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ÍNDICE

INTRODUÇÃO Pág.04

1.ANÁLISEÀLEIN.º23/2012(3.ªALTERAÇÃOAOC.T.)

TODASASALTERAÇÕESESTÃOACINZENTO ITÁLICO Pág.09

2.LEIN.º3/2012DE10DEJANEIRO Pág.46

3.SUBSÍDIODEDESEMPREGO Pág.48

4.“ESTÍMULO2012”APROFUNDAAPRECARIEDADE,

OSBAIXOSSALÁRIOSEODESEMPREGO Pág.51

FICHA TÉCNICA:TÍTULO:“ASSALTOAUSTERITÁRIOAO(S)DIREITO(S)DOTRABALHO”AUTOR:COORDENADORANACIONALDETRABALHODOBLOCODEESQUERDAEDIÇÃODETEXTO:RITAGORGULHOFOTOGRAFIADECAPA:PAULETEMATOSEDIÇÃO:BLOCODEESQUERDA–JULHO2012

ASSALTO AUSTERITÁRIO AO(S) DIREITO(S) DO TRABALHO

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ALTERAÇÕESAOCÓDIGODETRABALHO

INTRODUÇÃO

ASSALTOAUSTERITÁRIOAO(S) DIREITO(S) DO TRABALHO

ANÁLISEÀLEIn.º23/2012

(3.ªAlteraçãoaoCódigodeTrabalho)

1.Estemomentodeprofundacriseeuropeia,aqualsetendeageneralizaraonível

global, atingindo a especulação e financeirização da economia e levando-a ao colapso,

acabouporcontaminaradívidasoberana.Aestratégiados«mercados»temsidoadejun-

tarausteridadeàausteridade,recessãoàrecessão,impedindoasolidariedadeeuropeiade

socorrerospaíseseuropeusemdificuldades,ficandoestescadavezmaisrefénsdaespe-

culaçãomundial.

2.Oassaltoausteritárioaosdireitossociaisedotrabalhopassoupeloaumentodataxa

deexploração,pelacriaçãodenovosmercadosdeacumulação,comespecialapetitepelos

monopóliosnaturais,porumvastoprogramadeprivatizaçõeseumadiminuiçãodrástica

doEstadoedoseumodelosocial.

3.Osocorroaosbancos,bemcomoaimposiçãodomodeloausteritário,temvindoa

aprofundararecessão.Oresultadoéumataquebrutalàsconquistassociaiselaboraiseao

ContratoSocialEuropeu,precarizandoasrelaçõesdetrabalho,facilitandoeembaratecen-

doosdespedimentosereduzindooEstadoeassuasfunçõessociais.Esteéoprograma

datroikainternacional(FMI,BCE,CE)edatroikanacional(PSD,CDSePS),oqualtemcon-

sequênciasestruturaissobrePortugaleopovo.Oempréstimoexternoéagarantiadeum

programadesaquemáximoparaaburguesia,colocandovaloresastronómicosnasmãos

dabancaprivadaegarantindomaiorestaxasdeexploraçãoaocapital.

4.Para tal, contaramcomo“acordo”alcançadonaconcertaçãosocial (entreaUGT,

Governoepatrões).EsteacordofoialcançadosobaégidedatroikaevalidadopelaAssem-

bleiadaRepúblicaepeloPresidentedaRepública.A Lei n.º 23/2012 vem desequilibrar profundamente as relações de trabalho, enfraquece os direitos, liberaliza os despe-dimentos e caminha para a liquidação da contratação colectiva e dos sindicatos.

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ASSALTOAUSTERITÁRIOAO(S)DIREITO(S)DOTRABALHO

5.Pretende-setraduzir“umalegislaçãolaboralflexível,concentradanaproteçãodo

trabalhador,enãodopostodetrabalho,noquadrodeummodelodeflexisegurança,que

fomenteaeconomiaeacriaçãodeempregoequevisecombaterasegmentaçãocres-

centedomercadodetrabalho”1.OgovernoconservadordoPSDeCDS-PPnãopretende

acrescentarmais“segurançanoemprego”.Pelocontrário,pretendeflexibilizarodespedi-

mento(émaisfácilcontrataredespedir).Aomesmotempo,dáumafalsa“segurança”ao

trabalhador,considerandoqueesteestánumasituaçãodeigualdadefaceaopatrão,no

planonegocialaoníveldaempresa.Trata,portanto,deformaigualoqueédesigual.

6.AtacaoDireitodoTrabalho,nãoprotegendoapartemaisfracadarelaçãolaboral:o

trabalhador.Aapostaé,claramente,naindividualizaçãodasrelaçõesdetrabalho,mesmo

quandosesabequeháum“claropredomíniodaposiçãopatronaledeescassainfluência

dossindicatosedeoutrasformasderepresentaçãocoletivadostrabalhadoresnaempre-

sa,nadeterminaçãodetrêsdosprincipais(salário,horárioecategoriaprofissional)parâ-

metrosdarelaçãosalarial”2.

7. A Lei e o “Compromisso para o crescimento, competitividade e emprego” não vão determinar nem crescimento, nem mais competitividade, nem mais emprego. Ao invés, ignoram os problemas mais graves da economia: (1) falta financiamento à eco-nomia; (2) quebra significativa do mercado interno; (3) aumento das desigualdades sociais e do desemprego. A Lei representará a transferência de uma fatia significativa dos rendimentos do Trabalho para os patrões.

8.Arecessãoeconómicaserá,em2012,previsivelmentemuitosuperioràanunciada

pelogovernoepeloBancodePortugal.HaveráumareduçãosignificativadoPIBdurante

esteano.Apolíticadeausteridadecegaedestruidoraimpostapelatroika,acontinuar,terá

consequênciasdramáticasparaosportugueses.

Mais desemprego.Segundoo INE,noprimeirotrimestrede2012,ataxaoficialde

desempregoatingiu14,9%,oquecorrespondea819000desempregados.Umemcada

trêsjovensestánodesemprego.Sesomarmososdesempregadosquenãosãoconsidera-

dosnonúmerooficialdedesemprego,obtém-se1224000desempregados,ouseja,ataxa

dedesempregorealatingiráos21,5%.Namesmaaltura,segundoaSegurançaSocial,os

desempregadosarecebersubsídiodedesempregoeramapenas359000.

9.Peranteeste“colossal”níveldedesemprego,oqueogovernonospropõeéalibera-

lizaçãodosdespedimentoseoseuembaratecimento:

1 – Do Preâmbulo da proposta de Lei n.º 46/XII que veio a dar origem à Lei n.º 23/20132 – Livro Branco das Relações Laborais – pág. 85

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ALTERAÇÕESAOCÓDIGODETRABALHO

“Noquerespeitaaoregimedecessaçãodocontratodetrabalho,foram introduzidas modificações no âmbito dos despedimentos por motivos objetivos, bem como nas compensações devidas em caso de cessação de contrato de trabalho.

Estas modificações são fulcrais para a criação de emprego, bem como para a existência de condições adequadas à promoção da mobilidade dos trabalhadores. A

rigidezdomercadodetrabalhoéassimminorada,facilitandoaaproximaçãodomercado

detrabalhoportuguêsaosmercadosexistentesempaísescongéneresnaUniãoEuropeia”.

No que concerne ao despedimento por extinção do posto de trabalho, esta mo-dalidade de cessação assenta na verificação de estritos pressupostos, de ordem ob-jetiva, que constituem justa causa para a cessação unilateral do contrato de trabalho por iniciativa do empregador.

A atual obrigatoriedade de aplicação de um critério legal rígido para a seleção do

postodetrabalhoaextinguir,emcasodepluralidadedepostosdetrabalhocomconteúdo

funcional idêntico, mostra-se inadequada à prossecução dos objetivos visados por este

tipodedespedimento,impondoàempresaumasoluçãoquepoderánãoseramaisajus-

tadaàssuasnecessidadeseàsdostrabalhadores.

A presente alteração transfere para o empregador a responsabilidade pela defi-nição de um critério para a determinação do trabalhador atingido pela extinção do posto de trabalho,semprequehajaumapluralidadedepostosdetrabalhocomconteú-

dofuncionalidêntico,impondo-lhe,contudo,aobrigaçãodeadotarumcritériorelevante

enãodiscriminatório,sobpenadeilicitudedodespedimento.

Alémdisso,é eliminada a obrigação que atualmente existe de colocação do tra-balhador em posto compatível com a sua categoria profissional. Salienta-se que o despedimento por extinção do posto de trabalho assenta em estritos fundamentos de mercado, estruturais ou tecnológicos, assegurando o integral respeito pela exi-gência de justa causa para a cessação do contrato por iniciativa do empregador.

O despedimento por inadaptação passará a ser permitido mesmo nas situações em que não tenham sido introduzidas modificações no posto de trabalho.Estaalte-

raçãopermiteaoempregadorumareaçãoemcasodeumamodificaçãosubstancialda

prestaçãodotrabalhador,daqual resulte,nomeadamente,umareduçãocontinuadada

produtividadeoudaqualidade,avariasrepetidasnosmeiosafetosaopostodetrabalho

ouriscosparaasegurançaesaúdedotrabalhador,deoutrostrabalhadoresoudetercei-

ros.O despedimento poderá ainda ter lugar na inadaptação por incumprimento de objetivos previamente acordados em caso de inexistência de modificações no posto de trabalho, mantendo-se, porém, a atual restrição para os cargos de complexidade técnica ou de direção.”3

3 – Do Preâmbulo da proposta de Lei n.º 46/XII

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ASSALTOAUSTERITÁRIOAO(S)DIREITO(S)DOTRABALHO

10.Comopodemosverificar,sãotodas“medidasdepromoçãodeemprego”...àsquais

sejuntamaflexibilidadedoshorários,comacriaçãodobancodehorasindividualegrupal

foradanegociaçãocolectiva;aeliminaçãododiadedescansocompensatório;aredução

parametadedovalordashorasextraordinárias,entreoutras,comimposiçãodeimperati-

vidadenaregulamentaçãoporcontrataçãocoletivaoucontratodetrabalho,deduvidosa

legalidade,cujoprincipalobjetivoéasuadestruição.

11. No campo social, a situação é igualmente grave. A política de austeridade tem incidido principalmente sobre os mais pobres, sendo a redução percentual do seu rendimento disponível o dobro da dos ricos.

AComissãoEuropeiapublicourecentementeumestudosobreosefeitosdapolítica

deausteridadeemseispaísesdaUniãoEuropeia–Portugal, Irlanda,Grécia,Estónia,Es-

panhaeInglaterra–,comotituloThe distribution efects of austerity mesures: a comparison

of six EU countries.Esseestudo(p.19)ébastanteesclarecedor:areduçãonorendimento

disponíveldasfamíliasmaispobres(primeirodecildadistribuiçãoderendimento)foide

6%,enquantoareduçãodorendimentodisponíveldasfamíliasmaisricas(décimodecilda

escala)foiapenasde3%,ouseja,metade.

ÉaprópriaComissãoEuropeiaque,noestudoquedivulgounofimdoanode2011,

afirmaqueaausteridadeemPortugalestáaatingirprincipalmenteosmaispobres,pou-

pandoosricos.Asmedidasaprovadaspara2012agravamaindamaisestasituaçãodein-

justiça.Noperíodo2011-2013,ogovernoPSD/CDSpretendereduzirorendimentodispo-

níveldasfamílias,conformeoRelatóriode2011doBancodePortugalquesetranscreve:

“Asatuaisprojecçõesapontamparaumadiminuiçãodoconsumoprivadode6%em2012

ede1,8%em2013,oquecorrespondeaumaquedaacumuladade11%noperíodo2011-

2013.”

AUniãoEuropeiacontaoficialmentecom115,5milhõesdepessoasemsituaçãode

pobreza,comumaintensidadede23%.EmPortugal,estefenómenoatinge25,3%dospor-

tugueses,ouseja,2,693milhõesdepobresem2010–umagravamentode45milpobres

relativamenteaoanoanterior.Aincidênciadapobrezaentretrabalhadoresporcontade

outremtambémseagravou(osquevivemcommenos434euros)emmais124milcasos,

de2009para2010,totalizando1,2milhõesdepessoasatrabalhar.

OspensionistassãoumdosgruposmaispenalizadospeloGoverno:2,1milhõesde

reformados e aposentados continuarão, pelo terceiro ano consecutivo, com as pensões

congeladas.

12.Ossaláriosvão-sedesvalorizando:desde2003queosganhosreaisdostrabalha-

doresnãocaíamtanto.Paraisso,muitocontribuíramoCódigodoTrabalhode2003eoblo-

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ALTERAÇÕESAOCÓDIGODETRABALHO

queamentodacontrataçãocoletiva.Onúmerodeconvençõescoletivascelebradasdimi-

nuiueatendênciaem2009,2010e2011éparaumaaindamaiorreduçãodoseunúmero.

13. A troika e o Governo das direitas pretendem continuar a sua ofensiva contra o(s) direito(s) do trabalho, liquidando a contratação coletiva e os sindicatos, apos-tando na individualização das relações de trabalho e, mais tarde, na imposição do «contrato único» em nome do combate à segmentação do trabalho.

Novasmedidaspretendemdesdejáassumir,colocandooníveldanegociaçãocoleti-

vanasempresas,dandopoderesàsComissõesdeTrabalhadoresparanegociarpordele-

gaçãodecompetênciadossindicatosouporinserçãonocontratocoletivodeumadispo-

siçãoquelheatribuaessacompetência,emempresascommaisde150trabalhadores.Por

detrásdesteobjetivo,estátambémodebaixarcontinuamenteoníveldossalários.Éassim

quesepretendelimitar,ouliquidar,asportariasdeextensão.Ooutroobjetivoéencurtar

osprazosdesobre-vigênciadoscontratosqueexpiramequenãosepretenderenovar,ou

seja,pretendemreduziro«conta-quilómetros»azero.

14.EstamosperanteumdosmaioresataquesaoEstadoSocial,doqualoDireitodo

Trabalhofazparte,visandoasuadestruição.Temos,assim,aelaboraçãodeumprograma

quetransformaaprecariedadenummodopermanentedevidaparaostrabalhadorespor-

tugueses,visandooseuempobrecimentoparasermosmais«competitivos».

A Coordenadora Nacional de Trabalho do Bloco de Esquerda

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ASSALTOAUSTERITÁRIOAO(S)DIREITO(S)DOTRABALHO

1. ANÁLISE À LEI N.º 23/2012(3.ª ALTERAÇÃO AO CÓDIGO DE TRABALHO)

TodasasalteraçõesestãoaCINZENTO ITÁLICO

Despedimentos mais fáceis e mais baratos.

DESPEDIMENTO POR EXTINÇÃO DE POSTO DE TRABALHO: (ART.º 368.º A 372.º)

Artigo 368.ºRequisitos de despedimento por extinção de posto de trabalho

1–Odespedimentoporextinçãodepostodetrabalhosópodeterlugardesdequese

verifiquemosseguintesrequisitos:

a)Osmotivosindicadosnãosejamdevidosacondutaculposadoempregadoroudo

trabalhador;

b)Sejapraticamenteimpossívelasubsistênciadarelaçãodetrabalho;

c)Nãoexistam,naempresa,contratosdetrabalhoatermoparatarefascorresponden-

tesàsdopostodetrabalhoextinto;

d)Nãosejaaplicávelodespedimentocolectivo.

