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Page 1: Apocalipse - A revelação final - Waldemar Pereira Paixão
Page 2: Apocalipse - A revelação final - Waldemar Pereira Paixão

Todos os direitos reservados.

Projeto gráfico da capa: Filipe Carvalho Impressão: Gráfica Rotermund Produção, diagramação e revisão: Editora Kairós Correção ortográfica: Anderson Rocha de Almeida

Apocalipse, a Revelação Final / Paixão, Waldemar Pereira Ia. edição - Alvorada / 2009. p. 184. cm 14x21.

1. Escatologia. 2. Comentário Bíblico.

Editora KairósPraça Nadir Feijó, n°. 74Bairro Passo do FeijóCEP n°. 94.810-380Fone: (51)3483.1918Alvorada/RS - BrasilE-mail: [email protected]

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Dedicatória

ste livro é dedicado a todos aqueles que desde os primórdios do cristianismo, em qualquer lugar e em qual­quer circunstância, viveram, amaram, sofreram e parti­ram na esperança da volta Daquele que prometeu: (...) virei outra vez e vos levarei para Mim mesmo (João 14.3). E por extensão, aos cristãos da atualidade que em seu viver e agir, demonstram que amam e aguardam ansiosamente a sua vinda.

Waldemar Pereira Paixão. Alvorada/RS, 2009

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Apresentação

into-me bastante honrado em apresentar ao público leitor e aos estudantes da Bíblia Sagrada o livro

Apocalipse, a Revelação Final, de conteúdo escatológico, que por seu estilo e conteúdo, tornou-se uma obra singu­lar.

O pastor Waldemar Pereira Paixão, estudioso e pro­fundo conhecedor da escatologia bíblica, oferece aos nos­sos leitores revelações esclarecedoras das “coisas futu­ras”.

Felicito o ilustre escritor pela edição da presente obra. Não é somente um livro, mas é um manual que certa­mente ajudará aqueles que amam e se interessam por conhecerem minuciosamente os acontecimentos relacio­nados ao fim dos tempos.

Com linguagem simples e precisa, o autor facilita a boa compreensão de tão importante doutrina bíblica. A sua agradável leitura desperta o desejo de conhecer como acontecerá o fim de todas as coisas.

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8 Apresentação

Recomendo a leitura deste importante livro, que enriquecerá a sua alma com uma leitura bastante elucidativa e edificante.

São Paulo, janeiro 2009

Pastor José Wellington Bezerra da Costa, presidente da CGADB.

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Sumário

Dedicatória...........................................................................................5Apresentação...................................................................................... 7

S um ário .................................................................................................9In trodução......... ...................................................................... ....... 11Capítulo 1: A visão de Cristo glorificado................................... 21

Capítulo 2: A Igreja no passado e no presente.......................... 29

Capítulo 3: A Igreja arrebatada..................................................... 31Capítulo 4: A Igreja glorificada...................................................37

Capítulo 5: A Grande Tribulação.................................................41Capítulo 6: Os sete s e lo s ............................................................. 45Capítulo 7: Os cento e quarenta e quatro m il..........................57

Capítulo 8: As sete trom betas.....................................................63

Capítulo 9: Quinta e sexta trom betas........................................ 69

Capítulo 10: Um livrinho trazido do c é u ......................................75

Capítulo11: As duas testemunhas m ártires.................................79

Capítulo 12: A mulher e o dragão................................................ 87

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10 Sumário

Capítulo 13: As bestas do mar e da te rra ....................................95

Capítulo 14 :0 Cordeiro e os rem idos........................................103

Capítulo 15: As sete ta ç a s .............................................................109Capítulo 16: A mulher e a b e s ta .................................................. 119Capítulo 17: A Babilônia com ercial.............................................133

Capítulo 18: Bodas do C ordeiro..... .............................................139

Capítulo 19: Satanás é preso, Cristo re in a ................................ 147Capítulo 20: O novo céu e a nova te rra ......................................161Capítulo 21 :0 eterno e perfeito estado..................................... 173

Bibliografia......................................................................................183

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Introdução

j Apocalipse é a grande consumação das Escrituras, as­sim como o Gênesis é o livro das primeiras coisas, onde o homem fracassou pelo pecado. Este livro apresenta as últimas coisas, onde aparece o homem salvo e triunfante em Cristo.

E bom que se observe o grande contraste existente en­tre esses dois livros:

Gênesis1. A antiga criação.2. A entrada de Satanás.3 .0 casamento do

primeiro Adão.4. Surgem as primeiras

lágrimas no mundo.5. O paraíso é perdido.6. É vedado o caminho

da árvore da vida.7. Morte entra no mundo.8. A vida é limitada.9. Entra a maldição no

mundo.

Apocalipse1. A nova criação.2 .0 juízo de Satanás.3 .0 casamento do

segundo Adão.4. Enxugadas todas as

lágrimas.5. Paraíso restaurado.6 .0 acesso à árvore da

vida é livre.7. A morte é vencida.8. A vida é eterna.9. Não há maldição.

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12 Introdução

10. A primeira cidade é um fracasso.

11. A comunhão com Deus é rompida.

12. A lua e as estrelas iluminam as noites.

13. Velho céu e velha terra.14. Surgem as primeiras

dores.15. O homem começa a

fugir de Deus.16. O mar é separado da

terra seca.

10. Cidade dos salvos, um sucesso.

11. A comunhão divina é restaurada.

12. Não haverá noite.

13. Novos céu e terra.14. Não haverá mais dor.

15. O homem verá a face de Deus.

16. O mar já não existe.

Pelo seu alto conteúdo profético e por sua natureza altamente simbólica, o livro do Apocalipse é um livro que não deve ser negligenciado pelos cristãos. Fala de guerras e também de paz triunfante e final sobre o mundo. O Apocalipse, do grego apokallupsus, significa "revelação", ou seja, o afastamento do véu, manifestando algo oculto ou encoberto. O livro contém segredos divinos revelados por Cristo a João e, finalmente, de João à Igreja (Apocalipse 1.1, 2).

O Apocalipse é, sem dúvida, um dos livros mais fascinantes e váliosos da Bíblia, visto que nele João pôde olhar pelo corredor do tempo e revelar o plano de Deus para os séculos. Trata-se de um livro de difícil interpretação e, por esta razão, mesmo que compreendamos muitas coisas sobre ele, só o compreenderemos mais perfeitamente a medida em que os eventos nele contidos estiverem se aproximando do seu cumprimento final. Mesmo assim, este livro é uma janela da revelação divina sobre todos os eventos futuros.

Basta compararmos Daniel 12.4, 9 com Apocalipse 22.10 para vermos como Deus quer mostrar aos seus servos as coisas que brevemente devem acontecer (Apocalipse 1.1).

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Apocalipse, a Revelação Final 13

O Apocalipse é o apogeu da revelação divina; é a revelação final de Deus ao seu povo. Contém a última mensagem de Jesus à Igreja concernente a sua vinda: Certamente cedo venho (Apocalipse 22.20b). Assim, podemos dizer que nos Evangelhos somos leva­dos a crer em Cristo; nas epístolas somos levados a amá-lo; e no Apocalipse somos levados a esperá-lo.

Uma palavra de advertência

E preciso que cada estudante procure distinguir corretamente os sentidos literais, figurativos e simbólicos das Escrituras, a fim de interpretar corretamente o texto bíblico. Por exemplo, sabe­mos que o cavalo de Apocalipse 19.11 é simbólico, devido ao uso figurativo da espada no versículo 15 do mesmo capítulo. Veja outros exemplos em Apocalipse 6 .2,4, 6, 8; 12.1-4; 13.1, 2 ,11 e 17.3, 4.

A autoria do livro

O autor é João, o evangelista, apóstolo do Senhor Jesus (Apocalipse 1.1, 4, 9 e 22.8).

Irineu, nascido em cerca de 130 d.C. e discípulo de Policarpo, que por sua vez foi discípulo de João, afirma que o velho apósto­lo, após ter retornado do seu banimento para a ilha de Patmos, permaneceu em Efeso até a sua morte, o que ocorreu no reinado de Trajano, por volta dos anos 97 ou 98. Já em meados do segun­do século, o livro do Apocalipse foi atribuído a João. Obras e escritores do mesmo período afirmam o mesmo. Justino Mártir, que viveu em Éfeso por volta de 135 d.C., disse: "Além disso, um homem entre nós, de nome João, um dos apóstolos de Cristo, profetizou em uma revelação que lhe foi feita que aqueles que tiverem confiado em nosso Cristo passarão mil anos em Jerusa­lém, e que após a ressurreição universal, terá lugar o julgamen­to" (História Eclesiástica 4.12, de Eusébio). Eusébio ainda cita Eurígenes, dizendo: "(...) Ele (João) também escreveu Apocalipse, quando se ordenou que ocultasse e não registrasse as vozes dos

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14 Introdução

sete trovões”. Papias, falecido no ano 130, conheceu João pesso­almente, tendo transmitido informações de primeira mão a Melito, o qual foi bispo de Sardes (160 a 190 d.C.), que conhecia e usava o livro do Apocalipse. É significativo o fato de que Melito viveu em Sardes, uma das cidades às quais o livro foi originalmente enviado (Apocalipse 3.1). É natural que ele tenha aceitado o li­vro antes mesmo de ter sido aceito em outras partes da cristan- dade antiga.

O Cânon Muratório (200 d.C.) atribui o Apocalipse ao apósto­lo João. A tradição primitiva é confirmada pelos pais do terceiro século, como Tertuliano, Hipólito e Eurígenes. Eles atribuem o livro ao apóstolo João e o fazem sem qualquer indício de existir uma idéia diferente a respeito deste assunto. A conclusão de Gerhard Maier é que nenhum outro livro do Novo Testamento tem uma tradição mais forte ou mais antiga sobre a sua autoria do que o livro do Apocalipse.

Época e local do livro

Como se pode ver, atribuir ao livro do Apocalipse a época do reinado de Domiciano (já no final deste reinado, digamos nos anos 95 ou 96) tem o apoio da maioria dos pais da igreja primiti­va.

Segundo o historiador Eusébio, João pastoreava a igreja em Éfeso quando foi exilado por Domiciano no ano 95. Voltou a Éfeso no ano seguinte, tendo escrito o livro do Apocalipse nesse meio tempo (História Eclesiástica, 111.20).

Clemente de Alexandria fala ainda da atividade posterior de João nos seguintes termos: “Quando logo após a morte do tirano (Domiciano), ele voltou da ilha de Patmos para Éfeso, e foi logo visitar as regiões vizinhas a fim de instalar bispos em alguns lu­gares, em outros, para pôr em ordem as congregações; e, em ou­tros ainda, para ordenar aqueles que foram designados pelo Es­pírito Santo”.

Patm os é uma ilha rochosa escarpada com cerca de 10

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Apocalipse, a Revelação Final 15

quilômetros de largura por 15 de comprimento, situada a uns 80 quilômetros a sudeste de Éfeso. A ilha era usada por autorida­des romanas como um local de exílio, e João diz ser este o moti­vo de estar ali, ou seja, por causa da Palavra de Deus e do teste­munho de Jesus Cristo (Apocalipse 1.9).

Vitorino afirmou que o exílio de João foi acompanhado de tra­balhos forçados nas minas de sal em Patmos. No entanto, poucos autores mencionam este fato. Sabe-se, também, que estando já velhinho, João assentava-se ao púlpito da igreja em Éfeso, levan­tava a sua mão, e assim falava à igreja: “Filhinhos, amai-vos uns aos outros”. E ali terminou os seus dias, na época do imperador Trajano (98 a 117).

Divisão geral do livro

Em Apocalipse 1.19, o próprio Senhor Jesus faz essa divisão, sendo esta uma divisão tríplice: (1) Concernente ao Senhor Je ­sus. O capítulo primeiro fala das coisas passadas no tempo de João, ou seja, as coisas que tens visto. (2) Concernente à Igreja. Nos capítulos 2 e 3 encontramos as coisas presentes - as que são. (3) Concernente às nações. Do capítulo 4 ao 22 encontramos as coi­sas futuras, que são as coisas que depois destas hão de suceder. Nes­ta última divisão está compreendida a septuagésima semana de Daniel 9.27; sendo que os capítulos 6 a 19 do livro são relatos proféticos do único livro de profecias do Novo Testam ento (Apocalipse 1.3 e 22.7, 10, 18, 19).

O Apocalipse foi escrito a fim de que a sua mensagem fosse preservada para a nossa instrução e advertência.

Tema do livro

Fala sobre a vinda do Senhor Jesus em glória, isto é, da sua revelação pessoal em poder a Israel e às nações (Daniel 7.13; Zacarias 14.3-5; Mateus 24.29, 30; Atos 1.10; 2 Tessalonicenses 2.7-9 e Ap 1.7). Em cada cena do Apocalipse, Cristo aparece sempre como a “figura central”. Sem Ele, o livro não teria sentido algum.

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16 Introdução

Motivos do livro

O livro do Apocalipse foi escrito por ordem divina com as seguintes finalidades: (1) mostrar aos seus servos as coisas que brevem ente devem acontecer (A pocalipse 1.1); (2) enviar instruções às sete igrejas da Ásia, (3) a fim de encorajar os crentes que sofriam perseguição, porquanto se recusavam a adorar o imperador como se fosse um deus, sendo que tal negligência era considerada uma traição ao Estado. Este é o motivo de a igreja cristã daqueles dias ter sofrido muitas indignidades, aprisiona- mentos, confiscos de propriedades, provações, torturas e martí­rios, como no caso do período da igreja de Esmirna (Apocalipse 2.9, 10). Plínio, o moço, governador da Bitínia, em sua carta ao imperador Trajano (escrita entre os anos 111 e 113), descreve as provações dos cristãos. (4) Corrigir os graves desvios do padrão bíblico da verdade e da retidão, segundo o Novo Testamento em muitas igrejas da Ásia e chamá-las ao arrependimento.

Conteúdo do livro

O Apocalipse compõe-se de 22 capítulos, 405 versículos, 12 mil palavras e 9 perguntas. A Bíblia divide a raça humana em 3 partes, a saber, os judeus, os gentios e a Igreja (1 Coríntios 10.32). No livro do Apocalipse, encontramos a Igreja no princípio do livro, Israel no meio e as nações gentílicas no fim.

Nossa atitude quanto ao livro

A nossa atitude quanto ao livro do Apocalipse deve ser da mais profunda reverência, temor de Deus, oração e desejo de aprender, pois não se trata de coisas comuns e triviais, mas sim de coisas divinas e eternas. O livro revela não só o relato das coisas futuras, mas também a certeza da nossa eterna salvação em Cristo.

Sistemas de interpretação do Apocalipse

O Apocalipse é o livro mais difícil de ser interpretado no Novo

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Apocalipse, a Revelação Final 17

Testamento, principalmente devido ao uso extensivo de símbo­los. Como entender estas simbologias às vezes tão estranhas? Ao longo dos tempos, surgiram diversos sistemas distintos de inter­pretação; no entanto, existem quatro principais escolas de inter­pretação do livro do Apocalipse. Os sistemas mais conhecidos são o preterista, o histórico, o simbolista e o futurista.

O sistema preterista interpreta o Apocalipse como sendo com­posto por profecias (todas ou quase todas) já cumpridas nos dias do apóstolo João. Ora, o que passou não é mais profecia, mas sim, história. Entretanto, no próprio livro encontramos referênci­as dizendo que se tratam de profecias (Apocalipse 1.3 e 22.7, 10, 19, 19). Segundo esses escritores, os dias vividos pela igreja pri­mitiva eram parte do tempo do fim, desprezando assim o aspec­to profético do livro.

Do ponto de vista preterista, a Roma imperial era a besta do capítulo 13; e a classe sacerdotal que procurava incentivar o cul­to a Roma era o falso profeta. Em face das perseguições, a Igreja estaria ameaçada de desaparecer e João teria escrito o Apocalipse para fortalecer a fé cristã, mostrando que Cristo voltaria e que Roma seria destruída, bem como que o reino de Deus logo se estabeleceria. Claro que Cristo não veio, Roma não foi derruba­da desta forma e o reino de Deus não foi literal e visivelmente estabelecido (veja Atos 1.6). É, portanto, precário e insustentávelo relacionamento que eles fazem entre o texto e o evento. Para os que querem defender o Apocalipse como um livro profético, este ponto de vista é inadequado e inadmissível.

O sistema histórico interpreta o Apocalipse como a história da Igreja, do século primeiro aos tempos atuais. Afirmam tam­bém que a tribulação e a atual Era da Igreja são basicamente a mesma coisa. No entender deles, grande parte dessas profecias já estão cumpridas e as demais estão se cumprindo atualmente, nos acontecimentos mundiais. Não conseguem ver a Grande Tri­bulação como um acontecimento do final dos tempos, pois espa­lharam os eventos do livro no decorrer da história da Igreja des­

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18 Introdução

de a Idade Média. Este sistema é um ponto de vista que gera confusão, não tendo harmonia com o sentido profético que o pró­prio livro dá a si mesmo. O Apocalipse trata de Escatologia e não de História, principalmente a partir do capítulo 4. Tais escri­tores chegaram até mesmo a associar eventos relacionados à guer­ra do Golfo Pérsico a simbolismos do Apocalipse, afirmando que João fizera previsões sobre a crise de 1991.

O sistema simbolista também é conhecido como idealista ou espiritualista (não tem nada tem a ver com o espiritismo). Este sistema de interpretação ensina que no Apocalipse tudo é sim­bólico, representando o conflito entre o bem e o mal através dos séculos. Nesse sistema, não há nada de histórico e nem de profé­tico. O sistema simbolista é, portanto, uma forma de expressão do racionalismo humano, infelizmente chamado de "racionalismo cristão". Quem defende esta teoria não encontra cumprimento literal em nenhum evento do livro. Estes dizem que o livro nos ajuda a compreender a Deus e a maneira como Ele trata o mundo em geral, mas não ajuda a mapear um curso de eventos. É a cren­ça de que o tem po dos grandes eventos p roféticos é indeterminado.

Segundo os simbolistas, a besta que surgiu do mar, que está no capítulo 13, é Nero ou Roma, figuras genéricas do mal. Assim defende o padre Ramiro Mincauto, professor da PUC/RS, afir­mando que "a besta bíblica se refere a Nero, imperador romano que perseguiu os cristãos do século primeiro" (Jornal Zero Hora, edição do dia 06 de junho de 2006).

Os racionalistas acham que as suas próprias ideias valem mais do que a Palavra de Deus. Aquilo que da Bíblia não couber em suas mentes, eles recusam como absurdo, como se a Palavra de Deus dependesse do julgamento dos homens (conforme 1 Pedro 1.20,21).

O sistema futurista imagina o livro em cumprimento futuro, especialmente a partir do quarto capítulo em diante. Estes consi­deram que a Igreja será arrebatada a qualquer momento, vindo a

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seguir a Grande Tribulação para Israel e para as demais nações, juntamente com os juízos divinos sob os selos, as trombetas e as taças da ira de Deus. Desta forma, a Igreja não passará pela Gran­de Tribulação, mas será arrebatada antes (Rom anos 5.9; 1 Tessalonicenses 1.10 e Apocalipse 3.10). O sistema futurista é o que mais se harmoniza com a ideia geral do livro, o qual apre­senta um conteúdo altamente profético. O termo "profecia" é usado 7 vezes, mostrando que o conteúdo do livro destina-se à história futura, e não ao passado (cf. Apocalipse 1.3; 11.6; 19.10; 22.7,10,18,19).

Para os futuristas, os capítulos 2 e 3 devem, via de regra, ser analisados como sete épocas sucessivas da história da Igreja, desde o Pentecostes até o arrebatamento.

O próprio João nos fornece orientações quanto a interpretação do Apocalipse nas próprias palavras de Cristo: Escreve, pois, as coisas que tens visto, referindo-se à gloriosa visão de que João fala no primeiro capítulo; e as coisas que são, em referência à história da Igreja, como esboçada nos capítulos 2 e 3; e as que depois destas hão de suceder, ou seja, tudo o que há de acontecer após o arreba­tamento da Igreja, como mostram os capítulos 4 a 22. O cumpri­mento completo desta seção será, pois, no futuro; e então, se rea­lizarão as predições proféticas e se estabelecerá o glorioso reina­do de Cristo, a saber, o milênio.

Creio ser o sistema futurista o que melhor se encaixa nas pro­fecias do Antigo Testamento, sendo também o que menos apre­senta problemas de interpretação. A abordagem futurista mostra de forma mais clara a natureza e os propósitos do livro do Apocalipse.

Esboço do livro

Uma das formas de estudo da santa Palavra de Deus é o méto­do sintético, que inclui o esboço de cada livro da Bíblia. Veja a seguir as divisões do livro do Apocalipse, capítulo por capítulo.

Apocalipse, a Revelação Final ____ 19

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20 Introdução

Capítulo 1:A visão de Cristo glorificado.

Capítulos 2 e 3:A Igreja no passado e no presente.

Capítulo 4:A Igreja arrebatada.

Capítulo 5:A Igreja glorificada.

Capítulos 6 a 18:A Grande Tribulação.

Capítulo 19:A volta do Senhor Jesus em glória.

Capítulo 20:O milênio e o juízo final.

Capítulos 21 e 22:O perfeito estado eterno.

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A visão de Cristo glorificado(Apocalipse 1)

érsículo 1: R evelação de Jesus Cristo, a qual Deus lhe deu para m ostrar aos seus servos as coisas que brevemente devem acontecer; e pelo seu anjo as enviou e as notificou a João , seu servo,

O nome do último livro da Bíblia é uma transcrição da palavra grega apokálypsis. Esta palavra é composta e deri­vada da preposição apó e do verbo kalypto, que significa desvendar ou tirar a cobertura de algo que já existe, po­rém invisível até o momento da revelação.

Podemos ver aqui que o Apocalipse é uma revelação de Deus para Cristo, de Cristo para João e de João para a Igreja, mostrando as coisas que brevemente devem acontecer. A expressão “brevemente” é a tradução da palavra grega takhos, que indica rapidez de execução.

Versículo 2: (...) o qual testificou da P alavra de Deus, do testemunho de Jesus Cristo e de tudo o que tem visto.

João procurou ser fiel e autêntico em relatar tudo o que viu e ouviu de Cristo, como uma testemunha fiel. Não aumentou e nem diminuiu coisa alguma sobre a visão que teve na ilha de Patmos (veja Apocalipse 22.18, 19).

Capítulo 1 ]

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22 A visão de Cristo glorificado

Versículo 3: Bem-aventurado aquele que lê, os que ouvem as palavras desta profecia e guardam as coisas que nela estão escri­tas; porque o tempo está próximo.

A mensagem do terceiro versículo abrange os crentes de to­das as épocas.

Guardar não é somente memorizar o que se leu, mas sim obe­decer. É praticar (veja João 13.17). Esta é a primeira das sete bem- aventuranças que existem no livro; as demais se encontram em 14.13; 16.15; 19.9; 20.6 e 22.7,14. Em toda a Bíblia estão registradas nada menos do que 73 bem-aventuranças.

Ler, ouvir e guardar significa aprender e aplicar os grandes princípios espirituais e doutrinários deste livro às nossas vidas, bem como à Igreja em geral. João queria que este livro fosse lido todo de uma só vez, preferivelmente em voz alta diante de cada igreja. Foi isto que o Senhor lhe ordenou a fazer (v. 11).

A m aior ênfase do Espírito Santo está na parte final do versículo que diz que o tempo está próximo. E se constitui uma advertência solene a todos quantos esperam a volta do Senhor.

Versículo 4: João, às sete igrejas que estão na Ásia: Graça e paz seja convosco da parte Daquele que é, que era e que há de vir, e da dos sete Espíritos que estão diante do seu trono;

A "Á sia" aqui mencionada não se refere ao continente asiáti­co, mas à Ásia Menor, que faz parte da moderna Turquia.

O Apocalipse é dirigido às sete igrejas da Ásia, que represen­tavam as igrejas existentes naqueles dias. O que foi dito àquelas igrejas se aplica também à Igreja em todos os tempos.

Versículos 5 e 6: (...) e da parte de Jesus Cristo, que é a fie i testemunha, o primogênito dos mortos e o Príncipe dos reis da terra. Àquele que nos ama, em seu sangue nos lavou dos nossos pecados e nos fez reis e sacerdotes para Deus e seu Pai. A Ele seja glória e poder para todo o sempre. Amém!

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Apocalipse, a Revelação Final 23

É realmente maravilhoso sabermos que em meio a um mundo cheio de ódio, guerras e violência de toda a espécie, Deus nos ama. É este amor que nos faz superar todas as circunstâncias ad­versas e faz com que esperemos pacientemente pela sua vinda.

O autor refere-se à missão salvadora de Cristo, ao amor que o inspirou à mesma e à expiação que há em seu sangue (João 3.16 e Romanos 5.6).

Versículo 7: Eis que vem com as nuvens e todo olho o verá, até os mesmos que o traspassaram; e todas as tribos da terra se la­mentarão sobre Ele. Sim! Amém!

Esta é uma referência à volta pessoal de Cristo em glória e não ao arrebatamento da Igreja (Daniel 7.13; Mateus 24.30 e 26.64; Atos1.11 e 2 Tessalonicense 1.7-9). Tanto o arrebatamento quanto a sua vinda em glória dizem respeito à parousia (que em grego sig­nifica “presença”) e à shekiná (“glória da sua presença”, em hebraico). O primeiro caso aponta para a sua vinda sobre as nu­vens, ou seja, para o arrebatam ento da Igreja (João 14.3; 1 Tessalonicenses 1.10 e 4.15, 16); o segundo caso aponta para a sua vinda à terra sete anos após o arrebatamento, quando todo o mundo verá a sua glória e o sinal da sua vinda (Mateus 24.29, 30). Nesse dia, o mundo incrédulo verá o que jam ais acreditou ver; a volta do Senhor com poder e grande glória.

Esta garantia de que Jesus virá novamente literal e fisicamen­te concorda com 317 outras promessas no Novo Testamento.

Versículo 8: “Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim ”, diz o Senhor, que é, que era e que há de vir, o Todo poderoso.

“Alfa” é a primeira letra do alfabeto grego; e “ômega”, a últi­ma. Isto indica que o Senhor Deus é o princípio e o fim de todas as coisas. Isto liga a sua existência presente com o futuro e com o passado. Antes Dele, não houve ninguém; e depois Dele, tam­bém não haverá outro Senhor. Nenhum humano jamais diria de si mesmo: “Eu sou o primeiro e o último”.

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24 A visão de Cristo glorificado

Versículo 9: Eu, João, que também sou vosso irmão e compa­nheiro na aflição, no Reino e na paciência de Jesus Cristo, estava na ilha chamada Patmos, por causa da Palavra de Deus e pelo testemunho de Jesus Cristo.

É impressionante observar os termos que João usa para iden­tificar-se aos seus leitores: (1) servo (v. 1) significa alguém que não tem mais vontade própria; (2) irmão é o título comum do cristão. O autor evita exaltar a si mesmo, ele era apenas mais um dos filhos de Deus. O título “irmão” sugere comunhão e respei­to em comum. (3) companheiro convosco na aflição é alguém que se dispõe a compartilhar com os sofrimentos do seu próxi­mo (Romanos 8.17 e 2 Timóteo 2.12). Quando tudo vai bem conosco se torna mais fácil termos amigos.

Por volta do final do primeiro século, João esteve aprisionado na ilha de Patmos por ordem do imperador Domiciano. Naque­les dias, a ilha era deserta; mas, atualmente é grandemente po­voada, atraindo muitos turistas ao local. Antes do exílio de João, a ilha de Patmos não tinha qualquer conotação com o mundo religioso; porém, depois se tornou célebre pela visão ali vivida e presenciada. Na ilha há também o Mosteiro de São João, com uma biblioteca fundada no ano 1088, construída no formato de uma fortaleza.

Roma tinha poder para prender o corpo de João em Patmos, cercado por serpentes e escorpiões, mas jamais a sua alma e o seu espírito, que estavam nas mãos de Deus.

Versículo 10: Eu fui arrebatado em espírito no dia do Senhor e ouvi detrás de mim uma grande voz, como de trombeta,

A expressão “em espírito” significa um estado de êxtase espi­ritual. Isto fala de uma grande sensibilidade à comunicação como Espírito Santo, pela qual se pode receber visões celestiais (Atos 10.10 e 2 Coríntios 12.1-4). O termo “dia do Senhor” era usado para se referir ao domingo, que já naqueles dias tinha sido con­sagrado pela Igreja como sendo o dia especial de cultuar ao Se­

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nhor Jesus (Atos 20.7). Este era o seu testemunho: de que seu Senhor ressuscitara dos mortos no primeiro dia da semana.

Versículo 11: (...) que dizia: “O que vês, escreve-o num livro e envia-o às sete igrejas que estão na Asia: a Efeso, a Esmirna, a Pérgamo, a Tiatira, a Sardes, a Filadélfia e a Laodicéia”.

Consideremos o poder exercido por um livro: continua sendoo mais poderoso meio de comunicação que existe, em favor do bem ou do mal. O homem que lê bons livros torna-se um homem melhor. Quanta influência tem exercido o livro do Apocalipse em meio ao povo de Deus!

O Senhor determinou que a mensagem do Apocalipse se tor­nasse conhecida de todas as igrejas. A mesma coisa Deus requer da sua Igreja hoje.

Versículos 12 a 17: E virei-me para ver quem falava comigo. E, virando-me, vi sete castiçais de ouro; e, no meio dos sete casti­çais, um semelhante ao Filho do Homem, vestido até aos pés de uma veste comprida e cingido pelo peito com um cinto de ouro. E a sua cabeça e cabelos eram brancos como lã branca, como a neve, e os olhos, como chama de fogo; os seus pés, semelhantes a latão reluzente, como se tivesse sido refinado numa fornalha; e a sua voz, como a voz de muitas águas. E Ele tinha na sua destra sete estrelas; da sua boca saía uma aguda espada de dois fios; e o seu rosto era como o sol, quando na sua força resplandece.E eu, quandoo vi, caí a seus pés como morto; e Ele pôs sobre mim a sua destra, dizendo-me: “Não temas. Eu sou o Primeiro e o Ultimo”.

Vemos aqui uma visão de Cristo como Ele está hoje na glória. João o contemplou cheio de glória, majestade e poder. O mesmo íipóstolo contemplara o seu Senhor 62 anos antes com um sem­blante de sofrimento e de dor, mas nesse momento ele estava contemplando o Cristo glorificado, triunfante e vitorioso, assen­tado à destra da majestade nas alturas (Hebreus 10.12), de onde virá brevemente com poder e grande glória (Mateus 24.29, 30).

Apocalipse, a Revelação F i n a l _____________________________________________________ 25

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26 A visão de Cristo glorificado

E virei-me para ver quem falava comigo... (v. 12). Só teremos um encontro com Deus e com as suas revelações se estivermos voltados para Ele. Até hoje nenhum pintor pôde levar à tela a imagem exata do rosto de Cristo, mas brevemente o veremos como Ele realmente é.

(...) e, no meio dos sete castiçais, um semelhante ao filho do homem... (v. 13). Quando não houver mais lugar para Cristo no meio da igreja, então, esta não será mais a sua igreja. Em Laodicéia, Ele está batendo à porta da igreja (Apocalipse 3.22). Estará ele ocupando o lugar que realmente merece em nosso meio?

Nessa visão, Cristo é descrito como (1) Sumo Sacerdote, inter­cedendo pela Igreja (v. 13. Veja também Hebreus 2.17, 18; 4.14, 15; 6.20; 7.25 e 9.24). A referência sacerdotal de Cristo é confirma­da pela figura do cinto de ouro ao redor do peito. A nenhum outro (a) foi dado o direito de mediador (a) entre Deus e os ho­mens (conforme 1 Timóteo 2.5); (2) juiz (vv. 14 e 15 e Daniel 7.9), para julgar a Igreja no tribunal de Cristo (Romanos 14.10, 12; 1 Coríntios 3.12-15 e 2 Coríntios 5.10), Israel e as demais nações, quando vier em glória (Joel 3.2, 12, 14; Zacarias 12.3, 9; 13.8, 9; 14.2, 3, 16 e Mateus 25.31, 32) e os ímpios de todos os tempos, no juízo do Grande Trono Branco (João 5.27-29 e Apocalipse 20.11- 15). As cãs fazem supor sabedoria e dignidade (Lv 19.32 e Pv 16.31). “Olhos como chamas de fogo” nos falam de percepção penetrante; e a espada simboliza juízo divino e discernimento (Hebreus 4.12); e (3) como rei (v. 17), está reinando invisivelmen­te na Igreja, reinará visivelmente no milênio e reinará para todoo sempre.

Tinha Ele na sua destra sete estrelas... (v. 16). A mão direita é o lugar de honra (conforme Efésios 1.20). Visto que essas estrelas surgem em sua mão direita, isso significa que estão inteiramente sujeitas para serem usadas em seu trabalho. Esta expressão tam­bém significa domínio e direção. Sem dúvida, temos aqui uma referência aos pastores das igrejas aí mencionadas (v. 20). Assim

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como a estrela conduziu os magos até Jesus, a missão dos pasto­res, líderes e pregadores é conduzir almas a Cristo. Veja ainda Daniel 12.3 e João 10.28. Se estivermos seguros em suas mãos, nada teremos a temer.

(...) quando o vi, cai a seus pés... (v. 17). Quando o homem mortal se defronta com a glória de Cristo, fica reduzido a nada. É aos pés de Cristo, onde o "eu" e a carnalidade cessam, que a glória verdadeira começa.

Versículos 18 e 19: (...) "e o que vive; fu i morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amém! E tenho as chaves da mor­te e do inferno. Escreve as coisas que tens visto, as que são e as que depois destas hão de acontecer:"

Nas expressões "fui morto", "estou vivo para todo o sempre" r "tenho as chaves da morte e do inferno" estão em vista autori­dade e controle. João está vendo quem tem domínio sobre os mortos e os vivos. Esta passagem não deve ser interpretada lite- ra I mente.

As "chaves" representam o domínio de Cristo sobre o mundo dos mortos (do hebraico sheol e do grego hades) e sobre todas ás lorças do mal (1 Coríntios 15.54, 55). Ele obteve a vitória, não apenas para si mesmo, mas sim em favor de todos os homens. Só lie pode dizer: É me dado todo o poder no céu e na terra (Mt 28.18b).

O maior medo da humanidade são a morte e o inferno, o lugar dos mortos não salvos. Não nos preocupemos, pois Jesus tem as chaves!

O hades, aí mencionado, significa literalmente, o lugar onde a alma (parte imaterial) dos incrédulos permanece temporariamen­te, entre sua morte e o castigo definitivo no lago de fogo (veja Apocalipse 20.14).

Como se pode ver, no versículo 19 fica claro a divisão geral do livro do Apocalipse, mostrando seus aspectos: passado, presen-lo e futuro. O propósito fundamental do livro é revelar o futuro.

Apocalipse, a Revelação Final ____ ___ ________ 27

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28 A visão de Cristo glorificado

Versículo 20: “O mistério das sete estrelas, que viste na mi­nha destra, e dos sete castiçais de ouro. As sete estrelas são os anjos das sete igrejas, e o sete castiçais, que viste, são as sete igrejas”.

O versículo 20 por si mesmo se interpreta de acordo com o contexto geral do livro. E importante observar que as sete estre­las (pastores), estavam na sua destra (mão direita de Cristo). So­bre isto, ver também o comentário do versículo 16 deste capítu­lo.

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Capítulo 2 |

A Igreja no passado e no presente (Apocalipse 2 e 3)

s sete igrejas aqui mencionadas representam sete pe­ríodos da história da Igreja na terra, desde o Pentecos- tes até o arrebatamento. Para tanto, basta que se faça

um confronto entre as igrejas locais dos capítulos 2 e 3 do Apocalipse com os períodos da história da Igreja ao lon­go de quase dois mil anos.

1. Éfeso, a igreja do amor decadente (Apocalipse 2.1- 7). Representa a igreja apostólica no primeiro século da era cristã, portanto, do Pentecostes até o ano 100.

2. E sm irn a , a ig re ja sob p erseg u ição im p eria l(Apocalipse 2.8-11). Representa a igreja universal, por volta dos anos 100 a 313.

3. Pérgamo, a igreja acomodada ao mundo (Apocalipse 2.12-17). Representa a igreja universal entre o quarto e o sexto século aproximadamente.

4. Tiatira, a igreja na idolatria (Apocalipse 2.18-29). Este período da história da Igreja leva-nos aos anos 500 a 1500, sendo esta a Igreja na Idade Média.

