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APLICAÇÃO DO MAPEAMENTO DO FLUXO DE VALOR AO PROCESSO DE VISTORIA VEICULAR DO DETRAN RJ COMO FERRAMENTA DE MELHORIA DA EXPERIENCIA DO CONSUMIDOR/CIDADÃO Marcos Vinícius dos Santos Romualdo Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia de Produção da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Eduardo Galvão Moura Jardim Rio de Janeiro Setembro 2018

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APLICAÇÃO DO MAPEAMENTO DO FLUXO DE VALOR AO

PROCESSO DE VISTORIA VEICULAR DO DETRAN RJ COMO

FERRAMENTA DE MELHORIA DA EXPERIENCIA DO

CONSUMIDOR/CIDADÃO

Marcos Vinícius dos Santos Romualdo

Projeto de Graduação apresentado ao Curso

de Engenharia de Produção da Escola

Politécnica, Universidade Federal do Rio de

Janeiro, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de

Engenheiro.

Orientador: Eduardo Galvão Moura Jardim

Rio de Janeiro

Setembro 2018

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Romualdo, Marcos Vinícius

dos Santos

Aplicação do mapeamento do fluxo de valor ao processo de vistoria

veicular do DETRAN RJ como ferramenta de melhoria da experiencia do

consumidor/cidadão / Marcos Vinícius dos Santos Romualdo – Rio de

Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2018.

XII, 73 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Eduardo Galvão Moura Jardim

Projeto de Graduação – UFRJ/ POLI/ Curso de Engenharia de

Produção, 2018.

Referências Bibliográficas: p. 156-160.

1.consumo lean 2. vistoria veicular 3. mapas de fluxo de valor

I. Jardim, Eduardo Galvão Moura II. Universidade Federal do Rio de

Janeiro, UFRJ, Curso de Engenharia de Produção. IIII. Aplicação do

mapeamento do fluxo de valor ao processo de vistoria veicular do DETRAN

RJ como ferramenta de melhoria da experiencia do consumidor/cidadão.

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“Porque Deus coloca as melhores coisas

da vida do outro lado do medo...”

Will Smith

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Agradecimentos

Agradeço primeiramente a Deus por me possibilitar estudar em uma das melhores instituições de

ensino superior do país e por me sustentar até o fim dessa jornada.

A minha família, agradeço por ser minha base e um dos pilares de formação para homem que sou

hoje. Por todo apoio, força e incentivo a mim concedidos.

Aos meus amigos por sonharem juntamente comigo, acreditarem em mim, me apoiarem e torcerem

pelo meu sucesso.

Ao mestre e orientador Eduardo Jardim, não só por toda orientação dada para a realização deste

projeto, mas por ser um grande exemplo de profissional, acadêmico e técnico, sendo uma grande

inspiração para mim e com certeza para todos que tiveram o privilégio de serem seus alunos.

À professora Maria Alice Ferruccio da Rocha, agradeço por todos os inúmeros auxílios, apoio e

orientações a mim concedidos ao longo de minha jornada acadêmica tanto na posição de professora

como de coordenadora.

Agradeço também ao professor Leonardo pelo apoio e valiosas contribuições ao projeto.

Finalmente a todos os professores que de inúmeras formas lançaram as bases dos conhecimentos

necessários para o profissional que venho a me tornar.

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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro de Produção.

APLICAÇÃO DO MAPEAMENTO DO FLUXO DE VALOR AO PROCESSO DE VISTORIA VEICULAR DO DETRAN RJ COMO FERRAMENTA DE MELHORIA DA EXPERIENCIA

DO CONSUMIDOR/CIDADÃO

Marcos Vinícius dos Santos Romualdo

Setembro de 2018

Orientador: Eduardo Galvão Moura Jardim

Curso: Engenharia de Produção

O presente estudo analisa o processo de consumo do serviço de vistoria veicular do Departamento

de Trânsito do Estado do Rio de Janeiro à luz da filosofia lean, objetivando a proposição de

melhorias, utilizando como uma de suas principais ferramentas de análise o mapa de fluxo de valor.

O processo de vistoria veicular é um procedimento obrigatório no Estado do Rio de Janeiro, sendo

pré-requisito para a renovação do licenciamento anual dos veículos automotores registrados no

distrito. Tem o objetivo de assegurar que os veículos circulantes em sua jurisdição estejam em

condições mínimas de funcionamento e estrutura sem que ofereçam risco ao condutor e a terceiros,

além de garantir que estes não apresentem níveis excessivos de emissões poluentes. Os estudos

de campo mostraram uma jornada média de 1h 50 min para a conclusão do procedimento, sendo

esta marcada por consideráveis desperdícios na visão do consumidor. Com base nas premissas

preconizadas pelo pensamento lean e conceitos de valor e desperdício, foram realizadas propostas

de reformulações do processo capazes de oferecer potenciais melhorias à experiencia do

consumidor, sendo estas a vistoria in loco e a vistoria digital, via scanners automotivos. Os

resultados obtidos sugerem um aumento significativo do valor transmitido ao consumidor,

paralelamente a uma redução dos desperdícios provenientes da redução de esperas,

deslocamentos e maior praticidade do processo.

Palavras chave: consumo lean, vistoria veicular, mapas de fluxo de valor.

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Abstract of Undergraduate Project presumed to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Engineer.

APPLICATION OF THE VALUE STREAM MAPPING TO THE VEHICULAR SURVEY PROCESS OF DETRAN RJ AS A TOOL TO IMPROVE THE CONSUMER / CITIZEN

EXPERIENCE

Marcos Vinícius dos Santos Romualdo

September/2018

Advisor: Eduardo Galvão Moura Jardim

Course: Industrial Engineering

The present study analyzes the consumption process of the Rio de Janeiro State Transit Department

vehicular survey service in the light of the lean philosophy, aiming at proposing improvements using

one of its main analytical tools the value stream map. The vehicular survey process is a mandatory

procedure in the State of Rio de Janeiro, and is a prerequisite for the renewal of the annual licensing

of motor vehicles registered in the district. It is intended to ensure that vehicles circulating in their

jurisdiction are in a minimum operating and structural condition without any risk to the driver or third

parties, and to ensure that they do not present excessive levels of pollutant emissions. The field

studies showed an average day of 1h 50 min for the conclusion of the procedure, which is marked

by considerable waste in the consumer's view. Based on the premises advocated by lean thinking

and concepts of value and waste, proposals were made for reformulations of the process capable of

offering potential improvements to the consumer experience, being these the on-site survey and the

electronic survey, via automotive scanners. The results suggest a significant increase in the value

transmitted to the consumer, in parallel to a reduction of the waste, resulting from the reduction of

waiting times, displacements and greater practicality of the process.

Keywords: lean consumption, vehicle inspection, value stream map.

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SUMÁRIO

1. Introdução ............................................................................................................................. 17

1.1. Formulação do Problema....................................................................................................17

1.2. Definição do campo de estudo e motivação.......................................................................19

1.3. Definição do Objetivo..........................................................................................................20

1.4. Metodologia aplicada..........................................................................................................22

1.5. Delimitações do estudo......................................................................................................26

2. Contexto....................................................................................................................................28

2.1. Percepção da qualidade em serviços e os tipos de clientes...............................................28

2.2. Contextualização do DETRAN-RJ.......................................................................................33

2.3. Contextualização da Vistoria/inspeção veicular...................................................................38

2.4. Percepção/avaliação do processo atual pela população.....................................................46

3. Referencial Teórico..................................................................................................................52

3.1. Filosofia Lean e suas ferramentas......................................................................................53

3.2. Mapa de fluxo de valor........................................................................................................57

3.3. Filosofia Lean aplicada em serviços e ao consumo............................................................60

3.4. Filosofia Lean aplicada em serviços públicos......................................................................67

3.5. Filosofia Lean aplicada ao consumo....................................................................................72

3.6. Filosofia Lean aplicada a processos de vistoria veicular.....................................................74

4. Análise da situação atual – Estudo em campo.......................................................................78

4.1. Escolha e detalhamento do campo de pesquisa..................................................................78

4.2. Mapeamento e avaliação do fluxo de valor.........................................................................78

5. Propostas de solução............................................................................................................117

5.1. Premissas e metodologia..................................................................................................117

5.2. Desenvolvimento das propostas de melhoria..................................................................117

5.3. Avaliação global das propostas........................................................................................141

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6. Análise Crítica.........................................................................................................................148

6.1. Levantamento das ações realizadas e não realizadas.....................................................148

6.2. Vantagens e desvantagens das propostas desenvolvidas...............................................150

6.3. Extrapolações e possibilidades de estudo........................................................................152

7. Síntese e conclusão...............................................................................................................153

8. Referências bibliográficas.....................................................................................................156

9. Anexos....................................................................................................................................161

10. Apêndice.................................................................................................................................164

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Componentes do sentimento do cliente e sentimentos expressos ante seu

atendimento ou não.

Figura 2: Matriz de classificação de clientes.

Figura 3: Estrutura hierárquica do Sistema Nacional de Trânsito.

Figura 4: Distribuição de leis de inspeção veicular por estado americano.

Figura 5: Distribuição demográfica dos entrevistados por gênero.

Figura 6: Distribuição demográfica dos entrevistados por idade.

Figura 7: Distribuição da avaliação do processo de vistoria segundo opinião dos

entrevistados.

Figura 8: Distribuição do nível de satisfação com processo de vistoria segundo opinião dos

entrevistados.

Figura 9: Distribuição do principal motivo de insatisfação com o processo de vistoria veicular

segundo opinião dos entrevistados.

Figura 10: Distribuição do tempo médio de jornada dos entrevistados.

Figura 11: Esquema gráfico da estrutura temática usada na busca por referências

bibliográficas.

Figura 12: Mapa de fluxo de valor para de uma empresa do setor produtivo.

Figura 13: Série histórica de artigos publicados por ano sobre a aplicação da filosofia lean em

serviços.

Figura 14: Artigos publicados sobre serviços lean por subcategorias.

Figura 15: Mapa de fluxo de valor cliente/provedor para a jornada de consumo/atendimento

em uma oficina mecânica

Figura 16: Eficiência das estações de trabalho (VENDRAMINI, 2016)

Figura 17: Eficiência das estações de trabalho - configuração proposta (VENDRAMINI, 2016)

Figura 18: Distribuição do tempo ideal de jornada na opinião dos entrevistados

Figura 19: Distribuição do tempo ideal de vistoria na opinião dos entrevistados

Figura 20: Distribuição do tempo ideal para recebimento do novo CRLV na Opinião dos

Entrevistados

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Figura 21: Trajeto percorrido do ponto inicial ao posto de vistoria veicular.

Figura 22: Representação esquemática do processo de vistoria e licenciamento anual de

veículos

Figura 23: Gráfico de tempos do processo de vistoria veicular – 1ª vistoria

Figura 24: Gráfico de tempos do processo de vistoria veicular – 2ª vistoria

Figura 25: Gráfico de Pareto referente ao 1° processo de vistoria veicular

Figura 26: Gráfico de Pareto referente ao 2° processo de vistoria veicular

Figura 27: Mapa de fluxo de valor do processo de vistoria veicular da 1º medição.

Figura 28: Mapa de fluxo de valor do processo de vistoria veicular da 2º medição.

Figura 29: Mapa de fluxo de valor do processo de vistoria veicular na visão do provedor – 1ª

medição.

Figura 30: Mapa de fluxo de valor do processo de vistoria veicular na visão do provedor – 2ª

medição.

Figura 31: Mapas de fluxo de valor consumo/provisão – 1° Processo de vistoria veicular.

Figura 32: Mapas de fluxo de valor consumo/provisão – 2° Processo de vistoria veicular.

Figura 33: Mapa do fluxo de valor para o 1º processo de vistoria veicular – Dimensão

financeira.

Figura 34: Mapa do fluxo de valor para o 2º processo de vistoria veicular – Dimensão

financeira.

Figura 35: Mapa do fluxo de valor para o 1º processo de vistoria veicular – Dimensão

experiência do consumidor.

Figura 36: Mapa do fluxo de valor para o 2º processo de vistoria veicular – Dimensão

experiência do consumidor.

Figura 37: Interfaces do aplicativo referente à CNH digital.

Figura 38: Representação esquemática do processo de vistoria in loco.

Figura 39: Gráfico de tempos estimados para a proposta vistoria in loco.

Figura 40: Gráfico comparativo entre os indicadores absolutos do processo de vistoria veicular

convencional e a proposta de vistoria veicula in loco.

Figura 41: Gráfico comparativo entre os indicadores absolutos do processo de vistoria veicular

convencional e a proposta de vistoria veicula in loco.

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Figura 42: Mapa de fluxo de valor para a proposta de vistoria veicular in loco.

Figura 43: Conexão OBD-II padrão.

Figura 44: Versões do dispositivo Engie para sistemas IOS e Android.

Figura 45: Interfaces do Aplicativo Engie.

Figura 46: Representação esquemática do processo de vistoria e licenciamento reformulado

pela proposta de vistoria veicular digital.

Figura 47: Gráfico de tempos estimados para a proposta vistoria veicular digital.

Figura 48: Gráfico comparativo entre os indicadores absolutos do processo de vistoria veicular

convencional e a proposta de vistoria veicular digital.

Figura 49: Gráfico comparativo entre os indicadores absolutos do processo de vistoria veicular

convencional e a proposta de vistoria veicular digital.

Figura 50: Mapa de fluxo de valor para a proposta de vistoria veicular digital.

Figura 51: Matriz de soluções padrão, conforme WOMACK e JONES, 2006.

Figura 52: Matriz de soluções para as propostas formuladas

Figura 53: Gráfico representativo da Matriz de soluções para os processos em estudo.

Figura 54: Modelo de matriz custo-tempo consumidor/provedor.

Figura 55: Matriz custo-tempo representativa das propostas de solução formuladas.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Dados gerais da operação de renovação de habilitações

Tabela 2: Dados gerais da operação de renovação de habilitações - configuração proposta

Tabela 3: Tempos padrões para as etapas-fim do processo de vistoria na visão do autor do

estudo.

Tabela 4: Tempos medidos para o processo de vistoria veicular - 1ª vistoria

Tabela 5: Tempos medidos para o processo de vistoria veicular - 2ª vistoria

Tabela 6: Tempos medidos para o primeiro processo de vistoria veicular

Tabela 7: Indicadores absolutos obtidos para o primeiro processo de vistoria veicular

Tabela 8: Indicadores relativos obtidos para o primeiro processo de vistoria veicular

Tabela 9: Tempos medidos para o segundo processo de vistoria veicular

Tabela 10: Indicadores absolutos obtidos para o segundo processo de vistoria veicular

Tabela 11: Indicadores relativos obtidos para o segundo processo de vistoria veicular

Tabela 12: Tempos estimados para o 1º processo de vistoria veicular na visão do provedor

Tabela 13: Tempos estimados para o 2º processo de vistoria veicular na visão do provedor

Tabela 14: Mensuração do custo associado ao processo de vistoria veicular – 1ª vistoria

Tabela 15: Mensuração do custo associado ao processo de vistoria veicular – 2ª vistoria

Tabela 16: Tempos estimados para as etapas da proposta de vistoria in loco.

Tabela 17: Indicadores absolutos da proposta vistoria in loco.

Tabela 18: Indicadores relativos da proposta de vistoria in loco.

Tabela 19: Comparação entre os indicadores absolutos do processo de vistoria veicular

convencional e a proposta de vistoria veicula in loco.

Tabela 20: Comparação entre os indicadores relativos do processo de vistoria veicular

convencional e a proposta de vistoria veicula in loco.

Tabela 21: Tempos estimados para as etapas da proposta vistoria veicular digital.

Tabela 22: Indicadores absolutos da proposta vistoria digital

Tabela 23: Indicadores relativos da proposta de vistoria digital

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Tabela 24: Comparação entre os indicadores absolutos do processo de vistoria veicular

convencional e a proposta de vistoria veicula digital.

Tabela 25: Comparação entre os indicadores relativos do processo de vistoria veicular

convencional e a proposta de vistoria veicula digital.

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Comparativo entre Abordagens Acadêmico-Científica e Empreendedora-

Tecnológica.

Quadro 2: Exemplos e impactos da implementação do pensamento lean no setor público.

(RADNOR, 2010)

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GLOSSÁRIO

• ANTT - Agência Nacional de Transportes Terrestres

• App store – Plataforma para smartphones e tablets onde é possível baixar e comprar

aplicativos Apple

• BRT – Bus Rapid Transport

• CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

• Carter - Recipiente metálico que protege e assegura a lubrificação de certos mecanismos

do veículo

• CETRAN - Conselho Estadual de Trânsito

• CINETRAN - Circunscrição Regional de Trânsito

• CIRETRAN - Circunscrição Regional de Trânsito

• CNH - Carteira Nacional de Habilitação

• CO – Monóxido de Carbono

• CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente

• CONEMA - Conselho Estadual do Meio Ambiente

• CONTRAN - Conselho Nacional de Trânsito

• CPF – Cadastro de Pessoa Física

• CRLV - Certificado De Registro E Licenciamento De Veículo

• CRV - Certificado de Registro de Veículo

• CTB - Código de Trânsito Brasileiro

• DENATRAN - Departamento Nacional de Trânsito

• DER - Departamento de Estradas de Rodagem

• DETRAN – Departamento de trânsito

• DNIT - Departamento Nacional de Infraestrutura de transportes

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• EBTIDA - sigla em inglês para Earnings before interest, taxes, depreciation and

amortization. Em português, “Lucros antes de juros, impostos, depreciação e

amortização”

• Gemba – Expressão japonesa para “Local onde o valor é criado” ou local onde o trabalho

é executado”. Podendo ser entendido como o chão de fábrica.

• GNV – Gás Natural Veicular

• Google play - Plataforma para smartphones e tablets onde é possível baixar e comprar

aplicativos Android

• HC – Hidrocarbonetos

• JARI - Junta Administrativa de Recursos de Infrações

• Market Share - Expressão de língua inglesa para “fatia do mercado”

• MFV – Mapa de fluxo de Valor

• NOx – Óxidos de Nitrogênio

• OBD – Sigla e inglês para On-Board Diagnostics (diagnóstico a bordo)

• PRF – Polícia Rodoviária Federal

• QR Code - Código QR (sigla do inglês Quick Response, reposta rápida em português) é

um código de barras bidimensional que pode ser escaneado usando celulares equipados

com câmera.

• Refor - Rede Estadual de Formação e Habilitação de Condutores

• Renach - Registro Nacional de Condutores Habilitados.

• Renavam - Registro Nacional de Veículos Automotores

• RG – Registro geral (identidade civil)

• Rpm – rotações por minuto

• SAT - Serviço Auxiliar de Trânsito

• SNT - Sistema Nacional de Trânsito

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1. INTRODUÇÃO

1.1. FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

1.1.1. Reflexões sobre o processo de consumo e o serviço público brasileiro

Ao se pensar sobre a evolução da sociedade moderna, e mais especificamente sobre as

organizações, conclui-se que estas foram e são criadas com um propósito em comum:

atender às necessidades de seus clientes. Seja resolvendo seus problemas ou facilitando

suas atividades diárias, produtos, serviços e tecnologia são desenvolvidos a partir da

identificação de necessidades não atendidas ou sub atendidas. Logicamente, não se pode

excluir o lucro como principal razão de ser das instituições, entretanto este jamais será

alcançado, se não suprir o anseio de um determinado público, adicionalmente, a geração de

riqueza enquanto valor financeiro se limita a organizações de fins lucrativos, enquanto que

o atendimento às necessidades sociais, abrange até mesmo organizações sem fins

lucrativos, incluindo com isso as instituições públicas.

Dessa forma percebe-se uma intensa competição entre inúmeras organizações, que buscam

de forma incessante agregar valor aos seus clientes, a fim de fidelizá-los e com isso lograr

o tão sonhado crescimento, pela ampliação de seu market share.

Entretanto, de forma até mesmo irônica, as empresas como um todo passaram anos de sua

existência direcionando seus esforços no desenvolvimento de produtos e serviços cada vez

melhores, esquecendo-se da jornada de consumo do cliente, formada desde a identificação

de uma necessidade que este venha a ter por um produto ou serviço, até o momento de sua

desvinculação, que no caso dos produtos se dá pelo descarte do bem utilizado. Muitas são

as empresas que oferecem excelentes produtos, bens e serviços, mas impõem jornadas de

consumo imersas em filas, esperas, falta de suporte técnico, dificuldade de pagamentos,

etc.. Quem já não se deparou com o desejo de comer em determinado restaurante, mas

desistiu por se lembrar da longa fila que certamente teria de enfrentar? Repare que o fato

de o restaurante apresentar longas filas remete a este oferecer um produto e/ou serviço de

qualidade, entretanto perde parte do seu potencial de vendas ou fica vulnerável à

competidores mais eficientes por não proporcionar uma jornada de consumo mais agradável

a seus clientes.

O problema se agrava ainda mais quando os olhares são voltados para o setor público,

especialmente no contexto brasileiro, onde a falta de competitividade e até mesmo a

permanecia das organizações independem da satisfação dos cidadãos, ainda que, em tese,

tais instituições devessem primar pelo atendimento de qualidade e aos

interesses/necessidades da sociedade.

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como afirma DEMING [1]:

...a qualidade do serviço público não é mensurável pela "conquista de um

mercado de clientes", já que, enquanto serviço, as repartições têm um

universo de clientes já definido. No entanto, a não correlação com o mercado

não isenta o serviço público de ser executado com qualidade. Deve-se,

desta forma, atender aos objetivos em função dos quais foi instituído como

serviço público a ser prestado à sociedade, primando pela excelência no

atendimento.

Em tais situações observa-se o que se denomina de “clientes reféns”, figurado por indivíduos

que se sujeitam ao consumo de serviços de péssima qualidade por obrigação, necessidade

ou falta de opção.

Segundo pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) sobre a

percepção de qualidade dos serviços públicos brasileiros, a saúde e a segurança têm as

piores avaliações entre os 13 serviços analisados, recebendo os índices mais baixos (20 e

22 pontos - em uma escala em que valores superiores a 50 representam que a parcela da

população que considera o serviço de alta ou muita qualidade é superior à que considera de

baixa ou muito baixa qualidade). Nenhuma das opções alcançou índice acima dos 50 pontos.

Os que tiveram a melhor avaliação foram o fornecimento de energia elétrica e os Correios,

com 48 e 46 pontos, respectivamente. A pesquisa foi feita em parceria com o Ibope e

entrevistou 2.002 pessoas em 143 municípios, entre os dias 17 e 20 de março de 2016. [2]

Muitos países vêm implementando técnicas de gestão empresarial para a melhoria de

processos e maior satisfação dos cidadãos. Em seu livro “Lean for the Public Sector”

TEEUWEN (2014, prefácio xi) [3] afirma que:

Há um movimento no setor público para reconhecerem os indivíduos como

clientes do governo [...] o setor público incorporou os princípios da gestão

moderna e processos de mercado e está preocupado com a administração

e com a condução do desenvolvimento da sociedade.

1. Portal Educação, “A qualidade no serviço público” (Apud. DEMING, 1995), Disponível em https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/educacao/a-qualidade-noservico-publico/45505 Acessado em 07/08/2018

2. http://www.portaldaindustria.com.br/agenciacni/noticias/2016/07/90-dos-brasileiros-dizem-que-qualidade-dos-servicos-publicos-deveria-ser-melhor-considerando-o-valor-dos-impostos-2/ Acessado em 01/08/2018

3. TEEUWEN, BERT. “Lean for the Public Sector, The Pursuit of Perfection in Government Services”. Broken Sound Parkway NW, 2014, CRC Press Taylor & Francis Group, Prefácio. xi.

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Há de se observar também a existência de planos e ações dos órgãos públicos brasileiros

para a melhoria da qualidade, eficiência, eficácia e efetividade dos serviços prestados,

entretanto a rigidez e burocracia do sistema gera diversas barreiras, que impedem a

evolução dos serviços prestados. Ainda assim o desenvolvimento de processos que

possibilitem o atendimento adequado à população, deve ser perseguido como forma de

construir uma sociedade geradora de bem-estar e qualidade de vida para todos.

A filosofia lean desenvolvida por Taiichi Ohno, cerne do sistema Toyota de produção, tem

se mostrado extremamente eficaz na melhoria de processos no setor de serviços e mais

recentemente em jornadas de consumo propriamente ditas (Apud. WOMACK e JONES,

2006), promovendo aumentos significativos do valor agregado ao consumidor.

Adicionalmente relata-se com certa frequência sua aplicação em organizações do setor

público, e os expressivos resultados alcançados. Neste contexto, destaca-se a utilização de

uma ferramenta específica da gestão lean, sendo esta o mapa de fluxo de valor, uma

representação gráfica do valor e desperdícios presentes nos processos de manufatura,

prestação de serviços ou jornadas de consumo.

1.2. DEFINIÇÃO DO CAMPO DE ESTUDO E MOTIVAÇÃO

Dentre muitas opções de órgão públicos e processos de serviço por estes oferecidos escolheu-

se o Departamento de Trânsito do Estado do Rio de Janeiro (DETRAN RJ) e o processo de

vistoria veicular, como campo de estudo para a proposta do presente trabalho, haja vista o

impacto impresso na sociedade e a grande quantidade de estudos já realizados em outros

setores, especialmente o de saúde.

O órgão, hoje, apresenta diversas atribuições, como o registro de veículos, legalização de

processos de venda e mudança de propriedade, habilitação de condutores, entre muitos outros

ligados ao trânsito fluminense. Adicionalmente, desde o ano de 1999, também é responsável

por processos de identificação e registro civil, antes realizados pelo Instituto de Identificação

Félix Pacheco.

Com tantas atribuições, acaba por atender diariamente milhares de cidadãos, acumulando com

isso uma elevada quantidade de processos, que naturalmente não conseguem ser absorvidos

pelos agentes públicos em um tempo aceitável para a população, sendo esta obrigada a esperar

longos períodos por suas resoluções.

O processo de vistoria veicular em particular, deve ser feito anualmente, tendo como objetivo

garantir que os veículos em trânsito distrital estejam em condições mínimas de segurança e

sustentabilidade ambiental, não oferecendo riscos ao próprio condutor ou aos demais cidadãos,

nem agredindo de forma excessiva o meio ambiente por suas emissões.

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Segundo dados estatísticos do próprio DETRAN RJ cerca de 3.424.138 veículos estariam

obrigados a comparecerem aos postos para realizarem a vistoria anual (considerando apenas

veículos fabricados de 2000 – 2013, uma vez que são isentos da vistoria veículos com até 5

anos de fabricação) [4].

Entretanto o processo sofre recorrentemente com demasiadas ineficiências, como longas filas,

atendimento demorado, dificuldade no agendamento, falhas/lentidão nos sistemas e

lamentáveis casos de fraude resultantes de esquemas de corrupção. Tais fatores impactam

profundamente a qualidade de serviço percebida pelo cliente/cidadão, aumentando com isso o

nível de insatisfação, representado pela grande quantidade de reclamações recebidas.

Como já mencionado, por ser um procedimento de cunho obrigatório a nível estadual afeta

milhões de pessoas. Desta forma, o estudo, análise e a implementação de melhorias na

operação poderia representar impacto demográfico significativo, representando assim uma

grande oportunidade de estudo.

1.3. DEFINIÇÃO DO OBJETIVO

Haja vista as reflexões desenvolvidas e de forma a formalizar o objetivo a ser perseguido,

estabelece-se, que o presente estudo se dedica a aplicar a filosofia lean e suas técnicas em

uma jornada de consumo, visando a proposição de reformulações do processo de vistoria

veicular vigente no Estado do Rio de Janeiro.

Espera-se com isso eliminar etapas do processo que não agreguem valor ao consumidor,

melhorando sua experiencia de consumo como um todo. Paralelamente objetiva-se que tais

propostas não imprimam custos elevados aos cofres públicos ou à população.

O trabalho ainda contempla alguns objetivos específicos cuja explicitação se mostra

interessante.

1.3.1. Objetivos específicos

Como objetivos particulares do projeto estabelecem-se:

• Uma investigação, nas bases de referências mais conceituadas, quanto ao o

limiar dos estudos sobre a aplicação do pensamento lean a processos de

consumo e mais especificamente a processos de vistoria veicular, pretendendo-

se com isso, avaliar a proposta do trabalho em termos de sua inovação.

4. http://www.detran.rj.gov.br/_estatisticas.veiculos/06.asp. Acessado em 20/08/2018

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• Expandir os horizontes e possibilidades de aplicação do mapeamento do fluxo

de valor ao consumo, pela avaliação de outros fatores além do tempo como

parâmetro de valor/desperdício impresso ao cliente.

• A aplicação e avaliação de novas ferramentas para análise do fluxo de valor em

jornadas de consumo, sendo estas o modelo matemático de quantificação do

fluxo de valor JARDIM (2014) e a matriz de custo-tempo JARDIM (2018).

• A formulação de uma base para a aplicação do pensamento lean e reformulação

de jornadas de consumo envolvendo serviços públicos

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1.4. ABORDAGEM/ METODOLOGIA APLICADA

Ao logo de todo o estudo foram aplicados diversos conceitos e linhas de raciocínio que

compõem a abordagem e metodologia aplicada, de forma que se torna difícil uma definição

única da mesma.

Em linhas gerais o trabalho foi pautado por uma abordagem empreendedora-tecnológica,

valorizando-se a profundidade em detrimento da amplitude.

A metodologia aplicada na análise na situação problema foi o estudo de campo in loco

representado pela vivencia do processo estudado.

Com os dados em mãos procedeu-se a sua aplicação ao modelo matemático de quantificação

do fluxo de do valor e desperdício proposto por JARDIM (2014), capaz de analisar o fluxo de

valor do processo de consumo. Adicionalmente foram estruturados mapas de fluxo de valor

(Value Stream Map - VSM) representativos do processo.

Tais ferramentas possibilitaram a obtenção de visões qualitativas e quantitativas da operação,

fornecendo insumos valiosos para a formulação de propostas de melhoria, para as quais

utilizou-se a metodologia do sistema ideal* como base de raciocínio.

Finalmente, as propostas foram avaliadas criticamente, pelas próprias ferramentas

anteriormente utilizadas, pela matriz de soluções (WOMACK E JONES, 2006), pela matriz de

custo-tempo (JARDIM, 2018) e de pelas próprias percepções do autor na posição de

consumidor do serviço.

Em resumo pode-se elencar os seguintes componentes da Abordagem/metodologia global do

trabalho:

• Abordagem empreendedora-tecnológica;

• Profundidade em detrimento da amplitude;

• Estudo de campo in loco;

• Metodologia do sistema ideal.

Cada elemento é explicado e justificado a seguir

* A metodologia do sistema ideal é detalhada na seção 1.4.3.

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1.4.1. Abordagem Empreendedora-Tecnológica/ Acadêmico Científica

O presente trabalho apresenta sua formulação e estrutura pautada em duas diferentes

abordagens, formuladas por JARDIM (2011) as quais denominou: abordagem

empreendedora-tecnológica e abordagem acadêmico-científica.

Uma abordagem empreendedora-tecnológica, pauta sua causa e origem no reconhecimento

de um problema, ineficiência, anseio ou necessidade massiva do meio social (potencial

mercado consumidor) que careça de resolução ou suprimento. Dessa forma são

identificadas oportunidades no desenvolvimento de produtos e serviços que possam ser

efetivamente transformadas em negócios geradores de riqueza e bem-estar social.

Por outro lado, uma abordagem acadêmica-cientifica, tem como objetivo principal a geração/

agregação de informações, explorando a fronteira do conhecimento em determinado campo

de pesquisa e adicionando-lhe novas contribuições, sem necessariamente se ater à

aplicabilidade prática do estudo.

Na presente obra a abordagem empreendedora-tecnológica se deu pela identificação de um

problema social, sendo este a ineficiência dos serviços públicos, e proposições de uma

metodologia para avaliação e melhoria do processo, aplicável a outros serviços públicos.

Apesar de não ser o principal foco do trabalho a abordagem acadêmico-científica se fez

presente à medida em que buscou-se descobrir, na literatura vigente, se o mapa de fluxo de

valor na visão do cliente/consumidor em serviços públicos de vistoria veicular, já fora

aplicado em algum estudo, ou que houvessem obras que ajudassem a embasar o projeto

de forma específica. Com isso buscou-se conhecer a fronteira do conhecimento na área e

possivelmente contribuir para a adição de novas informações. O quadro 1 apresenta as

principais diferenças entre as abordagens mencionadas. [5]

5. JARDIM, EDUARDO G. material de aula. “A engenharia de produção e a visão empreendedora-tecnológica”. 2011. p. 2

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Quadro 1: Comparativo entre Abordagens Acadêmico-Científica e Empreendedora-Tecnológica.

Fonte: JARDIM, 2011, p. 2

5. JARDIM, EDUARDO G. material de aula. “A engenharia de produção e a visão empreendedora-tecnológica”. 2011. p. 2

Etapas Típicas de Desenvolvimento do Projeto de Pesquisa

Princípios e Abordagens

Visão Acadêmico-Científica

Visão Empreendedora- Tecnológica

Identificação do problema

Centrada na fronteira do conhecimento

humano, em estudos setoriais, questões

estratégicas, humanitárias e

universais.

