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FUNDAMENTOS DE PSICOPEDAGOGIAMaiara Medeiros Brum

Psicóloga Mestre em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem

O QUE É PSICOPEDAGOGIA? Consenso entre diferentes autores: caráter interdisciplinar da psicopedagogia. A psicopedagogia busca conhecimentos de outros campos para criar seu próprio objeto de estudo. Pode recorrer a diferentes áreas tais como: psicologia, psicanálise, linguística, fonoaudiologia, medicina e pedagogia.

“(...) historicamente a psicopedagogia surgiu na fronteira entre a pedagogia e a psicologia, a partir das necessidades de atendimento de crianças com “distúrbios de aprendizagem”, consideradas inaptas dentro do sistema educacional convencional (...) no momento atual, à luz de pesquisas psicopedagógicas que vêm se desenvolvendo, inclusive no nosso meio, e de contribuições da área da psicologia, sociologia, antropologia, linguística, epistemologia, o campo da psicopedagogia passa por uma reformulação. De uma perspectiva puramente clínica e individual busca-se uma compreensão mais integradora do fenômeno da aprendizagem e uma atuação de natureza mais preventiva”. Kiguel (1991, p. 22) apud Bossa (2000)

HISTÓRICO Primeiros centros de psicopedagogia foram fundados em 1946 na Europa, por J. Boutonier e George Mauco. Conhecimentos: psicologia, psicanálise e pedagogia. Objetivos: readaptar crianças com comportamentos socialmente inadequados e com dificuldades de

aprendizagem. Janine Mery, estudiosa francesa da área discorria sobre o termo psicopedagogia curativa. Objetivava-se conhecer a criança e o meio, para que fosse possível compreender o caso para determinar uma

ação reeducadora. Essa corrente europeia influenciou diretamente estudiosos na Argentina. Na década de 70 surgem em Buenos Aires, os Centros de Saúde Mental, onde equipes de psicopedagogos

atuavam fazendo diagnósticos e tratamento.“Estes psicopedagogos perceberam um ano após o tratamento que os pacientes resolveram seus problemas de aprendizagem, mas desenvolveram distúrbios de personalidade como deslocamento de sintoma” Sampaio (2004).

A psicopedagogia chega ao Brasil na mesma época (anos 70). É introduzida baseada em modelos médicos – Primeiro curso: Psicopedagogia Clinica Médico-Pedagógica em Porto Alegre.

Aqui as dificuldades de aprendizagem eram associadas a uma disfunção neurológica denominada de disfunção cerebral mínima.

Psicopedagogia Reeducativa A Psicopedagogia no Brasil, inicialmente, tem um caráter reeducativo, tinha por objetivo adequar o sujeito às

condições institucionais. Não possibilita uma avaliação crítica de condições sociais, institucionais e individuais, relativas ao sujeito e à

escola. Posteriormente, nota-se que a Psicopedagogia Reeducativa não eliminava o sintoma, mas deslocava-o para outro

campo do conhecimento. Ex: eliminava-se uma dificuldade em língua escrita e surgia uma dificuldade em matemática.

A partir de 1985 a psicopedagogia evoluiu da compreensão da aprendizagem como produto para a visão de aprendizagem como processo, o qual se constitui na construção do conhecimento.

Somente quando a psicopedagogia passa a ser vista como um conhecimento independente e complementar é que o processo de aprendizagem passa a ser compreendido de forma mais ampla. Esta visão foi difundida por nomes como Sara Paín, Jorge Visca, Alícia Fernandes e outros.

O OBJETO DE ESTUDODefinição do objeto de estudo da psicopedagogia segundo diferentes autores:Kiguel (1991, p. 24) apud Bossa (2000): processo de aprendizagem humana: seus padrões evolutivos normais e patológicos – bem como a influência do meio (família, escola, sociedade) no seu desenvolvimento.Neves (1991, p. 12) apud Bossa (2000): a psicopedagogia estuda o ato de aprender e ensinar, levando sempre em conta as realidades interna e externa da aprendizagem, tomadas em conjunto.

