aplicaÇÃo de uma metodologia de documentaÇÃo para...

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APLICAÇÃO DE UMA METODOLOGIA DE DOCUMENTAÇÃO PARA REGISTRO E TRANSMISSÃO DE CONHECIMENTO: UM ESTUDO DE CASO EM UM PROJETO DE SIMULAÇÃO Gabriel Cardinali (UNIFEI ) [email protected] Luana Neves Leite (UNIFEI ) [email protected] Emerson Jose de Paiva (UNIFEI ) [email protected] Carlos Henrique de Oliveira (UNIFEI ) [email protected] Tarcis Ferreira Silva (UNIFEI ) [email protected] A modelagem conceitual é uma das etapas mais importantes num processo de modelagem e simulação de eventos discretos, geralmente ignorada ou negligenciada, não sendo tratada com a devida importância. Aliada à ferramenta IDEF-SIM, a documentaação serve de suporte tanto à modelagem conceitual quanto ao processo a ser simulado, de modo a facilitar a identificação e compreensão de cada processo a ser representado na simulação. O presente trabalho apresenta a implementação da etapa de documentação, aliada à ferramenta IDEF-SIM, desenvolvendo formulários com os dados obtidos durante o estudo sobre um processo de produção de uma marmoraria localizada na cidade de Itabira no estado de Minas Gerais. O resultado obtido com essa etapa foi o desenvolvimento dos documentos propostos pela metodologia abordada servindo de apoio para a construção de um modelo computacional. Palavras-chave: Palavras-chave: Documentação. IDEF-SIM. Simulação de eventos discretos. XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil João Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.

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APLICAÇÃO DE UMA METODOLOGIA

DE DOCUMENTAÇÃO PARA REGISTRO

E TRANSMISSÃO DE CONHECIMENTO:

UM ESTUDO DE CASO EM UM

PROJETO DE SIMULAÇÃO

Gabriel Cardinali (UNIFEI )

[email protected]

Luana Neves Leite (UNIFEI )

[email protected]

Emerson Jose de Paiva (UNIFEI )

[email protected]

Carlos Henrique de Oliveira (UNIFEI )

[email protected]

Tarcis Ferreira Silva (UNIFEI )

[email protected]

A modelagem conceitual é uma das etapas mais importantes num

processo de modelagem e simulação de eventos discretos, geralmente

ignorada ou negligenciada, não sendo tratada com a devida

importância. Aliada à ferramenta IDEF-SIM, a documentaação serve

de suporte tanto à modelagem conceitual quanto ao processo a ser

simulado, de modo a facilitar a identificação e compreensão de cada

processo a ser representado na simulação. O presente trabalho

apresenta a implementação da etapa de documentação, aliada à

ferramenta IDEF-SIM, desenvolvendo formulários com os dados

obtidos durante o estudo sobre um processo de produção de uma

marmoraria localizada na cidade de Itabira no estado de Minas

Gerais. O resultado obtido com essa etapa foi o desenvolvimento dos

documentos propostos pela metodologia abordada servindo de apoio

para a construção de um modelo computacional.

Palavras-chave: Palavras-chave: Documentação. IDEF-SIM.

Simulação de eventos discretos.

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1. Introdução

A qualidade de processos e serviços é característica exigida pelos clientes e fundamental para

assegurar a permanência das organizações frente ao mercado competitivo. Garantir a

qualidade, geralmente requer processos bem planejados, balanceados, isentos de falhas

oriundas de causas especiais, resultando em produtividade, redução de custos e eliminação de

desperdícios.

Gerar processos com essas características leva pesquisadores e engenheiros a buscar novas

tecnologias, desenvolver novos métodos, implementar ações corretivas, investir em

treinamento e, enfim, adotar ferramentas da qualidade. Além disso, é necessário que as

organizações produzam e mantenham sempre atualizados o conjunto de conhecimentos

adquiridos e incrementados durante a concepção, implementação e execução do processo.

