apostila caprinos e ovinos 2011 neper ufmg

Upload: barbara-silva

Post on 19-Jul-2015

2.952 views

Category:

Documents


12 download

TRANSCRIPT

MANUAL PRTICO DE CAPRINO E OVINOCULTURA

Prof. Iran Borges Prof. Lcio Carlos Gonalves

Escola de Veterinria Departamento de Zootecnia Universidade Federal de Minas Gerais

Belo Horizonte 2011

2

SUMRIO

ORIGEM E DESENVOLVIMENTO DE ALGUMAS RAAS CAPRINAS ..........................................4 Principais pases produtores de caprinos no mundo ..................................................................................5 1. RAAS PRODUTORAS DE LEITE ................................................................................................6 2. RAAS PRODUTORAS DE CARNE ...........................................................................................10 3. RAAS PRODUTORAS DE PELES E CARNE ...........................................................................13 INSTALAES PARA CAPRINOS .....................................................................................................16 EQUIPAMENTOS DIVERSOS .............................................................................................................20 AMBINCIA NAS INSTALAES PARA CAPRINOS E OVINOS ..................................................21 PRTICAS GERAIS DE MANEJO .......................................................................................................39 ESCRITURAO ZOOTCNICA E SUA IMPORTNCIA NA CAPRINOCULTURA....................40 MANEJO SANITRIO ..........................................................................................................................56 PRINCIPAIS DOENAS PARASITRIAS E SUA PREVENO .................................................58 SELEO E MELHORAMENTO GENTICO EM CAPRINOS ........................................................65 OBJETIVOS A SEREM SELECIONADOS ......................................................................................68 PROVAS ZOOTCNICAS E SUA IMPORTNCIA........................................................................69 ALTERNATIVAS PARA FORMAO DE REBANHOS COMERCIAIS ......................................69 MTODOS DE MELHORAMENTO GENTICO DE CAPRINOS NOS TRPICOS....................70 REGISTRO GENALGICO ..............................................................................................................71 REPRODUO EM CAPRINOS ..........................................................................................................71 MANEJO NUTRICIONAL DE CAPRINOS..........................................................................................76 ALGUMAS EXIGNCIAS NUTRICIONAIS PARA CAPRINOS - NRC (1981) ..........................98 CLCULO DE RAO PARA CAPRINOS ...................................................................................100 CALCULANDO POR PEARSON DUPLO .................................................................................102 Mtodo algbrico com um alimento fixo ..............................................................................................104 MANEJO DAS PELES .........................................................................................................................107 HISTRICO DA EXPLORAO DE OVINOS PELO HOMEM ......................................................110 1. RAAS DE OVINOS ESPECIALIZADAS PARA L FINAS .......................................................111 2. RAAS MISTAS PARA PRODUO DE L E CARNE .............................................................114 3. RAAS DE OVINOS ESPECIALIZADAS PARA CORTE ............................................................117 4. RAAS ESPECIALIZADAS PARA A PRODUO DE PELES...................................................123 5. RAAS PRODUTORAS DE LEITE................................................................................................126 INSTALAES PARA OVINOS ........................................................................................................128 MANEJO GERAL DOS OVINOS .......................................................................................................130 NUTRIO E ALIMENTAO DE OVINOS ..................................................................................132 1. INTRODUO ............................................................................................................................132 2. ASPECTOS GERAIS DA NUTRIO DE OVINOS .................................................................133 2.1. ESCALA DE CONDIO CORPORAL (ESCORE CORPORAL) .........................................135 3. ALIMENTAO DE CORDEIROS E CORDEIRAS .................................................................136 4. ALIMENTAO DE BORREGAS .............................................................................................139 5. ALIMENTAO DAS FMEAS DURANTE A POCA DE REPRODUO ........................140 6. ALIMENTAO DAS OVELHAS GESTANTES......................................................................141 6.1. TOXEMIA DA GESTAO ................................................................................................143 7. ALIMENTAO DAS OVELHAS EM LACTAO ................................................................144 8. ALIMENTAO DE OVELHAS SECAS E VAZIAS ................................................................145 Mantena ...............................................................................................................................................145 Flushing .............................................................................................................................................145 Reprodutores em servio ...............................................................................................................146 8. EXIGNCIAS MINERAIS PARA OVINOS ...............................................................................146 9. ALIMENTAO DOS CARNEIROS E FUTUROS REPRODUTORES ...................................147 10. CONSIDERAES ....................................................................................................................148 RAO PARA OVINOS EM ENGORDA ..........................................................................................152 OUTRA FORMA DE FAZER O CLCULO ...................................................................................154 Dficit/Supervit ...................................................................................................................................155 Exigncias .............................................................................................................................................155 Dficit/Supervit ...................................................................................................................................155 Exigncias .............................................................................................................................................156

3

Dficit/Supervit ................................................................................................................................... 156 SELEO E MELHORAMENTO DE OVINOS ................................................................................ 157 MANEJO REPRODUTIVO DE OVINOS ........................................................................................... 160 MANEJO DA OVELHA GESTANTE E SUA IMPORTNCIA NA CRIAO DO CORDEIRO... 164 MANEJO SANITRIO DE OVINOS ................................................................................................. 181 1.1. HIGIENE ................................................................................................................................... 182 1.2. CONTROLE E PREVENO DAS ECTOPARASITOSES ................................................... 183 1.3. CONTROLE E PREVENO DAS ENDOPARASITOSES ................................................... 184 1.4. CONTROLE E PREVENO DAS INFECES BACTERIANAS ...................................... 185 1.5. CONTROLE E PREVENO DAS INFESTAES A VIRUS: ........................................... 186 CALENDRIO DE MANEJO ZOO-SANITRIO DE OVINOS ................................................... 187 PASTAGENS ESTOLONFERAS TM PREFERNCIA.......................................................... 187 PASTAGENS CESPITOSAS: INDIACADA MAIS PARA PASTEJO MISTO ......................... 187 PRODUO DE CARNE OVINA ...................................................................................................... 195 1. ANIMAIS PARA ABATE: .......................................................................................................... 195 2. CARACTERSTICAS DA CARNE OVINA ............................................................................... 196 3. QUALIDADE DA CARNE OVINA E CARACTERSTICAS DE CARCAA.......................... 196 4. ASPECTOS DA PRODUO DE CARNE OVINA................................................................... 197 5. CLASSIFICAO DE CARCAA:............................................................................................... 200 6. DIVISO DE CARCAA:............................................................................................................. 201 MODELO PARA A PRODUO DE 1000 Kg DE CARCAA DE CORDEIROS POR ANO ........ 202 A L E SUA PRODUO .................................................................................................................. 205 CATEGORIAS DE LS .................................................................................................................. 208 CLASSIFICAO DAS LS: ......................................................................................................... 208

4

ORIGEM E DESENVOLVIMENTO DE ALGUMAS RAAS CAPRINAS

Saanen Sub-tronco ALPINO Alpina TRONCO EUROPEU Sub-tronco PIRINEU Toggenburg Murciana La Mancha Grahadiana

Saanen Branca Alem Parda Alpina Parda Alem Chamise Alpina Francesa

TRONCO AFRICANO

Anglo Nubiana Jamnapari Bhuj Boer Savanah

TRONCO ASITICO

Angor Cashemere

5

Classificao zoolgica dos caprinos: Classe: Mammalia Ordem: Artiodctila Sub-ordem: Ruminantia Famlia: Bovidae Sub-famlia: Caprinea Gnero: Capra Espcie: Capra hircus Principais pases produtores de caprinos no mundo Ordem 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 Pas China ndia Paquisto Sudo Bangladesh Nigria Ir Indonsia Tanznia Mali Qunia Etipia Mxico BRASIL Monglia Burkina Fasso Imen Turquia Nger Uganda frica do Sul Nepal Filipinas Chade Mauritnia Marrocos Grcia Camares Argentina Rep. Democ. Congo Senegal TOTAL MUNDIAL Rebanho (cabeas x 1000) 172.957 124.500 52.800 40.000 34.500 27.000 26.000 13.276 12.556 11.464 11.000 9.623 9.500 9.097 8.858 8.800 7.250 7.000 6.900 6.852 6.850 6.650 6.300 5.588 5.500 5.208 5.000 4.400 4.200 4.004 3.969 767.930 Percentagem22,52 16,21 6,88 5,21 4,49 3,52 3,39 1,73 1,64 1,49 1,43 1,25 1,24 1,18 1,15 1,15 0,94 0,91 0,90 0,89 0,89 0,87 0,82 0,73 0,72 0,68 0,65 0,57 0,55 0,52 0,52

Fonte: FAO (2003)

6

PRINCIPAIS RAAS DE CAPRINOS1. RAAS PRODUTORAS DE LEITE So animais que geralmente apresentam bom vigor, feminilidade, ligaes harmoniosas do bere, no tm carne em excesso e possuem formato de cunha, com membros bem aprumados. Podem apresentar produes de leite equivalentes em at 10-12 vezes o seu peso vivo durante uma lactao.

1.1.

SAANEN

Origem: Vale Saanen na Sua Caractersticas raciais: Pelagem: Animais com pelos curtos, brancos a creme, predominantemente lisos e bem implantados. Altura: machos: 80-90 cm e fmeas: 70 a 83 cm Corpo: animais longilneos, descarnados e angulosos. Ventre profundo, dorso reto e lombo bem desenvolvido, com garupa ampla, membros delicados mas fortes. Cabea: leve, perfil retilneo a cncavo, orelhas pequenas a mdias e eretas, presena de brincos. Caractersticas Zootcnicas: Produo de leite: 520 a 920 Kg/lactao (250 a 302 dias) Peso: machos: 70-90 Kg e fmeas: 45-60 Kg

1.2. TOGGENBURG:

7

Origem: Vale Toggenburg ao norte da Sua Caractersticas raciais: Pelagem: Castanho claro ou baio claro; como caracterstica principal apresenta duas bandas que vo desde as orelhas, passando pelos olhos at aos ngulos dos lbios. Pelos de curtos a compridos: importante na seleo. Altura: machos: 75-80 cm e fmeas: 70-80 cm. Corpo: Dorso e lombo fortes; pescoo destacado, delgado a mediano; ventre amplo e trax profundo. Membros delicados e fortes, sendo lavados. Cabea: Alongada e forte, porm bem feita; orelhas mdias um pouco levantadas e dirigidas para frange. Machos apresentam chifres. Caractersticas zootcnicas: Produo de leite: 700 Kg/lactao (276 dias) Peso: machos: 60-70 Kg e fmeas: 45-50 Kg comum apresentarem dois filhotes/parto; apresentam crescimento precoce.

1.3. ALPINA: Denominada Parda Alpina

Origem: Regio dos Alpes Francs e Suo. Vieram para o Brasil importadas da Alemanha, Sua e Frana. Sendo a alem mais robusta que as demais. Numericamente a mais importante cabra leiteira na Europa.