5. Sardes, a igreja da reforma (Apocalipse 3.1-6). O pe-

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30 A Igreja no passado e no presente

ríodo de Sardes compreende os anos 1517 a 1750, ou seja, aproxi­madamente 233 anos.

6. Filadélfia, a igreja avivada e missionária (Apocalipse 3.7-13). Filadélfia se refere à igreja universal a partir do ano 1650, chegando até os nossos dias. É também considerada a igreja do arrebatamento.

7. Laodicéia, a igreja morna (Apocalipse 3.14-22). É a igreja em seu estado final de apostasia. Enquanto Filadélfia é a Igreja que vai; Laodicéia é a que fica. Em qual delas você está?

As sete igrejas eram reais e estavam localizadas na Ásia Me­nor, em território atualmente pertencente à Turquia. O apóstolo João as conhecia muito bem, devido aos seus anos de ministério naquela região.

Todas as cartas revelam uma impressionante uniformidade de estrutura, e cada uma apresenta sete características em rela­ção às respectivas igrejas, a saber: (1) atributos de Cristo, (2) elo­gios à igreja, (3) estado espiritual da igreja, (4) advertências, (5) censuras, (6) sentenças e (7) promessas ao vencedor.

As mensagens que foram dirigidas para aquelas igrejas tinham um caráter histórico, profético, dispensacional e universal; mos­trando assim a realidade espiritual daquelas igrejas (embora houvesse outras na mesma região) e caracterizando assim a Igre­ja de Cristo em todos os tempos.

Cremos, portanto, que cada uma destas cartas retrata muito bem a condição espiritual da igreja universal, em diferentes épo­cas de sua história no mundo. Elas também apresentam verda­des e princípios válidos para todas as igrejas nas eras que have­riam de suceder-se.

N ota: Para uma maior compreensão dos capítulos 2 e 3 do Apocalipse, recomendamos o nosso livro As Sete Igrejas da Ásia (o autor).

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Capítulo vT|

A Igreja arrebatada(Apocalipse 4)

ersículo 1: Depois destas coisas, olhei e eis que estava aberta uma porta no céu; e a primeira voz, que como de trombeta ouvira falar comigo, disse: “Sobe aqui e mos- trar-te-ei as coisas que depois destas devem acontecer”.

Começa aqui a terceira seção do livro (conform e Apocalipse 1.19), que descreve o que ainda está para acontecer. Ela pode ser dividida em três partes: (1) A vin­da da Tribulação (capítulos 6 a 19); (2) o Milênio (capítu­lo 20); e (3) os novos céus e a nova terra (capítulos 21 a 22).

Nesta visão, João vê uma porta aberta no céu, um tro­no e seu ocupante e vinte e quatro anciãos.

O Apocalipse faz referência a uma porta nas seguintes passagens: (1) uma porta aberta (Apocalipse 3.8). Esta porta representa a grande oportunidade que temos nesta última hora para anunciar o Evangelho da salvação. (2) Uma porta fechada (Apocalipse 3.22). Isto representa a igreja de Laodicéia em seu estado final de apostasia e vivendo em sua alto-suficiência e mundanismo. Esta igre­ja estará aqui nos dias da Grande Tribulação. Cristo esta­rá do lado de fora desta igreja. (3) Na passagem em estu-

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A Igreja arrebatada

do (Apocalipse 4.1). Veja como o versículo começa com a com a expressão “depois destas coisas”, referindo-se ao tempo da Igre­ja na terra. Esta porta pode se abrir a qualquer momento para receber a noiva do Cordeiro e é Ele mesmo que tem a chave, sen­do Ele Aquele que abre e ninguém fecha e que fecha e ninguém abre (Apocalipse 3.7).

Estamos nós devidamente preparados para entrarmos por esta porta?

Até o final do capítulo 3, a visão é da Igreja na terra; porém, a partir do quarto capítulo, a visão é da Igreja no céu após a sua jornada neste mundo. Trata-se da visão da igreja arrebatada. Com a ausência da Igreja, que era o “sal da terra” e a “luz do mundo” (conforme Mateus 5.13, 14), a humanidade está prestes a experi­mentar a pior fase de sua história desde que veio a existir o ho­mem na face da terra: a Grande Tribulação. Sobre isto, tratare­mos a partir do sexto capítulo do Apocalipse.

Versículos 2 a 4: £ logo fui arrebatado em espírito e eis que um trono estava posto no céu e um assentado sobre o trono. E o que estava assentado era, na aparência, semelhante a pedra dejaspe e de sardônica; e o arco celeste estava ao redor do trono e era semelhante a esmeralda. E ao redor do trono havia vinte e quatro tronos; e vi assentados sobre os tronos vinte e quatro anciãos vestidos de vestes brancas; e tinham sobre a cabeça coroas de ouro.

Ao contemplar o trono de Deus, João não teve palavras ade­quadas para descrever Aquele que ali estava assentado. Tal era a glória da majestade nas alturas! Neste cenário, a adoração é pres­tada a Deus como o Criador de todas as coisas. Foi uma visão como esta que transformou a vida de Isaías fazendo dele um dos maiores profetas do Antigo Testamento (Isaías 6.1 a 8).

Com o termo “anciãos” entendemos o grupo inumerável dos santos redimidos, ressurretos e transformados, levados para en­contrar Cristo nos ares (1 Tessalonicenses 4.17). O que não pode

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referir-se a Israel, uma vez que a ressurreição deles está ligada ao segundo advento do Messias à terra. Assim, o povo judeu não pode ser transladado. O plano divino para a nação judaica é totalmente diferente, acontecendo com pessoas diferentes numa época diferente. Israel não irá ressurgir e ser recompensado até o fim de sua era (conforme Isaías 26.19; Daniel 12.1, 2 e João 11.24). Já que esses 24 anciãos foram ressuscitados, recompensados e glorificados e a Igreja é o único corpo que experimentou essas coisas até então no plano de Cristo, os santos do Antigo Testa­mento não podem estar incluídos entre os que serão arrebata­dos. A Bíblia faz clara distinção entre judeus, gentios e a Igreja (1 Coríntios 10.32).

O fato de os 24 anciãos estarem vestidos de vestes brancas deixa transparecer a pureza e a justiça de Cristo, atribuída a eles pelo fato de terem crido Nele. Foi prometido aos crentes na igre­ja de Sardes que se vestiriam de branco (Apocaplise 3.4, 5).

As suas coroas levam a considerar que representam a Igreja. Fies não usam coroas de monarca (diademas), mas coroas de vi- lória (do grego stephanos), conquistadas num conflito.

A conclusão formulada por Armerding formará um conceito linal adequado à investigação desses anciãos. Ele escreve: “(...) a ultima coisa que se diz a seu respeito é que se prostram, junto com quatro criaturas viventes, e adoram Aquele que está senta­do no trono, dizendo: ‘Amém! Aleluia!’ (Apocaplise 19.4). Esse u 11 imo ato é característico deles em tudo: (1) seu conhecimento inümo de Cristo; (2) sua proximidade a Ele e (3) a adoração que oferecem a Ele. E lembramos que o noâso Senhor, quando orava pelos seus, pediu que o conhecessem, estivessem com Ele e pu-i lessem ver a sua glória (Jo 17.3, 24, 25)”.

Versículo 5: E do trono saíam relâmpagos, trovões e vozes; e diante do trono ardiam sete lâmpadas de fogo, as quais são os '.c/c Espíritos de Deus.

O número 7, que ocorre 54 vezes no livro, aparece mais do

Apocalipse, a Revelação Final________________ _________________ _______________33

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34 A Igreja arrebatada

que em qualquer outro livro das Sagradas Escituras. Na Bíblia, ele é associado à inteireza, ao cumprimento e à perfeição. No livro do Apocalipse encontramos sete igrejas e sete espíritos (1.4); sete castiças (1.12); sete estrelas (1.16); sete selos no livro (5.1); sete chifres e sete olhos do Cordeiro (5.6); sete anjos e sete trom­betas (8.2); sete trovões (10.3); sete cabeças do dragão (12.3); sete cabeças da besta (13.1); sete taças de ouro (15.7) e sete reis (17.9, 10).

A expressão “sete espíritos de Deus” representa a presença plena do Espírito Santo diante do trono de Deus, bem como a sua ação diversificada (conforme Apocalipse 1.4 e Isaías 11.2).

Versículos 6 e 7: E havia diante do trono uni como mar de vi­dro, semelhante ao cristal, e, no meio do trono e ao redor do tro­no, quatro animais cheios de olhos por diante e por detrás. E o primeiro animal era semelhante a um leão; e o segundo animal, semelhante a um bezerro; e tinha o terceiro animal o rosto como de homem; e o quarto animal era semelhante a uma águia voando (leia também Ezequiel 1.5,10).

A descrição de um mar de vidro no céu e em torno do trono sugere a calmaria e a tranqüilidade lá existente, em contraste como caos da Terra.

Os quatro animais ou seres viventes representam simbolica­mente quatro aspectos, assim como tanto a pessoa como a obra de Cristo é apresentada nos quatro evangelhos. Em Mateus, Ele aparece como o leão da tribo de Judá, sendo este o Evangelho do Rei. Mateus direciona o seu Evangelho aos judeus, apresentan­do o Senhor Jesus como o Rei de Israel. Se olharmos a genealogia de Cristo em Mateus, veremos que a mesma começa com Abraão,o pai da raça hebraica, e está dividida em três grupos de 14 gera­ções, cobrindo um período de 1.680 anos em média (Mateus 1.1- 17). Era imprescindível a genealogia de um rei e Mateus sabia disso.

No Evangelho de Marcos, Ele aparece como o servo sofredor,

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Apocalipse, a Revelação Final 35

fazendo-se sacrifício pelos nossos pecados. O novilho (ou bezer­ro) era um animal de trabalho, além de também ser designado para sacrifício (Hebreus 9.12, 19). Representa, portanto, o princí­pio e o espírito da redenção que há em Cristo Jesus. Eis porque em Marcos não encontramos genealogia, pois quem iria se im­portar com a genealogia de um escravo? Marcos enfatiza os mi­lagres e os feitos de Cristo mais do que os seus sermões. É oI vangelho de trabalho e de ação, do começo ao fim. Vale salien- lar que do capítulo 1 a 10 deste Evangelho, Jesus realizou 16 cu­ras ou milagres. Marcos escreveu o seu Evangelho aos romanos.

A ênfase de Lucas é para o “Filho do homem”, mostrando o lado humano da pessoa do nosso Salvador (Lucas 19.10). Este aspecto em Cristo representa a simpatia pela humanidade e o benefício de todas as operações divinas em favor do pecador.

Note que enquanto Mateus recua a genealogia de Cristo até Abraão (cerca de 1.680 anos a.C.), Lucas o faz até Adão, o pai da raça humana (cerca de 4.138 anos a.C.), relacionando o Senhor |i\sus com toda a humanidade. Daí a expressão “Filho do ho­mem”, título messiânico de Cristo que ocorre 22 vezes no livroi Io Apocalipse. Lucas escreveu o seu Evangelho aos gregos (AtosI I), procurando apresentar a Cristo como o homem perfeito.

A águia, quando está voando, liga Jesus ao céu, mostrandoi |i le Ele é o Filho de Deus, como faz o Evangelho de João (jo 1.1,14). Enquanto Lucas apresenta a humanidade de Cristo, João apresenta a sua divindade, não somente no Evangelho que levaII seu nome, como também em todas as suas epístolas.

|oão é o Evangelho das alturas: (1) Cristo veio das alturas; (2) voltou para as alturas; (3) vive nas alturas; (4) levará sua IgrejaI ura as alturas; e por fim, (5) virá das alturas para reinar aqui no mundo com poder e grande glória. O Evangelho de João é diiecionado para toda a humanidade (João 3.16).

Versículos 8 e 9: E os quatro animais tinham, cada um, res­tritivamente, seis asas, e, ao redor e por dentro, estavam cheios

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de olhos; e não descansam nem de dia e nem de noite, dizendo: “Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, que era, que é e que há de vir”. E, quando os animais davam glória, honra e ações de graças ao que estava assentado sobre o trono, ao que vive para todo o sempre,

A totalidade da criação divina exalta e louva a santidade de Deus, sendo este um atributo eterno dele (Isaías 6.1, 3). Milhares de vozes celestes unem-se em um perfeito louvor Àquele que é Senhor de toda a criação.

A santidade, em seu sentido mais sublime, é aplicada a Deus. Ela denota os seguintes pontos:

1. Deus é a essência absoluta da santidade, da bondade e da retidão;

2. A santidade de Deus é perfeita e inspiradora (Salmos 99.3);

3. A santidade de Deus é incomparável (Êxodo 15.11 e 1 Samuel 2.2);

4. A santidade de Deus deve ser imitada (Levítico 11.44 e 1 Pedro 1.15, 16);

5. A santidade de Deus será duplicada nos remidos (Mateus 5.8, 48 e 1 Tessalonicenses 4.3);

6. A santidade de Deus é exibida em seu caráter (Salmos 22.3 e João 17.11, 17);

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Capítulo 4 ]

A Igreja glorificada(Apocalipse 5)

qui temos representados os santos do Novo Testamen­to sob a forma de 24 anciãos perante o trono do Cor­

deiro, integrando um culto no qual tomam parte todos os seres celestiais (vv. 7 a 12). Em seguida, todas as criaturas do grande universo passam a fazer parte do grande culto de adoração ao Cordeiro. Trata-se também dos espíritos dos mortos que estão no hades. Observe as expressões “no céu”, “na terra” e “debaixo da terra” (compare o verso 13 com Filipenses 2.9-11).

Versículos 1 a 4: E vi na destra do que estava assenta­do sobre o trono um livro escrito por dentro e por fora, selado com sete selos. E vi um anjo forte, bradando com grande voz: “Quem é digno de abrir o livro e de desatar os seus selos?”. E ninguém no céu, nem na terra e nem debai­xo da terra podia abrir o livro e nem olhar para ele. E eu chorava muito, por que ninguém fora achado digno de abrir o livro, nem de o ler e nem de olhar para ele.

Este livro é o livro do destino dos homens, no que diz respeito aos últimos dias, durante a Grande Tribulação. Já os selos aí mencionados eram usados como marcas de

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autoridade ou autenticidade. Os selos garantiam ou fechavam documentos, a fim de se preservar o seu conteúdo secreto. So­mente pessoas autorizadas podiam abrir um selo desses para ser lida a mensagem do documento fechado.

Que livro misterioso seria este ao qual ninguém podia abrir, ler ou olhar para ele? (vv. 3, 4).

Este livro é da máxima importância, uma vez que contém a revelação do que Deus determinou para o futuro de toda a hu­manidade. Ele descreve como o mundo será julgado, bem como narra o triunfo final de Deus e do seu povo sobre o mal. É tam­bém o livro da possessão da terra, em que Cristo a recebe como sua propriedade, comprada com o seu próprio sangue.

O movimento da Nova Era apregoa o equilíbrio e a harmonia entre o bem e o mal. No entanto, tal coisa é impossível de aconte­cer, pois Deus nunca esteve associado à iniqüidade e no final de todas as coisas, o bem triunfará sobre todas as forças do maligno.

Versículos 5 e 6: E disse-me um dos anciãos: "Não chores; eis aqui o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, que venceu para abrir o livro e desatar os seus sete selos". E olhei e eis que estava no meio do trono e dos quatro animais viventes e entre os anciãos um Cordeiro, como havendo sido morto, e tinha sete pontas e sete olhos, que são os sete Espíritos de Deus, enviados a toda a terra.

"Leão da tribo de Judá" (v. 5) é o título messiânico extraído de Gênesis 49.8-10, em que Judá é chamado de "leãozinho" e a Ele é prometido o direito de governar. Somente o Senhor Jesus possui a dignidade, o caráter e o poder para abrir o livro e desatar os seus selos.

Leão e cordeiro, ambos falam do caráter e missão de Cristo. Na qualidade de leão, Ele é o corajoso Rei que defende seu povo e assume o poder universal; e como cordeiro, Ele realiza o sacri­fício pelo pecado, assumindo o seu ofício de Sumo Sacerdote.

Como leão, Cristo é o único que pode abrir o livro selado.

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Como cordeiro, Ele traz as marcas da sua morte, mesmo em seu estado glorificado (Lucas 24.40; João 1.29 e 20.20, 27; 1 Coríntios 5.7 e 1 Pedro 1.19). Como Sumo Sacerdote, é Cristo quem interce­de pela sua Igreja durante a sua difícil peregrinação neste mun­do (Hebreus 2.17; 4.14-16; 5.10 e 9.24).

Versículos 7 e 8: E veio e tomou o livro da destra do que estava assentado no trono. E, havendo tomado o livro, os quatro ani­mais e os vinte e quatro anciãos prostaram-se diante do Cordei­ro, tendo todos eles harpas e salvas de ouro cheias de incenso, <\ue são as orações dos santos.

Este desfecho se refere à intercessão dos santos em favor da vinda do Reino, momento em que estes reinarão sobre a terra (vv. 9 e 10 e Mateus 6.10).

Versículos 9 e 10: E cantavam um cântico novo, dizendo: “Dig­no és de tomar o livro e de abrir os seus selos, porque foste morto c com o teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, língua, povo e nação; e para o nosso Deus os fizeste reis e sacer­dotes; e eles reinarão sobre a terra ”.

No Antigo Testamento, um novo cântico celebrava um ato de livramento divino (veja Salmos 40.1-3). Esse significado está pre- MMite também no Novo Testamento.

As cenas do capitulo cinco são proféticas e de tais eventos | uirticipará a Igreja invisível de todos os tempos.

Versículos 11 a 14: E olhei e ouvi a voz de muitos anjos ao redor do trono, e dos animais, e dos anciãos; e era o número deles milhões de milhões e milhares de milhares, que com grande voz diziam; “Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber o poder,i iquezas, sabedoria, força, honra, glória e ações de graças”. E ouvi■ i Ioda criatura que está no céu, na terra, debaixo da terra, que está no mar e a todas as coisas que neles há, dizer: “Ao que está issentado sobre o trono e ao Cordeiro sejam dadas ações degra-

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40 A Igreja glorificada

ças, honra, glória e poder para todo o sempre". E os quatro ani­mais diziam: ‘‘Am ém !’’. E os vinte e quatro anciõesprostram-se e adoraram ao que vive para todo sempre.

É chegado o grande momento em que todos os seres celestes, incluindo a Igreja glorificada, e até mesmo as criaturas que estão debaixo da terra prestarão um momento de adoração Àquele que está assentado sobre o trono e ao Cordeiro. A criação toda parti­cipa do louvor a Deus e ao Cordeiro.

Este capítulo encerra mostrando o ponto de vista celestial dos juízos que seguirão, pois o direito de Cristo de reinar é chegado. Por isso, podemos concluir que o livro continha a declaração dos fatos que deviam acontecer: fatos estes que somente Cristo tinhao direito de revelar. E é sobre isso que estaremos tratando a par­tir do próximo capítulo.

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Capítulo 5 ]

A Grande Tribulação(Apocalipse 6 a 18)

Grande Tribulação é um período de aflição sem pre­cedentes na história da humanidade, que abrangerá 7

anos (Daniel 12.1; Mateus 24.21,22; 1 Tessalonicenses 1.10; Apocalipse 3.10 e 12.13-17). Os capítulos 6 a 10 referem- se à primeira parte, ou seja, 3 anos e meio; e os capítulos11 a 19 correspondem ao segundo período, também de 3 anos e meio. Este último também é descrito como (1) “um tempo, tempos e metade de um tem po” (Daniel 7.25 e 12.7; Apocalipse 12.14); (2) a “metade da septuagésima semana de Daniel” (Daniel 9.27); (3) a “quarenta e dois meses” (Apocalipse 11.2 e 13.5); (4) a “mil e duzentos e sessenta dias” (Apocalipse 11.3 e 12.6).

O período da Grande Tribulação diz respeito a Israel e às nações da terra e só ocorrerá após o arrebatamento da igreja.

A palavra “igreja” ocorre 19 vezes nos capítulos 2 e 3 do Apocalipse, sendo que depois só aparece nos capítu­los 19 e 22, mostrando assim a ausência da Igreja aqui no mundo nos dias da Grande Tribulação (conforme 1 Tessalonicenses 1.10 e Apocalipse 3.10).

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42 A Grande Tribulação

Nos primeiros 3 anos e meio, o anticristo protegerá os judeus em função de um acordo que fará com eles por um período de 7 anos. No entanto, quando eles o rejeitarem devido ao fato do mesmo exigir para si a adoração, como se fosse Deus, então se­rão deixados sem nenhuma ajuda terrena e sofrerão terrivelmen­te (conforme Jeremias 30.4-11; Daniel 9.27; 12.1; Mateus 24.12, 21, 22 e 2 Tessalonicenses 2.9). O falso profeta (a segunda besta), es­tará operando grandes sinais e prodígios, e forçará todos a ado­rarem ao anticristo (a primeira besta).

A Grande Tribulação tem como finalidade purificar Israel e trazer-lhe a um lugar onde Deus possa cumprir o seu convênio eterno, feito com seus pais, e isto com reta justiça. Muitas vezes, as perseguições no passado serviram para derrotar por algum tempo o espírito obstinado de Israel. A Grande Tribulação fará isto perm anentem ente (conform e Jerem ias 30.4-7; 32.37-41; Ezequiel 20.33, 34; 36.24-28; Zacarias 13.9; 12.10 e Malaquias 3.1- 3).

O período tribulacional se caracteriza por uma série de juízos simultâneos, mas sucessivos, representada pelos selos, trombe­tas e taças. E tem como finalidade não só punir os homens, mas principalmente levá-los ao arrependimento. Em meio a este qua­dro, grandes multidões serão salvas dentre aqueles que não ha­viam ouvido a mensagem do Evangelho durante a era da Igreja, sendo estes, entretanto, martirizados quase que imediatamente por sua fé.

Como a Igreja de Cristo não estará mais na terra, Deus provi­denciará os meios para que o Evangelho do Reino seja pregado a toda a nação, raça e língua durante aquele tempo (Mateus 24.14). Estaria hoje a igreja falhando na sua missão?

Nesse tempo, o mundo saberá o que significa terem rejeitado a Deus e a sua salvação. Muitos se converterão, mas terão que entregar suas próprias vidas por isto.

Nos últimos 3 anos e meio, quando a marca da besta se tornar uma lei implacável, o destino final daqueles que a aceitarem será

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Apocalipse, a Revelação Final 43

a morte por enforcamento, fuzilamento ou pela guilhotina. Os dias terríveis do Império Romano e da Inquisição por certo esta­rão de volta naquele tempo (conforme Mateus 24.9,10).

O único meio para escapar da Grande Tribulação é permane­cer firme em Cristo e não perder o arrebatamento da igreja, fato este, que pode ocorrer a qualquer instante.

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umia x.

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Capítulo 6 ]

Os sete selos(Apocalipse 6)

presente capítulo marca o início do período sombrio da Grande Tribulação.

Nos sete selos temos os quatro cavaleiros (vv. 1, 2, 4, 5 e 8), que representam conquista, guerra, fome e morte.

Versículos 1 e 2: E, havendo o Cordeiro aberto um dos selos, olhei e ouvi um dos quatro animais, que dizia, como em voz de trovão: “Vem e vê!’’. E olhei e eis um cavalo branco; e o que estava assentado sobre ele tinha um arco; e foi-lhe dada uma coroa e saiu vitorioso e para vencer.

A aparência deste cavaleiro é tão enganosa que mui­tos interpretam a sua figura com a do Senhor Jesus no capítulo dezenove. No entanto, este personagem é dife­rente daquele que encontramos no décimo nono capítulo do Apocalipse.

Este cavaleiro não pode ser Cristo, uma vez que é este quem abre o selo do primeiro versículo, do qual saem o cavalo e o cavaleiro do versículo dois. Além disso, em seu cortejo, Cristo tem melhores agentes dos que os men­cionados neste capítulo.

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Juízos dos Selos, das Trombetas e das Taças

7 76 ^ 7

5^7 5^4 ^ ; ; 4 ^

3 ^ 7 3^y2<fJ> 2^V

1 ^ ̂ i

T VPrimeira metade da Tribulação

Apocalipse 6; 8.1, 2 | Apocalipse 8; 9; 11.15 |

Segunda vinda do Messias

1 2 3 4 5 6 7ff flf líf IIj

£.v\cs -v v -, f /V s (y \ . ,j V>

A Grande TribulaçãoApocalipse 15 e 16

Os juízos dos selos, das trombetas e das taças não são meramente retributivos em sua natureza. Também podem ser disciplinadores e restauradores, contanto que os homens permitam que esses juízos tenham essas funções.

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Apocalipse, a Revelação Final 47

Observemos cuidadosamente o contraste entre o cavaleiro do oipítulo seis e o cavaleiro do capítulo dezenove:

1. O primeiro é visto na terra; o segundo é visto no céu.2. O primeiro tinha um arco na mão; o segundo tinha uma

espada na boca.3. O primeiro recebeu uma coroa; o segundo trazia muitos

ih.idemas, ou seja, coroa sobre coroas.4. O primeiro é visto sozinho; o segundo é visto acompanha-

i Io de um exército.5. O prim eiro selo fala de um cavalo branco; o capítulo

dezenove fala de muitos cavalos brancos.6. O primeiro cavaleiro é anônimo; o segundo cavaleiro tem

• I ti atro nomes: Fiel; Verdadeiro; a Palavra de Deus e o nome mis- U t í o s o .

7. O primeiro cavaleiro é visto no início da Grande Tribula-i ,1o; o segundo só no final deste período.

() leitor deve observar que somente está em comum a cor dosi ii valos. No restante, tudo é contraste. Temos aqui, portanto, uma iclrrência ao anticristo (1 João 2.18). Seu método de conquista n . io parece incluir abertamente a guerra, uma vez que a paz não r« removida da terra até ser o segundo selo (v. 4). Isto corresponde hcin à descrição do engano dos homens m encionado em 1I rssalonicenses 5.3. Possivelmente, neste período será feito um liilso acordo de paz com Israel, que também envolverá o mundoii ,il >e (Daniel 9.27). Na linguagem grega, a palavra anti tem o sen-i n Io de "em lugar de", e não o sentido de "contra". Ele não diráii t contra Cristo, mas insistirá em ser o verdadeiro Cristo.

I ) cavaleiro mencionado também é o chifre pequeno que oI irofeta Daniel viu (Daniel 7.8). A sua manifestação será como de 11111 homem de paz, vindo sobre um cavalo branco (que simboli-

i,i paz). Notório é que ele tem um arco, mas não possui flechas; , i i|iie também representa uma diplomacia enganadora.

() poder de oratória e de eloqüência do anticristo será tão gran- ilr i[ue se fosse possível, enganaria até os escolhidos (o povo de

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48 Os sete selos

Israel, segundo Mateus 24.24). O anticristo influenciará decisiva­mente as massas com seus discursos inflamados (Apocalipse13.5), tanto que a Palavra de Deus afirma que toda a terra seguirá após a besta (Apocalipse 13.3).

Ele virá prom etendo paz, mas será um falso período de calmaria, estabelecendo um milênio forçado. E quando o anticristo houver convencido o mundo que chegou a era de ouro da paz, então, desfechará a sua fúria contra as nações confiantes, mergu­lhando o mundo na guerra. Então, o anticristo mostrará quem realmente ele é (conforme 1 Tessalonicenses 5.3).

Quando os homens despertarem do seu pesadelo, será tarde demais para alterar o rumo dos acontecimentos.

O mundo está à procura de um homem montado em um cava­lo branco e as nações estão se agitando. O último ditador que prometerá a paz será recebido como salvador e esperança do mundo. Então, os povos da terra respirarão aliviados, acreditan­do em um futuro melhor. Foi justamente isto que quis dizer Paul Henri Spaak, ex-secretário geral da OTAN e ex-primeiro minis­tro da Bélgica, quando falou: “Precisamos de um homem capaz de conciliar a todos, e quer seja ele um deus ou um demônio, nós o receberemos de braços abertos!”

O mundo receberá o anticristo para salvá-lo das dificuldades que haverá - especialmente políticas, financeiras e religiosas. Este será recebido como o salvador do mundo e muitos crerão que ele é o próprio Cristo. Com o arrebatamento da Igreja, será retira­do da terra o Espírito Santo, mas somente no que se refere à ação controladora do pecado, pois a sua operação na salvação de pe cadores continuará. Desta forma, o anticristo estará apto a operar livremente por meio do poder do diabo (2 Tessalonicenses 2.3- 12). Haverá um reino composto pela união de 10 reinos confede­rados, sobre o qual reinará o anticristo, no mesmo local que sediou o Império Romano. As Escrituras falam deste governante como sendo a personificação do próprio diabo (Ezequiel 28.11 19 e Daniel 7.25).

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A ciência corre em busca do homem perfeito. Portanto, o pri­meiro selo representa as tentativas dos homens de estabelecer aI >az na terra. Na realidade, não haverá paz em lugar algum, uma vez que a diplomacia, a negociação e o bom senso já não deverãol azer parte do dicionário da razão humana. As mentes humanas que governarão a terra nessa época estarão cativas ao domínioi Ir Satanás. E quando todos estiverem proclamando a paz e a segurança, eis que lhes sobrevirá repentina destruição (1 Tessalonicenses 5.3). Pois o Rei dos reis e Senhor dos senhores n.io haverá de tolerar o usurpador.

Versículos 3 e 4: E havendo aberto o segundo selo, ouvi o se­ntindo animal, dizendo: “Vem e vê!”. Esaiu outro cavalo, verme­lho; e ao que estava assentado sobre ele foi dado que tirasse a /Miz da terra e que se matassem uns aos outros. E foi-lhe dada uma grande espada.

O cavalo vermelho, bem como o seu cavaleiro trazendo uma yi .inde espada, nos fala de guerra e de muito derramamento de '..ingue sobre a terra. O anticristo começa a revelar o seu verda- ' lelro caráter a partir do segundo selo. A cor branca, que simboli­zava a paz, agora é substituída pela vermelha, que simboliza a violência e o sangue. Este cavaleiro conduzirá as nações à guerra (Mateus 24.6, 7 e 1 Tessalonicenses 5.1-3).

Todas as vezes que os homens, independentemente de Deus,ii <11litetam uma paz que parece duradoura são surpreendidos

pela guerra. A paz, a verdadeira e genuína paz, somente pode sei proporcionada por Cristo Jesus, o Príncipe da Paz.

Muitos têm opinado que este cavaleiro representa o governoi mnunista, pelo fato deste semear o terror no mundo. Procuran- ' Io armarem-se mais do que todas as nações, o seu símbolo naci-i mil é a cor vermelha. Apesar de tudo, o comunismo não preen- t lie todos os requisitos desta profecia, na forma em que este tem •r manifestado. Porém, pode-se dizer que ele tem o espírito do ml icristo; assim como muitos reinos têm sido representados por

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homens perversos, como Nabucodonosor, Antíoco Epifânio, Ale­xandre, Júlio César, Napoleão, Hitler, Stalin e outros (conforme 1 João 2.18).

Além da guerra aberta, o cavaleiro do cavalo vermelho tam­bém representa um tempo de homicídios, assassinatos e revolu­ções. Os homens se matarão uns aos outros como nunca aconte­ceu em época alguma. O segundo selo representa a eliminação da paz na terra.

Sempre tem havido guerras e pelejas entre as nações, porém, nunca de forma tão terrível como nos tempos modernos. Os his­toriadores afirmam que desde a primeira guerra mundial (1914 a 1918) não tem havido um dia de paz sobre a terra, pois sempre tem havido alguma guerra em alguma parte do globo. Tal situa­ção se intensificará tremendamente com a abertura do segundo selo.

Versículos 5 e 6: E havendo aberto o terceiro selo, ouvi o ter­ceiro animal, dizendo: “Vem vê!” E olhei e eis um cavalo preto; e o que sobre ele estava assentado nele tinha uma balança na mão. E ouvi uma voz no meio dos quatro animais, que dizia: “Uma me­dida de trigo por um dinheiro e três medidas de cevada por um dinheiro. E não danifiques o azeite e o vinho”.

A começar pela sua cor, o cavaleiro deste juízo traz um qua­dro de morte espantosa ao mundo através da fome. Este julga­mento também será econômico, cujo maior efeito será sobre os pobres. A expressão “não danifiques o azeite e o vinho” significa que estes dois produtos serão artigos de luxo, que só aparecerão na mesa dos ricos. Atualmente, o mundo sofre de um mal repre­sentado neste juízo: cada vez mais os ricos enriquecem e os po­bres tornam-se mais pobres, enquanto que a classe média está desaparecendo.

Os preços relatados nos versículos 5 e 6, subirão a uma taxa de inflação de 1.200% em relação aos correspondentes do século primeiro. A fome pressiona o custo dos gêneros de primeira ne-

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ivssidade, indispensáveis à sobrevivência dos pobres, enquanto que os ricos continuam a desfrutar dos prazeres do vinho e de outras extravagâncias.

Certa vez, Adam Smith disse: "A ambição universal dos ho­mens é viver colhendo o que nunca plantaram".

O dinheiro era a moeda romana paga pelo salário de um dia de trabalho e o versículo 6 indica uma tremenda escassez de ali­mentos. A balança simboliza racionamento e condições difíceis de adquirir p rov isões, sendo sím bolo da fom e com o conseqüência trágica da guerra. Em períodos de escassez, os co­mestíveis precisam ser pesados com extremo rigor.

Uma medida de farinha é o mínimo para uma pessoa sobrevi­ver. Como o assalariado poderá sustentar a sua família? ComI >essoas famintas revirando o lixo à procura de alimentos, a soci­edade presenciará muitos matando para poder comer. Se a fome leva alguns à letargia e ao desânimo irremediável, ela conduz outros à nervosa instabilidade da histeria e a um louco desespe­ro.

Os preços para o trigo e para a cevada serão extremamente elevados. "Um queniz de trigo", entre os gregos, correspondia em média a um volume de 450 gramas, considerado na época o eoiisumo diário para a alimentação de um homem. Se com um dia de trabalho um homem só poderá comprar alimento sufici­ente para si, como ficará a situação daqueles que sustentam fa­mília? Neste tempo, haverá disputa ferrenha pelo alimento es-I ( I S S O .

O terceiro selo representa a fome, resultante da guerra e dai levastação. A escassez de alimentos é um problema que já preo-■ ii pá a humanidade em nossos dias. A produção alimentícia já n.io consegue acompanhar mais o aumento da fome no mundo. ■< r,i que em 2043, quando segundo dados recentes, a população

mundial estará chegando a nove bilhões e quinhentos milhões de habitantes, haverá comida para todos? Veja a seguinte previ- „io feita por Morris Willians, diretor do Concilio Mundial sobre

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a fome: "Agora já não resolvem mais as providências que possa­mos tomar, uma vez que milhões no mundo devem morrer de fome!".

Em seus escritos, Cícero faz alusão à fome em grande escala já em seus dias: "(...) quão crítica era a situação quando um homem tinha de trabalhar o dia inteiro para adquirir duas medidas de trigo". No tempo da Grande Tribulação, isso será vivido em grau supremo, pois esse cavaleiro aponta para esse tempo do fim.

O anticristo não logrará resolver os problemas humanos; mas os agravará ainda mais. Somente o Senhor Jesus haverá de im­plantar, no Milênio, um governo de paz e prosperidade.

O vulto do cavalo preto paira de forma ameaçadora sobre nós nos tempos atuais.

Versículos 7 e 8: E havendo aberto o quarto selo, ouvi a voz do quarto animal, que dizia: "Vem e vê!". E olhei e eis um cavalo amarelo; e o que estava assentado sobre ele tinha por nome Mor­te; e o inferno o seguia; e foi-lhes dado poder para matar a quarta parte da terra com espada, com fome, com peste e com as feras da terra.

Este cavaleiro se chama Morte e o seu companheiro é o infer­no. A morte requer o corpo; o inferno, a alma. O fato de o inferno seguir a morte significa que aqueles que morrerem sob a ação deste espírito demoníaco não encontrarão salvação. Estarão per­didos eternamente.

No original, a palavra "amarelo" também pode ser traduzido por "pálido" ou "verde", que representa a cor de um cadáver. O quadro representado pelo anticristo agora se torna claríssimo, espantoso e terrível; sendo que por todos os lados haverão guer­ras, fomes, pestilências e cadáveres abandonados (conforme Ezequiel 14.21). O quarto selo faz surgir o cavaleiro do cavalo amarelo, representando a morte que segue no rastro do fracasso humano de estabelecer a paz na terra.