Entretanto, registrar todo o conhecimento adquirido é um procedimento geralmente

negligenciado pelas organizações, devido à falta de metodologias específicas.

Neste trabalho, o foco será direcionado à metodologia de documentação desenvolvida para se

registrar todo o procedimento de concepção, modelagem e análise de um processo de

simulação que, devido à sua complexidade, geram dificuldades de compreensão.

O processo de simulação consiste em se modelar matematicamente um problema real,

construindo-se, a partir de softwares especializados, cenários que representam tal problema.

Nesses cenários, eventos ocorrem, modificando-se os estados dos elementos constituintes do

processo. Os resultados da simulação permitem avaliar a escassez e distribuição de recursos,

disponibilidade e variação de layout, identificar gargalos, fornecendo diversas informações

aos gestores, de modo a facilitar a tomada de decisões.

No desenvolvimento do processo de simulação, uma importante fase, é a concepção de um

modelo conceitual que, em seguida, será base para o desenho do modelo computacional. O

modelo conceitual é a representação do problema real, em linguagem gráfica, traduzindo, de

maneira mais eficaz, o que se espera do modelo.

A metodologia IDEF-SIM, proposta por Montevechi et al. (2010), adotada na presente

pesquisa, devido à facilidade de manuseio, é a responsável por transcrever, graficamente, o

modelo de produção real. Porém, somente modelos construídos a partir do IDEF-SIM, não

conseguem representar todos os parâmetros, características e elementos necessários ao

desenvolvimento do sistema simulado.

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Outras informações, igualmente pertinentes, devem ser adicionadas e devidamente

documentadas. O presente projeto pretende associar a metodologia IDEF-SIM à uma

metodologia de documentação proposta por Rangel e Nunes (2011), para auxiliar no registro

de descrições de cada elemento e na definição de dados de entrada mais detalhados, por meio

de diagramas, quadros descritivos, registros sistemáticos e fluxogramas.

A metodologia resultante da combinação do IDEF-SIM e a documentação será demonstrada a

partir do desenvolvimento de um projeto de modelagem e simulação do pátio produtivo de

uma indústria de pedras ornamentais, localizada na cidade de Itabira-MG, cujos dados

coletados serão organizados sistematicamente.

2. Referencial teórico

O presente trabalho pauta-se, principalmente, na documentação dos processos produtivos da

empresa objeto de estudo, utilizando-se como base, softwares para a reprodução do layout

produtivo, construção de diagramas e de simulação da produção. Na seção 3.1 apresenta-se a

aplicação da documentação neste contexto. A seção 3.2 explicita a utilização da técnica de

modelagem de conceitos IDEF-SIM, se adequando às peculiaridades do modelo de simulação;

por fim, na seção 3.3 será abordada a simulação de eventos discretos.

2.1 Metodologia de documentação

De acordo com Mayer et al. (1995), no processo de documentação é preciso que se

estabeleça, primeiramente, o escopo do projeto, ressaltando-se o foco a ser atingido, as

necessidades existentes e as questões a serem respondidas. Entretanto, não existe um padrão

para registro dessas informações.

Rangel e Nunes (2011), cientes das dificuldades encontradas para se documentar as ações

decorrentes do projeto de simulação, propuseram uma metodologia de documentação

constituída pela adoção de quatro formulários auxiliares. São eles:

a) Resumo Descritivo IDEF-SIM: utilizado para descrever os cenários a serem

modelados, contextualizar o problema e esclarecer os objetivos a serem cumpridos no

projeto. Este formulário deve permitir que uma pessoa, alheia ao estudo, possa

compreender o processo ou mesmo entender sua natureza. Com o formulário escrito, as

informações sobre o projeto deverão ser representadas no formulário Diagrama Padrão

baseado, neste estudo, em técnicas IDEF-SIM;