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Scoz (1992, p. 2) apud Bossa (2000): a psicopedagogia estuda o processo de aprendizagem e suas dificuldades e uma ação profissional deve englobar vários campos do conhecimento, integrando-os e sintetizando-os.

Kubinstein (1992, p. 103) apud Bossa (2000): a partir do momento em que o foco de atenção passa a ser a compreensão do processo de aprendizagem e a relação que o aprendiz estabelece com a mesma, o objeto da psicopedagogia passa a ser mais abrangente: a metodologia é apenas um aspecto no processo terapêutico, e o principal objetivo é a investigação de etiologia da dificuldade de aprendizagem, bem como a compreensão do processamento da aprendizagem considerando todas as variáveis que intervêm neste processo.

Bossa (2000): A psicopedagogia estuda as características da aprendizagem humana: como se aprende, como essa aprendizagem varia evolutivamente e está condicionada por vários fatores, como se produzem as alterações na aprendizagem, como reconhecê-las, tratá-las e preveni-las.

Código de Ética da ABPp, 1996: campo de atuação em saúde e educação que lida com o processo de aprendizagem humana, seus padrões normais e patológicos, considerando a influência do meio-família, escola e sociedade, no seu desenvolvimento, utilizando procedimentos próprios da psicopedagogia.

ABORDAGENS TEÓRICAS A Psicologia e a Pedagogia são as áreas “mães” da psicopedagogia, mas estas duas áreas não são suficientes para

apreender o objeto de estudo da psicopedagogia. Para tal compreensão é necessário recorrer a outras áreas, tais como a Filosofia, a Neurologia, a Sociologia, a

Psicolinguística e a Psicanálise. O objetivo de estudo da psicopedagogia é alcançar uma compreensão multifacetada do processo de

aprendizagem. Olhar para diferentes áreas de estudo implica na observação de diferentes aspectos do processo de

aprendizagem: orgânico, cognitivo, emocional, social e pedagógico. Segundo Weiss (2000) a interligação desses aspectos auxiliará numa compreensão gestáltica (do todo) da

pluricausalidade do fenômeno (do problema de aprendizagem) possibilitando uma abordagem global do sujeito em seus diversos aspectos.

Psicanálise: O aspecto emocional corresponde ao desenvolvimento afetivo e sua relação com a construção do conhecimento,

bem como a expressão do desenvolvimento através da produção gráfica ou escrita. A psicanálise é a área que discorre sobre esta dimensão, trata dos aspectos inconscientes envolvidos no ato de

aprender. Podemos dizer que o não aprender pode ser expressão de uma dificuldade na relação da criança com seu grupo

de amigos ou com a sua família, sendo o sintoma de algo que não vai bem nesta dinâmica.

Psicologia Social: A dimensão social corresponde aos aspectos relativos à sociedade, onde se inserem a família, o grupo social e a

instituição de ensino. É a Psicologia Social que dá maior atenção a esta dimensão. Esta abordagem analisa a constituição dos sujeitos

segundo suas relações familiares, grupais e institucionais, bem como condições socioculturais e econômicas. Em outras palavras, a partir da Psicologia Social é possível avaliar a natureza do grupo a que o sujeito da

aprendizagem pertence, bem como as interferências socioculturais desse grupo nesse sujeito.

Epistemologia e Psicologia Genética:Epistemologia : estudo do conhecimento (a origem, a estrutura, os métodos e a validade do conhecimento)Psicologia Genética: a aquisição de conhecimentos depende tanto das estruturas cognitivas do sujeito como de sua relação com os objetos – Jean Piaget. Dimensão cognitiva relacionada ao desenvolvimento das estruturas cognoscitivas do sujeito em diferentes

situações. Inclui-se nesta dimensão a memória, a atenção, a percepção e outros fatores classificados como fatores

intelectuais. Objetiva-se analisar e descrever o processo construtivo do conhecimento pelo sujeito em interação com os outros

objetos.

