ao encontro da palavra. através da arquitetura na liturgia

173
Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes Ao Encontro da Palavra. Através da Arquitetura na Liturgia: Reabilitação da Igreja de Nª Sª.do Amparo, Portimão Dissertação de Mestrado em Arquitetura Aluno: Arlete Maria Conceição Jorge Escudeiro Orientador: Professora Doutora Ana Moya Pellitero Área Científica / Projeto de Arquitetura Maio de 2015

Upload: lykiet

Post on 10-Jan-2017

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes

Ao Encontro da Palavra.

Atravs da Arquitetura na Liturgia:

Reabilitao da Igreja de N S.do Amparo, Portimo

Dissertao de Mestrado em Arquitetura

Aluno: Arlete Maria Conceio Jorge Escudeiro

Orientador: Professora Doutora Ana Moya Pellitero

rea Cientfica / Projeto de Arquitetura

Maio de 2015

Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes

Ao Encontro da Palavra.

Atravs da Arquitetura na Liturgia:

Reabilitao da Igreja de N S.do Amparo, Portimo

Dissertao de Mestrado em Arquitetura

Aluno: Arlete Maria Conceio Jorge Escudeiro

Orientador: Professora Doutora Ana Moya Pellitero

rea Cientfica / Projeto de Arquitetura

Maio de 2015

ARLETE MARIA DA CONCEIO JORGE ESCUDEIRO

AO ENCONTRO DA PALAVRA. ATRAVS DAARQUITETURA NA LITURGIA: REABILITAO DA

IGREJA DE N. S. DO AMPARO, PORTIMO.

Dissertao defendida em provas pblicas noInstituto Superior Manuel Teixeira Gomes, no dia13/07/2015 perante o jri nomeado pelo Despacho deNomeao n. 08/2015, com a seguinte composio:

Presidente:Prof. Doutora Clara Germana RamalhoMoutinho Gonalves

Vogais:Prof. Doutor Mostafa Zekri (Arguente)

Orientador:Prof. Doutora Ana Maria Moya Pellitero

Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes

Portimo

2015

Dedico este meu trabalho, aos meus netos Vicente e Lucas.

A Igreja precisa de arte

Para transmitir a mensagem que Cristo lhe confiou, a Igreja tem

necessidade de arte. De fato, deve tornar percetvel e o mais

fascinante possvel o mundo do espirito, do invisvel, de Deus.

Por isso, tem de transpor para frmulas significativas aquilo que,

em si mesmo, inefvel. Ora, a arte possui uma capacidade

muito prpria de captar os diversos aspetos da mensagem,

traduzindo-os em cores, formas, sons que estimulam a intuio

de quem os v e ouve. E isso, sem privar a prpria mensagem

de seu valor transcendente e de seu halo de mistrio.

() A Igreja precisa de arquitetos, porque tem necessidade de

espaos onde congregar o povo cristo e celebrar os mistrios

da salvao. Depois das terrveis destruies da ltima guerra

mundial e com o crescimento das cidades, uma nova gerao

de arquitetos se amalgamou com as exigncias do culto cristo,

confirmando a capacidade de inspirao que o tema religioso

demonstra ter sobre os critrios arquitetnicos de nosso tempo.

De fato, no raro se construram templos, que so

simultaneamente lugares de orao e autenticas obras de arte.

(Carta do Papa Joo Paulo II aos artistas, 1999)

Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo

ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015

RESUMO

Palavras-chave: Reabilitao de Edifcios Religiosos, Ordem Jesuta, Espao

Sagrado, Simbolismo e Liturgia, Igrejas Salo.

A presente dissertao, desenvolve-se a partir da importncia da palavra

falada, para os homens como elemento de unio, intercmbio de conhecimentos

e de relaes interpessoais.Tambm na sua relao com espaos sagrados, que

acontece na transmisso da tradio oral e na proclamao da palavra escrita

especialmente na liturgia.

Este trabalho reflete sobre a reabilitao da Igreja Nossa Senhora do

Amparo,edifcio religioso, construdo junto a uma capela j existente, num bairro

dos anos 70, na cidade de Portimo. A presente dissertaotem como objetivo

melhorar o seu funcionamento programtico, aspetos visuais arquitetnicos e

simblicos e por ltimo melhorar o entendimento da Palavra Sagrada no conceito

de Igreja salo.

Na presente dissertao ser tratado dois tipos de interveno: uma em

que o papel da cobertura altera completamente a imagem do edifcio e uma

segunda onde a cobertura se integra com a identidade arquitetnica do edificado

existente.

O objetivo da presente dissertao ser melhorar a forma do espao

sagrado da Igreja Nossa Senhora do Amparo para assim permitir uma melhor

experincia no encontro com o transcendente e com o outro.

Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo

ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015

ABSTRACT

Key-words: Rehabilitation of Religious Buildings, Jesuit Order, Sacred Space,

Symbolism and Liturgy, Hall Churches.

The present dissertation is developed based on the importance of the

sacred Spoken Word. For people the spoken word is an element of union, an

exchange of knowledge and personal relationships. Also in its relation with sacred

spaces which takes place in the transmission of the oral tradition and in the

proclamation of the Written Word especially in the liturgy.

This work reflects on the rehabilitation of the church of "Nossa Senhora

do Amparo", a religious building built next to an existing chapel, in a neighborhood

of the seventies, in the city of Portimo. The present dissertation aims to improve

the functional program, and the architectural and symbolic visual aspects of the

church, including the improvement of the understanding of the Holy Word in the

concept of "Hall Church".

In the present dissertation will be treated two intervention approaches:

one in which the role of the roof design changes completely the building's image

and a second one where the roof style is integrated within the architectural

identity of the new building rehabilitation.

The purpose of the present dissertation aims to improve the shape of the

sacred space of "Nossa Senhora do Amparo" church thus enabling a better

experience of the encounter with the transcendent and with the mystical other.

Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo

ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015

INDICE DE ILUSTRAES

Figura 1 - Igreja do Colgio de Portimo - Planta do R/C. Fonte:

FIGUEIREDO, Ana. O Colgio Jesuita de Vila Nova de Portimo: Comunidade

e Patrimnio (1659 1759). Lisboa: Colibri, 2010 ........25

Figura 2 - Vista geral do interior da Igreja do Colgio, (2011). Francisco

Lameira. Fonte: Cmara Municipal de Portimo 25

Figura 3 - Planta do Piso 1 - Fonte: Cmara Municipal de Portimo (n.d.) ...27

Figura 4 - Panta da Cave Fonte: Cmara Municipal de Portimo (n.d.) ...27

Figura 5 Igreja Nossa Senhora do Amparo Portimo.

AladoNascente.Fonte:O Autor 28

Figura 6 Igreja Nossa Senhora do Amparo (Interior, vista do altar). Fonte: O

Autor ..28

Figura 7 - Catacumba crist em Roma, meados do sc.IV. Fonte:

http://www.catolicidad.com/2011/06/las-catacumbas.html ...............................33

Figura 8 - Planta da Baslica de So Joo de Laterano. Roma, 318 D.C. Fonte:

https://coisasdaarquitetura.wordpress.com/2011/09/22/morfologia-da-igreja-

barroca-no-brasil-i/ ..34

Figura 9 - Interior da Baslica de So Joo de Laterano. Roma, 318 D.C. Fonte:

http://tesourosdaigrejacatolica.blogspot.pt/2011_07_01_archive.html .............34

Figura 10 - Corte da Baslica de Santa Sofia de Constantinopla, 532-537 d.C.

Fonte:

http://scriptoriumciberico5.blogspot.de/2005/05/as-idades-do-espao-4.html ....35

Figura 11 - Interior da Baslica de Santa Sofia de Constantinopla, 532-537 d.C.

Fonte: http://viagem-fotos.1-my.com/fotos-de-viagens/fotos-Hagia-Sophia-fotos-

turismo-pt-hv_p211.shtml .................................................................................35

Figura 12 - Planta da catedral de Santiago de Compostela, construda entre os

anos de 1075 e 1128. Fonte:

http://socialesmoriles.blogspot.pt/2012_05_01_archive.html ...........................37

Figura 13 - Interior da catedral de Santiago de Compostela, construda entre os

anos de 1075 e 1128. Fonte:

http://pt.slideshare.net/abaj/santiago-de-compostela-11718949 ......................37

https://coisasdaarquitetura.wordpress.com/2011/09/22/morfologia-da-igreja-barroca-no-brasil-i/https://coisasdaarquitetura.wordpress.com/2011/09/22/morfologia-da-igreja-barroca-no-brasil-i/http://viagem-fotos.1-my.com/fotos-de-viagens/fotos-Hagia-Sophia-fotos-turismo-pt-hv_p211.shtmlhttp://viagem-fotos.1-my.com/fotos-de-viagens/fotos-Hagia-Sophia-fotos-turismo-pt-hv_p211.shtmlhttp://pt.slideshare.net/abaj/santiago-de-compostela-11718949

Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo

ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015

Figura 14 e 15 - Planta e interior da Igreja da Catedral de So

Patrcio,Manhattan, Estados Unidos. Fonte:

http://jcspedreira.blogspot.pt/2013/04/saint-patrick-cathedral-new-york-usa.html,

roteiroutil.com.br ..38

Figura 16 - Planta da Baslica de S. Pedro em Roma. Iniciada a sua construo

em 1506 com uma planta de cruz grega. Fonte:

http://linhaderumo.blogspot.pt/2011/05/roma-basilica-de-s-pedro.html ............39

Figura 17 - Interior da Baslica de S. Pedro em Roma. Iniciada a sua

construo em 1506 com uma planta de cruz grega. Fonte:

http://viajeconescalas.blogspot.pt/2011/07/las-luces-de-san-pedro.html .........39

Figura 18 - Planta da Igreja de So Francisco,Salvador, na Bahia, Brasil. Fonte:

https://coisasdaarquitetura.wordpress.com/2012/05/09/morfologia-das-igrejas-

barrocas-ii/ 40

Figura19 - Interior da Igreja de So Francisco,Salvador, na Bahia, Brasil. Fonte:

http://www.pbase.com/alexuchoa/image/52730862 .........................................40

