aplicaÇÃo de uma metodologia de documentaÇÃo para...
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APLICAÇÃO DE UMA METODOLOGIA
DE DOCUMENTAÇÃO PARA REGISTRO
E TRANSMISSÃO DE CONHECIMENTO:
UM ESTUDO DE CASO EM UM
PROJETO DE SIMULAÇÃO
Gabriel Cardinali (UNIFEI )
Luana Neves Leite (UNIFEI )
Emerson Jose de Paiva (UNIFEI )
Carlos Henrique de Oliveira (UNIFEI )
Tarcis Ferreira Silva (UNIFEI )
A modelagem conceitual é uma das etapas mais importantes num
processo de modelagem e simulação de eventos discretos, geralmente
ignorada ou negligenciada, não sendo tratada com a devida
importância. Aliada à ferramenta IDEF-SIM, a documentaação serve
de suporte tanto à modelagem conceitual quanto ao processo a ser
simulado, de modo a facilitar a identificação e compreensão de cada
processo a ser representado na simulação. O presente trabalho
apresenta a implementação da etapa de documentação, aliada à
ferramenta IDEF-SIM, desenvolvendo formulários com os dados
obtidos durante o estudo sobre um processo de produção de uma
marmoraria localizada na cidade de Itabira no estado de Minas
Gerais. O resultado obtido com essa etapa foi o desenvolvimento dos
documentos propostos pela metodologia abordada servindo de apoio
para a construção de um modelo computacional.
Palavras-chave: Palavras-chave: Documentação. IDEF-SIM.
Simulação de eventos discretos.
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João Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.
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1. Introdução
A qualidade de processos e serviços é característica exigida pelos clientes e fundamental para
assegurar a permanência das organizações frente ao mercado competitivo. Garantir a
qualidade, geralmente requer processos bem planejados, balanceados, isentos de falhas
oriundas de causas especiais, resultando em produtividade, redução de custos e eliminação de
desperdícios.
Gerar processos com essas características leva pesquisadores e engenheiros a buscar novas
tecnologias, desenvolver novos métodos, implementar ações corretivas, investir em
treinamento e, enfim, adotar ferramentas da qualidade. Além disso, é necessário que as
organizações produzam e mantenham sempre atualizados o conjunto de conhecimentos
adquiridos e incrementados durante a concepção, implementação e execução do processo.
Entretanto, registrar todo o conhecimento adquirido é um procedimento geralmente
negligenciado pelas organizações, devido à falta de metodologias específicas.
Neste trabalho, o foco será direcionado à metodologia de documentação desenvolvida para se
registrar todo o procedimento de concepção, modelagem e análise de um processo de
simulação que, devido à sua complexidade, geram dificuldades de compreensão.
O processo de simulação consiste em se modelar matematicamente um problema real,
construindo-se, a partir de softwares especializados, cenários que representam tal problema.
Nesses cenários, eventos ocorrem, modificando-se os estados dos elementos constituintes do
processo. Os resultados da simulação permitem avaliar a escassez e distribuição de recursos,
disponibilidade e variação de layout, identificar gargalos, fornecendo diversas informações
aos gestores, de modo a facilitar a tomada de decisões.
No desenvolvimento do processo de simulação, uma importante fase, é a concepção de um
modelo conceitual que, em seguida, será base para o desenho do modelo computacional. O
modelo conceitual é a representação do problema real, em linguagem gráfica, traduzindo, de
maneira mais eficaz, o que se espera do modelo.
A metodologia IDEF-SIM, proposta por Montevechi et al. (2010), adotada na presente
pesquisa, devido à facilidade de manuseio, é a responsável por transcrever, graficamente, o
modelo de produção real. Porém, somente modelos construídos a partir do IDEF-SIM, não
conseguem representar todos os parâmetros, características e elementos necessários ao
desenvolvimento do sistema simulado.
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Outras informações, igualmente pertinentes, devem ser adicionadas e devidamente
documentadas. O presente projeto pretende associar a metodologia IDEF-SIM à uma
metodologia de documentação proposta por Rangel e Nunes (2011), para auxiliar no registro
de descrições de cada elemento e na definição de dados de entrada mais detalhados, por meio
de diagramas, quadros descritivos, registros sistemáticos e fluxogramas.