Pedagogia:

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A dimensão pedagógica está relacionada ao conteúdo, metodologia, dinâmica de sala de aula, técnicas educacionais e avaliações aos quais o sujeito é submetido no seu processo de aprendizagem sistemática.

A Pedagogia contribui com as diversas abordagens do processo ensino aprendizagem, analisando-o do ponto de vista de quem ensina.

Medicina: A dimensão orgânica relaciona-se com à constituição biofisiológica do sujeito que aprende. A medicina e, em especial, algumas áreas específicas contribuem com este aspecto. Os fundamentos da

Neurolingüística, por exemplo, elaboração cerebral da linguagem. Sujeitos com alteração nos órgãos sensoriais terão o processo de aprendizagem diferente de outros, pois

precisam desenvolver outros recursos para captar material para processar as informações.

Linguística: A Linguística é a área que atravessa todas as dimensões. Ciência que estuda a linguagem verbal, isto é, aquela que utiliza palavras. A Linguística ocupa-se da língua

(qualquer uma), ou seja, sem normas ou regras gramaticais. A compreensão da linguagem possibilita a compreensão daquilo é tipicamente humano e cultural: a língua

enquanto código disponível a todos os membros de uma sociedade e a fala como fenômeno subjetivo, evolutivo e historiado de acesso à estrutura simbólica.

PRINCÍPIOS NORTEADORES DA AÇÃO PSICOPEDAGÓGICA A ação psicopedagógica deve ter como base os seguintes princípios: Retomar e trabalhar questões afetivas para tornar-se uma figura de segurança e incentivo para a aprendizagem

do individuo. Facilitar a aprendizagem do indivíduo que aprende, tendo em vista seu ritmo de desenvolvimento. Incentivar a aprendizagem, criar condições ambientais que motivem o aluno para a aquisição de certas

aprendizagens como leitura, a escrita etc. Compreender o indivíduo como um todo. Processos cognitivos são determinados por condições

psiconeurológicas, emoção, afetos e valores culturais de quem aprende. Compreender o processo educativo em sua totalidade que consiste na problematização da realidade escolar, pela

equipe profissional. Desmitificar crenças e valores relativos ao ensino, sem perder de vista as limitações que surgirão.

EM QUE INSTITUIÇÕES PODE TRABALHAR O PSICOPEDAGOGO? O QUE PODE FAZER EM CADA UM DESTES ESPAÇOS?Ongs, hospitais, empresas, creches, escolas...Exemplos: O que precisa ou terá que aprender uma criança que é hospitalizada? Que conceitos matemáticos deveria saber um padeiro? Que tipo de cálculos ajudaria um taxista?

A criança que se hospitaliza vai ver inseridas na sua rotina informações novas. Vai aprender sistemas diferentes e vai conhecer sobre doenças, pelo menos sobre a sua. Vai entender, por exemplo, que determinadas patologias impedem que ela realize movimentos ou ações que lhe eram quotidianas. Vai conhecer mais sobre doenças que qualquer outra criança de sua idade que não esteja passando pelo mesmo problema. O padeiro vai entender mais de proporções que muitos letrados. Dividir a massa, bater, cortar, levar ao forno, são aprendizagens que ele construiu, mas talvez não saiba. O motorista de táxi tem de ter em mente a distribuição espacial da cidade onde faz seu trabalho. Vai precisar fazer cálculos para saber chegar mais rápido a um determinado local. Mas talvez não saiba que aprendeu. O psicopedagogo vai mostrar aos três que isso é aprendizagem. (Vasconselos, 2002)

Psicopedagogia Empresarial As organizações podem ser entendidas enquanto espaços de processos de aprendizagem efetivos. É nesse cenário, acompanhando o aprender a aprender constante no ambiente organizacional, que o

psicopedagogo assume papel significativo ao lado de outros profissionais.

