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CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC LUCAS COSTA REGUEIRA DE SOUZA TIAGO DE ALBUQUERQUE FERNANDES APLICAÇÃO DA NORMA DE DESEMPENHO NBR 15.575/2013 Requisito acústico: estudo em edificação vertical multifamiliar em Maceió-AL. MACEIÓ ALAGOAS 2019/1

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Page 1: APLICAÇÃO DA NORMA DE DESEMPENHO NBR Requisito …§ão da norma de... · dos testes acústicos provenientes da aplicação de cinco novos métodos construtivos na parte acústica

CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC

LUCAS COSTA REGUEIRA DE SOUZA TIAGO DE ALBUQUERQUE FERNANDES

APLICAÇÃO DA NORMA DE DESEMPENHO NBR 15.575/2013 – Requisito acústico: estudo em edificação

vertical multifamiliar em Maceió-AL.

MACEIÓ – ALAGOAS 2019/1

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LUCAS COSTA REGUEIRA DE SOUZA

TIAGO DE ALBUQUERQUE FERNANDES

APLICAÇÃO DA NORMA DE DESEMPENHO NBR 15.575/2013 – Requisito acústico: estudo em edificação

vertical multifamiliar em Maceió-AL. Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito final, para conclusão do curso de Engenharia Civil, Centro Universitário CESMAC, sob a orientação do Professor MSc. Davi Pereira Pradines.

MACEIÓ – ALAGOAS

2019/1

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REDE DE BIBLIOTECAS CESMAC

SETOR DE TRATAMENTO TÉCNICO

Bibliotecário: Evandro Santos Cavalcante CRB/4 1700

S719a Souza, Lucas Costa Regueira de

Aplicação da norma de desempenho NBR 15.575/2013 –

Requisito acústico em edificação vertical multifamiliar

em Maceió-AL / Lucas Costa Regueira de Souza

.— Maceió:2019.

57 f.: il.

TCC (Graduação em Engenharia Civil)- Centro

Universitário CESMAC, Maceió, AL 2019

Orientador: Davi Pereira Pradines

1. Desempenho. 2. Acústica. 3. Estudo de caso. 4. NBR 15.575.

5. Construção civil. 6. Resultados de campo.

I. Pradines, Davi Pereira. II. Título.

CDU:628.517

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AGRADECIMENTOS

Queremos agradecer em primeiro lugar a Deus por Ele ser sempre tão

presente em nossas vidas. A nossos pais, Marciano e Daniela (Lucas) Luiz Henrique

e Edna (Tiago), por serem nossos grandes exemplos de caráter e dignidade; a

nossos irmãos Pedro, Luiza (Tiago) e Larissa (Lucas) e noiva, Mariana (Tiago) por

nos dar a alegria e prazer em tê-los conosco em nossas vidas; a nossos familiares

que são um dos pilares da vida. Agradecemos também aos nossos Mentores, que

foram grandes fontes de conhecimento nos ajudando a sermos profissionais

melhores; a nossos amigos, com os quais temos o privilégio de viver grandes

histórias; e a todos em que algum momento da vida já cruzou nossos caminhos, pois

temos certeza de que alguma maneira contribuiu para nossa formação como

pessoa, assim contribuindo com a nossa história.

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APLICAÇÃO DA NORMA DE DESEMPENHO NBR 15.575/2013 – Requisito acústico: estudo em edificação vertical multifamiliar em Maceió-AL. APPLICATION of the PERFORMANCE NORM NBR 15.575/2013 – Acoustic requirement: A study in vertical multifamily building in Maceió-AL.

Lucas Costa Regueira de Souza Graduando do Curso de Engenharia Civil

[email protected] Tiago de Albuquerque Fernandes

Graduando do Curso de Engenharia Civil [email protected]

Davi Pereira Pradines Mestre em transportes e gestão das infraestruturas urbanas

[email protected]

RESUMO

Para a Construtora Placic em seu Edifício Promenade Ponta Verde foi um desafio o atendimento a Norma de Desempenho NBR 15.575/2013 por diversos motivos, como: ausência de métodos e materiais ensaiados em campo ou laboratório, não conhecimento e comprometimento das outras partes envolvidas no processo e tampouco consumidores e intermediadores de venda familiarizados com as inovações que acarretariam em aumento de preço e precisavam entender o benefício ao logo da vida útil do imóvel. Isso posto, o presente estudo apresentará os custos adicionais e resultados dos testes acústicos provenientes da aplicação de cinco novos métodos construtivos na parte acústica em seus critérios de ruído de impacto aplicados às lajes de piso, som aéreo dos pisos e da envoltória da construção (fachadas e coberturas), atenuação acústica das paredes divisórias dos apartamentos e das divisórias entre áreas privativas e áreas comuns. Com os resultados obtidos cria-se um precedente para as demais empresas em novos empreendimentos que venham utilizar métodos construtivos iguais e mesmos materiais.

PALAVRAS-CHAVE: Desempenho, Acústica, Estudo de caso, NBR 15.575, Construção civil.

ABSTRACT

For Constructora Placic in its Promenade Ponta Verde Building, it was a challenge to comply with Performance Standard NBR 15.575 / 2013 for several reasons, such as: lack of methods and materials tested in the field or laboratory, not knowledge and commitment of other parties involved in the process as well as consumers and sales intermediaries who were familiar with the innovations that would lead to price increases and needed to understand the benefit at the end of the useful life of the property. Therefore, the present study will present the additional costs and results of the acoustic tests resulting from the application of five new construction methods in the acoustic part in its impact noise criteria applied to floor slabs, aerial floor sound and building envelope (façades and roofing), acoustic attenuation of partition walls of apartments and partitions between private areas and common areas. With the results obtained a precedent is created for the other companies in new ventures that come to use the same constructive methods and same materials.

KEY WORDS: Performance, Acoustics, Case study, NBR 15.575, Construction, Results on site.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................. 1.1 Considerações iniciais................................................................................ 1.2 Objetivos.................................................................................................. 1.2.1 Objetivo geral.............................................................................................. 1.2.2 Objetivos específicos.................................................................................. 2 REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................... 2.1 Norma de desempenho: NBR 15.575/2013.................................................. 2.2 Desempenho acústico................................................................................. 2.3 Sistema de vedação vertical interna.......................................................... 2.3.1 Sistema de vedação vertical externa.......................................................... 2.3.2 Ruído de impacto entrepisos e coberturas acessíveis .............................. 2.3.3 Ruído aéreo entrepisos e coberturas acessíveis........................................ 2.3.4 Isolação a ruídos provocados por equipamentos hidrossanitários............. 3 METODOLOGIA............................................................................................... 4 RESULTADOS E ANÁLISE COMPARATIVA.................................................. 4.1 Manta acústica sob o piso.......................................................................... 4.2 Alvenaria divisória entre apartamentos..................................................... 4.3 Manta acústica nas tubulações.................................................................. 4.4 Esquadrias com tratamento acústico........................................................ 4.5 Portas de entrada de apartamentos solidas............................................. 4.6 Custo para realização dos ensaios............................................................ 5 IMPACTO DOS CUSTOS................................................................................. 6 CONCLUSÃO...................................................................................................

8 8 13 13 13 14 14 16 18 21 22 24 25 27 34 34 38 41 42 48 51 51 55

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIGURA 1 – intensidade sonoras características em dB (A)................................. FIGURA 2 – influencia da isolação acústica – Dnt, w sobre a inteligibilidade da fala para ruido no ambiente interno em torno de 35dB a 40dB............................. FIGURA 3 - Diferença padronizada de nível ponderada entre ambientes, DnT,w Para Ensaios de Campo........................................................................................ FIGURA 4 - Índice de redução sonora ponderada, Rw, de componentes construtivos, utilizados nas vedações entre ambientes-Ensaios de laboratório.... FIGURA 5 - Índice de redução sonora ponderada, Rw – fachadas – ensaio de laboratório............................................................................................................... FIGURA 6 - Diferença padronizada de nível ponderada – fachada - ensaio de campo..................................................................................................................... FIGURA 7 – Equipamento Padronizado Para Ensaios de Ruídos de Impacto em Pisos....................................................................................................................... FIGURA 8 - Nível de pressão sonora de impacto padronizado ponderado, L’nT, w.............................................................................................................................. FIGURA 9 - Diferença padronizada de nível ponderada do entrepiso, DnTiw para ensaios de campo........................................................................................... FIGURA 10 - Valores máximos do nível de pressão sonora contínuo equivalente, LAeq,nT, medido em dormitórios....................................................... FIGURA 11 - Valores máximos do nível de pressão sonora máximo, LAsmax,nT, medido em dormitórios....................................................................... FIGURA 12 – Manta Acústica Sob o Contrapiso.................................................... FIGURA 13 – Alvenaria Divisória Entre Apartamentos.......................................... FIGURA 14 – Manta Acústica Nas Tubulações...................................................... FIGURA 15 – Esquadrias Com Tratamento Acústico QLon Schelengel................ FIGURA 16 – Portas de Entradas de Apartamentos Sólidas................................. FIGURA 17 - Resultados da diferença padronizada de nível ponderada FIGURA 18 - Resultados do nível de pressão sonora de impacto-padrão ponderado............................................................................................................... FIGURA 19 - Recomendações da NBR 15575/2013 para ensaios de campo – Método de engenharia............................................................................................ FIGURA 20 – Ensaio de ruído aéreo...................................................................... FIGURA 21 - Isolação sonora de parede divisória entre sala e suíte..................... FIGURA 22 - Resultados da diferença padronizada de nível ponderada............... FIGURA 23 - Diferença Padronizada de Nível Ponderada de Vedação Externa... FIGURA 24 - Resultados da diferença padronizada de nível ponderada............... FIGURA 25 – Ensaios em fachadas....................................................................... FIGURA 26 - Resultados da diferença padronizada de nível ponderada............... FIGURA 27 - Diferença Padronizada de Nível Ponderada.....................................

