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Apostila 04 Prof. Pavani

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Page 1: Apostila 04 Prof. Pavani - Colégio Rodin de materias...3.000 hectares foram perdidos para o fogo nos últimos dias. "É queimada de floresta para fazer pasto", disse Barbalho. "O

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Apostila 04

Prof. Pavani

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ATUALIDADES

Meio Ambiente e sustentabilidade:

das tragédias ambientais ao consumo consciente

4.1) O Brasil atual e o “Dia do

fogo”

I - Observe a tirinha abaixo assim como a imagem e a notícia a seguir:

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II) Imagem de queimada na Amazônia: agosto de 2020

Notícia I:

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Reflita: Como podemos relacionar a tirinha à imagem e à notícia?

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O que se sabe sobre o 'Dia do Fogo', momento-chave das queimadas na Amazônia

Leandro Machado Da BBC News Brasil em São Paulo

O dia 10 de agosto poderá ser

classificado como um momento-chave

na história recente da Amazônia. Hoje,

ele já é conhecido como o "Dia do

Fogo", quando produtores rurais da

região Norte do país teriam iniciado

um movimento conjunto para incendiar

áreas da maior floresta tropical do

mundo.

Essa suspeita está sendo

investigada pela Polícia Federal (PF) e

pelo Ministério Público Federal (MPF).

Nesta segunda-feira (26), a procura-

dora-geral da República, Raquel

Dodge, afirmou haver indícios de uma

"ação orquestrada" para incendiar

pontos da floresta.

De todo modo, os dados apontam

que a partir de 10 de agosto houve um

aumento substancial no número de

focos de incêndio em diversas cidades

da região Norte.

Mas o que se sabe sobre o

"Dia do Fogo"?

A primeira notícia sobre ele foi

publicada no dia 5 de agosto pelo

jornal Folha do Progresso, da cidade

paraense de Novo Progresso, a 1.194

quilômetros da capital do Estado,

Belém. A reportagem relatava uma

conversa com uma liderança dos

produtores rurais da cidade, sem

identificá-lo. Ele prometia promover

incêndios florestais no dia 10.

"(Os produtores) querem o dia 10

de agosto para chamar atenção das

autoridades. (...) Na região, o avanço

da produção acontece sem apoio do

governo. 'Precisamos mostrar para o

presidente (Jair Bolsonaro) que quere-

mos trabalhar e o único jeito é derru-

bando. Para formar e limpar nossas

pastagens é com fogo'", dizia o texto

As queimadas aumentaram

de fato no 'Dia do Fogo'?

No Pará, sim.

Dados de satélite colhidos pelo

Instituto Nacional de Pesquisas Espa-

ciais (Inpe) e compilados pela Secre-

taria Estadual de Meio Ambiente do

Pará mostram que, a partir de 10 de

agosto, houve um aumento signifi-

cativo nas queimadas em áreas de

floresta.

Esse crescimento ocorreu princi-

palmente em reservas florestais das

cidades de Novo Progresso, Altamira

e São Félix do Xingu - todas cortadas

pela rodovia BR-163. No dia 10, Novo

Progresso tinha 124 registros de focos

de incêndio ativos, um aumento em

300% em relação ao dia anterior.

Altamira registrou 154 focos de

queimadas entre os dias 6 e 8 de

agosto. Nos três dias seguintes, de 9

a 11 de agosto, havia 431 pontos de

fogo na cidade. Ou seja, alta de 179%

em três dias.

São Félix do Xingu apresentou um

aumento mais significativo: entre os

dias 6 e 8 de agosto, o município

registrou 67 focos. Nos três dias

seguintes, foram 288 - aumento de

329% em três dias.

Nesta terça-feira (27), em reunião

com o presidente Jair Bolsonaro, o

governador do Pará, Helder Barbalho

(MDB), afirmou que apenas na Área

de Proteção Ambiental (APA) Triunfo

do Xingu, em São Félix, cerca de

3.000 hectares foram perdidos para o

fogo nos últimos dias. "É queimada de

floresta para fazer pasto", disse

Barbalho. "O sujeito vai lá, desmata,

queima, faz um pasto e aluga a área

para um produtor rural."

Agamenon Meneses, presidente

do Sindicato dos Produtores Rurais de

Novo Progresso falando à BBC News

Brasil negou que tenha existido um

"Dia do Fogo" e que agricultores

Prof. Pavani - Texto 4.1.1

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tenham sido responsáveis por ele. "É

uma mentira. Um infeliz de um

jornaleco, que não gosta da cidade e

faz oposição ao governo, colocou

essa notícia no ar, sem provas", disse.

"Não há um sequer comentário sobre

isso, não conheço esse tipo de coisa.

O que houve aqui foram queimadas

como ocorrem todos os anos. A seca

foi maior esse ano e ocorreram esses

incêndios, natural. Mas isso é uma

mentira que está causando um baru-

lho medonho", afirmou, por telefone.

Segundo o procurador Paulo de

Tarso Moreira Oliveira, a investigação

em curso pode envolver também

pessoas ligadas a desmatamento e

fraudes fundiárias.

"Nós sabemos que existe uma

pressão em torno das áreas que foram

objeto do fogo. Há pessoas da região

que há muito tempo exercem pressão

nessas áreas (que foram queimadas).

Essas pessoas são naturalmente

alvos prioritários para nossa investi-

gação", disse.

Em Novo Progresso, o local que

mais sofreu com queimadas neste

mês é um alvo tradicional de grileiros*,

a Floresta Nacional de Jamanxim,

reserva nacional de 1,3 milhão de

hectares, criada em 2006. Entre 9 e

11 de agosto, foram registrados 136

focos de incêndio no local.

