aposthwm parasito parte i - entamoebas r1

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  • 7/25/2019 ApostHWM Parasito Parte I - Entamoebas R1

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    Apostila de Parasitologia Humana Parte I Protozorios Profa. Heloisa Werneck de Macedo

    Captulo 3 - Entamoebas 1

    PROTOZORIOS INTESTINAIS

    ENTAMOEBA HISTOLYTICA/DISPAR

    INTRODUO

    A amebase definida como a infeco do homem pela E. histolytica, com

    ou sem manifestao clnica. Durante aproximadamente um sculo, foi aceita como

    uma nica espcie, ao contrrio de estudos recentes baseados em evidncias

    bioqumicas (diferenas encontradas no perfil enzimtico), imunolgicas (anticorpos

    monoclonais obtidos com a utilizao de protenas purificadas da superfcie da

    ameba), genticas (diferenas no DNA genmico e ribossomal das diferentesespcies) e pelas diferentes formas clnicas apresentadas pela doena. Na amebase,

    90% dos indivduos infectados so assintomticos ou apresentam o quadro clnico

    conhecido como colite no disentrica. Estudos que tiveram incio na dcada de 80

    demonstram a exemplo do que foi observado por Brumpt, em 1925 ser E.

    histolytica no uma nica espcie, mas um complexo formado por duas espcies

    morfologicamente idnticas. Uma delas, patognica e invasiva, possuindo diversos

    graus de virulncia e produzindo diferentes formas clnicas da doena, foi denominada

    E. histolytica. A outra espcie seria E. dspar, no-invasiva, um patgeno no

    virulento, podendo em alguns casos produzir eroses na mucosa intestinal, sem no

    entanto invadi-la. Esta ameba seria responsvel pela maioria dos casos

    assintomticos e por aqueles com colite no-disentrica. A proposio das duas

    espcies, aceita pela maioria dos pesquisadores, foi acatada pela Organizao

    Mundial de Sade em 1997, por ocasio do encontro de pesquisadores em amebase

    realizado no Mxico, ficando portanto E. histolyticacomo sendo um complexo formado

    por E. histolytica(Schaudinn, 1903) e por E. dispar(Brumpt, 1925).

    A amebase uma doena de distribuio geogrfica mundial, com

    predominncia nas regies tropicais e subdesenvolvidas onde as condies de higiene

    e socioeconmicas so precrias. Calcula-se que entre 5 a 50% da populao mundial

    tenha Entamoeba histolytica/dspar na luz intestinal, variando segundo as regies.

    Esse parasito pode atuar como comensal ou provocar invaso de tecido originando

    formas intestinais (intestino grosso) e extra-intestinais. Cerca de 10% exibem

    sintomas clnicos que vo desde os no especficos de doena gastrintestinal at

    disenteria, colite e ameboma. De 2 a 20 % dos indivduos sintomticos progrediro

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    para invaso extra-intestinal e formao de abscesso, especialmente do fgado.

    Estima-se que entre 40.000 a 110.000 bitos anualmente se devem amebase, o que

    colocaria esta protozoonose como a segunda causa de mortalidade depois da malria,

    dentre as parasitoses humanas.

    No Brasil a prevalncia varia de 2 a 50%, sendo alta em algumas cidades

    como Manaus, Belm, Joo Pessoa e Porto Alegre. Tambm alta nos estados da

    BA, MG, RS e SP.

    Nos Estados Unidos existem grupos de alto risco como viajantes,

    imigrantes e trabalhadores. Alguns pases tm uma incidncia elevada de amebase

    extra-intestinal (ndia, Mxico, Tailndia, Oriente Mdio, Norte da frica).

    MORFOLOGIA

    Trofozotos ou formas vegetativas

    - Preparaes a fresco

    As formas invasoras dos tecidos representam a fase mais ativa do desenvolvimento da

    Entamoeba. Seu dimetro varia de 20 30 micra; as amebas grandes so raras e

    somente so encontradas em casos muito agudos de disenteria.

    Um carter muito tpico da ameba viva a sua grande atividade com

    formao em sucesso rpida de longos pseudpodes, constitudos muitas vezes de

    maneira quase instantnea e com violncia, por assim dizer, explosiva. S podemos

    ver essa atividade em uma poro de muco ainda fresco e quente, ou em culturas.