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b) Diagrama Padrão IDEF-SIM: direcionado para modelagem e simulação, é composto

pelo nome do analista responsável pelo projeto de simulação, a data de criação do

documento, o nome da empresa em estudo, o número do projeto, o nome e o código

deste, de acordo com o exposto no formulário anterior. Ainda há quatro classificações

que definem o estado do esquema apresentado, dividindo-se em: “Em processo”,

“Projeto”, “Recomendado” e “Realizado”, onde este último campo será preenchido

quando o diagrama apresentado estiver em sua fase final e ,assim, não poderá ser

modificado;

c) Conteúdo e Registro de Legendas IDEF SIM: pretende tornar a leitura e interpretação

do Diagrama Padrão mais fácil de compreender. Quando se tratam de ambientes mais

complexos, os detalhes como objetivos envolvidos, restrições de casos, design dos

dados de entrada podem ser omitidos de modo a evitar uma poluição visual e, assim,

invertendo sua função, facilitação visual. Para aumentar sua eficiência, os registros das

características do projeto devem estar descritos no formulário de Preparação dos

Elementos; e,

d) Preparação de Elementos em IDEF-SIM: os campos de preenchimento são os mesmos

abordados no Diagrama Padrão (nome do autor, data do projeto, nome do projeto, etc.).

Além destes, este formulário deve descrever o Nome do Elemento (descreve,

sucintamente, o nome do projeto), Objeto (entidade física integrada com o projeto),

Fatos (representa os elementos do projeto em estudo), Restrição (listar restrições ou

obrigações no sistema modelado) e, por fim, Detalhamento (detalha as características

de cada elemento, funções, interações, recursos utilizados e controles estabelecidos).

2.2 Modelagem IDEF-SIM

A modelagem conceitual serve de base para a simulação computacional de forma a aumentar

a qualidade dos modelos de simulação, reduzindo-se o tempo de desenvolvimento destes.

Segundo Sargent (2004) o modelo conceitual consiste numa representação matemática ou

lógica do problema em estudo. Uma forma bastante difundida para representação lógica de

sistemas é a transcrição de suas tarefas a partir dos diagramas IDEF (do inglês, Integrated

DEFinition). O IDEF é um conjunto de modelos utilizados para se descrever sistemas sob

diferentes perspectivas. Além disso, consegue abstrair e capturar a essência do sistema e é

considerado de fácil implementação (JEONG, WU E HONG, 2009).

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O IDEF, na verdade, constitui uma família de modelos, os quais devem ser escolhidos para

descrever processos de um domínio específico. Os modelos mais comuns são o IDEF0,

IDEF1, IDEF1X e IDEF3.

De acordo com Ryan e Heavey (2006), a modelagem IDEF0 é utilizada para produzir um

modelo funcional. Tal modelo é representado por atividades, processos ou mesmo funções

dentro de um sistema. Já a modelagem IDEF3 permite a representação de dados por meio de

elementos gráficos, tanto em eventos discretos, como a representação em cada estado de

transição.

Montevechi et al. (2010) propuseram uma metodologia para modelagem conceitual chamada

IDEF-SIM que utiliza a sintaxe e semântica do IDEF0 em conjunto com o IDEF3, adaptados

às peculiaridades da simulação, mostrando-se bastante eficiente. Neste, novos símbolos foram

gerados, permitindo-se descrever corretamente as particularidades dos processos baseados em

eventos discretos.

2.3 Simulação de eventos discretos

De acordo com Kellner et al. (1999) a simulação de processos auxilia na compreensão dos

fenômenos associados, de modo a demonstrar o fluxo dos processos e fases inerentes, fluxos

de produtos, facilitando, assim, a visualização do processo como um todo, auxiliando na

tomada de decisão, redução de riscos e ajuda na estratégia de gerenciamento.

A simulação também promove uma melhor compreensão sobre os processos, visto ser

resultado dos esforços conjuntos de analistas (os especialistas em simulação), gerentes (que

dominam os processos) e as pessoas ligadas diretamente à sua operação (CHIWF e MEDINA,

2010).

