apostila cartografia geral 2009
TRANSCRIPT
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
Nota do Autor
Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
1
SUMÁRIO
1.1 - Introdução .............................................................................................................................. 4
1.2 - Definições .............................................................................................................................. 4
2 - Generalidades sobre Cartas. ....................................................................................................... 4
2.1 - Características das Cartas ...................................................................................................... 6
2.2 - Classificação .......................................................................................................................... 6
2.2.1 -Quanto à finalidade (ABNT*) ............................................................................................. 6
2.2.2 -Classificação segundo a Diretoria do Serviço Geográfico do Exército (DSG) ................... 7
3 - Superfícies de referência usadas em cartografia. ....................................................................... 8
3.1.1 -Superfície de referência geoidal .......................................................................................... 8
3.1.2 -Superfície de referência esférica ......................................................................................... 8
3.1.3 -Superfície de referência elipsoidal ...................................................................................... 9
3.1.4 -O relacionamento entre as superfícies física, geoidal e elipsoidal. ................................... 10
4 - Geometria do Elipsóide. ........................................................................................................... 11
4.1 - Raios de curvatura do elipsóide de revolução. ..................................................................... 12
4.2 - Comprimento de um arco de meridiano (S) ......................................................................... 13
4.3 - Área de um setor elipsóidico (A) ......................................................................................... 14
4.4 - Área de um quadrilátero elipsóidico (T) .............................................................................. 14
4.5 - Aproximação esférica. ......................................................................................................... 15
5 - Sistemas de Referência ............................................................................................................ 16
5.1 - Sistemas de Coordenadas Geográficas e Geodésicas .......................................................... 16
5.2 - Latitudes Geocêntrica e Reduzida. ...................................................................................... 17
5.3 - Sistemas de Coordenadas Cartesianas Tridimensionais. ..................................................... 18
5.4 - Transformação de Coordenadas Cartesianas em Geográficas. ............................................ 19
5.5 - Transformação de Coordenadas Geográficas em Cartesianas ............................................. 19
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
2
6 - Datum. ...................................................................................................................................... 20
6.1 - Mudança de Datum. ............................................................................................................. 22
6.1.1 -Transformação de Coordenadas Geodésicas para Cartesianas Tridimensionais ............... 23
6.1.2 -Transformação de Cartesianas Tridimensionais para Coordenadas Geodésicas ............... 23
7 - Projeções Cartográficas ........................................................................................................... 25
7.1 - Introdução ............................................................................................................................ 25
7.2 - Superfícies de projeção ........................................................................................................ 26
7.3 - Introdução ao conceito de distorção .................................................................................... 27
7.3.1 -Escala principal. ................................................................................................................ 28
7.3.2 -Escalas particulares ........................................................................................................... 29
7.3.3 -Fator de deformação ao longo dos meridianos (h). ........................................................... 31
7.3.4 -Fator de deformação ao longo dos paralelos (k). .............................................................. 32
7.3.5 -Fator de deformação ao longo de qualquer arco que passe por A. .................................... 32
7.3.6 -Elipse das distorções ou Indicatriz de Tissot ..................................................................... 33
7.3.7 -Fator de deformação máximo (a) e mínimo (b) ................................................................ 34
7.3.8 -Fator de deformação de área (p). ....................................................................................... 34
7.3.9 -Fator de deformação angular máximo ( ). ....................................................................... 35
7.3.10 - Propriedades especiais das projeções ........................................................................ 36
8 - Análise de uma projeção sob a ótica da teoria das distorções. ................................................ 38
9 - Construção prática das Projeções Cartográficas. ..................................................................... 49
9.1 - Projeções Azimutais ............................................................................................................. 50
9.2 - Projeções cônicas ................................................................................................................. 64
9.3 - Projeções cilíndricas ............................................................................................................ 77
10 - Sistemas de Coordenadas Planas (quadriculado e reticulado) ............................................... 83
11 - A Projeção Universal Transversa de Mercator (UTM) .......................................................... 84
11.1 - As projeções TM ................................................................................................................ 84
11.2 - Transformação de coordenadas Geográficas para TM ...................................................... 85
11.3 - Transformação de coordenadas TM para Geográficas ...................................................... 87
11.4 - Modificação das coordenadas TM em UTM, RTM e LTM .............................................. 89
11.5 - O Sistema UTM ( Universal Transversa de Mercator) ...................................................... 90
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
3
12 - Utilização de Cartas Topográficas ......................................................................................... 92
12.1 - Articulação das folhas ........................................................................................................ 92
12.2 - Extração de informações quantitativas das cartas topográficas. ........................................ 95
12.2.1 - Extração de informações lineares .............................................................................. 96
12.2.2 - Extração de áreas ....................................................................................................... 96
12.2.3 - Extração de coordenadas ........................................................................................... 96
Referências Bibliográficas ............................................................................................................ 98
ANEXOS ....................................................................................................................................... 99
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
4
CARTOGRAFIA
1.1 -Introdução
1.2 - Definições
Cartografia :
“Arte de levantamento, construção e edição de cartas de qualquer natureza, e a ciência na qual
repousa.”
ou
“Produto do conhecimento obtido no estudo de mapas geográficos, dos métodos para sua
produção e reprodução, e de seu uso.”
Nestas definições aparecem duas palavras que tem o mesmo significado: Carta e Mapa.
A palavra carta vem do latim charta que significa papel e a palavra mapa vem de mappa
que significa pano. Observa-se então que a diferença vem da origem do material com que eram produzidos.
No Brasil costuma-se diferenciar mapa de carta em função ou da escala ou da fidedignidade das informações. No tocante a escala costuma-se chamar de carta quando a escala é maior do que 1/5.000.000 e de mapa quando a escala é menor que este valor. Com respeito à confiabilidade das informações costuma-se chamar de carta os produtos elaborados com rigor geométrico e de mapa aqueles que funcionam apenas como ilustração.
De qualquer forma esta diferença não tem muita importância.
2 - Generalidades sobre Cartas.
Carta :
“Representação visual, codificada, geralmente bidimensional, total ou parcial, da superfície da
Terra ou de outro objeto.”
A finalidade básica de uma carta é transmitir informações específicas a respeito da área cartografada para o usuário.
INFORMAÇÃO MAPA USUÁRIO
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
5
Estas informações podem ser qualitativas e/ou quantitativas.
natureza Qualitativas: forma feições distribuição
posições geográficas altitudes Quantitativas: distâncias direções áreas, volumes
As feições representadas podem ser :
da superfície terrestre
naturais
visíveis : mares, rios, lagos, montanhas, desertos, florestas
invisíveis : climas, correntes, campos (magnético, gravitacional, etc.)
artificiais cidades, estradas, ferrovias, canais, plantações, aeroportos, barragens, portos
de outros objetos
esfera celeste : estrelas e planetas
Lua : crateras, “mares”...
corpos celestes Sol : manchas solares ...
Planetas : montanhas, formação de nuvens
órgãos do corpo humano prédios históricos ...
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
6
2.1 - Características das Cartas
Permitem a coleta das informações em gabinete;
Apresentam informações não visíveis no terreno: toponímia, fronteiras indefinidas;
Codificam informações através de símbolos;
Exigem uma atualização permanente – certas feições variam em função do tempo;
Representam um modo de armazenamento de informações conveniente ao manuseio;
São necessárias à visualização e compreensão de fenômenos espaciais e de sua distribuição e relacionamento;
Constituem um dos elementos básicos do planejamento das atividades sócio-econômicas das comunidades humanas.
2.2 - Classificação
2.2.1 - Quanto à finalidade (ABNT*)
Geográficas : TopográficasPlanimétricas
Cadastrais, plantas
Aeronáuticas
Navegação
Náuticas
Especiais : geológicas, geomorfológicas, meteorológicas, de solos, de vegetação, de uso da terra, geofísicas, globos.
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
7
2.2.2 - Classificação segundo a Diretoria do Serviço Geográfico do Exército (DSG)
quanto a precisão topográficas - satisfazem as normas técnicas em vigor; - obtidas por métodos de levantamentos regulares.
preliminares - obtidas por métodos de levantamento menos precisos que os regulares
quanto ao caráter informativo
gerais : - com informações genéricas, de uso particularizado.
especiais: - com informações específicas, destinadas em particular a uma única classe de usuários.
temáticas: - com uma ou mais assuntos específicos, servindo apenas para situar o tema.
Outrosdocumentos cartográficos
Cartas de compilação
- obtidas pela redução de folhas em escalas maiores; - obtidas pela reunião e consolidação de diversos
documentos cartográficos.
mosaicos
não-controlados : fotos montadas sem apoio em pontos de coordenadas conhecidas
Semi-controlados :fotos montadas com apoio em pontos de coordenadas conhecidas
Controlados : fotos retificadas montadas com apoio em pontos de coordenadas conhecidas
Fotocartas : mosaico (controlado ou não) com quadriculado, moldura, nomenclatura
foto-índice : redução fotográfica da montagem das faixas de um bloco aerofotográfico
folha-modelo: Representam o aspecto de uma folha (nomenclatura, Quadriculado, legendas, etc)
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
8
3 - Superfícies de referência usadas em cartografia.
Para se mapear a superfície da Terra, antes é necessário conhecer a sua forma e dimensões. Sabe-se que a Terra é um corpo esférico irregular e que não possui uma descrição geométrica. Então é necessária a utilização de modelos adequados para sua descrição de acordo com os objetivos pretendidos nos levantamentos e mapeamentos.
3.1.1 - Superfície de referência geoidal
O geóide é definido como uma superfície equipotencial (potencial gravitacional constante) materializada pelo nível médio dos mares. A força da gravidade que gera essa superfície equipotencial é resultante de uma interação entre massas. Sabe-se que existe uma relação direta entre a massa e a densidade de um corpo, e que existe uma grande variação na constituição densimétrica dos materiais que constituem a parte interna do globo terrestre. Deste modo, essa superfície equipontecial não apresenta uma forma regular. Há ainda que se considerar, a questão dos corpos celestes que interagem com o campo gravitacional, provocando variações constantes nesta superfície.
Alguns autores definem como sendo a forma do geóide a que corresponde a forma da Terra real. Contudo, como essa superfície não tem uma definição geométrica, este postulado não tem muito sentido, quando o objetivo esta na busca de um modelo para o mapeamento. Não obstante, esta superfície é extremamente importante no estabelecimento das altitudes.
3.1.2 - Superfície de referência esférica
Se a área a ser mapeada for extensa mostrando continentes ou a superfície total da Terra, adota-se o modelo esférico para a superfície da Terra.
Esta modelo implica em:
Levantamento : Geodésia Cálculos: Trigonometria esférica Uso: mapas de formato pequeno mostrando grandes
porções da superfície terrestre Escala : escalas pequenas não maiores que 1:5.000.000 Mapas: Utilização de projeções cartográficas
Monte Evereste
Fossa das Marianas
nível médiodos mares
Terra esférica Modelo reduzido
9 Km
Km
6 cm
0,2 mm
6.378 km
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
9
3.1.3 - Superfície de referência elipsoidal
Se a área a ser levantada e mapeada não for pequena e nem muito extensa, o modelo que melhor representa a superfície da Terra é o elipsóide de revolução, que possui uma formulação matemática razoavelmente simples. Neste modelamento leva-se em conta o achatamento dos pólos.
O elipsóide de revolução é definido pelos seus semi-eixo maior (a) e menor (b) ou pelo semi-eixo maior e o achatamento (f).
Por exemplo : a = 6.378 km
b = 6.356 km
f = 1/298,25
onde : a
baf
Este modelo implica em:
Levantamento : Geodésia Cálculos: Geodésicos Medidas: Reduzidas ao elipsóide de revolução Uso: cartas topográficas (mapeamento sistemático),
náuticas, aeronáuticas. Escala : médias (1:1.000.000 a 1:5.000) Mapas: Utilização de projeções cartográficas
Independentemente do modelo adotado, tanto o esférico como o elipsóidico possuem várias propostas para os seus parâmetros definidores (raio e semi-eixos maior e menor).
aa
b
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
10
3.1.4 - O relacionamento entre as superfícies física, geoidal e elipsoidal.
Embora se utilizem modelos geométricos para descrever a superfície física da Terra na tarefa de mapeamento, as medições são executadas na superfície topográfica, ou simplesmente física. É importante então, definir-se alguns elementos deste relacionamento.
Na figura aparecem as superfícies física (SF), elipsoidal (SE) e geoidal (SG). A separação entre as superfícies elipsoidal e geoidal recebe o nome de ondulação do geóide e é representado pela letra N.
Imaginemos um ponto P na superfície física sendo projetado segundo a direção da vertical (linha de prumo) e da direção da normal (reta ortogonal a superfície do elipsóide). As
duas projeções geram os pontos P’ e P”. Ao segmento 'PP corresponde a altitude ortométrica
(H), e ao segmento "PP corresponde a altitude geométrica ou elipsoidal (h). O ângulo formado entre a vertical e a normal é definido como desvio da vertical (i). Este ângulo é da ordem do segundo e, deste modo, é possível se fazer uma relação entre as superfícies sem incorrer em erro significativo.
NHh
S.F.
S.E.
S.G.
vn
Hh
iP
P’
P”N
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
11
4 - Geometria do Elipsóide.
O elipsóide de revolução é a forma geométrica obtida pela rotação de uma semi-elípse ao redor de seu eixo menor. Por ser uma das formas geométricas utilizadas nas operações de mapeamento, o estudo da sua geometria é extremamente importante.
Um elipsóide fica perfeitamente definido pelos seus semi-eixos maior (a) e menor (b).Entretanto em geodésia é comum se estabelecer a definição pelo semi-eixo maior (a) associado ao achatamento (f). A relação matemática que estabelece o vínculo entre estas grandezas esta explicitada na seguinte equação.
a
baf
Um outro elemento importante no estudo do elipsóide é a excentricidade, que pode ser dividida em primeira e segunda. Estes valores são calculados pelas seguintes equações:
2
222
a
bae ou 22 2 ffe (primeira excentricidade) ;
e
2
222'
b
bae (segunda excentricidade).
Analogamente à excentricidade pode se estabelecer o segundo achatamento que é definido pela seguinte equação:
b
baf '
Existem outras relações que devem ser conhecidas.
Na figura ao lado, observa-se um ponto P na superfície do elipsóide. Por este ponto passa a reta normal (ortogonal ao plano tangente em P) que cruza o eixo de rotação no ponto O. Esta mesma reta gera o ponto Qquando cruza o plano do equador, formando um ângulo
(latitude) com este. Ao segmento OP dá-se o nome de grande normal e referencia-se pela letra N; e ao segmento QP dá-se o nome de pequena normal e representa-se pelo símbolo N’.
PPN
PS
Equador
Normal
N
N'
o
Q
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
12
O cálculo destas quantidades é feito pelas seguintes equações:
221 sene
aN e 21' eNN
4.1 - Raios de curvatura do elipsóide de revolução.
Ao contrário da esfera que possui apenas um raio de curvatura, o elipsóide de revolução por possuir semi-eixos maior e menor, tem a sua curvatura variando entre os valores máximo (a)e mínimo (b). Portanto é necessário que se conheça a formulação matemática que permita o cálculo destes raios de curvatura para qualquer ponto da superfície elipsóidica.
Existem infinitos planos que contém a reta normal. Cada um deles, ao cruzar o elipsóide de revolução, gera o que se denomina seção normal. A cada uma destas seções, corresponde um raio de curvatura diferente. Entretanto, apenas dois são de especial interesse, o raio de curvatura da seção 1º vertical e o raio da seção meridiana. Ao primeiro corresponde o raio máximo e ao segundo o raio mínimo.
Numericamente o raio da seção 1º vertical é equivalente ao valor da grande normal e utiliza a mesma formulação para o seu cálculo. No entanto o raio de curvatura da seção meridiana é calculado pela equação:
322
2
1
)1(
sene
eaM
A junção destes dois valores nos permite calcular o raio médio de curvatura.
MNR0
e através do teorema de Euler, o raio de curvatura de uma seção normal qualquer
N
sen
MR
22cos1
onde : – azimute da seção meridiana
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
13
No elipsóide de revolução os paralelos são circunferências e o raio é calculado pela equação:
cosNr
Além destes valores, pode-se necessitar conhecer o comprimento de um arco de meridiano, a área de um setor elíptico ou a de um quadrilátero elíptico. Pela constante variação da curvatura, a determinação das fórmulas não é trivial, e exige a adoção de desenvolvimento em série.
4.2 - Comprimento de um arco de meridiano (S)
]10sen10sen101
8sen8sen81
6sen6sen61
4sen4sen41
2sen2sen21
)([)1(
121212
1212122
FED
CBAeaS
onde :
65536
43659
16384
11025
256
175
64
45
4
31 108642 eeeeeA
65536
72765
2048
2205
512
525
16
15
4
3 108642 eeeeeB
16384
10395
4096
2205
256
105
64
15 10864 eeeeC
131072
31185
2048
315
512
35 1086 eeeD
65536
3465
16384
315 108 eeE
131072
693 10eF
P
PN
PS
Equador
Normal
o
N
r
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
14
4.3 - Área de um setor elipsóidico (A)
mmm CBAA 5cos5sen'3cos3sen'cossen'b4 22
1
onde :
212 e
212
m
256
63
28
35
16
5
8
3
2
31' 108642 eeeeeA
256
45
192
35
16
3
16
3
6
1' 108642 eeeeeB
512
45
64
5
16
1
80
3' 10864 eeeeC
4.4 - Área de um quadrilátero elipsóidico (T)
mmm CBAbT 5cos5sen'3cos3sen'cossen'2 2
onde :
212
PN
PS
Equador
A
PN
PS
Equador
T
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
15
4.5 - Aproximação esférica.
