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Ação Sindical EDIÇÃO Nº 15 MAIO/JUNHO DE 2013 SINDIFISCO NACIONAL - Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil Informavo da Delegacia Sindical Campinas/Jundiaí DS Campinas/Jundiaí encaminha iniciava por maior transparência no CARF Entre o final do ano passado e início deste ano, o ex-procurador da Fazenda Nacional, Renato Chagas Rangel, ajuizou 59 Ações Populares quesonando decisões do Conselho Administravo de Recursos Fiscais (CARF) que anu- laram Autos-de-infração cujos valores chegam a girar, cada um deles, em torno de bilhões de reais. As Ações Populares quesonam o mérito do Acórdão do CARF e alegam que houve uma omissão por parte da União, uma vez que um grande volume de recursos deixou de ser arrecadado. Na avaliação da DS Campinas/ Jundiaí, a sequência de queda de autuações fiscais contra grandes grupos econômicos representa um risco de descrédito e desesmulo ao trabalho do Auditor-Fiscal, uma vez que tais fiscalizações muitas vezes requerem um tempo consi- derável de trabalho e estudo. (Páginas 4 e 5) Servidor da ANP é afastado após autuar OGX, de Eike Basta A Agência Nacional do Petróleo (ANP) determinou o afastamen- to do servidor Pietro Adamo Mendes após fiscalização que resultou em um auto-de-infração de contra a empresa OGX, do em- presário Eike Basta, por operar no campo de Tubarão, na Bacia de Campos, sem instalar válvula de segurança. A ANP também anulou o auto- de-infração. (Página 3) Presidente da DS Es- pírito Santo fala sobre Código de Éca na RFB Foi aprovado no CDS realizado no mês de março a constuição de um Grupo de Trabalho para estudar a instuição de Código de Éca em substuição à minuta do Código de Conduta na Receita Federal. Para o presidente da DS Espírito Santo e membro do GT, Adriano Corrêa, a proposta tem por objevo evitar que o Código de Conduta proposto pela ad- ministração da Receita Federal converta-se em fato consumado. Veja entrevista nas páginas 6 e 7. Diretor do Sinal e do Fonacate defende revisão do acordo salarial diante de alta da inflação Na avaliação de Sérgio da Luz Belsito, que atualmente é Diretor de assuntos previdenciários do Sinal e membro do Fórum Nacional das Carreiras Típicas de Estado (Fonacate), o acordo firmado em 2012 já representou uma perda salarial de 23%, uma vez que não foi consid- erada a inflação de anos anteriores ao acordo. Além disso, foi feito com base numa projeção de inflação de 5% nos próximos anos, o que não vai se confirmar. (Página 8) A MP dos Portos beneficia os grandes armadores, um oligopólio inter- nacional que controla 70% do comércio marímo mundial, e grandes operadores privados. As consequências da aprovação da MP serão o enfraquecimento e a progressiva inviabilização dos portos públicos e, com isso, danos irreparáveis ao país. (Página 2) MP dos Portos Acesse: www.dscampinasjundiai.org.br www.auditoresfiscais.org.br Foto: Agência Brasil de Fato

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Ação SindicalED

IÇÃO

15M

AIO

/JU

NHO

DE

2013

SINDIFISCO NACIONAL - Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil

Informativo da Delegacia Sindical Campinas/Jundiaí

DS Campinas/Jundiaí encaminha iniciativa por maior transparência no CARF

Entre o final do ano passado e início deste ano, o ex-procurador da Fazenda Nacional, Renato Chagas Rangel, ajuizou 59 Ações Populares questionando decisões do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) que anu-laram Autos-de-infração cujos valores chegam a girar, cada um deles, em torno de bilhões de reais.As Ações Populares questionam

o mérito do Acórdão do CARF e alegam que houve uma omissão

por parte da União, uma vez que um grande volume de recursos deixou de ser arrecadado.Na avaliação da DS Campinas/

Jundiaí, a sequência de queda de autuações fiscais contra grandes grupos econômicos representa um risco de descrédito e desestímulo ao trabalho do Auditor-Fiscal, uma vez que tais fiscalizações muitas vezes requerem um tempo consi-derável de trabalho e estudo.(Páginas 4 e 5)

Servidor da ANP é afastado após autuar OGX, de Eike BatistaA Agência Nacional do Petróleo

