apostila de administração eclesiastica fatef 11

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ADMINISTRAÇÃO ECLESIÁSTICA Introdução A administração é praticada desde que existem os primeiros agrupamentos humanos. A moderna teoria geral da administração que se estuda hoje é formada por conceitos que surgiram e vêm- se aprimorando há muito tempo, desde que os administradores do passado enfrentaram problemas práticos e precisaram de técnicas para resolvê-los. Por exemplo, a Bíblia relata que Moisés estava passando o dia cuidando de pequenas causas que o povo lhe trazia. Então Jetro recomendou: procure homens capazes para serem chefes de mil, de cem, de cinqüenta e chefes de dez (Êxodo 18.25). Este conselho foi dado a Moisés a centenas de anos, entretanto, continua atual 1 . Definição terminológica O termo “administração” vem do latim ad (direção, tendência para) e minister (subordinação ou obediência), designa o desempenho de tarefas de direção dos assuntos de um grupo. Mary Parker Follet 2 chama a administração de “a arte de fazer as coisas através de pessoas”. Esta definição de Follet deixa claro que administração e liderança se interpenetram e se intercomunicam. A Administração é um ramo das ciências humanas que se caracteriza pela aplicação prática de um conjunto de princípios, normas e funções dentro das 1

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ADMINISTRAÇÃO ECLESIÁSTICA

Introdução

A administração é praticada desde que existem os primeiros agrupamentos humanos.

A moderna teoria geral da administração que se estuda hoje é formada por conceitos que

surgiram e vêm-se aprimorando há muito tempo, desde que os administradores do passado

enfrentaram problemas práticos e precisaram de técnicas para resolvê-los. Por exemplo, a

Bíblia relata que Moisés estava passando o dia cuidando de pequenas causas que o povo lhe

trazia. Então Jetro recomendou: procure homens capazes para serem chefes de mil, de cem, de

cinqüenta e chefes de dez (Êxodo 18.25). Este conselho foi dado a Moisés a centenas de anos,

entretanto, continua atual1.

Definição terminológica

O termo “administração” vem do latim ad (direção, tendência para) e minister (subordinação

ou obediência), designa o desempenho de tarefas de direção dos assuntos de um grupo.

Mary Parker Follet 2 chama a administração de “a arte de fazer as coisas através de

pessoas”. Esta definição de Follet deixa claro que administração e liderança se interpenetram

e se intercomunicam. A Administração é um ramo das ciências humanas que se caracteriza

pela aplicação prática de um conjunto de princípios, normas e funções dentro das

organizações. É praticada especialmente nas empresas, sejam elas públicas, privadas, mistas

ou outras.

Porque estudar administração

1. Embora o processo administrativo seja importante em qualquer contexto de utilização de

recursos, a razão principal para estudá-la é seu reflexo sobre o desempenho das organizações.

2. O principal motivo para a existência das organizações é o fato de que certos objetivos só

podem ser alcançados por meio da ação coordenada de grupos de pessoas.

3. Na atualidade, as organizações assumiram importância sem precedentes na sociedade e na

vida das pessoas.

_____________1 Cf. http://www.madeira.ufpr.br/disciplinasgarzel/CONC1.pdf> Acesso em: 13 maio de 2013

2 Cf. STONER, J.F., FEEMAN, R.E. Administração. 5ed. Rio de Janeiro: Editora LTC. p.5.

1

AS QUATRO HABILIDADES BÁSICAS DE UM ADMINISTRADOR

Planejar- Significa que os administradores pensam antecipadamente em seus objetivos e

ações, e que seus atos sejam baseados em algum método, plano ou lógica e não em palpites.

Organizar- É o processo de arrumar e alocar o trabalho, a autoridade e os recursos entre

membros da organização de modo que eles possam alcançar eficientemente os objetivos da

mesma.

Coordenar- Significa dirigir, influenciar e motivar os empregados a realizar tarefas

essenciais. É o processo de mobilizar e acionar os recursos, especialmente as pessoas, para

realizar as atividades que conduzirão aos objetivos.

Controlar- É o processo de assegurar a realização dos objetivos e de identificar a necessidade

de modificá-los.

O controle envolve os seguintes elementos:

• Estabelecer padrões de desenvolvimento

• Medir o desempenho atual

• Comparar o desempenho atual com os padrões estabelecidos

• Caso sejam detectados desvios, executar ações corretivas3.

_____________

3 Cf. <http://www.uniriotec.br/~simone/Analise%20Empresarial/Parte%201%20-%20TGA/1_TGA.pdf >Acesso

em: 13 de maio de 2013.

COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS DE UM ADMINISTRADOR

2

CONHECIMENTO (saber):

(1) Know-how

(2) Aprender a aprender

(3) Aprender continuamente

(4) Ampliar conhecimento

(5) Transmitir conhecimento

(6) Compartilhar conhecimento

HABILIDADES (Saber fazer):

(1) Aplicar conhecimento

(2) Visão global e sistêmica

(3) Trabalho em equipe

(4) Liderança

(5) Motivação

(6) Comunicação

JULGAMENTO (Saber analisar):

(1) Avaliar a situação

(2) Obter dados e informação

(3) Ter espírito crítico

(4) Julgar os fatos

(5) Ponderar com equilíbrio

(6) Definir prioridades

ATITUDE (Saber fazer acontecer)

(1) Atitude empreendedora

(2) Inovação

(3) Agente de mudança

(4) Assumir riscos

(5) Foco em resultados

(6) Auto-realização

____________4 Cf. < http://www.uniriotec.br/~simone/Analise%20Empresarial/Parte%201%20-%20TGA/1_TGA.pdf>

Gráfico: rosácea da administração5:

3

Atitudes do Administrador 6 :

Proativo, ousado, criativo, bom exemplo, cumpridor das promessas, saber utilizar seus

princípios, ser cooperativo e ser um bom líder ajudando os funcionários para que eles possam

crescer junto com a empresa.