O julgamento descrito acima será tão terrível que se aconte-

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eesse hoje (2009), cerca de 1,75 bilhões de vidas seriam ceifadas! IJma ideia pálida do que será essa tragédia ocorreu na Europa, de 1340 a 1350, quando a peste negra dizimou dois terços de todai população daquele continente.

Assim sendo, o cavaleiro do cavalo branco significa a promes­sa de uma falsa paz para a humanidade; o cavaleiro do cavalo vermelho significa guerra e muito derramamento de sangue; o cavaleiro do cavalo preto nos fala de muita fome e racionamentoi le alimentos; o cavaleiro do cavalo amarelo nos fala de uma gran­de mortandade oriunda das guerras, da fome, das pestilências e das feras da terra.

Versículos 9 a 11: E havendo aberto o quinto selo, vi debaixo f/<> altar as almas dos que foram mortos por amor da Palavra deI >rnseporamordo testemunho que deram. E clamavam com gran­de voz, dizendo: "Até quando, ó verdadeiro e santo Dominador, mio jidgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a ter- in?". E a cada um fo i dada uma comprida veste branca e foi-lhes ililo que repousassem ainda um pouco de tempo, até que também ■r completasse o número de seus conservo e seus irmãos, que ha- ohwn de ser mortos como eles foram.

Ao ser aberto o quinto selo, João vê as almas daqueles que lninm martirizados por amor a Cristo, evidentemente nos pri­meiros meses da Grande Tribulação. A eles foi dito que tivessem paciência, pois m uitos outros ainda m orreriam pela sua fé (Apocalipse 7 .9 ,13 ,14 ; 13.15; 18.24 e 20.4).

As almas que João viu sob o altar de Deus não estavam in-■ i mscientes e nem indiferentes. Isso mostra que ao sair do corpo,i ilma possui consciência e até certas faculdades, como a memó-

i i , i (conforme Lucas 16.19-31).

lista referência não fala dos mártires dos séculos passados, na• i.i da Igreja, pois estes já foram arrebatados e estão com Cristo e m lorma glorificada (Apocalipse 4 e 5). Serão estes os mártires d n lempo dos terríveis julgamentos de Deus sobre a terra. E seja

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qual for o seu engano, cada um destes se arrependerá de sua transgressão antes de as pragas virem sobre a terra, descritas na abertura dos quatro primeiros selos. Estes permanecerão fiéis até serem martirizados (Mateus 24.9-14 e Apocalipse 14.12, 13).

Estas almas estão seguras debaixo do altar, pois os homens apenas puderam destruir os seus corpos (Mateus 10.28). No en­tanto, notamos no verso 10 um grande contraste entre a súplica destes mortos com a oração de Cristo na cruz e a de Estevão (con­fira Lucas 23.34 e Atos 7.60). Para melhor entendermos, é neces­sário notar duas coisas importantes: (1) Cristo e Estevão morre­ram durante a dispensação da graça, enquanto que as almas de­baixo do altar clamavam depois de passar este período; e (2) es­tes mártires haviam, sem dúvida, orado pelos seus perseguido­res em vida, sem os resistir. No entanto, sabiam que por fim a ira de Deus cairia sobre eles.

Percebemos ainda no versículo 10 que a humanidade se com­põe em dois grandes grupos, sendo um formado pelo povo de Deus, cuja cidadania está no céu (Filipenses 3.20); e o outro, em oposição a estes, os habitantes rebeldes da terra. A nossa espe­rança e missão como Igreja não está em reformar a sociedade, mas sim em levar o maior número possível de almas aos pés de Cristo.

Versículos 12 a 17: E tendo visto aberto o sexto selo, olhei e eis que houve um grande tremor de terra; e o sol tornou-se negro como saco de cilício, e a lua tornou-se como sangue. E as estrelas do céu caíram sobre a terra, como quando a figueira lança de si os seus figos verdes, abalada por um vento forte. E o céu retirou-se como um livro que se enrola; e todos os montes e ilhas foram removidos do seu lugar. E os reis da terra, os grandes, os ricos, os tribunos, os poderosos, todo servo e todo livre se esconderam nas cavernas e nas rochas das montanhas e diziam aos montes e aos rochedos: “Caí sobre nós e escondei-nos do rosto Daquele que está assenta­do sobre o trono e da ira do Cordeiro, porque é vindo o grande dia da sua ira; e quem poderá subsistir?”.

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O Senhor Jesus profetizou as mesmas palavras quando estava ,i caminho do Gólgota, referindo-se a um período de sofrimento pelo qual passaria a nação de Israel no futuro (Lucas 23.30, 31).

A primeira vinda de Cristo como “cordeiro” foi uma missãoi le misericórdia. A segunda, porém, será para executar a sua ira (' vingança sobre aqueles que não se arrependem.

Pela forma comparativa como o apóstolo João detalha a visão, podemos imaginar que objetos luminosos e em grande quanti-i lade serão despejados sobre a terra. Isto nos faz pensar em bom- has e armas químico-biológicas sendo lançadas de aviões-bom-I lardeiros ou ainda que essas “estrelas cadentes” sejam meteoritos ou cometas desviados de suas órbitas originais.

Quando céu e terra começarem a estremecer por causa dos grandes terremotos, a humanidade, então, compreenderá que seI rata do julgamento divino. No entanto, isto é apenas o começo.

Há registros que nas noites de 13 e 14 de novembro de 1833, oi éu ficou literalmente tomado por estrelas cadentes. Entretanto, ao apóstolo era impossível descrever a visão segundo os padrões < Ia ciência atual! Certamente, a ciência da época não lhe permitiai llstinguir a diferença de massa entre uma estrela e um meteorito. T indiscutível que, literalmente, não se trata de estrelas (segun­do os padrões hoje conhecidos) do céu caindo sobre a terra, poisI taslaria uma única pra destruir o planeta, caso acontecesse tali ollsão; no entanto, poderiam ser estrelas reais movimentando- .<* alravés do Universo, já que “os poderes dos céus serão abala-i los” (Mateus 24.29).

A terra terá sua configuração modificada: algumas regiões de- aparecerão e outras serão deslocadas! Se meteoritos ou cometas

i a irem sobre a terra, o nível do mar subirá, ocasionando mare- molOS que inundarão o planeta. Daí a expressão “todos os mon-ii . c ilhas foram removidos dos seus lugares”.

( ilaciologistas reunidos numa conferência internacional nosI aados Unidos levantaram uma possibilidade catastrófica so­

Apocalipse, a Revelação Final _______________________ __________ 55

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Os sete selos

bre o derretimento de gelo na Antártica, provocado pelo efeito estufa. Pelas teorias correntes, nos próximos 50 anos, o pior pro­blema que poderia ocorrer seria uma elevação de seis metros do nível do mar. No entanto, com base em dados recentes, que mos­tram que as geleiras já estão derretendo devido ao aquecimento global, alguns especialistas acreditam que, se apenas um terço da plataforma de gelo do Leste da Antártica derreter, o nível do mar subirá 45 metros! Que terrível!

Ao abrir-se o sexto selo, os homens fogem apavorados, pre­vendo que é chegado o grande dia da ira divina. A partir de en­tão, todos os habitantes da terra experimentarão os juízos de Deus. A arrogância, o orgulho e a indiferença dos homens de nada lhe valerão diante daquilo que os espera, caso não haja arrependi­mento. O versículo 16 nos mostra que, diante de tanto pavor, os homens buscarão a morte, e não a Deus. No dizer de Swete: “O que os pecadores mais temem não é a morte, e sim, a presença revelada de Deus”. Isso nos mostra a que nível baixíssimo os homens caíram.

Os fenômenos resultantes da abertura do sexto selo mostram que Deus é o autor da natureza e que tem domínio sobre tudo o que existe. Certamente neste ponto, os panteístas entenderão a diferença entre o Criador e a criatura. Os “grandes” da terra sa­berão que Grande é somente o Senhor nosso Deus!

A história registra que em 19 de maio de 1780, uma determi­nada região da América do Norte ficou na escuridão desde as 9 horas da manhã até o anoitecer, provocando um grande pânico à população. Ainda assim, não se compara às grandes convulsões que abalarão a terra com a abertura do sexto selo.

Os julgamentos divinos aqui descritos sobrevêm à terra na primeira parte da tribulação e continuarão por todo este perío­do. A série de acontecimentos aí registrados pode ser uma res­posta parcial ao grito das almas que estavam debaixo do altar.

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Capítulo 7 |

Os cento e quarenta e quatro mil(Apocalipse 7)

om a entrada deste capítulo, temos um intervalo de­nominado período parentético, que encerra com a reto­mada do capítulo 8 para a abertura do sétimo selo.

Versículo 1: E depois destas coisas, vi quatro anjos que estavam sobre os quatro cantos da terra, retendo os qua­tro ventos da terra, para que nenhum vento soprasse so­bre a terra, nem sobre o mar e nem contra árvore alguma.

Os “quatro cantos da terra” simbolizam os quatro pon­tos cardeais, de onde surgem ventos que representam a ira de Deus sobre o mundo (Isaías 11.12 e Daniel 7.2). Esta expressão não significa que a terra seja quadrada, mas que tem quatro orientações principais. Esta frase era usa­da no oriente para significar o mundo como um todo.

Versículos 2 e 3: E vi outro anjo subir da banda do sol nascente e que tinha o selo do Deus vivo; e clamou com grande voz aos quatro anjos, a quem fora dado o poder de danificar a terra e o mar, dizendo: “Não danifiqueis a ter­ra, nem o mar e nem as árvores até que hajamos assinala­do na testa os servos do nosso D eus”.

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58 Os cento e quarenta e quatro mil

O selo era um anel que im prim ia em um objeto a forma identificadora do seu dono, como se fosse um carimbo. O selo de Deus sobre uma pessoa a identifica como pertencente a Ele e sob os seus cuidados (Efésios 1.3). A Bíblia diz que estamos “se­lados para o dia da redenção” (Efésios 4.30). Somos, portanto, a sua propriedade; pessoas a quem o Senhor reservou para si mes­mo, com finalidades específicas.

Versículos 4 a 8: E ouvi o número dos assinalados e eram cento e quarenta e quatro mil assinalados de todas as tribos dos filhos de Israel. Da tribo de Judá, havia doze mil assinalados; da tribo de Rúben, doze mil; da tribo de Gade, doze mil; da tribo de Aser, doze mil; da tribo de Naftali, doze mil; da tribo de Manassés, doze mil; da tribo de Simeão, doze mil; da tribo de Levi, doze mil; da tribo de Issacar, doze mil; da tribo de Zebulom, doze mil; da tribo de José, doze mil; da tribo de Benjamim, doze mil.

Deve-se levar em conta aqui a interpretação literal. O fato da tribo de Dã não ser mencionada, entrando a tribo de Levi em seu lugar, nos lembra de duas coisas importantes: (1) A tribo de Dã caiu na idolatria e foi eliminada (Juizes 18.30; 1 Reis 12.28-31; 2 Reis 10.29 e Amós 8.14); e (2) a tribo de Levi, como uma tribo sacerdotal, nunca recebeu herança no Antigo Testamento (Nú­meros 18.23 e 26.58-62; Deuteronômio 10.9 e 14.27), sendo então incluída aqui com as demais.

Estes versículos tratam dos filhos de Israel. Centro e quarenta e quatro mil é um número perfeito e representa o povo de Deus (Apocalipse 21.12, 14). Juntamente com as duas testemunhas mártires, estes serão os pregadores do Evangelho do Reino (Isaías 66.19; Mateus 24.14 e Apocalipse 11.4, 7), serão os missionários enviados por Deus às nações da terra nos dias da Grande Tribu­lação. O conteúdo da sua pregação será o Evangelho do Reino, o qual foi pregado por João Batista, pelo Senhor Jesus Cristo, pelos doze apóstolos; e que será pregado também naqueles dias, anun­ciando que o reino milenar de Cristo está prestes a chegar (Mateus 3.1;9.35; 24.14 e Marcos 1.14).

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Apocalipse, a Revelação Final 59

Este capítulo mostra os esforços sobrenaturais que Deus fará durante aquele tempo para trazer o maior número de almas à fé• i n Cristo (conforme v. 9).

Versículos 9 a 13: Depois destas coisas, olhei e eis aqui uma multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, tri­bos, povos e línguas, que estavam diante do trono e perante o ( ordeiro, trajando vestes brancas e com palmas nas suas mãos; r clamavam com grande voz, dizendo: “Salvação ao nosso Deus, i/iic está assentado no trono, e ao Cordeiro”. E todos os anjos estavam ao redor do trono, dos anciãos e dos quatro animais; e l>i ostraram-se diante do trono sobre seu rosto e adoraram a Deus, dizendo: “Amém! Louvor, glória, sabedoria, ações de graças, hon- r.i, poder e força ao nosso Deus para todo o sempre. Am ém !”. E mu dos anciãos me falou, dizendo: “Estes que estão vestidos de vestes brancas, quem são e de onde vieram?”.

Eis o resultado do ministério dos 144 mil israelitas: uma gran­ir multidão salva, trajando vestes brancas e com palmas nas

m. ios.

“N ações, tribos, povos e lín g u a s” exp ressa a idéia de• ibrangência universal da salvação. Grande será o poder e a efi-i noia da mensagem divina pregada por aqueles servos do Se­nhor.

João descreve uma cena no céu, em que se pode ver uma gran­de multidão proveniente de todas as nações. Esta multidão sal- v.i pelo “sangue do Cordeiro” serão os salvos da primeira parte da Grande Tribulação (v. 14), os quais sofrerão martírio por não .irritarem a religião do anticristo. Esta multidão nada tem a ver tom os 144 mil, uma vez que aqueles serão exclusivamente ju ­deus (Apocalipse 7.4), enquanto que estes serão compostos por pessoas de todas as nações, tribos, povos e línguas (v. 9). São ..mios que, de entre os gentios, terão sido levados ao conheci­mento de Deus pela pregação do Evangelho do Reino (conforme Nl.iteus 24.14).

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60 Os cento e quarenta e quatro mil

Na presença de Deus desaparecerão para sempre os mesqui­nhos sentimentos de raça e nacionalidade, que fazem separação entre os homens do mundo.

Versículos 14 e 15: E eu disse-lhe: “Senhor, tu sabes”. E ele dis­se-me: “Estes são os que vieram de grande tribulação, lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro. Por isso estão diante do trono de Deus e o servem de dia e de noite no seu templo; e Aquele que está assentado sobre o trono os cobrirá com a sua sombra ”.

Ali os remidos o servirão “de dia” e “de noite” no seu santuá­rio. A linguagem aqui usada tem forma antropomórfica (forma humana para ser entendida pela mente humana), pois ali não haverá noite (Apocalipse 22.5).

Apesar de o povo de Deus sempre ter sofrido tribulações ao longo da história da Igreja, a Grande Tribulação é um período de julgamento divino sobre o mundo ímpio que rejeitou a Cristo. Além disso, também é um tempo de ira e perseguição contra os que recebem a Cristo e a sua Palavra (Apocalipse 12.12). Durante esta fase, milhares de pessoas sofrerão terrivelmente como objetos da ira satânica (Apocalipse 6.9-11; 14.13 e 20.4). No grego, esta expressão diz literalmente “a tribulação, a grande”, uma vez que a repetição do artigo definido no texto original reforça a declara­ção. É o período da hostilidade final antes da volta de Cristo.

Nota-se como os intensos sofrimentos da Grande Tribulação não são suficientes para purificar os homens dos seus pecados. Somente o sangue de Jesus pode fazer isto (João 1.29; 1 Pedro 1.18, 19 e 1 João 1.7).

Veja as seguintes considerações:

1. Somos salvos da ira de Deus e justificados pelo sangue de Cristo (Romanos 5.9).

2. Nos aproximamos de Deus pelo sangue de Cristo (Efésios 2 . 12).

3. Temos ousadia para entrarmos no Santíssimo Lugar através

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Apocalipse, a Revelação Final 61

<lo sangue de Cristo (Hebreus 10.19, 20).4. Fomos resgatados da nossa vã maneira de viver pelo san-

)',iie de Cristo (1 Pedro 1.18,19).5. Somente pelo sangue de Cristo o pecado é expurgado, o

i|iie é corruptível se reveste da incorruptibilidade e o que é mor-i.il se reveste da imortalidade (1 Coríntios 15.54).

Versículos 16 e 17:" Nunca mais terão fom e e nunca mais terão .('(/(?; nem sol e nem calma alguma cairá sobre eles, porque o Cor­deiro que está no meio do trono os apascentará e lhes servirá de Hiila para as fontes das águas da vida; e Deus limpará de seus olhos toda lágrima".

O texto em foco lembra as palavras de Jesus em Lucas 7.13, i|imndo disse para a pobre viúva não chorar. Os que choraram ' 1.1 lerra serão consolados no céu (conforme Mateus 5.4) e os que .ii|iii não choraram, chorarão numa eternidade sem Deus, sem Ii,iver quem os console.

Esta promessa se refere a qualquer lembrança que possa cau- ii' sofrimento, pesar ou remorso àqueles que com o preço de n.is próprias vidas selarão o testemunho heróico da sua fideli-

i Lide a Cristo. A grande multidão dos mártires salvos na Grande t ribulação é apascentada e conduzida às fontes das águas daii l.i pelo Cordeiro. Sofreram na terra, mas perseveraram até o

Imi (Mateus 24.13). É uma promessa de recompensa à fidelidade■ I.u | neles que sofrerão martírio por amor a Cristo.

Saiba, meu querido irmão, que vale a pena ser fiel a Cristo, mesmo que isto resulte em sofrimentos, desprezos e discrimina- i,(Vs. Não esqueça que se sofrermos, também com Ele reinare- iiion (2 Timóteo 2.12).

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Capítulo 8 ]

As sete trombetas(Apocalipse 8)

■fersículos 1 e 2: E havendo aberto o sétimo selo, fez-se silêncio no céu quase por meia hora. E vi os sete anjos que estavam diante de Deus e foram-lhes dadas sete trombe­tas.

A abertura do sétimo selo dá início aos juízos das sete trombetas, mostrando como serão as condições na terra durante os próximos 21 meses de tribulação. O si­lêncio no céu deve-se ao horror diante dos julgamentos vindouros contra o pecado. É uma pausa marcante antes da próxima série de juízos divinos, assim como a calmaria que antecede uma tormenta ou um vendaval. Cremos que os minutos antecedentes ao toque da primeira trombeta são momentos de dor e angústia para o Espírito de Deus. A divindade chora, pois Deus é tardio em irar-se e não tem prazer na morte do ímpio (Naum 1.3 e Ezequiel 33.11).

Tão incríveis serão tais juízos que os próprios habitan­tes do céu ficam em grande expectativa, devido àquilo que está para acontecer. O tempo no céu não se mede como na terra, no entanto, João transmite em termos hu­manos a impressão que esta pausa lhe dá.

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64 As sete trombetas

Aparentemente os julgamentos que são anunciados pelas trom­betas seguem cronologicamente a abertura dos selos. Portanto, os selos transmitem a causa, enquanto que as trombetas e as ta­ças da ira, o efeito.

Versículos 3 a 6 :E veio outro anjo e pôs-se junto ao altar, ten­do um incensário de ouro; e foi-lhe dado muito incenso, para o pôr com as orações de todos os santos sobre o altar de ouro que está diante do trono. E a fumaça do incenso subiu com as orações dos santos desde a mão do anjo até diante de Deus. E o anjo to­mou o incensário, o encheu do fogo do altar e o lançou sobre a terra; e ouve depois vozes, trovões, relâmpagos e terremotos. E os sete anjos, que tinham as sete trombetas, prepararam-se para tocá- las.

Observemos que, neste texto, as orações oferecidas diante do trono, sobre o altar celeste, são “as de todos os santos”, e não apenas dos mártires, conforme se vê em Apocalipse 6.9. Todas as orações que ascenderem a Deus em nome de Jesus e conforme a sua vontade são ouvidas. Aqui, a oração é somente dos “san­tos”, pois Deus não ouve a pecadores (conforme João 9.31). Até que enfim, nossas orações armazenadas diante de Deus serão, então, respondidas (conforme Apocalipse 5.8 e 8.3, 4). Através da mediação de Cristo, nossas orações chegaram e foram aceitas diante do trono de Deus (Salmos 141.2;Efésios 5.2 el Timóteo2.5).

As orações dos santos misturadas com incenso solicitando a vinda do Reino trazem a intervenção da ira divina em antecipa­ção à vinda de Cristo (Mateus 6.10 e Apocalipse 5.8). Note que, em certo sentido, Deus entesoura as nossas orações; e embora o Senhor nem sempre responda imediatamente a todas elas, Ele não as deixa de lado, mas as preserva para o momento certo de serem atendidas. E assim, somos incentivados a orar sem cessar (Lucas 21.36; 1 Tessalonicenses 5.17).

Versículo 7: E o primeiro anjo tocou a trombeta e houve sarai-

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víi e fogo misturado com sangue, e foram lançados na terra, que loi queimada na sua terça parte. Queimou-se a terça parte das irvores e toda erva verde foi queimada.

Embora as implicações sejam aterradoras, não há razão para ibandonarmos a interpretação literal destes juízos, cujo propõ- •.llo é advertir as pessoas e trazê-las ao arrependimento, uma vez i|iie tais acontecimentos estão limitados a uma terça parte do inundo (Apocalipse 9.20, 21).

O nosso planeta tem aproxim adam ente 149 m ilhões de i|iiilômetros quadrados de áreas emersas. A terça parte queima-i l;i significa uma área equivalente à soma das superfícies da ( íckania com o continente asiático; ou da África com a Américai li) Sul; ou da América do Norte com a Antártida e a Europa. Este incêndio descomunal seria responsável por grande concentração■ Ir gases poluentes na atmosfera.

Versículos 8 e 9; E o segundo anjo tocou a sua trombeta e foi lançado no mar uma coisa como um grande monte ardendo em h)go, e tornou-se em sangue a terça parte do mar. E morreu a terça l>.irte das criaturas que tinham vida no mar e perdeu-se a terça p.irte das naus.

O grande monte ardendo em fogo pode ser um meteorito ar- - lente que caiu no mar, matando uma terça parte da vida maríti- m,i e destruindo muitas embarcações. A grande mortandade de iininais no mar acarretará grandes problemas.

|oão vê algo semelhante a um vulcão em erupção, explodindo i' lançando a sua lava no mar. Esta figura é símbolo do julgamen- in divino sobre os mares. Esse é um juízo escatológico, resultan- li' d(> erupções vulcânicas generalizadas, e não da poluição natu- i il

Versículos 10 e 11: £ o terceiro anjo tocou a trombeta e caiu doi i ii uma grande estrela, ardendo como uma tocha, e caiu sobre a tprçíi parte dos rios e sobre as fontes das águas. E o nome da es­

Apocalipse, a Revelação Final ________ ___ _____________ ____ ____65

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66 As sete trombetas

trela era Absinto, e a terça parte das águas tornou-se em absinto, e muitos homens morreram das águas, porque se tornaram amar- gas.

O absinto é uma planta amarga que representa o julgamento divino e a tristeza humana (Deuteronômio 29.18 e Provérbios 5.4). Tal será o sofrimento que estes juízos causarão para humanida­de, danificando um terço da água potável sobre a terra.

O problema da água potável já é uma preocupação nos nos­sos dias. A falta de água pode afetar o desenvolvim ento econômico e provocar guerras. O alerta foi dado em março de 1998 pelo então presidente francês, Jacques Chirac, na abertura de uma conferência internacional sobre a água, promovida pela ONU na capital francesa. Chirac afirmou que em 70 regiões no mundo há conflitos violentos pelo controle de água potável, e que se nada for feito agora, o próximo século poderá começar com guerras pelo controle da água. Embora dois terços do pla­neta sejam ocupados por água, somente uma ínfima quantidade pode ser consumida. A água salgada corresponde a 97,3 % do total. Dos 2,7 % de água doce no mundo, a maior parte está em geleiras e icebergs. Apenas 0,63 % estão em estado líquido e po­dem ser exploradas.

Em conferência mundial sobre a água, que reuniu em Es­tocolmo, Suécia, representantes de 140 países e organizações in­ternacionais, a ONU alertou mais uma vez que a oferta de água corre sério risco e que os impactos mais severos deverão ocorrer principalmente nos países em desenvolvimento.

Grande parte das nações menos desenvolvidas já enfrenta pe­ríodos incertos e irregulares de chuvas, e as previsões para o fu­turo indicam que as mudanças climáticas vão tornar a oferta de água cada vez menos previsível e confiável.

Em 2007, a porcentagem da população mundial que vive em centros urbanos pela primeira vez na história ultrapassou os 50%, provocando uma enorme pressão sobre a demanda de água. A ameaça da escassez global de água se apresenta como um dos

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npptalipse, a Kevelaçtio Hnal 67

i’fendes sinais dos tempos. (Folha Universal, edição do dia 26 de i^osto de 2007).

Uma das graves ameaças à humanidade são os desastres naturais, que totalizaram cerca de 300 só nos sete primeiros me­ses de 2007 e fizeram 117 milhões de vítimas em todo mundo.

Entre os fenômenos naturais que vitimaram habitantes ao re- ilor da terra, estão as secas devastadoras na China e na África, lotalizando um prejuízo da ordem de 15 bilhões de dólares.

Versículo 12: £ o quarto anjo tocou a trombeta e foi ferida a terça parte do sol, a terça parte da lua e a terça parte das estrelas, Itara que a terça parte deles se escurecesse, e a terça parte do dia não brilhasse, e semelhantemente a noite.

A expressão terça parte do sol, da lua e das estrelas significa que oi iclo de noite-dia será reduzido de 24 para 16 horas, e que a luminosidade do sol, da lua e das estrelas será reduzida em um lerço.

Serão cumpridas nesse tempo as palavras do Senhor Jesus: E Imverá sinais no sol, na lua e nas estrelas; e sobre a terra haverá angústia ilus nações em perplexidade pelo bramido do mar e das ondas. Os homens desfalecerão de terror pela expectação das coisas que sobrevirão ao mun­do; porquanto os poderes do céu serão abalados (Lucas 21.25, 26).

Versículo 13: E olhei e ouvi um anjo voar pelo meio do céu, dizendo com grande voz: “Ai! Ai! Ai dos que habitam sobre a terra, por causa das outras vozes das trombetas dos três anjos i/ue hão de ainda tocar!

Neste versículo, os mais depurados textos gregos contêm a expressão “águia”, enquanto que outros se referem a um anjo voando. A águia é símbolo do julgamento e da vingança em ação; i*o tríplice “ai” é para advertir que os três próximos julgamentos M*i ão muito mais devastadores do que os demais. O quinto e o ■.('xto juízo envolverão forças demoníacas terríveis, que atingi-i a() diretamente a humanidade (Apocalipse 9.1-21).

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68 As sete trombetas

A mensagem do anjo aos habitantes da terra parece trazer em si um ar de ironia e de vingança. Sua imagem mostra a rapidez com que vão realizar-se os julgamentos que se seguem! Sua men­sagem, portanto, será clara, pois será vista por todos, grandemente iluminada pelo sol do meio-dia. Seu clamor será universalmente ouvido.

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Capítulo 9 |

Quinta e sexta trombetas(Apocalipse 9)

/ /érsículos 1 e 2: E o quinto anjo tocou a trombeta e vi uma / / estrela que do céu caiu na terra; e foi-lhe dada a chave do

^ poço do abismo. E abriu o poço do abismo e subiu fumaça do poço como fumaça de uma grande fornalha e, com a fumaça do poço, escureceu-se o sol e o ar.

O abismo (no grego abyssos) é um termo grego para “inferno”, o mundo da morte. O Novo Testamento retra­ta o abismo como uma prisão, com subterrâneo, onde os demônios (somente uma classe) são mantidos em cativeiro (conforme Lucas 8.31; 2 Pedro 2.4 e Judas 6). João vê a abertura do abismo e a libertação de hordas de demônios para atormentarem os perdidos.

A estrela caída simboliza um anjo caído: Satanás. Este passa a abrir o poço do abismo para soltar demônios que atormentarão os habitantes da terra (Isaías 14.12 e Lucas 10.18). Isto será permitido como castigo aos homens que escutaram mais a Satanás do que a Deus. Estes poderes malignos serão postos em liberdade por determinação de Deus, a fim de punirem aos homens rebeldes.

O poço do abismo é o lugar de aprisionamento dos

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70 Quinta e sexta trombetas

anjos caídos, os quais estão reservados para o dia do julgamento final (1 Pedro 3.19 e Judas 6). Estes são sete vezes mencionados no livro do Apocalipse.

Na literatura judaica apocalíptica, o abismo é considerado o lugar de punição dos anjos caídos.

Versículo 3: E da fumaça vieram gafanhotos sobre a terra; e foi-lhes dado poder como o poder que têm os escorpiões da terra.

Em 1866, cerca de 200 mil pessoas morreram de fome na Argé­lia, na África, depois do poder destruidor de uma praga de gafa­nhotos sobre as suas lavouras. Aqui, porém, o fato de estas cria­turas virem do abismo e da sua descrição incomum nos versículos 7 a 11 indica que são demoníacas.

Versículos 4 e 5: E foi-lhes dito que não fizessem dano à erva da terra, nem a verdura alguma e nem a árvore alguma, mas so­mente aos homens que não têm na testa o sinal de Deus. E foi-lhes permitido, não que os matassem, mas que por cinco meses os ator­mentassem; e o seu tormento era semelhante ao tormento do es­corpião quando fere o homem.

A expressão cinco meses se refere a um período de tempo limi­tado, sugerido pelo ciclo de vida de um gafanhoto.

Em caso de insetos literais, se esperaria que prejudicassem as verduras, porém estes não são gafanhotos comuns. São seres so­brenaturais, simbolizados por gafanhotos; e o objetivo deles é o ser humano.

Deus permite que os homens fiquem vivos, porém atormenta­dos, para que reconheçam a maldade dos seus pecados. As limi­tações que Deus impõe às atividades destas criaturas indicam que Ele ainda está no pleno controle dos acontecimentos.

Versículo 6: E naqueles dias, os homens buscarão a morte e não a acharão; e desejarão morrer, e a morte fugirá deles.

Cornélio Galo escreveu a seguinte declaração; “Pior que qual­quer ferida é o desejo de morrer sem poder”.

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Apocalipse, a Revelação Final 71

Podemos imaginar que será terrível contemplar hospitais chei­os sem condições de atender a demanda de doentes e feridos que esse período requer. Serão milhares de pessoas procurando a morte sem que esta atenda ao desespero humano. Homens sem cabeça, mas ainda vivos; pessoas com somente uma perna jo r­rando sangue pelas ruas infestadas de demônios. Pessoas esfa- celadas, suicidas que não conseguem morrer e gritos de horror por toda a parte. Embora tudo isto pareça um filme de terror, trata-se na realidade do cenário da Grande Tribulação. São fatos que literalmente hão de acontecer.

Atualmente, as pessoas fazem de tudo para continuar viven­do, mas naqueles dias tentarão desesperadamente morrer. Que paradoxo! Ainda que desejado, o suicídio será impossível.

O filósofo e teólogo Soren Kierkegaard escreveu algo curiosa­mente semelhante ao versículo acima citado: “(...) o tormento do desespero é exatamente este, o de não ser capaz de morrer. (...) Quando a morte é o maior perigo, o homem espera viver; po­rém, quando este conhece algo ainda mais temível, espera mor­rer. E assim, quando o perigo é tão grande a ponto de a morte se Iornar a única esperança, o desespero consiste no desconsolo de não ser capaz de morrer. A vida humana torna-se apenas uma floresta de violência e ódio, uma morte em vida, um autêntico inferno”.

Versículos 7 a 10: E o aspecto dos gafanhotos era semelhante ao de cavalos aparelhados para a guerra; e sobre a sua cabeça havia umas como coroas semelhantes ao ouro; e o seu rosto era como rosto de homem. E tinham cabelos como cabelos de mulher, e o seus dentes era como de leão. E tinham couraças como coura­ças de ferro; e o ruído das suas asas era como o ruído de carros, quando muitos cavalos correm ao combate. E tinham cauda se­melhante â dos escorpiões e aguilhão na cauda; e o seu poder era para danificar os homens por cinco meses.

O humilde pescador da Galiléia esforçou-se ao máximo a fim de descrever a aparência daquele exército demoníaco surgido

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do poço do abismo. Uma multidão de demônios que afligirão as pessoas durante a Tribulação.

Em sua descrição, o apóstolo João apresenta estes monstros demoníacos como “cavalos alados”, formando um ataque de ca­valaria. Tais criaturas são dotadas de rostos humanos, cabelos como de mulheres, dentes de leão, couraças de ferro e caudas com ferrões como as de escorpiões. Elas também trazem coroas, porquanto serão reis por cinco meses, já que saíram para vencer. Quem e que tipo de arma poderá fazer frente a um exército infer­nal como este? Para onde fugir? Sua missão específica é atormentar os habitantes da terra. Muitos desmaiarão de terror.

Versículos 11 e 12: E tinham sobre si rei, o anjo do abismo; em hebreu era o seu nome Abadom, e em grego, Apoliom. Passado é já um ai; eis que depois disso vêm ainda dois ais.

Os gafanhotos que conhecemos não têm nenhum governante (Provérbios 30.27), mas esses mencionados no Apocalipse tinham um rei sobre si.

Tanto Abadom como Apoliom significam destruição. Trata-se de um anjo destruidor que age sob o comando de Satanás por per­missão divina.

De acordo com o final do versículo 12, coisas ainda piores es­tão para acontecer ao toque da sexta e da sétima trombeta, as quais serão estudadas depois do segundo período parentético (capítulos 10.1 a 11 e capítulos 11.1 a 14).

Versículos 13 a 19: E tocou o sexto anjo a trombeta e ouvi uma voz que vinha das quatro pontas do altar de ouro que estava diante de Deus, a qual dizia o sexto anjo, que tinha trombeta: “Solta os quatro anjos que estão presos junto ao grande rio Eufrates”. E foram soltos os quatro anjos que estavam prepara­dos para a hora, dia, mês e ano, a fim de matarem a terça parte dos homens. E o número dos exércitos dos cavaleiros era de du­zentos milhões; e ouvi o número deles. E assim vi os cavalos nes­

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ta visão; e os que sobre eles cavalgavam tinham couraças de fogo, de jacinto e de enxofre; e a cabeça dos cavalos era como cabeça de leão; e de sua boca saía fogo, fumaça e enxofre. Por estas três pragas foi morta a terça parte dos homens, isto é, pelo fogo, pela fumaça e pelo enxofre, que saíam da sua boca. Porque o poder dos cavalos está na sua boca e na sua cauda, porquanto a sua cauda é semelhante a serpentes e tem cabeça, e com ela danificam.

Na época em que foi escrito o livro do Apocalipse, o rio Eufrates era o termo oriental do Império Romano. É o rio mais comprido da Ásia Ocidental, medindo cerca de 2.736 quilômetros. Foi nessa região que o homem foi criado; onde também ele pe­cou e caiu; de onde foi expulso do paraíso; o lugar do primeiro homicídio e onde se originou Babel, símbolo de toda a sorte de idolatria, engano e confusão (Gênesis 11.9 e 10.8-10).

Aquilo que os quatro anjos são e o que eles fazem é o que constitui o juízo da sexta trombeta. Ao serem soltos, um exército composto de 200 milhões de cavaleiros se espalhará pela terra, respirando chamas e matando a terça parte da humanidade. Con­forme os versículos 14 e 15, esses quatro anjos (demônios) são libertados a fim de matarem um terço da população restante da terra. Acrescentando-se a isto a quarta parte da população que foi morta no quarto selo de julgamento (Apocalipse 6.4), enten­demos que esses dois julgamentos exterminam metade da po­pulação da terra, sem incluir as pessoas mortas pelas guerras, lomes e doenças. Caso isto acontecesse hoje, aproximadamente 2,33 bilhões de seres humanos morreriam. Os componentes des­se exército destruid or podem ser hom ens possuídos por demônios, empregando sofisticados engenhos de guerra e sol­dados altamente equipados. Com as armas atômicas existentes nos dias atuais, estas coisas são possíveis até em nível meramen­te humano.

Versículos 20 e 21: E os outros homens, que não foram mortos por estas pragas, não se arrependeram das obras de suas mãos, para não ado­rarem os demônios e os ídolos de ouro, de prata, de bronze, de pedra e de madeira, que nem podem ver, nem ouvir e nem andar. E não se arrepen­

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deram dos seus homicídios, nem das suas feitiçarias, nem da sua prosti­tuição e nem das suas ladroíces.