Em alguns problemas o cálculo através de uma aproximação esférica é suficiente, e nesta situação, existem três formas clássicas de aproximação.
a) Média aritmética dos três eixos
)3
1(3
2 fa
baR
b) Raio da esfera de mesma área superficial que o elipsóide
302467
36017
61
642 eeeaRA
c) Raio da esfera com mesmo volume que o elipsóide.
129655
725
61
642 eeeaRV
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
16
5 - Sistemas de Referência
A posição de um ponto na superfície da Terra é determinada a partir de um sistema de coordenadas ou de referência. Estes sistemas estão associados a uma superfície de referência que se aproxima do formato da Terra. É o caso, por exemplo, do elipsóide de revolução.
Existem dois tipos de sistemas de referenciamento. O sistema de coordenadas esféricas e o sistema de coordenadas cartesianas tridimensionais. No primeiro tipo se enquadram às coordenadas geográficas ou geodésicas.
5.1 - Sistemas de Coordenadas Geográficas e Geodésicas
O sistema de coordenadas geográficas divide o mundo nos hemisférios norte e sul, que utiliza o equador como plano de divisão, e em oriente e ocidente que adota o meridiano de Greenwich como fronteira. Neste sistema um ponto na superfície terrestre fica determinado pela sua latitude e longitude.
Latitude ( ) – define-se latitude de um lugar como sendo o ângulo formado entre a vertical do lugar e o plano do equador, ou a distância angular contada sobre o meridiano deste, desde o equador até ele. A latitude varia de 0º a 90º sendo considerada negativa no hemisfério sul.
Longitude (L) – define-se longitude de um lugar como sendo o ângulo diedro formado pelo plano meridiano de Greenwich e o plano meridiano do lugar, ou a distância angular contada sobre o equador desde o meridiano origem (Greenwich) até o meridiano deste. A longitude varia de 0º a 180º sendo considerada negativa a oeste de Greenwich (hemisfério ocidental).
Meridiano de
Greenwich
L
P
Equador
Meridiano de PParalelo de P
PN
PS
Vertical
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
17
Pode-se estabelecer um sistema de coordenadas similar utilizando-se como modelo para a Terra o elipsóide de revolução. Este sistema de coordenadas é conhecido como Sistema de Coordenadas Geodésicas
Latitude ( ) – define-se latitude geodésica de um lugar como sendo o ângulo formado entre a normal do lugar e o plano do equador. A latitude varia de 0º a 90º sendo considerada negativa no hemisfério sul.
Longitude ( ) – define-se longitude de um lugar como sendo o ângulo diedro formado pelo plano meridiano de Greenwich e o plano meridiano do lugar, ou a distância angular contada sobre o equador desde o meridiano origem (Greenwich) até o meridiano deste. A longitude varia de 0º a 180º sendo considerada negativa a oeste de Greenwich (hemisfério ocidental).
Neste sistema pode-se associar a altitude geométrica ou elipsoidal (distância sobre a normal desde o elipsóide até o ponto na superfície topográfica). Nesta situação o ponto fica assim referenciado ( , h).
5.2 - Latitudes Geocêntrica e Reduzida.
Nos problemas práticos de Geodésia somente o conhecimento da latitude geodésica não é suficiente, é comum se necessitar determinar as latitudes geocêntricas e a reduzida.
Define-se latitude geocêntrica de um ponto P na superfície do elipsóide ao ângulo que o raio
vetor OP deste ponto, forma com a sua projeção no plano do equador. A relação entre a latitude geodésica e a geocêntrica é estabelecida pela seguinte fórmula:
tgetg )1( 2
P
PN
PS
Equador
Normal
o
c
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
18
No caso da latitude reduzida, é necessário observar a ilustração antes de se poder definir. Na figura, aparece um dos círculos principais da elipse que contém P, o circulo cujo raio é igual ao semi-eixo maior (a). Então, a partir de P se constrói uma reta paralela ao eixo de rotação. Esta reta cruza a circunferência em P’. Define-se como latitude reduzida, ao ângulo formado pelo raio
vetor 'OP e sua projeção no plano do equador.
A relação entre a latitude geodésica e a reduzida é estabelecida pela seguinte fórmula:
tgetgu )1( 2
5.3 - Sistemas de Coordenadas Cartesianas Tridimensionais.
Este sistema de coordenadas é caracterizado por um conjunto de três eixos (X, Y e Z), ortogonais entre si. A origem do sistema pode coincidir com o centro de massa da Terra, e neste caso, é denominado de geocêntrico. As características deste sistema são as seguintes:
o eixo X é definido pela intersecção do plano meridiano de Greenwich com o plano do equador, sendo orientado positivamente no sentido do centro para o exterior.
o eixo Y é definido pela intersecção do plano meridiano de longitude 90º Leste com o plano equatorial.
o eixo Z é paralelo ao eixo de rotação da Terra e orientado positivamente na direção do Pólo Norte.
Este sistema é denominado dextrógiro.
P
PN
PS
Equador
o
uc
P’
Meridiano de Greenwich
Equador
= 90º EPN Z
XY
PS
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
19
5.4 -Transformação de Coordenadas Cartesianas em Geográficas.
No sistema de coordenadas geográficas o modelo que é utilizado para representar a Terra é o modelo esférico. Assim, a transformação de coordenadas é dada pelas seguintes equações:
222 zyxR ;
22 yx
zarctg ;
x
yarctgL
onde: R - Raio da esfera que representa a Terra real;
- Latitude geográfica;
L - Longitude geográfica.
A latitude é um ângulo que varia de 0º a 90º e o sinal da equação indica se o ponto está no hemisfério norte ou sul. Entretanto, a longitude é um ângulo que tem uma variabilidade maior (0º a 180º) e neste caso, deve-se proceder a um estudo de sinal.
x y longitude hemisfério
+ + LLeste
+ - 180º + L
- - LOeste
- + -(180 + L)
5.5 -Transformação de Coordenadas Geográficas em Cartesianas
A transformação das coordenadas geográficas em cartesianas é conseguida pela aplicação das seguintes equações:
sen
;sencos
;coscos
Rz
LRy
LRx
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
20
6 - Datum.
Datum é o conjunto de parâmetros que definem o sistema cartográfico de um País.
(Nazareno).
Por parâmetros, se subentende a figura geométrica adotada para representar a Terra, as
especificações relativas ao ponto origem, a orientação do sistema de coordenadas, e a posição da
superfície elipsoidal em relação à física e a geoidal, entre outros parâmetros.
Até meados da década de 70, o Brasil adotava o Datum de Córrego Alegre. Este Datum
utiliza como superfície de referência, o Elipsóide de Hayford (1924) que teve a sua origem
(centro) deslocada do centro de massa da Terra, de modo a melhor ajusta-lo à superfície
topográfica. Este procedimento tornou o sistema topocêntrico. Por questões de simplificação
adotou-se ondulação nula (N=0 – distância medida sobre a vertical do local entre o elipsóide e o
geóide). A seguir são listados os parâmetros definidores deste sistema.
Ponto origem: Vértice Córrego Alegre
Coordenadas: = -19º 50’ 14,91’’
= -48º 57’ 41,98’’
h = 683,81m
Superfície de referência: Elipsóide internacional de Hayford 1924.
Parâmetros: a = 6.378.388,000 m
b = 6.356.911,946 m
f = 1/297
Ondulação Geoidal: N = 0
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
21
Posteriormente, por um breve período o Brasil conviveu com o Datum Astro-geodésico
de Chuá, que mudou o ponto origem do vértice de Córrego Alegre para o vértice de Chuá. Este
Datum foi um ensaio para a adoção do Datum SAD-69.
O Datum SAD-69 (South American Data) é um sistema regional, que teve a sua
recomendação indicada em 1969 na XI Reunião pan-americana de Consulta sobre Cartografia.
Nem todos os países do continente seguiram a recomendação e oficialmente somente em 1979, o
Brasil o adotou.
Os dados que caracterizam este Datum estão discriminados a seguir.
Ponto origem: Vértice Chuá
Coordenadas: -19º 45’ 41,6527’’
-48º 06’ 04,0639’’
H = 763,28 m altitude ortométrica
Superfície de referência: Elipsóide internacional de Referência 1967.
Parâmetros: a = 6.378.160,000 m
b = 6.356.774,719 m
f = 1/298,25
Ondulação Geoidal: N = 0 determinada
Azimute geodésico: Az = 271º30’04,05” (Chuá-Uberaba)
Esta concepção de Datum, referenciando o sistema a um ponto origem, é considerada
uma solução clássica. Modernamente, principalmente pela tecnologia GPS, a idéia passou a ser a
adoção de uma rede de pontos de coordenadas conhecidas que dão suporte ao mapeamento.
Sob esse novo enfoque desde 25/02/2005, através da resolução IBGE nº 1/2005 o
presidente daquela instituição, resolveu alterar a caracterização do referencial geodésico
brasileiro, que passou a ser o SIRGAS 2000 (Sistema de Referência Geocêntrico para as
Américas).
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
22
A figura geométrica adotada é o elipsóide de revolução geocêntrico denominado
Geodetic Reference System 1980 (GRS 80) cujos parâmetros são os seguintes:
a = 6.378.137,0000000000 m
b = 6.356.752,3141403558 m
f = 1/298,257222101
Este sistema está materializado por 22 estações geodésicas distribuídas no território
nacional, cujos valores estão na tabela a seguir:
Estação
Coordenadas Geodésicas Coordenadas Cartesianas Altitude
elipsoidal (m)
X (m) Y (m) Z(m)
BRAZ 13º 15’ 20,0103” S 43º 25’ 18,2468” W 419,401 4.115.014,085 -4.550.641,549 -1.741.444,019
BOMJ 15º 56’ 50,9112” S 47º 52’ 40,3283” W 1.106,020 4.510.195,835 -4.268.322,325 -1.453.035,300
CAC1 22º 41’ 14,5337” S 44º 59’ 08,8606” W 615,983 4.164.559,941 -4.162.495,407 -2.445.051,218
CANA 25º 01’ 12,8597” S 47º 55’ 29,8847” W 3,688 3.875.253,589 -4.292.587,088 -2.681.107,718
CORU 19º 00’ 01,0131” S 57º 37’ 46,6130” W 156,591 3.229.969,943 -5.095.437,766 -2.063.429,898
CRAT 07º 14’ 16,8673” S 39º 24’ 56,1798” W 436,051 4.888.826,036 -4.017.957,454 -798.309,017
CUIB 15º 33’ 18,9468” S 56º 04’ 11,5196” W 237,444 3.430.711,406 -5.099.641,565 -1.699.432,931
FOR1 03º 43’ 34,3800” S 38º 28’ 28,6040” W 48,419 4.982.893,151 -3.959.968,539 -411.742,293
FORT 03º 52’ 38,8046” S 38º 25’ 32,2051” W 19,451 4.985.386,605 -3.954.998,594 -428.426,440
IMBI 28º 14’ 11,8080” S 48º 39’ 21,8825” W 11,850 3.714.672,427 -4.221.791,488 -2.999.637,883
IMPZ 05º 29’ 30,3584” S 47º 29’ 50,0445” W 105,008 4.289.656,441 -4.680.884,944 -606.347,331
MANA 03º 06’ 58,1415” S 60º 03’ 21,7105” W 40,160 3.179.009,359 -5.518.662,100 -344.401,823
MCAE 22º 22’ 10,3989” S 41º 47’ 04,2080” W 0,056 4.400.142,600 -3.932.040,418 -2.412.305,322
PARA 25º 26’ 54,1269” S 49º 13’ 51,4373” W 925,765 3.763.751,652 -4.365.113,803 -2.724.404,694
POAL 30º 04’ 26,5528” S 51º 07’ 11,1532” W 76,745 3.467.519,402 -4.300.378,535 -3.177.517,730
PSAN 00º 03’ 26,4338” S 51º 10’ 50,3285” W -15,506 3.998.232,011 -4.969.359,526 -6.340,615
RECF 08º 03’ 03,4697” S 34º 57’ 05,4591” W 20,180 5.176588,653 -3.618.162,163 -887.363,920
RIOD 22º 49’ 04,2399” S 43º 18’ 22,5958” W 8,630 4.280.294,879 -4.034.431,225 -2.458.141,380
SALV 13º 00’ 31,2116” S 38º 30’ 44,4928” W 35,756 4.863.495,731 -3.870.312,351 -1.426.347,813
UEPP 22º 07’ 11,6571” S 51º 24’ 30,7223” W 430,950 3.687.624,315 -4.620.818,606 -2.386.880,343
VICO 20º 45’ 41,4020” S 42º 52’ 11,9622” W 665,955 4.373.283,313 -4.059.639,049 -2.246.959,728
SMAR 29º 43’ 08,1260” S 53º 42’ 59,7353” W 113,107 3.280.748,410 -4.468.909,741 -3.143.408,684
6.1 - Mudança de Datum.
Considerando que todo o sistema de mapeamento tem uma ligação íntima com o Datum adotado, a utilização de um parâmetro diverso ao estabelecido, implica numa inconsistência de dados. Deve-se então, tomar o cuidado de verificar em qual Datum está referenciado o mapeamento e fazer as adequações necessárias à compatibilização.
Com a difusão da utilização da tecnologia GPS (Global Positioning System), este cuidado deve ser redobrado, uma vez que o sistema utiliza os parâmetros do sistema WGS-84.
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
23
O IBGE através da Resolução nº 23, de 21 de fevereiro de 1989, estabeleceu os critérios oficiais para transformações de sistemas geodésicos (mudança de Datum). A Resolução nº 1/2005 complementa no que concerne à mudança para o SIRGAS 2000.
A resolução recomenda que se utilize a transformação das coordenadas geodésicas em tridimensionais, aplique-se nestas os fatores de transformação e posteriormente se retorne ao sistema geodésico. Até essa Resolução aplicavam-se as fórmulas simplificadas de Molodeski.
6.1.1 - Transformação de Coordenadas Geodésicas para Cartesianas Tridimensionais
;sen)1(
;sencos)(
;coscos)(
112111
11111
11111
heNZ
hNY
hNX
onde : 1 = Latitude geodésica do ponto
1 = Longitude geodésica do ponto
N1 = raio de curvatura da seção 1º vertical (grande normal)
h1 = altitude geométrica ou elipsoidal
Transformação de sistema
Considerando que o Datum de Córrego Alegre, SAD 69, SIRGAS 2000 e WGS 84 são paralelos entre si, à transformação neste caso, envolve apenas translação de eixos.
X2 = X1 + X12
Y2 = Y1 + Y12
Z2 = Z1 + Z12
onde: X, Y e Z são parâmetros de transformação, definidos na resolução e estão listados na tabela abaixo.
6.1.2 - Transformação de Cartesianas Tridimensionais para Coordenadas Geodésicas
22
22
22
2
2
22
32
22
22
22
32
222
2
cos
cos
sen'
NYX
h
X
Yarctg
uaeYX
ubeZarctg
onde:
utg
tguu
21sen ;
utgu
21
1cos ;
2
2
22
22
2
b
a
YX
Ztgu
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
24
Os parâmetros de transformação encontram-se na tabela a seguir
Córr. Alegre
-SAD 69
SAD 69 -
Córr. Alegre
SAD 69 -
SIRGAS 2000
SIRGAS 2000
–SAD 69
SAD 69 –
WGS 84
WGS 84 –
SAD 69
X = -138,70 m 138,70 m - 67,35 m 67,35 m 66,87 m 0,43m - 66,87 m 0,43m
Y = 164,40 m - 164,40 m 3,88 m - 3,88 m - 4,37 m 0,44m 4,37 m 0,44m
Z = 34,40 m -34,40 m -38,22 m 38,22 m 38,52 m 0,40m - 38,52 m 0,40m
obs: Dados obtidos do Boletim de Serviço Nº 1602 (suplemento) e nas resolução Nº 23/89 e Nº 1/2005 – IBGE.
Os parâmetros que definem o elipsóide utilizado pelo sistema WGS 84 são os seguintes:
a = 6.378.137,000 m
WGS 84 b = 6.356.752,314 m
f = 1/298,257223563
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
25
7 - Projeções Cartográficas
7.1 -Introdução
Define-se projeção cartográfica como sendo qualquer arranjo sistemático de meridianos e paralelos descrevendo a superfície curva da esfera ou elipsóide em um plano. Em outras palavras é a representação da superfície física da Terra no plano do mapa.
Essa relação entre a superfície física e a do mapa se dá através de funções matemáticas de tal modo que cada projeção possui equações únicas.
x = f1 = f3
ou
y = f2 = f4
Estas equações tanto servem para definir a projeção como para construí-la.
TERRA MAPA
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
26
7.2 - Superfícies de projeção
A Terra é um corpo plástico que sofre deformações percebidas pela maré terrestre. Sua forma é aproximadamente esférica, mas não tem uma forma geométrica definida. Por essa razão, são utilizados modelos para representá-la (esférico e elipsóidico). A partir desse modelamento é que se estabelecem as relações matemáticas, contudo, a correspondência entre os pontos da superfície e do mapa não é exata. Em primeiro lugar existe um fator de escala que deve ser considerado e em segundo lugar é impossível transformar uma superfície curva em uma plana sem provocar deformações (estiramentos, descontinuidades). O que se procura fazer é eleger alguma área da superfície e então minimizar os efeitos da distorção nesta região.
