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Aposentadoria Especial dos Deficientes: Aspectos Legais, Processuais e Administrativos

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Aposentadoria Especial dos Deficientes:

Aspectos Legais, Processuais e Administrativos

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AdriAno MAuss José ricArdo cAetAno costA

Aposentadoria Especial dos Deficientes:

Aspectos Legais, Processuais e Administrativos

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EDITORA LTDA.

Rua Jaguaribe, 571 CEP 01224-001 São Paulo, SP — Brasil Fone (11) 2167-1101 www.ltr.com.br Agosto, 2015

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Índice para catálogo sistemático:

Todos os direitos reservados

Produção Gráfica e Editoração Eletrônica: R. P. TIEZZI X Projeto de Capa: FÁBIO GIGLIO Impressão: GRAPHIUM GRÁFICA E EDITORA Versão impressa — LTr 5329.9 — ISBN 978-85-361-8579-8 Versão digital — LTr 8794.7 — ISBN 978-85-361-8564-4

Mauss, Adriano

Aposentadoria especial dos deficientes: aspectos legais, proces-suais e administrativos / Adriano Mauss, José Ricardo Caetano Costa. — São Paulo : LTr, 2015.

Bibliografia

1. Aposentadoria especial 2. Aposentadoria especial — Legislação — Brasil 3. Benefícios (Direito previdenciário) — Brasil 4. Deficientes — Direitos — Brasil 5. Deficientes — Leis e legislação — Brasil 6. Direito previdenciário — Brasil 7. Previdência social — Legislação – Brasil I. Costa, José Ricardo Caetano. II. Título.

15-06127 CDU-34:368.415.6:368.43(81)

1. Brasil : Deficientes : Benefícios do INSS : Direito previdenciário 34:368.415.6:368.43(81)

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Agradecimentos

Agradeço primeiramente a Deus, pela minha existência e pela capacidade de aprender.

Agradeço a minha família, minha amada esposa Eliane, e minhas queridas filhas Manuela e Carolina, as quais são a razão de minha vida.

Agradeço, por fim, a meus colegas de INSS, principalmente a Ivali Gorgen, que me auxiliou, através de várias conversas, na árdua tarefa de interpretar os instrumentos periciais utilizados para análise do grau de deficiência.

Adriano Mauss

Agradecimentos

À Ana Maria Isquierdo, esposa, companheira, guerreira incansável na defesa dos direitos sociais dos menos

favorecidos. Pela sua intolerância com a injustiça social, pela sua branda ternura que a todos contagia. Por estar sempre

presente em todos os momentos desta (e outras) vidas.

José Ricardo Costa

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Sumário

Apresentação ..............................................................................................11

Prefácio ........................................................................................................13

Introdução ...................................................................................................15

Capítulo I — A Proteção ao Deficiente

1.1. Os deficientes ao longo da história: antiga, medieval e moderna ............17

1.2. A contribuição das declarações internacionais e da OIT na proteção das pessoas com deficiências ........................................................................20

1.3. Evolução do conceito e compreensão da deficiência no direito brasileiro .24

Capítulo II — Dos novos direitos estabelecidos pela Lei Complementar n. 142/2013

2.1. A importância do judiciário na efetivação do direito à aposentadoria especial dos deficientes ..........................................................................27

2.2. Lei Complementar n. 142/2013: preliminares .........................................29

2.3. A Convenção de Nova Iorque (2007) e a classificação internacional de funcionalidade, incapacidade e saúde (OMS-2001) e suas implicações no direito brasileiro ......................................................................................30

2.4. A adoção do modelo biopsicossocial na dinâmica da aposentadoria es- pecial dos deficientes ..............................................................................40

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Capítulo III — Critérios para Concessão da Aposentadoria por Idade dos Deficientes

3.1. Da aposentadoria por idade para deficientes ..........................................43

3.2. Critério etário da aposentadoria por idade ..............................................45

3.3. Carência da aposentadoria por idade ......................................................46

3.4. Da deficiência .........................................................................................52

3.4.1. Da análise de casos práticos ..........................................................53

3.5. Aplicação ao segurado especial ..............................................................57

3.6. Critérios de cálculo de salário de benefício ..............................................59

Capítulo IV — Critérios para Concessão da Aposentadoria por Tempo de Contribuição para Deficientes