A religião do anticristo na tribulação envolverá tanto a idola­tria (conforme Salmos 115.4-8; 135.15-18; Isaías 42.8; 44.10,15; 45.20 e 46.6,7) quanto a demonolatria (adoração aos demônios). Já é possível nos dias de hoje constatar um aumento surpreendente desse tipo de adoração em várias partes do mundo. Cresce as­sustadoramente em várias partes do mundo, inclusive no Brasil, o número de templos com esta finalidade.

Os “outros homens” - a saber, os dois terços que sobrevive­rão ao juízo da sexta trombeta - não se arrependerão, apesar de serem testemunhas daquilo que aconteceu a outra terça parte da humanidade. Portanto, em sua vida diária e em seu credo nada mudou. Nem mesmo a dor física transformará aqueles corações rebeldes!

Os juízos divinos não são meramente retributivos em sua na­tureza. Também podem ser disciplinadores e restauradores, contanto que os homens permitam que esses juízos tenham es­sas funções.

Diante de fatos literais que inevitavelmente hão de acontecer, somos convidados a uma profunda reflexão: será que vale a pena perder o arrebatamento e ficarmos aqui para a Grande Tribula­ção? Querido irmão e amigo leitor, o arrebatamento pode ocor­rer a qualquer momento! Você vai ou você fica?

As mais sinistras e aterradoras histórias não representam nem a metade do mal que o futuro reserva ao perdido.

“Tudo nos mostra que Cristo já volta;Breve Jesus voltará!Já deste mundo o mar se revolta;Breve Jesus voltará!” (H.C. n°. 401).

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I ___________Capítulo 10

Um livrinho trazido do céu(Apocalipse 10)

/ j / ° s{ / $/ ver

trechos do capítulo 10, versos 1 a 11, e capítulo 11, versos 1 a 14, encontram os a segunda passagem

^ 'p aren tética do Apocalipse:

Versículos 1 a 7: E vi outro anjo forte, que descia do céu, vestido de uma nuvem; e por cima da sua cabeça es­tava o arco celeste, e o rosto era como o sol, e os pés, como colunas de fogo; e tinha na mão um livrinho aberto e pôs o pé direto sobre o mar e o esquerdo sobre a terra; e cla­mou com grande voz, como quando brama o leão; e, ha­vendo clamado, o sete trovões fizeram soar as suas vozes. E, sendo ouvidas dos sete trovões as suas vozes, eu ia escrevê-las, mas ouvi uma voz do céu, que dizia: “Sela o que os sete trovões falaram e não o escrevas”. E o anjo que vi estar sobre o mar e sobre a terra levantou a mão ao céu e jurou por Aquele que vive para todo o sempre, o qual criou o céu e o que nele há, a terra e o que nela h á e o mar e o que nele há, que não haveria mais demora; mas nos dias da voz do sétimo anjo, quando tocar a sua trombeta, se cumprirá o segredo de Deus, como anunciou aos profe­tas, seus servos.

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76 Um livrinho trazido do céu

A expressão outro anjo, mencionada nesta passagem, é porque já se fez referência a um primeiro anjo. A diferença entre eles é que este segundo possui atributos muito especiais, além da voz de comando e de autoridade, tais como: está vestido de uma nuvem, por cima de sua cabeça está o arco-íris, o seu rosto é como o sol e os seus pés são como uma coluna de fogo. Tais caracterís­ticas evidenciam a pessoa do Senhor Jesus, em uma espécie de teofania (forma de manifestação da natureza divina).

A nuvem simboliza a presença de Deus (Êxodo 13.31); o arco- íris e o rosto como sol, o resplendor da glória divina (Ezequiel 1.28 e Apocalipse 1.16); e os pés como coluna de fogo, a sua fir­meza.

Em sua mensagem, anuncia que não haveria mais demora, sig­nificando o término da primeira parte da tribulação e o início imediato da segunda parte.

Os pés do anjo sobre a terra e o mar mostram o seu tremendo tamanho e ressalta que a sua vinda relaciona-se com o destino de toda a criação. Também nos dá a entender que esse livrinho con­tém uma mensagem que afeta o destino do mundo inteiro. Os homens podem até pecar, pensando que Deus permanece indi­ferente a tudo. Mas o tempo vem, e breve será, em que Deus certamente visitará o pecado. Depois já não tolerará, nem por um só momento, nada do que for contrário à sua natureza. No contexto, mistério não indica a revelação de algo oculto, mas o cumprimento de visões proféticas que ainda não se cumpriram, as quais foram preditas no Antigo Testamento.

O segredo aqui mencionado trata-se de algo sobre o próprio Deus que não será revelado até que o seu reino seja estabelecido sobre a terra. O apóstolo João entendeu muito bem o sentido da voz dos sete trovões, porém a exemplo de Paulo, lhe foi vedado escrever ou revelar a mensagem (2 Coríntios 12.4).

Versículos 8 a 11: E a voz que eu do céu tinha ouvido tornou a falar comigo e disse: “Vai e toma o livrinho aberto da mão do

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anjo que está em pé sobre o mar e a terra E fui ao anjo, dizendo- lhe: “Dá-me o livrinho”. E ele disse-me: “Toma-o e come-o, e ele fará amargo o teu ventre, mas na tua boca será doce como m el”. E tomei o livrinho da mão do anjo e comi-o; e na minha boca era doce como mel; e, havendo-o comido, o meu ventre ficou amargo. E ele disse-me: “Importa que profetizes outra vez a muitos povos, nações, línguas e reis

O fato de João ter comido este livrinho nos ensina que a men­sagem de Deus pode ser doce ou amarga, dependendo da acei­tação ou rejeição de quem a ouve. Nesta referência, a palavra “comer” significa dominar e digerir claramente o conteúdo da mensagem profética (Salmos 119.103 e Jeremias 15.16). Significa tornar o que Deus disse uma parte de si mesmo. Somente quan­do “digerimos” a Palavra de Deus é que estaremos em condi­ções de ministrá-la com eficácia.

A expressão que o anjo menciona de “profetizar outra vez” se refere ao restante do livro do Apocalipse, que ainda deveria ser anunciado.

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Il.ll

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Capítulo 11

As duas testemunhas mártires(Apocalipse 11)

ersículos 1 e 2: E foi-me dada uma cana semelhante a uma vara; e chegou o anjo e disse: “Levanta-te e mede o templo de Deus, o altar e os que nele adoram. E deixa o átrio que está fora do templo e não o meças; porque foi dado às nações e pisarão a Cidade Santa por quarenta e dois m e­ses

Segundo parece, esse período de 3 anos e meio pas­sou a simbolizar um período de iniqüidade irrefreada. Aprendemos também que durante a Tribulação, Israel e a “Cidade Santa” (a Jerusalém terrestre) serão oprimidos pelos gentios e sofrerão terrivelmente (Lucas 21.24). A nação judaica será severamente julgada por causa da sua rejeição a Cristo (Mateus 23.36-39; 27.25 e Lucas 19.41-44).

O templo de Deus aqui mencionado refere-se àquele que será construído no início da Tribulação. Este será er­guido no mesmo local do antigo prédio, onde se encon­tra atualmente a mesquita de Omar, e que será profana­do pelo anticristo (Daniel 9.26,27; M ateus 24.15 e 2 Tessalonicenses 2.4). Não se trata de um templo espiritu­al, mas sim literal (Daniel 9.24).

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80 As duas te s te m u n h a s m á r t i re s

Entendemos ser imprescindível a reconstrução do templo de Jerusalém, onde atualmente alguns preparativos já estão sendo realizados. Veja alguns exemplos: as novilhas vermelhas, men­cionadas em Números 19.2, já estão sendo criadas, até que te­nham atingido o padrão de criação que os judeus consideram correto, segundo as Escrituras. Também no mês de novembro do ano de 1989, em plena Festa dos Tabernáculos, foi realizada uma cerimônia em que se comemorava o lançamento simbólico da pedra fundamental do novo templo judeu.

O templo de Jerusalém foi construído pelo rei Salomão, ter­ceiro rei de Israel, e foi incendiado por Nebuzaradã, general do rei Nabucodonosor, em 587 a.C. (2 Reis 25.8, 9). O mesmo foi reconstruído a partir de 537 a.C. por Zorobabel, quando os ju ­deus retornavam do cativeiro babilônico e foi concluído em 516a.C. (Esdras 6.3, 4, 15,16); sendo mais tarde substituído pelo tem­plo de Herodes, cujas obras começaram em 19 a.C. e só termina­ram no ano 27 d.C. (João 2.20). Este foi destruído em 70 d.C. por Tito, general rom ano. Todos estes tiveram por m odelo o tabernáculo celeste, de acordo com Êxodo 25.40. O templo dos dias da Grande Tribulação obedecerá estas mesmas normas, sen­do o quarto a ser edificado a partir dos dias do rei Salomão.

Segundo o historiador Flávio Josefo, o templo reconstruído por Herodes ocupava uma área de aproximadamente 14 hecta­res.

O templo judaico dos dias da Grande Tribulação será profa­nado pelo anticristo (Daniel 8.14; 11.31) e, por fim, destruído para dar lugar ao templo do reino milenar (cf. Isaías 2.2; 56.7; Ezequiel 37.26-28; Zacarias 6.12,13 e 15 e Mateus 21.13).

Na verdade, o anticristo não só profanará o templo da Tribu­lação, mas também se apresentará como Deus para ser adorado naquele templo (2 Tessalonicenses 2.4).

O ato de medir sempre está relacionado com o cuidado de Deus em restaurar ou proteger alguém ou alguma coisa (Ezequiel 9.4 e 40.3; Zacarias 2.1-5 e Apocalipse 21.15).

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Versículos 3 a 12: E darei poder às minhas duas testemunhas e profetizarão por mil duzentos e sessenta dias, vestidas de pano de saco. Estas são as duas oliveiras e os dois castiçais que estão diante do Deus da terra. E se alguém lhes quiser fazer mal, fogo sairá da sua boca e devorará os seus inimigos; e se alguém lhes quiser fazer mal, importa que assim seja morto. Estas têm poder para fechar o céu, para que não chova nos dias da sua profecia; e têm poder sobre as águas para convertê-las em sangue e para ferir a terra com toda a sorte de pragas, quantas vezes quiserem. E quando acabarem o seu testemunho, a besta que sobe do abismo lhes fará guerra, e as vencerá e as matará. E jazerá o seu corpo morto na praça da grande cidade que, espiritualmente, se chama Sodoma e Egito, onde o seu Senhor também foi crucificado. E ho­mens de vários povos, tribos, línguas e nações verão o seu corpo morto por três dias e meio, e não permitirão que seu corpo morto seja posto em sepulcros. E os que habitam na terra se regozijarão sobre eles, se alegrarão e mandarão presentes uns aos outros; por­quanto estes dois profetas tinham atormentado os que habitam sobre a terra. E depois daqueles três dias e meio, o espírito de vida, vindo de Deus, entrou neles; e puseram-se sobre os pés e caiu grande temor sobre os que os viram. E ouvi uma grande voz do céu, que lhes dizia: “Subi cá”. E subiram ao céu em uma nu­vem; e os seus inimigos os viram.

Aparecem aqui duas testemunhas que estarão atuando na pri­meira parte da Grande Tribulação. Deus sempre teve as suas tes­temunhas. Assim será no período da Grande Tribulação, tal qual nunca houve sobre a terra (Jeremias 30.4-7; Daniel 12.1; Mateus 24.21, 22 e Apocalipse 3.10), quando o anticristo estará no seu apogeu de domínio e força e todo o Israel apóstata estará curva­do perante ele, sendo seguidos pelos povos gentios habitantes de toda a terra. Nesta época, o Israel fiel e os salvos (Apocalipse 7.1-17), como pregadores do Evangelho do Reino, trazem a sua mensagem de juízo. Neste momento, aparecem em Jerusalém duas grandes testemunhas, incumbidas de profetizar por 1.260 dias, 42 meses ou três 3 anos e meio (Apocalipse 11.3).

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82 As duas testemunhas mártires

Muitas especulações e interpretações têm surgido a respeito destas duas personagens. No entanto, a Palavra de Deus jamais se contradiz e ela por si mesma se interpreta através do seu con­texto.

Vejamos algumas considerações importantes sobre o assunto.

Por que duas testemunhas?

Segundo a lei mosaica, o testemunho de duas pessoas é ver­dadeiro (Deuteronômio 19.15). Observemos alguns casos que comprovam isso:

1. Dois anjos testificaram da ressurreição de Cristo (João 20.12).

2. Dois varões vestidos de branco foram testemunhas da sua ascensão (Atos 1.10).

3. Jesus ordenou que os seus servos saíssem de dois a dois (Marcos 6.7 e Lucas 10.1).

4. A obra missionária no continente europeu iniciou com dois valorosos servos de Deus: Paulo e Silas (Atos 16.25).

5. O movimento pentecostal em terras brasileiras no início do século passado começou por dois servos do Senhor: Gunnar Vingren e Daniel Berg.

6. Disse Jesus: (...) para que pela boca de duas ou três testemunhas toda a palavra seja confirmada (Mateus 18.16b).

7. Há dois testamentos (Antigo e Novo) que encerram a reve­lação divina a toda a humanidade.

Da mesma forma, Deus levantará dois grandes líderes dentre a multidão de pregadores do Evangelho do Reino nos dias da Grande Tribulação.

Quem serão as duas testemunhas?

Dois grandes vultos se destacarão dentre os verdadeiros adoradores naquela época. Quem serão eles? Muitas correntes

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Apocalipse, a Revelação Final 83

teológicas de interpretação têm surgido a respeito. Alguns ensi­nam que serão Enoque e Elias, e outros afirmam serem Moisés e Elias. Os que ensinam serem Enoque e Elias o afirmam dizendo que os mesmos não morreram e, portanto, precisam experimen­tar a morte baseados no trecho bíblico de Hebreus 9.27 e 1 Coríntios 15.50. Vejamos, porém, o que diz em Hebreus 11.5a: Pela fé Enoque foi trasladado para não ver a morte. Ora, se Deus o trasladou para não ver a morte, está claro que Deus não irá contradizer-se agora, permitindo que o seu servo morra. Elias, por sua vez, foi trasla­dado para demonstrar aos próprios céus como será a trasladação da Igreja. Elias deixou cair a sua capa (2 Reis 2.12-14), simboli­zando que despiu-se dos seus andrajos humanos. A mesma coi­sa acontecerá no arrebatamento da Igreja. Sobre Moisés, diz o relato bíblico que ele viveu 120 anos, morreu no monte Nebo e foi sepultado pelo próprio Deus, sendo que a sua sepultura nunca foi encontrada por alguém (Deuteronômio 34.1-7). Se admitirmos que Moisés volte a viver em corpo mortal para ser uma das duas testemunhas, estaremos concordando plenamente com a doutri­na espírita da reencarnação, a qual Deus condena ao longo do texto bíblico (Hebreus 9.27).

O sentido tipológico

As duas testemunhas são as duas oliveiras e os dois castiçais que estão diante de Deus na terra (Zacarias 4.11-14 e Apocalipse11.4). A oliveira nos fala de azeite; assim, podemos afirmar que estas duas testemunhas ministrarão a Palavra de Deus naqueles dias. Por serem eminentes líderes que estarão à frente de dois grandes grupos (gentios e judeus), tendo em si a luz divina, tam­bém são chamados de “castiçais” ou “lâmpadas” (Apocalipse1.20). Os mesmos testemunharão no poder do Espírito Santo e brilharão como luzes aqui no mundo.

Diante do que nos ensina a Bíblia, podemos afirmar que as duas testemunhas serão dois servos de Deus que se levantarão naquela época, anunciando a mensagem do juízo com o mesmo poder e operação de maravilhas que tinham Moisés e Elias nos

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seus ministérios. Serão pessoas diferentes, mas com atuações idênticas.

O Senhor Jesus se referiu ao ministério de João Batista e o com­parou ao de Elias (Mateus 17.10-13 e Lucas 1.13, 15, 17); compro­vando assim a mensagem do profeta Malaquias (Malaquias 4.5,6). Elias pregava com autoridade e sem receios (1 Reis 18.22-40), João Batista também era assim (Mateus 3.7-12). Elias enfrentou o rei Acabe que, apesar de tudo, o respeitava (1 Reis 17.1; 18.17, 18 e 21.17-24); João Batista enfrentou o rei Herodes, que também o tinha em estima, sabendo que era profeta de Deus (Marcos 6.20).

Podemos observar a semelhança que existe entre o ministério de Moisés e Elias com o das duas testemunhas (Apocalipse 11.5,6). Como dissemos, toda a operação maravilhosa desses dois lí­deres será feita no mesmo espírito (ministério) daqueles dois servos do Senhor (Êxodo 7.17; 1 Reis 18 e 2 Reis 1.10-12).

Pelas razões acima expostas, concluímos que as duas teste­munhas serão dois grandes líderes que Deus levantará na época mais tenebrosa da história do mundo; a Grande Tribulação. E isto, a fim de que dêem testemunho de Deus naquele tempo.

Ao observarmos os versículos 7 a 12, vimos que ao termina­rem o seu ministério, as duas testemunhas serão mortas pela besta (o anticristo). Não será permitido que os seus corpos sejam se­pultados, talvez para aumentar ainda mais a humilhação que o anticristo deseja impor sobre aqueles dois servos de Deus. Du­rante 3 dias e meio, os seus corpos ficarão expostos diante das câmeras de TV de todo o mundo, como um grande troféu a ser exibido, fruto do poder do anticristo, ratificando o seu poderio diante dos homens.

Dentro do clima de terror que se imporá pela presença da bes­ta em Jerusalém, o cenário nos mostra uma cidade semelhante à corrupta Sodoma e o Egito idólatra.

Finalmente, o espírito de vida, vindo da parte de Deus, envol­ve as duas testemunhas, para espanto, temor e frustração de to­dos aqueles que se regozijaram em sua morte. Nisto vemos que

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a morte, cujo aguilhão é o pecado, não tem poder sobre Aquele que a venceu na cruz do Calvário. Jesus é a ressurreição e a vida; tragada foi a morte pela vitória! Aleluia!

Pode-se imaginar o efeito da ressurreição desses dois homens sobre aqueles que, momentos antes, estavam vendo os dois cor­pos jogados na rua ou assistindo as imagens no noticiário da te­levisão.

Aqui se cumpre o ministério das duas testemunhas, semelhan­te ao ministério terreno de Cristo: vida, morte, ressurreição e as­censão.

Versículos 13 e 14: E naquela mesma hora houve um grande terremoto e caiu a décima parte da cidade, e no terremoto foram mortos sete mil homens; e os demais ficaram muito atemorizados e deram glória ao Deus do céu.É passado o segundo ai; eis que o terceiro ai cedo virá.

As expressões Sodom a (im oralidade e rebelião) e Egito (mundanismo e escravidão) no versículo 6, retrata muito bem o estado de indiferença e de incredulidade que Israel estará viven­do nesse tempo, quando Jerusalém será o centro do poder do Anticristo.

Por causa da ressurreição das duas testemunhas e do julga­mento divino (vv. 11 e 12), um remanescente em Israel aceitará a mensagem e dará glória a Deus.

Versículos 15 a 19: E tocou o sétimo anjo a trombeta e houve no céu grandes vozes, que diziam: “Os reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e Ele reinará para todo o sempre”. E os vinte e quatro anciãos, que estão assentados em seu trono, diante de Deus, prostraram-se sobre seu rosto e adora­ram a Deus, dizendo: “Graças te damos, Senhor, Deus Todo-po- deroso, que és e que hás de vir, que tomaste o teu grande poder e reinaste. E iraram-se as nações, e veio a tua ira e o tempo dos mortos, para que sejam julgados, e o tempo de dares o galardão

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aos profetas, teus servos, e aos santos, e aos que temem o teu nome, a pequenos e a grandes, e o tempo de destruíres os que des- troem a terra E abriu-se no céu o templo de Deus, e a arca do seu concerto foi vista no seu templo; e houve relâmpagos, vozes, tro­vões, terremotos e grande saraiva.

A sétima trombeta anuncia que o mundo se tornou o reino de Cristo (Daniel 2.44; Zacarias 14.9 e Apocalipse 20.4). Este trecho também abrange eventos que se estendem até a volta de Cristo e que incluem, portanto, os julgamentos das sete taças (a partir do capítulo 16). O soar da sétima trombeta é seguido pelo terceiro período parentético, revelando eventos relacionados com o perí­odo da Tribulação (Apocalipse 12.1 a 15.4). Se finda aqui a pri­meira parte da tribulação. A recompensa aí mencionada não se refere a santos elevados ao céu por ocasião do arrebatamento, mas sim, aos vencedores pela fé em Cristo nos últimos três anos e meio, antes que Cristo retorne em glória com sua Igreja. É fato incontestável que esses vencedores pertencem exclusivamente à época em que o diabo faz os seus últimos esforços por intermé­dio da besta e do falso profeta, a fim de exterminar os que crerem em Jesus.

(...) e a arca do seu concerto foi vista no seu templo... (v.19). O primeiro a ter uma visão da arca foi Moisés no Antigo Testamen­to (Êxodo 25.9,40). A última menção da arca no Antigo Testamento ocorre em Jeremias 3.16, por volta de 626 antes da era cristã. Des­de a última menção da arca no Antigo Testamento até os dias da visão do Apocalipse, temos um período de nada inferior a 721 anos. Ela é uma figura das coisas que estão no céu (Hebreus 9.23).

No texto aqui mencionado, a aparição da arca no templo ce­leste indica que o tempo da restauração messiânica chegou. Fica assim concluído o ciclo de juízos das trombetas. E também é re­velado o mistério das vozes de trovões (Apocalipse 10.4,7).

Esta trombeta nada tem a ver com a trombeta de 1 Coríntios 15.52. Aquela se refere ao arrebatamento da igreja; esta encerra um ciclo de juízos nos primeiros três anos e meio.

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Capítulo 12

A mulher e o dragão(Apocalipse 12)

estacam-se 5 personagens no capítulo 12, a saber: (1) A mulher (vv. 1 e 2); (2) Satanás (vv. 3 e 4); (3) o menino (vv.

4 e 5); (4) o arcanjo Miguel (v. 7) e (5) a descendência da mu­lher (v. 17).

Este capítulo também nos apresenta o terceiro perío­do parentético do livro, que vai até o capítulo 15.4.

Versículos 1 e 2: E viu-se um grande sinal no céu: uma mulher vestida do sol, tendo a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas sobre a cabeça. E estava grávida, com dores de parto e gritava com ânsias de dar à luz.

O sinal mencionado neste versículo refere-se a um acontecimento extraordinário que aponta para além de si mesmo (Mateus 24.29, 30; Lucas 21.11, 25 e Atos 2.19). Existem 3 expressões significativas no texto acima: (1) “uma mulher vestida do sol” significa que a mesma esta­va coroada de glória. Representa a glória de Cristo sobre a nação, uma vez que Ele é o sol da justiça (Malaquias 4.2); (2) “a lua debaixo dos seus pés” parece simbolizar um governo terrestre. O governo do mundo no reino milenar dependerá exclusivamente de Israel e, essencial-

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mente, do seu Rei! (3) “Uma coroa de doze estrelas sobre a sua cabeça”. Cremos que as doze estrelas se referem às doze tribos de Israel, uma vez que isso concorda com o contexto de Gênesis 37.9, 10. Portanto, esta mulher simboliza a nação de Israel, atra­vés da qual o Messias veio ao mundo.

88 A mulher e o dragão

Esta mulher simboliza a nação de Israel, através da qual o Messias

veio ao mundo.

Versículo 3: E viu-se outro sinal no céu e eis que era um grande dragão vermelho, que tinha sete cabeças e dez chifres e sobre as cabeças, sete diademas.

Este dragão é Satanás (v. 9). As sete cabeças, chifres e diademas representam a sua grande astúcia e poder. Tais símbolos são mais bem estudados no capítulo 17.

Versículo 4: (...) e a sua cauda levou após si a terça parte das estrelas do céu e lançou-as sobre a terra; e o dragão parou diante da mulher que havia de dar ã luz, para que, dando ela a luz, lhe

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tragasse o filho.

Isto pode se referir à rebelião de Satanás no passado (Isaías 14.12-15; Ezequiel 28.13-15 e Lucas 10.18), quando um terço dos anjos (estrelas) o acompanhou. Este fato ocorreu em um passado remoto, do qual é impossível encontrarmos qualquer vestígio cronológico. No entanto, sabemos que os anjos que o acompa­nharam tornaram-se espíritos malignos e enganadores que, à ser­viço de Satanás, sempre estão tentando a humanidade (Efésios 2.2).

Versículo 5: E deu a luz um filho, um varão que há de reger todas as nações com vara de ferro; e o seu filho foi arrebatado para Deus e para o seu trono.

Está em evidência aqui a ascensão de Cristo e seu reino milenar (Isaías 11.4). “Vara de ferro”, no governo de Cristo, é um símbolo de firmeza, mas não de tirania (Salmos 2.8, 9; Daniel 7.13, 14 e Atos 1.6, 7).

Versículo 6; E a mulher fugiu para o deserto, onde já tinha lu­gar preparado por Deus para que ali fosse alimentada durante mil duzentos e sessenta dias.

A segunda parte da tribulação será marcada por uma feroz perseguição contra Israel. Os detalhes são fornecidos pelos versículos 13 a 17. No entanto, Deus protegerá o remanescente israelita. Quando percebe que não pode tocar Israel, Satanás vai em busca do “resto da sua semente”, os quais estão ministrando aberta e ativamente como testemunhas de Jesus Cristo (Mateus 24.14 e Apocalipse 7.3, 4).

Versículos 7 a 9: E houve batalha no céu: Miguel e os seus an­jos batalhavam contra o dragão; e batalhavam o dragão e os seus anjos, mas não prevaleceram; nem mais o seu lugar se achou nos céus. E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, cha­mada o diabo e Satanás, que engana todo o mundo; ele foi preci­

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90 A mulher e o dragão

pitado na terra e os seus anjos foram lançados com ele.

Na segunda metade da Grande Tribulação, Satanás e suas hostes serão expulsos dos céus estelares e passarão a agir diretamente na terra (conforme Isaías 24.21).

O arcanjo Miguel derrota Satanás na guerra celestial. Em Daniel 12.1, ele é o protetor que livrará Israel na tribulação dos últimos dias. Textos apocalípticos judaicos sustentam que o arcanjo Miguel, aqui identificado pelo nome, expulsará Satanás do céu (o segundo céu também chamado Mesorânio) na primeira gran­de peleja para estabelecer o reino do Messias.

O capítulo 12 apresenta 4 grandes conflitos entre Deus e Sata­nás: (1) Entre Satanás e Cristo e a sua obra redentora (vv. 1 a 5); (2) entre Satanás e os fiéis em Israel (vv. 6, 13 a 16); (3) entre Satanás e o céu (vv. 7 a 9); e (4) entre Satanás e os que se converterão a Cristo nos dias da tribulação (vv. 10, 11 e 17).

Este conflito terá lugar na metade da tribulação, quando Sata­nás e os seus anjos serão expulsos dos céus para a terra. E chega­da a hora das regiões celestes serem descontaminadas da pre­sença de Satanás e de todas as hostes espirituais da maldade (Efésios 2.2 e 6.12). As derrotas de hoje nada são, se comparadas com a vitória final que virá em breve.

Versículos 10 a 12: E ouvi uma grande voz no céu, que dizia: “Agora chegada está a salvação, a força, o reino do nosso Deus e o poder do seu Cristo; porque já o acusador de nossos irmãos é derribado, o qual diante do nosso Deus os acusava de dia e de noite. E eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho; e não amaram a sua vida até à morte. Pelo que alegrai-vos, ó céus, e vós que neles habitais. Ai dos que habi­tam na terra e no mar! Porque o diabo desceu a vós e tem grande ira, sabendo que já tem pouco tempo

A posição do reino das trevas possibilitava a Satanás apresen­tar-se diante de Deus, caluniando os filhos de Deus diariamente (conforme Jó 1.6-12). A sua expulsão para a terra põe fim a este

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Apocalipse, a Revelação Final 91

expediente de constante acusação, pelo que os céus se regozi­jam. Desde a queda do homem, a acusação é a bandeira de Sata­nás, agora rasgada pelo poder de Deus, afogada no sangue do Cordeiro e queimada pelo poder do Espírito Santo. Aleluia!

Observam-se as duas atividades de Satanás nestes versículos: Enganar o mundo e acusar os eleitos de Deus. A defesa do crente contra Satanás é (1) recorrer aos méritos da morte de Cristo, isto é, ao seu sangue remidor; (2) estar ativo na evangelização; (3) estar disposto a fazer qualquer sacrifício por Cristo, inclusive a morte; (4) sujeitar-se a Deus (Tiago 4.7a); (5) viver em sobriedade e vigilância (1 Pedro 5.8); (6) resistí-lo firme na fé (1 Pedro 5.9a e Tiago 4.7b) e (7) com a Palavra de Deus e a oração (Efésios 6.17, 18).

O período da derradeira e intensa hostilidade contra o povo de Deus há de durar pouco tempo (3 anos e meio). Se assim não fosse, ninguém se salvaria (Mateus 24.22).

Versículos 13 a 16; E quando dragão viu que fora lançado na terra, perseguiu a mulher que dera à luz o varão. E foram dadas à mulher duas asas de grande águia, para que voasse para o deser­to, ao seu lugar, onde é sustentada por um tempo, tempos e meta­de de um tempo, fora da vista çla serpente. E a serpente lançou da sua boca, atrás da mulher, água como um rio, para que pela cor­rente a fizesse arrebatar. E a terra ajudou a mulher; a terra abriu a boca e tragou o rio que o dragão lançara da sua boca.

A história, o cenário e os protagonistas são os mesmos, mas o tempo é outro. É tempo de angústia para Israel e de tribulação jamais vivida pelos judeus. Na multidão das suas misericórdias, Deus provê lugar seguro para o remanescente israelita. Há co­mentários que apontam a cidade de Petra, no monte Seir (na ter­ia de Edom e Moabe, atualmente pertencente à Jordânia), como potencialmente viável para abrigar milhares de pessoas. É uma : idade construída dentro de uma montanha impossível de con­quistar, uma grande atração turística na atualidade (conforme Daniel 11.41 e Zacarias 13.8,9).

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92 A mulher e o dragão

A última hostilidade direcionada a Israel nos faz lembrar que o anti-semitismo é de origem satânica e ocorre ainda hoje em diversas partes do mundo. A palavra petra significa “uma gran­de rocha ou fortaleza”. Espiritualmente, aponta para a pessoa do Senhor Jesus (veja Isaías 32.2 e Mateus 16.18).

As duas asas da grande águia é figura maternal da proteção de Deus aplicada ao seu povo, mais exatamente ao remanescen­te de Israel. Em Êxodo 19.4, a Bíblia diz: Vós tendes visto o que fiz aos egípcios, como vos levei sobre asas de águias e vos trouxe a Mim. É evidente que Deus usou muitos meios, alguns naturais e outros divinos, a fim de livrar Israel dos egípcios. Provavelmente fará a mesma coisa no livramento de Israel do poder do anticristo.

O pastor sueco Falke Thorell, escreve: o que sabemos com cer­teza é:

1. Que Israel será disperso outra vez de sua terra no fim dos tempos.

2. Que esta dispersão durará três anos e meio.

3. Que Deus sustentará o seu povo durante esse tempo.

4. Que este remanescente voltará outra vez a sua terra (Lucas 13.8,9; Mateus 24.31; Romanos 9.27).

5. Que todo o Israel será salvo (Atos 15.15,16 e Romanos11.25,26).

O anticristo promoverá a pior e mais intensa de todas as per­seguições religiosas da história. E mais uma vez, os martírios se tornarão comuns entre os seguidores de Cristo, tal como aconte­ceu no primeiro e segundo séculos da nossa era.

Versículo 17: £ o dragão irou-se contra a mulher e foi fazer guerra ao resto da sua semente, os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus Cristo.

Fica subentendido como o “resto da sua semente” os crentes dos últimos três anos e meio que ainda não sofreram martírio.

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Apocalipse, a Revelação Final 93

Eles terão que enfrentar a pior fase do período tribulacional. Sa­tanás agirá com fúria total, sabendo que lhe resta pouco tempo (v. 12). Nessa altura dos acontecimentos, o mundo já não estará mais sob a liderança das dez nações européias, mas sim do pró­prio diabo, no governo totalitário do anticristo (Apocalipse 9.12 a 17).

Quando o anticristo quebrar sua aliança com os judeus (Daniel9.27) e profanar o templo deles, eles o rejeitarão e se voltarão para Jesus Cristo em fé salvadora (Zacarias 12.10 e 13.8, 9).

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Capítulo 13

As bestas do mar e da terra(Apocalipse 13)

érsículos 1 e 2: E eu pus-me sobre a areia do mar e vi subir do mar uma besta que tinha sete cabeças e dez chi­fres, e, sobre os chifres, dez diademas, e, sobre as cabeças, um nome de blasfêmia. E a besta que vi era semelhante ao leopardo, e os seus pés, como os de urso, e a sua boca, como a de leão; e o dragão deu-lhe o seu poder, o seu tro­no e grande poderio.

A besta, mencionada 34 vezes no Apocalipse, repre­senta uma encarnação político-social do mal, cuja proce­dência é de acontecimentos políticos falidos e caóticos existentes no mundo. A humanidade estará clamando por um soberano mundial e ele virá. O seu poder e autorida­de se estenderão por toda a terra. Ele atormentará e per­seguirá todos aqueles cuja fé está em Jesus Cristo (vv. 6 e7). A identificação da besta com o anticristo já vem desde os primórdios da história da Igreja. Por volta de 190 d.C., o assunto foi debatido extensivamente por Irineu, um dos pais da Igreja.

Este personagem será o anticristo, o último grande governante dos poderes gentios do mundo. As caracte­rísticas da besta que João passou a contemplar são: (1)

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96 As bestas do mar e da terra

“subiu do m ar”, simbolizando povos e nações (conforme Daniel 7.3 e Apocalipse 17.15); (2) tinha “sete cabeças”, sendo esta uma referência a 7 reinos mundiais que antecedem o anticristo (Apocalipse 17.10); (3) “dez chifres”, que nos falam de dez na­ções européias que apoiarão a besta (o anticristo), já vistas hoje como a Comunidade Econômica Européia (CEE), Mercado Co­mum Europeu (MCE) ou União Européia (UE). Os “dez chifres” também podem ser vistos nos dez dedos dos pés da estátua de Daniel (Daniel 2.33-35, 41 e 42) nas dez pontas do animal terrível e espantoso de Daniel (Daniel 7.7, 8, 20 e 24) e nos dez chifres da besta em Apocalipse (Apocalipse 17.3, 7, 12 e 16).

Os chifres significam poder político concedido por Satanás. Além disto, temos (4) “dez diademas”, que significam autorida­de diante da população mundial; (5) “leopardo, urso e leão” re­velam aspectos dos impérios do passado (Daniel 7.4-6). No en­tanto, o anticristo superará os seus antecessores, tanto em seus atos blasfemos, como também em fúria, maldade e destruição. A sua índole será sanguinária e violenta.

O mundo pede um líder capaz de aparar todas as arestas exis­tentes e levar todos os países a um eixo único, como pretendia o antigo Império Romano. A história da torre de Babel se repete. Todos buscam sombra sob a mesma árvore.

Versículos 3 e 4: E vi uma de suas cabeças como ferida de mor­te e a sua chaga mortal foi curada; e toda a terra se maravilhou após a besta. E adoraram o dragão que deu à besta o seu poder; e adoraram a besta, dizendo: “Quem é semelhante à besta? Quem poderá batalhar contra ela?”.

Aparentemente, Satanás restaurará milagrosamente o anticristo à vida, numa imitação da ressurreição de Cristo. Não é sem ra­zão que o mundo aclamará ao anticristo: Milagres podem de­monstrar força sobrenatural, mas não determinam que tipo de poder sobrenatural está envolvido.

Adorar a besta é o auge da idolatria, sendo na realidade o cul­

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to a Satanás. Este tipo de adoração já se vê hoje. Vários impera­dores de Roma divinizaram a si mesmos, mas o anticristo ultra­passará largamente os seus predecessores. É exatamente o que Satanás tem buscado desde o principio, a adoração dos homens e dos anjos (conforme Mateus 4.9, 10).

Versículos 5 a 8: E fo i lhe dada uma boca para proferir grandes coisas e blasfêm ias; e deu-se-lhe poder para continuar p or qua­renta e dois meses. E abriu a boca em blasfêm ias contra Deus, para blasfem ar do seu nome, do seu tabernáculo e dos que h ab i­tam no céu. E fo i lhe perm itido fazer guerra aos santos e vencê- los; e deu-se-lhe poder sobre toda a tribo, língua e nação. E ado- raram-na todos os que habitam sobre a terra, esses cujos nom es não estão escritos no Livro da Vida do Cordeiro que fo i m orto desde a fundação do mundo (veja Daniel 7.8, 25).