1. O que foi o chamado “Dia do Fogo” e por que existe polêmica a respeito de sua realização?

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4.2) Pegada ecológica e

responsabilidade

ambiental

Pegada Ecológica? O que é isso?

Você já parou para pensar que a

forma como vivemos deixa marcas no

meio ambiente? É isso mesmo, nossa

caminhada pela Terra deixa “rastros”,

“pegadas”, que podem ser maiores ou

menores, dependendo de como

caminhamos.

A Pegada Ecológica é uma meto-

dologia de contabilidade ambiental

que avalia a pressão do consumo das

populações humanas sobre os

recursos naturais. Expressada em

hectares globais (gha), permite

comparar diferentes padrões de

consumo e verificar se estão dentro

da capacidade ecológica do planeta.

Um hectare global significa um

hectare de produtividade média

mundial para terras e águas produ-

tivas em um ano.

Já a biocapacidade, representa a

capacidade dos ecossistemas em

produzir recursos úteis e absorver os

resíduos gerados pelo ser humano.

Sendo assim, a Pegada Ecológica

contabiliza os recursos naturais

biológicos renováveis (grãos e

vegetais, carne, peixes, madeira e

fibras, energia renovável etc.),

segmentados em Agricultura, Pasta-

gens, Florestas, Pesca, Área Cons-

truída e Energia e Absorção de Dió-

xido de Carbono (CO2).

Disponível em:

https://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/especiais/pegada_ecologica/o_que_e_pegada_ecologica/

Prof. Pavani - Texto 4.2.1

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Apostila INEP “Qual a sua pegada ecológica?”

Disponível em: http://www.inpe.br/noticias/arquivos/pdf/Cartilha%20-%20Pegada%20Ecologica%20-%20web.pdf

Lembre-se de realizar o cálculo de sua pegada ecológica ao final!

Prof. Pavani - Texto 4.2.2

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O que é o Dia da Sobrecarga da Terra?

O conceito Sobrecarga da Terra (Overshoot Day, em inglês) foi

originalmente desenvolvido pelo instituto independente britânico de

pesquisas New Economics Foundation, uma organização parceira da

Global Footprint Network. De acordo com os cálculos da Global Footprint

Network, nossa demanda por recursos ecológicos renováveis e os

serviços que eles fornecem é atualmente equivalente a mais do que 1,5

Terras. Os dados nos mostram que estamos no caminho de atingir uma

demanda de recursos equivalentes a dois planetas bem antes da metade

do século.

Desde 2001, o dia de Sobrecarga da Terra vem sendo antecipado, em

média, três dias a cada ano. A metodologia está em constante evolução.

As projeções continuarão a mudar. Entretanto, todos os modelos

científicos demonstram um padrão consistente: avançamos para além do

nosso "orçamento" desde a década de 1970. Nossa dívida está se

multiplicando. É uma dívida ecológica, e estamos pagando juros

altíssimos. Escassez de alimentos, erosão do solo, acúmulo de CO2 na

nossa atmosfera – toda essa dinâmica traz custos humanos e monetários

devastadores.

O que está em jogo não é a vida do planeta. E sim, a própria perpe-

tuação raça humana, passageira dessa nave há apenas 200 mil anos - a

vida unicelular surgiu há 3,7 bilhões. O trilhar rumo a uma economia de

baixo carbono é um ato para evitar os riscos de que sejamos vítimas da

grande sexta extinção em massa - uma extinção dramaticamente provo-

cada por nós mesmos. Mas ainda há tempo de evitar as consequências

mais trágicas.

E o Brasil nessa história?

Contamos com alguns atributos que jogam a nosso favor quando o

assunto é Sobrecarga da Terra. Possuímos uma das maiores áreas

florestadas do mundo. Desde que a ONU começou a coletar dados sobre

o assunto, em 1961, a capacidade total dos ecossistemas naturais

brasileiros em se renovar aumentou 5,8%.

Mas infelizmente não carregamos apenas boas notícias. Nos últimos

50 anos, os recursos florestais diminuíram 9%, enquanto os recursos de

terras cultiváveis foram multiplicados por 5,5, e as pastagens mais do que

dobraram. Em consumo, de acordo com os últimos dados disponíveis

(2012), Pegada Ecológica total do Brasil aumentou 249%.

Os ecossistemas brasileiros passaram a ter que apoiar mais pessoas

com padrões médios de consumo e com maior expectativa de vida. Isso significou a queda de 59,9% da biocapacidade por

pessoa. 2). A pegada ecológica brasileira é de 3,1 hectares globais por pessoa, em linha com Argentina, México e Uruguai e

ligeiramente abaixo da China (3,4 ha).

Prof. Pavani - Texto 4.2.3

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Marco histórico: planeta esgota neste sábado (22/08) os recursos naturais que tinha para 2020

Pandemia de COVID-19 adiou Dia da Sobrecarga da Terra para data mais distante em 15 anos.

Por Gabriela Brumatti, Terra da Gente 22/08/2020

Imagine uma dispensa carregada

de alimentos. Lá você pode consumir

o quanto desejar, mas deve ter

consciência de que a reposição dos

produtos será feita uma quantidade de

vezes específicas no ano. Ingerir em

grande velocidade significa que não

haverá substituição em mesma

proporção. E é isso que acontece: em

uma determinada data, você começa

a devorar o que há naquele ambiente

sabendo que esses elementos não

serão regenerados.

Pensando que os alimentos da

dispensa são os recursos naturais

globais e que o apetite do devorador é

a forma que humanidade consome

tais recursos, a data de hoje (22/08)

marca o "Dia da Sobrecarga da Terra",

momento em que começamos a

consumir do planeta além do que

temos, em quantidade maior do que

ele é capaz de se regenerar.