Centrada em oportunidades de desenvolvimento tecnológico identificadas em (ou propostas por)

empresas ou instituições

Definição do objetivo

Centrada em revisão bibliográfica dos últimos

avanços publicados

Centrada em estágio do aluno, pesquisador, ou professor na empresa ou instituição selecionada

para experiência- piloto

Filosofia de expansão dos resultados

Solução genérica e a seguir particularizada

caso a caso

Solução piloto e a seguir ampliada para abranger um universo mais amplo de empresas/instituições com

sistema de produção semelhante

Fonte natural do investimento

Governamental

Contra-partidas das empresas e eventual presença governamental

Fonte natural do custeio

Governamental

Através de parceiros

Política de retorno ao aluno, pesquisador, ou professor

Salário e/ou bolsa fixa

Salário e/ou remuneração variável

Produto intermediário do trabalho

Notas técnicas e relatórios com

ensaios, testes e avaliação

tecnológica

Participação em congressos, teses e artigos publicados

Produto final do trabalho

Participação em congressos, teses e artigos publicados

Tecnologia em uso efetivo nas empresas ou instituições

Avaliação de desempenho (indicadores)

Artigos publicados em revistas/ jornais indexados,

conferências em congressos internacionais, com conselhos editoriais, prêmios e condecorações.

Produtos absorvidos pelo mercado, patentes e softwares em uso, novos negócios, novas

empresas, novos empregos, lucros gerados e impostos pagos.

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1.4.2. Estudo de campo in loco (ida ao gemba)

Em sua obra “Soluções enxutas” [6] WOMACK e JONES (2006, p. 9) defendem que, para se

conhecer evidentemente um processo, de forma a identificar suas forças, fraquezas e

oportunidades de melhoria, deve-se ir ao gemba (palavra japonesa que significa, local onde

o trabalho é realmente feito), pois é lá onde o valor é realmente criado. Dessa forma cada

organização como provedora de um produto ou serviço possui seus “gembas”: a cozinha de

um restaurante, a chão de fábrica de uma montadora, o balcão de atendimento de um banco,

o centro de distribuição de um operador logístico, etc. Assim como o consumidor: a mesa

em um restaurante, viagens diárias em um veículo, a fila de um banco, o estoque para

recebimento de mercadorias, etc.

Como o autor propõe o objetivo é que se tenha uma visão de todas as etapas que o

consumidor deve desempenhar para a resolução de seus problemas (se alimentar, pagar

uma conta, obter um produto ou, no caso em estudo, regularizar a documentação de seu

veículo). A seguir questiona-se cada etapa, analisando sua adição ou não de valor e qual

sua real necessidade dentro do processo. A partir daí eliminam-se as etapas que não

agregam valor e potencializam-se as geradoras de valor.

Dessa forma, a fim de proporem-se melhorias significativas ao processo, agregando o

máximo de valor possível ao consumidor e ao provedor, o presente projeto se propôs a

estudá-lo, mapeando detalhadamente cada uma de suas etapas, por meio de experiencias

de consumo reais, em campo, vivenciando-se a jornada de consumo como cliente, onde

foram coletados dados e informações relevantes para o estudo.

1.4.3. Metodologia do sistema ideal

Prosseguindo na abordagem do problema o próximo passo foi a proposição de melhorias no

processo vigente segundo visão da gestão lean. Para tanto aplicou-se a metodologia do

sistema ideal, na qual, partindo-se de um sistema ideal, teórico, onde só houvessem etapas

fim (geradoras de valor), acrescentam-se a este, realística e minimamente etapas

associadas inevitáveis (geradoras de desperdício). Em caso de adição de tais etapas, e com

isso a imposição de desperdícios ao sistema, propor meios agregar a estes, valores

complementares e/ou subsidiários* de forma a atenuá-los.

* Os conceitos de valores complementares e subsidiários são apresentados na seção 4.3.1

6. WOMACK, P. W. E JONES, D. T.: “Soluções Enxutas (Lean Solutions): Como empresas e clientes conseguem juntos criar

valor e riqueza.” Ed. Campus (Elsevier) / 2006.

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Em suma a metodologia propõe uma linha de raciocínio reverso ao usual, ou seja, ao invés

de se pensar no estado atual e eliminar os desperdícios vigentes, imagina-se em um estado

ideal, sem desperdícios, e acrescentam-se, desperdícios mínimos e inevitáveis. Com isso

procura-se ampliar os horizontes de pensamento, quebrando barreiras impostas pela visão

do estado atual e amplificando a possibilidade de propostas mais disruptivas e inovadoras.

1.4.4. Profundidade em detrimento da amplitude

Valorizar a profundidade em detrimento da amplitude significa dizer que, de forma geral,

procurou-se estudar uma situação em um nicho específico de forma mais detalhada

possível, ao invés de amplificar-se os horizontes de forma mais genérica. Com isso

objetivou-se a obtenção de resultados mais concretos que possam ser aplicados e

extrapolados para outras situações.

1.5. DELIMITAÇÕES DO ESTUDO

A fim de delinear as fronteiras do estudo, esta seção se dedica a estabelecer suas limitações.

Como principais limites são estabelecidos os seguintes pontos:

• Análise do processo de vistoria veicular restrito a veículos de passeio: dessa forma não

foram avaliados, procedimentos para motocicletas, caminhões, ônibus e outros, que,

devido às suas características estruturais distintas, acabam por tornar o processo, suas

etapas componentes, assim como o tempo necessário para sua conclusão, igualmente

distintos;

• O estudo não contemplou uma experimentação ou projeto piloto das propostas, devido

a limitações técnicas, financeiras e estruturais;

• O trabalho não se dedicou ao detalhamento dos projetos técnicos exigidos por uma das

propostas a ser apresentada, que, apesar da possibilidade de agregar-lhe mais

conteúdo, fugiriam a um dos principais propósitos estabelecidos, qual seja, a proposição

de melhorias do processo de consumo;

• Como anteriormente estabelecido, a pesquisa foi limitada ao contexto do departamento

de trânsito do Estado do Rio de Janeiro, não abarcando outros estados do território

nacional;

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• Em relação ao campo físico, o estudo se limitou a visita e análise do processo de vistoria

veicular de um único posto, não mensurando a eficiência dos processos e em outras

unidades presentes no município ou fora deste;

• A vistoria veicular realizada não contemplou um processo à parte dedicado a averiguar

sistemas de instalação de gás natural veicular (GNV), em veículos que assim o possuam,

justamente por se configurar como uma operação distinta.

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2. O CONTEXTO – DESCRIÇÃO E ANÁLISE DETALHADA DA SITUAÇÃO

2.1. PERCEPÇÃO DA QUALIDADE EM SERVIÇOS E OS TIPOS DE CLIENTES

2.1.1. Qualidade em serviços

Haja vista o propósito basal do presente projeto, qual seja, a melhoria da experiencia do

cliente/cidadão em um processo de consumo em um serviço público, é interessante explorar-

se a percepção de qualidade em serviços e a tipologia na qual este cliente se enquadra em

um universo existente. Objetiva-se assim caracterizar-se público alvo, de forma a melhor

atendê-lo.

O conceito de qualidade apresenta uma abrangencia bem ampla sendo uma tarefa complexa

o pleno atendimento de todas as suas dimensões. MONTGOMERY (2004, p.2) define oito

dimensões de qualidade em produtos, sendo estas:

1. Desempenho - diz respeito a capacidade de o produto realizar a tarefa ou propósito

a que se destina;

2. Confiabilidade – se o produto apresenta uma baixa probabilidade de apresentar

falhas;

3. Durabilidade – basicamente se refere a vida útil do produto;

4. Assistencia técnica – mede a facilidade de se encontrar rede credenciada ao

conserto do produto ou auxílio em seu uso;

5. Estética – está ligado ao design do produto;

6. Características – representa as funcionalidades disponíveis no produto;

7. Qualidade percebida – diz respeito à reputação da marca;

8. Conformidade às especificações – avalia se o produto foi feito conforme projetado.

Por outro lado, quando analisa-se a prestação de serviços e o consumo, a qualidade

percebida se resume ao sentimento impresso ao consumidor, sendo este composto pelo

pleno atendimento, ou não, de suas expectativas, necessidades e desejos.

As expectativas e desejos de um cliente refletem anseios internos que se perguntados ele

não externaliza. As necessidades são anseios básicos que o cliente espera serem

minimamente atendidos.

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Expectativas e desejos quando atendidos geram sentimentos positivos enquanto que

necessidades atendidas geram sentimento neutro. O não atendimento dos desejos geram

sentimentos neutros enquanto que expectativas e necessidades não atendidas geram

sentimentos negativos. O quadro apresentado na figura 1 esquematiza as idéias

apresentadas:

Figura 1: Componentes do sentimento do cliente e sentimentos expressos ante seu

atendimento ou não. (JARDIM, 2013)

Para que os desejos do cliente possam ser conhecidos os provedores devem “vivenciar” o

cliente, ou seja, conhecer em profundidade sua rotina, frustrações e jornadas de consumo.

As necessidades por sua vez são conhecidas simplesmente perguntando-as ao cliente.

Finalmente as expectativas são descobertas através do conhecimento do negócio e da

concorrencia.

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2.1.2. Tipos de clientes

Segundo JARDIM (2013), em referencia aos trabalhos de JHONSON e CLARK (2002) os

clientes podem ser classificados segundo uma combinação de suas atitudes (pré-

disposição/ interesse) e atividades (grau de exigência/ cobrança). Os quais são

apresentados como segue:

• Clientes Campeões são os melhores tipos de clientes pois são aqueles que

apresentam uma atitude extremamente positiva quanto aos produtos ou serviços

prestados e agem ativamente promovendo-os a potenciais clientes e ou colaborando

para a melhoria da marca. Caracterizam-se pelo que atualmente conhecemos como

“brandlovers”. Um exemplo bem conhecido são usuários dos produtos apple

• Clientes Aliados possuem sentimento positivo quanto à provisão e apresenta-se

colaborativo na sugestão de melhorias para a organização, porém em intensidade

menor em relação aos clientes campeões

Em geral as organizações devem trabalhar para tornar outros tipos de clientes em um desses

clientes.

• Clientes Tolerantes são praticamentes imperceptíveis aos olhos do provedor,

apresentando uma atidute positiva quanto ao produto ou serviço prestado, porém

passiva. Em caso de possuirem insatisfações, não as externalizam nem exigem

melhorias, modificações ou reclamam de alguma forma, por outro lado também não

promovem a marca, mesmo em caso de apresentarem satisfação em relação ao

provedor.

• Clientes Pacientes diferem dos tolerantes por se expressarem um pouco mais

quanto suas percepções sobre qualidade do produto ou serviço, mas ainda sim

apresentam uma atitude passiva.

Nestes casos, a fim de tornar tais clientes Campeões, o provedor deve abrir uma linha de

comunicação de forma a se aproximar destes, estimulando-os a expressar suas percepções

e de participarem de forma colaborativa para a melhoria da qualidade da oferta.

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• Clientes Vitimas são aqueles que apresentam uma atitude negativa em relação à

provisão e são passivos, ou seja, não estão satisfeitos com os produtos ou serviços

ofertados, e não exigem melhorias ou expressam insatisfação. Apenas aceitam o que

lhes é oferecido.

• Clientes Incompetentes, também apresentam atitudes negativas, demosntrando

certa insatisfação, porém não sabem o que desejam, ou o que o provedor deve fazer

para tornar o serviço melhor.

Diante de tais clientes o provedor deve buscar uma interação mais profunda, praticamente

aconselhando-se com os mesmos a fim de extrair-lhes maneiras de melhor atendê-los, para

torná-los campeões.

• Clientes Reféns são clientes insatisfeitos com a provisão, porém apresentam

atividade limitada em termos de exigencias ou cobranças por melhorias, devido à

obrigatoriedade, falta de opção ou necessidade de consumir os produtos e serviços

ofertados por uma organização específica. Exemplos comuns são consumidores de

serviços públicos ou clientes de empresas monopolistas.

• Clientes Intolerantes, são aqueles que demonstram ativamente sua insatisfação

diante de qualquer detalhe que lhe desagrade, externalizando-as atraves de

reclamações e críticas constantes. Apresentam a característica de impor estresse ao

provedor.

• Clientes Anarquistas, são clientes em um grau mais severo do que os intolerantes

pois além de reclamarem ativamente apresentam o desejo de impor mudanças na

forma pela qual o serviço é prestado, tentando tomar o controle da operação.

Para tais clientes o provedor deve promover seu envolvimento com a operação, trazendo-

lhes visibilidade e abrindo a possibilidade de que exponham sua visão de como o serviço

deveria ser prestado ou o produto fabricado.

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• Cliente Terrorista são o tipo mais crítico de clientes pois apresentam uma atitude

extremamente negativa e ativa quanto ao provedor, externalizando seus sentimentos

através da destruição física das instalações ou degradação ideológica da marca,

quando promovem suas frustrações para outros clientes ou potenciais clientes,

figurando-se como um detrator da organização.

Diante de tais clientes o provedor não apresenta escolha a não ser sua exclusão, ou seja, a

interrupção na prestação de serviço ou fornecimento de um produto.

A figura 2 apresenta uma matriz esquemática onde as tipologias dos clientes apresentadas

são alocadas em quadro quadrantes organizados quanto a atitude e atividade dos mesmos

diante da provisão.

Figura 2: Matriz de classificação de clientes (JARDIM, 2013)

Como mencionado anteriormente os clientes alvo deste estudo se enquadram como clientes

reféns uma vez que apresentam obrigatoriedade de submeterem seus veículos ao processo

de vistoria veicular de forma a regularizerem seus registros, adicionalmente a única

organização com atribuições consedidas pelo governo a prestar este serviço é o DETRAN

RJ, conferindo uma espécie de “monopólio” do serviço.

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2.2. CONTEXTUALIZAÇÃO DO SISTEMA NACIONAL DE TRÂNSITO E DO DETRAN-RJ

2.2.1. Estrutura do sistema Nacional de trânsito

O Sistema Nacional de Trânsito (SNT) foi instituído pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB)

com o objetivo de garantir a administração, coordenação e padronização trânsito em

território nacional. CARDOSO (2015) descreve a estrutura do SNT como:

Um conjunto de órgãos e entidades de trânsito, seja normativo, consultivo ou

executivo, pertencentes à União, aos Estados, Distrito Federal e Municípios,

que se integram, com a finalidade de exercício das atividades de

planejamento, administração, normatização, pesquisa, registro e

licenciamento de veículos, formação, habilitação e reciclagem dos

condutores, educação, engenharia, operação do sistema viário, policiamento,

fiscalização, julgamento de infrações e de recursos e aplicação de

penalidade. [7]

Dessa forma o SNT é dividido em hierarquias.

A coordenação máxima é atribuída ao Ministério das Cidades criado em janeiro de 2003 com

os objetivos de combater as desigualdades sociais, transformar as cidades em espaços mais

humanizados e ampliar o acesso da população a moradia, saneamento e transporte.

O Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN) figura como órgão máximo normativo,

consultivo e coordenador da política nacional de trânsito, responsável pela regulamentação

do CTB.

O Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN) apresenta-se como o órgão máximo

executivo tendo como finalidade principal fiscalizar e fazer cumprir a legislação de trânsito e

a execução das normas e diretrizes estabelecidas pelo CONTRAN, além disso, possui a

atribuição de supervisionar e coordenar os órgãos responsáveis pelo controle e fiscalização

da execução da Política Nacional de Trânsito.

Em seguida temos o Departamento Nacional de Infraestrutura de transportes (DNIT) como

uma autarquia federal brasileira vinculada ao Ministério dos Transportes responsável pela

manutenção, ampliação, construção, fiscalização, e elaboração de estudos técnicos para a

resolução de problemas relacionados ao Sistema Federal de Viação como também do

tráfego multimodal de pessoas e bens, nos modais rodoviário, ferroviário e hidroviário.

7. CARDOSO, Luiz Eduardo dos Santos. Sistema Nacional de Trânsito. Conteúdo Jurídico, Brasília-DF: 02 mar. 2015.

Disponível em: <http://www.conteudojuridico.com.br/?artigos&ver=2.52617&seo=1>Acessado em 08/08/2018

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A partir desta deste nível hierárquico se encontram os órgãos com atuação em esferas

estaduais, sendo estes:

Os Conselhos Estaduais de Trânsito (CETRAN’s) como órgãos normativos, consultivos e

coordenadores de cada estado.

Os Departamentos Estaduais de Trânsito (DETRAN’s), como órgãos do Poder Executivo

Estadual que fiscalizam o trânsito de veículos terrestres em suas respectivas jurisdições, no

território Brasileiro. Entre suas atribuições está a determinação das normas para formação

e fiscalização de condutores.

Os Departamentos de Estradas de Rodagem (DER’s) são órgãos executivos rodoviários dos

estados e do Distrito Federal, com jurisdição sobre as rodovias e estradas estaduais de sua

sede. São departamentos responsáveis pela administração de rodovias estaduais no Brasil,

subordinados aos governos estaduais de suas respectivas unidades federativas.

Finalmente na base do SNT se encontram órgãos como a Polícia Rodoviária Federal (PRF),

a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), as Polícias Militares estaduais e as

Juntas Administrativas de Recursos de Infrações (JARI’s). [8] A figura 3 esquematiza a

estrutura hierárquica do SNT

Figura 3: Estrutura hierárquica do SNT

Fonte: https://eutenhodireito.com.br/siglas-significado-ctb-detran-jari-cnh/ Acessado em 08/08/2018

8. https://eutenhodireito.com.br/siglas-significado-ctb-detran-jari-cnh/ Acessado em 08/08/2018

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2.2.2. Sobre o DETRAN RJ [8]

Como anteriormente discorrido o Departamento de Trânsito do Rio de Janeiro (DETRAN RJ)

é o órgão do poder executivo estadual responsável pela fiscalização e cumprimento da

legislação cabível em sua Jurisdição. A presente seção do estudo se destina a detalhar as

principais características desta organização afim de contextualizá-la.

• Nome: Departamento de trânsito do Estado do Rio de Janeiro

• Sede: Avenida Presidente Vargas, 817 - Centro da cidade do Rio de Janeiro.

• Site: http://www.detran.rj.gov.br/

• Identidade Visual:

• Missão: Promover a segurança no trânsito e a cidadania, por meio de ações

educativas, habilitação, registro de veículos e identificação civil, atuando com ética,

transparência e elevados padrões de qualidade.

• Visão: Ser referência nacional como instituição de excelência no atendimento aos

seus usuários e na sua organização e funcionamento internos, distinguindo-se pela

qualidade de seu pessoal, credibilidade, agilidade e elevada capacidade de

inovação.

• Unidades de serviço em território estadual*

− 168 Postos de identificação civil

− 50 postos de serviços veiculares

− 91 postos de habilitação

− 28 Circunscrições Regionais de Trânsito (CIRETRAN’s)

− Serviços Auxiliares de Trânsito (SAT’s)

*Com base no Anuário Estatístico DETRAN RJ 2016

8. http://www.detran.rj.gov.br/ acessado em 30/08/2018

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• Estrutura organizacional: Apresenta uma estrutura organizacional do tipo linha-

staff, com setores em níveis de hierarquia vertical e setores de apoio. Como descrito

a seguir:

Direção Superior

− Presidência

− Vice-Presidência

Setores Vinculados À Presidência

− Auditoria Financeira

− Assessoria de Planejamento

− Assessoria de Engenharia

− Assessoria de Comunicação Social

− Assessoria de Gestão e Modernização

− Coordenadoria das Circunscrições Regionais de Trânsito

− Coordenadoria de Educação

− Coordenadoria Renavam

− Coordenadoria Renach/Refor

− Coordenadoria de Julgamento e Controle de Infrações

− Ouvidoria

Diretorias De Apoio Imediato

− Gabinete da Presidência

− Corregedoria Geral

− Diretoria Jurídica

− Diretoria de Tecnologia da Informação e Comunicação

Diretorias De Atividades-Fim

− Diretoria de Registro de Veículos

− Diretoria de Habilitação

− Diretoria de Identificação Civil

Diretoria De Apoio Administrativo

− Diretoria Administrativa

− Diretoria de Apoio Operacional

O organograma gráfico do DETRAN RJ pode ser visualizado no Anexo A

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• Principais serviços [9]:

Registro de veículos

− Primeiro Licenciamento de veículos nacionais, importados e em missões

diplomáticas

− Emplacamento

− Licenciamento anual

− Mudança de pátio

− Numeração de placa de carros

− Transferência de propriedade

− Troca de município ou estado (jurisdição)

− Alteração de características

− Comunicação de venda

− Remarcação de chassi

− Emissão de Segunda via de Certificado de Registro de Veículo (CRV) ou

Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo (CRLV)

− Transformação de combustível

− Transformação de categoria

Habilitação

− Emissão de Primeira Habilitação

− Renovação da Habilitação:

− Segunda via da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e Permissão

Para condução

− Adição/modificação de categoria

Identificação Civil

− Emissão de 1ª / 2ª via da carteira de identidade

9. Carta de serviços do DETRAN RJ. Disponível em: http://www.detran.rj.gov.br/_include/geral/carta_de_servicos_v2.pdf

Acessado em 08/08/2018

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2.3. CONTEXTUALIZAÇÃO DA VISTORIA/INSPEÇÃO VEICULAR

2.3.1. Visão Geral

Como previamente mencionado, a inspeção veicular é um procedimento obrigatório

realizado periodicamente, como requisito para o licenciamento anual do veículo, possuindo

como objetivo principal atestar a aptidão dos veículos para circularem nas vias públicas sem

que ofereçam riscos ao condutor, a terceiros e ao meio ambiente.

A legislação vigente no Estado do Rio de Janeiro determina obrigatoriedade da inspeção

veicular periódica para avaliação de condições de segurança (estabelecidas pelo

CONTRAN) e de controle de emissão de gases poluentes e de ruído (estabelecidas pelo

Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA e em alinhamento com o Conselho

Estadual do Meio Ambiente - CONEMA).

O período entre uma inspeção e outra varia de acordo com o tipo de veículo, seu ano e a

atividade para a qual ele é utilizado. Veículos novos particulares devem passar por inspeção

após 5 anos de sua fabricação, após os quais a periodicidade passa a ser anual. Veículos

escolares e motocicletas usadas para fretes e entregas precisam passar pela inspeção de

segurança a cada 6 meses.

Há, ainda, duas outras especificações sobre o intervalo entre as inspeções. A primeira diz

respeito ao fato de o veículo se envolver em acidente. Caso isso ocorra e o veículo sofra

danos médios ou grandes, a regra de periodicidade altera e o veículo deverá passar por

inspeção no próximo licenciamento. A segunda determina que o veículo seja mantido com

suas características originais. Se ele passar por alguma alteração, deverá ser inspecionado

novamente para garantir que as normas de segurança e emissão de poluentes estejam

sendo cumpridas. [10]

10. https://doutormultas.jusbrasil.com.br/artigos/496186770/voce-sabe-como-funciona-a-inspecao-veicular-do-detran-

descubra-quando-ela-e-exigida Acessado em 02/08/2018

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Embora os termos inspeção veicular e vistoria veicular sejam utilizados indistintamente, é

interessante ressaltar que eles representam procedimentos diferentes.

A vistoria consiste basicamente em verificações visuais do veículo, isenta da utilização de

equipamentos ou testes manuais, sendo subdividida em três partes. Na primeira profissional

responsável atentará para aspectos de identificação do veículo como sua correspondência

ao o documento, verificando conformidade de cor, modelo, ano e número do chassi.

Na segunda etapa passa-se à verificação das condições de existência/funcionamento de

itens obrigatórios como cintos de segurança, estepes, macacos, triângulos, sistema elétrico

de sinalização (faróis, setas, luz de freio, luz de marcha ré, buzinas, etc.), adicionalmente

são verificadas condições de desgaste dos pneus e outros sistemas como limpadores e

esguicho.

A terceira etapa por sua vez é composta por avaliações na parte inferior do veículo, chamada

de inspeção sob o veículo ou inspeção undercar na qual são verificados sistemas de

suspensão, direção, escapamento, além de componentes do sistema de alimentação e da

estrutura do veículo (monobloco), objetivando assim atestar as condições em que se

encontram as tubulações de freio, as rodas e pneus, as linhas de combustível, e verificar a

existência de vazamentos e danos. [10]

A inspeção veicular por sua vez é realizada por meios testes manuais e avaliações que se

utilizam de aparelhos específicos dotados de tecnologias para medições. Atualmente é

composta basicamente pela verificação dos níveis de emissão de poluentes e ruídos. Na

medição de ruídos o inspetor programa o aparelho de acordo com algumas características

do veículo, como a categoria, a rotação de marcha lenta nominal e de potência máxima, a

localização do motor (na parte dianteira ou traseira), o número de tubos de saída do

escapamento e a velocidade do vento no local da inspeção. A partir disso, o aparelho

captará, por meio de um microfone posicionado a determinada distância do escapamento,

os ruídos produzidos. Nesse quesito, o ruído considerado é referente à combustão, e não à

parte mecânica.

10. https://doutormultas.jusbrasil.com.br/artigos/496186770/voce-sabe-como-funciona-a-inspecao-veicular-do-detran-

descubra-quando-ela-e-exigida Acessado em 02/08/2018

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Na verificação de emissão de poluentes são consideradas informações como tipo de

combustível utilizado e ano de fabricação, as quais determinarão os limites impostos pela

norma. A medição é realizada após a descontaminação do óleo lubrificante do carter, que

normalmente está misturado a um pouco de combustível evitando com isso resultados

alterados causados pela mistura. Insere-se então uma sonda coletora no escapamento do

veículo que realizará a medição a 2500 rpm. Os valores considerados, para o resultado final,

referem-se ao monóxido de carbono (CO) e ao combustível não queimado - hidrocarbonetos

(HC). Eles passam por uma fórmula matemática que tem o objetivo de considerar e eliminar

possíveis erros devido a furos no sistema de escapamento. Sendo assim, o valor final diz

respeito ao CO e ao HC corrigidos. [10] O Anexo B apresenta os limites de emissão de

poluentes permitidos para cada categoria de veículo [11]

2.3.2. Histórico do processo de vistoria/inspeção veicular [12]

No Brasil, a inspeção em veículos teve início na cidade de São Paulo/SP em 1962. Feita

inicialmente pelo Departamento de Operações do Sistema Viário (DSV) e verificava

visualmente a boa conservação do veículo, lanternas, faróis, freios e sua documentação. Na

placa traseira do veículo havia uma tarjeta, e esta era trocada pelo inspetor após a

aprovação do veículo.

Em 1966, foi sancionado o, agora antigo, Código Nacional de Trânsito (Lei 5.108/66)

regulamentando a inspeção veicular (Cap. VI, art. 37), anual e obrigatória para todos os

veículos, feita pelo DETRAN / CINETRAN de cada cidade, sendo a aprovação do veículo

condição para efetuar o licenciamento anual.

Em 1978, o Decreto 82.925/78 especifica a inspeção dos equipamentos de segurança

obrigatórios, segundo as legislações vigentes na época.

Em 1979, o DSV de São Paulo/SP dispensou da inspeção veículos fabricados a partir de

1970.

Em 1983, a inspeção foi regulamentada pelo CONTRAN (Resolução 623/83), tornando-se

facultativa a critério do DETRAN ou CINETRAN, podendo ser realizada pelo próprio Detran

ou por oficinas credenciadas (OI - Organismos de Inspeção).

10. https://doutormultas.jusbrasil.com.br/artigos/496186770/voce-sabe-como-funciona-a-inspecao-veicular-do-detran-

descubra-quando-ela-e-exigida Acessado em 02/08/2018

11. https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=315972 Acessado em 08/08/2018

12. https://pt.wikipedia.org/wiki/Inspe%C3%A7%C3%A3o_veicular Acessado em 01/08/2018

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Desde 2007, discute-se frequentemente nos tribunais um processo que possibilite

permissão/autorização à iniciativa privada, para execução dos processos de vistoria e

inspeção veicular, sob o entendimento de que estas não constituem atividades fim do

Estado, mas um meio de garantir a segurança no registro de veículos, processos de

transferências e outros, para fins de licenciamento pelos órgãos de trânsito estaduais e

federais.

Em 2009 foi regulamentada pela Resolução 418/2009 do CONAMA a inspeção veicular

ambiental. Tal inspeção restringe-se à realização de testes no sistema de exaustão,

verificando os níveis de gases, poluentes e ruídos. Nos veículos Ciclo Otto - gasolina, etanol

e GNV - é utilizado um equipamento denominado "Analisador de Gases", que verifica os

índices de HC, CO, O2 e CO2 colhidos no escapamento do veículo. Nos veículos Ciclo Diesel

- Diesel - mede-se o grau de enegrecimento da fumaça (denominado "opacidade") através

do equipamento denominado opacímetro. Verifica o grau de opacidade da fumaça por meio

da frequência e comprimento de onda do raio infravermelho que atravessa a amostra de

fumaça na câmara escura do equipamento. [12]

2.3.3. Panorama da inspeção veicular fora do território nacional

A inspeção veicular também é uma realidade fora do território brasileiro e está presente em

diversos países. Como ponto em comum está o fato de que o objetivo das exigências seja

de tornar as estradas e vias mais seguras, reduzindo o número de acidentes oriundos de

falhas mecânicas e/ou estruturais dos veículos

A Alemanha, por exemplo, vistoria seus carros há 90 anos. Sendo que o programa foi

iniciado há mais de 120 anos. Desde 1880, com a revolução industrial, todos os sistemas

mecânicos do país, inclusive equipamentos pesados, são verificados regularmente a fim de

manter as máquinas em ordem. Os carros novos passam pela primeira inspeção após três

anos de uso. Depois dos quais o prazo é reduzido para dois anos. É cobrada uma taxa de

90 euros e o procedimento leva em média 15 minutos. No caso de algum componente do

veículo estiver fora de especificação, um relatório é emitido e o motorista tem um prazo de

um mês para fazer os reparos e realizar uma nova verificação. Feito isso, o veículo recebe

um adesivo na placa atestando sua aprovação.

12. https://pt.wikipedia.org/wiki/Inspe%C3%A7%C3%A3o_veicular Acessado em 01/08/2018

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42

Os principais itens verificados são o sistema de freios, pneus, cambagem, suspensão, lataria

e, principalmente, o nível de emissões de gases poluentes. Os freios devem ter a mesma

eficiência dos dois lados. Já os sulcos dos pneus precisam ter ao menos 1,6 mm de

profundidade. A Inspeção é realizada por três empresas que prestam o serviço o governo

alemão. [13]

O México e o Chile, por exemplo, realizam vistorias obrigatórias e periódicas. No México,

país que também implementou o rodízio de veículos em sua capital, a verificação é apenas

ambiental e realizada semestralmente. Após a vistoria, os veículos recebem diferentes selos.

Os que atingirem baixos índices de consumo de combustível e emissão de óxidos de

nitrogênio (NOx) recebem o "duplo zero", que os isentam dos exames por até seis anos e

permitem rodar durante o rodízio. Veículos com até dez anos (desde que não sejam táxis ou

de frota) podem ter o selo "zero". Acima dessa idade é dado o selo "dois", que impõe outra

restrição: os veículos não podem rodar aos sábados. Em Santiago, no Chile, a frota de uso

intenso (táxis e ônibus) também passa por inspeção semestral. [14]

Na França todos os veículos com mais de 4 anos e pesando até 3,5 toneladas precisam ser

submetidos à inspeção a cada dois anos. Apenas centros de testes reconhecidos pelas

autoridades podem emitir o certificado, válido por 2 anos para carros particulares. No

momento da certificação o veículo é rotulado com uma etiqueta no para-brisas indicando a

data para a próxima vistoria, que deve ser feita antes que prazo estabelecido expire. Há

vários motivos pelos quais o veículo pode ser reprovado no teste como: mal estado dos

pneus, defeito nas luzes de sinalização, emissões elevadas de poluentes, problemas nos

freios, na carroceria, entre outros. O valor cobrado para o teste varia conforme o centro

escolhido. Se o proprietário desejar vender seu carro é preciso garantir que o certificado de

vistoria não tenha ultrapassado 6 meses de emissão.[15]

Em maio deste ano o governo francês estabeleceu novas regras que tornarão processo mais

rigoroso. Primeiramente o teste passará a incluir mais pontos para os avaliadores

considerarem - 123 critérios a serem verificados - com pelo menos três a oito pontos a mais

que o teste anterior exigia.