Figura 20 e 21 - Planta e Interior da Capela de Ntre Dame du Haut,

Ronchamp (1950 1955). Fonte:

https://histarq.wordpress.com/2012/11/23/aula-5-le-corbusier-2a-parte-1930-

1960/ .42

Figura 22 - Planta da Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida,

Braslia (1958). Fonte:

http://www.planta1.com/blog/oscar-niemeyer-the-man-who-loved-curves-for-

more-than-a-hundred-years/ .42

Figura 23 - Interior da Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida,

Braslia (1958). Fonte: www.universoarquitectura.com ...42

Figura 24 - Sinagoga no tempo de Jesus. Fonte: Wilmsen em Silva; Siviski,

(2001, p. 213) ..49

Figura 25 - Casa romana. Fonte: Schubert,1978, p 42.50

Figura 26 - Baslica pag. Fonte: Schubert,1978, p. 43 ...51

Figura 27- Baslica crist. Fonte: Schubert,1978, p. 44 51

Figura 28 - Representao esquemtica igreja do perodo romnico. Fonte:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Coro_(arquitetura) 53

http://jcspedreira.blogspot.pt/2013/04/saint-patrick-cathedral-new-york-usa.htmlhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Salvador_(Bahia)http://pt.wikipedia.org/wiki/Bahiahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Brasilhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Salvador_(Bahia)http://pt.wikipedia.org/wiki/Bahiahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil

Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo

ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015

Figura 29 - Sacrrio e Retbulo da Igreja de Nossa Senhora da Conceio

Angra do Heroismo, Aores. Fonte:

https://sapientia.ualg.pt/bitstream/10400.../Tese%20Cristina%20Santos.pdf ..54

Figura 30 - Vitral na Igreja Matriz de Espinho, Portugal.

Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Espinho_vitral.jpg .54

Figura 31 - Altar, escultura em madeira, Nuernberg. Fonte:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Escultura_do_gtico ...............................................54

Figura 32 - Igeja de So Vicente de Fora, Lisboa. Murete com balaustradas-

separao entre assembleia e presbitrio. Fonte:

http://auren.blogs.sapo.pt/1747677.html ...........................................................55

Figura 33 - Confessionrio na Basilica de So Pedro. Fonte:

http://catedraismedievais.blogspot.de/2013/06/visibilidade-hierarquia-e-

simbolismo-da.html ...........................................................................................56

Figura 34 - Plpito da igreja de Ges, Roma. Fonte:

http://infocatolica.com/blog/germinans.php/1109221116-de-capitulo-34-ambon-

pulpito ...............................................................................................................56

Figura 35 - Mapa dos anos 70, com a Delimitao dos Bairros Sociais

dePortimo. Fonte: Dossier Temtico sobre os Bairros Operrios. Centro de

Documentao e Arquivo Histrico do Museu de Portimo .71

Figura 36 e 37 - Capela N S do Amparo,1950. Vista geral da cidade de

Portimo, assinala a Capela N S do Amparo (antes do espao ser

urbanizado) Fonte: Autor Desconhecido (n.d.) ..72

Figura 38 - Mapa de 1947. Fonte: Cmara Municipal de Portimo 73

Figura 39 - Mapa de 1964-1966. Fonte: Cmara Municipal de Portimo ..73

Figura 40 - Mapa de 1964-1966. Fonte: Cmara Municipal de Portimo ..73

Figura 41 - Mapa de 1972. Fonte: Cmara Municipal de Portimo 73

Figura 42 - Mapa de 1977. Fonte: Cmara Municipal de Portimo 74

Figura 43 - Mapa de 1987. Fonte: Cmara Municipal de Portimo 74

Figura 44 - Mapa de 2001. Fonte: Cmara Municipal de Portimo 75

Figura 45 - Mapa de 2006. Fonte: Cmara Municipal de Portimo 75

Figura 46 - Caraterizao da atual zona de implantao da Igreja com rea

desportiva, rea verde e edificao envolvente. Fonte: Cmara Municipal de

Portimo 75

Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo

ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015

Figura 47 - Vista do jardim junto capela. Fonte : O Autor .76

Figura 48 - Vista do equipamento de recreio e lazer. Fonte : O Autor ...76

Figura 49 - Vista da capela e o jardim envolvente. Fonte : O Autor ...77

Figura 50 - Vista do jardim e da Igreja a partir da capela. Fonte : O Autor 77

Figura 51 - Entrada principal da Igreja. Fonte : O Autor 77

Figura 52 - Capela N S do Amparo. Fonte : O Autor ..77

Figura 53 - Vista do espao aberto com o acesso da Rua N S do Amparo.

Fonte: O Autor ..78

Figura 54 - Vista das janelas das salas de catequese. Fonte: O Autor .78

Figura 55 - Vista da entrada da Sacristia e Cartrio. Fonte: O Autor .78

Figura 56 e 57 - 1981- Beno e cerimnia do lanamento da primeira pedra

para a construo da Igreja Paroquial de Nossa Senhora do Amparo. Fonte:

Autor Annimo .81

Figura 58 - Cripta. Fonte: Autor Annimo 81

Figura 59 - Inicio das obras da Igreja. Fonte: Autor Annimo ..81

Figura 60 - Celebrao no edifcio ainda em obra. Fonte: Autor Annimo 81

Figura 61 - Altar. Fonte: Autor Annimo ..81

Figura 62 - Projecto da Igreja de N S do Amparo CMP (n.d.). Alado Sul. Fonte:

Cmara Municipal de Portimo .83

Figura 63 - Projecto da Igreja de N S do Amparo CMP (n.d.). Alado Poente.

Fonte: Cmara Municipal de Portimo 83

Figura 64 - Projecto da Igreja de N S do Amparo CMP (n.d.). Alado Norte.

Fonte: Cmara Municipal de Portimo .84

Figura 65 - Projecto da Igreja de N S do Amparo CMP (n.d.). Corte Longitudinal.

Fonte: Cmara Municipal de Portimo .84

Figura 66 - Projecto da Igreja de N S do Amparo CMP (n.d.). Planta da

Cobertura. Fonte: Cmara Municipal de Portimo .85

Figura 67 - Projecto da Igreja de N S do Amparo CMP (n.d.). Planta do Piso 1.

Fonte: Cmara Municipal de Portimo .85

Figura 68 - Projecto da Igreja de N S do Amparo CMP (n.d.). Planta da Cave.

Fonte: Cmara Municipal de Portimo .86

Figura 69 - Entrada da Capela do Santissimo. Fonte: Autor Annimo 87

Figura 70 - Capela do Santissimo. Fonte: Autor Annimo 87

Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo

ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015

Figura 71 - Figura 71: Batistrio. Fonte: Autor Annimo ..87

Figura 72 - Capela de Reconciliao Fonte: Autor Annimo 87

Figura 73 - Altar e zona do coro. Fonte: Autor Annimo ...87

Figura 74 - Altar. Fonte: Autor Annimo ..87

Figura 75 - Planta e fotografia do jardim "Padre Arsnio C. da Silva (s.j)",junto

Igreja. Fonte: Cmara Municipal de Portimo e o Autor 89

Figura 76 - Fotografia e Planta do lado Poente da Igreja. Fonte: O Autor e

Cmara Municipal de Portimo ..90

Figura 77 - Fotografias e Planta do Jardim junto capela e entrada da Igreja.

Fonte: O Autor e Cmara Municipal de Portimo 90

Figura 78 - Planta e Fotografias da zona do jardim junto ao espao da pr-escola.

Fonte: Cmara Municipal de Portimo e o Autor .91

Figura 79 - Jardim.Fonte: O Autor .92

Figura 80 - Capela N S do Amparo. Fonte: O Autor 92

Figura 81 - Entrada da Casa do Padre. Fonte: O Auto .92

Figura 82 - Alado e entrada para a Cave. Fonte: O Autor .92

Figura 83 - 84 - Janelas das catequeses danificadas. Fonte: O Autor ..93

Figura 85 - Teto, zona mais alta junto ao altar. Fonte: O Autor.93

Figura 86 - Teto, por cima do altar. Fonte: O Autor 93

Figura 87 - 88 - Patologias junto s estruturas do teto em cascas. Fonte: Autor

Annimo 94

Figura 89 - Humidades no espao da Critas. Autor Annimo 94

Figura 90 - Humidades no espao da Sacristia. Autor Annimo ..94

Figura 91 - Igreja Nossa Senhora da Conceio (Igreja Matriz). Fonte: Empresa

STAP e Monumenta 96

Figura 92 - Planta da Igreja Matriz de Portimo. Fonte: Empresa STAP e

Monumenta .. 97

Figura 93 - Alado norte. Fonte: Empresa STAP e Monumenta .99

Figura 94 - Porta da entrada principal. Fonte: Empresa STAP e Monumenta .99

Figura 95 - Telhas argamassadas e sua irregularidade. Fonte: Empresa STAP e

Monumenta 100

Figura 96 - Caleira obstruda. Fonte: Empresa STAP e Monumenta 100

Figura 97 - Telha rachada. Fonte: Empresa STAP e Monumenta .100

Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo

ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015

Figura 98 - Estrutura de madeira deformada. Fonte: Empresa STAP e

Monumenta .101

Figura 99 - Incapacidade de suportar a carga da cobertura. Fonte: Empresa

STAP e Monumenta 101

Figura 100 - Viga de suporte infestada de insetos. Fonte: Empresa STAP e

Monumenta 101

Figura 101 - Nave central.Fonte: Autor Annimo 103

Figura 102 - Nave lateral (Capela Santissimo). Fonte: Autor Annimo ...103

Figura 103 - Alado Norte.Fonte: Autor Annimo .103

Figuar 104 - Alado Nascente. Fonte: Autor Annimo 103

Figura 105 - Igrejade Nossa Senhora da Conceio, na Figueira (Mexilhoeira

Grande). Fonte: Cmara Municipal de Portimo ..104

Figura 106 - Planta do piso 0 da Igreja da Figueira. Fonte: Cmara Municipal de

Portimo .105

Figura 107 - Alado Principal. Fonte: Cmara Municipal de Portimo .105

Figura 108 - Planta da Cobertura. Fonte: Cmara Municipal de Portimo 106

Figura 109 e 110 - Colocao da estrutura de suspenso. Fonte: Empresa

Castelhano & Ferreira S.A. Industria de Tetos Falsos e Divisrias 108

Figura 111 e 112 - Estrutura de suporte e isolamento. Fonte: Empresa

Castelhano & Ferreira S.A. Industria de Tetos Falsos e Divisrias.108

Figura 113 e 114 - Interior da Igreja da Figueira uma vez concluida a obra. Fonte:

Empresa Castelhano & Ferreira S.A Industria de Tetos Falsos e Divisrias .109

Figura 115 e 116 - Teto da Igreja da Figueira, aps a concluso da obra. Fonte:

Empresa Castelhano & Ferreira S.A Industria de Tetos Falsos e Divisrias .109

Figura 117 e 118 - Imagem de N S do Amparo (encontra-se no altar da Igreja

N S do Amparo). Fonte: O Autor ..113

Figura 119 - Primeiro manto bordado a ouro e pedras preciosas (1953). Fonte:

www.ormnews.com.br/noticia.asp?noticia_id=286616 ...113

Figura 120, 121 e 122 Desenho de Manto de Nossa Senhora de Nazar

(Par, Brasil). De esquerda a dereita, manto no ano de 2010, 2011 e 2014.