4.1. Requisito de tempo de contribuição........................................................64

4.1.1. Carência ........................................................................................65

4.1.2. Grau preponderante de deficiência ................................................70

4.2. Formas de conversões do tempo de contribuição ...................................73

4.2.1. Da conversão do tempo de atividade especial nas aposentadorias por tempo de contribuição do deficiente .....................................81

4.2.2. Da redução contributiva do professor ............................................90

4.3. Cálculo do valor do benefício ..................................................................90

4.3.1. Período básico de cálculo ...............................................................91

4.3.2. Cálculo do salário de benefício e da renda mensal inicial da apo- sentadoria por tempo de contribuição do deficiente ....................93

4.3.3. Do fator previdenciário e da alíquota do benefício .........................95

4.4. Possibilidades de concessão da aposentadoria especial ...........................96

Capítulo V — Dos princípios da Reciprocidade entre Regimes Previdenciários e do Benefício mais Vantajoso perante a

LC n. 142/13

5.1. Da contagem recíproca entre regimes previdenciários ............................98

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5.2. Da averbação de tempos de contribuição de RGPS em RPPS ...................99

5.3. Da averbação de períodos de contribuição vertidos para RPPS no RGPS ....100

5.4. Da opção pelo benefício mais vantajoso ...............................................102

Capítulo VI — Da Avaliação Biopsicossocial do Benefício de Aposentadoria dos Deficientes

6.1. Perícia biopsicossocial: notas introdutórias ............................................104

6.2. O repensar da perícia médica tradicional ..............................................105

6.3. A perícia social como parte da avaliação biopsicossocial .......................106

6.4. Os precedentes abertos pela concessão do BPC da LOAS na conforma- ção da perícia biopsicossocial ................................................................118

6.5. Dos critérios estabelecidos pela Portaria Interministerial n. 1/2014 .......121

6.5.1. Análise da história clínica e social ................................................121

6.5.2. Perícia biopsicossocial — análise conjunta: médica e social ...........123

6.5.3. Método Linguístico Fuzzy ............................................................135

6.5.4. Resultado final da avaliação pericial — Graduação das Deficiências .139

6.6. Validação do Método de Avaliação Pericial do IFBrA .............................140

6.7. Crítica ao instrumento de avaliação aplicado pelo INSS .........................143

Capítulo VII — Prática Processual Administrativa

7.1. O ato inicial de requerer o benefício .....................................................146

7.2. A instrução do tempo de contribuição ..................................................146

7.3. Ponto de corte: situação em que o segurado não é submetido à perícia médica .................................................................................................148

7.4. Da remessa do processo a perícia .........................................................150

7.5. Fase decisória .......................................................................................150

7.6. Fase recursal .........................................................................................151

7.6.1. Análise de decisões administrativas recursais do CRPS referente a matéria da LC n. 142 .................................................................152

Capítulo VIII — Aspectos Judiciais Processuais

8.1. Protocolo administrativo e direito de ação ............................................155

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8.2. Justiça competente ...............................................................................156

8.3. A eleição do melhor benefício ..............................................................157

8.4. Petição inicial: idiossincrasias do caso concreto .....................................158

8.5. Valor da causa ......................................................................................159

8.6. Decadência e prescrição .......................................................................159

Conclusões .................................................................................................161

Referências Bibliográficas .........................................................................163

Anexos

Portaria Interministerial SDH/MPS/MF/MOG/AGU n. 1, de 27 de janeiro de 2014 — DOU de 30.1.2014 ..................................................................167

Índice de Funcionalidade Brasileiro Aplicado para Fins de Classificação e Concessão da Aposentadoria da Pessoa com Deficiência (IF-BrA) ..........169

Petições Iniciais ............................................................................................183

Requerimentos Administrativos ....................................................................189

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ApreSentAção

Muito me orgulha propor a apresentação da presente obra e crer que de certa forma posso ter colaborado com a aproximação de duas grandes pessoas: Adriano Mauss e José Ricardo Caetano Costa. Ou vice-versa, como preferirem.