16 17

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 – Procedimentos de isolamento acústico........................................... QUADRO 2 – Comparativo quarto social.............................................................. QUADRO 3 – Comparativo quarto suíte................................................................ QUADRO 4 – Comparativo sala............................................................................ QUADRO 5 – Quadro resumo de custos...............................................................

27 45 46 47 50

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Considerações iniciais

No Brasil, em 2010 entrou em vigor o texto original da Norma de Desempenho

das Edificações que depois de diversas evoluções chegou ao formato atual, a qual

estabelece parâmetros de desempenho que devem ser cumpridos nas edificações.

Ao contrário da maioria das normas tradicionais vigentes que prescrevem

características dos produtos com base na consagração do uso, a norma de

desempenho deve desenvolver e aplicar o produto para que estes atendam às

necessidades da construção e a experiência do usuário ao longo da vida útil da

edificação, sendo a NBR 15575/2013 em todos os seus critérios enquadrada em

níveis mínimos (M), intermediários (I) ou superiores (S). (CBIC, 2013).

Os projetos arquitetônicos aprovados nos devidos órgãos de aprovação e

licenciamento de obras edilícias a partir de julho de 2013 com qualquer número de

pavimentos devem obrigatoriamente cumprir a NBR 15575/2013. A referida norma

possui 13 requisitos:1) segurança estrutural; 2) segurança contrafogo; 3) segurança

no uso e operação; 4) desempenho térmico; 5) desempenho lumínico; 6)

desempenho acústico; 7) saúde, 8) higiene e qualidade do ar; 9) funcionalidade e

acessibilidade; 10) conforto tátil e antropodinâmico: 11) durabilidade; 12)

manutenabilidade: 13) impacto ambiental e estanqueidade. Dentre os requisitos

citados, o presente estudo aprofundar-se-á no desempenho acústico. (CBIC, 2013).

Por grande abrangência e requisitos da NBR 15575/2013, o mesmo

apresenta grande relevância no impacto sobre todos os setores da cadeia produtiva,

sendo incorporadores, projetistas, construtores, fabricantes de material para

construção das edificações e os próprios responsáveis pelo controle tecnológico

visto que a norma rege um desempenho final com base na vida útil do projeto tendo

ciência que este sistema implica numa mudança geral na maneira como o setor

construtivo atua, pois ainda é um setor muito conservador e arcaico. Com isso a

norma tem por finalidade contemplar o cliente para que fique ciente de todos os

critérios adotados e o que se esperar na obtenção do desempenho esperado no

produto final.

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Com a necessidade de seguir os parâmetros de desempenho imposto pela

norma, os agentes presentes na produção da edificação colocam um aumento no

risco do negócio. Porém ao seguir estes parâmetros se vê a necessidade de

melhorar novos processos, visando que as empresas irão produzir com maior

qualidade de desempenho e como consequência o atendimento mínimo

estabelecido em projeto. (SINAENCO, 2015).

Para se adaptar à nova base de referência de produção por meio da norma

de desempenho de forma gradual, se faz dependente da mobilização de todo o setor

incluído, para maior orientação e aceitação, órgãos como a Câmara Brasileira da

Indústria da Construção (CBIC) produziu um guia orientativo para entendimento

maior da norma. Como objetivo final de amparar o entendimento dos fornecedores,

construtoras, projetistas e usuários.

Responsabilidades cabíveis a cada setor decorrente da norma desempenho

(CBIC, 2013).

Para atendimento da norma:

• Incorporadores: Definição dos níveis de desempenho;

• Projetistas: Soluções e especificações;

• Fornecedores: Qualidade e desempenho;

• Construtoras: Execução da obra.

Para confirmação do atendimento da norma:

• Laboratórios: Ensaios para comprovação;

• Gerenciador: Compatibilização de projetos e interfaces junto da fiscalização

execução.

Conforme Sinaenco (2015) com visão geral do setor, explica que existe um

grande interesse sobre o tema abordado, mas não no setor da construção civil em

sua totalidade, mas apenas com algumas iniciativas isoladas.

Para uma melhor concepção no processo de projetos anteriores a NBR

15575/2013, segundo Miranda (2014) na análise do processo de projeto do primeiro

estudo, anterior à NBR 15575/2013, percebem-se condutas de trabalho tradicionais,

ou seja, o arquiteto desenvolve as etapas iniciais do projeto de arquitetura

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isoladamente, sem a interação com os profissionais das demais disciplinas e sem a

visão do projeto integrado. Certamente, nesse processo de desenvolvimento de

projeto, o profissional de arquitetura conta com o conhecimento adquirido, pesquisas

à internet e consultas a outros profissionais ou fornecedores nos quais tem

confiança. O conceito de projeto integrado não está inserido na rotina dos

profissionais nesse caso, pois, na maioria das vezes, os profissionais dos projetos

complementares serão contratados em etapas posteriores à definição do projeto de

arquitetura. Também nesse primeiro estudo, trabalha-se sem uma definição

aprimorada dos sistemas construtivos e dos materiais de construção.

Para arquitetos e projetistas seguirem os novos procedimentos adotados para

atingir as especificações da norma de desempenho, se faz necessário que todas as

decisões devam ser feitas com base nas especificações da norma, logo, precisa de

uma maior cooperação do setor produtivo. O material deve seguir as exigências de

forma que seja respeitado o critério de mínima aceitação, e para isso os

fornecedores façam ensaios e testes para comprovar o desempenho do seu produto

fornecido.

O procedimento de adequação da norma de desempenho leva um tempo

significativo para o setor da construção onde se tem prazos determinados e não se

pode haver atrasos, com isso é necessário que seja feito com maior cuidado para

evitar problemas de futuros.

A Norma de Desempenho ABNT NBR 15.575-2013 é um “divisor de águas”

em todos seus requisitos, principalmente no que se trata à qualidade acústica dos

edifícios residenciais no Brasil. Trata-se de um instrumento para a melhoria do

projeto, especificações e construção de unidades habitacionais com melhor

desempenho acústico, que traz uma nova cultura e, assim, agrega de fato o conforto

acústico às construções. A Associação Brasileira para a Qualidade Acústica

(ProAcústica) apoia e promove ações nesse sentido. De forma geral, todos os

envolvidos no processo vêm fazendo esforços e adaptações nesta fase de

apropriação e aplicação da Norma de Desempenho, a fim de garantir o resultado

mais adequado e assegurar o direito dos consumidores, já que a norma técnica tem

força de lei. Desde há muito tempo esses parâmetros, associados à habitabilidade e

à saúde dos usuários, vinham sendo negligenciados, e o desempenho acústico era

tido como um “requinte”. (SINAENCO, 2015).

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Segundo Sinaenco (2015) os fornecedores estão sendo pressionados para

atender a demanda de novas necessidades de mercado, principalmente os

fabricantes de portas, janelas e blocos de alvenaria. Na mesma referência se diz que

é fundamental que os fabricantes adquiram sistemas de ensaios, para determinar os

níveis de desempenho em seus produtos e sistemas, e com isso ver as

especificações além do produto isoladamente, mas também fazer em conjunto com

o sistema que será usado na edificação.

Para se ter um projeto melhor detalhado e corresponder às exigências de

desempenho acústico conforme a NBR 15575/2013, no mercado vem sendo

pesquisado soluções para cada tipo de projeto e com isso, toda cadeia se adaptar à

realidade desta futura edificação. Um procedimento importante para auxiliar no

projeto é o estudo e análise do ambiente acústico de um determinado local e seus

entornos, de forma a identificar e mapear os diferentes níveis de ruído, com isso se

tem uma base de dados mais especifica e por consequência melhorar as soluções

para fachadas, vedações e medidas diminuir os ruídos in loco, claro com a relação

custo benefício.

Para o usuário o grande ponto positivo foi o ganho de qualidade do produto final.