Fonte:

http://www.ormnews.com.br/noticia.asp?noticia_id=286616

Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo

ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015

https://edenice.wordpress.com/2010/10/07/manto-da-virgem-de-nazare-2010/

http://noticias.orm.com.br/noticia.asp?id=556879&|apresentado+o+manto+que+

envolver+a+imagem+peregrina#.VWy4_hvbLIU

http://galerias.orm.com.br/galeria.asp?id=1736&%7CFi%E9is+conhecem+novo

+manto+da+imagem+de+Nossa+Senhora ..114

Figura 123 - Desenho de estudo do espao interior. Fonte : O Autor .115

Figura 124 e 125 - Desenho de estudo do manto, lateral e cobertura. Fonte: O

Autor 115

Figura 126 - Maqueta de estuda da volumetria da Igrejano seu estado atual.

Fonte: O Autor 116

Figura 127 e 128: - De esquerda a direita, maquetes de estudo, verso A e

verso B. Fonte: O Autor ..116

Figura 129 e 130 - De esquerda a dereita, estudio FR-EE, duas vistas da nova

Igreja de Nossa Senhora de Guadalupe em Miami (2012), Florida, EUA. Fonte:

www.archtendencias.com.br/arquitetura/capela-miami-free-florida-eua..........117

Figura 131 - Studio FR-EE, nova Igreja de Nossa Senhora de Guadalupe em

Miami (2012), Florida, EUA. Fonte:

www.archtendencias.com.br/arquitetura/capela-miami-free-florida-eua .........117

Figura 132 - HS Arquitetos, Santurio de Santa Paulina em Nova Trento

(2006), Santa Catarina, Brasil. Fonte:

https://geolocation.ws/v/P/22164178/santurio-santa-paulina-nova-trento-

sc/en................................................................................................................117

Figura 133 e 134: Da esquerda direita, HS Arquitetos , duas vistas do interior

do Santurio de Santa Paulina em Nova Trento (2006), Santa Catarina, Brasil.

Fonte: http://archtendencias.com.br/arquitetura/santuario-de-santa-paulina-hs-

arquitetos#.VW4x5BvbLIV ..118

Figura 135 - Reabilitao da Igreja de Nossa Senhora do Amparo. Nova

distribuio em planta, Piso 1, O Manto. Fonte: O Autor .120

Figura 136: Reabilitao da Igreja de Nossa Senhora do Amparo. Nova

distribuio em planta, Planta da Cave, O Manto. Fonte: O Autor 121

Figura 137 - Planta de amarelos e vermelhos. Fonte: O Autor .122

Figura 138 - Corte Longitudinal - amarelos e vermelhos. Fonte: O Autor 122

Figura 139 - Alado Nascente. Fonte: O Autor .123

http://archtendencias.com.br/tag/brasilhttp://archtendencias.com.br/tag/brasil

Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo

ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015

Figura 140 - Alado Poente. Fonte: O Autor .123

Figura 141 - Alado Norte Fonte: O Autor ..124

Figura 142 - Alado Sul. Fonte: O Autor .124

Figura 143 - Corte Longitudinal. Fonte: O Autor ..125

Figura 144 - Corte Transversal. Fonte: O Autor 125

Figura 145 - Maquete de estudo, Zona Sul e Poente. Fonte: O Autor ..126

Figura 146 - Maquete de estudo, Zona Nascente. Fonte: O Autor 126

Figura 147 - Estrutura em madeira. Fonte: O Autor .127

Figura 148 - Cobertura inclinada com revestimento final em Zinco. Fonte: O

Autor.128

Figura 149 - Concha vieira. Fonte:

http://pt.aliexpress.com/w/wholesale-white-scallop-shells.html ......................129

Figura 150 - Forma de concha com as mos. Fonte:

http://tertuliasalareira.blogspot.pt/2013/07/rimas-e-poesia-concha-perfeita-das-

tuas.html ..........................................................................................................129

Figura 151 - Desenho de estudo da cobertura Concha- Fonte: O Autor 130

Figura 152 - Desenho de estudo da cobertura Concha- II. Fonte: O Autor130

Figura 153 - Desenho de estudo da cobertura Concha- III. Fonte: O Autor ..130

Figura 154- Desenho de estudo da cobertura Concha- IV. Fonte: O Autor ..131

Figura 155 - Maquete da Igreja existente. Fonte: O Autor ..131

Figura 156 - Maquete de estudo, verso A. Fonte: O Autor 131

Figura 157 - Maquete de estudo, verso B. Fonte: O Autor 131

Figura 158 e 159 - Eladio Dieste, Interior da Igreja do Cristo Operrio, Uruguaio,

Atlntida, (1958). Fonte:

http://www.docomomo.org.br/ivdocomomosul/pdfs/24%20Leonardo%20Fitz.pdf.

.........................................................................................................................132

Figura 160 e 161 - Eladio Dieste, Igreja do Cristo Operrio e seu interior,

Uruguaio, Atlntida, (1958). Fonte:

http://www.docomomo.org.br/ivdocomomosul/pdfs/24%20Leonardo%20Fitz.pdf.

.........................................................................................................................132

Figura 162 e 163 - Igreja Padre Pio Pilgrimage e Interior. Fonte:

http://www.arcspace.com/features/renzo-piano-/padre-pio-pilgrimage-

church/.............................................................................................................133

http://www.docomomo.org.br/ivdocomomosul/pdfs/24%20Leonardo%20Fitz.pdfhttp://www.docomomo.org.br/ivdocomomosul/pdfs/24%20Leonardo%20Fitz.pdfhttp://www.arcspace.com/features/renzo-piano-/padre-pio-pilgrimage-church/http://www.arcspace.com/features/renzo-piano-/padre-pio-pilgrimage-church/

Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo

ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015

Figura 164 - Igreja Padre Pio Pilgrimage, SanGiovanni Rotondo, Itlia. Fonte:

(Disponvel em: http://www.arcspace.com/features/renzo-piano-/padre-pio-

pilgrimage church/). ..133

Figura 165 - Nova distribuio em planta Igreja N S do Ampao, Piso 1, "A

Concha. Fonte: O Autor ..135

Figura 166 - Nova distribuio em planta Igreja N S do Ampao, Planta Cave,

A Concha". Fonte: O Autor .136

Figura 167 - Alado Norte. Fonte: O Autor ...137

Figura 168 - Alado Sul. Fonte: O Autor ...137

Figura 169 - Alado Nascente. Fonte: O Autor 138

Figura 170 - Alado Poente. Fonte: O Autor 138

Figura 171 - Corte Transversal. Fonte: O Autor ..139

Figura 172 - Corte Longitudinal. Fonte: O Autor ..139

Figura 173 - Planta do Piso 1 Amarelos e Vermelhos. Fonte: O Autor 140

Figura 174 - Alado Sul Amarelos e Vermelhos. Fonte: O Autor ..140

Figura 175 - de estudo,zona Sul e Poente.5: Maquete Fonte: O Autor ...141

Figura 176 - Maqueta de estudo, zona Norte e Nascente. Fonte: O Autor .141

Figura 177 - Sky Tunnel, visualizao da sua colocao. Fonte:

http://www.velux.co.nz/Homeowners/Products/Sun_Tunnel ..........................142

Figura 178 - Sky Tunnel, aplicao na cobertura. Fonte:

http://www.theconstructioncentre.co.uk/companies/velux-company-ltd/1/ ..142

Figura 179 - Pormenor da cobertura Corte Longitudinal. Fonte: O Autor 143

Figura 180 Pormenor da cobertura A Concha Corte Transversal ...143

Figura 181 - Cobertura em madeira do Centro Comercial Iguatemi, Fortaleza,

La Guarda LowArchitects, (2013). Fonte:

http://arcoweb.com.br/noticias/arquitetura/guarda-low-carpinteria-moretti-

interholz-cobertura-shopping-iguatemi-fortaleza)............................................144

Figura 182 - Corte Transversal da concha suspensa na cobertura. Fonte: O

Autor 144

Figura 183 - Planta da estrutura da Concha. Fonte: O Autor 145

Figura 184 - Maquete da Cobertura, vista interior da concha. Fonte:O Autor 145

Figura 185 - Reflexo do som nas diferentes superfcies. Fonte:

http://melhoracustica.com.br/acustica-e-arquitetura/ ..148

http://www.arcspace.com/features/renzo-piano-/padre-pio-pilgrimage-church/http://www.arcspace.com/features/renzo-piano-/padre-pio-pilgrimage-church/http://www.laguardalow.com/

Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo

ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015

Figura 186 - Reflexo do som na igreja N S do Amparo no seu estado atual.

Fonte: Autor Annimo ..150

Figura 187 - Reflexo do som, na proposta 1, O Manto. Fonte: Autor Annimo

Figura 188 - Reflexo do som, na proposta 2, A Concha. Fonte:

Autor Annimo ...151

Figura 189 - Beethovenhalle, Bonn (1959). Fonte:

http://gsd.ime.usp.br/acmus/publi/textos/07_bistafa.pdf) ...152

Figura 190 - W. Disney Hall, LA (2003). Fonte:

http://gsd.ime.usp.br/acmus/publi/textos/07_bistafa.pdf) ...152

Figura 191 - Vista geral da Igreja N. S do Amparo, O Manto. Norte - Sul.