Caractersticas raciais:

8

Pelagem: do pardo claro at vermelho escuro (queimado) com faixa preta no dorso, membros e cabea mais escuros (queimados). Pelos curtos e brilhantes. Preto desclassificante. Pele e mucosas escuras. Altura: machos: 88-100 cm, fmeas: 78-93 cm. Corpo: animais longilneos (1,20m). Trax amplo e ventre desenvolvido. Garupa larga e ligeiramente inclinada. Membros finos com unhas delicadas (aprumos e leses). Cabea: Fina com perfil retilneo; fronte larga e chanfro grosso. Orelhas curtas e bem implantadas, retas, s vezes pesadas projetadas para frente, para cima e para fora. Caractersticas zootcnicas: 550-600 Kg/lactao - atinge mdia de 2,5 kg/dia (mx. 8 Kg) Peso: machos: 70-90 Kg, fmeas: 50-65 Kg

1.4. MURCIANA

Origem: regio de Mrcia na Espanha. Caractersticas raciais: Pelagem: pelos curtssimos, de cor acaju (castanho avermelhado) a preto, a pele fina e no primeiro caso ser rsea, enquanto no segundo ser preta. Altura: machos: 77 cm e fmeas: 70 cm Corpo: tronco profundo, cernelha ligeiramente descarnada com linha dorso-lombar reta, ventre amplo e redondo. Cabea: pequena, descarnada e fina, formato triangular; perfil retilneo a sub-cncavo; chanfro retilneo e fronte ligeiramente cncava. Machos tm pescoo potente. Caractersticas zootcnicas: Produo de leite entre 500 e 600 Kg/lactao (300 d). Peso: machos: 70 Kg e fmeas: 50 Kg.

9

1.5. LA MANCHA AMERICANA

Origem: Desenvolvida nos EUA (cabras espanholas x raas diversas) Caractersticas raciais: Pelagem: apresenta grande variao de cores (origem) Altura: machos: 85 a 100 cm e fmeas: 75 cm. Corpo: regio dorso lombar reta e bastante peluda; cernelha seca; peito amplo e profundo; ventre amplo, profundo e desenvolvido. Cabea: pequena a mdia (delicada); triangular; perfil reto ou ligeiramente sub-cncavo; orelhas atrofiadas. Pescoo mais compacto no macho. Caractersticas zootcnicas: Produo leiteira entre 500 e 750 Kg. Peso: machos: acima de 76 Kg e fmeas acima de 58 Kg.

1.6. NUBIANA Origem: Sudo Caractersticas raciais: Pelagem: do branco ao preto; com pelos curtos e brilhantes Altura: machos: 80-90 cm, fmeas: 70-80 cm. Corpo: delicado e harmonioso. Membros finos porm fortes. Cabea: perfil ultra convexo; lbio superior mais curto; orelhas grandes e largas; fmeas mochas e machos armados.

10

Caractersticas zootcnicas: Produo leiteira de 750 a 980 Kg Peso: machos: 95 Kg e fmeas: 70 - 72 Kg.

2. RAAS PRODUTORAS DE CARNE2.1. BOER

Origem: frica do Sul. Caractersticas raciais: Pelagem: Pelos vermelhos da cabea, orelhas e pescoo, com o restante do corpo coberto por pelos brancos. Sua pele pigmentada em todo corpo. Altura: acima de 60 cm nas fmeas e 75 cm nos machos Corpo: Deve ser longo, profundo e largo. Apresentando costelas bem arqueadas e com boa cobertura muscular. Linha dorso lombar reta e com palhetas bem arqueadas. Cabea: Forte, olhos castanhos e com aparncia delicada. Chanfro levemente convexo e a fronte do tipo romano. Chifres fortes e de comprimento moderado, curvando-se gradualmente para trs e para os lados. Orelhas largas, comprimento mdio e pendulares. Caractersticas zootcnicas: Sua principal aptido a produo de carne. Rendimentos de carcaa entre 48 e 60%, para animais jovens e adultos, respectivamente. Quando adultos comum ultrapassarem os 100 kg de peso vivo.

2.2. BHUJ

11

Origem: oeste da ndia (prximo ao Paquisto). Caractersticas raciais: Pelagem: Castanho escuro com manchas brancas na face, focinho e garganta, podendo chegar ao negro. Pelos mdios a longos, por vezes ondulados. Pele solta e predominncia da escura. Desclassificantes: pelagem branca; orelhas no chitadas ou mesmo brancas; pele inteiramente clara; perfil reto ou cncavo. Altura: macho: 70 - 100 cm, fmeas: 60 - 75 cm. Corpo: Dorso comprido, largo e reto; lombo comprido e largo em harmonia com a garupa; garupa larga e comprida; ancas largas. Membros longos e aprumados. Cabea: considerada pequena e de perfil ultra-convexo; orelhas largas, pendentes e chitadas; chifres curtos e voltados para trs (leve espiral). Aptido: Produz carne e pele de boa qualidade.

2.3. ANGLO-NUBIANA

Origem: Raa inglesa surgida do acasalamento entre nubianas da frica, sia e ndia, em 1875 foi denominada anglo-nubiana. Caractersticas raciais: Pelagem: no Brasil aceita-se animais de todas as cores, exceto a branca, sendo os mais comuns a preta, a vermelha e suas combinaes. A pele predominantemente escura, solta e de espessura mediana. Altura: machos: 70-80 cm e fmeas: 60-70 cm. Corpo: comprido e profundo. Dorso e lombo amplos e fortes, Trax profundo apesar de um pouco acoletado. Garupa larga. Membros fortes sem serem pesados, com cascos escuros. Cabea: pequena e bem delineada. Orelhas mdias a grandes, espalmadas e pendentes. Perfil convexo. Podem ser mochos ou armadas.

12

Caractersticaszootcnicas: Produo leiteira: 2 - 4 Kg/dia Peso: machos: 70-95 Kg e fmeas: 40-60 Kg. Produz pele de boa qualidade.

2.4. JAMNAPARI

Origem: ndia. Chamada de ETAWH, sendo uma da melhores raas de dupla aptido. Caractersticas raciais: Pelagem: de branco a escura, sem uma cor predominante. Altura: machos: 90-100 cm e fmeas: 75-85 cm. Cabea: perfil ultra-convexo; orelhas grandes, pendulares e dobradas longitudinalmente, com bordas voltadas para trs. Caractersticaszootcnicas: Produo leiteira: de 1-3 Kg/dia. Peso: machos: 68-90 Kg e fmeas: 75-85 Kg.

2.5. MAMBRINA (tipo amambrinado ou tipo mambrino, zebu)

Origem: Sria e Palestina. No Brasil existem poucos exemplares puros. Caractersticas raciais: Pelagem: negra brilhante com manchas avermelhadas na cabea, apresentando algumas variaes acinzentadas, pardacentas, brancas ou mesmo malhadas. Pelos curtos na parte anterior do corpo e longos no posterior.

13

Altura: machos: 70-90 cm e fmeas: 60-75 cm. Cabea: perfil convexo; orelhas longas, pendentes e espalmadas; chifres longos (quando presentes), forma espiralada. Caractersticas zootcnicas: Produo leiteira: mdia de 2 Kg/dia. Peso: machos: 70-90 Kg e fmeas: 60-85 Kg. Produz carne e pele de boa qualidade.

3. RAAS PRODUTORAS DE PELES E CARNEDestacam-se as "raas nativas", que tm na produo de peles a garantia de rentabilidade para o produtor, principalmente nordestino. Mistas para carne e pele.

3.1. MOXOT

Origem: Vale do Moxot em PE. Provavelmente originou-se da Charnequeira variedade Alentejana.

Caractersticas raciais: Pelagem: cor baia e suas tonalidades, at o lavado; linha dorso lombar com faixa preta (tero mdio pescoo cauda). Pelos pretos na regio do ventre, nas faces internas dos membros, regio perineal, bere e canela. Linhas pretas nas faces laterais da maxila, presena de culos, e linhas que saem da insero dos chifres indo nuca. Altura: machos: 71 cm e fmeas: 62 cm. Cabea: perfil reto, chanfro seco e com bordas retilneas quando visto frontalmente. Presena ou no de brincos. Mocho desclassifica. Caractersticas zootcnicas: Produo de leite muito baixa (0,3-0,4 Kg/dia) Peso: machos: acima de 36 Kg e fmeas: 30-34 Kg. Partos duplos em 40% dos casos. Pele preta e fina.

14

3.2. CANIND

Origem: Zona de Canind nos estados de Piau e Cear (Rio Canind) Caractersticas raciais: Pelagem: castanho escura a preta por todo o corpo, exceto no ventre; o perneo tem pelos curtos e finos. Variedade da Canind vermelha, avermelhada ou castanha. Altura: machos: 60 cm e fmeas 50 cm (mdia). Caractersticas zootcnicas: A variedade GURGUEIA apresenta certa aptido leiteira Pele: excelente qualidade Peso: machos: acima de 40 e fmeas: 25-30 Kg.

3.3. MAROTA

Origem: vale do So Francisco entre os sertes da Bahia e Pernambuco. Caractersticas raciais: Pelagem: pelos curtos e brancos, pele clara e alguma pigmentao na cauda e face interna das orelhas. Altura: acima de 50 cm. Cabea: ligeiramente grande e vigorosa. Chifres desenvolvidos e divergentes desde a base, para cima, para trs e para fora. Orelhas pequenas e com pontas arredondadas.

15

Caractersticas zootcnicas: Peso: acima de 35 Kg Pele: macia e flexvel.

3.4. REPARTIDA

Origem: Bahia e Pernambuco Caractersticas raciais: Pelagem: possui duas regies distintas, sendo preta na parte anterior e baia na posterior (delimitao irregular), membros baios com manchas pretas nas extremidades; preto nas coxas e pernas. Mucosa, pele e anexos so pretos Cabea: mediana, com chifre divergentes.

3.5. ANGOR (MOHAIR) Raa para pele e pelos.

Origem: Turquia e talvez Sibria. Caractersticas raciais: Pelagem: geralmente branca com nuanas amarelo-prateado; pelos longos, finos e sedosos por todo o corpo. Porte e cabea: animal pequeno; cabea fina, perfil reto e com topete na fronte. Orelhas grandes e delgadas (10 cm). Caractersticaszootcnicas: Peso: machos: 60 Kg e fmeas: 50 Kg. Produz pele de excelente qualidade, pode ser tosquiada para industrializao dos pelos.

16

INSTALAES PARA CAPRINOS

INSTALAES vs TIPO DE EXPLORAO vs

RAA vs

AMBIENTE

Instalaes devem ser: - Claras (iluminadas) - Bem ventiladas - Bem drenadas - Facilidade de limpeza - Proteger contra chuvas, ventos, radiao solar, predadores, etc. CERCAS: - Tbuas, troncos, telas, arame liso ou farpado, cercas eletrificadas - Para o arame farpado usa-se cercas com 1,5 m de altura, composta por 8 ou 9 fios ARAME FARPADO30 cm 25 cm 25 cm h = 1,5 m 20 cm 15 cm 15 cm 10 cm 10 cm

ARAME LISO25 cm 20 cm 20 cm 15 cm15 cm 10 cm 10 cm

h =1,5 m

10 cm

Quando j existirem cercas para bovinos, basta passar dois fios a mais, entre cada um dos primeiros fios de baixo.

17

Para tbuas com 0,10 a 0,20 m de largura, estas devem atingir at 0,60 - 0,90 m de altura, com espao entre tbuas de 0,10 m. Podendo ou no possui um ou dois fios de arame na parte superior da cerca. Em condies favorveis pode-se constru-las de bambu (com ripa cobrindo a parte superior para evitar encher de gua). - Portes, porteiras e colchetes; - Distncia entre moures de 10 metros, balancins a cada 2 metros; - Moures de madeira de lei ou eucalipto tratado (vida til at 20 anos).