Antes da norma de desempenho entrar em vigor não se tinha uma forma de

identificar a diferença de desempenho em cada edificação, logo tinha como

consequência o risco de obter um produto que iria apresentar avarias ao longo da

sua vida útil. Outro ponto positivo foi que a norma permite que se tome ciência do

desempenho esperado da edificação construída quando em uso, quando se tem a

aquisição do imóvel na planta. A norma permite também que o desempenho previsto

seja cobrado dos responsáveis pela construção da edificação, com o apoio do

Código de defesa do consumidor.

No entanto o pequeno número de obras concluídas que seguem os parâmetros

exigidos por esta norma, a falta de experiência dos fornecedores de materiais e a

ausência de laudos e certificados comprovando o desempenho dos mesmos

levaram a construtora a testar e criar novos sistemas construtivos para a adequação

à norma de desempenho o que acarretou em uma série de novos custos que não

existiam em obras anteriores.

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Diante do discorrido, o presente trabalho visa analisar os custos adicionais e

resultados dos testes acústicos provenientes da aplicação de cinco novos métodos

construtivos utilizadas pela Construtora Placic LTDA, no Edifício Promenade Ponta

Verde, entregue fisicamente e juridicamente em 24 de Fevereiro de 2018 para

atender a NBR 15575/2013 em seus critérios de ruído de impacto aplicados às lajes

de piso, som aéreo dos pisos e da envoltória da construção (fachadas e coberturas),

atenuação acústica das paredes divisórias dos apartamentos e das divisórias entre

áreas privativas e áreas comuns.

A demonstração de que os resultados dos ensaios realizados no

empreendimento foram positivos e em atendimento ao exigido na NBR 15575/2013

cria-se um precedente para toda e qualquer incorporadora do país que tenha

sistema construtivo e método de execução idêntico ao da empresa, além disso, com

a apuração dos custos provenientes de tais métodos construtivos obter-se-á

parâmetro para viabilidade econômico-financeira para qualquer empresa que venha

utilizar os mesmos materiais na execução de tais métodos.

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1.2 Objetivo

1.2.1 Objetivo geral

Analisar a aplicação da norma desempenho no requisito acústico com o

estudo de caso no Edifício Promenade Ponta Verde em Maceió.

1.2.2 Objetivos específicos

• Realizar uma varredura bibliográfica da norma de desempenho.

• Demonstrar o resultado dos ensaios obtidos e comparativos a edifícios sem a

obrigação da referida norma.

• Apontar o aumento de custo consequente dos materiais utilizados nos

sistemas construtivos para atendimento à norma de desempenho no quesito

acústico e consequentemente geração de conforto ao cliente.

• Identificar o reflexo do aumento de custo da obra no preço de venda dos

apartamentos e consequentemente impacto no mercado.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Norma de desempenho: NBR 15.575/2013

Na década de 1990, a crescente concorrência e competitividade no mercado

levaram empresas do setor da construção civil a buscar melhor preço e prazo em

seus empreendimentos, muitas vezes deixando a qualidade em segundo plano, com

isso, havia um forte movimento de racionalização do processo produtivo e

consequentemente a não observância a requisitos primordiais de desempenho no

projeto e na execução.

Num contexto de insatisfação do consumidor final, inclusive aos produtos da

construção civil foi sancionado o código de proteção e defesa do consumidor, que

coloca em seu artigo 39, inciso VIII a seguinte redação:

“É vedado ao fornecedor de produtos e serviços colocar, no mercado de

consumo, qualquer produto ou serviço em desacordo com as normas expedidas

pelos órgãos oficiais competentes ou, se normas específicas não existirem, pela

Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, ou outra Entidade credenciada

pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial –

CONMETRO”

Como uma consequência ao citado acima nesta mesma década houve um

grande movimento das empresas do setor para o enquadramento e atendimento a

NBR ISO 9001, norma de garantia da qualidade de projetos e processos de uma

empresa com função principal de instaurar e normatizar produtos e serviços. Nesse

sentido e de acordo com SOUZA e ABIKO (1997) a qualidade visada passa a se

traduzir na satisfação total dos clientes externos e internos de uma empresa, assim

sendo, as práticas e reais necessidades dos usuários passam a ser mais

consideradas nas tomadas de decisões empresariais relacionadas aos produtos.

Com base nas necessidades do usuário, em 2008, teve a primeira publicação

da norma com previsão até 12 de maio de 2010 para entrar em vigor e seis meses

de prazo para exigir a norma. Porém o texto original apresentou diversas exigências

além do esperado dos setores da construção civil, assim também tendo uma

desarmonia com a capacidade econômica do país.

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Assim, a norma entraria em vigor em 2010, porém suas exigências foram

adiadas pela associação brasileira de normas técnicas (ABNT), então depois de

pouco mais de dois anos, junto com órgãos governamentais, associações de

profissionais, universidades, instituições técnicas e setor produtivo, a câmara

brasileira da indústria da construção (CBIC) fez uma solicitação à associação

brasileira de normas técnicas a revisão do texto original, após o trabalho de revisão

ser concluídos em março de 2012 a norma ABNT NBR 15575/2013 “Edificações

Habitacionais – Desempenho” entrou em vigor oficialmente em julho de 2013, (CBIC,

2013).

A norma de desempenho 15575/2013 foi elaborada segundo modelos

internacionais de normatização de desempenho em edificações. Assim, para cada

necessidade do usuário e condição de exposição, se tem requisitos de qualidade e

um nível mínimo de desempenho. Esta norma não tem por finalidade ditar materiais

ou sistemas de construção de incumbência do projetista, porém o mesmo terá que

entregar um sistema que atenda todas as condições mínimas estabelecidas

indiferentes do seu método adotado, este sistema de padrões mínimos de qualidade,

tendo como base o desempenho e sua vida útil serve para disseminar este conceito

no setor da construção civil com finalidade de entregar um produto seguro e

amparando o consumidor final por norma. (GODINI, 2016).

O conceito mais diferenciado do presente estudo é o de desempenho, que até

o lançamento desta norma, não era utilizado nas normas de prescrição. Estas

estabeleciam uma maneira de se fazer as coisas, o que acabava restringindo a

inovação. No caso da norma de desempenho, não importa a forma de construção do

prédio, desde que o desempenho mínimo seja atendido. Isso contribui para o uso de

novos sistemas e materiais, desde que eles garantam o desempenho exigido

(SACHS e NAKAMURA, 2013). Além disso, a norma elimina a subjetividade que

existe em outras normas no quesito de avaliação do resultado, fornecendo uma

maior segurança para todos os elos da cadeia produtiva.

Neste conjunto normativo é dividido em seis partes: 1) Requisitos gerais; 2)

Requisitos para os sistemas estruturais; 3) Requisitos para os sistemas de pisos; 4)

Requisitos para os sistemas de vedação verticais internas e externas; 5) Requisitos

para os sistemas de cobertura; 6) Requisitos para os sistemas hidrossanitários.

(NBR 15575, 2013).

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Cada parte da norma foi organizada para seguir algumas sequências de

exigências relativas à segurança (desempenho mecânico, segurança contra

incêndio, segurança no uso e operação), habitabilidade (estanqueidade,

desempenho térmico e acústico, desempenho lumínico, saúde, higiene e qualidade

do ar, funcionalidade e acessibilidade, conforto tátil) e sustentabilidade (durabilidade,

manutenibilidade e adequação ambiental) (CBIC, 2013).

2.2 Desempenho acústico

Conforto acústico que se engloba no assunto desempenho acústico vem do

latim CONFORTUS, que significa fortalecer, conferir força, consolo ou, apenas,

aplacar, suavizar e aliviar. E acústico significa propagação do som em determinado

lugar. Vendo a definição do termo temos como objetivo entregar ao cliente um

determinado valor mínimo de propagação do som para melhor conforto, assim feito

através do isolamento acústico das edificações, (SACCONI, 1998).

A edificação tem diversas fontes de ruídos gerados por circulação de

veículos, criança no playground música alta no apartamento vizinho e outras

atividades da rotina diária dos moradores, porem estes impactos muitas vezes é

motivo de desentendimentos e estresse entre vizinhos. Assim, se tem uma

necessidade de uma isolação acústica feito nas fachadas, coberturas, entrepisos e

paredes de geminação. A norma inclui critérios de isolação ao som aéreo, além das

disposições para isolação ao ruído transmitido por impactos, fator este de grande

relevância para os entrepisos e coberturas acessíveis, (CBIC, 2013).

Em seu conceito geral o som resulta de movimentos vibratórios onde se

propaga pelo ar ou outros meios segundo ondas com amplitudes e frequências

variadas expressa em ciclos por segundo (Hertz- Hz), e quanto maior for sua

amplitude maior será a intensidade sonora.

Ao se propagar no ar, a onda sonora ira pressionar o tímpano das pessoas,

representado numa escala logarítmica e que o começo da audição humana é

correspondido à pressão de 2 a 10 -5 Pa. A partir deste conceito foi criado o Decibel

(dB) e formulado uma expressão logarítmica na Equação 1 abaixo, para se

quantificar os sons por numerais inteiros, exemplificado no Figura 1.