O cálculo para definir esse marco

foi realizado pela Global Footprint

Network, uma organização de pesqui-

sa internacional que anualmente

realiza, junto a institutos e entidades,

a captura e coleta de dados sobre o

uso dos recursos naturais. Com as

informações obtidas em relação aos

primeiros meses do ano e baseada na

tendência observada em períodos

anteriores, ela estima o tempo de

durabilidade dos elementos da natu-

reza e, com isso, o Dia da Sobrecarga

é definido.

Mas qual é a mudança provocada

por saber de uma data como essa?

Para Alexandre Prado, diretor de

Economia Verde do World Wide Fund

for Nature (WWF-Brasil), uma das

instituições parceiras dessa iniciativa,

o conhecimento é a chave para a

mudança. "O real impacto é trazer

transparência e consciência para

todos nós do uso excessivo dos

recursos naturais de nossa 'casa'. É

como o número vermelho que aparece

em nosso extrato bancário quando

ficamos deficitários", define .

2020: um marco histórico

Há 15 anos o "Dia da Sobrecarga"

não acontecia tão tarde e, há pelo

menos dez, o mundo não presenciava

um adiamento da data com relação ao

ano anterior. Se até então o nosso

tempo de uso da Terra estava

encurtando, especialistas indicam que

a pandemia do novo coronavírus e os

eventuais fechamentos de comércios

e suspensão de serviços foram os

responsáveis por segurar o tempo de

vida dos recursos no planeta em 2020.

O diretor de Economia Verde do

WWF-Brasil ressalta, porém, que não

se espera que a COVID-19 tenha

ajudado de forma determinante no

prolongamento do uso dos recursos e

que, apesar de significativa, esta seja

uma melhora temporária. Mesmo

assim, lições podem ser extraídas:

"ficou claro que podemos consumir

menos, mudar nossas escolhas de

formas de trabalho e locomoção e, ao

contribuir para um mundo com menos

emissões e consequentemente mais

sustentável, também termos maior

qualidade de vida".

Prof. Pavani - Texto 4.2.4

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Curiosidades sobre o Dia da Sobrecarga:

Para definir a data, considera-se: alimentação, moradia, bens, serviços, transporte...

Humanos têm usado os recursos ecológicos como se vivessem em quase 1,6 planeta

Se todos tivéssemos o hábito de consumo dos EUA precisaríamos de 5 planetas

Emissão de carbono representa 60% do impacto das ações humanas na Terra

1969 foi o último ano em que os recursos na Terra suportaram o hábito de consumo

No ano de 2019, a data que marcou o Dia da Sobrecarga da Terra foi 29 de junho

Mas o que a pandemia fez?

Embora dados do Inpe, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, mostre que os alertas de desmatamento na Amazônia

subiram exponencialmente desde 2019 e alcançaram os maiores números desde o início do levantamento, a análise das

informações de outros órgãos mundiais comprovou que a pandemia reduziu em quase 10% a busca por produtos florestais, em

oposição ao mesmo período de 2019.

Dessa forma, a nível global, apesar das pressões sofridas pela destruição de matas nativas, os efeitos da queda na demanda

por materiais que derivam da natureza aparentaram ser superiores. De acordo com dados da Global Footprint Network, o

resultado dessa comparação apresentou uma redução de mais de 8% nos desgastes florestais em todo o mundo durante o ano de

2020, por conta da pandemia de COVID-19.

Durante pelo menos 15 anos, o Dia da Sobrecarga nunca foi tão tarde e a pandemia foi a responsável pelo

prolongamento de recursos naturais neste ano — Foto: Global Footprint Network/Acervo

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Os cálculos desenvolvidos para a definição da data são feitos de forma preliminar e seguindo estimativas, assim é

importante ressaltar que ainda não há um dado específico sobre qual foi o real impacto da pandemia na biodiversidade

Em verde, nações com créditos no uso da capacidade ecológica disponível; já em vermelho,

países com déficit na administração dos ativos ecológicos nacionais — Foto: Global Footprint

Network/Acervo

Um declínio no consumo e na consequente emissão de carbono também se fez constante em

2020. Apenas nos 3 primeiros meses do ano, dados da Agência Internacional de Energia

mostraram que uma queda de 3,8% no gasto de energia foi associada à redução de 5% nas

emissões de carbono com relação ao ano anterior.

Pensando no que ocorreria no decorrer do ano todo de 2020, as estimativas diante do cenário

da pandemia permitiram imaginar que ocorreria uma queda de 14,5% das emissões dos gases na

atmosfera em comparação com o que se viu em 2019. Foram dados como esses que auxiliaram

no adiamento da data do "Dia da Sobrecarga".

Segundo a Global Footprint Network, o lockdown praticado em alguns locais reduziu em até

25% o consumo de energia, em relação a 2019.

Disponível em: https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/terra-da-gente/noticia/2020/08/22/marco-historico- planeta-esgota-neste-sabado-2208-os-recursos-naturais-que-tinha-para-2020.ghtml

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1. A partir dos textos e do teste, como você analisa a charge abaixo?

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4.3)

INPE, queimadas e política

A História do INPE

O INPE surgiu no início dos anos

1960, motivado pelas expectativas

que se criaram em torno das primei-

ras conquistas espaciais obtidas pela

União Soviética e pelos Estados

Unidos. Em 1957, os soviéticos

lançaram o primeiro satélite ao

espaço, o Sputnik. Um ano depois, foi

a vez de os Estados Unidos

colocarem o Explorer em órbita da

Terra. Na época, dois alunos de

engenharia do Instituto Tecnológico

de Aeronáutica (ITA), Fernando de

Mendonça e Júlio Alberto de Morais

Coutinho, com a colaboração do

Laboratório de Pesquisa Naval da

Marinha dos Estados Unidos,

construíram uma estação de rastreio,

com a qual conseguiram captar os

sinais dos dois satélites.