É dentro dessa lógica que foram imaginadas três superfícies de projeção para tentar contornar o problema: a superfície plana, a cônica e a cilíndrica. Estas três superfícies também servem como um dos parâmetros classificatórios das projeções, ou seja:
Projeções azimutais plana
Projeções cônicas superfície cônica
Projeções Cilíndricas cilíndrica
Qualquer uma destas superfícies pode estar na posição normal, transversa ou oblíqua, dependendo da necessidade.
NORMAL TRANSVERSO OBLÍQÜO
A
Z
I
M
U
T
A
L
C
Ô
N
I
C
A
C
I
L
Í
N
D
R
I
C
A
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
27
7.3 - Introdução ao conceito de distorção
A representação de um trecho ou totalidade da superfície física da Terra remete a idéia de escala. O conceito de escala indica quantas vezes um objeto foi reduzido ou ampliado para poder ser representado no papel. Contudo, este valor deve ser entendido como sendo um valor médio porque diferentes pontos do mapa sofrem diferentes deformações. Este fato é causado pela transformação da superfície curva da Terra para a superfície plana do mapa e variam seu valor em função da projeção cartográfica que se está utilizando.
Em cartografia pode-se pensar em representar a superfície da Terra de duas maneiras:
a) Cortando a superfície do globo ao longo de certos paralelos e meridianos. Este procedimento minimiza as distorções, contudo apresenta o inconveniente de se representar o mesmo paralelo e meridiano duas vezes, além de haver descontinuidade no mapa.
b) Estirando a superfície em alguma direção. Por exemplo, se estirarmos na direção dos meridianos observa-se que a deformação vai aumentando na medida em que se aproxima do limite do mapa; a distância entre dois paralelos cresce a partir do centro; a separação entre dois meridianos quaisquer permanece praticamente constante; não há descontinuidade (Projeção Policônica – Hassler 1820 – Eqüidistante segundo os paralelos).
Fonte : MALING, D.H. Coordinate Systems and Map Projections. Pergamon Press Inc. New York. 1992.
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
28
Em qualquer um dos casos têm-se vantagens e desvantagens e, dependendo da finalidade, aplica-se uma solução ou outra.
Em termos práticos pode-se, para o segundo caso, restringir-se a amplitude da área a ser mapeado, caso, por exemplo, da projeção UTM que está contida em fusos de 6°. Este valor foi adotado porque além desse limite a deformação passa a ter um valor significativo. Entende-se, neste caso, por significativo aquele valor que pode ser mensurado com um escalímetro num mapa, ou seja, qualquer deformação maior que o erro gráfico (0,2 mm).
7.3.1 - Escala principal.
Escala é definida como a razão entre um comprimento no mapa e o seu valor real no terreno. Normalmente utiliza-se a relação:
1
E
d
D
onde : d - distância no mapa;
D - distância real.
Todavia pode-se usar outra formulação mais adequada para cartografia. Essa nova equação tem relação direta com o conceito de esfera modelo ou globo gerador. Define-se esfera modelo como o modelo reduzido da Terra Real. Essa entidade matemática tem raio unitário.
Então a partir dessa conceituação pode-se definir escala principal de um mapa como a relação entre o raio da esfera modelo com o da Terra real.
TR
R
E
1 onde : R - raio da esfera modelo;
D - raio da Terra real.
Fonte : MALING, D.H. Coordinate Systems and Map Projections. Pergamon Press Inc. New York. 1992.
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
29
7.3.2 - Escalas particulares
Observando-se ainda o segundo mapa, pode-se intuir que dependendo da direção tomada têm-se valores diferentes para a deformação. Este fato real implica no conceito de escalas particulares que é definido como sendo uma taxa de variação da escala principal ao longo de uma direção infinitamente curta. Esta taxa de variação varia conforme a direção escolhida.
Vamos supor um quadrilátero infinitesimal, construído a partir do ponto A de coordenadas e , ABCD sobre a superfície de referencia esférica (esfera modelo). Esse quadrilátero ao ser transposto para a superfície de projeção sofre distorções fazendo com que os pontos B, C, e D sejam deslocados, gerando o quadrilátero A’B’C’D’. Esta situação pode ser visualizada na figura abaixo.
A’
B’
C’
D’
P’
Q’
R’
S’
’
’
dx
dy
y
x
Superfície de Projeção
ds’
A
B C
D
ds
d
+ d
Superfície de Referência
Quadriláteroinfinitesimal
A
R
d
d
rp
Estes deslocamentos têm significado geométrico e podem ser representados simbolicamente por uma notação de derivadas parciais, que estão explicitados na tabela a seguir.
Deslocamento Significado Símbolo
A’P’Incremento na direção de Y ocasionado por uma variação infinitesimal da latitude (d )
dy
P’B’Incremento na direção de X ocasionado por uma variação infinitesimal da latitude (d )
dx
A’S’Incremento na direção de X ocasionado por uma variação infinitesimal da longitude (d )
dx
S’D’Incremento na direção de Y ocasionado por uma variação infinitesimal da longitude (d )
dy
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
30
Escala é uma relação entre o comprimento real e o representado, assim as escalas particulares podem ser calculadas como sendo as relações entre os comprimentos dos segmentos na esfera e os seus correspondentes no plano de projeção. Esta variação pode ser entendida como um fator de deformação que varia ao longo de toda superfície de projeção. Então pode-se determinar o fator de deformação ao longo dos paralelos, ao longo dos meridianos, em uma direção qualquer, segundo um azimute e assim por diante. Para tanto, antes vamos estabelecer algumas relações existentes do quadrilátero A’B’C’D’.
dx = A’S’ + D’R’ mas D’R’ = P’B’ então dx = dx
+ dx
analogamente
dy = A’P’ + B’Q’ mas B’Q’ = S’D’ então dy = dy
+ dy
A’B’2 = A’P’2 + P’B’2 A’B’2 = 2
2
dy
+ 2
2
dx
= 2
22
dyx
A’D’2 = A’S’2 + S’D’2 A’D’2 = 22
dx
+ 22
dy
= 222
dyx
A’C’2 = dx2 + dy2 A’C’2 =
22
dy
dy
dx
dx
Desenvolvendo chega-se a:
A’C’2 = 2
22
dyx
+ 2 ddyyxx
+ 222
dyx
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
31
Fazendo
E = 22
yx
F = yyxx
G = 22
yx
e lembrando que, A’C’ = ds’, vem:
A’B’ = dE ; A’D’ = dG ; ds’ = 22 2 GddFdEd
Os valores E, F e G são denominados quantidades fundamentais de Gauss.
Definidas estas relações, pode-se então partir para o cálculo das escalas particulares.
7.3.3 - Fator de deformação ao longo dos meridianos (h).
O fator de deformação ao longo dos meridianos é representado pela letra h. É definido pela relação:
h = AB
BA '';
A’B’ já foi deduzido e AB é o comprimento de um arco de meridiano de raio R e amplitude d ou seja:
AB = R.d considerando que a esfera tem raio unitário AB d
Finalmente
h = d
dEh E
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
32
7.3.4 - Fator de deformação ao longo dos paralelos (k).
O fator de deformação ao longo dos paralelos é representado pela letra k. É definido pela relação:
k = AD
DA '';
A’D’ já foi deduzido e AD é o comprimento de um arco de paralelo de raio rp e amplitude d ou seja:
AD = R.cos d considerando uma esfera de raio unitário AD = cos d
Finalmente
k = d
dG
cosk secG
7.3.5 - Fator de deformação ao longo de qualquer arco que passe por A.
Este fator de deformação é representado pela letra sendo definido pela relação:
= ds
ds' ;
Considerando que o quadrilátero é infinitesimal, pode-se calcular ds pelo teorema de Pitágoras.
ds2 = R2 d 2 + R2 cos2 d 2 considerando R = 1 ds = 222 cos dd
Finalmente
= 222
22
cos
2
dd
GddFdEd
A equação a seguir calcula a escala em função do ângulo azimutal
22
22
cos2
coscos sen
Gsen
FE
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
33
7.3.6 - Elipse das distorções ou Indicatriz de Tissot
Uma circunferência na superfície da esfera, infinitamente pequena, quando é transformada para o plano da projeção, ao sofrer deformação assume a forma elíptica. Esta elipse recebe o nome de elipse das distorções ou Indicatriz da Tissot.
Teorema de Tissot:
Sobre qualquer ponto de uma projeção existem duas direções perpendiculares entre si, que ao
serem transformadas, embora existindo deformação angular, permanecem perpendiculares entre si.
As direções I e II são conhecidas como direções principais e é sobre elas que ocorrem as deformações máxima e mínima (a e b).
Na esfera os paralelos se cruzam segundo um ângulo de 90º, porém esse valor é alterado pela distorção. Pode-se demonstrar que:
cos'cos
kh
F
onde ’ é o ângulo reto na superfície da esfera modelo após ser deformado.
aa
a
a ’
’
ds ds’
C C’
y y’
x x’
II II’
I I’
A A’
na projeçãona esfera
a
’b
Mer
idia
no
Paralelo
kh
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
34
7.3.7 - Fator de deformação máximo (a) e mínimo (b)
As seguintes relações podem ser deduzidas a partir do conceito de elipse das distorções.
h2 = a2.cos2 ’+b2.sen2 ’
k2 = a2.sen2 ’+b2.cos2 ’
associando as duas equações:
h2 + k² = a2.cos2 ’+b2.sen2 ’ + a
2.sen2 ’+b2.cos2 ’ colocando a² e b² em evidência, vem:
h2 + k² = a2 (cos2 ’+ sen2 ’) + b2(sen2 ’ + cos2 ’) mas sen2 ’ + cos2 ’ = 1, então:
h2 + k2 = a2 + b2
Esta expressão representa o 1º Teorema de Apolônio, que mostra que a soma ao quadrado de dois diâmetros conjugados na elipse é uma constante. O 2º Teorema de Apolônio mostra que a área formada por dois semi-diâmetros conjugados na elipse é igual à área do retângulo formado pelos semi-eixos da elipse, ou seja:
h.k.sen ’= a.b
As duas equações anteriores permitem avaliar a evolução das distorções máxima e mínima para qualquer projeção a partir dos valores conhecidos h, k e ’.
Multiplicando as segunda equação por 2 e somando e subtraindo da primeira equação resulta:
h2 + k2 2.h.k.sen ’ = a2 + b2 2.a.b
finalmente
(a b)2 = h2 + k2 2.h.k.sen ’
A resolução deste sistema de equações permite determinar os valeres dos fatores de deformação máximo e mínimo.
7.3.8 - Fator de deformação de área (p).
Considerando que o quadrilátero A’B’C’D’ é muito pequeno, pode-se definir que o fator de deformação da área é A’B’.A’D’.sen ’. Então:
p = h.k.sen ’ ou p = a.b
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
35
7.3.9 - Fator de deformação angular máximo ( ).
A equação que permite o cálculo do fator de deformação angular máximo é a seguinte:
ba
ba
2sen
Dependendo da função de projeção que se utilize, têm-se valores diferentes para as deformações, que são do tipo linear, angular e de área.
Em resumo, as escalas particulares ou fatores de deformação assumem valores máximos e mínimos e podem ocorrer:
ao longo dos meridianos = h
ao longo dos paralelos = k
ao longo das direções principais (máxima) = a
ao longo das direções principais (mínima) = b
de área = p
Angular máxima =
Não obstante, existem certos pontos ou linhas onde essas deformações não ocorrem e são conhecidos como pontos ou linhas de distorção zero (pdz ou ldz ). A figura a seguir exemplifica a situação.
ldz pdz
ldz ldz
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
36
7.3.10 - Propriedades especiais das projeções
Apesar da escala principal só ser preservada ao logo de certos pontos ou linhas (pdz ou
ldz) e as escalas particulares variarem tanto em posição como em direção num mapa, é possível
criar certas combinações especiais de escalas particulares que podem ser mantidas em toda a
extensão de um sistema de projeção, com exceção aos pontos singulares. Pontos singulares são
aqueles onde o Teorema de Tissot não se aplica. Por exemplo, em algumas projeções os pólos
aparecem como sendo linhas ao invés de pontos.
Estas propriedades classificam as projeções em conformes, equivalentes, eqüidistantes e
afiláticas. A tabela abaixo resume as características de cada uma das propriedades :
PropriedadeEscala
particularEfeito Aplicação
Conformidade a =b
não há deformação angular; a forma dos objetos “é mantida”.
Mapas onde a medida de ângulos é importante. Ex.: Cartas Topográficas, Cartas de Navegação e Cartas Militares.
Equivalência a.b = 1
os ângulos são deformados, porém não há deformação de área.
Mapas onde a medida das áreas é importante. Ex.: Mapas de uso da terra, vegetação, populacionais.
Eqüidistância
h = 1 não há deformação segundo os meridianos.
Mapas onde a conformidade ou a equivalência não sejam primordiais. Atlas, mapas de planejamento estratégico. k = 1
não há deformação segundo os paralelos.
Afiláticas não apresentam nenhuma propriedade
As projeções eqüidistantes apresentam uma característica importante, elas deformam
menos os ângulos que as equivalentes e menos as áreas que as conformes, sendo então útil
quando as outras duas propriedades não são necessárias.
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
37
A figura a seguir mostra as deformações sofridas pela Projeção Sinusoidal ou Projeção de
Sansom-Flamsteed. Esta projeção classificada como equivalente pertence às pseudo-cilíndricas.
Observa-se que ao longo do equador e do meridiano de Grrenwich as Indicatrizes de Tissot são
circunferências de mesmo tamanho, o que indica que estas linhas são linhas de distorção zero.
Fora delas observa-se um estiramento na medida em que se aproxima do Polo Norte.
Fonte : MALING, D.H. Coordinate Systems and Map Projections. Pergamon Press Inc. New York. 1992
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
38
8 - Análise de uma projeção sob a ótica da teoria das distorções.
Todas as projeções cartográficas, indistintamente, provocam deformações nas feições
cartografadas no processo de transferência da superfície física para a de projeção. Deste modo,
ao se adotar uma ou outra formulação, deve-se levar em consideração qual as características que
queremos preservar, ou seja, que propriedade nos interessa.
As projeções são classificadas quanto às propriedades em conformes, eqüidistantes,
equivalentes e afiláticas. Dependendo da formulação (lei da projeção) mesmo a propriedade
sendo igual, não se tem o mesmo resultado. É necessário se fazer um estudo sob a luz da teoria
das distorções antes de se optar por esta ou aquela projeção.
Como exemplo vamos fazer este estudo utilizando a projeção cilíndrica conforme de
Mercator. Ronan (1983) apud Maling(1993) em sua obra “The Cambribge Ilustrated History of
the World’s Science”, afirma que esta projeção foi utilizada por Ch’ien Lo-Chih num primitivo
mapa de estrelas (Tunhuang – 940). Na Europa, a sua utilização é datada de 1.511 por Etzlaud e
1.569 por Mercator. A navegação passou a adota-la a partir de 1.599.
A formulação desta projeção (lei de projeção) é a seguinte:
x =
y = 24
ln tg
a) Cálculo das derivadas parciais
;0x
;1x
;0y
;
24cos
242
121
242cos
1
24(
24cos
21
242sec
24
1
sensentg
y
;)cos(
11
2
1
224 sensen
y);sec(
y
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
39
b) Cálculo das quantidades fundamentais de Gauss
;101)()(
;00)sec(10
);(2sec2)sec(20)()(
2222
22
yx
yyxx
yx
G
F
E
c) Cálculo das escalas particulares
c.1) Fator de deformação ao longo dos meridianos
Eh h = sec( )
c.2) Fator de deformação ao longo dos paralelos
)sec(Gk k = sec( )
c.3) Fator de deformação máximo (a) e mínimo (b)
0)(
0
)()'cos(
senkhsenkh
F => ’ = 90º
khbakhkhkhkhkhba 222222 2)'sen(2
c.4) Fator de deformação de área
p = a.b p=sec2( )
c.5) Deformação angular máxima.
00sencomo;2
sen b aba
ba
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
40
d) Tabela de deformações
h k a b p
0 º 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 0,00 º
15 º 1,04 1,04 1,04 1,04 1,07 0,00 º
30 º 1,15 1,15 1,15 1,15 1,33 0,00 º
45 º 1,41 1,41 1,41 1,41 2,00 0,00 º
60 º 2,00 2,00 2,00 2,00 4,00 0,00 º
75 º 3,86 3,86 3,86 3,86 14,93 0,00 º
90 º 0,00 º
Observa-se que as deformações crescem na direção dos Pólos, tendendo para o infinito.
Isso acontece porque esta projeção não é definida para latitude de 90º.
A deformação angular máxima é igual a Zero, o que era de se esperar, uma vez que a
projeção é conforme e os ângulos, neste caso, são preservados.
Nota-se ainda, que uma área localizada na latitude de 75º, sofre uma ampliação da ordem
de 14,93 vezes.
Se por projeto for estabelecida uma tolerância de 4% em termos de deformação linear, só
a região compreendida entre os meridianos de 15º N e 15º S terá a sua área mapeada por esta
projeção.
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
41
Na tabelas seguintes, são apresentados os fatores de deformação de algumas projeções azimutais.