Nos últimos 3 anos e meio da tribulação, o poder do anticristo praticamente não conhecerá limites em todos os sentidos, uma vez que Aquele que o restringia (o Espírito Santo) já foi retirado do meio (2 Tessalonicenses 2. 6 a 8). Quem permanecer fiel a Deus e a sua Palavra será perseguido e morto.

A religião do anticristo ensina a divinização da humanidade, como está divulgando hoje os ensinos da Nova Era. O anticristo irá propagar a mentira de que através dele, os homens se torna­rão deuses. A Nova Era enfatiza claramente a doutrina de Sata­nás (conforme Gênesis 3.4, 5 e 2 Tessalonicenses 2.3).

A expressão “desde a fundação do mundo” está em harmonia com 1 Pedro 1.12-21 e nos ensina que o sacrifício de Cristo fez parte do propósito divino antes da criação do mundo. Os decre- los e propósitos de Deus são tão concretos e reais como o pró­prio acontecimento (Atos 2.23 e Efésios 1.4). Aqui se relaciona também à inscrição dos nomes no Livro da Vida (veja Apocalipse 17.8).

Versículos 9 e 10: Se alguém tem ouvidos, ouça. Se alguém leva

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em cativeiro, em cativeiro irá; se alguém matar a espada, neces­sário é que à espada seja morto. Aqui está a paciência e a fé dos santos.

O versículo 9, de certo modo, nos exorta a estarmos atentos. Esta passagem subentende um certo consolo para os santos, com base na sua fé de que os criminosos receberão a retribuição dos seus crimes. A perseguição movida contra os cristãos ricochetea- rá contra os perseguidores. Mais uma vez, a lei da semeadura e da colheita estará em pleno vigor naquele tempo (Gálatas 6.7).

A certeza de que Deus por fim punirá os que praticam o mal sustentará a fé daqueles que serão perseguidos durante aqueles dias (conforme Apocalipse 14.12,13).

Versículos 11 a 15: E vi subir da terra outra besta e tinha dois chifres semelhantes aos de um cordeiro; e falava como dragão. E exerce todo o poder da primeira besta na sua presença e faz que a terra e os que nela habitam adorem a primeira besta, cuja chaga mortal fora curada. E faz grandes sinais, de maneira que até fogo faz descer do céu à terra, à vista dos homens. E engana os que habitam na terra com sinais que lhe foi permitido que fizesse em presença da besta, dizendo aos que habitam na terra que fizessem uma imagem à besta que recebera a ferida de espada e vivia. E foi-lhe concedido que desse espírito à imagem da besta, para que também a imagem da besta falasse e fizesse que fossem mortos todos os que não adorassem a imagem da besta.

A expressão “e vi subir da terra outra besta” leva-nos a enten­der a existência de uma religião puramente terrena. Já os “dois chifres”, mencionados neste relato, indicam autoridade e poder, tanto religiosa como política. Muitos crerão no Anticristo duran­te esse tempo porque o falso profeta possuirá esse poder.

Esta segunda besta que subiu da terra trata-se de um líder religioso, sendo este o ajudante de ordem do anticristo. Obriga­rá a adoração daquele, por intermédio de milagres que realizará (v. 13); e também dará vida a uma imagem do anticristo. Não

I

98 __________________________________________As bestos do mar e da terro

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será uma vida real, mas sim uma espécie de vida virtual, uma forma ilusória de vida.

Este personagem é conhecido como falso profeta. Quem será ele? De certo modo, a sua identidade nos é atualmente desco­nhecida; no entanto, entendemos que seja ele alguém que repre­senta o maior movimento religioso que sempre existiu. Tire o leitor as suas próprias conclusões!

O falso profeta simbolizará o poder religioso a serviço das autoridades seculares.

Após o arrebatamento da Igreja, será a última cabeça do siste­ma eclesiástico, uma espécie de “papa” da igreja mundial, cujas bases já estão sendo lançadas pelos movimentos ecumênicos. Não se trata somente de um sistema ou de uma organização, mas tam­bém de uma pessoa, a última do sistema eclesiástico satânico.

Versículos 16 e 17: E faz que a todos, pequenos egrandes, ricos e pobres, livres e servos, lhes seja posto um sinal na mão direita ou na testa, para que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tiver o sinal, ou o nome da besta ou o número do seu nome.

O império do anticristo terá um sistema econômico centrali­zado, sendo o dinheiro substituído por um sistema que somente permitirá a compra e a venda de bens e alimentos através de transações eletrônicas, tendo como registro uma forma específi­ca de identificação.

O domínio total do anticristo sobre o mundo se manifesta pelo controle que exerce ao exigir a identificação de cada pessoa com a sua marca na fronte ou na mão. Quem se negar a fazê-lo estará privado até mesmo de seus direitos fundamentais.

Mesmo sem perceber, e por questões de segurança e econo­mia, a humanidade já caminha em direção da “marca da besta”. Veja a seguir o que extraímos de determinado site a respeito da implantação do biochip em seres humanos.

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100 As bestas do mar e da terra

“ (...) A Motorola está produzindo um microchip para o Mondex SmartCard e já desenvolveu vários implantes em seres huma­nos usando o biochip. Este mede aproximadamente 7 milímetros de comprimento por 0,75 de largura (mais ou menos o tamanho de um grão de arroz), contém um transponder e uma bateria de lítio, que é recarregada por um circuito de termopar, que produz uma corrente elétrica com flutuações da temperatura do corpo. A Motorola está produzindo atualmente 1 bilhão de biochips Mondex por ano, estando em atividade há pelo menos um ano”.

Confira abaixo outras informações extraídas do mesmo site.

“Uma vez implantado, o biochip não poderá mais ser tirado cirurgicamente, uma vez que o invólucro se romperia e o indiví­duo seria contaminado pelo lítio armazenado na microbateria, sendo que logo o sistema de posicionamente global detectaria a retirada e colocaria a polícia em alerta. A palavra mondex é origi­nada a partir de outras duas palavras inglesas: mon, proveniente de monetário, pertencendo a dinheiro; dexter, que significa “per­tencente ou localizado na mão direita”. Logo, mondex significa “dinheiro na mão direita”.

“O biochip já é usado como inibidor de seqüestros por empre­sários no mundo inteiro. Mais de 250 corporações em 20 países estão envolvidas na tarefa de implantar o Mondex no mundo, sendo que muitas nações já foram autorizadas a usar o sistema, entre elas: Reino Unido, Canadá, Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia, Israel, Hong Kong, China, Indonésia, Macau, Malásia, Filipinas, Cingapura, Tailândia, índia, Taiwan, Sri Lanka, Costa Rica, Guatemala, Nicarágua, Panamá, Honduras, El Salvador e agora o Brasil. A empresa produtora gastou mais de 1,5 milhões de dólares em pesquisas científicas para saber qual é o melhor local do corpo humano para colocar este biochip. Só acharam duas possibilidades satisfatórias: A testa, abaixo do couro cabeludo; e a parte de trás da mão, especificadamente a mão direita”.

Apesar de o sistema não ter sido ainda implantado, já está à disposição. E do ponto de vista humano é perfeito. Esta marca

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nada mais é do que um passaporte para o inferno.

Versículo 18: Aqui há sabedoria. Aquele que tem entendimen­to calcule o número da besta, porque é número de homem; e o seu número é seiscentos e sessenta e seis.

Este é um dos versículos mais discutidos da Bíblia Sagrada.

De algum modo que atualmente nos é desconhecido, este nú­mero terá um papel importante na identificação do anticristo no futuro. Representa o número do homem, que foi criado no sexto dia (Gn 1.26, 27), trazendo também as marcas da trindade satâni­ca, a saber, o dragão, a besta e o falso profeta. Em todas as partes do mundo o número 666 já se torna conhecido pelo seu uso ge­neralizado e é certo que o mesmo exercerá, num futuro muito próximo, importante papel no controle total da humanidade.

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Capítulo 14

O Cordeiro e os remidos(Apocalipse 14)

serve que o capítulo 14 abre com sete anúncios impor­tantes: (D a visão do Cordeiro e os remidos no monte Sião (vv. 1 a 5); (2) a proclamação do Evangelho eterno (vv.6,7); (3) a queda de Babilônia (v. 8); (4) o juízo dos adoradores da besta (vv. 9 a 11); (5) a bem-aventurança dos mártires da Tribulação (vv. 12 e 13); (6) o juízo das nações (vv.13 a 16) e (7) o juízo de Israel (vv. 17 a 20).

Versículos 1 a 3: £ olhei e eis que estava o Cordeiro sobre o monte Sião e com ele cento e quarenta e quatro mil, que em sua testa tinham escrito o nome dele e o de seu Pai. E ouvi uma voz do céu como a voz de muitas águas e como a voz de um grande trovão; e uma voz de harpistas, que tocavam com a sua harpa. E cantavam um como cântico novo diante do trono e diante dos quatro animais e dos anciãos; e ninguém podia aprender aquele cântico, senão os cento e quarenta e quatro mil que foram compra­dos da terra.

Evidentemente, este grupo é o mesmo mencionado em Apocalipse 7.4, embora aqui o seu trabalho já esteja con­cluído.

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104 O Cordeiro e os remidos

No Novo Testamento, cinco das sete referências ao monte Sião são poéticas mostrando Jerusalém como o local do templo de Israel, onde, inclusive, os remidos serão reunidos pelo Messias (conforme Salmos 48.1; Isaías 24.23; Joel 2.32 e Obadias 17). Tex­tos apocalípticos judaicos também colocam o Messias no monte Sião.

Versículos 4 e 5: Estes são os que não estão contaminados com mulheres, porque são virgens. Estes são os que seguem o Cordeiro para onde quer que vai. Estes são os que dentre os homens foram comprados como primícias para Deus e para o Cordeiro. E na sua boca não se achou engano; porque são irrepreensíveis diante do trono de Deus.

Esta expressão tem sentido espiritual. Os 144 mil permanece­ram puros, recusando-se a se conformar com o sistema mundial ímpio do anticristo ou a pertencer à igreja apóstata dos últimos dias.

Versículos 6 e 7: E vi outro anjo voar pelo meio do céu e tinha o Evangelho eterno para o proclamar aos que habitam sobre a terra, e a toda a nação, tribo, língua e povo, dizendo com grande voz: “Temei a Deus e dai-lhe glória, porque vinda é a hora do seu

juízo. E adorai Aquele que fez o céu, a terra, o mar e as fontes das águas ”.

Durante a segunda parte da Tribulação, o Evangelho de Cris­to será proclamado ao mundo inteiro, advertindo com clareza e poder. Esta é a última proclamação da graça de Deus ao mundo antes do retorno de Cristo a terra para o juízo.

Existe apenas um Evangelho. Pode haver várias adaptações às condições e aos tempos, e quer seja denominado Evangelho do Reino, Evangelho da graça, Evangelho eterno são as boas no­vas da fé em Jesus Cristo. A expressão evangelho eterno significa justamente o que as palavras dizem, isto é, as boas novas que têm sempre sido verdadeiras e sempre serão. É o plano que Deus

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estabeleceu para abençoar o homem através da semente da mu­lher - Cristo (Gênesis 3.15 e Gálatas 4.4).

Versículos 8 a 11: £ outro anjo seguiu, dizendo: “Caiu! Caiu Babilônia, aquela grande cidade que a todas as nações deu a be­ber do vinho da ira da sua prostituição!”. E os seguiu o terceiro anjo, dizendo com grande voz: “Se alguém adorar a besta e a sua imagem e receber o sinal na testa ou na mão, também o tal beberá do vinho da ira de Deus, que se deitou, não misturado, no cálice da sua ira, e será atormentado com fogo e enxofre diante dos san­tos anjos e diante do Cordeiro. E a fumaça do seu tormento sobe para todo o sempre; e não têm repouso, nem de dia e nem de noite, os que adoram a besta e a sua imagem e aquele que receber o sinal do seu nome

Sobre a Babilônia mencionada no versículo 8, estudaremos com mais detalhes no capítulo 17.

Está claro nestes versículos que aqueles que adorarem a besta e receberem a sua marca selarão para sempre o seu próprio des­tino, sendo estes atormentados eternamente. Trata-se de um qua­dro irreversível. A referência aqui é ao lago de fogo, onde os per­didos sofrerão por toda a eternidade (M ateus 25.41, 46 e Apocalipse 20.10).

Versículos 12 e 13: Aqui está a paciência dos santos; aqui es­tão os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus. E ouvi uma voz do céu, que me dizia: “Escreve: bem-aventurados os mortos que, desde agora, morrem no Senhor. Sim, diz o Espíri­to, para que descansem dos seus trabalhos e as suas obras o si- I am”.

Os que morrem pela fé em Cristo durante a Tribulação são especialmente bem-aventurados, pois são libertos da persegui­ção e do tormento; e passarão a estar com Cristo. Por isso, a voz do céu os exorta a perseverarem na fé. Esta é uma das mais consoladoras promessas de Deus aos santos da Tribulação.

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106 O Cordeiro e os remidos

Podemos ver aqui a ação do Espírito Santo na salvação de pecadores nos dias da Grande Tribulação, bem como o consolo divino que Ele trará àqueles que sofrerão martírio por amor a Cristo.

Versículos 14 a 16: E olhei e eis tuna nuvem branca e, assenta­do sobre a nuvem, um sem elhante ao Filho do homem, que tinha sobre a cabeça uma coroa de ouro e, na mão, uma fo ic e aguda. E outro anjo saiu do templo, clam ando com grande voz ao que es­tava assentado sobre a nuvem: "Lança a tua fo ic e e sega! E já vinda a hora de segar, porque já a seara da terra está madura!". E Aquele que estava assentado sobre a nuvem meteu a sua fo ic e à terra, e a terra f o i segada.

O Filho do homem é uma referência ao próprio Cristo, como estando pronto para lançar a foice do julgamento em um mundo já maduro na iniqüidade. Na versão atualizada da Bíblia, lemos que "a seara da terra já secou". Temos aqui uma antevisão dos eventos que terão lugar nos capítulos 16, versos 12 a 16; e 19, versos 10 a 20. Temos também nesta mesma passagem uma clara referência ao julgamento das nações na vinda de Cristo em gló­ria. Na volta de Cristo, depois da tribulação, os incrédulos serão reunidos e julgados no vale de Josafá (Salmos 110.5, 6; Joel 3.2, 12-14; Mateus 25.32; Sofonias 1.14, 15 e Apocalipse 19.15). Este acontecimento ocorrerá antes da implantação do reino milenar; e tem por objetivo julgar a todas as nações, ou seja, os remanes­centes da Grande Tribulação e da batalha final, separando as ovelhas dos bodes com base no tratamento que estes tenham dado aos "pequeninos irmãos" de Jesus (entenda-se: os judeus). Isto porque a Igreja de Cristo, bem como todos os seus santos, já estarão com Ele, sendo eles, os únicos irmãos de Jesus ainda so­bre a terra (Zacarias 12.2,3 e 9; Mateus 25.40,45 e Malaquias 3.18; 4.1).

É bom lembrarmos que este juízo nada tem a ver com o gran­de juízo do trono branco. Veja a seguir:

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Apocalipse, a Revelação Final 107

Juízo das nações (Mateus 25.31-46)1. É o trono da sua glória.2. Permanecem os céus e a terra.3. Julgadas as nações vivas.

Juízo final (Apocalipse 20.11-15)1 .0 trono é branco.2. Fogem os céus e a

terra.3. Julgados os mortos

4. Não haverá a aberturaressuscitados.

4. Os livros serãodos livros.

5. Será aqui na terra.6. Será antes do milênio.

abertos.5. Será no espaço.6. Será no final do

7. Serão separados os bodes das ovelhas.

milênio.7. Ninguém será

separado.

O julgamento das nações determinará quem entrará ou não no Reino de Cristo.

Versículos 17 a 20: E saiu do templo, que está no céu, outro anjo, o qual também tinha uma foice aguda. E saiu do altar outro anjo, que tinha poder sobre o fogo e clamou com grande voz ao que tinha a foice aguda, dizendo: "Lança a tua foice aguda e vin- dima os cachos da vinha da terra, porque já as suas uvas estão maduras!''. E o anjo meteu a sua foice à terra e vindimou as uvas da vinha da terra e lançou-as no grande lagar da ira de Deus. E o lagar foi pisado fora da cidade e saiu sangue do lagar até aos freios dos cavalos, pelo espaço de mil e seiscentos estádios.

A passagem aqui descrita está falando sobre o julgamento de Israel, a "videira" cujos cachos já amadureceram para juízo (Zacarias 13.8, 9). Muitas vezes, Israel é apresentado na Bíblia como a vinha do Senhor (Isaías 5.7 e Jeremias 6.9). No Antigo Testamento, pisar as uvas é uma figura da execução da ira de Deus (Isaías 63.2, 3 e Zacarias 13.7 a 9; 14.2).

Este é o julgamento que Israel sofrerá por ter rejeitado a Deus desde os dias do Antigo Testamento, culminando com sua rejei­

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108 O Cordeiro e os remidos

ção a Cristo já no Novo Testamento (Deuteronômio 4.27-30; 30.1- 4; Mateus 23.19; 27.25 e 28.36 a 39). Como conseqüência dessa rejeição, no ano 70, Tito, general romano, invadiu Jerusalém e cerca de um milhão de judeus pereceram. Desde então, Israel tem sido espalhado entre as nações (Oséias 8.8 e Ezequiel 37.11- 13) Ainda sobre o juízo de Israel, o profeta Jeremias o descreve como "o tempo de angústia para Jacó" (Jeremias 30.4 a 7). Esse juízo determinará a conversão do remanescente israelista que irá se voltar para o Senhor (conforme Oséias 5.15; 6.1,2; Zacarias 12.10; 13.8, 9; Malaquias 4.2; Romanos 9.27 e 11.25, 26).

De um m odo geral, o versícu lo 20 fala da b ata lh a de Armagedom (Apocalipse 16.16 e 19.17-19), quando o sangue da matança fluirá por uma extensão de 320 quilômetros, podendo chegar até a altura de 1,2 metros. É aproximadamente a extensão da Palestina, de norte a sul (conforme Isaías 34.6; Joel 3.12,13 e Salmos 2.1-4).

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Capítulo 15

As sete taças(Apocalipse 15 e 16)

ersículo 1: E vi outro grande e admirável sinal no céu: sete anjos que tinham as sete últimas pragas, porque ne­las é consumada a ira de Deus.

Estas pragas são os julgamentos divinos finais sobre a terra durante a tribulação. Eles estão contidos nas “sete taças” de ouro (v. 7) e no capítulo 16 e versos 1 a 21.

Versículos 2 a 4: £ vi um como mar de vidro misturado com fogo e também os que saíram vitoriosos da besta, da sua imagem, do seu sinal e do número do seu nome, que estavam junto ao mar de vidro e tinham as harpas de Deus. E cantavam o cântico de Moisés, servo de Deus, e o cântico do Cordeiro, dizendo: “Grandes e maravilhosas são as tuas obras, Senhor, Deus Todo-poderoso! Justos e verda­deiros são os teus caminhos, ó Rei dos santos! Quem te não temerá, ó Senhor, e não magnificará o teu nome? Por­que só Tu és Santo; por isso, todas as nações virão e se prostrarão diante de Ti, porque os teus juízos são mani­festos”.

O cântico de Moisés era cantado nas sinagogas às tar­des de sábado para celebrar o grande livramento de Isra-

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n o As sete taças

el do Egito. Já o Cântico do Cordeiro refere-se à vitória de Cristo sobre os seus inimigos ao garantir o livramento espiritual para os seus seguidores.

O momento é de alegria. Esse é o retrato da vitória daqueles que perseveraram e que guardaram os mandamentos de Deus e a fé em Jesus. Eles foram batizados em sua própria morte, mas estão salvos e têm parte na primeira ressurreição.

Estes que João vê sobre um mar de vidro com harpas nas mãos e cantando os cânticos de Moisés e do Cordeiro são os que saí­ram vitoriosos do confronto com a besta, da sua imagem, do seu sinal e do número do seu nome. Eles não abandonaram a sua fé em Cristo ao serem perseguidos, ameaçados ou mortos pelo anticristo (Apocalipse 13.7, 8; 6.9; 7.14 e 12.7). Eles sofrerão mar­tírio na segunda metade da Grande Tribulação.

Versículos 5 a 8: £ depois disto, olhei e eis que o templo do tabernáculo do testemunho se abriu no céu. E os sete anjos que tinham as sete pragas saíram do templo, vestidos de linho puro e resplandecente e cingidos com cintos de ouro pelo peito. E um dos quatro animais deu aos sete anjos sete salvas de ouro, cheias da ira de Deus, que vive para todo o sempre. E o templo encheu-se com a fumaça da glória de Deus e do seu poder; e ninguém podia entrar no templo, até que se consumassem as sete pragas dos sete anjos.

Ao lermos estes textos, tomamos conhecimento da prepara­ção para o juízo que haverá ao serem derramadas as sete taças de ouro.

Estes versículos nos fazem meditar no fato de que cada taça será igualmente derramada sobre o altar do incenso, cuja fumaça representa o cumprimento das orações proféticas dos santos mártires que estarão na terra no período da Septuagésima Sema­na de Daniel, somadas às orações dos santos de todos os tempos. Quando este incenso (símbolo de oração) for derramado do incensário e das taças de ouro para o altar do incenso, chegando

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Apocalipse, a Revelação Final 111

como fumaça às narinas de Deus, as taças, então, estarão cheias de fogo e serão derramadas sobre a terra.

A fumaça aqui mencionada indica o caráter irreversível da última série de juízos sobre a humanidade (veja Apocalipse 5.8 e 8.3-5).

CAPÍTULO 16

Versículos 1 e 2: E ouvi, vinda do templo, uma grande voz que dizia aos sete anjos: “Ide e derramai sobre a terra as sete taças da ira de Deus ”. E foi o primeiro e derramou a sua taça sobre a terra, e fez-se uma chaga má e maligna nos homens que tinham o sinal da besta e que adoravam a sua imagem.

O capítulo 16 apresenta os efeitos das sete taças derramadas sobre a terra.

É importante observar que os juízos das taças não são parci­ais, como os dos selos e das trombetas. O alcance destes juízos será sobre toda a terra. A terra, o mar, os rios e as fontes das águas e depois o sol, são sucessivamente os objetos dos julgamentos divinos, quando as quatro primeiras taças são derramadas.

As três últimas taças, assim como as três últimas trombetas, têm um alcance mais íntimo relativamente ao homem.

Quando o anjo derrama a primeira taça, Deus envia uma epi­demia de chagas e de tumores malignos sobre os adoradores da besta (v. 11), que causarão dores e sofrimentos indescritíveis. Este juízo atinge as pessoas de forma direta, principalmente as que foram enganadas pela besta. Será um julgamento mais terrível do que o das trombetas, e nos lembra os juízos de Deus sobre o Egito (Êxodo 9.10, 11).

Versículo 3 :E o segundo anjo derramou a sua taça no mar, que se tornou em sangue como de um morto, e morreu no mar toda alma vivente.

Quando o segundo anjo derrama a sua taça sobre o mar, as

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ráguas se tornam em sangue e morre todo o ser vivente que existe no mar. Imagine o mau cheiro e as doenças que este juízo irá provocar. Para esse flagelo não há limites, uma vez que todas as criaturas marítimas morreram.

Versículos 4 a 7: E o terceiro anjo derramou a sua taça nos rios e nas fontes das águas, e se tornaram em sangue. E ouvi o anjo das águas que dizia: “Justo és Tu, ó Senhor, que és e que eras, e Santo és, por quejulgaste estas coisas. Visto como derramaram o sangue dos santos e dos profetas, também Tu lhes deste sangue a beber; porque disto são merecedores ”. E ouvi outro do altar, que dizia: “Na verdade, ó Senhor, Deus Todo-poderoso, verdadeiros e

justos são os teus ju ízo s”.

Com o derramar da terceira taça, os rios e as fontes de água se convertem em sangue, acarretando conseqüências terríveis na vida humana, a qual se tornará, por certo, insuportável naqueles dias. Assim como os homens derramaram o sangue de santos e profetas, estão agora sentenciados por Deus a beberem sangue (v. 6).

Neste período, a sede será total. Não haverá água potável na terra após o efeito das segunda e terceira taças, com raras exceções.

Eis o julgamento e a vingança do sangue daqueles que cla­mam debaixo do altar de Deus (Apocalipse 6.9-11). Agora, essa geração de assassinos, apóstatas e idólatras beberá o sangue da vingança de Deus.

Versículos 8 e 9: E o quarto anjo derramou a sua taça sobre o sol e foi lhe permitido que abrasasse os homens com fogo. E os homens foram abrasados com grandes calores e blasfemaram o nome de Deus, que tem poder sobre estas pragas; e não se arrepen­deram para lhe darem glória.

A quarta taça é derramada sobre o sol e, como resultado, o mesmo é aquecido sobremaneira, passando a queimar os homens com o seu intenso calor. Mesmo assim, os homens não se arre­

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pendem dos seus pecados. Haverá, portanto, uma insolação in­suportável.

Digno de nota é a expressão "abrasasse os homens com fogo". Após as explosões das bombas atômicas que atingiram as cida­des japonesas Hiroshima e Nagasaki, homens e mulheres anda­vam pelas ruas como se fossem tochas acesas. A água estava con­taminada pela radioatividade. Lembramos que as bombas pro­duzidas atualmente têm um poder destruidor muito maior do que aquelas lançadas no Japão ao final da Segunda Guerra Mun­dial.

Sem dúvida, com este juízo o mundo experimentará um aque­cimento global sem precedentes.

E como resultado, poderia ocorrer o derretimento de geleiras do Ártico, aumentando assim o volume de águas dos mares e a conseqüente invasão das cidades costeiras.

Conforme divulgação dos meios de comunicação em 26 de dezembro de 2004, onze países do sudeste asiático foram terri­velmente atingidos pelos tsunamis (ondas gigantes). As águas invadiram as cidades, levando por diante tudo o que encontra­vam. Só na Tailândia e na Indonésia, o número de mortos che­gou a quase 260 mil pessoas. Milhares ficaram feridos, mutila­dos ou desabrigados.

A comunidade internacional foi posta em estado de alerta e o mundo se comoveu.

Segundo os oceanógrafos, tais fenômenos catastróficos podem ocorrer por alguns motivos tais como: (1) derretimento das gran­des geleiras como resultado do efeito-estufa; (2) queda de meteoritos; e (3) movimento das placas terrestres nas profundezas dos oceanos. Este foi o caso das ondas gigantes - tsunamis.

Os efeitos colaterais desse calor causticante provocarão mu­danças drásticas no clima, talvez até a evaporação e degelo das grandes regiões glaciais da terra.

Em artigo intitulado "O degelo está chegando", o jornal A Se­

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114 As sefe taças

mana, de 22 de dezembro de 2006 informa o seguinte: “Cansa­dos de apenas fazerem alertas, cientistas americanos agora infor­mam o ano e a estação climática em que vai ocorrer o derreti­mento da maior parte das geleiras do Ártico. Será no verão de 2040 e vai atingir uma área de aproximadamente 6 milhões de quilômetros quadrados. O Centro Nacional de Pesquisa Atmos­férica dos Estados Unidos responsabiliza o uso de combustíveis fósseis e outros processos industriais pelo derretimento (levam ao acúmulo na atmosfera de gases causadores do efeito estufa).

Os estragos. O Ártico não é a única região que está com os dias contados. Cada vez menor, a península Antártica já teve 87% dos seus glaciares derretidos, a área que corresponde aproxima­damente a duas vezes às dimensões da Austrália. Também no Brasil, o aquecimento global vem fazendo estragos. Em 2005, a Amazônia passou pela pior estiagem dos últimos 50 anos”.

Segundo o mesmo periódico (edição do dia 19 de dezembro de 2008): “Mais de 2 trilhões de toneladas de gelo terrestre na Groenlândia, na Antártida e no Alasca derreteram desde 2003, de acordo com novos dados de satélite da Nasa que mostram os mais recentes sinais do que os cientistas dizem ser a ação do aque­cimento global. O derretimento do gelo terrestre aumenta os ní­veis do mar mundo afora. A subida global dos oceanos, contu­do, é maior, porque o aquecimento da água também a faz expan­dir. A tendência do derretimento continua forte”. Dizia Mozart Pereira Soares: “A espécie mais devastadora da terra é o bicho homem”.

Versículos 10 e 11: E o quinto anjo derramou a sua taça sobre o trono da besta e o seu reino se fez tenebroso; e os homens mordi­am a língua de dor. E por causa das suas dores e por causa das suas chagas, blasfemaram do Deus do céu e não se arrependeram das suas obras.

Das 42 vezes que a palavra “trono” ocorre no Apocalipse, 40 vezes dizem respeito ao trono de Deus.

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A quinta taça é derramada sobre o trono da besta, o qual é invadido por densas trevas e escuridão. Isto nos faz lembrar da praga das trevas no Egito (Êxodo 10.21-23).

Versículos 12 a 14: E o sexto anjo derramou a sua taça sobre o grande rio Eufrates; e a sua água secou-se, para que se preparasse o caminho dos reis do Oriente. E da boca do dragão, da boca da besta e da boca do falso profeta vi saírem três espíritos imundos, semelhantes a rãs, porque são espíritos de demônios, que fazem prodígios; os quais vão ao encontro dos reis de todo o mundo para os congregar para a batalha, naquele grande dia do Deus Todo-poderoso.

Nos versículos 13 a 16 deste capítulo temos o quarto período parentético do livro.

A sexta taça é derramada sobre o grande rio Eufrates, o qual seca para que se prepare o caminho dos reis do oriente. Trata-se de combatentes que marcharão ao Oriente Médio para a batalha de Armagedom. Esse exército é oriundo de nações orientais, como a Coréia do Norte, Japão, China e outras; e serão influenciadas por espíritos imundos (v. 13). Recentemente um noticiário na TV sobre a China Vermelha, denominado “A Voz do Dragão”, cita­va que esta potência militar dispunha de um “exército popular” de 200 milhões de combatentes.

É impressionante a ação desses demônios personificados em rãs, influenciando e levando as pessoas a aceitar e apoiar a causa do mal - uma causa suicida.

Versículo 15 e 16: (Eis que venho como ladrão. Bem-aventura- do aquele que vigia e guarda as suas vestes, para que não ande nu e não se vejam as suas vergonhas). E os congregaram no lugar que em hebreu se chama Armagedom.

A batalha final do Armagedom lançará as forças do anticristo contra os que vêm do oriente e seus aliados. Será uma verdadei­ra guerra mundial. A maior parte das nações da terra, em segui­

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116 As sete taças

da, será lançada juntamente em oposição a Cristo, que estará retornando.

Para essa batalha, serão arregimentados exércitos de todas as nações contra Deus e Israel. O anticristo estará cheio de poder e furioso com Deus por causa dos castigos da Tribulação. Então, se rebelarão contra o Senhor e tentarão destruir a nação de Israel e Jerusalém (Salmos 2.1-4).

Armagedom é uma campanha militar composta de várias ba­talhas, começando com a batalha do anticristo contra o Egito (Daniel 11.40-45), incluindo um cerco a Jerusalém (Zacarias 14.2) e terminando na batalha final de Armagedom (Apocalipse 16.16). A região está situada na planície de Esdrelom, a 75 quilômetros ao norte de Jerusalém. Este local já foi cenário de muitas batalhas no Antigo Testamento e também em nossos dias:

1. Em 1479 a.C.: guerra entre Egito Síria.2. Em 1237 a 1198 a.C.: Débora e Baraque vencem os cananeus

(Joel 4.4-23).3. Em 1011 a.C.: ali pereceu Saul e seus filhos no monte Gilboa

(1 Samuel 28.31).4. Em 622 a.C.: em Megido, pereceu Josias o rei de Israel (2

Crônicas 35.20-24; Jeremias 46.2 e Zacarias 12.11).5. Muitos imperadores romanos e seus exércitos marcharam

por este vale.6. No século 10, houve ali guerras entre muçulmanos e cris­

tãos.7. Em 1799, Napoleão teve sua primeira derrota em Megido.8. Em setembro de 1918, o general Allemby luta contra os tur­

cos e alemães, libertando a Palestina do poder dos turcos.

Esta batalha nada tem a ver com a invasão de Israel pela Rússia e pelos seus aliados, nos capítulos 38 e 39 de Ezequiel, que acon­tecerá provavelmente antes ou no começo da Grande Tribula­ção. O conflito em Armagedom ocorrerá no final da Grande Tri­bulação, quando Cristo estiver voltando com poder e glória para vencer o anticristo e os seus exércitos (Salmos 110.5; Isaías 66.15,

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16; Zacarias 14.1-5; 2 Tessalonicenses 1.7-10 e Apocalipse 19.19- 21).

Versículo 17 a 21: £ o sétim o anjo derramou a sua taça no ar e saiu grande voz do tem plo do céu, do trono, dizendo: “Está fe i­to !”. E houve vozes, trovões, relâm pagos e um grande terremoto, com o nunca tinha hav ido desde que há hom ens sobre a terra; tal fo i este tão grande terremoto. E a grande cidade fendeu-se em três partes, e as cidades das nações caíram; e da grande Babilôn ia se lembrou Deus para lhe dar o cálice do vinho da indignação da sua ira. E toda ilha fugiu e os montes não se acharam . E sobre os homens caiu do céu uma grande saraiva, pedras do p eso de um talento; e os hom ens blasfem aram de Deus p or causa da praga da saraiva, porque a sua praga era mui grande.

Ao derramar o anjo a sétima taça, os juízos divinos continuam sobre o mundo. A “grande cidade” é uma referência a Jerusalém (Zacarias 14.4 e Apocalipse 11.8). Quanto às “ cidades das nações ”, tudo sugere tratar-se do local no qual Satanás mantinha o seu trono e era cultuado. Neste período, serão destruídas literalmente a apostasia londrina, a vaidade parisiense, a arrogância nova- iorquina, o orgulho berlinense, o ateísmo moscovita, a idolatria romana, as abominações das cidades brasileiras, a prostituição dos centros holandeses, a auto-suficiência japonesa, a soberba americana, entre outros. Enfim, todo o caráter maligno e todo o palco de maldição serão destruídos pela ira do Deus Todo-Po- deroso.

“Pedras quase do peso de um talento” são pedras com cerca de 30 ou 40 quilos cada uma. Este é um relato antecipado do juízo de Deus sobre a Babilônia, a sede do governo da besta.

Nota-se que mesmo sob o impacto desses terríveis julgamen­tos, os homens continuam a blasfemar de Deus.

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Capítulo 16

A mulher e a besta(Apocalipse 17)

capítulo 17 de Apocalipse trata do movimento religio­so mundial que haverá nos últimos dias. Será uma falsa igreja mundial apoiada inicialmente pela besta (v. 3). Esta falsa igreja dos dias do anticristo abrangerá todas as fal­sas religiões, inclusive o cristianismo apóstata (1 Timó­teo 4.1, 2; 2 Timóteo 3.1-5; 2 Pedro 3.3, 4 e Judas 17, 18). Isto será realizado com todo o poder, sinais, prodígios e mentiras (2 Tessalonicenses 2.9-11 e Mateus 24.5, 24).

Versículo 1: E veio um dos sete an jos que tinham as sete taças e falou comigo, dizendo-me: “Vem, m ostrar-te- ei a condenação da grande prostituta que está assentada sobre m uitas água ”,

A prostituta tem várias paixões, sem um casamento definido, o que nos faz lembrar uma igreja que possui um sistema politeísta, onde se adora vários deuses.

Satanás tem usado a religião, governo e comércio idó­latras como seus principais agentes para enganar a hu­manidade.

Na Bíblia Sagrada, falsas religiões geralmente são cha-

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A m ulher e a Desta

madas de prostituições, porque é uma forma de infidelidade a Deus (Isaías 23.17; Jeremias 3.9; Ezequiel 16.17-21; Naum 3.4 e Tiago 4.4); significando um povo que professa servir a Deus, en­quanto que, na realidade, adora e serve a outros deuses (confor­me Isaías 29.13 e Marcos 7.6, 7).