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Sua ação se dá no sentido de facilitar a construção e o compartilhamento do conhecimento, incentivando novas formas de relacionamentos, criando sinergia entre o comportamento de gestores e colaboradores.

Contribuições para planejamento, gestão, controle e avaliação de aprendizagens, pode favorecer a qualidade dos processos de recrutamento, seleção, organização e treinamento de pessoal, bem como os de diagnóstico organizacional.

Pode orientar ações avaliando a aprendizagem profissional, propondo e coordenando cursos de atualização.

O trabalho do psicopedagogo na instituição escolar Ajudar os professores, auxiliando-os na melhor forma de elaborar seus planos, objetivos de trabalho para que sua

clientela possa entender melhor as suas aulas; Ajudar na elaboração do PPP; Orientar os professores na melhor forma de ajudar em sala de aula os alunos com dificuldades de aprendizagem; Realizar diagnóstico institucional para averiguar possíveis problemas pedagógicos que possam estar prejudicando

o processo de ensino-aprendizagem; Encaminhar o aluno para um profissional (psicólogo, fonoaudiólogo, neurologista etc) a partir de avaliações

psicopedagógicas; Conversar com os pais/responsáveis para fornecer orientações; Auxiliar a direção da escola para que os profissionais da instituição possam ter um bom relacionamento entre si; Conversar com a criança ou adolescente quando estes precisarem de orientação de qualquer nível, daí a

responsabilidade de dominar muitas áreas de conhecimento e se abastecer de leituras.

Em outras palavras: Administra ansiedades; Cria clima harmonioso nos grupos de trabalho; Colabora com a construção do conhecimento; Identifica obstáculos no processo de aprendizagem e desenvolvimento; Implanta recursos preventivos, conscientizando os conflitos de fragmentação do conteúdo e da não

formação de grupos; Se dirige ao aluno como aprendente e ao professor como ensinante; Clareia papéis e tarefas no grupo; Apropriar-se do conhecimento – escola.

O psicopedagogo pode atuar na escola como: Contratado: integrante institucional. Possíveis problemas: “contaminar-se”, ou seja, não ter uma visão ampla do que ocorre em sua volta, pois está misturado aos demais e acostumado com a rotina escolar.Assessor: não é integrante do grupo escolar, faz acessorias nas instituições. Consegue ter uma visão ampla do contexto escolar; pode levantar hipóteses diagnósticas com maior precisão.

FRACASSO ESCOLARDesigualdades sociais. Exclusão digital. Consequência socioeconômica da distribuição cultural perversa do acesso a computadores e Internet. Ausência de livros, cadernos nas casas e escolas. Ausência de motivação familiar. Ausência na prática educativa das vozes excluídas por tanto tempo: as ditas minorias. E o termo fracassado... aquele mau aluno, que não progrediu praticamente nada durante anos e anos na escola, sujeito sem lugar na escola e na sociedade. Imagem negativa marcada a ferro e a fogo seu corpo, seu eu. O fizeram acreditar que o fracasso era dele, excluindo se professores, família, sistema educacional – a própria escola. Sujeito que evadiu – abandonou a escola. Será que um dia retorna? (MAIA, C. M. 2007) O fracasso escolar pode ser entendido como uma associação ao baixo rendimento escolar – notas, conceitos,

processos avaliativos com desempenho ruim– bem como, uma má adaptação social do aluno. O fracasso também ocorre quando conseguimos destruir a autoestima, autoimagem do aluno sobre si e sobre o

outro. O fracasso escolar não é intrínseco ao sujeito, mas sim uma produção social. Não é algo que está no sujeito, mas

que foi produzido neste, construído para ele – ou seja, podia ter sido diferente.Fracasso escolar: resposta insuficiente do aluno a uma exigência ou demanda da escola. Pode ser analisada por deferentes perspectivas:

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Sociedade: tipo de cultura, condições e relações político-sociais e econômicas vigentes, tipo de estrutura social e as ideologias dominantes.