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𝑑𝐵 = 10. 𝑙𝑜𝑔𝑝2

𝑃𝑜2

Onde p é a pressão da onda (em Pascais) e Po è a pressão de referência (2x10-5)

Equação 1 - Fórmula do decibel

Fonte: CBIC, 2013.

Figura 1 – Intensidades sonoras características em dB (A)

(Fonte: CBIC, 2013)

Ao se analisar as ondas sonoras pode-se observar que sua reprodução for

feita por diferentes meios e há fenômenos acústicos que interferem no desempenho

do elemento e local, tais como, difração, ressonância, reverberação e absorção.

Desta forma a norma NBR 15575/2013 não difere cada um dos fenômenos.

Com estes parâmetros a norma NBR 15575/2013 não tem critérios de

máxima intensidade sonora admitida em repouso, porém se tem a norma que a

auxilia NBR 10152/2017 – “Níveis de ruído para conforto acústico” logo esta norma

não tem critérios para a forma de quantificar níveis de ruído externo a edificação,

que por sua ver é auxiliado pela NBR 10151/2000 – “Acústica – Medição e avaliação

de níveis de pressão sonora em ambientes externos as edificações” (CBIC, 2013).

“Vale ressaltar que as normas brasileiras em vigor até a presente data deste

trabalho são denominadas prescritivas que seriam uma gama de requisitos e

critérios exigidos para um produto ou procedimento especifico já a norma NBR

15575/2013 ao contrário das demais, determina as necessidades dos usuários, logo,

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18

é um complemento às normas prescritivas, sem ter a necessidade de substituí-las.”

(MITIDIERI FILHO E HELENE, 1998)

Na norma NBR 15575-4/2013 em casos de conversas em voz alta de um

ambiente próximo na edificação é disponibilizada estimativa do grau de

inteligibilidade que seria a capacidade de compreender o que se está falando com

base no grau de ruído adjacente e o isolamento acústico entre eles conforme o

Figura 2.

Figura 2 - influência da isolação acústica – Dnt, w sobre a inteligibilidade da fala para ruído no ambiente interno em torno de 35dB a 40dB

Fonte: Adaptado da Association of Australian Acoustical Consultants, 2010.

2.3 Sistemas de vedação vertical interna

A norma de desempenho subdivide o desempenho Acústico através da

avaliação dos sistemas de piso, sistema de vedação vertical interna e externa,

sistema de coberturas e de forma não obrigatória, mas orientativa, o sistema de

instalações hidrossanitárias, equipamentos e instalações prediais (ABNT, 2013).

O Sistema de Vedação Vertical Interno (SVVI), composto por elementos

bases e elementos opcionais, deve garantir um desempenho mínimo de isolamento

acústico ao ruído aéreo nas paredes que separam as diferentes unidades

habitacionais (CBIC, 2013).

Os elementos bases de uma edificação são as paredes, as quais podem ser

massivas ou leves. As paredes massivas são as alvenarias de bloco de concreto, de

gesso, blocos cerâmicos, concreto pré-moldado ou moldado “in loco”. Na qual o

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19

desempenho de isolamento ao ruído aéreo depende da densidade superficial para

paredes simples (ABQA, 2015).

As paredes de morfologia leves, como os sistemas drywall tem o desempenho

de isolamento acústico ao ruído aéreo estabelecido através da sua composição, ou

seja, o número de placas que foram utilizadas, assim como a quantidade de perfis,

bandas acústicas perimétricas, espessura das cavidades e utilização de algum

material absorvente na cavidade (ABQA, 2015).

Os elementos opcionais, os quais compõem o SVVI, são basicamente os

revestimentos utilizados para o acabamento das paredes, independente das suas

diferentes morfologias, podendo ser de gesso, argamassa ou cerâmico (ABQA,

2015).

É importante ressaltar que a escolha pelo sistema construtivo das alvenarias

de vedação interna deverá passar por diversas análises como: otimização de espaço

disponível, melhor relação custo benefício, competência da mão de obra disponível

e relação de materiais disponíveis na região a fim de ao final da execução atender

os critérios das figuras abaixo cumprindo o nível de desempenho almejado.

A NBR 15575/2013 em sua parte 4 estabelece na Tabela 18 do item 12.3.2.2

os limites mínimos de isolamento acústico ao ruído aéreo, sendo este o limite

obrigatório o qual deve ser atendido, porém a norma ainda fornece os valores para

nível intermediário e para nível superior, sendo níveis que proporcionam ainda mais

conforto ao usuário (ABNT, 2013). Na Figura 3 estão dispostos os valores

estabelecidos na tabela da norma acima citada, de acordo com o nível de

desempenho para cada elemento avaliado em campo. Já na Figura 4 estão

expostos os valores estabelecidos por norma para os elementos ensaiados em

laboratório.

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20

Figura 3 - Diferença padronizada de nível ponderada entre ambientes, DnT,w para

ensaios de campo.

(Fonte: NBR 15575- 4/2013)

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21

Figura 4 – Índice de redução sonora ponderada, Rw, de componentes construtivos,

utilizados nas vedações entre ambientes-Ensaios de laboratório.

(Fonte: NBR 15575- 4/2013)

2.3.1 Sistemas de vedação vertical externa

O Sistema de Vedação Vertical Externo (SVVE) é exatamente a avaliação do

isolamento acústico da fachada (esquadrias e parede externa) de uma edificação. O

ideal é que desde a fase de elaboração de projetos a incorporadora faça uma

análise do entorno do edifício a fim de enquadrá-lo em uma classe de ruído

conforme a Figura 5, para que dessa forma seja projetado e executado o sistema

construtivo compatível com tal enquadramento e o nível de desempenho almejado

conforme a Figura 5 casos seja ensaio de laboratório e 6 casos seja ensaio de

campo.

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22

Figura 5 - Índice de Redução Sonora Ponderada, Rw – Fachadas – Ensaio de

Laboratório.

(Fonte: CBIC, 2013)

Figura 6 – Diferença Padronizada de Nível Ponderada – Fachada - Ensaio de

campo

(Fonte: CBIC, 2013)

2.3.2 Ruído de impacto entrepisos e coberturas acessíveis

Para coberturas acessíveis posicionadas sobre unidades autônomas e

entrepisos que separam unidades autônomas, deve ser verificado, além da isolação

ao som aéreo, o isolamento de ruídos de impacto resultantes do caminhamento,

queda de objetos e outros. O método de avaliação é descrito na norma ISO 140-

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23

7/1998, sendo os impactos gerados por equipamento padrão ilustrados na Figura 7

(CBIC, 2013).

Os resultados obtidos são expressos em dB, adotando-se o símbolo: L’nT, w -

nível de pressão sonora de impacto padronizado ponderado.

Figura 7 – Equipamento padronizado para ensaios de ruídos de impacto em pisos.

(Fonte: CBIC, 2013)

Sob ação de impactos normalizados pelo método ISO 140-7, aplicados no

piso da unidade autônoma imediatamente superior, ou em cobertura acessível de

uso coletivo, o nível de pressão sonora de impacto padronizado ponderado no

recinto em análise não deve exceder aos valores indicados na Figura 8. Os ensaios

são realizados em campo e os resultados obtidos restringem-se somente ao sistema

verificado (CBIC, 2013).

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24

Figura 8 - Nível de pressão sonora de impacto padronizado ponderado, L’nT, w.

(Fonte: NBR 15575, 2013)

Para a isolação do ruído de impacto é importante observar que quanto mais

denso o material, maior a transmissão acústica resultante do caminhamento de

pessoas com salto alto, queda de materiais no piso do andar superior etc. Com isso

o melhor resultado é sempre obtido com pisos flutuantes, ou seja, introdução de um

absorvedor acústico como, por exemplo, uma manta acústica entre a laje de piso e o

contrapiso, atuando como sistema massa/mola/massa (CBIC, 2013).

2.3.3 Ruído aéreo entrepisos e coberturas acessíveis

A atenuação acústica entre o ruído padrão gerado na unidade autônoma

imediatamente superior (ou em cobertura acessível de uso coletivo) e a intensidade

sonora registrada no cômodo em avaliação (área de dormitório) deve atender aos

limites indicados na Figura 9. Os ensaios são realizados em campo e os resultados

obtidos restringem-se somente ao sistema verificado (CBIC, 2013).

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25

Figura 9 - Diferença padronizada de nível ponderada do entrepiso, DnTiw para

ensaios de campo

(Fonte: CBIC, 2013)

Para a isolação do som aéreo estudos comprovam que o melhor desempenho

é obtido com elementos de grande quantidade de massa e de maior compacidade.

As medições são realizadas em campo e seguem o método descrito na ISO 140-5.