Os seguintes contrastes poderão ser úteis:

A igreja verdadeira A mãe das prostitutas1. Virgem casta. 1. Grande prostituta.2. Sujeita a Cristo. 2. Sujeita a Satanás.3. É do céu. 3. É da terra.4. Adornada por Deus. 4. Adornada por

Satanás.5. Preservada por Cristo. 5. Destruída pela besta.6. Glória eterna no futuro. 6. Eterna ruína futura.7. Noiva verdadeira. 7. Igreja falsa.8. Tem chamado celeste. 8. Cobiça posses

terrenas.9. Obra-prima de Cristo. 9. Obra-prima de

Satanás.10. Habitada pelo 10..Possuída pelo

Espírito Santo. espírito maligno.11. Mistério oculto ll.M istério da

dos séculos. iniqüidade.12. Elevada no ar. 12. Lançada na perdição.13. Exerce poder espiritual. 13. Busca o poder

temporal.14. Exibe a glória de Cristo. 14. Gloria-se nas coisas

sensuais.

A expressão "assentada sobre muitas águas" é explicada no versículo 15.

Versículo 2: (...) "com a qual se prostituíram os reis da terra; e os que habitam na terra se embebedaram com o vinho da sua pros­tituição".

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Isso indica que este falso movimento religioso se estenderá por todo o mundo, alcançando primeiramente os governantes da terra e estendendo-se logo ao povo mais simples.

Versículo 3: E levou-m e em espírito a um deserto e vi uma mu­lher assentada sobre uma besta de cor escarlate, que estava cheia de nomes de blasfêm ia e tinha sete cabeças e dez chifres.

Sendo a mulher na visão uma prostituta, isso indica um falso sistema religioso. Está assentada sobre uma besta, ou seja, um falso sistema político. Trata-se da confederação de nações sob o governo do anticristo. Nesse tempo, a igreja falsa conduz a bes­ta, mas depois esta se virará contra aquela e a destruirá (v. 16). Isto a besta fará para poder implantar uma nova religião, isto é, a sua própria adoração, na segunda metade da Grande Tribula­ção. O ministro de cultos do anticristo, ou seja, o falso profeta cuidará disso, obrigando este culto. A besta aqui mencionada é o futuro governo mundial, ou seja, a Babilônia política, que apoia a falsa organização religiosa mundial. A mulher é um sistema religioso que dominará por algum tempo o poder civil.

Profeticamente falando, esta nova religião mundial represen­tará o novo paganismo no tempo do anticristo, a nova idolatria. Certamente a grande parte das denominações chamadas cristãs fará parte do culto do anticristo, tendo entrado numa apostasia de dimensões incríveis. Através do Vaticano, o romanismo, jun­tamente com os protestantes tradicionais, irá liderar este movi­mento, chamado nom inalm ente de cristão. A influência do anticristo será universal e através do poder dele será realizada a união das religiões ocidentais e orientais. Esse movimento será uma miscelânea de religiões e falsos credos. O resultado será um tipo de cristianismo paganizado. Os poderes político e reli­gioso se unirão para apoderar-se do controle espiritual das na­ções. Este novo sistema será hostil aos verdadeiros seguidores cie Cristo naqueles dias, e uma perseguição de grandes propor­ções resultará disso.

De fato, o anticristo promoverá a maior perseguição religiosa

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da história humana. O verdadeiro cristianismo será proscrito e o fato de alguém confessar o Nome de Jesus significará morte cer­ta. Naqueles dias, a religião falsa, aliada ao sistema político fal­so, perseguirá implacavelmente a todos que verdadeiramente se dedicarem a Cristo e à fé bíblica (conforme Apocalipse 6.9; 7.13, 14; 17.6; 18.24 e 20.4).

Cristo estará fora da igreja nesse tempo, e o anticristo será o seu líder; milhões negarão a sua fé; ao passo que outros serão fiéis até a morte, mesmo nas mais terríveis perseguições.

Versículo 4: E a mulher estava vestida de púrpura e de escarlata, adornada com ouro, pedras preciosas e pérolas, e tinha na mão um cálice de ouro cheio das abominações e da imundícia da sua prostituição.

Este quadro nos mostra a condição espiritual da igreja apóstata dos últimos dias (Mateus 23.27, 28). Pelas características que a mesma nos apresenta, não temos dúvida que esta em foco aqui a Igreja de Laodicéia, a qual representa o cristianismo em um esta­do final de apostasia (conforme Apocalipse 3.20; 2 Timóteo 2.18;3.1 a 5; 1 Timóteo 4.1 a 3). A púrpura, a escarlate, o ouro, as pe­dras preciosas e as pérolas nos falam de luxo, pompa e realeza. Estas coisas têm caracterizado o romanismo através de todos os tempos.

Essa igreja do cálice de ouro oferecerá ao povo tanto as coisas de Deus como a satisfação carnal. Isto revela um cristianismo pervertido, que ensina aos seus adeptos a prática da imoralida­de e ao mesmo tempo lhes diz que são aceitos por Deus.

A figura da grande prostituta é horripilante. Está adornada por fora, mas por dentro é um verdadeiro sepulcro!

Versículo 5: (...) E, na sua testa, estava escrito o nome: Misté­rio, a Grande Babilônia, a Mãe das Prostituições e Abominações da Terra.

Em algumas traduções, ao invés de “mistério” está a palavra

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“nome simbólico”, associado á mulher, identificando-a com ri­tos religiosos e mistérios das falsas religiões, como magia, ocul­tismo, esoterismo, feitiçaria, adivinhações, religiões orientais, maçonaria, satanismo, iniciações, etc.

A expressão “grande Babilônia, a mãe das prostituições” iden­tifica a mulher com o sistema religioso de Roma. A Roma papal diz ser mãe e chama a si mesma de mãe de todas as igrejas, a senhora que é mestra de todos os cristãos. O papa arroga a si a autoridade sobre todos eles e sobre os habitantes da terra. Em 1825, o papa Leão XII emitiu uma medalha que tinha de um lado a sua própria imagem e do outro, a igreja de Roma; simbolizada por uma mulher, tendo em sua mão esquerda uma cruz, e na direita um cálice, contendo a legenda: sedet super universum, isto é, “o mundo inteiro é o seu trono”. Se pudesse, ela dominaria ainda hoje como era no passado.

Veja o que o atual papa Bento XVI afirmou, publicado no Jor­nal Maná do Sul, de julho de 2006: “A Igreja Católica é a mãe de todas as igrejas cristãs. Por isso, outras igrejas não devem ser consideradas como ‘irmãs’ da Igreja Católica”.

Dom Estevão Bittencourt, padre benedito e teólogo, afirmou: “A verdade não pode estar em todas as religiões ao mesmo tem­po. O catolicismo é o único caminho para Cristo”.

Assim como na antiga Babilônia, existiam várias deuses, um para cada dia e para cada propósito, atualmente existe uma reli­gião politeísta com os mesmos costumes (o catolicismo romano).

A expressão “babilônia” deriva de babel, que significa “confu­são”, e simboliza as religiões falsas, idolatria, feitiçaria, astrolo­gia e toda a sorte de rebelião contra Deus (Gênesis 10.10 e 11.4; Isaías 47.13). Indica também que a religião predominante duran­te a Grande Tribulação será o espiritismo em suas mais variadas formas. Hoje já se vê indícios disso por toda a parte. Essas falsas religiões propagam-se rapidamente em todo o mundo a cami­nho do reinado do anticristo.

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Versículo 6: E vi que a mulher estava embriagada do sangue dos santos e do sangue das testemunhas de Jesus. E, vendo-a eu, maravilhei-me com grande admiração.

Este trecho fala dos mártires que morrem pela sua fidelidade a Cristo. Contai, se puderdes, as vítimas da obra sanguinolenta de Roma no mundo, suas crueldades e assassínios. É duvidoso se a Roma pagã matou mais seres humanos do que a Roma pa­pal. Neste respeito, Roma não é a única culpada. A igreja grega e alguns grupos protestantes têm igualmente tingido as suas mãos no sangue de alguns dos mais nobres filhos de Deus. Não é sem uma profunda significação que a prostituta é trajada de escarlate e carmesim. Ela é de índole sanguinária e está tingida de sangue.

Um dos documentos que ordenavam tais perseguições foi o desumano “Ad extirpanda”, emitido pelo papa Inocêncio IV, em 1252. Este documento afirmava que os hereges deveriam ser “es­magados como serpentes venenosas”. Ele formalmente aprovou o uso da tortura; e as autoridades civis foram ordenadas a quei­mar os “hereges”.

Francis Gamba, um lombardo da “persuasão protestante”, foi apreendido e condenado à morte pela sentença de Milão no ano de 1554. No local da execução, um monge apresentou um cruci­fixo a ele, para quem Gamba disse: “Minha mente está tão cheia dos verdadeiros méritos e da verdadeira bondade de Cristo que não quero um pedaço de pau sem sentido para fazer-me pensar nele”. Por causa dessa declaração, sua língua foi arrancada e ele foi em seguida queimado.

No massacre de Merindol, mulheres foram ostensiva e dolo­rosamente violentadas. Crianças foram assassinadas diante de seus pais, que estavam impotentes para protegê-las. Dez mil huguenotes (protestantes) foram mortos no sangrento massacre em Paris no dia de São Bartolomeu do ano de 1572. O rei francês foi à missa para agradecer solenemente o fato de tantos “here­ges” terem sido mortos. A corte papal recebeu as novas com gran­de regozijo e o papa Gregório XIII, com grande procissão, foi à

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Apocalipse, a Revelação Final 125

igreja de São Luiz para agradecer. Ele ordenou que a Casa da Moeda Papal fizesse moedas comemorando este acontecimento. É fato incontestável que a Roma papal tem procurado substituir a graça e a Palavra de Deus por ritos religiosos, servindo-se do nome do Senhor para encobrir suas cobiças e suas mais grossei­ras ambições (conforme Mateus 15.8, 9; 2 Timóteo 3.5 e Apocalipse 13.11).

A partir do Concilio de Tolosa (1222), instituiu-se a proibição da leitura da Bíblia Sagrada pelos leigos. Porque será? Se o pró­prio Deus nos exorta a lermos as Sagradas Escrituras? (Isaías 34.26; João 5.39; Marcos 12.24; 1 Timóteo 4.13 e 2 Timóteo 3.16).

Versículos 7 e 8: E o anjo me disse: “Por que te admiras? Eu te direi o mistério da mulher e da besta que a traz, a qual tem sete cabeças e dez chifres. A besta que viste foi ejá não é, e há de subir do abismo e irá à perdição. E os que habitam na terra (cujo os nomes não estão escritos no Livro da Vida, desde a fundação do mundo) se admirarão vendo a besta que era e já não é, mas que

• ' nvira .

Alguns interpretam este versículo, presumindo ser o anticristo uma pessoa que já viveu em algum tempo da história, mas que agora está morta, e que no futuro subirá do abismo. Tal interpre­tação contraria o texto bíblico (conforme Lucas 26.31 e Hebreus9.27), uma vez que a Bíblia é totalmente contrária à reencarnação. Devemos ter em mente que João olhava para o futuro dos sécu­los (os dias do anticristo), lançando em seguida retrospectiva­mente um olhar para trás, contemplando o Império Romano do passado.

Eis a revelação sobre a besta, que nos apresenta neste versículo os quatro estados do império de Roma, tanto no passado como no futuro: (D o termo “foi” representa um período de existência. Segundo a história, desde 754 a.C. Roma já existia, mas só tor­nou-se uma potência mundial ao derrotar o império grego, a partir de 146 a.C., tornando-se em 129 a.C. a província da Acaia. (2) A expressão “já não é ” é um período de ausência - a cidade de

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126 A mulher e a besta

Roma foi destruída e durante os séculos que se seguiram, os tur­cos e sarracenos demoliram a parte oriental do Império Romano. Atualmente, as instituições romanas existem, mas não o império de Roma. (3) A frase “está para subir do abismo” representa uma terceira fase, que se aproxima da sua realização. Satanás fará reviver e imprimirá nele o cunho do seu caráter. O que João vê neste versículo é a aurora da restauração do império, na expres­são “já não é e que tornará a v ir”. (4) O reino que o Senhor Jesus julgará quando vir em poder e glória com a sua igreja (Isaías 32.1; Daniel 7.13, 14, 27; Zacarias 14.5 e 9.16; Mateus 24.30; 2 Tessalonicenses 1.7, 8; Judas 14 e Apocalipse 19.20).

Versículos 9 a 11: Aqui há sentido, que tem sabedoria. As sete cabeças são sete montes sobre os quais a mulher está assentada. E são também sete reis: cinco já caíram, e um existe; outro ainda não é vindo; e, quando vier, convém que dure um pouco de tempo. E a besta, que era ejá não é, é ela também o oitavo, e é dos sete, e vai à perdição.

Temos aqui duas interpretações sobre as sete cabeças. (1) Sig­nificam os sete montes sobre os quais está fundada a cidade de Roma: Capitólio, Palatino, Esquilino, A ventino, Q uirinal, Vidimal e Célio. (2) As “sete cabeças” significam também sete reis (vv. 3, 7, 10). Desses sete reinos, seis são hoje passados: Egito, Assíria, Babilônia, Medo-persa, Grécia e Roma. O sétimo reino ainda é futuro e será uma forma do antigo Império Romano res­taurado, constituído de dez reinos, equivalentes aos dez dedos dos pés da estátua que Daniel viu (Daniel 2.4 e 4.3); cujas pernas representavam o antigo império de Roma. Em Daniel 7.24, o pro­feta escreveu: Dez reis se levantarão daquele mesmo reino. Com a for­mação destes dez estados estará pronto o palco para a formação do reino do anticristo - o oitavo rei (v. 11). Quando o anticristo assumir o controle dos dez reinos, isso será o oitavo reino.

Estes reis correspondem hoje ao Mercado Comum Europeu, o qual começou com as seguintes nações: Alemanha, Bélgica, Di­namarca, Espanha, França, Grécia, Holanda, Irlanda, Itália,

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Apocalipse, a Revelação Final 127

Luxemburgo, Portugal e Reino Unido. Temos aqui um total de doze nações; no entanto, outras mais já foram admitidas (confor­me Daniel 2.42 e 7.7, 20, 24; Apocalipse 13.1 e 17.3, 7,12,16). Olhan­do um mapa-múndi dos dias de Cristo, chegamos a conclusão que as nações aqui mencionadas pertencem à mesma região onde outrora existiu o antigo Império Romano.

Também se deve levar em consideração que a união mundial em torno de um único governo não nos parecerá distante quan­do nos apercebermos que o mundo de hoje já se reúne em blocos econômicos diversos. A partir de então, a unificação geral não é muito difícil. É o que se chama de globalização. Nos dias atuais, tudo já se encaminha nessa direção.

Observe na tabela abaixo os principais blocos econômicos já existentes:

Blocos Destinação Países

Pacto andino Comunidade Andina 5

NAFTA Acordo de Livre Comércio da América do Norte 3

SADC Comunidade da África Meridional p/o Desenvolvimento | 14 I

CEE/EU União Européia 25

ALCA Área de Livre Comércio das Américas 34

OPEP Organização dos Países Exportadores de Petróleo 11

APEC Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico 20

ASEAN Associação das Nações do Sudeste Asiático 9

CARICOM Mercado Comum do Caribe 20

CEI Comunidade dos Estados Independentes 12

COMMON-WALTH | Comunidade Britânica 54

MERCOSUL j Mercado Comum do Sul 4

Sabe-se que a partir de I o. de janeiro de 2008, dos 25 países

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que compõem a União Européia, 15 já estão usando o euro como a sua moeda oficial. A sua população é de 320 milhões de pesso­as.

Versículos 12 e 13: E os dez chifres que viste são dez reis, que ainda não receberam o reino, mas receberão o poder com o reis por uma hora, juntamente com a besta. Estes têm um mesmo intento e entregarão o seu poder e autoridade à besta.

O Império Romano restaurado governará sobre uma liga de dez blocos de nações, que constituirão dez reinos em toda a ter­ra. Será uma espécie de reino confederado. Esta liga de nações exerce grandes poderes políticos e apoia o futuro governo mun­dial (v. 13), isto é, o anticristo. Constitui uma confederação mun­dial de nações que se oporão a Cristo e à verdadeira fé bíblica (conforme Daniel 7.25 e 2 Tessalonicenses 2.4).

Estes dez reinos só têm uma preocupação, que é apoiar e obe­decer as diretrizes da burocracia central dominada pela besta (o anticristo).

Versículo 14: Estes com baterão contra o Cordeiro e o Cordeiro os vencerá, por que é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; ven­cerão os que estão com Ele, cham ados, eleitos e fiéis .

Isso ocorrerá quando estes reis (Império Romano restaurado) matarem seus fiéis seguidores (a igreja do Anticristo), e saírem para guerrear contra Cristo na Batalha do Armagedom.

Cristo destruirá o anticristo e os que a ele se aliam naquela batalha final (Apocalipse 16.14,16 e 19.19-21).

Versículos 15 e 16: E disse-me: "As águas que viste, onde se assenta a prostituta, são povos, multidões, nações e línguas. E os dez chifres que viste na besta são os que aborrecerão a prostituta e a porão desolada e nua, e com erão a sua carne e a queim arão no fogo".

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Este relato indica um só sistema religioso ecumênico, global, universal e apóstata na primeira parte da Grande Tribulação, o qual será destruído pelo anticristo com o apoio dos dez reinos confederados (v. 16). Tratarão, pois, Babilônia com desprezo, a deixarão exposta ã vergonha, irão se apoderar dos seus bens e dos seus recursos e finalmente, a destruirão. Deus serve-se deles para pôr de lado a grande corruptora religiosa, cujo centro de poder se situa em Roma. Esta falsa religião será substituída pela religião do anticristo, ao assumir o seu poder político sobre o mundo (conforme Daniel 9.27; Mateus 24.15 e 2 Tessalonicenses2.3,4).

A besta, a princípio dominada pelo sistema da meretriz, er- gue-se contra ela e a destrói completamente. Sem dúvida, tal sis­tema competia com a adoração religiosa da besta, promovida pelo falso profeta. Portanto, a sua destruição ocorre para que a besta seja o único objeto da falsa adoração ao proclamar-se como Deus.

O movimento sobre o ecumenismo cresce hoje assustadora­mente em todo o mundo. Em 1905, um novo tipo de movimento ecumênico nasceu na América, que culminou com a criação do Conselho Federal das Igrejas, mais tarde denominado Conselho Nacional de Igrejas. A doutrina cristã foi menosprezada e o “ser­viço ecumênico” foi enaltecido. O novo modelo caminha no sen­tido da organização de uma super igreja. Daí surgiu, e já é uma realidade, o Conselho Mundial de Igrejas.

A Igreja Católica Romana está completamente a par do desen­volvimento desta resolução. O papa João XXIII convocou um concilio ecumênico, cuja primeira etapa já se realizou. É o pri­meiro de sua espécie desde 1870. A sua finalidade é unir a cris- tandade, o que significa a volta de todos os “hereges” ao seio da igreja-mãe. Os líderes protestantes já podem assistir o concilio ecumênico do Vaticano, como observadores não oficiais. A visi­ta do arcebispo anglicano de Canterbury ao papa João XXIII, em 2 de dezembro de 1960, marcou um significativo desenvolvimen­to do ecumenismo moderno.

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Mais recentemente, em 14 de abril de 1989, o falecido papa João Paulo II recebe no Vaticano uma delegação das igrejas pro­testantes dos Estados Unidos, luteranas, episcopais e metodistas; e a tônica dos assuntos abordados foi sobre a unidade do movi­mento cristão (ecumenismo). Estavam presentes também repre­sentantes da Igreja Ortodoxa dos Estados Unidos. É bom lem­brar que o ecumenismo americano está entre os mais avançados do mundo. O Conselho Nacional de Igrejas, a maior organização dos Estados Unidos, é formado por 32 igrejas protestantes e or­todoxas, representando mais de 44 milhões de cristãos.

Em 1°. de junho de 1989, o papa João Paulo II fez a sua primei­ra visita aos países nórdicos, predominantemente luteranos, pe­dindo, na Noruega, uma maior unidade entre católicos e protes­tantes. Em seu discurso, fez referência à vontade de unificar o cristianismo e um chamado à conciliação. E de se esperar que Bento XVI caminhe na mesma direção.

Igreja de Jesus, devemos ter cuidado com aquele que parece ser cordeiro, mas fala como dragão (Apocalipse 13.11).

Versículos 17 e 18: Porque Deus tem posto em seu coração que cumpram o seu intento, tenham uma mesma idéia e que dêem à besta o seu reino, até que se cumpram as palavras de Deus. E a mulher que viste é a grande cidade que reina sobre os reis da terra.

Este capítulo termina mostrando como os dez blocos de na­ções, uma vez destruída a falsa igreja, entregam ao anticristo, não só a liderança política do mundo, mas também a liderança eclesiástica, quando o mesmo se assentará no próprio templo em Jerusalém. Isso ocorrerá na segunda metade da Grande Tribula- ção (conforme vv.13.13; Daniel 9.27; 11.3,136; Mateus 24.15; 2 Tessalonicenses 2.1 a 8).

A Roma papal, cuja sede é no Vaticano, tem governado (espi­ritualmente falando) o maior sistema religioso que já existiu na terra e será também o “trono" do grande líder que se levantará na época, à frente da falsa igreja mundial.

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A Roma imperial caiu no ano 476. No entanto, a Roma papal continuará até o fim da presente era, quando será então destruída. A Palavra profética terá o seu fiel cumprimento.

Cristo voltará em breve; esteja alerta, Igreja de Jesus! Prepara- te para ir.

Apocolipse, g Revelação Final ____ _______ ______________________ 131

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Capítulo 17

A Babilônia comercial (Apocalipse 18)

o capítulo 17, Babilônia representa o falso sistema reli-y gioso que se centralizará em Roma durante a Tribula- ção. No capítulo 18, representa mais o aspecto político e comercial do Império Romano restaurado. Assim, o ter­mo representa ao mesmo tempo o sistema (religioso e co­mercial) e a cidade a que este se relaciona.

Versículos 1 a 3: E depois destas coisas, vi descer do céu outro anjo, que tinha grande poder, e a terra fo i ilum i­nada com a sua glória. E clamou fortem ente com grande voz, dizendo: “Caiu! Caiu a grande B abilôn ia e se tornou m orada de dem ônios e abrigo de todo o espírito imundo, e refúgio de toda ave imundo e aborrecível! Porque todas as nações beberam do vinho da ira da sua prostituição. Os reis da terra se prostituíram com ela. E os m ercadores da terra se enriqueceram com a abundância de suas deli-

O capítulo 18 começa com a expressão “depois destas coisas”, referindo-se aos acontecimentos relatos no capí­tulo 17.

Em nossa opinião, o capítulo 18 trata da destruição li-

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teral da sede física da grande Babilônia mística, ou seja, a cidade de Roma que, uma vez destruída e condenada, será uma espécie de filial do inferno: morada de demônios, guarida de todo espí­rito imundo e de toda ave imunda e detestável.

Versículos 4 e 6: E ouvi outra voz do céu, que dizia: “Sai dela, povo meu, para que não sejas participante dos seus pecados e para que não incorras nas suas pragas. Porque já os seus pecados se acumularam até ao céu e Deus se lembrou das iniqüidades dela. Tornai-lhe a dar como ela vos tem dado e retribuí-lhe em dobro conforme as suas obras; no cálice em que vos deu de beber, daí- lhe a ela em dobro ”.

O povo de Deus deve separar-se do sistema babilônico do fim dos tempos, e que já existe nos dias atuais (Romanos 12.1, 2; 2 Coríntios 6.14-17; Tiago 4.4 e 1 João 2.15-17). Esta é a chamada de Deus à últim a geração de fiéis para que saiam da grande Babilônia. A chamada para a separação do mundo e das institui­ções religiosas falsas tem sido um aspecto essencial da salvação em toda a história da redenção (Isaías 52.11; Jeremias 51.45 e 1 Coríntios 11.32).

Versículos 7 a 9: “ Quanto ela seglorificou e em delícias esteve, foi lhe outro tanto de tormento e pranto, porque diz em seu cora­ção: ‘Estou assentada como rainha, não sou viúva e não verei o pranto’. Portanto, num dia virão as suas pragas: a morte, o pran­to e a fome; e será queimada no fogo porque é forte o Senhor Deus, que a julga ”.E os reis da terra, que se prostituíram com ela e vive­ram em delícias, a chorarão e sobre ela prantearão, quando virem a fumaça do seu incêndio.

O sofrimento e a miséria que sobrevirão à Babilônia comercial serão proporcionais à vangloria e a vida opulenta que levou. Os seus empresários ricos, opulentos e inescrupulosos, que rejeita­ram a Deus e acumularam riquezas em detrimento dos outros, serão agora despojados da sua riqueza num só dia (Tiago 5.1-6). Riquezas, luxúria, lascívia, avareza, devassidão e imoralidade!

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Enfim, ao longo da história, muitos se enriqueceram a custa da corrupção que caracteriza Roma e o Vaticano. Já disse alguém sabiamente que “a voracidade de alguns (ou de muitos) faz a miséria de outros”.

Chorarão e prantearão aqueles cujo interesse principal era o dinheiro, o luxo e a satisfação do prazer, sendo este o deus das suas vidas. Já não podem tirar proveito das suas mercadorias, pois acabaram as suas riquezas. Aqui Deus manifesta com clare­za que repulsa os negócios e governos que se firmam na avareza e no poder opressivo. Aqueles que vivem no luxo e nos praze- res, ignorando a Deus, serão abatidos pela sua ira. “ As coisas que destruirão a civilização moderna são: prosperidade a qual­quer preço, paz a qualquer preço, segurança primeiro ao invés de dever primeiro, amor pela vida fácil e a teoria de vida fique “rico a qualquer preço”.

O justo Deus do Universo não fará vista grossa aos pecados dos poderosos da elite que tem usado do comércio, do governo, da política e da religião por séculos para viverem luxuosamente à custa dos outros.

Versículos 10 a 13: Estarão de longe pelo temor do seu tormen­to, dizendo: “Ai! Ai daquela grande Babilônia, aquela forte cida­de!”. Pois numa hora veio o seu juízo. E sobre ela choram e la­mentam os mercadores da terra, porque ninguém mais compra as suas mercadorias: mercadorias de ouro, de prata, de pedras preci­osas, de pérolas, de linho fino, de púrpura, de seda e de escarlata; e toda madeira odorífera, todo vaso de marfim e todo vaso de m adeira preciosíssim a, de bronze, de ferro e de m árm ore; cinamomo, cardamomo, perfume, mirra, incenso, vinho, azeite, flor de farinha e trigo, cavalgaduras e ovelhas; e mercadorias de ca­valos, de carros, de corpos e de almas de homens.

O indigno comércio de homens sem Deus inclui até os corpos e as almas dos homens. Porém, a hora em que tudo chegará ao seu final já está bem perto.

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O maior golpe de Satanás é escravizar a própria alma humana à concupiscência, à cobiça e à gula por bens materiais. E o que dizer do nefasto tráfico de escravos nos tempos atuais. Existe ain­da hoje na África, mais precisamente na ilha de Goré, no Senegal, de onde saíam os navios negreiros do século XVIII, uma porta chamada “porta sem retorno”. Conforme reportagem do Jornal Nacional que foi ao ar no dia 22 de janeiro de 2008, um estudo realizado por historiadores de 15 países, mostra que só no Brasil desembarcaram cinco milhões de escravos. A isto soma-se tam­bém o maldito comércio de jovens para a prostituição em diver­sas partes do mundo.

Versículos 14 a 24: E o fruto do desejo da tua alm a fo i-se de ti, e todas as coisas gostosas e excelentes se foram de ti e não m ais as acharás. Os m ercadores destas coisas, que com ela se enrique­ceram, estarão de longe, p elo temor do seu tormento, chorando, lam entando e dizendo: “Ai! Ai daquela grande cidade, que estava vestida de linho fino, de púrpura e de escarlata, adornada com ouro e pedras preciosas e p éro las!”. Porque numa hora foram a s ­soladas tantas riquezas. E todo piloto, todo o que navega em naus, todo o marinheiro e todos os que negociam no m ar se puseram de longe. E, vendo a fum aça do seu incêndio, clam aram , dizendo: “Que cidade é sem elhante a esta grande cidade?”. E lançaram pó sobre a cabeça e clamaram, chorando, lam entando e dizendo: “Ai! Ai daquela grande cidade, na qual todos os que tinham naus no mar se enriqueceram em razão da sua opulência!”. Porque numa hora fo i assolada. Alegra-te sobre ela, ó céu, e vós, santos ap ós­tolos e profetas, porque j á Deus ju lgou a vossa causa quanto a ela. E um forte an jo levantou uma pedra com o uma grande m ó e lançou-a no mar, dizendo: “Com igual ím p eto será lan çada Babilônia, aquela grande cidade, e não será ja m a is achada. E em ti não se ouvirá m ais a voz de harpistas, de músicos, de flauteiros, de trom beteiros e nenhum artífice de arte alguma se achará m áis em ti; e ruído de m ó em ti se não ouvirá m ais; luz de candeia não m ais luzirá em ti e voz de esposo e esposa não m ais em ti se ouvi­

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rá; porque os teus mercadores eram os grandes da terra; porque todas as nações foram enganadas pelas tuas feitiçarias. E nela se achou sangue dos profetas, dos santos e de todos os que foram mortos na terra.

A palavra feitiçaria é usada aqui para descrever um estilo de vida de práticas ocultistas induzidas por drogas. E.isto inclui tanto os que traficam como os que consomem.

Vemos que o juízo sobre Babilônia será muito rápido; Deus a julgará por causa do seu tratamento contra os santos na tribula- ção. Os céus e os mártires podem agora se regozijar.

Este capítulo também nos mostra que embora o anticristo te­nha conseguido o controle econômico, não conseguirá impedir a queda do sistema mundial babilônico e o total colapso econômico do mundo.

A Babilônia comercial pode muito bem estar representada na atual forma de globalização (comércio de alcance mundial), que procura nos dias atuais obter o controle de todos os segmentos sociais e econômicos do mundo.

Esse juízo terá como alvo aqueles que, em suas vidas, troca­ram sua alma por bens materiais (conforme Mateus 16.25, 26).

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Capítulo 18

Bodas do Cordeiro(Apocalipse 19)

- os versículos 1 a 8 deste capítulo encontramos o 5o. período parentético do Apocalipse.

Versículos 1 a 6: E depois destas coisas, ouvi no céu com o que uma grande voz de uma grande m ultidão, que dizia: “Aleluia! Salvação, glória, honra e poder perten­cem ao Senhor, nosso Deus, porque verdadeiros e ju stos são os seus ju ízos, p o is ju lgou a grande prostituta, que havia corrom pido a terra com a sua prostitu ição e das m ãos dela vingou o sangue dos seus servos E outra vez, disseram: “Aleluia! E a fum aça dela sobe para todo o sem ­pre ”. E os vinte e quatro anciãos e os quatro anim ais pros- traram-se e adoraram a Deus, assentado no trono, dizen­do: “Amém! A lelu ia!”. E saiu uma voz do trono, que d i­zia: “Louvai o nosso Deus, vós, todos os seus servos, e vós que o temeis, tanto pequenos com o grandes”. E ouvi com o que a voz de uma grande m ultidão e com o que a voz de m uitas águas, e com o que a voz de grandes trovões, que dizia: “Aleluia! P ois j á o Senhor, Deus Todo-Podero- so, reina ”.

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140 Bodas do Cordeiro

As Bodas do Cordeiro2. O tem po em que o Noivo leva a noiva

para a cada do Pai (Jo 14.3; 1 Ts 4.16,27; Ct 2.17; 3.6; 8.5)

I (Ap 19.7,8; Ct 2.4; 4.7;Ef 5.25; 27.32; 2 Co 11.2

Bodas

1Primeira vida de Jesus para ganhar uma noiva (Gl 4.4; Lc 19.10; Jo 3.16; SI 34.10,11)

Arrebatam ento 3. O retorno do Noivo com a noiva para a Ceia das Bodas

(Jo 3.29; Ap 19.9; Mt 25.6; Ct 6.10; Mt

1+1. Época do

noivado(Igreja = noiva)

Sete anos (Dn 9.27; 12.7;

Ap 12.6,14; Dn 7.25) 24.29,30; Ap 1.7; 19.11,14

Era da Igreja(Ct 2.16; 6.3; 8.14; 2.17; 1 Ts 1.10; Fp 3.20; 2 Co 11.2;

Milênio(Zc 14.9; Ap 20.4-6; Dn 7.13,14,22,270)

Hb 9.28)

Esta será a mais gloriosa das bodas, a qual, nenhum divórcio jam ais poderá separar.

Temos aí a continuação das ações de graças pela queda da Babilônia, a grande prostituta.

A expressão “depois destas coisas” se deve ao fato de o capí­tulo 19 tratar do fim da Tribulação e da gloriosa segunda vinda de Cristo à terra, para julgar as nações, abater os ímpios e reinar com o seu povo.

Versículos 7 e 8: Regozijemo-nos, alegremo-nos e demos-lhe glória, porque vindas são as bodas do Cordeiro, ejá a sua esposa se aprontou. E foi-lhe dado que se vestisse de linho fino, puro e resplandecente; porque o linho fino são as justiças dos santos.

Esta Escritura nos mostra a chegada da Igreja para as bodas do Cordeiro; trata-se da consumação do casamento de Cristo com a Igreja, sua esposa. A figura está de acordo com o modelo orien­tal do casamento, compreendendo três estágios: (1) o noivado, um compromisso legal, quando os membros individuais do cor­po de Cristo são salvos; (2) a vinda do esposo para buscar a sua

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Apocalipse, a Revelação Final 141

esposa no arrebatamento da Igreja; e (3) as bodas do Cordeiro, seguindo-se a manifestação em glória a este mundo no final dos 7 anos da Grande Tribulação.

No Novo Testamento, a relação entre Cristo e a Igreja é revela­da pelo uso de figuras do noivo e da noiva (João 3.29; 2 Coríntios 11.2; Efésios 5.25-33 e Apocalipse 21.1).

Na qualidade de noiva, a Igreja aguarda incessantemente a hora das bodas, o que ocorrerá por ocasião do arrebatamento. A interpretação alegórica de Cantares de Salomão retrata como a noiva ansiosamente aguarda o retorno do seu Amado (Cantares 2.17 e 8.14). A verdadeira afeição da Igreja por Cristo tem sido provada na longa ausência do seu Amado.

Durante este tempo de espera, a noiva de Cristo tem passado por momentos tão difíceis e tem sido assediada constantemente pelo adversário. No entanto, tem sido fiel ao seu Amado (Canta­res 2.16; 6.3 e 7.10). Finalmente, o grande dia chegará! Quando a. Igreja estará subindo ao encontro do seu Senhor, para com Ele se unir para sempre. Haverá grande expectativa no céu, quando a Igreja ali chegar (Cantares 2.4; 3.6; 6.10 e 8.5).

A esta altura dos acontecimentos, a Igreja já terá passado pelo tribunal de Cristo, uma vez que foi lhe dado que se vestisse de linho fino, puro e resplandecente; que são os atos de justiça dos santos (v. 8), que só podem referir-se às Coisas que forem aceitas no tribunal de Cristo. As boas obras dos cristãos constituirão o traje nupcial da Igreja. Estas vestimentas constituirão o vestido de casamento da noiva, a qual terá grande alegria. Regozijar-me-ei muito no Senhor, a minha alma se alegrará no meu Deus, porque me vestiu de vestes de salvação, cobriu-me com o manto de justiça, como noivo que se adorna com uma grinalda e como noiva que se enfeita com as suas jóias (Isaías 61.10).

O local das bodas só pode ser no céu, visto que segue o tribu­nal de Cristo, demonstrado como um acontecimento celestial. As bodas devem ocorrer no céu, pois nenhum outro local seria ade­quado a um povo celestial (Filipenses 3.20 e Apocalipse 19.14).

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142 Bodas do Cordeiro

É necessário distinguir as bodas do Cordeiro da ceia de casa­mento. A primeira referè-se particularmente a Cristo e a Igreja e ocorre no céu. A segunda ocorre na terra com os convidados.

Versículo 9: E disse-me: “Escreve: bem-aventurados aqueles que são chamados ã ceia das bodas do Cordeiro”. E disse-me: “Estas são as verdadeiras palavras de D eus”.

Quem serão os convidados?

Quanto aos convidados à ceia de casamento (v. 9), na tradu­ção Almeida Revista e Corrigida, temos a expressão “aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro”; na Bíblia na Lin­guagem de Hoje, temos “convidados para a festa de casamento do Cordeiro”; e na Bíblia de Jerusalém encontramos “convida­dos para o banquete das núpcias do Cordeiro”.