____________5 Gráficode: http://www.uniriotec.br/~simone/Analise%20Empresarial/Parte%201%20-%20TGA/1_TGA.pdf

6 http://profissaoemfoco.blogspot.com.br/2010/05/profissao-do-dia-administracao.html

4

A administração é o processo de tomar e colocar em prática decisões sobre objetos e

utilização de recursos7.

O sucesso da administração está em se fazer às coisas com eficácia e eficiência:

Eficácia: Determina o quanto uma organização realiza seus objetivos. Quanto mais alto o

grau de realização dos objetivos, mais a organização é eficaz.

Eficiência: Determina o quanto uma organização usa corretamente seus recursos. Quanto

mais alto o grau de produtividade na utilização de seus recursos, mais eficiente é a

organização.

Eficiência significa a realização de atividades ou tarefas de maneira certa e inteligente,

com o mínimo de esforço e com máximo aproveitamento de recursos8.

______________7 Gráfico: http://www.madeira.ufpr.br/disciplinasgarzel/CONC1.pdf

8 Cf. http://www.uniriotec.br/~simone/Analise%20Empresarial/Parte%201%20-%20TGA/1_TGA.pdf

O SUCESSO DO ADMINISTRADOR

5

A administração não é uma coisa mecânica que dependa de certos hábitos físicos que devem

ser superados ou corrigidos a fim de se obter o comportamento correto.

Pode-se ensinar o que um administrador deve fazer, mas isto não irá capacitá-lo

efetivamente a fazê-lo em todas as organizações. O sucesso de um administrador na vida

profissional não está inteiramente relacionado àquilo que lhe foi ensinado, ao seu brilhantismo

acadêmico ou ao seu interesse pessoal em praticar o que aprendeu nas escolas. Esses aspectos

são importantes, porém estão condicionados a características de personalidade, ao modo

pessoal de agir de cada um. O conhecimento tecnológico da Administração é importantíssimo,

básico e indispensável, mas depende, sobretudo, da personalidade e do modo de agir do

administrador, ou seja, de suas habilidades.

Há pelo menos três tipos de habilidades necessárias para que o administrador possa

executar eficazmente o processo administrativo: a habilidade técnica, a humana e a

conceitual.

Habilidade técnica: Consiste em utilizar conhecimentos, métodos, técnicas e equipamentos

necessários para a realização de suas tarefas específicas, através de sua instrução, experiência

e educação.

Habilidade humana: Consiste na capacidade e no discernimento para trabalhar com pessoas,

compreender suas atitudes e motivações e aplicar uma liderança eficaz.

Habilidade conceitual: Consiste na habilidade para compreender as complexidades da

organização global e o ajustamento do comportamento da pessoa dentro da organização. Esta

habilidade permite que a pessoa se comporte de acordo com os objetivos da organização total

e não apenas de acordo com os objetivos e as necessidades de seu grupo imediato.

A adequada combinação dessas habilidades varia à medida que um indivíduo sobe na escala

hierárquica, de posições de supervisão a posições de alta direção9.

______________9 Texto encontrado em: http://www.madeira.ufpr.br/disciplinasgarzel/CONC1.pdf

Definição bíblica para administração:

6

A palavra grega oikonomoj10 parece ser o termo bíblico que mais se aproxima de

administrador. Oikonomoj denotava primariamente “administrador de uma casa ou

proprietário” (formado de “oikoj” – casa e “nemo”- arranjar, organizar, “mordomo” que

normalmente era um escravo ou liberto (Lc 12.42; 16.1,3,8; 1Co 4.2; Gl 4.2 “curadores”).

Pode-se definir a Administração Eclesiástica como sendo o conjunto de atividades que

tem como finalidade precípua proporcionar a gestão dos recursos (humanos, materiais,

financeiros e técnicos) dentro de uma instituição religiosa (Igreja), visando atingir os

objetivos propostos em seu planejamento.

Nemuel Kessler 11define Administração Eclesiástica como:

“o estudo dos diversos assuntos ligados ao trabalho do Pastor, no que tange à sua função de

líder ou administrador principal da igreja a que serve”.

A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DA ADMINISTRAÇÃO ECLESIÁTICA

O pastor Pr. Eudes Lopes Cavalcanti12 sinaliza seis motivos que justificam a importância do

estudo da Administração Eclesiática, quais sejam:

1. A Existência de pressupostos Bíblicos

2. A Igreja é uma Instituição Jurídica

3. A Igreja tem objetivo a cumprir neste mundo

4. A Igreja lida com recursos de diversas naturezas

5. A Igreja tem responsabilidade perante os Seus membros.

6. A Igreja tem responsabilidade perante o Estado Brasileiro.

______________10 Cf. Vine, p.800.

11 Cf. KESSLER, Nemuel Câmara. Administração Eclesiástica. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.12 Cf. http://preudescavalcanti.blogspot.com.br/2010/02/administrando-igreja.html

Eudes ainda aponta os pressupostos bíblicos para a Administração:

7

A Bíblia Sagrada mesmo sendo um livro escrito na Antigüidade, pode ser considerada como

um verdadeiro manual atualizado de Administração, senão vejamos:

1. Divisão do trabalho, seleção de pessoal, delegação de autoridade, cadeia de comando,...

(Conselho de Jetro a seu genro Moisés - Ex 18.13-27);

2. Seleção de pessoal, especialização, divisão do trabalho (Os artífices da obra do

Tabernáculo - Ex 31.1-11; 35.30-35);

3. Organização, segurança, funcionalidade (Acampamento e marcha das tribos de Israel - Nm

2.1-34);

4. Seleção de pessoal, divisão do trabalho, definição de responsabilidade, delegação de

autoridade,... (Serviço no Tabernáculo – Nm 3.1-4; 40);

5. Seleção de pessoal, divisão do trabalho, especialização, cadeia de comando,...

(Estabelecimento de cantores e músicos - 1 Cr 15.16-22);

6. Supervisão, divisão do trabalho, especialização,... (Administradores das possessões de Davi

- 1 Cr 27.25-31);

7. Assessoria, consultoria (Os conselheiros de Davi - 1 Cr 27.32-34);

8. Divisão do trabalho, delegação de autoridade, produtividade (A reconstrução da cidade de

Jerusalém – Ne 3.1-4);

9. Seleção de pessoal, delegação de autoridade, capacitação, manual de instrução ( A escolha

dos apóstolos – Mt 10.1-42);

10. Organização, divisão do trabalho, cadeia de comando (A multiplicação dos pães - Mt

14.13-21);

8

11. Seleção de pessoal, capacitação, divisão do trabalho, delegação de autoridade (A escolha

de Diáconos – At 6.1-7);

12. Seleção de pessoal, capacitação, habilidades gerenciais (Tt 1.5-9 – A escolha de

Presbíteros).

