ao se utilizar um pedal de volume efeitos - backstage.com.br · dos pedais, pode-se ajustar um...

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54 www.backstage.com.br INSTRUMENTOS Jorge Pescara é artista-solo exclusivo da Jazz Station Records e contrabaixista com Ithamara Koorax. É autor do livro Dicionário Brasileiro de Contrabaixo Elétrico. CONTRABAIXO CONTRABAIXO V Nesta edição, apresento para vocês a terceira e última parte desta análise contendo os principais efeitos que podem ser usados no contrabaixo OLUME PEDAL Não há muito que dizer aqui, pois estes pedais controlam o vo- lume geral do instrumento, atuando da mesma maneira que os botões de volu- me de qualquer aparelho. Na maioria dos pedais, pode-se ajustar um nível mínimo de volume, assegurando-se de qualquer eventualidade. A esta altura já devem estar se perguntando: “então para que usaria um pedal destes?”. Ora, meus caros leitores, vocês podem usá-lo para facilitar a redução de volume gra- dual entre uma nota e outra, cortar o volume total do instrumento no final de cada música ou mesmo cortar o sinal para o uso do afinador eletrônico, sem ser notado pela audiência. Além disso, pode-se usar como um efeito de fade out somado à distorção (o que em notas bem graves produz uma sonoridade si- milar ao arco do baixo acústico), ou ainda, para aplicar fade out (decai- mento gradual) no sinal original, dei- xando como sobra alguns delays. Há muito que se pode fazer com estes re- cursos sonoros! Ao se utilizar um pedal de volume após outros dispositivos de efeito, ou mesmo no loop send/return do ampli- ficador, será apropriado usar um pedal de impedância média (uns 50K W. Por outro lado, se precisar usar um pe- dal diretamente, logo após o instru- mento, será útil optar por um pedal com alta impedância (no mínimo 500K). Um nome que certamente marca no uso de pedais de volume é Tony Levin (Peter Gabriel, King Crim- son, Yes, Pink Floyd, Dire Straits), tam- bém um rei no uso dos compressores ligados com os controles no máximo. TREMOLO Este efeito modula o sinal do ins- trumento, alternando rapidamente o controle entre subir e descer o nível. Na época da surf music foi muito usa- do em conjunto com o reverb. Dife- rentes processadores e pedais têm di- ferentes formas de onda para modular o nível de volume. Os efeitos origi- nais usavam onda de sino que produz um efeito suave. Outros oferecem es- colhas, tais como a onda de serra (le- vemente menos pulsante), onda qua- drada (que alterna a sonoridade mui- to rapidamente), além de outras inte- ressantes variações. Alguns controles são: Speed: controla a velocidade com que o nível de volume se alterna. Depth: controla a profundidade de atuação do efeito. Dois grandes baixistas que fazem bom uso dos tremolos são: Chris Squire (Yes, Conspiracy, The Syn, solo) e Fieldy (Korn). EFEITOS para - Parte 3 (final) -

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54 www.backstage.com.br

INSTRUMENTOS

Jorge Pescara é artista-solo exclusivo da Jazz

Station Records e contrabaixista com Ithamara

Koorax. É autor do livro Dicionário Brasileiro de

Contrabaixo Elétrico.

CONTRABAIXOCONTRABAIXO

VNesta edição,apresento para vocêsa terceira e últimaparte desta análisecontendo osprincipais efeitos quepodem ser usados nocontrabaixo

OLUME PEDAL

Não há muito que dizer aqui,

pois estes pedais controlam o vo-

lume geral do instrumento, atuando da

mesma maneira que os botões de volu-

me de qualquer aparelho. Na maioria

dos pedais, pode-se ajustar um nível

mínimo de volume, assegurando-se de

qualquer eventualidade. A esta altura já

devem estar se perguntando: “então

para que usaria um pedal destes?”. Ora,

meus caros leitores, vocês podem usá-lo

para facilitar a redução de volume gra-

dual entre uma nota e outra, cortar o

volume total do instrumento no final

de cada música ou mesmo cortar o sinal

para o uso do afinador eletrônico, sem

ser notado pela audiência. Além disso,

pode-se usar como um efeito de fade

out somado à distorção (o que em notas

bem graves produz uma sonoridade si-

milar ao arco do baixo acústico), ou

ainda, para aplicar fade out (decai-

mento gradual) no sinal original, dei-

xando como sobra alguns delays. Há

muito que se pode fazer com estes re-

cursos sonoros!

Ao se utilizar um pedal de volume

após outros dispositivos de efeito, ou

mesmo no loop send/return do ampli-

ficador, será apropriado usar um pedal

de impedância média (uns 50K WΩ.

Por outro lado, se precisar usar um pe-

dal diretamente, logo após o instru-

mento, será útil optar por um pedal

com alta impedância (no mínimo

500KΩ). Um nome que certamente

marca no uso de pedais de volume é

Tony Levin (Peter Gabriel, King Crim-

son, Yes, Pink Floyd, Dire Straits), tam-

bém um rei no uso dos compressores

ligados com os controles no máximo.