    Algumas vezes a extremidade posterior apresenta-se rugosa e a ela aderem bactrias

    e outros restos celulares. Estes movimentos energticos da E. histolyticaconstituem

    um dos caracteres mais importantes para distingui-la da E. coli no diagnstico. Em

    culturas, entretanto, as diferenas de locomoo entre as duas amebas in vitro, so

    muito menos distintas.

    O carter tpico da Entamoeba histolytica/dispar seu ectoplasma, que se

    apresenta como um anel claro, largo e hialino e que se distingue bem, por contraste,

    do endoplasma granuloso. Esse ectoplasma bem visvel um timo carter para adistino daE. colionde tal no se observa.

    Os pseudpodos so formados por ectoplasma e aparecem como

    projees hialinas do corpo do parasito, dentro das quais corre o endoplasma. No

    endoplasma encontram-se alm do ncleo e vacolos digestivos, numerosos grnulos.

    Os vacolos digestivos englobam os eritrcitos, que se mostram esfricos e

    so achatados e menores do que os eritrcitos normais. Segundo alguns autores o

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    Captulo 3 - Entamoebas 3

    que caracteriza a ameba invasiva a presena de eritrcitos; assim, amebas

    apresentando todos os outros caracteres mas sem glbulos vermelhos no seu interior,

    no podem ser consideradas trofozoitas histolticos.

    Quanto ao ncleo, geralmente invisvel nas amebas expulsas

    recentemente, torna-se visvel medida que o parasito degenera. Nas entamoebas

    ativas, movimentando-se rapidamente, o ncleo constantemente muda de posio e

    dificilmente visvel, mas nos organismos quiescentes podem ser vistos como um anel

    delgado, composto de grnulos refrativos.

    - Preparaes coradas

    Obtm-se melhores resultados quando os preparados so feitos imediatamente aps a

    defecao, ou no mximo at 15 min. aps a eliminao das fezes, pois muitas

    modificaes se processam na morfologia deste organismo, especialmente no que se

    refere estrutura do ncleo, se a fixao e a colorao forem retardadas. Pelahematoxilina frrica, o citoplasma cora-se em acinzentado ou azulado e as estruturas

    nucleares em negro. A membrana nuclear mostra-se como uma linha delicada, negra,

    revestida na superfcie interna por uma camada de grnulos diminutos de cromatina,

    de tamanho uniforme, e separados por pequeninos intervalos. Essa outra

    caracterstica diferencial da E. coli. na qual o ncleo apresenta uma cromatina

    grosseira e irregular e o cariossoma grande e excntrico. Apresenta-se o cariossomo

    como um pequeno ponto negro, algumas vezes um pouco deslocado do centro do

    ncleo, onde est geralmente situado. Cercando o cariossomo, observa-se um halo

    esbranquiado, podendo no raro, assemelhar-se a uma cpsula.

    Formas pr-csticas

    Antes de se encistar, a forma trofozoto perde sua mobilidade, expulsa

    material fagocitado e toma a forma oval ou esfrica. A fresco mostram-se como

    minsculos corpos arredondados, emitindo pseudpodes pequenos e o citoplasma

    livre de resduos alimentares ou vacolos. No citoplasma notam-se freqentemente,

    corpsculos refrateis em forma de bastonete, com as extremidades arredondadas, denatureza idntica aos corpos cromatides que aparecem nos cistos destes

    organismos.

    Formas csticas

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    As formas pr-csticas transformam-se em csticas pelo desaparecimento

    dos vacolos digestivos e produo do vacolo de glicognio seguido dos corpos

    cromatides e finalmente forma-se a parede cstica delicada de duplo contorno.

    A fresco os cistos mostram-se como corpsculos hialinos, geralmente

    esfricos, medindo entre 10 a 18 micra. A parede delgada e mostra-se de duplo

    contorno, sendo os ncleos dificilmente visveis fresco. Inicialmente eles contem um

    ncleo medindo cerca de 4 a 5 micra. Situa-se perto da margem do cisto, assim

    deslocado por um grande vacolo que contm glicognio, corando em castanho

    avermelhado pelo lugol, contrastando nitidamente do citoplasma que cora em amarelo.

    A estrutura do ncleo igual da forma vegetativa: apresenta um pequeno

    cariossomo central, como um ponto negro, medindo cerca de 0,5 micra, algumas

    vezes um pouco deslocado do centro do ncleo. A membrana nuclear revestida de

    grnulos de cromatina regulares.

