bélico;

homem - viril;

inverno - hibernal;

lago - lacustre;

lebre - leporino;

lobo - lupino;

marfim - ebúrneo, ebóreo;

memória - mnemônico;

moeda - monetário, numismático;

neve - níveo;

pedra - pétreo;

prata - argênteo, argentino, argírico;

raposa - vulpino;

rio - fluvial, potâmico;

rocha - rupestre;

sonho - onírico;

sul - meridional, austral;

tarde - vespertino;

velho, velhice - senil;

vidro - vítreo, hialino.

Page 92: APOSTILA DE PORTUGUES

Quanto à variação dos adjetivos, eles apresentam as seguintes

características:

O gênero é uniforme ou biforme (inteligente X honesto[a]).

Quanto ao gênero, não se diz que um adjetivo é masculino ou

feminino, e sim que tem terminação masculina ou feminina.

No tocante a número, os adjetivos simples formam o plural

segundo os mesmos princípios dos substantivos simples, em

função de sua terminação (agradável X agradáveis). Já os

substantivos utilizados como adjetivos ficam invariáveis (blusas

cinza).

Os adjetivos terminados em -OSO, além do acréscimo do -S de

plural, mudam o timbre do primeiro -o, num processo de metafonia.

Quanto ao grau, os adjetivos apresentam duas formas:

comparativo e superlativo.

O grau comparativo refere-se a uma mesma qualidade entre

dois ou mais seres, duas ou mais qualidades de um mesmo ser.

Pode ser de igualdade: tão alto quanto (como / quão); de

superioridade: mais alto (do) que (analítico) / maior (do) que

(sintético) e de inferioridade: menos alto (do) que.

O grau superlativo exprime qualidade em grau muito elevado ou

intenso.

O superlativo pode ser classificado como absoluto, quando a

qualidade não se refere à de outros elementos. Pode ser analítico

Page 93: APOSTILA DE PORTUGUES

(acréscimo de advérbio de intensidade) ou sintético (-íssimo, -

érrimo, -ílimo). (muito alto X altíssimo)

O superlativo pode ser também relativo, qualidade relacionada,

favorável ou desfavoravelmente, à de outros elementos. Pode ser

de superioridade analítico (o mais alto de/dentre), de superioridade

sintético (o maior de/dentre) ou de inferioridade (o menos alto

de/dentre).

São superlativos absolutos sintéticos eruditos da língua

portuguesa:

acre - acérrimo;

alto - supremo, sumo;

amável - amabilíssimo;

amigo - amicíssimo;

baixo - ínfimo;

cruel - crudelíssimo;

doce - dulcíssimo;

dócil - docílimo;

fiel - fidelíssimo;

frio - frigidíssimo;

humilde - humílimo;

livre - libérrimo;

magro - macérrimo;

mísero - misérrimo;

negro - nigérrimo;

pobre - paupérrimo;

Page 94: APOSTILA DE PORTUGUES

sábio - sapientíssimo;

sagrado - sacratíssimo;

são - saníssimo;

veloz - velocíssimo.

Os adjetivos compostos formam o plural da seguinte forma:

têm como regra geral, flexionar o último elemento em gênero

e número (lentes côncavo-convexas, problemas sócio-

econômicos);

são invariáveis cores em que o segundo elemento é um

substantivo (blusas azul-turquesa, bolsas branco-gelo);

não variam as locuções adjetivas formadas pela expressão

cor-de-... (vestidos cor-de-rosa);

as cores: azul-celeste e azul-marinho são invariáveis;

em surdo-mudo flexionam-se os dois elementos.

2.3 Pronome:

É palavra variável em gênero, número e pessoa que substitui ou

acompanha um substantivo, indicando-o como pessoa do discurso.

A diferença entre pronome substantivo e pronome adjetivo pode

ser atribuída a qualquer tipo de pronome, podendo variar em função

do contexto frasal. Assim, o pronome substantivo é aquele que

substitui um substantivo, representando-o. (Ele prestou socorro). Já

o pronome adjetivo é aquele que acompanha um substantivo,

determinando-o. (Aquele rapaz é belo). Os pronomes pessoais são

sempre substantivos.

Page 95: APOSTILA DE PORTUGUES

Quanto às pessoas do discurso, a língua portuguesa apresenta

três pessoas:

1ª pessoa - aquele que fala, emissor;

2ª pessoa - aquele com quem se fala, receptor;

3ª pessoa - aquele de que ou de quem se fala, referente.

2.3.1 Pronome pessoal:

Indicam uma das três pessoas do discurso, substituindo um

substantivo. Podem também representar, quando na 3ª pessoa,

uma forma nominal anteriormente expressa (A moça era a melhor

secretária, ela mesma agendava os compromissos do chefe).

A seguir um quadro com todas as formas do pronome pessoal:

Pronomes pessoais

Número

 PessoaPronomes

retos

Pronomes oblíquos

Átonos Tônicos

singular

primeirasegund

aterceira

eutu

ele, ela

mete

o, a, lhe, se

mim, comigo

ti, contigoele, ela, si,

consigo

plural

primeirasegund

aterceira

nósvós

eles, elas

nosvos

os, as, lhes, se

nós, conosco

vós, convoscoeles, elas, si, consigo

Page 96: APOSTILA DE PORTUGUES

Os pronomes pessoais apresentam variações de forma

dependendo da função sintática que exercem na frase. Os

pronomes pessoais retos desempenham, normalmente, função de

sujeito; enquanto os oblíquos, geralmente, de complemento.

Os pronomes oblíquos tônicos devem vir regidos de preposição.

Em comigo, contigo, conosco e convosco, a preposição com já é

parte integrante do pronome.

Os pronomes de tratamento estão enquadrados nos pronomes

pessoais. São empregados como referência à pessoa com quem se

fala (2ª pessoa), entretanto, a concordância é feita com a 3ª pessoa.

Também são considerados pronomes de tratamento as formas

você, vocês (provenientes da redução de Vossa Mercê), Senhor,

Senhora e Senhorita.

Quanto ao emprego, as formas oblíquas o, a, os, as completam

verbos que não vêm regidos de preposição; enquanto lhe e lhes

para verbos regidos das preposições a ou para (não expressas).

Apesar de serem usadas pouco, as formas mo, to, no-lo, vo-lo,

lho e flexões resultam da fusão de dois objetos, representados por

pronomes oblíquos (Ninguém mo disse = ninguém o disse a mim).

Os pronomes átonos o, a, os e as viram lo(a/s), quando

associados a verbos terminados em r, s ou z e viram no(a/s), se a

terminação verbal for em ditongo nasal.

Page 97: APOSTILA DE PORTUGUES

Os pronomes o/a (s), me, te, se, nos, vos desempenham função

se sujeitos de infinitivo ou verbo no gerúndio, junto ao verbo fazer,

deixar, mandar, ouvir e ver (Mandei-o entrar / Eu o vi sair / Deixei-as

chorando).

A forma você, atualmente, é usada no lugar da 2ª pessoa

(tu/vós), tanto no singular quanto no plural, levando o verbo para a

3ª pessoa.

Já as formas de tratamento serão precedidas de Vossa, quando

nos dirigirmos diretamente à pessoa e de Sua, quando fizermos

referência a ela. Troca-se na abreviatura o V. pelo S.

Quando precedidos de preposição, os pronomes retos (exceto

eu e tu) passam a funcionar como oblíquos. Eu e tu não podem vir

precedidos de preposição, exceto se funcionarem como sujeito de

um verbo no infinitivo (Isto é para eu fazer ≠ para mim fazer).

Os pronomes acompanhados de só ou todos, ou seguido de

numeral, assumem forma reta e podem funcionar como objeto

direto (Estava só ele no banco / Encontramos todos eles).

Os pronomes me, te, se, nos, vos podem ter valor reflexivo,

enquanto se, nos, vos - podem ter valor reflexivo e recíproco.

As formas si e consigo têm valor exclusivamente reflexivo e

usados para a 3ª pessoa. Já conosco e convosco devem aparecer

na sua forma analítica (com nós e com vós) quando vierem com

Page 98: APOSTILA DE PORTUGUES

modificadores (todos, outros, mesmos, próprios, numeral ou oração

adjetiva).

Os pronomes pessoais retos podem desempenhar função de

sujeito, predicativo do sujeito ou vocativo, este último com tu e vós

(Nós temos uma proposta / Eu sou eu e pronto / Ó, tu, Senhor

Jesus).

Quanto ao uso das preposições junto aos pronomes, deve-se

saber que não se pode contrair as preposições de e em com

pronomes que sejam sujeitos (Em vez de ele continuar, desistiu ≠ Vi

as bolsas dele bem aqui).

Os pronomes átonos podem assumir valor possessivo (Levaram-

me o dinheiro / Pesavam-lhe os olhos), enquanto alguns átonos são

partes integrantes de verbos como suicidar-se, apiedar-se, condoer-

se, ufanar-se, queixar-se, vangloriar-se.

Já os pronomes oblíquos podem ser usados como expressão

expletiva (Não me venha com essa).

2.3.2 Pronome possessivo:

Fazem referência às pessoas do discurso, apresentando-as

como possuidoras de algo. Concordam em gênero e número com a

coisa possuída.

São pronomes possessivos da língua portuguesa as formas:

1ª pessoa: meu(s), minha(s) nosso(a/s);

Page 99: APOSTILA DE PORTUGUES

2ª pessoa: teu(s), tua(s) vosso(a/s);

3ª pessoa: seu(s), sua(s) seu(s), sua(s).

Quanto ao emprego, normalmente, vem antes do nome a que se

refere; podendo, também, vir depois do substantivo que determina.

Neste último caso, pode até alterar o sentido da frase.

O uso do possessivo seu (a/s) pode causar ambigüidade, para

desfazê-la, deve-se preferir o uso do dele (a/s) (Ele disse que Maria

estava trancada em sua casa - casa de quem?); pode também

indicar aproximação numérica (ele tem lá seus 40 anos).

Já nas expressões do tipo "Seu João", seu não tem valor de

posse por ser uma alteração fonética de Senhor.

2.3.3 Pronome demonstrativo:

Indicam posição de algo em relação às pessoas do discurso,

situando-o no tempo e/ou no espaço. São: este (a/s), isto, esse

(a/s), isso, aquele (a/s), aquilo. Isto, isso e aquilo são invariáveis e

se empregam exclusivamente como substitutos de substantivos.

As formas mesmo, próprio, semelhante, tal (s) e o (a/s) podem

desempenhar papel de pronome demonstrativo.

Quanto ao emprego, os pronomes demonstrativos apresentam-

se da seguinte maneira:

uso dêitico, indicando localização no espaço - este (aqui),

esse (aí) e aquele (lá);

Page 100: APOSTILA DE PORTUGUES

uso dêitico, indicando localização temporal - este (presente),

esse (passado próximo) e aquele (passado remoto ou bastante

vago);

uso anafórico, em referência ao que já foi ou será dito - este

(novo enunciado) e esse (retoma informação);

o, a, os, as são demonstrativos quando equivalem a aquele

(a/s), isto (Leve o que lhe pertence);

tal é demonstrativo se puder ser substituído por esse (a), este

(a) ou aquele (a) e semelhante, quando anteposto ao

substantivo a que se refere e equivalente a "aquele", "idêntico"

(O problema ainda não foi resolvido, tal demora atrapalhou as

negociações / Não brigue por semelhante causa);

mesmo e próprio são demonstrativos, se precedidos de artigo,

quando significarem "idêntico", "igual" ou "exato". Concordam

com o nome a que se referem (Separaram crianças de mesmas

séries);

como referência a termos já citados, os pronomes aquele (a/s)

e este (a/s) são usados para primeira e segunda ocorrências,

respectivamente, em apostos distributivos (O médico e a

enfermeira estavam calados: aquele amedrontado e esta

calma / ou: esta calma e aquele amedrontado);

pode ocorrer a contração das preposições a, de, em com os

pronomes demonstrativos (Não acreditei no que estava vendo /

Fui àquela região de montanhas / Fez alusão à pessoa de azul

e à de branco);

Page 101: APOSTILA DE PORTUGUES

podem apresentar valor intensificador ou depreciativo,

dependendo do contexto frasal (Ele estava com aquela

paciência / Aquilo é um marido de enfeite);

nisso e nisto (em + pronome) podem ser usados com valor de

"então" ou "nesse momento" (Nisso, ela entrou triunfante - nisso

= advérbio).

2.3.4 Pronome relativo:

Retoma um termo expresso anteriormente (antecedente) e

introduz uma oração dependente, adjetiva.

Os pronome nomes demonstrativos apresentam-se da seguinte

maneira: mento, armamentomes relativos são: que, quem e onde -

invariáveis; além de o qual (a/s), cujo (a/s) e quanto (a/s).

Os relativos são chamados relativos indefinidos quando são

empregados sem antecedente expresso (Quem espera sempre

alcança / Fez quanto pôde).

Quanto ao emprego, observa-se que os relativos são usados

quando:

o antecedente do relativo pode ser demonstrativo o (a/s) (O

Brasil divide-se entre os que lêem ou não);

como relativo, quanto refere-se ao antecedente tudo ou todo

(Ouvia tudo quanto me interessava)

quem será precedido de preposição se estiver relacionado a

pessoas ou seres personificados expressos;

Page 102: APOSTILA DE PORTUGUES

quem = relativo indefinido quando é empregado sem

antecedente claro, não vindo precedido de preposição;

cujo (a/s) é empregado para dar a idéia de posse e não

concorda com o antecedente e sim com seu conseqüente. Ele

tem sempre valor adjetivo e não pode ser acompanhado de

artigo.

2.3.5 Pronome indefinido:

Referem-se à 3ª pessoa do discurso quando considerada de

modo vago, impreciso ou genérico, representando pessoas, coisas

e lugares. Alguns também podem dar idéia de conjunto ou

quantidade indeterminada. Em função da quantidade de pronomes

indefinidos, merece atenção sua identificação.

São pronomes indefinidos de:

pessoas: quem, alguém, ninguém, outrem;

lugares: onde, algures, alhures, nenhures;

pessoas, lugares, coisas: que, qual, quais, algo, tudo, nada,

todo (a/s), algum (a/s), vários (a), nenhum (a/s), certo (a/s),

outro (a/s), muito (a/s), pouco (a/s), quanto (a/s), um (a/s),

qualquer (s), cada.

Sobre o emprego dos indefinidos devemos atentar para:

algum, após o substantivo a que se refere, assume valor

negativo (= nenhum) (Computador algum resolverá o problema);

cada deve ser sempre seguido de um substantivo ou numeral

(Elas receberam 3 balas cada uma);

Page 103: APOSTILA DE PORTUGUES

alguns pronomes indefinidos, se vierem depois do nome a que

estiverem se referindo, passam a ser adjetivos. (Certas pessoas

deveriam ter seus lugares certos / Comprei várias balas de

sabores vários)

bastante pode vir como adjetivo também, se estiver

determinando algum substantivo, unindo-se a ele por verbo de

ligação (Isso é bastante para mim);

o pronome outrem equivale a "qualquer pessoa";

o pronome nada, colocado junto a verbos ou adjetivos, pode

equivaler a advérbio (Ele não está nada contente hoje);

o pronome nada, colocado junto a verbos ou adjetivos, pode

equivaler a advérbio (Ele não está nada contente hoje);

existem algumas locuções pronominais indefinidas - quem

quer que, o que quer, seja quem for, cada um etc.

todo com valor indefinido antecede o substantivo, sem artigo

(Toda cidade parou para ver a banda ≠ Toda a cidade parou

para ver a banda).

2.3.6 Pronome interrogativo:

São os pronomes indefinidos que, quem, qual, quanto usados na

formulação de uma pergunta direta ou indireta. Referem-se à 3ª

pessoa do discurso. (Quantos livros você tem? / Não sei quem lhe

contou).

Alguns interrogativos podem ser adverbiais (Quando voltarão? /

Onde encontrá-los? / Como foi tudo?).

2.4 Verbo:

Page 104: APOSTILA DE PORTUGUES

É a palavra variável que exprime um acontecimento

representado no tempo, seja ação, estado ou fenômeno da

natureza.

Os verbos apresentam três conjugações. Em função da vogal

temática, podem-se criar três paradigmas verbais. De acordo com a

relação dos verbos com esses paradigmas, obtém-se a seguinte

classificação:

regulares: seguem o paradigma verbal de sua conjugação;

irregulares: não seguem o paradigma verbal da conjugação a

que pertencem. As irregularidades podem aparecer no radical

ou nas desinências (ouvir - ouço/ouve, estar - estou/estão);

Entre os verbos irregulares, destacam-se os anômalos que

apresentam profundas irregularidades. São classificados como

anômalos em todas as gramáticas os verbos ser e ir.

defectivos: não são conjugados em determinadas pessoas,

tempo ou modo (falir - no presente do indicativo só apresenta a

1ª e a 2ª pessoa do plural). Os defectivos distribuem-se em três

grupos: impessoais, unipessoais (vozes ou ruídos de animais,

só conjugados nas 3ª pessoas) por eufonia ou possibilidade de

confusão com outros verbos;

abundantes - apresentam mais de uma forma para uma

mesma flexão. Mais freqüente no particípio, devendo-se usar o

particípio regular com ter e haver; já o irregular com ser e estar

Page 105: APOSTILA DE PORTUGUES

(aceito/aceitado, acendido/aceso - tenho/hei aceitado ≠ é/está

aceito);

auxiliares: juntam-se ao verbo principal ampliando sua

significação. Presentes nos tempos compostos e locuções

verbais;

certos verbos possuem pronomes pessoais átonos que se

tornam partes integrantes deles. Nesses casos, o pronome não

tem função sintática (suicidar-se, apiedar-se, queixar-se etc.);

formas rizotônicas (tonicidade no radical - eu canto) e formas

arrizotônicas (tonicidade fora do radical - nós cantaríamos).

Quanto à flexão verbal, temos:

número: singular ou plural;

pessoa gramatical: 1ª, 2ª ou 3ª;

tempo: referência ao momento em que se fala (pretérito,

presente ou futuro). O modo imperativo só tem um tempo, o

presente;

voz: ativa, passiva e reflexiva;

modo: indicativo (certeza de um fato ou estado), subjuntivo

(possibilidade ou desejo de realização de um fato ou incerteza

do estado) e imperativo (expressa ordem, advertência ou

pedido).

As três formas nominais do verbo (infinitivo, gerúndio e

particípio) não possuem função exclusivamente verbal. Infinitivo é

antes substantivo, o particípio tem valor e forma de adjetivo,

Page 106: APOSTILA DE PORTUGUES

enquanto o gerúndio equipara-se ao adjetivo ou advérbio pelas

circunstâncias que exprime.

Quanto ao tempo verbal, eles apresentam os seguintes valores:

presente do indicativo: indica um fato real situado no

momento ou época em que se fala;

presente do subjuntivo: indica um fato provável, duvidoso

ou hipotético situado no momento ou época em que se fala;

pretérito perfeito do indicativo: indica um fato real cuja ação

foi iniciada e concluída no passado;

pretérito imperfeito do indicativo: indica um fato real cuja

ação foi iniciada no passado, mas não foi concluída ou era uma

ação costumeira no passado;

pretérito imperfeito do subjuntivo: indica um fato provável,

duvidoso ou hipotético cuja ação foi iniciada mas não concluída

no passado;

pretérito mais-que-perfeito do indicativo: indica um fato

real cuja ação é anterior a outra ação já passada;

futuro do presente do indicativo: indica um fato real situado

em momento ou época vindoura;

futuro do pretérito do indicativo: indica um fato possível,

hipotético, situado num momento futuro, mas ligado a um

momento passado;

futuro do subjuntivo: indica um fato provável, duvidoso,

hipotético, situado num momento ou época futura;

Page 107: APOSTILA DE PORTUGUES

Quanto à formação dos tempos, os chamados tempos simples

podem ser primitivos (presente e pretérito perfeito do indicativo e o

infinitivo impessoal) e derivados:

São derivados do presente do indicativo:

pretérito imperfeito do indicativo: TEMA do presente + VA

(1ª conj.) ou IA (2ª e 3ª conj.) + Desinência número pessoal

(DNP);

presente do subjuntivo: RAD da 1ª pessoa singular do

presente + E (1ª conj.) ou A (2ª e 3ª conj.) + DNP;

Os verbos em -ear têm duplo "e" em vez de "ei" na 1ª pessoa do

plural (passeio, mas passeemos).

imperativo negativo (todo derivado do presente do subjuntivo)

e imperativo afirmativo (as 2ª pessoas vêm do presente do

indicativo sem S, as demais também vêm do presente do

subjuntivo).

São derivados do pretérito perfeito do indicativo:

pretérito mais-que-perfeito do indicativo: TEMA do perfeito +

RA + DNP;

pretérito imperfeito do subjuntivo: TEMA do perfeito + SSE +

DNP;

futuro do subjuntivo: TEMA do perfeito + R + DNP.

São derivados do infinitivo impessoal:

Page 108: APOSTILA DE PORTUGUES

futuro do presente do indicativo: TEMA do infinitivo + RA +

DNP;

futuro do pretérito: TEMA do infinitivo + RIA + DNP;

infinitivo pessoal: infinitivo impessoal + DNP (-ES - 2ª

pessoa, -MOS, -DES, -EM)

gerúndio: TEMA do infinitivo + -NDO;

particípio regular: infinitivo impessoal sem vogal temática

(VT) e R + ADO (1ª conjugação) ou IDO (2ª e 3ª conjugação).

Quanto à formação, os tempos compostos da voz ativa

constituem-se dos verbos auxiliares TER ou HAVER + particípio do

verbo que se quer conjugar, dito principal.

No modo Indicativo, os tempos compostos são formados da

seguinte maneira:

pretérito perfeito: presente do indicativo do auxiliar +

particípio do verbo principal (VP) [Tenho falado];

pretérito mais-que-perfeito: pretérito imperfeito do indicativo

do auxiliar + particípio do VP (Tinha falado);

futuro do presente: futuro do presente do indicativo do

auxiliar + particípio do VP (Terei falado);

futuro do pretérito: futuro do pretérito indicativo do auxiliar +

particípio do VP (Teria falado).

No modo Subjuntivo a formação se dá da seguinte maneira:

pretérito perfeito: presente do subjuntivo do auxiliar +

particípio do VP (Tenha falado);

Page 109: APOSTILA DE PORTUGUES

pretérito mais-que-perfeito: imperfeito do subjuntivo do

auxiliar + particípio do VP (Tivesse falado);

futuro composto: futuro do subjuntivo do auxiliar + particípio

do VP (Tiver falado).

Quanto às formas nominais, elas são formadas da seguinte

maneira:

infinitivo composto: infinitivo pessoal ou impessoal do

auxiliar + particípio do VP (Ter falado / Teres falado);

gerúndio composto: gerúndio do auxiliar + particípio do VP

(Tendo falado).

O modo subjuntivo apresenta três pretéritos, sendo o imperfeito

na forma simples e o perfeito e o mais-que-perfeito nas formas

compostas. Não há presente composto nem pretérito imperfeito

composto

Quanto às vozes, os verbos apresentam a voz:

ativa: sujeito é agente da ação verbal;

passiva: sujeito é paciente da ação verbal;

A voz passiva pode ser analítica ou sintética:

analítica: - verbo auxiliar + particípio do verbo principal;

sintética: na 3ª pessoa do singular ou plural + SE (partícula

apassivadora);

reflexiva: sujeito é agente e paciente da ação verbal.

Também pode ser recíproca ao mesmo tempo (acréscimo de

Page 110: APOSTILA DE PORTUGUES

SE = pronome reflexivo, variável em função da pessoa do

verbo);

Na transformação da voz ativa na passiva, a variação temporal é

indicada pelo auxiliar (ser na maioria das vezes), como notamos

nos exemplos a seguir: Ele fez o trabalho - O trabalho foi feito por

ele (mantido o pretérito perfeito do indicativo) / O vento ia levando

as folhas - As folhas iam sendo levadas pelas folhas (mantido o

gerúndio do verbo principal).

Alguns verbos da língua portuguesa apresentam problemas de

conjugação. A seguir temos uma lista, seguida de comentários

sobre essas dificuldades de conjugação.

Abolir (defectivo) - não possui a 1ª pessoa do singular do

presente do indicativo, por isso não possui presente do

subjuntivo e o imperativo negativo. (= banir, carpir, colorir,

delinqüir, demolir, descomedir-se, emergir, exaurir, fremir, fulgir,

haurir, retorquir, urgir)

Acudir (alternância vocálica o/u) - presente do indicativo -

acudo, acodes... e pretérito perfeito do indicativo - com u (=

bulir, consumir, cuspir, engolir, fugir) / Adequar (defectivo) - só

possui a 1ª e a 2ª pessoa do plural no presente do indicativo

Aderir (alternância vocálica e/i) - presente do indicativo -

adiro, adere... (= advertir, cerzir, despir, diferir, digerir, divergir,

ferir, sugerir)

Page 111: APOSTILA DE PORTUGUES

Agir (acomodação gráfica g/j) - presente do indicativo - ajo,

ages... (= afligir, coagir, erigir, espargir, refulgir, restringir,

transigir, urgir)

Agredir (alternância vocálica e/i) - presente do indicativo -

agrido, agrides, agride, agredimos, agredis, agridem (= prevenir,

progredir, regredir, transgredir) / Aguar (regular) - presente do

indicativo - águo, águas..., - pretérito perfeito do indicativo -

agüei, aguaste, aguou, aguamos, aguastes, aguaram (=

desaguar, enxaguar, minguar)

Aprazer (irregular) - presente do indicativo - aprazo, aprazes,

apraz... / pretérito perfeito do indicativo - aprouve, aprouveste,

aprouve, aprouvemos, aprouvestes, aprouveram

Argüir (irregular com alternância vocálica o/u) - presente do

indicativo - arguo (ú), argúis, argúi, argüimos, argüis, argúem -

pretérito perfeito - argüi, argüiste... (com trema)

Atrair (irregular) - presente do indicativo - atraio, atrais... /

pretérito perfeito - atraí, atraíste... (= abstrair, cair, distrair, sair,

subtrair)

Atribuir (irregular) - presente do indicativo - atribuo, atribuis,

atribui, atribuímos, atribuís, atribuem - pretérito perfeito - atribuí,

atribuíste, atribuiu... (= afluir, concluir, destituir, excluir, instruir,

possuir, usufruir)

Averiguar (alternância vocálica o/u) - presente do indicativo -

averiguo (ú), averiguas (ú), averigua (ú), averiguamos,

averiguais, averiguam (ú) - pretérito perfeito - averigüei,

averiguaste... - presente do subjuntivo - averigúe, averigúes,

averigúe... (= apaziguar)

Page 112: APOSTILA DE PORTUGUES

Cear (irregular) - presente do indicativo - ceio, ceias, ceia,

ceamos, ceais, ceiam - pretérito perfeito indicativo - ceei,

ceaste, ceou, ceamos, ceastes, cearam (= verbos terminados

em -ear: falsear, passear... - alguns apresentam pronúncia

aberta: estréio, estréia...)

Coar (irregular) - presente do indicativo - côo, côas, côa,

coamos, coais, coam - pretérito perfeito - coei, coaste, coou... (=

abençoar, magoar, perdoar) / Comerciar (regular) - presente do

indicativo - comercio, comercias... - pretérito perfeito -

comerciei... (= verbos em -iar , exceto os seguintes verbos:

mediar, ansiar, remediar, incendiar, odiar)

Compelir (alternância vocálica e/i) - presente do indicativo -

compilo, compeles... - pretérito perfeito indicativo - compeli,

compeliste...

Compilar (regular) - presente do indicativo - compilo,

compilas, compila... - pretérito perfeito indicativo - compilei,

compilaste...

Construir (irregular e abundante) - presente do indicativo -

construo, constróis (ou construis), constrói (ou construi),

construímos, construís, constroem (ou construem) - pretérito

perfeito indicativo - construí, construíste...

Crer (irregular) - presente do indicativo - creio, crês, crê,

cremos, credes, crêem - pretérito perfeito indicativo - cri, creste,

creu, cremos, crestes, creram - imperfeito indicativo - cria, crias,

cria, críamos, críeis, criam

Page 113: APOSTILA DE PORTUGUES

Falir (defectivo) - presente do indicativo - falimos, falis -

pretérito perfeito indicativo - fali, faliste... (= aguerrir, combalir,

foragir-se, remir, renhir)

Frigir (acomodação gráfica g/j e alternância vocálica e/i) -

presente do indicativo - frijo, freges, frege, frigimos, frigis,

fregem - pretérito perfeito indicativo - frigi, frigiste...

Ir (irregular) - presente do indicativo - vou, vais, vai, vamos,

ides, vão - pretérito perfeito indicativo - fui, foste... - presente

subjuntivo - vá, vás, vá, vamos, vades, vão

Jazer (irregular) - presente do indicativo - jazo, jazes... -

pretérito perfeito indicativo - jazi, jazeste, jazeu...

Mobiliar (irregular) - presente do indicativo - mobílio, mobílias,

mobília, mobiliamos, mobiliais, mobíliam - pretérito perfeito

indicativo - mobiliei, mobiliaste... / Obstar (regular) - presente do

indicativo - obsto, obstas... - pretérito perfeito indicativo - obstei,

obstaste...

Pedir (irregular) - presente do indicativo - peço, pedes, pede,

pedimos, pedis, pedem - pretérito perfeito indicativo - pedi,

pediste... (= despedir, expedir, medir) / Polir (alternância

vocálica e/i) - presente do indicativo - pulo, pules, pule, polimos,

polis, pulem - pretérito perfeito indicativo - poli, poliste...

Precaver-se (defectivo e pronominal) - presente do indicativo

- precavemo-nos, precaveis-vos - pretérito perfeito indicativo -

precavi-me, precaveste-te... / Prover (irregular) - presente do

indicativo - provejo, provês, provê, provemos, provedes,

provêem - pretérito perfeito indicativo - provi, proveste, proveu...

/ Reaver (defectivo) - presente do indicativo - reavemos, reaveis

Page 114: APOSTILA DE PORTUGUES

- pretérito perfeito indicativo - reouve, reouveste, reouve...

(verbo derivado do haver, mas só é conjugado nas formas

verbais com a letra v)

Remir (defectivo) - presente do indicativo - remimos, remis -

pretérito perfeito indicativo - remi, remiste...

Requerer (irregular) - presente do indicativo - requeiro,

requeres... - pretérito perfeito indicativo - requeri, requereste,

requereu... (derivado do querer, diferindo dele na 1ª pessoa do

singular do presente do indicativo e no pretérito perfeito do

indicativo e derivados, sendo regular)

Rir (irregular) - presente do indicativo - rio, rir, ri, rimos, rides,

riem - pretérito perfeito indicativo - ri, riste... (= sorrir)

Saudar (alternância vocálica) - presente do indicativo - saúdo,

saúdas... - pretérito perfeito indicativo - saudei, saudaste...

Suar (regular) - presente do indicativo - suo, suas, sua... -

pretérito perfeito indicativo - suei, suaste, sou... (= atuar,

continuar, habituar, individuar, recuar, situar)

Valer (irregular) - presente do indicativo - valho, vales, vale... -

pretérito perfeito indicativo - vali, valeste, valeu...

Também merecem atenção os seguintes verbos irregulares:

Pronominais: Apiedar-se, dignar-se, persignar-se, precaver-

se

Caber

Page 115: APOSTILA DE PORTUGUES

presente do indicativo: caibo, cabes, cabe, cabemos,

cabeis, cabem;

presente do subjuntivo: caiba, caibas, caiba, caibamos,

caibais, caibam;

pretérito perfeito do indicativo: coube, coubeste, coube,

coubemos, coubestes, couberam;

pretérito mais-que-perfeito do indicativo: coubera,

couberas, coubera, coubéramos, coubéreis, couberam;

pretérito imperfeito do subjuntivo: coubesse, coubesses,

coubesse, coubéssemos, coubésseis, coubessem;

futuro do subjuntivo: couber, couberes, couber, coubermos,

couberdes, couberem.

Dar

presente do indicativo: dou, dás, dá, damos, dais, dão;

presente do subjuntivo: dê, dês, dê, demos, deis, dêem;

pretérito perfeito do indicativo: dei, deste, deu, demos,

destes, deram;

pretérito mais-que-perfeito do indicativo: dera, deras, dera,

déramos, déreis, deram;

pretérito imperfeito do subjuntivo: desse, desses, desse,

déssemos, désseis, dessem;

futuro do subjuntivo: der, deres, der, dermos, derdes,

derem.

Dizer

Page 116: APOSTILA DE PORTUGUES

presente do indicativo: digo, dizes, diz, dizemos, dizeis,

dizem;

presente do subjuntivo: diga, digas, diga, digamos, digais,

digam;

pretérito perfeito do indicativo: disse, disseste, disse,

dissemos, dissestes, disseram;

pretérito mais-que-perfeito do indicativo: dissera, disseras,

dissera, disséramos, disséreis, disseram;

futuro do presente: direi, dirás, dirá, etc.;

futuro do pretérito: diria, dirias, diria, etc.;

pretérito imperfeito do subjuntivo: dissesse, dissesses,

dissesse, disséssemos, dissésseis, dissessem;

futuro do subjuntivo: disser, disseres, disser, dissermos,

disserdes, disserem;

Seguem esse modelo os derivados bendizer, condizer,

contradizer, desdizer, maldizer, predizer.

Os particípios desse verbo e seus derivados são irregulares:

dito, bendito, contradito, etc.

Estar

presente do indicativo: estou, estás, está, estamos, estais,

estão;

presente do subjuntivo: esteja, estejas, esteja, estejamos,

estejais, estejam;

Page 117: APOSTILA DE PORTUGUES

pretérito perfeito do indicativo: estive, estiveste, esteve,

estivemos, estivestes, estiveram;

pretérito mais-que-perfeito do indicativo: estivera,

estiveras, estivera, estivéramos, estivéreis, estiveram;

pretérito imperfeito do subjuntivo: estivesse, estivesses,

estivesse, estivéssemos, estivésseis, estivessem;

futuro do subjuntivo: estiver, estiveres, estiver, estivermos,

estiverdes, estiverem;

Fazer

presente do indicativo: faço, fazes, faz, fazemos, fazeis,

fazem;

presente do subjuntivo: faça, faças, faça, façamos, façais,

façam;

pretérito perfeito do indicativo: fiz, fizeste, fez, fizemos,

fizestes, fizeram;

pretérito mais-que-perfeito do indicativo: fizera, fizeras,

fizera, fizéramos, fizéreis, fizeram;

pretérito imperfeito do subjuntivo: fizesse, fizesses,

fizesse, fizéssemos, fizésseis, fizessem;

futuro do subjuntivo: fizer, fizeres, fizer, fizermos, fizerdes,

fizerem.

Seguem esse modelo desfazer, liquefazer e satisfazer.

Os particípios desse verbo e seus derivados são irregulares:

feito, desfeito, liquefeito, satisfeito, etc.

Page 118: APOSTILA DE PORTUGUES

Haver

presente do indicativo: hei, hás, há, havemos, haveis, hão;

presente do subjuntivo: haja, hajas, haja, hajamos, hajais,

hajam;

pretérito perfeito do indicativo: houve, houveste, houve,

houvemos, houvestes, houveram;

pretérito mais-que-perfeito do indicativo: houvera,

houveras, houvera, houvéramos, houvéreis, houveram;

pretérito imperfeito do subjuntivo: houvesse, houvesses,

houvesse, houvéssemos, houvésseis, houvessem;

futuro do subjuntivo: houver, houveres, houver, houvermos,

houverdes, houverem.

Ir

presente do indicativo: vou, vais, vai, vamos, ides, vão;

presente do subjuntivo: vá, vás, vá, vamos, vades, vão;

pretérito imperfeito do indicativo: ia, ias, ia, íamos, íeis,

iam;

pretérito perfeito do indicativo: fui, foste, foi, fomos, fostes,

foram;

pretérito mais-que-perfeito do indicativo: fora, foras, fora,

fôramos, fôreis, foram;

pretérito imperfeito do subjuntivo: fosse, fosses, fosse,

fôssemos, fôsseis, fossem;

futuro do subjuntivo: for, fores, for, formos, fordes, forem.

Page 119: APOSTILA DE PORTUGUES

Poder

presente do indicativo: posso, podes, pode, podemos,

podeis, podem;

presente do subjuntivo: possa, possas, possa, possamos,

possais, possam;

pretérito perfeito do indicativo: pude, pudeste, pôde,

pudemos, pudestes, puderam;

pretérito mais-que-perfeito do indicativo: pudera, puderas,

pudera, pudéramos, pudéreis, puderam;

pretérito imperfeito do subjuntivo: pudesse, pudesses,

pudesse, pudéssemos, pudésseis, pudessem;

futuro do subjuntivo: puder, puderes, puder, pudermos,

puderdes, puderem.

Pôr

presente do indicativo: ponho, pões, põe, pomos, pondes,

põem;

presente do subjuntivo: ponha, ponhas, ponha, ponhamos,

ponhais, ponham;

pretérito imperfeito do indicativo: punha, punhas, punha,

púnhamos, púnheis, punham;

pretérito perfeito do indicativo: pus, puseste, pôs, pusemos,

pusestes, puseram;

pretérito mais-que-perfeito do indicativo: pusera, puseras,

pusera, puséramos, puséreis, puseram;

Page 120: APOSTILA DE PORTUGUES

pretérito imperfeito do subjuntivo: pusesse, pusesses,

pusesse, puséssemos, pusésseis, pusessem;

futuro do subjuntivo: puser, puseres, puser, pusermos,

puserdes, puserem.

Todos os derivados do verbo pôr seguem exatamente esse

modelo: antepor, compor, contrapor, decompor, depor, descompor,

dispor, expor, impor, indispor, interpor, opor, pospor, predispor,

pressupor, propor, recompor, repor, sobrepor, supor, transpor são

alguns deles.

Querer

presente do indicativo: quero, queres, quer, queremos,

quereis, querem;

presente do subjuntivo: queira, queiras, queira, queiramos,

queirais, queiram;

pretérito perfeito do indicativo: quis, quiseste, quis,

quisemos, quisestes, quiseram;

pretérito mais-que-perfeito do indicativo: quisera, quiseras,

quisera, quiséramos, quiséreis, quiseram;

pretérito imperfeito do subjuntivo: quisesse, quisesses,

quisesse, quiséssemos, quisésseis, quisessem;

futuro do subjuntivo: quiser, quiseres, quiser, quisermos,

quiserdes, quiserem;

Saber

Page 121: APOSTILA DE PORTUGUES

presente do indicativo: sei, sabes, sabe, sabemos, sabeis,

sabem;

presente do subjuntivo: saiba, saibas, saiba, saibamos,

saibais, saibam;

pretérito perfeito do indicativo: soube, soubeste, soube,

soubemos, soubestes, souberam;

pretérito mais-que-perfeito do indicativo: soubera,

souberas, soubera, soubéramos, soubéreis, souberam;

pretérito imperfeito do subjuntivo: soubesse, soubesses,

soubesse, soubéssemos, soubésseis, soubessem;

futuro do subjuntivo: souber, souberes, souber, soubermos,

souberdes, souberem.

Ser

presente do indicativo: sou, és, é, somos, sois, são;

presente do subjuntivo: seja, sejas, seja, sejamos, sejais,

sejam;

pretérito imperfeito do indicativo: era, eras, era, éramos,

éreis, eram;

pretérito perfeito do indicativo: fui, foste, foi, fomos, fostes,

foram;

pretérito mais-que-perfeito do indicativo: fora, foras, fora,

fôramos, fôreis, foram;

pretérito imperfeito do subjuntivo: fosse, fosses, fosse,

fôssemos, fôsseis, fossem;

futuro do subjuntivo: for, fores, for, formos, fordes, forem.

Page 122: APOSTILA DE PORTUGUES

As segundas pessoas do imperativo afirmativo são: sê (tu) e

sede (vós).

Ter

presente do indicativo: tenho, tens, tem, temos, tendes, têm;

presente do subjuntivo: tenha, tenhas, tenha, tenhamos,

tenhais, tenham;

pretérito imperfeito do indicativo: tinha, tinhas, tinha,

tínhamos, tínheis, tinham;

pretérito perfeito do indicativo: tive, tiveste, teve, tivemos,

tivestes, tiveram;

pretérito mais-que-perfeito do indicativo: tivera, tiveras,

tivera, tivéramos, tivéreis, tiveram;

pretérito imperfeito do subjuntivo: tivesse, tivesses,

tivesse, tivéssemos, tivésseis, tivessem;

futuro do subjuntivo: tiver, tiveres, tiver, tivermos, tiverdes,

tiverem.

Seguem esse modelo os verbos ater, conter, deter, entreter,

manter, reter.

Trazer

presente do indicativo: trago, trazes, traz, trazemos, trazeis,

trazem;

presente do subjuntivo: traga, tragas, traga, tragamos,

tragais, tragam;

Page 123: APOSTILA DE PORTUGUES

pretérito perfeito do indicativo: trouxe, trouxeste, trouxe,

trouxemos, trouxestes, trouxeram;

pretérito mais-que-perfeito do indicativo: trouxera,

trouxeras, trouxera, trouxéramos, trouxéreis, trouxeram;

futuro do presente: trarei, trarás, trará, etc.;

futuro do pretérito: traria, trarias, traria, etc.;

pretérito imperfeito do subjuntivo: trouxesse, trouxesses,

trouxesse, trouxéssemos, trouxésseis, trouxessem;

futuro do subjuntivo: trouxer, trouxeres, trouxer, trouxermos,

trouxerdes, trouxerem.

Ver

presente do indicativo: vejo, vês, vê, vemos, vedes, vêem;

presente do subjuntivo: veja, vejas, veja, vejamos, vejais,

vejam;

pretérito perfeito do indicativo: vi, viste, viu, vimos, vistes,

viram;

pretérito mais-que-perfeito do indicativo: vira, viras, vira,

víramos, víreis, viram;

pretérito imperfeito do subjuntivo: visse, visses, visse,

víssemos, vísseis, vissem;

futuro do subjuntivo: vir, vires, vir, virmos, virdes, virem.