Fonte: O Autor ...168

Figura 192 - Vista geral da Igreja N. S do Amparo, O Manto. Nascente

Poente .168

Figura 193 - Igreja O Manto, zona Sul. Fonte: O Autor ...169

Figura 194 - Igreja O Manto, zona Sul - Nascente. Fonte: O Autor ...169

Figura 195 - Igreja O Manto, zona Norte. Fonte: O Autor ...169

Figura 196 - Igreja O Manto, zona Poente. Fonte: O Autor 169

Figura 197 - Igreja O Manto, interior nave e sacristia. Fonte: O Autor ..169

Figura 198 - Igreja O Manto, interior nave e altar Fonte: O Autor ..169

Figura 199 - Igreja O Manto, interior cobertura. Fonte: O Autor .170

Figura 200 - Igreja O Manto, cave. Fonte: O Autor ....170

Figura 201 - Vista gera da Igreja N. S. Amparo, A Concha. Nascente -

Poente. Fonte: O Autor ....171

Figura 202 - Vista geral da Igreja N. S do Amparo, A Concha. Fonte: O Autor

Figura 203 - Igreja A Concha, zona Norte. Fonte: O Autor .171

Figura 204 - Igreja A Concha, zona Poente. Fonte: O Autor ..172

Figura 205 - Igreja A Concha, zona Sul. Fonte: O Autor..172

Figura 206 - Igreja A Concha, zona Sul - Nascente. Fonte: O Autor .172

Figura 207 - Igreja A Concha, interior nave, sacristia, capela. Fonte: O

Autor.172

Figura 208 - Igreja A Concha, interior -nave, altar, capela. Fonte: O

Autor.172

Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo

ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015

Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo

ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015

AGRADECIMENTOS

A realizao desta Dissertao de Mestrado, marca mais uma etapa importante

na minha vida, em que algumas pessoas direta ou indiretamente ajudaram-me a

cumprir o meu objetivo. Desta forma, deixo algumas palavras, poucas, de

agradecimento.

A Deus, pela fora interior que me concedeu, ao longo destes anos, na minha

caminhada acadmica, para superar as dificuldades nos momentos difceis.

Ao ISMAT, pela possibilidade da formao acadmica efetuada nesta instituio,

sem isso no seria possvel a realizao deste sonho.

Aos professores que me acompanharam neste percurso, pela sua

disponibilidade, partilha de conhecimentos, interesse, ateno e dedicao ao

ensino.

Aos funcionrios desta instituio por toda a sua simpatia e boa disposio no

seu contato pessoal.

Aos colegas que durante estes anos de formao partilharam e conviveram

comigo, enriquecendo-me no crescimento como ser.

minha orientadora, Professora Doutora Ana Moya Pellitero, o meu profundo

agradecimento pelo apoio incondicional e inestimvel, que me proporcionou

maior conhecimento e interesse por saber mais, numa constante procura de

fazer melhor. Pela confiana, que em mim depositou desde o incio, pelas

palavras de incentivo nos momentos de desnimo, pela sua amizade e

considerao.

Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo

ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015

Ao Arquiteto Joo Paulo, por acreditar em mim, neste meu caminho acadmico,

com as suas crticas estimulantes, disponibilidade e incentivo. Tambm pela sua

amizade e entusiasmo em partilhar o seu conhecimento.

Ao Arquiteto Carlos Pereira, pela disponibilidade e ajuda incondicional de amigo,

pelas revises e impresso do trabalho. Pelas horas de reflexo, pacincia e de

partilha de conhecimentos.

Ao Padre Domingos da Costa, sj, pelo interesse, pela pronta colaborao na

informao para o desenvolvimento do trabalho.

Ao Padre Luis Ferreira do Amaral, sj, pela disponibilidade, pelas opinies e

sujestes, ajudando no entendimento das diversas fases do trabalho, pela

partilha de conhecimentos, pelo seu dinamismo e incentivo.

Doutora Anabela Borges, minha mdica e amiga que sempre me apoiou nos

momentos mais crticos, incentivando-me a continuar a minha caminhada,

dizendo sempre o que se comea, tem que se acabar.

familia na pessoa dos meus pais, Beatriz e Brulio (in memoriam) por serem

modelos de coragem e persistncia, pela sua ajuda inestimvel e pacincia na

superao de algumas faltas de presena familiar neste meu percurso, ao

Agostinho, meu companheiro de vida e aos meus filhos Jos, Cintia e Lara por

estarem presentes sempre que precisei, pela pacincia, compreenso amor e

carinho que sempre me dedicaram.

Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo

ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015

INDICE

INTRODUO

CAPITULO I Edifcios Religiosos .. 23

1.1 Histria da Igreja e sua Evoluo .. 33

1.1.1 A Baslica Crist . 34

1.1.2 A Igreja Bizantina .. 35

1.1.3 A Igreja Romnica . 36

1.1.4 A Igreja Gtica ... 37

1.1.5 A Igreja de Cruz Grega . 38

1.1.6 A Igreja Barroca .. 39

1.1.7 A Igreja Moderna .....41

1.2 Liturgia e Disposio Espacial e Programtica

1.2.1 A Liturgia 43

1.2.2 Elementos da Liturgia ... 43

1.2.3 Liturgia e Espao Celebrativo . 48

1.3 Espao Sagrado e Simbolismo .. 57

1.4 A Ordem Jesuta

1.4.1 Histria dos Jesutas ... 61

1.4.2 Os Jesutas em Portugal ..62

1.4.2 Os Jesutas e a Arquitetura . 65

CAPITULO II Igreja de N S do Amparo em Portimo

2.1 Quinta do Amparo, Evoluo do Contexto Urbano . 69

2.2 O Lugar de Implantao da Nova Igreja 72

2.3 Anlise e Caraterizao do Contexto Urbano . 76

2.4 Evoluo do Edificado e Relao com a Cidade 79

2.5 Relao da Comunidade Crist como Espao Urbano .. 82

2.6 Projeto de Execuo da Igreja de N S do Amparo .. 82

2.7 Estado Atual da Edificao da Igreja e as suas Patologias .. 89

Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo

ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015

CAPITULO III Casos de estudo de Reabilitao de Edifcios Religiosos no

Concelho de Portimo

3.1 Casos de Estudo 95

3.1.1 Reabilitao da Igreja de N S da Conceio, Portimo . 96

3.1.2 Reabilitao da Igreja de N S da Conceio, Figueira . 104

3.2 Comparao dos dois Casos de Estudo . 110

CAPITULO IV Reabilitao da Igreja de Nossa Senhora do Amparo, Portimo

4.1 O Papel da Cobertura na Reabilitao do Edificado .111

4.2 A Cobertura: Imagem e Identidade Exterior do Edificado ..112

4.3A Cobertura: Reinterpretao do Espao Litrgico ..129

4.4 Reflexo entre dois conceitos de Reabilitao ..146

4.5 - Reflexo sobre a acstica na forma arquitetnica da igreja .148

CONCLUSO 154

BIBLIOGRAFIA ..157

INDICE de PLANTAS ...165

ANEXOS .168

Fotos da Maquete

Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo

23

ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015

INTRODUO

Estamos, com a presente investigao sobre a Igreja de Nossa Senhora do

Amparo,na presena de um espao religioso, que se carateriza por ser um

espao pensado segundo uma orientao, uma referncia, em que toda a sua

organizao espacial converge para um ponto central, o altar, para poderdar

resposta aos rituais litrgicos e ao mesmo tempo em funo dos mesmos, assim

estabelece-se o posicionamento de toda a simbologia, e o conjunto de cdigos

religiosos em volta dela. no espao sagrado que se torna possvel a

comunicao com Deus, na vertical. Apesar de existir vrias funcionalidades

neste espao, ele se experimenta de forma contnua, homognea e total.

O espao religioso na Igreja catlica est relacionado especialmente

com a palavra falada durante a liturgia. na liturgia que a comunidade se rene

em assembleia para fazer memria do mistrio Pascal onde se proclama a

palavra lendo as sagradas escrituras, refletindo e celebrando. Durante a liturgia

acontece vrios ritos, cada um com a sua funo, significado e objetivo na

celebrao. No entanto, esta liturgia desenvolveu-se e vivenciou-se de maneiras

diferentes, ao longo dos tempos. Durante o primeiro milnio, at o sc. VIII, a

comunidade crist tinha um carter comunitrio, em que participava ativamente

na liturgia. A sua centralidade era a Palavra adaptada s diferentes culturas, que

decorriam com simplicidade, garantindo o essencial, o Mistrio Pascal. Nos dois

ltimos sculos do primeiro milnio a liturgia mudada pela influncia dos povos

franco-germnicos, entrando numa fase nova com os movimentos culturais da

Reforma protestante e Contra-Reforma da Igreja, e no Concilio de Trento.

Prolongando-se pelo segundo milnio, acontece uma separao entre a

comunidade e o clero, aparecendo um individualismo religioso, uma

uniformidade Romana, com o latim como lngua obrigatria, muito cerimonial e

complicada, valorizando os elementos exteriores do culto. Nestas atitudes a

comunidade assistia passivamente liturgia. Foi tambm neste perodo que a

homilia vira sermo e aparece o plpito, espao elevado que fica numa parede

afastado do altar, tambm usado fora da liturgia para a catequese. Nesta altura

Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo

24 ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015

o altar afasta-se cada vez mais do contato com a comunidade assim como o

padre coloca-se de costas para a assembleia, sendo a centralidade litrgica a

adorao ao Santssimo. S aps o Concilio do Vaticano II, no incio do sc. XX

que acontece uma reforma em que se passa de uma liturgia esttica privada,

liturgia do clero, com a sua prpria lngua e o povo como espetador, para uma

liturgia compreendida, comunitria, ativa, participativa, voltando-se ao espirito da

Igreja primitiva. Esta liturgia do clero centra-se na Palavra e no Mistrio

Pascal,procurando a simplicidade. Indo ao encontro das novas ideias propostas,

o espao fsico tambm se torna importante, na sua organizao, procurando

harmonizar a simplicidade, simbolismo e funcionalidade para uma melhor

participao dos fiis nas celebraes litrgicas e na procura do encontro do

homem com o transcendente.