(ANP) determinou o afastamen-to do servidor Pietro Adamo Mendes após fiscalização que resultou em um auto-de-infração de contra a empresa OGX, do em-presário Eike Batista, por operar no campo de Tubarão, na Bacia de Campos, sem instalar válvula de segurança. A ANP também anulou o auto-

de-infração.(Página 3)

Presidente da DS Es-pírito Santo fala sobre Código de Ética na RFBFoi aprovado no CDS realizado

no mês de março a constituição de um Grupo de Trabalho para estudar a instituição de Código de Ética em substituição à minuta do Código de Conduta na Receita Federal. Para o presidente da DS Espírito Santo e membro do GT, Adriano Corrêa, a proposta tem por objetivo evitar que o Código de Conduta proposto pela ad-ministração da Receita Federal converta-se em fato consumado. Veja entrevista nas páginas 6 e 7.

Diretor do Sinal e do Fonacate defende revisão do acordo salarial diante de alta da inflação

Na avaliação de Sérgio da Luz Belsito, que atualmente é Diretor de assuntos previdenciários do Sinal e membro do Fórum Nacional das Carreiras Típicas de Estado (Fonacate), o acordo firmado em 2012 já representou uma perda salarial de 23%, uma vez que não foi consid-erada a inflação de anos anteriores ao acordo. Além disso, foi feito com base numa projeção de inflação de 5% nos próximos anos, o que não vai se confirmar.(Página 8)

A MP dos Portos beneficia os grandes armadores, um oligopólio inter-nacional que controla 70% do comércio marítimo mundial, e grandes operadores privados. As consequências da aprovação da MP serão o enfraquecimento e a progressiva inviabilização dos portos públicos e, com isso, danos irreparáveis ao país. (Página 2)

MP dos Portos

Acesse:www.dscampinasjundiai.org.br

www.auditoresfiscais.org.br

Foto: Agência Brasil de Fato

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EXPEDIENTE: AÇÃO SINDICAL é um informativo da Delegacia Sindical Campinas/Jundiaí do Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil - Sindifisco NacionalDiretoria 2012-2013:José Carlos Rossetto - PresidentePaulo Roberto Kiyoto Matsushita - Vice PresidentePaulo Gil Hölck Introíni- Secretário GeralEdison Luiz Bacci- Diretor SecretárioAngela Maria Rosa - Diretora de FinançasMárcio L. Paollielo Pereira - Diretor Adjunto de FinançasAtaor José Almeida - Diretor de Assuntos Jurídicos e de Defesa ProfissionalMário Issene Angelo - Diretor de ComunicaçõesBruno da Rocha Osório - Diretor de Estudos TécnicosRonald Fernando de Carvalho Botelho - Diretor de Assuntos de Aposentadorias e PensõesPaulo Chinellato Carvalho - Diretor de Defesa da Justiça Fiscal e da Seguridade SocialJudith Donato Ferreira de Assis e Paulo Alvim Passos- Diretores SuplentesConselho Fiscal: Presidente - Célia Regina dos Santos Prieto. Membros titulares: Alexander Jum Takahashi e Luis Correa dos Santos. Membros suplentes - Antônio César Bueno Ferreira, Cleide Moreira Ávila e Hamilton Fioravante.

Edição e Diagramação: Reginaldo Cruz - MTb 46552/SP

Ação Sindical2Editorial MP dos Portos

Depois de quase 23 horas de sessão, foi aprovada, no dia 16/5, a MP 595/2012 (MP dos Portos) na Câmara dos Deputados. A pro-posta foi aprovada no Senado em menos de 24 horas, sem um de-bate compatível com a complexi-dade do assunto e de maneira constrangedora para a autono-mia dessa Casa legislativa.A MP dos Portos beneficia os

grandes armadores, um oli-gopólio internacional que con-trola 70% do comércio marítimo mundial, e grandes operadores privados. As consequências serão o enfraquecimento e a pro-gressiva inviabilização dos portos públicos e, com isso, danos ir-reparáveis o país.No período de 2002 a 2011, o

comércio exterior praticamente quintuplicou em valores transa-cionados, passando de US$100 bilhões para US480 bilhões, sem que se comprovasse o alarmismo divulgado pelos grandes veículos de comunicação nos últimos me-ses.O modelo Landlord Port, fixado

pela Lei n° 8.630/1993, vigente até a edição da MP n° 595/2012, é adotado em todas as grandes economias do mundo; assim, o marco regulatório proposto pela MP diverge desse modelo prati-camente universal e secular de portos públicos – sob o plane-jamento estratégico do Estado e operado em regime de con-cessão.Em todos os grandes países,

portanto, os portos públicos e a capacidade de gerenciamento do comércio exterior pelo Estado, são entendidos como essenci-ais à soberania nacional. Impor-tante: 95% do comércio exterior brasileiro realiza-se por intermé-dio de operações portuárias (do Portal www.auditoresfiscais.org.br)