Seguem esse modelo os derivados antever, entrever, prever,

rever. Prover segue o modelo acima apenas no presente do

indicativo e seus tempos derivados; nos demais tempos, comporta-

se como um verbo regular da segunda conjugação.

Page 124: APOSTILA DE PORTUGUES

Vir

presente do indicativo: venho, vens, vem, vimos, vindes,

vêm;

presente do subjuntivo: venha, venhas, venha, venhamos,

venhais, venham;

pretérito imperfeito do indicativo: vinha, vinhas, vinha,

vínhamos, vínheis, vinham;

pretérito perfeito do indicativo: vim, vieste, veio, viemos,

viestes, vieram;

pretérito mais-que-perfeito do indicativo: viera, vieras,

viera, viéramos, viéreis, vieram;

pretérito imperfeito do subjuntivo: viesse, viesses, viesse,

viéssemos, viésseis, viessem;

futuro do subjuntivo: vier, vieres, vier, viermos, vierdes,

vierem;

particípio e gerúndio: vindo.

Seguem esse modelo os verbos advir, convir, desavir-se,

intervir, provir, sobrevir.

O emprego do infinitivo não obedece a regras bem definidas.

O impessoal é usado em sentido genérico ou indefinido, não

relacionado a nenhuma pessoa, o pessoal refere-se às pessoas do

discurso, dependendo do contexto. Recomenda-se sempre o uso da

forma pessoal se for necessário dar à frase maior clareza e ênfase.

Usa-se o impessoal:

Page 125: APOSTILA DE PORTUGUES

sem referência a nenhum sujeito: É proibido fumar na sala;

nas locuções verbais: Devemos avaliar a sua situação;

quando o infinitivo exerce função de complemento de

adjetivos: É um problema fácil de solucionar;

quando o infinitivo possui valor de imperativo - Ele respondeu:

"Marchar!"

Usa-se o pessoal:

quando o sujeito do infinitivo é diferente do sujeito da oração

principal: Eu não te culpo por saíres daqui;

quando, por meio de flexão, se quer realçar ou identificar a

pessoa do sujeito: Foi um erro responderes dessa maneira;

quando queremos determinar o sujeito (usa-se a 3ª pessoa do

plural): - Escutei baterem à porta.

1. A forma correta do verbo submeter-se, na 1a. pessoa do plural do

imperativo afirmativo é:

a) submetamo-nos

b) submeta-se

c) submete-te

d) submetei-vos

2. __________ mesmo que és capaz de vencer; __________ e não

__________ .

a) Mostra a ti - decide-te - desanime

b) Mostre a ti - decida-te - desanimes

Page 126: APOSTILA DE PORTUGUES

c) Mostra a ti - decida-te - desanimes

d) Mostra a ti - decide-te - desanimes

3. Depois que o sol se __________, haverão de __________ as

atividades.

a) pôr - suspender

b) por - suspenderem

c) puser - suspender

d) puser - suspenderem

4. Não se deixe dominar pela solidão. __________ a vida que há

nas formas da natureza, __________ atenção à transbordante

linguagem das coisas e __________ o mundo pelo qual transita

distraído.

a) Descobre - presta - vê

b) Descubra - presta - vê

c) Descubra - preste - veja

d) Descubra - presta - veja

5. Se __________ a interferência do Ministro nos programas de

televisão e se ele __________, não ocorreriam certos abusos.

a) requerêssemos - interviesse

b) requiséssemos - interviesse

c) requerêssemos - intervisse

d) requizéssemos - interviesse

Page 127: APOSTILA DE PORTUGUES

6. Se __________ o livro, não __________ com ele; __________

onde combinamos.

a) reouveres - fiques - põe-no

b) reouveres - fiques - põe-lo

c) reaveres - fica - ponha-o

d) reaveres fique - ponha-o

7. Se eles __________ suas razões e __________ suas teses, não

os __________ .

a) expuserem - mantiverem - censura

b) expuserem - mantiverem - censures

c) exporem - manterem - censures

d) exporem - manterem - censura

8. Se o __________ por perto, __________; ele __________ o

esforço construtivo de qualquer pessoa.

a) veres - precavenha-se - obstrue

b) vires - precavém-te - obstrui

c) veres - acautela-te - obstrui

d) vires - acautela-te - obstrui

9. Se ele se __________ em sua exposição, __________ bem. Não

te __________.

a) deter - ouça-lhe - precipites

b) deter - ouve-lhe - precipita

Page 128: APOSTILA DE PORTUGUES

c) detiver - ouve-o precipita

d) detiver - ouve-o -precipites

10. Os habitantes da ilha acreditam que, quando Jesus __________

e __________ todos em paz, haverá de abençoá-los.

a) vier - os ver

b) vir - os ver

c) vier - os vir

d) vier - lhes vir

11. Os pais ainda __________ certos princípios, mas os filhos já

não __________ neles e __________ de sua orientação.

a) mantém - crêem - divergem

b) mantêem - crêem - divergem

c) mantêm - crêem - divergem

d) mantém - crêem - divirgem

12. Se todas as pessoas __________ boas relações e __________

as amizades, viveriam mais felizes.

a) mantivessem - refizessem

b) mantivessem - refazessem

c) mantiverem - refizerem

d) mantessem - refizessem

13. __________ graves problemas que o __________, durante

vários anos, no porto, e impediram que __________ , em tempo

devido, sua promoção.

Page 129: APOSTILA DE PORTUGUES

a) sobreviram - deteram - requeresse

b) sobreviram - detiveram - requisesse

c) sobrevieram - detiveram - requisesse

d) sobrevieram - detiveram - requeresse

14. Eu não __________ a desobediência, embora ela me

_________, portanto, não __________ comigo.

a) premio - favoreça - contes

b) premio - favorece - conta

c) premio - favoreça - conta

d) premeio - favoreça - contas

15. Se ao menos ele __________ a confusão que aquilo ia dar! Mas

não pensou, não se __________, e __________ na briga que não

era sua.

a) prevesse - continha - interveio

b) previsse - conteve - interveio

c) prevesse - continha - interviu

d) previsse - conteve - interviu

16. A locução verbal que constitui voz passiva analítica é:

a) Vais fazer essa operação?

b) Você teria realizado tal cirurgia?

c) Realizou-se logo a intervenção.

d) A operação foi realizada logo.

Page 130: APOSTILA DE PORTUGUES

17. O seguinte período apresenta uma forma verbal na voz passiva:

"as pessoas comprometidas com a corrupção deveriam ser punidas

de forma mais rigorosa". Qual a alternativa que apresenta a forma

verbal ativa correspondente?

a) deveria punir

b) puniria

c) puniriam

d) deveriam punir

18. A oração "o alarma tinha sido disparado pelo guarda" está na

voz passiva. Assinale a alternativa que apresenta a forma verbal

ativa correspondente.

a) disparara

b) fora disparado

c) tinham disparado

d) tinha disparado

19. A oração "o engenheiro podia controlar todos os empregados da

estação ferroviária" está na voz ativa. Assinale a forma verbal

passiva correspondente.

a) podiam ser controlados

b) seriam controlados

c) podia ser controlado

d) controlavam-se

Page 131: APOSTILA DE PORTUGUES

20. Assinale a oração que não tem condições de ser transformada

em passiva.

a) As novelas substituíram os folhetins do passado

b) O diretor reuniu para esta novela um elenco especial

c) Alguns episódios estão mexendo com as emoções do público

d) O autor extrai alguns detalhes do personagem de pessoas

conhecidas

* Instruções para as questões subsequentes: Passe a frase

dada, se for ativa, para a voz passiva, e vice-versa. Assinale a

alternativa que, feita a transformação, substitui corretamente a

forma verbal grifada, sem que haja mudança de tempo e modo

verbais.

21. Não se faz mais nada como antigamente.

a) é feito

b) têm feito

c) foi feito

d) fazem

22. Saí de lá com a certeza de que os livros me seriam enviados

por ele, sem falta, na data marcada.

a) iria enviar

b) foram enviados

c) enviará

d) enviaria

Page 132: APOSTILA DE PORTUGUES

23. Em meio àquele tumulto, ele ia terminando o complicado

trabalho.

a) foi terminando

b) foi sendo terminado

c) foi terminado

d) ia sendo terminado

24. Seria bom que o projeto fosse submetido à apreciação da

equipe, para que se retificassem possíveis falhas.

a) submeteram - retifiquem

b) submeter - retificar

c) submetessem - retificassem

d) se submetesse - retifiquem

25. Se fôssemos ouvidos, muitos aborrecimentos seriam evitados.

a) ouvíssemos - estaríamos

b) formos ouvidos - serão evitados

c) nos ouvissem - se evitariam

d) nos ouvissem - evitariam

1 A / 2 D / 3 C / 4 C / 5 A / 6 A / 7 B / 8 D / 9 D / 10 C / 11 C / 12 A /

13 D / 14 A / 15 B / 16 D / 17 D / 18 D / 19 A / 20 C / 21 D / 22 D /

23 D / 24 C / 25 D

2.5 Artigo

Precede o substantivo para determiná-lo, mantendo com ele

relação de concordância. Assim, qualquer expressão ou frase fica

Page 133: APOSTILA DE PORTUGUES

substantivada se for determinada por artigo (O 'conhece-te a ti

mesmo' é conselho sábio). Em certos casos, serve para assinalar

gênero e número (o/a colega, o/os ônibus).

Os artigos podem ser classificado em:

definido - o, a, os, as - um ser claramente determinado entre

outros da mesma espécie;

indefinido - um, uma, uns, umas - um ser qualquer entre

outros de mesma espécie;

Podem aparecer combinados com preposições (numa, do, à,

entre outros).

Quanto ao emprego do artigo:

não é obrigatório seu uso diante da maioria dos substantivos,

podendo ser substituído por outra palavra determinante ou nem

usado (o rapaz ≠ este rapaz / Lera numa revista que mulher fica

mais gripada que homem). Nesse sentido, convém omitir o uso

do artigo em provérbios e máximas para manter o sentido

generalizante (Tempo é dinheiro / Dedico esse poema a homem

ou a mulher?);

não se deve usar artigo depois de cujo e suas flexões;

outro, em sentido determinado, é precedido de artigo; caso

contrário, dispensa-o (Fiquem dois aqui; os outros podem ir ≠

Uns estavam atentos; outros conversavam);

não se usa artigo diante de expressões de tratamento

iniciadas por possessivos, além das formas abreviadas frei,

Page 134: APOSTILA DE PORTUGUES

dom, são, expressões de origem estrangeira (Lord, Sir,

Madame) e sóror ou sóror;

é obrigatório o uso do artigo definido entre o numeral ambos

(ambos os dois) e o substantivo a que se refere (ambos os

cônjuges);

diante do possessivo (função de adjetivo) o uso é facultativo;

mas se o pronome for substantivo, torna-se obrigatório (os

[seus] planos foram descobertos, mas os meus ainda estão em

segredo);

omite-se o artigo definido antes de nomes de parentesco

precedidos de possessivo (A moça deixou a casa a sua tia);

antes de nomes próprios personativos, não se deve utilizar

artigo. O seu uso denota familiaridade, por isso é geralmente

usado antes de apelidos. Os antropônimos são determinados

pelo artigo se usados no plural (os Maias, Os Homeros);

geralmente dispensado depois de cheirar a, saber a (= ter

gosto a) e similares (cheirar a jasmim / isto sabe a vinho);

não se usa artigo diante das palavras casa (= lar, moradia),

terra (= chão firme) e palácio a menos que essas palavras

sejam especificadas (venho de casa / venho da casa paterna);

na expressão uma hora, significando a primeira hora, o

emprego é facultativo (era perto de / da uma hora). Se for

indicar hora exata, à uma hora (como qualquer expressão

adverbial feminina);

diante de alguns nomes de cidade não se usa artigo, a não

ser que venham modificados por adjetivo, locução adjetiva ou

oração adjetiva (Aracaju, Sergipe, Curitiba, Roma, Atenas);

Page 135: APOSTILA DE PORTUGUES

usa-se artigo definido antes dos nomes de estados brasileiros.

Como não se usa artigo nas denominações geográficas

formadas por nomes ou adjetivos, excetuam-se AL, GO, MT,

MG, PE, SC, SP e SE;

expressões com palavras repetidas repelem artigo (gota a

gota / face a face);

não se combina com preposição o artigo que faz parte de

nomes de jornais, revistas e obras literárias, bem como se o

artigo introduzir sujeito (li em Os Lusíadas / Está na hora de a

onça beber água);

depois de todo, emprega-se o artigo para conferir idéia de

totalidade (Toda a sociedade poderá participar / toda a cidade ≠

toda cidade). "Todos" exige artigo a não ser que seja substituído

por outro determinante (todos os familiares / todos estes

familiares);

repete-se artigo: a) nas oposições entre pessoas e coisas (o

rico e o pobre) / b) na qualificação antonímica do mesmo

substantivo (o bom e o mau ladrão) / c) na distinção de gênero e

número (o patrão e os operários / o genro e a nora);

não se repete artigo: a) quando há sinonímia indicada pela

explicativa ou (a botânica ou fitologia) / b) quando adjetivos

qualificam o mesmo substantivo (a clara, persuasiva e discreta

exposição dos fatos nos abalou).

2.6 Numeral:

Numeral é a palavra que indica quantidade, número de ordem,

múltiplo ou fração. Classifica-se como cardinal (1, 2, 3), ordinal

Page 136: APOSTILA DE PORTUGUES

(primeiro, segundo, terceiro), multiplicativo (dobro, duplo, triplo),

fracionário (meio, metade, terço). Além desses, ainda há os

numerais coletivos (dúzia, par).

Quanto ao valor, os numerais podem apresentar valor adjetivo

ou substantivo. Se estiverem acompanhando e modificando um

substantivo, terão valor adjetivo. Já se estiverem substituindo um

substantivo e designando seres, terão valor substantivo. [Ele foi o

primeiro jogador a chegar. (valor adjetivo) / Ele será o primeiro

desta vez. (valor substantivo)].

Quanto ao emprego:

os ordinais como último, penúltimo, antepenúltimo,

respectivos... não possuem cardinais correspondentes.

os fracionários têm como forma própria meio, metade e terço,

todas as outras representações de divisão correspondem aos

ordinais ou aos cardinais seguidos da palavra avos (quarto,

décimo, milésimo, quinze avos);

designando séculos, reis, papas e capítulos, utiliza-se na

leitura ordinal até décimo; a partir daí usam-se os cardinais.

(Luís XIV - quatorze, Papa Paulo II - segundo);

Se o numeral vier antes do substantivo, será obrigatório o ordinal

(XX Bienal - vigésima, IV Semana de Cultura - quarta);

zero e ambos(as) também são numerais cardinais. 14

apresenta duas formas por extenso catorze e quatorze;

Page 137: APOSTILA DE PORTUGUES

a forma milhar é masculina, portanto não existe "algumas

milhares de pessoas" e sim alguns milhares de pessoas;

alguns numerais coletivos: grosa (doze dúzias), lustro

(período de cinco anos), sesquicentenário (150 anos);

um: numeral ou artigo? Nestes casos, a distinção é feita pelo

contexto.

Numeral indicando quantidade e artigo quando se opõe ao

substantivo indicando-o de forma indefinida.

Quanto à flexão, varia em gênero e número:

variam em gênero:

Cardinais: um, dois e os duzentos a novecentos; todos os

ordinais; os multiplicativos e fracionários, quando expressam uma

idéia adjetiva em relação ao substantivo.

variam em número:

Cardinais terminados em -ão; todos os ordinais; os

multiplicativos, quando têm função adjetiva; os fracionários,

dependendo do cardinal que os antecede.

Os cardinais, quando substantivos, vão para o plural se

terminarem por som vocálico (Tirei dois dez e três quatros).

2.7 Advérbio:

É a palavra que modifica o sentido do verbo (maioria), do

adjetivo e do próprio advérbio (intensidade para essas duas

Page 138: APOSTILA DE PORTUGUES

classes). Denota em si mesma uma circunstância que determina

sua classificação:

lugar: longe, junto, acima, ali, lá, atrás, alhures;

tempo: breve, cedo, já, agora, outrora, imediatamente, ainda;

modo: bem, mal, melhor, pior, devagar, a maioria dos adv.

com sufixo -mente;

negação: não, qual nada, tampouco, absolutamente;

dúvida: quiçá, talvez, provavelmente, porventura,

possivelmente;

intensidade: muito, pouco, bastante, mais, meio, quão,

demais, tão;

afirmação: sim, certamente, deveras, com efeito, realmente,

efetivamente.

As palavras onde (de lugar), como (de modo), porque (de

causa), quanto (classificação variável) e quando (de tempo), usadas

em frases interrogativas diretas ou indiretas, são classificadas como

advérbios interrogativos (queria saber onde todos dormirão /

quando se realizou o concurso).

Onde, quando, como, se empregados com antecedente em

orações adjetivas são advérbios relativos (estava naquela rua onde

passavam os ônibus / ele chegou na hora quando ela ia falar / não

sei o modo como ele foi tratado aqui).

As locuções adverbiais são geralmente constituídas de

preposição + substantivo - à direita, à frente, à vontade, de cor, em

Page 139: APOSTILA DE PORTUGUES

vão, por acaso, frente a frente, de maneira alguma, de manhã, de

repente, de vez em quando, em breve, em mão (em vez de "em

mãos") etc. São classificadas, também, em função da circunstância

que expressam.

Quanto ao grau, apesar de pertencer à categoria das palavras

invariáveis, o advérbio pode apresentar variações de grau

comparativo ou superlativo.

Comparativo:

igualdade - tão + advérbio + quanto

superioridade - mais + advérbio + (do) que

inferioridade - menos + advérbio + (do) que

Superlativo:

sintético - advérbio + sufixo (-íssimo)

analítico - muito + advérbio.

Bem e mal admitem grau comparativo de superioridade sintético:

melhor e pior. As formas mais bem e mais mal são usadas diante

de particípios adjetivados. (Ele está mais bem informado do que

eu). Melhor e pior podem corresponder a mais bem / mal (adv.) ou a

mais bom / mau (adjetivo).

Quanto ao emprego:

Page 140: APOSTILA DE PORTUGUES

três advérbios pronominais indefinidos de lugar vão caindo em

desuso: algures, alhures e nenhures, substituídos por em

algum, em outro e em nenhum lugar;

na linguagem coloquial, o advérbio recebe sufixo diminutivo.

Nesses casos, o advérbio assume valor superlativo absoluto

sintético (cedinho / pertinho). A repetição de um mesmo

advérbio também assume valor superlativo (saiu cedo, cedo);

quando os advérbios terminados em -mente estiverem

coordenados, é comum o uso do sufixo só no último (Falou

rápida e pausadamente);

muito e bastante podem aparecer como advérbio (invariável)

ou pronome indefinido (variável - determina substantivo);

otimamente e pessimamente são superlativos absolutos

sintéticos de bem e mal, respectivamente;

adjetivos adverbializados mantêm-se invariáveis (terminaram

rápido o trabalho / ele falou claro).

As palavras denotativas são séries de palavras que se

assemelham ao advérbio. A Norma Gramatical Brasileira considera-

as apenas como palavras denotativas, não pertencendo a nenhuma

das 10 classes gramaticais. Classificam-se em função da idéia que

expressam:

adição: ainda, além disso etc. (Comeu tudo e ainda queria

mais);

afastamento: embora (Foi embora daqui);

afetividade: ainda bem, felizmente, infelizmente (Ainda bem

que passei de ano);

Page 141: APOSTILA DE PORTUGUES

aproximação: quase, lá por, bem, uns, cerca de, por volta de

etc. (É quase 1h a pé);

designação: eis (Eis nosso carro novo);

exclusão: apesar, somente, só, salvo, unicamente, exclusive,

exceto, senão, sequer, apenas etc. (Todos saíram, menos ela /

Não me descontou sequer um real);

explicação: isto é, por exemplo, a saber etc. (Li vários livros,

a saber, os clássicos);

inclusão: até, ainda, além disso, também, inclusive etc. (Eu

também vou / Falta tudo, até água);

limitação: só, somente, unicamente, apenas etc. (Apenas um

me respondeu / Só ele veio à festa);

realce: é que, cá, lá, não, mas, é porque etc. (E você lá sabe

essa questão?);

retificação: aliás, isto é, ou melhor, ou antes etc. (Somos

três, ou melhor, quatro);

situação: então, mas, se, agora, afinal etc. (Afinal, quem

perguntaria a ele?).

2.8 Preposição:

É a palavra invariável que liga dois termos entre si,

estabelecendo relação de subordinação entre o termo regente e o

regido. São antepostos aos dependentes (objeto indireto,

complemento nominal, adjuntos e orações subordinadas). Divide-se

em:

Page 142: APOSTILA DE PORTUGUES

essenciais (maioria das vezes são preposições): a, ante,

após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, per, perante,

por, sem, sob, sobre, trás;

acidentais (palavras de outras classes que podem exercer

função de preposição): afora, conforme (= de acordo com),

consoante, durante, exceto, salvo, segundo, senão, mediante,

visto (= devido a, por causa de) etc. (Vestimo-nos conforme a

moda e o tempo / Os heróis tiveram como prêmio aquela taça /

Mediante meios escusos, ele conseguiu a vaga / Vovó dormiu

durante a viagem).

As preposições essenciais regem pronomes oblíquos tônicos;

enquanto preposições acidentais regem as formas retas dos

pronomes pessoais. (Falei sobre ti/Todos, exceto eu, vieram).

As locuções prepositivas, em geral, são formadas de advérbio

(ou locução adverbial) + preposição - abaixo de, acerca de, a fim

de, além de, defronte a, ao lado de, apesar de, através de, de

acordo com, em vez de, junto de, perto de, até a, a par de, devido a.

Observa-se que a última palavra da locução prepositiva é

sempre uma preposição, enquanto a última palavra de uma locução

adverbial nunca é preposição.

Quanto ao emprego, as preposições podem ser usadas em:

combinação: preposição + outra palavra sem perda fonética

(ao/aos);

Page 143: APOSTILA DE PORTUGUES

contração: preposição + outra palavra com perda fonética

(na/àquela);

não se deve contrair de se o termo seguinte for sujeito (Está

na hora de ele falar);

a preposição após, pode funcionar como advérbio (= atrás)

(Terminada a festa, saíram logo após.);

trás, atualmente, só se usa em locuções adverbiais e

prepositivas (por trás, para trás por trás de).

Quanto à diferença entre pronome pessoal oblíquo, preposição e

artigo, deve-se observar que a preposição liga dois termos, sendo

invariável, enquanto o pronome oblíquo substitui um substantivo. Já

o artigo antecede o substantivo, determinando-o.

As preposições podem estabelecer as seguintes relações:

isoladamente, as preposições são palavras vazias de sentido, se

bem que algumas contenham uma vaga noção de tempo e lugar.

Nas frases, exprimem diversas relações:

autoria - música de Caetano

lugar - cair sobre o telhado, estar sob a mesa

tempo - nascer a 15 de outubro, viajar em uma hora, viajei

durante as férias

modo ou conformidade - chegar aos gritos, votar em branco

causa - tremer de frio, preso por vadiagem

assunto - falar sobre política

fim ou finalidade - vir em socorro, vir para ficar

instrumento - escrever a lápis, ferir-se com a faca

Page 144: APOSTILA DE PORTUGUES

companhia - sair com amigos / meio - voltar a cavalo, viajar

de ônibus

matéria - anel de prata, pão com farinha

posse - carro de João

oposição - Flamengo contra Fluminense

conteúdo - copo de (com) vinho

preço - vender a (por) R$ 300, 00

origem - descender de família humilde

especialidade - formou-se em Medicina

destino ou direção - ir a Roma, olhe para frente.

2.9 Interjeição:

São palavras que expressam estados emocionais do falante,

variando de acordo com o contexto emocional. Podem expressar:

alegria - ah!, oh!, oba!

advertência - cuidado!, atenção

afugentamento - fora!, rua!, passa!, xô!

alívio - ufa!, arre!

animação - coragem!, avante!, eia!

aplauso - bravo!, bis!, mais um!

chamamento - alô!, olá!, psit!

desejo - oxalá!, tomara! / dor - ai!, ui!

espanto - puxa!, oh!, chi!, ué!

impaciência - hum!, hem!

silêncio - silêncio!, psiu!, quieto!

Page 145: APOSTILA DE PORTUGUES

São locuções interjetivas: puxa vida!, não diga!, que horror!,

graças a Deus!, ora bolas!, cruz credo!

2.10 Conjunção:

É a palavra que liga orações basicamente, estabelecendo entre

elas alguma relação (subordinação ou coordenação). As

conjunções classificam-se em:

Coordenativas, aquelas que ligam duas orações independentes

(coordenadas), ou dois termos que exercem a mesma função

sintática dentro da oração. Apresentam cinco tipos:

aditivas (adição): e, nem, mas também, como também, bem

como, mas ainda;

adversativas (adversidade, oposição): mas, porém, todavia,

contudo, antes (= pelo contrário), não obstante, apesar disso;

alternativas (alternância, exclusão, escolha): ou, ou ... ou, ora

... ora, quer ... quer;

conclusivas (conclusão): logo, portanto, pois (depois do

verbo), por conseguinte, por isso;

explicativas (justificação): - pois (antes do verbo), porque,

que, porquanto.

Subordinativas - ligam duas orações dependentes, subordinando

uma à outra. Apresentam dez tipos:

causais: porque, visto que, já que, uma vez que, como, desde

que;

Page 146: APOSTILA DE PORTUGUES

Palavra que liga orações basicamente, estabelecendo entre elas

alguma relação (subordinação ou coordenação). As conjunções

classificam-se em:

comparativas: como, (tal) qual, assim como, (tanto) quanto,

(mais ou menos +) que;

condicionais: se, caso, contanto que, desde que, salvo se,

sem que (= se não), a menos que;

consecutivas (conseqüência, resultado, efeito): que

(precedido de tal, tanto, tão etc. - indicadores de intensidade),

de modo que, de maneira que, de sorte que, de maneira que,

sem que;

conformativas (conformidade, adequação): conforme,

segundo, consoante, como;

concessiva: embora, conquanto, posto que, por muito que,

se bem que, ainda que, mesmo que;

temporais: quando, enquanto, logo que, desde que, assim

que, mal (= logo que), até que;

finais - a fim de que, para que, que;

proporcionais: à medida que, à proporção que, ao passo

que, quanto mais (+ tanto menos);

integrantes - que, se.

As conjunções integrantes introduzem as orações subordinadas

substantivas, enquanto as demais iniciam orações subordinadas

adverbiais. Muitas vezes a função de interligar orações é

desempenhada por locuções conjuntivas, advérbios ou pronomes.

Page 147: APOSTILA DE PORTUGUES

1. A alternativa que apresenta classes de palavras cujos sentidos

podem ser modificados pelo advérbio são:

a) adjetivo - advérbio - verbo.

b) verbo - interjeição - conjunção.

c) conjunção - numeral - adjetivo.

d) adjetivo - verbo - interjeição.

e) interjeição - advérbio - verbo.

2. Das palavras abaixo, faz plural como "assombrações"

a) perdão.

b) bênção.

c) alemão.

d) cristão.

e) capitão.

3. Na oração "Ninguém está perdido se der amor...", a palavra

grifada pode ser classificada como:

a) advérbio de modo.

b) conjunção adversativa.

c) advérbio de condição.

d) conjunção condicional.

e) preposição essencial.

4. Marque a frase em que o termo destacado expressa

circunstância de causa:

Page 148: APOSTILA DE PORTUGUES

a) Quase morri de vergonha.

b) Agi com calma.

c) Os mudos falam com as mãos.

d) Apesar do fracasso, ele insistiu.

e) Aquela rua é demasiado estreita.

5. "Enquanto punha o motor em movimento." O verbo destacado

encontra-se no:

a) Presente do subjuntivo.

b) Pretérito mais-que-perfeito do subjuntivo.

c) Presente do indicativo.

d) Pretérito mais-que-perfeito do indicativo.

e) Pretérito imperfeito do indicativo.

6. Aponte a opção em que muito é pronome indefinido:

a) O soldado amarelo falava muito bem.

b) Havia muito bichinho ruim.

c) Fabiano era muito desconfiado.

d) Fabiano vacilava muito para tomar decisão.

e) Muito eficiente era o soldado amarelo.

7 . A flexão do número incorreta é:

a) tabelião - tabeliães.

b) melão - melões

c) ermitão - ermitões.

d) chão - chãos.

e) catalão - catalões.

Page 149: APOSTILA DE PORTUGUES

8. Dos verbos abaixo apenas um é regular, identifique-o:

a) pôr.

b) adequar.

c) copiar.

d) reaver.

e) brigar.

9. A alternativa que não apresenta erro de flexão verbal no presente

do indicativo é:

a) reavejo (reaver).

b) precavo (precaver).

c) coloro (colorir).

d) frijo (frigir).

e) fedo (feder).

10. A classe de palavras que é empregada para exprimir estados

emotivos:

a) adjetivo.

b) interjeição.

c) preposição.

d) conjunção.

e) advérbio.

11. Todas as formas abaixo expressam um tamanho menor que o

normal, exceto:

Page 150: APOSTILA DE PORTUGUES

a) saquitel.

b) grânulo.

c) radícula.

d) marmita.

e) óvulo.

12. Em "Tem bocas que murmuram preces...", a seqüência

morfológica é:

a) verbo-substantivo-pronome relativo-verbo-substantivo.

b) verbo-substantivo-conjunção integrante-verbo-substantivo.

c) verbo-substantivo-conjunção coordenativa-verbo-adjetivo.

d) verbo-adjetivo-pronome indefinido-verbo-substantivo.

e) verbo-advérbio-pronome relativo-verbo-substantivo.

13. A alternativa que possui todos os substantivos corretamente

colocados no plural é:

a) couve-flores / amores-perfeitos / boas-vidas.

b) tico-ticos / bem-te-vis / joões-de-barro.

c) terças-feiras / mãos-de-obras / guarda-roupas.

d) arco-íris / portas-bandeiras / sacas-rolhas.

e) dias-a-dia / lufa-lufas / capitães-mor.

14. "...os cipós que se emaranhavam..." . A palavra sublinhada é:

a) conjunção explicativa.

b) conjunção integrante.

c) pronome relativo.

Page 151: APOSTILA DE PORTUGUES

d) advérbio interrogativo.

e) preposição acidental.

15. Indique a frase em que o verbo se encontra na 2ª pessoa do

singular do imperativo afirmativo:

a) Faça o trabalho.

b) Acabe a lição.

c) Mande a carta.

d) Dize a verdade.

e) Beba água filtrada.

16. Em "Escrever é alguma coisa extremamente forte, mas que

pode me trair e me abandonar.", as palavras grifadas podem ser

classificadas como, respectivamente:

a) pronome adjetivo - conjunção aditiva.

b) pronome interrogativo - conjunção aditiva.

c) pronome substantivo - conjunção alternativa.

d) pronome adjetivo - conjunção adversativa.

e) pronome interrogativo - conjunção alternativa.

17. Marque o item em que a análise morfológica da palavra

sublinhada não está correta:

a) Ele dirige perigosamente - (advérbio).

b) Nada foi feito para resolver a questão - (pronome indefinido).

c) O cantar dos pássaros alegra as manhãs - (verbo).

Page 152: APOSTILA DE PORTUGUES

d) A metade da classe já chegou - (numeral).

e) Os jovens gostam de cantar música moderna - (verbo).

18. Quanto à flexão de grau, o substantivo que difere dos demais é:

a) viela.

b) vilarejo.

c) ratazana.

d) ruela.

e) sineta.

19. Está errada a flexão verbal em:

a) Eu intervim no caso.

b) Requeri a pensão alimentícia.

c) Quando eu ver a nova casa, aviso você

d) Anseio por sua felicidade.

e) Não pudeste falar.

20. Das classes de palavra abaixo, as invariáveis são:

a) interjeição - advérbio - pronome possessivo.

b) numeral - substantivo - conjunção.

c) artigo - pronome demonstrativo - substantivo.

d) adjetivo - preposição - advérbio.

e) conjunção - interjeição - preposição.

21. Todos os verbos abaixo são defectivos, exceto:

Page 153: APOSTILA DE PORTUGUES

a) abolir.

b) colorir.

c) extorquir.

d) falir.

e) exprimir.

22. O substantivo composto que está indevidamente escrito no

plural é:

a) mulas-sem-cabeça.

b) cavalos-vapor.

c) abaixos-assinados.

d) quebra-mares.

e) pães-de-ló.

23. A alternativa que apresenta um substantivo invariável e um

variável, respectivamente, é:

a) vírus - revés.

b) fênix - ourives.

c) ananás - gás.

d) oásis - alferes.

e) faquir - álcool.

24. "Paula mirou-se no espelho das águas": Esta oração contém um

verbo na voz:

a) ativa.

b) passiva analítica.

Page 154: APOSTILA DE PORTUGUES

c) passiva pronominal.

d) reflexiva recíproca.

e) reflexiva.

25. O único substantivo que não é sobrecomum é:

a) verdugo.

b) manequim.

c) pianista.

d) criança.

e) indivíduo.

26. A alternativa que apresenta um verbo indevidamente flexionado

no presente do subjuntivo é:

a) vade.

b) valham.

c) meçais.

d) pulais.

e) caibamos.

27. A alternativa que apresenta uma flexão incorreta do verbo no

imperativo é:

a) dize.

b) faz.

c) crede.

d) traze.

e) acudi.

Page 155: APOSTILA DE PORTUGUES

28. A única forma que não corresponde a um particípio é:

a) roto.

b) nato.

c) incluso.

d) sepulto.

e) impoluto.

29. Na frase: "Apieda-te qualquer sandeu", a palavra sandeu (idiota,

imbecil) é um substantivo:

a) comum, concreto e sobrecomum

b) concreto, simples e comum de dois gêneros.

c) simples, abstrato e feminino.

d) comum, simples e masculino

e) simples, abstrato e masculino.

30. A alternativa em que não há erro de flexão do verbo é:

a) Nós hemos de vencer.

b) Deixa que eu coloro este desenho.

c) Pega a pasta e a flanela e pole o meu carro.

d) Eu reavi o meu caderno que estava perdido.

e) Aderir, eu adiro; mas não é por muito tempo!

31. Em "Imaginou-o, assim caído..." a palavra destacada,

morfologicamente e sintaticamente, é:

a) artigo e adjunto adnominal.

b) artigo e objeto direto.

Page 156: APOSTILA DE PORTUGUES

c) pronome oblíquo e objeto direto.

d) pronome oblíquo e adjunto adnominal.

e) pronome oblíquo e objeto indireto.

32. O item em que temos um adjetivo em grau superlativo absoluto

é:

a) Está chovendo bastante.

b) Ele é um bom funcionário.

c) João Brandão é mais dedicado que o vigia.

d) Sou o funcionário mais dedicado da repartição.

e) João Brandão foi tremendamente inocente.

33. A alternativa em que o verbo abolir está incorretamente

flexionado é:

a) Tu abolirás.

b) Nós aboliremos.

c) Aboli vós.

d) Eu abolo.

e) Eles aboliram.

34. A alternativa em que o verbo "precaver" está corretamente

flexionado é:

a) Eu precavejo.

b) Precavê tu.

c) Que ele precavenha.

Page 157: APOSTILA DE PORTUGUES

d) Eles precavêm.

e) Ela precaveu.

35. A única alternativa em que as palavras são, respectivamente,

substantivo abstrato, adjetivo biforme e preposição acidental é:

a) beijo-alegre-durante

b) remédio-inteligente-perante

c) feiúra-lúdico-segundo

d) ar-parco-por

e) dor-veloz-consoante

1 A / 2 A / 3 D / 4 A / 5 E / 6 B / 7 E / 8 E / 9 D / 10 B / 11 D / 12 A /

13 B / 14 C / 15 D / 16 D / 17 C / 18 C / 19 C / 20 E / 21 E / 22 C /

23 A / 24 E / 25 C / 26 D / 27 B / 28 D / 29 D / 30 E / 31 C / 32 E / 33

D / 34 E / 35 C

3. Diferenciação morfológica:

Algumas palavras podem apresentar classes diferentes em

função do contexto. Seguem, abaixo, algumas palavras e suas

características para diferenciação.

A (artigo definido, antes de um substantivo, concordando com

ele, exemplo: A saudade dói / pronome demonstrativo, antes do

pronome relativo QUE ou da preposição DE, sendo substituível por

AQUELA, exemplo: Esta é a casa a que estimo. - Comprei uma boa

roupa, mas a de Maria é melhor. / Antes do pronome relativo QUE o

A também pode ser preposição, mas não será substituível por

AQUELA. / pronome pessoal oblíquo, junto a um verbo e

Page 158: APOSTILA DE PORTUGUES

corresponde a ela, exemplo: Amo-a / preposição essencial, pode

ser trocado por outra preposição como forma de teste e não

equivale a o no masculino, exemplo: Embarcação a remo - Estou a

vender / substantivo comum, quando representa a letra do alfabeto,

exemplo: Este a é pequenininho. / numeral ordinal, quando

corresponde a primeiro em uma enumeração, exemplo: Capítulo a.);

Aí (advérbio de lugar, quando quer dizer nesse lugar, exemplo:

Deixa o livro aí. / advérbio de tempo, quando quer dizer nessa

ocasião, exemplo: Chegou a noiva; aí lhe atiraram flores. / palavra

ou partícula de realce, exemplo: Aí pelas 11 horas vieram as

crianças.);

Algo (advérbio de intensidade, quando quer dizer um tanto,

exemplo: Ela é algo modesta. / pronome indefinido, quando quer

dizer alguma coisa, exemplo: Ela sabia algo dessa menina.);

Atrás (advérbio de lugar, exemplo: Nós caminhamos atrás. /

palavra expletiva, exemplo: Há anos atrás as coisas não eram

assim.);

Bastante (adjetivo, exemplo: Isso era bastante. / pronome

adjetivo indefinido, exemplo: Comprei bastantes roupas. / advérbio

de intensidade (invariável), exemplo: Eram bastante ricos.);

Bem (advérbio de intensidade, quando corresponde a muito,

exemplo: Joana é bem inteligente. / advérbio de modo, exemplo:

Esmeralda fala bem. / substantivo comum, exemplo: Meu bem está

longe. / interjeição, exemplo: Bem! Ainda assim estou certa.);

Page 159: APOSTILA DE PORTUGUES

Certo (adjetivo quando determinando um substantivo e com

significado de verdadeiro - exemplo: É um homem certo. / pronome

adjetivo indefinido antes de um substantivo, concordando com ele -

exemplo: Vi certo livro. / advérbio de afirmação quando quer dizer

certamente - exemplo: Certo, não queres brincar.);

Como (advérbio interrogativo de modo em perguntas diretas e

indiretas - exemplo: Como estás, menina?, Não sei como consegui

este resultado. / advérbio de intensidade quando se pode mudar

para quanto ou quão - exemplo: Como brilham teus cabelos. /

conjunção subordinativa comparativa quando vindo no segundo

termo de uma comparação - exemplo: Era tão vermelho como

sangue. / conjunção subordinativa conformativa equivalente a

conforme - exemplo: Era trabalhador, como disse o patrão /

conjunção subordinativa causal - exemplo: Como tivesse chovido

muito, a terra estava molhada. / advérbio interrogativo de

quantidade quando no início de uma frase interrogativa, precedido

de preposição - exemplo: A como vende o chá? / substantivo

próprio quando significando divindade mitológica ou nome de lugar -

exemplo: Como presidia às festas noturnas. Como é a terra natal de

meus ancestrais. / verbo comer - exemplo: Como muito bem /

preposição acidental quando quer dizer na qualidade de - exemplo:

Como deputado tenho direito de falar / palavra explicativa -

exemplo: O estabelecimento vende muitos objetos, como: portas,

janelas, piso.

Diferente (adjetivo - exemplo: São de cores diferentes. /

pronome adjetivo indefinido - exemplo: Diferentes cores ele tem.

Page 160: APOSTILA DE PORTUGUES

Certo, vários e diversos, modificando substantivo, têm as

mesmas classificações, conforme venham antes ou depois do

substantivo a que se referem.

E (conjunção coordenativa aditiva - exemplo: Ele e ela

chegaram. / conjunção coordenativa adversativa quando equivale a

mas - exemplo: Fala, e não faz. / numeral ordinal quando

corresponde a quinto em uma enumeração - exemplo: capítulo e.

Logo (advérbio de tempo equivalente a imediatamente ou daqui

a pouco - exemplo: Vou logo. / conjunção coordenativa conclusiva

quando quer dizer portanto - exemplo: Ela estuda muito, logo

aprende.

Mais (pronome adjetivo indefinido antes de substantivo -

exemplo: Vendi mais livros / pronome substantivo indefinido quando

quer dizer mais coisa - exemplo: É pouco, quero mais. / palavra de

adição que pode ser mudada para e - exemplo: João mais Maria

brincam juntos. / advérbio de intensidade quando modifica adjetivo,

verbo ou outro advérbio - exemplo: Ele estava mais alto. Parecia

mais recordar do que aprender. / advérbio de tempo - exemplo:

Saudades que os anos não trazem mais. / substantivo comum

quando vem com artigo determinando-o - exemplo: Os mais não

vieram.

Meio (advérbio de intensidade equivalente a um pouco -

exemplo: Ela está meio triste hoje. / numeral fracionário significando

metade de uma divisão - exemplo: Comprei meio cento de

Page 161: APOSTILA DE PORTUGUES

laranjas. / substantivo comum - exemplo: Estamos buscando outro

meio de resolver o problema.

Melhor (advérbio de modo no grau comparativo de

superioridade querendo dizer mais bem - exemplo: Este rapaz canta

melhor. / adjetivo no grau comparativo de superioridade querendo

dizer mais bom - exemplo: O vinho é melhor que a uva. /

substantivo comum - exemplo: O melhor do negócio é o segredo.