É um tanto difícil dizer quem serão os convidados. No entan­to, é possível encontrar-se judeus e gentios entre os convidados. Na verdade, o número total de pessoas está dividido em dois grupos distintos, com as suas respectivas subdivisões: (1) o povo de Israel, sendo em primeiro lugar os que vão ressuscitar no fim da Grande Tribulação. Este trecho deixa claro que a ressurreição dos santos do Antigo Testamento não ocorrerá até a segunda vinda de Cristo (Isaías 26.19-21 e Daniel 12.1-3). Esta ressurreição é seletiva, não todos, mas muitos (Daniel 12.2). A ceia de casamen­to inclui primeiramente a Israel e ocorre na terra. Olhando passa­gens como Mateus 22.1-14 e Lucas 14.16-24, vimos que Israel aguarda o retorno do Noivo e da noiva. Eles são chamados de “amigos do noivo” (João 3.29) e os “convidados das bodas” (Lucas 5.34, 35) na versão Almeida Revista e Corrigida; “convi dados para o casamento e as damas de honra” (Mateus 25.1-13) na versão Almeida Revista e Atualizada. Em segundo lugar, es tará o remanescente judaico que professar crer no Messias na época da sua volta (Isaías 59.20; Zacarias 12.6-10; 13.8, 9 e 14.5; Romanos 9.27 e 11.26 e Apocalipse 1.7). Israel será convidado durante o período tribulacional, convite que muitos rejeitarão.

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Apocalipse, a Revelação Final 143

Por esta razão, muitos serão lançados fora, mas muitos aceitarão e serão recebidos. (2) Os gentios convertidos a Cristo que por causa da rejeição de muitos em Israel, estes receberão o convite do Senhor (Mateus 22.1-10 e Lucas 14.15-24); de sorte que muitos deles serão incluídos. Em primeiro plano, estarão aqueles que crerão em Cristo nos dias da tribulação e que prestarão ajuda a Israel naqueles dias; os que sobreviverem até a volta de Cristo (Mateus 25.31-46). Estes serão poupados no grande julgamento das nações. Em segundo lugar, estão os mártires da Grande Tri­bulação, os quais ressuscitarão na volta de Cristo (Apocalipse6.9-11; 7.9-14; 12.11; 13.15; 14.13; 16.6 e 20.4-6).

Conforme o relato bíblico de Daniel 12.11, 12, entre a volta de Cristo e o início do reino milenar haverá um intervalo de 75 dias para o agrupamento de Israel (Mateus 24.31) e a realização de todos os julgamentos (Ezequiel 20.33-44). Nesse período, acon­tecerá a ceia das bodas, na qual tomarão parte todos os convida­dos que já foram mencionados. Por isso são bem-aventurados aqueles que viverem até os 75 dias depois da vinda de Cristo.

Assim, podemos ver as bodas do Cordeiro como um aconteci­mento celestial no qual a Igreja é eternamente unida a Cristo. E a festa ou ceia das bodas no início do milênio, para a qual judeus e gentios serão convidados. Este fato ocorrerá na terra, onde o Noivo será honrado pela apresentação da noiva a todos os seus amigos (Mateus 25.1-7).

Versículo 10: E eu lancei-me aos seus pés para o adorar, mas cie disse-me: “Olha, não faças tal; sou teu conservo e de teus ir­mãos que têm o testemunho de Jesus; adora a Deus; pois o teste­munho de Jesus é o espírito de profecia

Homens não devem adorar a anjos e muito menos a homens (Atos 10.25, 26 e Apocalipse 22.8). É preciso cuidado com a ênfa­se demasiada que é dada aos anjos em muitas igrejas, o chama­do “culto aos anjos” (Colocenses 2.18).

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144 Bodas do Cordeiro

Versículos 11 a 13: E vi o céu aberto e eis um cavalo branco. O que estava assentado sobre ele cham a-se Fiel e Verdadeiro e ju lga e peleja com ju stiça . E os seus olhos eram com o cham a de fogo; e sobre a sua cabeça hav ia m uitos diadem as; e tinha um nome es­crito que ninguém sabia, senão Ele mesmo. E estava vestido de uma veste salp icada de sangue e o nome p elo qual se cham a é a Palavra de Deus.

Esta é a segunda vinda de Cristo à terra, que se dará no auge da campanha de Armagedom, na qual Ele será o vencedor e to­dos os que a Ele se opõem serão mortos (vv. 19 a 21). Os céus se abrirão e Jesus será visto pelos habitantes da terra, assentado à direita do poder de Deus (Marcos 14.62). E todos verão o sinal do Filho do Homem antes que Ele desça ao vale sombrio de Armagedom (Mateus 24.30). Nesse tempo, os judeus estarão pas­sando por uma angústia sem precedentes em toda a sua história.

Versículos 14 a 16: £ seguiam-no os exércitos que há no céu em cavalos brancos e vestidos de linho fino, branco e puro. E da sua boca sa ía uma aguda espada, para ferir com ela as nações; e Ele as regerá com vara de ferro e Ele m esm o é o que p isa o lagar do vinho do furor e da ira do Deus Todo-poderoso. E na veste e na sua coxa tem escrito este nome: Rei dos reis e Senhor dos senho­res.

A glória de Cristo e seu poder estão em evidência aqui.

Não há dúvida que aqui se trata da Igreja, que 7 anos antes fora arrebatada e agora acompanha o seu Amado na sua vinda em glória. Os cavalos brancos devem ser interpretados simboli­camente.

Versículos 17 e 19: E vi um anjo que estava no so l e clamou com grande voz, dizendo a todas as aves que voavam pelo meio do céu: “Vinde e ajuntai-vos ã ceia do grande Deus, para que com ais a carne dos reis, a carne dos tribunos, a carne dos fortes, a carne dos cavalos e dos que sobre eles se assentam e a carne dc

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todos os homens, livres e servos, pequenos e grandes. E vi a besta, os reis da terra e os seus exércitos reunidos, para fazerem guerra Aquele que estava assentado sobre o cavalo e ao seu exército.

Nesse dia nações de todos os quadrantes da terra, de norte a sul e de leste a oeste, estarão ali representadas, lutando pela su­premacia mundial. Os exércitos mundiais estarão concentrados em Armagedom para ver com quem ficará o governo universal. Líderes mundiais cujas mentes estarão alienadas de Deus e ob­cecadas pelo poder, chegarão ao auge de suas ambições e procu­rarão lutar contra o próprio Deus.

Tão grande será a matança na guerra de Armagedom que um anjo reunirá as aves do céu para devorarem a carne dos mortos na batalha. O Senhor Jesus profetizou aos discípulos que aonde estivessem os corpos, aí se ajuntariam os abutres (Mateus 24.28). Esta é a ceia para qual o anjo convida as aves a se fartarem de mortos, homens de todo o tipo, que adoravam a besta e se deixa­ram selar pela sua marca (conforme Jó 39.30 e Lucas 17.37).

Versículos 20 a 21: £ a besta foi presa e com ela, o falso profe­ta, que diante dela fizera os sinais com que enganou os que rece­beram o sinal da besta e adoraram a sua imagem. Estes dois fo­ram lançados vivos no lago de fogo e de enxofre. E os demais fo­ram mortos com a espada que saía da boca do que estava assen­tado sobre o cavalo, e todas as aves se fartaram das suas carnes.

A segunda vinda do Senhor será em duas fases distintas: (1) o arrebatamento, quando Ele descerá do céu até as nuvens para receber a sua Igreja. Nesta primeira parte, Jesus virá para a sua Igreja. Na segunda parte será a manifestação visível de Cristo em glória com a sua Igreja. Na última parte da Grande Tribula- ção, o anticristo ajuntará todos os grandes exércitos do mundo para fazer guerra contra os judeus e apoderar-se de Jerusalém. Assim terá lugar ao que a Bíblia chama de batalha de Armagedom, a qual cremos ser a Terceira Guerra Mundial (Salmos 2.1-9; 21.8- 12; 76.7, 9 e 110.1-7; Isaías 2.1-19; 31.4, 5; 34.2, 3; 41.11, 12; 59.17-

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146 Bodas do Cordeiro

19; 63.1-3 e 66.15,16; Jeremias 30.16; Zacarias 12.7-10; 13.7-9; 14.1-5, 11, 12; Miquéias 7.16, 17; Lucas 19.27 e Romanos 9.27). O anticristo e o seu exército vencerá a maioria dos judeus, mas no momento em que a sua vitória parece ser total e que o remanes­cente de Israel estiver sem nenhum auxílio, aparecerá o Senhor Jesus Cristo nos ares montado em um cavalo branco, acompa­nhado por todos os seus santos, isto é, a Igreja que já tinha sido arrebatada. Estará formado um grande exército celestial. O Se­nhor Jesus Cristo destruirá o exército do anticristo e lançará este último e o falso profeta no lago de fogo para sempre, sendo eles os primeiros a entrarem nesse lugar. Os judeus olharão para Cris­to e o reconhecerão como o seu verdadeiro Messias, a quem seus pais crucificaram, pelas marcas nas suas mãos. Com grande cho­ro, lágrimas e prantos de arrependimento, eles o receberão. En­tão terá lugar o seu reino de mil anos de paz.

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Capítulo 19

Satanás é preso, Cristo reina(Apocalipse 20)

érsículos 1 a 3: £ vi descer do céu um anjo que tinha a chave do abismo e uma grande cadeia na sua mão. Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o diabo e Sata­nás, e amarrou-o por mil anos. E lançou-o no abismo, e ali o encerrou, epôs selo sobre ele, para que mais não enga­ne as nações, até que os mil anos se acabem. E depois im­porta que seja solto por um pouco de tempo.

A única menção específica ao reino de mil anos de Je­sus Cristo como o Rei dos reis e Senhor dos senhores na Bíblia Sagrada encontra-se neste capítulo 6 vezes (vv. 2- 7). Entretanto, existem passagens por todas as Sagradas Escrituras que podem aludir a esse tempo de paz em que Cristo habitará na terra. Como exemplo, podemos citar Isaías 11.6, que diz: Morará o lobo com o cordeiro e o leopardo com o cabrito se deitará; e o bezerro, o leão novo e o animal cevado viverão juntos; e um menino pequeno os conduzirá.

Convém examinarmos algumas posições quanto ao milênio, uma vez que existem divergências de interpre­tação sobre o assunto.

Amilenismo (do latim, “sem milênio”). Ensina que não há um milênio terreno. Eles acreditam que o milênio é

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espiritual e composto de todos os crentes que estão no céu. Tra­ta-se de um milênio espiritualizado.

Pós-M ilenismo (do latim, “depois do milênio”). Ensina que a era atual é o milênio, e que o mesmo está sendo implantado ago­ra através da pregação do Evangelho e da conversão da maioria do mundo. Depois ocorrerá o retorno de Cristo. Esta composição era sustentada por Agostinho, o qual interpretava o milênio como a própria Igreja e sua existência.

O inventor do pós-milenismo moderno foi Daniel Whitby (1638-1725). A alegação do pós-milenismo é que a Igreja está cum­prindo agora todas as profecias do Antigo Testamento, portanto não há necessidade de um milênio terreno.

Pré-milenismo (do latim, “antes do milênio”). É a posição mais coerente com o ensino geral das escrituras. Ensina que haverá um milênio literal e futuro na terra, após o arrebatamento da igre­ja e a segunda vinda de Cristo em glória (Apocalipse 20.2-4, 6, 7).

As obras de escritores do segundo século afirmam o mesmo. Justino Mártir que viveu em Éfeso por volta de 135 d.C., disse: “Além disso, um homem entre nós de nome João, um dos após­tolos de Cristo, profetizou em uma revelação que lhe foi feita que aqueles que tiverem confiado em nosso Senhor passarão mil anos em Jerusalém, e que após a ressurreição universal, terá lu­gar o julgamento” (História Eclesiástica 4.12, de Eusébio).

O milênio será uma era de bem-aventurança neste mundo. De outra forma, centenas de profecias da Bíblia não poderiam ser cumpridas de modo literal.

Um argumento a favor da validade do reino milenar terrestre de Cristo é algo que o próprio Senhor Jesus disse: Ao que lhes disse Jesus: “Em verdade vos digo a vós que me seguistes, que na regeneração, quando o Filho do homem se assentar no trono da sua glória, sentar-vos- eis também vós sobre doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel” (Mateus 19.28). Além disso, Pedro disse: Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, de sorte que

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venham os tempos de refrigério, pela presença do Senhor, e envie Ele a Jesus Cristo, que já dantes vos foi pregado, o qual convém que o céu con­tenha até aos tempos da restauração de tudo, dos quais Deus falou pela boca de todos seus santos profetas, desde o princípio (At 3.19-21). Essas duas passagens se referem à renovação de alguma coisa, a saber, da terra para o reinado de Cristo (conforme Atos 15.13-16).

A vinda de Cristo para implantar o reino milenar será o cum­primento literal do texto que diz que “virá o desejado de todas as nações” (Ageu 2.7). Começará então a era messiânica.

A doutrina do reino milenial tem sido também confirmada por uma excepcional tradição judaica, chamada “A Tradição da casa de Eli”, segundo o qual o mundo durará cerca de 7 mil anos, que é uma semana universal. Os primeiros 2 mil anos incluem Thalm, que significa “deserto debaixo da iniqüidade”. Os seguintes 2 mil anos contém Thora, ou “a lei de Deus”. O 3o. período se cha­ma Hamaschiach, que significa “dia do Messias”. E o 7°. milênio será o Schabbat, isto é, o “sábado”. Portanto, 4 milênios depois da criação do mundo, o Messias virá (o que já aconteceu na primei­ra vinda de Cristo), e então o mundo estará sob sua influência durante 2 mil anos para finalmente gozar do descanso, o sábado. Depois de 6 dias mileniais vem o sábado do Milênio. Isto é pos­sível se compararmos a divisão da Bíblia com um estudo das sete dispensações bíblicas.

A prisão de Satanás obedece à seguinte ordem: (1) expulso do céu para o espaço (Isaías 14.12-15; Efésios 2.2 e 6.12); (2) do espa­ço para a terra, na metade da tribulação (Ap 12.7-9, 12); (3) da terra para o poço do abismo durante mil anos (Apocalipse 20.1- 3); e finalmente (4) será lançado no lago de fogo para todo o sem­pre (Mateus 25.41 e Apocalipse 20.10).

Versículos 4 a 6: £ vi tronos; e assentaram-se sobre eles aque­les a quem foi dado o poder de julgar. E vi as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus e pela Palavra de Deus, e que não adoraram a besta nem a sua imagem, e não receberam o sinal na testa nem na mão; e viveram e reinaram com Cristo du­

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rante mil anos. Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se acabaram. Esta é a primeira ressurreição. Bem-aven- turado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição; so­bre estes não tem poder a segunda morte, mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com ele mil anos.

Aqui está em foco o reinado de Cristo com os seus santos no milênio. Embora não identificados aqui, o reino de Cristo inclui os santos do Antigo e do Novo Testamento. Os dois grupos se juntarão para reinar com o Senhor por mil anos (Mateus 19.28; Apocalipse 2.26; 3.21 e 5.10).

O pré-milenarismo, a forma presente do reino de Deus, está avançando em direção a um grande clímax. Quando Cristo vol­tar, ocorrerá a primeira ressurreição (parte final) e seu reino achará manifestação num reino visível e real de paz e de justiça na terra, dentro da história, no tempo e no espaço.

Nesse glorioso reinado de Cristo terá terminado definitiva­mente o tempo da opressão, da tirania e do governo humano.

Em Isaías 65 aprendemos que, durante este período, a morte que até então era uma regra, será uma exceção. Ela só será per­mitida durante o milênio como julgamento por uma rebelião aberta (conforme Apocalipse 20.9). O pecador de cem anos será ainda jovem quando morrer (Isaías 65.20, 22). A longevidade será uma das maravilhas do milênio (conforme Zacarias 8.4,5). Por outro lado, os problemas das desigualdades sociais, da seguran­ça, da educação, da saúde do meio ambiente da política, certa­mente serão coisas de um passado que não mais existirá!

Glórias do Reino M ilenial

1. Longevidade do homem (Isaías 65.20, 22 e Zacarias 8.4, 5).2. O conhecimento de Deus encherá a terra (Isaías 11.9 e 2.3).3. Os animais não serão ferozes (Isaías 65.25; 35.9 e 11,6-9).4. Haverá verdadeira paz e justiça no mundo (Isaías 11.35; 2.4

e 60.18).

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5. Haverá alimentaçao em abundância (Isaías 35.1,2 e Zacarias 14.8).

6. Cristo reinará pessoalmente no trono de Davi, tendo Israel como cabeça das nações (Lucas 1.32, 33 e Isaías 9.7).

7. Satanás não terá liberdade para agir (Apocalipse 20.2).8. A Igreja estará na Nova Jerusalém e participará do governo

de Cristo no mundo (1 Coríntios 6.2; Isaías 60.1-3; 62.7). Nos dias atuais, nada há que se possa comparar ao reinado de Cristo. Je­sus tinha razão quando ensinou os discípulos a pedirem “venha o teu Reino" (Mateus 6.10).

A doutrina das ressurreições

As Escrituras usam três expressões para a ressurreição:

1. A ressurreição de mortos. Entende-se aqui, aqueles que vol­taram a viver antes da ressurreição de Cristo pela manifestação do podes de Deus, mas depois voltaram a morrer (1 Reis 17.21, 22; 2 Reis 4.34,35; 13.43,44; Lucas 7.11-17; 8.54,55; João 11.43,44).

2. A ressurreição dentre os mortos (1 Coríntios 15.23), come­çando pela ressurreição de Cristo.

3. A ressurreição dos mortos. Esta é geral e abrange todos os mortos que morreram em seus delitos e pecados (conforme Daniel 12.2; João 5.28, 29; Atos 17.31 e Apocalipse 20.12).

A primeira ressurreição trata-se de um grupo dividido em cinco partes. Refere-se a um acontecimento já pré-figurado em Levítico23.9-11 e 22. Veja:

1. "Cristo, as primícias", isto é, a própria ressurreição de Cris­to (Levítico 23.9-11; 1 Coríntios 15.20, 23).

2. "os que são de Cristo, na sua vinda", isto é, os crentes que estiverem dormindo (mortos) por ocasião do arrebatamento da Igreja (Levítico 23.22).

3. As duas testemunhas na metade da Grande Tribulação (Apocalipse 11.11,12).

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4. Os mártires da Tribulação (conforme Apocalipse 7.9-11 e20.4), os quais não ressuscitam até que Cristo retorne no final dos 7 anos da Tribulação.

5. Quanto aos crentes do Antigo Testamento, não há menção que os mesmos ressuscitarão para encontrarem a Cristo nos ares (arrebatamento), uma vez que eles dormiram na esperança do Messias que viria para reinar. Assim sendo, a ressurreição de Israel é, ainda, predita para depois da Grande Tribulação (con­forme Jó 19.25-27; Isaías 26.19-21; Daniel 12.1, 2, 12; Oséias 6.1,2; João 11.23, 24; Hebreus 11.13, 35, 40).

Seqüência das R essurre ições

1. Cristo, as primícias.2. Os que são de Cristo na sua

vinda (Arrebatam ento). Os outros3. As duas testem unhas. mortos4. Os m ártires da Tribulação. Ju ízo Final5. Os santos do Antigo Testam ento. 2a morte

I a Ressurreição 2 a Ressurreição

— 1 0 0 0 a n o s i|

7o Milênio

Todos estes estarão com Jesus no Milênio

Todos estes serão lançados no Lago de Fogo

As duas grandes ressurreições determinarão quem viverá, ou não, eternam ente com Cristo.

A época da Igreja não faz parte das profecias aí mencionadas, pois a Igreja não era percebida no Antigo Testamento. Os profe­tas não distinguiram o período da Igreja, mas sim a vinda do Reino. A Era da Igreja era algo oculto para eles.

Em Zacarias 14.5 e Judas 14, lemos: (...) então virá o Senhor, meu Deus, e todos os santos contigo, ó Senhor. Esta escritura indica que os

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santos do Antigo Testamento, bem como os mártires da Grande Tribulação, deverão ressuscitar por ocasião da volta de Cristo em glória.

Este primeiro grupo é conhecido na Bíblia como a “ressurrei­ção dentre os mortos”.

A segunda ressurreição trata-se dos “outros mortos” e refere- se àqueles que vão ressuscitar no final do milênio para o juízo do Grande Trono Branco (conforme João 5.28, 29). Esta é a segun­da ressurreição. É também conhecida como a “ressurreição dos mortos”.

Versículos 7 e 8: E, acabando-se os mil anos, Satanás será sol­to da sua prisão e sairá a enganar as nações que estão nos quatro cantos da terra, Gogue e Magogue, cujo número é como a areia do mar, para as ajuntar em batalha.

Muitos têm dificuldade em aceitar a prisão de Satanás no sen­tido literal. No entanto, a Bíblia faz menção de “espíritos em pri­são” (1 Pedro 3.19; 2 Pedro 2.4 e Judas 6).

Passados os mil anos, Satanás será solto. Esta será a última "evolta contra Deus, liderada pelo príncipe das trevas, o qual arregimentará uma multidão tão grande como a areia do mar. A sxpressão “como areia do m ar” prova que a população da terra será enorme no final do Milênio. A expressão “Gogue e Magogue” í a mesma dos capítulos 38 e 39 de Ezequiel. Esta batalha, contu­do, será bem diferente. É uma simples comparação para mostrar jue os tais agem exatamente como os povos não tementes a Deus. [rata-se de uma época diferente e de povos diferentes.

É curioso o fato de que aquele povo nascido e vivido em ple- 1 0 reinado de Cristo (não todos) venha a aderir a esta rebelião :ontra Deus. Isto nos ensina que mesmo tendo o grande privilé­gio de ter Cristo reinando aqui, o pecador pode não receber ao senhor como o seu salvador pessoal, não nascendo de novo e iendo, assim, sempre um pecador carente de salvação. No nilênio, como em todas as dispensações, o homem terá também

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a sua prova e infelizm ente vai falhar, m ostrando assim a profundeza da pecaminosidade do seu coração, tendo o mesmo inclinação constante para o mal. Mostra também a natureza irreversível do antigo inimigo de Deus, Satanás.

Versículos 9 e 10: E subiram sobre a largura da terra e cerca­ram o arraial dos santos e a cidade amada; mas desceu fogo do céu e os devorou. E o diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde está a besta e o falso profeta; e de dia e de noite serão atormentados para todo o sempre.

Este capítulo é a consolidação, no que diz respeito a toda e qualquer revolta do ser humano ou de hostes espirituais do mal. O Cordeiro de Deus, tirará definitivamente o pecado do mundo (João 1.29) e só existirá no Universo a semente do bem.

Satanás agora é lançado no lago de fogo e enxofre para sem­pre. De lá jamais escapará e nunca mais se oporá aos planos divi­nos. Nesse mesmo lugar, já se encontram o anticristo e o falso profeta há mil anos (Apocalipse 19.20). Ali ele não reinará, mas será atormentado eternamente. Até que enfim, chegou o final da carreira daquele que por séculos e milênios enganava a humani­dade e incitava os homens contra Deus.

Versículo 11: E vi um grande trono branco e o que estava as­sentado sobre ele, de cuja presença fugiu a terra e o céu e não se achou lugar para eles.

Com Satanás fora do cenário, é chegada a hora do julgamento final. O “Grande Trono Branco” indica pureza, santidade e gló­ria. O que se assenta sobre o trono é o Rei dos reis e Senhor dos senhores. Todo o juízo foi entregue ao Filho (conforme João 5.22, 23).

O universo físico não irá subsistir diante do fogo divino. Por esta razão, serão destruídos a terra, os planetas, o sol, a lua e todas as galáxias e estrelas (Isaías 51.6; 2 Pedro 3.7, 10-12; Salmos 102.25, 26; Isaías 34.4 e Mateus 24.35). O universo reage diante da

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espantosa presença do Todo-Poderoso. As suas leis são altera­das pela presença de Deus, mas João não entende tal movimento cósmico, e então, compara-o a uma fuga constante, dizendo que não foi achado lugar para eles. Sim, não haverá mais lugar para a antiga criação.

É verdade que sempre haverá uma terra, mas não necessaria­mente a mesma.

Os servos do Antigo Testamento, a Igreja e os mártires da Gran­de Tribulação não se encontrarão aqui incluídos, pois estão ao lado de Cristo, livres de qualquer juízo e condenação (João 3.18, 36 e Romanos 8.1).

Versículos 12 e 13: E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante do trono, e abriram-se os livros. E abriu-se outro livro, que é o da vida. E os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras. E deu o mar os mortos que nele havia; e a morte e o inferno deram os mor­tos que neles havia; e foram julgados cada um segundo as suas obras.

Para muitos, a expressão “grandes e pequenos” do versículo 12 tem a ver com posição e status social; no entanto, à luz do con­texto geral das Escrituras, somos de parecer que essas duas clas­ses de seres que ali serão julgados referem-se: (1) aos anjos caí­dos (2 Pedro 2.4, 11 e Judas 6) ; e (2) aos homens, em sentido geral (Salmos 8.4, 5; Hebreus 2.6, 7; 9.27 e 2 Pedro 3.7).

A presença do Livro da Vida servirá para provar que os no­mes dos perdidos estão riscados dele. Segundo a Bíblia, cada pessoa que nasce neste mundo tem o seu nome escrito no Livro da Vida. Porém, à medida que a pessoa chega à idade da razão e escolhe, conscientemente, ou afastar-se de Deus ou aproximar- se Dele, o seu nome é riscado desse livro ou mantido nele (con­forme Salmos 139.16; Êxodo 32.32, 33; Lucas 10.20; Apocalipse 3.5).

A expressão “abriram-se os livros” trata-se dos 66 livros da

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Bíblia, a Palavra do Senhor. Isto tem a ver com tudo aquilo que a pessoa praticou contrário à Palavra do Senhor. O juízo é segun­do as obras de cada um, de maneira que não haverá engano ou equívoco.

É evidente que o grande trono branco não é o mesmo do ju l­gamento das nações (Mateus 25.31-46), o qual já terá ocorrido mil anos antes.

Diante do trono, acharam-se todos os mortos; os perdidos de todas as épocas da história, inclusive os que morreram perdidos no milênio. Os ímpios receberão algum tipo de corpo na segun­da ressurreição para julgamento, vergonha e desprezo eternos (conforme Daniel 12.2 e João 5.29).

Os livros são abertos e os mortos julgados de acordo com o registro das suas obras. Até os seus pecados mais secretos virão à tona (Romanos 2.16). Sua sentença, sem dúvida alguma, é o lago de fogo.

Milhões e milhões estarão ali a dizer eternamente: “Ah, as ver­dades que eu menos gostava de ouvir eram aquelas que mais precisava conhecer”.

A perdição eterna não é uma ficção literária, uma lenda ou uma filosofia, mas sim uma realidade. A sua descrição nas Escri­turas é no sentido literal e não simbólico ou figurativo. Infeliz­mente, milhares de pessoas só vão reconhecer isso quando for tarde demais. Conta-se que Voltaire, já em seu leito de morte, exclamava: “Daria tudo para crer que não existe o inferno!”. Que momento terrível será para milhões de pessoas, quando os “li­vros” forem abertos!

Como a morte e o inferno deram os mortos que tinham, torna- se claro que todos os ímpios mortos, em todas as épocas, serão trazidos perante o trono branco para julgamento.

O julgamento será individual, pelas ordens de acordo com o princípio do Evangelho (Romanos 2.16); e levando-se em consi­deração os seus motivos.

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Haverá diferença na sentença e na punição, mas não na dura­ção da pena (Lucas 12.47, 48). O fogo que arderá no lago é por natureza inextinguível.

Versículos 14 e 15: E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte. E aquele que não foi achado escrito no Livro da Vida foi lançado no lago de fogo.

O Livro da Vida contém os nomes daqueles que colocaram a sua fé em Cristo para a salvação. Não é de se admirar ter Jesus mandado os seus discípulos se alegrarem porque os seus nomes estavam escritos no Livro da Vida (Lucas 10.20). Todos os nomes que estiverem escritos no livro serão escritos ali antes desse dia. Nada consta de nomes sendo escritos no Livro da Vida naquele dia.

A Bíblia é muito cuidadosa em informar-mos que o destino final dos perdidos é horrível, indo além da imaginação. Envol­verá angústia, choro e ranger de dentes (Mateus 22.13 e 25.30 e Romanos 2.9). É uma fornalha de fogo (Mateus 13.42, 50), que traz como resultado prejuízo e horror eternos (2 Tessalonicenses 1.9). É nesse sentido que a Bíblia diz que horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo (Hebreus 10.31). Esta é a maior razão porque devemos levar as boas novas do Evangelho de Cristo até o fim do mundo.

Os crentes no Novo Testamento tinham nítida consciência do destino de quem vive no pecado sem se arrepender. Por essa razão, eles pregavam com lágrimas e defendiam a Palavra infalí­vel de Deus e o Evangelho da salvação contra as distorções e as falsas doutrinas.

Ao dizer que a morte e o inferno também são lançados no lago de fogo, fica bem claro que terminou o tempo em que os seres humanos morrem. Deste momento em diante, não haverá mais a experiência da separação da alma do corpo. Tudo isto já se cum­priu e não se repetirá.

Em se tratando de julgamentos, é bom que se faça uma análise

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158 Satanás é preso, Cristo reina

cuidadosa de 1 Coríntios 6.2, 3, onde se fala em julgamento do mundo e julgamento dos anjos, os quais serão efetuados pelos santos. O primeiro ocorrerá na época do milênio, e nada tem a ver com o juízo do Trono Branco (Daniel 7.22; Mateus 19.28; Lucas 22.30 e Apocalipse 2.26, 27). O último ocorrerá simultaneamente à condenação de Satanás ao lago de fogo, um pouco antes do juízo final (Jó 4.18; Lucas 10.17, 18; 2 Pedro 2.4; Judas 6 e Apocalipse 12.4).

E aqueles que nunca ouviram o Evangelho?

As Escrituras ensinam que, pela “graça comum”, Deus se re­vela a todos e concede a cada um a capacidade de buscá-lo.

Há uma tríplice revelação de Deus:

1. A revelação interna da razão e da consciência, em cada indi­víduo (Romanos 2.15 e João 1.9);

2. A revelação externa, na criação, a qual proclama o poder, a sabedoria e a bondade de Deus (Romanos 1.19, 20 e Salmos 19.1- 4; 8.1, 3, 4, 9; 97.4-7; Hebreus 1.1);

3. A revelação especial através das Santas Escrituras, como tam­bém na pessoa e na obra de Cristo, que confirma e completa as outras duas revelações, exibindo a justiça, a santidade e o amor de Deus.

Há no homem interior algo que de tal modo prende o sentido de todas as coisas externas a ponto de resultar em um conheci­mento instintivo de Deus. Esse conhecimento envolve deveres; e os homens se tornam indesculpáveis quando, na possessão des­se conhecimento, não cumprem tais deveres; ou, em outras pala­vras, não glorificam a Deus como Deus, a quem sim reconhecem.

Em Romanos 1.21, a palavra “porquanto” mostra porque o homem é indesculpável diante de Deus em qualquer tempo, mesmo quem nunca tenha ouvido falar da Bíblia, nem de Cristo, sem desculpa para não ter Deus na mais alta conta, pois todo o universo criado revela. E, assim serão julgados, porquanto:

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Apocalipse, a Revelação Final 159

1. Rejeitaram eles a revelação natural existente na mente hu­mana.

2. Existe uma força intuitiva que conduz a Deus, mas eles re­peliram essa força (conforme Efésios 4.18).

3. A própria natureza revela Deus, mas eles preferem adorar ao que foi criado, e não ao Criador (conforme Romanos 1.20, 25).

Sem dúvida, o primeiro capítulo de Romanos ensina que os homens podem ser justamente condenados ao julgamento eter­no até sem ouvir de Cristo e seu Evangelho, porque, moralmente merecem tal castigo, porquanto rejeitaram a luz que Deus deu na natureza e a conformidade com a luz recebida por cada um, conforme também subentende o trecho de Atos 17.30.

Conforme Romanos 2.12, 15 e 16, “os que pecaram sem lei”, referindo-se aos gentios e pagãos, Deus julgará segundo o en­tendimento que a pessoa tem dele. Os gentios não serão conde­nados por não obedecerem a uma lei que desconheciam. Sua con­denação se dará por outros motivos (conforme Romanos 1.18-20 e 2.15).

A natureza moral dos pagãos, iluminada pela consciência (v. 15), funcionava tão bem para eles quanto à lei mosaica para os judeus. Isto fica claro quando entendemos que muitos séculos antes da lei, Deus já tinha revelado ao homem o único meio de salvação através do sacrifício de animais (conforme Gênesis 3.21; 4.3-7 e 8.20, 21). O mesmo se pode dizer de Enos, de Abraão, de Enoque e de Noé que viveram muitos séculos antes da lei, mas temeram e obedeceram a Deus (Gênesis 4.26; 5,23, 24 e 12.1).

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Capítulo 20

O novo céu e a nova terra(Apocalipse 21)

érsículo 1 e 2: E vi um novo céu e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram e o mar já não existe. E eu, João, vi a Santa Cidade, a nova Jerusa­lém, que de Deus descia do céu, adereçada como uma es­posa ataviada para o seu marido.

Haverá “um novo céu e uma nova terra” (v.la). Enten­demos aqui que a nossa terra e céu serão feitos novos. A presente criação dará lugar a uma nova criação, onde não existirá mais os terríveis efeitos do pecado. Será destruída para que possa ser purgada de todo o mal (Isaías 65.17; 66.22 e 2 Pedro 3.12, 13).

A expressão “céu” ou “céus” aqui, não se refere ao 3o. céu ou o paraíso também conhecido como Eporânios, onde está o trono de Deus (Salmos 148.4 e 2 Crônicas 6.18), mas sim , ao I o. e 2o. céus conhecidos com o A uronos e Mesorânios; o céu inferior, a face da expansão, a atmos­fera (conforme Mateus 24.30 e Lucas 12.56), e o céu inter­mediário, estelar e astronômico (Apocalipse 6.13, 14).

Pergunta-se: Qual o motivo para a destruição do pri­meiro e segundo céus? Existem pelo menos duas razões para que isto aconteça:

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* r162 0 novo céu e a nova ferra

1. A necessidade de uma purificação espiritual. O espaço foi contaminado quando da queda de Lúcifer o qual tornou-se o “príncipe das potestades do ar” (Efésios 2.2; conforme Lucas 10.18 e Apocalipse 12.4, 8 e 9).

2. A necessidade de uma purificação astronômica. As explora­ções espaciais, as descobertas científicas e a curiosidade do ho­mem fizeram do céu estelar uma verdadeira “lixeira” espacial. O jornal Zero Hora, em sua edição do dia 16 de abril de 2008, trouxe um artigo intitulado “A poluição do lixão espacial”, em que afirma: “Um dos principais problemas ambientais no mun­do, o lixo, não dá dor de cabeça apenas na superfície da Terra. A Agência Espacial Européia divulgou ontem imagens impressio­nantes do lixo espacial que orbita em volta do nosso planeta. Conforme a agência, entre o primeiro lançamento, em 1957, e ja ­neiro de 2008, cerca de 6 mil satélites já foram enviados para a órbita - desses, apenas 800 continuam ativos. Além dos satélites desativados, as imagens mostram resíduos, como fragmentos de aeronaves espaciais que se quebraram, explodiram ou foram abandonadas. Segundo a agência, cerca de 200 novos objetos são lançados todos os anos. Tanto lixo pode prejudicar a ciência no futuro. Em 2001, os pesquisadores americanos Donald Kessler e Philip Anz-Meador afirmaram que, em 20 anos, talvez não seja mais possível realizar missões em órbitas mais próximas da Ter­ra. Como se não bastasse a ação devastadora do homem aqui na Terra poluindo o meio ambiente, ele também têm poluído o pró­prio espaço”.

A criação do novo céu e da nova terra é o ato preparatório final que antecipa o reino eterno de Deus. Um reino no qual “ha bita a justiça” (2 Pedro 3.13).

A dissolução do céu e da terra atuais ocorrerá no fim do Milênio.

Quanto a purificação da terra, sabe-se que por causa do peca do de Adão no Éden, Deus colocou uma maldição sobre a terra (Gênesis 3.17 e 18). Torna-se necessário, portanto, retirar o últi­mo vestígio dessa maldição da terra antes da manifestação do

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Apocalipse, a Revelação Final 163

reino eterno (Mateus 24.35; Hebreus 1.10 a 12; Apocalipse 20.11; 2 Pedro 3.7, 10 a 13).