PRINCPIOS CONSTRUTIVOS BSICOS:

1. LOCALIZAO / ORIENTAO: - Eqidistante dos piquetes e sede da propriedade; - Local seco, com boas aguadas ou bebedouros; - Fcil acesso (poca das secas e chovas); - Possuir boa ventilao (evitar locais naturalmente abafados, meia parede + grades); - Apresentar tima capacidade de higienizao das futuras instalaes (retida do esterco); - Orientao leste- oeste: Radiao solar sobre a cumeeira da construo; - Proteo contra ventos frios do sul (predominantes);

2. PIQUETES: - Facilita rotao e manejo das pastagens; - Bem drenados, com bebedouros bem distribudos, manilhes (bias da UEM); - Comedouros (podem ser mveis para os pequenos criatrios), fenis, cochos de sal; - Escolha da forrageira (hbito de pastejo, seletividade, etc);

18

DETALHES CONSTRUTIVOS DAS INSTALAES:

1. CABRIL (capril ou apriscos) - Indispensvel para caprinocultura leiteira; - Em criatrios menos tecnificados usa-se os telheiros: animais recolhidos noite; - Piso ripado e suspenso a 1,5 m : - com ou sem alapes para limpeza - 4 a 5 cm de largura na face superior - 3 cm de largura na face inferior (seo trapezoidal) - 2 cm de espessura - 1 cm entre ripas na face superior - 2 cm entre ripas na face inferior - Uso de cama ao invs de piso ripado: Usar material poroso recoberto por um absorvente, que poder ser trocado ou renovado periodicamente, sempre que as condies da cama assim exigir. - Bebedouros devem ficar para o lado de fora; - Pode ter sub-divises para categorias distintas; - Recomenda-se rea coberta com 1,5 m2/ animal adulto, 1 m2/cabea (semi-intensivo); - Necessidade de solrio: 3 m2/cabea . TIPO DE PISO ... - Fosso sanitrio; geralmente derivado do piso suspenso; - Beirais com 1,5 m em regies com chuvas de vento abundantes

1.2. CABRIL MATERNIDADE:

- Geralmente localizado no incio do Cabril (mais protegido); - Usar acima de 1,5 m2/cabras (ideal 2 m2); - Baias coletivas para 5 a 6 cabras; - Gaiolas ou outra sub-diviso para os cabritos recm-nascidos (fonte de aquecimento);

19

2. CABRIL DE LACTAO: Para cabras em lactao (baias coletivas 15 cabras/baia)

- Isolado ou contguo ao Cabril Maternidade; - Geralmente a maior instalao do criatrio; - Em regime de confinamento total recomenda-se 2 m2/cabra + solrio; - Corredores com mnimo de 2 metros de largura; - P direito: 2,30 a 2,50 metros.

3. SALA DE ORDENHA OU PLATAFORMA DE ORDENHA:

- Contgua ao cabril de lactao; - Sala Ordenha: para rebanhos com mais de 40 cabras; - Tipos de salas: - Ordenha lateral; - Ordenha por trs. - Rebanhos menores usar Plataforma.

4. BODIL: - Isolado das cabras; - Confinamento total; - Baias individuais com 4 m2 / bode.

5. CABRITEIROS OU GAIOLAS: - Cabriteiros fechados para regies mais frias - Gaiolas: mais econmicas e versteis (madeira, bambu, etc).

20

EQUIPAMENTOS DIVERSOS

1. BEBEDOUROS: - No lado externo das baias: baldes de plstico removveis ou vaso comunicantes - Bebedouros automticos para leites; - Bebedouros no campo: proteger bias, limpeza peridica ...

2. COCHOS: - Lado externo e separao para volumoso e concentrados; - Evitar que os animais subam nos cochos (ripas de proteo); - Canzis: Ingls, Francs, Livre Acesso, etc ... - rea de chegada no cocho: 0,5 m/cabra - Manjedouras ou fenis: 0,50 m de altura do solo; na divisria das baias; - Saleiro: - a campo cobertos (1,20 - 1,50 m de p-direito) - elevado entre 0,50 a 0,60 m do solo; - 0,20 x 0,40 (largura x profundidade);

3. MAMADEIRAS: - Coletivas ou tanques - Individuais

4. ORDENHADEIRA MECNICA: - Vivel para mais de 80 cabras em lactao - At 40 cabras: PLATAFORMA DE ORDENHA

5. FARMCIA, ARMAZM, DEPSITO DE FENO, etc...

21

AMBINCIA NAS INSTALAES PARA CAPRINOS E OVINOSIran Borges1 Andr Guimares Maciel e Silva2 Maria Izabel Carneiro Ferreira3 Gilberto de Lima Macedo Jnior4

1. INTRODUO Os efeitos das variveis de meio sobre a produo animal so conhecidos tempos, em especial daquelas ligadas aos elementos climticos, sejam de forma direta ou indiretamente. Nesse sentido, as repostas produtivas, reprodutivas e comportamentais, que no conjunto influem na produo e na produtividade animal, devem receber ateno especial por parte de tcnicos e produtores do agronegcio. A literatura farta de trabalhos demonstrando os efeitos dos elementos climticos sobre o desempenho animal. No entanto, maiores enfoques so dados para animais criados a pasto e no caso dos sistemas produtivos mais confinados, as espcies enfocadas so geralmente aves, sunos, bovinos leiteiros e coelhos. Em alguns casos, aparecem trabalhos avaliando as respostas de ovinos frente ao ambiente, mas muito raros so os trabalhos avaliando condies de caprinos, talvez pelo fato de que o maior contingente mundial dessa espcie encontra-se no mundo tropical (30o N/S), coincidindo, justamente com maior quantidade de pases de economia perifrica, ou seja, justamente os pases que mais necessitam de pesquisa na rea de bioclimatologia so coincidentemente os que menos investem nessa rea. Isso posto, convm ressaltar que mesmo no se tendo respostas fisiolgicas especficas para caprinos e ovinos, de se inferir que a grande maioria das mesmas siga o que se observa com outras espcies homeotrmicas, mudando mais no que se refere intensidade de respostas frente aos vrios estressores climticos tropicais. Por exemplo, animais jovens (fase de cria) so menos resistentes ao estresse pelo frio, devido ao fato de possurem relao superfcie de rea corporal:peso corporal (volume) mais desfavorvel, sendo nos primeiros dias de vida muito dependentes das reservas de gordura marrom para manterem-se com a temperatura corporal constante, aliado ao fato de que seus mecanismos de manuteno da homeotermia ainda no esto completamente desenvolvidos. Assim, o enfoque primrio desta reviso ser sempre os pequenos ruminantes, muito embora devido falta de acesso s informaes desses, vez por outra, ser tratado o impacto bioclimtico em outras espcies homeotrmicas. Como o estresse pelo calor o mais constante nos trpicos, o enfoque presente ser mais voltado neste sentido, muito embora ressalta-se que crias jovens podem sofrer com temperaturas mais amenas (frias para elas). Assim, variveis climticas que favorecero ou dificultaro a dissipao calrica, sero enfocadas isolada e conjuntamente.

1

Zootecnista - Professor Adjunto da Escola de Veterinria da UFMG - Bolsista PQ CNPq Mdico Veterinrio - Professor Assistente da UFPA - Doutorando em Zootecnia na Escola de Veterinria-UFMG 3 Mdica Veterinria - Doutorando em Zootecnia na Escola de Veterinria - UFMG 4 Zootecnista - Doutorando em Zootecnia na Escola de Veterinria - UFMG2

22

O presente estudo visa discutir as condies ambientais artificiais que se encontram estabelecidas na maioria dos capris e ovis nacionais, tentando correlacion-las com aspectos ligados ao desempenho de caprinos e ovinos.

2. RECAPITULANDO A BIOCLIMATOLOGIA Dentre os elementos climticos, a temperatura do ar destaca-se como aquele que isoladamente mais pode impor alteraes nas respostas fisiolgicas, bioqumicas, comportamentais e por fim no desempenho animal, seguida pela umidade relativa do ar (HAFEZ, 1973 e McDOWELL, 1974). Para animais criados a campo, pode ser que em alguns momentos a radiao solar seja aquela que mais estresse impe aos mesmos, por aquecer-lhes o corpo diretamente, juntamente com a camada de ar que lhe envolve (JOHNSON, 1987). Muito embora, no se pode negar que animais criados em pastagens sempre tm a possibilidade de fuga para reas sombreadas naquelas horas do dia em que a radiao est mais intensa ( de se esperar que a pastagens tenham rvores o suficiente para abrigar os animais nesses momentos). Curtis (1981) ressaltou que os animais procuram localizar-se em ambientes termoneutros, buscando, muitas das vezes, reas sombreadas (natural ou artificialmente); j nos momentos de temperaturas que lhes so mais frias, vo para locais onde ainda podem encontrar melhores condies de temperaturas (prximo a instalaes ou estruturas que ainda contm calor sol e comeam a irradi-la pelo no cair da noite). Como a temperatura tem esse importante impacto sobre a produo e a produtividade animal, demonstra-se na figura 1 como se distribuem a zona de conforto trmico, a termoneutra e a de sobrevivncia dos animais.

Figura 1. Temperaturas crticas ambientais (HAFEZ, 1973)

As indicaes B e B indicam respectivamente as Temperaturas Crticas Inferior (TCI) e Superior (TCS), a partir das quais os animais estaro estressados pelo frio e pelo calor, respectivamente. Compilando dados de diversos autores, Bata e Souza (1997) propuseram, para ovinos, que para recm nascidos essa faixa seria de 6 (TCI) a 34oC (TCS), sendo a zona de conforto trmico (ZCT) entre 25 e 30o C e para os adultos a TCI seria de -20oC, TCS de 35oC e a ZCT entre 15 e 30o C. Para caprinos apontaram a ZCT entre 20 e 30C, com TCI de -20 e TCS de 34oC.Slee (1987) ressaltou que a TCI para animais adultos depender grandemente do comprimento da l e