13. https://www.estadao.com.br/noticias/geral,inspecao-na-alemanha-e-feita-ha-90-anos,84540 Acessado em 02/08/2018 14. https://www.estadao.com.br/noticias/geral,como-funciona-a-inspecao-no-exterior,263187 Acessado em 02/08/2018

15. https://www.expatfocus.com/expatriate-france-car-maintenance Acessado em 08/08/2018

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Em segundo lugar os resultados dos testes mudarão, forçando veículos problemáticos a

saírem das estradas até serem consertados. Anteriormente os centros de avaliação podiam

classificar um carro como “favorável” (sem problemas, apto a circular) e “desfavorável”,

nesse caso o proprietário tem dois meses para fazer os reparos e mudanças necessários e

voltar para uma verificação adicional assim que isso for feito). A partir da modificação

imposta pela legislação foi inserida uma nova classificação: “crítica” na qual o proprietário

do veículo assim caracterizado ainda terá 20 dias para a regularização, mas ficará proibido

de circular com o veículo até que os reparos sejam feitos. O motorista tem direito a uma

autorização excepcional de 24 horas para dirigir um carro "crítico", apenas para permitir que

ele seja levado a uma garagem para iniciar o trabalho necessário. A alteração é parte de

uma nova diretiva europeia que visa tornar as estradas mais seguras. Espera-se que tornar

o teste mais rígido acabe por levar a veículos de maior qualidade e segurança nas estradas

em geral. [16]

No Reino Unido, todos os veículos são obrigados a aderir a determinadas leis ambientais e

de segurança. Isso é feito através da inspeção do Ministério do transporte (Ministry of

Transport – MoT). A inspeção é um teste anual que verifica a segurança, emissões de

poluentes e a características técnicas. Os veículos aprovados recebem um certificado

atestando sua aptidão para circulação. A inspeção abrange os seguintes componentes de

segurança e emissões em seu veículo:

• Direção e suspensão

• Freios

• Dispositivos de iluminação e sinalização

• Pneus e rodas

• Corpo, estrutura e componentes gerais

• Cintos de segurança

• Visão do motorista

• Exaustão, emissões e combustível

A taxa padrão para inspeções de veículos é entre £ 29,65 e £ 58,60. Motocicletas custam

menos, enquanto veículos leves de mercadorias custam mais. Uma taxa de carro padrão

para a inspeção do MoT é normalmente de £ 54,85. Essas taxas podem mudar a cada ano

e são baseadas na localização. [17]

16. https://www.connexionfrance.com/French-news/More-rigorous-car-inspection-coming-to-France-in-May Acessado em

08/08/2018

17. https://www.expatfocus.com/expatriate-uk-car-maintenance Acessado em 08/08/2018

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A Espanha por sua vez exige legalmente que todos os proprietários de veículos garantam

que este estejam em bom estado. É um requisito ter o certificado de inspeção válido da

Inspeção Técnica de Veículos (ITV). O teste ITV é o equivalente ao teste MoT presente no

Reino Unido e só pode ser realizado em centros autorizados. Todos os carros, motos e

quadriciclos novos são testados quando chegam aos quatro anos de idade e depois disso

devem ser testados a cada dois anos até completarem dez anos. Veículos com mais de 10

anos passam a ser inspecionados anualmente. Veículos que sofreram algum tipo de

acidente são obrigados a fazer uma ITV adicional após o reparo para garantir que o trabalho

tenha sido feito corretamente e que o veículo esteja mais uma vez em bom estado. [18]

Nos Estados Unidos, a inspeção de segurança do veículo e a inspeção de emissões são

regidas por cada estado individualmente. 17 estados têm um programa de inspeção de

segurança periódico (anual ou bienal), enquanto Maryland e Alabama exigem uma inspeção

de segurança na venda ou transferência de veículos que foram previamente registrados em

outro estado.

Em 1977, a Lei Federal do Ar Limpo foi alterada pelo Congresso para exigir que os estados

implementassem programas de inspeção de emissões veiculares, conhecidos como

programas I/M (Inspeção e Manutenção), em todas as principais áreas metropolitanas cuja

qualidade do ar não atendesse a certos padrões federais. O programa de Nova York

começou em 1982, o programa da Califórnia ("Smog Check") começou em 1984, e o

programa de Illinois começou em 1986. A Lei do Ar Limpo de 1990 exigiu que alguns estados

promulgassem programas de inspeção de emissões veiculares. Alguns estados, incluindo

Kentucky e Minnesota, descontinuaram seus programas de testes nos últimos anos com a

aprovação do governo federal. [19]

A Figura 4 exibe um mapa indicando as diferentes exigências de inspeção veicular regidas

por cada estado americano. [19]

18. https://www.expatfocus.com/expatriate-spain-car-maintenance Acessado em 08/08/2018

19. https://en.wikipedia.org/wiki/Vehicle_inspection_in_the_United_States Acessado em 08/08/2018

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Figura 4: Distribuição de leis de inspeção veicular por estado americano

Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/Vehicle_inspection_in_the_United_States Acessado em 08/08/2018

No Japão, exige-se que todos os veículos motorizados passem por testes desenvolvidos

para garantir a segurança, melhores operações nas estradas e economia de energia e

prevenir a poluição. Os principais tipos de inspeção são as seguintes [20]:

• Inspeção preliminar

• Inspeção inicial

• Inspeção de modificação

• Inspeção de renovação

• Inspeção de restauração

20. TANEERANANON Pichai, CHANWANNNAKUL Taweesak, An Evaluation Of The Effectiveness Of Private Vehicle

Inspection Process In Thailand, Journal of the Eastern Asia Society for Transportation Studies, Vol. 6, pp. 3482 - 3496,

2005

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2.4. PERCEPÇÃO/AVALIAÇÃO DO ATUAL PROCESSO DE VISTORIA VEICULAR PELA

POPULAÇÃO

Como mencionado anteriormente o processo de vistoria veicular sobre com diversas

ineficiências, causando grande insatisfação dos cidadãos.

De forma se contextualizar mais diretamente a avaliação e percepção do consumidor em relação

ao à qualidade do processo de vistoria veicular vigente foi lançada uma pesquisa ao público

indagando sua opinião utilizando aplicativo Google Forms. Obtendo-se uma amostra de 127

respostas.

Observa-se que para uma amostra estatisticamente relevante, considerando o universo de

condutores em exigência para a realização da vistoria veicular exigiria um quantitativo muito

maior de respostas, ainda assim o volume de obtido atende ao propósito de proporcionar uma

ideia geral da avaliação da população quanto ao processo de vistoria veicular vigente.

Entre as perguntas enviadas, figuram:

• Idade;

• Gênero;

• Posto em que a vistoria é realizada;

• Como o entrevistado avaliava o processo de vistoria veicular;

• Nível de satisfação com o processo;

• Em caso de insatisfação, qual o principal motivo para esta;

• Tempo médio gasto para realização do processo.

Os resultados são discutidos a seguir

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Do total de entrevistados obteve-se um percentual de 66% de homens e 34% de mulheres

(figura 5). A faixa etária apresentou percentuais relativamente equilibrados sendo o maior

representado por indivíduos de 18 a 25 anos (33%), como apresentado pela figura 6.

Figura 5: Distribuição demográfica dos entrevistados por gênero

Fonte: O autor (2018)

Figura 6: Distribuição demográfica dos entrevistados por idade

Fonte: O autor (2018)

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Quando perguntados sobre a avaliação do processo 44% o classificaram como ruim ou péssimo

(figura 7). Em termos do nível de satisfação, 71% declararam estarem insatisfeitos ou muito

insatisfeitos com o processo atual (figura 8).

Figura 7: Distribuição da avaliação do processo de vistoria segundo

opinião dos entrevistados

Fonte: O autor (2018)

Figura 8: Distribuição do nível de satisfação com processo de vistoria

segundo opinião dos entrevistados

Fonte: O autor (2018)

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Entre os principais motivos de insatisfação figuraram a demora do processo e as longas filas e

esperas (figura 9). Para 54% dos entrevistados, o tempo médio para realização do processo

desde sua saída ao retorno para casa está entre 2 e 3h.

Figura 9: Distribuição do principal motivo de insatisfação com o processo de

vistoria veicular segundo opinião dos entrevistados

Fonte: O autor (2018)

Figura 10: Distribuição do tempo médio de jornada dos entrevistados

Fonte: O autor (2018)

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50

O questionário contemplou um campo aberto para que aqueles que assim desejassem,

deixassem comentários sobre o processo de vistoria veicular, dessa forma foram selecionados

uma série de comentários deixados por alguns participantes da pesquisa, que podem refletir

bem a percepção dos usuários sobre o processo.

“A vistoria veicular é inútil, sempre sou extorquido a pagar um valor, mesmo que meu carro esteja

com tudo dentro do que é cobrado pela lei. Além disso, preciso perder metade de um dia para

passar pela vistoria, que no final não serve para nada, uma vez que ela não é usada como meio

de assegurar um trânsito melhor, e sim de tomar dinheiro da população (tanto em IPVA quanto na

extorsão dos fiscais)”.

"O mal atendimento acarreta diversos problemas. Ao ser atendido parece que nós estamos

fazendo o trabalho e os atendentes que são os clientes, os valores estão invertidos”.

“Funcionários super desmotivados, estrutura fraca e não proporciona um ambiente confortável.

Luz fraca e cores bem escuras fazem parecer que o tempo ali é uma eternidade, pois não tem

interação com o ambiente.”

“Deveriam ser feitas inspeções sérias, com o carro erguido, no sistema de freios, suspensão e

chassi do veículo. Mais custoso e demorado, mas justificaria a existência de uma vistoria."

“Na realidade todo o processo é burocrático e penoso. Acho que não deveria existir vistoria para

licenciamento anual e os documentos deveriam ser entregues na sua casa pelos Correios. A

vistoria deveria ser obrigatória somente para transferência, mudança de características e algo do

gênero.”

“Eles têm que ser mais profissionais não fazendo corrupção, já temos muitas no Brasil.”

“Geralmente é difícil conseguir uma boa data de agendamento. No posto onde realizo, a fila de

espera para avaliação do veículo é rápida, mas o processo de obtenção dos documentos não é

tão rápido quanto deveria (nesse posto, em específico, é razoável).”

“Acredito que o horário que você está agendado para a vistoria deveria ter no máximo 15 minutos

de atraso, só aprovarem veículos de acordo com as normas, sem aceitar o jeitinho brasileiro.

Atendentes mais corteses e educados fariam diferença no atendimento.”

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51

“Esse processo de vistoria atual é 100% ineficiente, pois faz uma avaliação extremamente

superficial, pois não são testados o sistema de freios e suspensão, os sulcos dos pneus são

aferidos com uma tampa de caneta, quando deveria usar o profundímetro. Os profissionais que lá

trabalham não conhecem nada de mecânica veicular, e não há o mínimo de lisura no processo,

com altíssimo grau de corrupção.

“Todo o processo de vistoria é desnecessário e oneroso para o usuário.”

"É burocrático, caro e fonte de corrupção”

“O problema é que se tem que parar o carro, ir na cabine correta, pegar senha, aguardar, e depois

retornar ao veículo. Isso demora muito. Se pudesse ser direto na cabine de saída seria ótimo.”

“A necessidade de vistoria deveria acabar.”

Acredito que o processo de avaliação do veículo e impressão do CRLV tem melhorado bastante.

Mas ainda falta uma melhor organização e planejamento para evitar as grandes filas que ainda

incomodam. Além disso, a qualidade do atendimento muitas vezes deixa a desejar também,

deixando o cliente desinformado.

“O problema é que é desnecessário vistoria anual e de transferência... Gastos exorbitantes para

pouca eficiência.”

“Em geral, o processo de vistoria é muito lento, com funcionários se achando acima do bem e do

mal, sem respeito com os clientes, além de muitos fazerem a vistoria mal-intencionados, no sentido

de se valer da corrupção e interpelar o cliente para arrecadar uma quantia em dinheiro.”

Hoje eu vejo menos corrupção na vistoria, mas todo o processo de vistoria deveria ser extinto.

“Existe um agendamento com horário estipulado para que seja realizada a vistoria, porém esse

horário é totalmente ignorado tanto pelos fiscais quanto por parte dos que solicitam a vistoria. Tive

que realizar a vistoria com minha filha mais nova de 1 ano no carro, ficamos quase 3 horas para

ser atendidas. Agendei para o primeiro horário e quando cheguei, antes do horário agendado, já

havia uma fila gigante.”

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3. O REFERENCIAL TEÓRICO

Esta seção se dedica a fazer uma revisão bibliográfica sobre os principais pontos que foram a base

teórica do trabalho. Entre as fontes pesquisadas figuram artigos e matérias provenientes do portal

de periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e do

buscador Google Scholar (Google acadêmico) assim como livros específicos que abordam sobre

os temas.

A fim de construir-se um caminho lógico para o desenvolvimento do raciocínio e jornada do

conhecimento, procurou-se apresentar os temas em uma estrutura de funil, ou seja, das temáticas

mais gerais (topo do funil) para as temáticas mais específicas (fundo de funil). Com isso buscou-se

também descobrir a fronteira do conhecimento no assunto.

Haja visto a exposição realizada, a busca por referencias seguiu a seguinte ordem:

1º. Contextualização da Filosofia lean e o sistema Toyota de produção

2º. Mapas de fluxo de valor

3º. Filosofia lean aplicada ao setor de serviços e ao consumo

4º. Filosofia lean aplicada a serviços públicos

5º. Filosofia lean em processos de vistoria veicular

A figura 11 traz um esquema gráfico da linha de pensamento apresentada

Figura 11: Esquema gráfico da estrutura temática usada na busca por referências

bibliográficas.

Fonte: O autor (2018)

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3.1. FILOSOFIA LEAN E SUAS FERRAMENTAS

3.1.1. Histórico

A fim de se contextualizar a tão difundida e conceituada filosofia lean, é necessário remeter-

se ao Japão pós segunda guerra mundial. Em meio à profunda crise vivenciada, Taiichi Ohno

diretor da empresa automobilística Toyota Motor Company, que naquele momento estava à

beira da falência, não podendo fazer novos investimentos em equipamentos e invenções,

desenvolveu em 1988 um modelo de produção baseado na eliminação de desperdícios para

capacitar a Toyota a competir em um ambiente turbulento, de demandas diferenciadas e

com crescimento econômico lento.

O modelo caracteriza-se pela estrita produção dos produtos desejados pelos clientes, no

momento necessário e na quantidade exigida. O sistema ficou então conhecido como

Sistema Toyota de produção - Toyota production system - (TPS). [21] O novo processo

conferiu à empresa o desempenho, competitividade e lucro necessários para modificar sua

realidade e impulsioná-la a um crescimento sólido, ganhando notoriedade internacional.

Em 1990, três pesquisadores do Massachusetts Institute of Technology (MIT), entre eles

James Womack e Daniel Jones, divulgaram um estudo alertando os países ocidentais sobre

os novos métodos de produção que estavam sendo adotados em algumas empresas

automobilísticas japonesas. De acordo com esta pesquisa, a nova abordagem foi

responsável pelo desempenho superior apresentado pela indústria daquele país no contexto

internacional, a qual denominaram produção enxuta (lean production). [21]

3.1.2. Conceituando o pensamento lean

Basicamente, o pensamento lean ou pensamento enxuto configura-se como uma técnica

que permite à organização eliminar desperdícios onde quer que eles estejam e fazer com

que o cliente receba somente aquilo que deseja, no momento e na quantidade requisitada.

A palavra “pensamento” implica um conceito abrangente não restrito a intervenções no chão

de fábrica, nem ao campo de ação direto da empresa, mas também às áreas administrativas

da companhia e aos fornecedores. O método busca atingir todas as atividades que geram

valor ao produto, quer elas sejam realizadas na própria companhia ou em outro local [21].

21. CABRAL, Rodrigo Hervé Quaranta, Andrade Ronaldo Soares De “Aplicabilidade Do Pensamento Enxuto”. Disponível em

< http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep1998_art393.pdf> Acessado em 26/082018.

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JARDIM (2015, p. 1) conceitua o pensamento enxuto como:

...uma maneira de você pensar a melhoria e a (re)organização de um

ambiente produtivo. A aposta-chave é que entendendo o que é valor para o

cliente você será capaz de identificar e eliminar os desperdícios, via o

melhoramento contínuo dos processos de produção, e assim alavancar a sua

posição competitiva, em particular no que se refere à fatores como a

velocidade no atendimento aos clientes, a flexibilidade para se ajustar ao seus

desejos específicos, a qualidade e o preço do produto ou serviço ofertados.[22]

Neste ponto vale a conceituação de “valor” e “desperdício” à luz da filosofia lean: Valor é

definido como o atendimento de uma necessidade ou resolução de um problema para o

cliente. Valor este entregue mediante a um processo – uma sequência estabelecida de

ações conectadas para entregar um resultado desejado. Desperdício é considerado como

tudo aquilo que consome recursos da organização, mas que não contribui na criação de

valor para o cliente, ou seja, não está diretamente ligado à resolução do problema do cliente.

[23]. Taiichi Ohno estabeleceu sete tipos de desperdício potencialmente presentes nos

processos, sendo estes [24]:

1. Superprodução: produzir mais produtos do que a demanda

2. Esperas: quando operadores ou máquinas permanecem parados, seja na espera

pela conclusão de uma etapa antecedente, ou pela chegada de algum insumo.

3. Transportes: transportes desnecessários de materiais e equipamentos

4. Processamentos: processos desnecessários que não agregam em nada ao

produto

5. Estoques: sejam de matérias primas, produtos semiacabados ou produtos

acabados

6. Movimentação: movimentos de pessoas ou equipamentos sem necessidade.

consomem tempo que não está sendo usado para produzir, para criar valor.

7. Defeitos: fabricação de produtos defeituosos

22. COSTA R.S. e JARDIM E.G.M. - Os Cinco Passos Do Pensamento Enxuto NET, Rio de Janeiro, 2010. Disponível em:

<http://www.trilhaprojetos.com.br>.

23. Clark DM, Silvester K, Knowles,. Lean management systems: creating a culture of continuous quality improvement S. J

Clin Pathol 2013;66:638–643. 24. M.L. Emiliani, D.J. Stec, (2004) "Using value‐stream maps to improve leadership", Leadership & Organization Development

Journal, Vol. 25 Issue: 8, pp.622-645, disponível em < https://www.emeraldinsight.com/doi/abs/10.1108/01437730410564979>

Page 55: APLICAÇÃO DO MAPEAMENTO DO FLUXO DE VALOR AO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10026044.pdf · PROCESSO DE VISTORIA VEICULAR DO DETRAN RJ COMO ... condições mínimas

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O pensamento lean está presente de ponta a ponta, estendendo-se desde a solicitação do

cliente até a entrega do produto ou serviço. Toda essa jornada (do pedido à entrega) é

conhecida como “fluxo de valor”. Os sistemas de gestão enxuta se concentram justamente

em entender o que o cliente precisa e em seguida redesenhar continuamente o processo

retirando os desperdícios e melhorando o fluxo de valor.

Em cada reformulação dos processos, a variação da demanda é suavizada em cada etapa,

garantindo que a equipe e o equipamento não fiquem sobrecarregados. Uma vez que isso

tenha sido alcançado, o processo é padronizado e cada etapa do processo tem seu

conteúdo, sequência, tempo e resultado cuidadosamente especificados. Em um processo

perfeito, o trabalho fluiria de uma etapa criadora de valor para outra, sem desperdício, em

resposta à demanda do cliente. No entanto, no mundo real, é improvável que uma situação

tão perfeita seja alcançada ou mantida por qualquer período de tempo, já que a demanda

do cliente e outros fatores, além do controle da gerência, estão sempre mudando e criando

instabilidade. [23]

3.1.3. Princípios do Pensamento Enxuto

Cinco são os princípios básicos que norteiam o pensamento enxuto:

I. A especificação do que é valor parar o cliente: Este é considerado o ponto de

partida para uma empresa implantar um Sistema Enxuto. Especificar o valor

permitirá a identificação das atividades que contribuem para que o produto atenda

aos requisitos exigidos pelo consumidor. As restantes serão consideradas fontes

de desperdícios e, portanto, deverão ser eliminadas.

II. A identificação da cadeia de valor: uma cadeia de valor, é entendida como o

conjunto de todas ações específicas necessárias para se levar um bem ou serviço

a passar por três tarefas gerenciais críticas: desenvolvimento do produto (da

concepção até o lançamento), gerenciamento da informação (do pedido à entrega)

e transformação física (da matéria-prima ao produto acabado). A cadeia de valor de

um produto não se limita às atividades de uma única empresa. Em geral, um grande

número de firmas colabora para que uma mercadoria seja devidamente

transformada e chegue às mãos do consumidor. Por isso, todas as ações relativas

à produção do bem devem ser consideradas, independentemente do local onde

elas foram realizadas.

23. Clark DM, Silvester K, Knowles,. Lean management systems: creating a culture of continuous quality improvement S. J Clin

Pathol 2013;66:638–643.

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III. Implementação de um fluxo contínuo: Este princípio busca suprimir esperas para

a execução das tarefas. Elas ocorrem muitas vezes devido à forma de se organizar

a empresa e de se pensar a produção.

IV. Implementação de uma produção puxada: Como mencionado anteriormente

significa que um processo só produzir um bem ou serviço quando o cliente de uma

etapa posterior solicite. Quando isto ocorrer a fabricação deve ser realizada

rapidamente.

V. Busca pela perfeição: Pressupõe que o processo de redução de esforços, tempo,

espaço, custos e erros é infinito. Sempre será possível especificar melhor o valor,

eliminar desperdícios ao longo da cadeia, suprimir obstáculos que interrompam o

fluxo do produto e fazer com que o cliente puxe mais a produção.

A fim de alcançar tais objetivos, diversos autores propuseram uma combinação de técnicas

para viabilizar a implementação do pensamento lean nas organizações, entre elas citam-se

[25]:

1. Kanban (Produção puxada): Um sistema de instruções de entrega de produção em

cascata das atividades a jusante para as atividades a montante nas quais o fornecedor

a montante não produz até que o cliente a jusante sinalize uma necessidade (sistema

kanban);

2. Layout simplificado: Um layout projetado de acordo com o melhor desempenho,

sequência ou fluxo;

3. Manutenção produtiva total (TPM): Mecanismo necessário para manter o

funcionamento confiável do maquinário na oficina;

4. 5S e controle visual: Representam as bases da melhoria contínua, preservando um

ambiente de trabalho de ordem, limpeza e segurança;

5. Desenvolvimento de fornecedores: trabalhar em estreita colaboração com os

fornecedores para desenvolver compreensão e confiança mútuas;

25. BARRAZA, M.F.S., Smith, T. and DAHLGAARD-PARK, S.M. 2009 (Apud. GUPTA e SHARMA 2015) (, “Lean-Kaizen public

service: an empirical approach in Spanish local governments”, The TQM Journal, Vol. 21 No. 2, pp. 143-167.

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6. Fluxo único: um fluxo consistente do processo de trabalho para evitar recortes e

retrabalhos;

7. Projeto celular: Formação de células de trabalho, localizadas próximas umas das

outras, com o objetivo de reduzir o transporte desnecessário e tempos de espera.

8. Mapeamento de processos e mapeamento de fluxo de valor: buscar e

compreender as formas de funcionamento da organização, do ponto de vista de um

sistema integrado e inter-relacionado, para o qual é necessário analisar e documentar

todos os processos de trabalho realizados na organização.

Os Princípios do pensamento enxuto revolucionaram a gestão empresarial como um todo,

sendo largamente utilizado nos mais diversos segmentos, permanecendo até hoje como

referência em qualidade, flexibilidade e produtividade, possibilitando às organizações

competirem com preços devido a sua sistemática de redução de desperdícios. [26]

3.2. MAPA DE FLUXO DE VALOR

Os Mapas de fluxo de valor (MFV’s) ou Value Stream Maps (VSM’s) constituem uma das

principais ferramentas da filosofia lean. Originalmente chamados de “mapas de fluxo de

materiais e informações”, foram desenvolvidos pela divisão de consultoria em gestação de

operações da Toyota. São basicamente diagramas de uma página que retratam o processo

utilizado para produzir determinado produto. [24]

A ferramenta se destaca, pois, auxilia no entendimento e visualização de processos individuais

e no relacionamento entre eles, tanto material quanto de informações, o que permite a

identificação de desperdícios, sendo, desta forma, a base para um plano de implementação de

um fluxo enxuto e otimizado. [27]

24. M.L. Emiliani, D.J. Stec, (2004) "Using value‐stream maps to improve leadership", Leadership & Organization Development Journal, Vol. 25 Issue: 8, pp.622-645, disponível em < https://www.emeraldinsight.com/doi/abs/10.1108/01437730410564979>

26. CHIOCHETA, J.C. CASAGRANDE, L.F. Mapeamento De Fluxo De Valor Aplicado Em Uma Pequena Indústria De Alimentos. XXVII Encontro Nacional De Engenharia de Produção, 2007.

27. LEITE, J. V. G. A; et al. (apud. ROTHER, M.; SHOOK J, 2003) Melhoria de Processo Operacional Utilizando Mapa de Fluxo de Valor em Uma Indústria Metal-Mecânica. Rev. FSA, Teresina, v.14, n.5, art. 8, p. 146-170, set./out. 2017.

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ROTHER e SHOOK (2003, p. 4) enumeram diversos fatores que justificam o mapa de fluxo de

valor como uma ferramenta essencial, quais sejam [28]:

• Ajudam a visualizar mais do que simplesmente os processos individuais, possibilitando

enxergar o fluxo.

• Ajudam a identificar além dos que os desperdícios, as fontes de desperdício no fluxo de

valor.

• Fornecem uma linguagem comum para tratar dos processos de manufatura.

• Tornam as decisões sobre o fluxo visíveis, possibilitando discuti-as.

• Unificam conceitos e técnicas enxutas, ajudando o gestor a evitar a implementação de

técnicas isoladas.

• Formam a base de um plano de implementação, tornando-se referência para a

implementação enxuta.

• Mostram a relação entre o fluxo de informação e o fluxo de material.

• É uma ferramenta qualitativa com a qual você descreve em detalhe como a sua unidade

produtiva deveria operar para criar valor.

A figura 12 apresenta um exemplo de mapa de fluxo de valor para uma empresa do setor

produtivo.

Figura 12: Mapa de fluxo de valor para de uma empresa do setor produtivo.

Fonte: https://blogdaengenharia.com/o-que-e-mapeamento-do-fluxo-de-valor/ Acessado em 17/08/2018

28. ROTHER, M.; SHOOK J. Aprendendo a Enxergar: mapeando o fluxo de valor para agregar valor e eliminar o desperdício.

Lean Institute Brasil. 2003. p. 4.

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EMILIANI e STEC (2004) afirmam que, por mais de dez anos os mapas de fluxo de valor foram

aplicados à manufatura, mas com o passar do tempo começaram a ser utilizados em contextos

diversos como em atividades de escritório (ajudando a entender o fluxo de material e

informações como entrada de pedidos), desenvolvimento de novos produtos e relatórios

financeiros, podendo assim serem utilizados para mapear qualquer processo de negócios no

setor de serviços, incluindo vendas entre empresas, vendas no varejo, e-commerces, auditoria,

saúde, educação e serviços governamentais [24]

24. M.L. Emiliani, D.J. Stec, (2004) "Using value‐stream maps to improve leadership", Leadership & Organization Development

Journal, Vol. 25 Issue: 8, pp.622-645, disponível em < https://www.emeraldinsight.com/doi/abs/10.1108/01437730410564979>

Page 60: APLICAÇÃO DO MAPEAMENTO DO FLUXO DE VALOR AO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10026044.pdf · PROCESSO DE VISTORIA VEICULAR DO DETRAN RJ COMO ... condições mínimas

60

3.3. FILOSOFIA LEAN APLICADA A SERVIÇOS

Após ser fundamentada e vastamente aplicada no setor produtivo, sendo considerada um

marco na história da gestão produtiva, a filosofia lean tem mostrado sua flexibilidade,

consistência e robustez agora no setor de serviços. Vários são os estudos e registros da

melhoria na eficiência e no aumento do nível de atendimento de diversas organizações do

terceiro setor que aplicaram as técnicas do pensamento enxuto em seus processos.

LEITE e VIEIRA (2015) estabelecem que apesar da falta de padrões e metodologia para o uso

em serviços, a filosofia lean quando aplicada em serviços pode gerar amplos resultados

econômicos e financeiros, bem como uma melhora no comportamento dos trabalhadores [29]

É interessante observar que a aplicação do pensamento enxuto no setor de serviços é

relativamente nova. GUPTA et al. (2016) em sua revisão bibliográfica sobre o assunto,

destacam a quantidade de artigos publicados por ano referenciando a temática. Onde verificou-

se que os registros iniciais datam em 1997, com um crescente a partir de 2008, tendo o seu

pico em 2011, como representado no gráfico da figura 13. [30]

Figura 13: Série histórica de artigos publicados por ano sobre a aplicação da filosofia

lean em serviços.

(GUPTA et al. 2016)

29. LEITE, H.R. and VIEIRA, G.E. 2015 (Apud. GUPTA e SHARMA 2015), “Lean philosophy and its applications in the service

industry: a review of the current knowledge”, Production, Vol. 25 No. 3, pp. 529-541.

30. GUPTA, Shradha, SHARMA, Monica, SUNDER M. Vijaya, (2016) "Lean services: a systematic review", International Journal of

Productivity and Performance Management, Vol. 65 Issue: 8, pp.1025-1056

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Os autores ainda analisam as principais áreas do terceiro setor onde a literatura relata a

aplicação da filosofia lean, sendo essas: saúde, tecnologia da informação (T.I.), finanças,

educação, setor público e outros, como pode ser visto na figura 14.

Figura 14: Artigos publicados sobre serviços lean por subcategorias. (GUPTA et al. 2016)

As seções seguintes se dedicam a mostrar relatos da aplicação do pensamento lean em

diferentes ramos, evidenciando sua aplicabilidade em processos de prestação de serviços.

3.3.1. Lean aplicado à saúde

Como verificado anteriormente a área da saúde, apresenta grande destaque. CLARK e

SILVESTER (2013) afirmam que os princípios lean vêm sendo aplicados em um número

crescente de sistemas de saúde ao redor do mundo para melhorar a qualidade e a eficiência

nos custos dos serviços prestados. Adicionalmente relata que laboratórios especializados

nas mais diversas patologias, têm utilizado o pensamento lean para reduzir os tempos de

resposta, melhorar a qualidade e aumentar a produtividade. [23]

23. CLARK DM, SILVESTER K, Knowles. Lean management systems: creating a culture of continuous quality improvement

S. J Clin Pathol 2013;66:638–643.

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Como exemplo de tal aplicabilidade NOVAES e BATTAGLIA (2017) relatam a aplicação do

pensamento lean no Hospital Aliança (Nordeste brasileiro) no gerenciamento de pacientes

com suspeitas de infarto do miocárdio. [31]

Os dois maiores problemas que o hospital enfrentava na emergência eram a inexistência de

um fluxo diferenciado para pacientes com dor torácica e suspeita de Infarto Agudo do

Miocárdio (IAM) e a alta saturação do fluxo de pacientes verdes (clientes de pouca urgência,

mas numericamente expressivos representando 65% do volume). Este fator gerava um

tempo de espera elevado comprometendo a qualidade, a segurança e o nível de satisfação

do cliente. Como resultado, havia um grande número de desistências do atendimento médico

por parte desses pacientes.

Paralelamente a linha de cardiologia também enfrentava problemas de superlotação, o que

gerava uma mescla entre o próprio fluxo dos pacientes verdes e pacientes com queixas de

dor no peito (às vezes leves), o que poderia ser sinal de IAM em evolução.

Isso gerava o conceito errado na população de que a emergência tinha um perfil de doenças

clínicas gerais e de que os casos de IAM poderiam não ser prontamente atendidos,

causando insatisfação e desistência do atendimento por parte dos pacientes. Com isso,

muitos pacientes com suspeita de doenças cardíacas não procuravam a emergência do

hospital ou desistiam do atendimento assim que chegavam.

Além disso, havia problemas de comunicação e com o fluxo de informação: não havia um

trabalho padronizado de como o paciente com dor torácica seria identificado e como acionar

o atendimento para a realização imediata do eletrocardiograma (ECG) e o seguimento do

atendimento sem dúvidas de operacionalização.

A partir da formação de uma equipe e treinamento nos conceitos lean, contato direto ao

gemba e do mapeamento dos processos, foram identificadas e neutralizadas as principais

causas de desperdício.

Os resultados foram representados por uma queda de 70% da desistências e uma redução

do tempo espaço de tempo entre a chegado do paciente e a realização do eletrocardiograma

para 4 minutos (sendo anteriormente maior do 10 min.) Adicionalmente o tempo de chegada

do paciente com dor no peito até a realização de uma angioplastia* foi reduzido de 112 para

84 min (-23%)

*Angioplastia é um procedimento feito para desentupir artérias coronárias que estejam entupidas por gordura

31. NOVAES, Eduardo. BATTAGLIA Bruno. Battaglia Flávio. “Gerenciando o infarto do miocárdio: uma aliança de sucesso com

o lean” (2017) Lean Institute Brasil.

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3.3.2. Lean aplicado à tecnologia da informação

Em suas pesquisas GUPTA et al. (2016), declaram que aplicação da filosofia lean na área

de T.I. ganhou impulso durante a crise global de 2008, devido ao foco da área passar por

uma mudança, sendo direcionado para o corte de custos e melhoria do resultado final. Ainda

assim os registros de aplicações práticas são escassos. [30]

Os autores afirmam que a maioria dos jornais aborda dois temas. Primeiro como os

princípios lean de Womack e Jones podem ser aplicados e a identificação dos sete

desperdícios (seção 4.1). E em segundo a aplicação do lean com outras técnicas de para

melhoria de qualidade.