TREMOLO

Este efeito modula o sinal do ins-

trumento, alternando rapidamente o

controle entre subir e descer o nível.

Na época da surf music foi muito usa-

do em conjunto com o reverb. Dife-

rentes processadores e pedais têm di-

ferentes formas de onda para modular

o nível de volume. Os efeitos origi-

nais usavam onda de sino que produz

um efeito suave. Outros oferecem es-

colhas, tais como a onda de serra (le-

vemente menos pulsante), onda qua-

drada (que alterna a sonoridade mui-

to rapidamente), além de outras inte-

ressantes variações.

Alguns controles são:

Speed: controla a velocidade com

que o nível de volume se alterna.

Depth: controla a profundidade

de atuação do efeito.

Dois grandes baixistas que fazem

bom uso dos tremolos são: Chris

Squire (Yes, Conspiracy, The Syn,

solo) e Fieldy (Korn).

EFEITOSpara

- Parte 3 (final) -

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INSTRUMENTOS

PANNING

O panning é simplesmente a jun-

ção de dois efeitos de tremolo, separa-

dos entre os canais esquerdo e direito

do espectro de áudio. Eles são ajusta-

dos para elevar o volume de sinal em

um canal enquanto reduzem o outro,

e vice-versa. Quando conectados a

um sistema de sonorização estéreo, o

som “move-se” entre um lado e ou-

tro. Importante notar que em um am-

plificador mono (como a maioria dos

amps de contrabaixo, mesmo aqueles

com duas caixas acopladas, o que não

significa estéreo por excelência), este

efeito perde muito em atuação, pois

fica restrito à alternância em somen-

te um lado do áudio.

Controles freqüentemente en-

contrados são:

Speed: controla a velocidade em

que o sinal se move entre os canais.

Depth: controla a quantidade de si-

nal que se movimenta entre os canais.

SPEAKER SIMULATORS

Um típico e comum gabinete ou

caixa acústica de instrumento (seja

de contrabaixo, guitarra, violão, te-

clados, stick, megatarbass, vertical

bass, etc) não é projetado para repro-

duzir fielmente a sonoridade apresen-

tada pelo amplificador. Diferente dos

sistemas stereo hi-fi, quadraphonic,

5.1, surround, P.A. e até mesmo das

caixas acústicas especiais de instru-

mento que são fabricadas sob enco-

menda e se esforçam por uma sonori-

dade imparcial e sem coloridos artifi-

ciais, as caixas acústicas normais de

instrumentos formam um importante

elo no processo criativo (principal-

mente nos casos específicos de guitar-

ra e baixo elétrico), mas possuem tim-

bres próprios e alteram o timbre origi-

nal, tanto que, trocando as caixas

acústicas (marcas e/ou modelos), mes-

mo sem mexer nos controles de tona-

lidade e volume, seu instrumento soa-

rá diametralmente diferente.

Os speaker simulators funcionam

como um link entre a sonoridade real

do instrumento, o timbre obtido no

amplificador de palco e o sistema de

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INSTRUMENTOS

P.A. As opções encontradas nestes

aparelhos vão desde a escolha do tipo

de caixa, tipo de alto-falante, se a cai-

xa é fechada ou aberta na parte trasei-

ra (closed ou open), tipo e posicio-

namento dos microfones e o mix en-

tre o sinal direto e o simulado.

DELAY

Delay é um efeito que repete (eco) o

que foi tocado, uma ou mais vezes,

após e durante um período de tempo.

Similar ao eco ouvido quando se grita

em um vale profundo entre altas mon-

tanhas. Os delays originais como o

lendário Copy Cat (Watkins) eram, na

realidade, gravadores de fita magnéti-

ca em loop, que gravavam e reproduzi-

am o que era tocado. O som ou nota

executados pelo loop eram então apa-

gados para que nova passagem musical

fosse gravada e posteriormente execu-

tada. Variando a mixagem das diferen-

tes cabeças de leitura e a velocidade do

tapedeck, poder-se-ia obter uma vari-

edade enorme de efeitos de delay. Ob-

tinham-se, inclusive, diversos ritmos

nos delays. Porém, além de muito ruí-

do, estas máquinas tinham outros

problemas como desalinhamento das

cabeças de gravação e leitura, quebra

de peças mecânicas e outros proble-

mas técnicos. Modernos delays da era

digital salvam e guardam os efeitos

em memórias que podem ser recupe-

rados posteriormente.

Os controles mais comumente en-

contrados nas unidades de delay são:

Delay time: controla e ajusta o

tempo em que o efeito de eco começa

a atuar.

Delay level: controla e ajusta a

quantidade de nível de volume do si-

nal de delay.

Feedback: controla a quantidade

de ecos que são adicionados ao som

original (para delays repetidos).

Tone: controla e ajusta o corte de

freqüências nos agudos.

Unidades mais sofisticadas ofere-

cem delays múltiplos (Tap Delays)

com opções extras para determinar a

divisão dos efeitos de delay entre os

canais direito e esquerdo criando um

interessante efeito estéreo no sinal.

