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Apostila Nota11 Ambientação ao Direito Constitucional. Prof. Vítor Cruz

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Estudo sobre a Constituição Federal do Brasil, atualizada. Introdução.

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Page 1: Apostila de Ambientacao D Constitucional

Apostila Nota11

Ambientação ao Direito Constitucional.

Prof. Vítor Cruz

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Sumário.

Mensagem Inicial. .................................................................................................................. 3

O Direito Constitucional e a Constituição. .................................................................... 4

A Constituição Brasileira, as Constituições Estaduais e as Leis Orgânicas Municipais.................................................................................................................................. 8

Pirâmide de Kelsen X Ordenamento Brasileiro Atual. ............................................ 10

O Nosso Amigo Direito Constitucional. ........................................................................ 12

O Direito Constitucional estuda só a Constituição? ................................................. 14

Os “Tipos” de Direito Constitucional: ............................................................................ 15

O Estudo do Direito Constitucional................................................................................ 15

Quais os Temas que Devemos dar Prioridade no Estudo? ................................... 25

Noções Básicas sobre os Principais Atos Normativos. ........................................... 26

Pontos Importantes a Serem Fixados. ......................................................................... 33

Termos comumente usados no direito: ....................................................................... 35

Termos latinos jurídicos comumente usados: ........................................................... 37

(Já está no YOUTUBE, no canal do Nota11, os dois vídeos do Prof. Vítor Cruz sobre a ambientação ao Direito Constitucional, para os quais esta apostila serve de apoio).

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Mensagem Inicial.

Olá, eu sou o Prof. Vítor Cruz e, antes de qualquer coisa, gostaria de lhe dizer algo muito importante:

FIQUE TRANQUILO! Eu e toda a equipe do Nota11 estamos aqui contigo, ao seu lado, e faremos o nosso melhor para lhe carregar pela mão até à vitória final.

Confie na gente. No meu caso, já são mais de dez anos vivendo essa realidade, e na minha equipe temos professores ainda bem mais experientes que eu, como o Prof. Gustavo Knoplock – que inclusive foi meu professor. Todos escolhidos a dedo por mim!

Eu vou começar a lhe apresentar agora materiais leves, fluidos, sem abrir mão da profundidade, onde meu maior objetivo será mostrar como o direito é simples, basta ter tranquilidade para compreender certos conceitos e coisas que estão claras, ali na nossa frente.

Você aceita o desafio de acabar de vez com seus medos e receios ao estudo do Direito?

Bom, vamos a partir de agora então fazer uma rápida ambientação ao Direito Constitucional.

Por que disso?

No Nota11 a gente tem a filosofia de que para que consigamos que o conhecimento sólido possa entrar e ser mantido em nossa mente, nós precisamos percorrer cinco etapas:

1- Ambientação;

2- Aprofundamento;

3- Fixação;

4- Arremates finais; e

5- Revisão;

(Para maiores detalhes, visite a página “como estudar” lá no site).

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Nós vamos fazer uma ambientação ao Direito Constitucional como um todo, para que você tenha uma visão geral do que encontrará pela frente na disciplina e possam ter contato com conceitos básicos para alicerçar esse estudo. E, assim, com essa estrada já clareada, vocês conseguirão trilhar o caminho sem medo de obstáculos inesperados.

Nós disponibilizaremos, ainda, apostilas de ambientação a cada um dos capítulos em separado, para que seja possível um primeiro contato mais específico com cada um dos temas que você precise estudar. Vamos lá:

O Direito Constitucional e a Constituição.

Quando falamos em estudar Direito Constitucional, obviamente estamos falando no estudo da Constituição. Mas o que é afinal uma Constituição?

O conceito de Constituição variou muito ao longo da história, e até hoje este termo pode ser empregado de duas formas: um sentido amplo e um sentido estrito.

Sentido amplo – Constituição seria o modo como o poder se organiza em uma sociedade. A relação entre as forças presentes em um local. Esse sentido amplo é também chamado de “sociológico” (pois observa as “relações sociais”), e por ele percebemos que todos os locais sempre tiveram uma Constituição sociologicamente falando, já que sempre tivemos forças dominantes e dominadas.

Sentido estrito – Neste sentido, estamos falando da Constituição escrita. Um documento que é criado com basicamente dois intuitos:

o Limitar o poder dos governantes perante os governados, para que não se crie um estado como poderes absolutos para o governante.

o Organizar o Estado e seu Poder Político. Ou seja, as relações entre os órgãos do governo, a separação das funções do Poder, a distribuição do Poder pelo território e etc.

Diferentemente do sentido amplo, onde percebemos a Constituição até em sociedades primitivas, a Constituição em sentido estrito só aparece após a Independência dos Estados Unidos e a Revolução Francesa.

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A partir de agora, então, estaremos sempre falando na Constituição em sentido estrito, aquele documento relativamente recente (após o Séc. XVIII) que nasce com o objetivo de regulamentar o Estado e limitar os poderes autoritários dos governantes em face dos particulares.

Esses dois assuntos – a propósito – formam o que chamamos de normas “essencialmente constitucionais”, ou seja, que fazem parte da essência de uma Constituição. Assim, para que uma norma seja considerada efetivamente uma constituição, ela deve ser escrita e tratar pelo menos destes dois assuntos.

Já deu para entender então porque esse “documento” é chamado de Constituição?

Veja só. Se eu te perguntar: como se constitui o corpo humano?

Você me responderia: o corpo humano se constitui de cabeça, tronco, dois braços e duas pernas, sistema respiratório, digestório e etc.

E se eu te perguntasse: Como se constitui o Brasil?

Você me responderia aquilo que está na “Constituição” Brasileira: Trata-se de uma República, sob a forma de um Estado Federal, com um sistema presidencialista, com previsão de proteção aos direitos fundamentais à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança, à propriedade e etc.

Olha que coisa linda! Muito legal, não é mesmo?

E agora uma coisa muito importante: para que ela consiga esse objetivo de organizar o Estado e limitar o poder dos governantes esta Constituição precisa ter uma força impositiva, em outras palavras, ela deve ser uma norma – ou seja – um documento que tenha o poder de prever direitos e impor deveres.

E eu digo que ainda é preciso mais que isso, ela deve ser a norma máxima de um Estado, de forma que todas as demais normas e pessoas presentes neste local prestem observância obrigatória a ela sob pena de estarem cometendo condutas inconstitucionais, sendo assim inválidas e, consequentemente, pelo fato das condutas serem inválidas haverá penas e sanções por isso.

A lei inválida é expurgada do ordenamento jurídico (conjunto das normas em vigor que regem as condutas de um determinado local) e tudo aquilo

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que foi feito baseado nela, também não tem valor, sendo – em regra – desconsiderado juridicamente.

Um jurista austríaco chamado Hans Kelsen elaborou a seguinte pirâmide hierárquica para ilustrar o ordenamento jurídico de um país:

Vemos que a Constituição é norma máxima e ocupa o topo da cadeia hierárquica. Abaixo dela estão as leis – normas infraconstitucionais (infra=abaixo, logo, normas que estão abaixo da Constituição).

Abaixo das leis, vemos então as normas infralegais.

É preciso salientar que não existem outras “sub-hierarquias” dentro de cada um desses patamares, ou seja, não existe qualquer hierarquia entre quaisquer das normas constitucionais nem qualquer hierarquia de uma lei perante outra lei, ainda que de outra espécie.

Mas Vítor, porque existem então um monte de tipos de leis e um monte de tipos de normas infralegais se todas elas possuem, naquele patamar, a mesma hierarquia?

Pelo seguinte fato: a distinção entre as espécies de normas dentro do patamar hierárquico não se dá pela hierarquia, mas pela matéria (conteúdo) que cabe a cada uma disciplinar. Assim, existem vários tipos de normas, pois cada um deles será responsável por falar sobre determinado assunto.

Constituição (normas originárias + emendas constitucionais)

Normas infraconstitucionais (leis em sentido amplo)

Normas infralegais

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E porque cargas d´agua não se criou um só tipo de lei para falar de todos os assuntos?

Simples, pois existe uma grande complexidade de temas e conteúdos que precisam ser disciplinados. Alguns mais delicados, outros menos... Alguns que são da alçada exclusiva do Congresso, outros não...