Conheci Adriano Mauss através do interesse comum de desenvolvermos pesquisa no ramo do Direito Administrativo Previdenciário. Naquela época as pequenas Manuela e Carolina ainda não faziam parte de seu cotidiano, e a sua única preocupação, além de me aturar, talvez fosse chefiar os técnicos e analistas da Agência da Previdência Social do município de Carazinho. Tornei-me amigo de um homem sério e dedicado, pessoa que muito admiro, e que desde o princípio demonstrou um senso de preocupação com os rumos da Previdência Brasileira fora do comum.

Já com José Ricardo a relação é um pouco mais antiga. Nosso primeiro con-tato se deu em torno de 2009, quando num sábado de carnaval, já altas horas da madrugada, abdicávamos da serpentina e do confete para nos encontrarmos pela internet, em meio a pesquisas acerca dos benefícios previdenciários. Não tardou para que nossa relação se tornasse uma experiência leal e divertida. Nutro profundo respeito e admiração pela sua pessoa, sentimentos que ele certamente reconhece, pois não faço o menor esforço para escondê-los.

Pois bem. De lá para cá as coisas avançaram. Adriano Mauss vê as pequenas Manuela e Carolina já não tão pequenas assim. Com alicerce em seu Mestrado em Desenvolvimento pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUI) desenvolve um importante trabalho docente e de pesquisa, apresentando-se hoje, sem sombra de dúvidas, como uma das vozes mais respeitadas junto ao Instituto Nacional do Seguro Social quando o assunto envolve o debate do sistema.

Por sua vez José Ricardo, de lá para cá, alcançou o topo da carreira acadêmica ao propor e defender o título de pós-doutoramento em Direito pela Fundação

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Universidade do Rio Grande — FURG. Atualmente, entre as petições e a sala de aula demonstra a maturidade de um grande filósofo, integralmente dedicado a desafiar os meios comuns da docência e da literatura para demonstrar que previdência é coisa séria, não comporta retrocessos e deve ter como norte a dignidade humana.

O advento da Constituição Federal de 1988 foi um divisor de águas para o Direito Previdenciário. A proteção social, que antes do texto de 1988 possuía um viés fragmentário e inseguro, passa a orbitar em torno do ideal da universalidade. Inaugura-se no Brasil o ideal propalado por “Lord Beveridge”, de que a proteção social deve ser garantida “do berço ao túmulo”.

Desde então o sistema previdenciário Brasileiro tem enfrentado inúmeras dificuldades, muitas delas originadas na complicada convivência entre um texto constitucional que muito promete e um sistema infraconstitucional ainda muito ligado ao sistema antigo.

Nesse cenário a presente obra surge com força diante do desafio de abordar a temática relacionada à contingência social e a deficiência. Aborda aspectos pro-cessuais administrativos e judiciais. Conjuga de forma harmônica a teoria com a prática. A visão do advogado e do servidor. Leitura obrigatória para todos aqueles que almejam conhecer o tema e o brilhantismo de dois grandes juristas gaúchos.

Alexandre Schumacher Triches Advogado. Mestre em Direito Previdenciário (PUCSP).

Presidente da Comissão de Previdência Social da OABRS. Conselheiro deliberativo da OABPREV-RS.

Professor e autor de obras de Direito Previdenciário.

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(1) CEZAR, Kátia Regina. Pessoas com deficiência intelectual: inclusão trabalhista — lei de cotas. São Paulo: LTr, 2012. p. 22-23.(2) CEZAR. Pessoas..., cit., p. 78-91.

prefácio

É com grande satisfação que aceitei o convite para prefaciar a mais nova obra de meu “irmão” gaúcho, o respeitado professor e autor de diversos traba-lhos jurídicos importantes, Dr. José Ricardo Caetano Costa, agora escudado pelo Dr. Adriano Mauss, também autor de relevantes obras no Direito Previdenciário, sobretudo no campo árido do processo administrativo.

O trabalho que ora vem a público se destina a tratar da aposentadoria para as pessoas com deficiência, matéria de grande importância social até recente-mente negligenciada pelo legislador, omisso em regulamentar o exercício de um direito fundamental previsto no Texto Constitucional de 1988.

É nessa perspectiva que deve ser compreendida a obra que se tem em mãos: um trabalho academicamente aprofundado e de viés igualmente valioso quanto aos aspectos práticos do exercício desse direito fundamental que consiste na aposentadoria diferenciada para as pessoas com deficiência.