2–Havendonasecçãoouestruturaequivalenteumapluralidadedepostosdetraba-

lhodeconteúdofuncionalidêntico,paraconcretizaçãodopostodetrabalhoaextinguir,o

empregadordeveobservar,porreferênciaaosrespectivostitulares,aseguinteordemde

critérios:

a)Menorantiguidadenopostodetrabalho;

b)Menorantiguidadenacategoriaprofissional;

c)Classeinferiordamesmacategoriaprofissional;

d)Menorantiguidadenaempresa.

2 - Havendo na secção ou estrutura equivalente, uma pluralidade de postos de trabalho de conteúdo funcional idêntico, para determinação do posto de trabalho a extinguir, cabe ao empregador definir, por referência aos respetivos titulares, critérios relevantes e não discriminatórios face aos objetivos subjacentes à extinção do posto de trabalho.

3–Otrabalhadorque,nostrêsmesesanterioresaoiníciodoprocedimentoparades-

pedimento, tenhasido transferidoparapostode trabalhoquevenhaaserextinto, tem

direitoaserreafectadoaopostodetrabalhoanteriorcasoaindaexista,comamesmare-

tribuiçãobase.

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ALTERAÇÕESAOCÓDIGODETRABALHO

4–Paraefeitodaalíneab)don.º1,umavezextintoopostodetrabalho,considera-se

queasubsistênciadarelaçãodetrabalhoépraticamenteimpossívelquandooemprega-

dornãodisponhadeoutrocompatívelcomacategoriaprofissionaldotrabalhador.

4 - Para efeito da alínea b) do n.º 1, uma vez extinto o posto de trabalho, conside-ra-se que a subsistência da relação de trabalho é praticamente impossível quando o empregador demonstre ter observado critérios relevantes e não discriminatórios face aos objetivos subjacentes à extinção do posto de trabalho.

5–Odespedimentoporextinçãodopostodetrabalhosópodeterlugardesdeque,

atéaotermodoprazodeavisoprévio,sejapostaàdisposiçãodotrabalhadoracompen-

saçãodevida,bemcomooscréditosvencidoseosexigíveisporefeitodacessaçãodocon-

tratodetrabalho.

6–Constituicontra-ordenaçãograveodespedimentocomviolaçãododispostonas

alíneasc)ed)don.º1enosn.ºs2ou3.

Artigo 369.ºComunicações em caso de despedimento por extinção de posto de trabalho

1–Nocasodedespedimentoporextinçãodepostodetrabalho,oempregadorco-

munica,porescrito,àcomissãodetrabalhadoresou,nasuafalta,àcomissãointersindical

oucomissãosindical,aotrabalhadorenvolvidoeainda,casoestesejarepresentantesindi-

cal,àassociaçãosindicalrespectiva:

a)Anecessidadedeextinguiropostodetrabalho,indicandoosmotivosjustificativos

easecçãoouunidadeequivalenteaquerespeita;

b)Anecessidadededespedirotrabalhadorafectoaopostodetrabalhoaextinguire

asuacategoriaprofissional.

c) Os critérios para seleção dos trabalhadores a despedir. 2–Constituicontra-ordenaçãograveodespedimentoefectuadocomviolaçãododis-

postononúmeroanterior.

Artigo 370.ºConsultas em caso de despedimento por extinção de posto de trabalho

1 – Nos 10 dias posteriores à comunicação prevista no artigo anterior, a estrutura

representativadostrabalhadores,otrabalhadorenvolvidoeainda,casoestesejarepre-

sentantesindical,aassociaçãosindicalrespectivapodemtransmitiraoempregadoroseu

parecerfundamentado,nomeadamentesobreosmotivosinvocados,osrequisitosprevis-

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ASSALTOAUSTERITÁRIOAO(S)DIREITO(S)DOTRABALHO

tosnon.º1doartigo368.ºouasprioridadesaqueserefereon.º2domesmoartigo,bem

comoasalternativasquepermitamatenuarosefeitosdodespedimento.

1 - Nos 10 dias posteriores à comunicação prevista no artigo anterior, a estrutura re-presentativa dos trabalhadores, o trabalhador envolvido e ainda, caso este seja repre-sentante sindical, a associação sindical respetiva podem transmitir ao empregador o seu parecer fundamentado, nomeadamente sobre os motivos invocados, os requisitos previstos no n.º 1 do artigo 368.º ou os critérios a que se refere o n.º 2 do mesmo artigo, bem como as alternativas que permitam atenuar os efeitos do despedimento.

2–Qualquerentidadereferidanonúmeroanteriorpode,nostrêsdiasúteisposterio-

resàcomunicaçãodoempregador,solicitaraoserviçocomcompetênciainspectivadomi-

nistérioresponsávelpelaárealaboralaverificaçãodosrequisitosprevistosnasalíneasc)e

d)don.º1enon.º2doartigo368.º,informandosimultaneamentedofactooempregador.

2 - Qualquer trabalhador envolvido ou entidade referida no número anterior pode, nos três dias úteis posteriores à comunicação do empregador, solicitar ao serviço com competência inspetiva do ministério responsável pela área do emprego a verifica-ção dos requisitos previstos nas alíneas c) e d ) do n.º 1 e no n.º 2 do artigo 368.º, informan-do simultaneamente do facto o empregador.

3–Oserviçoaqueserefereonúmeroanteriorelaboraeenviaaorequerenteeao

empregadorrelatóriosobreamatériasujeitaaverificação,noprazodesetediasapósa

recepçãodorequerimento.

Artigo 371.ºDecisão de despedimento por extinção de posto de trabalho

1–Decorridoscincodiasacontardotermodoprazoprevistonon.º1doartigoan-

terior,ou,sendocasodisso,acontardarecepçãodorelatórioaqueserefereon.º3do

mesmoartigooudotermodoprazoparaoseuenvio,oempregadorpodeprocederao

despedimento.

2–Adecisãodedespedimentoéproferidaporescrito,delaconstando:

a)Motivodaextinçãodopostodetrabalho;

b)Confirmaçãodosrequisitosprevistosnon.º1doartigo368.º,commenção,sendo

casodisso,darecusadealternativapropostaaotrabalhador;

b) Confirmação dos requisitos previstos no n.º 1 do artigo 368.º; c)Provadaaplicaçãodocritériodeprioridades,casosetenhaverificadooposiçãoaesta;

c) Prova da aplicação dos critérios de determinação do posto de trabalho a extinguir, caso se tenha verificado oposição a esta;

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ALTERAÇÕESAOCÓDIGODETRABALHO

d)Montante,forma,momentoelugardopagamentodacompensaçãoedoscréditos

vencidosedosexigíveisporefeitodacessaçãodocontratodetrabalho;

e)Datadacessaçãodocontrato.

3–Oempregadorcomunicaadecisão,porcópiaoutranscrição,aotrabalhador,às

entidades referidas no n.º 1 do artigo 369.º e, bem assim, ao serviço com competência

inspectivadoministérioresponsávelpelaárealaboral,comantecedênciamínima,relativa-

menteàdatadacessação,de:

a)15dias,nocasodetrabalhadorcomantiguidadeinferioraumano;

b)30dias,nocasodetrabalhadorcomantiguidadeigualousuperioraumanoein-

ferioracincoanos;

c)60dias,nocasodetrabalhadorcomantiguidadeigualousuperioracincoanose

inferiora10anos;

d)75dias,nocasodetrabalhadorcomantiguidadeigualousuperiora10anos.

4–Opagamentodacompensação,doscréditosvencidosedosexigíveisporefeito

dacessaçãodocontratodetrabalhodeveserefectuadoatéaotermodoprazodeaviso

prévio.

5–Constituicontra-ordenaçãograveodespedimentoefectuadocomviolaçãododis-

postonosn.ºs1ou2oudoavisoprévioreferidonon.º3,econstituicontra-ordenaçãoleve

aviolaçãododispostonon.º3.

5 - Constitui contraordenação grave o despedimento efetuado com violação do dis-posto nos n.ºs 1 e 2, assim como a falta de comunicação ao trabalhador referida no nº 3;

6–Constituicontraordenaçãoleveafaltadecomunicaçãoàsentidadeseaoserviço

referidosnº3.

Artigo 372.ºDireitos de trabalhador em caso de despedimento por extinção

de posto de trabalho

Aotrabalhadordespedidoporextinçãodepostodetrabalhoaplica-seodispostono

n.º4doartigo363.ºenosartigos364.ºa366.º-A.

Ao trabalhador despedido por extinção do posto de trabalho aplica-se o disposto no n.º 4 e na primeira parte do n.º 5 do artigo 363.º e nos artigos 364.º a 366.º.

Comentário: Despedimento por extinção é possível mesmo que existam contratos a prazo.A

empresaquequeiraavançarcomaextinçãodepostosdetrabalhopodeescolherocrité-

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ASSALTOAUSTERITÁRIOAO(S)DIREITO(S)DOTRABALHO

rio,nãodiscriminatório,deseleçãodepostosaeliminar.Istosignificaqueserãoeliminados

os critérios legais, relacionados sobretudo com a antiguidade, que hoje existem. Atual-

mente,odespedimentoporextinçãodepostosópodeocorrersenãoexistirem,naem-

presa,contratosdetrabalhoatermoparatarefascorrespondentesàsdopostodetrabalho

extinto(noentanto,oGovernotambémquerdeixarcairessaalínea).Poroutrolado,para

avançarcomodespedimento,aempresatambémdeixadeserobrigadaatentartransferir

otrabalhadorparaoutropostocompatívelcomasuacategoriaprofissional.Queristodi-

zerque,paraalémdesteponto,tambémcaiumaoutrareferênciadaLeiatual,queindica

queaextinçãodepostosóépossívelse for“praticamente impossívelasubsistênciada

relaçãodetrabalho”.Oempregadortemdecomunicar,porescrito,aosrepresentantesdos

trabalhadoresque,numatentativadeconferirveracidadeaestenovoprocessodedespe-

dimento,permite-sequeasComissõesdeTrabalhadoresaquemfoicomunicadoumdes-

pedimentoporextinçãodepostodetrabalhoouoprópriotrabalhadorenvolvido“possa”,

nos3diasúteisposterioresàcomunicaçãodoempregador,solicitaràACTaverificação

dosrequisitosprevistosnaalínead)don.º1enon.º2doart.º368.º.Foiporémsuprimidaa

solicitaçãodeverificaçãodeexistência,naempresa,decontratosdetrabalhoatermopara

tarefascorrespondentesàsdopostodetrabalhoextinto(alíneac)don.º1doart.º368.º),o

que,naprática,constituíaomaiorimpedimentoàefetivaçãodestetipodedespedimento.

DESPEDIMENTO POR INADAPTAÇÃO (ART.º 373.º A 379.º)

Artigo 374.ºSituações de inadaptação

1–Ainadaptaçãoverifica-seemqualquerdassituaçõesprevistasnasalíneasseguin-

tes,quando,sendodeterminadapelomododeexercíciodefunçõesdotrabalhador,torne

praticamenteimpossívelasubsistênciadarelaçãodetrabalho:

a)Reduçãocontinuadadeprodutividadeoudequalidade;

b)Avariasrepetidasnosmeiosafectosaopostodetrabalho;

c)Riscosparaasegurançaesaúdedotrabalhador,deoutrostrabalhadoresoudeter-

ceiros.

2–Verifica-seaindainadaptaçãodetrabalhadorafectoacargodecomplexidadetéc-

nicaoudedirecçãoquandonãosecumpramosobjectivospreviamenteacordados,por

escrito,emconsequênciadoseumododeexercíciodefunçõesesejapraticamenteimpos-

sívelasubsistênciadarelaçãodetrabalho.

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ALTERAÇÕESAOCÓDIGODETRABALHO

3 – O disposto nos números anteriores não prejudica a protecção conferida aos tra-balhadores com capacidade de trabalho reduzida ou com deficiência ou doença crónica.

4 - A situação de inadaptação referida nos números anteriores não deve de-correr de falta de condições de segurança e saúde no trabalho imputável ao empregador.

Artigo 375.ºRequisitos de despedimento por inadaptação

1–Odespedimentoporinadaptaçãoemsituaçãoreferidanon.º1doartigoanterior

sópodeterlugardesdeque,cumulativamente,severifiquemosseguintesrequisitos:

a)Tenhamsidointroduzidasmodificaçõesnopostodetrabalhoresultantesdealte-

raçõesnosprocessosdefabricooudecomercialização,denovastecnologiasouequipa-

mentosbaseadosemdiferenteoumaiscomplexatecnologia,nosseismesesanteriores

ao iníciodoprocedimento;b)Tenhasidoministradaformaçãoprofissionaladequadaàs

modificaçõesdopostodetrabalho,sobcontrolopedagógicodaautoridadecompetente

oudeentidadeformadoracertificada;

b) Tenha sido ministrada formação profissional adequada às modificações do pos-to de trabalho, por autoridade competente ou entidade formadora certificada;

c)Tenhasidofacultadoaotrabalhador,apósaformação,umperíododeadaptaçãode,

pelomenos,30dias,nopostodetrabalhoouforadelesemprequeoexercíciodefunções

naquelepostosejasusceptíveldecausarprejuízosouriscosparaasegurançaesaúdedo

trabalhador,deoutrostrabalhadoresoudeterceiros;

d) Nãoexistanaempresaoutropostodetrabalhodisponívelecompatívelcoma

qualificaçãoprofissionaldotrabalhador;

d) [ Revogada ]; e)Asituaçãodeinadaptaçãonãodecorradefaltadecondiçõesdesegurançaesaúde

notrabalhoimputávelaoempregador.

e) [ Revogada ]. 2–Otrabalhadorque,nostrêsmesesanterioresaoiníciodoprocedimentoparades-

pedimento,tenhasidotransferidoparapostodetrabalhoemrelaçãoaoqualseverifiquea

inadaptaçãotemdirei-toaserreafectadoaopostodetrabalhoanteriorcasoaindaexista,

comamesmaretribuiçãobase.

2 - O despedimento por inadaptação na situação referida no n.º 1 do artigo an-terior, caso não tenha havido modificações no posto de trabalho, pode ter lugar desde que, cumulativamente, se verifiquem os seguintes requisitos:

a) Modificação substancial da prestação realizada pelo trabalhador, de que resul-

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ASSALTOAUSTERITÁRIOAO(S)DIREITO(S)DOTRABALHO

tem, nomeadamente, a redução continuada de produtividade ou de qualidade, avarias repetidas nos meios afetos ao posto de trabalho ou riscos para a segurança e saúde do trabalhador, de outros trabalhadores ou de terceiros, determinados pelo modo do exer-cício das funções e que, em face das circunstâncias, seja razoável prever que tenham caráter definitivo;

b) O empregador informe o trabalhador, juntando cópia dos documentos re-levantes, da apreciação da atividade antes prestada, com descrição circunstanciada dos factos, demonstrativa de modificação substancial da prestação, bem como de que se pode pronunciar por escrito sobre os referidos elementos em prazo não inferior a cinco dias úteis;

c) Após a resposta do trabalhador ou decorrido o prazo para o efeito, o empregador lhe comunique, por escrito, ordens e instruções adequadas respeitantes à execução do trabalho, com o intuito de a corrigir, tendo presentes os factos invocados por aquele;

d) Tenha sido aplicado o disposto nas alíneas b ) e c ) do número anterior, com as devidas adaptações.

3–Odespedimentoporinadaptaçãoemsituaçãoreferidanon.º2doartigoanterior

sópodeterlugardesdequeseverifiqueorequisitoreferidonaalíneae)don.º1e,ainda,

tenhahavidointroduçãodenovosprocessosdefabrico,denovastecnologiasouequipa-

mentosbaseadosemdiferenteoumaiscomplexatecnologia,queimpliquemodificação

dasfunçõesrelativasaopostodetrabalho.