Menos (pronome adjetivo indefinido acompanhando um

substantivo - exemplo: Tenho menos revistas. / pronome

substantivo indefinido quando quer dizer menos coisa - exemplo:

Tenho menos do que ele. / advérbio de intensidade junto a um

verbo ou a um adjetivo, modificando-o - exemplo: Passeia menos e

sê menos gastador. / preposição acidental quando quer dizer exceto

- exemplo: Todos brincam menos ela.

Mesmo (pronome adjetivo demonstrativo quando designa

identidade, equivale a em pessoa, próprio - exemplo: Estivemos na

mesma casa. Era Cristo a mesma inocência. / substantivo comum

precedido de artigo definido, quer dizer a mesma coisa - exemplo:

Façam o mesmo que eu fiz. / palavra de inclusão quando vale até -

exemplo: Mesmo o pai caiu neste erro. / advérbio de afirmação

equivalendo a realmente - exemplo: Canta mesmo como um

passarinho. / palavra de concessão correspondente a ainda que -

exemplo: Mesmo doente sairei.

Page 162: APOSTILA DE PORTUGUES

Muito (pronome adjetivo indefinido que acompanha um

substantivo concordando com ele - exemplo: Muito trabalho me

cansa. / pronome substantivo indefinido quando quer dizer muita

coisa - exemplo: Muito se faz nesta casa. / advérbio de intensidade

quando modifica verbo, adjetivo ou advérbio - exemplo: Ele é muito

inteligente.

Na (contração da preposição em com o artigo a - exemplo: na

rua da amargura. / contração da preposição em com o pronome

demonstrativo a - exemplo: Estou em minha casa e você na que ele

vendeu. / pronome pessoal oblíquo a depois de verbo terminado em

vogal ou ditongo nasal - exemplo: Viram-na todos.

O (artigo definido quando vem antes de substantivo,

determinando-o - exemplo: O homem e o cantar. / pronome

demonstrativo antes do pronome relativo que, da preposição de ou

junto a um verbo, sendo substituível por aquele/aquilo/isso -

exemplo: Ela era bonita e sabia que o era. O que eu disse. /

pronome pessoal oblíquo quando vem junto a um verbo e

corresponde a ele - exemplo: O patrão estima-o. / substantivo

comum quando representa a letra do alfabeto - exemplo: Este o

está torto.

Pior (advérbio de modo no grau comparativo de superioridade

querendo dizer mais mal - exemplo: Este autor escreve pior do que

eu. / adjetivo no grau comparativo de superioridade querendo dizer

mais mau - exemplo: Antônio é pior que Paulo.

Page 163: APOSTILA DE PORTUGUES

Pois (conjunção subordinativa causal relacionada a uma oração

principal - exemplo: Não vi nada, pois estava dormindo. / conjunção

coordenativa explicativa, quando pensamento em seqüência

justificativa, anteposta ao verbo da oração que participa - exemplo:

Cedo se arrependerá, pois é o que acontece aos desavisados. /

conjunção coordenativa conclusiva posposta ao verbo e equivalente

a portanto - exemplo: mande os livros, pois, pelo portador. / palavra

de situação quando traduz um sentimento - exemplo: Pois vá saindo

daqui logo! / palavra de realce seguida de sim ou não - exemplo:

Pois sim que você vai sair.

Porque (conjunção subordinativa causal relacionando causa da

oração principal - exemplo: Não veio porque não quis. / conjunção

coordenativa explicativa, quando a segunda frase explica a razão

de ser da primeira - exemplo: Isso não é razão, porque , afinal de

contas, os negócios têm ido bem. / conjunção subordinativa final

equivalente a para que - exemplo: Não veio porque lhe acontecesse

alguma desgraça. / advérbio interrogativo de causa em perguntas

diretas e indiretas - exemplo: Por que vieste tarde?, Perguntei-te por

que não falaste nada. No fim de frase ou de período interrogativo,

escreve-se por quê. Preposição por e pronome relativo que, quando

substitui-se o pronome relativo por o qual (a/s) - exemplo: Não

conheço o caminho por que devo passar (= caminho pelo qual...) /

substantivo comum - exemplo: Ele deve me dizer o porquê de tanta

confusão.

Pouco (pronome adjetivo indefinido quando acompanha um

substantivo - exemplo: Ele teve pouco trabalho hoje. / pronome

Page 164: APOSTILA DE PORTUGUES

substantivo indefinido quando significa pouca coisa - exemplo:

Pouco não quero. / advérbio de intensidade - exemplo: Ele sempre

fala pouco. Ele é pouco inteligente.

Próprio (adjetivo significando peculiar, privativo, adequado,

digno - exemplo: Essa atitude não é própria de alguém de sua

importância. / pronome adjetivo possessivo - exemplo: Moro em

casa própria. / pronome adjetivo demonstrativo equivalente a

mesmo (a/s) - exemplo: Ele cortou a si próprio com a faca. /

substantivo comum - exemplo: O senhor é o próprio?

Se (pronome pessoal oblíquo reflexivo referente ao sujeito do

verbo, equivalente a si mesmo, a si próprio - exemplo: O menino

feriu-se. / Também pode ter valor de reciprocidade, se puder ser

substituído por a sim mesmos (as) a si próprios (as) - Eles

cortaram-se. / pronome apassivador quando a ação recai sobre o

sujeito paciente na voz passiva sintética - exemplo: Rasgou-se a

carta (= A carta foi rasgada). / conjunção subordinativa integrante

responsável por introduzir orações substantivas que completam

sintaticamente a oração principal - exemplo: Não sei se choverá. /

conjunção subordinativa condicional equivalente a caso - exemplo:

Se saíres agora, verás onde ele está. / palavra de realce que pode

ser retirada da frase sem prejuízo - exemplo: Foram-se embora os

convidados.);

Segundo (numeral ordinal, exemplo: Fevereiro é o segundo mês

do ano. / substantivo comum, indica fração de hora (tempo),

exemplo: Gastou um segundo para resolver a questão. / conjunção

Page 165: APOSTILA DE PORTUGUES

subordinativa conformativa, equivale a conforme, exemplo:

Segundo fui informado, ele não virá);

Todo (pronome adjetivo indefinido, quando se pode mudar para

cada, qualquer, exemplo: Todo homem deve trabalhar. / adjetivo,

equivalente a inteiro, exemplo: O campo todo queimou-se. /

substantivo comum, exemplo: O todo é maior do que qualquer

parte. / advérbio de modo, quando quer dizer completamente,

exemplo: Ele estava todo zangado.).

SINTAXE

1. Frase, período e oração:

Frase é todo enunciado suficiente por si mesmo para

estabelecer comunicação. Expressa juízo, indica ação, estado ou

fenômeno, transmite um apelo, ordem ou exterioriza emoções.

Normalmente a frase é composta por dois termos - o sujeito e o

predicado - mas não obrigatoriamente, pois, em Português há

orações ou frases sem sujeito: Há muito tempo que não chove.

Enquanto na língua falada a frase é caracterizada pela

entoação, na língua escrita, a entoação é reduzida a sinais de

pontuação.

Quanto aos tipos de frases, além da classificação em verbais e

nominais, feita a partir de seus elementos constituintes, elas podem

ser classificadas a partir de seu sentido global:

Page 166: APOSTILA DE PORTUGUES

frases interrogativas: o emissor da mensagem formula uma

pergunta. / Que queres fazer?

frases imperativas: o emissor da mensagem dá uma ordem

ou faz um pedido. / Dê-me uma mãozinha! - Faça-o sair!

frases exclamativas: o emissor exterioriza um estado afetivo.

/ Que dia difícil!

frases declarativas: o emissor constata um fato. / Ele já

chegou.

Quanto a estrutura da frase, as frases que possuem verbo são

estruturadas por dois elementos essenciais: sujeito e predicado.

O sujeito é o termo da frase que concorda com o verbo em

número e pessoa. É o "ser de quem se declara algo", "o tema do

que se vai comunicar".

O predicado é a parte da frase que contém "a informação nova

para o ouvinte". Ele se refere ao tema, constituindo a declaração do

que se atribui ao sujeito.

Quando o núcleo da declaração está no verbo, temos o

predicado verbal. Mas, se o núcleo estiver num nome, teremos um

predicado nominal.

Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres de

opinião.

A existência é frágil.

Page 167: APOSTILA DE PORTUGUES

A oração, às vezes, é sinônimo de frase ou período (simples)

quando encerra um pensamento completo e vem limitada por ponto-

final, ponto-de-interrogação, ponto-de-exclamação e por reticências.

Um vulto cresce na escuridão. Clarissa se encolhe. É Vasco.

Acima temos três orações correspondentes a três períodos

simples ou a três frases.

Mas, nem sempre oração é frase: "convém que te apresses"

apresenta duas orações mas uma só frase, pois somente o conjunto

das duas é que traduz um pensamento completo.

Outra definição para oração é a frase ou membro de frase que

se organiza ao redor de um verbo. A oração possui sempre um

verbo (ou locução verbal), que implica, na existência de um

predicado, ao qual pode ou não estar ligado um sujeito.

Assim, a oração é caracterizada pela presença de um verbo.

Dessa forma:

Rua!

Que é uma frase, não é uma oração.

Já em:

"Quero a rosa mais linda que houver, para enfeitar a noite do

meu bem."

Page 168: APOSTILA DE PORTUGUES

Temos uma frase e três orações: As duas últimas orações não

são frases, pois em si mesmas não satisfazem um propósito

comunicativo; são, portanto, membros de frase.

Quanto ao período, ele denomina a frase constituída por uma ou

mais orações, formando um todo, com sentido completo. O período

pode ser simples ou composto.

Período simples é aquele constituído por apenas uma oração,

que recebe o nome de oração absoluta.

Chove.

A existência é frágil.

Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres de

opinião.

Quero uma linda rosa.

Período composto é aquele constituído por duas ou mais

orações:

"Quando você foi embora, fez-se noite em meu viver."

Cantei, dancei e depois dormi.

1.1 Termos essenciais da oração:

O sujeito e o predicado são considerados termos essenciais da

oração, ou seja, sujeito e predicado são termos indispensáveis para

a formação das orações. No entanto, existem orações formadas

Page 169: APOSTILA DE PORTUGUES

exclusivamente pelo predicado. O que define, pois, a oração, é a

presença do verbo.

O sujeito é o termo que estabelece concordância com o verbo.

a) "Minha primeira lágrima caiu dentro dos teus olhos.";

b) "Minhas primeiras lágrimas caíram dentro dos teus olhos".

Na primeira frase, o sujeito é minha primeira lágrima. Minha e

primeira referem-se ao conceito básico expresso em lágrima.

Lágrima é, pois, a principal palavra do sujeito, sendo, por isso,

denominada núcleo do sujeito. O núcleo do sujeito se relaciona com

o verbo, estabelecendo a concordância.

A função do sujeito é basicamente desempenhada por

substantivos, o que a torna uma função substantiva da oração.

Pronomes substantivos, numerais e quaisquer outras palavras

substantivadas (derivação imprópria) também podem exercer a

função de sujeito.

a) Ele já partiu;

b) Os dois sumiram;

c) Um sim é suave e sugestivo.

Os sujeitos são classificados a partir de dois elementos: o de

determinação ou indeterminação e o de núcleo do sujeito.

Page 170: APOSTILA DE PORTUGUES

Um sujeito é determinado quando é facilmente identificável pela

concordância verbal. O sujeito determinado pode ser simples ou

composto.

A indeterminação do sujeito ocorre quando não é possível

identificar claramente a que se refere a concordância verbal. Isso

ocorre quando não se pode ou não interessa indicar precisamente o

sujeito de uma oração.

a) Estão gritando seu nome lá fora;

b) Trabalha-se demais neste lugar.

O sujeito simples é o sujeito determinado que possui um único

núcleo. Esse vocábulo pode estar no singular ou no plural; pode

também ser um pronome indefinido.

a) Nós nos respeitamos mutuamente;

b) A existência é frágil;

c) Ninguém se move;

d) O amar faz bem.

O sujeito composto é o sujeito determinado que possui mais de

um núcleo.

a) Alimentos e roupas andam caríssimos;

b) Ela e eu nos respeitamos mutuamente;

Page 171: APOSTILA DE PORTUGUES

c) O amar e o odiar são tidos como duas faces da mesma

moeda.

Além desses dois sujeitos determinados, é comum a referência

ao sujeito oculto, isto é, ao núcleo do sujeito que está implícito e

que pode ser reconhecido pela desinência verbal ou pelo contexto.

Abolimos todas as regras.

O sujeito indeterminado surge quando não se quer ou não se

pode identificar claramente a que o predicado da oração se refere.

Existe uma referência imprecisa ao sujeito, caso contrário teríamos

uma oração sem sujeito.

Na língua portuguesa o sujeito pode ser indeterminado de duas

maneiras:

a) com verbo na terceira pessoa do plural, desde que o sujeito

não tenha sido identificado anteriormente:

a.1) Bateram à porta;

a.2) Andam espalhando boatos a respeito da queda do ministro.

b) com o verbo na terceira pessoa do singular, acrescido do

pronome se. Esta é uma construção típica dos verbos que não

apresentam complemento direto:

b.1) Precisa-se de mentes criativas;

b.2) Vivia-se bem naqueles tempos;

Page 172: APOSTILA DE PORTUGUES

b.3) Trata-se de casos delicados;

b.4) Sempre se está sujeito a erros.

O pronome se funciona como índice de indeterminação do

sujeito.

As orações sem sujeito, formadas apenas pelo predicado,

articulam-se a partir de m verbo impessoal. A mensagem está

centrada no processo verbal. Os principais casos de orações sem

sujeito com:

a) os verbos que indicam fenômenos da natureza:

a.1) Amanheceu repentinamente;

a.2) Está chuviscando.

b) os verbos estar, fazer, haver e ser, quando indicam

fenômenos meteorológicos ou se relacionam ao tempo em geral:

b.1) Está tarde.

b.2) Ainda é cedo.

b.3) Já são três horas, preciso ir;

b.4) Faz frio nesta época do ano;

b.5) Há muitos anos aguardamos mudanças significativas;

b.6) Faz anos que esperamos melhores condições de vida;

Page 173: APOSTILA DE PORTUGUES

b.7) Deve fazer meses que ele partiu.

c) o verbo haver, na indicação de existência ou acontecimento:

c.1) Havia bons motivos para nossa apreensão;

c.2) Deve haver muitos interessados no seu trabalho;

c.3) Houve alguns problemas durante o trabalho.

O predicado é o conjunto de enunciados que numa dada oração

contém a informação nova para o ouvinte.

Nas orações sem sujeito, o predicado simplesmente enuncia um

fato qualquer:

a) Chove muito nesta época do ano;

b) Houve problemas na reunião.

Nas orações que surge o sujeito, o predicado é aquilo que se

declara a respeito desse sujeito.

Com exceção do vocativo, que é um termo à parte, tudo o que

difere do sujeito numa oração é o seu predicado.

a) Os homens (sujeito) pedem amor às mulheres (predicado);

b) Passou-me (predicado) uma idéia estranha (sujeito) pelo

pensamento (predicado).

Para o estudo do predicado, é necessário verificar se seu núcleo

está num nome ou num verbo. Deve-se considerar também se as

Page 174: APOSTILA DE PORTUGUES

palavras que formam o predicado referem-se apenas ao verbo ou

também ao sujeito da oração.

Os homens sensíveis (sujeito) pedem amor sincero às mulheres

de opinião.

O predicado acima apresenta apenas uma palavra que se refere

ao sujeito: pedem. As demais palavras ligam-se direta ou

indiretamente ao verbo.

A existência (sujeito) é frágil (predicado).

O nome frágil, por intermédio do verbo, refere-se ao sujeito da

oração. O verbo atua como elemento de ligação entre o sujeito e a

palavra a ele relacionada.

O predicado verbal é aquele que tem como núcleo significativo

um verbo:

a) Chove muito nesta época do ano;

b) Senti seu toque suave;

c) O velho prédio foi demolido.

Os verbos acima são significativos, isto é, não servem apenas

para indicar o estado do sujeito, mas indicam processos.

O predicado nominal é aquele que tem como núcleo significativo

um nome; esse nome atribui uma qualidade ou estado ao sujeito,

Page 175: APOSTILA DE PORTUGUES

por isso é chamado de predicativo do sujeito. O predicativo é um

nome que se liga a outro nome da oração por meio de um verbo.

Nos predicados nominais, o verbo não é significativo, isto é, não

indica um processo. O verbo une o sujeito ao predicativo, indicando

circunstâncias referentes ao estado do sujeito:

"Ele é senhor das suas mãos e das ferramentas."

Na frase acima o verbo ser poderia ser substituído por estar,

andar, ficar, parecer, permanecer ou continuar, atuando como

elemento de ligação entre o sujeito e as palavras a ele

relacionadas.

A função de predicativo é exercida normalmente por um adjetivo

ou substantivo.

O predicado verbo-nominal é aquele que apresenta dois núcleos

significativos: um verbo e um nome. No predicado verbo-nominal, o

predicativo pode referir-se ao sujeito ou ao complemento verbal.

O verbo do predicado verbo-nominal é sempre significativo,

indicando processos. É também sempre por intermédio do verbo

que o predicativo se relaciona com o termo a que se refere.

a) O dia amanheceu ensolarado;

b) As mulheres julgam os homens inconstantes

No primeiro exemplo, o verbo amanheceu apresenta duas

funções: a de verbo significativo e a de verbo de ligação. Esse

Page 176: APOSTILA DE PORTUGUES

predicado poderia ser desdobrado em dois, um verbal e outro

nominal:

a) O dia amanheceu;

b) O dia estava ensolarado.

No segundo exemplo, é o verbo julgar que relaciona o

complemento homens como o predicativo inconstantes.

1.2 Termos integrantes da oração:

Os complementos verbais (objeto direto e indireto) e o

complemento nominal são chamados termos integrantes da oração.

Os complementos verbais integram o sentido do verbos

transitivos, com eles formando unidades significativas. Esses

verbos podem se relacionar com seus complementos diretamente,

sem a presença de preposição ou indiretamente, por intermédio de

preposição.

O objeto direto é o complemento que se liga diretamente ao

verbo.

a) Os homens sensíveis pedem amor às mulheres de opinião;

b) Os homens sinceros pedem-no às mulheres de opinião;

c) Dou-lhes três.

d) Buscamos incessantemente o Belo;

e) Houve muita confusão na partida final.

Page 177: APOSTILA DE PORTUGUES

O objeto direto preposicionado ocorre principalmente:

a) com nomes próprios de pessoas ou nomes comuns referentes

a pessoas:

a.1) Amar a Deus;

a.2) Adorar a Xangô;

a.3) Estimar aos pais.

b) com pronomes indefinidos de pessoa e pronomes de

tratamento:

b.1) Não excluo a ninguém;

b.2) Não quero cansar a Vossa Senhoria.

c) para evitar ambigüidade:

Ao povo prejudica a crise. (sem preposição, a situação seria

outra)

d) com pronomes oblíquos tônicos (preposição obrigatória):

Nem ele entende a nós, nem nós a ele.

O objeto indireto é o complemento que se liga indiretamente ao

verbo, ou seja, através de uma preposição.

a) Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres;

b) Os homens pedem-lhes amor sincero;

Page 178: APOSTILA DE PORTUGUES

c) Gosto de música popular brasileira.

O termo que integra o sentido de um nome chama-se

complemento nominal. O complemento nominal liga-se ao nome

que completa por intermédio de preposição:

a) Desenvolvemos profundo respeito à arte;

b) A arte é necessária à vida;

c) Tenho-lhe profundo respeito.

Os nomes que se fazem acompanhar de complemento nominal

pertencem a dois grupos:

a) substantivos, adjetivos ou advérbios derivados de verbos

transitivos,

b) adjetivos transitivos e seus derivados.

1.3 Termos acessórios da oração e vocativo:

Os termos acessórios recebem esse nome por serem acidentais,

explicativos, circunstanciais.

São termos acessórios o adjunto adverbial, adjunto adnominal e

o aposto.

O adjunto adverbial é o termo da oração que indica uma

circunstância do processo verbal, ou intensifica o sentido de um

adjetivo, verbo ou advérbio. É uma função adverbial, pois cabe ao

Page 179: APOSTILA DE PORTUGUES

advérbio e às locuções adverbiais exercer o papel de adjunto

adverbial.

Amanhã voltarei de bicicleta àquela velha praça.

As circunstâncias comumente expressas pelo adjunto adverbial

são:

acréscimo: Além de tristeza, sentia profundo cansaço.

afirmação: Sim, realmente irei partir.

assunto: Falavam sobre futebol.

causa: Morrer ou matar de fome, de raiva e de sede... são

tantas vezes gestos naturais.

companhia: Sempre contigo bailando sob as estrelas.

concessão: Apesar de você, amanhã há de ser outro dia.

conformidade: Fez tudo conforme o combinado.

dúvida: Talvez nos deixem entrar.

fim: Estudou para o exame.

freqüência: Sempre aparecia por lá.

instrumento: Fez o corte com a faca.

intensidade: Corria bastante.

limite: Andava atabalhoado do quarto à sala.

lugar: Vou à cidade.

matéria: Compunha-se de substâncias estranhas.

meio: Viajarei de trem.

modo: Foram recrutados a dedo.

negação: Não há ninguém que mereça.

Page 180: APOSTILA DE PORTUGUES

preço: As casas estão sendo vendidas a preços

exorbitantes.

substituição ou troca: Abandonou suas convicções por

privilégios econômicos.

tempo: Ontem à tarde encontrou o velho amigo.

O adjunto adnominal é o termo acessório que determina,

especifica ou explica um substantivo. É uma função adjetiva, pois

são os adjetivos e as locuções adjetivas que exercem o papel de

adjunto adnominal na oração. Também atuam como adjuntos

adnominais os artigos, os numerais e os pronomes adjetivos.

O poeta inovador enviou dois longos trabalhos ao seu amigo de

infância.

O adjunto adnominal se liga diretamente ao substantivo a que se

refere, sem participação do verbo.

Já o predicativo do objeto se liga ao objeto por meio de um

verbo.

O poeta português deixou uma obra originalíssima.

O poeta deixou-a.

O poeta português deixou uma obra inacabada.

O poeta deixou-a inacabada.

Page 181: APOSTILA DE PORTUGUES

Enquanto o complemento nominal relaciona-se a um

substantivo, adjetivo ou advérbio; o adjunto nominal relaciona-se

apenas ao substantivo.

O aposto é um termo acessório que permite ampliar, explicar,

desenvolver ou resumir a idéia contida num termo que exerça

qualquer função sintática.

Ontem, segunda-feira, passei o dia mal-humorado.

Segunda-feira é aposto do adjunto adverbial de tempo ontem.

Dizemos que o aposto é sintaticamente equivalente ao termo que

se relaciona porque poderia substituí-lo:

Segunda-feira passei o dia mal-humorado.

O aposto pode ser classificado, de acordo com seu valor na

oração, em:

a) explicativo: A lingüística, ciência das línguas humanas,

permite-nos interpretar melhor nossa relação com o mundo.

b) enumerativo: A vida humana se compõe de muitas coisas:

amor, arte, ação.

c) resumidor ou recapitulativo: Fantasias, suor e sonho, tudo

isso forma o carnaval.

d) comparativo: Seus olhos, indagadores holofotes, fixaram-se

por muito tempo na baía anoitecida.

Page 182: APOSTILA DE PORTUGUES

Além desses, há o aposto especificativo, que difere dos demais

por não ser marcado por sinais de pontuação (dois-pontos ou

vírgula).

A rua Augusta está muito longe do rio São Francisco.

O vocativo é um termo que serve para chamar, invocar ou

interpelar um ouvinte real ou hipotético.

A função de vocativo é substantiva, cabendo a substantivos,

pronomes substantivos, numerais e palavras substantivadas esse

papel na linguagem.

2. Período composto por coordenação:

O período composto por coordenação é formado por orações

sintaticamente completas, ou seja, equivalentes.

Os homens investigam o mundo, descobrem suas riquezas e

constroem suas sociedades competitivas.

O período acima é formada por três orações, no entanto essas

orações são independentes e poderiam constituir orações

absolutas, caracterizando o período composto por coordenação.

Quanto às orações coordenadas, elas estão divididas em

assindéticas e sindéticas, sendo estas aditivas, adversativas,

alternativas, conclusivas e explicativas.

As orações coordenadas assindéticas são aquelas ligadas sem

o uso da conjunção:

Page 183: APOSTILA DE PORTUGUES

Um pé-de-vento cobria de poeira a folhagem das imburanas,

sinhá Vitória catava piolhos no filho mais velho, Baleia descansava

a cabeça na pedra de amolar.

Já as orações coordenadas sindéticas são aquelas ligadas por

meio de conjunções:

Dormiu e sonhou.

As orações coordenadas sindéticas aditivas são ligadas por

meio de conjunções aditivas. Ocorrem quando os fatos estão em

seqüência simples, sem que acrescente outra idéia. As aditivas

típicas são e e nem.

Discutimos as várias propostas e analisamos possíveis

soluções.

Não discutimos as várias propostas, nem (e não) analisamos

quaisquer soluções.

As orações sindéticas aditivas podem também ser ligadas pelas

locuções não só, mas (também), tanto ... como.

Não só provocaram graves problemas, mas (também)

abandonaram os projetos de reestruturação social do país.

As coordenadas sindéticas adversativas são introduzidas pelas

conjunções adversativas. A segunda oração exprime contraste,

oposição ou compensação em relação à anterior. As adversativas

Page 184: APOSTILA DE PORTUGUES

típicas são mas, porém, contudo, todavia, entanto, entretanto, e

as locuções no entanto, não obstante, nada obstante.

Este mundo é redondo mas está ficando muito chato.

O país é extremamente rico; o povo, porém, vive em profunda

penúria.

Já as coordenadas sindéticas alternativas são introduzidas por

conjunções alternativas, indicando pensamentos ou fatos que se

alternam ou excluem. A conjunção alternativa típica é ou. Há

também os pares ora... ora, já... já, quer... quer, seja... seja.

Diga agora ou cale-se para sempre.

Ora atua com dedicação e seriedade, ora age de forma

desleixada e relapsa.

As coordenadas sindéticas conclusivas são introduzidas por

conjunções conclusivas. Nesse caso, a segunda oração exprime

conclusão ou conseqüência lógica da primeira. As conjunções e

locuções típicas são logo, portanto, então, assim, por isso, por

conseguinte, de modo que, em vista disso, pois (apenas quando

não anteposta ao verbo).

Aquela substância é altamente tóxica, logo deve ser manuseada

cautelosamente.

A situação econômica é delicada; devemos, pois, agir

cuidadosamente.

Page 185: APOSTILA DE PORTUGUES

As coordenadas sintéticas explicativas são introduzidas por

conjunções explicativas e exprimem o motivo, a justificativa de se

ter feito a declaração anterior. As conjunções explicativas são que,

porque e pois (anteposta ao verbo).

"Vem, que eu te quero fraco."

Ele se mudou, pois seu apartamento está vazio.

3. Período composto por subordinação:

O período composto por subordinação é aquele composto por

uma oração principal (aquela que tem pelo menos um dos termos

representado por uma oração subordinada) e por orações

subordinadas (aquelas que exercem função sintática em outra

oração).

As orações subordinadas podem ser substantivas, adjetivas e

adverbiais.

Quanto às formas, elas podem ser desenvolvidas (apresentam

verbos numa das formas finitas [tempos do indicativo, subjuntivo,

imperativo], apresentam normalmente conjunção e pronome

relativo) e reduzidas (apresentam verbos numa das formas

nominais [infinitivo, gerúndio, particípio] e não apresentam

conjunções nem pronomes relativos, podem apresentar

preposição):

Eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto.

Eu sinto existir em meu gesto o teu gesto.

Page 186: APOSTILA DE PORTUGUES

As orações subordinadas substantivas exercem funções

substantivas no interior da oração principal de que fazem parte.

Elas podem ser desenvolvidas ou reduzidas e são classificadas de

acordo com suas seis funções: sujeito, objeto direto, objeto indireto,

complemento nominal, predicativo do sujeito e aposto.

As subordinadas substantivas subjetivas são aquelas orações

que exercem a função de sujeito do verbo da oração principal:

É preciso que haja alguma coisa de flor em tudo isso.

É preciso haver alguma coisa de flor em tudo isso.

O verbo da oração principal sempre se apresenta na terceira

pessoa do singular. E os verbos e expressões que apresentam essa

oração como sujeito podem ser divididos em três grupos:

verbos de ligação mais predicativo (é bom, é claro, parece

certo);

verbos na voz passiva sintética ou analítica (sabe-se, conta-

se, foi anunciado);

verbos do tipo convir, cumprir, importar, ocorrer, acontecer,

suceder, parecer, constar, quando na terceira pessoa do

singular.

As subordinadas substantivas objetivas diretas exercem a

função de objeto direto do verbo da oração principal:

Juro que direi a verdade.

Page 187: APOSTILA DE PORTUGUES

Juro dizer a verdade.

Algumas objetivas diretas são introduzidas pela conjunção

subordinativa integrante se e por pronomes interrogativos (onde,

por que, como, quando, quando).

Essas orações ocorrem em formas interrogativas diretas:

Desconheço se ele chegou.

Desconheço quando ele chegou.

Os verbos auxiliares causativos (deixar, mandar e fazer) e os

auxiliares sensitivos (ver, sentir, ouvir e perceber) formam orações

principais que apresentam objeto direto na forma de orações

subordinadas substantivas reduzidas de infinitivo:

Deixe-me partilhar seus segredos.

As subordinadas substantivas objetivas indiretas exercem o

papel de objeto indireto do verbo da oração principal:

Aspiramos a que a situação nacional melhore.

Lembre-me de ajudá-lo em seus afazeres.

As subordinadas substantivas completivas nominais exercem

papel de complemento nominal de um termo da oração principal:

Tenho a sensação de que estamos alcançando uma situação

mais alentadora.

Page 188: APOSTILA DE PORTUGUES

Já as subordinadas substantivas predicativas exercem o papel

de predicativo do sujeito da oração principal:

Nossa constatação é que vida e morte são duas faces de uma

mesma realidade.

As subordinadas substantivas apositivas exercem função de

aposto de um termo da oração principal:

Só desejo uma coisa: que nossa situação melhore.

As orações subordinadas adjetivas exercem a função sintática

dos pronome relativo. Exerce a função sintática de adjunto

adnominal de um termo da oração principal, sendo introduzida por

pronome relativo (que, qual/s, como, quanto/a/s, cujo/a/s, onde).

Estes pronomes relativos podem ser precedidos de preposição.

As subordinadas adjetivas dividem-se em restritivas e

explicativas.

As restritivas restringem o sentido da oração principal, sendo

indispensáveis. Apresentam sentido particularizante do

antecedente.

O professor castigava os alunos que se comportavam mal.

As explicativas tem a função de explicar o sentido da oração

principal, sendo dispensável. Apresentam sentido universalizante do

antecedente.

Page 189: APOSTILA DE PORTUGUES

Grande Sertão: Veredas, que foi publicado em 1956, causou

muito impacto.

Geralmente, as orações explicativas vêm separadas da oração

principal por vírgulas ou travessões.

Os pronomes relativos que introduzem as orações subordinadas

adjetivas desempenham funções sintáticas. Para esse tipo de

análise, deve-se substituir o pronome relativo por seu antecedente e

proceder a análise como se fosse um período simples.

O homem, que é um ser racional, aprende com seus erros -

sujeito

Os trabalhos que faço me dão prazer - objeto direto

Os filmes a que nos referimos são italianos - objeto indireto

O homem rico que ele era hoje passa por dificuldades -

predicativo do sujeito

O filme a que fizeram referência foi premiado - complemento

nominal

O filme cujo artista foi premiado não fez sucesso - adjunto

adnominal

O bandido por quem fomos atacados fugiu - agente da passiva

A escola onde estudamos foi demolida - adjunto adverbial

Page 190: APOSTILA DE PORTUGUES

Cujo sempre funciona como adjunto adnominal; onde como

adjunto adverbial de lugar e como será adjunto adverbial de modo.

As oração subordinadas adverbial corresponde sintaticamente a

um adjunto adverbial, sendo introduzida por conjunções

subordinativas adverbiais. A ordem direta do período é oração

principal + oração subordinada adverbial, entretanto muitas vezes a

oração adverbial vem antes da oração principal.

As orações subordinadas adverbiais podem ser do tipo:

Causal, fator determinante do acontecimento relatado na

oração principal. (Saí apressado, porque estava atrasado)

As principais conjunções são: porque, porquanto, desde que,

já que, visto que, uma vez que, como, que...

A oração causal introduzida por como fica obrigatoriamente

antes da principal.

Consecutiva, resultado ou efeito da ação manifesta na oração

principal. (Saímos tão distraídos, que esquecemos os

ingressos)

As principais conjunções são: que (precedido de tão, tal, tanto,

tamanho), de maneira que, de forma que...

Comparativa, comparação com o que aparece expresso na

oração principal, buscando entre elas semelhanças ou

Page 191: APOSTILA DE PORTUGUES

diferenças. Pode aparecer com o verbo elíptico. (Naquele lugar

chovia, como chove em Belém)

As principais conjunções são: assim como, tal qual, que, do

que, como, quanto...

Condicional, circunstância da qual depende a realização do

fato expresso na oração principal. (Sairei, se você der

autorização)

As principais conjunções são: se (= caso), caso, contanto que,

dado que, desde que, uma vez que, a menos que, sem que,

salvo se, exceto se...

Conformativa, idéia de adequação, de não contradição com o

fato relatado na oração principal. (Saímos na hora, conforme

havíamos combinado)

As principais conjunções são: conforme, como, segundo,

consoante...

Concessiva, admissão de uma circunstância ou idéia

contrária, a qual não impede a realização do fato manifesto na

oração principal. (Saímos cedo, embora o espetáculo fosse

mais tarde)

As principais conjunções: embora, ainda que, se bem que,

mesmo que, apesar de que, conquanto, sem que...

Page 192: APOSTILA DE PORTUGUES

As conjunções concessivas sempre aparecem com verbo no

subjuntivo.

Temporal, circunstância de tempo em que ocorreu o fato

relatado na oração principal. (Saímos de casa, assim que

amanheceu)

As principais conjunções são: quando, assim que, logo que,

tão logo, enquanto, mal, sempre que...

Final, objetivo ou destinação do fato relatado na oração

principal. (Fomos embora, para que não houvesse confusão)

As principais conjunções são: para que, para, a fim de que,

com a finalidade de...

Proporcional, relação existente entre dois elementos, de modo

que qualquer alteração em um deles implique alteração também

no outro. (Os alunos saíram, à medida que terminavam a prova)

As principais conjunções são: à medida que, à proporção que,

enquanto, ao passo que, quanto...

Uma oração pode ser subordinada a uma principal e, ao mesmo

tempo, principal em relação a outra (ele age / como você / para

estar em evidência)

A Norma Gramatical Brasileira não faz referência às orações

adverbiais modais e locativas (introduzida por onde) - Falou sem

que ninguém notasse / Estaciona-se sempre onde é proibido.

Page 193: APOSTILA DE PORTUGUES

As subordinadas reduzidas apresentam duas características

básicas:

não é introduzida por conectivos, mas equivale a uma oração

desenvolvida;

apresenta verbo numa das três formas nominais.

Não é a falta de conectivo que determina a existência de uma

oração reduzida, e sim a forma nominal do verbo.

Classificam-se em reduzida de particípio, gerúndio ou infinitivo,

em função da forma verbal que apresentam.

As reduzidas de infinitivo podem vir ou não precedidas de

preposição e, geralmente, são substantivas ou adverbiais,

raramente adjetivas. As orações adverbiais, em geral, vêm

precedidas de preposição. Entretanto, as proporcionais e as

comparativas são sempre desenvolvidas.

Algumas orações reduzidas de infinitivo merecem atenção: vem

depois dos verbos deixar, mandar, fazer, ver, ouvir, olhar, sentir e

outros verbos causativos e sensitivos. Deixei-os fugir (= que eles

fugissem) - orações subordinada substantiva objetiva direta. Este é

o único caso em que o pronome oblíquo exerce função sintática de

sujeito (caso de sujeito de infinitivo).

As reduzidas de gerúndio, geralmente adverbial, raramente

adjetiva e coordenada aditiva. A maioria das adverbiais são

Page 194: APOSTILA DE PORTUGUES

temporais. Não há consecutiva, comparativa e final reduzida de

gerúndio.

Segundo Rocha Lima, as orações subordinadas adverbiais

modais só aparecem sob a forma reduzida de gerúndio, uma vez

que não existem conj. modais. (A disciplina não se aprende na

fantasia, sonhando, ou estudando)

A reduzida de particípio, geralmente adjetiva ou adverbial,

também sendo mais comuns as temporais. Eventualmente, uma

oração coordenada pode vir como reduzida de gerúndio.

As adjetivas reduzidas de particípio são ponto de discussão

entre os gramáticos. A tendência atual é considerar estes particípios

simples adjetivos (adjuntos adnominais).

4. Concordância nominal:

Na concordância nominal, os determinantes do substantivo

(adjetivos, numerais, pronomes adjetivos e artigos) alteram sua

terminação (gênero e número) para se adequarem a ele, ou a

pronome substantivo ou numeral substantivo, a que se referem na

frase.

O problema da concordância nominal ocorre quando o adjetivo

se relaciona a mais de um substantivo, e surgem palavras ou

expressões que deixam em dúvida.

Observe estas frases:

Aquele beijo foi dado num inoportuno lugar e hora.

Page 195: APOSTILA DE PORTUGUES

Aquele beijo foi dado num lugar e hora inoportuna.

Aquele beijo foi dado num lugar e hora inoportunos. (aqui fica

mais claro que o adjetivo refere-se aos dois substantivos)

regra geral - a partir desses exemplos, pode-se formular o

princípio de que o adjetivo anteposto concorda com o

substantivo mais próximo. Mas, se o adjetivo estiver depois do

substantivo, além da possibilidade de concordar com o mais

próximo, ele pode concordar com os dois termos, ficando no

plural, indo para o masculino se um dos substantivos for

masculino.

Um adjetivo anteposto em referência a nomes de pessoas deve

estar sempre no plural (As simpáticas Joana e Marta agradaram a

todos).

Quando o adjetivo tiver função de predicativo, concorda com

todos os núcleos a que se relaciona. (São calamitosos a pobreza e

o desamparo / Julguei insensatas sua atitude e suas palavras).

Quando um substantivo determinado por artigo é modificado por

dois ou mais adjetivos, podem ser usadas as seguintes

construções:

a) Estudo a cultura brasileira e a portuguesa;

b) Estudo as culturas brasileira e portuguesa;

c) Os dedos indicador e médio estavam feridos;

Page 196: APOSTILA DE PORTUGUES

d) O dedo indicador e o médio estavam feridos.

A construção: Estudo a cultura brasileira e portuguesa, embora

provoque incerteza, é aceita por alguns gramáticos.

No caso de numerais ordinais que se referem a um único

substantivo composto, podem ser usadas as seguintes construções:

a) Falei com os moradores do primeiro e segundo andar./ (...) do

primeiro e segundo andares.

Adjetivos regidos pela preposição de, que se referem a

pronomes indefinidos, ficam normalmente no masculino singular,

podendo surgir concordância atrativa.

a) Sua vida não tem nada de sedutor;

b) Os edifícios da cidade nada têm de elegantes.

Anexo, incluso, obrigado, mesmo, próprio - são adjetivos ou

pronomes adjetivos, devendo concordar com o substantivo a que se

referem.

a) O livro segue anexo;

b) A fotografia vai inclusa;

c) As duplicatas seguem anexas;

d) Elas mesmas resolveram a questão.

Page 197: APOSTILA DE PORTUGUES

Mesmo = até, inclusive é invariável (mesmo eles ficaram

chateados) / expressão "em anexo" é invariável.

Meio, bastante, menos - meio e bastante, quando se referem a

um substantivo, devem concordar com esse substantivo. Quando

funcionarem como advérbios, permanecerão invariáveis. "Menos" é

sempre invariável.

a) Tomou meia garrafa de vinho;

b) Ela estava meio aborrecida;

c) Bastantes alunos foram à reunião;

d) Eles falaram bastante;

e) Eram alunas bastante simpáticas;

f) Havia menos pessoas vindo de casa.

Muito, pouco, longe, caro, barato - podem ser palavras adjetivas

ou advérbios, mantendo concordância se fizerem referência a

substantivos.

a) Compraram livros caros;

b) Os livros custaram caro;

c) Poucas pessoas tinham muitos livros;

d) Leram pouco as moças muito vivas;

e) Andavam por longes terras;

Page 198: APOSTILA DE PORTUGUES

f) Eles moram longe da cidade;

g) Eram mercadorias baratas;

h) Pagaram barato aqueles livros.

É bom, é proibido, é necessário - expressões formadas do verbo

ser + adjetivo Não variam se o sujeito não vier determinado, caso

contrário a concordância será obrigatória.

a) Água é bom;

b) A água é boa;

c) Bebida é proibido para menores;

d) As bebidas são proibidas para menores;

e) Chuva é necessário;

f) Aquela chuva foi necessária.

Só = sozinho (adjetivo. - var.) / só = somente, apenas (não

flexiona).

a) Só elas não vieram;

b) Vieram só os rapazes.

Só forma a expressão "a sós" (sozinhos).

A locução adverbial "a olhos vistos" (= visivelmente) - invariável

(ela crescia a olhos vistos).

Page 199: APOSTILA DE PORTUGUES

Conforme = conformado (adjetivo - var.) / conforme = como (não

flexiona).

a) Eles ficaram conformes com a decisão;

b) Dançam conforme a música.

O (a) mais possível (invariável) / as, os mais possíveis (é uma

moça a mais bela possível / são moças as mais belas possíveis).

