apostila constitucional completa- sabrina rocha

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Curso completo de Direito Constitucional Profª. Sabrina Araújo Feitoza Fernandes Rocha Esta apostila não é de autoria pessoal, pois foi produzida através das obras de doutrinadores constitucionalistas, dentre eles Ivo Dantas, J. J. Gomes Canotilho, José Afonso da Silva, Paulo Bonavides, Celso D. de Albuquerque Mello, Luís Roberto Barroso, Walber de Moura Agra, Reis Friede, Michel Temer, André Ramos Tavares, Sérgio Bermudes, Nelson Oscar de Souza, Alexandre de Moraes, Nelson Nery Costa/Geraldo Magela Alves, Nagib Slaibi Filho, Sylvio Motta & William Douglas, Henrique Savonitti Miranda e tomou por base a apostila do Prof. Marcos Flávio, com os devidos acréscimos pessoais. PONTO 1 – TEORIA GERAL DO ESTADO E DA CONSTITUIÇÃO Faz-se premente ao estudioso deste ramo do direito, noções prévias do Estado e seus elementos indispensáveis, para uma boa apreensão dos conteúdos do Direito Constitucional. 1 - Conceito de Estado 1.1 -Corresponde à organização de um povo, localizado estavelmente sobre um território, sob o comando de um único poder. O Estado da idade contemporânea tem como principal característica o fato de ser um ente político com um governo institucionalizado. 1.2 - É uma sociedade política, organizada juridicamente, com o objetivo de alcançar o bem comum. 1.3 - O Estado é uma sociedade política, organizada juridicamente, com o objetivo de alcançar o bem comum. Costuma-se definir Estado como sociedade politicamente organizada. Fica mais fácil entender o Estado a partir do conhecimento dos elementos que o compõe. Desta forma, Estado é um ente constituído de um povo (elemento 1

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Page 1: Apostila Constitucional Completa- Sabrina Rocha

Curso completo de Direito ConstitucionalProfª. Sabrina Araújo Feitoza Fernandes Rocha

Esta apostila não é de autoria pessoal, pois foi produzida através das obras de doutrinadores constitucionalistas, dentre eles Ivo Dantas, J. J. Gomes Canotilho, José Afonso da Silva, Paulo Bonavides, Celso D. de Albuquerque Mello, Luís Roberto Barroso, Walber de Moura Agra, Reis Friede, Michel Temer, André Ramos Tavares, Sérgio Bermudes, Nelson Oscar de Souza, Alexandre de Moraes, Nelson Nery Costa/Geraldo Magela Alves, Nagib Slaibi Filho, Sylvio Motta & William Douglas, Henrique Savonitti Miranda e tomou por base a apostila do Prof. Marcos Flávio, com os devidos acréscimos pessoais.

PONTO 1 – TEORIA GERAL DO ESTADO E DA CONSTITUIÇÃO

Faz-se premente ao estudioso deste ramo do direito, noções prévias do Estado e seus elementos indispensáveis, para uma boa apreensão dos conteúdos do Direito Constitucional. 1 - Conceito de Estado

1.1 -Corresponde à organização de um povo, localizado estavelmente sobre um território, sob o comando de um único poder. O Estado da idade contemporânea tem como principal característica o fato de ser um ente político com um governo institucionalizado.

1.2 - É uma sociedade política, organizada juridicamente, com o objetivo de alcançar o bem comum.

1.3 - O Estado é uma sociedade política, organizada juridicamente, com o objetivo de alcançar o bem comum.

Costuma-se definir Estado como sociedade politicamente organizada. Fica mais fácil entender o Estado a partir do conhecimento dos elementos que o compõe. Desta forma, Estado é um ente constituído de um povo (elemento sociológico) organizado sobre um território (elemento físico), sob o comando de um governo soberano (elemento político – Poder), para fins de defesa, ordem e bem-estar.

2 - Elementos constitutivos do Estado: Povo - Território - Governo Soberano ( a soberania é uma característica deste elemento, que se bifurca em dois tipos: soberania interna e soberania externa)

Há divergência entre autores sobre os elementos constitutivos do Estado. A maioria opta pelos três elementos acima. Quanto aos elementos povo e território há quase unanimidade. Existe alguma variação sobre o terceiro: é citada soberania, governo, poder soberano, poder estatal. Contudo optamos pelo governo soberano pois nada valeria se houvesse o Poder e ele não pudesse se impor dentro da sua circunscrição.

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. Povo: é o conjunto de pessoas unidas ao Estado pelo vínculo jurídico da nacionalidade. São, no caso do Brasil, os brasileiros natos e os brasileiros naturalizados, que estudaremos adiante. A força de um Estado se faz pelo número de seus integrantes.

. Território: é o elemento físico, compreende o espaço terrestre, que estende-se ao subsolo; o mar territorial (doze milhas marítimas a partir da linha de baixa-mar do litoral continental, art. 1º e 2º da lei 8.617, de 4-1-1993); o espaço aéreo (coluna de ar sobrejacente aos espaços terrestre e mar territorial); a zona econômica exclusiva (faixa das 12 às 200 milhas marítimas, nesta o Brasil exerce direitos de soberania para fins de exploração e aproveitamento para fins econômicos, arts. 5º e 6º, lei 8.617/93); e as aeronaves e as embarcações brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro, onde quer que se encontrem (art. 5º, §1º do Código Penal). Embaixadas, consulados e qualquer lugar onde as leis brasileiras devam ser observadas e aplicadas. Segundo Hans Kelsen o território corresponde ao âmbito de validez da ordem jurídica.

. Governo Soberano: é o elemento político, caracterizado pelo poder que permite aos Estados conduzirem-se na escolha de seus destinos segundo a vontade de seu povo de maneira suprema na ordem interna e independente (em pé de igualdade) frente aos demais Estados. É derivada da autodeterminação dos povos. Há alguns autores que denominam este terceiro elemento de Soberania; outros Poder soberano, como já esclarecido acima, o que importa é a possibilidade de impor regras de condutas internas em prol do coletivo e ser respeitado pelos outros Estados soberanos.

3 - O Estado e suas funções

O Poder é manifestação da soberania.Tem razão Michel Temer ao dizer que se equivocam os que utilizam a expressão "tripartição dos poderes". É que o poder tem por características a unidade, a indivisibilidade e a indelegalibilidade. A distinção que existe é entre funções e entre os órgãos que desempenham tais funções.

A vontade estatal ou governamental, segundo a teoria clássica sistematizada por Montesquieu, manifesta-se através dos Poderes do Estado. O princípio da separação dos poderes foi inicialmente concretizado na Constituição dos Estados Unidos de 1787. Tornou-se com a Revolução Francesa um dogma constitucional, a ponto da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, em um de seus artigos, declarar que não teria constituição a sociedade que não assegurasse a separação de poderes e os Direitos do Cidadão. Montesquieu, pensador Francês, em sua obra “O Espírito das Leis” (em 1748) expõe a técnica da separação de poderes. O inovador princípio da separação dos poderes exerceu influência e ainda exerce sobre o moderno Estado de Direito, como princípio constitucional de maior importância em oposição ao antigo regime absolutista. OBS: Vale ressaltar que a idéia não foi dele, pois desde Aristóteles e depois LooK, que este

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pensamento vinha sendo amadurecido. Montesquieu apenas sistematizou e se consagrou pela obra já citada.

Atualmente, essa teoria seria melhor denominada de separação das funções do Estado. As FUNÇÕES se constituem em especialização de tarefas governamentais à vista de sua natureza. Sua finalidade é limitar e controlar (uns pelos outros) o funcionamento do Poder. É o chamado mecanismo de freios e contrapesos (pode aparecer na prova : sistema de checks and balances). A partir da aplicação dos princípios gerais que regem a concepção do sistema de freios e contrapesos na Constituição da República, não é possível deduzir controles entre os poderes que não estejam expressos no texto constitucional.

Funções típicas (precípua) X Funções atípicas (secundária)

Órgão/Funções TÌPICA ATÌPICALEGISLATIVO LEGISLAR e

FISCALIZARJULGAR

ADMINISTRAREXECUTIVO ADMINISTRAR ADMINISTRARJULGAR

LEGISLARJUDICIÁRIO JULGAR ADMINISTRAR

LEGISLAR

Legislar e Fiscalizar constituem funções típicas do Poder Legislativo. A Constituição brasileira prevê detalhadamente a elaboração de leis através do processo legislativo (arts. 59 a 69) e de fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial (arts. 70 a 75). As funções atípicas do Poder Legislativo são administrar (art. 51, IV; 52, XIII) e julgar (art. 52, I e II).

A Função Jurisdicional ou Jurisdição (dizer o direito) visa aplicar a lei ao caso concreto para solucionar litígios (conflitos de interesse caracterizados por pretensão resistida), impondo a validade do ordenamento jurídico de forma coativa, mediante provocação da parte interessada, sempre que os interessados não cumpram a lei espontaneamente. Compete ao Poder Judiciário. As funções atípicas deste Poder são as de administrar (art. 96, I, c, f) e legislar (art. 96, I , a).

A Função Administrativa, típica do Poder Executivo, diz respeito à realização de atos concretos voltados a satisfação das necessidades coletivas, tais como a gestão ordinária dos serviços públicos de interesse da coletividade. Legislar constitui função atípica deste Poder (art. 62 e 68). Dito de forma mais completa por José Afonso da Silva (Curso. pág. 112) o Poder executivo exerce a função executiva, que engloba função de governo e a função administrativa. A função de governo está relacionada com atribuições políticas, co-legislativas e de decisão. A função administrativa compreende as atividades de intervenção, fomento, polícia administrativa e serviço público. Outra função atípica do

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Executivo é a jurisdicional, quando julga seus servidores nos processos administrativos disciplinares, por exemplo.

Obs: fazer observação sobre o controle dos atos administrativos pelo Poder Judiciário.

4 - Formas de Estado

Simples : ..................................... Estado Unitário Compostos:..................................Confederação e Estado Federal

Os Estados, quanto a sua formação, classificam-se em simples e compostos, tal distinção surge “em função do grau de centralização e descentralização do poder político".

O Estado Unitário se caracteriza por não apresentar

descentralização do poder político, que se concentra em uma única pessoa jurídica nacional. Por conseqüência, possui somente uma única ordem jurídica central, que se aplica em todo o território nacional. Possui um centro de poder que se estende por todo o território e sobre toda a população e controla todas as coletividades regionais e locais. São exemplos, entre outros: França, Inglaterra, Chile, Uruguai e Paraguai.

No Estado Unitário poderá haver descentralização (são os estados descentralizados ou regionais), no entanto, esta não se perfaz com autonomia política, através de uma repartição de competências estabelecida na Constituição, mas através de outorga legal e, portanto, por lei poderá ser revogada.

RESUMINDO: Estado Unitário Centralizado, inexiste, em sua organização interna, qualquer tipo de repartição. Nos dias atuais está em extinção. Estado Unitário Descentralizado: há efetiva repartição de atribuições entre a parte centralizada e a descentralizada, realizada através da outorga das normas às comunas, departamentos etc. Ex: França e Itália.

O Estado Federal é, por definição, aquele onde estão asseguradas, pela Constituição, autonomia político-administrativa às partes descentralizadas (Estados-Membros, Províncias, Territórios etc). É reputada pela quase unanimidade dos autores, como a forma mais moderna de Estado. São exemplos atuais praticamente todos os Estados americanos, como, Estados Unidos, Brasil, entre outros, além de alguns europeus como Alemanha.OBS: a Federação Brasileira é a única nação que inclui os Municípios e o Distrito Federal como entes federados.

A origem do Estado Federal moderno, tal como o conhecemos na atualidade, é tipicamente norte-americana. Surgiu nos Estados Unidos, com a Constituição de 1787.

No Estado Federal há que se distinguir soberania de autonomia e seus respectivos titulares. O Estado Federal é o todo, dotado de

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personalidade jurídica de Direito Público Internacional, é o único titular da soberania como pessoa reconhecida pelo Direito Internacional. A União é a entidade federal formada pela reunião das partes componentes, constituindo pessoa jurídica de Direito Público interno. Os Estados-membros são entidades federativas componentes, dotadas de autonomia e também de personalidade de Direito Público interno. Os Municípios e o Distrito Federal, também possuem autonomia e são também pessoas jurídicas de Direito Público interno.

O Brasil, após a proclamação da Independência (1822), adotou como forma de governo a monarquia e, enquanto forma de Estado, o Estado Unitário. O império do Brasil não possuía descentralização política, apenas descentralização administrativa, (Seu território foi dividido em províncias, cuja estrutura foi consolidada na Constituição de 1824). A realidade histórica da República e do Federalismo tem por origem a derrubada da monarquia, em 15 de novembro de 1889. Adotou-se então como forma de governo a República e como forma de Estado o Estado Federal. Toda esta mudança de estrutura foi definitivamente consolidada com a Constituição de 1891.

A Confederação é formada através de diversos Estados Soberanos colocados uns ao lado de outros, decorrente de um tratado internacional. Na Confederação os Estados mantêm soberania. Talvez por isto, Michel Temer não considera a Confederação como forma de Estado, haja vista que se “assenta em tratado internacional entre Estados soberanos (que não abdicam de sua soberania) e não em Constituição”. As 13 colônias americanas, logo após a conquista da independência da Inglaterra em 1776, formaram uma Confederação, que não mais existe. Outro exemplo seria a antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).

5 - Formas de governo

Forma de governo diz respeito ao especial modo como se alcança o Poder e nele permanece. Pode ser definida como a maneira pela qual se dá a instituição do poder na sociedade e como se dá a relação entre governantes e governados. Contemporaneamente, entretanto, deve-se ressaltar que a acepção básica das formas de governo é apenas um gênero a comportar como espécie o sistema e o regime de governo.

Segundo Aristóteles existe formas puras e impuras de governoFORMAS PURAS FORMAS IMPURAS

MONARQUIA (Governo de um só) TiraniaARISTOCRACIA (Governo de um grupo) OligarquiaDEMOCRACIA (Governo de todos) Demagogia

Para os autores de forma geral, são divididas em:

Monarquia: hereditariedade (consangüinidade) Ex: Inglaterra, Espanha e Japão vitaliciedade

Natureza: governo de um só, de acordo com as leis que ele mesmo elabora;

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Princípio: sentimento de honra, amor às distinções e culto às prerrogativas.

República: eletividade (eleições livres) Ex: Brasil, Estados Unidos, Portugal temporariedadeNatureza: soberania nas mãos do povo;Princípio: virtude traduzida em amor à Pátria, igualdade e compreensão dos direitos e deveres.

5.1 - Sistemas de governo

Sistema de governo diz respeito ao modo como se relacionam os poderes, especialmente os Poderes Legislativo e Executivo.

PARLAMENTARISMO:

chefia dual do Poder Executivo : há um chefe de Estado e há um chefe de Governo(primeiro ministro).

a permanência do chefe de governo depende da confiança do Poder Legislativo.

A esta segunda característica a doutrina denomina de responsabilidade política. No parlamentarismo a chefia de governo é exercida pelo primeiro Ministro.

O Parlamentarismo foi uma lenta criação da história política da Inglaterra, onde surgiu em 1688e, a partir desta data, passou a ser adotado por outros países da Europa.

Este sistema de governo, segundo muitos estudiosos, é o mais perfeito, pois baseia-se num sistema representativo, havendo paralelamente o exercício pleno da soberania nacional. Funda-se, assim, na existência de partidos compactamente organizados, tendo como representantes homens que lutam pela vontade soberana do povo. A vontade do povo se faz de forma tão presente, que tal sistema é denominado governo de opinião. O povo é valorizado e tem uma participação constante nos atos do governo. Apresenta os três poderes clássicos (Executivo, Legislativo e Judiciário) acrescido do Poder Moderador, representado pelo Rei (em caso de Estado Monárquico) ou pelo Presidente da República (em caso de Estado Republicano)

No Brasil, o Parlamentarismo foi empregado durante o Segundo reinado, sendo, posteriormente, abolido em 1889 pela Proclamação da República, através da qual o sistema presidencialista foi implantado. Em 1961, com a renúncia de Jânio Quadros, tivemos o regresso do Parlamentarismo, sendo que, em 1963, o Presidencialismo ressurge como sistema de governo.

Obs: A Constituinte de 88 deixou ao povo brasileiro a oportunidade de escolher a forma e o regime de governo, com a regra posta no ADCT, art. 2º, que reza:

“No dia 7 de setembro de 1993 o eleitorado definirá, através de plebiscito, a forma (república ou monarquia constitucional) e o sistema de governo (parlamentarismo ou presidencialismo) que devem vigorar no País”.

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PRESIDENCIALISMOCaracterísticas:- chefia singular do Poder Executivo: o Presidente é ao mesmo tempo chefe de Estado e chefe de Governo- permanência do Presidente independe da confiança do Poder Legislativo.

O Presidencialismo foi idealizado pelos norte-americanos na Convenção da Filadélfia, e passou a constar na Constituição Federal de 1787. No Brasil, no entanto, ele só passou a viger em 1889. No presidencialismo o Presidente da República exercerá o cargo por período fixo, não necessita da maioria parlamentar para manter-se no cargo. O Poder Legislativo só poderá afastar um Presidente da República no caso do cometimento de crime de responsabilidade ou de crime comum. Para quem tiver interessado nas regras constitucionais para se afastar o Presidente poderá encontrá-las nos artigos 85 e 86; 51, I, e 52, I, parágrafo único.

5.2 - Regime político: democrático e ditatorial (totalitário)

democrático – há participação do povo no processo político ditatorial ou Totalitário– não há a livre participação do povo no

processo político, as eleições não são livres,

CF/88 Art. 1º -----------------------------------------------------------------

Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

A nossa Constituição realça e traduz a democracia representativa sem desprezar os instrumentos da democracia direta pelo que origina uma forma de democracia denominada mista ou semi-direta.

Democracia direta é a forma inicial da democracia, tal como praticada na antiga Grécia. A participação dos cidadãos nas decisões políticas era exercida pessoalmente sem intermediários (em espaço público se reuniam, debatiam e decidiam o assunto em pauta). Atualmente, é de impossível realização, já que conta com o povo exercendo o poder diretamente, sem mandatário.

Democracia Indireta pode ser:

- Democracia representativa, onde o povo elege seus representantes.

- Democracia Cesarista, onde o governo indica seus representantes, cabendo ao povo confirma-los ou não no poder por referendum

A expressão “diretamente” deve ser entendida à luz do art. 14, incisos I a III, onde se encontra os instrumentos modernos da democracia direta, quais sejam: o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular.

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Plebiscito e referendo são consultas formuladas ao povo para que delibere sobre matéria de acentuada relevância, de natureza constitucional, legislativa ou administrativa (art. 2º, da lei 9.709/98).

O plebiscito é a convocação prévia ao ato legislativo ou administrativo a ser realizado, cabendo ao povo, pelo voto, aprovar ou rejeitar o que lhe tenha sido submetido (art. 2, §1º, da lei 9.709/98).

O referendo é a convocação posterior ao ato legislativo ou administrativo que se tenha realizado, cumprindo ao povo a respectiva ratificação ou rejeição (art. 2º, §2º, da lei 9.709/98).

A iniciativa popular consiste na apresentação de projeto de lei à Câmara dos Deputados, subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos (3/10 = 0,3) por cento dos eleitores de cada um deles (art. 13 da lei 9.709/98 e CF, art. 61, § 2º). OBS: fazer uma observação sobre a iniciativa popular e a ação popular na perspectiva de democracia direta.

Em resumo, a nossa CF/88 consagra a democracia representativa sem desprezar os instrumentos da democracia direta (plebiscito, referendo, iniciativa popular) pelo que origina uma forma de democracia mista ou semi-direta.

Todos estes conhecimentos prévios são basilares para compreensão do Estado Brasileiro que adotou o modelo federalista.

6 - Características do Estado Federal

A doutrina aponta como características da existência de Estado Federal:

a)a) ExistênciaExistência de uma de uma Constituição como base jurídica do EstadoConstituição como base jurídica do Estado que assegure autonomia das entidades federadas através de uma repartição constitucional de competências a Lei Fundamental a Lei Fundamental representa a aliança firmada pelas entidades integrantes do Estadorepresenta a aliança firmada pelas entidades integrantes do Estado Federal, o qual se origina da própria Constituição e lhe dá vida eFederal, o qual se origina da própria Constituição e lhe dá vida e existência soberana.existência soberana.

O Estado Federal surge de uma Constituição. A Constituição, como Lei Fundamental, representa, no Estado Federal, o pacto ou a aliança firmada pelas entidades que o integram. A Constituição, promulgada em 5 de outubro de 1988, deu origem ao Estado Federal Brasileiro atual. Logo no preâmbulo consta: “Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático (...)”. O artigo 1º, de forma definitiva sela o pacto ao afirmar: “A República Federativa do Brasil, é formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito”.

No Estado Federal, como união de coletividades políticas autônomas, existem vários centros decisórios. O artigo 18 da nossa Constituição afirma: “A organização político-administrativa da

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República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição”.

b)b) RepartiçãoRepartição Constitucional de Constitucional de CompetênciasCompetências a essência do a essência do Estado Federal está na descentralização política, significandoEstado Federal está na descentralização política, significando repartição da capacidade de edição de normas jurídicas, com cadarepartição da capacidade de edição de normas jurídicas, com cada esfera de poder controlando as condutas de seus agentes públicosesfera de poder controlando as condutas de seus agentes públicos e dos cidadãos de determinada comunidade. A Constituiçãoe dos cidadãos de determinada comunidade. A Constituição confere à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípiosconfere à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios competências privativa, exclusiva, comum, concorrente, residual ecompetências privativa, exclusiva, comum, concorrente, residual e delegada.delegada.A razão de ser do Estado Federal, como já vimos, reside na descentralização política, que significa repartição constitucional da capacidade de emissão de normas jurídicas, para que cada esfera de poder possa controlar as condutas dos agentes públicos e dos cidadãos em determinada comunidade jurídica. Assim, a Constituição distribui à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, diversas competências que estudaremos nos artigos 21 ao 32.

c)c) AutonomiaAutonomia das Entidades Federadas das Entidades Federadas cada esfera, entre os cada esfera, entre os diversos centros decisórios, conserva a capacidade suficiente para,diversos centros decisórios, conserva a capacidade suficiente para, mediante regras jurídicas próprias, autogerir seus negócios internosmediante regras jurídicas próprias, autogerir seus negócios internos ou organizar os assuntos que lhes forem delegados., tudoou organizar os assuntos que lhes forem delegados., tudo conforme o Princípio hermenêutico da simetria constitucional.conforme o Princípio hermenêutico da simetria constitucional.

d)d) Participação da vontade dos Estados-membros nas decisõesParticipação da vontade dos Estados-membros nas decisões NacionaisNacionais reflete-se na existência de um Poder Legislativo reflete-se na existência de um Poder Legislativo bicameral, isto é, o Congresso Nacional é formado pela Câmarabicameral, isto é, o Congresso Nacional é formado pela Câmara dos Deputados, composta pelos representantes do povo, e pelodos Deputados, composta pelos representantes do povo, e pelo Senado Federal, composto de representantes dos Estados e doSenado Federal, composto de representantes dos Estados e do Distrito Federal, estes enquanto pessoas jurídicas de direito públicoDistrito Federal, estes enquanto pessoas jurídicas de direito público interno (3 Senadores para cada Estado e para o Distrito Federal).interno (3 Senadores para cada Estado e para o Distrito Federal).

e) Rigidez ConstitucionalRigidez Constitucional refere-se à maior dificuldade para refere-se à maior dificuldade para alteração do Texto Magno, exprimindo-se em limitações expressasalteração do Texto Magno, exprimindo-se em limitações expressas e implícitas. Ee implícitas. Estabeleceu-se um procedimento mais rígido no processo de apreciação de emenda à Constituição do que de qualquer outra lei do país. Tomará por base os princípios hermenêuticos constitucionais que estudaremos adiante.

f)f) Impossibilidade de desligamento (secessão)Impossibilidade de desligamento (secessão) Exatamente em razão de a soberania ser atributo do Estado Federal e não dos Estados-membros é que estes não poderão se retirar do pacto federativo, pois não possuem mais soberania que legitime uma decisão separatista. A Constituição prevê união indissolúvel logo em seu artigo 1º. Proíbe a extinção da Federação (art. 60, § 4º) ao afirmar que não será objeto de deliberação a proposta de

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emenda constitucional tendente a abolir a forma federativa de Estado, na primeira das cláusulas pétreas. Prevê como primeira hipótese de intervenção federal nos Estados e no Distrito Federal para “manter a integridade nacional”. (art. 34, inciso I)

Resumindo: as partes não podem separar-se do todo.

g)g) Existência de um órgão constitucional supremo incumbido tambémExistência de um órgão constitucional supremo incumbido também do controle da constitucionalidade das leisdo controle da constitucionalidade das leis decorre da rigidez da decorre da rigidez da Constituição e da Supremacia da Constituição em relação àsConstituição e da Supremacia da Constituição em relação às demais leis. O controle se dará: 1) no exame de um caso concreto,demais leis. O controle se dará: 1) no exame de um caso concreto, em que todo juiz pode exercê-lo (controle difuso deem que todo juiz pode exercê-lo (controle difuso de constitucionalidade); 2) por declaração de inconstitucionalidade deconstitucionalidade); 2) por declaração de inconstitucionalidade de lei em tese pelo STF (controle concentrado de constitucionalidade).lei em tese pelo STF (controle concentrado de constitucionalidade).

7 - Constitucionalismo

O Direito Constitucional surgiu junto com a própria noção de Estado e particularmente quando este se organizou política e juridicamente através de uma Constituição, passando a sujeitar-se às próprias leis por ele editadas, transformando o poder arbitrário original em poder discricionário (que se caracteriza pela existência efetiva de ampla margem de escolha e opção para o governo) e vinculado (onde praticamente inexistem opções para o governo, em face da solução imposta pela lei).

Com o advento do Estado Contemporâneo, o binômio poder-dever passou a integrar a própria essência do Estado, ao lado do cidadão, titular de direitos, cabendo exatamente ao Direito Constitucional (e também ao Direito Administrativo) a busca do equilíbrio harmônico entre os deveres do Estado de um lado e os direitos do cidadão, do outro.

A sua origem formal está ligada às Constituições escritas com dois traços marcantes:

- organização do Estado- limitação do poder estatal, por meio da previsão de direitos e garantias

fundamentais

8 - Conceito de CONSTITUIÇÃO

Lato sensu é o ato de constituir, de estabelecer, de firmar; ou, ainda, o modo pelo qual se constitui uma coisa, um ser vivo, um grupo de pessoas; organização, formação.

Juridicamente – deve ser entendida como lei fundamental e suprema de um Estado, que contém normas referentes à estrutura do Estado.

Pode-se definir a Constituição como lei fundamental da sociedade.

Constituição, em termos efetivos, representa a organização jurídico-política fundamental do Estado concernente a um conjunto de regras relativas à forma

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de Estado (no caso brasileiro, o federalismo) à forma de governo, - incluindo o sistema de governo ( no nosso caso a república) e o regime de governo ( no caso brasileiro o presidencialismo) -, ao regime político (entre nós a democracia indireta representativa), à aquisição e ao exercício do poder, ao estabelecimento dos órgãos para o efetivo exercício do poder (Executivo, Legislativo e Judiciário) e aos limites de sua ação (competências e restrições ao exercício do poder estatal).

9- Conceito de Direito Constitucional

“O direito Constitucional vem a ser um estudo fundamentalmente voltado para a compreensão do texto jurídico singularíssimo denominado Constituição” (Celso Ribeiro Bastos). Traçar um paralelo com TGE.

“Ramo do Direito Público que expõe, interpreta e sistematiza os princípios e normas fundamentais do Estado” (José Afonso da Silva). Para simplificar: ramo do Direito Público que estuda a Constituição.

10- Objeto do Direito Constitucional

O objeto de estudo do Direito Constitucional “é constituído pelas normas fundamentais do Estado, isto é, pelas normas relativas à estrutura do Estado, forma de governo, modo de aquisição e exercício do poder, estabelecimento de seus órgãos, limites de sua atuação, direitos fundamentais do homem e respectivas garantias e regras básicas de ordem econômica e social” (José Afonso da Silva).

Simplificando: o objeto de estudo do Direito Constitucional é a Constituição.

11 - Constituição: origens e perspectivas

11.1 - ORIGENS DAS CONSTITUIÇÕES

O surgimento das constituições, como já demonstrado acima, está ligado ao constitucionalismo, movimento que se originou da luta pela liberdade diante de governos absolutistas e por um conjunto mínimo de preceitos asseguradores da tripartição das funções estatais (executiva, legislativa e judiciária) e dos direitos individuais a serem respeitados não só pelos governos, mas também pelos demais cidadãos. O marco histórico está ligado às Constituições escritas e rígidas dos Estados Unidos, em 1787, após o curto período em que adotou a forma de Estado conhecida por Confederação, em seguida a independência obtida da Inglaterra pelas 13 colônias. Bem como a Constituição da França, de 1791, após a Revolução Francesa.

11.2 - PERSPECTIVAS DOUTRINÁRIAS DE CONSTITUIÇÃO

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Sentido sociológico, sentido político e sentido jurídico

Sentido sociológico – construído por Ferdinand Lassale, em sua obra "Que é uma Constituição?", para ele a constituição deve ser a soma dos “fatores reais de poder que vigoram num país, sendo esta a constituição real e efetiva” . Esses fatores são de ordem econômica, política, militar, religiosa, sindical, etc. Quando a Constituição escrita se distancia da Constituição efetiva não passa de “uma folha de papel”. Neste caso prevalecerá sempre a vontade daqueles que titularizam o Poder, pois este não deriva da “folha de papel”, da Constituição escrita, mas dos fatores reais de poder vigentes na sociedade.

Sentido político – proposto por Carl Schmitt, em sua obra “Teoria da Constituição”, para ele a Constituição é fruto de uma decisão política fundamental. Assim é conteúdo próprio da Constituição o que diga respeito à forma de Estado, à forma de Governo, aos órgãos do Poder e à declaração dos direitos individuais. Tudo o mais, embora possa estar escrito na Constituição, é lei constitucional. Assim percebemos: o que para Carl Schmitt é conteúdo próprio da Constituição podemos chamar de norma materialmente constitucional, o mais que assumiu forma constitucional, porque inserido na Constituição, é norma formalmente constitucional, e poderia ser tratado na legislação infraconstitucional .

Sentido jurídico – defendido por Hans Kelsen, em seu livro "Teoria pura do Direito", a constituição é considerada norma pura , puro dever- ser, sem qualquer pretensão à fundamentação sociológica, política ou filosófica. Para Válber de Moura Agra “A Constituição é vista por Kelsen como o substrato validante de normas infraconstitucionais. Ela tem a função de estruturar um ordenamento de forma lógica e sistêmica, evitando antinomias que fragilizariam sua eficácia. Ele vê o ordenamento jurídico como um sistema hierarquizado, em que cada norma inferior é validada por uma norma superior, até chegar na norma básica que é a Constituição” (Fraudes à Constituição: um atentado ao poder reformador, Porto Alegre, Sérgio Antonio

Fabris Editor, 2000, 1ª edição pág. 43). Todo o trabalho de Kelsen foi no sentido de mostrar que o Direito é uma ciência autônoma, que dispõe de métodos próprios, portanto, “pura”. Kelsen toma a palavra Constituição em dois sentidos: no lógico-jurídico e no jurídico-positivo. No sentido jurídico-positivo equivale à norma positiva suprema, conjunto de normas que regula a criação de outras normas. No conceito lógico-jurídico a constituição significa norma fundamental hipotética, cuja função é servir de fundamento lógico transcendental da validade da constituição jurídico-positiva, e aí assume o papel de fechamento do sistema.

Perspectiva da Constituição segundo Konrad Hesse

Força normativa da Constituição –. Para Konrad Hesse a Constitui ção não reproduz apenas o estado das coisas ela também é capaz de modificar, de transformar a sociedade. É o próprio Konrad

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Hesse em sua obra “A força normativa da Constituição” que afirma: “A norma Constitucional não tem existência autônoma em face da realidade, (por isto precisa ter sintonia com a realidade social, econômica e política). A sua essência reside na sua vigência, ou seja, a situação por ela regulada pretende ser concretizada na realidade (sedimentando-se no dia a dia do comportamento dos cidadãos) Essa pretensão de eficácia não pode ser separada das condições históricas de sua realização, que estão, de diferentes formas numa relação de interdependência, criando regras próprias que não podem ser desconsideradas. Concluindo, pode-se afirmar que a Constituição converter-se-á em força ativa se fizerem-se presentes, na consciência geral – particularmente, na consciência dos principais responsáveis pela ordem constitucional – não só a vontade de poder, mas também a vontade da Constituição Federal”. (As explicações entre parênteses e os grifos não são do original).

Konrad Hesse x Ferdinand Lassale:

Para Lassale a Constituição é escrava das forças sociais (fatores reais de poder), fora disso, ou seja, quando não espelhar a composição das forças sociais dominantes, não terá eficácia transformado-se em uma mera folha de papel. Para konrad Hesse há uma relação de interdependência com os condicionantes resultantes dos fatores históricos políticos e sociais, mas a Constituição não é uma mera auxiliar das forças sociais, mas possuem componentes que uma vez vigentes poderão converter-se numa força ativa de transformação da sociedade.

Perspectiva da Constituição segundo Karl Loewenstein

Karl Loewenstein em sua obra Teoria de Constituição, doutrina que a função primeira da Constituição é traçar o cenário da disputa pelo poder por meio de normas que tratem da limitação dos poderes através de uma repartição constitucional de competências, utilizando-se de mecanismos de equilíbrio por meio de um sistema de freios e contrapresos (Cheks and balances) originado do direito americano.

Assim, Karl Loewenstein classifica as Constituições partindo da eficácia normativa reguladora do processo de disputa de poder em:

Constituições normativas – são aquelas que são efetivamente obedecidas pelos detentores do poder e por todas as parcelas da população, e que estabeleçam normas que regulem a atuação dos partidos políticos, a aquisição e o exercício dos poderes estabelecendo seus respectivos limites. Como exemplo de Constituição normativa temos a nossa Constituição de 1988.

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Constituições nominativas – são aquelas que não são efetivamente obedecidas. Não possuem força normativa, pois, representam textos que não são consentâneos com a realidade fática ou que tornaram-se obsoletos face as mudanças na sociedade;

Constituições semânticas – também conhecidas por “constituições de fachada” são aquelas confeccionadas para legitimar os detentores do poder político. Estando longe de limitar a concentração de poder, ao contrário, estabelecem um procedimento que, ao invés da alternância, representam um instrumento de perpetuação das classes dominantes. Como exemplo de Constituição semântica tivemos a nossa Constituição de 1937.

12 - Classificação das Constituições

Quanto à forma: escrita e não escrita

Quanto ao modo de elaboração: dogmáticas e históricas

Quanto à extensão e finalidade: analíticas e sintéticas

Quanto à origem: promulgadas, outorgadas e cesaristas

Quanto à estabilidade: imutáveis, rígidas, flexíveis e semi-rígidas

Quanto ao conteúdo: materiais e formais

Vejamos cada uma delas para um melhor esclarecimento

Quanto à forma:

Escrita – codificada e sistematizada em um único texto solenemente estabelecido e emanado de um Poder Constituinte.

Não-escrita – conjunto de usos, costumes, jurisprudência documentos esparsos não codificados, reconhecidos pela sociedade como estruturadores Exemplo: Constituição da Inglaterra e a de Israel. Conhecida também como constituição costumeira o consuetudinária.

Quanto ao modo (processo) de elaboração:

Dogmática – surge como resultado da aplicação racional, em certo momento, de determinados princípios políticos (dogmas). Constituições escritas, populares (promulgadas) ou outorgadas.

Histórica – se forma lentamente no tempo através de vagarosa sedimentação na consciência popular. Resulta de lenta evolução histórica, do lento evoluir das tradições, dos fatos sócio-políticos, que se cristalizam como normas fundamentais da organização de determinado Estado. Conhecidas também como constituição costumeira, constituição não-escrita.

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Quanto à extensão:

Sintética - prevê somente princípios e normas que regulam a forma de Estado e de Governo, estruturação dos Poderes, limites aos Poderes por meio de direitos e garantias individuais fundamentais. É típica de países que possuam ampla estabilidade política e sócio-econômica. Conhecidas também como: constituição garantia, constituição material.

Analítica – é abrangente regulando inúmeros aspectos que não constam de uma Constituição sintética. A exemplo de: orçamento; saúde, previdência e assistência social; educação, cultura e desporto; ciência e tecnologia; comunicação social; meio ambiente; família, criança, adolescente e idoso; índios etc. A intenção é dar estabilidade jurídica ao fazer constar na Constituição certos direitos que caso estivessem apenas na legislação infraconstitucional poderiam ser facilmente modificados. É típica de países com fortes instabilidades políticas e sócio-econômicas. Outros nomes: constituição formal, constituição dirigente.

Quanto à origem:

Promulgada - surge através do trabalho de uma Assembléia Nacional Constituinte composta de representantes do povo eleitos com a finalidade de sua elaboração. Conhecidas como: democráticas ou populares.

Outorgada - são impostas por um regime autoritário sem a participação popular.

Quanto ao processo de reforma, à estabilidade ou alterabilidade:

Rígida – é a constituição que só pode ser alterada através de processo legislativo especial, dificultoso e solene (como a nossa), distinto do que é estabelecido para elaboração das leis ordinárias.

Flexível – é a constituição que permite ser modificada pelo mesmo processo legislativo para a elaboração das leis ordinárias. Modifica-se a Constituição como se modifica qualquer outra lei. O mesmo que Constituição Plástica.

Semi-rígida - Possui parte rígida e outra flexível. Para sofrer modificação, uma parte do seu texto exige processo dificultoso, enquanto outra parte pode ser modificada pelo processo legislativo ordinário. Serve de exemplo a Constituição brasileira de 1824, que em seu art. 178 dizia: “É só constitucional o que diz respeito aos limites e atribuições respectivas dos Poderes Políticos, e aos Direitos Políticos e Individuais dos cidadãos; tudo o que não é constitucional pode ser alterado , sem as formalidades referidas, pelas Legislaturas ordinárias”. Não esqueçam: a nossa Constituição de 1824 foi a única semi-rígida.

Quanto ao conteúdo, a essência ou ao objeto:

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Material – são as matérias que tratam da forma de organização política do Estado. Diz respeito ao conteúdo do próprio conceito de Constituição. É a essência do Estado com todos os seus traços marcantes. Alguns autores costumam alegar que as regras matérias seriam as cláusulas pétreas (art. 60, §4º). Contudo, a doutrina moderna especifica que todos os preceitos constitucionais que tenham pertinência temática com elas, também estariam abrangidas dentro desta realidade material.

Formal – estariam elencadas dentro desta realidade todas as matérias que foram trazidas para dentro de Constituição, mas não fazem parte da essência Constitucional, como por exemplo o Desporto, a tecnologia etc.

A nossa Constituição de 1988 é : ESCRITA; ANALÍTICA, DOGMÁTICA; PROMULGADA; RÍGIDA

OUTRAS CLASSIFICAÇÕES: Constituição Programática e Constituição Dirigente

Programáticas: São aquelas que contém numerosas normas definidoras de programas de ação e linhas de orientação.Tema atualmente bastante solicitado nos concursos é o que trata de norma programática. Pelo fato de a nossa Constituição estar incompleta, ou seja, com um excessivo número de normas de eficácia limitada é também classificada como Constituição programática. A partir do conceito de norma programática chega-se a conclusão de que a Constituição da República Federativa do Brasil é também uma Constituição Dirigente.

Constituição Dirigente é aquela que, predominantemente, apresenta em seu corpo normas programáticas.

Normas programáticas são aquelas que não podem ser aplicadas de imediato porque dependem de programas a serem desenvolvidos no futuro. Estas normas são dirigidas principalmente, mas não exclusivamente, aos legisladores. É citado como exemplo:

O Poder Público incentivará o lazer, como forma de promoção social (CF, art. 217, § 3º);

O Estado promoverá o desenvolvimento científico, a pesquisa e a capacitação tecnológicas (CF, art. 218, caput);

A União, os Estados e o Distrito Federal manterão escolas de governo para a formação e o aperfeiçoamento dos servidores públicos, constituindo-se a participação nos cursos um dos requisitos para a promoção na carreira, facultada, para isso, a celebração de convênios ou contratos ente os entes federados (CF, art. 39, § 2º);

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AS CONSTITUIÇÕES E SUAS CLASSIFICAÇÕESClassificação quanto a

Constituições Ano de Promulgação

Forma de

Estado

Forma de Governo

Forma Modo de elaboração

Extensão Origem

1ª. 1824 Unitário Monarquia Escrita Dogmática Analítica Outorgada

2ª. 1891 Federal República Escrita Dogmática Sintética Promulgada

3ª. 1934 Federal República Escrita Dogmática Analítica Promulgada

4ª. 1937 Federal República Escrita Dogmática Analítica Outorgada

5ª. 1946 Federal República Escrita Dogmática Analítica Promulgada

6ª. 1967 Federal República Escrita Dogmática Analítica Outorgada

7ª. 1988 Federal República Escrita Dogmática Analítica Promulgada

13 - PODER CONSTITUINTE

Aquele que cria, põe em vigor, altera, ou mesmo constitui normas jurídicas de valor constitucional.

13.1 - FINS – participar da criação e distribuição das competências supremas do estado, por meio do regramento constitucional.

13.2 - PRODUTO – A Constituição é o produto ou resultado desse poder; quer seja no momento de sua elaboração, quer seja em sua reforma.

13.3 - TITULARIDADE DO PODER CONSTITUINTE – Nos Estados democráticos é o povo, através da soberania popular, pois somente o povo é legitimado para determinar, por si ou por seus representantes o estabelecimento de uma constituição. Caso advenha de outra fonte (um ditador, por ex.) é porque ocorreu a usurpação.

Pela titularidade pertencer ao povo, o Poder Constituinte é permanente, não se esgota em um único ato do seu exercício, visto que o povo não perde o direito de querer e de mudar a sua vontade. Elaborada a Constituição pelo Poder Constituinte, permanece ele em estado de LATÊNCIA, no seu assento natural, que é o povo.

A teoria sobre o Poder Constituinte advém do pensador francês Sieyès, elaborada nos momentos que antecederam a Revolução Francesa, em sua obra "que é o Terceiro Estado". Deste doutrinador partiu também a “descoberta da distinção entre poder constituinte e poderes constituídos.

Discute-se, na doutrina, quem seja o titular do Poder Constituinte, para uns é o povo, para outros a nação. O que de fato importa é que o Poder Constituinte Originário se manifesta pela eleição de uma Assembléia

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Constituinte ou por uma revolução. Tem o poder de destituir o governo anterior e tem a capacidade de constituir um novo governo. Contém força normativa para editar normas jurídicas sem que nisto seja limitado pela normatividade anterior. Daí porque, para o positivismo jurídico, o poder constituinte originário não tem natureza jurídica, por ser um poder de fato, não de direito, embora traga em si o gérmen da ordem jurídica.

13.4 - EXERCÍCIO DO PODER CONSTITUINTE

Por Outorga – através de ato unilateral do governantePor Assembléia Nacional Constituinte- que é a forma típica do exercício do Poder Constituinte, em que o povo, seu legítimo titular, democraticamente, outorga poderes a seus representantes especialmente eleitos para elaboração da Constituição.

13.5 - ESPÉCIESDE PODER CONSTITUINTE

Poder Constituinte ORIGINÁRIO – também denominado genuíno, primário, ou de primeiro grau, cria inicialmente a ordem jurídica.

CARACTERÍSTICAS – inicial, permanente, absoluto, soberano, ilimitado, incondicionado e inalienável.

Poder Constituinte DERIVADO – também denominado reformador, secundário, instituído, constituído, de reforma, ou de segundo grau, se destina a modificar a Constituição Federal, segundo suas próprias regras.

CARACTERÍSTICAS – derivado, subordinado, limitado ou condicionado.

FINALIDADE – se adaptar as novas necessidades sociais

Poder Constituinte DECORRENTE – Atribuído aos Estados-Membros para se auto-organizarem, mediante a elaboração de suas constituições estaduais, desde que respeitadas as regras limitativas impostas pela Constituição Federal.

13.6 - LIMITAÇÕES AO PODER REFORMADOR

Materiais ou substanciais – Cláusulas Pétreas Art. 60, § 4º, núcleo intangívelEXPRESSAS Circunstanciais ou temporais - Art. 60, § 1º

Formais ou procedimentais – Art. 60, I, II, III, §§ 2º, 3º, 5º - referente ao Processo Legislativo.

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- Suspensão do próprio processo de reforma, ou seja das limitações expressas.

- A titularidade do poder Constituinte originário, pois uma reforma não pode mudar o titular do poder que criou o próprio poder de reforma.IMPLÍCITAS - A titularidade do poder derivado, seria um despautério que o legislador ordinário estabelecesse novo titular de um poder derivado estabelecido pelo Poder Originário.

14- Mutação Constitucional

Tem sido tema de algumas questões o conceito de mutação constitucional. Trata-se de mecanismo de mudança da Constituição sem necessidade de utilização de emendas ou revisão, tudo, diga-se de passagem, sem ferir a forma consagrada pelo Poder Constituinte. Em verdade mutação constitucional é um método de interpretação da Constituição também conhecido por método evolutivo. Ocorre pelo fato de que algumas palavras na Constituição dão margem a vários significados, em razão de mudanças históricas, políticas e sociais comportam novos sentidos e significados a exemplo de “notável saber jurídico”, “reputação ilibada”, “costumes”. Percebam que são termos ambíguos e que com portam vários e mutáveis significados. Significados que evoluem com o correr dos tempos. Assim ao adotar este método o intérprete da Constituição (o intérprete pode ser o Juiz, o doutrinador, o aplicador da lei ou o próprio legislador), usará o significado não apenas da época em que foi elaborada (1987 a 1988), bem como o dos dias de hoje em que estiver sendo aplicada.

15- Princípio da hierarquia das normas jurídicas

O princípio hierárquico das normas jurídicas ensina que as normas legais se sobrelevam umas às outras, formando uma figura cujo formato assemelha-se ao de uma pirâmide. O que significa dizer que a criação de uma norma jurídica é determinada por outra. A Constituição se encontra no pico da pirâmide, representa o ápice do ordenamento jurídico de maneira que o conteúdo de todas as leis lhe deve obediência material e formal. Deriva daí o Princípio da Supremacia Constitucional.

Uma coisa é bom que fique logo clara: não existe hierarquia entre leis federais, leis estaduais e, no caso do Brasil, leis municipais e lei do Distrito Federal, o que de fato existe são campos específicos de atuação, que iremos tratar ao estudarmos o capítulo relativo a repartição constitucional de competências.

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16 - HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL – o objetivo cinge-se ao estudo e a sistematização dos processos aplicáveis no âmbito da Constituição para determinar, sobretudo, o sentido e o real alcance das normas constitucionais de conteúdo político-jurídico. A hermenêutica é a ciência que fornece a técnica e, acima de tudo, os princípios basilares segundo os quais o operador do Direito poderá apreender o verdadeiro sentido (jurídico-político) da norma constitucional sub examen.

Para se interpretar corretamente os preceitos constitucionais deve-se considerar os princípios hermenêuticos norteadores:

16.1 Princípio da Supremacia Constitucional – A Constituição está no ápice do ordenamento jurídico nacional e nenhuma norma jurídica pode contrariá-la material ou formalmente, sob pena de advir uma inconstitucionalidade (ineficácia jurídica extrínseca);

16.2 Princípio da Imperatividade da Norma Constitucional – A norma Constitucional é imperativa, de ordem pública e emana da vontade popular.

16.3 Princípio da Taxatividade da Norma Constitucional – Uma norma constitucional deve sempre ser interpretada taxativamente não se admitindo uma interpretação extensiva e análoga (fora do contexto constitucional). Limita o âmbito de incidência da norma constitucional à vontade expressa do legislador constituinte.

16.4 Princípio da Simetria Constitucional – É o princípio federativo que exige uma relação simétrica entre os institutos jurídicos da Constituição Federal e as Constituições dos Estados-Membros.

16.5 Princípio da Presunção da Constitucionalidade das normas infraconstitucionais – Há uma presunção iuris tantum (relativa) de que toda lei é constitucional até prova em contrário, ou seja, até que o Poder Judiciário, exercendo o controle típico constitucional (eficácia jurídica), a declare expressamente inconstitucional (ineficaz juridicamente).

TIPOS DE INTERPRETAÇÕES: autêntica (legal), judicial, doutrinária, gramatical (literal ou filológica), racional (lógica), sistemática, histórica, teleológica(sociológica).

17- Teoria da desconstitucionalização

Antes de qualquer coisa, cumpre esclarecer que a teoria da desconstitucionalização não é aceita pelo ordenamento jurídico brasileiro. De acordo com esta teoria as normas da Constituição anterior, compatíveis com a nova Constituição, continuam válidas e em vigor, embora com status infraconstitucional (perdem o status de Constituição e passam a valer com leis).

APLICAÇÃO DA NORMA CONSTITUCIONAL NO TEMPO

Recepção, Repristinação e a Desconstitucionalização

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Teoria da recepção – toda a legislação infraconstitucional, produzida anteriormente ao advento de uma nova ordem constitucional ( e que seja perfeitamente compatível com a mesma), é recepcionada pela nova Constituição, continuando, por princípio de economia e segurança, a viger no âmbito próprio de sua atuação ordinária. Ocorre, contudo, que excepcionalmente, a lei anterior pode ganhar nova roupagem normativa.

18- Princípio ou teoria da recepção

Dificilmente uma nova ordem constitucional significará um rompimento integral e absoluto com o passado. Desta maneira, toda a legislação ordinária, federal, estadual e municipal que não seja incompatível com a nova Carta conserva sua eficácia, é o que nos demonstra o princípio da continuidade da ordem jurídica. Se fosse diferente, haveria um enorme vazio infraconstitucional até que o legislador pudesse recriar inteiramente todas as leis anteriores.

A TEORIA DA RECEPÇÃO é um processo pelo qual a nova Constituição recebe as leis já existentes oriundas da ordem jurídica anterior, se o conteúdo das mesmas forem com ela compatíveis (compatibilidade material), evitando o trabalho quase impossível de se elaborar toda a legislação infraconstitucional novamente.

Com o advento de nova constituição, todas as leis anteriores perdem seu antigo fundamento de validade (a antiga Constituição) para ganhar novo fundamento (a nova Constituição). Ao serem recebidas, as leis ganham a forma que a nova Constituição atribuir as matérias de que elas tratam. Apenas materialmente elas pertencem ao velho ordenamento jurídico; formalmente são todas do novo ordenamento jurídico. Assim, leis anteriores tidas por formalmente ordinárias podem passar a ter conteúdo e eficácia de leis complementares; decretos-lei podem passar a ter natureza de leis ordinárias.

18.1 Estudo de um caso de teoria da recepção: O Código Tributário Nacional

A lei 5.172, de 25 de outubro de 1966, dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais de Direito Tributário aplicáveis a União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Na realidade, a referida lei tramitou e foi aprovada como lei ordinária porque a Constituição de 1946 não contemplava a espécie normativa lei complementar. A Constituição de 1988 fixa a competência da lei complementar para estabelecer normas gerais em matéria tributária (CF/88, art. 146, III). O princípio ou teoria da recepção fez com que a lei 5.172/66 fosse recepcionada no que o seu conteúdo for compatível com a CF/88.

Em resumo: O Código Tributário Nacional, lei n. 5.172/66, é lei formalmente ordinária no nascedouro, entretanto, face à teoria da recepção, tem “eficácia de Lei Complementar”. Assim, só por Lei complementar poderá ser modificada.

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19 - Classificação das normas constitucionais quanto à Eficácia

No Brasil a classificação mais aceita pela doutrina e pela Jurisprudência, inclusive adotada pelo Supremo Tribunal Federal-STF, pertence a José Afonso da Silva. Este autor classifica as normas constitucionais em: normas de eficácia plena, normas de eficácia contida e normas de eficácia limitada.

Normas de eficácia plena - são aquelas que têm aplicabilidade imediata e integral. Produzem efeitos diretos, dispensando legislação complementar que lhes dê efetividade. São bastante em si, não necessitam da intermediação do legislador infraconstitucional. Ex: O artigo 37, III da CF/88 : “o prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez por igual período”. Todos os remédios constitucionais.

Normas de eficácia contida - são aquelas que têm aplicabilidade imediata e integral, mas estão sujeitas a restrições por parte do legislador infraconstitucional. São normas em que o legislador constituinte regulou suficientemente os interesses relativos a determinada matéria mas deixou margem à atuação restritiva por parte da competência discricionária do Poder Púbico, nos termos que a lei estabelecer ou nos termos de conceitos gerais nelas enunciados. Por exemplo: CF/88, art. 5º, XIII - “é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer”. Art. 5º, LVIII, “o civilmente identificado não será submetido à identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei”. O raciocínio é o seguinte: enquanto as leis não forem produzidas é totalmente livre o exercício de qualquer trabalho ofício ou profissão; bem como não será permitida a identificação criminal daquele que tiver identificação civil. Ao ser editada tal lei, ela poderá conter, reduzir, restringir a eficácia deste dispositivo. Normas de eficácia contida estão presentes no art. 5º, incisos VII, XXXII, entre outras, etc.

Normas de eficácia limitada - são aquelas que não têm aplicabilidade imediata. Sua aplicabilidade é mediata ou indireta porque dependentes de legislação ou outra providência para poderem produzir efeitos. José Afonso da Silva entende que há dois tipos de normas de eficácia limitada, são elas as de princípio institutivo e as de caráter programático: a) as de princípio institutivo ou organizativo. Estas normas contém o início ou esquema de determinado órgão, entidade ou instituição, deixando a efetiva criação, estruturação ou formação para a lei complementar ou ordinária. Exemplo: “Lei complementar organizará a Defensoria Pública da União (CF, art. 134, parágrafo único).b) as de princípio programático (que são as tais normas programáticas). Estas

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são normas através das quais o constituinte, em vez de regular direta e imediatamente determinados interesses, limitou-se a traçar-lhes os princípios para serem cumpridos pelos seus órgãos (legislativos, executivos, jurisdicionais e administrativos), como programas das respectivas atividades, visando à realização dos fins sociais do Estado. Exemplo: “proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei” (CF, art. 7º, XX)”; “a lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados...” (CF, art.173, §4º); “A lei estabelecerá incentivos para a produção e o conhecimento de bens e valores culturais” (CF, art. 215, §3º); “ O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e o acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais” (CF, art. 215).; “o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica” (CF, art. 37, VII). Não pensem que as normas programáticas são um “fogo morto” ou “mera carta de intenções”. Ao contrário, elas são dotadas de eficácia jurídica e exigem a vinculação dos poderes públicos à sua realização. O que podemos, com certeza, afirmar é que a norma programática não dispõe de aplicabilidade imediata. Na verdade, se trata de um indicativo, um programa de ação política, ao qual se encontra adstrito o legislador infraconstitucional. Este, no entanto, não pode dispor de forma contrária ao espírito da norma programática.

Resumindo:

Normas de EFICÁCIA PLENA ou ABSOLUTA são aquelas que, independente de qualquer condição, por serem completas e definidas quanto à hipótese e à disposição, são auto-aplicáveis. Desde a entrada em vigor da Constituição, produzem, ou têm possibilidade de produzir, todos os efeitos essenciais. (Ex: Art. 5º, LXXII CF)

Normas de EFICÁCIA LIMITADA são aquelas que não são auto-aplicáveis considerando a necessidade de posterior regulamentação (por serem incompletas). Têm aplicabilidade indireta, mediata e reduzida, porque somente incidem totalmente sobre esses interesses, após uma normatividade ulterior que lhes desenvolva a aplicabilidade. (Ex: Art. 7º, I CF)

Normas de EFICÁCIA CONTIDA são aquelas que o legislador constituinte regulou suficientemente os interesses relativos a determinada matéria, mas deixou margem à atuação restritiva por parte da competência discricionário do poder público. (Ex: Art. 5º, XIII CF)

QUESTÕES REFERENTES AO PONTO 1 - TEORIA GERAL 1 - (Delegado/96-MG) Como forma de Estado, forma de Governo, Sistema de Governo e Regime Político, o Brasil adota, respectivamente :

a) federalismo, república, presidencialismo e democraciab) federalismo, república, democracia, e presidencialismoc) democracia, república, semipresidencialismo e democracia

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d) federalismo, república, semipresidencialismo e democraciae) estado unitário, monarquia, parlamentarismo e autocracia

2 - (Auditor das Constas Públicas/1995 TCE-PE Fundação Carlos Chagas) Tendo em vista as classificações oferecidas pela doutrina, conclui-se que uma constituição pode ser ao mesmo tempo :

a) promulgada ou democrática e outorgadab) dogmática e históricac) rígida e flexíveld) escrita e flexívele) escrita e costumeira

3 - (Auditor das Contas Públicas/1995,TCE-PE Fundação Carlos Chagas) As normas constitucionais positivas que tratam da forma de Estado e de Governo, da estruturação do poder e dos direitos e garantias individuais são denominadas :

a) constituição em sentido sociológico b) constituição dogmáticac) materialmente constitucionaisd) formalmente constitucionaise) norma única ou fundamento da Constituição

4- (Procurador da República/1997) As constituições podem ser classificadas segundo a doutrina, em :

a) rígidas : aquelas que somente podem ser modificadas mediante plebiscito ou por Assembléia Constituinte eleita para tal fim

b) flexíveis : as que podem ser reformadas mediante processo de emenda à Constituição exercido pelo Poder Constituinte derivado

c) rígidas : aquelas que somente podem ser modificadas por meio de processo distinto do de elaboração de leis ordinárias, realizado pelo Poder Constituinte derivado com as limitações estabelecidas no próprio texto da Constituição

d) flexíveis : as que permitem alteração pelo intérprete de suas normas, por não terem caráter dogmático, sendo desnecessária ruptura constitucional

5 - (Procurador da República/1995) O Poder Constituinte Derivado exercido pelo Congresso Nacional para reformar a Constituição :

a) é limitado apenas pelas cláusulas pétreasb) não é inicial, mas é ilimitado e autônomo c) é condicionado e secundário, mas tem limitações apenas materiaisd) tem limitações circunstanciais e substanciais

6 - (TTN/92/ESAF) A Federação brasileira é formada pela união :

a) indissolúvel dos Estados e do Distrito Federalb) voluntária dos Estados e Municípios e do Distrito Federalc) indissolúvel dos Estados e Municípiosd) voluntária dos Estados e do Distrito Federale) indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal

7 - (AFTN/90/ESAF) A constituição do Brasil é :

a) flexível e histórica b) escrita e rígidac) semi-rígida e costumeirad) escrita e flexívele) dogmática e semi-rígida

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8 – (Fiscal de Contribuições Previdenciárias/INSS/98 CESPE/UnB) Responda abaixo com “C” para as proposições corretas e com “ E” para as que estiverem erradas :

(1) Conforme a doutrina moderna, em uma república, idealmente, os que exercem funções políticas representam o povo e decidem em seu nome, mediante mandatos renováveis periodicamente.

(2) A constituição que se segue a um movimento revolucionário que conquista o poder, com ruptura da ordem jurídica anterior, é tida como obra do poder constituinte originário.

(3) Uma constituição que se origina de órgão constituinte composto por representantes do povo denomina-se constituição outorgada.

(4) Constituições, como a brasileira de 1988, que prevêem a possibilidade de alteração do seu próprio texto, embora por um procedimento mais difícil e com maiores exigências formais do que o empregado para a elaboração de leis ordinárias, classificam-se como constituições semi-rígidas.

9 – (Procurador Autárquico do INSS/98 CESPE/UnB) Julgue as alternativas abaixo com “C” para as proposições corretas e com “ E” para as que estiverem erradas :

(1) Uma vez que no Brasil são reconhecidas, ao lado dos preceitos expressos no corpo constitucional, normas constitucionais implícitas, é correto afirmar que o ordenamento constitucional brasileiro apresenta também uma constituição não-escrita.

(2) Toda Constituição escrita é rígida.

(3) Toda norma constitucional, qualquer que seja o tipo de constituição, é dotada de supremacia sobre as demais, em todos os aspectos.

(4) A rigidez das constituições é o pressuposto do controle da constitucionalidade.

(5) A conseqüência precípua da supremacia das normas constitucionais consiste em que todas as normas do ordenamento jurídico e todo o exercício do poder e das competências têm de se conformar com os preceitos constitucionais.

10 – (Delegado da Polícia Federal/1998 CESPE/UnB) – Julgue os itens abaixo com “C” para as proposições corretas e com “ E” para as que estiverem erradas :

(1) As normas constitucionais do ponto de vista formal, caracterizam-se por cuidar de temas como a organização do Estado e os direitos fundamentais.

(2) As normas constitucionais que consagram os direitos fundamentais consubstanciam elementos limitativos das constituições, porquanto restringem a ação dos poderes estatais.

(3) O controle de constitucionalidade das leis pressupõe a existência de uma constituição plástica

11 – (Delegado da Polícia Federal /98 CESPE/UnB) Em relação ao Estado brasileiro julgue os itens abaixo com “C” para as proposições corretas e com “ E” para as que estiverem erradas :

(1) O Brasil é uma república federativa, de modo que os componentes da federação, notadamente os Estados-Membros, detêm e exercem soberania.

(2) A adoção, pelo Brasil, do princípio republicano em lugar do monárquico produz conseqüências no ordenamento jurídico, tais como a necessidade de meios de legitimação popular dos titulares dos Poderes Executivos e Legislativo e a periodicidade das eleições.

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(3) Não há, no sistema constitucional brasileiro, uma rigorosa divisão de poderes; as funções estatais é que são atribuídas a diferentes ramos do poder estatal, e de modo não-exclusivo.

(4) O princípio que repousa sob a noção de Estado de direito é o da legalidade.

(5) No Estado democrático de direito, a lei tem não só o papel de limitar a ação estatal como também a função de transformação da sociedade.

12 – (Auditor-Fiscal da Receita Federal/ESAF 2002) Assinale a opção correta.

a) É típico de uma Constituição dirigente apresentar em seu corpo normas programáticas.b) Uma lei ordinária que destoa de uma norma programática da Constituição não pode ser considerada inconstitucional.c) Uma norma constitucional programática, por representar um programa de ação política,não possui eficácia jurídica.d) Uma Constituição rígida não pode abrigar normas programáticas em seu texto.e) Toda Constituição semi-rígida, por decorrência da sua própria natureza, será uma

Constituição histórica.

13 - (Juiz do Trabalho/MT) Uma norma se diz materialmente constitucional porque:

a) Está inserida na Constituição.b) É formalmente Constitucional.c) Caracteriza uma constituição rígida.d) Diz respeito à estrutura política do Estado, à organização de seus órgãos e aos direitos

fundamentais.

14 - (Auditor – TCE/MG – 2005) - Do ponto de vista histórico, o denominado conceito de Constituição liberal foi expresso pela:

(A) Carta Magna, de 1215.

(B) Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789.

(C) Constituição mexicana revolucionária, de 1917.

(D) Constituição de Weimar, de 1919.

(E) lei Fundamental de Bonn, de 1949.

15 - (Auditor – TCE/MG – 2005) - A legislação infraconstitucional editada anteriormente à Constituição de 1988:

(A) perdeu eficácia 180 dias após a sua promulgação.

(B) foi implicitamente revogada e, na seqüência, repristinada.

(C) continua integralmente válida.

(D) foi republicada a fim de ter validade formal.

(E) foi recepcionada nos aspectos que não contrariam as novas normas constitucionais.

16 - (Auditor – TCE/MG – 2005) - A norma constitucional que dispõe que o Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento científico, a pesquisa e a capacitação tecnológicas é, quanto à aplicabilidade, uma norma

(A) auto-executável.

(B) incondicionada.

(C) programática.

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(D) condicionada.

(E) de eficácia contida.

17 - (Procurador – TCE/PI – 2005) - A luz do conceito de constituição, pode-se dizer que a Constituição brasileira de 1988 é:

(A) histórica e analítica.

(B) histórica e sintética.

(C) promulgada e semi-rígida.

(D) dogmática e outorgada.

(E) escrita e rígida.

18 - (Procurador – TCE/PI – 2005) - Em matéria de interpretação e aplicabilidade das normas constitucionais, a doutrina brasileira predominante sustenta que:

(A) as normas constitucionais de eficácia contida são as que só produzem todos os seus efeitos ao serem regulamentadas por norma infraconstitucional.

(B) as normas constitucionais de eficácia plena gozam de presunção de constitucionalidade e, por isso, são hierarquicamente superiores às de eficácia contida e às de eficácia limitada.

(C) o Poder Judiciário, na sua função institucional primordial de interpretar e aplicar as leis, é o principal destinatário das normas constitucionais programáticas, por força do Princípio da unidade da constituição.

(D) a declaração de inconstitucionalidade parcial, sem redução de texto, é uma das hipóteses de aplicação da interpretação conforme a constituição.

(E) a contradição entre normas constitucionais originárias deve ser resolvida mediante a declaração de inconstitucionalidade da norma que mais atinja os valores constitucionalmente protegidos.

19 - (Procurador – PGE/SE – 2005) - Consideradas as classificações das Constituições segundo os critérios de estabilidade e modo de elaboração, tem-se, respectivamente, que a Constituição brasileira de 1988 é

(A) histórica e formal.

(B) sintética e escrita.

(C) analítica e flexível.

(D) rígida e dogmática.

(E) material e semi-flexível.

20 - (Procurador – PGE/SE – 2005) - Considera-se de eficácia limitada a norma constitucional segundo a qual

(A) é vedada a utilização pelos partidos políticos de organização paramilitar (art. 17, § 42).

(B) ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei (art. 5, lI).

(C) é livre o exercício de qualquer trabalho, oficio ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer (art. 5, XIII).

(D) é direito dos trabalhadores urbanos e rurais a proteção em face da automação, na forma da lei (art. 7, XXVII).

(E) a casa é asilo inviolável do Indivíduo, nela ninguém podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo nos casos previstos na Constituição (art. 5, XI).

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21 - (Analista Judiciário – Área Judiciária – TRE/MG – 2005) - Considere o que segue:

I. Compete à União elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e desenvolvimento econômico e social.

II. Os Estados podem incorporar-se, entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar.

Essas normas constitucionais são denominadas, respectivamente, de eficácia:

(A) plena de princípio institutivo e de eficácia limitada ou contida.

(8) absoluta de princípio programático e de eficácia contida de princípio institutivo.

(C) limitada de princípio programático e de eficácia limitada de princípio institutivo.

(D) relativa restringível e de eficácia plena de principio programático.

(E) absoluta de principio institutivo e de eficácia limitada de principio programático.

22 - (Analista Judiciário – Área Judiciária – TRE/MG – 2005) - Em matéria de interpretação das normas constitucionais, é INCORRETO afirmar que:

(A) é desnecessário fixar a premissa de que todas as normas constitucionais desempenham uma função útil no ordenamento, sendo possível a interpretação que lhe suprima ou diminua a finalidade.

(B) deve ser superada a contradição dos princípios, ou por meio de redução proporcional do âmbito de alcance da cada um deles, ou, em alguns casos, mediante a preferência ou a prioridade de certos princípios.

(C) é preciso verificar, no interior do sistema, quais as normas que foram prestigiadas pelo legislador constituinte a ponto de convertê-Ias em princípios regentes desse sistema de valoração.

(D) deve-se, na resolução dos problemas jurídico-constitucionais, ser dada primazia aos critérios favorecedores da integração política e social, bem como ao reforço da unidade política.

(E) deve ser adotada, entre as interpretações possíveis, aquela que garanta maior eficácia, aplicabilidade e permanência das normas constitucionais, interpretando-as tanto explicita quanto implicitamente.

23 - (Analista Judiciário – Área Administrativa – TRE/MG – 2005) - Tendo em vista a classificação das constituições, pode-se dizer que a Constituição da República Federativa do Brasil vigente é considerada escrita e legal, assim como

(A) super-rígida, popular, histórica, sintética e semântica.

(B) rígida, promulgada, dogmática, analítica e formal.

(C) semi-rígida, democrática, dogmática, sintética e pactuada.

(D) flexível, outorgada, dogmática, analítica e nominalista.

(E) flexível, promulgada, histórica, analítica e formal.

24 - (Analista Judiciário – Área Judiciária – TRT 3ª Região – 2005) - A supremacia constitucional é atributo típico das Constituições

(A) escritas, quando forem rígidas.

(8) dogmáticas, mesmo quando forem não-escritas.

(C) históricas, quando forem dogmáticas.

(D) dirigentes, mesmo quando forem flexíveis.

(E) rígidas, mesmo quando forem históricas.

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GABARITOS do PONTO 1

(TEORIA GERAL DO ESTADO E DA CONSTITUIÇÃO)

1- A ; 12- A2- D; 13- D3- C; 14- B4- C; 15- E5- D; 16- C6- E; 17- E7- B; 18- D8- C,C,E,E ; 19- D9- E,E,E,C,C; 20- D10- E,C,E; 21- C11- E,C,C,C,C; 22- A

23- B

24- A

QUESTÕES RELACIONADAS AO PODER CONSTITUINTE

1 (Analista Judiciário – Área Administrativa – 11ª Região – 2005) - Entre. Dentre outras hipóteses, o processo legislativo compreende a elaboração de emenda à Constituição Federal. Sobre isso, é correto afirmar que a(A) Constituição poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio, desde que advenha de proposta do Presidente da República.(B) Constituição poderá ser emendada mediante proposta de um terço das Assembléias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria absoluta de seus membros.(C) matéria constante de proposta de emenda à Constituição, rejeitada ou havida por prejudicada, não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa.(D) proposta de emenda à Constituição será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em apenas um turno, considerando-se aprovada se obtiver votos da maioria absoluta de seus respectivos membros.(E) emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados, do Senado Federal e das Assembléias Legislativas, com o respectivo número de ordem.

Instrucão: Nas questões de números 30 a 33, assinale a alternativa correta em relação à proposição apresentada.

2 (Analista Judiciário – Área Judiciária – 11ª Região – 2005) - Possibilidade de alteração das normas constitucionais:(A) A matéria constante de proposta de emenda rejeitada pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa.(B) A Constituição Federal poderá ser emendada mediante proposta de mais da metade dos Governadores das unidades da federação.

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(C) Aprovada a proposta de emenda constitucional, o Presidente da República deverá promulgá-Ia em até quinze dias.(D) A proposta de emenda constitucional será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos.(E) Apenas as cláusulas pétreas implícitas podem ser passíveis de proposta de emenda tendente a modificar dispositivo constitucional.

3 (Auditor – TCE/MG – 2005) - No tocante à doutrina do poder constituinte, a forma federativa de Estado é, segundo a Constituição brasileira vigente,(A) limitação implicita do poder constituinte originário. (B) baliza circunstancial do poder constituinte decorrente. (C) limitação material do poder constituinte derivado. (D) baliza formal do poder constituinte de revisão.(E) limitação formal do poder constituinte instituído.

4 (Procurador TCE/MA – 2005) - Proposta de Emenda à Constituição de iniciativa do Presidente da República, com vistas a ampliar a duração do mandato presidencial e extinguir a possibilidade de reeleição deste, é submetida à apreciação das Casas do Congresso Nacional, sendo expressamente rejeitada no primeiro turno de votação na Câmara dos Deputados, pelo voto de 4/5 de seus membros. Nessa hipótese, a matéria constante da referida proposta de Emenda(A) deverá ser submetida a nova votação na Câmara dos Deputados, uma vez que realizado apenas um turno de votação naquela Casa.(B) não poderá ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa, por expressa vedação constitucional.(C) não poderia ter sido objeto de deliberação pelas Casas legislativas, por ofender limitação material expressa imposta ao poder de reforma constitucional.(D) poderá ser objeto de nova proposta de Emenda, mediante requerimento da maioria absoluta dos membros do Senado Federal.(E) padece de vicio formal de inconstitucionalidade insanável, porque não está dentre as matérias de iniciativa privativa do Presidente da República.

5 (Auditor – TCE/PI – 2005) - A Constituição poderá ser emendada(A) mediante proposta de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal.(B) na vigência de estado de Sitio, desde que por motivo de urgência e relevante interesse público.(C) se a proposta for aprovada pela maioria absoluta dos membros de cada Casa do Congresso Nacional, em turno único.(D) por iniciativa de mais da metade dos Governadores dos Estados da Federação, mediante autorização das respectivas Assembléias Legislativas.(E) para alteração da forma e do sistema de governo vigentes no Pais, mediante proposta de iniciativa popular.

6 (Procurador – TCE/PI – 2005) - O poder constituinte derivado, na ordem jurídica brasileira,

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(A) apresenta subdivisão em duas espécies, que são o poder constituinte decorrente, ou de auto-organização dos estados-membros, e o poder constituinte reformador, que permite ao Legislativo alterar a Constituição.(B) encontra-se limitado por normas expressas e implícitas da própria Constituição, as quais devem ser seguidas sob pena de ilegalidade do ato dele derivado.(C) extrai sua legitimidade do poder constituinte originário, ao qual se subordina quanto ao conteúdo, que é limitado por normas constitucionais explicitas, sendo que seu exercício é de manifestação livre no aspecto formal.(D) é autônomo e limitado, na sua forma e no seu conteúdo, pois, acaso contrarie os princípios constitucionais limitativos, é passível de controle de constitucionalidade.(E) encontra fundamento no poder constituinte decorrente e se exprime pelas cláusulas pétreas, rol de matérias constitucionais que não podem ser alteradas na hipótese de reforma da constituição.

7 (Procurador – TCE/PI – 2005) - As mudanças da Constituição brasileira podem ocorrer mediante (A) emenda constitucional, mesmo na vigência de estado de defesa ou de estado de sitio.(8) revisão constitucional proposta por metade, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, pelo Presidente da República ou por mais da metade dos governadores das unidades da Federação.(C) revisão constitucional periódica, realizada a cada cinco anos, a partir de sua promulgação, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional.(D) revisão constitucional, mesmo na vigência de intervenção federal, tendo em visto o caráter incondicionado da revisão.(E) emenda constitucional oriunda de proposta de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa dos seus membros.

8 (Procurador – PGE/SE – 2005) - Consideradas Prevê o art. 54 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) da Constituição do Estado de Sergipe que "a revisão da Constituição estadual será realizada pelo voto da maioria absoluta dos membros da Assembléia Legislativa, imediatamente após a revisão de que trata o art. 3 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição Federal". A revisão, na Constituição federal, está prevista, nos termos deste dispositivo, para ocorrer 5 anos após sua promulgação.A revisão prevista no art. 54 do ADCT da Constituição estadual é(A) incompatível com a Constituição federal, pois esta veda expressamente ao Estado proceder à revisão constitucional, sendo autorizada apenas sua reforma.(8) expressão do poder constituinte decorrente, que impõe os limites à atuação do poder de reforma da Constituição, por ser inicial, ilimitado e incondicionado.(C) hipótese de manifestação especial do poder de reforma da Constituição, à qual se impõe condição temporal inexistente para o procedimento usual de reforma.

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(D) incompatível com a Constituição federal, pois a revisão constitucional nesta exige maioria qualificada de três quintos, mais ampla do que a maioria simples.(E) incompatível com a Constituição federal, por se tratar de regra relativa ao exercício do poder constituinte derivado, não cabível na Constituição estadual.

9 (Procurador – PGE/SE – 2005) - Consideradas Proposta de emenda à Constituição tendo por objeto o sistema de controle de constitucional idade brasileiro prevê, dentre outras alterações, que o controle de omissões passaria a ser feito da seguinte maneira:"A requerimento do Presidente da República, do Procurador-Geral da República ou dos Governadores de Estado, o Supremo Tribunal Federal declara a inconstitucionalidade por omissão de medidas legislativas necessárias para tornar efetivas as normas constitucionais, dando disso conhecimento ao órgão legislativo competente, para adoção das providências cabíveis."Comparativamente à ação direta de inconstitucionalidade por omissão prevista na Constituição brasileira vigente, o mecanismo contido na referida proposta possui(A) menor rol de legitimados para sua propositura, porém maior campo de abrangência quanto às omissões passíveis de controle.(8) maior rol de legitimados para sua propositura, porém menor campo de abrangência quanto às omissões passiveis de controle.(C) igual rol de legitimados para sua propositura e igual campo de abrangência quanto às omissões passiveis de controle.(D) maior rol de legitimados para sua propositura e maior campo de abrangência quanto às omissões passiveis de controle.(E) menor rol de legitimados para sua propositura e menor campo de abrangência quanto às omissões passíveis de controle.

10 (Procurador – PGE/SE – 2005) - Consideradas Proposta de emenda à Constituição de iniciativa do Presidente da República com vistas a transferir da União para os Estados a competência privativa para legislar sobre propaganda comercial é aprovada na Câmara dos Deputados, sendo, contudo, rejeitada no Senado Federal. Nova proposta de Emenda à Constituição que tivesse por objeto a mesma matéria(A) poderia ser apresentada ao Congresso Nacional, desde que mediante requerimento da maioria absoluta dos membros de qualquer de suas Casas.(B) dependeria de iniciativa de mais da metade das Assembléias Legislativas dos Estados da federação, por se tratar de matéria afeita a seus interesses.(C) somente poderia ser apresentada na sessão legislativa seguinte àquela em que foi rejeitada a proposta inicial.(D) deveria ser apresentada diretamente ao Senado Federal e, se este a aprovasse, ser promulgada pelas Mesas da Câmara e do Senado.(E) não poderia ser objeto de deliberação, por ser tendente a abolir a forma federativa de Estado e a separação de poderes.

Gabarito:

1) C

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2) D3) C4) B5) A6) A7) E8) C9) E10) C

PONTO 2 – PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

1 - Fundamentos do Estado Brasileiro:

CF/88 Art. 1º - A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:

I - a soberania;II - a cidadania;III - a dignidade da pessoa humana;IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;V - o pluralismo político.

SOBERANIA – poder político suprema e independente, não estando limitado a nenhum outro na ordem interna e está em pé de igualdade com os poderes supremos dos outros povos. É a capacidade de editar suas próprias normas.

CIDADANIA – um direito fundamental das pessoas que se exterioriza através de um status.

A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA – é um valor espiritual e moral inerente à pessoa, que se manifesta na autodeterminação consciente e responsável da própria vida, concedida através dos direitos e garantias fundamentais.

OS VALORES SOCIAIS DO TRABALHO E DA LIVRE INICIATIVA – é através do trabalho que o homem se dignifica e ajuda no crescimento do país.

PLURALISMO POLÍTICO – uma garantia para a liberdade de convicções filosóficas e políticas e possibilitando a participação popular nos destinos políticos do país.

Quando no caput se utiliza a expressão Estado Democrático de Direito, significa a imposição de posturas democráticas no trato com as coisas públicas.

2 - Regime Político Democrático

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CF/88 Art. 1º Parágrafo único - Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

Ao afirmar que “todo poder emana do povo” o parágrafo destaca o fundamento do regime político democrático. O exercício do poder dar-se-á por meio de “representantes eleitos” (democracia representativa), ou “diretamente nos termos desta Constituição” (democracia direta). Os instrumentos da democracia direta se encontram no capítulo dos direitos políticos (art. 14, I a III), são o plebiscito, o referendum e a iniciativa popular. Este é o Princípio democrático.

3 – Separação dos Poderes

CF/88 Art. 2º - São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.

O Estado brasileiro adota, por este artigo 2º, o princípio fundamental da separação e harmonia entre os poderes. Historicamente, este tema ganhou contornos definitivos na Europa a partir das idéias de Montesquieu. Deixou para trás o Absolutismo até então vigente. Vamos estudar mais adiante, que não se trata de propriamente de uma separação de Poderes. Melhor seria denominá-la de especializações de funções do Estado. Isto porque a os Poderes decorrem da soberania do Estado, cujas características são a unidade a indivisibilidade e indelegabilidade.

4 – Objetivos Fundamentais

CF/88 Art. 3º - Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;II - garantir o desenvolvimento nacional;III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Tratam-se de objetivos fundamentais, de norte, de direção, enfim de finalidades para a ação estatal. A sua consecução, ou não, estará diretamente relacionado as políticas e programas a serem implementados e às pressões que as diversas forças exercerem sobre a formulação e execução das políticas publicas. É um artigo que substancialmente contém normas programáticas que caracterizam a constituição como dirigente, como já ressaltado.

5 – Princípios das relações internacionais

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CF/88 Art. 4º - A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:

I - independência nacional;II - prevalência dos direitos humanos;III - autodeterminação dos povos;IV - não-intervenção;V - igualdade entre os Estados;VI - defesa da paz;VII - solução pacífica dos conflitos;VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;X - concessão de asilo político.

Tratam-se, em sua maioria, de princípios do Direito Internacional Público.

Independência nacional – é princípio que representa a face externa da soberania nas relações internacionais. O Brasil em pé de igualdade com os demais Estados Soberanos.

Prevalência dos direitos humanos – os direitos humanos são alçados internacionalmente numa hierarquia superior aos demais direitos. Autorizam, em situações extremas, até a intervenção internacional (através da ONU) em Estados soberanos, a exemplo do que ocorreu recentemente na Iugoslávia.

Autodeterminação dos povos – o povo (aquele que tem um vínculo jurídico com determinada ordem jurídica) tem direito de determinar-se de acordo com suas próprias escolhas.

Não-intervenção – princípio que está diretamente relacionado ao princípio da independência. Cada Estado poderá estabelecer suas próprias diretrizes organizacionais.

Igualdade entre os Estados – princípio também diretamente relacionado com o da independência. A Soberania deve ser entendida sob o prisma da isonomia.

Defesa da paz – como princípio, em suas relações externas, o Estado brasileiro repudia o conflito armado e busca deliberadamente uma convivência pacífica.

Solução pacífica dos conflitos - decorrente natural da defesa da paz.

Repúdio ao terrorismo e ao racismo – deixa claro o posicionamento contrário do Brasil em relação a atos de violência praticados por grupos revolucionários radicais; e posicionamento favorável à igualdade das raças. Consubstancia-se pelo princípio da liberdade de consciência.

Cooperação entre os povos para progresso da humanidade – princípio que demonstra a disposição do Estado Brasileiro em interagir com os demais Estados em busca do progresso.

Concessão de asilo político – princípio que garante acolhida aos que buscam refúgio por motivos políticos. Baseia-se no princípio da escusa de consciência.

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6 – Integração com os povos da América Latina

CF/88 Art. 4º Parágrafo único - A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.

Quanto ao parágrafo único do art. 4º, é preciso ter em mente que a América Latina é constituída por aqueles países do continente americano (compreende: América do sul, América central e América do norte) colonizados por povos cuja língua deriva do latim (português, espanhol, francês, italiano, entre outros).

Por curiosidade, desta integração econômica, política, social e cultural, de que trata o parágrafo único, estaria excluído os Estados Unidos, que têm origem anglo-saxônica. Anglo-saxão (significa inglês arcaico).

QUESTÕES PONTO 2 - PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

1. (TTN/92– AM). A federação brasileira é formada pela união

a) indissolúvel dos Estados e do Distrito Federalb) voluntária dos Estados e Municípios e do Distrito Federalc) indissolúvel dos Estados e Municípiosd) voluntária dos Estados e do Distrito Federale) indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal

2. (TTN/98). Assinale a assertiva que não contém um princípio fundamental do Estado Democrático de Direito fundado pela Constituição de 1988.

a) a fidelidade partidáriab) a cidadaniac) a dignidade da pessoa humanad) a soberaniae) o pluralismo político

3. (TTN/94-SP). É (são) objetivo(s) fundamental(tais) da República Federativa do Brasil:

a) prevalência dos direitos humanosb) cooperação entre os povos para o progresso da humanidadec) defesa da pazd) erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionaise) independência nacional

4. (TTN/94-PE). Assinale a hipótese em que não figura um dos fundamentos da República Federativa do Brasil, adotados explicitamente no Título I da Constituição.

a) Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa.b) Economia de mercado livre da ingerência estatal.c) Pluralismo Político.d) Cidadania.e) Soberania

5. (TTN/94-PE). A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelo seguinte princípio:

a) valores sociais do trabalho e da livre iniciativa.b) Construção de uma sociedade livre, justa e solidária

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c) pluralismo políticod) garantia do desenvolvimento nacional e) concessão de asilo político

6. (MPU/93). É objetivo da República Federativa do Brasil dentre outros:

a) solução pacífica dos conflitosb) autodeterminação dos povosc) prevalência dos direitos humanosd) cidadaniae) erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais

7. (MPU/93). A República Federativa do Brasil tem por fundamento, dentre outros,

a) os valores sociais do trabalho e da livre iniciativab) garantir o desenvolvimento nacionalc) a autodeterminação dos povosd) construir uma sociedade livre, justa e solidáriae) a defesa da paz

8. (MPU/93). A República Federativa do Brasil tem por princípio nas relações internacionais, dentre outros,

a) erradicar a pobreza e marginalização socialb) a concessão de asilo políticoc) a cidadaniad) pluralismo políticoe) a dignidade da pessoa humana

9. (AFTN/96). Assinale a opção correta.

a) Entre os princípios fundamentais da ordem constitucional, no que respeita as relações internacionais, não se encontra a concessão de asilo político.

b) texto constitucional reconhece expressamente a possibilidade de transferência de parcela de soberania a entes supranacionais.

c) A igualdade entre os Estados é princípio fundamental da República Federativa em suas relações internacionais.

10 – (Delegado da Polícia Federal /98 CESPE/UnB) Em relação ao Estado brasileiro julgue os itens abaixo com “C” para as proposições corretas e com “ E” para as que estiverem erradas :

(1) A adoção, pelo Brasil, do princípio republicano em lugar do monárquico produz conseqüências no ordenamento jurídico, tais como a necessidade de meios de legitimação popular dos titulares dos Poderes Executivos e Legislativo e a periodicidade das eleições.

(2) O princípio que repousa sob a noção de Estado de direito é o da legalidade.

(3) No Estado democrático de direito, a lei tem não só o papel de limitar a ação estatal como também a função de transformação da sociedade.

GABARITO PONTO 2 - PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

1 E art. 1º, caput 2 A art. 1º, por exclusão das demais alternativas 3 D art. 3º, III4 B art. 1º , por exclusão das demais alternativas5 E art. 4º , X6 E art. 3º , III

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7 A art. 1º , IV8 B art. 4º , X9 C art. 4º , X10 C,C,C; PONTO 3 – DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS

3.1 Natureza e eficácia das normas sobre Direitos Fundamentais – os Direitos Fundamentais do homem são situações jurídicas, objetivas e subjetivas, definidas no direito positivo, em prol da dignidade, igualdade e liberdade da pessoa humana. São direitos Constitucionais amparados pela supralegalidade.

Têm aplicabilidade imediata, mas algumas regras, mencionam uma lei integradora, são de eficácia limitada, de princípios programáticos e de aplicação indireta (contida).

3.2 Características dos Direitos Fundamentais –

Historicidade – são históricos como qualquer direito.

Inalienabilidade – intransferíveis, inegociáveis, pois não têm conteúdo econômico-patrimonial. Não podem ser vendidos ou permutados.

Imprescritibilidade – nunca deixam de ser exigíveis, não prescrevem.

Irrenunciabilidade – nenhuma pessoa pode abrir mão dos Direitos e Garantias de forma definitiva, sendo admitido em alguns casos a pura desistência. Podem até não serem exercidos, mas não se admite sejam renunciados.

Inviolabilidade – não são passíveis de violações, pois o direito de um nasce quando o direito do outro termina;

Universalidade – podem ser opostos contra todos, efeito “erga omnes”;

Efetividade – podem ser, a qualquer momento, invocados, usufruídos, independentemente da vontade alheia;Interdependência – são independentes, porém formam um conjunto de direitos e deveres;

Complementariedade – uns completam os outros devido às garantias constitucionais.

3.3 Classificação dos Direitos Fundamentais – temos 5 (cinco) espécies do gênero direitos e garantias fundamentais:

1º Direitos individuais e coletivos (Art. 5º);2º Direitos sociais (Art. 6º e 193 e ss);3º Direitos à nacionalidade (Art. 12);4º Direitos políticos (Art. 14 a 17)

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5º Direitos relacionados à existência, organização e participação em partidos políticos (Art. 17)

Os direitos e garantias fundamentais, objeto do Título II, da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, compreendem os direitos e deveres individuais e coletivos (capítulo I), os direitos sociais (capítulo II), os direitos de nacionalidade (capítulo III), os direitos políticos (capítulo IV) e os partidos políticos (capítulo V).

Na evolução dos direitos fundamentais, resultado de longo processo de construção histórica, a partir, aproximadamente, da Revolução Francesa de 1789 o qual resultou em sua inclusão nas Constituições de diversos países, entre eles o Brasil, consolidou-se a classificação deles em diferentes gerações (direitos fundamentais de primeira, segunda e terceira gerações), atendendo a uma finalidade didática, devendo-se, contudo, ressaltar que uma geração de direitos não exclui a anterior. Ao contrário, os direitos de 2ª e de 3ª geração não vieram para substituir os de 1ª geração, mas sim para se somar a eles, ampliando o rol de direitos atribuídos ao indivíduo. Portanto, as gerações de direitos não se sucederam e nem se substituíram ao longo do tempo. São as seguintes as gerações de direitos fundamentais:

1ª geração – foram concebidos por volta do final do século XVIII, após a Revolução Francesa. Nessa geração incluem-se os chamados direitos civis e políticos. Correspondem ao período do Estado Liberal puro, ou seja, aquele a quem cabia apenas a prestação dos serviços tipicamente públicos, como por exemplo, os serviços de segurança pública. São direitos oponíveis ao Estado e que impõem a este uma postura de abstenção e de não-intervenção na esfera privada do cidadão. Costumam ser qualificados como direitos de liberdade. São direitos de não-intervenção estatal.