Projeção Azimutal Estereográfica - conforme
h k a b p
0 º 2,00 2,00 2,00 2,00 4,00 0,0 º
15 º 1,59 1,59 1,59 1,59 2,52 0,0 º
30 º 1,33 1,33 1,33 1,33 1,78 0,0 º
45 º 1,17 1,17 1,17 1,17 1,37 0,0 º
60 º 1,07 1,07 1,07 1,07 1,15 0,0 º
75 º 1,02 1,02 1,02 1,02 1,03 0,0 º
90 º 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 0,0 º
Projeção Azimutal Postel - Equidistante nos meridianos.
h k a b p
0 º 1,00 1,57 1,57 1,00 1,57 25,6 º
15 º 1,00 1,36 1,36 1,00 1,36 17,5 º
30 º 1,00 1,21 1,21 1,00 1,21 10,9 º
45 º 1,00 1,11 1,11 1,00 1,11 6,0 º
60 º 1,00 1,05 1,05 1,00 1,05 2,8 º
75 º 1,00 1,01 1,01 1,00 1,01 0,6 º
90 º 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 0,0 º
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
42
Projeção Azimutal de Lambert - Equivalente.
h k a b p
0 º 0,71 1,41 1,41 0,71 1,00 38,6 º
15 º 0,79 1,26 1,26 0,79 1,00 26,5 º
30 º 0,87 1,15 1,15 0,87 1,00 15,9 º
45 º 0,92 1,08 1,08 0,92 1,00 9,2 º
60 º 0,97 1,04 1,04 0,97 1,00 4,0 º
75 º 0,99 1,01 1,01 0,99 1,00 1,1 º
90 º 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 0,0 º
Projeção Azimutal Gnomônica - afilática.
h k a b p
0 º
15 º 14,93 3,86 14,93 3,86 57,68 72,2 º
30 º 4,00 2,00 4,00 2,00 8,00 38,9 º
45 º 2,00 1,41 2,00 1,41 2,83 19,9 º
60 º 1,33 1,15 1,33 1,15 1,54 8,3 º
75 º 1,07 1,04 1,07 1,04 1,11 1,6 º
90 º 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 0,0 º
A partir destas tabela é possível se fazer o estudo de que projeção é mais adequada para o
projeto cartográfico que se pretende. Este tipo de análise deve ser aplicado sempre que se
pretende utilizar uma projeção diferente das tradicionais.
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
43
Para efeito de ilustração, criou-se na Projeção Cilíndrica de Carrée, cuja tabela de deforma
encontra-se abaixo, uma feição humana (rosto) para obtenção das coordenadas geográficas dos seus
traços definidores. A partir destas, gerou-se em diversas projeções o reticulado e o rosto, para
demonstrar as diferenças que os contornos de uma área cartografada, podem sofrer.
Projeção Cilíndrica de Plate Carrée – Eqüidistante ao longo dos meridianos
h k a b p
0 º 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 0,0 º
15 º 1,00 1,04 1,04 1,00 1,04 -2,2 º
30 º 1,00 1,15 1,15 1,00 1,15 -8,0 º
45 º 1,00 1,41 1,41 1,00 1,41 -19,6 º
60 º 1,00 2,00 2,00 1,00 2,00 -38,9 º
75 º 1,00 3,86 3,86 1,00 3,86 -72,1 º
90 º 1,00 1,00
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
44
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
45
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
46
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
47
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
48
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
49
9 - Construção prática das Projeções Cartográficas.
A construção de um mapa passa necessariamente por algumas etapas como:
a escolha da superfície de referência (modelo geométrico/datum);
a escolha da superfície de projeção (plana, cônica ou cilíndrica);
o aspecto da superfície de projeção (normal, obliqua ou transversa);
a propriedade especial (conforme, equidistante nos paralelos, equidistante nos meridianos, equivalente ou afilática);
a escala de saída da representação.
As definições quanto as superfície de referência e de projeção, ao aspecto e a propriedade
especial, normalmente já estão meio que resolvidas. Via de regra, adota-se o padrão mais usual.
Por exemplo, o mapeamento sistemático brasileiro utiliza o sistema UTM (Universal Transverso
de Mercator) como padrão, então, na maioria dos projetos que envolvem cartografia, esta
solução é a adotada. Basta lembrar a lei de georreferenciamento de imóveis rurais que
normatizou essa solução na definição territorial das propriedades.
É comum também que, em mapas estaduais do estremo sul do País, se opte pelas
projeções policônicas. Alguns mapeamentos geológicos adotam as cônicas equivalentes como
opção, e algumas cidades adotam o LTM (Local Transverso de Mercator), variação da UTM,
como opção para seus mapeamentos cadastrais. Observa-se então que, sobre estes aspectos,
quase tudo já está definido não havendo muito espaço para variações.
Com respeito ao Datum, embora o Brasil tenha optado pelo SAD 69 desde meados da
década de 70 e que em fevereiro de 2005 o tenha substituído oficialmente pelo SIRGAS 2000, é
comum ainda se verem projetos adotando o Córrego Alegre. Esta decisão equivocada está
calcada nas cartas do mapeamento sistemático que foram confeccionadas no final da década de
60 e início da 70, quando o Datum vigente ainda era o Córrego Alegre. Isto denota uma falta de
conhecimento técnico em mapeamento pelas pessoas que tomam as decisões. Ainda se tem uma
visão de que mapa é simplesmente um desenho e não um documento que se construído
corretamente poderá poupar muito das etapas de levantamento de dados para o planejamento.
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
50
Finalmente, quanto à escala de saída, embora os sistemas automatizados tenham
ferramentas que facilitam a saída na escala adequada, é interessante que se conheça o processo
na elaboração dos mapas. Então este material didático se propõe a mostrar de que forma isso é
feito.
Para efeito de organização será mostrado a seguir o processo de construção das projeções
conforme elas pertençam à classe das azimutais, cônicas e cilíndricas. Todas as construções
apresentadas adotarão o aspecto normal e será adotada a esfera como modelo geométrico para a
Terra. Esse modelo recebe o nome de esfera modelo ou globo gerador e tem o raio unitário.
9.1 -Projeções Azimutais
As projeções classificadas como azimutais são aquelas que adotam o plano tangente ou
secante como superfície de projeção. Essa superfície pode assumir os aspectos normal,
transverso ou oblíquo, conforme o plano tangencie o modelo de referência (modelo geométrico
da Terra) em um dos pólos, sobre o equador ou em um local diferente destes. Por esta
característica as azimutais só representam no máximo um hemisfério por superfície.
As fórmulas gerais para as projeções azimutais, no caso normal e tangente, são as seguintes.
Equações polares
r = f( )=F( ;
Equações cartesianas
x = r.cos
= y r.sen
onde : r - raio do paralelo no plano de projeção - latitude - colatitude ( = 90º - )
- longitude.
- ângulo correspondente a longitude no plano de projeção.
As escalas particulares ao longo dos paralelos e meridianos são definidas por:
rrh e cossen
rrk
A figura 2 mostra graficamente os elementos envolvidos nas projeções azimutais.
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
51
Analisando a figura observa-se que o ponto P, na superfície da esfera modelo, é projetado
no plano de projeção em P’. A posição de P’ depende fundamentalmente das suas coordenadas e
da projeção cartográfica utilizada. Assim, um mesmo ponto é projetado em posições diferentes
no plano de projeção simplesmente com a variação da projeção cartográfica.
A projeção cartográfica é uma função matemática conhecida como “Lei da Projeção”.
Esta Lei, no caso de coordenadas polares, é constituída por uma função que depende da
colatitude do ponto P, e que calcula a distância entre o ponto de tangência e P’, representada pela
letra r, e pelo ângulo que corresponde à longitude de P.
Estas coordenadas polares, para serem transformadas em cartesianas, tem sua origem no
ponto de tangência e o eixo das abscissas é coincidente com o meridiano de Greenwich,
conforme figura 1.
r
X
Y
xP
yP
Meridiano deGreenwich
90 Wo
180 o
90 Eo
P
PN
Figura 1 - Eixos cartesianos nas projeções azimutais.
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
52
R
P
P`
PN r
PS
Lei de projeção :
r = f( ) = F ( )
rcosk
h -mrm
mrm
rsen
Superfície de projeção
P`
r
(Esfera modelo - R=1)
Superfície de referência
Superfície de projeção
Figura 2 – Aspectos geométricos envolvidos numa projeção azimutal.
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
53
Algumas projeções permitem sua demonstração porque sua Lei é constituída por
equações geométricas. A seguir serão demonstradas algumas destas.
9.1.1 - Projeção Azimutal Gnomônica.
A projeção Gnomônica é atribuída a Tales de Mileto que viveu entre 624 a 546 a.C.
Esta projeção adota o centro da esfera (c) como ponto de vista da projeção (PV). Desta forma o ponto P é projetado a partir de PV em P’. A distância entre P’ e o pólo é denominada pela letra r (figura 3).
Observa-se também que o pólo, PV e P’ formam um triangulo retângulo.
Aplicando-se uma relação trigonométrica simples, obtém-se:
)(.tgRr
como a esfera tem raio unitário, vem:
)(tgr
Esta equação não é definida para pontos cuja colatitude é igual 90º, de forma que o equador não é representado.
9.1.2 - Projeção Azimutal Estereográfica.
A projeção Estereográfica é atribuída a Hiparco de Nicéia que viveu entre 160 a 125 a.C.
Esta projeção adota o ponto antípoda ao ponto de tangência do plano de projeção com a esfera, como ponto de vista (PV). Desta forma o ponto P é projetado a partir de PV em P’. A distância entre P’ e o pólo é denominada pela letra r (figura 4).
Observa-se também que o pólo, PV e P’ formam um triangulo retângulo.
R=1P
P’r
pólo
plano deprojeção
esfera modelo
c=PV
Figura 3 - Projeção Gnomônica.
R=1P
P’r
pólo
plano deprojeção
esfera modelo
PV
c
Figura 4 - Projeção Estereográfica.
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
54
Aplicando-se uma relação trigonométrica simples, obtém-se:
)(2 tgRr
mas, do triângulo formado entre PV, c e P, têm-se
2902
901802180)90(.2
o
oooo
Considerando-se ainda, que a esfera tem raio unitário, vem:
)2(2 tgr
9.1.3 - Projeção Azimutal Ortográfica.
A projeção Ortográfica é atribuída a Apolônio de Perga que viveu entre 262 a 190 a.C.
Esta projeção adota o ponto antípoda que é deslocado para o infinito como ponto de vista (PV). Desta forma o ponto P é projetado, paralelamente ao eixo de rotação, a partir de PV em P’. A distância entre P’ e o pólo é denominada pela letra r (figura 5).
Observa-se também que c, q’ e P formam um triangulo retângulo.
Aplicando-se uma relação trigonométrica simples, obtém-se:
)cos()(senRr
Considerando-se que a esfera tem raio unitário, vem:
cos)(senr
Conforme informado anteriormente estas três projeções tem sua Lei definida por equações
geométricas cuja demonstração é simples, todavia, a classe das azimutais não se limita somente a
estas três, existindo outras proposições (anexo 1).
R=1P
P’r
pólo
plano deprojeção
esfera modelo
PV
q’c
Figura 5 - Projeção Ortográfica.
P
PV
c
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
55
9.1.4 - Construção das projeções azimutais.
Definida a lei de projeção que balizara os cálculos, pode-se pensar em duas situações distintas:
a. dado o formato do papel onde se deseja gerar a projeção, calcular a escala;
b. dada a escala da projeção definir quais as dimensões do papel que a comporta.
Tanto para o caso “a” como para o “b” é necessário se fazer algumas considerações. A
primeira é que a área ocupada por uma projeção azimutal é constituída por um círculo cujo raio é
determinado pela colatitude limite (figura 1). Esta colatitude limite é definida pelo limite da
projeção, ou seja, até que distância angular, a partir do ponto de tangência do plano com a esfera,
se pretende representar. A segunda, que as projeções azimutais representam um único
hemisfério.
Então, imaginando um papel com dimensões hipotéticas dx e dy (figura 6).
O círculo para ser representado
na integra deve ter seu raio máximo
(rMáx) menor que a menor dimensão do
papel. No caso da ilustração a menor
dimensão ocorre em dx.
O raio máximo tem sua dimensão
definida por dois fatores. O primeiro
está atrelado a Lei da projeção e o
segundo ao raio da esfera modelo (R).
Nas deduções apresentadas
anteriormente o raio da esfera modelo
era considerado unitário, mas é
facilmente percebido que o valor de “r”
é diretamente dependente de “R”, ou
seja, se for dobrado o valor de “R”
automaticamente se dobra o de “r”.
Então, para se ocupar a menor dimensão do papel deve-se variar o raio da esfera modelo (R).
Chamando de “d” a menor dimensão do papel, tem-se:
r Máx
dy
dx
Limite da projeção
Figura 6 - Dimensões úteis de uma folha de papel
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
56
Calculado o raio da esfera modelo ideal pode-se agora calcular em que escala será representada esta projeção. Sabe-se que escala é a proporção existente entre o real e o representado. Então, a escala é a proporção entre o raio da esfera modelo (R) e o raio da Terra real (RT), ou seja:
Esta proporção será um número menor do que 1. Em cartografia costuma-se indicar a escala como uma fração, assim:
A escala calculada normalmente não será um número inteiro, deste modo, deve-se arredondá-la para uma escala menor. Quando isso é feito, a proporção é modificada e precisa-se calcular novamente o raio da esfera modelo.
Definida a escala e o raio da esfera modelo passa-se a construir uma tabela onde serão calculados os raios dos paralelos. Os meridianos são constituídos por linhas radiais onde o ângulo = . Ao conjunto de paralelos e meridianos representados na superfície de projeção dá-se o nome de reticulado ou canevá da projeção.
No caso de ser fornecida a escala da projeção a ordem dos cálculos é diferente. Inicialmente calcula-se o raio da esfera modelo e depois a dimensão mínima.
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
57
Com os exemplos seguintes, o procedimento de cálculo do canevá ficará mais claro.
Exemplo 1 – Gere o canevá da projeção Azimutal Gnomônica, aspecto normal, em uma folha padrão A4, intervalando os paralelos e meridianos de 15º em 15º. Para o cálculo adote RT = 6.380 km.
Para iniciar o cálculo da projeção precisa-se:
a – Lei da projeção;
b – espaço útil no papel;
c – cálculo do raio da esfera modelo;
d – cálculo da escala;
e – geração da tabela com os raios dos paralelos.
A lei de projeção da Azimutal Gnomônica é determinada pelas equações
)(tgr
Esta equação não é definida para = 90º. Considerando que foi pedido que o intervalo fosse de 15º em 15º,
então a colatitude máxima a ser adotada será: Máx =75º.
Com respeito ao papel, para se calcular a área útil, deve-se descontar das dimensões do formato A4 as
margens, os espaços definidos para cabeçalho, escala e textos adicionais. Na figura 7, estes espaços estão
delimitados. É importante frisar que excetuando as margens, os outros espaços podem ser livremente estipulados
pelo autor do mapa.
dx = 158 mm
7 mm
r Máx
Título
Escala
text
o
text
o
10
mm
30 mm
40 mm
25
mm
10
mm
7 m
m
7 mm
dy =
213
mm
Figura 7 - Definição da área útil.
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
58
Para o cálculo do raio da esfera modelo de uma projeção azimutal utiliza-se a seguinte fórmula:
d = 158 mm e rMáx = tg( Máx) = tg(75º) rMáx =3,73
então
Tendo-se o Raio da esfera modelo cujo valor faz com que a projeção azimutal Gnomônica ocupe a área útil total, é necessário agora se calcular a escala desta projeção, assim:
O denominador calculado não é, normalmente, um número inteiro, então arredondando para um número maior, vem
Recalculando o raio da esfera
Finalmente passa-se a fase de cálculo dos raios dos paralelos.
r = R. tg ( ) (R = 2 ,1 cm)
0º 90º -
15º 75º 7 ,8 cm
23º 27 ' 66º 33 ' 4 ,8 cm
30º 60º 3 ,6 cm
45º 45º 2,1 cm
60º 30º 1 ,2 cm
66º 33 ' 23º 27 ' 0 ,9 cm
75º 15º 0 ,6 cm
90º 0º 0,0 cm
Os valores 23º27’ e 66º33’ correspondem ao Trópico de Câncer e ao Círculo Ártico ou ao Trópico de Capricórnio e ao Círculo Antártico conforme os dados fizerem referência ao hemisfério Norte ou ao hemisfério Sul respectivamente. A figura 8 mostra o canevâ da projeção Gnomônica.
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
59
Projeção Azimutal GnomônicaAspecto Normal
Atribuida a Tales de Mileto (624 - 546 a.C.)
Escala 1:302.000.000
0o15 Eo
30 Eo
45Eo
60Eo
75
Eo
90
Eo10
5E
o
120
Eo
135Eo
150Eo
165Eo
180o165W
o
150Wo
135Wo
120W o
105
W o
90
W o75
W o
6 0Wo
45Wo
30 Wo
15 Wo
Mer
idia
no
de G
ree
nwic
h
PN
30o
45o
60o
T
R
ÓP
IC
OD E C
ÂN
CE
R
CÍR
CU
LO
P O L A R
ÁR
TI
CO
3.020 6.040 9.060 12.080 15.100 km3.020 0
15o
Figura 8 – Canevá da Projeção Azimutal Gnomônica em um papel formato A4 (210 mm x 297 mmm)
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
60
Exemplo 2 – Gere o canevá da projeção Azimutal Estereográfica, aspecto normal, em uma folha padrão A4, intervalando os paralelos e meridianos de 15º em 15º. Para o cálculo adote RT = 6.380 km.