Finalmente, no início de junho, o governo efetua o pagamento, re-troativo a janeiro, da primeira parcela do reajuste salarial negociado no ano passado (15,8% até 2015, pagos em parcelas anuais de 5%). Em entrevista à DS, publicada na página 8 deste boletim, o ex-presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Banco Central (Sinal) Sérgio da Luz Bel-sito, relembra que o acordo firmado com o Governo já está defasado, uma vez que a inflação para 2013 deverá ficar acima do índice utilizado para negociar o reajuste. Belsito lembra ainda que o acordo já represen-tou perda de 23%, considerando-se a inflação de anos anteriores. Enquanto a DEN busca negociar junto ao Governo a volta de parcelas

que podem colocar em xeque o subsídio, uma vitória da categoria em 2008, nossas perdas vão aumentando. Ressalte-se que outros pontos do acordo, como a revisão da tabela remuneratória, só terão efeitos a partir de 2016, informação essa que foi omitida à categoria por parte da DEN.Outro tema que abordamos neste boletim é a série de ações populares

ajuizadas por um ex-Procurador da República contra decisões do CARF que anulou autuações contra grandes grupos econômicos; trata-se de um grande volume de recusos que deixa de ser arrecadado aos cofres públicos. Em matéria nas páginas 4 e 5, trazemos uma reportagem so-bre essas ações populares e quais os encaminhamentos da DS Campi-nas/Jundiaí sobre o tema.A proposta de criação do Código de Conduta do Auditor-Fiscal da Re-

ceita Federal é alvo de questionamento em entrevista com o Presidente da DS Espírito Santo, Adriano Corrêa, nas páginas 6 e 7. Ele propôs ao CDS que seja debatida a criação do Código de Ética na RFB.Também destacamos nesta edição o caso do afastamento de um servi-

dor da ANP por fiscalização em empresa de Eike Batista. São temas que nos afetam diretamente, seja como servidores públi-

cos, seja como cidadãos, e que merecem reflexão e envolvimento.

Boa Leitura.

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Ação Sindical 3

A Agência Nacional do Petróleo (ANP) determinou o afastamento do servidor Pietro Adamo Mendes após a ação de fiscalização que resultou em um auto-de-infração de contra a empresa OGX, do em-presário Eike Batista, por operar no campo de Tubarão, na Bacia de Campos, sem instalar uma válvula conhecida como DHSV, que serve para aumentar a segurança du-rante a fase de produção e evitar vazamentos em caso de acidentes. No dia 15 de março passado, a

ANP anulou o auto-de-infração e, no dia 27 de março, afastou o servidor de suas funções alegando que ele não tinha competência e não estava designado para efetuar a fiscalização. A Agência afirmou em nota que a fiscalização na OGX continua e que não há favoreci-mento à empresa de Eike Batista. Em resposta as alegações da em-

presa, Pietro Mendes divulgou nota em que afirma que possui competência técnica, pois é Espe-cialista em Regulação de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, cuja competência está definida na Lei nº 10.871/2004, e que foi de-signado para lavrar auto-de-infra-ção e instaurar o correspondente procedimento administrativo pela Portaria ANP nº 286/2011, com a alteração de 24 de dezembro de 2012, no âmbito da Segurança Operacional e Meio Ambiente. Pietro Mendes é doutor em pro-

cessos químicos e bioquímicos pela UFRJ e pós graduado em petróleo e gás pela Coppe/UFRJ. Entre as atribuições de Mendes,

previstas em lei, está a de instaurar autos-de-infração. Ele disse que, desde 2006, quando ingressou na ANP, foi a primeira vez que teve um auto anulado. O Regimento interno da ANP diz que só a dire-toria colegiada pode derrubar um auto-de-infração. “Vale esclarecer

que lavrar o auto-de-infração não significa multar a empresa. Quem aplica a multa, respeitado o con-traditório e a ampla defesa, é o Superintendente de Segurança Operacional e Meio Ambiente, ou outro servidor por ele designado”, diz Pietro Adamo.Além de afastar o agente res-

ponsável pelo auto de infração contra a OGX, outro servidor, Kerick Robery, foi transferido de setor depois de manifestar apoio a Pietro Mendes durante reunião com o Superintendente da área