2ª geração – historicamente, foram concebidos entre o final do século XIX e o início do século XX, sob a influência da Revolução Soviética de 1917. Nessa geração incluem-se os chamados direitos sociais. Correspondem ao período do chamado Estado do Bem-Estar Social, ou seja, aquele a quem cabia, além de uma postura de não-intervenção na esfera dos direitos individuais do cidadão, a adoção de políticas públicas como instrumento de efetivação desses direitos. São direitos que impõem ao Estado um dever de prestação de serviços públicos, tais como educação e saúde. Costumam ser qualificados como direitos de igualdade. São direitos de prestação estatal.

3º geração – é a concepção mais recente de direitos fundamentais, que surgiu com a falência do modelo de Estado do Bem-Estar Social. Nessa geração estão incluídos os chamados direitos difusos, que se caracterizam por possuírem uma titularidade indeterminada ou indeterminável. Noutras palavras, são direitos que pertencem a todos, sem que seja possível quantificar a quantidade de direitos atribuída a cada indivíduo, exatamente por não se ter como identificar com precisão seus titulares. Correspondem ao período do Estado Neoliberal. Como exemplos, têm-se o direito à paz mundial, a uma saudável qualidade de vida, ao

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progresso e ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Costumam ser qualificados como direitos de solidariedade ou de fraternidade.

Resumindo:

Direitos de 1ª Geração – direitos civis e políticos = individuais e políticos, as liberdades clássicas, negativas e formais.

Direitos de 2ª Geração – direitos econômicos e culturais – liberdades positivas, reais e concretas.

Direitos de 3ª Geração – direitos ligados ao princípio da solidariedade – direito de solidariedade ou fraternidade.

Manoel Gonçalves Filho : 1ª Ger. Liberdade; 2ª Ger. Igualdade; 3ª Ger. Fraternidade = lema da Revolução Francesa.

Há autores que admitem ainda a existência de uma 4ª geração, representada pela solidariedade e pelo direito a participação e à democracia.

Celso Lafer traz os Direitos de 4ª Geração, calcados nos interesses transindividuais.

INTERESSE GRUPO DIVISIBILIDADE ORIGEM EXEMPLODIFUSO Indeterminável indivisíveis Situação

de fatoPropagando enganosa na TV; degradação ambiental...

COLETIVO determinável indivisíveis Situação jurídica

Aumento de prestação de consórcio

INDIVIDUAL COLETIVO

determinável divisíveis Origem comum

Defeito de produto fabricado em série.

Como vimos, na concepção liberal-burguesa, os direitos fundamentais são oponíveis apenas contra o Estado, uma vez que eles existem essencialmente para assegurar aos indivíduos um espaço de liberdade e autonomia contra a ingerência indevida do poder público.

No sistema constitucional brasileiro, os direitos fundamentais podem ser argüidos não apenas em face dos poderes públicos, mas também podem ser invocados em qualquer relação jurídica em que os mesmos estiverem sendo violados ou ameaçados de lesão, a exemplo dos direitos a liberdade de consciência e de crença, a inviolabilidade da honra e da imagem.

Direitos e garantias fundamentais diferem. As garantias consistem em disposições assecuratórias de direitos e limitadoras do poder do Estado.

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Segundo o STF “não há, no sistema constitucional brasileiro, direitos ou garantias que se revistam de caráter absoluto, mesmo porque razões de relevante interesse público ou exigências derivadas do princípio de convivência das liberdades legitimam, ainda que excepcionalmente, a adoção, por parte dos órgãos estatais, de medidas restritivas das prerrogativas individuais ou coletivas, desde que respeitados os termos estabelecidos pela própria Constituição. O estatuto constitucional das liberdades públicas, ao delinear o regime jurídico a que estas estão sujeitas - e considerado o substrato ético que as informa - permite que sobre elas incidam limitações de ordem jurídica, destinadas, de um lado, a proteger a integridade do interesse social e, de outro, a assegurar a coexistência harmoniosa das liberdades, pois nenhum direito ou garantia pode ser exercido em detrimento da ordem pública ou com desrespeito aos direitos e garantias de terceiros”. (MS 23.452 Rel. Min. Celso de Mello).

3.4 Relatividade dos Direitos e Garantias Individuais e coletivos

Estes direitos não podem ser utilizados como um verdadeiro escudo protetivo para a prática de atividades ilícitas; não são ilimitados, pois encontram seu limite na própria Constituição e devem respeitar o princípio da relatividade ou convivência das liberdades públicas.

Os Direitos Fundamentais nascem para reduzir a ação do Estado aos limites impostos pelo Constituição Federal.

Todas as pessoas estão sujeitas às limitações estabelecidas pela Lei, com a única finalidade de assegurar o respeito dos Direitos e Liberdades dos demais.

DIREITOS x GARANTIAS

Direitos – disposições meramente declaratórias; são princípios.Garantias – Disposições assecuratórias em defesa dos direitos. Limitam o poder. São acessórias. Poderão vir juntos no mesmo preceito – Ex: art. 5º. LXVIII – habeas corpus.

3.5 Destinatários da proteção dos Direitos fundamentais

O regime jurídico das liberdades públicas protege tanto as pessoas naturais, brasileiros (natos e naturalizados) ou estrangeiros no território nacional, como as pessoas jurídicas, pois têm direito à existência, à segurança, à propriedade, à proteção tributária e aos remédios constitucionais.

Direito à VIDA

É o mais fundamental de todos os direitos, já que se constitui em pré-requisito à existência e exercício de todos os demais direitos.

Cabe ao Estado assegurá-lo em sua dupla acepção:1ª) o direito de continuar vivo;2ª) o de ter vida digna quanto à subsistência.

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A vida viável começa com a nidação, ou seja, com a fecundação do óvulo pelo espermatozóide.

O feto representa um ser individualizado, com uma carga genética própria, que não se confunde com os seus pais, sendo inexato afirmar que a vida do embrião ou do feto está englobada pela vida da mãe.

A Constituição protege a vida de forma geral, inclusive uterina.

Direito à LIBERDADE

Liberdade interna (livre arbítrio), liberdade subjetiva = quererLiberdade externa (objetiva), liberdade de fazer, poder fazer tudo o quiser. Esta cabe ao Direito.Conceito: consiste na possibilidade de coordenação consciente dos meios necessários à realização da felicidade pessoal. (José Afonso)

Liberdade x Democracia – liberdade de ação e legalidade, protegendo a autodeterminação, sujeita apenas às limitações legais.

O Direito Constitucional positivo distingue em 5 (cinco) grandes grupos:

Liberdade às pessoa físicaLiberdade de pensamentoLiberdade de expressão coletivaLiberdade de ação profissionalLiberdade de conteúdo econômico e social.

Direito à IGUALDADE

É um princípio constitucional através do qual todos os cidadãos têm o direito de tratamento idêntico pela lei. O que se veda são as diferença arbitrárias, as discriminações absurdas. Somente se tendo por lesado o princípio quando o elemento discriminador não se encontre a serviço de uma finalidade acolhida pelo Direito.

Cabe ao Estado assegurá-lo em sua dupla acepção:1ª) não permitindo tratamento diferenciado, por parte dos poderes estatais, para pessoas que se encontrem em situações idênticas;2ª) obrigando o intérprete a aplicar a lei e atos normativos de maneira igualitária.

Segundo Celso Antônio Bandeira de Mello, os tratamentos normativos diferenciados são compatíveis com a Constituição Federal quando verificada a existência de uma finalidade razoavelmente proporcional ao fim visado.

PONTO 4 - DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS

Iniciaremos a análise do artigo mais extenso da Constituição Federal e o mais importante para os cidadãos brasileiros. Segundo alguns doutrinadores é o verdadeiro Código do Cidadão.

Podemos agrupar os direitos fundamentais em três grandes categorias, conforme seu objeto imediato, pois o mediato está calcado sempre na liberdade.

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Direitos cujo o objeto imediato é a liberdade: locomoção (LXVIII), pensamento (IV, VI, VII, VIII, IX), reunião (XVII), associação (XVII a XXI), profissional (XIII), ação (II), liberdade sindical ( 8º) e direito de greve (9º);

Direitos cujo o objeto imediato é a segurança: dos direitos subjetivos em geral (XXXVI), em matéria penal (XXXVII a LXVIII), do domicílio (XI);

Direitos cujo o objeto imediato é a propriedade: em geral (XXII), artística, literária e científica (XXVII a XXIX), hereditária (XXX e XXXI)

Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

No caput se encontra o Princípio da Igualdade formal ou princípio

da isonomia objetiva. O que se veda (proíbe) são diferenças arbitrárias, discriminações absurdas, pois, tratamento desigual em casos desiguais, na medida em que desigualam (igualdade material), é exigência tradicional do próprio conceito de justiça. Assim, só se tem por violado este princípio quando o elemento discriminador não se encontra a serviço de uma finalidade acolhida pelo direito.

I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;

Traduz a igualdade entre os sexos, permitindo apenas às diferenças que a própria Constituição trouxer (de que é exemplo a licença paternidade de 5 dias para o homem e maternidade de 120 dias para a mulher).

II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;

O inciso traz à tona o princípio da legalidade, um dos alicerces do Estado de Direito. Decreto editado pelo Presidente da República, por exemplo, ou mesmo portaria não se prestam a criar obrigações.

Diferença entre legalidade e Reserva Legal

O Princípio da legalidade é abstrato, uma vez que todos os seres estão sujeitos a ele, pois estamos inseridos no estado de Direito, como dito.

O da Reserva Legal é concreto. É o tratamento exclusivo pelo legislativo. A matéria ou o ato só pode ser feito de acordo com os ditames da lei.

Reserva legal absoluta, que requer uma lei formal, feita pelo Poder Legislativo.

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Reserva legal relativa, que requer a atuação de um órgão administrativo que estabeleça as regras para o ato, conforme determinação numa lei formal.

OBS: alguns doutrinadores alegam que a reserva legal está para a Administração, uma vez que ele só pode agir se existir uma lei dando a autorização para isto. Contudo, atos há na vida civil que também requerem uma observância estanque ao ditames da lei, por exemplo:

Você pode escolher livremente qualquer profissão a seguir (Princípio da legalidade), contudo para o exercício de certas profissões, ou quase todas, você precisará se adequar aos ditames da lei que regulamenta esta profissão, para poder exercê-la (Princípio da reserva legal).

A diferença é que nós temos uma maior liberdade que a Administração Pública, mas não podemos dizer que só ele se restringe a este princípio.

III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;

Já estudamos que a dignidade da pessoa humana se constitui em um fundamento da República federativa do Brasil. Pois bem, este inciso é corolário daquele fundamento. Este preceito mais se aproxima de uma garantia constitucional do que um direito individual.

Tortura: constranger alguém, com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental.

IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato:

A liberdade de pensamento decorre do direito à liberdade, constante no caput deste artigo, e é própria dos Estados Democráticos de Direito.

A proibição ao anonimato é necessária para que, sabendo-se quem seja o autor, o eventual prejudicado possa defender-se e peticionar eventual indenização pelo abuso do direito de manifestação do pensamento. Isto se dá pelo fato do Estado brasileiro não ter censura. Assim, temos apenas que assumir as nossas palavras para nos responsabilizarmos pelos nossos excessos (responsabilidade civil e penal).

V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;

Este inciso assegura ao ofendido o direito de resposta. A proporcionalidade deve ser observada mediante a utilização do mesmo meio da ofensa (exemplo: se a ofensa foi por jornal o direito de resposta será por jornal). A indenização poderá ser obtida através de ação judicial própria. O dano material abrange os danos emergentes e os lucros cessantes. O dano moral diz respeito à intimidade, sendo desnecessário saber-se se terceira pessoa tomou conhecimento da ofensa. O dano à imagem atinge a pessoa em

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suas relações externas, ou seja, a maneira como ela é vista por outras pessoas.

VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a sua liturgia;

Este é o princípio da escusa de consciência, que não atinge grau absoluto, pois não se admite atos atentatórios a lei. A liberdade de consciência constitui o núcleo básico de onde derivam as demais liberdades de pensamento.inviolabilidade da liberdade de consciência e de crença => ficam constitucionalmente protegidas contra qualquer tipo de ação ou violência a consciência (= o foro íntimo, o mais reservado pensamento onde o homem se abstrai do mundo externo para vagar sobre si, sobre o mundo etc.) e a crença (= é a fé religiosa, subjetivamente considerada);

asseguração ao exercício livre dos cultos religiosos => ninguém poderá perturbar ou intervir na adoração alheia à divindade, de qualquer religião, que esse venerador acredita existir. Cultuar é a externação das homenagens solenes a algo, a alguém ou a alguma coisa;

garantia de proteção ao local de culto e às liturgias, de conformidade com a lei => a Constituição estende a proteção aos templos e demais locais físicos onde os fiéis se reúnem para exercitar a adoração à sua divindade. Do mesmo modo, está a salvo de qualquer interferência do poder público a liturgia religiosa, isto é, o ritual, a solenidade, o cerimonial etc., desde que exercido nos limites da lei ou que não seja criminoso.

Não se pode deixar de anotar que a Constituição separou o Estado da Religião, o que revela ser o Brasil um Estado laico ou não confessional, ou seja, sem religião oficial e com liberdade de culto. O cidadão vai poder professar a sua fé desde que seja respeitado o ordenamento jurídico em quaisquer manifestação, com base no Estado de direito. Eis a razão por que não se admite sejam feitos sacrifícios humanos em ofertórios ritualísticos (prática de crime) ou que certo grupo passe em vigília toda uma noite e, com isso, perturbe o repouso da vizinhança (direito ao repouso).

VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva;

Entidades de internação coletiva são hospitais, asilos, presídios, quartéis etc. Tendo em vista que os internos não podem ir até os locais onde é professada sua religião ou é prestada a assistência religiosa de que necessita, o Poder público está obrigado a permitir que isso aconteça nos locais em que se encontram internados. É um direito subjetivo do doente ou interno com o fim de amparo espiritual.

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VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;

A norma é notadamente de eficácia contida, ou seja, restringível. A lei dirá qual a prestação alternativa que terá que ser cumprida por aquele que se eximir, por motivo de crença religiosa (ex: um budista) ou de convicção filosófica (um pacifista) ou política (um marxista), da obrigação legal a todos imposta (ex: serviço militar). Só será privado de direitos com a perda dos direitos políticos, caso se recuse a cumprir a prestação alternativa. Calcado também no princípio da escusa de consciência.

IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;

Complementa este inciso o §2º, art. 220, da Constituição que “veda toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística”. No entanto, compete à lei federal exercer a classificação, para efeito indicativo, de diversões públicas e de programas de rádio e de televisão, informar sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não se recomendem, locais e horários em que sua apresentação se mostre inadequada, bem como estabelecer os meios legais que garantam à pessoa e à família a possibilidade de se defenderem de programas de rádio e televisão que desrespeite os valores éticos e sociais (art. 21, XVI, c/c art. 220, §3º, I e II, art. 221, I e IV).

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

O direito à privacidade decorre do direito à liberdade, de que trata o caput. São válidos os comentários feitos quando discutimos o inciso V. Todos têm o direito a se reservar e manter inalterada sua vida íntima e de sua família, sem a afetação dos valores cultuados. A intimidade é pessoal, enquanto a vida privada se estende ao campo profissional e social.

“A proteção à honra consiste no direito de não ser ofendido ou lesado na sua dignidade ou consideração social”, conforme professa Celso Bastos Ribeiro.

O direito à imagem está mais perto quando dos relacionamentos externos. O Texto Maior proíbe a distorção da imagem de alguém por outrem.

Portanto, havendo a violação de qualquer desses valores, o ofensor responde civilmente (em pecúnia ou dinheiro) pelos danos (estragos), materiais ou morais, que eventualmente cause ao ofendido.

O regramento protege tanto as pessoas naturais (honra subjetiva e objetiva, que ficam resguardadadas em face dos crimes de injúria e difamação, respectivamente) quanto às pessoas jurídicas, pois que estas têm a chamada honra objetiva, isto é, a consideração e o respeito dos que com ela se relacionam e a conhecem (é a expressão externa da personalidade da pessoa jurídica que deve ficar a salvo da prática da difamação).

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Súmula 227 STJ – A pessoa jurídica pode sofrer dano moral. Data 08/09/1999

RESP 214381/ MG DJ 2911/1999 Min. Sálvio de Figueiredo DJ 29/11/1999EmentaCOMERCIAL E PROCESSUAL CIVIL. PROTESTO DE DUPLICATA PAGA NOVENCIMENTO. DANO MORAL. PESSOA JURÍDICA. ARBITRAMENTO. PRECEDENTES.RECURSO DESPROVIDO.

I - A evolução do pensamento jurídico, no qual convergiram jurisprudência e doutrina, veio a afirmar, inclusive nesta Corte, onde o entendimento tem sido unânime, que a pessoa jurídica pode ser vítima também de danos morais, considerados estes como violadores da sua honra objetiva (isto é, sua reputação junto a terceiros).II - Em se tratando de duplicata paga no dia do vencimento, deve o banco responder pelo dano moral decorrente do protesto que levou a efeito.III - A indenização por dano moral deve ser fixada em termos razoáveis, não se justificando que a reparação venha a constituir-se em enriquecimento indevido, devendo o arbitramento operar-se com moderação, proporcionalmente ao grau de culpa, ao porte empresarial das partes, às suas atividades comerciais e, ainda, ao valor do negócio. Há de orientar-se o juiz pelos critérios sugeridos pela doutrina e pela jurisprudência, com razoabilidade, valendo-se de suaexperiência e do bom senso, atento à realidade da vida, notadamenteà situação econômica atual e às peculiaridades de cada caso.

XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;

De todos os incisos que comentamos, este é sem dúvida o mais solicitado pelos concursos. Temos que deixar claro: 1 – em caso de flagrante delito, desastre, ou para prestar socorro, pode-se entrar sem consentimento do morador a qualquer hora do dia ou da noite; 2 – afora essas três hipóteses, só durante o dia com autorização judicial (cuidado com as cascas de banana do tipo “autorização policial” ou autorização do promotor”). Sabendo disto você não errará a questão. Quanto à questão do dia, o art. 172 do CPC dispõe que, para fins exclusivos dos atos do processo civil, “os atos processuais realizar-se-ão das 6 às 20 horas”.

O STF já decidiu que “para os fins da proteção constitucional a que se refere o art. 5º, XI, da Carta Política, o conceito normativo de casa" revela-se abrangente e, por estender-se a qualquer compartimento privado onde alguém exerce profissão ou atividade (CP, art. 150, § 4º, III), compreende os consultórios profissionais dos cirurgiões-dentistas.”

Flagrante delito: o art. 302 do CPP : “ considera-se em flagrante delito quem está cometendo a infração penal (flagrante próprio), acaba de cometê-la (flagrante impróprio), é perseguido, logo após (flagrante presumido), pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser ele autor da infração; é encontrado, logo depois com

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instrumentos, que façam presumir ser ele autor da infração” . OBS: o flagrante preparado não autoriza a prisão.

XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal;

Inciso reiteradamente solicitado nos concursos, ao qual você deverá dar a máxima atenção. Em face de sua importância, vou reproduzi-lo de outra maneira: é inviolável o sigilo de correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por (1) ordem judicial, nas (2) hipóteses e na forma que a lei estabelecer para (3) fins de investigação criminal ou instrução processual penal

No tocante às comunicações telefônicas existe exceção desde que satisfeitas, ao mesmo tempo, as seguintes condições : a) ordem judicial; b) lei que estabeleça as hipóteses e; c) seja para fins de investigação criminal ou instrução processual penal. Não esqueçam: trata-se de norma constitucional de eficácia contida. Assim, só poderá o juiz ordenar nas hipóteses da lei.

A lei 9.296/96, de 24.7.1996, regulamentou este inciso da Constituição, e no art. 2º, afirmou que não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer destas hipóteses:

Haver autorização judicial para investigação, que tanto pode se dar na fase do inquérito quanto na fase processual;

Houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal; A prova não puder ser obtida por outros meios disponíveis; O fato investigado constituir infração penal punida com pena de

reclusão.

OBS: Estabelecer a diferença entre Gravação Clandestina, Grampo telefônico e Interceptação telefônica.

Há ainda que se ter em mente a possibilidade excepcional de violação do sigilo de correspondência. O STF decidiu “pela possibilidade excepcional de interceptação de carta de presidiário pela administração penitenciária”, entendendo que a “inviolabilidade do sigilo epistolar (correspondência) não pode constituir instrumento de salvaguarda de práticas ilícitas” (HC 70.814-5/SP, Rel: Ministro Celso de Mello). Nenhuma liberdade individual é absoluta, sendo possível a sua relatividade, respeitado certo parâmetro, sempre as liberdades públicas estejam sendo utilizadas como instrumento de salvaguarda de práticas ilícitas.

Em caráter excepcionalíssimo, poderão ocorrer restrições aos direitos indicados neste inciso, (estado de defesa e estado de sítio), art. 136, § 1º, b e c, e art. 139, III, respectivamente.

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XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer;

Trata-se de norma constitucional de eficácia contida. Enquanto não for promulgada a lei é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão. Por exemplo, qualquer um de nós pode exercer a profissão de pedreiro; o mesmo não acontece com as profissões de engenheiro, médico ou advogado, pois, nestas, só poderemos exercê-las se atendermos as qualificações e os requisitos, estabelecidos nas leis respectivas, reserva de lei absoluta.

XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional;

Se uma informação não está protegida por segredo de justiça ou sigilo oficial, todos têm o direito constitucional de tomá-la e conhecê-la.

Por outro lado, há informações de que uma pessoa somente tem acesso a elas, em razão de sua profissão, como, p. ex., o advogado, o repórter, o ministro religioso etc.; nessas circunstâncias em que a informação fora obtida por um profissional sob sigilo da fonte de onde veio, porque não pode ou não quer vir a público, o profissional não está obrigado a revelar a fonte de onde surgiu a notícia, desde que sejam apresentadas as provas da veracidade das informações.

XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;

O direito de ir e vir é, em tempo de paz, assegurado a qualquer pessoa que pretenda se locomover no território do Brasil, sejam brasileiros, sejam estrangeiros. Qualquer ato atentatório (ilegal ou abusivo) da liberdade de locomoção, praticado por autoridade pública contra uma pessoa, desafia a impetração do habeas corpus (tenhas o teu corpo) como instrumento suficiente para estancar o cerceamento desse direito de livre trânsito..

XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;

Este inciso, apesar de bastante solicitado nos concursos, não tem originado interpretações complexas. Muito cuidado: esse prévio aviso não é requerimento ou pedido; é comunicação e tem por objetivo não prejudicar outra reunião já marcada para o mesmo local. Por reuniões entenda-se, entre outras, passeatas de protestos, comícios, procissões. Isto serve para que as autoridades possam facilitar o exercício do direito, como por exemplo desviar o trânsito.

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XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;

Trata-se de um direito deferido a uma coletividade de pessoas, físicas ou jurídicas, para fins os mais variados (recreativo, artístico, comercial etc.) e desde que não contrariem a lei penal posta, nem tenham objetivo paramilitar (corporações fardadas, armadas e adestradas, mas que não são organizações dos Estados).

Segundo Celso Ribeiro Bastos, a associação seria “a reunião estável e permanente de pessoas, objetivando a defesa de interesses comuns, desde que não proibidos pela Constituição ou afrontosos da ordem e dos bons costumes”. Obs: art. 288 do Código Penal – formação de quadrilha ou bando.

XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento;

A história tem demonstrado ao homem que a aglutinação em torno de associações para defesa de interesses comuns tem dado maior repercussão frente ao poderio político dominante e apresentado melhores e rápidos resultados práticos.

O grupo interessado na formação desses tipos de pessoas jurídicas privadas(,) não tem necessidade de requerer prévia autorização ao poder público. Relativamente às cooperativas, a lei estabelece certas exigências a serem observadas para sua existência ou criação.

Em ambos os casos, a Constituição não admite que o Estado interfira nos interesses privados e na gestão das associações e das cooperativas.

O direito de criar associação é regra de eficácia plena, quanto às cooperativas, regras de eficácia contida.

XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;

Sabe-se que é livre a criação ou instituição de associações para fins lícitos e que o Estado não pode, por barreira de status constitucional, intervir na gestão de seus interesses e negócios; contudo, poderá surgir um caso, p. ex., em que a entidade associativa se desvie da finalidade lícita ou tenha sido formada por meio irregular à luz do direito.

Em tais hipóteses, dentre outras, poderão ter suas atividades suspensas (paralisação temporária do funcionamento) por ordem de Autoridade Judicial. A dissolução (ou extinção) compulsória (ou obrigatória), como medida extrema que faz desaparecer o próprio ente associativo, exige que a ordem da Autoridade Judicial se dê por ato de sentença com o trânsito em julgado, isto é, decisão contra qual não cabe mais nenhum recurso possível ou previsto no direito.

XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado;

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O dispositivo encerra um conteúdo de liberdade para deixar à vontade cada um a fim de decidir sobre se quer ou não participar do corpo associativo de determinado organismo. Da mesma forma, anuncia que o associado desinteressado de continuar nos quadros de uma associação não será obrigado a nele ficar, se assim não o desejar.

Princípio da liberdade de sindicalização, que não exime os profissionais de, anualmente, recolherem um dia de salário aos respectivos sindicatos profissionais. Esta taxa é compulsória.

XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;

Por princípio, somente o titular (“dono”) do direito tem a correspondente legitimidade para reclamá-lo e acionar o aparelho Judicial com o fim de preservá-lo, garanti-lo ou recuperá-lo. Afinal, a lei processual brasileira de há muito é firme no sentido de que ninguém poderá pleitear direito alheio em nome próprio, salvo se autorizado por lei.

No caso presente, é necessário anotar algumas peculiaridades:

a) a associação deverá estar expressamente autorizada, seja por lei, seja pelos estatutos sociais ou seja diretamente pelo associado para um caso específico a fim de exercerem a representação;

b) a hipótese trata de representação e não de substituição, isto é, a associação não pleiteará o direito do associado em nome dela mesma, mas em nome daquele por ela apenas representado;

c) o exercício da representação poderá se dar tanto em sede judicial (acionamento diante do Poder Judiciário), quanto extrajudicial (perante órgão e entidades públicas e privadas);

d) a representação não é universal, isto é, não é conferida para todo e qualquer assunto da vida do associado, mas, antes, deverá guardar consonância com os objetivos sociais da associação, o que tem intitulação de PERTINÊNCIA TEMÁTICA (representação pertinente ou de acordo com o tema, matéria, objeto ou razão social da entidade).

XXII - é garantido o direito de propriedade;

A propriedade que outrora era um bem absoluto tornou-se um bem suscetível de perda, em prol do social. Este inciso terá que ser entendido com o próximo. O direito de propriedade deve ser entendido como o exercício do uso, gozo (ou fruição) e da disposição de um bem por um indivíduo que poderá mantê-lo e reclamá-lo contra as eventuais investidas de terceiros.

XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;

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Embora a exploração da propriedade seja protegida pela Constituição, ela mesma determina que esse exercício sobre os bens atendam à função social e dá, em seus artigos 182, § 2º, e 186, o tom da racionalidade e limite da exploração econômica da propriedade.

A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor. Caso contrário, é facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de a) parcelamento ou edificação compulsórios; b) imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo; c) desapropriação com pagamento JUSTO, PRÉVIO e mediante TÍTULOS DA DÍVIDA PÚBLICA, com prazo de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais (é a chamada desapropriação punitiva por inobservância da função social).

Quanto à propriedade rural, a função social é cumprida quando ela atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: a) aproveitamento racional e adequado; b) utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; c) observância das disposições que regulam as relações de trabalho; d) exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.

Nos casos de desapropriação rural para fins de reforma agrária, cuja competência somente cabe à União Federal, a indenização da terra será por meio de TDA – Títulos da Dívida Agrária, resgatáveis em até 20 (vinte) anos, com carência de dois anos para início do recebimento dos referidos valores.

XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição;

Desapropriar é retirar de alguém o domínio ou a disposição sobre um bem em razão da ocorrência de um motivo que justifique a tomada de tal atitude.

Para a Carta Política brasileira, independentemente de estar cumprindo sua função social, ou seja, sendo efetivamente observado o fim para o qual essa propriedade existe ou fora criada, são motivos que autorizam a desapropriação:

1 - a necessidade pública => é a que ocorre para atender a um reclame inadiável, como, p. ex., a desapropriação de um prédio particular para construção de um hospital, mercado público, cemitério etc.;

2 - a utilidade pública => é a que se dá para ampliar ou facilitar a prestação de serviço à sociedade, servindo-nos de exemplo a desapropriação de área contígua a uma Universidade para instalação de ginásio desportivo ou a de imóveis particulares ao longo de uma avenida que está sendo alvo de alargamento etc.;

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3 - interesse social => é aquela que visa a atender a ordenação de uma cidade, segundo o seu plano diretor, como ocorre nas desapropriações para instalação de moradias populares.

É muito importante que você distinga as palavras-chaves sublinhadas. As hipótese de desapropriação, são necessidade pública, utilidade pública, ou por interesse social e requer, em regra, indenização justa , prévia e em dinheiro. No entanto, há exceções.

A parte final do inciso XXIV ressalva os casos previstos na Constituição. E que casos são esses? Tratam-se dos casos de indenização para fins de reforma urbana, reforma agrária e cultivo de plantas psicotrópicas. Nos dois primeiros casos requerem indenização justa e prévia . No último caso a desapropriação será sem qualquer indenização. Vejamos:

É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica, para área incluída no plano diretor, exigir desapropriação de solo urbano não edificado, subtilizado ou não utilizado, mediante o pagamento em títulos da dívida pública, com emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até 10 anos (CF, inciso III, do §4º, do art. 182)

Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária resgatáveis no prazo de até 20 anos, a partir do segundo ano de sua emissão (CF, art. 184, caput). Atenção, as benfeitorias úteis e as necessárias serão indenizadas em dinheiro (art. 184, §1º). A propriedade produtiva é insuscetível de desapropriação para fins de reforma agrária (art. 185). Observem a incongruência deste artigo! Como pode ser prévio se será resgatado em 20 anos?

As glebas onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas serão imediatamente expropriadas (significa o mesmo que desapropriadas) sem qualquer indenização e destinadas ao assentamento de colonos (CF, art. 243). É o confisco mediante autorização constitucional. Desapropriação sanção.

XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;

Não obstante o enorme elenco de direitos e garantias conferidos pela Constituição Federal, há situações em que, temos visto, o poder público limita a propriedade.

O caso agora trata da limitação à propriedade privada conhecida como REQUISIÇÃO PÚBLICA.

Perigo iminente é aquele que está prestes a acontecer. Assim, caso seja necessário ao poder constituído usar da propriedade privada para o exercício de defesa e proteção da sociedade, ele o fará, sem importar o prévio

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consentimento do proprietário, e, após o efetivo uso, devolverá o bem ao seu legítimo dono.

Apenas haverá indenização, posterior , se e somente se houver dano decorrente da requisição da propriedade particular pela autoridade competente.

Finalmente, anote-se que enquanto a situação de risco está no campo da mera possibilidade , a de perigo encontra probabilidade fática concreta de sua ocorrência. Esta é mais efetiva que a primeira.

Como exemplo, temos a seguinte situação: suponha-se que uma frota naval se posicione em formação de ataque próximo ao litoral brasileiro. As autoridades de defesa nacional poderão, independente da vontade dos proprietários, requisitar os imóveis situados ao longo da costa para fins de instalação de tropas, aposição de peças de artilharia etc. Mas, imagine-se que a questão restou solucionada pacificamente. Desse modo, os imóveis serão devolvidos aos seus donos e, CASO TENHA HAVIDO ALGUM DANO, o proprietário será indenizado dos prejuízos sofridos.

XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;

A Lei n.º 4.504/64, Estatuto da Terra, diz que Imóvel Rural, é o prédio rústico, de área contínua, qualquer que seja a sua localização, que se destine à exploração extrativa agrícola, pecuária ou agro-industrial, quer através de planos públicos de valorização, quer através de iniciativa privada.

A mesma Lei define a Propriedade Familiar, como o imóvel rural que, direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua família, lhes absorva toda a força de trabalho, garantindo-lhes a subsistência e o progresso social e econômico, com área máxima fixada para cada região e tipo de exploração, e eventualmente trabalhado com a ajuda de terceiros.

Para fins de aplicação do inciso constitucional, Pequena Propriedade é o imóvel rural de área compreendida entre 1 (um) e 4 (quatro) módulos rural (esses serão determinados em razão de cada região e das atividades rurais desenvolvidas).

Penhora é a reserva de bens (móveis e/ou imóveis), por determinação judicial em processo regular, necessários e suficientes para a satisfação de um débito. Ela não ocorrerá sobre a pequena propriedade rural trabalhada pela família, com o fim de satisfazer os pagamentos de débitos que tenham sido contraídos para financiar a atividade produtiva dessa família na pequena propriedade.

XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;

Este inciso também não provoca controvérsias. Dedique especial atenção ao fato de o direito autoral perdurar por toda a vida do autor e ainda ser transmissível aos seus herdeiros. A lei nº 9.610, de 19.2.1998, que consolida a legislação sobre direitos autorais, no art. 41, dispõe que : “os

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direitos patrimoniais do autor perduram por setenta anos contados de 1º de janeiro do ano subseqüente ao de seu falecimento, obedecida a ordem sucessória da lei civil”. Para a lei “autor é a pessoa física criadora de obra literária, artística ou científica, seja ela escrita, filmada, fotografada etc”. No entanto, este conhecimento não tem sido solicitado nos concursos de direito constitucional.

XXVIII – São assegurados, nos termos da lei:a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e a voz humanas, inclusive nas atividades desportivas;b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e associativas;

O presente dispositivo, juntamente com o passado e o próximo, enfeixam os direitos inerentes à imaterialidade e os meios de sua proteção.

XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País;

É patenteável a invenção que atenda aos requisitos de novidade, atividade inventiva e aplicação industrial, admitindo-se, como modelo de utilidade, o objeto de uso prático, ou parte deste, suscetível de aplicação industrial, que apresente nova forma ou disposição, envolvendo ato inventivo, que resulte em melhoria funcional no seu uso ou em sua fabricação.

A regra geral é que a patente de invenção vigorará pelo prazo de 20 (vinte) anos e a de modelo de utilidade pelo prazo de 15 (quinze) anos, contados da data de depósito.

Também resta assegurado o direito de registro de desenho industrial e de marcas.

No que toca à invenção, ao modelo de utilidade e ao desenho industrial, não há vitaliciedade, salvo para as marcas cujo registro seja periodicamente renovado, como existe para os autores de obras, mas apenas o privilégio exclusivo de uso temporário. Tal se justifica em razão do interesse da coletividade para usar das facilidades do inventor com o fim de alcançar maior desenvolvimento tecnológico (acesso à praticidade e utilidade dos estudos teóricos) e econômicos (geração de riquezas) do Brasil.

Regra Constitucional de eficácia contida. A lei a que se refere o inciso já foi produzida, trata-se da lei de propriedade industrial nº 9.279, de 14.5.1996, que dispõe: “a patente de invenção vigorará pelo prazo de 20 (vinte) anos” (art. 40). O registro da marca vigorará pelo prazo de 10 (dez) anos, prorrogável por períodos iguais e sucessivos (art. 133). Direito de Patente.

XXX - é garantido o direito de herança;

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A herança pode ser conceituada como patrimônio do falecida, conjunto de direitos e deveres, que se transmitem aos herdeiros legítimos ou testamentários, exceto se forem personalíssimos ou inerentes à pessoa do falecido. Foi reforçado o direito de propriedade, evitando-se que, por morte, pudesse oferecer a oportunidade para o Poder Público se apropriar dos bens do falecido.

O direito de herança se estabelece conforme as leis civis, primeiro na linha de descendência e depois na de ascendência.

XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus;

Este inciso fixa as regras de sucessão de estrangeiro com bens situados no País, que deve ser regido pelas leis brasileiras, se tiver cônjuge ou filhos brasileiros, no caso de serem mais benéficas que a lei pessoal do falecido.

XXXII- O Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;

O mando constitucional para que o Estado elabore as normas em que o consumidor seja respeitado nos seus direitos contra o poderio econômico dos fabricantes, comerciantes e prestadores de serviços, de modo a não serem lesados, está regulado no atual CDC – Código de Defesa do Consumidor, cartilha básica para asseguração desses direitos.

Mas a simples confecção do CDC não encerra ou esgota a magnitude da expressão “defesa”. Portanto, cabe ao Estado, também, fiscalizar a atuação dos produtores e prestadores de serviços, determinar a retirada de circulação de produtos e serviços nocivos à sociedade, criar órgãos administrativos de repressão ao abuso do direito econômico pelos comerciantes e industriais, instituir seções judiciárias para a rápida solução dos conflitos etc.

Nesse diapasão é que a defesa do consumidor foi erigida à categoria de princípio da ordem econômica, na esteira do art. 170, V, CF.

Esta regra constitucional foi regulamentada para proteção da hipossuficiência do consumidor perante os fornecedores. Vale ressaltar que as regras de consumo não foram criadas pelo Estado Brasileiro, apenas o Brasil foi o primeiro Estado a compilar em um único instrumento normativo as regras de consumo. O Código de Defesa do Consumidor do Brasil foi o primeiro no mundo.

XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;

Trata-se de norma de eficácia contida. Na hipótese de negativa de informações relativas à pessoa do impetrante dará ensejo ao habeas data

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(dê uma olhada no inciso LXXII, “a”, deste mesmo artigo). Esta ação é secundário pois seu objeto é exatamente a negativa da informação, a falta da mesma ou, ainda, a sua prestação insuficiente.

XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:

a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direito ou contra ilegalidade ou abuso de poder;b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal;

O inciso somente registra o direito de todos pedirem algo, em defesa, aos poderes públicos, ou exercitar a denúncia, quando conhecida a prática de ilegalidade (ato contrário à lei), ou abuso de poder (ato externamente de conformidade com a lei, mas praticado com excesso ou desvio de poder).

Por outro lado, garante o recebimento de certidão para instruir ou fazer prova do direito ou esclarecer situação relativa ao interessado.

XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;

Trata-se do importantíssimo princípio da unidade de jurisdição ou princípio da inafastabilidade da tutela jurisdicional ou, ainda, princípio da inafastabilidade da jurisdição (controle, proteção). Nada poderá ser excluído do crivo do Poder Judiciário: nem a lesão, nem a ameaça de lesão a direitos. Isto se deu pelo fato do Estado ter proibido os cidadãos de fazerem justiça com as próprias mãos, bem como esgotar a via administrativa para ingressar na justiça comum.

Duas exceções a este princípio: a primeira, já analisamos, está relacionada ao direito de Informação e a segunda funda-se na justiça desportiva que consta nos § § 2º e 3º do art. 217 da CF/88. Vejamos:

O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, reguladas em lei. A justiça desportiva terá o prazo máximo de 60 dias, contados da instauração do processo, para proferir decisão final.

Excetuada estas duas hipóteses, não há necessidade de aguardar que o autor intente a disputa administrativa, dela desista, ou aguarde o seu término para interpor ação judicial.

XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;

Importantíssimo inciso, trata do princípio da irretroatividade da lei em prejuízo do direito adquirido, do ato jurídico perfeito e da coisa julgada .

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Direito adquirido – consideram-se adquiridos os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo prefixo ou condição preestabelecida inalterável, a arbítrio de outrem (Lei de Introdução ao Código Civil - LICC, §2º, art. 6º). É, em outras palavras, aquele que já se incorporou ao patrimônio individual do sujeito.

Ato jurídico perfeito - é o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou (§1º, art. 6º, da LICC). Ou seja, foram observados os requisitos : agente capaz, objeto lícito e forma prescrita ou não proibida em lei.

Coisa julgada ou caso julgado – é a decisão judicial de que já não caiba mais recurso (§3º, art. 6º, da LICC).

JURISPRUDÊNCIA DO STF

Com a superveniência do regime jurídico único, não subsiste vantagem de natureza contratual usufruída por servidores que, até o advento da Lei 8.112/90, estavam submetidos à CLT. Inexistência de direito adquirido a regime jurídico (MS 22.160-DF, Min. Sidney Sanches).

Lei nova ao criar direito novo para o servidor público, pode estabelecer, para o cômputo do tempo de serviço, critério diferente daquele determinado no regime anterior. Não há direito adquirido a regime jurídico (1/03/83, Min. Moreira Alves).

O disposto no artigo 5º, XXXVI, da Constituição Federal se aplica a toda e qualquer lei infraconstitucional, sem qualquer distinção entre lei de direito público e lei de direito privado, ou entre norma de ordem pública e norma dispositiva (STF - Plenário).

O Constituinte, ao estabelecer a inviolabilidade do direito adquirido, do ato jurídico perfeito e da coisa julgada, diante da lei (art. 5º, XXXVI), obviamente, excluiu-se dessa limitação (RE 140894-4, Min. Ilmar Galvão).

Todavia tenha muito cuidado: não há direito adquirido em face de nova Constituição. Vejamos o teor do art. 17 do ADCT:

Art. 17 do ADCT - Os vencimentos, a remuneração, as vantagens e os adicionais, bem como os proventos de aposentadoria que estejam sendo percebidos em desacordo com a Constituição serão imediatamente reduzidos aos limites dela decorrentes, não se admitindo, neste caso, invocação de direito adquirido ou percepção de excesso a qualquer título.

XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;

Este inciso estabelece o Princípio do juízo natural. Não implica, porém, na impossibilidade da existência de justiças especializadas, desde que autorizadas pelo Constituição, como é o caso da Justiça Militar, tratada nos seus artigos 122 a 124.

Tribunal de exceção é aquele criado especialmente para:

a) julgar determinadas pessoas;

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b) julgar certas infrações após as mesmas terem ocorrido; c) ou se os tribunais regulares, por exemplo, não respeitarem a ampla

defesa, o contraditório, ou outras regras que constituem o devido processo legal .

XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados:

a) a plenitude de defesa;b) o sigilo das votações;c) a soberania dos veredictos;d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;

O Tribunal popular, ou o Júri é o tribunal no qual os cidadãos, previamente alistados, sorteados e, depois, escolhidos, decidem de fato, de acordo com sua consciência e juramento, sobre a culpabilidade ou não dos acusados, nas ações relativas a crimes dolosos contra a vida. Também conhecido como Tribunal do Júri.

plenitude de defesa - todos os acusados nos termos do inciso LV, deste artigo, têm direito ao “ contraditório “ e “ampla defesa” .

sigilo das votações – depois de composto o conselho de sentença, os sete jurados votam sigilosamente, ou seja, um jurado não conhece o voto do outro.

soberania dos veredictos - significa dizer que o Juiz-Presidente ao fixar a sentença de mérito, deverá respeitar tudo quanto decidido pelos jurados. Se por exemplo, os jurados negarem a tese da legítima defesa, o juiz não poderá reconhecê-la na sentença de mérito.

crimes dolosos contra a vida: aborto, infanticídio, induzimento ao suicídio e homicídio (arts. 121, § 2º, 122, 123, 124, 125, 127, do Código Penal). Nestes, o julgamento do réu não é proferido por um juiz singular, mas sim pelo Tribunal Popular.

OBS: De forma bem simplificada, pois o tema é da intimidade do Direito Processual Penal, teríamos : 1. inquérito policial; 2. oferecimento da denúncia pelo Ministério Público; 3. juiz singular recebe a denúncia, realiza audiências e, se houver indícios de autoria, prolata a sentença de pronúncia para remeter o réu para julgamento pelo Tribunal do Júri; 4. Início do processo no Tribunal do Júri, mediante oitiva das testemunhas de acusação e defesa, interrogatório do réu, acusação pelo Ministério Público e defesa pelo Advogado do réu. 5. O Tribunal do júri é formado por um conselho de sentença, composto pelo Juiz e por sete cidadãos (jurados). O corpo de jurados declara o réu culpado ou inocente. O Juiz expede a sentença de mérito pela qual declara o réu inocente ou culpado, neste último caso fixando a pena a ser cumprida.

XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;

“Nullum crimen, nulla poena sine lege”. Eis aqui os importantíssimos Princípios da anterioridade e o da Legalidade penal (Reserva Legal). Há

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necessidade de definição em lei anterior à prática de uma conduta para que esta seja considerada crime, bem como ao agente possa ser aplicada pena. Qualquer ato que você cometa, só será crime se houver lei descrevendo-o (dá-se o nome de tipo); e você só poderá ser punido se houver lei que fixe a pena.

XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;

Aqui se enuncia o princípio da Irretroatividade da lei Penal. Gabriel Dezen Júnior afirma que há três princípios por trás deste. 1. O princípio da retroatividade da lei penal mais benigna (novatio legis in mellius). Assim se o réu cumpre pena de 20 anos por prática de determinado crime, se for aprovada lei modificando a pena para 10 anos, o réu só cumprirá 10 anos, mesmo já tendo sido condenado por sentença transitada em julgado. 2. O Princípio da irretroatividade da lei penal mais gravosa (novatio legis in pejus); 3. O Princípio da atividade da Lei penal mais benigna (abolitio criminis). Este último princípio estabelece que a lei penal mais benéfica ao réu age mesmo após sua revogação para amparar o processo e julgamento de réu que tenha cometido ilícito durante a sua vigência.

Cuidado: esses princípios só dizem respeito à lei penal.

XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais;

Trata-se de uma garantia suplementar ao princípio da isonomia. A tradição Constitucional brasileira foi ampliada, antes limitada ao preconceito de raça, aumentou sua abrangência, implicando em sanção para qualquer tipo de discriminação que atente contra os direitos e liberdades fundamentais.

XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;

Trata-se de novidade apresentada pela Constituição de 1988, reforçando o princípio da isonomia e da vedação contra discriminação que atente contra os direitos e liberdades fundamentais. A matéria está disciplinada na Lei contra Preconceito de Raça ou de Cor, Lei nº 7.716. de 5/1/1989, e na Lei nº 9.459, de 13.5.1997. Já a Lei nº 8.801, de 21/9/90, estabelece os crimes e as penas aplicáveis aos atos discriminatórios ou de preconceito de raça, cor, religião, etnia ou procedência nacional, praticados pelos meios de comunicação ou por publicação de qualquer natureza.

Vimos no estudo dos princípios das relações internacionais que o Brasil repudia o racismo em qualquer de suas formas. Nosso Ordenamento não admite a segregação ou sujeição de uma sobre outra raça humana, considerando a hipótese, a ser delineada em lei própria, como uma conduta que não comporta a prestação de fiança, para responder ao processo em liberdade, nem tampouco que o tempo influencie no direito do Estado de perseguir e processar o eventual autor da prática repudiada (contra a prática de racismo não ocorrerá a prescrição).

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O condenado pelo fato deverá cumprir pena de reclusão, ou seja, iniciará sob o regime penitenciário fechado, recluso, trancado em estabelecimento prisional de segurança máxima ou média.

XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;

A matéria está tratada na Lei nº 8.072, de 25/7/90, com as alterações da Lei nº 8.930, de 6/9/94 e da Lei nº 9.695, de 20/8/98, que dispõe sobre crimes hediondos. Já a Lei nº 9.455, de 7/4/97, define os crimes de tortura. Por fim, a lei que trata dos crimes de tóxicos é a Lei nº 6.368, de 21/10/76, e o Decreto nº 78.992, de 21/12/76.

crime imprescritível - é crime que não sofre prescrição, e prescrição é um prazo dentro do qual o Estado tem poder para encontrar, processar, punir e executar a pena do criminoso. Assim, sendo o crime imprescritível, a Justiça jamais perde o poder de punir o seu autor.

crime inafiançável - é crime que não admite fiança, e fiança é um pagamento que a pessoa faz ao Poder Judiciário para poder responder ao processo em liberdade provisória.

pena de reclusão – aquela que é cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto (exemplo de regime fechado : penitenciária Barreto Campelo em Itamaracá). Há também a pena de detenção que é cumprida em regimes semi-aberto e aberto. Poderá haver progressão de regimes. É comum o cumprimento da pena iniciar-se com o regime fechado e dependendo do comportamento progredir para o regime semi-aberto.

graça: trata-se de hipótese de extinção do direito de punir do Estado. A graça deve ser solicitada. Poderá ser concedida apenas após o trânsito em julgado da condenação. É concedida por decreto do Presidente da República (CF/88 art. 84, XII). Todavia não restitui a primariedade ao agente. É também conhecida por indulto individual.

anistia: trata-se também de hipótese de extinção do direito de punir do Estado. A anistia independe de solicitação. Poderá ser concedida antes ou após o trânsito em julgado da condenação. É concedida por lei aprovada pelo Congresso Nacional (CF/88, art. 48, VIII). Restitui a primariedade ao agente.

XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático;

Trata-se de um reforço ao princípio do Estado Democrático de Direito, previsto no caput do art. 1º do texto constitucional. Encontra-se tratado na Lei de Segurança Nacional, artigo 16 e 24.

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O inciso não demanda maiores explicações, eis que os conceitos já foram assentados em linhas passadas.

XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;

Eis o princípio da intrânscedência penal ou da personificação da pena. A única pessoa que pode sofrer a condenação penal é o criminoso. Trata-se de responsabilidade subjetiva. Não pode ser punido o pai, a mulher ou os filhos.

A responsabilidade de reparar o dano causado é de natureza civil. Esta passa para os herdeiros até o limite em que foram beneficiados pela transferência do patrimônio. William Douglas, pág. 92, acrescenta que “por princípio de justiça a extensão da responsabilidade patrimonial não atinge aqueles bens cuja origem é notoriamente lícita”.

Perdimento de bens – segundo William Douglas, não é previsto no

Código Penal como pena. Figura antes como efeitos da condenação (art. 91, II do

Código Penal). : perda em favor da União a) dos instrumentos do crime; b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a prática do fato criminoso.

XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:

a) privação ou restrição da liberdade;b) perda de bens;c) multa;d) prestação social alternativa;e) suspensão ou interdição de direitos;

Este inciso traz o princípio da Individualização da pena. Significa que

o juiz fixará a pena “atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e as conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima” (Código Penal,

art. 59). As alíneas enumeram as penas Constitucionalmente possíveis no Direito

brasileiro. A relação não é exaustiva, o inciso diz que poderá haver outras além das abaixo enumeradas:

Privação da liberdade é a perda total da liberdade. restrição da liberdade é apenas um cerceamento a exemplo do que

ocorre nos regimes aberto e semi-aberto e no livramento condicional. perda de bens – desde que fruto do ilícito. multa – é a imposição de uma penalidade pecuniária.

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prestação social alternativa – é colocar o condenado a serviço da comunidade a exemplo de atendimento em creches, hospitais, ministrar aulas, doação de cestas básicas etc.

suspensão de direitos – é a suspensão temporária do direito a exemplo de proibir o médico de exercer a medicina por ter incorrido em erro prejudicando alguém.

XLVII - não haverá penas:a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;

b) de caráter perpétuo;c) de trabalhos forçados;d) de banimento;e) cruéis;

a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX => assim, somente haverá a possibilidade de aplicação de PENA DE MORTE quando o Presidente da República declarar guerra em decorrência de agressão estrangeira;

b) de caráter perpétuo => no Brasil não é admitido o efetivo recolhimento preso de um indivíduo por período superior a 30 (trinta) anos, mesmo que a pena aplicada seja superior;

c) de trabalhos forçados => trabalho forçado seria o que o detento tivesse que cumprir contra a sua vontade. Não se confunde com trabalho pesado (quebrar pedra, carregar pesos etc.). Seria forçado o detento que fosse obrigado pelo Estado a cortar papel para confetes;

d) de banimento => é a proscrição, o desterro, o expatriamento ou a expulsão definitiva ou temporária da comunidade ou sociedade a que pertence o indivíduo condenado, devendo o mesmo ir para outro País; é a expulsão, condenando um brasileiro a viver fora do país por determinado período. Não se confunde com a extradição, a qual só pode ser concedida se tratando de brasileiro naturalizado, conforme as normas constitucionais que serão estudadas adiante.

e) cruéis => são as penas que causam sofrimento físico e/ou psíquico ao condenado.

Eis um inciso bastante solicitado nos concursos, principalmente, em relação à pena de morte. A relação esgota as espécies de penas proibidas, é exaustiva (numerus clausus). Atenção especial em relação à pena de morte que, para surpresa de muitos, é prevista na Constituição, desde que, em caso de guerra declarada. A pena de morte está prevista do Código Penal Militar.

XLVIII – A pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado;

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A idéia que surge é a possibilidade de se querer recuperar o criminoso e evitar que os presídios se constituam em escolas do crime. Porém hoje, pelas condições do sistema carcerário brasileiro, só é possível a separação em relação ao sexo, as demais ainda estão por vir. Complementa o princípio da individualização da pena e tem como fim maior proceder a uma ‘seleção’ dos apenados com o objetivo de evitar a promiscuidade da comunidade carcerária, seja entre homens e mulheres, seja entre jovens e adultos, seja entre primários e contumazes etc..

XLIX – É assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;

Ninguém, por mais medonho, malfazejo ou inescrupuloso, merece sofrer alterações, por via de agressões, de sua constituição física ou saúde mental.

Do mesmo modo, não há no mundo alguém que, por mais, ou pior, que persiga se trilhar na marginalidade, haja perdido total e completamente o mínimo entendimento de seus valores pessoais íntimos, de forma que identifique esse nicho como um bem moral a ser considerado e respeitado por todos.

Nesse pé, a Constituição consagra os direitos e valores da condição de um indivíduo ser precisamente o que é: um ser humano, independente de estar em pleno exercício de seus direitos e liberdades positivados ou recolhidos, presos em estabelecimentos prisionais..

L – Às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos durante o período de amamentação;

Esta foi uma inovação trazida pela Constituição de 88, não havendo precedentes anteriores. O legislador constituinte percebeu que as apenadas são as mães e não seus filhos recém-nascidos e no período de aleitamento materno. Prestigia-se o direito da criança de receber o “leite da vida”, evitando que a pena da mãe se estenda, transcendendo, aos filhos infantes.

Cumpre ao Estado criar todas as condições no que concerne a instalações físicas (estabelecimentos prisionais especiais com trocador, berçário etc.), saúde (atendimento pediátrico), assistência (assistentes sociais, orientações higiênicas, psicólogos etc.).

LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;

Extradição ocorre quando um País entrega um indivíduo a outro Estado, que reclamou e requisitou essa pessoa, para responder a processo e, eventualmente, ser punido, em face de crime cometido no País que pediu a extradição.

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A regra, no Brasil, é a não extradição de brasileiros, quer se trate de natos (que jamais serão alvo de extradição), quer se trate de naturalizados.

As exceções que admitem a extradição do brasileiro naturalizado (= o que era estrangeiro e adquiriu a naturalização brasileira) são:

a) extradição do estrangeiro, quando requisitada, e desde que o fato delituoso por ele praticado no estrangeiro também seja considerado crime no Brasil;

b) extradição do brasileiro naturalizado, para o País que o requisitou, desde que a prática da infração tenha sido ANTES DA NATURALIZAÇÃO e que o fato delituoso por ele praticado no estrangeiro também seja considerado crime no Brasil. P ex.: 1) Suponha-se que o indivíduo naturalizou-se brasileiro e, em visita ao seu País de origem, tenha matado alguém e retornado para o Brasil antes da descoberta do crime de homicídio; já de volta ao Brasil, e descoberto o fato, o Brasil é quem o processará e aplicará a pena, acaso cabível, eis que o delito somente ocorreu quando o autor já era brasileiro. 2) Se, contudo, o estrangeiro matou alguém em seu ou em outro País e apenas depois veio a residir no Brasil, onde se naturalizou brasileiro, se o Estado, onde ocorreu o fato, requisitar a extradição para processar e punir esse indivíduo, o Brasil poderá entregá-lo, haja vista que a naturalização brasileira somente se deu depois do fato criminoso comum;

c) extradição do brasileiro naturalizado, quando houver comprovação de envolvimento na prática do crime de tráfico ilícito de entorpecentes ou drogas afins, pouco importando que a conduta tenha sido praticada antes ou depois da naturalização;

d) extradição do português equiparado, nas mesmas hipóteses do brasileiro naturalizado, mas apenas para Portugal

LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião;

O inciso ratifica o princípio fundamental da República Federativa do Brasil, respeitante ao pluralismo político, e justifica a concessão de asilo político como princípio de relacionamento internacional, conforme já estudamos anteriormente.

O Brasil não tem força jurídica para extraditar qualquer indivíduo estrangeiro e, por maiores razões, os brasileiros natos ou naturalizados, em face da prática de crime político ou de opinião.

Destacamos que é possível a extradição de estrangeiros, assim como a de brasileiros naturalizados, exceto se se tratar dos crimes descritos no inciso em estudo – os de natureza política ou de opinião.

No tocante às nomenclaturas utilizadas no estudo da extradição, faz-se necessário a explanação dos institutos da EXPULSÃO, bem como da DEPORTAÇÃO, nos seguintes termos:

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Expulsão – ocorre quando o motivo foi originário no próprio Estado, em virtude de atentado à segurança nacional, nocividade aos interesses nacionais, bem como violação a ordem política ou social, não precisando de provocação ou motivo externo.

É uma medida tomada pelo Estado, que consiste em retirar forçadamente de seu território um estrangeiro, que nele entrou ou permanece irregularmente, ou, ainda, que praticou atentados à ordem jurídica do país em que se encontra.

Sendo a expulsão ampla, mas não absoluta, pois mesmo sendo ato discricionário do Presidente da República, fica sujeito ao poder judiciário, se provocado, para verificar a conformidade do ato com a legislação em vigor.

Deportação – é a devolução compulsória de estrangeiro para o exterior, quando não ocorrer prática de delito, mas o não cumprimento dos requisitos para entrar ou permanecer no território e desde que o estrangeiro não se retire no prazo determinado.

JURISPRUDÊNCIA DO STF:

Há no princípio de inextraditabilidade de estrangeiro por crime político ou de opinião, uma insuperável limitação jurídica ao poder de extraditar do Estado brasileiro, que emerge como direito público subjetivo em favor do súdito estrangeiro (31/10/90, Min. Celso de Mello)

LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;

Este é o Princípio do Juiz Natural. “Juiz Natural é, aquele previamente conhecido, segundo regras objetivas de competência estabelecidas anteriormente à infração penal, investido de garantias que lhe assegurem absoluta independência e imparcialidade” (Fernando Capez, Curso de Processo Penal, 8ª edição, p.25).

LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;

Eis o importantíssimo princípio do devido processo legal, que se originou do inglês due process of Law, como aparece em alguns concursos.

Este princípio, que é o mais importante de todos aqueles que tratam do processo, diz respeito aos prazos e demais regras processuais, engloba inclusive outros princípios processuais como o do contraditório, o da ampla defesa e o da proibição da utilização de provas ilícitas.

LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;

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Litigantes, como indica o texto, são as partes que litigam ou que fazem parte ou estão em lide ou litígio. Lide é, a grosso modo, uma disputa em torno de algo (um direito), onde uma parte quer ou pretende, p. ex., exercitar um poder sobre um objeto e a outra parte resiste à pretensão da primeira porque também quer exercitar esse mesmo poder com exclusividade (conflito de interesses).

Acusados são os indivíduos a quem se atribui a prática de alguma infração de natureza criminosa, contraventora ou transgressora da disciplina.

O processo é o instrumento ou veículo de apuração para fins de investigação e aplicação do direito a um caso concreto posto à decisão, podendo ser judicial, quando submetido às Autoridades do Poder Judiciário em exercício de sua atividade típica, isto é, ao jurisdicionar ou dizer o direito, ou administrativo, se a tramitação se der perante as Autoridades Administrativas constituídas.

Para o inciso em estudo, no entanto, o mais importante é saber que assegura os princípios do contraditório e da ampla defesa.

Entende-se por contraditório a garantia que as partes têm de contradizer (dizer em sentido contrário, impugnar etc.) as produções de provas feitas pela outra parte com a qual litiga.

Por ampla defesa tem-se que a parte pode se utilizar de todos e quaisquer meios previstos, autorizados ou não proibidos em lei, a fim de demonstrar seu melhor direito, em face da outra parte. São exemplos os pedidos de diligências, produção de provas (testemunhal, pericial, vistorias, documental etc.), recursos para as instâncias superiores etc.

Cabe, entretanto, exceção ao princípio do contraditório. É o que ocorre no inquérito policial, que é uma espécie de procedimento administrativo. Neste, “não cabe o amparo do contraditório, pois há mero levantamento de indícios, os quais poderão instruir ou não a denúncia formal ou queixa crime; é um procedimento inquisitório.

LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos; Litigantes, como indica o texto, são as partes que litigam ou que fazem parte ou estão em lide ou litígio. Lide é, a grosso modo, uma disputa em torno de algo (um direito), onde uma parte quer ou pretende, p. ex., exercitar um poder sobre um objeto e a outra parte resiste à pretensão da primeira porque também quer exercitar esse mesmo poder com exclusividade (conflito de interesses).

Acusados são os indivíduos a quem se atribui a prática de alguma infração de natureza criminosa, contraventora ou transgressora da disciplina.

O processo é o instrumento ou veículo de apuração para fins de investigação e aplicação do direito a um caso concreto posto à decisão, podendo ser judicial, quando submetido às Autoridades do Poder Judiciário em exercício de sua atividade típica, isto é, ao jurisdicionar ou dizer o direito, ou administrativo, se a tramitação se der perante as Autoridades Administrativas constituídas.

Para o inciso em estudo, no entanto, o mais importante é saber que assegura os princípios do contraditório e da ampla defesa.

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Entende-se por contraditório a garantia que as partes têm de contradizer (dizer em sentido contrário, impugnar etc.) as produções de provas feitas pela outra parte com a qual litiga.

Por ampla defesa tem-se que a parte pode se utilizar de todos e quaisquer meios previstos, autorizados ou não proibidos em lei, a fim de demonstrar seu melhor direito, em face da outra parte. São exemplos os pedidos de diligências, produção de provas (testemunhal, pericial, vistorias, documental etc.), recursos para as instâncias superiores etc.

JURISPRUDÊNCIA DO STF:

é indubitável que a prova ilícita , entre nós, não se reveste da necessária idoneidade jurídica como meio de formação do convencimento do julgador, razão pela qual deve ser desprezada ainda que em prejuízo da apuração da verdade, no prol do ideal maior de um processo justo, condizente com o respeito devido a direitos e garantias fundamentais da pessoa humana, valor que se sobreleva, em muito, ao que é representado pelo interesse que tem a sociedade numa eficaz repressão aos delitos. É um pequeno preço que se paga por viver-se em Estado de Direito democrático. A justiça penal não se realiza a qualquer preço. Existem, na busca da verdade, limitações impostas por valores mais altos que não podem ser violados (Plenário do STF). No entanto, prestem atenção: no caso de legítima defesa, o STF tem

admitido este tipo de prova, é o que passaremos a estudar:

JURISPRUDÊNCIA DO STF: legítima defesa.

evidentemente, seria uma aberração considerar como violação à privacidade a gravação pela própria vítima, ou por ela autorizada, de atos criminosos, como o diálogo com seqüestradores, estelionatários e todo tipo de achacadores. Quem se dispõe a enviar correspondência ou a telefonar para outrem, ameaçando-o ou extorquindo-o, não pode pretender abrigar-se em uma obrigação de reserva por parte do destinatário, o que significaria o absurdo de qualificar como confidencial a missiva ou conversa (Min. Moreira Alves).

LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;

Eis o princípio constitucional penal de presunção da inocência de todos quantos sejam acusados (que é diferente de CULPADO) da prática de fato considerado delituoso, até que haja uma sentença penal, dizendo-o culpado definitivamente e contra a qual não se possa interpor qualquer recurso admitido no direito vigente.

ACUSADO é aquele a quem se atribui (ou imputa) uma conduta tida como crime ou fato delituoso.

INDICIADO é o acusado que está sendo investigado pela prática de um fato criminoso que se lhe atribuem.

RÉU é o indivíduo indiciado chamado a se defender em processo penal regular no qual está sendo responsabilizado pela prática de um crime ou delito.

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CULPADO é o réu que, após regularmente processado, onde lhe restaram garantidos e assegurados os direitos de ampla defesa e contraditório, não conseguiu ou logrou demonstrar para o aparelho judiciário a sua inocência.

APENADO é o réu culpado que, não demonstrando sua inocência, sofre ou recebe a aplicação de uma pena prevista na lei que violou (também chamado de reeducando).

Fiquem atentos! Poderá “cair” em qualquer prova de qualquer concurso que vocês fizerem. Em primeiro lugar, liguem-se no detalhe de que se trata de sentença penal, portanto, não se trata de processo civil, nem administrativo, como alguns examinadores “insensíveis” tentam nos induzir.

Iremos analisar que em face deste princípio constitucional ninguém será considerado culpado até o trânsito de sentença penal condenatória. Nada impede, entretanto, que possam ocorrer prisões. Ser preso é diferente de ser culpado. Alguns conceitos:

Prisão- pena ou prisão penal – é aquela imposta em virtude de sentença condenatória transitada em julgado com a finalidade de executar decisão judicial;

Prisão sem pena ou prisão processual – é aquela de natureza puramente processual imposta com finalidade cautelar, destinada a assegurar o bom desempenho da investigação criminal, do processo penal ou ainda da execução da pena ou ainda a impedir que solto, o sujeito continue praticando delitos;

Prisão temporária – é a prisão cautelar que ocorre por ordem do juiz, opera-se na fase do inquérito policial, tem duração de 5 dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade, é cabível quando imprescindível para as investigações do inquérito policial ou quando o indiciado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos necessários ao esclarecimento de sua identidade, ou quando houver fundadas razões da autoria ou participação do indiciado nos crimes de homicídio doloso, seqüestro ou cárcere privado, roubo, estupro....entre outros relacionados no inciso III, do art. 1º (Lei 7.960, de 21-12-1989, art. 1º e 2º). Decorrido o prazo de 5 dias de detenção, o preso deverá ser posto imediatamente em liberdade, salvo se já tiver sido decretada sua prisão preventiva (art. 2º, §7º);

Prisão preventiva - é a prisão cautelar decretada pelo juiz em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal, como garantia da ordem pública, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova de existência do crime e indícios suficientes da autoria (arts. 301 e 302 do Código de Processo Penal). Entre outras razões, decreta-se a prisão preventiva quando o acusado ameaça testemunhas ou, para evitar a fuga do acusado visando garantir a execução de eventual e futura sentença penal condenatória;

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Prisão em flagrante - é a prisão cautelar efetuada por qualquer pessoa quando a infração penal está ocorrendo ou acaba de ocorrer, quando o delito (crime) está flamando, queimando.

Sobre prisão em flagrante o Código de Processo Penal (Decreto-lei nº 3.689, de 3-10-1941) prevê:

Art. 301. Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito.

Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:I – está cometendo a infração penal;II – acaba de cometê-la;III – é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração;IV – é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração.

JURISPRUDÊNCIA DO STF

A presunção de inocência do acusado (art. 5º, LVII) não impede a prisão antes do trânsito em julgado de decisão condenatória (8/6/93, Min. Néri da Silveira).

O princípio constitucional da não-culpabilidade, de que decorre do art. 5º, LVII, não impede a utilização pelo Poder Judiciário das diversas modalidades de prisão cautelar (10/12/91, Min. Celso de Mello).

Por seis votos a cinco, o Pleno entendeu que a regra do art. 594 do CPP – “o réu não poderá apelar sem recolher-se à prisão, ou prestar fiança, salvo se for primário e de bons antecedentes, assim reconhecido na sentença condenatória” – continua em vigor não tendo sido revogada pela presunção de inocência do art. 5º LVII, da CF. (informativo STF).

O princípio da presunção de inocência (art. 5º, LVII) não impede a prisão do condenado por sentença ainda pendente de recurso (1/12/92, Min. Moreira Alves).

LVIII - o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei;

O inciso é explícito: se a pessoa se identificar por meio de documento bastante e suficiente para demonstrar às autoridades quem ela é (carteira profissional, carteira de habilitação, certificado de reservista militar, identidade profissional, emitida pelos Conselhos de Profissão etc.), não haverá identificação criminal. Porém, a própria Constituição diz que, em certos casos indicados na lei, independente da apresentação de documentos outros, haverá necessariamente a identificação criminal.

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Ser submetido à identificação criminal, às vezes, pode trazer algum constrangimento, mas, o mais das vezes, revela-se como meio e garantia de defesa do indivíduo, pois, não raro, as autoridades do Estado tentam responsabilizar inocentes.

Assim, nossa lei indica que a identificação criminal, como sendo aquela realizada por processo de impressão digital (datiloscópico) e fotográfica, deverá ocorrer nos casos de:a) acusado pela prática de homicídio doloso;b) fundada suspeita de falsificação do documento de identidade;c) haver registro policial do uso de outros nomes ou qualificações;d) haver registro de extravio de documento de identidade;e) o indiciado ou acusado não comprovar sua identidade civil em 48h;f) o estado de conservação ou o tempo de expedição do documento apresentado não permita a identificação essencial.g) haja envolvimento com organizações criminosas.

LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal;

Ação é o direito e o meio de acionar a função jurisdicional do Estado. Em outras palavras: o Poder Judiciário não age de ofício, faz-se necessário ser provocado. O Código Penal define (art. 100, §§ 1º e 2º).

Ação de iniciativa privada é promovida mediante queixa do ofendido;

Ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido. A ação pública é promovida pelo Ministério Público, mediante denúncia.

O prazo para o Ministério Público interpor a ação penal pública é de 5 dias se o réu estiver preso e de 15 dias se estiver solto ou afiançado (o prazo é contado da data em que o Ministério Público receber os autos do inquérito policial). Quando o Promotor perde o prazo, a vítima ou seu representante legal poderá propor a ação privada subsidiária da pública, na qual deverá o órgão ministerial funcionar como assistente obrigatório.

No sistema judiciário brasileiro o processo criminal somente pode ser deflagrado por denúncia ou queixa-crime, sendo a ação penal pública privativa do Ministério Público (art. 129, I da Constituição).

LX – a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigem;

A publicidade ampla e irrestrita dos atos processuais é, em princípio, a regra abraçada pelo Texto Maior, restando firme que, se a divulgação do ato puder ferir a intimidade das pessoas ou o interesse social, o processo correrá em segredo de justiça e os atos processuais serão praticados a portas fechadas (p. ex.: ações de separação, alimentos, divórcio, guarda de menores, quebra de sigilos telefônicos pelas CPI’s etc.).

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LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei;

Por força deste inciso, as únicas hipóteses em que alguém poderá ser preso será:

em flagrante delito (já discutido anteriormente) ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária

competente, casos de transgressão militar ou crime propriamente militar,

definidos em lei.

Atenção para as “cascas de banana” tais como: ordem de autoridade policial, ordem do promotor público. A prisão efetuada por força da hierarquia e da disciplina (não pelo juiz) é permitida pela Constituição apenas para as transgressões militares e crimes propriamente militares, que não caberão habeas corpus.

LXII – a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada;

São deveres inafastáveis da autoridade que realizar uma prisão qualquer, expedir as necessárias comunicações ao Juiz, informando-lhe quem foi capturado e preso e em que local está à disposição do Estado.

Por outro lado, surge o direito do preso de comunicar à sua família, ou a outra pessoa que assim o desejar (amigo, patrão, padre, pastor etc.), isso com o objetivo de preservar a integridade do preso, viabilizar os atos necessários à sua defesa, evitar os abusos e excessos contra o tutelado etc.

LXIII – o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado;

A autoridade civil ou militar que efetuar a prisão de alguém DEVERÁ informá-lo de que tem direito a ficar calado, o motivo por que e por ordem de quem está sendo preso, para onde está sendo levado, que sua prisão poderá ser informada a quem ele indicar, que tem direito a constituir um advogado etc.

LXIV – o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial;É um direito assegurado à pessoa tutelada saber quem está efetuando sua prisão, bem como o nome e o grau de autoridade do responsável pelo interrogatório. São aspectos importantes da solenidade e formalidades inquisitoriais, cujas inobservâncias, às vezes, revelam ilegalidade ou abuso no procedimento e conduzem à nulidade em benefício do detido.

O nosso Código de Processo Penal, no que respeita à prisão em flagrante, p. ex., diz, no art. 301, que “Qualquer do povo poderá e as

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autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito”.

A Constituição quer personificar a autoridade constituída (autoridade policial e agentes) ou a autoridade investida eventual (qualquer do povo).

LXV – a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária;

Ilegal é o ato prisional que inobserva os requisitos inafastáveis previstos na lei para lhe dar lisura ou regularidade.

A prisão procedida com inobservância dos mandos da lei DEVE SER liberada (revogada ou reconsiderada) pela autoridade JUDICIAL que a determinou (por pedido direto de reconsideração do ato, onde se evidenciem as ilegalidades) ou por autoridade, também judicial, de instância superior (por intermédio de habeas corpus, p. ex.).

LXVI – ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança;

Após efetivamente tutelado pelas autoridades do Estado, o indivíduo não pode permanecer em delegacias, devendo ser encaminhados para os estabelecimentos prisionais.

No entanto, a Carta Magna determina que o tutelado permaneça provisoriamente livre nos casos previstos por lei, com ou sem a prestação de fiança.

Exceto nas hipóteses de crimes dolosos, punidos com pena privativa da liberdade, se o réu já tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado, ou, em qualquer caso, se houver no processo prova de ser o réu vadio. O réu livrar-se-á solto independentemente de fiança, no caso de infração, a que não for, isolada, cumulativa ou alternativamente, cominada pena privativa de liberdade ou quando o máximo da pena privativa de liberdade, isolada, cumulativa ou alternativamente cominada, não exceder a 3 (três) meses.

A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração punida com detenção ou prisão simples.

Nos demais casos, a fiança será requerida ao juiz, que decidirá em 48 (quarenta e oito) horas.

Nos casos de prisão em flagrante pela prática de crime contra a economia popular ou de crime de sonegação fiscal, a liberdade provisória somente poderá ser concedida mediante fiança, por decisão do juiz competente e após a lavratura do auto de prisão em flagrante;

LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel;

Prisão civil é aquela que não é decretada com finalidades penais.

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Pelo simples fato de dever, ninguém será preso no Brasil, desde que a dívida não seja decorrência, obviamente, de fato típico criminoso. Mesmo aí, a prisão não seria pela dívida, mas sim pela prática de infração penal.

São elencadas duas hipóteses em que o devedor meramente civil poderá ser preso:

a) responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia => independente de ser homem ou mulher, desde que tenha a obrigação de prestar alimentos e não os tenha dado por ato da própria vontade e sem qualquer possibilidade de desculpa para a inobservância de sua obrigação diante do alimentado. A prisão será decretada pelo Juiz por um prazo de 1 (um) a 3 (três) meses;

b) depositário infiel => é o que não devolve a coisa que lhe foi entregue em depósito. Seja voluntário ou necessário o depósito, o depositário que o não restituir, quando exigido, será compelido a fazê-lo, sob pena de prisão não excedente a 1 (um) ano, e a ressarcir os prejuízos.

Entraremos na apreciação dos Remédios ou Garantias Constitucionais

LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;

Habeas corpus (tenhas o teu corpo) é o instrumento que garante o direito constitucionalmente assegurado de ir e vir; é a liberdade de locomoção assegurada no inciso XV deste artigo.

Atacará ato efetivo (p. ex.: prisão consumada) ou iminente (p. ex.: ameaça de prisão) praticado com violência ou coação (física ou psicológica), seja por autoridade pública (p. ex.: Juiz, Promotor, Procurador Federal ou de Justiça, Delegado de Polícia etc.) ou privada (p. ex.: médico em tutela hospitalar indevida, diretor de escola particular etc.) que impeça ou esteja ameaçando de impedir a livre locomoção de alguém.

A ilegalidade ocorre quando o ato está contrário às normas positivadas (p. ex.: recolher preso alguém sob o argumento de flagrante, sem ofertar-lhe a nota de culpa); o abuso de poder é o excesso presente no ato que não está contrario à lei (p. ex.: deixar de fixar fiança nos casos previstos em lei).

A coação será ilegal quando não houver justa causa, quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei, quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo, quando houver cessado o motivo que autorizou a coação, quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza, quando o processo for manifestamente nulo, quando extinta a punibilidade.

O habeas corpus poderá ser impetrado por qualquer pessoa, em seu favor ou de outrem, bem como pelo Ministério Público, independente de atuação de advogado, além da ordem poder ser dada ‘ex officio’ (independente

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de pedido e mediante verificação de iminência ou efetiva coação ilegal) por qualquer juiz ou tribunal, sendo gratuita sua impetração.

Não é excesso lembrar que a Constituição veda a concessão de habeas corpus para os casos de punições disciplinares militares (§ 2º do art. 142), mas como é sabido, não há nenhum óbice ao seu cabimento contra os crimes militares.

Hábeas corpus- Preventivo ou salvo condutoHábeas corpus- Repressivo ou ordem de solturaÉ conhecida como ação penal popular porque qualquer pessoa,

independentemente de qualquer condição, poderá impetrar a ordem.

LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data , quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;

O mandado de segurança (writ of mandamus) é considerado, em qualquer hipótese (mesmo para atacar ato de processo penal), uma ação de natureza civil, tendo seu campo de cabimento residual, ou seja, não cabendo o habeas corpus ou o habeas data, terá lugar a impetração do mandado de segurança.

Seu objetivo é a proteção de direito líquido e certo, sendo líquido, o direito constatável de plano; certo, quanto à existência dos fatos.

“Direto líquido e certo é o que se apresenta manifesto na sua existência, delimitado na sua extensão e apto a ser exercitado no momento da impetração” (Hely Lopes Meirelles).

A concessão da segurança depende do não cabimento, no caso concreto, de habeas corpus (tenhas o teu corpo) ou de habeas data (tenha os dados).

O responsável (agente coator) pela ilegalidade (ato manifestamente contrário à lei) ou abuso de poder (quando a autoridade ultrapassa os limites de suas atribuições ou se desvia das finalidades administrativas) tem que ser necessariamente uma autoridade pública (regular e legalmente constituída) ou um agente de pessoa jurídica (mesmo que de natureza privada) no exercício de atribuições do poder público (autoridade equiparada).

Poderá ser impetrado em benefício de qualquer pessoa, física ou jurídica, que sofra a ação ilegal ou abusiva, cabendo contra ato efetivo (Mandado de Segurança Repressivo) ou contra a ameaça da prática do ato (Mandado de Segurança Preventivo). Não é excesso lembrar que o mandado de segurança exige a subscrição por advogado legalmente habilitado.

O titular do direito líquido e certo tanto pode ser pessoa física como jurídica, nacional ou estrangeira, além das universalidades reconhecidas por lei, a exemplo do espólio e da massa falida e também órgãos públicos despersonalizados, mas dotados de capacidade processual (chefia do Poder Executivo, Mesa do Congresso, Senado, Câmara, Tribunal de Contas, Ministério Público, entre outros).

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Atenção: O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á decorridos 120 dias contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado (art. 8º, lei 1.533/51).

Mais informações: Lei nº 1.533, de 31.12.1951 e Lei nº 4.348, de 26.06.64, que estabelecem normas processuais relativas a mandado de segurança.

LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:a) partido político com representação no Congresso Nacional;b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;

Em relação ao mandado de segurança individual, apenas muda a parte impetrante (legitimidade ativa ou que pede a providência de segurança), sendo de Ordem Constitucional o estrito cumprimento das exigências.

Assim, tanto o partido político sem representação no Congresso Nacional, quanto a associação com menos de 1 (um) ano de funcionamento ou que tenha apenas existência de fato (= sem personalidade jurídica regular) NÃO são legitimados para impetrar a ação. Para que um Partido Político tenha representação no Congresso Nacional basta que tenha eleito um Deputado Federal ou um Senador da República.

LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania;

Injunção, para o vernáculo, significa imposição, ordem, força etc. Pois bem! Verificada a ausência de norma que viabilize o exercício de um direito ou garantia constitucionalmente assegurada, mas pendente dessa norma regulamentadora, o interessado manejará a ação de injunção requerendo à autoridade judiciária competente a ordem ou imposição de obrigação para que o Poder Público regulamente a situação em que seu direito não está sendo praticado por falta de regulamento.

Não se discute legalidade ou ilegalidade de leis nem se busca resolver litígios concretos com base no direito posto (positivado ou vigente). Quer-se demonstrar a impossibilidade de exercitar um direito, desde logo assegurado pela Constituição, em face da omissão na edição de norma regulamentadora, reclamando-se uma via para o seu exercício.

Interessante anotar que, segundo nossa doutrina e jurisprudência atual, o julgamento do mandado de injunção somente e apenas constata a AUSÊNCIA OU OMISSÃO DA NORMA REGULAMENTADORA de UM DIREITO OU LIBERDADE CONSTITUCIONALMENTE ASSEGURADOS ou, ainda, a IMPOSSIBILIDADE DO EXERCÍCIO DAS PRERROGATIVAS INERENTES À NACIONALIDADE, À CIDADANIA E À SOBERANIA (esta é relativa à popular e não à soberania estatal), fazendo a comunicação ao órgão

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responsável pela omissão e determinando a regulamentação do dispositivo em determinado prazo, mas não poderá ele próprio, o Poder Judiciário, em face da independência dos Poderes, legislar a matéria pendente de normatividade.

Competência para julgamento consultar: CF/88 art. 102, I, q (STF) e art. 105, I, h (STJ).

JURISPRUDÊNCIA DO STF :

o mandado de injunção nem autoriza o judiciário a suprir a omissão legislativa ou regulamentar, editando o ato normativo omitido, nem, menos ainda, lhe permite ordenar o ato concreto de satisfação do direito reclamado (21/3/90, Min. Sepúlveda Pertence).

o mandado de injunção, não se destina a constituir direito novo , nem a ensejar ao Poder Judiciário o anômalo desempenho de funções normativas que lhe são institucionalmente estranhas (como legislar). Reconhecido o estado de mora inconstitucional do Congresso Nacional - único destinatário do comando para satisfazer a prestação legislativa reclamada - e considerando que já houve comunicação e o Congresso absteve-se de cumprir a obrigação que lhe é constitucionalmente imposta, torna-se dispensável nova comunicação, assegurando-se aos impetrantes do mandado de injunção, desde logo, a possibilidade de ajuizarem ação de reparação de natureza econômica contra o Legislativo Federal (22/11/92, Min. Celso de Mello).

LXXII - conceder-se-á habeas data :a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público;b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;

a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público;

b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;

É o remédio constitucional para as pessoas, físicas ou jurídicas, obterem o conhecimento, ou a retificação, de informações registradas a respeito delas (de caráter pessoal, nos aspectos familiares, políticos, religiosos, econômicos etc.), em organismos governamentais ou privados com acesso ao público.

As fases são distintas e autônomas e não são aglutináveis no mesmo processo. Assim, para o pedido direto de retificação, necessário se faz que o impetrante tenha conhecimento prévio dos assentamentos pessoais.

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Em qualquer dos casos, somente se concederá a ordem de conhecimento ou de retificação se o requerimento direto do interessado houver sido indeferido em 48h, sendo esse pedido condição para o cabimento da ação de habeas data.

Tratando-se, como se trata, de obtenção de registros relativos à pessoa do impetrante, ou de sua retificação, somente o interessado poderá impetrar a ação.

Dica: “Não cabe Habeas data (CF, art. 5º, LXXII, letra a) se não houve recusa de informações por parte da autoridade administrativa” (Superior Tribunal de Justiça).

Mais informações: Lei nº 9.507, de 12.11.1997, que regulou o direito de acesso a informações e disciplinou o rito processual do habeas data.

LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;

A ação popular é um dos instrumentos deferidos pela Constituição para o exercício da cidadania. É de se perceber que o Texto Fundamental SOMENTE e APENAS legitimou o CIDADÃO para postular, mediante essa ação, a nulidade de ato que seja lesivo ao patrimônio público (próprio ou de que faça parte, isto é, da administração direta, autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista etc., das esferas Federal, Estadual ou Municipal), a nulidade de ato lesivo à moralidade administrativa, a nulidade de ato lesivo ao meio ambiente e a nulidade de ato lesivo ao patrimônio histórico e cultural.

Sabemos que cidadão é o nacional em pleno exercício de seus direitos cívicos e políticos (v. g., direito ao voto); esses dizem respeito à fiscalização do patrimônio e dos interesses sociais coletivos, a fim de evitar os desmandos e ingerências na coisa pública (ou de todos), objetivando a preservação dos valores para a entrega às gerações futuras.

“Na conceituação atual, lesivo é todo ato ou omissão administrativa que desfalca o erário ou prejudica a Administração, assim como o que ofende bens ou valores artísticos, cívicos, culturais, ambientais ou históricos da comunidade”. (Hely Lopes Meirelles)

A Constituição exige: propositura só por ELEITOR (elemento subjetivo da ação), ato ILEGAL e conseqüência LESIVA (elemento objetivo da ação).

Finalmente, o inciso isenta das despesas processuais o cidadão que propôs a ação com direção, consciência cívica, retidão de propósito etc., ao mesmo tempo em que deixa firme a responsabilidade pelo seu pagamento se estiver litigando em comprovada má-fé (p. ex.: utilizar a ação para impedir o agir administrativo de adversário político etc.).A Lei nº 4.717, de 29-6-1965, regula a ação popular e dispõe que: Art. 1º § 3º A prova da cidadania, para ingresso em juízo, será feita com o título eleitoral, ou com documento que a ele corresponda.

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Art. 1º § 4º Para instruir a inicial, o cidadão poderá requerer às entidades, a que se refere este artigo, as certidões e informações que julgar necessárias, bastando para isso indicar a finalidade das mesmas.

Para mais informações: Lei nº 4.717, de 29/6/1965 que regula a ação popular.

LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos;

O direito de acesso à justiça não poderá encontrar obstáculo de qualquer natureza. Todos aqueles que precisem da prestação da tutela jurisdicional e, por outro lado, não tiverem os recursos necessários e suficientes para custear as despesas processuais e honorários de advogados, sem que, com isso, sacrifiquem o sustento próprio e de sua família, declararão tais circunstâncias perante a autoridade judicial competente e obterão os benefícios da assistência judiciária gratuita.

LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença;

No inciso acima, duas são as situações em que o Estado responderá civilmente (com pecúnia ou dinheiro):

a) no caso de condenação por erro judiciário => para Luiz Antônio Soares Hentz, “opera com erro o juiz sempre que declara o direito a um caso concreto, sob falsa percepção dos fatos; a decisão ou sentença divergente da realidade conflita com os pressupostos da justiça, entre os quais se insere o conhecimento concreto dos fatos sobre os quais incidirá a norma jurídica”. Para o ilustre Professor, as principais causas do erro judiciário são: a) erro ou ignorância; b) dolo, simulação ou fraude; c) erro judiciário decorrente da culpa; d) decisão contrária à prova dos autos; e) erro provocado não imputável ao julgador; f) errada interpretação da lei; g) erro judiciário decorrente da aplicação da lei”;

Segundo Aguiar Dias, “ordinariamente, considera-se erro judiciário a sentença criminal de condenação injusta. Em sentido mais amplo, a definição alcança, também, a prisão preventiva injustificada”.

b) deixar alguém preso além do tempo determinado em sentença => o juízo das execuções penais não pode permitir que o apenado permaneça por mais tempo que o imposto na sentença penal condenatória. A presente situação distingue-se da anterior: lá há erro judiciário; aqui, excesso no cumprimento de pena ou ilegalidade no ato de prisão.

Percebam que o Estado é que irá indenizar. O erro judiciário poderá decorrer, por exemplo, de alguém permanecer preso por um crime que não haja

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praticado ou ter sido confundido com outra pessoa. O juiz que proferiu a sentença só será penalizado caso tenha agido com dolo.

Nos termos do art. 133 do Código de Processo Civil responderá por perdas e danos o juiz, quando:I – no exercício de suas funções, proceder com dolo ou fraude;II – recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, providência que deva ordenar de ofício, ou a requerimento da parte.

LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei:

a) o registro civil de nascimento;b) a certidão de óbito;

A lei dos Registro Públicos nº 6015/73, art. 30, regulamenta este preceito ao dispor:

Art. 30. Não serão cobrados emolumentos pelo registro civil de nascimento e pelo assento de óbito, bem como pela primeira certidão respectiva. (Redação dada pela Lei nº 9.534, de 10.12.97)

§ 1º Os reconhecidamente pobres estão isentos de pagamento de emolumentos pelas demais certidões extraídas pelo cartório de registro civil. (Parágrafo incluído pela Lei nº 9.534, de 10.12.97)

§ 2° O estado de pobreza será comprovado por declaração do próprio interessado ou a rogo, tratando-se de analfabeto, neste caso acompanhada da assinatura de duas testemunhas. (Parágrafo incluído pela Lei nº 9.534, de 10.12.97)

§ 3° A falsidade da declaração ensejará a responsabilidade civil e criminal do interessado. (Parágrafo incluído pela Lei nº 9.534, de 10.12.97)

LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data , e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania.

A gratuidade nas ações de "habeas corpus" e "habeas data" a que se refere a Magna Carta, somente o é quanto às despesas processuais, não se aplicando aos honorários advocatícios contratados.

Entenda-se: para os que comprovarem insuficiência de recursos, o Estado dará total e completa assistência judiciária (isenção de despesas processuais, assistência de advogado pela defensoria etc.). Para os que podem contratar seus advogados, pagando-lhes os honorários ajustados, as ações acima indicadas também ser-lhes-ão inteiramente gratuitas.

Quanto aos atos necessários ao exercício da cidadania, a gratuidade também é geral, pouco importando o aporte econômico do cidadão.

A Lei nº 9.265, de 12.02.1996, que regula este dispositivo, dispõe em seu art. 1º:

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“São gratuitos os atos necessários ao exercício da cidadania, assim considerados:

I - os que capacitam o cidadão ao exercício da soberania popular, a que se reporta o art. 14 da Constituição;II - aqueles referentes ao alistamento militar;III - os pedidos de informações ao poder público, em todos os seus âmbitos, objetivando a instrução de defesa ou a denúncia de irregularidades administrativas na órbita pública;IV - as ações de impugnação de mandato eletivo por abuso do poder econômico, corrupção ou fraude;V - quaisquer requerimentos ou petições que visem as garantias individuais e a defesa do interesse público.VI - O registro civil de nascimento e o assento de óbito, bem como a primeira certidão respectiva” (este inciso foi acrescentado pela lei nº 9.534, de 10.12.1997).

LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.

O inciso incluído pela EC nº 45/2004 quer dar rapidez e utilidade aos processos em curso tanto no âmbito administrativo quanto no judicial. A determinação de asseguração, no entanto, padece de efetividade imediata, pois que a Constituição, embora com boa intenção, utilizou-se de conceitos vagos e imprecisos quando adotou as expressões ‘razoável duração’ e ‘meios que garantam a celeridade’, sem estabelecer os indigitados prazos e respectivos mecanismos ou instrumentos à materialização.

No entanto, em se verificando certos instrumentos normatizados nos diplomas legais infraconstitucionais, como, por exemplo, o Código de Processo Civil, podemos visualizar a medida de antecipação da tutela, as liminares em ações cautelares (v.g. inominadas, que decorrem do poder geral de cautela do juiz; sustações de protestos de títulos cambiários; busca e apreensão; antecipação de provas etc.).

É necessário notar que a Constituição menciona a asseguração, mas não cria ela mesma as condições para célere terminação da prestação da tutela perseguida, nem cria os mecanismos para sua efetividade.

Tratando-se de proposição nova, de cunho nitidamente subjetivo quanto à primeira parte (razoável duração), os operadores do direito devem aguardar a evolução da aplicação do dispositivo, notadamente no que se refere ao entendimento do STF ou eventual lei que venha a regulamentá-lo.

§ 1º - As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.

A redação deste inciso deixa claro que normas deste artigo são de aplicabilidade imediata. Assim as estas normas constitucionais deverão ser aplicadas independentemente de qualquer situação. Apesar de existirem normas de eficácia contida, limitada, como já estudamos, o que o constituinte

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desejou foi especificar mecanismos para que os direitos consagrados fossem efetivados de forma imediata, se achando os meios cabíveis para tanto.

§ 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.

Este parágrafo demonstra a abertura cognitiva do sistema autopoiético constitucional. Qualquer direito só ingressará na ordem jurídica nacional passando por esta abertura, sob a égide da própria constituição.

§3º - Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.(parágrafo introduzido pela EC nº 45/2004)

As informações constantes neste e no próximo parágrafo, introduzidas pela EC nº 45/2004, certamente serão objeto dos próximos concursos públicos. Percebam que no caso do parágrafo 3º, esta nova norma Constitucional rompe com antiga Jurisprudência do STF segundo a qual os tratados internacionais tinham hierarquia de lei ordinária federal. Ressalte-se, que continuarão a ter, exceto no caso de tratados e convenções que reúnam os seguintes requisitos: disponham sobre direitos humanos e que sejam aprovados em dois turnos de votação na Câmara dos Deputados e no Senado Federal por três quintos dos votos dos respectivos membros. Nestes casos terá hierarquia semelhante a das emendas constitucionais, pois ingressarão pelos procedimentos de apreciação de uma emenda constitucional.

A conclusão que se deduz é que a incorporação do tratado internacional como norma de “status” constitucional ou de “status” infraconstitucional depende de um requisito de conteúdo material (que versem sobre direitos humanos) e da formalidade de sua aprovação pelo Congresso Nacional (realização de dois turnos e aprovação de três quintos dos votos dos respectivos membros de ambas as Casas), requisito de conteúdo formal.

§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão." (parágrafo introduzido pela EC nº 45/2004)

A interpretação deste parágrafo não nos traz maiores dificuldades de interpretação. O Tribunal Penal Internacional (TPI) foi criado em julho de 1998, e entrou em vigor no dia 1º de julho de 2002. O TPI tem por competência investigar e julgar indivíduos acusados das mais graves violações de direito internacional humanitário, os chamados crimes de guerra, de crimes contra a humanidade ou de genocídio. Diferente da Corte Internacional de Justiça (localizada na cidade de Haia, na Holanda), cuja jurisdição é restrita a Estados, o TPI analisará casos contra indivíduos; é também distinto dos Tribunais de crimes de guerra da Iugoslávia e de Ruanda,

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criados para analisarem crimes cometidos durante esses conflitos, sua jurisdição não estará restrita a uma situação específica. A jurisdição do TPI não será retroativa.

PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS IMPLÍCITOS: RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE

Ao examinar o conteúdo do §2º da lei 10.054/97, o STF proferiu decisão pela qual reconhece que a Constituição Federal contém princípio implícitos, a exemplo dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, além, como é óbvio, de diversos princípio expressos.

Lei 9.504/97 ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------§ 2º Nas unidades da Federação em que o número de lugares a preencher para a Câmara dos Deputados não exceder de vinte, cada partido poderá registrar candidatos a Deputado Federal e a Deputado Estadual ou Distrital até o dobro das respectivas vagas; havendo coligação, estes números poderão ser acrescidos de até mais cinqüenta por cento.

Ao decidir ação que se pedia a inconstitucionalidade do parágrafo 2º, da lei 9.504/97, o STF assim se posicionou: “ao primeiro exame, não surge a relevância de pedido no sentido de suspender-se preceito de lei que vincula o número de candidatos por partido às vagas destinadas à representação do povo do Estado na Câmara dos Deputados. Harmonia do preceito do § 2º do artigo 10 da lei n. 9504, de 30 de setembro de 1997, regedora das eleições de 1998, com os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade ínsitos na Carta da República (Adin n. 1.813-DF Liminar).

A doutrina oferece os seguinte conceitos:

Razoabilidade é a qualidade do que é congruente, lógico, ou seja, aquilo que se situa dentro de limites aceitáveis (standard de aceitabilidade), ainda que os juízos de valor que provocaram a conduta possam dispor-se de forma um pouco diversa.

Proporcionalidade é adequação entre os meios a serem utilizados e os fins que se pretenda atingir.

QUESTÕES PONTO 04 - DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS

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01. (MPU/93). Assinale a opção correta.

a) É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, admitida a licença e o controle prévio da publicação por motivo de segurança nacional ou para proteção da moral e dos bons costumes.

b) É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão independentemente de qualificação profissional formal.

c) Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.

d) É livre a manifestação do pensamento, mesmo no anonimato.e) É vedada a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de

internação coletiva.

02. (TTN/92 – AL). Assinale a assertiva correta.

a) ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude da lei.

b) ninguém será submetido a tratamento degradante, salvo para admissão de culpa em processo judicial, assegurada a ampla defesa.

c) ninguém será submetido a pena de morte, salvo em caso de crimes inafiançáveis ou imprescritíveis.

d) ao direito de resposta, proporcional ao agravo, não corresponderá indenização por dano à imagem.

e) é livre a manifestação do pensamento, admitido o anonimato.

03. (MPU/93). Assinale a opção correta.

a) É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato.b) É vedada a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares

de internação coletiva.c) É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de

comunicação,. Admitida a licença e o controle prévio da publicação por motivo de segurança nacional ou para a proteção da moral e dos bons costumes

d) São crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia, punidos com a pena de morte, os definidos em lei como hediondos.

e) Não haverá penas de caráter perpétuo ou de banimento, salvo em caso de guerra declarada autorizada pelo Congresso Nacional

04. (AGU/94). Assinale a opção correta.(Adaptada)

a) É livre a manifestação do pensamento, sendo permitido o anonimato. b) A criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas depende de

autorização do Poder Público.c) É inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas e de

dados, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal.

d) A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação de autoridade policial.

e) É livre a expressão de atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independente de censura ou licença

05. (TFC/93). Assinale a opção correta.

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a) É vedada a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva.

b) É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato.c) É livre a expressão da comunicação quando obtida licença prévia para tal. d) São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,

assegurado direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação, salvo, neste último caso, quando ocupante de cargo público eletivo.

e) É plena, e sem qualquer restrição, a liberdade de associação para fins lícitos.

06. (TFC/93). Assinale a opção correta.

a) A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação de autoridade policial encarregada de inquérito.

b) É inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, salvo, no último caso, por ordem de autoridade administrativa, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal.

c) É plena e incondicionada a liberdade de exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão.

d) A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou durante o dia, por determinação judicial.

e) É inviolável o sigilo de correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, em qualquer caso, por ordem judicial nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal.

07. (PFN/92). A casa é asilo inviolável do indivíduo, nela ninguém podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo

a) em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial

b) durante o dia por determinação judicialc) para prestar socorro, ou durante o dia, por ordem escrita e fundamentada de

autoridade policiald) em caso de flagrante delito ou para prestar socorro, ou, a qualquer momento,

por determinação judiciale) em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, a qualquer

momento, por ordem escrita e fundamentada de autoridade policial

08. (TTN/92–AM). Assinale a assertiva correta.

a) no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano.

b) a pequena propriedade rural, assim definida em lei, ainda que trabalhada pela família, poderá ser objeto de penhora, para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva.

c) no caso de eminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, mediante indenização prévia a título de remuneração pelo uso.

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d) a pequena propriedade rural assim definida em lei, mesmo que não trabalhada pela família não será objetivo de penhora para pagamento de débito decorrentes de sua atividade produtiva.

e) no caso de eminente perigo público, a autoridade poderá usar da pequena propriedade rural assim definida em lei, ao proprietário indenização prévia.

09. (TTN/92– AL). Assinale a assertiva correta.

a) a Lei pode estabelecer hipóteses de exclusão de sua apreciação pelo Poder Judiciário, ainda que presentes a lesão ou ameaça a direito.

b) é pública a votação dos jurados no processo do júri.c) não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação

legal.d) a lei penal não retroagirá, salvo nos casos de anistia fiscal.e) a prática do racismo constitui crime afiançável e prescritível, sujeito à pena de

detenção nos termo da lei.

10. (TTN/94-SP). Assinale a opção correta.

a) O civilmente identificado poderá ser submetido a identificação criminal, quando a administração penitenciária entender conveniente.

b) É vedada a ação privada nos crimes de ação pública.c) Ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade

competente.d) Admite-se a expulsão de estrangeiro por crime político atentatório aos direitos

humanos.e) São admissíveis, nos processos por crimes hediondos, as provas obtidas por

qualquer meio.

11. (TFC/93). Assinale a opção correta.

a) A pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento.

b) Aos autores pertence, vedada a sucessão hereditária, o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras.

c) No caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário caução prévia para indenização de eventual dano.

d) A lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em títulos da dívida pública, com cláusula de atualização monetária.

e) Todos têm o direito de peticionar aos Poderes Públicos, mediante pagamento de taxa remuneratória do custo administrativo, em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder.

12. (AFC/92). O direito ao contraditório e à ampla defesa, com os meios e recursos a

ela inerentes é :

a) comum aos litigantes apenas nas ações cíveis b) exclusivo do processo judicial penalc) assegurado apenas no processo administrativo de apuração de

responsabilidade

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d) exclusivo da autoridade que determinar a abertura de inquérito administrativoe) comum aos litigantes em processo judicial ou administrativo

13. (AFTN/91). Assinale a opção correta.

a) É plena a liberdade de associações para quaisquer fins.b) A criação de associações depende da autorização do poder públicoc) É obrigatória a associação para que o indivíduo goze dos direitos sociaisd) As entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm

legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente.e) As associações podem ser compulsoriamente dissolvidas ou Ter suas

atividades suspensas por ordem de autoridade administrativa, na forma da lei.

14. (TTN/92– PE). Conceber-se-á habeas corpus

a) para proteger direito líquido e certo quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do poder público

b) sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder

c) sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania

d) sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de expressão do pensamento ou de crença religiosa por ilegalidade ou abuso de poder

e) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoas do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público

15. (TTN/92–AL). Conceder-se-á habeas data

a) sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder

b) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público

c) sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício de direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania

d) para anular ato lesivo ao patrimônio de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural

e) para obter do Estado indenização por erro judiciário

16. (TFC/97). Assinale a opção que não contém direito ou garantia fundamental expressamente consagrado na Constituição Federal.

a) direito de herança b) direito de proteção à imagemc) individualização da pena, regulada por leid) prestação de assistência judicial gratuita aos hipossuficientes e) direito à irrestrita disposição do próprio corpo

17. (PFN/92). A função social da propriedade na Constituição permite

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a) a desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, resgatáveis no período de até vinte anos, e cuja utilização será definida em lei

b) a desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, observado o devido processo legal posto na lei, ressalvados os casos previstos na própria Constituição

c) a desapropriação por interesse social, para fins de reforma agrária, de imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos na Constituição mesma

d) no caso de iminente perigo público, que a autoridade competente, mediante autorização judicial, use da propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior

e) a desapropriação de imóvel rural, inclusive suas benfeitorias úteis e necessárias , por interesse social, para fins de reforma agrária, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, de valor real preservado, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão

18. (AGU/94). A função social da propriedade, como norma constitucional, permite (adaptada)

a) a desapropriação de imóvel rural, por necessidade pública, para fins de reforma agrária, mediante prévia e justa indenização em dinheiro.

b) a utilização de propriedade particular, no caso de iminente perigo público, mediante autorização judicial liminar, assegurada ao proprietário indenização ulterior, em caso de dano doloso.

c) a desapropriação de imóvel urbano, por utilidade pública, para quaisquer fins, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida pública.

d) a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não será jeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento.

e) a desapropriação, por motivo de segurança pública, mediante prévia e justa indenização em dinheiro, das glebas de qualquer região do País, onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas, para o assentamento de colonos e o cultivo de produtos alimentícios e medicamentosos.

QUESTÕES PONTO 04 - DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS - 2ª Parte – são necessários conhecimentos da

Jurisprudência do STF

01. (TTN/97). Assinale a assertiva correta (adaptada).

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a) As leis de ordem pública aplicam-se independentemente de proteção ao ato jurídico perfeito e ao direito adquirido.

b) O princípio da presunção de inocência impede a prisão provisória ou cautelar.c) A prisão civil por dívida do depositário infiel, em decorrência de contrato de alienação

fiduciária em garantia, contraria o disposto em tratado internacional de que o Brasil faz parte, revelando-se por isso, inconstitucional.

d) O mandado de injunção coletivo é plenamente compatível com a ordem constitucional brasileira.

e) Os direitos previstos em tratado internacional independente do tema nele previsto, têm, no ordenamento jurídico brasileiro, hierarquia constitucional.

02. (TTN/98) Assinale a assertiva correta (adaptada) :

a) Por intermédio do princípio da presunção de inocência, há necessidade de o Estado comprovar a culpabilidade do indivíduo, que é constitucionalmente presumido inocente, sob pena de voltarmos ao total arbítrio estatal.

b) A interceptação de comunicação telefônica pode-se realizar mediante autorização da autoridade judicial, policial ou fazendária.

c) O lançamento do nome do réu no rol dos culpados previsto no Código de Processo Penal é compatível com o princípio constitucional da presunção de inocência.

d) O depoimento do indiciado perante autoridade policial sem a presença de advogado é nulo de pleno direito.

e) A prova obtida de forma ilícita poderá ser utilizada em qualquer outro processo, vedada a sua utilização naquele para o qual foi originariamente obtida.

03. (TFC/97). Assinale a opção correta.

a) A lei de ordem pública pode desconsiderar legitimamente o direito adquirido.b) A lei pode excluir da apreciação do Judiciário certas ofensas a direitos individuais,

desde que o exija interesse público relevante.c) A lei não pode alterar a situação estatutária ou dado instituto jurídico sem afrontar

direito adquirido.d) O ato praticado de acordo com a legislação vigente ao seu tempo, e cujos efeitos já se

exauriram, não pode ser prejudicado por legislação posterior.e) A lei pode proibir que o Judiciário julgue questões envolvendo direitos individuais, em

tempos de crise econômica.

04 - (AFPS/2002/ESAF) Suponha que um rapaz, inconformado com o término de um longo namoro, queira vingar-se da antiga namorada, criando um sítio (site) na internet, em que divulga fotografias da moça, expondo-a ao público de modo vexatório. O rapaz, no sítio que criou, invoca a liberdade de expressão como fundamento do seu comportamento. À vista disso, assinale a opção correta.a) O comportamento do rapaz é ilegítimo do ponto de vista constitucional, porquanto aliberdade de comunicação somente protege a manifestação de idéias e pensamentos expressos por meio verbal – não protegendo a divulgação de fotografias.b) Demonstrado que o constituinte de 1988, ao elaborar o texto constitucional, não tinha em mente a internet como meio de comunicação, não se pode dizer que a garantia da liberdade de expressão possa ser invocada em casos de manifestações feitas em tal meio eletrônico.c) A moça retratada poderá pedir indenização pelos danos materiais que a divulgação das fotografias lhe tenha causado, mas, por conta da garantia da liberdade de expressão, não poderá exigir que as fotos sejam retiradas do site.d) Se a moça tiver sofrido prejuízo econômico com a divulgação das fotografias, poderá pedir indenização por danos materiais, que poderá ser cumulada com indenização por danos morais.e) Invocando o direito de resposta, será legítimo que a moça crie também um sítio na internet, em que divulgue segredos íntimos do antigo namorado, mantendo-o à

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disposição do público, enquanto o seu antigo namorado não desativar o sítio que desenvolveu.

05. (AGU/94). Assinale a assertiva correta (adaptada).

a) A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal não reconhece o postulado da proporcionalidade ou da razoabilidade como princípio constitucional.

b) O princípio da separação dos poderes impede que o juiz invoque o princípio da proporcionalidade como fundamento para a declaração de Inconstitucionalidade de uma lei

c) O princípio do direito adquirido oferece proteção contra mudanças de situações estatutárias e de institutos jurídicos.

d) A Constituição exclui, em qualquer hipótese, a extradição de cidadão brasileiroe) O direito de liberdade de expressão e de comunicação encontra limite na proteção que

a ordem outorga ao direito de imagem, à honra, à vida privada e à intimidade das pessoas

06. (AGU/94). Assinale a assertiva correta (adaptada).

a) A prática de racismo é passível de fiança. b) No Direito brasileiro não haverá juízo ou tribunal de exceção.c) O princípio de proteção do ato jurídico perfeito não é contemplado na Constituição.d) A Constituição proclama a liberdade de expressão, assegurando o direito ao anonimato

e o sigilo de fonte.e) Pode-se afirmar que, no direito brasileiro, o direito à vida e à incolumidade física são

direitos absolutos, no sentido de que nenhum outro previsto na Constituição pode sobre eles prevalecer, nem mesmo em um caso concreto isolado.

07. (AGU/96). Assinale a assertiva correta (adaptada)

a) Nos termos da Constituição, as normas constantes de tratados que asseguram direitos fundamentais são dotadas de hierarquia constitucional.

b) Ao prever uma modalidade regular de emenda e uma modalidade especial de revisão, a Constituição de 1988 combinou elementos que permitem classificá-la como uma Constituição ao mesmo tempo “rígida” e “flexível”.

c) Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, os direitos e garantias individuais protegidos com cláusula pétrea não são, necessariamente, apenas aqueles elencados formalmente no capítulo sobre os Direitos e Deveres Individuais e Coletivos.

d) a quebra de sigilo bancário constitui matéria de reserva do Judiciário, com o que somente autoridade desse Poder pode determinar o rompimento do segredo.

e) A incidência de cláusula pétrea sobre os direitos individuais obsta a que se proceda a alteração, ainda que de índole formal, nas disposições constantes desse capitulo.

08. (AGU/96). Assinale a assertiva correta (adaptada)

a) O princípio do direito adquirido protege o indivíduo contra a mudança do padrão monetário da moeda.

b) O princípio da presunção de inocência não obsta a que se determine a prisão preventiva de eventual acusado.

c) Todas as normas que tratam de direitos fundamentais na Constituição são auto- executáveis, tendo aplicação imediata.

d) A liberdade de consciência e de crença pode ser invocada para eximir-se de obrigação legal a todos imposta, sendo legítima, inclusive, a recusa de cumprimento de prestação alternativa.

e) É ilegítima a invocação do direito de permanecer calado perante Comissão Parlamentar de Inquérito

09. (AFTN/91). Assinale a opção correta (adaptada).

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a) Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral, são assegurados o contraditório e a ampla defesa com os recursos e meios a ela inerentes.

b) O civilmente identificado poderá sempre ser submetido a identificação criminal.c) A lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, a privação ou restrição

à liberdade, perda de bens, multa e banimento.d) Constitui crime imprescritível e afiançável a ação de grupos armados contra a ordem

constitucional e o estado democrático.e) A ação privada não substitui em qualquer hipótese o poder público nos crimes de ação

pública.

10. (TTN/98) Assinale a assertiva correta.

a) Nos termos da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a decisão proferida em mandado de injunção pode suprir a eventual omissão legislativa.

b) Segundo entendimento dominante na doutrina e na jurisprudência, é inconstitucional a fixação de prazo para a impetração de mandado de segurança.

c) O princípio da presunção de inocência não permite a prisão cautelar ou provisória.d) Na Constituição brasileira, consideram-se direitos fundamentais os direitos e garantias individuais e coletivos enumerados no Texto Magno, os direitos sociais, porém, não são considerados direitos fundamentais. e) A ação popular destina-se a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural.

11. (AFTN – set/94, adaptada). Assinale a assertiva correta.

a) Os tratados internacionais podem assegurar outros direitos e garantias de hierarquia semelhante à dos direitos e garantias elencados na Constituição.

b) Os direitos sociais também estão protegidos pela garantia de imutabilidade estabelecida na Constituição.

c) Os direitos e garantias individuais elencados na Constituição excluem outros, ainda que decorrentes do regime ou do sistema por ela adotado.

d) Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, não é de se considerar como princípio constitucional implícito o postulado da proporcionalidade ou da razoabilidade.

e) No sistema constitucional brasileiro, os direitos fundamentais apenas podem ser argüidos em face dos poderes públicos, não podendo ser invocados nas relações entre particulares.

12. (AFTN/96, adaptada). Assinale a opção correta.

a) Em regra as normas que tratam de direitos fundamentais na Constituição são auto- executáveis, tendo aplicação imediata

b) Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a escuta telefônica poderá ser efetivada, para fins de investigação criminal, bastando apenas que seja autorizada pelo juiz.

c) Princípio da presunção de inocência não é compatível com a prisão cautelar.d) Nos termos da Constituição Federal, os direitos previstos em Tratados têm hierarquia

constitucional.e) Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, o legislador ordinário não pode,

tendo em vista o princípio constitucional da individualização da pena, estabelecer que determinados crimes serão submetidos exclusivamente a regime prisional fechado.

13 - (Analista do Banco Central/2002/ESAF) A respeito do sigilo bancário é correto afirmar:

a) A sua quebra constitui matéria de reserva do Judiciário, com o que somente autoridade desse Poder pode determinar o rompimento do segredo.

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b) Uma decisão tomada em processo administrativo à base exclusivamente de informação sobre movimentação bancária de uma empresa, repassada por meios clandestinos à autoridade que preside ao processo, é nula.

c) Por se tratar de uma expressão do direito fundamental à privacidade, assume status de direito absoluto, sendo insuscetível de rompimento legítimo por qualquer autoridade do Poder Público.

d) A autoridade administrativa que preside a processo administrativo-disciplinar contra servidor público suspeito de envolvimento em ilícito administrativo grave pode determinar a quebra do sigilo bancário do servidor investigado.

e) Se quebrado por autoridade competente para tanto, as informações obtidas tornam-se de domínio público, podendo ser divulgadas ao público interessado em geral. GABARITO PONTO 04 - DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS1ª Parte – sem jurisprudência01 C art. 5º , I02 A art. 5º , II03 A art. 5º , IV04 E art. 5º , IX05 B art. 5º , IV06 D art. 5º , XI07 A art. 5º , XI08 A art. 5º , XXV 09 C art. 5º , XXXIX10 C art. 5º , LIII11 A art. 5º , XXVI12 E art. 5º , LV13 D art. 5º , XXI14 B art. 5º , LXVIII15 B art. 5º , LXXII, a16 E art. 5º , por eliminação17 B art. 5º , XXIV18 D art. 5º ,XXVI

PONTO 04 - DIREITOS INDIVIDUAIS E COLETIVOS 2ª Parte - jurisprudência

01 D art. 5º , XXXVI; jurisprudência (b,c,d,e)02 A art. 5º , LVII; jurisprudência03 D art. 5º , XXXVI04 D art. 5º , LIX; jurisprudência (e)05 E art. 5º , IX e X06 B art. 5º , XXXVII07 C art. 5º , § 2º08 B art. 5º , LVII, jurisprudência (b)09 A art. 5º , LV10 E art. 5º , LXXIII; jurisprudência (a,b,c,d) 11 D art. 5º , jurisprudência12 A art. 5º , LVII, e jurisprudência13 BCONTINUAÇÃO DOS EXERCÍCIOS REFERENTES AOS DIREITOS INDIVIDUAIS E COLETIVOS

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1 (Juiz Substituto – TRT 11ª Região -2005) - Em se tratando da liberdade de associação, a Constituição prevê(A) a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial.(B) a estabilidade absoluta do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura até um ano após o final do mandato.(C) a obrigatoriedade da filiação e da contribuição a sindicato, que será descontada em folha.(D) o direito de o aposentado filiado votar e ser votado nas organizações sindicais.(E) o registro do sindicato no órgão competente, como forma de o Poder Público autorizar a sua fundação e participar da organização sindical.

2 (Juiz Substituto – TRT 11ª Região -2005) - Segundo a Constituição, a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando(A) a defesa da cidadania estiver ameaçada.(B) o processo envolver autoridades públicas.(C) a defesa da intimidade não prejudicar o interesse público à informação.(D) se tratar de investigação criminal.(E) se tratar de prestação de contas do uso de recursos do fundo partidário.

3 (Analista Judiciário – Área Administrativa – 11ª Região – 2005) - Entre os Direitos e Deveres Individuais e Coletivos, previstos no artigo 52 da CF, inclui-se:(A) nenhuma pena passará da pessoa do condenado, não podendo, em nenhuma hipótese, a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser estendida aos sucessores e contra eles executadas.(B) é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo regulamentado pelo Poder Público o exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e suas liturgias.(C) o mandado de segurança coletivo não pode ser impetrado por partido político com representação no Congresso Nacional, bem como por organização sindical e entidade de classe.(D) conceder-se-á habeas data sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.(E) a todos é assegurado, independentemente do pagamento de taxas, o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder.

4 (Analista Judiciário – Área Judiciária – 11ª Região – 2005) - Entre. Para a realização de uma passeata em determinado local público objetivando reivindicar melhorias salariais, o sindicato responsável pela manifestação pacifica necessita:(A) de autorização da autoridade competente.(B) somente de prévio aviso à autoridade competente.(C) demonstrar a conveniência da manifestação.(D) locar o espaço público pelo preço estipulado pela municipal idade.(E) cadastrar os manifestantes após a autorização da autoridade competente.

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5 (Auditor – TCE/MG – 2005) - A Constituição brasileira determina que se considera crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, na forma da lei,(A) o tráfico ilícito de entorpecentes. (B) o crime de responsabilidade. (C) o terrorismo.(D) a prática de racismo.(E) a prática de tortura.

6 (Auditor – TCE/MG – 2005) - Por motivo de convicção política, ao completar dezoito anos, Ernesto recusa-se a realizar seu alistamento eleitoral, assim como a cumprir qualquer prestação alternativa que se lhe queira exigir, ainda que prevista em lei. Nessa hipótese, a atitude de Ernesto é(A) incompatível com a Constituição, pois ninguém pode eximir-se de cumprir obrigação legal a todos imposta.(B) albergada pela Constituição, que prevê possibilidade de objeção de consciência nesses exatos termos.(C) passível de punição mediante imposição de pena restritiva de liberdade, por se configurar atentado contra a soberania do Estado brasileiro.(D) causa para suspensão de seus direitos políticos, em função da recusa de cumprimento de prestação alternativa prevista em lei.(E) parcialmente compatível com a Constituição, pois esta permite recusa a cumprimento de prestação alternativa, mas não da obrigação principal.

7 (Procurador TCE/MA – 2005) - A Constituição federal assegura indistintamente a todos a gratuidade(A) de assistência jurídica integral.(B) da certidão de matricula imobiliária.(C) do mandado de segurança.(D) da ação de habeas data.(E) do mandado de injunção.

8 (Procurador TCE/MA – 2005) - Possui aplicabilidade imediata e eficácia contida a norma constitucional segundo a qual(A) ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, senão em virtude de lei.(B) a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu.(C) a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiência.(D) é livre o exercício de qualquer trabalho, oficio ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer.(E) ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado.

9 (Procurador TCE/MA – 2005) - A Constituição federal estabelece que não haverá pena de morte, salvo em caso de guerra declarada de acordo com procedimento estabelecido pela própria Constituição. Na hipótese de a República Federativa do Brasil vir a ser parte de tratado internacional celebrado

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no ano corrente, no bojo do qual se vede a instituição de pena de morte, sem exceções,(A) a norma decorrente do tratado revogará a norma constitucional, em decorrência do princípio segundo o qual, havendo duas normas de mesmo grau hierárquico, a posterior revoga a anterior.(B) o tratado internacional será equivalente a uma emenda constitucional, se aprovado, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros.(C) o tratado internacional não terá o condão de alterar o conteúdo da norma constitucional, na medida em que esta é mais favorável á liberdade do que aquela contida no tratado.(D) a norma constitucional terá sua eficácia suspensa pelo advento do tratado internacional, que, por determinação da própria Constituição, tem aplicabilidade imediata, por conter norma definidora de um direito fundamental.(E) somente terá validade a norma decorrente do tratado internacional no âmbito da jurisdição de Tribunal Penal Internacional cuja criação o Estado brasileiro tenha manifestado adesão.

10 (Auditor – TCE/PI – 2005) - Considerando que, nos termos da Constituição, todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à igualdade, será inconstitucional a lei que(A) instituir tratamento diferenciado para empresas conforme o impacto ambiental de seus produtos e serviços.(B) favorecer as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede e administração no pais.(C) estabelecer alíquotas diferenciadas de imposto sobre a propriedade territorial urbana (IPTU) de acordo com a localização e o uso do imóvel.(D) assegurar gratuidade na prestação de assistência jurídica integral pelo Estado aos que comprovarem insuficiência de recursos.(E) estabelecer diferença tributária entre bens e serviços em razão de sua procedência ou destino.

11 (Procurador – TCE/PI – 2005) - Em matéria de direitos fundamentais, a Constituição Federal assegura(A) ampla e irrestrita liberdade de exercício profissional e de associação.(B) a prestação de assistência religiosa nas entidades de internação coletiva e nos estabelecimentos públicos e privados de ensino.(C) aos litigantes em geral o contraditório e a ampla defesa, sendo admissíveis, portanto, as provas obtidas por quaisquer meios.(D) o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização, por dano material, moral ou à imagem.(E) a livre manifestação do pensamento, o anonimato e a inviolabilidade do sigilo das comunicações telefônicas.

12 (Analista Judiciário – Área Judiciária – TRE/MG – 2005) - São requisitos para a quebra do sigilo fiscal e bancário, dentre outros:(A) autorização judicial e facultatividade da manutenção do sigilo.(B) determinação de Comissão Parlamentar de Inquérito e individualização do investigado e do objeto da investigação.

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(C) determinação da Receita Federal ou do 8anco Central e dispensabilidade dos dados em poder desses órgãos.(D) autorização judicial exclusiva e integral observância do principio do contraditório em qualquer fase da investigação.(E) requisição do Ministério Público e utilização dos dados obtidos para qualquer investigação.

13 (Analista Judiciário – Área Administrativa – TRE/MG – 2005) - A liberdade de locomoção(A) é protegida pelo habeas corpus, desde que o sujeito ativo seja o Estado.(B) obsta o confinamento de pessoas em razão de medidas de defesa da saúde pública.(C) é assegurada não só às pessoas, mas inclui o seu patrimônio.(D) é plenamente assegurada em tempo de paz ou de guerra e ainda que esta não esteja deflagrada.(E) diz respeito a um direito pessoal, razão pela qual não se estende ao patrimônio.

14 (Analista Judiciário – Área Judiciária – TRT 3ª Região – 2005) - A Constituição Federal é expressa ao prever, apenas para os reconhecidamente pobres, a gratuidade(A) no exercício do direito de petição junto aos poderes públicos, para esclarecimentos de situações pessoais.(8) das ações de habeas corpus e de habeas data.(C) na obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos.(D) do registro civil de nascimento e de casamento.(E) na prestação de assistência jurídica integral pelo Estado.

15 (Técnico Judiciário – Área Judiciária – TRT 3ª Região – 2005) - A Constituição brasileira assegura expressamente o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente da violação do direito(A) da liberdade de consciência e de crença. (B) da liberdade de reunião e associação.(C) da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das pessoas.(D) de livre exercício dos cultos religiosos.(E) ao sigilo de correspondência e das comunicações telegráficas.

16 (Técnico Judiciário – Área Administrativa – TRT 3ª Região – 2005) - Ao proclamar a casa como asilo inviolável do individuo, a Constituição Federal garante ao morador que ninguém nela poderá penetrar sem o seu consentimento, salvo em certas hipóteses, como a de(A) busca de provas de delitos, durante o dia, por determinação de autoridade policial.(B) inspeções determinadas por autoridades sanitárias, durante o dia, para combate a epidemias.(C) busca e apreensão de documentos, de dia ou de noite, desde que por determinação judicial.(D) prestação de socorro, por particulares ou autoridades públicas, de dia ou de noite.

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(E) vistorias no imóvel, para fins de desapropriação, realizadas durante o dia, por determinação de autoridade administrativa.

Gabarito:

1) D2) C3) E4) B5) D6) D7) D8) D9) B10) E11) D12) B13) C14) E15) C16) D

EXERCÍCIOS SOBRE OS REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS

1 (Procurador TCE/MA – 2005) - Por intermédio da Emenda Constitucional nSl 16, de 1965, à Constituição brasileira então vigente, atribuiu-se ao Supremo Tribunal Federal competência originária para processar e julgar "representação contra inconstitucionalidade de lei ou ato de natureza normativa, federal ou estadual, encaminhada pelo Procurador-Geral da República". Referido instrumento originou, posteriormente, no sistema de controle de constitucionalidade brasileiro,(A) o mandado de segurança.(B) o recurso extraordinário.(C) a ação direta de inconstitucionalidade.(D) o mandado de injunção.(E) a ação direta interventiva.

2 (Auditor – TCE/PI – 2005) - São feitas, a seguir, três afirmações sobre garantias fundamentais na Constituição:I. Qualquer cidadão é parte legitima para ajuizar ação civil pública que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público.II . A falta de norma regulamentadora que tome inviável o exercício de prerrogativa inerente à cidadania enseja propositura de mandado de injunção.III. O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político com representação no Congresso Nacional.SOMENTE está correto o que se afirma em(A) I e II. (B) I e III. (C) II e III. (D) I.

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(E) II.

3 (Procurador – PGE/SE – 2005) - Consideradas O Presidente de uma Associação de Amigos de Bairro, legalmente constituída e em funcionamento desde janeiro de 2003, ao participar de manifestação contrária à decisão do Poder Executivo local de propor a alteração do zoneamento urbano municipal, foi detido por Delegado de Polícia ali presente, sob a alegação de prática de incitação ao crime e desacato. Diante dessa situação, observada a legitimação ativa adequada para a espécie e com vistas ao desfazimento do ato da autoridade policial, seria possível a impetração de(A) mandado de injunção.(B) habeas corpus.(C) mandado de segurança coletivo. (D) habeas data.(E) ação civil pública.

4 (Analista Judiciário – Área Administrativa – TRE/MG – 2005) - No mandado de segurança preventivo(A) inexiste a aplicação do prazo decadencial de cento e vinte dias.(B) o prazo para a impetração é de cento e vinte dias e de natureza prescricional.(C) o impetrante terá cento e oitenta dias para a impetração e o prazo é decadencial.(D) o prazo para a impetração é de cento e vinte dias, podendo ocorrer sua suspensão ou interrupção.(E) também incide o prazo prescricional de cento e vinte dias.

Gabarito:1) C2) C3) B4) A

PONTO 05 – DIREITOS SOCIAIS

OBS: Esclarecemos que só iremos analisar o art. 6 e o 7º até o inciso X, só para demostrar como deve ser o estudo, pois este é o segundo maior artifo da Constituição.

Os direitos sociais são objeto do Capítulo II, arts. 6º ao 11º, do Título II, da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Como vimos este Título também compreende os direitos e deveres individuais e coletivos (capítulo I), os direitos de nacionalidade (capítulo III), os direitos políticos (capítulo IV) e os partidos políticos (capítulo V).

São aqueles que se direcionam a inserção das pessoas na vida social, tendo acesso aos bens que satisfaçam suas necessidades básicas. Visam ao bem-estar da pessoa humana. Têm especial preocupação com as camadas mais carentes da população e aqueles que, por uma ou outra razão, não podem obter esses benefícios de modo independente, como no caso de velhice, desemprego, infância, doença, deficiência física ou mental, etc. De

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certa forma procuram proteger os mais fracos, atendendo a uma finalidade de igualdade final ou uma vida condigna para todos.

As normas são necessárias e necessárias são também as providências para cumpri-las. A democracia precisa de ambas, norma e ação.

Destinatários dos Direitos Sociais –

Art. 6º - todas as pessoas.Art. 7º - direitos dos trabalhadores, próprios de suas relações de

emprego, bem como os direitos coletivos dos trabalhadores.

Art. 3º da CLT – “considera-se empregado todo pessoa física que prestar serviço de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário”.

CF/88 Art. 6º - São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.

Os direitos sociais foram meramente indicados no artigo 6º, CF, acima posto, mas explicitados em Títulos, Capítulas ou Seções próprias, consoante se verá oportunamente.

A grosso modo, porém, sociais são os direitos inerentes ao bem-estar social e, notadamente, os que visam à prestação de assistência à saúde da população, o amparo dos desvalidos na velhice ou no infortúnio laborativo ou econômico-social etc, objetivando o crescimento da comunidade, oportunizando os meios, e o pleno desenvolvimento do homem, enquanto tal, construindo uma sociedade solidária etc.

A moradia só foi introduzida como direito social pela Emenda Constitucional nº 26, de 14-2-2000. Assim, esta “novidade” poderá ser solicitada nos próximos concursos. A segurança também é direito individual, constando no art. 5º caput, da Constituição como vimos.

CF/88 Art. 7º - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:

Percebam, em primeiro lugar, que o Constituinte põe em pé de igualdade o trabalhador urbano e o rural. Em seguida, os direitos dos trabalhadores não são apenas os que estão relacionados neste artigo 7º. Outros existem. Os que estão presentes neste artigo são os que o Poder Constituinte originário entendeu que mereciam especial realce. Alçou-os à categoria de direitos constitucionalmente assegurados. Desta forma, tornou-os cogentes, obrigatórios. Por isto, o legislador ordinário (o Congresso Nacional), através da lei trabalhista, não poderá mitigá-los (reduzí-los).

Trabalhador é toda pessoa que exerce atividade produtiva. Não se confunde com empregado (trabalhador subordinado, para serviço não eventual,

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a empregador determinado com quem mantém relação de emprego e mediante o pagamento de salário periódico) que é espécie do gênero.No art. 3º da CLT encontra-se o conceito de empregado: “considera-se empregado toda pessoa física que preste serviço de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário”.

Assim, também como os empregados, são espécies de trabalhadores:

a) os servidores estatutários (sob regime especial);

b) os eventuais => os que prestam trabalho subordinado diretamente para o beneficiário do seu serviço, cuja existência pode ser múltipla, e SEM continuidade, o que descaracteriza a relação de emprego;

c) os temporários => são os que trabalham para uma empresa que é contratada por tempo certo e determinado para a prestação de um serviço (João, digitador, é contratado da empresa ‘A’, prestadora de serviços de digitação para as empresas ‘B’; a relação jurídica trabalhista de João é com a empresa ‘A’, que não se beneficia dos trabalhos de digitação feitos em favor de ‘B’; por sua vez, a empresa ‘B’ não exerce os poderes de orientação, fiscalização e disciplinar sobre João, que não é seu empregado; o contrato entre as empresas é de natureza civil);

d) os avulsos => são os arrebanhados por um sindicato, que não é empregador e não tem fim lucrativo, para executar uma tarefa em favor de alguém, que também não é seu empregador. O beneficiário do trabalho entrega o dinheiro dos avulsos ao sindicato para realização dos pagamentos (p. ex.: estivadores);

e) os autônomos => são contratados por alguém para prestar um serviço especializado, independente de resultado, mediante o pagamento de um preço ajustado, sem que o contratante exerça os poderes de empregador ou o contratado se submeta às ordens daquele. Prestado o serviço, encerrada está a relação (p. ex.: advogado, médico, contador etc.).

f) Trabalhador rural é “... a pessoa física que presta serviços de natureza rural a empregador, mediante remuneração de qualquer espécie” (art. 3º, § º, letra ‘a’, Lei Complementar n.º 11/71).

A Constituição, embora não faça de modo direto, dirige seu conteúdo protetivo para o trabalhador empregado, entendido este como “aquele que vende seu trabalho a outrem, sob uma condição de subordinação” (Celso Ribeiro Bastos).

I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos;

Despedida arbitrária é aquela feita por puro capricho do empregador.Para dar eficácia plena a este dispositivo, faz-se necessária a

promulgação da lei complementar por ele prevista. O Constituinte, entretanto,

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previu no artigo 10 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias - ADCT, regras transitórias que vigoram desde 05 de outubro de 1988 e assim irão permanecer até que a lei complementar seja editada. São elas:

CF/88 ADCT - Art. 10 - Até que seja promulgada a lei complementar a que se refere o art. 7º, I, da Constituição:I - fica limitada a proteção nele referida ao aumento, para quatro vezes (40% = 4x10%), da porcentagem prevista no art. 6º, caput e § 1º, da Lei nº 5.107, de 13 de setembro de 1966; (Este inciso trata da multa do FGTS por dispensa arbitrária que era de 10% e passou para 40%).II - fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa: a) do empregado eleito para cargo de direção de comissões internas de prevenção de acidentes - CIPA, desde o registro de sua candidatura até um ano após o final de seu mandato;b) da empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto.

JURISPRUDÊNCIA DO TST SOBRE O ART 10 DO ADCT :

O suplente da CIPA goza de garantia de emprego prevista no art. 10, inciso II, alínea a, do ADCT da Constituição da República de 1988 (Enunciado TST/339). Percebe-se que a Jurisprudência dilargou o âmbito de proteção subjetiva da norma constitucional.

Atualmente, o valor da indenização é de 40% (quarenta por cento) sobre o valor do crédito de Fundo de Garantia do Tempo de Serviço a que tem direito o empregado.

Obs.: A lei complementar n.º 110/2001 elevou o valor da multa para 50% (cinqüenta por cento) sobre os mesmos valores indicados, mas o empregado continua recebendo os mesmos 40% (quarenta por cento), sendo o restante destinado ao pagamento da atualização monetária não implementada quando dos planos econômicos Collor e Verão. Vê-se que, além de ser uma lei casuísta, é de duvidosa constitucionalidade.

II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;

Serve para promover a assistência financeira temporária ao trabalhador desempregado, em virtude de dispensa sem justa causa, auxiliando-o na busca de novo emprego.

Aviso aos desavisados. As questões dos concursos costumam utilizar termos como seguro desemprego em caso de desemprego “voluntário”. Desemprego involuntário é aquela situação que se encontra aquele que ficou desempregado “sem justa causa”, ou seja, não deu motivos para a demissão.Motivo para a existência da regra: o desemprego não é apenas um problema pessoal, é, sobretudo social.

Observado o preenchimento dos requisitos legais pelo trabalhador desempregado involuntariamente, o gozo do benefício será conferido em quotas de salário-desemprego por um período variável na lei específica que

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rege a matéria, contado da data de dispensa que deu origem à primeira habilitação.

É um direito exclusivo e intransferível, ou seja, somente o que perdeu involuntariamente o emprego poderá solicitá-lo e não poderá ser passado de um beneficiário para outra pessoa qualquer. A concessão cessará quando desaparecidas as razões do deferimento do direito.

III – fundo de garantia do tempo de serviço (FGTS).

Depósito efetuado pelo empregador em conta bancária do empregado, pelo número do PIS (Programa de integração social), sob gestão da Caixa Econômica Federal.O fundo é uma reserva de capital a ser entregue ao empregado, quando da sua passagem para a situação de aposentado. O seu empregador recolhe mensalmente um percentual sobre a sua remuneração, depositando em uma conta individual remunerada, com o fim de preservar o valor monetário.

Foi criado em substituição ao regime de estabilidade a que tinha direito o trabalhador que completasse 10 (dez) anos de trabalho na mesma empresa. Nessa época, quando um estável era demitido ou dispensado imotivadamente, o empregador deveria lhe pagar, a título de indenização, uma remuneração por ano de serviço prestado.

Criada a alternativa de depósitos homeopáticos para fazer frente essa indenização, e substituí-la, em que o desembolso era integral e imediato, começaram os desvirtuamentos nas hipóteses de levantamento dos depósitos do fundo.

Hoje, inúmeras são as hipóteses de saque para os mais variados fins: aquisição de imóvel, tratamento de câncer no próprio trabalhado ou dependente econômico seu, aplicação em mútuos de privatização, extinção normal do contrato de trabalho, dispensa imotivada etc.

Trata-se de um direito assegurado a todo trabalhador, urbano e rural, empregado. Vale o registro: para os empregados domésticos, o FGTS é facultativo, por decisão do empregador doméstico, mas, uma vez registrado, torna-se obrigatório. Existe um projeto de lei em andamento no Congresso Nacional para tornar obrigatório o recolhimento também para os domésticos, mas ainda não foi decidido!!!!!!

IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;

As palavras em negrito dão as características mais marcantes do salário mínimo. Este dispositivo constitui o mais morbidamente irônico de todos os que compõem o texto constitucional, que seria até cômico se não fosse trágico. O salário mínimo está previsto desde 1934.

A Constituição garante o pagamento de, pelo menos, um salário mínimo, que terá o mesmo valor no território Nacional, com estabelecimento e reajuste periódico em lei. A lei referida é de competência do Congresso Nacional, com sanção do Presidente da República, admitido o tratamento por meio de

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medidas provisórias, conquanto seja inadmitido o seu estabelecimento por via de decretos, portarias etc.

Pelo dispositivo em estudo, os vetores do mínimo unificado são o suporte para atendimento das despesas de moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, o que, hoje, não traduz a realidade econômica, sendo uma quimera o mandamento constitucional.

É valorável registrar que a proibição para uso do salário mínimo como indexidor (valor referência) da economia (v.g. atos comerciais: fixar o preço do aluguel em números de salários mínimos) sofre restrições em decorrência de interpretações jurisprudenciais relativamente ao estabelecimento de parcelas trabalhistas ou mesmo de pensão alimentícia em números ou percentuais do salário mínimo, sendo tais casos exceção à regra de proibição.

V – piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho;

Piso salarial não se confunde com salário mínimo. O primeiro é o mínimo fixado para a categoria laborativa, a título de salário profissional, por intermédio de negociações coletivas entre os sindicatos patronais e de empregados, não podendo o empregador, que eventualmente disponha do trabalho de participantes da categoria, pagar-lhe menos que o salário mínimo profissional. O segundo, já vimos, é o mínimo básico para qualquer trabalhador.

Se, p. ex., o nosso salário mínimo nacional é de R$ 350,00 (trezentos e cinquenta reais), e, por intermédio das negociações coletivas, os vigilantes, como categoria profissional organizada, conquistaram o salário base de R$ 600,00 (seiscentos reais), os empregadores de vigilante somente poderão pagar como mínimo profissional esse segundo valor sobre o qual incidirão, eventualmente, horas extras, adicional noturno etc.

Novamente atenção ao trocadilho nas questões de concursos. Eles tendem a colocar, erroneamente, a expressão piso salarial “proporcional ao tempo de serviço”.

VI – irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo;

A regra geral reside na impossibilidade de o empregador poder reduzir, unilateralmente, os salários de seus empregados.

Cumpre registrar, porém, que a ressalva fica a cargo das negociações coletivas (acordos coletivos e convenções coletivas), em que poderá haver a redução dos salários e da jornada de trabalho para atender a uma situação de estagnação econômica por que o setor produtivo venha passando, como recentemente ocorreu, p. ex., com os metalúrgicos do ABC, na fábrica da Volks Wagem.

As Negociações Coletivas, são o gênero em que se dividem em duas espécies:

a) Acordos Coletivos => quando a negociação tem âmbito de abrangência relativamente pequeno ou reduzido, envolvendo de

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um lado, p. ex., uma determinada empresa ou grupo de empresas (não necessariamente com assistência do sindicato patronal) e, do outro lado, a categoria profissional (NECESSARIAMENTE representados pelo sindicato da categoria);

b) Convenções Coletivas => é a negociação em nível de categorias econômicas (patrões) e profissionais (empregados), ambos por intermédio dos sindicatos respectivos, obrigando a todos os empregadores e empregados vinculados à categoria em negociação.

Princípios básicos de proteção jurídica ao salário:

1) Irredutibilidade: que é condicionada a negociação coletiva, com a participação obrigatória dos sindicatos;2) Inalterabilidade Prejudicial: são inalteráveis por ato unilateral do empregador e prejudicial ao empregado;3) Impenhorabilidade: salvo para pagamento de pensão alimentícia (CPC art. 643, IV);4) Intangibilidade: não podem sofrer descontos, salvo os previstos em lei, em convenção;

VII – garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável;

Após garantir o mínimo geral e o mínimo profissional, a Magna Carta vem garantir aos que trabalham sob regime de remuneração variada, como, p. ex., os que percebem comissões sobre vendas, o recebimento de pelo menos um salário mínimo, eis que ele representa a quantidade menor em dinheiro capaz de atender as necessidades vitais do trabalhador e de sua família, sem a qual o trabalhador será ultrajado em sua condição e dignidade de pessoa humana.

As gorjetas na podem ser aproveitadas pelo empregador para complementação do salário mínimo (Enunciado nº 290 do TST).

VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria;

O décimo terceiro salário é a gratificação paga a todo trabalhador empregado, e aos aposentados, pelo advento das festas natalinas, com o fim de proporcionar um congraçamento harmonioso do trabalhador com sua família e a comunidade onde ele se insere.

No Brasil, o pagamento deve ser feito em duas parcelas: a metade até o mês de novembro e a segunda até o dia 20 de dezembro.

A lei prevê, ainda, o 13º proporcional para o empregado novo e para o dispensado sem motivos: se alguém somente começou a trabalhar para outrem em agosto de certo ano, receberá 5/12 (avos) do 13º, referentes aos meses de agosto a dezembro; do mesmo modo, se alguém foi dispensado sem motivos, no mês de julho de certo ano, receberá, proporcionalmente, 7/12 (avos) de 13º.

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Segundo a lei reguladora, o empregado que trabalhou 15 dias ou mais de um mês, tem direito a receber o 13º pelo mês integral para efeitos de cálculo.

O trabalhador da atividade privada pode requerer que a primeira parcela seja paga junto com as férias.

IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;

O art. 73 da CLT considera noturno a trabalho executado entre 22 horas de um dia às 5 horas do dia seguinte para trabalhadores urbanos. O trabalho rural é diferenciado quanto à atividade sendo, das 21 horas até as 5 horas para a lavoura e das 20 horas até as 4 horas do dia seguinte para pecuária.

O trabalhador que permanece a noite acordado para prestar serviços a seu empregador é obrigado a adaptar e condicionar sua própria natureza humana, invertendo seu ‘relógio biológico’, perdendo a normalidade do convívio com seus entes queridos, tendo de resolver sua questões pessoais e comerciais por intermédio de terceiros etc., não sendo justo que seu trabalho viesse a ser igualmente remunerado como o dos trabalhadores diurnos.

Portanto, a Constituição determina o pagamento de um adicional noturno sobre o salário contratual num mínimo de 20% (vinte por cento) para os trabalhadores urbanos e 25% (vinte e cinco por cento) para o trabalhador rural.

X – proteção do salário na forma da lei, constituindo crime a sua retenção dolosa;

O salário é um direito e um bem do trabalhador, com o qual ele se mantém e à sua família, sendo intangível, quer parcial, quer integralmente.

Qualquer desconto não previsto em lei (exemplo de desconto legal: previdência, contribuição sindical, faltas injustificadas, imposto sobre a renda etc.), será tido como abusivo, indevido e ilegal.

Por maiores razões, a retenção (que é total) dolosa (intencional, direta e sem qualquer causa justificadora) pelo empregador será considerada crime, conforme dispuser a lei.

Conclui-se, por exclusão, que, se a retenção se der por culpa do empregador (negligência, imprudência ou imperícia), não será hipótese criminosa porque não é contemplada no inciso constitucional, nada obstando que a normatização ordinária assim preveja.

TRABALHADORES DOMÉSTICOS – DIREITOS CONSTITUCIONAIS

Têm sido objeto de provas de diversos concursos questionamento a respeito de quais os direitos sociais que a Constituição assegurou aos trabalhadores domésticos. É fundamental que você saiba bem cada um destes incisos citados no parágrafo único do art. 7º. Ânimo, é só conferir:

Art. 7º Parágrafo único - São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VIII, XV, XVII, XVIII, XIX, XXI e XXIV, bem como a sua integração à previdência social.

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DIREITOS CONSTITUCIONAIS DOS TRABALHADORES DOMÉSTICOS

salário mínimo (inciso IV); irredutibilidade do salário, salvo convenção ou acordo coletivo (inciso VI); décimo terceiro salário (inciso VIII); repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos (inciso XV); gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais (inciso

XVII); licença à gestante durante 120 dias (inciso XVIII); licença paternidade (inciso XIX); aviso prévio, sendo no mínimo de 30 dias (inciso XXI); aposentadoria (inciso XXIV).

FGTS E SEGURO DESEMPREGO DOS TRABALHADORES DOMÉSTICOS

É importante frisar que a Constituição não assegurou o FGTS e o seguro desemprego ao trabalhador doméstico. Tais direitos foram concedidos pela Lei nº 10.208 de 23.03.2001, que alterou a Lei 5.859 de 11.12.72, que dispõe sobre a profissão de empregado doméstico. Esta lei facultou a inclusão do empregado doméstico no FGTS, mediante requerimento do empregador (art. 3º-A), bem como assegurou aos inscritos no FGTS, que forem dispensados sem justa causa, o benefício do seguro desemprego aos que tenham trabalhado como doméstico por um período mínimo de 15 meses nos últimos 24 meses (art. 6º-A, caput e §1º).

Curiosidade sobre o trabalhador doméstico:

A empregada doméstica goza ou não da proteção constitucional que veda a dispensa arbitrária ou sem justa causa da gestante desde a confirmação da gravidez até 5 meses após o parto, prevista da CF, art. 10, II, “b” do ADCT?

Resposta: Para Sérgio Pinto Martins “é indevida a garantia de emprego à empregada doméstica” (pág. 369), porque a doméstica não foi aquinhoada com esse direito (previsto no inciso I, do art. 7º) no parágrafo único do art. 7º da CF/88.

Alguns conceitos básicos relacionados ao trabalho:

Categoria profissional – diz respeito a entidade sindical representativa dos empregados.

Categoria econômica – é a entidade sindical representativa dos empregadores.

Entidade sindicais – compreendem o sindicato, a federação e a confederação. O art. 533 da CLT (decreto-lei nº 5.452, de 1º de maio de

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1943) dispõe que constituem associações sindicais de grau superior as federações e confederações.

Sindicato – sua área territorial mínima é de um município.

Federação – é a organização de 5 ou mais sindicatos cuja base territorial corresponde geralmente a Estado (CLT, art. 534 caput e §2º). Exemplos: Federação dos Trabalhadores da Construção Civil do Estado de Pernambuco. Federação das Empresas da Indústria da Construção Civil do Estado de Pernambuco.

Confederação – as confederações organizar-se-ão com o mínimo de 3 federações e terão por sede a Capital da República (CLT, art. 535). Exemplos: Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura, Confederação Nacional dos Transportes.

QUESTÕES PONTO 05 - DIREITOS SOCIAIS

01 TN/92-PE). É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:

a) é facultativa a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho

b) a lei disporá sobre os termos da autorização do Estado para a fundação de sindicatos

c) ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicatod) é admitida a criação de tantas organizações sindicais quantas

deliberarem os trabalhadores de uma mesma categoria profissional ou econômica para atuação numa mesma base territorial, que será definida pelos interessados

e) ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos e individuais da categoria exclusivamente nos processos administrativos.

02 - (TTN/92–AM). Assinale a assertiva correta.

a) a fundação de sindicato exige autorização prévia do Estado.b) ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou

individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas.

c) é livre a criação de organizações sindicais, em qualquer grau, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados não podendo ser inferior à área de um Município.

d) é obrigatória a filiação a sindicato.e) é facultativa a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de

trabalho.

03 - (TTN/94- PE). É direito do trabalhador urbano e rural:

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a) irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo

b) piso salarial proporcional ao tempo de serviçoc) remuneração do serviço extraordinário cem por cento superior à do

normald) seguro-desemprego em caso de desemprego voluntárioe) aviso prévio proporcional ao tempo de contribuição previdenciária

04 - (MTb/98) Assinale a assertiva correta.

a) É facultado aos sindicatos a participação nas negociações coletivas de trabalho.

b) Não é permitida a criação de mais de uma organização sindical, representativa de uma mesma categoria profissional, em uma mesma base territorial.

c) A fundação de sindicato deverá ser homologada no órgão estatal competente

d) O aposentado não tem direito a participar de organização sindical.e) A contribuição para custeio do sistema confederativo da representação

sindical é obrigatória para todos os membros da categoria profissional

05 - (MTb/98) Assinale a assertiva correta (adaptada).

a) A moradia não consta no art. 6º da Constituição com Direito Social.b) Extingue-se em dois anos, na vigência do contrato de trabalho, o direito

do trabalhador de reivindicar créditos resultantes de relações do trabalhoc) Nos termos da Constituição Federal, o aviso-prévio poderá ser inferior a

30 dias.d) Nos termos da Constituição Federal, o salário do trabalhador pode sofrer

redução com base em convenção ou acordo coletivo.

06 - (AGU/98) Assinale a assertiva correta.

a) A liberdade sindical constitucionalmente assegurada não permite a criação de mais de um sindicato, representativo de uma mesma categoria profissional ou econômica, por base territorial

b) A contribuição fixada pela assembléia geral para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva é obrigatória para filiados ou não-filiados.

c) A participação dos sindicatos nas negociações coletivas pode ser dispensada se os trabalhadores designarem diretamente os seus próprios representantes.

d) As normas que integram o capítulo referente aos direitos sociais são normas constitucionais programáticas.

e) A Constituição Federal assegura um direito de greve absoluto ou irrestrito

07 - (MTb/98) Assinale a assertiva correta.

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a) Segundo o entendimento dominante do Supremo Tribunal Federal, os direitos sociais são insuscetíveis de alteração mediante emenda constitucional.

b) Extingue-se em dois anos, para o trabalhador urbano, o direito de reivindicar créditos resultantes de relações do trabalho

c) Nos termos da Constituição Federal, o aviso-prévio poderá ser inferior a 30 dias.

d) Nos termos da Constituição Federal, o salário do trabalhador pode sofrer redução com base em convenção ou acordo coletivo.

e) A participação nos lucros da empresa é um direito inalienável do empregado.

GABARITO – PONTO 05 DIREITOS SOCIAIS

01 – C02 – B03 – A04– B05– D06 - A07 - D

OUTROS EXERCÍCIOS SOBRE OS DIREITOS SOCIAIS

1 (Auditor – TCE/MG – 2005) - São feitas, a seguir, três afirmações sobre a liberdade de associação sindical na Constituição.I. Ninguém será obrigado a filiar-se ou manter-se filiado a sindicato, salvo disposição estatutária em contrário.II. É obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho.III. O empregado ocupante de cargo de direção sindical poderá ser dispensado, na vigência de seu mandato, se cometer falta grave nos termos da lei.SOMENTE está correto o que se afirma em(A) I.(B) II.(C) I e II. (D) I e III. (E) III e III.

2 (Procurador TCE/MA – 2005) - São feitas, a seguir, três afirmações sobre a liberdade de associação sindical na Constituição de 1988.I. O aposentado filiado tem direito a votar, porém não a ser votado, nas organizações sindicais.II. São vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical.III. Cabe ao sindicato a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas.SOMENTE está correto o que se afirma em(A) I

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(B) II.(C) I e II. (D) I e II. (E) II e III.

3 (Auditor – TCE/PI – 2005) - A Constituição autoriza expressamente que seja objeto de acordo ou convenção coletiva de trabalho(A) a remuneração do serviço extraordinário em valor inferior a 50% à do normal.(B) o prazo prescricional da ação que verse sobre créditos trabalhistas.(C) a remuneração adicional das férias anuais em valor inferior a 1/3 do salário.(D) a compensação de horários e a redução da jornada de trabalho.(E) a duração da licença à gestante em período inferior a 120 dias.

4 (Procurador – TCE/PI – 2005) - Encontra-se previsto como direito social na Constituição Federal(A) o direito à assistência jurídica e integral gratuita.(8) o direito à moradia.(C) a função social da propriedade.(D) a gratuidade do registro civil de nascimento e da certidão de óbito.(E) o direito de as presidiárias permanecerem com seus filhos durante o período de amamentação, no mínimo trinta dias.

5 (Técnico Judiciário – Área Judiciária – TRT 3ª Região – 2005) - Dentre os direitos sociais expressamente assegurados pela Constituição se incluem o direito ao(A) lazer, à moradia e à proteção à infância. (B) trabalho, à vida e à educação.(C) livre exercício de qualquer profissão, ao trabalho e segurança.(D) piso salarial, à propriedade e à educação.(E) gozo de férias, à propriedade e à saúde.

6 (Técnico Judiciário – Área Administrativa – TRT 3ª Região – 2005) - Visando à proteção da mulher nas relações de trabalho, a Constituição Federal prevê, no capitulo dos direitos sociais, a(A) proibição de diferença de salários e de critério de admissão em função do sexo.(B) concessão de licença de noventa dias à trabalhadora gestante, sem prejuízo do emprego e do salário.(C) proibição de dispensa da trabalhadora gestante durante a gravidez.(D) proibição de trabalho perigoso e insalubre para as trabalhadoras.(E) possibilidade de permanência dos filhos da trabalhadora no local de trabalho, durante o período da amamentação.

Gabarito:1) E2) E3) D4) B5) A

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6) A

PONTO 06 – DA NACIONALIDADE

6.1 - Nacionalidade é qualidade da pessoa que é integrante de uma determinada sociedade politicamente organizada. É uma situação jurídica, definida pelo Estado, em relação à qual a pessoa será considerada nacional ou estrangeiro.

6.2 - Conceitos paralelos –

Estrangeiro – é aquele a quem o direito interno não atribuir a qualidade de nacional.

Apátrida ou heimatlos –, é aquele que não é reconhecido como nacional por nenhum Estado soberano (país).

Polipátrida – é aquele que é aceito como nacional por mais de um Estado.

O conjunto dos nacionais forma o povo de um país, ao passo que a população será constituída de todos os residentes no seu espaço territorial (estrangeiros, apátridas, etc.). O primeiro conceito é político e o segundo, geográfico.

Não se confunde nacionalidade com cidadania, que, em sentido estrito, é a qualidade de ser eleitos e, e, sentido mais amplo, abrange a inserção da pessoa na sociedade a que pertence, incluindo o vínculo de direitos e deveres entre uma pessoa e o Estado.

6.3 - Formas de aquisição da Nacionalidade –

ORIGINÁRIA – ou primária, é a que se adquire quando se nasce.DERIVADA – ou secundária, é obtida voluntariamente.

6.4 - Critérios para o reconhecimento –

Pode ser por dois critérios: Ius sanguinis (filiação) Ius soli (local do nascimento ou territorialidade)

No primeiro caso será nacional o filho de nacionais, e no segundo a nacionalidade será conseqüência do nascimento no território do Estado. Em regra, os Estado que recebem imigrantes adotam o critério da territorialidade e os que sofrem emigração seguem o critério da paternidade. Cresce a adoção do critério misto, como o Brasil.

Os direitos de nacionalidade são objeto do Capítulo III, arts. 12 e 13, do Título II, da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Como vimos, este Título também compreende os direitos e deveres individuais e

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coletivos (capítulo I), os direitos sociais (capítulo II), os direitos políticos (capítulo IV) e os partidos políticos (capítulo V).

A nacionalidade é a relação jurídica que vincula uma pessoa a determinado Estado, conferindo-lhe direitos e impondo-lhe obrigações, sem embargo das prerrogativas e privilégios a todos conferidos (não extradição, foro penal exclusivo etc.).

O estabelecimento da nacionalidade é de suma importância no que toca ao exercício dos direitos políticos, cívicos e de cidadania, além da ocupação de certos cargos considerados estratégicos para a segurança e estabilidade do Brasil (p. ex.: votar, ser votado, propor ação popular, ser Presidente da República etc.).

Art. 12 - São brasileiros:

I - natos:a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país;b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil;c) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que venham a residir na República Federativa do Brasil e optem , em qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira;

Em primeiro lugar, é importante fixar que a Constituição esgota todas as hipóteses para que alguém possa ser considerado brasileiro nato. Assim, a lei ou a medida provisória jamais poderão estendê-las. Brasileiros natos são aqueles que adquirem a nacionalidade através do nascimento. A doutrina denomina de nacionalidade primária ou originária, que resulta da combinação dos critérios de origem sanguínea (ius sanguinis) e de origem territorial (ius solis).

A primeira parte da alínea “a”, adota o critério do solo (ius solis) pelo qual se considera nacional o indivíduo que for nascido em solo nacional, ainda que nascido de pais estrangeiros. No entanto, a CF/88, não adotou este critério de forma absoluta, pois, o associa a um requisito funcional negativo na segunda parte da alínea : desde que seus pais estrangeiros não estejam a serviço de seus respectivos países de origem. Isto se dá como forma de respeito a soberania do Estado que reconhece aquele cidadão.

A alínea “b” adota o critério sanguíneo (ius sanguinis), pelo qual se considera nacional o indivíduo que for descendente de outro nacional, ainda que nascido no estrangeiro. No entanto, condicionou este ao requisito funcional positivo: desde que quaisquer dos pais estejam exercendo serviço em missão oficial em nome do Brasil.

A alínea “c” também combina o critério sangüíneo (ius sanguinis) com o requisito de residência no Brasil e a livre manifestação da vontade pela nacionalidade brasileira (opção).

Nos termos da Jurisprudência do STF a opção pela nacionalidade brasileira só pode ser feita após alcançada a maioridade,  por ser ato

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personalíssimo. O menor que venha a residir no Brasil, sendo filho de pais brasileiros, é considerado brasileiro nato para todos os efeitos, mas que, atingida a maioridade, enquanto não manifestada a opção, esta passa a constituir-se em condição suspensiva da nacionalidade. “A opção definitiva só é admitida após a maioridade civil, até porque não é incomum, conforme o direito comparado, que a eleição da nacionalidade brasileira possa implicar a perda pelo optante da nacionalidade do país de seu nascimento”. No recurso especial, o MPF contestava decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que concedeu apenas o registro provisório de nascimento aos menores. A instituição pedia para ser deferida a nacionalidade brasileira como forma de possibilitar o exercício de todos os direitos fundamentais à pessoa humana, inclusive o direito ao voto. Por unanimidade, os ministros negaram provimento ao recurso. (RE 415957, Rel. Min. Sepúlveda Pertence)

II - naturalizados:a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.

Considera-se brasileiro naturalizado aquele que adquire a nacionalidade, não pelo nascimento, mas através de um ato de vontade. Conhecida por nacionalidade secundária, adquirida ou voluntária.

Na primeira parte da alínea “a”, percebe-se pela expressão “nos termos da lei” que a aquisição da nacionalidade submete-se à expressa reserva legal. Em seguida, há um critério facilitador dirigido aos originários de países de língua portuguesa, para os quais a Constituição exige apenas dois requisitos: residência por um ano e idoneidade moral. Países de língua portuguesa são aqueles em que o português é língua oficial. Além de Portugal e do Brasil, são: “Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe” (Gramática Contemporânea da Língua Portuguesa,José de Nícola/Ulisses Infante, 11ª edição, pág. 16) .

A alínea “b”, trata de hipótese mais restrita para aquisição da nacionalidade, tendo em vista o requisito de residência no Brasil há mais de 15 anos ininterruptos. Soma-se a este o de não haver condenação penal. E, por fim o requisito vontade em obter a nacionalidade brasileira, manifestada através da expressão “desde que requeiram”.

§ 1º - Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor dos brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição.

Não é demais realçar que os direitos dos portugueses são aqueles atribuídos ao brasileiro naturalizado e não ao brasileiro nato. Vale ressaltar que depois da reforma Constitucional de Portugal, acabou a reciprocidade que

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existia entre Brasileiros e Portugueses, ficando esta regra inócua. Os Portugueses serão tratados da mesma forma que qualquer nacional de países da língua portuguesa, ou seja, art. 12, II, a.

§ 2º - A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição.

Esta isonomia é objetiva, ou seja, a própria lei tratará os casos desiguais com as suas respectivas desigualdades. Este parágrafo traz advertência dirigida ao legislativo, pois, salvo as distinções constantes da Constituição, a lei não poderá estabelecer outras distinções entre brasileiros natos e naturalizados.

As distinções previstas na Constituição, já estudadas por nós, são :

a) Extradição (art. 5º, LI) – o brasileiro nato nunca poderá ser extraditado. O Brasil não pode entregar seus filhos natos para serem penalmente executados por outros países. Já o brasileiro naturalizado poderá ser extraditado em duas hipóteses:

se estiver comprovadamente envolvido com tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, não só tráfico internacional, mas também tráfico interno, praticado antes ou depois da naturalização;

se tiver praticado crime comum antes da naturalização. Se o praticou depois da naturalização, não poderá ser extraditado por esse motivo.

b) Restrição do exercício de determinados cargos a brasileiros natos - cargos relacionados no art. 12, §3º, vistos acima;

c) Restrição do cargo de membro do Conselho da República a brasileiros natos - art. 89, VII;

d) Brasileiros natos e brasileiros ou naturalizados há mais de 10 anos a propriedade de empresas jornalísticas e empresas de radiodifusão sonora ou de sons e imagens, inclusive a gerência; somente eles poderão gerir a empresa e estabelecer o conteúdo da programação (art. 222).

§ 3º - São privativos de brasileiro nato os cargos:

I - de Presidente e Vice-Presidente da República;II - de Presidente da Câmara dos Deputados;III - de Presidente do Senado Federal;IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;V - da carreira diplomática;

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VI - de oficial das Forças Armadas.VII - de Ministro de Estado da Defesa.

Os quatro primeiros incisos relacionam aqueles cargos que serão chamados a substituir o Presidente da República, em caso de impedimento ou de vacância do cargo de Presidente e de Vice-Presidente (CF, art. 80). Atenção especial ao último inciso (VII), acrescentado pela Emenda Constitucional nº 23/99: não são todos cargos de Ministros de Estado privativos de brasileiro nato, mas, apenas, o de Ministro da Defesa., pois diz respeito a questões de segurança nacional.

Atenção também deve ser dada ao inciso V: qualquer cargo da carreira diplomática só poderá ser ocupado por brasileiro nato e não somente o cargo de chefe de missão diplomática de caráter permanente, pois seria um perigo colocar alguém que tivesse interesses opostos aos da Nação, representa-la.

§ 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:

I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional;

Este inciso trata da perda de nacionalidade do brasileiro naturalizado por intermédio de ação judicial, bastando para isto à presença de dois requisitos: ação judicial em que se comprove atividade nociva ao interesse nacional e sentença judicial. Não há ainda definição em lei do que se entende por atividade nociva ao interesse nacional. Deve haver uma interpretação por parte do Ministério Público que tem a incumbência geral de defender a sociedade e a lei, sendo por isso órgão incumbido de propor as ações públicas e do Poder Judiciário.

II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: (dupla cidadania)a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira;b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em Estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis.

Este inciso cuida da perda voluntária de nacionalidade, configurada na expressão: adquirir outra nacionalidade. Aplicável neste caso, tanto ao brasileiro naturalizado quanto ao brasileiro nato.

As alíneas “a” e “b”, exceções ao caput do inciso II, apresentam uma novidade no ordenamento jurídico constitucional, fruto da EC de revisão nº 03/94. Nessas duas hipóteses, não ocorre perda de nacionalidade. São hipóteses de dupla cidadania, ou seja, mesmo adquirindo outra nacionalidade, o brasileiro mantém a nacionalidade brasileira. Há fortes possibilidade de tais exceções constituírem-se em “verdadeira febre” nos concursos.

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Sobre a alínea “a”, um exemplo: os brasileiros descendentes de italianos não perderão a nacionalidade brasileira, pelo simples fato de a lei italiana os reconhecer como italianos natos. Trata-se de mero reconhecimento de nacionalidade originária italiana, em virtude do vínculo sanguíneo. Terão, assim, dupla nacionalidade. (Ex: serão brasileiros natos e também italianos natos os filhos de italianos nascidos no estrangeiro).

Sobre a alínea “b”, até por razões lógicas, não há como punir alguém com a perda da nacionalidade brasileira, uma vez que houve imposição da naturalização estrangeira. (Ex: obrigatporiedade de um países para adquirir o direito ao trabalho).

art. 13 - A língua portuguesa é o idioma oficial da República Federativa do Brasil.

O nosso idioma oficial é o português. Não obstante, até o final do século XVIII, falava-se a chamada língua geral, que vinha do tupi-guarani. O português só se tornou o meio de expressão da nacionalidade brasileira, falado em todo o seu território, já no século XIX. As moinorias lingüísticas, em nosso País, limitam-se às comunidades indígenas, com pouca densidade populacional. O ensino do Português, inclusive, é obrigatório.

§ 1º - São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais.

Para um maior aprofundamento consultar a Lei nº 5.700, de 1-9-1971, arts. 7º e 9º, para conhecer em detalhes os símbolos da República

§ 2º - Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter símbolos próprios.

Conseqüência da autonomia de que dispõem, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão adotar símbolos próprios. O idioma, entretanto, há que ser a língua portuguesa. Há uma exceção: O artigo 231 da Constituição assegura aos índios o uso de sua própria língua.

QUESTÕES PONTO 06 - NACIONALIDADE

01 – (TTT/90) São privativos de brasileiros natos os cargos :

a) de Deputado Federalb) de carreira diplomáticac) de presidente do Banco do Brasild) de Ministro do Superior Tribunal de Justiçae) de Secretário da Receita Federal

02 – (TTN/94) A respeito da nacionalidade brasileira é correto dizer:

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a) o brasileiro naturalizado pode titularizar o cargo de Ministro do Tribunal de Contas da União;b) além dos casos previstos na Constituição, a lei poderá estabelecer outras distinções entre brasileiros natos e naturalizados, desde que respeitado o princípio da razoabilidade;c) somente pode ser considerado brasileiro nato o indivíduo que nascer no território nacional, sejam ou não os seus pais brasileiros; d) em nenhum caso há a possibilidade de o brasileiro nato ou naturalizado vir

a ser extraditado;e) é brasileiro nato o indivíduo, filho de diplomatas estrangeiros a serviço de seus países, que nascer no território nacional;

03. (TFC/97) Assinale a opção que se refere a indivíduo que, em face das regras de nacionalidade, dispostas na Constituição, pode vir a se tornar oficial das Forças Armadas :

a) Português com residência permanente no Brasil;b) o nascido no Brasil, filho de diplomatas estrangeiros;c) o nascido no exterior, de pais estrangeiros, originário de país de língua portuguesa, com residência por mais de cinco anos no Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e não tiver recebido condenação penal;d) o estrangeiro, depois de requerer a nacionalidade brasileira, se for residente no Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e não tiver recebido condenação penal;e) o nascido no estrangeiro, filho de brasileiro que, por motivo particulares,

emigrou para o exterior, e que, dez anos após a maioridade, veio residir no Brasil e optou pela nacionalidade brasileira

GABARITO - NACIONALIDADE

01 - B 02 - A03 - E

CONTINUAÇÃO DE QUESTÕES SOBRE NACIONALIDADE, DIREITOS POLÍTICOS E PARTIDOS POLÍTICOS

Instrução: Nas questões de números 01 a 03, assinale a alternativa correta em relação à proposição apresentada.

1 (Analista Judiciário – Área Administrativa – 11ª Região – 2005) - Entre. São brasileiros naturalizados(A) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigida aos originários de paises de língua portuguesa a residência por cinco anos ininterruptos, e ausência de condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.(B) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de vinte anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.

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(C) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos, ininterruptos ou não, e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.(D) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de paises de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral.(E) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, exigida a residência na República Federativa do Brasil apenas por um ano ininterrupto e idoneidade moral, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.

2 (Analista Judiciário – Área Judiciária – 11ª Região – 2005) - Nacionalidade:(A) O nascido dentro do território nacional, cujos pais, de nacionalidade austríaca, aqui estejam gozando de férias, é considerado estrangeiro.(B) O filho de diplomatas japoneses, nascido no território brasileiro, cujos pais estejam a serviço de seu pais de origem, é considerado brasileiro nato.(C) Os estrangeiros residentes no Brasil há mais de dois anos poderão pleitear a nacionalidade brasileira, independentemente de qualquer outro requisito.(D) Os nascidos fora do território nacional, de pai estrangeiro e de mãe brasileira a serviço da República Federativa do Brasil, são brasileiros natos.(E) Os nascidos no estrangeiro, de pais brasileiros, e que venham a residir no Brasil antes da maioridade, são considerados natos, desde que optem, até os vinte e um anos de idade, pela nacionalidade brasileira.

3 (Auditor – TCE/MG – 2005) - Deputado Federal eleito para dois mandatos consecutivos, brasileiro naturalizado, com 30 anos de idade e domicilio eleitoral em Belo Horizonte, filiado a partido político, pretende candidatar-se a Governador do Estado de Minas Gerais, nas próximas eleições. Nesse caso, a pretendida candidatura do Deputado Federal(A) é viável, mantidas as condições atuais, pois preenche os requisitos de elegibilidade pertinentes ao cargo de Governador.(B) somente será possível se renunciar ao respectivo mandato até seis meses antes do pleito.(C) não é possível, na medida em que não terá a idade mínima necessária para concorrer ao cargo, quando do pleito.(D) é inviável, dado que o cargo de Governador do Estado é privativo de brasileiro nato.(E) é impossível para as próximas eleições, pois a Constituição admite reeleição para um único período subseqüente ao do mandato.

4 (Analista Judiciário – Área Administrativa – TRE/MG – 2005) - No que respeita aos partidos políticos, o ato indisciplinar mais sério é o da infidelidade partidária, que pode manifestar-se também(A) em virtude da transferência de partido, sem comunicação à Justiça Eleitoral.(B) pela inobservância, em suas atitudes, a quaisquer diretrizes estabelecidas pelo partido.(C) por comentários para a extinção de determinado programa do respectivo partido.(D) em razão do relacionamento funcional, não político, com representantes de outros partidos.

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(E) pelo apoio ostensivo ou disfarçado a candidatos de outra agremiação.

5 (Analista Judiciário – Área Administrativa – TRE/MG – 2005) - No que tange aos direitos políticos, observa-se que o sufrágio censitário é decorrente da forma(A) capacitária e consiste basicamente em outorgar a determinados eleitores, por circunstância especial, o direito de votar mais de uma vez ou de dispor de mais de um voto para prover o mesmo cargo.(B) comum e baseia-se em capacitações especiais, notadamente de natureza intelectual, exigindo-se, por exemplo, que o eleitor seja alfabetizado.(C) múltipla, porque se outorga o direito de votar a todos os nacionais de um pais, sem restrições derivadas de nascimento, de fortuna e capacidade especial.(D) restrita e concede-se apenas ao indivíduo que preencha determinada qualificação econômica: posse de bens imóveis, de determinada renda ou pagamento de certa importância de imposto direto.(E) igualitária, sendo que o eleitor fica com o direito de votar mais de uma vez, ou seja, em mais de uma circunscrição eleitoral.

6 (Analista Judiciário – Área Administrativa – TRE/MG – 2005) - O alistamento eleitoral é obrigatório para brasileiros(A) analfabetos.(B) naturalizados maiores de 18 anos.(C) inválidos.(D) que se encontrarem fora do pais.(E) naturalizados maiores de 16 e menores de 18 anos.

7 (Analista Judiciário – Área Judiciária – TRE/RN – 2005) - Quanto à inelegibilidade reflexa, é correto afirmar:(A) Um Senador, após transferir seu domicílio eleitoral para a capital de outro Estado, onde seu pai é Governador, poderá se candidatar ao cargo de Deputado dessa unidade da Federação.(8) O filho de Governador de Estado poderá se candidatar ao cargo de Deputado Federal da mesma unidade da Federação.(C) A esposa do Presidente da República poderá concorrer ao cargo de Vereadora de qualquer município.(O) O neto de Governador de Estado somente poderá disputar a eleição para Senador por esse Estado se já for titular do mesmo mandato nessa circunscrição.(E) A esposa do Prefeito de uma capital não pode se candidatar ao cargo de Governadora do mesmo Estado, em virtude de impedimento constitucional.

8 (Analista Judiciário – Área Administrativa– TRE/RN – 2005) - A perda dos direitos políticos, dentre outras hipóteses constitucionais, ocorrerá em caso de(A) sentença judicial que reconhece a incapacidade civil absoluta.(B) cancelamento da naturalização por sentença judicial transitada em julgado, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional.(C) condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos.(D) reconhecida prática de ato de improbidade administrativa, por meio de decisão judicial.

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(E) decisão administrativa que declara a incapacidade civil relativa.

9 (Analista Judiciário – Área Administrativa– TRE/RN – 2005) - Os partidos políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma da lei, deverão registrar seus estatutos junto ao(A) Conselho Nacional Eleitoral.(B) Colégio Eleitoral de sua circunscrição. (C) Superior Tribunal de Justiça.(D) Congresso Nacional.(E) Tribunal Superior Eleitoral.

10 (Técnico Judiciário – Área Administrativa– TRE/RN – 2005) - Considere as proposições abaixo sobre direitos políticos.I. Os conscritos e os analfabetos não podem concorrer a nenhum cargo político, posto que inelegíveis.II. Para os analfabetos e maiores de setenta anos, o alistamento e o voto são facultativos.III. Para concorrer ao cargo de Senador, o Deputado Federal deverá renunciar ao mandato até seis meses antes do pleito.IV. O Vice que assume definitivamente o cargo de Governador não poderá se candidatar à reeleição.Está correto APENAS o que se afirma em:(A) I e I I.(8) I, II e lII. (C) I e IV.(D) lI, II I e IV. (E) III e IV.

Gabarito:

1) D2) D3) A4) E5) D6) B7) D8) B9) E10) A

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PONTO 07 - DIREITOS POLÍTICOS

Art. 14 - A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:

I - plebiscito;II - referendo;III - iniciativa popular.

Consubstancia o Princípio democrático posto no parágrafo único do artigo primeiro da CF já estudado.

Sufrágio (direito), o voto (exercício), escrutínio (modo do exercício)

Classificação do Sufrágio:UNIVERSAL – concedido a todos os nacionais.RESTRITO – concedido a quem tem determinadas condições.

Subdividem-se em Censitários (rendas, bens, etc) e Capacitários (intelectuais).

Características do voto: personalidade (direto), obrigatoriedade; liberdade; sigilosidade; igualdade e periodicidade.

Nos termos deste artigo soberania popular é o poder que tem o povo de impor sua vontade; é o poder de manifestar uma vontade que seja incontrastável por qualquer outra vontade. Poder que o povo tem de decidir uma questão política com definitividade. É uma vontade que está acima de todas as outras.

Plebiscito e referendo são consultas formuladas ao povo para que delibere sobre matéria de acentuada relevância, de natureza constitucional, legislativa ou administrativa (art. 2º, da lei 9.709/98).

O plebiscito é convocado com anterioridade a ato legislativo ou administrativo, cabendo ao povo, pelo voto, aprovar ou denegar o que lhe tenha sido submetido (art. 2, §1º, da lei 9.709/98).

O referendo é convocado com posteridade a ato legislativo ou administrativo, cumprindo ao povo a respectiva ratificação ou rejeição (art. 2º, §2º, da lei 9.709/98).

Esses direitos, componentes do direito de sufrágio, são exercidos através do voto. Voto é, portanto, o instrumento utilizado para o exercício do direito de sufrágio.

Plebiscito, referendo e iniciativa popular são instrumentos da democracia direta. A Lei nº 9.709, de 18.11.1998.

A iniciativa popular consiste na apresentação de projeto de lei à Câmara dos Deputados, subscrito por, no mínimo, 1% do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por 5 (cinco) Estados, com não menos de três décimos por cento (3/10% = 0,3%) dos eleitores de cada um deles (art. 13 da lei 9.709/98 e CF, art. 61, § 2º).

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Doutrinariamente soberania popular se manifesta pelo exercício de direitos pelo cidadão. São formas de manifestação da soberania popular:

a) o direito de sufrágio – que é composto pelo direito atribuído ao cidadão para eleger seus representantes, de ser eleito e pelo direito de decidir questões políticas através do voto relativas atos administrativos ou legislativos através de plebiscito e de referendo. O direito de sufrágio só é conferido a brasileiros;

b) o direito de propor projetos de lei – direito que tem o cidadão de tomar a iniciativa para propor projetos de lei;

d) o direito de propor ação popular;c) o direito de filiar-se a partidos políticos.

Assim, os direitos políticos são “prerrogativas, atributos, faculdades ou poder de intervenção dos cidadãos ativos no governo de seu país, intervenção direta ou indireta, mais ou menos ampla, segundo a intensidade do gozo desses direitos. São o Jus Civitatis, os direitos cívicos, que se referem ao Poder Público, que autorizam o cidadão ativo a participar na formação ou exercício da autoridade nacional, a exercer o direito de vontade, os direitos de Deputado ou de Senador, a ocupar cargos políticos e a manifestar sua opiniões sobre o governo do Estado” (Pimenta Bueno, citado por Celso B. Ribeiro).

§ 1º - O alistamento eleitoral e o voto são:

I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;II - facultativos para:a) os analfabetos;b) os maiores de setenta anos;c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.

Capacidade eleitoral ATIVA: é a aptidão para votar, mediante o alistamento, que é um procedimento administrativo (Alistabilidade).

Obrigatório – maiores de 18 anos e menores de 70 anos.

Facultativo – analfabetos (obs), maiores de 70 anos, entre 16 e 18 anos;

Proibição – estrangeiros e conscritos.

§ 2º - Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do serviço militar obrigatório, os conscritos.

Conscritos são aqueles que prestam serviço militar obrigatório. Cessado este serviço, readquirem o direito de alistar-se como eleitores junto ao TRE. Nos termos da Jurisprudência do TSE, se já estiverem alistados quando do início daquela prestação de serviço militar, e durante o período em que permanecerem naquela condição, estarão impedidos de votar, terão a suspensão de seus direitos políticos.

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§ 3º - São condições de elegibilidade, na forma da lei:

I - a nacionalidade brasileira;II - o pleno exercício dos direitos políticos;III - o alistamento eleitoral;IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;V - a filiação partidária;VI - a idade mínima de:a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador;b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal;c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;d) dezoito anos para Vereador.

§ 4º - São inelegíveis os inavlistáveis e os analfabetos.

Inelegibilidades – impedimento eleitoral pode ser:

ABSOLUTO – impedimento para qualquer cargo – inalistáveis (estrangeiros e conscritos) e analfabetos. São características pessoais.

RELATIVA – são situações especiais existentes no momento da eleição e podem ser:

- por motivos funcionais;

- por motivos de casamento, parentesco ou afinidade;

- os militares;

- previsão de ordem legal.

§ 5º - O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido ou substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único período subseqüente.

Esta é a regra constitucional da REELEIÇÂO.

A redação deste inciso é fruto da Emenda Constitucional nº 16, de 4-6-97; a polêmica emenda que possibilitou a reeleição do Presidente FHC. Os chefes do executivo não precisam se afastar dos seus cargos para pleitearem a reeleição.

§ 6º - Para concorrerem a outros cargos, O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito.

Esta é a regra da DESENCOMPATIBILIZAÇÂO, tanto para assumir outros cargos, como para possibilitar que familiares possam ser elegíveis na sua circunscrição.

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Com relação aos vices O TSE entende que: “Os vices podem candidatar-se a outros cargos estando no pleno exercício de seus mandatos, desde que não venham a substituir ou suceder os titulares nos seis meses anteriores ao pleito” (consulta nº 12).

§ 7º - São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consangüíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.

Inelegibilidade REFLEXA no Território de jurisdição:

a) do Presidente é o território nacional – seu cônjuge e parentes são inelegíveis para qualquer cargo eletivo;

b) do Governador é o território do Estado, do Distrito Federal ou do Território Federal – seu cônjuge e parentes são inelegíveis para os cargos de Governador, Vice-Governador, Deputado Estadual, Deputado Federal, Senador, Prefeito, Vice-Prefeito e Vereador;

c) do Prefeito é o território do município: seu cônjuge e parentes são inelegíveis para os cargos de Prefeito, Vice-Prefeito e Vereador.

Dentro do conceito jurídico de parentes consangüíneos ou afins, até o segundo grau incluem-se:

- pai ou mãe e filho(a) - consangüíneo, de 1º grau;

- sogro (a) e genro ou nora – afim, de 1º grau;

- avô ou avó e neto (a) – consangüíneo, de 2º grau;

- marido da neta ou esposa do neto – afim, de 2º grau;

- avô ou avó do marido ou da esposa – afim, de 2º grau;

- irmão – consangüíneo, de 2º grau;

- cunhado – afim, de 2º grau.

Cônjuge é uma pessoa ligada a outra em decorrência da relação de matrimônio (p. ex.: a esposa de um Prefeito, o marido de uma Governadora etc.).