WANG et al. (2012) relatam a utilização dos princípios lean no desenvolvimento de

softwares, nomeado pelos especialistas da área de “software enxuto”, mostrando como a

técnica pode ser aplicada em processos ágeis de diferentes maneiras para diferentes

propósitos, sendo mais utilizado na melhoria contínua desses processos. [32]

3.3.3. Lean aplicado à construção civil

Em artigo publicado no Lean Institute Brasil, FERRO (2005) cita a implementação do

pensamento lean na construção do Aeroporto Internacional de Chubu no Japão mostrando

a eficácia dos métodos da Toyota para reduzir os custos da construção. O projeto,

originalmente estimado para custar 768 bilhões de yens, teve seu custo reduzido em 16%.

Uma das medidas tomadas pela companhia foi colocar um fim às práticas que levavam ao

aumento nos custos como, por exemplo, as custosas modificações de projeto e

especificações feitas pelos empreiteiros.

Outra decisão de destaque foi que a modificação dos critérios de seleção de empresas na

licitação, estas não foram selecionadas com base no tradicional processo de "concorrência"

considerando o menor custo pois se acreditava que esse processo, em verdade, resultava

em maiores custos. [33]

30. GUPTA, Shradha, SHARMA, Monica, SUNDER M. Vijaya, (2016) "Lean services: a systematic review", International Journal of Productivity and Performance Management, Vol. 65 Issue: 8, pp.1025-1056

32. WANG, X., CONBOY, K. and CAWLEY, O. (2012), “‘Leagile’ software development: an experience report analysis of the application of Lean approaches in agile software development”, Journal of Systems and Software, Vol. 85 No. 6, pp. 1287-

1299.

33. FERRO, José Roberto, “Novas fronteiras de aplicação do sistema Lean em serviços”. Lean Institute Brasil. 2005. Disponível em < https://www.lean.org.br/artigos/72/novas-fronteiras-de-aplicacao-do-sistema-lean-em-servicos.aspx >

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3.3.4. Lean aplicado ao setor de educação

Pesquisas realizadas relatam que DAHLGAARD e OSTERGAARD (2000) foram os

primeiros a relacionar a organização no ensino superior com os sete tipos de desperdícios

e os cinco princípios Lean. Os autores afirmam que as aplicações da filosofia lean tornaram

o conteúdo do curso mais relevante e agilizaram sua entrega. A personalização e a

velocidade de estudo mais rápida levaram a uma enorme melhoria no conhecimento

recebido pelos alunos. [25]

GUPTA et al. (2016) concluem que as instituições de ensino são boas candidatas para a

aplicação do Lean, levando a uma redução significativa dos desperdícios e melhorias em

termos de qualidade do ensino. [30]

3.3.5. Lean aplicado a serviços logísticos [34]

Em artigo publicado no Lean Institute Brasil, CARDOSO (2017) apresenta um caso de

sucesso pela implementação de um projeto de logística lean em um processo de

carregamento e distribuição de combustíveis, realizado por caminhões de uma das maiores

distribuidoras da área no Brasil.

A ação lean visou resolver a baixa produtividade da frota da distribuidora, eliminando,

principalmente, os desperdícios de tempo. Com o projeto, houve expressivos resultados,

como a eliminação de altas perdas de tempo, aumento de produtividade e receitas,

economia de custos, diminuição de reclamações, entre outros.

A produtividade da frota da distribuidora vinha apresentando baixo resultado por 12 meses

consecutivos. Cada caminhão se limitava a realizar em média 0,8 viagens por dia, o que não

era suficiente para atender todos os clientes.

25. BARRAZA, M.F.S., Smith, T. and DAHLGAARD-PARK, S.M. 2009 (Apud. GUPTA e SHARMA 2015) (, “Lean-Kaizen public service: an empirical approach in Spanish local governments”, The TQM Journal, Vol. 21 No. 2, pp. 143-167.

30. GUPTA, Shradha, SHARMA, Monica, SUNDER M. Vijaya, (2016) "Lean services: a systematic review", International Journal of Productivity and Performance Management, Vol. 65 Issue: 8, pp.1025-1056

34. CARDOSO, Alexandre A. “Logística lean aplicada a uma transportadora”. Lean Institute Brasil. 2017. Disponível em <https://www.lean.org.br/artigos/506/logistica-lean-aplicada-a-uma-transportadora.aspx >

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65

Entre os principais desperdícios identificados, citam-se:

• Esperas de até 4h por parte dos motoristas a fim de conseguirem abastecer e

seguirem sua roda de distribuição;

• Falta de rotas predefinidas para que os motoristas realizassem as entregas.

Dessa forma cada um percorria um caminho mais conveniente para si, fazendo

muitas vezes percursos longos e que não otimizavam a viagem;

• Ausência de local para estacionar os caminhões de forma adequada nos pontos

de entrega, com isso ocorriam esperas para que o gerente do posto

reposicionasse os carros estacionados para posicionamento do caminhão de

combustível;

• Falta de informação quanto ao horário da entrega, impossibilitando os gerentes

dos postos a preparar a área de entrega para a chegada dos caminhões;

• Impossibilidade de realização de mais entregas ao longo de um dia pelo horário

demasiadamente tarde, do retorno dos caminhões ao terminal de distribuição.

Através do mapeamento do fluxo de valor do processo, foram implementadas medidas para

a eliminação dos desperdícios, dentre as quais citam-se:

• Criação de uma agenda de carregamento. Avisando-se os motoristas com um

dia de antecedência o seu horário de carregamento, eliminando com isso as filas,

anteriormente formadas pela ordem de chegada dos motoristas.

• Implementação de monitoramento da rota de viagem dos caminhões, com

informação da localização do motorista a cada 30 min., possibilitando o aviso

prévio aos postos consumidores do momento da chegada do caminhão,

viabilizando sua preparação para recepção dos caminhões e consequentemente

reduzindo as esperas para arrumação da área de abastecimento.

• Identificação prévia do motorista na entrada do terminal, eliminado demorados

processo de deslocamento para confirmação da identidade do motorista.

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Os resultados alcançados com a implementação da filosofia lean e ações para eliminação

de desperdícios, se mostraram significativos:

• Aumento de 55% na distribuição da frota;

• Aumento de 66% do EBTIDA da distribuidora;

• Aumento de 38% do carregamento da frota;

• Aumento de 25% dos pedidos realizados à distribuidora;

• Aumento da produtividade dos caminhões de 0,8 para 1,54 (92,5%) viagens/dia;

• Redução do tempo de espera para carregamento de 4h para 15min

• Redução de -10% na reclamação dos postos consumidores;

34. CARDOSO, Alexandre A. “Logística lean aplicada a uma transportadora”. Lean Institute Brasil. 2017. Disponível em <

https://www.lean.org.br/artigos/506/logistica-lean-aplicada-a-uma-transportadora.aspx >

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67

3.4. FILOSOFIA LEAN APLICADA EM SERVIÇOS PÚBLICOS

Caminhando para um afunilamento maior na busca pelas aplicações do pensamento lean,

buscaram-se registros de sua implementação no âmbito dos serviços públicos.

Uma vez que os recursos públicos são escassos, a eficiência nos gastos deve ser uma premissa

objetivada por qualquer governo. As pesquisas revelaram que muitas organizações

governamentais ao redor do mundo já atentam seus olhares para os benefícios conferidos com

a implementação da filosofia lean, resultando em ganhos significativos da eficiência e qualidade

dos serviços prestados.

BHATIA e DREW (2006) indicam o vasto potencial operacional da abordagem lean para

melhorar a produtividade e a satisfação do cliente em governos locais que processam grandes

quantidades de papéis e documentos relacionados aos serviços públicos fornecidos aos

cidadãos da comunidade. [35]

BARRAZA et al. (2009) afirmam que em revisão à literatura encontram-se artigos que trazem

casos descritivos, mostrando exemplos da aplicação de algumas técnicas de lean-kaizen em

processos como coleta de impostos no Departamento de Trabalho de Connecticut nos EUA

(Apud. Hasenjager, 2006) ou caso da cidade de Cincinnati, Ohio, onde melhorias foram feitas

nos processos de recrutamento de força policial e serviços de saúde da cidade (Apud. Krings et

al., 2006).

Em seu artigo “Lean-kaizen public service”, os autores analisam casos da implementação do

pensamento e técnicas lean em três conselhos municipais da Espanha. Relata-se que cada um

desses realizava esforços para modernizar e melhorar os serviços desde o final da década de

80, recebendo vários prêmios e certificados de órgãos oficiais externos, reconhecendo sua

gestão com base em aspectos de qualidade, melhoria e excelência. No estudo em questão três

técnicas foram aplicadas pelos conselhos: 5S, visitas ao gemba e o mapeamento do fluxo de

valor, sendo responsáveis pela melhoria dos processos internos e dos serviços públicos

oferecidos. [36]

35. BARRAZA Manuel F. Suarez, SMITH Tricia, DAHLGAARD‐PARK Su Mi, (Apud. BHATIA e DREW, 2006) 2009 "Lean‐kaizen

public service: an empirical approach in Spanish local governments", The TQM Journal, Vol. 21 Issue: 2, pp.143-167, disponível em:

<https://doi.org/10.1108/17542730910938146 >

36. BARRAZA Manuel F. Suarez, SMITH Tricia, DAHLGAARD‐PARK Su Mi, 2009 "Lean‐kaizen public service: an empirical

approach in Spanish local governments", The TQM Journal, Vol. 21 Issue: 2, pp.143-167, disponível em:

<https://doi.org/10.1108/17542730910938146 >

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WATERMAN e McCUE (2012) [37], relatam a aplicação da filosofia lean pelo governo do Reino

Unido em processos licitatórios. A entidade anunciara em maio de 2010 uma reforma nos

contratos públicos. Uma proposta fundamental era a implementação da “contratação lean” para

encurtar prazos e reduzir custos. Em seu artigo os autores descrevem os trabalhos realizados

pela instituição no desenvolvimento da “terceirização enxuta” e examina a sua implementação

prática. A publicação não chega a relatar os resultados alcançados com as propostas, entretanto

os estudos conduzidos por uma equipe técnica indicavam uma potencial redução de 70% nos

tempos de resposta, com uma economia de £ 3,5 milhões para fornecedores em uma aquisição

típica e uma redução nos custos de processamento de cerca de £ 400.000 por contratação.

JAARON e BACKHOUSE (2010) [38], apresentam um estudo de caso realizado no departamento

de Tecnologias de Informação e Comunicação (ICT) do Conselho de Stockport na Inglaterra. O

Departamento possuía um serviço de apoio, que oferecia suporte a mais de 6.000 clientes nos

departamentos do conselho e diretorias relacionadas para suas necessidades de hardware e

software e solução de problemas de TI. Apresentava um total de 18 funcionários trabalhando

em ligações e e-mails. Em geral, o trabalho dos funcionários era muito semelhante ao ambiente

de call center, onde os clientes ligam em busca de informações sobre como resolver problemas

de TI ou para suporte técnico. O objetivo do centro de apoio da perspectiva do cliente era

fornecer a este suporte em sistemas de TI de que ele precisava. Em contraste, o propósito do

sistema original (antes da transformação) na perspectiva dos empregados - derivado das

práticas de gestão – era de realizar as tarefas e cumprir os objetivos definidos. Essa

incompatibilidade de propósito percebido foi identificada como resultando em uma solução não

ideal.

Reconheceu-se que as aspirações dos Conselhos de Stockport de passar do excelente para o

excepcional requeriam uma continuação na melhoria do desempenho e do uso de recursos. Em

resposta à necessidade de iniciativas de melhoria, o departamento foi parte de uma abordagem

estratégica para alcançar as melhorias e eficiências necessárias através da transformação de

negócios e prestação de serviços. processos e métodos. O programa de transformação seguiu

os princípios da produção lean e cobriu todas as funções do departamento, sendo estruturado

em três etapas: (1) Análise, (2) Reprojetar e (3) Implementar

37. WATERMAN e McCUE “Lean Thinking Within Public Sector Purchasing Department: The Case Of The U.K Public Service”. Journal Of Public Procurement, volume 12, p. 505-527

38. JAARON, A.A.M. and BACKHOUSE, C.J., 2010. “Lean manufacturing in public services: prospects for value creation”. Loughborough University Institutional Repository. IN: Morin, J.-H., Ralyte, J., Snene, M. (eds). Exploring Services Sciences: First International Conference, IESS 2010, Geneva, Switzerland, February 17-19, 2010. Lecture Notes in Business Information Processing; 53, pp.45-57.

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Entre as contribuições do programa o autor destaca:

• Melhora na experiencia de trabalho;

• Redução das transferências de ligações entre os setores, trazendo maior valor ao

cliente. Representado por um percentual de 85% de ligações recebidas e resolvidas no

primeiro contato;

• Redução dos desperdícios do sistema de serviços, que o tonava lento e demorado;

• Economia de recursos sem corte na capacidade de atendimento;

• Redução de chamadas repetidas e, portanto, melhor produtividade e capacidade;

• Clareza e transparência dos sistemas devido à análise contínua da demanda.

RADNOR e JOHNSTON (2013) [39] em seus estudos, analisam a implementação da filosofia e

técnicas lean em dois grandes departamentos governamentais do Reino Unido:

• HM Customs and Revenues (HMCR): Estabelecido em abril de 2005 como um

departamento não ministerial, responsável pela administração de impostos (diretos e

indiretos), contribuições de seguro nacional e direitos aduaneiros, também paga e

administra créditos fiscais e benefícios. Na época do estudo de caso em 2007, suas

unidades operacionais empregavam mais de 70.000 funcionários em mais de 100 locais

em todo o Reino Unido, com foco na prestação de serviços como processamento,

conformidade local e contato com o cliente. Quase todos os indivíduos e empresas do

Reino Unido são clientes diretos do HMRC, totalizando 30 milhões de clientes

individuais, cidadãos britânicos e quatro milhões de clientes empresariais que pagam

impostos.

O programa lean do órgão foi desenvolvido para melhorar a eficiência e atendimento ao

cliente, proporcionando uma melhoria de 30% na produtividade e redução de atrasos e

inconsistências e garantir que o processamento do órgão estivesse entre um dos

melhores do Reino Unido. Iniciado em 2006, o programa consistia em introduzir

processos revisados nas quatro principais operações voltadas para o cliente.

Implementou quadros de desempenho que refletiam o desempenho das equipes,

planejamento de recursos, metas e problemas. Estabeleceram-se também, reuniões

diárias para motivar a equipe a refletir sobre as conquistas do dia anterior, planejar os

dias de trabalho e resolver quaisquer problemas pendentes ou problemas com o

processo.

39. RADNOR, Z. and JOHNSTON, R., 2013. “Lean in UK Government: internal efficiency or customer service”.

Loughborough University Institutional Repository. Production Planning and Control, 24 (10-11), pp.903-915.

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70

O desempenho foi medido com base no número de casos/reclamações processados por

dia (produtividade), o número de casos/reclamações processadas corretamente

(qualidade) e o tempo gasto para processar um caso/reclamação (lead time). Outros

resultados e impacto incluíram a mudança do papel dos gerentes, o trabalho em equipe

e a resolução de problemas.

• HM Court Service (HMCS): O Majesty’s Courts Service (HMCS) é uma agência

executiva do Ministério da Justiça, tendo a função de fornecer serviços jurídicos de forma

eficaz e eficiente ao público através da gestão dos tribunais dos magistrados, do Tribunal

da Coroa, dos tribunais do condado, do Supremo Tribunal e do Tribunal de Recurso da

Inglaterra e do País de Gales. Foi estruturado em 18 áreas dentro de sete regiões. Sendo

responsável por 664 propriedades, das quais 530 são tribunais operacionais com 2.863

salas e empregam cerca de 18.000 funcionários. Sua estratégia de negócios estabelece

os objetivos para a criação de um serviço judicial moderno, eficiente e adequado para o

século XXI. Seu objetivo estratégico se concentra no acesso à justiça, reduzindo custos

e atrasos, levando a uma transformação de serviços.

Foi lançado em 2008 um programa lean de três anos. Cada tribunal começou a introduzir

processos revisados através de Procedimentos Operacionais Padrão (POP’s) e novas

práticas. Como o HMRC, essas práticas incluíam a introdução de informações da equipe

ou quadros de desempenho para cada equipe usar, a fim de gerenciar a alocação de

carga de trabalho, identificar problemas dentro do processo, habilidades dos membros

da equipe e sucessos alcançados. Os quadros deveriam ser usados em conjunto com

reuniões de equipe diárias, para comunicar o trabalho do dia atual, discutir os problemas

encontrados e esclarecer pontos de interesse comum.

Os principais impactos, incluíram o aumento do desempenho da equipe, que envolveu

mais especificamente o aumento da produtividade para atingir as metas com maior

frequência. Redução do tempo para realizar tarefas específicas, reduzindo assim a

quantidade de tempo desperdiçado e a capacidade de liberação. Destacou-se ainda que,

à medida que os funcionários saíam ou se aposentavam, estes não estavam mais sendo

substituídos, de modo que seus deveres estavam sendo absorvidos pelo restante dos

funcionários.

Os autores também compilam uma série de exemplos de implementações da filosofia lean e

seus impactos no setor público do Reino Unido, os quais são apresentados no quadro 1.

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71

Afirmam ainda que muitos dos exemplos ilustram os impactos dramáticos da implementação do

Lean. Estes incluem resultados tangíveis, como a redução do tempo (processamento ou

espera), aumento da qualidade através da redução de erros, redução de custos (através de

menos recursos) e intangíveis, como aumento da motivação e satisfação dos funcionários e

maior satisfação do cliente.

Quadro 2: Exemplos e impactos da implementação do pensamento lean no setor público.

(RADNOR, 2010)

Organização Metodologia Impacto Gerado

Governo Central

Ministério da defesa

Práticas lean para melhorar

a eficiência dos processos

de reparo

Uma queda no custo de suporte de £ 711 para £

328 entre 2002 e 2007 e redução de mão de obra

em 21% (para uma aeronave).

Departamento de obras e

reformas Lean

Para um local empregando cerca de 400

funcionários, foram identificadas 101

oportunidades de melhoria. Obteve-se £ 575K em

redução de custos e redução do tempo de viagem

do cliente incluindo mudança de endereço de 9

para 1 dia.

Saúde

Hospital Royal Bolton Aprimoramento do sistema

de atendimento (lean)

Economia direta de £ 3.1 milhões. Queda de dois

terços na taxa de mortalidade. Redução do tempo

de processamento de categorias importantes de

sangue de 2 dias para 2 horas.

Centro Médico de Nebraska

Princípios lean para

redesenhar a área de

trabalho no centro de

processamento estéril e

nos laboratórios clínicos

Redução do deslocamento de pessoal em 267 km

por ano. Redução do espaço do laboratório em 77

m2. Redução do tempo de processamento de

amostras em 20%. Redução da mão de obra em 11

equivalentes em tempo integral. Redução do

tempo médio de permanecia de 6,29 para 5,72

dias.

Governos Locais e Outros

Departamento de trabalho

Connecticut Lean

119 etapas eliminadas, reprojetadas ou

automatizadas; 1.181 horas de ciclo eliminado,

reprojetadas ou automatizado; 33,5 horas de

pessoal eliminadas, reprojetadas ou automatizadas

em uma base unitária para quatro processos;

Economia de US$ 500.000 em tempo de equipe em

um ano.

Conselho do Distrito de

Solihull (Inglaterra) Lean

Economia de £ 500 mil em fomentos com aumento

de 25% de incentivos. Redução de £ 135 mil em

custos de postagem

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3.5. FILOSOFIA LEAN APLICADA EM PROCESSOS DE CONSUMO

WOMACK e JONES (2006), em sua obra “soluções enxutas” [6] refletem sobre os desafios

enfrentados por milhões indivíduos em suas jornadas de consumo e argumentam que o este é

um processo contínuo, um conjunto de ações empreendidas ao longo de um período

prolongado para resolver um problema, envolvendo busca, obtenção, instalação, manutenção,

reparos, atualizações e finalmente o descarte de muitos bens e serviços, envolvendo com isso

tempo, esforço e incômodos ao consumidor. Dessa forma ao analisarem variadas jornadas de

consumo e identificam a existência de diversas etapas, que simplesmente não agregam valor

ao consumidor, representando desperdícios do processo. Tais constatações os motivaram a

formular o conceito de “Consumo Lean”.

O consumo lean basicamente utiliza os conceitos do pensamento enxuto, voltando seu olhar

não mais para o processo produtivo mas agora para o processo/jornada de consumo,

identificando o que é valor para o consumidor e o que é desperdício, procurando assim eliminá-

lo. É fundamentado em seis princípios básicos que expressam o desejo do consumidor e

consequentemente define o que é valor para ele, tais princípios figuram da seguinte forma:

1. Resolva o problema do cliente completamente

2. Não desperdice o tempo do cliente

3. Forneça exatamente o que o cliente deseja

4. Entregue o valor onde o cliente deseja

5. Proporcione valor quando o cliente desejar

6. Reduza a quantidade de decisões que o cliente tem de tomar para resolver seu

problema

Os autores destacam que nenhum desses princípios focaliza os atributos específicos ou o

desempenho dos produtos em si, reforçando que estes não representam o problema, que

reside no processo de consumo. Tal fato é interpretado pela intensa preocupação, foco e

dedicação que as organizações despenderam a seu processo internos e produtos durante

anos, porém deixando de lado a experiencia do cliente durante sua jornada de consumo

Da mesma forma refletem sobre os desafios enfrentados pelos provedores dos serviços,

ressaltando igualmente valores e desperdícios presentes em suas jornadas de provisão,

valores estando diretamente ligados ao propósito de suas funções e desperdícios sendo

representados por ineficiências do processo ou comportamentos do cliente que os obrigam a

realizar atividades ou passar por situações destoantes de seu escopo de trabalho, gerando

stress, desgaste e consequentemente queda na qualidade de atendimento.

6. WOMACK, P. W. E JONES, D. T.: “Soluções Enxutas (Lean Solutions): Como empresas e clientes conseguem juntos criar valor

e riqueza.” Ed. Campus (Elsevier) / 2006.

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A fim de trabalharem o conceito e criar meios de análise e ações de melhoria aos processos,

adaptaram o mapa de fluxo de valor de forma a detalhar valores e desperdícios presentes na

jornada de consumo/provisão e não mais nos processos de produção. A figura 15 apresenta

um MFV de um consumidor e seus provedores em suas jornadas de consumo/atendimento em

uma oficina mecânica.

Figura 15: Mapa de fluxo de valor cliente/provedor para a jornada de

consumo/atendimento em uma oficina mecânica (WOMACK & JONES, 2006, p. 32)

As pesquisas realizadas resultaram em um exemplo da aplicação dos conceitos do consumo

lean a processos de consumo, representado pelo trabalho de SOUZA e PARENTE (2015), onde

a metodologia foi aplicada na avaliação da jornada de consumo usuários do sistema Bus Rapid

Transport (BRT), na cidade do Rio de Janeiro. [40] Tal fato indica como o assunto é novo,

representando uma vasta gama de oportunidades de estudo a potenciais aplicações

40. SOUZA e PARENTE, “BRT transcarioca: reflexões e propostas à luz da filosofia”. 2015. Projeto de Graduação

apresentado. Curso de Engenharia de Produção. Escola Politécnica, UFRJ.

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3.6. FILOSOFIA LEAN APLICADA A PROCESSOS DE VISTORIA VEICULAR

Como último nível de afunilamento das pesquisas realizadas, procuraram-se registros da

aplicação do pensamento lean em processos de vistoria veicular. Os artigos e materiais

encontrados não tratam especificamente do tema, indicando ser o presente trabalho um estudo

inédito.

A obra que apresentou maior alinhamento ao trabalho, registra um estudo de caso onde a

implementação dos princípios lean foi simulada por softwares computacionais em processos de

renovação de carteiras de habilitação, em uma unidade Poupatempo na cidade de São Paulo.

(VENDRAMINI, 2016) [41], o qual é resumido a seguir:

O sistema Poupatempo oferece vários tipos de serviços para a população, entre os quais

figuram: emissão de carteiras de identidade, licenciamento de veículos, renovação de carta de

condução, emissão de autorizações de trabalho e a renovação da carteira de motorista, foco do

estudo. Todos os serviços oferecidos pelo sistema operam 9 horas por dia de segunda a sexta

e aos sábados por 6 horas. O diferencial do sistema reside no fato de que os serviços oferecidos

são alocados em um único espaço físico, evitando assim que o usuário se desloque para lugares

diferentes, adicionalmente funciona em um arranjo celular, devido ao fato de que diferentes

serviços são agrupados em diferentes espaços físicos.

Apesar de reconhecerem que a unidade por si só já representava uma melhoria no atendimento

às necessidades dos cidadãos, os autores buscaram através da filosofia lean e da simulação

oportunidades de melhoria para torna-lo mais eficiente. A metodologia aplicada foi composta

por 6 etapas, sendo estas:

1. Descrição do processo

2. Mapeamento processo de um mapa de fluxo de valor 3. Simulação de processo 4. Validação da Simulação 5. Elaboração de propostas de melhoria 6. Discussão e avaliação das melhorias propostas

41. VENDRAMINI, MATHEUS et al. “Simulation and Lean Principles: A Case Study in a Public Service in Brazil”. International Journal of Performability Engineering, Vol. 12, No. 2, March 2016, pp. 103-113.

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Para o processo de renovação de habilitação o usuário passava por 5 espaços de trabalho

completando os seguintes passos:

• Entrega dos documentos necessários

• Identificação do usuário

• Realização de exames médicos

• Pagamento da taxa obrigatória

• Recebimento da nova habilitação

Os autores registraram que a demanda diária para o serviço de renovação de habilitações podia

atingir até 72 usuários por hora (definida por 12 usuários a cada dez minutos). A tabela 1

apresenta os dados gerais da operação:

Tabela 1: Dados gerais da operação de renovação de habilitações

Estação Operação Atendentes Tempo de ciclo (s) TAKT Time (s)

1 Recebimento da documentação 4 338.07 84

2 Identificação 3 261.41 87

3 Exame médico 2 253.34 126

4 Pagamento da Taxa obrigatória 4 97.17 24

5 entrega da nova habilitação 1 86.63 86

Fonte: (VENDRAMINI, 2016)

A análise do sistema de produção por meio de dados estatísticos obtidos pelo software de

simulação mostrou que: em 38,95% do tempo o sistema estava em operação e 61,44% do

tempo o sistema estava em espera. A eficiência de cada estação (relação entre os tempos de

operação e espera) foi então representada graficamente como exibido na figura 16.

Figura 16: Eficiência das estações de trabalho (VENDRAMINI, 2016)

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Através de modelos matemáticos e simulações computacionais os autores obtiveram uma

configuração reformulada das estações de trabalho pela modificação da quantidade de

atendentes presentes em cada uma e pela união das etapas de pagamento e recebimento da

nova habilitação na última estação, obtendo-se assim um aumento teórico da eficiência do

processo. A tabela 2 traz a configuração ótima sugerida pela simulação, enquanto que a figura

17 apresenta o gráfico de eficiência das estações para a configuração proposta.

Tabela 2: Dados gerais da operação de renovação de habilitações - configuração proposta

Estação Operação Atendentes Tempo de ciclo (s) TAKT Time (s)

1 Recebimento da documentação 4 338.07 84

2 Identificação 3 261.41 87

3 Exame médico 3 253.34 84

4 Pagamento da Taxa obrigatória entrega

da nova habilitação 2 183.80 92

Fonte: (VENDRAMINI, 2016)

Figura 17: Eficiência das estações de trabalho - configuração proposta (VENDRAMINI, 2016)

Entre as melhorias alcançadas estimou-se:

• Redução do tempo de espera entre as estações 2 e 3 de 3.654 seg. para 1.596 seg. (56,3%);

• Fluxo de movimento Aprimorado;

• Redução de atendentes ociosos.

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O artigo conclui que princípios de manufatura enxuta em conjunto com a simulação podem ser

aplicados sem quaisquer restrições em processos de prestação de serviços públicos e

contribuem positivamente para a identificação de melhorias de processo.

Apenas para registro citam-se alguns artigos que abordam a temática da vistoria veicular:

BRANCO (2015), em sua pesquisa analisa a inspeção veicular como instrumento de controle

da poluição atmosférica nas grandes cidades, verificando que tal processo em conjunto com

outras ações promovidas por órgãos ambientais, apresenta relação causal com a redução do

número de dias em que o ar na região metropolitana de São Paulo foi classificado como

inadequado ao longo dos anos de 1998 a 2012. [42]

TANEERANANON et al. (2005) avalia a eficácia do processo de inspeção veicular na Tailândia

na redução de acidentes de trânsito, onde relatam os resultados de uma avaliação nacional do

desempenho de centros de inspeção de veículos privados, com foco nas áreas de segurança e

método de inspeção, objetivando aumentar a eficácia do padrão de inspeção. [20]

De forma semelhante CHRISTENSEN e ELVIK (2007) avaliam os efeitos das inspeções

veiculares periódicas na redução de acidentes de carros. Em seu estudo utilizaram modelos de

regressão binomial negativa para correlacionar dados sobre acidentes e inspeções, utilizando

arquivos de dados fornecidos respectivamente por uma grande seguradora e pela administração

de estradas públicas. [43]

KEALL e NEWSTEAD (2013), avaliam os custos e benefícios de plano de inspeções veiculares

semestrais comparados a inspeções anuais. Em seu estudo discutem que diante dos elevados

custos associados à frequência de vistorias semestrais, e uma redução modesta verificada na

taxa de acidentes de transido, tal prática aparentemente não se justifica. [44]

SELIM et al. (2011) examinam a inspeção veicular nos Emirados Árabes, comparando os

métodos de inspeção mecânica e ambiental em diferentes centros de inspeção do país. O

estudo revela diferenças significativas entre os centros nos vários Emirados. [45]

20. ANEERANANON et al. “An Evaluation Of The Effectiveness Of Private Vehicle Inspection Process In Thailand”. Journal of the

Eastern Asia Society for Transportation Studies, Vol. 6, pp. 3482 - 3496, 2005

42. BRANCO, Marcelo Cardinale (2015). “Inspeção veicular como instrumento de controle da poluição atmosférica nas grandes

cidades”. Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.

43. Christensen, Peter ; Elvik, Rune. “Effects on accidents of periodic motor vehicle inspection in Norway”. Accident Analysis and

Prevention, 2007, Vol.39(1), pp.47-52.

44. KEALL, Michael D., NEWSTEAD, Stuart. “An evaluation of costs and benefits of a vehicle periodic inspection scheme with six-

monthly inspections compared to annual inspections”. Accident Analysis and Prevention 58 (2013) 81– 87.

45. SELIM, Mohamed Y.E. et al. “Assessment of vehicle inspection and emission standards in the United Arab Emirates”. Elsevier.

Transportation Research Part D 16 (2011) 332–334.

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4. ANÁLISE DA SITUAÇÃO ATUAL – ESTUDO EM CAMPO

4.1. ESCOLHA E DETALHAMENTO DO CAMPO DE PESQUISA.

Considerando como premissa do trabalho, um estudo onde seja vivenciado uma experiencia

de consumo real e cotidiana, colocando o presente autor como cliente consumidor do serviço,

selecionou-se como campo de estudo a unidade de vistoria veicular do DETRAN RJ da Barra

da Tijuca, localizado na Av. João Cabral de Melo Neto, ao lado da entrada de carga do Shopping

Via Parque. A escolha da unidade foi motivada pelo fato de ser esta a unidade onde em geral

o autor realiza a vistoria de seu veículo.

A unidade conta com 33 linhas de vistoria e dois ambientes de atendimento. O primeiro, com

seis guichês e 60 cadeiras, destinado exclusivamente à emissão de CRLV’s. E o segundo, com

25 guichês e 208 assentos, para os demais serviços de registro de veículos, como transferência

de propriedade, alteração de característica e emplacamento, entre outros. Seu funcionamento

é de segunda à sexta das 7:00h às 22:00h e sábados de 7:00h às 18:00h

4.2. MAPEAMENTO E AVALIAÇÃO DO FLUXO DE VALOR

A fim de se analisar em profundidade o processo de consumo à luz da filosofia lean, e com isso,

proporem-se melhorias, maximizando o valor percebido pelo cliente, os dados de tempos

coletados durante a vivencia da operação foram aplicados ao modelo matemático de valoração

do fluxo de valor desenvolvido por JARDIM (2014), que busca definir, classificar e quantificar

diferentes formas de desperdício e valor presentes na jornada de consumo, transformando os

dados em informações úteis para a avaliação do processo e proposição de melhorias.

Em seguida foi utilizado o mapeamento de fluxo de valor para jornadas de consumo proposto

por WOMACK e JONES (2006), como ferramenta de análise gráfica e qualitativa.

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79

4.2.1. Apresentação do modelo matemático [46]

Esta seção se dedica a explicar o modelo proposto desde a definição de suas variáveis até

às relações matemáticas e indicadores por elas gerados.

a. Premissas do modelo:

• Todo o processo de consumo – que consome o nosso tempo - possui dois tipos de

etapas que podem gerar Valor (V) ou Desperdício (D) para o cliente, sendo estas:

Etapas fins (geradoras de valor) e etapas associadas (geradoras de desperdício).

Uma etapa fim é definida como aquela que está estritamente ligada a razão de ser

do consumo, em nosso estudo por exemplo a etapas fins seriam o agendamento

da vistoria, a vistoria propriamente dita e a emissão do novo CRLV. Por outro lado,

uma etapa associada não representa a razão de ser do consumo, mas está

presente, algumas vezes de forma inevitável, devido ao modelo de processo

estabelecido.