23

do plano nutricional dos ovinos, destacando que com 12 cm de l e alimentados para mantena o valor de - 4oC, j com l de 20 a 30 cm e alto plano nutricional podem suportar at -20 oC. A movimentao do ar assume papel importante no arrefecimento animal, uma vez que acelera a troca calrica entre a superfcie de seu corpo (pele e anexos) e o ar que o envolve, pois remove a capa limitante (camada de ar ao redor do corpo) que estar saturada de partculas de gua oriundas do vapor da sudorese e/ou respirao animal. Com isso, evidencia-se a interao da temperatura do ar, com a umidade do ar e a movimentao do ar (temperatura x umidade x ventos). Sendo que, em condies de estresse pelo calor, a combinao da alta temperatura e alta umidade impe maior desgaste fisiolgico aos homeotermos, sendo a recproca verdadeira em se tratando de baixas temperaturas e alta concentrao de umidade no ar. Essa interdependncia foi evidenciada de forma to forte que Wiersma e Stott (1983) desenvolveram o ndice denominado ndice de temperatura e umidade (ITU) para animais criados confinados, e posteriormente, o ndice de temperatura e globo negro (ITG), esse ltimo considera mais forte a interao temperatura do ar e radiao solar, e portanto mais adequado para emprego nas condies de mensurao do estresse de animais em pastejo. Para vacas leiteiras o ITU inicia-se em 72, antes do padro considerado para animais no estressados. Para estes animais, considera-se que entre 72 e 79 ocorre estresse calrico mdio, de 80 a 89 os animais esto estressados e, entre 91 a 96, os animais esto em condies de estresse severo, sendo que acima de 96 considerado fatal (Armstrong e Welchert, 1994). Para caprinos e ovinos cujas raas foram selecionadas em regies com maiores latitudes o fotoperodo demonstra ao determinante, pois essas espcies tendem a manterem-se fora da estao reprodutiva nas pocas de dias longos, voltando reproduo induzidos pelo fotoperodo mais curto (outono-inverno) conforme reforado recentemente por Rosa e Bryant (2003), pois Yates (1967) j relatava essa dependncia em seu livro. Para o hemisfrio sul este fotoperodo seria compreendido entre os meses de fevereiro a junho. J aquelas raas que passaram por longos processos de adaptao s condies nordestinas e portanto so consideradas como raas nativas do nordeste, tal efeito mostra-se nulo ou praticamente nulo, sendo a sazonalidade reprodutiva muito mais dependente de condies indiretas do clima (oferta de forragens). Alm desses fatores acima, considerados como elementos que atuam diretamente no desempenho animal, podem-se destacar outras variveis ambientais que esto indiretamente relacionadas ao clima, quais sejam, a oferta de alimentos, a presena de ecto e endoparasitas, a fertilidade, o pH e a textura do solo, o ndice pluviomtrico, e ainda caractersticas ligadas topografia ou distribuio geogrfica do local de criao de caprinos e ovinos, alm da prpria concepo das instalaes, que amenizaro ou intensificaro as intempries climticas. Uma forma de sintetizar isso foi descrito por McDowell (1974) e encontra-se expresso nas figuras 2 e 3. Com a domesticao de caprinos e ovinos, e a conseqente intensificao dos sistemas produtivos, o homem buscou cada vez mais criar seus animais em instalaes, cujo objetivo central era o de proporcionar-lhes abrigo, protegendo-os das agresses causadas pelo clima, predadores e de amigos do alheio. Premissa bsica desses abrigos artificiais era a de manter caprinos e ovinos sob condies sempre favorveis, minimizando ao mximo o efeitos dos estressores climticos, dentre os quais destacam-se a temperatura e a umidade do ar, a radiao solar, as rajadas de ventos e as chuvas.

24

Figura 2. Elementos fsicos do meio ambiente que direta (setas diretas) ou indiretamente (setas concntricas) por meio e interaes influem no desempenho animal ou sobre o regime de manejo empregado. A largura da setas indica o grau de influncia

Figura 3. A provvel influncia direta ou indireta (efeitos de interao) que uma temperatura de 27 C o teria dobre os animais em latitudes Norte ou Sul de 30 (McDowell, 1974)

o

3. CARACTERSTICAS CONSTRUTIVAS E CONFORTO PARA ANIMAIS Sempre destaca-se como primeira preocupao do projeto a localizao das instalaes, sejam os abrigos e demais instalaes, sejam os pastos ou piquetes. Busca-se sempre localizar o aprisco de forma eqidistante dos piquetes, quando se trabalha com animais que iro a pasto, sendo recolhidos em algum momento durante o perodo diuturnal (ordenha, apartao, manejo de mamada, ou simplesmente recolhimento noturno visando proteo diversa). Deve-se evitar a construo muito prxima a encostas, morros ou montanhas, pois os mesmos podem, alm de oferecer riscos de eventuais desmoronamento ou soterramento, servir como obstculos para a perfeita circulao de ar (vento ou brisa) no interior dos apriscos, ou ainda como reservatrios de radiao solar ou de gua. Explicando: Com o nascer do sol, as

25

instalaes, e tambm todo acidente geogrfico do local, recebem, absorvem at certo ponto, e armazenam parte da radiao solar incidente durante o dia, alm de refletir outra parte dessas ondas calricas; com o por do sol, o fluxo de radiao invertido, uma vez que o cair da noite abranda a temperatura do ar (pela ausncia da radiao solar) e nesse momento as massas aquecidas (instalaes, rochedos, encostas, etc.) passam a emitir ondas da radiao que armazenaram por todo o dia; tais ondas iro impactar o ambiente no seu entorno, podendo influir nas condies ambientais em que se encontram os caprinos e ovinos. Por isso mesmo comum durante a estao do outono e inverno verificar que os animais buscam as faces das instalaes que esto voltadas para o oeste. Com o passar das horas, tais emisses vo se esgotando e os animais podem buscar novo abrigo - geralmente o fazem para se proteger dos ventos noturnos ou ainda assumem nova postura como grupos, qual seja, mantm-se mais agrupados para diminuir a perda calrica coletiva e consequentemente a individual. Outro aspecto ligado s encostas que, na dependncia do grau de inclinao das mesmas, de sua cobertura vegetal e da textura do solo, pode ocorrer o acmulo de grande volume de gua durante as chuvas e com isso, por percolao e lixiviao, a parte mais baixa da encosta ou morro pode alimentar pequenas e sazonais fontes de gua, as quais estaro comprometendo o grau de umidade no interior da instalao prxima, tal situao pode ser ainda mais grave dependendo do tipo de piso adotado na instalao (ripado, cama, cho batido etc.). A orientao do eixo principal das instalaes no sentido leste-oeste tem por finalidade proteger os animais em seu interior da radiao solar excessiva, fazendo com que a sombra projetada pela cobertura fique sempre sobre a rea em que se encontram os animais. H muita discusso nesse sentido, Curtis (1981) preconiza que pode-se trabalhar com esse preceito, mas tambm que podese fazer pequena rotao nessa orientao (entre 12 e 20o), para que desse modo tenha-se um pouco de aquecimento pela radiao que atinge o interior das instalaes nas pocas mais frias do ano. Por outro lado, quando se trabalha com piso recoberto com cama, pode-se buscar orientao norte-sul, visando melhor efeito de desidratao contnua do material absorvente e ao mesmo tempo promovendo a higienizao (efeito germicida) da mesma a partir da radiao solar. Nesses casos, tem-se que dispor de manejo de cortinas para evitar insolao excessiva e presena de ventos e chuvas, uma vez que se trata de projetos que trabalham com p-direito maior, tal estratgia de orientao ganha ainda maior importncia nas condies de clima com alta umidade relativa do ar. Discutindo sobre a questo de orientao dos galpes para caprinos, Ribeiro (1998) preconizou que para decidir em qual eixo o mesmo ser construdo, deve-se levar em conta qual varivel climtica causaria mais danos no sistema de produo que se est propondo implantar. Por fim, ressalta-se que o tipo de material empregado na construo das instalaes, do piso ao telhado, pode contribuir de forma positiva ou negativa sobre as condies ideais de ambincia interna (Bata e Souza, 1997). Instalaes pintadas ou que naturalmente apresentem cores mais escuras e suas matizes, tendem a se mostrar mais aquecidas que aqueles com cores mais claras (McDowell, 1974). Tudo isso assume importncia relativa ao se considerar altura do p direito, largura do aprisco, presena ou no de paredes para impedir ou dificultar a circulao de ar no seu interior.

3.1. PISO DOS APRISCOS E DEMAIS INSTALAES Pode-se trabalhar com apriscos de terra batida, com ou sem cama, ou ainda com ripado suspenso.

26

Seja qual for o caso, o importante que todos apresentem excelentes condies de drenagem e caso contrrio, que recursos sejam empregados para que tal fato ocorra de forma mais intensa e eficaz possvel. No caso da terra batida, a varrio peridica para recolhimento dos dejetos se faz sempre necessria. Lembrar que nas instalaes a cu aberto pode-se ter problemas de acmulo de gua a umidade excessiva nesse local (comum em curraletes de apartao, bretes e outros). Mas mostrase uma boa alternativa quando o piso possui declividade e proteo direta contra as chuvas. Sob um piso de terra batida, devidamente sistematizado com drenos, pode-se lanar mo do emprego da cama, que por natureza deve ser de material atxico, que no estimule sua ingesto, e o mais importante, que seja bastante absorvente. De tempos em tempos, dependendo do material empregado, a cama dever ser removida, mas antes disso, dia a dia ela ser acrescida de nova quantidade de material capaz de mant-la o mais seca possvel. Esse manejo de fundamental importncia para manter o ambiente com menor umidade relativa do ar, pois caso contrrio o ambiente ser propcio para aumento de patgenos (biolgicos microrganismos e qumicos amnia) que afetaro a sade e o desempenho animal (Vide figura 2), alm dos efeitos diretos da umidade da cama (lama) sobre cascos e como reservatrio de doenas e tambm molhando e sujando o animal, podendo dificultar em alguns casos a manuteno da temperatura corporal. Os principais materiais absorventes empregados em camas nos apriscos de caprinos e ovinos so: maravalha ou serragem, cascas de milho secas mais sabugo triturados grosseiramente, palhadas de arroz ou trigo, restos de capim seco ou feno, e com menor eficcia a casca de arroz ou caf, sempre depositados sobre um leito de areia, e pedras finas que servem de filtro para os lquidos presentes. O emprego de piso ripado suspenso tem a vantagem de manter o ambiente imediatamente em contato com os animais mais seco. Por outro lado, o problema passa a ser as condies apresentadas pelo fosso sanitrio (local abaixo do ripado), cuja funo receber fezes e urina, evitando-se o acmulo de umidade, gases como amnia advindos da urina e rejeitos de alimentos. Quando bem projetado, tanto quanto as outras opes de piso apresentadas, o piso ripado tima opo, dependendo de avaliaes financeiras a de sua adoo em definitivo. Mas quando o mesmo mal projetado, alguns problemas tm sido visveis em vrios capris e ovis nacionais. Dentre eles destacam-se: A distncia do ripado ao fundo do fosso sanitrio (profundidade do fosso) pequena: Nesse caso, todos os benefcios que deveriam estar presentes mostram-se frgeis ou inoperantes, destacando-se como os mais agravantes os elevados teores de amnia e a proximidade entre substrato contaminado e animais. Alm do que, geralmente apresentam dificuldade de limpeza e manuteno do fosso. H tambm o fato de que em apriscos feitos em encostas ou meia encostas, o vento direcionado pelo fosso sanitrio sob o ripado conduzido para a parte de cima desse ltimo, ocasionando um fluxo de ar nas instalao que em pocas frias e nas divisrias de cabritos (as) ou cordeiros (as) pode acarretar em srios prejuzos sanitrios, notadamente de origem pulmonar e vias areas superiores, alm de carrear patgenos presentes nas fezes/urina do fosso para o trato respiratrio/ocular dos animais.

Para o primeiro caso a soluo projetar fossos mais profundos. Quando o projeto j foi executado e percebe-se o problema deve-se avaliar qual sada mais tcnica e economicamente

27

recomendada: aprofundar o fosso ou elevar o ripado, sendo que nesse ltimo caso deve-se atentar para no reduzir em demasia o p direito da instalao e vir a comprometer sua temperatura e concentrao de umidade. No segundo caso pode-se optar por emprego de quebra ventos naturais ou artificiais (cortinas de lona ou outro material, protees com bambu tranado, folhas de coqueiros tranadas, outras esteiras, etc).

3.2. PAREDES E DEMAIS FORMAS DE FECHAMENTO DAS INSTALAES As paredes tem a funo bsica de funcionar como barreira para os ventos, chuvas, proteo contra predadores e conteno dos animais. Assim sendo, assumem formas e alturas diferentes, visando atingir tais objetivos. No centro sul do pas freqentemente ocorrem oscilaes de temperatura apresentadas durante o ano, juntamente como a umidade, tornando a opo de uma parede fixa com caraterstica positiva numa estao do ano e negativa em outras. Por exemplo, durante as estaes frias pode proteger bem os animais dos ventos frios, em especial no perodo de noites e madrugadas para os animais mais jovens. J nas pocas quentes, pode dificultar a circulao do ar e promover maior aquecimento interno, levando os animais ao estresse pelo calor. Como parte da soluo desses problemas, pode-se realizar fechamento distinto das reas destinadas a animais adultos e jovens; por outro lado, pode-se optar por paredes mais baixas e manejo de cortinas, que no caso devem ser preferencialmente em cores mais frias (azul, alaranjadas, verde claro, etc). Sempre combinar a altura das paredes com as caractersticas de circulao do ar que se deseja nas instalaes. Uma viso resumida do que pode ocorrer na movimentao do ar dentro de apriscos pode ser visualizado nas figuras 4 e 5.