A metodologia resultante da combinação do IDEF-SIM e a documentação será demonstrada a
partir do desenvolvimento de um projeto de modelagem e simulação do pátio produtivo de
uma indústria de pedras ornamentais, localizada na cidade de Itabira-MG, cujos dados
coletados serão organizados sistematicamente.
2. Referencial teórico
O presente trabalho pauta-se, principalmente, na documentação dos processos produtivos da
empresa objeto de estudo, utilizando-se como base, softwares para a reprodução do layout
produtivo, construção de diagramas e de simulação da produção. Na seção 3.1 apresenta-se a
aplicação da documentação neste contexto. A seção 3.2 explicita a utilização da técnica de
modelagem de conceitos IDEF-SIM, se adequando às peculiaridades do modelo de simulação;
por fim, na seção 3.3 será abordada a simulação de eventos discretos.
2.1 Metodologia de documentação
De acordo com Mayer et al. (1995), no processo de documentação é preciso que se
estabeleça, primeiramente, o escopo do projeto, ressaltando-se o foco a ser atingido, as
necessidades existentes e as questões a serem respondidas. Entretanto, não existe um padrão
para registro dessas informações.
Rangel e Nunes (2011), cientes das dificuldades encontradas para se documentar as ações
decorrentes do projeto de simulação, propuseram uma metodologia de documentação
constituída pela adoção de quatro formulários auxiliares. São eles:
a) Resumo Descritivo IDEF-SIM: utilizado para descrever os cenários a serem
modelados, contextualizar o problema e esclarecer os objetivos a serem cumpridos no
projeto. Este formulário deve permitir que uma pessoa, alheia ao estudo, possa
compreender o processo ou mesmo entender sua natureza. Com o formulário escrito, as
informações sobre o projeto deverão ser representadas no formulário Diagrama Padrão
baseado, neste estudo, em técnicas IDEF-SIM;
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b) Diagrama Padrão IDEF-SIM: direcionado para modelagem e simulação, é composto
pelo nome do analista responsável pelo projeto de simulação, a data de criação do
documento, o nome da empresa em estudo, o número do projeto, o nome e o código
deste, de acordo com o exposto no formulário anterior. Ainda há quatro classificações
que definem o estado do esquema apresentado, dividindo-se em: “Em processo”,
“Projeto”, “Recomendado” e “Realizado”, onde este último campo será preenchido
quando o diagrama apresentado estiver em sua fase final e ,assim, não poderá ser
modificado;
c) Conteúdo e Registro de Legendas IDEF SIM: pretende tornar a leitura e interpretação
do Diagrama Padrão mais fácil de compreender. Quando se tratam de ambientes mais
complexos, os detalhes como objetivos envolvidos, restrições de casos, design dos
dados de entrada podem ser omitidos de modo a evitar uma poluição visual e, assim,
invertendo sua função, facilitação visual. Para aumentar sua eficiência, os registros das
características do projeto devem estar descritos no formulário de Preparação dos
Elementos; e,
d) Preparação de Elementos em IDEF-SIM: os campos de preenchimento são os mesmos
abordados no Diagrama Padrão (nome do autor, data do projeto, nome do projeto, etc.).
Além destes, este formulário deve descrever o Nome do Elemento (descreve,
sucintamente, o nome do projeto), Objeto (entidade física integrada com o projeto),
Fatos (representa os elementos do projeto em estudo), Restrição (listar restrições ou
obrigações no sistema modelado) e, por fim, Detalhamento (detalha as características
de cada elemento, funções, interações, recursos utilizados e controles estabelecidos).
2.2 Modelagem IDEF-SIM
A modelagem conceitual serve de base para a simulação computacional de forma a aumentar
a qualidade dos modelos de simulação, reduzindo-se o tempo de desenvolvimento destes.
Segundo Sargent (2004) o modelo conceitual consiste numa representação matemática ou
lógica do problema em estudo. Uma forma bastante difundida para representação lógica de
sistemas é a transcrição de suas tarefas a partir dos diagramas IDEF (do inglês, Integrated
DEFinition). O IDEF é um conjunto de modelos utilizados para se descrever sistemas sob
diferentes perspectivas. Além disso, consegue abstrair e capturar a essência do sistema e é
considerado de fácil implementação (JEONG, WU E HONG, 2009).
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O IDEF, na verdade, constitui uma família de modelos, os quais devem ser escolhidos para
descrever processos de um domínio específico. Os modelos mais comuns são o IDEF0,
IDEF1, IDEF1X e IDEF3.