A presente dissertao de mestrado aborda a reabilitao da Igreja

jesuta de Nossa Senhora do Amparo construda junto a uma capela j existente,

num bairro dos anos 70, na cidade de Portimo. assim um edifcio de natureza

religiosa, concebido com caractersticas prprias. Essas caractersticas foram

estabelecidas [] a partir da Stima Congregao Geral Jesuta, em 1558, em

que as fbricas de nova construo deveriam ter: salubridade, simplicidade,

economia, modstia e funcionalidade.(PATTETA, 2003, p. 393) A Stima

Congregao, em 1558, tambm determinava o programa das novas Igrejas,

quanto construes relativamente simples (Fig. 1). Dividiam-se em trs partes,

correspondendo cada uma destas a uma determinada utilizao: para o culto, a

Igreja com o coro e a sacristia; para o trabalho, as aulas e oficinas; para

residncia, os cubculos, a enfermaria e mais dependncias de servio, alm

da cerca, com horta e pomar (COSTA, 1941, p.13).

A tipologia em planta usada nasIgrejas Jesutas deviam ser um vasto

espao interior, livre de pilares ou colunas, que acentuava a convergncia visual

para o altar maior, permitindo uma mais profunda participao no evento litrgico

e ainda com a finalidade de abrigar um maior nmero de convertidos e curiosos.

Ainda no seu interior, ao longo das paredes, por cima das capelas abrem-se os

coretos, que se situam ao mesmo plano dos locais de habitao da comunidade

e em ligao direta com os mesmos (Fig. 2). Estes espaos proporcionavam

Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo

25 ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015

aos padres e alunos a possibilidade de assistir s cerimnias religiosas sem ter

de se misturar obrigatoriamente com a multido de fiis presentes na Igreja

(PATTETA, 2003, p.394).

Figura 1: Igreja do Colgio de Portimo - Planta do R/C.

Figura 2: Vista geral do interior da Igreja do Colgio, (2011).

Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo

26 ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015

Quanto sua localizao era fundamental, no caso de edifcios

religiosos Jesutas, que o edificado se situasse sobre espaos pblicos da

cidade, praas ou ruas, de preferncia, em frente a um espao aberto - um

terreiro - onde o povo se pudesse reunir e andar livremente. Os Jesutas

apresentam-se com palcios e no com conventos, com ptios e no com

claustros. Ao contrrio de outras ordens religiosas conseguem sempre construir

no centro da cidade (PATTETA, 2003,p.394).

Assim no edificado da Igreja de Nossa Senhora do Amparo, em

Portimo, estamos na presena de um espao religioso com caractersticas em

planta da chamada IgrejaSalo (Fig. 3, 4). A Igreja em estudo ento, ampla,

com um p direito que vai crescendo em altura desde a entrada para o altar. Por

cima do espao do coro e do Batistrio tem vrios vitrais que deixa entrar luz

direcionada para o altar. Lateralmente, a meio da nave, desenvolvem-se a

Capela do Santssimo de um lado, e no outro a Capela de Reconciliao.

Exteriormente a sua volumetria crescente do seu alado anterior para o posterior,

nos mostra a ligao do homem com o Divino. No seu interior, encontrar-se-,

uma cobertura constituda por uma estrutura de elementos de beto

prefabricado,de forma abaulada (cascas de beto), intercaladas com placas de

fibrocimento, que fazem a ligao entre as mesmas. Estas cascas de beto,

dispem-seseguindo o movimento ascendenteda entrada para o altar, local onde

a cobertura se torna plana.

Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo

27 ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015

Figura 3: Planta do Piso 1 da Igreja N S do Amparo. Archivo da CMP, (n.d).

Figura 4: Panta da Cave da Igreja N.S. do Amparo. Archivo da CMP, (n.d).

Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo

28 ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015

Figura 5: Igreja Nossa Senhora do Amparo Portimo. Alado nascente.

Figura 6: Igreja Nossa Senhora do Amparo (Interior, vista do altar).

Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo

29 ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015

Problemtica

Destacamos como problemtica o facto de que ao longo dos anos se tem visto

no presente edifcio religioso a necessidade de melhora do seu funcionamento

programtico, a sua qualidade espacial, incluindo a melhora na transmisso da

Palavra Sagrada. Tem sido desde sempre constatado na Igreja de Nossa

Senhora do Amparo que a palavra falada no escutada harmoniosamente no

espao interior, quando proclamada a partir do seu espao central, o presbitrio.

A cobertura no desempenha convenientemente as funes a que foi destinada,

quer as suas condies acsticas quer as condies trmicas e ventilao.Assim

sendo estamos na presena de vrios fatores que necessitam de uma reflexo

que nos leve soluo ideal e conciliadora dos diferentes problemas.

Comeamos por nos questionar, quais so os parmetros a ter em conta na

reabilitao de um edifcio religioso?

A reabilitao da Igreja de N S do Amparo, deve conciliar o pr-

existente com a nova interveno de maneira a obter-se o melhor desempenho,

desde o ponto de vista ritual, simblico e funcional da Igreja. Na conceo,

formalizao e materializao dos edifcios religiosos, podemos refletir numa

evoluo no papel da cobertura.Relativamente a este tema, as Igrejas ao longo

dos tempos foram formalizando diferentes solues de cobertura, no havendo

inicialmente grande preocupao com a acstica das mesmas, pois que a

maioria dos fiis no compreendia o latim, lngua oficial da Igreja Catlica. Com

o Concilio Vaticano II, verifica-se uma preocupao na melhoria da acstica

destes edifcios religiosos, pois a liturgia passou a ser proferida na lngua de

cada pas e a msica dentro da Igreja cantada por todos.

Objetivos

Desde o ponto de vista funcional e programtico, a reabilitao da Igreja de

Nossa Senhora do Amparo, deve melhorar o seu uso programtico em planta, e

o conforto acstico e trmico do edificado. Desde o ponto de vista simblico, a

reabilitao da Igreja deve melhorar e conseguir proporcionar um espao

litrgico e sagrado apto para a reunio e a celebrao do memorial de Cristo.

Toda a organizao espacial e tudo o que compe o local da celebrao devem

Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo

30 ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015

criar um ambiente que nos leva vivncia da realidade simblica ali expressa,

onde se faz o encontro e a experincia de Deus. Ainda pela sua forma, a Igreja

deve manifestar o simbolismo nele contido. Um espao de dilogo entre F,

Liturgia e Sociedade. Desde o ponto de vista do ritual, a reabilitao da Igreja de

N S do Amparo deve melhorar, considerar e integrar o espao da cave que

inicialmente serviu de cripta. O espao da cave poder contribuir para um melhor

desempenho das atividades inerentes do programa do edificado. Assim como o

jardim envolvente, e que contm uma pequena capela centenria, poder

converter-se num espao de meditao e reflexo.

Hiptese

Deve salientar-se que o objetivo da presente dissertao no est na interveno

unicamente na cobertura para a substituir, reparar e melhorar. Na realidade a

cobertura vai ter um papel protagonista na reformulao espacial do edificado e

atravs da cobertura conseguiremos repensar, reformular, reconsiderar, em

suma, reabilitar o espao sagrado. Considera-se a cobertura, ao mesmo tempo,

um elemento funcional e conceptual ligado ao espao ritual e significao

espacial sagrada. o elemento central da reabilitao que vem configurar um

novo espao interior sagrado e reformular a volumetria exterior e

consequentemente a renovao da imagem da Igreja, tanto no seu espao

interior como no seu papel identitrio como elemento arquitetnico referencial

que ter uma influncia na transformao do espao urbano circundante.

Metodologia

A presente dissertao sobre a reabilitao de um espao religioso jesuta em

Portimo desenvolve-se atravs de dois tipos de abordagem de interveno.

Numa primeira abordagem de reabilitao a cobertura altera a imagem total do

edificado, do espao interior e doexterior, transformando a identidade

arquitetnica do edificado. Numa segunda abordagem, a interveno de

reabilitao centra-se na transformao do espao interior, e a nova cobertura

preserva a identidade exterior do edificado existente.

Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo

31 ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015

Estrutura

Apresente dissertao estrutura-se e desenvolve-se em quatro captulos. No

primeiro, referente aos Edifcios Religiosos, analisaremos estes espaos

religiosos, partindo da sua evoluo histrica. Tambm procuraremos entender

a sua disposio espacial e programtica relacionando-a com a liturgia e com o

simbolismo no espao sagrado. Finalmente, e dentro de este mesmo captulo,

abordaremos o estudo da Ordem Jesuta, e a relao com o espao religioso.

No segundo capitulo, sobre a Igreja de NS do Amparo em Portimo,abordar-

se- os parmetros arquitetnicos desta Igreja, o seu relacionamento com a

comunidade crist e com a envolvente urbana em que se integra.Tambm ser

referido, neste segundo captulo, o estado atual deste espao religioso, com

deficincias no seu estado de conservao e funcionamento programtico. No

terceiro captulo, em que referenciado os Casos de estudo de Reabilitao de

Edifcios Religiosos no Concelho de Portimo, refletiremos sobre os problemas

de patologias que mais afectam os edifcios religiosos, assim como ser

apresentado dois estudos de caso, escolhidos no concelho de Portimo que vem

um pouco ao encontro da problemtica sobre a reabilitao da Igreja de Nossa

Senhora do Amparo. No captulo quarto, que nos reporta para o tema da

Reabilitao da Igreja de Nossa Senhora do Amparo, Portimo, utiliza-se a

pesquisa arquitetnica atravs do projeto, onde explicaremos as estratgias de

interveno no edificado, analisando os pros e contras de cada uma das duas

solues, no que respeita melhoria do espao litrgico e da palavra falada, o

espao simblico, o papel da cobertura na transformao ou preservao da

identidade da Igreja e a integrao com a sua envolvente urbana. Ainda se

refletir sobre a acstica na forma arquitetnica das duas propostas

arquitetnicas de reabilitao da Igreja, no entendimento da comparao do seu

desempenho acstico, na problemtica apresentada.