Servidor da ANP é afastado após autuar OGX, de Eike Batista

Solidariedade: no dia 9 de maio foi realizado um ato em frente à sede da ANP no Rio de Janeiro, reunindo servidores de todas as agências de regulação.

de operação e meio ambiente da agência, Raphael Neves Moura. Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, Robery disse que foi cons-trangido pela Diretora-geral da ANP, Magda Chambriard, após de-fender o colega em uma reunião convocada pelo superintendente Raphael Moura.”Eu vi que ele [Pi-etro] estava sendo pressionado e não apenas eu, toda a nossa área considerou que a autuação de Pi-etro estava correta”, disse Robery.(com informações do Sinagências - Leia entrevista em www. dscampinasjundiai.org.br)

Criadas no governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) com objetivo de fiscalizar os serviços públicos privatizados, as agências de regulação, ao longo dos anos, em diversas ocasiões, têm se colocado mais como defensora das empresas que deveriam fiscalizar do que fiscal do interesse público. O recente fato envolvendo o afastamento do servidor da ANP, pelo simples fato de fiscalizar e impor um auto-de- infração a um empresário com forte influência no Governo, reforça o sentimento de desconfiança com relação às Agências Reguladoras.Na opinião do vice-presidente da DS Campinas/Jundiaí, Paulo Matsu-

shita, este episódio mostra os perigos de se retirarem as atribuições do agente público, transferirindo-as para os cargos de direção do órgão público. “É um fato preocupante, pois foi uma ação arbitrária da alta direção da ANP e que merece investigação. Este fato ilustra o perigo da politização dos órgãos públicos e da transferência de competências e atribuições dos servidores para os detentores dos cargos de confi-ança. É um debate a que os Auditores-Fiscais devem ficar atentos”, alerta Matsushita.

DS Campinas/Jundiaí manifesta preocupação com ingerência e perda de autonomia do agente público

Foto: Sinagências

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Ação Sindical4

Diretores da DS Campinas/Jundiaí discutem procedimentos do CARF

Entre o final do ano passado e iní-cio deste ano, o ex-procurador da Fazenda Nacional Renato Chagas Rangel ajuizou 59 Ações Populares questionando decisões do Conse-lho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) que anularam au-tos-de-infração cujos valores che-gam a girar, cada um deles, em torno de bilhões de reais.As Ações Populares questionam

o mérito do Acórdão do CARF e alegam que houve uma omissão por parte da União, uma vez que um grande volume de recursos deixou de ser arrecadado.Em função dessas ações, os

Conselheiros do Carf chegaram a paralisar os julgamentos no mês de fevereiro, devido à insegurança gerada pelo fato de eles serem ar-rolados como partes nas ações.No entanto, no final do mês de

abril, o autor das ações pediu a exclusão dos Conselheiros do pólo passivo de cinco das ações, todas em trâmite na 15ª Vara Federal do Distrito Federal, conforme in-formou o site “Consultor Jurídico (Conjur).”De acordo com o Conjur o pedido

de exclusão foi feito em emenda à petição inicial. O juiz titular da vara, Marcelo Antonio Cesca, ha-via determinado ao autor das ações que emendasse o pedido

com endereço e CPF dos conse-lheiros que arrolou no polo pas-sivo. Caso não o fizesse, as ações seriam indeferidas. Como não conseguiu as informações, Rangel pediu a exclusão dos conselheiros, para manter as ações voltadas apenas para o órgão CARF, e não seus componentes.A maioria das ações (24 até o mo-

mento) está sendo rejeitada pre-liminarmente pelo Judiciário sob a alegação de que uma ação popu-lar não pode questionar o mérito de decisões tributárias admi-nistrativas. A Justiça Federal tem entendido que, por ser um órgão da Fazenda Nacional, o CARF, em última análise, é a União. E se a União entendeu que não existe o crédito tributário, não cabe levar a discussão ao Judiciário. Menos a-inda no caso de ação popular, que só é devida quando há denúncia de alguma ilicitude, como suborno ou improbidade administrativa.Foram apresentadas apelações

às 24 ações que foram indeferi-das pela Justiça Federal do Distrito Federal — três delas foram apre-sentadas pelo Ministério Público Federal. As ações questionam decisões do CARF que considera-ram indevidas algumas cobranças tributárias.O ex-procurador Renato Rangel

foi quem apelou das outras 21 ações derrubadas pela primeira instância. Ele argumenta que suas ações devem ter o mérito anali-sado, pois o objeto atacado, os acórdãos do CARF, estão “eiva-dos de ilegalidade” e por isso não seria necessário apontar algum ato criminoso na origem. A ile-galidade, segundo Rangel, é que o CARF afastou a cobrança de tribu-tos previstos em lei, o que é prer-rogativa do Judiciário.