De acordo com Ryan e Heavey (2006), a modelagem IDEF0 é utilizada para produzir um
modelo funcional. Tal modelo é representado por atividades, processos ou mesmo funções
dentro de um sistema. Já a modelagem IDEF3 permite a representação de dados por meio de
elementos gráficos, tanto em eventos discretos, como a representação em cada estado de
transição.
Montevechi et al. (2010) propuseram uma metodologia para modelagem conceitual chamada
IDEF-SIM que utiliza a sintaxe e semântica do IDEF0 em conjunto com o IDEF3, adaptados
às peculiaridades da simulação, mostrando-se bastante eficiente. Neste, novos símbolos foram
gerados, permitindo-se descrever corretamente as particularidades dos processos baseados em
eventos discretos.
2.3 Simulação de eventos discretos
De acordo com Kellner et al. (1999) a simulação de processos auxilia na compreensão dos
fenômenos associados, de modo a demonstrar o fluxo dos processos e fases inerentes, fluxos
de produtos, facilitando, assim, a visualização do processo como um todo, auxiliando na
tomada de decisão, redução de riscos e ajuda na estratégia de gerenciamento.
A simulação também promove uma melhor compreensão sobre os processos, visto ser
resultado dos esforços conjuntos de analistas (os especialistas em simulação), gerentes (que
dominam os processos) e as pessoas ligadas diretamente à sua operação (CHIWF e MEDINA,
2010).
Os eventos de simulação podem ser divididos em eventos discretos e dinâmicos. O modelo de
dados discretos contém entidades potencialmente diferentes e que se movimentam através do
processo podendo, ou não, estar ligadas a atributos. Este tipo de evento é mais aconselhável
para análise de perspectivas, utilização de recursos, filas e similares. Por outro lado, a
modelagem de dados dinâmicos sofre mudanças contínuas, embora não possam ser rastreáveis
individualmente através do processo (KELLNER, MADACHY e RAFFO, 1999).
No presente trabalho os eventos a serem analisados são de comportamento discreto, mudando
constantemente seu estado no decorrer do tempo.
3. Descrição das atividades desenvolvidas
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Nesta sessão serão apresentados os materiais utilizados na pesquisa e o procedimento
realizado durante o estudo, detalhando cada etapa desenvolvida e demonstrando a importância
das observações para a realização do presente estudo.
3.1 Procedimento realizado
Para a condução do presente estudo, foram escolhidos, dentre os diversos processos
produtivos, a produção de pias e bancadas de mármore, sobre as quais foram analisados cada
um dos setores envolvidos com o processo de produção, de forma a identificar as ações
fundamentais para seu funcionamento, desde a entrada da matéria prima, até o produto
acabado.
Como resultado desta análise, os setores denominados corte e acabamento, foram
considerados relevantes para a condução do estudo. Destes, o setor de acabamento foi
considerado de maior complexidade, pois se desmembra em quatro outros processos,
igualmente importantes: a) corte de meia esquadrilha; b) corte de bojo (caso o produto seja
uma pia); c) colagem dos componentes do produto final; e d) acabamento final.
Dentro destes setores observaram-se também as ações fundamentais de cada operador na
produção somente de pias e bancadas. Destas ações destacam-se transporte, lixamento, troca
de lixa, limpeza da peça, preparações e interrupções.
Estes setores e ações identificadas auxiliaram no desenvolvimento do fluxograma (Figura 1) e
do modelo conceitual, representado no formulário do Diagrama Padrão (Figura 3), o qual
descreve etapas essenciais para o processo real e, portanto, devem ser documentadas ou
identificadas no modelo conceitual para que sirvam de apoio aos analistas e às pessoas que
queiram saber como funciona o processo e suas variáveis.
Identificadas as principais ações e setores, o próximo passo para o auxílio da modelagem
conceitual foi desenvolver quatro formulários de acordo com a metodologia proposta por
Rangel e Nunes (2011). Os formulários são: a) Resumo Descritivo (Figura 2); b) Diagrama
Padrão (Figura 3); c) Registro de Legendas e Restrições do Macro Processo (Figura 4) e; d)
Preparação dos Elementos para o Modelo Conceitual (Figura 5), além da tradução do modelo
conceitual para o computacional (Figura 6).
4. Implementação da metodologia, análise e resultados obtidos
As informações do processo produtivo analisado serão descritas na sessão a seguir por meio
de um fluxograma, assim como a implementação da metodologia e os resultados obtidos.