Parentes consangüíneos são os ligados por laços de sangue, seja em linha reta (ascendentes – pais, avós, bisavós etc., e descendentes – filhos, netos, bisnetos etc.), seja colateral (irmãos, tios, tios-avós etc.).

Parentes por afinidade são os que se adquirem a partir da relação matrimonial, tanto em linha reta (p. ex.: sogros), quanto na colateral (p. ex.: cunhados).

Em qualquer dos casos os graus de parentesco são contados pelas gerações, “degraus por degraus”, até ser encontrado o desejado. Desse modo:

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I - Parentesco em linha reta

A|B|C

1) A e B são parentes de 1º grau;2) A e C são parentes de 2º grau.

II – Parentesco em linha colateral

A| |

B C| |

D E| |

F G

1) B e C são parentes de 2º grau;2) B e E são parentes de 3º grau;3) D e G são parentes de 5º grau;4) F e G são parentes de 6º grau;5) D e E são parentes de 4º grau.

Jurisprudência do STF

NOTÍCIAS DO STF 07/04/2003 - 17:40 - Parentes podem concorrer a cargos s eletivos desde que titular do cargo tenha direito à reeleição

O Plenário do Supremo Tribunal Federal concluiu hoje (7/4) o julgamento do Recurso Extraordinário (RE 344882), onde se discutia o alcance da Emenda Constitucional 16/97, que instituiu a reeleição para chefes do Poder Executivo. Foi decidido que parentes podem concorrer nas eleições, desde que o titular do cargo tenha o direito à reeleição e não concorra na disputa. A decisão foi por maioria de votos, ficando vencido o ministro Moreira Alves. A tese vencedora foi a defendida pelo relator do processo, ministro Sepúlveda Pertence.

O raciocínio seguido é que, se ao titular do cargo é permitido um mandato a mais, não se poderia vetar a possibilidade dos parentes concorrerem. De acordo com Sepúlveda Pertence, essa interpretação buscou a harmonia do parágrafo 7º, do artigo 14, com o novo sistema jurídico imposto pela Emenda 16.

§ 8º - O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições:

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I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade;II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.

O dispositivo refere-se aos militares que são alistáveis, pois o art. 14, § 2º, estabelece que os militares conscritos são inalistáveis.

Para que o militar alistável possa concorrer, por exemplo, ao cargo de vereador, deverá passar para a inatividade, se contar menos de 10 anos de serviço.

Se contar mais de 10 anos de serviço, não haverá necessidade de passar para a inatividade, devendo permanecer agregado, ou seja, não exercerá a atividade, mas continuará fazendo parte do quadro de servidores da corporação.

Passará para a inatividade somente se for eleito, o que deverá acontecer no ato da diplomação.

A passagem para a inatividade é efeito automático do ato de diplomação.

§ 9º - Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade para o exercício do mandato, considerada a vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta.

Exata é a previsão de ordem legal. Lei ordinária não poderá criar outras

hipóteses de inelegibilidade, esta tarefa, coube a Lei Complementar nº 64/90, que ao regulamentar este inciso, dispôs sobre importante comando que reforça as atribuições dos Tribunais de Contas :

“São inelegíveis para qualquer cargo os que tiverem suas contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável e por decisão irrecorrível do órgão competente, salvo se a questão houver sido ou estiver sendo submetida à apreciação do Poder Judiciário, para as eleições que se realizarem nos 5 (cinco) anos seguintes, contados a partir da data da decisão (LC nº 64/90, de 18-5-1990, art. 1º, I, “a”).

§ 10 - O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude.

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Este é o parágrafo que autoriza a ação de impugnação de mandato eletivo.

Para responder corretamente as questões basta atentar ao prazo, 15 dias, e ao marco inicial: data da diplomação. As questões induzem o prazo de 6 meses e a data da posse.

§ 11 - A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou de manifesta má-fé.

Está regra serve para não macular um político e depois ficar provada a sua inocência.

Art. 15 - É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de:

I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado;(PERDA)II - incapacidade civil absoluta;(SUSPENSÃO)III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos; (SUSPENSÃO)IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; (PERDA)V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º. (SUSPENSÃO)

O caput deste artigo determina que é vedada a cassação dos diretos políticos. A cassação foi sobejamente utilizada durante o regime ditatorial introduzido pelo golpe militar de 1964. Embora muito repetida pela mídia, a “cassação” não é admitida pelo ordenamento constitucional introduzido em 1988.

A Constituição não separa quais hipóteses são de perda e quais são de suspensão dos direitos políticos (como nós fizemos). Embora ainda não tenha sido objeto de concurso público, os autores são unânimes em apontarem como hipótese de perda de direitos políticos apenas o inciso I e divergem quanto ao inciso IV (para Celso Bastos e José Afonso da Silva é perda; Alexandre de Moraes e William Douglas entendem como suspensão). As demais são hipóteses de suspensão dos direitos políticos.

Enquanto a perda dos direitos de cidadão se relaciona com uma situação de inexistência da condição de cidadão (p. ex.: cancelamento da naturalização), a suspensão se dá, de modo temporário, enquanto durarem os efeitos de sua ocorrência (p. ex.: condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos).

Incapacidade civil absoluta ocorre quando a pessoa natural (física) não detém ou perde a possibilidade, se a detinha, de praticar os atos da vida civil, auto governando-se segundo a sua própria vontade. Exemplos de absolutamente incapazes para os atos da vida civil são os menores de

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dezesseis anos, os loucos de todo o gênero, os surdos-mudos que não expressem sua vontade, os ausentes declarados por ato judicial.

Improbidade administrativa é definida em lei, considerando-se falta de retidão, entre inúmeras outras hipóteses, as seguintes:

1 - Constitui ato de improbidade administrativa, importando enriquecimento ilícito, auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, mandato, função, emprego ou atividade nas entidades da administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de empresa incorporada ao patrimônio público ou de entidade para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais de cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita anual;

2 - Constitui ato de improbidade administrativa, que causa lesão ao erário, qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, mal barateamento ou dilapidação dos bens ou haveres das mesmas entidades indicadas na letra anterior;

3 - Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que violem os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições.

Art. 16 - A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até 1 (um) ano da data de sua vigência.

Preceito constitucional que esporadicamente é exigido nos concursos.A regra constitucional determina uma vacatio legis mínima de 1 (um)

ano. Vacatio legis é o tempo que intermedeia entre a publicação e a entrada em vigor de uma lei, isto é, quando ela será considerada de observância obrigatória.

Trata-se de uma regra de segurança jurídica para os que pretendem se aventurar num processo eleitoral, assegurando a impossibilidade de normas eventuais e casuístas, editadas de última hora pelos “administradores de plantão”.

Questão de concurso

A análise do art. 14 responde à questão de número 70, constante da prova para o cargo de Juiz Federal da 5ª Região, realizada em 2004, colocada nos seguintes termos:

“70 – Há vedação absoluta para que os estrangeiros exerçam a soberania popular.”

Como a soberania popular se manifesta através do exercício de direitos, a questão que se colocou ao candidato consistiu em se saber se os estrangeiros possuem esses direitos.

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Quanto ao direito de sufrágio, que é um dos direitos pelos quais se manifesta a soberania popular, só pode ser exercido através do voto. No entanto, para que alguém possa votar, é necessário que se aliste como eleitor. O art. 14, § 2º da Constituição Federal estabelece que os estrangeiros não podem se alistar como eleitores.

Se não podem se alistar, não podem votar. Se não podem votar, não podem participar de eleição de representantes ou ser eleitos representantes, não podem participar de plebiscito e nem de referendo. Concluindo: os estrangeiros não possuem direito de sufrágio.

E quanto aos outros direitos, pelos quais se manifesta a soberania popular? São também atribuídos aos estrangeiros?

Quanto ao direito de propor projetos de lei, o art. 61, § 2º, da Constituição Federal exige a subscrição de pelo menos 1% do eleitorado nacional, o que significa que somente quem for alistado como eleitor poderá propor projetos de lei. Para se alistar como eleitor, é necessário ter nacionalidade brasileira, donde se conclui que o estrangeiro não tem o direito de propor projetos de lei.

Com relação ao direito de propor ação popular, o art. 1º, § 3º, da Lei nº 4.717/65 confere legitimidade ao cidadão, exigindo como prova da cidadania o título de eleitor ou qualquer documento equivalente. Portanto, o estrangeiro não tem o direito de propor ação popular.

Por fim, quanto ao direito de filiar-se a partidos políticos, o art. 16 da Lei nº 9.096/95 (Lei Orgânica dos Partidos Políticos) estatui que só pode filiar-se a partido o eleitor que estiver no pleno gozo de seus direitos políticos, donde se conclui que para alguém poder filiar-se a partidos políticos, deve ser eleitor. Para se alistar como eleitor, é necessário ter nacionalidade brasileira, donde se conclui que o estrangeiro não tem o direito de filiar-se a partidos políticos.

Vê-se, portanto, que em todos os casos, para que alguém possa exercer a soberania popular, deverá possuir a condição de eleitor.

Pelo que visto até agora há vedação para que os estrangeiros exerçam a soberania popular. No entanto, a análise do § 1º, art. 12 da CF, nos conduz a nos posicionar de forma diferente, vejamos: “aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição”

De fato, pode-se dizer que não há no texto constitucional vedação absoluta a que os estrangeiros exerçam a soberania popular, uma vez que, nos termos da CF, art. 12, §1º, com relação aos portugueses com residência permanente no país, poderão ser atribuídos todos os direito inerentes ao brasileiro, exceto aqueles que a própria Constituição restringir aos brasileiros atribuindo-os ao brasileiro natos. O gabarito oficial considerou a resposta como errada.

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QUESTÕES PONTO 07 - DIREITOS POLÍTICOS

01 – (TTN/90) O alistamento eleitoral e o voto são :

a) obrigatórios para os maiores de 16 anos e menores de 21 anosb) facultativos para os maiores de 18 anosc) obrigatórios para os conscritos durante o período do serviço militar obrigatóriod) facultativos para os analfabetos e os maiores de 70 anose) obrigatórios para os estrangeiros residentes

02 – (TTN/92) Os analfabetos

a) são inelegíveis para qualquer cargob) votam obrigatoriamentec) são elegíveis para vereadord) são inelegíveis apenas para mandatos federaise) votam facultativamente nas eleições nacionais e obrigatoriamente nas locais

03 – (AFTN/91) O analfabeto

a) vota facultativamente, mas é inelegívelb) vota obrigatoriamente e é elegível para cargos municipaisc) vota facultativamente, e é elegível para cargos municipais d) vota obrigatoriamente, mas é inelegívele) vota facultativamente, e é elegível para quaisquer cargos

04 – (AFTN-set/94) Assinale a opção correta

a) a impugnação do mandato eletivo ante a Justiça Eleitoral poderá verificar-se no prazo de 30 dias contados da diplomaçãob) embora alistáveis, os analfabetos são inelegíveisc) a Constituição assegura apenas aos cidadãos brasileiros o acesso aos cargos públicos d) a condenação criminal transitada em julgado não suspende os direitos políticose) além dos casos previstos na Constituição, a lei ordinária poderá estabelecer outras hipóteses de inelegibilidade

05 – (Agente Administrativo do TCU) Assinale a opção que indica uma condição necessária para que alguém seja candidato a deputado federal

a) ser brasileiro nato b) ser alfabetizado c) ter dezoito anosd) não estar sendo processado criminalmentee) não ser filho do prefeito do município onde esteja domiciliado para fins eleitorais

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06 – (Agente Administrativo do TCU) Julgue os itens que se seguem, relativos aos direitos políticosI - A cassação de direitos políticos pode ser imposta ao cidadão em caso de improbidade administrativa.II – Para concorrer a outro cargo o prefeito de um município deve renunciar ao respectivo mandato até seis meses antes do pleito.III – Um cidadão com mais de 70 anos não é mais alistável como eleitor, de forma que não é mais obrigado a votar. Logo, não pode ser candidato a cargo público eletivo.IV – A sede normativa própria para previsão de inelegibilidades é a Constituição que, nessa matéria, dispõe de forma exaustiva.

a) Nenhum item está certob) Apenas um item está certoc) Apenas dois itens estão certosd) Apenas três itens estão certose) Todos os itens estão certos

GABARITO CAPÍTULO 13 – DIREITOS POLÍTICOS

01 - D02 - A03 - A04 - B05 - B06 - B

ponto 08 – DOS PARTIDOS POLÍTICOS

Art.17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa humana e observados os seguintes preceitos:

I - caráter nacional;II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação a estes;III - prestação de contas à Justiça Eleitoral;IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei.

Esta é a regra da liberdade partidária e do Pluralismo político

Embora os concursos insistam com as cascas de banana, a Constituição não admite os partidos regionais. Estes eram comuns durante o período conhecido como República Velha (1889-1930). Lei Orgânica dos Partidos Políticos : Lei nº 9.096, de 19.09.1995.

a) caráter nacional => não haverá partido político de âmbito meramente municipal, estadual ou regional;

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b) proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação a estes => os partidos políticos são organismos que se relacionam com o exercício do Poder Soberano do Estado, não podendo, por isso mesmo, se submeter a ‘favores’ ou julgos que possam comprometer, de qualquer modo, seu livre exercício;

c) prestação de contas à justiça eleitoral => dever de demonstrar a lisura na aplicação dos recursos financeiros despendidos em campanha, como forma de evidenciar a inocorrência de abuso do poder econômico e, bem assim, de constatar que o partido não está subvencionado por grupos econômicos de interesses privados específicos ou internacionais;

d) funcionamento parlamentar de acordo com a lei => a lei definirá a direção do modo pelo qual os partidos políticos devem gerir suas atividades.

Partido político é pessoa jurídica de direito privado, que outrora era de direito público, caracterizada pelos agrupamentos de pessoas naturais com interesses comuns, com o fim de adquirir e exercitar o Poder democrático, sendo um elo necessário entre o cidadão e o Estado, servindo, inclusive, como meio ou veículo de fiscalização e cobrança das políticas públicas de interesse geral.

Segundo a Constituição são livres para:

1) criação => fazer surgir algo novo e, até então, inexistente;2) fusão => quando dois ou mais se juntam para formar um novo e

diferente das partes que se aglutinaram;3) incorporação => quando um partido absorve um outro ou mais,

permanecendo o primeiro e desaparecendo os incorporados;4) extinção => ato de acabar, encerrando as atividades e

desaparecendo a personalidade jurídica.

§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna, organização e funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações eleitorais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária. (Redação dada pela EC nº 52, de 8-3-2006)

Por este artigo se encontra assegurada a autonomia dos partidos políticos e, como detalhe, as normas de fidelidade partidária não são estabelecidas pela Constituição nem por Lei. A Constituição deixou a critério dos respectivos estatutos partidários. Mais o que recentemente caracteriza este parágrafo é que com a nova redação dada pela EC nº 52/2006 pos fim a regra da verticalização, portanto, as coligações efetuadas no âmbito federal (na eleição para Presidente da República não terão que ser observadas no âmbito estadual nas eleições para Governador). Porém esta regra só se aplicará nas próximas eleições conforme decisão do STF.

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Os três últimos parágrafos são auto-explicáveis e pouco solicitado em concursos públicos.

QUESTÕES PONTO 08 – DOS PARTIDOS POLÍTICOS

01 – (Procurador do INSS/93) Assinale a opção correta

a) O alistamento eleitoral e o voto são facultativos para os analfabetos e para os maiores de 16 anos.

b) O alistamento eleitoral e o voto são facultativos para os estrangeiros e para os conscritos durante o serviço militar obrigatório.

c) São condições de elegibilidade, na forma da lei, a nacionalidade brasileira, o pleno exercício dos direitos políticos, o alistamento eleitoral, o domicílio eleitoral na circunscrição, a filiação partidária e a idade mínima discriminada na Constituição.

d) Os partidos políticos de âmbito regional terão acesso gratuito ao rádio e à televisão na área de sua influência, nos termos da lei.

e) Admite-se a cassação de direitos políticos nos casos de incapacidade civil absoluta; condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos; recusa de cumprir obrigação a todos imposta, como o serviço militar e de improbidade administrativa.

02 – (AGU/94) Assinale a opção correta

a) o alistamento eleitoral e o voto são facultativos para os maiores de 70 anos e obrigatórios para os analfabetos registrados candidatos a cargos eletivos.

b) é assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna, organização e funcionamento, vedado o estabelecimento de normas de fidelidade e disciplinas partidárias.

c) para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até quatro meses antes do pleito.

d) o mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da eleição, instruída a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude.

e) a lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência.

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GABARITO PONTO 08 - DOS PARTIDOS POLÍTICOS

01 - C02 - E

PONTO 09 – DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA

Toda a estrutura federal baseia-se na repartição de competências, considerada como a grande questão do federalismo.

Art. 18 - A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição (art. 18, caput). §1º Brasília é a Capital Federal .

Poderes/Entes Uniãoart. 20 a 24

Estados Membros

art. 25 a 28

Municípiosart. 29 a 31

Distrito Federalart. 32

LEGISLATIVOaArt. 44 a 75

Congresso Nacional

art. 44 a 75

Assembléia Legislativa

art. 27

Câmara Municipal

art. 29

Câmara Legislativa

art. 32EXECUTIVO

Artart. 76 a 91Presidência

da República

art. 84

Governador de Estadoart. 28

Prefeitura Municipalart. 29, I

Governadoria Distrital

art. 32, § 2º

JUDICIÁRIOArtart. 92 a

126

Tribunais Superioresart. 92 a 124

Tribunais de Justiça e Juizes de

Direitoart. 8125 a 126

InexisteO Poder

Judiciário é mantido pela

Uniãoart. 22, XVII

Esta é a regra que estabelece o princípio da autonomia dos entes federativos. Na primeira parte desta apostila estudamos em detalhes a forma de Federativa de Estado. No Estado Federal há que se distinguir soberania e autonomia e seus respectivos titulares. O Estado Federal é o todo e único titular de soberania como pessoa jurídica de Direito Público externo, reconhecida pelo Direito Internacional. A União é entidade autônoma, constituindo-se em pessoa jurídica de Direito Público interno. Os Estados-membros são entidades federativas também dotadas de autonomia e de personalidade de Direito Público interno (Código Civil, art. 41). Os Municípios e o Distrito Federal, também possuem autonomia e são também pessoas jurídicas de Direito Público interno.

Autonomia significa a capacidade de autogoverno, auto-administração, e auto-organização, tudo com base no princípio hermenêutico da Simetria Constitucional.

Esta autonomia se efetivará através da produção de normas jurídicas. As normas não são hierarquizadas em função da origem de sua emanação,

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mas em virtude de um critério de competência distribuída para edita-las, estabelecido pelo Constituição federal.

Unidade Federativa CompetênciaUnião Geral

Estados Membros Setorial - GeralDistrito Federal Híbrida

Municípios Local

UNIÃO

Como vimos no capítulo dedicado à teoria geral, a União é pessoa jurídica de direito público interno. Externamente, na área das relações internacionais, aparece unicamente a República Federativa do Brasil, como pessoa jurídica de direito internacional (externo), competindo à União (CF, art. 21, I), através dos seus órgãos, representar o Estado Brasileiro exercendo as funções de soberania em nome do Estado Federal. A União detém competências constitucionais legislativas (arts. 22 e 24), competências administrativas (arts. 21 e 23) e competências tributárias (arts. 145 e 153).

TERRITÓRIOS

Os Territórios Federais integram a União, resultando de desmembramento de área pertencente a Estados já existentes ou de desmembramento de parte de outro Território Federal. Com a Constituição de 88, os territórios que existiam foram incorporados a algum ente federado ou foi transformado em Estado Membro. Atualmente, não existem Territórios, havendo apenas a previsão constitucional para formá-los. A sua criação depende de Lei Complementar aprovada pelo Congresso Nacional. Dentre as várias correntes sobre a natureza jurídica dos Territórios, predomina a que o compreende como autarquia territorial federal.OBS: Fernando de Noronha não é um território como muita gente pensa, ele foi incorporado ao nosso Estado de Pernambuco, de acordo com o art. 15 do ADCT, ainda que a maior parte da sua área seja um Parque Federal, de domínio da União.

É importante destacar que os Territórios Federais, por integrarem a União, não possuem autonomia. O funcionamento do território é regulado em lei ordinária (CF,art. 33, e § 1º). Os Territórios poderão ser divididos em Municípios. Estes Municípios terão autonomia. Não confundir: o ente federativo que não pode ser dividido em Municípios é o Distrito Federal.

Cada Território elegerá 4 (quatro) deputados federais (CF, art. 45, parágrafo único).

ESTADOS

Os Estados-Membros caracterizam o modelo federalista brasileiro desde as capitanias hereditárias, como forma de facilitar a administração da coisa pública.

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Cabe ressaltar, primeiramente, que o fato de Estados-membros incorporarem-se ou desmembrarem-se não significa ofensa à Federação. Tal procedimento em tudo difere da secessão. Esta é proibida por expressa limitação material de emenda à Constituição (art. 60, §4º, I ).

A história recente, lá pelos idos dos anos 70, registra casos de fusão e de desmembramentos entre Estados-membros. O Estado do Rio de Janeiro se fundiu ao Estado da Guanabara dando origem ao Estado do Rio de Janeiro, tal como hoje está. No final dos anos 70, a parte sul do Estado do Mato Grosso desmembrou-se para formar um novo Estado.

O mais importante, em se tratando de concurso, é fixar os passos a serem seguidos para criar novos Estados:

Plebiscito, e Lei complementar aprovada pelo Congresso Nacional

As regras para a elaboração das Constituições dos Estados constam da Constituição Federal:

O auto-governo dos Estados se expressa através da eleição direta pelo próprio povo do Governador e do Vice-Governador (CF art. 28, caput), e dos Deputados Estaduais (CF, art. 27). Os Estados organizarão, ainda, sua Justiça (CF, art. 125).

Os Estados dispõem de competências administrativas (art. 23), de competências legislativas (art. 24 e §3º, art. 25) e tributárias (arts.145 e 155) e ainda de competências residuais, pois “são reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas pela Constituição da República” (art. 25, § 1º, ). Pode, ainda, como ente autônomo que é, nos termos da CF e de suas próprias leis, dispor livremente sobre a aplicação dos recursos que arrecadar.

MUNICÍPIOS

Os Municípios até o advento da Constituição de 88 não eram considerados partes descentralizada do Estado Federado. Deixaram de ser unidades político-administrativas autônomas para, finalmente, garantir o status de entidades federadas, ao lado da União, dos Estados-Membros e do Distrito Federal.

Em termos de concurso este é o ponto mais importante deste capítulo. A prática de desmembramento de Municípios para criar novos Municípios vinha sendo muito rotineira. Em Pernambuco, por exemplo, entre muitos outros, o município de Tamandaré foi criado a partir do desmembramento de parte do município de Rio Formoso e este é apenas um dos muitos exemplos.

A Emenda Constitucional nº 15, de 12/9/1996, deu nova redação ao §4º do art. 18 da CF. Antes havia muita facilidade e, de certo modo, houve proliferação de municípios sem condições financeiras mínimas. Com a nova redação, espera-se tornar mais difícil e responsável a criação de novos municípios, tendo em ser necessária a ocorrência de quatro condições:

plebiscito;

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lei estadual específica que crie determinado município; lei complementar federal que estabeleça o período possível em

que poderão ser criados; divulgação, na forma da lei, dos requisitos genéricos de

viabilidade exigíveis e a publicação de estudos de viabilidade municipal. Para Alexandre Moraes esta lei será federal.

As regras para a elaboração das Leis Orgânicas dos Municípios se encontram no art. 11, parágrafo único, do ADCT :

O Município não dispõe de Poder Judiciário. Os processos de interesse dos Municípios são julgados em varas especializadas da Justiça Estadual.

O Município exerce competências administrativas (arts. 23 e 30 IV a IX),

organiza e presta os serviços públicos de interesse local (art. 30, V) dispõe de competências tributárias próprias através da instituição e arrecadação de seus próprios tributos (art. 30, III, c/c arts.145 e 156) e ainda de competências legislativas sobre assuntos de interesse local e de suplementação da legislação federal e da estadual no que couber (CF, art. 30, I e II).

2.1.1 - CRIAÇÃO DE NOVOS TERRITÓRIOS

Art. 18, § 2º - Os Territórios Federais integram a União, e sua criação, transformação em Estado ou reintegração ao Estado de origem serão reguladas em lei complementar.

Desde a Constituição de 1988 não há mais territórios. Os Territórios de Roraima e Amapá foram transformados em Estados Federados pelo art. 14 do ADCT. O Território Federal de Fernando de Noronha foi extinto e sua área reincorporada ao Estado de Pernambuco, na forma do art. 15 do ADCT. No entanto, novos territórios poderão ser criados. A sua criação depende de Lei Complementar aprovada pelo Congresso Nacional.

É importante destacar que os Territórios Federais, por integrarem a União, não possuem autonomia. O funcionamento do território é regulado em lei ordinária (CF,art. 33, e § 1º). Os Territórios poderão ser divididos em Municípios. Estes Municípios terão autonomia. Não confundir: o ente federativo que não pode ser dividido em Municípios é o Distrito Federal.

Cada Território elegerá 4 (quatro) deputados federais (CF, art. 45, parágrafo único).

3 - ESTADOS

3.1 - CRIAÇÃO DE NOVOS ESTADOS

Art. 18, § 3º- Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar .

Cabe ressaltar, primeiramente, que o fato de Estados-membros incorporarem-se ou desmembrarem-se não significa ofensa à Federação. Tal

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Page 138: Apostila Constitucional Completa- Sabrina Rocha

procedimento em tudo difere da secessão. Esta é proibida por expressa limitação material de emenda à Constituição (art. 60, §4º, I ).

A história recente, lá pelos idos dos anos 70, registra casos de fusão e de desmembramentos entre Estados-membros. O Estado do Rio de Janeiro se fundiu ao Estado da Guanabara dando origem ao Estado do Rio de Janeiro, tal como hoje está. No final dos anos 70, a parte sul do Estado do Mato Grosso desmembrou-se para formar um novo Estado.

O mais importante, em se tratando de concurso, é fixar os passos a serem seguidos para criar novos Estados :

Plebiscito, e Lei complementar aprovada pelo Congresso Nacional

3.2 - AUTO-ORGANIZAÇÃO

CF Art. 25 - Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição.

As regras para a elaboração das Constituições dos Estados constam da Constituição Federal:

CF, Art. 11 ADCT - Cada Assembléia Legislativa, com poderes constituintes, elaborará a Constituição do Estado, no prazo de um ano, contado da promulgação da Constituição Federal, obedecidos os princípios desta.

3.3 - AUTO-GOVERNO

O auto-governo dos Estados se expressa através da eleição direta pelo próprio povo do Governador e do Vice-Governador (CF art. 28, caput), e dos Deputados Estaduais (CF, art. 27). Os Estados organizarão, ainda, sua Justiça (CF, art. 125). 3.4 - AUTO- ADMINISTRAÇÃO

Os Estados dispõem de competências administrativas (art. 23), de competências legislativas (art. 24 e §3º, art. 25) e tributárias (arts.145 e 155) e ainda de competências residuais, pois “são reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas pela Constituição da República” (art. 25, § 1º, ). Pode, ainda, como ente autônomo que é, nos termos da CF e de suas próprias leis, dispor livremente sobre a aplicação dos recursos que arrecadar.

4 – DISTRITO FEDERAL

4.1 - AUTO-ORGANIZAÇÃO

Art. 32 - O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos com interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da Câmara Legislativa, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição. O Distrito Federal é a capital do País. Foi o local escolhido para concentrar os centros de decisão política na nação. Brasília foi concebida por

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Juscelino Kubitschek, transferindo a capital do Sudeste, Rio de Janeiro, para o Centro-Oeste, localizado no Estado de Goiás. A versão oficial para a modificação foi que a decisão teve a intenção de tornar a capital do País segura contra invasões estrangeiras e incrementar o desenvolvimento da região Centro-Oeste.

O Distrito Federal é um ser híbrido no modelo federalista brasileiro, pois exerce as funções de Estado e Município ao mesmo tempo. Brasília tem a dualidade de competência e em conseqüência, dispõe de tributos estaduais e municipais, o que lhe propicia uma maior arrecadação, podendo oferecer à população serviços públicos de melhor qualidade.

Merece destaque: éÉ vedada a divisão do Distrito Federal em Municípios.

4.2 - AUTO-GOVERNO

CF, Art. 32, § 2º – A eleição do Governador e do Vice-Governador, observadas as regras do art. 77 (eleições presidenciais em dois turnos) e dos Deputados Distritais coincidirá com a dos Governadores e Deputados Estaduais, para mandato de igual duração.Art. 21, XIII - Compete à União organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público e a Defensoria Pública do Distrito Federal e dos Territórios.

O Poder Judiciário no Distrito Federal apresenta especificidade, quando comparado com o dos Estados, na medida em que é organizado e mantido pela União. O Poder Legislativo será exercido por uma Câmara Legislativa composta dos Deputados Distritais. Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa aplica-se o disposto no art. 27, relativo aos Deputados Estaduais.

4.3 - AUTO-ADMINISTRAÇÃO

O Distrito Federal dispõe de competências administrativas (art. 23), de competências tributárias (arts.145 e 155) e ainda ao Distrito Federal são atribuídas as competências legislativas reservadas aos Estados e Municípios (CF, art. 32, § 1º). Pode, ainda, nos termos da CF e das leis que adotar, dispor livremente sobre onde aplicar as suas receitas.

5 - MUNICÍPIOS

5.1 - CRIAÇÃO DE NOVOS MUNICÍPIOS

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CF Art. 18 § 4º - A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período determinado por lei complementar federal, e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei.

Em termos de concurso este é o ponto mais importante deste capítulo. A prática de desmembramento de Municípios para criar novos Municípios vinha sendo muito rotineira. Em Pernambuco, por exemplo, entre muitos outros, o município de Tamandaré foi criado a partir do desmembramento de parte do município de Rio Formoso e este é apenas um dos muitos exemplos.

A Emenda Constitucional nº 15, de 12/9/1996, deu nova redação ao §4º do art. 18 da CF. Antes havia muita facilidade e, de certo modo, houve proliferação de municípios sem condições financeiras mínimas. Com a nova redação, espera-se tornar mais difícil e responsável a criação de novos municípios, tendo em ser necessária a ocorrência de quatro condições:

plebiscito; lei estadual específica que crie determinado município; lei complementar federal que estabeleça o período possível em

que poderão ser criados; divulgação, na forma da lei, dos requisitos genéricos de

viabilidade exigíveis e a publicação de estudos de viabilidade municipal. Para Alexandre Moraes esta lei será federal.

5.2 - AUTO-ORGANIZAÇÃO

CF Art. 29 - O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição e na Constituição do respectivo Estado.

As regras para a elaboração das Leis Orgânicas dos Municípios se encontram no art. 11, parágrafo único, do ADCT :

CF Art. 11, parágrafo único do ADCT - Promulgada a Constituição do Estado, caberá à Câmara Municipal, no prazo de seis meses, votar a Lei Orgânica respectiva, em dois turnos de discussão e votação, respeitado o disposto na Constituição Federal e na Constituição Estadual.

5.3 - AUTO-GOVERNO

CF, Art. 29, I – A eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito e dos Vereadores para mandato de quatro anos, mediante pleito direto e simultâneo realizado em todo o País.Art. 29, II - A eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada no primeiro domingo de outubro do ano anterior ao término do mandato dos que devam suceder, aplicada as regras do art. 77 (eleições presidenciais em dois turnos) no caso de Municípios com mais de 200.000 eleitores.

O Município não dispõe de Poder Judiciário. Os processos de interesse dos Municípios são julgados em varas especializadas da Justiça Estadual.

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5.4 - AUTO- ADMINISTRAÇÃO

O Município exerce competências administrativas (arts. 23 e 30 IV a IX),

organiza e presta os serviços públicos de interesse local (art. 30, V) dispõe de competências tributárias próprias através da instituição e arrecadação de seus próprios tributos (art. 30, III, c/c arts.145 e 156) e ainda de competências legislativas sobre assuntos de interesse local e de suplementação da legislação federal e da estadual no que couber (CF, art. 30, I e II).

QUADRO RESUMO

FASES DE CRIAÇÃO/TRANSFORMAÇÃO DE ENTES FEDERATIVOS - ART. 18 §§ 2º,3º,4º CF

PLEBISCITO LEI COMPLEMENTAR

APROVADA PELO CONGRESSO NACIONAL

LEI ESTADUAL

CRIADORA

ESTUDO DE VIABILIDADE NA FORMA

DA LEI

TERRITÓRIO (1)

-SIM

(LC CRIADORA)

- -

ESTADO (2) SIM SIM

(LC CRIADORA)

- -

MUNICÍPIO (3) SIM

SIM

(LC DETERMINARÁ O PERÍODO)

SIM SIM

1- criação, transformação;

2- incorporação, subdivisão, desmembramento;

3- criação, incorporação, fusão, desmembramento.

6 - VEDAÇÕES AOS COMPONENTES DA FEDERAÇÃO

CF, Art. 19 - É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público;II - recusar fé aos documentos públicos;III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.

No Estado brasileiro inexiste religião oficial. Existe total separação e independência entre Estado e igreja, por isto recebe o nome de Estado laico. Ligações íntimas entre órgãos do Estado e as igrejas poderiam manipular a crença. A colaboração é permitida nas ações de interesse público, tais como o socorro às pessoas vítimas das calamidades.

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Os documentos públicos têm fé pública. Fé pública é a certeza de que tais documentos são verdadeiros. Trata-se de presunção relativa (juris tantum) porque admitem prova em contrário, no entanto, inverte-se o ônus da prova, ou seja, quem duvidar de documentos públicos terá que apresentar provas.

O inciso III, do art. 19, enfatiza o princípio da igualdade, previsto no art. 5º, I. Além deste, no capítulo da nacionalidade (§2º, art. 12), existe uma norma proibindo diferenças entre brasileiros: “a lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição.

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QUESTÕES CAPÍTULO PONTO 3 -– DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA

01. (AGU/94). Assinale a opção correta (adaptada).

a) Os Territórios Federais integram a União, e sua criação, transformação em Estado ou reintegração ao Estado de origem serão reguladas em lei complementar.

b) Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados e Territórios Federais mediante aprovação plebiscitária pela população interessada, e das respectivas Assembléias Legislativas, mediante lei complementar.

c) A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios far-se-ão por lei municipal, e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações diretamente interessadas.

d) Os Territórios federais integram a União, e sua criação, transformação em Estado ou reintegração ao Estado de origem far-se-ão nos termos da lei, e dependerão de plebiscito às populações diretamente interessadas.

e) A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios far-se-ão por lei estadual obedecidos os requisitos previstos em lei complementar estadual, e dependerão de consulta as populações diretamente interessadas mediante referendo.

02. (Procurador do INSS/93). Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais mediante

a) aprovação da população diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar

b) proposta das Assembléias Legislativas dos Estados interessados , e aprovação do Congresso Nacional, por lei complementar

c) proposta do Presidente da República, ou de um terço de cada uma das Casas do Congresso Nacional, aprovadas mediante lei, e ouvida a população diretamente interessada através de referendo

d) aprovação da população diretamente interessada, através de plebiscito, e das Assembléias Legislativas, por lei complementar

e) aprovação de lei pelo Congresso Nacional, após manifestação plebiscitária da população diretamente interessada

03. (AFC/97). A hipótese de o Estado do Espírito Santo subdividir-se, e as partes serem anexadas aos Estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia seria constitucionalmente exeqüível.

a) por emenda à Constituição Federal, somenteb) por emenda à Constituição Estadual, apenasc) por plebiscito para aprovação da população interessada conjuntamente com emenda à

Constituição Federald) por plebiscito para aprovação da população interessada conjuntamente com emenda à

Constituição Estadual.e) Por plebiscito para aprovação da população interessada conjuntamente com lei

complementar

04. (TFC/97). Assinale a opção correta.

a) O Estado-membro pode, em concursos públicos de provas e títulos para o preenchimento de cargos públicos locais, considerar como título a naturalidade do candidato nascido em seu território.

b) A criação de novos Estados, por meio de desmembramento de outros Estados, depende necessariamente de emenda à Constituição Federal.

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c) Uma repartição estadual não pode recusar fé a documento expedido por órgão municipal, mesmo que o Município seja integrante de outro Estado-membro.

d) O Distrito Federal não goza de autonomia política nem administrativa.e) A atual ordem constitucional proíbe a criação de Territórios Federais.

05. (TTN97, questão adaptada). Assinale a assertiva correta (adaptada) .

a) Distrito Federal é dotado de competência legislativa em tudo idêntica à dos Estados-Membros.

b) Os Estados-Membros não podem adotar o modelo parlamentar de Governo.c) O sistema federativo brasileiro é composto por apenas três espécies de pessoas

jurídicas de direito público, entre elas o município.d) Dentro do poder de conformação da sua ordem constitucional, pode o Estado-membro

estabelecer “quorum” para aprovação de emenda constitucional mais rígido do que o previsto na Constituição Federal

06. (AFTN – mar/94). Assinale a assertiva correta (adaptada).

a) Tendo em vista a autonomia municipal a criação de Municípios não necessita observar o período determinado por lei complementar federal.

b) Distrito Federal não pode dividir-se em Municípios.c) A criação de novos Estados mediante desmembramento depende apenas da iniciativa

da Assembléia Legislativa estadual.d) A Constituição veda a remuneração de vereadores em Município com menos de cem mil

eleitores.e) Distrito Federal forma uma autêntica unidade federativa, dispondo inclusive de Tribunal

de Justiça e de Ministério Público distrital.

07. (Oficial de Justiça Avaliador TRT, 6ª região/PE, 1997, Cesgranriop) A criação, a incorporação, a _________ e

08. o desmembramento de municípios são feitos por lei ___________ , dentro do período determinado por lei

09. _______________ ________________ e dependem de consulta prévia, mediante plebiscito.

______ ____________ e dependem de consulta prévia popular, mediante plebiscito.

A opção que preenche corretamente as colunas do texto acima é :

a) fusão; estadual; complementar; federal.b) fusão; federal; complementar; estadual.c) cisão; estadual; complementar; federal.d) cisão; federal; complementar; federal.e) transformação; federal; complementar; estadual.

08 – (Delegado da Polícia Federal /98 CESPE/UnB) Em relação ao Estado brasileiro julgue o item abaixo com “C” se a proposição estiver correta ou “ E” se estiver errada:

O Brasil é uma república federativa, de modo que os componentes da federação, notadamente os Estados-Membros, detêm e exercem soberania.

GABARITO CAPÍTULO 3 - ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA

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01 A art. 18 , § 2º02 A art. 18 , § 3º03 E art. 18 , § 3º04 C art. 19 , II05 B art. 28 ; c/c art. 7706 B art. 3207 A art. 18 ; § 4º08 E art. 18, caput

PONTO 10 – DA TRIPARTIÇÃO DOS PODERES ESTATAIS

Desde os tempos antigos até a idade moderna houve pouca evolução nos conceitos e sistemas de Estado. No período medieval, particularmente centralizador, o poder estava concentrado nas mãos de um monarca absoluto, vivendo-se então, de certa forma, sob o Estado de Polícia, quando o direito público se resumia numa só verdade: “O rei não erra; o rei não lhe fará mal”. Tais citações inspiravam-se fortemente na infeliz união entre o Estado e a Igreja, de onde veio a noção de que o poder real seria concedido por Deus, daí resultando a infalibilidade do seu exercício e, como corolário, a absolutismo pleno, bem representado pela máxima de Luís XIV, Rei da França: “O Estado sou eu”. Esse tipo de filosofia política não deixava espaço para o desenvolvimento do Direito Administrativo. Somente com os movimentos revolucionários e filosóficos ocorridos na França e na Inglaterra e que se passou a buscar um modelo de Estado diferente, inspirando-se particularmente nos escritos dos antigos filósofos gregos, como Platão, por exemplo. A partir daí, o atual conceito de Estado foi sendo desenvolvido, com destaque para o Barão de Montesquieu, que a partir dos estudos que realizou nas obras de John Locke, explicitou, no livro “O Espírito das Leis”, que o poder real tinha em si concentradas três formas de manifestação, a saber: A LEGISTATIVA, A EXECUTIVA E A JUDICIÁRIA. Até os dias de hoje essa tripartição serve de modelo para os Estados modernos, sendo que a cada qual dessas manifestações de poder corresponde uma função peculiar, mas não exclusiva, conforme já demonstrado quando da apreciação do artigo segundo da Constituição Federal. Assim sendo, não há hierarquia entre eles. Como ente personalizado, o Estado tanto poder atuar no campo do Direito Público como no do Direito Privado, mantendo sempre sua única personalidade de Direito Público, pois a teoria da dupla personalidade do Estado acha-se definitivamente superada.

Esse é o Estado Democrático de Direito, ou seja, o Estado cujo poder emana do povo e é juridicamente organizado sendo obediente às suas próprias leis. Hodiernamente, o Poder Estatal é uno, não sofre divisões. O que existe é a distribuição entre órgãos autônomos e independentes nas funções de Estado, com a finalidade de proteger a liberdade de cada cidadão frente à autoridade estatal. O seu objetivo é evitar a concentração nas mãos de uma só pessoa, o que poderia gerar situações de abuso de poder. A separação de funções

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estatais, como garantia da perpetuidade do Estado Democrático de Direito, serve para impor limites aos detentores ou exercentes do poder, uma garantia contra possíveis arbitrariedades dos seus agentes. A separação das três funções de poderes surgiu da passagem do Estado Absolutista para o Estado Liberal e tem em Montesquieu seu idealizador: “o poder deve limitar o poder, para evitar o abuso de poder”. Destarte, não existirá um Estado Democrático de Direito, sem que haja (divisão de funções). Poderes de Estado, independentes e harmônicos entre si, bem como previsão de direitos e garantias individuais. Não existe subordinação, pois atuam de modo independente, bem como não devem existir conflitos entre eles, devido ao objetivo de todos os poderes: assegurar o bem comum. A função legislativa: estabelecer as regras de direito gerais e impessoais, impostas coativamente a todos e a fiscalizadora. A função executiva: administração do Estado, de acordo com as leis elaboradas pelo Legislativo. A função judiciária: atividade de distribuição da justiça e aplicação da lei ao caso concreto, em situações de litígio. A separação dos poderes não é rígida, pois existe uma “interferência” de um poder no outro, ou seja, um poder desempenha sua funções, mas ao mesmo tempo fiscaliza o outro poder (conhecido como sistema de freios e contrapesos). Também não é absoluta, posto que nenhum poder exercita apenas as suas funções típicas, sendo necessário ressaltar que cada um dos chamados poderes possui uma função predominante (funções típicas), que o caracteriza como detentor de uma parcela da soberania estatal, além de outras funções previstas no texto constitucional (funções atípicas), conforme já lecionamos. Só para relembrar: O Poder Executivo é responsável por sancionar ou vetar os projetos de lei do Poder Legislativo, bem como edita medidas provisórias com força de lei (art. 62; 66, § 1° ); O Poder Legislativo tem o dever de julgar anualmente as contas do Poder Executivo (art. 49, IX, CF); É de competência do Poder Executivo nomear os Ministros dos Tribunais Superiores do Poder Judiciário, após prévia aprovação do Congresso Nacional (art. 52,III; e 84, XIV); O chefe do Poder Executivo é julgado pelo Poder Legislativo nos casos de crimes de responsabilidade ; O chefe do Poder Executivo é julgado pelo Poder Judiciário nos casos de crime comum.

CAPÍTULO 4PONTO 11 - PODER LEGISLATIVO FEDERAL

11.1 – COMPOSIÇÃO E ESTRUTURA1 - COMPOSIÇÃO E ESTRUTURA

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O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e do Senado Federal (art. 44, caput). O Poder legislativo é denominado bicameral, exatamente por ser composto por duas Casas: a Câmara dos Deputados e o Senado Federal.

A Câmara dos Deputados compõe-se de representantes do povo, eleitos, pelo sistema proporcional, em cada Estado, em cada Território e no Distrito Federal (art. 45, caput). Nenhuma das unidades da Federação terá menos de 8 ou mais de 70 (CF, art. 45, §1º). Cada Território elegerá 4 deputados (CF, art. 45, §2º). O número total de Deputados, bem como a representação por Estado e pelo Distrito Federal, será estabelecido por lei complementar, proporcionalmente à população, procedendo-se aos ajustes necessários, no ano anterior às eleições. A lei complementar nº 78, de 30/12/1993, fixou que o número de deputados federais não ultrapassará 513 representantes.

Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o princípio majoritário (art. 46, caput). Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Senadores, com mandato de oito anos (CF, art. 46, §1º). A representação de cada Estado e do Distrito Federal será renovada de quatro em quatro anos, alternadamente, por um e dois terços (CF, art. 46, §2º). Cada Senador será eleito com dois suplentes (CF, art. 46, §3º).

Na atual legislatura há 513 Deputados e 81 Senadores. O número de Deputados encontra-se previsto na Lei complementar nº 78/93 e o número de Senadores encontra-se previsto na própria Constituição.

11.2 – SISTEMAS ELEITORAIS

2 - SISTEMAS ELEITORAIS

11.2.1 - Sistema proporcional - é o sistema eleitoral em que os representantes são definidos de acordo com a proporção dos votos dos eleitores. Assim todos os partidos têm direitos a se fazer representar, proporcionalmente à votação recebida. A execução ideal desse sistema resultará, por exemplo, se um partido obtiver 20% do total de votos a sua representação corresponderá a 20% dos deputados. (Teoria do Estado, Alexandre Mariotti, editora síntese, pág. 59). Neste sistema algumas expressões são comuns, tais como quociente eleitoral, quociente partidário, distribuição dos restos e método da maior média. O quociente eleitoral que é o número de votos suficientes para ocupar uma vaga é encontrado mediante a divisão dos votos válidos pelo número de lugares em disputa . O quociente partidário representa o número de vagas ocupadas por cada partido ou coligação é encontrado pela divisão da votação obtida por cada partido pelo quociente eleitoral, desprezada a fração. Os candidatos eleitos são os mais votados dentro de cada partido até o número de vagas que cabe ao partido. A distribuição dos restos – isto é, dos lugares que não foram preenchidos pela aplicação do quociente eleitoral - é efetuada pela

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aplicação de outra fórmula, o método da maior média, que consiste no seguinte: adiciona-se mais um lugar aos que foram obtidos por cada um dos partidos; depois toma-se o número de votos válidos atribuídos a cada partido e divide-se por aquela soma; o primeiro lugar a preencher caberá ao partido que obtiver a maior média; repete~se a mesma operação, tantas vezes quantos forem os lugares restantes que devam ser preenchidos, até sua total distribuição entre os partidos (José Afonso da Silva, Curso..., 13º edição, pág. 355).

11.2.2 - Sistema majoritário – é um sistema eleitoral mais simplificado em que a o vencedor será quem obtiver o maior número de votos. É aplicável nas eleições para a escolha dos Chefes do Poder Executivo, ou seja, do Presidente da República, dos Governadores e dos Prefeitos. No Poder Legislativo o sistema majoritário só é utilizado para a eleição dos Senadores.

11.3 – CONCEITO DE LEGISLATURA

3 – CONCEITO DE LEGISLATURA

Legislatura corresponde ao período de duração do mandato de Deputado Federal e terá a duração de 4 anos (CF, art. 44, Parágrafo único). A legislatura marca o início e o término do mandato dos Deputados. O Senado é contínuo por ser renovável apenas parcialmente em cada período de quatro anos, por um terço e dois terços respectivamente.

11.4 – SESSÃO LEGISLATIVA

4 - SESSSÃO LEGISLATIVA

4.111.4.1 - SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA é o período anual em que deve estar reunido o Congresso. Divide-se em dois períodos legislativos. O 1º período vai de 2 de fevereiro a 17 de julho. Após uma interrupção (uma pequena parte do mês de julho, porque ninguém é de ferro), começa o 2º período que vai de 1º de agosto a 22 de dezembro (outro merecido recesso para os festejos natalinos e do ano novo). Atentem para estas datas, elas serão solicitadas porque foram modificadas pela Emenda nº 50, de 14-2-2006. Antes o Congresso tinha 3 meses de recesso, agora, após a mudança, esse prazo passou para 55 dias.

Detalhe muito importante abordado tanto nas questões de Direito Constitucional quanto nas de Direito Financeiro: a sessão legislativa ordinária não será interrompida, no mês de julho, sem a aprovação do projeto de lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).

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CF, Art. 57. O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, na Capital Federal, de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 50, de 2006)  

§1º As reuniões marcadas para essas datas serão transferidas para o primeiro dia útil subseqüente, quando recaírem em sábados, domingos ou feriados (§ 1º).

§2º A sessão legislativa não será interrompida sem a aprovação do projeto de lei de diretrizes orçamentárias.

4.211.4.2 - SESSÃO LEGISLATIVA EXTRAORDINÁRIA é a que ocorre nos períodos de recesso por convocação extraordinária, ou seja, entre 18 e 31 de julho e entre 23 de dezembro a 1 de fevereiro. Na sessão legislativa extraordinária, o Congresso Nacional somente deliberará sobre a matéria para a qual foi convocado, exceto se existirem medidas provisórias, vedado o pagamento de parcela indenizatória em razão da convocação. Havendo medidas provisórias em vigor na data de convocação extraordinária do Congresso Nacional, serão elas automaticamente incluídas na pauta de convocação.

A convocação extraordinária do Congresso Nacional, prevista no art. 56, far-se-á:

§ 6º, I pelo Presidente do Senado Federal, em caso de decretação de estado de defesa ou de intervenção federal, de pedido de autorização para a decretação de estado de sítio e para o compromisso e a posse do Presidente e do Vice-Presidente da República;

§ 6º, II pelo Presidente da República, pelos Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, ou a requerimento da maioria dos membros de ambas as Casas, em caso de urgência ou interesse público relevante , em todas as hipóteses deste inciso com a aprovação da maioria absoluta de cada uma das Casas do Congresso Nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 50, de 2006)

§ 7º Na sessão legislativa extraordinária, o Congresso Nacional somente deliberará sobre a matéria para a qual foi convocado, ressalvada a hipótese do § 8º deste artigo, vedado o pagamento de parcela indenizatória, em razão da convocação. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 50, de 2006)

§ 8º Havendo medidas provisórias em vigor na data de convocação extraordinária do Congresso Nacional, serão elas automaticamente incluídas na pauta da convocação.

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11.5 – DIREITOS E DEVERES DOS DEPUTADOS E SENADORES

11.5 - DIREITOS E DEVERES DOS DEPUTADOS E SENADORES5.1 – PRERROGATIVA DE FORO

5.1 - PRERROGATIVA DE FORO

Art. 53 § 1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal.

Para que possamos entender este dispositivo constitucional é necessário atentar para a seguinte seqüência: eleição/diplomação/posse. Primeiro ocorre a eleição, realizada no primeiro domingo de outubro. Em seguida, em torno de 30 dias após a eleição, dá-se a diplomação e, no ano seguinte, no início da legislatura, tem-se a posse. Pois bem, desde a diplomação, antes mesmo da posse, os Deputados e Senadores somente serão julgados pelo Supremo Tribunal Federal, mesmo que o crime tenha sido cometido antes da diplomação. Neste último caso o processo desloca-se do juiz ou tribunal em que estiver sendo processado e seguirá para o Supremo Tribunal Federal.

11.5.2 – IMUNIDADE MATERIAL OU INVIOLABILIDADE5.2 - IMUNIDADE MATERIAL OU INVIOLABILIDADEI

CF, art. 53, caput, Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos(Redação dada pela EC nº 35, de 20/12/2001).

] A Constituição blinda com a imunidade material ou inviolabilidade as opiniões palavras e votos proferidos pelos Deputados e Senadores em decorrência do mandato parlamentar conferido pelo povo. É importante ressaltar que a inviolabilidade alcance hoje "quaisquer opiniões, palavras e votos" do congressista, ainda quando proferidas fora do exercício formal do mandato, mas em razão deste. O STF já decidiu que a imunidade material protege o congressista em todas as suas manifestações que guardem relação com o exercício do mandato, ainda que produzidas fora do recinto da própria Casa Legislativa.

Esta imunidade é de igual modo usufruída pelos Deputados Estaduais (ver CF, art. 27, §1º) e também pelos Vereadores (ver CF, art. 29, VIII), no entanto, quanto a estes últimos a imunidade protege o Vereador apenas quanto as opiniões, palavras e votos proferidos no limite territorial dos respectivos Municípios.

É importante ressaltar que a inviolabilidade alcança hoje "quaisquer opiniões, palavras e votos" do congressista, ainda quando proferidas fora do exercício formal do mandato, ela tem limites. Não cobre as ofensas que,

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pelo conteúdo e o contexto em que perpetradas, sejam de todo alheias à condição de Deputado ou Senador do agente (cf. STF, Inq 1.710, 27.2.02, Sanches). Não cobre, por exemplo, a divulgação pela imprensa emitida por um dirigente de clube de futebol de suspeita difamatória contra a empresa patrocinadora de outro e relativa a suborno da arbitragem de jogo programado entre as respectivas equipes, nada importando que aquele dirigente seja um Deputado Federal.

11.5.3 – IMUNIDADE FORMAL OU PROCESSUALAPARECEU NO CONCURSO PARA AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO –AFT/2003-ESAF

Segundo precedentes do STF, a ofensa à intimidade e à vida privada, praticada por um Senador, ainda que no exercício da sua atividade parlamentar, não o exime do pagamento da indenização por danos materiais ou morais, porque esta hipótese não está coberta pela imunidade material que lhe confere a CF/88. (esta assertiva está............................)

5.3 - IMUNIDADE FORMAL OU PROCESSUAL -11.5.3.1 - PRISÃO

5.3.1 - IMUNIDADE FORMAL OU PROCESSUAL – PRISÃO

CF Art. 53, § 2º - Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão (redação dada pela EC 35).

O conteúdo do parágrafo 2º é denominado de imunidade formal relativa a prisão. Por ele impossibilita-se o parlamentar ser preso, salvo flagrante delito de crime inafiançável. E, neste caso, os autos serão submetidos à Câmara ou ao Senado para que se resolva sobre a prisão (se deverá continuar preso ou se deverá responder solto a processo). Não houve mudança quanto a esse aspecto com a EC 35, exceto que a decisão não se dará mais por voto secreto.

Os Deputados Estaduais têm esta imunidade. Os Vereadores não.

11.5.3.2 – IMUNIDADE PROCEDIMENTAL.

5.3.2 - IMUNIDADE FORMAL OU PROCESSUAL – PROCESSO

Art. 53 ----------------------------------------------------------------------------------------------------

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(-----)§ 3º - Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação (redação dada pela EC 35).

§ 4º - O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável de quarenta e cinco dias do seu recebimento pela Mesa Diretora (redação dada pela EC 35).

§ 5º - A sustação suspende a prescrição, enquanto durar o mandato

O parágrafo terceiro representa a maior mudança promovida por força da EC nº 35/2001. Trata da possibilidade de se abrir processo contra membro do Congresso Nacional, exatamente o que se tem de mais importante do ponto de vista do concurso.

Antes dessa Emenda Constitucional o STF necessitava da “licença prévia" da Câmara ou do Senado para poder dar início a um processo contra membro do Congresso Nacional. Tal licença em muitos casos demorava anos para ser concedida ou, na maioria das vezes, nunca era concedida. Configurava empecilho ao exercício da jurisdição, impedindo a instauração do processo. Assim, antes da Emenda nº 35, os membros do Congresso Nacional não poderiam sequer ser processados sem prévia licença da Casa. Com a nova redação dada ao parágrafo 3º do art. 53, não há mais necessidade de prévia licença para abrir processo. Agora, o que existe é a possibilidade de sustação do processo criminal já em andamento pela respectiva casa legislativa, quando se tratar de crime cometido depois da diplomação. A sustação se dará se, por iniciativa de partido político, a Casa legislativa aprovar o pedido. A decisão terá que ser tomada no prazo improrrogável de 45 dias. A imunidade processual é também usufruída pelos Deputados Estaduais (ver CF, art. 27, §1º).

Atenção: Os deputados estaduais dispõem desta imunidade processual; os Vereadores não (ver CF, art. 29, VIII).

JURISPRUDÊNCIA DO STF: Imunidade parlamentar: abolição da licença prévia pela EC 35/01: desde

a publicação da EC 35/01, tornou-se prejudicado o pedido de licença pendente de apreciação pela Câmara competente ou sem efeito a sua denegação, se já deliberada, devendo prosseguir o feito do ponto em que paralisado (Inq.1566 QO/AC - ACRERelator(a): Min. Sepúlveda Pertence, 18/02/2002).

IMPOSSIBILIDADE DE RENÚNCIA À IMUNIDADE - não se reconhece ao congressista a faculdade de renunciar à imunidade parlamentar. O congressista, isoladamente considerado, não tem sobre a imunidade parlamentar qualquer poder de disposição, por tratar-se de uma

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garantia institucional deferida ao Congresso Nacional (1/2/91, min. Celso de Mello).

O Deputado que exerce a função de Ministro de Estado não perde o mandato, porém não pode invocar a prerrogativa da imunidade, material e processual pelo cometimento de crime no exercício da nova função (STF, rel. Min. Néri da Silveira, 8 –9 -1981).

        CF/88 Art. 56. Não perderá o mandato o Deputado ou Senador:

I - investido no cargo de Ministro de Estado, Governador de Território, Secretário de Estado, do Distrito Federal, de Território, de Prefeitura de Capital ou chefe de missão diplomática temporária.

APRECEU NO CONCURSO PARA O STJ/Analista Judiciário/Área Administrativa/2004) Ao vereador se estendem as mesmas imunidades formais e materiais que protegem os representantes do Congresso Nacional, restritas à circunscrição municipal. (esta assertiva está ..............................)11.6 – PREDA DO MANDATO DO DEPUTADO OU SENADOR

6 – PERDA DO MANDATO DO DEPUTADO OU SENADOR

Art. 55. Perderá o mandato o Deputado ou Senador:        I - que infringir qualquer das proibições estabelecidas no artigo anterior;        II - cujo procedimento for declarado incompatível com o decoro parlamentar, é incompatível com o decoro parlamentar, além dos casos definidos no regimento interno, o abuso das prerrogativas asseguradas a membro do Congresso Nacional ou a percepção de vantagens indevidas (§1º, art. 55)..        III - que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte das sessões ordinárias da Casa a que pertencer, salvo licença ou missão por esta autorizada;        IV - que perder ou tiver suspensos os direitos políticos;        V - quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos previstos nesta Constituição;        VI - que sofrer condenação criminal em sentença transitada em julgado.      .....................................................................................................................................         § 2º - Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do mandato será decidida pela Câmara dos Deputados ou pelo Senado Federal, por voto secreto e maioria absoluta, mediante provocação da respectiva Mesa ou de partido político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa.        § 3º - Nos casos previstos nos incisos III a V, a perda será declarada pela Mesa da Casa respectiva, de ofício ou mediante provocação de

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qualquer de seus membros, ou de partido político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa.

§ 4º A renúncia de parlamentar submetido a processo que vise ou possa levar à perda do mandato, nos termos deste artigo, terá seus efeitos suspensos até as deliberações finais de que tratam os §§ 2º e 3º. (Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 6, de 1994)

Do ponto de vista do concurso apenas duas coisas são importantes neste artigo 55.

a) Deputado e Senador não são cassados. Poderão sofrer a perda de seus mandatos. Cassação e perda de mandato não são instrumentos iguais. Cassação era instrumento utilizado na época da ditadura. Perda de mandato é instrumento democrático utilizáveis apenas nos casos previstos na Constituição e serão aplicados após a garantia do contraditório e da ampla defesa;

b) A perda do mandato não é automática. Qualquer que seja a hipótese Constitucional da perda do mandato esta terá que ser decidida, dependendo do caso, pelo Plenário ou pela Mesa Diretora da Casa respectiva.

11.7 - COMISSÕES

APARECEU NO CONCURSO PARA Delegado de Polícia de Roraima/2003/CESPE) Um deputado federal foi condenado em processo criminal, com decisão transitada em julgado, pelo crime de corrupção passiva. Nessa situação, um dos efeitos da decisão judicial será a automática suspensão dos direitos políticos do parlamentar e a conseqüente perda do mandato. (esta assertiva está .................................)

UnB / CESPE – TRF 5.ª Região Cargo: Juiz Federal Substituto da 5ª Região/200553 - Se, ao final dos trabalhos da comissão de sindicância, for comprovada a realização de pagamentos para parlamentares com vistas a garantir apoio ao governo nasvotações, os deputados que forem apontados como beneficiários do esquema de pagamento poderão sofrer processo de perda de mandato, cabendo a decisão sobre a perda à Câmara dos Deputados, por voto secreto e maioria absoluta, assegurada aos parlamentares a ampladefesa. (esta assertiva está ........................................................)

7 - COMISSÕES

Art. 58 caput - Congresso Nacional e suas Casas terão comissões permanentes e temporárias, constituídas na forma e com as atribuições previstas no respectivo regimento ou no ato de que resultar sua criação.

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§ 1º - Na constituição das Mesas e de cada Comissão, é assegurada, tanto quanto possível, a representação proporcional dos partidos ou dos blocos parlamentares que participam da respectiva Casa.

§ 2º - Às comissões, em razão da matéria de sua competência, cabe:

I - discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do regimento, a competência do Plenário, salvo se houver recurso de um décimo dos membros da Casa;II - realizar audiências públicas com entidades da sociedade civil;III - convocar Ministros de Estado para prestar informações sobre assuntos inerentes a suas atribuições;IV - receber petições, reclamações, representações ou queixas de qualquer pessoa contra atos ou omissões das autoridades ou entidades públicas;V - solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão;VI - apreciar programas de obras, planos nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento e sobre eles emitir parecer.      § 4º - Durante o recesso, haverá uma Comissão representativa do Congresso Nacional, eleita por suas Casas na última sessão ordinária do período legislativo, com atribuições definidas no regimento comum, cuja composição reproduzirá, quanto possível, a proporcionalidade da representação partidária.

Cabe as Comissões dar parecer sobre os projetos apresentados em cada Casa. Quando os projetos receberem pareceres contrários, quanto ao mérito, serão tidos como rejeitados e arquivados definitivamente, salvo recurso de um décimo dos membros da Câmara ou do Senado no sentido de sua tramitação.

11.7.1 – COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO - CPI

7.1 - COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO – CPI

Art. 58 § 3º - As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores.

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As questões de concursos estão repletas de questionamentos sobre se a CPI poderá condenar alguém. Perceba que as conclusões da CPI serão encaminhadas ao Ministério Público, ficando ao encargo deste último promover a responsabilidade civil ou penal dos infratores.

Fato determinado é o acontecimento de relevante interesse para a vida pública e a ordem constitucional, legal, econômica e social do país. Segundo a Jurisprudência do STF a Comissão Parlamentar de Inquérito deve apurar fato determinado. Todavia não está impedida de investigar fatos que se ligam, intimamente, com o fato principal (HC n. 721231 – 2). Prazo certo - o STF decidiu que a locução “prazo certo” , inscrita no § 3º ,art. 58, CF, não impede prorrogações sucessivas dentro da legislatura (HC 71193).

Prerrogativas dos membros das CPIs:

A CPI PODE:

1 - Possibilidade de a CPI ordenar, por autoridade própria, a quebra dos sigilos bancário fiscal e telefônico, no entanto, deve demonstrar a existência de causa provável que legitime a medida excepcional (MS-23452/RJ – Tribunal Pleno, julgamento unânime em 16/09/1999, Relator Ministro Celso de Mello);2 - Ordenar a condução coercitiva de testemunhas.3 – Ordenar a prisão em flagrante.

VEDAÇÕES IMPOSTAS ÀS CPIs:

A CPI NÃO PODE por seus próprios meios determinar :

1 - decretar prisão, salvo em caso de flagrante delito; 2 - a realização de diligência de busca e apreensão de documentos.

3 - a interceptação ou escuta telefônica de pessoa submetida a sua investigação

4 - a indisponibilidade de bens, arrestos, seqüestro, hipoteca judiciária

Se tais atos forem necessários, embora a CPI não os possa ordenar por seus próprios membros, poderá, motivadamente, requerer ao Judiciário a realização deles.

JURISPRUDÊNCIA DO STF :

Permanecer calado é direito legítimo, inclusive perante CPI - comissão parlamentar de inquérito (STF).

(I) Não configura o crime de falso testemunho, quando a pessoa depondo como testemunha, ainda que compromissada, deixa de revelar fatos que possam incriminá-la. (II) Nulidade do auto de prisão em flagrante lavrado por determinação do Presidente da CPI, dado que não se consignou qual a declaração falsa feita pelo depoente e a razão pela qual a considerou a Comissão ( HC 73035-3).

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QQUESTÕES - PONTO 11 – DO PODER LEGISLATIVO

01 – (AGU/96). Assinale a assertiva correta.

a) No sistema constitucional, se nenhum candidato à Presidente da República obtiver maioria absoluta na primeira votação, far-se-á nova eleição, concorrendo os dois candidatos mais votados e considerando-se eleito aquele que obtiver a maioria de votos válidos, computados os brancos e nulos.

b) Na eleição para Governador e Prefeito Municipal, considerar-se-á eleito aquele que obtiver a maioria de votos.

c) Os senadores serão eleitos pelo sistema proporcional.d) É plenamente legítima, do prisma constitucional, decisão do legislador

ordinário federal com vistas a introduzir o sistema distrital misto para a eleição dos deputados federais.

e) Aplicam-se aos deputados estaduais as regras da Constituição sobre sistema eleitoral, inviolabilidade e imunidade.

02 - (Analista Judiciário – Área Administrativa TRF 5ª/ FCC) De acordo com a Constituição, o Senado Federal compõe-se de representantes

(A) do povo brasileiro, eleitos segundo o princípio proporcional, para um mandato de quatro anos.(B) do povo dos Estados, Distrito Federal e Territórios, eleitos segundo o princípio majoritário, em dois turnos.(C) da União e dos Estados, cada qual elegendo três Senadores, para um mandato de quatro anos.(D))dos Estados e do Distrito Federal, eleitos pelo princípio majoritário, para um mandato de oito anos.(E) do povo, renovando-se sua representação de quatro em quatro anos, alternadamente, por um e dois terços.

COMISSÕES

03. (AFTN/98) - Assinale a assertiva correta :

a) A imunidade parlamentar somente protege o Deputado ou Senador após a posse.

b) A Comissão Parlamentar de Inquérito dispõe de poderes para decretar a prisão preventiva de eventual indiciado.

c) A convocação extraordinária do Congresso Nacional não poderá ser requerida pelos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal.

d) As comissões permanentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal poderão discutir e votar determinados projetos de forma definitiva.

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e) A comissão representativa do Congresso Nacional, que deve atuar no período de recesso, dispõe de poderes para emendar a Constituição ou decretar perda de mandato dos parlamentares.

04 - (AFCE – TCU/1999 ESAF) Assinale a assertiva correta:

a) as Comissões Parlamentares de inquérito podem decretar a prisão provisória de eventual indiciado.

b) as Comissões Parlamentares de inquérito podem determinar a quebra de sigilo fiscal e bancário de pessoa submetida à sua investigação.

c) as Comissões Parlamentares de inquérito podem determinar a interceptação ou escuta telefônica de pessoa

submetida à sua investigação.d) as Comissões Parlamentares de inquérito podem determinar a busca e

apreensão de documentos, no domicílio de pessoa submetida à sua investigação. e) segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, é legítima a

decretação de indisponibilidade de bens pelas Comissões Parlamentares de inquérito.

05 - (AFRF/2001 ESAF) A respeito das CPIs (Comissões Parlamentares de inquérito), como reguladas na Constituição Federal, é correto afirmar:

a) São órgãos do Congresso Nacional encarregados de legislar sobre irregularidades da Administração Pública. b) São criadas, no âmbito do Congresso Nacional, pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, para apuração de fato determinado e por tempo certo. c) São órgãos permanentes do Congresso Nacional dotados de todos os poderes das autoridades judiciárias.d) trata-se de instrumento de imposição de penalidades pelo Legislativo.e) São órgãos do Legislativo, auxiliares do Ministério Público, criados com a finalidade de realizar investigações políticas sobre crimes de relevância política.

06– (AGU/96). Assinale a assertiva correta.

a) As Comissões Parlamentares de Inquérito, dotadas de poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, podem determinar a prisão cautelar de eventuais indiciados ou a condução coercitiva de testemunhas.

b) O parlamentar federal perderá o cargo se investido no cargo de Secretário de Estado.

c) Os projetos de lei encaminhados pelo Presidente da Republica poderão ter inicio na Câmara dos Deputados ou no Senado Federal.

d) É admissível a rejeição parcial de veto total.e) As Comissões Parlamentares de Inquérito não podem determinar a

quebra do sigilo bancário de eventual investigado.

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GABARITO – PODER LEGISLATIVO 01 E art. 27, § 1º, art. 45, caput02 D art. 46, caput e § 1º03 - D art. 58, §2º, I 04 - B Jurisprudência05 - B art. 58, §3º 06 - D arts.66,§ 4º; 56,I (b);58, §3º(a);jurisprudência (d)

PONTO 12 - DO PROCESSO LEGISLATIVO

O processo legislativo compreende uma série de atos legislativos destinados a criação de espécies normativas. Estas espécies normativas compreendem emendas à Constituição, leis (Complementares, Ordinárias e Delegadas), medidas provisórias, decretos legislativos e resoluções, tudo conforme o artigo 59 da CF, que reza..

Art. 59 – O processo legislativo compreende a elaboração de I - emendas à constituiçãoII - leis complementares;III - leis ordinárias;IV - leis delegadas;V - medidas provisórias;VI - decretos legislativos;VII - resoluções.

Inicialmente cabe expressar um detalhe muito importante. A Emenda à Constituição, que é superior a todas as demais espécies normativas, altera e passa a fazer parte do texto Constitucional. Entre as demais espécies normativas não há qualquer hierarquia jurídica.

12.1 – EMENDA À CONSTITUIÇÃO

A primeira noção que devemos ter é a de que uma vez promulgada uma emenda constitucional ela passa a ter a mesma hierarquia das demais normas constitucionais. A única diferença é que poderá sofrer controle de constitucionalidade, o que não é possível nas regras do Poder Originário..

Esta espécie normativa serve para adequar às novas dinâmicas sociais a norma suprema. A Reforma Constitucional pode ser por Revisão ou por Emenda.

O modo de elaboração das EMENDAS CONSTITUCIONAIS, consta no art. 60 da CF/88 e iremos abordá-lo a seguir. No tocante à REVISÃO CONSTITUCIONAL encontra-se prevista no art. 3º, do ADCT (ADCT - significa Ato das Disposições Constitucionais Transitórias).

A Constituição da República, promulgada em 5 de outubro de 1988, já foi alvo de 52 Emendas Constitucionais e de 06 de Revisão Constitucional. Quando foi aprovada nossa Constituição possuía 245 artigos em sua parte

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permanente e 70 artigos em sua parte transitória denominada de ADCT - Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.

Hoje, em 2006, se vocês tiverem a curiosidade de contar, perceberão que a nossa Constituição de 1988, computadas as suas últimas alterações promovidas pela Emenda Constitucional nº 52, promulgada em 8/3/2006, possui 250 artigos em sua parte permanente e 94 artigos em sua parte transitória.

CF/88 Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:

I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal;II - do Presidente da República;III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.

§ 1º - A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.

§ 2º - A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros.

§ 3º - A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem.

§ 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:

I - a forma federativa de Estado;II - o voto direto, secreto, universal e periódico;III - a separação dos Poderes;IV - os direitos e garantias individuais.§ 5º - A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa.

Passaremos a analisar o art. 60, da Constituição de 1988 e perceberemos que há vários requisitos, conhecidos por limitações para que a Constituição seja modificada através de emenda.

Genericamente essas limitações são classificadas em limitações formais, limitações circunstanciais e limitações materiais, que já analisamos no início do nosso estudo.

iniciativa restrita (incisos I a III, do art. 60), porque poucos podem formular proposta de Emenda Constitucional. Apenas o Presidente da República; um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; ou mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros

a discussão e votação (§2º, do art. 60) dar-se-á nas duas Casas do Congresso Nacional, ou seja, na Câmara dos Deputados e no Senado

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Federal, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambas, 3/5 dos votos dos respectivos membros.

a promulgação (§3º, do art. 60) será realizada pelas mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.

em caso de rejeição, a matéria não poderá ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa (§5º, do art. 60). De igual modo acontece com a matéria constante de proposta de emenda constitucional havida por prejudicada, assim entendida aquela que nem chegou a ser posta em votação por não atender, por exemplo, os requisitos quanto à sua iniciativa ou que tenha sido proposta na vigência de intervenção federal, estado de defesa ou estado de sítio.

Sessão legislativa é período de reunião anual do Congresso Nacional que vai de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro (CF/88, art. 57, caput, com redação dada pela EC nº 50, de 14-2-2006).

Circunstanciais - Referem-se as circunstâncias, constantes do §1º do art. 60, conhecidos como estados de legalidade extraordinária: intervenção federal (CF,art. 34), de estado de defesa (CF,art. 136) e estado de sítio (CF, art. 137)

durante estes períodos a Constituição não poderá ocorrer emenda. Materiais - São as famosas cláusulas pétreas. As cláusulas pétreas, constantes dos incisos I a IV, do §4º do art. 60, impedem que sequer seja objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir :

a forma federativa de Estado; o voto direto, secreto, universal e periódico; a separação dos Poderes, os direitos e garantias individuais

Essas normas (cláusulas pétreas, núcleo duro) não podem ser modificadas pelos agentes políticos investidos do poder constituinte derivado. Assim, não pode haver emendas constitucionais supressivas sobre os quatro assuntos aqui relacionados. Pelo fato de a nossa Constituição dispor destas cláusulas pétreas que não podem ser revogadas pelo Poder Constituinte Derivado, faz com que alguns estudiosos a classifiquem também como uma CONSTITUIÇÃO SUPER RÍGIDA.

Formais - A doutrina se refere ainda às limitações procedimentais que são os caminhos necessários para se propor e apreciar uma emenda constitucional. Estabelece quem pode, como fazer e quando fazer.

Os estudiosos são unânimes em afirmar que além das limitações expressas que são previstas no texto da Constituição (Limitações formais, limitações circunstanciais, limitações materiais) há outras que não estão expressas sendo assim implícitas. O exemplo mais citado é o da impossibilidade de uma emenda à Constituição revogar qualquer dos inciso ou parágrafos da art. 60 da nossa Constituição. Segundo a melhor doutrina, a

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aprovação de emenda constitucional, alterando o processo legislativo da própria emenda, ou revisão constitucional, tornando-o menos difícil, não seria possível, porque haveria um limite material implícito ao poder constituinte derivado em relação a essa matéria.

(TCU/ACE/2000/ESAF) Assinale a opção correta: a) é pacífico entre nós, que não existem limitações implícitas ao poder constituinte de reforma.b) uma proposta de emenda à Constituição que tenda a abolir uma cláusula pétrea não pode sequer ser levada à deliberação do Congresso Nacionalc) as emendas à Constituição expressam meio típico de manifestação do poder constituinte originário.d) a Constituição de 1988 contemplou ao Presidente da República a titularidade para promulgação das Emendas Constitucionais.e) o poder de reforma ou de emenda é um poder ilimitado na sua atividade de constituinte de primeiro grau.

Gabarito: B

12.2 – REVISÃO CONSTITUCIONAL

        Art. 3º do ADCT. A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral.

Esta Revisão prevista no art. 3º do ADCT- Ato das Disposições Constitucionais Transitórias já foi concluída. Iniciada em 1993 e concluída em 1994, o saldo dela resultante foram (seis) emendas, denominadas Emendas Constitucionais de Revisão, respectivamente numerada de 1 a 6.

Com relação as limitações, a revisão sujeitou-se a limitações formais e materiais. As formais foram a necessidade de maioria absoluta em sessão unicameral do Congresso Nacional. As materiais, conforme Jurisprudência do STF, foram as mesmas limitações materiais de a que estão submetidas as Emendas à Constituição (cláusulas pétreas).

12.3 – LEIS COMPLEMENTARES

CF Art. 69 As leis complementares serão aprovadas por maioria absoluta.

Assim, para aprovação de um projeto de lei complementar serão necessários os votos favoráveis de mais da metade do total dos membros de determinada Casa Legislativa. Trata-se da maioria absoluta. Exemplo: A câmara federal conta com um total de 513 deputados federais. Uma lei

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complementar para ser aprovada necessita de no mínimo 257 votos favoráveis. Assim 257 votos representam o primeiro número inteiro superior a metade (a metade é 256,5). O senado conta com 81 senadores, assim, para ser aprovada, uma lei complementar necessita de 42 votos favoráveis.

12.4 – LEIS ORDINÁRIAS

Para sabermos o quorum para aprovação de um projeto de lei ordinária precisamos atentar para o disposto no art. 47 da CF/88, cujo teor é o seguinte.

Art. 47. Salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações de cada Casa e de suas comissões serão tomadas por maioria dos votos, presente a maioria absoluta de seus membros.

Pois bem O art. 47 da CF/88 (cuja regra se aplica quando a Constituição não prevê número específico de apoios para determinada matéria) trata do número mínimo de votos parlamentares para dar início a uma reunião. Neste nosso trabalho podemos denominar de quorum de instalação. O artigo 47 cuida ainda do número mínimo de parlamentares para que determinada matéria seja aprovada, passaremos a denominar este último de quorum para aprovação. Só se instala a sessão deliberativa com a presença da maioria absoluta dos membros integrantes da Casa Legislativa. Maioria absoluta representa mais da metade dos membros que integram determinada Casa Legislativa. Em termos técnicos a maioria absoluta representa o primeiro número inteiro superior a metade. Caso estejam presentes essa maioria absoluta, haverá condições para o início da discussão e votação. Diz ainda o artigo que tendo início a discussão com a presença da maioria absoluta (quorum de instalação), as decisões serão tomadas por maioria simples de votos dos parlamentares presentes. Esta maioria de votos é chamada de maioria simples. Assim, um projeto de lei ordinária ao ser posto em votação terá votos favoráveis, votos contrários e abstenções de voto dos membros da Casa Legislativa que estiverem efetivamente presentes. O projeto será aprovado se receber a maioria de votos favoráveis. Por outro lado, em sentido oposto, se a maioria dos presentes forem contrários o projeto será rejeitado. Desta forma para que seja aprovado um projeto de lei ordinária serão necessários os votos favoráveis da maioria simples (quorum de aprovação) entre os presentes. Desde que estejam presentes a reunião a maioria absoluta dos membros de determinada Casa Legislativa (quorum de instalação). Trata-se da maioria simples.

Vamos a um exemplo:

Na câmara dos deputados, que tem 513 deputados federais, para ter início uma sessão de votação necessitam estar presentes 257 (maioria absoluta dos membros). Estando presentes no mínimo 257 deputados, a lei ordinária será aprovada com a maioria simples dos votos dos deputados

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presentes à sessão. Suponha que 120 digam sim, 110 digam não e 27 se abstenham de votar, neste caso a lei ordinária será aprovada.

12.4.1 – HIERARQUIA entre LEI COMPLEMENTAR e LEI ORDINÁRIA

Hierarquia para o Direito, é a circunstância de uma norma encontrar sua nascente, sua fonte geradora, seu fundamento de validade, numa norma que lhe é superior. A lei é hierarquicamente inferior à Constituição porque encontra na Constituição o seu fundamento de validade. Só existe lei porque a Constituição a cria.

A lei ordinária encontra seu fundamento de validade na lei complementar? Claro que NÃO. Tanto a lei ordinária quanto a lei complementar encontram seu fundamento de validade no Texto Constitucional. Portanto, não há hierarquia entre a lei complementar e lei ordinária.

Portanto, quais as diferenças entre lei ordinária e lei complementar? São duas:

Diferença material – somente poderá ser objeto de lei complementar a matéria taxativamente prevista na Constituição Federal, enquanto todas as demais matérias deverão ser objeto de lei ordinária.

Diferença formal – diz respeito ao processo legislativo, na fase de votação. O quorum para aprovação da lei ordinária é de maioria simples (art. 47). O quorum para aprovação de lei complementar é de maioria absoluta (art. 69).

Um exemplo nos deixará mais calmo. Nossa Câmara dos Deputados tem 513 pessoas e 257 estão presentes, há o que se chama quorum (estão presentes a maioria dos membros).

Para aprovar uma lei ordinária: basta que a maioria simples dentre os presentes votem favoravelmente ao projeto. Para iniciar-se a deliberação (votação) faz-se necessária a presença de no mínimo 257 Deputados.

Para aprovar uma lei complementar: são necessários 257 votos favoráveis, ou seja, a maioria absoluta dos membros da Câmara dos Deputados.

12.5 – LEI DELEGADA

Uma característica específica da lei delegada é que ela é elaborada pelo próprio Presidente da República, mediante solicitação ao Congresso Nacional. Constitui exercício de atribuição legislativa atípica.

O instrumento de controle de que dispõe o Congresso Nacional em relação a lei delegada encontra-se disposto no art. 49, V, da CF/88, assim “é da competência exclusiva do Congresso Nacional sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem...dos limites de delegação legislativa”.

Existe a DELEGAÇÂO ABERTA, aquela na qual o Congresso Nacional delega a atribuição ao Presidente da República, mas ratificará a lei antes de sua promulgação. Não é permitido ao Congresso modificar nada. Ele ratifica ou

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rejeita por intero. (art. 68, § 3º). DELEGAÇÃO FECHADA, aquela na qual o Congresso Nacional delega ao Presidente estabelecendo os limites exatos de atuação. (art. 69, § 2º). Vai existir um controle preventivo, no primeiro caso, e repressivo, no segundo.

12.6 – MEDIDAS PROVISÓRIAS

Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional.

12.6.1 - TRAMITAÇÃO

a) Competência: do Presidente da República.

b) Início da votação: as MP terão sua votação iniciada na Câmara dos Deputados.

c) Pressupostos constitucionais das MPs: relevância e urgência.

d) Prazo de vigência: será de 60 dias o prazo de vigência da medida provisória contados da sua publicação no Diário Oficial, suspendendo-se a contagem do prazo durante os períodos de recesso do Congresso Nacional.

e) Regime de urgência: se a MP não for apreciada em até 45 dias contados da sua publicação entrará em regime de urgência, subseqüentemente, em cada um das Casas do Congresso Nacional (CN), ficando sobrestadas todas as demais deliberações da Casa em que estiver tramitando (ocorre o que a imprensa denomina de trancamento da pauta).

f) Prorrogação do prazo de vigência: prorrogar-se-á uma única vez por igual período a MP que não tiver a sua votação encerrada nas duas Casas do CN no prazo de 60 dias de sua vigência.

g) Vedação de reedição das MP: na mesma sessão legislativa, é vedada a reedição de MP que tenha sido rejeitada ou que tenha perdido sua eficácia por decurso do prazo.

h) Perda de eficácia: se a MP não for convertida em lei no prazo de sua vigência (60 dias prorrogável por igual período) perderá a eficácia desde a edição (publicação no Diário Oficial).

i) Em caso de perda de eficácia: deve o Congresso Nacional disciplinar, em até 60 dias, por decreto legislativo, as relações jurídicas delas decorrentes. Se o Congresso Nacional não o fizer, as relações jurídicas constituídas e decorrentes de atos praticados durante a vigência da MP conservar-se-ão por ela (pela MP) regidas.

j) Juízo prévio sobre os pressupostos: a deliberação de cada uma das Casas do CN sobre o mérito das MP dependerá de juízo prévio sobre o atendimento de seus pressupostos constitucionais (relevância e urgência). Caberá á comissão mista de Deputados e Senadores emitir

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parecer, antes de serem apreciadas, em sessão separada, pelo plenário de cada uma das Casas do CN.

k) Alteração do texto da MP: aprovado o projeto de lei de conversão de MP alterando o texto original, esta manter-se-á integralmente em vigor até que seja sancionado ou vetado o projeto.

l) Havendo medidas provisórias em vigor na data de convocação extraordinária do Congresso Nacional, serão elas automaticamente incluídas na pauta de convocação (§ 8º, art. 57).

12.6.3 – POSSIBILIDADES DAS MEDIDAS PROVISÓRIAS

1. instituir ou majorar tributos: a exemplo do Imposto de Importação-II, Imposto de Exportação-IE, do Imposto sobre Produtos Industrializados-IPI, Imposto sobre Operações Financeiras-IOF e Imposto Extraordinário de Guerra-IEG. No caso de impostos submetidos ao princípio da anterioridade, a exemplo do Imposto de Renda-IR, do Imposto Territorial Rural-ITR; a cobrança só ocorrerá no exercício seguinte àquele em que a medida provisória tenha sido convertida em lei.

2. ser adotada por Estados e Municípios através de suas respectivas Constituições e Leis orgânicas (Jurisprudência do STF).

12.6.4 – LIMITES DAS MEDIDAS PROVISÓRIAS

1. dispor sobre nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral;

2. dispor sobre direito penal, processual penal e processual civil;

3. dispor sobre organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros;

4. dispor sobre planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, § 3º (abertura de crédito extraordinário);

5. dispor sobre matéria que vise a detenção ou seqüestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro ativo financeiro;

6. dispor sobre matéria reservada a lei complementar;

7. dispor sobre matéria já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e pendente de sanção ou veto do Presidente da República.

8. regulamentar artigo da Constituição cuja redação tenha sido alterada por meio de emenda promulgada entre 1º de janeiro de 1995 e 11 de setembro de 2001, data da promulgação da emenda nº 32.

JURISPRUDÊNCIA DO STF SOBRE MEDIDA PROVISÓRIA

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Os conceitos de relevância e urgência, pressupostos da medida provisória (CF art. 62), decorrem, em princípio, do juízo discricionário de oportunidade e de valor do Presidente da República, mas admitem o controle do judiciário quanto ao excesso do poder de legislar, o que, no caso, não se evidencia de pronto (STF - Pleno Adin nº 162-1/ DF - medida liminar. Rel. Min. Moreira Alves DJ 10.9.97).

Segundo Jurisprudência do STF, o Presidente da República não pode retirar da apreciação do Congresso Nacional medida provisória que tiver editado. Pode, entretanto, ab-rogá-la (revogá-la por inteiro) por meio de nova medida provisória (STF Pleno Adin 1.315-7/DF – medida liminar – Rel. Min. Ilmar Galvão DJ 22.5.95).

O STF entende que Governadores e Prefeitos podem editar medidas provisórias (Adin MC 812-9 TO, Rel. Min. Moreira Alves). É imortante realçar que esta possibilidade só se configurará se houver previsão no capítulo referente a processo legislativo nas respectivas Constituições dos Estados e nas Leis Orgânicas dos Municípios.

DOUTRINA SOBRE AS MEDIAS PROVISÓRIAS

A MP durante o prazo previsto para sua aprovação suspende a eficácia de lei ordinária anterior nos pontos conflitantes. Caso não seja aprovada pelo Congresso Nacional, a lei anterior volta a sua plenitude de eficácia (Alexandre de Moraes).

12.7 – DECRETO LEGISLATIVO

Segundo Michel Temer: “Essa espécie normativa tem conteúdo, basicamente das matérias de competência exclusiva do Congresso (art. 49). A iniciativa depende de membro ou comissão do Congresso Nacional. A discussão se passa no Congresso Nacional. A aprovação se dá por maioria simples (art. 47). Por ser matéria de competência exclusiva não há sanção. A promulgação é pelo Presidente do Senado Federal (que também é o Presidente do Congresso Nacional, art. 57, §5º) que o mandará publicar”

A EC nº 32, § 3º, dispõe sobre a utilização do decreto legislativo. Vejamos:

"As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11 e 12 perderão eficácia, desde a edição, se não forem convertidas em lei no prazo de sessenta dias, prorrogável, nos termos do § 7º, uma vez por igual período, devendo o Congresso Nacional disciplinar, por DECRETO LEGISLATIVO, as relações jurídicas delas decorrentes".

Em resumo, para simplificarmos basta que entendamos que tanto o decreto legislativo como as resoluções são atos normativos destinados a dispor sobre matérias de competência exclusiva do Congresso Nacional (art. 49), privativa da Câmara dos Deputados (art. 51) ou privativa do Senado Federal (art. 52).

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12.8 - RESOLUÇÕES

Em se tratando de resoluções são válidos todos os comentários que fizemos sobre decreto legislativo. Normalmente destinadas a regulação dos artigos de competência exclusiva do Congresso Nacional (art. 49), da Câmara dos Deputados (art. 51) ou do Senado Federal (art. 52).

No entanto, a CF/88 em algumas passagens determina alguns assuntos que serão regulados por Resolução. Por exemplo, ao tratar da lei delegada, menciona que “A delegação ao Presidente da República terá a forma de resolução do Congresso Nacional”.....(art. 68. §2º). Ao dispor sobre ICMS dispõe a Carta Política que “resolução do Senado Federal...estabelecerá alíquotas aplicáveis às operações e prestações, interestaduais e de exportação (art. 155, §2º, IV)” e “é facultado ao Senado estabelecer alíquotas mínimas nas operações internas, mediante resolução de iniciativa de um terço e aprovada pela maioria absoluta de seus membros,” (art. 155, §2º, V, a).

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RESUMO DAS ESPÉCIES NORMATIVAS DO PROCESSO LEGISLATIVO

ESPÉCIES NORMATIVAS

INICIATIVA LIMITAÇÕES VOTAÇÃO PROMULGAÇÃO MATÉRIA

EMENDA CONSTITUCIO-

NAL ART 60, CF 88

Presidente da República1/3 dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado FederalMais da metade das Assembléias Legislativas, cada qual por sua maioria relativa.

FormaisCircunstanciais

Materiais

Implícitas

Dois turnos em cada casa do Congresso Nacional, necessitando de 3/5 dos votos para aprovação.