Os cálculos são similares ao exemplo anterior, mudando-se somente a Lei da Projeção, ou seja:
)2(2 tgr
Esta equação é definida para = 90º que será o limite da projeção. Como o formato do papel é o mesmo
que do exercício anterior e se for adotado as mesmas dimensões, vem:
d = 158 mm e
então
Tendo-se o Raio da esfera modelo calcula-se a escala desta projeção:
arredondando o denominador para um número maior inteiro, vem
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
61
Recalculando o raio da esfera
Finalmente passa-se a fase de cálculo dos raios dos paralelos.
r = 2 .R. tg ( ) ( R = 3 ,9 c m)
0º 90º 7,8 cm
15º 75º 6 ,0 cm
23º 27 ' 66º 33 ' 5 ,1 cm
30º 60º 4 ,5 cm
45º 45º 3,2 cm
60º 30º 2 ,1 cm
66º 33 ' 23º 27 ' 1 ,6 cm
75º 15º 1 ,0 cm
90º 0º 0,0 cm
A figura 9 mostra o aspecto do canevá da projeção estereográfica.
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
62
Projeção Azimutal EstereográficaAspecto Normal
Atribuida a Hiparco de Nicéia (160 - 125 a.C.)
Escala 1:162.000.000
0o15 Eo
30 Eo
45Eo
60Eo
75
Eo
90
Eo10
5E
o
120
Eo
135Eo
150Eo
165Eo
180o165W
o
150Wo
135Wo
120W o
105
W o
90
W o75
W o
6 0Wo
45Wo
30 Wo
15 Wo
Mer
idia
no
de G
ree
nwic
h
PN
30o
45o
75o
TR
ÓP
I CO D E
CÂ
NC
ER
CÍR
C
UL O
P O L A RÁ R
T
I CO
1.620 3.240 4.860 6.480 8.100 km1.620 0
60o
15o
Figura 9 – Canevá da Projeção Azimutal Estereográfica em um papel formato A4 (210 mm x 297 mmm)
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
63
Observa-se nos dois exemplos que o procedimento de geração do canevá é simples.
A partir do canevá a construção do mapa exige que sejam conhecidas as coordenadas
geográficas ( ) das diversas feições que compõe a região representada como, limites dos
continentes, dos países, cidades ou locais importantes, cursos d’água, entre outros. Neste caso é
melhor empregar as fórmulas que utilizam o sistema cartesiano. Assim:
x = r.cos
y = r.sen
No caso da projeção Gnomônica as fórmulas cartesianas são:
x = R.tg .cos
y = R.tg .sen
e as da Estereográfica são:
x = 2.R.tg( /2).cos
y = 2.R.tg( /2).sen
Basta ir substituindo paulatinamente as coordenadas nas equações e ir obtendo as coordenadas cartesianas.
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
64
9.2 -Projeções cônicas
As projeções classificadas como cônicas são aquelas que adotam o “cone reto” tangente
ou secante como superfície de projeção. Essa superfície pode assumir os aspectos normal,
transverso ou oblíquo, conforme o eixo do cone seja paralelo, transverso ou oblíquo em relação
ao eixo de rotação do modelo de referência (modelo geométrico da Terra). Similarmente as
azimutais, elas só representam um único hemisfério por superfície.
As fórmulas gerais para as projeções cônicas, no caso normal e tangente, são as seguintes.
Equações polares
r = f( )=F( ;
Equações cartesianas
x = r.sen
= y C - r.cos
onde : r - raio do paralelo no plano de projeção
- latitude
- colatitude ( = 90º - )
- longitude.
- ângulo correspondente a longitude no plano de projeção.
- fator de redução ou constante do cone
C - raio do paralelo-padrão no plano de projeção
As escalas particulares ao longo dos paralelos e meridianos são definidas por:
rrh e cossen
rrk
A figura 10 mostra graficamente os elementos envolvidos nas projeções cônicas.
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
65
P`
PN
V
Lei de projeção :
r = f( ) = F ( )
constante do coner
coskh -crc
P`
C
V
Superfície de projeção
P
R
Superfície de projeção
(Esfera modelo - R=1)
Superfície de referência
PS
r
(Cone - tangente)
Paralelo padrão (L.d.z.)
C
Paralelo-padrão (L.d.z.)
r
Figura 10 – Aspectos geométricos envolvidos nas projeções cônicas.
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
66
Dependendo do paralelo padrão que se adote a altura do cone e a dimensão da base variam.
Observa-se na figura 10 que o raio do paralelo (r) é considerado desde o vértice do cone
até o ponto P’, e que o ângulo ao ser transformado em , ao contrário das projeções azimutais,
sobre uma redução. Essa redução, também denominado de constante do cone e designada pela
letra grega , é uma função matemática que depende da latitude do paralelo padrão ( o) ou da
colatitude do paralelo padrão ( o).
Além do paralelo padrão, nas projeções cônicas, existe a figura do Meridiano Central
(MC) que pode ser coincidente com o Meridiano de Greenwich. Quando o meridiano central é
em outro local, substitui-se a longitude por uma diferença dada por:
onde : - longitude do ponto;
MC - longitude do meridiano central.
A figura 11 mostra esses elementos em relação às coordenadas cartesianas.
r
X
Y
xP
yPMeridiano de Greenwich
18 0E
o
180
Eo
P
Figura 11 - Eixos cartesianos nas projeções cônicas.
PN
C
paralelo-padrão
0oC = F( ) = f ( )o o
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
67
9.2.1 - Construção das projeções cônicas.
As projeções cônicas ocupam a área útil do papel em função da Lei da projeção e do
paralelo padrão escolhido de duas formas distintas. Essas situações serão definidas por “caso a”
quando o Máx > 90º e “caso b” quando o Máx < 90º. Em ambos os casos o espaço requerido na
direção dos eixos das abscissas é diferente do eixo das ordenadas. Assim é necessário se calcular
um raio ideal na direção de x (RX) e um raio ideal na direção de y (RY). Assumindo como dx o
espaço útil na direção de x e dy o espaço na direção de y pode-se formular as equações para os
dois casos.
Caso a - Máx > 90º
Máx
rM
áx
X
Y
Meridiano de Greenwich
180Wo
180
Eo
Figura 12 - Projeções cônicas - caso .a
0o
2.rMáx
rMáx
r sen( -90 )Máx. Máx
o
Analisando a figura 12 pode-se extrair:
E
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
68
Caso b - Máx < 90º
Máx
r Máx
X
Y
Meridiano de Greenwich
180 Wo 180E
o
Figura 13 - Projeções cônicas - caso .b
0o
rMáx
2.r sen( )Máx. Máx
Analisando a figura 13 pode-se extrair:
e
Calculados os raios ideais nas direções dos eixos cartesianos, tanto para o “caso a” como
para o “caso b”, adota-se o menor deles como raio da esfera modelo. A seguir procede-se como
nas projeções azimutais, ou seja, calcula-se a escala, arredonda-se o denominador para um valor
inteiro maior e torna-se a calcular o raio da esfera modelo utilizando-se as seguintes fórmulas:
e
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
69
No caso de ser fornecida a escala da projeção a ordem dos cálculos é diferente. Inicialmente calcula-se o raio da esfera modelo e depois as dimensões mínimas.
Caso a
Caso b
Definida a escala e o raio da esfera modelo passa-se a construir duas tabelas com a
finalidade de gerar o reticulado ou canevá da projeção. Na primeira serão calculados os raios dos
paralelos e na segunda os ângulos = .
Com os exemplos seguintes, o procedimento de cálculo do canevá ficará mais claro.
Exemplo 3 – Gere o canevá da projeção Cônica Conforme de Lambert, aspecto normal, em uma folha padrão A4. Considere para os cálculos o paralelo padrão com o = 60º e o intervalo para os paralelos e meridianos de 15º em 15º. Para o cálculo adote RT = 6.380 km.
Para iniciar o cálculo da projeção, precisa-se:
a – Lei da projeção;
b – espaço útil no papel;
c – cálculo do raio da esfera modelo;
d – cálculo da escala;
e – geração da tabela com os raios dos paralelos.
A lei de projeção da Cônica Conforme de Lambert é determinada pelas equações
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
70
Inicialmente determina-se em qual caso a projeção se enquadra.
Considerando que se pretende gerar o cavevá de um hemisfério, então:
Máx = 180º e que é o caso a.
Máx = 90º equador
Com respeito ao papel, como no exemplo 1 e 2, para se calcular a área útil, deve-se descontar das
dimensões do formato A4 as margens, os espaços definidos para cabeçalho, escala e textos adicionais. Na figura 14,
estes espaços estão delimitados.
dx = 158 mm
7 mm
r Máx
Título
Escala
text
o
text
o
10
mm
30 mm
40 mm
25
mm
10
mm
7 m
m
7 mm
dy =
213
mm
Figura 14 - Definição da área útil.
Embora fique evidente na figura 14 qual dos raios será o menor, é importante no exercício se mostrar a lógica de cálculo. Nem sempre esta situação ocorre. Então prosseguindo no cálculo do raio ideal da esfera modelo nas direções x e y vem:
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
71
Como já se previa o menor raio da esfera modelo ocorre na direção de x, então .
Tendo-se o valor do raio da esfera modelo passa-se a calcular a escala:
como o denominador da fração é um número inteiro não há necessidade de se proceder ao arredondamento. O próximo passo é o cálculo das tabelas dos paralelos e dos meridianos.
Tabe la 1 - Ra ios dos para le los - Cônica conforme de Lamber t
(R = 4 ,4c m)
0º 90º 7,9 cm
15º 75º 6,3 cm
23º 27 ' 66º 33 ' 5,5 cm
30º 60º 4,9 cm
45º 45º 3,7 cm
60º 30º 2,5 cm
66º 33 ' 23º 27 ' 2,0 cm
75º 15º 1,4 cm
90º 0º 0,0 cm
OBS.: O
=30 O
= 0,866
Tabela 2 – Ângulos para os meridianos da Projeção Cônica Conforme de Lambert
0 º 0,00 º
15 º 12,99 º
30 º 25,98 º
45 º 38,97 º
60 º 51,96 º
75 º 64,95 º
90 º 77,94 º
105 º 90,93 º
120 º 103,92 º
135 º 116,91 º
150 º 129,90 º
165 º 142,89 º
180 º 155,88 º
A figura 15 representa o aspecto do canevá da projeção Cônica Conforme de Lambert.
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
72
Projeção Cônica Conforme de LambertAspecto Normal
Escala 1:145.000.000
0o 15 Eo
30 Eo
45Eo
60Eo
75Eo
90
Eo
105
Eo
120
Eo
135
Eo
150
Eo
165E
o
180Eo
180Wo
165Wo
150Wo
135
W o
120W o
105
W o9
0W o
75
Wo
60W
o
45 Wo
30 Wo
15 Wo
Me
ridi
ano
de
Gre
enw
ich
PN
30o
45o
75o
1.450 2.900 4.350 5.800 7.250 km1.450 0
60o
15o
Figura 15 – Canevá da Projeção Cônica Conforme de Lambert.
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
73
Exemplo 4 – Gere o canevá da projeção Cônica Equidistante de Ptolomeu, aspecto normal, em uma folha padrão A4. Considere para os cálculos o paralelo padrão com o = 25º e o intervalo para os paralelos e meridianos de 15º em 15º. Para o cálculo adote RT = 6.380 km.
Os cálculos são similares ao exemplo anterior, mudando-se somente a Lei da Projeção, ou seja:
Novamente, inicia-se pela determinação de em qual caso a projeção se enquadra.
Considerando que se pretende gerar o cavevá de um hemisfério, então:
Máx = 180º e que é o caso b.
Máx = 90º equador
Obs.: a multiplicação pelo fator /180º é para transformar a diferença angular em graus, para radianos. Esse procedimento tem a finalidade de tornar o valor dimensionalmente compatível com o resultado da tangente.
Utilizando as mesmas dimensões úteis dos exercícios anteriores vem:
Adota-se o raio menor para a esfera modelo. Assim:
Tendo-se o valor do raio da esfera modelo passa-se a calcular a escala:
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
74
Arredondando para um denominador maior
Recalculando o raio da esfera
O próximo passo é o cálculo das tabelas dos paralelos e dos meridianos.
Tabela 1 - Raios dos parale los - Cônica Equidis tante de Ptolomeu
(R = 3 ,2c m)
0º 90º 8,3 cm
15º 75º 7,4 cm
23º 27 ' 66º 33 ' 6 ,9 cm
30º 60º 6,6 cm
45º 45º 5,7 cm
60º 30º 4,9 cm
66º 33 ' 23º 27 ' 4 ,5 cm
75º 15º 4,1 cm
90º 0º 3,2 cm
OBS.: O = 65 O
Tabela 2 – Ângulos para os meridianos da Projeção Cônica Equidistante de Ptolomeu
0 º 0,00 º
15 º 6,34 º
30 º 12,69 º
45 º 19,04 º
60 º 25,38 º
75 º 31,72 º
90 º 38,07 º
105 º 44,42 º
120 º 50,76 º
135 º 57,10 º
150 º 63,45 º
165 º 69,80 º
180 º 76,14 º
obs.: = 0,423
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
75
A figura 17 representa o canevá da projeção Cônica Equidistante de Ptolomeu.
Observa-se na figura 17 que o Pólo Norte é representado por uma linha ao invés de um ponto. Neste caso se diz que
o pólo é truncado. É possível notar também que se tivesse sido colocado a projeção girada de 90º a escala poderia
ser maior. Este fato é simples de se constatar. Basta definir a área útil para o papel A4 girado e calcular os raios da
esfera.
dy =
128
mm 7
mm
rM
áx
Título
Escala
text
o
text
o
30 mm
20 m
m
20 m
m
25 mm
20 mm
7 mm
7 m
m
dx = 243 mm
Figura 16 - Definição da área útil no papel A4 girado de 90 .o
Recalculando a escala vem:
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
76
Projeção Cônica Equidistante de PtolomeuAspecto Normal - Pólo truncado
Atribuida a Ptolomeua (130 a.C.)
Escala 1:200.000.000
0o 15 Eo 30 Eo45 Eo
60 Eo
75 Eo
90Eo
105
Eo
120
Eo
135
Eo
150
Eo
1 65
Eo
180
Eo
1 65
W o150
Wo135
Wo
120W
o
105Wo
90 Wo
75 Wo
60 Wo
45 Wo30 W
o
15 Wo
Me
ridia
no
de
Gre
en
wic
h
30o
45o
75o
2.000 4.000 6.000 8.000 10.000 km2.000 0
60o
15o
180
W o
Figura 17 – Canevá da Projeção Cônica Equivalente de Ptolomeu.
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
77
9.3 -Projeções cilíndricas
As projeções classificadas como cilíndricas são aquelas que adotam o “cilindro” tangente
ou secante como superfície de projeção. Essa superfície pode assumir os aspectos normal,
transverso ou oblíquo, conforme o eixo do cilindro seja paralelo, transverso ou oblíquo em
relação ao eixo de rotação do modelo de referência (modelo geométrico da Terra). Nesta classe
de projeção tem-se a possibilidade de representar a Terra com um todo.
As fórmulas gerais para as projeções cilíndricas, no caso normal e tangente, são as
seguintes.
x =
y f( )=F( ;
Observa-se que para as cilíndricas não se utilizam equações polares e que a abcissa é
igual a longitude. Para haver compatibilidade de unidades é necessário que se transforme a
longitude de graus para radianos. Isso é feito multiplicando-se o ângulo por uma constante
( /180º ).
As escalas particulares ao longo dos paralelos e meridianos são definidas por:
yh e
A figura 18 mostra graficamente os elementos envolvidos nas projeções cilíndricas.
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
78
PN
PS
PP`
R
Superfície de projeção
(Esfera modelo - R=1)
Superfície de referência
(Cilindro - tangente)
“Equador”Paralelo padrão (L.d.z.)
Equador
Mer
idia
no
de
Gre
en
wic
h
18
0º
E
18
0º
W
Superfície de projeção
0º
90º S
90º N
Lei de projeção :
y = f( ) = F ( ) x
coskcos
hcyc
Figura 18 – Aspectos geométricos envolvidos nas projeções cilíndricas.
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
79
9.3.1 - Construção das projeções cilíndricas.
As projeções cilíndricas ocupam a área útil do papel, em função da Lei da projeção, na
forma de um retângulo. Similarmente ao caso das cônicas, o espaço requerido na direção dos
eixos das abscissas é diferente do eixo das ordenadas. Assim é necessário se calcular um raio
ideal na direção de x (RX) e um raio ideal na direção de y (RY). Assumindo como dx o espaço
útil na direção de x e dy o espaço na direção de y pode-se formular as seguintes equações:
e
onde xMáx e yMáx representam os limites da projeção.
Calculados os raios ideais nas direções dos eixos cartesianos, adota-se o menor deles
como raio da esfera modelo. A seguir procede-se como nas projeções anteriores, ou seja, calcula-
se a escala, arredonda-se o denominador para um valor inteiro maior e torna-se a calcular o raio
da esfera modelo utilizando-se as seguintes fórmulas:
e
Definida a escala e o raio da esfera modelo passa-se a construir duas tabelas com a
finalidade de gerar o reticulado ou canevá da projeção. Na primeira serão calculadas as
ordenadas dos paralelos (y) e na segunda as abscissas dos meridianos (x).