Então, por exemplo, como veremos, os casos de Decreto Legislativo e Resoluções se restringem à alçada de regulamentação do Congresso Nacional (Poder Legislativo), sem a interferência de nenhum outro Poder. Outros podem ter iniciativa feita por vários tipos de legitimados e, ainda mais que isso, o tipo de votação também precisa mudar – caso a caso – devido à delicadeza de cada tema.

Outro exemplo: Uma lei complementar trata de matérias mais complexas e, por isso, precisa ser aprovada por mais votos que uma simples lei ordinária (que é a lei comum).

Essa complexidade de temas a serem regulamentados é que exige a necessidade de termos vários tipos de normas.

Muito interessante não é? E vamos continuar que isso é só o começo.

Voltando à hierarquia entre os patamares da pirâmide...

Como estamos falando em pirâmide escalonada em hierarquia, é importante que digamos que as leis (normas infraconstitucionais) só podem ser elaboradas observando os limites da Constituição, e as normas infralegais só poderão ser elaboradas observando os limites da lei a qual regulamentam, e assim, indiretamente também deverão estar nos limites da Constituição.

Ratifico que se uma lei desrespeita o que a Constituição diz, ela será inconstitucional e deverá ser anulada, não sendo válidos nenhum de seus efeitos. Da mesma forma, ocorre coma norma infraconstitucional que desrespeita a lei. Ela será uma norma ilegal!

Mas porque precisamos de várias espécies hierarquicamente distintas de normas?

A ideia é que a Constituição traga de forma mais enxuta as diretrizes, sem se preocupar com muitos detalhes, e irradie seus dizeres orientando a

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elaboração e a aplicação das normas que serão mais específicas, mais próximas de serem efetivamente aplicada pelos cidadãos e agentes públicos.

Vejamos um exemplo hipotético de um ordenamento jurídico do País P:

Dizeres da uma Constituição do País P

Dizeres de uma lei infraconstitucional

Dizeres de uma norma infralegal

É assegurado o direito à aposentadoria.

A aposentadoria poderá ser requerida por aqueles que trabalharam por 35 anos, recolhendo a efetiva contribuição.

O recolhimento da contribuição deverá ser feito até o dia 10 de cada mês, através de guia especial, usando-se os índices percentuais que encontram-se no ANEXO II a este regulamento.

A Constituição Brasileira, as Constituições Estaduais e as Leis Orgânicas Municipais.

No Brasil, estamos atualmente sob a égide da Constituição Federal de 1988, a nossa oitava Constituição.

Antes dela tivemos a Constituição de 1824, 1891, 1934, 1937, 1946, 1967 e 1969.

Das oito Constituições Brasileiras, quatro foram promulgadas (vontade popular) e quatro outorgadas (impostas pelos governantes).

Pulo do gato na hora da prova!

A primeira Constituição outorgada (1824) é um número par, as demais são ímpares – 1937, 1967 e 1969. Por outro lado, a primeira promulgada (1891) é um número impar, as demais

1934, 1946 e 1988 são pares.

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É importante notar que a Constituição, popularmente conhecida como “Constituição Federal”, na verdade é uma “Constituição da República Federativa do Brasil”, ou seja, ela é uma Constituição “nacional” e não meramente “federal”.

E o que isso quer dizer, Vítor?

Quando usamos o termo “federal” estamos falando de algo que está no âmbito da União Federal (o poder central da nossa federação).

A Constituição não é norma “federal”, mas sim “nacional”, pois é de toda a República Federativa do Brasil, impondo deveres e prevendo direitos em todas as esferas da federação (esferas federal, estadual e municipal).

Desta forma, o mais correto seria sempre empregarmos o termo “Constituição da República Federativa do Brasil”, porém por comodidade e por estar amplamente difundido, não há problemas em usarmos “Constituição Federal”. Até porque, desta forma, também a diferenciamos das Constituições Estaduais.

Constituições Estaduais?

Sim, isso mesmo, cada Estado-membro (RJ, SP, GO...) tem a sua própria Constituição.

E os Municípios?

Quase, município não possui constituição (formal, como “forma” de constituição), mas sim lei orgânica (lei “que organiza”), que funciona como a “Constituição” do município, mas ela é uma lei.

O Distrito Federal também?

Sim, o DF tem uma lei orgânica híbrida, que é uma mistura de Constituição Estadual com Lei Orgânica Municipal, porque o Distrito Federal é um ente da nossa federação que ora atua como Estado, ora atua como Município, já que a Constituição Federal veda que se criem municípios dentro do Distrito Federal. Mas deixemos esses detalhes para quando formos estudar a “Organização do Estado” e aprofundarmos nas peculiaridades do Distrito Federal. Ok?

Voltemos à querida Constituição Federal...

A Constituição Federal, então, por ser norma de imposição nacional, deve ser respeitada por todas as Constituições Estaduais, que obviamente não podem prever nada em desacordo com ela. Da mesma forma, as leis orgânicas dos municípios devem observar os preceitos da Constituição

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daqueles Estados onde se localizam, bem como da Constituição Federal (uma “dupla observância”).

Mas cabe aqui uma importante observação: não poderá a Constituição Estadual trazer imposições à autonomia municipal maiores do que aquelas já feitas pela Constituição Federal, esta sim (a CF) é a lei maior, soberana.

Mas atenção: Essa imposição soberana só se aplica quando falamos da Constituição Federal. É totalmente errado falarmos que existe qualquer hierarquia entre uma lei federal, uma lei estadual e uma lei municipal.

Vou explicar melhor.

Cada ente de nossa federação (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) possui uma autonomia conferida pela Constituição Federal para que possa, dentro dos limites traçados pela própria CF, se autoorganizar, autolegislar, autogovernar e autoadministrar. Ou seja, os ordenamentos jurídicos infraconstitucionais (leis em sentido amplo e normas infralegais) são completamente independentes, os entes são autônomos.

Dessa forma, como vimos, a Constituição Federal (que na verdade é da República) é uma norma nacional, de toda a Federação, mas a lei federal não! A lei federal se restringe ao âmbito da União.

Vamos exemplificar para ficar mais fácil: a Lei Federal nº 8.112/90 é uma lei que regulamenta os servidores públicos federais (da União). Ela não tem qualquer condão de prever direitos e deveres, por exemplo, aos servidores do Estado do Rio de Janeiro.

Esquematizando:

Pirâmide de Kelsen X Ordenamento Brasileiro Atual.

Na ordem jurídica nacional, o modelo didático da pirâmide de Kelsen possui algumas adaptações e peculiaridade. Pelos seguintes motivos:

Leis federais Leis

estaduais Leis

municipais Leis do distrito

federal

Autonomia Autonomia Autonomia

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1- Em 2004, a Emenda Constitucional nº 45 passou a admitir que os tratados internacionais assinados pelo Brasil, caso versassem sobre “direitos humanos” e fossem aprovados no Congresso Nacional com o mesmo procedimento das emendas constitucionais, viessem a ter a mesma força de emendas constitucionais (status hierárquico de Constituição).

2- Em 2008, o STF passou a entender que os tratados internacionais sobre direitos humanos, caso não fossem aprovados rito de votação de uma emenda constitucional, não iriam adquirir o status constitucional (emenda constitucional). Porém, por si só, já possuem um status de “supralegalidade” (estágio acima das leis e abaixo da Constituição), podendo revogar leis anteriores e devendo ser observados pelas leis futuras. Os demais tratados, que não falassem sobre direitos humanos, possuem status de uma lei infraconstitucional (equivalente a uma lei ordinária, comum).

Assim temos a nova pirâmide no ordenamento brasileiro:

Constituição (normas originárias + emendas constitucionais + tratados de direitos humanos aprovados como emendas constitucionais).

Normas infraconstitucionais: (leis em sentido amplo) Normas da CF, art. 59: leis ordinárias e complementares, leis delegadas, decretos legislativos, medidas provisórias e resoluções + demais tratados internacionais + outras normas como decreto autônomo do presidente e Regimento dos Tribunais (estas foram também reconhecidas por jurisprudência do STF).

Normas supralegais (tratados de direitos humanos não aprovados como emendas constitucionais).

Normas infralegais: Decretos (não autônomos), Regulamentos, Portarias e etc.