A IGREJA COMO ORGANISMO E ORGANIZAÇÃO

A definição de igreja passa necessariamente por esta dicotomia qual seja, a igreja como

organismo e a igreja como organização. Como organismo a igreja é o corpo de Cristo, o

templo do Espírito Santo, a noiva do cordeiro, mas como organização ela é um conglomerado

de pessoas e que deve andar de acordo com as leis vigentes do país onde ela estiver situada.

Portanto, é importante que a partir desse momento passemos a considerar alguns aspectos que

envolvem a igreja enquanto uma organização.

1- Os tipos de organizações. As organizações dividem-se em dois tipos básicos, quais sejam:

a) As Organizações com Fins Lucrativos – Esse tipo de organização tem como meta

principal de suas atividades a busca incessante do lucro. Entenda-se como lucro a

relação positiva entre o que ela gasta e o que ela recebe com a venda de seus produtos

ou serviços, ou seja, entre a receita e a despesa. (As lojas comerciais, as indústrias, os

bancos etc.)

b) As Organizações sem Fins Lucrativos – Esse tipo de organização não tem como

meta final de suas atividades a busca do lucro. Estão inseridas neste tipo de

organização : Igrejas, associações, sindicatos etc..

9

2- As partes componentes de uma organização

As organizações quer tenham elas fins lucrativos ou não,inclusive as igrejas,

geralmente têm as seguintes partes componentes:

1. A cultura organizacional (os valores, as peculiaridades, etc.).

2. As pessoas que fazem a organização (os membros, os congregados e os contratados).

3. Os bens materiais da organização (patrimônio móvel).

4. As instalações da organização (patrimônio imóvel).

5. Os procedimentos de trabalho dentro da organização (o modo de fazer as coisas).

6. As finanças da organização (o dinheiro arrecadado através de ofertas e dízimos).

7. Os custos da organização (as despesas ordinárias e extraordinárias para fazer face ao seu

funcionamento).

8. A contabilidade da organização (a escrituração contábil de receita e despesa; balancete,

balanço etc.).

10

3- As funções dentro de uma organização

Eis as funções que norteiam as ações de uma organização:

a) Organização

– Estruturar a organização (organograma)

– Estruturar o trabalho

– Definir linhas de comando (delegação de autoridade)

– Estabelecer relações

– Definir responsabilidades

– Definir sistemas de informações

b) Comando

– Elaborar as políticas que nortearão a organização

– Escolher equipe (quadro de colaboradores)

– Tomar decisões

– Disponibilizar recursos

– Motivar equipe

– Redirecionar o planejamento quando necessário

c) Planejamento

– Estabelecer objetivos

– Definir meios para alcançar os objetivos

– Identificar volume de recursos necessários

– Acompanhar a execução do planejamento

– Elaborar planos alternativos

d) Coordenação

– Distribuir o trabalho em equipe

– Acompanhar a execução do trabalho

– Motivar as equipes

– Corrigir as distorções

11

e) Controle

– Acompanhar a execução

– Avaliar resultados

– Corrigir distorções na execução

f) Execução

– Executar segundo padrão pré-estabelecido

– Auto-avaliar os métodos de execução.

DEFININDO O CONCEITO DE IGREJA

A palavra igreja é de origem grega (ekklesia) e que significa um grupo de pessoas tiradas para

fora, ou ainda assembléia.

O Novo Testamento define igreja como um agrupamento de pessoas chamadas por

Deus e tiradas do mundo pelo poder redentor de nosso Senhor Jesus Cristo, regeneradas,

batizadas com ou em água, que professam a Cristo como Salvador pessoal, unidas pelo

Espírito Santo, que se reúnem para cultuar a Deus em espírito e em verdade, edificar-se

mutuamente e para anunciar o Evangelho, tendo como seu único Senhor a pessoa de Jesus

Cristo, e tendo a Bíblia como única regra de fé e prática.

A Eclesiologia divide a igreja em : universal e local.

Por Igreja Universal, entende-se o conjunto de todos os salvos, segundo o beneplácito

da vontade de Deus, em todas as épocas, inclusive, aqueles que ainda serão salvos no

futuro, cujos nomes estão escritos no livro da vida do Cordeiro, antes da fundação do

mundo.

Por Igreja Local, entende-se uma parcela da Igreja Universal, formada de crentes de

uma determinada localidade, organizados em uma comunidade que tenham o seu

pastor e oficiais, e que seguem um padrão bíblico neotestamentário.

12

A MISSÃO DA IGREJA

A Igreja tem como missão da parte de seu Senhor quatro coisas, a saber:

a – Adorar a Deus em espírito e em verdade (Adoração) - Jo 4.23-24; Sl 96.6-9; 95.1-3.

b – Promover a edificação de seus membros (Edificação) - Ef 2.19-22; 4.11-16; 2 Pe 3.18.

c - Pregar o Evangelho e fazer discípulos (Evangelização) - Mc 16.15, 16; Mt 28.19-20; Lc

24.47; At 1.8.

d – Cuidar dos santos necessitados (Beneficência) - At 6.1-7; Rm 12.12; Hb 13.16.