Contextualizando o problema: o trabalho da pessoa com deficiência é per-meado de polêmicas. Discute-se se é o mecanismo de inclusão emancipatório para as pessoas com deficiência ou se o cumprimento dessa exigência, para as empresas, é meramente assistencial e realizado tão somente no intuito de cum-prir regra legal estabelecida pelo art. 93 da Lei n. 8.213/91, que estabelece um percentual de pessoas com deficiência que devem ser empregadas.

Além do preconceito que ainda existe na sociedade em relação à pessoa com deficiência, dados produzidos pelo Ministério do Trabalho revelam que menos de 1% dos empregos formais são ocupados por pessoas com deficiência, sendo que há primazia da contratação de pessoas com deficiências “mais leves” e que tiveram acesso ao ensino médio ou superior(1).

Registre-se também a diferenciação/discriminação salarial que é bastante presente quando da contratação dessas pessoas(2), fator que pode causar grande impacto no momento do cálculo da aposentadoria desses segurados.

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A natureza de direito fundamental da Previdência Social possui característica universalizante e é aperfeiçoada pelo processo de especificação e diferenciação dos direitos fundamentais: a proteção jurídica dos direitos fundamentais deve ser ajustada às específicas situações materiais de cada segmento social, como no caso das pessoas com deficiência.

Ademais, o tratamento previdenciário destinado às pessoas com deficiência não pode ser tratado isoladamente com relação às demais políticas públicas dire-cionadas a essas pessoas, como, por exemplo, cotas de emprego e nos concursos públicos, acessibilidade urbana e promoção da educação e do ensino inclusivo.

Contextualizando a obra: o presente livro parte de uma interessante incur-são histórica sobre o tratamento dado às pessoas com deficiência ao longo da evolução humana para definir, na sequência, a aposentadoria da pessoa com deficiência como legítimo e verdadeiro direito, no sentido de se tratar de norma jurídica exigível, plenamente aplicável e ensejadora de efetivas situações jurídicas em prol dos deficientes, sem que a plena cidadania destes fique à mercê da mera caridade, da filantropia ou da omissão governamental.

A nova obra de José Ricardo Costa e Adriano Mauss faz a necessária crítica à prolongada ausência de regulamentação da norma constitucional (vício de que padecem os direitos sociais em geral) e, a partir desse prisma, traz didáticas explicações sobre os requisitos necessários à aposentadoria para a pessoa com deficiência.

O texto passa com leveza por todos os elementos importantes para o gozo desse direito: carência, tempo de contribuição exigido, aborda a crucial questão da perícia e a interpretação acerca do grau de deficiência, cálculo do valor do benefício e direito à opção por benefício mais vantajoso.

Rica de exemplos, a obra aborda todas as questões técnicas espinhosas relativas ao tema da aposentadoria da pessoa deficiente. Como novidade, suprin-do lacuna importante o panteão de obras previdenciárias brasileiras, fornece ao leitor importantes modelos de petições judiciais e dicas da prática administrativa, tornando-se obra completa e de referência nesta seara. Enfim, leitura obrigatória!

São Paulo, março de 2015.

Marco Aurélio Serau Jr. Mestre e Doutor em D. Humanos (USP).

Professor e autor de inúmeras obras de D. Previdenciário.

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introdução

A presente obra, que ora entregamos ao público, é fruto de nossos esforços na soma de conhecimentos prático-teóricos-acadêmicos, no desenrolar de um benefício que ainda é novo, embora previsto em nosso ordenamento constitucio-nal desde 2005, por força da Emenda n. 47 daquele ano (art. 201, § 1º, CF/88).

De início, é necessário que se diga que a Lei Complementar n. 142/13 foi literalmente gestada a partir das decisões emanadas de nossos Tribunais, especialmente do STJ e STF, obrigando o Poder Executivo a fazer sua parte na regularização desse direito.

Buscando cumprir esta árdua missão, dividimos a obra em oito capítulos, para uma compreensão mais didática dos direitos trazidos pela Lei Complementar referida e seu Decreto Regulamentador (Decreto n. 8.145/13).

No Capítulo I procuramos situar, historicamente, a concepção da deficiência e da pessoa deficiente, a começar pela antiguidade clássica até os dias atuais.