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Vale lembrar que, atualmente, estamos passando por um processo em que a Constituição Federal cada vez mais assume o papel central no ordenamento jurídico, impondo regras e princípios que serão usados por todos os aplicadores do direito. Assim, percebemos a tendência de “constitucionalização” de diversos direitos que antes ficavam somente no campo das leis.

Desta forma, as bases do direito penal, direito civil, direito do trabalho, previdenciário e etc. estão todas na própria Constituição. Devido a este fato, o estudo do Direito Constitucional acaba se tornando a melhor ferramenta para uma base sólida no estudo do direito como um todo. Não se consegue ser um especialista em algum ramo do direito sem que se saiba, ao menos de forma razoável, o Direito Constitucional.

O Nosso Amigo Direito Constitucional.

Já vimos que o Direito Constitucional é o Direto que estuda a Constituição, o que é óbvio, não é mesmo? Mas chegou a hora de darmos uma definição mais completa.

Definição de direito Constitucional: O Direito Constitucional é definido como sendo: o ramo de direito público que estuda os conceitos relacionados à ordem constitucional, ou seja, estuda a lei máxima de um país e o que estiver atrelado a ela. É um direito amplo, pois, acaba albergando as noções gerais de diversos outros direitos.

Por estudar a lei máxima do Estado, alguns autores o chamam de “Direito Público Fundamental”.

E o que é um “Direito Público”?

O direito é visto como um corpo único indivisível, pois não há "competição" entre as normas, elas se completam para, em conjunto, regulamentar as relações. Porém, existem divisões didáticas para facilitar o estudo do direito e a principal é a que divide o direito em dois ramos: o direito público e o direito privado.

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Direito Privado

Regulamenta as relações entre particulares (pessoas): Direito Civil, Direito Comercial e Direito Internacional Privado.

Direito Público

Regulamenta a política do Estado e as relações entre os seus órgãos, ou entre estes e os particulares.

Assim, podemos dizer que o direito privado engloba os ramos do direito onde não há superioridade de alguma das partes da relação. Desta forma, quando o código civil estabelece algo, por exemplo, as regras de um contrato, as pessoas poderão buscar este algo, firmar este contrato, em pé de igualdade, sem haver o pressuposto de superioridade de uma em relação à outra, ainda que em uma das partes esteja o Estado.

No direito público isso não acontece. Teremos como uma das partes é o Estado representando a coletividade e, assim, defendendo o interesse público, estando em superioridade em relação aos particulares, já que o interesse geral é, em regra, mais importante para sociedade do que o individual.

Esquematizando:

Direito Privado

Igualdade entre as partes

Particular x Particular; ou

Particular x Estado nas suas funções privadas (negociações, aluguéis...).

Direito Público

Superioridade do Estado em uma das partes.

Regulamentação das funções do próprio Estado; ou

Particular x Estado representando a coletividade (Tributação, Segurança, Previdência...).

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O Direito Constitucional estuda só a Constituição?

Para estudar Direito Constitucional teremos que nos basear, principalmente, em três pilares (Fontes do Direito Constitucional):

1- A Constituição Federal: Relembremos que no Brasil tivemos 8 Constituições (na verdade foram 7, pois a de 1969 não foi "exatamente" uma Constituição mas uma emenda à Constituição de 67, que mudou tanta coisa que a consideram como sendo uma constituição separada - mas deixemos isso para depois). A atual Constituição do Brasil foi elaborada em 1988. Tivemos anteriormente as de 1824, 1891, 1934, 1937, 1946, 1967 e 1969.

A literalidade das normas escritas na Constituição será a principal fonte de estudo;

2- A doutrina: Consiste em um estudo teórico. São os pensamentos dos juristas e estudiosos que, através de seus livros, artigos, palestras e etc. expõem seus pensamentos e teses que muitas vezes direcionam os julgamentos proferidos pelo Poder Judiciário e auxiliam inclusive na elaboração de leis e outras normas;

3- A jurisprudência: Grosso modo, é o entendimento que os tribunais, em especial o Supremo Tribunal Federal (no caso do Direito Constitucional), fixam sobre determinados assuntos. Assim, quando o tribunal decide uma causa baseada na Constituição, ele interpreta as normas desta e, com isto, direciona o modo de aplicação desta norma no futuro, notadamente quando esta interpretação permanece uniforme ao longo do tempo, através de reiteradas decisões no mesmo sentido. Geralmente, quando um tribunal quer manifestar que ele "pensa" de tal modo, após reiteradas decisões, ele divulga a chamada "súmula de jurisprudência", que nada mais é do que um verbete publicado oficialmente expondo seu entendimento.

Esses três pontos citados, como dito, são os principais objetos do nosso estudo, mas não os únicos. Eles se irão se juntar a outros, tais como os usos e costumes, as diversas leis ordinárias e complementares (que veremos à frente) e até mesmo outras normas como os regimentos dos tribunais e das Casas Legislativas (Senado Federal, Câmara dos Deputados) e atos do Poder Executivo (regulamentos, decretos...) para, formarem as fontes do Direito Constitucional, ou seja, o lugar de onde nasce o Direito

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Constitucional, de onde provém tal direito. Isto tudo que foi citado irá ser usado para de alguma forma dar eficácia às disposições que o texto constitucional nos trouxe.

Percebe-se, então, que o Direito Constitucional é uma matriz, um direito amplo que irá alcançar tudo aquilo que de certa forma veicula ou permite a aplicação da norma-mãe de um Estado: sua Constituição.

Os “Tipos” de Direito Constitucional:

Para fins de estudo, o Direito Constitucional divide-se, quanto ao foco de investigação, em basicamente 3 espécies:

Direito Constitucional Comparado

Tem como objeto de estudo a comparação entre ordenamento constitucional, não necessariamente em vigor, de vários países (critério espacial), ou de um mesmo país em diferentes épocas de sua história (critério temporal), com o objetivo de aprimorar o ordenamento atual.

Direito Constitucional Geral (ou comum)

É uma ciência, um estudo teórico dos conceitos e princípios constitucionais de forma geral, ou seja, sem se preocupar com um ordenamento constitucional específico, mas direcionando diversos ordenamentos distintos.

Direito Constitucional Positivo (ou especial, ou particular)

É o direito constitucional propriamente dito, que vai estudar um ordenamento específico que esteja vigorando em um país, diz-se "positivo", pois está em vigor, capaz de impor a sua força.

O Estudo do Direito Constitucional.

Como vimos o Direito Constitucional se preocupa basicamente com o Estudo da norma constitucional (D. Constitucional Positivo), mas não só isso.

Para que se possa compreender tudo que está escrito do documento constitucional, é necessário que primeiro façamos um estudo das doutrinas relacionadas ao Estudo da Constituição.

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Desta forma para sermos didáticos, vamos dividir o estudo em dois grandes blocos: 1. As teorias e doutrinas relacionadas aos estudo da Constituição; e 2. Estudo da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.

Vamos então clarear essa estrada que nos levará ao conhecimento sólido do D. Constitucional.

1- As teorias e doutrinas relacionadas ao estudo da Constituição.

Teoria Geral do Estado – É um estudo da formação histórica dos Estados, analisando seus elementos, as fases de sua formação, a finalidade de sua criação. A chamada "TGE" não está exatamente dentro da disciplina do Direito Constitucional, mas é uma disciplina auxiliar e que ajuda muito no real entendimento dos preceitos da teoria constitucional.

Constituição e Constitucionalismo (Constituição: Origem) - o constitucionalismo também é um estudo teórico, nele estuda-se o surgimento da Constituição. Como vimos, a Constituição – e, por consequência, o Constitucionalismo – pode ser empregado em sentido amplo ou estrito. Neste capítulo acabaremos estudando ambos os sentidos. Ou seja, tanto a concepção sociológica que considera o Constitucionalismo existente até mesmo na idade antiga, quanto o movimento constitucional por documentos escritos com intuito de limitar o poder dos governantes em face do povo.