2.3.4 Isolação a ruídos provocados por equipamentos hidrossanitários

Os critérios de isolação dos ruídos emitidos por equipamentos

hidrossanitários, sem cumprimento obrigatório no atual estágio da norma, procuram

criar parâmetros de desempenho acústico quando são operados equipamentos

hidrossanitários instalados em dependências vizinhas ao dormitório em análise. São

ruídos produzidos em prumadas coletivas de água ou esgoto, válvulas de descarga

e outros equipamentos acionados em apartamentos vizinhos, não sendo

considerados acionamentos produzidos nas próprias dependências da unidade

habitacional em análise. Procura-se, a exemplo da isolação acústica de pisos,

estabelecer limites para as perturbações causadas por fontes fora da unidade

habitacional. Geradores de emergência, sirenes, bombas de incêndio e outros

dispositivos com acionamento em situações de emergência não são contemplados

(CBIC, 2013).

A medição da intensidade sonora (ruído percebido) deve ser realizada em

campo, em dormitórios das unidades habitacionais ao lado, acima ou abaixo do local

onde o equipamento está operando (ruído emitido), sendo as medições realizadas

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fechando-se todas as janelas e portas dos banheiros, dormitórios e de entrada. Pode

ser utilizado o método de engenharia, descrito na ISO 16032/2004 ou o método

simplificado de campo, descrito na ISO 10052/2004. Devem ser obtidos o nível de

pressão sonora contínuo equivalente padronizado de um ciclo de operação do

equipamento predial (LAeq, nT), e o nível de pressão sonora máximo (LASmáx.,nT,)

do ruído gerado pela operação do equipamento. Os limites indicados na NBR

15575/2013 são indicados respectivamente nas Figura 10 e 11 a seguir (ISO 16032,

2004).

Figura 10 - Valores máximos do nível de pressão sonora contínuo equivalente,

LAeq,nT, medido em dormitórios

(Fonte: Anexo B – Tabela B.2, pág 30 da NBR 15575-6/2013).

Figura 11 - Valores máximos do nível de pressão sonora máximo, LAsmax,nT,

medido em dormitórios

(Fonte: Anexo B – Tabela B.3, pág 31 da NBR 15575-6/2013).

Por se tratar ainda de uma sugestão da NBR 15575/2013 com caráter

informativo e não obrigatório não há evidência ou comprovação do melhor e mais

adequado sistema construtivo para atingir o desempenho mencionado, no entanto

há a recomendação em certos estudos para se adotar shafts isolados

acusticamente, visitáveis ou não, e o envolvimento de tubulações com isolantes ou

absorvedores acústicos(mantas de polietileno, sacos de estopa recobertos por

gesso etc).

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3 METODOLOGIA

Primeiramente foram realizadas pesquisas bibliográficas em livros e sites

especializados, trabalho de conclusão de curso, pós-graduação e guias orientativos

da NBR 15575/2013, 10151/2000 e 10152/2017. Através da análise da literatura foi

possível entender e aprofundar-se sobre a importância e as mudanças que o

isolamento acústico trás para as edificações multifamiliares.

Em seguida o método de pesquisa utilizado neste trabalho será estudo de

caso. Segundo Yin (2005), esse tipo de estudo investiga um acontecimento

contemporâneo dentro de seu contexto da vida real, especialmente quando os

limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos, estando o

pesquisador relativamente isento de controle sobre os eventos ocorridos, tendo

somente a intenção de analisá-los.

Com base no exposto, o presente trabalho é uma análise comparativa dos

aumentos de custos e demonstração dos resultados dos laudos acústicos realizados

in loco dos novos métodos construtivos do empreendimento e consequentemente

análise dos benefícios e dificuldades comerciais e técnicas inerentes a estas

inovações construtivas antes não havendo a necessidade e que foram adotadas na

edificação multifamilar Edifício Residencial Promenade Ponta Verde, da Construtora

Placic, na cidade de Maceió, subsidiando o cumprimento dos objetivos propostos.

Os dados foram coletados no Edifício Promenade Ponta Verde por meio de

questionários e análise de planilhas de custo com engenheiro responsável técnico

pela construção do edifício, com um quarto, uma suíte, um banheiro social, cozinha

integrada com a sala de estar/jantar e laje técnica para ar condicionado, localizado

no bairro de Jatiúca, na cidade de Maceió, sendo executado pela Construtora Placic,

presente no ramo da engenharia no segmento de empreendimentos de médio e alto

padrão há 40 anos atuando também no Ceará, e tida como símbolo de qualidade no

mercado da construção. Por fim foi realizada entrevista com o sócio fundador, Luiz

Henrique Fernandes Coelho, para entender quais impactos e reflexos positivos ou

negativos no mercado decorrente do cumprimento da NBR 15575/2013.

Após visita inicial ao empreendimento realizada em janeiro de 2019 foi

elaborado um quadro com as inovações acústicas utilizadas nesta edificação para

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adequação à norma de desempenho 15575/2013 e garantia de maior conforto

acústico aos clientes, onde em cima disso o estudo apontará os resultados dos

testes acústicos comparando-os a ensaios em edifícios onde não havia tais

investimentos e calcular o aumento de custo desses materiais.

Quadro 1 – Procedimentos de isolamento acústico

• Inovações construtivas dos procedimentos de isolamento acústico

• Manta acústica sob o piso

• Alvenaria divisória entre apartamentos

• Manta acústica nas tubulações

• Esquadrias com tratamento acústico

• Portas de entrada de apartamentos sólidas

(Fonte: Elaborada pelo autor, 2019).

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• Manta acústica sob o contrapiso

Figura 12 – Manta acústica sob o contrapiso

(Fonte: AUBICON, 2019)

Utilizada entre a laje e o contrapiso, a manta acústica é a solução mais

eficiente para atenuar os ruídos de impacto em edificações, através do conceito

MASSA/MOLA/MASSA. Pelas características de sua matéria-prima, apresenta alta

resistência à compressão, garantindo performance e segurança do piso acústico no

longo prazo. Por sua alta densidade, permite executar contrapisos menos espessos

e aditivados, com microfibras de polipropileno, tornando a instalação mais produtiva

e com um custo total do sistema bastante competitivo.

Composição: manta pré-fabricada de grânulos de pneus reciclados

aglomerados com poliuretano, espessura de 3 mm, densidade de 600 kg/m³ e vup

acima de 20 anos.

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• Alvenaria divisória entre apartamentos

Figura 13 – Alvenaria divisória entre apartamentos

(Fonte: PLACIC, 2019)

Seguindo o princípio da Lei das Massas de que quanto mais pesada uma

parede for, maior será sua isolação acústica, a construtora utilizou blocos de

concreto não estrutural com dimensões de 12 cm x 19 cm x 39 cm em substituição

às tradicionais vedações de bloco cerâmico das paredes divisórias de unidades

autônomas. Adicionalmente, os septos destes blocos foram preenchidos por um

pobre traço de argamassa com 1:14 (cimento: areia). Foram revestidos por emboço

com espessura de 3 cm, revestimento cerâmico com espessura de 1,2 cm e reboco

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de gesso com espessura de 1 cm, atenuando assim o ruído aéreo entre unidades

autônomas.

• Manta acústica nas tubulações

Figura 14 – Manta acústica nas tubulações

(Fonte: PLACIC, 2019)

Apesar de ainda ser apenas recomendação da NBR 15575/2013 foi utilizada

manta acústica nas tubulações de esgoto primário de cozinha e banheiros

proporcionando maior conforto acústico ao atenuar as vibrações e os ruídos aéreos

provenientes da passagem de água pelo sistema hidrossánitario.

A Manta Acústica Sound Soft Tubulação é fabricada com resíduos de

borracha virgem EPDM e grânulos de pneus reciclados. Por sua característica

emborrachada e sua alta densidade, garante excelente desempenho acústico,

atenuando as vibrações e os ruídos aéreos provenientes da passagem de água pelo

sistema hidráulico.

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• Esquadrias com tratamento acústico

Figura 15 – Esquadrias com tratamento acústico qlon schelengel

(Fonte: SCHELENGEL, 2019)

Após enquadramento da edificação na classe de ruído I (Tabela 5 - Índice de

Redução Sonora Ponderada, Rw – Fachadas – Ensaio de Laboratório) de acordo

com os ensaios técnicos e medições realizadas in loco, decidiu-se pela aplicação de

esquadrias com tratamento acústico, substituindo as tradicionais escovas de

vedação por borrachas qlon Schlegel de melhores propriedades acústica com o

objetivo de atenuação do ruído externo.

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• Portas de entradas de apartamentos sólidas

Figura 16 – Portas de entradas de apartamentos sólidas

(Fonte: PLACIC, 2019)

Em substituição às tradicionais folhas de porta sem preenchimento interno,

foram utilizadas folhas de madeira maciça nas portas de entrada de todos os

apartamentos, com o objetivo de atendimento ao critério 12.3.2 – Parte 4 NBR

15575/2013 e atenuação acústica do ruído aéreo proveniente dos hall´s. Desta

forma garante-se maior conforto acústico aos clientes.