3 - O despedimento por inadaptação em situação referida no n.º 2 do artigo anterior pode ter lugar:

a) Caso tenha havido introdução de novos processos de fabrico, de novas tecno-logias ou equipamentos baseados em diferente ou mais complexa tecnologia, a qual implique modificação das funções relativas ao posto de trabalho;

b) Caso não tenha havido modificações no posto de trabalho, desde que seja cumpri-do o disposto na alínea b) do número anterior, com as devidas adaptações.

4–Odespedimentosópodeterlugardesdequesejapostaàdisposiçãodotrabalha-

doracompensaçãodevida.

4 - O empregador deve enviar à comissão de trabalhadores e, caso o traba-lhador seja representante sindical, à respetiva associação sindical, cópia da comunicação e dos documentos referidos na alínea b) do n.º 2.

5 - A formação a que se referem os n.ºs 1 e 2 conta para efeito de cumprimento da obrigação de formação a cargo do empregador.

6 - O trabalhador que, nos três meses anteriores ao início do procedimento para despedimento, tenha sido transferido para posto de trabalho em relação ao qual se

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ALTERAÇÕESAOCÓDIGODETRABALHO

verifique a inadaptação tem direito a ser reafetado ao posto de trabalho anterior caso não esteja ocupado definitivamente, com a mesma retribuição base.

7 - O despedimento só pode ter lugar desde que sejam postos à disposição do traba-lhador a compensação devida, os créditos vencidos e os exigíveis por efeito da cessação do contrato de trabalho, até ao termo do prazo de aviso prévio.

5–Constituicontra-ordenaçãograveaviolaçãododispostonesteartigo.

8 - [ Anterior n.º 5 ].

Artigo 5.º do DecretoInadaptação sem modificações no posto de trabalho

por não cumprimento de objetivos previamente acordados

O disposto na alínea b) do n.º 3 do artigo 375.º do Código do Trabalho, na redação conferida pela presente lei, é aplicável em caso de objetivos acordados entre em-pregador e trabalhador a partir da entrada em vigor da presente lei.

Artigo 376.ºComunicações em caso de despedimento por inadaptação

1–Nocasodedespedimentoporinadaptação,oempregadorcomunica,porescrito,

àcomissãodetrabalhadoresou,nasuafalta,àcomissãointersindicaloucomissãosindical,

aotrabalhadore,casoestesejarepresentantesindical,àassociaçãosindicalrespectiva:

a)Anecessidadedefazercessarocontratodetrabalho,indicandoosmotivosjustifi-

cativos;

b) As modificações introduzidas no posto de trabalho e os resultados da formação

profissionaledoperíododeadaptação,deacordocomasalíneasa)ac)don.º1doartigo

anterior;

c) Ainexistêncianaempresadeoutropostodetrabalhodisponívelecompatível

comaqualificaçãoprofissionaldotrabalhador,deacordocomaalínead)don.º1doartigo

anterior.

1 - No caso de despedimento por inadaptação, o empregador comunica, por escrito, ao trabalhador e, caso este seja representante sindical, à associação sindical respetiva:

a) A intenção de proceder ao despedimento, indicando os motivos justificativos; b) As modificações introduzidas no posto de trabalho ou, caso estas não tenham exis-

tido, os elementos a que se referem as alíneas b) e c) do n.º 2 do artigo anterior;

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ASSALTOAUSTERITÁRIOAO(S)DIREITO(S)DOTRABALHO

c) Os resultados da formação profissional e do período de adaptação, a que se referem as alíneas b ) e c) do n.º 1 e a alínea d ) do n.º 2 do artigo anterior.

2 - Caso o trabalhador não seja representante sindical, decorridos três dias úteis após a receção da comunicação referida no número anterior, o empregador deve fazer a mes-ma comunicação à associação sindical que o trabalhador tenha indicado para o efeito ou, se este não o fizer, à comissão de trabalhadores ou, na sua falta, à comissão inter-sindical ou comissão sindical.

2–Constituicontra-ordenaçãograveodespedimentoefectuadocomviolaçãododis-

postonesteartigo.

3 - [ Anterior n.º 2 ].

Artigo 377.ºConsultas em caso de despedimento por inadaptação

Nos10diasposterioresàcomunicaçãoprevistanoartigoanterior,aestruturarepre-

sentativadostrabalhadores,otrabalhadorenvolvidoeainda,casoestesejarepresentante

sindical,aassociaçãosindicalrespectivapodemtransmitiraoempregadoroseuparecer

fundamentado,nomeadamentesobreosmotivosjustificativosdodespedimento,poden-

doaindaotrabalhadorapresentarosmeiosdeprovaqueconsiderepertinentes.

1 - Nos 10 dias posteriores à comunicação prevista no artigo anterior, o traba-lhador pode juntar documentos e solicitar diligências probatórias que se mostrem pertinentes, sendo neste caso aplicável o disposto nos n.ºs 3 e 4 do artigo 356.º, com as necessárias adaptações.

2 - Caso tenham sido solicitadas diligências probatórias, o empregador deve in-formar o trabalhador, a estrutura representativa dos trabalhadores e, caso aquele seja representante sindical, a associação sindical respetiva, do resultado das mesmas.

3 – Após as comunicações previstas no artigo anterior, o trabalhador e a estrutura representativa dos trabalhadores podem, no prazo de 10 dias, transmitir ao empregador o seu parecer fundamentado, nomeadamente sobre os motivos justificativos do despe-dimento.

4 - Constitui contraordenação grave a violação do disposto no n.º 2.

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ALTERAÇÕESAOCÓDIGODETRABALHO

Artigo 378.ºDecisão de despedimento por inadaptação

1–Decorridoscincodiassobreo termodoprazoaquese refereoartigoanterior,

oempregadorpodeprocederaodespedimento,mediantedecisãofundamentadaepor

escritodequeconstem:

1 - Após a receção dos pareceres referidos no artigo anterior ou o termo do pra-zo para o efeito, o empregador dispõe de 30 dias para proferir o despedimento, sob pena de caducidade do direito, mediante decisão fundamentada e por escrito de que constem:

a)Motivodacessaçãodocontratodetrabalho;

b)Confirmaçãodosrequisitosprevistosnoartigo375.º,commenção,sendocasodis-

so,darecusadealternativapropostaaotrabalhador;

b) Confirmação dos requisitos previstos no artigo 375.º; c)Montante,forma,momentoelugardopagamentodacompensaçãoedoscréditos

vencidosedosexigíveisporefeitodacessaçãodocontratodetrabalho;

d)Datadacessaçãodocontrato.

2 – O empregador comunica a decisão, por cópia ou transcrição, ao trabalhador, às entidades referidas no n.º 1 e 2 do artigo 376.º e, bem assim, ao serviço com competência inspectiva do ministério responsável pela área laboral, com antecedência mínima, relati-vamente à data da cessação, de:

a)15dias,nocasodetrabalhadorcomantiguidadeinferioraumano;

b)30dias,nocasodetrabalhadorcomantiguidadeigualousuperioraumanoein-

ferioracincoanos;

c)60dias,nocasodetrabalhadorcomantiguidadeigualousuperioracincoanose

inferiora10anos;

d)75dias,nocasodetrabalhadorcomantiguidadeigualousuperiora10anos.

3 – Constitui contra-ordenação grave o despedimento efectuado com violação do

dispostonon.º1oudoavisoprévioreferidonon.º2,econstituicontra-ordenaçãoleve

aviolaçãododispostonon.º2,noquerespeitaàfaltadecomunicaçãoàsentidadeseao

serviçonelereferidos.

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ASSALTOAUSTERITÁRIOAO(S)DIREITO(S)DOTRABALHO

Artigo 379.ºDireitos de trabalhador em caso de despedimento por inadaptação

Atrabalhadordespedidoporinadaptaçãoaplica-seodispostonon.º4doartigo363.º

enosartigos364.ºa366.ºA.

1 - Ao trabalhador despedido por inadaptação aplica-se o disposto no n.º 4 e na pri-meira parte do n.º 5 do artigo 363.º e nos artigos 364.º a 366.º.

2 - Em caso de despedimento por inadaptação nas situações referidas no n.º 2 e na alínea b) do n.º 3 do artigo 375.º, a denúncia do contrato de trabalho por parte do tra-balhador pode ter lugar após a comunicação referida na alínea b ) do mesmo n.º 2.

Comentário:AsalteraçõesaoCódigodoTrabalhoprevêemqueaempresadeixede

serobrigadaa tentar transferiro trabalhadorparaoutropostoantesdeodespedir por

inadaptação.Poroutrolado,estetipodedespedimentotambémpoderáocorrermesmo

semintroduçãodemodificaçõesnopostodetrabalho.Noentanto,aquicontinuaaserexi-

gidaaverificaçãodecritérioscomoareduçãocontinuadadeprodutividadeouqualidade,

avariasrepetidasouriscosparaasegurançaesaúde(daresponsabilidadedotrabalhador).

Istocasoseprevejaqueestasalteraçõestenhamcarácterdefinitivo.AatualLei jáexige

estescritériosparaqueodespedimentoporinadaptaçãopossaocorrer.Nocasoemque

háinadaptaçãosemquetenhamsidointroduzidasmudançasnopostodetrabalho,opa-

trãotemdeinformarotrabalhador,juntandocópiadedocumentosrelevantes,daaprecia-

çãoquefazdaactividadeagoraprestada,demonstrando,“comdescriçãocircunstanciada

dosfactos”,quehouvemudançassubstanciaisnaprestaçãodetrabalho.Etemaindaque

indicaraotrabalhadorapossibilidadedeestesepronunciar,porescrito,numprazonão

inferioracincodias.Apósaresposta,oudecorridooprazo,oempregadortemaindaque

lhecomunicar,tambémporescrito,“ordenseinstruçõesadequadasrespeitantesàexecu-

çãodotrabalho,comointuitodeocorrigir”.Alémdetudoisto,continuaasernecessário

dar formação adequada ao trabalhador e facultar-lhe depois um período de adaptação

de,pelomenos,30dias.Poroutrolado,otrabalhadorquetenhasidotransferidonostrês

mesesanterioresparaestenovoposto(ondeseverificaainadaptação)temodireitodeser

reafectadoaopostoanterior“casoestenãoestejaocupadodefinitivamente”.ALeiatualdiz

queistodeveacontecer,masapenasseopostoanterioraindaexistir.Odespedimentosó

podeterlugarse,alémdacompensaçãoaqueotrabalhadortemdireito,tambémforem

postasàsuadisposiçãoos“créditosvencidoseexigíveis”pelofimdocontrato,atéaotermo

doavisoprévio.Aempresatemdecomunicaraotrabalhador(ouàassociaçãosindical,seo

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ALTERAÇÕESAOCÓDIGODETRABALHO

trabalhadorfordelegadosindical)aintençãodeprocederaodespedimento,identificando

osmotivosqueojustificam.Atualmente,tinhadeindicara“necessidadedefazercessaro

contrato”.Temtambémdecomunicarasmodificaçõesintroduzidasnopostodetrabalho

ou,seestasnãoexistirem,oselementoseresultadosreferentesàformaçãoeaoperíodo

deadaptação.Seotrabalhadornãofordelegadosindical,oempregadortemdefazera

mesmacomunicaçãoàassociaçãosindicalindicadaouàComissãodeTrabalhadores(ou,

nasuaausência,àcomissãosindicalou intersindical).Talcomoacontecenumdespedi-

mentocomjustacausa,otrabalhadordespedidoporinadaptaçãopodepedir(emcinco

dias)queaempresafaçadiligênciasdeprovaquesemostrempertinentes.Aempresatem

deasfazereinformarotrabalhadoreosseusrepresentantessindicaisdosresultados.Nos

cincodiasseguintes(hojesãodez),otrabalhadoreseusrepresentantespodemdarum

parecerfundamentadoaoempregador,nomeadamentesobreosmotivosquejustificam

odespedimento.Depois,aempresatem30diasparaproferirodespedimento,atravésde

decisãofundamentadaporescrito,sobpenadecaducidade.Jáhoje,oscargosdecomple-

xidadetécnicaoudirecçãopodemserdespedidosporinadaptaçãoquandoháobjetivos

acordados e não cumpridos. Contudo, também eram necessárias modificações no pos-

todetrabalho.Estecritériotambémcainestecaso,masasalteraçõesàLeidizemqueo

empregadortemdeinformarotrabalhadordaapreciaçãoquefazdasmudançasnoseu

desempenho,dando-lhepelomenoscincodiasparasepronunciar.Aplicam-sedepoisos

mesmoscritériosdecomunicações,consultasedecisãoprevistosparaasrestantessitua-

çõesdeinadaptação.

Pretende-se com esta alteração ao Código limpar a norma inconstitucional no despedimento (ARTIGO 356.º)

Artigo 356.º Instrução

1–Cabeaoempregadordecidirarealizaçãodasdiligênciasprobatóriasrequeridasna

respostaànotadeculpa.

1 - O empregador, por si ou através de instrutor que tenha nomeado, deve re-alizar as diligências probatórias requeridas na resposta à nota de culpa, a menos que as considere patentemente dilatórias ou impertinentes, devendo neste caso alegá-lo fundamentadamente por escrito.

2–Seodespedimentorespeitaratrabalhadoragrávida,puérperaou lactanteoua

21

ASSALTOAUSTERITÁRIOAO(S)DIREITO(S)DOTRABALHO

trabalhadornogozodelicençaparental,oempregador,porsiouatravésdeinstrutorque

tenhanomeado,deverealizarasdiligênciasprobatóriasrequeridasnarespostaànotade

culpa,amenosqueasconsiderepatentementedilatóriasouimpertinentes,devendones-

tecasoalegá-lofundamentadamenteporescrito.

2 - [ Revogado ]. 3–Quandohajalugarà instruçãorequeridapelotrabalhador,oempregadornãoé

obrigadoaprocederàaudiçãodemaisdetrês testemunhasporcada factodescritona

notadeculpa,nemmaisde10nototal.

3 - O empregador não é obrigado a proceder à audição de mais de três testemu-nhas por cada facto descrito na nota de culpa, nem mais de 10 no total.

4–Otrabalhadordeveasseguraracomparênciadastestemunhasqueindicar.

5–Apósarecepçãodarespostaànotadeculpaouaconclusãodasdiligênciaspro-

batórias,oempregadorapresentacópiaintegraldoprocessoàcomissãodetrabalhadores

e,casootrabalhadorsejarepresentantesindical,àassociaçãosindicalrespectiva,quepo-

dem,noprazodecincodiasúteis,fazerjuntaraoprocessooseuparecerfundamentado.

5 - Após a conclusão das diligências probatórias, o empregador apresenta cópia integral do processo à comissão de trabalhadores e, caso o trabalhador seja re-presentante sindical, à associação sindical respetiva, que podem, no prazo de cinco dias úteis, fazer juntar ao processo o seu parecer fundamentado.

6–Paraefeitodonúmeroanterior,otrabalhadorpodecomunicaraoempregador,nos

trêsdiasúteisposterioresàrecepçãodanotadeculpa,queoparecersobreoprocessoé

emitidopordeterminadaassociaçãosindical,nãohavendonestecasolugaraapresenta-

çãodecópiadoprocessoàcomissãodetrabalhadores.

7–Constituicontra-ordenaçãograve,oumuitogravenocasoderepresentantesindi-

cal,odespedimentodetrabalhadorcomviolaçãododispostonosn.ºs2,5ou6.