Sentidos (Concepções) da Constituição (Constituição: Conceito) - As concepções ou sentidos das Constituições são o estudo daquilo que os principais filósofos, juristas, e doutrinadores diziam como reposta à pergunta: "Afinal, o que é uma Constituição?". Alguns davam como resposta "tudo aquilo que escreveram em um texto e disseram que é a Constituição", outros respondiam "não é todo o texto escrito, mas só a parte que organiza o Estado e traça os limites do seu poder", e ainda outros que chegavam a falar "Não é nada do que está escrito, a Constituição são as próprias relações que a sociedade estabelece no seu dia-a-dia".

Poder Constituinte - Poder constituinte é o poder de se elaborar ou de se modificar uma constituição. No estudo do Poder Constituinte,

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analisa-se cada uma de suas espécies e os requisitos e limitações para se modificar a Constituição.

Classificação das Constituições - Na "Classificação das Constituições" irá ser estudado as diversas classificações que a doutrina, ao longo dos anos, passou a estabelecer para diferenciar uma constituição de outra. Por exemplo: Constituição escrita x Constituição não-escrita; Constituição promulgada (elaborada pela vontade do povo) x Constituição outorgada (imposta pelo governante).

Histórico das Constituições Brasileiras – Neste tema iremos entender as principais diferenças e semelhanças entre as 8 Constituições que tivemos até hoje no Brasil.

Estrutura e Elementos da Constituição – Um estudo doutrinário que visa agregar diversas normas constitucionais em um determinado conjunto, denominado elementos. Por exemplo: a relação de direitos fundamentais seriam “elementos limitativos”, pois limitam a atuação do Estado em face do particular. Já as normas constitucionais que falam sobre o controle de Constitucionalidade, os procedimentos de reforma do texto constitucional, entre outras, seriam “elementos de estabilização constitucional”.

Teoria das Normas Constitucionais, Regras e Princípios – Estudo de nível aprofundado sobre as peculiaridades do texto da norma constitucional. Basicamente, podemos dizer que as regras são aquelas normas constitucionais onde observamos uma diretriz mais concreta, são normas que definem um procedimento, condutas. São usadas para dar segurança jurídica ao ordenamento. Os princípios são mais abstratos, não são definidores de condutas, são os chamados "mandados de otimização", ou seja, eles são pontos que devem ser observados e utilizados para se alcançar o grau ótimo de concretização da norma, são usados para dotar o ordenamento de equidade (justiça).

Eficácia e Aplicabilidade das Normas Constitucionais - Toda norma constitucional possui eficácia jurídica, isso quer dizer que toda

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norma da Constituição tem o poder de se impor sobre o ordenamento jurídico (conjunto de todas as normas em vigor que regulam as relações de um Estado), devendo obrigatoriamente ser observada, não podendo nenhuma outra norma ir contra os mandamentos ali estabelecidos. Embora todas elas tenham eficácia jurídica, a doutrina resolveu distinguir as formas pelas quais esta eficácia se manifesta. A doutrina majoritária segue a classificação do professor José Afonso da Silva, mas existem outras classificações relevantes como a da professora Maria Helena Diniz, entre outras. O professor José Afonso separa as normas constitucionais em 3 grupos:

• Normas que possuem eficácia plena - são as normas que estão "prontas" para serem aplicadas. São as normas que já possuem tudo aquilo que for necessário para sua aplicação diretamente traçado pela Constituição. Diz-se que estas normas possuem a aplicação imediata, não precisando de nenhum outro "esforço" do Poder Legislativo. Ex.: Ninguém poderá ser compelido a associar-se ou permanecer associado (CF, art. 5º, XX).

• Normas que possuem eficácia contida - são aquelas normas que, da mesma forma das plenas, podem ser aplicadas de imediato, também estão "prontas" para serem aplicadas. Porém, a Constituição deu espaço para que o Poder Legislativo possa editar uma lei que venha a restringir o alcance dessa aplicação. Ex. É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendida às qualificações profissionais que a lei estabelecer (CF, art. 5º, XIII). Ou seja, as pessoas podem exercer de forma plena qualquer trabalho, ofício ou profissão, salvo se vier uma lei estabelecendo certos requisitos que poderão conter essa plena liberdade.

• Normas que possuem a sua eficácia limitada - Neste grupo se enquadram as normas que não possuem uma regulamentação suficiente para que possam ser aplicadas de imediato. Assim, diz-se que são normas de aplicabilidade "mediata", já que somente quando o Poder Legislativo elaborar uma lei para "mediar" os efeitos delas, é que poderão ser aplicadas. Ex. O estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor (art. 5º, XXXII). Se a lei não estabelecesse o Código de Defesa do Consumidor, não se poderia aplicar essa norma por si só.

Interpretação Constitucional (Hermenêutica)- Interpretar é extrair o verdadeiro significado de algo. Interpretar a Constituição é

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tentar chegar à exata finalidade de cada uma das normas escritas no texto constitucional. Nesse estudo teórico da "interpretação constitucional", também chamado de "hermenêutica constitucional", estudaremos os diversos princípios que devem ser observados para se interpretar as normas constitucionais e também os diversos métodos que devem ser utilizados para realizar esta interpretação.

Controle de Constitucionalidade - Já foi dito por diversas vezes que a Constituição é a principal norma da ordem jurídica, devendo se impor sobre todas as demais normas (princípio da supremacia da Constituição). Para que a Constituição consiga efetivamente se impor, não sendo ignorada, precisamos "controlar a constitucionalidade" dos demais atos normativos, ou seja, verificar se as normas estão de acordo com os preceitos estabelecidos na Constituição. Assim, controlar a constitucionalidade, nada mais é do que fazer um controle de "compatibilidade".

No Brasil o controle de constitucionalidade é feito basicamente pelo Poder Judiciário, que pode julgar se uma lei é inconstitucional ou não através de 2 formas:

• Controle direto ou abstrato - Ocorre quando o Supremo Tribunal Federal julga uma das ações próprias deste controle (Ação Direta de Inconstitucionalidade - ADI; Ação Declaratória de Constitucionalidade - ADC, ou Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental - ADPF). Essas ações são ajuizados somente por algumas pessoas especialmente relacionadas no art. 103 da Constituição. O nome do controle é direto pois é levado diretamente ao principal órgão da justiça brasileira - o STF - e é "abstrato" pois se faz uma impugnação da lei, independentemente de qualquer caso concreto (situação ocorrida), olha-se somente para a compatibilidade da lei com a Constituição, sem levar em consideração os efeitos que essa lei gerou na vida da sociedade.

• Controle difuso ou concreto - O controle concreto ocorre quando tenta-se no curso de um processo judicial (caso concreto) argumentar que certa norma está causando efeitos indevidos, e isso porque é contrária ao que foi estabelecido pela Constituição. Assim, a pessoa que acha que a norma é inconstitucional não pede diretamente que o juiz declare a norma como inválida, mas sim, que resolva o seu problema concreto. A declaração de inconstitucionalidade da norma é apenas um meio para resolver a controvérsia. Dizemos que este controle é difuso (aberto), pois

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ele não possui um órgão específico para seu controle, e nem mesmo possui uma ação própria para que o judiciário tome conhecimento da causa.

Alertamos que não é só o Judiciário que faz controle de constitucionalidade, embora seja o principal. Durante o estudo de tal tema, você verá que existe a possibilidade de órgãos do Poder Executivo e do Poder Legislativo também realizarem o controle da constitucionalidade dos atos normativos.

2. Estudo da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.

A Constituição Federal atual (de 1988) possui duas partes:

1- Parte Permanente: Formada pelo Preâmbulo + 250 artigos, divididos em 9 títulos:

Título I: Princípios Fundamentais

Título II: Dos Direitos e Garantias Fundamentais

Título III: Da Organização do Estado

Título IV: Da Organização dos Poderes

Título V: Da Defesa do Estado e das Instituições Democráticas

Título VI: Da Tributação e do Orçamento

Título VII: Da Ordem Econômica e Financeira

Título VIII: Da Ordem Social

Título IX: Das Disposições Constitucionais Gerais

2- Parte Transitória: Formado por artigos que estabelecem regras temporárias, os chamados "Atos das Disposições Constitucionais Transitórias" comumente conhecidos como ADCT.

Vamos fazer uma visão de topo sobre cada um desses temas:

1- Preâmbulo: O preâmbulo não é uma norma, é uma citação. Trata-se da porta de entrada da Constituição, seria a síntese do pensamento e intenções dos constituintes ao se dar início a um novo ordenamento jurídico. Preâmbulo da Constituição de 1988:

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"Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL".