    Por diviso o cisto uninucleado torna-se binucleado e finalmentequadrinucleado. Em cistos mono e binucleados pode-se observar um largo vacolo

    (vacolo de glicognio), to grande s vezes que desloca o ncleo para um dos lados.

    medida que o cisto amadurece e o ncleo se divide, este vacolo desaparece, no

    sendo mais encontrado nos cistos quadrinucleados.

    Os corpos cromatides so constitudos por massas densas de

    ribonucleoprotena (RNA). Na E. histolytica/dispar seu nmero varia de 1 a 4 e se

    coram em negro intenso pela hematoxilina frrica. So tambm denominados de

    corpos cromatides ou corpos siderfilos (amigos do ferro), pois se coram bem pela

    hematoxilina frrica. Variam no comp. de 5-10 micra, mas podem ocorrer formas +

    longas. Tais corpos so mais raramente encontrados na E. coli onde apresentam

    aspecto diferente.

    No possvel diferenciar E. histolyticade E. disparatravs da morfologia.

    A diferenciao pode ser feita, atravs do perfil eletrofortico de isoenzimas da via

    glicoltica destas amebas. Contudo este diagnstico exige a prvia cultura destes

    organismos, o que torna o mtodo pouco eficaz, para prtica em laboratrios clnicos.

    O diagnstico atravs de tcnicas de biologia molecular (PCR) tem-se mostrado

    sensvel e especfico, havendo diferentes regies no genoma destas amebas que seprestam a este fim. No entanto, tambm ainda difcil de ser utilizado rotineiramente.

    Promissores so os mtodos de diagnstico baseados na pesquisa de anticorpos ou

    coproantgenos especficos para as duas amebas, atravs de reao de ELISA. O

    exame parasitolgico de fezes (EPF) continua sendo o mais utilizado e baseia-se na

    morfologia das amebas. No sendo possvel a distino entre as duas, o diagnstico

    positivo para cistos semelhantes E. histolyticadeve assinalar a presena de cistos

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    Apostila de Parasitologia Humana Parte I Protozorios Profa. Heloisa Werneck de Macedo

    Captulo 3 - Entamoebas 5

    de E.histolytica/dspar. Para o clnico, a infeco por E. histolyticaser sugestiva na

    presena de: trofozotos com eritrcitos ingeridos, indicando invaso dos tecidos; altos

    ttulos de anticorpos em indivduos sintomticos com EPF positivo.

    MOROLOGIA DE OUTRAS ESPCIES

    Endolimax nana (Wenyon & OConnor, 1917)

    a menor ameba que vive no homem. O trofozoto mede 10 12

    micrmetros (m), com o citoplasma claro, membrana nuclear fina e sem gros de

    cromatina, cariossoma grande e irregular. O cisto mede 8 m; oval contendo quatro

    ncleos pequenos; s vezes podem ser vistos corpos cromatides pequenos e

    ovides. uma ameba comensal, vivendo na luz da regio clica do homem e de

    alguns primatas.

    Iodamoeba butschii (Prowazek, 1911)

    uma ameba pequena, medindo cerca de 10 15 m, tanto o cisto como o

    trofozoto. muito comum entre ns, mas no patognica. O ncleo tem membrana

    espessa e no apresenta cromatina perifrica; o cariossoma muito grande e central.

    O cisto possui um s ncleo e um grande vacolo de glicognio que, quando corado

    pelo lugol, toma a cor castanho-escura. uma ameba comensal de ceco e colo do

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    Captulo 3 - Entamoebas 6

    homem. encontrada em vrias espcies de primatas e no porco, mas parece que as

    formas desses animais infectam o homem e vice-versa.

    Entamoeba coli (Grassi, 1879)

    O trofozoto mede cerca de 20 a 50 m, o citoplasma no diferenciado

    em endo e ectoplasma; o ncleo apresenta a cromatina grosseira e irregular e o

    cariossoma grande e excntrico. O cisto apresenta-se como uma pequena esfera

    medindo 15 20 m, contendo at oito ncleos, com corpos cromatides finos,

    semelhantes a feixes ou agulhas.