7 - Constitui contraordenação grave, ou muito grave no caso de representante sindi-cal, o despedimento de trabalhador com violação do disposto nos n.ºs 1, 5 e 6.

Comentário:ApropostadoGovernoretiradoCódigodoTrabalhoumanormaque

tinhasidodeclaradainconstitucionalem2010equepreviaqueasempresaspudessemde-

cidirseavançam,ounão,comasdiligênciasdeprovapedidaspelostrabalhadores,quando

estesestãoemprocessodedespedimentopor justacausa.Agora,asalteraçõestornam

claroqueoempregadortemdeavançarcomessasdiligênciasrequeridaspelotrabalha-

dor,“amenosqueasconsiderepatentementedilatóriasouimpertinentes”e,nestecaso,

temdeoalegarporescrito.Estaredaçãoespecíficaestavaprevistanaatuallei,masapenas

paratrabalhadorasgrávidasouemlicençadeparentalidade,constituindoumaproteção

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ALTERAÇÕESAOCÓDIGODETRABALHO

acrescidaparaestesgrupos.Noentanto,comoanormaanteriorquedavaopoderdede-

cisão à empresa já tinha sido declarada inconstitucional, a nova redação proposta pelo

Governopoucomudanaprática.

DESPEDIMENTOS MAIS BARATOS

- ARTIGOS ALTERADOS POR NECESSIDADE DE ADEQUAÇÃO DOS VALORES ATRIBUÍDOS ÀS COMPENSAÇÕES PELA LEI N.º 53/2011: ARTIGOS 344.º; 345.º; 346.º; 347.º; 360.º; 372.º; 379.º, N.º 1; 383.º; 384.º, ALÍNEA D); 385.º

Compensação por despedimento colectivo (art.º 366.º)

Transcreve-seaLein.º53/2011,comosnovosvaloresindemnizatóriosparaoscontra-

tosdetrabalhocelebradosapartirde1deNovembrode2011.

AsanterioresreferênciasaoFundodeCompensaçãodoTrabalho“sãoagorafeitasao

FundodecompensaçãodoTrabalhoouamecanismoequivalente”. Ignora-seoqueseja

estemecanismoequivalente.

Artigo 6.º da Lei que resultar da aprovação da presente Lei

Acompensaçãoporcessaçãodecontratodetrabalhocelebradoantesde1deNo-

vembrode2011,obedeceaoseguintecálculo:

a)Emrelaçãoaoperíododeduraçãodocontratoaté31deOutubrode2012,omon-

tante da compensação corresponde a um mês de retribuição base e diuturnidades por

cadaanocompletodeantiguidade.

b)Emrelaçãoaoperíododeduraçãodocontratoapartirde1deNovembrode2012,

omontanteconstantenoart.º366.ºdapressenteproposta,artigojáanteriormentepubli-

cadosobon.º366.ºAnaLein.º53/2011,quesetranscreve:

Omontantedacompensaçãocorrespondea20diasderetribuiçãobaseediuturnida-

desporcadaanocompletodeantiguidade.

Estacompensaçãoédeterminadadoseguintemodo:

-Ovalordaretribuiçãobasemensalediuturnidadesdotrabalhadoraconsiderarpara

efeitosdocálculonãopodesersuperiora20vezesaretribuiçãomínimamensalgarantida;

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ASSALTOAUSTERITÁRIOAO(S)DIREITO(S)DOTRABALHO

-Omontanteglobaldacompensaçãonãopodesersuperiora12vezesaretribuição

basemensalediuturnidadesdotrabalhador;

- O valor diário da retribuição base e diuturnidades é o resultante da divisão base

mensalediuturnidadespor30.

c)Omontantetotaldacompensação(compensaçãoprevistanaalíneaa)+compen-

saçãoprevistanaalíneab))nãopodeserinferioratrêsmeses(rectificaçãointroduzidaao

artigo6.ºdapropostadelei).

Discorda-sedadeslocalizaçãodestaregramínimadocálculodacompensaçãoprevis-

tanaalíneaa)paraaregramínimadovalordacompensaçãoglobal(alíneaa)+alíneab)),

namedidaemque,emcontratosdepequenaduração,determinaumvalordecompensa-

çãoglobalmenor.

-Quandodaaplicaçãododispostonaalíneaa)don.º1(duraçãodocontratoaté31de

Outubrode2011)resulteummontantedecompensaçãoqueseja:

a)Igualousuperiora12vezesaretribuiçãobasemensalediuturnidadesdotrabalha-

doroua240vezesaRMMG,nãoéaplicadaacompensaçãoprevistanaalíneab)(parao

períodoposteriora1deNovembrode2012)

b) Inferiora12vezesaretribuiçãobasemensalediuturnidadesdotrabalhador,ea

240vezesoRMMG,omontanteglobaldacompensaçãonãopodesersuperioraestevalor.

-Esteregime,queconstadaLein.º53/2011,nãovaiintegraroCódigodoTrabalho,já

queéapenasumartigo,integradonumcapítulodedisposiçõesfinaisetransitóriasdalei

queaprovarapresentePropostadeLei.

Emborasetratedeumnormativocomcaráctertransitório,destina-se,salvoalguma

segundaintençãodoGoverno,aseraplicadodurantemuitosemuitosanos.Assim,deverá

integraroCódigodoTrabalho,aindaquecomnaturezatransitóriaefinal.

-Relativamenteaovalordascompensaçõesporcaducidadedoscontratosatermo,

mantém-seodispostonaLein.º53/2011.

-Noart.º7.ºdaLei(disposiçãotransitória)determina-sequesãonulasasdisposições

deIRCTScelebradoantesdaentradaemvigordestalei,quepreveja:

a) Montantessuperioresdecompensaçãopordespedimentocolectivo,ouquede-

corradaaplicaçãodesta.

b) Valores e critérios de definição de compensação por cessação de contrato de

trabalhodiferentesdosestabelecidosnoart.º6.º(disposiçãotransitória)

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ALTERAÇÕESAOCÓDIGODETRABALHO

Comentário:OCódigodoTrabalhojávaipreverqueosdespedimentoslegaisdêem

origemaumacompensaçãodeapenasvintediasderetribuição-baseediuturnidadespor

cadaanodecasa.MasháespecificidadesparaquemcomeçouatrabalharantesdeNo-

vembrode2011,alturaemqueentrouemvigoronovoregimedecompensaçõespara

todos os contratos celebrados a partir daí. A descida das compensações, primeiro para

os novos trabalhadores e, depois, para todos, é uma exigência da troika. Para os novos

contratos,mantém-sea ideiadequeacompensaçãoé iguala20diasporanodecasa,

semultrapassar12salários.Earetribuiçãoqueservedebaseaocálculotambémnãopode

superar 9 700 euros (20 salários mínimos). Já para quem começou a trabalhar antes de

Novembrode2011,prevê-seumafórmulamista.Assim,atéàentradaemvigordasnovas

alterações,ascompensaçõespelotempodetrabalhoprestadoatéaílevamemconta30

diasderetribuição-baseediuturnidadesporanodecasaeomínimodeindemnizaçãoéde

trêsmeses.Apartirdanovalei,conta-se20diasporcadaanoearemuneraçãoqueserve

debaseaocálculonãopodesuperar20saláriosmínimos.Quandoacontabilizaçãodafór-

mulaactual(30diasporanodecasa)ultrapassar12salários,aquelevalor“congela”nadata

daentradaemvigordanovalei.Porexemplo,umtrabalhadorque,nodiadasnovasregras,

tiver18anosdecasa,terádireitoaumacompensaçãoiguala18saláriosquandoperdero

emprego(mesmoqueissoaconteçaanosmaistarde).Queristodizerqueestapessoanão

poderáacumularnovosdireitosnodecursodanovalei.Masseacompensaçãoaqueo

trabalhadortemdireitocomasactuaisregrasnãochegara12salários,éprecisocombinar

asduasfórmulasdecálculo(30diase20dias).Destacombinação,ovalorresultantenão

poderánuncaultrapassardozesalários.ApropostadoGovernodizaindaquesãonulasas

disposiçõesdeIRCTqueprevejammontantesdecompensaçõespordespedimentomais

elevadosdoqueosprevistosnaLei.Noentanto,estafórmulados20diasterávidacurta

porqueoGovernojágarantiuaosparceirossociaisque,emNovembro,entraráemvigor

umanovafórmuladecálculoqueteráemcontaamédiaeuropeia.Deacordocomatroika,

amédiaeuropeiaditaumacompensaçãoentre8e12diasporcadaanodecasa.Serácria-

doumfundoparafinanciarosdespedimentos(verabaixo)maséoempregadorquetem

depagaracompensaçãoqueestenovomecanismonãoconseguircumprir.

Fundo de despedimentos avança.OGovernovaiavançarcomofundoempresarial

parafinanciarpartedascompensaçõespordespedimento.Oempregadorseráobrigado

acomunicar,em30dias,àAutoridadeparaasCondiçõesdoTrabalho(ACT)aadesãoao

fundoporcadanovocontratoqueefetue. Isto jáestavaprevistonodiplomaqueredu-

ziaascompensaçõespordespedimentonocasodetrabalhadorescontratadosapartirde

Novembrode2011.ComasnovasalteraçõesaoCódigodoTrabalho,essediplomaserá

revogado,umavezqueanovapropostajáprevêareduçãodascompensaçõesparatodos

ostrabalhadores,aindaquesalvaguardedireitosadquiridos.

25

ASSALTOAUSTERITÁRIOAO(S)DIREITO(S)DOTRABALHO

ORGANIZAÇÃO DO TEMPO DE TRABALHO A FAVOR DOS INTERESSES DO PATRÃO.

Artigo 208.º Banco de horas

1–Porinstrumentoderegulamentaçãocolectivadetrabalho,podeserinstituídoum

regimedebancodehoras,emqueaorganizaçãodotempodetrabalhoobedeçaaodis-

postonosnúmerosseguintes.

2–Operíodonormaldetrabalhopodeseraumentadoatéquatrohorasdiáriasepode

atingirsessentahorassemanais,tendooacréscimoporlimiteduzentashorasporano.

3 – O limite anual referido no número anterior pode ser afastado por instrumento

deregulamentaçãocolectivadetrabalhocasoautilizaçãodoregimetenhaporobjectivo

evitarareduçãodonúmerodetrabalhadores,sópodendoesselimiteseraplicadodurante

umperíodoaté12meses.

4–Oinstrumentoderegulamentaçãocolectivadetrabalhodeveregular:

a)Acompensaçãodotrabalhoprestadoemacréscimo,quepodeserfeitamedianteredu-

çãoequivalentedotempodetrabalho,pagamentoemdinheiroouambasasmodalidades;

a) A compensação do trabalho prestado em acréscimo, que pode ser feita median-te pelo menos uma das seguintes modalidades:

i) Redução equivalente do tempo de trabalho; ii) Alargamento do período de férias; iii) Pagamento em dinheiro; b)Aantecedênciacomqueoempregadordevecomunicaraotrabalhadoranecessi-

dadedeprestaçãodetrabalho;

c)Operíodoemqueareduçãodotempodetrabalhoparacompensartrabalhopres-

tadoemacréscimodeveter lugar,por iniciativadotrabalhadorou,nasuafalta,doem-

pregador,bemcomoaantecedênciacomquequalquerdelesdeveinformarooutroda

utilizaçãodessaredução.

5–Constituicontra-ordenaçãograveapráticadehoráriodetrabalhoemviolaçãodo

dispostonesteartigo.

Artigo 208.º-ABanco de horas individual

1 - O regime de banco de horas pode ser instituído por acordo entre o empregador e o trabalhador, podendo, neste caso, o período normal de trabalho ser aumentado até duas

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ALTERAÇÕESAOCÓDIGODETRABALHO

horas diárias e atingir 50 horas semanais, tendo o acréscimo por limite 150 horas por ano, e devendo o mesmo acordo regular os aspetos referidos no n.º 4 do artigo anterior.

2 - O acordo que institua o regime de banco de horas pode ser celebrado mediante proposta, por escrito, do empregador, presumindo-se a aceitação por parte de trabalhador nos termos previstos no n.º 4 do artigo 205.º.

3 - Constitui contraordenação grave a prática de horário de trabalho em violação do disposto neste artigo.

Artigo 208.º-BBanco de horas grupal

1 - O instrumento de regulamentação coletiva de trabalho que institua o regime de banco de horas previsto no artigo 208.º pode prever que o empregador o possa aplicar ao conjunto dos trabalhadores de uma equipa, secção ou unidade económica quando se verifiquem as condições referidas no n.º 1 do artigo 206.º.

2 - Caso a proposta a que se refere o n.º 2 do artigo anterior seja aceite por, pelo me-nos, 75% dos trabalhadores da equipa, secção ou unidade económica a quem for dirigida, o empregador pode aplicar o mesmo regime de banco de horas ao conjunto dos trabalha-dores dessa estrutura, sendo aplicável o disposto no n.º 3 do artigo 206.º.

3 - O regime de banco de horas instituído nos termos dos números anteriores não se aplica a trabalhador abrangido por convenção coletiva que disponha de modo contrário a esse regime ou, relativamente ao regime referido no n.º 1, a trabalhador representado por associação sindical que tenha deduzido oposição a portaria de extensão da convenção coletiva em causa.

4 - Constitui contraordenação grave a prática de horário de trabalho em violação do disposto neste artigo.

Comentário: Por acordo, o trabalhador pode laborar mais duas horas por dia. Tal

comopreviaoMemorandodeEntendimentocomatroika,o legisladorpretendeagora

queasempresaspassemapoderinstituirbancosdehorasindividuais,poracordodirecto

comotrabalhador.Nestecaso,ohoráriodiáriopodeaumentaratéduashoras(até50horas

semanais),massemultrapassaras150horasextraordináriasporano.Aformadecompen-

saresteacréscimo(emdinheiro,descanso,ouambos)tambémdeveficardefinidanoacor-

do.Considera-seaceiteobancodehorasseotrabalhadornãoseopuser,porescrito,em

14diasdepoisderecebidaapropostadoempregador.Aviolaçãodestasnormasconstitui

contraordenaçãograve.Osbancosdehorasporcontrataçãocoletivanãomudam,conti-

nuandoapermitirmaisquatrohorasdetrabalhopordiaatéumacréscimode200horas

27

ASSALTOAUSTERITÁRIOAO(S)DIREITO(S)DOTRABALHO

porsemana.Noentanto,asalteraçõesaoCódigodoTrabalhotambémprevêemacriação

debancosdehorasgrupais,seguindoasregrasquejáhojeseaplicamnaadaptabilidade.

Assim,osbancosdehorasnegociadosemcontrataçãocolectivavãopoderserestendidos

atodosostrabalhadoresdaequipaousecçãoquando60%dessestrabalhadoressejam

jáabrangidos. Istoseo IRCTdefinirqueestaextensãoépossível. Jánocasodebancos

dehoras individuais,estespodemserestendidosaorestodaequipa,se75%dostraba-

lhadoresestiveremjáabrangidos.Estaextensãodobancodehorasnãoseaplicaatraba-

lhadoresabrangidosporconvençõescolectivasqueestabeleçamdemodocontráriooua

trabalhadoresfiliadosemsindicatosqueseoponhamàportariadeextensãoqueprevêo

alargamentodaabrangênciadebancosdehorasfixadosemIRCT.Tambémseprevêque

osintervalosdedescanso,nocasoemqueoperíododetrabalhodiáriosejasuperiora10

horas(hoje11horas),possamserdefinidosporformaaqueotrabalhadornãoprestemais

deseishoras(hoje5horas)consecutivasdetrabalho.