2- Princípios Fundamentais: Estes princípios estão no art. 1º ao 4º da Constituição. O nome escolhido ("Princípios" + "Fundamentais") é de grande importância. São princípios, pois são diretrizes a serem observadas, pontos de partida. São fundamentais por formam a base, o alicerce da Constituição.

Os princípios fundamentais definem a ordem política de nosso Estado (tudo que for chamado de "político", recebe este nome porque está "direcionando", "organizando") - ou seja, são os princípios que definem a estrutura do Estado. Ao longo da Constituição, diversas normas decorrerão dos princípios fundamentais.

Ali veremos, por exemplo, que o Brasil é uma República, pois o povo é o detentor do poder (república = res publica = coisa pública, coisa de todos. Diferente do que acontece na monarquia = mono + arquia = poder de um só). Veremos que somos uma Federação, pois, ao escolher a sua "forma de estado", o Brasil resolveu fracionar o seu território em diversos entes dotados de autonomia (Rio de Janeiro, São Paulo, Goiás, Acre...).

E diversas outras coisas relacionadas às bases da organização e objetivos do nosso Estado.

3- Dos Direitos e Garantias Fundamentais: Os direitos são diferentes das garantias.

Diz-se que direito é uma faculdade de agir, exercer, fazer ou deixar de fazer algo, uma liberdade positiva. As garantias não se referem às ações, mas sim às proteções que as pessoas possuem frente ao Estado ou mesmo frente às demais pessoas.

Diz-se que as garantias são proteções para que se possa exercer um direito. Ex. Art. 5º XXII - é garantido o direito de propriedade; Art. 5º

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IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença.

Os direitos e as garantias que são fundamentais (básicas) estão dispostas do art. 5º ao 17 da Constituição, divididos em cinco espécies:

a) direitos e deveres individuais e coletivos - art. 5º - Onde veremos a proteção dos direitos a vida, liberdade, igualdade, propriedade e segurança, que se desdobram em 78 incisos e 4 parágrafos, versando sobre temas famosos como liberdade de expressão, igualdade (ou “isonomia”), desapropriação e ainda ações clássicas como o “habeas corpus” (garantida do direito de ir e vir) e mandado de segurança (garantia dos direitos que são “líquidos e certos”, ou seja, claramente observados).

b) direitos sociais - art. 6º ao 11 – Onde estará a preocupação constitucional com os direitos a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.

c) direitos de nacionalidade - art. 12 e 13 – Basicamente são as regras para ser considerado brasileiro nato e para naturalização.

d) direitos políticos - art. 14 ao 16 – Onde serão tratados tanto em seu enfoque ativo (votar e exercer a cidadania) como no enfoque passivo (ser votado e as condições de elegibilidade).

e) direitos relativos à existência e funcionamento dos partidos políticos - art. 17 – Regramentos básicos para direcionar a criação e funcionamento desta “meia dúzia” (ironia) de partidos políticos que temos no Brasil.

4- Da Organização do Estado: Este título vai explorar os seguintes temas:

a) Organização Político-Adminitrativa - art. 18 e 19 - dispõe sobre a organização do território nacional e a repartição territorial do Poder. O Poder fica então desmembrado e exercido por 4 entidades autônomas (União, Estados, Municípios e Distrito Federal). A organização político-administrativa versa ainda sobre como os territórios de Estados e Municípios podem ser reorganizados e quais as proibições que estas entidades devem observar.

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b) Disposições acerca das competências e peculiaridades da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e dos Territórios Federais - art. 20 ao 33.

c) Intervenção - art. 34 ao 36 - casos onde a União deverá intervir nos Estados, ou os Estados deverão intervir nos Municípios.

d) Administração Pública - art. 37 ao 42 - regulamentam como será exercida a atividade administrativa do Poder Público, os servidores públicos e os militares estaduais.

e) Disposições referentes às Regiões - art. 43 - tratando sobre a possibilidade de a União, para efeitos administrativos, direcionar as suas ações de forma articulada em uma certa região visando a seu desenvolvimento e à redução das desigualdades regionais.

5- Da Organização dos Poderes: As funções do Estado são exercidas por 3 Poderes: o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. A Constituição irá então definir as atribuições da seguinte forma:

a) Art. 44 ao 75 - disposições sobre o Poder Legislativo, sendo que do art. 70 ao 75 encontraremos disposições sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, ou seja, uma atividade do Poder Legislativo, onde este (e o Tribunal de Contas) fiscaliza o cumprimento, por parte do Executivo, do Judiciário, e do próprio Legislativo, dos mandamentos constitucionais no que tange à gestão das verbas públicas;

b) Art. 76 ao 91 - Disposições acerca do Poder Executivo;

c) Art. 92 ao 126 - Disposições sobre o Poder Judiciário;

d) Art. 127 ao 135 - Versa sobre as "Funções Essenciais à Justiça" - são dispositivos que regulamentam a atividade do Ministério Público (o “Defensor da ordem jurídica”), da Advocacia, e das Defensorias Públicas (responsável pela defesa de quem não tem condição de pagar um advogado) e da Advocacia Pública (que fazem a defesa das entidades e órgãos do Estado).

6- Da Defesa do Estado e das Instituições Democráticas: São disposições encontradas do art. 136 ao 144 que vão versar sobre:

a) Decretação de Estado de Defesa e Estado de Sítio (medidas que são tomadas para tentar conter crises e juntamente com a intervenção federal formam o “Sistema Constitucional de Crises”);

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b) Forças Armadas; e

c) Segurança Pública.

7- Da Tributação e do Orçamento: Do art. 145 ao art. 169, a Constituição irá versar sobre o Sistema Tributário Nacional (art. 145 ao 163) e sobre as normas que se referem à elaboração das leis orçamentárias (art. 164 ao 169).

8- Da Ordem Econômica e Financeira: Neste título, que vai do art. 170 ao 192, a Constituição dispõe sobre alguns princípios gerais que devem ser observados quando do exercício da atividade econômica, mostrando o papel do Estado como regulador da atividade econômica. Também estuda-se neste título as normas referentes às políticas de ordenamento da zona urbana e rural. Por fim, traça algumas poucas disposições sobre o Sistema Financeiro.

9- Da Ordem Social: Do art. 193 ao 232 a Constituição fala sobre Saúde, Assistência social, previdência social, educação, ciência e tecnologia, desporto, cultura, comunicação, meio ambiente, família e índios.

10- Das Disposições Constitucionais Gerais: Como o nome sugere, traz diversas medidas genéricas, que não se enquadraram em nenhum dos títulos anteriores.

11- ADCT: Formado por artigos que estabelecem regras temporárias, os chamados "Atos das Disposições Constitucionais Transitórias". Geralmente fixando datas para se faça um ato, ou prazo para vigorarem certas medidas.

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Quais os Temas que Devemos dar Prioridade no Estudo?

O Direito Constitucional, como você deve ter percebido, é uma disciplina bem extensa. A não ser que você esteja cursando uma faculdade de Direito ou estudando para concursos de alto nível da área jurídica, provavelmente alguns temas você nunca precisará estudar.

Então, como saber o que estudar e o que não estudar?

Situação 1 – O edital do seu concurso está publicado? Então estude somente o que está no edital. Mas essa não é a situação ideal, pois nunca devemos esperar o edital sair para começar a estudar.

Situação 2 – Estudando com antecedência! Você deverá estudar a “espinha dorsal” da disciplina. Sim, existe dentro do Direito Constitucional uma “espinha dorsal”, ou seja, um conjunto de temas essenciais para que você consiga criar uma visão alicerçada da disciplina, para futuramente ir encorpando com os demais temas. Após fazer esta ambientação ao Direito Constitucional, parta para o estudo dos seguintes temas:

• Poder Constituinte;

• Classificação das Constituições;

• Eficácia e Aplicabilidade das Normas Constitucionais;

• Princípios fundamentais (art. 1º ao 4º da Constituição);

• Direitos Fundamentais (art. 5º ao 17º da Constituição, dando ênfase nos artigos 5º e 7º, o resto, de início, apenas passar o olho);

• Organização do Estado (artigo 18 ao 24 da Constituição);

• Administração pública (art. 37 ao 41 da Constituição);

• Organização dos poderes (Estudar inicialmente os artigos 44 ao 52, art. 76 ao 84 e art. 92 ao 102 da Constituição).