No segundo Capítulo, acenamos para o papel fundamental do Judiciário quando da omissão dos Poderes Executivo e Legislativo, bem como da impor-tância da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (OMS-2001) e da Convenção de Nova Iorque, da ONU (2007), recepcionada pelo Brasil um ano depois, ingressando em nossa ordem jurídica com status de Emenda Constitucional.

No Capítulo terceiro, analisamos os critérios para a concessão da Aposen-tadoria por Idade, enfocando o critério etário, a deficiência, a carência, o critério de cálculo, trazendo casos práticos que elucidam esse benefício.

No Capítulo seguinte, o IV, fizemos a mesma análise, com exemplos práti-cos, no que refere ao benefício da Aposentadoria por Tempo de Contribuição.

No quinto Capítulo, analisamos os critérios para a concessão da Aposen-tadoria Especial, a reciprocidade entre os regimes, a contagem recíproca entre

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os regimes previdenciários (RGPS e RPPS), bem como enfocamos a questão do benefício mais vantajoso.

No sexto Capítulo, aprofundamos o método de avaliação biopsicossocial eleito pela LC n. 142/13 como a forma de verificação da deficiência e de seus níveis: leve, moderado e grave. Neste sentido é que envidamos esforços na compreensão deste novo modelo pericial, envolvendo a perícia médica tradi-cionalmente feita na esfera administrativa e judicial, agregada à perícia social, a cargo de Assistente Social, para verificar os demais fatores extrabiológicos: sociais, pessoais, atitudinais, ambientais, entre outros.

No penúltimo Capítulo trazemos aos leitores a Prática Processual Admi-nistrativa, com seus atos e recursos atinentes ao benefício ora enfocado, e no último Capítulo destinamos à análise de alguns aspectos judiciais processuais que entendemos pertinentes para elucidar este novo benefício.

Cientes da incompletude deste trabalho, certamente aprimorado a partir da leitura e críticas, sempre bem-vindas, entregamos ao público o esforço conjunto fruto da reunião de nossas forças e saberes diversos.

Rio Grande do Sul, inverno de 2015.

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A proteção Ao deficiente

cApítulo i

1.1. Os deficientes ao longo da história: antiga, medieval e moderna

A discriminação e o alijamento da sociedade caminhou junto com a hu-manidade. Lamentavelmente. A Roma antiga nos fornece um exemplo dessa realidade: nobres e plebeus podiam sacrificar os filhos que apresentavam alguma espécie de deficiência. Segundo os cânones do Direito Romano, direito este que serviu de modelo para a civilização ocidental, não era reconhecido os direitos das crianças que nasciam com alguma deficiência. A saída, conforme nos legam os livros de história, era de duas uma: ou a criança era sumariamente executada ou, alternativamente, era deixada às margens do rio Tibre para que alguma família plebeia a arrecadasse e lhe desse um lar(3).

No decorrer dos vários volumes escritos pelo historiador Will Durantt, inti-tulado História da Civilização(4). Este autor afirma, diante de suas pesquisas, que homens cegos eram utilizados como remadores nas travessias a barco no rio Tibres, bem como da existência em Roma de um mercado de compra e venda de homens sem pernas ou sem braços, anões, hermafroditas e outros tantos tipos de deficiências, inclusive na utilização de mulheres para a prostituição.

(3) O que não torna tão romântica essa possibilidade diante da narrativa, de vários autores, do fato destes deficientes serem, posteriormente, utilizados pelos plebeus para arregimentarem es-molas, o que reverteriam à família adotante e garantiria uma renda para manter suas miseráveis subsistências. (4) Publicado pela Companhia Editoria Nacional, em 1957.

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A obra De Ira, de Lucius Annaeus Sêneca, traduz inequivocadamente a forma como os deficientes eram tratados na sociedade romana. Por revelar a naturalidade como é tratada as crianças com deficiências é digno de citação o seguinte trecho de sua obra: “Não se sente ira contra um membro gangrenado que se manda amputar; não o cortamos por ressentimento, pois, trata-se de um rigor salutar. Matam-se os cães que estão com raiva; exterminam-se touros bra-vios; cortam-se as cabeças das ovelhas enfermas para que as demais não sejam contaminadas. Matamos os fetos e os recém-nascidos monstruosos. Se nascerem defeituosos ou monstruosos, afogamo-los. Não é devido ao ódio, mas à razão, para distinguirmos as coisas inúteis das saudáveis.” Por mais doloroso, à luz da concepção atual da deficiência, é necessário que façamos estas considerações para melhor compreender o propósito exposto nesta obra, culminando com a abordagem acerca da Aposentadoria dos Deficientes como um direito que deve ser assegurado.