É interessante ressaltar que apesar de uma etapa fim ser geradora de valor, ela

poderá apresentar uma parcela de tempo gerador de desperdício no caso de ela

exceder o tempo padrão para sua conclusão. Exemplificando através do caso em

estudo, apesar de a vistoria propriamente dita ser uma atividade fim, ela passaria a

gerar desperdício em caso de se alongar por um tempo muito longo, gerando a

insatisfação do condutor.

• Existem dois tipos de desperdício, tanto para etapas fim como para etapas

associadas, sendo estes:

− Desperdício não esperado (“absoluto”): tempo totalmente sem valor para

o cliente, gerador de um sentimento negativo, associado estritamente às

etapas associadas. Exemplo: em um restaurante, tempo gasto procurando,

sem sucesso, uma mesa disponível, limpa e em condições de ser usada para

se sentar e se alimentar;

46 JARDIM, EDUARDO G. M. “Passos para aplicação do modelo matemático para análise do fluxo de valor de um processo

de consumo”. 2014

Page 80: APLICAÇÃO DO MAPEAMENTO DO FLUXO DE VALOR AO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10026044.pdf · PROCESSO DE VISTORIA VEICULAR DO DETRAN RJ COMO ... condições mínimas

80

− Desperdício esperado (“inibidor”): tempo totalmente sem valor para o

cliente, mas que diante das circunstâncias reais do processo de consumo e

provisão pode ser tolerado por este. Esse desperdício pode ter duas origens

comuns e principais:

Do provedor (advindo de eventos não causados pelo consumidor): tempo sem

valor para o cliente, mas que – dentro de limites - pode ser aceito pelo mesmo

em função das circunstâncias encontradas/esperadas quando do

recebimento do serviço por parte do sistema do provedor. Ainda que possa

ser aceita pelo cliente, esta etapa do consumo gera uma insatisfação que

cresce com a sua duração. Exemplo: longas filas de carros a serem

vistoriados

Do Consumidor (advindos de eventos decorrentes da escolha do

consumidor): tempo sem valor para o cliente, mas que é resultado da sua

própria escolha e, portanto, é “inevitavelmente” esperado e aceito pelo

mesmo durante o processo de consumo. Decorre das condições estruturais,

logísticas ou econômicas de obtenção do serviço. Em outras palavras: trata-

se de uma etapa que não se constitui na razão de ser do consumo, mas não

é consequência de uma gestão ineficiente do provedor. Exemplo: tempo

necessário para se locomover até o posto de vistoria.

Vale à pena observar que, apesar de esse tipo de desperdício não estar

relacionado ao provedor, este pode ser atenuado por modificações do

processo. Por exemplo, um restaurante pode estar localizado em uma região

distante de potenciais consumidores fazendo que, por vezes, percam clientes

que não estejam dispostos a se deslocar. Entretanto se o provedor se

dispuser a implementar um sistema delivery poderá atenuar esse problema.

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b. Variáveis do Modelo

A partir de tais premissas são definidas variáveis para o modelo, considerando etapas

fim e etapas associadas.

Para as etapas fim temos:

• Tef(i) é o tempo da etapa fim (i) medido in loco para i = 1, 2, ..., n etapas fins

• Vef(i) é o tempo de valor da etapa fim (i) para i = 1, 2, ..., n etapas fins.

Esse tempo é um dado de entrada para o modelamento do fluxo de valor do

consumo. Deve ser o tempo padrão ou o tempo racional para realizar uma dada

atividade fim (i). Pode resultar de análises de benchmarking, ou de padrões

medidos pelo provedor ou pela expectativa do cliente.

• Def(i) é o tempo de desperdício de uma etapa fim para i = 1, 2, ..., n etapas fins.

a. Def(i) = Tef(i) - Vef(i).

Esse tempo é um dado de saída para o modelamento do fluxo de valor do consumo.

Ou seja, se uma atividade fim durar mais que o tempo padrão, esse tempo será

considerado desperdício.

Importante destacar que: quando Tef(i) < Vef(i), recomenda-se fazer uma nova

medição. Caso isso se repita na nova medição, é sinal de que o valor padrão dessa

etapa i não está coerente. Logo, deve-se rever o que foi considerado como padrão

para a etapa i

Para as etapas associadas temos:

• Tea(j) é o tempo da etapa associada (j) medido in loco para j = 1, 2, ..., m etapas

associadas;

• Vea(c,j) é o tempo de valor complementar da etapa associada (j) para i = 1, 2, ...,m

etapas associadas.

• Vea(s,j) é o tempo de valor subsidiário da etapa associada (j) para i = 1, 2, ...,m

etapas associadas.

• Dea(j) é o tempo de desperdício absoluto de uma etapa associada para j = 1, 2, ...,

m etapas associadas.

Page 82: APLICAÇÃO DO MAPEAMENTO DO FLUXO DE VALOR AO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10026044.pdf · PROCESSO DE VISTORIA VEICULAR DO DETRAN RJ COMO ... condições mínimas

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b. Dea(j) = Tea(j) – [Vea(c,j) + Vea(s,j) ]

Destaca-se que: Quando Tef(j) < [Vea(c,j) + Vea(s,j) ] , recomenda-se fazer uma

nova medição. Repare também que, em caso de não haver no processo tempos de

valores complementares e subsidiários, o tempo todas etapas associadas nada mais

é do que desperdício.

Os conceitos de etapa de valor complementar e etapa de valor subsidiário são

definidos como:

• Etapa de valor complementar: São atividades que auxiliam de alguma forma

a atividade fim (razão de ser do consumo). Exemplo: enquanto o cliente se

desloca ao restaurante, já pode (através do seu celular) acessar/ler/ouvir o

menu dos pratos que poderá vir a escolher;

• Etapas de valor Subsidiário: São atividades que – embora não auxiliem a

atividade fim - podem amenizar a sensação de desperdício absoluto.

Exemplo: no hall de entrada de um restaurante, enquanto aguarda a

disponibilidade de uma mesa para almoçar ou jantar, o cliente pode assistir a

um canal de televisão com as últimas notícias do dia.

Apesar de não serem em essência a razão de ser consumo, esses tempos mitigam

a sensação de desperdício, ou seja, não podem ser considerados desperdícios

absolutos já que reduzem incômodos sentidos pelo cliente. São tempos que devem

ser medidos durante o mapeamento do fluxo de valor do processo de consumo.

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c. Indicadores Absolutos do Processo de Consumo

• n - número de etapas fins

• m - número de etapas associadas

• 𝐓𝒆𝒇- tempo total das etapas fins................................................. T𝑒𝑓 = ∑ T𝑒𝑓(𝑖)𝑛

𝑖=1

• 𝐓𝒆𝒂 - tempo total das etapas associadas................................. T𝑒𝑎 = ∑ T𝑒𝑎(𝑗)𝑚

𝑗=1

• T - tempo total de duração do processo de consumo.......................T = T𝑒𝑓 + T𝑒𝑎

• V - tempo total de valor do consumo................................................V = ∑ V𝑒𝑓(𝑖)𝑛

𝑖=1

• 𝐃𝒆𝒇(𝑻) - tempo total de desperdício das etapas fins................D𝑒𝑓(𝑇) = ∑ D𝑒𝑓(𝑖) 𝑛𝑖=1

• 𝐃𝒆𝒂(𝑻) - tempo total de desperdício das etapas associadas D𝑒𝑎(𝑇) = ∑ D𝑒𝑎(𝑗)𝑚

𝑗=1

• 𝐃 - tempo total de desperdício.................................................D = D𝑒𝑓(𝑇) + D𝑒𝑎(𝑇)

• Vc - tempo total de valor complementar....................................Vc = ∑ V𝑒𝑎(𝑐, 𝑗)𝑚

𝑗=1

• Vs - tempo total de valor subsidiário.........................................Vs = ∑ V𝑒𝑎(𝑠, 𝑗)𝑚

𝑗=1

d. Indicadores Relativos do Processo de Consumo:

• Valor Real (%) = (V/T) x 100 (Meta Ideal = 100%)

• "Densidade" das Etapas de Valor = [n/(n+m)] x 100 (Meta Ideal = 100%)

• Desperdício Crítico e Urgente = [D𝑒𝑎(𝑇)/T] x 100 (Meta Ideal = 0%)

• Desperdício Emergencial = [D/T] x 100 (Meta Ideal = 0%)

• Desperdício Total = [(Vc+Vs+D)/T]x100= (100-Valor Real) (Meta Ideal = 0%)

• Grau Atenuante de Desperdício = [(Vc+Vs)/(Vc+Vs+D)]x100 (Meta = 100%, se for

inviável eliminar D)

• Variabilidade no Atendimento - Δ = [ (T𝑒𝑓 − V) / V] x 100

Nota: quão maior for o valor de Δ, pior estão as etapas fins (de valor) do processo em relação

ao projetado, configurando um "mau" atendimento; quão menor Δ, melhor estão as etapas

fins (de valor) do processo em relação ao projetado. Se Δ = 0, o atendimento (a realidade)

está ocorrendo conforme projetado

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4.2.2. Passos para a aplicação do modelo matemático [45]

Em seus estudos JARDIM (2014) também contempla uma metodologia para o estudo do

processo e aplicação do modelo matemático incluindo a formulação de um mapa de fluxo

de valor conforme proposto por WOMACK e JONES (2006). A metodologia é estruturada

pelas seguintes etapas:

1 - Estabelecer claramente o objetivo do processo de consumo, definindo a sua

etapa inicial (baseada, por exemplo, no momento em que houve a decisão de se

obter o serviço em questão) e final (baseada, por exemplo, no momento em que

se concluiu totalmente o consumo, obtendo-se o resultado desejado do mesmo

e ficando-se apto para seguir para outras atividades ou outros processos de

consumo)

2 - Baseado no conceito de processo de consumo ideal teórico, determinar

estritamente quais são as n "etapas fins" de completo valor (ou razão de ser) do

processo de consumo em análise.

3 - Quantificar os tempos de valor padrão para cada etapa fim Vef(i) com base na

expectativa ou experiência do cliente interessado ou a partir de uma situação

perfeita de referência ou concorrência (benchmarking). Em seguida, calcular o

tempo de valor total V, pela fórmula: V = ∑ 𝐕𝑒𝑓(𝑖)𝑛

𝑖=1

4 - Ir “ao gemba”, isto é, ao local do consumo, para, in loco, identificar e vivenciar

todas as reais etapas do processo de consumo, classificando-as e quantificando-

as em n etapas fins (i) e m etapas associadas (j), bem como cronometrando os

seus respectivos tempos Tef(i) , Tea(j) , Vea(c,j) e Vea(s,j). Em seguida, calcular

o tempo total de duração do processo de consumo T, calculando e somando o

tempo total das etapas fins (Tef) com o tempo total das etapas associadas (Tea),

ou seja: T = 𝐓𝑒𝑓 + 𝐓𝑒𝑎 = ∑ 𝐓𝑒𝑓(𝑖)𝑛

𝑖=1 + ∑ 𝐓𝑒𝑎(𝑗)

𝑚

𝑗=1

5 - Baseado em 4, construir um mapa de valor presente com todas as etapas reais

identificadas, desenhadas num fluxograma visual, idealmente com as "caixas

das etapas" e "setas de fluxo" com um tamanho proporcional aos seus

respectivos tempos de duração.

Page 85: APLICAÇÃO DO MAPEAMENTO DO FLUXO DE VALOR AO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10026044.pdf · PROCESSO DE VISTORIA VEICULAR DO DETRAN RJ COMO ... condições mínimas

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6 - Para cada etapa fim (i) vivenciada, calcular o eventual tempo de desperdício

Def(i), deduzindo de seu tempo total Tef(i) o seu tempo padrão Vef(i):

a. Def(i) = Tef(i) - Vef(i).

Em caso de obter-se um resultado negativo para essa equação recomenda-se a

revisão dos padrões definidos. Em seguida deve-se calcular o desperdício total

encontrado nas etapas fins Def(T) somando-se os desperdícios de cada etapa

(i): 𝐃𝑒𝑓(𝑻) = ∑ 𝐃𝑒𝑓(𝑖)𝑛

𝑖=1

7 - Para cada etapa associada vivenciada, calcular o eventual tempo de desperdício

absoluto Dea(j), deduzindo de seu tempo total Tea(j) o seu tempo de valor

complementar Vea(c,j) e o seu tempo de valor subsidiário Vea(s,j). Ou seja:

b. Dea(j) = Tea(j) – [Vea(c,j) + Vea(s,j)]

Quando essa conta der negativa, rever os tempos cronometrados. Em seguida

calcular o desperdício absoluto total encontrado nas etapas associadas [Dea(T)]

somando-se os desperdícios de cada etapa (j): 𝐃𝑒𝑎(𝑻) = ∑ 𝐃𝑒𝑎(𝑗)𝑚

𝑗=1.

8 - Identificar e calcular os indicadores absolutos e relativos que traduzem a

qualidade do processo de consumo vivenciado conforme a seção 4.2.1, subitens

c e d.

Neste ponto é interessante testar de a Consistência do Mapeamento do Fluxo

de Valor do Processo de Consumo, confirmando a igualdade:

T = V + Vc + Vs + 𝐃

46. JARDIM, EDUARDO G. M. “Passos para aplicação do modelo matemático para análise do fluxo de valor de um processo

de consumo”. 2014

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86

4.2.3. Aplicação da metodologia proposta

4.2.3.1. Definição do objetivo do processo

O objetivo do processo foi definido estritamente como sendo a renovação do

licenciamento anual de um veículo de uso particular, necessário para que o mesmo

esteja em conformidade com a legislação vigente. Nota-se que a vistoria em si apesar

de apresentar relativo valor ao proprietário e à sociedade, não se configura, em termos

práticos e reais, no objetivo dos condutores, mas sim uma etapa obrigatória para a

regularização de seu veículo (este sim, o objetivo).

Dessa forma todas as etapas do processo global que estejam estritamente ligadas a este

propósito são consideradas etapas fim (geram valor), enquanto que as demais são

consideradas etapas associadas (não geram valor).

4.2.3.2. Definição das etapas fim

Uma vez estabelecido o objetivo, foram definidas as etapas fim do processo, sendo

estas:

• O agendamento da vistoria

• A vistoria propriamente dita

• E o recebimento do novo CRLV do veículo

Todas as etapas são detalhadamente descritas no subitem IV.

4.2.3.3. Definição dos valores padrões

Conforme o modelo proposto, faz-se necessário o estabelecimento de valores de

tempos-padrões para as etapas fim mencionadas no subitem anterior, de forma a avaliar

o processo.

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Existem três formas básicas de se estabelecer esses padrões:

1. Por um benchmark pesquisando processos iguais ao estudado, que apresentem

padrões de excelência e tempos menores;

2. Pela pesquisa junto ao consumidor perguntando-lhe sua opinião sobre um tempo

de execução da etapa que, em sua visão, lhe fornecesse alto nível de satisfação;

3. Por último, o tempo padrão pode ser determinado pelo próprio estudioso que o

avalia, uma vez que se coloca na condição de consumidor.

Em pesquisa pela literatura, não foram achados registros específicos de padrões de

excelência em termos de tempo de duração das etapas fim identificadas no processo.

Em consulta ao público (apresentada na seção 2.4), foram perguntados os tempos que,

em suas opiniões, fossem considerados ótimos para toda a jornada de consumo, para

as etapas de vistoria em si e para o recebimento do novo CRLV. A distribuição das

respostas é apresentada nas figuras 18, 19 e 20.

Verifica-se que, quando perguntados os participantes da pesquisa indicaram em sua

maioria um tempo ideal para a jornada de consumo de 30 minutos a 1 hora.

Figura 18: Distribuição do tempo ideal de jornada na opinião dos entrevistados

Fonte: O autor (2018)

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Em termos do tempo ideal para a vistoria em si, 100 dos entrevistados (cerca de 80%)

declararam estarem satisfeitos com um tempo de 5 a 10 minutos de duração, tempos

estes acima da média de duração da etapa cronometrada em campo.

Finalmente, para a etapa de recebimento do novo CRLV, 95 dos entrevistados (cerca de

75%), declararam satisfação com um tempo de 5 a 10 minutos para a conclusão da

etapa.

Figura 19: Distribuição do tempo ideal de vistoria na opinião

dos entrevistados

Fonte: O autor (2018)

Figura 20: Distribuição do tempo ideal para recebimento

do novo CRLV na Opinião dos Entrevistados

Fonte: O autor (2018)

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A maioria das respostas para as etapas de vistoria e recebimento do novo CRLV, se

mostraram maiores do que os medidos em campo, o que acarreta um distúrbio no

modelo matemático, uma vez que os valores padrões seriam maiores do que o medido.

Tal situação pode ser explicada pelo fato de os consumidores estarem possivelmente

condicionados pelo processo vigente, a uma percepção de tempo para a conclusão das

etapas em questão, muito maiores do que o necessário, refletindo em suas respostas.

Dessa forma, foram estabelecidos tempos padrões de acordo com a percepção pessoal

do presente autor, na condição de consumidor do processo, como apresentado pela

tabela 3

Tabela 3: Tempos padrões para as etapas-fim do processo de vistoria na visão do

autor do estudo.

Fonte: O autor (2018)

4.2.3.4. Consumo e avaliação do serviço como cliente (ida ao gemba)

Panorama geral do estudo de campo

O Estudo de campo foi realizado pelo experiencia de dois processos de vistoria e

emissão do licenciamento para um veículo Peugeot 207 modelo XR Sport 1.4 8V, ano

2009/2010 Flex. As vistorias foram marcadas respectivamente para um sábado às

12:30h e outra para uma sexta-feira às 12:45h, na unidade da Barra da Tijuca como

anteriormente citado.

Tempos padrões para as etapas fim

Tempo padrão para o agendamento da vistoria 2 min

Tempo padrão para a vistoria 3 min

Tempo padrão para o recebimento do novo CRLV 2 min

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Descrição do processo

Toda a jornada de consumo foi detalhadamente estudada, deste a partida do local de

origem até o retorno ao mesmo local, estabelecendo-se cada etapa componente do

processo e medindo-se os respectivos tempos com aplicativo de cronometragem

adequado, apresentando precisão de décimos de segundo.

O percurso teve seu ponto de origem na Rua Ainda Curi (Taquara) e destino no posto

de vistoria (Barra da Tijuca), utilizando-se do corredor expresso Presidente Tancredo

Neves, representando assim uma distância de 14,4 km, como demostrado pela Figura

21. Em Ambas as situações o trajeto esteve livre de congestionamentos que pudessem

impactar os resultados

Figura 21: Trajeto percorrido do ponto inicial ao posto de vistoria veicular.

Fonte: Google Maps

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Descrição da jornada de consumo

O processo é iniciado pelo agendamento da vistoria na página do DETRAN RJ

(http://www.detran.rj.gov.br/), onde são preenchidos dados como placa do veículo,

código RENAVAM, CPF/CNPJ do condutor, região de localização, etc. Em seguida,

seleciona-se a unidade de vistoria, o turno e o horário para a realização do processo.

Vale lembrar que, em caso de o veículo possuir algum débito pendente (multas ou

impostos não pagos), o sistema não permite o agendamento da vistoria, sendo

necessário, a resolução de tais pendencias para prosseguir com o processo.

Uma vez realizado o agendamento, o condutor deve dirigir-se ao posto escolhido, no

dia e horário marcado e apresenta-se na recepção, onde a sua entrada é registrada e

entregue-lhe uma senha, onde constará a linha (raia) na qual este deve se alocar em

fila aos demais veículos e esperar por sua vez de passar pela vistoria.

Chegado o momento do atendimento o fiscal solicita que o condutor posicione o veículo

no local por ele indicado, acopla uma sonda no escapamento para medição das

emissões de gases e inicia os registros no sistema (nome do proprietário, placa do

veículo, número do chassi, etc.) Todo esse procedimento inicial, foi aqui denominado

set up* da vistoria.

Após o set up a vistoria é efetivamente iniciada, onde o fiscal avalia visualmente uma

série de características estruturais do veículo como carroceria, pneus, espelhos

retrovisores, entre outros. Em seguida solicita ao condutor que siga uma série de

comandos (ex.: ligar a seta direita, ligar a seta esquerda, pressionar no freio, engatar a

marcha ré, etc.) que o possibilitem verificar o funcionamento de um conjunto de itens.

Em alguns processos o avaliador também solicita ao condutor que mantenha o carro

acelerado de 2000 a 2500 rpm por alguns instantes para potencializar a medida de

emissões e avaliar o consumo/queima de combustível.

Finalizada a vistoria passa-se à etapa de emissão do laudo, onde o condutor deve

permanecer em espera. Sendo o laudo positivo o condutor deve estacionar o veículo

em local indicado e dirigir-se ao centro de emissão de CRLV’s, onde é retirada uma

senha e aguarda-se pelo atendimento. Uma vez chamada a senha, o cidadão dirige-se

ao guichê, entrega o laudo e identidade, assina uma declaração, recebe seu novo CRLV

e retira-se do posto, quando então o processo é finalizado. Todas as etapas do processo

são esquematicamente representada diagrama da figura 22.

* Setup é uma palavra de origem inglesa que em português pode significar configuração, instalação, organização,

disposição ou regulagem.

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Figura 22: Representação esquemática do processo de vistoria e licenciamento anual de

veículos

Fonte: O autor (2018)

Medição dos tempos do processo

Como explicado anteriormente cada etapa foi devidamente classificada (como etapa

fim/ associada) e teve seus tempos cronometrados a fim de se estruturar o processo

pelo modelo matemático, avaliando-o, em termos de geração ou perda de valor para o

cliente, possibilitando a identificação de pontos de melhoria e o direcionamento das

propostas de melhoria.

As tabelas 4 e 5 apresentam a classificação e os tempos medidos para cada etapa bem

como a duração acumulada da jornada de consumo

As figuras 23 e 24, por sua vez, apresentam os tempos medidos por meio de gráficos

de barras.

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Tabela 4: Tempos medidos para o processo de vistoria veicular - 1ª vistoria

Fonte: O autor (2018)

Tabela 5: Tempos medidos para o processo de vistoria veicular - 2ª vistoria

Fonte: O autor (2018)

Etapa Classificação Duração Duração acumulada

1 Agendar vistoria Etapa fim 00:04:00 00:04:00

2 Dirigir-se ao posto Etapa Associada 00:21:54 00:25:54

3 Apresentar-se na recepção Etapa Associada 00:00:41 00:26:35

4 Receber Senha Etapa Associada 00:00:36 00:27:11

5 Dirigir-se à fila Etapa Associada 00:00:41 00:27:52

6 Espera pelo atendimento Etapa Associada 00:05:50 00:33:42

7 Set up da vistoria Etapa Associada 00:02:36 00:36:18

8 Vistoria Etapa fim 00:05:00 00:41:18

9 Emissão do laudo Etapa Associada 00:16:07 00:57:25

10 Estacionar o veículo Etapa Associada 00:01:10 00:58:35

11 Dirigir-se ao setor de emissão de CRLV Etapa Associada 00:01:04 00:59:39

12 Pegar a senha Etapa Associada 00:00:21 01:00:00

13 Espera pela chamada Etapa Associada 00:06:36 01:06:36

14 Receber novo CRLV Etapa fim 00:02:36 01:09:12

15 Dirigir-se ao veículo Etapa Associada 00:01:07 01:10:19

16 Dirigir-se à saída Etapa Associada 00:01:01 01:11:20

17 Retornar para casa Etapa Associada 00:23:03 01:34:23

Tempo total do processo 1h 34 min

Etapa Classificação Duração Duração

acumulada 1 Agendar vistoria Etapa fim 00:03:20 00:03:20

2 Dirigir-se ao posto Etapa Associada 00:20:42 00:24:02

3 Apresentar-se na recepção Etapa Associada 00:00:40 00:24:42

4 Receber Senha Etapa Associada 00:01:00 00:25:42

5 Dirigir-se à fila Etapa Associada 00:00:35 00:26:17

6 Espera pelo atendimento Etapa Associada 00:06:15 00:32:32

7 Set up da vistoria Etapa Associada 00:03:25 00:35:57

8 Vistoria Etapa fim 00:02:54 00:38:51

9 Emissão do laudo Etapa Associada 00:02:05 00:40:56

10 Estacionar o veículo Etapa Associada 00:04:06 00:45:02

11 Dirigir-se ao setor de emissão de CRLV Etapa Associada 00:01:30 00:46:32

12 Pegar a senha Etapa Associada 00:00:45 00:47:17

13 Espera pela chamada Etapa Associada 00:47:53 01:35:10

14 Receber novo CRLV Etapa fim 00:03:28 01:38:38

15 Dirigir-se ao veículo Etapa Associada 00:01:41 01:40:19

16 Dirigir-se à saída Etapa Associada 00:01:53 01:42:12

17 Retornar para casa Etapa Associada 00:25:29 02:07:41

Tempo total do processo 2h 07 min

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94

Figura 23: Gráfico de tempos do processo de vistoria veicular – 1ª vistoria.

Fonte: O autor (2018)

Figura 24: Gráfico de tempos do processo de vistoria veicular – 2ª vistoria.

Fonte: O autor (2018)

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95

A fim de se avaliar o peso que cada uma das etapas imprime sobre o processo como

um todo, foi realizada uma análise de Pareto (ou análise 80/20) ordenando as etapas

em ordem decrescente de duração e considerando o percentual acumulado de seus

respectivos tempos. Procurou-se assim identificar as etapas críticas para a duração

total da jornada de consumo. As figuras 25 e 26 apresentam respectivamente os

gráficos de Pareto para a primeira e a segunda vistoria.

Figura 25: Gráfico de Pareto referente ao 1° processo de vistoria veicular

Fonte: O autor (2018)

Analisando-se o gráfico de Pareto pode-se perceber que, no primeiro processo de

vistoria aproximadamente 80% do tempo total está relacionado a 5 das 17 etapas

sendo estas: dirigir-se ao posto, espera pelo atendimento (quando posicionado em

fila para a vistoria), espera para emissão do laudo, espera pela chamada (para

recebimento do documento) e retorno para casa. Sendo que nenhuma destas

representa valor para o consumidor. Um processo alternativo em que estas 5 etapas

críticas fossem eliminadas promoveria uma melhoria substancial do processo,

aumentando o tempo agregador de valor de 12,3% para 55,5% e reduzindo o tempo

gerador de desperdício dos atuais 87,7% para 44,5%.

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96

Figura 26: Gráfico de Pareto referente ao 2° processo de vistoria veicular

Fonte: O autor (2018)

Para o segundo processo de vistoria, constatou-se uma modificação drástica no

tempo de espera para o recebimento do novo CRLV, figurando este como a etapa

mais demorada de toda a operação, correspondendo a praticamente a soma dos

tempos de deslocamento de ida e de retorno.

Dessa forma estas três etapas somadas à espera pelo atendimento na fila de vistoria

corresponderam aos aproximados 80% de tempo total da operação. De forma

semelhante, ao primeiro processo, uma proposta de modificação que eliminasse tais

etapas corresponderia a um aumento de 7,6% para 35,4% do tempo gerador de valor

e em uma redução de 92,4% para 64,6% do tempo gerador de desperdício.

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97

4.2.3.5. Cálculo das variáveis e indicadores do processo

Aplicando-se no modelo matemático os dados coletados em campo assim como os

tempos padrões definidos anteriormente, foi possível obter um diagnóstico quantitativo

da eficiência do processo.

Observa-se que no processo de vistoria não houve ocorrências de etapas cujos tempos

pudessem ser classificados como geradores de valor complementar ou subsidiário ao

consumidor, de forma que tais variáveis foram consideradas nulas nos cálculos.

As tabelas 6, 7, 8, 9, 10 e 11 apresentam os resultados obtidos para as duas experiencias

de consumo, apresentando respectivamente os tempos das etapas fim/associadas,

assim como os tempos padrões e desperdícios (tabelas 6 e 7), as variáveis absolutas

(tabelas 8 e 9) e relativas (tabelas 10 e 11) do processo.

Tabela 6: Tempos medidos para o primeiro processo de vistoria veicular

Fonte: O autor (2018)

Etapa Classificação Tempos

Tef(i) / Tea(j) Tempos Padrões

Tef(i) / Tea(j) Desperdícios Def(i) / Dea(j)

Percentual de desperdício

(%)

1 Agendar vistoria Etapa fim 0:04:00 0:02:00 00:02:00 50%

2 Dirigir-se ao posto Etapa Assoc. 0:21:54 - 0:21:54 100%

3 Apresentar-se na recepção Etapa Assoc. 0:00:41 - 0:00:41 100%

4 Receber Senha Etapa Assoc. 0:00:36 - 0:00:36 100%

5 Dirigir-se à fila Etapa Assoc. 0:00:41 - 0:00:41 100%

6 Espera pelo atendimento Etapa Assoc. 0:05:50 - 0:05:50 100%

7 Set up da vistoria Etapa Assoc. 0:02:36 - 0:02:36 100%

8 Vistoria Etapa fim 0:05:00 0:03:00 00:02:00 40%

9 Emissão do laudo Etapa Assoc. 0:16:07 - 0:16:07 100%

10 Estacionar o veículo Etapa Assoc. 0:01:10 - 0:01:10 100%

11 Dirigir-se ao setor de emissão de CRLV’s

Etapa Assoc. 0:01:04 - 0:01:04 100%

12 Pegar a senha Etapa Assoc. 0:00:21 - 0:00:21 100%

13 Espera pela chamada Etapa Assoc. 0:06:36 - 0:06:36 100%

14 Receber novo CRLV Etapa fim 0:02:36 0:02:00 00:00:36 23%

15 Dirigir-se ao veículo Etapa Assoc. 0:01:07 - 0:01:07 100%

16 Dirigir-se à saída Etapa Assoc. 0:01:01 - 0:01:01 100%

17 Retornar para casa Etapa Assoc. 0:23:03 - 0:23:03 100%

Tempos Totais 01:34:23 0:07:00 01:27:23

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98

Tabela 7: Indicadores absolutos obtidos para o primeiro processo de vistoria veicular

Indicadores absolutos do processo de consumo Valor medido

1 Quantidade de etapas fins (m) 3

2 Quantidade de etapas associadas (n) 14

3 Tempo total de etapas fim (Tef) 00:11:36

4 Tempo total de etapas associadas (Tea) 01:22:47

5 Tempo total de duração do processo de consumo (T) 01:34:23

6 Tempo total de valor do consumo (V) 00:07:00

7 Tempo total de desperdício das etapas fim - [Def(T)] 00:04:36

8 Tempo total de desperdício das etapas associadas - [Dea(T)] 01:22:47

9 Tempo total de desperdício (D) 01:27:23

10 Tempo total de valor complementar (Vc) 00:00:00

11 Tempo total de valor subsidiário (Vs) 00:00:00

Fonte: O autor (2018)

Tabela 8: Indicadores relativos obtidos para o primeiro processo de vistoria veicular

Indicadores relativos do processo de consumo Meta Valor medido

1 Valor real 100% 7%

2 Densidade de etapas de valor 100% 18%

3 Desperdício crítico e urgente 0% 88%

4 Desperdício emergencial 0% 93%

5 Desperdício total 0% 93%

6 Grau de atenuidade de desperdício 100%* 0%

7 Variabilidade do atendimento 0% 1083%

Fonte: O autor (2018)

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Tabela 9: Tempos medidos para o segundo processo de vistoria veicular

Fonte: O autor (2018)

Tabela 10: Indicadores absolutos obtidos para o segundo processo de vistoria veicular

Indicadores absolutos do processo de consumo Valor medido

1 Quantidade de etapas fins (m) 3

2 Quantidade de etapas associadas (n) 14

3 Tempo total de etapas fim (Tef) 00:09:42

4 Tempo total de etapas associadas (Tea) 01:57:59

5 Tempo total de duração do processo de consumo (T) 02:07:41

6 Tempo total de valor do consumo (V) 00:06:54

7 Tempo total de desperdício das etapas fim - [Def(T)] 00:02:48

8 Tempo total de desperdício das etapas associadas - [Dea(T)] 01:57:59

9 Tempo total de desperdício (D) 02:00:47

10 Tempo total de valor complementar (Vc) 00:00:00

11 Tempo total de valor subsidiário (Vs) 00:00:00

Fonte: O autor (2018)

Etapa Classificação Tempos

Tef(i) / Tea(j) Tempos Padrões

Tef(i) / Tea(j) Desperdícios Def(i) / Dea(j)

Percentual de desperdício

(%)

1 Agendar vistoria Etapa fim 0:03:20 0:02:00 00:01:20 40%

2 Dirigir-se ao posto Etapa Assoc. 0:20:42 00:20:42 100%

3 Apresentar-se na recepção Etapa Assoc. 0:00:40 00:00:40 100%

4 Receber Senha Etapa Assoc. 0:01:00 00:01:00 100%

5 Dirigir-se à fila Etapa Assoc. 0:00:35 00:00:35 100%

6 Espera pelo atendimento Etapa Assoc. 0:06:15 00:06:15 100%

7 Set up da vistoria Etapa Assoc. 0:03:25 00:03:25 100%

8 Vistoria Etapa fim 0:02:54 0:02:54 00:00:00 0%

9 Emissão do laudo Etapa Assoc. 0:02:05 00:02:05 100%

10 Estacionar o veículo Etapa Assoc. 0:04:06 00:04:06 100%

11 Dirigir-se ao setor de emissão de CRLV’s

Etapa Assoc. 0:01:30 00:01:30 100%

12 Pegar a senha Etapa Assoc. 0:00:45 00:00:45 100%

13 Espera pela chamada Etapa Assoc. 0:47:53 00:47:53 100%

14 Receber novo CRLV Etapa fim 0:03:28 0:02:00 00:01:28 42%

15 Dirigir-se ao veículo Etapa Assoc. 0:01:41 00:01:41 100%

16 Dirigir-se à saída Etapa Assoc. 0:01:53 00:01:53 100%

17 Retornar para casa Etapa Assoc. 0:25:29 00:25:29 100%

Tempos Totais 02:07:41 0:06:54 02:00:47

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100

Tabela 11: Indicadores relativos obtidos para o segundo processo de vistoria veicular

Indicadores relativos do processo de consumo Meta Valor medido 1 Valor real 100% 5%

2 Densidade de etapas de valor 100% 18%

3 Desperdício crítico e urgente 0% 92%

4 Desperdício emergencial 0% 95%

5 Desperdício total 0% 95%

6 Grau de atenuidade de desperdício 100%* 0%

7 Variabilidade do atendimento 0% 1610%

Fonte: O autor (2018)

4.2.3.6. Avaliação do processo segundo o modelo matemático

Analisando-se os resultados obtidos pode-se primeiramente constatar uma grande

quantidade de etapas associadas impostas ao consumidor, o que, em uma primeira

instancia, já possibilita afirmar que na maior parte do processo o cliente realiza

procedimentos que não estão diretamente ligados à sua razão de consumo, e desta

forma não lhe agregam valor. Tal fato se reflete no indicador “densidade de etapas de

valor” (apenas 18%). Dessa forma, um processo alternativo que eliminasse ao máximo

tais etapas agregaria maior percentual de valor transmitido ao cliente.