O exercício seguinte vai esclarecer todo o procedimento.
Exemplo 5 – Gere o canevá da projeção Cilíndrica Conforme de Mercator, aspecto normal, em
uma folha padrão A4. Considere para os cálculos o intervalo para os paralelos e meridianos de
15º em 15º. Para o cálculo adote RT = 6.380 km.
A lei de projeção da Projeção de Mercator é dada pelo seguinte conjunto de equações:
x = ; e h = k = sec
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
80
Para se calcular os elementos do canevá, inicialmente é preciso se estabelecer os limites da projeção. Com respeito ao eixo das abscissas o limite é dado pela longitude máxima possível, ou seja, Máx = 180°. Já no caso das ordenadas, não se pode utilizar a latitude máxima (90°), porque nesse ponto a função não é definida. Considerando que o intervalo pedido foi de 15° em 15° então se adota como valor máximo para a latitude Máx = 75°. É importante frisar que os valores do canevá são simétricos a partir do meridiano de Greenwich e do equador.
xMáx = 180° este valor tem que ser convertido para radianos xMáx = 3,14
y Máx = ln(7,5957) y Máx = 2,03
Definido os valores máximos das coordenadas do canevá calculam-se os raios ideais na direção de x e y. Para isso é preciso se conhecer a área útil no papel. A figura 19 mostra essas dimensões:
dy =
12
8 m
m 7 m
m
Título
Escala
text
o
text
o
30 mm
20
mm
20
mm
25 mm
20 mm
7 mm
7 m
m
dx = 243 mm
Figura 19 - Definição da área útil no papel A4 girado de 90 .o
Rx = 38,69 mm
Ry = 31,53 mm
Adotando-se o menor raio calcula-se a escala
arredondando para uma escala menor;
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
81
Como a escala foi arredondada e o raio da Terra não mudou então é preciso recalcular o raio da esfera modelo, ou seja:
R = 31,1 cm R = 3,1 cm
O próximo passo é o cálculo das tabelas dos paralelos e dos meridianos.
Tabela 1 - Ci l índr ica Conforme de Mercator – ordenadas – (R = 3 ,1cm)
N o r t e y S u ly
0º 0 cm 0º 0 cm
15º 0,8 cm -15º - 0 ,8 cm
23º 27 ' 1 ,3 cm -23º 27 ' - 1 ,3 cm
30º 1,7 cm -30º -1,7 cm
45º 2,7 cm -45º - 2 ,7 cm
60º 4,1 cm -60º - 4 ,1 cm
66º 33 ' 4 ,9 cm -66º 33 ' - 4 ,9 cm
75º 6,3 cm -75º - 6 ,3 cm
90º - -90º -
A figura 20 representa o aspecto do canevá da Projeção Cilíndrica Conforme de Mercator.
Tabela 2 – Cilíndrica Conforme de Mercator – abscissas – x = R. rad (R = 3,1cm)
Leste x Oeste x
0 º 0 cm 0 º 0 cm
15 º 0,8 cm -15 º -0,8 cm
30 º 1,6 cm -30 º -1,6 cm
45 º 2,4 cm -45 º -2,4 cm
60 º 3,2 cm -60 º -3,2 cm
75 º 4,1 cm -75 º -4,1 cm
90 º 4,9 cm -90 º -4,9 cm
105 º 5,7 cm -105 º -5,7 cm
120 º 6,5 cm -120 º -6,5 cm
135 º 7,3 cm -135 º -7,3 cm
150 º 8,1 cm -150 º -8,1 cm
165 º 8,9 cm -165 º -8,9 cm
180 º 9,7cm -180 º -9,7cm
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
82
Pro
jeçã
o C
ilín
dri
ca C
on
form
e d
e M
erc
ato
r.A
spe
cto
No
rma
l
Esc
ala
1:2
05.0
00.
000
2.0
504
.100
6.1
50
8.2
00
10
.25
0 k
m2.
05
00
15°
Su
l
30°
Su
l
45°
Su
l
60°
Su
l
75°
Su
l
15°
Nor
te
30°
Nor
te
45°
Nor
te
60°
Nor
te
75°
Nor
te
TR
ÓP
ICO
D
E
CÂ
NC
ER
TR
ÓP
ICO
DE
CA
PR
ICÓ
RN
IO
CÍR
CU
LO
ÁR
TIC
O
CÍR
CU
LO A
NT
ÁR
TIC
O
EQ
UA
DO
R
15° W
30° W
60° W
75° W
90° W
105° W
120° W
135° W
150° W
165° W
180° W
45° W
15° E
30° E
45° E
60° E
75° E
90° E
105° E
120° E
135° E
150° E
165° E
180° E
GREENWICH
Figura 20 – Canevá da Projeção Cilíndrica Conforme de Mercator.
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
83
10 - Sistemas de Coordenadas Planas (quadriculado e reticulado)
Nos mapas as diversas feições representadas podem ser referenciadas a dois tipos de
coordenadas planas : o quadriculado e o reticulado.
43º W44º W45º W46º W47º W
29º S
30º S
31º Sy4
y5
y3
y2
y1
600 km500 km
500 km
400 km
400 km
300 km
300 km
200 km
200 km
100 km
100 km
x6x5x4x3x2x1
Quadriculado
Reticulado
Define-se como quadriculado ao conjunto de duas famílias de retas paralelas aos eixos
coordenados. Uma família aproximadamente na direção leste (y constante) e outra família
perpendicular a primeira e na direção norte (x constante).
Define-se como reticulado ao conjunto de duas famílias de linhas transformadas de
paralelos e meridianos. Uma família na direção leste-oeste ( constante paralelos) e a outra na
direção norte-sul ( constante meridianos).
No quadriculado as linhas são paralelas e eqüidistantes entre si, o que não ocorre com o
reticulado.
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
84
11 - A Projeção Universal Transversa de Mercator (UTM)
11.1 - As projeções TM
A projeção de Mercador é uma projeção conforme, cilíndrica tangente a esfera modelo no
equador, que nesta situação é representado em verdadeira grandeza. A projeção Transversa de
Mercator também conhecida como projeção Conforme de Lambert-Gauss é uma variante da
primeira onde a tangência se dá num meridiano qualquer. Segundo Brunetti (1993), Gauss,
planejando o levantamento do território de Hannover, estabeleceu um sistema de projeção
conforme utilizando como modelo para a Terra, o elipsóide de revolução. Esta projeção
denominada Gauss Hannoversche Projeksion, possuí o cilindro tangente ao meridiano central,
sendo a sua seção, elíptica. Krüger, a partir dos estudos de Gauss, estabeleceu a projeção em
sistemas parciais, composto por fusos com 3° de amplitude. Posteriormente, Tardi, concebeu um
sistema semelhante, só que secante ao elipsóide e com fusos de 6° em amplitude.
A partir do estudo destes geodesistas chegou-se ao UTM, que segundo Brunetti (1993), é
a denominação inglesa da Projeção de Gauss, com 60 fusos de 6° de amplitude e secante ao
elipsóide de revolução.
Figura 1 – Reticulado de um hemisfério na projeção Transversa de Mercator. Observa-se que somente a zona central do mapa esta relativamente livre de exageros em termos de distorção.
Com a aplicação de um fator de escala e a adoção de valores para as coordenadas do
meridiano central do fuso e do equador diferentes, além da variação da amplitude do fuso,
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
85
obtém-se projeções similares ao UTM, porém, com diferentes graus de secância como a LTM
(Local Transverso de Mercator) e RTM (Regional Transverso de Mercator)
11.2 -Transformação de coordenadas Geográficas para TM
As expressões gerais que transformam as coordenadas geográficas em TM são, segundo BLACHUT (1979) dadas por:
x = B + a2l 2 + a4l 4 + a6l 6 + ...
y = a1l +a3l 3 + a5l 5
+ ... (1)
onde : B - arco de meridiano entre o equador e o ponto de latitude ;
l =
- longitude do ponto
- longitude do meridiano central
a1, a2, a3, a4, a5 – coeficientes.
O valor de B é calculado por um desenvolvimento em série:
B = A0c A1csen cos ( A sen A sen + A sen + A sen )
A e e e e e02 2 2 2 21
3
41
15
161
35
361
63
641
99
100' ' ' ' ' ;
A e e e e e12 2 2 2 23
41
25
161
77
601
837
7041
2123
1860' ' ' '
.
.' ;
A e e e e22 2 2 25
81
139
1441
1087
11121
513 427
521760' '
.
.'
.
.' ;
A e e e44 2 235
721
125
641
221069
150 000' '
.
.' ;
A e e66 2105
2561
1179
400'
.' ;
A e88231
640' .
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
86
onde :
b
ac
2
( raio polar de curvatura );
2
222'
b
bae ( segunda excentricidade );
a e b(semi-eixo maior e menor respectivamente).
e os coeficientes são calculados por :
21
2
2
1 'cos
1eca ;
sen121
2 aa ;
4216
13 coscos21aa ;
64422212
14 cos'4cos'9cos61 eeaa ;
624221120
15 cos'72cos'5824cos201 eeaa ;
;cos120cos601 422360
16 aa
A expressão que calcula o fator de deformação da projeção ou fator de escala, é dada por :
k = 1 + a8l 2 + a10l 4 + (2)
onde : 22221
8 cos'1cos ea ;
42222241
10 cos'42cos'2894cos eea.
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
87
e a convergência meridiana plana, que é o ângulo formado entre o norte verdadeiro e o de quadrícula é calculado pela expressão:
= a7 + a9 l 3 + a11l 5 ...
onde : sen7a ;
4422231
9 cos'2cos'31cossen eea ;
22151
11 cos31cossena
11.3 -Transformação de coordenadas TM para Geográficas
As expressões gerais que transformam as coordenadas TM em geográficas são, segundo BLACHUT (1979) dadas por:
= + b2 y 2 + b4 y 4 + b6 y 6 + ...
= 0 + b1y + b3y3 + b5y
5 + ... (3)
onde: 0 - longitude do meridiano central;
1 - latitude correspondente ao comprimento do arco de meridiano B (latitude aproximada);
b1, b2, b3, b4, b5 e b6 – coeficientes.
21
2
2
1
11 '
cos
1ecb ;
122
112
121
2 cos'1cossen ebb ;
142
123
161
3 cos'cos2 ebb ;
164
142
122
22
1121
4 cos'4cos'10cos'923 eeebbb ;
162
122
125
11201
5 cos'2cos'81cos2024 eebb ;
;cos1645 14
24
13601
6 bbb
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
88
P
X1 =F(X)
N=X
E=Y
M.C.
Figura 2 - Latitude Aproximada ?
O cálculo de 1 é iterativo e dado por :
1 10
1i iiX B
A c
quando |X - B(n) | 0 para-se a iteração.
na primeira iteração 10
X
A c
O cálculo do fator de deformação em coordenadas planas (de projeção) é feito pela equação :
410
281 ybybk (4)
onde :2
1222
212
121
8 cos'1 ecRb ;
1224
1241
10 cos'41 eRb .
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
89
e a convergência meridiana plana em coordenadas planas (de projeção) é obtido pela equação :
= b7y + b9y3 + b11y
5 + ...
51
12
111
31
164
142
19
1
17
15
...cos3sen
3
cos'2cos'1sen
sen
Pb
P
eeb
Pb
P N1cosc
e
cos
' cos
1
2 21
121
11.4 -Modificação das coordenadas TM em UTM, RTM e LTM
Para se obter as variações da projeção TM em UTM (Universal Transverso de Mercator),
LTM (Local Transverso de Mercator) e RTM (Regional Transverso de Mercator), basta
multiplicar as expressões (1) e (2) por uma constante K0 adequada, além das constantes de
translação em relação aos eixos x ( N) e y ( E).
Desta forma pode-se escrever novas expressões com o seguinte aspecto:
N = N + k0x
E = E + k0y
k = k0(1 + a8l 2 + a10l 4 + ...) (3)
onde k0, N e E assumem valores diferentes conforme a modificação que se pretende, como pode ser constatado na TABELA 1.
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
90
Tabela 1 – Variações mais usuais da projeção TM
Projeção UTM LTM RTM
k0 0,999600 0,999995 0,999995
N - hn
hs
0
10.000.000
0
5.000.000
0
5.000.000
E 500.000 200.000 400.000
Fuso 6° 1° 2°
MeridianoCentral
múltiplos de 6 contados a partir do antemeridiano de Greenwich no sentido oeste para leste
a cada 30’ nas longitudes de grau impar
obs.: hn - hemisfério norte (Dados extraídos de BRUNETTI (1993) ) hs - hemisfério sul
11.5 -O Sistema UTM ( Universal Transversa de Mercator)
As cartas do mapeamento sistemático brasileiro, que abrangem as escalas de 1:1.000.000 a 1:25.000, adotam como projeção cartográfica a UTM.
Esta projeção, desenvolvida por Gauss-Tardi, adota como modelo geométrico para a Terra, o elipsóide de revolução e como superfície de desenvolvimento (projeção) o cilindro transverso e secante. Para evitar distorções muito grandes, o mundo é dividido em 60 cilindros, abrangendo cada um deles, uma amplitude de 6º em longitude. A cada faixa de 6º dá-se o nome de fuso.
A posição desses cilindros é convencionada, ou seja, os meridianos limites são fixos e a contagem dos fusos inicia-se no anti-meridiano de Greenwich no sentido de oeste para leste. Cada fuso possui um meridiano central onde o fator de deformação é igual a k0 = 0,9996.
Fuso UTM
Cilindro Secante
6º
Meridiano de
Greenwich
Anti-meridianode Greenwich
Sentido decontagemdos fusos
Fusos
272625
PN
PS
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
91
A equação que calcula o número do fuso em função da coordenada geográfica é a seguinte:
º6
º183F
obs.: se a parte decimal de F for igual a :
0 (zero) - meridiano central
0,5 - divisa de fuso
onde : F - Número do fuso.
- Longitude de um ponto. Na equação deve-se levar em consideração que a oeste de Greenwich o valor da longitude é negativa.
A equação que determina a longitude do meridiano central a partir do número do fuso é a seguinte:
º183º6 FMC
A origem do sistema plano está na interseção do meridiano central do fuso com o equador. Para evitar coordenadas negativas convencionou-se adicionar 500.000 metros na abscissa, e para pontos do hemisfério sul ,10.000.000 metros na ordenada.
A partir destas considerações, as equações completas para a transformação são as seguintes :
hemisfério norte E = k0.y + 500.000
N = k0.x
hemisfério sul E = k0.y + 500.000
N = k0.x + 10.000.000
6º6º
abcissaabcissa
orde
nada
orde
nada
EE
NN
hn
hs
hn
hs
Fuso UTMFuso UTM
MeridianoCentralMeridianoCentral
EquadorEquador
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
92
12 - Utilização de Cartas Topográficas
12.1 - Articulação das folhas
As cartas do mapeamento sistemático brasileiro abrangem as escalas que vão de 1:1.000.000
a 1:25.000 e adotam a articulação de folhas do mundo ao milionésimo.
Nesta articulação o mundo é dividido em fusos
de 6º de longitude e em faixas de 4º de latitude. A
divisão e numeração dos fusos é a mesma adotada
no UTM, conforme já explicado.
Com respeito as faixas, a partir do equador, tanto
para o hemisfério norte como para o sul, a cada 4º
de latitude adota-se seqüencialmente uma letra do
alfabeto. Desta forma, uma carta na escala
1:1.000.000, que abrange uma área de 6º de
longitude e 4º de latitude , recebe o nome da seguinte forma : primeiro a letra indicadora do
hemisfério (N ou S), seguido da letra que indica a faixa de latitude e finalmente o número do
fuso.
Por exemplo, a carta S.F-22 corresponde a uma região do hemisfério Sul, abrangida pelo faixa de latitude F e pelo fuso 22.
A partir dessas informações é possível se determinar quais as latitudes e longitudes limites da folha.
Faixa = F F 6ª letra do alfabeto = 6x4 = 24º
Como o hemisfério é sul, então a latitude = 24º sul.
Esta latitude calculada representa o limite inferior da faixa, como ela possui 4º de largura, então o limite superior é igual a = 20º sul.
Fuso 22º6
º183F = F.6º –180º
= 22x6º –183º = 132º –183º = -51º ou 51º oeste
D
D
C
C
B
B
A
A
Equador
12º Sul
8º Sul
4º Sul
12º Norte
8º Norte
4º Norte
0º
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
93
54º oeste 48º oeste
24º sul
20º sul
S.F-22
Esta longitude calculada corresponde ao meridiano central da folha, como o fuso tem 6º de
amplitude, ou seja, 3° para cada lado do meridiano central, então o limite esquerdo é igual a =
54º oeste (-51° - 3°) e o direito = 48º oeste (-51° + 3°)
A seqüência da articulação em função da escala e do enquadramento segue conforme a ilustração abaixo.
D
4
SE
C
3
SO
B
2
NE
III
VI
A
1
NO
I
IV
II
V
54º oeste
51º30’ oeste
51º15’ oeste
52º30’ oeste 51º30’ oeste
52º30’ oeste
51º15’ oeste
51º07’30“ oeste
52º’ oeste
51º oeste
51º00’ oeste
51º00’ oeste
51º oeste
22º sul
21º30’ sul
21º30’00“ sul
22º00’ sul
21º sul
21º15’ sul
21º22’30“ sul
21º30’ sul
20º sul
21º00’ sul
21º15’00“ sul
21º00’ sul
S.F-22-V
S.F-22-V-D-III
S.F-22-V-D-III-4
S.F-22-V-D
ZY
XV
54º oeste 51º oeste 48º oeste
24º sul
20º sul
22º sulS.F-221:500.000
1:250.000
1:50.000
1:25.000
1:100.000
A mesma seqüência se repete para cada faixa e fuso.