Os eventos de simulação podem ser divididos em eventos discretos e dinâmicos. O modelo de

dados discretos contém entidades potencialmente diferentes e que se movimentam através do

processo podendo, ou não, estar ligadas a atributos. Este tipo de evento é mais aconselhável

para análise de perspectivas, utilização de recursos, filas e similares. Por outro lado, a

modelagem de dados dinâmicos sofre mudanças contínuas, embora não possam ser rastreáveis

individualmente através do processo (KELLNER, MADACHY e RAFFO, 1999).

No presente trabalho os eventos a serem analisados são de comportamento discreto, mudando

constantemente seu estado no decorrer do tempo.

3. Descrição das atividades desenvolvidas

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Nesta sessão serão apresentados os materiais utilizados na pesquisa e o procedimento

realizado durante o estudo, detalhando cada etapa desenvolvida e demonstrando a importância

das observações para a realização do presente estudo.

3.1 Procedimento realizado

Para a condução do presente estudo, foram escolhidos, dentre os diversos processos

produtivos, a produção de pias e bancadas de mármore, sobre as quais foram analisados cada

um dos setores envolvidos com o processo de produção, de forma a identificar as ações

fundamentais para seu funcionamento, desde a entrada da matéria prima, até o produto

acabado.

Como resultado desta análise, os setores denominados corte e acabamento, foram

considerados relevantes para a condução do estudo. Destes, o setor de acabamento foi

considerado de maior complexidade, pois se desmembra em quatro outros processos,

igualmente importantes: a) corte de meia esquadrilha; b) corte de bojo (caso o produto seja

uma pia); c) colagem dos componentes do produto final; e d) acabamento final.

Dentro destes setores observaram-se também as ações fundamentais de cada operador na

produção somente de pias e bancadas. Destas ações destacam-se transporte, lixamento, troca

de lixa, limpeza da peça, preparações e interrupções.

Estes setores e ações identificadas auxiliaram no desenvolvimento do fluxograma (Figura 1) e

do modelo conceitual, representado no formulário do Diagrama Padrão (Figura 3), o qual

descreve etapas essenciais para o processo real e, portanto, devem ser documentadas ou

identificadas no modelo conceitual para que sirvam de apoio aos analistas e às pessoas que

queiram saber como funciona o processo e suas variáveis.

Identificadas as principais ações e setores, o próximo passo para o auxílio da modelagem

conceitual foi desenvolver quatro formulários de acordo com a metodologia proposta por

Rangel e Nunes (2011). Os formulários são: a) Resumo Descritivo (Figura 2); b) Diagrama

Padrão (Figura 3); c) Registro de Legendas e Restrições do Macro Processo (Figura 4) e; d)

Preparação dos Elementos para o Modelo Conceitual (Figura 5), além da tradução do modelo

conceitual para o computacional (Figura 6).

4. Implementação da metodologia, análise e resultados obtidos

As informações do processo produtivo analisado serão descritas na sessão a seguir por meio

de um fluxograma, assim como a implementação da metodologia e os resultados obtidos.

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4.1 Resumo dos processos de produção

O processo de fabricação de uma bancada ou pia na marmoraria em estudo segue as etapas

descritas pelo fluxograma apresentado na Figura 1.

Figura 1:Fluxograma do processo de produção de uma pia ou bancada de mármore

Fonte: Autoria Própria

4.2 Formulação do modelo de documentação: coleta de macro informação e modelagem

conceitual

De acordo com Rangel e Nunes (2011), o Sumário Descritivo e o Diagrama Padrão são

utilizados somente para contextualizar o problema, destacar as metas a serem cumpridas e

descrever os cenários apropriados a ser modelado. O Resumo Descritivo demonstra

informações ligadas ao contexto em estudo de maneira objetiva, sem comprometer o

entendimento do processo analisado, devendo ser um material de apoio e de fácil

entendimento, não somente aos analistas, mas para qualquer pessoa que queira consulta-lo.