Uma consequência direta da observação anterior é a quantidade de desperdício absoluto

intrínseco ao processo resultando em um desperdício crítico e urgente (percentual de

desperdício absoluto em relação ao tempo total) de 88% na primeira vistoria e 92% na

segunda. Somando-se os desperdícios gerados pela duração excessiva das etapas fim

obtemos e um desperdício emergencial (desperdício total) de 93% para primeira vistoria

e 95% para segunda

Observa-se que, pelo modelo, tais percentuais foram agravados pela ausência de

(medidas) geradoras de valor complementar e/ou subsidiário ao sistema, resultando em

um grau de atenuidade nulo.

Por outro lado, ao se analisar o valor gerado ao cliente obtivemos um valor real de 7%

gerado na primeira vistoria e 5% na segunda.

Finalmente verifica-se que a variabilidade do processo como um todo apresenta valores

muito elevados (respectivamente 1083% e 1610%) representando uma discrepância

significativa do padrão estabelecido.

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101

4.2.3.7. Construção dos mapas de fluxo de valor para os processos vivenciados

Prosseguindo com a metodologia foram construídos mapas de fluxo de valor do

processo.

A ferramenta contempla todas as etapas do processo e avalia aquelas que, na visão do

cliente, agregam valor e quais as que representam desperdício. As propostas de

melhoria visam então eliminar ao máximo os desperdícios, ampliando o valor ofertado.

Diante de tais informações foram estruturados mapas de fluxo de valor, destacando em

cada etapa da jornada de consumo os tempos geradores de valor (tempos padrões

aceitáveis para o desenvolvimento de cada etapa) e aqueles considerados desperdício

(tempo em excesso, além do padrão aceitável).

As figuras 27 e 28 apresentam os mapas de fluxo de valor considerando a dimensão

tempo. O Apêndice A traz os respectivos mapas em tamanho maior

Figura 27: Mapa de fluxo de valor do processo de vistoria veicular da 1º medição.

Fonte: O autor (2018)

pelo atendimento

Vistoria

Emissão

Emissão do Laudo

Estacionar Espera pela

Espera pela

chamada

Receber novo CRLV

e sair

00:04:00 00:21:54 00:01:58 00:05:50 00:02:36 00:05:00 00:16:07 00:01:10 00:01:25 00:06:36 00:02:36 00:02:08 00:23:03

Dirigir-se ao setor de Emissão de CRLV's e retirar senha

Dirigir-se à recepção, receber senha e

alocar-se na linha indicada

Valor Desperdício

Contagem

Tempo do consumidor: 1h 34min 23s

Dirigir-se ao posto

AgendarVistoria

Espera em fila

Set upRetornar

e Sair

Voltar para casa

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102

Figura 28: Mapa de fluxo de valor do processo de vistoria veicular da 2º medição.

Fonte: O autor (2018)

A grande utilidade e diferencial dos mapas de fluxo de valor reside em traduzir o valor e

o desperdício do processo de uma forma gráfica, transmitindo informações relevantes

ao usuário de forma rápida e objetiva.

Uma análise puramente visual dos mapas nos permite corroborar os resultados gerados

pelo modelo matemático, na medida em que possibilita a identificação clara da elevada

quantidade de desperdício impressa sobre o consumidor.

Adicionalmente permite verificar quais etapas do processo se constituem como “gargalo

do consumo”, ou seja, que tomam mais tempo do cliente/cidadão. Nas experiencias

vivenciadas percebemos gargalos nos deslocamentos, emissão do laudo (1ª vistoria) e

espera para recebimento do novo CRLV (2ª vistoria), nenhum destes sendo a etapas fim

do consumo, indicando os principais pontos a serem trabalhados.

É interessante observar que, em se tratando de uma jornada de consumo, um gargalo

do processo não necessariamente se constitui como algo ruim, se este estiver presente

em uma etapa fim e com tempo padrão condizente (por exemplo se a maior parte do

tempo que o cliente passa em um restaurante é se alimentando e não esperando pela

chegada do pedido), entretanto se estiver presente em uma etapa associada, deve ser

reduzido a fim de proporcionar uma melhor experiencia de consumo.

Agendar

Vistoria

Espera

Espera em fila

Vistoria do Laudo

chamada

Receber novo CRLV

e sair

00:03:20 00:20:42 00:02:15 00:06:15 00:03:25 00:02:54 00:02:05 00:04:06 00:02:15 00:47:53 00:03:28 00:03:24 00:25:29

Dirigir-se ao setor de

Emissão de CRLV's e

retirar senha

Dirigir-se à recepção, receber senha e

alocar-se na linha indicada

Estacionar o veículo

Valor Desperdício

Contagem

Tempo do consumidor: 2h 07min 41s

Dirigir-se ao posto

Set up

Emissão do Laudo

Espera pela

Chamada

Retornar e Sair

Voltar para casa

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103

4.2.4. Mapas de fluxo de valor na visão do provedor

Apesar de o foco do presente trabalho residir na jornada de consumo do consumidor, e na

melhoria de sua experiência percebida, WOMACK e JONES (2006) [6] também estabelecem

a existência de mapas de fluxo de valor para a rotina de atendimento do provedor,

permitindo-se obter uma visão além da “linha do balcão”.

É interessante perceber que o provedor também sofre com etapas de desperdício e

experimenta sensações de insatisfação com o processo ou com certos hábitos dos clientes,

que muitas vezes apresentam parcela de responsabilidade nos desperdícios gerados. Um

bom exemplo ocorre em filas de pagamento, em situações onde, uma vez chegado o

momento de atendimento, o cliente inicia um processo de busca em sua bolsa ou carteira,

pelo cartão de crédito, dinheiro ou outro meio de pagamento, consumindo um tempo (dele

próprio, do provedor e dos demais clientes) que poderia ser evitado se já chegasse ao balcão

com tais itens em mãos.

WOMACK e JONES (2006) defendem que a maneira com que funcionários e gerentes se

sentem em relação aos procedimentos irá ter uma grande influência sobre o modo como

executam o seu trabalho e sobre até que ponto satisfazem o cliente.

Dessa forma é interessante conhecer o mapa de fluxo de valor do provedor, a fim se obter

uma visão mais profunda do processo e propor melhorias que gerem valor para ambas as

partes, haja vista que, em termos práticos, processos idealizados, por mais eficientes que

sejam, não terão valor no mundo real, caso sua implementação se mostre completamente

inviável ao provedor.

De forma a construir o mapa da provisão foram verificados, a partir dos tempos de consumo,

os tempos para a execução de cada atividade dos funcionários envolvidos no processo. Os

tempos padrões para cada etapa e a classificação das etapas em “fim” e “associadas” foram

estimados segundo visão do próprio autor. As tabelas 12 e 13 mostram as etapas que

compõem a provisão do serviço, e os tempos relacionados.

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Tabela 12: Tempos estimados para o 1º processo de vistoria veicular na visão do provedor

Fonte: O autor (2018)

Tabela 13: Tempos estimados para o 2º processo de vistoria veicular na visão do provedor

Etapa Classificação Tempos

Tef(i) / Tea(j) Tempos Padrões

Tef(i) / Tea(j) Desperdícios Def(i) / Dea(j)

Desperdício (%)

1 Identificar o veículo no sistema e emitir a senha

Etapa fim 0:01:00 0:00:30 00:00:30 50%

2 Verificar senha e solicitar a CRLV ao condutor

Etapa Associada 0:00:10 00:00:10 100%

3 Solicitar posicionamento do veículo Etapa Associada 0:00:20 00:00:20 100%

4 Acoplar sonda no veículo para medir emissões (set up)

Etapa fim 0:00:10 0:00:10 00:00:00 0%

5 Inserir dados do veículo no sistema (set up)

Etapa Associada 0:01:35 00:01:35 100%

6 Registrar número do chassi (set up) Etapa fim 0:01:20 0:01:00 00:00:20 25%

7 Realizar a vistoria Etapa fim 0:02:54 0:02:00 00:00:54 31%

8 Emitir laudo Etapa Associada 0:02:05 00:02:05 100%

9 Comunicar o resultado ao condutor e indicar o procedimento

Etapa Associada 0:00:05 00:00:05 100%

10 Chamar condutor pela senha Etapa fim 0:00:07 0:00:05 00:00:02 29%

11 Receber o laudo e a CRLV atual do condutor

Etapa fim 0:00:05 0:00:05 00:00:00 0%

12 Emitir nova CRLV Etapa fim 0:02:26 0:01:00 00:01:26 59%

13 Solicitar assinatura ao condutor Etapa fim 0:00:40 0:00:15 00:00:25 63%

14 Entregar nova CRLV e coletar assinatura

Etapa fim 0:00:05 0:00:05 00:00:00 0%

Valores totais 0:13:02 0:05:10 0:07:52 60%

Fonte: O autor (2018)

Etapa Classificação Tempos

Tef(i) / Tea(j) Tempos Padrões

Tef(i) / Tea(j) Desperdícios Def(i) / Dea(j)

Desperdício (%)

1 Identificar o veículo no sistema e emitir a senha

Etapa fim 0:00:36 0:00:30 0:00:06

17%

2 Verificar senha e solicitar a CRLV ao condutor

Etapa Associada 0:00:10

0:00:10

100%

3 Solicitar posicionamento do veículo Etapa Associada 0:00:16

0:00:16 100%

4 Acoplar sonda no veículo para medir emissões (set up)

Etapa fim 0:00:10 0:00:10 0:00:00

0%

5 Inserir dados do veículo no sistema (set up)

Etapa Associada 0:01:00

0:01:00

100%

6 Registrar número do chassi (set up) Etapa fim 0:01:00 0:01:00 0:00:00 0%

7 Realizar a vistoria Etapa fim 0:05:00 0:02:00 0:03:00 60%

8 Emitir laudo Etapa Associada 0:16:07

0:16:07 100%

9 Comunicar o resultado ao condutor e indicar o procedimento

Etapa Associada 0:00:05

0:00:05

100%

10 Chamar condutor pela senha Etapa fim 0:00:15 0:00:05 0:00:10 67%

11 Receber o laudo e a CRLV atual do condutor

Etapa fim 0:00:05 0:00:05 0:00:00

0%

12 Emitir nova CRLV Etapa fim 0:02:00 0:01:00 0:01:00 50%

13 Solicitar assinatura ao condutor Etapa fim 0:00:15 0:00:15 0:00:00 0%

14 Entregar nova CRLV e coletar assinatura

Etapa fim 0:00:05 0:00:05 0:00:00

0%

Valores totais 0:27:04 0:05:10 0:21:54 81%

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105

Uma vez estimados os tempos das etapas do processo na visão do provedor, foram construídos

os respectivos mapas de fluxo de valor, representados nas figuras 29 e 30.

Figura 29: Mapa de fluxo de valor do processo de vistoria veicular na visão do provedor – 1ª

medição.

Fonte: O autor (2018)

Figura 30: Mapa de fluxo de valor do processo de vistoria veicular na visão do provedor – 2ª

medição.

Fonte: O autor (2018)

MAPA DE FLUXO DE VALOR (PROVEDOR) - DIMENSÃO TEMPO - 1ª VISTORIA

Realizar a vistoria

Emitir Nova CRLV

00:00:36 00:00:10 00:00:16 00:00:10 00:01:00 00:01:00 00:05:00 00:16:07 00:00:05 00:00:15 00:00:05 00:02:00 00:00:20

Comunicar o resultado ao

condutor e indicar o procedimento

Identificar o veículo no sistema

e emitir a senha

Verificar senha e solicitar a CRLV

ao condutor Registrar número do chassi (set up)

Acoplar sonda ao veículo para medir emissões (set up)

Solicitar posicionamento do

veículo Inserir dados do

veículo no sistema (set up)

Chamar o condutor pela

senha

Receber o laudo e a CRLV

atual do condutor Colher

assinatura do condutor e

entregar novo CRLV

Contagem

Tempo do provedor: 27min 04s

Valor Desperdício

Emitir Laudo

MAPA DE FLUXO DE VALOR (PROVEDOR) - DIMENSÃO TEMPO - 2ª VISTORIA

Realizar a vistoria

Emitir nova CRLV

00:01:00 00:00:10 00:00:20 00:00:10 00:01:35 00:01:20 00:02:54 00:02:05 00:00:05 00:00:07 00:00:05 00:02:26 00:00:45

Comunicar o resultado ao

condutor e indicar o procedimento

Identificar o veículo no sistema

e emitir a senha

Verificar senha e solicitar a CRLV

ao condutor

Registrar número do chassi (set up)

Acoplar sonda ao veículo para medir emissões (set up)

Solicitar posicionamento do

veículo

Inserir dados do veículo no sistema

(set up)

Chamar condutor pela

senha

Receber o laudo e a CRLV

atual do condutor

Colher assinatura do

condutor e entregar novo

CRLV

Contagem

Tempo do provedor: 13min 02s

Valor Desperdício

Emitir laudo

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106

Refletindo-se sobre as experiencias vividas e observando-se os mapas anteriores, pode-se

destacar alguns pontos e ações do consumidor e do próprio provedor que poderiam atenuar

os desperdícios identificados.

Observando-se os mapas é possível verificar que em geral as etapas que mais acentuam

desperdício aos provedores residem em tarefas de verificação, registro e emissão de

documentos. Acredita-se que, a inserção de sistemas mais ágeis com informações inseridas

de forma automatizada possa agilizar o processo. Um exemplo é a utilização de impressoras

matriciais para emissão dos laudos, que por sua natureza são significativamente mais lentas

do que as de jato de tinta ou laser.

Outro ponto de possível menção reside na etapa de alocação do veículo no momento da

vistoria. Nesta o vistoriador solicita ao condutor, de forma vaga, que posicione o veículo para

a vistoria, e muitas vezes pede ao condutor que reajuste a posição (mais à frente ou mais

atrás), o que isoladamente é um pequeno tempo desperdiçado, mas que somados ao fim do

dia pode apresentar uma grandeza relevante. Uma forma simples de mitigar esses pequenos

desperdícios seria demarcar a posição correta pelo posicionamento de um cone no local

apropriado.

Por fim, vale citar desperdícios na vistoria propriamente dita, no momento em que o condutor

deve obedecer às solicitações do avaliador. Em muitos casos, quando os condutores não

conhecem o veículo em profundidade (condutores novos e inexperientes ou com veículos

comprados recentemente ou ainda conduzindo o veículo de terceiros), ou são tomados por

nervosismos, há um atraso e demora na resolução dos comandos, o que, novamente, pode

representar um tempo total apreciável na integração de todas as vistorias do dia. Um modo

de o consumidor mitigar esses desperdícios é conhecer melhor o seu veículo, estando pronto

para responder os comandos com agilidade.

4.2.5. Unificando os mapas de consumo e provisão

A fim de completar a visão global do sistema, conferindo maior amplitude à avaliação, foi

realizada a unificação dos mapas da provisão e do consumo, destacando os pontos de

interação entre ambas as partes, onde naturalmente ocorrem os principais conflitos. Os

mapas unificados são apresentados nas figuras 31 e 32

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107

Figura 31: Mapas de fluxo de valor consumo/provisão – 1° Processo de vistoria veicular.

Fonte: O autor (2018)

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108

Figura 32: Mapas de fluxo de valor consumo/provisão – 2° Processo de vistoria veicular.

Fonte: O autor (2018)

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109

4.2.6. Avaliando outras dimensões de desperdício

É interessante ressaltar que o conceito de valor pode ser avaliado em diversas dimensões,

apresentando pesos diferentes para cada indivíduo. Dentre tais variantes destacou-se o

tempo perdido ou ganho (conforme avaliado anteriormente), o custo de capital e a

experiencia de consumo em si. A seguir, foi detalhado o significado de tais dimensões.

1. Tempo perdido/ganho: Em diversas situações de consumo, a avaliação do tempo

gasto para a oferta do serviço é um fator determinante na escolha do cliente, muitas

vezes superando o quesito qualidade. Um exemplo prático, é o processo de

alimentação em horário comercial. Devido à dinâmica profissional, o consumidor

deseja um serviço rápido para que possa voltar as suas atividades. Não raras são as

vezes em que indivíduos preferem almoçar em um local com uma alimentação não

tão boa ou saudável, devido a agilidade proporcionada pelo estabelecimento em

comparação a outros que ofertam uma refeição de qualidade superior, porém com

um tempo de serviço muito elevado, daí a origem e sucesso do modelo fast food. A

dimensão tempo é crítica especialmente nesses contextos e em situações como a

estudada no presente trabalho (cliente-refém), pois torna o cliente menos tolerante a

esperas e demoras.

2. Valor financeiro: o valor monetário dispendido e um processo de serviço é outro

fator a ser considerado, sendo também determinante em uma série de situações.

Adicionalmente é um fator diretamente proporcional à exigência do cliente, ou seja,

quanto maior o preço cobrado maior qualidade e eficiência exigida pelo consumidor.

Um processo de serviço que incorre de perda de dinheiro ou sensação de dinheiro

mal investido em geral é um fator preponderante para a perda do cliente (desperdício

perdedor).

3. Experiencia de consumo: esse fator está atrelado às sensações passadas ao

cliente durante o processo podendo tornar sua experiencia mais agradável ou

imprimir altos níveis de stress. Como consumidor, é possível citar exemplos de

medidas que podem atenuar o desperdício em esperas (adição de tempos de valor

complementar ou subsidiário), como:

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110

• Visibilidade: permitir ao cliente visualizar ou participar do processo de

produção do seu pedido muitas vezes suaviza a espera (um exemplo são

estabelecimentos como Subway ou Spoleto onde o cliente monta o seu

pedido e ao mesmo tempo em que visualiza sua produção)

• Distração: permitir ao cliente que realize atividades agradáveis que o

distraiam enquanto espera pelo atendimento (ler ou assistir algo, degustar

entradas antes do prato principal, etc.)

• Proatividade: realizar ações que de certa forma adiantem, mesmo que de

forma parcial o processo, conferindo-lhe uma parcela de celeridade. Um bom

exemplo ocorre em alguns pedágios em momentos de fluxo intenso, onde há

retenção e consequente formação de filas de veículos. Em quadros como

esses é comum verificar agentes da administradora da via expressa, indo aos

veículos, fazendo a cobrança prévia do pedágio aos condutores e

entregando-lhes um comprovante de pagamento, assim quando chegada a

vez do condutor basta que este entregue o recibo, eliminando o tempo de

pagamento, registro, emissão de nota, entrega de troco, etc.

Situações opostas caracterizam-se pela verificação de funcionários desinteressados

em resolver o problema do cliente ou visivelmente trabalhando muito aquém de sua

capacidade, deixando o cliente à espera, sem nenhum tipo de comunicação ou

visibilidade de andamento do processo, muito comum em repartições públicas.

Como previamente apresentado o mapa de fluxo de valor proposto por WOMACK e JONES

(2006), estrutura a jornada de consumo destacando as etapas que, na visão do cliente,

representam desperdícios, em termos do tempo perdido (tempo não utilizado para a

resolução de seu problema). Entretanto, como destacado, é possível refletir sobre os

desperdícios impostos ao consumidor, na dimensão financeira e da experiencia de consumo.

Dessa forma também foi proposto no presente trabalho, de forma mais geral, a construção

de mapas de fluxo de valor contemplando tais dimensões.

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111

4.2.6.1. Mapa de fluxo de valor – Dimensão Financeira

Ao analisar-se a jornada de consumo referente ao processo de vistoria veicular, verifica-

se que o consumidor apresenta uma despesa financeira atrelada ao consumo de

combustível necessário para seus deslocamentos e para o funcionamento do veículo

enquanto permanece ligado durante a vistoria. Dessa forma foram contabilizados e

somados os custos financeiros incorridos em cada etapa do processo.

A partir de informações como a autonomia do veículo (taxa de consumo de combustível),

tanto em movimento como parado, e o preço médio do combustível, foi possível

mensurar a despesa atrelada ao processo. O desenvolvimento dos cálculos é

apresentado a seguir.

Identificou-se que o veículo utilizado (Peugeot 207 modelo XR Sport 1.4 8V), movendo-

se a gasolina, em ambiente urbano, apresenta uma autonomia de 10,06 km/L [47].

Adicionalmente estima-se que o consumo de combustível de um carro parado,

dependendo do modelo, varia entre 1,5 litro a 3 litros por hora, o que nos resulta em uma

média de 2,25 litros por hora [48].

Por fim, segundo levantamento de preços publicados pela ANP no período de

26/08/2018 à 01/09/2018, o preço médio da gasolina comum se apresentava em R$

4,88/L [49]

Com esses dados em mãos formularam-se os cálculos necessários, considerando o

consumo em L/km para etapas do processo em que o veículo se encontrava em

movimento, e em L/h em etapas onde o veículo encontrava-se em funcionamento, porém

estático. As tabelas 14 e 15 apresentam a estruturação dos dados para os dois

processos de vistoria.

47. https://www.carrosnaweb.com.br/fichadetalhe.asp?codigo=1114 Acessado em 19/08/2018

48. https://www.noticiasautomotivas.com.br/gostaria-de-saber-se-um-carro-manter-se-parado-e-ligado-sem-aceleracao-

mesmo-assim-existe-consumo-de-combustivel/ Acessado em 19/08/2018

49. http://www.anp.gov.br/precos-e-defesa-da-concorrencia/precos/levantamento-de-precos Acessado em 07/09/2018

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112

Tabela 14: Mensuração do custo associado ao processo de vistoria veicular – 1ª vistoria

Etapa Status do veículo Tempo Consumo de

combustível (L) Custo (R$)

1 Agendar vistoria Desligado 0:04:00 0 R$ -

2 Dirigir-se ao posto Em movimento 0:21:54 1,3585 R$ 6,63

3 Apresentar-se na recepção Em funcionamento estático 0:00:41 0,0256 R$ 0,13

4 Receber Senha Em funcionamento estático 0:00:36 0,0225 R$ 0,11

5 Dirigir-se à fila Em movimento 0:00:41 ~ R$ -

6 Espera pelo atendimento Desligado 0:05:50 0,0000 R$ -

7 Set up da vistoria Em funcionamento estático 0:02:36 0,0975 R$ 0,48

8 Vistoria Em funcionamento estático 0:05:00 0,1875 R$ 0,92

9 Emissão do laudo Em funcionamento estático 0:16:07 0,6044 R$ 2,95

10 Estacionar o veículo Em movimento 0:01:10 ~ R$ -

11 Dirigir-se ao setor de emissão de CRLV Desligado 0:01:04 0,0000 R$ -

12 Pegar a senha Desligado 0:00:21 0,0000 R$ -

13 Espera pela chamada Desligado 0:06:36 0,0000 R$ -

14 Receber novo CRLV Desligado 0:02:36 0,0000 R$ -

15 Dirigir-se ao veículo Desligado 0:01:07 0,0000 R$ -

16 Dirigir-se à saída Em movimento 0:01:01 ~ R$ -

17 Retornar para casa Em movimento 0:23:03 1,3585 R$ 6,63

Custo total R$ 17,83

Fonte: O autor (2018)

Tabela 15: Mensuração do custo associado ao processo de vistoria veicular – 2ª vistoria

Etapa Status do veículo Tempo Consumo de

combustível (L) Custo (R$)

1 Agendar vistoria Desligado 0:03:20 0,0000 R$ -

2 Dirigir-se ao posto Em movimento 0:20:42 1,3585 R$ 6,63

3 Apresentar-se na recepção Em funcionamento estático 0:00:40 0,0250 R$ 0,12

4 Receber Senha Em funcionamento estático 0:01:00 0,0375 R$ 0,18

5 Dirigir-se à fila Em movimento 0:00:35 ~ R$ -

6 Espera pelo atendimento Desligado 0:06:15 0,0000 R$ -

7 Set up da vistoria Em funcionamento estático 0:03:25 0,1281 R$ 0,63

8 Vistoria Em funcionamento estático 0:02:54 0,1088 R$ 0,53

9 Emissão do laudo Em funcionamento estático 0:02:05 0,0781 R$ 0,38

10 Estacionar o veículo Em movimento 0:04:06 ~ R$ -

11 Dirigir-se ao setor de emissão de CRLV Desligado 0:01:30 0,0000 R$ -

12 Pegar a senha Desligado 0:00:45 0,0000 R$ -

13 Espera pela chamada Desligado 0:47:53 0,0000 R$ -

14 Receber novo CRLV Desligado 0:03:28 0,0000 R$ -

15 Dirigir-se ao veículo Desligado 0:01:41 0,0000 R$ -

16 Dirigir-se à saída Em movimento 0:01:53 ~ R$ -

17 Retornar para casa Em movimento 0:25:29 1,3585 R$ 6,63

Custo total

R$ 15,10

Fonte: O autor (2018)

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113

Verificou-se com isso que a primeira jornada de consumo imprimiu ao condutor um custo

de R$ 17,83 enquanto que a segunda um custo de R$15,10. As figuras 33 e 34

apresentam os mapas de fluxo de valor comtemplando a dimensão financeira.

Figura 33: Mapa do fluxo de valor para o 1º processo de vistoria veicular – Dimensão financeira.

Fonte: O autor (2018)

Figura 34: Mapa do fluxo de valor para o 2º processo de vistoria veicular – Dimensão financeira.

Fonte: O autor (2018)

MAPA DE FLUXO DE VALOR - DIMENSÃO FINANCEIRA - 1ª VISTORIA

Dirigir-se ao posto

Agendar vitoria

Espera Set upVistoria

Emissão do laudo

EstacionarReceber

novo CRLV

Voltar para casa

R$ 0,00 R$ 6,63 R$ 0,23 R$ 0,00 R$ 0,48 R$ 0,92 R$ 2,95 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 6,63

Dirigir-se ao setor de Emissão de CRLV's

e retirar senha

Dirigir-se à recepção, receber senha e

alocar-se na linha indicada

Espera pela chamada

Retornar ao veículo

IndiferenteDesperdício

Contagem

Custo do consumidor: R$ 17,83

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114

4.2.6.2. Mapa de fluxo de valor – Dimensão da experiencia do consumidor

Considerando-se por fim a experiencia do consumidor, foram feitos mapas de fluxo de

valor, buscando representar, de forma qualitativa, as emoções impressas ao cidadão

durante sua jornada de consumo do serviço. As reações foram classificadas em quatro

possíveis níveis de sentimento, sendo estes: sentimento positivo, neutro, negativo e

extremamente negativo.

Vale observar que, em determinadas experiencias de consumo, pode-se ter um nível de

sentimento “extremamente positivo”, quando o nível de serviço supera em muito as

expectativas do consumidor. Entretanto, a experiencia vivenciada não conferiu ao tal

sentimento em nenhuma de suas etapas.

As figuras 35 e 36 apresentam os mapas de fluxo de valor na dimensão

experiencia/sentimento do consumidor para as duas vistorias realizadas.

Figura 35: Mapa do fluxo de valor para o 1º processo de vistoria veicular – Dimensão experiência

do consumidor.

Fonte: O autor (2018)

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115

Figura 36: Mapa do fluxo de valor para o 2º processo de vistoria veicular – Dimensão experiência

do consumidor.

Fonte: O autor (2018)

Analisando-se o mapa pode-se verificar que a vistoria em si apresenta uma duração

aceitável, não sendo um fator que imprima sentimentos negativos ao consumidor

(considerando apenas o tempo do processo na influência do sentimento transmitido). As

esperas nas raias para a vistoria imprimiram sentimentos neutros, não atingindo o ponto

de negatividade, o que em geral não era comum em experiencias anteriores.

Os pontos de maior destaque para os mapas residem na longa espera para a emissão

do laudo na primeira vistoria e na longa espera pela chamada no centro de emissão de

CRLV’s na segunda vistoria, gerando um sentimento extremamente negativo, tal

sentimento foi potencializado pela percepção de falta de organização e/ou falta de

celeridade dos agentes públicos nos processos. Destaca-se inclusive que na segunda

jornada de consumo houveram vigorosas reclamações por parte dos condutores no

centro de emissão de CRLV’s pelo fato de um dos agentes não respeitarem a ordem/

classe das senhas (por classe das senhas, entende-se senha convencional e prioritária

- idosos, gestantes, deficientes).

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116

Vale citar que apesar da longa espera, um fator externo ao processo, acabou por

amenizar a espera nessa etapa, sendo este a conversa com outros condutores. Como

mencionado, tal fator é completamente externo, e não pode em linhas gerais influenciar

na avaliação do processo vigente, entretanto merece menção pois demostra de forma

clara a subjetividade de cada experiencia de consumo. Uma pessoa em espera por

quase 50 min. sem qualquer tipo de distração certamente experimentará um sentimento

muito pior do que outra que tenha a possibilidade de se distrair de alguma forma durante

o processo.

Outro ponto a se destacar foi o tempo relativamente longo da segunda experiencia para

se achar uma vaga no estacionamento, o que, ao entender do presente consumidor,

pode ser entendido como reflexo da longa fila de espera para o recebimento do novo

CRLV.

Em linhas gerais os processos imprimiram um sentimento neutro (apesar da ocorrência

de etapas geradoras de sentimento extremamente negativo). Tal fato não

necessariamente indica uma jornada de consumo boa ou razoável. Acredita-se que esta

avaliação de neutralidade está mais ligada ao registro de experiencias passadas muito

ruins, com esperas bem maiores, que acabaram, por efeito comparativo, valorizando as

experiencias analisadas no presente estudo.

É interessante frisar que o perfil do mapa de fluxo de valor para a dimensão “experiencia

do consumidor” possui uma característica muito particular, justamente pelo fato de cada

indivíduo apresentar temperamentos, gostos, personalidades e níveis de tolerância

diferentes. Por exemplo, para determinada pessoa uma espera de 15 minutos para o

atendimento pode ser perfeitamente aceitável ao passo que para outra é inaceitável,

revelando assim níveis distintos de tolerância à espera. Como outro exemplo, mais

relacionado ao gosto pessoal de cada um, é possível citar o tempo de deslocamento:

para determinados indivíduos a atividade de dirigir é algo agradável enquanto para

outros não, dessa forma o primeiro estará muito mais sensível ao tempo de

deslocamento do que o segundo.

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117

5. PROPOSTAS DE SOLUÇÃO PARA O PROCESSO ATUAL

Uma vez descrito, vivenciado e analisado o processo de vistoria vigente, o estudo foi focalizado na

proposição de melhorias que pudessem efetivamente potencializar o valor revertido ao cliente,

tendo como base teórica a filosofia lean.

5.1. PREMISSAS E METODOLOGIA

Ao se desenvolverem propostas de uma situação futura foram adotadas premissas que as

embasaram assim como uma metodologia para o seu desenvolvimento. Como premissas

estabeleceram-se primeiramente os seis princípios para o consumo lean, formulados por

WOMACK e JONES (2006), já mencionados anteriormente:

• Resolva o problema do cliente completamente

• Não desperdice o tempo do cliente

• Forneça exatamente o que o cliente deseja

• Entregue o valor onde o cliente deseja

• Proporcione valor quando o cliente desejar

• Reduza a quantidade de decisões que o cliente tem de tomar para resolver seu problema

Apesar de os princípios formulados apresentarem um foco total na satisfação do cliente é

necessário trazer equilíbrio à proposta, não imputando ao provedor um peso que torne sua

aplicação inviável. Dessa forma também foi estabelecido como premissa:

• Trazer o mínimo de impacto líquido ao provedor.