Os particípios concordam como adjetivos.

a) A refém foi resgatada do bote;

b) Os materiais foram comprados a prazo;

c) As juízas tinham iniciado a apuração.

Haja vista - não se flexiona, exceto por concordância atrativa

antes de substantivo no plural sem preposição.

a) Haja vista (hajam vistas) os comentários feitos;

b) Haja vista dos recados do chefe.

Pseudo, salvo (= exceto) e alerta não se flexionam

a) Eles eram uns pseudo-sábios;

b) Salvo nós dois, todos fugiram;

c) Eles ficaram alerta.

Page 200: APOSTILA DE PORTUGUES

Os adjetivos adverbializados são invariáveis (vamos falar sério /

ele e a esposa raro vão ao cinema)

Silepse com expressões de tratamento - usa-se adjetivo

masculino em concordância ideológica com um homem ao qual se

relaciona a forma de tratamento que é feminina.

a) Vossa Majestade, o rei, mostrou-se generoso;

b) Vossa Excelência é injusto.

4.1 Regência nominal:

Substantivos, adjetivos e advérbios podem, por regência

nominal, exigir complementação para seu sentido precedida de

preposição.

Segue uma lista de palavras e as preposições exigidas.

Merecem atenção especial as palavras que exigirem preposição A,

por serem passíveis de emprego de crase.

acostumado a, com;

afável com, para;

afeiçoado a, por;

aflito com, por;

alheio a, de;

ambicioso de;

amizade a, por, com;

amor a, por;

ansioso de, para, por;

Page 201: APOSTILA DE PORTUGUES

apaixonado de, por;

apto a, para;

atencioso com, para;

aversão a, por;

ávido de, por;

conforme a;

constante de, em;

constituído com, de, por;

contemporâneo a, de;

contente com, de, em, por;

cruel com, para;

curioso de;

desgostoso com, de;

desprezo a, de, por;

devoção a, por, para, com;

devoto a, de;

dúvida em, sobre, acerca de;

empenho de, em, por;

falta a, com, para;

imbuído de, em;

imune a, de;

inclinação a, para, por;

incompatível com;

junto a, de;

preferível a;

propenso a, para;

próximo a, de;

Page 202: APOSTILA DE PORTUGUES

respeito a, com, de, por, para;

situado a, em, entre;

último a, de, em;

único a, em, entre, sobre.

5. Concordância verbal:

* sujeito simples - verbo concorda com o sujeito simples em

pessoa e número.

a) Uma boa Constituição é desejada por todos os brasileiros;

b) De paz necessitam as pessoas.

* sujeito coletivo (singular na forma com idéia de plural) - verbo

fica no singular, concordando com a palavra escrita não com a

idéia.

O pessoal já saiu.

Quando o verbo se distanciar do sujeito coletivo, o verbo poderá

ir para o plural concordando com a idéia de quantidade (silepse de

número) - a turma concordava nos pontos essenciais, discordavam

apenas nos pormenores.

* sujeito é um pronome de tratamento - verbo fica na 3ª pessoa.

a) Vossa Senhoria não é justo;

b) Vossas Senhorias estão de acordo comigo.

* expressão mais de + numeral - verbo concorda com o numeral.

Page 203: APOSTILA DE PORTUGUES

a) Mais de um candidato prometeu melhorar o país;

b) Mais de duas pessoas vieram à festa.

* mais de um + se (idéia de reciprocidade) - verbo no plural

(Mais de um sócio se insultaram.).

* mais de um + mais de um - verbo no plural (Mais de um

candidato, mais de um representante faltaram à reunião.).

* expressões perto de, cerca de, mais de, menos de + sujeito no

plural - verbo no plural.

a) Perto de quinhentos presos fugiram.

b) Cerca de trezentas pessoas ganharam o prêmio.

c) Mais de mil vozes pediam justiça.

d) Manos de duas pessoas fizeram isto.

* nomes só usados no plural - a concordância depende da

presença ou não de artigo.

sem artigo - verbo no singular (Minas Gerais produz muito

leite / férias faz bem).

precedidos de artigo plural - verbo no plural ("Os Lusíadas"

exaltam a grandeza do povo português / as Minas Gerais

produzem muito leite).

Page 204: APOSTILA DE PORTUGUES

Para nomes de obras literárias, admite-se também a

concordância ideológica (silepse) com a palavra obra implícita na

frase ("Os Lusíadas" exalta a grandeza do povo português).

* expressões a maior parte, grande parte, a maioria de (= sujeito

coletivo partitivo) + adjunto adnominal no plural - verbo concorda

com o núcleo do sujeito ou com o especificador (AA).

a) A maior parte dos constituintes se retirou (retiraram).

b) Grande parte dos torcedores aplaudiu (aplaudiram) a jogada.

c) A maioria dos constituintes votou (votaram).

Quando a ação só pode ser atribuída à totalidade e não

separadamente aos indivíduos, usa-se o singular (um bando de

soldados enchia o pavimento inferior).

* quem (pronome relativo sujeito) - verbo na 3ª pessoa do

singular concordando com o pronome quem ou concorda com o

antecedente.

a) Fui eu quem falou (falei).

b) Fomos nós quem falou (falamos).

* que ( pronome relativo sujeito) - verbo concorda sempre com o

antecedente.

Fomos nós que falamos.

Page 205: APOSTILA DE PORTUGUES

* sujeito é pronome interrogativo ou indefinido (núcleo) + de nós

ou de vós - depende do pronome núcleo.

pronome-núcleo no singular - verbo no singular.

a) Qual de nós votou conscientemente?

b) Nenhum de vós irá ao cinema.

pronome-núcleo no plural - verbo na 3ª pessoa do plural ou

concordando com o pronome pessoal.

a) Quais de nós votaram (votamos) conscientemente?

b) Muitos de vós foram (fostes) insultados.

* sujeito composto anteposto ao verbo - verbo no plural.

O anel e os brincos sumiram da gaveta.

com núcleos sinônimos - verbos no singular ou plural (O

rancor e o ódio cegou o amante. / O desalento e a tristeza

abalaram-me.).

com núcleos em gradação - verbo singular ou plural (um

minuto, uma hora, um dia passa/passam rápido).

dois infinitivos como núcleos - verbo no singular (estudar e

trabalhar é importante.).

dois infinitivos exprimindo idéias opostas - verbo no plural (Rir

e chorar se alternam.).

Page 206: APOSTILA DE PORTUGUES

* sujeito composto posposto - concordância normal ou atrativa

(com o núcleo mais próximo).

Discutiram / discutiu muito o chefe e o funcionário.

Se houver idéia de reciprocidade, verbo vai para o plural

(Estimam-se o chefe e o funcionário.).

Quando o verbo ser está acompanhado de substantivo plural, o

verbo também se pluraliza (Foram vencedores Pedro e Paulo.).

* sujeito composto de diferentes pessoas gramaticais - depende

da pessoa prevalente.

eu + outros pronomes - verbo na 1ª pessoa plural (eu, tu e ele

sairemos).

tu + eles - verbo na 2ª pessoa do plural (preferência) ou 3ª

pessoa do plural (tu e teu colega estudastes/estudaram?).

Se o sujeito estiver posposto, também vale a concordância

atrativa (saímos/saí eu e tu).

* sujeito composto resumido por um pronome-síntese (aposto) -

concordância com o pronome.

Risos, gracejos, piadas, nada a alegrava.

* expressão um e outro - verbo no singular ou no plural (Um e

outro falava/ falavam a verdade.).

Page 207: APOSTILA DE PORTUGUES

Com idéia de reciprocidade - verbo no plural (Um e outro se

agrediram).

* expressão um ou outro - verbo no singular (Um ou outro rapaz

virava a cabeça para nos olhar).

* sujeito composto ligado por nem - verbo no plural (Nem o

conforto, nem a glória lhe trouxeram a felicidade.).

Aparecendo pronomes pessoais misturados, leva-se em conta a

prioridade gramatical (nem eu, nem ela fomos ao cinema).

* expressão nem um nem outro - verbo no singular (Nem um

nem outro comentou o fato.).

* sujeito composto ligado por ou - faz-se em função da idéia

transmitida pelo ou.

idéia de exclusão - verbo no singular (José ou Pedro será

eleito para o cargo / um ou outro conhece seus direitos)

idéia de inclusão ou antinomia - verbo no plural (matemática

ou física exigem raciocínio lógico / riso ou lágrimas fazem parte

da vida)

idéia explicativa ou alternativa - concordância com sujeito

mais próximo (ou eu ou ele irá / ou ele ou eu irei)

* expressão um dos que - verbo no singular (um) ou plural (dos

que).

Ele foi um dos que mais falou/falaram.

Page 208: APOSTILA DE PORTUGUES

Se a expressão significar apenas um, verbo no singular (é uma

das peças de Nelson Rodrigues que será apresentada).

* sujeito é número percentual - observar a posição do número

percentual em relação ao verbo.

verbo concorda com termo posposto ao número (80% da

população tinha mais de 18 anos / dez por cento dos sócios

saíram da empresa).

o verbo concorda com o número quando estiver anteposto a

ele (perderam-se 40% da lavoura).

verbo no plural, se o número vier determinado por artigo ou

pronome no plural (os 87% da produção perderam-se / aqueles

30% do lucro obtido desapareceram).

* sujeito é número fracionário - verbo concorda com o

numerador.

1/4 da turma faltou ontem. / 3/5 dos candidatos foram

reprovados.

* sujeito composto antecedido de cada ou nenhum - verbo na 3ª

pessoa do singular.

Cada criança, cada adolescente, cada adulto ajudava como

podia. / nenhum político, nenhuma cidade, nenhum ser humano

faria isso.

Page 209: APOSTILA DE PORTUGUES

* sujeito composto ligado por como, assim como, bem como

(formas correlativas) - deve-se preferir o plural, sendo mas raro o

singular.

Rio de Janeiro como Florianópolis são belas cidades. / tanto

uma, como a outra, suplicava-lhe o perdão.

* sujeito composto ligado por com - observar presença ou não de

vírgulas.

verbo no plural sem vírgulas (Eu com outros amigos limpamos

o quintal.)

verbo no singular com vírgulas, idéia de companhia (O

presidente, com os ministros, desembarcou em Brasília.)

* sujeito indeterminado + SE, verbo no singular.

Assistiu-se à apresentação da peça.

* sujeito paciente ao lado de um verbo na voz passiva sintética -

verbo concorda com o sujeito.

Discutiu-se o plano. / Discutiram-se os planos.

* locução verbal constituída de: parecer + infinitivo - verbo

parecer varia ou o infinitivo.

a) As pessoas pareciam acreditar em tudo.

b) As pessoas parecia acreditarem em tudo.

Page 210: APOSTILA DE PORTUGUES

Com o infinitivo pronominal, flexiona-se apenas o infinitivo (Elas

parece zangarem-se com a moça.)

* verbos dar, bater e soar + horas - verbos têm como sujeito o

número que indica as horas.

a) Deram dez horas naquele momento.

b) Meio-dia soou no velho relógio da igreja.

* verbos indicadores de fenômenos da natureza - verbo na 3ª

pessoa singular por serem impessoais, extensivo aos auxiliares se

estiverem em locuções verbais.

a) Geia muito no Sul.

b) Choveu por muitas noites no verão.

Em sentido figurado deixam de ser impessoais (Choveram vaias

para o candidato.)

* haver = existir ou acontecer, fazer (tempo decorrido) é

impessoal.

a) Havia vários alunos na sala (= existiam).

b) Houve bastantes acidentes naquele mês (= aconteceram).

c) Não a vejo faz uns meses (= faz).

d) Deve haver muitas pessoas na fila (devem existir).

Page 211: APOSTILA DE PORTUGUES

Considera-se errado o emprego do verbo ter por haver quando

tiver sentido de existir ou acontecer (J há um lugar ali. / L tem um

lugar ali.)

Os verbos existir e acontecer são pessoais e concordam com

seu sujeito (Existiam sérios compromissos. / Aconteceram

bastantes problemas naquele dia.)

* verbo fazer indicando tempo decorrido ou fenômeno da

natureza (impessoal).

a) Fazia anos que não vínhamos ao Rio.

b) Faz verões maravilhosos nos trópicos.

* verbo ser - impessoal quando indica data hora e distância,

concordando com a expressão numérica ou a palavra a que se

refere (Eram seis horas. / Hoje é dia doze. / Hoje é ou são doze. /

Daqui ao centro são treze quilômetros.).

* se estiver entre dois núcleos das classes a seguir, em ordem,

concordará, preferencialmente, com a classe que tiver prioridade,

independente de função sintática.

* pronome pessoal → pessoa → substantivo concreto →

substantivo abstrato → pronome indefinido, demonstrativo ou

interrogativo.

a) Tu és Maria.

b) Maria és tu.

Page 212: APOSTILA DE PORTUGUES

c) Tu és minhas alegrias.

d) Minhas alegrias és tu.

e) Maria é minhas alegrias.

f) Minhas alegrias é Maria.

g) As terras são a riqueza.

h) A riqueza são as terras.

i) Tudo são flores.

j) Emoções são tudo.

* se o sujeito é palavra coletiva, o verbo concorda com o

predicativo (A maioria eram adolescentes. / A maior parte eram

problemas.).

* sujeito indica peso, medida, quantidade + é pouco, é muito, é

bastante, é suficiente, é tanto, verbo ser no singular (Três mil reais

é pouco pelo serviço. / Dez quilômetros já é bastante para um dia.).

* silepse de pessoa - verbo concorda com um elemento implícito.

a) A formosura de Páris e Helena foram causa da destruição de

Tróia.

b) Os brasileiros somos improvisadores (idéia de inclusão de

quem fala entre os brasileiros).

5.1 a regência verbal:

Page 213: APOSTILA DE PORTUGUES

Dá-se quando o termo regente é um verbo e este se liga a seu

complemento por uma preposição ou não. Aqui é fundamental o

conhecimento da transitividade verbal.

A preposição, quando exigida, nem sempre aparece depois do

verbo. Às vezes, ela pode ser empregada antes do verbo, bastando

para isso inverter a ordem dos elementos da frase (Na rua dos

Bobos, residia um grande poeta). Outras vezes, ela deve ser

empregada antes do verbo, o que acontece nas orações iniciadas

pelos pronomes relativos (O ideal a que aspira é nobre).

alguns verbos e seu comportamento:

ACONSELHAR (TD e I)

Aconselho-o a tomar o ônibus cedo.

Aconselho-lhe tomar o ônibus cedo.

AGRADAR

* no sentido de acariciar ou contentar (pede objeto direto - não

tem preposição).

Agrado minhas filhas o dia inteiro.

Para agradar o pai, ficou em casa naquele dia.

* no sentido de ser agradável, satisfazer (pede objeto indireto -

tem preposição "a").

As medidas econômicas do Presidente nunca agradam ao povo.

Page 214: APOSTILA DE PORTUGUES

AGRADECER

* TD e I, com a preposição A. O objeto direto sempre será a

coisa, e o objeto indireto, a pessoa.

Agradecer-lhe-ei os presentes.

Agradeceu o presente ao seu namorado.

AGUARDAR (TD ou TI)

Eles aguardavam o espetáculo.

Eles aguardavam pelo espetáculo.

ASPIRAR

* No sentido sorver, absorver (pede objeto direto - não tem

preposição).

Aspiro o ar fresco de Rio de Contas.

* No sentido de almejar, objetivar (pede objeto indireto - tem

preposição "a").

Ele aspira à carreira de jogador de futebol.

Não admite a utilização do complemento lhe. No lugar, coloca-se

a ele, a ela, a eles, a elas. Também observa-se a obrigatoriedade

do uso de crase, quando for TI seguido de substantivo feminino

(que exija o artigo)

ASSISTIR

Page 215: APOSTILA DE PORTUGUES

* No sentido de ver ou ter direito (TI - preposição A).

Assistimos a um bom filme.

Assiste ao trabalhador o descanso semanal remunerado.

* No sentido de prestar auxílio, ajudar (TD ou TI - com a

preposição A)

Minha família sempre assistiu o Lar dos Velhinhos.

Minha família sempre assistiu ao Lar dos Velhinhos.

* No sentido de morar é intransitivo, mas exige preposição EM.

Aspirando a um cargo público, ele vai assistir em Brasília.

Não admite a utilização do complemento lhe, quando significa

ver. No lugar, coloca-se a ele, a ela, a eles, a elas. Também

observa-se a obrigatoriedade do uso de crase, quando for TI

seguido de substantivo feminino (que exija o artigo)

ATENDER

* Atender pode ser TD ou TI, com a preposição a.

Atenderam o meu pedido prontamente.

Atenderam ao meu pedido prontamente.

No sentido de deferir ou receber (em algum lugar) pede objeto

direto

Page 216: APOSTILA DE PORTUGUES

No sentido de tomar em consideração, prestar atenção pede

objeto indireto com a preposição a.

Se o complemento for um pronomes pessoal referente a pessoa,

só se emprega a forma objetiva direta (O diretor atendeu os

interessados ou aos interessados / O diretor atendeu-os)

CERTIFICAR (TD e I)

Admite duas construções: Quem certifica, certifica algo a alguém

ou Quem certifica, certifica alguém de algo.

Observa-se a obrigatoriedade do uso de crase, quando o OI for

um substantivo feminino (que exija o artigo)

Certifico-o de sua posse.

Certifico-lhe que seria empossado.

Certificamo-nos de seu êxito no concurso.

Certificou o escrivão do desaparecimento dos autos.

CHAMAR

* TD, quando significar convocar.

Chamei todos os sócios, para participarem da reunião.

* TI, com a preposição POR, quando significar invocar.

Chamei por você insistentemente, mas não me ouviu.

Page 217: APOSTILA DE PORTUGUES

* TD e I, com a preposição A, quando significar repreender.

Chamei o menino à atenção, pois estava conversando durante a

aula.

Chamei-o à atenção.

A expressão "chamar a atenção de alguém" não significa

repreender, e sim fazer se notado (O cartaz chamava a atenção de

todos que por ali passavam)

* Pode ser TD ou TI, com a preposição A, quando significar dar

qualidade. A qualidade (predicativo do objeto) pode vir precedida da

preposição DE, ou não.

Chamaram-no irresponsável.

Chamaram-no de irresponsável.

Chamaram-lhe irresponsável.

Chamaram-lhe de irresponsável.

CHEGAR, IR (Intransitivo)

Aparentemente eles têm complemento, pois quem vai, vai a

algum lugar e quem chega, chega de. Porém a indicação de lugar é

circunstância (adjunto adverbial de lugar), e não complementação.

Esses verbos exigem a preposição A, na indicação de destino, e

DE, na indicação de procedência.

Page 218: APOSTILA DE PORTUGUES

Quando houver a necessidade da preposição A, seguida de um

substantivo feminino (que exija o artigo a), ocorrerá crase (Vou à

Bahia)

* no emprego mais freqüente, usam a preposição A e não EM.

Cheguei tarde à escola.

Foi ao escritório de mau humor.

* se houver idéia de permanência, o verbo ir segue-se da

preposição PARA.

Se for eleito, ele irá para Brasília.

* quando indicam meio de transporte no qual se chega ou se vai,

então exigem EM.

Cheguei no ônibus da empresa.

A delegação irá no vôo 300.

COGITAR

* Pode ser TD ou TI, com a preposição EM, ou com a preposição

DE.

Começou a cogitar uma viagem pelo litoral.

Hei de cogitar no caso.

O diretor cogitou de demitir-se.

Page 219: APOSTILA DE PORTUGUES

COMPARECER (Intransitivo)

Compareceram na sessão de cinema.

Compareceram à sessão de cinema.

COMUNICAR (TD e I)

* Admite duas construções alternando algo e alguém entre OD e

OI.

Comunico-lhe meu sucesso.

Comunico meu sucesso a todos.

CUSTAR

* No sentido de ser difícil será TI, com a preposição A. Nesse

caso, terá como sujeito aquilo que é difícil, nunca a pessoa, que

será objeto indireto.

Custou-me acreditar em Hipocárpio.

Custa a algumas pessoas permanecer em silêncio.

* no sentido de causar transtorno, dar trabalho será TD e I, com

a preposição A.

Sua irresponsabilidade custou sofrimento a toda a família.

* no sentido de ter preço será intransitivo.

Estes sapatos custaram R$ 50,00.

Page 220: APOSTILA DE PORTUGUES

DESFRUTAR E USUFRUIR (TD)

Desfrutei os bens de meu pai.

Pagam o preço do progresso aqueles que menos o desfrutam.

ENSINAR - TD e I

Ensinei-o a falar português.

Ensinei-lhe o idioma inglês.

ESQUECER, LEMBRAR

* quando acompanhados de pronomes, são TI e constroem-se

com DE.

Ela se lembrou do namorado distante. Você se esqueceu da

caneta no bolso do paletó.

* constroem-se sem preposição (TD), se desacompanhados de

pronome.

Você esqueceu a caneta no bolso do paletó. Ela lembrou o

namorado distante.

FALTAR, RESTAR E BASTAR

* Podem ser intransitivos ou TI, com a preposição A.

Muitos alunos faltaram hoje.

Três homens faltaram ao trabalho hoje.

Page 221: APOSTILA DE PORTUGUES

Resta aos vestibulandos estudar bastante.

IMPLICAR

* TD e I com a preposição EM, quando significar envolver

alguém.

Implicaram o advogado em negócios ilícitos.

* TD, quando significar fazer supor, dar a entender; produzir

como conseqüência, acarretar.

Os precedentes daquele juiz implicam grande honestidade.

Suas palavras implicam denúncia contra o deputado.

* TI com a preposição COM, quando significar antipatizar.

Não sei por que o professor implica comigo.

Emprega-se preferentemente sem a preposição EM (Magistério

implica sacrifícios)

INFORMAR (TD e I)

Admite duas construções: Quem informa, informa algo a alguém

ou Quem informa, informa alguém de algo.

Informei-o de que suas férias terminou.

Informei-lhe que suas férias terminou.

MORAR, RESIDIR, SITUAR-SE (Intransitivo)

Page 222: APOSTILA DE PORTUGUES

* Seguidos da preposição EM e não com a preposição A, como

muitas vezes acontece.

Moro em Londrina.

Resido no Jardim Petrópolis.

Minha casa situa-se na rua Cassiano.

NAMORAR (TD)

Ela namorava o filho do delegado.

O mendigo namorava a torta que estava sobre a mesa.

OBEDECER, DESOBEDECER (TI)

Devemos obedecer às normas. / Por que não obedeces aos teus

pais?

Verbos TI que admitem formação de voz passiva:

PAGAR, PERDOAR

São TD e I, com a preposição A. O objeto direto sempre será a

coisa, e o objeto indireto, a pessoa.

Paguei a conta ao Banco.

Perdôo os erros ao amigo.

As construções de voz passiva com esses verbos são comuns

na fala, mas agramaticais

Page 223: APOSTILA DE PORTUGUES

PEDIR (TD e I)

* Quem pede, pede algo a alguém. Portanto é errado dizer Pedir

para que alguém faça algo.

Pediram-lhe perdão.

Pediu perdão a Deus.

PRECISAR

* No sentido de tornar preciso (pede objeto direto).

O mecânico precisou o motor do carro.

* No sentido de ter necessidade (pede a preposição de).

Preciso de bom digitador.

PREFERIR (TD e I)

* Não se deve usar mais, muito mais, antes, mil vezes, nem que

ou do que.

Preferia um bom vinho a uma cerveja.

PROCEDER

* TI, com a preposição A, quando significar dar início ou realizar.

Os fiscais procederam à prova com atraso.

Procedemos à feitura das provas.

Page 224: APOSTILA DE PORTUGUES

* TI, com a preposição DE, quando significar derivar-se, originar-

se ou provir.

O mau-humor de Pedro procede da educação que recebeu.

Esta madeira procede do Paraná.

* Intransitivo, quando significar conduzir-se ou ter fundamento.

Suas palavras não procedem!

Aquele funcionário procedeu honestamente.

QUERER

* No sentido de desejar, ter a intenção ou vontade de, tencionar

(TD).

Quero meu livro de volta.

Sempre quis seu bem.

* No sentido de querer bem, estimar (TI - preposição A).

Maria quer demais a seu namorado.

Queria-lhe mais do que à própria vida.

RENUNCIAR

* Pode ser TD ou TI, com a preposição A.

Ele renunciou o encargo.

Page 225: APOSTILA DE PORTUGUES

Ele renunciou ao encargo.

RESPONDER

* TI, com a preposição A, quando possuir apenas um

complemento.

Respondi ao bilhete imediatamente.

Respondeu ao professor com desdém.

Nesse caso, não aceita construção de voz passiva.

* TD com OD para expressar a resposta (respondeu o quê?)

Ele apenas respondeu isso e saiu.

REVIDAR (TI)

Ele revidou ao ataque instintivamente.

SIMPATIZAR E ANTIPATIZAR (TI)

* Com a preposição COM. Não são pronominais, portanto não

existe simpatizar-se, nem antipatizar-se.

Sempre simpatizei com Eleodora, mas antipatizo com o irmão

dela.

SOBRESSAIR (TI)

* Com a preposição EM. Não é pronominal, portanto não existe

sobressair-se.

Page 226: APOSTILA DE PORTUGUES

Quando estava no colegial, sobressaía em todas as matérias.

VISAR

* no sentido de ter em vista, objetivar (TI - preposição A)

Não visamos a qualquer lucro.

A educação visa ao progresso do povo.

* No sentido de apontar arma ou dar visto (TD)

Ele visava a cabeça da cobra com cuidado.

Ele visava os contratos um a um.

Se TI não admite a utilização do complemento lhe. No lugar,

coloca-se a ele (a/s)

São estes os principais verbos que, quando TI, não aceitam

LHE/LHES como complemento, estando em seu lugar a ele (a/s) -

aspirar, visar, assistir (ver), aludir, referir-se, anuir.

Avisar, advertir, certificar, cientificar, comunicar, informar,

lembrar, noticiar, notificar, prevenir são TD e I, admitindo duas

construções: Quem informa, informa algo a alguém ou Quem

informa, informa alguém de algo.

Os verbos transitivos indiretos na 3ª pessoa do singular,

acompanhados do pronome se, não admitem plural. É que, neste

caso, o se indica sujeito indeterminado, obrigando o verbo a ficar na

Page 227: APOSTILA DE PORTUGUES

terceira pessoa do singular. (Precisa-se de novas esperanças /

Aqui, obedece-se às leis de ecologia)

* Verbos que podem ser usados como TD ou TI, sem alteração

de sentido: abdicar (de), acreditar (em), almejar (por), ansiar (por),

anteceder (a), atender (a), atentar (em, para), cogitar (de, em),

consentir (em), deparar (com), desdenhar (de), gozar (de),

necessitar (de), preceder (a), precisar (de), presidir (a), renunciar

(a), satisfazer (a), versar (sobre) - lista de Pasquale e Ulisses.

as variáveis na conjugação de alguns verbos:

Existem algumas variáveis na conjugação de alguns verbos. Os

lingüistas chamam os desvios de variáveis, enquanto os gramáticos

tratam-nos como erros.

verbo ver e derivados.

Forma popular: se eu ver, se eu rever, se eu revesse.

Forma padrão: se eu vir, se eu revir, se eu revisse.

verbo vir e derivados.

Forma popular: se eu vir, seu eu intervir, eu intervi, ele interviu,

eles proviram.

Forma padrão: seu eu vier, se eu intervier, eu intervim, ele

interveio, eles provieram.

ter e seus derivados.

Page 228: APOSTILA DE PORTUGUES

Forma popular: quando eu obter, se eu mantesse, ele deteu.

Forma padrão: quando eu obtiver, se eu mantivesse, ele

deteve.

pôr e seus derivados.

Forma popular: quando eu compor, se eu disposse, eles

disporam.

Forma padrão: quando eu compuser, se eu dispusesse, eles

dispuseram.

reaver.

Forma popular: eu reavi, eles reaveram, ela reavê.

Forma padrão: eu reouve, eles reouveram, ela reouve.

6. Pontuação:

Há certos recursos da linguagem - pausa, melodia, entonação e

até mesmo, silêncio - que só estão presentes na oralidade. Na

linguagem escrita, para substituir tais recursos, usamos os sinais de

pontuação.

Estes são também usados para destacar palavras, expressões

ou orações e esclarecer o sentido de frases, a fim de dissipar

qualquer tipo de ambigüidade.

ponto:

Page 229: APOSTILA DE PORTUGUES

Emprega-se o ponto, basicamente, para indicar o término de um

frase declarativa de um período simples ou composto.

Desejo-lhe uma feliz viagem.

A casa, quase sempre fechada, parecia abandonada, no entanto

tudo no seu interior era conservado com primor.

O ponto é também usado em quase todas as abreviaturas, por

exemplo: fev. = fevereiro, hab. = habitante, rod. = rodovia.

O ponto que é empregado para encerrar um texto escrito recebe

o nome de ponto final.

o ponto-e-vírgula:

Utiliza-se o ponto-e-vírgula para assinalar uma pausa maior do

que a da vírgula, praticamente uma pausa intermediária entre o

ponto e a vírgula.

Geralmente, emprega-se o ponto-e-vírgula para:

a) separar orações coordenadas que tenham um certo sentido

ou aquelas que já apresentam separação por vírgula:

Criança, foi uma garota sapeca; moça, era inteligente e alegre;

agora, mulher madura, tornou-se uma doidivanas.

b) separar vários itens de uma enumeração:

Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes

princípios:

Page 230: APOSTILA DE PORTUGUES

I - igualdade de condições para o acesso e permanência na

escola;

II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o

pensamento, a arte e o saber;

III - pluralismo de idéias e de concepções, e coexistência de

instituições públicas e privadas de ensino;

IV - gratuidade do ensino em estabelecimentos oficiais;

(Constituição da República Federativa do Brasil)

dois-pontos:

Os dois-pontos são empregados para:

a) uma enumeração:

... Rubião recordou a sua entrada no escritório do Camacho, o

modo porque falou: e daí tornou atrás, ao próprio ato.

Estirado no gabinete, evocou a cena: o menino, o carro, os

cavalos, o grito, o salto que deu, levado de um ímpeto irresistível...

(Machado de Assis)

b) uma citação:

Visto que ela nada declarasse, o marido indagou:

- Afinal, o que houve?

Page 231: APOSTILA DE PORTUGUES

c) um esclarecimento:

Joana conseguira enfim realizar seu desejo maior: seduzir

Pedro. Não porque o amasse, mas para magoar Lucila.

Observe que os dois-pontos são também usados na introdução

de exemplos, notas ou observações.

Parônimos são vocábulos diferentes na significação e parecidos

na forma. Exemplos: ratificar/retificar, censo/senso,

descriminar/discriminar etc.

Nota: A preposição per, considerada arcaica, somente é usada

na frase de per si (= cada um por sua vez, isoladamente).

Observação: Na linguagem coloquial pode-se aplicar o grau

diminutivo a alguns advérbios: cedinho, longinho, melhorzinho,

pouquinho etc.

NOTA

A invocação em correspondência (social ou comercial) pode ser

seguida de dois-pontos ou de vírgula:

Querida amiga:

Prezados senhores,

ponto de interrogação:

O ponto de interrogação é empregado para indicar uma pergunta

direta, ainda que esta não exija resposta:

Page 232: APOSTILA DE PORTUGUES

O criado pediu licença para entrar:

- O senhor não precisa de mim?

- Não obrigado. A que horas janta-se?

- Às cinco, se o senhor não der outra ordem.

- Bem.

- O senhor sai a passeio depois do jantar? de carro ou a cavalo?

- Não.

(José de Alencar)

ponto de exclamação:

O ponto de exclamação é empregado para marcar o fim de

qualquer enunciado com entonação exclamativa, que normalmente

exprime admiração, surpresa, assombro, indignação etc.

- Viva o meu príncipe! Sim, senhor... Eis aqui um comedouro

muito compreensível e muito repousante, Jacinto!

- Então janta, homem!

(Eça de Queiroz)

NOTA

O ponto de exclamação é também usado com interjeições e

locuções interjetivas:

Page 233: APOSTILA DE PORTUGUES

Oh!

Valha-me Deus!

O uso da vírgula:

Emprega-se a vírgula (uma breve pausa):

a) para separar os elementos mencionados numa relação:

A nossa empresa está contratando engenheiros, economistas,

analistas de sistemas e secretárias.

O apartamento tem três quartos, sala de visitas, sala de jantar,

área de serviço e dois banheiros.

Mesmo que o e venha repetido antes de cada um dos elementos

da enumeração, a vírgula deve ser empregada:

Rodrigo estava nervoso. Andava pelos cantos, e gesticulava, e

falava em voz alta, e ria, e roía as unhas.

b) para isolar o vocativo:

Cristina, desligue já esse telefone!

Por favor, Ricardo, venha até o meu gabinete.

c) para isolar o aposto:

Dona Sílvia, aquela mexeriqueira do quarto andar, ficou presa no

elevador.

Page 234: APOSTILA DE PORTUGUES

Rafael, o gênio da pintura italiana, nasceu em Urbino.

d) para isolar palavras e expressões explicativas (a saber, por

exemplo, isto é, ou melhor, aliás, além disso etc.):

Gastamos R$ 5.000,00 na reforma do apartamento, isto é, tudo

o que tínhamos economizado durante anos.

Eles viajaram para a América do Norte, aliás, para o Canadá.

e) para isolar o adjunto adverbial antecipado:

Lá no sertão, as noites são escuras e perigosas.

Ontem à noite, fomos todos jantar fora.

f) para isolar elementos repetidos:

O palácio, o palácio está destruído.

Estão todos cansados, cansados de dar dó!

g) para isolar, nas datas, o nome do lugar:

São Paulo, 22 de maio de 1995.

Roma, 13 de dezembro de 1995.

h) para isolar os adjuntos adverbiais:

A multidão foi, aos poucos, avançando para o palácio.

Os candidatos serão atendidos, das sete às onze, pelo próprio

gerente.

Page 235: APOSTILA DE PORTUGUES

i) para isolar as orações coordenadas, exceto as introduzidas

pela conjunção e:

Ele já enganou várias pessoas, logo não é digno de confiança.

Você pode usar o meu carro, mas tome muito cuidado ao dirigir.

Não compareci ao trabalho ontem, pois estava doente.

j) para indicar a elipse de um elemento da oração:

Foi um grande escândalo. Às vezes gritava; outras,

estrebuchava como um animal.

Não se sabe ao certo. Paulo diz que ela se suicidou, a irmã, que

foi um acidente.

k) para separar o paralelismo de provérbios:

Ladrão de tostão, ladrão de milhão.

Ouvir cantar o galo, sem saber onde.

l) após a saudação em correspondência (social e comercial):

Com muito amor,

Respeitosamente,

m) para isolar as orações adjetivas explicativas:

Marina, que é uma criatura maldosa, "puxou o tapete" de Juliana

lá no trabalho.

Page 236: APOSTILA DE PORTUGUES

Vidas Secas, que é um romance contemporâneo, foi escrito por

Graciliano Ramos.

n) para isolar orações intercaladas:

Não lhe posso garantir nada, respondi secamente.

O filme, disse ele, é fantástico.

6.1 Crase:

Crase não é acento, e sim superposição de dois "as". O primeiro

é uma preposição, o segundo, pode ser um artigo definido, um

pronome demonstrativo a(as) ou aquele(a/s),e aquilo. O acento que

marca este fenômeno é o grave (`).

O domínio da crase depende de o aluno conhecer a regência de

alguns verbos e nomes.

- crase da preposição a com o artigo definido a(s):

Condições necessárias para ocorrer crase: termo regente deve

exigir a preposição e o termo regido tem de ser uma palavra

feminina que admita artigo.

Uma dica é trocar a palavra feminina por uma masculina

equivalente, se aparecer ao (s) usa-se crase, caso apareça a ou o

(s) não haverá crase

a) Todos iriam à reunião.

b) Todos iriam ao encontro.

Page 237: APOSTILA DE PORTUGUES

A crase é obrigatória:

- em locuções prepositivas, adverbiais ou conjuntivas

(femininas).

à queima-roupa, às cegas, às vezes, à beça, à medida que, à

proporção que, à procura de, à vontade

Em expressões que indicam instrumento, crase é opcional

(escrevi a (à) máquina.)

- expressão à moda de, mesmo que subentendida.

a) Era um penteado à francesa.

b) O jogador fez um gol à Pele.

- quando as palavras "rua", "loja", "estação de rádio" estiverem

subentendidas.

Maria dirigiu-se à Globo (estação de rádio).

As situações onde não existe crase são:

- antes de palavra masculina e verbos.

a) Vende-se a prazo.

b) O texto foi redigido a lápis.

c) Ele começou a fazer dietas.

- antes de artigo indefinido e numeral cardinal (exceto em horas).

Page 238: APOSTILA DE PORTUGUES

a) Refiro-me a uma blusa mais fina.

b) O vilarejo fica a duas léguas daqui.

- antes dos pronomes pessoais, inclusive as formas de

tratamento.

a) Enviei uma mensagem a Vossa Majestade.

b) Nada direi a ela.

Neste caso, os pronomes senhora e senhorita são exceções.

- antes de pronomes demonstrativos esta (s) e essa (s).

a) Refiro-me a estas flores.

b) Não deram valor a esta idéia.

- antes de pronomes indefinidos, com exceção de outra.

a) Direi a todas as pessoas.

b) Fiz alusão a esta moça e à outra.

- antes da preposição a tiver outra preposição.

Compareceu perante a juíza no dia da audiência.

Com a preposição até o uso é facultativo.

- no meio de expressões com palavras repetitivas.

Ficamos cara a cara.

Page 239: APOSTILA DE PORTUGUES

- no a singular seguido de palavra no plural.

Pediu apoio a pessoas estranhas.

Não haverá crase antes de pronome interrogativo.

Na expressão devido à (s) + palavra feminina ocorre a crase.

- palavra feminina tomada em sentido genérico.

Apena pode ir de advertência a multa.

Havendo determinação, a crase é indispensável (Ele admite ter

cedido à pressão dos superiores.)

Na dúvida, e excluída qualquer das hipóteses tratadas, basta

substituir a palavra feminina por uma masculina equivalente. Se

ocorrer ao no masculino, haverá crase.

Fui à cidade fazer compras - (ao supermercado).

A crase é facultativa:

- antes de nomes próprios femininos (exceto em nomes de

personalidade pública - sem artigo):

Enviei um presente a (à) Maria.

A exceção ocorre quando o nome feminino vier acompanhado

de uma expressão que a determine a crase é obrigatória (Dedico

minha vida à Rosa do Jaboatão)

- antes do pronome adjetivo possessivo feminino singular:

Page 240: APOSTILA DE PORTUGUES

a) Pediu informações a minha secretária.

b) Pediu informações à minha secretária.

c) Pediu informações a minhas secretárias.

d) Pediu informações as minhas secretárias.

e) Pediu informações às minhas secretárias.

Se o pronome possessivo for substantivo e por regência a

preposição for exigida, a crase será obrigatória (Foi a [à] sua cidade

natal e à minha)

- antes de topônimos, a menos que estejam determinados.

a) Iremos a Curitiba.

b) Iremos à bela Curitiba.

c) Iremos à Bahia.

Quando o topônimo não estiver determinado, usa-se o teste da

troca do verbo para chegar. Se nesta troca aparecer chego da, há

crase; se for chego de, não há crase.

- Crase da preposição a com o pronome demonstrativo e

relativo:

Com os demonstrativos aquele (s), aquela (s) e aquilo, basta

verificar se, por regência, alguma palavra pede a preposição que irá

se fundir com o "a" inicial do próprio pronome.

Page 241: APOSTILA DE PORTUGUES

Uma dica é trocar aquele (a/s) por este (a/s) e aquilo por isto, se

antes aparecer a, há crase.

a) Enviei presentes àquela menina.

b) A matéria não se relaciona àqueles problemas.

c) Não se de ênfase àquilo.

O pronome demonstrativo a (s) aparece antes de que ou de e

pode ser trocado por aquela (s). Deve-se fazer o teste da troca por

um masculino similar e verificar se aparece ao (s)

a) Esta estrada é paralela à que corta a cidade (o caminho é

paralelo ao que corta a cidade).

b) Conheço a moça de azul, não a de branco.

Antes dos pronomes relativos "que" e "quem" não ocorre crase.

Já o pronome qual (s) admite crase

Uma dica é trocar o substantivo feminino anterior ao pronome

por um masculino, se aparecer ao (s) há crase

a) A menina a que me refiro não estudou.

b) A professora a quem me refiro é bonita.

b) A fama à qual almejo não é difícil.

Casos especiais sobre o uso da crase:

- antes da palavra casa:

Page 242: APOSTILA DE PORTUGUES

Quando a palavra casa significa lar, domicílio e não vem

acompanhada de adjetivo, ou locução adjetiva, não se usa a crase.

Iremos a casa assim que chegarmos (iremos ao lar assim que

chegarmos).

Quando a palavra casa estiver modificada por adjetivo ou

locução adjetiva.

Iremos à casa de minha mãe.

- antes da palavra terra:

Oposto de mar, ar e bordo - não há crase

O Marinheiro forma a terra.

Quando terra significa solo, planeta ou lugar - pode haver crase.

a) Voltei à terra natal.

b) A espaçonave voltará à Terra em um mês.

- antes da palavra distância:

Não se usa crase, salvo se vier determinada.

a) Via-se o barco à distância de quinhentos metros

(determinado).

b) Olhava-nos a distância.

Page 243: APOSTILA DE PORTUGUES

1. Em qual das alternativas o uso do acento indicativo de crase é

facultativo?

a) Minhas idéias são semelhantes às suas.

b) Ele tem um estilo à Eça de Queiroz

c) Dei um presente à Mariana.

d) Fizemos alusão à mesma teoria.

e) Cortou o cabelo à Gal Costa.