Faça no Nota11 a ambientação a cada um destes temas que mencionei acima conjugada com a leitura dos artigos da Constituição Federal que indiquei (provavelmente o teor dos artigos já estará nas apostilas).

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Assim, entendendo bem esses oito temas acima, você terá um belo alicerce para compreender temas mais profundos como o Controle de Constitucionalidade, Interpretação Constitucional e etc. Aí, então, você começará a pautar seu estudo de acordo com o edital do concurso que você tenha como foco.

Tenha atenção às peculiaridades de cada foco:

• Área Jurídica e tribunais - Deve-se dar bastante ênfase nos artigos referentes ao Judiciário (art. 92 ao 126), principalmente nos artigos referentes ao STF, STJ e ao tribunal para qual concurso você irá prestar (TRT, TRE, TJ, TRF...);

• Área fiscal - Ênfase nos estudos do art. 145 ao 163, referentes ao Sistema Tributário Nacional;

• Área de gestão - Ênfase nas Finanças Públicas (art. 163 ao 169);

• Área policial - Ênfase na segurança pública (art. 144);

• Ministério Público - Ênfase nas Funções Essenciais à Justiça (art. 127 ao 135) e no Poder Judiciário (art. 92, 101 e 102, principalmente).

Mas sempre tenha em mente que, independente da área, seja uma das expostas acima ou não, o candidato deve ter os conceitos referentes aos princípios fundamentais, direitos fundamentais e administração pública muito bem arraigados. Estes temas, estatisticamente, englobam a maior parte das questões de concursos públicos.

Noções Básicas sobre os Principais Atos Normativos.

O art. 59 da nossa atual Constituição Federal nos mostra a existência de 7 espécies normativas sujeitas ao "processo legislativo". São elas:

I - emendas à Constituição;

II - leis complementares;

III - leis ordinárias;

IV - leis delegadas;

V - medidas provisórias;

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VI - decretos legislativos;

VII - resoluções.

Todas essas normas acima são atos primários, são primários pois decorrem diretamente da Constituição, não vemos ali os decretos, portarias e etc. que seriam os "atos secundários" – as tais normas infralegais que ocupam a base inferior da pirâmide de Kelsen (secundários pois decorrem dos atos primários).

Todos esses atos normativos presentes na relação do art. 59 são também infraconstitucionais, com exceção das emendas, as quais após serem promulgadas se incorporam ao texto constitucional com mesmo status deste, não havendo qualquer diferença hierárquica perante às normas originárias (iniciais) da Constituição.

Vamos passar rapidamente agora uma visão geral sobre esses atos.

1- Emendas Constitucionais:

Como visto, a emenda à Constituição é a única dessas 7 leis que não é infraconstitucional. Isso porque as emendas constitucionais, como o próprio nome diz, poderão "emendar" a Constituição, ou seja, têm o poder de modificar, reduzir ou ampliar o texto que está disposto na própria Constituição. Assim, as emendas constitucionais possuem a mesma hierarquia da Constituição, devendo por isso passar por um processo bem dificultoso de elaboração.

As emendas constitucionais só podem ser aprovadas se cumpridos todos os requisitos do art. 60 da CF, devendo ser aprovadas pelo voto de 3/5 dos membros de cada Casa legislativa (Câmara e Senado) em 2 turnos de votação.

Ou seja, é muito difícil... mesmo assim já temos mais de 80 delas! É brincadeira?

2- Leis Ordinárias:

É a lei "genérica", ou propriamente dita. Aliás fica a dica: tudo que leva o nome de "ordinário (a)" significa "comum", "normal". Por contrario sensu aquilo que for "extraordinário" será algo "especial", "excepcional".

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Sempre que se falar somente na palavra "lei", mais nada, ou sem qualquer outro contexto, em regra estará se falando na lei ordinária. Para uma lei ordinária ser aprovada precisa que ocorra o seguinte:

Iniciativa: Deve ser proposto um projeto de lei na Câmara ou no Senado (a regra é que a propositura ocorrerá sempre na Câmara, só se propõe no Senado quando forem senadores ou comissão de senadores que estiverem tomando a iniciativa)

Deliberação na casa iniciadora: A Casa iniciadora recebe a proposta e faz a votação, podendo rejeitar algumas partes ou até mesmo adicionar outras partes ao projeto. Estas partes modificadas são as chamadas emendas ao projeto. Caso um projeto tenha muitas emendas, descaracterizando-se assim o projeto inicial, elabora-se o chamado substitutivo do projeto.

Deliberação na casa revisora: A Casa que não foi a iniciadora deverá votar também o projeto, fazer a revisão do que foi votado na iniciadora. Ela poderá também rejeitar ou emendar o mesmo. Caso emende, esta emenda deverá voltar à casa iniciadora, pois para que um projeto seja aprovado, o seu teor deve ser discutido pelas duas casas.

Sanção ou veto: Depois de votado o teor do projeto nas duas Casas, ele é enviado para o Presidente da República que poderá sancionar o projeto, ou seja, concordar com ele, ou então poderá vetar o projeto caso julgue-o como contrário ao interesse público ou como um projeto inconstitucional.

A Constituição diz que se o Presidente resolver vetar o projeto, o Congresso nacional poderá decidir se manterá ou se derrubará o veto do Presidente.

Promulgação: Se sancionado, a lei nasce e deverá ser promulgada. A partir daqui não se fala mais em projeto de lei. Agora já se fala em lei. A promulgação é o ato que atesta que todas as etapas do processo legislativo foram perfeitamente concluídas.

Publicação: O povo tem que tomar ciência da lei, e isso se faz com a publicação, ou seja, divulga-se ao povo que existe uma nova lei. Uma lei só poderá entrar em vigor, produzir seus efeitos, após ser publicada, e geralmente existe um prazo para que isso ocorra. Quando uma lei é muito simples, coloca-se no final dela: "essa lei entra em vigor na data da sua publicação". Quando não disser nada, ela só entrará em vigor 45 dias após a publicação, é o que chamamos de vacatio legis, ou seja, o prazo em que a lei embora já exista, não está em vigor. Este vacatio legis pode ser diferente de 45 dias, mas para isso deverá tal fato vir expressamente mencionado na lei, por exemplo: "essa lei entra em vigor 30 dias após a publicação".

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Esquema:

Bem simples, não?

3- Leis Complementares:

Leis complementares são leis que possuem processo de elaboração ligeiramente mais difícil que o da lei ordinária. O trâmite é o mesmo, porém, elas só podem ser aprovadas se conseguirem o voto da maioria absoluta dos membros da Casa, enquanto para as leis ordinárias bastam a maioria simples.

• Maioria absoluta: é quando mais da metade do número total de membros da Casa aprova o projeto.

• Maioria simples: é quando mais da metade do número de deputados ou senadores que estão presentes na sessão aprovam o projeto. Para que se alcance a maioria simples, deve-se pelo menos estar presente o quantitativo referente à maioria absoluta.

As matérias que devem ser regulamentadas por lei complementar geralmente são mais complexas, e esta ordem já está expressamente disposta na Constituição. Assim a Constituição diz: "Caberá à lei complementar...", "nos termos de lei complementar". Diferentemente do que ocorre na lei ordinária, a qual pode tratar de qualquer assunto que não

1 - Iniciativa na Casa iniciadora: Câmara, ou Senado (se for projeto de Senador ou comissão de Senadores); Opções: Se rejeitado � É arquivado; Se aprovado � Vai para Casa revisora.

Revisão em 1 só turno do projeto aprovado na iniciadora

O projeto emendado volta à iniciadora que deve deliberar sobre a emenda. Após isso seguirá para a sanção/veto do Presidente.

2 - Casa revisora: Emendou o projeto � Volta à iniciadora; Rejeitou o projeto � Arquiva; Aprovou s/ emendas � Sanção/Veto.

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seja reservado a outro tipo de lei ou que não possa ser regulamentado por lei.

Desta forma, temos atualmente no Brasil pouco mais de 100 leis complementares enquanto temos bem mais de 10.000 leis ordinárias.