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4.1 Resumo dos processos de produção
O processo de fabricação de uma bancada ou pia na marmoraria em estudo segue as etapas
descritas pelo fluxograma apresentado na Figura 1.
Figura 1:Fluxograma do processo de produção de uma pia ou bancada de mármore
Fonte: Autoria Própria
4.2 Formulação do modelo de documentação: coleta de macro informação e modelagem
conceitual
De acordo com Rangel e Nunes (2011), o Sumário Descritivo e o Diagrama Padrão são
utilizados somente para contextualizar o problema, destacar as metas a serem cumpridas e
descrever os cenários apropriados a ser modelado. O Resumo Descritivo demonstra
informações ligadas ao contexto em estudo de maneira objetiva, sem comprometer o
entendimento do processo analisado, devendo ser um material de apoio e de fácil
entendimento, não somente aos analistas, mas para qualquer pessoa que queira consulta-lo.
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Figura 2: Resumo Descritivo do processo de produção de pia ou bancada do local em estudo
Analista: Data: 3/9/2015 Trabalho Data:
Companhia: Projeto n°: 001/16 Rascunho
Recomendado
Realizado
Descritivo RD 001
Gabriel Cardinali Revisores:
Marmoraria Duarte
Nome do projeto: Tipo de formulário
Descrição do processo de produção de pias e bancadas na marmoraria em estudo
Fabricação de uma pia ou bancada: O processo de fabricação de uma bancada ou pia de mármore no local
em estudo segue da seguinte maneira: (i) O cliente faz o pedido no local de atendimento dizendo as
dimensões e escolhendo o tipo de mármore a ser trabalhado gerando assim uma ordem de serviço. (ii)
Confere se o mármore requesitado pelo cliente está disponível no estoque. (iii) Condição 1: Caso não esteja
disponível o mármore a ser trabalhado, encomenda-se o tipo escolhido e caso haja mais pedidos pendentes
por falta de placas de mármore, inclui-se também na encomenda. (iv) Condição 2: Caso o mármore esteja
disponível no estoque, a ordem de serviço é repassada para os responsáveis do corte. (v) Transporta-se as
placas do estoque para as serras. (vi) Corta-se as placas de acordo com as dimensões pedidas, porém com 3
a 4 cm de folga para evitar falhas nas fases subsequentes. (vii) Condição 3: Caso o setor de acabamento,
especificamente o setor de corte de meia esquadrilha, estiver disponível, as peças são encaminhadas para o
setor. (viii) Condição 4: Caso não esteja disponível, as peças recem cortadas vão para o estoque de peças
cortadas e encaminhadas para o corte de meia esquadrilha quando liberado. (ix) Espera-se até que o
proximo setor de lixamento esteja liberado para o lixamento. (x) Após o lixamento, a peça é encaminahda
para o setor de colagem. (xi) Condição 5: Caso a peça seja uma pia, ela seguirá para o setor de furo de bojo
e consequentemente para a colagem de bojo. (xii) A peça segue para o acabamento final, na qual lixa-se
novamente, porém finalizando com cera e resina nas bordas. (xiii) Condição 6: Caso o cliente não opte por
buscar a peça pronta, acumula-se 6 peças finalizadas para então seguir para o transponte.
Lista de cenários Modelador Prioridade
1. Processo de produção de pias e bancadas
2. Processo de estocagem de pias e bancadas
Fonte: Adaptado de Rangel e Nunes (2011)
O formulário contém o nome do analista responsável, a data em que o formulário foi criado, a
companhia em estudo, o número e o nome do projeto e o código para identificação do mesmo,
além de descrever o processo estudado, separando por processos e sequência semelhantes aos
utilizados no modelo conceitual. O corpo do Diagrama Padrão descreve o modelo conceitual
do processo a ser utilizado como base para o modelo computacional, de modo a demonstrar a
lógica de execução do processo real com entidades, locais, lógica de movimento, além do
nome do autor responsável pelo desenvolvimento do modelo, a data de criação do documento,
nome do projeto, nó referencial e identificação dos elementos utilizados no modelo. Além
destas informações, é possível também classificar o formulário como rascunho, trabalhando,
recomendado ou realizado. O modelo conceitual, antes de ser implementado, deve ser
validado pelo responsável do projeto, designado pela empresa objeto de estudo, ou por um
especialista, para que haja a tradução do modelo, ou seja, conversão do modelo conceitual em
uma linguagem (codificação) de simulação adequada.