É preciso considerar a relação destes aspectos com a produção escolar e as oportunidades reais que a sociedade disponibiliza para o aluno;

Condições socioeconômicas e culturais podem influenciar nos aspectos físicos dos alunos (doenças, acidentes, subnutrição...);

Escola: como as informações chegam aos alunos? Professores em escolas desestruturadas, sem apoio material e pedagógico, desqualificados pela sociedade,

não proporcionaram um ensino de qualidade para seus alunos; Má qualidade de ensino provoca desestímulo na busca do conhecimento; Impossibilidade ou desinteresse da escola em buscar recursos tecnológicos para o ensino; Desorganização da escola ou mau planejamento de ensino.

Aluno: condições internas de aprendizagem. Corresponde ao menor número dos casos; Frente a situações de ansiedade e angústia o aluno se recusa a aprender apresentando atitudes

estereotipadas e regressivas. Permanecer muito tempo com um mesmo objeto de conhecimento pode ser angustiante para o aluno que

pode adquirir atitudes agressivas, destrutivas, desatentas e ou hiperativas, podendo ser confundido com um quadro de hiperatividade de fundo orgânico.

O DIAGNÓSTICO PSICOPEDAGÓGICOPontos de observação para o diagnóstico:Aspectos orgânicos: construção biofisiológica do sujeito que aprende (deficiências sensoriais).Aspectos emocionais: desenvolvimento afetivo e sua relação com a produção escolar.Aspectos sociais: ligados a perspectivas da sociedade em que estão inseridas a família (o aluno) e a escola.Aspectos pedagógicos: metodologia de ensino, avaliação, dosagem de informações, estrutura de turmas, organização geral da escola, entre outros aspectos que influenciam na qualidade de ensino e interferem no processo ensino-aprendizagem. Aspectos cognitivos: desenvolvimento e funcionamento de estruturas cognoscitivas em seus diferentes domínios.

Numa visão piagetiana o desenvolvimento cognitivo se dá a partir da interação com o meio, logo é preciso considerar o ambiente do qual a criança provêm.

A criança deficiente mental tem limites, mas não necessariamente problemas de aprendizagem.

PSICOPEDAGOGIA CLINICA E PREVENTIVA

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De maneira geral podemos dizer que a atuação em psicopedagogia pode ter um caráter clinico (terapêutico) ou preventivo.

O trabalho clínico se dá na relação entre um sujeito com sua história pessoal e sua modalidade de aprendizagem. Cabe ao psicopedagogo compreender o que o sujeito aprende, como aprende e por que.

No trabalho preventivo, temos a instituição como objeto de estudo, enquanto espaço físico e psíquico da aprendizagem, uma vez que são avaliados os processos didático-metodológicos e a dinâmica institucional que interferem no processo de aprendizagem.

Podemos falar em 3 níveis de atuação no trabalho preventivo:1o nível: o psicopedagogo atua nos processos educativos com o objetivo de diminuir a “frequência dos problemas de aprendizagem”. Seu trabalho incide nas questões didático-metodológicas, bem como na formação e orientação de professores, além de fazer aconselhamento aos pais.2o nível: diminuir e tratar dos problemas de aprendizagem já instalados.3o nível: eliminar os transtornos já instalados, em um procedimento clínico com todas as suas implicações. O caráter preventivo permanece aí, uma vez que, ao eliminarmos um transtorno, estamos prevenindo o aparecimento de outros.Exemplos – 3 níveis de atuação no trabalho preventivo:1 o nível: Ao se deparar com novas teorias acerca da alfabetização, o psicopedagogo, juntamente com outros profissionais da escola, trata de elaborar métodos de ensino compatíveis com as novas concepções acerca desse processo.2 o nível: em um determinado grupo, classe ou instituição, apareçam transtornos na aprendizagem do processo de leitura e escrita. Cabe então ao psicopedagogo, no segundo nível preventivo, realizar um diagnóstico do grupo e intervir nos procedimentos didático-metodológicos em vigor.3 o nível: problemas específicos de leitura e escrita já estejam instalados em um aluno ou grupo de alunos.