AS FORMAS DE GOVERNO DA IGREJA

As formas mais comuns de governo são: Episcopal, Presbiteriana e Congregacional. 

a - A forma de governo Episcopal é aquela em que o poder de mando está nas mãos dos

bispos ou prelados e no clero mais alto. As igrejas Romana, gregas, anglicanas, e muitas

outras do Oriente utilizam essa forma de governo.

b – A forma de governo Presbiteriana ou Oligárquica é aquela em que o governo reside nas

mãos dos presbíteros eleitos pela igreja para um determinado mandato. As igrejas escocesas,

luteranas e presbiterianas usam essa forma de governo.

c – A forma de governo Congregacional ou Independente é aquela em que o governo reside

nas assembléias das igrejas locais, onde os assuntos são tratados e resolvidos de acordo com a

vontade da maioria dos membros presentes nas assembléias. As igrejas batistas,

congregacionais, independentes e ainda outros grupos usam essa forma de governo.

13

A DINÂMICA DA IGREJA

Na dinâmica da Igreja trataremos do Culto, da sua Programação e de seu Calendário de

Eventos.

Uma ênfase especial deve ser dada pela Igreja ao culto.

a - Conceito – O culto é uma manifestação sincera da alma do crente com a finalidade de

adorar, louvar e glorificar ao Deus triúno.

b – Importância – O culto é importante pelas razões abaixo:

– Os seres celestiais o praticam nos céus – 1 Rs 22.19; Is 6.1-3; Ap 4.8-11; 5.8-14; 12.15-

17;...

– Os servos de Deus da Antiga Dispensação o praticaram – Gn 4.14 (Abel); Gn 8.20-21

(Noé); Gn 12.8; 13.18; 21.33 (Abraão); Gn 26.25 (Isaque) Gn 28.18-22 (Jacó) ...

– A Igreja primitiva o praticou – Lc 24.52-53; At 1.13-14; 2.1,46-47; 1 Co 14.26; ...

– O Senhor Jesus o enfatizou – Mt 4.10; Jo 4.23-24

– O apóstolo Paulo o enfatizou – Rm 12.1-2; 1 Co 14.1

– É uma obrigação da criatura para com o seu Criador, do crente para com o seu Deus – Rm

1.18-21,25; Sl 95.6-7

– Atende a uma necessidade da alma humana – Gn 4.1-7; Sl 63.1-4; 42.1-4

c – As Partes Componentes do Culto

Geralmente, o culto compõe-se das seguintes partes:

– Oração – At 4.23-31

– Louvor – At 16.25

– Leitura e Exposição da Palavra de Deus – Ne 8.5-8

– Ofertório – Lc 21.1-4

- Pastorais (avisos)

d - Os Tipos de Culto

Geralmente, encontramos nas Igrejas os seguintes tipos de cultos:

– Culto de Oração – At 12.5, 12

– Culto Doutrinário – 1 Co 14.26

14

– Culto de Evangelização – At 8.5-6

- Cultos Especiais – At 14.27;

e – As Bênçãos Oriundas do Culto

Grandes são as bênçãos advindas do culto prestado a Deus com sinceridade de coração:

– Despertamento Espiritual – Ef 5.14

– Fortalecimento Espiritual – Ef 6.10

– Crescimento Espiritual – 2 Pe 3.18

– Comunhão Espiritual – 1 Jo 1.3

f - A liturgia do Culto (a forma prescrita)

A liturgia do culto é importante, mas deve-se ter o cuidado de não torná-la muito rígida.

Abaixo encontramos um modelo de liturgia de um culto:

– Prelúdio

– Oração Invocatória

– Louvor Congregacional

– Leitura das Sagradas Escrituras

– Oração

– Louvor (Conjuntos, solo, quarteto,...)

– Pregação

– Oração

– Ofertório

– Pastorais

– Louvor Congregacional

– Oração e Bênção Apostólica

– Poslúdio

15

A PROGRAMAÇÃO DA IGREJA

As reuniões da Igreja devem ser todas programadas e estarem bem divulgadas no meio da

Congregação, para que se crie o hábito de sua freqüência rotineira.

Geralmente, as Igrejas programam as suas reuniões de formas semanal, quinzenal ou mensal.

Abaixo encontramos um exemplo de uma programação semanal:

Domingo (09h – 11h) – Escola Bíblica Dominical

(18h - 20h) – Culto Público

Terça-feira (19h30m - 21h) – Culto de Oração

Quarta-feira (19h30 – 21h) – Culto da união feminina

Quinta-feira (19h30m – 21h) – Culto Doutrinário

Sexta-feira – (19h30 – 21h) - Culto do Departamento de Homens

Sábado (19h30 – 21h) – Culto da Mocidade

CALENDÁRIO DE EVENTOS

A Igreja deve ter um calendário de eventos onde serão contempladas as suas datas magnas

(aniversário de organização, aniversário do pastorado, sexta-feira da paixão de Cristo, Natal,

etc), campanhas evangelísticas e missionárias, Encontro de Casais, de jovens, etc. Nesse

calendário de eventos deve ser colocado o nome do evento, a data de sua realização e o órgão

da Igreja responsável pela sua execução. Também deve ser ele afixado em lugar visível para

que todos os membros e congregados tenham condição de conhecê-lo a fim de que, entre

outras coisas, se programarem e orarem pelos eventos. O calendário irá evitar superposição de

eventos.