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Figura 3:Diagrama Padrão de macro processos
Autor: Data: 21/9/2015 Trabalho
Projeto: Rascunho
Recomendado
Realizado
Página 1
Gabriel Cardinali
Processo de produção de pias e bancadas na
marmoraria em estudo
Padrão
Melhorado
Nódulo de referência Título: Tipo de formulário
A0 Descrição do processo de produção de pias e bancadas Fonte: Adaptado de Rangel e Nunes (2011)
4.3 Formulação do modelo documental: coleta, tratamento e registro de dados
O formulário de Registro de Legendas e Conteúdo auxilia no entendimento do diagrama
representado na figura anterior (Figura 3). Os elementos a serem descritos nesse formulário
(tipo, título/descrição e página) devem seguir uma ordem de modo facilitar o
acompanhamento do leitor no uso deste documento, seja ordem sequencial de aparecimento
no modelo ou por classificações de grupos dos elementos (como utilizado).
Algumas informações deste formulário poderão ser omitidas devido à objetividade do mesmo
e por tratar apenas de uma breve descrição dos elementos, porém, sua função, que é a
descrição dos elementos que compõem o modelo e suas classificações (de acordo com o
software de simulação - entidades, locais, funções, regras, outros), não estará comprometida,
auxiliando na revisão e validação do modelo conceitual (RANGEL e NUNES 2011).
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Os formulários apresentados pelas Figuras 4 e 5, utilizados para a Preparação de Elementos
do modelo conceitual, detalham cada elemento abordado no formulário anterior, incluindo seu
símbolo, nome, descrição – incluindo a classificação obtida no modelo conceitual, o seu papel
na simulação e como ele se comporta no contexto real –, lógica a seguir, interação entre os
elementos do modelo, limitações, fatos, distribuições estatísticas e dimensões, além de manter
o mesmo cabeçalho do formulário anterior (RANGEL e NUNES 2011).
Figura 4:Formulário para a Preparação de Elementos do modelo conceitual, Serra I
Autor: Data: 21/9/2015 Trabalho Data:
Rascunho
Recomendado
Realizado
Elemento
Simbolo
Código
Serra I
Página 1Projeto 001 - RD 1
Dimensões(ões) / Composição(ões): 411 cm x 617 cm
Distribuições estatísticas:
Resumo estatístico:
Referência: Elemento Descrito: Entrada da entidade Chapa no Formulário: PE001
Descrição daos Dados de Entrada
Gabriel Cardinali Revisores:
Projeto: Processo de produção de pias e bancadas na
marmoraria em estudo
Nome do elemento: Serra I (Local)
Fatos: É o local onde realiza-se a primeira operação (corte da chapa) da entidade Chapa realizada pelo
recurso "Serrador".
Objetos: Chapa
Restrições: As serras de corte podem somente cortar uma chapa por vez, o corte é sempre linear e
realizado somente por um operador.
Descrição: O local Serra I ou Serra II só pode ser utilizado na simulação somente quando disponível. Ele
transforma a entidade "Chapa" em "Peça Cortada".
Fonte: Adaptado de Rangel e Nunes (2011)
De acordo com Mayer et al. (1995) os objetos do modelo conceitual ainda podem ser
classificados como Agente, Afetado, Participante e Criado ou Destruído. O primeiro é
classificado quando um ou mais elementos do modelo desempenha um papel ativo. O
segundo é classificado quando o elemento é modificado durante seu processamento. O
terceiro, quando o elemento, durante seu processamento, não sofre transformação e a última
classificação, quando se cria um novo elemento ou se destrói o elemento durante seu
processamento.
Nas Figuras 4 e 5 são apresentados dois elementos utilizados na simulação em estudo (uma
entidade e um local) adaptadas a partir da metodologia de documentação proposta por Rangel
e Nunes (2011).
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Figura 5: Formulário para a Preparação de Elementos do modelo conceitual
Autor: Data: 21/9/2015 Trabalho Data:
Rascunho
Recomendado
Realizado
Elemento
Simbolo
Código
Chapa
Página 1
Descrição daos Dados de Entrada
Gabriel Cardinali Revisores:
Projeto: Processo de produção de pias e bancadas na
marmoraria em estudo
Nome do elemento: Chapa (Tipo: Entidade)
Fatos: É a principal entidade e única entrada no processo, sendo ela a responsável por sofrer todos os
processos do sistema.