Senado Federal Câmara de Deputados

Modificação da Constituição, foram promulgadas 45 Emendas Constitucionais até 31/12/2004

REVISÃO CONSTITUCIO-

NAL ADCT, ART 3º

Congresso Nacional Formais

Materiais

Temporais

Maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional em sessão unicameral

Congresso Nacional

Promulgadas 6 Emendas Constitucionais de revisão (já encerrada)

LEI COMPLEMEN-

TAR ART 69, CF 88

Presidente da República Deputado Senador Comissões STF Tribunais Superiores Procurador Geral da

República TCU

Impostas pela Constituição

Maioria absolutaPresidente da República, suscetível a sansão ou veto. Havendo veto, este pode ser derrubado pelo voto da maioria absoluta do Congresso, em sessão conjunta com escrutínio secreto a ser realizado até 30 dias após o recebimento.

Matéria taxativamente prevista na CF 88

LEI ORDINÁRIA Presidente da República Deputado Senador Comissões STF Tribunais Superiores Procurador Geral da

República TCU Popular

Impostas pela Constitui-cão.

Maioria simples ou relativa

Presidente da República, suscetível a sansão ou veto. Havendo veto, este pode ser derrubado pelo voto da maioria absoluta do Congresso, em sessão conjunta com escrutínio secreto a ser realizado até 30 dias após o recebimento.

Matéria sob as quais não há determinação espécie legislativa.

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ESPÉCIES NORMATIVAS

INICIATIVA VOTAÇÃO PROMULGAÇÃO MATÉRIA

LEI DELEGADA ART 68, CF 88 Presidente da

República, mediante delegação do Congresso Nacional, através de resolução.

Só terá votação na hipótese de assim determinar a Resolução

Presidente da República, não sujeita a sanção ou veto.

Quaisquer matéria, exceto as previstas no §1º, do art. 68 da CF/88

MEDIDA PROVISÓRIA Presidente da República

sobre temas relevantes e urgentes.

Tem início na Câmara; necessita de parecer prévio elaborado pela comissão mista. Maioria Simples.

Presidente da República, suscetível a sanção ou veto. Havendo veto, este pode ser derrubado pelo voto da maioria absoluta do Congresso, em sessão conjunta, com escrutínio secreto a ser realizado até 30 dias após o recebimento.

Assuntos de relevância e interesse. 60 dias de vigência prorrogável por igual prazo; deve ser apreciada até 45 dias. Suspensa de entrar em regime de urgência. Pode instituir tributos; adotada pelos Estados e Municípios.

DECRETO LEGISLATIVO

Membro do Congresso Nacional.

Dispõe sobre assuntos de competência exclusiva do Congresso Nacional (art. 49).

Tem início onde houve a iniciativa.

Presidente do Senado. Não sujeito a sanção ou veto

Assuntos de competência exclusiva do Congresso Nacional

RESOLUÇÃO Membro do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal.

Dispõe sobre assuntos de competência exclusiva do Congresso Nacional (art. 49), e privativa da Câmara (art. 51) e privativa do Senado (art. 52).

Tem início onde houve a iniciativa.

Mesa da Casa Legislativa que o editou. Não sujeito a sanção ou veto

Regulamentação de artigos de competência exclusiva do Congresso Nacional, privativa da Câmara dos Deputados ou privativa do Senado.

QUESTÕES PONTO 12 – DO PROCESSO LEGISLATIVO – ESPÉCIES NORMATIVAS

EMENDAS À CONSTITUIÇÃO

01. (Procurador do INSS/93). Assinale a opção correta

a) A matéria constante de proposta de emenda à Constituição rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa

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b) O processo legislativo compreende a elaboração de leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, decretos, decretos legislativos, resoluções e atos das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.

c) A Constituição poderá ser emendada mediante proposta de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria absoluta de seus membros.

d) São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que disponham sobre organização administrativa e judiciária, matéria tributária e orçamentária, serviços públicos e pessoal da administração do Distrito Federal.

e) A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação ao Congresso Nacional de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles.

02. (AGU/94). Assinale a assertiva correta.

a) Exaurido o processo de revisão constitucional previsto no art. 3o do Ato da Disposições Constitucionais Transitórias, não mais se poderá realizar reforma constitucional com quorum inferior ao previsto no art. 60, § 2o , da Constituição Federal.

b) A Constituição brasileira não estabelece limite ao poder de reforma constitucional.

c) Enquanto o processo de emenda constitucional está submetido a limitações materiais e formais, o processo de revisão constitucional previsto no art. 3o do ADCT submete-se apenas às limitações de índole formal.

d) A revisão especial da Constituição poderá realizar-se a cada cinco anos, mediante decisão da maioria absoluta dos membros das duas Casas do Congresso, em sessão unicameral.

e) A Constituição somente poderá ser emendada mediante proposta de um terço dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal ou por iniciativa do Presidente da República.

03. (AFTN/90). A Constituição brasileira impõe ao constituinte derivado limitações.

a) temporais, materiais e econômicas b) orçamentárias e materiaisc) temporárias, circunstanciais e financeirasd) circunstanciais e materiaise) temporais, apenas

04. (AFTN – mar/94). Assinale a assertiva correta

a) A Constituição não admite emenda constitucional tendente a abolir a República.

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b) A vedação de emenda constitucional tendente a abolir os direitos e garantias individuais aplica-se aos direitos e garantias constantes do art. 5.º da Constituição e a outros direitos individuais assegurados pelo texto constitucional.

c) A Constituição não admite emenda tendente a abolir a forma presidencial do Governo.

d) Mediante o procedimento da chamada “dupla revisão”, pode-se afastar a cláusula proibitiva de determinada emenda, procedendo-se, em seguida, à pretendida mudança no texto constitucional.

e) A proibição da emenda constitucional tendente a abolir determinado princípio é absoluta, não admitindo qualquer alteração do texto protegido com a chamada cláusula pétrea.

05 - (Procurador da República/1995) O Poder Constituinte Derivado exercido pelo Congresso Nacional para reformar a Constituição :

a) é limitado apenas pelas cláusulas pétreas b) não é inicial, mas é ilimitado e autônomo c) é condicionado e secundário, mas tem limitações apenas materiais d) tem limitações circunstanciais e substanciais

MEDIDAS PROVISÓRIAS

06- (AGU/96, adaptada). Assinale a assertiva correta.

a) A medida Provisória aprovada pela maioria absoluta dos membros de cada uma das Casas do Congresso Nacional, pode dispor sobre matéria sujeita a disciplina mediante lei complementar.

b) É possível, na mesma sessão legislativa, a reedição de medida provisória não apreciada pelo Congresso Nacional no prazo constitucionalmente fixado.

c) A superação das cláusulas pétreas, no sistema constitucional brasileiro, pode-se dar pelo modelo da dupla revisão, procedendo-se à revogação ou à alteração da disposição proibitiva e à introdução da disposição ou da modificação pretendida.

d) A constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.

e) A sanção do Presidente da República sana o vício de iniciativa, no caso de projeto de lei de iniciativa privada do Executivo.

07- (AGU/94). Assinale a assertiva correta.

a) A Constituição não permite a reedição de Medidas Provisórias.b) As Medidas Provisórias podem dispor sobre todas as matérias da

competência legislativa da União, inclusive as referentes à instituição de tributo, a definição de crime e à imposição de pena.

c) Para a disciplina das relações jurídicas surgidas no período em que teve vigência Medida Provisória rejeitada, poderá o Congresso Nacional adotar regulação idêntica àquela constante da medida rejeitada.

d) A Medida Provisória somente poderá dispor acerca de matérias legislativas de iniciativa privativa do Presidente da República

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e) As Medidas Provisórias não podem dispor sobre matéria tributária e financeira.

08 - (AGU/96, adaptada). Assinale a assertiva correta

a) Os Estados-membros podem adotar a medida provisória como espécie legislativa.

b) A intervenção federal nos Estados, na hipótese de violação aos princípios sensíveis ou para assegurar a execução do direito federal, independe de representação do Procurador-Geral da República ao Supremo Tribunal Federal.

c) A Constituição Federal não impede que o Estado- membro adote um sistema parlamentar de Governo ou um modelo parlamentar bicameral.

d) Os Estados- membros não podem instituir direitos fundamentais, diversos daqueles previstos na Constituição Federal.

e) Cabe ao Distrito Federal dispor na sua Lei Orgânica, sobre a organização e funcionamento do Tribunal de Justiça e do Ministério Público local.

09 - (AFC/97). É vedada a adoção de medida provisória (questão atualizada)

I - na regulamentação de artigo da Constituição Federal, cuja redação tenha sido alterada por meio de Emenda promulgada entre 1995 até a data da promulgação da Emenda Constitucional nº 32, de 11.09.2001.II - sobre matéria legislativa integrante de CódigoIII - sobre processo penalIV - sobre matéria tributáriaV - na vigência de estado de sítio ou de defesa.

O número de itens que respondem a questão é:

a) 2 b) 3 c) 4 d) 5

10– ( AFTN/96). Assinale a opção correta.

a) Medida provisória não pode instituir crime ou fixar pena.b) Decretos regulamentares podem estabelecer restrições ou limitações a

direitos individuais.c) Medida Provisória pode dispor sobre matéria reservada à lei

complementar, desde que a sua conversão em lei se opere mediante decisão da maioria absoluta dos membros de cada uma das casas do Congresso Nacional.

d) Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, os direitos e garantias individuais gravados com a cláusula pétrea são apenas aqueles constantes do art. 5.º da Constituição.

e) Emenda Constitucional não pode alterar disposição transitória da Constituição.

GABARITO – PROCESSO LEGISLATIVO – Espécies normativas

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01 A art. 60, § 5º02 A doutrina 03 D art. 60, §§ 1º e 4º04 B jurisprudência (b,d,e)05 D06 D art. 60, § 1º; jurisprudência (b,c,e )07 C jurisprudência (a,b,c,e) 08 A jurisprudência 09 A art. 246;10 A jurisprudência (a, c,d,)

PONTO 13 – DO PROCESSO LEGISLATIVO – FASES

Conceito – é o ato que deflagra (dá início) ao processo de criação da lei. A iniciativa pode ser privativa ou reservada, comum, concorrente, conjunta e popular.

O processo legislativo é composto de três fases:1ª Fase: introdutória ou de iniciativa legal, onde se oferece o projeto de

lei2ª Fase: constitutiva , que se desmembra em dois tipos de deliberação,

a parlamentar e a executiva.3ª Fase: complementar , onde ocorrerá a promulgação e a publicação

da lei já aprovada.

13.1 – 1ª FASE: INTRODUTÓRIA OU DE INICIATIVA LEGAL

CF Art. 61 - A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição.

A redação do caput do art. 61 não atende a boa técnica legislativa. Dá a entender que, em princípio, a iniciativa das leis pertence indistintamente (ao mesmo tempo) a qualquer destas autoridades, o que não é verdade.

13.1.1 – INICIATIVA PRIVATIVA DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA

CF Art. 61, § 1º - São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que:

I - fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas;II - disponham sobre:

a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e autárquica ou aumento de sua remuneração;

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b) organização administrativa e judiciária, matéria tributária e orçamentária, serviços públicos e pessoal da administração dos Territórios;c) servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurídico, provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria;d) organização do Ministério Público e da Defensoria Pública da União, bem como normas gerais para a organização do Ministério Público e da Defensoria Pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios;e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública (redação alterada pela EC nº, 32, de 11.09.2001, que retirou as expressões : estruturação e atribuições);f) militares das Forças Armadas, seu regime jurídico, provimento de cargos, promoções, estabilidade, remuneração, reforma e transferência para a reserva.

13.1.2 – INICIATIVA DA CÂMARA DOS DEPUTADOS E DO SENADO FEDERAL

Cabe a estes órgãos a iniciativa de leis que disponham sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para a fixação da respectiva remuneração (art. 51, IV; e art. 52, XIII). Esta regra se repete em todos os poderes, daí não iremos repetir. Tudo conforme a Constituição Federal.

13.1.3 – INICIATIVA COMUM OU CONCORRENTE

A iniciativa comum é aquela que cabe a qualquer ente federado ou qualquer pessoa no desempenho do Poder Estatal. O artigo 23 estabelece a competência comum entre os entes federados.

A iniciativa concorrente está fixada no artigo 24 da Constituição Federal. Vale ressaltar que apesar de temos deixado claro que não há hierarquia entre os integrantes da federação, este dispositivo é o único que estabelece uma repartição vertical das competências.

13.1.8 – INICIATIVA POPULAR:

A iniciativa popular representa uma afirmação da cidadania. A cidadania foi alçada a princípio fundamental da República pelo art. 1º, inciso I, da nossa Constituição. Como decorrência, é natural outorgar ao cidadão a possibilidade de apresentação de projeto de lei.

CF, art. 61, §2º. A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles.

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13.1.9 – INICIATIVA CONJUNTA (revogada pela EC nº 41, de 19/12/2003):

Tratava-se de novidade introduzida pela EC nº 19/98, o processo legislativo fora inovado ao prever a “iniciativa conjunta de lei”. O dispositivo referido previa "fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, por lei de iniciativa conjunta dos Presidentes da República, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal e do Supremo Tribunal Federal (art. 48, inciso XV). Agora, com a nova redação dada ao inciso XV, do art. 48, da CF, pela Emenda Constitucional nº 41/2003 (reforma da previdência do governo do Presidente Lula), acabou aquela fracassada inovação de um projeto de lei cuja iniciativa cabia a “quatro mãos.”

A nova redação, que é o que nos interessa, ficou assim:

XV - fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal.

13.2 – 2ª FASE CONSTITUTIVA: DELIBERAÇÃO PARLAMENTAR E EXECUTIVA

Esta segunda fase inicia-se com a deliberação destinada ao debate em plenário pelas duas casas do Congresso Nacional.

Antes da deliberação do Plenário, haverá manifestação das comissões permanentes em cada casa do Congresso Nacional, primeiramente as Comissões de Constituição e Justiça e depois as comissões temáticas, competentes para estudo da matéria. Quando os projetos receberem pareceres contrários, quanto ao mérito, serão tidos como rejeitados e arquivados definitivamente, salvo recurso de um décimo dos membros da Casa no sentido de sua tramitação. Só após a apreciação das comissões é que o projeto de lei segue para julgamento em plenário.

O Congresso Nacional, na apreciação dos projetos de lei se transforma em Casa Principal, que dará início ao procedimento e Casa Revisora (Revisional), que encerrará o procedimento, se não houver nenhuma modificação cabível, ou remeterá mais uma vez para a casa principal para que esta possa apreciar as modificações sugeridas pela casa revisora. Vale ressaltar que a casa principal terá sempre preponderância sobre a casa revisora. Em regra, os projetos de lei terão início na Câmara Federal.

art. 64, caput, A discussão e votação dos projetos de lei de iniciativa do Presidente da República, do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores terão início na Câmara dos Deputados.

art. 65, caput, O projeto de lei aprovado por uma Casa será revisto pela outra, em um só turno de discussão e votação, e enviado à sanção ou promulgação, se a Casa revisora o aprovar, ou arquivado, se o rejeitar.

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Parágrafo único. Se o projeto sofrer emenda, voltará à Casa iniciadora.

Como já enfatizamos, apresentado o projeto à Casa iniciadora, passa-se à discussão, que acontece tanto nas comissões, a exemplo da comissão de constituição e justiça (exame da constitucionalidade); bem como em outras, saúde, educação, direitos humanos... (exame do conteúdo). Após as discussões, se aprovado, irá a plenário. Uma vez aprovado em plenário o projeto segue para a Casa revisora. Se a Casa revisora:

aprovar, o projeto será enviado ao Presidente da República para sanção ou veto. (deliberação eexcutiva)

rejeitar, o projeto será arquivado. emendar, deverá devolvê-lo à Casa iniciadora.

A matéria constante de projeto de lei rejeitado somente poderá constituir objeto de novo projeto, na mesma sessão legislativa, mediante proposta da maioria absoluta dos membros de qualquer das Casas do Congresso Nacional (art. 67, caput). Já sabemos que a sessão legislativa tem início em 15 de fevereiro e em 30 de junho encerra o seu primeiro período, reinicia a 1º de agosto e segue até 15 de dezembro (art. 57, caput).

13.2.1 – Deliberação Executiva

Uma vez aprovado o projeto de lei nas casas parlamentares, a casa que por último apreciou enviará para o chefe do executivo para que este aprecie o projeto de lei. Este procedimento deverá analisar tanto a constitucionalidade (controle jurídico) como a conveniência e oportunidade para a edição daquela lei (controle político). Esta atividade ocorrerá por meio de Sanção ou Veto.

13.2.1.1 – Sanção

A sanção é a aquiescência dado pelo chefe do executivo ao projeto de lei, concordando com a sua aprovação. Esta concordância poderá ser expressa ou tácita.

13.2.1.1.1 – Espécies de sanção: EXPRESSA ou TÁCITA

A sanção será expressa quando o Presidente manifestar-se expressamente, assinando o projeto no prazo de 15 dias.

A sanção será tácita se o Presidente silenciar e não assinar o projeto durante os 15 dias subseqüentes. Na verdade trata-se de 15 dias úteis. Esta conclusão surge da interpretação do teor do §1º, do art. 66, que dispõe ter o Presidente o prazo de 15 dias úteis para vetar o projeto de lei. Ora, se o Presidente não vetar o projeto neste prazo de 15 dias úteis o projeto estará tacitamente sancionado. A interpretação poderá usar o ditado popular “quem cala consente”.

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CF/88 Art. 66 - A Casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o projeto de lei ao Presidente da República, que, aquiescendo, o sancionará.

§ 3º - Decorrido o prazo de quinze dias, o silêncio do Presidente da República importará sanção.

OBS: Embora haja divergência doutrinária, a maioria dos autores entende que a lei nasce com a sanção, entretanto, há autores que dizem que só após a sua promulgação.

13.2.1.2 – Veto

O veto ocorre quando o Presidente discorda do projeto de lei.

O veto é total quando o Presidente veta todo o projeto de lei, já deliberado pelo Congresso Nacional.

O veto é parcial quando o Presidente por discordar do projeto de lei veta apenas um ou alguns artigos, parágrafos, inciso ou alíneas. Entretanto o veto parcial deverá abranger o texto integral de artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea. A discordância do Presidente pode ser porque o projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional contraria o interesse público (veto político) ou porque o projeto é Inconstitucional (veto jurídico).

CF Art. 66, § 1º - Se o Presidente da República considerar o projeto, no todo ou em parte, inconstitucional ou contrário ao interesse público, vetá-lo-á total ou parcialmente, no prazo de quinze dias úteis , contados da data do recebimento, e comunicará, dentro de quarenta e oito horas, ao Presidente do Senado Federal os motivos do veto.

Art. 66, § 2º - O veto parcial somente abrangerá texto integral de artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea.

Ao contrário da sanção que tanto pode ser expressa quanto tácita, o veto há que sempre ser expresso (sena transforma-se em sanção tácita automaticamente), sempre motivado (para que possa convencer os Parlamentares de seus argumentos) e relativo (pois poderá ser superado pelo CN).

Vetar é discordar dos termos de um projeto de lei, pelo qual o chefe do Executivo examina dois aspectos: constitucionalidade e interesse público. Primeiro examina se o projeto é compatível com a Constituição. Concluindo pela conformidade, examinará o mérito, ou seja, se atende ao interesse público. Importante: a sanção e o veto recaem sobre projetos de lei. É errôneo dizer, por exemplo, que o Presidente sancionou ou vetou uma lei. Ele vetou um projeto de lei. Ademais, lembrem-se que o Presidente também não veta, nem sanciona, Emenda Constitucional. Esta, como vimos, é

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apreciada e promulgada, apenas, pelas mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. O Presidente da República só participará da fase introdutória já que ele é um dos legitimados para oferecer uma PEC.

O veto é relativo. Quer dizer, não tranca de modo absoluto o andamento do projeto.

Se o veto não for mantido (se for superado), o projeto se transforma em lei, que deverá ser remetida ao Presidente da República para promulgação (art. 66, §5º).

Sendo o veto total e se for mantido (o Congresso não conseguir derrubá-lo) o projeto será arquivado. Se o veto for parcialmente mantido (ou parcialmente derrubado, que é a mesma coisa) seguirá ao Presidente para promulgação.

Será apreciado em sessão conjunta, dentro de trinta dias a contar de seu recebimento, só podendo ser rejeitado pelo voto da maioria absoluta dos Deputados e Senadores, em escrutínio secreto (art. 66, §4º).

Esgotado sem deliberação o prazo estabelecido no § 4º, o veto será colocado na ordem do dia da sessão imediata, sobrestadas as demais proposições, até sua votação final (§ 6º, art. 66, redação alterada pela EC nº 32, de 11.09.2001, retirou a ressalva quanto a medida provisória, esta se não apreciada entrará em regime de urgência, veja art. 62, § 6º).

Relativização do Veto: Coma a função legiferante típica ficou a cargo do Parlamento, os Chefes do Executivos participarão como regra de freios e contra pesos. Assim, quando há o veto este será apreciado pelo Parlamento.

Art. 66, §4º - O veto será apreciado em sessão conjunta, dentro de trinta dias a contar de seu recebimento, só podendo ser rejeitado pelo voto da maioria absoluta dos deputados e Senadores, em escrutínio secreto.

JURISPRUDÊNCIA DO STF:

É admissível rejeição parcial pelo Congresso Nacional a veto total do projeto de lei pelo do Presidente.

13.3 – 3ª FASE COMPLEMENTAR: PROMULGAÇÃO E PUBLICAÇÃO

É nesta última fase que o projeto de lei se tornará lei.A promulgação representa a fase complementar do processo legislativo. É

uma espécie de autenticação da lei, atesta de que a ordem jurídica foi inovada, ou seja, é declaração de que a lei existe, e em conseqüência, deverá ser cumprida. Assim, a promulgação incide sobre um ato legislativo perfeito e acabado, ou seja, sobre a própria lei. Para outros, é a partir da promulgação que nasce a lei e representa a entrada da lei no ordenamento jurídico. O seu cumprimento só se torna obrigatório após a sua entrada em vigor o que só ocorre a partir da sua publicação.

Embora não haja unanimidade doutrinária, o projeto de lei torna-se lei:

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Com a sanção presidencial ou;

Com a derrubada do veto presidencial por parte do Congresso nacional.

Se a lei não for promulgada, pelo Presidente da República, dentro de quarenta e oito horas (após a sanção ou após o envio ao Presidente se o veto não for mantido) o Presidente do Senado a promulgará, e, se este não o fizer em igual prazo, caberá ao Vice-Presidente do Senado fazê-lo (CF, art. 66, §§ 3º e 5º e

7º).

A Publicação visa dar conhecimento a todos do conteúdo da norma jurídica. É através da publicação que se transmite a promulgação aos destinatários da lei. A publicação é condição para a lei entrar em vigor e tornar-se eficaz. Há de ser publicada em diário oficial. Se num município longínquo não houver circulação de diário oficial, considera-se publicada pelos meios rotineiros (afixação do texto no quadro próprio da Câmara Municipal ou da Prefeitura).

JURISPRUDÊNCIA DO STF

As regras básicas do processo legislativo federal são de observância compulsória pelos Estados-membros em tudo aquilo que lhe diga respeito – como ocorre as que enumeram casos de iniciativa legislativa reservada – ao princípio fundamental de independência e harmonia dos poderes, como delineado na Constituição da República. (Adin 276)

o STF considera as regras básicas de processo legislativo previstas na Constituição Federal como modelos obrigatórios às Constituições Estaduais (STF - Pleno-Adin nº 1.254-1/RS Rel. Min. Sepúlveda Pertence).

a alegação de lesão a normas constitucionais relativas ao processo legislativo é suscetível de exame pelo Poder Judiciário em mandado de segurança.

A sanção do Presidente da República não sana vício de iniciativa em se tratando de projeto de lei de iniciativa do Presidente da República (STF

- Pleno - Adin nº 1201-1/RO -medida liminar- Rel. Min. Moreira Alves, DJ 1.9.95).

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RESUMO DAS FASES DO PROCESSO LEGISLATIVO (Leis Complementares e Leis Ordinárias)

FASES COMPETÊNCIA PROCEDIMENTO

INICIATIVA

Privativa ou Reservada:

Presidente da República; Poder Legislativo; STF e Tribunais Superiores, TJ;Procurador-Geral da República;Tribunal de Contas.

Concorrente ou Comum:

Presidente da República; Deputados; Senadores; Comissões.

Iniciativa Popular: Cidadãos.

INICIATIVA – CONCEITO - dá-se mediante a apresentação de um projeto de lei ordinária ou complementar ao Poder Legislativo. Tipos de iniciativa:

PRIVATIVA - cabe exclusivamente a determinadas autoridades:

Ao Presidente da República as questões expressas no §1º do art.61;

As autoridades do Poder Legislativo (Arts. 51, IV e 52, XIII), do Judiciário (Arts. 93, caput e 96, II), do MPU (Art. 127, §2º) e do TCU (Arts. 73,

caput e 96, II, “a” e “d”) – questões relativas a organização, funcionamento e a remuneração do seu pessoal.

CONCORRENTE OU COMUM – cabe a ao Presidente da República aos membros da Câmara, do Senado ou à Comissão, indistintamente, sobre questões não reservadas a iniciativa privativa. Ex: meio ambiente, energia nuclear, etc. INICIATIVA POPULAR – cabe aos cidadãos (1% do eleitorado nacional) distribuídos pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles propor à Câmara qualquer tema que não seja de iniciativa privativa (art. 61, §2º).

DISCUSSÃO

EMENDA

COMPETEM APENAS AO LEGISLATIVO

O Presidente da República poderá solicitar regime de urgência para apreciação de projetos de

A tramitação inicia pelas comissões que, após análise (exame de constitucionalidade e de conteúdo), oferecem um parecer a ser submetido ao plenário.

No plenário a discussão é realizada pela Câmara e pelo Senado, separadamente. A casa por onde iniciará a tramitação do projeto de lei é denominada de Casa iniciadora. Casa revisora é aquela para onde segue o projeto após a votação pela Casa iniciadora.

O plenário de cada uma das casas decidirá pelo voto quanto ao projeto de lei: a) se o aprova na íntegra; b) se o aprova com emendas ou; c) se o rejeita. Se a Casa iniciadora aprovar o projeto o enviará a Casa revisora, se esta também o aprovar, sem mudanças, o encaminhará ao Presidente para

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VOTAÇÃO

sua iniciativa. Neste regime, o prazo será de 45 dias em cada casa e de mais 10 dias se houver emendas (§§ 1º, 2º e

3º, Art. 64).

que o sancione . Se a Casa revisora efetuar mudanças fará retornar o projeto à Casa iniciadora para que esta decida apenas sobre a parte que foi modificada . Se qualquer das Casas rejeitá-lo, o projeto de lei será arquivado. (Arts. 65, caput e parágrafo único, e 66). Uma vez rejeitado o projeto, a matéria objeto deste somente poderá ser reapresentada, na mesma sessão legislativa, mediante proposta da maioria absoluta dos membros de qualquer das Casas do Congresso Nacional (Art. 67).

SANÇÃO

OU

VETO

COMPETE AO PRESIDENTE

DAREPÚBLICA

COMPETE AO PRESIDENTE

DAREPÚBLICA

SANÇÃO – é a concordância do Presidente da República com o projeto de lei aprovado pelo legislativo. Esta sanção pode ser:

Expressa – ocorre quando o Presidente assina o projeto no prazo de 15 dias úteis (Art. 66, §

1º). Tácita – se o Presidente silenciar

e não assinar o projeto dentro do mesmo prazo (Art. 66, § 3º).

VETO – quando o Presidente da República considerar o projeto inconstitucional ou contrário ao interesse público vetá-lo-á e comunicará, dentro de 48 horas, ao Presidente do Senado os motivos do veto (Art. 66, §1º). Este veto pode ser:

Total – quando todo o projeto é vetado.

Parcial – quando o projeto for vetado em parte. O veto parcial abrangerá texto integral de artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea (Art. 66, §2º).

Apreciação do veto – o veto será apreciado dentro de 30 dias contados do seu retorno ao Congresso Nacional que, por maioria absoluta, poderá derrubar o veto (Art. 66, §4º).

PROMULGAÇÃO

Caberá ao Presidente da República, se este não o fizer em 48h, caberá ao Presidente do Senado, que se também não fizer, o fará o Vice-Presidente

PROMULGAÇÃO – é uma declaração de que o ordenamento jurídico foi inovado pela existência de uma nova lei.

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do Senado (§ 7º,

Art. 66).

PUBLICAÇÃONão é considerada fase do processo legislativo

Visa dar publicidade a lei para que os destinatários dela tomem conhecimento. Far-se-á através do Diário Oficial da União.

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES:1 – As regras básicas do Processo Legislativo Federal são de aplicação obrigatória por Estados e Municípios (Jurisprudência).2 – Não será admitido aumento da despesa prevista (CF, art. 63): a) nos projetos de iniciativa exclusiva do Presidente da República (ressalvado os das leis orçamentárias); b) nos projetos sobre organização dos serviços administrativos da Câmara, do Senado, dos Tribunais Federais e do Ministério Público. 3 – As emendas do Poder Legislativo a projetos de lei dos Poderes Executivo e Judiciário, do Ministério Público e do Tribunal de Contas hão de guardar relação de pertinência com as respectivas matérias objeto das propostas. 4 – É possível, em alguns casos, a aprovação de projetos de lei apenas pelas Comissões, dispensando a competência do Plenário (Art. 58, §2º, I).

QUESTÕES PONTO 13 - DO PROCESSO LEGISLATIVO - Fases

11– (AGU/96, adaptada). Assinale “C” se a assertiva estiver correta e “E” se estiver errada.

a) os projetos de lei encaminhados pelo Presidente da Republica poderão ter inicio na Câmara dos Deputados ou no Senado Federal.b) É admissível a rejeição parcial de veto total.

12– (AFTN/96). Assinale a opção correta.

a) A sanção do Presidente da República a projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional é hábil a convalidar eventual vício de iniciativa.

b) É admissível a rejeição parcial do Congresso Nacional a veto total de um projeto de lei.

c) A Constituição Federal assegura iniciativa popular também para as Emendas Constitucionais.

d) Segundo orientação do Supremo Tribunal Federal, não podem ser objeto de medida provisória as matérias que não podem ser objeto de delegação.

e) Presidente da República pode retirar da apreciação do Congresso Nacional medida provisória recém- editada.

13- AFTN – set/94). Assinale a opção correta.

a) Poderá ser objeto de delegação a legislação sobre: nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais.

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b) A Medida Provisória pode dispor sobre qualquer matéria submetida à reserva legal, inclusive instituir tributos, definir crimes e fixar penas.

c) vício de iniciativa, em se tratando de projeto de lei da iniciativa privada do Executivo, poderá ser sanado com a sanção da proposição aprovada pelas Casas do Congresso.

d) projeto da lei de organização do Ministério Público da União é da iniciativa privada do Chefe do Poder Executivo Federal.

e) A iniciativa do projeto de lei orgânica do Ministério Público da União compete, concorrentemente, ao Presidente da República e ao Procurador Geral da República.

14- AFTN/96, adaptada). Assinale “C” ou “E” se a assertiva estiver correta ou errada, respectivamente.

(1) texto constitucional não admite a delegação legislativa em matéria de lei complementar.

15 - (AFTN/96,adaptada). Assinale “C” se a assertiva estiver correta e “E” se estiver errada.

(1) Estado-membro, no uso de sua autonomia pode adotar a forma parlamentar de Governo.

(2) O modelo de iniciativa legislativa adotado pela Constituição Federal não vincula a constituinte estadual, podendo este fixar sistema diverso, especialmente no que respeita às iniciativas privativas do Poder Executivo.

Nas questões 16 e 17, assinale a opção correta.

16 – (Auditor do Tesouro Municipal – Prefeitura do Recife – 2003/ESAF)

a) Se o Presidente da República não sanciona o projeto de lei no prazo estabelecido para tanto, o projeto é tido como rejeitado.b) Não se admite, em nenhum caso, veto parcial de projeto de lei pelo Presidente da República.c) Vetado o projeto de lei pelo Presidente da República, a mesma matéria não pode ser objeto de deliberação do Congresso Nacional durante a mesma sessão legislativa.d) O Presidente da República não tem competência para apresentar proposta de emenda à Constituição ao Congresso Nacional.e) Deve ter início na Câmara dos Deputados a discussão e a votação dos projetos de lei de iniciativa do Presidente da República, do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores.

17 – (Auditor do Tesouro Municipal – Prefeitura do Recife – 2003/ESAF)

a) Os projetos de lei de iniciativa privativa do Prefeito podem ser irrestritamente emendados por vereadores.

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b) Somente por iniciativa do Prefeito a Câmara Municipal pode dar curso a processo legislativo destinado à produção de lei que concede aumento a servidores públicos.c) O instrumento da medida provisória não pode ser adotado no âmbito do processo legislativo dos Estados-membros.d) A Constituição Federal não estabelece limites de conteúdo à sua própria reforma.e) O Congresso Nacional pode disciplinar qualquer matéria da competência legislativa da União por meio de lei complementar.

18 - (Auditor do Tesouro Municipal – Prefeitura do Recife – 2003/ESAF) Assinale a opção que alude a matéria que não enfrenta proibição explícita ao uso de medida provisória.

a) Revogação de artigo do Código Penal. b) Alteração de norma do Código de Processo Civil sobre prazo para contestar ações.c) Alteração de artigo do Código Civil sobre direito de propriedade.d) Reorganização da carreira do Ministério Público.e) Alteração de artigo do Código de Processo Penal que estabelece prazo para apelação.

19 - (Técnico Judiciário – Área Administrativa TRF 5ª/FCC) Salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações de cada Casa do Congresso Nacional e de suas Comissões serão tomadas por

(A) dois terços dos votos de seus membros.(B))maioria dos votos, presente a maioria absoluta de seus membros.(C) três quintos dos votos de seus membros.(D) maioria relativa dos votos, presentes dois terços de seus membros.(E) maioria absoluta dos votos de seus membros

GABARITO - PROCESSO LEGISLATIVO – Fases

11 E, C arts.66,§ 4º (1); jurisprudência (2)12 B art. 66, § 4º ; jurisprudência (a,b,e) 13 E arts. 61, § 1º; “d ”,128, § 5º; jurisprudência (b,c)14 C art. 68, § 1º;15 E; E; 16 E 17 B18 C19 B art. 47, caput

OUTRAS QUESTÕES PONTO 11, 12 e 13 – ESPÉCIES LEGISLATIVAS E PROCESSO LEGISLATIVO

1 (Juiz Substituto – TRT 11ª Região -2005) - É vedada a edição de medidas provisórias sobre (A) instituição ou majoração de impostos.

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(B) direito previdenciário.(C) matéria reservada a lei delegada.(D) fixação ou modificação dos efetivos das Forças Armadas.(E) direito eleitoral.

2 (Analista Judiciário – Área Administrativa – 11ª Região – 2005) - Entre. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-Ias de imediato ao Congresso Nacional. Com relação às medidas provisórias, é correto afirmar:(A) É permitida a reedição, na mesma sessão legislativa, de medida provisória que tenha sido rejeitada ou que tenha perdido sua eficácia por decurso de prazo.(B) É permitida a edição de medidas provisórias sobre matéria relativa à nacionalidade, à cidadania, aos direitos políticos, aos partidos políticos, ao direito eleitoral, ao direito penal, ao processual penal e ao processual civil.(C) É permitida a edição de medidas provisórias sobre matéria relativa à organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, à carreira e à garantia de seus membros.(D) Prorrogar-se-á uma única vez por igual período a vigência de medida provisória que, no prazo de sessenta dias, contado de sua publicação, não tiver a sua votação encerrada nas duas Casas do Congresso Nacional.(E) Aprovado projeto de lei de conversão alterando o texto original da medida provisória, esta perderá automaticamente a vigência, inclusive antes de sancionado ou vetado o projeto.

3 (Analista Judiciário – Área Judiciária – 11ª Região – 2005) - O projeto de lei ordinária de iniciativa do Presidente da República, após ser aprovado pela Câmara dos Deputados, será revisto pelo Senado, que poderá(A) rejeitá-Io, podendo a matéria nele constante ser objeto de novo projeto de lei somente na legislatura seguinte.(B) emendá-Io, oportunidade em que haverá retorno somente das alterações à Casa Legislativa inicial, para análise e votação em turno único.(C) aprová-Io e, posteriormente, enviá-Io ao Presidente do Congresso Nacional para sanção ou veto.(D) vetá-Io, retornando ao Presidente da República, que poderá derrubar o veto e fazer publicar a lei.(E) sancionar e publicar a lei, independentemente da deliberação do Presidente da República.

4 (Auditor – TCE/MG – 2005) - Medida provisória editada pelo Presidente da República é submetida à apreciação das Casas do Congresso Nacional, as quais, após 90 dias, aprovam projeto de lei de conversão alterando o texto original da medida provisória. Nessa hipótese,(A) a medida provisória já teria perdido eficácia, desde a sua edição, por não ter sido convertida em lei no prazo de sessenta dias.(B) caberá ao Congresso Nacional, num prazo de sessenta dias, disciplinar por decreto legislativo as relações jurídicas decorrentes da medida provisória.(C) a medida provisória será mantida integralmente em vigor, até que seja sancionado ou vetado o projeto de lei de conversão.

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(D) o projeto de lei de conversão é submetido à promulgação pelas Mesas das Casas legislativas, independentemente de sanção presidencial.(E) o Presidente da República poderá, desde logo, editar nova medida provisória, com vistas a restabelecer o texto original da medida alterada pelo projeto de lei.

5 (Procurador TCE/MA – 2005) - Medida provisória editada em 28 de agosto de 2001 permaneceu em vigor até 15 de setembro de 2004, quando foi convertida em lei, tendo sido convalidados os efeitos produzidos durante sua vigência. Nessa hipótese, a conversão da medida provisória em lei é(A) compatível com a Constituição federal, por se tratar de medida provisória editada anteriormente à Emenda Constitucional nll 32, de 11 de setembro de 2001.(B) inconstitucional, pois perde eficácia medida provisória não apreciada pelo Congresso Nacional no prazo de 30 dias após sua edição.(C) válida, desde que o Congresso Nacional a tenha submetido a regime de urgência, 45 dias após sua edição.(D) inconstitucional, pois as medidas provisórias editadas antes da Emenda Constitucional nº 32, de 11 de setembro de 2001, perderam eficácia quando da entrada em vigor desta.(E) incompatível com a Constituição, pois a medida provisória deveria ter sido expressamente revogada por outra, para deixar de produzir efeitos, convalidan-do-se os que já produzira.

6 (Auditor – TCE/PI – 2005) - Projeto de lei complementar de iniciativa do Presidente da República, visando à instituição de novo Código Tributário Nacional, é aprovado sob regime de urgência nas Casas do Congresso Nacional, sendo submetido à apreciação do Presidente da República, que o sanciona, promulga e faz publicar. O novo Código Tributário Nacional, nessa hipótese, seria inconstitucional, porque(A) o Presidente não possui iniciativa para projeto de lei complementar.(B) normas gerais em matéria tributária não dependem de lei complementar.(C) não se aplicam os prazos do regime de urgência a projetos de código.(D) projeto de lei de iniciativa do Presidente não se submete a sanção.(E) não tramitam em regime de urgência projetos de iniciativa do Presidente.

7 (Auditor – TCE/PI – 2005) - Por força de lei, o salário mínimo em vigor no pais desde 12 de maio de 2003 era de R$ 240,00. Medida provisória editada em 29 de abril de 2004 alterou o valor do salário mínimo para R$ 260,00. Após ter sido aprovada pela Câmara dos Deputados, quando ainda pendente de apreciação pelo Senado Federal, cogitou-se da possibilidade de ser apresentado projeto de lei de conversão, para fixar o valor do salário mínimo em R$ 300,00 - o que, de fato, porém, não ocorreu, tendo a medida provisória sido convertida em lei em 24 de junho daquele ano, com seu texto original. Caso, no entanto, a medida provisória não tivesse sido aprovada com seu texto original e em seu lugar se tivesse apresentado referido projeto de lei de conversão, o valor do salário mínimo(A) voltaria a ser de R$ 240,00, desde a data da edição da medida provisória, até deliberação definitiva do Congresso Nacional, em função de ter a medida provisória perdido eficácia.

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(B) continuaria a ser de R$ 260,00, até que fosse sancionado ou vetado o projeto de lei de conversão, pois se mantém em vigor o texto original da medida provisória nesse período, por determinação constitucional.(C) passaria a ser de R$ 300,00, desde a edição da medida provisória e enquanto pendente de sanção ou veto o projeto de lei de conversão pelo Presidente da República.(D) voltaria a ser de R$ 240,00, a partir da apresentação do projeto de lei de conversão, considerando-se válidos os efeitos produzidos durante a vigência da medida provisória.(E) passaria a ser de R$ 300,00, a partir da apresentação do projeto de lei de conversão, considerando-se, no entanto, o valor de R$ 240,00 durante o período de vigência da medida provisória, por ter esta perdido eficácia.

8 (Procurador – TCE/PI – 2005) - Ante a nova disciplina constitucional das medidas provisórias, é correto afirmar que(A) as medidas provisórias devem ser apreciadas em sessão conjunta do Congresso Nacional.(B) as medidas provisórias devem entrar em regime de urgência caso não apreciadas em até quarenta e cinco dias contados de sua publicação.(C) ficou vedada a utilização de medidas provisórias em matéria tributária.(D) foram criadas limitações temporais mais rígidas para a edição de medidas provisórias, mas manteve-se a indeterminação quanto às matérias passíveis de serem disciplinadas por esse tipo de diploma legal.(E) o período de vigência das medidas provisórias é de trinta dias, permitindo-se uma única prorrogação por igual período.

9 (Procurador – PGE/SE – 2005) - Consideradas Deputado Estadual apresenta à Assembléia Legislativa projeto de lei complementar com vistas a introduzir alterações no regime jurídico dos servidores públicos civis do Estado. Após discussão e votação, o projeto é aprovado por maioria absoluta e encaminhado à sanção governamental. Decorridos quinze dias do recebimento do projeto pelo Governador, este permanecendo silente, o Presidente da Assembléia promulga a lei ordinária, que, na seqüência, é publicada e entra em vigor. Considerada a disciplina do processo legislativo na Constituição estadual, a lei em questão é(A) materialmente inconstitucional, por não ter decorrido o prazo previsto para sanção tácita, antes da promulgação da lei.(8) formalmente inconstitucional, por se tratar de matéria de iniciativa privativa do Governador do Estado.(C) materialmente inconstitucional, por não se tratar de matéria reservada à lei complementar.(D) formalmente inconstitucional, por insuficiência de quorum para aprovação do projeto na Assembléia.(E) formal e materialmente constitucional, pois eventuais vícios de forma se convalidam com a promulgação.

10 (Procurador – PGE/SE – 2005) - Consideradas Tratado internacional versando sobre o exercício da liberdade de crença e culto religioso é celebrado pelo Presidente da República, sendo posteriormente aprovado pelo Congresso Nacional, em cada uma de suas Casas, em dois turnos, pelo voto de três

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quintos de seus respectivos membros. Nessa hipótese, referido tratado internacional será(A) considerado norma supraconstitucional, não sujeito, portanto, a controle de constitucionalidade pelo Poder Judiciário.(B) equivalente a uma emenda constitucional, submetendo-se a controle de constitucionalidade perante o Poder Judiciário.(C) equiparado à lei complementar, hierarquicamente superior à lei ordinária, porém inferior às normas constitucionais.(D) considerado norma infraconstitucional, equivalente à lei ordinária, não sujeito, contudo, a controle de constitucional idade pelo Poder Judiciário.(E) formalmente incompatível com a Constituição federal, que prevê procedimento diverso para a celebração e aprovação de tratados pelo Congresso Nacional.

11 (Analista Judiciário – Área Judiciária – TRE/RN – 2005) - Ocorrendo sanção tácita e não sendo a lei promulgada dentro do prazo legal pelo Presidente da Republica, caberá ao(A) Presidente do Senado promulgá-Ia dentro de quarenta e oito horas.(8) Vice-Presidente da República promulgá-Ia em até quinze dias.(C) Presidente da Câmara dos Deputados promulgá-Ia em até quinze dias.(O) Presidente do Congresso Nacional promulgá-Ia em até trinta dias.(E) Presidente do Supremo Tribunal Federal promulgá-Ia em até dez dias.

12 (Técnico Judiciário – Área Administrativa – TRT 3ª Região – 2005) - No Direito brasileiro é admitida a participação do Poder Executivo no processo legislativo mediante o veto a projetos de lei, valendo lembrar que o veto(A) deve ser encaminhado ao Legislativo em quinze dias, a contar do recebimento do projeto, podendo esse prazo ser prorrogado por mais quinze dias, se o Congresso Nacional estiver em recesso.(B) pode ser parcial, atingindo tanto palavras isoladas do texto, como o texto integral de artigo, parágrafo, inciso ou alínea.(C) somente poderá ser rejeitado pelo voto de dois terços dos Deputados ou Senadores, em votação aberta.(D) deve ser sempre justificado, com fundamento na inconstitucionalidade do projeto ou na sua contrariedade ao interesse público.(E) é considerado mantido, se não for apreciado pelo Legislativo em trinta dias, a contar do seu recebimento.

13 (Técnico Judiciário – Área Administrativa – TRT 3ª Região – 2005) - Para evitar o uso indiscriminado de medidas provisórias, a Constituição em vigor inclui uma lista de matérias que não podem ser por elas disciplinadas, assim as relativas(A) à criação de novos tributos. (B) à segurança nacional.(C) aos direitos políticos.(D) à criação de cargos públicos. (E) aos direitos previdenciários.

Gabarito:

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1) E2) D3) B4) C5) A6) C7) B8) B9) B10) B11) A12) D13) C

CAPÍTULO 5PONTO 14 -– DO PODER EXECUTIVO

No nosso modelo presidencialista, a chefia do Executivo Federal assume dois papeis importantes ser chefe de Estado e ser chefe de Governo, como já demonstrado.

1- QUEM EXERCE O PODER EXECUTIVO?

O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República, auxiliado pelos Ministros de Estado (CF, art. 76, caput);

O mandato do Presidente da República é de quatro anos e terá início em primeiro de janeiro do ano seguinte ao da sua eleição (art. 82, caput);

A eleição do Presidente da República importará a do Vice-Presidente com ele registrado (CF art. 77, caput);

O Vice-Presidente da República, além de outras atribuições que lhe forem conferidas por lei complementar, auxiliará o Presidente, sempre que por ele convocado para missões especiais (art. 79, parágrafo único).

Cuidado com as "cascas de banana” tais como: o Poder executivo é exercido pelo Presidente com o auxílio do Vice-Presidente, pois, assim estará errada a questão. O correto é afirmar "o Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República, auxiliado pelos Ministros de Estado" (CF, art. 76, caput).

14.1 - Regra de Substituição

2 - QUEM SUBSTITUIRÁ O PRESIDENTE DA REPÚBLICA ?

Substituirá o Presidente, no caso de impedimento, e suceder-lhe-á, no de vaga, o Vice-Presidente (art. 79, caput).

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Em caso de impedimento do Presidente e do Vice-Presidente, ou vacância dos respectivos cargos, serão sucessivamente chamados ao exercício da Presidência o Presidente da Câmara dos Deputados, o do Senado Federal e o do Supremo Tribunal Federal (art. 80, caput). Afora o Vice-Presidente, os demais substituirão temporariamente o Presidente da República.

Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, far-se-á eleição noventa dias depois de aberta a última vaga (art. 81, caput). Atenção só ocorrerá “eleição direta” pelo voto do povo caso falte mais de dois anos para encerrar o mandato.

Vagando nos últimos dois anos do período presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei (§1º, art. 81). Perceba que neste caso, faltando menos de 2 anos para encerrar o mandato a eleição será indireta. No mais, a eleição será pelo Congresso Nacional não necessariamente o escolhido terá que ser membro do Congresso Nacional.

Em qualquer dos casos, os eleitos deverão completar o período de seus antecessores. Qualquer cidadão que preencha os requisitos do art. 14, §3º da CF poderá ser eleito pelo Congresso Nacional.

14.2 – Hipótese de perda do cargo

3 - HIPÓTESE DE PERDA DO CARGO PELO PRESIDENTE E VICE

O Presidente e o Vice-Presidente da República não poderão, sem licença do Congresso Nacional, ausentar-se do País por período superior a quinze dias, sob pena de perda do cargo (CF, art. 83, caput).

Além desta hipótese, o Presidente e o Vice-Presidente só perderão o cargo na hipótese de serem considerados culpados por crime de responsabilidade ou por crime comum, que estudaremos logo adiante.

14.3 – Eleição e Posse para a chefia do executivo

4 - REGRAS RELATIVAS À ELEIÇÃO E POSSE

A eleição do Presidente e do Vice-Presidente da República realizar-se-á, simultaneamente, no primeiro domingo de outubro, em primeiro turno, e no último domingo de outubro, em segundo turno, se houver, do ano anterior ao do término do mandato presidencial vigente. A eleição do Presidente da República importará a do Vice-Presidente com ele registrado (CF art. 77, caput, com redação dada pela Emenda Constitucional nº 16, de 4-6-1997, e §1º).

Será considerado eleito Presidente o candidato que, registrado por partido político, obtiver a maioria absoluta de votos, não computados os em branco e os nulos (§2º, art. 77). Preste bem atenção: inúmeros concursos

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já solicitaram o conteúdo simplório, a primeira vista, deste último parágrafo: não computados os votos em branco e os nulos, parece simples mas...muitos candidatos erraram.

O Presidente e o Vice-Presidente da República tomarão posse em sessão do Congresso Nacional, prestando o compromisso de manter, defender e cumprir a Constituição, observar as leis, promover o bem geral do povo brasileiro, sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil (CF art. 78, caput).

Se, decorridos dez dias da data fixada para a posse, o Presidente ou o Vice-Presidente, salvo motivo de força maior, não tiver assumido o cargo, este será declarado vago (CF art. 78, parágrafo único).

Nos Estados, Distrito Federal e Municípios, se nenhum candidato obtiver a maioria absoluta de votos, não computados os em branco e os nulos haverá segundo turno na eleição de Governadores, e na de Prefeitos nos Municípios com mais de 200.000 eleitores (CF, art. 29, II, com redação dada pela EC nº 16/97).

APARECEU NO CONCURSO PARA PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL- EM 30/5/2004/CESPE

O Presidente e o Vice-Presidente da República são empossados em sessão do Congresso Nacional, prestando o compromisso de manter, defender e cumprir a Constituição da República e os acordos internacionais, observar as leis, promover o bem geral do povo brasileiro, sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil. (esta assertiva está.. _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _)

5 - E SE OCORREREM ACIDENTES ?

Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer morte, desistência ou impedimento legal de candidato, convocar-se-á, dentre os remanescentes, o de maior votação (art. 77, §4º). Se, na hipótese dos parágrafos anteriores, remanescer, em segundo lugar, mais de um candidato com a mesma votação, qualificar-se-á o mais idoso.

Analise esta outra hipótese: se, decorridos dez dias da data fixada para a posse, o Presidente ou o Vice-Presidente, salvo motivo de força maior, não tiver assumido o cargo ? Nesta segunda assertiva a resposta é o cargo, será declarado vago (art. 78, parágrafo único).

14.4 – Reeleição para a chefia do executivo

6 - REGRAS RELATIVAS A REELEIÇÃO

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O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido ou substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único período subseqüente (CF, art. 14, §5º, redação dada pela EC nº 16, de 4-6-1997).

14.5 – Desincompatibilização da chefia do executivo

Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito (CF, § 6º, art. 14).

OBS: Este tópico é tratado com maior destaque no estudo dos direitos políticos.Tudo isto foi tratado no ponto 07, referente aos Direito Políticos.

14.5 – Subsídio do Presidente e do Vice-Presidente

7 – SUBSÍDIO DO PRESIDENTE E DO VICE

É da competência exclusiva do Congresso Nacional fixar o subsídio do Presidente e do Vice-Presidente da República e dos Ministros de Estado, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I (art. 49, VIII);

14.6 – Processo e Julgamento do Presidente da República

O Presidente da República, durante o curso do seu mandato, poderá responder por crimes comuns e de responsabilidade, conforme as regras constitucionais. Devido a relevância da função que exerce, para que isto ocorra haverá dois momentos distintos:

O juízo de admissibilidade, que é dado pela Câmara dos Deputados Federais, por ser a casa do povo, que apreciará a veracidade dos fatos alegados contra o Presidente e depois se é interessante para a Nação que seu chefe seja julgado.

8 - JULGAMENTO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA

CF Art. 86 - Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois terços da Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade.

, pPelo caput deste artigo você sabe qual o órgão que admitirá ou não a acusação contra o Presidente, sem esta admissão, que é uma espécie de

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licença prévia, o Presidente não poderá nem ser processado. Uma vez admitida a acusação, o Presidente será processado e julgado pelo Senado ou pelo STF. Este na hipótese de crime comum, aquele na de crime de responsabilidade. Crime comum é aquele previsto nas leis penais, contudo pela regra da relativa irresponsabilidade do Presidente da República, ele só responderá por crimes tipificados no rol contra a Administração Pública,e crime de responsabilidade que é o previsto na própria Constituição e na Lei 1.079/50.

§ 1º - O Presidente ficará suspenso de suas funções: significa dizer que o Presidente terá que se afastar do exercício do cargo numa espécie de, digamos “férias forçadas”:

I - nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federa, a denúncia será recebida pelo STF caso atenda aos requisitos previstos no Código de Processo Penal.

A denúncia será recebida pelo STF caso atenda aos requisitos previstos no Código de Processo Penal.II - nos crimes de responsabilidade, após a instauração do processo pelo Senado Federal.

oO Senado decidirá por dois terços dos seus membros.§ 2º - Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o julgamento não estiver concluído, cessará o afastamento do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do processo.

Neste parágrafo consta o prazo final das férias forçadaso afastamento do Presidente da República. Se, ao fim dos 180 dias, o processo não estiver concluído, o Presidente retornará ao “batente”seu cargo. Caso seja absolvido tudo bemcontinua como legítimo representante do povo brasileiro. Caso seja condenado terá que deixar definitivamente o cargo.

§ 3º - Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações comuns, o Presidente da República não estará sujeito a prisão.

Perceba que não será preso nem mesmo nos casos de flagrante de crime inafiançável. Só após a condenação do julgamento proferido pelo STF é que o Presidente poderá ser preso. Isto porque no caso de condenação por crimes de responsabilidade, esta se limitará a perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública.

OBS:Vale ressaltar que esta regra não se estendo às chefia estaduais nem municipais.

§ 4º - O Presidente da República na vigência do seu mandato não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções.

Interpretando este dispositivo o STF entendeu que o Presidente não responderá durante o mandato às infrações penais comuns praticadas em momento anterior ao da investidura no cargo de Chefe do Executivo da União, bem assim aquelas praticadas na vigência do mandato, desde que estranhas ao ofício da presidência e não se aplica a situações de ordem

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extrapenal, o que já foi esclarecido.. O Presidente da Republica não dispõe de imunidade, quer em face de ações judiciais que visem a definir-lhe a responsabilidade civil, nem em virtude de procedimentos destinados a apurar, para efeitos estritamente fiscais, a sua responsabilidade tributária. ”. (STF, inquérito 927-0/SP, rel. Min. Celso de Mello, de 23/2/1995).

14.7 – Crimes de Responsabilidade ou infração político-administrativa

É a prática de atos contrários ao exercício do Presidente. Por isso há o impeachment, ou seja, o impedimento de continuar. O Presidente não reúne mais os requisitos necessários para ser o representante do povo. Não é crime e não acarreta a reincidência penal. A denúncia é feito por qualquer cidadão no gozo dos direitos políticos. Legitimidade ativa ad causam e de pessoas investidas no status civitatis.

9 - O QUE SÃO CRIMES DE RESPONSABILIDADE         Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra:

        I - a existência da União;        II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das unidades da Federação;        III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;        IV - a segurança interna do País;        V - a probidade na administração;        VI - a lei orçamentária;        VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.

        Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei especial, que estabelecerá as normas de processo e julgamento, trata-se da lei nº 1.079/1950.

Este rol é meramente exemplificativo, daí a remessa para a lei especial, contudo deverá ser respeitado o brocardo jurídico “ nullum crimem sine typo” .

O Presidente do Supremo Tribunal Federal conduzirá o processo e julgamento feito pelos Senadores, para que seja respeita o devido processo legal, a ampla defesa e o contraditório.

14.8 – A função de defesa do Estado e das Instituições Democráticas

A Constituição Federal de 1988 preceitua que o Brasil é um Estado Democrático de Direito, anunciando que, no nosso País, o poder é exercido pelo povo e para o povo (quer de forma direta ou por meio de representantes escolhidos no exercício da cidadania popular) sob o estrito

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respeito à ordem legal estabelecida. Afastou, de plano, o exercício tirano e/ou absolutista do poder e deixou assentada a bandeira da perseguição da normalidade, do bem comum e da paz social. Contudo tinha que prever mecanismos de combate a qualquer tipo de instabilidade social, abrindo o Título V da Lex Mater para tratar do assunto.

Existem três formas de responder às crises políticas, que ameaçam desestabilizar a própria ordem estatal: intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio. Como os dois instrumentos são postos para a defesa do Estado, iremos nos aprofundar neles, a partir dos seus pontos de destaque.

ESTADO DE DEFSA ESTADO DE SÍTIO ESTADO DE SÍTIO

Previsão legal Art. 136, caput Art. 137, I Art. 137, II

Hipóteses 1. Ordem pública ou paz social ameaçada;

2. Instabilidade institucional;

3. Calamidade natural

1. Comoção nacional;

2. Ineficácia do estado de Defesa

1. Declaração de guerra;

2. Resposta à agressão armada estrangeira

Atribuição para a decretação

Presidente da República

(art. 84, IX, da CF)

Presidente da República

(art. 84, IX, da CF)

Presidente da República

(art. 84, IX, da CF)

Procedimento Presidente verifica a hipótese legal, solicita pareceres dos Conselhos da república (CF. art. 89) e de Defesa Nacional (CF. art. 91. Com os pareceres, decidirá se decreta ou não o Estado de Defesa.

Presidente verifica a hipótese legal, solicita pareceres dos Conselhos da república (CF. art. 89) e de Defesa Nacional (CF. art. 91. Com os pareceres, solicitará ao Congresso Nacional (quorum de maioria absoluta) autorização para decretação do Estado de Sítio, expondo os motivos determinantes do pedido. Com a autorização, o Presidente decretará o estado de Sítio.

Presidente verifica a hipótese legal, solicita pareceres dos Conselhos da república (CF. art. 89) e de Defesa Nacional (CF. art. 91. Com os pareceres, solicitará ao Congresso Nacional (quorum de maioria absoluta) autorização para decretação do Estado de Sítio, expondo os motivos determinantes do pedido. Com a autorização, o Presidente decretará o estado de Sítio.

Prazo Máximo de 30 dias, prorrogável por uma única vez, por igual período.

Máximo de 30 dias, prorrogável por mais trinta dias a cada vez.

O tempo necessário da guerra ou para repelir a agressão armada estrangeira.

Áreas abrangidas Locais restritos e determinados (CF. art. 136, caput).

Âmbito nacional. Após o Decreto, o Presidente indicará as medidas específicas e as áreas abrangidas (CF. art. 138, caput).

Âmbito nacional. Após o Decreto, o Presidente indicará as medidas específicas e as áreas abrangidas (CF. art. 138, caput).

ESTADO DE DEFSA ESTADO DE SÍTIO ESTADO DE SÍTIO

Restrições a direitos e garantias individuais

Poderão ser restringidas (art. 136) as previsões do art. 5º, XII (sigilo de correspondência e de comunicações telegráficas e telefônicas), XVI (direito de reunião) e LXI (exigibilidade de prisão somente em flagrante delito ou por ordem escrita da autoridade judicial competente)

Poderão ser restringidas (art. 139) as previsões do art. 5º, XI (inviolabilidade domiciliar), XII (sigilo de correspondência e de comunicações telegráficas e telefônicas), XVI (direito de reunião), XXV (direito de propriedade), LXI (exigibilidade de prisão somente em flagrante delito ou por ordem escrita da autoridade judicial competente) e também o art. 220 (liberdade de manifestação do

Poderão ser restringidas em tese, todas as garantias constitucionais, desde que presentes três requisitos constitucionais:

1. Necessidade de efetivação da medida;

2. Tenham sido objeto de deliberação por parte do Congresso Nacional no momento de autorização da medida;

3. Devem estar expressamente previstos no Decreto presidencial

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pensamento, a criação, a expressão e a informação)

(CF, art. 138, caput, c.c. 139, .

Controle político sobre a decretação

É posterior. Decretado o Estado de defesa ou sua prorrogação, o Presidente da República, dentro de 24 horas, submeterá o ato com a respectiva justificativa ao Congresso Nacional, que somente aprovará a decretação por maioria absoluta de ambas as casas Legislativas (CF, art. 136, § 4º), editando o respectivo Decreto Legislativo (CF, art. 49, IV).

O controle Congressual é prévio, uma vez que há necessidade de autorização para que o Presidente o decrete.

O controle Congressual é prévio, uma vez que há necessidade de autorização para que o Presidente o decrete.

Fiscalização Política sobre as medidas

A mesa do Congresso Nacional, ouvidos os líderes partidários, designará Comissão composta de cinco de seus membros para acompanhar e fiscalizar a execução das medidas referentes ao estado de defesa e ao estado de sítio.

A mesa do Congresso Nacional, ouvidos os líderes partidários, designará Comissão composta de cinco de seus membros para acompanhar e fiscalizar a execução das medidas referentes ao estado de defesa e ao estado de sítio.

A mesa do Congresso Nacional, ouvidos os líderes partidários, designará Comissão composta de cinco de seus membros para acompanhar e fiscalizar a execução das medidas referentes ao estado de defesa e ao estado de sítio.

Atividade Parlamentar O Congresso Nacional permanecerá em funcionamento até o término das medidas coercitivas (CF, art. 136, § 6º). Em hipótese alguma permite-se o constrangimento do Poder Legislativo, sob pena de crime de responsabilidade (CF, art. 85, II).

IDEM (CF, art. 138, § 3º). Além disso, no Estado de Sítio na se incluirá a possibilidade de restrição à liberdade de informação, a difusão de pronunciamentos de parlamentares efetuados em suas Casas Legislativas, desde que liberada pela respectiva Mesa.

IDEM (CF, art. 138, § 3º). Além disso, no Estado de Sítio na se incluirá a possibilidade de restrição à liberdade de informação, a difusão de pronunciamentos de parlamentares efetuados em suas Casas Legislativas, desde que liberada pela respectiva Mesa.

Responsabilidade Cessado o estado de defesa ou de sítio, cessarão também seus efeitos, sem prejuízo da responsabilidade pelos ilícitos cometidos por seus executores ou agentes (CF, art. 141, caput).

Cessado o estado de defesa ou de sítio, cessarão também seus efeitos, sem prejuízo da responsabilidade pelos ilícitos cometidos por seus executores ou agentes (CF, art. 141, caput).

Cessado o estado de defesa ou de sítio, cessarão também seus efeitos, sem prejuízo da responsabilidade pelos ilícitos cometidos por seus executores ou agentes (CF, art. 141, caput).

Prestação de contas Cessada a situação excepcional, as medidas aplicadas em sua vigência será relatadas pelo Presidente da República, em mensagem ao Congresso Nacional, com especificação e justificativa das providências adotadas, com relação nominal dos atingidos, e indicação das restrições aplicadas (CF, art. 141, parágrafo único)

IDEM IDEM

Desrespeito dos requisitos e pressupostos constitucionais por parte do Presidente da República.

Crime de Responsabilidade (CF, art. 85), sem prejuízo das responsabilidades civis e penais.

Crime de Responsabilidade (CF, art. 85), sem prejuízo das responsabilidades civis e penais

Crime de Responsabilidade (CF, art. 85), sem prejuízo das responsabilidades civis e penais

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OBS: A Mesa do Congresso Nacional é composta de sete membros: Presidente do Senado Federal, 1º Vice-Presidente da Câmara dos Deputados, 2º Vice-Presidente do Senado Federal, 1º Secretário da Câmara dos Deputados, 2º Secretário do Senado Federal, 3º Secretário da Câmara dos Deputados, 4º Secretário do Senado Federal.

14.9 – A Segurança Pública

A palavra polícia origina-se do termo grego politeia, através do termo latim politia, que tem o sentido de administração política. Depois, a expressão restrigiu-se ao sentido de preservação da ordem e da segurança pública. O poder de polícia, conceituado no art. 78, no Código Tributário Nacional, dispõe que o mesmo significa “atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direitos, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividade econômica dependente da concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais coletivos”. Trata-se, então, de toda restrição a direito individual ou social, em prol do bem comum ou do interesse da maioria. Dentro do âmbito da política está a questão da segurança pública, pois esta é o maior fundamento para que pessoas resolvam abrir mão de seus direitos, em favor da coletividade. A segurança pública é, sob o comando da Ordem Maior, dever do Estado e responsabilidade de todos, de modo que se trata de uma moeda de duas faces, com a responsabilidade sendo compartilhada por diversos setores, sendo exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, e no Brasil, manifesta-se através de diversos órgãos. A função foi atribuída à polícia federal, polícia rodoviária federal, polícia ferroviária federal, polícias civis e polícias militares e corpos de bombeiros militares, estes últimos em cada Estado, além das guardas miunicipais (art. 144, CF).

Art.144: “A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: I - POLÍCIA FEDERAL A polícia federal veio a ser o primeiro órgão que teve por função a segurança pública. A função que lhe cabe é a de cuidar, em especial, do combate ao crime que afete todo o território nacional ou mais de um Estado. Cuida de reprimir o crime na fronteira, de contrabando, ou, no âmbito interno, de combater ao narcotráfico, aos crimes fiscais federais e aos crimes contra a natureza, dentre outros.

apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha

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repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;

prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins , o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência;

exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras;

exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União.

Obs 1: o contrabando e o descaminho estão dispostos no Decreto nº 2.730, de 10.08.1998. Já o Decreto nº 2.781, de 14.09.1998, dispõe sobre o Programa Nacional de Combate ao Contrabando e ao Descaminho. Obs 2: A Emenda Constitucional nº 19, de 4.6.98, modificou a expressão “aérea” , por “aeroportuária”.

II - POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL

A polícia rodoviária federal tem a missão de manter a ordem pública e o respeito às leis do trânsito nas rodovias federais. Trata-se de um misto de polícia civil e militar, vez que atua como se fosse um corpo militar (fardada), mas desempenhando função civil de segurança, quando fiscaliza as estradas da União. Pode, inclusive, auxiliar a polícia federal, no combate ao narcotráfico, e atividades análogas.

A polícia rodoviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais. Esta tratada no Decreto n.º 1.655/95, que atribui-lhe as competências e na Lei 9.654. de 02/09/98.

III - POLÍCIA FERROVIÁRIA FEDERAL

A polícia ferroviária federal tem a missão de manter a ordem pública e o respeito às leis nas ferrovias federais. Trata-se de um misto de polícia civil e militar, vez que atua como se fosse um corpo militar (fardada), mas desempenhando função civil de segurança, quando vigia as estradas de ferro da União. Pode, inclusive, auxiliar a polícia federal, no combate ao narcotráfico, e a outras atividades. A polícia ferroviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias federais.

IV - POLÍCIAS CIVIS

As polícias civis têm a função de polícia judiciária, a quem cabe a responsabilidade de conduzir os inquéritos policiais, previstos no Código de Processo Penal, artigo 4º e seguintes, bem como de realizar as diligências e as investigações para o elucidamento dos crimes. Os Estado, o Distrito Federal e os Territórios, cada um, têm sua polícia civil, sendo que a responsabilidade dos dois últimos é da União. É constituída por delegados, escrivães e agentes.

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Polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares.

V - POLÍCIAS MILITARES E CORPOS DE BOMBEIROS MILITARES

As polícias militares e os corpos de bombeiros militares existem, também, em cada Estado, Distrito Federal ou Territórios. Possuem uma estrutura militar, com base na hierarquia e na disciplina. Tratam-se de corpos passíveis de incorporação pelas Forças Armadas, em razão de suas semelhanças, em caso de guerra. Hoje, podem as duas instituições estarem num mesmo corpo, organizadas de forma paralela mas unida, como também em corpos separados. PPolícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil. São forças auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.

GUARDA MUNICIPALGUARDA MUNICIPAL

Está previsto no § 8º, do art. 144, que os Municípios podem constituir guardas municipais, destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme disposições de lei local. Podem ser incluídas em suas competências a segurança do seu patrimônio, como praças e ruas, bem como dos prédios próprios, em que se encontrem seus serviços, desde os administrativos e burocráticos, como também os relativos à saúde e a educação. Assim, revela-se seu caráter de polícia administrativa (fiscalização), prevista e criada, quando for o caso, “pelo Município e para o Município”.

CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES

Segurança Pública é a manutenção da Ordem Pública Interna e consiste numa situação de preservação ou restabelecimento dessa convivência social que permite que todos gozem de seus direitos e exerçam suas atividades sem perturbação dos direitos de outrem, salvo nos limites de gozo e de reivindicação de seus próprios direitos e defesa de seus legítimos interesses;

Ordem Pública será uma situação de pacífica convivência social, isenta de ameaça de violência ou de qualquer outra forma de perigo para os cidadãos;

Sendo um dever para o Estado, ou seja, uma obrigação, esta imposta pela lei maior.

Polícia é uma instituição de Direito Público destinada a assegurar a segurança, a paz, a incolumidade e a ordem públicas.

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Do ponto de vista jurídico, deve-se distinguir a Polícia Administrativa da Polícia de Segurança.

Polícia Administrativa esta tem por fim evitar a prática de infrações administrativas, ou seja, lida com o ilícito administrativo, incide sobre Bens, Direitos e Atividades (liberdades e propriedades). Difunde-se por toda a Administração e seus respectivos órgãos. Qualquer órgão, dentro da Administração, que possua a função de fiscalizar os cidadãos e reprimir os ilícitos administrativos, deverá ser considerado como órgão de polícia administrativa.

Polícia de Segurança esta tem por finalidade reprimir infrações, punindo os infratores de acordo com as leis penais, atua por sobre pessoas, punindo-as, e compreende a polícia ostensiva e judiciária.

A Polícia de Segurança Ostensiva (preventiva) é aquela que tem por objeto a preservação da Ordem Pública, sua função é evitar que ocorram os crimes.

A Polícia de Segurança Judiciária (investigatória) serve para apurar os crimes que não foram possíveis de se evitar, ou seja, é responsável pela investigação, apuração das infrações penais e de sua autoria, a fim de fornecer materiais suficientes para o MP.

Vejamos, a seguir, o quadro didático:

Polícia Administrativa Polícia JudiciáriaPreventiva RepressivaIncide sobre Bens, Direitos e Atividades Incide sobre pessoasCombate o ilícito administrativo Combate o ilícito penalDifunde-se por toda a Administração Privativa das corporações

Obs: estabelecer os critérios de prevenção e repressão que se aplica a ambas

QUESTÕES PONTO 14 – DO PODER EXECUTIVO

01. (Procurador do Ministério Público do Trabalho/92) O Presidente da República deverá afastar-se do exercício de suas funções:

a) tão logo autorize a Câmara dos Deputados, por dois terços dos seus membros, a instauração de processo de impeachment contra o mesmo;

b) assim que admita a Câmara dos Deputados, pelo voto de dois terços dos seus membros, a acusação contra o mesmo do cometimento de crimes comuns ou de crimes de responsabilidade;

c) após a instauração contra o mesmo de processo de impeachment pelo Senado Federal ou, nos casos de crimes comuns, após o recebimento pelo Supremo Tribunal Federal de queixa-crime ou de denúncia formulada pelo Procurador-Geral da República;

d) após o oferecimento de denúncia contra o mesmo pelo Procurador-Geral da República perante o Supremo Tribunal Federal, nos casos de crimes comuns,

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ou por qualquer do povo perante a Câmara dos Deputados, nos casos de crimes de responsabilidade.

02. (Juiz do Trabalho/PB/95) Quanto ao Presidente e ao Vice-Presidente da Replública, verifica-se que:

a) no Brasil, o Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República e pelo Vice-Presidente da República, auxiliados pelos Ministros de Estado, nos precisos termos da Constituição Federal;

b) será considerado eleito Presidente da República o candidato que, registrado por partido político, obtiver maioria absoluta de votos, não computados os votos em branco;

c) em consonância com o princípio da harmonia entre os Poderes do Estado, o Presidente e o Vice-Presidente da República tomarão posse em Sessão do Congresso Nacional, presidido, nessa ocasião, pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal;

d) o Presidente e o Vice-Presidente da República não poderão, sem licença do Congresso Nacional, ausentar-se do País por período superior a 15 (quinze) dias, salvo se o aconselhar medida de Segurança Nacional;

e) ocorrendo vacância dos cargos de Presidente e o Vice-Presidente da República, proceder-se-ão às eleições 90 (noventa) dias depois de aberta a última vaga, se a vacância se deu nos 2 (dois) primeiros anos do período presidencial; se nos 2 (dois) últimos anos do período, a eleição será indireta pelo Congresso Nacional e se verificará 30 (trinta) dias depois da última vaga, na forma da lei.

03. (AFRF/98) Assinale a assertiva correta.

a) o recebimento de denúncia ou queixa contra o Presidente da República, por prática de crime comum, implica suspensão do exercício de funções presidenciais;

b) o afastamento do Presidente e Vice-Presidente do País há de ser precedido, em qualquer hipótese, da necessária licença do Congresso Nacional;

c) a vacância dos cargos de Presidente e Vice-Presidente implica, em qualquer hipótese, a realização de eleições noventa dias após aberta a última vaga;

d) na hipótese de impedimento do Presidente da República e do Vice-Presidente, serão chamados ao exercício da Presidência, sucessivamente, o Presidente do Supremo Tribunal Federal, o Presidente do Senado Federal e o Presidente da Câmara dos Deputados;

e) será considerado eleito Presidente o candidato que, registrado por partido político, obtiver a maioria absoluta, computados os votos em branco.

04 - (Analista Judiciário – Área Administrativa TRF 5ª/ FCC/2003) Em caso de impedimento do Presidente e do Vice-Presidente da República, ou vacância dos respectivos cargos, serão sucessivamente chamados ao exercício da Presidência o Presidente

(A))da Câmara dos Deputados, o do Senado Federal e o do Supremo Tribunal Federal.(B) do Congresso Nacional, o do Supremo Tribunal Federal e o do Superior Tribunal de Justiça.

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(C) da Câmara dos Deputados, o do Supremo Tribunal Federal e o do Tribunal de Contas da União.(D) do Senado Federal, o do Congresso Nacional e o da Câmara dos Deputados.(E) do Supremo Tribunal Federal, o do Superior Tribunal de Justiça e o do Tribunal de Contas da União.

05 - (Técnico Judiciário – Área Administrativa TRF 5ª/FCC/2003) Nas infrações penais comuns, a acusação contra o Presidente da República deverá ser admitida

(A))pela Câmara dos deputados e o julgamento realizado pelo Supremo Tribunal Federal.(B) pelo Senado Federal e o julgamento realizado pelo Supremo Tribunal Federal.(C) pela Câmara dos Deputados e o julgamento realizado pelo Senado Federal.(D) pelo Supremo Tribunal Federal e o julgamento realizado pelo Senado Federal.(E) pelo Supremo Tribunal Federal que também realizará o respectivo julgamento.

06 - (Analista Judiciário – Área Judiciária TRF 5ª/ FCC/2003) Supondo que o Presidente da República tenha praticado um crime comum e um crime de responsabilidade, não conexos entre si, admitida a acusação

(A) pela Câmara dos Deputados, o Presidente deverá ser julgado pelo Senado Federal pela prática de ambos os crimes, perdendo o cargo somente após decisão condenatória definitiva.(B) pela Câmara dos Deputados, o Presidente ficará suspenso de suas funções até que sobrevenha sentença definitiva proferida pelo Supremo Tribunal Federal, competente para julgá-lo pela prática de ambos os crimes.(C)) pela Câmara dos Deputados, o Presidente ficará suspenso de suas funções se, no caso do crime comum, for recebida a denúncia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal e, no caso do crime de responsabilidade, após a instauração do processo pelo Senado Federal.(D) pelo Senado Federal, o órgão competente para julgar o Presidente em definitivo poderá determinar sua prisão pela prática do crime comum e impor-lhe a perda do cargo em razão da prática do crime de responsabilidade.(E) pelo Senado Federal, o Presidente deverá ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal pela prática do crime comum, sendo competente a Câmara dos Deputados para julgá-lo pela prática do crime de responsabilidade.

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07- (Procurador Judicial – Prefeitura do Recife – 2003 FCC) No curso do segundo ano do mandato presidencial, descobrem-se, em sede de inquérito policial, elementos probatórios da prática de delitos penais pelo Presidente da República durante a campanha eleitoral para o pleito em que se consagrou vitorioso. Diante de tal situação, em conformidade com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal,

(A) deverá ser oferecida denúncia perante o Supremo Tribunal Federal, que, se a receber, comunicará o fato à Câmara dos Deputados, para que esta decida sobre a eventual suspensão do processo.(B) compete ao Senado Federal autorizar, pelo voto de 2/3 de seus membros, a instauração de processo para responsabilização criminal e política do Presidente da República.(C)) reconhece-se a irresponsabilidade penal temporária do Presidente da República, ocorrendo a suspensão da prescrição criminal até o término do mandato.(D) ficará o Presidente da República suspenso do exercício de suas funções até o término do julgamentodo processo para sua responsabilização política e criminal perante o Supremo Tribunal Federal.(E) incumbe ao Procurador Geral da República oferecer denúncia perante a Câmara dos Deputados, para que esta autorize a instauração de processo para a responsabilização política e criminal do Presidenteperante o Senado Federal.

GABARITO – PODER EXECUTIVO

01 C02 E 03 A04 A05 A06 C07 C art. 86, § 4º e Jurisprudência

CONTINUAÇÃO DE QUESTÕES DO PONTO 14 – DO PODER EXECUTIVO

1 (Auditor – TCE/MG – 2005) - Na hipótese de prática de conduta tipificada na legislação penal como crime comum, o Presidente da República(A) poderá ser preso em flagrante, em se tratando de crime inafiançável, devendo o assunto ser submetido de imediato à Câmara dos Deputados.(B) ficará suspenso de suas funções, por até cento e oitenta dias, após instauração de processo pelo Senado Federal.(C) será submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, após admitida a acusação por dois terços dos membros do Congresso Nacional.(D) perderá o mandato e, mediante julgamento do Senado Federal, será inabilitado por cinco anos para o exercício de função pública.(E) não poderá ser responsabilizado, na vigência de seu mandato, em se tratando de ato estranho ao exercício de suas funções.

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2 (Procurador TCE/MA – 2005) - Empossado em 111 de janeiro de 2003, o Governador do Estado renuncia ao mandato em 30 de julho de 2005, com vistas a preparar sua candidatura para as eleições majoritárias que ocorrerão no ano seguinte. Ocorre que, em janeiro de 2005, acometido de grave problema de saúde, o Vice-Governador já havia se afastado temporariamente do exercício de suas funções, tendo em março do mesmo ano vindo a falecer. Nessa situação, nos termos da Constituição do Estado,(A) deveria ter sido realizada nova eleição para ambos os cargos, trinta dias após a vaga do cargo de Governador, pela Assembléia Legislativa.(B) deveria o Presidente da Assembléia Legislativa ter sucedido o Governador, completando o período de seu antecessor.(C) competiria ao Presidente do Tribunal de Justiça assumir interinamente o cargo de Governador, até a realização de novas eleições para o seu preenchi-mento.(D) seriam chamados, sucessivamente, a ocupar o cargo de Governador os Presidentes do Tribunal de Justiça e da Assembléia Legislativa estaduais.(E) a renúncia do Governador teria seus efeitos suspensos até a realização de nova eleição para os cargos vagos, observado o prazo de noventa dias para tanto.

3 (Auditor – TCE/PI – 2005) - Relativamente à responsabilização do Presidente da República por infrações penais comuns, estabelece a Constituição que(A) ficará suspenso de suas funções, se recebida a denúncia ou queixa-crime pelo Superior Tribunal de Justiça.(B) a acusação deverá ser admitida pela Câmara dos Deputados e o julgamento realizado pelo Senado Federal.(C) o Presidente não se sujeita à prisão, exceto na hipótese de flagrante de crime inafiançável.(D) não poderá o Presidente ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções, na vigência de seu mandato.(E) se o julgamento não estiver concluído em 180 dias a contar do recebimento da denúncia, fica prejudicado o prosseguimento do processo.

4 (Procurador – TCE/PI – 2005) - Poderá ocorrer, sem a participação do Presidente da República, a elaboração de(A) lei complementar(B) lei delegada(C) lei ordinária(D) emenda constitucional(E) medida provisória

5 (Procurador – TCE/PI – 2005) - No processo legislativo brasileiro há matérias cuja iniciativa é de competência privativa do Presidente da República. Dentre essas se inclui a de dispor sobre(A) os servidores públicos da União, seu regime jurídico, provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria. (B) a organização dos Tribunais Superiores.(C) matéria tributária.(D) a exploração de gás canalizado.

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(E) o sistema monetário.

6 (Procurador – TCE/PI – 2005) - Em regimes republicanos, costuma haver a previsão de procedimentos especiais para apurar e julgar os crimes do Presidente da República, que costumam ser divididos em crimes de responsabilidade e crimes comuns. A Constituição Federal prevê, para essas espécies de crimes, dois procedimentos diversos. Sobre eles, é correto afirmar que(A) o julgamento, nos casos de crime de responsabilidade, será perante o Supremo Tribunal Federal e dependerá de autorização prévia da Câmara dos Deputados.(B) os crimes de responsabilidade serão julgados no Senado Federal e os crimes comuns serão julgados na Câmara dos Deputados.(C) da decisão condenatória proferida pelo Senado Federal, nos casos de crime de responsabilidade, cabe recurso ao Supremo Tribunal Federal.(D) o julgamento dos crimes de responsabilidade será realizado no Congresso Nacional, em sessão conjunta, sob a presidência do Presidente do Supremo Tribunal Federal.(E) é necessária a autorização de dois terços da Câmara dos Deputados para que o Presidente da República seja submetido a julgamento, tanto nos casos de crime de responsabilidade quanto nos casos de crime comum.

7 (Analista Judiciário – Área Judiciária – TRE/RN – 2005) - O Presidente da República(A) somente será julgado por crime comum ou de responsabilidade após autorização de dois terços do Senado Federal.(8) ficará suspenso de suas funções, nas infrações penais comuns, após a instauração do processo pelo Senado Federal.(C) não poderá ser responsabilizado na vigência de seu mandato por atos estranhos ao exercício de suas funções.(O) ficará suspenso de suas funções, nos crimes de responsabilidade, após instauração do processo pelo Supremo Tribunal Federal.(E) poderá ser preso preventivamente durante o transcorrer do processo por infração comum

8 (Analista Judiciário – Área Administrativa– TRE/RN – 2005) - Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República nos dois primeiros anos do mandato,(A) o Presidente da Câmara dos Deputados assumirá o cargo de Presidente da República em caráter definitivo.(B) será realizada eleição indireta, para ambos os cargos, trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional.(C) far-se-á eleição noventa dias depois de aberta a última vaga.(D) o Presidente do Senado Federal será chamado ao exercício da Presidência.(E) o Presidente do Supremo Tribunal Federal exercerá o cargo de Presidente da República em caráter definitivo.

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9 (Técnico Judiciário – Área Administrativa– TRE/RN – 2005) - Em caso de impedimento do Presidente da República e de seu Vice, serão sucessivamente chamados ao exercício daquele cargo, o Presidente(A) do Senado Federal, o da Câmara dos Deputados e o do Supremo Tribunal Federal.(B) da Câmara dos Deputados, o do Senado Federal e o do Supremo Tribunal Federal.(C) do Supremo Tribunal Federal, o do Senado Federal e o da Câmara dos Deputados.(D) do Conselho da República, o da Câmara dos Deputados e o do Senado Federal.(E) do Congresso Nacional, o do Supremo Tribunal Federal e o da Câmara dos Deputados.

10 (Técnico Judiciário – Área Judiciária – TRT 3ª Região – 2005) - O Presidente da República pode atuar no processo legislativo, previsto pela Constituição brasileira, dentre outras formas, pelo exercício(A) do veto e sanção das leis complementares e ordinárias, pela edição de medidas provisórias e pela iniciativa privativa de projetos que disponham sobre matéria relativa a servidores públicos da União.(B) do veto e sanção de emenda constitucional, pela elaboração de leis delegadas, e pela edição de medida provisória relativa à organização do Poder Judiciário.(C) da iniciativa privativa de todos os projetos de leis complementares e pela propositura de emenda constitucional sobre qualquer assunto.(D) do veto e da sanção de decreto legislativo, de lei ordinária, de lei complementar e de lei delegada.(E) da iniciativa privativa da propositura de emenda constitucional, pelo veto e sanção da medida provisória e da lei delegada.

11 (Técnico Judiciário – Área Judiciária – TRT 3ª Região – 2005) - É correto afirmar.(A) no caso de vacância do cargo de Presidente da República, ocorrida nos últimos dois anos do período presidencial, far-se-á eleição noventa dias após aberta a vaga.(B) o Poder Executivo é exercido pelo Presidente e pelo Vice-Presidente da República e pelos Ministros de Estado, conjuntamente.(C) no caso de vacância dos cargos de Presidente e Vice-Presidente da República serão sucessivamente chamados ao exercício da Presidência o Presidente da Câmara dos Deputados, o do Senado Federal e o do Supremo Tribunal Federal.(D) o mandato de Presidente da República é de cinco anos e terá inicio em primeiro de fevereiro do ano seguinte ao da eleição.(E) o Presidente da República poderá ausentar-se do PaÍs por qualquer tempo, independentemente de licença do Congresso Nacional.

12 (Técnico Judiciário – Área Administrativa – TRT 3ª Região – 2005) - Em relação ao cargo de Presidente da República, é correto afirmar que(A) a eleição presidencial realiza-se em dois turnos de votação, considerando-se eleito o candidato que em ambos obtiver a maioria absoluta dos votos.

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(B) o cargo será declarado vago se o Presidente não tomar posse até decorridos 30 dias da data fixada, salvo motivo de força maior.(C) os candidatos ao cargo devem ser registrados por partido político, não se admitindo candidaturas avulsas.(D) a ausência do país por mais de dez dias sem licença do Congresso Nacional importa, para o Presidente, a perda do cargo.(E) o mandato do Presidente é de quatro anos, prorrogáveis por mais quatro.

Gabarito:

1) E2) A3) D4) D5) A6) E7) C8) C9) B10) A11) C12) C

CAPÍTULO 6 - PROCESSO LEGISLATIVO (primeira parte: espécies normativas)

Na primeira parte deste capítulo iremos estudar o conceito de processo legislativo e discorrer sobre as espécies normativas. Iniciaremos o estudo das espécies normativas investigando as Emendas Constitucionais.

CONCEITO

O processo legislativo compreende uma série de atos legislativos destinados a criação de espécies normativas. Estas espécies normativas compreendem emendas à Constituição, leis (Complementares, Ordinárias e Delegadas), medidas provisórias, decretos legislativos e resoluções.

Nosso estudo do processo legislativo será subdividido em duas partes. Em primeiro lugar estudaremos as espécies normativas para, em seguida, nos dedicar ao estudo das fases do processo legislativo.

ESPÉCIES NORMATIVAS

As espécies normativas estão previstas no art. 59, I a VII da CF.

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CF- Art. 59 – O processo legislativo compreende a elaboração de I - emendas à constituiçãoII - leis complementares;III - leis ordinárias;IV - leis delegadas;V - medidas provisórias;VI - decretos legislativos;VII - resoluções.

Inicialmente cabe expressar um detalhe muito importante. A Emenda à Constituição, que é superior a todas as demais espécies normativas, altera e passa a fazer parte do texto Constitucional. Entre as demais espécies normativas não há qualquer hierarquia jurídica.

Então vocês podem perguntar: o que torna singular, ou seja o que diferencia uma espécie normativa da outra? É o que nos propomos a discutir a partir de agora.

1 - EMENDAS À CONSTITUIÇÃO

A primeira noção que devemos ter é a de que uma vez promulgada uma emenda constitucional ela passa a ter a mesma hierarquia das demais normas constitucionais. Não importa se são normas do corpo permanente ou do ADCT - Ato das Disposições Constitucionais Transitórias Portanto, dispõem de hierarquia superior as demais espécies normativas.

Mas antes de darmos início ao estudo das Emendas Constitucionais é relevante fixar que a emenda é um dos tipos de REFORMA da Constituição. A Reforma é gênero cujas espécies são EMENDA e REVISÃO.

O modo de elaboração das EMENDAS CONSTITUCIONAIS, consta no art. 60 da CF/88 e iremos abordá-lo a seguir. No tocante à REVISÃO CONSTITUCIONAL encontra-se prevista no art. 3º, do ADCT (ADCT - significa Ato das Disposições Constitucionais Transitórias).

A Constituição da República, promulgada em 5 de outubro de 1988, já foi alvo de 52 Emendas Constitucionais e de uma Revisão Constitucional. Esta última produziu 6 Emendas de Revisão. Quando foi aprovada nossa Constituição possuía 245 artigos em sua parte permanente e 70 artigos em sua parte transitória denominada de ADCT - Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.

Hoje, em 2006, se vocês tiverem a curiosidade de contar, perceberão que a nossa Constituição de 1988, computadas as suas últimas alterações promovidas pela Emenda Constitucional nº 52, promulgada em 8/3/2006, possui 250 artigos em sua parte permanente e 94 artigos em sua parte transitória.

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Muito bem. Passaremos a analisar o artigo 60 da nossa Carta Política.