Figura 5. Orientao do aprisco afetando os padres de movimentao do ar em edificaes com a parte da frente aberta (Curtis,1981)

28

Figura 6. Padro de movimentao de ar em apriscos com aberturas frontais, dispostos frente a frente com e sem abertura na parede traseira das instalaes (Curtis,1981)

Baeta e Souza (1997) citam que alm de cortinas pode-se trabalhar com janelas que sero convenientemente manejadas no inverno de forma a permitir que pequeno fluxo de ar, com finalidade de higienizar as instalaes, circule bem acima da mdia dos ocupantes J no vero devem ser conjugados extensivamente os dois tipos de ventilao, a higinica e a trmica. Assim sendo, o fluxo de ar para o inverno deve ocupar a faixa A da construo (Figura 7) e para o vero as faixas A e B abundantemente. Pela figura 8 os autores demonstram as tendncias das correntes de ar em instalaes vazias, as quais servem como referncia para se elevar ou diminuir o grau de ventilao em determinada parte do aprisco, note-se que o fluxo de ar direcionado por obstculos que exercero presso sobre a massa de ar ao entrar e sair da referida parte. Uma sada para possibilitar tais manejos pode ser a adoo de imensas janelas que se abrem para cima e para fora, servindo no vero como extenso da projeo dos telhados, em uma espcie de beiral longo, ou ento trabalhar com paredes de alvenaria ou madeira baixa (cerca de 1,00 a 1,20 m) e na parte superior, se necessrio evitar entrada de predadores (comuns tambm prximo aos centros urbanos - ces sem donos) e mesmo para proteger as cortinas de caprinos que geralmente mordiscam a lona, pode-se optar por terminar o fechamento superior da parede como tela do tipo usado em alambrados.

Figura 7. Formas adequadas de ventilao no inverno e vero (Baeta e Souza, 1997)

29

Figura 8. Trajetrias de corrente de ar no interior de espaos vazios com aberturas em planos opostos (Baeta e Souza, 1997)

Alternativa mais fixa, porm que possibilita certa mobilidade, porm mais reduzida que as cortinas ou janelas, lanar mo de quebra ventos, sejam naturais ou artificiais. Empregando-se rvores e arbustos, pode-se na poca devida, proceder a poda ou desbaste necessrio melhor ventilao e arrefecimento interno das instalaes. O ponto importante escolher bem o tipo de rvores, em funo do tipo de crescimento, porte e arquitetura, de sorte a permitir bons efeitos na ventilao e/ou sombreamento. Os possveis movimentos dos ventos podem ser visualizados na figura 9 em funo de diferentes densidades das barreiras oferecidas pelas rvores. No caso A demonstrado o fluxo em barreiras de densidade mdia e no B com densidade maior.

(Baeta e Souza, 1997) Figura 9. Trajetrias de corrente de ar em quebra ventos com diferentes densidades

Segundo Bata e Souza (1997) pode-se trabalhar com quebra ventos naturais constitudos de barreiras multilineares ou unilineares (Figura 10) e nesses casos possvel verificar diferentes fluxos dos ventos sobre tais barreiras.

Figura 10. Trajetrias do vento acima de barreiras multilineares ou unilineares (Bata e Souza, 1997)

Os autores salientam ainda que pode-se adotar dispositivos naturais ou artificias para deter ou diminuir a ao dos ventos, sendo empregados de forma isolada ou conjunta (Figura 11), sempre voltados perpendicularmente aos ventos dominantes, cujas funes so diminuir a velocidade do vento e reduzir os danos por ele provocados.

30

Figura 11. Desvios das correntes de ar por meio de barreiras de vento (Bata e Souza, 1997)

Conhecer a forma como as correntes de ar atuam nas instalaes de suma importncia para a caprino e ovinocultura no sudeste, pois exceo feita a algumas regies semi-ridas do nordeste, onde muito pouco se oscila a temperatura no dia e entre o dia e a noite, nas regies sul, sudeste e centro-oeste, principalmente nos meses de outono e inverno, pode-se ter oscilaes muito grandes entre os dias e as noites. Quanto a essa variao, Curtis (1981) registrou que aparentemente cordeiros crescem mais rapidamente na faixa e temperatura do ar entre 5 e 25o C, dependendo obviamente da alteraes das propores de volumoso e concentrado que se emprega nas raes e demais condies ambientais. Quanto aos neonatos, o autor fez referncia quanto rea corporal e o isolamento (no s pele e l ou pelo, mas tambm seus tecidos internos) que tais animais possuem, concluindo que cordeiros e cabritos recm nascidos tm grande superfcie de rea por unidade de massa; termina dizendo que a massa corporal aumenta em 3 unidades enquanto que a superfcie corporal cresce razo de 2 unidades, assim a relao superfcie/massa (ou volume) diminui com o crescimento, e portanto h maior necessidade em se proteger animais mais novos, em especial os recm nascidos, contra o frio, mesmo porque, conforme j demonstrado anteriormente, a zona de conforto termoneutra desses animais superior de seus pares mais velhos. Para ter-se idia da magnitude dessa alterao em funo do crescimento corporal, a tabela 1 mostra a dinmica trmica no corpo de animais em funo da idade (tamanho). Tabela 1. Calor estocado e aumento estimado na temperatura produzida pelo corpo para perder calor (2,5 kcal dm2 em 6 h) em relao ao peso corporal Superfcie corporal* Peso (kg) Capacidade aquecimento corporal Elevao na temperatura 2 -1 o (dm kcal C) corporal (oC) 1 12,5 31,4 10 5,8 14,5 100 2,7 6,7 0,66 * Estimado como (10*PV )/(0,81*PV)Fonte: Kleiber (1962) citado por Curtis (1981)

31

Um aspecto que muito se propaga pelo meio dos criadores que caprinos e ovinos tidos de raas nordestinas no sofrem estresse, seja pelo frio, seja pelo calor. Muito embora seja sabida a maior resistncia desses s temperaturas mais elevadas, quando comparados aos animais de origem temperada, de bom alvitre lembrar que todo e qualquer animal possui sua zona de conforto termoneutra, fora da qual, seja para o calor seja para o frio, tal raa ou espcie passa a enfrentar os problemas que o estresse trmico produz. Isso dito muito mais para servir de alerta, principalmente para se projetar e/ou manejar as instalaes de animais nas fases de cria ou recria, visto que em muitos casos, no Nordeste Brasileiro, no Norte e Nordeste de Minas Gerais e em algumas regies do Sudoeste goiano e Sul Matogrossense esse cuidado tem sido negligenciado. No foi possvel obter informaes nacionais quanto s respostas de animais nessa fase. Porm destacam-se dois trabalhos com ovinos Santa Ins e Morada Nova, um ensaio conduzido no semi-rido Paraibano e outro no Distrito Federal. No primeiro os autores Santos et al (2006) avaliaram respostas fisiolgicas e gradientes trmicos de ovinos das raas Santa Ins, Morada Nova e cruzamentos dessas com o Dorper (1/2 sangue) e concluram que os ovinos das raas Santa Ins, Morada Nova e seus mestios com a raa Dorper apresentam alta capacidade fisiolgica para manter a homeotermia em ambiente quente e no reportaram diferenas entre as raas nacionais. Porm Quesada et al (2001) observaram diferenas na tolerncia ao calor de ovinos Santa Ins e Morada Nova para as condies climticas de Braslia, sendo que a primeira apresentou-se mais adaptada s variaes climticas locais. sabido que h um gradiente significativo, no s na temperatura do ar, mas tambm na incidncia e velocidade dos ventos, no planalto central brasileiro. Assim, essas alteraes, que so constantes, podem impor a uma ou outra raa, como foi o caso, diferentes graus de tolerncia ao calor ou ao frio. Note-se que na Paraba, onde talvez as condies tenham sido muito similares durante o perodo experimental, essas raas no se diferiram quanto a esse parmetro. Concluindo, no existe uma raa ideal para um pas continental, principalmente quando esse pas se estende no s entre os paralelos, mas tambm entre os meridianos, tendo dessa forma climas e sub-climas muito divergentes e peculiares, o que exigir dos tcnicos e produtores muito cuidado ao se projetar suas instalaes, ou seja, no existe receita de bolo para sistema de produo, cada caso particular.

3.3. TELHADOS E DEMAIS FORMAS DE COBERTURA DAS INSTALAES O emprego de coberturas, seja nas instalaes seja nos piquetes, tem como funo proteger os animais contra radiao solar direta e das chuvas. No primeiro caso, segundo McDowell (1974), essa nica pea das instalaes capaz de reter cerca de 50% da radiao solar incidente que vem diretamente dessa estrela, pois o restante da radiao que atinge os animais protegido sob o telhado vem da radiao refletida nas partculas em suspenso na atmosfera prxima, das instalaes e/ou acidentes geogrficos (mais prximos), pelo solo (da a importncia de no se ter solo descoberto ou pavimentado ao redor das instalaes (dando-se preferncia ao solo cultivado com gramneas rasteiras) e por fim, daquela que vem do horizonte. O beiral, que consiste no prolongamento das guas de um telhado, tem por funo diminuir a incidncia de radiao solar, mas tambm muito importante para proteger o interior das instalaes das chuvas, em especial, aquelas que ocorrem juntamente com rajadas de vento. Na concepo da instalao deve-se considerar a distncia entre o telhado (beiral) at o piso, que constitui o p direito, altura ideal para que ocorra um bom conforto trmico. Essa ao diminuir a carga trmica no interior das baias ou apriscos pelo fato de que o ar aquecido tende a subir, formando uma camada de ar mais aquecido, a qual se no for mais rapidamente exaurida, aquecer as camadas mais inferiores e assim sucessivamente, at que possa comprometer a

32

temperatura do ar que encontra-se mais prxima aos animais. Caso isso ocorra, haver uma diminuio entre o gradiente de temperatura da superfcie da pele dos animais e dessa camada de ar, tendo como conseqncia menor quantidade e velocidade na transferncia calrica para o meio, com isso o animal ter sua temperatura corporal um pouco aumentada podendo entrar em quadro fisiolgico do estresse calrico. Portanto, a altura do p direito em muito contribui para a melhor ambincia em capris e ovis. Via de regra, instalaes para pequenos ruminantes tm p direito de 3,5 a 4,5 metros, sendo que para aquelas instalaes dotadas de piso ripado, esse valor continua sendo mensurado entre o piso e o beiral (extremidade das guas do telhado). Para promover melhor a exausto dos gases aquecidos no interior das instalaes tem-se recomendado o emprego de aberturas nas cumeeiras dos telhados, lanternins ou clarabias, ou mesmo exaustores eolicamente propelidos. Seja qual for o tipo de exaustor, o que se busca justamente acelerar o fluxo da camada mais aquecida, diminuindo-se assim a carga radiante no interior das instalaes. Exemplos de cumeeiras projetadas para acelerar a ventilao das camadas mais gasosas prximos aos telhados podem ser vistas na figura 12.