Em 1960, a Sociedade Interpla-

netária Brasileira (SIB) resolveu,

durante a Reunião Interamericana de

Pesquisas Espaciais, propor a criação

de uma instituição civil de pesquisa

espacial no país, e enviou uma carta

ao então presidente da República,

Jânio Quadros, sugerindo tal

iniciativa.

Em agosto de 1961, Jânio

Quadros, entusiasmado com as

iniciativas na área, assinou o decreto

que criaria o Grupo de Organização

da Comissão Nacional de Atividades

Espaciais (GOCNAE), o embrião do

que viria a ser o INPE, dando início às

atividades espaciais no Brasil. As

atribuições do GOCNAE eram: propor

a política espacial brasileira em

colaboração com o Ministério das

Relações Exteriores; desenvolver o

intercâmbio técnico-científico e a

cooperação internacional; promover a

formação de especialistas; realizar

projetos de pesquisa; e coordenar e

executar as atividades espaciais com

a indústria brasileira.

As campanhas científicas em

cooperação com outros países, além

de gerar dados para a pesquisa,

seriam fundamentais também à

formação de especialistas. O INPE

então propôs ao Ministério da

Aeronáutica a construção de uma

base de lançamento no Nordeste,

para lançar foguetes com cargas úteis

científicas. O Centro de Lançamento

de Foguetes da Barreira do Inferno

(CLFBI, que mais tarde seria

denominado CLBI), instalado no

município de Natal (RN), foi

inaugurado em 1965, com o

lançamento de um Nike-Apache,

foguete da National Aeronautics and

Space Administration (NASA). Até

1970, foram lançados cerca de 230

foguetes estrangeiros e nacionais,

através do projeto Sondagem

Aeronômica com Foguetes (SAFO).

Posteriormente, houve também

cooperação com a agência espacial

francesa, o Centre National d’Études

Spatiales (CNES), que equipou o

CLBI com uma moderna estação de

rastreio e controle, em troca do uso

do Centro.

Cooperação internacional: estímulo

à pesquisa e instrumentação

As atividades científicas do início

da década de 1960 permitiram que o

Instituto recebesse, já em 1965, o

Segundo Simpósio Internacional de

Aeronomia Equatorial (SISEA), fruto

das atividades em cooperação com a

NASA. As campanhas em

cooperação com a comunidade

científica internacional passaram a

ser uma estratégia para capacitar a

pesquisa do INPE e equipes de

instrumentação que apoiariam os

experimentos de Ciência Espacial e

Atmosférica. Em 1968, deu-se início

Prof. Pavani - Texto 4.3.1

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às atividades de lançamento de

balões estratosféricos com carga útil

dedicada às pesquisas nas áreas de

atmosfera, astrofísica e geofísica.

Nesse ano foram lançados cerca de

130 balões para medidas de raios-X,

na região da Anomalia Magnética do

Atlântico Sul.

O crescimento natural das ciências

espaciais levou à realização, no

INPE, em 1974, da 17ª Reunião do

Comitê de Pesquisa Espacial

(COSPAR). No início dos anos 1980,

o INPE engajou-se no então recém-

criado Programa Antártico Brasileiro

(PROANTAR), iniciando nessa região

o desenvolvimento de pesquisas em

geofísica, física da alta atmosfera,

meteorologia, clima e oceanografia,

atividades mantidas até hoje na

Antártica. Em meados dos anos 1980,

foi criado o Laboratório de Ozônio,

que proporcionou grande visibilidade

ao INPE quando a redução da

camada de ozônio tornou-se de

interesse público mundial.

As atividades experimentais sem-

pre foram um ponto forte do INPE e,

seguindo essa linha, na década de

1980, o Instituto participou do Experi-

mento Troposfera Global na Camada

Limite sobre a Atmosfera da

Amazônia (GTE/ABLE), em colabo-

ração com a NASA e outras

organizações nacionais e estran-

geiras. Em 1995, outro grande

experimento foi realizado, o Smoke,

Clouds, and Radiation-Brazil (SCAR-

B), também em colaboração com a

NASA.

Em 2008, o INPE criou o programa

de Clima Espacial (EMBRACE), com

o objetivo de medir e modelar a

interação Sol-Terra e seus efeitos no

espaço próximo e na superfície do

território brasileiro. As tempestades

magnéticas e ionosféricas, geradas

pela atividade solar, interferem nas

atividades humanas ao impactarem

as transmissões de dados de GPS,

satélites, aviões e sistemas elétricos.

Para tornar esse programa

operacional, o INPE instalou uma

infraestrutura de coleta de dados,

modelagem e previsão de Clima

Espacial. Como extensão dessa

iniciativa, foi inaugurado o Laboratório

Conjunto Brasil-China para Clima

Espacial, em 2014, dando início aos

trabalhos de criação de produtos

computacionais destinados às

aplicações de clima espacial.

Com a evolução dos satélites

meteorológicos e de sensoriamento

remoto na década de 1960, o Instituto

ampliou suas áreas de atividade e

interesse científico. Dois grandes

projetos foram criados com o objetivo

de desenvolver pesquisas aplicadas a

partir do uso de dados e imagens de

satélites. Em 1966, foi criado o

programa Meteorologia por Satélite

(MESA), baseado na recepção de

imagens meteorológicas de satélite

da série Environmental Science

Services Administration (ESSA), dos

Estados Unidos, que passaria a ser

denominada NOAA (National Oceanic

and Atmospheric Administration), da

NASA. O INPE capacitou especia-

listas para fazer uso de estações de

recepção de dados, cuja tecnologia

foi repassada à indústria nacional.

