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INSTRUMENTOS
Jorge Pescara é artista-solo exclusivo da Jazz
Station Records e contrabaixista com Ithamara
Koorax. É autor do livro Dicionário Brasileiro de
Contrabaixo Elétrico.
CONTRABAIXOCONTRABAIXO
VNesta edição,apresento para vocêsa terceira e últimaparte desta análisecontendo osprincipais efeitos quepodem ser usados nocontrabaixo
OLUME PEDAL
Não há muito que dizer aqui,
pois estes pedais controlam o vo-
lume geral do instrumento, atuando da
mesma maneira que os botões de volu-
me de qualquer aparelho. Na maioria
dos pedais, pode-se ajustar um nível
mínimo de volume, assegurando-se de
qualquer eventualidade. A esta altura já
devem estar se perguntando: “então
para que usaria um pedal destes?”. Ora,
meus caros leitores, vocês podem usá-lo
para facilitar a redução de volume gra-
dual entre uma nota e outra, cortar o
volume total do instrumento no final
de cada música ou mesmo cortar o sinal
para o uso do afinador eletrônico, sem
ser notado pela audiência. Além disso,
pode-se usar como um efeito de fade
out somado à distorção (o que em notas
bem graves produz uma sonoridade si-
milar ao arco do baixo acústico), ou
ainda, para aplicar fade out (decai-
mento gradual) no sinal original, dei-
xando como sobra alguns delays. Há
muito que se pode fazer com estes re-
cursos sonoros!
Ao se utilizar um pedal de volume
após outros dispositivos de efeito, ou
mesmo no loop send/return do ampli-
ficador, será apropriado usar um pedal
de impedância média (uns 50K WΩ.
Por outro lado, se precisar usar um pe-
dal diretamente, logo após o instru-
mento, será útil optar por um pedal
com alta impedância (no mínimo
500KΩ). Um nome que certamente
marca no uso de pedais de volume é
Tony Levin (Peter Gabriel, King Crim-
son, Yes, Pink Floyd, Dire Straits), tam-
bém um rei no uso dos compressores
ligados com os controles no máximo.
TREMOLO
Este efeito modula o sinal do ins-
trumento, alternando rapidamente o
controle entre subir e descer o nível.
Na época da surf music foi muito usa-
do em conjunto com o reverb. Dife-
rentes processadores e pedais têm di-
ferentes formas de onda para modular
o nível de volume. Os efeitos origi-
nais usavam onda de sino que produz
um efeito suave. Outros oferecem es-
colhas, tais como a onda de serra (le-
vemente menos pulsante), onda qua-
drada (que alterna a sonoridade mui-
to rapidamente), além de outras inte-
ressantes variações.
Alguns controles são:
Speed: controla a velocidade com
que o nível de volume se alterna.
Depth: controla a profundidade
de atuação do efeito.
Dois grandes baixistas que fazem
bom uso dos tremolos são: Chris
Squire (Yes, Conspiracy, The Syn,
solo) e Fieldy (Korn).
EFEITOSpara
- Parte 3 (final) -
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INSTRUMENTOS
PANNING
O panning é simplesmente a jun-
ção de dois efeitos de tremolo, separa-
dos entre os canais esquerdo e direito
do espectro de áudio. Eles são ajusta-
dos para elevar o volume de sinal em
um canal enquanto reduzem o outro,
e vice-versa. Quando conectados a
um sistema de sonorização estéreo, o
som “move-se” entre um lado e ou-
tro. Importante notar que em um am-
plificador mono (como a maioria dos
amps de contrabaixo, mesmo aqueles
com duas caixas acopladas, o que não
significa estéreo por excelência), este
efeito perde muito em atuação, pois
fica restrito à alternância em somen-
te um lado do áudio.
Controles freqüentemente en-
contrados são:
Speed: controla a velocidade em
que o sinal se move entre os canais.
Depth: controla a quantidade de si-
nal que se movimenta entre os canais.