Figura 12. Tipos de aberturas para cumeeiras

Para diminuir o impacto do aquecimento provocado pelos telhados pode-se optar por materiais que atenham menores condutividades trmicas como material vegetal (sap), telhas de barro, madeira conjugada com armao em madeira ou metlica, aplicando-se ainda tintas com cores mais claras na face externa dos telhados (Hafez, 1973; McDowell , 1974, Bata e Souza, 1997 e Curtis, 1981). Outra forma de diminuir o aquecimento dos telhados empregar gua, que pode ser aspergida, borrifada, ou simplesmente jogada sobre a superfcie externa do mesmo. Tal procedimento pode ser feito ligado a termostatos localizado na face interna da cobertura, comandado por timer, ou mesmo ligando-o e desligando-o em horrios de maior incidncia da radiao solar (10 s 15h), deixando-o operante por um perodo at prximo ao ocaso. De acordo com Curtis (1981) esse procedimento conduz a melhores resultados que simplesmente pintar a superfcie externa do telhado com cores claras, muito embora Hafez (1973) e McDowell (1974) confirmam os benefcios de se diminuir a absoro da carga radiante incidente empregando-se o artifcio da pintura. Avaliando o efeito do tipo de material do telhado sobre o desempenho de ovelhas Santa Ins criadas no semi-rido da Paraba, Oliveira et al. (2005) compararam telhas de barro versus telhas de fibrocimento, e constataram que os apriscos cobertos com telhas de barro foram mais eficientes na reduo da temperatura interna da telha, mas no se mostraram eficientes na melhoria dos ndices de conforto trmico, em nvel do centro de massa dos ovinos, que foram

33

semelhantes nos dois galpes, ocorrendo elevao nesses ndices, no perodo da tarde. Esse tipo de resposta parece contraditria ao acima exposto. No entanto convm salientar que o p direito foi de 2,8 m e a orientao do eixo principal no sentido Leste-Oeste, podendo a primeira caracterstica ter sido fundamental na falta de diferena na reduo dos ndices de conforto trmico.

3.4. INSTALAES E LUMINOSIDADE A localizao do sistema de produo pode ter a quantidade de luz incidente influenciada por aspectos como latitude, prximo a grandes montanhas, ou no meio de mata muito fechada e assim apresentar fotoperodo, mais intenso e contnuo por todo o ano ou menos intenso e varivel. sabido que a origem dos caprinos e ovinos de regies temperadas impe-lhes maior dependncia na estacionalidade reprodutiva advinda dos efeitos do fotoperodo. Assim, raas ovinas inglesas so mais estacionais que os Merinos, enquanto que os deslanados do nordeste pouca ou nenhuma interferncia recebem nesse sentido (Hafez, 1973 e Curtis, 1981). Para as raas que sofrem influncia do fotoperodo, Curtis (1981) ressalta que a poca de nascimento interfere grandemente no intervalo de partos, ficando difcil, ou mesmo impossvel, conseguir intervalo de 8 meses (trs partos em dois anos), o que de extrema importncia para um sistema de produo de cordeiros para corte. Fato que tambm verdadeiro para a caprinocultura e de extrema importncia para a manuteno de uma oferta de leite regular durante o ano todo. Segundo Ribeiro (1998) existem vrias formas de superar essa estacionalidade reprodutiva em caprinos e ovinos destacando-se: Protocolos hormonais: alteram aspectos da fisiologia reprodutiva com emprego de hormnios exgenos. O emprego de programas de luz: visa simular a variao do comprimento do dia que ocorre naturalmente durante o ano, com isso o sistema nervoso do animal passa a agir como se o mesmo estivesse deslocado para outra poca do ano, e com isso quebra-se a estacionalidade. Utilizao de melatonina: trata-se de hormnio presente em todos os mamferos, sendo sintetizado exclusivamente noite pela glndula pineal. Assim por sua relao direta com a percepo que o animal tem do fotoperodo, o mesmo pode ser empregado em protocolos que visem quebrar a estacionalidade reprodutiva de caprinos e ovinos.

Muito embora todos sejam cabveis de se realizar, salienta-se que no primeiro, corre-se o risco de aps um primeiro tratamento hormonal os animais tornarem-se refratrios e no responderem de forma satisfatria nos prximos procedimentos indizveis com hormnios. Por outro lado, tratam-se apenas as fmeas, sendo importante lembrar que os machos tambm apresentam estacionalidade reprodutiva. J o emprego da melatonina ainda muito oneroso e escasso no Brasil, alm dos dados presentes na literatura serem contraditrios, de modo que resta o emprego de programas de luz para vencer a estacionalidade reprodutiva em ovinos e caprinos. Pela observao prtica, sem dvida o mtodo mais usado no pas para escalas de produo com pequenos ruminantes.

34

H que se ressaltar porm, que algumas caractersticas das instalaes, aliadas intensidade de luz, perodo de durao do programa, presena ou no de flashes pela madrugada, podem comprometer os bons resultados de um programa assim. Quanto aos problemas advindos das instalaes pode-se destacar: O interior da mesma, devido ao projeto arquitetnico, no alterao no fotoperodo. favorece boa percepo da

A localizao, tamanho e distribuio das baias a receberem luz no possibilitam perfeita difuso luminosa em seu interior. Pode ocorrer que tratando um lote em uma poca, ocorra contaminao de outro espao com a luz do presente programa e ao submeter as cabras que estavam em baias contaminadas por esse perodo de luminosidade que no lhes era destinado, podem, em seu programa de luz no responderem adequadamente. Esse fato tem grande ocorrncia na prtica. Soluo: evitar que haja fatores de contaminao luminosa entre as baias de animais tratados e no tratados. O projeto de iluminao no foi projetado para receber ponto de luz suficiente para cobrir toda a rea interna que se deseja submeter os animais ao programa de induo ao cio pelo fotoperodo artificial. Nesse caso basta rever e corrigir as falhas do projeto. Por ltimo, salientar que devido s alteraes presentes nas diversas latitudes, pode ser que a intensidade e durao de um programa de luz pode no ser 100% extrapolado de uma latitude a outra, requerendo ajustes especficos e inerentes localizao e caracterizao das instalaes. Cada circunstncia exige um projeto especfico.

3.5. BEBEDOUROS E AMBINCIA Alm dos fatores j descritos como tipo de piso, altura do p direito, orientao dos telhados, presena ou no de beirais; h fatores como localizao e tipo de bebedouros que so capazes de comprometer o conforto dos animais devido possibilidade de elevar sobremaneira a umidade interna das baias, em especial daquelas que apresentam piso recoberto com cama. Por isso, recomenda-se que os bebedouros seja localizados na parte externa das instalaes. Apesar de tecnicamente correta, essa prtica exige superviso mais constante dos mesmos, fato que na maioria das vezes no ocorre, e cujas conseqncias se agravam em se tratando de sistema vasocomunicantes, pois desvios de ngulo na linha mestra ou em alguns dos bebedouros do sistema pode comprometer o perfeito fornecimento de gua aos animais. Nesse sentido, Alamer (2006) ressaltou que privao de gua por perodo de dois a trs dias comprometeu drasticamente a ingesto de alimentos de cabras nativas da Arbia Saudita e reduo de at 20,6% no peso vivo dos animais. Por outro lado, Olsson et al (1997) ressaltaram a importncia da oferta abundante de gua fresca para cabras lactantes mantidas sob condies de estresse calrico, ressaltando que a temperatura da gua assume papel importante nessas condies. Com isso, o que se recomenda, juntamente com a exteriorizao dos bebedouros, que os mesmos, juntamente com suas caixas de recalque e mesmo a caixa d gua mestra e suas tubulaes de distribuio fiquem abrigadas da intensa radiao solar tropical. Muitas vezes, h sistemas de produo de caprinos e ovinos que pecam exclusivamente nesse quesito, e para aqueles que trabalham com animais leiteiros o

35

prejuzo maior ainda, tendo em vista tambm as maiores exigncias de gua pelos animais leiteiros. importante salientar que antes de se executar um projeto, seja para caprinos, seja para ovinos, deve-se levantar as potencialidades da propriedade em produzir gua em quantidade e com qualidade capaz de atender todas as categorias do criatrio. Via de regra os ovinos necessitam tomar em mdia dois litros de gua para cada quilograma de alimento seco consumido (2 L gua/kg de MS consumida). Neste sentido Macedo Junior et al., (2005) verificaram um consumo 1,98 vezes maior que o consumo de matria seca, trabalhando com diferentes nveis de FDN forrageiro com ovelhas da raa Santa Ins. O termo matria seca (MS) empregado na nutrio animal com a finalidade de se comparar vrios alimentos em uma mesma base, qual seja, como se os alimentos no contivessem gua, da essa relatividade expressa por Ferrer e Ortigosa (1989). As ovelhas gestantes ou em lactao so as categorias com maiores necessidades dirias de gua para consumo, segundo Ferrer e Ortigosa (1989). Cordeiros em fase de terminao ( 40 kg de peso vivo) necessitam de trs a cinco litros de gua por dia (3 a 5 L/dia), j ovelhas com 50 kg de PV consomem de quatro a cinco litros ao dia (4 a 5 L/dia) durante o tero inicial de prenhs, mas se as mesmas estiverem prenhes com ventre duplo, e a temperatura do ar for acima de 20o C, devero ter disponvel at 20 litros de gua por dia no ltimo ms de gestao. Caprinos nativos dos trpicos midos tm necessidade de 0,680 litros de gua por dia, sendo que 80% do consumo diurno (Devendra, 1982). Para cabras leiteiras Jarrige (1981) recomenda 0,146 L/kg0,75 para mantena e 1,430 L de gua/litro de leite produzido (respeitadas tais recomendaes, cabras com 70 kg de PV e produzindo 3,5 litros de leite ao dia necessitam de 8,54 L de gua/dia). Para o NRC (2007) os caprinos esto menos sujeitos ao estresse calrico que ovinos e requerem menos gua para evaporao destinada homeotermia que os bovinos, alm do que, possuem menores perdas de gua pelas fezes e urina. No s em relao ao consumo de gua, mas tambm o consumo de alimentos (MS) sofre efeito do clima, principalmente das altas temperaturas, que via de regra tende a diminuir o consumo voluntrio dos animais domsticos (Hafez, 1973 e McDowell, 1974), para que os mesmos mantenham sua temperatura corporal constante, deve-se fazer o perfeito manejo e projeto das instalaes, garantindo dessa forma, um ambiente mais confortvel aos animais mais exigentes quanto a quantidade e qualidade de gua e alimentos. Produtores e tcnicos muitas vezes equivocam-se nesse sentido, acreditando que por se tratarem de animais tropicais, os ovinos deslanados e os caprinos nativos do nordeste estariam totalmente fora desse fenmeno. Ledo engano, pois de forma similar, estudos tm demonstrado que bovinos zebus tambm sofrem efeitos de elevadas temperaturas, no s no consumo de alimentos, como tambm no que se refere ao desempenho produtivo e reprodutivo, assim sendo, olho vivo nas condies de temperaturas muito elevadas. Fator determinante para a sade dos animais, que de certa forma tambm relaciona-se com ambincia e bebedouros sua higienizao, seja no quesito freqncia, seja no esmero como essa importante tarefa executada. De nada adianta ter boa colheita e tratamento da gua, um bom reservatrio central em termos de quantidade e qualidade de armazenamento, sistema de distribuio bem protegido do aquecimento pela radiao solar, se ao final do processo a gua, essa preciosidade importante nos sistemas produtivos, seja colocada em bebedouros escandalosamente contaminados. Nesse caso as perdas sero enormes. Isso tambm ambincia.