16

O FUNCIONAMENTO ECLESIÁSTICO DA IGREJA

1) AS ORDENANÇAS DA IGREJA

O Senhor Jesus deixou para serem observadas pela sua Igreja duas ordenanças: O batismo e a

ceia. Batizar os novos convertidos e celebrar a ceia não é uma opção da Igreja e sim uma

obrigação, devido a uma ordem expressa do Senhor Jesus nesse sentido. “Portanto, ide,

ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;...” Mt

28.20. “E, tomando o pão e havendo dado graças, partiu-o e deu-lho dizendo: isto é o meu

corpo, que por vós é dado; fazei isso em memória de mim. Semelhantemente, tomou o cálice,

depois de cear, dizendo: este cálice é o Novo Testamento no meu sangue, que é derramado

por vós.” Lc 22.19,20.

a) O Batismo

A Bíblia fala na doutrina de batismos (Hb 6.2), e, ao examiná-la encontramos informações

sobre o batismo de arrependimento ministrado por João Batista como preparação do povo de

Israel para a recepção do Messias (Mt 3.1-12; Mc 1.18; Lc 3.1-20; Jo 1.6-8, 15-37); sobre o

Batismo da regeneração que é o derramar do Espírito Santo sobre a pessoa no ato de sua

conversão (Tt 3.5,6); sobre o batismo com ou no Espírito Santo que é a inserção do crente no

corpo místico de Cristo, que é a igreja (1 Co 12.13); sobre o batismo de sofrimento que é a

identificação do cristão com os sofrimentos de Cristo pelo seu corpo que é a Igreja (Lc 12.50;

Mc 10.38,39; At 12.1,2).

1 - Significado do Batismo

Alguns definem o batismo como um rito de iniciação do crente a fé cristã através da Igreja.

Outros o definem como uma manifestação externa de uma graça interna, ou ainda, um

testemunho público da fé cristã, através do qual o crente mostra ao mundo que aceitou a Jesus

como Salvador e que tomou a firme decisão de viver para Ele, servi-Lo e adorá-Lo, isto pela

Igreja, para todo o sempre.

17

2. O simbolismo do batismo

É importante salientar que o tema batismo é não um tema no qual as igrejas evangélicas estão

todas em pleno acordo. Entre os evangélicos há basicamente duas correntes: os imersionistas

e os aspersionistas. Os imersionistas identificam o batismo do converso com a morte e a

ressurreição de Cristo. Os aspersionistas por seu turno vêem no batismo um tipo de lavagem

purificadora do sangue de Cristo aplicada na pessoa no ato de sua conversão.

Significa ainda para os aspersionistas o derramar do Espírito Santo sobre o crente no

ato de sua conversão. Como se pode perceber existe entre os evangélicos um desentendimento

quanto à maneira de administrar o batismo. Imersionistas e aspersionistas advogam cada qual

que estão defendendo a forma do batismo praticada desde o início do cristianismo.

Para os imersionistas a palavra batismo simboliza morte e ressurreição (Rm 6.4; Cl

2.12). Já para os aspersionistas o batismo simboliza a lavagem purificadora efetuada pelo

sangue de Jesus no ato da conversão ou ainda o derramar do Espírito Santo sobre o salvo no

ato da sua conversão (Tt 3.5,6).

Os imersionistas usam como argumentos para justificarem a sua maneira de

administrar o batismo a teoria JJJ, ou seja, Jordão, Jerusalém, João. Vejamos o que diz

Ebenézer Soares sobre o assunto: “Os imersionistas não são intransigentes, mas são coerentes

com o que a Bíblia ensina. Muitos são os exemplos escriturísticos sobre a imersão. Eles não

deixam margem a outras interpretações: Jesus foi batizado em água (Mt 3.16) o eunuco foi

batizado em água (At .38). João apelidado o Mergulhador (o Batista), dizia: (...) vim

batizando em água (Jo 1.31). A Bíblia diz que ele batizava também em Enom, perto de Salim,

porque havia ali muitas águas; e o povo ia e era batizado (João 3.23). Além dos exemplos

citados, temos ainda o argumento do simbolismo. O batismo simboliza morte e ressurreição

(Rm 6.4)”.

Os aspersionistas dizem, como já vimos, que o batismo simboliza a purificação do sangue de

Jesus proporcionada pelo derramamento do Espírito Santo sobre a pessoa no ato de sua

conversão e justificam dizendo que na religião judaica, de onde o Cristianismo se originou,

todos os rituais de purificação eram realizados por aspersão e não por imersão. “porque,

havendo Moisés anunciado a todo o povo todos os mandamentos segundo a lei, tomou o

sangue dos bezerros e dos bodes, com água, lã purpúrea e hissôpo e aspergiu tanto o mesmo

livro como todo o povo, dizendo: Este é o sangue do testamento que Deus vos tem mandado.

E semelhantemente aspergiu com sangue o tabernáculo e todos os vasos do ministério. E

18

quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue;...” (Hb 9.19-22). Além disso,

argumentam os aspersionistas que os batismos realizados pela igreja primitiva registrados nas

Sagradas Escrituras o foram por aspersão: Paulo foi batizado em pé (At 9.18; 22.16). Os

gentios que estavam na casa de Cornélio e que, após a pregação de Pedro, foram batizados de

imediato, foram por aspersão, considerando a improbabilidade de haver já um tanque

preparado para tal ocasião (At 10.47,48). O carcereiro de Filipos foi batizado juntamente com

os seus, logo após a conversão, em sua casa, onde era também muito improvável que tivesse

ali um tanque para imergir aqueles batizandos, e assim por diante.

Mas deixemos a discussão teológica sobre a forma de batizar e vejamos outras coisas sobre o

batismo:

- A Obrigatoriedade do Batismo

O batismo é obrigatório porque é uma ordenança de nosso Senhor Jesus Cristo para a sua

igreja (Mt 28.19).

- A Fórmula Usada na Administração do Batismo

O Senhor Jesus ensinou que o batismo fosse realizado em nome do Pai, e do Filho, e do

Espírito Santo, ou seja em nome das pessoas da Santíssima Trindade (Mt 28.19).

- O Ingrediente Usado na Realização do Batismo

Na realização do batismo deve ser usada água para a cerimônia. “... eis aqui água; que impede

que eu seja batizado?” (At 8.36; 10.47)

- As Limitações do Batismo

O batismo não salva nem tão pouco ajuda na salvação de ninguém nem também faz o crente

mais consagrado ou mais abençoado (Lc 24.42,43)

- A competência para a Realização do Batismo

Só quem pode administrar o batismo é um ministro do Evangelho devidamente credenciado

pela sua Denominação. Lembremo-nos de que o Senhor Jesus determinou que os seus

apóstolos batizassem. Os apóstolos, por sua vez, impuseram as suas mãos em outros obreiros

autorizando-os assim a realizarem esse ato ministerial. De maneira que é a imposição de mãos

que dá autorização para o obreiro administrar o batismo.