SPEAKER SIMULATORS
Um típico e comum gabinete ou
caixa acústica de instrumento (seja
de contrabaixo, guitarra, violão, te-
clados, stick, megatarbass, vertical
bass, etc) não é projetado para repro-
duzir fielmente a sonoridade apresen-
tada pelo amplificador. Diferente dos
sistemas stereo hi-fi, quadraphonic,
5.1, surround, P.A. e até mesmo das
caixas acústicas especiais de instru-
mento que são fabricadas sob enco-
menda e se esforçam por uma sonori-
dade imparcial e sem coloridos artifi-
ciais, as caixas acústicas normais de
instrumentos formam um importante
elo no processo criativo (principal-
mente nos casos específicos de guitar-
ra e baixo elétrico), mas possuem tim-
bres próprios e alteram o timbre origi-
nal, tanto que, trocando as caixas
acústicas (marcas e/ou modelos), mes-
mo sem mexer nos controles de tona-
lidade e volume, seu instrumento soa-
rá diametralmente diferente.
Os speaker simulators funcionam
como um link entre a sonoridade real
do instrumento, o timbre obtido no
amplificador de palco e o sistema de
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INSTRUMENTOS
P.A. As opções encontradas nestes
aparelhos vão desde a escolha do tipo
de caixa, tipo de alto-falante, se a cai-
xa é fechada ou aberta na parte trasei-
ra (closed ou open), tipo e posicio-
namento dos microfones e o mix en-
tre o sinal direto e o simulado.
DELAY
Delay é um efeito que repete (eco) o
que foi tocado, uma ou mais vezes,
após e durante um período de tempo.
Similar ao eco ouvido quando se grita
em um vale profundo entre altas mon-
tanhas. Os delays originais como o
lendário Copy Cat (Watkins) eram, na
realidade, gravadores de fita magnéti-
ca em loop, que gravavam e reproduzi-
am o que era tocado. O som ou nota
executados pelo loop eram então apa-
gados para que nova passagem musical
fosse gravada e posteriormente execu-
tada. Variando a mixagem das diferen-
tes cabeças de leitura e a velocidade do
tapedeck, poder-se-ia obter uma vari-
edade enorme de efeitos de delay. Ob-
tinham-se, inclusive, diversos ritmos
nos delays. Porém, além de muito ruí-
do, estas máquinas tinham outros
problemas como desalinhamento das
cabeças de gravação e leitura, quebra
de peças mecânicas e outros proble-
mas técnicos. Modernos delays da era
digital salvam e guardam os efeitos
em memórias que podem ser recupe-
rados posteriormente.
Os controles mais comumente en-
contrados nas unidades de delay são:
Delay time: controla e ajusta o
tempo em que o efeito de eco começa
a atuar.
Delay level: controla e ajusta a
quantidade de nível de volume do si-
nal de delay.
Feedback: controla a quantidade
de ecos que são adicionados ao som
original (para delays repetidos).
Tone: controla e ajusta o corte de
freqüências nos agudos.
Unidades mais sofisticadas ofere-
cem delays múltiplos (Tap Delays)
com opções extras para determinar a
divisão dos efeitos de delay entre os
canais direito e esquerdo criando um
interessante efeito estéreo no sinal.
Outra possibilidade é o Ping-Pong
Delay, no qual as repetições ou ecos
saltam entre os canais esquerdo e di-
reito alternando-se até o total desa-
parecimento ou decaimento da nota.
Usando um atraso de sinal curto
(algo em torno de 50mS) causa uma
dobra no sinal, o que acaba por si-
mular o efeito de duas pessoas do-
brando uma mesma linha melódica.
Ampliando este tempo de atraso
para algo em torno de 100mS ob-
tém-se o efeito de Slap-Back Delay.
Com tempos acima de 10 segundos
(chegando, em alguns casos, a ter
até 5 minutos) teremos as famosas
caixas de Loop Delay, onde se pode
gravar uma base e tocar em cima se-
guidas vezes.
Exemplos de baixistas que usam
delays com certa freqüência: Michael
Manring (Michael Hedges, Mon-
treux, Attention Deficit, solo), Vic-
tor Wooten (Bèla Fleck & the Fleck-
tones, Bass Extremes, solo), Mark
Egan (Elements, Sting, Gil Evans
Orchestra, solo) e Steve Bailey (Bass
Extremes, The Rippingtons, Paquito
D’Rivera, Kitaro, solo).