Renato Rangel cita um Recurso Especial julgado pelo Superior Tri-bunal de Justiça em 2007. Na oca-sião, o STJ, sob relatoria do minis-tro Luiz Fux, entendeu que não é necessário apontar ilegalidades na formação do ato administra-tivo questionado para ajuizar ação popular.“No presente caso, a alteração

no mundo jurídico (objeto do ato julgado) imposta pelo acórdão administrativo ora guerreado é a exoneração do crédito tributário corretamente lançado pelo fisco em desfavor da empresa-ré, o que conduz à ilegalidade de seu objeto. Além disso, a guerreada alforria fiscal caracteriza lesão ao patrimônio público atacável pela via de ação popular”, argumenta o ex-procurador.Nas apelações apresentadas pelo

MPF ao Tribunal Regional da 1ª Região, a argumentação é de que o mérito das decisões do CARF pode ser questionado. “Por mais que se reconheça ao CARF a competência para dar a devida interpretação a matéria tributária, é impossível atribuir efeito de coisa julgada às suas decisões definitivas adminis-trativas quando favoráveis ao con-tribuinte, sob pena de menosca-bar o princípio da inafastabilidade

‘Ações Populares questionam o mérito

do Acórdão do CARF e alegam que houve uma

omissão por parte da União, uma vez que um grande volume de recur-sos deixou de ser arreca-

dado.

“A maioria das ações (24 até o momento) está

rejeitada preliminar-mente pelo judiciário

com a alegação de que uma ação popular não

pode questionar o méri-to de decisões tribu-

tárias administrativas”

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Ação Sindical 5

“Nas apelações apre-sentadas pelo MPF ao

Tribunal Regional da 1ª Região, a argumentação

é de que o mérito das decisões do CARF pode

ser questionado”

Na avaliação da DS Campinas/Jundiaí, a seqüência de queda de autuações fiscais contra grandes grupos econômicos representa um risco de descrédito e de-sestímulo ao trabalho do Auditor-Fiscal, uma vez que tais fiscaliza-ções muitas vezes requerem um tempo considerável de trabalho e estudo.Outro ponto questionado é o

critério utilizado pelo CARF. “Se

Sequência de autos-de-infração anulados pode gerar desestímulo à fiscalização

No dia 5 de abril, diretores da DS reuniram-se com o deputado-federal Ivan Valente (PSOL-SP) para discutir o tema. A DS Campinas/Jundiaí e o mandato de Ivan Valente estão trabalhando em conjunto para trazer este tema para o debate na sociedade e discutir a legislação aplicável, com o objetivo de aperfeiçoar e dar maior transparência ao funciona-mento do CARF.

de tutela jurisdicional”, diz uma das apelações.O MPF recorreu na qualidade de

“fiscal da lei” — o que está previs-to na Lei das Ações Populares. Para o procurador da República Paulo José Rocha Júnior, que assina a apelação, as decisões do CARF, in-dependentemente de serem a fa-vor ou contra o contribuinte, são atos administrativos. E, como tais, são passíveis de questionamento judicial. O MPF também defende a via escolhida por Renato Rangel para fazer seu questionamento: a Ação Popular.O órgão argumenta que a inten-

ção de Rangel foi defender o pa-trimônio público e o “bolso do contribuinte”. E, “se a Ação Popu-lar é o meio constitucional à dis-posição de qualquer cidadão para obter a inviabilização de atos ou contratos administrativos — ou a estes equiparados — ilegais e lesivos ao patrimônio federal, es-tadual e municipal, ou de suas au-tarquias, entidades paraestatais e pessoas jurídicas subvencionadas com dinheiros públicos, não há razão para excluir do seu âmbito, a priori, a revisão de decisões ad-ministrativas tributárias com po-tencialidade de causar danos ao erário”.(com informações do portal Con-

sultor Jurídico)

DS encaminha iniciativa por maior transparência no Carf

forem critérios objetivos, é ne-cessário apontar a falha do auto- de-infração. Caso contrário, se o critério for subjetivo, cria-se uma insegurança no Auditor-Fiscal, que pode ter todo seu trabalho anulado. Além disso, surge uma classe especial de contribuintes, imunes à fiscalização”, observa o Presidente da DS Campinas/Jun-diaí, José Carlos Rossetto.