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Figura 2: Resumo Descritivo do processo de produção de pia ou bancada do local em estudo

Analista: Data: 3/9/2015 Trabalho Data:

Companhia: Projeto n°: 001/16 Rascunho

Recomendado

Realizado

Descritivo RD 001

Gabriel Cardinali Revisores:

Marmoraria Duarte

Nome do projeto: Tipo de formulário

Descrição do processo de produção de pias e bancadas na marmoraria em estudo

Fabricação de uma pia ou bancada: O processo de fabricação de uma bancada ou pia de mármore no local

em estudo segue da seguinte maneira: (i) O cliente faz o pedido no local de atendimento dizendo as

dimensões e escolhendo o tipo de mármore a ser trabalhado gerando assim uma ordem de serviço. (ii)

Confere se o mármore requesitado pelo cliente está disponível no estoque. (iii) Condição 1: Caso não esteja

disponível o mármore a ser trabalhado, encomenda-se o tipo escolhido e caso haja mais pedidos pendentes

por falta de placas de mármore, inclui-se também na encomenda. (iv) Condição 2: Caso o mármore esteja

disponível no estoque, a ordem de serviço é repassada para os responsáveis do corte. (v) Transporta-se as

placas do estoque para as serras. (vi) Corta-se as placas de acordo com as dimensões pedidas, porém com 3

a 4 cm de folga para evitar falhas nas fases subsequentes. (vii) Condição 3: Caso o setor de acabamento,

especificamente o setor de corte de meia esquadrilha, estiver disponível, as peças são encaminhadas para o

setor. (viii) Condição 4: Caso não esteja disponível, as peças recem cortadas vão para o estoque de peças

cortadas e encaminhadas para o corte de meia esquadrilha quando liberado. (ix) Espera-se até que o

proximo setor de lixamento esteja liberado para o lixamento. (x) Após o lixamento, a peça é encaminahda

para o setor de colagem. (xi) Condição 5: Caso a peça seja uma pia, ela seguirá para o setor de furo de bojo

e consequentemente para a colagem de bojo. (xii) A peça segue para o acabamento final, na qual lixa-se

novamente, porém finalizando com cera e resina nas bordas. (xiii) Condição 6: Caso o cliente não opte por

buscar a peça pronta, acumula-se 6 peças finalizadas para então seguir para o transponte.

Lista de cenários Modelador Prioridade

1. Processo de produção de pias e bancadas

2. Processo de estocagem de pias e bancadas

Fonte: Adaptado de Rangel e Nunes (2011)

O formulário contém o nome do analista responsável, a data em que o formulário foi criado, a

companhia em estudo, o número e o nome do projeto e o código para identificação do mesmo,

além de descrever o processo estudado, separando por processos e sequência semelhantes aos

utilizados no modelo conceitual. O corpo do Diagrama Padrão descreve o modelo conceitual

do processo a ser utilizado como base para o modelo computacional, de modo a demonstrar a

lógica de execução do processo real com entidades, locais, lógica de movimento, além do

nome do autor responsável pelo desenvolvimento do modelo, a data de criação do documento,

nome do projeto, nó referencial e identificação dos elementos utilizados no modelo. Além

destas informações, é possível também classificar o formulário como rascunho, trabalhando,

recomendado ou realizado. O modelo conceitual, antes de ser implementado, deve ser

validado pelo responsável do projeto, designado pela empresa objeto de estudo, ou por um

especialista, para que haja a tradução do modelo, ou seja, conversão do modelo conceitual em

uma linguagem (codificação) de simulação adequada.

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Figura 3:Diagrama Padrão de macro processos

Autor: Data: 21/9/2015 Trabalho

Projeto: Rascunho

Recomendado

Realizado

Página 1

Gabriel Cardinali

Processo de produção de pias e bancadas na

marmoraria em estudo

Padrão

Melhorado

Nódulo de referência Título: Tipo de formulário

A0 Descrição do processo de produção de pias e bancadas Fonte: Adaptado de Rangel e Nunes (2011)

4.3 Formulação do modelo documental: coleta, tratamento e registro de dados

O formulário de Registro de Legendas e Conteúdo auxilia no entendimento do diagrama

representado na figura anterior (Figura 3). Os elementos a serem descritos nesse formulário

(tipo, título/descrição e página) devem seguir uma ordem de modo facilitar o

acompanhamento do leitor no uso deste documento, seja ordem sequencial de aparecimento

no modelo ou por classificações de grupos dos elementos (como utilizado).