Relevncia

Encontra-se na reflexo sobre o papel da reabilitao, nos edifcios religiosos,

nos seus diferentes nveis de interveno, os quais partem de aspetos que

Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo

32 ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015

podem incluir desde a sua restaurao na melhora da sua conservao at a

reabilitao integral do edifcio e a nova conceptualizao do espao

sagrado.Toda a reabilitao integral de um edifcio religioso incorpora mudanas

e melhora o espao litrgico, simblico e funcional.

Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo

33 ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015

CAPITULO I EDIFICIOS RELIGIOSOS

1.1 HISTRIA DA IGREJA E SUA EVOLUO

No entendimento da histria da Igreja e sua evoluo, comearemos por refletir

sobre o que um edifcio religioso, seu significado e sua representao com todo

o seu simbolismo.

Igreja quer dizer, reunio ou assembleia do povo para o culto divino, e

no propriamente construo de um edifcio. Tanto que at 200 anos d.C., no

existiam Igrejas como hoje as compreendemos, j que o cristianismo

desenvolveu-se no seio do paganismo imperial e da religio estatal. Era muito

difcil, naquela altura ser cristo, pois que ao no serem, esta comunidade

religiosa, reconhecida, viviam um pouco margem da vida pblica, por

conseguinte, muito mais complicado seria construir Igrejas.

Comecemos por refletir, como se desenvolveu a Igreja ao longo dos

tempos.Desde sempre, o homem teve necessidade de possuir um lugar prprio

para orar e fazer o encontro com Deus. Sendo assim os primeiros cristos

reuniam-se em casas comuns emprestadas ou doadas, estas eram chamadas

Igrejas domsticas. Tambm eram usados para o culto as capelas morturias

dos cemitrios, chamadas Catacumbas Romanas.

Figura 7: Catacumba crist em Roma, meados do sc.IV.

Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo

34 ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015

1.1.1 A Baslica Crist

Com o dito de Milo no ano 313, no sculo III d.C., foi reconhecida a inteira

liberdade de culto a todos os cidados do imprio e uma nova era comea para

o cristianismo. O Palcio de Latro oferecido por Constantino ao papa e o seu

tribunal foi transformado em salo de culto. A partir desta altura outros espaos

foram construdos sua semelhana. As Baslicasque comearam a construir-

se tinham a mesma forma que um tpico tribunal de justia romano. Eram

grandes sales que se destinavam a acomodar grandes congregaes.

Possuam uma nave central com longas fileiras de colunas, naves laterais e um

arco do triunfo entre a nave principal e o santurio. O altar fica separado das

paredes da abside semicircular sob um baldaquino apoiado em quatro colunas.

O interior das Igrejas eram ornamentados com mosaicos de vidro nas paredes,

anteparos do altar, cadeira do bispo e castial pascal, visando criar um efeito

reluzente e rico, provocando uma sensao de majestade. Havia ainda a

utilizao de metais preciosos e marfim em objetos litrgicos. Mais tarde, por

volta de 590 a 604, com o papa Gregrio Magno e com o culto dos mrtires, foi

elevado o pavimento da abside, construindo um altar permanente de pedra logo

acima do tmulo, ficando por baixo uma cripta onde se colocava as relquias do

santo.(ANSON e LASSUS,A Igreja atravs dos tempos, Em

www.eclesia.com.br/biblioteca/histria da Igreja. Parte II, acesso em 21 de

Fevereiro de 2015).

Figura 8 e 9 : Planta e interior da Baslica de So Joo de Laterano. Roma, 318 D.C.

https://coisasdaarquitetura.files.wordpress.com/2011/09/sc3a3o-joc3a3o-de-laterano-cc3b3pia.gif

Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo

35 ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015

1.1.2 A Igreja Bizantina

Quinze anos depois do dito de Milo, a sede do governo do imprio foi

transferido para Bizncio, onde as novas Igrejas tinham como caraterstica a

cpula de formas variadas. Havia uma cpula central e outras cpulas menores

agrupadas ao seu redor e alm disso a sua forma era quadrangular. Ainda o

imperador Justiniano mandou erguer um anteparo de colunas altas criando uma

barreira que atravessava a Igreja e separava o clero da assembleia. Tornou-se

o trao marcante da arquitetura bizantina, muito diferente das baslicas romanas.

Na sua decorao interior, as paredes eram cobertas com mosaicos de figuras

simblicas, sobre um fundo dourado, proporcionando uma rara beleza assim

como a sua majestosa decorao de superfcie, criando assim uma atmosfera

de um lugar de culto tipicamente bizantino. As figuras planas vieram substituir as

esttuas proibidas, pois estas poderiam levar os fiis idolatria. (ANSON e

LASSUS, A Igreja atravs dos tempos, Em

www.eclesia.com.br/biblioteca/histria da Igreja. Parte III e IV, acesso em 21 de

Fevereiro de 2015).

Figura 10 e 11: Corte e planta e interior da Baslica de Santa Sofia de Constantinopla, 532-537 d.C.

Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo

36 ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015

1.1.3 A Igreja Romnica

Durante a Idade Mdia (sculo V ao XV),desenvolveu-se um perodo de

ascenso relativamente arquitetura religiosa, pois que as catedrais dominavam

a cidade com seu volume e altura, caraterizando a religio catlica e o poder e

riqueza da mesma. A Igreja era a instituio mais influente da poca. Defendiam

o teocentrismo, em que o homem tinha em Deus o centro das suas

preocupaes. Foi durante este perodo que se constituiu o Estado do Vaticano,

em Itlia, onde surgiu uma baslica no lugar em que foi enterrado o primeiro dos

apstolos. Esta baslica deu origem Igreja mais importante de toda a

cristandade, a Baslica de S. Pedro.

O que mais se evidenciou neste perodo histrico foi a introduo do

transepto, o corpo saliente perpendicular nave que confere planta a sua

forma de cruz, as torres de cruzeiro e um prtico monumental de entrada no

templo, na fachada ocidental.No entanto, s grandes baslicas do sculo IV,

sucede-se um perodo de sbita diminuio de escala nas edificaes religiosas.

Inicialmente as Igrejas eram construes simples, pouco elaboradas, em

madeira e mais tarde, com o desenvolvimento de novas tcnicas de construo,

foram substitudas por pedra e carvalho. No sculo X as baslicas romanas

passaram a servir de base para a construo de novas Igrejas, procurando que

as mesmas fossem cada vez mais imponentes e grandiosas. Surge ento o estilo

Romnico, um novo entendimento das formas romanas clssicas que tem como

caratersticas: a construo de paredes macias, pilares muito grossos que

sustentam arcos semicirculares, teto abobadado de pedra, janelas pequenas,

com interiores pouco iluminados e muito compartimentado separando os

religiosos e o coro dos leigos, e com a predominncia das linhas horizontais.

Estas Igrejas eram construdas em pedra que proporcionava ao templo solidez

e perpetuidade, passando a ideia de construes pesadas. Chamada a

fortaleza de Deus, as Igrejas deviam ser fortes e resistentes para barrar as

foras do mal. Vive-se uma forte espiritualidade nesta poca. No entanto poucos

sabiam ler, e com objetivo de ensinar os princpios da religio catlica foi

utilizado, esculturas e pinturas dentro das Igrejas que transmitisse tal

conhecimento. Esta tipologia construtiva predominou at ao seculo XII.(ANSON

Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo

37 ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015

e LASSUS, A Igreja atravs dos tempos, Em

www.eclesia.com.br/biblioteca/histria da Igreja. Parte VII, acesso em 21 de

Fevereiro de 2015).

Figura 12 e 13 : Planta e interior da catedral de Santiago de Compostela, construda entre os anos de 1075

e 1128.

1.1.4 A Igreja Gtica

J no seculo XIII, com o aumento da riqueza e o progresso cultural, a Igreja

catlica procurou um estilo arquitetnico que exprimisse as ideias de uma nova

poca, em que o verdadeiro centro dogmtico e intelectual da cristandade

passou a ser a Universidade de Paris, surgindo assim em Frana, o estilo Gtico

que tem como caratersticas, o seu formato - vertical, demonstrando a

proximidade com Deus. As janelas em grande quantidade rendilhadas de pedra,

preenchidas por vitrais coloridos proporcionavam uma maior iluminao no

interior. A leveza e a harmonia dos traos, arcos de volta quebrada e ogivas,

paredes mais finas e de aspeto mais leve. As fachadas so primorosamente

esculpidas, apresentando na parte inferior trs grandes portas, ao centro

grandes janelas e uma roscea, encimadas por ogivas. Usavam o plano

cruciforme, com uma nave central longa e outras laterais. Os tetos ogivais das

naves de grande altura eram apoiados em pilastras compostas por vrias

Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo

38 ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015

colunas finas que proporcionavam resistncia e elasticidade. Assim pelas

caratersticas referidas estas Igrejas, so de construes complexas,

requintadas, formalmente rigorosas e ricas de pormenor, proporcionando na sua

imensa verticalidade leveza e reflexo sobre a transcendncia celeste. Estes

templos grandiosos eram o orgulho dos bispos e dos burgueses ricos das

grandes cidades, visveis a quilmetros de distncia.(GOZZOLLI,1978,p.8).

Figura 14 e 15: Planta e interior da Igreja da. Catedral de So Patrcio,Manhattan, Estados Unidos.

1.1.5 A Igrejade Cruz Grega

Entre o sculo XIII e XVIII, aconteceram grandes mudanas culturais. o

perodo do Renascimento, onde se procurava o renascer da cultura da

Antiguidade Clssica greco-romana. A Igreja Catlica perdeu muito poder

politico e prestigio no seu meio religioso. O homem era o centro de todas as

atenes e no Deus, como era anteriormente. Entretanto aparece o movimento

Protestante e Calvinista que contriburam para a alterao da expresso exterior

do catolicismo medieval nas Igrejas, no ritual e no cerimonial. A partir do seculo

XV, a Igrejaevolui da planta basilical em cruz latina para plantas quadradas ou

de cruz grega e centrada (a procura da perfeio e do absoluto). (Em

Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo

39 ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015

http://pt.slideshare.net/ccosta62/arquitectura-renascentista-14543442, acesso

em 04.05.2014) As paredes eram decoradas com pinturas e esculturas, a

cobertura usavam-se abbadas de bero e aresta, preferencialmente as cpulas,

a fachada e o portal eram a entrada triunfal.