Objetos: Serra I (Agente, Afetado)
Restrições: Como a simualação representa somente a fabricação de pias e bancadas, as chapas de
mármore são de modelos limitados e de pequeno número, porém sua identificação na ordem de serviço na
qual obtia-se tal informação mal organizada e despadronizada e, por isso, optou-se usar somente um único
modelo de mármore.
Descrição: A chapa entra no sistema como entidade. Seu primeiro processo é o tranposte até a Serra I ou
Serra II (na ordem de disponibilidade destas), feito pelo operador da máquina de corte com o auxílio de um
ajudante e um carrinho. As chapas encontram-se sempre no estoque. A Chapa nunca é utilizada em seu
em seu tamanho total (385 cm x 215 cm), ela é roçada (espécie de corte manual) antes
Projeto 001 - SD 1
Dimensões(ões) / Composição(ões): 385cm x 215cm
Distribuições estatísticas:
Resumo estatístico:
Referência: Elemento Descrito: Entrada da entidade Chapa no process o Formulário: PE001
Fonte: Adaptado de Rangel e Nunes (2011)
Os formulários desenvolvidos por Rangel e Nunes (2011) buscam auxiliar o modelador, sendo
ele experiente ou não, a obter informações sobre o sistema real de modo a entender como ele
opera, ressaltando as principais informações do sistema e seus componentes, tornando o
processo mais simples de entender, porém, conservando suas principais funções. Além disso,
estes documentos facilitam a verificação e validação dos modelos, tanto conceitual, quanto
computacional, a coleta e organização dos dados que compõem o sistema, sendo este de
formado por eventos discretos.
Os formulários apresentados foram utilizados para a tradução do modelo conceitual para o
computacional (Figura 6), de modo a descrever a funcionalidade do sistema de produção real
de forma clara e objetiva, apresentando os principais eventos que compõem o processo
produtivo.
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Fonte: Autoria própria
Figura 6: Modelo de simulação
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5. Conclusões
No presente trabalho buscou-se demonstrar uma metodologia de documentação de processos
de simulação, a fim de tornar mais acessível sua utilização e externalizar conhecimentos a
respeito do processo, suas etapas e componentes.
A metodologia de documentação adotada, que permite registrar todas as fases de processo,
desde sua concepção, até sua análise final, aliada à ferramenta IDEF-SIM, capaz de construir
diagramas representativos do modelo conceitual gerado, demonstrou ser adequada, de fácil
implementação e capaz de transmitir conhecimentos específicos da modelagem conceitual e
computacional para analistas, técnicos, gestores e modeladores.
Os documentos gerados a partir de tal metodologia permitem, ainda, a melhoria contínua do
processo, uma vez que impede que as informações coletadas, analisadas e abstraídas na fase
de concepção do projeto sejam perdidas, ou fiquem de posse de poucos envolvidos.
Como sugestão para trabalhos futuros, pretende-se adaptar a metodologia proposta a cada uma
das fases do processo de simulação, quais sejam, concepção, implementação e análise, com
intuito de se estabelecer uma sequência lógica de tarefas, planejar adequadamente cada passo
constituinte dessas macrofases e alcançar um nível maior de detalhamento das operações
necessárias à construção do projeto de simulação, além de se estabelecer, uma padronização
dessas tarefas.
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AGRADECIMENTOS
Os autores gostariam de expressar sua gratidão à CNPq, Capes, FAPEMIG e à Universidade
Federal de Itajubá – Campus Itabira (UNIFEI), pelo seu apoio para realização deste trabalho.
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REFERÊNCIAS
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p., Edição do Autor, São Paulo 2010.
JEONG, K.; WU, L.; HONG, J. Idef Method-Based Simulation Model Design And Development. Jurnal of
Industrial Engineering and Management, V. 2, n.2, p. 332-359, 2009.
KELLNER, M. I., MADACHY, R. J., RAFFO, David M. Software Process Simulation Modeling: Why?
What? How?. The Journal of Systems and Software, v. 46, p. 91-105, 1999.
MAYER, R. J., C. P. MENZEL, M. K. PAINTER, P. S. WITTE, T. BLINN AND B. PERAKATH. Information
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MONTEVECHI, J. A. B., F. Leal, A. F., Pinho, R. F. da S., Costa, M. L. M. de Oliveira, and A. L. F. da Silva.
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