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34

4 RESULTADOS E ANÁLISE COMPARATIVA

4.1 Manta acústica sob o piso

Para atender os parâmetros da norma de desempenho 15575/2013 no

quesito anterior citado do ruído de impacto entre pisos e cobertura acessíveis, item

2.3.2, o sistema construtivo utilizado pela construtora foi laje nervurada com

espessura de 5cm na capa e 25cm na nervura (mesa + nervura); contrapiso com

espessura de 5cm em argamassa (areia, cimento e fibra de polipropileno, cujo o

objetivo é aumentar a aderência entre contrapiso e o piso evitando um eventual

descolamento); manta acústica composta por grânulos de pneus reciclados e

aglomerados com poliuretano, espessura 5mm, alcançando assim um piso

flutuantes com sistema massa/mola/massa. Todos os sistemas de piso utilizaram

forro de gesso em placas com espessura de aproximadamente 3cm nas bordas e

2cm no centro, fixadas através de arames galvanizados e pinos; as placas foram

posicionadas com distância aproximadamente de 15cm entre a placa de gesso e a

nervura da laje.

Para determinação do isolamento quanto ao ruído de impacto promovido

pelas vedações horizontais foi obtido um nível de pressão sonora de impacto padrão

ponderado, L`nT,w, sendo utilizado o método de engenharia, que determina em

campo, de forma rigorosa, o isolamento sonoro global entre unidades autônomas,

caracterizando de forma direta o comportamento acústico do sistema.

Para avaliação do isolamento quanto ao ruído de impacto promovido pelo

sistema de piso foram realizados ensaios entre salas e entre suíte e quarto do

apartamento 01 (401/501) e suíte do apartamento 02 (402/502), situações previstas

na ABNT NBR 15575-3/2013, e presentes na edificação.

As medições foram realizadas com portas e janelas fechadas, todos os

sistemas instalados e seguindo o método de ensaio descrito na norma internacional

ISO 16283-2.

Para determinação do isolamento do ruído aéreo promovido pela vedação

horizontal (sistema de piso) foi obtida a diferença padronizada de nível ponderada,

DnT,w, sendo utilizado o método de engenharia, que determina em campo de forma

rigorosa, o isolamento sonoro global entre unidades autônomas, caracterizando de

forma direta o comportamento acústico do sistema.

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Para avaliação do isolamento do ruído aéreo promovido pelo sistema de piso

entre unidades, foram realizados ensaios entre os apartamentos citados acima,

situações previstas na ABNT NBR 15575-3/2013, e presentes na edificação.

A seguir, são apresentados os resultados dos ensaios realizados no edifício

Promenade na Figura 17, obtido após o tratamento dos dados e suas análises.

Figura 17 – Resultados da diferença padronizada de nível ponderada

(Fonte: TECOMAT Engenharia, 2016)

Resultado da Figura acima demonstra que houve o atendimento em todos os

casos estudados, inclusive atingindo o nível intermediário nos casos entre Apt 401 e

501.

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Figura 18 – Resultados do nível de pressão sonora de impacto-padrão ponderado

(Fonte: TECOMAT Engenharia, 2016)

Figura acima demonstra que os resultados para o ruído de impacto entre

pisos de apartamento, apenas enquadrou-se no nível mínimo de desempenho.

Na Figura abaixo, a qual apresenta o resultado do ruído de impacto de outro

empreendimento composto de um sistema de laje nervurada com espessura de 4cm

na capa e 21cm na nervura (mesa + nervura); contrapiso com espessura de 7 a 8cm

em argamassa, forro de gesso em placas com espessura de aproximadamente 3cm

nas bordas e 2cm no centro, fixadas através de arames galvanizados e pinos ou

seja, não utilização da manta acústica e ligeira modificação no sistema construtivo

também houve o atendimento no nível mínimo da norma.

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Figura 19 – Recomendações da NBR 15575/2013 para ensaios de campo – Método

de engenharia

(Fonte: TECOMAT Engenharia, 2016)

Figura acima demonstra que utilizando sistema construtivo similar, com

algumas diferenças de espessuras das camadas também atende a norma em seu

nível mínimo, inclusive observa-se que resultado foi superior ao do Edifício

Promenade Ponta Verde.

Em ensaio de ruído aéreo em sistemas de pisos realizado pela ADEMI/AL em

parceria com a UFAL em edifício não especificado (etapa 1), utilizando o sistema

construtivo semelhante ao do edifício Promenade Ponta Verde, com exceção da

manta acústica que não foi utilizada obteve-se o resultado abaixo, demonstrando

que não houve ganho expressivo com a utilização da manta acústica:

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Figura 20 – Ensaios de ruído Aéreo

(Fonte: ADEMI, 2017)

Figura acima que demonstra na sua etapa 1 (igual ao Promenade Ponta

Verde sem inclusão da manta acústica) não houve mudança expressiva no resultado

e já atenderia a NBR 15575/2013.

O custo dos itens acima antes não utilizados, resultaram num acréscimo de

R$ 21.100,00 de manta acústica sendo R$ 8,30 de valor unitário e 2522 m2 de

quantidade comprada, mais R$ 2.021,00 de rodapé sendo R$ 0,74 de valor unitário

e 2750 m2 de quantidade comprada e por fim R$ 500,00 de microfibra.

4.2 Alvenaria divisória entre apartamentos

O Sistema de Vedação Vertical Interno de paredes geminadas, objeto de

estudo do presente trabalho, utilizado em um Edifício Residencial multifamiliar já

construído sem a obrigação do atendimento a norma de desempenho

teve como elemento base blocos cerâmicos de dimensões 11,5 cm x 19 cm

x 19 cm e método tradicional de assentamento e revestimento, o que não conferiu

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um bom desempenho acústico de acordo com o estabelecido na NBR 15575/2013.

O sistema acima citado durante os ensaios de isolação sonora de paredes divisórias

considerando uma parede entre unidades habitacionais autônomas onde pelo

menos um dos cômodos é dormitório, atingiu um DnT,w de 37 dB, sendo 8 dB

abaixo do esperado para um resultado positivo em seu nível mínimo de

desempenho como mostra a Figura abaixo:

Figura 21 – Isolação sonora de parede divisória entre sala e suíte

(Fonte: TECOMAT Engenharia, 2016)

A partir desse resultado, a Construtora decidiu não utilizar o sistema padrão

de construção. Porém a dúvida seria que técnica empregar, visto que o sistema

convencional não funcionava e apesar de testes aprovando a utilização de blocos

de gesso, o mesmo não é tão bem absorvido pelo mercado, pois ainda causa

insegurança para os usuários, os quais sentem receio ao pendurar objetos nas

paredes de gesso ou baterem na mesma e escutarem um som que os mesmos

chama de som “oco”.

Para atender os parâmetros da norma de desempenho 15575/2013 e de

projeto com relação a melhor aproveitamento das dimensões internas de

apartamento neste quesito de vedação vertical interna foi utilizada nas alvenarias

que dividem unidades autônomas blocos de concreto não estrutural 12 cm x 19 cm x

39 cm preenchidos com argamassa de cimento e areia traço 1:14 já que a isolação

acústica das paredes maciças é regida pela Lei das Massas, ou seja, quanto mais

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pesada uma parede, maior será sua isolação acústica. Os blocos foram preenchidos

no local de assentamento, ou seja, o pedreiro assentava uma fiada de bloco,

preenchia o mesmo cuidadosamente, sendo orientado para que nenhum espaço

ficasse vazio, e após o preenchimento de cada bloco da fiada, assentava-se a

próxima fiada como apresentado na figura 13.

. A ideia surgiu a partir de estudos profundos da Norma de Desempenho, dos

resultados obtidos em prédios anteriores, participação em feiras de construção civil e

uma visita em uma renomada construtora do Rio Grande do Sul.

Para a escolha do tipo de bloco e do traço da argamassa

que deveria ser utilizado foram feitos testes no canteiro de obras e após obtenção

do peso dos blocos preenchidos foi utilizada a Equação 2 para estimar o valor de

Rw.

Equação 2: 𝑅𝑤 ≅ 12 + 5,3 𝑀31

Onde “M” é a massa da parede em kg/m²

Para que a massa fosse dada na unidade exigida pela equação foi feito o

cálculo de quantos blocos seriam utilizados nas paredes divisórias de diferentes

unidades habitacionais além de verificar a viabilidade técnica do preenchimento dos

blocos, já que o mesmo representaria um acréscimo de peso na estrutura. Vale

ressaltar que os estudos realizados com os traços de argamassa tinham o

objetivo apenas de agregar ao bloco cerâmico uma maior densidade para que

proporcionasse um maior isolamento acústico, não adquirindo nenhuma função

estrutural a edificação, já que a estrutura da mesma é de concreto armado e os

blocos cerâmicos são utilizados apenas para vedação.

A partir de um comparativo com alvenaria bloco cerâmico e o sistema acima

especificado obtivemos um aumento de custo de R$ 189,28 por parede totalizando

ao final de 60 paredes R$ 11.356,80 no que tange material.