    Entamoeba hartmani (Prowazek, 1912)

    pequena, medindo 7 a 12 micrmetros, com ecto e endoplasma

    diferenciados. A estrutura nuclear, na maioria dos casos, semelhante da E.

    histolytica; s vezes, a cromatina apresenta-se grosseira e irregular. O cariossoma

    pequeno (puntiforme), s vezes visto no centro do ncleo, porm mais comumente

    visto em posio ligeiramente excntrica. A cromatina apresenta-se em crescente, em

    1/3 das formas. Os cistos medem 5 a 10 micrmetros de dimetro, apresentando

    quatro ncleos. A estrutura nuclear dos cistos semelhante dos trofozotos, embora

    os ncleos sejam menores e a cromatina mais fina. Os corpos cromatides sogeralmente pequenos, arredondados ou quadrados. uma ameba difcil de cultivar e

    vive como comensal na luz do intestino grosso.

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    CICLO EVOLUTIVO

    Nos portadores de parasitos e no curso de perodos de latncia de uma

    infeco crnica, a entamoeba vive como comensal na luz do intestino, nutrindo-se de

    bactrias e detritos diversos; estas formas vegetativas ou trofozoticas do formas pr-

    csticas, servindo estas ltimas como estgio de resistncia que assegura a

    transmisso de um hospedeiro para outro.

    Em grande nmero de portadores, as entamoebas vivem como comensais

    e no determinam nenhuma leso intestinal; em certas circunstncias, entretanto,

    podem elas penetrar na parede intestinal, transformando-se em organismos invasores

    dos tecidos, representando um estgio transitrio de virulncia, que aparece nas fases

    agudas da infeco. Esses trofozoitas se diferenciam por englobarem hemcias. A E.

    histolyticapode invadir vrias outras vsceras e determinar necroses, como no fgado,

    mais freqentemente e mais raramente no bao, crebro e pulmo.

    O cisto sendo ingerido pelo hospedeiro, atravessa todo o tubo

    gastrintestinal, indo desencistar-se nas regies ileocecal do intestino grosso.

    A ameba move-se continuamente dentro do cisto at conseguir perfurar sua

    parede. O orifcio escape muito pequeno, de modo que aps a sada da ameba, a

    casca vazia parece estar intacta, no sendo encontrado nenhum vestgio do poro.

    E. histolyticase desencista em meio pobre de oxignio e a flora redutora

    favorvel a esse desencistamento. Cada cisto d origem a 4 trofozoitos metacsticosuninucleados, que comeam a se multiplicar por diviso binria.

    D-se a nutrio das amebas por englobamento de partculas

    alimentares no seu protoplasma, processo realizado por meio de pseudpodos

    que envolvem tais partculas. Tambm podem nutrir-se pelo processo de

    pinocitose.

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    Captulo 3 - Entamoebas 11

    As amebas so capazes de vencer a barreira epitelial ntegra, no sendo

    necessrio haver soluo de continuidade para se dar esta invaso.

    Para que a E. histolytica seja capaz de provocar leses intestinais so

    necessrios alguns fatores tais como: viabilidade dos cistos ingeridos; nmero de

    cistos ingeridos; presena de flora redutora (anaerobiose); colonizao do trofozoito;

    patogenicidade da cepa; resistncia do epitlio intestinal.

    As bactrias so necessrias para que a ameba sobreviva e colonize, bem

    como manifeste suas propriedades patognicas, porm no necessria a presena

    de bactrias que lesam a mucosa.

    A disenteria amebiana manifesta-se com um quadro de disenteria aguda,

    com a presena de muco e sangue nas fezes que, dependendo da gravidade do caso,

    pode levar o paciente a mais de 28 evacuaes por dia. O paciente apresenta dores

    abdominais, nuseas vmitos e tenesmo, com uma evoluo que pode assemelhar-se

    da disenteria bacilar.As caractersticas das fezes merecem ateno da diferenciao da

    disenteria bacteriana. As fezes amebianas tpicas so cidas, pH 5,5 a 6,0, com pouco

    exudato celular, algumas ou numerosas hemcias degeneradas e, na sua maioria,

    aglutinadas, algumas clulas epiteliais, alguns neutrfilos, numerosos resduos

    picnticos e poucas bactrias.

    A presena de cristais de Charcot Leyden hoje, no to valorizada, uma

    vez que podem aparecer em outras infeces por parasitos intestinais.

    J na disenteria bacilar as fezes tpicas so diarricas e alcalinas, com

    pouco material fecal e abundante exudato celular. As hemcias geralmente so

    ntegras, observam-se numerosos neutrfilos polimorfonucleares e clulas epiteliais,

    alguns resduos picnticos, muitas bactrias e macrfagos. Porm as duas podem

    coexistir.