“O mar não mais existirá” (v. lb). Vejamos o significado deste texto e porquê na eternidade o mar não existirá mais:

1. O mar é sím bolo de coisas ocultas e de m istérios (Salmos 104.25 e 1 Coríntios 13.12). Quantos mistérios existem neste imen­so mundo aquático! Quantas coisas nos intrigam nessa vida, coi­sas que gostaríamos tanto de saber, mas que estão ocultas nas profundezas do grande mar da vida humana. No entanto, o dia chegará em que Deus há de trazer à tona o que está oculto e há de revelar ao seu povo todas as coisas que hoje nos são encobertas.

2. O mar é sím bolo de coisas impuras (Isaías 57.20). Assim como o mar lança de si lama e lodo, o homem que vive longe de Deus lança de si impurezas, contaminações e coisas semelhantes em tantos setores da sociedade, como por exemplo, na política, na família, no comércio e na religião, entre outros. Deus tem de­clarado em sua Palavra que na vida futura não haverá mais lugar para coisas ou pessoas impuras e contaminadas (Apocalipse 21.8, 27 e 22.14, 15).

3. O mar é sím bolo de separação e de limitações (Gênesis 1.9, 10 e Provérbios 8.29). O mar separa continentes, coisas e até mes­mo pessoas. Imaginemos o que isso representava para o velho apóstolo João na ilha de Patmos, separado daqueles a quem amava e desejava servir (Apocalipse 1.9). Assim sendo, o mar tipifica morte e separação de nossos parentes e amigos, a quem amamos. Quantas pessoas que estão sepultadas no mar! No en­tanto, um dia terão que sair de lá (Apocalipse 20.13) Para os sal­vos em Cristo Jesus, ao chegar o grande dia da eternidade, não haverá mais o mar, as separações, os “adeus”, as despedidas ou as lágrimas; e nem sequer algum tipo de limitação (Apocalipse 17.15 e Lucas 21.25).

4. O mar é sím bolo de inquietações e desordens. Ele repre­senta as condições inquietantes da humanidade sem Deus. A cons­ciência do homem sem Cristo é como um mar tempestuoso, agi­

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tado e revolto. A paz e tranqüilidade só podem ser encontradas em Cristo. Deus mostrou a João algo semelhante a um “mar de vidro” ao redor do seu trono (Apocalipse 4.6 e 15.2), revelando assim como será a paz, a calmaria e a bonança dos redimidos no céu. Anelamos ansiosamente o dia quando as turbulências da vida aqui terminarem e os salvos do Senhor a uma só voz pode­rão dizer: O mar já não existe!

Nota: O versículo 2 é comentado nos versículos 9 e 10.

Versículos 3 a 7: E ouvi uma grande voz do céu, que dizia: “Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habi­tará e eles serão o seu povo e o mesmo Deus estará com eles e será o seu Deus. E Deus limpará de seus olhos toda lágrima e não ha­verá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor, porque já as primeiras coisas são passadas. E o que estava assentado sobre o trono disse: “Eis que faço novas todas as coisas". E disse-me: “Escreve, porque estas palavras são verdadeiras e fiéis”. E disse- me mais: “Está cumprido; Eu sou o Alfa e Ômega, o Princípio e o Fim. A quem quer que tiver sede, de graça lhe darei da fonte da água da vida. Quem vencer, herdará todas as coisas e Eu serei seu Deus e ele será meu filho ”.

O tabernáculo (v. 3) indica a comunhão inquebrável entre Deus e o seu povo para sempre. Graças à presença divina, ali não ha­verá mais tristeza. Por certo, nada que possa nos entristecer será lembrado na eternidade (Isaías 65.17).

“Não haverá mais morte” (v. 4a). Atualmente não existe lar onde a morte não entre; porém, no lugar para onde vamos, não mais haverá cemitérios, nem enterros e nem despedidas.

“Não haverá mais pranto, nem clamor e nem dor” (v. 4b). Nos dias atuais, as tristezas nos perseguem como uma sombra. Os homens entram no mundo com choro e saem com gemidos. Aqui no mundo, as dores e sofrimentos são permitidos por causa do pecado; no entanto, a dor, que entrou no mundo com a queda de Adão, não se conhecerá na nova terra.

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ApocaIipse, a Revelação Final 165

Certo cristão afirmou com propriedade: “Quando vim ao mundo, cheguei chorando e muitos cantaram; quando eu partir daqui, irei cantando e muitos ficarão chorando”.

Não há mais qualquer motivo para desespero ou prantos. Tudo isto já faz parte do passado, da história da humanidade. Tudo começa em Deus, termina em Deus e continua em Deus!

Morte, lamento e dor são características de um mundo de pe­cado que jazia no maligno. Não fazem parte daquilo que Deus preparou para aqueles que o amam. Destacamos a seguir alguns detalhes dessa bendita eternidade que nos aguarda:

1. Santidade perfeita (Apocalipse 21.27 e 22.3). O exaustivo processo da santificação “sem a qual ninguém verá a Deus” terá chegado ao seu estágio final (Mateus 5.8 e Hebreus 12.14).

2. Vida perfeita (Apocalipse 21.4, 27). A idéia de uma vida perfeita nos fala da ausência de qualquer imperfeição na eterni­dade, uma vez que viveremos eternamente num estado de gló­ria e de incorruptibilidade.

3. Governo perfeito (Apocalipse 21.3 e 22.3). Nunca mais esta­remos sujeitos às mazelas dos governos humanos, Deus mesmo será o Rei. Seu reino será perfeito, eterno e glorioso.

4. Serviço perfeito (Apocalipse 22.3). Não haverá inatividade alguma naquele novo mundo. Ao Senhor serviremos em perfeita adoração e louvor.

5. Visão perfeita (Apocalipse 22.4). Na eternidade, nossa vi­são não será como aqui, imperfeita e limitada. Veremos toda a glória que Deus tem preparado para seu povo em toda a sua extensão e plenitude.

6. Identificação perfeita (Apocalipse 22.4). Lá, conheceremos e identificaremos todas as coisas ou pessoas como elas realmen­te são. Aqui, nosso conhecimento é parcial e limitado; lá, porém, será perfeito em todos os sentidos (1 Coríntios 13.12). No céu, vamos nos conhecer uns aos outros, porém, não teremos lem­branças das coisas passadas. Não só teremos um corpo glorifica-

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do, como também uma mente renovada. Teremos também um novo nome (Apocalipse 2.17). Seremos conhecidos pela nossa per­sonalidade sem perguntar a ninguém (conforme Lucas 9.28-36). Iremos nos reconhecer mutuamente, cada um no seu corpo glori- ficado, não mais na dimensão na vida terrena, mas sim, na da celestial (conforme Marcos 12.18-25; 1 João 3.2 e Apocalipse 21.5).

7. Deus será tudo em todos (1 Coríntios 15.20-28 e Efésios 2.7; 3.11). Isso significa a entrega do reino ao Pai, depois de Cristo ter destruído todo domínio, autoridade e poder das pessoas e for­ças que se opõem a Ele. Então, Deus reinará por toda a eternida­de e com Ele o seu povo em um novo mundo onde não existirá mais o pecado.

Versículo 8: Mas, quanto aos tímidos, os incrédulos e aos abo­mináveis; aos homicidas, aos fornicadores, aos feiticeiros, aos idólatras e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago arden­te de fogo e enxofre, o que é a segunda morte.

Temos aqui uma lista detestável de pessoas que não entrarão na nova terra. Aquele santo lugar será purificado de todos os enganadores e mentirosos, sejam eles de qual for à espécie. Con­fira detalhes desta lista hedionda:

1. Os tímidos são os que não têm coragem de confessar o nome de Jesus. São estes os que se envergonham de Cristo (Mateus 10.33; Lucas 12.9; Romanos 10.10; 2 Timóteo 2.12 e Hebreus 4.14).

2. O incrédulo é o oposto do fiel, e nesta categoria estão inclu­ídos muitos dos que já foram crentes, porém foram vencidos pelo pecado.

3. Os abomináveis são os que foram poluídos pelas abomina- ções da terra e pelas coisas do paganismo (Apocalipse 17.5).

4. Os homicidas são aqueles que tiram a vida, ato este que somente Deus tem o direito. Os tais serão julgados pela quebra do mandamento divino que ordena não matar (Êxodo 20.13).

5. Os fornicadores são aqueles que vivem dissolutamente sem

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nunca se arrependerem. Estes serão julgados e lançados no lago de fogo (Hebreus 13.4). A fornicação é uma perversão ligada ao campo da sexualidade e tem sido nociva tanto a Deus, como à família, bem como à sociedade em geral (conforme Efésios 5.5). E por certo, todos os que a praticam tal coisa ficarão fora do céu por ser este um lugar de pureza, amor e inocência.

6. Os feiticeiros. No grego, esta expressão que refere-se lite­ralmente àqueles que traficam drogas, embora as Sagradas Escri­turas refiram-se também a todos aqueles que se envolvem com o ocultismo, a magia negra e as adivinhações. A feitiçaria está liga­da ao mundo pagão e se entrelaça estritamente com o mundo das trevas. São criaturas que se tornaram escravas dos demônios (conforme 1 Coríntios 10.20).

7. Os idólatras são tantos quantos endeusam para si não so­mente ídolos e imagens, como também a fama, os prazeres ilíci­tos, a profissão, o homem e até a si mesmos. Deus condena toda e qualquer forma de idolatria (Êxodo 20.4).

8. Os mentirosos são aqueles que se desviam da verdade e juntam-se aos enganadores, especialmente os que negam que Je­sus é o Cristo, o Filho de Deus (1 João 2.22). Os mentirosos atuam também em muitas outras esferas da vida humana. Quem mente se torna um agente do diabo, que é o pai da mentira (João 8.44).

A segunda morte mencionada neste versículo, não se refere ao extermínio do corpo, mas sim a um estado de eterna separa­ção de Deus, bem como de um eterno sofrimento.

Versículos 9 e 10: E veio um dos sete anjos que tinham as sete taças cheias das últimas sete pragas e falou comigo, dizendo: “Vem, mostrar-te-ei a esposa, a mulher do Cordeiro ”. E levou-me em espírito a um grande e alto monte e mostrou-me a grande ci­dade, a santa Jerusalém, que de Deus descia do céu.

Não haverá somente um novo céu e uma nova terra, como tam­bém haverá uma nova cidade, a Nova Jerusalém. Será uma cida­de literal, que tem fundamentos (Hebreus 11.10). Paulo a chama

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de “a nossa cidade” (Filipenses 3.20). Tudo sugere uma cidade literal: ouro, ruas, dimensões e pedras. Ela desce do céu, pois é impossível construir uma cidade santa aqui.

Versículo 11: £ tinha a glória de Deus. A sua luz era seme­lhante a uma pedra preciosíssima, como a pedra dejaspe e como o cristal resplandecente.

As cidades terrenas sempre tiveram a glória dos homens, mas a Nova Jerusalém terá a glória de Deus. Não será jamais poluída como as cidades terrestres, pois nela não entrará coisa alguma que contamine (v. 27).

Versículos 12 a 14: E tinha um grande e alto muro com doze portas e, nas portas, doze anjos, e nomes escritos sobre elas, que são os nomes das doze tribos de Israel. Da banda do levante, ti­nha três portas; da banda do norte, três portas; da banda do sul, três portas; da banda do poente, três portas. E o muro da cidade tinha doze fundamentos e neles, os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro.

A Nova Jerusalém é o retrato do futuro lar de Deus para o seu povo. As doze tribos de Israel representam os fiéis do Antigo Testamento; e os doze apóstolos representam a Igreja. Durante o Milênio, esta santa cidade estará acima da terra e será a morada de todos os salvos na eternidade.

Com base nessas declarações, então, pode-se afirmar que a ci­dade será habitada por Deus, pela Igreja, pelos redimidos de Is­rael e pelos redimidos de todas as eras.

As doze portas estão abertas em todas as direções, para todo o povo de Deus. As portas das cidades antigas precisavam ser fe­chadas por causa de um possível ataque, bem como as portas das nossas casas. Porém, na cidade que nos espera, não estare­mos mais preocupados com essas coisas.

O número 12 ocorre mais de 400 vezes na Bíblia, levando-se em conta seus variados sentidos, e é extremamente importante.

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Em Apocalipse ocorre cerca de 20 vezes e permeia o governo patriarcal, apostólico e nacional.

Versículos 15 a 17: E aquele que fa lav a com igo tinha uma cana de ouro para m edir a cidade, as suas portas e o seu muro. E a cidade estava situada em quadrado; e o seu comprimento era tanto com o a sua largura. E mediu a cidade com a cana a té doze m il estádios; e o seu cumprimento, largura e altura eram iguais. E mediu o seu muro, de cento e quarenta e quatro côvados, confor­me a m edida de homem, que é a de um anjo.

Essas medidas são múltiplas de 12, o número do povo de Deus. A altura, a largura e o comprimento são iguais: doze mil estádi­os, ou seja, aproximadamente 2.240 km. Uma dimensão equiva­lente à distância entre Jerusalém e Roma. Nosso novo lar será perfeito, na cidade cujo artífice e construtor é o próprio Deus (Hebreus 11.10). Este lugar foi preparado para abrigar todo o povo de Deus por toda a eternidade. Calcula-se que, se apenas 25% desse espaço fosse usado para habitações, acomodaria conforta­velmente vinte bilhões de pessoas. Há, portanto, nessa cidade maravilhosa, lugar para todo aquele que crer em Cristo.

Versículos 18 a 26: E a fábrica do seu muro era d e jasp e , e a cidade, de ouro puro, sem elhante a vidro puro. E os fundamentos do muro da cidade estavam adornados de toda pedra preciosa. O prim eiro fundam ento e r a ja s p e ; o segundo, sa fira ; o terceiro, calcedônia; o quarto, esm eralda; o quinto, sardônica; o sexto, sárdio; o sétimo, crisólito; o oitavo, berilo; o nono, topázio; o décimo, crisópraso; o undécimo, jac in to ; o duodécim o, am etista. E as doze portas eram doze pérolas: cada uma das portas era uma pérola: e a praça da cidade, de ouro puro, com o vidro transparen­te. E nela não vi templo, porque o seu tem plo é o Senhor, Deus Todo-poderoso, e o Cordeiro. E a cidade não necessita de so l nem de lua, para que nela resplandeçam, porque a g lória de Deus a tem alum iado e o Cordeiro é a sua lâm pada. E as nações anda­ram â sua luz e os reis da terra trarão para ela a sua glória e

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170 O novo céu e a nova terra

honra. E as suas portas não se fecharão de dia, porque ali não haverá noite. E a ela trarão a glória e honra das nações.

O ouro mencionado no versículo 18 é de qualidade celestial. Será um ouro transparente, presumivelmente de uma qualidade desconhecida na terra. Será um ouro celestial, de origem divina. O ouro é o emblema da natureza divina (Jó 22.25).

O templo era o principal lugar da adoração. Nenhum templo será necessário na Nova Jerusalém, porque Deus mesmo estará presente em toda a parte. Ele será adorado em toda a cidade e nada nos impedirá de estar com Ele. A existência do sol e da lua será coisa do passado (v. 23).

Aqui vemos também que no reino milenar, as nações andarão sob a luz da Nova Jerusalém e a ela trarão a sua glória (vv. 24 e 26. Conforme Isaías 60.1-3). Na era presente, a honra e a glória que pertencem a Deus têm sido dedicadas a outras criaturas (con­forme Isaías 42.8; 48.11 e Romanos 1.19). Porém, na cidade do Senhor, somente Deus e o Cordeiro receberão honras e glórias.

Nos versículos 24 e 26, encontramos os termos “nações e reis da terra”. Uma vez que este capítulo trata da eternidade e não do reino milenial, somos de parecer que ambos os termos referem- se ao povo de Deus, do grego laoi, e não da palavra laos, que refe­re-se às nações em sentido geral (conforme v.3; 22.2; 1 Pedro 2.9, 10 e Tito 2.14).

Durante o reino milenar, a Nova Jerusalém estará suspensa no espaço (Apocalipse 22.24). No entanto, quando houver “novos céus e nova terra”, descerá para a terra e será a morada dos sal­vos eternamente. O que aqui afirmamos é possível, pois Deus suspende a terra sobre o nada (conforme Jó 26.7). Grande é o seu poder!

Versículo 27: (...) E não entrará nela coisa alguma que conta­mine e cometa abominação e mentira, mas só os que estão inscri­tos no livro da vida do Cordeiro.

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A forma de admissão na Nova Jerusalém é ter o nome escrito no livro da vida do Cordeiro. Confie nele hoje, para assegurar a sua cidadania nessa nova criação.

É também digno de nota que na Nova Jerusalém celeste não poderão sobreviver seres humanos, mas, só celestiais. As nações convertidas durante o Milênio serão transformadas quando o céu e a terra passarem (Apocalipse 20.11; 2 Pedro 3.10, 12, 13).

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Capítulo 2 Í]

O eterno e perfeito estado (Apocalipse 22)

j / este capítulo trata especificadamente do estado per- ¥/ feito e eterno dos redimidos do Senhor, ou seja, a eter­nidade.

Certo cristão perguntou a um veterano missionário:

- Quando começará a eternidade?

- Oh, meu filho! - respondeu o missionário. “Supo­nhamos que um pássaro voasse até a maior praia do pla­neta e de lá começasse a transportar em seu bico grão por grão toda a areia existente naquela praia para o outro lado do mundo. Quando o pássaro tivesse acabado de trans­portar o último grão de areia, então, estaria apenas come­çando a eternidade”, disse o velho missionário.

A eternidade, neste sentido, só terá início para os sal­vos. Deus é eterno no sentido pleno e absoluto do termo (conforme Salmos 90.2, 4 e 2 Pedro 3.8).

Versículos 1 a 5: E m ostrou-m e o r io puro da água da vida, claro com o cristal, que procedia do trono de Deus e do Cordeiro. No m eio da sua praça, e de uma e da outra banda do rio, estava a árvore da vida, que produz doze

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174 0 eterno e perfeito estado

frutos, dando o seu fruto de mês em mês; e as folhas da árvore são para a saúde das nações. E ali nunca mais haverá maldição con­tra alguém; e nela estará o trono de Deus e do Cordeiro, e os seus servos o servirão. E verão o seu rosto e na sua testa estará o seu nome. E ali não haverá mais noite e não necessitarão de lâmpada nem de luz do sol, porque o Senhor Deus os alumia; e reinarão para todo o sempre.

A descrição final do paraíso lembra o jardim do Éden. A inti­midade de Deus com o seu povo e a abundância da sua bênção é grandemente enfatizada aqui. O estado final restaura a comu­nhão perfeita entre o Criador e a criatura para sempre. O jardim agora também é uma cidade e a luz da sua glória iluminará para sempre, não havendo mais noite.

Por fim, veremos o rosto do Senhor (v. 4) e o veremos como Ele realmente é! Quantos santos, profetas e justos desejaram isto sem o conseguirem (Êxodo 33.11, 18-20 e 23). No entanto, breve chegará o dia dessa bem-aventurança (Isaías 33.17; Mateus 5.8; 1 Coríntios 13.12 e 1 João 3.2). Então, teremos todos, corpos espiri­tuais, transformados e glorificados, livres da matéria e das limi­tações terrenas. Viajaremos pelo espaço como relâmpagos e es­taremos em qualquer lugar (conforme Gênesis 5.24; 1 Reis 18.12; 2 Reis 2.9-12; Atos 8.39, 40; 1 Tessalonicenses 4.17).

A certeza desta glória vindoura tem confortado os salvos em Cristo em tempos de tentação e perseguição. O rio puro da água da vida (v. 1) pode se tratar de um rio literalmente, simbolizan­do o Espírito Santo e a vida; a bênção e o poder que Ele provê (João 7.37-39 e Apocalipse 22.17). A árvore da vida (v. 2) simboli­za a vida eterna (Gênesis 2.9 e 3.22). As suas folhas indicam a ausência de tudo o que causa sofrimento físico e espiritual. Note que mesmo em nosso novo corpo dependeremos do Senhor para a vida, força e saúde.

Contudo, é importante observarmos o fator contrastante entre o “rio puro da água da vida” aqui mencionado e o de Ezequiel 47.1,2, 8 a 12.

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Em Ezequiel 47.1,2,8-12 Em Apocalipse 22.1,2

0 rio tem sua nascente debaixo do umbral da casa (o templo milenar, segundo v. 1 e Zacarias 14.4,8).

0 rio tem sua nascente debaixo do trono de Deus e do Cordeiro (segundo v. 1).

0 rio é visto no reino milenar. 0 rio é visto já na eternidade.

0 rio tem início no momento em que Jesus tocar com seus pés o monte das Oliveiras (Zacarias 14.4).

0 rio tem seu início mil anos depois, quando iniciar o estado perfeito e eterno.

0 rio tem o seu leito na terra. 0 rio tem o seu leito na nova terra... ...... ... . :............. ..... . ............ ............. ....,Esse rio será dividido seguindo em dois ca­nais diferentes: o primeiro, em direção ao Mar Oriental (Mar Morto); e o segundo se­guirá em direção ao Mar Ocidental (Mar Mediterrâneo, numa extensão de 80 quilômetros, conforme Zacarias 14.8).

0 rio da água da vida correrá na Nova Je­rusalém, emanando ali a vida eterna para todos os salvos, além de qualquer imagina­ção humana (conforme 1 Coríntios 2.9).

Este é o alvo final da história da redenção: Deus habitando no meio do seu povo para todo o sempre. Em M ateus 5.8, está registrado: Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus.

Ali nunca mais haverá maldição (v. 3). Durante a longa histó­ria da humanidade e após a queda no jardim do Éden, a maldi­ção tem acompanhado os homens. Porém, na Nova Jerusalém ela jamais entrará.

"E os seus servos o servirão". Muitos crentes têm a ideia de que no céu não há nada para se fazer, no entanto, haverá também serviço na eternidade (Apocalipse 7.15). Aquele que colocou o homem no primeiro paraíso para cultivá-lo e guardá-lo, certa­mente não o deixará inativo e ocioso no segundo.

Versículos 6 a 9: £ disse-me: "Estas palavras são fiéis e verda­deiras. O Senhor, o Deus dos santos profetas, enviou o seu anjo, para mostrar aos seus servos as coisas que em breve hão de acon­tecer. Eis que presto venho. Bem-aventurado aquele que guarda

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as palavras da profecia deste livro E eu, João, sou aquele que vi e ouvi estas coisas. E, havendo-as ouvido e visto, prostrei-me aos pés do anjo que mas mostrava para o adorar. E disse-me: “Olha, não faças tal, porque eu sou conservo teu e de teus irmãos, os profetas, e dos que guardam as palavras deste livro. Adora a Deus”.

A parte visionária central do Apocalipse encerra-se com o versículo 5. O livro conclui agora com promessa, exortação e con­firmação, a fim de ratificar a mensagem das visões e fortalecer a esperança na vinda do Senhor.

Há sete testemunhos confirmando a autenticidade do livro do Apocalipse:

1. O primeiro testemunho é de Deus, através do seu anjo (vv. 6 e 7. Veja também Apocalipse 1.7; 2.25; 3.3, 11 e 22.12, 20).

2. O segundo testemunho é o depoimento pessoal de João (v.8).

3. O terceiro é o do anjo (vv. 10 e 11).4. O quarto é do Senhor Jesus (vv. 12 a 16).5. O quinto é o do Espírito Santo (v. 17a).6. O sexto é o da esposa, a Igreja (v. 17b).7. E o sétimo é de quem ouve (v. 17c).

Os versículos 3 a 5 falam também de sete glórias dos remidos, que são:

1. A ausência de maldição;2. O governo divino;3. O serviço santo;4. O ver a face do Senhor;5. O nome na testa;6. A ausência da noite;7. Um reino eterno. Com efeito, As coisas que o olho não viu, o

ouvido não ouviu e não subiram ao coração do homem são as coisas que Deus preparou para os que o amam (1 Coríntios 2.9; conforme Roma­nos 8.18).

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No versículo 6, temos a confirmação do próprio Deus a res­peito de tudo o que está para acontecer na tão conturbada histó­ria do mundo; e no versículo 7, uma promessa fiel que se repete ao longo deste livro (Apocalipse 1.7; 2.25; 3.11 e 22.12, 20). Consi­derando-se todos os seus aspectos, a volta de Cristo é citada cer­ca de 1.527 vezes no Antigo Testamento e 318 vezes no Novo, totalizando 1.845 referências.

Versículo 10: E disse-me; “N ão seles as palavras da profecia deste livro, porque próxim o está o tem po”.

Vemos aqui a última declaração contrastante da Bíblia. Cerca de 600 anos antes, o anjo falou a Daniel que fechasse e selasse a palavra até o fim dos tempos (Daniel 12.4, 9). No entanto, aqui ocorre o contrário. A ordem é para que não sejam seladas as pa­lavras da profecia deste livro, pois o tempo está próximo. Ora, se nos dias de João - cerca de mil novecentos e quatorze anos pas­sados - o tempo estava próximo, o que diremos nós hoje? Nos dias atuais, Deus está revelando a sua Palavra mais do que em qualquer outro tempo, pois “já está próximo o fim de todas as coisas” (1 Pedro 4.7). A mensagem profética deve ser proclama­da a todos, crentes e descrentes!

Não é possível determinar datas, segundo a própria Palavra, mas é necessário discernir as características do tempo em que vivemos! Fazemos parte de uma geração privilegiada, uma vez que o arrebatamento é iminente!

O Apocalipse, confirma toda a Bíblia Sagrada, sobretudo, anuncia explicitamente o evento mais esperado por todo crente: A volta de Jesus! Cada palavra aqui referida e cada versículo deste livro é a verdade absoluta de Deus para o final dos tem­pos.

Versículo 11: Quem é injusto faça injustiça ainda; e quem está sujo, suje-se ainda; e quem é ju sto , faça ju stiça ainda; e quem é santo, seja san tificado ainda.

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Já dizia Montesquieu, pensador francês: “A injustiça que se faz a um é uma ameaça que se faz a todos”. E certo autor desco­nhecido assim afirmou: “Esquecida a justiça, a que se reduzem os reinos (governos), senão a grandes latrocínios?

Vemos aqui a ironia divina para com aqueles que preferem o caminho da injustiça e do pecado, em contraste com os que an­dam no caminho da justiça e da santidade. O mesmo contraste pode ser visto também nos versos 14 e 15 deste capítulo. A Bíblia diz que estes receberão “o galardão da injustiça” (2 Pedro 2.13).

Na eternidade, não haverá mais oportunidade para o indiví­duo alterar o seu destino. O que ele for, então, será para sempre (conforme Hebreus 9.27).

Versículos 12 e 13: E eis que cedo venho e o meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra. Eu sou o Alfa e Ômega, o Princípio e o Fim, o Primeiro e o Derradeiro.

A recompensa prometida aos vencedores será concedida em forma de coroas:

1. Coroa incorruptível (1 Coríntios 9.25). Trata-se da recom­pensa que terão aqueles que se guardaram da corrupção que há no mundo (Tiago 1.27 e 4.4; 1 João 2.15 a 17).

2. Coroa da vida (Apocalipse 2.10). É a recompensa daqueles que sofrem por amor a Cristo (2 Timóteo 2.12 e Tiago 5.11). Veja como a promessa é dirigida a uma igreja sofredora, a saber, a igreja que está em Esmirna.

3. Coroa da ju stiça (2 Timóteo 4.8). É o galardão daqueles que confiam na justiça de Cristo para a salvação e foram assim justifi­cados (Romanos 5.1, 19).

4. Coroa de glória (1 Pedro 5.2, 4 e 1 Tessalonicenses 2.19). Esta recompensa será para os ganhadores e apascentadores de almas (Atos 20.28; João 21.15 a 17; Salmos 142.4).

Por certo, esta promessa terá o seu fiel cumprimento por oca­

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sião do tribunal de Cristo. Naquele dia, as nossas obras passarão por um teste de fogo, a fim de recebermos ou não a aprovação divina (Romanos 14.10; 1 Coríntios 3.10, 14 e 2 Coríntios 5.10). Certamente ali pesará muito mais a qualidade do que a quanti­dade daquilo que fizemos para Deus. A salvação não é concedi­da por obras, mas as recompensas o são.

Versículo 14: Bem -aventurados aqueles que lavam a suas ves- tiduras no sangue do Cordeiro, para que tenham direito à árvore da vida e possam entrar na cidade pelas portas.

Este versículo encerra a sétima e tiltima bem-aventurança do Apocalipse. A primeira se encontra no capítulo 1.3 e é de profun­do significando. Ela aparece na vida daqueles quem amam a Je­sus e "lavam suas vestiduras" em seu precioso sangue. Essas palavras e suas cognatas são usadas cerca de 50 vezes no Novo Testamento.

Versículos 15 e 16: Ficarão de fo ra os cães, os feiticeiros, os que se prostituem, os hom icidas, os idólatras e qualquer que am a e com ete a mentira. Eu, Jesus, enviei o meu anjo para vos testificar estas coisas nas igrejas. Eu sou a R aiz e a Geração de Davi, a resplandecente Estrela da manhã.

Na lista dos que certamente ficarão de fora da Cidade Santa estão:

1. Todos os mentirosos;2. Os que amam e cometem a mentira. A mentira é o pecado

final condenado na Bíblia, possivelmente porque foi uma menti­ra que levou Adão à queda (Gênesis 3.1-5 e João 8.44). Esta é uma séria advertência a todos os que acham que Deus tolera a menti­ra e o engano. Martinho Lutero já dizia que todo pecado é um tipo de mentira. Os "cães" aí mencionados referem-se a pessoas de caráter vil (conforme Filipenses 3.2).

A parte final destes dois versículos juntos a outros, revela três grandes verdades:

Apocalipse, a Revelação Final_____ _________________ ______ 179

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1. Para Israel, Cristo virá como o sol da justiça, trazendo cura nas franjas de suas vestes (Malaquias 4.2 e Apocalipse 12.1).

2. Para o mundo, Ele virá como ladrão de noite (Mateus 24.43; 44; 1 Tessalonicenses 4-6 e 2 Pedro 3.10). Tal comparação é para mostrar a situação de um mundo despercebido, indiferente e adormecido por ocasião da volta de Cristo.

3. Para a Igreja, virá como a resplandecente estrela da manhã, conforme a sua promessa no versículo 12 deste capítulo: Eis que cedo venho e está comigo a minha recompensa, para retribuir a cada um segundo a sua obra. Para a sua Igreja, Cristo virá como o precursor de um novo dia. Esta é a última revelação de Cristo nas Escritu­ras.

Versículo 17: E o Espírito e a esposa dizem: “Vem!”. E quem ouve, diga: “Vem!”. E quem tem sede, venha; e quem quiser, tome de graça da água da vida.

As cidades antigas eram, na maioria das vezes, todas mura­das com uma só porta de entrada. Ao cair da tarde, a sentinela gritava de cima do muro: “Vem! ”, e quem ouvia gritava aos mais distantes a mesma mensagem, para que todos assim pudessem a tempo entrar e estar abrigados durante a noite, antes que a porta fosse fechada. Usando esta ilustração, João exemplifica a missão da Igreja nestes últimos tempos antes que a “noite” venha (con­forme João 9.4).

A m ensagem final do livro de A pocalipse é um apelo evangelístico. Isto mostra a responsabilidade da Igreja em reali­zar a obra missionária até o seu último dia aqui no mundo, uma vez que cada crente está capacitado pelo Espírito Santo a ser uma testemunha de Cristo (Atos 1.8).

A igreja do primeiro século teve a sua oportunidade e apro­veitou, alcançando pelo menos 70% da população mundial. Agora é a nossa vez.

Ouçamos o apelo do Espírito Santo nesta hora final. Pouco tempo nos resta!

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Apocalipse, a Revelação Final 181

Versículos 18 e 19: Porque Eu testifico a todo aquele que ouvir as palavras da profecia deste livro que, se alguém lhes acrescen­tar alguma coisa, Deus fa rá vir sobre ele as pragas que estão es­critas neste livro; e se alguém tirar quaisquer palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte da árvore da vida e da Cidade Santa, que estão escritas neste livro.

Esta advertência solene é dirigida contra qualquer perversão na interpretação da profecia deste livro, feita por aqueles que leram nele o que o Espírito Santo nunca quis ensinar (veja Deuteronômio 4.2; 12.32 e Provérbios 30.6). Muitos pregadores podem correr o risco de ensinarem as suas próprias ideias, como se estas fossem a Palavra de Deus. O apóstolo Paulo ensina a não irmos além daquilo que está escrito (1 Coríntios 4.6).

Versículos 20 e 21: Aquele que testifica estas coisas diz: "Cer­tamente, cedo venho". Amém! Ora, vem, Senhor Jesus! A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com todos vós. Amém!

Esta é a última promessa da Bíblia quanto à vinda de Cristo. Como isto é precioso, depois de uma tão longa espera! Depois de tanto sofrimento, de tantas provações, dificuldades e perigos, como é bom termos conosco a fiel promessa da sua vinda! Ele não faltará ao cumprimento daquilo que prometeu.

A Bíblia Sagrada termina com a promessa de que Cristo breve voltará, à qual o apóstolo João responde: "Vem, Senhor Jesus". Este deve ser também o anseio dos verdadeiros cristãos.

Algumas coisas entre tantas, são de vital importância enquan­to esperamos a sua volta:

1. Nunca deixar de orar;2. Aprender cada dia mais a Palavra do Senhor;3. Contribuir sempre com a obra de Deus;4. Não desistir de fazer missões;5. Não perder a nossa identidade cristã;6. Não deixar apagar a chama do Espírito;7. Não perder a esperança da vinda de Jesus.

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Finalmente, no versículo 21, temos a última saudação da Bí­blia. Em Gênesis 3.17, a terra ficou sujeita à maldição por causa do pecado, mas aqui está falando sobre a graça.

Temos toda a razão para crermos que rapidamente aproxima- se o dia em que Aquele que é chamado “a Palavra de Deus” (Apocalipse 19.13) e a “resplandecente estrela da manhã” (v. 16), descerá do céu, a fim de levar da terra os seus fiéis para a casa do Pai Qoão 14.1-3 e 1 Tessalonicenses 4.16-18). Depois disto, Ele voltará em glória e triunfo para reinar para sempre como o “Rei dos reis e Senhor dos senhores” (Apocalipse 19.16). Esta é a nos­sa esperança e firme expectativa (2 Pedro 1.19).

Eis as últimas palavras de Lutero, o grande reformador da Igre­ja, no século XVI: “Vós, gerações vindouras, orai e ocupai-vos aplicadamente com a Palavra de Deus! Vivei como se Cristo ti­vesse morrido ontem, ressuscitado hoje e estivesse voltando amanhã”.

O dia e hora do arrebatamento aguarda somente a ordem do Pai e o soar da trombeta. O apóstolo Pedro escreveu em sua últi­ma epístola: Pelo que, amados, como estais aguardando estas coisas, procurai diligentemente que por Ele sejais achados imaculados e irrepreensíveis em paz... (2 Pedro 3.14).

Tendo em conta as coisas que já aconteceram, não nos admira­mos das que acontecem agora e nem das que ainda hão de acon­tecer. Preparemo-nos, pois, para o breve encontro com o Senhor Jesus. Ele poderá vir a qualquer momento!

Amém! Vem, Senhor Jesus!

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Bibliografia

Bíblia de estudo Aplicação Pessoal. 2003. CPAD.

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Apostilas e notas de estudos do autor.

Bíblia de Estudo Profética/Tim Lahaye - São Paulo/SP. Editora Hagnos, 2005.

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A REVELAÇAO FINALimm . '*ám ..I

V , ‘

Escrito pelo apóstolo João no final do primeiro século da era cristã, o Apocalipse é, sem dúvida, o maior livro profético da Bíblia. Ele brilha qual farol em meio à escuridão aos milhões que vivem sem esperança e sem Deus no mundo. A promessa da volta do Senhor é o tema central do livro.

Fruto de laborioso e exaustivo estudo, contendo um a lin g u a g e m s im p le s e c o m p re e n s ív e l, Apocalipse, a Revelação Final não só analisa textualmente o conteúdo do último livro da Bíblia, como também revela teológica e historicamente fatos que comprovam a veracidade da profecia mostrando que “ já está próximo o fim de todas as coisas” . Daí, porque entendemos ser o arrebatamento da Igreja um evento que pode ocorrer a qualquer momento!

v Levando-se em conta as coisas que já aconteceram, não nos surpreende as coisas que acontecem agora e nem as coisas que ainda hão de acontecer.

O AutorPastor presidente da Assembléia de Deus de Alvorada/RS;Mestre em Teologia;Professor de Escatologia no Instituto Bíblico Esperança (IBE);Autor do Livro /As sete igrejas da Ásia.