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
94
Na folha seguinte encontra-se o mapa do Brasil com a articulação brasileira na escala 1:1.000.000.
RORAIMANB-201982
BOA VISTANA-201982
IÇASA-191982
MANAUSSA-201980
SANTARÉMSA-211982
BELÉMSA-221979
SÃO LUÍSSA-231980
FORTALEZASA-241980
NATALSB-251980
JAGUARIBESB-241978
TERESINASB-231979
ARAGUAIASB-221979
TAPAJÓSSB-211979
PURUSSB-201980
JURUÁSB-191982
JAVARISB-181982
RECIFESC-251980
ARACAJUSC-241978
SALVADORSD-241978
RIO DOCESE-241976
BRASÍLIASD-231978
1976SE-23
GOIÁSSD-221979
GOIÂNIASE-221980
CUIABÁSD-211979
CORUMBÁSE-211979
RIO APASF-211976
ASUNCIÓNSG-211979
1976SH-21
1976SI-22
CURITIBASG-221976
1982SH-22
IGUAPESG-231989
1980SF-22
1978SF-23
VITÓRIASF-241979
GUAPORÉSD-201980
RIO SÃOFRANCISCO
SC-231978
TOCANTINSSC-221980
JURUENASC-2119791979
SC-20RIO BRANCO
SC-191982
CONTAMANASC-181982
1982NA-19
MACAPÁNA-2219821982
NA-21
66º
66º
60º
48º54º
4º4º
8º8º
72º
78º
78º
72º
0º0º
12º12º
8º8º
4º4º30º
30º
36º42º
20º20º
16º16º
36º 36º
32º 32º
28º28º
24º
24º
42º
48º54º
60º
(Carta do Mundo ao Milionésimo)
Projeção Policônica
600 km4503001500
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
95
12.2 - Extração de informações quantitativas das cartas topográficas.
Conforme definido anteriormente, uma carta é uma representação visual (gráfica), codificada, geralmente bidimensional, total ou parcial da superfície da Terra ou de outro objeto. Esta definição pressupõe o conceito de escala, ou seja, qualquer feição representada sofreu ou uma redução (caso mais geral) ou uma ampliação.
Define-se escala como sendo a relação entre o tamanho real e o representado de um objeto quando esta passa da superfície física da Terra para a superfície de projeção (mapa).
Existem dois tipos de escalas utilizadas em cartografia, a escala numérica e a gráfica.
a) Escala numérica
Esta escala implica em uma relação que indica quantas vezes um objeto foi reduzido ou ampliado na fase de construção do mapa, ou seja :
D
d
E
1 onde : E – módulo da escala
d – distância na representação
D – distância real
Por exemplo, num mapa na escala 1:100.000, a distância de 1 cm corresponde a 100.000 cm no terreno ou 1.000 m.
b) Escala gráfica
Neste tipo de escala a relação entre o tamanho real e o representado é indicado por um gráfico (ver figura). Quando se deseja determinar uma distância através do mapa, basta comparar esta com a escala gráfica.
A vantagem da escala gráfica sobre a numérica reside no fato de se preservar a relação entre o tamanho real com o representado nas copiagens com redução ou ampliação.
5 km43211 km 0
Escala Gráfica
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
96
12.2.1 - Extração de informações lineares
Quando se mede qualquer distância sobre a carta é necessário aplicar a escala desta para se obter a distância “real”. Por exemplo, num mapa na escala 1:100.000, uma distância de 14 cm eqüivale a 1.400.000 cm ou 14.000 m.
D = dxE D = 14 x 100.000 = 1.400.000 cm
p/ metros corre-se a vírgula duas casas decimais.
D = 14.000 m
12.2.2 - Extração de áreas
No caso de áreas é necessário aplicar a escala duas vezes. Por exemplo, supondo um quadrado de 10 por 10 cm . No mapa a área é igual a 100 cm2, ao passo que no terreno é igual a 100 km2.
S = 10 x 10 x 100.000 x 100.000 = 1.000.000.000.000 cm2
p/ km corre-se a vírgula cinco casas decimais, como é área, implica em dez casas decimais.
S = 100 km2.
12.2.3 - Extração de coordenadas
É possível se extrair tanto coordenadas geográficas como coordenadas UTM (plana) das
cartas topográficas. As coordenadas geográficas estão associadas ao reticulado e as UTM ao
quadriculado. Por questões de precisão é sempre preferível extrair coordenadas planas e
posteriormente transforma-las em geográficas através de programas específicos.
Qualquer que seja o tipo de coordenada escolhido, o processo de extração envolve um
procedimento conhecido como interpolação linear.
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
97
Suponha que deseja-se determinar as coordenadas UTM da confluência do Rio Quebra Perna com o Córrego do Limoeiro. Com o auxílio de um escalímetro mede-se as distâncias conforme a figura ao lado. Em seguida faz-se a seguinte relação :
E
1,3cm
m786.000-m788.000
2cmE = 1.300 m
e
N
1,5cm
m8.482.000-m8.484.000
2cmN = 1.500 m
Finalmente as coordenadas da confluência são :
EP = 786.000 m + 1.300 m EP = 787.300 m
NP = 8.482.000 m + 1.500 m NP = 8.483.500 m
O processo de locar pontos numa carta é o mesmo, contudo a incógnita passa a ser a distância do quadriculado até o ponto.
Cór r.
do
Lim
oeiro
Ri o
Qu
eb
ra
P e r n a 84
84
84
82
86 887 7
2 cm
2 cm
1,5
cm
1,3 cm
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
98
Referências Bibliográficas
1. BLACHUT, T. J., CHRZANOWSKI, A., SASTAMOINE, J. H. Urban Surveying andMapping. New York : Springer-Verlag,. 1979.
2. GEMAEL, C. Geodésia Geométrica. Curitiba : UFPR, 1977.
3. IBGE – MPO/Diretoria de Geociências / Departamento de Geodésia. Especificaçõese Normas Gerais para Levantamentos Geodésico: Coletânea das normas vigentes. Brasília : Preprint, 1998.
4. MALING, D. H. Coordinate System and Map Projections. London : Philip and Son, 1973. 255p
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno
99
ANEXOS
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno – Anexo I
1
x = f1( )
y = f2( )
r = f1( )
= f2( )
r = f1( )
= f2( )
x = f1( , )
y = f2( )
r = f1( )
= f2( , )
x = f1( , )
y = f2( , )
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno – Anexo I
2
Grupo D: Classe das Cilíndricas
Expressões gerais para projeções cilíndricas no aspecto normal.
x = ; y = f( ) ; ; k = sec ; p = h.k ; = 90° - ' = 0
;
ou, quando modificado
x = cos 0. ; y = f( ) ; ; k = cos 0 /cos ; p = h.k ; = 90°- ' = 0
Espaçamento decrescente dos paralelos
1 – Projeção Cilíndrica Equivalente de Lambert.
x sin k sec h
1.a – Modificação da projeção cilíndrica equivalente.
Descrita pela primeira vez em 1848. Várias versões, com diferentes padrões paralelos foram descritos posteriormente, normalmente na ignorância do que já havia sido feito.
A seguinte lista é constituida pelas projeções que diferem apenas na escolha do padrão
paralelos, o
Data Autor e/ou nome Paralelo padrão1 1855 Projeção ortográfica de Gall’s2 1910
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno – Anexo I
3
Espaçamento igual dos paralelos
2 Projeção Cilíndrica Equidistante ou Projeção de Plate Carrée.
x = ; y = h = 1,0; k = sec
2.a Projeção de Cassini.
2b Modificação da Projeção cilíndrica equidistante.
x =cos ; y = h = 1,0; k = cos
Espaçamento decrescente dos paralelos ou série das tangentes.
3 Projeção de Mercator.
).
x = ; y = ln(tg( /4 + /2)); h = k = cos 0/cos
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno – Anexo I
4
3.a – Modificação da Projeção de Mercator
x = cos 0. ; y = cos 0.ln(tg( /4 + /2)); h = k = cos 0/cos
3.b Projeção Transversa de Mercator.
3.c – Projeção Oblíqua de Mercator.
4.a e 4.b Projeção Cilíndrica de Miller's.
x = ; y = n.ln(tg ( /4 + /2m)
y = (5/4).ln(tg ( /4 + /5) ; y = (3/2).ln(tg ( /4 + /3)
5 – Projeção Cilíndrica Perspectiva de Braun2
x = ; y = 2.tan( /2)
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno – Anexo I
5
5.a – Projeção Estereográfica de Gall’s.
x = cos 0.. ; y = ;
h = ; k =
5.b – Projeção de BSAM
Grupo D: Classe das Azimutais
Expressões gerais para projeções azimutais no aspecto normal.
Espaçamento decrescente dos paralelos.
6 – Projeção Azimutal Estereográfica.
7 – Projeção Azimutal Gnomônica.
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno – Anexo I
6
8 – Projeção Azimutal de Erro Mínimo (Airy).
9 – Projeção Azimutal Breusing (média geométrica).
10 – Projeção Azimutal Breusing (média harmônica).
Espaçamento igual dos paralelos
11 – Projeção Azimutal Equidistante de Postel.
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno – Anexo I
7
Espaçamento decrescente dos paralelos.
12 – Projeção Azimutal Equivalente de Lambert.
13 – Projeção Azimutal Equidistante Ortográfica.
Grupo D: Classe das Cônicas
Expressões gerais para projeções cônicas no aspecto normal.
r = f1( ) = F1( ); = . ; x = r.sen ; y =C - r.cos ;
C = constante; = constante;
; k = .r /cos ; = 90° - ' = 0
Espaçamento decrescente dos paralelos.
14 – Projeção Cônica Equivalente com um paralelo padrão.
;
; h =sen( )/ .r; k = .r/sen( )
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno – Anexo I
8
14.a – Projeção Cônica Equivalente com dois paralelos padrão. (Albers)
15 – Projeção Cônica Equivalente com um paralelo padrão (Lambert).
;
Espaçamento igual dos paralelos
16 – Projeção Cônica Equidistante com um paralelo padrão (Ptolomeu).
16.a – Projeção Cônica Equidistante com dois paralelos padrão (L’ Isle).
;
;
;
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno – Anexo I
9
17 – Projeção Cônica Equidistante com um paralelo padrão (Mendeleev).
r = ;
;
18 – Projeção Cônica de Murdoch I.
19 – Projeção Cônica de Erro Mínimo (Murdoch III)
Espaçamento crescente dos paralelos.
20.a – Projeção Cônica Conforme de Lambert
;
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno – Anexo I
10
20.b – Projeção Cônica Conforme de Lambert
Grupo C: Classe das Pseudo Cilíndricas.
Expressões gerais para projeções pseudo cilíndricas no aspecto normal.
x = f1( , ); y = f2( );
; ; p = h.k.cos
Espaçamento decrescente dos paralelos.
21 – Projeção de Mollweid.
;
onde é um ângulo auxiliar obtido a partir da equação transcendental.
;
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno – Anexo I
11
22 – Projeção pseudo cilíndrica equivalente (Fournier II)
; ;
23 – Projeção pseudo cilíndrica equivalente (Eckert IV)
onde é um ângulo auxiliar obtido a partir da equação transcendental.
24 – Projeção Parabólica de Craster
25 – Projeção Pseudo Cilíndrica Equivalente. (Eckert VI)
onde é um ângulo auxiliar obtido a partir da equação transcendental.
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno – Anexo I
12
26 – Projeção Pseudo Cilíndrica Equivalente. (Nell Hammer)
27 – Projeção Pseudo Cilíndrica Equivalente. (Kavraisky V)
28 – Projeção Pseudo Cilíndrica Equivalente. (Kavraisky VI)
29 – Projeção Eumórfica de Boggs
onde é um ângulo auxiliar obtido a partir da equação transcendental.
Espaçamento igual dos paralelos
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno – Anexo I
13
30 – Projeção de Sansom Flamsteed ou Projeção Sinusoidal
h = sec ; k = cos
30.a – Projeção Sinusoidal Modificada ou Projeção de Tissot
h =m. sec ; k = n.cos ; m = 0,875; n = 1,25
31 – Projeção de Apianus II.
h = sec ; k = cos /cos ;
sen = 2. /
32 – Projeção de Ortelius ou Projeção de Eckert III
sen = 2. /
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno – Anexo I
14
33 – Projeção de Eckert V
;
Grupo C: Classe das Pseudo Cônicas.
Expressões gerais para projeções pseudo cônicas no aspecto normal.
r = f1( ) = F1( ) = f2( , ); x = sen ; y = q – r.cos ;
;
; ; p = h.k.cos
Espaçamento igual dos paralelos
34 – Projeção Equivalente de Bonne
h = sec ; k = cos ; p = 1
34.a – Projeção de Stab Werner
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno – Anexo I
15
Grupo C: Classe das Pseudo Azimutais.
Expressões gerais para projeções pseudo azimutais no aspecto normal.
r = f1( ) = F1( ) = f2( , ); x = sen ; y = r.cos ;
;
; ; p = h.k.cos
Espaçamento crescente dos paralelos.
35 – Projeção Equivalente deWiechel
35.a – Projeção de TsNIIGAiK ou Projeção de Ginzburg III.
Grupo A: Classe das Policônicas
Expressões gerais para projeções policônicas no aspecto normal.
x = f1( , ); y = f2( , ); r = f3( , ); = f4( , );
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno – Anexo I
16
Espaçamento decrescente dos paralelos.
36 – Projeção Equivalente de Hammer Aitoff
36.a – Projeção Equivalente de Hammer Aitoff Modificada
36.b – Projeção Equivalente de Briesemeister
36.c – Projeção Equivalente de Bomford
36.d– Projeção Equivalente de Hammer Wagner
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno – Anexo I
17
Espaçamento igual dos paralelos.
37– Projeção Policônica ou Projeção Policônica Simples
38– Projeção Policônica de Aitoff.
38.a Projeção Policônica de Aitoff Wagner.
39 Projeção Policônica deWinkel (Tripel).
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno – Anexo II
1
Resumo de Trigonometria esférica
1. IntroduçãoCapitulo da geometria que estuda as propriedades geométricas dos triângulos sobre a superfície da esfera. Os conceitos da trigonometria esférica são necessários ao desenvolvimento de outros conceitos da astronomia de posição, da cartografia e da geodésia.
1.1. Definições
Esfera – superfície geométrica formada pelos pontos que equidistam de um ponto no seu interior denominado centro.
Círculo Máximo – qualquer círculo que contiver o centro da esfera, ou cujo raio (R) seja igual ao raio da esfera.
Círculo Mínimo – qualquer círculo que não contiver o centro da esfera, ou cujo raio (r) seja menor que o raio da esfera.
Triângulo Esférico – figura limitada por três arcos de círculo máximo. Na figura, ABC. Ele recebe a denominação de retângulo, birretângulo ou trirretângulo quando um,
dois ou três vértices forem iguais a 90º. Da mesma forma ele é chamado de retilátero, birretilátero e trirretilátero quando um, dois ou três lados forem iguais a 90º.
Polar – lugar geométrico dos pontos de uma superfície esférica que eqüidistam de 90º de um ponto denominado Pólo. O círculo máximo k é polar do pólo P.
Triângulos Polares – Dado dois triângulos ABC e A’B’C’ tais que o lado de um seja o polar do vértice do outro, tem-se :
A’ + a = 180ºB’ + b = 180º ouC’ + c = 180º
A + a’ = 180ºB + b’ = 180º C + c’ = 180º
1.2. Propriedades.
Num triângulo esférico, tanto os ângulos (A, B, C) como os lados (a, b, c) são medidas angulares, então :
a) 180º < A + B + C < 540º
b) A + B + C = 180º + onde: excesso esférico)
c) ao maior lado se opõem o maior ângulo
d) a < b + c ; b < a + c ; c < a + b
e) a + b + c < 360º
Círculo Mínimo
CírculoMáximo
onde : centro da esferao
r
o
P
ko
A
B
C
A B
C
A’ B’
C’
ab
c
a’b’
c ’
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno – Anexo II
1.3. Fórmulas
a) Fórmula dos 4 elementos (3 lados e 1 ângulo)
Acbcba cossensencoscoscosBcacab cossensencoscoscosCbabac cossensencoscoscos
b) Analogia dos senos (2 lados e 2 ângulos)
C
c
B
b
A
a
C
c
B
b
C
c
A
a
B
b
A
a
sen
sen
sen
sen
sen
sen
sen
sen
sen
sen;
sen
sen
sen
sen;
sen
sen
sen
sen
c) Fórmula das cotangentes (3 lados e 2 ângulos)
CagBCgba coscoscotsencotsenBagCBgca coscoscotsencotsenCbgACgab coscoscotsencotsenAbgCAgcb coscoscotsencotsen
AcgBAgbc coscoscotsencotsen
d) Área do triângulo esférico
º180
2rS ;
onde : = 3,1415 ...