    Colite no-disenterica

    Manifesta-se com evacuaes diarricas ou no. As fezes so pastosas ou

    semilquidas, contendo muco e pouco sangue. O portador faz at 5 evacuaes por

    dia, ocorrendo freqentemente perodos de funcionamento intestinal normal comalternncia de perodo diarrico. O paciente sente desconforto abdominal, com clicas

    localizadas e flatulncia, podendo ocorrer perodo de constipao intestinal com dores

    abdominais devido reteno das fezes. No sendo tratado o paciente volta a

    apresentar sintomas de disenteria amebiana aguda, seguindo-se um outro perodo de

    latncia e nova recada disentrica.

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    Captulo 3 - Entamoebas 12

    Amebase extra-intestinal

    Heptica: a mais comum e importante das complicaes da amebase intestinal a

    necrose coliquativa do fgado, formando o abscesso heptico, pois neste rgo que

    ocorre com freqncia, as metstases amebianas. Com a chegada das amebas ao

    fgado, o rgo sofre uma congesto, havendo aumento de suas dimenses. Temos

    assim, como primeiro estgio da leso, uma hepatite difusa aguda, cujo diagnstico

    clnico diferencial deve ser feito em relao a uma colecistite aguda, lcera pptica ou

    apendicite. Obtm-se em geral histria de uma disenteria e em muitos casos

    demonstram-se amebas nas fezes.

    Ajudam o diagnstico o fgado palpvel, perda de apetite, fraqueza geral e

    febre. Como no intestino, a leso tecidual de citlise e de necrose de coagulao.

    Quanto idade e sexo, os adultos so mais atingidos que as crianas,

    assim como os homens muito mais que as mulheres.Cutnea: determina destruio e necrose extensa. Em geral as observaes de

    amebase cutnea se referem a pacientes que apresentavam, alm de uma amebase

    intestinal, leses cutneas ou cutaneomucosas de vrias origens (papilomas,

    furnculos, fstulas, fissuras etc). A amebase cutnea pois secundria e o parasito

    s pode proliferar na pele lesada, pois parece que a pele s no permite seu

    desenvolvimento.

    Pulmonar: a ameba pode atingir o pulmo principalmente por contigidade. A

    propagao d-se diretamente de uma leso heptica ao pulmo. Como sempre,

    desenvolve a sua ao por citlise e necrose, com reao vascular em torno e exudato

    fibrinoso. A massa necrtica delimitada, nos casos favorveis, por tecido conjuntivo

    formando parede fibrosa. Outras vezes um brnquio pode ser atingido, sobrevindo

    infeco bacteriana secundria.

    Nervosa: rara e sempre secundria leso do fgado ou do pulmo.

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    Captulo 3 - Entamoebas 13

    DIAGNSTICO LABORATORIAL

    O diagnstico laboratorial de E. histolytica feito tradicionalmente atravs

    do Exame Parasitolgico de Fezes (EPF), em que geralmente se encontram cistos em

    fezes consistentes e trofozotos em fezes diarricas ou semidiarricas.

    O exame de uma nica amostra de fezes muitas vezes no leva a um

    diagnstico definitivo, uma vez que o nmero de cistos liberados varia muito nos

    portadores.

    Nas fezes diarricas, o tempo decorrente da coleta realizao do exame,

    tem sido um fator que dificulta o diagnstico devido natureza frgil das amebas.

    A inexperincia tcnica tem registrado erros no diagnstico de E.

    histolytica, j que falsos resultados negativos tm sido observados quando parasitos

    presentes nas fezes no so identificados e falsos resultados positivos ocorrem

    quando leuccitos, outras amebas, clulas sangneas ou artefatos so identificadoserroneamente como E. histolytica.

    Pesquisa direta de parasitos nas fezes

    Mtodo direto a fresco utilizando salina a 37oC

    Tem como objetivo pesquisar formas mveis de amebas nas fezes. Deve

    ser realizada toda vez que amostras pastosas ou diarricas com muco e sangue

    chegarem ao laboratrio, antes de decorridos 30 minutos da sua coleta.

    A identificao dessa entamoeba no deve ser feita somente por esse mtodo, sendo

    importante o uso de colorao permanente para um diagnstico mais seguro.

    Mtodo direto a fresco corado pelo azul de metileno

    Tem por objetivo pesquisar formas vegetativas procurando evidenciar suas

    estruturas citoplasmticas e nucleares.