Emenda Constitucional

CF/88 Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:

I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal;II - do Presidente da República;III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.

§ 1º - A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.

§ 2º - A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros.

§ 3º - A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem.

§ 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:

I - a forma federativa de Estado;II - o voto direto, secreto, universal e periódico;III - a separação dos Poderes;IV - os direitos e garantias individuais.§ 5º - A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa.

Passaremos a analisar o art. 60, da Constituição de 1988 e perceberemos que há vário requisitos, conhecidos por limitações para que a Constituição seja modificada através de emenda.

Genericamente essas limitações são classificadas em limitações formais, limitações circunstanciais e limitações materiais. Passaremos a estuda-las.

1.1 - LIMITAÇÕES FORMAIS AO PODER DE EMENDAR

iniciativa restrita (incisos I a III, do art. 60), porque poucos podem formular proposta de Emenda Constitucional. Apenas o Presidente da República; um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; ou mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros

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a discussão e votação (§2º, do art. 60) dar-se-á nas duas Casas do Congresso Nacional, ou seja, na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambas, 3/5 dos votos dos respectivos membros.

a promulgação (§3º, do art. 60) será realizada pelas mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.

em caso de rejeição, a matéria não poderá ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa (§5º, do art. 60). De igual modo acontece com a matéria constante de proposta de emenda constitucional havida por prejudicada, assim entendida aquela que nem chegou a ser posta em votação por não atender, por exemplo, os requisitos quanto à sua iniciativa ou que tenha sido proposta na vigência de intervenção federal, estado de defesa ou estado de sítio.

Sessão legislativa é período de reunião anual do Congresso Nacional que vai de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro (CF/88, art. 57, caput, com redação dada pela EC nº 50, de 14-2-2006).

1.2 - LIMITAÇÕES CIRCUNSTANCIAIS AO PODER DE EMENDA

Referem-se as circunstâncias, constantes do §1º do art. 60, conhecidos como estados de legalidade extraordinária: intervenção federal (CF,art. 34), de estado de defesa (CF,art. 136) e estado de sítio (CF, art. 137) durante estes períodos a Constituição não poderá ocorrer emenda.

1.3 - LIMITAÇÕES MATERIAIS (ou SUBSTANCIAIS) AO PODER DE EMENDAR:

São as famosas cláusulas pétreas. As cláusulas pétreas, constantes dos incisos I a IV, do §4º do art. 60, impedem que sequer seja objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir :

a forma federativa de Estado; o voto direto, secreto, universal e periódico; a separação dos Poderes, os direitos e garantias individuais

Essas normas (cláusulas pétreas, núcleo duro) não podem ser modificadas pelos agentes políticos investidos do poder constituinte

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derivado. Assim, não pode haver emendas constitucionais supressivas sobre os quatro assuntos aqui relacionados.

Pelo fato de a nossa Constituição dispor destas cláusulas pétreas que não podem ser revogadas pelo Poder Constituinte Derivado, faz com que alguns estudiosos a classifiquem também como uma CONSTITUIÇÃO SUPER RÍGIDA.

1.4 - LIMITAÇÕES TEMPORAIS

A doutrina se refere ainda às limitações temporais que são lapsos de tempo em que não se pode implementar reformas constitucionais. A nossa atual Carta Política não dispõe sobre limites temporais à reforma. A emenda Constitucional nº 1, à Constituição de 1988, foi promulgada em 31-3-1992, quando nossa Carta estava com pouco mais de 3 anos e 4 meses de vigência. A nossa única carta que previu limitação temporal foi a de 1824 cujo limite era de 4 anos.

1.5 - LIMITAÇÕES IMPLÍCITAS

Os estudiosos são unânimes em afirmar que além das limitações expressas que são previstas no texto da Constituição (Limitações formais, limitações circunstanciais, limitações materiais) há outras que não estão expressas sendo assim implícitas. O exemplo mais citado é o da impossibilidade de uma emenda à Constituição revogar qualquer dos inciso ou parágrafos da art. 60 da nossa Constituição. Segundo a melhor doutrina, a aprovação de emenda constitucional, alterando o processo legislativo da própria emenda, ou revisão constitucional, tornando-o menos difícil, não seria possível, porque haveria um limite material implícito ao poder constituinte derivado em relação a essa matéria.

Vamos ver se de fato já deu para entender? Que tal uma questão do TCU/2000 para esquentarmos:

(TCU/ACE/2000/ESAF) Assinale a opção correta: a) é pacífico entre nós, que não existem limitações implícitas ao poder constituinte de reforma.b) uma proposta de emenda à Constituição que tenda a abolir uma cláusula pétrea não pode sequer ser levada à deliberação do Congresso Nacionalc) as emendas à Constituição expressam meio típico de manifestação do poder constituinte originário.

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d) a Constituição de 1988 contemplou ao Presidente da República a titularidade para promulgação das Emendas Constitucionais.e) o poder de reforma ou de emenda é um poder ilimitado na sua atividade de constituinte de primeiro grau.

Gabarito: .........

JURISPRUDÊNCIA DO STF : VEDAÇÃO À DUPLA REVISÃO

A constituição não admite o procedimento da chamada “dupla revisão”. Dupla revisão (através de uma emenda afasta-se a cláusula proibitiva) e através de outra emenda introduz-se a modificação que se quer.

2 – REVISÃO CONSTITUCIONAL

Pois bem. A primeira coisa que precisa ser dita é que a Revisão Constitucional é um processo que já se exauriu. Foi realizada em 1993, submeteu-se a limitação material de que trata o art. 60, § 4º, e produziu 6 (seis) emendas constitucionais, numeradas de 1 a 6, denominadas emendas constitucionais de revisão..

        Art. 3º do ADCT. A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral.

Esta Revisão prevista no art. 3º do ADCT- Ato das Disposições Constitucionais Transitórias já foi concluída. Iniciada em 1993 e concluída em 1994, o saldo dela resultante foram (seis) emendas, denominadas Emendas Constitucionais de Revisão, respectivamente numerada de 1 a 6.

2.1 - LIMITAÇÕES DA REVISÃO CONSTITUCIONAL

Com relação as limitações a revisão sujeitou-se a limitações formais e materiais. As formais foram a necessidade de maioria absoluta em sessão unicameral do Congresso Nacional. As materiais, conforme Jurisprudência do STF, foram as mesmas limitações materiais de a que estão submetidas as Emendas à Constituição (cláusulas pétreas).

3 - LEIS COMPLEMENTARES

A CF/88, art. 69 dispõe que:

CF Art. 69 As leis complementares serão aprovadas por maioria absoluta.

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Assim, para aprovação de um projeto de lei complementar serão necessários os votos favoráveis de mais da metade do total dos membros de determinada Casa Legislativa. Trata-se da maioria absoluta. Exemplo: A câmara federal conta com um total de 513 deputados federais. Uma lei complementar para ser aprovada necessita de no mínimo 257 votos favoráveis. Assim 257 votos representam o primeiro número inteiro superior a metade (a metade é 256,5). O senado conta com 81 senadores, assim, para ser aprovada, uma lei complementar necessita de 41 votos favoráveis.

4 - LEIS ORDINÁRIAS

Muitos de vocês devem estar se perguntando: onde está escrito que o quorum para aprovação de lei ordinária é maioria simples dos presentes à votação, pois o tema do processo legislativo ocupa os artigos 59 a 69 da CF/88 e nestes nada consta a respeito. É verdade. Para sabermos o quorum para aprovação de um projeto de lei ordinária precisamos atentar para o disposto no art. 47 da CF/88, cujo teor é o seguinte.

Art. 47. Salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações de cada Casa e de suas comissões serão tomadas por maioria dos votos, presente a maioria absoluta de seus membros.

Pois bem. 0 art. 47 da CF/88 (cuja regra se aplica quando a Constituição não prevê número específico de apoios para determinada matéria) trata do número mínimo de votos parlamentares para dar início a uma reunião. Neste nosso trabalho podemos denominar de quorum de instalação. O artigo 47 cuida ainda do número mínimo de parlamentares para que determinada matéria seja aprovada, passaremos a denominar este último de quorum para aprovação. Só se instala a sessão deliberativa com a presença da maioria absoluta dos membros integrantes da Casa Legislativa. Maioria absoluta representa mais da metade dos membros que integram determinada Casa Legislativa. Em termos técnicos a maioria absoluta representa o primeiro número inteiro superior a metade. Caso estejam presentes essa maioria absoluta, haverá condições para o início da discussão e votação. Diz ainda o artigo que tendo início a discussão com a presença da maioria absoluta (quorum de instalação), as decisões serão tomadas por maioria simples de votos dos parlamentares presentes. Esta maioria de votos é chamada de maioria simples. Assim, um projeto de lei ordinária ao ser posto em votação terá votos favoráveis, votos contrários e abstenções de voto dos membros da Casa Legislativa que estiverem efetivamente presentes. O projeto será aprovado se receber a maioria de votos favoráveis. Por outro lado, em sentido oposto, se a maioria dos presentes forem contrários o projeto será rejeitado.

Desta forma para que seja aprovado um projeto de lei ordinária serão necessários os votos favoráveis da maioria simples (quorum de aprovação)

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entre os presentes. Desde que estejam presentes a reunião a maioria absoluta dos membros de determinada Casa Legislativa (quorum de instalação). Trata-se da maioria simples.

Vamos a um exemplo:

Na câmara dos deputados, que tem 513 deputados federais, para ter início uma sessão de votação necessitam estar presentes 257 (maioria absoluta dos membros). Estando presentes no mínimo 257 deputados, a lei ordinária será aprovada com a maioria simples dos votos dos deputados presentes à sessão. Suponha que 120 digam sim, 110 digam não e 27 se abstenham de votar, neste caso a lei ordinária será aprovada.

4.1 - LEI COMPLEMENTAR X LEI ORDINÁRIA. HÁ HIERARQUIA?

Hierarquia para o Direito, é a circunstância de uma norma encontrar sua nascente, sua fonte geradora, seu fundamento de validade, numa norma que lhe é superior. A lei é hierarquicamente inferior à Constituição porque encontra na Constituição o seu fundamento de validade. Só existe lei porque a Constituição a cria. Conceituada está hierarquia.

A lei ordinária encontra seu fundamento de validade na lei complementar? Claro que NÃO. Tanto a lei ordinária quanto a lei complementar encontram seu fundamento de validade no Texto Constitucional. Portanto, não há hierarquia entre a lei complementar e lei ordinária.

Portanto, quais as diferenças entre lei ordinária e lei complementar? São duas:

Diferença material – somente poderá ser objeto de lei complementar a matéria taxativamente prevista na Constituição Federal, enquanto todas as demais matérias deverão ser objeto de lei ordinária.

Diferença formal – diz respeito ao processo legislativo, na fase de votação. O quorum para aprovação da lei ordinária é de maioria simples (art. 47). O quorum para aprovação de lei complementar é de maioria absoluta (art. 69).

Um exemplo nos deixará mais calmo. Nossa Câmara dos Deputados tem 513 pessoas e 257 estão presentes, há o que se chama quorum (estão presentes a maioria dos membros).

Para aprovar uma lei ordinária é necessário: basta a maioria simples dentre os presentes votem favoravelmente ao projeto. Para iniciar-se a deliberação (votação) faz-se necessária a presença de no mínimo 257 Deputados.

Para aprovar uma lei complementar: são necessários 257 votos favoráveis, ou seja, a maioria absoluta dos membros da Câmara dos Deputados.

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Apareceram na prova para AFRF 2002.1/ESAF, responda se as assertivas estão certas ou erradas:

Uma lei ordinária que disponha sobre assunto que a Constituição reserva à lei complementar deve ser considerada inconstitucional (esta assertiva está...........................).

Toda lei complementar é hierarquicamente superior a qualquer lei ordinária, o que não impede que a lei posterior à lei complementar possa revogá-la (esta assertiva está..........................).

Uma lei complementar que dispõe sobre assunto que a Constituição não reserva à lei complementar é, segundo a doutrina pacífica, inválida e insuscetível de produzir efeitos (esta assertiva está ...........................).

APARECEU ESTA NO CONCURSO DO AFC/CGU – 2003/2004/ ESAF:

Segundo a jurisprudência do STF, se uma lei complementar disciplinar uma matéria não reservada a esse tipo de instrumento normativo, pelo princípio da hierarquia das leis, não poderá uma lei ordinária disciplinar tal matéria. (esta assertiva está ...............)

APARECEU NO CONCURSO PARA Analista de Finanças e Controle - AFC - STN /2005 72 – d) Em razão da superioridade hierárquica da lei complementar sobre a

lei ordinária, a disciplina de uma matéria, por lei complementar, ainda que ela não esteja reservada a essa espécie de instrumento normativo, impede que ela venha a ser disciplinada de forma distinta em lei ordinária.(Esta assertiva está: ...........................................................)

5 - LEI DELEGADA

Uma característica específica da lei delegada é que ela é elaborada pelo próprio Presidente da República, mediante solicitação ao Congresso Nacional. Constitui exercício de atribuição legislativa atípica.

O instrumento de controle de que dispõe o Congresso Nacional em relação a lei delegada encontra-se disposto no art. 49, V, da CF/88, assim “é da competência exclusiva do Congresso Nacional sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem...dos limites de delegação legislativa”.

CF/88 Art. 68 - As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional.

§ 1º - Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva do Congresso Nacional, os de competência privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a matéria reservada à lei complementar, nem a legislação sobre:

I - organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros;II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais;III - planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos.§ 2º - A delegação ao Presidente da República terá a forma de resolução do Congresso Nacional, que especificará seu conteúdo e os termos de seu exercício.

§ 3º - Se a resolução determinar a apreciação do projeto pelo Congresso Nacional, este a fará em votação única, vedada qualquer emenda.

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6 - MEDIDAS PROVISÓRIAS

6. 1 - TEXTO DOS ARTIGOS 62 E 246 DA CF/88:

Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional.

§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:

I – relativa a:

a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral;b) direito penal, processual penal e processual civil;c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros;d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares, ressalvado o (crédito extraordinário) previsto no art. 167, § 3º;

II – que vise a detenção ou seqüestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro ativo financeiro;

III – reservada a lei complementar;

IV – já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e pendente de sanção ou veto do Presidente da República.

§ 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada.

§ 3º As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11 e 12 perderão eficácia, desde a edição, se não forem convertidas em lei no prazo de sessenta dias, prorrogável, nos termos do § 7º, uma vez por igual período, devendo o Congresso Nacional disciplinar, por decreto legislativo, as relações jurídicas delas decorrentes. § 4º O prazo a que se refere o § 3º contar-se-á da publicação da medida provisória, suspendendo-se durante os períodos de recesso do Congresso Nacional.

§ 5º A deliberação de cada uma das Casas do Congresso Nacional sobre o mérito das medidas provisórias dependerá de juízo prévio sobre o atendimento de seus pressupostos constitucionais.

§ 6º Se a medida provisória não for apreciada em até quarenta e cinco dias contados de sua publicação, entrará em regime de urgência, subseqüentemente, em cada uma das Casas do Congresso Nacional, ficando sobrestadas,

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até que se ultime a votação, todas as demais deliberações legislativas da Casa em que estiver tramitando.

§ 7º Prorrogar-se-á uma única vez por igual período a vigência de medida provisória que, no prazo de sessenta dias, contado de sua publicação, não tiver a sua votação encerrada nas duas Casas do Congresso Nacional.

§ 8º As medidas provisórias terão sua votação iniciada na Câmara dos Deputados.

§ 9º Caberá à comissão mista de Deputados e Senadores examinar as medidas provisórias e sobre elas emitir parecer, antes de serem apreciadas, em sessão separada, pelo plenário de cada uma das Casas do Congresso Nacional.

§ 10. É vedada a reedição, na mesma sessão legislativa, de medida provisória que tenha sido rejeitada ou que tenha perdido sua eficácia por decurso de prazo.

§ 11. Não editado o decreto legislativo a que se refere o § 3º até sessenta dias após a rejeição ou perda de eficácia de medida provisória, as relações jurídicas constituídas e decorrentes de atos praticados durante sua vigência conservar-se-ão por ela regidas.

§ 12. Aprovado projeto de lei de conversão alterando o texto original da medida provisória, esta manter-se-á integralmente em vigor até que seja sancionado ou vetado o projeto."(NR)

-------------------------------------------------------------------------------------------------------

Art. 246. É vedada a adoção de medida provisória na regulamentação de artigo da Constituição cuja redação tenha sido alterada por meio de emenda promulgada entre 1º de janeiro de 1995 até a promulgação desta emenda, inclusive. (Nova redação do art. 246, da Constituição pela EC nº 32).

-------------------------------------------------------------------------------------------------------

Art. 2º da Emenda Constitucional nº 32, de 11/09/2001. As medidas provisórias editadas em data anterior à da publicação desta emenda continuam em vigor até que medida provisória ulterior as revogue explicitamente ou até deliberação definitiva do Congresso Nacional.

6.2 - RESUMO PRÁTICO DE MEDIDA PROVISÓRIA

6.2.1 - TRAMITAÇÃO

m) Competência: do Presidente da República.

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Page 220: Apostila Constitucional Completa- Sabrina Rocha

n) Início da votação: as MP terão sua votação iniciada na Câmara dos Deputados.

o) Pressupostos constitucionais das MPs: relevância e urgência.

p) Prazo de vigência: será de 60 dias o prazo de vigência da medida provisória contados da sua publicação no Diário Oficial, suspendendo-se a contagem do prazo durante os períodos de recesso do Congresso Nacional.

q) Regime de urgência: se a MP não for apreciada em até 45 dias contados da sua publicação entrará em regime de urgência, subseqüentemente, em cada um das Casas do Congresso Nacional (CN), ficando sobrestadas todas as demais deliberações da Casa em que estiver tramitando (ocorre o que a imprensa denomina de trancamento da pauta).

r) Prorrogação do prazo de vigência: prorrogar-se-á uma única vez por igual período a MP que não tiver a sua votação encerrada nas duas Casas do CN no prazo de 60 dias de sua vigência.

s) Vedação de reedição das MP: na mesma sessão legislativa, é vedada a reedição de MP que tenha sido rejeitada ou que tenha perdido sua eficácia por decurso do prazo.

t) Perda de eficácia: se a MP não for convertida em lei no prazo de sua vigência (60 dias prorrogável por igual período) perderá a eficácia desde a edição (publicação no Diário Oficial).

u) Em caso de perda de eficácia: deve o Congresso Nacional disciplinar, em até 60 dias, por decreto legislativo, as relações jurídicas delas decorrentes. Se o Congresso Nacional não o fizer, as relações jurídicas constituídas e decorrentes de atos praticados durante a vigência da MP conservar-se-ão por ela (pela MP) regidas.

v) Juízo prévio sobre os pressupostos: a deliberação de cada uma das Casas do CN sobre o mérito das MP dependerá de juízo prévio sobre o atendimento de seus pressupostos constitucionais (relevância e urgência). Caberá á comissão mista de Deputados e Senadores emitir parecer, antes de serem apreciadas, em sessão separada, pelo plenário de cada uma das Casas do CN.

w) Alteração do texto da MP: aprovado o projeto de lei de conversão de MP alterando o texto original, esta manter-se-á integralmente em vigor até que seja sancionado ou vetado o projeto.

x) Havendo medidas provisórias em vigor na data de convocação extraordinária do Congresso Nacional, serão elas automaticamente incluídas na pauta de convocação (§ 8º, art. 57).

6.3 – O QUE PODE E O QUE NÃO PODE A MEDIDA PROVISÓRIA

6.3.1 MEDIDA PROVISÓRIA PODE:

3. instituir ou majorar tributos: a exemplo do Imposto de Importação-II, Imposto de Exportação-IE, do Imposto sobre Produtos Industrializados-IPI, Imposto sobre Operações Financeiras-IOF e Imposto Extraordinário de Guerra-IEG. No caso de impostos

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submetidos ao princípio da anterioridade, a exemplo do Imposto de Renda-IR, do Imposto Territorial Rural-ITR; a cobrança só ocorrerá no exercício seguinte àquele em que a medida provisória tenha sido convertida em lei.

4. ser adotada por Estados e Municípios através de suas respectivas Constituições e Leis orgânicas (Jurisprudência do STF).

6.3.2 - MEDIDA PROVISÓRIA NÃO PODE:

6. dispor sobre nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral;

7. dispor sobre direito penal, processual penal e processual civil;

8. dispor sobre organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros;

9. dispor sobre planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, § 3º (abertura de crédito extraordinário);

10. dispor sobre matéria que vise a detenção ou seqüestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro ativo financeiro;

6. dispor sobre matéria reservada a lei complementar;

9. dispor sobre matéria já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e pendente de sanção ou veto do Presidente da República.

10.regulamentar artigo da Constituição cuja redação tenha sido alterada por meio de emenda promulgada entre 1º de janeiro de 1995 e 11 de setembro de 2001, data da promulgação da emenda nº 32.

6.4 - JURISPRUDÊNCIA DO STF SOBRE MP (todas são anteriores a EC nº 32)

Os conceitos de relevância e urgência, pressupostos da medida provisória (CF art. 62), decorrem, em princípio, do juízo discricionário de oportunidade e de valor do Presidente da República, mas admitem o controle do judiciário quanto ao excesso do poder de legislar, o que, no caso, não se evidencia de pronto (STF - Pleno Adin nº 162-1/ DF - medida liminar. Rel. Min. Moreira Alves DJ 10.9.97).

Segundo Jurisprudência do STF, o Presidente da República não pode retirar da apreciação do Congresso Nacional medida provisória que tiver editado. Pode, entretanto, ab-rogá-la (revogá-la por inteiro) por meio de nova medida provisória (STF Pleno Adin 1.315-7/DF – medida liminar – Rel. Min. Ilmar Galvão DJ 22.5.95).

O STF entende que Governadores e Prefeitos podem editar medidas provisórias (Adin MC 812-9 TO, Rel. Min. Moreira Alves). É imortante realçar que esta possibilidade só se configurará se houver previsão no capítulo

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Page 222: Apostila Constitucional Completa- Sabrina Rocha

referente a processo legislativo nas respectivas Constituições dos Estados e nas Leis Orgânicas dos Municípios.

6. 5 – DOUTRINA SOBRE MP

A MP durante o prazo previsto para sua aprovação suspende a eficácia de lei ordinária anterior nos pontos conflitantes. Caso não seja aprovada pelo Congresso Nacional, a lei anterior volta a sua plenitude de eficácia (Alexandre de Moraes).

7 - DECRETO LEGISLATIVO

Segundo Michel Temer: “Essa espécie normativa tem conteúdo, basicamente das matérias de competência exclusiva do Congresso (art. 49). A iniciativa depende de membro ou comissão do Congresso Nacional. A discussão se passa no Congresso Nacional. A aprovação se dá por maioria simples (art. 47). Por ser matéria de competência exclusiva não há sanção. A promulgação é pelo Presidente do Senado Federal (que também é o Presidente do Congresso Nacional, art. 57, §5º) que o mandará publicar”

A EC nº 32, § 3º, dispõe sobre a utilização do decreto legislativo. Vejamos:

"As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11 e 12 perderão eficácia, desde a edição, se não forem convertidas em lei no prazo de sessenta dias, prorrogável, nos termos do § 7º, uma vez por igual período, devendo o Congresso Nacional disciplinar, por DECRETO LEGISLATIVO, as relações jurídicas delas decorrentes".

Em resumo, para simplificarmos basta que entendamos que tanto o decreto legislativo como as resoluções são atos normativos destinados a dispor sobre matérias de competência exclusiva do Congresso Nacional (art. 49), privativa da Câmara dos Deputados (art. 51) ou privativa do Senado Federal (art. 52)/

8 - RESOLUÇÕES

Em se tratando de resoluções são válidos todos os comentários que fizemos sobre decreto legislativo. Normalmente destinadas a regulação dos artigos de competência exclusiva do Congresso Nacional (art. 49), da Câmara dos Deputados (art. 51) ou do Senado Federal (art. 52).

No entanto, a CF/88 em algumas passagens determina alguns assuntos que serão regulados por Resolução. Por exemplo, ao tratar da lei delegada, menciona que “A delegação ao Presidente da República terá a forma de resolução do Congresso Nacional”.....(art. 68. §2º). Ao dispor sobre ICMS dispõe a Carta Política que “resolução do Senado Federal...estabelecerá alíquotas aplicáveis às operações e prestações, interestaduais e de

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exportação (art. 155, §2º, IV)” e “é facultado ao Senado estabelecer alíquotas mínimas nas operações internas, mediante resolução de iniciativa de um terço e aprovada pela maioria absoluta de seus membros,” (art. 155, §2º, V, a).

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RESUMO DAS ESPÉCIES NORMATIVAS DO PROCESSO LEGISLATIVO

ESPÉCIES NORMATIVAS

INICIATIVA LIMITAÇÕES VOTAÇÃO PROMULGAÇÃO MATÉRIA

EMENDA CONSTITUCIO-

NAL ART 60, CF 88

Presidente da República1/3 dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado FederalMais da metade das Assembléias Legislativas, cada qual por sua maioria relativa.

FormaisCircunstanciais

Materiais

Implícitas

Dois turnos em cada casa do Congresso Nacional, necessitando de 3/5 dos votos para aprovação.

Senado Federal Câmara de Deputados

Modificação da Constituição, foram promulgadas 45 Emendas Constitucionais até 31/12/2004

REVISÃO CONSTITUCIO-

NAL ADCT, ART 3º

Congresso Nacional Formais

Materiais

Temporais

Maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional em sessão unicameral

Congresso Nacional

Promulgadas 6 Emendas Constitucionais de revisão (já encerrada)

LEI COMPLEMEN-

TAR ART 69, CF 88

Presidente da República Deputado Senador Comissões STF Tribunais Superiores Procurador Geral da

República TCU

Impostas pela Constituição

Maioria absolutaPresidente da República, suscetível a sansão ou veto. Havendo veto, este pode ser derrubado pelo voto da maioria absoluta do Congresso, em sessão conjunta com escrutínio secreto a ser realizado até 30 dias após o recebimento.

Matéria taxativamente prevista na CF 88

LEI ORDINÁRIA Presidente da República Deputado Senador Comissões STF Tribunais Superiores Procurador Geral da

República TCU Popular

Impostas pela Constitui-cão.

Maioria simples ou relativa

Presidente da República, suscetível a sansão ou veto. Havendo veto, este pode ser derrubado pelo voto da maioria absoluta do Congresso, em sessão conjunta com escrutínio secreto a ser realizado até 30 dias após o recebimento.

Matéria sob as quais não há determinação espécie legislativa.

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ESPÉCIES NORMATIVAS

INICIATIVA VOTAÇÃO PROMULGAÇÃO MATÉRIA

LEI DELEGADA ART 68, CF 88 Presidente da

República, mediante delegação do Congresso Nacional, através de resolução.

Só terá votação na hipótese de assim determinar a Resolução

Presidente da República, não sujeita a sanção ou veto.

Quaisquer matéria, exceto as previstas no §1º, do art. 68 da CF/88

MEDIDA PROVISÓRIA Presidente da República

sobre temas relevantes e urgentes.

Tem início na Câmara; necessita de parecer prévio elaborado pela comissão mista. Maioria Simples.

Presidente da República, suscetível a sanção ou veto. Havendo veto, este pode ser derrubado pelo voto da maioria absoluta do Congresso, em sessão conjunta, com escrutínio secreto a ser realizado até 30 dias após o recebimento.

Assuntos de relevância e interesse. 60 dias de vigência prorrogável por igual prazo; deve ser apreciada até 45 dias. Suspensa de entrar em regime de urgência. Pode instituir tributos; adotada pelos Estados e Municípios.

DECRETO LEGISLATIVO

Membro do Congresso Nacional.

Dispõe sobre assuntos de competência exclusiva do Congresso Nacional (art. 49).

Tem início onde houve a iniciativa.

Presidente do Senado. Não sujeito a sanção ou veto

Assuntos de competência exclusiva do Congresso Nacional

RESOLUÇÃO Membro do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal.

Dispõe sobre assuntos de competência exclusiva do Congresso Nacional (art. 49), e privativa da Câmara (art. 51) e privativa do Senado (art. 52).

Tem início onde houve a iniciativa.

Mesa da Casa Legislativa que o editou. Não sujeito a sanção ou veto

Regulamentação de artigos de competência exclusiva do Congresso Nacional, privativa da Câmara dos Deputados ou privativa do Senado.

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QUESTÕES CAPÍTULO 6 - PROCESSO LEGISLATIVO – ESPÉCIES NORMATIVAS

EMENDAS À CONSTITUIÇÃO

05.(Procurador do INSS/93). Assinale a opção correta

f) A matéria constante de proposta de emenda à Constituição rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa

g) O processo legislativo compreende a elaboração de leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, decretos, decretos legislativos, resoluções e atos das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.

h) A Constituição poderá ser emendada mediante proposta de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria absoluta de seus membros.

i) São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que disponham sobre organização administrativa e judiciária, matéria tributária e orçamentária, serviços públicos e pessoal da administração do Distrito Federal.

j) A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação ao Congresso Nacional de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles.

06. (AGU/94). Assinale a assertiva correta.

f) Exaurido o processo de revisão constitucional previsto no art. 3o do Ato da Disposições Constitucionais Transitórias, não mais se poderá realizar reforma constitucional com quorum inferior ao previsto no art. 60, § 2o, da Constituição Federal.

g) A Constituição brasileira não estabelece limite ao poder de reforma constitucional.

h) Enquanto o processo de emenda constitucional está submetido a limitações materiais e formais, o processo de revisão constitucional previsto no art. 3o do ADCT submete-se apenas às limitações de índole formal.

i) A revisão especial da Constituição poderá realizar-se a cada cinco anos, mediante decisão da maioria absoluta dos membros das duas Casas do Congresso, em sessão unicameral.

j) A Constituição somente poderá ser emendada mediante proposta de um terço dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal ou por iniciativa do Presidente da República.

07. (AFTN/90). A Constituição brasileira impõe ao constituinte derivado limitações.

f) temporais, materiais e econômicas g) orçamentárias e materiais

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Page 227: Apostila Constitucional Completa- Sabrina Rocha

h) temporárias, circunstanciais e financeirasi) circunstanciais e materiaisj) temporais, apenas

08.(AFTN – mar/94). Assinale a assertiva correta

f) A Constituição não admite emenda constitucional tendente a abolir a República.

g) A vedação de emenda constitucional tendente a abolir os direitos e garantias individuais aplica-se aos direitos e garantias constantes do art. 5.º da Constituição e a outros direitos individuais assegurados pelo texto constitucional.

h) A Constituição não admite emenda tendente a abolir a forma presidencial do Governo.

i) Mediante o procedimento da chamada “dupla revisão”, pode-se afastar a cláusula proibitiva de determinada emenda, procedendo-se, em seguida, à pretendida mudança no texto constitucional.

j) A proibição da emenda constitucional tendente a abolir determinado princípio é absoluta, não admitindo qualquer alteração do texto protegido com a chamada cláusula pétrea.

05 - (Procurador da República/1995) O Poder Constituinte Derivado exercido pelo Congresso Nacional para reformar a Constituição :

a) é limitado apenas pelas cláusulas pétreas b) não é inicial, mas é ilimitado e autônomo c) é condicionado e secundário, mas tem limitações apenas materiais d) tem limitações circunstanciais e substanciais

MEDIDAS PROVISÓRIAS

06- (AGU/96, adaptada). Assinale a assertiva correta.

f) A medida Provisória aprovada pela maioria absoluta dos membros de cada uma das Casas do Congresso Nacional, pode dispor sobre matéria sujeita a disciplina mediante lei complementar.

g) É possível, na mesma sessão legislativa, a reedição de medida provisória não apreciada pelo Congresso Nacional no prazo constitucionalmente fixado.

h) A superação das cláusulas pétreas, no sistema constitucional brasileiro, pode-se dar pelo modelo da dupla revisão, procedendo-se à revogação ou à alteração da disposição proibitiva e à introdução da disposição ou da modificação pretendida.

i) A constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.

j) A sanção do Presidente da República sana o vício de iniciativa, no caso de projeto de lei de iniciativa privada do Executivo.

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07- (AGU/94). Assinale a assertiva correta.

f) A Constituição não permite a reedição de Medidas Provisórias.g) As Medidas Provisórias podem dispor sobre todas as matérias da

competência legislativa da União, inclusive as referentes à instituição de tributo, a definição de crime e à imposição de pena.

h) Para a disciplina das relações jurídicas surgidas no período em que teve vigência Medida Provisória rejeitada, poderá o Congresso Nacional adotar regulação idêntica àquela constante da medida rejeitada.

i) A Medida Provisória somente poderá dispor acerca de matérias legislativas de iniciativa privativa do Presidente da República

j) As Medidas Provisórias não podem dispor sobre matéria tributária e financeira.

08 - (AGU/96, adaptada). Assinale a assertiva correta

f) Os Estados-membros podem adotar a medida provisória como espécie legislativa.

g) A intervenção federal nos Estados, na hipótese de violação aos princípios sensíveis ou para assegurar a execução do direito federal, independe de representação do Procurador-Geral da República ao Supremo Tribunal Federal.

h) A Constituição Federal não impede que o Estado- membro adote um sistema parlamentar de Governo ou um modelo parlamentar bicameral.

i) Os Estados- membros não podem instituir direitos fundamentais, diversos daqueles previstos na Constituição Federal.

j) Cabe ao Distrito Federal dispor na sua Lei Orgânica, sobre a organização e funcionamento do Tribunal de Justiça e do Ministério Público local.

09 - (AFC/97). É vedada a adoção de medida provisória (questão atualizada)

I - na regulamentação de artigo da Constituição Federal, cuja redação tenha sido alterada por meio de Emenda promulgada entre 1995 até a data da promulgação da Emenda Constitucional nº 32, de 11.09.2001.II - sobre matéria legislativa integrante de CódigoIII - sobre processo penalIV - sobre matéria tributáriaV - na vigência de estado de sítio ou de defesa.

O número de itens que respondem a questão é:

a) 2 b) 3 c) 4 d) 5

10– ( AFTN/96). Assinale a opção correta.

f) Medida provisória não pode instituir crime ou fixar pena.g) Decretos regulamentares podem estabelecer restrições ou limitações a

direitos individuais.

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h) Medida Provisória pode dispor sobre matéria reservada à lei complementar, desde que a sua conversão em lei se opere mediante decisão da maioria absoluta dos membros de cada uma das casas do Congresso Nacional.

i) Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, os direitos e garantias individuais gravados com a cláusula pétrea são apenas aqueles constantes do art. 5.º da Constituição.

j) Emenda Constitucional não pode alterar disposição transitória da Constituição.

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GABARITO – PROCESSO LEGISLATIVO – Espécies normativas

01 A art. 60, § 5º02 A doutrina 03 D art. 60, §§ 1º e 4º04 B jurisprudência (b,d,e)05 D06 D art. 60, § 1º; jurisprudência (b,c,e )07 C jurisprudência (a,b,c,e) 08 A jurisprudência 09 A art. 246;10 A jurisprudência (a, c,d,)

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PROCESSO LEGISLATIVO FASES (segunda parte: fases do processo legislativo)

1 - INICIATIVA

Conceito – é o ato que deflagra (dá início) ao processo de criação da lei. A iniciativa pode ser privativa ou reservada, comum, concorrente, conjunta e popular

CF Art. 61 - A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição.

A redação do caput do art. 61 não atende a boa técnica legislativa. Dá a entender que, em princípio, a iniciativa das leis pertence indistintamente (ao mesmo tempo) a qualquer destas autoridades, o que não é verdade. Partiremos, inicialmente, para estudo das iniciativas privativas.

1.1 - INICIATIVA PRIVATIVA DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA

CF Art. 61, § 1º - São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que:

I - fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas;II - disponham sobre:

a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e autárquica ou aumento de sua remuneração;b) organização administrativa e judiciária, matéria tributária e orçamentária, serviços públicos e pessoal da administração dos Territórios;c) servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurídico, provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria;d) organização do Ministério Público e da Defensoria Pública da União, bem como normas gerais para a organização do Ministério Público e da Defensoria Pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios;e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública (redação alterada pela EC nº, 32, de 11.09.2001, que retirou as expressões : estruturação e atribuições);f) militares das Forças Armadas, seu regime jurídico, provimento de cargos, promoções, estabilidade, remuneração, reforma e transferência para a reserva.

1.1.1 DECORRÊNCIA DA INICIATIVA DO PRESIDENTE: REGIME DE URGÊNCIA

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Art. 64, § 1º - O Presidente da República poderá solicitar urgência para apreciação de projetos de sua iniciativa.

§ 2º - Se, no caso do § 1º, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal não se manifestarem sobre a proposição, cada qual sucessivamente, em até quarenta e cinco dias, sobrestar-se-ão todas as demais deliberações legislativas da respectiva Casa, com exceção das que tenham prazo constitucional determinado, até que se ultime a votação.(redação alterada pela EC nº 32, de 11.09.2001).

§ 3º - A apreciação das emendas do Senado Federal pela Câmara dos Deputados far-se-á no prazo de dez dias, observado quanto ao mais o disposto no parágrafo anterior.

§ 4º - Os prazos do § 2º não correm nos períodos de recesso do Congresso Nacional, nem se aplicam aos projetos de código.

Verifique que no regime de urgência o prazo é de até 45 dias em cada Casa (§2º, art. 64), totalizando 90 dias. Este último prazo poderá dilatar-se para 100 dias, se o projeto, que necessariamente é iniciado na Câmara, for emendado no Senado Federal, neste caso deverá voltar à Câmara que disporá de 10 dias para apreciar as mudanças efetuadas pelo Senado.

1.2 – INICIATIVA DA Câmara dos Deputados e do Senado Federal a iniciativa de leis que disponham sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para a fixação da respectiva remuneração (art. 51, IV; e art. 52, XIII).

1.3 – INICIATIVA DO Supremo Tribunal Federal : Lei complementar que disporá sobre o Estatuto da Magistratura (art. 93, caput).

1.4 – INICIATIVA DO Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais Superiores e dos Tribunais de Justiça: propor ao Poder Legislativo respectivo (art. 96, II)

a) a alteração do número de membros dos tribunais inferiores;b) a criação e a extinção de cargos e a remuneração dos seus serviços auxiliares, bem como a fixação dos subsídios dos seus membros. c) a criação ou extinção dos tribunais inferiores;d) a alteração da organização e da divisão judiciárias;

1.5. INICIATIVA DO Ministério Público: propor ao Poder Legislativo a criação e extinção de seus cargos e serviços auxiliares, a política remuneratória e os planos de carreira (CF, art. 127, §2º).

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1.6 INICIATIVA DO Tribunal de Contas da União : propor ao Poder Legislativo a criação e a extinção de cargos e a remuneração dos seus serviços auxiliares, a alteração de sua organização (art. 73, caput, c/c art. 96, II, “a” e “d”).

ASPECTOS IMPORTANTES NOS PROJETOS DE INICIATIVA PRIVATIVA:

a) NÃO ADMISSÃO DE EMENDAS QUE AUMENTEM DESPESA :

CF Art. 63 - Não será admitido aumento da despesa prevista:

I - nos projetos de iniciativa exclusiva do Presidente da República, ressalvado o disposto no art. 166, §§ 3º e 4º (A ressalva diz respeito ao projeto de lei do orçamento anual e demais projetos que o modifiquem, e a Lei de Diretrizes orçamentárias)

II - nos projetos sobre organização dos serviços administrativos da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, dos Tribunais Federais e do Ministério Público.

b) A EMENDA PARLAMENTAR HÁ QUE GUARDAR RELAÇÃO DE PERTINÊNCIA COM A MATÉRIA OBJETO DO PROJETO DE LEI

(Jurisprudência do STF)

A emenda parlamentar a projetos de iniciativa privativa do Executivo ou do Judiciário há de guardar relação de pertinência com a matéria objeto da proposta.

1.7 INICIATIVA COMUM OU CONCORRENTE

A iniciativa concorrente de qualquer lei, regra geral, cabe a qualquer Deputado, Senador ou ao Presidente da República. Eis alguns temas de iniciativa concorrente: energia nuclear, meio-ambiente, direito civil, direto penal, etc.

A CF/88 em seu art. 128, § 5º, também trata de iniciativa concorrente, vejamos: "É facultada a iniciativa , aos respectivos Procuradores-Gerais, das Leis complementares da União e dos Estados, que estabelecerão a organização, as atribuições e o estatuto de cada Ministério Público”. No caso presente, a iniciativa, no âmbito da União, pode ser exercida pelo Procurador-Geral da República ou pelo Presidente da República.

1.8 INICIATIVA POPULAR:

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A iniciativa popular representa uma afirmação da cidadania. A cidadania foi alçada a princípio fundamental da República pelo art. 1º, inciso I, da nossa Constituição. Como decorrência, é natural outorgar ao cidadão a possibilidade de apresentação de projeto de lei.

CF, art. 61, §2º. A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles.

1.9 INICIATIVA CONJUNTA (revogada pela EC nº 41, de 19-12- 2003):

Tratava-se de novidade introduzida pela EC nº 19/98, o processo legislativo fora inovado ao prever a “iniciativa conjunta de lei”. O dispositivo referido previa "fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, por lei de iniciativa conjunta dos Presidentes da República, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal e do Supremo Tribunal Federal (art. 48, inciso XV)

Agora, com a nova redação dada ao inciso XV, do art. 48, da CF, pela Emenda Constitucional nº 41/2003 (reforma da previdência do governo do Presidente Lula), acabou aquela fracassada inovação de um projeto de lei cuja iniciativa cabia a “quatro mãos.”

A nova redação, que é o que nos interessa, ficou assim:

XV - fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal.

2 - DISCUSSÃO, EMENDA E VOTAÇÃO

Esta segunda fase compreende a deliberação destinada ao debate em plenário pelas duas casas do Congresso Nacional.

CF, Art. 64, caput, A discussão e votação dos projetos de lei de iniciativa do Presidente da República, do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores terão início na Câmara dos Deputados.

É bom saber que antes da deliberação do Plenário, haverá manifestação das comissões competentes para estudo da matéria. Quando os projetos receberem pareceres contrários, quanto ao mérito, serão tidos como rejeitados e arquivados definitivamente, salvo recurso de um décimo dos membros da Casa no sentido de sua tramitação.

CF, art. 65, caput, O projeto de lei aprovado por uma Casa será revisto pela outra, em um só turno de discussão e votação, e enviado à sanção ou promulgação, se a Casa revisora o aprovar, ou arquivado, se o rejeitar.

Parágrafo único.Se o projeto sofrer emenda, voltará à Casa iniciadora.

Apresentado o projeto à Casa iniciadora, passa-se à discussão, que acontece tanto nas comissões, a exemplo da comissão de constituição e justiça (exame da constitucionalidade); bem como em outras, saúde, educação,

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direitos humanos... (exame do conteúdo). Após as discussões, se aprovado, irá a plenário. Uma vez aprovado em plenário o projeto segue para a Casa revisora. Se a Casa revisora:

aprovar, o projeto será enviado ao Presidente da República para sanção ou veto.

rejeitar, o projeto será arquivado. emendar, deverá devolvê-lo à Casa iniciadora.

2.1 - MATÉRIA CONSTANTE DE PROJETO DE LEI REJEITADO

A matéria constante de projeto de lei rejeitado somente poderá constituir objeto de novo projeto, na mesma sessão legislativa, mediante proposta da maioria absoluta dos membros de qualquer das Casas do Congresso Nacional (art. 67, caput). Já sabemos que a sessão legislativa tem início em 15 de fevereiro e em 30 de junho encerra o seu primeiro período, reinicia a 1º de agosto e segue até 15 de dezembro (art. 57, caput).

3 - SANÇÃO

A sanção ou o veto ao projeto de lei compreende a fase de deliberação do Presidente da República. Esta fase surge depois da fase de deliberação, e conseqüente aprovação do projeto de lei pelo Congresso Nacional.

3.1 - ESPÉCIES DE SANÇÃO: SANÇÃO EXPRESSA OU SANÇÃO TÁCITA

O Chefe do Poder Executivo participa do processo de elaboração da lei na fase de iniciativa. Após esta fase introdutória o processo segue ao Congresso Nacional e ingressa em uma segunda fase que podemos chamar de fase deliberativa parlamentar. Aprovado pelo Congresso Nacional segue ao Presidente. Caso o presidente concorde com o que foi deliberado pelo Congresso Nacional sancionará o projeto de lei. Caso o Presidente discorde da deliberação parlamentar vetará o projeto.

A sanção é a adesão do Chefe do Executivo ao projeto de lei aprovado pelo Poder Legislativo. Esta poderá ser expressa ou tácita.

A sanção será expressa quando o Presidente manifestar-se expressamente, assinando o projeto no prazo de 15 dias.

A sanção será tácita se o Presidente silenciar e não assinar o projeto durante os 15 dias subseqüentes. Na verdade tratam-se de 15 dias úteis. Esta conclusão surge da interpretação do teor do §1º, do art. 66, que dispõe ter o Presidente o prazo de 15 dias úteis para vetar o projeto de lei. Ora, se o Presidente não vetar o projeto neste prazo de 15 dias úteis o projeto estará tacitamente sancionado.

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CF/88 Art. 66 - A Casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o projeto de lei ao Presidente da República, que, aquiescendo, o sancionará.

(-------)

§ 3º - Decorrido o prazo de quinze dias, o silêncio do Presidente da República importará sanção.

Embora haja divergência doutrinária a maioria dos autores entendem que lei nasce com a sanção, entretanto, há autores que dizem que a lei nasce com a promulgação.

4 – VETO

O veto ocorre quando o Presidente discorda do projeto de lei.

O veto é total quando o Presidente veta todo o projeto de lei, já deliberado pelo Congresso Nacional.

O veto é parcial quando o Presidente por discordar do projeto de lei veta apenas um ou alguns artigos, parágrafos, inciso ou alíneas. Entretanto o veto parcial deverá abranger o texto integral de artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea. A discordância do Presidente pode ser porque o projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional contraria o interesse público ou porque o projeto é Inconstitucional.

CF Art. 66, § 1º - Se o Presidente da República considerar o projeto, no todo ou em parte, inconstitucional ou contrário ao interesse público, vetá-lo-á total ou parcialmente, no prazo de quinze dias úteis , contados da data do recebimento, e comunicará, dentro de quarenta e oito horas, ao Presidente do Senado Federal os motivos do veto.

Art. 66, § 2º - O veto parcial somente abrangerá texto integral de artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea.

Ao contrário da sanção que tanto pode ser expressa quanto tácita, o veto há que sempre ser expresso, ou seja, sempre motivado. Alexandre de Moraes denomina o veto por inconstitucionalidade de veto jurídico e o veto quando o projeto for contrário ao interesse público de veto político.

4.1 - APRECIAÇÃO DO VETO

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Page 237: Apostila Constitucional Completa- Sabrina Rocha

Vetar é discordar dos termos de um projeto de lei, pelo qual o chefe do Executivo examina dois aspectos: constitucionalidade e interesse público. Primeiro examina se o projeto é compatível com a Constituição. Concluindo pela conformidade, examinará o mérito, ou seja, se atende ao interesse público. Importante: a sanção e o veto recaem sobre projetos de lei. É errôneo dizer, por exemplo, que o Presidente sancionou ou vetou uma lei. Ele vetou um projeto de lei. Ademais, lembrem-se que o Presidente também não veta, nem sanciona, Emenda Constitucional. Esta, como vimos no capítulo 1, é promulgada pelas mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.

O veto poderá ser total ou parcial. O veto, mesmo que parcial, só poderá abranger o texto integral de artigo, inciso, parágrafo ou alínea.

O veto é relativo. Quer dizer, não tranca de modo absoluto o andamento do projeto.

Se o veto não for mantido (se for superado), o projeto se transforma em lei, que deverá ser remetida ao Presidente da República para promulgação (art. 66, §5º).

Sendo o veto total e se for mantido (o Congresso não conseguir derrubá-lo) o projeto será arquivado. Se o veto for parcialmente mantido (ou parcialmente derrubado, que é a mesma coisa) seguirá ao Presidente para promulgação.

Será apreciado em sessão conjunta, dentro de trinta dias a contar de seu recebimento, só podendo ser rejeitado pelo voto da maioria absoluta dos Deputados e Senadores, em escrutínio secreto (art. 66, §4º).

Esgotado sem deliberação o prazo estabelecido no § 4º, o veto será colocado na ordem do dia da sessão imediata, sobrestadas as demais proposições, até sua votação final (§ 6º, art. 66, redação alterada pela EC nº 32, de 11.09.2001, retirou a ressalva quanto a medida provisória, esta se não apreciada entrará em regime de urgência, veja art. 62, § 6º).

JURISPRUDÊNCIA DO STF:

É admissível rejeição parcial pelo Congresso Nacional a veto total do projeto de lei pelo do Presidente.

5 - PROMULGAÇÃO

A promulgação representa a fase complementar do processo legislativo. Para uns autores, a exemplo de Alexandre de Moraes, é uma espécie de autenticação da lei, atesta de que a ordem jurídica foi inovada, ou seja, é declaração de que a lei existe, e em conseqüência, deverá ser cumprida. Assim, a promulgação incide sobre um ato legislativo perfeito e acabado, ou seja, sobre a própria lei. Para outros, é a partir da promulgação que nasce a lei e representa a entrada da lei no ordenamento jurídico. O seu cumprimento só se torna obrigatório após a sua entrada em vigor o que só ocorre a partir da sua publicação.

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Page 238: Apostila Constitucional Completa- Sabrina Rocha

Embora não haja unanimidade doutrinária, o projeto de lei torna-se lei:

Com a sanção presidencial ou;

Com a derrubada do veto presidencial por parte do Congresso nacional.

Se a lei não for promulgada, pelo Presidente da República, dentro de quarenta e oito horas (após a sanção ou após o envio ao Presidente se o veto não for mantido) o Presidente do Senado a promulgará, e, se este não o fizer em igual prazo, caberá ao Vice-Presidente do Senado fazê-lo (CF, art. 66, §§ 3º e 5º e

7º).

6 - PUBLICAÇÃO

Visa dar conhecimento a todos do conteúdo da norma jurídica. É através da publicação que se transmite a promulgação aos destinatários da lei. A publicação é condição para a lei entrar em vigor e tornar-se eficaz. Há de ser publicada em diário oficial. Se num município longínquo não houver circulação de diário oficial, considera-se publicada pelos meios rotineiros (afixação do texto no quadro próprio da Câmara Municipal ou da Prefeitura).

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7 - JURISPRUDÊNCIA DO STF – sobre processo legislativo

As regras básicas do processo legislativo federal são de observância compulsória pelos Estados-membros em tudo aquilo que lhe diga respeito – como ocorre as que enumeram casos de iniciativa legislativa reservada – ao princípio fundamental de independência e harmonia dos poderes, como delineado na Constituição da República. (Adin 276)

o STF considera as regras básicas de processo legislativo previstas na Constituição Federal como modelos obrigatórios às Constituições Estaduais (STF - Pleno-Adin nº 1.254-1/RS Rel. Min. Sepúlveda Pertence).

a alegação de lesão a normas constitucionais relativas ao processo legislativo é suscetível de exame pelo Poder Judiciário em mandado de segurança.

A sanção do Presidente da República não sana vício de iniciativa em se tratando de projeto de lei de iniciativa do Presidente da República (STF

- Pleno - Adin nº 1201-1/RO -medida liminar- Rel. Min. Moreira Alves, DJ 1.9.95).

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Page 240: Apostila Constitucional Completa- Sabrina Rocha

RESUMO DAS FASES DO PROCESSO LEGISLATIVO (Leis Complementares e Leis Ordinárias)

FASES COMPETÊNCIA PROCEDIMENTO

INICIATIVA

Privativa ou Reservada:

Presidente da República; Poder Legislativo; STF e Tribunais Superiores, TJ;Procurador-Geral da República;Tribunal de Contas.

Concorrente ou Comum:

Presidente da República; Deputados; Senadores; Comissões.

Iniciativa Popular: Cidadãos.

INICIATIVA – CONCEITO - dá-se mediante a apresentação de um projeto de lei ordinária ou complementar ao Poder Legislativo. Tipos de iniciativa:

PRIVATIVA - cabe exclusivamente a determinadas autoridades:

Ao Presidente da República as questões expressas no §1º do art.61;

As autoridades do Poder Legislativo (Arts. 51, IV e 52, XIII), do Judiciário (Arts. 93, caput e 96, II), do MPU (Art. 127, §2º) e do TCU (Arts. 73,

caput e 96, II, “a” e “d”) – questões relativas a organização, funcionamento e a remuneração do seu pessoal.

CONCORRENTE OU COMUM – cabe a ao Presidente da República aos membros da Câmara, do Senado ou à Comissão, indistintamente, sobre questões não reservadas a iniciativa privativa. Ex: meio ambiente, energia nuclear, etc. INICIATIVA POPULAR – cabe aos cidadãos (1% do eleitorado nacional) distribuídos pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles propor à Câmara qualquer tema que não seja de iniciativa privativa (art. 61, §2º).

DISCUSSÃO

EMENDA

COMPETEM APENAS AO LEGISLATIVO

O Presidente da República poderá solicitar regime de urgência para apreciação de projetos de

A tramitação inicia pelas comissões que, após análise (exame de constitucionalidade e de conteúdo), oferecem um parecer a ser submetido ao plenário.

No plenário a discussão é realizada pela Câmara e pelo Senado, separadamente. A casa por onde iniciará a tramitação do projeto de lei é denominada de Casa iniciadora. Casa revisora é aquela para onde segue o projeto após a votação pela Casa iniciadora.

O plenário de cada uma das casas decidirá pelo voto quanto ao projeto de lei: a) se o aprova na íntegra; b) se o aprova com emendas ou; c) se o rejeita. Se a Casa iniciadora aprovar o projeto o enviará a Casa revisora, se esta também o aprovar, sem mudanças, o encaminhará ao Presidente para

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Page 241: Apostila Constitucional Completa- Sabrina Rocha

VOTAÇÃO

sua iniciativa. Neste regime, o prazo será de 45 dias em cada casa e de mais 10 dias se houver emendas (§§ 1º, 2º e

3º, Art. 64).

que o sancione . Se a Casa revisora efetuar mudanças fará retornar o projeto à Casa iniciadora para que esta decida apenas sobre a parte que foi modificada . Se qualquer das Casas rejeitá-lo, o projeto de lei será arquivado. (Arts. 65, caput e parágrafo único, e 66). Uma vez rejeitado o projeto, a matéria objeto deste somente poderá ser reapresentada, na mesma sessão legislativa, mediante proposta da maioria absoluta dos membros de qualquer das Casas do Congresso Nacional (Art. 67).

SANÇÃO

OU

VETO

COMPETE AO PRESIDENTE

DAREPÚBLICA

COMPETE AO PRESIDENTE

DAREPÚBLICA

SANÇÃO – é a concordância do Presidente da República com o projeto de lei aprovado pelo legislativo. Esta sanção pode ser:

Expressa – ocorre quando o Presidente assina o projeto no prazo de 15 dias úteis (Art. 66, §

1º). Tácita – se o Presidente silenciar

e não assinar o projeto dentro do mesmo prazo (Art. 66, § 3º).

VETO – quando o Presidente da República considerar o projeto inconstitucional ou contrário ao interesse público vetá-lo-á e comunicará, dentro de 48 horas, ao Presidente do Senado os motivos do veto (Art. 66, §1º). Este veto pode ser:

Total – quando todo o projeto é vetado.

Parcial – quando o projeto for vetado em parte. O veto parcial abrangerá texto integral de artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea (Art. 66, §2º).

Apreciação do veto – o veto será apreciado dentro de 30 dias contados do seu retorno ao Congresso Nacional que, por maioria absoluta, poderá derrubar o veto (Art. 66, §4º).

PROMULGAÇÃO

Caberá ao Presidente da República, se este não o fizer em 48h, caberá ao Presidente do Senado, que se também não fizer, o fará o Vice-Presidente

PROMULGAÇÃO – é uma declaração de que o ordenamento jurídico foi inovado pela existência de uma nova lei.

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Page 242: Apostila Constitucional Completa- Sabrina Rocha

do Senado (§ 7º,

Art. 66).

PUBLICAÇÃONão é considerada fase do processo legislativo

Visa dar publicidade a lei para que os destinatários dela tomem conhecimento. Far-se-á através do Diário Oficial da União.

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES:1 – As regras básicas do Processo Legislativo Federal são de aplicação obrigatória por Estados e Municípios (Jurisprudência).

2 – Não será admitido aumento da despesa prevista (CF, art. 63): a) nos projetos de iniciativa exclusiva do Presidente da República (ressalvado os das leis orçamentárias); b) nos projetos sobre organização dos serviços administrativos da Câmara, do Senado, dos Tribunais Federais e do Ministério Público.

3 – As emendas do Poder Legislativo a projetos de lei dos Poderes Executivo e Judiciário, do Ministério Público e do Tribunal de Contas hão de guardar relação de pertinência com as respectivas matérias objeto das propostas.

4 – É possível, em alguns casos, a aprovação de projetos de lei apenas pelas Comissões, dispensando a competência do Plenário (Art. 58, §2º, I).

QUESTÕES - PROCESSO LEGISLATIVO Fases do processo legislativo

11– (AGU/96, adaptada). Assinale “C” se a assertiva estiver correta e “E” se estiver errada.

f) os projetos de lei encaminhados pelo Presidente da Republica poderão ter inicio na Câmara dos Deputados ou no Senado Federal.

g) É admissível a rejeição parcial de veto total.

12– (AFTN/96). Assinale a opção correta.

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f) A sanção do Presidente da República a projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional é hábil a convalidar eventual vício de iniciativa.

g) É admissível a rejeição parcial do Congresso Nacional a veto total de um projeto de lei.

h) A Constituição Federal assegura iniciativa popular também para as Emendas Constitucionais.

i) Segundo orientação do Supremo Tribunal Federal, não podem ser objeto de medida provisória as matérias que não podem ser objeto de delegação.

j) Presidente da República pode retirar da apreciação do Congresso Nacional medida provisória recém- editada.

13- AFTN – set/94). Assinale a opção correta.

f) Poderá ser objeto de delegação a legislação sobre: nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais.

g) A Medida Provisória pode dispor sobre qualquer matéria submetida à reserva legal, inclusive instituir tributos, definir crimes e fixar penas.

h) vício de iniciativa, em se tratando de projeto de lei da iniciativa privada do Executivo, poderá ser sanado com a sanção da proposição aprovada pelas Casas do Congresso.

i) projeto da lei de organização do Ministério Público da União é da iniciativa privada do Chefe do Poder Executivo Federal.

j) A iniciativa do projeto de lei orgânica do Ministério Público da União compete, concorrentemente, ao Presidente da República e ao Procurador Geral da República.

14- AFTN/96, adaptada). Assinale “C” ou “E” se a assertiva estiver correta ou errada, respectivamente.

(2)texto constitucional não admite a delegação legislativa em matéria de lei complementar.

15 - (AFTN/96,adaptada). Assinale “C” se a assertiva estiver correta e “E” se estiver errada.

(1) Estado-membro, no uso de sua autonomia pode adotar a forma parlamentar de Governo.

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(2) O modelo de iniciativa legislativa adotado pela Constituição Federal não vincula a constituinte estadual, podendo este fixar sistema diverso, especialmente no que respeita às iniciativas privativas do Poder Executivo.

Nas questões 16 e 17, assinale a opção correta.

16 – (Auditor do Tesouro Municipal – Prefeitura do Recife – 2003/ESAF)

a) Se o Presidente da República não sanciona o projeto de lei no prazo estabelecido para tanto, o projeto é tido como rejeitado.b) Não se admite, em nenhum caso, veto parcial de projeto de lei pelo Presidente da República.c) Vetado o projeto de lei pelo Presidente da República, a mesma matéria não pode ser objeto de deliberação do Congresso Nacional durante a mesma sessão legislativa.d) O Presidente da República não tem competência para apresentar proposta de emenda à Constituição ao Congresso Nacional.e) Deve ter início na Câmara dos Deputados a discussão e a votação dos projetos de lei de iniciativa do Presidente da República, do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores.

17 – (Auditor do Tesouro Municipal – Prefeitura do Recife – 2003/ESAF)

a) Os projetos de lei de iniciativa privativa do Prefeito podem ser irrestritamente emendados por vereadores.b) Somente por iniciativa do Prefeito a Câmara Municipal pode dar curso a processo legislativo destinado à produção de lei que concede aumento a servidores públicos.c) O instrumento da medida provisória não pode ser adotado no âmbito do processo legislativo dos Estados-membros.d) A Constituição Federal não estabelece limites de conteúdo à sua própria reforma.e) O Congresso Nacional pode disciplinar qualquer matéria da competência legislativa da União por meio de lei complementar.

18 - (Auditor do Tesouro Municipal – Prefeitura do Recife – 2003/ESAF) Assinale a opção que alude a matéria que não enfrenta proibição explícita ao uso de medida provisória.

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a) Revogação de artigo do Código Penal. b) Alteração de norma do Código de Processo Civil sobre prazo para contestar ações.c) Alteração de artigo do Código Civil sobre direito de propriedade.d) Reorganização da carreira do Ministério Público.e) Alteração de artigo do Código de Processo Penal que estabelece prazo para apelação.

19 - (Técnico Judiciário – Área Administrativa TRF 5ª/FCC) Salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações de cada Casa do Congresso Nacional e de suas Comissões serão tomadas por

(A) dois terços dos votos de seus membros.(B))maioria dos votos, presente a maioria absoluta de seus membros.(C) três quintos dos votos de seus membros.(D) maioria relativa dos votos, presentes dois terços de seus membros.(E) maioria absoluta dos votos de seus membros

GABARITO - PROCESSO LEGISLATIVO – Fases do processo legislativo

11 E, C arts.66,§ 4º (1); jurisprudência (2)12 B art. 66, § 4º ; jurisprudência (a,b,e)13 E arts. 61, § 1º; “d ”,128, § 5º; jurisprudência (b,c)14 C art. 68, § 1º;15 E; E; 16 E 17 B18 C19 B art. 47, caput

CAPÍTULO 7PONTO 15 – DO PODER JUDICIÁRIO

15.1 – Da composição do PODER JUDICIÁRIO

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1 - ÓRGÃOS DO PODER JUDICIÁRIO (CF, art. 92):

I - o Supremo Tribunal Federal;I-A o Conselho Nacional de Justiça;*II - o Superior Tribunal de Justiça;III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho;V - os Tribunais e Juízes Eleitorais;VI - os Tribunais e Juízes Militares;VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.

§ 1º - O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de Justiça e os Tribunais Superiores têm sede na Capital Federal (trecho grifado incluído pela EC nº 45/2004).

§ 2º - O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têm jurisdição em todo o território nacional.

A EC nº 45/2004 acresceu um órgão ao Poder Judiciário, este órgão é o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que terá sede na Capital Federal. Não tenho a menor dúvida de que estes conhecimentos será exigidos em todos os próximos concursos. É importante: o CNJ é órgão do Poder Judiciário, no entanto, não exerce Jurisdição (ou seja, não exerce atividade típica do Poder Judiciário, não produz sentenças ou acórdãos).

2 - AUTONOMIA ADMINISTRATIVA E FINANCEIRA

CF/88 Art. 99. Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia administrativa e financeira.

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STF ( recurso extraordinário, art. 102, III)

JUSTIÇA COMUM JUSTIÇA ESPECIALIZADA

STJ TST TSE STM

TJ TRF TRT TRE

JUÍZESDE

DIREITO

JUÍZESFEDERAIS

JUÍZESDO

TRABALHO

JUÍZESELEITORAIS

JUÍZESMILITARES

3 3333º GR 3º GRAU

ÓRGÃO DE SUPERPOSIÇÂOÃO

TM2º GRAU

1º GRAU

Page 247: Apostila Constitucional Completa- Sabrina Rocha

§ 1.º Os tribunais elaborarão suas propostas orçamentárias dentro dos limites estipulados conjuntamente com os demais Poderes na lei de diretrizes orçamentárias.

Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia administrativa e financeira. Esta autonomia é configurada através da elaboração pelos próprios tribunais de suas propostas orçamentárias dentro dos limites estipulados em conjunto com os demais Poderes na lei de diretrizes orçamentárias.

2.1 – ENCAMINHAMENTO DA PROPOSTA ORÇAMENTÁRIA DO PODER JUDICIÁRIO

Ao artigo 99, acima analisado foram acrescentados os parágrafos terceiro, quarto e quinto pela EC nº 45/2004. Estes três últimos parágrafos, que deverão ser objeto de estudo na disciplina de direito financeiro, creio serão bastante solicitados na matéria de direito financeiro.

No entanto, só para fins de chamar-lhes atenção eu transcrevo os dispositivos constitucionalisconstitucionais.

CF/Art. 99................................................................................................................................

§ 2.º O encaminhamento da proposta, ouvidos os outros tribunais interessados, compete:I - no âmbito da União, aos Presidentes do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, com a aprovação dos respectivos tribunais;II - no âmbito dos Estados e no do Distrito Federal e Territórios, aos Presidentes dos Tribunais de Justiça, com a aprovação dos respectivos tribunais.

15.2 – garantias dos membros do judiciário

3 - GARANTIAS DOS MAGISTRADOS

Os juízes gozam das seguintes garantias (art. 95, caput): Estas conhecidas como garantias de LIBERDADE

I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de exercício, dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial transitada em julgado;II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma do art. 93, VIII;

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Page 248: Apostila Constitucional Completa- Sabrina Rocha

III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.

4 – VEDAÇÕES AOS MAGISTRADOS

Aos juízes é vedado (art. 95, parágrafo único): Estas conhecidas como garantias de IMPARCIALIDADE

I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério;II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo;III - dedicar-se à atividade político-partidária.IV - receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei.V - exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração.

Este parágrafo único do art. 95, a EC nº 45/2004 acresceu duas novas vedações aos juízes nos incisos IV E V. A mais importante é a quarentena, vedação constante do inciso V, dirigida aos juízes, mesmo os já exonerados ou aposentados, de exercerem a advocacia no juízo ou tribunal dos quais se afastaram. Creio que estes conhecimentos serão muito solicitados nos próximos concursos.

15.3 – Estatuto da Magistratura

.

5 - ESTATUTO DA MAGISTRATURA

Caberá ao Estatuto dispor sobre direitos e deveres dos Magistrados, observados os princípios previstos nos incisos I a XV, do art. 93 da CF/88. Será fixado por Lei Complementar, cuja iniciativa do respectivo projeto de lei complementar, caberá ao Supremo Tribunal Federal, é que prevê o art. 93, caput, da Constituição.

15.4 – Regra do Subsídio

6 – SUBSÍDIOS (REMUNERAÇÃO)

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Page 249: Apostila Constitucional Completa- Sabrina Rocha

O subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal será fixado por lei, cujo projeto é de iniciativa do STF. Este subsídio servirá de teto para todos os subsídios do país, não apenas dos integrantes do Poder Judiciário (TETÃO).

Os demais subsídios dos integrantes do Poder Judiciários serão fixados por lei cuja iniciativa pertence a cada um dos Tribunais Superiores (STJ, STM, TST, TSE)  e, no caso do Poder Judiciário dos Estados, a iniciativa pertencerá a cada um dos Tribunais de Justiça.   

A CF/88, dispõe sobre alguns princípios que as leis fixadoras dos subsídios deverão observar, destaco o inciso V, do artigo 93.

Art. 93-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Art. 93, V – O Subsídio dos Ministros dos Tribunais Superiores corresponderá a noventa e cinco por cento do subsídio mensal fixado para os Ministros do Supremo Tribunal Federal e os subsídios dos demais magistrados serão fixados em lei e escalonados, em nível federal e estadual, conforme as respectivas categorias da estrutura judiciária nacional, não podendo a diferença entre uma e outra ser superior a dez por cento ou inferior a cinco por cento, nem exceder a noventa e cinco por cento do subsídio mensal dos Ministros dos Tribunais Superiores, obedecido, em qualquer caso, o disposto nos arts. 37, XI, e 39, § 4º.

15.5 – Regras de Aposentadoria

7 – APOSENTADORIA

A aposentadoria dos magistrados e a pensão de seus dependentes observarão o disposto no art. 40 (CF, Art. 93, inciso VI). O artigo 40 elenca as hipóteses de aposentadoria dos servidores públicos ocupantes de cargos públicos efetivos.

15.6 – Regras de remoção e disponibilidade

8 – REMOÇÃO, DISPONIBILIDADE

O ato de remoção, disponibilidade e aposentadoria do magistrado, por interesse público, fundar-se-á em decisão por voto da maioria absoluta do respectivo tribunal, ou do Conselho Nacional de Justiça assegurada ampla defesa (CF, Art. 93 inciso VIII, com redação dada pela EC 45/2004);

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Neste inciso, a EC nº 45/2004 mudou o quorum para maioria absoluta e acresceu que a decisão de tais atos (remoção, disponibilidade e aposentadoria) poderá ser tomada pelo Conselho Nacional de Justiça. Creio que estes detalhes deverão constar das questões dos próximos concursos.

15.7 – Distribuição de competências entre os órgão do Poder Judiciário

9 - PODER JUDICIÁRIO - PRINCIPAIS ÓRGÃOS E PRINCIPAIS ATRIBUIÇÕES

Entre os Tribunais da União, há dois que não pertencem a qualquer das Justiças são eles:  O STF e o STF. Estes tribunais funcionam como órgãos de superposição, isto é, julgam o recurso extraordinário (STF) e o recurso especial (STJ). Estes dois recursos têm a marca da excepcionalidade e permitem somente a apreciação de questões de direito (nunca questões de fato).  Tais recursos são interpostos em causas que já tenham exaurido todos os graus das Justiças comuns e especiais. Em outras palavras o STF e o STJ se sobrepõem a todas as demais Justiças.

A principal diferença entre eles é que ao STF são atribuídas questões exclusivamente constitucionais (Constituição Federal) e ao STJ questões federais infraconstitucionais (lei federal).

15.7.1 – SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

9.1 - SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - STF

9.1.1 - COMPOSIÇÃO

Art. 101. O Supremo Tribunal Federal compõe-se de onze Ministros, escolhidos dentre cidadãos com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada.Parágrafo único. Os Ministros do Supremo Tribunal Federal serão nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal.

15.7.1.1 – Principais Competências

9.1.2 - PRINCIPAIS COMPETÊNCIAS

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:

I - processar e julgar, originariamente:

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Page 251: Apostila Constitucional Completa- Sabrina Rocha

a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal;b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República;c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado, ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente;

....................................................................................................................

......................

r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra o Conselho Nacional do Ministério Público; (Incluída pela EC nº 45, de 2004)

......................................................................................................................................        III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida:         a) contrariar dispositivo desta Constituição;         b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;        c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição.       d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal. (Incluída pela EC nº 45, de 2004)

15.7.2 – SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

9.2 - SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA - STJ

9.2.1 - COMPOSIÇÃO

Art. 104. O Superior Tribunal de Justiça compõe-se de, no mínimo, trinta e três Ministros.Parágrafo único. Os Ministros do Superior Tribunal de Justiça serão nomeados pelo Presidente da República, dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo:

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I - um terço dentre juízes dos Tribunais Regionais Federais e um terço dentre desembargadores dos Tribunais de Justiça, indicados em lista tríplice elaborada pelo próprio Tribunal;II - um terço, em partes iguais, dentre advogados e membros do Ministério Público Federal, Estadual, do Distrito Federal e dos Territórios, alternadamente, indicados na forma do art. 94.

15.7.2.1 – Principais Competências

9.2.2 - PRINCIPAIS ATRIBUIÇÕES

Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:

I - processar e julgar, originariamente:

a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos de responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem perante tribunais;

...............................................................................................................................

        i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias; (Incluída pela EC nº 45, de 2004)

III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida:

a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal (nova redação dada ela EC nº 45/2004);c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.

Parágrafo único. Funcionarão junto ao Superior Tribunal de Justiça: (Redação dada pela EC nº 45/2004)       I - a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados, cabendo-lhe, dentre outras funções, regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira; (Incluído pela EC nº 45/2004)

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II - o Conselho da Justiça Federal, cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa e orçamentária da Justiça Federal de primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema e com poderes correicionais, cujas decisões terão caráter vinculante. (Incluído pela EC nº 45/2004)

A este parágrafo único foram acrescidos dois incisos pela a EC nº 45/2004. O segundo inciso É de importância crucial, pois o Conselho da Justiça Federal que funciona junto ao STJ e executa controle interno junto à Justiça Federal, com poderes correicionais e com decisões de caráter administrativo vinculantes. Creio que o conhecimento deste inciso será muito importante para os concursos nas disciplinas de direito financeiro, controle interno e externo.

15.7.3 – ATUAÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO

10 – JULGAMENTOS E DECISÕES DO PODER JUDICIÁRIO

CF, Art. 93, inciso IX, com redação dada pela EC nº 45/2004:Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão

públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei, se o interesse público o exigir, limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação;

CF, Art. 93 inciso X, , com redação dada pela EC nº 45/2004:As decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e

em sessão pública, sendo as disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus membros.

No inciso IX, a EC nº 45/2004 apenas explicitou os casos nos quais a lei poderá limitar a presença nos julgamentos. É importante fixar, pois o conhecimento de tais casos poderão ser exigido nos próximos concursos.

No inciso X, a EC nº 45/2004 apenas acresceu que a sessão será pública. Apesar de modesta esta modificação deverá ser objeto dos próximos concursos.

15.7.4 – ACESSIBILIDADE AO PODER JUDICIÁRIO

11 - ACESSO AO PODER JUDICIÁRIO

A magistratura é composta por Juízes monocráticos, Desembargadores (ocupam os Tribunais de Justiça e os Tribunais Regionais Federais) e os Ministros (ocupam os Tribunais Superiores).

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11.115.7.4.1 – ACESSO AO CARGO DE JUIZ

O Juiz é considerado órgão de primeiro grau do Poder Judiciário. É também chamado de juiz singular ou monocrático, para diferenciaá-lo dos juízes que integram os Tribunais. Os tribunais, que são órgãos de segundo ou terceiro graus, cuidam, em síntese, do julgamento dos recursos contra as decisões dos juízes proferidos em primeira instância ou primeiro grau.

A Constituição dispõe que:

CF/88, Art. 93, I O ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz substituto, mediante concurso público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as fases, exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica e obedecendo-se, nas nomeações, à ordem de classificação. (com redação dada pela EC 45/2004);

Neste inciso, a EC nº 45/2004 acresceu a exigência de no mínimo três anos de atividade jurídica para ingresso na carreira de juiz. Creio que este detalhe será muito solicitado nos concursos.

11.25.7.4.2 - ACESSO AS VAGAS DOS TRIBUNAIS

Uma primeira informação é que no Brasil não há realização de concurso público para ter acesso aos Tribunais. Esse acesso se dá por outros meios. Seja por promoção seja pela regra do quinto Constitucional.

11.2.115.7.4.2.1 – ACESSO POR JUÍZES (PROMOÇÃO)

Dispõe a Constituição que o acesso dos Juízes de primeiro grau aos cargos existente nos Tribunais, que são órgãos de segundo grau, dar-se-á por promoção observados os critérios de antiguidade e merecimento, alternadamente.

CF/88, Art. 93, III - Acesso aos tribunais de segundo grau far-se-á por antiguidade e merecimento, alternadamente, apurados na última ou única entrância (com redação dada pela EC 45/2004);

Neste inciso a EC nº 45/2004 acresceu que a apuração da antiguidade ou do merecimento far-se-ão na última ou na única entrância.

11.2.25.7.4.2.2 – ACESSO POR MEMBROS DO MINISTÉRIO PÚBLICO E POR ADVOGADOS

CF/88 Art. 94 Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e Territórios será composto de membros, do Ministério Público, com mais de dez anos de carreira, e de advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada,

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com mais de dez anos de efetiva atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas classes.

Parágrafo único - Recebidas as indicações, o tribunal formará lista tríplice, enviando-a ao Poder Executivo, que, nos vinte dias subseqüentes, escolherá um de seus integrantes para nomeação.

   

Art. 111-A. O Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á de vinte e sete Ministros, escolhidos dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, nomeados pelo Presidente da República após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo:

I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94 (inciso acrescentado pela EC 45/2004);

CF/88    Art. 115. Os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando possível, na respectiva região, e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo: I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94 (inciso acrescentado pela EC 45/2004); ( -------)   

A Constituição, nos arts. 94, 111-A e 115, aborda o que ficou conhecido pela expressão regra do quinto constitucional para acesso aos Tribunais da Justiça Comum. Atente para o fato de que não são apenas os juízes que podem fazer parte dos Tribunais. Pessoas que não fizeram concurso para juiz, observadas as regras contidas na Constituição, poderão integrar os Tribunais. Este é o caso de membros do Ministério Público e de Advogados. O requisito básico para fazerem parte dos Tribunais, no caso dos membros do Ministério Público, é que disponham de mais de 10 anos de carreira. No caso dos Advogados, terão que ter mais de 10 anos de atividade profissional, além é claro, de notório saber jurídico e reputação ilibada.

Os membros do Ministério Público no Estados são chamados de Promotores Públicos e de Procuradores de Justiça, na União, são os Procuradores da República, Procuradores do Ministério Público do Trabalho.

Art. 104. O Superior Tribunal de Justiça compõe-se de, no mínimo, trinta e três Ministros.-------

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II - um terço, em partes iguais, dentre advogados e membros do Ministério Público Federal, Estadual, do Distrito Federal e dos Territórios, alternadamente, indicados na forma do art. 94.

15.7.5 – REFLEXOS DA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 45 NO PODER JUDICIÁRIO

A EC nº 45, conhecida como a reforma do judiciário, que quase nada modificou, teve alguns traços marcantes como:

15.7.5.1 – SÚMULAS VINCULANTES

12 - NOVIDADES INTRODUZIDAS PELA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 45/2004

12.1 – O STF E AS SÚMULAS VINCULANTES

CF  Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. (artigo incluído pela EC nº 45/2003)

§ 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica.

§ 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a aprovação, revisão ou cancelamento de súmula poderá ser provocada por aqueles que podem propor a ação direta de inconstitucionalidade.(para conhecer aqueles que podem propor a ação direta de inconstitucionalidade é só ler os incisos I a X do artigo 103).

§ 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e

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determinará que outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso.

Uma das principais inovações introduzidas pela EC nº 45/2004 foi sem dúvida a criação da súmula vinculante. Perceba que se trata de norma de eficácia limitada. A súmula vinculante faz parte de antiga reivindicação dos que defendem a rapidez e economia na prestação das atividades jurisdicionais. Embora ainda dependa de regulamentação legal, os parágrafos 1º a 3º do art. 103-A , introduzidos pela EC nº 45/2004, delineiam os aspectos mais relevantes a seu respeito.  Para fins de concurso é importante saber qual o órgão é competente para editá-las, quais órgãos poderão suscitar a edição de tais súmulas, qual o seu efeito e a partir de quando são válidas, quais as conseqüências de atos ou decisões judiciais editados ao arrepio delas.

15.7.5.2 – O STJ E O INCIDENTE DE DESLOCAMENTO DE COMPETÊNCIA

12.2 – O STJ E O INCIDENTE DE DESLOCAMENTO DE COMPETÊNCIA

O incidente de deslocamento de competência (ICD) para a Justiça Federal, em qualquer fase do inquérito ou processo, que o Procurador-Geral da República pode suscitar nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais, deve ser apresentado perante o Superior Tribunal de Justiça (art. 109, §5º) e julgado pelos juízes federais (art. 109, V-A).

Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais o Procurador-Geral da República, em qualquer fase do inquérito ou processo, pode suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, o incidente de deslocamento de competência da Justiça Estadual para a Justiça Federal. Caso o STJ defira o pedido o Juiz Federal será competente para julgar a causa, art. 109, inciso V-A combinado com § 5º do mesmo artigo, com redação dada pela EC nº 45/2004.

15.7.5.3 – O CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA e sua competência

12.3 - O CONSELHO NACIONAL DA JUSTIÇA

12.3.1 - COMPETÊNCIA DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA

CF, Art. 103-B------------------------------------------------------------------------------------------------

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§ 4º Compete ao Conselho o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de outras atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura:

        I - zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo cumprimento do Estatuto da Magistratura, podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou recomendar providências;        II - zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante provocação, a legalidade dos atos administrativos praticados por membros ou órgãos do Poder Judiciário, podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da competência do Tribunal de Contas da União;        III - receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive contra seus serviços auxiliares; 

IV - representar ao Ministério Público, no caso de crime contra a administração pública ou de abuso de autoridade;  V - rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de juízes e membros de tribunais julgados há menos de um ano; VI - elaborar semestralmente relatório estatístico sobre processos e sentenças prolatadas, por unidade da Federação, nos diferentes órgãos do Poder Judiciário;

VII - elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar necessárias, sobre a situação do Poder Judiciário no País e as atividades do Conselho, o qual deve integrar mensagem do Presidente do Supremo Tribunal Federal a ser remetida ao Congresso Nacional, por ocasião da abertura da sessão legislativa.

A principal mudança introduzida pela EC nº 45/2004 foi sem dúvida a criação do Conselho Nacional da Justiça. De composição heterogênea, o Conselho tem por atribuição  fiscalizar a gestão administrativa, financeira e correicional dos Tribunais. No entanto, não há a possibilidade de decretação da perda do cargo pelo Conselho Nacional da Justiça, que lhe foi retirada na Comissão de Constituição e Justiça. Tudo me leva a crer que o conhecimento deste Conselho e de suas atribuições, inclusive a de não poder decretar a perda de cargo, será muito importante para os  concursos nas disciplinas de Direito Constitucional, Financeiro e Controle Externo.

15.7.5.3.1 – COMPOSIÇÃO DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA

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12.3.2 - COMPOSIÇÃO DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA

Art. 103-B. O Conselho Nacional de Justiça compõe-se de quinze membros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e seis anos de idade, com mandato de dois anos, admitida uma recondução, sendo:

        I - um Ministro do Supremo Tribunal Federal, indicado pelo respectivo tribunal;        II - um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, indicado pelo respectivo tribunal;         III - um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, indicado pelo respectivo tribunal;         IV - um desembargador de Tribunal de Justiça, indicado pelo Supremo Tribunal Federal;         V - um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal Federal;         VI - um juiz de Tribunal Regional Federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça;         VII - um juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça;         VIII - um juiz de Tribunal Regional do Trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho;         IX - um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho;        X - um membro do Ministério Público da União, indicado pelo Procurador-Geral da República;         XI - um membro do Ministério Público estadual, escolhido pelo Procurador-Geral da República dentre os nomes indicados pelo órgão competente de cada instituição estadual;        XII - dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;        XIII - dois cidadãos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados e outro pelo Senado Federal.

As principais informações sobre composição do Conselho Nacional da Justiça para fins de concurso são aquelas que dizem respeito a quais os membros do Poder Judiciário que terão assento no Conselho incisos I a IX. Poderão ser objeto de pergunta quais as pessoas que, embora não integrantes do Poder Judiciário, também  fazem parte daquele Conselho, conforme  incisos X a XII, do art. 103-B.

15.7.5.3.2 – ORGANZANIZAÇÃO DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA

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12.3.3 - ORGANIZAÇÃO DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA

Art. 103-B----------------------------------------------------------------------------------------------------

§ 1º O Conselho será presidido pelo Ministro do Supremo Tribunal Federal, que votará em caso de empate, ficando excluído da distribuição de processos naquele tribunal.

§ 2º Os membros do Conselho serão nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal.------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

§ 5º O Ministro do Superior Tribunal de Justiça exercerá a função de Ministro-Corregedor e ficará excluído da distribuição de processos no Tribunal ..................

Obs: APARECEU NO CONCURSO DO TRE/RN, CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA, EXECUTADO PELA FUNDAÇÃO CARLOS CHAGAS (FCC):

33 – O Conselho Nacional de Justiça será composto por

a) dez membros nomeados pelo Presidente da República, após aprovada a escolha pela maioria absoluta do Congresso Nacional.

b) dez membros com mais de trinta e cinco anos e menos de sessenta e cinco anos de idade, com mandato de dois anos, admitida uma recondução.

c) quatorze membros nomeados pelo Presidente do Congresso Nacional, após aprovada a escolha pela maioria relativa do Senado Federal.

d) quinze membros com mais de trinta e cinco anos e menos de sessenta e seis anos de idade, com mandato de dois anos, admitida uma recondução.

e) Quinze membros com mais de trinta anos e menos de sessenta anos de idade, com mandato de dois anos, admitida uma recondução.

Gabarito: .........

15.7.5.4 – FIM DO RECESSO FORENSE

4 –  FIM DO RECESSO FORENSE

A atividade jurisdicional será ininterrupta, sendo vedado férias coletivas nos juízos e tribunais de segundo grau, funcionando, nos dias em que

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não houver expediente forense normal, juízes em plantão permanente (CF, Art. 93 inciso XII, acrescido pela EC 45/2004);

Neste inciso, a EC nº 45/2004 acabou com as conhecidas férias forenses e exigiu plantões permanentes nos dias em que o expediente não for normal. Creio que estes detalhes deverão constar das questões dos próximos concursos.

15.7.5.5 – BUSCA DA EFICIÊNCIA E DESBUROCRATIZAÇÃO

5 – BUSCA DA EFICIÊNCIA E DESBUROCRATIZAÇÃO

O número de juízes na unidade jurisdicional será proporcional à efetiva demanda judicial e à respectiva população (CF, Art. 93 inciso XIII, acrescido pela EC 45/2004);;

Os servidores receberão delegação para a prática de atos de administração e atos de mero expediente sem caráter decisório (CF, Art. 93 inciso XIV, acrescido pela EC 45/2004);

A distribuição de processos será imediata, em todos os graus de jurisdição (CF, Art. 93 inciso XVI, acrescido pela EC 45/2004);

Estes três incisos foram acrescidos pela EC nº 45/2004 com o objetivo de melhorar a eficiência da prestação jurisdicional. O inciso XIII, busca adequar o número de juízes a demanda pelo trabalho jurisdicional. O inciso XIV, trata de delegar aos servidores atividades antes desenvolvidas pelos juízes, embora sem cunho decisório. O inciso XV busca acabar com a demora na distribuição dos processos aos juízes e relatores. Creio que estes detalhes deverão constar em concursos do Poder Judiciário.

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QQUESTÕES CAPÍTULO 7PONTO 14 – DO PODER JUDICIÁRIO

01.(AGU/96). Assinale a assertiva correta (adaptada).

a) O Provimento dos cargos dos servidores auxiliares do Poder Judiciário é atribuição do Chefe do Poder Executivo.

b) O ato de remoção, disponibilidade e aposentadoria de magistrado, por interesse público, fundar-se-á em decisão da maioria simples do respectivo Tribunal.

c) O magistrado aposentar-se-á com proventos proporcionais: compulsoriamente aos setenta anos ou por invalidez, qualquer que seja a sua causa.

d) A autonomia financeira do Poder Judiciário assegura-lhe a faculdade de elaborar a proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias.

e) A criação de Tribunal de Justiça Militar somente poderá ser efetivada nos Estados em que o efetivo da polícia militar seja superior a quinze mil integrantes.

02 - (Analista Judiciário – Área Administrativa  TRF 5ª/ FCC/2003) Relativamente à garantia de vitaliciedade assegurada aos magistrados de primeira instância pela Constituição,

(A) será adquirida após três anos de exercício efetivo da função, podendo a perda do cargo dar-se mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho.(B) o magistrado não poderá ser removido ou promovido, senão com o seu assentimento, manifestado na forma da lei.(C)) será adquirida após dois anos de exercício da função, sendo que, nesse período, a perda do cargo dependerá de deliberação do Tribunal a que o juiz estiver vinculado.(D) não poderão os magistrados ser postos em disponibilidade, nem aposentados compulsoriamente.(E) será adquirida quando de seu provimento no cargo, em que ingressam mediante concurso público de provas e títulos.

03 - (Técnico Judiciário – Área Administrativa TRF 5ª/ FCC/2003) De acordo com a Constituição Federal, os juízes gozam das garantias de

(A))vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de subsídios.(B) incompatibilidade, inviolabilidade e temporariedade de serviço.(C) aposentadoria, movibilidade e recebimento de salários.(D) cidadania, participação em custas de processo e disponibilidade.(E) férias remuneradas, filiação partidária e promoção na carreira.

04 - (Técnico Judiciário – Área de Segurança e Transporte TRF 5ª/FCC/2003) O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têm sede

(A))na capital Federal e jurisdição no território nacional.

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(B) nas capitais dos Estados e jurisdição nos territórios estaduais.(C) nas capitais dos Municípios e jurisdição nos territórios municipais.(D) na capital Federal e jurisdição nos territórios das capitais dos Estados.(E) nas capitais dos Estados e jurisdição nas capitais dos Municípios.

05 - (Técnico Judiciário – Área de Segurança e Transporte TRF 5ª/FCC/2003) Sobre os Ministros do Supremo Tribunal Federal, é correto afirmar que

(A) serão em número de, no mínimo, 11 e, no máximo, 33.(B) sua escolha se dará entre cidadãos de notável saber administrativo.(C))serão nomeados pelo Presidente da República.(D) sua escolha depende de aprovação da Câmara dos Deputados.(E) serão escolhidos entre cidadãos com mais de trinta e menos de sessenta anos.

06 - (Técnico Judiciário – Área Administrativa TRF 5ª/FCC/2003) Segundo a Constituição Federal, são órgãos da Justiça Federal os

(A) Tribunais de Justiça e Juízes Federais.(B) Tribunais de Alçada e Juízes Estaduais.(C) Tribunais e Juízes Militares.(D))Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais.(E) Juízes Eleitorais e do Trabalho.

07 - (Técnico Judiciário – Área Administrativa TRF 5ª/FCC/2003) O julgamento da ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal é de competência do

(A) Tribunal Superior do Trabalho.(B) Superior Tribunal de Justiça.(C))Supremo Tribunal Federal.(D) Tribunal Superior Eleitoral.(E) Superior Tribunal Militar.