= excesso esférico
e) Fórmula de L’Hüllier (excesso esférico em função dos lados)
)()()( 21
21
21
21
412 cstgbstgastgstgtg
onde :
2
cbas
d) Fórmula dos “4 elementos” (3 ângulo e 1 lados)
aCBCBA cossensencoscoscosbCACAB cossensencoscoscoscBABAC cossensencoscoscos
e) Fórmula do 5 elementos (3 lados e 2 ângulos)
BcacaCb cossencoscossencossenBacacAb cossencoscossencossenAbcbcBa cossencoscossencossenAcbcbCa cossencoscossencossenCababAc cossencoscossencossenCbabaBc cossencoscossencossen
BcgABgac coscoscotsencotsen
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno – Anexo II
1.4. Triângulos Retângulos
Triângulos esféricos retângulos são aqueles em que um dos ângulos é igual a 90º.
Sendo A – ângulo reto a – hipotenusa b e c – catetos
Regra Mnemônica de Mauduit
A regra de Mauduit válida somente para triângulos retângulos diz :
“ O cosseno do elemento médio é igual ao produto dos cossenos dos elementos conjuntos ou igual ao
produto dos senos dos elementos separados “.
ou seja cos = co co = se se
para aplicação da regra tem que se observar :
1º - O ângulo reto deve ser ignorado; 2º - Quando o elemento for cateto deve-se utilizar o seu complemento.
Por exemplo : Se o elemento médio for o vértice B, os conjuntos são os lados a (hipotenusa) e c (cateto) e os elementos separados são o cateto b e o vértice C , então :
CbcggaB sen)º90sen()º90(cotcotcos
obs.: Para calcular um triângulo esférico por Mauduit deve-se escolher o elemento médio a partir dos elementos conhecidos; Evita-se sempre que possível, no cálculo dos elementos do triângulo, utilizar valores calculados em passos anteriores.
Regra de Mauduit
E L E M E N T O S MÉDIO CONJUNTOS SEPARADOS
a B C b c b C c B ac B b a CB a c b CC a b B c
F Ó R M U L A S cos a = cotg B.cotg C = sen (90º- b).sen (90º- c)
cos (90º- b) = cotg C.cotg (90º- c) = sen B .sen acos (90º- c) = cotg B .cotg (90º- b) = sen a .sen C
cos B = cotg a.cotg (90º- c) = sen(90º- b) .sen Ccos C = cotg a.cotg (90º- b) = sen B .sen (90º- c)
A B
C
ab
c
A B
C
ab
c
separados
separados
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno – Anexo II
Exercícios :
1. Sendo dados os lados a =31º17’, b =84º20’ e c = 115º10’ de um triângulo, determinar o excesso esférico de seu polar.
2. Determinar a área de um triângulo esférico sabendo que seus ângulos são : A = 102º14’12”; B= 54º32’24” e C = 89º05’46” (r = 1 m).
3. Qual a área de um triângulo esférico trirretângulo desenhado sobre uma esfera de raio 10 metros ?
4. Qual o excesso esférico do triângulo ABC polar de A’B’C’ ? A’= 46º ; B’= 116º; C’ = 36º.
5. Um triângulo esférico desenhado sobre o globo terrestre, cujo raio é de aproximadamente R=6.327 Km tem a área igual a 115Km2 . Qual o excesso esférico desse triângulo ?
6. Dado a = 54º20’ e b = 43º32’30” calcular os elementos do triângulo esférico retângulo em A.
7. Dado b = 12º17’ e c = 9º45’ calcular os elementos do triângulo esférico retângulo em A.
8. Dado B = 147º19’47” e C = 105º44’21” calcular os elementos do triângulo esférico retângulo em A.
9. Dado a = 64º40’ e B = 64º38’ calcular os elementos do triângulo esférico retângulo em A.
10. Dado B = 81º59’ e C = 132º14’ calcular os elementos do triângulo esférico retângulo em A.
11. Dado b = 32º11’01” e B = 47º54’54” calcular os elementos do triângulo esférico retângulo em A.
12. Dado b = 140º’ e B = 120º30’ calcular os elementos do triângulo esférico retângulo em A.
13. Calcular o triângulo esférico retilátero em a do qual são dados C = 110º47’50” e B = 135º25’35”. Dica : calcule pelo polar.
14. Resolver o triângulo esférico onde são dados os três lados. a = 52º 05’50” ; b = 66º06’10”; c = 68º13’
15. Resolver o triângulo esférico onde são dados os três ângulos. A = 110º30’20” ; B = 130º40’10” ; C = 100º20’50”.
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia
Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno – Anexo III
1 - Sistemas de Coordenadas
Um método conveniente de se descrever a posição de pontos no espaço é através de
um sistemas de coordenadas. Neste contexto pode-se adotar um sistema cartesiano plano,
um cartesiano tridimensional, um polar ou ainda um cilíndrico. A adoção de um desses
sistemas está relacionado diretamente a aplicação que se pretende abordar.
1.1 - Coordenadas Planas
1.1.1 - Sistema cartesiano
O sistema de coordenadas cartesianas é definido por um par de eixos coplanares e
perpendiculares entre si. O eixo designado por X é denominado eixo das abscissas, e o eixo
designado por Y, das ordenadas. O ponto “0” é a
origem do sistema. Neste sistema qualquer ponto
fica definido por um par de coordenadas (x,y).
Em função do valor das coordenadas poder
assumir valores positivos ou negativos, tem-se a
possibilidade do ponto estar localizado em um dos
quatro quadrantes, conforme se pode observar na
figura ao lado. Na tabela seguinte estão
demonstradas as diversas situações possíveis.
abscissa ordenada quadrante
+ + 1º- + 2º
- - 3º
+ - 4º
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia
Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno – Anexo III
2
1.1.2 - Sistema polar.
No sistema de coordenadas polares é necessário que se defina um ponto origem e
uma direção de referência. A partir destes parâmetros o
ponto fica definido em função da distância que o separa
do ponto origem ( ) e do ângulo que o segmento de reta
OP forma com a direção de referência ( ). Este ângulo
tem orientação anti-horária e varia de 0º a 360º.
1.1.3 - Transformação de coordenadas
Algumas vezes tem-se a necessidade de se
transformar as coordenadas de um ponto do sistema
cartesiano para o polar ou ao contrário. Para se chegar às
equações de transformação vamos inicialmente sobrepor
os dois sistemas, de modo que as origens dos dois, o
eixo das abscissas e a direção origem sejam
coincidentes. Da figura resultante pode-se extrair as
seguintes relações.
1;sen
;cos
p
p
y
x e 2
22
P
P
PP
x
yarctg
yx
Na equação para o cálculo de “ ” o argumento da função arco tangente pode
assumir valores positivos ou negativos em razão do ponto pertencer a um dos quatro
quadrantes. Ocorre que a tangente é positiva no 1º e 3º quadrantes e negativa nos outros
dois. Este fato faz com que a simples aplicação da equação não resolva o problema. É
necessário então que se faça um estudo de sinal para definir o verdadeiro valor “ ”.
o
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia
Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno – Anexo III
3
A partir do circulo trigonométrico associado ao
sistema cartesiano, mostrado ao lado, pode-se construir
as relações da tabela a abaixo.
X Y Quadrantevalor intervalo
+ + 1º =x
yarctg 0º - 90º
- + 2º = 180º +
x
yarctg
90º - 180º
- - 3º 180º - 270º
+ - 4º = 360º + x
yarctg 270º - 360º
É necessário salientar que o resultado da equação será sempre um valor
entre 90º e que o sinal deve ser respeitado na aplicação do estudo de sinais.
As equações indicadas pelo número (1) são utilizadas para transformar coordenadas
polares em cartesianas e as indicadas pelo número (2) para a operação inversa, ou seja,
cartesianas em polares.
1.1.4 - Translação e rotação de eixos coordenados
Em algumas situações é necessário se modificar a origem de um sistema e/ou
rotacionar os seus eixos de um ângulo dado. Como conseqüência todas as coordenadas
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia
Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno – Anexo III
4
ligadas ao sistema original sofrerão modificações. É necessário então que se estabeleçam
as equações de transformação.
Translação
Dados dois sistemas cartesianos
paralelos entre si, conforme figura.
Observa-se que o ponto “ P ” possui
coordenadas nos dois sistema, (xP,yP) e
(x’P, y’P) respectivamente. A diferença
entre as duas coordenadas é representada
pelas quantidades x e y.
Então,'
'
'
'
PP
PP
PP
PP
yyy
xxx
yyy
xxx
É fácil perceber que a diferença de coordenadas entre um sistema e o outro é um
valor constante e válido para todos os pontos. Deste modo, para se proceder à
transformação basta que se conheçam as coordenadas de um ponto em ambos os sistemas.
Rotação
No processo de rotação entre sistemas cartesianos é necessário que a origem de
ambos estejam coincidentes e que se conheçam o valor e a direção que se pretende
rotacionar (horária ou anti-horária).
Inicialmente vamos deduzir as equações para rotação no sentido horário. Para isso,
vamos observar a figura a seguir onde existem dois sistemas rotacionados entre si do
ângulo “ ”.
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia
Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno – Anexo III
5
Da figura pode-se extrair as seguintes
equações:
4sen
cose3
sen
cos'
'
P
P
P
P
y
x
y
x
Da trigonometria plana obtém-se as
seguintes relações:
sencoscossensen
sensencoscoscos
substituindo em (4), vem:
5sencoscossen
sensencoscos
sencoscossen
sensencoscos'
'
'
'
P
P
P
P
y
x
y
x
substituindo ( 3 ) em ( 5 ), obtém-se as equações de rotação horária
cossen
sencos'
'
PPP
PPP
yxy
yxx
Estas equações podem ser escritas na forma matricial assumindo o seguinte
aspecto:
cossen
sencos'
'
P
P
P
P
y
x
y
x
o
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia
Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno – Anexo III
6
Da mesma forma que foram deduzidas as equações para o caso horário pode-se
proceder no caso anti-horário. Assim, da figura pode-se extrair as seguintes equações:
sen
cose3
sen
cos'
'
P
P
P
P
y
x
y
x
Aplicando-se as relações
trigonométricas já mostradas na
dedução anterior,
sencoscossen
sensencoscos
sencoscossen
sensencoscos'
'
'
'
P
P
P
P
y
x
y
x
fazendo-se as mesmas substituições chega-se a,
cossen
sencos'
'
PPP
PPP
yxy
yxx
que representa as equações de rotação no caso anti-horário. Em termos matriciais
tem-se o seguinte.
cossen
sencos'
'
P
P
P
P
y
x
y
x
Em ambos os casos as equações são válidas quando os sistemas têm suas origens
coincidentes. Este fato não acontece na maioria das vezes, então é necessário que se
escrevam novas equações prevendo essa nova situação.
o
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia
Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno – Anexo III
7
A figura a seguir procura mostrar o que aconteceria se fosse aplicada uma rotação
onde os sistemas têm origens distintas. É
preciso entender que a rotação vai ocorrer ao
redor do ponto “o” e não do ponto “1”. Como
resultado a origem do sistema a ser rotacionado
se desloca de “1” para “2” provocando uma
rotação associada a uma translação não
desejada. Como solução para o problema deve-
se inicialmente fazer com que os pontos “1”. e
“o” ocupem o mesmo local. Isso se consegue ao
se promover uma translação, ou seja, tornar igual a zero as coordenadas do ponto “1”. Em
seguida aplica-se a rotação no valor e sentidos desejados. Finalmente retorna-se o ponto
“1” para sua coordenada original. Algebricamente essa operação é representada pelas
seguintes equações, no caso da rotação horária:
cossen
sencos
000'
000'
yyyxxy
xyyxxx
PPP
PPP
ou
cossen
sencos
0
0
0
0
'
'
y
x
yy
xx
y
x
P
P
P
P
e pelas seguintes, no caso da rotação anti-horária :
cossen
sencos
000'
000'
yyyxxy
xyyxxx
PPP
PPP
ou
cossen
sencos
0
0
0
0
'
'
y
x
yy
xx
y
x
P
P
P
P
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia
Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno – Anexo III
8
onde (x0, y0) representam as coordenadas do ponto ao redor do qual se deseja efetuar a
rotação, também conhecido como ponto pivô.
Ainda é possível se pensar em mais uma situação, rotação associada à translação.
Este caso não é muito diferente do anterior havendo um modificação apenas na última
etapa, ou seja, ao invés de se voltar o ponto pivô para a coordenada original, pode-se
simplesmente deslocá-lo para uma nova posição. Deste modo, as equações descritas
anteriormente assumem o seguinte aspecto:
Rotação horária associada à translação de eixos
cossen
sencos
00'
00'
NPPP
NPPP
yyyxxy
xyyxxx
ou
cossen
sencos N
0
0
'
'
NP
P
P
P
y
x
yy
xx
y
x
Rotação anti-horária associada à translação de eixos:
cossen
sencos
00'
00'
NPPP
NPPP
yyyxxy
xyyxxx
ou
cossen
sencos N
0
0
'
'
NP
P
P
P
y
x
yy
xx
y
x
onde: x’P , y’P - coordenadas após a aplicação da rotação e translação;
xP , yP - coordenadas originais; - ângulo de rotação;
x0 , y0 - coordenadas do ponto pivô;
xN , yN - coordenadas do ponto pivô no sistema transladado.
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia
Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno – Anexo III
9
1.2 - Coordenadas Tridimensionais
1.2.1 - Sistema cartesiano
O sistema cartesiano tridimensional é constituído por três eixos coordenados
ortogonais entre si. O primeiro eixo é o das abscissas, o segundo das ordenadas e o terceiro
das cotas. Dependendo da posição dos eixos ele pode ser classificado como dextrógiro ou
levógiro. Um sistema é dito dextrógiro quando o rebatimento do eixo X sobre o Y ocorre
no sentido anti-horário e levógiro quando o sentido de rebatimento é no sentido horário. A
figura a seguir ilustra os dois casos.
Independente da orientação adotada qualquer ponto pode ser definido por por suas
coordenadas cartesianas tridimensionais (xP, yP, zP).
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia
Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno – Anexo III
10
1.2.2 - Sistema cilíndrico
O sistema cilíndrico, algumas vezes citado como polar no espaço, é definido por
um plano, uma origem e uma direção de referência sobre esse plano. O ponto P fica
definido pela coordenada “ ”, que representa a distância inclinada entre o ponto e a
origem (OP), pelo ângulo horizontal “ ”, formado entre a direção de referência e a
projeção da distância inclinada (OP’) e pelo ângulo vertical “ ”, formado entre a distância
inclinada (OP) e sua projeção sobre o plano (OP’). Na figura abaixo estão representados
graficamente estes elementos.
1.2.3 - Transformação de coordenadas
A transformação de um sistema de coordenadas cilíndrico para um cartesiano
tridimensional, segue a mesma lógica da transformação no plano, porém existe alguns
elementos que devem ser definidos a priori. Inicialmente, deve-se escolher se o sistema
cartesiano é dextrógiro ou levógiro. Em seguida, deve-se fazer com que o eixo das
abscissas, a direção de referência e a origem dos dois sistemas seja coincidente. No
presente caso, vai se optar por um sistema dextrógiro. A figura a seguir mostra a
superposição dos dois sistemas.
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia
Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno – Anexo III
11
p'p''
o
Primeiramente vamos examinar o triangulo OP’P”
Da figura pode-se extrair as seguintes relações geométricas:
6;sen'
;cos'
OPy
OPx
p
p
7' 22
P
P
PP
x
yarctg
yxOP
Do triangulo OP’P
p'p''
o
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia
Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno – Anexo III
12
sen
8cos'
pz
OP
10'
9' 22
OP
zarctg
zOP
P
P
substituindo (9) em (6) e (7) em (9) e (10) obtém-se as seguintes equações
sen
;sencos
;coscos
p
p
p
z
y
x
e
22
222
PP
P
P
P
PPP
yx
zarctg
x
yarctg
zyx
Os dois conjuntos de equações constituem as fórmulas de transformação do sistema
cilíndrico para o cartesiano e do cartesiano para o cilíndrico. Da mesma forma que no caso
bidimensional é necessário que se faça um estudo de sinais.
1.2.4 - Representação gráfica tridimensional
Tão importante quanto se saber calcular as transformações, é a capacidade de se
fazer a representação gráfica do problema. A geração do gráfico, principalmente no caso
tridimensional, auxilia no raciocínio lógico espacial e esta habilidade é útil para que
trabalha na área de geomática. Apesar disso, é comum que algumas pessoas ainda tenham
dificuldades em conseguir gerar esses gráficos.
IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia
Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno – Anexo III
13
Um bom método, para quem está iniciando, é o desenho auxiliado por um cubo
onde os vértices estão numerados. O segredo é, conhecendo-se apenas os sinais das
coordenadas cartesianas, descobrir onde está a origem do sistema e os pontos P e P’. A
partir dessa definição, é só marcar os outros valores. A figura abaixo mostra o referido
cubo com os vértices numerados e o desenho correspondente ao caso das coordenadas
serem todas positivas. A tabela que aparece na seqüência mostra, em função dos sinais das
coordenadas cartesianas, qual o vértice origem, qual o dos pontos P e P’, qual o quadrante
de e o seu intervalo de variação e o sinal do ângulo vertical..
1 2
34
5 6
78
o
X
Y
Z
x
y
z
P
P'
x y z orige
mP P’
quad intervalo
+ + + 5 3 2 1º 0º - 90º
++ + - 8 2 3 - - + + 1 7 6
2º 90º - 180º +
- + - 4 6 7 - - - + 2 8 5
3º 180º - 270º +
- - - 3 5 8 - + - + 6 4 1
4º 270º - 360º +
+ - - 7 1 4 -