5.2. DESENVOLVIMENTO DAS PROPOSTAS DE MELHORIA

A partir da metodologia do sistema ideal apresentada na seção 1.4 verifica-se que, em um

sistema ideal, sem nenhum tipo de desperdício, as únicas etapas existentes seriam as etapas

fim, geradoras de valor representadas, no caso em estudo por:

• Agendamento da vistoria

• Vistoria

• Recebimento do novo CRLV

Considerando este estado teórico, ideal e as premissas estabelecidas, foram idealizadas três

propostas de melhorias para o estado atual, as quais são desenvolvidas nas seções seguintes.

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118

5.2.1. Proposta 1: modificações no comportamento do consumidor e provedor

Como mencionado anteriormente, modificações em processos de consumo muitas vezes

acarretam em custos sobre o consumidor e/ou provedor. Assim, antes mesmo da aplicação

da metodologia do sistema ideal faz-se interessante olhar o sistema atual e verificar a

possibilidade de modificações simples que incorram em custos nulos ou quase nulos para

as partes envolvidas e que possam de alguma forma melhorar a experiencia de consumo.

Ao refletir-se sobre a jornada de consumo do cliente, é possível indicar comportamentos e

procedimentos que podem tornar sua jornada mais ágil e eficiente, evitando lentidões,

atrasos e até transtornos maiores. Seguem alguns exemplos:

• Verificação prévia do veículo antes da vistoria: a análise antecipada do

funcionamento e condições dos principais itens cobrados na vistoria antes do

processo em si, permite identificar possíveis falhas e com isso sua possível

correção, evitando que o veículo seja reprovado, obrigando o condutor a

despender mais tempo e dinheiro com o processo.

• Revisão da forma de acionamento dos itens verificados: como

anteriormente citado, muitos condutores, por falta de conhecimento mais

profundo do veículo, demoram um tempo além do normal na execução dos

comandos proferidos pelo vistoriador, resultando no aumento do tempo de

vistoria e maior espera para os condutores em fila. Dessa forma, a busca por

conhecimento mais profundo do veículo pode resultar em pequenos ganhos de

tempo, que somados representam um ganho de tempo significativo.

• Demarcação da localização correta para vistoria: como observado, quando

é chegada a vez de o condutor ser vistoriado o fiscal solicita-lhe vagamente que

posicione o veículo para realização do procedimento, entretanto, muitos são os

casos em que o agente solicita o reposicionamento, para um “ajuste fino da

posição” incorrendo em desperdício de tempo por retrabalho. Uma forma de

mitigar essas pequenas perdas é a simples sinalização da posição correta com

um cone ou faixa.

• Alocação da unidade de emissão de CRLV nas raias de vistoria: como

mencionado na descrição do processo atual, ao receber o laudo positivo do

vistoriador, o condutor deve estacionar o carro e se deslocar até o centro de

emissão de CRLV’s para receber o novo registro de seu veículo. Uma mudança

no sistema que poderia trazer ganhos significativos com custos relativamente

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119

pequenos, seria a alocação de cabines para emissão dos CRLV’s em linha às

raias de vistoria, em um sistema semelhante ao de drive-thru*. Com isso,

bastaria ao condutor aprovado, seguir em frente, parar na cabine, entregar o

laudo e receber seu novo registro e se encaminhar diretamente para a saída do

posto.

Apesar de simples, pertinentes e praticamente isentas de custo, verifica-se que tais

sugestões não apresentariam um impacto tão significativo ou até mesmo perceptível ao

consumidor, fazendo-se necessário a proposição de reformulações mais drásticas, com

requerimentos de possíveis custos adicionais.

* Drive thru é um serviço de vendas de produtos, normalmente alimentos, que permite ao cliente comprar o produto sem sair

do carro.

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120

5.2.2. Proposta 2: vistoria veicular in loco

Como primeira reflexão para a reformulação do sistema atual, procurou-se pensar em

eliminar a necessidade de deslocamento do usuário e levar a vistoria até sua residência ou

local de trabalho (reduzindo, neste caso, a dificuldade de vistoriar o veículo em horários

comerciais). Inspirado em serviços de medição in loco como os realizados por agentes das

empresas de água, energia elétrica ou seguradoras de veículos. A proposta seria que os

vistoriadores realizassem todo o processo de avaliação do veículo na residência do

condutor, eliminando para este, desperdícios como deslocamentos, filas, esperas e outros.

O processo idealizado seria composto teoricamente por 6 simples etapas sendo estas:

1. Agendamento da vistoria (etapa fim)

2. Recepção do vistoriador (etapa associada)

3. Set up (etapa associada)

4. Vistoria (etapa fim)

5. Atualização do CRLV (etapa fim)

6. Despedir-se do vistoriador (etapa associada)

5.2.2.1. Requisitos necessários à proposta de vistoria veicular in loco

A proposta a presentada consideraria, além da drástica modificação do processo, alguns

requisitos necessários à sua efetiva implantação, considerando tecnologias e

organização de pessoal. Um levantamento dos requisitos mínimos necessários, resultou

nos seguintes itens:

• Implementação de um CRLV eletrônico;

• Desenvolvimento de sistema de T.I.;

• A utilização de analisadores de emissões veiculares portáteis;

• Recursos humanos necessários às vistorias in loco

Tecnologias e ferramentas de baixo custo que por si só não imprimiriam ao provedor um

peso financeiro elevado e possivelmente reduziriam em muito os custos associados à

operação vigente.

5.2.2.2. Embasamento da proposta de vistoria veicular in loco

A seguir são apresentados em maiores detalhes fatos que embasam a proposta,

conferindo maior realismo a esta.

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121

CNH digital [50]

Recentemente (julho de 2018) o DETRAN RJ lançou a chamada CNH digital.

Basicamente a habilitação digital funciona por meio de um aplicativo no qual é registrado

o QR code da CHN tradicional e com isso a ativação do documento digital com as

mesmas informações de sua versão impressa.

Para aderir, basta ir aos postos de habilitação do órgão — sem necessidade de

agendamento — para atualização de e-mail e telefone para quem já tem o novo modelo

da carteira com um leitor de código digitalizado (QR code scanner, em inglês). Quem

não o tiver pode pedir a segunda via ou renovar a CNH, que virá com QR code, e, depois,

atualizar seus dados nos postos.

Em seguida, o usuário prosseguirá o processo no portal de serviços do Departamento

Nacional de Trânsito, em https://portalservicos.denatran.serpro.gov.br, para baixar a

CNH Digital em seu smartphone. Primeiro, será solicitado pelo Denatran que o usuário

preencha uma ficha de cadastro. Depois, será enviado um código para o motorista, que

deverá baixar o aplicativo da CNH Digital através das lojas virtuais Google Play ou App

Store. Feito isso, faltará apenas inserir o código e dados pessoais para o usuário ativar

sua CNH Digital.

Dentre as vantagens oferecidas, o documento permitirá que se tenha maior mobilidade,

já que estará no smartphone do usuário, e mais segurança, pois os dados serão

criptografados, assegurando a sua autenticidade. A novidade também fará com que os

condutores que a adotarem não sejam multados por estar sem a CNH tradicional e terá

a mesma validade jurídica do documento em papel, que continuará sendo emitido.

A figura 37 apresenta as interfaces da CHN digital

Figura 37: Interfaces do aplicativo referente à CNH digital.

Fonte: www.detran.rj.gov.br/_documento.asp?cod=10316 Acessado em 19/08/2018

50. www.detran.rj.gov.br/_documento.asp?cod=10316 Acessado em 19/08/2018

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Haja vista a informação exposta, acredita-se que a inserção de uma CRLV digital no

sistema já em uso para pelo DETRAN RJ é extremamente plausível e de fácil

implantação. O mesmo aplicativo, poderia disponibilizar uma CRLV digital que, a partir

do RENAVAM do veículo, pode poderia identificar seu status de regularidade, ou seja,

verificar se o veículo, possui multas, se está em dia com os impostos e, especialmente

interessante para o caso em estudo, verificar se possui tempo de fabricação suficiente

para a exigência da vistoria, e neste caso indicar se o documento apresenta validade

vencida ou não. Em caso de a validade estar vencida o status só poderia ser modificado

a partir da devida vistoria do veículo.

Emissão digital do laudo

O laudo da vistoria poderia ser facilmente emitido para o sistema e para o condutor via

e-mail como já fazem correntemente empresas de e-commerce com a Nota fiscal

eletrônica ou algumas maquinas de cartão de crédito que ao invés de imprimir a nota

fiscal da compra, a enviam por e-mail ao consumidor.

Analisadores portáteis de emissões veiculares

Analisadores portáteis de emissões de gases de combustão são facilmente encontrados

no mercado, possibilitando medidas de alta precisão em qualquer lugar, o que viabilizaria

a medição in loco dos veículos a serem vistoriados.

5.2.2.3. Detalhamento do processo de vistoria veicular in loco

O processo reformulado seria iniciado, conforme o atual, pelo agendamento da vistoria,

selecionando-se o endereço, data e horário para a visita do vistoriador. Feito isso as

próximas etapas se desenvolveriam pela ida do fiscal à residência ou local marcado,

onde este seria recepcionado e iniciaria o setup da vistoria, semelhante ao atual. A

vistoria propriamente dita seria então realizada conforme já detalhada anteriormente na

seção 4.2.3 subitem IV. Sendo esta concluída o avaliador emitiria o laudo

eletronicamente (através de um smartphone específico ou palmtop), comunicaria o

resultado e, em caso de aprovação, atualizaria o CRLV digital através do sistema,

confirmando assim sua renovação e regularidade. A figura 38 apresenta um diagrama

esquemático do sistema proposto.

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123

Figura 38: Representação esquemática do processo de vistoria in loco.

Fonte: O autor (2018)

5.2.2.4. Avaliação da proposta de vistoria veicular in loco segundo o modelo

matemático

Após a proposição e estruturação da proposta apresentada foram estimados os tempos

necessários para a execução de cada uma das etapas componentes, as quais foram

também devidamente classificadas segundo sua ligação com o objetivo de consumo

(etapas fim e etapas associadas). Com isso foi possível aplicar os dados ao modelo

matemático proposto por JARDIM e a consequente avaliação da eficiência da proposta.

A tabela 16 apresenta a classificação e os tempos estimados para cada uma das etapas

da proposta, enquanto que figura 39 apresenta seu gráfico de tempos

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Tabela 16: Tempos estimados para as etapas da proposta de vistoria in loco

Fonte: O autor (2018)

Figura 39: Gráfico de tempos estimados para a proposta vistoria in loco.

Fonte: O autor (2018)

Aplicando-se as estimativas ao modelo matemático e calculando-se suas variáveis

absolutas e indicadores, obtiveram-se os resultados exibidos respectivamente nas

tabelas 17 e 18.

Etapa Classificação Tempos Tef(i) /Tea(j)

1 Agendamento da vistoria Etapa fim 00:03:00

2 Recepção do vistoriador Etapa Associada 00:02:00

3 Set up Etapa Associada 00:02:00

4 Vistoria Etapa fim 00:03:00

5 Atualização do CRLV Etapa fim 00:01:00

6 Despedir vistoriador Etapa Associada 00:02:00

Tempo total estimado para o processo 00:13:00

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Tabela 17: Indicadores absolutos da proposta vistoria in loco.

Fonte: O autor (2018)

Tabela 18: Indicadores relativos da proposta de vistoria in loco.

Fonte: O autor (2018)

Considerando os resultados obtidos anteriormente para o atual processo de vistoria

veicular, pode-se verificar uma drástica redução das etapas pelas quais o consumidor

deve passar para completar sua jornada. Esta, que antes era composta por 17 etapas,

poderia ser potencialmente reduzida para apenas 6. Em termos do tempo total

despendido pelo usuário seria possível obter uma redução de em média 1h 52min para

apenas 13 mim, representando uma redução percentual de 88%.

Uma simples análise dos resultados da tabela 18 permite constatar que o sistema

proposto conferiu ao processo um aumento médio no valor real de 6% para 54% (+48%)

estando este fortemente ligado à elevação da densidade das etapas de valor (de 18%

para 50%.

Indicadores absolutos Valor

1 Quantidade de etapas fins (m) 3

2 Quantidade de etapas associadas (n) 3

3 Tempo total de etapas fim (Tef) 00:07:00

4 Tempo total de etapas associadas (Tea) 00:06:00

5 Tempo total de duração do processo de consumo (T) 00:13:00

6 Tempo total de valor do consumo (V) 00:07:00

7 Tempo total de desperdício das etapas fim - [Def(T)] 00:00:00

8 Tempo total de desperdício das etapas associadas - [Dea(T)] 00:06:00

9 Tempo total de desperdício (D) 00:06:00

10 Tempo total de valor complementar (Vc) 00:00:00

11 Tempo total de valor subsidiário (Vs) 00:00:00

Indicadores relativos Meta Valor

1 Valor real 100% 54%

2 Densidade de etapas de valor 100% 50%

3 Desperdício crítico e urgente 0% 46%

4 Desperdício emergencial 0% 46%

5 Desperdício total 0% 46%

6 Grau de atenuidade de desperdício 100%* 0%

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126

Avaliando os desperdícios gerados, a proposta de reformulação possibilita uma redução

teórica do desperdício total de, em média, 94% para 47% (-47%).

Ao considerar-se a dimensão financeira de valor, o custo do consumidor seria reduzido

a zero. Adicionalmente, acredita-se que, pela eliminação de deslocamentos, filas,

esperas e outros, sua experiencia em relação ao processo lhe conferiria um sentimento

positivo. As tabelas 19 e 20 trazem respectivamente o comparativo dos indicadores

absolutos e relativos entre o processo de vistoria convencional e a proposta de vistoria

in loco. Adicionalmente as figuras 40 e 41 trazem os gráficos gerados.

Tabela 19: Comparação entre os indicadores absolutos do processo de vistoria veicular

convencional e a proposta de vistoria veicula in loco.

Fonte: O autor (2018)

Tabela 20: Comparação entre os indicadores relativos do processo de vistoria veicular

convencional e a proposta de vistoria veicula in loco.

Indicadores relativos do processo Vistoria Convencional (média) Vistoria in loco

Valor real 6% 54%

Densidade de etapas de valor 18% 50%

Desperdício crítico e urgente 90% 46%

Desperdício emergencial 94% 46%

Desperdício total 94% 46%

Fonte: O autor (2018)

Indicadores absolutos do processo Vistoria Convencional

(média) Vistoria in loco

Tempo total de etapas fim 00:10:39 00:07:00

Tempo total de etapas associadas 01:40:23 00:06:00

Tempo total de duração do processo 01:51:02 00:13:00

Tempo total de valor do consumo 00:06:57 00:07:00

Tempo total de desperdício das etapas fim 00:03:42 00:00:00

Tempo total de desperdício das etapas associadas 01:40:23 00:06:00

Tempo total de desperdício 01:44:05 00:06:00

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Figura 40: Gráfico comparativo entre os indicadores absolutos do processo de vistoria veicular

convencional e a proposta de vistoria veicula in loco. Fonte: O autor (2018)

Figura 41: Gráfico comparativo entre os indicadores absolutos do processo de vistoria veicular

convencional e a proposta de vistoria veicula in loco. Fonte: O autor (2018)

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128

5.2.2.5. Mapa de fluxo de valor para a proposta de vistoria veicular in loco.

Finalmente, após a aplicação do modelo matemático foi estruturado um mapa de fluxo

de valor para a proposta de vistoria veicular in loco conforme exibe a figura 42

Figura 42: Mapa de fluxo de valor para a proposta de vistoria veicular in loco.

Fonte: O autor (2018)

O mapa permite constatar um equilíbrio entre etapas fim (valor) e associadas

(desperdício), ainda assim pode-se afirmar que os desperdícios são mínimos e naturais

do processo, sendo virtualmente imperceptíveis ao consumidor.

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129

5.2.3. Proposta 3: vistoria veicular digital

Como segunda possível reformulação do sistema de vistoria veicular, propôs-se a utilização

de sistemas eletrônicos, capazes de realizar diagnósticos precisos sobre as condições

mecânicas, elétricas e gerais dos veículos, possibilitando com isso que tais informações

possam ser remotamente enviadas ao sistema do DETRAN, permitindo a este a avaliação

sobre a habilitação ou não do veículo para trafegar normalmente sem oferecer riscos ao

condutor e aos demais usuários das vias públicas. Uma vez estabelecido, esse tipo de

sistema poderia potencialmente eliminar ou reduzir drasticamente a necessidade de

vistorias presenciais, eliminado por completo todas as etapas que não agregassem valor ao

consumidor. As etapas componentes do processo seriam basicamente:

1. Solicitação da vistoria digital do veículo (etapa fim)

2. Sincronização remota do scanner automotivo com o sistema do DETRAN (etapa fim)

3. Análise dos dados e emissão do resultado (etapa fim)

4. Atualização do CRLV digital (etapa fim)

5.2.3.1. Requisitos necessários à proposta de vistoria veicular digital

Assim como no subitem 5.2.2.1, foram levantados os requisitos necessários para conferir

viabilidade à proposta. Em linhas gerais, as necessidades técnicas residiriam nos

seguintes itens:

• Instalação do scanner automotivo ao veículo;

• Implementação de um CRLV eletrônico;

• Desenvolvimento de sistema de T.I.;

5.2.3.2. Embasamento da proposta de vistoria veicular digital

De forma semelhante ao subitem 5.2.2.2 são apresentadas informações resultantes de

pesquisas realizadas que buscam conferir embasamento teórico e realismo à proposta.

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130

Diagnósticos automotivos

ČABALA e GAMEC (2012), afirmam que o estabelecimento de diagnósticos automotivos

é datado do final da década de 60, no século 20, quando o Estado da Califórnia

determinou uma lei que exigia sistemas de controle de emissões em carros para resolver

o problema da poluição.

O governo federal dos EUA ampliou e expandiu uma versão dos controles da Califórnia

em todo o país em 1968.

Em 1985 o estado da Califórnia decretou que um sistema mais detalhado seria instalado,

começando com carros modelo 1988 e caminhões leves. Esse novo sistema era

conhecido como Diagnóstico On-Board, ou OBD.

Em 1996, o OBD foi aprimorado mais uma vez, tornando-se o On-Board Diagnostics,

Generation Two ou OBD-II, sendo requerido pelo governo federal para veículos

montados em 1 de janeiro de 1996.

Hoje, o OBD II é o padrão internacional para comunicação entre automóveis e testadores

de diagnóstico, este define o hardware, sinalização elétrica e formatos de mensagem

para comunicação com um veículo. Ligado à central eletrônica do carro, permite a leitura

e transmissão dos mais diversos tipos de dados mecânicos. Além disso, o protocolo OBD

II também especifica alguns dados que devem estar acessíveis na Unidade de Controle

do Motor (ECU) de um veículo. [51]

O OBD-II foi adotado pela legislação brasileira a partir de 2010. [52]

Ressalta-se ainda que as motocicletas mais modernas já apresentam a entrada OBD-II.

51. ČABALA Martin, GAMEC Ján. “Wireless Real-Time Vehicle Monitoring Based On Android Mobile Device”. Technical

University of Košice, Slovak Republic. Acta Electrotechnica et Informatica, Vol. 12, No. 4, 2012, 7–11.

52. https://www.canaldapeca.com.br/blog/o-que-e-obd-ii/ Acessado em 19/08/2018

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131

A figura 43 exibe uma típica conexão OBD-II.

Figura 43: Conexão OBD-II padrão.

Fonte: http://www.wikiobd.co.uk/vehicle.php?vh=280 Acessado em 19/08/2018

Ferramentas de diagnóstico automotivo

ČABALA e GAMEC (2012) também afirmam que o diagnóstico automotivo pode ser

dividido em geral e especializado. Diagnósticos especializados podem ser realizados

apenas com a ferramenta apropriada, muitas vezes não barata, em conjunto com o

banco de dados oficial do fabricante. Esse método é limitado apenas a um especialista

em reconhecimento de tarefas. Por outro lado, os diagnósticos gerais podem ser

realizados com códigos padronizados, compreensíveis para leigos e oferecem muitas

informações sobre um veículo que pode ser prático também para especialistas.

Como fruto de sua pesquisa os pesquisadores publicaram um estudo sobre o

monitoramento wireless de veículo em tempo real com base no dispositivo móvel

Android. A principal contribuição do estudo foi a criação de uma interface, representativa

dos dados e informações do veículo coletados via OBD-II. [51]

51. ČABALA Martin, GAMEC Ján. “Wireless Real-Time Vehicle Monitoring Based On Android Mobile Device”. Technical

University of Košice, Slovak Republic. Acta Electrotechnica et Informatica, Vol. 12, No. 4, 2012, 7–11.

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132

Dispositivo/ aplicativo Engie

Atualmente o mercado disponibiliza diversos modelos dispositivos eletrônicos capazes

de uma vez conectados à entrada OBD-II do veículo, realizarem diagnósticos completos

das condições de funcionamento do veículo e emitirem os dados via aplicativos.

Um grande destaque se dá ao scanner automotivo e aplicativo Engie

Fundada em 2014, tendo como um dos sócios Uri Levine (cofundador do aplicativo

Wase), a empresa israelense Engie desenvolveu um sistema capaz de monitorar e

realizar diagnósticos sobre as condições de funcionamento em automóveis,

possibilitando ao condutor conhecer a origem dos problemas e ações para repará-los.

[53]

O sistema é composto por duas partes, sendo uma o dispositivo propriamente dito, que

é conectado à entrada OBD-II do automóvel e outra representada por um aplicativo

mobile para o qual todas as informações são enviadas via conexão bluetooth.

As Figura 44 e 45 apresentam respectivamente a imagens dos dispositivos em suas

versões compatíveis para os sistemas IOS e Android* e telas representativas da

interface do aplicativo

Figura 44: Versões do dispositivo Engie para sistemas IOS e Android.

Fonte: https://engieapp.com/es/how-engie-app-works/ Acessado em 19/08/2018

*IOS é o sistema operacional para dispositivos móveis da Apple Inc. desenvolvido originalmente para o iPhone, também

usado em iPod touch e iPad. Android é um sistema operacional baseado no núcleo Linux e atualmente desenvolvido pela

empresa de tecnologia Google.

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53. https://pt.wikipedia.org/wiki/Engie_(app) Acessado em 19/08/2018

Figura 45: Interfaces do Aplicativo Engie.

Fontes:https://engie.zendesk.com/hc/en-us/articles/115000677649-How-do-I-check-fuel-

consumption-information- Acessado em 19/08/2018

https://the-loadout.com/engie-easy-car-repair-app-dongle-50208cebbadf

Acessado em 19/08/2018

Uma vez conectado à porta OBD-II, o dispositivo Engie é capaz de detectar até 10 mil

falhas no veículo. Por meio de uma varredura completa, milhares de informações são

analisadas e calculadas para o monitoramento constante de problemas no motor,

pressão do óleo, status da bateria, média de consumo/eficiência do combustível, falhas

no sistema elétrico e de segurança, câmbio, níveis de emissão e outros. O aplicativo

também é capaz de indicar a necessidade de revisões e emitir alertas quando algo de

errado está acontecendo, adicionalmente é capaz de conectar o usuário com uma rede

de oficinas cadastradas, indicando-lhe a mais próxima para realização dos reparos

necessários, assim como o orçamento médio para o serviço. Dessa forma os usuários

são munidos de informações úteis, mitigando as possibilidades de pagarem mais devido

a superfaturação ou pela realização de procedimentos desnecessários. (onde, inclusive,

reside uma das maiores propostas de valor da empresa). [54, 55, 56]

54. https://jewishbusinessnews.com/2014/12/15/start-up-engie-tells-you-whats-wrong-with-your-car-and-who-will-fix-it-

the-cheapest/ Acessado em 19/08/2018

55. https://m.tecmundo.com.br/software/132490-engie-app-capaz-rastrear-10-mil-falhas-veiculo.htm Acessado em

19/08/2018

56. https://canaltech.com.br/carros/engie-aplicacao-monitora-veiculos-e-conecta-motoristas-e-mecanicos/ Acessado em

19/08/2018

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134

O dispositivo já se encontra disponível no Brasil desde novembro de 2017 e até a

conclusão deste trabalho poderia ser facilmente adquirido ao preço de R$ 99,00 para

usuários do sistema Android e por R$ 135 para usuários do sistema IOS [57]

Observa-se que o dispositivo/aplicativo Engie não se configura como única opção de

mercado. A tecnologia de escaneamento eletrônico automotivo, já é largamente utilizado

nas oficinas mais modernas, podendo ser facilmente aplicada por outras organizações.

Adicionalmente outros scanners automotivos podem ser facilmente adquiridos e lojas

físicas e virtuais.

Como Avaliar de Lâmpadas e Pneus?

Entre os itens mais avaliados e maiores motivadores reprovação nos processos de

vistoria veicular estão o funcionamento das lâmpadas do veículo e a condição dos pneus.

No processo de pesquisa realizado pelo autor não houve uma constatação precisa se os

scanners automotivos em geral são capazes de detectar e avaliar tais fatores, entretanto,

havendo sistemas capazes de emitir informação ela pode ser captada pelos dispositivos

e emitida ao usuário/ órgão fiscalizador.

Nas pesquisas realizadas verificou-se que existem sistemas simples baseados em

circuitos elétricos capazes de indicar o mal funcionamento de algumas das lâmpadas do

veículo, sendo inclusive aplicado em determinados modelos de automóveis [58] que

apresentam indicador próprio para esse tipo de avaliação. Basicamente o sistema é

composto de um resistor, uma lâmpada LED e um relé ligados em série. A integração

destes três componentes em um circuito elétrico automotivo de iluminação ou de um

Componente Elétrico Veicular, recebendo "corrente" elétrica através do contato do Relé,

fará com que o LED passe a emitir luz indicando que este circuito está em ordem e

perfeitamente conectado em toda a sua extensão. [59]

57. https://buy-obd.engieapp.com/ Acessado em 19/08/2018

58. https://www.youtube.com/watch?v=Xt7J6eCZcS0 Acessado em 21/08/2018

59. https://www.escavador.com/patentes/382997/indicador-eletro-eletronico-de-lmpada-queimada Acessado em

19/08/2018

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135

Em relação à avaliação dos pneus, a fabricante Bridgestone anunciou em 2015 o

desenvolvimento de um sensor que estima, em tempo real, o desgaste dos pneus e a

profundidade remanescente dos sulcos. Com a instalação de sensores internos e a

utilização de um conceito denominado Contact Area Information Sensing (CAIS), ou

sensoriamento de informações da área de contato. Os sensores aplicados obtêm

informações sobre as alterações na banda de rodagem, inclusive o desgaste irregular

(mais acentuado em um dos lados, por exemplo), e as enviam para o equipamento

analítico montado no automóvel. Ao analisar essas informações, o CAIS faz a estimativa

das condições dos pneus. [60]

Com isso acredita-se que a união de tais tecnologias ao scanner automotivo, resulte em

um sistema de monitoramento completo capaz de enviar informações precisas sobre as

condições do veículo sem necessidade de uma vistoria presencial.

5.2.3.3. Detalhamento do processo

Baseado no sistema proposto, o processo de vistoria veicular se daria pela simples

solicitação da vistoria por uma seção presente no próprio aplicativo do scanner

automotivo, o qual já possuiria os dados do usuário e veículo como nome, cpf, placa,

RENAVAN, ano de fabricação, modelo, entre outros previamente registrados, eliminando

assim a necessidade de preenchimento de tais informações. Em seguida o aplicativo se

conectaria ao sistema do DETRAN RJ e as informações sobre avaliação e diagnóstico

do veículo seriam então enviadas e analisadas. Uma vez finalizada verificação das

informações o sistema emitiria o laudo e resultado da vistoria. Sendo o veículo aprovado,

o CRLV digital do cidadão teria seu status automaticamente atualizado, atestando sua

renovação e regularidade.

A fim de conferir sustentação à proposta propõe-se que o sistema preveja a inserção de

um “lacre digital” que verificaria aberturas e modificações no código do aplicativo,

impedindo a vistoria digital nestes casos, evitando assim possíveis fraudes. O

cruzamento de informações como o número de chassi (fornecido pela conexão OBD-II),

dono do veículo e outras seriam também seriam avaliadas com esse objetivo.

Naturalmente em caso de haverem débitos pendentes do veículo a vistoria seria

igualmente bloqueada. A figura 46 apresenta um diagrama esquemático do sistema

proposto

60. http://www.automotivebusiness.com.br/noticia/21182/bridgestone-cria-sensor-que-estima-desgaste-de-pneu

Acessado em 19/08/2018

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136

Figura 46: Representação esquemática do processo de vistoria e licenciamento

reformulado pela proposta de vistoria veicular digital.

Fonte: O autor (2018)

5.2.3.4. Avaliação da proposta de vistoria veicular digital segundo o modelo

matemático

De forma semelhante ao realizado na seção 5.2.1.4 foram estimados tempos para a

realização de cada uma das etapas da jornada de consumo reformulada. Em seguida

tais estimativas foram aplicadas ao modelo matemático e seus indicadores avaliados.

A tabela 21 apresenta a classificação e os tempos estimados para cada uma das etapas

da proposta, ao passo que figura 47 apresenta seu gráfico de tempos

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137

Tabela 21: Tempos estimados para as etapas da proposta vistoria veicular digital.

Fonte: O autor (2018)

Figura 47: Gráfico de tempos estimados para a proposta vistoria veicular digital.

Fonte: O autor (2018)

Etapa Classificação Tempos Tef(i) / Tea(j)

1 Solicitação da vistoria digital do veículo Etapa fim 00:00:30

2 Sincronização remota do scanner automotivo com o sistema do DETRAN

Etapa fim 00:00:30

3 Análise dos dados e emissão do resultado Etapa fim 00:00:45

4 Atualização do CRLV digital Etapa fim 00:00:15

Tempo total estimado para o processo 00:02:00

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138

As tabelas 22 e 23 apresentam respectivamente os indicadores absolutos e relativos

resultantes da aplicação das estimativas de tempo para proposta de vistoria veicular

digital no modelo matemático.

Tabela 22: Indicadores absolutos da proposta vistoria digital

,

Fonte: O autor (2018)

Tabela 23: Indicadores relativos da proposta de vistoria digital

Fonte: O autor (2018)

De forma semelhante à avaliação realizada para a proposta de vistoria in loco pode-se

verificar que a proposta de vistoria digital alcança resultados ainda mais significativos.

Em tese, as etapas componentes do processo como um todo seriam reduzidas de 17

para apenas 4 (-76%). Em termos do tempo despendido para completar a jornada, a

redução seria das já mencionadas 1h 50 min (média) para apenas 2 min (-98%)

Analisando o valor e desperdício impressos ao consumidor, obteria-se virtualmente

100% de valor real, e consequentemente 0% de desperdício total.

Indicadores absolutos Valor

1 Quantidade de etapas fins (m) 4

2 Quantidade de etapas associadas (n) 0

3 Tempo total de etapas fim (Tef) 00:02:00

4 Tempo total de etapas associadas (Tea) 0:00:00

5 Tempo total de duração do processo de consumo (T) 00:02:00

6 Tempo total de valor do consumo (V) 00:02:00

7 Tempo total de desperdício das etapas fim - [Def(T)] 00:00:00

8 Tempo total de desperdício das etapas associadas - [Dea(T)] 00:00:00

9 Tempo total de desperdício (D) 00:00:00

10 Tempo total de valor complementar (Vc) 00:00:00

11 Tempo total de valor subsidiário (Vs) 00:00:00

Indicadores relativos Meta Valor

1 Valor real 100% 100%

2 Densidade de etapas de valor 100% 100%

3 Desperdício crítico e urgente 0% 0%

4 Desperdício emergencial 0% 0%

5 Desperdício total 0% 0%

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139

Comparando-se a proposta de reformulação com o processo vigente, alcançaria-se um

aumento no valor real de 6% para 100% (+94%) e uma redução no desperdício total de

94% para 0% (-94%).

Entretanto, há de se observar que os números aqui apresentados procuram representar

uma situação teórica, uma vez que a implementação da proposta poderia revelar, na

jornada de consumo real, outras etapas aqui não consideradas.

As tabelas 24 e 25 trazem respectivamente o comparativo dos indicadores absolutos e

relativos entre o processo de vistoria convencional e a proposta de vistoria digital.

Adicionalmente as figuras 48 e 49 trazem os gráficos gerados.

Tabela 24: Comparação entre os indicadores absolutos do processo de vistoria veicular

convencional e a proposta de vistoria veicula digital.

Fonte: O autor (2018)

Tabela 25: Comparação entre os indicadores relativos do processo de vistoria veicular

convencional e a proposta de vistoria veicula digital.

Indicadores relativos dos processos Vistoria Convencional (média) Vistoria Digital

Valor real 6% 100%

Densidade de etapas de valor 18% 100%

Desperdício crítico e urgente 90% 0%

Desperdício emergencial 94% 0%

Desperdício total 94% 0%

Fonte: O autor (2018)

Indicadores absolutos dos processos Vistoria Convencional (média) Vistoria Digital

Tempo total de etapas fim 00:10:39 00:02:00

Tempo total de etapas associadas 01:40:23 00:00:00

Tempo total de duração do processo 01:51:02 00:02:00

Tempo total de valor do consumo 00:06:57 00:02:00

Tempo total de desperdício das etapas fim 00:03:42 00:00:00

Tempo total de desperdício das etapas associadas 01:40:23 00:00:00

Tempo total de desperdício 01:44:05 00:00:00

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140

Figura 48: Gráfico comparativo entre os indicadores absolutos do processo de vistoria

veicular convencional e a proposta de vistoria veicular digital. Fonte: O autor (2018)

Figura 49: Gráfico comparativo entre os indicadores absolutos do processo de vistoria

veicular convencional e a proposta de vistoria veicular digital. Fonte: O autor (2018)

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141

5.2.3.5. Mapa de fluxo de valor para a proposta de vistoria veicular digital

De forma semelhante a seção 5.2.2.5 foi estruturado um mapa de fluxo de valor para a

proposta de vistoria veicular digital conforme demonstra a figura 50

Figura 50: Mapa de fluxo de valor para a proposta de vistoria veicular digital.