Algumas informações deste formulário poderão ser omitidas devido à objetividade do mesmo

e por tratar apenas de uma breve descrição dos elementos, porém, sua função, que é a

descrição dos elementos que compõem o modelo e suas classificações (de acordo com o

software de simulação - entidades, locais, funções, regras, outros), não estará comprometida,

auxiliando na revisão e validação do modelo conceitual (RANGEL e NUNES 2011).

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Os formulários apresentados pelas Figuras 4 e 5, utilizados para a Preparação de Elementos

do modelo conceitual, detalham cada elemento abordado no formulário anterior, incluindo seu

símbolo, nome, descrição – incluindo a classificação obtida no modelo conceitual, o seu papel

na simulação e como ele se comporta no contexto real –, lógica a seguir, interação entre os

elementos do modelo, limitações, fatos, distribuições estatísticas e dimensões, além de manter

o mesmo cabeçalho do formulário anterior (RANGEL e NUNES 2011).

Figura 4:Formulário para a Preparação de Elementos do modelo conceitual, Serra I

Autor: Data: 21/9/2015 Trabalho Data:

Rascunho

Recomendado

Realizado

Elemento

Simbolo

Código

Serra I

Página 1Projeto 001 - RD 1

Dimensões(ões) / Composição(ões): 411 cm x 617 cm

Distribuições estatísticas:

Resumo estatístico:

Referência: Elemento Descrito: Entrada da entidade Chapa no Formulário: PE001

Descrição daos Dados de Entrada

Gabriel Cardinali Revisores:

Projeto: Processo de produção de pias e bancadas na

marmoraria em estudo

Nome do elemento: Serra I (Local)

Fatos: É o local onde realiza-se a primeira operação (corte da chapa) da entidade Chapa realizada pelo

recurso "Serrador".

Objetos: Chapa

Restrições: As serras de corte podem somente cortar uma chapa por vez, o corte é sempre linear e

realizado somente por um operador.

Descrição: O local Serra I ou Serra II só pode ser utilizado na simulação somente quando disponível. Ele

transforma a entidade "Chapa" em "Peça Cortada".

Fonte: Adaptado de Rangel e Nunes (2011)

De acordo com Mayer et al. (1995) os objetos do modelo conceitual ainda podem ser

classificados como Agente, Afetado, Participante e Criado ou Destruído. O primeiro é

classificado quando um ou mais elementos do modelo desempenha um papel ativo. O

segundo é classificado quando o elemento é modificado durante seu processamento. O

terceiro, quando o elemento, durante seu processamento, não sofre transformação e a última

classificação, quando se cria um novo elemento ou se destrói o elemento durante seu

processamento.

Nas Figuras 4 e 5 são apresentados dois elementos utilizados na simulação em estudo (uma

entidade e um local) adaptadas a partir da metodologia de documentação proposta por Rangel

e Nunes (2011).

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Figura 5: Formulário para a Preparação de Elementos do modelo conceitual

Autor: Data: 21/9/2015 Trabalho Data:

Rascunho

Recomendado

Realizado

Elemento

Simbolo

Código

Chapa

Página 1

Descrição daos Dados de Entrada

Gabriel Cardinali Revisores:

Projeto: Processo de produção de pias e bancadas na

marmoraria em estudo

Nome do elemento: Chapa (Tipo: Entidade)

Fatos: É a principal entidade e única entrada no processo, sendo ela a responsável por sofrer todos os

processos do sistema.

Objetos: Serra I (Agente, Afetado)

Restrições: Como a simualação representa somente a fabricação de pias e bancadas, as chapas de

mármore são de modelos limitados e de pequeno número, porém sua identificação na ordem de serviço na

qual obtia-se tal informação mal organizada e despadronizada e, por isso, optou-se usar somente um único

modelo de mármore.