2. "O pobre fica ___ meditar, ___ tarde, indiferente ___ que

acontece ao seu redor".

a) à - a - aquilo

b) a - a - àquilo

c) a - à - àquilo

d) à - à - aquilo

e) à - à - àquilo

3. "A casa fica ___ direita de quem sobe a rua, __- duas quadras da

Avenida Central".

a) à - há

b) a - à

c) a - há

d) à - a

e) à - à

Page 244: APOSTILA DE PORTUGUES

4. "O grupo obedece ___ comando de um pernambucano, radicado

___ tempos em São Paulo, e se exibe diariamente ___ hora do

almoço".

a) o - à - a

b) ao - há - à

c) ao - a - a

d) o - há - a

e) o - a - a

5. "Nesta oportunidade, volto ___ referir-me ___ problemas já

expostos ___ V. Sª ___ alguns dias".

a) à - àqueles - a - há

b) a - àqueles - a - há

c) a - aqueles - à - a

d) à - àqueles - a - a

e) a - aqueles - à - há

6. Assinale a frase gramaticalmente correta:

a) O Papa caminhava à passo firme.

b) Dirigiu-se ao tribunal disposto à falar ao juiz.

c) Chegou à noite, precisamente as dez horas.

d) Esta é a casa à qual me referi ontem às pressas.

e) Ora aspirava a isto, ora aquilo, ora a nada.

7. O Ministro informou que iria resistir _____ pressões contrárias

_____ modificações relativas _____ aquisição da casa própria.

Page 245: APOSTILA DE PORTUGUES

a) às - àquelas _ à

b) as - aquelas - a

c) às àquelas - a

d) às - aquelas - à

e) as - àquelas - à

8. A alusão _____ lembranças da casa materna trazia _____ tona

uma vivência _____ qual já havia renunciado.

a) às - a - a

b) as - à - há

c) as - a - à

d) às - à - à

e) às - a - há

9. Use a chave ao sair ou entrar __________ 20 horas.

a) após às

b) após as

c) após das

d) após a

e) após à

10. _____ dias não se consegue chegar _____ nenhuma das

localidades _____ que os socorros se destinam.

a) Há - à - a

b) A - a - a

c) À - à - a

Page 246: APOSTILA DE PORTUGUES

d) Há - a - a

e) À - a - a

11. Fique _____ vontade; estou _____ seu inteiro dispor para ouvir

o que tem _____ dizer.

a) a - à - a

b) à - a - a

c) à - à - a

d) à - à - à

e) a - a - a

12. No tocante _____ empresa _____ que nos propusemos _____

dois meses, nada foi possível fazer.

a) àquela - à - à

b) aquela - a - a

c) àquela - à - há

d) aquela - à - à

e) àquela - a - há

13. Chegou-se _____ conclusão de que a escola também é

importante devido _____ merenda escolar que é distribuída

gratuitamente _____ todas as crianças.

a) à - à - à

b) a - à - a

c) a - à - à

Page 247: APOSTILA DE PORTUGUES

d) à - à - a

e) à - a - a

14. A tese _____ aderimos não é aquela _____ defendêramos no

debate sobre os resultados da pesquisa.

a) a qual - que

b) a que - que

c) à que - a que

d) a que - a que

e) a qual a que

15. Em relação _____ mímica, deve-se dizer que ela exerce função

paralela _____ da linguagem.

a) a - a

b) à - à

c) a - à

d) à - aquela

e) a - àquela

16. Foi _____ mais de um século que, numa reunião de escritores,

se propôs a maldição do cientista que reduzira o arco-íris _____

simples matéria: era uma ameaça _____ poesia.

a) a - a - à

b) há - à - a

c) há - à - à

Page 248: APOSTILA DE PORTUGUES

d) a - a - a

e) há - a - à

17. A estrela fica _____ uma distância enorme, _____ milhares de

anos-luz, e não é visível _____ olho nu.

a) a - à - à

b) a - a - a

c) à - a - a

d) à - à - a

e) à - a - à

18. Estava __________ na vida, vivia _____ expensas dos amigos.

a) atoa - as

b) a toa - à

c) a tôa - às

d) à toa - às

e) à toa - as

19. Estavam _____ apenas quatro dias do início das aulas, mas ele

não estava disposto _____ retomar os estudos.

a) há - à

b) a - a

c) à - a

d) há - a

e) a - à

Page 249: APOSTILA DE PORTUGUES

20. Disse _____ ela que não insistisse em amar _____ quem não

_____ queria.

a) a - a - a

b) a - a - à

c) à - a - a

d) à - à - à

e) a - à - à

21. Quanto _____ suas exigências, recuso-me _____ levá-las

_____ sério.

a) às - à - a

b) a - a - a

c) as - à - à

d) à - a - à

e) as - a - a

22. Quanto _____ problema, estou disposto, para ser coerente

__________ mesmo, _____ emprestar-lhe minha colaboração.

a) aquele - para mim - a

b) àquele - comigo - a

c) aquele - comigo - à

d) aquele - por mim - a

e) àquele - para mim - à

23. A lâmpada _____ cuja volta estavam mariposas _____ voar,

emitia luz _____ grande distância.

Page 250: APOSTILA DE PORTUGUES

a) a - à - à

b) à - a - à

c) a - à - a

d) a - a - a

e) à - a - a

24. Aquela candidata _____ rainha de beleza, quando foi _____

televisão, pôs-se _____ roer as unhas.

a) à - à - a

b) à - a - à

c) a - a - à

d) à - à - à

e) a - à - a

25. Eis o lema _____ sempre obedecia: ódio _____ guerra e

aversão _____ injustiças.

a) à que - à - as

b) à que - à - às

c) a que - à - às

d) a que - à - as

e) a que - a - as

26. Faltou _____ todas as reuniões e recusou-se _____ obedecer

_____ decisões da assembléia.

a) a - a - as

b) a - a - às

Page 251: APOSTILA DE PORTUGUES

c) a - à - às

d) à - a - às

e) à - à - às

27. Expunha-se _____ uma severa punição, porque as ordens

_____ quais se opunha eram rigorosas e destinavam-se _____

funcionárias daquele setor.

a) a - as - às

b) à - às - as

c) à - as - às

d) à - às - às

e) a - às - às

28. _____ alguns meses o Ministro revelou-se disposto _____ abrir

_____ discussões em torno do acesso dos candidatos e dos

partidos _____ televisão.

a) A - a - as - à

b) Há - a - às - a

c) A - à - às - a

d) Há - à - as - à

e) Há - a - as - à

29. _____ Igreja cabe propugnar pelos princípios éticos e morais

que devem reger _____ vida das comunidades, enquanto _____

política deve visar ao bem comum.

Page 252: APOSTILA DE PORTUGUES

a) A - à - à

b) À - a - a

c) À - à - a

d) À - à - à

e) A - a - a

1 C / 2 C / 3 D / 4 B / 5 B / 6 D / 7 A / 8 D / 9 B / 10 D / 11 B / 12 E /

13 D / 14 B / 15 B / 16 E / 17 B / 18 D / 19 B / 20 A / 21 B / 22 B / 23

D / 24 E / 25 C / 26 B / 27 E / 28 E / 29 B.

7. Colocação pronominal:

Em função da posição do pronome em relação ao verbo,

classifica-se:

- próclise: antes do verbo (Nada se perde.)

- mesóclise: no meio do verbo (Dirigir-lhe-emos a palavra.)

- ênclise: depois do verbo (Fugiram-nos as palavras.)

A regra geral diz que se deve colocar o pronome enclítico, desde

que não haja fator de próclise ou seja um dos futuros do indicativo,

com atenção aos casos especiais.

São fatores de próclise:

- oração negativa, desde que não haja pausa entre o verbo e as

palavras de negação.

a) Ninguém se mexe.

Page 253: APOSTILA DE PORTUGUES

b) Nada me abala.

Se a palavra negativa preceder um infinitivo não-flexionado, é

possível a ênclise:

Calei para não magoá-lo.

- frases exclamativas (começadas por palavras exclamativas) e

optativas (desejo).

a) Deus te guie!

b) Quanto sangue se derramou inutilmente!

- conjunção subordinativa.

a) Preciso de que me responda algo.

b) O homem produz pouco, quando se alimenta mal.

A elipse da conjunção não dispensa a próclise: Quando passo e

te vejo, exalto-me.

- pronome ou palavras interrogativas.

a) Quem me viu ontem?

b) Queria saber por que te afliges tanto.

- pronome indefinido, demonstrativo e relativo.

a) Alguém me ajude a sair daqui.

b) Isso te pertence.

Page 254: APOSTILA DE PORTUGUES

c) Ele que se vestiu de verde está ridículo.

- advérbio (não seguido de vírgula) e o numeral ambos.

a) Aqui se vê muita miséria.

b) Aqui, vê-se muita miséria.

c) Ambos se olharam profundamente.

Se o sujeito estiver logo antes do verbo, a próclise será

facultativa. Este fator, entretanto, não pode quebrar o princípio dos

fatores de próclise.

Ele se feriu ou ele feriu-se.

a) O homem se recupera ou o homem recupera-se. Ninguém me

convencerá.

b) Tudo se fez por uma boa causa.

Por questão de eufonia, pode-se preferir a próclise ao invés da

ênclise, quando o sujeito vier antes do verbo

"Cada dia lhe desfolha um afeto."

Você viu-o.

Você o viu.

O uso de mesóclise:

Page 255: APOSTILA DE PORTUGUES

Respeitados os princípios de próclise, far-se-á mesóclise caso o

verbo esteja nos tempos futuros do indicativo.

Dar-te-ia = daria + te.

dar-te-ei = darei + te.

a) Diante da platéia, cantar-se-ia melhor.

b) Os amigos sinceros lembrar-nos-ão um dia.

Usa-se ênclise:

- em início da frase ou após sinal de pontuação.

- casos não proclíticos e não mesoclíticos em geral.

- nas orações imperativas afirmativa.

Procure suas colegas e convide-as.

- junto ao infinitivo não flexionado, precedido da preposição a,

em se tratando dos pronomes o/a (s).

a) Todos corriam a escutá-lo com atenção.

b) Ele começou a insultá-la.

c) Nem sei se nos tornaremos a vê-los novamente.

Estando o infinitivo pessoal regido da preposição para, é

indiferente a colocação do pronome oblíquo antes ou depois do

verbo, mesmo com a presença do advérbio não.

Page 256: APOSTILA DE PORTUGUES

a) Silenciei para não irritá-lo.

b) Silenciei para não o irritar.

Quanto às formas infinitas e locuções verbais:

Para as formas finitas:

- infinitivo, regra geral = ênclise (Viver é adaptar-se.)

Admite-se também a próclise se o infinitivo não-flexionado vier

precedido de preposição ou palavra negativa (para te servir / servir-

te, não o incomodar / incomodá-lo)

Se o pronome for o/a (s) e o infinitivo regido da preposição a, é

obrigatória a ênclise.

Se o infinitivo vier flexionado, prefere-se a próclise (desde que

não inicie o período)

- gerúndio, regra geral = ênclise

A próclise é obrigatória se: o gerúndio vier precedido da

preposição em ou se o gerúndio vier precedido de advérbio que o

modifique diretamente, sem pausa (Em se tratando de colocação

pronominal, sei tudo!)

- particípio,

Sem auxiliar não admite próclise ou ênclise e sim a forma

oblíqua regida de preposição.

Page 257: APOSTILA DE PORTUGUES

Concedida a mim a preferência, farei por merecê-la.

Para as locuções verbais:

- auxiliar + infinitivo (podem os pronomes, conforme as

circunstâncias, estar em próclise ou ênclise, ora ao verbo auxiliar,

ora à forma nominal.)

Devo calar-me / devo-me calar / devo me calar

Não devo calar-me / não me devo calar / não devo me calar.

Mesmo com fator de próclise, a ênclise no infinitivo é correta.

- Auxiliar + preposição + infinitivo (Há de acostumar-se / há de

se acostumar - Não se há de acostumar / não há de acostumar-se.)

- Auxiliar + gerúndio (podem os pronomes, conforme as

circunstâncias, estar em próclise ou ênclise, ora ao verbo auxiliar,

ora à forma nominal.):

Vou-me arrastando / vou me arrastando / vou arrastando-me

Não me vou arrastando / não vou arrastando-me.

Com fator de próclise, o pronome não pode aparecer entre os

verbos.

Auxiliar + particípio (os pronomes se juntam ao auxiliar e jamais

ao particípio, de acordo com as circunstâncias.

a) Os amigos o tinham prevenido.

Page 258: APOSTILA DE PORTUGUES

b) Os amigos tinham-no prevenido.

8. Curiosidades ortográficas:

A fim ou afim?

Escrevemos afim, quando queremos dizer semelhante. (O gosto

dela era afim ao da turma.)

Escrevemos a fim (de), quando queremos indicar finalidade.

(Veio a fim de conhecer os parentes. / Pensemos bastante, a fim de

que respondamos certo. / Ela não está a fim do rapaz.)

A par ou ao par?

A expressão ao par significa sem ágio no câmbio. Portanto, se

quisermos utilizar esse tipo de expressão, significando ciente,

deveremos escrever a par.

Fiquei a par dos fatos. / A moça não está a par do assunto.

A cerca de, acerca de ou há cerca de?

A cerca de significa a uma distância. (Teresópolis fica a cerca de

uma hora de carro do Rio.)

Acerca de - significa sobre. (Conversamos acerca de política.)

Há cerca de - significa que faz ou existe(m) aproximadamente.

(Mudei-me para este apartamento há cerca de oito anos. / Há cerca

de doze mil candidatos, concorrendo às vagas.)

Ao encontro de ou de encontro a?

Page 259: APOSTILA DE PORTUGUES

Ao encontro de - quer dizer favorável a, para junto de. (Vamos

ao encontro dos nossos amigos. / Isso vem ao encontro dos

anseios da turma.)

De encontro a - quer dizer contra. (Um automóvel foi de encontro

a outro. / Este ato desagradou aos funcionários, porque veio de

encontro às suas aspirações.)

Há ou a?

Quando nos referimos a um determinado espaço de tempo,

podemos escrever há ou a, nas seguintes situações:

Há - quando o espaço de tempo já tiver decorrido. (Ela saiu há

dez minutos.)

A - quando o espaço de tempo ainda não transcorreu. (Ela

voltará daqui a dez minutos.)

Haver ou ter?

Embora usado largamente na fala diária, a gramática não aceita

a substituição do verbo haver pelo ter. Deve-se dizer, portanto, não

havia mais leite na padaria.

Se não ou senão?

Emprega-se o primeiro, quando o se pode ser substituído por

caso ou na hipótese de que.

Page 260: APOSTILA DE PORTUGUES

Se não chover, viajarei amanhã (= caso não chova - ou na

hipótese de que não chova, viajarei amanhã).

Se não se tratar dessa alternativa, a expressão sempre se

escreverá com uma só palavra: senão.

Vá de uma vez, senão você vai se atrasar. (senão = caso

contrário).

Nada mais havia a fazer senão conformar-se com a situação

(senão = a não ser).

"As pedras achadas pelo bandeirante não eram esmeraldas,

senão turmalinas, puras turmalinas" (senão = mas).

Não havia um senão naquele rapaz. (senão = defeito).

Haja vista ou haja visto?

Apenas a primeira opção é correta, porque a palavra "vista",

nessa expressão, é invariável.

Haja vista o trágico acontecimento... (hajam vista os

acontecimentos...)

Em vez de ou ao invés de?

A expressão em vez de significa em lugar de. (Hoje, Pedro foi

em vez de Paulo. / Em vez de você, vou eu para Petrópolis.)

Page 261: APOSTILA DE PORTUGUES

A expressão ao invés de significa ao contrário de. (Ao invés de

proteger, resolveu não assumir. / Ao invés de melhorar, sua atitude

piorou a situação).

Por quê, por que, porque ou porquê?

A maioria da população sofre com as dificuldades em entender a

utilização da língua-padrão portuguesa, principalmente na utilização

do "Por que / Por quê / Porque / Porquê". Confira alguns exemplos:

Não sei por que você acha isso.

Claro. Por quê?

Não julgues porque não te julguem.

Dê-me ao menos um porquê para sua atitude.

A forma por que é a seqüência de uma preposição (por) e um

pronome interrogativo (que). É equivalente a "por qual motivo", "por

qual razão", vejamos:

Não sei por qual motivo você acha isso.

Não sei por qual razão você acha isso.

Caso surja no final de uma frase, imediatamente antes de um

ponto: final, de interrogação ou exclamação, ou um ponto de

reticências, a seqüência deve ser grafada por quê, pois, devido à

posição na frase, o monossílabo que passa a ser tônico.

Não sei por quê!

Page 262: APOSTILA DE PORTUGUES

Ainda não terminou? Por quê?

Existem casos em que por que representa uma seqüência

preposição + pronome relativo, equivalendo a pelo qual, pelos

quais, pelas quais, pela qual. Em outros contextos por que equivale

a "para que":

O túnel por que deveríamos passar desabou ontem.

A forma porque também é uma conjunção, equivalente a pois, já

que, uma vez que, como:

Você continua implicando comigo! É porque eu faltei ontem?

Porque também pode indicar finalidade, como: para que, a fim

de. Trata-se de um uso mais freqüente na linguagem atual.

A forma porquê representa um substantivo. Significa causa,

razão, motivo e normalmente surge acompanha de uma palavra

determinando, um artigo, por exemplo.

Creio que os verdadeiros porquês mais uma vez não vieram à

luz.

SEMÂNTICA

Semântica é o estudo do sentido das palavras de uma língua.

Na língua portuguesa, o significado das palavras leva em

consideração:

Page 263: APOSTILA DE PORTUGUES

Sinonímia: É a relação que se estabelece entre duas palavras

ou mais que apresentam significados iguais ou semelhantes, ou

seja, os sinônimos: Exemplos: Cômico - engraçado / Débil - fraco,

frágil / Distante - afastado, remoto.

Antonímia: É a relação que se estabelece entre duas palavras

ou mais que apresentam significados diferentes, contrários, isto é,

os antônimos: Exemplos: Economizar - gastar / Bem - mal / Bom -

ruim.

Homonímia: É a relação entre duas ou mais palavras que,

apesar de possuírem significados diferentes, possuem a mesma

estrutura fonológica, ou seja, os homônimos:

As homônimas podem ser:

Homógrafas: palavras iguais na escrita e diferentes na

pronúncia. Exemplos: gosto (substantivo) - gosto / (1ª pessoa

singular presente indicativo do verbo gostar) / conserto (substantivo)

- conserto (1ª pessoa singular presente indicativo do verbo

consertar);

Homófonas: palavras iguais na pronúncia e diferentes na

escrita. Exemplos: cela (substantivo) - sela (verbo) / cessão

(substantivo) - sessão (substantivo) / cerrar (verbo) - serrar ( verbo);

Perfeitas: palavras iguais na pronúncia e na escrita. Exemplos:

cura (verbo) - cura (substantivo) / verão (verbo) - verão

(substantivo) / cedo (verbo) - cedo (advérbio);

Page 264: APOSTILA DE PORTUGUES

Paronímia: É a relação que se estabelece entre duas ou mais

palavras que possuem significados diferentes, mas são muito

parecidas na pronúncia e na escrita, isto é, os parônimos:

Exemplos: cavaleiro - cavalheiro / absolver - absorver /

comprimento - cumprimento/ aura (atmosfera) - áurea (dourada)/

conjectura (suposição) - conjuntura (situação decorrente dos

acontecimentos)/ descriminar (desculpabilizar - discriminar

(diferenciar)/ desfolhar (tirar ou perder as folhas) - folhear (passar

as folhas de uma publicação)/ despercebido (não notado) -

desapercebido (desacautelado)/ geminada (duplicada) - germinada

(que germinou)/ mugir (soltar mugidos) - mungir (ordenhar)/

percursor (que percorre) - precursor (que antecipa os outros)/

sobrescrever (endereçar) - subscrever (aprovar, assinar)/ veicular

(transmitir) - vincular (ligar) / descrição - discrição / onicolor -

unicolor.

Polissemia: É a propriedade que uma mesma palavra tem de

apresentar vários significados. Exemplos: Ele ocupa um alto posto

na empresa. / Abasteci meu carro no posto da esquina. / Os

convites eram de graça. / Os fiéis agradecem a graça recebida.

Homonímia: Identidade fonética entre formas de significados e

origem completamente distintos. Exemplos: São(Presente do verbo

ser) - São (santo)

Conotação e Denotação:

Page 265: APOSTILA DE PORTUGUES

Conotação é o uso da palavra com um significado diferente do

original, criado pelo contexto. Exemplos: Você tem um coração de

pedra.

Denotação é o uso da palavra com o seu sentido original.

Exemplos: Pedra é um corpo duro e sólido, da natureza das rochas.

FIGURAS DE LINGUAGEM

As figuras de linguagem são empregadas para valorizar o texto,

tornando a linguagem mais expressiva. É um recurso lingüístico

para expressar experiências comuns de formas diferentes,

conferindo originalidade, emotividade ou poeticidade ao discurso.

As figuras revelam muito da sensibilidade de quem as produz,

traduzindo particularidades estilísticas do autor. A palavra

empregada em sentido figurado, não-denotativo, passa a pertencer

a outro campo de significação, mais amplo e criativo.

As figuras de linguagem classificam-se em:

a) figuras de palavras;

b) figuras de som;

c) figuras de pensamento;

d) figuras de sintaxe.

Figuras de palavra:

Page 266: APOSTILA DE PORTUGUES

As figuras de palavra consistem no emprego de um termo com

sentido diferente daquele convencionalmente empregado, a fim de

se conseguir um efeito mais expressivo na comunicação.

São figuras de palavras:

Comparação:

Ocorre comparação quando se estabelece aproximação entre

dois elementos que se identificam, ligados por conectivos

comparativos explícitos - feito, assim como, tal, como, tal qual, tal

como, qual, que nem - e alguns verbos - parecer, assemelhar-se e

outros.

Exemplos: "Amou daquela vez como se fosse máquina. / Beijou

sua mulher como se fosse lógico." (Chico Buarque);

"As solteironas, os longos vestidos negros fechados no pescoço,

negros xales nos ombros, pareciam aves noturnas paradas..."

(Jorge Amado).

Metáfora:

Ocorre metáfora quando um termo substitui outro através de

uma relação de semelhança resultante da subjetividade de quem a

cria. A metáfora também pode ser entendida como uma

comparação abreviada, em que o conectivo não está expresso, mas

subentendido.

Page 267: APOSTILA DE PORTUGUES

Exemplo: "Supondo o espírito humano uma vasta concha, o meu

fim, Sr. Soares, é ver se posso extrair pérolas, que é a razão."

(Machado de Assis).

Metonímia:

Ocorre metonímia quando há substituição de uma palavra por

outra, havendo entre ambas algum grau de semelhança, relação,

proximidade de sentido ou implicação mútua. Tal substituição

fundamenta-se numa relação objetiva, real, realizando-se de

inúmeros modos:

- o continente pelo conteúdo e vice-versa: Antes de sair,

tomamos um cálice (o conteúdo de um cálice) de licor.

- a causa pelo efeito e vice-versa: "E assim o operário ia / Com

suor e com cimento (com trabalho) / Erguendo uma casa aqui /

Adiante um apartamento." (Vinicius de Moraes).

- o lugar de origem ou de produção pelo produto: Comprei uma

garrafa do legítimo porto (o vinho da cidade do Porto).

- o autor pela obra: Ela parecia ler Jorge Amado (a obra de

Jorge Amado).

- o abstrato pelo concreto e vice-versa: Não devemos contar

com o seu coração (sentimento, sensibilidade).

- o símbolo pela coisa simbolizada: A coroa (o poder) foi

disputada pelos revolucionários.

Page 268: APOSTILA DE PORTUGUES

- a matéria pelo produto e vice-versa: Lento, o bronze (o sino)

soa.

- o inventor pelo invento: Edson (a energia elétrica) ilumina o

mundo.

- a coisa pelo lugar: Vou à Prefeitura (ao edifício da Prefeitura).

- o instrumento pela pessoa que o utiliza: Ele é um bom garfo

(guloso, glutão).

Sinédoque:

Ocorre sinédoque quando há substituição de um termo por

outro, havendo ampliação ou redução do sentido usual da palavra

numa relação quantitativa. Encontramos sinédoque nos seguintes

casos:

- o todo pela parte e vice-versa: "A cidade inteira (o povo) viu

assombrada, de queixo caído, o pistoleiro sumir de ladrão, fugindo

nos cascos (parte das patas) de seu cavalo." (J. Cândido de

Carvalho)

- o singular pelo plural e vice-versa: O paulista (todos os

paulistas) é tímido; o carioca (todos os cariocas), atrevido.

- o indivíduo pela espécie (nome próprio pelo nome comum):

Para os artistas ele foi um mecenas (protetor).

Catacrese:

Page 269: APOSTILA DE PORTUGUES

A catacrese é um tipo de especial de metáfora, "é uma espécie

de metáfora desgastada, em que já não se sente nenhum vestígio

de inovação, de criação individual e pitoresca. É a metáfora tornada

hábito lingüístico, já fora do âmbito estilístico." (Othon M. Garcia).

São exemplos de catacrese: folhas de livro / pele de tomate /

dente de alho / montar em burro / céu da boca / cabeça de prego /

mão de direção / ventre da terra / asa da xícara / sacar dinheiro no

banco.

Sinestesia:

A sinestesia consiste na fusão de sensações diferentes numa

mesma expressão. Essas sensações podem ser físicas (gustação,

audição, visão, olfato e tato) ou psicológicas (subjetivas).

Exemplo: "A minha primeira recordação é um muro velho, no

quintal de uma casa indefinível. Tinha várias feridas no reboco e

veludo de musgo. Milagrosa aquela mancha verde [sensação visual]

e úmida, macia [sensações táteis], quase irreal." (Augusto Meyer)

Antonomásia:

Ocorre antonomásia quando designamos uma pessoa por uma

qualidade, característica ou fato que a distingue.

Na linguagem coloquial, antonomásia é o mesmo que apelido,

alcunha ou cognome, cuja origem é um aposto (descritivo,

especificativo etc.) do nome próprio.

Page 270: APOSTILA DE PORTUGUES

Exemplos: "E ao rabi simples (Cristo), que a igualdade prega, /

Rasga e enlameia a túnica inconsútil; (Raimundo Correia). / Pelé (=

Edson Arantes do Nascimento) / O Cisne de Mântua (= Virgílio) / O

poeta dos escravos (= Castro Alves) / O Dante Negro (= Cruz e

Souza) / O Corso (= Napoleão)

Alegoria:

A alegoria é uma acumulação de metáforas referindo-se ao

mesmo objeto; é uma figura poética que consiste em expressar uma

situação global por meio de outra que a evoque e intensifique o seu

significado. Na alegoria, todas as palavras estão transladadas para

um plano que não lhes é comum e oferecem dois sentidos

completos e perfeitos - um referencial e outro metafórico.

Exemplo: "A vida é uma ópera, é uma grande ópera. O tenor e o

barítono lutam pelo soprano, em presença do baixo e dos

comprimários, quando não são o soprano e o contralto que lutam

pelo tenor, em presença do mesmo baixo e dos mesmos

comprimários. Há coros numerosos, muitos bailados, e a orquestra

é excelente..." (Machado de Assis).

Figuras de som:

Chamam-se figuras de som os efeitos produzidos na linguagem

quando há repetição de sons ou, ainda, quando se procura "imitar"

sons produzidos por coisas ou seres.

As figuras de som são:

Page 271: APOSTILA DE PORTUGUES

Aliteração:

Ocorre aliteração quando há repetição da mesma consoante ou

de consoantes similares, geralmente em posição inicial da palavra.

Exemplo: "Toda gente homenageia Januária na janela." (Chico

Buarque).

Assonância:

Ocorre assonância quando há repetição da mesma vogal ao

longo de um verso ou poema.

Exemplo: "Sou Ana, da cama / da cana, fulana, bacana / Sou

Ana de Amsterdam." (Chico Buarque).

Paronomásia:

Ocorre paronomásia quando há reprodução de sons

semelhantes em palavras de significados diferentes.

Exemplo: "Berro pelo aterro pelo desterro / berro por seu berro

pelo seu erro / quero que você ganhe que você me apanhe / sou o

seu bezerro gritando mamãe." (Caetano Veloso).

Onomatopéia:

Ocorre quando uma palavra ou conjunto de palavras imita um

ruído ou som.

Page 272: APOSTILA DE PORTUGUES

Exemplo: "O silêncio fresco despenca das árvores. / Veio de

longe, das planícies altas, / Dos cerrados onde o guaxe passe

rápido... / Vvvvvvvv... passou." (Mário de Andrade).

"Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno." (Fernando Pessoa).

Figuras de pensamento:

As figuras de pensamento são recursos de linguagem que se

referem ao significado das palavras, ao seu aspecto semântico.

São figuras de pensamento:

Antítese:

Ocorre antítese quando há aproximação de palavras ou

expressões de sentidos opostos.

Exemplo: "Amigos ou inimigos estão, amiúde, em posições

trocadas. Uns nos querem mal, e fazem-nos bem. Outros nos

almejam o bem, e nos trazem o mal." (Rui Barbosa).

Apóstrofe:

Ocorre apóstrofe quando há invocação de uma pessoa ou algo,

real ou imaginário, que pode estar presente ou ausente.

Corresponde ao vocativo na análise sintática e é utilizada para dar

ênfase à expressão.

Exemplo: "Deus! ó Deus! onde estás, que não respondes?"

(Castro Alves).

Page 273: APOSTILA DE PORTUGUES

Paradoxo:

Ocorre paradoxo não apenas na aproximação de palavras de

sentido oposto, mas também na de idéias que se contradizem

referindo-se ao mesmo termo. É uma verdade enunciada com

aparência de mentira. Oxímoro (ou oximoron) é outra designação

para paradoxo.

Exemplo: "Amor é fogo que arde sem se ver; / É ferida que dói e

não se sente; / É um contentamento descontente; / É dor que

desatina sem doer;" (Camões)

Eufemismo:

Ocorre eufemismo quando uma palavra ou expressão é

empregada para atenuar uma verdade tida como penosa,

desagradável ou chocante.

Exemplo: "E pela paz derradeira (morte) que enfim vai nos

redimir Deus lhe pague". (Chico Buarque).

Gradação:

Ocorre gradação quando há uma seqüência de palavras que

intensificam uma mesma idéia.

Exemplo: "Aqui... além... mais longe por onde eu movo o passo."

(Castro Alves).

Hipérbole:

Page 274: APOSTILA DE PORTUGUES

Ocorre hipérbole quando há exagero de uma idéia, a fim de

proporcionar uma imagem emocionante e de impacto.

Exemplo: "Rios te correrão dos olhos, se chorares!" (Olavo

Bilac).

Ironia:

Ocorre ironia quando, pelo contexto, pela entonação, pela

contradição de termos, sugere-se o contrário do que as palavras ou

orações parecem exprimir. A intenção é depreciativa ou sarcástica.

Exemplo: "Moça linda, bem tratada, / três séculos de família, /

burra como uma porta: / um amor." (Mário de Andrade).

Prosopopéia:

Ocorre prosopopéia (ou animização ou personificação) quando

se atribui movimento, ação, fala, sentimento, enfim, caracteres

próprios de seres animados a seres inanimados ou imaginários.

Também a atribuição de características humanas a seres

animados constitui prosopopéia o que é comum nas fábulas e nos

apólogos, como este exemplo de Mário de Quintana: "O peixinho

(...) silencioso e levemente melancólico..."

Exemplos: "... os rios vão carregando as queixas do caminho."

(Raul Bopp)

Um frio inteligente (...) percorria o jardim..." (Clarice Lispector)

Page 275: APOSTILA DE PORTUGUES

Perífrase:

Ocorre perífrase quando se cria um torneio de palavras para

expressar algum objeto, acidente geográfico ou situação que não se

quer nomear.

Exemplo: "Cidade maravilhosa / Cheia de encantos mil / Cidade

maravilhosa / Coração do meu Brasil." (André Filho).

Figuras de sintaxe:

As figuras de sintaxe ou de construção dizem respeito a desvios

em relação à concordância entre os termos da oração, sua ordem,

possíveis repetições ou omissões.

Elas podem ser construídas por:

a) omissão: assíndeto, elipse e zeugma;

b) repetição: anáfora, pleonasmo e polissíndeto;

c) inversão: anástrofe, hipérbato, sínquise e hipálage;

d) ruptura: anacoluto;

e) concordância ideológica: silepse.

Portanto, são figuras de construção ou sintaxe:

Assíndeto:

Page 276: APOSTILA DE PORTUGUES

Ocorre assíndeto quando orações ou palavras deveriam vir

ligadas por conjunções coordenativas, aparecem justapostas ou

separadas por vírgulas.

Exigem do leitor atenção maior no exame de cada fato, por

exigência das pausas rítmicas (vírgulas).

Exemplo: "Não nos movemos, as mãos é que se estenderam

pouco a pouco, todas quatro, pegando-se, apertando-se, fundindo-

se." (Machado de Assis).

Elipse:

Ocorre elipse quando omitimos um termo ou oração que

facilmente podemos identificar ou subentender no contexto. Pode

ocorrer na supressão de pronomes, conjunções, preposições ou

verbos. É um poderoso recurso de concisão e dinamismo.

Exemplo: "Veio sem pinturas, em vestido leve, sandálias

coloridas." (elipse do pronome ela (Ela veio) e da preposição de (de

sandálias...).

Zeugma:

Ocorre zeugma quando um termo já expresso na frase é

suprimido, ficando subentendida sua repetição.

Exemplo: "Foi saqueada a vida, e assassinados os partidários

dos Felipes." (Zeugma do verbo: "e foram assassinados...") (Camilo

Castelo Branco).

Page 277: APOSTILA DE PORTUGUES

Anáfora:

Ocorre anáfora quando há repetição intencional de palavras no

início de um período, frase ou verso.

Exemplo: "Depois o areal extenso... / Depois o oceano de pó... /

Depois no horizonte imenso / Desertos... desertos só..." (Castro

Alves).

Pleonasmo:

Ocorre pleonasmo quando há repetição da mesma idéia, isto é,

redundância de significado.

a) Pleonasmo literário:

É o uso de palavras redundantes para reforçar uma idéia, tanto

do ponto de vista semântico quanto do ponto de vista sintático.

Usado como um recurso estilístico, enriquece a expressão, dando

ênfase à mensagem.

Exemplo: "Iam vinte anos desde aquele dia / Quando com os

olhos eu quis ver de perto / Quando em visão com os da saudade

via." (Alberto de Oliveira).

"Morrerás morte vil na mão de um forte." (Gonçalves Dias)

"Ó mar salgado, quando do teu sal / São lágrimas de Portugal"

(Fernando Pessoa).

b) Pleonasmo vicioso:

Page 278: APOSTILA DE PORTUGUES

É o desdobramento de idéias que já estavam implícitas em

palavras anteriormente expressas. Pleonasmos viciosos devem ser

evitados, pois não têm valor de reforço de uma idéia, sendo apenas

fruto do descobrimento do sentido real das palavras.

Exemplos: subir para cima / entrar para dentro / repetir de novo /

ouvir com os ouvidos / hemorragia de sangue / monopólio

exclusivo / breve alocução / principal protagonista.

Polissíndeto:

Ocorre polissíndeto quando há repetição enfática de uma

conjunção coordenativa mais vezes do que exige a norma

gramatical (geralmente a conjunção e). É um recurso que sugere

movimentos ininterruptos ou vertiginosos.

Exemplo: "Vão chegando as burguesinhas pobres, / e as criadas

das burguesinhas ricas / e as mulheres do povo, e as lavadeiras da

redondeza." (Manuel Bandeira).

Anástrofe:

Ocorre anástrofe quando há uma simples inversão de palavras

vizinhas (determinante/determinado).

Exemplo: "Tão leve estou (estou tão leve) que nem sombra

tenho." (Mário Quintana).

Hipérbato:

Page 279: APOSTILA DE PORTUGUES

Ocorre hipérbato quando há uma inversão completa de

membros da frase.

Exemplo: "Passeiam à tarde, as belas na Avenida. " (As belas

passeiam na Avenida à tarde.) (Carlos Drummond de Andrade).

Sínquise:

Ocorre sínquise quando há uma inversão violenta de distantes

partes da frase. É um hipérbato exagerado.

Exemplo: "A grita se alevanta ao Céu, da gente. " (A grita da

gente se alevanta ao Céu ) (Camões).

Hipálage:

Ocorre hipálage quando há inversão da posição do adjetivo: uma

qualidade que pertence a um objeto é atribuída a outro, na mesma

frase.

Exemplo: "... as lojas loquazes dos barbeiros." (as lojas dos

barbeiros loquazes.) (Eça de Queiros).

Anacoluto:

Ocorre anacoluto quando há interrupção do plano sintático com

que se inicia a frase, alterando-lhe a seqüência lógica. A construção

do período deixa um ou mais termos - que não apresentam função

sintática definida - desprendidos dos demais, geralmente depois de

uma pausa sensível.

Page 280: APOSTILA DE PORTUGUES

Exemplo: "Essas empregadas de hoje, não se pode confiar

nelas." (Alcântara Machado).

Silepse:

Ocorre silepse quando a concordância não é feita com as

palavras, mas com a idéia a elas associada.

a) Silepse de gênero:

Ocorre quando há discordância entre os gêneros gramaticais

(feminino ou masculino).

Exemplo: "Quando a gente é novo, gosta de fazer bonito."

(Guimarães Rosa).

b) Silepse de número:

Ocorre quando há discordância envolvendo o número gramatical

(singular ou plural).

Exemplo: Corria gente de todos lados, e gritavam." (Mário

Barreto).

c) Silepse de pessoa:

Ocorre quando há discordância entre o sujeito expresso e a

pessoa verbal: o sujeito que fala ou escreve se inclui no sujeito

enunciado.

Exemplo: "Na noite seguinte estávamos reunidas algumas

pessoas." (Machado de Assis).

Page 281: APOSTILA DE PORTUGUES

INTERPRETAÇÃO TEXTUAL

As frases produzem significados diferentes de acordo com o

contexto em que estão inseridas. Torna-se, assim, necessário

sempre fazer um confronto entre todas as partes que compõem o

texto.

Além disso, é fundamental apreender as informações

apresentadas por trás do texto e as inferências a que ele remete.

Esse procedimento justifica-se por um texto ser sempre produto de

uma postura ideológica do autor diante de uma temática qualquer.

Como ler e entender bem um texto?

Basicamente, deve-se alcançar a dois níveis de leitura: a

informativa e de reconhecimento e a interpretativa. A primeira deve

ser feita de maneira cautelosa por ser o primeiro contato com o

novo texto. Dessa leitura, extraem-se informações sobre o conteúdo

abordado e prepara-se o próximo nível de leitura. Durante a

interpretação propriamente dita, cabe destacar palavras-chave,

passagens importantes, bem como usar uma palavra para resumir a

idéia central de cada parágrafo. Este tipo de procedimento aguça a

memória visual, favorecendo o entendimento.

Não se pode desconsiderar que, embora a interpretação seja

subjetiva, há limites. A preocupação deve ser a captação da

essência do texto, a fim de responder às interpretações que a

banca considerou como pertinentes.

Page 282: APOSTILA DE PORTUGUES

No caso de textos literários, é preciso conhecer a ligação

daquele texto com outras formas de cultura, outros textos e

manifestações de arte da época em que o autor viveu. Se não

houver esta visão global dos momentos literários e dos escritores, a

interpretação pode ficar comprometida. Aqui não se podem

dispensar as dicas que aparecem na referência bibliográfica da

fonte e na identificação do autor.

A última fase da interpretação concentra-se nas perguntas e

opções de resposta. Aqui são fundamentais marcações de palavras

como não, exceto, errada, respectivamente etc. que fazem

diferença na escolha adequada. Muitas vezes, em interpretação,

trabalha-se com o conceito do "mais adequado", isto é, o que

responde melhor ao questionamento proposto. Por isso, uma

resposta pode estar certa para responder à pergunta, mas não ser a

adotada como gabarito pela banca examinadora por haver uma

outra alternativa mais completa.

Ainda cabe ressaltar que algumas questões apresentam um

fragmento do texto transcrito para ser a base de análise. Nunca

deixe de retornar ao texto, mesmo que aparentemente pareça ser

perda de tempo. A descontextualização de palavras ou frases,

certas vezes, são também um recurso para instaurar a dúvida no

candidato. Leia a frase anterior e a posterior para ter idéia do

sentido global proposto pelo autor, dessa maneira a resposta será

mais consciente e segura.

1. Narração:

Page 283: APOSTILA DE PORTUGUES

Tem por objetivo contar uma história real, fictícia ou mesclando

dados reais e imaginários. Baseia-se numa evolução de

acontecimentos, mesmo que não mantenham relação de

linearidade com o tempo real. Sendo assim, está pautada em

verbos de ação e conectores temporais.

A narrativa pode estar em 1ª ou 3ª pessoa, dependendo do

papel que o narrador assuma em relação à história. Numa narrativa

em 1ª pessoa, o narrador participa ativamente dos fatos narrados,

mesmo que não seja a personagem principal (narrador =

personagem). Já a narrativa em 3ª pessoa traz o narrador como um

observador dos fatos que pode até mesmo apresentar pensamentos

de personagens do texto (narrador = observador).

O bom autor toma partido das duas opções de posicionamento

para o narrador, a fim de criar uma história mais ou menor parcial,

comprometida. Por exemplo, Machado de Assis, ao escrever Dom

Casmurro, optou pela narrativa em 1ª pessoa justamente para

apresentar-nos os fatos segundo um ponto de vista interno, portanto

mais parcial e subjetivo.

1.1 Narração objetiva X Narração subjetiva

objetiva - apenas informa os fatos, sem se deixar envolver

emocionalmente com o que está noticiado. É de cunho impessoal e

direto.

Page 284: APOSTILA DE PORTUGUES

subjetiva - leva-se em conta as emoções, os sentimentos

envolvidos na história. São ressaltados os efeitos psicológicos que

os acontecimentos desencadeiam nos personagens.