Atuação no trabalho clinico: Ao psicopedagogo cabe saber como se constitui o sujeito, como este se transforma em suas diversas etapas de

vida, quais os recursos de conhecimento de que ele dispõe e a forma pela qual produz conhecimento e aprende. Para tanto é preciso que o psicopedagogo recorra a teorias que lhe permitam reconhecer de que modo se dá a

aprendizagem, bem como às leis que regem esse processo: as influências afetivas e as representações inconscientes que o acompanham, o que pode comprometê-lo e o que pode favorecê-lo.

O trabalho clínico não deixa de ser preventivo, uma vez que, ao tratar alguns transtornos de aprendizagem, pode evitar o aparecimento de outros. O trabalho preventivo, numa abordagem psicopedagógica, é sempre clínico, levando em conta a singularidade de cada processo. Essas duas formas de atuação, por sua vez, não deixam de resultar em um trabalho teórico. Tanto na prática preventiva quanto na clínica, o profissional, como já vimos anteriormente, procede sempre embasado no referencial teórico adotado. (Bossa, 2000)

Clínica-terapêutica: abordagem individual, visa solucionar os problemas;Preventiva: em instituições, antes do problema.Institucional: a instituição é o paciente, também tem caráter preventivo.Pesquisa: interesse em estudos relacionados à construção do conhecimento e aos problemas que possam ocorrer nesta construção.

Clínico: Visa buscar os obstáculos e as causas para o problema de aprendizagem já instalado.Preventivo: Estuda as condições evolutivas da aprendizagem apontando caminhos para um aprender mais eficiente.

Já os objetivos específicos de um bom curso de psicopedagogia segundo a ABPp são:No enfoque clínico: Desenvolver competências e habilidades no aluno, preparando-o para trabalhar na identificação, análise, e na elaboração de uma metodologia de diagnóstico e de intervenção/orientação (individual, grupal, familiar e dos profissionais envolvidos) nas questões que envolvem a aprendizagem humana.Psicopedagogia clinica e preventivaNo enfoque Institucional: Considerando-se que o objeto de estudo é a pessoa em desenvolvimento e as alterações de tais processos, buscar-se-á desenvolver competências e habilidades no aluno para que este seja capaz de focalizar as possibilidades do aprender, num sentido amplo, não se restringindo a uma só agência, isto é, a educação formal, mas possibilitando a atuação preventiva do psicopedagogo na comunidade.

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REFERÊNCIASANDRADE, Márcia Siqueira. Psicopedagogia Clínica: Manual de Aplicação. Prática para Diagnóstico de Distúrbios do Aprendizado. Polus. São Paulo, 1998.BOSSA, N. A. A psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. 2 ed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.BOSSA, N. A. Fracasso Escolar. Um olhar Psicopedagógico. Editora Artmed. Porto Alegre, 2002LOMONICO, C. F. Psicopedagogia: teoria e prática. São Paulo: Edicon, 1992.MAIA, C. M. Dificuldade de ou na Aprendizagem? Algumas Problematizações! Ciência e conhecimento - Revista Eletrônica da Ulbra São Jerônimo. v. 01, 2007WEISS, Maria Lúcia Lemme. Psicopedagogia Clínica: uma visão diagnóstica. Porto Alegre, Artes Médicas, 2001.VASCONCELOS, S. M. F. A psicopedagogia institucional e a busca por resultados permanentes. Psicopedagogia On Line, 2002