36

3.6. COMEDOUROS E AMBINCIA Alm de bem dimensionados, considerando a populao presente por baia, os comedouros devem estar colocados de forma a no receberem fezes dos animais, evitando-se a contaminao de animais saudveis e a recontaminao dos convalescentes, por isso, os mesmos so instalados um pouco acima da altura mdia da linha dorso lombar da categoria alojada na baia ou piquete. Outro ponto a ser observado na higienizao do cocho a retirada diria das sobras de cocho, visto que as mesmas podem ser meio de cultura para microrganismos patognicos, tal cuidado deve ser ainda maior se a umidade da dieta for elevada como por exemplo fornecimento de forragem fresca ou silagem e concentrado no mesmo cocho. Evitar que os mesmos recebam radiao excessiva, chuva ou sereno, pois tais eventos podem comprometer a ingesto voluntria dos animais, fazendo com que haja mais sobras alimentos nos comedouros. Por fim, tal como ocorre com a gua, monitorar o consumo voluntrio do lote dos animais poderosa ferramenta, no s para formular ou reformular as dietas, mas para verificar se o lote goza de perfeita sade. Este ndice tambm pode ser indicativo que esteja ocorrendo estresse trmico na instalao, estresse social por diferenas na hierarquia dos novos lotes formados, ou mesmo de que o projeto original pode no estar atendendo etologia dos animais em questo. Esse ltimo fato tem sido mais presente nos sistemas que adotam pista de alimentao conjugada com pisos dotados de cama, por dois motivos, ou pelo fato de que com a elevao do nvel da cama, a linha de comida fica mais baixa, exigindo que os animais se ajoelhem para comerem pode ser resolvido criando um ressalto em alvenaria na parte interna da baia e limtrofe ao comedouro, com largura de 1,20 a 1,50 m, ou ainda pelo fato de que ao projetar a instalao o responsvel se equivocou na altura do primeiro fio - nesse caso, quando possvel basta elevar o fio que impede a perfeita chegada linha de cocho, ou ainda, simplesmente afastar esse fio baixo para o sentido do cocho por cerca da 15 a 20 cm tem dado resultado nessa correes.

4. CONSIDERAES FINAIS Os fracos ndices produtivos e reprodutivos de caprinos e ovinos criados de forma intensiva ou semi-intensiva podem dever-se, dentre outros fatores, s falhas na elaborao e execuo do projeto construtivo. As deficincias no manejo das instalaes podem redundar em perdas insensveis para o sistema de produo de caprinos e ovinos. Falhas de execuo de projetos arquitetnicos podem, por vezes serem suplantadas por artifcios tcnicos, sempre lembrando que pode-se ainda lanar mo de equipamentos para arrefecimento ambiental, que no foi abordado no presente trabalho, mas que uma realidade. Ressalva-se porm que seu uso pode onerar sobremaneira o sistema. Portanto, para evitar esses aspectos deve-se preocupar com as caractersticas construtivas ligada ao bem estar animal no momento da concepo do projeto. No ambiente interno de capris e ovis de fundamental importncia que se d prioridade aos aspectos construtivos que mais afetam a temperatura do ar, seguido por aquelas responsveis pela

37

elevao da umidade relativa do ar e as que sero capazes de promover uma excelente movimentao dos ventos pelas partes internas das instalaes. O conhecimento prvio das zonas de conforto de caprinos e ovinos, em suas vrias faixas etrias, assim como as temperaturas crticas mnima e mxima para todas as categorias do sistema produtivo garante base slida para se pensar e executar um projeto com melhores caractersticas de ambincia.

5. BIBLIOGRAFIA ALAMER, M. Physiological responses of Saudi Arabia indigenous goats to water deprivation. Small Ruminant Researsh, v. 63, p.100-109, 2006. ARMSTRONG, D. V. e WELCHERT, W. T. International dairy housing conference, 3. Proceeding... p. 598-604, 1994. BAETA, F. C. e SOUZA, C. F. Ambincia em edificaes rurais, conforto animal. Viosa, UFV, 1997. 246p. CURTIS, S. E. Environment management in animal agriculture. Ilinois: Animal Environment Services, 1981. 130 p. DEVENDRA, C. e McLEROY, G. B. Goat and sheep production in the tropics. Longaman, Londres, 1982. 127p. FERRER, L. E. & ORTIGOSA, A. C. Produccin de ganado ovino en la Amrica tropical y el Caribe. Centro de Informacion y Documentacion Agropecuario de Cuba, Havana. 1989. 233p. HAFEZ, E. S. S. Adaptacin do los animales domsticos. Barcelona, Labor, 1973. 563p. JARRIGE, R. Alimentacin de los rumiantes. Madrid. Munsidal Prensa, 1981. 677p. JOHNSON, H. D. ed. Bioclimatology and the adaptation of livestock. Columbia, Elsevier, 1987. 279p. MACEDO JUNIOR, G.L., ALMEIDA, T.R.V.,ASSIS, R.M., et al. Influncia dos diferentes nveis de FDNf na ingesto de gua de ovelhas Santa Ins gestantes. In Anais do ZOOTEC 2005. ZOOTEC, 2005, Campo Grande , MS. McDOWELL, R. E. Bases biolgicas de la produccin animal en zonas tropicales. Zaragoza, Acribia, 1974. 692p. NRC - NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Nutrient requirement of goat. Angora, dairy, and meat goat in temperate and tropical countries. 1st ed. Washington, D.C.: National Academic Press, 87p., 1981. NRC - NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Nutrient requirement small ruminants. 1st ed. Washington, D.C.: National Academic Science, 362p., 2007.

38

OLIVEIRA, F. M. M.; DANTAS, R. T.; FURTADO, D. A.; NASCIMENTOS, J. W. B. e MEDEIROS, A. N. Parmetros de conforto trmico e fisiolgico de ovinos Santa Ins, sob diferentes sistemas de acondicionamento, Revista Brasileira de Engenharia Agrcola e Ambiental, v. 9, n. 4, p. 631-635, 2005. OLSSON, K.; CVEK, K.; HYDBRING, E. Preference for drinking warm water during heat stress affects milk production in food-deprived goats. Small Ruminant Research, v. 25. P.69-75, 1997. RIBEIRO, S. D. A. Caprinocultura: criao racional de caprinos. So Paulo, Nobel, 1998. 318p. ROSA, H. J. D. e BRYANT, M. J. Seasonality of reproduction in sheep, Small Ruminant Research, v. 48, p. 155-171, 2003. SANTOS, J. R. S.; SOUZA, B. B.; SOUZA, W. H.; CEZAR, M. F. e TAVARES, G. P. Respostas fisiolgicas e gradientes trmicos de ovinos das raas Santa Ins, Morada Nova e seus cruzamentos com a raa Dorper s condies do semi-rido nordestino. Cincia e agrotecnologia, v.30, n, 5, p.995-1001, 2006. SLEE, . J. Sheep. In: JOHNSON, H. D. ed. Bioclimatology and the adaptation of livestock. Columbia, Elsevier. p. 229-244. 1987. WIERSMA, F. e STOTT, C. H. Evaporative cooling. IN: HELLICKSON, M. A. e WALKER, J. N. Ventilation of agricultural structures. St. Joseph: ASAE. 1983. P.113-118. YEATES, N. T. M. Avances en zootecnia. Zaragoza, Acribia, 1967. 403p.

39

PRTICAS GERAIS DE MANEJO

CASTRAO: 1 - 3 meses de idade: Canivete ou Burdizzo Separao de sexos 3 meses de idade Cheiro na carne de animais inteiros

DECORNA: 3 - 10 dias com ferro apropriado (Oco) Depilar rea vizinha Substncias custicas: menos prtico Adultos: Fio de serra - MAIORES CUIDADOS

DESMAMA: Precoce : 30 a 36 dias Tardia: 90 dias Animais superiores pode ser aps 4 meses

CASQUEAMENTO: Animais confinados ou semi-confinados Tendncia genticas em alguns casos Conteno do animal Evitar claudicao

ORDENHA: Novas que nunca tiveram mamite Velhas que nunca tiveram mamite Cabras que tiveram mamite e se curaram Cabras com mamite

ALEITAMENTO:

SEPARAO POR IDADE:

40

ESCRITURAO ZOOTCNICA E SUA IMPORTNCIA NA CAPRINOCULTURAIran Borges, Andr Guimares Maciel e Silva, Fernando Henrique M. A. R. de Albuquerque

1. INTRODUO Os pesquisadores das cincias humanas e econmicas tm defendido a tese, desde os anos 90, de que no final do sculo XX e incio do XXI aqueles indivduos ou instituies que dominarem as comunicaes, e por a deve-se inserir tambm as informaes, tero ampla e talvez imensas vantagens no mercado competitivo ou mesmo nas relaes interpessoais. Fato certo ou errado, j num passado mais remoto, haviam filsofos e outros pensadores que atribuam imprensa o papel de 4o poder (junto com o executivo, legislativo e judicirio que dominam nas democracias modernas), justamente pelo fato de que imprensa cabe o papel de dominar, no sentido de deter, conter, buscar, as informaes inerentes sociedade onde se insere, agindo como importante formadora de opinio pblica. Recentemente, um curso muito reconhecido nas escolas de 1o, 2o e 3o graus, chamava-se Biblioteconomia, e formava os biblioteconomistas, ou blibiotecrios, pessoas altamente gabaritadas para organizar e gerar e administrar bancos de informaes, nesses casos, livros, revistas, jornais e similares, ocorre que os grande conglomerados nos setores da indstria e comrcio, viram nesses profissionais um perfil capaz de organizarem o fluxo de informaes para suas empresas, com isso o curso mudou de nome em todo o Brasil passando a chamar-se Cincia da Informao, pois agora o mercado de seus profissionais no mais restringia-se s entidades como bibliotecas ou arquivos similares, mas a uma gama muito maior de atuao. Isso vem demonstrar como a informao tem peso para tais setores produtivos. Nesse ponto cabe uma reflexo: Se a informao, seu domnio e conhecimento, so importantes para os setores secundrio e tercirio, porque no seria para o setor primrio (agropecuria)? Nesse sentido que devem pensar os produtores e os tcnicos da zootecnia, pois ter o domnio e conhecimento de todas as ocorrncias inerentes ao sistema produtivo no qual esto inseridos, aumentar-se-lhe-ias a possibilidade de sucesso. Sabe-se que muitas das informaes fazem parte de uma conjuntura externa (porteira para fora), mas um grande e importante nmero de eventos ocorrem porteira a dentro, e portanto compete exclusivamente a esses agentes (produtores e tcnicos) ter os devidos cuidados para ter-se tais informaes. Tanto produtores quanto tcnicos ganharo com tal procedimento, pois estaro organizando os dados que no presente serviro para monitorar o que foi planejado, e principalmente no futuro serviro para tomadas de decises que muito influiro no desempenho da fazenda. Mesmo que um produtor venda a propriedade a outra ou que o tcnico que lhe oriente v embora, os dados sempre auxiliaro o eventual comprador ou o novo tcnico. Por isso bom saber que, quanto melhor a qualidade e quantidade das informaes, mais fielmente essas refletiro a realidade, e assim sendo, fornecero melhores subsdios para que se tome as decises de manejo e gerenciamento mais adequadas a cada situao que se apresenta dentro do sistema produtivo. Como os animais no podem comunicar com os homens, cabe a esses ltimos gerarem uma linguagem capaz de traduzir o que se passa com os animais em rebanhos, e essa d-se por meio de nmeros, no que os animais entendam matemtica, mas com certeza, os inseridos nesse elo da cadeia produtiva da caprinocultura sabero interpretar tais nmeros, e assim, transform-los em informaes teis que nortearo as prticas de manejo, as relaes de compra e venda de animais, a aquisio de insumos, a construo, as reformas ou ampliaes das instalaes, dentre