Importa citar que os dois principais pensadores da Grécia Antiga, Platão e Aristóteles, mantinham uma clara concepção exclusiva e discriminatória dos deficientes.

Para Platão, na clássica obra A República, a sociedade deveria ser governada por filósofos esclarecidos, sendo que todos devem cuidar do corpo através de ginástica, muito embora não deva ter-se a finalidade de torná-los atletas. Segundo este pensador, a alimentação será simples, cabendo à medicina o cuidado com os acidentes banais. Aos inválidos, por outro lado, não serão dados cuidados, vez que devem ser simplesmente abandonados.

Aristóteles, por sua vez, na reconhecida e decantada obra A Política, indica que o governo da sociedade deve ser feito por homens virtuosos, preconizando uma sociedade ideal cuja ética, em relação às crianças deficientes, é a seguinte: “quanto a saber quais os filhos que se devem abandonar ou educar, deve haver uma lei que proíba alimentar toda criança disforme”(5).

Na Grécia, especialmente na cidade guerreira de Esparta, também encon-tramos esta mesma concepção, mormente quando esta cidade-estado vivia para a guerra e necessitava de guerreiros, saudáveis e eficientes, para seus propósi-tos. Por outro lado, embora Esparta detivesse grande parcela da população de amputados diante das consequências da guerra, as crianças recém-nascidas que possuíam qualquer “defeito” ou deformidade era lançada em um “precipício”. O ritual pode assim ser traduzido: todo o recém-nascido, independente de apresentar sinais de anomalias ou não, era apresentado perante o Conselho de Espartanos, que tinha por incumbência julgar se o nascituro era ou não deficiente. Se fosse considerado não deficiente, era devolvido ao pai, que o mantinha sob sua tutela

(5) ARISTÓTELES. A política. São Paulo: Martin Claret, 1988. p. 153.

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até os sete anos, quando então era devolvido ao Estado, que o tornava um guer-reiro. Caso fosse julgado pelo Conselho como “feio”, “disforme” ou indicando qualquer anomalia, era lançado ao Apothetai, um abismo que servia de depósito de crianças julgadas sem serventia futura aos fins do Estado.

Os cem anos consagrados à Idade Média, conhecida como “Século das Trevas” (séculos V ao XV), não auxiliou na alteração desta concepção. Agregou--se, porém, um elemento fundamental, qual seja o de que as deformidades e deficiências estariam vinculadas aos aspectos místicos e religiosos. Logo, o nas-cimento de uma criança com qualquer problema seria uma manifestação irada da divindade, que recaía no nascituro e condenaria a si e a sua família.

A Santa Inquisição, especialmente entre os séculos XI e XII, passou a identi-ficar como “bruxaria” os casos envolvendo as pessoas deficientes e suas famílias.

Além disso, é de se frisar que a deficiência agudizou-se pelas condições de vida precárias vivenciadas pelos pobres e miseráveis na Idade Média. As pestes, epidemias e endemias mais diversas são prova dessa condição. Por isso, vários autores entendem que as deficiências não somente aumentaram como passaram a ser vinculadas à condição de pobreza.

A partir da Idade Moderna (séculos XV ao XVII), período conhecido como Renascimento, a concepção da deficiência passou a sofrer, paulatinamente, alterações em seu significado e, o mais importante, na sua prática.

Primeiro, parece consenso que esse período, impregnado pelo movimento denominado “Racionalista”, deixou de entender a deficiência de forma mística ou religiosa. A Idade Moderna rompe com a cultura mística imposta pela Idade Média, vindo a razão a predominar sobre a crença e os dogmas.

Observa-se, neste novo contexto, que tanto a Igreja Católica passou a compreender a pobreza e as pessoas com deficiência como merecedoras de proteção, mesmo que sob o manto da esmola e da caridade(6). Por outro lado, foram criadas, ao longo da Idade Moderna, instituições encarregadas do cuidado dos pobres, miseráveis e doentes(7).