Os ensaios foram realizados num unido sistema de vedação entre cozinha e

dormitório de apartamentos distintos (apartamento 501/502). Além do bloco de

concreto não estrutural preenchido com argamassa foi aplicado na cozinha emboço

em argamassa com espessura de 3 cm e revestimento em placas cerâmicas com

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espessura de aproximadamente 1,2 cm; No dormitório foi aplicado revestimento em

gesso com espessura de 1 cm.

A Figura abaixo apresenta os resultados obtidos nos pontos de medição dos

dois sitemas de vedação vertical interna avaliados, os resultados médios da

diferença padronizada de nível ponderada (Dnt,w), os valores de referência

especificados na ABNT NBR 15575-4: 2013, e a avaliação de desempenho das

vedações ensaiadas.

Figura 22 – Resultados da diferença padronizada de nível ponderada

(Fonte: TECOMAT Engenharia, 2016)

Figura acima demonstra sucesso na adoção do sistema construtivo escolhido,

atingindo resultado expressivamente superior ao do comparado, no qual utilizou-se

alvenaria de bloco cerâmico na divisória entre apartamentos.

4.3 Manta acústica nas tubulações

Como já dito anteriormente a manta acústica utilizada nas tubulações de

esgoto primário de cozinha e banheiro ainda é uma recomendação da NBR

15575/2013, o que provavelmente será modificada na próxima revisão da norma.

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A construtora no intuito de agregar valor ao produto proporcionando o

conforto acústico proveniente do isolamento do ruído vindo destas tubulações fez a

aplicação da manta nas referidas instalações hidrossanitárias.

O aumento de custo o material na tubulação de 100 mm foi de R$ 3.307,50

sendo R$ 11,03 o valor unitário e 300 m2 de quantidade comprada, na tubulação de

50/75 mm foi de R$ 1.310,40 sendo R$ 8,19 o valor unitário e 160 m2 de quantidade

comprada.

Com o abafador na caixa sifonada de 150x150x50 o aumento de custo de

material foi de R$ 895,23 sendo R$ 10,29 o valor unitário e 87 a quantidade

comprada, na caixa sifonada de 100x100x50 o aumento de custo de material foi de

R$ 1.545,60 sendo R$ 9,66 o valor unitário e 160 a quantidade comprada, na caixa

sifonada de 100x100x50 o aumento de custo de material foi de R$ 138, 60 sendo R$

13,86 o valor unitário e 10 a quantidade comprada.

Por ainda se tratar de uma recomendação da norma, a construtora não

realizou os ensaios.

4.4 Esquadrias com tratamento acústico

No sistema de vedação vertical externa, a construtora Placic utilizou alvenaria

de bloco cerâmico com espessura de 11,5 cm; revestimento externo em chapisco

com espessura entre 0,5 cm e 1 cm, emboço com espessura entre 3 cm e 5 cm e

placas cerâmicas com espessura de 1 cm; revestimento interno com reboco em

gesso com espessura de 1 cm. Esquadrias em alumínio branco da linha INOVA,

vidro verde com espessura de 4 mm e utilização de borracha Qlom Schlegel nos

perfis em substituição às escovas. As esquadrias da suíte possuem dimensões de

1,20m x 1,20m já esquadria do quarto possuem 1,00m x 1,20m e 2,00m x 1,70m nas

salas.

Os ensaios foram realizados em três vedações de fachada: suíte do

apartamento 201, quarto do apartamento 501 e suíte do apartamento 502.

Para avaliação do isolamento sonoro promovido pela vedação vertical externa

(fachada) foi determinada, ensaio de campo, a diferença padronizada de nível

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ponderada a 2 (dois) metros da fachada (D2m,nt,w), através do método de

engenharia (ensaio de campo).

A localização do empreendimento é de suma importância, uma vez que

caracteriza a classe de ruído de fachada que a edificação se enquadra.

Como já dito no item 2.3.1 ABNT NBR 15575-4/2013 estabelece três classes

de ruído conforme a Figura 5. Para análise dos resultados apresentados neste

trabalho, considerou-se que o edifício Promenade enquadra-se na classe de ruído 1,

conforme informado no relatório de avaliação das condições de ruído externo

“medições do nível de pressão sonora externa (Laeq)”, elaborado pela arquiteta

Maria Lucia Oiticica, apresentado na Figura 23 abaixo. Logo, empreendimento deve

atender aos requisitos especificados na Figura 6 para classe 1.

Figura 23 - Diferença Padronizada de Nível Ponderada de Vedação Externa

(Fonte: EXATA, 2016)

A Figura 23 apresenta os resultados obtidos nos pontos de medição dos três

ambientes avaliados, os resultados médios da diferença padronizada de nível

ponderada a dois metros da fachada (D2m,nt,w), os valores de referência

especificados na NBR 155757-4/2013 e a avaliação de desempenho das vedações

ensaiadas.

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44

Figura 24 – Resultados da diferença padronizada de nível ponderada

(Fonte: TECOMAT Engenharia, 2016)

Atestou-se bons resultados como mostra a figura acima. Em dois dos três

ambientes testados inclusive atingiu-se nível intermediário da norma.

No empreendimento foram utilizados 3 diferentes dimensões de esquadrias

como citado anteriormente com as seguintes características:

o Quarto social: 1,00m x 1,20m, vidro float de 4mm de espessura;

o Suíte: 1,20m x 1,20m, vidro float de 4mm de espessura;

o Sala: 2,00m x 1,70m, vidro de 8mm temperado até a altura de 1,20m

do piso e vidro float de 4mm de espessura na sequência.

Em ensaio realizado pela ADEMI/AL em parceria com a UFAL em edifício não

especificado, utilizando sistema construtivo idêntico ao adotado no Ed. Promenade,

Ponta Verde com exceção das guarnições das esquadrias, que não possuíam a

borracha Q-lon obteve-se uma atenuação acústica de 20 db’s, demonstrando que

teve-se bom retorno com o investimento realizado e consequentemente ganho de

qualidade para o consumidor final.

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Figura 25 – Ensaios em fachada

(Fonte: ADEMI, 2017)

A figura acima em sua etapa 01 que tinha as características do

Promenade Ponta Verde, com exceção da não utilização da borracha Q-lon

schelengel atingiu apenas atenuação de 20 db´s, resultado que apesar de

atender o mínimo para classe 1 de ruído ficou abaixo do resultado do

Promenade Ponta Verde.

O aumento do custo, deu-se exclusivamente pelo uso da borracha Q-

LON schelengel em substituição às escovas convencionais, atingindo os

números abaixo:

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Quadro 2 – Comparativo Quarto Social

QUADRO COMPARATIVO QUARTO SOCIAL

TIPOLOGIA

JANELA DE CORRER 2

FOLHAS (1,00mX1,20m)

VIDRO FLOAT 4MM

VEDAÇÃO COMUM

JANELA DE CORRER 2

FOLHAS (1,00mX1,20m)

VIDRO FLOAT 4MM

VEDAÇÃO Q-LON

LINHA ECOLINE 2.5

ALUMÍNIO R$820,00 R$820,00

COMPONENTES R$500,00 R$740,00

VIDRO R$90,00 R$90,00

QUANTIDADE - 80 unidades

DIFERENÇA DE

CUSTO

R$240,00

VALOR

ADICIONAL

INVESTIDO

TOTAL

R$ 19.200,00

(Fonte: Elaborado pelo autor, 2019)

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Quadro 3 – Comparativo Quarto Suíte

QUADRO COMPARATIVO QUARTO SUÍTE

TIPOLOGIA

JANELA DE CORRER 2

FOLHAS (1,20mX1,20m)

VIDRO FLOAT 4MM

VEDAÇÃO COMUM

JANELA DE CORRER 2

FOLHAS (1,20mX1,20m)

VIDRO FLOAT 4MM

VEDAÇÃO Q-LON

LINHA ECOLINE 2.5

ALUMÍNIO R$910,00 R$910,00

COMPONENTES R$500,00 R$740,00

VIDRO R$90,00 R$90,00

QUANTIDADE - 90 unidades

DIFERENÇA DE

CUSTO

R$240,00

VALOR

ADICIONAL

INVESTIDO

TOTAL

R$ 21.600,00

(Fonte: Elaborado pelo autor, 2019)

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Quadro 4 – Comparativo Sala

QUADRO COMPARATIVO SALA

TIPOLOGIA

JANELA DE CORRER 2

FOLHAS (2,00mX1,70m)

VIDRO FLOAT 4MM

VEDAÇÃO COMUM

JANELA DE CORRER 2

FOLHAS (2,00mX1,70m)

VIDRO FLOAT 4MM

VEDAÇÃO Q-LON

LINHA ECOLINE 2.5

ALUMÍNIO R$1.500,00 R$1.500,00

COMPONENTES R$660,00 R$940,00

VIDRO R$90,00 R$90,00

QUANTIDADE - 80 unidades

DIFERENÇA DE

CUSTO

R$280,00

VALOR

ADICIONAL

INVESTIDO

TOTAL

R$ 22.400,00

TOTAL GERAL R$ 63.200,00

(Fonte: Elaborado pelo autor, 2019)

4.5 portas de entrada de apartamentos sólidas

As portas de entrada de unidades autônomas utilizadas no empreendimento

possuem folhas de madeira maciça. Para atender o critério 12.3.2-4 da NBR

15575/2013 a construtora também decidiu por preencher todo perímetro da porta

com espuma de poliuretano expansiva, ainda complementando o sistema utilizou-se

bloco cerâmico com espessura de 11,5 cm, revestimento interno em chapisco de

espessura entre 0,5cm e 1cm, emboço com espessura entre 3cm e 5cm,

revestimento externo com reboco em gesso com espessura de 1cm.