REVERB
Reverb é o efeito de eco curto mui-
to difuso que se ouve em ambientes
amplos e com paredes rígidas, tais
como em capelas, igrejas, templos e
teatros, onde a sonoridade salta e re-
bate entre as paredes e ao redor por
algum tempo depois do desapareci-
mento do som original. Similar a um
eco ouvido em um banheiro ladrilha-
do, o reverb digital é obtido com um
largo número de repetições em volu-
mes, tons e tempos distintos.
Os dispositivos de reverb ofere-
cem, geralmente, escolhas diferentes
para algoritmos que simulam distin-
tos tamanhos e proporções de salas
(room e hall), efeitos de estúdio
(plate, chamber e *reverse reverb), e
algumas vezes imitações de reverbs de
guitarra como o spring reverb. Tais
algoritmos servem como um bom
Unidades mais sofisticadas oferecem delaysmúltiplos (Tap Delays) com opções extras para
determinar a divisão dos efeitos de delay entre oscanais direito e esquerdas criando um interessante
efeito estéreo no sinal
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INSTRUMENTOS
e-mail para esta coluna:
ponto de partida para os mais básicos
controles que são:
Decay: ajusta o tempo que a nota
reverberada leva para decair, ou seja,
parar de soar.
Level: ajusta o nível de volume do
efeito reverberado.
Tone: controla o volume geral e o
tom do reverb.
Sofisticados reverbs proporcio-
nam controle sobre uma enorme
quantidade de parâmetros, tais como
controles separados sobre early e late
reflections (reflexões anteriores e
posteriores) e volume envelope,
onde o reverb pode crescer subita-
mente antes de decair.
Baixistas que me vêm em mente
no uso contínuo de reverbs são os
fretless players Mark Egan (Ele-
ments, Sting, Gil Evans Orchestra,
solo), Steve Bailey (Bass Extremes,
The Rippingtons, Paquito D’Ri-
vera, Kitaro, solo), Alain Caron
(Uzeb, LeBand, solo), Percy Jones
(Brand X, Suzanne Vega, solo), Larry
Klein (Joni Mitchell), Doug Lunn
(Mark Isham, Group 87) e John Giblin
(Kate Bush, Simple Mind, Brand X).
*Segundo algumas fontes, os re-
verse reverbs foram inicialmente
usados pelo baterista e cantor Phil
Collins para sua lendária sonoridade
de caixa gateada, na qual o reverb
atinge uma determinada intensidade
antes de cortar-se de forma abrupta
(principalmente em carreira solo,
pois no grupo progressivo Genesis
este efeito foi pouco explorado por
Phil). Quase todos os reverbs ofere-
cem este parâmetro de efeito, e, ainda
assim, nenhum deles permitiu-se dar
créditos a Phil por isto. Suponho que,
de outro modo, eles teriam de pagar-
lhes os royalties. Eu não vendo nem
represento reverbs, assim não me im-
porto em dizer “Obrigado, Phil!”.
Esta pequena série tem como prin-
cipal objetivo auxiliá-los na aquisi-
ção de um maior conhecimento sobre
a nobre arte de usar estas pequenas
caixas de Pandora conhecidas como
pedais de efeito, ou mesmo os pode-
rosos racks de forma consciente e ra-
cional, evitando tropeços desneces-
sários e perda de tempo precioso em
shows e estúdios de gravação. Alguns
efeitos radicais de filtro, síntese,
vocoder, talk box, etc, ficaram de fora,
mas quem sabe os apresento em um
próximo episódio? Só depende do nú-
mero de pedidos.
Espero ter acrescentado algo a sua
cultura e tornado sua vida musical
mais branda.
Até a próxima e...
Paz Profunda.:.
Sofisticados reverbsproporcionam controle
sobre uma enormequantidade de
parâmetros, tais comocontroles separados sobreearly e late reflections e
volume envelope