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- Quando se Deve Administrar o Batismo

O batismo deve ser administrado após uma pública declaração de fé por parte do batizando.

Filipe, o evangelista só batizou o eunuco, mordomo-mor de Candace, rainha dos etíopes,

quando o mesmo fez a sua confissão de fé de que cria em Jesus Cristo. “... que impede que

seja batizado? É lícito, se tu crês de todo o teu coração. E respondendo ele, disse: creio que

Jesus Cristo é o Filho de Deus. Então mandou parar o carro, ambos desceram à água, e Filipe

batizou o eunuco.” (At 8.36-38). No caso dos presbiterianos que batizam crianças, os

responsáveis pelas crianças são quem fazem a declaração de fé por elas, conforme reza o

Manual Presbiteriano.

Há de se considerar ainda que os batismos realizados no início da história da Igreja o foram de

imediato, após a conversão, devido às circunstâncias adversas enfrentadas na época, tais como

perseguição ao Evangelho, rápida expansão do cristianismo, ministério itinerantes dos

obreiros, etc.

Hoje, o bom senso e a prudência mandam que não batizemos de imediato o converso e sim

que o preparemos para isso, mediante uma série de estudos apropriados, bem como o

examinemos acerca da autenticidade de sua fé, e assim o admitamos ao batismo.

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a) A Ceia

O Senhor Jesus no cenáculo, onde estava reunido com os seus apóstolos, na cidade de

Jerusalém, após celebrar a última Páscoa da qual participou, instituiu a Ceia como símbolo de

sua morte redentora. “Enquanto comiam (a Páscoa), tomou Jesus um pão e, abençoando-o, o

partiu e o deu aos discípulos, dizendo: Tomai, comei; isto é o meu corpo. A seguir tomou um

cálice e, tendo dado graças, o deu aos discípulos, dizendo: Bebei dele todos; porque isto é o

meu sangue, o sangue da nova aliança, derramado em favor de muitos, para remissão de

pecados.” Mt 26.26-28. Veja ainda Mc 14.22-26; Lc 22.14-20; 1 Co 11.23-26.

- O Significado da Ceia

A ceia é o símbolo memorial da morte redentora de nosso Senhor Jesus Cristo.

- Os Elementos Usados na Celebração da Ceia

Na celebração da Ceia devem ser usados apenas dois elementos: o pão e o vinho. Ambos com

a sua representatividade. O pão representa o corpo de nosso Senhor Jesus Cristo que foi

partido em nosso lugar na cruz do Calvário. O vinho representa o Seu sangue que foi

derramado para a nossa eterna redenção e contínua purificação de nossos pecados.

- Como Deve Ser Celebrada a Ceia do Senhor

A Ceia do Senhor deve ser celebrada em culto solene com a presença de todos os membros da

Igreja.

- Quando e Como o Crente Deve Participar da Ceia

O Crente deve participar da Ceia estando em comunhão com Deus e com a Igreja a que

pertence. Tratando-se de crente novo, a sua participação na Ceia deverá ser feita após a sua

filiação a Igreja visível e local, através do batismo cerimonial.

- Quem Deve Celebrar a Ceia Memorial

A Ceia do Senhor deve ser celebrada por um Ministro do Evangelho devidamente

credenciado.

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- A Periodicidade da Celebração da Ceia

O Senhor Jesus não estabeleceu uma periodicidade para a celebração da Ceia, ficando isso a

critério da Igreja local.

- A Mensagem Anunciada na Celebração da Ceia

Duas são as mensagens anunciadas no momento em que a Ceia é celebrada: Uma mensagem é

redentora (a morte do Senhor) e a outra escatológica (até que venha), conforme entendemos

do que o apóstolo Paulo disse em 1 Co 11.26: “Porque todas as vezes que comerdes este pão e

beberdes este cálice anunciais a morte do Senhor, até que venha.”

- As Conseqüências da Participação da Ceia

Analisando 1 Co 11.30, entendemos que a participação da Ceia pode trazer para o crente

bênção ou juízo de Deus, dependendo de como ele participa da mesma: Se dignamente ou se

indignamente. Paulo esclarece que o não discernimento do corpo do Senhor, isto é, da

importância do sacrifício realizado na cruz do Calvário pode trazer culpa para o comungante,

tornando-o réu do corpo e do sangue do Senhor (1 Co 11.27). Como conseqüência dessa

participação de forma indigna da Ceia, Paulo discriminou alguns males: fraqueza, doença e

até morte prematura (1 Co 11.30). Agora, a participação da Ceia de forma digna traz para o

crente, bênçãos do céu, quais sejam: edificação espiritual, renovação de vida, alegria no

Espírito Santo, etc.

2 - A DISCIPLINA ECLESIÁSTICA

O Senhor Jesus autorizou a Sua Igreja a exercer autoridade e disciplina sobre os seus

membros faltosos. Ensinando sobre o tratamento de falta cometida por um membro de uma

comunidade eclesial, o Senhor disse que primeiro o assunto fosse tratado entre as partes

envolvidas. Caso não se tivesse sucesso, o assunto voltasse a ser tratado na presença de

testemunhas crentes. Continuando ainda o impasse, o Senhor autorizou que o assunto fosse

tratado pela Igreja. “E, se não as escutar, dize-o a igreja, e, se também não escutar a igreja,

considera-o como um gentio e publicano. Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na

terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu.” Mt 18.17,18.

1) O QUE É DISCIPLINA

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A palavra disciplina é de origem latina e significa “ação de instruir; educação; ensino”.

2) A FINALIDADE DA DISCIPLINA

A Igreja deve usar a disciplina com a finalidade de manter a sua pureza apostólica, conforme

a doutrina revelada na Palavra de Deus.