41

outras importantes aes, ou tomadas de deciso, que se tem como prtica corriqueira em uma caprinocultura. O objetivo desse trabalho levantar a importncia de ter-se na fazenda, qualquer que seja seu tamanho, objetivo, localizao ou proprietrios, no que diz respeito ao manejo e gerenciamento da mesma. 2. A ESCRITURAO ZOOTCNICA E O MANEJO GERAL DO REBANHO 2.1. IDENTIFICAO DOS ANIMAIS J que o ponto principal da escriturao zootcnica a informao, a primeira providncia que deve-se ter proceder a identificao de todos os animais do rebanho. A forma como tal identificao ser feita no interferir na qualidade dos dados, desde que a mesma seja segura, permanente, de fcil colocao e visualizao. Assim sendo, com identificao, quer seja por tatuagem ou por chips eletrnicos, ou qualquer outro mtodo, no frigir dos ovos o que gera-se no final so as informaes. Uns podero dizer: Os chips so o p no futuro, fato que verdade em parte, a enorme contribuio que tal tecnologia reverte sua incrvel agilidade no processamento dos dados, sem muitas fontes de erros. Portanto, ao produtor de caprinos que possui um capital maior para investimento pode ter a uma tima ferramenta para gerenciar seu(s) rebanhos(s), muito embora a tatuagem, o uso de brincos, plaquetas, abraadeiras, pulseiras, colares etc., no deixam nada a desejar, somente exigem que seja implantado um protocolo de conferncia, visando diminuir a possibilidade de erros na identificao dos animais. Muito embora, seja prtica comum entre os produtores usarem nomes para identificar seus animais, o emprego de sistema numeral facilita em muito nessa tarefa. Pode-se ter no primeiro dgito o ano de nascimento do animal, no segundo o ms, no terceiro e quarto o nmero da me, e nos dois ou trs seguintes, a depender do tamanho do rebanho, o nmero que identificaria o animal. a escriturao zootcnica, dgitos pode ficar muito grande, aqueles que empregam tatuagem e no trabalham com animais registrados podem, por exemplo, destinar uma orelha para as informaes gerais e a outra para o nmero do animal em si. Pode-se optar tambm por fazer a identificao mista (tatuagem + brincos, tatuagem + colar, tatuagem + pulseiras, ou combinaes entre essas), de forma a ter-se uma identificao mais abrangente e explicativa possvel, ou tambm aliar uma identificao segura, que dificilmente ser perdida, como o caso da tatuagem, com uma de fcil visualizao, como os colares. Tal prtica, no impede, de maneira alguma que os animais sejam encaminhados ao servio de registro genealgico com seus nomes: Ex: filhas das cabras com nomes de frutas tero tambm nomes de frutas, sendo que identifica-se a maternidade a partir da primeira letra (me: lima, filhas: laranja1, laranja2, etc.), nesse caso pode-se empregar um nmero na placa do colar, pulseira ou brincos para identificar os pais, sendo que o mais usual para paternidade usar brincos, colares, pulseiras ou plaquetas de cor ou formato diferentes. Seja qual for o mtodo empregado, o importante que o mesmo facilite a identificao do animal, para que essa seja empregada nas fichas de controle da propriedade (sanitrio, reprodutivo, produtivo, nutricional, financeiro e de eventos diversos).

42

2.2. CONTROLE REPRODUTIVO Para aqueles produtores ou tcnicos que esto gerenciando um rebanho caprino e o mesmo ainda no possui escriturao zootcnica, o manejo reprodutivo a primeira oportunidade para que se inicie tal procedimento. Aps todos os animais estarem devidamente identificados, estipula-se a poca e durao da(s) estao(es) de monta, sendo que essa deve ser dimensionada tendo-se por base a relao macho : fmea do plantel (geralmente opta-se por relaes de 1:33 at 1:50), a poca que deseja-se produzir leite ou carne, se a raa poliestral estacional (apresenta cios somente nos perodos em que os dias comeam e ficam mais curtos - fevereiro a julho), se durante a estao de nascimento as cabras tero alimentao garantida e na poca do desaleitamento seu filhotes tero pastos disponveis. Faz-se ento o esquema de acasalamentos, considerando-se um nmero de saltos de 4 a 5 por dia, sempre direcionando que bode cobrir qual cabra, evitando-se que ocorram acasalamentos cuja consanginidade seja estreita (pai com filhas, irmo com irms, av com netas). Para otimizar a utilizao do reprodutor pode-se usar rufies ou a observao visual do cio por parte dos encarregados pelo capril. Tais procedimentos acima sero mais complicados no incio da implantao dos registros zootcnicos, mas estao aps estao e ano aps ano, o processo torna-se mais prtico, fcil e com maior quantidade de informaes, as quais iro subsidiar as futuras tomadas de deciso quanto ao manejo reprodutivo e aos demais manejos interrelacionados. Uma vez identificada a cabra no cio a mesma colocada junto ao reprodutor, seguindo-se o esquema proposto pelo tcnico que forneceu a orientao. Aps a certeza da cobertura, anota-se o dia em que a mesma ocorreu e o nome do bode empregado, com isso s projetar para os prximos 150 dias (142 a 164 dias) a estao de nascimento, conforme consta no esquema abaixo:ESTAO DEMONTA

ESTAO DEPARIO

JAN

FEV MAR ABR MAI

JUN JUL

AGO SET

OUT

NOV DEZ

Com relao aos machos pode-se realizar mensuraes de circunferncia escrotal, a partir da puberdade, e tambm manter-se um histrico de seu desempenho reprodutivo nas estaes de monta, at mesmo com dados de exame androlgico, onde todos esses nmeros sero registrados para avaliaes futuras, talvez at mesmo para servir de suporte para um programa de descarte (seleo). Informaes que pode-se obter com a escriturao dos eventos reprodutivos: a) Uma vez que todas as cabras tenham sido cobertas, possvel verificar quais falharam (retornaram ao cio), fato que pode indicar no ter havido a fertilizao, que houve a fertilizao, mas em algum momento o embrio morreu e foi absorvido, ou ainda que o bode usado poderia ser sub-frtil ou estril. Como diferenciar esse ltimo evento dos demais? Para isso bastaria conferir as outras cabras que o referido bode cobriu nessa estao, se outras cabras repetiram cios e se isso ocorreu com freqncia alta, pode-se ter fortssimos indcios de problemas reprodutivos com tal macho. Um exame clnico e androlgico bem feito logo a seguir poder indicar se o bode dever ser tratado ou descartado, evitando-se assim novos prejuzos ao plantel.

43

b) Estimar mais precisamente, nas prximas estaes de monta qual seria a nova estao de nascimento, tendo em vista que fmeas primparas costumam apresentar durao da gestao diferenciada das multparas. c) Conhecer o intervalo de partos dentro do sistema em que se trabalha e com isso buscar a (s) melhor (es) alternativa (s) para se implantar a prxima estao de monta. Geralmente para animais leiteiros, deseja-se intervalo de partos variando entre 10 a 12 meses, enquanto que na caprinocultura de corte deseja-se trabalhar com intervalo de parto de 8 meses. Assim demonstra-se que o conhecimento desse intervalo primordial para planejamento das futuras estaes de monta. d) Pode-se avaliar a eficincia reprodutiva do rebanho determinando-se as taxas de fertilidade e fecundidade, bem como o ndice de retorno ao cio. e) Outra varivel reprodutiva que importante conhecer, e a escriturao zootcnica possibilita sua obteno, a ocorrncia do primeiro cio frtil ps-parto, desde que tenha-se identificado tal cio, e submetido a cabra a nova cobertura. Tal tempo muito usado na caprinocultura de corte para avaliar-se qual o grau de eficincia de retorno ao cio, e consequentemente aumentar o aproveitamento da vida til das matrizes no rebanho. A seguir um exemplo de ficha para controle de cobertura e nascimento:FICHA DE COBERTURA E NASCIMENTO No da cabra Data da Cobertura Estimativa de parto Data do Parto Aborto (A) Repetio de Cio (C) (data) No do Bode usado No de crias Peso crias Data cio ps-parto Observaes

O nmero de linhas encontra-se reduzido para caber no texto atual, mas a mesma pode ter toda a dimenso de um folha ofcio ou A4, os dados apresentados no necessariamente sero os nicos a constar de uma ficha com esse fim, ao seu usurio cumpre ajust-la de modo que os dados contidos sirvam-lhe de melhor suporte para o gerenciamento do manejo reprodutivo. 2.3. SELEO E MELHORAMENTO CAPRINO De acordo com Pereira (1983) para obter-se sucesso no melhoramento gentico animal deve-se, antes de tudo, conhecer os dados de uma dada espcie, juntamente com as variveis produtivas e reprodutivas da mesma. Isso demonstra que um banco de dados bem feito (escriturao zootcnica) constitui-se no primeiro passo para alcanar sucesso no melhoramento animal. Para que se defina um programa de melhoramento gentico necessria a definio do objetivo produtivo e econmico da populao de animais que est envolvida neste, alm dos critrios que sero adotados para se atingir tal objetivo. Os critrios, baseados nas caractersticas a serem mensuradas para fazerem parte de um ndice de seleo devero apresentar peso econmico significativo e herdabilidade (transmisso devido aos genes) de moderada a alta.

44

Os dados empregados podem relacionar-se s caractersticas produtivas como as de peso (peso ao nascer, peso desmama, peso ao abate, peso primeira cobertura, peso adulto, ganho de peso mdio dirio - do nascimento desmama ou do nascimento puberdade), durao da lactao, produo leiteira, teor de gordura e protena no leite, etc., e tambm reprodutivas como idade ao primeiro parto, intervalo de partos, nmero de crias por matriz, taxa de natalidade e mortalidade, etc. 2.4. CONTROLE SANITRIO A adoo de escriturao zootcnica permite no somente programar o momento de adotar-se prticas de manejo sanitrio, bem como identificar problemas no seu incio, antes que tornem-se limitantes para o sistema de produo. Somente com o histrico da propriedade a mdio e longo prazo, para parmetros como taxa de mortalidade nas diversas categorias, taxa de aborto, incidncia e prevalncia de doenas especficas para cada sistema de produo (intensivo, semi-intensivo ou extensivo), contagem de clulas somticas, pode-se localizar falhas no manejo ou determinar metas para melhoria de tais parmetros. Alm do aspecto profiltico-curativo da escriturao sanitria, um parmetro importante que pode ser obtido em tal anlise o impacto econmico de novas tcnicas de manejo sanitrio no desempenho do rebanho, bem como a determinao dessa viabilidade sendo capaz de melhorar parmetros como a taxa de mortalidade, permitindo verificar at que ponto vale a pena a adoo de prticas visando a melhoria desses ndices no rebanho, ressaltando-se que essa anlise deve considerar no somente os aspectos econmicos, mas tambm as questes tcnicas e ticas. 2.5. CONTROLE PRODUTIVO Tal prtica na anotao zootcnica de suma importncia, no s pelo fato de estar registrando os dados produtivos, e consequentemente aqueles responsveis diretos pelas denominadas perdas sensveis ou perdas visveis. Por vezes os produtores esto a