Fonte: O autor (2018)

5.3. AVALIAÇÃO GLOBAL DAS PROPOSTAS

Como conclusão desta seção propôs-se avaliar as propostas de forma a inferir sua consistência

como meios de reais melhorias ao processo. Procurou-se assim avaliar o alinhamento das

propostas com os princípios estabelecidos na seção 5.1

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142

5.3.1. Atendimento aos princípios do consumo lean

Em sua obra “soluções enxutas” WOMACK e JONES (2006), estabelecem uma ferramenta

simples para avaliar processos, segundo seu atendimento aos princípios do consumo lean,

a qual chamaram de matriz de soluções.

Uma matriz de soluções é basicamente uma tabela onde cada coluna representa um dos

seis princípios do consumo lean (incluindo também o custo associado) e cada linha comporta

um dos processos avaliados. As células são então preenchidas com notas dadas a cada

requisito. Ao final são contabilizados os totais e verificado o processo vencedor. A figura 51

mostra um exemplo de matriz de soluções.

Figura 51: Matriz de soluções padrão, conforme WOMACK e JONES, 2006.

Fonte: O autor (2018)

Na avaliação das propostas estabelecidas foram dadas notas em uma escala de 1-3, para

cada um dos princípios e para o custo impresso sobre o cliente, ao fim foram somados os

totais. Para efeito comparativo, o processo de vistoria convencional também foi avaliado. A

figura 52 exibe a matriz de soluções aplicada aos processos em estudo.

Figura 52: Matriz de soluções para as propostas formuladas

Fonte: O autor (2018)

Processo C

Processo B

Processo A

Ofereça ao cliente: Simplifique

soluçõesCusto

O que ele quer Onde ele quer Quando ele quer

Resolva

problema do

cliente

Não desperdice o

tempo do cliente

Modificações

comportamentais 3 1 2 1 1 2 2 12

3 3 3 3 1

TOTAL

13

18

1 2 3

Simplifique

soluçõesCusto

2

Ofereça ao cliente:

O que ele quer Onde ele quer Quando ele quer

3

Resolva

problema do

cliente

Não desperdice o

tempo do cliente

Vistoria in loco

Vistoria digital

3 2

3 3

Vistoria

convencional 3 1 112 1 1 1 2

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143

A análise da tabela permite verificar que as propostas de vistoria in loco e vistoria digital

obtiveram percentual significativo de atendimento aos princípios do consumo lean e ao custo

total. De um total de 21 pontos possíveis, a proposta de vistoria veicular in loco logrou 13

(62%) pontos enquanto que a proposta de vistoria veicular digital alcançou 18 pontos (86%),

por outro lado o processo vigente alcançou apenas 11 pontos (52%) e a proposta de

modificações comportamentais 12 (57%)

Observa-se que todos os processos, independentemente de sua eficiência ou valor

agregado, resolvem o problema do consumidor, de forma que foram pontuados com grau 3.

No quesito “desperdício de tempo” tanto o processo convencional quanto a proposta de

modificações comportamentais consomem uma quantidade de tempo significativa do cliente

(pontuado com nota 1), enquanto que proposta de vistoria in loco consome uma pequena

parcela de tempo (recebendo por isso uma nota 2). Entretanto o tempo consumido pela

proposta de vistoria digital é praticamente nulo, justificando a pontuação 3 a ela concedida.

No quesito “oferta do que o cliente deseja” acredita-se que as propostas atendem ao seu

desejo de resolver o problema de forma rápida, sem filas, esperas e deslocamentos

desnecessários, sendo assim pontuadas com nota 3. Todavia a vistoria convencional e a

proposta de modificações comportamentais foram graduadas com nota 1 justamente por

imprimirem ao consumidor todos esses fatores indesejados.

O princípio “localidade desejada pelo cliente” novamente é atendido pelas propostas de

vistoria in loco e digital, sendo que a proposta de vistoria digital confere maior flexibilidade

ao consumidor, sendo possível realiza-la praticamente em qualquer local com conexão

apropriada e com alcance do sinal emitido pelo dispositivo. A proposta de vistoria in loco por

outro lado impõe mais limitações ao cliente. Sendo assim receberam respectivamente notas

2 e 3, enquanto que o processo atual e a proposta de modificações comportamentais

receberam nota 1 por restringir o consumidor a pontos fixos, provocando com isso,

deslocamentos.

De forma semelhante ao ponto anterior a proposta de vistoria digital permite maior

flexibilidade no quesito “momento da oferta”, sendo possível realiza-lo no quando o cliente

quiser, já a vistoria in loco estaria potencialmente limitada pela agenda e disponibilidade dos

agentes públicos, assim como, de certa forma, a vistoria convencional e a proposta de

modificações comportamentais, justificando as respectivas pontuações 1, 3, 1 e 1.

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144

Para o princípio de “simplificação das soluções” verifica-se novamente uma disparidade

entre as propostas, sendo a vistoria digital uma alternativa que proporciona mais

simplicidade e praticidade ao processo. Ainda assim a vistoria in loco comparada ao

processo atual e com a proposta de modificações comportamentais simplifica a jornada de

consumo significativamente. Dessa forma as alternativas receberam respectivamente as

notas 3, 2, 1 e 1

Finalmente, ao se avaliar os custos associados às propostas, constata-se que a vistoria in

loco imprime um custo virtualmente nulo ao consumidor, enquanto que a vistoria digital,

exigiria o dispêndio de capital para a aquisição do scanner eletrônico, o qual seria, em curto

prazo, mais oneroso do que, o processo atual. A proposta de modificações comportamentais

por sua caraterística básica não imprimiria custos adicionais, mas manteria os custos já

associados ao processo vigente, sendo igual e este no quesito custo. Dessa forma justifica-

se as respectivas notas 3, 1, 2 e 2 dadas às opções.

A figura 53 apresenta um gráfico de radar representando as performances de cada um dos

processos.

Figura 53: Gráfico representativo da matriz de soluções para os processos em estudo.

Fonte: O autor (2018)

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145

5.3.2. Relação de pesos impostos ao consumidor/provedor

Como anteriormente registrado, mudanças em um sistema de serviço, de forma geral, geram

efeitos tanto para o consumidor quanto para o provedor. Tais efeitos podem configurar-se

como alteração dos custos associados ou do tempo despendido para a realização das

etapas do processo e em muitos casos são conflitantes em relação as duas partes,

comportando-se como uma balança. Ou seja, a “melhoria” de um a processo pode reduzir o

tempo gasto pelo consumidor, mas aumentar os custos associados para o provedor. Como

exemplo podemos citar o sistema de entrega expressa. Para reduzir o tempo de entrega o

provedor incorre na utilização de mais recursos, e consequentemente incorre em custos

maiores, os quais em geral são passados ao consumidor representados por uma taxa extra

de entrega, dessa forma o “equilíbrio” é restaurado.

Assim, propostas de reformulação de um processo de consumo devem considerar os pesos

impostos às partes (consumidor/provedor), de forma a conferir-lhe sustentabilidade.

Idealmente deve-se pensar em ações simples do consumidor ou do provedor que não lhes

acarretem tempo ou custos e que possam auxiliar na eficiência do processo e, a partir daí

agregar outras modificações procurando imprimir o mínimo de peso ao sistema.

De forma a avaliar os pesos potencialmente gerados por nossas propostas de reformulação,

utilizamos uma ferramenta proposta por JARDIM (2018), que se configura como uma matriz

particionada em quatro setores, que representam níveis de custos e de tempo, impressos

ao consumidor e ao provedor, associados a diferentes opções de processos. A figura 54

apresenta um modelo da matriz.

Figura 54: Modelo de matriz custo-tempo consumidor/provedor. Fonte: O autor (2018)

Custo ~ 0

Tempo ~ 0

Custo ↑

Tempo ↑

Cu

sto

~ 0

Tem

po

~ 0

Cu

sto

Tem

po

Impacto das modificações do processo para o cliente

Im

pac

to d

as m

od

ific

açõ

es

do

pro

cess

o p

ara

o p

rove

do

r

4

1 2

3

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146

As propostas de modificações no processo são classificadas e posicionadas na tabela de

acordo com os pesos de tempo e custo impressos às partes. Soluções ideais estariam

posicionadas no setor 1 visto que não imprimiriam dispêndio de custo ou tempo a nenhuma

das partes, paralelamente as soluções que se posicionem no setor 4 apresentariam-se como

menos interessantes por resultarem em dispêndios tanto para consumidores quanto para

provedores. Finalmente, soluções posicionadas nos setores 2 ou 3 seriam intermediárias por

concentrarem os pesos em apenas uma das partes.

De forma a avaliar as propostas formuladas foi construída uma matriz custo-tempo e

posicionadas as propostas nos setores segundo seus pesos. A figura 55 apresenta o

resultado.

Figura 55: Matriz custo-tempo representativa das propostas de solução

formuladas.

Fonte: O autor (2018)

Proposta de modificações comportamentais

Proposta de Vistoria veicular in loco

Proposta de vistoria veicular eletrônica

Custo ~ 0

Tempo ~ 0

Custo ↑

Tempo ↑

Cu

sto

~ 0

Tem

po

~ 0

Cu

sto

Tem

po

Impacto das modificações do processo para o cliente

Im

pac

to d

as m

od

ific

açõ

es

do

pro

cess

o p

ara

o p

rove

do

r

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147

A proposta de modificações comportamentais foi alocada no setor 1 justamente

por sua característica de imprimir custo e consumo de tempo praticamente zero,

para ambas as partes.

A proposta de vistoria veicular in loco foi posicionada no terceiro setor haja vista

que esta não acarretaria em nenhum custo financeiro ao consumidor,

consumindo apenas uma pequena parcela de seu tempo. Por outro lado, a

modificação drástica nas operações do provedor imprimiria a este, custos

relacionados à contratação de pessoal, deslocamentos dos agentes e

modificações no sistema de T.I. vigente, etc. Entretanto há de se ressaltar que

outros custos, atualmente incorridos, iriam ser potencialmente eliminados, como

a manutenção de toda a infraestrutura dos atuais postos de vistoria (aluguéis,

água, energia, entre outros)

A proposta de vistoria veicular digital foi posicionada próxima à origem dos

setores pelo fato de que imprimiria o custo de aquisição do scanner automotivo

aos consumidores, mas resultaria em um com custo praticamente nulo de seu

tempo. Por outro lado, acarretariam custos de desenvolvimento e manutenção

do sistema pelo provedor, os quais, ainda assim, seriam certamente muito

menores do que os despendidos para a sustentação do processo vigente,

representando uma economia significativa aos cofres públicos.

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148

6. ANÁLISE CRÍTICA

Esta seção se dedica a refletir de uma forma geral sobre o trabalho desenvolvido, analisando o que

foi feito e o que poderia ter sido feito, as vantagens e desvantagens das propostas apresentadas,

extrapolações do estudo assim como possíveis trabalhos futuros.

6.1. LEVANTAMENTO DAS AÇÕES REALIZADAS E NÃO REALIZADAS

Considerando todo o estudo, pode-se afirmar que o objetivo estabelecido inicialmente foi

alcançado em sua essência, qual seja, o estudo de um processo de consumo proveniente do

serviço público brasileiro e proposições para sua melhoria a partir da utilização da filosofia lean

e algumas de suas ferramentas, mais especificamente o mapa de fluxo de valor. Como principais

ações realizadas é possível enumerar:

• Busca bibliográfica estabelecendo as bases do estudo e as realizações mais recentes

na área;

• Contextualização do cenário a ser trabalhado;

• O estudo de campo in loco e vivencia da jornada de consumo (ida ao “gemba”);

• O mapeamento detalhado de todas as etapas componentes e sua cronoanálise;

• O tratamento matemático dos dados obtidos e com isso a obtenção de indicadores do

processo;

• A estruturação de mapas de fluxo de valor para os processos vivenciados nas óticas do

consumidor e do provedor;

• Estruturação de mapas de fluxo de valor para as dimensões financeira e experiencia do

cliente;

• Proposição de reformulações para o processo de vistoria veicular vigente, estabelecendo

os requisitos necessários, bases conceituais e detalhamento do processo;

• Aplicação do modelo matemático às propostas desenvolvidas, a avaliação de suas

métricas e análise comparativa com o processo convencional;

• Estruturação de mapas de fluxo de valor referentes às propostas estabelecidas;

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149

• Avaliação, à luz da matriz de soluções, sobre o atendimento das propostas e do processo

convencional aos princípios do consumo lean;

• Avaliação das propostas, em relação aos pesos impressos ao consumidor e ao provedor,

através da matriz custo-tempo.

Da mesma forma há a necessidade de se fazer um levantamento do que poderia ter sido feito

e, por alguma razão, não foi. Restringindo-se aos limites estabelecidos no capítulo introdutório,

pode-se elencar os seguintes pontos:

• Coleta de mais dados, traduzindo-se e mais jornadas de consumo do processo de

vistoria, em dias diferentes de forma a obtermos maior relevância e mitigarmos a

influência de fenômenos aleatórios nos resultados obtidos;

• Realização de pesquisa entre os provedores (agentes públicos do posto de vistoria) de

forma a conhecer melhor o processo em sua visão, suas dificuldades e opinião sobre o

sistema;

• Realização de pesquisa entre os consumidores in loco para, de mesma forma conhecer

sua visão;

• Pesquisas de opinião sobre as propostas desenvolvidas a fim de avaliar sua aderência

às necessidades dos consumidores e provedores;

• Levantamento dos custos associados às propostas de vistoria veicular in loco e digital,

e sua possível viabilidade financeira.

Ainda assim, acredita-se que tais pontuações não comprometem de forma crítica o trabalho

realizado, servindo de insumo para o refinamento em trabalhos futuros.

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150

6.2. VANTAGENS E DESVANTAGENS DAS PROPOSTAS DESENVOLVIDAS

Voltando-se os olhares para as propostas apresentadas, faz-se igualmente necessário, realizar

uma síntese de suas vantagens e desvantagens, de forma a avaliar suas consistências

enquanto melhorias viáveis.

6.2.1. Proposta de vistoria in loco

Vantagens: como principais vantagens dessa proposta é possível citar a drástica redução

de tempo que esta proporcionaria à jornada de consumo, eliminando a grande maioria dos

desperdícios presentes no processo atual, representados pelos deslocamentos (internos e

externos ao posto), filas, esperas e a maior parte do custo associado ao consumo de

combustível. Este último se analisado em massa poderia ainda representar um grande

benefício ambiental devido a redução de emissões oriunda dos deslocamentos de todos

os veículos aos postos, reduzindo a pegada ecológica* do processo. Como os mapas de

fluxo de valor e o modelo matemático indicam, o processo agregaria um percentual

significativo de valor à jornada de consumo dos cidadãos.

Analisando-se a provisão, as vantagens residiriam na economia de custos oriundo da

manutenção das instalações e infraestruturas dos postos de vistoria, representados por

aluguéis, consumo de água, energia, telecomunicações, materiais/equipamentos de

escritório, etc.

Desvantagens: as desvantagens do processo residem no fato de que, apesar da redução

de desperdícios, o consumidor ainda estaria dependente da disponibilidade dos agentes

para o agendamento das vistorias, conferindo neste sentido, certa rigidez à proposta.

Adicionalmente, e de forma mais crítica, imagina-se que no processo real, a probabilidade

de o vistoriador chegar pontualmente no horário marcado é bem baixa, obrigando o

consumidor dedicar um tempo do seu dia a espera-lo, ficando este “preso” pela espera da

visita. Possivelmente configurariam-se situações onde o vistoriador delimitaria um intervalo

de tempo em que sua chegada se alocaria (ex: na parte da manhã, entre 14h e 17h, etc...)

Outro fator a ser considerado, haja vista a lamentável realidade brasileira, seria o potencial

aumento de ocorrências de fraudes, por meio da oferta de propina aos fiscais,

considerando o ambiente mais particular, onde se fariam as vistorias, exigindo dos

provedores maior esforço na vigilância da integridade dos processos.

* A Pegada Ecológica é uma metodologia de contabilidade ambiental que avalia a pressão do consumo das populações

humanas sobre os recursos naturais. É comumente usado para explorar a sustentabilidade do estilo de vida de indivíduos,

produtos e serviços, organizações, setores industriais, vizinhanças, cidades, regiões e nações.

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151

Em relação ao provedor, pode-se dizer que, apesar das economias citadas, a proposta

demandaria uma profunda reestruturação na organização dos processos, exigindo um

esforço logístico maior, contratação de mais pessoal, frota de veículos para deslocamento

dos fiscais e aquisição de equipamentos, ainda assim acredita-se que em médio prazo as

economias geradas pela mudança do processo compensariam os custos.

6.2.2. Proposta de vistoria veicular digital

Vantagens: pode-se afirmar que as vantagens proporcionadas pela vistoria digital são as

mesmas geradas pela vistoria in loco, porém em valores maiores tanto de redução de

desperdícios quanto na agregação de valor. Como demonstrado pelo mapa de fluxo de

valor e pelos indicadores do modelo matemático, o desperdício foi reduzido a praticamente

zero e o valor agregado em praticamente 100% (considerando sub etapas que possam

surgir na prática real do processo). Adicionalmente a proposta confere total flexibilidade de

momento e local para a vistoria.

Acredita-se que o provedor também obteria profundas vantagens com a proposta haja vista

a grande economia de recursos anteriormente mencionada, além de economias com força

de trabalho (que poderia ser realocada para áreas com maior necessidade de atendimento)

bastando apenas direcionar uma parcela de recursos para desenvolvimento e manutenção

do sistema, que acreditamos serem significativamente menores se comparados ao

processo atual. A proposta ainda dispensaria esforços logísticos.

É possível citar também a consequente redução de stress impresso em ambos os lados

(consumidor/provedor)

Os ganhos em sustentabilidade do meio ambiente também seriam notórios pela redução

de emissões e economia de recursos como água, energia e materiais.

Finalmente pode-se citar uma forte quebra nos esquemas de fraude por corrupção, haja

vista a ausência de interação do usuário com o agente público.

Desvantagens: as desvantagens residiriam, para o consumidor, no custo de aquisição do

dispositivo e, considerando o mundo real, em possíveis quedas do sistema que o

impediriam de realizar o processo. Para o provedor a desvantagem residiria na

impossibilidade de implementação da proposta para veículos antigos que não possuíssem

a entrada OBD-II para escaneamento eletrônico, ainda assim acredita-se que em médio a

longo prazo tal desvantagem seria consideravelmente reduzida.

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152

6.3. EXTRAPOLAÇÕES E POSSIBILIDADES DE ESTUDO

Como estabelecido inicialmente o presente trabalho buscou a profundidade ao invés da

amplitude, entretanto existem possibilidades de um aprofundamento ainda maior dentro do

campo estudado. Adicionalmente acredita-se que se estrutura aqui uma base metodológica

aplicável a diversos outros processos de serviço/consumo tanto no setor público quanto no setor

privado.

Aprofundamentos: Como possíveis aprofundamentos do projeto podem-se citar a extensão do

estudo, analisando o processo para outras categorias de veículos como motocicletas e veículos

pesados, estabelecendo uma análise comparativa entra as jornadas. Outra possibilidade seria

analisar a homogeneidade do nível de atendimento estudando jornadas de consumo entre

postos de vistorias em diferentes localidades dentro e fora da região metropolitana do Estado

do Rio de Janeiro, identificando suas motivações e estabelecendo uma melhor padronização.

Adicionalmente poderia-se elaborar um estudo aplicando-se outras ferramentas do pensamento

lean e da qualidade total para melhoria do processo, analisando sua aplicabilidade em um

processo de consumo. Por fim, sugere-se como aprofundamento de alta relevância, o

levantamento de custos associados ao processo atual e às propostas, e com isso a

determinação da viabilidade financeira destas.

Ramificações: Pela extensa gama de atribuições concedidas ao DETRAN RJ, as possibilidades

de estudo em melhoria de processos e eficiência de atendimento são vastas, tanto na área de

registro de veículos (onde este projeto se desenvolveu), quanto em outras áreas como a de

habilitação e a de identificação civil. Ainda dentro do setor de registro de veículos poriam ser

desenvolvidos estudos em processos de vistoria de instalações de gás GNV que é uma vistoria

à parte, processos de emplacamento, remarcação de chassi e outros de cunho mais

administrativo como, transferência de propriedade, município ou jurisdição, registro de

mudanças nas características do veículo, primeira licença de veículo, segunda via de CRLV e

outros. Expandindo os horizontes para os setores de habilitação e identificação civil há

oportunidades de estudo em processo e emissão/segunda via habilitação e registros gerais

(RG’s – identidade), modificação de categoria da habilitação, renovação de habilitação e outros.

Como observação vale citar que alguns desses processos podem apresentar jornadas bem

maiores e estressantes do as documentadas no trabalho, oferecendo ótimas oportunidades de

estudo e melhoria. Em um nível mais amplo vislumbra-se a aplicação da metodologia e técnicas

aqui apresentadas a serviços públicos diversos em diferentes áreas como saúde, educação,

segurança, processos judiciais, etc.

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153

7. SÍNTESE E CONCLUSÃO

De forma a sintetizar e oferecer uma visão geral do trabalho, esta seção se dedica a resumir o

estudo realizado, ressaltando seus principais pontos e resultados.

O presente estudo se propôs a aplicar a filosofia lean e o mapeamento de fluxo de valor, na

avaliação, análise e melhoria de um processo de consumo em um serviço público brasileiro, dentre

os quais se escolheu a vistoria veicular do Departamento de Trânsito do Estado do Rio de Janeiro

(DETRAN RJ) como campo de pesquisa, pretendendo-se com isso lançar bases para aplicações

em processos de prestação de serviços públicos em geral, possibilitando melhores experiencias de

consumo e qualidade de atendimento à população.

O estudo de campo foi composto por duas experiencias de vistoria para um carro particular de

passeio, realizadas na unidade do DETRAN RJ, localizado no bairro da Barra da Tijuca, na cidade

do Rio de Janeiro.

A fim de avaliar o processo à luz do pensamento lean foram utilizados mapas de fluxo de valor como

principal ferramenta de análise. As etapas componentes do processo foram identificadas,

classificadas como geradoras ou não de valor e seus tempos foram contabilizados individualmente

e em conjunto, resultando em mapas gráficos, extremamente úteis para a avaliação qualitativa da

operação. Além dos mapas representativos do processo de consumo foram construídos mapas

referentes ao processo de provisão, os quais foram, em uma etapa posterior, unificados aos mapas

de consumo, destacando seus pontos de interação, fornecendo assim uma visão holística do

processo. Ressalta-se ainda a construção de mapas de fluxo de valor para as dimensões financeira

e experiencia de consumo, ampliando dessa forma a visão com que se avaliam os processos.

Agregando ao estudo uma vertente quantitativa, os tempos medidos das etapas do processo foram

aplicados a um modelo matemático desenvolvido por JARDIM (2014), onde procurou-se expressar

numericamente o valor e o desperdício gerados ao consumidor.

As experiencias demonstraram que o processo como um todo exige aos cidadãos a passagem por

17 etapas, resultando em um tempo médio para realização do processo é de 1h 50mim dentre os

quais 66% representam desperdício, resultantes especialmente de esperas e deslocamentos. O

valor médio gerado foi de apenas 6%. Adicionalmente estimou-se que o custo médio gerado ao

consumidor, oriundo do consumo de combustível foi de R$ 16,20.

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Diante do contexto verificado foram desenvolvidas três propostas de reformulação do processo de

vistoria vigente, focadas na eliminação de desperdícios e agregação de valor ao cliente, sem

grandes imposições de cargas financeiras e/ou operacionais ao provedor

A primeira limitou-se a enumerar possíveis mudanças de comportamento ou ações simples que,

tanto o consumidor quanto o provedor pudessem adotar e que de certa forma contribuíssem para a

agilidade e eficiência do processo. Objetivou-se com isso demonstrar ações de custo zero, com

implementação livre de modificações no processo em si, estando em mãos das próprias partes que

compões o sistema (consumidor/ provedor).

A segunda proposta configurou-se como a implementação de uma vistoria veicular in loco, onde os

agentes públicos (vistoriadores), realizariam o processo de avaliação dos veículos na residência do

condutor. A proposta foi então submetida às mesmas avaliações impostas ao processo

convencional, quais sejam, a construção de um mapa de fluxo de valor do processo e a inserção

das estimativas de tempo das etapas ao modelo matemático. Os resultados indicaram uma

potencial redução das etapas componentes do processo, passando de 14 para apenas 6, e dos

tempos geradores de desperdício. O modelo matemático indicou um valor agregado ao consumidor

de 54% (+48% em relação ao modelo atual). Estimou-se também um desperdício total de 46% (-48

% e relação ao processo vigente)

A terceira proposta estruturou-se pela utilização de scanners automotivos aliados a um aplicativo

conectado ao sistema do DETRAN, capazes de realizar diagnósticos precisos do funcionamento e

nível de emissões do veículo e emitir tais informações ao sistema do órgão. Este por sua vez

avaliaria os dados e emitiria um laudo aprovando ou não o veículo. A submissão da proposta às

ferramentas anteriormente citadas, indicou uma redução das etapas para apenas 4 (-71%). Um

valor gerado de 100% (+94%) e uma geração de desperdícios de virtualmente 0% (-66%).

As propostas foram ainda submetidas a avaliação segundo os princípios do consumo lean

(WOMACK e JONES, 2006), onde lograram elevadas pontuações.

Finalmente foram julgados a carga que as propostas imprimiriam ao consumidor e ao provedor.

Verificou-se a que a proposta de vistoria in loco imprimiria um peso relativamente grande ao

provedor pelo esforço logístico requerido e potenciais custos associados à mudança do processo,

ao passo que o consumidor estaria praticamente isento de qualquer custo ou grandes perdas de

tempo. Ainda assim estima-se que o custo líquido para o provedor seria favorável à modificação,

haja vista as potenciais economias associadas à eliminação dos custos fixos associados à

manutenção das instalações dos atuais postos de vistoria.

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A proposta de vistoria digital por sua vez, apresentou potenciais custos ao consumidor referentes à

aquisição do scanner automotivo, enquanto que imprimiria custos de desenvolvimento e

manutenção do sistema de vistoria digital pelo provedor. Mais uma vez estima-se que tais custos

representariam um saldo líquido positivo para ambas as partes.

Refletindo-se sobre o trabalho realizado pode-se afirmar que os objetivos principais foram

alcançados. O estudo permitiu a aplicação da filosofia lean e a técnica de mapeamento de fluxo de

valor a um contexto de consumo de um serviço público e propôs modificações ao processo com

potencial aplicabilidade e efetiva melhoria da experiencia do consumidor/cidadão. Adicionalmente

foi possível a aplicação de ferramentas originais, extremamente novas, como o modelo matemático

desenvolvido por JARDIM (2014), e a “matriz custo-tempo” ao consumidor/provedor sendo o projeto

um dos primeiros a aplica-las.

Considera-se que o estudo representa uma pequena contribuição para um assunto novo e

extremamente relevante para inúmeras organizações, tanto públicas quanto privadas, com ou sem

fins lucrativos, qual seja, a aplicação da filosofia lean à processos de consumo. Mais que uma

simples avaliação de um serviço público, acredita-se que o trabalho seja um embrião para a

aplicação das técnicas e metodologias aqui utilizadas, a outros processos de consumo,

especialmente no contexto público, podendo auxiliar na melhoria da qualidade e nível de serviço

oferecido à população. Ressalta-se ainda que a formulação de mapas de fluxo de valor, com

avaliação da dimensão financeira apresenta-se como uma criação original do presente estudo.

Vale destacar que apesar da avalição desfavorável ao processo de vistoria veicular vigente, o

DETRAN RJ, vem tomando medidas para melhorar o nível de atendimento ao público, como a

extensão do horário de atendimento e possibilidade de realização do processo aos sábados. O

prolongamento do período de isenção da obrigatoriedade de vistoria para veículos novos (agora 5

anos) também contribuiu para a redução da demanda e com isso a redução da carga de demanda

dos postos. Adicionalmente o órgão vem tomando medidas para a neutralização dos casos de

corrupção dos fiscais, ainda que aparentemente, até o momento não tenha demonstrado sua

efetividade. Vale ressaltar também pontos como os esforços na melhoria de comunicação e

interação ao público através do portal eletrônico, a implementação de projetos como o “DETRAN

presente” levando diversos serviços do órgão a determinadas localidades durante um dia específico

e a implementação da CNH digital, mostrando seu alinhamento às tendências tecnológicas atuais.

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9. ANEXOS

ANEXO A – Organograma do DETRAN RJ

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ANEXO B - Limites de emissão de poluentes permitidos por categoria de veículo

Ano de fabricação Gasolina Álcool Flex Gás Natural

Todos até 1979 6 6 0,5 6

1980-1988 5 5 0,5 5

1989 4 4 0,5 4

1990-1991 3,5 3,5 0,5 3,5

1992-1996 3 3 0,5 3

1997-2002 1 1 0,5 1

2003-2005 0,5 0,5 0,5 1

2006 em diante 0,3 0,5 0,3 1

Anexo IV Resolução CONEMA Nº 70 DE 19/01/2016

Ano de fabricação Gasolina Álcool Flex Gás Natural

Todos até 1979 700 1100 200 700

1980-1988 700 1100 200 700

1989 700 1100 200 700

1990-1991 700 1100 200 700

1992-1996 700 700 200 700

1997-2002 700 700 200 700

2003-2005 200 250 200 500

2006 em diante 100 250 100 500

Anexo IV Resolução CONEMA Nº 70 DE 19/01/2016

(A) Para os casos de veículos que utilizam combustíveis líquido e gasoso, fica obrigatório a realização do teste para as duas situações, onde

serão considerados os limites de cada combustível.

(B) Para os veículos do ciclo Otto, se este apresentar medição de qualquer um dos parâmetros (HCc, COc e Fator de diluição) abaixo dos

limites máximos de emissão, inclusive, de acordo com informado nas Tabelas I, II e FD, este será APROVADO. Para qualquer valor acima

do definido como "aprovado", o veículo será REPROVADO.

Limites máximos de emissão (%) de Monóxido de Carbono (CO) corrigido para os

veículos automotores do ciclo Otto

Limites máximos de emissão (ppm) de Hidrocarboneto (HC) corrigido para os veículos

automotores do ciclo Otto

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163

Altitude (m) Tipo de Motor

Naturalmente Aspirado ou Turboalimentado com LDA (m-1

) Turboalimentado (m-1

)

Até 350 1,7 2,1

Acima de 350 2,5 2,8

Altitude (m) Tipo de Motor

Naturalmente Aspirado ou Turboalimentado com LDA (m -1) Turboalimentado (m-1 )

At é 350 1,7 2,1

Acima de 350 2,5 2,8

(A) LDA e o dispositivo de controle da bomba injetora de combustível para adequação do seu debito a pressão do turboalimentador.

(A) Se o veículo apresentar medição de opacidade abaixo do limite máximo, inclusive, de acordo com a Tabela I ou II, este será APROVADO. Para qualquer valor acima do

definido como "aprovado", o veículo será REPROVADO.

Anexo II Resolução CONEMA Nº 70 DE 19/01/2016

 Limites máximos de opacidade em aceleração livre de veículos não abrangidos pela Resolução CONAMA 16/1995

(anteriores a ano-modelo 1996)

Limites máximos de opacidade em aceleração livre de veículos a diesel posteriores a vigência da Resolução CONAMA nº

16/1995 (ano-modelo 1996 em diante)

Ano de Fabricação Cilindrada CO corr (%) HC corr (ppm)

Até 2002 Todas 7 3500

2003 a 2009 =250cc 4,5 2000

2010 em diante =250cc 2 400

Anexo III Resolução CONEMA Nº 70 DE 19/01/2016

(B) Para as motos, se esta apresentar medição de qualquer um dos parâmetros (HCc, COc e Fator de diluição) abaixo dos limites

máximos de emissão, inclusive, acordo com a Tabela I e com o FD, esta será APROVADA. Para qualquer valor acima do definido

como "aprovado", a moto será REPROVADA.

Limites máximos de emissão de CO corrigido (%) e de HC corrigido (ppm), para

motocicletas e veículos similares com motor do Ciclo Otto de 4 tempos por faixa de

cilindrada

(A) cc: Capacidade volumétrica do motor ou cilindrada ou cm³.

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164

10. APÊNDICES

APÊNDICE A – Mapas de fluxo de valor (dimensão tempo – 1ª e 2ª vistorias)

pe

lo

ate

nd

imen

to

Vis

tori

a

Em

issão

Em

issão

d

o L

au

do

Esta

cio

nar

Esp

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p

ela Esp

era

p

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ch

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Rec

eb

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CR

LV

e s

air

00:0

4:0

000:2

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