Outra possibilidade é o Ping-Pong

Delay, no qual as repetições ou ecos

saltam entre os canais esquerdo e di-

reito alternando-se até o total desa-

parecimento ou decaimento da nota.

Usando um atraso de sinal curto

(algo em torno de 50mS) causa uma

dobra no sinal, o que acaba por si-

mular o efeito de duas pessoas do-

brando uma mesma linha melódica.

Ampliando este tempo de atraso

para algo em torno de 100mS ob-

tém-se o efeito de Slap-Back Delay.

Com tempos acima de 10 segundos

(chegando, em alguns casos, a ter

até 5 minutos) teremos as famosas

caixas de Loop Delay, onde se pode

gravar uma base e tocar em cima se-

guidas vezes.

Exemplos de baixistas que usam

delays com certa freqüência: Michael

Manring (Michael Hedges, Mon-

treux, Attention Deficit, solo), Vic-

tor Wooten (Bèla Fleck & the Fleck-

tones, Bass Extremes, solo), Mark

Egan (Elements, Sting, Gil Evans

Orchestra, solo) e Steve Bailey (Bass

Extremes, The Rippingtons, Paquito

D’Rivera, Kitaro, solo).

REVERB

Reverb é o efeito de eco curto mui-

to difuso que se ouve em ambientes

amplos e com paredes rígidas, tais

como em capelas, igrejas, templos e

teatros, onde a sonoridade salta e re-

bate entre as paredes e ao redor por

algum tempo depois do desapareci-

mento do som original. Similar a um

eco ouvido em um banheiro ladrilha-

do, o reverb digital é obtido com um

largo número de repetições em volu-

mes, tons e tempos distintos.

Os dispositivos de reverb ofere-

cem, geralmente, escolhas diferentes

para algoritmos que simulam distin-

tos tamanhos e proporções de salas

(room e hall), efeitos de estúdio

(plate, chamber e *reverse reverb), e

algumas vezes imitações de reverbs de

guitarra como o spring reverb. Tais

algoritmos servem como um bom

Unidades mais sofisticadas oferecem delaysmúltiplos (Tap Delays) com opções extras para

determinar a divisão dos efeitos de delay entre oscanais direito e esquerdas criando um interessante

efeito estéreo no sinal

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INSTRUMENTOS

e-mail para esta coluna:

[email protected]

ponto de partida para os mais básicos

controles que são:

Decay: ajusta o tempo que a nota

reverberada leva para decair, ou seja,

parar de soar.

Level: ajusta o nível de volume do

efeito reverberado.

Tone: controla o volume geral e o

tom do reverb.

Sofisticados reverbs proporcio-

nam controle sobre uma enorme

quantidade de parâmetros, tais como

controles separados sobre early e late

reflections (reflexões anteriores e

posteriores) e volume envelope,

onde o reverb pode crescer subita-

mente antes de decair.

Baixistas que me vêm em mente

no uso contínuo de reverbs são os

fretless players Mark Egan (Ele-

ments, Sting, Gil Evans Orchestra,

solo), Steve Bailey (Bass Extremes,

The Rippingtons, Paquito D’Ri-

vera, Kitaro, solo), Alain Caron

(Uzeb, LeBand, solo), Percy Jones

(Brand X, Suzanne Vega, solo), Larry

Klein (Joni Mitchell), Doug Lunn

(Mark Isham, Group 87) e John Giblin

(Kate Bush, Simple Mind, Brand X).

*Segundo algumas fontes, os re-

verse reverbs foram inicialmente

usados pelo baterista e cantor Phil

Collins para sua lendária sonoridade

de caixa gateada, na qual o reverb

atinge uma determinada intensidade

antes de cortar-se de forma abrupta

(principalmente em carreira solo,

pois no grupo progressivo Genesis

este efeito foi pouco explorado por

Phil). Quase todos os reverbs ofere-

cem este parâmetro de efeito, e, ainda

assim, nenhum deles permitiu-se dar

créditos a Phil por isto. Suponho que,

de outro modo, eles teriam de pagar-

lhes os royalties. Eu não vendo nem

represento reverbs, assim não me im-

porto em dizer “Obrigado, Phil!”.

Esta pequena série tem como prin-

cipal objetivo auxiliá-los na aquisi-

ção de um maior conhecimento sobre

a nobre arte de usar estas pequenas

caixas de Pandora conhecidas como

pedais de efeito, ou mesmo os pode-

rosos racks de forma consciente e ra-

cional, evitando tropeços desneces-

sários e perda de tempo precioso em

shows e estúdios de gravação. Alguns

efeitos radicais de filtro, síntese,

vocoder, talk box, etc, ficaram de fora,

mas quem sabe os apresento em um

próximo episódio? Só depende do nú-

mero de pedidos.

Espero ter acrescentado algo a sua

cultura e tornado sua vida musical

mais branda.

Até a próxima e...

Paz Profunda.:.

Sofisticados reverbsproporcionam controle

sobre uma enormequantidade de

parâmetros, tais comocontroles separados sobreearly e late reflections e

volume envelope