Está disponível desde o dia 1º de maio, o Portal dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil (www.auditoresfiscais.org.br). Esse pro-jeto é resultado de uma parceria de 17 Delegacias Sindicais (DS) do Sindifisco Nacional e tem como objetivo criar um novo espaço de co-municação para e debate dentro da categoria.No editorial de lançamento, as Delegacias Sindicais destacam que o

Portal dos Auditores-Fiscais é um espaço de todos que visa integrar todos os setores da categoria, ativos, aposentados e pensionistas de todas as regiões do Brasil.

Delegacias Sindicais lançam o Portal dos Auditores-fiscais

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Ação Sindical6

Presidente da DS Espírito Santo fala sobre Código de Ética na RFBEntrevista

No CDS realizado no mês de mar-ço, a DS Espírito Santo, com apoio das DS Varginha e Ceará propôs a instituição de Código de Ética em substituição à minuta do Código de Conduta na Receita Federal. Foi aprovada a constituição de Grupo Trabalho (GT) formado pe-los Auditores-Fiscais João Eudes (DEN), Dagoberto Lemos (DEN), Adriano Corrêa (DS/ES), Marcelo Soriano (DS/Curitiba) e Alfredo Madeira Rosa (DS/São Paulo). Para o presidente da DS Espírito Santo e membro do GT, Adriano Corrêa, a proposta tem por objetivo evitar que o Código de Conduta propos-to pela administração da Receita Federal se converta em fato con-sumado. Veja trechos da entrevista conce-

dida à DS Campinas/Jundiaí.

DS C-J: Por que a necessidade de instituir um Código de Ética na Receita Federal?

Adriano Corrêa: Essa discussão só foi pautada após iniciativa da Ad-ministração de pretender implan-tar, ainda neste ano, um Código de Conduta na RFB. Então, para evitar o fato consumado, a DS/ES levou uma proposta alternativa, que viria a ser aprovada, centrada em dois eixos: o de rejeitar a adoção de qualquer Código de Conduta, cuja ênfase é o reforço no controle do comportamento individual dos servidores da Casa e abrir ampla discussão sobre o tema.O fato é que trabalhamos em

um Órgão dos mais estratégicos do setor público. Em 2012, a ar-recadação de tributos federais superou a marca do trilhão. Não é pouca coisa. É um Órgão que cons-tantemente incomoda interesses do poder econômico e, volta e

meia, alguns de seus agentes se deparam com situações de confli-to de interesses. E estas situações, de algum modo, devem ser regu-ladas .

DS C-J: Quais seriam as premis-sas desse Código de Ética?

Adriano Corrêa: Grande parte dos dilemas éticos surge na zona cinzenta que separa o interesse público do interesse privado. Na Receita Federal é alto o potencial de conflito de interesses e são inúmeros os casos concretos em que tais questões vêm à tona. O ponto de partida deve ser a tenta-tiva de prevenir condutas incom-patíveis com o padrão ético alme-jado pela sociedade. Na definição do próprio Decreto de 1994, “O servidor público não poderá ja-mais desprezar o elemento ético de sua conduta. Assim, não terá que decidir somente entre o le-gal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas principalmente entre o honesto e o desonesto”.

DS C-J: Por que ele antecede ou

substitui o Código de Conduta?

Adriano Corrêa: A essência de um Código de Ética é seu caráter orientador. O Código de Ética deve ostentar rol de princípios gerais, republicanos, e de valores, tais como, defesa do interesse público e do bem comum. Já a ênfase do Código de Conduta é voltada para o controle do comportamento in-dividual dos agentes públicos. Não se podem estabelecer proibições, deveres de conduta e vedações, sem antes fixar as balizas principi-ológicas e de valores que deverão nortear as condutas éticas dese-jadas.DS C-J: Quando começaram os

trabalhos do GT? Qual a perspec-tiva para a criação do Código de Ética para os Auditores-Fiscais da RFB?

Adriano Corrêa: O GT se reuniu duas vezes. Na primeira reunião, reafirmamos o entendimento do CDS de que o Código de Conduta proposto não é instrumento a-dequado para difundir princípios éticos aos Auditores-Fiscais. Definimos calendário próprio,

Adriano Correa: Presidente da DS Espírito Santo e membro do GT

sobre Código de Ética

“O Código de Ética deve ostentar rol de princípios gerais, republicanos, e de valores, tais como, defesa

do interesse público...”