Observação - o fato de um narrador de 1ª pessoa envolver-se

emocionalmente com mais facilidade na história, não significa que a

narração subjetiva requeira sempre um narrador em 1ª pessoa ou

vice-versa.

1.2 Elementos básicos da narrativa:

Fato - o que se vai narrar (O quê?)

Tempo - quando o fato ocorreu (Quando?)

Lugar - onde o fato se deu (Onde?)

Personagens - quem participou ou observou o ocorrido (Com

quem?)

Causa - motivo que determinou a ocorrência (Por quê?)

Modo - como se deu o fato (Como?)

Conseqüências (Geralmente provoca determinado desfecho)

A modalidade narrativa de texto pode constituir-se de diferentes

maneiras: piada, peça teatral, crônica, novela, conto, fábula etc.

Uma narrativa pode trazer falas de personagens entremeadas

aos acontecimentos, faz-se uso dos chamados discursos: direto,

indireto ou indireto livre.

Page 285: APOSTILA DE PORTUGUES

No discurso direto, o narrador transcreve as palavras da própria

personagem. Para tanto, recomenda-se o uso de algumas notações

gráficas que marquem tais falas: travessão, dois pontos, aspas.

Mais modernamente alguns autores não fazem uso desses

recursos.

O discurso indireto apresenta as palavras das personagens

através do narrador que reproduz uma síntese do que ouviu,

podendo suprimir ou modificar o que achar necessário. A

estruturação desse discurso não carece de marcações gráficas

especiais, uma vez que sempre é o narrador que detém a palavra.

Usualmente, a estrutura traz verbo dicendi (elocução) e oração

subordinada substantiva com verbo num tempo passado em relação

à fala da personagem.

Quanto ao discurso indireto livre, é usado como uma estrutura

bastante informal de colocar frases soltas, sem identificação de

quem a proferiu, em meio ao texto. Trazem, muitas vezes, um

pensamento do personagem ou do narrador, um juízo de valor ou

opinião, um questionamento referente a algo mencionado no texto

ou algo parecido. Esse tipo de discurso é o mais usado atualmente,

sobretudo em crônicas de jornal, histórias infantis e pequenos

contos.

2. Descrição:

Caracteriza-se por ser um "retrato verbal" de pessoas, objetos,

animais, sentimentos, cenas ou ambientes. Entretanto, uma

descrição não se resume à enumeração pura e simples. O

Page 286: APOSTILA DE PORTUGUES

essencial é saber captar o traço distintivo, particular, o que

diferencia aquele elemento descrito de todos os demais de sua

espécie.

Os elementos mais importantes no processo de caracterização

são os adjetivos e locuções adjetivas. Desta maneira, é possível

construir a caracterização tanto no sentido denotativo quanto no

conotativo, como forma de enriquecimento do texto.

Enquanto uma narração faz progredir uma história, a descrição

consiste justamente em interrompê-la, detendo-se em um

personagem, um objeto, um lugar, etc.

2.1 Elementos básicos de uma descrição:

nomear / identificar - dar existência ao elemento (diferenças e

semelhanças)

localizar / situar - determinar o lugar que o elemento ocupa no

tempo e no espaço

qualificar - testemunho do observador sobre os seres do mundo

A qualificação constitui a parte principal de uma descrição.

Qualificar o elemento descrito é dar-lhe características, apresentar

um julgamento sobre ele. A qualificação pode estar no campo

objetivo ou no subjetivo. Uma forma muito comum de qualificação é

a analogia, isto é, a aproximação pelo pensamento de dois

elementos que pertencem a domínios distintos. Pode ser feita

através de comparações ou metáforas.

Page 287: APOSTILA DE PORTUGUES

2.2 Descrição subjetiva X Descrição objetiva:

objetiva - sem impressões do observador, tentando maior

proximidade com o real

subjetiva - visão do observador através de juízos de valor

No terreno objetivo temos as informações (dados do

conhecimento do autor do texto: livro comprado em Lisboa), as

caracterizações (dados que estão no objeto de descrição: livro

vermelho). Já no subjetivo, estão as qualificações (impressões

subjetivas sobre o ser ou objeto: livro interessante). O ideal é que

uma descrição possa fundir a objetividade, necessária para a

"pintura" ser a mais verídica possível, e a subjetividade que torna o

texto bem mais interessante e agradável. Sendo assim, a descrição

deve ir além do simples "retrato", deve apresentar também uma

interpretação do autor a respeito daquilo que descreve.

3. Dissertação

Introdução

A folha em branco, o tempo passando. As unhas roídas, o tema

dado e nenhuma idéia. Muitas pessoas já passaram por uma

situação semelhante, em que não sabiam absolutamente por onde

começar a escrever sobre determinado assunto.

Escrever pode ser fácil para qualquer pessoa, desde que esta

queira se empenhar para tanto. Não há mágicas ou fórmulas

práticas para aprender a escrever. Na verdade, é um trabalho que

depende sobremaneira do empenho do interessado em aprender.

Page 288: APOSTILA DE PORTUGUES

Para este intento, algumas dicas práticas podem ser dadas para

auxiliar, mas nada substitui a necessidade de escrever sempre. O

ato da escrita deve se tornar algo natural, a fim de afastar o

fantasma do "branco total". Além disso, a leitura e a atualização de

informações também colaboram muito na qualidade do texto.

O objetivo da redação é chegar a um texto que será tão repleto

de escolhas pessoais (idéias, palavras, estruturas frasais,

organização, exemplos) que, até partindo de um mesmo assunto

geral, milhares de pessoas podem chegar a um bom resultado

apresentando trabalhos nitidamente diferentes.

Para desenvolver esse trabalho, a presente apostila direciona-se

ao estudo dissertativo. Será considerada uma média de trinta linhas

para as redações, sobretudo no tocante à distribuição destas linhas

nas subdivisões textuais apresentadas

Muitas vezes, as maiores dificuldades estão na concretização

das idéias no papel. Para auxiliar neste processo, a apostila conta

também com um suporte de Língua Portuguesa. A preocupação

aqui não é de nomenclaturas ou classificações, o que teve relevo foi

a funcionalidade lingüística no momento da escrita.

Alguns pontos merecem destaque especial para um

aprimoramento da escrita:

ler mais

adquirir o hábito de escrever

Page 289: APOSTILA DE PORTUGUES

pontuar adequadamente

organizar idéias

construir períodos mais curtos

Estrutura textual

Assunto

Delimitar um aspecto acerca do tema proposto é importante para

uma boa abordagem do assunto. Não se poderá fazer uma análise

aprofundada se o tema for amplo, por isso especifica-se o assunto a

ser tratado.

A escolha do aspecto, entretanto, não pode restringir demais o

tema ou corre-se o risco da falta de idéias.

Essa delimitação deve ser feita na introdução e, a partir daí, o

leitor sabe que aquele aspecto será explorado no decorrer do texto

e a conclusão fará menção direta a ele.

Observe alguns exemplos:

televisão - a violência na televisão / a televisão e a opinião

pública

a vida nas grandes cidades - a vida social dos jovens nas

grandes cidades / os problemas das grandes cidades

preconceitos - preconceitos raciais / causas do preconceito racial

Page 290: APOSTILA DE PORTUGUES

progresso - vantagens e desvantagens sociais do progresso /

progresso e evolução humana

3.1 Parágrafos:

São blocos de texto, cuja primeira linha inicia-se em margem

especial, maior do que a margem normal do texto. Concentram

sempre uma idéia-núcleo relacionada diretamente ao tema da

redação.

Não há moldes rígidos para a construção de um parágrafo. O

ideal é que em cada parágrafo haja dois ou três períodos, usando

pontos continuativos (na mesma linha) intermediários.

A divisão em parágrafos é indicativa de que o leitor encontrará,

em cada um deles, um tópico do que o autor pretende transmitir.

Essa delimitação deve estar esquematizada desde antes do

rascunho, no momento do planejamento estrutural, assim a redação

apresentará mais coerência.

3.2 Qualidades de uma dissertação

O texto deve ser sempre bem claro, conciso e objetivo. A

coerência é um aspecto de grande importância para a eficiência de

uma dissertação, pois não deve haver pormenores excessivos ou

explicações desnecessárias. Todas as idéias apresentadas devem

ser relevantes para o tema proposto e relacionadas diretamente a

ele.

Page 291: APOSTILA DE PORTUGUES

A originalidade demonstra sua segurança e faz um diferencial

em meio aos demais textos. Só não se pode, em aspecto nenhum,

abandonar o tema proposto.

Toda redação deve ter início, meio e fim, que são designados

por introdução, desenvolvimento e conclusão, respectivamente. As

idéias distribuem-se de forma lógica, sem haver fragmentação da

mesma idéia em vários parágrafos.

Elementos de coesão: Algumas palavras e expressões facilitam

a ligação entre as idéias, estejam elas num mesmo parágrafo ou

não. Não é obrigatório, entretanto, o emprego destas expressões

para que um texto tenha qualidade. Seguem algumas sugestões e

suas respectivas relações:

assim, desse modo - têm valor exemplificativo e complementar.

A seqüência introduzida por eles serve normalmente para explicitar,

confirmar e complementar o que se disse anteriormente.

ainda - serve, entre outras coisas, para introduzir mais um

argumento a favor de determinada conclusão; ou para incluir um

elemento a mais dentro de um conjunto de idéias qualquer.

aliás, além do mais, além de tudo, além disso - introduzem

um argumento decisivo, apresentado como acréscimo. Pode ser

usado para dar um "golpe final" num argumento contrário.

mas, porém, todavia, contudo, entretanto... (conj.

adversativas) - marcam oposição entre dois enunciados.

Page 292: APOSTILA DE PORTUGUES

embora, ainda que, mesmo que - servem para admitir um dado

contrário para depois negar seu valor de argumento, diminuir sua

importância. Trata-se de um recurso dissertativo muito bom, pois

sem negar as possíveis objeções, afirma-se um ponto de vista

contrário.

este, esse e aquele - são chamados termos anafóricos e podem

fazer referência a termos anteriormente expressos, inclusive para

estabelecer semelhanças e/ou diferenças entre eles.

3.3 O que é dissertação

Dissertar é um ato praticado pelas pessoas todos os dias. Elas

procuram justificativas para a elevação dos preços, para o aumento

da violência nas cidades, para a repressão dos pais. É mundial a

preocupação com a bomba atômica, a AIDS, a solidão, a poluição.

Muitas vezes, em casos de divergência de opiniões, cada um

defende seus pontos de vista em relação ao futebol, ao cinema, à

música.

A vida cotidiana traz constantemente a necessidade de

exposição de idéias pessoais, opiniões e pontos de vista. Em

alguns casos, é preciso persuadir os outros a adotarem ou

aceitarem uma forma de pensar diferente. Em todas essas

situações e em muitas outras, utiliza-se a linguagem para dissertar,

ou seja, organizam-se palavras, frases, textos, a fim de, por meio da

apresentação de idéias, dados e conceitos, chegar-se a conclusões.

Page 293: APOSTILA DE PORTUGUES

Em suma, dissertação implica discussão de idéias,

argumentação, organização do pensamento, defesa de pontos de

vista, descoberta de soluções. É, entretanto, necessário

conhecimento do assunto que se vai abordar, aliado a uma tomada

de posição diante desse assunto.

3.3.1 Argumentação

A base de uma dissertação é a fundamentação de seu ponto de

vista, sua opinião sobre o assunto. Para tanto, deve-se atentar para

as relações de causa-conseqüência e pontos favoráveis e

desfavoráveis, muito usadas nesse processo.

Algumas expressões indicadoras de causa e conseqüência:

causa: por causa de, graças a, em virtude de, em vista de,

devido a, por motivo de

conseqüência: conseqüentemente, em decorrência, como

resultado, efeito de

Algumas expressões que podem ser usadas para abordar temas

com divergência de opiniões: em contrapartida, se por um lado... /

por outro... , xxx é um fenômeno ambíguo, enquanto uns

afirmam... / outros dizem que...

Exemplo de argumentação para a tese de que as abelhas são

insetos extraordinários:

porque tem instinto muito apurado

Page 294: APOSTILA DE PORTUGUES

porque são organizadas em repúblicas disciplinadas

porque fornecem ao homem cera e mel

apesar de seus ferrões e de sua força quando constituem um

enxame

Mesmo quando se destacam características positivas, é bom

utilizar ponto negativo. Neste caso, destaca-se que a importância

dos pontos positivos minimizam a negatividade do outro argumento.

3.4 Partes de uma dissertação

Introdução :

Constitui o parágrafo inicial do texto e deve ter, em média, 5

linhas. É composta por uma sinopse do assunto a ser tratado no

texto. Não se pode, entretanto, começar as explicações antes do

tempo. Todas as idéias devem ser apresentadas de forma sintética,

pois é no desenvolvimento que serão detalhadas.

A construção da introdução pode ser feita de várias maneiras:

Constatação do problema

Exemplos: O aumento progressivo dos índices de violência nos

grandes centros urbanos está promovendo uma mobilização

político-social.

Delimitação do assunto

Page 295: APOSTILA DE PORTUGUES

Exemplos: A cidade do Rio de Janeiro, um dos núcleos urbanos

mais atrativos turisticamente no Brasil, aparece nos meios de

comunicação também como foco de violência urbana.

Definição do tema

Exemplos: Como um dos mais problemáticos fenômenos sociais,

a violência está mobilizando não só o governo brasileiro, mas

também toda a população num esforço para sua erradicação.

Na construção da introdução, a utilização de um dos métodos

apresentados não seria suficiente. Deve-se, num segundo período,

lançar as idéias a serem explicitadas no desenvolvimento. Para

tanto pode-se levantar 3 argumentos, causas e conseqüências, prós

e contras. Lembre-se de que as explicações e respectivas

fundamentações de cada uma dessas idéias cabem somente ao

desenvolvimento.

Observe alguns exemplos:

A televisão - Se por um lado esse popular veículo de

comunicação pode influenciar o espectador, também se constitui

num excelente divulgador de informações com potencial até mesmo

pedagógico.

(as três idéias: manipulador de opiniões, divulgador de

informações e instrumento educacional.)

Page 296: APOSTILA DE PORTUGUES

Escassez de energia elétrica - Destacam-se como fatores

preponderantes para esse processo o aumento populacional e a má

distribuição de energia que podem acarretar novo racionamento.

(as três idéias: crescimento da população e da demanda de

energia, problemas com distribuição da energia gerada no Brasil e a

conseqüência do racionamento do uso de energia)

A juventude e a violência - Pode-se associar esse crescimento

da violência com o número de jovens envolvidos com drogas e sem

orientações familiares, o que gera preconceito em relação a

praticantes de esportes de luta e "funkeiros"

Desenvolvimento :

Esta segunda parte de uma redação, também chamada de

argumentação, representa o corpo do texto. Aqui serão

desenvolvidas as idéias propostas na introdução. É o momento em

que se defende o ponto de vista acerca do tema proposto. Deve-se

atentar para não deixar de abordar nenhum item proposto na

introdução.

Pode estar dividido em 2 ou 3 parágrafos e corresponde a umas

20 linhas, aproximadamente.

A abordagem depende da técnica definida na introdução: 3

argumentos, causas e conseqüências ou prós e contras. O conceito

de argumento é importante, pois ele é a base da dissertação.

Page 297: APOSTILA DE PORTUGUES

Causa, conseqüência, pró, contra são todos tipos de argumentos;

logo pode-se apresentar 3 causas, por exemplo, num texto.

A reflexão sobre o tema proposto não pode ser superficial, para

aprofundar essa abordagem buscam-se sempre os porquês. De

modo prático o procedimento é:

- Levantar os argumentos referentes ao tema proposto.

- Fazer a pergunta por quê? a cada um deles, relacionando-o

diretamente ao tema e à sociedade brasileira atual.

A distribuição da argumentação em parágrafos depende,

também, da técnica adotada:

- 3 argumentos: um parágrafo explica cada um dos argumentos;

- causas e conseqüências: podem estar distribuídas em 2 ou 3

parágrafos. Ou agrupam-se causas e conseqüências, constituindo 2

parágrafos; ou associa-se uma causa a uma conseqüência e com

cada grupo constroem-se 2 ou 3 parágrafos.;

- prós e contras: são as mesmas opções da técnica de causas e

conseqüências, substituídas por prós e contras.

- abordagem histórica: compara-se o antes e o hoje, elucidando

os motivos e conseqüências dessas transformações. Cuidado com

dados como datas, nomes etc. de que não se tenha certeza.

Page 298: APOSTILA DE PORTUGUES

- abordagem comparativa: usam-se duas idéias centrais para

serem relacionadas no decorrer do texto. A relação destacada pode

ser de identificação, de comparação ou as duas ao mesmo tempo.

É muito importante manter uma abordagem mais ampla, mostrar

os dois lados da questão. O texto esquematizado previamente

reflete organização e técnica, valorizando bastante a redação. Logo,

um texto equilibrado tem mais chances de receber melhores

conceitos dos avaliadores, por demonstrar que o candidato se

empenhou para construí-lo.

Recurso adicional - para elucidar uma idéia e demonstrar

atualização, pode-se apresentar de forma bastante objetiva e breve

um exemplo relacionado ao assunto.

Encontre uma causa e uma conseqüência relacionados à

proposição abaixo e construa um parágrafo para cada argumento:

O Brasil tem enfrentado graves problemas na área de saúde e

previdência públicas

A campanha contra a miséria e a fome está mobilizando toda a

nação

Indique três causas das proposições a seguir e justifique cada

uma através de uma frase:

Precariedade do sistema de transportes

Alto índice de mortalidade infantil

Page 299: APOSTILA DE PORTUGUES

Congestionamento nas grandes cidades

Aponte três conseqüências para os temas abaixo e construa um

parágrafo fundamentando cada uma.

Baixo índice de mão-de-obra especializada

Falta de investimento em tecnologia

Uso de agrotóxicos

Levante um argumento favorável e um desfavorável para a

proposição a seguir. Construa um parágrafo envolvendo suas

idéias.

As greves dos trabalhadores em relação à sociedade e à nação

Conclusão :

Representa o fecho do texto e vai gerar a impressão final do

avaliador. Deve conter, assim como a introdução, em torno de 5

linhas.

Pode-se fazer uma reafirmação do tema e dar-lhe um fecho ou

apresentar possíveis soluções para o problema apresentado.

Apesar de ser um parecer pessoal, jamais se inclua.

Evite começar com palavras e expressões como: concluindo,

para finalizar, conclui-se que, enfim...

Evitar numa dissertação :

Page 300: APOSTILA DE PORTUGUES

Após o título de uma redação não coloque ponto.

Ao terminar o texto, não coloque qualquer coisa escrita ou riscos

de qualquer natureza. Detalhe: não precisa autografar no final

também, e ainda assim será uma obra-prima.

Prefira usar palavras de língua portuguesa a estrangeirismos.

Não use chavões, provérbios, ditos populares ou frases feitas.

Não use questionamentos em seu texto, sobretudo em sua

conclusão.

Jamais usar a primeira pessoa do singular, a menos que haja

solicitação do tema (Exemplos: O que você acha sobre o aborto -

ainda assim, pode-se usar a 3ª pessoa)

Evite usar palavras como "coisa" e "algo", por terem sentido

vago. Prefira: elemento, fator, tópico, índice, item etc.

Repetir muitas vezes as mesmas palavras empobrece o texto.

Lance mão de sinônimos e expressões que representem a idéia em

questão.

Só cite exemplos de domínio público, sem narrar seu desenrolar.

Faça somente uma breve menção.

A emoção não pode perpassar nem mesmo num adjetivo

empregado no texto. Atenção à imparcialidade.

Evite o uso de etc. e jamais abrevie palavras

Page 301: APOSTILA DE PORTUGUES

Não analisar assuntos polêmicos sob apenas um dos lados da

questão

Exemplo de texto dissertativo:

A posição social da mulher de hoje

Ao contrário de algumas teses predominantes até bem pouco

tempo, a maioria das sociedades de hoje já começam a reconhecer

a não existência de distinção alguma entre homens e mulheres.

Não há diferença de caráter intelectual ou de qualquer outro tipo

que permita considerar aqueles superiores a estas.

Com efeito, o passar do tempo está a mostrar a participação

ativa das mulheres em inúmeras atividades. Até nas áreas antes

exclusivamente masculinas, elas estão presentes, inclusive em

posições de comando. Estão no comércio, nas indústrias,

predominam no magistério e destacam-se nas artes. No tocante à

economia e à política, a cada dia que passa, estão vencendo

obstáculos, preconceitos e ocupando mais espaços.

Cabe ressaltar que essa participação não pode nem deve ser

analisada apenas pelo prisma quantitativo. Convém observar o

progressivo crescimento da participação feminina em detrimento

aos muitos anos em que não tinham espaço na sociedade brasileira

e mundial.

Muitos preconceitos foram ultrapassados, mas muitos ainda

perduram e emperram essa revolução de costumes. A igualdade de

Page 302: APOSTILA DE PORTUGUES

oportunidades ainda não se efetivou por completo, sobretudo no

mercado de trabalho. Tomando-se por base o crescimento

qualitativo da representatividade feminina, é uma questão de tempo

a conquista da real equiparação entre os seres humanos, sem

distinções de sexo.

4. Tipos de Discurso:

Um texto é composto por personagens que falam, dialogam

entre si, manifestam, enfim, o seu discurso.

Há três recursos para citar o discurso alheio:

a) Discurso direto:

Parece que a agulha não disse nada: mas um alfinete, de

cabeça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha:

- Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela

é que vai gozar a vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura.

Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me

espetam, fico.

Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse,

abanando a cabeça: - Também eu tenho servido de agulha a muita

linha ordinária!

(Um apólogo.) Machado de Assis

O texto reproduz a fala do alfinete e do professor de melancolia.

Em ambos os casos, a reprodução da fala é com as próprias

Page 303: APOSTILA DE PORTUGUES

palavras deles, como se o leitor estivesse ouvindo esses

personagens literalmente.

Esse tipo de expediente é denominado de discurso direto, cujas

marcas típicas são:

- vem introduzido por verbo que anuncia a fala do personagem

(murmurou, disse). Esses verbos são chamados de verbos de dizer

(dizer, responder, retrucar, afirmar, falar).

- normalmente, antes da fala do personagem, há dois pontos ou

travessão.

- os pronomes, o tempo verbal e palavras que dependem de

situação são usados literalmente, determinados pelo contexto.

b) Discurso indireto:

D. Paula perguntou-lhe se o escritório era ainda o mesmo, e

disse-lhe que descansasse, que não era nada; dali a duas horas

tudo estaria acabado.

Nessa passagem o narrador reproduz a fala da personagem

literalmente, mas usa suas próprias palavras.

A fala de D. Paula chega ao leitor por via indireta, por isso esse

expediente é denominado de discurso indireto, cujas marcas são:

- discurso indireto também é introduzido por verbo de dizer.

Page 304: APOSTILA DE PORTUGUES

- vem separado da fala do narrador por uma partícula

introdutória, normalmente a conjunção que ou se.

- os pronomes, o tempo verbal e elementos que dependem de

situação são determinados pelo contexto do narrador: o verbo

ocorre na 3ª pessoa.

Vejamos um confronto dos discursos direto e indireto.

- Discurso direto: D. Paula disse: - Daqui a duas horas tudo

estará acabado.

- Discurso indireto: D. Paula disse que dali a duas horas tudo

estaria acabado.

Na conversão do discurso direto para o indireto, as frases

interrogativas, exclamativas e imperativas passam todas para a

forma declarativa.

c) Discurso indireto livre:

Baleia encostava a cabecinha fatigada na pedra. A pedra estava

fria, certamente Sinhá Vitória tinha deixado o fogo apagar-se muito

cedo.

Baleia queria dormir. E lamberia as mãos de Fabiano, um

Fabiano enorme. As crianças se espojariam com ela, rolariam com

ela num pátio enorme, num chiqueiro enorme. O mundo ficaria todo

cheio de preás, gordos, enormes.

Page 305: APOSTILA DE PORTUGUES

Aqui, quase não conseguimos observar os limites entre a fala do

narrador e a do personagem.

Somente observando o tempo verbal e os adjetivos é que

supomos tratar-se do discurso do personagem.

Para um esclarecimento melhor, observemos os discursos

abaixo:

- Discurso direto: Baleia pensava: O mundo ficará todo cheio de

preás, gordos, enormes.

- Discurso indireto: Baleia pensava que o mundo todo ficaria

todo cheio de preás, gordos, enormes.

- Discurso indireto livre: O mundo ficaria todo cheio de preás,

gordos, enormes.

Notamos que o discurso indireto livre é um discurso que exclui

os verbos de dizer e a partícula introdutória.

Quanto à citação do discurso alheio, cada citação assume um

papel distinto no interior do texto, pois:

Ao escolher o discurso direto, cria-se um efeito de verdade,

dando a impressão de preservar a integridade do discurso.

Já a opção pelo discurso indireto cria diferentes efeitos de

sentido.

Page 306: APOSTILA DE PORTUGUES

O primeiro, que elimina elementos emocionais ou afetivos gera

um efeito de sentido de objetividade analítica, depreendendo

apenas o que o personagem diz e não como diz.

O segundo tipo serve para analisar as palavras e o modo de

dizer dos outros e não somente o conteúdo de sua comunicação.

E o discurso indireto livre mescla a fala do narrador e do

personagem. Do ponto de vista gramatical, o discurso é do

narrador; do ponto de vista do significado, o discurso é do

personagem.

O efeito de sentido do discurso indireto livre está entre a

subjetividade e a objetividade.

COERÊNCIA E COESÃO

1. Coerência:

Produzimos textos porque pretendemos informar, divertir,

explicar, convencer, discordar, ordenar, ou seja, o texto é uma

unidade de significado produzida sempre com uma determinada

intenção. Assim como a frase não é uma simples sucessão de

palavras, o texto também não é uma simples sucessão de frases,

mas um todo organizado capaz de estabelecer contato com nossos

interlocutores, influindo sobre eles. Quando isso ocorre, temos um

texto em que há coerência.

A coerência é resultante da não-contradição entre os diversos

segmentos textuais que devem estar encadeados logicamente.

Cada segmento textual é pressuposto do segmento seguinte, que

Page 307: APOSTILA DE PORTUGUES

por sua vez será pressuposto para o que lhe estender, formando

assim uma cadeia em que todos eles estejam concatenados

harmonicamente. Quando há quebra nessa concatenação, ou

quando um segmento atual está em contradição com um anterior,

perde-se a coerência textual.

A coerência é também resultante da adequação do que se diz ao

contexto extra verbal, ou seja, àquilo o que o texto faz referência,

que precisa ser conhecido pelo receptor.

Ao ler uma frase como "No verão passado, quando estivemos na

capital do Ceará Fortaleza, não pudemos aproveitar a praia, pois o

frio era tanto que chegou a nevar", percebemos que ela é

incoerente em decorrência da incompatibilidade entre um

conhecimento prévio que temos da realizada com o que se relata.

Sabemos que, considerando uma realidade "normal", em Fortaleza

não neva (ainda mais no verão!).

Claro que, inserido numa narrativa ficcional fantástica, o

exemplo acima poderia fazer sentido, dando coerência ao texto -

nesse caso, o contexto seria a "anormalidade" e prevaleceria a

coerência interna da narrativa.

No caso de apresentar uma inadequação entre o que informa e

a realidade "normal" pré-conhecida, para guardar a coerência o

texto deve apresentar elementos lingüísticos instruindo o receptor

acerca dessa anormalidade.

Page 308: APOSTILA DE PORTUGUES

Uma afirmação como "Foi um verdadeiro milagre! O menino caiu

do décimo andar e não sofreu nenhum arranhão." é coerente, na

medida que a frase inicial ("Foi um verdadeiro milagre") instrui o

leitor para a anormalidade do fato narrado.

2. Coesão:

A redação deve primar, como se sabe, pela clareza,

objetividade, coerência e coesão. E a coesão, como o próprio nome

diz (coeso significa ligado), é a propriedade que os elementos

textuais têm de estar interligados. De um fazer referência ao outro.

Do sentido de um depender da relação com o outro. Preste atenção

a este texto, observando como as palavras se comunicam, como

dependem uma das outras.

 

São Paulo: Oito pessoas morrem em queda de avião

Das Agências

Cinco passageiros de uma mesma família, de Maringá, dois

tripulantes e uma mulher que viu o avião cair morreram

Oito pessoas morreram (cinco passageiros de uma mesma

família e dois tripulantes, além de uma mulher que teve ataque

cardíaco) na queda de um avião (1) bimotor Aero Commander, da

empresa J. Caetano, da cidade de Maringá (PR). O avião (1) prefixo

PTI-EE caiu sobre quatro sobrados da Rua Andaquara, no bairro de

Page 309: APOSTILA DE PORTUGUES

Jardim Marajoara, Zona Sul de São Paulo, por volta das 21h40 de

sábado. O impacto (2) ainda atingiu mais três residências.

Estavam no avião (1) o empresário Silvio Name Júnior (4), de 33

anos, que foi candidato a prefeito de Maringá nas últimas eleições

(leia reportagem nesta página); o piloto (1) José Traspadini (4), de

64 anos; o co-piloto (1) Geraldo Antônio da Silva Júnior, de 38; o

sogro de Name Júnior (4), Márcio Artur Lerro Ribeiro (5), de 57;

seus (4) filhos Márcio Rocha Ribeiro Neto, de 28, e Gabriela

Gimenes Ribeiro (6), de 31; e o marido dela (6), João Izidoro de

Andrade (7), de 53 anos.

Izidoro Andrade (7) é conhecido na região (8) como um dos

maiores compradores de cabeças de gado do Sul (8) do país.

Márcio Ribeiro (5) era um dos sócios do Frigorífico Naviraí, empresa

proprietária do bimotor (1). Isidoro Andrade (7) havia alugado o

avião (1) Rockwell Aero Commander 691, prefixo PTI-EE, para (7)

vir a São Paulo assistir ao velório do filho (7) Sérgio Ricardo de

Andrade (8), de 32 anos, que (8) morreu ao reagir a um assalto e

ser baleado na noite de sexta-feira.

O avião (1) deixou Maringá às 7 horas de sábado e pousou no

aeroporto de Congonhas às 8h27. Na volta, o bimotor (1) decolou

para Maringá às 21h20 e, minutos depois, caiu na altura do número

375 da Rua Andaquara, uma espécie de vila fechada, próxima à

avenida Nossa Senhora do Sabará, uma das avenidas mais

movimentadas da Zona Sul de São Paulo. Ainda não se conhece as

causas do acidente (2). O avião (1) não tinha caixa preta e a torre

Page 310: APOSTILA DE PORTUGUES

de controle também não tem informações. O laudo técnico demora

no mínimo 60 dias para ser concluído.

Segundo testemunhas, o bimotor (1) já estava em chamas antes

de cair em cima de quatro casas (9). Três pessoas (10) que

estavam nas casas (9) atingidas pelo avião (1) ficaram feridas. Elas

(10) não sofreram ferimentos graves. (10) Apenas escoriações e

queimaduras. Elídia Fiorezzi, de 62 anos, Natan Fiorezzi, de 6, e

Josana Fiorezzi foram socorridos no Pronto Socorro de Santa

Cecília.

Vejamos, por exemplo, o elemento (1), referente ao avião

envolvido no acidente. Ele foi retomado nove vezes durante o texto.

Isso é necessário à clareza e à compreensão do texto. A memória

do leitor deve ser reavivada a cada instante. Se, por exemplo, o

avião fosse citado uma vez no primeiro parágrafo e fosse retomado

somente uma vez, no último, talvez a clareza da matéria fosse

comprometida.

E como retomar os elementos do texto? Podemos enumerar

alguns mecanismos:

a) REPETIÇÃO: o elemento (1) foi repetido diversas vezes

durante o texto. Pode perceber que a palavra avião foi bastante

usada, principalmente por ele ter sido o veículo envolvido no

acidente, que é a notícia propriamente dita. A repetição é um dos

principais elementos de coesão do texto jornalístico fatual, que, por

sua natureza, deve dispensar a releitura por parte do receptor (o

Page 311: APOSTILA DE PORTUGUES

leitor, no caso). A repetição pode ser considerada a mais explícita

ferramenta de coesão. Na dissertação cobrada pelos vestibulares,

obviamente deve ser usada com parcimônia, uma vez que um

número elevado de repetições pode levar o leitor à exaustão.

b) REPETIÇÃO PARCIAL: na retomada de nomes de pessoas,

a repetição parcial é o mais comum mecanismo coesivo do texto

jornalístico. Costuma-se, uma vez citado o nome completo de um

entrevistado - ou da vítima de um acidente, como se observa com o

elemento (7), na última linha do segundo parágrafo e na primeira

linha do terceiro -, repetir somente o(s) seu(s) sobrenome(s).

Quando os nomes em questão são de celebridades (políticos,

artistas, escritores, etc.), é de praxe, durante o texto, utilizar a

nominalização por meio da qual são conhecidas pelo público.

Exemplos: Nedson (para o prefeito de Londrina, Nedson Micheletti);

Farage (para o candidato à prefeitura de Londrina em 2000 Farage

Khouri); etc. Nomes femininos costumam ser retomados pelo

primeiro nome, a não ser nos casos em que o sobrenomes sejam,

no contexto da matéria, mais relevantes e as identifiquem com mais

propriedade.

c) ELIPSE: é a omissão de um termo que pode ser facilmente

deduzido pelo contexto da matéria. Veja-se o seguinte exemplo:

Estavam no avião (1) o empresário Silvio Name Júnior (4), de 33

anos, que foi candidato a prefeito de Maringá nas últimas eleições;

o piloto (1) José Traspadini (4), de 64 anos; o co-piloto (1) Geraldo

Antônio da Silva Júnior, de 38. Perceba que não foi necessário

repetir-se a palavra avião logo após as palavras piloto e co-piloto.

Page 312: APOSTILA DE PORTUGUES

Numa matéria que trata de um acidente de avião, obviamente o

piloto será de aviões; o leitor não poderia pensar que se tratasse de

um piloto de automóveis, por exemplo. No último parágrafo ocorre

outro exemplo de elipse: Três pessoas (10) que estavam nas casas

(9) atingidas pelo avião (1) ficaram feridas. Elas (10) não sofreram

ferimentos graves. (10) Apenas escoriações e queimaduras. Note

que o (10) em negrito, antes de Apenas, é uma omissão de um

elemento já citado: Três pessoas. Na verdade, foi omitido, ainda, o

verbo: (As três pessoas sofreram) Apenas escoriações e

queimaduras.

d) SUBSTITUIÇÕES: uma das mais ricas maneiras de se

retomar um elemento já citado ou de se referir a outro que ainda vai

ser mencionado é a substituição, que é o mecanismo pelo qual se

usa uma palavra (ou grupo de palavras) no lugar de outra palavra

(ou grupo de palavras). Confira os principais elementos de

substituição:

Pronomes: a função gramatical do pronome é justamente

substituir ou acompanhar um nome. Ele pode, ainda, retomar toda

uma frase ou toda a idéia contida em um parágrafo ou no texto

todo. Na matéria-exemplo, são nítidos alguns casos de substituição

pronominal: o sogro de Name Júnior (4), Márcio Artur Lerro Ribeiro

(5), de 57; seus (4) filhos Márcio Rocha Ribeiro Neto, de 28, e

Gabriela Gimenes Ribeiro (6), de 31; e o marido dela (6), João

Izidoro de Andrade (7), de 53 anos. O pronome possessivo seus

retoma Name Júnior (os filhos de Name Júnior...); o pronome

pessoal ela, contraído com a preposição de na forma dela, retoma

Page 313: APOSTILA DE PORTUGUES

Gabriela Gimenes Ribeiro (e o marido de Gabriela...). No último

parágrafo, o pronome pessoal elas retoma as três pessoas que

estavam nas casas atingidas pelo avião: Elas (10) não sofreram

ferimentos graves.

Epítetos: são palavras ou grupos de palavras que, ao mesmo

tempo que se referem a um elemento do texto, qualificam-no. Essa

qualificação pode ser conhecida ou não pelo leitor. Caso não seja,

deve ser introduzida de modo que fique fácil a sua relação com o

elemento qualificado.

Exemplos:

a) (...) foram elogiadas pelo por Fernando Henrique Cardoso. O

presidente, que voltou há dois dias de Cuba, entregou-lhes um

certificado... (o epíteto presidente retoma Fernando Henrique

Cardoso; poder-se-ia usar, como exemplo, sociólogo);

b) Edson Arantes de Nascimento gostou do desempenho do

Brasil. Para o ex-Ministro dos Esportes, a seleção... (o epíteto ex-

Ministro dos Esportes retoma Edson Arantes do Nascimento; poder-

se-iam, por exemplo, usar as formas jogador do século, número um

do mundo, etc.

Sinônimos ou quase sinônimos: palavras com o mesmo

sentido (ou muito parecido) dos elementos a serem retomados.

Exemplo: O prédio foi demolido às 15h. Muitos curiosos se

aglomeraram ao redor do edifício, para conferir o espetáculo

(edifício retoma prédio. Ambos são sinônimos).

Page 314: APOSTILA DE PORTUGUES

Nomes deverbais: são derivados de verbos e retomam a ação

expressa por eles. Servem, ainda, como um resumo dos

argumentos já utilizados. Exemplos: Uma fila de centenas de

veículos paralisou o trânsito da Avenida Higienópolis, como sinal de

protesto contra o aumentos dos impostos. A paralisação foi a

maneira encontrada... (paralisação, que deriva de paralisar, retoma

a ação de centenas de veículos de paralisar o trânsito da Avenida

Higienópolis). O impacto (2) ainda atingiu mais três residências (o

nome impacto retoma e resume o acidente de avião noticiado na

matéria-exemplo)

Elementos classificadores e categorizadores: referem-se a

um elemento (palavra ou grupo de palavras) já mencionado ou não

por meio de uma classe ou categoria a que esse elemento

pertença: Uma fila de centenas de veículos paralisou o trânsito da

Avenida Higienópolis. O protesto foi a maneira encontrada...

(protesto retoma toda a idéia anterior - da paralisação -,

categorizando-a como um protesto); Quatro cães foram

encontrados ao lado do corpo. Ao se aproximarem, os peritos

enfrentaram a reação dos animais (animais retoma cães, indicando

uma das possíveis classificações que se podem atribuir a eles).

Advérbios: palavras que exprimem circunstâncias,

principalmente as de lugar: Em São Paulo, não houve problemas.

Lá, os operários não aderiram... (o advérbio de lugar lá retoma São

Paulo). Exemplos de advérbios que comumente funcionam como

elementos referenciais, isto é, como elementos que se referem a

outros do texto: aí, aqui, ali, onde, lá, etc.

Page 315: APOSTILA DE PORTUGUES

Observação: É mais freqüente a referência a elementos já

citados no texto. Porém, é muito comum a utilização de palavras e

expressões que se refiram a elementos que ainda serão utilizados.

Exemplo: Izidoro Andrade (7) é conhecido na região (8) como um

dos maiores compradores de cabeças de gado do Sul (8) do país.

Márcio Ribeiro (5) era um dos sócios do Frigorífico Naviraí, empresa

proprietária do bimotor (1). A palavra região serve como elemento

classificador de Sul (A palavra Sul indica uma região do país), que

só é citada na linha seguinte.

Conexão:

Além da constante referência entre palavras do texto, observa-

se na coesão a propriedade de unir termos e orações por meio de

conectivos, que são representados, na Gramática, por inúmeras

palavras e expressões. A escolha errada desses conectivos pode

ocasionar a deturpação do sentido do texto. Abaixo, uma lista dos

principais elementos conectivos, agrupados pelo sentido. Baseamo-

nos no autor Othon Moacyr Garcia (Comunicação em Prosa

Moderna).

Prioridade, relevância: em primeiro lugar, antes de mais nada,

antes de tudo, em princípio, primeiramente, acima de tudo,

precipuamente, principalmente, primordialmente, sobretudo, a priori

(itálico), a posteriori (itálico).

Tempo (freqüência, duração, ordem, sucessão, anterioridade,

posterioridade): então, enfim, logo, logo depois, imediatamente,

Page 316: APOSTILA DE PORTUGUES

logo após, a princípio, no momento em que, pouco antes, pouco

depois, anteriormente, posteriormente, em seguida, afinal, por fim,

finalmente agora atualmente, hoje, freqüentemente, constantemente

às vezes, eventualmente, por vezes, ocasionalmente, sempre,

raramente, não raro, ao mesmo tempo, simultaneamente, nesse

ínterim, nesse meio tempo, nesse hiato, enquanto, quando, antes

que, depois que, logo que, sempre que, assim que, desde que,

todas as vezes que, cada vez que, apenas, já, mal, nem bem.

Semelhança, comparação, conformidade: igualmente, da

mesma forma, assim também, do mesmo modo, similarmente,

semelhantemente, analogamente, por analogia, de maneira

idêntica, de conformidade com, de acordo com, segundo, conforme,

sob o mesmo ponto de vista, tal qual, tanto quanto, como, assim

como, como se, bem como.

Condição, hipótese: se, caso, eventualmente.

Adição, continuação: além disso, demais, ademais, outrossim,

ainda mais, ainda cima, por outro lado, também, e, nem, não só ...

mas também, não só... como também, não apenas ... como

também, não só ... bem como, com, ou (quando não for

excludente).

Dúvida: talvez provavelmente, possivelmente, quiçá, quem

sabe, é provável, não é certo, se é que.

Page 317: APOSTILA DE PORTUGUES

Certeza, ênfase: decerto, por certo, certamente,

indubitavelmente, inquestionavelmente, sem dúvida, inegavelmente,

com toda a certeza.

Surpresa, imprevisto: inesperadamente, inopinadamente, de

súbito, subitamente, de repente, imprevistamente,

surpreendentemente.

Ilustração, esclarecimento: por exemplo, só para ilustrar, só

para exemplificar, isto é, quer dizer, em outras palavras, ou por

outra, a saber, ou seja, aliás.