TRABALHO SUPLEMENTAR

Artigo 226.ºNoção de trabalho suplementar

1–Considera-setrabalhosuplementaroprestadoforadohoráriodetrabalho.

2–Nocasoemqueoacordosobreisençãodehoráriodetrabalhotenhalimitadoapres-

taçãodesteaumdeterminadoperíododetrabalho,diárioousemanal,considera-setrabalho

suplementaroqueexcedaesseperíodo.

3–Nãosecompreendenanoçãodetrabalhosuplementar:

a)Oprestadoportrabalhadorisentodehoráriodetrabalhoemdianormaldetrabalho,

semprejuízododispostononúmeroanterior;

b)Oprestadoparacompensarsuspensãodeactividade, independentementedasua

causa,deduraçãonãosuperioraquarentaeoitohoras,seguidasouinterpoladasporumdia

dedescansoouferiado,medianteacordoentreoempregadoreotrabalhador;

c)Atolerânciadequinzeminutosprevistanon.º3doartigo203.º;

d)Aformaçãoprofissionalrealizadaforadohoráriodetrabalhoquenãoexcedaduas

horasdiárias;

e)Otrabalhoprestadonascondiçõesprevistasnaalíneab)don.º1doartigo257.º;

f )Otrabalhoprestadoparacompensaçãodeperíodosdeausênciaaotrabalho,efectu-

adaporiniciativadotrabalhador,desdequeumaeoutratenhamoacordodoempregador.

g) O trabalho prestado para compensar encerramento para férias previsto na

28

ALTERAÇÕESAOCÓDIGODETRABALHO

alínea b) do n.º 2 do artigo 242.º, por decisão do empregador. 4–Nasituaçãoreferidanaalíneaf )don.º3,otrabalhoprestadoparacompensação

nãopodeexcederoslimitesdiáriosdon.º1doartigo228.º.

Artigo 229.ºDescanso compensatório de trabalho suplementar

1–Otrabalhadorqueprestatrabalhosuplementaremdiaútil,emdiadedescanso

semanalcomplementarouemferiadotemdireitoadescansocompensatórioremunera-

do,correspondentea25%dashorasdetrabalhosuplementarrealizadas,semprejuízodo

dispostonon.º3.

1 - [ Revogado ]. 2–Odescansocompensatórioaqueserefereonúmeroanteriorvence-sequando

perfaçaumnúmerodehorasigualaoperíodonormaldetrabalhodiárioedevesergozado

nos90diasseguintes.

2 - [ Revogado ]. 3–Otrabalhadorqueprestatrabalhosuplementarimpeditivodogozododescanso

diáriotemdireitoadescansocompensatórioremuneradoequivalenteàshorasdedescan-

soemfalta,agozarnumdostrêsdiasúteisseguintes.

4–Otrabalhadorqueprestatrabalhoemdiadedescansosemanalobrigatóriotem

direitoaumdiadedescansocompensatórioremunerado,agozarnumdostrêsdiasúteis

seguintes.

5–Odescansocompensatórioémarcadoporacordoentretrabalhadoreempregador

ou,nasuafalta,peloempregador.

6–Odispostonosn.ºs1e2podeserafastadoporinstrumentoderegulamentação

colectivadetrabalhoqueestabeleçaacompensaçãodetrabalhosuplementarmediante

reduçãoequivalentedotempodetrabalho,pagamentoemdinheiroouambasasmoda-

lidades.

6 - [ Revogado ]. 7–Constituicontra-ordenaçãomuitograveaviolaçãododispostonosn.ºs1,3ou4.

7 - Constitui contraordenação muito grave a violação do disposto nos n.ºs 3 e 4.

Artigo 230.ºRegimes especiais de trabalho suplementar

1–Aprestaçãodetrabalhosuplementar,emdiadedescansosemanalobrigatório,

29

ASSALTOAUSTERITÁRIOAO(S)DIREITO(S)DOTRABALHO

quenãoexcedaduashoraspormotivodefaltaimprevistadetrabalhadorquedeviaocu-

paropostodetrabalhonoturnoseguinteconferedireitoadescansocompensatórionos

termosdon.º3doartigoanterior.

2–Odescansocompensatóriodetrabalhosuplementarprestadoemdiaútilouferia-

do,comexcepçãodoreferidonon.º3doartigoanterior,podesersubstituídoporpresta-

çãodetrabalhoremuneradacomacréscimonãoinferiora100%,medianteacordoentre

empregadoretrabalhador.

2 - [ Revogado ]. 3–Emmicroempresaoupequenaempresa,pormotivoatendívelrelacionadocom

a organização do trabalho, o descanso compensatório a que se refere o n.º 1 do artigo

anterior, com ressalva do disposto no n.º 3 do mesmo artigo, pode ser substituído por

prestaçãodetrabalhoremuneradacomumacréscimonãoinferiora100%.

3 - [ Revogado ]. 4–Oslimitesdeduraçãoeodescansocompensatóriodetrabalhosuplementarpres-

tadoparaassegurarosturnosdeserviçodefarmáciasdevendaaopúblicoconstamde

legislaçãoespecífica.

5–Constituicontra-ordenaçãograveaviolaçãododispostonon.º1.

Artigo 7.ºRelações entre fontes de regulação

1-Sãonulasasdisposiçõesdeinstrumentosderegulamentaçãocoletivadetrabalho

celebradosantesdaentradaemvigordapresenteleiqueprevejammontantessuperiores

aosresultantesdoCódigodoTrabalhorelativasa:

a)Compensaçãopordespedimentocoletivo,oudequedecorraaaplicaçãodestaúl-

tima,estabelecidasnoCódigodoTrabalho;

b)Valoresecritériosdedefiniçãodecompensaçãoporcessaçãodecontratodetraba-

lhoestabelecidosnoartigoanterior.

2-Sãonulasasdisposiçõesdeinstrumentosderegulamentaçãocoletivadetrabalho

eascláusulasdecontratosdetrabalhocelebradosantesdaentradaemvigordapresente

leiquedisponhamsobredescansocompensatórioportrabalhosuplementarprestadoem

diaútil,emdiadedescansosemanalcomplementarouemferiado.

3 - As majorações ao período anual de férias estabelecidas em disposições de ins-

trumentosderegulamentaçãocoletivadetrabalhooucláusulasdecontratosdetrabalho

posterioresa1dedezembrode2003eanterioresàentradaemvigordapresenteleisão

30

ALTERAÇÕESAOCÓDIGODETRABALHO

reduzidasemmontanteequivalenteatétrêsdias.

4-Ficamsuspensasdurantedoisanosacontardaentradaemvigordapresentelei

asdisposiçõesdeinstrumentosderegulamentaçãocoletivadetrabalhoeascláusulasde

contratosdetrabalhoquedisponhamsobre:

a)Acréscimosdepagamentodetrabalhosuplementarsuperioresaosestabelecidos

peloCódigodoTrabalho;

b)Retribuiçãodotrabalhonormalprestadoemdiaferiado,oudescansocompensa-

tórioporessamesmaprestação,emempresanãoobrigadaasuspenderofuncionamento

nessedia.

5-Decorridooprazodedoisanosreferidononúmeroanteriorsemqueasreferidas

disposiçõesoucláusulastenhamsidoalteradas,osmontantesporelasprevistossãoredu-

zidosparametade,nãopodendo,porém,serinferioresaosestabelecidospeloCódigodo

Trabalho.

Comentário: TRABALHO SUPLEMENTARa) Noção de trabalho suplementar (art.º 226.º)Noelencodesituaçõesdeprestaçãodetrabalhoquenãointegramanoçãodetraba-

lhosuplementar,éacrescentado(alíneag)“oprestadoparacompensaroencerramento

parafériasprevistonaalíneab)don.º2doartigo242.º,pordecisãodoempregador”.A

não se tratar de um simples engano, a previsão referida configura uma desmensurável

aberraçãojurídica,jáquevemdeterminaranecessidadedecompensaçãodotrabalhonão

prestadoemdiadeférias.

b) Descanso compensatório (art.º 229.º)Eliminaçãododescansocompensatóriomotivadopelaprestaçãodetrabalhosuple-

mentaremdiaútil,emdiadedescansosemanalcomplementareemdiaferiado.

c) Regimes especiais de trabalho suplementar (art.º 230.º)Revogam-seosn.º2e3desteartigo.Estasrevogaçõesdecorremdarevogaçãodosn.º

1e2doartigoanterior.

d) Pagamento de trabalho suplementar (art.º 268.º)Determina-seareduçãodosacréscimosretributivospelaprestaçãodetrabalhosuple-

mentar,nosseguintestermos:

-25%na1.ºhoraoufracção;

-37,5nashorasoufracçõessubsequentes;

31

ASSALTOAUSTERITÁRIOAO(S)DIREITO(S)DOTRABALHO

-50%porcadahoraoufracção,prestadaemdiadedescansosemanalobrigatórioou

complementar,ouemferiado.

Estesvalorespodemserafastadosporinstrumentoderegulamentaçãocolectivade

trabalho.

Revogação de normas convencionais e de disposições de contratos de trabalho

(art.º7.º-disposiçãotransitória)

1-São nulas asdisposiçõesdeIRCTSeascláusulasdecontratosdetrabalhocelebra-

dosantesdaentradaemvigordaleiqueresultardestapropostadelei,quedisponhamso-

bredescansocompensatórioportrabalhosuplementarprestadoemdiaútildedescanso

semanalcomplementarouemferiados.

2-São suspensas durantedoisanos,asdisposiçõesdeIRCTSeascláusulasdecontra-

tosdetrabalhoquedisponhamsobreacréscimosdepagamentodetrabalhosuplementar

superioresaosestabelecidos.

3-Alteração do conteúdo dedisposiçõesdeIRCTSeclausulasdecontratodetraba-

lho–decorridososdoisanos,semqueasreferidasdisposiçõesoucláusulastenhamsido

porem,alteradas,osacréscimosnelasprevistossãoreduzidosparametade,nãopodendo,

serinferioresaoestabelecidonoCódigo.

Ficamtambémsujeitasaesteregime,asdisposiçõesdeIRCTSeascláusulasdecon-

tratodetrabalhoquedisponhamsobreretribuiçãonormalprestadoemdiaferiadooude

descansocompensatórioporessamesmaprestação,emempresanãoobrigadaasuspen-

derofuncionamento.

Ao declarar nulas ou reduzir cláusulas de convenções colectivas válida e livremente acordadas entre as partes, no exercício da autonomia e liberdade negociais implícitas no direito fundamental de contratação colectiva, viola claramente o artigo 56º, nºs 3 e 4 da Constituição.

32

ALTERAÇÕESAOCÓDIGODETRABALHO

MENOS DIAS DE FÉRIAS E FERIADOS

Artigo 234.ºFeriados obrigatórios

1–Sãoferiadosobrigatóriososdias1deJaneiro,deSexta-FeiraSanta,deDomingode

Páscoa,25deAbril,1deMaio,deCorpodeDeus,10deJunho,15deAgosto,5deOutubro,

1deNovembro,1,8e25deDezembro.

1 – São feriados obrigatórios os dias 1 de Janeiro, Sexta-Feira Santa, Domingo de Pás-coa, 25 de Abril, 1 de Maio, 10 de Junho, 15 de Agosto, 8 e 25 de Dezembro.

2–OferiadodeSexta-FeiraSantapodeserobservadoemoutrodiacomsignificado

localnoperíododaPáscoa.

3–Mediantelegislaçãoespecífica,determinadosferiadosobrigatóriospodemserob-

servadosnasegunda-feiradasemanasubsequente.

Artigo 238.ºDuração do período de férias

1–Operíodoanualdefériastemaduraçãomínimade22diasúteis.

2–Paraefeitosdeférias,sãoúteisosdiasdasemanadesegunda-feiraasexta-feira,

comexcepçãodeferiados.

3–Aduraçãodoperíodode fériaséaumentadanocasodeo trabalhadornãoter

faltadoouterapenasfaltasjustificadasnoanoaqueasfériassereportam,nosseguintes

termos:

a)Trêsdiasdeférias,atéumafaltaoudoismeios-dias;

b)Doisdiasdeférias,atéduasfaltasouquatromeios-dias;

c) Umdiadeférias,atétrêsfaltasouseismeios-dias.

3 - Caso os dias de descanso do trabalhador coincidam com dias úteis, são considerados para efeitos do cálculo dos dias de férias, em substituição daqueles, os sábados e os domingos que não sejam feriados.

4–Paraefeitosdonúmeroanterior,sãoconsideradosfaltasosdiasdesuspensãodo

contratodetrabalhoporfactorespeitanteaotrabalhadoresãoconsideradascomoperí-

ododetrabalhoefectivoaslicençasconstantesnasalíneasa)ae)don.º1doartigo35.º.

4 - [ Revogado ]. 5–Otrabalhadorpoderenunciaraogozodediasdefériasqueexcedam20diasúteis,

ouacorrespondenteproporçãonocasodefériasnoanodeadmissão,semreduçãoda

33

ASSALTOAUSTERITÁRIOAO(S)DIREITO(S)DOTRABALHO

retribuiçãoedosubsídiorelativosaoperíododefériasvencido,quecumulamcomaretri-

buiçãodotrabalhoprestadonessesdias.

6–Constituicontra-ordenaçãograveaviolaçãododispostonosn.ºs1,3ou5.

6 - Constitui contraordenação grave a violação do disposto nos n.ºs 1 e 5.

Artigo 242.ºEncerramento para férias

1–Semprequesejacompatívelcomanaturezadaactividade,oempregadorpode

encerraraempresaouoestabelecimento,totalouparcialmente,parafériasdostrabalha-

dores:

a)Atéquinzediasconsecutivosentre1deMaioe31deOutubro;

b)Porperíodosuperioraquinzediasconsecutivosouforadoperíodoenunciadona

alíneaanterior,quandoassimestiverfixadoeminstrumentoderegulamentaçãocolectiva

oumedianteparecerfavoráveldacomissãodetrabalhadores;

c)Porperíodosuperioraquinzediasconsecutivos,entre1deMaioe31deOutubro,

quandoanaturezadaactividadeassimoexigir.

2–Oempregadorpodeencerraroestabelecimentodurantecincodiasúteisconsecu-

tivos,naépocadefériasescolaresdoNatal.

2 - O empregador pode encerrar a empresa ou o estabelecimento, total ou parcial-mente, para férias dos trabalhadores:

a) Durante cinco dias úteis consecutivos na época de férias escolares do Natal; b) Um dia que esteja entre um feriado que ocorra à terça-feira ou quinta-feira e um

dia de descanso semanal, sem prejuízo da faculdade prevista na alínea g) do n.º 3 do artigo 226.º.

3-Atéaodia15dedezembrodoanoanterior,oempregadordeveinformarostraba-

lhadoresabrangidosdoencerramentoaefetuarnoanoseguinteaoabrigodaalíneab)do

númeroanterior.

Comentário: Menos feriados.AsalteraçõesàLeijáprevêemofimdequatroferiadosquesãohoje

consideradosobrigatórios.ÉocasodoCorpodeDeus(móvel),15deAgosto,5deOutubro

e1deDezembro.