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Ação Sindical 7

Entrevistasem se restringir ao cronograma estabelecido pela Administração que inviabiliza qualquer discussão profunda, dado o exíguo tempo ofertado para recebimento de críticas e sugestões ao texto da minuta. E deliberamos pela rea-lização de um grande evento, em nível nacional, para discutir sobre a necessidade ou não de um Có-digo de Ética próprio. No segundo encontro, mesmo com a pre-missa central definida na primeira reunião de não aceitar Código de Conduta, resolvemos, paralela-mente, intervir na discussão que se encontra em pleno andamento na Receita Federal. Para tanto, fizemos análise minuciosa do texto proposto com destaques supressi-vos e substitutivos dos pontos que consideramos inaceitáveis.

DS C-J: Como você avalia a minu-ta do Código de Conduta apresen-tado pela Administração?

Adriano Corrêa: Todos os termos da minuta estão sendo cuidadosa-mente estudados. O GT já regis-trou diversos dispositivos que ex-trapolam o ordenamento vigente. Há diversos dispositivos em clara ofensa a preceitos constitucionais fundamentais. Não vamos tolerar inconstitucionalidades. Além dis-so, a minuta presta-se a ser mais um instrumento que ostenta ele-mentos que recrudescem a políti-ca de gerencialismo, cujos eixos

são a importação de conceitos da iniciativa privada para Administra-ção pública e a valorização dos de-tentores de cargos de chefia, em detrimento das atribuições legais do cargo efetivo. O gerencialismo vem se consolidando dentro da RFB desde meados da década de 1990, num processo lento, mas firme e contínuo. A bem da ver-dade, é preciso registrar que na gestão Lina Vieira houve alguma tentativa de estancamento dessa política, mas não havia correlação de forças suficiente para sepultar de vez o gerencialismo, cujos de-letérios efeitos são visivelmente percebidos num conjunto de atos administrativos que já há bastante tempo agridem as atribuições le-gais do cargo. Daí a convicção de que essa discussão deve ser inter-rompida para reiniciarmos a partir de outro patamar e com vistas a outro objetivo. As conclusões do GT deverão ser apresentadas no próximo CDS.

DS C-J: No dia 19/4 a RFB conclu-iu oficina de trabalho em Brasília, com a consolidação nacional das propostas recebidas. O secretário da RFB, presente ao evento, de-stacou que a elaboração do Códi-go de Conduta é aspiração antiga e prioridade da gestão. Concluída esta fase, qual a sua avaliação do processo de discussão?

Adriano Corrêa: Antes de mais nada, é preciso chamar atenção para velocidade que a Adminis-tração e, em especial, a Comissão de Ética Pública Seccional - CEPS da RFB, impuseram à discussão. O prazo para críticas e sugestões da base foi inferior a um mês. Em muitas unidades foi reservado um único dia para a discussão. Em ou-tras, nem isso, apenas meio expe-diente. O resultado imediato, cer-

tamente, foi uma discussão que não ultrapassou a superfície num tema de alta complexidade. Ainda em relação aos prazos, emerge uma evidente contradição. O Có-digo de Ética do Poder Executivo data de 1994 e a CEPS da RFB só veio ser constituída em 2011. Foram longos dezessete anos. E só agora em 2013 a discussão é levada a efeito. Então, para que tanta pressa? No que se refere à participação das entidades sindi-cais, é de se lamentar, pois foi praticamente suprimida. Só não foi de vez, a partir da forte rea-ção da categoria no CDS, com a rejeição do processo, quando a Administração da RFB se reuniu com o Sindifisco. Outro aspecto negativo é que a metodologia e a lógica da discussão resgatam mui-to do antigo Propessoas que, em essência, seria a consolidação do projeto gerencial na RFB. De tão ruim, o Propessoas foi rejeitado, na época, não só pela represen-tação dos Auditores-fiscais, mas também pelo sindicato dos Ana-listas-tributários, e acabou por ser revogado. A própria declaração do Secretário de que é uma aspira-ção antiga fortalece a percepção de que, ainda que por outras vias, há uma tentativa de ressuscitar o Propessoas. A categoria precisa fi-car em alerta.