Diversas unidades foram fornecidas a

instituições de pesquisa e monitora-

mento, como o Instituto Nacional de

Meteorologia (INMET) e empresas.

Tecnologias dedicadas ao desen-

volvimento sustentável

No início dos anos 1970, com a

ampliação das atividades do Projeto

SERE, o Brasil era o terceiro país no

mundo a receber imagens do satélite

LANDSAT-1. Essa iniciativa precur-

sora abriu caminho para investi-

mentos nos anos 1980, que permi-

tiram a recepção de dados dos

satélites das séries Satellite Pour

l’Observation de La Terre (SPOT) e

Earth Resource Satellite (ERS-1).

Os resultados gerados por essa

área de sensoriamento remoto

tornaram-se mais evidentes quando o

INPE realizou o Simpósio Brasileiro

de Sensoriamento Remoto, pela

primeira vez, nos anos 1970.

Também data dessa época a

apresentação do primeiro trabalho

sobre o desmatamento na região

amazônica a partir de imagens de

satélite. Na década seguinte, a

vocação do Instituto para desenvolver

atividades voltadas à área ambiental,

a partir do acesso ao espaço, se

consolidou.

Foi lançado o projeto de Detecção

de Queimadas a partir de imagens de

satélites de órbita polar da série

NOAA/Advanced Tiros-N e, nos anos

1990, o INPE iniciou o projeto de

Avaliação da Cobertura Florestal na

Amazônia Legal, utilizando dados a

partir do ano de 1988. Esse trabalho

passou a ser conhecido como Projeto

Desflorestamento da Amazônia Legal

(PRODES), criado no âmbito do

Programa de Monitoramento da Ama-

zônia (AMZ). O programa PRODES,

que oferece estimativas anuais para a

taxa de desmatamento na Amazônia

Legal brasileira, é hoje a fonte

primária de informações para as

decisões do governo federal quanto

às políticas de combate ao desmata-

mento na Amazônia.

Em 2004, o INPE lançou o sistema

de Detecção de Desmatamento em

Tempo Real (DETER), também

voltado para a região amazônica, que

mapeia diariamente as áreas de corte

raso e de processo progressivo de

desmatamento por degradação flores-

tal. Trata-se de um levantamento

mais ágil, que permite identificar

áreas para ações rápidas de fiscali-

zação e controle do desmatamento.

Um marco importante para a

história do Brasil no combate ao

desmatamento ilegal e na política de

preservação da vegetação no país foi

o lançamento, pelo Ministério do Meio

Ambiente, em 27/11/2015 (Portaria

365), do Programa de Monitoramento

Ambiental dos Biomas Brasileiros,

usando a tecnologia de satélite. Esse

programa tem o objetivo de mapear e

monitorar a vegetação de todos os

biomas nos mesmos moldes do que

já é feito para a região da Amazônia.

A abrangência do programa envolve,

além do bioma Amazônia, os biomas

Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica,

Pampa e Pantanal.

A ampliação das pesquisas em

mudanças climáticas

No biênio 1996-1997 teve início o

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Experimento de Grande Escala da

Biosfera-Atmosfera na Amazônia

(LBA), em parceria com organizações

de 12 países. Em sua fase inicial, sob

a liderança do INPE, o LBA tinha

como objetivo buscar respostas

fundamentais sobre os ciclos da

água, energia, carbono, gases e

nutrientes na Amazônia e sobre como

esses ciclos se alteraram com o uso

da terra pelo homem. Esse

experimento veio confirmar a

liderança do INPE no setor e a

relevância das questões ambientais

em sua agenda científica. Outro fato

que veio reforçar a agenda do

Instituto na área ambiental foi a

instalação no INPE, em 1994, do

Instituto Interamericano de Pesquisa

em Mudanças Globais (IAI).

O envolvimento do INPE nas

questões ambientais, sob a forma do

uso das ferramentas de modelagem

numérica e coleta de dados por meio

de satélites e plataformas terrestres,

vem crescendo de forma marcante

nos últimos anos. Prova disso é a

participação de cientistas de seus

quadros na elaboração dos relatórios

do Intergovernmental Panel on

Climate Change (IPCC), que funciona

sob os auspícios da Organização das

Nações Unidas (ONU), e a liderança

no comitê científico do International

Geosphere Biosphere Programme

(IGBP), a partir de 2006.

Recentemente, o INPE ampliou sua agenda de pesquisa para incluir o tema de Ciência do Sistema Terrestre

com foco nos impactos causados pela atividade antrópica e pelas mudanças climáticas. Iniciativas de pesquisa e liderança em projetos internacionais de pesquisa sobre a Amazônia, como o LBA, participação na elaboração de relatórios do IPCC, e a liderança no comitê científico do IGBP (2006 a 2012), levaram o INPE a criar, em 2009, o Centro de Ciência do Sistema Terrestre (CCST). O objetivo do CCST é analisar os caminhos de sustentabilidade do Brasil frente às mudanças ambientais globais, ampliando, assim, a agenda de pesquisa do INPE na área ambiental.

Polêmicas entre o INPE e o Governo

Conflito sobre dados da Amazônia derruba diretor do Inpe

O diretor do Instituto Nacional de

Pesquisas Espaciais (Inpe), Ricardo

Galvão, foi exonerado na manhã

desta sexta-feira, 2 de agosto, duas

semanas depois de desafiar

publicamente o presidente Jair

Bolsonaro a comprovar as

acusações que levantara contra a

instituição — ao dizer que os dados

do Inpe sobre o aumento do

desmatamento na Amazônia eram

“mentirosos” e de que Galvão estaria

agindo “a serviço de alguma ONG”.