Férias perdem os três dias extra.Atualmente,ostrabalhadorestêmdireitoa22dias

deférias,aosquaisacrescemtrêsdiasrelacionadoscomaassiduidade.Asalteraçõesagora

previstasapontamparaofimdessestrêsdiasadicionais.Estamajoraçãoquehojeexiste

34

ALTERAÇÕESAOCÓDIGODETRABALHO

foiintroduzidapeloCódigodoTrabalhode2003e,portanto,apropostadoGovernodiz

quesóosperíodosdefériassuperioresa22diasúteis,fixadosapartirde1deDezembro

de2003emIRCToucontratosindividuais,serãoreduzidosemtrêsdias.

Faltas injustificadas em dias de ‘ponte’ mais penalizadas. Atualmente,a falta in-

justificadaaumdiaoumeiodiadetrabalho,antesoudepoisdediadedescansooufe-

riado,constituiinfracçãograve.Agora,acrescenta-seque,paraefeitodefaltasnestecaso,

contamtambémosdiasdedescansoanterioresouposteriores.Porexemplo,quemfalte

numasexta-feiraentreumferiadoeofim-de-semana,perdearetribuiçãodequatrodias

detrabalho.

CONTRATO DE TRABALHO PRECÁRIO DE MUITO CURTA DURAÇÃO

Artigo 142.ºCasos especiais de contrato de trabalho de muito curta duração

1–Ocontratodetrabalhoemactividadesazonalagrícolaoupararealizaçãodeeven-

toturísticodeduraçãonãosuperioraumasemananãoestásujeitoaformaescrita,deven-

dooempregadorcomunicarasuacelebraçãoaoserviçocompetentedasegurançasocial,

medianteformulárioelectrónicoquecontémoselementosreferidosnasalíneasa),b)ed)

don.º1doartigoanterior,bemcomoolocaldetrabalho.

1 - O contrato de trabalho em atividade sazonal agrícola ou para realização de even-to turístico de duração não superior a 15 dias não está sujeito a forma escrita, de-vendo o empregador comunicar a sua celebração ao serviço competente da segurança social, mediante formulário eletrónico que contém os elementos referidos nas alíneas a ), b ) e d ) do n.º 1 do artigo anterior, bem como o local de trabalho.

2–Noscasosprevistosnonúmeroanterior,aduraçãototaldecontratosdetrabalho

atermocomomesmoempregadornãopodeexceder60diasdetrabalhonoanocivil.

2 - Nos casos previstos no número anterior, a duração total de contratos de tra-balho a termo com o mesmo empregador não pode exceder 70 dias de trabalho no ano civil.

3–Emcasodeviolaçãododispostoemqualquerdosnúmerosanteriores,ocontrato

considera-secelebradopeloprazodeseismeses,contando-senesteprazoaduraçãode

contratosanteriorescelebradosaoabrigodosmesmospreceitos.

35

ASSALTOAUSTERITÁRIOAO(S)DIREITO(S)DOTRABALHO

Comentário: Procede-se a um alargamento da duração máxima dos contratos de

muito curta duração de 7 para 15 dias, não podendo a duração total dos contratos de

trabalhoatermocomomesmoempregadorexceder70dias(olimiteactualéde60dias).

Trata-se, portanto, do alargamento da possibilidade de recurso a uma modalidade de contratação em si extremamente precária.Recorde-sequeopretextoparaaprevi-

são(nareformade2009)destamodalidadedecontratoatermomaisprecário,emqueo

contratonemsequertemqueassumiraformaescrita,foiprecisamenteasuamuitocurta

duração–duraçãoestaqueéagoraaumentadaparaodobro.

LAY-OFF POR DECISÃO UNILATERAL DO PATRÃO

Artigo 298.ºRedução ou suspensão em situação de crise empresarial

1–Oempregadorpodereduzirtemporariamenteosperíodosnormaisdetrabalhoou

suspenderoscontratosdetrabalho,pormotivosdemercado,estruturaisoutecnológicos,

catástrofesououtrasocorrênciasquetenhamafectadogravementeaactividadenormal

daempresa,desdequetalmedidasejaindispensávelparaasseguraraviabilidadedaem-

presaeamanutençãodospostosdetrabalho.

2–Areduçãoaqueserefereonúmeroanteriorpodeabranger:

a)Umoumaisperíodosnormaisdetrabalho,diáriosousemanais,podendodizerres-

peitoadiferentesgruposdetrabalhadores,rotativamente;

b)Diminuiçãodonúmerodehorascorrespondenteaoperíodonormaldetrabalho,

diárioousemanal.

3–Oregimedereduçãooususpensãoaplica-seaoscasosemqueessamedidaseja

determinadanoâmbitodedeclaraçãodeempresaemsituaçãoeconómicadifícilou,com

asnecessáriasadaptações,emprocessoderecuperaçãodeempresa.

4 - A empresa que recorra ao regime de redução ou suspensão deve ter a sua situ-ação contributiva regularizada perante a administração fiscal e a segurança social, salvo quando se encontre numa das situações previstas no número anterior.

Artigo 298.º-AImpedimento de redução ou suspensão

O empregador só pode recorrer novamente à aplicação das medidas de re-dução ou suspensão depois de decorrido um período de tempo equivalente a metade do

36

ALTERAÇÕESAOCÓDIGODETRABALHO

período anteriormente utilizado, podendo ser reduzido por acordo entre o empregador e os trabalhadores abrangidos ou as suas estruturas representativas.

Artigo 299.ºComunicações em caso de redução ou suspensão

1–Oempregadorcomunica,porescrito,àcomissãodetrabalhadoresou,nasuafalta,

àcomissãointersindicaloucomissõessindicaisdaempresarepresentativasdostrabalha-

doresaabranger,aintençãodereduziroususpenderaprestaçãodotrabalho,informan-

do-assimultaneamentesobre:

a)Fundamentoseconómicos,financeirosoutécnicosdamedida;

b)Quadrodepessoal,discriminadoporsecções;

c)Critériosparaselecçãodostrabalhadoresaabranger;

d)Númeroecategoriasprofissionaisdostrabalhadoresaabranger;

e)Prazodeaplicaçãodamedida;

f )Áreasdeformaçãoafrequentarpelostrabalhadoresduranteoperíododeredução

oususpensão,sendocasodisso.

2 - O empregador disponibiliza, para consulta, os documentos em que suporta a ale-gação de situação de crise empresarial, designadamente de natureza contabilística e financeira.

2–Nafaltadasentidadesreferidasnon.º1,oempregadorcomunica,porescrito,a

cadatrabalhadoraabranger,aintençãodereduziroususpenderaprestaçãodetrabalho,

podendoestes,noscincodiasposterioresàrecepçãodacomunicação,designardeentre

elesumacomissãorepresentativacomomáximodetrêsoucincoelementos,consoantea

medidaabranjaaté20oumaistrabalhadores.

3 - [ Anterior n.º 2 ]. 3–Nocasoprevistononúmeroanterior,oempregadorenviaàcomissãoainforma-

çãoreferidanon.º1.

4 - No caso previsto no número anterior, o empregador disponibiliza, ao mesmo tempo, para consulta dos trabalhadores a informação referida no n.º 1 e envia a mesma à comissão representativa que seja designada.

4–Constituicontra-ordenaçãograveaviolaçãododispostonesteartigo.

5 - [ Anterior n.º 4 ].

37

ASSALTOAUSTERITÁRIOAO(S)DIREITO(S)DOTRABALHO

Artigo 300.ºInformações e negociação em caso de redução ou suspensão

1 – Nos cinco dias posteriores ao facto previsto no n.º 1 ou 3 do artigo anterior, o

empregadorpromoveumafasedeinformaçõesenegociaçãocomaestruturarepresenta-

tivadostrabalhadores,comvistaaumacordosobreamodalidade,âmbitoeduraçãodas

medidasaadoptar.

1 – Nos cinco dias posteriores ao facto previsto no n.º 1 ou 4 do artigo anterior, o em-pregador promove uma fase de informações e negociação com a estrutura representativa dos trabalhadores, com vista a um acordo sobre a modalidade, âmbito e duração das me-didas a adoptar.

2–Aactadasreuniõesdenegociaçãodeveconteramatériaacordadae,bemassim,

asposiçõesdivergentesdaspartes,comasopiniões,sugestõesepropostasdecadauma.

3–Celebradooacordoou,nafaltadeste,apósteremdecorrido10diassobreoenvio

dainformaçãoprevistonon.º1ou3doartigoanteriorou,nafaltadesta,dacomunicação

referidanon.º2domesmoartigo,oempregadorcomunicaacadatrabalhador,porescrito,

amedidaquedecidiuaplicar,commençãoexpressadofundamentoedasdatasdeinício

etermodaaplicação.

3 - Celebrado o acordo ou, na falta deste, após terem decorrido cinco dias sobre o envio de informação previsto nos n.ºs 1 ou 4 do artigo anterior ou, na falta desta, da comunicação referida no n.º 3 do mesmo artigo, o empregador comunica a cada traba-lhador, por escrito, a medida que decidiu aplicar, com menção expressa do fundamento e das datas de início e termo da medida.

4 – Na data das comunicações referidasnonúmeroanterior,oempregadorremeteà

estruturarepresentativadostrabalhadoreseaoserviçocompetentedoministériorespon-

sávelpelaáreadasegurançasocialaactaaqueserefereon.º2,bemcomorelaçãodeque

consteonomedostrabalhadores,morada,datasdenascimentoedeadmissãonaempre-

sa,situaçãoperanteasegurançasocial,profissão,categoriaeretribuiçãoe,ainda,amedida

individualmenteadoptada,comindicaçãodasdatasdeinícioetermodaaplicação.

5 – Na falta de acta da negociação, o empregador envia às entidades referidas no

númeroanteriorumdocumentoemqueojustifiqueedescrevaoacordo,ouasrazõesque

obstaramaomesmoeasposiçõesfinaisdaspartes.

6–Constituicontra-ordenaçãoleveaviolaçãododispostonesteartigo.

6 - O procedimento previsto nos n.ºs 4 e 5 é regulado por portaria dos membros do Governo responsáveis pelas áreas laboral e da segurança social.

7 - Constitui contraordenação leve a violação do disposto nos n.ºs 1 a 5.

38

ALTERAÇÕESAOCÓDIGODETRABALHO

Artigo 301.ºDuração de medida de redução ou suspensão

1–Areduçãooususpensãodeveterumaduraçãopreviamentedefinida,nãosuperior

aseismesesou,emcasodecatástrofeououtraocorrênciaquetenhaafectadogravemente

aactividadenormaldaempresa,umano.

2–Areduçãooususpensãopodeiniciar-sedecorridos10diassobreadatadacomuni-

caçãoaqueserefereon.º3doartigoanterior,ouimediatamenteemcasodeimpedimento

imediatoàprestaçãonormaldetrabalhoquesejaconhecidopelostrabalhadoresabrangidos.

2 - A redução ou suspensão pode iniciar-se decorridos cinco dias sobre a data da comunicação a que se refere o n.º 3 do artigo anterior, ou imediatamente em caso de acor-do entre o empregador e a estrutura representativa dos trabalhadores, ou a comissão representativa referida no n.º 3 do artigo 299.º ou a maioria dos trabalhadores abran-gidos ou, ainda, no caso de impedimento imediato à prestação normal de trabalho que os trabalhadores abrangidos conheçam ou lhes seja comunicado.

3–Qualquerdosprazosreferidosnon.º1podeserprorrogadoporumperíodomáxi-

modeseismeses,desdequeoempregadorcomuniquetalintençãoeaduraçãoprevista,

porescritoedeformafundamentada,àestruturarepresentativadostrabalhadoreseesta

nãoseoponha,porescritoenoscincodiasseguintes.

3 - Qualquer dos prazos referidos no n.º 1 pode ser prorrogado por um período máximo de seis meses, desde que o empregador comunique tal intenção e a duração prevista, por escrito e de forma fundamentada, à estrutura representativa dos traba-lhadores ou à comissão representativa referida no n.º 3 do artigo 299.º.

4–Nafaltadeestruturarepresentativadostrabalhadores,acomunicaçãoprevistano

númeroanterioréfeitaacadatrabalhadorabrangidopelaprorrogação,aqualsóterálugar

quandootrabalhadormanifeste,porescrito,oseuacordo.

4 - Na falta de estrutura representativa dos trabalhadores ou da comissão repre-sentativa referida no n.º 3 do artigo 299.º, a comunicação prevista no número anterior é feita a cada trabalhador abrangido pela prorrogação.

5–Constituicontra-ordenaçãoleveaviolaçãododispostonon.º1.

5 - Constitui contraordenação leve a violação do disposto neste artigo.

Artigo 303.ºDeveres do empregador no período de redução ou suspensão

1–Duranteoperíododereduçãooususpensão,oempregadordeve:

a)Efectuarpontualmenteopagamentodacompensaçãoretributiva;

39

ASSALTOAUSTERITÁRIOAO(S)DIREITO(S)DOTRABALHO

a) Efetuar pontualmente o pagamento da compensação retributiva, bem como o acréscimo a que haja lugar em caso de formação profissional;

b)Pagarpontualmenteascontribuiçõesparaasegurançasocialsobrearetribuição

auferidapelostrabalhadores;

c)Nãodistribuirlucros,sobqualquerforma,nomeadamenteatítulodelevantamento

porconta;

d) Não aumentar a retribuição ou outra prestação patrimonial atribuída a membro

decorpossociais,enquantoasegurançasocialcomparticiparnacompensaçãoretributiva

atribuídaaostrabalhadores;

e)Nãoprocederaadmissãoourenovaçãodecontratodetrabalhoparapreenchimen-

to de posto de trabalho susceptível de ser assegurado por trabalhador em situação de

reduçãooususpensão.

2–Constituicontra-ordenaçãograveaviolaçãododispostononúmeroanterior.

2 - Durante o período de redução ou suspensão, bem como nos 30 ou 60 dias seguintes à aplicação das medidas, consoante a duração da respetiva aplicação não exceda ou seja superior a seis meses, o empregador não pode fazer cessar o contrato de trabalho de trabalhador abrangido por aquelas medidas, exceto se se tratar de cessação da comissão de serviço, cessação de contrato de trabalho a termo ou de despedimento por facto imputável ao trabalhador.

3-Emcasodeviolaçãododispostononúmeroanterior,oempregadorprocede

àdevoluçãodosapoiosrecebidos,previstosnosn.ºs4e5doartigo305.º,emrelaçãoao

trabalhadorcujocontratotenhacessado.

4-Constituicontraordenaçãograveaviolaçãododispostonesteartigo.

Artigo 305.ºDireitos do trabalhador no período de redução ou suspensão

1–Duranteoperíododereduçãooususpensão,otrabalhadortemdireito:

a)Aauferirmensalmenteummontantemínimoigualadoisterçosdasuaretribuição

normalilíquida,ouovalordaretribuiçãomínimamensalgarantidacorrespondenteaoseu

períodonormaldetrabalho,consoanteoqueformaiselevado;

b)Amanterasregaliassociaisouprestaçõesdasegurançasocialaquetenhadireito

eaquearespectivabasedecálculonãosejaalteradaporefeitodareduçãooususpensão;

c)Aexerceroutraactividaderemunerada.

2–Duranteoperíododeredução,aretribuiçãodotrabalhadorécalculadaempro-

porçãodashorasdetrabalho.

40

ALTERAÇÕESAOCÓDIGODETRABALHO

3–Duranteoperíododereduçãooususpensão,otrabalhadortemdireitoacompen-

saçãoretributivanamedidadonecessáriopara,conjuntamentecomaretribuiçãodetra-

balhoprestadonaempresaouforadela,asseguraromontantemensalreferidonaalínea

a)don.º1,atéaotriplodaretribuiçãomínimamensalgarantida.