“O gerencialismo vem se consolidando dentro da RFB desde meados da década de 1990, num processo lento,

mas firme e contínuo”

“Outro aspecto negativo é que a metodologia e a lógica da discussão res-gatam muito do antigo

Propessoas que, em essên-cia, seria a consolidação do projeto gerencial na

RFB...”

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DELEGACIA SINDICAL CAMPINAS/ JUNDIAÍ DO SINDICATO NACIONAL DOS AUDITORES - FISCAIS DA RECEITA FEDERAL DO BRASILSINDIFISCO NACIONALAV. JESUINO MARCONDES MACHADO, Nº 969 - CHÁCARA DA BARRA CEP 13092-001 - Fone (19) 3294-3662CAMPINAS /SPwww.dscampinasjundiai.org.br / http://dscampinas.blogspot.comdelegaciasindical@sindifisconacionalcampinas.org.br

IMPRESSO

Ação Sindical8

Pode ser aberto pela ECT

Sugestão de leitura

A DS Campinas/Jundiaí ad-quiriu dois exemplares do livro “Nossa História – O Sindica-lismo dos Auditores-Fiscais da Previdência Social do Chuí ao Oiapoque”, de autoria do Audi-tor-Fiscal aposentado Luiz Car-los Corrêa Braga.O Livro retrata 20 anos de luta

sindical dos servidores públi-cos, em especial fiscais previ-denciários, desde a promulga-ção da Constituição de 1988 até 2009, quando houve a uni-ficação com o Unafisco Sindical que originou o atual Sindifisco Nacional.O autor é um dos fundadores

e foi o primeiro presidente do Sindifisp – RS e da Fenafisp (Federação Nacional dos Fis-cais da Previdência Social).Os exemplares do livro es-

tão disponíveis para leitura na sede da DS em Campinas e na subsede em Jundiaí.

Diretor do Sinal e do Fonacate defende renegociação do acordo salarial diante de alta da inflação

O ex-presidente do Sindicato Na-cional dos Servidores do Banco Central (Sinal) Sérgio da Luz Bel-sito defende que seja revisto o acordo salarial firmado com Go-verno no ano passado, de 15,8%, a ser pago em três parcelas de 5% até 2015. O dirigente do Sinal pu-blicou no início do mês de maio um artigo sobre o tema (leia em http://dscampinas.blogspot.com.br/2013/05/artigo-inflacao-poe-em-xeque-acordo.html)Na avaliação de Belsito, que atu-

almente é diretor de assuntos pre-videnciários do Sinal e membro do Fórum Nacional das Carreiras Típicas de Estado (Fonacate), o acordo firmado em 2012 já repre-sentou uma perda salarial de 23%, uma vez que não foi considerada a inflação de anos anteriores ao acordo. Além disso, foi feito com base numa projeção de inflação de 5% nos próximos anos, o que não vai se confirmar, pelo menos nas projeções para 2013. “Vamos ter uma inflação em torno de 7% em 2013 e isso vai representar perdas ainda maiores”, constata Belsito. “Devemos reivindicar do Governo que, no mínimo, ante-cipe para 2014 o reajuste de 5% previsto para 2015 e que poste-riormente possamos discutir um novo índice com base na inflação do período”, acrescenta.O diretor do Sinal afirmou que

este assunto está sendo pautado no Fonacate e a proposta deve ser lavada à pauta de reivindicação das entidades sindicais, em que

pese o fato de o Governo ter afir-mado que não vai discutir reajuste salarial enquanto vigorar o acordo.

“... o acordo firmado em 2012 já representou uma perda salarial de 23%, uma vez que não foi considerada a inflação de anos anteriores ao acordo”.

Regulamentação da Conven-ção 151 da OIT pode evitar

perdas salariaisA regulamentação da Convenção

151 da OIT (Organização Interna-cional do Trabalho), que, entre outros objetivos, estabelece o princípio da negociação coletiva entre trabalhadores públicos e os governos (federal, estadual e mu-nicipal) pode evitar o acúmulo de perdas salariais aos servidores pú-blicos. “Além de garantir o direito a convenção coletiva, é necessário estabelecer a revisão anual dos sa-lários, pois a cada governo vamos acumulando perdas e quando rei-vindicamos a reposição dessas, há um grande índice percentual que passa para a sociedade a sensa-ção de que estamos reivindicando aumentos abusivos”, observa Bel-sito. A regulamentação da Conven-

ção 151 está tramitando no Con-gresso Nacional e as entidades estão pressionando para que seja aprovada o mais breve possível.