Em comparação a portas convencionalmente utilizadas, as quais, possuem

folhas semi ocas o acréscimo de custo foi de R$ 92,78 por porta totalizando com as

80 portas de entrada do empreendimento um acréscimo total de R$ 7.422,40.

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Demonstrando o bom resultado da escolha pelo método construtivo, podemos

atestar com o resultado do laudo abaixo no item conjunto de parede e portas de

unidades distintas separadas pelo hall entre salas dos apartamentos 1004 e 1005

avaliados que se alcançou 47(db) de resultado médio, enquadrando tal sistema no

nível de desempenho intermediário da norma.

Figura 26 – Resultados da Diferença Padronizada de Nível Ponderada

(Fonte: TECOMAT Engenharia, 2016)

bhkjkhjlxhz\jxh \zkjxh\zkj

A figura acima em seu resultado de parede e porta entre salas (Apt.

1004/1005) demonstrou um excelente resultado, obtendo como resultado médio 47

(db) de atenuação acústica, atingindo assim o nível intermediário da NBR

15575/2013.

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Corroborando com a decisão acertada do sistema construtivo, ao analisar a

figura abaixo de uma edificação com o mesmo sistema construtivo, porém com

utilização de portas semi ocas de entrada, podemos observar inferior significativo de

resultado:

Figura 27 – Diferença Padronizada de Nível Ponderada

(Fonte: ADEMI, 2017)

Pode-se observar que em ambos os resultados da figura acima a diferença foi

de 6 (db) e 7(db) respectivamente em comparação ao resultado obtido no Edifício

Promenade Ponta Verde, no qual a construtora utilizou portas de entrada sólidas.

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4.6 Custo para realização dos ensaios

Para realização de ensaios de isolamento de ruído aéreo provido pelas

vedações verticais externas (Fachada), verticais internas (Parede de geminação),

horizontal (Sistema de piso) e ruídos de impacto em sistemas de piso entre unidades

(Vedação horizontal) houve um aumento de custo de R$ 6.000,00 para empresa

TECOMAT ENGENHARIA e R$ 6.000,00 para empresa EXATA, assim, totalizando

R$ 12.000,00 para realização de ensaios.

5 IMPACTO DO CUSTO

Observa-se o quadro resumo abaixo com todos os incrementos de custo

inerentes aos materiais componentes dos métodos construtivos para atendimento

aos requisitos da parte acústica da norma de desempenho.

Quadro 5 – Quadro Resumo de Custos

RESUMO DOS CUSTOS DE MATERIAL PROVENIENTES DA ADEQUAÇÃO À

NORMA DE DESEMPENHO NO QUESITO ACÚSTICO

SISTEMA ITEM

ACRESCIDO

QUANTIDADE CUSTO TOTAL

PISO MANTA ENTRE

PISOS

2522 M2 R$ 21.100,00

MANTA PARA

RODAPÉ

2750 M2 R$ 2.021,00

MICROFIBRA

PARA

CONTRAPISO

- R$ 500,00

ALVENARIA

INTERNA

DIVISÓRIA

ENTRE

APARTAMENTOS

BLOCOS DE

CONCRETO

PREENCHIDOS

COM

ARGAMASSA

60 PAREDES

R$ 11.356,80

TUBULAÇÃO

100MM

300 M2 R$ 3.307,50

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MANTA

ACÚSTICA NAS

TUBULAÇOES

TUBULAÇAO

50/75MM

160 M2 R$ 1.310,40

ABAFADOR NA

CAIXA

SINFONADA

150X150X50

87 UNIDADES R$ 895,23

ABAFADOR NA

CAIXA

SINFONADA

100X100X50

160 UNIDADES R$ 1.545,60

ABAFADOR NA

CAIXA

SINFONADA

100X100X50

10 UNIDADES R$ 138,60

VEDAÇÃO

VERTICAL

EXTERNA

JANELA DE

CORRER 2

FOLHAS

(1,20mX1,20m)

VIDRO FLOAT

4MM VEDAÇÃO

Q-LON

90 UNIDADES R$ 21.600,00

JANELA DE

CORRER 2

FOLHAS

(1,00mX1,20m)

VIDRO FLOAT

4MM VEDAÇÃO

Q-LON

80 UNIDADES R$ 19.200,00

JANELA DE

CORRER 2

FOLHAS

(2,00mX1,70m)

VIDRO FLOAT

80 UNIDADES R$ 22.400,00

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4MM VEDAÇÃO

Q-LON

PORTAS DE

ENTRADA DE

APARTAMENTO

FOLHA DE

PORTA DE

MADEIRA

MACIÇA

80 UNIDADES R$7.422,40

ENSAIOS DE

ANALISE DE

RUIDO

TECOMAT - R$ 6.000,00

EXATA - R$ 6.000,00

TOTAL -- - R$ 124.797,53

(Fonte: Elaborado pelo autor, 2019)

Em entrevista com os sócios e engenheiro responsável sabe-se que a

construtora possui baseado em seus estudos e histórico de mais de cem obras

executadas como custos indiretos para efetivação total do empreendimento os

seguintes itens e seus respectivos percentuais incidentes sobre o faturamento:

1) Marketing – 3%

2) Comissão de vendas – 5%

3) Custo financeiro – 4,5%

4) Impostos – 4% Caso esteja sobre o regime especial de tributação

5) Lucro – 15%

Ainda, incidente sobre o custo direto tem-se um percentual de administração de

10% igual a R$ 124.797,53 x 0,10 = R$ 12.479,75.

Portanto o custo direto somado ao percentual de administração incidente a esse

valor totaliza um montante de R$ 124.797,53 + 12.479,75 = R$ 137.277,28, que

considerando os percentuais de custo indireto inerentes à atividade e já descritos

acima, significa dizer que apenas considerando os itens de material e apenas o

requisito acústico da norma a empresa teve que aumentar em seus faturamentos o

valor de R$ 200.404,79 para manter o equilíbrio e alcançar o lucro estipulado.

Em paralelo a obrigação do atendimento à recente norma de desempenho NBR

15575/2013, onde nem os compradores e via de regra os corretores tinham o

mínimo de conhecimento sobre a referida norma e seus consequentes aumentos de

custo, havia também um cenário totalmente instável economicamente e

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politicamente em todo momento em que o empreendimento foi concebido e que

permanece até o presente instante, onde ainda há duas unidades a vender no

Edifício, implicando num grande desafio para Construtora a explanação dos

benefícios e conforto que os usuários finais teriam com o uso ao longo da vida útil do

imóvel, levando o cliente ao sentimento de valor justo por aquilo que foi

incrementado.

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5 CONCLUSÃO

Pode-se concluir com o presente trabalho que o atendimento a Norma de

Desempenho NBR 15575/2013 pela Construtora Placic em seu Edifício Promenade

Ponta Verde, inclusive por ter sido o primeiro prédio entregue no estado de Alagoas

foi um desafio por diversos motivos como: ausência de métodos e materiais

ensaiados em campo ou laboratório, não conhecimento e comprometimento das

outras partes envolvidas no processo e tampouco consumidores e intermediadores

de venda familiarizados com as inovações que acarretariam em aumento de preço e

precisavam entender o benefício ao logo da vida útil do imóvel.

Contudo após trabalho técnico incessante na busca por fornecedores, empresas

competentes de materiais e especializadas em acústica, projetistas e parceiros para

que se encontrasse as soluções técnicas expostas no presente trabalho, em

conjunto com um intenso trabalho comercial de explanação para clientes e

treinamentos para corretores que visitavam o empreendimento chegou-se a

satisfatórios resultados acústicos das soluções construtivas adotadas e

entendimento do valor agregado por parte do consumidor final.

Como prova e coroamento do trabalho realizado no empreendimento,

principalmente no que tange a parte do atendimento da Norma de Desempenho, a

Construtora Placic LTDA foi contemplada em Novembro de 2017 com o título do

Prêmio Master Ademi, que reúne os vencedores de empreendimentos prontos de

cada categoria dividida por metragem de área privativa. É a primeira vez em 20

edições do prêmio que um empreendimento enquadrado na categoria até 80m2

vence o Prêmio Master. Em entrevista com o diretor da empresa, o mesmo se diz

satisfeito e com o sentimento de retorno pelo esforço aplicado.

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