Propósito, intenção, finalidade: com o fim de, a fim de, com o

propósito de, com a finalidade de, com o intuito de, para que, a fim

de que, para.

Lugar, proximidade, distância: perto de, próximo a ou de, junto

a ou de, dentro, fora, mais adiante, aqui, além, acolá, lá, ali, este,

esta, isto, esse, essa, isso, aquele, aquela, aquilo, ante, a.

Resumo, recapitulação, conclusão: em suma, em síntese, em

conclusão, enfim, em resumo, portanto, assim, dessa forma, dessa

maneira, desse modo, logo, pois (entre vírgulas), dessarte, destarte,

assim sendo.

Causa e conseqüência. Explicação: por conseqüência, por

conseguinte, como resultado, por isso, por causa de, em virtude de,

assim, de fato, com efeito, tão (tanto, tamanho) ... que, porque,

porquanto, pois, já que, uma vez que, visto que, como (= porque),

Page 318: APOSTILA DE PORTUGUES

portanto, logo, que (= porque), de tal sorte que, de tal forma que,

haja vista.

Contraste, oposição, restrição, ressalva: pelo contrário, em

contraste com, salvo, exceto, menos, mas, contudo, todavia,

entretanto, no entanto, embora, apesar de, ainda que, mesmo que,

posto que, posto, conquanto, se bem que, por mais que, por menos

que, só que, ao passo que.

Idéias alternativas: Ou, ou... ou, quer... quer, ora... ora.

DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO

Para compreender os conceitos de denotação e conotação é

preciso observar que o signo lingüístico é constituído de duas

partes distintas, embora uma não exista separada da outra.

Isto quer dizer que o signo tem uma parte perceptível

(constituído de som e representado por letra) e uma parte inteligível

(constituída de conceito [imagem mental por meio da qual

representamos um objeto]).

Essa parte perceptível é denominada significante ou plano de

expressão.

Já a parte inteligível é denominada significado ou plano de

conteúdo.

Quando um plano de expressão (significante) for suporte para

mais de um plano de conteúdo (significado) temos a polissemia.

Page 319: APOSTILA DE PORTUGUES

Assim o significante linha pode denotar os significados:

material para costurar ou bordar,

atacantes de futebol,

trilhos de trem ou bonde,

conduta de um indivíduo ou postura.

No entanto, a polissemia não deve ser vista como um problema,

uma vez que será neutralizada pelo contexto.

Pois assim que se insere no contexto a palavra perde seu

caráter polissêmico e ganha um significado específico, passando a

ser denominado de significado contextual.

A costureira, de tão velha, não conseguia mais enfiar a linha na

agulha.

O técnico deslocou o jogador da linha para a defesa.

As linhas de bonde foram cobertas pelo asfalto.

O conferencista, apesar da agressividade da platéia, não perdeu

a linha.

Dessa maneira percebemos que o significado contextual é

fundamental para entendermos um texto.

Page 320: APOSTILA DE PORTUGUES

A denotação é a relação existente entre o plano de expressão e

o plano de conteúdo, ou seja, o significado denotativo é o conceito

ao qual nos remete certo significante.

No entanto, um termo além do seu significado denotativo, pode

vir acrescido de outros significados paralelos.

Esses novos valores constituem aquilo que denominamos

sentido conotativo, ou seja, o acréscimo de um novo valor constitui

a conotação, que consiste num novo plano de conteúdo para o

signo que já tinha um significado denotativo.

Assim duas palavras podem ter a mesma denotação e

conotação completamente distinta, uma vez que policial e meganha

tem a mesma denotação, mas conotação totalmente diferente.

O sentido conotativo varia de cultura para cultura, de classe

social para classe social ou de época para época.

PARÁFRASE, PERÍFRASE, SÍNTESE E RESUMO

1. Paráfrase:

Paráfrase é a reprodução explicativa de um texto ou de unidade

de um texto, por meio de uma linguagem mais longa. Na paráfrase

sempre se conservam basicamente as idéias do texto original. O

que se inclui são comentários, idéias e impressões de quem faz a

paráfrase. Na escola, quando o professor, ao comentar um texto,

inclui outras idéias, alongando-se em função do propósito de ser

mais didático, faz uma paráfrase.

Page 321: APOSTILA DE PORTUGUES

Parafrasear consiste em transcrever, com novas palavras, as

idéias centrais de um texto. O leitor deverá fazer uma leitura

cuidadosa e atenta e, a partir daí, reafirmar e/ou esclarecer o tema

central do texto apresentado, acrescentando aspectos relevantes de

uma opinião pessoal ou acercando-se de críticas bem

fundamentadas. Portanto, a paráfrase repousa sobre o texto-base,

condensando-o de maneira direta e imperativa. Consiste em um

excelente exercício de redação, uma vez que desenvolve o poder

de síntese, clareza e precisão vocabular. Acrescenta-se o fato de

possibilitar um diálogo intertextual, recurso muito utilizado para

efeito estético na literatura moderna.

2. Perífrase:

O povo lusitano foi bastante satirizado por Gil Vicente.

Utilizou-se a expressão "povo lusitano" para substituir "os

portugueses". Esse rodeio de palavras que substituiu um nome

comum ou próprio chama-se perífrase.

Perífrase é a substituição de um nome comum ou próprio por um

expressão que a caracterize. Nada mais é do que um circunlóquio,

isto é, um rodeio de palavras.

Outros exemplos: astro rei (Sol) | última flor do Lácio (língua

portuguesa) | Cidade-Luz (Paris) Rainha da Borborema (Campina

Grande) | Cidade Maravilhosa (Rio de Janeiro).

3. Síntese:

Page 322: APOSTILA DE PORTUGUES

A síntese de texto é um tipo especial de composição que

consiste em reproduzir, em poucas palavras, o que o autor

expressou amplamente. Desse modo, só devem ser aproveitadas

as idéias essenciais, dispensando-se tudo o que for secundário.

Procedimentos:

1. Leia atentamente o texto, a fim de conhecer o assunto e

assimilar as idéias principais;

2. Leia novamente o texto, sublinhando as partes mais

importantes, ou anotando à parte os pontos que devem ser

conservados;

3. Resuma cada parágrafo separadamente, mantendo a

seqüência de idéias do texto original;

4. Agora, faça seu próprio resumo, unindo os parágrafos, ou

fazendo quaisquer adaptações conforme desejar;

5. Evite copiar partes do texto original. Procure exercitar seu

vocabulário. Mantenha, porém, o nível de linguagem do autor;

6. Não se envolva nem participe do texto. Limite-se a sintetizá-lo.

4. Resumo:

Ler não é apenas passar os olhos no texto. É preciso saber tirar

dele o que é mais importante, facilitando o trabalho da memória.

Saber resumir as idéias expressas em um texto não é difícil.

Resumir um texto é reproduzir com poucas palavras aquilo que o

autor disse.

Page 323: APOSTILA DE PORTUGUES

Para se realizar um bom resumo, são necessárias algumas

recomendações:

1. Ler todo o texto para descobrir do que se trata.

2. Reler uma ou mais vezes, sublinhando frases ou palavras

importantes. Isto ajuda a identificar.

3. Distinguir os exemplos ou detalhes das idéias principais.

4. Observar as palavras que fazem a ligação entre as diferentes

idéias do texto, também chamadas de conectivos: "por causa

de", "assim sendo", "além do mais", "pois", "em decorrência de",

"por outro lado", "da mesma forma".

5. Fazer o resumo de cada parágrafo, porque cada um encerra

uma idéia diferente.

6. Ler os parágrafos resumidos e observar se há uma estrutura

coerente, isto é, se todas as partes estão bem encadeadas e se

formam um todo.

7. Num resumo, não se devem comentar as idéias do autor.

Deve-se registrar apenas o que ele escreveu, sem usar

expressões como "segundo o autor", "o autor afirmou que".

8. O tamanho do resumo pode variar conforme o tipo de assunto

abordado. É recomendável que nunca ultrapasse vinte por

cento da extensão do texto original.

9. Nos resumos de livros, não devem aparecer diálogos,

descrições detalhadas, cenas ou personagens secundárias.

Somente as personagens, os ambientes e as ações mais

importantes devem ser registrados.

SIGNIFICAÇÃO IMPLÍCITA

Page 324: APOSTILA DE PORTUGUES

Fiz faculdade, mas aprendi algumas coisas.

A frase transmite duas informações: ele freqüentou um curso

superior, aprendeu algumas coisas.

No entanto, essas duas informações transmitem de forma

implícita uma crítica ao sistema de ensino vigente. Essa crítica se

dá através do uso da preposição mas.

Assim percebemos que um dos aspectos mais intrigantes que

pode ser apresentado por um texto é o fato dele dizer aquilo que

parece não dizer, ou seja, é a presença de enunciados

subentendidos ou pressupostos.

Um leitor é considerado perspicaz quando consegue ler as

entrelinhas do texto, isto é, quando capta as mensagens implícitas.

Para não cair na exploração maliciosa de alguns textos que

abusam dos aspectos subentendidos ou pressupostos devemos

saber que:

Pressupostos são idéias não expressas de maneira explícita,

mas que pode ser percebida a partir de certas palavras ou

expressões utilizadas.

O tempo continua chuvoso (chove no momento - informação

implícita estava chovendo antes)

Pedro deixou de fumar (não fuma no momento - informação

implícita fumava antes)

Page 325: APOSTILA DE PORTUGUES

Quanto a utilização de pressupostos devemos saber que eles

devem ser sempre verdadeiros ou aceitos como verdadeiros, pois

são eles que construirão informações explícitas. Sendo o

pressuposto falso, a informação explícita não terá cabimento.

Detectar o pressuposto durante uma leitura é fundamental para

a interpretação textual, uma vez que esse recurso argumentativo

não é posto em discussão pelo autor do texto, fato que aprisiona o

leitor ao pensamento do autor e o leva a defender opiniões

contrárias a suas.

Os pressupostos são marcados por:

certos advérbios - Os resultados da pesquisa ainda não

chegaram até nós. (Pressuposto - Os resultados já deviam ter

chegado ou Os resultados vão chegar mais tarde.)

certos verbos - O caso do contrabando tornou-se público.

(Pressuposto - O caso não era público.)

orações adjetivas - Os candidatos a prefeito, que só querem

defender seus interesses, não pensam no povo. (Pressuposto -

Todos os candidatos a prefeito têm interesses individuais.)

adjetivos - Os partidos radicais acabarão com a democracia no

Brasil. (Pressuposto - Existem partidos radicais no Brasil.)

Subentendidos são insinuações escondidas por trás de uma

afirmação. (Quando um fumante com o cigarro pergunta: Você tem

Page 326: APOSTILA DE PORTUGUES

fogo? Por trás dessa pergunta subentende-se: Acenda-me o cigarro

por favor.

Enquanto o pressuposto é um dado apresentado como

indiscutível para o falante e o ouvinte, não permitindo contestações;

o subentendido é de responsabilidade do ouvinte, uma vez que o

falante esconde-se por trás do sentido literal das palavras.

O subentendido pode ser uma maneira encontra pelo falante

para transmitir algo sem se comprometer com a informação.

NÍVEIS DE LINGUAGEM

A língua é um código de que se serve o homem para elaborar

mensagens, para se comunicar.

Existem basicamente duas modalidades de língua, ou seja, duas

línguas funcionais:

1) a língua funcional de modalidade culta, língua culta ou língua-

padrão, que compreende a língua literária, tem por base a norma

culta, forma lingüística utilizada pelo segmento mais culto e

influente de uma sociedade. Constitui, em suma, a língua utilizada

pelos veículos de comunicação de massa (emissoras de rádio e

televisão, jornais, revistas, painéis, anúncios, etc.), cuja função é a

de serem aliados da escola, prestando serviço à sociedade,

colaborando na educação, e não justamente o contrário;

Page 327: APOSTILA DE PORTUGUES

2) a língua funcional de modalidade popular; língua popular ou

língua cotidiana, que apresenta gradações as mais diversas, tem o

seu limite na gíria e no calão.

Norma culta:

A norma culta, forma lingüística que todo povo civilizado possui,

é a que assegura a unidade da língua nacional. E justamente em

nome dessa unidade, tão importante do ponto de vista político-

cultural, que é ensinada nas escolas e difundida nas gramáticas.

Sendo mais espontânea e criativa, a língua popular se afigura

mais expressiva e dinâmica. Temos, assim, à guisa de

exemplificação:

Estou preocupado. (norma culta)

Tô preocupado. (língua popular)

Tô grilado. (gíria, limite da língua popular)

Não basta conhecer apenas uma modalidade de língua; urge

conhecer a língua popular, captando-lhe a espontaneidade,

expressividade e enorme criatividade, para viver; urge conhecer a

língua culta para conviver.

Podemos, agora, definir gramática: é o estudo das normas da

língua culta.

O conceito de erro em língua:

Page 328: APOSTILA DE PORTUGUES

Em rigor, ninguém comete erro em língua, exceto nos casos de

ortografia. O que normalmente se comete são transgressões da

norma culta. De fato, aquele que, num momento íntimo do discurso,

diz: "Ninguém deixou ele falar", não comete propriamente erro; na

verdade, transgride a norma culta.

Um repórter, ao cometer uma transgressão em sua fala,

transgride tanto quanto um indivíduo que comparece a um banquete

trajando xortes ou quanto um banhista, numa praia, vestido de

fraque e cartola.

Releva considerar, assim, o momento do discurso, que pode ser

íntimo, neutro ou solene.

O momento íntimo é o das liberdades da fala. No recesso do lar,

na fala entre amigos, parentes, namorados, etc., portanto, são

consideradas perfeitamente normais construções do tipo:

Eu não vi ela hoje.

Ninguém deixou ele falar.

Deixe eu ver isso!

Eu te amo, sim, mas não abuse!

Não assisti o filme nem vou assisti-lo.

Sou teu pai, por isso vou perdoá-lo.

Page 329: APOSTILA DE PORTUGUES

Nesse momento, a informalidade prevalece sobre a norma culta,

deixando mais livres os interlocutores.

O momento neutro é o do uso da língua-padrão, que é a língua

da Nação. Como forma de respeito, tomam-se por base aqui as

normas estabelecidas na gramática, ou seja, a norma culta. Assim,

aquelas mesmas construções se alteram:

Eu não a vi hoje.

Ninguém o deixou falar.

Deixe-me ver isso!

Eu te amo, sim, mas não abuses!

Não assisti ao filme nem vou assistir a ele.

Sou seu pai, por isso vou perdoar-lhe.

Considera-se momento neutro o utilizado nos veículos de

comunicação de massa (rádio, televisão, jornal, revista, etc.). Daí o

fato de não se admitirem deslizes ou transgressões da norma culta

na pena ou na boca de jornalistas, quando no exercício do trabalho,

que deve refletir serviço à causa do ensino, e não o contrário.

O momento solene, acessível a poucos, é o da arte poética,

caracterizado por construções de rara beleza.

Vale lembrar, finalmente, que a língua é um costume. Como tal,

qualquer transgressão, ou chamado erro, deixa de sê-lo no exato

Page 330: APOSTILA DE PORTUGUES

instante em que a maioria absoluta o comete, passando, assim, a

constituir fato lingüístico registro de linguagem definitivamente

consagrado pelo uso, ainda que não tenha amparo gramatical.

Exemplos:

Olha eu aqui! (Substituiu: Olha-me aqui!)

Vamos nos reunir. (Substituiu: Vamo-nos reunir.)

Não vamos nos dispersar. (Substituiu: Não nos vamos dispersar

e Não vamos dispersar-nos.)

Tenho que sair daqui depressinha. (Substituiu: Tenho de sair

daqui bem depressa.)

O soldado está a postos. (Substituiu: O soldado está no seu

posto.)

Têxtil, que significa rigorosamente que se pode tecer, em virtude

do seu significado, não poderia ser adjetivo associado a indústria, já

que não existe indústria que se pode tecer. Hoje, porém, temos não

só como também o operário têxtil, em vez da indústria de fibra têxtil

e do operário da indústria de fibra têxtil.

As formas impeço, despeço e desimpeço, dos verbos impedir,

despedir e desimpedir, respectivamente, são exemplos também de

transgressões ou "erros" que se tornaram fatos lingüísticos, já que

só correm hoje porque a maioria viu tais verbos como derivados de

pedir, que tem, início, na sua conjugação, com peço. Tanto bastou

Page 331: APOSTILA DE PORTUGUES

para se arcaizarem as formas então legítimas impido, despido e

desimpido, que hoje nenhuma pessoa bem-escolarizada tem

coragem de usar.

Em vista do exposto, será útil eliminar do vocabulário escolar

palavras como corrigir e correto, quando nos referimos a frases.

"Corrija estas frases" é uma expressão que deve dar lugar a esta,

por exemplo: "Converta estas frases da língua popular para a língua

culta".

Uma frase correta não é aquela que se contrapõe a uma frase

"errada"; é, na verdade, uma frase elaborada conforme as normas

gramaticais; em suma, conforme a norma culta.

Língua escrita e língua falada. Nível de linguagem:

A língua escrita, estática, mais elaborada e menos econômica,

não dispõe dos recursos próprios da língua falada.

A acentuação (relevo de sílaba ou sílabas), a entoação (melodia

da frase), as pausas (intervalos significativos no decorrer do

discurso), além da possibilidade de gestos, olhares, piscadas, etc.,

fazem da língua falada a modalidade mais expressiva, mais criativa,

mais espontânea e natural, estando, por isso mesmo, mais sujeita a

transformações e a evoluções.

Nenhuma, porém, se sobrepõe a outra em importância. Nas

escolas principalmente, costuma se ensinar a língua falada com

base na língua escrita, considerada superior. Decorrem daí as

Page 332: APOSTILA DE PORTUGUES

correções, as retificações, as emendas, a que os professores

sempre estão atentos.

Ao professor cabe ensinar as duas modalidades, mostrando as

características e as vantagens de uma e outra, sem deixar

transparecer nenhum caráter de superioridade ou inferioridade, que

em verdade inexiste.

Isso não implica dizer que se deve admitir tudo na língua falada.

A nenhum povo interessa a multiplicação de línguas. A nenhuma

nação convém o surgimento de dialetos, conseqüência natural do

enorme distanciamento entre uma modalidade e outra.

A língua escrita é, foi e sempre será mais bem-elaborada que a

língua falada, porque é a modalidade que mantém a unidade

lingüística de um povo, além de ser a que faz o pensamento

atravessar o espaço e o tempo. Nenhuma reflexão, nenhuma

análise mais detida será possível sem a língua escrita, cujas

transformações, por isso mesmo, se processam lentamente e em

número consideravelmente menor, quando cotejada com a

modalidade falada.

Importante é fazer o educando perceber que o nível da

linguagem, a norma lingüística, deve variar de acordo com a

situação em que se desenvolve o discurso.

O ambiente sociocultural determina. O nível da linguagem a ser

empregado. O vocabulário, a sintaxe, a pronúncia e até a entoação

variam segundo esse nível. Um padre não fala com uma criança

Page 333: APOSTILA DE PORTUGUES

como se estivesse dizendo missa, assim como uma criança não fala

como um adulto. Um engenheiro não usará um mesmo discurso, ou

um mesmo nível de fala, para colegas e para pedreiros, assim como

nenhum professor utiliza o mesmo nível de fala no recesso do lar e

na sala de aula.

Existem, portanto, vários níveis de linguagem e, entre esses

níveis, se destacam em importância o culto e o cotidiano, a que já

fizemos referência.

A gíria:

Ao contrário do que muitos pensam, a gíria não constitui um

flagelo da linguagem. Quem, um dia, já não usou bacana, dica,

cara, chato, cuca, esculacho, estrilar?

O mal maior da gíria reside na sua adoção como forma

permanente de comunicação, desencadeando um processo não só

de esquecimento, como de desprezo do vocabulário oficial. Usada

no momento certo, porém, a gíria é um elemento de linguagem que

denota expressividade e revela grande criatividade, desde que,

naturalmente, adequada à mensagem, ao meio e ao receptor. Note,

porém, que estamos falando em gíria, e não em calão.

Ainda que criativa e expressiva, a gíria só é admitida na língua

falada. A língua escrita não a tolera, a não ser na reprodução da

fala de determinado meio ou época, com a visível intenção de

documentar o fato, ou em casos especiais de comunicação entre

Page 334: APOSTILA DE PORTUGUES

amigos, familiares, namorados, etc., caracterizada pela linguagem

informal.

1. Narração:

Tem por objetivo contar uma história real, fictícia ou mesclando

dados reais e imaginários. Baseia-se numa evolução de

acontecimentos, mesmo que não mantenham relação de

linearidade com o tempo real. Sendo assim, está pautada em

verbos de ação e conectores temporais.

A narrativa pode estar em 1ª ou 3ª pessoa, dependendo do

papel que o narrador assuma em relação à história. Numa narrativa

em 1ª pessoa, o narrador participa ativamente dos fatos narrados,

mesmo que não seja a personagem principal (narrador =

personagem). Já a narrativa em 3ª pessoa traz o narrador como um

observador dos fatos que pode até mesmo apresentar pensamentos

de personagens do texto (narrador = observador).

O bom autor toma partido das duas opções de posicionamento

para o narrador, a fim de criar uma história mais ou menor parcial,

comprometida. Por exemplo, Machado de Assis, ao escrever Dom

Casmurro, optou pela narrativa em 1ª pessoa justamente para

apresentar-nos os fatos segundo um ponto de vista interno, portanto

mais parcial e subjetivo.

1.1 Narração objetiva X Narração subjetiva

Page 335: APOSTILA DE PORTUGUES

objetiva - apenas informa os fatos, sem se deixar envolver

emocionalmente com o que está noticiado. É de cunho impessoal e

direto.

subjetiva - leva-se em conta as emoções, os sentimentos

envolvidos na história. São ressaltados os efeitos psicológicos que

os acontecimentos desencadeiam nos personagens.

Observação - o fato de um narrador de 1ª pessoa envolver-se

emocionalmente com mais facilidade na história, não significa que a

narração subjetiva requeira sempre um narrador em 1ª pessoa ou

vice-versa.

1.2 Elementos básicos da narrativa:

Fato - o que se vai narrar (O quê?)

Tempo - quando o fato ocorreu (Quando?)

Lugar - onde o fato se deu (Onde?)

Personagens - quem participou ou observou o ocorrido (Com

quem?)

Causa - motivo que determinou a ocorrência (Por quê?)

Modo - como se deu o fato (Como?)

Conseqüências (Geralmente provoca determinado desfecho)

A modalidade narrativa de texto pode constituir-se de diferentes

maneiras: piada, peça teatral, crônica, novela, conto, fábula etc.

Page 336: APOSTILA DE PORTUGUES

Uma narrativa pode trazer falas de personagens entremeadas

aos acontecimentos, faz-se uso dos chamados discursos: direto,

indireto ou indireto livre.

No discurso direto, o narrador transcreve as palavras da própria

personagem. Para tanto, recomenda-se o uso de algumas notações

gráficas que marquem tais falas: travessão, dois pontos, aspas.

Mais modernamente alguns autores não fazem uso desses

recursos.

O discurso indireto apresenta as palavras das personagens

através do narrador que reproduz uma síntese do que ouviu,

podendo suprimir ou modificar o que achar necessário. A

estruturação desse discurso não carece de marcações gráficas

especiais, uma vez que sempre é o narrador que detém a palavra.

Usualmente, a estrutura traz verbo dicendi (elocução) e oração

subordinada substantiva com verbo num tempo passado em relação

à fala da personagem.

Quanto ao discurso indireto livre, é usado como uma estrutura

bastante informal de colocar frases soltas, sem identificação de

quem a proferiu, em meio ao texto. Trazem, muitas vezes, um

pensamento do personagem ou do narrador, um juízo de valor ou

opinião, um questionamento referente a algo mencionado no texto

ou algo parecido. Esse tipo de discurso é o mais usado atualmente,

sobretudo em crônicas de jornal, histórias infantis e pequenos

contos.

Page 337: APOSTILA DE PORTUGUES

2. Descrição:

Caracteriza-se por ser um "retrato verbal" de pessoas, objetos,

animais, sentimentos, cenas ou ambientes. Entretanto, uma

descrição não se resume à enumeração pura e simples. O

essencial é saber captar o traço distintivo, particular, o que

diferencia aquele elemento descrito de todos os demais de sua

espécie.

Os elementos mais importantes no processo de caracterização

são os adjetivos e locuções adjetivas. Desta maneira, é possível

construir a caracterização tanto no sentido denotativo quanto no

conotativo, como forma de enriquecimento do texto.

Enquanto uma narração faz progredir uma história, a descrição

consiste justamente em interrompê-la, detendo-se em um

personagem, um objeto, um lugar, etc.

2.1 Elementos básicos de uma descrição:

nomear / identificar - dar existência ao elemento (diferenças e

semelhanças)

localizar / situar - determinar o lugar que o elemento ocupa no

tempo e no espaço

qualificar - testemunho do observador sobre os seres do mundo

A qualificação constitui a parte principal de uma descrição.

Qualificar o elemento descrito é dar-lhe características, apresentar

um julgamento sobre ele. A qualificação pode estar no campo

Page 338: APOSTILA DE PORTUGUES

objetivo ou no subjetivo. Uma forma muito comum de qualificação é

a analogia, isto é, a aproximação pelo pensamento de dois

elementos que pertencem a domínios distintos. Pode ser feita

através de comparações ou metáforas.

2.2 Descrição subjetiva X Descrição objetiva:

objetiva - sem impressões do observador, tentando maior

proximidade com o real

subjetiva - visão do observador através de juízos de valor

No terreno objetivo temos as informações (dados do

conhecimento do autor do texto: livro comprado em Lisboa), as

caracterizações (dados que estão no objeto de descrição: livro

vermelho). Já no subjetivo, estão as qualificações (impressões

subjetivas sobre o ser ou objeto: livro interessante). O ideal é que

uma descrição possa fundir a objetividade, necessária para a

"pintura" ser a mais verídica possível, e a subjetividade que torna o

texto bem mais interessante e agradável. Sendo assim, a descrição

deve ir além do simples "retrato", deve apresentar também uma

interpretação do autor a respeito daquilo que descreve.

3. Dissertação

Introdução

A folha em branco, o tempo passando. As unhas roídas, o tema

dado e nenhuma idéia. Muitas pessoas já passaram por uma

situação semelhante, em que não sabiam absolutamente por onde

começar a escrever sobre determinado assunto.

Page 339: APOSTILA DE PORTUGUES

Escrever pode ser fácil para qualquer pessoa, desde que esta

queira se empenhar para tanto. Não há mágicas ou fórmulas

práticas para aprender a escrever. Na verdade, é um trabalho que

depende sobremaneira do empenho do interessado em aprender.

Para este intento, algumas dicas práticas podem ser dadas para

auxiliar, mas nada substitui a necessidade de escrever sempre. O

ato da escrita deve se tornar algo natural, a fim de afastar o

fantasma do "branco total". Além disso, a leitura e a atualização de

informações também colaboram muito na qualidade do texto.

O objetivo da redação é chegar a um texto que será tão repleto

de escolhas pessoais (idéias, palavras, estruturas frasais,

organização, exemplos) que, até partindo de um mesmo assunto

geral, milhares de pessoas podem chegar a um bom resultado

apresentando trabalhos nitidamente diferentes.

Para desenvolver esse trabalho, a presente apostila direciona-se

ao estudo dissertativo. Será considerada uma média de trinta linhas

para as redações, sobretudo no tocante à distribuição destas linhas

nas subdivisões textuais apresentadas

Muitas vezes, as maiores dificuldades estão na concretização

das idéias no papel. Para auxiliar neste processo, a apostila conta

também com um suporte de Língua Portuguesa. A preocupação

aqui não é de nomenclaturas ou classificações, o que teve relevo foi

a funcionalidade lingüística no momento da escrita.

Page 340: APOSTILA DE PORTUGUES

Alguns pontos merecem destaque especial para um

aprimoramento da escrita:

ler mais

adquirir o hábito de escrever

pontuar adequadamente

organizar idéias

construir períodos mais curtos

Estrutura textual

Assunto

Delimitar um aspecto acerca do tema proposto é importante para

uma boa abordagem do assunto. Não se poderá fazer uma análise

aprofundada se o tema for amplo, por isso especifica-se o assunto a

ser tratado.

A escolha do aspecto, entretanto, não pode restringir demais o

tema ou corre-se o risco da falta de idéias.

Essa delimitação deve ser feita na introdução e, a partir daí, o

leitor sabe que aquele aspecto será explorado no decorrer do texto

e a conclusão fará menção direta a ele.

Observe alguns exemplos:

Page 341: APOSTILA DE PORTUGUES

televisão - a violência na televisão / a televisão e a opinião

pública

a vida nas grandes cidades - a vida social dos jovens nas

grandes cidades / os problemas das grandes cidades

preconceitos - preconceitos raciais / causas do preconceito racial

progresso - vantagens e desvantagens sociais do progresso /

progresso e evolução humana

3.1 Parágrafos:

São blocos de texto, cuja primeira linha inicia-se em margem

especial, maior do que a margem normal do texto. Concentram

sempre uma idéia-núcleo relacionada diretamente ao tema da

redação.

Não há moldes rígidos para a construção de um parágrafo. O

ideal é que em cada parágrafo haja dois ou três períodos, usando

pontos continuativos (na mesma linha) intermediários.

A divisão em parágrafos é indicativa de que o leitor encontrará,

em cada um deles, um tópico do que o autor pretende transmitir.

Essa delimitação deve estar esquematizada desde antes do

rascunho, no momento do planejamento estrutural, assim a redação

apresentará mais coerência

3.2 Qualidades de uma dissertação

O texto deve ser sempre bem claro, conciso e objetivo. A

coerência é um aspecto de grande importância para a eficiência de

Page 342: APOSTILA DE PORTUGUES

uma dissertação, pois não deve haver pormenores excessivos ou

explicações desnecessárias. Todas as idéias apresentadas devem

ser relevantes para o tema proposto e relacionadas diretamente a

ele.

A originalidade demonstra sua segurança e faz um diferencial

em meio aos demais textos. Só não se pode, em aspecto nenhum,

abandonar o tema proposto.

Toda redação deve ter início, meio e fim, que são designados

por introdução, desenvolvimento e conclusão, respectivamente. As

idéias distribuem-se de forma lógica, sem haver fragmentação da

mesma idéia em vários parágrafos.

Elementos de coesão: Algumas palavras e expressões facilitam

a ligação entre as idéias, estejam elas num mesmo parágrafo ou

não. Não é obrigatório, entretanto, o emprego destas expressões

para que um texto tenha qualidade. Seguem algumas sugestões e

suas respectivas relações:

assim, desse modo - têm valor exemplificativo e complementar.

A seqüência introduzida por eles serve normalmente para explicitar,

confirmar e complementar o que se disse anteriormente.

ainda - serve, entre outras coisas, para introduzir mais um

argumento a favor de determinada conclusão; ou para incluir um

elemento a mais dentro de um conjunto de idéias qualquer.

Page 343: APOSTILA DE PORTUGUES

aliás, além do mais, além de tudo, além disso - introduzem

um argumento decisivo, apresentado como acréscimo. Pode ser

usado para dar um "golpe final" num argumento contrário.

mas, porém, todavia, contudo, entretanto... (conj.

adversativas) - marcam oposição entre dois enunciados.

embora, ainda que, mesmo que - servem para admitir um dado

contrário para depois negar seu valor de argumento, diminuir sua

importância. Trata-se de um recurso dissertativo muito bom, pois

sem negar as possíveis objeções, afirma-se um ponto de vista

contrário.

este, esse e aquele - são chamados termos anafóricos e podem

fazer referência a termos anteriormente expressos, inclusive para

estabelecer semelhanças e/ou diferenças entre eles.

3.3 O que é dissertação

Dissertar é um ato praticado pelas pessoas todos os dias. Elas

procuram justificativas para a elevação dos preços, para o aumento

da violência nas cidades, para a repressão dos pais. É mundial a

preocupação com a bomba atômica, a AIDS, a solidão, a poluição.

Muitas vezes, em casos de divergência de opiniões, cada um

defende seus pontos de vista em relação ao futebol, ao cinema, à

música.

A vida cotidiana traz constantemente a necessidade de

exposição de idéias pessoais, opiniões e pontos de vista. Em

alguns casos, é preciso persuadir os outros a adotarem ou

Page 344: APOSTILA DE PORTUGUES

aceitarem uma forma de pensar diferente. Em todas essas

situações e em muitas outras, utiliza-se a linguagem para dissertar,

ou seja, organizam-se palavras, frases, textos, a fim de, por meio da

apresentação de idéias, dados e conceitos, chegar-se a conclusões.

Em suma, dissertação implica discussão de idéias,

argumentação, organização do pensamento, defesa de pontos de

vista, descoberta de soluções. É, entretanto, necessário

conhecimento do assunto que se vai abordar, aliado a uma tomada

de posição diante desse assunto.

3.3.1 Argumentação

A base de uma dissertação é a fundamentação de seu ponto de

vista, sua opinião sobre o assunto. Para tanto, deve-se atentar para

as relações de causa-conseqüência e pontos favoráveis e

desfavoráveis, muito usadas nesse processo.

Algumas expressões indicadoras de causa e conseqüência:

causa: por causa de, graças a, em virtude de, em vista de,

devido a, por motivo de

conseqüência: conseqüentemente, em decorrência, como

resultado, efeito de

Algumas expressões que podem ser usadas para abordar temas

com divergência de opiniões: em contrapartida, se por um lado... /

por outro... , xxx é um fenômeno ambíguo, enquanto uns

afirmam... / outros dizem que...

Page 345: APOSTILA DE PORTUGUES

Exemplo de argumentação para a tese de que as abelhas são

insetos extraordinários:

porque tem instinto muito apurado

porque são organizadas em repúblicas disciplinadas

porque fornecem ao homem cera e mel

apesar de seus ferrões e de sua força quando constituem um

enxame

Mesmo quando se destacam características positivas, é bom

utilizar ponto negativo. Neste caso, destaca-se que a importância

dos pontos positivos minimizam a negatividade do outro argumento.

3.4 Partes de uma dissertação

Introdução :

Constitui o parágrafo inicial do texto e deve ter, em média, 5

linhas. É composta por uma sinopse do assunto a ser tratado no

texto. Não se pode, entretanto, começar as explicações antes do

tempo. Todas as idéias devem ser apresentadas de forma sintética,

pois é no desenvolvimento que serão detalhadas.

A construção da introdução pode ser feita de várias maneiras:

Constatação do problema

Page 346: APOSTILA DE PORTUGUES

Exemplos: O aumento progressivo dos índices de violência nos

grandes centros urbanos está promovendo uma mobilização

político-social.

Delimitação do assunto

Exemplos: A cidade do Rio de Janeiro, um dos núcleos urbanos

mais atrativos turisticamente no Brasil, aparece nos meios de

comunicação também como foco de violência urbana.

Definição do tema

Exemplos: Como um dos mais problemáticos fenômenos sociais,

a violência está mobilizando não só o governo brasileiro, mas

também toda a população num esforço para sua erradicação.

Na construção da introdução, a utilização de um dos métodos

apresentados não seria suficiente. Deve-se, num segundo período,

lançar as idéias a serem explicitadas no desenvolvimento. Para

tanto pode-se levantar 3 argumentos, causas e conseqüências, prós

e contras. Lembre-se de que as explicações e respectivas

fundamentações de cada uma dessas idéias cabem somente ao

desenvolvimento.

Observe alguns exemplos:

A televisão - Se por um lado esse popular veículo de

comunicação pode influenciar o espectador, também se constitui

num excelente divulgador de informações com potencial até mesmo

pedagógico.

Page 347: APOSTILA DE PORTUGUES

(as três idéias: manipulador de opiniões, divulgador de

informações e instrumento educacional.)

Escassez de energia elétrica - Destacam-se como fatores

preponderantes para esse processo o aumento populacional e a má

distribuição de energia que podem acarretar novo racionamento.

(as três idéias: crescimento da população e da demanda de

energia, problemas com distribuição da energia gerada no Brasil e a

conseqüência do racionamento do uso de energia)

A juventude e a violência - Pode-se associar esse crescimento

da violência com o número de jovens envolvidos com drogas e sem

orientações familiares, o que gera preconceito em relação a

praticantes de esportes de luta e "funkeiros"

Desenvolvimento :

Esta segunda parte de uma redação, também chamada de

argumentação, representa o corpo do texto. Aqui serão

desenvolvidas as idéias propostas na introdução. É o momento em

que se defende o ponto de vista acerca do tema proposto. Deve-se

atentar para não deixar de abordar nenhum item proposto na

introdução.

Pode estar dividido em 2 ou 3 parágrafos e corresponde a umas

20 linhas, aproximadamente.

A abordagem depende da técnica definida na introdução: 3

argumentos, causas e conseqüências ou prós e contras. O conceito

Page 348: APOSTILA DE PORTUGUES

de argumento é importante, pois ele é a base da dissertação.

Causa, conseqüência, pró, contra são todos tipos de argumentos;

logo pode-se apresentar 3 causas, por exemplo, num texto.

A reflexão sobre o tema proposto não pode ser superficial, para

aprofundar essa abordagem buscam-se sempre os porquês. De

modo prático o procedimento é:

- Levantar os argumentos referentes ao tema proposto.

- Fazer a pergunta por quê? a cada um deles, relacionando-o

diretamente ao tema e à sociedade brasileira atual.

A distribuição da argumentação em parágrafos depende,

também, da técnica adotada:

- 3 argumentos: um parágrafo explica cada um dos argumentos;

- causas e conseqüências: podem estar distribuídas em 2 ou 3

parágrafos. Ou agrupam-se causas e conseqüências, constituindo 2

parágrafos; ou associa-se uma causa a uma conseqüência e com

cada grupo constroem-se 2 ou 3 parágrafos.;

- prós e contras: são as mesmas opções da técnica de causas e

conseqüências, substituídas por prós e contras.

- abordagem histórica: compara-se o antes e o hoje, elucidando

os motivos e conseqüências dessas transformações. Cuidado com

dados como datas, nomes etc. de que não se tenha certeza.

Page 349: APOSTILA DE PORTUGUES

- abordagem comparativa: usam-se duas idéias centrais para

serem relacionadas no decorrer do texto. A relação destacada pode

ser de identificação, de comparação ou as duas ao mesmo tempo.

É muito importante manter uma abordagem mais ampla, mostrar

os dois lados da questão. O texto esquematizado previamente

reflete organização e técnica, valorizando bastante a redação. Logo,

um texto equilibrado tem mais chances de receber melhores

conceitos dos avaliadores, por demonstrar que o candidato se

empenhou para construí-lo.

Recurso adicional - para elucidar uma idéia e demonstrar

atualização, pode-se apresentar de forma bastante objetiva e breve

um exemplo relacionado ao assunto.

Encontre uma causa e uma conseqüência relacionados à

proposição abaixo e construa um parágrafo para cada argumento:

O Brasil tem enfrentado graves problemas na área de saúde e

previdência públicas

A campanha contra a miséria e a fome está mobilizando toda a

nação

Indique três causas das proposições a seguir e justifique cada

uma através de uma frase:

Precariedade do sistema de transportes

Alto índice de mortalidade infantil

Page 350: APOSTILA DE PORTUGUES

Congestionamento nas grandes cidades

Aponte três conseqüências para os temas abaixo e construa um

parágrafo fundamentando cada uma.

Baixo índice de mão-de-obra especializada

Falta de investimento em tecnologia

Uso de agrotóxicos

Levante um argumento favorável e um desfavorável para a

proposição a seguir. Construa um parágrafo envolvendo suas

idéias.

As greves dos trabalhadores em relação à sociedade e à nação

Conclusão :

Representa o fecho do texto e vai gerar a impressão final do

avaliador. Deve conter, assim como a introdução, em torno de 5

linhas.

Pode-se fazer uma reafirmação do tema e dar-lhe um fecho ou

apresentar possíveis soluções para o problema apresentado.

Apesar de ser um parecer pessoal, jamais se inclua.

Evite começar com palavras e expressões como: concluindo,

para finalizar, conclui-se que, enfim...

Evitar numa dissertação :

Page 351: APOSTILA DE PORTUGUES

Após o título de uma redação não coloque ponto.

Ao terminar o texto, não coloque qualquer coisa escrita ou riscos

de qualquer natureza. Detalhe: não precisa autografar no final

também, e ainda assim será uma obra-prima.

Prefira usar palavras de língua portuguesa a estrangeirismos.

Não use chavões, provérbios, ditos populares ou frases feitas.

Não use questionamentos em seu texto, sobretudo em sua

conclusão.

Jamais usar a primeira pessoa do singular, a menos que haja

solicitação do tema (Exemplos: O que você acha sobre o aborto -

ainda assim, pode-se usar a 3ª pessoa)

Evite usar palavras como "coisa" e "algo", por terem sentido

vago. Prefira: elemento, fator, tópico, índice, item etc.

Repetir muitas vezes as mesmas palavras empobrece o texto.

Lance mão de sinônimos e expressões que representem a idéia em

questão.

Só cite exemplos de domínio público, sem narrar seu desenrolar.

Faça somente uma breve menção.

A emoção não pode perpassar nem mesmo num adjetivo

empregado no texto. Atenção à imparcialidade.

Evite o uso de etc. e jamais abrevie palavras

Page 352: APOSTILA DE PORTUGUES

Não analisar assuntos polêmicos sob apenas um dos lados da

questão

Exemplo de texto dissertativo:

A posição social da mulher de hoje

Ao contrário de algumas teses predominantes até bem pouco

tempo, a maioria das sociedades de hoje já começam a reconhecer

a não existência de distinção alguma entre homens e mulheres.

Não há diferença de caráter intelectual ou de qualquer outro tipo

que permita considerar aqueles superiores a estas.

