anuário de jurisprudência maria celeste
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7/18/2019 Anuário de Jurisprudência Maria Celeste
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ANUÁRIO DE JURISPRUDÊNCIA 67
PROCESSO N.° 2.643
ACÓRDÃO
Explosão e incêndio. Subttiersão. Nav io em des-
carga de inflamáveis. M or te de estivadores e t r i p u l a r u tes. Avarias em alvarengas. Indeterm inada a causa da explosão. Ac idente equiparado aos resultantes d e caso fortuito.
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, verifica-se que,às nove horas e trinta minutos do dia 16 de março de 1954, a bordodo navio-a-motor “Maria Celeste” , pertencente à Companhia de Nave
gação São Paulo, sob o comando do 2.° pilôto Ornilo da CostaMonteiro, fretado à Navegação Rodolfo Souza Limitada, suito nocanal interno do pôrto de São Luís, em operações de descarga,ocorreram explosões em tambores de gasolina estivados no convés,propagando-se as chamas rapidamente a todo o navio e às alvarengas acostadas, perecendo doze estivadores e quatro tripulantes,feridos dois dêstes indo o navio a pique.
Na capitania dos Portos do Estado do Maranhão foi instaurado inquérito para apurar as causas do acidente e individuar possíveis responsáveis.
A carga compunha-se de 2000 tambores de gasolina, 1 500 tambores de óleo combustível e 850 volumes de carga diversa, pesandotudo 744 500 quilos (manifesto, fls. 10).
O navio e as alvarengas foram abandonados rapidamente poraquêles que puderam fazè-Io, lançando-se às águas ou recolhidospor embarcações portuárias.
A carga resultou perda total.Vistoriadas as alvarengas “ D” e “Guajará” ; apresentavam as
seguintes avarias, comprovadas pelos peritos da Capitania: a primeira — chapeamento das obras vivas e do costado, cavernas,sobrequilha, trincaniz, anteparas, váus, pés-de-carneiro e chapea
mento do convés de proa, empenados; fixação dos guinchos e doscabeços, quinze metros do verdugo de amixxs os bordos e cóbrodo porão, destruídos; a segunda — chapeamento do fundo e dasobras mortas, anteparas, cavernas, sobrequilha, escoas, váus, pés--de-carneiro. braçolas das escotilhas e parte do verdugo, empenados; destruição do cóbro do porão (têrmos de vistorias, fls. 27/23).
Faleceram os seguintes tripulantes do navio: contramestre Ga-ribalòi Matias; marinheiro Jonas Ribeiro Santos e Antônio Ivanda Silva; eletricista Edgar Quaresma da Silva.
As investigações não conseguindo determinar a causa da explosão que provocou incêndio e afundamento do navio, o sinistro
deve ser equiparado aos resultantes de caso fortuito.Sem elementos para apontar a culpa de alguém, o dr. 1.° adjunto-
-tíe-procurador requereu o arquivamento do processo.Do exposto e considerando tudo o que consta dos autos;Acordam os juizes do Tribunal Marítimo, unanimemente:
o) quanto à natureza e extensão do acidente: incêndio do navio--motor “ Maria Celeste” carregado de inflamáveis, quando em serviço de descarga, e conseqüente naufrágio; avarias nas alvarengas“ D” e “Guajara” , prejuízos descritos nos autos, desaparecidos doze
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estivadores e três tripulantes: feridos gravemente três tripulantes,tendo falecido um; b ) quanto à causa determinante: não apuradae referen te à causa de irrupção do fôgo; c) conseqüentemente, ju lga ro acidente equiparado aos resultantes de caso fortuito e mandar
arquiva r o processo. — P .C .R . — Rio de Janeiro, 8 de maio de 1956.Humberto de Area Leão, almirante-de-esquadra, presidente — A gnello d e Azevedo Mesquita, relator — João Stoll Gonçalves — Carlos Lafayette Bezerra de Miranda — Francisco José da Rocha — Gerson R o c h a da Cruz — Alberto Epaminondas de Souza. Fui presente:Gilberto Goulart de Barros, 2.° adjunto-de-procurador.