3) OS TIPOS DE DISCIPLINAS

- Disciplina Formativa – É o tipo de disciplina que têm a finalidade de corrigir as falhas do

povo de Deus, através da ministração do ensino das Sagradas Escrituras. 2 Tm 3.16,17.

– Disciplina Corretiva – É o tipo de disciplina que é aplicado pela Igreja, visando corrigir uma

falta, de dimensão significativa, cometida por um dos seus membros. Esse tipo de disciplina,

geralmente, tem implicação na suspensão temporária dos direitos e privilégios do crente no

seio da Igreja. (Gl 6.1).

– Disciplina Cirúrgica – É aquele tipo de disciplina que é aplicado visando afastar ou remover

a pessoa faltosa do meio da Igreja, ou seja, excluí-lo como membro, isso só para caso

extremos como, por exemplo, apostasia ou impenitência. (Rm 16.17,18; 1 Co 5.1-5, 13).

4) O PODER DADO A IGREJA PARA DISCIPLINAR

Devido ser grande a responsabilidade nessa área da disciplina eclesiástica, o Senhor autorizou

a Igreja executá-la. Só a Igreja como comunidade ou aos oficiais com delegação expressa da

Igreja, é que estão autorizados a aplicar a disciplina sobre os seus membros.

5) A QUESTÃO ÉTICA DA DISCIPLINA

Duas coisas devem ser trabalhadas na questão da ética quando do trato com as falhas dos

irmãos em Cristo:

Uma é termos o cuidado para não divulgarmos suspeitas sobre o comportamento dos crentes

sem que antes tenhamos provas concretas de que os mesmos são culpados dos males que lhes

acusam. Observemos o caso de Maria, esposa de José. Se José fosse aquele tipo de crente em

que a questão ética não tivesse nenhum valor tinha feito a maior confusão quando Maria

apareceu grávida. Diz a Bíblia que para não infamá-la resolveu deixá-la secretamente. (Mt

1.19). Mesmo o crente sabendo que alguma caso seja verdadeiro, não deve andar espalhando

por aí as fraquezas de seus irmãos em Cristo.

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A outra coisa a considerar, é aquela que se refere a uma igreja não respeitar a disciplina de

outra igreja. Às vezes um crente comete um desatino no meio de uma comunidade evangélica

e é disciplinado por isso, e sem se reconciliar com a igreja a qual pertencia é recebido por

outra igreja como membro, como se nada de anormal tivesse acontecido. E muitas vezes essa

recepção se dá mesmo sabendo qual a razão que levou à Igreja a aplicar a disciplina.

6) A MANEIRA CORRETA DE APLICAR A DISCIPLINA

Toda disciplina deve ser aplicada visando restaurar a vida espiritual da pessoa envolvida.

Assim sendo, a disciplina deve ser aplicada da seguinte maneira:

– Com critério (1 Co 6.1-6; Mt 18.16; 1 Tm 5.19)

– Com bom senso (1 Tm 5.21)

– Com amor fraternal (Gl 6.1)

– com firmeza (1 Co 5.9-13; 1 Tm 5.20).

O FUNCIONAMENTO ADMINISTRATIVO DA IGREJA

1 – ESTRUTURA ORGANIZACIONAL

Por estrutura organizacional se quer dizer das divisões de uma organização (Presidência,

Assessorias, Departamentos, Ministérios, etc) por onde estão distribuídos os recursos

humanos e materiais bem como os procedimentos agrupados em afinidades, interligados entre

si, funcionando com o objetivo de atender aquilo que está previsto em sua missão. A estrutura

organizacional é representada graficamente por um organograma (Veja anexo I).

2 – O ESTATUTO DA IGREJA

a) Conceito

Estatuto é o conjunto de normas que tem a finalidade de estabelecer o funcionamento

organizacional de uma sociedade qualquer.

b) Pressuposto Legal

“Nenhuma sociedade pode existir ou funcionar em território nacional sem ser juridicamente

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constituída.” (Código Civil Brasileiro). O que constitui juridicamente uma sociedade é seu

estatuto, registrado em cartório.

c) Algumas Razões porque uma Igreja deve ter um estatuto

- Sem a existência de estatuto devidamente registrado, a Igreja não existe legalmente.

- Sem o seu estatuto a Igreja não pode ser representada juridicamente

- Sem o seu estatuto a Igreja não pode ser registrada no Cadastro Nacional de Pessoas

Jurídicas (CNPJ), o que é obrigatório

- Sem um estatuto bem elaborado a Igreja pode ficar a mercês de desvios doutrinários e

patrimoniais e de lideranças mal informadas ou mal intencionadas.

d) As Partes Componentes de um Estatuto

- Nome (razão social)

- Sede e Foro (localização da sede e domicílio para questões judiciais)

- Finalidades (a que se destina a instituição)

- Duração (tempo determinado ou indeterminado de funcionamento)

- Membros (direitos e deveres, condições para admissão ou para exclusão)

- Diretoria (composição, duração do mandato)

- Assembléias Gerais (ordinária, extraordinária e especial)

- Quorum (quantidade de pessoas presentes nas assembléias para o seu funcionamento legal)

- Eleições (forma, periodicidade)

- Patrimônio (composição e destino quando da dissolução da instituição)

- Modificações Estatutárias (regras para implementar as modificações)

- Disposições Gerais (disciplina aquilo que não foi identificado no estatuto mas que é

necessário para o funcionamento ordeiro da instituição).

d) Algumas Técnicas para Confecção de um Estatuto

- Deve-se escrever ESTATUTO e não ESTATUTOS

- Os artigos devem ser escritos assim: Art. 1º... Art. 9º, Art. 10, Art. 11…

- Os parágrafos podem ser escritos abreviadamente & 1º, & 2º,...

- Quando se tratar de um parágrafo só, escrever: Parágrafo Único

- Os capítulos devem ser escritos em algarismos romanos e letras maiúsculas: CAPITULO I,

CAPÍTULO II,...