Segundo o art. 61 da Constituição, quem pode tomar a iniciativa de propor uma lei ordinária e uma lei complementar são as mesmas pessoas:

� Qualquer parlamentar ou comissão de parlamentares;

� Presidente da República

� Supremo Tribunal Federal;

� Qualquer Tribunal Superior;

� Procurador-Geral da República;

� Cidadãos. (Através da iniciativa popular apresentada à Câmara)

A iniciativa popular será feita do seguinte modo: será enviada proposta à Câmara dos Deputados subscrita por, no mínimo:

- 1% do eleitorado nacional;

- de pelo menos 5 estados; e

- com ao menos 0,3% dos eleitores de cada um deles;

4- Medidas Provisórias:

As medidas provisórias não são leis no sentido estrito da palavra, são atos emanados pelo Presidente da República (ou Governador, ou ainda os Prefeitos), mas que tem a mesma força de uma lei. A diferença é que embora com força de lei, esta medida é provisória, ou seja, só fica em vigor por 60 dias prorrogáveis por mais 60 dias. Após expirado esse prazo ela perde a sua eficácia, não produzindo mais efeito algum.

Para que os efeitos desta medida continuem valendo no tempo ao invés de acabarem, deve-se, neste período de 60+60 dias, elaborar uma "lei de conversão" que nada mais é do que usar o teor da medida provisória para elaborar um projeto de lei ordinária, esta lei ordinária de conversão é que se aprovada no Congresso, irá manter perene os efeitos instituídos pela medida provisória.

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Importante destacar que ao expirar o prazo de 60+60 dias a MP perderá os seus efeitos, mas o que acontece com as coisas que a medida veio modificar durante o período em que esteve em vigor? Serão automaticamente reestabelecidas como se a MP nunca tivesse existido? A resposta é não. Caberá ao Congresso editar um decreto legislativo no qual decidirá o que acontecerá com estas coisas alteradas enquanto a MP esteve em vigor, se o Congresso não editar o decreto, será considerado que os efeitos deste período continuarão sendo regidos pela medida provisória.

Esquema (básico) de uma Medida Provisória:

5- Lei delegada:

Lei delegada é um instrumento criado para que o Presidente da República possa elaborar leis diretamente, sem que sejam anteriormente discutidas no Congresso Nacional, o objetivo é aumentar a rapidez da elaboração de algumas leis. Para que o Presidente possa elaborar a lei delegada ele deve pedir que o Congresso Nacional delegue este poder a ele (daí o nome). Esta delegação se faz através de uma resolução - espécie de lei que veremos à frente.

Não se pode, porém, delegar ao Presidente a competência para elaborar leis delegadas sobre toda e qualquer matéria, a delegação deve dizer exatamente os limites nos quais o Presidente irá atuar e não pode tratar sobre as matérias que estão dispostas no art. 68 §1º.

"Art. 68 §1º - Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva do Congresso Nacional, os de competência privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a matéria reservada à lei complementar, nem a legislação sobre:

Publicação

Prorrogação automática caso a votação não tenha sido encerrada.

60 Dias

Se a MP não for votada até aqui, via de regra, perde a eficácia dede a sua edição

60 Dias 60 Dias

Neste prazo, deve-se editar um Decreto Legislativo para regular as relações da MP que foi rejeitada ou perdeu a eficácia por decurso de prazo. Não editado, as relações jurídicas constituídas e decorrentes de atos praticados durante sua vigência conservar-se-ão por ela regidas.

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I - organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros;

II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais;

III - planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos".

Elaborada a lei delegada, ela não precisa voltar ao Congresso para entrar em vigor, a não ser que este assim determine, mas caso isso aconteça é vedado ao Congresso tentar promover qualquer emenda à lei, devendo se limitar a aprovar ou rejeitar a sua entrada em vigor.

6- Decreto Legislativo:

Decreto Legislativo é uma espécie de lei elaborada exclusivamente pelo Congresso Nacional, ou seja, não pode ser elaborado pela Câmara nem pelo Senado, apenas quando ambos estiverem reunidos como uma única Casa. O Decreto Legislativo é usado principalmente para regulamentar as matérias de competência exclusiva do Congresso, que estão dispostas no art. 49 da Constituição.

O decreto legislativo não se sujeita a sanção/veto do Presidente da República, é uma lei que tramita exclusivamente dentro do Legislativo.

7- Resoluções:

Resolução é outra lei de trâmite exclusivo do legislativo, porém, seu uso não está limitado ao Congresso Nacional, também pode ser usada pela Câmara dos Deputados ou pelo Senado isoladamente. A diferença básica entre elas e o decreto legislativo é que a resolução possui efeitos basicamente internos à Casa, enquanto o decreto legislativo irá provocar efeitos externos.

8- Tratados internacionais:

Tratados internacionais são acordos celebrados pelo Brasil com outros países, estes acordos para valerem dentro de nosso país precisam ter o aval do Congresso Nacional, assim, recebido o tratado, o Congresso referendará o mesmo através de um decreto legislativo e então o teor do tratado passará a valer em nosso país com mesmo status de uma lei ordinária.

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Como vimos no início, esse status de lei ordinária é apenas uma regra, pois caso os tratados sejam sobre direitos humanos, o STF entende que eles têm status acima da lei (embora abaixo da Constituição), é a chamada "supralegalidade" dos tratados de direitos humanos. Caso estes tratados de direitos humanos ainda venham a ser aprovados da mesma forma que uma emenda constitucional (aprovação por 3/5 dos membros, em 2 turnos, em cada uma das Casas), eles terão o mesmo status de emenda constitucional, ou seja, irão se transformar em normas constitucionais.

Muito interessante tudo isso não é mesmo? Por isso que sou apaixonado pelo que faço.

Mas, como sei que são muitas informações, vou passar agora um resuminho dos principais pontos que você precisa fixar sobre esses temas que acabamos de ver:

Pontos Importantes a Serem Fixados.

• É preciso ficar tranquilo e estudar relaxado, pois o direito é muito simples, ainda mais se estudar com o Nota11.

• Constituição em sentido amplo ou sociológico – Constituição seria o modo como o poder se organiza em uma sociedade.

• Constituição em sentido estrito – Documento escrito com o intuito de limitar o poder dos governantes e organizar o Estado.

• Não existem hierarquias dentro de cada patamar da pirâmide de Kelsen. A distinção entre as normas se fazem pela matéria (conteúdo) a qual cabe a cada uma tratar.

• Das oito Constituições Brasileiras, 4 foram promulgadas (vontade popular) e 4 Outorgadas (impostas pelos governantes). A primeira Constituição outorgada (1824) é um número par, as demais são ímpares – 1937, 1967 e 1969. Por outro lado, a primeira promulgada (1891) é um número impar, as demais 1934, 1946 e 1988 são pares.

• A Constituição Federal é uma “Constituição da República Federativa do Brasil”, ou seja, ela é uma Constituição “nacional” e não meramente “federal”.

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• Estados-membros da nossa federação (RJ, SP, GO, RS...) possuem Constituições Estaduais, municípios não! Municípios possuem lei orgânica.

• O Distrito Federal também possuem lei orgância, mas uma lei orgânica especial, misto de constituição estadual com lei orgânica municipal, pois é um ente “híbrido”.

• A Constituição Federal (que na verdade é da República) é uma norma nacional, de toda a Federação, mas a lei federal não, ela se restringe ao âmbito da União (poder central da nossa federação). Assim, é totalmente errado falarmos que existe qualquer hierarquia entre uma lei federal, uma lei estadual e uma lei municipal.

• Não poderá a Constituição Estadual trazer imposições à autonomia municipal maiores do que aquelas já feitas pela Constituição Federal, esta sim (CF) é a lei maior, soberana.

• A Emenda Constitucional 45/2004 passou a admitir que os tratados internacionais, caso versassem sobre “direitos humanos” e fossem aprovados no Congresso Nacional com o mesmo procedimento das emendas constitucionais, viessem a ter a mesma força de emendas constitucionais (status hierárquico de Constituição).

• Em 2008, o STF passou a entender que os tratados internacionais sobre direitos humanos, caso não fossem aprovados rito de votação de uma emenda constitucional, não iriam adquirir o status constitucional (emenda constitucional). Porém, por si só, já possuem um status de “supralegalidade”.