3 - Durante o período de redução ou suspensão, o trabalhador tem direito a com-pensação retributiva na medida do necessário para, conjuntamente com a retribuição de trabalho prestado na empresa ou fora dela, assegurar o montante mensal referido na alínea a) do n.º 1, até ao triplo da retribuição mínima mensal garantida, sem prejuízo do disposto no n.º 5.

4 - A compensação retributiva é paga em 30% do seu montante pelo empre-gador e em 70% pelo serviço público competente da área da segurança social.

5 - Quando, durante o período de redução ou suspensão, os trabalhadores frequentem cursos de formação profissional adequados ao desenvolvimento da qualificação profis-sional que aumente a sua empregabilidade ou à viabilização da empresa e ma-nutenção dos postos de trabalho, em conformidade com um plano de formação aprovado pelo serviço público competente na área do emprego e formação profissional, este paga o valor correspondente a 30% do indexante dos apoios sociais destinado, em partes iguais, ao empregador e ao trabalhador, acrescendo, relativamente a este, à compensação retributiva prevista nos n-ºs 3 e 4.

6–Constituicontra-ordenaçãograveaviolaçãododispostonaalíneaa)don.º1,ou

naalíneab)domesmonúmeronaparterespeitanteaoempregador.

6 - Os serviços públicos competentes das áreas da segurança social e do emprego e formação profissional devem entregar a parte que lhes compete ao empregador, de modo que este possa pagar pontualmente ao trabalhador a compensação retributiva, bem como o acréscimo a que haja lugar.

4–Osubsídiodedoençadasegurançasocialnãoéatribuídorelativamenteaperíodo

dedoençaqueocorraduranteasuspensãodocontrato,mantendootrabalhadordireitoà

compensaçãoretributiva.

7 - [ Anterior n.º 4 ]. 5–Emcasodenãopagamentopontualdomontanteprevistonaalíneaa)don.º1du-

ranteoperíododeredução,otrabalhadortemdireitoasuspenderocontratonostermos

doartigo325.º

8 - [ Anterior n.º 5 ]. 9 - Constitui contraordenação grave a violação do disposto na alínea b) do n.º 1.

41

ASSALTOAUSTERITÁRIOAO(S)DIREITO(S)DOTRABALHO

Artigo 307.º Acompanhamento da medida

1–Oempregadorinformatrimestralmenteasestruturasrepresentativasdostraba-

lhadoresdaevoluçãodasrazõesquejustificamorecursoàreduçãooususpensãodapres-

taçãodetrabalho.

1 - O empregador informa trimestralmente as estruturas representativas dos traba-lhadores ou a comissão representativa referida no n.º 3 do artigo 299.º ou, na sua falta, os trabalhadores abrangidos da evolução das razões que justificam o recurso à redução ou suspensão da prestação de trabalho.

2–Duranteareduçãooususpensão,oserviçocomcompetênciainspectivadominis-

térioresponsávelpelaárealaboral,poriniciativaprópriaouarequerimentodequalquer

interessado,devepôrtermoàaplicaçãodoregimerelativamenteatodosouaalgunstra-

balhadores,nosseguintescasos:

a)Nãoverificaçãooucessaçãodaexistênciadofundamentoinvocado;

b)Faltadascomunicaçõesourecusadeparticipaçãonoprocedimentode informa-

çõesenegociaçãoporpartedoempregador;

c)Incumprimentodequalquerdosdeveresaqueserefereon.º1doartigo303.º

c) Incumprimento de qualquer dos deveres a que se referem os n.ºs 1 e 2 do artigo 303.º.

3–Adecisãoqueponhatermoàaplicaçãodamedidadeveindicarostrabalhadores

aquemseaplicaeproduzefeitosapartirdomomentoemqueoempregadorsejanotifi-

cado.

4 - Constitui contraordenação grave a violação do disposto no n.º 1.

Comentário:

OacordotripartidodeMarço,celebradopeloanteriorGoverno,jápreviamudanças

nolay-off.Omaisrecenteacordo,agoranapresentepropostadelei,adotaintegralmente

asmudançasentãodefinidaseprevêumconjuntodenovasinformações,maisespecíficas,

aostrabalhadoreseseusrepresentantes.Alémdisto,o lay-off pode iniciar-se decorridos cinco dias (hoje são dez) sobre a data da comunicação das medidas a aplicar. No caso de acordo entre a empresa e a estrutura representativa dos trabalhadores (ou, na sua falta, os trabalhadores abrangidos) o lay-off pode iniciar-se imediatamente.Poroutro

lado,a renovação deste mecanismo deixa de depender do acordo dos representantes dos trabalhadores. As alterações à Lei indicam ainda que será proibido despedir nos 30 ou 60 dias seguintes ao lay-off’ caso este tenha duração inferior ou superior a seis

42

ALTERAÇÕESAOCÓDIGODETRABALHO

meses, respectivamente. Nestecaso,sóépermitidoofimdacomissãodeserviço,aca-

ducidadedecontratosatermooudespedimentoporfactoimputávelaotrabalhador.Por

outrolado,aempresasópoderecorrernovamenteaestemecanismodepoisdedecorrido

metadedoperíododelay-offanterior(salvoemcasodeacordoentreempresaetrabalha-

doresouestruturasrepresentativas).Jáhoje,aSegurançaSocialéresponsávelpor70%da

compensaçãoretributivaaqueostrabalhadoresemlay-offtêmdireito,masasalterações

aoCódigodoTrabalhovãodeixarestevalorespecificamentedefinidonaLei.Alémdisto,

semprequeaempresadêformaçãonoperíodode lay-off,o InstitutodoEmpregoeda

FormaçãoProfissionalpagará30%doIndexantedosApoiosSociais(15%àempresae15%

aotrabalhador).

“DINAMIZAÇÃO” DA CONTRATAÇÃO COLECTIVA E DA REPRESENTATIVIDADE COLECTIVA

Artigo 482.ºConcorrência entre instrumentos de regulamentação colectiva

de trabalho negociais

1–Semprequeexistaconcorrênciaentreinstrumentosderegulamentaçãocolectiva

detrabalhonegociais,sãoobservadososseguintescritériosdepreferência:

a)Oacordodeempresaafastaaaplicaçãodoacordocolectivooudocontratocolec-

tivo;

b)Oacordocolectivoafastaaaplicaçãodocontratocolectivo.

2–Nosoutroscasos,ostrabalhadoresdaempresaemrelaçãoaosquaisseverificaa

concorrênciaescolhemoinstrumentoaplicável,pormaioria,noprazode30diasacontar

daentradaemvigordoinstrumentodepublicaçãomaisrecente,comunicandoaescolha

aoempregador interessadoeaoserviçocomcompetência inspectivadoministériores-

ponsávelpelaárealaboral.

3–Naausênciadeescolhapelostrabalhadores,éaplicável:

a)Oinstrumentodepublicaçãomaisrecente;

b)Sendoosinstrumentosemconcorrênciapublicadosnamesmadata,oqueregular

aprincipalactividadedaempresa.

4–Adeliberaçãoprevistanon.º2éirrevogávelatéaotermodavigênciadoinstru-

mentoadoptado.

5–Oscritériosdepreferênciaprevistosnon.º1podemserafastadosporinstrumento

deregulamentaçãocolectivadetrabalhonegocial,designadamenteatravésdecláusula

43

ASSALTOAUSTERITÁRIOAO(S)DIREITO(S)DOTRABALHO

dearticulaçãoentreconvençõescolectivasdediferentenível,nomeadamenteinterconfe-

deral,sectorialoudeempresa.

5 - Os critérios de preferência previstos no n.º 1 podem ser afastados por instru-mento de regulamentação coletiva de trabalho negocial, designadamente, através de cláusula de articulação de:

a) Convenções coletivas de diferente nível, nomeadamente interconfederal, secto-rial ou de empresa;

b) Contrato coletivo que estabeleça que determinadas matérias, como sejam a mobilidade geográfica e funcional, a organização do tempo de trabalho e a retribuição, sejam reguladas por convenção coletiva.

Artigo 486.º Proposta negocial

1–Oprocessodenegociaçãoinicia-secomaapresentaçãoàoutrapartedeproposta

decelebraçãoouderevisãodeumaconvençãocolectiva.

2–Apropostadeverevestirformaescrita,serdevidamentefundamentadaeconter

osseguinteselementos:

a)Designaçãodasentidadesqueasubscrevememnomepróprioouemrepresenta-

çãodeoutras;

b)Indicaçãodaconvençãoquesepretenderever,sendocasodisso,erespectivadata

depublicação.

c) Indicação de instrumento de regulamentação coletiva de trabalho negocial e respetiva data de publicação, sendo caso disso, para efeitos do n.º 5 do artigo 482.º.

Artigo 491.º Representantes de entidades celebrantes

1–Aconvençãocolectivaéassinadapelosrepresentantesdasentidadescelebrantes.

2–Paraefeitosdodispostononúmeroanterior,consideram-serepresentantes:

a)Osmembrosdedirecçãodeassociaçãosindicalouassociaçãodeempregadores,

compoderesparacontratar;

b)Osgerentes,administradoresoudirectorescompoderesparacontratar;

c)NocasodeempresadosectorempresarialdoEstado,osmembrosdoconselhode

gerênciaouórgãoequiparado,compoderesparacontratar;

d)Aspessoastitularesdemandatoescritocompoderesparacontratar,conferidopor

44

ALTERAÇÕESAOCÓDIGODETRABALHO

associaçãosindicalouassociaçãodeempregadores,nostermosdosrespectivosestatutos,

ouporempregador.

3–Semprejuízodapossibilidadededelegaçãonoutrasassociaçõessindicais,aasso-

ciaçãosindicalpodeconferiraestruturaderepresentaçãocolectivadostrabalhadoresna

empresapoderespara, relativamenteaosseusassociados,contratarcomempresacom,

pelomenos,500trabalhadores.

3 – Sem prejuízo da possibilidade de delegação noutras associações sindicais, a as-sociação sindical pode conferir a estrutura de representação coletiva dos trabalhadores na empresa poderes para, relativamente aos seus associados, contratar com empresa com, pelo menos, 150 trabalhadores.

4–Arevogaçãodomandatosóéeficazapóscomunicaçãoàoutraparte,porescritoe

atéàassinaturadaconvençãocolectiva.

Artigo 492.ºConteúdo de convenção colectiva

1–Aconvençãocolectivadeveindicar:

a)Designaçãodasentidadescelebrantes;

b)Nomeequalidadeemqueintervêmosrepresentantesdasentidadescelebrantes;

c) Âmbito do sector de actividade, profissional e geográfico de aplicação, excepto

tratando-sederevisãoquenãoaltereoâmbitodaconvençãorevista;

d)Datadecelebração;

e)Convençãorevistaerespectivadatadepublicação,seforocaso;

f )Valoresexpressosderetribuiçãobaseparatodasasprofissõesecategoriasprofissio-

nais,casotenhamsidoacordados;

g)Estimativadosnúmerosdeempregadoresedetrabalhadoresabrangidospelacon-

venção.

h) Indicação de instrumento de regulamentação coletiva de trabalho negocial e respetiva data de publicação, para efeitos do n.º 5 do artigo 482.º.

2–Aconvençãocolectivadeveregular:

a)Asrelaçõesentreasentidadescelebrantes,emparticularquantoàverificaçãodo

cumprimentodaconvençãoeameiosderesoluçãodeconflitoscolectivosdecorrentesda

suaaplicaçãoourevisão;

b)Asacçõesdeformaçãoprofissional,tendopresentesasnecessidadesdotrabalha-

doredoempregador;

c)Ascondiçõesdeprestaçãodotrabalhorelativasàsegurançaesaúde;

45

ASSALTOAUSTERITÁRIOAO(S)DIREITO(S)DOTRABALHO

d)Medidasquevisemaefectivaaplicaçãodoprincípiodaigualdadeenãodiscrimi-

nação;

e)Outrosdireitosedeveresdostrabalhadoresedosempregadores,nomeadamente

retribuiçãobaseparatodasasprofissõesecategoriasprofissionais;

f )Osprocessosderesoluçãodoslitígiosemergentesdecontratosdetrabalho,nome-

adamenteatravésdeconciliação,mediaçãoouarbitragem;

g)Adefiniçãodeserviçosnecessáriosàsegurançaemanutençãodeequipamentose

instalações,deserviçosmínimosindispensáveisparaocorreràsatisfaçãodenecessidades

sociaisimpreteríveis,casoaactividadedosempregadoresabrangidossatisfaçanecessida-

dessociaisimpreteríveis,bemcomodosmeiosnecessáriosparaosasseguraremsituação

degreve;

h)Osefeitosdecorrentesdaconvenção emcasodecaducidade, relativamenteaos

trabalhadoresabrangidosporaquela,atéàentradaemvigordeoutroinstrumentodere-

gulamentaçãocolectivadetrabalho.

3–Aconvençãocolectivadevepreveraconstituiçãoeregularofuncionamentode

comissãoparitáriacomcompetênciaparainterpretareintegrarassuascláusulas.

4–Aconvençãocolectivapodepreverqueotrabalhador,paraefeitodaescolhapre-

vistanoartigo497.º,pagueummontantenelaestabelecidoàsassociaçõessindicaisenvol-

vidas,atítulodecomparticipaçãonosencargosdanegociação.

Comentário: Contratos colectivos passam a poder determinar mobilidade, adaptabilidade de

tempos de trabalho e retribuição.ALeidefinehojeaordemdepreferência,sempreque

existaconcorrênciaentreIRCTnegociais.Estescritériospodemjáhojeserafastadospor

convençõescolectivase,deacordocomasnovasalteraçõesàlei,por“contratocolectivo

queestabeleçaquedeterminadasmatérias,comosejamamobilidadegeográficaefuncio-

nal,aorganizaçãodotempodetrabalhoearetribuição,sejamreguladosporconvenção

colectiva”.

Comissões de trabalhadores podem contratar matérias em empresas com mais de 150 trabalhadores.Aassociaçãosindicalpodedelegarpoderesdecontrataçãoàsco-

missões de trabalhadores sempre que esteja em causa uma empresa com mais de 150

trabalhadores.Atualmente,istosópodeaconteceremempresascommaisde500traba-

lhadores.

A deslocalização da negociação para as empresas, nomeadamente as pequenas, até pelas fragilidades ou inexistência de organização, fragilizará fortemente a capa-cidade de negociação dos trabalhadores.

46

ALTERAÇÕESAOCÓDIGODETRABALHO

OUTROS PONTOS IMPORTANTES A REALÇAR:

2. LEI N.º 3/2012 DE 10 DE JANEIRO

Estabeleceumregimederenovaçãoextraordináriadoscontratosdetrabalhoatermo

certo,bemcomooregimeeomododecálculodacompensaçãoaplicávelaoscontratos

objectodessarenovação.

Artigo 1.ºObjecto

1—Apresenteleiestabeleceumregimederenovaçãoextraordináriadoscontratos

detrabalhoatermocerto,celebradosaoabrigododispostonoCódigodoTrabalho,apro-

vadopelaLein.º7/2009,de12deFevereiro,queatinjamolimitemáximodasuaduração

até30deJunhode2013.

2—Apresenteleiestabeleceaindaoregimeeomododecálculodacompensação

aplicável aos contratos de trabalho objecto de renovação extraordinária nos termos da

presentelei.