    Mtodo de colorao pela Tionina

    Bons resultados para trofozotos e cistos, de fcil execuo, prtico e

    seguro. O material fixado em MIF ou SAF.

    Mtodo de colorao pelo TricrmioOferece resultados satisfatrios com fezes recentes e fixadas pelo

    Schaudim ou SAF e identifica cistos e trofozotos.

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    Captulo 3 - Entamoebas 14

    Mtodo de colorao pela Hematoxilina frrica

    As estruturas nucleares tm grande afinidade pelos corantes bsicos. Esse

    mtodo utilizando fezes preservadas , sem dvida, o mtodo que maior segurana

    oferece na identificao e no diagnstico de E. histolytica.

    Pesquisa de cistos nas fezes pelo Mtodo de Faust

    Fundamenta-se na diferena de densidade em que os cistos flutuam

    quando tratados com uma soluo de sulfato de zinco. Corar pelo lugol.

    Pesquisa de cistos pelos mtodos de sedimentao

    Fundamenta-se na sedimentao espontnea em gua. Corar pelo lugol.

    Pesquisa de amebas nos tecidos

    Coleta do material por bipsia, durante a retossigmoidoscopia, e examinado

    diretamente a fresco e aps colorao.

    Pesquisa de amebas em exudatos

    Pesquisa das formas vegetativas em escarro, vmitos, e em material

    coletado por puno de abscesso heptico. A amostra dever ser examinada a fresco

    e corada pela Hematoxilina frrica.

    Mtodos imunolgicos

    As tcnicas imunolgicas mais utilizadas atualmente so: Hemaglutinao

    indireta, Fixao de complemento, Aglutinao em ltex, Imunofluorescncia indireta e

    ELISA, que a mais usada, muito sensvel e apresenta ttulos de anticorpos altos no

    soro dos pacientes portadores de amebase heptica, com ttulos menores na

    amebase intestinal invasiva, porm no apresentando ttulos significativos na

    amebase no-invasiva.

    Os testes imunolgicos so positivos em 95% dos pacientes com abscesso

    heptico, em 70% dos com amebase intestinal invasiva e em 5% daqueles queportam o parasito mas no tem a doena.

    Hemaglutinao e Fixao de complemento: so muito sensveis mas deixam dvida

    se a infeco antiga ou recente, uma vez que no se pode avaliar se os anticorpos

    pesquisados so decorrentes da infeco aguda ou crnica.

    Aglutinao do Ltex: cara e menos sensvel que o anterior.

  • 7/25/2019 ApostHWM Parasito Parte I - Entamoebas R1

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    Apostila de Parasitologia Humana Parte I Protozorios Profa. Heloisa Werneck de Macedo

    Captulo 3 - Entamoebas 15

    Imunofluorescncia indireta: boa sensibilidade e especificidade, mas os ttulos so

    baixos em todas as fases da amebase ulcerada.

    ELISA: o mais usado, fcil, sensvel e apresenta ttulos de anticorpos altos no soro dos

    pacientes portadores de amebase heptica, com ttulos menores na amebase

    intestinal, porm no apresentando ttulos significativos na amebase no-invasiva.

    Atualmente foram desenvolvidas tcnicas para a pesquisa de coproantgenos nas

    fezes, com alta sensibilidade e especificidade e que permitem diferenciar E. histolytica

    de E. dispar.

    TRATAMENTO

    Amebicidas de contato: apresentam escassa absoro, no se difundem para outros

    tecidos, permanecendo em grandes concentraes na luz do intestino.

    Derivados Dicloracetamdicos

    Drogas Posologia Durao (dias)

    Adultos Crianas

    Teclosan 500 mg (12/12h) 500 mg (12/12h) 3

    Etofamida 500 mg (12/12h) 100 mg (12/12h) 3

    Amebicidas tissulares: aps a absoro so absorvidos plenamente no intestino,

    difundindo-se para todos os tecidos invadidos pela E. histolytica.

    Derivados Nitroimidazlicos

    Drogas Posologia Durao (dias)

    Adultos Crianas

    Metronidazol 750 mg (8/8h) 50 mg/Kg (8/8h) 10

    Tinidazol 2g/dia 50 mg/Kg/dia 2Secnidazol 2g/dia 30 mg/Kg/dia 1

    Abscesso heptico amebiano: metronidazol inicialmente via venosa (500 mg a cada

    8 horas) e em seguida por via oral (750 mg cada 8 horas).