08 - (Procurador Judicial – Prefeitura do Recife/FCC/2003,adaptada) A regra do quinto constitucional para o preenchimento de vagas nos Tribunais por membros do Ministério Público, com mais de dez anos de carreira, e advogados de notório saber jurídico e reputação ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional, não se aplica à composição

(A) dos Tribunais Regionais do Trabalho.(B))do Superior Tribunal de Justiça.(C) dos Tribunal Superior do Trabalho.(D) do Tribunal de Justiça do Distrito Federal.(E) dos Tribunais Regionais Federais.

09 - (TCE – PI – PROCURADOR – Março 2005, q. 18/FCC) Ação proposta por trabalhador celetista contra ente da administração pública indireta de Município versando sobre pagamento de horas-extras deve ser processada e julgada perante

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(A) a Justiça estadual.(B) a Justiça Federal.(C) a Justiça do Trabalho.(D) o Tribunal de Contas do Estado.(E) a Justiça Eleitoral.

10 - (TCE – PI – AUDITOR – Março / 2005, q.10) A Constituição assegura aos juizes, em primeiro grau, a garantia da vitaliciedade,

(A) que será adquirida após 2 anos de exercício, dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do Tribunal a que o juiz estiver vinculado.(B) pela qual se veda seja o magistrado colocado em disponibilidade ou aposentado compulsoriamente.(C) que será adquirida após 3 anos de efetivo exercido, podendo o juiz, nesse período, perder o cargo em virtude de sentença judicial transitada em julgado.(D) o que impede que sejam removidos ou promovidos sem seu consentimento, salvo por motivo de interesse público, na forma da lei orgânica da magistratura.(E) desde o ingresso na carreira, por concurso público ou, em se tratando de membro oriundo do Ministério Público ou da advocacia, por nomeação.

11 - (TRT – AM – ANALISTA – JUDICIÁRIA – Junho / 2005, q. 35) Compete ao Supremo Tribunal Federal processar e julgar, originariamente,

(A) nas infrações penais comuns, os membros do Congresso Nacional e os Governadores dos Estados e do Distrito Federal.(B) mediante recurso extraordinário, as causas decididas em última instância, quando a decisão recorrida contrariar dispositivo constitucional.(C) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra o Conselho Nacional do Ministério Público.(D) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal e a ação declaratória de constitucionalidade de lei federal ou estadual.(E) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, o Presidente da República, os Governadores dos Estados e seus próprios membros.

12 - (TRT – AM – JUIZ SUBSTITUTO – Outubro / 2005, q. 31) A vedação de o magistrado exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério, é forma de garantia da

(A) autonomia orçamentária dos juizes.(B) imparcialidade dos órgãos judiciários.(C) inamovibilidade dos magistrados.(D) vitaliciedade dos juizes.(E) inatividade dos magistrados.

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13 - (TRT – AM – JUIZ SUBSTITUTO – Outubro / 2005, q. 40) Acerca das súmulas com efeito vinculante, a Constituição brasileira prevê a

(A) possibilidade de sua revisão ou cancelamento por provocação dos legitimados a propor a ação direta de inconstitucionalidade.(B) sua aprovação após reiteradas decisões sobre matéria constitucional e infraconstitucional.(C) desnecessidade de haver controvérsia judicial sobre a interpretação de norma determinada e de haver relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica.(D) vinculação à súmula apenas dos demais órgãos do Poder Judiciário.(E) sua aprovação de ofício, mediante decisão da maioria absoluta dos membros do Supremo Tribunal Federal.

GABARITO - PODER JUDICIÁRIO

01 D art. 99, caput e §1º; A (art. 99, I, “e”); B (art. 93, VIII); C (art. 93, VI); E (art. 125, §3º)02 C 03 A 04 A05 C 06 D07 C 08 B09 C10 A 11 em minha opinião há duas respostas: A e C12 B13 A

OUTRAS QUESTÕES – DO PODER JUDICIÁRIO E DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA

1 (Juiz Substituto – TRT 11ª Região -2005) - A vedação de o magistrado exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério, é forma de garantia da(A) autonomia orçamentária dos juizes. (B) imparcialidade dos órgãos judiciários.

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(C) inamovibilidade dos magistrados. (D) vitaliciedade dos juizes.(E) inatividade dos magistrados.

2 (Juiz Substituto – TRT 11ª Região -2005) - Acerca das súmulas com efeito vinculante, a Constituição brasileira prevê a(A) possibilidade de sua revisão ou cancelamento por provocação dos legitimados a propor a ação direta de inconstitucionalidade.(B) sua aprovação após reiteradas decisões sobre matéria constitucional e infraconstitucional.(C) desnecessidade de haver controvérsia judicial sobre a interpretação de norma determinada e de haver relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica.(D) vinculação à súmula apenas dos demais órgãos do Poder Judiciário.(E) sua aprovação de oficio, mediante decisão da maioria absoluta dos membros do Supremo Tribunal Federal.

3 (Analista Judiciário – Área Administrativa – 11ª Região – 2005) - Entre. Considere as proposições:I. A Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho, cabe, dentre outras funções, regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira.II. Ao Conselho Superior da Justiça do Trabalho, cabe exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa, orçamentária, financeira e patrimonial da Justiça do Trabalho de primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema, cujas decisões terão efeito vinculante.III. A Justiça do Trabalho não possui competência para processar e julgar as ações sobre representação sindical entre sindicatos, entre sindicatos e traba-lhadores e entre sindicatos e empregadores.Está correto o que se afirma APENAS em(A)I.(B)I e II.(C)I e III.(D)II e III(E)III.

4 (Analista Judiciário – Área Administrativa – 11ª Região – 2005) - Entre. Os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-se de,(A) no mínimo, sete Juizes, recrutados, quando possível, na respectiva região, e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos.(B) no máximo, sete juizes, recrutados, quando possível, na respectiva região, e nomeados pelo Tribunal Superior do Trabalho dentre brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos.(C) no máximo, onze juizes, recrutados, quando possível, na respectiva região, e nomeados pelo Tribunal Superior do Trabalho dentre brasileiros com mais de trinta e menos de setenta e cinco anos.(D) no mínimo, sete juizes, recrutados, quando possível, na respectiva região, e nomeados pelo Tribunal Superior do Trabalho dentre brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos.

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(E) no mínimo, onze juizes, recrutados, quando possível, na respectiva região, e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de trinta e menos de setenta e cinco anos.

5 (Analista Judiciário – Área Judiciária – 11ª Região – 2005) - Compete ao Supremo Tribunal Federal processar e julgar, originariamente,(A) nas infrações penais comuns, os membros Do Congresso Nacional e os Governadores dos Estados e do Distrito Federal.(B) mediante recurso extraordinário, as causas decididas em última instância, quando a decisão recorrida contrariar dispositivo constitucional.(C) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra o Conselho Nacional do Ministério Público.(D) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal e a ação declaratória de constitucionalidade de lei federal ou estadual.(E) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, o Presidente da República, os Governadores dos Estados e seus próprios membros.

6 (Auditor – TCE/MG – 2005) - De acordo com a Constituição, o Conselho Nacional de Justiça(A) possui um Ministro-Corregedor, que é o Ministro do Supremo Tribunal Federal.(B) deve dar assento ao Procurador-Geral de Justiça do Distrito Federal.(C) é composto por onze membros vitalícios.(D) tem seus membros indicados pelo Supremo Tribunal Federal.(E) é órgão do Poder Judiciário.

7 (Auditor – TCE/MG – 2005) - Dentre as vedações a que estão sujeitos os membros do Ministério Público encontra-se a de(A) exercer atividade político-partidária.(B) residir na comarca da respectiva lotação.© exercer qualquer outro cargo ou função pública. (D) realizar diligências investigatórias.(E) defender judicialmente os direitos das populações indígenas.

8 (Procurador TCE/MA – 2005) - Nos termos da Constituição federal, é igualmente vedado aos juizes e membros do Ministério Público(A) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função pública, ressalvadas as fixadas em lei.(B) exercer atividade polftico-partidária, ressalvadas as hipóteses previstas em lei.(C) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de entidades públicas ou privadas, sem quaisquer ressalvas.(D) participar de sociedade comercial, na forma da lei.(E) exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos 3 anos do afastamento do cargo por aposentadoria.

9 (Procurador TCE/MA – 2005) - Nos termos da Constituição federal, compete ao Superior Tribunal de Justiça processar e julgar, originariamente,

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(A) o habeas corpus, quando a autoridade coatora for juiz federal.(B) o litígio entre organismo internacional e o Estado, Distrito Federal ou Território.(C) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias.(D) a ação em que todos os membros da magistratura sejam direta ou indiretamente interessados.(E) o recurso especial interposto contra decisão que contrariar ou negar vigência a tratado internacional.

10 (Procurador TCE/MA – 2005) - Dispõe a Constituição do Estado que compete ao Tribunal de Justiça processar e julgar, originariamente, "a ação di-reta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo estadual ou municipal, em face desta Constituição", possuindo legitimidade para sua propositura, dentre outras autoridades e entidades elencadas na Constituição, o Governador do Estado, o Procurador-Geral da Justiça e os partidos políticos com representação na Assembléia Legislativa ou, quando for o caso, nas Câmaras Municipais. Referido mecanismo contemplado pela Constituição estadual(A) é incompatível com a Constituição federal, que atribui competência exclusiva ao Supremo Tribunal Federal para o julgamento de ação direta de inconstitucionalidade.(B) ofende a autonomia assegurada aos Municípios pela Constituição federal, ao permitir que órgão da Justiça estadual analise normas municipais à luz da Constituição do Estado.(C) contraria norma da Constituição federal, que determina que se restrinja a um único órgão a legitimação para a propositura da ação direta de inconstitu-cionalidade em âmbito estadual.(D) corresponde a faculdade expressamente atribuída aos Estados na Constituição federal, observando, inclusive, os limites por esta estabelecidos para tanto.(E) é incompatível com a Constituição federal, por extrapolar os limites de atuação do poder constituinte decorrente e, por conseguinte, da capacidade de auto-organização do Estado.

11 (Procurador TCE/MA – 2005) - Nos termos da Constituição federal, o Conselho Nacional de Justiça(A) é presidido pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal, que vota em caso de desempate, estando excluído da distribuição de processos naquele tri-bunal.(B) compõe-se de 15 membros, com mais de 35 e menos de 65 anos de idade, com mandato de 2 anos, vedada a recondução.(C) é órgão do Poder Judiciário, tem sede na Capital Federal e exerce jurisdição em todo o território nacional.(D) tem seus membros indicados pelo Superior Tribunal de Justiça e nomeados pelo Presidente da República, após aprovação do Senado Federal.(E) exerce o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes.

12 (Auditor – TCE/PI – 2005) - A Constituição assegura aos juizes, em primeiro grau, a garantia da vitaliciedade,

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(A) que será adquirida após 2 anos de exerci cio, dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do Tribunal a que o juiz estiver vinculado.(B) pela qual se veda seja o magistrado colocado em disponibilidade ou aposentado compulsoriamente.(C) que será adquirida após 3 anos de efetivo exercício, podendo o juiz, nesse período, perder o cargo em virtude de sentença judicial transitada em julgado.(D) o que impede que sejam removidos ou promovidos sem seu consentimento, salvo por motivo de interesse público, na forma da lei orgânica da magistratura.(E) desde o ingresso na carreira, por concurso público ou, em se tratando de membro oriundo do Ministério Público ou da advocacia, por nomeação.

13 (Procurador – TCE/PI – 2005) - Ação proposta por trabalhador celetista contra ente da administração pública indireta de Município versando sobre pagamento de horas-extras deve ser processada e julgada perante(A) a Justiça estadual.(B) a Justiça Federal.(C) a Justiça do Trabalho.(D) o Tribunal de Contas do Estado. (E) a Justiça Eleitoral.

14 (Procurador – TCE/PI – 2005) - Os juizes e membros do Ministério Público, inclusive, dentre estes últimos, os do Ministério Público junto aos Tribunais de Contas,(A) não podem se dedicar à atividade político-partidária e nem exercer outro cargo ou função, exceto no magistério e na área técnica e cientifica.(B) gozam das garantias da vitaliciedade, após três anos de exercício, da indivisibilidade e da inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público e a pedido.(C) não podem se dedicar à atividade político-partidária e nem receber, a qualquer titulo ou pretexto, custas processuais.(D) gozam das garantias da vitaliciedade, após dois anos de exercício, só podendo perder o cargo por sentença judicial transitada em julgado, da irredutibilidade de subsidio, da unidade e da indivisibilidade.(E) gozam das garantias da vitaliciedade, da inamovibilidade, da unidade, da indivisibilidade e da irredutibilidade de subsidio.

15 (Procurador – PGE/SE – 2005) - Consideradas Dentre os membros do Conselho Nacional de Justiça,(A) o Ministro do Supremo Tribunal Federal exercerá a função de Ministro-Corregedor e ficará excluído da distribuição de processos no Tribunal.(B) um desembargador de Tribunal de Justiça e um juiz estadual serão indicados pelo Superior Tribunal de Justiça.(C) os originários do Poder Judiciário serão nomeados pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal, após arguição pública e aprovação pelo Senado Federal.(D) dois quintos serão indicados por órgãos ou entidades não integrantes do Poder Judiciário, observadas as regras estabelecidas para tanto na Constituição.

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(E) os Ministros do Superior Tribunal de Justiça e do Tribunal Superior do Trabalho terão mandatos de dois anos, vedada sua recondução.

16 (Analista Judiciário – Área Judiciária – TRE/MG – 2005) - Contra as decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais, somente caberá recurso quando(A) denegarem ou concederem habeas corpus ou habeas data.(8) decretarem a perda de mandatos eletivos estaduais ou municipais.(C) concederem mandado de segurança ou de injunção.(D) denegarem habeas corpus, mandado de segurança, habeas data ou mandado de injunção.(E) versarem sobre a expedição de diplomas nas eleições municipais.

17 (Analista Judiciário – Área Judiciária – TRE/MG – 2005) - Considere as proposições abaixo.I. A legitimação do Ministério Público para a ação civil pública impede a de terceiros, nas mesmas hipóteses.II. As funções do Ministério Público só podem ser exercidas por integrantes da carreira, salvo na hipótese de comprovada omissão.III. A independência funcional, a indivisibilidade e a unidade são considerados princípios institucionais do Ministério Público.IV. O Ministério Público goza de autonomia funcional e administrativa, podendo propor ao Poder Legislativo criação e extinção de seus cargos e serviços auxiliares, não podendo exceder os limites estabelecidos em lei complementar.Está correto o que contém APENAS em(A) I e I I.(8) I e II I. (C) I, II e IV. (D) lI, III e IV. (E) III e IV.

18 (Analista Judiciário – Área Judiciária – TRE/MG – 2005) - Fazem parte da composição dos Tribunais Regionais Eleitorais:(A) dois Juizes do Tribunal Regional Federal com sede na Capital do Estado ou no Distrito Federal, ou, não havendo, dois Juizes Federais, escolhidos, em qualquer caso, pelo Tribunal Regional Federal respectivo.(B) dois Juizes, dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de Justiça e nomeados pelo Presidente da Re-pública.(C) três Juizes, dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça, mediante eleição pelo voto secreto.(D) três Juizes, dentre Juizes de Direito, escolhidos pelo Tribunal de Justiça e nomeados pelo Presidente da República.(E) um Presidente e um Vice-Presidente, eleitos dentre seus integrantes.

19 (Analista Judiciário – Área Judiciária – TRE/MG – 2005) - Compete privativamente aos Tribunais Regionais Eleitorais(A) constituir as Juntas Eleitorais e designar a respectiva sede e jurisdição.(B) expedir títulos eleitorais e conceder transferência de eleitor.(C) dividir a Zona em Seções Eleitorais.(D) expedir diploma aos eleitos para cargos municipais.

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(E) fixar as diárias do respectivo Corregedor Regional em diligência fora da sede.

20 (Analista Judiciário – Área Administrativa – TRE/MG – 2005) - No que concerne à autonomia administrativa e financeira do Poder Judiciário, deverá ser observado que(A) os Tribunais elaborarão sua proposta orçamentária de acordo com suas necessidades, sem se ater a limites estipulados com os demais poderes, em face do principio de sua independência constitucional.(B) o Poder Executivo elaborará as propostas orçamentárias para os Tribunais dentro dos limites estipulados conjuntamente com o Poder Legislativo na lei de diretrizes orçamentárias.(C) a proposta orçamentária dos Tribunais será encaminhada ao Legislativo, no âmbito da União e dos Estados, sempre pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal.(D) as propostas orçamentárias dos Tribunais, encaminhadas dentro ou fora do prazo ou limites da lei de diretrizes orçamentárias, não poderão ser ajustadas pelo Poder Executivo.(E) não poderá, de regra, haver a assunção de obrigações que extrapolem os limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, durante a execução orçamentária do exercício.

21 (Analista Judiciário – Área Administrativa – TRE/MG – 2005) - Os membros do Ministério Público(A) não podem exercer, em nenhuma hipótese, ainda que em indisponibilidade, qualquer função pública.(8) gozam de vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade do subsidio de forma absoluta.(C) estão vedados de exercer a atividade politico-partidária, mas trata-se de uma inelegibilidade relativa.(D) devem exercitar todas as atribuições estabelecidas por força de leis federais, estaduais e municipais.(E) têm como funções complementares a representação judicial e consultoria jurídica das entidades públicas.

22 (Analista Judiciário – Área Administrativa – TRE/MG – 2005) - A respeito da composição dos órgãos da Justiça Eleitoral, é correto afirmar que(A) o Tribunal Superior Eleitoral elegerá seu Presidente, o Vice-Presidente e o Corregedor Eleitoral dentre quaisquer de seus membros, pelo voto secreto.(B) três juizes do Tribunal Superior Eleitoral serão nomeados pelo Presidente da República dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal.(C) dois juizes do Tribunal Superior Eleitoral serão nomeados pelo Presidente da República dentre seis ministros do Superior Tribunal de Justiça, indicados pelo Supremo Tribunal Federal.(D) as Juntas Eleitorais compor-se-ão de um Juiz de Direito, que será o seu Presidente, e de dois a quatro cidadãos de notória idoneidade.(E) dois juizes dos Tribunais Regionais Eleitorais serão nomeados pelo Governador do respectivo Estado, dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de Justiça.

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23 (Analista Judiciário – Área Judiciária – TRE/RN – 2005) - O Ministério Público poderá apreender documentos que se encontram na casa de determinado suspeito, e que comprovem atividade ilícita,(A) somente durante o dia, mediante autorização judicial.(B) a qualquer hora do dia ou da noite, mediante autorização judicial.(C) durante o dia, mesmo sem autorização judicial, desde que aja por autoridade própria.(D) a qualquer hora, mesmo durante o período noturno, sem necessidade de autorização judicial.(E) durante o dia, invocando sua autoridade própria e durante a noite, mediante autorização judicial.

24 (Analista Judiciário – Área Judiciária – TRE/RN – 2005) - O Conselho Nacional do Ministério Público será formado por(A) quatorze membros nomeados pelo Procurador-Geral da República, com mandato de dois anos, admitida a recondução.(B) quinze membros com mais de trinta e cinco anos e menos de sessenta e cinco anos de idade, com mandato de um ano, admitida uma recondução.(C) quinze membros, para um mandato de dois anos, admitida uma recondução.(D) dez membros com mais de trinta e cinco anos e menos de sessenta e seis anos de idade, com mandato de dois anos, admitida uma recondução.(E) quatorze membros nomeados pelo Presidente da República, após aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal.

25 (Analista Judiciário – Área Administrativa– TRE/RN – 2005) - O Conselho Nacional de Justiça será composto por(A) dez membros nomeados pelo Presidente da República, após aprovada a escolha pela maioria absoluta do Congresso Nacional.(B) dez membros com mais de trinta e cinco anos e menos de sessenta e cinco anos de idade, com mandato de dois anos, admitida uma recondução.(C) quatorze membros nomeados pelo Presidente do Congresso Nacional, após aprovada a escolha pela maioria relativa do Senado Federal.(D) quinze membros com mais de trinta e cinco anos e menos de sessenta e seis anos de idade, com mandato de dois anos, admitida uma recondução.(E) quinze membros com mais de trinta anos e menos de sessenta anos de idade, com mandato de dois anos, admitida uma recondução.

26 (Analista Judiciário – Área Administrativa– TRE/RN – 2005) - A respeito da composição dos órgãos da Justiça Eleitoral, é correto afirmar que(A) o Tribunal Superior Eleitoral elegerá seu Presidente e o Vice-Presidente dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal.(B) o Tribunal Superior Eleitoral compor-se-á, no mínimo, de cinco membros, sendo três por eleição e dois por nomeação do Presidente da República.(C) integram os Tribunais Regionais Eleitorais dois juízes escolhidos um dentre advogados e outro dentre membros do Ministério Público.(D) três integrantes do Tribunal Superior Eleitoral serão escolhidos pelo voto secreto entre advogados de notável saber jurídico.(E) os juizes dos Tribunais Regionais Eleitorais serão escolhidos por livre nomeação do Governador de cada Estado e do Distrito Federal.

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27 (Técnico Judiciário – Área Administrativa– TRE/RN – 2005) - Dentre as garantias asseguradas aos magistrados,(A) o juiz substituto não poderá praticar atos reservados por lei aos juizes vitalícios.(B) os advogados que ingressam nos Tribunais Federais pelo quinto constitucional adquirem vitaliciedade após dois anos em exercício.(C) antes de adquirir a vitaliciedade, o magistrado somente perderá o cargo por meio de sentença judicial transitada em julgado.(D) a vitaliciedade é adquirida, em primeiro grau, após três anos de efetivo exercício da carreira.(E) os Ministros do Supremo Tribunal Federal são vitalícios a partir da posse.

28 (Técnico Judiciário – Área Judiciária – TRT 3ª Região – 2005) - Processar e julgar, originariamente, os membros dos Tribunais Regionais do Trabalho, nos crimes comuns é competência do(A) próprio Tribunal Regional do Trabalho. (B) Supremo Tribunal Federal.(C) Superior Tribunal do Trabalho.(D) Superior Tribunal de Justiça.(E) Tribunal de Justiça do Estado.

29 (Técnico Judiciário – Área Administrativa – TRT 3ª Região – 2005) - Os juízes gozam da garantia da vitaliciedade que, no primeiro grau de jurisdição, é adquirida(A) após um ano de exercício.(B) após dois anos de exercício.(C) por ocasião da posse.(D) ao se iniciar o exercício.(E) desde a nomeação.

Gabarito:

1) B2) A3) B4) A5) C6) E7) A8) E9) C10) D11) E12) A13) C14) C15) D16) D

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17) E18) B19) A20) E21) C22) D23) A24) E25) D26) A27) E28) D29) B

CAPÍTULO 8 – PRINCIPAIS ATRIBUIÇÕES DOS PODERES

Escolhemos 15 grandes temas. Analisando-os poderemos verificar que as atribuições de um Poder estão relacionadas com as dos demais. Isto se deve à harmonia de que trata o art. 2º da Constituição da República e ao mecanismo de freios e contrapesos, que busca evitar que um poder acumule poderes em exagero e sem controle dos demais.

1 - JULGAMENTO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Art. 51 - Compete privativamente à Câmara dos Deputados:I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado;

Art. 52 - Compete privativamente ao Senado Federal:

I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles;

II - processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade (trechos grifados introduzidos pela EC 45/04);

Parágrafo único - Nos casos previstos nos incisos I e II, funcionará como Presidente o do Supremo Tribunal Federal, limitando-se a condenação, que somente será proferida por dois terços dos votos do Senado Federal, à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos , para o exercício de função pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis.

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Art. 86 - Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois terços da Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade.

§ 1º - O Presidente ficará suspenso de suas funções:

I - nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal;II - nos crimes de responsabilidade, após a instauração do processo pelo Senado Federal.§ 2º - Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o julgamento não estiver concluído, cessará o afastamento do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do processo.

§ 3º - Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações comuns, o Presidente da República não estará sujeito a prisão.§ 4º - O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções.

Art. 102 - Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:

I - processar e julgar, originariamente:b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República;c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade , os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente;

FINALMENTE: O QUE SÃO CRIMES DE RESPONSABILIDADE?

CF, Art. 85 – São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra:I – a existência da União;II – o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das unidades da Federação;III – o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;IV – a segurança interna do País;V – a probidade administrativa;VI – a lei orçamentária;VII – o cumprimento das leis e das decisões judiciais.

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Parágrafo único – Esses crimes serão definidos em lei especial, que estabelecerá as normas de processo e julgamento.

Para o STF, crimes de responsabilidade na tradição do Direito Brasileiro corresponde às infrações político-administrativas. A lei 1.079, de 10-4-1950, define os crimes de responsabilidade e regula o respectivo processo de julgamento.

2 - CONTAS DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA

CF, Art. 84 – Compete privativamente ao Presidente da República:XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, as contas referentes ao exercício anterior;

CF, Art. 51 – Compete privativamente à Câmara dos Deputados II - proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa;

CF, Art. 49 - É da competência exclusiva do Congresso Nacional:

IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de governo;3 – DECLARAÇÃO DE GUERRA

CF, Art. 84 – Compete privativamente ao Presidente da República:XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional;XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Congresso Nacional;XXII – permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente;

CF, Art. 49 - É da competência exclusiva do Congresso Nacional:

II - autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente, ressalvados os casos previstos em lei complementar;

4 – CELEBRAR TRATADOS INTERNACIONAIS

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CF, Art. 84 – Compete privativamente ao Presidente da República:VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional;

CF, Art. 49 - É da competência exclusiva do Congresso Nacional:

I - resolver definitivamente sobre tratados , acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional;

5 – DECRETAR O ESTADO DE SÍTIO, ESTADO DE DEFESA E INTERVENÇÃO FEDERAL

CF, Art. 84 – Compete privativamente ao Presidente da República:IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio;X - decretar e executar a intervenção federal;

CF, Art. 49 - É da competência exclusiva do Congresso Nacional:IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar o estado de sítio, ou suspender qualquer uma dessas medidas;

6- FIXAÇÃO DO SUBSÍDIO DO MINISTRO DO SUPREMO (TETÃO)

Art. 96, II - Compete privativamente ao Supremo Tribunal Federalb) ....a fixação do subsídio de seus membros

CF, Art. 48 - Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República dispor sobre

XV - fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal;.

7 - FIXAÇÃO DO SUBSÍDIO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA, DOS SENADORES E DOS DEPUTADOS

CF, Art. 49 - É da competência exclusiva do Congresso Nacional:

VIII - fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da República e dos Ministros de Estado, observado o art. 37, XI;

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VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os Senadores, observado o art. 37, XI;

8 – NOMEAÇÃO E APROVAÇÃO DAS AUTORIDADES QUE MENCIONA

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, os Governadores de Territórios, o Procurador-Geral da República, o presidente e os diretores do Banco Central e outros servidores, quando determinado em lei;

CF, Art. 52 - Compete privativamente ao Senado Federal:

III - aprovar previamente, por voto secreto, após argüição pública, a escolha de:        a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição;        b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo Presidente da República;        c) Governador de Território;        d) Presidente e diretores do Banco Central;        e) Procurador-Geral da República;        f) titulares de outros cargos que a lei determinar;

IV - aprovar previamente, por voto secreto, após argüição em sessão secreta, a escolha dos chefes de missão diplomática de caráter permanente;

9 – ESCOLHA, APROVAÇÃO E NOMEAÇÃO DOS MINISTROS DO TCU

Art. 73. O Tribunal de Contas da União, integrado por nove Ministros, que serão escolhidos:. I - um terço pelo Presidente da República, com aprovação do Senado Federal, sendo doisalternadamente dentre auditores e membros do Ministério Público junto ao Tribunal, indicados em lista tríplice pelo Tribunal, segundo os critérios de antiguidade e merecimento;

II - dois terços pelo Congresso Nacional.

CF, Art. 49 - É da competência exclusiva do Congresso Nacional:

XIII - escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas da União;

CF, Art. 84 – Compete privativamente ao Presidente da República:

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XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Ministros do Tribunal de Contas da União;

CF, Art. 52 – Compete privativamente ao Senado Federal:III - aprovar previamente, por voto secreto, após argüição pública, a escolha de:b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo Presidente da República;

CF, Art. 73 - Requisitos para escola dos Membros do TCU§ 1º - Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão nomeados dentre brasileiros que satisfaçam os seguintes requisitos:        I - mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade;        II - idoneidade moral e reputação ilibada;        III - notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou de administração pública;        IV - mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva atividade profissional que exija os conhecimentos mencionados no inciso anterior.

10 – PROCESO LEGISLATIVO

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:

III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta Constituição (ver art. 61, § 1º);

IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução;

V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;

Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, não exigida esta para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da União, especialmente sobre (seguem-se incisos I a XV):

11 - LEIS ORÇAMENTÁRIAS

CF, Art. 84 – Compete privativamente ao Presidente da República:XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas de orçamento previstos nesta Constituição;

CF, Art. 48 - Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República dispor sobre

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II - plano plurianual (LPP), diretrizes orçamentárias (LDO), orçamento anual (LOA);

12 – DISPOR SOBRE: OPERAÇÃO DE CRÉDITO, CONCESSÃO DE GARANTIA, DÍVIDA PÚBLICA

Art. 52 - Compete privativamente ao Senado Federal:

V - autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios;

VII - dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito externo e interno da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades controladas pelo Poder Público federal;

VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia da União em operações de crédito externo e interno;

IX - estabelecer limites globais e condições para o montante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

VI - fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais para o montante da dívida consolidada da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, não exigida esta para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da União, especialmente sobre:

XIV - moeda, seus limites de emissão, e montante da dívida mobiliária federal.

13– CONCESSÃO DE INDULTO E COMUTAÇÃO DE PENA

CF, Art. 84 – Compete privativamente ao Presidente da República:XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei; 14 - ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA CRIAÇÃO E EXTINÇÃO DE MINISTÉRIOS E CRIAÇÃO E EXTINÇÃO DE CARGOS PÚBLICOS

Art. 61, § 1º, II - São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que disponham sobre:

a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e autárquica ou aumento de sua remuneração;

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(----)e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública, observado o disposto no art. 84, VI; 

Art. 48 - Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República dispor sobre: X - criação, transformação e extinção de cargos, empregos e funções públicas, observado o que estabelece o art. 84, VI, b;XI - criação, e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública;

CF, Art. 84 – Compete privativamente ao Presidente da República:VI - dispor mediante decreto sobre: a) a organização e o funcionamento da administração federal, quando não

implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos;

b) extinção de funções ou cargos públicos quando vagos; (redação do inciso VI alterada pela EC nº 32, de 11.09.2001, anteriormente estas atribuições exercidas dependiam de lei) .

XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma da lei;

APARECEU NO CONCURSO PARA Analista de Finanças e Controle - AFC - STN /2005 76 - b) Em virtude da Emenda Constitucional nº 32/2001, introduziu-se a figura do decreto autônomo na organização administrativa brasileira. (Esta assertiva esta .............................)

15 – COMPOSIÇÃO DO CONSELHO DA REPÚBLICA

CF, Art. 51 – Compete privativamente à Câmara dos Deputados V - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII.

Art. 52 - Compete privativamente ao Senado Federal:

XIV - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII.

CF, Art. 84 – Compete privativamente ao Presidente da República:XVII - nomear membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII;------------------------------------------------------------------------------------------------------------------XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional;

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Art. 89. O Conselho da República é órgão superior de consulta do Presidente da República, e dele participam: -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------VII - seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta e cinco anos de idade, sendo dois nomeados pelo Presidente da República, dois eleitos pelo Senado Federal e dois eleitos pela Câmara dos Deputados, todos com mandato de três anos, vedada a recondução

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QUESTÕES CAPÍTULO 8 - ATRIBUIÇÕES DOS PODERES

01.(AFC/92). Julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de governo é competência

a) concorrente da Câmara dos Deputados e do Supremo Tribunal Federalb) exclusiva do Congresso Nacionalc) comum ao Estado Federal e ao Supremo Tribunal Federald) exclusiva do Senado Federale) concorrente do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal

02-(MPU/93). É da competência exclusiva do Congresso Nacional

a) processar e julgar o Procurador- Geral da República e o Advogado- Geral da União nos crimes de responsabilidade

b) proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa.

c) processar e julgar o presidente da República nos crimes de responsabilidade e os Ministros de Estado nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles

d) sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa.

e) autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado.

03-(PFN/92). É da competência exclusiva do Congresso Nacional

a) eleger membros do Conselho da República. b) autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da

União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.c) fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais para o

montante da dívida consolidada da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

d) dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito externo e interno da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades controladas pelo Poder Público federal.

e) resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional.

04 - (AFC/97). A fixação dos limites globais para o montante da dívida consolidada dos Estados.

a) é da competência do Congresso Nacional, por proposta do Presidente da República.

b) é da competência privativa da Câmara dos Deputados.

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c) é da competência privativa do Senado Federal.d) é da competência privativa do Senado Federal, por proposta do

Presidente da República.e) é feita por lei complementar, de iniciativa privativa do Presidente da

República.

05 - (Procurador do Ministério Público do Trabalho/92) O Presidente da República deverá afastar-se do exercício de suas funções:

e) tão logo autorize a Câmara dos Deputados, por dois terços dos seus membros, a instauração de processo de impeachment contra o mesmo;

f) assim que admita a Câmara dos Deputados, pelo voto de dois terços dos seus membros, a acusação contra o mesmo do cometimento de crimes comuns ou de crimes de responsabilidade;

g) após a instauração contra o mesmo de processo de impeachment pelo Senado Federal ou, nos casos de crimes comuns, após o recebimento pelo Supremo Tribunal Federal de queixa-crime ou de denúncia formulada pelo Procurador-Geral da República;

h) após o oferecimento de denúncia contra o mesmo pelo Procurador-Geral da República perante o Supremo Tribunal Federal, nos casos de crimes comuns, ou por qualquer do povo perante a Câmara dos Deputados, nos casos de crimes de responsabilidade.

06 - Juiz do Trabalho/Piauí/95) Compete ao Presidente da República:

a) celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Senado Federal;b) conceder indulto e comutar pena, sem qualquer interferência;c) decretar o estado de defesa e o estado de sítio, depois de consultar o Congresso Nacional;d) nomear os Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores após aprovação pelo Senado Federal;e) conferir condecorações e distinções honoríficas, ouvido o Conselho da República.

07 - (Procurador da República/97) Compete ao Presidente da República, no exercício de suas prerrogativas constitucionais:

a) exercer o Poder Executivo Federal, auxiliado pelos Ministros de Estado, nomeados dentre brasileiros natos após a aprovação pelo Senado Federal;b) celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional;c) decretar e executar a intervenção federal, desde que autorizado previamente pelo Congresso Nacional;d) iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos na Constituição, bem como expedir medidas provisórias com força de lei, em

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casos de relevância e urgência, devendo submetê-las ao Congresso Nacional no prazo de trinta dias.

08 – (Procurador da República/95) É da competência privativa do Presidente da República, como Chefe de Estado e Chefe do Governo:

I. manter relações com Estados estrangeiros, acreditando seus representantes diplomáticos no país, bem como celebrar tratados, convenções e atos internacionais, dispensado o referendo do Congresso Nacional;

II. exercer a direção superior da administração federal com o auxílio dos Ministros de Estado por ele nomeados, que somente podem ser exonerados com prévia aprovação do Senado Federal, por maioria absoluta e por voto secreto;

III. iniciar o processo legislativo em todas as matérias que não sejam da iniciativa exclusiva do Congresso Nacional e editar medidas provisórias com força de lei, em casos de relevância e urgência, sobre matéria tributária, financeira e administrativa;

IV. conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei, podendo delegar tais atribuições aos Ministros de Estados, ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da União.

Analisando-se as assertivas acima, pode-se afirmar que:

a) todas estão corretas;b) apenas as de números II, III e IV estão corretas;c) somente a de número IV está correta;d) as de números I, II e III estão corretas.

GABARITO - CAPÍTULO 8 - ATRIBUIÇÃO DOS PODERES

01 - B02 - D03 - E04 - D

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05 - C06 - D07 - B08 - C

CAPÍTULO ONTO 165 - REPARTIÇÃO CONSTITUCIONAL DE COMPETÊNCIAS ( este tópico foi retirado na íntegra da apóstila do prof. Marcos Flávio).

1 15 - TÉCNICA DE REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS

Competência é o poder atribuído pela Constituição para o ente federado emitir decisões. Conforme já estudamos, o cerne, o núcleo, a própria razão de ser do Estado Federal reside na característica da descentralização política, onde diferentes níveis de centros decisórios possuem a competência (poder), atribuída pela Constituição, para criar as normas jurídicas necessárias para controlar a conduta humana em determinado espaço territorial.

O Federalismo clássico dos Estados Unidos resolveu esta questão mediante técnica de distribuição bem simples. As competências legislativas da União são expressas. As competências dos Estados-membros são residuais ou remanescentes. Assim, tudo que não for da competência da União é da competência dos Estados-membros.

E no Brasil? No Brasil, como não poderia deixar de ser, por razões históricas e de importação do modelo norte-americano, complicou-se um pouco mais. É baseada no modelo Alemão.

A nossa Constituição atribui aos membros da federação competências legislativas (iniciativa de elaboração de leis a respeito de temas expressos na Constituição) e competências materiais (que são o exercício de certas atividade ou competências não-legislativas). Estas últimas dizem respeito a um leque enorme que compreende a prestação de serviços, proteção do meio ambiente e ao patrimônio histórico, proteção da saúde e da educação. Enfim, competências para ações administrativas.

São palavras de José Afonso da Silva: “a nossa Constituição adota sistema complexo que busca o equilíbrio federativo, que consiste na enumeração dos poderes da União (arts. 21 e 22), com poderes remanescentes para os Estados (art. 25, §1º) e poderes definidos indicativamente para os Municípios (art.30), mas combina, com essa reserva de campos específicos, possibilidades de delegação (art. 22, parágrafo único), e ainda áreas comuns em que se prevêem atuações paralelas da União, Estados, Distrito Federal e Municípios (art. 23) e setores concorrentes entre a União e Estados e Distrito Federal (art. 24) em que a competência para estabelecer políticas gerais, diretrizes gerais ou normas gerais cabe à União

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(art. 24, §1º), enquanto se defere aos Estados a competência suplementar (art. 24, §2º) e esta competência suplementar se estende até mesmo aos Municípios (art. 30, II)” .

Em resumo: o Brasil adotou um modelo complexo denominado federalismo de equilíbrio, conhecido também por federalismo de cooperação.

Da leitura dos artigos 21 a 32 da Constituição, percebe-se que no Brasil a área de competência da União é mais dilatada que a dos demais entes federativos, o que ocasiona na prática uma limitação do campo de atuação aos Estados-membros, comprimido ainda mais face a existência de competência exclusiva dos Municípios.

2 15.2 - RESUMO DA REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS:

215.2.1 - RESUMO DAS COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS:

União – privativa expressa (art. 22); União, Estados, Distrito Federal - concorrente (art. 24)(Repartição vertical de

competências);

Estados-membros - residual ou remanescente (§1º, art. 25); Estados-membros – suplementar (§2º, art. 24); Estados-membros - exclusiva - para instituir regiões metropolitanas (§3º,

art. 25); Estados-membros – delegada – (parágrafo único do art. 22); Municípios – privativa expressa (art. 30, I); Municípios – suplementar (art. 30, II); Distrito Federal – cumulativa ( §1º, art. 32).

15.2.2 - RESUMO DAS COMPETÊNCIAS MATERIAIS:

União – exclusiva (art. 21) embora o vocábulo exclusiva não esteja expresso, José Afonso da Silva e outros autores assim consideram-na;

União, Estados, Distrito Federal e Municípios - comum (art. 23); Estados-membros - residual ou remanescente (§1º, art. 25); Estados-membros – exclusiva – instituir serviços de gás canalizado (§2º,

art. 25); Municípios – privativa (art. 30, III a IX).

Passaremos a trabalhar as competências de cada um dos entes federativos.

15.3 - COMPETÊNCIAS DA UNIÃO

No âmbito da competência material a União dispõe de competência exclusiva (art. 21) e comum (art. 23). No âmbito da competência legislativa dispõe de competências privativa (art. 22) e concorrente (art. 24).

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15.3.1 - COMPETÊNCIA MATERIAL DA UNIÃO (CF art. 21)

O artigo 21 lista as competências materiais da União, trata-se de competência dada apenas à União excluindo os demais entes federados. Como este poder é atribuído apenas à União, excluindo todos os demais entes federados, José Afonso da Silva o considera rol de competências como sendo exclusivas da União. Em termos de concurso público este artigo não é o mais importante.

Art. 21 - Compete à União:

I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de organizações internacionais;II - declarar a guerra e celebrar a paz;III - assegurar a defesa nacional;IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente;

Estes 4 incisos acima, versam sobre a competência da União no âmbito internacional. A União representa o papel de representante da República Federativa do Brasil. Podemos dizer que é o Estado Federal, representado pela União, quem goza de personalidade jurídica perante o Direito Internacional (pessoa jurídica de direito público externo). Por outro lado, a nível interno, a União é definida como pessoa jurídica de direito público interno.

V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a intervenção federal;Sobre : estado de sítio (art. 137 a 139); estado de defesa (art. 136) ; intervenção federal (art. 34).

VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material bélico;VII - emitir moeda;VIII - administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar as operações de natureza financeira, especialmente as de crédito, câmbio e capitalização, bem como as de seguros e de previdência privada;IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social;X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional;XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um órgão regulador e outros aspectos institucionais;XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão:

a) os serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagens;b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético dos cursos de água, em articulação com os Estados onde se situam os potenciais hidroenergéticos;c) a navegação aérea, aeroespacial e a infra-estrutura aeroportuária;d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que transponham os limites de Estado ou Território;e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros;f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;

XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público e a Defensoria Pública do Distrito Federal e dos Territórios;XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, bem como prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de serviços públicos, por meio de fundo próprio;XV - organizar e manter os serviços oficiais de estatística, geografia, geologia e cartografia de âmbito nacional;

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XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de diversões públicas e de programas de rádio e televisão;XVII - conceder anistia;XVIII - planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades públicas, especialmente as secas e as inundações;XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso;XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos;XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema nacional de viação;XXII - executar os serviços de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras;XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os seguintes princípios e condições (ATENÇÃO: alíneas b e c incluídas pela EC nº 49, de 8-2-2006)::

a) toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins pacíficos e mediante aprovação do Congresso Nacional;b) sob regime de permissão, são autorizadas a comercialização e a utilização de radioisótopos para a pesquisa e usos médicos, agrícolas e industriais;c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, comercialização e utilização de radioisótopos de meia-vida igual ou inferior a duas horas; d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa;

XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do trabalho;XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exercício da atividade de garimpagem, em forma associativa.

15.3.2 - COMPETÊNCIA PRIVATIVA LEGISLATIVA DA UNIÃO (CF art. 22)

O rol de competências legislativas da União, em termos de exigência nos concursos públicos, é mais importante do que o de competência material visto anteriormente. Trata-se da importantíssima competência legislativa privativa da União. Cabe apenas à União legislar sobre as questões abaixo enumeradas. Uma diferença básica entre a competência material e a legislativa da União é justamente pelo fato de a Constituição permitir que questões específicas da competência legislativa da União possam, através de lei complementar, elaborada pela União, ser delegadas aos Estados-membros.

Art. 22 - Compete privativamente à União legislar sobre:

I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;II - desapropriação ;III - requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e em tempo de guerra;IV- águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;V - serviço postal;VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos metais;VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência de valores;VIII - comércio exterior e interestadual;IX - diretrizes da política nacional de transportes;X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, aérea e aeroespacial;

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XI - trânsito e transporte ; (A memória de vocês deve dar especial atenção a este inciso)XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização;XIV - populações indígenas;XV - emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de estrangeiros;XVI - organização do sistema nacional de emprego e condições para o exercício de profissões;XVII - organização judiciária, do Ministério Público e da Defensoria Pública do Distrito Federal e dos Territórios, bem como organização administrativa destes;

Atenção : dediquem especial interesse a este inciso XVII. Apresenta diferença entre o Distrito Federal e os Estados-membros. Percebam que é a União quem legisla sobre as instituições acima. Nos Estados-membros, eles mesmos organizam.

XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia nacionais;XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da poupança popular;XX - sistemas de consórcios e sorteios;XXI - normas gerais de organização, efetivos, material bélico, garantias, convocação e mobilização das polícias militares e corpos de bombeiros militares;XXII - competência da polícia federal e das polícias rodoviária e ferroviária federais;XXIII - seguridade social;XXIV - diretrizes e bases da educação nacional;XXV - registros públicos;XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;XXVII - normas gerais de licitação e contratação , em todas as modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1º, III;XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa marítima, defesa civil e mobilização nacional;XXIX - propaganda comercial.

Parágrafo único - Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo.

15.4 - COMPETÊNCIA DOS ESTADOS

CF, Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição.

§ 1º. São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição.

§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação.

§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de Municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum.

15.4.1 - COMPETÊNCIA RESIDUAL DOS ESTADOS

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A competência residual dos Estados é atribuída pelo §1º, do art. 25 e tem sido solicitada em inúmeras provas. São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição. O vocábulo “competências” pode ser interpretado como englobador da competência legislativa e da material também. Com a redação dada ao §1º, do art. 25, a Constituição utiliza a técnica tradicional adotada nos Estados Unidos de enumerar as competências da União e atribuir a competência residual (ou remanescente) aos Estados-membros. Mas, no Brasil, como já foi dito, além da competência expressa da União, há também competências expressas atribuídas aos Municípios, bem como competências comuns atribuídas à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios.

E mais: é recomendável “memorizar” o conteúdo dos parágrafos 2º e 3º, porque também são igualmente solicitados nos concursos.

15.4.2 - COMPETÊNCIA DELEGADA PELA UNIÃO AOS ESTADOS (CF, art. 22, parágrafo único)

CF, Art. 22, Parágrafo único - Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo. Competência legislativa delegada.

A doutrina identifica este parágrafo único do artigo 22, como atributivo da competência delegada pela União aos Estados–membros. Na verdade, este tema tem “caído” nos concursos públicos, mas você não precisa gravar o termo competência delegada. Um exemplo citado é o conteúdo da Lei Complementar nº 103/2001.

O que você precisa mesmo saber é que a União pode autorizar, mediante lei complementar, os Estados-membros a legislarem sobre questões específicas relacionadas às matérias inseridas no rol das competências legislativas privativas da União.

15.5 - COMPETÊNCIA DOS MUNICÍPIOS

15.5.1 - COMPETÊNCIA LEGISLATIVA DOS MUNICÍPIOS

Art. 30 - Compete aos Municípios:I - legislar sobre assuntos de interesse local;II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei;

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No inciso I, assunto de interesse local é aquele que, sem excluir o do Estado e o da União, diz respeito mais de perto ao Município e sua população. Este inciso traz a competência privativa, incluindo a área tributária (instituição de tributos e rendas) e financeira (definição de seu orçamento).

O conteúdo do inciso II também é conhecido por competência supletiva.O inciso III traduz aplicação do princípio da autonomia. O município

dispõe de competência legislativa privativa, como previsto no art. 156, I a III, para instituir seu impostos : IPTU, ITBI, ISS, e poderá instituir os demais tributos (taxas, contribuições de melhoria). A segunda parte do inciso diz respeito à competência administrativa, material.

15.5.2 - COMPETÊNCIA MATERIAL DOS MUNICÍPIOS

Os demais incisos do artigo 30, assim dispõem :

IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual;V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial;VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, programas de educação pré-escolar e de ensino fundamental;VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da população;VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano;IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual.

Um tema sempre presente nos concursos é o que trata da controvérsia sobre a disciplina do horário de funcionamento dos bancos. Seria matéria de competência do Município nos termos do artigos, 30, incisos I e II, ou por outro lado, competência da União face aos artigos 48, inciso XIII e 192, inciso IV ?. Vejamos também a questão sobre funcionamento de estabelecimentos comerciais. O que vocês acham?

Vejamos o que diz a jurisprudência do STF:

STF – Jurisprudência RE 118363 / PR Rel. Min. CELIO BORJA - 26/06/1990

Ementa: Horário de funcionamento bancário: matéria que, por sua abrangência, transcende ao peculiar interesse do Município. Competência exclusiva da União para legislar sobre o assunto. Precedentes do STF.

E sobre o funcionamento dos estabelecimentos comerciais?

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STF – Jurisprudência RE 182.976/SP – Rel. Min. Carlos Velloso

EMENTA: Horário de funcionamento de estabelecimentos comerciais: competência municipal, art. 30, I. C.F., artigos 5º, caput, XIII e XXXII; art. 170, IV, V e VIII. I. - Competência do Município para estabelecer horário de funcionamento de estabelecimentos comerciais: C.F., art. 30, I. II. - Inocorrência de ofensa aos artigos 5º, caput, XIII e XXXII, art. 170, IV, V e VIII, da C.F. III.

SÚMULAS DO STF /2003

SÚMULA 645 - É competente o Município para fixar o horário de funcionamento de estabelecimento comercial.

SÚMULA 646 - Ofende o princípio da livre concorrência lei municipal que impede a instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em determinada área.

APARECEU NO CONCURSO PARA AFC/CGU- 2003/2004 ESAF

Compete aos municípios explorar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluídos o de transporte coletivo e os serviços locais de gás canalizado. (esta assertiva está ........................)

15.6 - COMPETÊNCIAS DO DISTRITO FEDERAL

CF, Art 32 . O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos com interstício mínimo de 10 dias, e aprovada por dois terços da Câmara Legislativa, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição.

§ 1º - Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legislativas reservadas aos Estados e Municípios.

O mais importante a se dizer a respeito das competências do Distrito Federal é que este ente da Federação acumula as competências legislativas dos Estados e dos Municípios. Este dispositivo possui enorme repercussões. Em matéria tributária, por exemplo, o Distrito Federal pode instituir impostos municipais e estaduais.

No entanto, não se pode perder de vista que o Distrito Federal possui algumas especificidades. Entre as quais destacam-se :

o Distrito Federal não tem Constituição e sim Lei Orgânica; A organização do Poder Judiciário, do Ministério Público e da

Defensoria Pública do Distrito Federal é de competência da União (art. 22,

XVII), enquanto nos Estados-membros é de competência dos próprios Estados.

O mesmo se aplica à polícia civil, polícia militar, e o corpo de bombeiros militar (art.21, XIV), No Distrito Federal são organizadas e mantidas pela União, enquanto os Estados-membros eles mesmos cuidam de sua

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organização e manutenção, observadas as normas gerais determinadas pela União .

15.7 - COMPETÊNCIA LEGISLATIVA CONCORRENTE (União, Estados, Distrito Federal)

A competência legislativa concorrente significa a possibilidade de que mais de uma entidade federativa disponha sobre um mesmo tema. Também conhecida por sistema de repartição vertical de competência, é, com certeza, o aspecto do tema repartição constitucional de competências que tem merecido disparadamente maior destaque. Portanto, atenção.

Parece óbvio, mas muitas questões são resolvidas com apenas estas informações :

A competência concorrente NÃO ENVOLVE OS MUNICÍPIOS; Trata-se de competência legislativa.

CF, Art. 24 - Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:

I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;II - orçamento;III - juntas comerciais;IV - custas dos serviços forenses;

V - produção e consumo;VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição;

VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;

IX - educação, cultura, ensino e desporto;X - criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas causas;

XI - procedimentos em matéria processual; (Inúmeros concursos perguntam de quem é a competência para legislar sobre este assunto. Atenção, não confundir com direito processual, que é competência privativa da União).XII - previdência social, proteção e defesa da saúde; (Atenção : seguridade social é de competência privativa da União.)XIII - assistência jurídica e defensoria pública;XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência;XV - proteção à infância e à juventude;XVI - organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis.

Eis agora os quatro parágrafos que jamais deixaram de constar de qualquer prova de Direito Constitucional (pelo menos um deles). É questão certa.

§ 1º - No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais.

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§ 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados.

§ 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.

§ 4º - A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.

Primeiramente, na dicção do parágrafo 1º, a União editará as normas gerais o que a princípio sugere uma certa primazia. Mas, o que são normas gerais? Em verdade são tantas as opiniões que o número de conceituações supera o número dos opinantes. Não há uniformidade entre os autores. Selecionei duas definições a respeito de normas gerais:

“São preceitos jurídicos editados pela União Federal, no âmbito de sua competência legislativa concorrente, restritos ao estabelecimento de diretrizes nacionais e uniformes sobre determinados assuntos, sem descer a detalhes”. (André Luiz Borges Neto, no livro Competências legislativas dos Estados-Membros, pág. 182).

Para Celso Antônio Bandeira de Mello, não são normas gerais as que exaurem o assunto nelas versado, descendo a pormenores e detalhes.

Conforme o parágrafo 2º, mesmo que haja normas gerais editadas pela União, os Estados poderão editar normas específicas desdobrando o conteúdo das normas gerais e efetuando o tratamento dos pormenores para si. É que se denomina de exercício da competência suplementar,

Nos termos do comando do parágrafo 3º, caso a União não edite as normas gerais os Estados legislarão plenamente. isto significa que os Estado poderão estabelecer tanto normas gerais quanto normas específicas.

O parágrafo 4º disciplina o que acontece no caso de o Estado ter exercido a sua competência plena para legislar e, posteriormente, a União venha a editar lei sobre normas gerais. Tal situação implicará na imediata suspensão da eficácia da lei estadual na parte em que esta contrariar a lei nacional de normas gerais. Por fim, cuidado com as “cascas de bananas” a exemplo de revoga (no lugar de suspende a eficácia). Só uma lei editada pelo mesmo ente político poderá revogar a lei.

Nesta altura dos acontecimentos é bom que fique claro uma coisa que nos ensina André Luiz Borges Neto. Não existe hierarquia entre lei estadual e lei federal, o advento de lei da União, tratando de normas gerais, suspenderá a possibilidade de produção de efeitos jurídicos (eficácia jurídica) por parte da lei estadual, na parte em que ambas forem contraditórias. Em razão disso, como não irá ocorrer revogação da lei estadual, mas apenas suspensão da sua eficácia na parte em que se tratou de normas gerais, com a revogação da lei nacional a lei estadual readquire plenamente sua eficácia, passando a incidir de imediato sobre a conduta humana.

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APARECEU NO CONCURSO PARA Analista de Finanças e Controle - AFC - STN /2005

75 b) A Constituição Federal de 1988, ao estabelecer que compete à União legislar sobre diretrizes e bases da educação nacional (art. 22, XXIV), combina a técnica de enumeração de poderes da União com a técnica de estabelecimentos de setores concorrentes, o que assegura uma competência legislativa suplementar para os Estados.(Esta assertiva está: ......................)

15.8 - COMPETÊNCIA MATERIAL COMUM (União, Estados, Distrito Federal, Municípios)

Este tópico não tem merecido grandes destaques nos concursos. As questões exigem mais memorização do que raciocínio. Pode parecer simples, mas é necessário enfatizar que:

A competência comum prevê atuação paralela de todos os entes políticos da federação ;

Trata-se de competência material, ou seja, não legislativa.

Vejamos o que nos ensina o artigo 23 da nossa Constituição:CF, Art. 23 - É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:

I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas e conservar o patrimônio público;

II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência;III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural;V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação e à ciência;

VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o abastecimento alimentar;IX - promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico;X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização, promovendo a integração social dos setores desfavorecidos;

XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios;XII - estabelecer e implantar política de educação para a segurança do trânsito.

Parágrafo único - Lei complementar fixará normas para a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional.

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Em face desta passagem (parágrafo único), entre outras, da nossa Constituição, a doutrina denomina o federalismo do Estado Brasileiro de “federalismo de cooperação” .

ANEXOQUESTÕES SOBRE O PONTO 15 - REPARTIÇÃO CONSTITUCIONAL DE COMPETÊNCIAS EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO - Atenção responder com:

Competência material da União;Competência legislativa privativa da União;Competência material dos Estados;Competência legislativa dos Estados;Competência legislativa concorrente da União, Estados e Distrito Federal;Competência material comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; Competência legislativa dos Municípios;Competência material dos Municípios.

1 - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência;

2 - legislar sobre trânsito e transporte;

3 - legislar sobre normas gerais de organização, efetivos, material bélico, garantias, convocação e mobilização das polícias militares e corpos de bombeiros militares;

4 - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema nacional de viação;

5 - legislar sobre custas dos serviços forenses;

6 - legislar sobre florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição;

7 - estabelecer as áreas e as condições para o exercício da atividade de garimpagem, em forma associativa.

8 - estabelecer e implantar política de educação para a segurança do trânsito.

9 - legislar sobre assistência jurídica e defensoria pública;

10 - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional;

11 - exercer a classificação, para efeito indicativo, de diversões públicas e de programas de rádio e televisão;

12 - manter relações com Estados estrangeiros e participar de organizações internacionais;

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13 - legislar sobre normas gerais de licitação e contratação , em todas as modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1º, III;

14 - legislar sobre assuntos de interesse local;

15 - legislar sobre serviço postal;

16 - legislar sobre direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;

17 - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que transponham os limites de Estado ou Território;

18 - legislar sobre seguridade social;

19 - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso;

20 - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização, promovendo a integração social dos setores desfavorecidos;

21 - conceder anistia;

22 - legislar sobre orçamento;

23 – legislar sobre competência da polícia federal e das polícias rodoviária e ferroviária federais;

24 - planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades públicas, especialmente as secas e as inundações;

25 - legislar sobre proteção à infância e à juventude;

26 - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus derivados;

27 - declarar a guerra e celebrar a paz;

28 - legislar sobre jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;

29 - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos;

30 - organizar e manter os serviços oficiais de estatística, geografia, geologia e cartografia de âmbito nacional;

31 - executar os serviços de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras;

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32 - legislar sobre águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;

33 - legislar sobre nacionalidade, cidadania e naturalização;

34 - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um órgão regulador e outros aspectos institucionais;

35 - legislar sobre criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas causas;

36 - administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar as operações de natureza financeira, especialmente as de crédito, câmbio e capitalização, bem como as de seguros e de previdência privada;

37 - legislar sobre proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;

38 - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;

39 - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão os serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros;

40 - legislar sobre procedimentos em matéria processual;

41 - preservar as florestas, a fauna e a flora;

42 - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios;

43 - legislar sobre propaganda comercial;

44 - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual.

45 – legislar sobre proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência;

46 - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão: os serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagens;

47 - legislar sobre direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;

48 -legislar sobre política de crédito, câmbio, seguros e transferência de valores;

49 - promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico;

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50 - legislar sobre organização judiciária, do Ministério Público e da Defensoria Pública do Distrito Federal e dos Territórios, bem como organização administrativa destes;

51 - fomentar a produção agropecuária e organizar o abastecimento alimentar;

52 - legislar sobre produção e consumo;

53 - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;

54 - legislar sobre responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;

55 - organizar, manter e executar a inspeção do trabalho;

56 - legislar sobre desapropriação;

57 - legislar sobre organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis.

58 - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural;

59 - legislar sobre emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de estrangeiros;

60 - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial;

61 - legislar sobre juntas comerciais;

62 - legislar sobre sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos metais;

63 - legislar sobre requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e em tempo de guerra;

64 - legislar sobre sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia nacionais;

65 - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público e a Defensoria Pública do Distrito Federal e dos Territórios;

66 - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão a navegação aérea, aeroespacial e a infra-estrutura aeroportuária;

67 - legislar sobre populações indígenas;68 - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual;

69 - legislar sobre sistemas de consórcios e sorteios;

70 - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a intervenção federal;

71 - legislar sobre comércio exterior e interestadual;

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72 - legislar sobre diretrizes e bases da educação nacional;

73 - legislar sobre organização do sistema nacional de emprego e condições para o exercício de profissões; 74 - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão os portos marítimos, fluviais e lacustres;

75 - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;

76 - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente;

77 - legislar sobre previdência social, proteção e defesa da saúde;

78 - legislar sobre sistemas de poupança, captação e garantia da poupança popular;

79 - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da população;

80 - legislar sobre atividades nucleares de qualquer natureza;

81 - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas e conservar o patrimônio público;

82 - legislar sobre diretrizes da política nacional de transportes;

83 - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação e à ciência;

84 - organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, bem como prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de serviços públicos, por meio de fundo próprio;

85 - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano;

86 - assegurar a defesa nacional;

87 - legislar sobre educação, cultura, ensino e desporto;

88 - legislar sobre defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa marítima, defesa civil e mobilização nacional;

89 - legislar sobre registros públicos;

90 - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, programas de educação pré-escolar e de ensino fundamental;

91 - emitir moeda; 92 - legislar sobre regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, aérea e

aeroespacial;

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93 - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético dos cursos de água, em articulação com os Estados onde se situam os potenciais hidro-energéticos;

94 - elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social;

95 – ( ................. ) poderá autorizar ( -------------- ) a legislar sobre questões específicas das matérias de competência privativa da União.

a) Emenda Constitucional, os Estados

b) Lei Complementar, os Estados

c) Lei ordinária, os Estados e Municípios.

96 - Cabe (............) explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação.

a) à União b) aos Estados c) ao Distrito Federal” d) aos Municípios

97 - A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência (........................) dos Estados.

a) plena b) suplementar c) complementar

98 - No âmbito da legislação (...............................) a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais.

a) Exclusiva b) privativa d) concorrente e) comum

99 - A superveniência de lei federal sobre normas gerais (..................) da lei estadual, no que lhe for contrário.

a) revoga b) suspende a eficácia c) anula

100 - (....................) são atribuídas as competências legislativas reservadas aos Estados e Municípios.

a) À União b) Ao Estado c) Ao Distrito Federal d) Ao Município

101 - (.................) poderão, mediante (.............) instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de Municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum.

d) Os Estados lei complementar

e) Os Municípios, Lei ordinária.

102 - Inexistindo lei (..................) sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.

a) federal b) estadual c) municipal

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103 - São reservadas (...............) as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição.

a) à União b) aos Estados c) ao Distrito Federal d) aos Municípios

104 - Lei (.......................) fixará normas para a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, nas matérias de competência comum, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional.

a) complementar b) ordinária

105 – Autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material bélico.

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GABARITO : REPARTIÇÃO CONSTITUCIONAL DE COMPETÊNCIAS

1- material comum 41 - material comum2- legislativa privativa da União 42 - material comum3- legislativa privativa da União 43 - legislativa privativa da União 4- material da União 44 - material do Município5- legislativa concorrente 45 - legislativa concorrente6- legislativa concorrente 46 - material da União7- mat erial da União 47 - legislativa privativa da União8- material comum 48 - legislativa privativa da União9- legislativa concorrente 49 - material comum 10- material da União 50 - legislativa privativa da União11- material da União 51 – material comum12- material da União 52 – legislativa concorrente13- legislativa da União 53 – material comum14- legislativa dos Municípios 54 – legislativa concorrente15- legislativa privativa da União 55 - material da União16- legislativa concorrente 56 – legislativa privativa da União17- material da União 57 – legislativa concorrente18- legislativa privativa da União 58 – material comum19- material da União 59 – legislativa privativa da União20- material comum 60 – material dos Municípios21- material da União 61 – legislativa concorrente22- legislativa concorrente 62 - legislativa privativa da União23- legislativa privativa da União 63 – legislativa privativa da União24- material da União 64 – legislativa privativa da União25- legislativa concorrente 65 - material da União26- material da União 66 – material da União27- material da União 67 – legislativa privativa da União28- legislativa privativa da União 68 – material dos Municípios29- material da União 69 – legislativa privativa da União30- material da União 70 – material da União31- material da União 71 – legislativa privativa da União32- legislativa privativa da União 72 – legislativa privativa da União33- legislativa privativa da União 73 – legislativa privativa da União34- material da União 74 – material da União35- legislativa concorrente 75 – legislativa dos Municípios36- material da União 76 – material da União37- legislativa concorrente 77 – legislativa concorrente38- material comum 78 – legislativa privativa da União39- material da União 79 – material dos Municípios40- legislativa concorrente 80 – legislativa privativa da União

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81 – material comum 82 – legislativa privativa da União83 – material comum84 – material da União85 – material dos Municípios86 – material da União87 – legislativa concorrente88 – legislativa privativa da União89 – legislativa privativa da União90 – material dos Municípios91 – material da União92 – legislativa privativa da União93 – material da União94 – material da União95 – Lei complementar; os Estados96 – aos Estados97 – suplementar98 – concorrente99 – suspende a eficácia100 – ao Distrito Federal101 – os Estados; Lei complementar102 – federal; 103 – aos Estados104 – complementar105- material da União

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OUTRAS QUESTÕES CAPÍTULO 16PONTO 15 - REPARTIÇÃO DAS COMPETÊNCIAS

01. (TTN/94). Assinale a assertiva correta.

a) Ao Distrito Federal são atribuídas apenas as competências legislativas reservadas aos Municípios.

b) Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legislativas reservadas aos Estados e Municípios.

c) O Distrito Federal não dispõe de competência legislativa, sendo as funções legislativas exercidas pelo Senado Federal.

d) Ao Distrito Federal são atribuídas apenas as competências legislativas reservadas aos Estados.

e) O Distrito Federal dispõe de situação jurídica em tudo igual à de uma unidade federada.

02. (AGU/94). Assinale a assertiva correta.

a) Lei ordinária federal poderá autorizar os Estados-Membros a legislar sobre matérias da competência específica da União.

b) Compete à Lei Orgânica do Distrito Federal definir a competência do Tribunal de Justiça local.

c) A Constituição outorga posição diferenciada ao Distrito Federal, vedando-lhe a divisão em municípios.

d) No âmbito do seu poder de auto-organização, podem os Estados-Membros definir o sistema de Governo a ser adotado.

e) Constitui competência legislativa exclusiva dos Estados-Membros a organização, as garantias, os direitos e os deveres das polícias civis.

03. (TTN/90). Os Estados e Distrito Federal poderão ser autorizados por lei complementar, a legislar sobre

a) a execução do sistema nacional de inspeção do trabalhob) questões de trânsito e transporte, de interesse específicoc) diretrizes da política nacional de proteção ao meio ambiented) questões relacionadas ao sistema judiciário federale) questões específicas de anistia penal

04. (TTN/92– PE). Compete privativamente à União legislar sobre:

a) direito tributário, financeiro, penitenciário econômico e urbanísticob) orçamento e juntas comerciaisc) custas dos serviços forensesd) produção e consumoe) direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico,

espacial e do trabalho

05. (Analista área administrativa TRT/Ceará/2003/ESAF) Assinale a opção que não constitui competência administrativa de todos os entes da federação.

a) Zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas.b) Conservar o patrimônio público.c) Combater as causas da pobreza. d) Conceder anistia.e) Fomentar a produção agropecuária.

06. (TTN/94-PE). Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre

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a) orçamentob) desapropriaçãoc) águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusãod) sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos metaise) jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia

07. (TFC/93). Compete à União

a) dispor sobre o regimento interno das Assembléias Legislativasb) organizar as funções legislativas e fiscalizadoras das Câmaras Municipaisc) criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estaduald) promover o uso adequado e ordenado do solo urbano, conforme a lei municipal e) emitir moeda e conceder anistia

08. (TFC/97). Cuidar da saúde e da assistência pública e social é da competência

a) da União apenasb) da União, do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios, em comumc) da União, dos Estados e do Distrito Federal apenasd) da União e dos Municípios apenase) dos Estados e dos Municípios apenas

09. (AFC/92). A competência da união para legislar sobre direito tributário e financeiro é

a) concorrente com a dos Estados e do Distrito Federalb) comum com a dos Estados e Municípiosc) comum com a dos Estados, Distrito-Federal e Municípiosd) exclusivae) concorrente com a dos Estados, Distrito Federal e Municípios

10. (MPU/93). Compete privativamente à União legislar sobre

a) juntas comerciais e custas dos serviços forensesb) educação, ensino, cultura e desportoc) procedimentos em matéria processuald) organização judiciária, do Ministério Público e da Defensoria Pública do Distrito

Federal e dos Territórios, bem como organização administrativa destes e) orçamento e produção e consumo

11. (MPU/93). Assinale a opção correta.

a) No âmbito da legislação concorrente, a competência da união limitar-se-á a estabelecer normas gerais.

b) A competência da União para legislar sobre normas gerais exclui a competência suplementar dos Estados.

c) Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Municípios exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.

d) A superveniência de lei estadual sobre normas gerais suspende a eficácia da lei municipal, no que lhe for contrário.

e) No âmbito da legislação comum, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais.

12. (PFN/92). É competência concorrente da União, dos Estados e do Distrito Federal legislar sobre

a) direito tributário e financeiro e orçamento .b) serviço postal e populações indígenas

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c) organização judiciária, do Ministério Público e da Defensoria Pública do Distrito Federal e dos Territórios, bem como a organização administrativa destes.

d) normas gerais de licitação e contratação , em todas as modalidades, para a administração pública, direta e indireta, inclusive as fundações e empresas sob controle daqueles entes de direito público

e) proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas e preservar as florestas, e fauna e a flora

13. (PFN/92). Assinale a assertiva correta.

a) A superveniência de lei federal sobre normas gerais revoga a lei estadual, no que lhe for contrário.

b) A competência da União para legislar sobre normas gerais exclui a competência suplementar dos Estados.

c) Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa limitada às suas peculiaridades

d) A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.

e) No âmbito da legislação comum, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais

14. (MPU/93). Compete privativamente à União legislar sobre

a) produção e consumob) procedimentos em matéria processualc) desapropriaçãod) florestas, fauna e florae) juntas comerciais

15. (MPU/93). Assinale a opção correta.

a) No âmbito da legislação comum, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais.

b) A competência dos Estados para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Municípios.

c) Inexistindo lei estadual sobre normas gerais, os Municípios exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.

d) No âmbito da legislação concorrente, a competência dos Estados limitar-se-á a estabelecer normas gerais.

e) A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.

16. (P.A . INSS/93). Compete aos Municípios

a) a legislação suplementar às normas gerais editadas pela Uniãob) a atividade legislativa plena na ausência de lei federal sobre normas geraisc) legislar concorrentemente sobre proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico e

paisagísticod) prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de

atendimento à saúde da populaçãoe) instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento

básico e transportes urbanos

17. (AFRE – MG – 2005/ ESAF) Sobre a competência para legislar sobre Direito Tributário, assinale a opção correta.

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a) Somente a União pode legislar a respeito.b) O Estado pode legislar a respeito, mas estará sujeito às regras gerais que a União expedir sobre a matéria em lei federal.c) Nessa matéria, o Estado goza de competência legislativa exclusiva.d) Tanto o Estado como a União podem legislar livremente a respeito, mas, em caso de conflito entre as disposições normativas, prevalecerá invariavelmente a legislação federal.e) A competência para legislar, no caso, é concorrente, sendo que somente a União pode legislar sobre normas gerais, estando vedada a legislação suplementar por parte do Estado.

18. (AFTN/91). É competência privativa da União.

a) legislar sobre direito tributário, financeiro, produção e consumo.b) legislar sobre floresta, caça, pesca, fauna, defesa do solo e dos recursos naturais,

proteção do meio ambiente e controle da poluição.c) legislar sobre direito penal, eleitoral, agrário, marítimo e do trabalho.d) legislar sobre previdência social, proteção e defesa da saúde.e) assegurar acesso à cultura, a educação e a ciência.

19. (PFN/92). Assinale a assertiva correta

a) Compete ao Estado criar, organizar e suprimir distritos municipais.b) A eleição dos Prefeitos e dos Vereadores para mandato de quatro anos, far-se-á

mediante pleito direto, simultâneo com a eleição dos Governadores e dos Deputados Estaduais.

c) Compete aos Municípios legislar sobre assuntos de interesse local e suplementar a legislação federal e a estadual no que couber.

d) O número de Vereadores, proporcional ao número de eleitores regularmente inscritos será fixado em lei pela Câmara Municipal.

e) Ao Município é facultado criar tribunais ou conselhos de contas municipais como órgão auxiliar do controle externo exercido pela Câmara Municipal.

20. (AFTN/91). Assinale a opção correta.

a) A autonomia constitucional dos Municípios veda o controle externo da Câmara Municipal por intermédio do tribunal de contas do Estado.

b) Compete aos Municípios instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestação de contas e de publicação de balancetes nos prazos fixados em lei.

c) Os Municípios, em face do interesse e peculiaridades locais, podem legislar sobre normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para sua administração direta e indireta, inclusive as fundações e as empresas sob seu controle.

d) Compete aos Municípios, concorrentemente com a União e os Estados, legislar sobre direito tributário e financeiro.

e) A União não intervirá nos Municípios salvo para manter a integridade nacional, repelir invasão estrangeira ou de Município em outro.

CAPÍTULOGABARITO QUESTÕES PONTO 165 - REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS

01 B art. 32, § 1º02 C art. 32, §1º 03 B art. 22 , pár. único; e 32, § 1º04 E art. 22, I05 D art. 21, XVII

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06 A art. 24, II07 E art. 21, VII e XVII08 B art. 23, II09 A art. 24, I10 D art. 22, XVII11 A art. 24, § 1º12 A art. 24, I e II 13 D art. 24, § 4º14 C art. 22, II15 E art. 24, § 4º16 D art. 30, VI17 B art. 24, I, e parágrafos18 C art. 22, I ,19 C art. 30 , I , II 20 B art. 30 , III

CAPÍTULO PONTO 176 – INTERVENÇÃO FEDERAL NOS ESTADOS E INTERVENÇÃO DOS ESTADOS NOS MUNICÍPIOS

A intervenção é a antítese da autonomia. Autonomia é competência para agir dentro da repartição de competências traçada pela Constituição. Todos os componentes da Federação União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios são autônomos (art. 18, caput). No entanto, a intervenção Federal nos Estados é da essência do sistema federativo, porque proporciona a integridade, o equilíbrio e a manutenção do Estado Federal. A regra é a de não intervir. A exceção é a intervenção. Assim tem se posicionado o STF. Vejamos:

JURISPRUDÊNCIA DO STF:

“O tratamento restritivo, constitucionalmente dispensado ao mecanismo da intervenção federal impõe que não se ampliem as hipóteses de sua incidência, cabendo ao intérprete identificar, no rol exaustivo do art. 34 da Carta Política, os casos únicos que legitimam, em nosso sistema jurídico, a decretação da intervenção federal nos Estados-Membros” (STF - Intervenção Federal nº 591-9/BA-Rel. Ministro-

Presidente Celso de Melo, Diário da Justiça, Seção I, 16 set. 1998, p. 428).

16.1 - INTERVENÇÃO FEDERAL NOS ESTADOS E NO DISTRITO FEDERAL

Compete privativamente ao Presidente da República (art. 84, X) decretar e executar a intervenção federal para isto ouvirá o Conselho da República (art.

90, I) e Conselho de Defesa Nacional (art. 91, §1º, II), que são órgãos de assessoramento do Presidente da República. O ato de intervenção é o decreto presidencial. O decreto de intervenção dirá quais unidades da federação serão atingidas pela medida, especificará a amplitude (poderes que serão cerceados em virtude da intervenção), o prazo (tempo de duração da

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medida) e as condições de execução e, se couber, nomeará o interventor. Aqui percebemos que poderá haver intervenção sem que haja nomeação do interventor. Prescinde-se do interventor no caso de não haver necessidade de serem executadas funções administrativas. O ato de intervenção, será ainda submetido à apreciação do Congresso Nacional no prazo de 24 horas, e se este não estiver funcionando, far-se-á convocação extraordinária, no mesmo prazo de 24 horas (art. 36, §§ 1º e 2º, c/c, 49, IV). Cessados os motivos da intervenção, as autoridades afastadas de seus cargos a estes voltarão, salvo impedimento legal (art. 36, §4º). São exemplos de impedimento legal o afastamento por processo de impedimento, por decisão judicial e por duração do mandato.

16.1.1- HIPÓTESES DE INTERVENÇÃO FEDERAL NOS ESTADOS E NO DISTRITO FEDERAL

CF, Art. 34 - A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:

I - manter a integridade nacional;

II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra;

III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública;IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação;

V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que:

a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior;b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei;

VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial;VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:

a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;b) direitos da pessoa humana;c) autonomia municipal;d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta;e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.

a) Nas hipóteses dos incisos I a III e do inciso V, o ato que decreta a intervenção é prerrogativa discricionária do Presidente da República. Uma

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vez decretada a intervenção o Presidente deverá submeter o decreto de intervenção ao Congresso Nacional.

b) Na hipótese deste inciso IV, há um detalhe a mais. A decretação da intervenção dependerá de solicitação do Poder Legislativo ou do Poder Executivo coacto ou impedido, ou de requisição do Supremo Tribunal Federal, se a coação for exercida contra o Poder Judiciário (art. 36, § 1º). O Presidente também submeterá o decreto interventivo ao Congresso Nacional.

c) Nas hipóteses do inciso VI, somente se iniciará o processo interventivo caso haja deliberação dos órgãos judiciais, e o Presidente não terá outra alternativa a não ser decretar a intervenção. A principal novidade em relação aos incisos anteriores é que nesta hipótese dispensar-se-á a apreciação pelo Congresso Nacional, e o decreto limitar-se-á a suspender a execução do ato impugnado, se essa medida bastar ao restabelecimento da normalidade (art. 36, §3º). Os critérios são de natureza técnico-jurídica decorrentes do controle jurídico do processo interventivo. A deliberação pelo Poder Judiciário, no caso de recusa ao cumprimento de ordem ou decisão judiciária, dependerá de requisição do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do Tribunal Superior Eleitoral (art. 36, II);

Se for o caso de recusa à execução de lei federal dependerá de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de representação do Procurador-Geral da República (art. 36, III).

d) Os princípios constantes nas alíneas do inciso VII, são os charmosos princípios constitucionais sensíveis. O Estado-membro que praticar o ato atentatório aos mesmos estará sujeito a ver este seu ato declarado inconstitucional mediante representação do Procurador-Geral da República perante o STF (art. 36, III).

Mais uma vez os critérios são de natureza técnico-jurídica. Na hipótese ora em estudo nos termos da Constituição fica dispensada a apreciação pelo Congresso Nacional, e o decreto limitar-se-á a suspender a execução do ato impugnado, se essa medida bastar ao restabelecimento da normalidade (art. 36, §3º). Assim o Presidente da República, só poderá expedir o decreto de intervenção se o STF der provimento de representação do Procurador-Geral da República (art. 36,III). No entanto, é facultado ao chefe do Poder Executivo, se assim o entender, expedir decreto para apenas suspender a execução do ato impugnado. O STF terá que constatar que o ato foi editado ao arrepio dos princípios constitucionais sensíveis.

Esta hipótese é conhecida pela doutrina como ação de inconstitucionalidade interventiva. Iremos estudar esta forma de controle de constitucionalidade ao examinarmos o capítulo 15.

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APARECEU NO CONCURSO PARA Auditor-Fiscal do Tesouro Estadual - AFTE - RN - 2004/200525 d) A intervenção da União em um Estado, em razão de impedimento do livre exercício doPoder Judiciário estadual, depende de solicitação, ao presidente da República, do PoderJudiciário impedido, feita pelo presidente do Tribunal.(Esta assertiva está:........................)

16.2 - INTERVENÇÃO DOS ESTADOS NOS MUNICÍPIOS

Tudo o que se disse a respeito da intervenção federal nos Estados e Distrito Federal se aplica mutatis mutandis. à decretação da intervenção dos Estados nos Municípios, e da União nos Municípios localizado nos Territórios Federais. O ato de intervenção é também o decreto Governamental ou Presidencial, conforme o caso, que especificará a amplitude, o prazo e as condições de execução e, se couber, nomeará o interventor, que será submetido à apreciação da Assembléia Legislativa ou Congresso Nacional que, se não estiver funcionando, far-se-á convocação extraordinária, no mesmo prazo de vinte e quatro horas. (art. 36, §§ 1º e 2, c/c, 49, IV)

Cessados os motivos da intervenção, as autoridades afastadas de seus cargos a estes voltarão, salvo impedimento legal (art. 36, §4º).

JURISPRUDÊNCIA DO STF :

“A intervenção estadual nos municípios, tem a mesma característica de excepcionalidade da intervenção federal, pois a regra é a autonomia do município e a exceção a intervenção em sua autonomia política, somente nos casos taxativamente previstos na Constituição Federal (CF,

art. 35) sem qualquer possibilidade de ampliação pelo legislador constituinte estadual”( STF - Pleno - Adin nº 558/RJ - Rel. Min. Sepúlveda Pertence, Diário da Justiça

, Seção I, 26 mar. 1993, p. 05001).

16.2.1- HIPÓTESES DE INTERVENÇÃO DO ESTADOS EM SEUS MUNICÍPIOS

CF Art. 35 - O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios localizados em Território Federal, exceto quando:

I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a dívida fundada;II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;III - não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde;IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial.

a) Nas hipóteses dos incisos I a III, a decisão de intervir ou não é discricionária do Governador. Caso decida pela intervenção terá que submeter o decreto

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interventivo à Assembléia Legislativa Estadual. Se for o caso de intervenção da União em município localizado em Território Federal o decreto do Presidente da República será submetido ao Congresso Nacional.

b) Na hipótese deste inciso IV, a intervenção dependerá de provimento pelo Tribunal de Justiça à representação do Procurador Geral de Justiça, dispensa-se a apreciação pela Assembléia Legislativa, bem como o decreto limitar-se-á a suspender a execução do ato impugnado, se essa medida bastar ao restabelecimento da normalidade (art. 36, §3º).

16.3 – PROCEDIMENTOS CONSTITUCIONAIS PARA QUE OCORRA INTERVENÇÃO

Art. 36. A decretação da intervenção dependerá:

I - no caso do art. 34, IV, de solicitação do Poder Legislativo ou do Poder Executivo coacto ou impedido, ou de requisição do Supremo Tribunal Federal, se a coação for exercida contra o Poder Judiciário;II - no caso de desobediência a ordem ou decisão judiciária, de requisição do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do Tribunal Superior Eleitoral;III - de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de representação do Procurador-Geral da República, na hipótese do art. 34, VII e no caso de recusa à execução de lei federal (trecho grifado acrescido pela EC nº 45/2004);IV – revogado. (pela EC nº 45/2004).§ 1.º O decreto de intervenção, que especificará a amplitude, o prazo e as condições de execução e que, se couber, nomeará o interventor, será submetido à apreciação do Congresso Nacional ou da Assembléia Legislativa do Estado, no prazo de vinte e quatro horas.§ 2.º Se não estiver funcionando o Congresso Nacional ou a Assembléia Legislativa, far-se-á convocação extraordinária, no mesmo prazo de vinte e quatro horas.§ 3.º Nos casos do art. 34, VI e VII, ou do art. 35, IV, dispensada a apreciação pelo Congresso Nacional ou pela Assembléia Legislativa, o decreto limitar-se-á a suspender a execução do ato impugnado, se essa medida bastar ao restabelecimento da normalidade.§ 4.º Cessados os motivos da intervenção, as autoridades afastadas de seus cargos a estes voltarão, salvo impedimento legal.

16.4 APARECEU NO CONCURSO DE Auditor-Fiscal da Receita Estadual - AFRE - MG - 2005

15 c) Os Municípios hoje existentes na Federação brasileira que deixarem de cumprir ordem judicial emanada de tribunal federal não estão sujeitos a intervenção federal. (Esta assertiva está:.................................................)

15 d) A autonomia dos Municípios na Constituição em vigor é incompatível com toda e qualquer intervenção estadual no âmbito municipal. (Esta assertiva está:...............................)

- SIGNIFICADO DE ALGUNS DOS TERMOS UTILIZADOS NESTE CAPÍTULO:

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Dívida fundada é a resultante de leis, contratos, convênios ou tratados e da realização de operações de crédito, para amortização em prazo superior a 12 meses (art. 29, I, da LRF).

Decisão judicial – Vincula as partes envolvidas no processo. Significa que os efeitos das decisões judiciais atingem tão somente aqueles que integram a lide, não obriga as partes que são alheias ao processo.

Ordem judicial – qualquer determinação judicial que obrigue as partes fora do processo. Ex. necessidade de força policial (a força policial não é parte no processo) numa ação de reintegração de posse

Receitas Tributárias que devem ser entregues pelos Estados aos Municípios : 50% da arrecadação do imposto estadual IPVA de veículos localizados em território do município ; 25% da arrecadação do ICMS; 25% do IPI-exportação que os Estados receberem da União (CF/88, art. 158, III, IV, art.

159, 3º).

– Recursos a serem destinados a manutenção e desenvolvimento do ensino e as ações e serviços públicos de saúde

A importância atribuída a esta destinação constitucional de recursos foi tão grande que a sua não observância pelos Estados poderá resultar em intervenção federal, bem como a sua não observância pelos Municípios dará ensejo a intervenção dos Estados nos Municípios. Desde a promulgação da Constituição de 1988 que o art. 212 exige que recursos sejam destinados a manutenção e desenvolvimento do ensino. A Emenda Constitucional nº 29/2000, passou a exigir que recursos fossem também vinculados a ações e serviços públicos de saúde.

5.1 – RECURSOS CONSTITUCIONALMENTE DESTINADOS AO ENSINO

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A Constituição determina que a União nunca aplique menos de 18% (dezoito por cento) os Estados, Distrito Federal e os Municípios 25% (vinte e cinco por cento) da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino (CF, art. 212).

5.2- RECURSOS A SEREM DESTINADOS A AÇÕES E SERVIÇOS PÚBLICOS DE SAÚDE

a) A Constituição na seção destinada a saúde art. 198, §3º, dispõe que Lei complementar, que será reavaliada a cada 5 anos, estabelecerá os percentuais mínimos de recursos a serem aplicados em ações e serviços públicos de saúde, bem como as normas de fiscalização, avaliação e controle destas despesas (CF, art. 198, §2º, I a III e § 3º, acrescentado pela Emenda Constitucional nº 29, de 13-9-2000, c/c art. 77 do ADCT). Esta lei complementar ainda não foi promulgada pelo Congresso Nacional.

b) O Ato das Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT , determina que na ausência da lei complementar a que se refere o art. 198, §3º, a partir de 2005, a União, os Estados o Distrito Federal e os Municípios deverão aplicar :

a) A União no ano de 2.000 o que aplicou em 1999, acrescido de 5%; e nos anos de 2.001 a 2.004, o valor apurado no ano anterior corrigido pela variação nominal do Produto Interno Bruto – PIB.

b) Os Estados e Distrito Federal , 12% , da sua receita de impostos acrescida das transferências de que tratam os arts. 157 e 159, I, a, e inciso II, deduzidas as parcelas constitucionais transferidas aos Municípios;

c) Os Municípios e do Distrito Federal 15% , da sua receita de impostos acrescida das transferências constitucionais oriundas dos arts. 158 e 159 I, b e § 3º;

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QQUADRO 1 - INTERVENÇÃO FEDERAL NOS ESTADOS E NO DISTRITO FEDERAL (CF art 34)

Hipótese Decreto Apreciação do Congresso Nacional

I– Manter a integridade Nacional;II– Repelir invasão estrangeira ou de

uma unidade da Federação em outra;

III– pôr termo a grave comprometimento da ordem pública;

V– Reorganizar as finanças da unidade da Federação que:

a) Suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo por motivos de força maior;

b) Deixar de entregar aos municípios receitas tributárias fixadas nesta constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei;

Discricionário do Presidente da

República

O Presidente da República deve submeter o decreto ao Congresso Nacional.

IV– Garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação;

Depende de solicitação do

poder Legislativo ou do Executivo coacto ou impedido, ou de

requisição do Supremo Tribunal

Federal (STF) se for coacto o Judiciário.

O Presidente da República deve submeter o decreto ao Congresso Nacional.

VI – Prover a execução de lei Federal

Prover a execução de ordem ou decisão judicial

Depende de provimento

(deliberação) do Supremo Tribunal

Federal, de representação do

Procurador Geral da República;

Somente se houver requisição do:

STF, STJ ou do

TSE

Dispensa a apreciação do Congresso Nacional

VII– Assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais: (Princípios Sensíveis)

a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;

b) direitos da pessoa humana;c) autonomia municipal;d) prestação de contas da

Somente se o Supremo Tribunal Federal (STF) der

provimento de representação do

Dispensa a apreciação do Congresso Nacional.

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administração pública, direta e indireta;

e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.

Procurador-Geral da República

QUADRO 2 - INTERVENÇÃO DOS ESTADOS NOS MUNICÍPIOS E DA UNIÃO NOS MUNICÍPIOS LICALIZADOS EM TERRITÓRIO FEDERAL (CF art 35)

Hipótese Decreto Apreciação da Assembléia Legislativa

I - deixar de ser paga, sem motivos de força maior, por dois anos consecutivos, a dívida fundada;

II - não forem prestadas contas, na forma da lei;

III - não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde;

Discricionário do Governador do estado ou do Presidente da República (nos

casos dos municípios em

território Federal)

O Governador deve submeter o decreto a Assembléia Legislativa e o Presidente deve submeter o decreto ao Congresso Nacional.

IV – O Tribunal de Justiça der provimento à representação para assegurar a observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial.

Dependerá de provimento pelo

Tribunal de Justiça (TJ) à

representação do Procurador-Geral

de Justiça do Estado

Dispensa a apreciação da

Assembléia Legislativa.