Figura 16 e 17: Planta e interior da Baslica de S. Pedro em Roma. Iniciada a sua construo em 1506 com

uma planta de cruz grega, Donato Bramante.

1.1.6 A Igreja Barroca

J no seculo XVI, seguindo as orientaes do Concilio de Trento no ano de 1546,

foi imposta na construo das Igrejas a nave nica, criando a viso do espao

absoluto, com o objetivo de permitir que um maior nmero de fiis vejam o altar-

mor. Este novo tipo de Igreja era ideal para levar a religio s massas. Atingiu-

se nesta altura a perfeio, mostrando solenidade e grandeza, uma arquitetura

arrojada e esplendida. Assim foi nesta perodo que comeou a ser construda a

maior e sumptuosa Igreja do mundo, a Baslica de So Pedro.

No desenvolvimento do estilo Renascentista, movimento que se

interessa pelos elementos artsticos e culturais da Antiguidade Clssica,

procurando a harmonia e simplicidadesurge em sua oposio, o estilo Barroco

(sc. XVI, sc. XVIII), aparecendo inicialmente em Itlia e depois espalhando-se

por toda a Europa. um perodo em que a Igreja procura recuperar o seu espao

perdido, uma resposta Reforma Protestante. Tem como caratersticas: a

planta oval, utilizava-se a perspetiva falsa ou iluso tica, atravs da pedra,

http://pt.slideshare.net/ccosta62/arquitectura-renascentista-14543442

Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo

40 ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015

mrmore, estuque, gesso, pintura, folhas de prata, ouro e estanho. Introduziram-

se o mximo de linhas sinuosas e curvas. Foi abandonado a disposio

tradicional do altar e do coro. Sendo projetada para criar um efeito dramtico

houve um grande cuidado na iluminao interior. O exterior possui colunas

assentadas em curvas convexas e cncavas, a estrutura inteira parece oscilar e

torcer-se. Todas as artes foram utilizadas para transformar estas Igrejas numa

obra de arte total obtendo uma maravilhosa unidade. (Em

www.eclesia.com.br/biblioteca/histria da Igreja. Parte VIII). Visavam dar uma

impresso de movimento e espao, criando efeitos ticos deslumbrantes nos eus

interiores.Era uma arquitetura mais acessvel s emoes e tambm uma

declarao visvel da riqueza e do poder da Igreja. Volta-se s questes

espirituais em oposio ao racionalismo renascentista. Era a arte da Contra

Reforma, aparece em finais do sc. XVI, muito luxo, colorido e ouro, alm de ter

um carter didtico visto que a maioria da populao era analfabeta.

A partir do seculo XVIII, houve um perodo de cem anos que ficou

conhecido como a Batalha dos Estilos, em que se debatiam entre os adeptos

do estilo Gtico e o estilo Clssico, cada um querendo se impor quando da

construo de uma nova Igreja. Os defensores da Renovao Gtica defendiam

que somente sob arcos ogivais se poderia adorar Deus (ANSON e LASSUS, A

Igreja atravs dos tempos, Em www.eclesia.com.br/biblioteca/histria da Igreja.

Parte IX, acesso em 21 de Fevereiro de 2015).

No final do sculo XIX, ansiava-se por algo mais original, pois que sentia-

se um certo cansao relativamente aos estilos usados at aquela altura.

Figura 18 e 19: Planta e interior da Igreja de So Francisco,Salvador, na Bahia, Brasil.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Salvador_(Bahia)http://pt.wikipedia.org/wiki/Bahiahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil

Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo

41 ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015

1.1.7 A Igreja Moderna

No sculo XX e aps a Primeira Guerra Mundial, gerou-se um movimento

teolgico-litrgico na Alemanha e Sua, que colocava a celebrao da missa no

centro do culto cristo. Este facto seria o responsvel pelo Renascimento de

uma nova-arquitetura religiosa no seculo XX. Esta orientao doutrinal refletia-

se nas novas Igrejas, em que se tinha em conta a centralidade espacial do altar

em planta. O espao litrgico era participativo, em que o espao do padre se

entrosava com a presena e participao dos fiis, utilizando para isso a forma

do anfiteatro. Procurava-se que a espacialidade fosse mais informal, orgnica,

atraente, moderna e contempornea. o Movimento de Renovao da

Arquitetura Religiosa que impulsionou a atualizao da liturgia e da arquitetura

religiosa, confirmada e oficializada pelo Concilio Ecumnico. O Papa Pio XII, em

1947, escreveu a encclica Mediator Dei em que aborda os aspetos do culto e

d orientaes aos arquitetos sobre restauro e reconstruo de todas as Igrejas

na altura danificadas na guerra. (Em www.eclesia.com.br/biblioteca/histria da

Igreja. Parte X, acesso em 19.04.2014).

Segundo a Encclica referida podemos constatar as suas indicaes

sobre as artes em geral no culto litrgico que iam procura do equilbrio entre o

pensamento do novo movimento litrgico, a modernidade e a prpria liturgia.

As imagens e formas modernas no se devem desprezar nem proibir-se em

geral por meros preconceitos, mas de todo necessrio que, adotando-se

equilibrado meio termo entre um servil realismo e um exagerado simbolismo, com a

vista mais posta em proveito da comunidade crist que no gosto e critrios pessoais

do artista, tenha livre campo a arte moderna, para que tambm sirva, dentro da

reverncia e decoros devidos aos lugares e atos litrgicos Por outra parte nos

sentimos precisados a ter que reprovar e condenar certas imagens e formas

ultimamente introduzidas por alguns que sua extravagncia e degenerao

esttica unem o ofender claramente mais de uma vez ao decoro e piedade e

modstia crist, e ofendem ao mesmo sentimento religioso, tudo isso deve afastar-

se e desterrar-se em absoluto de nossas Igrejas, e em geral, tudo o que nega a

santidade do lugar(PIO XII, Enciclica Mediator De, em

www.ebah.com.br/content/ABAAAgRb8AJ/espaco-arte-sacra?part=2, acesso em

16 de Fevereiro de2015).

http://www.ebah.com.br/content/ABAAAgRb8AJ/espaco-arte-sacra?part=2

Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo

42 ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015

Figura 20 e 21: Planta e Interior daCapela de Ntre Dame du Haut, Ronchamp, Le Corbusier,(1950 1955).

As novas Igrejas construdas no sc. XX tem como caratersticas, a

centralidade do altar e a sua proximidade da assembleia dos fiis. A utilizao

dos modernos mtodos de engenharia permite a existncia de grandes espaos

sem interrupo de colunas, com a utilizao de materiais como o beto, o ao

e ovidro. Assim possvel o aparecimento das Igrejas com a planta salo.A

Igreja deve expressar as virtudes crists da pobreza, humildade e simplicidade

assim como a majestade de Deus

Figura 22 e 23: Planta e interior da Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida, Braslia, Oscar

Niemeyer (1958).

https://histarq.files.wordpress.com/2012/09/19-ronchamp02.pnghttp://www.universoarquitectura.com/wp-content/uploads/Catedral-de-Brasilia.jpg

Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo

43 ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015

1.2 LITURGIA E DISPOSIO ESPACIAL PROGRAMTICA

1.2.1 A Liturgia

O conceito de Liturgia, transporta-nos paraservio, ao, trabalho. Liturgia no

sentido civil, um servio feito para o povo ou servio diretamente prestado

para o bem comum. No sentido religioso, liturgia refere-se ao culto que os

antigos sacerdotes prestavam a Deus em nome do povo.Sendo a Liturgia ao,

implica movimento que se vai expressar mediante palavras e gestos feitos de

sinais sensveis. a ao do povo reunido que procura expressar a sua f em

Deus, celebrando momentos especiais.Como momento especial, na liturgia

catlica, celebra-se o mistrio de Cristo. O centro da liturgia, a pscoa de

Cristo, sua vivncia, morte, ressurreio e ascenso. Na liturgia catlica faz-se

memria da histria da salvao.

A memria realizada com as aes rituais que comportam leitura e interpretao

das Sagradas Escrituras, num contexto de dilogo ntimo entre os parceiros da

aliana (o Senhor Deus e o seu povo), na espera da vinda e interveno definitiva

do Senhor na histria. (BUYST; FRANCISCO, 2004, p. 15)

Para celebrar a liturgia, as pessoas renem-se num espao celebrativo,

o lugar do encontro e da relao do homem consigo mesmo e com os outros, e

de todos com o Todo. a comunidade reunida em assembleia, formada pela

liturgia. Na Igreja crist, o local onde os fiis se renem, o templo que acolhe,

abriga e protege toda uma comunidade nas suas celebraes litrgicas.

Para o cristo, claro que o templo em si no o lugar da presena de Deus (Jo

4,23) mas precisamente o lugar da assembleia em que Deus se faz presente.

(BARBIO, 1990, p.176)

1.2.2 Elementos da Liturgia

Na assembleia crist reunida, encontramos o primeiro elemento que constitui

uma celebrao litrgica, o encontro reunindo todos os fiis para celebrar o

mistrio pascal, a pscoa de Jesus Cristo.Nesse encontro, aparece um outro

Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo

44 ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015

elemento litrgico, que quem preside reunio de toda uma comunidade, o

ministro (padre) que representa a Igreja reunida.

() Estes servidores so escolhidos e consagrados pelo sacramento da Ordem,

pelo qual o Espirito Santo os torna aptos a agir na pessoa de Cristo-Cabea ao

servio de todos os membros da Igreja. O ministro ordenado como que o cone

de Cristo-sacerdote. Uma vez que na Eucaristia que se manifesta plenamente o

sacramento da Igreja, em primeiro lugar na presidncia da Eucaristia, que aparece

o ministrio do bispo, e, em comunho com ele, o dos presbteros e diconos.

(Secretariado da Conferncia Episcopal Portuguesa [CEP], Catecismo da Igreja

Catlica,1993, item 1142).