Nenhuma evidência concreta foi

apresentada, mas Galvão perdeu o

cargo assim mesmo, sob a

justificativa de “quebra de confian-

ça”.

Cientistas rechaçaram imedia-

tamente a postura do governo. Um

grupo de pesquisadores, denomina-

do Coalizão Ciência e Sociedade,

afirmou em nota que as recentes

decisões contribuem para o “rápido

sucateamento da credibilidade,

nacional e internacional, construída

com esforço e perseverança por

gerações de cientistas”.

“As críticas feitas não têm

qualquer base científica e descon-

sideram a imensa contribuição que o

Instituto Nacionais de Pesquisas

Espaciais dá ao Brasil e ao mundo”,

afirmou, ainda no início da semana,

a Academia de Ciências do Estado

de São Paulo (Aciesp) — a exemplo

de diversas outras entidades e

especialistas, nacionais e

internacionais, que se manifestaram

publicamente em defesa do Inpe.

O anúncio da demissão foi feito

pelo próprio Galvão, após reunião

com o ministro da Ciência e

Tecnologia, Marcos Pontes, em

Brasília. “Diante da maneira como eu

me manifestei com relação ao

presidente, criou-se um constran-

gimento, ficou insustentável, e eu

Prof. Pavani - Texto 4.3.2

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serei exonerado”, disse o pesquisa-

dor, ao deixar o gabinete.

Em entrevistas à imprensa, no dia

seguinte às declarações de Bolso-

naro sobre os dados da Amazônia

(20 de julho), Galvão disse que as

acusações eram “ofensas

inaceitáveis” e que o presidente

agira de forma “covarde”, levantando

suspeitas infundadas sobre o

trabalho dele e do Inpe perante a

opinião pública, como se estivesse

numa “conversa de botequim”. Disse

que não pediria demissão e desafiou

Bolsonaro a repetir o que disse

“frente a frente”, olhando nos seus

olhos.

“Eu sou um senhor de 71 anos,

membro da Academia Brasileira de

Ciências, não vou aceitar uma

ofensa desse tipo. Ele que tenha

coragem de, frente a frente, justificar

o que ele está fazendo”, disse

Galvão ao jornal O Estado de S.

Paulo. O encontro com o presidente

nunca ocorreu, mas ele foi

convocado a dar explicações em

Brasília.

Formado em física e engenharia,

Galvão é livre-docente da

Universidade de São Paulo (USP)

desde 1983 e estava como diretor do

Inpe desde setembro de 2016, com

mandato previsto de quatro anos —

ou seja, até setembro de 2020.

Antes disso, foi diretor do Centro

Brasileiro de Pesquisas Físicas

(CBPF), no Rio de Janeiro, e

presidente da Sociedade Brasileira

de Física (SBF), consolidando-se

como uma das figuras mais

experientes e respeitadas na

comunidade científica nacional.

“O diretor do Inpe, Dr. Ricardo

Galvão, é um cientista reconhecido

internacionalmente, que há décadas

contribui para a ciência, tecnologia e

inovação do Brasil. Críticas sem

fundamento a uma instituição

científica, que atua há cerca de 60

anos e com amplo reconhecimento

no País e no exterior, são ofensivas,

inaceitáveis e lesivas ao conhe-

cimento científico”, declarou a

Sociedade Brasileira para o

Progresso da Ciência (SBPC). “Em

ciência, os dados podem ser

questionados, porém sempre com

argumentos científicos sólidos, e não

por motivações de caráter ideo-

lógico, político ou de qualquer outra

natureza.”

O Inpe é um instituto público de

pesquisa subordinado ao Ministério

da Ciência, Tecnologia, Inovações e

Comunicações (MCTIC), mas com

autonomia administrativa. Seus

diretores — assim como os dos

outros institutos de pesquisa federais

— são escolhidos a cada quatro

anos, por meio de um processo

seletivo, aberto à toda sociedade. As

indicações passam por uma

comissão de especialistas,

incumbida de elaborar uma lista

tríplice de nomes para seleção do

ministro.

Galvão disse ter indicado a

Pontes um nome de perfil técnico

para substituí-lo, mas não revelou

quem seria. A indicação natural

dentro do Inpe seria o engenheiro

aeroespacial Petrônio Noronha, atual

diretor substituto e coordenador de

Gestão Científica e Tecnológica do

instituto, considerado um dos

quadros técnicos de maior experi-

ência no programa espacial brasi-

leiro.

Pontes não falou com a imprensa.

Pelas redes sociais, o ministro agra-

deceu Galvão por sua “dedicação e

empenho à frente do Inpe”, e

concluiu a mensagem com “abraços

espaciais”.

O pano de fundo desse conflito é

o aumento explosivo do desma-

tamento na Amazônia, registrado

pelos sistemas de sensoriamento

remoto do Inpe. Segundo os dados

do Sistema de Detecção do

Desmatamento em Tempo Real

(Deter) — que Bolsonaro chamou de

“mentirosos” —, a área desmatada

na Amazônia nos primeiros sete

meses deste ano (janeiro-julho) foi

da ordem de 4,5 mil quilômetros

quadrados, 60% maior do que no

mesmo período de 2018 (veja

gráfico).

A maior parte desse aumento

ocorreu nos meses de junho e julho,

quando as condições climáticas se

tornam mais favoráveis ao desma-

tamento e há menos nuvens no céu

para bloquear a visão do satélite.

Todos os dados de monitoramento

do Inpe são abertos para a

sociedade e podem ser acessados

gratuitamente por meio da plata-

forma digital TerraBrasilis.