(6) Interessante observarmos que a própria Igreja Católica proibiu, talvez pela tradição vinda desde o povo hebreu, a participação dos deficientes no clero. Essa forma de discriminação perdurou por toda a Idade Moderna, sendo ainda, nos dias atuais, incomum encontrarmos algum clérigo portador de deficiência. (7) Mais uma vez é necessário que se diga que não existe nenhum romantismo nesta proteção. Como observou argutamente Karl Polanyi, a constituição de uma sociedade de mercado livre somente foi possível com o término dessa proteção social dos pobres e miseráveis. Isso porque era fundamental, neste momento histórico, a criação de uma mão de obra “livre” para o fornecimento de trabalho para as indústrias em crescendo (POLANYI, Karl. A grande transformação: as origens de nossa época. 7. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2000).

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A partir do século XX, como veremos adiante, os deficientes passam a ter seus direitos estabelecidos e respeitados, gozando de uma proteção social dantes não imaginável(8).

Interessa-nos, diante dos propósitos colimados nesta obra, analisar a in-serção dos deficientes no “mundo do trabalho”, corolário fundamental para a formatação, no caso brasileiro, da Aposentadoria cunhada pela Lei Complementar n. 142/13.

1.2. A contribuição das declarações internacionais e da OIT na proteção das pessoas com deficiências

Acreditamos que o primeiro e principal documento internacional que pode ser utilizado na defesa dos direitos relativos aos deficientes é a Declaração Uni-versal dos Direitos Humanos, de 1948.

Neste importante documento, elaborado após a Segunda Grande Guerra Mundial, é vedada qualquer forma de discriminação ou distinção, seja de que natureza for (artigos II e V da referida Declaração).

No seu artigo XXI.2, ainda, prevê o acesso ao serviço público a qualquer pessoa, o que pressupõe a existência de adequação dos serviços públicos em geral: seja no transporte, seja no acesso aos locais de trabalho, às vias públicas, entre tantos outros.

Outra Declaração importante ocorreu em 1971, igualmente lavrada pela ONU, cunhada como Declaração dos direitos do Deficiente Mental. Cabe, por oportuno, a citação do seu parágrafo sétimo: “Sempre que uma pessoa men-talmente retardada for incapaz, em virtude da gravidade de sua deficiência, de exercer todos os seus direitos de maneira significativa ou se tornar necessário restringir ou negar todos ou alguns destes direitos, o procedimento usado para esta restrição ou negação precisa ser avaliado com base na avaliação da capaci-

(8) Como sempre, não é pacífica essa verificação. Prova disso é o esboço da eugenia como concep-ção de mundo assumida pelo movimento nazifascista. Este conceito, cunhado por Francis Galton no final do século XIX, pugnava pela existência de uma raça superior, fruto de uma evolução moral e biológica. Para Hitler, essa raça era a ariana, e todas as demais estariam em nível inferior. O holocausto traduziu historicamente esse momento histórico com o extermínio de milhares de judeus. O Terceiro Reich, é necessário que se diga, criou um programa para avaliação de pessoas com problemas de qualquer ordem, sejam psíquicos ou físicos, sendo que, tal como o Conselho dos Espartanos, um Comitê de 25 especialistas, entre médicos e psiquiatras, decidiam quem devia morrer ou viver. Neste programa, conhecido como AKtion T-4 EuthanasiaProgram, foram sacrificados mais de 200 mil cidadãos alemães.

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dade de pessoa mentalmente retardada, por peritos qualificados, e deverá ser periodicamente sujeito a revisão com direito de apelação à autoridade superior”.

Muito embora pensemos que o termo “retardado” não é correto para de-signar a complexidade de uma pessoa com deficiência mental, não pode deixar de ser citada a referida Declaração, especialmente pelo escopo protecionista que pretende alcançar.

Por outro lado, a Declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes, lavrado pela ONU em 1975, avança não somente no conceito mas na compreensão do que seja deficiência. No seu primeiro artigo, entende como deficiente a pessoa “incapaz de assegurar por si mesma, total ou parcialmente, as necessidades de uma vida individual ou social normal, em decorrência de uma deficiência, congê-nita ou não, em suas capacidades físicas ou mentais.” É este conceito que passa a ser, hodiernamente, trabalhado, como veremos no decorrer deste trabalho.