Artigo 2.ºRegime de renovação extraordinária

1—Podemserobjectodeduasrenovaçõesextraordináriasoscontratosdetrabalhoa

termocertoque,até30deJunhode2013,atinjamoslimitesmáximosdeduraçãoestabe-

lecidosnon.º1doartigo148.ºdoCódigodoTrabalho.

2—Aduraçãototaldasrenovaçõesreferidasnonúmeroanteriornãopodeexceder

18meses.

3—Aduraçãodecadarenovaçãoextraordinárianãopodeserinferioraumsextoda

duraçãomáximadocontratodetrabalhoatermocertooudasuaduraçãoefectivaconso-

anteaqueforinferior.

4—Semprejuízododispostononúmeroanterior,olimitedevigênciadocontrato

detrabalhoatermocertoobjectoderenovaçãoextraordináriaé31deDezembrode2014.

Artigo 3.ºConversão em contrato de trabalho sem termo

Converte-seemcontratodetrabalhosemtermoocontratodetrabalhoatermocerto

emquesejamexcedidososlimitesresultantesdodispostonoartigoanterior.

47

ASSALTOAUSTERITÁRIOAO(S)DIREITO(S)DOTRABALHO

Artigo 4.º [REVOGADO]Compensação

Artigo 8.º do DecretoNorma revogatória

3 - É revogado o artigo 4.º da Lei n.º 3/2012, de 10 de janeiro.

1—Oscontratosdetrabalhoatermocertoquesejamobjectoderenovaçãoextra-

ordinárianostermosdapresenteleiestãosujeitosaoseguinteregimedecompensação:

a)Emrelaçãoaoperíododevigênciadocontratoatéàprimeirarenovaçãoextraordi-

nária,omontantedacompensaçãoécalculadodeacordocomoregimejurídicoaplicável

aumcontratodetrabalhoatermocertocelebradoàdatadoiníciodevigênciadaquele

contrato;

b)Emrelaçãoaoperíododevigênciadocontratoapartirdaprimeirarenovaçãoex-

traordinária,omontantedacompensaçãoécalculadodeacordocomoregimeaplicávela

umcontratodetrabalhoatermocertocelebradoàdatadaquelarenovaçãoextraordinária;

c)Acompensaçãoaqueotrabalhador temdireito resultadasomadosmontantes

calculadosnostermosdasalíneasanteriores.

2—Constituicontra-ordenaçãograveaviolaçãododispostonesteartigo.

Artigo 5.ºDireito subsidiário

Emtudooquenãoseencontreprevistonapresentelei,éaplicávelsubsidiariamente

odispostonoCódigodoTrabalho.

Artigo 6.ºEntrada em vigor

Apresenteleientraemvigornodiaseguinteaodarespectivapublicação.

48

ALTERAÇÕESAOCÓDIGODETRABALHO

3. SUBSÍDIO DE DESEMPREGO

OcompromissodoEstadoportuguês,noquadrodoMemorandodeEntendimento,

édequeserãorevistos:oprazomáximodeatribuiçãodosubsídiodedesemprego,que será reduzido para 18 meses (commanutençãodosdireitosadquiridos);o valor máxi-mo do subsídio de desemprego, que será reduzido para 2,5 IAS; o valor do subsídio de desemprego, que terá uma redução do 10% passados 6 meses e uma diminuição do período de garantia de 15 para 12 meses nos últimos dois anos; eterãodireitoa

subsídiodedesempregotrabalhadoresindependentes.

Nestecontexto,asPartesSubscritorasentendemquedevemserdesenvolvidasasse-

guintesalteraçõesaoregimejurídicodeproteçãonodesempregodostrabalhadorespor

contadeoutrem,beneficiáriosdoregimegeraldesegurançasocial,demodoaadequá-lo

àrealidadeeconómicaefinanceiradopaís,semesquecerarealidadesocialsubjacentea

estaeventualidade:

a)Manutençãodaduraçãodosubsídiodedesempregoedoseuvalorparaosatuais

desempregados;

b) Redução proporcional dos períodos de concessão do subsídio de desemprego,

para os novos trabalhadores passando o prazo máximo de concessão para 540 dias,salvaguardando-seosdireitosemformaçãodosbeneficiários.Prevê-seaindaapossibilida-

dedeultrapassaroperíodode540dias,emfunçãodaidadedobeneficiárioedonúmero

demesescomregistoderemuneraçõesnoperíodoimediatamenteanterioràdatadode-

semprego,nomeadamenteatravésdeumperíodoadicionalparaascarreirascontributivas

maislongas;

c)Reduçãodosperíodosdeconcessãodosubsídiodedesempregoparaosatuaistra-

balhadoresnoativo,tendopresenteasseguintesregras:

(i) Os trabalhadores que tenham duração do subsídio superior à duração fixada na

alíneab)mantemintegralmenteosdireitosdequehojedispõem;

(ii)Ostrabalhadorescomdireitoaumaduraçãodosubsídiodedesempregoinferiorao

referidonaalíneab)progredirãonaformaaatéaoslimitesfixadosnaalíneab);

d)Reduçãodovalormáximodosubsídiodedesempregopara2,5IAScommanuten-

çãodosvaloresmínimos;deformaasalvaguardarosbeneficiárioscommenoressalários;

e) Posterior redução de 10%novalordosubsídiodedesempregopassados6meses;

f )Majoração temporária de 10% do montante do subsídio de desemprego nas situações em que ambos os membros do casal sejam titulares de subsídio de desem-prego e tenham filhos a cargo,abrangendoestamedidaigualmenteasfamíliasmono-

parentais;

49

ASSALTOAUSTERITÁRIOAO(S)DIREITO(S)DOTRABALHO

g)Redução de 450 para 360 dias do prazo de garantiaparaacessoaosubsídiode

desemprego;comvistaaalargaraproteçãoaosbeneficiáriosmaisjovens.

-Alargaracoberturadedesempregoatrabalhadoresindependentescomdescontos

paraaSegurançaSocial,emsituaçãodedependênciaeconómicade80%oumaispara

umaúnicaempresaecomdescontosparaaSegurançaSocialquerespeitemoperíodode

garantia.

-Ajustamentospontuaisao regime jurídicodeproteçãonodesempregocomvista

amelhoraraeficáciaeeficiênciadaproteção,designadamenteemcasodedoençados

beneficiários,e,bemassim,areforçarascondiçõesdeatribuiçãoemanutençãodaspres-

tações.

-Melhoramentosnoatendimentoaocidadão,comumadiminuiçãodosvalores in-

devidamentepagos,bemcomoaobtençãodeganhosdeeficiência,atravésdesoluções

relacionadascoma

i)fixaçãodadatadepagamentodasprestaçõessociais,

ii)realizaçãodeumúnicoprocessamentoporsubsistemae

iii)processamentodepagamentoreferenteaumdadoperíododedesempregono

mêsimediatamenteseguinte.

OGovernoaprovará,atéaofinaldosegundosemestrede2012,medidasconcretas,

incluindoaoníveldagestãoderecursoshumanosemantendoovolumedeempregodas

empresas,quepermitamreforçaraqualificaçãoeacapacidadetécnicadasempresas,no-

meadamenteatravésdoalargamentonestescasosdoacessoaosubsídiodedesemprego

porpartedostrabalhadoressubstituídosportrabalhadorespermanentes.

OGovernocompromete-sea,noprazode180dias,aapresentarumdocumentopara

discussãorelativaaatribuiçãodesubsídiodedesempregoaosempresáriosemnomeindi-

vidual,membrosdeórgãosestatutáriosdaspessoascoletivaseaosoutrostrabalhadores

independentes.

OselevadosníveisdedesempregoemPortugalsublinhamaimportânciadamoderni-

zaçãodaspolíticaspassivasdeemprego,nomeadamentenosentidodasuaaproximação

emrelaçãoaospadrõesdaUniãoEuropeia.Conjuntamentecomasreformasnalegislação

laboral,omercadodetrabalhoportuguêsdevecaminharnosentidodomodelodaflexise-

gurança,envolvendoproteçãoalargadaaosdesempregadosepolíticasativasdeemprego

maiseficazes.

Comentário: A duração e valor do subsídio de desemprego é reduzido, podendo

atingirmetadedovaloractual.Reduz-setambémparametadeopagamentoportraba-

lhocomplementar.Comopretextodepromoveracriaçãodeemprego,concede-seaos

50

ALTERAÇÕESAOCÓDIGODETRABALHO

patrõesumsubsídio,pagopelaSegurançaSocial,quepodeatingir419€/mês,duranteum

períodode6meses,porcadadesempregadocontratadoinscritoemCentrodeEmprego

hápelomenos6meses.Noterceirotrimestrede2011,existiam456000desempregados

nestasituação.Ospatrõesficamcomapossibilidadede,sóporestavia,“sacar”nolimite

àSegurançaSocialmaisde1146milhõesdeeuros.Têmodireitoaeste“apoiofinanceiro

independentemente do modelo contratual” ou da“criação líquida de emprego” apenas

duranteoperíododeduraçãodocontrato–oqual,evidentemente,poderáserdeseisme-

ses,umavezqueoseucontroloéapenas“duranteaconcessãodoapoiofinanceiro”.Éum

autênticomanáparaospatrões,enãoficaporaqui.Aaplicaçãodomodelodeflexigurança

revela-seemtodaasuaplenitude:conservador,nopiorsentido,commenosprotecção

social,menossegurançanoemprego,comumamaior liberalizaçãonodespedimentoe

umadiminuiçãodesalários.

MEDIDA DE ACUMULAÇÃO DO SUBSÍDIO DE DESEMPREGO

Aatualconjunturaeconómicaeaelevadataxadedesempregoquesetemvindoa

registaremPortugalcriamanecessidadedeintroduzirmedidasquefacilitemoregresso

aomercadodetrabalhodeindivíduosemsituaçãodedesemprego.

Comesteobjetivo,osParceirosSociais,semprejuízodasmedidasexistentes,apoiam

umamedidaqueconjugueaatribuiçãodosubsídiodedesempregocomaaceitaçãode

ofertasdetrabalhoatempocompletoporpartedosbeneficiários,contribuindoparaum

maiscélereregressoaomercadodetrabalho.Pretende-se incentivarummelhorajusta-

mentonomercadodetrabalho,reduzindoonúmerodeofertasnãopreenchidaseque

coexistemcomumelevadoníveldedesemprego.Estamedidairáaindapotenciaraspers-

petivasdeempregabilidadefuturadosbeneficiáriosdesubsídiodedesemprego.

Assim,amedidadeacumulaçãodosubsídiodedesempregoassumiráosseguintes

princípios:

-Oempregadorpagaráobrigatoriamenteossaláriosprevistosnanegociaçãocoletiva

enalei;

-Emdeterminadoscasos,os desempregados que aceitem uma oferta de trabalho cuja remuneração seja inferior à da sua prestação de subsídio de desempregoterão

direitoàsseguintesaprestaçõesqueincentivemaaceitaçãodetrabalho,nomeadamente:

i.50%dosubsídiodedesempregoduranteosprimeirosseismeses,comobservância

dedeterminadoslimites;

ii.25%dosubsídiodedesempregoduranteosseismesesseguintes,comobservância

dedeterminadoslimites;

51

ASSALTOAUSTERITÁRIOAO(S)DIREITO(S)DOTRABALHO

-Aduraçãomáximadamedidadeacumulaçãoéde12meses;

-Otrabalhoprestadoaoabrigodestamedidanãoprejudicaapossibilidadedeobe-

neficiário retomar a perceção de subsídio de desemprego, caso o contrato de trabalho

cesse,sendooperíododetempodetrabalhoprestadocomacumulaçãodescontadono

prazogeraldeconcessãodosubsídiodedesemprego;

- Esta medida não implicará a alteração no conceito de emprego conveniente.

Estamedidadeveseradotadanoiníciode2012,devendoasuaaplicaçãoeresultadosser

objetodeavaliação,arealizaratéaomêsdeAgostode2012eaapresentaremCPCS.

Comentário:Maisumamedidaquepromoveotrabalhoprecárioebarato,comopa-

tronatoaserfinanciadodirectamentepelasegurançasocial.Estapromoveareduçãode

saláriospoisincluiopagamentoaotrabalhador,pelaSegurançaSocial,deumapartedo

subsídiodedesemprego(50%nosprimeirosseismesese25%nosseismesesseguintes),

seesteaceitarumempregocomumsaláriomuito inferioraosubsídiodedesemprego,

chequesdeformaçãoparaasempresas,etc.As“reformasestruturais”,ouo“paraíso”pro-

metidoetãoelogiadoportodaadireita,sópoderátrazermaisrecessãoeconómica,mais

desemprego,maisdesigualdades,emaispobrezaparaostrabalhadores.

4. “ESTÍMULO 2012” APROFUNDA A PRECARIEDADE, OS BAIXOS SALÁRIOS E O DESEMPREGO

AsmedidascontidasnaPortarian.º45/2012,denominada“Estímulo2012”,deveobe-

deceràsseguinteslinhasdeimplementação:

-Concessãodeumapoiofinanceiroàsempresasqueprocedamàcelebraçãodecon-

tratodetrabalhocomdesempregadoinscritoemCentrodeEmpregohápelomenosseis

meses consecutivos, assumindo a obrigação de lhe proporcionar formação profissional

duranteoperíododeduraçãodoapoio;

-Oapoiofinanceirodevecorrespondera50%dosaláriodotrabalhadorcontratadoao

abrigodestamedida,comummáximodeumindexantedeapoiossociais(IAS),pormês,

sendoconcedidopeloperíodomáximodeseismeses;

-O apoio deverá ser concedido independentemente do modelo contratual uti-lizado pela empresa,emboradevasermajoradoemcasodecontratodetrabalhosem

termo,bemcomonoutroscasosemquesejamprosseguidosobjetivosrelevantes,nomea-

damenteemtermosdepolíticadeempregoedepolíticasocial;

52

ALTERAÇÕESAOCÓDIGODETRABALHO

- Perpetua a precariedade, porque incentiva a contratação de trabalhadores a termo;Numpaísondemaisde40%dostrabalhadoresqueseinscrevemnoscentrosde

empregodepoisdanãorenovaçãodosseuscontratosprecáriosdão-semaispassosparaa

generalizaçãodaPrecariedadecomumamedidasegundoaqualnãoéobrigatóriooesta-

belecimentodeumvínculoefectivopoisesteapoiodirectoéconcedidoporseismesesà

empresaeestapodecontratarotrabalhadornoprazomínimodessesseismeses.

·Aprofundaomodelodebaixossaláriosumavezqueserámaisfácilemaisbaratoaos

patrõescontratarumjovemcommenosde25anos,compartedoseuordenadoaserpago

comfinanciamentospúblicos(50%dosalário,tendocomolimiteovalordoIAS,majorado

em10%)eoseusaláriolíquidoanãoultrapassaros620euros;

-Aformaçãoprofissionaldeveserproporcionadaaotrabalhadorduranteoperíodo

normaldetrabalhoerevelar-seadequadaaoaumentodasuaempregabilidade.

Estamedidadá-senumquadroondemaisde140miljovenscommenosde25anos,

seencontramemsituaçãodedesempregoe78%dosjovensdos25aos34anosentram

nasempresascomvínculosprecários,ganhando,emmédia,menos25%doqueosquese

encontramcomvínculosefectivos.

Comentário: Mais uma vez, promove-se a precariedade laboral financiada atra-vés dos dinheiros da formação profissional, ou seja, de dinheiros públicos.

A Coordenadora Nacional de Trabalho do Bloco de Esquerda