Uma equipe de técnicos do Inpe

esteve em Brasília na quarta-feira,

31 de julho, para explicar os dados a

Pontes e ao ministro do Meio

Ambiente, Ricardo Salles. No dia

seguinte, Salles anunciou em uma

coletiva de imprensa, ao lado de

Bolsonaro, que o governo vai

contratar um novo serviço privado de

monitoramento da Amazônia, capaz

de produzir imagens diárias em alta

resolução.

Ambos voltaram a criticar os

dados do Inpe. “Os números, no

meu entender, foram espancados,

com o objetivo, ao que parece, de

atingir o nome do Brasil e do

governo”, disse Bolsonaro.

Entidades científicas e acadê-

micas defenderam o trabalho do

Inpe e criticaram duramente a

postura agressiva e anticientífica do

governo.

“O insistente descrédito dos

dados públicos pelo Presidente Jair

Bolsonaro e parte de seus ministros

não é fundamentado em argumentos

técnicos sólidos e transparentes”, diz

a nota da Coalização Ciência e

Sociedade, assinada por 65

cientistas — entre eles, vários

professores da USP.

“Estamos vivenciando a inédita

situação de termos um ministro de

Meio Ambiente que não defende, ao

contrário, ataca o meio ambiente, e

um ministro de Ciência, Tecnologia,

Inovações e Comunicações que é

tímido na defesa da Ciência e

silencia sobre a qualidade do traba-

lho de um dos mais conceituados

institutos deste ministério e exonera

seu diretor. Ambos contribuem assim

com o rápido sucateamento da

credibilidade, nacional e interna-

cional, construída com esforço e

perseverança por gerações de

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cientistas e tecnólogos ao longo de

diferentes governos”, diz a nota.

“O Inpe reafirma sua confiança na

qualidade dos dados produzidos

pelo Deter. Os alertas são

produzidos seguindo metodologia

amplamente divulgada e consisten-

temente aplicada desde 2004. É

amplamente sabido que ela

contribuiu para a redução do

desmatamento na região amazônica,

quando utilizada em conjunto com

ações de fiscalização”, diz uma nota

oficial do instituto, publicada na

quinta-feira. “O trabalho do Inpe

sempre foi norteado pelos princípios

de excelência, transparência e

honestidade científica. A busca pelo

aperfeiçoamento e pela melhoria

constante da qualidade de seu

trabalho também são componentes

fundamentais de sua cultura técnica

e científica.”

Disponível em: https://jornal.usp.br/atualidades/conflito-sobre-dados-da-amazonia-derruba-diretor-do-inpe/

Charge:

https://www.facebook.com/brunolanzailustrador/

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As queimadas no Pantanal Queimadas no Pantanal: causas e impactos no meio ambiente

Número de queimadas na região bateu recorde em setembro. Bioma concentra mais de 1,2 mil espécies de animais.

O aumento das queimadas no

Pantanal tem sido significativo nos

últimos anos, mas em 2020 o número

se tornou ainda mais preocupante.

Neste mês de setembro, o Instituto

Nacional de Pesquisas Espaciais

(Inpe) informou que as queimadas na

região atingiram o recorde, com mais

de 16 mil focos de incêndio.

As queimadas de 2020 já destruí-

ram mais de 2 milhões de hectares na

região, o que corresponde a 15% do

bioma. Em relação ao último ano, o

aumento é assustador: mais de

60,8% de queimadas em nove meses.

A região possui um bioma riquís-

simo, concentrando milhares de es-

pécies de animais, vegetação típica e

ainda é base de economia para a

população local por meio do turismo,

das atividades pesqueiras e a ocor-

rência da pecuária.

De acordo com a professora de

Geografia e Atualidades do Colégio

Oficina do Estudante, Andreza Ber-

nardi, os impactos que estão sendo

causados no Pantanal podem ser

irreversíveis. “Apesar de haver a

possibilidade de regeneração da flora

em algumas localidades, a perda de

extensas áreas com cobertura vegetal

causa queda na evapotranspiração,

aumento dos poluentes na atmosfera

e perda da diversidade vegetal”,

afirmou.

Animais estão morrendo, pessoas

estão sendo desabrigadas e a fumaça

das queimadas já atingem as cidades,

sendo extremamente prejudicial à

saúde humana. Com isso, a situação

do Pantanal, assim como dos biomas

Amazônia e Cerrado, que também

estão sofrendo com as queimadas

neste período, é muito preocupante.

Importância do Pantanal

O Pantanal é um dos biomas mais

importantes do Brasil e do mundo e é

extremamente rico quando se trata da

fauna brasileira. A região abriga

grande parte dos animais existentes

no país, com mais de 1,2 mil espécies

de animais nativos e dezenas deles

em extinção.

Em suas dimensões, o Pantanal

chega a cerca de 220 mil km², sendo

que 120 mil km² estão em solo

brasileiro, nos estados do Mato

Grosso do Sul (65%) e Mato Grosso

(35%), na região Centro-Oeste. O

Pantanal também abrange os países

da Bolívia e Paraguai, que fazem

fronteira com a região.

A importância do Pantanal, além

da fauna e de sua rica vegetação,

também se destaca como uma das

áreas contribuintes para a redução do

aquecimento global, já que sua

capacidade de absorção do carbono

ajuda a conter o efeito estufa. As

características do local levaram a

Organização das Nações Unidas para

a Educação, a Ciência e a Cultura

(Unesco) a considerar o Pantanal

como Patrimônio Natural e Reserva

da Biosfera Mundial.

Causas dos incêndios

Essa é uma região que possui

duas estações climáticas muito bem

definidas. Ocorre o verão, com

grandes chuvas, tempo úmido e

inundação das planícies. A outra

estação, o inverno, tem poucas

chuvas, a umidade do ar fica muito

baixa e o clima extremamente seco.