Passando à análise das normas internacionais da Organização Internacional do Trabalho, da qual o Brasil faz parte desde sua criação, encontramos RECO-MENDAÇÕES e CONVENÇÕES que dizem respeito aos deficientes e sua inclusão no trabalho. São elas as de ns. 99/55, 111/58, 168/83 e 169 de 1984.

Vejamos cada uma delas.

Pela Recomendação da OIT n. 99, de 1955, restou consignado que o procedimento de adaptação e de readaptação dos deficientes ao mercado de trabalho são instrumentos de reintegração e de diminuição das incapacidade que possuem.

Podemos, portanto, elencar os principais dispositivos desta Recomendação: a) trata a reabilitação como um processo contínuo, abrangente e orientado; b) impõe a tomada de medidas para a criação de serviços especializados, de modo que os deficientes possam reabilitar-se ou habilitar-se para outras profissões; c) concebe o processo reabilitatório numa perspectiva universalizante, com o atendimento de todos os deficientes independente da natureza de suas pato-logias; d) indica a formação profissional em escolas e centros de treinamento especializados, de modo que os deficientes possam exercer uma profissão eco-nomicamente viável, para proverem suas subsistências; e) indica que os Estados também devem participar desse processo, juntamente com outros órgãos públi-cos, visando a formação dos trabalhadores com deficiência; f) prevê a criação de cotas para a contratação dos deficientes, estimulando a criação de cooperativas de trabalhadores deficientes.

Percebe-se que vários pontos constantes nesta Recomendação foram, aos poucos, recepcionados por nosso sistema, tais como a criação das cotas, a

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criação do serviço de habilitação e reabilitação profissional, a participação dos Entes Públicos na criação de entidades educacionais e na reserva de vagas nos concursos públicos, entre outros.

Na Convenção n. 111, de 25 de julho de 1958, é vedada toda e qual-quer discriminação no emprego, sendo, via indireta, aplicada às pessoas com deficiência. Seu artigo primeiro assim define a discriminação sob os seguintes aspectos: a) “toda a distinção, exclusão ou preferência fundada na raça, cor, sexo, religião, opinião política, ascendência nacional ou origem social, que tenha por efeito destruir ou alterar a igualdade de oportunidades ou de tratamento em matéria de emprego ou profissão; b) qualquer outra distinção; exclusão ou preferência que tenha por efeito destruir ou alterar a igualdade de oportunidades ou tratamento em matéria de emprego ou profissão, que poderá ser especificada pelo Membro interessado depois de consultadas as organizações representativas de empregadores e trabalhadores, quando estas existam, e outros organismos adequados”.

Esta Convenção, ratificada pelo Brasil no final de 1965, busca envolver os Estados na criação de políticas públicas que visem a proteção dos trabalhadores deficientes, coibindo as desigualdades e discriminações em todos os seus níveis e nuances, especialmente no que diz respeito aos trabalhadores deficientes.

A Recomendação n. 168/83 possui uma conexão direta com a primeira Recomendação estudada (99/55), pois dispôs sobre a readaptação profissional e o emprego das pessoas com deficiências. Na verdade justifica-se em decorrên-cia da outra Recomendação, haja vista a necessidade da adoção de medidas e programas que busquem melhor efetivar a readaptação profissional.

Todavia, avança em outras medidas, conforme segue: a) criação de emprego no mercado de trabalho, buscando incentivos econômicos aos empregadores que propiciam a inserção dos deficientes no mercado laboral, bem como àqueles que adaptarem os locais de trabalho, as ferramentas e o maquinário, diante das necessidades especiais dos deficientes; b) relativo ainda aos empregadores, a isenção de impostos para a importação de materiais e equipamentos, seja para a organização das oficinas especiais como aos centros de readaptação profis-sional; c) incentivo estatal à organização e cooperação entre as cooperativas de trabalhadores deficientes, bem como à organização de empresas e oficinas de produção; d) acessibilidade aos deficientes, seja nos meios de transporte ou nos locais de trabalho, bem como a criação de empregos a tempo parcial.

É necessário que se diga que essa Recomendação foi a primeira a nominar a readaptação profissional na zona rural, permitindo que os deficientes do meio rural tenham o mesmo acesso aos da zona urbana.

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