• Direito privado engloba os ramos do direito onde não há superioridade de alguma das partes da relação, ainda que uma das partes seja o Estado.

• No Direito Público uma das partes é o Estado, e este Estado estará defendendo o interesse público e desta forma poderá se sobrepor aos particulares, já que o interesse geral é, em regra, mais importante para sociedade do que o individual.

• A doutrina: Consiste em um estudo teórico. São os pensamentos dos juristas e estudiosos que, através de seus livros, artigos, palestras e etc. expõem seus pensamentos e teses que muitas vezes direcionam os julgamentos proferidos pelo Poder Judiciário e auxiliam inclusive na elaboração de leis e outras normas,

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• A jurisprudência: Grosso modo, é o entendimento consolidado que os tribunais fixam sobre determinados assuntos.

• Direito Constitucional Comparado - Faz comparação entre ordenamentos constitucionais de países diferentes ou em tempos diferentes.

• Direito Constitucional Geral (ou comum) - Estudo teórico e geral sobre os conceitos e princípios constitucionais.

• Direito Constitucional Positivo (ou especial) - Estuda um ordenamento específico que esteja vigorando em um país.

• A Constituição Federal atual (de 1988) possui uma parte permanente e outra transitória (ADCT).

• O preâmbulo da Constituição não é uma norma (não prevê direitos nem impõe deveres), embora seja parte integrante do texto constitucional.

• Temos 7 espécies normativas sujeitas ao "processo legislativo", a Emenda Constitucional de status equivalente à Constituição e outras seis que são de status infraconstitucional: a lei ordinária, a lei complementar, a lei delega, a medida provisória, o decreto legislativo e a resolução.

Termos comumente usados no direito:

• Acórdão: decisão sobre julgamento que foi tomada coletivamente pelos juízes que compõem os tribunais;

• Aditamento: acréscimo, ampliação, adição;

• Agravo: recurso interposto contra as chamadas decisões interlocutórias, ou seja, aquelas que não decidem a causa, são decisões tomadas pelo juiz entre as manifestações das partes, ou contra despacho;

• Apelação: recurso interposto contra decisão de primeira instância para o tribunal de segunda instância, a decisão recorrida em apelação deve ser terminativa (extingue o processo sem resolver a o mérito da causa) ou definitiva (extingue o processo, resolvendo o mérito da

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causa), o objetivo é tentar que se mude, totalmente ou parcialmente a decisão tomada;

• Autos: conjunto ordenado das peças (documentos, petições, etc.) de um processo;

• Avocar: é o contrário de delegar, ou seja, é chamar para si;

• Coisa julgada: qualidade que a sentença adquire de ser definitiva, não caber mais recurso. A coisa julgada ocorre quando se dá o chamado "trânsito em julgado".

• Decisão colegiada: decisão proferida por uma coletividade (colégio) de julgadores.

• Decisão monocrática: decisão proferida por um único juiz;

• De ofício: ato realizado por iniciativa do próprio funcionário, em ação do seu ofício;

• De jure: de direito;

• Delegar: transferir o poder de fazer algo para outra pessoa;

• Derrogar: revogar (retirar a vigência) parcialmente uma norma; a revogação pode ser total - “ab-rogação”, ou parcial - “derrogação”;

• Dilação probatória: Prazo concedido para que se produzam provas ou se executem diligências necessárias para comprovação dos fatos alegados;

• Efeito erga omnes: Efeito aplicável a todos;

• Efeito inter partes: Efeito aplicável somente às partes que estão brigando em juízo;

• Efeito suspensivo: Efeito que possuem os recursos, ou algumas medidas, de suspender a aplicação de algo enquanto o recurso, ou tais medidas, não forem julgados;

• Ementa: Sumário ou resumo de um texto de lei ou de uma decisão judicial que vem destacada no início;

• Ex officio: de ofício;

• Juiz leigo: pessoa escolhida, de preferência entre advogados, para auxiliar o juiz togado no Juizado Especial Cível;

• Juizados Especiais Cíveis e Criminais: juizados especiais criados para o julgamento e execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo;

• Juiz togado: bacharel em direito que exerce magistratura judicial; que usa toga;

• Liminar: decisão de emergência concedida provisoriamente pelo julgador a fim de se evitarem danos irreparáveis;

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• Preclusão: perda da faculdade de executar determinado ato processual, em razão da inércia da parte que deveria fazê-lo no prazo legal;

• Relator: membro de um tribunal a quem foi distribuído um feito, cabendo-lhe estudar o caso em suas minúcias e explicá-lo em relatório;

• Súmula: verbete publicado para uniformização de jurisprudência, indica a compilação de uma série de decisões de um mesmo tribunal, para que se adotem idêntica interpretação para algum preceito jurídico em tese. Ela não tem caráter obrigatório, mas fortalece uma conduta;

• Súmula vinculante: Espécie de súmula, exclusiva do STF, criada pela EC 45/04 que inseriu o art. 103-A na Constituição Federal. Para serem publicadas, precisam do voto de 2/3 dos membros do Supremo. Estas sim possuem caráter obrigatório perante os demais órgãos do Judiciário e perante os órgãos da Administração Pública, sejam da esfera federal, estadual ou municipal;

• Voto de qualidade: voto de desempate;

• Writ: (mandado) ordem escrita. aplica-se geralmente ao mandado de segurança e ao habeas corpus.

Termos latinos jurídicos comumente usados:

• Ab Initio: desde o começo;

• Abolitio Criminis: abolição do crime;

• Ad Hoc: específico, temporário, "para isto" (tribunal ad hoc = tribunal criado excepcionalmente para um julgamento específico);

• Ad Nutum: condição unilateral de revogação ou anulação de ato, geralmente usado para a nomeação de pessoas para cargos de livre escolha da autoridade nomeante, como os Ministros de Estado.

• Ad Quem: final, ou de destino;

• A Quo: inicial, ou de origem;

• Bis In Idem: incidência duas vezes sobre a mesma coisa, geralmente no direito tributário se referindo a dupla incidência de tributos;

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• Caput: cabeça, parte inicial de artigo ou documento;

• Causa Mortis: por causa da morte;

• Citra Petita: aquém do pedido;

• Data Permissa: com a devida permissão;

• Data Venia: com devido consentimento; com devido respeito;

• De Cujus: morto, falecido;

• Exequatur: execute-se; cumpra-se;

• Ex Lege: de acordo com a lei (custas ex lege = custas legais);

• Ex Nunc: que não retroage;

• Ex Officio: de ofício;

• Extra Petita: fora do pedido;

• Ex Tunc: que retroage;

• Fumus Boni Iuris: fumaça do bom direito. É um dos requisitos - juntamente com o periculum in mora - para que se conceda uma liminar, ou seja, para que se conceda uma liminar precisa-se de uma fumaça do bom direito, um direito aparentemente plausível;

• In Dubio Pro Reo: em duvida, a favor do réu;

• In Verbis: textualmente;

• Ipsis Literis: pelas mesmas palavras;

• Ipso Facto: pelo mesmo fato;

• Iter Criminis: itinerário do crime;

• Iuris Et de Iure: de direito e por direito (presunção absoluta, que não admite prova em contrário);

• Iuris Tantum: relativa, admite prova em contrário;

• Lato Sensu: sentido amplo;

• Numerus Clausus: relação taxativa, exaustiva;

• Numerus Apertus: relação não-taxativa, aberta, exemplificativa;

• Periculum in Mora: Perigo da demora. É um dos requisitos - juntamente com o fumus boni iuris - para se conceder uma liminar, ou seja, o perigo de que a demora da sentença venha causar danos irreparáveis;

• Reformatio In Melius: reforma para melhor (sentença);

• Reformatio In Pejus: reforma para pior (sentença);

• Sine Die: sem data;

• Sine Iure: sem direito;

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• Sine Qua Non: sem a qual não (condição sine qua non = condição necessária);

• Status Quo: estado inicial;

• Stricto Sensu: entendimento estrito;

• Sub Judice: sob julgamento;

• Ultra Petita: além do pedido.

Espero que tenha gostado!

Desejo que tenha excelentes estudos e muito sucesso na sua jornada.

Eu e toda a equipe Nota11 estamos à sua disposição.

Um abraço.

Vítor Cruz