É no período do inverno que as

queimadas costumam surgir em maior

número, já que o tempo seco facilita

para que os incêndios possam se

propagar. No entanto, as ações do

homem também interferem no

aumento das queimadas, agravando

ainda mais a situação.

Por isso, as origens do fogo no

Pantanal são causadas tanto pelos

aspetos naturais da região como

pelas atividades exercidas pelo

homem no local, principalmente pelo

desmatamento e da transformação de

áreas vegetais em pastos para a

prática agropecuária.

Segundo a professora Andreza

Bernardi, muitos dos atuais incêndios

no Pantanal têm causas humanas,

geralmente relacionadas ao

desenvolvimento e à expansão de

atividades agropecuárias: prática da

queima da área de pastagem,

incêndios em equipamentos agrícolas

e fogo nas raízes das árvores para

extração de mel. Mesmo que essas

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atividades sejam frequentes na

região, muitas vezes são feitas de

forma ilegal e as consequências têm

sido grandes.

“Apesar de o fogo poder ser

utilizado em alguns casos, como

forma de manejo, há a necessidade

de autorização prévia dos órgãos

públicos competentes para utilização

da técnica, fato que tem sido

negligenciado”, informou a

professora.

Neste ano, o clima registrado foi

ainda mais seco que o de costume,

assim como o nível de chuvas muito

abaixo. Consequentemente, houve a

contribuição do aumento das

queimadas, chegando ao número

recorde informado pelo Inpe.

Dos mais de 2 milhões de hectares

queimados, 1,2 milhão está registrado

no Mato Grosso e mais de 1 milhão

no Mato Grosso do Sul. O aumento

começou a se tornar mais

preocupante em julho, quando a

umidade do ar era registrada abaixo

de 10%. Neste período, queimadas

começaram a ser registradas em

propriedades privadas da região.

Fauna e os impactos

Uma das maiores preocupações

com os incêndios na região do

Pantanal está ligada à sua riquíssima

fauna. Por conter espécies raras de

animas, a região já sofre com fatores,

como a caça e a pesca, que, mesmo

proibidas em algumas situações,

ainda são frequentes no local e

contribuem para a extinção de alguns

animais.

Com os incêndios, muitos animais

estão morrendo queimados ou por

falta de alimentação e água. Além

disso, os hábitats estão sendo

perdidos e o ecossistema da região

sofrendo alterações. De acordo com a

professora de biologia, Paula Gadioli,

as consequências virão em médios e

longos prazos.

“A preocupação não é apenas com

a morte direta dos animais

incinerados ou mortos por asfixia,

mas também com as consequências

a médio e longo prazo, já que com a

destruição de seus hábitats há uma

consequente alteração das popula-

ções, uma vez que as queimadas

estão eliminando as fontes de

alimento, bem como os locais de

abrigo, repouso e reprodução dos

animais”, afirma.

Entre toda a atual situação

enfrentada pelas queimadas na

região, a professora também relem-

brou a presença do Parque Estadual

Encontro das Águas. No local há a

maior concentração de onças

pintadas do mundo e mais de 80% do

território foi destruído pelas

queimadas, de acordo com dados da

ONG SOS Pantanal.

“A onça pintada (Panthera onca) é

um dos animais em risco de extinção,

juntamente com a onça parda (Puma

concolor), que já sofriam com a caça

punitiva. Além destes, o cervo-do-

pantanal (Blastocerus dichotomus), a

arara-azul (Anodorhynchus hyacin-

thinus), a ariranha (Pteronura brasi-

liensis) e o lobo-guará (Chrysocyon

brachyurus) também estão nas listas

de ameaçados de extinção”,

comentou Paula.

Fumaça e a população

Um outro fator preocupante é a

fumaça proveniente das queimadas.

Nos últimos dias, algumas cidades, já

incluindo também a região Sul e

Sudeste do país, relataram que houve

uma chuva de tom escuro.

De acordo com o Inpe, essas

partículas de fumaça são liberadas na

atmosfera e levadas pelos ventos

para as demais localidades. No

entanto, além do Pantanal, a Ama-

zônia e o Cerrado também têm

sofrido com queimadas, contribuindo

mais ainda para a ocorrência desse

tipo de fenômeno.

Essa fumaça que chega às cida-

des é altamente prejudicial à saúde

da população. Podem acarretar novas

doenças ou piorar quadros de situa-

ções já existentes, como até mesmo a

situação de pandemia do coronavírus.

“As queimadas podem liberar

diferentes gases tóxicos, como óxidos

de nitrogênio, hidrocarbonetos, monó-

xido de carbono e dióxido de enxofre,

além de material particulado. Essas

substâncias podem causar problemas

a curto, médio e longo prazo, provo-

cando desde problemas oftálmicos,

doenças dermatológicas, cardiovas-

culares e pulmonares, até câncer,

devido aos efeitos carcinogênicos de

substâncias tóxicas liberadas”,

informou a professora de biologia.

Além disso, as queimadas alteram

totalmente as questões ambientais

como a temperatura, o que pode

influenciar na vegetação, populações

animais e, consequentemente, na

distribuição de insetos vetores de

doenças.

Já nas áreas atingidas pelo fogo,

além dos animais, os moradores

ribeirinhos também são diretamente

afetados, ficando desabrigados e

necessitando, em alguns casos, de

serem resgatados.

Disponível em: https://vestibular.brasilescola.uol.com.br/atualidades/queimadas-no-pantanal-causas-e-impactos-no-meio-ambiente.htm

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ATIVIDADES:

1. Qual a polêmica entre INPE e governo a respeito das queimadas nos últimos anos?

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2. Cite e explique duas causas para as queimadas recentes no Pantanal. (2,0)

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