Com efeito, o passar do tempo está a mostrar a participação

ativa das mulheres em inúmeras atividades. Até nas áreas antes

exclusivamente masculinas, elas estão presentes, inclusive em

posições de comando. Estão no comércio, nas indústrias,

predominam no magistério e destacam-se nas artes. No tocante à

economia e à política, a cada dia que passa, estão vencendo

obstáculos, preconceitos e ocupando mais espaços.

Cabe ressaltar que essa participação não pode nem deve ser

analisada apenas pelo prisma quantitativo. Convém observar o

progressivo crescimento da participação feminina em detrimento

aos muitos anos em que não tinham espaço na sociedade brasileira

e mundial.

Muitos preconceitos foram ultrapassados, mas muitos ainda

perduram e emperram essa revolução de costumes. A igualdade de

Page 353: APOSTILA DE PORTUGUES

oportunidades ainda não se efetivou por completo, sobretudo no

mercado de trabalho. Tomando-se por base o crescimento

qualitativo da representatividade feminina, é uma questão de tempo

a conquista da real equiparação entre os seres humanos, sem

distinções de sexo.

4. Tipos de Discurso:

Um texto é composto por personagens que falam, dialogam

entre si, manifestam, enfim, o seu discurso.

Há três recursos para citar o discurso alheio:

a) Discurso direto:

Parece que a agulha não disse nada: mas um alfinete, de

cabeça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha:

- Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela

é que vai gozar a vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura.

Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me

espetam, fico.

Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse,

abanando a cabeça: - Também eu tenho servido de agulha a muita

linha ordinária!

(Um apólogo.) Machado de Assis

O texto reproduz a fala do alfinete e do professor de melancolia.

Em ambos os casos, a reprodução da fala é com as próprias

Page 354: APOSTILA DE PORTUGUES

palavras deles, como se o leitor estivesse ouvindo esses

personagens literalmente.

Esse tipo de expediente é denominado de discurso direto, cujas

marcas típicas são:

- vem introduzido por verbo que anuncia a fala do personagem

(murmurou, disse). Esses verbos são chamados de verbos de dizer

(dizer, responder, retrucar, afirmar, falar).

- normalmente, antes da fala do personagem, há dois pontos ou

travessão.

- os pronomes, o tempo verbal e palavras que dependem de

situação são usados literalmente, determinados pelo contexto.

b) Discurso indireto:

D. Paula perguntou-lhe se o escritório era ainda o mesmo, e

disse-lhe que descansasse, que não era nada; dali a duas horas

tudo estaria acabado.

Nessa passagem o narrador reproduz a fala da personagem

literalmente, mas usa suas próprias palavras.

A fala de D. Paula chega ao leitor por via indireta, por isso esse

expediente é denominado de discurso indireto, cujas marcas são:

- discurso indireto também é introduzido por verbo de dizer.

Page 355: APOSTILA DE PORTUGUES

- vem separado da fala do narrador por uma partícula

introdutória, normalmente a conjunção que ou se.

- os pronomes, o tempo verbal e elementos que dependem de

situação são determinados pelo contexto do narrador: o verbo

ocorre na 3ª pessoa.

Vejamos um confronto dos discursos direto e indireto.

- Discurso direto: D. Paula disse: - Daqui a duas horas tudo

estará acabado.

- Discurso indireto: D. Paula disse que dali a duas horas tudo

estaria acabado.

Na conversão do discurso direto para o indireto, as frases

interrogativas, exclamativas e imperativas passam todas para a

forma declarativa.

c) Discurso indireto livre:

Baleia encostava a cabecinha fatigada na pedra. A pedra estava

fria, certamente Sinhá Vitória tinha deixado o fogo apagar-se muito

cedo.

Baleia queria dormir. E lamberia as mãos de Fabiano, um

Fabiano enorme. As crianças se espojariam com ela, rolariam com

ela num pátio enorme, num chiqueiro enorme. O mundo ficaria todo

cheio de preás, gordos, enormes.

Page 356: APOSTILA DE PORTUGUES

Aqui, quase não conseguimos observar os limites entre a fala do

narrador e a do personagem.

Somente observando o tempo verbal e os adjetivos é que

supomos tratar-se do discurso do personagem.

Para um esclarecimento melhor, observemos os discursos

abaixo:

- Discurso direto: Baleia pensava: O mundo ficará todo cheio de

preás, gordos, enormes.

- Discurso indireto: Baleia pensava que o mundo todo ficaria

todo cheio de preás, gordos, enormes.

- Discurso indireto livre: O mundo ficaria todo cheio de preás,

gordos, enormes.

Notamos que o discurso indireto livre é um discurso que exclui

os verbos de dizer e a partícula introdutória.

Quanto à citação do discurso alheio, cada citação assume um

papel distinto no interior do texto, pois:

Ao escolher o discurso direto, cria-se um efeito de verdade,

dando a impressão de preservar a integridade do discurso.

Já a opção pelo discurso indireto cria diferentes efeitos de

sentido.

Page 357: APOSTILA DE PORTUGUES

O primeiro, que elimina elementos emocionais ou afetivos gera

um efeito de sentido de objetividade analítica, depreendendo

apenas o que o personagem diz e não como diz.

O segundo tipo serve para analisar as palavras e o modo de

dizer dos outros e não somente o conteúdo de sua comunicação.

E o discurso indireto livre mescla a fala do narrador e do

personagem. Do ponto de vista gramatical, o discurso é do

narrador; do ponto de vista do significado, o discurso é do

personagem.

O efeito de sentido do discurso indireto livre está entre a

subjetividade e a objetividade.

COERÊNCIA E COESÃO

1. Coerência:

Produzimos textos porque pretendemos informar, divertir,

explicar, convencer, discordar, ordenar, ou seja, o texto é uma

unidade de significado produzida sempre com uma determinada

intenção. Assim como a frase não é uma simples sucessão de

palavras, o texto também não é uma simples sucessão de frases,

mas um todo organizado capaz de estabelecer contato com nossos

interlocutores, influindo sobre eles. Quando isso ocorre, temos um

texto em que há coerência.

A coerência é resultante da não-contradição entre os diversos

segmentos textuais que devem estar encadeados logicamente.

Cada segmento textual é pressuposto do segmento seguinte, que

Page 358: APOSTILA DE PORTUGUES

por sua vez será pressuposto para o que lhe estender, formando

assim uma cadeia em que todos eles estejam concatenados

harmonicamente. Quando há quebra nessa concatenação, ou

quando um segmento atual está em contradição com um anterior,

perde-se a coerência textual.

A coerência é também resultante da adequação do que se diz ao

contexto extra verbal, ou seja, àquilo o que o texto faz referência,

que precisa ser conhecido pelo receptor.

Ao ler uma frase como "No verão passado, quando estivemos na

capital do Ceará Fortaleza, não pudemos aproveitar a praia, pois o

frio era tanto que chegou a nevar", percebemos que ela é

incoerente em decorrência da incompatibilidade entre um

conhecimento prévio que temos da realizada com o que se relata.

Sabemos que, considerando uma realidade "normal", em Fortaleza

não neva (ainda mais no verão!).

Claro que, inserido numa narrativa ficcional fantástica, o

exemplo acima poderia fazer sentido, dando coerência ao texto -

nesse caso, o contexto seria a "anormalidade" e prevaleceria a

coerência interna da narrativa.

No caso de apresentar uma inadequação entre o que informa e

a realidade "normal" pré-conhecida, para guardar a coerência o

texto deve apresentar elementos lingüísticos instruindo o receptor

acerca dessa anormalidade.

Page 359: APOSTILA DE PORTUGUES

Uma afirmação como "Foi um verdadeiro milagre! O menino caiu

do décimo andar e não sofreu nenhum arranhão." é coerente, na

medida que a frase inicial ("Foi um verdadeiro milagre") instrui o

leitor para a anormalidade do fato narrado.

2. Coesão:

A redação deve primar, como se sabe, pela clareza,

objetividade, coerência e coesão. E a coesão, como o próprio nome

diz (coeso significa ligado), é a propriedade que os elementos

textuais têm de estar interligados. De um fazer referência ao outro.

Do sentido de um depender da relação com o outro. Preste atenção

a este texto, observando como as palavras se comunicam, como

dependem uma das outras.

 

São Paulo: Oito pessoas morrem em queda de avião

Das Agências

Cinco passageiros de uma mesma família, de Maringá, dois

tripulantes e uma mulher que viu o avião cair morreram

Oito pessoas morreram (cinco passageiros de uma mesma

família e dois tripulantes, além de uma mulher que teve ataque

cardíaco) na queda de um avião (1) bimotor Aero Commander, da

empresa J. Caetano, da cidade de Maringá (PR). O avião (1) prefixo

PTI-EE caiu sobre quatro sobrados da Rua Andaquara, no bairro de

Page 360: APOSTILA DE PORTUGUES

Jardim Marajoara, Zona Sul de São Paulo, por volta das 21h40 de

sábado. O impacto (2) ainda atingiu mais três residências.

Estavam no avião (1) o empresário Silvio Name Júnior (4), de 33

anos, que foi candidato a prefeito de Maringá nas últimas eleições

(leia reportagem nesta página); o piloto (1) José Traspadini (4), de

64 anos; o co-piloto (1) Geraldo Antônio da Silva Júnior, de 38; o

sogro de Name Júnior (4), Márcio Artur Lerro Ribeiro (5), de 57;

seus (4) filhos Márcio Rocha Ribeiro Neto, de 28, e Gabriela

Gimenes Ribeiro (6), de 31; e o marido dela (6), João Izidoro de

Andrade (7), de 53 anos.

Izidoro Andrade (7) é conhecido na região (8) como um dos

maiores compradores de cabeças de gado do Sul (8) do país.

Márcio Ribeiro (5) era um dos sócios do Frigorífico Naviraí, empresa

proprietária do bimotor (1). Isidoro Andrade (7) havia alugado o

avião (1) Rockwell Aero Commander 691, prefixo PTI-EE, para (7)

vir a São Paulo assistir ao velório do filho (7) Sérgio Ricardo de

Andrade (8), de 32 anos, que (8) morreu ao reagir a um assalto e

ser baleado na noite de sexta-feira.

O avião (1) deixou Maringá às 7 horas de sábado e pousou no

aeroporto de Congonhas às 8h27. Na volta, o bimotor (1) decolou

para Maringá às 21h20 e, minutos depois, caiu na altura do número

375 da Rua Andaquara, uma espécie de vila fechada, próxima à

avenida Nossa Senhora do Sabará, uma das avenidas mais

movimentadas da Zona Sul de São Paulo. Ainda não se conhece as

causas do acidente (2). O avião (1) não tinha caixa preta e a torre

Page 361: APOSTILA DE PORTUGUES

de controle também não tem informações. O laudo técnico demora

no mínimo 60 dias para ser concluído.

Segundo testemunhas, o bimotor (1) já estava em chamas antes

de cair em cima de quatro casas (9). Três pessoas (10) que

estavam nas casas (9) atingidas pelo avião (1) ficaram feridas. Elas

(10) não sofreram ferimentos graves. (10) Apenas escoriações e

queimaduras. Elídia Fiorezzi, de 62 anos, Natan Fiorezzi, de 6, e

Josana Fiorezzi foram socorridos no Pronto Socorro de Santa

Cecília.

Vejamos, por exemplo, o elemento (1), referente ao avião

envolvido no acidente. Ele foi retomado nove vezes durante o texto.

Isso é necessário à clareza e à compreensão do texto. A memória

do leitor deve ser reavivada a cada instante. Se, por exemplo, o

avião fosse citado uma vez no primeiro parágrafo e fosse retomado

somente uma vez, no último, talvez a clareza da matéria fosse

comprometida.

E como retomar os elementos do texto? Podemos enumerar

alguns mecanismos:

a) REPETIÇÃO: o elemento (1) foi repetido diversas vezes

durante o texto. Pode perceber que a palavra avião foi bastante

usada, principalmente por ele ter sido o veículo envolvido no

acidente, que é a notícia propriamente dita. A repetição é um dos

principais elementos de coesão do texto jornalístico fatual, que, por

sua natureza, deve dispensar a releitura por parte do receptor (o

Page 362: APOSTILA DE PORTUGUES

leitor, no caso). A repetição pode ser considerada a mais explícita

ferramenta de coesão. Na dissertação cobrada pelos vestibulares,

obviamente deve ser usada com parcimônia, uma vez que um

número elevado de repetições pode levar o leitor à exaustão.

b) REPETIÇÃO PARCIAL: na retomada de nomes de pessoas,

a repetição parcial é o mais comum mecanismo coesivo do texto

jornalístico. Costuma-se, uma vez citado o nome completo de um

entrevistado - ou da vítima de um acidente, como se observa com o

elemento (7), na última linha do segundo parágrafo e na primeira

linha do terceiro -, repetir somente o(s) seu(s) sobrenome(s).

Quando os nomes em questão são de celebridades (políticos,

artistas, escritores, etc.), é de praxe, durante o texto, utilizar a

nominalização por meio da qual são conhecidas pelo público.

Exemplos: Nedson (para o prefeito de Londrina, Nedson Micheletti);

Farage (para o candidato à prefeitura de Londrina em 2000 Farage

Khouri); etc. Nomes femininos costumam ser retomados pelo

primeiro nome, a não ser nos casos em que o sobrenomes sejam,

no contexto da matéria, mais relevantes e as identifiquem com mais

propriedade.

c) ELIPSE: é a omissão de um termo que pode ser facilmente

deduzido pelo contexto da matéria. Veja-se o seguinte exemplo:

Estavam no avião (1) o empresário Silvio Name Júnior (4), de 33

anos, que foi candidato a prefeito de Maringá nas últimas eleições;

o piloto (1) José Traspadini (4), de 64 anos; o co-piloto (1) Geraldo

Antônio da Silva Júnior, de 38. Perceba que não foi necessário

repetir-se a palavra avião logo após as palavras piloto e co-piloto.

Page 363: APOSTILA DE PORTUGUES

Numa matéria que trata de um acidente de avião, obviamente o

piloto será de aviões; o leitor não poderia pensar que se tratasse de

um piloto de automóveis, por exemplo. No último parágrafo ocorre

outro exemplo de elipse: Três pessoas (10) que estavam nas casas

(9) atingidas pelo avião (1) ficaram feridas. Elas (10) não sofreram

ferimentos graves. (10) Apenas escoriações e queimaduras. Note

que o (10) em negrito, antes de Apenas, é uma omissão de um

elemento já citado: Três pessoas. Na verdade, foi omitido, ainda, o

verbo: (As três pessoas sofreram) Apenas escoriações e

queimaduras.

d) SUBSTITUIÇÕES: uma das mais ricas maneiras de se

retomar um elemento já citado ou de se referir a outro que ainda vai

ser mencionado é a substituição, que é o mecanismo pelo qual se

usa uma palavra (ou grupo de palavras) no lugar de outra palavra

(ou grupo de palavras). Confira os principais elementos de

substituição:

Pronomes: a função gramatical do pronome é justamente

substituir ou acompanhar um nome. Ele pode, ainda, retomar toda

uma frase ou toda a idéia contida em um parágrafo ou no texto

todo. Na matéria-exemplo, são nítidos alguns casos de substituição

pronominal: o sogro de Name Júnior (4), Márcio Artur Lerro Ribeiro

(5), de 57; seus (4) filhos Márcio Rocha Ribeiro Neto, de 28, e

Gabriela Gimenes Ribeiro (6), de 31; e o marido dela (6), João

Izidoro de Andrade (7), de 53 anos. O pronome possessivo seus

retoma Name Júnior (os filhos de Name Júnior...); o pronome

pessoal ela, contraído com a preposição de na forma dela, retoma

Page 364: APOSTILA DE PORTUGUES

Gabriela Gimenes Ribeiro (e o marido de Gabriela...). No último

parágrafo, o pronome pessoal elas retoma as três pessoas que

estavam nas casas atingidas pelo avião: Elas (10) não sofreram

ferimentos graves.

Epítetos: são palavras ou grupos de palavras que, ao mesmo

tempo que se referem a um elemento do texto, qualificam-no. Essa

qualificação pode ser conhecida ou não pelo leitor. Caso não seja,

deve ser introduzida de modo que fique fácil a sua relação com o

elemento qualificado.

Exemplos:

a) (...) foram elogiadas pelo por Fernando Henrique Cardoso. O

presidente, que voltou há dois dias de Cuba, entregou-lhes um

certificado... (o epíteto presidente retoma Fernando Henrique

Cardoso; poder-se-ia usar, como exemplo, sociólogo);

b) Edson Arantes de Nascimento gostou do desempenho do

Brasil. Para o ex-Ministro dos Esportes, a seleção... (o epíteto ex-

Ministro dos Esportes retoma Edson Arantes do Nascimento; poder-

se-iam, por exemplo, usar as formas jogador do século, número um

do mundo, etc.

Sinônimos ou quase sinônimos: palavras com o mesmo

sentido (ou muito parecido) dos elementos a serem retomados.

Exemplo: O prédio foi demolido às 15h. Muitos curiosos se

aglomeraram ao redor do edifício, para conferir o espetáculo

(edifício retoma prédio. Ambos são sinônimos).

Page 365: APOSTILA DE PORTUGUES

Nomes deverbais: são derivados de verbos e retomam a ação

expressa por eles. Servem, ainda, como um resumo dos

argumentos já utilizados. Exemplos: Uma fila de centenas de

veículos paralisou o trânsito da Avenida Higienópolis, como sinal de

protesto contra o aumentos dos impostos. A paralisação foi a

maneira encontrada... (paralisação, que deriva de paralisar, retoma

a ação de centenas de veículos de paralisar o trânsito da Avenida

Higienópolis). O impacto (2) ainda atingiu mais três residências (o

nome impacto retoma e resume o acidente de avião noticiado na

matéria-exemplo)

Elementos classificadores e categorizadores: referem-se a

um elemento (palavra ou grupo de palavras) já mencionado ou não

por meio de uma classe ou categoria a que esse elemento

pertença: Uma fila de centenas de veículos paralisou o trânsito da

Avenida Higienópolis. O protesto foi a maneira encontrada...

(protesto retoma toda a idéia anterior - da paralisação -,

categorizando-a como um protesto); Quatro cães foram

encontrados ao lado do corpo. Ao se aproximarem, os peritos

enfrentaram a reação dos animais (animais retoma cães, indicando

uma das possíveis classificações que se podem atribuir a eles).

Advérbios: palavras que exprimem circunstâncias,

principalmente as de lugar: Em São Paulo, não houve problemas.

Lá, os operários não aderiram... (o advérbio de lugar lá retoma São

Paulo). Exemplos de advérbios que comumente funcionam como

elementos referenciais, isto é, como elementos que se referem a

outros do texto: aí, aqui, ali, onde, lá, etc.

Page 366: APOSTILA DE PORTUGUES

Observação: É mais freqüente a referência a elementos já

citados no texto. Porém, é muito comum a utilização de palavras e

expressões que se refiram a elementos que ainda serão utilizados.

Exemplo: Izidoro Andrade (7) é conhecido na região (8) como um

dos maiores compradores de cabeças de gado do Sul (8) do país.

Márcio Ribeiro (5) era um dos sócios do Frigorífico Naviraí, empresa

proprietária do bimotor (1). A palavra região serve como elemento

classificador de Sul (A palavra Sul indica uma região do país), que

só é citada na linha seguinte.

Conexão:

Além da constante referência entre palavras do texto, observa-

se na coesão a propriedade de unir termos e orações por meio de

conectivos, que são representados, na Gramática, por inúmeras

palavras e expressões. A escolha errada desses conectivos pode

ocasionar a deturpação do sentido do texto. Abaixo, uma lista dos

principais elementos conectivos, agrupados pelo sentido. Baseamo-

nos no autor Othon Moacyr Garcia (Comunicação em Prosa

Moderna).

Prioridade, relevância: em primeiro lugar, antes de mais nada,

antes de tudo, em princípio, primeiramente, acima de tudo,

precipuamente, principalmente, primordialmente, sobretudo, a priori

(itálico), a posteriori (itálico).

Tempo (freqüência, duração, ordem, sucessão, anterioridade,

posterioridade): então, enfim, logo, logo depois, imediatamente,

Page 367: APOSTILA DE PORTUGUES

logo após, a princípio, no momento em que, pouco antes, pouco

depois, anteriormente, posteriormente, em seguida, afinal, por fim,

finalmente agora atualmente, hoje, freqüentemente, constantemente

às vezes, eventualmente, por vezes, ocasionalmente, sempre,

raramente, não raro, ao mesmo tempo, simultaneamente, nesse

ínterim, nesse meio tempo, nesse hiato, enquanto, quando, antes

que, depois que, logo que, sempre que, assim que, desde que,

todas as vezes que, cada vez que, apenas, já, mal, nem bem.

Semelhança, comparação, conformidade: igualmente, da

mesma forma, assim também, do mesmo modo, similarmente,

semelhantemente, analogamente, por analogia, de maneira

idêntica, de conformidade com, de acordo com, segundo, conforme,

sob o mesmo ponto de vista, tal qual, tanto quanto, como, assim

como, como se, bem como.

Condição, hipótese: se, caso, eventualmente.

Adição, continuação: além disso, demais, ademais, outrossim,

ainda mais, ainda cima, por outro lado, também, e, nem, não só ...

mas também, não só... como também, não apenas ... como

também, não só ... bem como, com, ou (quando não for

excludente).

Dúvida: talvez provavelmente, possivelmente, quiçá, quem

sabe, é provável, não é certo, se é que.

Page 368: APOSTILA DE PORTUGUES

Certeza, ênfase: decerto, por certo, certamente,

indubitavelmente, inquestionavelmente, sem dúvida, inegavelmente,

com toda a certeza.

Surpresa, imprevisto: inesperadamente, inopinadamente, de

súbito, subitamente, de repente, imprevistamente,

surpreendentemente.

Ilustração, esclarecimento: por exemplo, só para ilustrar, só

para exemplificar, isto é, quer dizer, em outras palavras, ou por

outra, a saber, ou seja, aliás.

Propósito, intenção, finalidade: com o fim de, a fim de, com o

propósito de, com a finalidade de, com o intuito de, para que, a fim

de que, para.

Lugar, proximidade, distância: perto de, próximo a ou de, junto

a ou de, dentro, fora, mais adiante, aqui, além, acolá, lá, ali, este,

esta, isto, esse, essa, isso, aquele, aquela, aquilo, ante, a.

Resumo, recapitulação, conclusão: em suma, em síntese, em

conclusão, enfim, em resumo, portanto, assim, dessa forma, dessa

maneira, desse modo, logo, pois (entre vírgulas), dessarte, destarte,

assim sendo.

Causa e conseqüência. Explicação: por conseqüência, por

conseguinte, como resultado, por isso, por causa de, em virtude de,

assim, de fato, com efeito, tão (tanto, tamanho) ... que, porque,

porquanto, pois, já que, uma vez que, visto que, como (= porque),

Page 369: APOSTILA DE PORTUGUES

portanto, logo, que (= porque), de tal sorte que, de tal forma que,

haja vista.

Contraste, oposição, restrição, ressalva: pelo contrário, em

contraste com, salvo, exceto, menos, mas, contudo, todavia,

entretanto, no entanto, embora, apesar de, ainda que, mesmo que,

posto que, posto, conquanto, se bem que, por mais que, por menos

que, só que, ao passo que.

Idéias alternativas: Ou, ou... ou, quer... quer, ora... ora.

DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO

Para compreender os conceitos de denotação e conotação é

preciso observar que o signo lingüístico é constituído de duas

partes distintas, embora uma não exista separada da outra.

Isto quer dizer que o signo tem uma parte perceptível

(constituído de som e representado por letra) e uma parte inteligível

(constituída de conceito [imagem mental por meio da qual

representamos um objeto]).

Essa parte perceptível é denominada significante ou plano de

expressão.

Já a parte inteligível é denominada significado ou plano de

conteúdo.

Quando um plano de expressão (significante) for suporte para

mais de um plano de conteúdo (significado) temos a polissemia.

Page 370: APOSTILA DE PORTUGUES

Assim o significante linha pode denotar os significados:

material para costurar ou bordar,

atacantes de futebol,

trilhos de trem ou bonde,

conduta de um indivíduo ou postura.

No entanto, a polissemia não deve ser vista como um problema,

uma vez que será neutralizada pelo contexto.

Pois assim que se insere no contexto a palavra perde seu

caráter polissêmico e ganha um significado específico, passando a

ser denominado de significado contextual.

A costureira, de tão velha, não conseguia mais enfiar a linha na

agulha.

O técnico deslocou o jogador da linha para a defesa.

As linhas de bonde foram cobertas pelo asfalto.

O conferencista, apesar da agressividade da platéia, não perdeu

a linha.

Dessa maneira percebemos que o significado contextual é

fundamental para entendermos um texto.

Page 371: APOSTILA DE PORTUGUES

A denotação é a relação existente entre o plano de expressão e

o plano de conteúdo, ou seja, o significado denotativo é o conceito

ao qual nos remete certo significante.

No entanto, um termo além do seu significado denotativo, pode

vir acrescido de outros significados paralelos.

Esses novos valores constituem aquilo que denominamos

sentido conotativo, ou seja, o acréscimo de um novo valor constitui

a conotação, que consiste num novo plano de conteúdo para o

signo que já tinha um significado denotativo.

Assim duas palavras podem ter a mesma denotação e

conotação completamente distinta, uma vez que policial e meganha

tem a mesma denotação, mas conotação totalmente diferente.

O sentido conotativo varia de cultura para cultura, de classe

social para classe social ou de época para época.

PARÁFRASE, PERÍFRASE, SÍNTESE E RESUMO

1. Paráfrase:

Paráfrase é a reprodução explicativa de um texto ou de unidade

de um texto, por meio de uma linguagem mais longa. Na paráfrase

sempre se conservam basicamente as idéias do texto original. O

que se inclui são comentários, idéias e impressões de quem faz a

paráfrase. Na escola, quando o professor, ao comentar um texto,

inclui outras idéias, alongando-se em função do propósito de ser

mais didático, faz uma paráfrase.

Page 372: APOSTILA DE PORTUGUES

Parafrasear consiste em transcrever, com novas palavras, as

idéias centrais de um texto. O leitor deverá fazer uma leitura

cuidadosa e atenta e, a partir daí, reafirmar e/ou esclarecer o tema

central do texto apresentado, acrescentando aspectos relevantes de

uma opinião pessoal ou acercando-se de críticas bem

fundamentadas. Portanto, a paráfrase repousa sobre o texto-base,

condensando-o de maneira direta e imperativa. Consiste em um

excelente exercício de redação, uma vez que desenvolve o poder

de síntese, clareza e precisão vocabular. Acrescenta-se o fato de

possibilitar um diálogo intertextual, recurso muito utilizado para

efeito estético na literatura moderna.

2. Perífrase:

O povo lusitano foi bastante satirizado por Gil Vicente.

Utilizou-se a expressão "povo lusitano" para substituir "os

portugueses". Esse rodeio de palavras que substituiu um nome

comum ou próprio chama-se perífrase.

Perífrase é a substituição de um nome comum ou próprio por um

expressão que a caracterize. Nada mais é do que um circunlóquio,

isto é, um rodeio de palavras.

Outros exemplos: astro rei (Sol) | última flor do Lácio (língua

portuguesa) | Cidade-Luz (Paris) Rainha da Borborema (Campina

Grande) | Cidade Maravilhosa (Rio de Janeiro).

3. Síntese:

Page 373: APOSTILA DE PORTUGUES

A síntese de texto é um tipo especial de composição que

consiste em reproduzir, em poucas palavras, o que o autor

expressou amplamente. Desse modo, só devem ser aproveitadas

as idéias essenciais, dispensando-se tudo o que for secundário.

Procedimentos:

1. Leia atentamente o texto, a fim de conhecer o assunto e

assimilar as idéias principais;

2. Leia novamente o texto, sublinhando as partes mais

importantes, ou anotando à parte os pontos que devem ser

conservados;

3. Resuma cada parágrafo separadamente, mantendo a

seqüência de idéias do texto original;

4. Agora, faça seu próprio resumo, unindo os parágrafos, ou

fazendo quaisquer adaptações conforme desejar;

5. Evite copiar partes do texto original. Procure exercitar seu

vocabulário. Mantenha, porém, o nível de linguagem do autor;

6. Não se envolva nem participe do texto. Limite-se a sintetizá-lo.

4. Resumo:

Ler não é apenas passar os olhos no texto. É preciso saber tirar

dele o que é mais importante, facilitando o trabalho da memória.

Saber resumir as idéias expressas em um texto não é difícil.

Resumir um texto é reproduzir com poucas palavras aquilo que o

autor disse.

Page 374: APOSTILA DE PORTUGUES

Para se realizar um bom resumo, são necessárias algumas

recomendações:

1. Ler todo o texto para descobrir do que se trata.

2. Reler uma ou mais vezes, sublinhando frases ou palavras

importantes. Isto ajuda a identificar.

3. Distinguir os exemplos ou detalhes das idéias principais.

4. Observar as palavras que fazem a ligação entre as diferentes

idéias do texto, também chamadas de conectivos: "por causa

de", "assim sendo", "além do mais", "pois", "em decorrência de",

"por outro lado", "da mesma forma".

5. Fazer o resumo de cada parágrafo, porque cada um encerra

uma idéia diferente.

6. Ler os parágrafos resumidos e observar se há uma estrutura

coerente, isto é, se todas as partes estão bem encadeadas e se

formam um todo.

7. Num resumo, não se devem comentar as idéias do autor.

Deve-se registrar apenas o que ele escreveu, sem usar

expressões como "segundo o autor", "o autor afirmou que".

8. O tamanho do resumo pode variar conforme o tipo de assunto

abordado. É recomendável que nunca ultrapasse vinte por

cento da extensão do texto original.

9. Nos resumos de livros, não devem aparecer diálogos,

descrições detalhadas, cenas ou personagens secundárias.

Somente as personagens, os ambientes e as ações mais

importantes devem ser registrados.

SIGNIFICAÇÃO IMPLÍCITA

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Fiz faculdade, mas aprendi algumas coisas.

A frase transmite duas informações: ele freqüentou um curso

superior, aprendeu algumas coisas.

No entanto, essas duas informações transmitem de forma

implícita uma crítica ao sistema de ensino vigente. Essa crítica se

dá através do uso da preposição mas.

Assim percebemos que um dos aspectos mais intrigantes que

pode ser apresentado por um texto é o fato dele dizer aquilo que

parece não dizer, ou seja, é a presença de enunciados

subentendidos ou pressupostos.

Um leitor é considerado perspicaz quando consegue ler as

entrelinhas do texto, isto é, quando capta as mensagens implícitas.

Para não cair na exploração maliciosa de alguns textos que

abusam dos aspectos subentendidos ou pressupostos devemos

saber que:

Pressupostos são idéias não expressas de maneira explícita,

mas que pode ser percebida a partir de certas palavras ou

expressões utilizadas.

O tempo continua chuvoso (chove no momento - informação

implícita estava chovendo antes)

Pedro deixou de fumar (não fuma no momento - informação

implícita fumava antes)

Page 376: APOSTILA DE PORTUGUES

Quanto a utilização de pressupostos devemos saber que eles

devem ser sempre verdadeiros ou aceitos como verdadeiros, pois

são eles que construirão informações explícitas. Sendo o

pressuposto falso, a informação explícita não terá cabimento.

Detectar o pressuposto durante uma leitura é fundamental para

a interpretação textual, uma vez que esse recurso argumentativo

não é posto em discussão pelo autor do texto, fato que aprisiona o

leitor ao pensamento do autor e o leva a defender opiniões

contrárias a suas.

Os pressupostos são marcados por:

certos advérbios - Os resultados da pesquisa ainda não

chegaram até nós. (Pressuposto - Os resultados já deviam ter

chegado ou Os resultados vão chegar mais tarde.)

certos verbos - O caso do contrabando tornou-se público.

(Pressuposto - O caso não era público.)

orações adjetivas - Os candidatos a prefeito, que só querem

defender seus interesses, não pensam no povo. (Pressuposto -

Todos os candidatos a prefeito têm interesses individuais.)

adjetivos - Os partidos radicais acabarão com a democracia no

Brasil. (Pressuposto - Existem partidos radicais no Brasil.)

Subentendidos são insinuações escondidas por trás de uma

afirmação. (Quando um fumante com o cigarro pergunta: Você tem

Page 377: APOSTILA DE PORTUGUES

fogo? Por trás dessa pergunta subentende-se: Acenda-me o cigarro

por favor.

Enquanto o pressuposto é um dado apresentado como

indiscutível para o falante e o ouvinte, não permitindo contestações;

o subentendido é de responsabilidade do ouvinte, uma vez que o

falante esconde-se por trás do sentido literal das palavras.

O subentendido pode ser uma maneira encontra pelo falante

para transmitir algo sem se comprometer com a informação.

NÍVEIS DE LINGUAGEM

A língua é um código de que se serve o homem para elaborar

mensagens, para se comunicar.

Existem basicamente duas modalidades de língua, ou seja, duas

línguas funcionais:

1) a língua funcional de modalidade culta, língua culta ou língua-

padrão, que compreende a língua literária, tem por base a norma

culta, forma lingüística utilizada pelo segmento mais culto e

influente de uma sociedade. Constitui, em suma, a língua utilizada

pelos veículos de comunicação de massa (emissoras de rádio e

televisão, jornais, revistas, painéis, anúncios, etc.), cuja função é a

de serem aliados da escola, prestando serviço à sociedade,

colaborando na educação, e não justamente o contrário;

Page 378: APOSTILA DE PORTUGUES

2) a língua funcional de modalidade popular; língua popular ou

língua cotidiana, que apresenta gradações as mais diversas, tem o

seu limite na gíria e no calão.

Norma culta:

A norma culta, forma lingüística que todo povo civilizado possui,

é a que assegura a unidade da língua nacional. E justamente em

nome dessa unidade, tão importante do ponto de vista político-

cultural, que é ensinada nas escolas e difundida nas gramáticas.

Sendo mais espontânea e criativa, a língua popular se afigura

mais expressiva e dinâmica. Temos, assim, à guisa de

exemplificação:

Estou preocupado. (norma culta)

Tô preocupado. (língua popular)

Tô grilado. (gíria, limite da língua popular)

Não basta conhecer apenas uma modalidade de língua; urge

conhecer a língua popular, captando-lhe a espontaneidade,

expressividade e enorme criatividade, para viver; urge conhecer a

língua culta para conviver.

Podemos, agora, definir gramática: é o estudo das normas da

língua culta.

O conceito de erro em língua:

Page 379: APOSTILA DE PORTUGUES

Em rigor, ninguém comete erro em língua, exceto nos casos de

ortografia. O que normalmente se comete são transgressões da

norma culta. De fato, aquele que, num momento íntimo do discurso,

diz: "Ninguém deixou ele falar", não comete propriamente erro; na

verdade, transgride a norma culta.

Um repórter, ao cometer uma transgressão em sua fala,

transgride tanto quanto um indivíduo que comparece a um banquete

trajando xortes ou quanto um banhista, numa praia, vestido de

fraque e cartola.

Releva considerar, assim, o momento do discurso, que pode ser

íntimo, neutro ou solene.

O momento íntimo é o das liberdades da fala. No recesso do lar,

na fala entre amigos, parentes, namorados, etc., portanto, são

consideradas perfeitamente normais construções do tipo:

Eu não vi ela hoje.

Ninguém deixou ele falar.

Deixe eu ver isso!

Eu te amo, sim, mas não abuse!

Não assisti o filme nem vou assisti-lo.

Sou teu pai, por isso vou perdoá-lo.

Page 380: APOSTILA DE PORTUGUES

Nesse momento, a informalidade prevalece sobre a norma culta,

deixando mais livres os interlocutores.

O momento neutro é o do uso da língua-padrão, que é a língua

da Nação. Como forma de respeito, tomam-se por base aqui as

normas estabelecidas na gramática, ou seja, a norma culta. Assim,

aquelas mesmas construções se alteram:

Eu não a vi hoje.

Ninguém o deixou falar.

Deixe-me ver isso!

Eu te amo, sim, mas não abuses!

Não assisti ao filme nem vou assistir a ele.

Sou seu pai, por isso vou perdoar-lhe.

Considera-se momento neutro o utilizado nos veículos de

comunicação de massa (rádio, televisão, jornal, revista, etc.). Daí o

fato de não se admitirem deslizes ou transgressões da norma culta

na pena ou na boca de jornalistas, quando no exercício do trabalho,

que deve refletir serviço à causa do ensino, e não o contrário.

O momento solene, acessível a poucos, é o da arte poética,

caracterizado por construções de rara beleza.

Vale lembrar, finalmente, que a língua é um costume. Como tal,

qualquer transgressão, ou chamado erro, deixa de sê-lo no exato

Page 381: APOSTILA DE PORTUGUES

instante em que a maioria absoluta o comete, passando, assim, a

constituir fato lingüístico registro de linguagem definitivamente

consagrado pelo uso, ainda que não tenha amparo gramatical.

Exemplos:

Olha eu aqui! (Substituiu: Olha-me aqui!)

Vamos nos reunir. (Substituiu: Vamo-nos reunir.)

Não vamos nos dispersar. (Substituiu: Não nos vamos dispersar

e Não vamos dispersar-nos.)

Tenho que sair daqui depressinha. (Substituiu: Tenho de sair

daqui bem depressa.)

O soldado está a postos. (Substituiu: O soldado está no seu

posto.)

Têxtil, que significa rigorosamente que se pode tecer, em virtude

do seu significado, não poderia ser adjetivo associado a indústria, já

que não existe indústria que se pode tecer. Hoje, porém, temos não

só como também o operário têxtil, em vez da indústria de fibra têxtil

e do operário da indústria de fibra têxtil.

As formas impeço, despeço e desimpeço, dos verbos impedir,

despedir e desimpedir, respectivamente, são exemplos também de

transgressões ou "erros" que se tornaram fatos lingüísticos, já que

só correm hoje porque a maioria viu tais verbos como derivados de

pedir, que tem, início, na sua conjugação, com peço. Tanto bastou

Page 382: APOSTILA DE PORTUGUES

para se arcaizarem as formas então legítimas impido, despido e

desimpido, que hoje nenhuma pessoa bem-escolarizada tem

coragem de usar.

Em vista do exposto, será útil eliminar do vocabulário escolar

palavras como corrigir e correto, quando nos referimos a frases.

"Corrija estas frases" é uma expressão que deve dar lugar a esta,

por exemplo: "Converta estas frases da língua popular para a língua

culta".

Uma frase correta não é aquela que se contrapõe a uma frase

"errada"; é, na verdade, uma frase elaborada conforme as normas

gramaticais; em suma, conforme a norma culta.

Língua escrita e língua falada. Nível de linguagem:

A língua escrita, estática, mais elaborada e menos econômica,

não dispõe dos recursos próprios da língua falada.

A acentuação (relevo de sílaba ou sílabas), a entoação (melodia

da frase), as pausas (intervalos significativos no decorrer do

discurso), além da possibilidade de gestos, olhares, piscadas, etc.,

fazem da língua falada a modalidade mais expressiva, mais criativa,

mais espontânea e natural, estando, por isso mesmo, mais sujeita a

transformações e a evoluções.

Nenhuma, porém, se sobrepõe a outra em importância. Nas

escolas principalmente, costuma se ensinar a língua falada com

base na língua escrita, considerada superior. Decorrem daí as

Page 383: APOSTILA DE PORTUGUES

correções, as retificações, as emendas, a que os professores

sempre estão atentos.

Ao professor cabe ensinar as duas modalidades, mostrando as

características e as vantagens de uma e outra, sem deixar

transparecer nenhum caráter de superioridade ou inferioridade, que

em verdade inexiste.

Isso não implica dizer que se deve admitir tudo na língua falada.

A nenhum povo interessa a multiplicação de línguas. A nenhuma

nação convém o surgimento de dialetos, conseqüência natural do

enorme distanciamento entre uma modalidade e outra.

A língua escrita é, foi e sempre será mais bem-elaborada que a

língua falada, porque é a modalidade que mantém a unidade

lingüística de um povo, além de ser a que faz o pensamento

atravessar o espaço e o tempo. Nenhuma reflexão, nenhuma

análise mais detida será possível sem a língua escrita, cujas

transformações, por isso mesmo, se processam lentamente e em

número consideravelmente menor, quando cotejada com a

modalidade falada.

Importante é fazer o educando perceber que o nível da

linguagem, a norma lingüística, deve variar de acordo com a

situação em que se desenvolve o discurso.

O ambiente sociocultural determina. O nível da linguagem a ser

empregado. O vocabulário, a sintaxe, a pronúncia e até a entoação

variam segundo esse nível. Um padre não fala com uma criança

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como se estivesse dizendo missa, assim como uma criança não fala

como um adulto. Um engenheiro não usará um mesmo discurso, ou

um mesmo nível de fala, para colegas e para pedreiros, assim como

nenhum professor utiliza o mesmo nível de fala no recesso do lar e

na sala de aula.

Existem, portanto, vários níveis de linguagem e, entre esses

níveis, se destacam em importância o culto e o cotidiano, a que já

fizemos referência.

A gíria:

Ao contrário do que muitos pensam, a gíria não constitui um

flagelo da linguagem. Quem, um dia, já não usou bacana, dica,

cara, chato, cuca, esculacho, estrilar?

O mal maior da gíria reside na sua adoção como forma

permanente de comunicação, desencadeando um processo não só

de esquecimento, como de desprezo do vocabulário oficial. Usada

no momento certo, porém, a gíria é um elemento de linguagem que

denota expressividade e revela grande criatividade, desde que,

naturalmente, adequada à mensagem, ao meio e ao receptor. Note,

porém, que estamos falando em gíria, e não em calão.

Ainda que criativa e expressiva, a gíria só é admitida na língua

falada. A língua escrita não a tolera, a não ser na reprodução da

fala de determinado meio ou época, com a visível intenção de

documentar o fato, ou em casos especiais de comunicação entre

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amigos, familiares, namorados, etc., caracterizada pela linguagem

informal.