- Na linha abaixo do capítulo deve-se escrever a que o mesmo se refere, precedido de: DO,

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DA, DOS, DAS, Exemplo:

CAPÍTULO I

DA DENOMINAÇÃO, OBJETIVO, SEDE E FORO

CAPÍTULO II

DOS SÓCIOS, SEUS DIREITOS E DEVERES

(Quando se tratar da última parte do Estatuto, omite-se o DAS).

Ex. DISPOSIÇÕES GERAIS

3) REGIMENTO INTERNO

O Regimento Interno é o documento que detalha o Estatuto, ou que o complementa,

abrangendo todos os órgãos internos da Igreja, disciplinando o seu funcionamento.

4) A SECRETARIA DA IGREJA

a - A IMPORTÂNCIA DA SECRETARIA

A secretaria é um órgão de suma importância na vida eclesiástica de uma comunidade

evangélica, pois nela estão todas as informações necessárias para o bom funcionamento

administrativo da igreja.

b - A POSIÇÃO DA SECRETARIA NA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL

A secretaria não é um órgão de linha, ou seja, não é um órgão que tenha poder de mando, e

sim de assessoria dentro de uma estrutura organizacional.

c - A DOCUMENTAÇÃO PRÓPRIA DE UMA SECRETARIA

A secretaria é o lugar de guarda dos documentos de uma igreja, a seguir identificados:

d - O ROL DE MEMBROS – que é o registro de todos os membros de uma determinada

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igreja. O rol de membros pode ser:

– Rol de Membros Permanentes – é o registro de todos os membros que se filiaram a igreja ao

longo de sua história.

– Rol de membros Ativos – é o registro de todos os membros que estão filiados à igreja.

– Rol de Membros Inativos – é o registro de todas as pessoas que se filiaram à igreja e que

foram desligadas por questões diversas, como por exemplo: falecimento, transferência,

afastamento por questões disciplinares, abandono da igreja, etc.

- Rol de Congregados – Além de seu rol de membros deve a Igreja manter ainda um rol

daquelas pessoas que não são membros, mas, freqüentam regularmente as suas reuniões.

Com o recurso do computador tornou-se mais fácil manter atualizado esses registros para

facilitar o trabalho da igreja. Mas, na impossibilidade da aquisição desse recurso, o meio

convencional através de fichas atende a necessidade da igreja, desde que seja continuamente

atualizado.

5) OS LIVROS DE UMA IGREJA

Para o seu funcionamento administrativo adequado, a igreja deve usar alguns livros próprios

para registros de fatos que, em alguns casos, poderão ser requisitados para dirimir questões de

caráter eclesiástico ou administrativo, sendo, alguns desses livros, exigidos pela lei do País.

a) O Livro de Atas – É nesse livro que são registradas as ocorrências verificadas durante as

reuniões de caráter administrativo da igreja, e, por terem valor legal esses registros devem ser

feitos em livro apropriado, conhecido pelo nome de livro de atas. Os registros em ata

constituem também a jurisprudência da Igreja e têm valor legal, juntamente com o Estatuto e

o Regimento Interno da igreja.

– As Características de Um Livro de Atas

O livro de atas geralmente têm as seguintes características:

- Deve ser registrado no Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas;

- Todas as suas páginas devem ser numeradas e rubricadas;

- Deve conter um termo de abertura e um termo de encerramento;

- O tamanho padrão desse livro é: 22 x 33 cm.

– As partes constitutivas de uma Ata

- O Cabeçalho – onde deve constar obrigatoriamente o nome da Igreja, o local de realização

da assembléia, a data e a hora de seu início, o nome de quem a presidiu, e a informação de que

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a mesma foi de caráter ordinário, extraordinário ou especial e o número de membros

presentes.

- O Corpo – que é o registro dos assuntos propostos, apoiados e aprovados na assembléia.

- O Fecho ou Encerramento – que, geralmente, tem esta descrição: Nada mais havendo a tratar

na assembléia, a mesma foi encerrada as ____ horas, lavrando-se para constar a presente ata

que dato e assino junto ao senhor presidente.

b) O Livro de Presença

Hoje, com as exigências do Novo Código Civil Brasileiro, faz-se obrigatório à existência de

um livro de presença nas assembléias da Igreja, onde deve constar legivelmente o nome dos

seus membros participantes da assembléia. A relação de presente constante do livro servirá

para duas coisas: para possibilitar o conhecimento do quorum bem como para dirimir dúvidas

futuras quando a participação de determinada pessoa na assembléia.

c) O Livro de Registro de Matrimônios

Nesse livro são registrados todos os casamentos que foram realizados na Igreja, tantos aqueles

de caráter religioso como aqueles religiosos com efeito civil.

a) O Livro de Registro de Empregados

Caso a Igreja tenha empregados, os mesmos devem ser registrados no livro chamado registro

de empregados. Esse registro é uma seqüência natural da legalização do vinculo empregatício

conforme exigência da lei do nosso País.

6) AS CORRESPONDÊNCIAS DA IGREJA

Toda a Igreja tem a necessidade de expedir e de receber correspondências. Para que haja uma

organização mínima numa secretaria, faz-se necessário que ela tenha pastas do tipo AZ para

arquivo das correspondências que saem da Igreja bem como aquelas que chegam.

Dependendo do volume, as correspondências podem ser agrupadas numa mesma pasta com

divisórias ou não.

O arquivo das correspondências expedidas deve ser feito por ordem crescente de numeração,

ou por assunto, ou por departamento ou ainda por data de expedição. O arquivo de

correspondências recebidas deve ser feito por ordem cronológica de data de expedição do

documento pela origem.

Tipos de Correspondências

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São diversos os tipos de correspondências expedidas por uma Igreja:

- Oficio – quando a Igreja se dirige a um órgão governamental

- Carta – quando a Igreja se dirige a uma pessoa física ou a uma instituição qualquer

- Requerimento – quando a Igreja solicita algo a um órgão governamental que a lei lhe faculta

- Relatório – quando há a necessidade de relatar algo pormenorizado

- Declaração – quando a Igreja precisa dar um testemunho de alguém.

- Edital – quando da convocação de uma assembléia.

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