Esta Igreja reunida, a celebrao da Eucaristia, ao litrgica central

da f crist, ou seja a missa. Esta realizada no tempo, ontem, hoje e amanh,

num determinado momento do dia, da semana, do ano, em momentos especiais

da vida ou da histria. O tempo litrgico, outro elemento a referir. Assim o ano

litrgico organiza-se por vrios ciclos com significados e vivncias diferentes,

prprias no entendimento da f e na sua expresso. Fazem parte dele o ciclo do

Natal, que tem uma preparao durante quatro semanas, chamado Advento; o

ciclo da Pscoa, com uma preparao de 40 dias, a Quaresma, o Trduo Pascal,

pilar de toda a histria da salvao e por fim o Tempo Pascal, durante 50 dias

terminando no Domingo de Pentecostes; o ciclo do Tempo Comum que decorre

por 33 a 34 domingos em que se divide por duas partes, o primeiro entre o Natal

e a Quaresma e o segundo entre a Pascoa e o Advento.

Partindo do Trduo Pascal, como da sua fonte de Luz, o tempo novo da

Ressurreio enche todo o ano litrgico da sua claridade. Ininterruptamente, dum

lado e doutro desta fonte, o ano transfigurado pela Liturgia. realmente ano da

graa do Senhor.() (CEP, Catecismo da Igreja Catlica, 1993, item 1168)

Na sequncia do tempo litrgico, na celebrao eucarstica, que se faz

memria de Jesus sobre a ltima ceia com os seus discpulos. Na sua entrega

Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo

45 ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015

ao Pai por amor de toda a humanidade, desenvolve-se momentos muito ricos

em simbolismo que so repetidos para sempre pela vontade de Jesus Cristo.

A Eucaristia divide-se emliturgia da palavra e liturgia eucarstica

comeando pelos ritos iniciais e tendo como concluso os ritos finais. na

Liturgia da palavra que se encontra outro elemento litrgico, onde acontece a

leitura das Sagradas Escrituras e sua explanao, refletindo sobre os

ensinamentos transmitidos e criando um dilogo de toda a comunidade com

Deus.

A Liturgia da Palavra parte integrante das celebraes sacramentais. Para

alimentar a f dos fiis, os sinais da Palavra de Deus devem ser valorizados: () ,

a homilia do ministro, que prolonga a sua proclamao, as resposta da assembleia

() (CEP, Catecismo da Igreja Catlica, 1993, item 1154)

Os ritos e os textos litrgicos so como um roteiro, um esquema celebrativo, no

qual devemos colocar entusiasmo, participao, sentido, vida. (MELO em SILVA e

SIVINSKI, 2001, p.41)

Tambm na Eucaristia, encontramos um outro elemento litrgico: o

canto. Este desenvolve-se desde o incio do ofcio religioso at ao seu trmino.

O canto ajuda a celebrar o culto eucarstico na procura de Deus atravs da Igreja.

A sua funo criar comunho convocando a assembleia que pela fuso das

vozes junta cada um no encontro com o transcendente, e que no final esta ao

litrgica leva o cristo a sentir-se mais comprometido, com esperana e a

sensao de ter crescido em fraternidade.

O canto e a msica desempenham a sua funo de sinais, de um modo tanto mais

expressivo, quanto certo que esto intimamente unida (s) () ao litrgica

(SC 112), segundo trs critrios principais: a beleza expressiva da orao, a

participao unnime da assembleia nos momentos previstos e o carter solene da

celebrao. Participa, assim, na finalidade das palavras e das aes litrgicas: a

glria de Deus e a santificao dos fiis. (CEP, Catecismo da Igreja Catlica, 1993,

item 1157)

Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo

46 ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015

No caminho da Igreja, a liturgia acompanha o percurso de f de cada

um, com gestos feitos de sinais sensveis, aes simblicas para cada momento

especial a vivido. Outro elemento litrgico, os sacramentos, dividem-se por:

Batismo, Confirmao, Eucaristia (sacramentos da iniciao crist),

Reconciliao, Uno dos enfermos (sacramentos de cura), Ordem e Matrimnio

(sacramentos dos que esto ao servio da comunho e da misso dos fieis).

() Os sete sacramentos tm a ver com todas as fases e momentos importantes

da vida do cristo: conferem nascimento e crescimento, cura e misso vida de f

dos cristos. Existe uma certa semelhana entre as fases da vida natural e as da

vida espiritual. (CEP, Catecismo da Igreja Catlica, 1993, item 1210)

Para terminar ainda temos o elemento litrgico do prprio espao

religioso, aquele onde todos se congregam, se renem, que atrai, que cria

ambiente, que vivncia todos os elementos anteriormente referidos.

O culto, no estava ligado ao espao religioso, porque inicialmente a

liturgia estava ligada Igreja-assembleia, e Cristo era o verdadeiro templo de

Deus, assim como toda a Igreja. No entanto a Igreja terrestre tem necessidade

de um espao fsico de acordo com as vivncias da sua f.

O culto em espirito e verdade (Jo 4,24) da Nova Aliana no est ligado a um

lugar exclusivo. Toda a Terra santa e confiada aos filhos dos homens. (CEP,

Catecismo da Igreja Catlica, 1993, item 1179)

Na sua condio terrena, a Igreja tem necessidade de lugares em que a

comunidade possa reunir-se: as nossas Igrejas visveis, lugares sagrados, imagens

da Cidade Santa, (CEP, Catecismo da Igreja Catlica, 1993, item 1198)

A Igreja catlica na sua edificao apresenta um espao de reunio,

celebrativo e de meditao, tendo que ser funcional e confortvel, para se poder

desenvolveras aes litrgicas e a participao de toda a comunidade.

Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo

47 ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015

() Na construo de edifcios sagrados, tenha-se grande preocupao de sejam

aptos para l se realizarem as aes litrgicas e permitam a participao ativa dos

fieis. (Secretariado Nacional do Apostolado da Orao (AO). Conclio Ecumnico

Vaticano II, 1963, item 124)

Este espao religioso uno, hierarquizado e dinmico, apesar de ser

composto por diferentes espaos relacionados com os diversos ministrios de

acordo com a liturgia e que formam o ambiente litrgico total. A sua organizao

interna, a arquitetura interior, o mobilirio, a arte, o visual compem o local de

celebrao de maneira a ser entendido e vivenciado com o simbolismo dos

rituais.

() a Igreja-construo abriga a Igreja-gente. A construo de uma Igreja expressa

a Igreja-comunidade, sua estrutura deve transparecer o mistrio que d vida s

comunidades crists. (BUYST, 2001, p.135)

Assim o programa de uma edificao religiosa prope a existncia de

um espao amplo, a nave principal, em que se acede por um trio ou hall de

entrada. Dessa nave ento encontramos outros espaos como o presbitrio,

onde se celebra a liturgia e onde se situa o celebrante e os seus ministros. O

presbitrio contm o altar, a cadeira da presidncia e o ambo. No batistrio,

espao onde se realiza o batismo, com a fonte batismal, pode-se situar numa

capela lateral, na entrada da Igreja ou na frente da assembleia. A capela do

santssimo, um espao destinado ao sacrrio, onde se conserva a Santssima

Eucaristia. A capela de reconciliao, o local de dilogo entre o crente e o

padre na sua confisso individual. O coro, o espao destinado aos cantores e

msicos que acompanham as celebraes litrgicas. A sacristia, o espao de

apoio e de preparao para as funes litrgicas.

Podemos constatar a grande interligao programtica do espao

religioso com a liturgia em que os seus elementos se encadeiam, sucedem-se,

dependem uns dos outros e se completam para formar o Todo e ir ao encontro

de Deus.

Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo

48 ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015

A Liturgia simultaneamente a meta para a qual se encaminha a ao da Igreja e

a fonte de onde promana toda a sua fora. (AO, Conclio Ecumnico Vaticano II,

1963, item 10)

1.2.3 Liturgia e espao celebrativo

A liturgia desde sempre teve grande influncia na organizao espacial no

interior do edifcio religioso. Tem a sua origem na liturgia hebraica, em que se

reuniam em memria da libertao do povo de Israel da escravido do Egipto

ceia pascal judaica.

Sinagoga

Estas reunies aconteciam nas sinagogas, durante o exilio dos judeus, pois no

tinham acesso ao Templo. Sinagoga, significava assembleia.Era a sinagoga, o

local escolhido por Jesus, para pregar e ensinar sobre o Reino de Deus.

Jesus percorria toda a Galileia, ensinando em suas sinagogas, pregando o

Evangelho do Reino () ( Novo Testamento, Mateus 4,23)

No espao litrgico das sinagogas vivia-se o conceito de assembleia,

eram simples espaos, organizados por uma zona central, com uma arca onde

se guardava os rolos das Escrituras Sagradas, perto da arca, e voltados para a

assistncia, encontrava-se o lugar do presidente da sinagoga e convidados

importantes, ainda ao centro uma plataforma com uma tribuna para o orador,

para a leitura das Sagradas Escrituras. Em volta desta zona central em trs lados

havia bancos para a assembleia.

Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo

49 ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015

Figura 24: Sinagoga no tempo de Jesus.

A partir do mistrio de Cristo, os primeiros cristos reuniam-se para fazer

memria da ltima Ceia do Senhor, um novo entendimento da ceia pascal

judaica, no entanto herdaram algumas caratersticas do culto judaico como por

exemplo, a organizao da liturgia da Palavra na sinagoga. Assim continuaram

at surgirem diferenas entre eles, o que provocou o afastamento dos cristos.

Casa Romana

Para estes primeiros cristos, tinham no seu culto como principal caraterstica

litrgica, a reunio. O seu templo era a sua prpria assembleia.Comearam

ento a utilizar casas de famlias abastadas, oferecidas para se realizar as

reunies da comunidade crist, em que o seu espao se organizava por:

1 - trio;

2- Tablnio uma espcie de santurio familiar - passa a ser o local do

celebrante;

3- Peristilo - o ptio interno a assembleia se rene neste lugar para a pregao

4- Triclnio o refeitrio da casa - onde o povo celebra a ltima ceia em memria

de Jesus.

Ao Encontro da Palavra. Atravs da Arquitetura na Liturgia: Reabilitao da Igreja de N Sra. do Amparo, Portimo

50 ARLETE JORGE ESCUDEIRO MAIO 2015

Figura 25: Casa romana.

.

Casa da Igreja

Entretanto o nmero de fieis aumenta e surgem novos locais, a casa da Igreja

a domus eclesiaea, so salas maiores adaptadas ao culto.

O templo enquanto edifcio material ser denominado, por essa razo, nos

primrdios do cristianismo, no Igreja, mas casa da Igreja, domu