Descrição: A chapa entra no sistema como entidade. Seu primeiro processo é o tranposte até a Serra I ou

Serra II (na ordem de disponibilidade destas), feito pelo operador da máquina de corte com o auxílio de um

ajudante e um carrinho. As chapas encontram-se sempre no estoque. A Chapa nunca é utilizada em seu

em seu tamanho total (385 cm x 215 cm), ela é roçada (espécie de corte manual) antes

Projeto 001 - SD 1

Dimensões(ões) / Composição(ões): 385cm x 215cm

Distribuições estatísticas:

Resumo estatístico:

Referência: Elemento Descrito: Entrada da entidade Chapa no process o Formulário: PE001

Fonte: Adaptado de Rangel e Nunes (2011)

Os formulários desenvolvidos por Rangel e Nunes (2011) buscam auxiliar o modelador, sendo

ele experiente ou não, a obter informações sobre o sistema real de modo a entender como ele

opera, ressaltando as principais informações do sistema e seus componentes, tornando o

processo mais simples de entender, porém, conservando suas principais funções. Além disso,

estes documentos facilitam a verificação e validação dos modelos, tanto conceitual, quanto

computacional, a coleta e organização dos dados que compõem o sistema, sendo este de

formado por eventos discretos.

Os formulários apresentados foram utilizados para a tradução do modelo conceitual para o

computacional (Figura 6), de modo a descrever a funcionalidade do sistema de produção real

de forma clara e objetiva, apresentando os principais eventos que compõem o processo

produtivo.

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Fonte: Autoria própria

Figura 6: Modelo de simulação

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5. Conclusões

No presente trabalho buscou-se demonstrar uma metodologia de documentação de processos

de simulação, a fim de tornar mais acessível sua utilização e externalizar conhecimentos a

respeito do processo, suas etapas e componentes.

A metodologia de documentação adotada, que permite registrar todas as fases de processo,

desde sua concepção, até sua análise final, aliada à ferramenta IDEF-SIM, capaz de construir

diagramas representativos do modelo conceitual gerado, demonstrou ser adequada, de fácil

implementação e capaz de transmitir conhecimentos específicos da modelagem conceitual e

computacional para analistas, técnicos, gestores e modeladores.

Os documentos gerados a partir de tal metodologia permitem, ainda, a melhoria contínua do

processo, uma vez que impede que as informações coletadas, analisadas e abstraídas na fase

de concepção do projeto sejam perdidas, ou fiquem de posse de poucos envolvidos.

Como sugestão para trabalhos futuros, pretende-se adaptar a metodologia proposta a cada uma

das fases do processo de simulação, quais sejam, concepção, implementação e análise, com

intuito de se estabelecer uma sequência lógica de tarefas, planejar adequadamente cada passo

constituinte dessas macrofases e alcançar um nível maior de detalhamento das operações

necessárias à construção do projeto de simulação, além de se estabelecer, uma padronização

dessas tarefas.

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AGRADECIMENTOS

Os autores gostariam de expressar sua gratidão à CNPq, Capes, FAPEMIG e à Universidade

Federal de Itajubá – Campus Itabira (UNIFEI), pelo seu apoio para realização deste trabalho.

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REFERÊNCIAS

CHWIF, L., MEDINA, A. C. Modelagem E Simulação De Eventos Discretos: Teoria E Aplicações. 3 ed., 309

p., Edição do Autor, São Paulo 2010.

JEONG, K.; WU, L.; HONG, J. Idef Method-Based Simulation Model Design And Development. Jurnal of

Industrial Engineering and Management, V. 2, n.2, p. 332-359, 2009.

KELLNER, M. I., MADACHY, R. J., RAFFO, David M. Software Process Simulation Modeling: Why?

What? How?. The Journal of Systems and Software, v. 46, p. 91-105, 1999.

MAYER, R. J., C. P. MENZEL, M. K. PAINTER, P. S. WITTE, T. BLINN AND B. PERAKATH. Information

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