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QUESTÕES CAPÍTULO 17CAPÍTULO 16 - INTERVENÇÃO FEDERAL NOS ESTADOS E INTERVENÇÃO DOS ESTADOS NOS MUNICÍPIOS

01.(PFN/92). Assinale a assertiva correta

a) A União não intervirá nos Municípios exceto para manter a integridade nacional ou repelir invasão estrangeira ou de um Município em outro.

b) O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios localizados em Territórios Federais, exceto quando o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei de ordem ou de decisão judicial.

c) A União não intervirá nos municípios exceto para por termo a grave comprometimento da ordem pública ou para garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes.

d) O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios localizados em Territórios Federais, exceto para por termo a grave comprometimento da integridade nacional.

e) A União não intervirá nos Municípios exceto para assegurar os direitos da pessoa humana e a autonomia municipal.

02. (AGU/94). A União não intervirá em Município localizado em Território Federal exceto para (adaptada)

a) repelir invasão estrangeira ou de unidade da Federação em outra.b) assegurar a aplicação do mínimo exigido da receita municipal na

manutenção e desenvolvimento do ensino.c) derrubar um governador corruptod) garantir o livre exercício de qualquer dos Poderese) manter a integridade nacional

03. (AFTN/96, adaptada). Assinale as duas opções corretas.

a) No caso de alegada violação aos chamados “princípios sensíveis”, a declaração da intervenção federal dependerá de provimento, pelo Superior Tribunal de Justiça, de representação do Procurador- Geral da República.

b) No caso de recusa à execução da lei federal, a intervenção depende de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de representação do Procurador- Geral da República.

c) Constitui fundamento suficiente para decretação da intervenção do Estado no Município a não aplicação do mínimo exigido da receita municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino.

d) Em todas as hipóteses de intervenção, deverá o decreto presidencial ser submetido ao Congresso Nacional ou à Assembléia Legislativa.

e) Cabe à Advocacia-Geral do Estado formular a representação perante o Tribunal de Justiça para assegurar a observância pelos Municípios de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei.

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04.(Auditor/2002 TCE-SE FCC) Um município do Estado de Sergipe não aplicou o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino. Esse fato possibilita intervenção, que, estando cumpridos os necessários requisitos, dar-se-á por

a) lei promulgada pelo Governador do Estado. b) decreto-legislativo da Assembléia Legislativa. c) resolução da mesa da Assembléia Legislativa. d) decreto do Governador do Estado. e) resolução do Tribunal de Justiça.

05. (Subprocurador/2002 TCE/SE FCC) A intervenção federal nos Estados, para o fim de assegurar a prestação de contas da administração pública direta, (adaptada):

a) depende de solicitação do Tribunal de Contas do Estado e do Procurador-Geral da República, tendo o Presidente da República poder discricionário para decretá-la.b) depende de requisição do Procurador-Geral da República, tendo o Presidente da República o poder-dever vinculado de decretá-la.c) depende de provimento, pelo Superior Tribunal de Justiça Federal, de representação do Procurador-Geral da República.d) independe de qualquer solicitação ou provocação, cabendo ao Presidente da República decretá-la ou não, conforme poder discricionário de que dispõe.e))depende, sempre, de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de representação do Procurador-Geral da República, facultado ao Presidente da República, se for o caso, apenas expedir decreto suspendendo o ato impugnado.

GABARITO DO

CAPÍTULO 17PONTO 16 - INTERVENÇÃO FEDERAL INTERVENÇÃO DOS ESTADOS NOS MUNICÍPIOS

01 B art. 35, IV CF/8802 B art. 35, III CF/8803 B e C arts. 35, III, e 36, III, ambos da CF/8804 D art. 36, § 1º, CF/8805 E art. 34, VII, d, CF/88

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CAPÍTULO 15PONTO 17 - CONTROLE DA CONSTITUCIONALIDADE – 1ª parte

PRESSUPOSTOS BÁSICOS. O controle da constitucionalidade é o exame da adequação das normas à Constituição. Dá-se em razão da supremacia e da rigidez constitucional, que são os seus pressupostos básicos. Só serão válidas as normas que não estiverem em conflito com o que determina a Constituição.

17.1 - CLASSIFICAÇÃO

CRITÉRIOS CONCEITO BÁSICOS

Quanto ao momento do seu exercício

PREVENTIVO – ocorre antes da promulgação da lei. É exercido sobre o projeto de lei. É realizado pelo Poder Executivo, através do veto, e pelo Poder Legislativo através dos pareceres das Comissões de Constituição e Justiça.

REPRESSIVO – objetiva afastar uma lei já vigente. Só o Poder Judiciário, no Brasil, realiza este controle repressivo.

Quanto ao órgão que realiza o controle (supondo se tratar de controle repressivo)

JURISDICIONAL – é aquele que é realizado pelo Poder Judiciário, a exemplo do Brasil.

POLÍTICO – é o controle da constitucionalidade realizado por órgão não integrante do Poder Judiciário, a exemplo do controle de constitucionalidade quando realizado pelo Poder Legislativo.Não é o caso do Brasil.

MISTO – neste controle ocorre ao mesmo tempo o controle político e o Jurisdicional. Como acontece em alguns países nos quais o controle da constitucionalidade das leis federais é exercido pelo Poder Legislativo e o das leis estaduais pelo Poder Judiciário.

Quanto aos tipos de inconstitucionalidade

FORMAL – ocorre quando a lei não obedece ao processo legislativo previsto para sua elaboração tais como: iniciativa legislativa, de que é exemplo uma lei que amplia o efetivo das forças armadas, cujo projeto foi de iniciativa de um deputado federal. Sabemos que só o Presidente da República tem iniciativa para tal projeto de lei. Ou uma medida provisória que trate de tema que a Constituição exija Lei Complementar.

MATERIAL – se dá quando o conteúdo da norma elaborada conflita com a Constituição. A exemplo (só a exemplo) de uma lei que cria o cargo de Auditor-Fiscal do Estado do Ceará e exija a naturalidade cearense para concorrer a uma das vagas a

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serem preenchidas por concurso público.

Quanto ao número de órgãos do Poder Judiciário que o realiza

DIFUSO - é aquele que é realizado por qualquer Juiz ou por qualquer Tribunal do Poder Judiciário. Conhecido por outros nomes: controle do caso concreto, controle incidental, controle por via indireta e controle por via de exceção.

CONCENTRADO – ocorre quando a competência para o seu exercício é da cúpula do Poder Judiciário (STF). Conhecido por outros nomes: controle abstrato, controle em tese, controle objetivo e controle por via principal. No Brasil apenas o STF é competente para exercer o controle abstrato das lei federais e estaduais face à Constituição Federal. Os Tribunais de Justiça dos Estados também exercem o controle de constitucionalidade das leis estaduais e municipais face às Constituições Estaduais.

17.2- DETALHES DOS PRINCIPAIS CRITÉRIOS DE CONTROLE DA CONSTITUCIONALIDADE

17.2.1 - CONTROLE DIFUSO

17.2.1.1 - CONCEITO

(ou controle do caso concreto) já estudamos que este controle é exercido por qualquer juiz ou por qualquer tribunal do Poder Judiciário durante um processo judicial qualquer, no qual a apreciação da constitucionalidade da norma jurídica não é o pedido, mas a causa de pedir. :

17.2.1.2 - EXEMPLO

Um exemplo ajudará a esclarecer. Suponha que “A” (José) ingressa com uma ação judicial qualquer (suponha que solicite pensão com base em lei vigente) contra “B” (INSS). Em sua defesa, “B” alega que as pretensões de “A”, são embasadas em lei, no entanto, tal lei fere a Constituição. O juiz da vara competente irá apreciar se procede a alegação (exceção) de inconstitucionalidade. Repare que a alegação de inconstitucionalidade, é questão preliminar que há que ser decidida antes de entrar no julgamento do mérito (no mérito o juiz determinará ou não o pagamento da pensão). O importante é que a discussão sobre a inconstitucionalidade surgiu num caso concreto (José x INSS) em que cada um se acha prejudicado pelo outro e busca uma satisfação perante o Poder Judiciário. A isto se chama de modo incidental, por exceção. Isto porque o objetivo principal da ação não era o controle de constitucionalidade. Observe que o INSS deseja que o juiz declare

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a inexistência de sua obrigação de satisfazer uma pretensão de José, porque tal pretensão é baseada em uma lei que fere a Constituição.

17.2.1.3 - PARTICIPAÇÃO DO SENADO NO CONTROLE DIFUSO

Trata-se de novidade introduzida pelo Constituinte de 1934. O STF, depois do trânsito em julgado, comunicará sua decisão ao Senado Federal para os efeitos do art. 52, X, da CF/88, o qual atribui competência privativa ao Senado Federal para suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal, exarada em controle concreto. O Senado Federal, recebendo a comunicação do STF, não estará obrigado a proceder à edição da Resolução, suspendendo a execução da lei ou ato normativo cuja inconstitucionalidade foi declarada in concreto pelo STF. O Senado tomará uma decisão política sobre a conveniência ou não de retirar do ordenamento jurídico a norma declarada inconstitucional pelo STF. Entretanto, se o fizer, deverá ser na mesma extensão da decisão proferida pelo STF. Isso significa que o Senado não poderá suspender alguns artigos e manter outros, dentre os considerados inconstitucionais pelo STF. Tal restrição é justificada, uma vez que o juízo jurídico sobre a inconstitucionalidade já foi exercido pelo STF.

17.2.2 - CONTROLE ABSTRATO

17.2.2.1 - CONCEITO

O controle abstrato é conhecido por outros nomes como controle em tese. Assim se denomina porque o controle é da lei, em tese, in abstracto, e não em um processo in concreto. Não busca a proteção de um direito que está sendo desrespeitado, como no controle concreto. Visa tão-somente à eliminação de uma norma jurídica contrária a preceito constitucional. A iniciativa não pertence a qualquer do povo. Face à Constituição Federal apenas uma das pessoas indicadas no art. 103, inciso I a IX da CF/88, podem acionar o Poder Judiciário (STF) para afastar do ordenamento jurídico uma lei federal ou estadual. As constituições estaduais trazem o rol de pessoas legitimadas a acionar o Poder Judiciário (Tribunais de Justiça) com o objetivo de afastar uma lei estadual ou municipal contrária à Constituição Estadual. É importante deixar registrado que no controle abstrato não há a participação do Senado.

17.2.2.2 - EXEMPLO

Um exemplo nos ajudará a entender melhor. Suponha que o Procurador-Geral da República ou qualquer dos arrolados nos incisos I a IX, art. 103, da CF/88, o qual relaciona os legitimados para propor ação direta de inconstitucionalidade, entendendo que determinada lei federal, instituidora da

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prisão perpétua, fere a Constituição em seu art. 5º, inciso XLVII, alínea “b", vem a propor perante o STF uma ação direta de inconstitucionalidade. Observe que, neste caso, o Procurador-Geral da República, ao que sabemos, não tem interesse pessoal no processo. Na verdade, sua legitimidade decorre do cargo por ele ocupado e não de um interesse pessoal. Ele entendeu que determinada lei vigente, in abstracto, é inconstitucional e propôs ao Supremo Tribunal Federal a declaração de sua inconstitucionalidade.

17.2.2.3 - PRINCIPAIS ESPÉCIES DE CONTROLE ABSTRATO

17.2.2.3.1 - AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - ADIN

Surgiu no ordenamento constitucional através de uma emenda de 1965 à Constituição de1946. Em resumo, são os seguintes os passos de uma ADIN:

a) Competência para julgar - conforme o artigo 102, I,”a”, primeira parte, da Constituição Federal, é da competência do Supremo Tribunal Federal a guarda da Constituição, cabendo-lhe processar e julgar, originariamente a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual face à Constituição Federal.

b) Quorum – a decisão sobre a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade da lei ou do ato normativo somente será tomada se presentes na sessão pelo menos oito Ministros (art. 22, da lei 9.868/99), pelo voto da maioria absoluta (seis) dos membros do STF, nos termos do art. 97, CF/88. Excepcionalmente, em razão de segurança jurídica e interesse social poderá a decisão ser tomada por dois terços (8 ministros) como veremos adiante.

c) Legitimidade ativa – ou seja quem são aqueles que podem propor uma ADIN face à Carta Federal ? São apenas os legitimados expressamente enumerados no art. 103, I a IX, da CF/88, com redação dada pela EC nº 45, de 8/12/2004, a saber:

. Presidente da República;

. a Mesa do Senado Federal;

. a Mesa da Câmara dos Deputados;

. a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal; . o Governador de Estado ou do Distrito Federal; . o Procurador-Geral da República; . o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;. partido político com representação no Congresso Nacional;. confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.

d) Objeto do controle – lei ou ato normativo federal ou estadual. É o que dispõe o art. 102, I, “a” da CF/88. Cabe ressaltar que no conceito de lei ou ato normativo estadual incluem-se aqueles editados pelo Distrito Federal no exercício de sua competência estadual (art. 32 , § 1º, da CF/88).

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e) Participação do Advogado-Geral da União – quando o Supremo Tribunal Federal apreciar a inconstitucionalidade, em tese, de norma legal ou ato normativo, citará previamente o Advogado-Geral da União, que defenderá o ato ou texto impugnado (CF/88, art. 103. §3º). O AGU não está obrigado a defender tese jurídica se sobre ela o STF já fixou entendimento pela inconstitucionalidade (STF, Rel. Min. Maurício Corrêa, ago.2001, ADIN 1616-PE).

f) Participação do Procurador-Geral da República – o Procurador-Geral da República deverá ser previamente ouvido nas ações de inconstitucionalidade e em todos os processos de competência do Supremo Tribunal Federal (art. 103, § 1º, CF/88).

g) Eficácia - erga omnes, ou seja, vale para todos os que estão submetidos ao âmbito espacial de validade da lei ou ato normativo. h) Efeitos – depende da decisão. Se proferida em medida cautelar ou liminar (ou seja em caráter urgente, sem análise detalhada), em regra terá efeitos ex-nunc, salvo expressa manifestação em contrário do próprio STF (§1º, art. 11, lei 9.868/99). Tratando-se de decisão de mérito (definitiva), em regra terá efeitos ex-tunc.

Atenção: excepcionalmente, tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal Federal, por maioria de dois terços de seus membros (8 ministros) , decidir que a declaração só tenha efeitos a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento (futuro) que venha a ser fixado (art. 27 da lei nº 9.868/99).

i) Desistência - não será admitida depois de proposta a ação (art. 5º, da lei 9.868/99).

j) Perda de objeto – ocorre quando, se submete ao STF uma ADIN de uma lei já revogada, ou que tenha a sua revogação no transcurso do julgamento da ação. Em outras palavras o STF não declara a inconstitucionalidade quando a lei ou parte dela se encontrar revogada.

k) Efeito vinculante - as decisões definitivas de mérito nas ADINs produzirão efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal (§2º, art. 102, da CF/88), os quais não poderão contrariá-las ou aplica-las indevidamente. O efeito vinculante não alcança o Poder Legislativo, esta informação é importantíssima para fins de concurso público.

l) Irrecorribilidade da decisão em ADIN - a decisão que julgar procedente ou improcedente o pedido em ADIN é irrecorrível, não podendo ser objeto de ação rescisória, sendo passível apenas de embargos de declaração.

17.2.2.3.2 - AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE – ADECON ou ADC

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A ação declaratória de Constitucionalidade foi introduzida no ordenamento jurídico brasileiro por meio da Emenda Constitucional nº 3, de 17- 3 -1993.

Faz-se necessária a comprovação da existência de controvérsia judicial, que coloque em risco a presunção de constitucionalidade do ato normativo sob exame a fim de permitir ao STF o conhecimento das alegações a favor e contra a constitucionalidade, bem como o modo pelo qual estão sendo decididas as causas que envolvem a matéria.

a) Competência para julgar - compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente a guarda da Constituição, cabendo-lhe processar e julgar, originariamente a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal (art. 102,I,”a”, parte final, da CF/88). b) Quorum – maioria absoluta dos membros do Supremo Tribunal Federal, conforme o artigo 97 da CF/88). Em caráter excepcional por razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse público poderá dar-se por maioria de dois terços como veremos adiante.

c) Objeto - lei ou ato normativo federal. Neste aspecto reside a grande diferença, exigida pelos concursos públicos, entre a ADIN E ADECON. Enquanto a ADIN tem por objeto a lei ou o ato normativo federal ou estadual, a ADECON se aplica a lei ou ato normativo federal apenas.

d) Legitimidade ativa - podem propor a ADECON face á Constituição Federal os mesmos legitimados enumerados no art. 103, I a IX, da CF/88, com redação dada pela EC nº 45/2004:

. Presidente da República; . a Mesa do Senado Federal;

. a Mesa da Câmara dos Deputados;

. a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal; . o Governador de Estado ou do Distrito Federal; . o Procurador-Geral da República; . o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;. partido político com representação no Congresso Nacional;. confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.

e) Participação do Advogado-Geral da União – não há razão para a atuação do Advogado Geral da União, uma vez que a ação visa preservar a presunção de constitucionalidade da lei ou do ato normativo.

f) Participação do Procurador-Geral da República – o Procurador-Geral da República deverá ser previamente ouvido nas ações declaratórias de constitucionalidade e em todos os processos de competência do Supremo Tribunal Federal (art. 103, § 1º, CF/88).

g) Eficácia - erga omnes, ou seja, alcança todos os que estão submetidos ao âmbito espacial de validade da lei ou ato normativo declarado constitucional.

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h) Efeitos – depende da decisão. Se proferida em medida cautelar ou liminar, em regra terá efeitos ex-nunc, salvo expressa manifestação em contrário do próprio STF (§1º, art. 11, lei 9.868/99). Tratando-se de decisão de mérito (definitiva), em regra terá efeitos ex-tunc, e, excepcionalmente, ex-nunc.

Atenção: tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal Federal, por maioria de dois terços de seus membros (8 ministros), decidir que a declaração só tenha efeitos a partir de seu trânsito em julgado (ex nunc) ou de outro momento (futuro) que venha a ser fixado (art. 27 da lei nº 9.868/99).

i) Desistência - não será admitida depois de proposta a ação (art. 16, da lei 9.868/99).

j) Perda de objeto – ocorre quando, se submete ao STF uma ADECON de lei revogada.

k) Efeito vinculante - as decisões definitivas de mérito nas ADECONs produzirão efeito vinculante relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal (§2º, art. 102, da CF/88), os quais não poderão contrariá-las ou aplicá-las indevidamente. Atenção: o efeito vinculante não alcança o Poder Legislativo, no que diz respeito à sua função típica..

l) Medida cautelar (liminar) – é aquela tomada em caráter urgente admite, conforme art. 21, caput, da Lei nº 9.868, de 10.11.1999.

m) Irrecorribilidade da decisão em ADECON - a decisão que julgar procedente ou improcedente o pedido em ADECON é irrecorrível, não podendo ser objeto de ação rescisória, sendo passível apenas de embargos de declaração.

17.2.2.3.3 - AÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO - ADIO

Novidade apresentada pela Constituição de 1988. Conforme previsto no art. 103, §2º, da CF/88, o qual dispõe: “declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva norma constitucional, será dada ciência ao Poder competente para a adoção das providências necessárias e, em se tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em 30 dias” (art. 103,§ 2º, da CF/88).

É destinada a obter medida para tornar efetiva norma constitucional, mediante a elaboração de lei ou ato normativo necessários para efetivar direitos previstos na Constituição Federal e que dependam de regulamentação posterior (normas de eficácia limitada).

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Por exemplo, a norma constante do art. 195, §6º, segundo a qual “são isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei” . Trata-se, como vimos, de norma constitucional de eficácia limitada. Não tem aplicabilidade imediata, portanto, depende de edição da lei para que possa produzir os efeitos que lhe são próprios.

O STF já enfatizou que constitui omissão legislativa não apenas quando o órgão legislativo não cumpre o seu dever, não elaborando a lei, mas, também quando o satisfaz de forma incompleta.

a) Competência para julgar – STF.

b) Objeto - omissão de medida para tornar efetiva norma constitucional.

c) Legitimidade para ativa – Tratando de inconstitucionalidade por omissão e não havendo dispositivo expresso aplica-se o art. 103, I a IX, CF/88, da ADIN e da ADECON.

d) Participação do Procurador-Geral da República – o Procurador-Geral da República deverá ser previamente ouvido nas ações de inconstitucionalidade por omissão e em todos os processos de competência do Supremo Tribunal Federal (art. 103, § 1º, CF/88).

e) Medida cautelar (liminar) – não admite, conforme art. 21, caput, da Lei nº 9.868, de 10.11.1999.

f) Efeitos – depende do órgão responsável pela edição da norma. Se a omissão for da competência de órgão administrativo, o STF determinará que a medida seja produzida em 30 dias. Se da cúpula dos Poderes Legislativo ou Executivo, como uma lei ou regulamento, o STF se limitará, face a harmonia e independência dos Poderes (art. 2º, CF/88) , a dar notícia da falta da norma, para que o Poder faltante perceba que descumpre o seu dever. O STF não poderá suprir a falta da norma, nem mesmo obrigar a que a cúpula dos Poderes Executivo e Legislativo elaborem a norma faltante. No entanto, uma vez declarada a omissão pelo STF, permite-se a responsabilização por perdas e danos, se da omissão decorrer prejuízo.

j) Perda de objeto – ocorre quando, no curso da ação, for suprida da a omissão pela edição da norma infraconstitucional, ou, como já decidiu o STF, quando o dispositivo constitucional que determinava a produção da norma tenha sido revogado (ADI 1836/SP, Rel. Min. Moreira Alves).

17.2.2.3.4 - AÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE INTERVENTIVA

Surgiu no ordenamento constitucional em 1934. É proposta perante o STF. Destina-se a promover o controle de constitucionalidade de ato praticado por estado-membro que atente contra princípio sensível da ordem federativa.

E quais são os princípios sensíveis? São aqueles encontrados no art. 34, VII:

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a) forma republicana, sistema representativo, e regime democrático;b) direitos da pessoa humana;c) autonomia municipal;d) prestação de contas da administração pública direta e indireta;e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.

Desta forma, qualquer Estado-membro que praticar ato atentatório aos princípios sensíveis estará sujeito a ver este seu ato declarado inconstitucional mediante representação do Procurador-Geral da República perante o STF. (eis o teor do art. 36, III).

Fique claro que a declaração de inconstitucionalidade do ato praticado pelo Estado-membro não corresponde à decretação de intervenção federal, ou seja, a ação direta interventiva não é instrumento pelo qual se decreta a intervenção federal. O que ocorre é que a decretação da intervenção depende de que, previamente, o STF dê provimento à representação.

A competência para decretar e executar a intervenção federal é privativa do Presidente da República, conforme dispõe o artigo 84, inciso X, da CF/88. O Presidente, no entanto, só poderá decretar a intervenção, se o STF der provimento à representação do Procurador-Geral da República (art. 36, III).

Em resumo:

a competência para julgar é do STF (art. 36, III); o quorum é de maioria absoluta (art. 97, CF/88); a legitimidade para agir é exclusiva do Procurador Geral da República

(art. 129, IV, c/c art. 36, III).

17.2.2.3.5 - ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL DA CONSTITUIÇÃO - ADPF

Surgiu no ordenamento jurídico com a promulgação da lei ordinária nº 9.882, de 3-12-1999, que regulamentou o §1º, do artigo 102 da CF/88, o qual dispõe que a argüição de descumprimento de preceito fundamental será apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei. Trata-se de exemplo de norma constitucional de eficácia limitada.

a) Competência para julgar - Supremo Tribunal Federal (CF art. 102, § 1º, da CF/88).

b) Quorum – a decisão sobre ADPF somente será tomada se presentes na sessão pelo menos dois terços dos Ministros, pelo voto da maioria absoluta dos membros do STF (Lei nº 9.882, art. 8º).

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c) Legitimidade ativa - podem propor a ADPF os legitimados para a ação direta de inconstitucionalidade (Lei nº 9.882, art. 2º, I).

d) Objeto – evitar ou reparar lesão a preceito fundamental da Constituição resultante de ato do Poder Público. Caberá também quando for relevante o fundamento da controvérsia constitucional sobre lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal, incluídos os anteriores à Constituição (Lei 9882, caput do art. 1º e parágrafo único).

e) Caráter Subsidiário – não será admitida ADPF quando houver qualquer outro meio eficaz de sanar a lesividade (lei 9.882, art. 4º, § 1º).

f) Medida liminar – admite. O STF, por decisão da maioria absoluta de seus membros, poderá deferir pedido de medida liminar na ADPF (lei 9.882, art. 5º). A liminar poderá consistir na determinação de que juízes e tribunais suspendam o andamento de processo ou os efeitos de decisões judiciais que apresente relação com a matéria objeto da ADPF, salvo se decorrentes de coisa julgada (lei 9882, art. 5º, § 3º). Em caso de extrema urgência ou perigo de lesão grave, ou ainda, em período de recesso, poderá o relator conceder a liminar, ad referendum, do Tribunal Pleno (lei 9882, art. 5º, § 1º).

g) Eficácia e efeito – julgada a ação, a decisão terá eficácia contra todos e efeito vinculante relativamente aos demais órgãos do Poder Público (lei 9.882, art. 10, § 3º.

h) Declaração de inconstitucionalidade em ADPF – ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, no processo de ADPF, e tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o STF, por maioria de dois terços de seus membros , restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir do trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado.

i) Irrecorribilidade da decisão em ADPF - a decisão que julgar procedente ou improcedente o pedido em ADPF é irrecorrível, não podendo ser objeto de ação rescisória, sendo passível apenas de embargos de declaração.

j) Cabe reclamação – caberá reclamação contra o descumprimento da decisão proferida pelo STF, na forma do seu Regimento Interno.

RESUMO 1ª parte - ESPÉCIES DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE:

Espécie Competência para Julgar

Quorum Legitimidade Ativa(quem pode propor)

Objeto Eficácia e Efeitos

Controle Difuso

Qualquer Juiz ou Tribunal

nos Tribunais: maioria absoluta do Pleno ou do respectivo órgão

especial (CF, art. 97)

Qualquer das partes (autora ou ré) durante qualquer processo judicial.

Lei ou ato normativo Federal,

Estadual, ou Municipal

Eficácia - interpartes” atinge apenas as pessoas que integraram o processo.Efeitos - ex-tunc

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retroativos no tempo. Uma das formas de exercício do controle Difuso dá-se pelo STF através do recurso Extraordinário (CF art. 102, III). Única espécie de controle da qual participa o Senado Federal (CF, art. 52, X)

ADIN – Ação direta de

inconstituciona-lidade

STF Maioria Absoluta dos membros do

STF(CF, art. 97)

(CF, art. 103: I a IX):

I – Presidente da República;II – Mesa do Senado Federal;III – Mesa da Câmara;IV – Mesa das Assembléias ou da Câmara Legislativa do DF;V – Governador de Estado ou do DF;VI – Procurador Geral da República;VII – Conselho Federal da OAB;VIII – Partido Político com representação no CN;IX – Confederação sindical ou entidade de classe de âmbito Nacional.

Lei ou ato normativo Federal

ou Estadual

(ou do DF no uso de sua

competência Estadual)

Eficácia erga omnes geral para todos que estão submetidos ao âmbito de validade da lei ou ato normativo.

Efeito da medida cautelar: em regra ex nunc

Efeito da decisão de mérito: em regra ex tunc

Efeito vinculante - em relação aos órgãos do poder Judiciário (que não poderão decidir de maneira distinta do STF), e à Administração Pública federal, estadual e municipal.

ADC – Ação declaratória de constituciona-

lidade

STFMaioria absoluta dos membros do

STF(CF, art. 97)

CF, art. 103, I a IX, redação da EC nº 45/2004 : Os mesmos legitimados

para a ADIN.

Lei ou ato normativo Federal.

Eficácia erga omnes geral para todos que estão submetidos ao âmbito de validade da lei ou ato normativo.

Efeito da medida cautelar em regra ex nuncEfeito por decisão de mérito em regra ex tunc.

Efeito vinculante– em relação aos órgãos do poder Judiciário (que não poderão decidir de maneira distinta do STF), à Administração pública federal, estadual e municipal.

Ação de inconstituciona-

lidade por omissão.

STF Maioria Absoluta dos membros do

STF(CF, art. 97)

Segundo a Jurisprudência os legitimados para interposição sãos os mesmos da ADIn.

Omissão de medida para tornar

efetiva norma constitucional

(CF, art. 102, § 2º)

Não admite medida cautelar;

Se a omissão for da cúpula do Executivo ou do Legislativo, o STF se limitará a certificar a falta da norma dando-lhes conhecimento.

Se a omissão for de órgão administrativo, o STF determinará que a medida seja produzida em 30

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dias.

Ação de inconstituciona-

lidade interventiva

STF Maioria Absoluta dos membros do

STF(CF, art. 97)

Exclusiva do Procurador Geral da República

Ato de Estado-Membro que feriu

Princípio sensível (CF,art. 34, VII)

Eficácia - erga omnes.

ADPF – Argüição de

descumprimento de preceito

fundamental da constituição

STF

Maioria Absoluta dos Membros

do STF(CF, art. 97)

Lei 9.882/99, art. 2º, I:

I – Presidente da República;II – Mesa do Senado Federal;III – Mesa da Câmara;IV – Mesa das Assembléias;V – Governador do Estado;VI – Procurador Geral da República;VII – Conselho Federal da OAB;VIII – Partido Político com representação no CN;IX – Confederação sindical ou entidade de classe de âmbito Nacional.

Lei 9.882/99, art. 1º:

Evitar/reparar lesão resultante de

ato do Poder Público.

Controvérsia constitucional

sobre Lei ou ato normativo federal,

estadual ou municipal,

incluídos os anteriores à

Constituição.

Eficácia - contra todos (erga omnes)

Efeito vinculante – em relação aos órgãos do poder Judiciário (que não poderão decidir de maneira distinta do STF), e à Administração Pública federal, estadual e municipal.

Caráter Subsidiário - não será admitida a ADPF quando houver qualquer outro meio eficaz de sanar a lesividade.

CAPÍTULO 15PONTO 18 - CONTROLE DA CONSTITUCIONALIDADE – 2ª parte

TÓPICOS DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

18.1 - CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE PELOS ESTADOS

A CF/88 prevê expressamente a instituição do controle abstrato de leis ou atos normativos estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual ao dispor:

CF/88 , art.125,

§2º Cabe aos Estados a instituição de representação de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual, vedada a atribuição da legitimação para agir a um único órgão.

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O Constituinte originário deixou a critério da Constituição Estadual definir

quem poderá entrar com representação de inconstitucionalidade no entanto, vedou expressamente a atribuição da legitimação para agir a um único órgão. Com isto abriu-se o leque de legitimação, tal como se fez no âmbito federal, onde se quebrou o monopólio em relação ao Procurador-Geral da República, com existente na Constituição passada segundo a qual só o Procurador-Geral da República poderia propor ação de inconstitucionalidade. A CF/88 ampliou a legitimidade ativa e ordenou que os Estados fizessem o mesmo. A competência para julgar cabe originariamente ao Tribunal de Justiça de cada Estado.

A Constituição do Estado de Alagoas prevê:

“Art. 133 - Compete ao Tribunal de Justiça, precipuamente, a guarda da Constituição do Estado de Alagoas, cabendo-Ihe, privativamente-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------o) a ação direta da inconstitucionalidade de lei ou de ato normativo estadual ou municipal, lesivos a esta Constituição;-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------r) a argüição de descumprimento de preceito fundamental decorrente desta Constituição”.

Art.134 - Podem propor ação de inconstitucionalidade de lei ou de ato normativo estadual ou municipal, em face desta Constituição, bem assim de ato que descumpra preceito fundamental dela decorrente:

I - o Governador do Estado;II - a Mesa da Assembléia Legislativa;III - o Prefeito Municipal;IV - a Mesa da Câmara Municipal;V - o Procurador-Geral de Justiça;VI - o Conselho Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil, em Alagoas;VII - partido político com representação na Assembléia Legislativa;VIll - sindicato ou entidade de classe, de âmbito estadual.

§ 1º - O Procurador-Geral de Justiça deverá ser previamente ouvido nas ações de inconstitucionalidade.

§ 3º - Quando o Tribunal de Justiça apreciar a inconstitucionalidade, em tese, de norma legal ou ato normativo, citará, previamente, a Procuradoria Geral do Estado, que defenderá o ato ou texto imputado.

Art. 135 - Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros poderá o Tribunal de Justiça declarar a inconstitucionalidade de lei ou de ato normativo do Poder Público. 

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18.1.1 - AÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO PELOS ESTADOS

É juridicamente possível aos Estados-membros adotarem a ação de inconstitucionalidade por omissão, uma vez que o artigo 125, §2º, da Carta Federal estabelece que cabe aos Estados a representação de inconstitucionalidade das leis estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual. A competência é do respectivo Tribunal de Justiça.

O parágrafo 2ª, do Art.134, da Constituição de Alagoas prevê que “declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tomar efetiva norma constitucional, será dada ciência ao Poder competente para a adoção das providências necessárias e, em se tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias”.

18.1.2 - AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE INTERVENTIVA PELOS ESTADOS

É prevista a adoção pelo Estado-membro da ação direta interventiva. Tal conclusão advém da interpretação do preceito do art. 35, IV, da Constituição Federal:

“Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios (...) exceto quando:

IV – o Tribunal de justiça der provimento a representação para assegurar a observância de princípios indicados na Constituição Estadual”.

Para nunca esquecer: Os Estados podem instituir o controle abstrato de constitucionalidade de leis e atos normativos estaduais e municipais em face somente da Constituição Estadual.

18.1.3 - AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE FACE A CARTA ESTADUAL

A CF/88 não permite e nem veda a ADECON face a Constituição Estadual. A questão comporta tormentosa divergência.

Alexandre de Moraes entende que “desde que seguissem o modelo federal, nada estaria a impedir que o legislador constituinte-reformador estadual criasse por emenda constitucional uma ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo estadual, em face da Constituição Estadual, a ser ajuizada no Tribunal de Justiça e tendo como co-legitimados o Governador do Estado, a Mesa da Assembléia Legislativa e o Procurador-Geral de Justiça.” (Direito Constitucional, 5ª edição, 1999, pág. 569).

18.2 - CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE PELO DISTRITO FEDERAL

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Sobre o Distrito Federal, como vimos, a CF/88, artigo 32, dispõe que é regido por lei orgânica, que é vedada sua divisão em municípios e que detém as competências legislativas atribuídas aos estados e municípios. Estudamos que as leis e atos normativos do Distrito Federal, no exercício da competência estadual, estão submetidos a controle de constitucionalidade face a Constituição Federal.

Vamos nos ater ao controle abstrato de constitucionalidade realizado em face de sua Lei Orgânica. Lembrem-se de que, conforme o artigo 22, XVII, da CF/88, compete privativamente à União legislar sobre a organização judiciária do Distrito Federal. Desta forma o controle de constitucionalidade no Distrito Federal é regulamentado pela União.

18.2.1 - AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE NO DF

A ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Distrito Federal em face da sua Lei Orgânica, diz respeito ao controle das leis do Distrito Federal no uso de sua competência legislativa estadual, bem como no uso de competência legislativa municipal. Foi introduzido pela recente lei que alterou a organização judiciária do Distrito Federal e Territórios, Lei nº 9.868, de 10/11/99, que acresceu a alínea “n” ao artigo 8º, I, da Lei nº 8.185/91.

18.2.2 - AÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO NO DF

A lei de Organização Judiciária do Distrito Federal, dispõe que, uma vez declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva norma da Lei Orgânica do Distrito Federal, a decisão será comunicada ao Poder competente para adoção das providências necessárias, e, tratando-se de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias ( Lei nº 9.868/99 também acresceu o § 4º, II, ao art. 8º).

18.3 - CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE DE LEIS E ATOS MUNICIPAIS

Como sabemos, no Brasil os Municípios não possuem Poder Judiciário. Até 1999 não existia controle abstrato de constitucionalidade de lei municipal face a Constituição Federal. As leis e atos normativos municipais face à Constituição Federal só eram passíveis de controle de constitucionalidade através do critério difuso. Conforme já visto, o artigo 1º, da Lei nº 9.882/99, que regula a ADPF, instituiu a possibilidade de controle abstrato de constitucionalidade das leis municipais face a Carta Federal.

Não confundir esse tipo de controle, do qual falamos no parágrafo anterior, com o controle de constitucionalidade abstrato das leis e atos normativos municipais face a Carta estadual. A grande novidade trazida pela ADPF-

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Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental foi a possibilidade de aquele controle ser exercido tomando-se como parâmetro a Constituição Federal.

18.4 - INTERPRETAÇÃO CONFORME A CONSTITUIÇÃO

Ocorre quando o sentido do texto legal a ser interpretado for plurívoco, ou seja, comporte várias possibilidades de interpretação. Caberá ao STF firmar a única interpretação que considere compatível com a Carta Política. Segundo Luís Roberto Barroso, uma vez firmada uma linha de interpretação, ocorre “a exclusão expressa de outras possibilidades interpretativas, reputadas inconstitucionais. A conseqüência é, sem dúvida, a preservação do texto da norma interpretada” (Interpretação e Aplicação da Constituição, 3ª edição, 1999). E, por preservar o texto da norma interpretada, em vez de retirá-la do ordenamento jurídico, a interpretação conforme a Constituição realiza o princípio da CONSERVAÇÃO DAS NORMAS.

Segundo a Jurisprudência do STF, a interpretação conforme a Constituição é princípio que se situa no âmbito do controle de constitucionalidade, e não apenas de simples interpretação. A aplicação desse princípio sofre, porém, restrições, uma vez que, ao declarar a inconstitucionalidade de uma lei em tese, o STF - em sua função de corte constitucional – atua como legislador negativo, mas não tem o poder de agir como legislador positivo, para criar norma jurídica diversa da instituída pelo Poder Legislativo.

Por isso, se a única interpretação possível para compatibilizar a norma com a Constituição contrariar o sentido inequívoco que o Poder Legislativo lhe pretendeu dar, não se pode aplicar o princípio da interpretação conforme a constituição, que implicaria, em verdade, criação de norma jurídica, o que é privativo do legislador positivo. (RP-1417/DF, 09.12.87, Relator: Min. Moreira Alves).

ATENÇÃO! Com a promulgação da lei 9.868/99 a interpretação conforme a Constituição passou a ter efeito vinculante.

APARECEU NO CONCURSO PARA Analista de Controle Externo ACE/TCU – 2005-2006 13 c) Na aplicação do princípio da interpretação das leis em conformidade

com a Constituição, o intérprete deve considerar, no ato de interpretação, o princípio da prevalência da constituição e o princípio da conservação das normas (esta assertiva está: .........................................)

18.5 - CONTROLE DE NORMAS ANTERIORES À CONSTITUIÇÃO

Estudamos no capítulo dedicado à teoria geral, que, de acordo com a teoria da recepção, o direito anterior deve ser recebido pela nova ordem constitucional, desde que se mostre compatível com a nova Constituição

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sob uma perspectiva estritamente material, ou seja, de conteúdo. A nova Constituição ao entrar em vigor, simplesmente revoga toda a legislação precedente com ela imcompatível.

Esta verificação da compatibilidade entre norma infraconstitucional anterior a 1988 e a Carta Política, segundo o Supremo Tribunal Federal, deverá ser pronunciada incidentalmente, na apreciação de um caso concreto, e não em tese, mediante controle abstrato

Assim concluímos que o controle de constitucionalidade de leis e atos normativos anteriores à Constituição de 1988 (direito pré-constitucional) deverá ser feito apenas no controle difuso. Apenas com o surgimento da ADPF, regulamenta pela lei 9.882/1999, passou a existir a possibilidade do exame da constitucionalidade de normas anteriores à Constituição de 1988, no âmbito do controle abstrato, face a Constituição de 1988.

Segundo Jurisprudência do STF, “o vício da inconstitucionalidade é congênito à lei e há de ser apurado em face da Constituição vigente ao tempo de sua elaboração. Lei anterior não pode ser inconstitucional em face da Constituição superveniente, nem o legislador poderia infringir a Constituição futura. A Constituição sobrevinda não torna inconstitucionais leis anteriores com ela conflitantes: revoga-as. Pelo fato de ser superior, a Constituição não deixa de produzir efeitos revogatórios. Seria ilógico que a lei fundamental, por ser suprema, não revogasse, ao ser promulgada, leis ordinárias. A lei maior valeria menos que a lei ordinária. Ação direta de que não se conhece por impossibilidade jurídica do pedido”. (ADI-2/DF, Tribunal Pleno, Relator: Min. Paulo Brossard, 06/02/92).

18.6 - NORMA DO PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO

O sistema de controle da constitucionalidade adotado no Brasil não comporta o exame da constitucionalidade de normas constitucionais originárias.

18.7 - NORMA DO PODER CONSTITUINTE DERIVADO : Emenda Constitucional

O Supremo Tribunal Federal é competente para examinar a constitucionalidade ou não de emenda constitucional (14/4/93, Min. Moreira Alves).

18.8 - SÚMULA DE TRIBUNAL SUPERIOR

Segundo o STF não cabe ação de inconstitucionalidade contra Súmula de Tribunal Superior, porque esta não apresenta características de ato normativo (19/2/92, Min. Carlos Velloso).

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18.9 – DECRETO DO PODER EXECUTIVO

Segundo o STF o decreto regulamentar não está sujeito ao controle de constitucionalidade, dado que se o decreto vai além do conteúdo da lei, pratica ilegalidade e não inconstitucionalidade. Somente na hipótese de não existir lei que preceda o ato regulamentar, é que poderia este ser acoimado de inconstitucionalidade, assim sujeito ao controle de constitucionalidade (STF, Pleno, rel. Min. Carlos Velloso, publicado em 25-8-95).

É admissível, excepcionalmente, ação direta de inconstitucionalidade contra decreto que não regulamenta lei, ou seja, autônomo (22/5/92, Min. Moreira Alves).

18.10 - TRATADO INTERNACIONAL

O tratado internacional é passível do controle de constitucionalidade pelo método abstrato, bem como pelo difuso.

18.11 - ATOS PRIMÁRIOS

Denomina-se ato primário qualquer ato normativo que derive diretamente da Constituição, assim, essenciais para conferir plena eficácia a regra constitucional. Um ato primário se caracteriza, basicamente por não regulamentar qualquer outro ato jurídico, salvo a própria Carta Magna.

São primários os atos legislativos mencionados no art. 59 da Constituição, bem como seus equivalentes estaduais, distritais e municipais, as constituições estaduais e Leis Orgânicas do Distrito Federal e dos Municípios e os regimentos internos dos tribunais, neste último caso, conforme competência atribuída pelo art. 96, I, ”a”.

JURISPRUDÊNCIA DO STF - Texto constitucional não se regulamenta originariamente por ato administrativo normativo, mas, sim, por lei ou ato normativo a esta equivalente (17/6/93, Min. Moreira Alves).

18.12 - CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO

Assim é conhecida a norma da CF, art. 97, caput, ao dispor que somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público. O órgão especial, previsto na CF, art. 93, XI, com redação da emenda nº 45, poderá ser constituído nos tribunais com número superior a vinte e cinco julgadores, com o mínimo de onze e o máximo de vinte e cinco membros, para

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o exercício das atribuições delegadas da competência do tribunal pleno, provendo-se metade das vagas por antigüidade e a outra metade por eleição pelo tribunal pleno;

A cláusula de reserva de plenário não veda a possibilidade de o juiz monocrático declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público, mas sim, determina uma regra específica aos tribunais para garantia de maior segurança jurídica.

Segundo esse preceito constitucional, qualquer tribunal só pode declarar a inconstitucionalidade de um ato normativo se o fizer por maioria absoluta, salvo se possuir órgão especial, hipótese em que tal decisão deverá receber os votos da maioria absoluta deste. Em decorrência nenhum órgão fracionário, turma, câmara, ou sessão, de qualquer tribunal dispõe de competência para declarar a inconstitucionalidade de leis ou atos normativos emanados do Poder Público sob pena de absoluta nulidade.

18.13 - ATOS “INTENA CORPORIS”

Os atos interna corporis, em regra, não estão sujeitos ao controle da constitucionalidade; porém se conflitarem com as formalidades, ritos ou processos prescritos pela Constituição passam a ser suscetíveis de controle judicial.

Por exemplo, a briga de ACM e JÁDER pela presidência do Senado Federal. É o tipo do assunto que se relaciona direta e imediatamente com a economia interna da corporação legislativa e que, por sua natureza, é reservado à exclusiva apreciação e deliberação do Plenário ou da Mesa do Senado. O Judiciário não pode substituir a deliberação desses órgãos por um pronunciamento judicial sobre o que é da exclusiva competência discricionária do Plenário ou da Mesa. Mas o Judiciário poderá sempre confrontar o ato praticado com as prescrições constitucionais que estabeleçam condições, forma ou rito para sua consecução. Este controle será difuso, através de mandado de segurança.

18.14 - CONTROLE JURISDICIONAL PREVENTIVO – UMA EXCEÇÃO

A jurisprudência do STF é enfática ao concluir que o direito constitucional positivo brasileiro não admite o sistema de controle jurisdicional preventivo de constitucionalidade em abstrato. O controle abstrato exige, salvo na hipótese de inconstitucionalidade por omissão, que a ação direta só incidirá sobre leis e atos normativos federais e estaduais já promulgados, editados e publicados.

Excepcionalmente o STF já admitiu o controle Jurisdicional preventivo de constitucionalidade, só que no critério difuso. Assim o fez por entender que compete ao Poder Judiciário analisar, em sede de mandado de segurança ajuizado por parlamentar, a regularidade na observância por parte do Congresso Nacional de normas constitucionais referentes ao processo

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legislativo, uma vez que os congressistas têm direito líquido e certo a não participarem de processo legislativo vedado pela Constituição Federal. Em julgado envolvendo Proposta de Emenda Constitucional, a nossa Suprema Corte decidiu ser possível o controle jurisdicional preventivo de constitucionalidade no critério difuso, via mandado de segurança contra o processamento de Emenda Constitucional, quando há violação do preceito constitucional expresso que veda a apresentação de tal emenda.

JURISPRUDÊNCIA DO STF:

O processo de formação das leis ou de elaboração de emendas à Constituição revela-se suscetível de controle incidental ou difuso pelo Poder Judiciário, sempre que, havendo possibilidade de lesão à ordem jurídico-constitucional, a impugnação vier a ser suscitada por membro do próprio Congresso Nacional, pois, nesse domínio, somente ao parlamentar - que dispõe do direito público subjetivo à correta observância das cláusulas que compõem o devido processo legislativo - assiste legitimidade ativa ad causam para provocar a fiscalização jurisdicional. - A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal firmou-se no sentido de recusar, a terceiros que não ostentem a condição de parlamentar, qualquer legitimidade que lhes atribua a prerrogativa de questionar, incidenter tantum, em sede mandamental, a validade jurídico-constitucional de proposta de emenda à Constituição, ainda em tramitação no Congresso Nacional (MS 23565 / DF, Julgamento 10/11/1999, Relator Min. Celso de Mello.)

18.15 - ACÃO DIRETA POR ENTIDADE DE CLASSE - PERTINÊNCIA

A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal erigiu a pertinência, enquanto adequação entre finalidades estatutárias e o conteúdo material da norma, como critério objetivo para o conhecimento de ação direta de inconstitucionalidade promovida pelas entidades de classe de âmbito nacional - inciso IX, do art. 103 da CF (31/8/94, Min. Ilmar Galvão).

Também é exigida pertinência com relação as ações propostas pelas Mesas da Assembléias Legislativas e pelos Governadores dos Estados e do Distrito Federal (estes órgãos terão que a demonstrar a repercussão em seus Estados quando propuserem ADIN em relação a normas de outros Estados).

18.16 – LEGITIMIDADE DO PARTIDO POLÍTICO QUE PERDE REPRESENTAÇÃO

Neste aspecto da legitimidade do partido político houve mudança no posicionamento do STF. Apresento abaixo a Jurisprudência anterior e a atual.

O STF pensava, conforme informativo nº 235 (ADI – 1063) (Rel. Min. Celso de Mello, em 18-6-2001), da seguinte forma: “A perda superveniente de representação parlamentar no Congresso Nacional tem efeito desqualificador da legitimidade ativa do Partido Político para o processo de controle normativo abstrato, não obstante a agremiação partidária, quando do ajuizamento da ação direta de inconstitucionalidade, atendesse, plenamente, ao que determina o art. 103, VIII, da Constituição”.

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O STF evoluiu e passou a entender assim: Informativo nº 356 (ADI – 2159) rel. originário Min. Carlos Velloso, rel. p/ acórdão Min. Gilmar Mendes, 12.8.2004). “Entendeu-se que a aferição da legitimidade deve ser feita no momento da propositura da ação e que a perda superveniente de representação do partido político no Congresso Nacional não o desqualifica como legitimado ativo para a ação direta de inconstitucionalidade. Vencidos o Min. Carlos Velloso, relator, e Celso de Mello, que consideravam que a perda da representação implicava a perda da capacidade postulatória”.

Perceba que não é vergonha nenhuma mudarmos de idéia, ou melhor, evoluirmos; foi assim que evoluiu o STF quanto ao tema da legitimidade do partido político para propor ADIN..

18..APARECEU NO AFRF- 2005/ESAF43 d) No caso de um partido político perder sua representação no Congresso Nacional após ter proposto uma ação direta de inconstitucionalidade, essa ação é considerada prejudicada, por perda superveniente de legitimidade ativa para a sua propositura. (esta assertiva está ..........)

17 - AÇÃO CIVIL PÚBLICA

O STF entende que em sede de ação civil pública pode se dar o controle difuso de constitucionalidade. O que se veda é a utilização da ação civil pública como sucedâneo da ação direta de inconstitucionalidade.

É importante destacar a Jurisprudência acima do STF tendo em vista que em se tratando de ação civil pública “a sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator...” (art. 16, da lei 7.347/1985).

18.18 - CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE PELOS TRIBUNAIS DE CONTAS

SÚMULA 347 DO STF – O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos do poder público.

De acordo com posicionamentos firmados pelo Supremo Tribunal Federal, os Tribunais de Contas poderão deixar de aplicar uma lei quando considerá-la inconstitucional, exercendo o chamado controle difuso e incidental.

18.19 - RECURSOS AO STF DAS DECISÕES DOS TRIBUNAIS DE JUSTIÇA EM CONTROLE ABSTRATO

É possível a interposição de recurso extraordinário, previsto no art. 103, III, da CF/88, contra as decisões dos Tribunais de Justiça dos Estados-Membros, proferidas no controle abstrato de normas, quando se tratar de norma da Carta Estadual de reprodução obrigatória da Carta Federal. Como

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vimos, o recurso extraordinário é uma forma de exercício de controle difuso e concreto de constitucionalidade.

Por falar em recurso extraordinário, esta forma de controle do caso concreto foi objeto de recente modificação pela Emenda Constitucional nº 45, publicada em 31/12/2004.

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:..........................................................................................................................................

III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida:

a) contrariar dispositivo desta Constituição;b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição; d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal. (alínea acrescentada pela EC nº 45/2004)

§ 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus membros. (Incluído pela EC nº 45/2004)

APARECEU NO CONCURSO PARA O CARGO DE AFC - STN

73 - No recurso extraordinário, o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, para que o Supremo Tribunal Federal examine a admissão do recurso, só sendo admitido o recurso que obtiver manifestação favorável de dois terços dos membros do Tribunal (Esta assertiva está ....................................).

18.20 – O CONGESSO NACIONAL NÃO REALIZA CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

Para alguns autores, Alexandre de Moraes, Válber Agra e Vicente Paulo e também para o autor desta apostila em edições anteriores, o Congresso Nacional, mediante decreto legislativo, na forma do art. 49, V, ao sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites da delegação legislativa, estaria exercendo um tipo de controle repressivo de constitucionalidade. E, em acontecendo tal controle – controle político- estaríamos diante de uma exceção ao controle jurisdicional repressivo de constitucionalidade. No entanto, em concursos recentes, a resposta oficial dá conta que em tais situações o Congresso Nacional não

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estaria realizando controle de constitucionalidade, mas sim controle da legalidade.

Por exemplo: a questão 39 da prova para o AFC/CGU indagou: ( ) A extrapolação, pelo Poder Executivo, no uso do seu poder regulamentar, caracteriza, segundo a jurisprudência do STF, uma ilegalidade e não uma inconstitucionalidade, uma vez que não há ofensa direta à literalidade de dispositivo da Constituição.

O gabarito oficial definitivo apontou como verdadeira esta assertiva. É a Jurisprudência do STF. Entendo, após refletir sobre a questão que cabe razão a Esaf. Mudei, evolui. Vamos estudar melhor. Com este objetivo transcrevo o teor da norma questionada, art. 49, V, da CF/88:

CF, Art. 49 É da competência exclusiva do Congresso Nacional:-------------------------------------------------------------------------V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites da delegação legislativa.

Ora, vejam como é simples compreender. Em nenhum dos casos acima o Poder Executivo feriu diretamente a Constituição. Se assim procedeu, o fez indiretamente. Ocorre que o STF não conhece ação de inconstitucionalidade por ofensa indireta à Constituição. No primeiro caso, de exorbitância do poder regulamentar, o Poder Executivo foi além dos limites estabelecidos em lei. No segundo, se exorbitar dos limites da delegação legislativa, o Poder Executivo extrapolou os limites estabelecidos na resolução do Congresso Nacional que autorizou o Presidente da República a expedir a lei delegada.

Recomendo que vocês corrijam os seus livros de Direito Constitucional de Alexandre de Moraes, Válber Agra, e Vicente Paulo, pois a nossa apostila nós já a corrigimos.

Por último, se vocês me perguntarem: por que eles erraram (e também nós) ???? Eu responderei com um refrão de uma “música brega” bastante tocada nas rádios no ano de 2003 e princípios de 2004: “PORQUE MEU BEM NINGUÉM É PERFEITO E A VIDA É ASSIM.

No entanto, o mundo dos concursos dá algumas voltas e APARECEU NO CONCURSO PARA AUDITOR –TCE/PI 2005, a seguinte questão:

15. Considera-se mecanismo de controle político repressivo de constitucionalidade

(A)) a sustação pelo Congresso de atos do Executivo que exorbitem de seu poder regulamentar.(B) o veto presidencial a projetos de lei ordinária ou complementar.(C) a argüição de descumprimento de preceito fundamental.(D) a representação interventiva ofertada pelo Procurador-Geral da República.(E) a ação direta de inconstitucionalidade por omissão imputável ao Legislativo.

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Gabarito : das QUESTÕES - CAPÍTULO 15do PONTO 17 e 18 - CONTROLE DA

CONSTITUCIONALIDADE

01 – (AFC/92).O processo e julgamento originário da ação direta de inconstitucionalidade da Lei ou ato normativo federal ou estadual é competência, entre outras hipóteses, do:

a) Supremo Tribunal Federal, por proposição de qualquer partido político ou confederação sindical ou entidade de classe regional

b) Superior Tribunal de Justiça, por proposição da Mesa do Senado Federal

c) Supremo Tribunal Federal, por proposição de Mesa de Câmara Municipal

d) Superior Tribunal de Justiça por proposição do Presidente da República ou do Procurador - Geral da República

e) Supremo Tribunal Federal, por proposição do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil

02 - (MPU/93). Pode propor a ação de inconstitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal

a) O Conselho Seccional da Ordem dos Advogados do Brasilb) qualquer partido políticoc) O Procurador- Geral da Repúblicad) qualquer confederação sindical ou entidade de classe e) a Mesa de Câmara Municipal

03 - (Procurador do INSS/93). O processo e julgamento da ação direta ou da representação de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos.

a) federais , em face da Constituição Federal, são da competência do Supremo Tribunal de Justiça

b) estaduais ou municipais, em face da Constituição Estadual, serão instituídos pelos Estados

c) estaduais ou municipais, em face da Constituição Federal, competem ao Supremo Tribunal Federal

d) municipais, em face da Lei Orgânica respectiva, são da competência da justiça estadual ordinária.

e) Estaduais ou municipais, em face da Constituição Federal, serão instituídos por lei complementar federal

4 - (Juiz do Trabalho/PI 2000) Assinale a alternativa incorreta: a) Quando o Supremo Tribunal Federal apreciar a inconstitucionalidade, em tese, de norma legal estadual ou ato normativo estadual, citará, previamente, o Procurador-Geral do Estado, que defenderá o ato ou texto impugnado;

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b) É cabível liminar em sede de ação direta de inconstitucionalidade, bem como de ação declaratória de constitucionalidade; c) Pode propor ação direta de inconstitucionalidade a mesa da Câmara dos Deputados; d) As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal nas ações declaratórias de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal, produzirão eficácia contra todos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário;

5 – (Procurador da Fazenda Nacional 1998 – ESAF, adaptada) A ação declaratória de constitucionalidade.não poderá ser proposta pelo (pelas)a) Presidente da República ou pelo Procurador-Geral da Repúblicab) Presidente da República e pelo Procurador-Geral da República, conjuntamentec) Mesas do Senado ou da Câmarad) Conselho Federal da OABe) Mesas das Assembléias Legislativas

6 - (Procurador do Município Diadema/SP 2000) Acerca do controle e do(s) critério(s) de constitucionalidade à vista da Constituição vigente: a) o controle vigente é o misto e o critério é predominantemente concentrado; b) o controle é político e o critério é difuso; c) o controle é misto, embora acentuadamente político, e os critérios são difuso e concentrado; d) o controle é jurisdicional e os critérios são o difuso e concentrado combinados;

7 - (Delegado da Policia Civil/SP 2000) O controle constitucional exercido pelo Supremo Tribunal Federal em última instância, após esgotados os recursos previstos legalmente, representa o sistema

a) concentrado de controle da constitucionalidade.b) de freios e contrapesos dos Poderes.c) coletivo de controle da constitucionalidade.d) difuso de controle da constitucionalidade.

8 - (Analista de Finanças e Controle-STN/2000 ESAF) Sobre o controle de constitucionalidade no Brasil, assinale a opção correta.

a) O controle abstrato de constitucionalidade é realizado no Brasil apenas pelo Supremo Tribunal Federal, mediante a provocação de cidadão que tenha um direito fundamental seu violado pelos poderes públicos.

b) A decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal, ao decidir questão de inconstitucionalidade por meio do controle de constitucionalidade em tese, produz efeitos apenas entre as partes, podendo, entretanto, produzir também efeitos contra todos (erga omnes), se a lei invalidada vier a ser suspensa pelo Senado Federal.

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c) Uma lei de um Município, mesmo que claramente contrária à Constituição Federal, não pode ser declarada inválida pelo Supremo Tribunal Federal numa ação direta de inconstitucionalidade.

d) A decisão do Supremo Tribunal Federal numa ação declaratória de constitucionalidade somente produz eficácia contra todos e efeito vinculante, quando julgada procedente no seu mérito.

e) Um tribunal de justiça estadual não pode declarar a inconstitucionalidade de uma lei federal.

09 - (AGU/96). Assinale a assertiva correta (adaptada).

a) O direito pré-constitucional não é suscetível de exame na via da ação direta de inconstitucionalidade.

b) Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal federal, o Governador de um Estado não pode impugnar, em ação direta de inconstitucionalidade, lei ou ato normativo de outro Estado.

c) As súmulas dos Tribunais podem ser objeto de ação direta de inconstitucionalidade .

d) Os atos meramente regulamentares podem ser impugnados na via da ação direta de inconstitucionalidade.

e) Todos os atos normativos do Distrito Federal estão submetidos ao controle de constitucionalidade abstrato perante o Supremo Tribunal Federal.

10 - (AGU/96). Assinale a assertiva correta (questão adaptada)

a) Nos termos expressos da Constituição, os Estados-Membros dispõem de autonomia para instituir a ação direta de inconstitucionalidade, a ação declaratória de constitucionalidade e a ação direta de inconstitucionalidade por omissão.

b) Os atos normativos do Distrito Federal praticados no exercício de sua competência municipal não poderão ser apreciados, em ação direta de inconstitucionalidade, pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Território.

c) Estado-membro vincula-se ao sistema de iniciativa legislativa privativa do Executivo fixado pela Constituição Federal.

d) Lei do Distrito Federal poderá instituir ação direta de inconstitucionalidade perante o Tribunal de Justiça destinada a aferir a legitimidade de seus atos normativos em face da Lei Orgânica.

e) É ilegítima decisão do constituinte estadual que condiciona a instauração do processo-crime contra o Governador à outorga de licença pela Assembléia Legislativa.

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11 – (AFTN/96). Quanto ao controle de constitucionalidade, assinale a assertiva correta (adaptada).

a) Compete ao Senado Federal suspender a execução de lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal que teve sua inconstitucionalidade declarada pelo Supremo Tribunal Federal no caso concreto ou em processo de controle abstrato de normas.

b) A declaração de inconstitucionalidade incidental nos Tribunais poderá dar-se mediante decisão das Turmas ou dos demais órgãos fracionários.

c) No caso de suspensão de execução da lei ou ato normativo declarado inconstitucional, poderá o Senado Federal suspender o ato normativo impugnado, admitindo-se inclusive que se suspenda uma ou algumas disposições declaradas inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal.

d) ato do Congresso Nacional que suspende ato normativo que exorbite os limites do Poder Regulamentar pode ter sua legitimidade aferida pelo Supremo Tribunal Federal.

e) A incompatibilidade entre o direito ordinário pré-constitucional e a Constituição não está prevista em sede de Controle de Constitucionalidade.

12 – (Defensor Público da União/2001 CESPE/UnB) Julgue os itens assinalando “C” para as proposições corretas e “E” para as erradas.

(1) Não cabe a ação declaratória de constitucionalidade contra Medida Provisória ainda não convertida em lei.(2) Somente a decisão de mérito em ação declaratória de constitucionalidade possui efeito vinculante.(3) É possível atribuir eficácia ex tunc à decisão proferida em medida cautelar em ação declaratória de constitucionalidade.(4) A legitimação ativa para a ação declaratória de constitucionalidade é idêntica à existente para a ação direta de inconstitucionalidade.(5) As leis editadas pelo Distrito Federal no uso da competência legislativa estadual podem ser objeto de ação declaratória de constitucionalidade.

13 – (AGU/96). Assinale a assertiva correta.

a) No modelo constitucional de 1988, todas as leis devem ser aprovadas pela maioria dos membros da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.

b) Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a medida provisória não conhece limite de caráter material, podendo, inclusive, conter definição de crimes e a fixação de penas.

c) É lei complementar toda aquela votada como tal pelo Congresso Nacional.

d) A resolução do Congresso Nacional que susta os atos normativos do Executivo exorbitante do poder regulamentar não é suscetível de revisão no âmbito judicial.

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e) Em se tratando de suspensão de execução da lei ou ato normativo declarado inconstitucional, incidentalmente, pelo Supremo Tribunal Federal o Senado não está obrigado a proceder à imediata suspensão do ato.

14 - (Analista Judiciário – Área Administrativa TRF 5ª/FCC/2003) Somente poderão os Tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público

(A) por decisão unânime de seus membros ou do respectivo órgão especial.(B))pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou do respectivo órgão especial.

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GABARITO - CONTROLE DA CONSTITUCIONALIDADE

03 B art. 125, § 2º04 A01 E arts. 102,I,”a”; 103, I a VII02 C art. 103,VI05 B06 D 07 D08 C09 A10 C11 D12 E E C C E13 E14 B

PONTO 19 – DA ORDEM SOCIAL

A ordem social tem como base o primado do trabalho, e como objetivo o bem-estar e a justiça sociais. Prevendo e prevenindo uma extraordinária gama de direitos que partem do trabalho para alcançar o bem-estar da coletividade geral com distribuição de justiça social, a Ordem Social cuida, de modo analítico (detalhado), da Seguridade Social (saúde, previdência e assistência), da Educação, da Cultura, do Desporto, da Ciência e da Tecnologia, da Comunicação Social, do Meio Ambiente, da Família (adolescente, criança e idoso) e dos Índios, cujos arts. Vão do 194 ao 232, CF.

19.1 - DA SEGURIDADE SOCIAL Envolve ações de seguridade: a saúde, a assistência e a previdência sociais. Compreende, em suma, um complexo de ações e benefícios promovidos pelo Estado e pela sociedade civil no sentido de garantir ou assegurar aos indivíduos uma manutenção digna à condição humana, quando em momentos de dificuldades para com o sustento próprio e o da família. Na ordem social, especial atenção deve ser dispensada à seguridade, notadamente ao que se relaciona com seus princípios, seu financiamento e, isoladamente, com as suas ações (saúde, previdência e assistência).

19.1.1 - PRINCÍPIOS DA SEGURIDADE SOCIAL

Os princípios constitucionais específicos da seguridade, de que trata o art. 194, revelam uma intensa preocupação social do sistema para com os seus beneficiários. Vejamos:

1) UNIVERSALIDADE DA COBERTURA E DO ATENDIMENTO segundo esse princípio, a seguridade deve beneficiar indistintamente a todas as pessoas, independente de qualquer

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contribuição. Sob a ótica subjetiva, universalidade abrange todas as pessoas; sob a objetiva, todas as prestações e benefícios. A universalidade da cobertura deve ser entendida como a necessidade das pessoas atingidas por uma contingência humana (idade avançada, morte, impossibilidade de retorno ao trabalho etc.); a de atendimento refere-se às adversidades ou acontecimentos em que a pessoa não disponha de condições próprias de renda ou subsistência. Há universalidade na saúde, pois todos têm direito a socorro do sistema, independente de contribuição, sendo direito da pessoa e dever do Estado (art. 196, CF).

2) UNIFORMIDADE E EQUIVALÊNCIA DOS BENEFÍCIOS E SERVIÇOS ÀS POPULAÇÕES URBANAS E RURAIS desdobra-se do princípio da igualdade, no sentido de não permitir distinções, isto é, não deve haver ‘duas formas’ no regime geral, mas apenas uma (uni). A prestação securitária (ou o objeto da obrigação securitária) se dá por meio de benefícios (prestações pecuniárias ou em dinheiro) e/ou serviços (p. ex.: reabilitação profissional).

3) SELETIVIDADE E DISTRIBUTIVIDADE NA PRESTAÇÃO DE BENEFÍCIOS E SERVIÇOS seletividade significa escolher ou selecionar politicamente (por meio de lei) a prestação conforme as disponibilidades o sistema de seguridade. Distributividade, de caráter social, implica solidariedade para distribuição dos recursos securitários.

4) IRREDUTIBILIDADE DO VALOR DOS BENEFÍCIOS trata-se de segurança jurídica em favor dos segurados, a fim de preservar o valor real da prestação percebida (§ 4º, art. 201, CF).

5) EQÜIDADE NA FORMA DE PARTICIPAÇÃO DO CUSTEIO embora de difícil verificação, ante as diversas fontes de alimentação do sistema, o princípio quer efetivar isonomia no financiamento da seguridade. Tal se caracteriza, p. ex., quando é fixado que as contribuições sociais do empregador poderão ter alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, em razão da atividade econômica ou da utilização intensiva de mão-de-obra (art. 195, § 9º).

6) DIVERSIDADE DA BASE DE FINANCIAMENTO refere-se às fontes de onde provirão os recursos para custear o sistema. O art. 195, CF, determina o custeio pelos entes públicos, pelos empregadores, pelos trabalhadores e por renda dos concursos de prognósticos.

7) ADMINISTRAÇÃO DEMOCRÁTICA E DESCENTRALIZADA a gestão do sistema, segundo exigência da Lei Magna, deve atender à participação efetiva de representantes dos trabalhadores, dos empresários, dos aposentados e do Governo. Órgãos colegiados são, v.g., o CNPS – Conselho Nacional de Previdência Social, o

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CNS – Conselho Nacional de Saúde, o CRPS – Conselho de Recursos da Previdência Social etc.

No que se relaciona ao financiamento ou custeio da seguridade social, ocupar-nos-emos das contribuições sociais (art. 195, CF), cuja natureza, estudada na parte referente ao Sistema Tributário Nacional, é de exação tributária. A disposição (art. 195) deve ser estudada em conjunto com o art. 149, CF, onde estão as bases para a criação das contribuições sociais. A competência para instituir é exclusiva da União, exceto quanto às contribuições previdenciárias e assistenciais que podem ser instituídas pelos Estados, Distrito Federal e Municípios a serem cobradas de seus servidores e revertidas em benefício deles. É assentamento do STF que as contribuições sociais de que trata o art. 195, cobradas dos empregadores, trabalhadores e as incidentes sobre a receita de prognósticos podem ser instituídas por meio de lei ordinária (não se aplicam o art. 146, III, ‘a’, referente a impostos, nem o § 4º do 195, relativo à competência residual da União para criar contribuição de seguridade sobre fonte nova).

Entendimento do STF:

“A seguridade social será financiada por toda a sociedade. As contribuições para seu custeio são devidas por todos, inclusive pelas empresas que realizem operações relativas à energia elétrica, aos serviços de telecomunicações, aos derivados de petróleo, combustíveis e minerais, não se aplicando a elas, as empresas, a imunidade objetiva prevista no art. 155, § 3º ” (RREE 227.832-PR; 230.337-RN; 233.807-RN).

19.1.2 - A SAÚDE

O Estado deve prestar assistência à saúde de sua gente de modo integral e gratuito, independente de sua condição ou status social, isto é, quer esteja empregado quer desempregado, quer se trate de natural quer de estrangeiro etc., precisamente porque a Ordem Maior a concebe como direito de todos e dever do Estado. O Texto Fundamental preceitua que as ações e os serviços de saúde são de relevância pública. Ao Poder Público cabe dispor acerca da regulamentação, fiscalização e controle. A execução das ações DEVE ser de modo direto (regra geral), facultada a prestação terceirizada por pessoa física ou jurídica de direito privado. A saúde é consistente dum sistema único de ações numa integração da rede regionalizada e hierarquizada, tendo como diretrizes a descentralização (no nível de cada esfera de governo), o atendimento integral e a participação da comunidade. Os entes políticos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) devem aplicar anualmente um percentual mínimo de suas arrecadações, a ser estabelecido em lei complementar, em ações e serviços de saúde. Por expressa determinação da inclusão procedida por intermédio da EC 51, de 14 de fevereiro de 2006, os gestores locais do sistema único de saúde poderão admitir agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias por meio de processo seletivo público (ou prcesso seletivo simplificado, como, p. ex., análise de currículos), o que configura uma flexibilização das normas constitucionais atinentes à contratação de agentes

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apenas por intermédio de concurso público de provas ou de provas e títulos, devendo, para tanto, considerar a natureza e complexidade das atribuições e requisitos específicos para a atuação no desiderato fixado nessa nova ordem. Restou reservada à Lei federal a atribuição para dispor sobre o regime jurídico e a regulamentação das atividades de agente comunitário de saúde e agente de combate às endemias. Essa nova ordem constitucional incluída pelo Poder Reformador (EC 51/06) no sentido de que tais agentes somente poderão ser contratados diretamente pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios na forma por agora estabelecida, cuja constitucionalidade é claramente duvidável, assentou que além das hipóteses de perda do cargo reservada aos servidores estáveis (conforme § 1º do art. 41) e bem assim a sua perda para fins de controle dos gastos da administração (como posto no § 4º do art. 169, CF), o servidor que exerça funções equivalentes às de agente comunitário de saúde ou de agente de combate às endemias poderá perder o cargo em caso de descumprimento dos requisitos específicos, fixados em lei, para o seu exercício. A iniciativa privada participa do sistema único de modo complementativo, por meio de contratos ou convênios, dando-se preferência a entidades filantrópicas e sem fins lucrativos, vedada a participação do capital estrangeiro na assistência à saúde no País, salvo nos casos dispostos em lei . As competências do SUS estão baseadas no controle e fiscalização de procedimentos, de produtos e substâncias, na participação da produção de medicamentos, equipamentos imunobiológicos, hemoderivados etc. Cabe-lhe, também, a vigilância sanitária, controle de epidemiologia, a execução da saúde do trabalhador, a ordenação da formação dos recursos humanos de saúde, a participação na formulação da política de saúde e da execução das ações de saneamento básico. Compete ao SUS, ainda, incrementar o desenvolvimento científico e tecnológico e fiscalizar e inspecionar alimentos e bebidas para consumo humano. Finalmente, além de outras ações legais, é da atribuição do SUS participar do controle e da fiscalização da produção, do transporte, da guarda e da utilização de substâncias, produtos psicoativos, tóxicos e radiativos, além do dever de colaborar na proteção do meio ambiente.

19.1.3 - A PREVIDÊNCIA SOCIAL

A previdência social busca amparar o indivíduo que doou sua força de trabalho anos a fio para o crescimento econômico e desenvolvimento social de seu Estado, recorrendo agora, quando não mais lhe restam forças para trabalhar, à proteção do sistema para o qual contribuiu e formou, sendo coberto por eventos de doença, invalidez, morte (em relação aos dependentes), maternidade etc. Diferentemente da saúde, o regime geral da previdência é de filiação obrigatória e contributivo por todos quantos participem do sistema. Quanto ao que afeta à previdência, a CF cuida de fixar as linhas mestras dos regimes geral e complementar privado. Regula que o acesso à aposentadoria poderá ocorrer por tempo de CONTRIBUIÇÃO (o homem com 35 e a mulher com trinta anos de

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contribuição, reduzidos 5 anos para professores exclusivos da educação infantil E no ensino fundamental e médio) e decurso de idade (o homem com 65 e a mulher com 60, reduzidos 5 anos para rurais, de economia familiar, garimpeiro, produtor rural e pescador). As demais condições de aposentadoria (para a especial, por invalidez, doença profissional) e o estabelecimento de outros benefícios ficam a cargo da legislação infraconstitucional que regula a matéria pertinente à seguridade social.

19.1.4 - A ASSISTÊNCIA SOCIAL

Tutela a assistência à sociedade no seu sentido mais amplo, mesmo àqueles que, pelos desígnios de sua própria história, jamais vieram a contribuir na formação do sistema. Essa é a assistência material e psicológica, treinamento e capacitação para o trabalho etc. Seus objetivos básicos são a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; o amparo às crianças e adolescentes carentes; a promoção da integração ao mercado de trabalho; a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária; a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei. As ações governamentais na área da assistência social serão realizadas com recursos do orçamento da seguridade social (art. 195), além de outras fontes, e organizadas com base nas seguintes diretrizes : descentralização político-administrativa, cabendo a coordenação e as normas gerais à esfera federal e a coordenação e a execução dos respectivos programas às esferas estadual e municipal, bem como a entidades beneficentes e de assistência social, e participação da população, por meio de organizações representativas, na formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis.

19.1.5 - A EDUCAÇÃO Em gênero, é um direito de todos e dever do Estado e da família. Será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. O ensino será ministrado com base nos princípios:

1) igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;2) liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento,

a arte e o saber;3) pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas, e coexistência

de instituições públicas e privadas de ensino;4) gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;5) valorização dos profissionais do ensino, garantidos, na forma da lei,

planos de carreira para o magistério público, com piso salarial profissional e ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos;

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6) gestão democrática do ensino público, na forma da lei;7) garantia de padrão de qualidade.

As universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, sendo-lhes facultado admitir professores, técnicos e cientistas estrangeiros, na forma da lei, e aplicando-se esses princípios às instituições de pesquisa científica e tecnológica. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante as garantias de:

1) ensino fundamental, obrigatório e gratuito, assegurada, inclusive, sua oferta gratuita para todos os que a ele não tiveram acesso na idade própria;

2)2) progressiva universalização do ensino médio gratuito;3)3) atendimento educacional especializado aos portadores de

deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino;4)4) atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis

anos de idade;5)5) acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da

criação artística, segundo a capacidade de cada um;6)6) oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do

educando;7)7) atendimento ao educando, no ensino fundamental, através de

programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde.

O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo, importando em responsabilidade da autoridade competente o não-oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público, ou sua oferta irregular. Cumpridas as normas gerais de educação nacional e observadas a autorização e a avaliação de qualidade pelo Poder Público, o ensino é livre à iniciativa privada. O ensino fundamental regular será ministrado em língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas também a utilização de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem. Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil, enquanto os Estados e o Distrito Federal no fundamental e médio. Os recursos públicos serão destinados às escolas públicas, podendo ser dirigidos a escolas comunitárias, confessionais ou filantrópicas, definidas em lei, que comprovem finalidade não-lucrativa e apliquem seus excedentes financeiros em educação e assegurem a destinação de seu patrimônio a outra escola comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao Poder Público, no caso de encerramento de suas atividades. As atividades universitárias de pesquisa e extensão poderão receber apoio financeiro do Poder Público.

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A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de duração plurianual, visando à articulação e ao desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis e à integração das ações do Poder Público que conduzam à:

1) erradicação do analfabetismo;2) universalização do atendimento escolar;3) melhoria da qualidade do ensino;4) formação para o trabalho;5) promoção humanística, científica e tecnológica do País.

19.1.6 - A CULTURA

É dever do Estado garantir a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiar e incentivar a valorização e a difusão das manifestações culturais, proteger as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional, devendo, ainda, fixar, por lei, as datas omemorativas de alta significação para os diferentes segmentos étnicos nacionais. Não bastassem todas essas disposições de eficácia limitada trazidas originariamente no corpo da Carta de 1988, a Emenda Constitucional nº 48, de 10 de agosto de 2005, também trouxe mais um programa a ser atendido por lei regulamentadora do serôtino legislador constituído (infraconstitucional), dispondo que deve a lei estabelecer o Plano Nacional de Cultura, de duração plurianual, visando ao desenvolvimento cultural do País e à integração das ações do poder público que conduzem à:

1) defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro;2) produção, promoção e difusão de bens culturais;3) formação de pessoal qualificado para a gestão da cultura

em suas múltiplas dimensões;4) democratização do acesso aos bens de cultura;5) valorização da diversidade étnica e regional.

O patrimônio cultural brasileiro é constituído dos bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:

1) as formas de expressão;2) os modos de criar, fazer e viver;3) as criações científicas, artísticas e tecnológicas;4) as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços

destinados às manifestações artístico-culturais;5) os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico,

artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.

O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros,

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vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação. A própria Carta Magna já determinou que ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de reminiscências históricas dos antigos quilombos.

19.1.7 -19.1.7 - O DESPORTO

É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não formais, como direito de cada um, observados:

1) a autonomia das entidades desportivas dirigentes e associações, quanto a sua organização e funcionamento;

2) a destinação de recursos públicos para a promoção prioritária do desporto educacional e, em casos específicos, para a do desporto de alto rendimento;

3) o tratamento diferenciado para o desporto profissional e o não- profissional;

4) a proteção e o incentivo às manifestações desportivas de criação nacional.

O Poder Público incentivará o lazer, como forma de promoção social. O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, que terá o prazo máximo de sessenta dias, contados da instauração do processo, para proferir decisão final.

19.1.8 - A CIÊNCIA E A TECNOLOGIA

O Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento científico, a pesquisa e a capacitação tecnológicas. Entende-se como ciência o conjunto das formulações teóricas dosEntende-se como ciência o conjunto das formulações teóricas dos estudos empreendidos acerca de uma área do saber humano. Tecnologiaestudos empreendidos acerca de uma área do saber humano. Tecnologia seria, de outra sorte, a aplicação prática dos resultados teóricos obtidos pelaseria, de outra sorte, a aplicação prática dos resultados teóricos obtidos pela ciência. “Tecnologia é a ciência aplicada” (Celso B. Ribeiro).ciência. “Tecnologia é a ciência aplicada” (Celso B. Ribeiro). A pesquisa científica básica receberá tratamento prioritário do Estado, tendo em vista o bem público e o progresso das ciências, voltados preponderantemente para a solução dos problemas brasileiros e para o desenvolvimento do sistema produtivo nacional e regional. O Estado apoiará a formação de recursos humanos nas áreas de ciência, pesquisa e tecnologia, e concederá aos que delas se ocupem meios e condições especiais de trabalho. Conforme se dispuser, a lei apoiará e estimulará as empresas queConforme se dispuser, a lei apoiará e estimulará as empresas que invistam em pesquisa, criação de tecnologia adequada ao País, formação einvistam em pesquisa, criação de tecnologia adequada ao País, formação e aperfeiçoamento de seus recursos humanos e que pratiquem sistemas deaperfeiçoamento de seus recursos humanos e que pratiquem sistemas de remuneração que assegurem ao empregado, desvinculada do salário,remuneração que assegurem ao empregado, desvinculada do salário, participação nos ganhos econômicos resultantes da produtividade de seuparticipação nos ganhos econômicos resultantes da produtividade de seu trabalho, sendo facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular parcela detrabalho, sendo facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular parcela de sua receita orçamentária a entidades públicas de fomento ao ensino e àsua receita orçamentária a entidades públicas de fomento ao ensino e à pesquisa científica e tecnológica.pesquisa científica e tecnológica.

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O mercado interno integra o patrimônio nacional e será incentivado de modo a viabilizar o desenvolvimento cultural e sócio-econômico, o bem-estar da população e a autonomia tecnológica do País, nos termos de lei federal.

19.1.9 - A COMUNICAÇÃO SOCIAL Amanifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto na Constituição. Observadas as disposições quanto aos direitos e garantiasObservadas as disposições quanto aos direitos e garantias fundamentais, fundamentais, nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social, ficando vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística. A regulação das diversões e dos espetáculos públicos será dada por lei federal, cabendo ao Poder Público informar sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não se recomendem, locais e horários em que sua apresentação se mostre inadequada. Também é matéria de lei federal o estabelecimento dos meios legais que garantam à pessoa e à família a possibilidade de se defenderem de programas ou programações de rádio e televisão que contrariem o disposto acerca da moralidade e individualidade da família e do indivíduo, bem como normatizar a defesa contra a propaganda de produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao meio ambiente. A propaganda comercial de tabaco, bebidas alcoólicas, agrotóxicos, medicamentos e terapias estará sujeita a restrições legais e conterá, sempre que necessário, advertência sobre os malefícios decorrentes de seu uso. Os meios de comunicação social não podem, direta ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio, sendo firme que a publicação de veículo impresso de comunicação independe de licença de autoridade. A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos seguintes princípios:

1) preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas;

2)2) promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que objetive sua divulgação;

3)3) regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei;

4)4) respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.

A propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, ou de pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede no País. Em qualquer caso, pelo menos setenta por cento do capital total e do capital votante das empresas jornalísticas e de radiodifusão sonora e de sons e imagens deverá pertencer, direta ou indiretamente, a brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, que exercerão obrigatoriamente a gestão das atividades e estabelecerão o conteúdo da programação.

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A responsabilidade editorial e as atividades de seleção e direção da programação veiculada são privativas de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, em qualquer meio de comunicação social. A participação de capital estrangeiro nas empresas jornalísticas e de radiodifusão sonora e de sons e imagens será regulada por lei, devendo as alterações de seu controle societário ser comunicadas ao Congresso Nacional. Compete ao Poder Executivo outorgar e renovar concessão, permissão e autorização para o serviço de radiodifusão sonora e de sons e imagens, observado o princípio da complementaridade dos sistemas privado, público e estatal, cujo ato será analisado pelo Congresso Nacional. A não renovação da concessão ou permissão dependerá de aprovação de, no mínimo, dois quintos do Congresso Nacional, em votação nominal, sendo certo que o ato de outorga ou renovação somente produzirá efeitos legais após deliberação pela Casa Legislativa indicada, auxiliada pelo Conselho de Comunicação Social, e que o cancelamento da concessão ou permissão, antes de vencido o prazo, depende de decisão judicial. O prazo da concessão ou permissão será de dez anos para as emissoras de rádio e de quinze para as de televisão.

19.1.10 - O MEIO AMBIENTE Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:

preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas;

preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético;

definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;

exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;

controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;

promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente;

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proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.

Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei, sendo que as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.

19.1.11 - FAMÍLIA, CRIANÇA, ADOLESCENTE E IDOSO

A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. O casamento é civil e gratuita a celebração, mas o casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei. Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre oo homem e a mulherhomem e a mulher como entidade familiar como entidade familiar , devendo a lei facilitar sua, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.conversão em casamento. A lei disporá sobre normas de construção dos logradouros e dos edifícios de uso público e de fabricação de veículos de transporte coletivo, a fim de garantir acesso adequado às pessoas portadoras de deficiência. A lei punirá severamente o abuso, a violência e a exploração sexual daA lei punirá severamente o abuso, a violência e a exploração sexual da criança e do adolescente. A adoção será assistida pelo Poder Público, nacriança e do adolescente. A adoção será assistida pelo Poder Público, na forma da lei, que estabelecerá casos e condições de sua efetivação por parteforma da lei, que estabelecerá casos e condições de sua efetivação por parte de estrangeiros.de estrangeiros. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos àsSão penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial (ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente).normas da legislação especial (ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente). A família, a sociedade e o Estado têm A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoaso dever de amparar as pessoas idosasidosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida.dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida.

GABARIT0 DO PONTO 19 – DA ORDEM SOCIAL

1 (Juiz Substituto – TRT 11ª Região -2005) - Segundo o desenho constitucional da seguridade social, a principal característica da assistência social é

(A) seu caráter contributivo.

(B) a sua prestação prioritária por entidades não governamentais.

(C) a definição do seu campo de amparo pelo critério da necessidade.

(D) o seu caráter complementar, com filiação obrigatória.

(E) a universalidade de cobertura.

2 (Juiz Substituto – TRT 11ª Região -2005) - O direito das crianças e adolescentes à proteção especial abrange, dentre outros aspectos,

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(A) a admissão incondicionada no mercado de trabalho.

(B) a jornada de trabalho reduzida, perfazendo trinta horas semanais.

(C) o estimulo do Poder Público a programas de estágio não remunerado.

(D) o estímulo do Poder Público à adoção internacional.

(E) a garantia de direitos previdenciários e trabalhistas.

3 (Analista Judiciário – Área Administrativa – 11ª Região – 2005) - Entre. Com relação à seguridade social, é correto afirmar que

(A) as contribuições sociais do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, não poderão ter alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, em razão da atividade econômica ou da utilização intensiva de mão-de-obra.

(B) as contribuições sociais do importador de bens ou serviços do exterior, bem como as contribuições sociais sobre a receita de concursos de prognósticos não são fontes de receita da seguridade social.

(C) as receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios destinadas à seguridade social não constarão de orçamento próprio, integrando o orçamento da União.

(D) as contribuições das entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei fazem parte das receitas da seguridade social.

(E) a pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social não poderá contratar com o Poder Público, nem dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou crediticios, como estabelecido em lei.

4 (Auditor – TCE/MG – 2005) - No âmbito das regras constitucionais que tratam do custeio da seguridade social, o princípio da contra partida significa que

(A) deve haver diversidade da base de financiamento.

(B) a uniformidade e a equivalência dos benefícios prevalecem sobre a universalidade da cobertura e do atendimento.

(C) nenhum benefício ou serviço poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total.

(D) a pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social não poderá contratar com o Poder Público nem dele receber benefícios fiscais ou creditícios.

(E) o orçamento da seguridade social será elaborada de forma integrada pelos órgãos responsáveis pela saúde, previdência e assistência social.

5 (Auditor – TCE/MG – 2005) - A participação das instituições privadas no sistema único de saúde é

(A) vedada, em razão de limitações orçamentárias.

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(B) obrigatória, tanto para as empresas nacionais quanto para as de capitais estrangeiros.

(C) obrigatória, em percentuais fixados pelo Governo, por força do princípio da solidariedade.

(D) permitida, de forma complementar, mediante contrato de direito público ou convênio.

(E) vedada às instituições com fins lucrativos e às estrangeiras.

6 (Auditor – TCE/MG – 2005) - A disciplina constitucional da educação atribui a atuação prioritária no ensino fundamental e médio

(A) às instituições privadas de ensino.

(B) à União.

(C) aos Municípios.

(D) às entidades de confissão religiosa.

(E) aos Estados e ao Distrito Federal.

7 (Auditor – TCE/MG – 2005) - Visando defender e preservar o meio ambiente ecologicamente equilibrado, a Constituição permite

(A) a diminuição da integridade do patrimônio genético do País.

(B) o sigilo dos estudos prévios de impacto ambiental de obras potencialmente poluidoras.

(C) a imposição de sanções penais a pessoas jurídicas que provocarem lesão ao meio ambiente.

(D) a dispensa de recuperação da área degradada por parte do infrator.

(E) a desocupação imediata das terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.

8 (Procurador TCE/MA – 2005) - NÃO se considera objetivo constitucional da seguridade social

(A) o caráter democrático de sua administração, me diante gestão tripartite nos órgãos colegiados.

(B) a universalidade da cobertura e do atendimento.

(C) a irredutibilidade do valor dos benefícios.

(D) a uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais.

(E) a seletividade e distributividade na prestação de serviços e benefícios.

9 (Auditor – TCE/PI – 2005) - Relativamente à seguridade social, na Constituição de 1988, é INCORRETO afirmar que

(A) compete ao Poder Público organizá-Ia, com vistas a assegurar a universalidade da cobertura e do atendimento.

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Page 362: Apostila Constitucional Completa- Sabrina Rocha

(B) será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, inclusive mediante contribuições sociais.

(C) tem por finalidade assegurar os direitos relativos à saúde, previdência e assistência social.

(D) compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade.

(E) as receitas dos Estados e Distrito Federal destinadas à seguridade social integram o orçamento da União.

10 (Procurador – PGE/SE – 2005) - Consideradas Relativamente à concessão e permissão para serviço de radiodifusão sonora e de sons e imagens, é INCORRETO afirmar que

(A) o ato de outorga ou renovação somente produzirá efeitos legais após deliberação do Congresso Nacional.

(B) a não-renovação dependerá de aprovação de, no mínimo, dois quintos dos membros do Congresso Nacional, em votação nominal.

(C) o prazo será de 10 anos para as emissoras de rádio e de 15 anos para as emissoras de televisão.

(D) o cancelamento da concessão ou permissão, antes de vencido o prazo, depende de decisão judicial.

(E) o Congresso Nacional apreciará o ato de outorga em 60 dias do recebimento da mensagem enviada pelo Executivo, prorrogáveis por igual período.

Gabarito:

1) C

2) E

3) E

4) C

5) D

6) E

7) C

8) A

9) E

10) E

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